Senhor da Yoga - Cap. 6 - Caminho da meditação

Senhor da Yoga - Cap. 6 - Caminho da meditação

Estudo do capítulo VI do Bhagavad Gita

Senhor da Yoga - Cap. 6 - Caminho da meditação

Versículo 1

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Senhor da yoga - versículo 1

O bendito Senhor disse:

01 – Aquele que cumpre com o seu dever, sem depender dos frutos da ação, é um verdadeiro renunciador e é um yogue também e não aquele que simplesmente se abstém de agir, propositadamente, ou que carece do fogo do sacrifício ou dele não cuida.

Isso tudo já conversamos. Já falamos sobre renúncia, sobre sacrifício... Vamos continuar...

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Versículo 2

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Senhor da yoga - versículo 2

02 – Sabe ó Arjuna, que o que é chamado sannyâsa (ou renúncia) é idêntico à yoga, porque ninguém pode ser um yogue se não renuncia ao desejo pelo fruto da ação.

É preciso lembrar sempre destas palavras: ninguém pode ser um iogue, ou seja, um espírito que aproveitou a oportunidade da sua encarnação, se não renunciar à intencionalidade, ao fruto da ação. Hoje vocês acham que yogue é aquele faz ioga. No entanto, isso não é real, porque a compreensão do que têm sobre yoga é errônea.

Yoga para vocês é a prática de determinados exercícios físicos. É assumir determinadas posturas para alcançar o equilíbrio. Mas, para isso não é preciso assumir posição alguma: apenas renunciando ao fruto da ação o ser consegue a paz e a harmonia que tanto busca.

O que lhe tira a paz, a tranqüilidade e o equilíbrio? Os contratempos da vida. O que é um contratempo? É alguma coisa que acontece diferente daquilo que o ser almeja para si naquele momento. Se este ser humanizado não esperasse nada deste momento, ou seja, se houvesse renunciado ao fruto da ação e agisse sem egoísmo, será que ele veria contratempo no que aconteceu naquele momento? Claro que não... Aquele que pratica a renúncia jamais espera nada e por isso não se contraria com o que acontece...

A questão da yoga abordada aqui pode ser levada a outras crenças. De um católico se espera que ele faça o sinal da cruz e se ajoelhe frente ao altar, do espírita se espera que ele tome a posição com as mãos espalmadas na hora do passe, etc. Mas, nenhuma destas posturas serve para a elevação espiritual se não forem acompanhadas com a renúncia dos frutos da ação ou do egoísmo.

Na verdade, a única coisa que pode levar o ser à evolução espiritual é renunciar aos frutos da vida. Esse é o caminho. O caminho que Jesus, Buda e todos que são chamados de santos seguiram. Sem isso não há elevação espiritual.

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Versículo 3

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Senhor da yoga - versículo 3

03 – Para o homem meditativo que busca alcançar a união (yoga), diz-se que a ação não intencional é o meio; mas, para aquele que já se estabeleceu na yoga, diz-se que a inação já é suficiente.

Para aquele que está caminhando, o livrar-se da intenção é necessário. Somente depois de se livrar dela é que realmente se pode viver a inação.

Inação é a vivencia da ação sem intenção. Quando o ser humanizado conhece o ensinamento que deve renunciar às intenções, gera automaticamente a intenção de não ter intenções. Conseguindo se libertar da intenção de fazer algo material, acha que conseguiu, mas não vê que sua intenção tinha mudado: ela agora consistia em viver sem a intenção. Por isso, apesar de achar que está praticando a inação, este ainda está preso a uma intenção.

Por isso Krishna ensina que viver os acontecimentos sem intenção é apenas um meio para se chegar à inação. Ela só é realmente alcançada quando o ser consegue retirar todas as intenções do momento, inclusive a de não ter intenções.

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Versículo 4

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Senhor da yoga - versículo 4

04 – Quando já não se tem apego pelos objetos sensórios nem pelo ato intencional e seus frutos, desse diz-se que realiza a yoga.

O ser humanizado realmente realiza a yoga, torna-se um iogue quando chega à ação sem intenção. Enquanto não alcançar isso, ele é um meditativo.

O termo meditativo aqui está sendo usado porque estamos falando da cultura hindu. Se estivéssemos falando de cristãos, poderíamos dizer que ele é um rezador. Falando de espíritas, que prezam a caridade material como fundamento para a elevação espiritual, diríamos que ele é um caridoso.

O ser que executa os ditames de uma religião, mas que ainda não pratica a renúncia do fruto da ação pode ser qualquer coisa, menos um espírito elevado.

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Versículo 5

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Senhor da yoga - versículo 5

05. O homem deve elevar-se graças a seu próprio ser e nunca rebaixar-se a si mesmo, porque somente o homem é amigo de si mesmo e também seu próprio inimigo.

O ser humanizado deve elevar-se pelo seu próprio ser, pelas coisas espirituais e não pelas materiais. Ou seja, a elevação é caracterizada pela felicidade, pela espiritualidade, pelo contato com Deus. Isso quer dizer que nenhuma característica humana pode servir como marca da elevação espiritual.

Só dar coisas a quem necessita não caracteriza a elevação de nenhum ser humanizado, a não ser que esta ação seja realizada com paz e harmonia com todos, amando-se a todos e a Deus acima de todas as coisas. Rezar, exercer atividades mediúnicas, ser voluntário em trabalhos assistenciais, nada disso caracteriza um ser elevado, se não for praticado com a renúncia do fruto da ação ou do egoísmo.

Neste aspecto existe algo que hoje é considerado como característica de um ser elevado: a sua cultura sobre as coisas espirituais, o suposto conhecimento que ele possui sobre as coisas do mundo além matéria. Isso é irreal. Como ensina Cristo, Deus mostra aos simples o que esconde dos sábios. De nada adianta a cultura que alguém tenha, pois se ela não for acompanhada com a renúncia, não houve realização espiritual.

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Versículo 6

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Senhor da yoga - versículo 6

06. Aquele que se conquistou a si mesmo, graças ao ser, é seu próprio amigo; porém, aquele cujo ego não está subjugado, esse mesmo “eu” atua como seu inimigo, como se fosse um adversário eterno.

O ser humanizado é amigo de si mesmo quando se realiza pelos elementos espirituais e não materiais. Para isso precisa compreender que a humanidade que vive neste momento é apenas uma passagem na sua existência. Quando comunga com a espiritualidade e não com a materialidade, ele torna-se seu próprio amigo.

No entanto, quando não compreende isso, ou seja, quando prioriza a busca do bem material ao espiritual, torna-se seu pior inimigo. Este é aquele que acredita nas realidades criadas pela mente e por isso cede ao seu egoísmo e tem fome do resultado da ação. É seu pior inimigo porque é ele mesmo que está gerando carmas para si mesmo que mais tarde terá que vivenciar.

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Versículos 7 e 8

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Senhor da yoga - versículo 8

07. O homem sereno e de auto controle está sempre absorto no Supremo e mantém-se equânime diante do calor e do frio, do prazer e da dor, da honra e da desgraça.

08. Aquele que está satisfeito com a sabedoria e com a visão direta da Verdade, que reequilibrou os sentidos e está sempre tranqüilo e para o qual um pouco de terra, uma pedra ou uma pepita de ouro são a mesma coisa, de tal yogue diz-se que é um yukta, ou um santo de sabedoria firme.

 “Aquele que está satisfeito com a sabedoria e com a visão direta da verdade”: que bela colocação de Krishna e que reflete toda dificuldade de vocês no tocante à busca da elevação espiritual...

Sabe por que vocês não conseguem realizar as suas reformas? Porque não estão satisfeitos com o que advém dela. Querem sempre mais!

O buscador da elevação espiritual precisa compreender que tudo o que existe para ser conquistado é a equanimidade, é a apatia. Nada mais resulta do trabalho da busca espiritual durante a encarnação. Isso o máximo que pode conquistar. Não existe nada além para o buscador.

. Só que vocês querem conquistar outras coisas... Querem o paparico dos outros, querem ganhar atenção, querem obter a fama, o elogio, a glória, a vitória. Estas coisas não fazem parte do resultado do trabalho da elevação espiritual. Como ainda estão apegados a estes desejos, não conseguem sentir-se satisfeitos com o que advém do trabalho.

Quantas vezes eu falei em abrir mão de determinadas coisas e as pessoas me falavam logo em conquistar outras. Quantas vezes eu disse que era necessário despossuir alguma coisa e as pessoas me perguntavam o que iam ganhar ao fazer isso? Quantas vezes eu falei em libertar-se de algo e as pessoas criavam instantaneamente uma prisão a resultados? Quantas vezes eu falei da apatia e as pessoas demonstraram o seu desagrado por esta emoção? Para se tornar um iogue verdadeiro o ser humanizado precisa desejar, ansiar, pela apatia. Só assim ele viverá feliz com o que receber como resultado do trabalho. Se não fizer isso, o que ganhará não o motivará a buscar a elevação.

Ainda vão esperar que as pessoas passem a gostar de vocês porque estão fazendo o trabalho. Que importa para alguém que está buscando aproximar-se de Deus a aprovação de outros seres humanizados? Se alguém não gosta de vocês, qual é o problema disso para quem está mirando um alvo muito superior: Deus. Quem busca a felicidade incondicional está preocupado com o seu relacionamento com o Pai e não com os outros. Só quem ainda vive com um olho no peixe e outro no gato, ou seja, que não se libertou completamente dos anelos humanos e quer alcançar a elevação espiritual precisa da aprovação de outros seres humanizados.

Conseguir a apatia é o máximo que um ser em provação pode conquistar, mas vocês por estarem presos ainda a um sistema humano de vida querem mais. Querem sempre subjugar o próximo, querem que as coisas saiam da forma que acham certo, querem ter uma vida organizada dentro dos códigos de normas de cada um. Isso é impossível, pois como ensinou Cristo, não se serve dois senhores ao mesmo tempo.

Por isso indico a quem busca a elevação espiritual a verificar consigo mesmo o que espera desta vida, o que lhes move durante os acontecimentos deste mundo, quais são os seus objetivos de vida. Só conhecendo-os profundamente poderão enfrentá-los. Indico ainda que se conscientize da importância para a sua existência eterna da vivência da apatia durante a encarnação. Sem estes dois requisitos, mesmo que consiga algo, se sentirá frustrado com o que conseguir.

É como Cristo ensinou: o reino do céu é como um homem que encontra uma pérola valiosa. Ele vai e vende todas que tem para comprar aquela.

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Versículo 9

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Senhor da yoga - versículo 9

09. É estimado aquele que considera da mesma maneira ao benfeitor, aos amigos, aos inimigos, às pessoas neutras, ao árbitro, àquele que odeia, aos parentes, aos justos e injustos.

É estimado por quem aquele que consegue conviver com todos de uma forma equânime? Por Deus, só por Ele...

Agora repare: quantos buscadores ainda querem ser estimado pelos outros, ainda estão preocupados com a aceitação dos outros. A estima de Deus apenas não basta para estes. Para eles esta estima e nada é a mesma coisa: precisam da aprovação dos outros seres humanizados. Dizem que buscam a Deus, mas apenas alcançá-Lo é pouco... Querem tocar os demais seres humanizados, tornam-se dependentes da aprovação e da estima de outros seres humanizados.

Aquele que realmente busca a elevação espiritual apenas se concentra em religar-se a Deus, em buscar a estima do Pai. Para eles não há coisa mais importante do que isso e por este motivo não ligam para a estima dos demais seres.

Como amar a Deus sem sentir-se amado por Ele? Lembro da primeira vez que disse isso a um ser humanizado que lidava dentro do espiritualismo há muitos anos e ele me respondeu: ‘eu nunca tinha pensado nisso’. Sim, as pessoas foram incitadas a amar a Deus acima de todas as coisas, mas esqueceram de dizer a elas, que são egoístas por natureza, que apenas quem se sente amado tem condições de amar o outro. Portanto, o seu trabalho inicial na relação com Deus e trabalhar em você tudo aquilo que não confere a Deus o papel de Pai, protetor e Amante.

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Versículo 10

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Senhor da yoga - versículo 10

10. Com seu corpo e mente dominados, livre de desejos e de posses e vivendo só, retirando de todos, o yogue deve praticar assiduamente a concentração mental.

Krishna diz que o iogue na meditação deve praticar a concentração mental, mas concentrar-se no que? Numa concentração simplificadora, ou seja, deve meditar concentrando-se em simplificar o seu raciocínio.

Por exemplo, durante uma meditação um ser humanizado pode encontrar um pensamento que afirme que ele não goste de determinada pessoa. Meditando sobre ele não deve esmiuçar as causas e origens deste não gostar, mas apenas constatar que esta é a disposição emocional que tem com relação a ela.

De nada adianta querer compreender os motivos do não gostar, pois mesmo que consiga derrubar estes argumentos, o ego novamente criará outros em surdina. O meditador que age assim é como o jardineiro que apenas retira dos galhos do tronco e diz que acabou com a árvore. A raiz continuará a remeter a seiva e novos galhos se formarão. É preciso tirar o tronco de dentro da terra para acabar com a planta. No caso do buscador da elevação espiritual esta retirada acontece quando não mais se nutre a árvore, ou seja, a opinião que se tem pelos outros. Apenas constatando o que sente, o ser humanizado deixa de nutrir a opinião que o ego cria.

Outro aspecto para quem busca simplificar seu pensamento: não mudá-lo. Muitos meditam e encontram a informação que nos serviu de exemplo. Quando isso acontece querem decidir se devem ou não gostar dela. Isso complica a vida. Quem descomplica o seu pensamento é aquele que apenas o constata e não aquele que age sobre ele.

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Versículos 11 a 17

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Senhor da yoga - versículo 17

11 e 12. Num lugar limpo deve preparar um assento firme, não muito alto nem muito baixo; depois de cobri-lo com erva kusha, com uma pele de veado e um lenço, postos uns sobre os outros, aí deve assentar-se. Depois, tendo controlado as atividades sensoriais e mentais, por meio da concentração, deve praticar a yoga para obter a purificação mental.

13. Deve manter o corpo, a cabeça e o pescoço retos e imóveis, depois fixar o olhar na ponta do nariz, sem vagar com os olhos a seu redor.

14. Depois, bem sereno e sem medo, praticando a continência e a disciplina mental e tendo o pensamento sempre voltado para Mim, como a sua meta suprema, tem que ficar absorto em Mim.

15. Dessa maneira, pela concentração constante, o yogue alcança domínio absoluto sobre a sua mente e a sua paz culmina na beatitude final, na união Comigo.

16. Porém, ó Arjuna, a prática da yoga não é para aquele que come muito ou come pouco, nem para aquele que dorme muito ou dorme muito pouco.

17. Aquele que é moderado na comida, na diversão, na ação, no sono, na vigília ou no estar desperto, para esse a própria prática da yoga destrói todas as misérias.

Vamos entender isso...

O que Krishna está nos dizendo é que a yoga, a elevação espiritual, não é para aqueles que esbanjam, que no sentido positivo ou negativo, no sentido de ter muito ou pouco. Aquele que come muito ou aquele que come pouco, aquele que dorme muito ou aquele que dorme pouco. Para esses, a elevação espiritual ou a yoga não existem.

Krishna afirma que o ser humanizado precisa ser moderado em tudo o que faz. A yoga, a elevação espiritual, o caminho da elevação espiritual, só é alcançado por aquele que é moderado durante a vida.

A partir desta conclusão, eu pergunto, o que é ser moderado na comida? É comer um prato de comida, dois ou três? É comer um prato cheio ou um prato médio? O que é ser moderado no sono? É dormir quatro, seis oito ou dez horas por noite? Qual é a medida que deve ser usada para se apontar aquele que é moderado já que o sublime senhor não fala qual? É o quanto comer, o quanto dormir! O que acaba com moderação não é a quantidade, mas sim o desejo de fazer aquilo.

É moderado no seu comer aquele que abre mão do desejo de comer e come o que comer. É moderado aquele que, sem desejar comer mais ou menos, come a quantidade de alimento que se alimenta em cada refeição. Não importa se são dois ou três pratos de comida. O iogue se tiver três pratos de comida come, se não tiver nenhum, não fica com fome. Essa é a moderação que leva o ser a trilhar o caminho entre o céu e a Terra.

O moderado é quem dorme quatro ou dez horas por dia? Nenhum Mem outro. Moderado é quem deita e dorme e acorda e na hora que acordar. Não importa que espaço de tempo este ser dormir, se ele viver cada acontecimento ao seu momento sem desejar mudar o que está acontecendo agora, ele é um moderado.

Aquele que não está com sono, deve continuar fazendo o que está para poder ser um iogue. O problema é que vocês querem percorrer o caminho da yoga, mas por serem dez horas da noite e este é o horário que a mente diz que tem que dormir vai para a cama. O não moderado é aquele que não vive o acontecimento na hora que ele tem que acontecer, mas o faz por conta de normas e regras que afirmam que aquele é o momento de se fazer.

Ser moderado em todas as coisas que faz: é isso que Krishna está ensinado para aquele que quer percorrer a yoga. Mas, o que é ser moderado em todas as coisas? É fazer o que está fazendo sem desejo de mais ou de menos. Quem come meio prato de comida achando que é muito senão vai engordar, não é moderado. Quem come três pratos de comida sem auto-acusação de que vai ficar gordo, é moderado. Quem dorme meia hora e acorda feliz é moderado! Quem passa doze horas deitado e quer ficar mais tempo à toa na cama, não é moderado.

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Versículo 18

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Senhor da yoga - versículo 18

18. Quando a mente do homem, completamente dominada, reside somente no ser, livre da ansiedade pelos objetos do desejo, então diz-se que esse é um yukta.

Foi o que acabamos de falar. Quem está firme no ser, quando acordar viverá este acontecimento sem desejar dormir mais. Já aquele que está ligado à humanidade, quando isto acontecer, irá querer dormir mais, pois hoje é domingo, dia de descanso.

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Versículo 19

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Senhor da yoga - versículo 19

19. A luz de uma lâmpada não vacila se situada num ponto em que não bata o vento; o mesmo exemplo serve para definir o yogue de mente apaziguada, que pratica a união com o ser.

Para a perfeita compreensão deste texto precisamos nos lembrar que essa lâmpada não é luz elétrica. No tempo de Krishna não existia luz elétrica e por isso ele não podia usá-la como exemplo. A lâmpada deste ensinamento é uma tocha de fogo. Sendo assim, temos que entender que o bendito senhor está dizendo que a chama da tocha não balança quando não tem vento.

O que é o vento? O vento é a sua humanidade: as suas posses, paixões e desejos. É a sua vivência dos acontecimentos entre o gostar e não gostar, o querer e o não querer, o saber e o não saber, a vontade e a não vontade. Quem vive desse jeito a sua chama balança, porque existem diversas correntes contrárias que podem ser aplicadas àquele momento.

Quem vive preso à humanidade está sempre vivendo de forma dual, está sempre indo de um lado para o outro. Já aquele que vive para o ser, que é permanente, sua luz, sua forma de viver os acontecimentos do mundo, jamais balança. Isso por conta da neutralidade que ele mantém frente os acontecimentos do mundo.

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Versículo 20

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Senhor da yoga - versículo 20

20. Nesse estado, quando a mente está completamente subjugada, graças à prática da yoga e alcançou a serenidade, nesse mesmo estado, vendo o ser por meio do ser, o yogue fica satisfeito somente no ser.

Prática da yoga é a concentração completa nos seus pensamentos, não uma série de exercícios físicos. Quem se concentra plenamente em seus pensamentos consegue subjugá-los, ou seja, não mais vivencia a dualidade. Este alcançou a serenidade.

Mas, Krishna fala mais neste versículo. Ele diz: ver o ser por meio do ser. Vamos falar sobre isso.

O que Krishna está dizendo é que o espírito encarnado deve ver o ser por suas próprias características e não pela humanidade que vive durante a encarnação. Já repararam que vocês aplicam aos espíritos desencarnados os mesmos valores de certo ou errado que a humanidade usa? Se um ser humanizado acha alguma coisa, vocês acreditam que o espírito deve ver da mesma forma. Se o ser humanizado acha errado, para vocês o espírito também deve achar. Isso é ver o ser por meio da humanidade. Este não consegue percorrer a yoga.

Vocês precisam entender que como diz o Espírito da verdade, logo que cessa a ilusão (a idéia de se achar um humano) outra é a forma de pensar do espírito. Sendo assim, ele não pode viver pelos mesmos valores dos humanos. Quantas coisas são valorizadas pelos humanos a partir da sua curta visão sobre as coisas do mundo que se colocadas sob a lente da eternidade, que é a Realidade do ser universal, perdem o valor que têm agora? Um exemplo disso é a própria preservação da vida humana. Será que o espírito, que conhece a existência eterna e a Realidade universal quer se prender a esta massa física e viver neste mundo onde não existe nada Real?

Outro aspecto deste ensinamento de Krishna são os valores que dão às coisas humanas. Vivem num mundo de formas e por isso julgam as coisas a partir delas. A beleza, por exemplo, depende da forma dos objetos. E os espíritos, que vivem num mundo sem formas, será que para eles os critérios de belo são os mesmos? Vocês chamam de bons apenas aqueles que atendem os reclames do ser humanizado. Será que o espírito, que sabe que os desejos e paixões de um ser humanizado são apenas a sua prova, se prende a estas questões da mesma forma?

Estas são questões para serem pensadas por aqueles que querem interpenetrar no Universo, pois quando atribuem aos seres universais anseios e valores iguais aos humanos, não conseguem realizar o seu intento. Ficam presos à sua humanidade achando que chegaram a algum lugar.

Ver o ser pelo ser, não é julgar um espírito pelo contexto material, mas sim vivenciar o seu relacionamento com os demais seres do Universo, encarnados ou não, pelas coisas espirituais. Quem vive assim não tem filhos, não tem mulher, não tem marido. Quem vive o ser pelo ser não tem inimigo e nem amigo. Convive com todos como espíritos que são, convive como filhos de Deus, como irmãos de caminhada.

Para estes não existem maridos ou mulheres, ascendentes ou descendentes, alto ou baixo, magro ou gordo, branco ou preto, bonito e feio. Para o iogue seja quem for a pessoa com quem ele convive, ela é apenas o princípio inteligente que habita o Universo: um espírito.

Conviver com os demais seres encarnados como espírito que são é o mínimo que se espera daquele que acredita existir em si algo além da matéria. Muitos sabem disso e até tentam vivenciar esta realidade. O problema é que querem tratar o outro como espírito, sem abrir mão da materialidade.

Falando como estamos do caminho da meditação, você deve entender que durante o tempo que analisar os pensamentos que o ego cria, deve libertar-se dos valores fundamentados na essência humana que ele aplica aos demais seres encarnados, mesmo que estando você na materialidade.

Enquanto, por questões de higiene, separarem banheiro de mulher e de homem, não vão conseguir jamais...

Senhor da Yoga - Cap. 6 - Caminho da meditação

Versículo 21

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Senhor da yoga - versículo 21
Senhor da yoga - versículo 21

21. Nesse estado que transcende o sentir, o yogue sente essa felicidade infinita, a qual é percebida pela compreensão purificada. Conhecendo isso e estando estabelecido nisso, o sábio nunca mais desce de seu estado de Verdade Absoluta.

Quando você vive os acontecimentos da vida pelo ser elimina o estado de sentir, ou seja, não sente mais nada pelo outro. Esse não sentir mais nada é o estado de amor universal. Isso porque tudo o que sente pelo outro é racional e, portanto, submetido ao seu egoísmo, que age através da posse.

Costumo dizer que não há mãe que ame filho, marido que ame sua mulher. O que existe entre os papéis humanos são possessões, já que são emoções, sentimentos racionalizados.

Portanto, essa ausência de sentir é o que você precisa alcançar e quando alcança passa a tratar o outro como espírito e não mais como o ser humano que ele está representando nesta vida. Neste momento, está vivendo pelo ser. Enquanto estiver apegado às emoções que a mente cria (gostar, querer, amar, ter raiva) ainda estará convivendo com o outro, que é um espírito, pela materialidade que vivencia durante a encarnação.

“Estando estabelecido o sábio nunca mais desce do seu estado de verdade absoluta, que é vivencia renovada do ser”. Se esta afirmação de Krishna afirma que nunca mais uma cosa acontece, isso é sinal que se trata de uma verdade absoluta. Portanto, quando você vive este mundo pelas coisas espirituais e não pela materialidade, alcança a verdade absoluta.

Senhor da Yoga - Cap. 6 - Caminho da meditação

Versículo 22

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Senhor da yoga - versículo 22

22. Depois de ter vivenciado esse estado, nenhuma outra aquisição mais terá qualquer significado e estando estabelecido nisso, nem a pior das aflições poderá mais subjugá-lo.

Vivendo pelo ser você alcança a consciência de que tudo que existe neste mundo é ilusório, fugaz. Na hora que a tem, para que vai querer um carro, uma casa ou qualquer outro objeto material? Quando falo isso, não quero dizer que não possa ter elementos materiais; estou apenas afirmando que ter ou não passa a ser algo de somenos importância.

Se você descobrir que é espírito, descobrir que a realidade não é o que você vê, nada mais do mundo material terá a importância que tem hoje. Na hora que as coisas mundanas não mais lhe importarem, que aflição terá? Só se sente aflito aquele que vive a vida pelas coisas materiais. Este está sempre aflito, pois para poder conseguir aquilo que quer, não pode relaxar.

Senhor da Yoga - Cap. 6 - Caminho da meditação

Versículo 23

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Senhor da yoga - versículo 23
Senhor da yoga - versículo 23

23. Sabe que essa vivência unificadora, que libera o homem da sensorialidade e da dor, é yoga. E esta yoga deveria ser praticada com ânimo e perseverança.

Praticar a yoga não é fazer determinados exercícios físicos, mas a vivência unificadora, a vivência das coisas deste mundo pelo seu valor espiritual. Quem consegue isso se liberta das aparências que o ego cria sobre as coisas e consegue viver em paz e harmonia com qualquer acontecimento que ocorra.

Enquanto não compreenderem que a vivência de vocês hoje não é real, pois ela é criada pela materialidade, não estarão unificados ao universal. Isso porque a vivência de hoje é realizada de uma forma individual: tudo é o que você acha que está acontecendo e não uma realidade.

Essa yoga, ou seja, esta forma de vivenciar os acontecimentos, deveria ser praticada com ânimo e perseverança, ou seja, a preocupação de alcançá-la deveria estar presente a cada momento da existência de vocês. Infelizmente isso não é verdade e, por isso, vivem aflitos sofrendo e tendo prazer.

Senhor da Yoga - Cap. 6 - Caminho da meditação

Versículos 24 e 25

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Senhor da yoga - versículos 24 e 25

24 e 25. Abandonando completamente todos os desejos nascidos da fantasia e impedindo por meio da vigilância mental que os sentidos (pensantes) se dirijam tanto para os objetos (pensados), em todas as direções e com a compreensão regulada pela concentração, pouco a pouco se deve alcançar a quietude; e assim, mentalmente estabelecido no ser, não se deve pensar em nenhuma outra coisa mais.

Vejam como Krishna chama as origens dos desejos que os seres humanos vivenciam: fantasia... Com isso ele diz que tudo aquilo pelo qual vocês anseiam é uma representação fantasiosa da realidade. Vocês acham que querem obter sucesso, acham que querem ter coisas materiais, acham que querem as coisas no lugar que imaginam que deva estar, mas isso tudo é apenas uma representação fantasiosa do que realmente está acontecendo naquele momento: um espírito tendo uma prova.

A vida humana é como um grande baile de carnaval onde o espírito fantasiado de ser humano busca a alegria fugaz.

Participante: mas, este mundo existe, não é mesmo?

Ele existe na mesma proporção que existe para você a alegria do carnaval.

Durante os festejos de momo os seres humanizados entregam-se completamente a alegria fugaz. Só querem saber de dançar, brincar e beber. Todos os problemas da vida são esquecidos. Só que existe a quarta-feira de cinzas, ou seja, o dia em que o sonho de viver a alegria do carnaval acaba. Neste momento todas as preocupações e problemas do homem voltam.

É a mesma coisa com o espírito. Durante a vivência da vida carnal ele só quer saber de possuir, de desejar e conquistar. Acontece que um dia tudo isso acaba e vem o momento do desencarne quando ele tem que cair na realidade dele. Neste momento todos os seus problemas voltam e tem que encará-los de frente.

Participante: isso quer dizer que se colocarmos em prática a yoga as coisas não mais existirão?

Continuarão existindo, mas cada vez mais deixarão de ser fantasiosas. Aquele que amadurece na busca da elevação espiritual é como o ser humano que vai se tornando adulto e aos poucos a fantasia do carnaval vai perdendo valor. Ele pode até ir ao baile, dançar, beber e brincar, mas não está mais totalmente entregue ao sonho que a alegria do carnaval traz.

Senhor da Yoga - Cap. 6 - Caminho da meditação

Versículo 26

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Senhor da yoga - versículo 26

26. Para qualquer parte que os pensamentos intranqüilos e inquietos tentem se espraiar, freando-lhes os movimentos, devem ser trazidos para o domínio do ser, somente.

Para onde quer que vá o seu pensamento, você precisa trazê-lo para o domínio do ser, para o mundo Real. Como as coisas deste mundo não podem ser compreendidas através da razão, trazê-lo para o domínio do ser é não ter valor para elas.

Aquele que caminha na yoga é o ser humanizado que mantém o seu pensamento apenas nas coisas espirituais, no espírito e em Deus. Estas coisas são o domínio do ser e aquele que mantém seu mundo mental focado nestas coisas vivencia a união amorosa com Deus.

Portanto, por mais longe que vá o seu pensamento na vivência dos acontecimentos da vida, você deve trazê-lo sempre de volta a estas três coisas que constituem a Realidade do ser.

Senhor da Yoga - Cap. 6 - Caminho da meditação

Versículo 27

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Senhor da yoga - versículo 27

27. A felicidade suprema chega ao yogue que se identificou com Brahman quando a atividade pensante se aquietou, quando a mente se tranqüilizou e quando suas paixões se apaziguaram.

Krishna vem constantemente nos alertando que a elevação espiritual depende do ser voltar-se para Deus e o Universo. Quando ele dá esta guinada na sua vivência da vida consegue aquietar os pensamentos e se tranqüilizar. Somente depois dela é que consegue, então, apaziguar suas paixões. Enquanto ele não estiver voltado para as coisas universais, não conseguirá ter tranqüilidade e estará sempre aflito com as coisas deste mundo.

Senhor da Yoga - Cap. 6 - Caminho da meditação

Versículo 28

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Senhor da yoga - versículo 28

28. Mantendo a mente assim constantemente sujeita e limpa de todo pecado (da indevida identificação com o ego), o yogue facilmente alcança a felicidade suprema, nascida graças ao contato com Brahman.

Mantendo a mente constantemente voltada ao ser, à Realidade universal, e limpa da identificação com as idéias criadas pelo ego, o yogue facilmente alcança a felicidade suprema, aquela que Deus tem prometido aos seus filhos.

Tem uma coisa que vocês sempre me perguntaram: tem como se colocar em prática os seus ensinamentos? Tem, mas isso depende exclusivamente de se identificar com o ser, com Deus e com o Universo. Enquanto o ser humanizado não se identificar com estas coisas, nada conseguirá.

Senhor da Yoga - Cap. 6 - Caminho da meditação

Versículo 29

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Senhor da yoga - versículo 29

29. Aquele cujo coração está totalmente absorto pela prática da yoga, olhando para todas as partes com um ver sentir equânime, esse enxerga o ser em todos os seres e todos os seres no Ser.

Até aqui Krishna falou da razão. Disse que racionalmente o espírito encarnado precisa estar voltado para o ser. Agora ele fala das emoções, dos sentimentos. As emoções do ser humanizado também devem estar ligadas ao ser, ao Universo e a Deus.

O que denota um estado emocional voltado para o ser, equânime? É não ter ídolos, favoritos, sejam positivos ou negativos (o bom e o mal). O estado emocional equânime é aquele que não idolatra o filho porque é filho, que não idolatra o marido porque é o companheiro. É aquele que não desgosta de alguém porque fez determinada coisa para você. Este estado emocional é equânime porque convive com todos de uma forma única e não através da multiplicidade de emoções.

Quem possui este estado emocional enxerga o ser em todos os seres; já quem vivencia a vida sendo diferente no trato emocional com ídolos ou favoritos não vive o ser. Quem enxerga no parente ou amigo um ídolo ou favorito vivencia a materialidade, pois convive com a multiplicidade ao invés de viver com a unidade. Quem enxerga naquele que lhe contraria um inimigo, também.

Ver o ser em todos é viver com o espírito que habita cada um. Por conta desta vivência é que o ser humanizado tem que ser equânime, ou seja, tem que ter uma só emoção com todos.

Todos os espíritos são filhos de Deus. Por causa desta origem, que é Perfeita, todos são iguais. O Pai, que é o Amor Sublime e a Inteligência Suprema não pode criar um melhor do que o outro. Por isso, conviver com diferenças emocionais entre os seres é não viver a unidade que existe no Universo. Mais: é viver o egoísmo, pois esta diferença se cria a partir da defesa de interesses próprios.

O ser que vive o múltiplo estado emocional na convivência com seus irmãos espirituais o faz por conta de seu egoísmo. Diz que possui uma emoção maior e melhor por aquele que concorda com ele e desgosta daquele que não possui esta concordância. Sendo este egoísmo aquilo que ele precisa suplantar nesta encarnação, é, portanto, a vivência com a emoção única que o leva a aproveitar a encarnação.

Cristo ensinou que devemos amar a todos, mas o ser humanizado ama apenas aqueles que, por conta do seu egoísmo, mais defendem os seus interesses. Aqueles que são contrários ao que o ser humanizado quer não são amados. No entanto, sabe quem é aquela pessoa que você diz que não presta, que é um safado e pelo qual mantém uma vivência emocional diferenciada da que vive com quem gosta? O filho de Deus.

Esta pessoa é um espírito puro do Universo que você se julga no direito de criticar e acusar. Que acha que tem o direito de dizer que não presta e por isso conviver com ele com uma emoção diferenciada do outro. Esta é a realidade. Cada pessoa que você diz que não presta, que é um safado, é um filho de Deus, um ser puro criado à imagem e semelhança do Pai.

É para isso que Krishna está nos chamando a atenção. Enquanto você tiver favoritos e desprezados estará ofendendo a santidade, a pureza de um filho de Deus.

Este pensamento não vale apenas para pessoas que contrariam você em pequenos assuntos, mas para todo e qualquer ser humanizado que pratique ações neste mundo. Sabe quem é o assassino, o estuprador ou qualquer um que pratique atos que você considere abominável? Um espírito, o filho de Deus, um ser puro em essência. O alcoólatra é um ser puro, filho de Deus; da mesma forma o viciado em tóxico. E você se dá ao direito de criticar e acusar estes espíritos e de manter por eles emoções diferentes da que tem por pessoas que considera boas.

Quem vive com emoções diferenciadas com outros seres por conta da diferença do papel que cada um exerce durante a encarnação não vive o ser pelo ser. Ao contrário: vive o ser pela materialidade. Este, por mais que se esforce nos trabalhos religiosos, nada conseguirá em relação a elevação espiritual.

Senhor da Yoga - Cap. 6 - Caminho da meditação

Versículo 30

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Senhor da yoga - versículo 30

30. Aquele que Me vê a Mim em todos e vê todos em Mim, para esse Eu sempre estou presente e ele sempre está presente em Mim.

O ser humanizado só trata emocionalmente diferente os outros seres porque não tem Deus presente em sua existência. Só possui favorito ou desprezado aquele que não tem Deus no coração, pois quem tem O vê em todos.

Aquele que lhe dá uma fechada na rua, quem diz que você que está errado, quem o manda fazer o que não quer, todos são Deus e não só aqueles que trabalham em prol do seu desejo. Aquele que não faz o que você gosta é Deus, é filho Dele e você o critica e mantém uma emoção negativa por ele. Por que faz isso? Porque Deus não é realidade na sua vida.

Aquele que ainda distingue emocionalmente os seres humanizados de acordo com seus próprios interesses é quem vive como realidade as coisas deste mundo e não as do Universo. É aquele para quem o real são as paredes, o céu, os objetos e pessoas com que convive. Este está vivendo o baile de carnaval que já falamos: vivendo as fantasias como se realidades fossem. Ele vive com a mente presa nos seus sentidos (audição, olfato, paladar e tato) e por perceber através dos órgãos sensoriais as coisas deste mundo acha que elas são reais.

Ligar-se ao Universo: este é o ensinamento básico que Krishna está nos trazendo desde o início deste trabalho. Desde o primeiro versículo que estudamos o bendito senhor está nos conclamando para que trabalhemos meditativamente a forma como vivemos esta vida. Ele vem constantemente nos incitando para que passemos a ver este mundo pela sua Realidade universal e não pelas fantasias do baile de carnaval. A vivenciar o espírito pelo próprio ser e não pela humanidade que está vivendo temporariamente. A vivenciar os acontecimentos pela sua Realidade universal e não pelas aparências fantasiosas que a mente cria.

O que Krishna vem deixando bem claro é que precisamos nos libertar das realidades deste mundo ao invés de transferi-las para o Universo. Isso só se faz colocando Deus como Causa Primária de todas as coisas. Quando o ser humanizado fizer isso, terá o Pai presente sempre e estará com Ele a cada momento.

Senhor da Yoga - Cap. 6 - Caminho da meditação

Versículo 31

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Senhor da yoga - versículo 31
Senhor da yoga - versículo 31

31. Aquele que está estabelecido na Unidade é que Me adora como residindo em todos os seres; esse yogue, onde quer que viva, habita em Mim.

Aquele que vive tudo o que existe como uma única coisa não precisa de casa ou dinheiro, não precisa sentir calor ou saciar a sua fome e sede,porque habita em Deus e não no mundo. Deste nada retira a felicidade.

Senhor da Yoga - Cap. 6 - Caminho da meditação

Versículos 32 a 40

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Senhor da yoga - versículo 34
Senhor da yoga - versículo 37
Senhor da yoga - versículo 39
Senhor da yoga - versículo 40
Senhor da yoga - versículo 40
Senhor da yoga - versículo 40

32. Ó Arjuna... o melhor dos yogues é aquele que considera o prazer e a dor de todos os seres como se fossem seus.

Arjuna perguntou:

33. Ó Krishna, esta yoga que expuseste como sendo a pacificação e a quietude mental, não vejo como possa persistir devido à intranqüilidade dos pensamentos.

34. Porque os pensamentos, ó Krishna, são intranqüilos, turbulentos, ladinos e indomáveis; acho tão difícil domá-los como controlar o vento.

O bendito Senhor disse:

35. Sem dúvida, ó tu de braços poderosos, os pensamentos são intranqüilos e difíceis de controlar; não obstante, ó Kounteya, graças à lucidez (ou dando-se conta do que eles são, isto é, nada) e graças à renúncia (ou não identificando com aquilo que eles elaboram e oferecem, roubando-o do sentir – atuar – intuir primordiais), os pensamentos podem ser subjugados.

36. A yoga é de difícil vivência para aquele que não se domina a si mesmo; assim Eu sinto que seja; porém, aquele que não consegue dominar-se a si mesmo pode alcançar a união, pondo em prática os meios apropriados.

Arjuna perguntou:

37. Que acontece a um indivíduo que tem fé, carece, contudo, do domínio próprio e não pode alcançar a perfeição na yoga, devido a que a sua mente vaga por todas as partes?

38. Ó Krishna... esse homem perdido no sendeiro de Brahman, carecendo do reto entendimento e da ação impessoal, estando sem qualquer apoio, não perecerá como a nuvenzinha que se desprendeu de uma grande massa de nuvens?

39. Ó Krishna, somente Tu podes arrancar de mim esta dúvida; ninguém mais a não ser Tu podes fazer isso!

O bendito Senhor disse:

40. Ó Partha, compreende que não há destruição para esse homem, nem aqui nem no mais além, porque, filho meu, o benfeitor (ou o devoto) nunca termina mal.

Arjuna está pedindo ao Bendito Senhor que lhe diga o que acontece ao espírito quando desencarna ligado a um ego, acreditando nas fantasias do mundo humano. Para este, segundo Krishna, não há destruição, não acontecem penalidades...

A figura do umbral, do inferno como lugares para onde vão aqueles que não conseguem aproveitar a sua encarnação são apenas lendas, no sentido de local para sofrer punições. Segundo estas lendas, aquele que durante esta encarnação comete o suicido, faz maldades com outros ou usa tóxicos é punido por estas ações num lugar específico. Alterando-se o nome do lugar, esta lenda está presente em todas as doutrinas religiosas humanas, mas isso são apenas crendices e não realidades.

Na verdade não há destruição, punição, para o ser quando desencarna, pouco importando o que ele faça nesta vida. Jamais Deus puniria o seu filho. O Seu trabalho é de conscientizar o espírito do seu individualismo que não o deixa conviver em unidade com o Todo e não de julgar e punir faltosos. Deus coloca os espíritos desencarnados em ambientes específicos não para puni-los, mas para que eles possam sentir os efeitos do seu individualismo.

O inferno ou umbral não é um lugar onde os espíritos são castigados por erros que cometeram, mas sim um espaço onde eles vão sentir o efeito do que produzem nos outros quando vivem a partir do seu individualismo. Quem gosta de fofoca, por exemplo, depois que desencarna irá conviver com outros seres que também gostam de falar da vida dos outros. Neste local os outros irão comentar sobre sua vida e quem viveu fazendo fofoca nesta vida sentirá na pele, então, o que fez para outros.

É como ensina o Espírito da Verdade: o Universo é feito por afinidades. Deus junta os espíritos afins não como punição, mas para que cada um sofra a ação daquilo que fez ao próximo. Somente assim este ser pode constatar em si mesmo o que causa aos demais e com isso arrepender-se do que fez e reformar-se.

O umbral, portanto, não é um lugar de castigos, mas uma união de espíritos afins onde cada um age sobre o outro de forma individualista e assim conscientizar-se do mal que causa ao próximo. Este lugar é necessário porque só quando o espírito sofre o que faz aos outros pode se conscientizar da forma que está agindo. Enquanto ele não sentir diretamente o mal que provoca, não tem condições de mensurar as suas ações.

Portanto, estes lugares não existem para pena e castigo, mas para que cada um receba de acordo com suas obras, o justo que merece. Merece não como castigo, pena, mas como uma oportunidade de reforma.

Participante: nós aprendemos que o espírito quando desencarna volta à sua consciência espiritual.

Sim e não. O ser quando se liberta do ego realmente retorna à sua consciência espiritual, mas isso não quer dizer que ele tenha plena consciência de sua pureza e viva dela. Na verdade, quando retorna à sua consciência espiritual, se não obteve êxito na sua provação durante a encarnação, ela encontra-se no mesmo molde que estava antes. Ou seja, ele continua vivendo da mesma forma que antes da encarnação. Vou exemplificar para ficar melhor entendido...

Segundo O Livro dos Espíritos, o ser escolhe antes da encarnação os gêneros de prova que irá vivenciar durante ela. Faz isso após um período de estudos onde descobre que determinada forma de compreender o Universo e o relacionamento com os outros seres não se coaduna com o ambiente que vive. Através destes estudo, por exemplo, descobre que ser ganancioso não está de acordo com a vivência no Universo.

Ter ganância é uma decorrência do egoísmo. Ganancioso é aquele que, por defender o seu direito acima do dos outros, acha que tem que ter tudo. Esta é uma impureza que leva o ser a não conviver com seus irmãos espirituais dentro da fraternidade e do amor universal.

Quando de seus estudos antes da encarnação o espírito se conscientiza disso e por isso pede para vivenciar esta provação. Sendo assim, ele viverá um papel onde o ser humanizado que o representará será ganancioso, ou seja, terá desejo por todas as coisas. Faz isso com a intenção de que agora cônscio de que isso é uma impureza vai suplantar os apelos do ego a este respeito.

Digamos que este ser não consiga libertar-se dos conclames da personalidade humana, ou seja, que quando o seu ego criar idéias de desejar o que não tem ceda a tentação e também deseje ter. Por conta deste não aproveitamento da encarnação, a ganância que estava em sua consciência espiritual antes da encarnação não se extingue. Portanto, quando voltar àquela consciência ainda será ganancioso. Só aquele que consegue vencer a tentação quando na carne, ao voltar à sua consciência primária não mais terá o que motivou a provação.

Participante: só que quando vai conviver com pessoas afins, como o caso dos fofoqueiros que o senhor usou como exemplo, o espírito não está estudando nada...

Não, ele ainda não chegou neste estágio.

Assim que o espírito liberta-se da carne, ele ainda não está ligado à sua consciência primária. Ainda está conectado ao ego.

A mente humana, ou seja, o conjunto de valores racionais e emocionais da personalidade humana persiste mesmo depois do desencarne. Não há um passe de mágica na morte que faça o espírito voltar à sua consciência instantaneamente. Ele precisa se libertar do ego para poder retornar à sua consciência primária.

É para isso que se juntam os afins neste lugar que vocês chamam de umbral ou inferno. Ali os seres submetidos à mesma individualidade que aplicam aos demais se conscientizam do quando aquilo é danoso para os outros e com isso podem, então, renegar às idéias geradas pelo ego. Só depois disso é que eles poderão voltar aos estudos e prepararem-se para nova provação.

O estágio de libertação da ação da personalidade humana é imprescindível para que o espírito possa retornar ao seu mundo Real. Quer ver um exemplo? Qual é o seu nome?

Participante: Maria...

Quem é a Maria? É uma mulher e, portanto, feminista. É brasileira e, portanto, vive a partir de uma série de conceitos que formam os hábitos e costumes de quem vive neste país. É uma profissional de determinada área de atuação e por isso analisa situações de determinadas formas. Tudo isso é você, o espírito, hoje.

Acontece que estas coisas não são universais. O seu feminismo, os seus hábitos e costumes e a forma como analisa as situações não são realidades universais e por isso, entraves para se viver a Realidade do Universo. Portanto, elas precisam ser eliminadas da sua consciência antes de poder voltar à sua existência espiritual. Mas, há mais um motivo pelos qual você precisa se desligar da Maria.

Vocês são espiritualistas e acreditam no processo de reencarnação. Sabem que em cada existência humana o espírito pode assumir diversas personalidades. Imagine se você, Maria, nascesse em um país com hábitos e costumes diferentes, que fosse homem e que possuísse uma graduação em outra área. Como conseguiria viver mantendo os mesmos conceitos que hoje têm?

Somente quando estiver completamente liberta do papel Maria poderá assumir outra identidade para nova encarnação. Por isso este segundo estágio, o de permanência no umbral ou inferno, é necessário dentro do processo de vivência do espírito ao longo da eternidade.

Participante: então, a grande maioria de nós quando desencarna vai para o umbral?

Eu diria que sim. Somente aqueles que conseguem viver esta vida pelo próprio ser, ou seja, por Deus e pelas coisas universais, merece ser desligado da personalidade humana sem ter que conscientizar-se daquilo que causou a outrem. O processo para este desligamento é o que vocês vêem na literatura espírita.

Quantas vezes já não leram na literatura que determinados seres quando desencarnam são encaminhados a hospitais espirituais onde, através de passes magnéticos, são atendidos. Estes tiveram o merecimento de passar por este processo e isso foi motivado pela sua dedicação à busca da elevação durante a encarnação, ao invés de submeter-se à humanidade que viveu.

Aqueles que não buscam viver pelo ser saem desta carne completamente ligados à personalidade humana que viveram. Como desta forma não conseguem conviver no mundo universal, ficam por aqui mesmo. São as mães e pais que ficam tomando conta do filho, é o avaro que fica tomando conta de sua fortuna, são aqueles que ligados à natureza terrestre, permanecem neste orbe para poder gozar dela. Estes permanecerão ligados às coisas humanas até que em determinado momento se conscientizem que isso não leva a lugar algum e aí se voltam para o Universo e neste momento paulatinamente as suas consciências vão se alterando. Com isso podem conhecer a sua real posição no Universo e preparar-se para nova encarnação.

No Mahabarata, o livro do qual faz parte o Bhagavad Gita, se conta que o irmão mais velho de Krishna ao sair deste mundo passou alguns minutos neste estágio de viver desencarnado apegado ao mundo material. Se ele, que foi um ser que buscou sempre sua elevação espiritual, ainda teve que viver esta situação por alguns minutos, imagine aqueles que não buscam.

Senhor da Yoga - Cap. 6 - Caminho da meditação

Versículo 41

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Senhor da yoga - versículo 41

41. Aquele que fracassou na yoga, depois de abandonar o corpo, vai à esfera dos justos e vive aí durante longo tempo para finalmente renascer numa família de gente pura e próspera.

O lugar dos justos não é o lugar de espíritos perfeitos, mas sim que reúna exatamente aqueles que você precisa para poder libertar-se do ego e posteriormente preparar-se para uma nova encarnação.

Depois desta preparação renascerá numa família pura e próspera, por mais que ela seja desunida ou viva na penúria. Isso porque a pureza e a prosperidade daquela família não são avaliadas pelo aspecto material e sim pelo espiritual. Se sua família é desunida e vive na penúria ela é o grupo ideal para a sua provação e por isso se torna perfeita para você.

Senhor da Yoga - Cap. 6 - Caminho da meditação

Versículos 42 e 43

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Senhor da yoga - versículo 42
Senhor da yoga - versículo 43

42. Ou talvez nasça numa família de sábios karma yogues; todavia, um nascimento assim é raríssimo e muito difícil de conseguir neste mundo.

43. Ou ainda, ó descendente de Kuru, num renascimento favorável, tal indivíduo redesperta a sabedoria que acumulou em vidas passadas e então passa a se esforçar fervorosamente para lograr a perfeição mais do que antes.

A sabedoria acumulada em outras vidas que Krishna afirma que alguns renascem não se trata de conhecimentos materiais, mas do impulso interno de buscar a elevação espiritual.

Toda cultura material se perde de uma encarnação para outra. Isso é fácil de constatar ao observarmos os recém-nascidos. Eles nada sabem culturalmente e precisam aprender tudo novamente. Se a cultura humana se mantivesse no espírito, quando renascesse não precisaria estudar novamente as mesmas coisas. Portanto, a sabedoria que fala Krishna nada tem a ver com estes valores.

Como disse, esta sabedoria acumulada tem a ver com a busca da elevação espiritual. Chamamos a este impulso interno advindo de outras vidas de despertar. Ele pode ser de dois tipos: o interior, ou seja, algo interno e incompreensível que lhe mova a buscar a elevação, ou exterior, ou seja, que venha através de um ser não incorporado que o incite para esta busca. Tanto faz um ou outro, os dois chegam impulsionados pelo resultado de encarnações anteriores e no momento em que esta busca deve começar.

Quando esta sabedoria oriunda de outras encarnações ocorre, chega, então, o despertar. Neste momento o ser encarnado se move no sentido de obter informações para que possa realizar o trabalho da encarnação.

Apenas um detalhe: ser despertado por este chamamento fundamentado em sabedoria de vidas anteriores não tem nada de especial. Grande parte dos seres humanizados o sente. É aquela motivação que o leva a aprofundar-se nos ensinamentos das doutrinas das diversas religiões.

Senhor da Yoga - Cap. 6 - Caminho da meditação

Versículo 44

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Senhor da yoga - versículo 44

44. Esse homem, mesmo que se lhe depare algo contrário, é levado a meta, graças simplesmente ao impulso favorável que é uma resposta de suas práticas anteriores. Por isso que um simples investigador da yoga é sempre superior a um que se restringe ao simples estudo da letra morta ou àquele religioso que pratica cultos a Brahman.

Quando alguém é despertado, ou seja, é chamado a integrar-se a um conjunto de ensinamentos que o leve a provocar a mudança interna do material para o espiritual e entrega-se a esta doutrina acaba tendo uma caminhada mais fácil. Isso acontece porque a pré-disposição positiva com relação aos ensinamentos lhe faz relembrar, mesmo que em surdina, sem consciência, de trabalhos que já realizou em outras encarnações neste sentido.

Agora, quando este ser é despertado e não se entrega a este impulso, a força para a realização oriunda do trabalho de outras vidas não estará disponível. É como o remador que rema contra a maré. Por isso, é preciso que na hora que você é chamado, é tocado por alguma doutrina reformadora, que se entregue.

Um detalhe: não estou falando de nenhuma religião especificamente, mas do chamado para qualquer uma. Sempre que o ser humanizado se sentir tocado por algum conjunto doutrinário religioso deve entregar-se a ele de corpo, alma e espírito para poder receber o impulso oriundo de atividades em outras encarnações neste sentido.

Aquele que tem contato com qualquer doutrina religiosa encontra nos preceitos dela o caminho para a elevação espiritual. Aquele que tem este contato com entrega, ou seja, com a busca da prática do que aprende, é superior àquele que não se entrega. Este último é aquele que apenas lê os livros sagrados ou que participa dos cultos da sua religião. Isto é o que Krishna está ressaltando nestes trechos que estamos lendo.

Muitos são despertados, são atraídos a determinadas religiões. Só que as vivenciam sem entrega, ou seja, sem buscar a prática do conjunto de informações das suas doutrinas. Estes, apesar de terem sido despertados, encontrarão dificuldades na sua caminhada.

Portanto, primeiro vem o despertar, o chamamento para a vivência dentro dos princípios doutrinários de uma religião ou seita. Depois vem a ação do espírito através do seu livre-arbítrio: entregar-se ou não a estes princípios. Aquele que escolhe entregar-se tem sua caminhada facilitada pela sabedoria advinda de vidas anteriores; quem não faz esta opção, navega contra a correnteza.

Senhor da Yoga - Cap. 6 - Caminho da meditação

Versículo 45

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Senhor da yoga - versículo 45

45. Certamente o yogue que pratica assiduamente e com perseverança liberta-se de qualquer pecado e, purificado graças a muitos nascimentos, chega por fim à Meta Suprema.

Krishna está falando aqui algo que é de conhecimento de todos os que acreditam na reencarnação: os múltiplos nascimentos purificam o ser e o levam a atingir a meta espiritual. Mas, reparem que antes ele diz algo importante: é preciso praticar o ensinamento que se recebe assiduamente e com perseverança. Muitos espiritualistas ainda não compreenderam este aspecto do processo de elevação espiritual.

O processo de encarnações sucessivas é perfeito. Ele é, como diz o Espírito da Verdade, um processo justo porque dá novas oportunidades àquele que não consegue realizar o que é preciso numa só vez. No entanto, para que esta oportunidade seja aproveitada, é preciso que o ser pratique os ensinamentos que recebe. Se isso não for feito, de nada adianta apenas ficar encarnando. O processo de vidas sucessivas perde o sentido para aquele que não aproveita as oportunidades de cada existência. De nada vale para aqueles que apenas se instruem culturalmente, mas que não alcançam a sabedoria, a prática daquilo que foi recebido.

Existem muitos espiritualistas que sabedor do infinito número de oportunidades que Deus concede aos seus filhos acomoda-se em uma determinada existência deixando para realizar a mudança em outras oportunidades. Por que Deus iria favorecer este com a força para realização do que precisa ser feito?

A purificação se dá com o trabalho assíduo e perseverante a cada encarnação. É preciso haver, depois de despertado, uma dedicação total a este objetivo para que o ser receba o impulso oriundo da sabedoria de outras vidas. Por isso, mesmo que nesta vida este impulso não exista, se você foi despertado pela doutrina de alguma religião, se entregue ao trabalho assíduo e perseverante de seus preceitos doutrinários para que em outra vida possa ter a força do impulso oriundo da sabedoria de outras vidas.

Senhor da Yoga - Cap. 6 - Caminho da meditação

Versículo 46

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Senhor da yoga - versículo 46

46. O yogue é superior aos que alcançaram o entendimento simplesmente através de livros. É superior também ao que executa o ritual consignado nas Escrituras. Por conseguinte, ó Arjuna, sê um yogue de verdade.

O praticante dos ensinamentos de uma doutrina religiosa, seja ela qual for, é superior àqueles que apenas conhecem os textos ditados pelos mestres sobre o qual foi criada a religião. É também superior àquele que comparece a todos os cultos e que cumpre as obrigações materiais dela: rezar, trabalhar com a mediunidade, fazer jejum, etc...

Por conseguinte, filhos, sejam um praticante, um iogue, de verdade...

Senhor da Yoga - Cap. 6 - Caminho da meditação

Versículo 47

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Senhor da yoga - versículo 47

47. E, entre todos os yogues, o mais elevado é para Mim aquele que, com seu ser interno absorvido em Mim, Me adora com uma fé inabalável e comovedora...

O mais alto grau de elevação espiritual que um ser pode alcançar é aquele que estando voltado para Deus vive em comunhão com Ele e possui uma confiança inabalável e comovedora Nele. Quando você conquistar isso, nada mais terá para conquistar. Para chegar a este ponto é preciso, portanto, deixar de viver para si mesmo, de viver em comunhão com suas posses, paixões e desejos e deixar de confiar em si e nos seus julgamentos como balizadores da realidade.

Aquele cuja felicidade (comoção) está apenas fundamentada na vivência com Deus e que existe não importa o que está acontecendo, alcançou a suprema elevação.