Conversando com um espiritualista - volume III

O problema para o espírito

Participante: viver a ilusão não é problema, o problemático é se apegar a ela. Estou certo?

Não. Vivenciar a ilusão do ato não é problemático quanto à libertação do ego, mas, acreditar que está vivendo o ato é problema.

Vou dar um exemplo. Você come, ou seja, vivencia o ato de trazer o garfo com alimento até a boca. Isto não é problema. O problemático é acreditar que está se alimentando. Por quê? Porque o alimento não alimenta ninguém. Isto porque você não é o corpo e o alimento é para o corpo.

Aí está o problema: você achar que está vivendo aquele ato a partir das compreensões que o ego cria no seu mundo interno. O problema é você achar que, já que o ego lhe criou a realidade ilusória de um alimento entrar no seu corpo, acreditar que está se alimentando.

Acho que este exemplo deixa bem claro tudo o que disse. O problema não é segurar o volante de um carro e mexer para lá ou para cá, o problema é achar que está dirigindo.

Você acredita que está dirigindo porque o ego lhe afirma isso e, para confirmar, lhe mostra a sua mão mexendo o volante de um lado para o outro. Mas, quem está fazendo isso é Deus, ou seja, quem está dirigindo é o Pai e, tudo que você vê, lhe é criado pelo ego a partir da sua programação.

Aí está à diferença entre o que é ou não problemático. A diferença está em viver os atos, mas não vivenciá-los, não achar que é você que está fazendo. Aquele que alcança realmente a liberdade, ao estar vivendo a ilusão do ato, não vivencia aquilo que o ato diz que está vivendo.

Participante: é complicado...

É sim, é muito complicado. Por quê? Porque ainda acha que você é você. Ainda acha que você é o ser humano, que é o fabricador de egos.

Por isso eu falei da raiz, do individualismo, o que se fundamenta no eu. Na hora que entender que não há um eu para dirigir, deixará de viver o dirigir. Mas, enquanto achar que há um eu motorista quererá ser aquele que dirige.