Senhor da yoga - Cap. 9 - Caminho da verdadeira ciência

Senhor da yoga - Cap. 9 - Caminho da verdadeira ciência

Estudo do capítulo IX do Bhagavad Gita

Senhor da yoga - Cap. 9 - Caminho da verdadeira ciência

Versículo 1

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Versículo 9

O bendito Senhor disse:

01. A ti, Ó Arjuna, que não tem maus pensamentos, revelar-te-ei agora o grande mistério da Sabedoria, que, se acompanhado pelo entendimento e pela realização, te libertará de todo mal.

Krishna vai nos revelar agora o grande mistério da Sabedoria. Só que antes de conhecê-lo precisamos nos atentar a um grande detalhe: este conhecimento precisa ser acompanhado do entendimento e pela prática. Sem isso, este segredo de nada vale.

Qual a compreensão que é necessária? Tudo é manifestação de Deus. Qual a prática necessária para a libertação do mal? A vivência de que não há agentes de ações, mas sim acontecimentos emanados por Deus que valem como provação para quem os vivenciam.

Sem esta compreensão e sem esta prática, você não se liberta do mal.

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Versículos 2 e 3

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Versículos 2 e 3

02. Esta é a rainha das ciências, o segredo dos segredos e o purificador supremo. É realizado pela percepção direta e é a própria retidão. É espiritualidade e imortalidade e é fácil de praticar.

03. Ó Arjuna, os homens que não têm fé nesta ciência do conhecimento do Ser não chegam a Mim e voltam pelo caminho da morte e do renascimento.

Mais uma coisa que é preciso para poder se adentrar na verdadeira ciência, no segredo real: ter fé. Para poder se compreender o que Krishna vai nos ensinar é preciso entregar-se a esta informação com confiança. Ou seja, de nada adianta você ficar questionando se o que o Bendito Senhor ensina está certo e se a prática deste ensinamento realmente vai lhe levar à elevação espiritual. Se entregue a ele e aguarde os resultados confiantemente.

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Versículo 4

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Versículo 4
Versículo 4
Versículo 4
Versículo 4
Versículo 4

04. Todos estes mundos estão compenetrados por Mim, em Meu estado imanifesto. Todos os seres estão em Mim, porém Eu não estou neles.

Há algum tempo uma pessoa em uma de nossas conversas me disse que tinha feito uma figura para entender o universo e Deus. Ela disse que imaginou que o Universo era o próprio Deus, que cada planeta era órgão Dele e que cada um dos seres que habitam estes mundos eram como células dos órgãos. Com este ensinamento de Krishna posso dizer que se vocês conseguirem escapulir da visão material que têm das coisas e somente pensarem em corpos, esta figura é sim uma a grande verdade.

Tudo está compenetrado em Deus e por isso tudo é Ele, faz parte Dele. Tenho apenas uma ressalva a fazer a esta figura.

Apesar de estar comparando Deus a um corpo humano, digo que não se deve comparar cada planeta a um órgão humano. Fazendo isso, vocês podem chegar a conclusões errôneas, já que para vocês os órgãos de um corpo podem ser distinguidos por importância. Por exemplo: vocês dão mais valor ao coração do que aos intestinos.

Portanto, façam esta comparação, mas não apliquem importância aos órgãos de Deus. Todos os planetas possuem a mesma importância dentro do universo que é deus.

Para melhorar a figura, sugiro que vocês comparem o universo a uma cadeira. Neste objeto não existem partes mais importantes que outras. Todas são iguais. Portanto, fazendo esta comparação, Deus é a cadeira, cada planeta uma parte dela e cada átomo da cadeira é um ser do universo.

Participante: usando a mesma comparação que o senhor fez, porque Deus deixa algumas partes serem cancerosas, ou seja, que sejam elementos que fazem maus para os outros?

Os que ainda não alcançaram a perfeição não são células doentes, mas ainda em desenvolvimento. Ou seja, são células que ainda não sabem executar perfeitamente a sua função. São células que ainda não sabem trabalhar perfeitamente e não más.

Sim, no universo existem células assim, mas Deus quer que isso exista. Porque Ele quer criar uma célula que ainda não saiba executar perfeitamente a sua atividade? Por causa do equilíbrio das coisas. Se todas as células fossem perfeitas, haveria um desequilíbrio.

O corpo são é aquele que tem doença equilibrado com saúde. O corpo perfeito não é um corpo são, mas aquele que tem saúde equilibrada com doença. Um Todo perfeito é um Todo equilibrado.

Participante: Se Deus é Supremo, Ele já é o próprio equilíbrio. Por isso não precisaria haver células sãs e doentes.

Ele é o próprio equilíbrio, mas para que qualquer coisa esteja em equilíbrio é preciso haver dois pólos. Estando cada lado em perfeita harmonia com o outro há o equilíbrio. Mas, se houver um lado apenas, a balança estará desequilibrada.

Ora, se Ele é o próprio equilíbrio, isso quer dizer que precisam haver células menos desenvolvidas que contrabalancem com outras que estão mais avançadas. Agora, por favor, não fale em células más, mas células que ainda não executam suas funções perfeitamente.

O corpo de Deus, ou seja, o conjunto de seres do universo, é o equilíbrio e por isso tem que ter dois pólos: os espíritos que ainda não sabem fazer o seu trabalho e aqueles que já sabem. Com isso se alcança a perfeição.

Compreenda que atingir a perfeição não é ter nada que possua algo que seja apenas perfeito. Ela só existe quando há o equilíbrio entre os menos e os mais perfeitos. Justamente por que Ele é o equilíbrio, tem que ser equilibrado e não formado apenas por um pólo.

Portanto sempre haverá espíritos com menos conhecimento que outros para que haja o equilíbrio?

Sim.

Por conta desta eterna necessidade de existência de seres em diversos níveis de desenvolvimento volto a dizer que quando você busca a elevação espiritual como caridade, para abrir espaços para outros avançarem, está se universalizando. Isso porque ao crescer você poderia causar um desequilíbrio no universo, pois alguém saiu do menos desenvolvido para mais. No entanto, como Deus faz outro avançar para o lugar que você estava, Ele equilibra o universo sempre. É assim que Deus vai organizando o universo e mantendo o equilíbrio universal.

Na verdade, as diferenças entre os espíritos é que justifica a existência de Deus. Se tudo fosse um mar de rosas, se tudo fosse idêntico e agisse apenas de uma forma, para que uma Inteligência Suprema para organizar as coisas? Além do mais, se não houvesse tudo isso você nem existiria, pois não haveria razão para existir. O universo precisa de uma razão para existir e essa é o equilibrar-se sempre constantemente.

Isso é o que quer dizer a primeira parte deste ensinamento. Vamos para a segunda. Krishna afirma: todos os seres estão em Mim, mas eu não estou neles. Vamos entender isso...

Deixe-me só lembrar um ensinamento que já falamos: Deus manifesto, imanifesto e manifestado. O que quer dizer cada um destes deuses? Vamos relembrar este ensinamento porque ele é muito precioso para quem quer a evolução espiritual e porque nos ajudará a compreender o que o Bendito Senhor está falando aqui.

No universo existem seres e matérias, ou seja, espíritos e matéria universal. Nada mais existe a não ser isso. O que é ser um espírito? É ser a parte inteligente do universo. Tudo que possuir inteligência é espírito e o que não possuir é matéria.

O que é inteligência? É a capacidade de receber, analisar e arquivar informações. Se a sua perna ou a cadeira não tem capacidade de receber, analisar informações e tomar decisões, isso quer dizer que ela não é um espírito. Só quem tem é você, aquele que comanda a identidade humana.

Segundo o livro Gênesis da Bíblia, Deus ao criar a forma humana disse assim: façamos o homem – que na verdade não era o homem, mas sim o espírito – à nossa imagem e semelhança. Se adotamos isso como verdadeiro, podemos dizer que Deus lhe fez à imagem e semelhança Dele. Ora, isso quer dizer que se você é um espírito, Ele também é um espírito. Se você é igual a Ele e você, pela análise do ensinamento do Espírito da Verdade que fala dos elementos universais, é um espírito, isso quer dizer que Ele é um espírito.

Este é o Deus manifesto, ou seja, o Deus personificado. O Deus que é algo. Deus é um espírito, um ser que não tem nome, sexo, cor, raça e que você rotula como Deus assim como se imaginam ser Maria ou José.

Este é o Deus manifesto. Ele não é manifestado. Manifestados são aqueles que se manifestam por Ele, aqueles que se manifestam pelo Deus ser. A diferença entre o Deus manifesto e os manifestados é o grau de universalismo. Entendamos esta questão.

Uma das propriedades do espírito é o universalismo, é a perfeita integração com o todo, é o não viver para si, mas para servir a todos. Vou dar um exemplo para entendermos. Dentro da cadeira há milhares de átomos, milhares. Estes átomos não vivem para si mesmos, mas trabalham para que a cadeira exista. Dentro do corpo humano há milhares de células. Elas não vivem para si mesmas, mas sim para o corpo.

Universalismo é isso: é ser uma célula que compõe um órgão do corpo físico. É a capacidade que o espírito tem de trabalhar (viver) para o Todo e não para si mesmo.

Participante: é como no nosso emprego, nós trabalhamos para o bem da empresa e não para o nosso...

Quando isso acontece, sim é assim. No entanto, na maioria das vezes cada um trabalha para si mesmo e não para a empresa. É por este motivo que muitas empresas acabam.

Ora, se anteriormente comparamos as células do corpo aos seres do universo e se também dissemos que Deus é um destes espíritos, temos que admitir que ele também entra nesta questão do universalismo. Mas, como será que Ele vivencia o universalismo, ou seja, a capacidade de viver para o Todo?

Ele é a célula que possui o mais alto grau de universalismo, o ser que possui a maior capacidade de viver para o Todo. Ele é a célula que mais abriu mão de tudo que fosse individual. Quem alcança o estágio de entrega do total do eu em benefício do Todo não possui o menor resquício de individualismo. Aliás, Ele nem se vê como um ser, mas como o todo do qual faz parte. É desta conclusão que surge a frase que define tudo o que existe: o universo é Deus e Ele é o universo...

Voltando aos deuses do universo que comentamos, posso dizer que existe um Deus manifesto, o ser Deus, mas também existe um imanifesto: o próprio universo. Isso porque para Deus o universo é Ele. Se o universo é composto pela soma dos seres que habitam nele, eu posso, então, dizer que cada espírito é um Deus imanifesto.

Sendo assim, quando Krishna fala no Deus imanifesto (‘Todos estes mundos estão compenetrados por Mim, em Meu estado imanifesto’), fala nos espíritos que compõem o universo e nas matérias universais que existem. Tudo está Nele. Só que Krishna também diz: ‘Todos os seres estão em Mim, porém Eu não estou neles’. Sendo assim, podemos dizer que tudo que existe está em Deus, mas Deus não está nas coisas. Vamos entender isso...

Por que será que todos não estão dentro do Deus universo? Por causa da capacidade de universalização. Deus está em todos porque é a universalização personificada, ou seja, porque não se vê como um, mas como tudo o que existe. Já os seres do universo possuem menor capacidade de vê-se como o todo e por isso ainda possuem resquícios do um, de um identidade individual Por conta desta visão de si mesmo, ainda existe o individualismo e por isso eles não estão em Deus.

Cristo também falou isso. Ele disse: Deus está em todos e todos não estão em Deus. Buda falou disso. Portanto, este assunto é algo que precisamos compreender perfeitamente.

Falo isso porque existe uma teoria (Panteísmo) que diz que o espírito é uma fagulha que sai de Deus. O Senhor do universo seria uma bola que igual sol envia parte di se para o exterior. Aplicando esta teoria aos conhecimentos espíritas, poderíamos dizer que a compreensão seria que o Pai desprenderia espíritos que encarnam e depois que morrem e voltam a fazer parte de Deus. Retornam à bola.

Na verdade isso acontece. O espírito quando desencarna retorna de onde saiu para viver a vida carnal. No entanto, o espírito não volta para o Deus manifesto, mas sim para o imanifesto, o próprio universo. Esta é uma coisa que devemos ter em mente para bem compreender a existência eterna do espírito.

Voltando ao que Krishna está ensinando neste trecho, que Deus não está nos seres, mas eles estão Nele, e ainda usando o que falamos do retorno ao Universo, podemos dizer que quando o espírito adianta-se no universalismo a sua individualidade não é perdida, ou seja, não perde a individualidade. Isso porque apenas Deus tem a capacidade suprema de ver-se como o Todo, sem qualquer resquício de eu. Mas, se o espírito não perde a individualidade, o que acontece quando ele avança no universalismo? Ele perde o individualismo. Individualismo é viver para o eu, individualidade é o próprio eu.

Visto, então, o Deus manifesto e os deuses imanifestos, falta apenas para compreendermos a trindade que compõe o universo falarmos do Deus manifestado. Este Deus é representado pelos acontecimentos que ocorrem no universo. Tudo aquilo que os deuses imanifestos promovem é um deus manifestado.

Agora podemos compreender bem o que o Sublime Senhor está nos ensinando neste trecho. Ele diz que você faz parte do Deus imanifesto, o universo, mas não faz parte do Deus manifesto, o ser que existe e é igual a você. É isso que precisamos compreender deste trecho. Sei que esta compreensão não surge espontaneamente para aqueles que não conhecem a trindade que forma o universo, mas isso ocorre porque ainda existe uma só palavra para designar o que é Deus.

Portanto, sempre que eu ou qualquer outro mentor disser que você faz parte de Deus, assim como Krishna fala neste trecho, é preciso compreender que está se falando do Deus imanifesto e não do Deus ser.

De tudo o que falamos vocês devem estar imaginando que o universo é muito mais complexo do que vocês imaginavam, não? Apesar de isso ser real, posso dizer que viver nele é simples. Na verdade viver no universo é algo muito simples, mas vocês complicam.

A complicação acontece quando vocês criam um padrão para a existência para que possam considerar que existe uma vida. Estou falando dos desejos. Vocês só dizem que estão vivos, felizes, quando conseguem o que sonham, almejam. Acontece que quando o seu sonho de hoje se realiza, você já quer mais, já exige mais da vida para se considerar vivo. Na verdade nunca se contentam.

Viver não é esperar acontecer o que deseja para que se viva, mas sim saber conviver com o que se tem. Eu diria que existe uma ciência que precisa ser aprendida: a de viver. O ser humano esqueceu o que é viver. Quando consegue relaxar um pouco até descobre o que é viver, mas é por acaso e não por ciência. Acho que dedicar a vida a aprender a viver é ganhar a vida.

Participante: Ah, mas aí vou viver quando? Se eu não passar a minha vida inteira estudando como viver, quando vou viver?

 Quando estiver morto. Quando estiver morto vai viver o que aprendeu aqui. Como morrer você vai de todo jeito, se não aprender a viver aqui quando estiver morto ainda não viverá.

Se eu tivesse alguma coisa a ensinar a vocês depois destes cinco anos de conversa, seria ensinar a viver. Isso porque quem sabe viver chega à luz. Este sempre viverá em comunhão com Deus, porque como estudamos hoje, Deus é a vida porque é tudo o que existe e a ação destes elementos.

Deus não é a cadeira, mas para que ela exista é preciso que haja Deus. Na hora que você compreender isso aprenderá a viver, pois viverá com Deus e não com uma cadeira. Na hora que aprender que viver não é fazer o que quer, o que gosta, o que deseja ou que o resultado de uma ação seja sempre aquele que você espera, mas que independente do que está acontecendo você está vivendo com Deus, poderá ser feliz, poderá sentir-se vivo.

A vida tão difícil para vocês, tão amargurada, tão problemática, estressante, quando vivida com Deus vira um passeio. Passa a ser um caminhar numa aléia cercada de flores, num jardim que tem flores que possuem os perfumes mais maravilhosos. Será um caminhar num caminho onde existem cachoeiras que cantam a queda d água. Isso é a vida, mas vocês não conseguem viver assim porque estão presos aos seus individualismos.

Para libertarem-se dos seus individualismos e viverem a vida que descrevi vocês precisam compreender uma coisa: a vida não está ligada aos anseios humanos. Para quem aprende a viver como falei, o barulho da queda d’água do jardim em que vive pode ser o mesmo da bomba que mata. O cantar da bomba soa para quem vive a vida ligada a Deus igual ao d’água caindo na pedra. A flor perfumosa que este encontra pelo caminho pode ser o lixo que se junta e degrada o meio ambiente. Para que este caminho bonito e perfumado seja realidade, basta você aprender a viver com Deus no lixo e na bomba.

Na hora que você puser a mesma essência na cachoeira que canta e na flor que perfuma que coloca na bomba que mata e no lixo que polui, viverá a mesma coisa nas duas situações. Além do mais, não estará faltando à realidade, já que elas são a mesma coisa: Deus, são deuses imanifestos.

Este é o ensinamento mais profundo que podemos trazer e que há cinco anos estamos falando. Não adianta você plantar um jardim humano para poder alcançar a vida; é preciso plantar o jardim dentro de você mesmo. Quando isso acontecer viverá tudo como se estivesse no jardim.

O jardim que os chineses e japoneses fazem como caminho para a elevação espiritual não está fora deles, mas sim dentro de cada um. O problema é que quando estamos no trabalho espiritual e nos lembramos de Deus vivemos o jardim interno, mas quando estamos na frente de um problema, do que não se gosta, do saldo do banco negativo, do prato de comida que está vazio, nós saímos deste jardim. No entanto, se nos mantivermos no jardim na frente de tudo isso, o jardim estará sempre lá, porque ele está dentro de cada um.

Tem uma história que dizia que Deus se decepcionou com os espíritos. Por isso quis se esconder deles. Conta que ele procurou milhares de lugares para se esconder, mas não achou nenhum. Sempre o espírito O achava. Até que um dia o Pai se escondeu dentro de cada um e aí o espírito não mais o encontrou.

Se nos voltarmos para dentro, vamos encontrá-lo. Mas, se ainda estivermos do lado de fora, olhando para fora, procurando Deus fora de nós não acharemos. Enquanto esperarmos que as bombas cessem e que o lixo seja reaproveitado, que a maldade suma e que os homens tenham vergonha na cara, não acharemos Deus.

O Senhor não está fora de nós, mas sim dentro. Portanto, para achá-lo é preciso que nos voltemos para dentro e mudemos os nossos interiores para que Ele esteja lá. Se continuarmos buscando-O fora, jamais O encontraremos.

Senhor da yoga - Cap. 9 - Caminho da verdadeira ciência

Versículos 5 e 6

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Versículos 5 e 6

05. Ainda que seja o sustento e o protetor dos seres, mesmo assim, Meu Ser não está neles.

06. Como o grande vento que se move por todas as partes está sempre no espaço, da mesma maneira, sabe ó Arjuna, que todos os seres estão em Mim.

Ninguém consegue confinar o vento. Ele está sempre espalhado, anda por todos os lados. Assim também com os seres encarnados: eles estão espalhados por diversos lugares e ninguém consegue juntá-los em apenas uma vertente. Só que Krishna ensina que por mais que estejam espalhados os seres estão em Deus.

Este espalhado nós não consideramos apenas no sentido territorial, mas sim espalhado entre as mais diversas situações de vida. Por mais espalhado que os seres estejam, ou seja, por mais diferentes que sejam as condições de vida dos seres, todos eles estão em Deus.

Vamos usar este termo espalhado incluindo o mais perigoso marginal até o mais santo homem, pois estas são situações de vida que vivem os seres humanizados. Todos estão em Deus, independente do que vivem.

Já falamos no Deus ser e no Deus universo. Todos os seres estão espalhados no Deus universo. Não no ser, mas dentro do Deus universo. Ou seja, são todos instrumentos do universo para a manutenção da vida.

Esta é a verdadeira ciência que Krishna está nos ensinando neste capítulo. A verdadeira ciência é saber que o universo está sempre equilibrado, não importa o que aconteça. Você é que vê desequilíbrio, mas o universo está plenamente equilibrado.

O que acontece é o equilíbrio do universo. Não é um desequilíbrio que precisa ser equilibrado depois. Portanto, se acontece algo, este algo é o equilíbrio do universo. Esta é a verdadeira ciência. Ela é alcançando quando você compreende o equilíbrio universal.

Senhor da yoga - Cap. 9 - Caminho da verdadeira ciência

Versículo 7

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Versículo 7

07. Ó filho de Kunti, todos os seres, no fim de um ciclo voltam à Minha natureza; e, no começo de um novo ciclo, Eu os emano de novo.

Há uma teoria (Panteísmo) que fala que o espírito é uma partícula de Deus e que sai do Pai e volta para Ele. Esta teoria em parte é verdadeira. Quando pensamos no Deus não manifestado, ou seja, no universo, vemos que ela é real.

O espírito sai do universo e vem para a carne, para a matéria carnal, para a vida carnal, para esta ilusão. Quando acaba esta passagem volta para o universo ou mundo espiritual, como queiram chamar. O que é irreal nesta teoria é o fato de se imaginar que o espírito sai do Deus ser.

Nesta teoria é dito que existe uma única inteligência que desprende inteligências inferiores que depois de um determinado tempo voltam para a inteligência única e com isso perdem a sua individualidade. Não é isso.

Na verdade o espírito sai do mundo universal, do que vocês chamam de mundo espiritual, e entram no mundo carnal, ou mundo materializado. Quando o ciclo humano acaba voltam ao mundo universal. Acontece que em todo este processo o espírito jamais perde a sua real identidade.

É como Buda disse: o espírito é luz e sempre será luz. Ele sempre terá a sua identidade. Ele pode estar poluído, mas continua sendo luz.

Participante: eu penso que o espírito vive no universo e durante algum tempo adquire uma matéria mais grossa e depois do fim deste ciclo volta ao universo.

Eu prefiro falar que ele se une a uma matéria mais grossa.

Quando se fala que ele adquire esta matéria, dá a entender que esta matéria faz parte dele e isso não é real. Na verdade o ser se liga a uma matéria mais densa, mas continua tendo na sua essência a mesma matéria.

Isso se diz com relação às matérias. Com relação ao nível da consciência, se diz que ele se desliga da sua consciência universal e passa a viver outra, a humana. Fala-se assim, pois quando encarnado vive as construções da mente humana como realidade, como uma consciência. Portanto, ele não deixou de ter a consciência universal, mas desligou-e dela. A verdadeira consciência está presente adormecida no inconsciente.

Enquanto o ser tiver uma consciência humana, a sua consciência espiritual está ofuscada. Ela passa para o inconsciente e o ser vive um consciente humano. É neste sentido que ele se desliga do universo. Na verdade, o espírito não sai do universo, mas não realiza conscientemente a sua realidade.

Portanto, o que estamos falando não tem nada a ver com panteísmo, pois para isso o ser precisaria perder a sua individualidade. Ela continua existindo, está apenas sobreposta pela consciência humanizada.

Senhor da yoga - Cap. 9 - Caminho da verdadeira ciência

Versículo 8

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Versículo 8

08. Dominando Minha prakriti, emano repetidas vezes estes seres sem autodomínio e de acordo com a sua própria natureza (ou gunas) (...)

Deus emana seres sem autodomínio.

Todo aquele que não tem autodomínio da sua mente está no ciclo de encarnações e cada um segue a sua própria natureza ou como está em O Livro dos Espíritos:, cada um vive de acordo com o seu nível de elevação espiritual. Quando a vida material é escrita para a encarnação do espírito, ela é fruto da posição que ele se encontra no mundo universal. É um reflexo da natureza que o espírito tem. É isso que Krishna está ensinando.

Senhor da yoga - Cap. 9 - Caminho da verdadeira ciência

Versículo 9

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Versículo 9

09. E esses atos que resultam em Emanação, ó conquistador das riquezas, não me ligam, porque permaneço desligado como um indivíduo que atua com indiferença ou sem intenções.

Os atos que provém da emanação, ou seja, da encarnação, não ligam Deus a ação em si. Vou explicar isso...

Quando o Senhor faz uma pessoa brigar com você, Ele não está ligado na briga em si. Isso acontece porque Ele não fez porque quis. Ele simplesmente deu a cada um dos seres que participaram daquele acontecimento o que cada um precisava e merecia.

Deus não colocou neste momento nenhum desejo próprio. Ele não queria que você passasse por aquilo nem que a outra pessoa passasse por este momento. Sendo assim, não se ligou como autor do momento. Ele não é o autor do que está acontecendo; Ele é quem faz acontecer. É quem colocou um frente ao outro e fez acontecer o que ocorreu, mas não é o causador desta situação. Esta situação é causada pela ação carma, ou seja, é a justa medida que os dois seres precisavam e mereciam.

Portanto, Deus quando causa as coisas não faz como o autor do mundo carnal, porque não é movido por intenções que estes acontecimentos ocorram. Ele simplesmente faz o que deveria e precisava ser feito.

Sendo isso real, quando viverem a idéia de que Deus é a causa Primária do que lhe acontece, não viva como se Ele fosse o culpado pelo que está acontecendo. Na verdade, se existe um culpado por este momento – este culpado é simbólico, eu prefiro a palavra merecedor – são todos os envolvidos naquele acontecimento.

Participante: Ele não teve a intenção de que aquilo acontecesse daquela forma. Por isso está desligado do que está acontecendo. Ele simplesmente age direcionado àquilo que foi motivado para fazer.

Ele faz acontecer, não porque quer, mas sim porque aquilo é o que precisa ser feito. Se fizesse o que queria estaria satisfazendo um desejo e isso levaria o Ser Supremo a ter uma intencionalidade. Então, Ele faz as coisas acontecerem porque gosta, porque quer, porque acha bonito e certo, mas sim porque tem que ser feito.

Tudo que acontece é o seu carma. Já disse que a lei do carma é o motor que movimenta o mundo. Todas as animações que Deus cria são geradas pela lei do carma e não geradas pela intencionalidade de deus.

Participante: então, a frase que nós conhecemos (não cai uma folha da árvore sem que Deus queira) está errada?

Sim. Na verdade ela deveria ser: não cai uma folha da árvore sem que Deus a faça cair.

Deus não tem querer. Na verdade o único no universo que tem querer é aquele que está no mundo onde a chuva molha e o vento venta, como diz o ponto da umbanda. Só o ser humanizado tem querer, fora dele nenhum outro ser no universo tem.

Senhor da yoga - Cap. 9 - Caminho da verdadeira ciência

Versículo 10

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Versículo 10

10. Dirigida por Mim, a prakriti emana os objetos animados e inanimados e assim, ó Kounteya, o mundo segue seu rumo.

Dirigida por Deus a prakriti, ou seja, a vida carnal, a ilusão carnal, a realidade material, emana seus objetos animados ou inanimados e assim a vida existe.

Já falamos disso quando dissemos que aquilo que os seres humanizados imaginam que é real nada mais do que uma vida virtual. A prakriti é o programa do computador que Deus utiliza para criar as coisas que existem para os seres humanizados. É a ciência, os objetos, as intenções as percepções, enfim, tudo que é vivenciado pelo ser humanizado como realidade.

Tudo que existe neste mundo é gerado pelo programa que avalia o que você fez anteriormente e lhe dá o que precisa neste momento para a sua evolução.

Senhor da yoga - Cap. 9 - Caminho da verdadeira ciência

Versículo 11

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Versículo 11

11. Os torpes, os ignorantes, os que não Me sentem como o Senhor Supremo de todos os seres, desprezam-Me quando resido na forma humana.

Deus reside na forma humana. O quer dizer isso? Já afirmamos que Deus não encarna, então, como reside na forma humana?

Quando você fala é simplesmente um alto falante de Deus, pois não consegue proferir sons sem que o Senhor o tenha colocado em sua boca. Sendo assim, o som que você fala é Deus, é uma forma humana que o Senhor toma.

A partir deste entendimento podemos compreender que Krishna afirma que os ignorantes, aqueles que ignoram a verdadeira ciência, não conseguem entender este ato como uma emanação De deus. Acham que eles fizeram, que os outros fizeram, que alguém deixou de fazer, que ele próprio criou alguma coisa. Porque pensam assim? Porque são ignorantes, ignoram a verdadeira ciência deste planeta.

Só existe uma ciência neste planeta: a vontade de Deus. Como já explicamos, estamos usando o termo vontade sem o sentido de ter a vontade de fazer algo, mas sim como cumprimento da lei do carma.

A verdadeira ciência deste planeta é compreender as coisas como emanações de Deus. Ela precisa ser estudada a fundo. Não estou falando em estudar a fundo esta ciência para se curar, mas sim estudar a fundo a ação de Deus que lhe deu a doença. Só quando houver a compreensão do porque se teve uma doença, porque Deus emanou este estado de saúde, o ser pode se curar. Isso porque só desta forma conseguirá gerar um carma diferente daquele que gerou a doença.

O que o ser humanizado precisa estudar a fundo para levantar uma parede não é engenharia, mas porque Deus não derruba algumas paredes e o faz com outras. Esta é a verdadeira ciência que precisa ser refletida sem conceitos, sem intenções, na mente de cada para que possa ser descoberto com que direcionamento se vive a vida.

O Bhagavad Gita é a base de uma religião. Se ele fala desta verdadeira ciência como o único caminho para a elevação espiritual, podemos, então, dizer que esta ciência é em si mesmo uma religião. Sendo assim, posso dizer que é preciso saber que religião você professa, que religação professa nesta vida.

Qual a religação que você professa: a Deus ou ao ser humano? Não importa que ensinamentos doutrinários você siga, o importante é buscar religar-se a Deus e não as coisas materiais. Para alcançar esta religação é preciso que você professe a verdadeira ciência.

Ciência e religião não andam separadas. A verdadeira ciência e a verdadeira religião nunca andarão separadas porque só há um Deus, só há uma Causa Primária, uma verdade no universo. Portanto, é preciso se vivenciar a verdadeira ciência para que se possa chegar à verdadeira religação. Enquanto o ser estiver preocupado com outras ciências – e não estou usando este termo apenas para aquilo vocês consideram como ciência, mas como sabedoria, o que você sabe – estará se ligando ao ego, servindo ao eu.

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Versículo 12

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Versículo 12

12. Esses ignorantes, de natureza demoníaca, ambiciosos e cruéis, alimentam esperanças vãs e sempre atuam intencionalmente; em vão perseguem a erudição supérflua e conhecimentos vãos, porque são insensatos.

Toda ciência humana, seja de que campo for, que não coloque Deus como Causa Primária, mas sim o homem como causador das coisas, é uma insensatez. Se disser que o homem pode ter o livre arbítrio de fazer o que quer e que Deus terá que simplesmente observar e esperar o dia do julgamento para agir, esta ciência torna Deus refém do ser humano. Subjuga a Inteligência Suprema a outras inferiores.

Nenhuma ciência que não mostre Deus como Onipotente, Onisciente e Onipresente, que não traga Deus como Causa Primária, não é a verdadeira ciência. Qualquer ciência que afirme que dois mais dois será sempre igual a quatro, está fadada ao erro, pois se Deus quiser que dois mais dois tenha resultado oito ou nove, ele nunca será quatro.

Por mais estranho que possa parecer aos humanos, saibam que não existe ciência exata. Não existe princípio científico estabelecido pelo ser humano que jamais deixe de provocar o resultado que ele estabeleça. E isso os doutos das ciências humanas sabem. Diariamente eles se defrontam com resultados diferentes daqueles que esperavam quando aplicam os princípios científicos humanos.

 Isso acontece porque a única coisa exata no universo é Deus e sua ação. Sendo assim, se um princípio científico humano não contiver a expressão ‘se Deus quiser’, ele estará sujeito a não levar ao resultado pretendido.

Portanto, para atingir a verdadeira sabedoria é preciso libertar-se da erudição, ou seja, as regras lógicas humanas. É isso que Krishna está ensinando. É preciso começar a pensar a partir de Deus agindo e não do que você acha.

Até aqui neste estudo estava falando com rodeios à Verdade, mas agora fui direto ao ponto que é necessário ir.

Senhor da yoga - Cap. 9 - Caminho da verdadeira ciência

Versículo 13

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Versículo 13

13. Porém, ó filho de Kunti, as grandes almas, de natureza divina, Me adoram, sabendo que sou imutável e a origem de tudo.

Deus é a origem de tudo, a Causa primária de todas as coisas.

Quanto a imutabilidade de Deus, posso dizer que é exatamente isso que lhe confere o universalismo, pois só é universal aquilo que nunca muda e que serve para todos.

Senhor da yoga - Cap. 9 - Caminho da verdadeira ciência

Versículo 14

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Versículo 14

14. Esforçando-se com firme determinação, prosternando-se ante Mim com devoção e glorificando-Me sempre, eles Me adoram.

Veja bem. Está faltando uma palavra neste trecho que vocês consideram muito importante no relacionamento com o Pai: agradecimento... Repare que Krishna não fala em agradecer a Deus, mas a ter devoção e glorificá-Lo. Quando falei que vocês não deviam agradecer nada a Deus, me crucificaram, mas Krishna também fala a mesma coisa. Ele não fala em agradecimento, mas em glorificação, em louvação.

Precisamos mudar nossa forma de se relacionar com Deus. Vivemos num mundo onde o Senhor é nosso escravo, ou seja, nos relacionamos imaginando que Ele precisa mudar o mundo para que o ser humano o reconheça como Causa Primária das coisas. O caminho não é esse. O caminho é se entregar a Deus não importando o que Ele determine que aconteça.

Tem uma frase numa mensagem de um ser encarnado amigo nosso que diz assim: não saia de onde você está que o Espiritualismo Ecumênico vai buscá-lo. Esta frase serve para o relacionamento com Deus. Não saia de onde você está, do que você está vivendo, pois Deus o buscará lá...

Para estar com Deus não adianta querer mudar o que está lhe acontecendo, mas é preciso que você mude a sua forma de vivenciar aquele acontecimento. Esta é a verdadeira ciência. O doutorado em evolução espiritual não se alcança aprendendo a construir um vida, mas sim a conviver com a vida que se tem.

Quem é douto na elevação espiritual não é aquele que aprende a conseguir o alimento, mas sim aquele que se alimenta de apenas um grão de feijão, se for isso que tem disponível, louvando e glorificando a Deus. É aquele que come seu pouco alimento prosternado e entregando-se ao Pai e permanecendo feliz com o que lhe está disponível.

Além do mais, o ser humanizado não precisa agradecer nada a Deus porque Ele não está fazendo nada de extraordinário por ninguém. Como já conversamos ates, o Pai não tem intencionalidade alguma. O grão de feijão que está disponível para comer hoje é o que você merece, ou seja, Ele lhe deu conforme o seu merecimento e não um presente, um agrado.

A verdadeira religação com Deus é uma submissão completa. No entanto, esta submissão não deve levar o ser a sentir-se submisso ao Pai. Isso porque na hora que este ser se submete ao Deus do universo, ou seja, à ação universal, estará compondo o próprio universo. Se todos que compõem o universo são idêntico, quem se submete a Deus não é submisso a ninguém.

Ligar-se a Deus: esta é a verdadeira ciência, este é o verdadeiro trabalho da vida do ser humanizado. Nada mais há a ser feito a não ser a religação com Deus sem alterar a vida, mas vivendo-a harmonicamente numa atitude de louvação.

Participante: e se o outro estiver me ofendendo?

Diga louvado seja Deus por estar vivendo esta criação, assim como o outro deve viver este momento da mesma forma.

Para vocês o sentido da louvação é cantar cânticos de louvor, mas não é este o sentido que se dá ao louvor na verdadeira ciência. Na Bíblia Cristo ensina que não é preciso agradecer a Deus, mas honrá-Lo. Honrar é viver com honra a sua vida. Este é o sentido do termo louvação para a verdadeira ciência.

Pratica a verdadeira ciência aquele que se relaciona com Deus honrando o Senhor e não aquele que apenas canta cânticos ou se sente submisso ao Pai.

Participante: é esta a compreensão que devemos ter?

Eu tenho medo desta palavra compreensão porque para vocês ela significa entender, saber o que está acontecendo. Por causa disso, vocês buscam a compreensão do tema e para isso se utilizam da sua lógica humana. Justamente por este motivo nada consegue realizar.

Quem vivencia a verdadeira ciência compreende as coisas pela lógica universal e não pelas lógicas humanas. Quem vive humanamente quer saber porque, para que, quando ou onde enquanto que quem vive o mundo de uma forma universal não tem o desejo de ter estes entendimentos.

Ele só quer saber que o universo é o que é e que deve interagir com o que está acontecendo harmonicamente. Esta é a única compreensão que você deve ter.

Senhor da yoga - Cap. 9 - Caminho da verdadeira ciência

Versículo 15

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Versículo 15

15. Outros, pelo yajña do Ser – ou por aquele sacrifício que considera o Ser existente em tudo, Me adoram a Mim, ao Multiforme; porém, quando se consideram diferentes de Mim, eles Me adoram identificando-se Comigo, na condição Multiforme.

Neste trecho do ensinamento de Krishna o primeiro citado é aquele que alcança a liberdade de todos os seus conceitos, de sua intencionalidade. Ele vê Deus como algo só. Isso não quer dizer que estes não tenham mais intencionalidades...

O ser humanizado que consegue professar a verdadeira religião tem intencionalidades. A diferença para os que não professam a verdadeira religião é que eles sacrificam estas intenções a Deus enquanto que os outros não fazem isso.

A questão da doação da intencionalidade está bem clara em uma frase de Cristo: Pai afasta de mim este cálice, mas se isso não for possível, que seja feita a Sua vontade. Ele demonstrou uma intenção (afasta de mim este cálice), mas a sacrifica quando diz que o que deve prevalecer é a vontade de Deus. A aceitação dos desígnios de Deus, mesmo que haja uma intenção, é o que mostra a submissão ao Pai que leva à elevação espiritual

Portanto, o caminho é a liberdade das intenções, mas isso não quer dizer que um dia você não terá mais intenções. Elas continuarão existindo sempre e você deve submetê-la aos desígnios de Deus, dando a este último a precedência.

Senhor da yoga - Cap. 9 - Caminho da verdadeira ciência

Versículo 16

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Versículo 16
Versículo 16

16. Eu Sou o culto védico. Eu Sou o sacrifício recomendado. Eu Sou a oferenda aos antepassados, Sou os cereais e as plantas medicinais, Sou a fórmula mágica utilizada nas preces, sou a manteiga derretida para a oblação, Sou o fogo e Sou a oferenda.

Tudo que foi citado por Krishna neste trecho são elementos místicos usados no culto da religião hinduísta. A partir desta informação, podemos entender que o Bendito Senhor está nos dizendo que toda forma de cultuar ao Pai é o próprio Deus.

Agora, se Deus é o próprio culto, para que cultuá-Lo? Nas seitas e religiões ocidentais se diz que é preciso rezar todo dia à noite, mas rezar para quem? Para Deus. Mas, Ele é a própria oração. Sendo assim, ara que rezar?

É preciso entender que Deus é tudo. Quando se fala tudo, se fala em todas as coisas. Por isso, a ciência religiosa e seus rituais é o próprio Deus. Quando o ser humanizado dedica-se diretamente a Deus, supera a ciência religiosa e os ritos propostos por ela. Por causa disso não há mais deveres.

Não é por não praticar as obrigações religiosas que o ser humanizado não chega a Deus. Até porque ninguém chega a Deus realizando sacrifícios a Ele, a não ser o sacrifício da sua intencionalidade. Deus é tudo e quando se fala isso se diz todas as coisas e nada pode escapar. Deus é a cura, mas também é a doença. Deus é o médico e o remédio, mas também é o mal.

Portanto, quando algum mentor lhe disser que é necessário fazer alguma coisa para aproximar-se de Deus, você não deve sentir-se obrigado a fazer. Se fizer fez, se não fizer, não fez. Mas, mesmo que faça, não faça o que lhe foi recomendado como obrigação, mas como culto a Deus.

Senhor da yoga - Cap. 9 - Caminho da verdadeira ciência

Versículos 17 a 20

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Versículos 17 a 20

17. Eu Sou o pai deste mundo, Sou a mãe, o avô, o dispensador, o purificador, Sou o conhecível, Sou a sílaba sagrada OM e os vedas, Sou os diferentes ramos dos vedas.

18. Eu Sou o caminho, o Suporte, o Senhor, a Testemunha, a Morada, o Refúgio, o Amigo, a Origem, a Dissolução, o Lugar de Descanso, o Depósito e a Semente Eterna.

19. Ó Arjuna, Eu dou calor, Eu envio a chuva ou a detenho; Sou a imortalidade e também Sou a morte. Eu Sou o Ser e o não Ser.

20. Os conhecedores dos três vedas, quando Me adoram com sacrifício, bebem o santificado suco das folhas do Soma; estando assim purificados do pecado, rogam para chegar ao Céu; chegando a essa esfera de méritos de Indra, o rei dos seres celestiais, gozam dos divinos prazeres dos devas.

Os três vedas formam o somatório da religião hinduísta. Cada veda é uma ramificação do hinduísmo, assim como a religião evangélica possui diversas ramificações. Sendo assim, podemos compreender que neste trecho ele fala das diversas religiões que existem no planeta e dos seguidores dela.

O Sublime Senhor diz que não importa qual religião o ser humanizado segue, mas se seguirem os seus preceitos, gozarão dos divinos prazeres dos devas. Ou seja, continuarão presos aos desejos humanos.

Isso é dessa forma porque as religiões humanas buscam a satisfação material, a felicidade oriunda do bem estar nesta vida e não a felicidade incondicional, que é o bem celeste.

Senhor da yoga - Cap. 9 - Caminho da verdadeira ciência

Versículo 21

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Versículo 21

21. Ao terminar o período dos méritos, graças ao qual gozam no amplo céu de Indra, voltam a entrar neste mundo dos mortais. E assim vão e vêm os que simplesmente cumprem com os mandamentos dos três vedas.

Aqui está se falando do ciclo encarnatório. Quem se prende ao corpo doutrinário de uma religião goza do bem material e por isso precisa reencarnar.

O espírito que ao estar humanizado se prende às doutrinas religiosas quando sai da carne precisará no mundo espiritual alcançar a verdadeira ciência, ou seja, precisará entender que a religação é a Deus e não a uma religião. Ao terminar o seu período de estudos no mundo espiritual terá que retornar a uma carne para realizar as provações sobre o que estudou.

Assim vão e vêem os que vivem os mandamentos como obrigação. É o que Cristo falou: eu vim para trazer o verdadeiro sentido da lei. Este não se traduz como deixar de matar, mas amar para não tornar-se instrumento da morte dos outros.

Senhor da yoga - Cap. 9 - Caminho da verdadeira ciência

Versículo 22

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Versículo 22

22. Aqueles que Me adoram e que meditam em Mim, sem qualquer outro pensamento, Eu garanto a esses devotos exclusivos a salvação e a satisfação de todas as necessidades.

Aqueles que estão sempre ligados a Deus meditam sobre a vida, ou seja, pensam sobre o que lhes acontece, a partir da verdadeira ciência: Deus e sua ação. Para estes, Deus está sempre ligado, mas para aqueles que pensam o mundo a partir de suas verdades, Deus não está presente.

Na verdade, todos estão com Deus sempre, mas só quem medita nos acontecimentos da vida a partir da verdadeira ciência é que convive com o Senhor.

Senhor da yoga - Cap. 9 - Caminho da verdadeira ciência

Versículo 23

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Versículo 23

23. Inclusive aqueles que com fé adoram aos devas, em realidade Ó Arjuna, Me adoram a Mim, mesmo que equivocadamente.

Aqueles que adoram os espíritos conhecidos dos mundos humanos (Cristo, Buda, Krishna e os mentores) adoram indiretamente a Deus.

Senhor da yoga - Cap. 9 - Caminho da verdadeira ciência

Versículo 24

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Versículo 24

24. Eu Sou o único desfrutador e Senhor de todos os sacrifícios, porém eles não Me percebem realmente assim e esse é o motivo de seu regresso a este mundo.

A volta ao mundo, ou seja, o reencarnar só acontece para aqueles que não vêem Deus como Senhor Supremo do universo. Na hora que o ser humanizado concede a Deus a sua real posição, neste momento o ser estará livre da sansara humana.

Senhor da yoga - Cap. 9 - Caminho da verdadeira ciência

Versículo 25

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Versículo 25

25. Os devotos dos devas, pensando nos devas, vão aos devas; os adoradores dos antepassados, pensando nesses, vão aos antepassados; os adoradores de outros espíritos inferiores, pensando nesses, vão a eles; porém, os que Me adoram a Mim, sem vacilar, esses vêm a Mim.

Estou falando sobre este assunto há muito tempo: você não pode pegar uma estrada que desemboca numa determinada cidade e querer chegar a outra.

Você determina onde vai chegar escolhendo o caminho que irá trilhar. Quando direciona sua vida para a busca da paz interior através da mudança de valores externos, jamais conseguirá alcançar a felicidade incondicional, pois ainda se está preso a uma felicidade para ser feliz.

Portanto, é preciso que, ao determinarmos um propósito para alcançar, nos preocupemos com que caminho nós tomaremos para alcançá-lo. É isso que Krishna está ensinando.

É preciso entender que se você se direciona para um ponto, para alcançá-lo é preciso que tome um caminho que leve a ele. Sendo assim, quem se direciona a Deus chega a Ele, mas quem toma outros rumos, não chega.

É preciso entender que para chegar ao Senhor não existem atalhos que liguem o caminho material a Ele.

Senhor da yoga - Cap. 9 - Caminho da verdadeira ciência

Versículo 26

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Versículo 26

26. Se com devoção alguém Me oferece uma folha, uma flor ou um pouco de água, Eu aceito essas oferendas que vêm de almas amorosas.

Deus não dá valor às oferendas em si, mas sim ao amor com o qual elas são dadas.

Sendo assim, se alguém oferece ao Pai o futuro do seu filho ou do seu dinheiro usando do amor individualista (para ganhar alguma coisa) esta oferenda, por mais preciosa que seja, não tem valor para Deus. Para Ele o que importa é o direcionamento do amor com o qual você vivencia a doação.

Para que nossa oferenda seja recebida por Deus, a entrega tem que ser total e não motivada por interesses pessoais.

Senhor da yoga - Cap. 9 - Caminho da verdadeira ciência

Versículo 27

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Versículo 27

27. Qualquer coisa que faças, quer estejas comendo, quer estejas sacrificando ou dando algo para alguém; qualquer austeridade que pratiques, ó filho de Kunti, faz isso sempre como uma oferenda a Mim.

Não importa o que você viva, aja sempre motivado por Deus, oferecendo a Deus o resultado daquilo que vivencia.

Não vivencie o que lhe acontece motivado em ganhar, em vencer, em levar vantagem. Não participe do acontecimento motivado por interesses individuais. Não importa o que você está vivenciando, faça-o como sacrifício a Deus, pois qualquer outra coisa será a sua intencionalidade.

De nada adianta se praticar a caridade material, suprir as carências do outro, com qualquer intencionalidade pessoal, pois esta ação para a elevação espiritual não valerá nada, pois estará vivendo para o seu próprio benefício.

Senhor da yoga - Cap. 9 - Caminho da verdadeira ciência

Versículo 28

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Versículo 28

28. Assim te libertarás dos laços que os frutos das ações boas ou más acarretam e, estando emancipado e firmemente estabelecido na yoga da renúncia, virás a Mim.

Há uma informação muito importante neste trecho do ensinamento de Krishna: liberdade. Vocês não sabem o que é isso.

Liberdade trata-se de um estado de espírito do qual vocês não têm a mínima noção. Consideram-se livres, mas são prisioneiros e escravos dos códigos de normas que regulam a convivência entre os seres no planeta. Como estes códigos são individuais, digo que são escravos de si mesmos. Portanto, quando libertarem-se de si mesmos poderão ser livres.

Só aquele que sacrifica sua intencionalidade a Deus e alcança a verdadeira louvação pode ser realmente livre. Este não é escravo de Deus, pois não está subordinado a lei alguma. Já aqueles que não vivem o sacrifício da intencionalidade e por isso louvam a Deus cumprindo os códigos de leis das doutrinas religiosas, estes continuam escravos de alguma coisa.

Viver com Deus traz uma sensação que vocês não conhecem e nem conseguem imaginar. Quem vive esta sensação sente-se livre para voar pelo universo.

Senhor da yoga - Cap. 9 - Caminho da verdadeira ciência

Versículo 29

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Versículo 29

29. Sou equânime para todos os seres. Não tenho preferências, nem desprezo ninguém. Porém aqueles que Me adoram com fervor já estão em Mim e Eu neles.

Deus não tem preferências. Ele está em todos, mas nem todos têm consciência disso.

Na hora que estes passam a adorar a Deus tomam consciência da ligação com Ele. Neste momento deixarão de ser eles que realizam e sim o Pai que realiza. É isso que Krishna está ensinando...

Senhor da yoga - Cap. 9 - Caminho da verdadeira ciência

Versículo 30

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Versículo 30

30. Até um malvado, se Me adora a Mim somente, deve ser considerado um indivíduo bom, por sua boa intenção.

Aquele que você considera malvado se adora a Deus, ou seja, se não está preso às suas intenções, deve ser considerado como bom.

Sendo assim, aquele que estuprou e matou algumas mulheres e declarou que não sabia porque fazia (caso do Maníaco o parque que aconteceu em São Paulo) não pode ser considerado como alguém mal. O outro garoto que esvaziou um pente de uma arma dentro de um cinema (outro caso acontecido em São Paulo) e que também disse que não sabia porque tinha feito aquilo, também não pode ser considerado como mal. Isso porque como eles declararam, não queriam matar ninguém, mas uma voz dentro deles dizia para agirem como agiram. Portanto, mesmo o que pratica malvadeza externamente, pode ser considerado bom, pois o que realmente importa é a intenção e não a ação.

Para ser culpado por uma intenção não é preciso se matar ou ferir alguém fisicamente. Aquele que apenas chamar o seu irmão de bobo, como ensina Cristo, se fizer isso preso a uma intenção – falei porque ele merecia, porque ele não presta – não pode ser considerado bom.

Na verdade, quem não vive a sua intenção é aquele que vivencia o momento, no momento, pelo próprio momento e mais nada. É aquele que diz assim: ‘fumei, fumei, e daí, dane-se’. Tanto aquele que fuma porque tem vontade assim como aquele que se lamenta por ter fumado demonstra uma intencionalidade e isso acaba com qualquer mérito da ação.

Senhor da yoga - Cap. 9 - Caminho da verdadeira ciência

Versículos 31 e 32

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Versículos 31 e 32

31. Um homem assim logo acaba se espiritualizando e alcança a purificação e a paz. Ó Kounteya, sabe que meus devotos nunca perecem.

32. Ó Partha, mesmo aqueles que nasceram numa condição inferior, sejam mulheres, sejam os comerciantes, sejam os serventes, inclusive esses, se refugiam em Mim, vivenciam a Meta Suprema.

Neste ensinamento, Krishna está usando a divisão de castas que existe na Índia. Se você quiser colocar este ensinamento para os dias atuais, pense nos mendigos, nos estupradores, nos ladrões, nos viciados, etc. Ou seja, aqueles que são considerados inferiores, que não são considerados pessoas. Falo assim porque vocês dizem quando vêem pessoas dessa estirpe que eles não são gente, são monstros, animais, aberrações, etc.

Mesmo esses, então, podem chegar a Deus, desde pratiquem a verdadeira adoração: sacrifiquem sua intencionalidade ao Pai enquanto que você que vai ao culto toda semana pode não conseguir isso. Aliás, como também ensinou Cristo: não será por todos que disserem senhor, senhor, que eu intercederei junto a Deus.

Senhor da yoga - Cap. 9 - Caminho da verdadeira ciência

Versículos 33 e 34

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Versículos 33 e 34

33 e 34. E o que poderia dizer-te dos brâmanes religiosos, dos reis sábios! E já que vieste a este mundo de gozos transitórios, adora-Me a Mim. Preenche a tua mente com a Minha Presença, sê meu devoto, adora-Me e venera-Me e unindo estreitamente seu coração a Mim, somente, considerando-Me a tua meta suprema e certamente virás a Mim.

Não existem seres humanos que mereçam adoração, sejam eles papas, padres, brâmanes, sábios ou pessoas consideradas profundas conhecedoras dos ensinamentos dos mestres ou ainda que aparentemente vivam em doação ao próximo. Nunca siga um ser humanizado, mas apenas a Deus. Una-se somente a Ele.