Conversando com um espiritualista - volume III

Conversando com um espiritualista - volume III

Respostas de Joaquim de Aruanda a perguntas de diversos temas. 

Conversando com um espiritualista - volume III

Planejamento da vida humana

Participante: você pode explicar com mais detalhes como acontece o planejamento da vida humana?

Primeiro detalhe: espírito não escolhe vida. Espírito, antes de encarnar, escolhe gênero de provas. Uma coisa é diferente da outra.

O espírito não escolhe acontecimento, não escolhe encarnar com determinado espírito, não escolhe assumir papel de pai ou filho de outro determinado espírito. Ele não escolhe essas coisas. O que ele escolhe é gênero de provas.

Então, o espírito escolhe fazer a prova da vaidade, da ganância, da humildade, da soberba. Ele escolhe essas coisas. Ele escolhe o gênero de provação pelo qual passará.

Na pergunta 851, que fala da fatalidade, é dito o seguinte: ao escolher o gênero de provas, o espírito gera para si uma espécie de destino. Por isso afirmo que não é o espírito que escolhe o destino, mas sim o gênero de provas. Mas, como esse gênero de provas se transforma num destino, numa história de vida?

Isso acontece através do senhor dos carmas, Deus. É Deus que recebendo o pedido do gênero de prova dos espíritos, gera histórias de tal forma que aqueles que possuem carmas que sejam análogos se encontrem. É o que Buda chama de interdependência.

Vou dar um exemplo. Um espírito escolhe o gênero de provas para se libertar do ser bagunceiro. Outro espírito escolhe se libertar do gênero de provas de exigir ordem, organização. Os dois espíritos, portanto, escolheram estes gêneros de provas. A partir deste pedido, Deus, o senhor do carma, cria uma história onde esses dois espíritos vão conviver para que um vença a sua bagunça e o outro vença aquilo que ele acredita que é certo, a ordem.

Então, o bagunceiro é o carma de quem tem ordem e este tem como carma a bagunça do bagunceiro. É assim que os dois vivem suas próprias provas e cada um, sob o comando de Deus, contribui para a obra geral, como está na questão 132 de O Livro dos Espíritos.

Acho que já lhe respondi, mas quero, por favor, acrescentar mais um detalhe e queria que você prestasse atenção a ele. Essa minha resposta acabou com o romantismo nas reencarnações.

Acabou com a história de alma gêmea, de que um espírito foi sua mãe numa encarnação e agora, porque lhe ama muito, ocupa esta posição de novo. Isso não existe; isso é ilusão do mundo dos devas. Não é real, não faz parte do universo.

Quero deixar isso bem claro. Não existe entre os espíritos libertos da materialidade afinidades sentimentais. Os espíritos que amam um espírito determinado é um egoísta. Os espíritos não mantêm esta relação de amor um com outro. Quando na literatura você vê estes casos, pode ter certeza que isso não é amor, mas obsessão.

O espírito ama a todos de uma forma igual, de uma forma geral e não a outro específico. Ele nutre um amor universal por todos e não um amor específico por outro ser.

Sei que minha fala acabou com o romantismo que vocês vivem, mas está na hora de acabar com o romantismo humano. Está na hora dos seres encarnados começarem a compreender realmente o que é o universo e virarem as costas a ele. Está na hora de acabar com o romantismo, seja familiar, de amor, que se vive neste planeta. Isso porque ele é irreal, é humano, é ilusório.

Participante: no processo de escolha da vida há ajuda dos espíritos puros?

No processo de escolha dos gêneros de provas há a ajuda de espíritos mentores. Não vou dizer que eles sejam puros, mas os seres que fazem isso estão sempre mais próximo de Deus do que aquele que eles ajudam.

Portanto, esse ser não é um espírito puro, mas já é melhor do que o outro, no sentido de estar mais próximo a Deus. É por isso que faz o trabalho de mentor. Só que enquanto faz este trabalho ele mesmo evolui...

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Prazo para realizar a prova

Participante: existe algum prazo para a realização de determinada prova. Por exemplo: até os quarenta e cinco anos tenho que vencer na prova da humildade. Existe este prazo?

Não. Segundo Krishna se você percorrer o caminho da yoga, o caminho entre o céu e a Terra, se você realizar o seu trabalho de reforma, no último minuto de sua vida, terá valido por toda ela.

Portanto, não há prazo para a realização das provas.

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Paixões

Participante: tenho uma grande paixão pelo balé, mas poderia viver sem ele. Porém tenho uma grande paixão pela música. Ela me toca profundamente. Posso ficar dias sem ouvir, mas não consigo imaginar uma vida toda sem música, principalmente a clássica. O amor pela música é sinal de apego terrestre e pode me prender à roda de nascimentos e mortes?

O amor por nada vai lhe prender à roda de encarnações. O que lhe prende a esta roda é a dependência. É precisar, imaginar que não dá para viver sem, o ter que ter.

Sendo assim, nesta vida você pode gostar do que for ou de quem for que não há problema. O problema é gerar uma dependência. Isso porque quando uma dependência é vivenciada, uma posse é gerada. Quando se faz isso, certamente você vai sentir-se contrariado quando sua posse não for exercida.

Então, o problema não é gostar. Se gosta e pode ficar sem o que gosta, não há problema. Agora, quando depende de alguma coisa para ser feliz, aí sim, você tem um problema, já que nada é eterno.

Saiba de uma coisa: a música pela qual é apaixonada não é eterna, ela não existe em outros mundos...

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Auxiliando espíritos

Participante: podem os espíritos com uma bagagem considerável de carmas negativos ajudar os espíritos inferiores quando eles chegam ao plano espiritual? Podem esses mesmos espíritos ter aulas para aprender com os espíritos mais elevados, caso o desejo de aprender seja sincero? Ou será que os espíritos são obrigados a cumprir todos os seus carmas antes de poder ajudar outros espíritos ou terem aulas com os espíritos mais elevados?

Só uma observação: no mundo espiritual real, fora do mundo dos devas, dos seres humanizados sem carne, não existe espírito superior ou inferior. O que existe são espíritos que estão mais afastados de Deus ou mais próximos Dele. Eles não são superiores ou inferiores: só um está mais próximo de Deus do que o outro.

Segundo detalhe: no universo universal os espíritos formam uma comunidade. Nela não há mestres nem alunos. Não há professores nem aprendizes. O que há são irmãos que ajudam entre si.

Então, eu diria, por exemplo, que se alguém lá aprendeu a escrever até a letra ‘c’, ele ajuda aqueles que estão aprendendo a escrever o ‘b’ e o ‘a’. Não é preciso aprender a escrita até a letra ‘z’ para poder começar a ajudar. Isso é uma coisa só humana; no universo todos se ajudam.

Outro detalhe. Muitas vezes aquele que está mais afastado de Deus ajuda, e muito, aquele que está mais próximo. Como? Mostrando a ele o que não deve fazer.

O espírito cheio de carma negativo tem um jeito de se portar que o levou a ter esses carmas. O espírito mais próximo de Deus, ao vê-lo agir dessa forma, diz para si mesmo: eu não posso fazer aquilo. Isso é uma forma de ajudar.

Portanto, os espíritos estão sempre se ajudando e no universo universal, fora do mundo dos devas, não há mestres, professores nem alunos...

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Mundo dos devas

Participante: o que é mundo dos devas?

Mundo dos devas, segundo Krishna é o mundo dos seres da natureza, dos seres do planeta Terra. Seria o mundo das fadas, duendes, saci, etc.

Isso é o que Krishna diz, mas, nós usamos este termo para designar outra coisa, mas que não muda o sentido que Krishna usou. O mundo dos devas, para nós, é o mundo habitado por seres ligados à terra, ou seja, seres que estão ligados a uma consciência dita humana, formada por raciocínio padrão humano, ou seja, egoísta, mas que não tem carne.

Seria o mundo das cidades espirituais. Se você reparar nas cidades espirituais, elas são cópias do mundo humano no mundo espiritual. Por isso afirmo que quem cria esta cidade – falo em criar porque, na verdade, elas não são cidades construídas com elementos materiais, mas algo que é plasmado, ou seja, é uma criação mental – são espíritos que ainda estão ligados na Terra, tanto na forma de viver como na forma das coisas.

Então, o mundo dos devas é um mundo intermediário onde espíritos que ainda não se libertaram da humanidade, vão para voltar a encarnar mais tarde. É um mundo de estágio para aqueles que ainda não conseguiram se libertar da Terra. Eles ficam ali até poderem voltar à Terra.

Além deste mundo existe o universo, o universo universal. Um lugar onde não existe luz, escuridão, forma, cor, som, nada do que vocês conheçam. Por isso, não dá para falar muito deste mundo...

Mundo dos devas, portanto, é o mundo das cidades espirituais, do umbral, do vale dos suicidas e de todas essas coisas que vocês conhecem pela literatura espírita. Na verdade nada disso é um lugar, mas um plasma, ou seja, uma criação mental. Trata-se de uma um lugar criado mentalmente por aqueles que imaginam habitá-los...

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Além do mundo dos devas

Participante: seria possível descrever o que existe além do mundo dos devas?

Eu não posso descrever o que existe além do mundo dos devas, porque tudo que existe lá, vocês que moram no planeta Terra, no mundo dos devas encarnados, não têm a menor condição de compreender ou entender.

Para quem é preso a um relógio que marca tempo e que dá uma continuidade ao tempo, entender um mundo onde existe o presente, mas não o passado e nem o futuro, é algo impossível. Ficaria ainda mais complicado se eu dissesse que esse presente se sobrepõe a outro sem que isso denote correr de tempo.

Falar de um mundo onde não existe forma, luz nem escuridão, é algo que vocês não possuem a menor condição de compreender...

Ah, ia me esquecendo: nesse mundo, que não existe tempo, existe eternidade. Aliás, ele é eterno sem nunca ter sido criado...

Dá para entender essas coisas? Claro que não. Por isso é que digo que não posso explicar...

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Pai, porque me abandonastes?

Participante: qual o significado da passagem bíblica onde Jesus diz na crucificação que o Pai o abandonou?

O significado dessa frase é muito interessante. Vamos falar sobre isso...

Jesus era um ego programado para provas. Esse ego, como todos os humanos, por maior que seja a fé tem seus momentos de humanidade. Foi exatamente isso que aconteceu neste momento.

Saiba de uma coisa: não existe ego santo, puro. Por mais que ele contenha elementos de um lado, terá do outro, pois ele é dualista. Isso é a prova. O ego Jesus não era santo, mas sim um ego de provas e expiações.

Agora, o importante não é para que serviu isso para o ego Jesus ou para o espírito Cristo. Como já disse, o universo está dentro de você. Por isso, é importante entender o que essa passagem quer dizer para você.

O que ela quer dizer para você é que não deve esperar atingir à perfeição. Por isso não deve aceitar quando o ego se culpar quando não for perfeito.

Sabe, a tentação que uma pessoa tem por carro, como já disse, não é um erro. O desejo de ter um determinado carro não é errado. Só que vocês não veem desse jeito. Acham que não podem ter este desejo. Só que têm e precisam ter. Porque? Para vencê-lo.

Vocês precisam, e isso é um ensinamento importante, compreender que vocês egos jamais serão perfeitos. Estarão sempre de um lado ou de outro, no certo ou no errado. Quando vier o lado que não querem que venha, não devem se sentir culpados.

Para você ego é isso que quer dizer essa frase.

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Ame a si do jeito que é

Participante: quando estou sozinho, sem fazer nada, consigo encarar o mundo como ilusão. Consigo crer que tudo está perfeito e é a vontade de Deus. Mas, quando estou com alguém ou estou fazendo algo, esqueço completamente deste assunto. Devo trabalhar para encarar o mundo como perfeito porque é vontade de Deus em todos os momentos da vida? Se sim, como faço isso?

Não. Você deve aprender a vida a vida que tem.

Se você consegue viver deste jeito sozinho, louvado seja Deus; se, quando acompanhado, não consegue, aprenda a louvar a deus também por este momento. Não queira ser diferente do que é.

É o que já disse: não espere que o ego seja perfeito, que coloque em prática o tempo inteiro os ensinamentos. Isso porque ele precisa não colocar em prática o ensinamento para depois ele mesmo criar o julgamento. Se você aceita este julgamento, ele cria a culpa. Neste momento não adiantou nada todo o seu trabalho.

Portanto, não tente ser quem você não é: aprenda a ser o que é.

Na Bíblia está escrito que é preciso amar ao próximo como a si mesmo. Mas, vocês não se amam. Estão sempre projetando um eu diferente do que é para poder se amar.

É a história do marido e da mulher. O cônjuge quer sempre que o outro se mude para possa amá-lo. Só que se um precisar se mudar para ser amado, quem está amando não o está fazendo por aquele que está ali, mas a um outro. Ele é outro porque ficou diferente de quem era...

Você precisa aprender a se amar do jeito que são. Esse é o grande segredo.

Vocês acham que para amarem-se precisam mudar para algo que consideram perfeito. Não, amar-se é ser do jeito que é e amar-se assim mesmo.

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Conhecendo o que vem do coração

Participante: aprendi que quando a coisa vem do coração é pacífica, tranquila. Quando vem da mente, vem junto um estado de empolgação.

Se você sabe qualquer coisa sobre o que está sentindo, isso não é do coração. Isso porque você não conhece o coração.

Esse estado pacífico que você está citando é criação da própria mente. Na verdade é a própria prova: é um momento para você se prender ou não a um pensamento que diz que você fez certo.

Não. O que o coração sente a razão não conhece.

As pessoas já me disseram muitas vezes que não sabem o que estão sentindo. Quando dizem isso eu sei que elas sabem o que estão sentindo. Agora, se você me diz que sabe o que está sentindo, tenho a certeza de que isso não está sendo sentido, mas apenas a ideia de estar sentindo que é gerada pela mente.

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Transformações da Terra

Participante: é unânime a sensação de que o tempo está passando mais rápido para os encarnados. A matéria ficará mais sutil? Haverá mais elementos químicos menos tangíveis e mais puros?

Não, nada disso é verdade. Milagres não acontecerão.

Não acontecerá nenhum ato não explicado pela ciência ou pela compreensão humana. Se o espírito dependesse de um milagre para aí poder fazer o seu processo de evolução, esse processo não teria valor algum. Como Cristo ensina: os judeus precisa que se faça o milagre para eles acreditarem em Deus. Isso não tem valor algum.

Então, é preciso exercer a fé e isso é entrega com confiança sem saber ao que está se entregando. É entregar-se diretamente ao Todo.

Participante: e essa sensação de que o tempo está passando mais rápido?

Impressão da mente. O sol continua girando na mesma velocidade. Como o tempo para vocês é o tempo que a Terra gira em torno dele, não há diferenças.

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Convivendo com o ódio alheio

Participante: qual o significado de ter que se conviver ao lado de uma pessoa que roga palavras de ódio sobre mim. Devo fazer o que?

Qualquer coisa que me seja perguntado sobre o que deve ser feito nesta vida, eu só tenho uma resposta: ame a Deus sobre todas as coisas e ame ao próximo como a si mesmo.

Se a pessoa tem ódio de você, ame a Deus acima do ódio. Quando faz isso não tem ódio pelo ódio dela.

Ame o próximo como a si mesmo. Se você dá a si o direito de gostar ou não, ter ódio ou raiva de alguém, dê ao próximo este mesmo direito. Amar ao próximo é respeita-lo, é dar ao outro o direito de ser, estar e fazer o que ele quiser, assim como quer para você o direito de ser estar e fazer o que quiser.

Então, não importa o que você me pergunte (ódio, inveja, olho grande, pessoa que lhe xinga, maltrata ou bate) minha resposta sempre será ame a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo porque aí todo sofrimento por estas coisas acabam.

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Queixumes

Participante: sinto que as pessoas em geral estão mergulhadas numa energia de eterno queixume. Elas se esquecem completamente de agradecer quando algo dá certo. O que o senhor poderia dizer sobre isso?

Que as pessoas, além de não agradecerem quando dá certo, não agradecem também quando dá errado. Nestes momentos elas se lamentam, tem queixumes...

Na verdade você precisa agradecer a tudo e não apenas ao que lhe satisfaz. Isso porque tudo o que recebe nessa vida é um presente de Deus. Cada minuto desta vida, cada segundo, é dado por Deus para você com tudo o que vive. Apesar disso, não agradece não é apenas quando dá certo, ou seja, quando o egoísmo humano, o querer para si, o que considera justo, é atendido. Você tem que agradecer não é o fato de ser atendido, mas sim o fato de ter recebido, seja o que for.

Há muito tempo atrás nós colocamos a seguinte frase: cada momento da sua vida é programado e criado por Deus com tudo aquilo que você precisa para a sua elevação espiritual. Só que quando Deus lhe dá a sua oportunidade de elevação espiritual e ela não coincide com o que você humanamente quer, se lamenta, chora, tem queixumes, etc.

Deixe-me dizer algo. Já falamos que a vida é programada pelos espíritos a partir dos gêneros de provas que eles sabem que precisam realizar. Sendo assim, vamos dizer que um espírito programou, fez um pedido de gênero de provas, vencer a sua intolerância às pessoas que sejam nervosas.

Estou falando de uma pessoa que fique nervosa com o nervosismo do outro. Isso acontece porque o espírito pediu para vencer a intolerância ao nervosismo do outro. Isso faz parte do gênero de provas pedido.

Por causa desse pedido, Deus coloca uma pessoa nervosa na frente deste ser encarnado. Essa pessoa já nasceu intolerante a isso porque precisa vencer a intolerância. Por isso Deus dá uma oportunidade dela vencer aquilo que precisa vencer colocando-a frente a uma pessoa nervosa. O que essa pessoa faz neste momento? Ao invés de agradecer a oportunidade, xinga a pessoa, a Deus, à vida, a tudo.

Ao invés de agradecer a grande oportunidade que Deus lhe deu, de ter a compreensão que o Pai lhe deu a oportunidade de vencer algo que nasceu para vencer, essa pessoa só pensa em reclamar da situação. Mas, ela deveria agradecer ao Pai, pois Ele providenciou tudo o que era preciso para a sua elevação. Só que para viver agradecendo tudo que acontece a Deus há uma coisa imprescindível: ter a consciência de que se é um espírito vivendo uma aventura humana e não um ser humano que viverá aventuras espirituais depois que morrer.

Para poder se agradecer tudo a Deus é preciso começar a aprender a viver esta vida com verdades e valores espirituais. É preciso viver esta vida com o enredo da existência espiritual e não pelos próprios acontecimentos do mundo material.

Ensinar isso tem sido nossa batalha. Porque? Porque no mundo de regeneração o ser humano vai acabar. O jeito humano de viver vai acabar. Aliás, este é o terceiro segredo de Fátima que o papa não divulga porque acha que o fim raça humana é a morte de todos. Não é isso. O fim da raça humana é o fim da forma humana de viver.

No novo mundo, no mundo de regeneração não haverá seres humanos, mas sim espíritos na carne. Ou seja, o que haverá no novo mundo são seres encarnados que tem a consciência de que são espíritos e não seres humanos. Por terem esta consciência vivem como espíritos, dentro do sistema espiritual de vida e não dentro do sistema humano. Por isso podem agradecer a Deus tudo o que lhes acontece...

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Viver em Deus

Participante: o que seria viver em Deus, para Deus e com Deus sem apego? Seria amar o próximo como a si mesmo? Gostaria que explicasse melhor porque acho que não temos noção do que é isso...

Viver com Deus é viver com Deus. Você vive hoje com Deus? Não, você vive com o computador, com outra pessoa, com uma mesa, com um gato, um cachorro, um passarinho, um filho, um pai, etc. Você vive com as coisas materiais e não com as coisas espirituais e com o próprio Deus.

Viver para Deus é viver para as coisas espirituais. O que quer dizer isso? É não viver para você, é não usar as coisas materiais para seu lucro pessoal, mas servir a tudo de todas as formas possíveis.

Viver em Deus é saber que você não está no num mundo material. Saber que não está numa casa, dentro de um ônibus, dentro de um trem, mas está dentro de Deus o tempo todo. Você é Deus, como Cristo ensinou.

Amar o próximo como a si mesmo é dar ao outro o direito de ser, estar e fazer o que ele quiser. Isso já tinha falado, mas quero agora complementar falando um pouco do direito, que é algo que vocês humano não entendem.

Vocês dizem assim: o direito do outro começa onde acaba o meu. Isso é humano, é egoísmo. Para o espírito o direito dele acaba onde começa o do outro. Parece igual, mas é diferente. No primeiro caso, o ser humano estende o seu direito até o máximo e só depois deste máximo é que dá algum direito ao outro. Na visão do espírito é o direito do outro que baliza o seu. Ou seja, o outro tem o máximo de direito e só quando este máximo acaba, começa o dele.

Lembro de uma vez que numa conversa onde disse que era preciso respeitar o próximo. Uma pessoa me perguntou, então, o que fazer quando o outro não lhe respeitar. Eu disse: respeite o direito do outro lhe desrespeitar. Ele quer, acha que está certo. Por isso você precisa respeita-lo.

Esse é o amor ao próximo como a si mesmo. Isso porque você extrapola o eu, o eu ser, o eu estar e o eu fazer. Com isso deixa o outro ser, estar e fazer qualquer coisa, mesmo que o que faça lhe provoque ferimentos. Mas, ter que fazer isso é o grande problema para os seres humanos amarem o próximo, porque ninguém quer perder... Tem um detalhe que quero abordar para falar dessa dificuldade.

Quem amou desse jeito foi Jesus Cristo. Ele deu a todos o direito de fazerem o que queriam, mesmo quando isso o levou à cruz. Só que, como já disse num trabalho, a humanidade odeia Jesus Cristo. Falo isso porque ela odeia aquele que deixa o outro lhe pisar, ela odeia quem deixa o outro lhe cuspir, quem deixa o outro crucifica-lo. Chama de bobo, otário quem vive assim, mas esse é o verdadeiro cristão, pois segue o exemplo de Cristo.

Portanto, se você quer chegar no mesmo lugar que Cristo chegou, precisa agir como ele agiu...

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Senhores do abismo

Participante: gostaria de saber se a transição do planeta Terra vai se dar ao mesmo tempo do expurgo dos senhores do abismo? Os dragões, segundo algumas obras psicografadas, são espíritos milenares que habitam próximo ao centro da Terra. São apenas em número de sete.

Esse número não existe. Números são coisas apenas de seres humanos. Para a espiritualidade não existem números.

Esses que você chama de dragões são aqueles que não tem mais condição de evoluir neste mundo. Eles não serão expurgados: já foram. Eles já estão em outro planeta. Portanto, não vão ser, já foram...

Participante: na pergunta é dito que eles habitam perto do centro da Terra.

O local de habitação de seres depende da linha, da falange, da imaginação humana. Se o próprio planeta é plasmado, não existe fisicamente, tudo o que for dito sobre ele é só ideia. Por isso cada um coloca a que quiser.

O importante no caso desta pergunta é saber que estes espíritos que não tem mais condição de aproveitar o mundo de provas e expiações já foram para um novo planeta. Falo assim porque o mundo que você diz que vai chegar, já chegou...

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Controle da vida

Participante: pode falar sobre a falsa sensação de controle e de poder que a mente tem sobre eventos, objetos e pessoas? Constantemente a mente quer controlar tudo e todos...

Essa é uma característica humana. Todo ser humano é assim. Todos querem sempre controlar a todos e a tudo.

Por causa disso, você que busca a elevação precisa mudar esta característica da mente? Não. Como já disse, a elevação espiritual é alcançada quando você ama a si do jeito que é. Por isso, ao invés de querer mudar-se, deve aprender a se amar como é.

Buscar o controle das coisas e pessoas é a característica do egoísmo. Egoísmo é querer tirar vantagem sobre o outro. O domínio sobre o outro é a busca da fama, do elogio. Todo ser humano quer isso, mesmo aquele que diz que não quer. Aquele que diz que não quer dominar o outro está dominando pela omissão.

Portanto, não importa, se a sua mente diz que está ou não querendo dominar o outro, ela sempre está. Então, você tem que aprender a se amar a si, sendo o que é.

É a esta conclusão que leva o conhecimento de saber que você é o próprio universo e que ele é criado por Deus. O universo que você vive é ser assim; você é assim porque Deus o fez dessa forma. Portanto, ame-se sendo assim para poder amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Não estou dizendo para ter prazer com isso: ‘eu sou assim, mesmo e dane-se’. O que estou falando é dizer para si mesmo que você é assim, e daí? Ser quem você é, é o seu papel na obra geral...

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Tudo está dentro de você

Participante: porque pessoas que consideramos amigos nos tratam friamente de repente sem motivo aparente?

Para ver se você vai continuar amando-os ou não. Agem assim, para ver se você precisa que eles sejam quentes com você para que os ame. Só isso.

Deixe-me lhe dizer uma coisa: as pessoas que lhe trata de uma forma fria não existem fora de você. É a pessoa que está dentro de você que age de uma forma que você classifica como fria.

O mundo, o universo só existe dentro de você. Tudo o que você vive nesta vida é apenas u7ma criação mental...

Olhe para o computador? Quantas pessoas estão presentes aqui na nossa conversa?

Participante trinta e quatro...

Não. Apenas uma pessoa está presente: você.

Só há uma pessoa presente: você. Todas as outras estão dentro de você, são criações da sua mente. Aliás, até o computador não existe fora de você...

Todas as pessoas que estão aparente, estão dentro de você. Todas pessoas com as quais você se relaciona o dia inteiro não existem, só dentro. Por isso afirmo que no mundo, no seu mundo, só existe você. Todas as pessoas que lhe trata bem ou mal estão dentro de você.

Se você mudar a forma que acha que as pessoas lhe trata, o tratamento delas mudará. Agora, se esperar que a criação da sua mente seja uma que lhe puxe o saco, não será isso que acontecerá. Isso porque as pessoas que estão dentro de você estão ali como seu agente carmático.

As pessoas que respondem friamente à sua amizade são criações de Deus que lhe tratam dessa forma para ver se as ama do jeito que são ou se quer que se mudem para que as ame.

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Pensamentos indesejáveis

Participante: alguns dias atrás quando fui me deitar vieram pensamentos sobre várias coisas. Eu não queria pensar esses pensamentos porque queria dormir. Por mais que eu quisesse me desfazer deles, não conseguia. Há uma maneira de não pensar pensamentos indesejáveis?

Há sim. Há uma maneira de não pensar pensamentos indesejáveis: Deus não cria-los... Esta é a única maneira.

‘Então, o que eu faço’, você me perguntaria. Eu responderia: ame. Ame amar ter os pensamentos ao invés de achar que eles são indesejáveis.

O que você está pensando é o seu universo naquele momento. Seu universo não é dormir, mas pensar o pensamento. Por isso, entregue-se ao pensar e não ao querer deixar de fazer isso.

Assista a vida, inclusive quando você quer dormir e não consegue.

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Ajudar a elevação moral do planeta

Participante: como sermos espiritualmente mais ativos e efetivos no trabalho em prol da elevação moral do planeta, principalmente para aqueles que não exercem trabalho mediúnico ostensivo?

Amando ao próximo como a si mesmo e amando a Deus sobre todas as coisas. Não importa se faz trabalho mediúnico ou não, você só pode ajudar o mundo planetário a evoluir dando o seu próprio exemplo: amando a deus sobre todas as coisas ao próximo como a si mesmo.

Quando se fala em evolução espiritual não há outra hipótese. Se houvesse, o mestre dos mestres, Cristo, teria transmitido outros mandamentos, mas ele só deu esses. O problema é que vocês humanos, principalmente os espíritas, acham que isso é muito inculto, que isso é coisa de evangélico, que é um ignorante nas questões espirituais. Não, focar-se na prática desses ensinamentos é seguir Cristo.

Qualquer outra coisa dentro do mundo espiritual, inclusive os outros ensinamentos do próprio Cristo, são adendos. Isso porque a única coisa que precisa ser feita é amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Foi por isso que ao transmitir esses ensinamentos ele deixou bem claro: você deve se esforçar para colocar estes mandamentos em prática de corpo, alma, espírito e mente. É por conta desta importância destes ensinamentos que tenho respondido a todas as perguntas sempre falando disso.

O que precisa ficar bem claro é que não há mais nada que deva ser feito pelo espírito encarnado. Na verdade, vocês querem inventar coisas a fazer quando a única coisa que precisa ser feita é isso.

Você, por exemplo, me fala em exercer uma atividade mediúnica. Se exercer esta atividade ou qualquer outra que é praticada nas casas de oração de hoje em dia (curas, caridade material, alimentar quem precisa) fosse caminho para a elevação espiritual, Cristo teria exortado vocês a fazerem. Mas, ele não ensinou isso. O que ele ensinou foi a amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo; o que eles os exortou é que se esforçassem completamente neste sentido.

Aliás, eu costumo dizer que dar comida a pobre fosse caminho para a elevação espiritual, ao invés de ficar três anos andando no deserto falando com o povo, Cristo teria aberto um restaurante e daria comido de graça para todos. Faria a multiplicação dos pães e dos peixes todo dia e daria de graça a quem lhe seguia. Mas, ele não fez isso...

Participante: mas, Cristo não distribui peixes e pães ao povo?

Em três anos de pregação ele fez isso apenas uma vez...

Ao fazer isso naquele momento, ele disse: não é justo que as pessoas que os que me sigam não tenham o que comer. Então, o que lhe movia ao fazer a multiplicação dos pães não era o dar alimento, mas fazer com que a justiça acontecesse. Ele não fez por caridade, mas por justiça... Uma coisa é diferente da outra...

Fazer a caridade, dentro do sentido humano, é dar a sua sobra, ou seja, aquilo que você não usa mais ou algo inferior ao que tem para o próximo. Isso é o que significa caridade para vocês... Cristo não fez por caridade, por pena dos outros, mas por justiça. Ele deu a mesma comida que comeu.

Tem coisas que a mente humana coloca como verdade e realidade que vocês aceitam essa forma, mas que não são. Um grande exemplo disso é a crença da sublimidade de Cristo, da candura de seus olhos.

Primeiro que ele não tinha olho azul. Ele era árabe; árabe é moreno e não tem olhos azuis nem é louro. Segundo: este olhar cândido que vocês acreditam que ele tinha, chamou os seus seguidores de vermes malditos. Este mesmo olho matou uma figueira que não dava fruto quando não era para dar. Este mesmo olho cândido e sublime meteu o chicote no lombo dos mercadores do templo. Por estes motivos acho que ele não era tão cândido quando vocês o pintam nem tão sublime quanto imaginam.

Existem alguns detalhes que vocês precisam entender, compreender, para sair do sistema humano religioso. É preciso se libertar dele porque este é um sistema que existe à favor da humanidade e não da espiritualidade. Preste muita atenção nisso...

Podem existir palavras bonitas, podem existir descrições bonitas, mas se você olhar o todo do trabalho de Cristo verá que estas descrições nem sempre são embasadas em suposições perfeitas.

Conversando com um espiritualista - volume III

Conversa com os mortos

Participante: gostaria de saber se podemos nos comunicar com os mortos e como?

Pode, mas este telefone é meio sem fio e só funciona de lá para cá. Por isso afirmo que você não pode se comunicar com o morto: só ele pode se comunicar com você.

Como? Através de uma mediunidade sua ou através da de um médium.

Quando? Quando Deus achar que você e ele precisam e merecem. Para chegar a esta conclusão, o Pai não leva em conta a sua vontade de matar saudades, mas preocupa-se apenas se essa comunicação vai lhe trazer alguma ajuda para se elevar.

No universo as relações familiares não são levadas em consideração. Isso é algo que vocês precisam prestar atenção. O próprio O Livro dos Espíritos fala disso.

Nele, Kardec pergunta ao Espírito da Verdade se aqueles que se vão ficam preocupados com o sofrimento daqueles que ficaram. Sabe, a ideia da mãe que desencarna e fica cuidando do filho que ficou neste mundo. Esta é uma figura que vocês veneram, que acham sublime.

A esta questão o Espírito da Verdade responde da seguinte forma: sim, isso acontece. Tem muitos que vão para o mundo espiritual e ficam preocupado com o sofrimento dos que ficam aqui. Só que isso depende do grau de elevação do espírito que desencarnou. Quanto menos elevado, mais preocupado fica... Ou seja, a santa mãezinha que cuida do filho que ficou aqui, que vocês acham tão sublime, é um espírito menos elevado, um obsessor.

O Espírito da Verdade ainda complementa: quando os espíritos que se vão são elevados, não ficam preocupados com o sofrimento de quem ficou aqui. A preocupação destes espíritos é que aqueles que ficaram recebam todas as provas que precisam para a sua elevação espiritual, mesmo que isso leve ao sofrimento.

Portanto, cuidado ao misturar, ao aplicar coisas humanas para o espírito. Isso não dá certo. Isso só dá certo dentro de uma doutrina religiosa humanizada, ou seja, numa doutrina que seja feita a partir de ensinamentos dos mestres, mas que induza o ser a ganhar nesta vida, que o induza a se apegar ao sistema humano de vida.

Saiba: no universo não existe religião.

Conversando com um espiritualista - volume III

Viver bem

Participante: viver o presente, o agora, da melhor forma possível, para quem vive bem hoje, é uma coisa. Para aqueles que vivem no sofrimento, o presente não é muito fácil. Explique para nós esta questão, pois isso parece ser a chave para se viver melhor esta vida de ilusão.

Primeiro: você fala em viver a vida para quem vive no melhor, mas, o que é o melhor?

Para me responder, você só pode tomar por base você mesmo, o que considera como melhor ou pior. Para você uma vida melhor é a vida melhor do que tem hoje. Amanhã, se nessa vida, ganhar mais uma coisa, a vida melhor será a que tem mais o que ganhou. Se depois ganhar mais uma coisa, a vida melhor passará a ser a soma das três coisas que tem.

Não existe vida melhor ou pior, a não ser no seu critério. Conheço muita gente que tem muito menos que você, mas vive no melhor. Porque? Porque é feliz com o que tem.

Esse é o segredo para se viver esta vida bem: aprender a viver com o que tem sem querer mais do que tem. E, para isso, não importa o que tenha. Se hoje você só tem um grão de arroz para comer, ache ótimo tê-lo. No dia que não tiver nem este grão de arroz, aquele que realmente quer ser feliz deve se compenetrar de que o nada para comer é o que ele tem para viver e, por isso, também achar ótimo.

Esse é o segredo. Enquanto você tiver uma vida onde exista o melhor e pior, jamais conseguirá viver o que você tem. Por isso, jamais será feliz...

Olha o que venho dizendo: o universo é você. Por isso, é preciso aprender a viver o seu universo você. Se esse universo hoje é só ter um prato de comida por dia, viva isso com felicidade. Se amanhã ele se transformar em ter dois pratos de comida, viva isso, sem saber se é melhor ou pior que ontem.

Você precisa saber que o seu universo é o que você tem e que só pode viver o que está nele. Por isso é que ensino que viver bem é saber viver bem o que tem e não viver com valores de melhor ou pior.

Conversando com um espiritualista - volume III

O espírito e o ego Pai Joaquim

Participante: o espírito que está por trás de Pai Joaquim trabalha com outros médiuns?

O espírito pode até trabalhar com outros médiuns. Regularmente, não, mas esporadicamente sim.

Agora, estou falando do espírito e não de Pai Joaquim. Pai Joaquim é ume go e não um espírito. É uma personalidade humanizada que um espírito se liga para realizar uma missão. Sendo assim, se o espírito trabalhar com outro médium, durante este trabalho não terá a menor lembrança do que aconteceu enquanto estava ligado com Pai Joaquim. Isso porque as lembranças estão no ego e não no espírito.

Deixe-me explicar algo. Quando começamos trabalhávamos com gira de umbanda. Além desse ego Pai Joaquim, eu, o espírito, trabalhava com outros egos. Trabalhava com um ego de caboclo, de exu, etc. Quando estava no ego de caboclo, não tinha consciência do que tinha acontecido quando ligado ao ego Pai Joaquim.

Conversando com um espiritualista - volume III

Entrega a Deus

Participante: o limite entre saber se realmente entregamos para Deus ou se estamos lidando com isso de uma forma racional, é difícil de saber...

Estou lhe dando agora a solução...

Se você entregar com fé receberá de Deus o seu pagamento: harmonia, tranquilidade e felicidade durante aqueles acontecimentos. Agora se não entregar com fé não receberá este salário e aí então viverá o acontecimento sentindo falta e angustiada.

Se você tem sofrimento é sinal de que não ouve fé.

Participante: digo isso porque estou vivenciando acontecimentos desse tipo. Estou com uma filha que está numa situação difícil...

Não, ela não está numa situação difícil: você está vendo a situação dela como difícil, mas ela não.

Participante: é ela não está vendo isso mesmo...

Você está vendo dificuldades na vida dela e o classificar a existência dela como tal é sinal de que você não a entregou a Deus, o Pai dela, com fé.

As situações todas que ela está passando são etapas da sua existência e, durante elas, o Pai dela está dando para ela o que precisa e merece: louvado seja Deus por isso. Esta a Realidade daquilo que você classifica como dificuldades...

Adore o que Deus faz a cada um: ‘que maravilha que ela está brigando com o marido, que está mal no trabalho’. Olha quantas oportunidades de trabalho ela (o espírito) está tendo... Mas, não é só para ela que deus está dando uma oportunidade de trabalhar. Você, ao saber da situação dela, ou seja, ao tomar consciência de fatos, a criação do ego (a compreensão raciona que está tendo da situação) também é uma oportunidade para você realizar o seu trabalho: entregar tudo nas mãos de Deus com fé.

Não queira se meter na situação e tenha a consciência de que tudo está certo, pois está do jeito que deve ser. Entregar com fé é abrir mão, com confiança em Deus.

Participante: mesmo porque eu já tentei ajudá-la, mas ela não quis.

Desculpe, mas você tem como ajudá-la.

Participante: como?

Não subordinando a ajuda ao que você quer que ela faça...

Participante: não é isso que estou fazendo. O que quero é mostrar o que ela está fazendo...

Você não está querendo mostrar o que ela está fazendo, mas sim dar a sua opinião sobre como ela deveria viver os acontecimentos da vida dela. Mas, o que você acha que ela está fazendo é o que você acha e não o que ela acha.

Por isso disse que está querendo ajudá-la dentro de suas próprias vontades, ou seja, dentro daquilo que desejaria que ela estivesse fazendo.

Compreenda... Ela não vai ver o que você quer que ela veja, pois isso é verdade sua. Exigir a compreensão de uma determinada forma não é ajuda, mas subordinação.

Como você pode ajudá-la? Não brigue, não critique, não diga que ela está errada. Agora, se um dia ela tiver a compreensão que quebrou a cara, esteja aberta para recebê-la de volta com uma festa, como fez o pai do filho pródigo.

Já falei desta parábola neste estudo e torno a citá-la porque ela é muito importante. O pai, durante o tempo que o filho esteve longe, nunca o procurou para mostrar o quanto ele estava errado, nem nunca o criticou para o seu outro filho. Deixou que aquele filho esbanjasse todo o capital que possuía, mas na hora que ele retornou, novamente não estavam presentes as críticas ou acusações, mas o recepcionou em festa.

Deixe-a quebrar a cara dela.

Participante: é difícil...

Claro, não existe entrega a Deus... Na verdade você ainda se acha dona (mãe) dela e que pode decidir o que é melhor para ela...

Para compreender melhor o que deve fazer, vou fazer uma figura através de uma competição esportiva: não fique narrando o que ela vive... Não fique pensando ou conversando sobre o que você acha que está acontecendo... Liberte-se dessas ideias criadas pelo ego. Aquilo que o seu ego cria não é o mesmo que o dela cria, ou seja, a sua realidade é diferente da dela.

Exatamente por você acreditar de um jeito é que se acha impelida a forçá-la a ver o acontecimento dentro do seu prisma de visão. Mas isso é impossível. O raciocínio que cria as realidades é dado por Deus dentro das provas de cada um. Os seus são apenas suas provas (seus sacrifícios) os dela são os dela. Quando você compreende isso e tem a fé, entrega a Deus o direito de dizer o que está acontecendo e, por isso, não tem opinião sobre nada.

É isso que Paulo está nos ensinando. A entrega com fé leva o ser humanizado a sentir falta das coisas. Agora a entrega sem fé o leva a estar sempre vigilante notando a ausência daquilo ou sempre tomando cuidado com as coisas que estão sob sua guarda por sentirem-se responsáveis. Neste momento houve a entrega sem fé.

Conversando com um espiritualista - volume III

Crucificação de Cristo

Participante: mas, o senhor mesmo disse que as ações são pré-determinadas. Se isso é verdade, Jesus Cristo não foi crucificado por nada, mas porque isso estava escrito...

Sim, mas tal acontecimento foi escrito desta forma porque o os seres humanizados são individualistas. A vida de Cristo foi construída de tal forma a mostrar que os conceitos de cada ser humanizado não são justos e a ressurreição dele provou que vivenciar a vida com fé, apesar de ser julgado pelos outros, leva à elevação espiritual.

Não é que Cristo, como se fala, pagou pelos pecados dos seres humanizados e, por isso, agora vocês podem pecar à vontade. O que ele mostrou, com a vivência daquela encarnação pré-programada, é qual o pecado do mundo (julgar de acordo com suas verdades) e como se vive com o pecado do mundo sem pecar. De quebra, mostrou a recompensa para quem vive como ele viveu: a ressurreição.

A partir disso, podemos entender que a mensagem de Cristo através da sua vida: se você for alvo da ação individualista dos seres humanos e passar por estas situações louvando a Deus e vivendo na fé, receberá a ressurreição. A partir desta mensagem, podemos entender que a ressurreição não é garantida para aqueles que vivenciam estas três coisas.

É isso que Paulo está nos ensinando...

É preciso você viver a vida Jesus Cristo, ou seja, ser alvo das ações individualistas dos seres humanos e vivenciar isso com a fé em Deus (sacrificando a sua intenção) para alcançar a ressurreição (o retorno à consciência espiritual, à glória de Deus).

Mas, mesmo depois deste ensinamento de Paulo, que é conhecido há quase dois mil anos, ainda tem gente que reza a Cristo pedindo para arrumar emprego, para fazer acontecer o que ele quer. Justo a ele que passou por todas as situações de constrangimento e carência sem desejar receber nada...

Conversando com um espiritualista - volume III

Eutanásia

Participante: o Espiritismo condena a eutanásia, por entender que não temos o direito de interromper uma vida, seja em que circunstância for. No entanto, com o avanço da tecnologia na medicina, temos hoje situações em que os médicos afirmam categoricamente que o paciente não tem mais condições de sobreviver sem as máquinas, até porque sua atividade sua cerebral está completamente zerada. Ou seja, esse paciente estaria tecnicamente morto, tendo sua atividade metabólica sustentada apenas por aparelhos. Pergunto, então, como podemos decidir, sem problemas de consciência, qual o momento certo para autorizar o desligamento dos aparelhos? Como saber com certeza que não estamos interrompendo uma prova ou uma expiação? Se optamos por não desligar em condição alguma, como ter certeza de que não estaríamos ocupando o lugar de alguém que precisa mais daquele leito do que uma pessoa que já está tecnicamente morta? Levando em consideração que diversas narrativas de EQM (experiência de quase morte) demonstram claramente que um espírito tecnicamente desencarnado pode retornar ao seu corpo e retomar sua vida física, gostaria de saber em que ponto estaríamos realmente cometendo eutanásia.

A pergunta em pauta inicia-se com uma afirmação: "O Espiritismo condena..." O espiritismo como ciência, filosofia e religião baseada nos ensinamentos do Mestre Jesus Cristo não poderia "condenar" qualquer atitude, pois não foi este o ensinamento deixado por nosso Irmão Maior.

Os praticantes do espiritismo podem, por sua livre interpretação, condenarem atitudes, mas que não utilizem os ensinamentos maiores como tábuas de lei para avocar o direito de se colocarem na posição de juízes das atitudes alheias.

Todos os ensinamentos que compõem a doutrina espírita foram trazidos ao planeta Terra como auxiliares no desenvolvimento da fé ensinada por Jesus Cristo e, por este motivo, não podem feri-la. Se o Mestre não acusou aquela que quebrou a lei na célebre passagem do "atirar a primeira pedra", o espiritismo como intérprete destes ensinamentos, também não poderia ser o primeiro a atirar a pedra.

Na verdade, esta informação como base doutrinária nada mais é do que a "visão" de alguns participantes que se julgam mais realistas do que a própria verdade e procuram, em nome de falsos louvores a Deus, exercer uma patrulha ideológica a atitudes, o que o próprio espiritismo veio para combater. Como filosofia e ciência, o espiritismo veio trazer informações técnicas para melhor explicar os ensinamentos de Jesus Cristo e não se contrapor a eles.

Ao afirmar que o Espiritismo condena a eutanásia, os espíritas fogem do próprio texto da Codificação Espírita.

853 a – Assim, qualquer que seja o perigo que nos ameace, não morreremos se a hora não é chegada? Não, tu não perecerás, e disso tens milhares de exemplos. Mas, quando é chegada a tua hora de partir, nada pode subtrair-te dela. Deus sabe, antecipadamente, de qual gênero de morte partirás daqui e, frequentemente, teu Espírito o sabe também, porque isso lhe é revelado quando faz a escolha de tal ou tal existência.

Se a obra que fundamenta toda a ciência, filosofia e religião espírita afirma que o espírito na carne sempre desencarnará na hora prevista e de uma forma pré-determinada, jamais poderá o homem alterar esta programação.

O simples fato de serem desligados os aparelhos que mantém a vida em situação artificial ou ainda “antecipar” o fim para minorar o sofrimento, não pode ser considerada uma fatalidade, mas nada mais do que o cumprimento dos planos traçados por Deus para aquele espírito. Como ensinado na resposta em epígrafe, não será o ato que determinará o fim da encarnação porque o ser humano jamais “morrerá antes da hora”, “e disso tens milhares de exemplos”.

Aquele que conseguir desencarnar por ato alheio (eutanásia) estará apenas cumprindo os desígnios do Pai para aquela encarnação. Portanto, respondendo ao resto da pergunta, aquele que estiver na situação da decisão de desligar ou não os aparelhos, não deve se preocupar se o que está fazendo é “certo” ou “errado”.

Para que o desígnio de Deus seja cumprido, terá o Pai que determinar o ato ou não. Esta comunicação de Deus com os espíritos se dá através da “intuição”, como também foi trazido à luz pelo próprio Espiritismo que a rejeita (pergunta 525 e comentários) como direcionamento para os atos. Na prática, esta intuição se sente através dos sentimentos.

Portanto, respondendo à pergunta formulada, digo àqueles que estão vivenciando um caso onde devem tomar a decisão de desligar ou não aparelhos que mantenham a “vida” de um ser humano, que tomem esta decisão baseando-se no seu “coração”. Posteriormente, não se preocupem com o ato tomado, pois o aparelho só será desligado ou não, a morte só virá ou não, como consequência de uma programação anterior de Deus e nunca do ato praticado pelo homem.

Para aqueles que não se encontram neste dilema, mas que tomam conhecimento de fatos desta natureza, meu conselho é de que aprendam as verdades do universo e sigam os ensinamentos do Mestre e não sejam os primeiros a atirar a pedra.

Conversando com um espiritualista - volume III

Psicografias

Participante: é bom pedir cartas psicografadas aos falecidos, como se faz em diversos centros espíritas?

Não é bom, nem mal: é fato. Se é fato, acontece. Se é errado ou certo, quem sou eu para julgar...

Por isso não posso lhe dizer se é certo ou errado, bom ou mal. A única coisa que posso dizer é que isso acontece. Posso dizer, também, que grande parte das cartas que são recebidas não são dos espíritos que aquela pessoa está pensando que é. Vou explicar isso...

Em O Livro dos Espíritos é dito que um espírito pode assumir qualquer forma se isso for importante para a missão que Deus lhe der. Vou dar um exemplo.

Com certeza você conhece a forma com que Ramatis é conhecido neste planeta. Agora, se você reparar, hoje em dia há Ramatis em cada esquina. Em cada centro espírita tem um Ramatis que vai lá passar uma mensagem. No entanto, nenhum desses Ramatis é mais aquele espírito que vocês chamaram um dia de Ramatis.

Participante: é uma fraternidade espiritual?

Não, é Deus que dá missão a diversos espíritos diferentes.

Não há nada de fraternidade, de liga de espíritos ou de falanges. Na verdade Deus diz a um espírito determinado ser que chegue perto de um encarnado fazendo-se parecer com a forma de Ramatis que vocês conhecem. Manda fazer isso para que quem está recebendo a mensagem possa acreditar que está recebendo uma mensagem de Ramatis. Ele faz isso para ver se o médium vai arrotar que recebe de Ramatis.

O espírito usa a figura que Deus lhe manda usar para trazer a prova para o espírito médium. Para ver se o espírito que está recebendo a psicografia vai bater nos peitos e se autoproclamar como um grande médium, pois recebe mensagem de Ramatis.

A questão da provação também acontece nas psicografias particulares. Deus manda um espírito responder aos questionamentos mandando uma mensagem como se fosse o filho de um ser encarnado que desencarnou, mas não é. Com isso, está dando uma prova para quem recebe a mensagem.

Isso é a obra geral, o processo encarnatório, a prova daquele que está encarnado. A mãe pensa que recebeu uma mensagem do filho porque viu a forma do filho que desencarnou, quando na verdade é um espírito usando aquela forma para cumprir uma ordem de Deus. Com isso aquele ser viveu a sua provação.

Isso precisa ficar claro. Agora, não pense em questão de fraternidade. Isso não existe no mundo espiritual: é apenas uma visão humana. O que existe no universo é a comunidade espiritual.

Participante: o que o senhor acaba de falar não é regra, não é mesmo? De repente pode ser uma psicografia realmente de um filho, de uma mãe ou de um pai que já se foi. Não é?

De repente pode, mas hoje em dia é muito mais difícil.

A fase onde as psicografias foram muito necessários – e as materializações também – para que a mensagem do espiritismo se firmasse já acabou. Foi uma etapa onde foi necessário esse tipo de coisas para chamar atenção para o espiritismo. Hoje isso não é mais necessário.

Portanto, pode ser que a psicografia seja realmente de determinada pessoa, mas hoje é mais difícil ser.

Participante: então, é mais uma prova de orgulho para o médium?

Para o médium, para quem recebe: é prova para todo mundo. Aliás, ser médium já é uma grande prova.

Ser médium é um atividade criada por Deus para aqueles que pedem para vencer a questão do precisar ser amado, idolatrado. É uma prova de idolatria. Mediunidade é algo que Deus faz para o espírito que pede para vencer a idolatria a si.

Todos vocês que tem seguidores, seja no trabalho espiritual assim como no material, passam por essa prova.

Conversando com um espiritualista - volume III

O Brasil e o espiritismo

Participante: o Brasil terá algum progresso em relação ao espiritismo? Teremos uma alma desenvolvida como Chico Xavier?

O Brasil terá progresso com relação ao espiritismo, catolicismo, evangelismo, budismo, mulçumanos ou hinduísmo? Sim, vai ter um grande progresso. Terá o progresso que está no livro Apocalipse: no novo mundo não haverá religiões...

Este será o grande progresso, não só do Brasil, mas de todo os países do planeta: as religiões se acabarão. Acontecer isso será um grande progresso para os seres encarnados, pois vocês não precisarão mais de intermediários para chegar a Deus.

Isso também está no livro Apocalipse: no novo mundo o trono de Deus está na Terra. Por isso, posso dizer que você viverá com Deus e não com uma religião que se oferece para servir de intermediário entre você e Deus.

Isso não é um progresso? Ou será que você prefere as religiões?

Participante: e quanto a ter outra alma evoluída como Chico Xavier?

Alma evoluída como Chico Xavier vocês têm e muitas. O problema é que para vocês uma alma evoluída é uma pessoa que é sábia.

Vá às favelas: lá tem muitas almas evoluídas. Tem muitos espíritos que apesar de ter carência de todas as coisas, amam a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Essas são almas extremamente desenvolvidas. Só não fazem coisa sábias...

Conversando com um espiritualista - volume III

Depois da morte

Participante: o que a gente faz depois da morte?

Depende...

Se você gosta de conviver com a sua família, vai ser isso que vai fazer depois que morrer. Vai ficar preso aqui junto aos seus familiares. Se gosta do Tibete, vai morrer e ficar preso lá.

Preste atenção: a morte não é algo físico, mas uma transformação de consciência. Por isso pergunto: será que você está vivendo para morrer? Esse é o ponto fundamental da vida para aqueles que se dizem buscadores.

Você vai morrer um dia e a encarnação, a sua existência, é um preparatório para a morte. Não há mais nada a se fazer na vida, a não ser se preparar para voltar ao reino do céu, para voltar ao mundo espiritual.

É isso que precisa ficar bem claro, pois tudo que você faz durante a vida carnal não é real, não existe. Tudo vale por um determinado tempo e só vale para você. Sendo assim, a vida humana é relativa, não absoluta.

Acontece que alguma coisa para ser Real tem que ser absoluta. Por isso nada do que você faz durante a vida interessa para a Realidade. Ou seja, se estuda, se casa, se tem filho, se planta uma árvore... Nada disso interessa. O que vai interessar é se ao vivenciar essas coisas, está, ao mesmo tempo, se preparando para morrer.

Ou seja, você vive hoje com a consciência de que vai morrer? Vive hoje com a consciência de que a família que tanto preza vai acabar na morte? Vive hoje com a consciência de que o prazer que busca tão enfaticamente não terá nenhum valor depois da morte? Quando torce pelo seu time de futebol, vive com a consciência que vai morrer e ele vai continuar existindo?

A cada momento da sua vida, você vive com a consciência de que pode ser o último? Vive preparado para esse retorno a pátria espiritual ou só vai se lembrar disso no momento da morte? Ou será que só vai se lembrar que tem que voltar a viver como espírito depois do desencarne?

Essas são as primeiras perguntas que faço, pois, como disse, nós estamos lendo a Bíblia para trazer o ensinamento de Cristo para a nossa vida. Trazer o ensinamento do Cristo é dizer: você é uma das cinco noivas que têm o querosene de reserva para esperar o noivo ou é uma das que vai esperar a hora do noivo chegar para saber que está sem luz?

Participante: e se eu não for preso a nada, o que vou fazer depois da morte?

Se você não for preso a nada material, depois da morte, vai viver o espiritual. Agora se for preso ao material, vai morrer e vai continuar aqui, sem corpo, mas preso às coisas materiais.

Conversando com um espiritualista - volume III

Consciência de ter morrido

Participante: alguém consegue saber que desencarnou logo após a morte?

Perceba: você fala em saber que desencarnou, mas isso é um processo racional. Todo processo racional é ego.

Sendo assim, o Ego pode criar a informação que você desencarnou, mas isso vai acontecer quando merecer. Somente quando, por merecimento, tiver a condição de receber essa informação, Deus vai permitir que a tenha.

Apesar disso, afirmo que noventa e nove por cento dos que desencarnam não sabem de imediato. Eu costumo sempre dizer que o próprio irmão do Arjuna, que era seguidor fiel de Krishna, teve que passar pelo Umbral, pelo menos por um minuto.

Conversando com um espiritualista - volume III

Abandono da consciência depois da morte

Participante: para se desligar da matéria, devemos fazer uma evolução na consciência... É possível morrer e só depois fazer essa evolução na consciência, nos desprendendo da matéria?

Não é pode: vai.

Se você não se desprender na carne agora, vai se desprender depois da morte. Isso porque ninguém pode assumir uma nova encarnação enquanto estiver preso a uma anterior. Ou seja, enquanto você achar que é o João, vai estar preso a essa encarnação e para vir em outra vida como Maria, Josefina ou qualquer outro nome, terá que se libertar do João.

Porém, libertando-se durante a ligação com a matéria carnal, isso conta pontos para a sua elevação espiritual. Depois que sai da carne, tal libertação não conta mais pontos para a evolução.

O Espírito Verdade diz: a evolução só se dá no mundo material. Fora dele existem os intervalos entre encarnações para o espírito se preparar para uma nova encarnação. Por isso, o libertar-se do João após a morte será parte do preparatório para uma nova encarnação e não uma elevação espiritual.

Conversando com um espiritualista - volume III

Compromissos da vida

Participante: certo! Desligo-me de tudo, nada sei, nada desejo, nada possuo... Eu consigo viver assim, mas como ficam os compromissos assumidos com a família? E os filhos?

Que compromisso você assumiu com a sua família e filhos? De representar determinado papel para que o ego dos filhos e da família viva determinadas provas? Esses atos vão acontecer. Deus não vai deixar de dar a cada um o que necessita e merece.

Agora, internamente, você tem que estar desligado de tudo. Eu não falei em se desligar externamente. Eu falei em se desligar de desejos, de paixões, de planejamentos e não de atos.

Eu falei em não desejar um carro novo, mas não falei em não ter um carro novo. Eu não falei em não ter uma casa nova, mas falei em não ser apaixonado pela casa que tem.

Porque você se preocupa com o que vai comer amanhã, se é Deus que dá comida aos bichos, será que não vai dar a você? Este é um ensinamento de Cristo. Repare que ele não falou que você não deve comer, mas disse que não deve se preocupar.

A preocupação é uma paixão: é o resultado do fato de estar apaixonado pela ideia de que tem que dar o alimento para os seus. Se você acredita nisso, não está pronto para morrer. Sabe o que vai acontecer se morrer agora? Vai dizer assim: 'e agora, meu Deus, minha mulher e meus filhos, como vão ficar'? Ou seja, vai voltar para trás e perder o noivo.

Conversando com um espiritualista - volume III

Roupa velha

Participante: o que pode nos falar sobre a passagem bíblica: ninguém tira um pedaço de uma veste nova para coser em roupa velha, pois que romperá com a nova, pois o remendo não condiz com a veste velha (Lucas, 5,36).

Ele também disse: ninguém põe vinho novo em odre velho, porque se colocar, o vinho apodrece.

Essas duas passagens querem dizer que você, o humano, jamais será bom, será perfeito. Isso porque ninguém coloca a perfeição em você, humano, que é um pedaço de pano velho, um odre velho.

Para que o espírito tenha uma nova encarnação mais evoluída, você, o humano tem que morrer.

Conversando com um espiritualista - volume III

Meditação

Participante: ouvi nos seus ensinamentos que meditar é pensar os pensamentos. Qual a finalidade da meditação que tem como objetivo calar a mente. Ela tem um objetivo?

Eu acho que não, pois ninguém consegue calar a mente. A única forma de calar a mente é dormir. Aí tem gente que dorme e diz que está meditando...

Conversando com um espiritualista - volume III

O que vai pelo coração

Participante: o que nos pode falar sobre esta passagem bíblica: o homem bom, que tem um tesouro no seu coração, tira o bem; o homem mal, que tem um mal tesouro no seu coração, tira o mal. Isso porque a abundância do seu coração fala à boca (Lucas, 6, 45)

Essa passagem é perfeita. É o que você sente é o que comanda o que você faz.

Quando você está com pena de uma criança está amando? Não, está com pena. Pena é egoísmo. Ter pena, dó, coitadinha, é pejorativo. Você tem que amar, amar a tudo...

Quando critica alguém está amando o outro? Não, está criticando. É isso que está saindo do seu coração.

É isso que quer dizer este ensinamento. Veja no seu coração se está amando. Se não estiver, se estiver fazendo qualquer outra coisa, não estará amando.

Conversando com um espiritualista - volume III

O que é do espírito e o que é do humano

Participante: tive um sonho e me vi nele matando uma mosca, mas não tive a intenção de matá-la, foi um acidente. Fiquei sabendo que isso aconteceu numa outra encarnação. Meu ego irá agora resgatar esta velha dívida ou não existe esta cobrança?

Não existe esta cobrança, pois não foi este ego que matou, mas outro. Como é que você vai pagar pelo que não fez?

‘Mas, veio esta lembrança para que então’, você me perguntaria. Eu respondo: ela veio para alguma prova para o espírito e não para você, ego.

Participante: não existe resgate de encarnações passadas?

Tem, para o espírito, não para você. Você, o humano, se for, é o resgate do espírito: você não pode resgatar nada, porque não tem nada a resgatar. Deixe-me dar um exemplo para ficar claro.

Digamos que um espírito vivenciou a atividade de um ego matar outro. Estou falando dentro da criação ilusória, já que ninguém morre. Se essa ação tiver que ser novamente prova para o espírito e você, o humano tiver que morrer, não estará resgatando nada: será o resgate.

Tudo que lhe acontece é para o espírito e não para você. Portanto, você não tem que resgatar nada.

É igual ao que já me falaram: eu tenho provas. Não, você, o humano, não tem provas: você é a prova do espírito. Da mesma forma, o ser humano não tem missões: ele é a missão do espírito.

Você, humano, é, não tem.

Conversando com um espiritualista - volume III

Preto velho

Participante: o que significam as diversas linhas de preto velho: Pai Joaquim de Aruanda, Pai João das Cachoeiras, etc.?

Energias.

Energia é um padrão vibracional. O sobrenome de cada preto velho ou de qualquer entidade da Umbanda mostra a energia que ela trabalha. Todos que são de Aruanda trabalham com determinada energia, que neste caso é aquela que vêm de Oxum, de Nossa Senhora.

Já o nome, mostra o tipo de mediunidade. Eu, por exemplo, Joaquim, sou o que faz previsões no mundo da Umbanda. Aquele que prevê as coisas.

Conversando com um espiritualista - volume III

A transição dos mundos

Participante: a mudança do mundo de expiações para o de regeneração já se iniciou? Serão muitos anos de transição? Nossos filhos viverão esta fase ou só nossos netos?

O mundo de regeneração iniciou-se no dia 21 de dezembro de 2012, aquele dia que ficou marcado como o do fim do mundo. Ele foi o fim do mundo de provas e expiações.

No entanto, esta mudança não é como na celebração de vocês do ano novo, ou seja, o relógio muda de um minuto para outro, todo mundo faz festa e entra de uma só vez no novo mundo. Há um período de transição entre os dois mundos.

Sobre este período de transição não tenho como mensurar até quando vai, porque ninguém sabe, só Deus. O que posso dizer é que no mundo de provas e expiações esse período começou quando Maria apareceu em Fátima.

Da aparição de Maria em Fátima até o 21 de dezembro de 2012 aconteceu um período de transição onde ainda se viveu no mundo de provas e expiações. Do dia 21 de dezembro para cá, continua o período de transição, mas o que rege hoje já é o mundo de regeneração.

Conversando com um espiritualista - volume III

Não acreditar na vida espiritual

Participante: o que o senhor diria para quem não acredita na vida espiritual?

Eu diria que devem aproveitar bastante essa vida.

Falo assim porque se não aproveitar essa vida e nem acreditar que há outra coisa depois da morte, estará perdendo tempo. Portanto, quem não acredita em outra vida deve viver ao máximo possível essa...

Conversando com um espiritualista - volume III

Falar em línguas

Participante: minha preocupação é desde alguns meses que pro volta da 1:30 da manhã eu começo a falar em línguas. Estou preocupada com isso. O que devo fazer?

A única coisa que você pode fazer é não se preocupar. Entregue-se na mão de Deus. Diga a Ele: ‘Pai, eu não si porque isso está acontecendo, não sei para que está acontecendo, mas louvado seja o Seu nome’.

Digo isso, porque se pudesse fazer outra coisa, já teria feito. Você não consegue parar de falar, não consegue se mudar; portanto, a única coisa que pode fazer é entregar-se na mão do Pai, confiar Nele e não ficar preocupado com isso.

Participante: o que significa falar em outras línguas?

Para os espíritos não existe nem planeta, que dirá país, estado ou qualquer demarcação geográfica. Para o espírito só existe o universo. Por isso afirmo que existem alguns espíritos que não sabem falar português e por este motivo se apresentam falando em outras línguas. É só isso...

Participante: então, são espíritos falando?

Sempre será. A mente humana é incapaz de fazer aquilo que ela não sabe fazer.

Portanto, se a pessoa não conhece a língua, são outros espíritos. ‘Mas, se ela conhece a língua’, você me perguntaria. Eu diria que se ela não tem o hábito de falar nesta outra língua, é um espírito. Se tem este hábito, neste caso nem estranharia estar falando naquela língua, não é mesmo?

Participante: mas, a linguagem do espírito não é a universal. Você disse que ele pertence ao universo e porque, então, fala em uma língua de algum lugar?

Porque está no mundo dos devas. Lá há línguas, país, sexo, cor, raça, religião, etc.

Conversando com um espiritualista - volume III

Lembrança de outras vidas

Participante: quando eu falo em línguas não posso ter uma lembrança espontânea de uma pessoa que tenha morado no país onde se fala aquela língua?

Estava esperando uma pergunta deste tipo sua. Deixe-me lhe falar algo: ninguém tem lembranças de vida passadas... Isso não existe. A vida é uma encarnação. Quando uma encarnação, ou seja, quando um período de encarnação de um gênero de provas acaba, todas as coisas referentes a ela acabam.

No universo não existe tempo para supérfluo. Não há espaço para se guardar o que não tem proveito. Se um espírito deixa de viver num país e poderá não viver neste mesmo lugar um outra encarnação, para que guardar na sua memória o conhecimento desta língua? A mesma coisa acontece com os atos da vida. Se um espírito foi mãe de outro ser nesta vida e não será na próxima, para que guardar em sua memória os sentimentos desta maternidade ou os atos que aconteceram por causa dela?

Apesar de falar assim, você pode me dizer que vê e tem notícia de acontecer lembranças de outras vidas. Eu diria para você que não é isso que acontece na realidade. O que o ser encarnado tem não é lembrança de outras vidas, mas sim argumentos desta vida que são fundamentados em vidas anteriores. Isso é diferente do se lembrar de outra vida. Deixe-me explicar isso...

Vamos dizer que você está tratando uma pessoa que se lembrou de uma existência na Roma antiga. Na verdade isso não é uma lembrança da vida na Roma antiga, mas uma informação de uma vida naquela época que foi colocada nessa vida para em determinado ponto auxiliar o espírito numa prova.

O que estou querendo lhe mostrar é que para vocês a lembrança de vidas passadas ocorre saindo dessa e indo a outra vida e com isso se lembrando do que aconteceu lá. Isso não existe, pois a mente humana de agora não pode ir a nenhuma vida anterior quando quiser. Além do mais, aquela vida já acabou...

Muitas vezes você, como facilitador dessas lembranças, tenta levar a pessoa a determinada existência anterior e ela não consegue ir. Se ela fosse a qualquer vida, a qualquer momento de uma encarnação anterior, eu poderia dizer que ela está indo a uma lembrança. Mas, como isso não acontece, não posso falar isso.

O que acontece é que para auxiliar o espírito encarnado nesta vida, fatos, narrativas de histórias de outras encarnações são colocadas no programa da mente desta vida. Portanto, não é a mente de agora que vai a outra vida: o que precisa ser realçado da vida que passou está nesta vida.

Parece que estamos numa discussão filosófica, sem nenhuma utilidade, mas isso tem uma utilidade muito grande. Quando você diz a uma pessoa que ela teve determinada vida, que ela viveu determinado personagem, está dando importância ao personagem. Com isso está induzindo àquele espírito a se apegar ao personagem de agora. Vou dar um exemplo para ficar claro o que estou querendo dizer.

Digamos que um personagem atual chamado Maria é louca pelo filho. Se o espírito que está vivendo este personagem tiver a ideia de que pode se lembrar quando não for mais Maria dos atos desse personagem, ele irá querer levar este apego junto com ele, mesmo depois de abandonar a Maria. Mais: se sabe que vai levar, vai se apegar agora mais ao filho para que no futuro não o perca. O futuro ao qual me refiro é depois desta encarnação.

É por isso eu estou fazendo questão de colocar esta questão de não ir a vidas passadas, mas ter lembranças de outra vidas nesta. Faço isso para que os espíritos agora encarnados utilizem estas informações apenas para ajudar o trabalho desta vida e não para que isso dê a eles a ideia de que podem arrastar pela eternidade as vidas que tiverem neste mundo.

Participante: você está dizendo que se podem ter lembranças de outras vidas, mesmo que trazidas por outros espíritos, ou não?

Não é trazida por outros espíritos: a lembrança é colocada na mente de agora.

Participante: estas lembranças, então, são mentiras?

Não é isso que estou dizendo. O que estou afirmando é que não são lembranças de outras vidas, mas um conjunto de informações desta vida que usa como base acontecimentos de outras...

O que quero na verdade com esta conversa é desqualificar a ideia de que você pode se lembrar de uma vida. Isso não pode acontecer porque a vida não existe mais.

Eu diria assim para facilitar a compreensão do que estou falando: você pode ser lembrando de uma vida. Não é você que se lembrará de uma vida. Na verdade será lembrando, mas isso só acontecerá se aquela lembrança estiver programada para acontecer nesta vida. É isso que estou querendo dizer...

Isso é importante porque quando se fala em lembrar-se de outras vidas as pessoas imaginam que eles são capazes de se lembrar de coisas que aconteceram em outras vidas. Só que a outra vida foi vivida por outro ego, por outra personalidade humana. Não era a personalidade de agora que a viveu. Como a lembrança está no ego, na personalidade e não no espírito, é impossível se acessar alguma coisa que já acabou.

O espírito não se lembra de atos, acontecimentos, mas sim de gênero de provas. É só isso que estou querendo mostrar. O que estou falando não é que as lembranças são falsas, que o que é lembrado é falso. Pode até ser, se isso for necessário para o trabalho de agora. Se for preciso, será dado ao espírito através do ego de agora uma ideia de que já ter acontecido alguma coisa que pode nunca ter acontecido ou que tenha acontecido de forma diferente.

Na verdade o que quero é destruir a ideia de que você, mesmo induzido ou não, pode se lembrar de acontecimentos de outras vidas. Digo isso porque se vive hoje com a ideia de que pode se lembrar na hora que quiser de outra vida, isso provocará nessa vida um apego maior ao que já é apegado, para que não se esqueça e tenha a possibilidade de se lembrar nas próximas existências.

Portanto, não estou dizendo que as lembranças são mentiras, mas sim que um ser não pode se lembrar, mas ser lembrado, se isso for útil para esta vida. Se não for, nem isso acontecerá.

Participante: o que o senhor falou eu concordo. Não vamos para outra vida, mas nos aprofundamos no conteúdo de uma coisa que existe na vida atual. É algo desta vida de agora...

Sim, é algo que nesta vida foi programado que haveria.

É esta diferença que quero colocar porque quando se fala em ter lembranças espirituais as pessoas imaginam que vão a outra vida. Esta ideia fica bem clara quando se observa o processo de regressão. Nele é dito que você deve ir além do útero. Isso não pode acontecer, pois antes do útero desta encarnação, a Maria, o João e o José de agora não existiam.

Então, veja, o espírito não tem memória de atos, pois para ele o ato não vale nada. Para ele o que vale é a essência do ato e é essa que ele guarda. Ele guarda a lembrança do orgulho, da vaidade, da soberba, a vontade e não o ato.

Portanto, é isso que você falou: é algo programado para esta vida. É como se fosse um fato que já vem na memória da personalidade humana atual antes dela nascer. A lembrança foi colocada nesta personalidade e não lembrada agora. É isso que quero reforçar.

Participante: falamos em lembrar de outras vidas apenas para facilitar a compreensão, porque na verdade a vida do espírito é uma só.

Concordo com você, mas também concorde comigo que há pessoas que administram regressões que acreditam que levam o espírito a outras vidas. É por isso que estou falando desse jeito...

Conversando com um espiritualista - volume III

Agir ou sentir?

Participante: em O Livro dos Espíritos as leis morais dizem como agir em determinadas situações. Só que aqui aprendemos que agir é uma ilusão, que são os sentimentos que valem. Porque esta parte das leis morais deste livro ensina isso então?

Para ver se você vai se prender ao que está escrito ou não.

Os ensinamentos dos mestres são provas também. Isso porque quem ama a Deus acima de todas as coisas, o ama acima dos ensinamentos. Se o ensinamento do mestre diz que não deve fazer algo, você deve amar a Deus acima da obrigação do não fazer. Ou seja, se fizer fez, se não fizer, não fez...

Conversando com um espiritualista - volume III

Assistir a vida

Participante: mas, como posso só assistir a vida se continuo sofrendo e ficando feliz?

Assistindo o sofrimento e a felicidade. Diga a si mesmo: ‘estou sofrendo, que besta que sou por causa disso. Agora estou feliz. Sim, estou, mas estou feliz com o que? Não vou levar nada disso para a eternidade’.

Imagine que você é mãe e que o seu filho lhe dê um beijo. Se isso lhe faz feliz, assista esta felicidade. Agora, para que essa felicidade, que é humana, não aconteça há outro trabalho que precisa ser feito e este não acontece neste momento.

Porque você vive a felicidade quando isso acontece? Porque quer ser beijada. Portanto, o problema não é deixar de ser feliz quando é beijada, mas sim deixar de esperar o beijo, deixar de depender o beijo para ser feliz. Este trabalho tem que ser feito antes do beijo e não depois dele.

Enquanto você achar que ser beijada é bom, que isso está certo, é bonito, não conseguirá deixar de ser feliz quando acontecer o beijo. Por isso, é contra o que leva a sentir felicidade quando se é beijado que é preciso lutar para assistir a vida e não contra a felicidade de ter ganho um beijo.

Aliás, já disse que precisamos nos conhecer por dentro. No entanto, pouco vocês me perguntam sobre paixões, posses e desejos. Por isso vou falar um pouco disso...

Imaginar que se tem um filho é algo que espiritualmente falando não existe. Digo isso porque você não pode dar vida a alguém porque isso é exclusivo de Deus.

Ter uma paixão por um determinado ser leva inexoravelmente à posse. Portanto, antes de lutar contra a ideia do prazer por ter sido beijada por um filho, lute contra a ideia de ser mãe. Antes de lutar contra o prazer, lute contra a paixão e a posse.

Quando você se livrar da ideia de ser mãe, poderá assistir o beijo sem se empolgar com ele...

Conversando com um espiritualista - volume III

Falsidade

Participante: qual a prova carmática para uma pessoa que nasce falsa e hipócrita?

Nenhuma... Ser hipócrita e falsa não é prova para o ser humano. O ser humano é a prova para o espírito. Ele não tem provas...

Portanto, a pessoa é hipócrita e falsa para ver se o espírito se liga àquela hipocrisia e falsidade. Para a pessoa não há prova alguma. O ser humano ser hipócrita é a prova do espírito.

O problema é que você acha que o ser humano que é falso e hipócrita precisa se mudar. Por isso me pergunta qual seria a prova dessa pessoa. Mas, me diga uma coisa: se essa pessoa não fosse desse jeito, como o espírito faria as suas provas?

Apesar disso, você quer mudar as pessoas. Quer que elas deixem de ser hipócritas, que deixem de ser falsas...

Repare que você está lutando contra o destino ou a prova de um espírito. Faz isso porque acha que Deus fará as coisas para lhe satisfazer ou satisfazer a humanidade e deixar o espírito na mão sem prova. Isso jamais acontecerá. Deus sempre dará aos espíritos humanizados aquilo que eles precisam para a sua evolução.

Portanto, assista a vida, assista a hipocrisia e a falsidade dos outros. Além disso, ame haver essas coisas, pois isso está servindo a espíritos para a elevação...

Conversando com um espiritualista - volume III

Os universos eu

Participante: quando morro, morre todo universo dentro de mim, inclusive eu mesmo. O que fica? Depois Deus cria um novo eu e um novo universo para este eu?

Não. Quando você morre, não morre o universo dentro de você. Isso porque você é o universo. Por isso digo que o universo você morre, mas não o universo que está dentro de você. Na verdade, o que morre é o universo você que está dentro de um espírito.

Posteriormente Deus criará um novo universo, que será um novo ser humano, que é o que chamado de reencarnação, dentro da cabeça de um espírito.

Esqueci de dizer: esse novo universo também vai achar que ele é o universo...

Conversando com um espiritualista - volume III

Assistindo a vida

Participante: pode me dar um exemplo do que é assistir a vida enquanto achamos que está acontecendo ou que estamos fazendo algo?

Por exemplo: diga a si mesmo que você não falou esta pergunta; diga que ela foi falada. É só isso...

Para assistir a vida diga a si mesmo que uma resposta foi ouvida e não que você ouviu. Diga que não está respirando, mas que a respiração está acontecendo.

Para assistir a vida é preciso retirar o agente ou receptor do acontecimento. Assistir a vida é não se viver com a ideia de um ser vivente, de haver um agente ou um receptor criando ou recebendo o acontecimento.

O que estou falando é que assistir a vida é se viver apenas o acontecimento sem que ele tenha agente, seja uma pessoa ou alguma coisa. Para poder assistir a vida você não pode nem dizer que há um dedo que escreva, porque ele também não existe. Ele está dentro de você.

Portanto, diga apenas que uma frase é escrita. Se alguém lhe perguntar se foi você que escreveu, diga que não sabe. Se alguém lhe perguntar qual foi a intenção de ter escrito alguma coisa, diga que não sabe. Se alguém lhe perguntar para que escreveu, continue respondendo que não sabe. Se alguém quiser saber como foi escrito, diga que não saiba, pois não foi você que escreveu, mas que a frase foi escrita...

Conversando com um espiritualista - volume III

Bondade e egoísmo

Participante: tem pessoas que são mais egoístas porque pensam apenas em si mesmas. Agora, existem pessoas que são mais altruístas porque pensam primariamente nos outros. Não é isso?

Sim, há pessoas que são mais egoístas porque pensam mais em si mesmo. Mas, quem são essas pessoas? Aquelas que acreditam que o certo é pensar mais nelas. Elas são egoístas não porque pensam mais nelas, mas sim porque estão presas aos seus certos. Egoísta é aquele que acha que apenas o seu certo é certo. Esta pessoa, portanto, é egoísta porque está vivendo o seu certo como se certo fosse.

Agora, existem pessoas que pensam mais nos outros. Mas, quem são as pessoas que pensam assim? Aquelas que acham certo pensar nos outros. Elas só pensam nos outros, porque acham certo viver assim.

Qual a diferença entre uma e outra? Tanto uma como a outra são egoístas, porque as duas estão presas ao que elas dizem que é verdade. Não importa o quanto ela pense no outro: o que importa é que cada uma dessas pessoas está apenas apegada ao que ela diz que é certo e quando isso acontece o egoísmo está presente.

Quem só acha certo o que acha certo, é egoísta.

A ausência do egoísmo não está em servir ao próximo, mas em ir além de si mesmo para servir. Quem acha certo, santo ou bondade servir ao próximo, está sendo egoísta porque está buscando satisfazer seus próprios conceitos, suas verdades. Ele é tão egoísta quanto aquele que não serve, porque está apenas servindo a si mesmo (às suas verdades) e não ao outro.

Conversando com um espiritualista - volume III

A evolução do ser humano

Participante: se só o Espírito pode fazer a evolução espiritual, o ser humano pode fazer a evolução material. Então, podemos dizer que evoluir materialmente é evoluir no ter, no sentir e no pensar. A partir disso, pergunto: o que seria evoluir no sentir e no pensar?

Você fala em evoluir no ter, mas eu lhe pergunto: em que se pode evoluir no ter? Você constrói castelos materiais e aí aparecem as chuvas, os terremotos e um tsunami e acaba com tudo. Portanto, não se pode evoluir no ter;

Evoluir no sentir? Sentir o que, se um dia você se sente bem e no outro se sente mal sem saber o porquê disso? Como poderá evoluir no sentir se nem sabe o que está sentindo ou o porquê de estar sentindo tal coisa?

Evoluir no pensar é a única evolução que pode ser feita. Mas, não uma evolução no pensar simplesmente, mas no pensar a vida. Evoluir no pensar não se trata de uma evolução cultural, ter mais conhecimento ou pensamentos mais sábios, mas sim saber pensar a vida de uma forma diferente. Esta é a única evolução que o ser humano pode fazer.

Conversando com um espiritualista - volume III

Auto piedade

Participante: o que é auto piedade?

Escolha sentimental de sentimento frente a uma verdade que o ego lhe coloca.

O ego lhe diz que você deveria ter um carro do ano, mas lhe diz isso porque você não tem. Por causa desta carência você escolhe a auto piedade: ‘olha como eu sou pobrezinho, olha como eu não tenho nada nesta vida, eu merecia ter tudo’. Portanto, auto piedade é uma escolha sentimental que cada espírito faz dentro da linha do sofrimento e do individualismo frente a um acontecimento e a uma verdade que o ego cria.

Aliás, tudo é sempre uma escolha: você escolhe ser feliz ou sofrer. Isso é escolha sua, do espírito. Ninguém sofre por causa de alguma coisa, mas todos sofrem porque frente à alguma coisa escolhem sofrer. Esta é a diferença.

Não é a coisa que lhe faz sofrer, mas você que escolhe sofrer quando a coisa está acontecendo. Se escolher ficar feliz, permanecer calmo, a paz, é isso que terá. O que escolher é o que terá.

Tem uns que querem se jogar no buraco onde a mãe está sendo enterrada; tem outros que fazem festa neste mesmo dia. É tudo sempre uma questão do que se escolhe para viver...

Conversando com um espiritualista - volume III

Homossexualidade

Participante: o que significa a homossexualidade perante a espiritualidade?

Uma prova.

A homossexualidade é uma prova para ver se você se respeita como homossexual. Digo isso porque tem muito homossexual que, como vocês dizem, não sai do armário, não se assume. Ele tem preconceito dele mesmo.

Vou dizer mais: o preconceito contra a homossexualidade também é uma prova. Ele visa ver se você vai amar ao próximo acima de tudo ou se vai exigir que ele respeite a sua opção sexual para amá-lo.

Portanto, a homossexualidade é uma prova. Ela se dá pelo preconceito dos outros, quando você tem uma opção em amar o próximo apesar de sofrer um preconceito por parte do outro, mas também se dá pelo preconceito do próprio ser contra a sua opção sexual, quando, então, ele tem a opção de amar a si mesmo do jeito que é.

Participante: mas, como se forma a homossexualidade?

Da mesma forma que se forma a heterossexualidade: através da montagem de uma personalidade, de um ser humano que o espírito estará ligado durante a encarnação.

Vamos dizer assim, em termos humanos: é algo no cérebro, na mente, que tem a tendência a apreciar corpos iguais e não diferentes. Isso vem moldado para que a pessoa viva a homossexualidade e ao viver todo o reflexo desta opção sexual, o espírito tenha a sua prova.

Isso vale para todas as coisas, para todas as provas. Você gosta de carne porque é moldado para isso e não porque realmente escolheu esta opção. Do mesmo modo, se você não gosta de carne é porque foi moldado para isso e não porque exerceu esta escolha agora.

Tudo o que se vive nesta vida acontece desta forma.

Conversando com um espiritualista - volume III

Crianças mais evoluídas

Participante: o que o senhor pode falar sobre as crianças mais evoluídas espiritualmente que podem estar nascendo para transformar nosso mundo.

O que posso falar sobre as crianças mais evoluídas para ajudar nosso mundo é que elas são mais evoluídas que você. Elas já são espíritos prontos para o mundo de regeneração.

Agora, cuidado. Você só saberá qual é a criança mais evoluída quando ela deixar de ser criança. Isso porque para vocês toda criança é extremamente evoluída. É boazinha, bonitinha, meiga. Mas, depois que esta criança cresce e mata alguém, vocês criticam a criança que achavam tão linda e tão pura.

Então, cuidado para não idolatrar criancinhas.

Conversando com um espiritualista - volume III

Comer carne

Participante: o que o senhor poderia nos dizer sobre o vegetarianismo? Devemos continuar comendo carne?

Vegetarianismo é prova. Não é prova para ver se você come ou deixa de comer carne, mas sim para ver se exerce a sua opção sem julgar e criticar aqueles que não seguem a sua opção. Portanto, se você come carne, coma e não julgue quem não come. Se não come, não coma, mas não julgue quem coma.

É sempre assim. Tudo que você gosta é o que veio para fazer e ao mesmo tempo vencer a ideia de que o que gosta todos têm que gostar. Isso é amar o próximo. É respeitar as diferenças.

Vocês falam tanto no mundo de hoje sobre respeitar as diferenças, mas só respeitam aquelas que o mundo quer que respeitem. Respeitam apenas aquelas que o mundo acha certo respeitar: o preto, o homossexual, o judeu, etc. Acontece que diferença entre vocês não se restringe só a isso.

Diferente de você também é quem gosta de uma camisa amarela que você não gosta. Esse é diferente e a diferença entre vocês precisa ser respeitada. Se você diz a ele que aquela camisa é feita e que ele não deveria vesti-la, está desrespeitando-o, está sendo preconceituoso.

Eu costumo dizer o seguinte. Um dos fatores do mundo para a evolução espiritual é a igualdade. Acontece que alcançar a igualdade não é tornar-se cópia de alguém. Os seres humanos tornarem-se iguais entre si não se consiste em se submeter a um esquema que alguém determina como certo e errado. A igualdade neste mundo só será alcançada na única coisa que vocês podem ser iguais: no direito de serem diferentes.

Na hora que você der ao outro o direito dele ser diferente de você e o outro lhe der o mesmo direito, em qualquer assunto, vocês serão iguais.

Participante: mas, no mundo de regeneração a humanidade deverá parar de comer carne?

Porque? Será que vai parar de nascer bois?

Veja. O boi nasceu, segundo o livro Gênesis, para servir ao homem. Lá é dito que Deus criou os animais e os colocou à disposição do homem para se alimentar deles. Isso está escrito na Bíblia.

Sendo assim, lhe pergunto: Deus vai acabar com algo que Ele fez apenas porque você e alguns seres humanos não acham bom fazer aquilo? Desculpe, mas acho que as coisas estão meio erradas neste raciocínio. Estão meio de ponta cabeça...

Conversando com um espiritualista - volume III

A verdadeira caridade

Participante: mas, se devemos viver com satisfação mediante a nossa realidade, e a dos outros como fica? Como fica a caridade pelo sofrimento dos outros?

A sua pergunta está meio complicada...

Primeiro você me diz que eu falei que devemos viver com satisfação. Desculpe, mas nunca disse isso. O que disse é que você precisa aprender a viver a vida que tem sem ter o prazer, a satisfação, ou a dor, o que é bem diferente.

Depois você me pergunta como fica a sua busca da satisfação com relação aos outros. Eu pergunto: que outros? Todos os outros que existem estão dentro de você. Para entenderem bem esta questão, conto novamente uma história que está no livro Nosso Lar.

André Luiz em visita à cidade Nosso Lar vai a uma enfermaria. Lá ele vê um monte de espíritos dormindo em cima de macas. Apesar de estarem adormecidos, estes espíritos demonstra através da expressão facial, que estão vivenciando alguma coisa. Por isso ele pergunta ao espírito que o acompanha o que está acontecendo. Este diz: eles estão vivendo a vida dele. Essa é a realidade: cada ser do universo está vivendo a sua vida na sua mente.

Por isso lhe afirmo que não existem outros. Os outros que você acredita existir estão na sua mente. Eles não existem fora de você. Fora de você não há nada. Portanto, se quiser fazer alguma caridade para os outros, faça na sua mente.

Mas, lhe pergunto: qual a maior caridade que pode dar ao outro? O que quer para você mesmo. Se você quer ser amado, ame a todos na sua mente. Se quer estar certo, dê a todos na sua mente o direito de estarem certos. Esse é um problema, pois vocês querem fazer a caridade, mas ao mesmo tempo querem resguardar os direitos só para vocês...

Sempre que vocês conversam sobre qualquer assunto estão sempre dizendo uns aos outros que estão errados o tempo inteiro. Querem sempre corrigir o outro. O que deveriam fazer? Dar ao outro o direito de expor aquilo que ele acha. Só que ao invés de dar ao outro este direito, vocês querem logo consertar aquilo que ele diz.

Portanto, se você está preocupada com a caridade ao próximo, eis aí um bom trabalho para executar...

Conversando com um espiritualista - volume III

Medo de sofrer

Participante: realmente nós só sobrevivemos. Por causa do valor essencial que damos a vida vivemos sempre com medo da sociedade...

Desculpe, mas você não tem medo da sociedade. Tem medo de sofrer com o que ela vai falar.

Participante: não é a mesma coisa?

Não, é completamente diferente. Perdendo o medo de sofrer com o que ela falar, não haverá problema algum no que será falado e assim conseguirá viver a vida. Mas, enquanto tiver medo de sofrer, continuará apenas sobrevivendo...

Para melhorar nossa compreensão sobre este assunto, lhe pergunto: o que é este medo de sofrer? É a prisão às quatro âncoras que já conversamos: vontade de ganhar e medo de perder, vontade de ter o prazer e medo do desprazer, vontade de ser reconhecido e medo da infâmia, vontade ser elogiado e medo da crítica. Não é o que falamos que prende o ser humanizado à carne e por isso não lhe deixa estar vivo?

Portanto, se você tem um valor essencial da vida que esteja aprisionado a qualquer destas âncoras, precisa reavaliá-lo para poder aproveitar a encarnação e alcançar a elevação espiritual. Falo assim, porque as vontades e medos expressos nas quatro âncoras constituem o valor essencial que a maioria dos seres humanizados aplica à vivência dos acontecimentos de suas existências.

Conversando com um espiritualista - volume III

Objetivos emprestados

Participante: a gente pode ter objetivos emprestados? Por exemplo, a gente pode ter objetivos transmitidos pelos pais, pela sociedade, etc.? Podemos vivê-lo como sendo o nosso objetivo?

Mas, é sempre isso que acontece...

Quando encarnam, os espíritos são seres do universo. Durante o seu desenvolvimento na massa carnal a família diz que você deve tomar banho todo dia, que deve comer nas horas certas para isso. A sociedade diz que você tem que pagar suas contas em dia, que deve ouvir som em volume baixo, etc. Neste momento, o ser, que encarnou esquece tudo aquilo que lhe motivou antes de vir à carne e passa a vivenciar como objetivo de vida estas normas que o mundo humano lhe coloca.

É por conta desta discrepância entre o valor essencial da vida de um espírito liberto da humanidade e do ser humanizado que Cristo, depois da crucificação, diz aos seus apóstolos durante uma conversa na casa de Maria Madalena: vá e anuncie o Reino dos céus, mas não junte a lei de Deus nenhuma norma que eu não tenha ensinado. A única lei que Cristo ensinou foi a do amor a Deus acima de todas as coisas e a próximo como a si mesmo. Todas as outras são criações da mente para, através da alteração do sentido de vida, gerar as provações do ser durante a sua encarnação.

Para poder se libertar do sentido essencial da vida que a mente cria, saiba que ela não está preocupada em usar o valor espiritual no seu filho, por exemplo, mas sim em torná-lo um ser humano seguidor das normas humanas e com isso alcançar o sucesso material. A mente não está preocupada em ajudá-lo a vivenciar o valor espiritual de um filho, mas sim torná-lo um ser humano com sucesso e desta forma conseguir a fama.

A mente não possui objetivos espirituais: ela só tem valores materiais. Se você conquistou a fama, ela quer que seu filho também a conquiste; se não conquistou, ela quando cria as orientações que você precisa passar a ele, só quer que ele a conquiste.

Conversando com um espiritualista - volume III

Vivendo para a elevação

Participante: como acordar de manhã e sentir que estamos vivos para poder buscar a elevação espiritual?

Meditando para você mesmo, rezando para si mesmo, falando para si mesmo o motivo pelo qual está acordando. Orai e vigiai, como ensinou Cristo. Se não orar por si mesmo e não vigiar as criações que a sua mente faz, a superficialidade da vida lhe levará.

Participante: esta superficialidade que o senhor fala é que acho que é a causa da minha depressão. Quando me deixo levar por ela, chego a pensar em abandonar o meu emprego. O senhor já imaginou o que isso representa?

É exatamente isso que estou falando...

A corrente da superfície da sua vida é a ideia de abandonar o seu emprego. Como se sai dela? Mergulhando na profundidade da sua existência. O que é o emprego que você tem? É o instrumento para a sua evolução que Deus criou, já que toda vida é gerada como uma chance de evolução.

Mergulhando desta forma nas profundezas da sua vida, você verá que o seu emprego tem que ser fonte de felicidade, quaisquer que sejam os acontecimentos que vivencie lá. Mas, como se vive feliz num emprego onde não acontece o que você quer?

Participante: sabendo que foi Deus quem deu...

Primeiro sabendo que foi Deus quem lhe deu, mas em segundo sabendo que ele é o emprego que você precisa para a sua evolução. Se não fosse, Deus não o teria dado a você.

Participante: quem pode garantir que foi Ele que deu ou eu que criei esta situação para mim até pelas questões das âncoras?

Na verdade, sempre será você que criará a situação para si mesmo, mas ela será dada por Deus.

Deus dá a cada um segundo a sua obra, ensinou Cristo. Por isso, o seu emprego é o resultado de sua obra num momento anterior. Mas, quem gerou aquele efeito justo foi Deus, a Causa Primária de todas as coisas, como ensina o Espírito da Verdade.

Este é o mergulho na vida que estou falando, mas para ficarmos com a questão mais clara, continuemos mergulhando na vida. O seu emprego de hoje é fruto de uma obra positiva ou negativa? Sendo de uma obra positiva, que bom, pois você fez algo bom e com isso mereceu receber o emprego que tem hoje. Agora, se ele é resultado de algo negativo que tenha feito anteriormente, o que pode fazer? Positivar o emprego que tem hoje. Somente quando positiva o que é negativo ele se transforma.

Então, pouco importa porque você mereceu este emprego: viva-o positivamente, seja feliz com ele. Sem mergulhar na profundidade da vida, ainda estará aprisionado a todos os códigos de normas que a mente cria e com isso se sentirá preso, injustiçado. Mergulhando na vida, compreenderá que o emprego que tem é aquilo que Deus lhe deu para ser feliz e neste momento poderá sê-lo, não importando o que está acontecendo lá.

Participante: por causa disso é que estou tentando trabalhar a questão da culpa pelo que ocorre lá dentro...

Perfeito... Quem vive a culpabilidade de alguém por alguma coisa não aproveita a oportunidade que Deus está lhe dando. Por quê? Porque só vê culpa em si ou nos outros. Como Cristo ensinou que não devemos julgar ninguém, viver com esta postura é não aproveitar a oportunidade que está se recebendo. Mas, para viver sem culpa, é preciso mergulhar na motivação do seu nascimento. Só assim viverá cada acontecimento como uma oportunidade de elevação que Deus lhe dá ao invés de julgá-los pelos critérios criados pela mente.

Depois de mergulhar na motivação do seu nascimento, não haverá mais nada a ser julgado. Você terá apenas a consciência que as coisas estão acontecendo porque Deus lhe deu aquilo para viver como consequência de atos seus anteriores. Também pouco importará se a sua ação que causou aquilo foi positiva ou negativa, pois quando se entende a vida como uma oportunidade que Deus dá para que seja realizado um trabalho para aproximar-se Dele, não há mais pena, castigos. Quando esta consciência for atingida você poderá gozar a felicidade. Mas, enquanto quiser ser algo que a mente lhe diz que tem que ser, não conseguirá ser feliz com o que é.

Portanto, a diferença está sempre no objetivo para existir que cada um vivencia. Aqueles que não mergulham na profundidade da vida vivem apenas para gozar os prazeres deste mundo. Se você for analisar este é o objetivo da existência de cada ser humano, mesmo daqueles que dizem acreditar haver em si algo além da carne: gozar os prazeres criados pelos sentidos humanos.

Conversando com um espiritualista - volume III

Meditando sobre o medo

Participante: na verdade é difícil fazer o que o senhor fala, já que o pensamento surge espontaneamente. Por exemplo, o medo. Quando vemos, o pensamento que expressa um medo surge. Como trabalhar isso?

Vamos realizar juntos este trabalho?

Quando lhe vem o pensamento de estar com medo medite sobre ele. A primeira coisa para realizar esta meditação é descobrir o que está lhe causando o medo? Para poder exemplificar o trabalho usarei o medo que as pessoas têm da velocidade com que o carro está andando.

O carro está correndo e isso lhe dá medo. Por quê?

Participante: porque pode acontecer um acidente.

Este raciocínio faz parte da lógica humana. Agora, se você sabe que era antes de existir, lhe pergunto: quando acontecerá um acidente na vida de alguém? Quando Deus quiser. Meditando desta forma descobrirá que o seu medo, na verdade, não é da velocidade, mas sim de Deus: você tem medo que o Pai lhe dê algo que seja mal para você.

Participante: concordo com o senhor. Sabemos que Deus é Amor e que nos ama, mas ficamos preocupados com o futuro. Dá para se desligar disso e não sentir medo do amor do Pai por nós?

Dá para fazer sim... Como? Trabalhando para isso...

Saiba de uma coisa: a vivência sem sofrimento não cai do céu. Ela é o resultado de um trabalho fundamentado na modificação do valor essencial com que se vive a vida. É por isso que sempre digo que ninguém nunca conseguirá acabar com o sofrimento sozinho. Na verdade, Deus dará o fim do sofrimento como resultado do trabalho de meditação da vida para viver os acontecimentos a partir de uma motivação espiritual.

Deus não escolhe os capacitados, capacita os escolhidos. Se você se escolher para Deus, ou seja, tornar a vivência com Deus na essência da sua vida, Ele lhe dará o resultado de sua meditação. Se transformar a meditação em fundamento para a vida, ou seja, quando vier o medo buscar conceitos que estão gerando-o e afastá-los colocando na consciência os conceitos que exprimam a fé em Deus, não haverá medo.

Isso, no entanto, não acontece da noite para o dia. É preciso muito trabalho para alcançar este ponto. É preciso galgar degrau a degrau a libertação do mundo humano, mas não haverá subida alguma sem o trabalho para a evolução. É por isso que Cristo ensina que Deus dá a cada um segundo suas obras. Se você trabalhar neste sentido, Deus não lhe dará o medo; mas, se trabalhar no sentido humano, ou seja, der asas à imaginação humana, Ele lhe dará muito medo. Não lhe dará, no entanto, este sofrimento como castigo, mas sim para chamar a sua atenção para a presença Dele. Ele está dizendo: ‘Eu estou aqui em cima, olha para Mim e não para o que está à sua frente’. É para isso que faz o carro correr...

É preciso lembrar-se do Pai sempre que se acorda, porque é Ele que o desperta e não o relógio. Ele faz isso para que você tenha um dia inteiro de oportunidades para aproveitar a encarnação e assim alcançar a elevação e não para que satisfaça seus anseios humanos.

Nas linhas orientais se diz que a meditação lhes desliga deste mundo. Na verdade ela lhe mostra o caminho onde trabalhar para se desligar dos conceitos. Ela não desliga, mas serve de instrumento para poder se encontrar o botão que pode desligar o espírito dos conceitos humanos.

Conversando com um espiritualista - volume III

Pedir por oração

Participante: e a oração pedindo algo ajuda em alguma coisa?

Não é isso que Cristo ensinou na Bíblia. Eu não sei como os cristãos ensinam a orar e rezam pedindo...

Na Bíblia Cristo disse que não devemos pedir nada a Deus, pois Ele sabe melhor do que você o que lhe é necessário. Quando reza pedindo algo, na verdade está querendo que o Pai lhe dê o que quer, mas Ele sabe do que precisa. Você não tem condições de saber disso, pois como ensina o Espírito da Verdade quando ligado a uma mente humana o espírito anseia coisas diferentes daquelas que desejava antes da encarnação.

Sobre a questão de orar, posso lhe dizer que os espíritos elevados rezam a cada segundo assim: ‘Senhor, fazei de mim instrumento de Vossa vontade’. O ser humano reza assim: ‘Senhor, seja um instrumento da minha vontade. Eu não quero que isso aconteça, portanto lhe peço que não faça ocorrer’.

Pedir, portanto, não é uma atitude condizente com quem busca um relacionamento com Deus, mas há outra coisa que quem busca se relacionar com o Pai também não deve fazer: agradecer... Se Deus dá segundo a obra de cada um, o que há para se agradecer a Ele? Se tudo o que recebe é o que mereceu receber, vai agradecer a Ele o que?

No Avadhut Gita existe uma frase que diz assim: se não existe o contemplador nem o Contemplado, para que haver contemplação? Se como ensina Cristo, você e Deus são UM, porque adorá-Lo? Ao invés de adorá-Lo, vocês deveriam se concentrar em integrar-se a Ele, em ser UM com Ele. Isso jamais conseguirão enquanto estiverem afastados Dele adorando-O.

Conversando com um espiritualista - volume III

Compreendendo o universo

Participante: de que forma posso compreender o universo?

Responda-me: você escreveu no papel agora?

Participante: sim...

Com sua resposta só me mostrou que não compreendeu o Todo universal. Quando, mesmo vendo Deus acima de você, se integrar ao universo verá que não escreveu nada: o universo naquele momento foi escrever. Quem se integra ao universo sabe que o Todo existe como fruto da ação de Deus e que por isso ninguém faz nada: as coisas acontecem...

Conversando com um espiritualista - volume III

A prática do ensinamento Deus Causa Primária

Participante: esses ensinamentos foram divisores de água em minha vida. Fui espírita, Kardec e umbanda, criado na igreja Batista e conheci diversos segmentos de estudos. Gostaria de saber por que em nenhum desses conhecimentos disponíveis nunca tinha ouvido falar que vivemos numa ilusão, que não devemos agregar valores às coisas, seja bom ou ruim e principalmente que o livre arbítrio é do Espírito. Posso dizer com toda certeza que se disser para qualquer pessoa, que Deus cria tudo e que você é apenas um ventríloquo, ele irá me chamar de louco. Se esses ensinamentos são tão inovadores, quais as chances das pessoas passarem para a nova fase, principalmente nesse momento de transição?

Usando Deus Causa Primária? Nenhuma.

Nenhuma pessoa passará para nova fase usando o ensinamento Deus Causa Primária, porque vocês acham que aprenderam, mas na verdade não aprenderam. Na realidade, vocês apenas criaram culturalmente uma ideia do que é ser Causa Primária.

Sabe por que digo isso? Porque vocês só usam Deus Causa Primária quando querem usar. Vocês acham que Deus é Causa Primária, mas ainda acham que vocês existem - se Deus é Causa Primária de tudo, vocês não existem!

Vocês acham que Deus é Causa Primária, mas se isso fosse verdade, não iam acreditar que alguém está falando aqui, que vocês estão ouvindo aí e nem que existe o computador entre nós. Mas, ainda acreditam nisso tudo...

Deus Causa Primária de todas as coisas é o ensinamento que para o ser humano, para a busca da felicidade do ser humano, não serve para nada. Aliás, serve sim: para usar mentalmente, para destruir algum conceito ou desejo. Sempre que você tiver um desejo não atendido ou tiver um conceito contrariado, diga para si mesmo: o que está acontecendo é obra de Deus, que é a Causa Primária de todas as coisas. Isso lhe ajudará a não vivenciar o sofrimento.

Utilizar este ensinamento deste jeito não quer dizer que você sabe o que é ser Causa Primária. Na verdade, está se utilizando de um saber cultural e isso é processo mental, que como tal, um dia terá também que se libertar...

Portanto, colocando-o ou não em prática, não imagine que conseguiu realizar nada ou que aprendeu alguma coisa...

Agora, sobre este assunto não ter sido abordado em outras religiões, eu lhe digo que com certeza foram, mas de forma velada. Não se pode estudar um livro sagrado sem que nos deparemos com a afirmação de que tudo se origina no Pai. Todos os mestres foram unânimes neste aspecto.

A informação está lá, mas os religiosos preferem omitir esta informação ou tratá-la de forma velada, ou seja, que você não se conscientize de que o mestre ensinou isso. Por quê? Porque todas as religiões querem lhe prender ao mundo do devas dela.

A igreja católica e a evangélica querem que você vá para o paraíso, o budismo quer que vá para o Nirvana, o muçulmano quer que você vá para uma tenda cercada por virgens. Todas elas criaram o seu próprio mundo de devas e querem que você vá para lá.

Eu não quero isso para vocês. Quero que vocês saibam que tudo se origina em Deus, inclusive as religiões que lhe falei. Por isso não as julgue... A forma como cada religião transmite os ensinamentos dos mestres é causada por Deus. Sendo assim, o seu discurso não poderia ser diferente do que é.

Agora, repare. Você diz ter entendido o ensinamento, mas ainda acha que as religiões poderiam agir diferentemente da forma que agem. Isso não é controverso? Por isso afirmei que vocês acham que aprenderam este ensinamento, mas na verdade não compreenderam nada...

Conversando com um espiritualista - volume III

Abandono do eu

Participante: o que nos acontecerá quando abandonarmos o “eu”?

Para o espírito ou para o ser humano? Falarei dos dois...

Para o espírito, quando existe o abandono do “eu humano”, ele penetra no Universalismo, integra-se ao Universo. Vivencia conscientemente a sua unidade com Deus.

Para o ser humano o que resultará do fim do “eu humano” é a felicidade verdadeira. Quando o ser humanizado abandonar o “eu” não haverá mais condicionamentos para ser feliz, pois tudo que condiciona a felicidade à realização de desejos é oriundo do “eu”, é imposto pelo ego.

Então, para o ser humanizado o que acontecerá será o estado de felicidade incondicional; já para o espírito resultará na consciência da unidade com Deus e com todos.

Conversando com um espiritualista - volume III

Abraço

Participante: um abraço é mais do que um abraço: é uma benção, uma forma clara do ego demonstrar o estado de espírito da pessoa. Quando você está mal não quer nem receber um abraço...

Não... Um abraço é uma prova. Deixe-me explicar-lhe algo...

Você está dando este valor ao abraço baseado apenas em você, em seus conceitos. Isso porque, para você, quando o ego está gerando sensações de “estar bem”, ele utiliza ao mesmo tempo o conceito que afirma que é gostoso ser abraçado e, quando este mesmo ego gera a sensação de “estar” mal, ele utiliza o conceito de “não gostar”. Saiba que isso são conceitos individuais seu e não universal...

Sabia que existem egos que possuem conceitos que dão ao ser humanizado a sensação de não gostar nunca de ser abraçado? Estas personalidades jamais trabalham com a sensação de se sentir bem ao ser abraçado... Aliás, existem culturas no planeta onde o abraço é seguido do conceito de ter sido desonrado...

Não... Um abraço é simplesmente um abraço. Ele não é “bom” ou “mal”; não pode fazer “bem” ou “mal”... Isso porque este, como qualquer outro ato, é apenas uma ilusão... Não há ninguém se abraçando, porque toda massa física é a ilusão de suas movimentações são apenas percepções criadas pelo ego...

O que pode interferir no campo espiritual (sentimental) é o congraçamento espiritual e não o físico. No entanto, este congraçamento jamais pode ser alcançado através de atos, visto que ele não é criação do ego, mas deve ser executado no mundo interno de cada um. Portanto, o congraçamento que pode lhe fazer sentir-se realmente “bem” não se pode ser executado pela razão nem por ação (atos).

Este “bem” que o congraçamento espiritual traz é sentido no coração e não na razão. Sentir-se “bem” racionalmente (ter pensamentos que diz que aquilo faz bem) quando é abraçado é uma face da mesma moeda que tem por outro lado não se sentir bem de vez em quando. Trata-se, portanto, de dualismo, posse, provação.

Sendo assim, o que você falou não é real, ou seja, sentir-se “bem” ao ser abraçado não demonstra um estado de espírito, mas sim um estado da razão...

Saiba: por trás da realidade material há sempre a Realidade espiritual e esta jamais pode ser compreendida através da outra...

Uma vez você me disse uma frase que lhe repito agora: o que é da Terra é da Terra. Abraçar é da Terra, é material. Portanto, não pode ter nenhuma influência no mundo espiritual...

Conversando com um espiritualista - volume III

Agressividade

Maldade não existe. A agressividade é uma defesa violenta do individualismo.

Participante: Por parte do ego?

Na verdade não é do ego, porque é você que se individualiza quando acredita nas realidades criadas pelo ego. O ego é simplesmente a verdade; é você que por defender o ego se torna individualista.

Portanto, não é o ego que é individualista, mas você que acha que é o ego e quer defendê-lo dos outros. É você que parte do princípio que o ego está sempre certo enquanto que aquele que se liberta do ego parte do princípio que não sabe nada, mesmo que a personalidade saiba. O ser universal parte sempre da ideia que não sabe nada, pois tem consciência que se acreditar em algo terá formado uma verdade relativa.

 Na verdade, o individualismo nasce quando o espírito se apega àquilo que está na mente da personalidade transitória como verdadeiro...

Sendo isso verdade, o ego não é individualista: ele é o diabo. Ele propõe as verdades e você cede à esta tentação utilizando o seu individualismo.

Voltando, então, ao tema que estávamos falando, volto a afirmar que a agressividade é a defesa violenta das verdades do ego. Ou seja, uma exacerbação do individualismo.

Para podermos bem compreender esta vida temos que desmistificar algumas ideias. Uma delas é a agressão. Saiba que ninguém agride ninguém; todos se defendem dos outros. Aquilo que vocês chamam de agressão nada mais é do que a defesa ao seu individual, ao seu eu material, ao seu ego.

Para poder ver isso mais claramente pergunto: alguém agride quem concorda com ela? Não, toda agressão surge depois de uma discordância, ou seja, surge depois que uma verdade ou padrão de comportamento é contestado. Viu como é defesa?

Então, na verdade ninguém lhe ataca: está se defendendo de você... Na verdade foi você que a atacou antes contrariando alguma verdade ou padrão de comportamento dela.

Portanto, quando alguém vier lhe atacar, não fique ofendido: deixe-o defender-se de você...

Mas, como aceitar ser agredido: oferecendo a outra face... O ensinamento de Cristo. Se alguém lhe agride, ofereça a outra face. Não tente se defender: doe a ela a razão...

‘Você acha que eu não presto? Então está certo, eu não presto...’

Participante: Só isso?

Não, tem que fazer tudo isso... Sim, o que estou falando é muito mais complicado do que você imagina. Fácil é reagir dentro das normas do planeta, ou seja, você ataca todo mundo que lhe ataca. É fácil porque a humanidade irá lhe valorizar por ter se defendido. Agora, aquele que oferece a outra face, que perde sem luta, que não reage a uma agressão é chamado de bobo... Como o julgamento da humanidade é importante para você, é muito mais difícil doar a razão...

Participante: Realmente querer corrigir o outro não é certo...

Pior do que querer corrigir é achar que sabe a verdade para corrigir o próximo. É pior porque ninguém corrige outra pessoa se não achar que está com a verdade e que o outro está errado.

Portanto, quem quer corrigir o outro tem soberba, julgamento, acusação, crítica e outras coisas que são expressões do individualismo.

Enfim, se alguém lhe chama de errado, não queira provar que está certo. Se alguém, então disser que deve se mudar, responda: ‘deixa eu fazer errado...

Conversando com um espiritualista - volume III

Libertar-se da tentação

Participante: porque, então, cair na tentação? Se sabemos que a submissão aos preceitos humanos não traz segurança, porque caímos?

É verdade, não deveriam cair, mas a maioria, inclusive muitos espiritualistas, muitos que sabem que existe algo além da matéria que é sua realidade real, cai. A maioria dos seres humanizados acha que se não comer gordura não vai morrer do coração, acha que tem que fazer exercícios físicos para estar com a saúde em dia.

Ainda dizem mais. Dizem que quando realizam o que a ciência lhes propõem conseguem bem estar... Não sei que bem estar é esse, pois passam o dia inteiro sofrendo contrariedades, se ferrando, mas continuam mantendo os exercícios físicos em dia e afirmam que por isso possuem um bem estar...

Porque, apesar de tudo isso continuam se submetendo a essas coisas? Porque se consideram humanos que vivem uma aventura espiritual ao invés de se verem como espíritos que estão tendo uma aventura humana, ou seja, porque imaginam que são humanos que têm um espírito e não um espírito que têm uma humano...

Participante: mas, não dá para ser cem por cento espiritual.

Realmente não dá. Você precisa mesclar momentos de humanidade com os de espiritualidade. Nos momentos materiais, no entanto, não se entregue às coisas humanas, às ofertas que o tentador faz: se tiver que comer gordura, coma; se tiver que não fazer exercício, não faça...

Deixe-me só dizer uma coisa. Não estou falando que você tem que se entupir de gordura ou que deva levar uma vida sedentária. O que estou dizendo é que você não pode cair na tentação, ou seja, o que estou dizendo é que você se não comer gordura ou se fizer o seu exercício não deve se considerar uma pessoa imune à doenças. O que estou dizendo é que você não pode acreditar que porque não come gordura ou porque faz exercícios físicos tem uma saúde melhor do que a dos outros.

Conversando com um espiritualista - volume III

O espírito e o ego

Participante: como o espírito que ainda não alcançou a elevação espiritual vê sem o ego, se ainda está ligado a um gerador de realidades ilusórias?

Você está fazendo confusão entre processo encarnatório e encarnação. A encarnação é a ligação com um ego; o processo encarnatório é a obrigação de ter que criar ainda novas personalidades para vivenciar um dia.

Desta forma um espírito pode ainda estar preso a um processo encarnatório, mas no espaço de tempo entre um ego e outro, uma personalidade e outra, consegue acessar à sua consciência espiritual.

Participante: então, o espírito quando não está encarnado não está ligado ao ego?

Já definimos anteriormente encarnação como ligação ao ego e não como ligação a um corpo físico.

Todo espírito encarnado está aprisionado à personalidade com que viveu ou vive a vida carnal. Mas, isto não quer dizer que ele esteja liberto da carne, do corpo. Ele pode permanecer ligado ao ego, ou seja, vivenciando as realidades a partir do comando do ego, e não estar mais ligado ao corpo físico.

Você está partindo do pressuposto que encarnação é ligar-se a um corpo, a uma massa carnal, mas isso não é real. Na Realidade a encarnação é ditada pela ligação a uma personalidade temporária que é caracterizada pelo ego.

Enquanto o espírito viver guiado pelo ego estará ainda na mesma encarnação, não importando se está preso ou não ao corpo.

Conversando com um espiritualista - volume III

Mudar o que foi programado

Participante: existe a possibilidade de por um deslize fugir da programação ou mudá-la?

Jamais. Isto porque toda programação é operada por um operador e eu garanto que quem opera os comandos dos egos não comete deslizes. Vamos falar disso na segunda palestra.

Participante: mesmo porque se houver uma mudança isso mexerá com diversos outros egos programados na nossa interdependência de carmas, não?

Isto. Na verdade mexeria com o Universo inteiro porque todo ele é interdependente.

Participante: como se fosse um quebra cabeças?

Exatamente.

Além do mais, se houvesse um deslize, se não acontecesse algo que deveria acontecer, não valeria a pena ter encarnado, pois você não teria feito a prova à qual se dispôs a fazer.

Participante: quando se diz que uma pessoa deveria perder um braço e por merecimento ela perdeu só uma mão, isso também já estava pré-programado?

Sim. Este merecimento está no aprimoramento da consciência espiritual e não da vivência com o ego nesta vida. É um merecimento anterior à vida e não durante a vida.

Conversando com um espiritualista - volume III

Ego de seres irracionais

Participante: os animais ou plantas têm egos? Se houver, como funciona?

Nem animal, nem planta e nem ser humano tem ego. Quem tem ego é espírito e não os elementos materiais. Aliás, estes elementos são o resultante da ligação do espírito com o ego. O ser humano é o resultante da ligação do espírito com um ego, mas a planta e os animais também.

A partir daí podemos entender que todos os seres têm um ego. Mesmo aqueles que estão na erraticidade possuem uma espécie de ego, pois, como dissemos ontem, a personalidade espiritual funciona de forma idêntica ao ego.

No entanto, os egos, ou consciências diferenciadas das espirituais, são diferenciados de acordo com a missão que o espírito terá que realizar durante a sua encarnação. O espírito que habita e constrói a planta não tem o mesmo ego dos humanos, porque a consciência temporária deste espírito não cria realidades.

Para o ser humanizado o ego é o criador de realidades. Se o espírito que está ligado à planta não constrói realidades, ele não tem o ego como você entende e como estudamos ontem.

Já o espírito que está ‘encarnado’ como animal vivencia realidades, ou seja, o seu ego possui esta propriedade. No entanto, não podemos dizer que é o mesmo ego do ser humano.

Participante: mesmo o animal mais simples na sua estrutura?

Mesmo o animal mais simples na sua estrutura possui ego, pois o que determina a presença de um ego é a existência do espírito e não a constituição material do animal. Agora, para que o ego tenha a função de formação de realidades é preciso que o ‘animal’ vivencie atos.

Sendo assim, se um micro organismo que seja considerado um animal não tiver percepções, o espírito ligado a ele terá com certeza um ego, mas este não será igual àquele ao qual está ligado o ser que vive como ‘cachorro’, por exemplo.

 O que precisa ficar bem claro, por enquanto, é que o espírito que vive ligado à uma matéria animal possui ego, mas que esse não é igual ao do ser humano. Existem diversas diferenças entre eles.

Conversando com um espiritualista - volume III

Instinto

Participante: o ego do espírito ligado ao animal é instintivo?

Por agora vou apenas dizer que é diferente, pois se falasse que ele era instintivo estaria fugindo à realidade, pois o instinto também está presente no humano e não é apenas característica do ego de espíritos que vivem ligados à determinados animais.

Não tente caracterizar o ego animal, mas apenas compreenda que ele não é igual ao humano. Só para exemplificar melhor as diferenças, o ego humano cria a individualidade, o se ver como um independente do todo universal. Já o ego animal não.

O espírito que está encarnado numa forma animal não sabe que ele é ele, ou seja, não se compreende como individualidade. Por força do seu criador de realidades (ego) se identifica como fundido ao universo e não como um elemento destacado.

Esta é uma diferenciação entre o ego humano e o animal, mas existem diversas outras. Por que? Porque cada ego é criado de acordo com o objetivo da encarnação do espírito.

Desta forma, o ego do espírito que vai vivenciar o mundo animal é criado para atender a um objetivo e o do espírito que vai viver o ser humano é criado para outros.

Conversando com um espiritualista - volume III

O ego e a obsessão

Participante: no caso de obsessão, como funciona a aplicação de vários egos a uma única pessoa ou animal?

Quando ocorre uma obsessão? Quando existem espíritos no mesmo grau de elevação se intercomunicando, ou seja, quando existem espíritos que se harmonizam porque possuem realidades, paixões e desejos semelhantes.

Então, o que é a obsessão? É uma comunhão de egos que faz com que espíritos interajam dentro de realidades ilusórias que são frutos de suas paixões e desejos.

A obsessão não é, portanto, um ego agindo sobre o outro, como se costuma imaginar, mas espíritos ligados a egos semelhantes que se comunicam e se confraternizam por estarem no mesmo padrão vibracional, ou seja, por vivenciarem paixões e desejos semelhantes.

Participante: obsessor, amigo de fé, irmão camarada...

Exato. Os que estão envolvidos em um processo de obsessão são espíritos que vivem com egos muito parecidos, que tem possuem comandos semelhantes em sua montagem.

Por exemplo. Se um encarnado é obsediado por outro espírito (dentro ou fora da carne) para beber compulsivamente é porque ele tem no seu ego esta paixão e este desejo de beber.

A obsessão, portanto, acontece porque desejo com desejo igual se junta. Nada mais do que isso.

Conversando com um espiritualista - volume III

Ego coletivo

Participante: existe um ego coletivo para todo planeta?

Não, não existe um ego coletivo para o planeta. Falaremos disso mais tarde.

Na realidade o que é conhecido como ego coletivo é um banco de dados que é utilizado como depósito de comandos coletivos para programar egos humanos. Os egos se abastecem no banco de dados, mas este não é por si um criador de realidades.

Digo isso porque ontem definimos o ego como uma consciência temporária criadora de realidades. Não há um criador de realidade planetária’, mas existem dados arquivados num banco de memória que são usados nas programações dos egos.

Conversando com um espiritualista - volume III

O problema de querer viver a vida

Participante: o problema, então, é passar a se apegar ao conhecimento carnal ou material?

Não é apegar-se à nada, mas querer viver. É vivenciar os acontecimentos da vida como realidades externas à você.

O problema é viver a maternidade, o ser professor, o ser homem ou mulher. Porque o espírito não é homem ou mulher, professor ou pai/mãe, mas, está estes elementos.

E está para que? Como uma prova seja proposta para você, ou seja, que realidades sejam criadas para que você não se apegue a elas.

O problema, portanto, é você querer viver a ilusão que o ego cria, a realidade ilusória que o ego cria. Isto é problemático para o espírito porque quando você vive a sua feminilidade, que é uma realidade ilusória criada pelo ego, já que não existe espírito fêmea, você deixa de fazer a sua prova.

Aliás, nem sabia que existia uma prova a ser vivida na sua sexualidade: como então realizá-la? Tudo isso porque se apegou ao ser feminino.

Conversando com um espiritualista - volume III

Preconceitos regionais

Participante: o preconceito regional estaria no espírito ou seria uma criação do ego. Vou explicar melhor. Um chileno, por exemplo, tem preconceito do argentino; o baiano do pernambucano; o francês do alemão; e assim por diante. Este preconceito estaria no espírito e, portanto se nascesse ou não na Alemanha teria preconceito contra o francês, ou o preconceito está no ego e foi programado pelo espírito. Onde reside o preconceito?

O preconceito não está no espírito, nem no ego. O preconceito faz parte do ‘banco de dados’ de determinadas regiões, raças ou países. O espírito que vai vivenciar a prova de vencer o preconceito escolhe este ‘banco de dados’ justamente porque eles induzem naturalmente a ter esta lógica racional.

Sendo assim, o espírito não escolhe o povo que vai nascer ou de quem terá preconceito, mas os comandos pré-programados é que criam a lógica racional que o ser humanizado deve ser preconceituoso com este ou aquele outro povo. Depois da escolha, o espírito abastece o seu ego, o seu programa individual, com estes comandos e, só então, o preconceito estará presente no ego.

Desta forma, o preconceito originalmente não está nem no espírito nem no ego, mas num ‘banco de dados’. Ele também não se refere a uma outra raça por qualquer razão lógica, mas porque no ‘banco de dados’ que dá origem àquela raça existe a necessidade de receber o preconceito.

O espírito ao escolher determinados comandos absorve este preconceito e por isso tem a ilusão de nascer em tal país, povo ou raça e terá preconceito daquela outra que o comando manda ter. Mas estas coisas não conspurcam o espírito.

O espírito continua sendo o espírito, já que a sua Realidade é ditada pela consciência espiritual e esta não é afetada pelas verdades incluídas no ego. As verdades incluídas no ego são do ego e não do espírito.

Conversando com um espiritualista - volume III

A prática dos ensinamentos

Participante: nesta tentativa de não me deixar levar pelo ego e às vésperas de festividades tão comemoradas por todos nós, como é o natal e o ano novo, nesta minha luta para não vivenciar aquilo que a humanidade está vivendo nestes dias, o que está acontecendo é que estou caindo num vazio, que eu não consigo realmente entender isso tudo, mas também não quero fazer aquela comilança e aquele monte de presentes porque não acredito mais nestas coisas. Então, eu me acho perdida e com um fundo de tristeza muito grande sem saber o que fazer. Gostaria que o senhor falasse sobre isso.

Em seu Evangelho, na logia 002, Tomé nos ensina:

“Jesus disse: aquele que procura, não cesse de procurar até quando encontrar; e quando encontrar ficará perturbado; e ao perturbar-se, ficará maravilhado e reinará sobre o Todo”.

Esta sensação de vazio que está sentindo hoje, é originada pelo fato do natal, como comemorado anteriormente, não ter mais sentido para você. Apesar desta consciência, você ainda não consegue interpenetrar no Real sentido do natal. Ou seja, é o estado intermediário entre a sua materialidade e a sua espiritualização.

Isto é normal ocorrer para quem está procurando, pois a luta contra o ego é realizada paulatinamente e a vitória é uma consequência da persistência. Durante a luta, a primeira reação é sentir este vazio que você diz estar sentindo. Só que, a partir do momento que você encontra o vazio, tem que preenchê-lo com Deus e isso ainda é muito difícil para vocês.

A luta contra o ego não se vence em uma só batalha, mas há estágios que precisam ser vivenciados em sequência. Primeiro você é humano, vive humanamente; depois começa a compreender a necessidade da busca de espiritualizar-se e inicia, então, esta busca.

Com isso vai abandonando aos poucos a materialidade mas ainda não chegou à espiritualidade, ainda não encontrou Deus universalmente falando. Por isso surge o vazio. Mas, com a persistência na luta surge, então, o espiritualismo, a presença de Deus na sua vida e aí, então, poderá reinar sobre o Todo, pois está ligado ao Tudo.

Ficou claro?

Participante: ficou, mas esta sua resposta não ajuda muito em como vou me comportar neste natal.

Os atos que você irá praticar neste e em outros natais já estão programados no seu ego desde antes do seu nascimento e eles acontecerão inexoravelmente da forma prevista. Você não pode, agora, agir de uma forma diferente.

Quando abordo a luta contra o ego, não estou falando de atos, de mudança de atitudes, mas mudar-se por dentro. Eu não disse que não pode haver comilança nem presentes no natal, pois se fizesse isso estaria dizendo que você pode alterar o seu destino.

Quem pratica estes atos durante o natal é porque o seu ego está programado para isso e terá que fazê-lo. O que venho insistindo sempre em dizer é que você, se quiser aproximar-se de Deus, não pode aproveitar esta época para buscar a felicidade material. Então, se fez a comilança, comprou presentes, louvado seja Deus.

Agora não acredite por dentro que isso é natal. Acredite que isso é a Márcia (personagem, ego) que está fazendo e não você, o espírito. Mantenha a sua comunhão apenas com Deus e não com o que está acontecendo, fazendo o que fizer materialmente (atos) durante estes dias, e, assim, terá conseguido superar o natal material.

Participante: então, é negar tudo que se é?

Não é negar, é deixar de ser. São duas atitudes bem diferentes, porque negar algo é criar uma nova verdade e isso é impossível. Você será sempre quem programou para ser e nada poderá alterar isso.

Se a realidade hoje, por exemplo, é que você é professor, negá-la seria não mais exercer esta profissão. Isso não poderá deixar de ser, pois este é o papel pré-estabelecido por você antes da encarnação.

Por isso não é este o trabalho que estou falando que deve ser realizado. O que estou afirmando é que você, ao vivenciar o ato de ensinar, não se senta professor.

É bem diferente do negar. É a liberdade, a libertação do ser aquilo que o ego diz que você é.

Conversando com um espiritualista - volume III

A busca da elevação espiritual num casal

Participante: como fazer, se em casa só eu me interesso pelo trabalho do ecumenismo universal? Às vezes prefiro não assistir à palestra para não arrumar briga com a minha esposa. Ela diz que não está preparada para ouvi-lo e que eu estou virando um beato.

Elevação espiritual é a coisa mais individual que existe: você tem que tratar da sua e de mais ninguém.

Lembre-se que assistir ou não a palestra não depende de você, pois são atos, que não comandará. Por isso começo a resposta lhe dizendo: assistindo ou não, esteja em paz.

Ou seja, se hoje a sua realidade ilusória criou o assistir a palestra, louvado seja Deus. Agora, se amanhã a sua realidade ilusória não criar esta ilusão, louvado seja Deus também. Não a culpe por isso ou fique chorando pelos cantos, dizendo que você é um pobre coitado, que sua mulher não lhe compreende ou acusando-a de não quer evoluir.

Outro aspecto que devo lhe passar nesta resposta: você tem todo o direito de buscar a sua elevação espiritual, mas não tem o direito de cobrar dela que faça a mesma coisa.

Portanto, se estes ensinamentos lhe tocam, coloque-os em prática. Agora se não tocam a ela, dê o direito dela de não querer colocá-los em prática, inclusive quando brigar com você porque os está colocando em prática.

Saiba que o ato dela cobrar de você porque está colocando em prática, ou seja se tornar beato como falou, é direito dela. Aquele que vivencia aquilo que acabamos de falar entende que ela não está cobrando nada dele, mas que o seu ego, a partir de verdades que ele mesmo colocou lá, está criando racional e emocionalmente o se sentir cobrado.

Para que o ego faz isso? Como uma prova. Para ver se você vivencia cobrança ou não.

Então, é muito simples conviver com a situação que você está vivendo. Viva o que você tiver para viver sem acreditar que está vivendo, mas entendendo que em tudo está uma oportunidade para você dizer louvado seja Deus ao invés de ficar imaginando coisas.

Conversando com um espiritualista - volume III

Apego à mente

Participante: meu ego me diz para sentir atração por japonesas. Apesar de saber que o espírito não é mulher, nem japonesa, o fato de um espírito encarnar com esta característica não é uma forma que Deus encontra para aproximar dois espíritos em prova? Se aquele espírito viesse com outra roupa corporal iríamos nos aproximar e ser instrumento do carma do outro?

Volto a repetir: vocês continuam se prendendo em atos, em coisas materiais.

Você está querendo saber se deve continuar se aproximando de japonesas ou não, mas isso não interessa saber, pois você não se aproxima agora, durante a vida, de ninguém: o aproximar-se ou não já foi escolhido antes da encarnação.

O que você não pode, dentro da luta contra o ego, é vivenciar aquilo que ele acabou de dizer, ou seja, acreditar na proposição feita pelo ego. Veja como você está aprisionado a esta identidade provisória...

Não lhe interessa o que o ego disser: se você está próximo de uma japonesa, louvado seja Deus, se não estiver, da mesma forma. Agora, acreditar que está em seu destino aproximar-se de orientais, isto é ilusão.

Foi o que respondi a quem me perguntou sobre negar. O trabalho não é negar nada, mas libertar-se. É não vivenciar o que o ego lhe diz, seja o que for, como real.

Se o seu ego lhe diz que deve gostar mais de japonesas e você acredita nisso, mas o seu destino não faz isso acontecer? Lembre-se: os acontecimentos não dependem do que o ego lhe diz, mas sim daquilo que você programou para vivenciar em conjunto com a razão ou lógica ditada pelo ego.

 Digamos que o ego lhe fale que você deve se aproximar de orientais, mas o que você escreveu para acontecer não seja isso? Ou, digamos, até, que você tenha escrito se aproximar japonesas, mas se nenhuma delas, por opção sua anterior à encarnação, não ligar para você? O que acontece? Sofre.

Então, veja, não se apegue ao que você está vivendo, mesmo que seja aquilo que o ego lhe diz hoje como plenamente real, pois amanhã poderá não ser. Liberte-se da vivência do que o ego lhe diz e só assim poderá ser realmente feliz, independente dos acontecimentos e da razão que o ego impõe.

Não queria saber o porquê do ego lhe dizer isso ou aquilo, pois tudo o que ele lhe diz tem só um fundamento: criar uma realidade, Neste caso ele está criando um desejo por japonesas para ver se você vivencia este desejo positivamente (querendo), negativamente (não querendo), ou simplesmente dizendo: ‘eu desejo e daí? Se acontecer aconteceu, mas senão acontecer, não aconteceu’.

Conversando com um espiritualista - volume III

Um bom profissional

Participante: para seguir numa profissão é preciso se aperfeiçoar. Como fica, então, esta questão frente ao que o senhor está dizendo?

Se aperfeiçoar em que? Em conhecimentos teóricos? Para que? Para trabalhar melhor? Mas, você não age, não trabalha... A ilusão que vivencia e entende como trabalhar, a realidade de que age, operar materialmente, foi criada pelo ego: ela não existe.

Uma professora, por exemplo, não leciona, pois lecionar, dar aulas, é ilusão criada pelo ego. Sendo assim, o desejo de ser uma melhor professora acaba quando se entende que existe ume go que vive a vida humana e não você que a vive.

Veja bem. Você não é uma profissional, está uma profissional como instrumento de criação de realidades para que se liberte de viver esta ilusão como real.

Sendo assim, não importa o quanto queira se atualizar, isto só ocorrerá, ou seja, você só vivenciará a realidade de estar se atualizando, na hora que estiver programado que isto aconteça.

Esta programação, no entanto, é feita antes da encarnação, não agora. Portanto, se tiver que vivenciar o se atualizar, isto não acontecerá por decisão atual, mas como realidade criada antes da encarnação.

Portanto, não se preocupe com o externo, não olhe para fora: olhe para dentro. Veja como você está vivenciando a necessidade de se atualizar, de se profissionalizar. Veja como está lidando com o ato de se aperfeiçoar ou não, com o ato de trabalhar ou não.

É para isso que você nasceu, não para realizar atos.

Conversando com um espiritualista - volume III

Ligar-se a um novo ego

Participante: o espírito pode desencarnar e ficar preso ao eu (ego) e permanecer assim no plano espiritual e, depois, reencarnar preso a este eu?

O espírito pode desligar-se da carne e permanecer ligado ao ego, ao eu, mas, neste caso, ele não desencarnou, pois desencarnar não é desligar-se da carne e sim do ego. Aliás, isto que você falou é uma realidade muito comum.

Agora, ele jamais poderá assumir um novo ego enquanto estiver vivenciando realidades criadas pelo anterior. O espírito não pode se ligar a uma nova personalidade enquanto estiver ligado a outra.

Ontem comentamos este caso e falamos que, quando o espírito não consegue retornar à sua consciência espiritual para preparar uma nova personalidade, existem mentores ou tutores nomeados pelo ser quando ainda de posse da sua consciência espiritual para preparar esta nova vida. Este é o procedimento espiritual para esta reencarnação que você perguntou.

Desta forma, uma personalidade é apagada e a outra, simultaneamente, é ligada. Isto acontece porque o espírito não pode ter o mesmo ego (personalidade) em duas encarnações.

Conversando com um espiritualista - volume III

Libertar-se do mundo de provas e expiações

Participante: quando o espírito se liberta do mundo de provas e expiações?

Quando acabar com o individualismo. Se o eu ou individualismo é à base do mundo de provas e expiações, só quando o espírito acabar com ele poderá encarnar com um novo sentido, com uma nova batalha.

Conversando com um espiritualista - volume III

A necessidade de agir

Participante: acredito que nós não nascemos para praticar atos, mas vivenciá-los sendo espírito, como o senhor ensina, mas aqui no planeta é preciso praticar atos.

Você não nasceu para praticar atos, até porque pela explicação que dei anteriormente, os atos não existem, mas sim uma ilusão de ação.

Você nasceu para compreender esta realidade do universo. Aliás, nem para isso, mas sim para colocar em prática esta compreensão, ou seja, a consciência de que você não age. Digo isso porque aprender, já aprendeu no plano espiritual.

Lembra-se que falei que os espíritos estudam observando os que estão encarnados, ligados ao ego? Então, você já sabe o que é se ligar ao ego e agir a partir dele, ou seja, ter a ilusão da ação. Só depois de tanto ver isso acontecendo e conscientizar-se da ilusão da vida é que você cria um ego com o objetivo de libertar-se das ilusões que vive e faz isso conscientemente.

Esta é a realidade. Agora, quando diz que é preciso praticar atos, eu digo que não. Isto porque a vida material não existe. Ela é uma série de realidades ilusórias criadas pelo ego.

Sendo assim, não precisa, por exemplo, haver o ato de um médico cuidando de um corpo, pois não existe o remédio, a mão do médico e o próprio corpo. A cura, se houver, não acontecerá por causa da ação destes elementos, mas por uma programação feita anteriormente.

Todos os elementos materiais são formados de fluído cósmico universal e suas ações são controladas por Deus e não por você, por qualquer outro espírito ou pelas propriedades dos elementos.

Conversando com um espiritualista - volume III

Viver inseguro

Participante: entendo o que o senhor diz, mas acho que a gente fica insegura com o seu ensinamento para viver a vida.

Você não fica insegura, quem criou esta sensação foi o ego. Pare de se sentir insegura, pois você nasceu para vencer esta emoção racional que o seu criador de realidades levou à sua consciência.

É isso que estou dizendo o tempo inteiro. Volto a repetir: este ensinamento se aplica à tudo da sua vida, à tudo que compreender racionalmente e sentir emocionalmente. Nada disso existe, são realidades ilusórias criadas pelo ego para que você vença a tentação de vivenciá-las.

A insegurança que você falou que sente com relação ao seu futuro se colocar em prática o ensinamento não existe: é maya. O ego a está criando e você está vivendo o que o ego cria, dizendo que é seu.

Conversando com um espiritualista - volume III

O remédio e o veneno

Participante: a partir destes ensinamentos, qual a diferença entre o veneno e o remédio, se tudo é fluído cósmico universal?

Nenhuma. A programação que está no ego é que faz surtir uma determinada realidade ou ilusão.

NOTA: Mais uma vez reforçamos o ensinamento da espiritualidade com informações anteriores repassadas pelo Espírito da Verdade através de O Livro dos Espíritos.

“0031. De onde se originam as diversas propriedades da matéria? São modificações que as moléculas elementares sofrem, por efeito da sua união, em certas circunstâncias”.

“0032. De acordo com o que vindes de dizer, os sabores, os odores, as cores, o som, as qualidades venenosas ou salutares dos corpos não passam de modificações de uma única substância primitiva? Sem dúvida e que só existem devido à disposição dos órgãos destinados a percebê-las” (grifo nosso).

“0033. A mesma matéria elementar é suscetível de experimentar todas as modificações e de adquirir todas as propriedades? Sim e é isso o que se deve entender, quando dizemos que tudo está em tudo” (grifo do original).

Apesar de, aparentemente, o ensinamento agora trazido pela espiritualidade parecer novo, pelas respostas do Espírito da Verdade podemos constatar que se trata, apenas, de aprofundamento de um ensinamento anterior que agora, com novos conhecimentos científicos, pode ser entendido.

Que estes ensinamentos eram verdadeiros e que um dia seriam complementado, Kardec sabia e por isso afirmou:

“O oxigênio, o hidrogênio, o azoto, o carbono e todos os corpos que consideramos simples são meras modificações de uma substância primitiva. Na impossibilidade em que ainda nos achamos de remontar, a não ser pelo pensamento, a esta matéria primária, esses corpos são para nós verdadeiros elementos e podemos, sem maiores consequências, tê-los como tais, até nova ordem” – comentários à resposta 33.

Apesar da compreensão sobre o tema ser, portanto, velha e fazer parte de doutrinas religiosas, o homem não consegue aceitá-la como Real e ainda se choca quando a Verdade lhes é exposta. Por que? Porque não coloca em prática outro ensinamento do próprio Kardec ao comentar uma resposta do Espírito da Verdade:

“Quanto mais consegue o homem penetrar nesses mistérios, tanto maior admiração lhe devem causar o poder e a sabedoria do Criador. Entretanto, seja por orgulho, seja por fraqueza, sua própria inteligência o faz joguete da ilusão. Ele amontoa sistemas sobre sistemas e cada dia que passa lhe mostra quantos erros tomou por verdades e quantas verdades rejeitou como erros. São outras tantas decepções para o seu orgulho”.

Como o homem não se admira do poder e da sabedoria do Criador ao vivenciar os acontecimentos da vida, mas liga-se apenas à ciência, se choca com tudo aquilo que é revelado e que está acima dos limites científicos. Mas, para aqueles que, mesmo depois de tantas constatações ainda estão incrédulos com este ensinamento, outro recado do Espírito da Verdade e de Allan Kardec:

“0020. É dado ao homem receber, sem ser por meio das investigações da Ciência, comunicações de ordem mais elevada acerca do que lhe escapa ao testemunho dos sentidos? Sim, se o julgar conveniente, Deus pode revelar o que à ciência não é dado apreender”.

“Por essas comunicações é que o homem adquire, dentro de certos limites, o conhecimento do seu passado e do seu futuro”.

Se o ego está programado para a fusão de fluído cósmico percebido como elemento químico com a daquele que é percebido como corpo para criar uma ilusória ação de cura ele agirá assim, mas, se não estiver criará a ilusão da doença e até da morte.

É por isso que Kardec ensina e a ciência comprova que existem elementos que ao mesmo tempo curam ou podem matar. Isto porque a ação não depende do elemento, mas sim das programações do ego, das criações de realidades por parte do ego.

Vê como algumas coisas do mundo material que são incompreensíveis para vocês agora passam a fazer sentido? Quando nos libertamos da ilusão da ação e retiramos do elemento material a causa primária das coisas, entendemos que tudo que acontece é uma realidade ilusória criada pelo ego. Podemos, assim, entender porque no mundo, às vezes, dois mais dois não dá quatro.

Participante: o senhor falou a pouco que o planeta Terra é um banco de dados que é igual a todos os habitantes do mundo de provas e expiações. Porque então o mesmo programa de veneno mata uns e não provoca essa ação a outros?

Porque não é o veneno que mata, mas a programação do ego.

O ego cria a ‘morte’, não é o veneno que mata. O ego cria a ilusão de ação ‘morte’ e você, que está preso à ilusão da vida como realidade, diz que foi o veneno que matou mas, quem matou e criou a realidade ilusória de morte, foi o ego.

Participante: O veneno no caso seria...

Um programa agindo em cima de outro programa.

Participante: Seria uma desculpa para o desencarne do espírito.

Seria uma desculpa para criar a realidade ilusória do desencarne do espírito. Não seria para fazer o desencarne, mas para criar a ilusão de que ele desencarnou.

Conversando com um espiritualista - volume III

Localização do espírito

Participante: se o espírito não está vivendo o acontecimento, onde afinal ele está?

O espírito está no único espaço que existe: o Universo.

Mas, o Universo não é o que você entende como tal: sóis, planetas, estrelas, etc. Por isso, ao responder desta forma não estou lhe respondendo verdadeiramente. Para ser preciso, tenho que dizer que o espírito está no nada.

Este nada, no entanto, não é um vazio, mas alguma coisa desprovida de qualquer elemento que você possa compreender. Ele é alguma coisa, mas aquilo que ele é, é incompreensível para você.

Conversando com um espiritualista - volume III

Correção no agir

Participante: estão corretos os indianos que dirigem sem se preocupar com os sinais de trânsito, uma vez que, se tiver que haver um acidente de trânsito, eles não poderão evitar. Esta forma de comportamento seria uma libertação do ego?

Não. Estão corretos os indianos que dirigem sem se preocupar com o sinal, mas também estão corretos os brasileiros ou o povo de qualquer outro país, que dirija se preocupando com o sinal. Isso porque o ato em si está sempre correto.

Observar o ato para julgar o que você quer (ser liberto do ego) é uma incompreensão dos ensinamentos, pois estou falando de libertar-se do mundo interior, das compreensões que o ego dá para cada um e não de atitudes.

Eu não posso julgar pelos atos porque não sei se esse indiano que não presta atenção no sinal ou se o brasileiro que presta estão vivenciando o ato achando que estão dirigindo. Achando que eles estão respeitando ou não o sinal. Volto a dizer, não é o que você faz, mas como se relaciona coma ilusória ação que o ego cria.

Como eu disse, cada região, cada povo tem um programa. No programa do indiano, para vencer determinadas coisas, está escrito que ele não respeitará sinal e no programa do brasileiro está escrito que ele respeitará. Por isso cada um age como age e não porque ele está fazendo ou deixando de fazer.

Então, todos os dois estão corretos nos seus atos, pois seguem os seus programas. Agora, a forma como interagem é outra história. Tem indiano que interage com isso de uma forma liberta, assim como tem brasileiro que também faz isso.

O aproveitamento das oportunidades é individual, é de cada um. Não podemos julgar o resultado da libertação do ego por uma raça, ou seja, querer dizer que uma raça é superior à outra porque pratica determinados atos, porque não existem raças, mas provações coletivas para os espíritos.

Conversando com um espiritualista - volume III

Dúvidas

Se quiserem fazer mais perguntas...

Participante: perguntar o que agora, se tudo é ilusão?

Para você compreender que tudo é ilusão.

Se você coloca, como estão colocando, acontecimentos e realizações materiais nas perguntas, mesmo que consideradas espirituais, dá a você mesmo a oportunidade de ouvir que aquilo é uma ilusão e, assim, vai alcançando o sentido abrangente de ilusão que estou afirmando existir.

Conversando com um espiritualista - volume III

O problema para o espírito

Participante: viver a ilusão não é problema, o problemático é se apegar a ela. Estou certo?

Não. Vivenciar a ilusão do ato não é problemático quanto à libertação do ego, mas, acreditar que está vivendo o ato é problema.

Vou dar um exemplo. Você come, ou seja, vivencia o ato de trazer o garfo com alimento até a boca. Isto não é problema. O problemático é acreditar que está se alimentando. Por quê? Porque o alimento não alimenta ninguém. Isto porque você não é o corpo e o alimento é para o corpo.

Aí está o problema: você achar que está vivendo aquele ato a partir das compreensões que o ego cria no seu mundo interno. O problema é você achar que, já que o ego lhe criou a realidade ilusória de um alimento entrar no seu corpo, acreditar que está se alimentando.

Acho que este exemplo deixa bem claro tudo o que disse. O problema não é segurar o volante de um carro e mexer para lá ou para cá, o problema é achar que está dirigindo.

Você acredita que está dirigindo porque o ego lhe afirma isso e, para confirmar, lhe mostra a sua mão mexendo o volante de um lado para o outro. Mas, quem está fazendo isso é Deus, ou seja, quem está dirigindo é o Pai e, tudo que você vê, lhe é criado pelo ego a partir da sua programação.

Aí está à diferença entre o que é ou não problemático. A diferença está em viver os atos, mas não vivenciá-los, não achar que é você que está fazendo. Aquele que alcança realmente a liberdade, ao estar vivendo a ilusão do ato, não vivencia aquilo que o ato diz que está vivendo.

Participante: é complicado...

É sim, é muito complicado. Por quê? Porque ainda acha que você é você. Ainda acha que você é o ser humano, que é o fabricador de egos.

Por isso eu falei da raiz, do individualismo, o que se fundamenta no eu. Na hora que entender que não há um eu para dirigir, deixará de viver o dirigir. Mas, enquanto achar que há um eu motorista quererá ser aquele que dirige.

Conversando com um espiritualista - volume III

Penso, logo existo

Participante: a frase célebre ‘penso logo existo’, está equivocada? Deve estar incompleta, no mínimo.

Não, ela não está equivocada. Ela é humana. Para o ser humano, pensar é existir, mas para o espírito, pensar no sentido material não é viver. Aquilo que você chama de pensamento (formação de compreensões) sempre existirá, mas para o espírito eles possuem outros valores do que para os humanos.

Portanto, o problema não é pensar, mas como pensar: pense como espírito e viverá como espírito, pense como humano e viverá como tal.

Esta frase, como disse é humana. Mas, se a espiritualizarmos, ou seja, se usarmos a compreensão que estamos tendo a partir deste ensinamento, ela passaria a ter o seguinte texto: ‘eu existo como penso que sou’ ou ‘eu existo como penso que penso’.

Ou seja, se penso que sou humano existo como tal e o mundo existe como material; se penso como espírito, eu existo como tal e o mundo passa a ser espiritual.

Conversando com um espiritualista - volume III

O pensamento é dispensável?

Participante: o pensamento é dispensável?

Não. O pensamento não é dispensável. Ele é necessário, pois é o conhecimento racional que o ego lhe dá. Ele faz parte da criação da realidade.

Olhe para as paredes da sua casa. O seu pensamento lhe dirá que o que está percebendo é uma parede e que está pintada de tal cor. Isto é necessário para a evolução espiritual: a criação de uma realidade. Para que? Para que você possa exercer a sua espiritualidade e dizer que aquilo é uma ilusão na qual não acredita.

Portanto, o pensamento é necessário para que você se liberte, já que sem ele não existiria a criação da ilusão. Agora, ele não é necessário para o espírito apegar-se, mas sim para vencê-lo.

Participante: o que quero dizer é se o pensamento é dispensável ao espírito.

Não, porque sem ele não há prova. Ele é fundamental nessa fase de sua elevação espiritual.;

E não é dispensável, é necessário. Mas, não pode ser objeto de sua paixão, ou seja, você não pode se apaixonar por ele, acreditar nele.

Então, ele não é dispensável, mas, também, é não confiável.

Conversando com um espiritualista - volume III

O pensamento depois da morte

Participante: quando desencarnar, como é? Deixo de pensar quando desligar do meu corpo?

Quando desligar do corpo não: só quando desligar do ego. Enquanto houver ego existirá pensamento.

Participante: e este processo vai até quando?

Até que você vença esta etapa e volte à consciência espiritual.

Participante: isso ainda demorará muitas vidas...

Não, isso pode acontecer no final dessa encarnação.

Mesmo que você não consiga a liberdade total ao final desta encarnação, poderá voltar à espiritualidade de posse da sua consciência espiritual e não deste ego que usa hoje. Isto porque a sua consciência espiritual vai, ao passar por determinadas provas, se depurando.

Sendo assim, mesmo que você não se liberte- totalmente deste ego enquanto ligado à carne, mas tenha alguma consciência de que há um ego e que sua identidade espiritual é outra, que as realidades que está vivenciando são ilusórias e que há outra a ser vivida, poderá voltar à sua consciência espiritual depois do desligamento da massa física.

Aí poderá voltar a estudar, formar outro ego e encarnar novamente.

Conversando com um espiritualista - volume III

Fé raciocinada

Participante: os espíritas falam em fé raciocinada. Está coerente isso, então?

A fé raciocinada não é a fé de Cristo. Vou explicar esta afirmação.

No Evangelho do João há uma frase de Cristo diz. Ela é dita depois do episódio que é conhecido como Santa Ceia e momentos antes de ser preso. ‘Sinto uma grande aflição, mas o que vou fazer. Dizer, Pai afasta de mim este cálice? Mas, eu nasci para isso. Pai glorifique seu nome em mim’.

Repare bem nesta frase. Ela dita num momento onde a racionalidade de Cristo aponta para a aflição, ou seja quando o seu ego está criando uma realidade aflitiva. No entanto, o mestre reage a tal proposição com sua fé, ou seja, com a entrega total a Deus.

Veja bem: a fé de Cristo é fundamentada numa entrega total e absoluta a Deus, mesmo acima do que você chama de racional, razão. A personalidade, o ego Jesus Cristo tinha uma razão, uma lógica racional como a sua, mas ele exerceu a fé superando a própria razão.

Quando se fala em exercer uma fé raciocinada, a compreensão que nos vem é de que devemos subordinar a entrega a Deus (fé) à razão, à lógica humana, material, do ser espiritual. Se ela fosse usada por Cristo ele oraria a Deus pedindo que o afastasse da crucificação assim como qualquer humano faria, pois, ninguém em sã consciência se entregaria a uma cruz, se deixaria levar preso sem reagir sendo inocente.

Esta mesma oração libertando dos perigos foi sugerida por um ser humanizado (Pedro) ao próprio Cristo em outro momento e o mestre lhe respondeu: cala a boca Satanás, você está falando igual a um ser humano. Isto porque a fé de Cristo sempre maior que qualquer razão lógica humana.

Portanto, a fé raciocinada não foi ensinada por Cristo e não pode existir para aqueles que querem aproximar-se de Deus, pois se trata da fé subordinada ao que o ego diz, enquanto que a elevação espiritual é exatamente ao contrário. Completamente incongruente este ensinamento.

Mas, deixe-me dizer algo. Não há, nos ensinamentos do Espírito da Verdade, o aconselhamento desta postura.

Estudamos com este grupo todo O Livro dos Espíritos e não há nenhuma informação do Espírito da Verdade que tenha nos levado a encontrar uma orientação para se raciocinar a sua entrega a Deus. Portanto, isto foi criado pela doutrina espírita e não pelos espíritos.

Mas, o que é a doutrina espírita, senão também um banco de dados de onde são retirados comandos que criam realidades ilusórias como prova para o espírito? Ou seja, um banco de comandos para o seu ego, o criador de determinadas realidades?

Então, a doutrina espírita não está certa ou errada ao ensinar a fé raciocinada, mas o religioso que vive o que esta ou qualquer outra doutrina prega como certa é que não está realizando o seu trabalho de elevação espiritual: deixar de viver o que o ego lhe diz.

Conversando com um espiritualista - volume III

Tudo e Deus

Participante: mas, se tudo é Deus, porque não posso viver com as coisas materiais?

Há uma diferença.

Eu disse a uma pessoa que tudo é Deus e que por isso o cachorro dela é Deus. Ela me disse: ‘então, posso gostar do meu cachorro’. Eu respondi: ‘não, você não pode gostar do seu cachorro que é Deus, mas precisa gostar do Deus que você chama de cachorro’. Uma coisa é chamar Deus de cachorro e viver com Ele; outra é chamar o cachorro de Deus. Quem chama Deus de cachorro vive o cão; quem chama o cachorro de Deus, vive o Pai.

Ao aceitar a ideia que exista um cachorro, você está excluindo Deus. Quem vive com Ele, O vive através das diversas formas deste mundo. Quem vive as formas, não vive Ele, mesmo que hipocritamente diga que Ele é a forma.

Quando você convive com uma forma ainda espera alguma coisa dela. Sendo assim, ainda tem intenções que estão fincadas no mundo humano e por isso viverá carências. Com isso está amealhando bens na Terra. É por isso que não dá para viver a coisa humana como se ela fosse Deus.

Agora, se tudo é Deus, porque você não aceita o que não gosta como Deus. Se tudo é Deus, porque você ainda precisa que a forma aja de determinada forma para ser feliz?

Participante: mas, não é Deus que me faz gostar das coisas humanas e esperar algo delas?

Estou falando internamente e não de atos. Deus lhe dá pensamentos que lhe prendem as coisas materiais, mas você, para realizar o trabalho preparatório para viver no Reino do Céu precisa, internamente, no coração, se libertar desta necessidade.

Eu não falo de atos. Você pode conviver com as coisas humanas dentro de qualquer apego ou buscando suprir quaisquer necessidades. Estando com o coração leve sem precisar que alguma coisa aconteça para que isso ocorra, você está sempre com Deus. Agora, se está com o coração apertado, se está em sofrimento ou agonia, não está com Deus.

Quem está com Deus vive a felicidade que o Pai tem prometido. Falo isso internamente, no coração. A mente pode viver o momento da forma que ele quiser que isso não terá importância.

Conversando com um espiritualista - volume III

Precisar orar

Participante: eu estou passando por um problema. Eu não oro mais. Não consigo mais achar palavras para orar.

Louvado seja Deus: esta é a resposta que você deve dar ao seu problema.

Além disso, por favor, repare numa coisa. Você me diz que não consegue mais achar palavras para orar e que por isso tem um problema. Isso é um problema? Não, isso é ato.

Esta ação só virou problema porque a sua mente interpretou como problema. Quando você aceitou o que ela falou, ou seja, aceitou que isso é um problema, aceitou também a ideia de que precisa orar. Com isso, buscou se alimentar do pão, pois a oração que você quer fazer é algo humano e não espiritual.

Portanto, repare: no tocante à elevação espiritual, no seu caso, o problema não é você não ter palavras para orar, mas achar que isso é um problema.

Cristo quando ensinou o Pai Nosso foi bem claro: quando você orar não faça como os fariseus que ficam pedindo coisas. Ou seja, ele ensinou você a orar sem palavras, pois qualquer palavra numa oração contém um pedido.

Além disso, o mestre também disse que quando orar você não deve ir ao templo, pois o templo de Deus está dentro de cada um. Por isso ele aconselhou que você deve orar sozinho. Só que vocês anseiam por ir a um templo para orar, não é mesmo? Quando não conseguem, imaginam que tem um problema.

Isso não é buscar o pão?

Participante: mas, até o Pai Nosso que Cristo indicou que devemos orar eu não consigo...

O Pai Nosso universal nada tem a ver com a oração do mesmo nome que os humanos rezam. Vocês rezam com palavras e nós oramos com o coração. Sendo assim, não pedimos nada, mas apenas emanamos amor.

Quem reza o Pai Nosso com palavras é o ser humano e não você, o espírito...

Participante: é que eu acho que meu trabalho espiritualista incompleto sem a oração...

Pronto, você já tem um problema, já tem uma necessidade, já se alimentou de pão...

Aceite a vida. Quem se alimenta do que Deus fala, vive o que se apresenta na vida dele e ponto final. Quem não vive o que a vida lhe apresenta, está buscando amealhar bens na Terra. Digo isso porque amealhar bens na Terra não é ter, ser ou fazer: é juntar, colecionar, querer ser o que não é.

Quando você precisa ter, precisa juntar qualquer coisa ao que já tem, está buscando o bem terrestre. Sabe porquê? Porque o espírito não precisa de nada: ele já tem tudo o que pode ter.

Portanto, o espírito já tem a oração e por isso não quer nem precisar orar. Quem já tem a oração e por isso não precisa orar, não tem um problema.

Conversando com um espiritualista - volume III

Realidade espiritual

Participante: e quando não se sabe que é preciso se libertar das coisas humanas, quando não se sabe que é preciso fazer isso para se elevar?

Quando não se tem esta informação, não há a necessidade de se colocar esse ensinamento em prática. Para estes não há problemas, pois eles não receberam a informação e por isso não podemos dizer que eles se tornaram obrigados a praticar. Agora, para aqueles que recebem a informação e não buscam colocá-la em prática, para esses há um problema em não fazer.

Há uma questão em O Livro dos Espíritos que gostaria de relembrar agora.

“258a. Não é Deus, então, quem lhes impõe as tribulações da vida, como castigo? Nada ocorre sem a permissão de Deus, porquanto foi Deus quem estabeleceu todas as leis que regem o Universo. Ide agora perguntar porque decretou esta lei e não aquela. Dando ao Espírito a liberdade de escolher, Deus lhe deixa a inteira responsabilidade de seus atos e das consequências que estes tiverem”.

Na pergunta 258 o Espírito da Verdade afirma que o espírito escolhe o gênero de provas que irá viver durante a encarnação. Logo abaixo, diz que Deus não impõe provas a seus filhos. Afirma que Ele faz isso porque, ao deixar ao encargo do espírito a escolha das provas, lhe dá a responsabilidade pela execução. Ou seja, não obrigando o ser a fazer nada o torna responsável pelo trabalho que irá executar.

Pois é, se vocês receberam a informação de que precisam fazer este trabalho é porque pediram para recebe-la. Ao recebe-la agora tornaram-se responsáveis pela execução do trabalho da elevação espiritual neste aspecto. É por isso que é ensinado que a quem muito foi dado, muito será cobrado. Trata-se de responsabilidade. É por isso que este ou qualquer outro ensinamento é mostrado a uns e não a outros.

Agora, se o acesso à esta informação está dentro da sua programação de vida, isso quer dizer que você ao recebe-la assumiu a responsabilidade de colocá-la em prática. Por isso lhe pergunto: o que fará?

Tudo o que o Espírito da Verdade disse é a palavra de Deus e você já teve acesso a esta informação. Neste momento acabou de receber a informação que precisa se alimentar da palavra de Deus. Por isso tornou-se responsável por esta prática.

No entanto, pode sair daqui se alimentando apenas com a responsabilidade do pão: ‘tenho que ganhar dinheiro, tenho eu fazer o que acho certo, tenho que sustentar minha família’, etc. Vivendo assim, lhe pergunto: o que você acha que lhe espera no seu futuro espiritual?

Como vocês tratam neste mundo aqueles que não honram suas responsabilidades? Do mesmo modo você será tratado quando sair desta carne...

Por isso estou aqui. A nossa missão é leva-los a compreender a sua responsabilidade espiritual e dar os elementos para que vocês honram aquilo com que se comprometeram antes de encarnar...

Conversando com um espiritualista - volume III

Depender das coisas materiais

Participante: o senhor fala que não devemos ter coisas materiais, mas tem aí o seu cigarro, a sua vela e se o seu café acabar você pede mais...

Sim, mas porque eu uso estas coisas?

Participante: eu que lhe pergunto. Porque isso, se o senhor está dizendo que não devemos nos preocupar com estas coisas?

Porque eu fumo ou tomo café? Porque tem aqui. Já houve lugares onde fui que não tinha estas coisas e fiz a palestra do mesmo jeito. Não fiquei chorando porque precisava ter e não tinha...

Ter não é problema: o problema é achar que precisa ter. É achar que existe uma roupa certa para vir, uma roupa mais adequada, que precisa haver café e cigarro para fazer uma palestra. O problema não é escolher, mas achar que tem que escolher, precisar escolher. Isso porque neste momento você passa a depender do pão.

Então, veja. Já houve diversas vezes que fizemos trabalhos em casas onde, por causa do vento, a vela não parava acesa. Eu não ligava para este fato e fazia a minha conversa do mesmo jeito que estou fazendo hoje. Em outros lugares o cigarro acabou e assim mesmo continuamos conversando.

Eu não preciso ter, mas se tem, porque não posso usar? Agora, quando não tem eu não fico chorando, não fico reclamando. Eu não exijo o mínimo do mínimo para poder falar.

Neste mesmo lugar que hoje estamos e há mais de quarenta pessoas aqui, já viemos conversar e haviam apenas três pessoas para me ouvir. Pergunte se eu me recusei a falar porque tinha poucas pessoas? Claro que não. Conversei com estas pessoas da mesma forma que estou conversando com vocês hoje, quando tem bem mais.

Portanto, o problema não é ter, mas necessitar ter. Quando isso acontece, o ser depende do mundo humano e por isso está se alimentando de pão.

Conversando com um espiritualista - volume III

Porque o espírito tem que encarnar?

É preciso abandonar o pão para que você volte a ser quem é e que não sabe mais que é...

Participante: mas, não era mais fácil não ter nada disso? O espírito já era puro, porque vai ter que se submeter ao que não é para poder voltar ao que é?

Por favor, alguém pode dar o telefone de Deus para esta pessoa reclamar com Ele? Eu estou no mesmo barco que você, ou seja, estou dentro do processo de encarnações para elevação espiritual. Por isso, se você tem uma reclamação, vá direto a Ele...

Só tem um detalhe que quero salientar: não adianta ficar reclamando de Deus ou o questionando porque isso ou aquilo lhe acontece. Aliás, você está parecido com Jó... Conhece-o?

Jó é um personagem bíblico. Sua história está no livro do mesmo nome que está Bíblia Sagrada. Ele tinha tudo, mas o diabo, com o consentimento de Deus, lhe tirou para tenta-lo. No início ele manteve-se fiel a Deus, mas depois começou a reclamar e questionar ao Pai pelo que lhe acontecia. Tentou dizer a Deus que Ele estava errado, mas não conseguiu.

Você está agindo igualmente. Por isso faço as mesmas perguntas que Deus fez a Jó e que o levou a abaixar a cabeça e aceitar os desígnios de Deus?

“As suas palavras só mostram a sua ignorância. Quem é você para pôr em dúvida a Minha sabedoria? Mostre agora que é valente e responda às perguntas que vou lhe fazer. Onde é que você estava quando Eu criei o mundo? Se você é tão inteligente, explique isso. Você sabe quem resolveu qual seria o tamanho do mundo e quem foi que fez as medições? Em cima de que estão firmadas as colunas que sustentam a Terra? Quem foi que assentou a pedra principal do alicerce do mundo?” (Jó, 38, 1 a 6)

Deus continua fazendo perguntas a Jó do tipo: “de onde vem a luz e qual a origem da escuridão”? “Você conhece as leis que governam o céu e sabe como devem ser aplicadas na Terra”? E depois de muitas outras perguntas que mostram que o ser humanizado nada sabe sobre as coisas, o Pai diz: “Jó, você desafiou a Mim, o Deus todo Poderoso. Vai desistir ou vai me dar uma resposta”?

Pois eu lhe faço a mesma pergunta: sabendo tão pouco como você ou qualquer ser humano sabe sobre as coisas deste ou do outro mundo, será que vocês podem desafiar a Deus e dizer que Ele está errado ao criar este ou aquele sistema para a evolução do espírito? Quem realmente se liga em Deus não O questiona. Compreende que Ele deve ter algum motivo para tudo que faz e aceita os seus desígnios.

A verdade é que você está atrelada a um sistema de encarnações. A prova disso é que você está encarnada. Portanto, se está afundada até o nariz nesta história de encarnar, deve algum motivo para isso. Portanto, ao invés de reclamar porque está afundada neste sistema, tente ao menos respirar.

Só que os seres humanizados, não só você, ao invés de fazerem isso, ficam tentando entender o porquê estão aqui, para que vivem este processo. Que adianta isso? O conhecimento sobre esta motivação não a faz sair deste processo mais rapidamente...

Além disso, posso afirmar que o prender-se a esta questão pode lhe manter mais tempo dentro dele. Digo isso porque quem ousa questionar a Deus o porquê das coisas está afastado Dele e por isso ainda precisará de mais tempo para aproximar-se.

Pare de querer saber o porquê, para que, como, quando ou onde das coisas, principalmente das coisas referentes ao Reino dos Céus. Na verdade quem está fazendo isso é o seu humano, ou seja, o seu tentador. Ele está fazendo isso para lhe tentar a ficar preso ao pão. Só isso...

Conversando com um espiritualista - volume III

Piloto automático

Participante: quando se entra em contato com estes ensinamentos, começa a haver uma atenção ao processo mental. Por vezes você percebe que fica distante das tentações...

Sim, isso acontece para alguns. Outros, no entanto, apesar de serem sacudidos para acordar, não sentem a tentação batendo na cara.

Participante: começando a perceber isso parece que se começa a perceber um nível mental mais sutil. Começa a se perceber que a mente mostra algo com uma mão, mas esconde mais coisas na outra.

Sim e por estar aberto a esta percepção você começa a ver o que está escondido.

Participante: isso. Aí a gente começa a perceber como se vive no piloto automático. Este piloto automático é guiado pelo processo mental.

Perfeito.

Aliás, por conta da existência deste piloto automático eu já cheguei ao ponto de orientar a vocês começarem a perceber com que pé levantam da cama todo dia de manhã. Fiz isso para que vocês tenham a oportunidade de desligar este piloto automático que você está se referindo.

Participante: mas, isso nunca é desligado. Ele funciona o tempo inteiro.

Sim.

Participante: a gente pode conseguir a percepção que ele existe, mas não desliga-lo.

Sim, é isso mesmo.

Por isso Cristo ensina que os passarinhos têm seus ninhos e as raposas têm suas tocas para descansar, mas o homem não tem onde repousar a sua cabeça. Vinte e quatro horas por dia você precisa estar ligado ao seu tentador para ver ele lhe oferecendo o pão, ao invés da palavra de Deus. Se não ficar atento a ele, com certeza cairá, pois a mente não para de gerar obrigações e necessidades humanas para a sua vida.

E veja: quanto mais você vai entrando no que chama de sutil, mais vai percebendo como atrás de uma tentação há outra. Repara, ainda, que quando não prestava atenção à mente nem sabia que aquela tentação existia.

É o caso das pessoas que exigem um mínimo do mínimo em qualquer sentido para poderem viver. Esta é a última defesa da mente para tentar de qualquer maneira que você se submeta a uma regra.

Conversando com um espiritualista - volume III

Libertando-se do ego

Participante: poderia dar um exemplo concreto sobre libertar-se do ego para entendermos melhor como fazer isso?

Poderia dar um exemplo concreto de um ato. O ego lhe diz que recentemente você viajou à Uberlândia: não acredite nisso. Apesar de você ter recebido toda ilusão da movimentação, não acredite.

O ego também lhe diz a reunião da qual você participou naquela cidade estava muito bonita. Para realizar a reforma íntima, não acredite nisso.

Poderia, ainda, lhe dar um exemplo de coisas não movimentadas criadas pela sua mente, ou seja, de definições sobre você e os outros. O ego lhe diz que você é homem e que sua namorada é mulher, que você é médium, geógrafo, escritor: não acredite nisso.

Como eu disse, todas estas concepções sobre você e sobre os outros são detalhes do programa que você escolheu para realizar suas provas. Se o ego lhe diz que você é homem e que sua namorada é mulher, na verdade, está propondo determinadas provas aos dois.

 Isto porque para você ser homem e ser namorado existem padrões que precisam ser atendidos, que precisam existir para que tudo esteja certo. Quando você acredita no que o ego diz, nas concepções sobre você e os outros que ele cria, passa a vivenciar subordinado a estas condições. Por esta subordinação cada vez mais você vai se identificando como o ego com o qual está ligado e, em contrapartida, abandona a sua essência espiritual.

Quando você não acredita que é homem, mesmo recebendo esta informação do ego, não se sujeita a estes padrões. Neste momento alcançou a liberdade.

Quando você é homem, assume que é homem, não realiza nada. Isto porque todos os elementos da masculinidade são ilusões criadas pelo ego. Você como ser universal precisa, então, fazer o trabalho de espírito: libertar-se do ego que diz que você é homem.

Aí estão, portanto dois exemplos práticos do que falei até aqui: quer seja nas movimentações ou ilusões de ações que o ego cria, quer seja nas definições de caracteres sobre você e sobre o mundo que ele lhe faz, não acredite nele.

Conversando com um espiritualista - volume III

Aceite o não fazer

Participante: hoje o ego falou alto e claro. Eu assisto, mas fico pisando lá e cá. Observo o que acontece como alguém vendo um filme, mas é depois de sentir ou quando estou sentindo. Ontem e hoje foram dias muito movimentados nesse sentido.

Boa pergunta e isso vai ilustrar ainda mais o que falei acima: você não pode acreditar que precisa nada compreender.

Veja, você já consegue em determinados momentos compreender que é o ego falando e em outro não. Isto é muito bom, mas não exija mais, ou seja, não queira conseguir sempre.

Se não conseguiu não conseguiu: ponto final. Viva naturalmente sem esforços imensos, obsessões, pois como Cristo ensinou, venha para mim que o meu jugo é leve.

Tornando a busca da elevação espiritual numa obsessão (tenho que conseguir) nada conseguirá. Estará apenas trocando uma verdade ilusória (tenho que rezar, por exemplo) por outra. Além disso, acreditando que tem que conseguir sempre, criará o lamento de não ter conseguido em determinado momento.

Veja bem. Quando não consegue libertar-se da influência do ego é um momento, uma provação; quando está lamentando que não conseguiu é outro. Se não fez no primeiro, também não fez no segundo, pois estará presa ao ego que lhe dizia que tinha que fazer. Na verdade, acabou perdendo dois momentos, duas provações, ao invés de uma porque aceitou a obrigação que o ego gerou a partir do que eu disse.

Sendo assim, não tente entender porque não conseguiu da primeira vez; faça agora: não aceite a imposição que o ego está lhe fazendo vivenciar como realidade.

É isso que estou falando em se conscientizar. É ter a certeza que cada um momento é um momento para não acreditar no que o ego está dizendo.

Se o ego diz que você não conseguiu em determinado momento, não acredite nisso. Na verdade você não sabe se conseguiu ou não, pois estava desatenta lá.

A conscientização que afirmei ser necessária para a reforma íntima é exatamente o que disseram acima: a convicção de que não se tem a capacidade de saber o que é certo ou errado, e aí entregar-se. A que? A nada.

Quem quer aproximar-se de Deus precisa libertar-se do ego e entregar-se a nada. Não é integrar-se a um ensinamento, a uma doutrina, a uma compreensão, mas conscientizar-se de que o ensinamento é nada saber e, a partir daí, não saber nada, inclusive o próprio ensinamento.

Quando o ego lhe disser que hoje foi um dia tumultuado, não acredite nisso. Isto porque você não conhece os elementos da vida, ou seja, não sabe o que é dia, o que é ser tumultuado, etc. Quando o ego lhe disser que o dia foi gostoso, pleno de realizações, também diga a ele que não sabe se foi ou não. Isto porque você nada sabe.

Tem uma frase que eu uso muito e que se encaixa perfeitamente no que estamos falando: da sua declaração de expressa incompetência para viver a vida material nasce a sua competência para ser um espírito.

É isso que estou falando: não saiba de nada, para poder, depois, saber tudo.

Conversando com um espiritualista - volume III

Conhecimento do mundo espiritual

Participante: e no mundo espiritual, como viver como espírito sem acreditar em nada?

Para início de resposta, veja a ação do ego querendo compreender alguma coisa, ou seja, criar uma verdade. Estamos falando de vida carnal e seu ego já está buscando amealhar cultura querendo saber como é viver dentro do ensinamento na vida espiritual.

Isso é impossível para você, pois seu ego não possui comandos que criem dentro da perfeição os elementos do mundo invisível.

Por isso, no Evangelho de Tomé, há a seguinte logia:

“Os discípulos disseram a Jesus: diz-nos como será nosso fim. Jesus lhes disse: descobristes então o princípio para que possais perguntar sobre o fim? Bendito aquele que se mantiver no princípio, pois que não provará da morte” (logia 18).

Se você não sabe como começou tudo isso, ou seja, como você passou a existir dentro desta identidade, como quer saber como acabará? Se você nada conhece sobre o mundo espiritual, como quer saber como é lá?

O que você conhece do mundo espiritual é o que seu ego diz que é e não a realidade. No Livro dos Espíritos, o Espírito da Verdade sempre que vai responder a alguma questão sobre como é alguma coisa espiritual ele diz assim: vou fazer uma comparação, não é bem isso, mas serve para o entendimento, etc.

Se isso é Verdade, como então quer compreender como é viver lá?

Voltamos ao ensinamento: é preciso não querer saber nada. Quando chegar lá você verá, não com o ego ao qual está ligado hoje, mas de posse da sua consciência espiritual que pode gerar a Realidade que está acontecendo. Enquanto isso, não se preocupe com isso, pois se agir assim, você criará novas verdades e se manterá preso a elas.

Só isso que posso lhe responder sem comprometer o que estamos estudando hoje.

Conversando com um espiritualista - volume III

A incondicionalidade da felicidade

Participante: ser espírito é ser feliz incondicionalmente, com turbulência ou não na vida humanizada?

Não, a felicidade universal não pode ser criada, ou seja, não pode nascer de uma compreensão racional.

Ser espírito não é ser feliz, isto porque você não pode ser feliz, não pode criar uma felicidade. Você precisa sentir a felicidade sem que ela nasça de uma condicionalidade, sem que seja criada a partir de um determinado aspecto.

A felicidade que o espírito sente não pode ser criada a partir de elementos lógicos. A felicidade assim criada não é incondicional, mesmo que a lógica usada para que ela passasse a existir pareça ilógica para a maioria da humanidade.

Ser espírito é ser espírito: a felicidade decorre desta condição. Quando você coloca como fez na sua pergunta (ser espírito é ser feliz incondicionalmente, com turbulência ou não na vida humanizada), criou condições para ter a felicidade: ser espírito e ser feliz incondicionalmente.

Esta felicidade não é mais incondicional. Seja feliz se for espírito ou não; seja feliz, incondicionalmente ou não. Ou seja, se você agir espiritualmente seja feliz, se agir humanamente, também; se conseguir libertar-se da condicionalidade para ser feliz, seja, mas se ainda for feliz quando os seus desejos forem satisfeitos, seja.

A felicidade tem que ser completamente incondicional para ser Real. Para tanto ela não pode nem ser condicionada à incondicionalidade.

Por isso disse que sua afirmativa não está de acordo com a visão espiritualista que estamos conversando, apesar de você ter usado para compô-la um ensinamento que já ouviu de mim em algumas outras palestras. Sei que esperava por isso que eu confirmasse o que disse, mas, na verdade, você nunca compreendeu o que foi dito até aqui.

Antes de ficar magoado com o que disse, lembre-se: é o ego que cria as compreensões e não você que entende. Ao criá-las ele engendra de tal forma a razão para que surja uma compreensão, que se transforma em uma verdade e que lhe leva sempre a acreditar em alguma coisa.

No ensinamento utilizado nesta sua pergunta (ser feliz incondicionalmente) o seu ego engendrou durante o raciocínio uma condição para que você não vivesse a verdadeira felicidade: a incondicionalidade. Ele estabeleceu como condição para a felicidade universal a incondicionalidade.

Quando transmiti o ensinamento não coloquei a incondicionalidade como uma condição para que você vivesse a verdadeira felicidade. Disse apenas que deve ser feliz incondicionalmente, ou seja, sem qualquer condição. O que quis ensinar foi: seja feliz libertando-se das condições que utiliza atualmente para tanto ou não. É diferente do que você entendeu, ou melhor, da compreensão que o seu ego criou.

Na sua compreensão precisa haver a incondicionalidade para ser feliz. A partir daí, posso afirmar que quando a incondicionalidade não acontece, jamais poderá haver a felicidade. Ou seja, você sofre quando não consegue ser feliz incondicionalmente e sente o prazer de ter posto em prática o ensinamento quando consegue manter-se feliz nas turbulências da vida.

Foi para poder lhe manter preso neste dualismo do prazer e da dor que o ego transformou racionalmente a incondicionalidade numa condição.

Sei que a felicidade incondicional não é o tema desta conversa, mas explorei o assunto para que vocês pudessem ver algo que está relacionado com o ego: repare que qualquer compreensão que a mente cria se transforma numa condicionalidade que impede a Verdadeira Felicidade, mesmo que esta compreensão seja sobre os ensinamentos que estamos transmitindo.

Por isso disse antes: não acredite em nenhuma compreensão formada pelo ego, mesmo que seja a partir dos ensinamentos que estou passando. Viva o nada, duvide de tudo que lhe seja real, pois só assim você poderá atingir a felicidade que Deus tem prometido a todos os seus filhos.

Conversando com um espiritualista - volume III

Instintos de sobrevivência

Participante: os instintos de sobrevivência (sentir fome, necessidades fisiológicas) existem ou são criações do ego?

Criações do ego.

O espírito que vive a sua essência, mesmo ligado ao ego, não tem fome nem necessidade fisiológica. Agora, quem é subordinado ao ego tem vontade de ir ao banheiro.

Isto não quer dizer que quem viva a sua essência espiritual não tenha atividades fisiológicas... Ele tem a atividade, não a necessidade.

Quem compreende a ação do ego vai ao banheiro na hora que estiver indo, sem se preocupar anteriormente se irá ou não, se terá vontade ou não.

Conversando com um espiritualista - volume III

O que torna necessário a reforma íntima?

Participante: o problema no tocante à elevação espiritual que o senhor se refere é o sofrimento que advém da falta de consciência da ação do ego?

O problema é acreditar no ego porque tudo que ele fala racionalmente é ilusão, mentira, falsa realidade, baseada no que você programou. Além disso, é problemático você vivenciar como suas as emoções ou sensações que o ego lhe dá, já que elas estarão sempre vinculadas ao prazer e a dor.

Aí está o problema para quem quer elevar-se espiritualmente: acreditar racional e emocionalmente no ego. Mas, porque isso é problema?

Porque quando você acredita no ego, não crê em Deus. O ego é o bezerro de ouro que Moisés encontrou os homens adorando, o falso ídolo. E se ele é aquilo que você chama de ser humano, este elemento é o falso ídolo a quem você presta as suas homenagens, a quem idolatra acima de tudo e de todo, ferindo o primeiro mandamento da lei de Deus.

Veja se o que estou afirmando (idolatria a si mesmo) não é verdade...

O ser humanizado se idolatra ao ponto de achar que está sempre certo, mesmo quando se acha errado. Idolatra-se ao ponto de dizer que o outro não sabe o que está falando e que só ele sabe o que é certo. Cultua-se ao ponto de dizer que o outro está lhe ferindo magoando, só porque não faz o que ele acha que deveria ser feito...

Portanto, acreditar no ego racional e emocionalmente fere à primeira lei de Deus.

Conversando com um espiritualista - volume III

O caminho da libertação

Participante: o caminho para libertação seria viver sem sentir nenhuma emoção? Fazer o que tiver que fazer sem se envolver com os frutos do trabalho?

Sim, o caminho para libertação é não se viver as emoções e realidades criadas pelo ego. Mesmo que seus atos aparentem que esteja vivendo as emoções ditadas pelo ego, interiormente não os viva. Ou seja, mesmo que seus atos aparentem um nervosismo, não se sinta nervoso internamente.

Nestas duas formas de se participar de um acontecimento do mundo carnal está a distinção entre viver e vivenciar. Viver é participar do ato racional e emocionalmente; vivenciar é observar o ato sem acreditar nos valores e nas emoções que o ego cria.

Conversando com um espiritualista - volume III

A importância da razão

Participante: mas, a razão é importante para o autoconhecimento.

Não afirmaria que ela é importante; diria que pode ser importante. Vamos entender isso...

Sendo espírita, com certeza você já ouviu a máxima de Kardec que afirma que todas as informações espirituais devem passar pelo crivo da razão para só depois serem aceitas. Quando digo que não deve confiar na sua razão, o seu pensamento diria que estou atacando esta máxima, mas isso não é real. Assim como Kardec, também afirmo que toda informação que o ser humanizado recebe deve passar pelo crivo da razão. A diferença entre a minha afirmação e a sua compreensão, apesar de aparentemente ser a mesma coisa, se consiste na razão que se utiliza como crivo. Vamos entender isso.

Para compreender a diferença entre o que digo e o que você compreende observe o ensinamento do Espírito da Verdade que estamos estudando:

“75a. Porque nem sempre é guia infalível a razão? Seria infalível, se não fosse falseada ...” (O Livro dos Espíritos)

A razão realmente poderia ser um guia infalível para você selecionar a informação dos espíritos e para se auto conhecer se ela não fosse falseada por causa da presença de alguns aspectos que já iremos ver. Esta é a diferença entre a razão que deve ser utilizada para se seguir a máxima de Kardec e a que você usa normalmente.

O problema não está no fato de se usar a razão ou não, mas que razão utiliza para se auto conhecer ou para analisar as informações espirituais: a falseada ou aquela que não está afetada pelos aspectos elencados pelo Espírito da Verdade. Na verdade, a razão deve ser usada como caminho para se aproximar de Deus, mas não aquela que normalmente os humanos utilizam, pois ela é falsa.

Por isso lhe respondi que a razão pode servir para o autoconhecimento, mas isso só será possível se ela não for falseada. O problema é que a razão que vocês vivem hoje é falseada.

Repare bem. Quando disse que você precisa se libertar da razão que vive hoje, que instrumento acha que utilizará para isso? A própria razão. Mas, não será aquela que tem hoje, mas uma que não esteja falseada pelos aspectos sobre os quais já vamos falar. Caso tente hoje se conhecer com a razão que vive, os aspectos que o Espírito da Verdade cita criarão falsas verdades que você não verá que são falsas, pois ainda acredita em tudo que a sua mente cria.

A razão, portanto, pode se um guia infalível, desde que ela não esteja falseada.

Conversando com um espiritualista - volume III

Duração do tempo

Por favor, me responda: há quanto tempo você está presente nesta casa para me ouvir?

 Participante: aproximadamente quarenta minutos...

Como você chegou a esta conclusão? Que lógica usou para contar os minutos que aqui está? A humana, a falseada, aquela que não espelha a Realidade do Universo...

O que é para você um minuto? É uma fração do tempo que a Terra utiliza para fazer a sua rotação em torno do sol. Mas, como medir um minuto num lugar onde não haja nem a Terra nem o sol, como é o caso do mundo espiritual?

O tempo que você vive é criado por sua razão. É ela que lhe diz quando tempo você está aqui. Mas, esta mesma razão não pode medir o tempo no mundo espiritual, pois lá não existem os elementos que usa para afirmar que se passou um minuto. Por isso, ao criar os minutos de sua existência, ela lhe faz viver um mundo irreal.

No mundo espiritual, um mundo que é amórfico, só existe um tempo: o presente. Nenhum espírito precisa contar o tempo, pois para ele o passado já passou e o futuro ainda não chegou e por isso não existem. Será que você é capaz de viver apenas o presente usando a sua razão? Creio que não, pois ela nem sabe o que é um presente, não consegue ver o presente acontecendo.

Para compreender o que estou dizendo tomemos como exemplo a própria palavra presente. Quando falo a sílaba ‘sen’, a ‘pre’ não existe mais, é passado, e a ‘te’ ainda não chegou, é futuro. Se pegarmos a própria sílaba ‘sen' ainda não teremos o presente, pois o som de cada letra é um tempo.

Veja quanto dura um presente para um espírito: o tempo que se leva para dizer uma só letra. Será que a sua razão tem condições de compreender profundamente o que acontece no tempo que você está falando apenas uma letra? É por isso que o que ela cria lhe afasta do Universo espiritual. Acreditando no tempo que ela cria jamais conseguirá viver apenas o presente e por isso não terá condições de voltar à sua pátria espiritual nem de se aproximar de Deus.

Além do mais, como disse, o Universo espiritual é amórfico. Será que a sua razão consegue imaginar algo que não tenha forma alguma? O mundo dos espíritos também não é formado por espaços, pois para isso teriam que haver formas? Será que você consegue imaginar algo que não ocupe um espaço?

Destas constatações entre os elementos do Universo espiritual e do seu mundo criados pela razão tiramos, então, o primeiro ensinamento para ver qual a razão é falseada e qual não é: as informações sobre o mundo espiritual. Toda razão que contenha informações sobre o Universo espiritual fundamentadas em valores humanos, que afirme a existência lá de elementos iguais aos do mundo humano, são falsas. O Universo espiritual não é igual aos elementos que existem na razão humana. Toda razão que afirme isso é falsa.

Conversando com um espiritualista - volume III

Sou um humano

Participante: mas, nós vivemos num mundo humano...

Preste atenção no que foi dito. Quem falou isso? A sua razão. O que ela está fazendo? Está lhe dando razões para que você não lute contra a má educação que recebeu, mesmo agora que já ouviu tudo o que falamos e conscientizou-se de que é preciso livrar-se dela. Ou seja, ela está lhe dando uma hipocrisia (algo que é diferente daquilo que se acredita) e você está caindo.

Sim, a razão é hipócrita. Ela não se incomoda em ser contrária àquilo que diz acreditar desde que você não destrua a sua má educação, ou seja, que não tenha como prioridade o seu bem estar humano.

Conversando com um espiritualista - volume III

Assassinatos

Participante: é por isso que existem diversas pessoas que nós consideramos como bandidos e assassinos, e o senhor sempre diz que eles não estão errados...

O que você chama de erro, mesmo nos casos mais drásticos, é consequência da sua má educação e não do que o outro faz. Isso porque só existe alguém errado quando a sua razão mal educada afirma que foi ferida alguma norma dos seus códigos de leis, que são gerados por ela para preservar a sua humanidade. No caso dos bandidos, por exemplo, acusá-los de qualquer coisa é julgar, o que uma mente que tenha tido uma educação formada pelos valores ensinados pelos mestres não faria.

Quem é você para julgar alguém? Será que você se acha melhor do que o Pai para punir alguém? Sim, porque Deus não pune aqueles que cometem crimes. Ouça o que ensina Cristo:

“Vocês sabem o que foi dito: ame os seus amigos e odeie os seus inimigos. Mas eu lhes digo: amem os seus inimigos e orem pelos que perseguem vocês, para que vocês se tornem filho do Pai que está no céu. Porque Ele faz o sol brilhar tanto sobre os bons e os maus e dá chuva tanto aos que fazem o bem como aos que fazem o mal”. (Mateus, 5, 43 a 45)

Aí, vocês, por terem formação espírita, me dirão: ‘mas, o Espírito da Verdade afirma que é um crime matar os outros’. Eu respondo com outra informação daquele cujos ensinamentos você diz acreditar:

“853a. Assim, qualquer que seja o perigo que nos ameace, se a hora da morte não chegou, não morreremos? Não, não perecerás e tens disso milhares de exemplos. Quando, porém, soe a hora da tua partida, nada poderá impedir que partas. Deus sabe de antemão de que gênero será a morte do homem e muitas vezes seu Espírito também o sabe, por lhe ter sido isso revelado, quando escolheu tal ou qual existência”. (O Livro dos Espíritos)

Aí está o motivo pelo qual Deus não condena aquele que você se acha capaz de fazer: Ele sabe de antemão o gênero e a hora da morte de cada um. Pela Onisciência o Pai já sabia que isso ia acontecer e, por isso, posso dizer que deixou acontecer. Se a morte não tivesse que acontecer, com certeza Ele faria um espírito agir sobre o ser humanizado para que a bala se desviasse (pergunta 528).

Por ter ciência prévia da hora e do gênero da morte de cada um é que Deus não condena mesmo quem mata. Se Ele não condena, será que você tem este direito? Só a sua má educação é que lhe confere este poder. Ou como disse a cobra para Eva: Deus não quer que vocês comam o fruto do conhecimento para que não sejam iguais a Ele (Gênesis, 3, 4). Aquele que vive a partir de uma razão mal educada quer ter os olhos abertos e ser capaz de julgar o bem e o mau, coisa que apenas o Senhor, por ser a Inteligência Suprema, pode fazer.

Antes de continuarmos, apenas um detalhe. Quando falo assim dos bandidos e assassinos não estou querendo dizer que não deve haver cadeia, que eles não devem ser julgados pelas leis da sociedade humana. Isto faz parte da Divina Comédia Humana, da ação carmática de cada um. O que estou querendo dizer é que ele não deve ser julgado e condenado por você, que não precisa receber a sua crítica e o seu ódio. Os acontecimentos da existência do ser que está vivendo o papel de bandido existirão sempre que estiverem programados para acontecer, mas você, se quer realizar a sua reforma íntima, não deve se dar o direito de julgá-los.

Da mesma forma, quando falo daquele que vive com uma razão mal educada não estou acusando ninguém. Como já falei anteriormente, nunca acuso ninguém de nada. Estou apenas constatando que esta forma de viver não está de acordo com os ensinamentos dos mestres e que por isso é preciso se reformar a razão que vive a partir destes conceitos.

Na verdade, o mal na situação que estamos comentando só está em quem vive apegado à razão humana. Vocês sabiam que existem missionários que vêm a Terra apenas para praticar delitos desta gravidade? Sim, existem espíritos que recebem como missão agir contrariamente aos ditames da razão mal educada, apenas para servirem de instrumentos à provação dos espíritos encarnados. Neste caso, todo seu ódio que sentiu por ele volta para você, já que são protegidos para que nada lhes alcance, visto que são enviados do Senhor.

Participante: é difícil aceitar isso...

Eu sei que para sua razão mal educada é difícil aceitar isso, mas ouça este trecho da resposta do Espírito da Verdade à pergunta 132 de O Livro dos Espíritos:

“visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus”.

O assassino é um espírito que toma um corpo cuja matéria seja igual a dos habitantes da Terra, para aqui, sobre as ordens de Deus, realizar ações que sirvam como provações para os seres encarnados, o que é a obra geral. Não foi exatamente o que falei a respeito de missionários? Porque não conseguem enxergar isso? Porque a razão de vocês é mal criada, ou seja, educada para defender sua humanidade.

Além do mais que morte pode existir? Para vocês morte é a cessação da vida. Mas, se como já vimos, ninguém morre antes da hora, isso quer dizer que não havia vida humana programada depois daquele momento. Não havendo, não houve morte, pois nada deixou de existir.

Conversando com um espiritualista - volume III

Rompendo com a razão

Participante: como se faz para se romper com a razão?

Você me fez uma pergunta difícil com uma resposta tão fácil... Como se rompe com a razão? Sendo fiel a você mesmo.

Você acredita que é um espírito? Seja fiel aos valores do ser universal. Acredita que está encarnado? Seja fiel aos objetivos da encarnação elencados pelo Espírito da Verdade na pergunta 132 de O Livro dos Espíritos. Acredita que nasceu para realizar o trabalho da reforma íntima? Priorize a vivência dos caminhos que os mestres ensinaram para que realize este trabalho. O problema é que você acredita nestas coisas, mas só usa estas crenças para obter vitórias.

Mais uma vez relembro: não estou lhe acusando de nada. Estou apenas mostrando uma forma de relacionamento que os seres humanizados comumente fazem com as informações que recebem dos mestres: usá-los como um tesouro que lhes enriquece.

O que os mestres ensinaram serve apenas como uma placa que mostra um caminho que deve ser caminhado. No entanto, a maioria dos seres humanizados ao invés de caminharem, ou seja, colocarem em prática o ensinamento, o trata como um tesouro que deve ser protegido. Por isso os enterra no fundo do mar. Mas, de que vale um tesouro no fundo do mar? Se ele não pode fazer nada por você, de nada vale.

Os seres humanizados não rompem com razão porque não colocam em prática os ensinamentos que recebem Na verdade, eles só servem como elementos para gerarem um discurso que os levem a provar que possuem maior cultura, ou seja, são utilizados como armas para obter uma vitória.

Em O Livro dos Espíritos (Introdução I) Kardec define o espiritualista como sendo aquele que acredita haver algo além da matéria. Acontece que tanto ele quanto os mestres também afirmaram que o apego à letra fria, ou seja, a crença sem prática, de nada vale. Por isso, para que alguém possa se dizer espiritualista é preciso mais do que acreditar haver algo além da matéria: é preciso viver para este algo mais.

É a partir desta consciência da necessidade de se viver para o algo mais que se acredita existir que começa o rompimento com a razão. Ele começa quando você diz para si mesmo que acredita que é um espírito, que crê que está encarnado para promover a reforma íntima e assim comungar com Deus e que para isso precisa libertar-se da ação da razão. Ou seja, ele começa quando você consegue superar sua própria razão motivada pelas crenças que afirma ter.

Quando você se torna fiel a sua ideia de que é um espírito e começa a viver para este ser que imagina que é e para o mundo dele, pode aceitar que a razão humana é má educada e soberba e romper com ela. Mas, enquanto a ideia de que você é um espírito só existir como um recurso para que você se sinta mais culta do que quem não acredita nisso, só servirá como instrumento para a razão lhe colocar em batalhas por novas vitórias e assim lhe dar o prazer.

Quem não coloca o ensinamento que recebe em prática acaba apenas buscando vitórias. Foi o caso de um católico que acreditando no repouso dos mortos até a volta de Cristo, ironizou um japonês que estava colocando um prato de arroz em outra sepultura: ‘você é mesmo burro. Se fosse cristão saberia que os mortos estão dormindo e que por isso não podem voltar a Terra. Quem já morreu não pode comer este arroz’. O japonês respondeu: ‘pode sim’. O cristão vaidoso de sua cultura e certo da oportunidade de passá-la para o outro perguntou apressadamente: ‘quando’? ‘Quando vier cheirar as flores que você está colocando neste túmulo’.

O cristão tinha a informação, mas ele não a colocou em prática. Por isso estava no túmulo de um ente querido colocando uma flor para um corpo que não poderia cheirá-las. Como não via que a sua cultura de nada valia a não ser como arma para obter uma vitória, acabou sofrendo.

O ser humanizado que não coloca em prática os ensinamentos que recebe não consegue romper com a razão humana. Por isso suas ações são sempre fundamentadas na soberba, ou seja, as informações servem para converter os outros às verdades que estão na sua razão.

Conversando com um espiritualista - volume III

Usar a caridade para obter uma vitória

Participante: além de egoísta, o serviço ao próximo realizado por convicções individuais também é tratado como uma vitória, não?

Sim. Aliás, qual o nome que se dá àquele que obtém lucros individuais com o trabalho do outro? Cafetão. Pois é, quem dá alimento aos necessitados porque sabe que isso precisa ser feito para atingir o que se quer está explorando o pobre para obter uma vitória individual, além de ter agido com fundamento egoísta.

Conversando com um espiritualista - volume III

A favor ou contra a caridade?

Participante: o senhor, então, é contra a caridade ao próximo?

Esta mesma pergunta foi feita ao Espírito da Verdade. A resposta está nas perguntas 886 e 888 de O Livro dos Espíritos, mas principalmente na 888a.

 “Dar-se-á reproveis a esmola? Não; o que merece reprovação não é a esmola, mas a maneira porque habitualmente é dada”.

Se vocês saíssem à rua sem intenções e dessem esmola quando lhes fosse pedido, de nada haveria para reprovar. Mas, vocês não fazem isso: saem propositalmente para dar. Neste caso, aconteceu um ato egoísta e não uma ação caridosa realmente.

O resultado desta ação, para você, não é o atendimento do outro, mas ter conseguido fazer o que queria naquele momento. Por isso, o ato tornou-se uma vitória e não uma caridade. Além do mais, você sai para fazer a caridade não pensando nas carências dos outros, mas porque se submete a um sistema humano de vida que afirma que isso é moralmente correto. Viram a influência da razão humana destruindo aquilo que parecia ser uma ação louvável?

Portanto, não sou contra o dar aos necessitados. Acho que você pode dar esmola para quem quiser, mas se quer aproveitar a oportunidade da encarnação e comungar com Deus durante ela, o que não pode é explorar o outro para você ter o prazer de ter conseguido fazer o que queria. Jamais poderia ser contra a qualquer acontecimento do mundo carnal, pois como ainda vamos ver, Deus é Causa Primária de todas as coisas. Sendo assim, tudo o que acontece é Perfeito por conta de sua Origem.

Quando observamos isso encontramos mais uma exploração. Sendo Deus quem causa o auxílio ao necessitado, porque você vai gozar o prazer desta situação?

Conversando com um espiritualista - volume III

Proteger seu patrimônio

Qual a última coisa que um frequentador de um centro faz depois que acabou a reunião. Não estou falando do momento do encerramento, mas sim depois que toda a audiência e demais pessoas já se retiraram. O que faz o último que sai de um centro espírita?

Participante: tranca a porta...

Protege a sua propriedade, não é mesmo? Protege aquilo que julga que é seu da ação de outras pessoas, não é mesmo? Pois bem, em O Livro dos Espíritos o Espírito da Verdade diz que o homem tem direito à propriedade particular, mas que deve compartilhá-la com todos, como uma abelha faz. Será que trancando o centro você está compartilhando a casa de Deus com os outros?

Eis aí um ato de egoísmo que é realizado diariamente por todos os seres humanizados: trancar suas posses com cadeado para que outros não tomem o que a mente humana considerada como seu. Esta ação, que é genuinamente egoísta, no entanto, é justificada pela razão com uma série de argumentos que nada mais são do que instrumentos que ela usa para obter vitórias e servir a humanidade. Se você não se libertar da lógica destas razões, não conseguirá comungar com Deus.

Por isso, mesmo aqueles que dizem seguir os ensinamentos do Espírito da Verdade trancam suas casas e centro de orações para não serem roubados. A estes pergunto: vocês não confiam em Deus? Se confiassem acho que não precisariam fazer isso...

O grande problema é que o deus de vocês é a chave, o alarme, a cerca elétrica. Ela representa o instrumento da sua segurança e não a sua fé no Pai. Como querem aproximar-se Dele e viver a felicidade que Ele tem prometido se não confiam Nele?

Não estou fazendo aqui apologia a não trancarem suas casas. Como já disse, Deus é Causa Primária de todas as coisas e por isso qualquer ação que pratiquem é Perfeita por conta de sua Origem. O problema não está em trancar ou não, mas onde reside a sua segurança.

O egoísmo, ou seja, a defesa de seus interesses estará sempre presente no ser enquanto ele estiver no mundo de provas e expiações. Ou seja, enquanto vocês encarnarem neste mundo terão sempre a intenção de proteger seus bens. Isso não pode ser mudado, pois como já disse diversas vezes, é característica primária do espírito que encarna aqui para provações. Ele só se encerrará quando este mundo for superado e para isso é preciso que confiem em Deus acima de todas as coisas.

Passem as chaves nas portas, coloquem alarmes e cercas elétricas para protegerem suas propriedades que consideram como privadas, mas não acreditem que estas coisas vão protegê-los. Aliás, não é isso mesmo que acontece? Quanto mais o ser humanizado providencia sistemas que proteja sua propriedade, quando ladrão quer, como vocês dizem, nada o impede de roubar. Portanto, estas coisas não são dignas de confiança, mas aquele que se entrega ao Pai, mesmo sendo assaltado, jamais vai se sentir perdido porque foi roubado.

Por falar em ladrão, sabe quem é este ser humano? Um espírito que, como já vimos, ocupa um corpo de acordo com este mundo para aqui, por ordem do Pai, realizar a sua parte na obra geral. Que parte é esta? Lembrá-lo do ensinamento de Cristo: distribua tudo que é seu entre os pobres e me siga.

O ladrão é aquele que lhe retira as suas posses que Cristo disse que você deveria abrir mão. Ele não é um bandido e nem entrou na sua casa porque esta foi a sua escolha. Ele foi levado como instrumento de Deus para que você tenha uma provação. Como iremos ver mais à frente, neste momento, como em todos os demais de sua existência, Deus estará lhe perguntando: ‘e agora, você vai amar mais a mim ou às suas propriedades?’

Conversando com um espiritualista - volume III

Não aceitar o que a vida dá

Participante: nós podemos não aceitar o que a vida propõe?

Claro...

Quantas vezes você já não acordou de bem consigo mesmo, tranquila e alguém faz algo que você não gosta. Neste momento lhe vêm à ideia de sofrer pelo que o outro fez, mas você não aceita este sofrimento. Diz para si mesma que está tão bem hoje que não compensa perder este estado de espírito por conta do que aconteceu.

Neste momento você reagiu não compactuando com o que a vida lhe propôs para sentir. Conviveu com o acontecimento que a vida viveu sem se deixar levar pela opção proposta por ela.

Participante: não foi a vida que viveu assim neste momento?

Não, ela lhe deu o acontecimento. Depois, lhe propôs sofrer pelo que aconteceu. Você, por estar se sentindo bem, decidiu não sofrer.

Participante: se fizermos isso vivenciamos o não sofrer. Mas, para isso é preciso estar ligado.

Sim, a necessidade de estar ligado para poder separar-se da vida é fundamental. Apesar de falar assim, repare que dei um exemplo onde você não está ligado nesta questão, mas mesmo assim fez. Ou seja, a opção pode acontecer mesmo que você não esteja ligado em si mesmo, mas isso ocorrerá esporadicamente. Se estiver ligado, pode fazer acontecer sempre.

Por isso insisto que a questão de estar ligado é necessária para a realização deste trabalho. Sem estar ligado a esta questão, normalmente você viverá o que a vida propõe. É preciso estar muito atento no momento em que a vida propõe uma reação a um acontecimento para que você possa não viver o que ela propõe.

Participante: o senhor está certo. Muitas vezes eu digo deixa para lá, mas em outras não consigo fazer isso...

Mas, o deixa para lá não tem que ocorrer no ato. Não se trata de reagir ou não fisicamente. Ele precisa acontecer com relação ao que a vida propõe que você sinta. O que precisa ser deixado de lado é o que ela propõe para sentir e não o que acontece.

Participante: o que o senhor quer dizer é que é possível nós termos um chilique daqueles fenomenais, rodar a baiana, ficar muito braba e atacar o outro e assim mesmo estar em paz?

Quem é que está tendo o chilique, rodando a baiana? A vida. Neste momento não há nada seu, não há nenhuma ação sua. Agora, depois que a vida rodar baiana, depois que tiver o chilique e brigar e gritar a vontade, ela vai lhe dizer: sofra, pois você sabe que não podia fazer isso e fez... Aí chegou a sua hora de agir. É neste momento que você precisa dizer a si mesmo que não foi você que fez a ação e que por isso, não precisa sofrer por conta do que aconteceu.

Conversando com um espiritualista - volume III

Optando por não sofrer

Participante: dá para escolher não sofrer ou ele vem sozinho?

Dá para escolher o não sofrer o sofrimento. O sofrer, no entanto, precisa haver.

Na verdade o sofrimento precisa estar presente porque ele é uma das proposições que a vida lhe fará. Sempre a vida criará opções que contenham um sofrimento. Por isso afirmo que o sofrimento estará presente, mas ele não precisa ser vivido.

Apesar de a vida lhe propor sempre uma opção de sofrer, você pode evitar vivenciar este estado de espírito. Ou seja, você não precisa sofrer porque a vida está gerando sofrimento. Como isso só se consegue realizando uma escolha, respondo que, apesar da presença do sofrimento na vida, escolhendo não sofrer, você não sofrerá.

O optar por alguma coisa durante a vivência da vida sempre existe. Ele pode ser até inconsciente, como no caso do exemplo que dei de quando alguém lhe chateia e você não vive isso porque está bem, mas ele precisa existir.

Apesar de no exemplo que dei haver apenas uma reação inconsciente, digo que é preciso existir um trabalho consciente para que a reação ao que a vida propõe não seja de sofrimento. Na verdade, a reação inconsciente para não viver o sofrimento é algo mecânico. Este tipo de reação só acontece depois que você cria o hábito de reagir de tal forma. Portanto, é preciso exercitar a escolha para alcançar a mecanicidade na reação. Sem estar calejado neste processo fica difícil escapar das armadilhas que a vida cria, pois às vezes ela muda uma palavra ou uma situação no cabeçalho da questão e vocês se perdem.

Reagindo consciente ou inconsciente, o importante é vocês entenderem o mecanismo da vida, pois se não compreenderem continuarão vivendo sofrimento quando a vida lhes der esta proposição de reação ao que ela criou.

Estarem aqui não tem nada a ver com vocês, mas trata-se apenas da vida. O que estão ouvindo também não tem nada a ver com vocês, pois é vida. O que estão raciocinando a partir do que está sendo ouvido também não tem nada a ver com vocês, mas é apenas vida. Agora, enquanto a vida está aqui ouvindo e racionando o que é escutado, ela proporá a vocês uma forma de estar aqui e é esta forma que não devem aceitar, qualquer que seja esta propositura, pois a resposta que leva à felicidade é sempre nenhuma das respostas anteriores.

Conversando com um espiritualista - volume III

Cem por cento

Participante: então, quer dizer que a vida existe e nós precisamos nos distanciar dela? Isso quer dizer que existe este distanciamento constante?

Não.

Na verdade não posso lhe afirmar que não exista um ser que consiga o distanciamento constante da vida. Isso pode acontecer, já que não se pode afirmar que nada não exista. Respondi-lhe desta forma porque viver deste jeito ainda está longe de vocês.

Hoje vocês estão na etapa de começar a treinar para distanciar-se da vida. Por isso haverá momentos onde conseguirão marcar a opção nenhuma das respostas anteriores, mas haverá outros onde não conseguirão. É preciso deixar isso bem claro, pois senão a vida usará este argumento para lhes propor um sofrimento e vocês não conseguirão deixar de vivê-lo.

Se você não se compenetrar de que não conseguirá se distanciar da vida e viver você mesmo o tempo todo, quando não conseguir realizar este distanciamento, a vida lhe proporá sofrer por não ter feito e você viverá este sofrimento. Por isso estou deixando bem clara esta questão: há a possibilidade de se distanciar da vida o tempo inteiro, mas vocês não possuem ainda condições de viver assim.

Este é um ponto que precisam estar muito atentos para não viverem a vida. Guiados pelo processo racional humano esperam alcançar a plenitude de qualquer coisa. Isso é impossível. Com quase toda certeza não alcançarão a plenitude em nenhum aspecto durante esta encarnação.

Afirmo isso porque este não é um mundo de regeneração, mas sim de provas e expiações. No próximo mundo, ou seja, nas suas encarnações para regeneração, terão que conseguir finalmente alcançar a vivência na totalidade da vida sem sofrimento.

Agora, reparem que falei de objetivo a ser alcançado e não algo que será alcançado instantaneamente. Para alcançar a plenitude do distanciamento do que a vida propõe vocês ainda precisarão reencarnar por diversas vezes dentro do novo sentido da encarnação.

Participante: isso quer dizer que por mais que eu trabalhe ainda continuará havendo momentos onde sentirei sofrimento?

Na sua pergunta fica bem claro o problema para realizar o trabalho que estamos conversando.

Você me diz que sentirá sofrimento, mas no momento em que houver sofrimento na sua vida não será você que está sentindo. Quem estará sofrendo é a vida.

Só se você aceitar esta opção que a sua vida está gerando neste momento (você sofrer) jamais conseguirá se distanciar da vida no futuro. Se aceitar agora que sofrerá, viverá o que a vida propuser e não a você mesmo. Você tem que estar atenta a tudo o que a vida fala, pois ela sempre conversa com você, ou seja, está sempre propondo argumentos para no futuro justificar a sua opção pelo que ela criar.

O momento que você deve ter atenção é aquele onde a vida gera um pensamento sobre o que aconteceu ou projeta alguma coisa que poderá acontecer. Tem que estar atenta quando pensa que aconteceu determinada coisa, quando pensa que fez algo ou que alguém disse alguma coisa. Neste momento você precisa estar atenta, pois depois destes pensamentos virão às justificativas para as proposições de emoções por parte da vida.

Conversando com um espiritualista - volume III

Louca vida

Participante: foi o que aconteceu esta semana comigo. Tive momentos de tristezas profundas e pensei até em ir a um psiquiatra para tomar remédios. No dia seguinte acordava bem, ia trabalhar. Houve momentos em que me senti no fundo do poço e que nunca mais ia me levantar e no dia seguinte estava tudo bem. Parecia uma louca.

Você falou uma palavra interessante: louca. Sim, a vida é louca. A vida não tem lógica. Vocês querem dar uma lógica à vida que ela não tem.

Alguém me disse que há uma pessoa nervosa hoje e eu respondi que o problema é de quem está vivendo o nervosismo. Esta pessoa insistiu: mas, desta vez ele tem motivos para isso. Não, estes motivos não são reais, mas apenas argumentação da vida para que ele viva o nervosismo ao invés de viver ele mesmo. O que estou querendo dizer é que este nervosismo não é dele, mas sim da vida dele.

Quanto tempo ele ficará nervoso? Pelo tempo que ficar. O tempo que alguma coisa acontecerá depende da criação da vida e não do que você decidiu ou que está vivendo.

A vida desta pessoa, por exemplo, pode ser hoje ficar nervoso e amanhã deixar de ficar. Para que isso aconteça nada precisará ser mudado nos acontecimentos da vida. Mesmo que os motivos que hoje justificam o viver o nervosismo continuem existindo, amanhã esta emoção pode não ser proposta pela vida. Como esta pessoa está vivendo o que a vida diz para viver e não ela mesma, o nervosismo acaba.

Falei numa proposição amanhã, mas com isso não quis necessariamente falar de outro dia. A mudança no que a vida propõe para que vocês vivam emocionalmente pode ser diferente no minuto seguinte, mesmo que nenhuma ideia ou realidade seja alterada. Isso porque a vida não tem lógica.

A vida não tem sequência lógica. Se hoje você tem uma dor, se está se sentindo mal, isso não quer dizer que necessariamente estará da mesma forma no momento seguinte. Todas as causas aparentes que hoje justificam o sentir-se mal poderão continuar existindo no momento seguinte e você não se sentir mais mal.

A vida não tem lógica e este é o grande problema que leva vocês a se perderem. Vocês querem viver a vida e como ela não tem lógica, ficam perdidos. ‘Como pode ser isso? Até ontem eu não gostava daquela pessoa e hoje me vejo gostando? Eu nunca agi desta forma e agora estou agindo? Eu cansei de ouvir você Joaquim, mas não consigo colocar em prática’.

A vida não tem lógica. Se tivesse a lógica que vocês querem que ela tenha, ou seja, porque ouviram que não devem fazer uma coisa deixam de fazer, não precisariam realizar trabalho algum junto à vida. Mas, ela não tem lógica. Por isso vocês me ouvem constantemente e no momento que acontecem as ações nas suas vidas, elas não espelham a prática do que ouviram. Isso acontece desta forma porque não são vocês que geram as ações, mas sim a vida.

Conversando com um espiritualista - volume III

Compromissos

Participante: a gente se baseia na cronologia da vida para aceitar o que ela nos propõe. Quando se convence que a vida é só o agora sai deste círculo vicioso.

Eu lembro que quando, no início deste trabalho, comecei a falar que não se deve assumir compromissos, duas pessoas me disseram que era impossível se viver sem gerá-los. Uma delas, inclusive, me disse: ‘mas, você assume compromissos. Você marca o dia em que irá fazer palestras com antecedência’. Eu respondi a esta pessoa: ‘entre o que eu faço e o que vocês fazem há uma diferença. Eu marco uma data para realizar alguma coisa, mas não sei se no dia vou realmente fazer o que me comprometi’.

Vocês, quando marcam uma data para fazer alguma coisa, assumem compromissos, ou seja, imaginam que tem a obrigação de fazer porque planejaram executar. Vivendo assim, quando não conseguem fazer o que se comprometeram, sofrem. Já eu, que programo, mas não assumo compromisso, se não for não sofro.

Mas, porque não me comprometo em realizar o que planejei? Alguns até poderão dizer que agir desta forma é leviandade e sentirem magoados com a minha forma de proceder, mas não é isso. Na verdade eu não me comprometo porque sei que quem está se comprometendo e quem vai realizar ou não é a vida e não eu. É por conta da consciência sobre quem gera a ação e da minha forma de conviver com os acontecimentos, que a minha vida pode fazer todo o planejamento do mundo sem que eu me sinta compromissado com o que ela programou. .

A vida faz o planejamento, mas se aceita o planejamento que ela faz, terá planejado. Tendo aceitado o planejamento que a vida lhe deu, no momento que ela gerar o não ir e propuser sofrimento, você sofrerá.

Participante: eu opto pelo sofrimento porque aceitei o planejamento que não é meu, mas da vida.

Perfeito.

Agora, se não aceitar o compromisso, ou seja, interiormente não tiver a certeza de que porque houve um planejamento obrigatoriamente acontecerá fazer, na hora que a vida for não realizar, não precisará optar pelo sofrimento proposto.

Portanto, como eu disse quando conversamos inicialmente sobre nosso encontro hoje aqui o que tinha para falar não levava mais do que meia hora. Agora preciso que vocês me deem exemplos de sofrimentos para que possamos começar a conversar sobre os elementos que podem ser usados para gerar a exclusão das múltiplas proposições que a vida oferece.

Conversando com um espiritualista - volume III

Libertar-se do prazer

Participante: antes de continuar, por favor, deixe-me fazer uma pergunta. O senhor sempre diz que o prazer é tão danoso quanto o sofrimento no tocante à elevação espiritual. Acho fácil excluir o que nos faz sofrer, mas como excluir aquilo que ainda achamos bom?

O que posso lhe dizer sobre isso é que neste momento não se preocupe em excluir o prazer que a vida oferece. Falo assim porque não irá conseguir. Você ainda está muito apegada às coisas desta vida para conseguir excluir o que é prazeroso.

Na verdade, o processo do desapego às coisas materiais é como desintoxicar-se do vício em drogas. Parar de uma vez para o viciado é um choque muito grande que pode causar diversas síndromes. A mesma coisa acontece com aqueles que querem libertar-se das coisas deste mundo. Por isso lhe digo para ir paulatinamente durante o processo de se libertar do que a vida propõe. Mesmo com o sofrimento, vá diminuindo aos poucos; não tente realizar tudo de uma vez.

É por conta desta observação que acabei de fazer que nós trataremos agora só de sofrimentos. Se vocês conseguirem nesta encarnação pelo menos se libertar de alguns sofrimentos que vivem já terão conseguido muita coisa.

Conversando com um espiritualista - volume III

Libertando-se da culpa

Participante: Já que podemos propor sofrimentos, gostaria que o senhor falasse da culpa. Eu inconscientemente acho que ela é uma grande geradora de sofrimento para todos. Para mim posso dizer que sim. Minha vida propõe a culpa muitas vezes e do nada. Se eu fizer alguma coisa, me culpo; se não fizer, também. Eu sei que sou eu que aceito estas proposições que a vida me faz, mas me enche o saco ficar me sentindo culpada todo tempo..

Vamos, então, começar pela culpa oriunda de você ter feito alguma coisa errada. Porque você aceita a culpa que a vida lhe propõe quando acontece alguma coisa errada?

Participante: Eu acho que aceito a proposição de culpa porque aceitei o padrão de certo. Aceitei o padrão do que é ser bondoso, do que é ser amigo, do que é ser caridoso. Nós humanos temos padrões do que é ser legal, ser bom. Aí, quando chega um acontecimento, eu reajo xingando ou acusando o outro. Depois, vem toda a culpa e não consigo me afastar dela. Além disso, é difícil fugir da culpa porque a mente usa para gerar esta opção justamente a ideia de já ter lhe ouvido tanto tempo e por isso conhecer os caminhos para não mais sentir raiva dos outros. Mas, a gente acaba agindo contrariamente ao que aprende e desta forma fica difícil de fugir da culpa.

Como você acha que pode excluir esta culpa?

Participante: optando por nenhuma das respostas anteriores.

Sim, mas para chegar até esta opção você precisa excluir as proposições da vida. Dentro do que estamos conversando, é preciso que exclua a culpa. Como fazer isso?

Participante: não aceitando a regra de certo e errado.

Seu raciocínio está perfeito, mas torno a lhe perguntar: o que vai acontecer se você não aceitar a regra de certo e errado?

Participante: eu não vou escolher nada...

Calma, este trabalho não é tão simples assim...

Você ainda está muito longe de ter conseguido desqualificar a proposição da culpa. Por isso, neste momento, esqueça a escolha. Concentre-se apenas em desqualificar o que é proposto pela vida.

Neste momento não estamos ainda falando em escolha, mas em exclusão. Estamos buscando ainda excluir o que é proposto para só depois partir para optar pelo nenhuma das respostas anteriores.

Dentro do processo de libertação do padrão emocional que a vida propõe o primeiro passo é excluir as opções apresentadas. Dentro do tema que estamos conversando, como é possível excluir a culpa?

Você me disse que é não aceitando o certo e errado. Isso está perfeito, lindo, maravilhoso. Parece até a resposta de um sábio. Mas, se você não aceitar a regra do certo e errado, o que lhe acontecerá? É isso que você precisa alcançar para poder excluir a regra de certo e errado da sua vida.

Como já disse em outras vezes, tudo nesta vida tem um custo. Quando você se liberta de alguma coisa, lhe é gerada uma nova condição. Que condição será gerada pela sua liberdade das regras societárias de certo e errado? Com certeza será colocada de lado pela sociedade...

Observe que o fato de libertar-se das regras societárias não é algo tão simples. Ele traz consequências, tem um custo.

Você não aceita as regras de certo e errado porque quer, porque concorda com o que a sociedade propõe. Na verdade esta aceitação é feita para que você viva sociedade, para que conviva com outros seres humanos.

Se isso é verdade, para não viver a culpa que a vida oferece o que você precisa usar na exclusão desta opção, não é simplesmente libertar-se das regras de certo errado, mas sim a dependência da aceitação da necessidade de se viver em sociedade. Sem que você se liberte desta aceitação, jamais conseguirá se libertar das regras societárias e sem isso, jamais deixará de sentir culpa.

Uma arma que posso lhe oferecer para que se liberte desta dependência é perguntar a si mesmo: para você é mais importante feliz de verdade ou a aceitação dos outros?

Participante: claro que é a felicidade de verdade...

Calma, você está se iludindo. A questão não é tão simples assim. Se fosse, já teria conseguido se libertar destes padrões.

Se realmente para você fosse mais importante ser feliz, hoje você não conviveria dentro da sociedade aplicando códigos que consagram certos e errados e, por isso, não teria culpa. Se ainda aceita as culpas que a vida lhe propõe, isso quer dizer que está priorizando a aceitação ela sociedade em detrimento de sua felicidade.

Não depender da aprovação da sociedade: é aqui que começa a exclusão do que é proposto pela vida e não no querer libertar-se das regras de certo e errado. Só quando disser a si mesmo que se aceitar esta culpa estará se subordinando a lei do certo e errado poderá se libertar dela. Mas, para conseguir realmente realizar esta libertação, é preciso estar ciente que por conta disso poderá ser colocada à margem da sociedade.

É por conta deste custo que o trabalho da busca de se viver a felicidade traz que você, apesar de dizer prontamente que prefere a felicidade, não consegue realmente se libertar da culpa. É por isso, também, que este é o primeiro aspecto que precisa ser combatido para que não se ligue inconscientemente à opção sentir-se culpada.

O primeiro passo para aquele que não quer sentir-se culpado por nada é não viver a necessidade de ser bem vista pela outros que está presente na vida humana. Para isso, é preciso não aceitar quando a vida lhe diz que você não pode viver sozinha, que precisa ter amigos à sua volta, que precisa ser uma mãe, amiga, esposa ou filha perfeita. É aqui que começa o trabalho. Sem libertar-se dessas coisas, fatalmente aceitará a culpa.

Conversando com um espiritualista - volume III

Controlar-se

Participante: quando eu me volto para mim fazendo um balanço do que aconteceu, fico me cobrando e procurando uma forma de não agir assim.

Isso não leva a lugar nenhum, já que quem cria a sua forma de agir é a vida e ela não se submete ao que você acha que deve fazer.

Na verdade, a única coisa que você pode fazer é não viver a emoção que a vida propõe. Mais nada. A ação será gerada pela vida e esta geração não está presa a nenhuma lógica, como já vimos. É por isso que quando a sua vida criar a ideia de descobrir uma forma como não agir de determinada forma, você deve eximir-se de entrar nesta discussão. Deixe a vida viver isso sozinha.

Quando no início de nossa conversa de hoje falei sobre controlar a vida, aquela pessoa ficou espantada com o que estava falando, pois até hoje sempre disse que a vida vive independente do controle do ser humano. Por isso, quando falo agora em controlar a vida, não estou me referindo em controlar o que acontece, mas sim em controlar o que a vida lhe propõe sentir.

Participante: esta questão de controlar o que acontece é interessante. Por mais que saiba que não devo fazer alguma coisa ou que tenho que agir de determinada forma, eu não consigo agir apenas dentro dos padrões que estabeleço.

Sim, isso é verdadeiro, mas não é você que não consegue: é a vida. É ela que diz que deveria agir de uma forma e também é ela que não age.

Porque a vida cria a ideia de se controlar, de que tem que mudar, de que deve agir de outra forma?

Participante: para nós acreditarmos nela.

Isso. Ela faz tudo isso para você assumir a culpa que ela propõe.

Olhe que vida mais estranha: ela cria a Idea de você ter que se controlar, cria ideia de que você está se controlando, mas também cria a ideia do descontrole apenas para que você aceite a culpa.

Participante: e nós nos relacionamos com todas estas proposições como se nós tivéssemos poder de controlar a vida.

Como se você tivesse o poder de administrar a vida. Administrar é uma palavra melhor do que controle para o que vocês querem fazer.

Administrar a vida é gerar acontecimentos na vida e isso vocês não têm capacidade de fazer. Se tivessem, com toda consciência de que têm de que algumas ações não devem ser feitas, não mais fariam. No entanto, acabam fazendo.

Com esta observação criamos um argumento para desqualificar a proposição de culpa que a vida cria. Quando ela disser que você deve sentir-se culpada por ter agido de forma diferente do que acha que deveria, use o seguinte argumento para desqualificar o que ela está dizendo: ‘está certo. Eu sei que não deveria agir desta forma, mas você criou a ação assim. Por que, então, vou sentir-me culpada’?

Participante: para isso preciso fazer uma análise consciente do que aconteceu.

Sim, mas para você só existe este momento para viver. O problema é que não vivem neste momento e querem viver em outros onde apenas a vida vive.

Conversando com um espiritualista - volume III

Exigir aprovação

Diga-me uma coisa: a esposa se arruma para quem? Para o seu parceiro. Com que roupa que? A que ela gosta...

A mulher diz que se arruma para o marido, mas faz isso usando a roupa que ela gosta? E ele? Ele tem que achar que aquela roupa é bonita.

A mulher se veste dentro do gosto dela e o parceiro é obrigado a aceitar aquele gosto. Ou seja, ela exige que ele abra mão do seu próprio gosto e utilize o dela para aprovar o que ela está fazendo...

Ela se veste para ele, mas se ele não gostar da roupa que ela escolheu, a briga é certa. Ao invés de pedir desculpa por não ter se arrumado dentro do gosto dele, apesar de dizer que se arruma para ele, a mulher ainda o culpa por ser insensível, de não lhe dar apoio, por não ligar para ela.

Se a mulher dependesse mesmo da aprovação do marido, se quisesse mesmo se arrumar para ele, caso ele não gostasse da forma como ela está vestida, deveria pedir desculpas e perguntar a ele que roupa deveria colocar, não é mesmo?

Participante: é mesmo, quando o marido não gosta do que nós fazemos para ele, fazemos uma chantagem para que ele lhe aprove. Eu digo que fiz um bolo para você e ele não gostou.

Pois é, antes de fazer o bolo você perguntou se ele queria um bolo com aquele sabor?

Participante: Joaquim, eu estou estupefata. Nós ainda temos jeito?

Claro, pois isso não é você quem faz, mas sim a vida. O que você precisa fazer não é mudar a forma como a sua vida vive, mas sim mudar a forma como convive com o que ela cria.

O que você precisa não é agir de outra forma, mas compreender que não pode atribuir a ele culpa pela forma como ele reage. Apesar de dizer assim, afirmo também que não deve se culpar pela forma como a sua vida age.

Estou usando este exemplo, que é clássico no relacionamento entre duas pessoas, para vocês possam ter uma arma para desqualificar os argumentos que a vida cria para que optem por determinada postura emocional. Longe de mim a ideia de criticarem a forma como agem.

Quando mostro a forma como as mulheres agem – e os homens também – não estou fazendo isso para criticar ninguém. O que quero é apenas mostrar a vocês o que está por trás de uma ação corriqueira. Mostrando, estou lhes dando uma arma para que da próxima vez que as suas vidas cobrarem a vivência da culpa dele não viva isso.

Sei que apesar de terem me ouvido hoje falar isso, na hora que seu marido não gostar do que vocês estão vestindo, as suas vidas ainda dirão que ele não gosta mais de você e que por isso deve sentir-se mal com relação à ele. Neste momento, usem o argumento que lhes passei para que não vivam a culpa dele.

Participante: o senhor está falando isso para que deixemos de ser hipócrita...

Mais: deixar egoísta...

Os seres humanos são egoísta porque só querem vestir o que querem e ainda por cima exigem que os outros aprovem a sua escolha.

Participante: e a se a mulher vestir a roupa que o marido quer, mesmo contrariada.

Aí será uma nova vida, um novo momento com novas proposições para as quais precisamos conhecer novas síndromes para escapar do que a vida está propondo. Por isso, não se preocupe com isso agora.

O que estou querendo mostrar com este exemplo é que a sua dependência não é do outro, mas de depender da aceitação dele aos seus padrões de certo e errado. É isso que você precisa conscientizar-se agora.

Conversando com um espiritualista - volume III

Obrigação de ficar em paz

Participante: na verdade eu tenho que estar em paz em qualquer situação.

Não, você não tem que estar em paz. Quando você coloca o ter que em qualquer frase, está criando uma verdade, uma obrigação. Como o realizar qualquer coisa é executado pela vida, você não pode se comprometer em ter que fazer nada...

Participante: só em pensar desta forma eu já estou criando uma alternativa para a felicidade. É isso?

Na verdade, não é você que está criando nada, mas sim a vida.

É ela que cria um ensinamento que afirma que você deve ficar em paz para alcançar a elevação espiritual. Quando ela fez isso, criou o certo. Se você aceitar este certo, ele se transformará numa verdade que ela usará para lhe propor uma determinada reação emocional diferente da verdadeira felicidade.

Não sei se vocês se lembram de um moço que nos ouvia e quando eu falava que não deveriam fazer determinada coisa ele sempre me respondia que não existia certo nem errado, pois eu mesmo já havia ensinado isso. Ele falou assim diversas vezes e não reparou que na verdade ele estava criando o certo. Um determinado dia eu respondi a uma intervenção dele afirmando que ele estava certo e eu errado. Ele não compreendeu o que eu quis dizer e saiu de lá achando que tinha me ensinado alguma coisa...

Porque ele agia daquela forma? Ou melhor, porque a vida dele agia daquela forma e ele se deixava levar pelo que a vida criava? Porque quando a vida dele criou o certo a partir do que eu ensinei – criou a ideia de que não se pode ter certo e errado – e usou isso para lhe propor uma determinada postura emocional, ele não se libertou da vida.

Saber que não existe nem certo nem errado não pode se transformar numa verdade, numa lei. Este ensinamento deve servir apenas como instrumento para desqualificar uma proposição emocional que a vida crie. A vida dele transformou este instrumento para desqualificar uma opção numa alternativa e ele nem viu isso acontecer e compactou com esta ideia.

Participante: é por isso que acreditar que tenho que ficar em paz em qualquer circunstância que vivo leva à culpa quando não fico?

Sim...

Vocês precisam prestar muita atenção à questão da utilização por parte da vida do que ouvem como ensinamentos. Um dia, uma pessoa perguntou a este médium como fazer alguma coisa que eu tinha dito e que ela não conseguia fazer. Ele respondeu da seguinte forma: ‘você já ouviu Joaquim até o fim? No final de tudo ele sempre diz que não se deve acreditar em nada nem em ninguém. Pois, é o que você está deixando de fazer é isso. Você não tem que fazer o que ele diz’.

A forma como a vida de vocês leva ao consciente um ensinamento ouvido é muito importante. Vocês não podem aceitar que ela trate estas informações como obrigações. Se fizerem isso, a vida explorará esta aceitação para propor determinada reação emocional e vocês, com certeza, não conseguirão excluir esta opção porque acreditam que são obrigados a fazer o que eu ensino.

Aliás, quando recentemente deixamos de fazer palestras, cheguei a comentar com algumas pessoas que esta era a hora que deveríamos ficar mais longe e deixar vocês se afundarem. Afundarem-se sabe no que? No que eu falei.

Eu sempre disse que não devem transformar o que falo numa verdade e vocês transformaram tudo o que falei em verdades. Com isso só trocaram meia dúzia por seis, ou seja, só trocaram de verdades, mas continuaram dependentes de algumas coisas para serem felizes.

Na verdade não foram vocês que transformaram os ensinamentos numa obrigação, mas sim a vida. Ela criou isso para gerar a ela mesma mais uma opção para fazê-los sofrer e vocês aceitaram o que ela criou.

Conversando com um espiritualista - volume III

Cansaço da vida

Participante: eu estou muito cansada de mim mesmo. Não tenho para onde correr...

De que você está cansada na verdade? Da vida...

Este é o primeiro sinal de ser um espiritualista: o cansaço com relação à forma como a vida vive. O espiritualista se cansa de estar ligado à uma vida que não traduz aquilo que ele considera importante.

Sabe por que isso? Porque no espiritualista existe todo um ideal que a vida não segue. É porque a vida não segue este ideal que você diz que não aguenta mais.

Sim, você está cansada. Está cansada de tanto ouvir Joaquim e a vida não seguir o que eu digo. Está cansada de tanto saber como deve agir e chega na hora do acontecimento não consegue pôr em prática. Está cansada de tanto querer entregar-se à vida espiritual, mas se pega agindo da forma mais humana possível. Mas, tudo isso é vida e não você.

Não é você que não segue os ensinamentos, não é você que não os coloca em prática, não é você que não se entrega à vida espiritual. Quem deixa de fazer todas estas coisas é a vida. Portanto, o fazer ou deixar de fazer não depende de você.

É por conta do achar que deve fazer o que ouviu e não conseguir praticar que você se cansa da vida e não a quer mais. No entanto, sabe quando a vida acabará? Quando ela acabar.

É a mesma coisa. Todos vocês vão morrer, então porque ter medo da morte? Todos vocês vão ter que viver enquanto houver vida. Então, porque cansar-se dela...

Por isso, lhe dou um conselho: aproveite a vida que você tem, colocando ou não em prática o que ouve. Não tem jeito, vocês têm que vivê-la enquanto ela existir, ou seja, tem que receber a vida.

A vida é um dom de Deus, não é assim que vocês falam? Mas, acham que vivem e criam a vida. Mas, isso não é verdade. A vida é um dom que Deus dá a vocês.

Participante: por isso se chama presente?

Sim. Para alguns podem ser um presente de grego, mas para outros é um bom presente...

Conversando com um espiritualista - volume III

Amar o próximo

Participante: Cristo ensinou que devemos amar o próximo como a nós mesmos. Só que dentro da teoria todos são diferentes.

O que quer dizer amar ao próximo como a si mesmo?

Participante: é amar aos outros como nos amamos. Se ele não viu o prato ali e chutou, nós não devemos criticá-lo porque poderíamos ter feito a mesma coisa.

Você acredita nisso? É esta crença que lhe leva a sentir-se culpado quando briga com quem chuta o prato. É por conta da ideia do ter que amar os outros que a vida usa quando lhe propõe o sofrer pela culpa de ter brigado com alguém que você sofre.

Voltamos ao sofrimento da culpa. Mas, isso é inexorável. Na verdade, todas as síndromes da vida estão interligadas.

Vamos falar o dia inteiro de diversas síndromes, mas ao fazer isso jamais estaremos nos dirigindo a apenas um sofrimento. Todas as síndromes estão presentes, consciente ou inconsciente, seja qual for o sofrimento que estejamos abordando. Isso porque está tudo interligado.

Quando abordamos o sofrimento da culpa, falamos da síndrome da aceitação. No entanto, quando vemos a síndrome do todo poderoso chegamos à conclusão que a culpa pode ser gerada por esta síndrome, pois muitas vezes a culpa está fundamentada na pretensa capacidade de agir. Sendo assim, a síndrome do todo poderoso lhe leva, também, a viver a culpam e lhe leva a atribuir culpa a quem você acha que agiu de determinada forma.

Participante: então para amá-lo eu preciso dizer à minha vida que a vida dele não mostrou o prato...

Isso. Desqualificar é isso: é usar um argumento para não achar certo o argumento que a vida usa para que você vivencie o que ela propõe.

Não se ama o próximo agindo dentro de uma forma padrão de agir e nem se trata de não agir. Se a sua vida foi brigar com uma pessoa, isso não quer dizer que não a está amando. A única coisa que pode demonstrar o seu amor é não viver o sentimento sobre o outro que a vida propõe. Este é o verdadeiro amor ao próximo.

Na hora que falar com você mesmo, depois de ter brigado ou criticado alguém, mesmo que apenas no seu mundo mental e dizer que não aceita a culpa ou a glória pelo que aconteceu, neste momento estará amando.

Conversando com um espiritualista - volume III

Preservar a relação

Participante: o senhor está falando que se a vida tivesse lógica, nós deveríamos, já que gostamos do outro, fazer tudo para preservar a relação. É isso?

Sim.

Apesar da lógica dizer que deveriam agir de forma a preservar a união, como é que vocês vivem? Cada um dos membros do casal faz tudo para que o outro se mude. Cada um faz de tudo para que o outro deixe de ser ele mesmo e viva como ele quer. Ou seja, apesar de dizer que gosta do outro e quer viver com ele, vocês não mantém o relacionamento atendendo aos anseios dele, mas exigem que ele se mude para que vocês estejam bem.

É desta diferença entre o que você deseja e o que ele é ou quer que surgem as desavenças. É neste momento, também, que ele começa a buscar em outro lugar o que não tem aqui.

Conversando com um espiritualista - volume III

Manter a felicidade no casamento

Participante: no início eu e meu marido éramos assim do jeito que o senhor está falando.

Sim, no início todo casal vive o companheirismo, mas depois muda. Porque isso acontece?

Participante: porque acha que já conquistou o outro.

Isso.

O companheirismo acaba porque o ser humano acha que a vida é uma sequência de momentos. Como já estão juntos há muitos momentos acham que não precisam mais conquistar o seu marido ou esposa. Só que a vida não é uma sequência de momentos, mas apenas um. A vida é cada momento. Por isso é preciso exercer o compartilhar em cada um deles.

A vida é apenas um momento: isso é o que vocês precisam compreender. Não existe um casamento de oito, dez ou quarenta anos. A cada momento existe um casamento novo com o mesmo cônjuge; a cada momento existe uma amizade nova com o mesmo amigo. A cada momento existe uma relação nova com a mãe, pai ou filho. Por isso, a cada momento você tem que estar preocupado em fazer com que aquela relação seja boa para os dois.

Desta ideia chegamos a mais uma coisa que síndrome da princesa traz e, por favor, nunca vivam isso: segurança.

Participante: pois é, foi o que eu senti e me dei mal.

Na hora que você se sente seguro dentro de uma relação, a vida explora uma ideia: eu domei o outro.

É igual a cavalo. O cavalo xucro é arisco, mas quando você o doma imagina que pode fazer o que quiser que ele não reagirá. Imagina que ele o deixará montar sem nunca reagir. Aí você monta e o cavalo lhe joga no chão.

A síndrome da princesa tem este nome porque esta forma de pensar lhe dá a sensação de estabilidade: felizes para sempre. Só que este sempre dura um segundo. Por isso lhes digo: nunca se sintam seguros...

O que estou falando vale para qualquer coisa nesta vida. Não importa o quanto a vida lhe dê a ideia de que alcançou a estabilidade em qualquer aspecto, não viva isso, pois como acabamos de ver a vida não tem lógica. Por isso, qualquer estabilidade é ilusória.

Nada é estável, ou seja, acontecerá da mesma forma que aconteceu antes. Tudo é criado a cada momento com uma lógica completamente diferente do momento anterior. Por isso, o que hoje está em cima pode descer amanhã.

Conversando com um espiritualista - volume III

Compreender a vida

Participante: o que o senhor está dizendo é fácil de constatar, mas, pergunto: porque a vida é assim?

Este é outro grande problema de vocês: quererem entender a vida.

A vida não se entende. Vocês vivem querendo saber por que a vida é do jeito que ela é, mas para esta questão não há resposta.

Por isso, quando a vida lhe fizer este questionamento, ao invés de tentar encontrar uma explicação para a forma como a vida é, responda apenas: ela é assim porque é. Se você quiser entender a vida não conseguirá.

Porque jamais você conseguirá entender como a vida é? Porque quem pode entender a vida é ela mesma...

Se vida é tudo aquilo que você tem consciência de existir e se todo entendimento sobre a vida é uma consciência que você tem, quem entende a vida é ela mesma. Como ela não tem lógica, não se manterá fiel em outro momento ao entendimento que ela criou em momentos anteriores.

Por isso lhe digo que o que você precisa para conseguir eliminar as opções emocionais que a vida lhe dá é constatar que ela é de do jeito que estamos falando, mesmo que não entenda porque ela é desse jeito. Ou será que alguma coisa que estou falando aqui não é a forma como a vida é?

Participante: a gente sabe que ela é assim...

Pois é... Você imagina que me deu uma resposta sábia, mas não se acha realmente isso, você já está entendendo a vida. Ou seja, está pronta para aceitar alguma proposição emocional que ela dará no futuro.

Achando que sabe como ela é, está atribuindo um valor a ela. No futuro esta crença será usada pela vida para justificar um sofrimento.

A única resposta que você pode ter para qualquer coisa é não sei. Se atribuir qualquer valor à vida, mesmo que seja o dela não ter lógica, estará criando uma lógica e com isso não conseguirá nada no sentido de se libertar do que ela lhe propuser. No momento que souber que ela não tem lógica, ela usará esta ideia como lógica. No momento que vida quebrar esta lógica você cairá no sofrimento.

Não se entende a vida: ela foi feita para ser vivida. Como já disse em outras conversas, o que Deus cria não se avalia nem se investiga.

A vida é uma criação de Deus, um dom de Deus e o que Ele faz não se avalia nem se investiga. Não se avalia porque você não tem critérios para poder avaliar e não se investiga porque você não tem competência para conhecer como Ele cria alguma coisa.

Conversando com um espiritualista - volume III

Felicidade e dependência

Participante: na questão que o senhor levantou existe uma linha muito tênue. Uma coisa é você valorizar o emprego que se tem, outra é ter apego a ele. Falo isso com relação à questão das âncoras, do medo de perder e a vontade de ganhar. É uma linha muito tênue entre as duas coisas e se não estamos atentos à vida escorregamos. Eu entendo que o valorizar o presente é uma coisa boa, mas temos que ter cuidado para que com esta valorização não nos apeguemos às coisas este mundo. Lembro-me que uma vez o senhor falou que uma pessoa teria que reencarnar porque achava lindo o passarinho. Neste apreciar o passarinho pode haver um apego ou uma valorização do momento. É isso que não entendo...

Qual a diferença entre apego e desapego? O que distingue uma coisa da outra está ligado à dependência. Apego é dependência. Para que?

Participante: para ser feliz.

Sim, apego é dependência de alguma coisa para ser feliz. Desapego, então, é não depender daquilo para ser feliz.

Na questão do emprego, o que é ter um apego?

Participante: depender de ter um emprego para ser feliz.

Sim, ser dependente de ter um emprego para ser feliz é um apego.

Quem está apegado a alguma coisa não consegue curtir aquele momento. Ele não consegue curtir o emprego dele porque está apegado a ter um emprego para ser feliz.

Já o desapegado é aquele que tendo ou não emprego está feliz. Este, tendo ou não um emprego, gostando ou não dele, vive feliz. O emprego não é a fonte da felicidade da vida dele.

Participante: aliás, nada deve ser a fonte da felicidade para nossa vida, não é mesmo?

Sim.

Participante: nós deveríamos ser felizes por natureza.

Sim, vocês deveriam ser felizes por natureza. Por quê? Porque já são.

Todo ser é feliz por natureza, mas não consegue viver a felicidade que tem porque se torna dependente da vida fazê-lo feliz. Porque se torna dependente da vida criar felicidade.

O ser humano se torna dependente do marido, do filho, da mãe, da propriedade, do emprego, do caro, da comida para ser feliz. Torna-se depende de que a vida lhe dê estas coisas para que esteja feliz.

Exatamente por conta desta dependência é que ele não consegue ser feliz. Melhor, não consegue viver a felicidade que está na sua natureza íntima.

É por isso que disse que a opção deve ser sempre ela opção nenhuma das respostas anteriores. Isso porque quando você não aceita a dependência de que alguma coisa aconteça de determinada forma a felicidade vem de dentro.

Saiba de uma coisa: jamais você criará felicidade.

Conversando com um espiritualista - volume III

A única forma de se reformar

Agora que fomos aceitos por Deus por meio da fé, temos paz com ele por intermédio de Jesus Cristo, o nosso Senhor. Foi Cristo quem nos trouxe, pela nossa fé, para a graça de Deus; e agora nós continuamos firmes nela. Portanto, nos alegramos na esperança de participar da glória de Deus. E também nos alegramos nos sofrimentos, pois sabemos que os sofrimentos produzem a paciência, a paciência traz a aprovação de Deus, e esta aprovação cria esperança. (Capítulo 5 – versículos 1 a 4).

Participante: Esperança de que?

De viver na glória de Deus. De viver a vida espiritual pelos valores universais; viver a felicidade universal.

Paulo é bem claro: é preciso passar pela situação de sofrimento com amor universal (incondicional). Desta forma de reagir aos acontecimentos da vida surge a paciência para esperar o retorno ao mundo espiritual.

Agora, se o ser humanizado passa por estas mesmas situações gritando, brigando, exigindo seus direitos, esta postura sentimental não produzirá a paciência necessária. Com isso, cada vez mais brigará e gritará, exigindo sempre mais para satisfazer o individualismo que fundamenta as formações mentais do ego.

A única forma de se reformar é alterar a forma como se vivencia as situações ditas como de sofrimento através do amor incondicional. Esta forma de agir traz a paciência necessária para a espera do retorno à sua plenitude espiritual. Quando não se reage dessa forma, ou seja, exige-se o contentamento ainda durante a carne, não se atinge a bem-aventurança.

Conversando com um espiritualista - volume III

Universalismo

Participante: Sei que o senhor usou apenas como exemplo o caso dos sem-terra, mas para ficar mais claro, também o continuo usando. Não será no sentido de promover o universalismo (universalizar a terra) que a igreja incita e defende os sem-terra? Este universalismo não é o mesmo que o senhor prega?

Não, o universalismo que prego é a perfeita convivência com o Universo do jeito que ele está e não universalizar através da mudança da realidade ilusória.

Universalismo é dizer aos sem-terra que eles não possuem propriedades e precisam aprender a conviver com este fato com felicidade para que possam receber a glória de Deus. Com isso não estou incitando o fato de que jamais possam ter, pois se isso estiver nos planos da encarnação, receberão de jeito ou de outro. Universalismo é não incitar a luta acusando outros de serem errados, pecadores ou diabo.

É por isso que disse que não é a mesma coisa... A igreja incita a luta – não estou falando que ela incite a violência, mas o lutar. Nosso Universalismo é diferente: propomos promover a reforma agrária não a partir da luta, mas através do exercício da fé, para que Deus possa, se for o caso, realizá-la. Mas, se isso não estiver nos planos da encarnação, também não terá mais importância, pois quem exercitou a fé já alcançou o maior bem que pode ter: sentir a glória de Deus derramando-se sobre ele.

Conversando com um espiritualista - volume III

A interpretação da lei feita por Cristo

Participante: Mas, a lei de Moisés, supostamente, foi dada pelo próprio Deus...

Sim, mas o real sentido dela esteve oculto até Cristo proferi-lo: o amor ao próximo e a Deus. A Lei de Moisés diz não mate, mas o sentido dado por Cristo é: não mate o próximo se você quer estar vivo (amor ao próximo como a si mesmo) e não critique ninguém por causa do amor que você tem por Deus, que está acima de qualquer acontecimento da vida.

Mas, o ser humanizado interpretou a lei através da letra fria e não praticou o amor ao próximo e a Deus. Por causa disso a utilizou para julgar as ações dos demais seres humanizados.

Conversando com um espiritualista - volume III

Índole

Participante: O senhor falou de índole como algo fixo, que é único desde o nascimento. Acontece que existem algumas pessoas que alteram o seu padrão comportamental ao longo do tempo. Como fica isso?

Deus mudou o trabalho daquele ser para a obra geral. Ou seja, Ele alterou a índole para que este ser se adaptasse a novos desafios. Mas, isso não acontece ao acaso...

Lembre-se que Deus é Onisciente, ou seja, sabe de tudo. Sendo assim, ele já sabia que sua índole, em determinado momento seria alterada. Sendo assim não houve, na verdade, uma alteração, mas o mesmo planejamento continuou sendo executado.

Participante: Nós podemos nos libertar de nossa índole?

É impossível se livrar dela, ou seja, deixar de ser quem é. O que pode ser realizado é a libertação da alimentação dos frutos dela. Deixe-me explicar.

Vamos dizer que você veio como crítica. Esta é a sua índole e Deus a usará. Seria impossível você se alterar, pois a sua encarnação interage com as demais e, se você mudasse sem que isso estivesse previamente traçado, alteraria também a encarnação de outros.

Portanto, por uma questão de interdependência entre as encarnações (obra geral e não particular) seu modo de agir motivado pela sua índole não pode mudar. Só que, quando você voltar-se para Deus e abandonar as intencionalidades individualistas que dão valor aos acontecimentos, não sentirá mais prazer ou dor por ser do jeito que é.

Pode, ainda, como já disse, se estiver pré-programado, mudar a sua personalidade, mas cada ser humanizado terá sempre uma natureza, uma índole, com a qual vivenciará inconscientemente durante os acontecimentos da vida. Jamais o ser humanizado se transformará deixando de ser o que é e passando a ser um santo (praticando atos considerados bons) como fruto de sua reforma íntima.

Além do mais, se libertar da índole ou não (mudar sua forma de agir), deixa de ser o primordial para quem entende o ensinamento. A libertação da índole só é importante para aquele que julga atos, que quer ser outra pessoa.

Quem entende bem os ensinamentos sabe que o problema não é a índole, mas o fruto dela: o prazer e a dor surgidos na convivência com ela. O problema é querer gozar o fruto positivo (‘briguei mesmo, ele merecia, pois não presta’) ou negativo (‘eu não presto, porque fui fazer aquilo’) da sua índole.

A índole, por exemplo, é fundamentada na cobiça. Se, motivada por ela, Deus fizer a obra geral lhe dar posses materiais e você querer gozar isto, nada terá realizado. Do mesmo jeito, se sofrer por que não tem o que cobiça, nada terá realizado.

Agora, se mesmo querendo, possuindo ou não, você mantiver uma postura sentimental equânime, terá alcançado a liberdade do ego e terá saído do pecado que Paulo fala.

Conversando com um espiritualista - volume III

A razão humana e o assassinato

Participante: é por causa da má educação de nossa razão que existem diversas pessoas que nós consideramos como bandidos e assassinos, e o senhor sempre diz que eles não estão errados...

O que você chama de erro, mesmo nos casos mais drásticos, é consequência da sua má educação e não do que o outro faz. Isso porque só existe alguém errado quando a sua razão mal educada afirma que foi ferida alguma norma dos seus códigos de leis, que são gerados por ela para preservar a sua humanidade. No caso dos bandidos, por exemplo, acusá-los de qualquer coisa é julgar, o que uma mente que tenha tido uma educação formada pelos valores ensinados pelos mestres não faria.

Quem é você para julgar alguém? Será que você se acha melhor do que o Pai para punir alguém? Sim, porque Deus não pune aqueles que cometem crimes. Ouça o que ensina Cristo:

“Vocês sabem o que foi dito: ame os seus amigos e odeie os seus inimigos. Mas eu lhes digo: amem os seus inimigos e orem pelos que perseguem vocês, para que vocês se tornem filho do Pai que está no céu. Porque Ele faz o sol brilhar tanto sobre os bons e os maus e dá chuva tanto aos que fazem o bem como aos que fazem o mal”. (Mateus, 5, 43 a 45)

Aí, vocês, por terem formação espírita, me dirão: ‘mas, o Espírito da Verdade afirma que é um crime matar os outros’. Eu respondo com outra informação daquele cujos ensinamentos você diz acreditar:

“853a. Assim, qualquer que seja o perigo que nos ameace, se a hora da morte não chegou, não morreremos? Não, não perecerás e tens disso milhares de exemplos. Quando, porém, soe a hora da tua partida, nada poderá impedir que partas. Deus sabe de antemão de que gênero será a morte do homem e muitas vezes seu Espírito também o sabe, por lhe ter sido isso revelado, quando escolheu tal ou qual existência”. (O Livro dos Espíritos)

Aí está o motivo pelo qual Deus não condena aquele que você se acha capaz de fazer: Ele sabe de antemão o gênero e a hora da morte de cada um. Pela Onisciência o Pai já sabia que isso ia acontecer e, por isso, posso dizer que deixou acontecer. Se a morte não tivesse que acontecer, com certeza Ele faria um espírito agir sobre o ser humanizado para que a bala se desviasse (pergunta 528).

Por ter ciência prévia da hora e do gênero da morte de cada um é que Deus não condena mesmo quem mata. Se Ele não condena, será que você tem este direito? Só a sua má educação é que lhe confere este poder. Ou como disse a cobra para Eva: Deus não quer que vocês comam o fruto do conhecimento para que não sejam iguais a Ele (Gênesis, 3, 4). Aquele que vive a partir de uma razão mal educada quer ter os olhos abertos e ser capaz de julgar o bem e o mau, coisa que apenas o Senhor, por ser a Inteligência Suprema, pode fazer.

Antes de continuarmos, apenas um detalhe. Quando falo assim dos bandidos e assassinos não estou querendo dizer que não deve haver cadeia, que eles não devem ser julgados pelas leis da sociedade humana. Isto faz parte da Divina Comédia Humana, da ação carmática de cada um. O que estou querendo dizer é que ele não deve ser julgado e condenado por você, que não precisa receber a sua crítica e o seu ódio. Os acontecimentos da existência do ser que está vivendo o papel de bandido existirão sempre que estiverem programados para acontecer, mas você, se quer realizar a sua reforma íntima, não deve se dar o direito de julgá-los.

Da mesma forma, quando falo daquele que vive com uma razão mal educada não estou acusando ninguém. Como já falei anteriormente, nunca acuso ninguém de nada. Estou apenas constatando que esta forma de viver não está de acordo com os ensinamentos dos mestres e que por isso é preciso se reformar a razão que vive a partir destes conceitos.

Na verdade, o mal na situação que estamos comentando só está em quem vive apegado à razão humana. Vocês sabiam que existem missionários que vêm a Terra apenas para praticar delitos desta gravidade? Sim, existem espíritos que recebem como missão agir contrariamente aos ditames da razão mal educada, apenas para servirem de instrumentos à provação dos espíritos encarnados. Neste caso, todo seu ódio que sentiu por ele volta para você, já que são protegidos para que nada lhes alcance, visto que são enviados do Senhor.

Participante: é difícil aceitar isso...

Eu sei que para sua razão mal educada é difícil aceitar isso, mas ouça este trecho da resposta do Espírito da Verdade à pergunta 132 de O Livro dos Espíritos:

“visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus”.

O assassino é um espírito que toma um corpo cuja matéria seja igual a dos habitantes da Terra, para aqui, sobre as ordens de Deus, realizar ações que sirvam como provações para os seres encarnados, o que é a obra geral. Não foi exatamente o que falei a respeito de missionários? Porque não conseguem enxergar isso? Porque a razão de vocês é mal criada, ou seja, educada para defender sua humanidade.

Além do mais que morte pode existir? Para vocês morte é a cessação da vida. Mas, se como já vimos, ninguém morre antes da hora, isso quer dizer que não havia vida humana programada depois daquele momento. Não havendo, não houve morte, pois nada deixou de existir.

Conversando com um espiritualista - volume III

A importância do casamento

Pergunta: As uniões não duram depois da morte?

Para quê? Que serventia teria esta união na eternidade espiritual?

O casamento não tem valor para os espíritos, a não ser para aqueles que ainda estão presos no eu. Estes, mesmo sem carne, ainda são seres humanos e, portanto, precisam da união para viver o prazer...

Se assim o é, para quem renasce do espírito ainda em vida, essa união, como entendida pelos conceitos humanos, acaba.

Deixe-me fazer uma pergunta àqueles que defendem a santidade desta relação. Vocês já nasceram e viveram muitas vidas. Já casaram com espíritos que em outra encarnação foram pais, mães, etc. E aí?

Vocês já viveram mil vidas e durante elas tiveram centenas de espíritos que serviram como maridos e esposas... Qual deles é o seu marido ou esposa espiritual? Nenhum deles, pois todos são irmãos universais...

Mas, tenho outra pergunta a fazer: qual o objetivo de saber disso? Por que é importante conhecer esta Realidade?

Digo isso porque não adianta apenas estudarmos uma coisa sem sabermos como aplicar o ensinamento à existência material. Isso seria o mesmo que o apego à letra fria que Cristo condenou...

Conversando com um espiritualista - volume III

As autoridades e o carma

Participante: a primeira palavra que me veio à mente é justamente carma. A autoridade é um carma e nós estamos relacionados com ela porque isso está relacionado ao nosso carma também.

Quem está sujeito a uma autoridade acima de si, deve obedecer a ela. Não adianta ficar discutindo se ela tem capacidade para estar onde está, pois está lá, ou seja, tem o poder. Mesmo que essa autoridade tenha conseguido o cargo por ser um puxa saco ou sem o merecimento que você acha que ele deveria ter. Com certeza ele tem o merecimento para estar lá, senão Deus não conferiria a ele a autoridade. Sendo assim, a primeira coisa que temos que parar é de xingar os outros e de falar mal das autoridades.

Agora, porque foi conferido a ele e não a você a autoridade?

É a questão dos papéis que se vive na vida que já conversamos. Na vida cada ser vivencia papeis. O papel que cada um vivencia nada mais é que o carma dele ...

A função que cada um exerce nos momentos da vida contém uma série de carmas (verdades) envolvidos nela. Como já disse, o médico é um ser que tem um carma que o transforma em médico. Aquele ser vai ser médico para vivenciar determinados carmas.

Portanto, não existe ninguém fora do lugar, pois cada um vivencia o seu carma. Essa é a primeira coisa...

Agora, pergunto: o que o ser que está vivendo o papel de autoridade como carma tem que fazer para poder passar nessa prova? Ser universal e não individualista, não querer para si.

Lembra-se no início desse estudo quando estávamos debatendo relações e eu disse que a única que não é amoral é a relação com amor universal?

Sendo assim, se você tem poder e se relaciona com os seus subordinados usando do sentimento do poder, usando o sentimento de que você é o gostosão, usando o sentimento da soberba, tem uma relação amoral. Agora se você é o subordinado e tem uma relação com o seu chefe de revolta, de crítica, de acusação, está também tendo uma relação amoral com ele, pois se entregou às suas paixões, ao que sabe.

O ensinamento de todos os mestres é bem claro: respeite as autoridades porque quem confere o poder para alguém se tornar autoridade é Deus. Isso faz parte do carma de cada um, pois se aquele que vive o papel de autoridade não se relacionar amorosamente com seus subordinados, nada terá feito com relação à elevação espiritual.

Participante: o senhor fala assim e me vem a ideia de que tudo o que o meu chefe falar eu vou ter que obedecer.

É isso... Mas, veja, eu não estou falando de ato. O ato você vai acabar fazendo o que tiver que fazer, pois não é você quem faz.

Participante: o sentimento é que tem que ser universal, então?

Isso, a relação com o seu chefe.

Tudo o que ele disser, faça você se fizer ou não, não faça xingando ou elogiando internamente, mesmo que xingue ou elogie externamente...

Participante: por exemplo, a situação de dar uma ordem e eu não concordar com aquilo. Vou chegar para ele e falar o que vejo sem discussão, quer dizer, o ato não tem nada a ver.

Se você chegar para falar, chegou...

Repare: você já está programando atos. Mas, não pode se programá-los, pois você pode fazê-los ou não.

Não adianta querer saber agora o que irá acontecer...

Participante: o ato é o de menos, ele já é consequência do sentimento.

O ato já é a própria continuação da história, um novo momento.

Participante: é o caminho que você seguiu, a escolha sentimental que você fez.

E é o que ele merecia. Agora, temos que ter todo o cuidado para não criticar e não elogiar, seja quem for.

Participante: e ainda entra aí a questão do merecimento positivou ou negativo. Pode merecer como missão ou como prova e como a gente não consegue saber se é uma coisa ou outra...

Ame... Aí você está segura.

Se não sabe se é uma coisa ou outra, ame logo de uma vez e estará segura que não vai errar.

O problema é: 'eu tenho a certeza que ele está errado'. Gostaria de saber o que vocês têm tanta certeza nessa vida...

Não sabem onde, quando, como, porque de nada, mas continuam tendo certeza das coisas. É essa certeza que não lhes deixa aceitar as autoridades.

Participante: mas quando a gente sabe o que faz, nos tornamos autoridades. No meu trabalho, posso não ter condição de dizer que conheço tudo, mas durante a minha vida trabalhando lá adquiri um certo conhecimento prático sobre aquilo que estou fazendo. Isso não me transforma em autoridade naquele momento?

Se você mostrar o sentimento de autoridade, sim. Vamos tentar entender isso, porque vocês estão querendo saber de atos e o este assunto não pode ser debatido.

Então o seu chefe mandou fazer uma coisa, mas, você sabe que está errado. Quantas vezes isso já aconteceu? Dentre estas vezes, quantas se calou e quantas falou? Muitas vezes, não?

Então veja: não adianta discutir atos. Se ele falar e você souber que está errado, ou você fala ou não. Não dá para premeditar se vai falar ou não em todas as vezes. Algumas vezes quando sabe mais que ela, fala; outras vezes sabendo mais, não fala.

Portanto, o problema não é saber se vai falar ou não, mas sim na hora que fala, se vai criticar ou elogiar, Na hora em que analisa o que fala ou ouve, você não pode se criticar ou se elogiar.

Não se preocupe com atos, pois está querendo se preocupar com isso achando que pode decidir se vai agir ou não. Não se preocupe se vai responder a ele ou não, preocupe-se em estar bem, respondendo ou não. Tem horas que você diz, não vou falar, mas fala; tem horas que diz, vou lá falar, e não consegue.