Amor universal
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Amor universal

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Amor universal

Amor e paixão

“Mas eu digo a vocês que estão me ouvindo: Amem os seus inimigos e façam o bem para aqueles que odeiam vocês. Desejem o bem para aqueles que os amaldiçoam e façam orações em favor daqueles que maltratam vocês”. (Lucas, 6, 27 e 28)

Hoje, vamos falar sobre a questão do amar... Não um amar qualquer, mas o amar como Cristo ensinou: o amar universalmente.

Em outras vezes já me perguntaram sobre a questão de amar como instrumento da elevação espiritual. Por este motivo, hoje vamos tentar deixar bem claro o que é o amor universal, aquele que é absoluto e que não é entendido pelos seres humanizados.

Já neste primeiro texto do Evangelho de Lucas encontramos uma informação importante para a compreensão deste amor quando Cristo diz: ame os seus inimigos e faça o bem aos que odeiam vocês. Este é um parâmetro estabelecido pelo mestre para que o amor exista... Mas, não é assim que os seres humanizados, mesmo os religiosos, amam...

Quando o ser humanizado ama, o faz de uma forma relativa. Ou seja, para o mundo carnal, o amor é compreendido como um sentimento que se deve ter por algumas pessoas que, dentro do critério do ser humanizado, são julgadas como merecedoras de recebê-lo.

O amor humano é relativo, porque dentro da seleção que o ser humanizado faz de quem merece ser amado, surgem outros que não devem ser amados... Ou seja, o ser humanizado imagina que há pessoas que são merecedoras de receber o amor e outras que não são...

Interessante isso... Interessante porque o julgamento que determina quem merece ou não ser amado é feito pelo próprio ser humanizado... Ele age como se tivesse a competência para julgar o próximo e para saber quem merece ser ou não amado...

O amor que Cristo ensina, o universal, é um sentimento que extrapola julgamentos ou motivos para existir. O amor crístico é aquele que não vê quem está sendo amado e nem se preocupa se quem está recebendo merece ou não.

O amor universal ama indiscriminadamente... O amor universal ama incondicionalmente...

Eis aí, portanto, o primeiro detalhe sobre o amar que leva à elevação espiritual: é uma atividade sem interlocutor e sem receptor específico. Quem quer amar universalmente e com isso viver a felicidade que Deus tem prometido não pode fazer isso a alguém ou alguma coisa específica e nem amar porque, como, quando ou onde.

O amor universal é aquele sentimento que o espírito dedica ao Universo, ou seja, a todos os elementos universais e o faz o tempo inteiro e não apenas em momentos onde julgue que este sentimento deva existir.

Participante: Estava falando com uns amigos e eles disseram que existiam diversos tipos de amor. Eu ouvi o que ele dizia e depois fui pegando as palestras anteriores e as li. Posteriormente lhe fiz diversas perguntas e vi que existe apenas um amor verdadeiro: o amor universal, o amor de Cristo. Vi também que existe o pseudo-amor, aquele que é baseado na mente, ou seja, a paixão. O que você acha deste raciocínio?

Perfeito... Só, por favor, não acredite que existam diversos amores ou diversos tipos de amor, nem que seja sobre o título de pseudo-amor. Como vimos anteriormente, só uma coisa é Absoluta e, por isso, só ela pode ser chamada de Real. Sendo assim, só existe um Amor que merece este título: aquele ensinado por Cristo. O resto são paixões geradas pelo mente e que por isso não podem ser rotuladas com o nome de amor.

Amor e paixão: esta é a diferença que eu quero colocar no que você falou.

Só existe um amor: as paixões são ilusões, irreais. Com isso, porém, não quero dizer que ter paixões é algo errado, já que elas são inerentes ao ser humanizado. Ter paixões não é errado. Agora, chamá-las de amor e com isso dizer que existem diversos tipos de amor é vivenciar o relativo como absoluto. Isto não lhe leva a lugar nenhum no sentido da elevação espiritual.

Portanto, é exato o que você está falando. Aliás, foi por causa de suas perguntas que escolhi para hoje o tema amor e paixões. Vamos desmistificar a questão do amor. Vamos começar a compreender que existe um único amor que não é nada do que os humanos chamam desta forma. Aliás, por muitas vezes o amor crístico fere as condições de amar que são criadas pelos seres humanizados.

Quando Cristo diz que você deve amar o seu inimigo, como no texto acima, está dizendo: não tenha paixão pelo seu amigo, porque se tiver, ou seja, for apaixonado por uma amizade, não conseguirá amar o inimigo... Mas, ser amigo é uma das condições para amar que os humanizados impõem, não é?

Este é o aspecto que a humanidade não entende sobre o amor. Alguns seres humanizados querem amar o inimigo como Cristo ensinou, mas querem fazê-lo mantendo separados os amigos dos inimigos, ou seja, querem viver de forma igual paixões positivas e negativas. Isso é impossível. Eles acabam amando a paixão positiva e não desejando a paixão negativa.

Por isso é preciso acabar com algumas hipocrisias a respeito do amor. Quem ama, ama a todos e o tempo inteiro. Quem ama apenas alguns momentos e apenas alguns elementos, tem paixões e não amor...

“Desejem o bem para aqueles que os amaldiçoam e façam orações em favor daqueles que maltratam vocês. Se alguém lhe der um tapa na cara, vire o outro lado para ele bater também. Se alguém tomar a sua capa, deixe que leve a túnica também. Dê sempre a qualquer um que lhe pedir alguma coisa; e, quando alguém tirar o que é seu, não peça de volta”. (Lucas 6, 28 a 30)

O amor, preste bem atenção nisso, não cria propriedades individuais...

O amor verdadeiro não gera propriedades para quem ama. Não o faz sentir-se proprietário daquele ou daquilo que ama.

O amor Real, o Universal, o de Cristo, não gera posse... Isto porque a posse em si já é um condicionamento da existência do amor. Quem possui de alguma forma o outro vive se o caráter universal do amor. O amor que contém expresso em si posses não é amor, mas paixão.

Quem ama de verdade, de Realidade, não possui o objeto desse amor. Mas, o que é possuir? É querer definir o destino e a ação do objeto ou pessoa possuído...

A posse sob o objeto material se traduz por paixões como estas: é minha casa, tem que estar arrumada do jeito que eu quero... É meu carro tem que estar sempre funcionando e não pode bater... É minha televisão, toda vez que apertar o botão tem que funcionar. A posse sobre os outros ocorre quando, a partir da paixão, o ser humanizado espera do outro atitudes que ele quer receber... Ou seja, espera que o seu amigo, marido, mulher, parentes, lhe seja fiel, que satisfaça suas vontades, etc.

A posse leva o ser humanizado a esperar que as outras pessoas concordem sempre com ele e estejam preocupadas em fazer aquilo que ele gosta, quer ou acha certo. Isto não é amor e se você diz que ama essas pessoas, isso é ilusão: você não ama, mas tem paixão. E a terá enquanto suas exigências forem cumpridas, pois quando a pessoa querida não mais fizer o que você quer, a paixão acaba.

O amor universal não cobra nada de ninguém. O amor universal pelos objetos existe quando eles funcionam ou não, quando estão do jeito que o ser humanizado queria que estivessem ou não. O amor universal com as pessoas não exige comportamentos ou atitudes pré-estabelecidas e esperadas para existir.

É isso que está por trás deste comentário de Cristo que acabamos de ver...

Vocês estão cansados de ler o ensinamento que diz que tem que se amar o inimigo, mas ainda não entenderam que o simples fato de terem amigos prova que não amam ninguém, mas só a vocês mesmos. Só amam a si mesmos porque condicionam o amor ao atendimento que esta pessoa ou objeto faz às suas condições pra amar... Amam quem lhes satisfaz e enquanto esta satisfação acontecer. Quando a pessoa ou objeto não mais estiver realizando seus desejos positivos ou lhe ajudando a escapar dos seus desejos negativos, você não vai mais querer saber dela, não mais a amará...

Como disse, hoje queremos desmistificar esta questão de amor. Para isso vou lhes dar um conselho: parem de dizer eu lhe amo... Isto é falso.

Parem de achar e imaginar que são bonzinhos e amam os outros, porque isso é falso. O amor que imaginam que dão é apenas uma emoção, um sentimento humano e não aquele que leva à elevação espiritual. Se não compreenderem isso passarão a vida amando humanamente (tendo paixões) e acharão que fizeram alguma coisa no sentido de aproveitar esta encarnação quando nada fizeram...

O amor que agora vocês nutrem e que não serve de nada no sentido de viver os mandamentos que Cristo indicou como caminho para a elevação espiritual, é racional, um amor fundamentado em paixões. Na verdade, tais emoções existem para que o ser possa provar a si mesmo que ama a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo...

O amor humano é prova para o espírito e não realização de caminho. Isso porque ele, quando ama apenas aqueles que lhe satisfaz, está vivendo egoisticamente. Portanto, esqueçam este amor...

Esqueçam a ideia que amam alguém para não viverem a hipocrisia que Cristo falou dos professores da lei. Declarem expressamente que não amam ninguém, porque, nesta hora, pode ser que comecem a amar o Universo.

“Façam aos outros a mesma coisa que querem que os outros façam a vocês”. (Lucas, 6, 31)

 Esta é a base do amor universal. Amar universalmente é dar o que você espera receber...

Você quer receber carinho dos outros? Dê carinho a todos... Quer receber amizade dos outros? Dê amizade a todos... Quer receber compreensão dos outros? Compreenda a todos...

Sabe por quê? Ouça o que Cristo diz...

“Se vocês amam aqueles que os ama, por que esperam alguma recompensa divina? Até as pessoas de má fama amam os que têm amor por elas. E se vocês fazem o bem somente àqueles que lhes fazem o bem, por que esperam alguma recompensa divina? Até as pessoas de má fama fazem isso. E se vocês emprestam somente para aqueles que vocês acham que vão lhes pagar, por que esperam alguma recompensa divina? Até as pessoas de má fama emprestam aos que tem má fama, para receberem de volta o que emprestaram. Ao contrário, amem os seus inimigos e façam o bem a eles. Emprestem e não esperem receber de volta o que emprestaram e assim vocês terão uma grande recompensa divina e serão filhos do Altíssimo Deus”. (Lucas, 6, 32 a 35)

Sabe, se você só quer compreender quem diz que ama, como espera que Deus lhe compreenda? Se quer dar carinho apenas a quem você quer, como espera que Deus lhe dê carinho?

Saiba de uma coisa: dar carinho a quem se ama é mais fácil do que fazer cocô de cócoras. É simples, é um prazer. Não há nisso nenhuma doação e portanto nada há a receber por ter feito isso...

Por isso afirmo: o fundamento que gera a existência da universalidade no amar é a doação... Para você entender o amor universal é preciso compreender isso: não se pode falar em amor universal sem doação de verdades, posses, paixões e desejos...

Se você está apegado apenas àquele que retribui o seu apego, o que espera? O que espera de Deus, do Universo, se você é individualista e egoísta? Quem escolhe a quem se apegar o que pode esperar do Universo, que é universalista e não separa elementos bons e maus, certos ou errados?

Esse é o fundamento universal do amor crístico que precisa ser bem compreendido. Tudo que existe na Realidade do Universo é universalista e, por isso, vive em equanimidade com tudo e com todos... Já o amor humano é individual e egoísta e cobra atitudes e ações de quem é amado.

Chamar paixão de amor, ou seja, chamar egoísmo de amor, é hipocrisia. Saiba de uma coisa: o egoísmo, ou seja, tudo que se baseia numa condição individual, é a antítese do amor universal.

Amar a tudo e a todos de uma forma indiscriminada. Amar doando-se sem esperar retribuições: esta é a atividade do espírito que o leva a viver a felicidade que Deus tem prometido. Já a atividade do ser humano, que serve como provação ao espírito, é amar apenas aquele que ele quer. Na verdade é apenas dizer que ama, porque na realidade o que nutre pelo próximo é uma paixão...

O ser humanizado ama apenas aquele lhe puxa o saco, que primeiro faz o carinho para depois receber, que lhe presta serviços . Já o ser universal vive o amor pelo outro, antes de qualquer coisa que ele faça. Estas são as diferenças básicas entre a paixão que vocês chamam de amor e o Amor Crístico, o Universal.

Participante: O que você chama fazer a vontade do próximo é o que acabou de ser lido?

Sim, é servir ao próximo. Fazer a vontade do próximo é estar sempre à disposição dele.

Agora, volto a repetir uma coisa: eu não falo de atos. Outro dia me perguntaram: e se o outro quiser que eu vá matar alguém... Tenho que servi-lo? Eu respondi: com relação ao ato, Deus dirá o que acontecerá. Agora internamente, sentimentalmente, você tem que estar sempre à disposição do outro.

Participante: Explique-me melhor a sua afirmação que diz que o ato do meu inimigo é o amor de Deus em ação. Como o meu inimigo é a presença de Deus?

Veja... Você não é um ser humanizado, não tem vida e, por isso, não participa de atos. Você é um espírito que tem uma existência eterna. Aquilo que você chama de atos humanos, na verdade, fazem parte da existência humana, mas não com os valores que representam agora para você, mas como provações da sua caminha espiritual. Ou seja, o ato do seu inimigo desta vida carnal é o seu carma, é uma provação. Por quê? Porque o ato do seu inimigo trabalha justamente esta questão da paixão.

O que é ser seu inimigo? É ser uma pessoa que não satisfaz as suas vontades... O que é o ato que ele pratica? São atitudes que não satisfazem os seus desejos...

Como já estudamos, o desejo, a vontade e a paixão são elementos carmáticos, ou seja, são provas. Assim, quando o seu inimigo lhe faz alguma coisa, está criando uma oportunidade para você vencer seus desejos, paixões, posses e com isso vencer o seu egoísmo. Quando você não compactua com aquilo que a mente cria usando-se destes elementos, alcança a elevação espiritual.

Costuma se dizer que a ação do seu inimigo é um presente de Deus, fruto do amor do Pai, porque é a oportunidade para o espírito realizar o objetivo da encarnação. Se não houvesse estas provas, não haveria encarnação e nem elevação espiritual.

Então, o ato do inimigo é uma dádiva de Deus porque é a oportunidade do trabalho. Mas, o ato do amigo também, pois ele mexe com paixões, vontades e desejos iguais ao ato do inimigo.

Na verdade, o que você precisa se libertar é da paixão – do amar porque, do não amar porque – e alcançar o amor que Cristo ensinou e que é incondicional e universal. Repare que para mudar a sua compreensão do ato do seu inimigo (de mal para fruto do amor de Deus) só alterei uma coisa: a sua forma de ver. Não alterei em nada o acontecimento, ou seja, não mudei a ação.

NOTA: Na resposta à questão 851 de O Livro dos Espíritos, o Espírito da Verdade afirma que os acontecimentos da vida ocorrem de acordo com a escolha feita pelo espírito antes de encarnar. Apesar disso, afirma ainda o mentor de Allan Kardec, que o ser universal continua, no tocante às provas morais e tentações, livre para escolher entre o bem e o mal.

Para o humano a felicidade está na satisfação material, prazer. Por isso ele precisa adequar as ações às suas vontades e paixões para ser feliz. Quando os acontecimentos não coincidem com o que o humano acha certo, o ato do inimigo transforma-se em ruim, mal. Já para o espírito, a realização está na boa execução de suas provações. Por isso o ato do inimigo passa a ser bom, ótimo e perfeito para quem quer se elevar.

“Façam isso porque Ele também é bom para os ingratos e maus. Sejam bons, assim como o Pai de vocês é bom”. (Lucas, 6, 31)

No Evangelho de Mateus, tem um trecho interessante sobre este mesmo assunto. Veja...

“Vocês sabem o que foi dito: “Ame os seus amigos e odeie os seus inimigos”. Mas eu lhes digo: amem os seus inimigos e orem pelos que perseguem vocês para que vocês se tornem filhos do Pai que está no céu. Porque ele faz o sol brilhar sobre os bons e os maus e dá chuva tanto aos que fazem o bem como aos que fazem o mal. Se vocês amam somente aqueles que os amam, porque esperam alguma recompensa de Deus? Até os cobradores de impostos amam aqueles que os amam. Se vocês falam somente com os seus amigos, o que é que fazem de mais? Até os pagãos fazem isso! Portanto, sejam perfeitos em amor, assim como é perfeito o Pai de vocês, que está no céu”. (Mateus, 5, 43 a 48).

Ou seja, Cristo afirma que a dádiva de Deus necessária para a vida está à disposição daqueles que você considera bom assim como os que você considera mau... Já repararam nisso?

Com este ensinamento, Cristo está nos mostrando mais uma característica do amor de Deus: ser igual para todos... Deus ama a todos de uma forma igual.

Juntando o ensinamento de Lucas que diz que Deus dá igualmente àqueles que você considera bom assim como dá àqueles que você chama de mal com o que está no Evangelho de Lucas, (“sejam bons, assim como o Pai de vocês é bom”) o amor ensinado por Cristo fica bem compreendido: ele deve ser sentido por todos, sejam aqueles que você considera bom ou aquele que chama de mal. Por que digo isso? Porque Deus ama a todos de uma forma universal e se o ser humanizado aspira entrar no Reino do Céu precisa praticar este amor.

Esta é a palavra importante para se entender o amor: ser perfeito no amar como Deus é perfeito em amar. Amar não aceita imperfeições, porque quando o amor é imperfeito, ele não existe. Transforma-se numa paixão, ou seja, num elemento de provação, uma ilusão do qual precisa se libertar.

Eis aí, portanto, a perfeita compreensão do amor ensinado por Cristo: ame como Deus ama. Ame indiscriminadamente. Ame universalmente...

Encerrando esta questão, quero apenas dizer que vocês são incapazes de gerar o amor ensinado por Cristo, pois vivem apenas o que a mente cria e ela sempre agirá, como instrumento de provação que é, criando amores condicionais. A mente jamais poderá criar uma emoção que seja incondicional, pois ela é fundamentada no individualismo e egoísmo e trabalha (pensa) sempre a partir de posses, paixões e desejos. Mas, se não são capazes de gerar o amor universal, podem, pelo menos, saber que o que chama de amor não é.

Vocês são capazes de reconhecer a existência do condicionamento nas emoções criadas pela mente, ou seja, são capazes de ver as condições que a mente cria para dizer que ama uma pessoa ou objeto. Podem não saber amar universalmente, mas são capazes de identificar as paixões, ou seja, as razões para amar.

Por isso lhes digo: libertem-se destas paixões que vocês estarão amando como Cristo disse que deve se amar... Não aceitem a ideia de que estão amando seja quem for, mas compreendam que aquilo que a mente cria e que chama de amor nada mais é do que uma paixão. Por conta desta compreensão, não se apeguem a esta ideia.

Libertar-se de tudo o que a mente cria é o trabalho da reforma íntima que leva o ser a vivenciar a felicidade que Deus tem prometido. Portanto, faz parte desta reforma alcançar a consciência de que você não ama ninguém...

Amor universal

Amar a si mesmo

Participante: Para amar a Deus sobre todas as coisas é preciso amar a si próprio primeiro, para depois entender o externo?

Esse amar a si próprio como valorizado pela psicologia e pelas doutrinas de auto-ajuda é uma armadilha para aquele que quer aproveitar a encarnação para alcançar a elevação espiritual...

O amar a si próprio, como entendido pelos humanos, é o amar as suas paixões, posses e desejos. É o amar o que você é, está ou faz. Esta forma de amor a si mesmo não leva ninguém a universalizar-se, pois está ligado ao egoísmo, à defesa de suas propriedades.

Quem ama a si mesmo, segundo a visão que se tem deste tema no mundo humano, é aquele que super valoriza as suas posses. É aquele que considera o que é ou está melhor do que o dos outros. Isso é soberba e não amor. Por isso o espiritualista verdadeiro não se nutre deste amor.

O amor a si mesmo que Cristo falou quando transmitiu os mandamentos mais importantes para a elevação espiritual não tem nada disso. Trata-se de um amor fundamentado nas coisas espirituais e não nas humanas.

O espiritualista que ama a si mesmo é aquele que ama o que é importante para o espírito. É aquele que alcança a sua felicidade a partir de realizações espirituais e não materiais. É aquele que se realiza quando consegue o que é importante para a sua espiritualização e não para a conquista ou manutenção de seu status humano.

Amar a si mesmo, dentro da visão espiritualista, não é servir às suas paixões, mas sim ao espírito que existe dentro de você. Quando diz que acredita em algo além da matéria, mas ama a si mesmo buscando sempre se contentar, ou seja, satisfazer suas paixões e desejos, não amou a si mesmo, mas ao ser humano que imagina ser.

Lembre-se sempre do que eu falei quando conversamos sobre o conhecimento de si mesmo: todo aquele que quer alcançar a elevação espiritual precisa atingir a dupla personalidade. Se você não pensa sempre que existe um lado espiritual e um material sobre qualquer assunto desta vida, acaba confundindo um com o outro e achando que está num caminho, quando na realidade está em outro. Só aquele que sabe que é dois ao mesmo tempo investiga as coisas querendo saber se elas estão servindo a um ou a outro. Quem não sabe disso, acaba sempre achando que os valores de um são semelhantes com o do outro.

Resumindo, então, para você se amar precisa se libertar das condições para ser feliz. Para isso você precisa saber que é um espírito e que por isso já é feliz e não precisa de nada que lhe faça ser assim...

Amor universal

Pelo amor ou pela dor

“Não partilho da opinião de meu contemporâneo, Bernard Shaw, de que os seres humanos só conseguiriam algo de bom se pudessem viver até os trezentos anos de idade. Um prolongamento da vida de nada adiantaria, a menos que muitas outras mudanças fundamentais fossem feitas nas condições da vida”. (Sigmund Freud)

Obras completas de Sigmund Freud, Volume XXIII, Cap. III – MOISÉS, O SEU POVO E A RELIGIÃO MONOTEÍSTA, PARTE I – NOTA PREAMBULAR I)

1 - Psicologia e Espiritologia

A psicologia é uma ciência que busca proporcionar uma melhor qualidade de vida aos seres humanos. Como melhor qualidade de vida, entende-se a quantidade de momentos de felicidade que um ser humano sinta durante a sua vida.

Para isso, a psicologia busca alterar a visão que um ser humano possui sobre as coisas que lhe fazem sofrer, alterando o seu estado de espírito. Da mesma forma, as doutrinas religiosas (espiritologia) buscam transmitir ensinamentos que façam os seres humanizados compreenderem a ação de Deus no planeta para que possam viver a sua existência em um estado de felicidade. Isso porque o entendimento da ação de Deus altera o sentido que o ser humanizado dá as coisas do mundo material e desta alteração pode surgir a vivência da felicidade.

Para conseguirem este objetivo comum, tanto a psicologia quanto a espiritologia trabalham elementos imateriais: inteligência e raciocínio.

A felicidade de um espírito humanizado depende da sua capacidade de continuar a ser feliz durante os acontecimentos da vida, sem que para isso seja preciso alterá-los. Esta felicidade não depende do acontecimento em si, mas da compreensão que o ser humanizado alcance sobre os acontecimentos da vida através do raciocínio dos fatos. Enquanto o raciocínio de um ser humanizado contiver valores (conceitos) que afirmem que ele não alcançou a felicidade, ele não será feliz. Só quando seus valores afirmam que existe felicidade, ele torna-se feliz.

Tanto a psicologia quanto a espiritologia buscam, portanto, alterar os conceitos do ser humano, pois partem da certeza de que muitas vezes é impossível se alterar os acontecimentos para satisfazer ao ser humano.

Através de seus ensinamentos, as duas ciências dão ao ser humanizado subsídios para que ele aceite os acontecimentos sem ter pensamentos que criem a consciência de uma contrariedade. Aplicando-os acontece uma mudança no entendimento dos fatos (compreensão) e com isso o ser humano não mais alcança o sofrimento.

Ora, se as duas ciências possuem objetivos em comum e operam sobre os mesmos elementos para conseguirem o mesmo fim, é justo se prever que as duas deveriam trilhar o mesmo caminho. No entanto, não é isto que ocorre: A psicologia trabalha com os valores humanos enquanto que a espiritologia opera com os valores espirituais.

2 – A codificação dos ensinamentos

Sigmund Freud é considerado o pai da moderna psicologia, mas isto não quer dizer que a busca pela alteração dos valores do ser humano para que houvesse a vida com um estado de espírito de felicidade tenha se iniciado através dele. Durante todos os milênios de existência do homem sobre o planeta a filosofia procurou trazer os instrumentos para esta mudança. Desde os pensadores gregos até os dias de hoje, muitos procuraram compreender os caminhos que levam a esta felicidade constante.

A função de Freud foi a de criar normas e procedimentos que dessem a esta procura um caráter científico.

Da mesma forma, a espiritologia também teve um pai: Allan Kardec. Apesar disso, como na psicologia, desde que o ser humano passou a existir neste planeta, criaram-se correntes religiosas que procuraram trazer ensinamentos para que o ser humano vivesse em estado de felicidade, com os de Lao-Tsé, Krishna, Buda, Cristo, etc. Todos estes mestres trouxeram ensinamentos que devem ser usados por aqueles que querem viver esta vida com a felicidade que Deus tem prometido. No entanto, nenhum deles os tratou como ciência.

Allan Kardec com o seu O Livro dos Espíritos e as demais obras do Pentateuco Espírita foram as primeiras codificações científicas da busca da vivência da felicidade por parte do ser humano. No entanto, elas em si não podem ser consideradas como novidades neste sentido. Na verdade, os ensinamentos trazidos por Kardec contemplam todas as correntes dos mestres que viveram anteriormente. Desde os ensinamentos de Lao-Tsé até o amor ensinado por Cristo e vivido pelos santos, os mestres enviados por Deus transmitiram os ensinamentos necessários para a geração da espiritologia.

Assim como Freud, Kardec apenas reuniu todos estes ensinamentos e criou normas e procedimentos que desse o caráter científico aos mesmos, Kardec o fez com os ensinamentos da espiritologia.

Os dois, portanto, são os codificadores, ou seja, os pais da psicologia e da espiritologia.

3 – As correntes diversas

Como toda ciência que se preza, tanto a psicologia quanto a espiritologia possuem correntes diversas, ou seja, caminhos diferentes para se atingir ao mesmo objetivo.

No texto em epígrafe neste trabalho, podemos ver que à época de Freud havia duas correntes que divergiam sobre os caminhos da felicidade na formação da psicologia. Para Freud a felicidade deveria ser alcançada através de mudanças fundamentais que ocorressem durante a vida, enquanto que para Shaw ela só seria alcançada pela longevidade do ser humanizado.

Da mesma forma a espiritologia codificada por Kardec ensinou que existem duas formas de se alcançar a elevação espiritual (felicidade): pelo amor ou pela dor. Estas duas formas são defendidas por correntes ideológicas diferentes dentro da ciência espiritologia, como veremos.

4 – A felicidade alcançada pela dor

Quando os valores do ser humanizado são contrariados ele se torna infeliz. Uma das formas de agir neste caso é a reação contra as causas da contrariedade para poder voltar a sua felicidade.

Se a contrariedade partiu de outro ser humano que possui valores diferentes do dele, o homem debate, discute e busca provar por todos os meios que está certo, tentando convencer o próximo a mudar seu ponto de vista. Se ela adveio de uma situação, o ser humano age no sentido de alterá-la. Nas duas situações, o ser humanizado tenta modificar o acontecimento para restaurar o seu estado de espírito feliz.

Ocorre que dificilmente o ser humano consegue mudar o próximo ou qualquer situação. Ele não compreende que não possui o poder de alterar as pessoas ou os acontecimentos ao seu prazer. Assim, o ser humanizado passa a vida sofrendo, pois as pessoas não mudam para o que ele acha certo nem os acontecimentos se modificam.

Esta forma de proceder ocorre muito mais durante o ímpeto da juventude, pois quanto mais o ser vivencia situações onde é contrariado, mais aumenta a sua compreensão de que não pode alterar as pessoas e os acontecimentos. Quando atinge determinada idade, que muitos chamam da razão, o ser humano desiste desta luta contra os fatores externos e não mais se deixa ferir (perder a felicidade) pelos valores do próximo ou pelos acontecimentos. É a partir desta constatação é que Shaw sugere que a felicidade só será alcançada quando o ser viver mais tempo.

Podemos chamar este processo de resignação. O ser humano não alcança a felicidade por alteração de seus valores, mas resigna-se a não reagir aos valores alheios para não sofrer. Este caminho leva à felicidade, pois não há mais a contrariedade, mas apenas depois de muito sofrimento.

Na espiritologia este processo ficou conhecido como ‘elevação espiritual pela dor’.

Na codificação científica de Kardec sobre a espiritologia – O Livro dos Espíritos, pergunta 132 – é dito que na vida humana (encarnação) precisa haver vicissitudes, ou seja, alternância de situações. Sendo assim, nenhuma existência humana pode ser vivida apenas com a satisfação dos desejos do ser humanizado.

Este mesmo ensinamento foi trazido por todos os mestres. Todos disseram que durante a vivência de uma encarnação o ser humanizado não pode vivenciar apenas momentos de satisfação. Cristo foi mais longe. Ele disse que a felicidade (Bem Aventurança) depende do ser humanizado ser caluniado e perseguido. Portanto, a existência da infelicidade é algo inexorável àquele que encarna.

Aquele que vive a elevação espiritual pela dor é o ser humanizado que se resigna a passar pelos momentos de sofrimentos de sua existência sem agir contra eles, buscando, assim, alcançar a felicidade prometida. Neste caso, assim como na teoria de Shaw, a felicidade também só é alcançada na maturidade da vida religiosa, ou seja, depois de muitas contrariedades.

As correntes que defendem este modo de proceder da espiritologia são a católica, a evangélica e até da espírita. Elas ensinam através da paixão de Cristo que os seres humanos devem sofrer seus momentos de contrariedade em silêncio (sem reagir contra eles) para serem aceitos no reino do céu.

5 – A felicidade alcançada pelo amor

Freud era contrário a Shaw. Ele achava que a felicidade podia ser obtida através de uma ação do ser humano sobre os acontecimentos para acabar com a sua contrariedade e não pela reação constante até atingir-se a resignação. Já que todas as contrariedades nascem de pensamentos diferenciados, Freud criou normas que explicam ao ser humano o comportamento alheio.

Conhecendo as bases do raciocínio dos outros, o ser humano pode compreendê-los e não mais necessitar da mudança deles para permanecer feliz. Começa, então, a procurar ser feliz independente das características dos outros. Esta é a mudança fundamental na condição de vida do ser humanizado que propõe a psicologia.

Freud explica os valores diferenciados que cada um possui através de normas científicas e leva o ser humanizado a compreender que ele não tem o poder de alterá-los e por isto deve aceitá-los da forma que são. A psicologia, portanto, age no sentido de dar ao ser humanizado a compreensão sobre o mundo em que vive para assim, deixe, de necessitar combatê-lo como pré-condição de sua felicidade.

O mesmo ensinamento é trazido pela corrente religiosa oriental (budismo, taoísmo, confucionismo, etc.) da espiritologia. Ao invés de resignarem-se com os acontecimentos, estas correntes incitam seus seguidores a reagir contra as situações dentro de si mesmo e não externamente.

Assim como a psicologia altera os padrões internos do ser humano para que não haja mais conflitos com os externos, as religiões orientais ensinam os seres humanos a buscar o seu próprio equilíbrio para não se ferir.

A ação de reforma interna para viver a felicidade foi chamada por Cristo de AMOR. A prática do amor ensinado por Cristo leva o ser humanizado a mais do que se resignar face às situações do mundo, mas amar a tudo, a Deus, a si e ao próximo, sempre, independente da situação.

Alcançar a felicidade pelo amor é agir internamente para gerar uma conscientização dos fatores internos (mudanças fundamentais nas condições de vida) que acabem com os sofrimentos.

6 – Alcançando a felicidade

Não importa por qual caminho o ser humanizado seguir, se o ser humanizado a amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo alcançará o estado de felicidade. Resignando-se ou amando o próximo como a si mesmo, alcançará a felicidade, pois como disse Kardec, todos os espíritos um dia irão evoluir. A diferença está no caminho que tomará.

7 – Conclusão

A espiritologia e a psicologia são ciências irmãs, pois objetivam a mesma coisa. Apesar de trabalharem valores diferenciados, as duas objetivam a mesma coisa: levar o ser humanizado a vivenciar esta vida dentro de um estado de espírito de felicidade incondicional.

Da mesma forma, as duas correntes de cada uma delas também estão certas, pois tanto pela resignação alcançada com a velhice quanto com a ação de amar, os seres humanizados um dia alcançarão a felicidade.

As duas correntes e as duas ciências se baseiam em uma só premissa: existe um estado de felicidade completa. A diferença entre eles é o caminho que é fruto livre arbítrio que o espírito tem: ele pode escolher caminhar pelo amor ou pela dor.

Amor universal

Amar o inimigo

Pergunta: Como é difícil amar o inimigo, mas devemos tentar sempre, não é mesmo?

Deixa só eu lhe dar uma orientação: enquanto estiver tentando, você estará esquecendo-se de amar.

Não tente, ame. Se entregue nesse amor profundamente ao invés de ficar colocando padrões para amar, pois o amar trata-se de apenas amar e não de se aprender a amar.

Amar é difícil para os encarnados porque eles criam padrões para amar: amarei se ele fizer isso, mudando-se, agindo de determinada forma. Não, isso não é amor. Amar é: eu amo, sem porque, para que, como quando ou onde.

Para amar é preciso que você esteja livre de todas as premissas para ser feliz. Só aquele que nada espera, quer ou busca pode viver amando a todos, sejam eles amigos ou inimigos.

Portanto, ao invés de tentar amar, liberte-se de suas vontades e com isso estará amando...

Pergunta: O inimigo é o nosso maior amigo. É Deus mais presente do que nunca?

O seu inimigo é uma emanação de Deus; o ato do seu inimigo é uma emanação de Deus. Isso porque tudo é Deus, emanação Dele.

O ato do seu inimigo, aquilo que você chama de inimizade, é emanação de Deus. Veja bem este trecho de O Livro dos Espíritos:

“Visa ainda outro fim a encarnação: o de por o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus” (pergunta 132)

Na hora que entender que o seu inimigo é apenas um instrumento de Deus para gerar provações que você deve aproveitar para alcançar a sua elevação espiritual, talvez mude de idéia sobre ele...

Pergunta: Amar ao próximo como a si mesmo.

Amar ao próximo como a si mesmo é servir ao outro como estudamos em Paulo, ou seja, fazer a vontade do próximo. Quando você quer colocar a sua vontade na frente da vontade do outro, está se servindo do próximo, ou seja, sendo feliz porque teve uma vontade que venceu a vontade do próximo.

Amor universal

O amor e o amor

Hoje eu vou contar a história de dois espíritos que encarnaram aqui na Terra, um no sexo feminino e outro no masculino. Eles se encontraram na adolescência e começaram a namorar. Passaram muito tempo namorando e descobriram que se amavam e casaram. Tiveram filhos e viveram felizes muito tempo.

Um dia o homem morreu, foi para o céu e a mulher só pedia para ver o homem, só queria ver o homem. Até que um dia ela morreu e foi para o céu. Encontram-se os dois no astral e a mulher se decepcionou porque o homem não a reconheceu. Passou por ela e nem disse olá.

Ela perguntou: ‘mas como, ele me amava tanto? Gostava tanto de mim e vocês dizem que aqui é tudo igual ao que era lá, porque ele não gosta mais de mim?’

Ela foi procurar auxílio, foi procurar ajuda de quem sabe mais, para descobrir o que estava acontecendo. Foi ver um aparelho que tem no plano astral que mostra a vida da pessoa. Este aparelho mostrou para eles não se amavam com amor de amor, mas sim com amor da Terra, amor de homem para mulher.

Ela descobriu então que existem amores diferentes. É sobre isso que eu queria falar hoje. Eu queria contar para vocês que o amor não é tudo a mesma coisa: existe o amor que vocês chamam de carnal e existe o amor que se chama o amor universal: são duas coisas diferentes.

O amor da Terra não tem amor, tem desejo. O desejo faz parte do amor, mas não pode ser o que comanda tudo. O espírito na carne tem que vencer as tentações e o desejo é uma das tentações para serem vencidas.

O que vale é o amor sentimento, o amor puro, o amor de gostar mesmo. O amor que não se cobra, não exige, não se pede nem se conquista. Esse é o amor universal: ele não possui cobranças, pois quem sente esse sentimento pelo outro sabe que existe sempre amor, mesmo que as vontades de um não sejam supridas pelo outro. Quem ama não precisa ficar cobrando nada a toda hora, nem a própria existência do amor.

O amor universal é aquele em que só as pessoas olham uma para outra e já sabem o que a outra quer falar. Já sabe o que a outra está pensando. Não é aquele que fica brigando todo dia, todo dia e depois diz: ‘eu amo você’.

O amor universal é aquele que se sente não só pelo marido, mas se pelo filho, pelo vizinho, pelo amigo e pelo inimigo. Ele é o mesmo para todos, até para um desconhecido que passa no meio da rua.

É aquela sensação de querer sempre ajudar, de querer estar sempre do lado, de querer estar sempre com a mão estendida. É aquele que sempre diz: ‘você está precisando? Eu estou aqui para ajudar’.

O marido e mulher têm que ter o amor carnal? Sim, mas também tem que superá-lo e ter também o amor universal.

No plano espiritual não existe casamento. Não existe isso que vocês chamam de família, de viver debaixo do mesmo teto como marido e mulher: um ama o outro, como todos se amam. Um sai em trabalho para um lugar e o outro sai em trabalho para outro e ficam contando o dia que vão poder se aproximar para sentar e desfrutar a presença um do outro, desfrutar o carinho um do outro, desfrutar a amizade. Mas, enquanto estão longe não sofrem, pois sabem que a distância entre eles de agora é por amor a todos.

Isso é o amor universal e é o amor que vocês têm que começar a alcançar já a partir da vida encarnada. Se não o alcançarem já acontecerá com vocês o mesmo que aconteceu com a moça da história: chegam ao plano espiritual querendo encontrar a pessoa amada e não encontram. Isso porque não existia amor, mas apenas desejo carnal. Quando acaba a carne, acaba o desejo e por isso nem se reconhecem do outro lado.

É importante vocês aprenderem, principalmente os jovens. Vocês estão em uma fase em que se fala muito facilmente no amor. Muito facilmente se diz que eu amo você e na semana seguinte se diz o mesmo para outro.

Troquem a palavra. Não diga ‘eu amo você’, mas sim ‘eu desejo você’. Esta frase é a verdade do que sentem pelo outro.

Vocês não sabem o que é o amor porque um quer ser sempre melhor do que o outro em uma relação. Quando duas pessoas se juntam, nenhuma delas aceita que o outro seja melhor do que ele. Quer sempre estar por cima e estar melhor, Tanto quando namoram como quando são marido e mulher, todos só querem saber de ser mais importante que o outro, de ter prioridade sobre o outro. Neste momento não há amor, pois quem ama não quer estar por cima, mas busca sempre a igualdade ou até aceitar ficar em segundo plano para que você seja melhor.

Vocês que estão começando a vida têm que aprender isso. Têm que saber que não se deve querer ser melhor do que ninguém porque aquele que quer ser melhor do que alguém é o pior. Ser humildade é algo que vocês têm que procurar. É algo que devem tentar alcançar porque só o humilde entra no reino dos céus. Só um humilde tem o seu lugar no reino de Deus.

Aquele que diz ‘eu sei tudo, eu faço tudo’ vai aprender que não sabe nada, vai aprender que não faz nada, porque vai encontrar aqueles que sabem mais do que ele. Para ter humildade tem que ter amor, senão tiver amor não tem humildade.

Senão tiver amor, não tem caridade, senão tiver amor não tem bondade, senão tiver amor, não há nada. Só com o amor podemos construir qualquer coisa que seja eterna. Sem o amor não se constrói nada para a existência eterna.

Tendo ódio e rancor no seu coração jamais conseguirá fazer realmente a caridade pelos outros. Se acha que carregando ódio e rancor no seu coração vai conseguir amizade, não vai. Pode até conseguir companheiros, mas com falsidade.

A relação que não é fundamentada no amor verdadeiro é falsa porque um dia a emoção que for nutrida naquele momento exigirá que seus anseios sejam satisfeitos e quando isso não acontecer, o egoísmo falará mais alto. Quando o outro cede ao seu egoísmo, aquele que se imaginava amigo ainda reclama: ‘que ingrato, eu dei tudo de mim’. Não deu o principal, a única coisa que prende dois seres: o amor...

É isso que vocês que estão começando têm que aprender: sem o amor não pode existir um relacionamento que perdure...

Eu vou dar um conselho: fujam daquele que diz ‘eu tenho amor por você’. Ele não tem. Fuja porque pode ser que você acredite neste amor, mas como ele é apenas um amor humano, um dia você vai se desiludir com aquela pessoa. Fujam daqueles que disser ‘eu sou o bom’, ‘eu sei tudo’, pois ele é o pior e nada sabe. Sai de perto daquele que gosta de ensinar caminhos certos, porque o único caminho que eles conhecem é aquele que é contrário aos seus interesses. Como vocês não conseguem viver com o amor genuíno, certamente vão sofrer se seguirem os caminhos que ele indicar.

Ao olharem um para o outro, ao olharem para as coisas, não pense nelas como matérias. Ninguém aqui é carne. Vocês vestem uma roupa de carne, mas todos são espíritos. Como espíritos que são têm que aprender as coisas e não como carne.

Não é olhar para a carne, não é olhar para as coisas da carne, é olhar para as coisas do espírito. Ao olhar para um homem vejam se ele é bonito por dentro’. É isso que importa, pois por fora todo mundo vai ficar feio um dia.

Ainda bem que vocês não me vêem, pois iam ver como eu estou feio. Já fui muito mais bonito do que sou, mas o tempo fez o seu trabalho. E vai fazer com todos vocês. Faz com todos.

Por isso eu estou falando com os novos que acham que vão ficar com esta aparência para o resto da vida. A mocinha olha o rapaz e diz: ‘ele é lindo’. Vai e casa por este motivo. Depois ele bate nela, mas continua lindo e ela fica. Depois ele arruma outra, mas continua lindo e ela fica. Aí ele fica feio e ela pergunta: ‘onde foi parar a minha vida? O que eu fiz dela? Foi por isso que eu abandonei tudo’?

O que estava por fora e que serviu como motivo para a mocinha escolher aquele homem nunca existiu. O que existiu era o que estava por dentro e ela não viu, apesar de muitos, com certeza, terem visto e lhe avisado. Como o outro é verdadeiramente só se consegue se enxergar quando se conhece o amor verdadeiro.

Namorar é gostoso? É. Namorar é bom? É. Pode namorar? À vontade, mas não se comprometa. Não diga ‘eu amo você’ porque vai mentir. O amor verdadeiro só vem com o tempo: só com o exercício da convivência fundamentada no amor.

Vocês que são jovens, portanto tenham cuidado com a sua vida amorosa, pois um dia vão para o plano espiritual e quando lá chegarem procurarão o que pensavam que é amor e descobrirão que ele não existia.

Amor universal

O amor e o trabalho mediúnico

Baseado no estudo da Epístola aos Coríntios I

“Eu poderia falar todas as línguas que se falam na Terra e até no céu, mas, se não tivesse amor, as minhas palavras seriam como barulho do gongo ou o som do sino. Poderia ter o dom de anunciar mensagens de Deus, ter todo o conhecimento, entender todos os segredos e ter toda fé necessária para tirar as montanhas dos seus lugares; mas, se não tivesse amor, eu não seria nada”. (13, 01 a 03)

Todo o poder mediúnico que você imagina que tenha, mesmo que seja o de conseguir realizar milagres, sem ser conectado ao amor de nada lhe serve para a elevação espiritual. Você pode ter o poder mediúnico de cura, ajudar muitas pessoas com isso, mas se não tiver o amor verdadeiro, a realização desta caridade não valeu de nada como elemento para a sua elevação.

Você pode escrever milhares de livros psicografados, mas se não tiver amor, não adiantou de nada. Pode ser o maior doutrinador, mas se não tiver amor, para você aquele trabalho não serviu de nada.

Para o outro o que você fez pode ter sido instrumento de elevação, mas para você, todo trabalho mediúnico que não é vivenciado com o amor universal de nada serve. Você foi só instrumento de Deus para levar ao próximo o que ele precisava e merecia, mas não recebeu nada por ter feito aquilo.

A primeira coisa que um médium deve ter na cabeça é o servir ao próximo e não o se servir do próximo. Por isso, quando for dar um passe em alguém, não se preocupe naquele momento em ser um médium famoso ou em conseguir ajudar a alguém, mas trabalhe para dar o melhor de si para que aquela pessoa receba o que precisa e merece. Esse é o caminho durante o seu trabalho mediúnico que o aproxima de Deus.

Aquele que não exercer o dom que recebe do espírito santo (dom mediúnico) com amor, este trabalho de nada adianta para si mesmo. Vale para o teatrinho da vida, pois leva para outra pessoa o que ela precisava e merecia. Se ela estiver recebendo com amor, vai ganhar, mas se não estiver, também não vai ganhar, pois é a vivência do amor universal que regula o que cada um recebe...

“Poderia dar tudo o que eu tenho e até entregar o meu corpo para ser queimado; mas, se eu não tivesse amor, isso não me adiantaria nada”. (13, 03)

Para Deus, de nada adianta o seu sacrifício sem amor.

Não adianta você ir a sua casa espírita todo dia que tem trabalho, ser o primeiro a chegar e o último a sair, pois se não vier por amor e com a intenção de servir ao próximo, não adianta nada vir. Mesmo que para ir você se sacrifique, abra mão de outras coisas que precisava ou gostaria de estar fazendo, se não for com a consciência de servir de instrumento a Deus para dar a quem precisa o que ele merece, de nada adianta para você.

Tem muitos médiuns que se vangloriam do tempo que disponibilizam para o serviço mediúnico. Enaltecem-se afirmando o quanto são bondosos por priorizar o serviço ao próximo em detrimento de seus anseios individuais. Isso não é amor, mas soberba. Quem faz isso ajuda o outro com seu trabalho, mas não conquista para si a aproximação de Deus.

Lembro-me de uma história que fala de um médico que depois de ser convidado diversas vezes por um médium para consultar gratuitamente os que não tinham dinheiro, acabou aceitando. Mas, com uma ressalva: ele só atenderia gratuitamente às terças-feiras das oito ao meio dia. Depois de trinta anos atendendo os necessitados desta forma este médico desencanou. Chegando ao céu foi entrando pela porta principal quando o anjo lhe disse: ‘o senhor não é o médico que atendia os doentes? Pois bem, sua entrada não é por este portão, mas por outro que está mais à esquerda’.

O médico sentiu-se importante e achou que o outro portão era a entrada para aqueles que tinham ajudado os necessitados. Ao chegar ao portão indicado encontrou-o fechado e uma multidão esperando para entrar. O médico, então, pacientemente aguardou. Quando o portão se abriu os que aguardavam começaram a entrar. Justamente quando chegou a vez do médico entrar o portão fechou-se.

O médico, então, indignado argüiu um anjo que estava ao lado do portão: ‘eu tenho que entrar por este portão. Na Terra era médico e ajudava muitos necessitados e por isso me disseram que minha entrada é por aqui’. O anjo, então, respondeu a ele: ‘sim, o senhor vai entrar por aqui, mas precisa esperar o portão abrir novamente’.

O médico perguntou: ‘quando isso acontecerá?’ O anjo respondeu: ‘na próxima terça, das oito ao meio dia’...

O sacrifício que cada um faz para ajudar o próximo de nada adianta para ele se não vivenciar estes momentos amando o próximo e a Deus verdadeiramente. Quem se sacrifica vive o seu carma, mas se não tiver amor ao vivenciá-lo, ele não foi vencido. Este terá que vivê-lo novamente nesta ou em novas vidas.

“O amor é paciente e bondoso”. (13, 04)

Aqui Paulo começa a falar como se vive com amor no trabalho espiritual e nos demais acontecimentos da vida carnal. A primeira característica de quem ama é ser paciente. O que é paciência?

Participante: é aguardar o momento exato das coisas acontecerem.

Qual é o contrario da paciência? Pressa...

O amor é paciente, ou seja, ele não busca receber: espera receber... Ele não busca para si, mas aguarda o momento que chegará a hora da sua felicidade. É isso que Paulo está nos ensinando.

O amor é paciente e não tem pressa. Ele não vive afoito em fazer o que quer...

Quem ama não tem pressa na vida: espera o momento certo da coisa acontecer. Não quer fazer a coisa acontecer.

No seu trabalho espiritual você espera ele começar ou fica chamando as pessoas para começar logo o trabalho? No seu trabalho espiritual você espera ele acabar ou fica incitando aos outros que terminem porque já deu a hora e você tem mais o que fazer?

No seu trabalho espiritual você sabe esperar as pessoas acabarem de contar seus problemas ou fica querendo que elas parem de falar logo para você responder? No seu trabalho espiritual você quer atender rapidamente muitos ou tem paciência com a lerdeza de alguns?

Aquele que ama sabe esperar a hora das coisas acontecerem e não exige que elas ocorram na hora que ele quer: esta é uma das características de quem está exercendo sua atividade mediúnica com amor e por isso aproveitando aquela oportunidade para aproximar-se de Deus. Quem realiza o seu trabalho com pressa de começar ou de acabar ou querendo atender a uns rapidamente para poder atender mais pessoas não o faz com amor e por isso não aproveita esta oportunidade para aproximar-se de Deus.

Quando um ser humanizado diz para outro o que ele tem que fazer, está com pressa e quer mudar o outro: isso não é amor. Quem ama espera em paz e tranqüilo o que o outro vai fazer.

O amor é bondoso...

O que é ser bondoso com o próximo? Será que é satisfazer as vontades ou suprir as carências dele? Não, a bondade vai muito além...

Ser bondoso é saber respeitar a intimidade do outro. Sendo você médium consciente, quando acaba o trabalho fica comentando o que a entidade falou para alguma pessoa? Então, você não é bondoso.

Ser bondoso é compreender as dificuldades dos outros. Quando você está incorporado atendendo uma pessoa fica reparando nos erros de português de quem está atendendo? Então, você não é bondoso.

Ser bondoso é respeitar o sofrimento do outro. Quando você ouve os problemas de alguém fica julgando-os ou minimizando o sofrimento alheio? Então, você não é bondoso.

Quem executa o seu trabalho mediúnico com bondade respeita o próximo. Respeita a dor, as dificuldades e a intimidade dos outros. Este é o bondoso. Já aqueles que se consideram os perfeitos e acham que sua opinião é a verdade do mundo, estes não são bondosos e por isso o seu trabalho mediúnico de nada lhe vale para a sua elevação espiritual.

O bondoso, aquele que ama realmente, não faz nenhum comentário sobre ninguém, que dirá criticá-lo. Quantas vezes eu já vi depois de trabalhos espirituais os médiuns se sentarem em rodas e comentarem sobre o trabalho do dia. Falam sobre os problemas alheios, muitas vezes citando o nome da pessoa que foi atendida. Riem e debocham de pessoas que sofrem por problemas pequenos minimizando suas dores. Riem e debocham de pessoas que não sabem se expressar direito. Isso é desamor...

A mediunidade não é glória, é oportunidade de trabalho para a elevação. Quando ela não é exercida com amor transforma-se num gerador de carmas que nesta ou em outras vidas terá que ser vivenciado.

“O amor não é ciumento, nem orgulhoso, nem vaidoso”. (13, 04)

Quem ama verdadeiramente não quer para si, por isso não é ciumento. Só tem ciúme quem quer possuir alguma coisa ou pessoa.

Você no seu trabalho espiritual tem ciúme quando uma pessoa procura outro médium para se tratar? Você no seu trabalho espiritual sente uma pontada de ciúme quando o dirigente da casa chama outro médium para um trabalho específico? Então, você não executa o seu trabalho mediúnico com amor e por isso ele não serve como instrumento para a sua elevação espiritual.

O amor não é orgulhoso...

Em outras oportunidades já distinguimos o orgulho da soberba. Esta distinção não é feita por vocês e por isso acham que ter orgulho é algo ruim. Isso não é real.

Ter orgulho do que faz é ter a sensação do dever cumprido. Já a soberba é dizer que o que você faz é melhor do que os outros fazem. O orgulho é uma sensação vivida no íntimo, a soberba é uma sensação declarada de superioridade. Por isso, neste trecho, vamos usar a palavra soberba ao invés de orgulho.

Quem ama não é soberbo...

No seu trabalho espiritual você se considera melhor médium que outros? Acha que consegue ajudar mais as pessoas do que outros trabalhadores? Acha que possui mais condições de ajudar o próximo que outros médiuns? Por quê? Sendo Deus quem faz tudo, como você pode ser melhor do que o outro? Quem julga sua participação nos trabalhos mediúnicos melhor do que a de outros não a executa com amor e assim, não utiliza esta ferramenta de trabalho para a elevação espiritual positivamente.

Quem tem soberba quer ser maior do que o outro. Já quem tem vaidade é aquele que está sempre comentando dos resultados da sua participação nos trabalhos mediúnicos de uma casa. Como este quer demonstrar a sua superioridade, ele não está amando, pois quem ama jamais quer ser superior a ninguém. É por isso que a o amor não é vaidoso.

Quem ama não fica contando vantagem, não fica se expondo como um pavão enaltecendo a si mesmo. Aquele que vive contando como ele resolveu, através da sua mediunidade, os problemas dos outros, é um professor da lei hipócrita, como ensinou Cristo:

“Fazem tudo para serem vistos. Vejam como são grandes os trechos das Escrituras Sagradas que eles copiam e amarram na testa e nos braços! E olhem os pingentes grandes das suas capas! Preferem os melhores lugares nas festas e os lugares de honra nas casas de oração. Gostam de ser cumprimentados com respeito nas praças e de ser chamados de mestre”. (Mateus, 23, 05 a 07)

Aliás, todo médium que executa o seu trabalho mediúnico sem amor torna-se um professor da lei hipócrita. Por isso é importante darmos uma olhada nas características destes descritas por Cristo.

O médium que não trabalha com amor, ou seja, que é ciumento, soberbo e vaidoso é aquele que gosta de colocar culpa nas pessoas que eles atendem. Gosta de acusar e criticar as pessoas. Dessa forma enaltece a si mesmo.

O médium não amoroso é aquele que não aponta saídas, que não ajuda as pessoas a carregarem seus fardos, mas só aponta os erros dos outros. Mostrando os erros dos outros ele engrandece a sua cultura sobre o que é errado.

Aquele que participa dos trabalhos mediúnicos com o amor verdadeiro por não ser vaidoso sabe que é Deus que executa tudo e não ele. Por isso, suas orientações sempre são voltadas para que aquele que possui carências busque a solução de seus problemas em Deus e não na matéria. Ele pode até ajudar materialmente as pessoas necessitadas, mas mais do que isso ele sempre as incita a desenvolverem a fé para poderem merecer receber.

Estes são alguns exemplos da diferença entre o médium amoroso e o professor da lei, aquele que vive o seu trabalho mediúnico sem o amor universal. Um quer servir ao próximo; o outro quer se servir dele para poder brilhar. É por isso que Paulo está dizendo que o amor não é vaidoso, ciumento ou soberbo.

“Não é grosseiro nem egoísta. Não se irrita e não fica magoado”. (13, 05)

Quem ama trata os outros amorosamente e não grosseiramente.

Quantas vezes vemos em centros espíritas médiuns tratando as pessoas que lá vão desrespeitosamente. Perdem a paciência quando aquele que está sofrendo não compreende o que ele está dizendo. Atacam aqueles que não aceitam suas orientações. Desqualificam aqueles que não acreditam no que ele está dizendo. Estes são médiuns que não participam do seu trabalho mediúnico com amor universal. Eles o fazem apenas para satisfazer a sua sede de soberba e vaidade.

Aquele que executa sua participação nos trabalhos de uma casa espírita com amor não se irrita com nada que quem o procura faz. Isso porque uma das características do amor universal é a compaixão...

Diferente do que acreditam os seres humanizados, ter compaixão não é sofrer com o sofrimento dos outros, mas sim ter a consciência do quanto o outro está sofrendo. Nos momentos de dor é comum os seres humanizados estarem parcialmente bloqueados. O problema que agora vivem bloqueia a sua capacidade de sofrimento. É por conta desta consciência que aquele que executa o seu trabalho mediúnico com amor jamais perde a paz, por mais que tenha que repetir a orientação para o necessitado.

Ter consciência do sofrimento do outro e saber que este domina o pensamento de quem procura ajuda é uma característica daqueles que participam da sua jornada mediúnica com amor.

Quem ama jamais se magoa...

A mágoa é uma prova da soberba do ser humanizado. Só se magoa com o que outra pessoa faz ou diz aquele que se considera melhor, mais capaz, certo. Estes se magoam com os outros porque acham que a descrença ou não compreensão deles é uma afronta à sua cultura.

O médium que se sente magoado porque um consulente não seguiu suas orientações ou porque foi consultar com outro trabalhador não exerce sua atividade mediúnica com amor e por isso não está aproveitando esta oportunidade para aproximar-se de Deus.

“O amor não se alegra quando alguém faz uma coisa errada, mas se alegra quando alguém faz o que é certo. O amor nunca desanima, porém suporta tudo com fé, esperança e paciência”. (13, 06 a 07)

Quantas vezes reparamos no médium um sorriso irônico quando a pessoa necessitada volta com o mesmo problema sem ter feito o que ele orientou anteriormente. Eles se alegram com a desgraça daqueles que não seguem a sua orientação. Isso os faz sentirem-se superiores aos outros.

Quantas vezes vemos médiuns lamentarem que uma pessoa nunca mais voltou ao centro para buscar ajuda. Isso comumente acontece quando ela conseguiu resolver seus problemas. Tal fato deveria alegrar o médium, mas não é isso que acontece muitas vezes. Por quê? Porque este médium não está agindo com amor.

Ele não está querendo realmente ajudar o próximo, mas sim amealhar seguidores. Para ele seria muito bom que esta pessoa tivesse sofrimentos constantemente para estar sempre buscando ajuda. Assim ele teria um séquito grande e com isso viveria a fama, que é realmente o que lhe impulsiona na vivência da sua atividade mediúnica.

Quantas vezes vemos médiuns desanimados no atendimento a determinadas pessoas. Isso acontece geralmente com aquelas que vão diversas vezes ao centro buscar ajuda para o mesmo problema e não conseguem resolvê-lo. O desânimo deste médium é a prova que ele não quer ajudar uma pessoa, mas realizar algo que possa mostrar a potência mediúnica que ele imagina possuir.

O trabalhador de uma casa espírita não desanima nunca. Ele nunca desiste da ajuda a uma pessoa. Busca sempre incutir a fé naquele consulente.

Ter fé é entregar-se com confiança a alguma coisa. Este é o mote do trabalho do médium que age com amor. Ele sempre busca incutir naquela pessoa que a confiança e a entrega a Deus resolve qualquer problema.

Por mais que a pessoa não consiga por conta do seu desespero com o problema que vive, pacientemente o trabalhador que vive sua atividade mediúnica com amor lhe incita a esta entrega lhe dando a esperança que o sofrimento que ela agora vive pode ser minimizado.

Estas são mais algumas características daquele que aproveita a sua atividade mediúnica como caminho para a elevação espiritual.

“O amor é eterno. Há mensagens espirituais, mas elas duração pouco”. (13, 08)

Existem diversos compêndios sobre como executar o trabalho espiritual. As casas espíritas possuem inclusive manuais de posições certas para se aplicar passes. Existem livros explicando como se aplicar o reiki. Há diversos trabalhos ensinando aos médiuns da Umbanda como se participar de uma gira e fazer os atendimentos. Mas, tudo isso passará...

Já repararam que sempre estão aparecendo formas novas de se executar trabalhos mediúnicos? Recentemente foram incorporadas às casas espiritualistas o trabalho de regressão à vidas passadas, o johrei, apometria e outros que estão ganhando força mais recentemente. Trabalhos como o passe magnético e outros vão perdendo espaço.

Pois é, toda forma de trabalho mediúnico passa. O que hoje era de uma grande ajuda, amanhã será superado por algo que será considerado mais potente. Mas, não importa qual seja o trabalho, a necessidade de realizá-lo com amor jamais acabará.

A necessidade de agir dentro do trabalho mediúnico como Paulo descreve – com paciência, sem ciúme, sem soberba ou vaidade e com fé, perseverança e paciência – nunca acabará, pois aquele que executa o trabalho sem ela, não aproveita a oportunidade para aproximar-se de Deus.

Mediunidade não é louro, mas oportunidade de trabalho para a elevação. Só a aproveita quem vivencia estes momentos nutrindo o amor universal.

Sendo assim, se você quer ir para o caminho de Deus, esqueça todos os ensinamentos sobre como realizar o seu trabalho mediúnico, mas firme-se no amor porque assim jamais você vai sair de moda.

“Existem dons de falar línguas estranhas, mas acabarão logo. Há conhecimento, mas terminará também. Pois os nossos dons de conhecimento e nossas mensagens espirituais existem somente em parte. Mas, quando vier o que é perfeito, então o que existe em parte desaparecerá”. (13, 08 a 10)

O que é perfeito?

Participante: o amor, Deus

Isso, o amor em ação, Deus. Quando isso chegar, tudo o que existe acabará...

Quando Deus estiver entre os humanos, ou seja, quando os humanos conviverem amorosamente, todos os ensinamentos sobre os trabalhos mediúnicos serão desnecessários. É como diz João no livro Apocalipse sobre a nova forma de viver que surgirá sobre o planeta:

“Não vi nenhum templo na cidade, pois o seu Templo é o Senhor, o Deus Todo Poderoso e o Cordeiro. A cidade não precisa de sol nem de lua para a iluminarem, pois a glória de Deus brilha sobre ela e o Cordeiro é a sua luz”.

“O trono de Deus está na cidade e os seus servos o adorarão. Eles verão o seu rosto e o nome Dele será escrito nas suas testas”.

(Apocalipse, 21, 22 e 23 e Capítulo 22, 03 e 04)

Quem ama está com Deus ao seu lado e por isso nenhum compêndio ensinando o que deve ser feito é preciso. Ele entrega-se ao Pai e com isso a glória do Senhor brilha e é ela que age no momento da atividade mediúnica. Já quem não ama, está sempre consigo mesmo e com a sua cultura ao seu lado. Imagina que ele é a luz daquele momento e não Cristo, nosso irmão maior.

“Quando eu era criança, a minha maneira de falar, de sentir e de pensar era de criança. Agora que já sou adulto não tenho mais essas maneiras de criança”. (13, 11)

Pergunto: vocês nas suas atividades mediúnicas são adultos espiritualmente falando, ou agem como uma criança? Encaram sua participação nestes momentos como instrumentos de Deus e como uma oportunidade para a sua elevação ou ainda os vive como instrumentos da sua vaidade e soberba, ainda os vivencia buscando sua própria glória?

O processo de reforma intima é um processo de amadurecimento espiritual e ele deve ser vivido dentro e fora da atividade mediúnica.

“O que agora vemos é como uma imagem confusa num espelho, mas depois veremos face a face. Agora conheço somente em parte, mas depois conhecerei completamente, assim como sou conhecido por Deus”. (13, 12)

O que você vê agora nos trabalhos mediúnicos é apenas matéria. O que vê é apenas a sua participação e a de quem está necessitado. O que vê é a sua gesticulação e movimentação corpórea. Você não vê que o que está sendo vivido. Você vê o externo, mas não repara na sua vaidade e soberba quando participa do trabalho mediúnico.

Esqueça os livros, esqueça a gesticulação externa e concentre-se no seu interior e veja se ali há amor, porque se não houver, é melhor ficar em casa assistindo novela...

Amor universal

Cumprindo a lei do amor

Deixe-me falar algo interessante, já que estamos falando de amar...

No Universo existe uma Realidade. Ela tem um “R” maiúsculo e nada tem de material, ou seja, não pode ser descrita por ideias, imagens ou formas. Este é o mundo do espírito. O mundo em que o ser universal vive é a Realidade do Universo. Acontece que quando encarnado este espírito está ligado a uma consciência que produz realidades diferenciadas.

A partir daí posso dizer que o espírito está vivo, no sentido de ativo, no mundo espiritual, mas está com a sua visão – não visão, olhar, mas percepção – ofuscada pelas realidades, com “r” minúsculo, realidades criadas pela consciência humana a qual está ligado. É a partir desta dupla realidade que vivem todos os seres universais durante a encarnação que temos que compreender a questão do amar...

Na Realidade o espírito está sempre amando. Na realidade, na ilusão criada pela consciência humana, ele pode estar vivendo outras coisas. Se isso é verdade, o cumprimento da lei do amor, para o espírito encarnado, não é amar, mas sim não acreditar nas realidades ilusórias. Não acreditar no não gostar, no ficar chateado, em ter sido agredido ou em estar bem que a personalidade humana cria. Desacreditando destas concepções que a consciência humana cria, poderá atingir a consciência de já estar amando. Agora, se ele ainda achar que a realidade gerada pela consciência humana é a sua verdade naquele momento, jamais conseguirá viver a Realidade.

Sendo assim, posso dizer que cumprir a lei do amor é não acreditar nas emoções que a mente cria para a ação de amor dos espíritos...

Ama o próximo aquele que não acredita que tem raiva dele. Ama a Deus acima de todas as coisas aquele que não acredita que gosta de uma determinada pessoa. O cumprimento dos mandamentos ensinados por Cristo não se demonstra amando, mas desacreditando das paixões que a mente cria.

Amor universal

Amor ao próximo

Falaremos hoje sobre o amor ao próximo. Mas o que será amar ao próximo? Muitas podem ser as respostas, mas eu diria que o amor ao próximo é a expressão máxima do amor incondicional. Começaremos nossa conversa de hoje a partir desta definição.

Amor ao próximo é acima de tudo colocar-se à disposição de Deus para servir de instrumento aos carmas do próximo. Este é o maior amor que alguém pode expressar pelo outro. Por quê? Porque só existe uma realidade: a espiritual. E a realidade espiritual é que a vida carnal é uma sucessão de carma onde existem provas a serem vencidas.

O amor ao próximo não é o amor ao ser humano, mas ao espírito que está humanizado ligado àquela carne através de um determinado ego. Se isto é verdade, como, então, posso amar ao próximo? Auxiliando-o a vivenciar os seus carmas. Para isso temos que ser instrumentos da criação das provas que darão ao próximo oportunidades de exercer o amor incondicional e assim alcançar a elevação espiritual.

Eu vou dar um exemplo. Quase todos que já tiveram contato com a doutrina espírita, seja por literatura ou estudo. Por isso, com certeza, já ouviram falar em expiação, ou seja, carma. Este ensinamento, na concepção espírita diz que o ser humanizado precisa passar por determinadas situações para expiar faltas anteriores.

Para falarmos do destino carmático de um ser que encarne, vamos supor uma expiação que é comum na literatura espírita: o espírito matou alguém em outra vida e, por isso, na próxima terá que expiar esta ação, ou seja, ele adquire o carma de morrer assassinado na próxima vida. Para isso ele vai nascer com diversos outros objetivos a executar na vida e no momento que estas provações acabarem ele morrerá assassinado. Isso será necessário para que este ser tenha a expiação que lhe possibilite a alcançar a elevação espiritual.

Sendo isso verdade, o fato de alguém dar um tiro, enfiar uma faca ou praticar qualquer outra ação que leve à morte deste ser humanizado é importantíssima na encarnação dele. No momento que estiver programando a sua futura vida, criando os carmas (expiações), este espírito estará consciente da necessidade de ser vitimado pela ação que o levará à morte e preocupar-se-á em fazer de tudo para que isto aconteça.

Acontece que para a ação assassina ocorra é necessário um ser humanizado, um espírito ligado ao mundo humano, a execute. Sendo assim, aquele que atirará terá também que reencarnar, às vezes sem necessidade para si mesmo, mas levará uma vida onde talvez nunca encontre aquele que veio ajudar até que no momento certo ficará frente a frente com ele e dará o tiro.

Sei que vocês devem estar achando fantasioso este raciocínio, mas veja esta seqüência de ensinamentos de O Livro dos Espíritos:

“258. Quando na erraticidade, antes de começar nova existência corporal, tem o Espírito consciência e previsão do que lhe sucederá no curso da vida terrena? Ele próprio escolhe o gênero de provas por que há de passar e nisso consiste o seu livre arbítrio”.

“851. Haverá fatalidade nos acontecimentos da vida, conforme ao sentido que se dá a este vocábulo? Quer dizer: todos os acontecimento são predeterminados? E, neste caso, que vem a ser do livre arbítrio? A fatalidade existe unicamente pela escolha que o Espírito fez, ao encarnar, desta ou daquela prova para sofrer. Escolhendo-a, instituiu para si uma espécie de destino, que é a conseqüência mesma da posição em que vem a achar-se colocado”.

“853a. Assim, qualquer que seja o perigo que nos ameace, se a hora da morte ainda não chegou, não morreremos? Não; não perecerás e tens disso milhares de exemplos. Quando, porém, soe a hora da tua partida, nada poderá impedir que partas. Deus sabe de antemão de que gênero será a morte do homem e muitas vezes seu Espírito também o sabe, por lhe ter sido isso revelado, quando escolheu tal ou qual existência”.

“132. Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos? ... Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus”.

Segundo o Espírito da Verdade, o ser desencarnado escolhe os gêneros de suas provações e com isso gera para si um determinado destino, que espelhará aquilo que quer expiar. Este pensamento vale para todas as situações da vida humana, inclusive a morte. Como para que estas situações ocorram é necessário um agente, outros seres encarnados precisam executar a situação programada para o outro.

Agora, pergunto: se você tem uma missão importante para a o seu futuro a entregará nas mãos de qualquer um ou a atribuirá a alguém em que confie? Por isso, este agente da ação expiatória será, muitas vezes, um espírito que tenha uma relação amorosa profunda com quem precisa sofrer o acontecimento. Ou seja, o que motivará o crime que dará cabo da encarnação de um espírito será o amor entre eles.

Este é o amor ao próximo. É um amor que transcende os conceitos humanos, mas que se realiza na plenitude do mundo espiritual, da vida espiritual. O amor ao próximo transcende completamente os objetivos materiais.

O amor ao próximo não pode se apegar a fazer o bem ao ser humanizado porque muitas vezes ao fazer isso estaremos fazendo o mal para o espírito. Se o amigo daquele que deveria morrer se negar a dar o tiro, aquele espírito perdeu uma oportunidade de expiação e terá que reencarnar novamente para levar um tiro. Isto não é mal para o espírito?

Ficou clara a realidade do amor ao próximo? Um amor muito mais do que incondicional, mas transcendente ao materialismo. Um amor que vai além das leis, normas, objetivos, padrões materiais, mas que se inspira na realidade espiritual.

Pergunta: Fora da caridade não há salvação, não há elevação espiritual.

A caridade não é dar o prato de comida. Para se fazer a caridade é preciso atentar-se às questões espirituais. Matar o outro, se ele precisa morrer, é uma grande caridade.

Pergunta: Tem espíritos encarregados de fazer estes acontecimentos?

Encarregados de fazer acontecer além da matéria e um encarregado de executar um ato na matéria. Todos comandados por Deus.

Todos os encarregados só agirão na hora que Deus ler no livro da vida que chegou a hora do ser humanizado levar o tiro. É Deus quem decide se o espírito está merecendo ter esta oportunidade de expiação.

Pergunta: Então Judas amava Cristo como este também aos soldados romanos?

Assim como Cristo amava Judas e a todos. “O que vai fazer faça logo”, é o que Cristo diz a Judas ainda durante a santa ceia.

Sim, ele amava Judas e aos soldados, tanto assim que quando os soldados vêm prendê-lo diz para Pedro: “guarde a sua espada! Você pensa que eu não vou beber o cálice do sofrimento que o meu Pai me deu?”.

Pergunta: E a catástrofe que ocorreu na Ásia?

Vamos falar dela dentro deste assunto de hoje, mas é preciso antes se compreender bem o amor ao próximo, senão não entenderemos catástrofe nenhuma. Vamos ainda vai acusar os terroristas que mataram as crianças na Rússia e os que jogaram os aviões no World Trade Center nos Estados Unidos. Eles são agentes carmáticos, não inimigos. Não são terroristas porque tanto no prédio como na escola morreu quem tinha que morrer pelo seu carma. Vou chegar no assunto das tsunamis, mas antes é preciso firmar esta noção de amor ao próximo no sentido de transcender a felicidade material.

Amar ao próximo não é dar a ele o que se quer dar ou o que ele deseja, mas se colocar à disposição de Deus para servir como agente carmático das pessoas, independente até de se gostar da ação que será praticada para servir como agente carmático.

Usei justamente a questão do assassinato no início desta conversa para poder levar o assunto às catástrofes, mas este ensinamento vale para qualquer situação da vida dos seres humanizados. Um casamento, por exemplo. Marido que tem a índole de bagunceiro e mulher que prima pela arrumação, são dois espíritos que se amam muito porque aceitam conviver e ser instrumento do carma um do outro.

Pergunta: As pessoas que lá estavam (nas praias atingidas pelas ondas gigantes) e passaram pela situação tiveram este momento de expressão, ou seja, foi benéfico para eles?

Se o momento foi benéfico, não pode se afirmar apenas por que se passou por ele. O momento se transformará em benéfico ou não pela forma como o espírito reagir a ele e não simplesmente por vivenciá-lo. Se alguém for tragado pela onda e ao despertar do outro lado sair acusando seja lá quem for de ser o responsável pela sua morte, não aproveitou a expiação. Para aproveitar a expiação é preciso que o espírito esteja em estado de graça no momento do desencarne, ou seja, que diga “louvado seja Deus por tudo que me acontece”.

Apenas passar pela situação em si não garante elevação espiritual, mas sim a forma como cada um passa pela situação.

Pergunta: O Cristo sabia que Judas ia traí-lo, pois fazia parte da profecia?

Mais do que fazia parte da profecia antiga, fazia parte da programação cósmica da encarnação Jesus Cristo.

Isso fica bem claro quando, no início do Novo Testamento o mestre diz aos apóstolos: sairemos e andaremos pela Palestina ajudando muita gente. Depois iremos para Jerusalém onde serei crucificado. Em resposta Pedro afirma: rezemos a Deus para que isto não ocorra. Cristo responde: cala a boca Pedro, sai de mim Satanás, você está falando como um ser humano.

Nesta passagem podemos observar que ele sabia de tudo o que ia acontecer e mais, sabia que era necessário passar por aquilo.

Pergunta: Como melhor desenvolver nosso amor ao próximo?

Amando tudo que você faz a ele e amando tudo o que ele faz a você.

O amor ao próximo existirá quando você, mesmo que brigue, mantenha o amor (estar sem raiva, sem ódio), mesmo que xingue, mantenha a paz. Permanecendo equânime você estará conscientemente se sentindo como instrumento de Deus.

Ao amar o que o outro faz, mesmo que a ação deste não fosse de seu desejo, estará se elevando espiritualmente. Quando aprender a viver desta forma será mais requisitado por Deus para servir de instrumento a carma dos outros. É isso que Cristo afirma quando ensina: ninguém acende uma lamparina para esconder debaixo do armário. Assim que você alcançar a evolução espiritual mais espíritos que precisam receber amor na hora da vivência dos seus carmas será levado até você.

Amando constantemente você aprenderá a amar muito mais.

Somente o amor é Realidade. Por isto Paulo nos ensinou:

“Eu poderia falar todas as línguas que se falam na terra e até no céu, mas, se não tivesse amor, as minhas palavras seriam como o barulho do gongo ou o som do sino. Poderia ter o dom de anunciar mensagens de Deus, ter todo o conhecimento, entender todos os segredos e ter toda a fé necessária para tirar as montanhas dos seus lugares; mas, se não tivesse o amor, eu não seria anda. Poderia dar tudo o que tenho e até entregar o meu corpo para ser queimado; mas, seu eu não tivesse o amor, isso não me adiantaria de nada”.

“O amor é paciente e bondoso. O amor não é ciumento, nem orgulhoso, nem vaidoso. Não é grosseiro, nem egoísta. Não se irrita, nem fica magoado. O amor não se alegra quando alguém faz alguma coisa errada, mas se alegra quando alguém faz o que é certo (espiritualmente falando). O amor nunca desanima, porém suporta tudo com fé, esperança e paciência”.

Este amor incondicional (sublime) citado por Paulo é o mesmo que Deus tem pelos Seus filhos. O amor que o Pai tem por cada um dos espíritos é este que transcende a tudo que é bem material, mas que está sempre preocupado com o bem estar e a evolução do ser universal. É este amor que O faz agir sobre as coisas do planeta.

No caso das ondas gigantes que alcançaram a Ásia, quem criou o movimento das placas submarinas, quem criou as ondas que se formaram a partir desse movimento, quem escolheu que lugar seria atingido e também quem teria que estar naquele lugar naquela hora foi Deus. Ninguém estava ali por acaso, coincidência, mas todos foram colocados no lugar e no momento certo e tiveram o efeito que mereciam ter à passagem da onda. Por isso uns se salvaram e outros não.

Então, não há uma catástrofe, uma tragédia ou uma onda gigante, mas há um amor gigante e sublime de Deus pelos seus filhos. Esta é a conclusão que podemos tirar de tudo que estudamos até hoje e que está no ensinamento de todos os mestres da humanidade.

Não há catástrofes, mas Deus dando a cada um de acordo com as suas obras. Deus dando a cada espírito o que ele precisa e merece, não para a sua felicidade carnal, mas para a sua progressão espiritual. Entre os religiosos do mundo carnal é muito famoso o ditado: não vai pelo amor vai pela dor. As catástrofes não são nada mais do que o resultado deste ensinamento. A dor só há para quem quer curtir a felicidade material. Para quem se liga na realidade espiritual o que existe é o amor de Deus em ação. É o Pai dando a cada filho o necessário (a cruz que ele pode carregar) para que ele possa aproveitar a oportunidade e elevar-se espiritualmente. Por isto estes vão pelo amor a Deus.

Desta forma, a primeira coisa que devemos retirar do pensamento durante as catástrofes é a compreensão de que ocorreu uma tragédia ou um acidente (acontecimento por acaso). Estas coisas não existem no universo: tudo é guiado pela ação carmática e realizada por Deus através do mundo espiritual.

Pergunta: Nós encarnados valorizamos a vida carnal porque não nos lembramos a do outro lado que, segundo dizem, é melhor.

Valorizar a vida carnal é importante. No entanto o que devemos fazer é valorizá-la como instrumento espiritual e não pelo bem terrestre.

Não devemos nos apegar a valores que se refletem apenas neste curto período que vocês chamam de vida, mas que é morte. Para o espírito a vida é a eternidade. Quando o ser humanizado valoriza estes pequenos anos que vive na Terra, esquece da eternidade que ainda terá que viver.

Valorizar a vida terrestre, sim, mas valorizá-la como a oportunidade de elevação espiritual.

Ainda existe algo importante para ser falado hoje, que na verdade é o tema de hoje: o amor ao próximo nas catástrofes. Mas, antes é preciso que a compreensão de que não houve acidente nem catástrofe, mas o amor de Deus em ação sendo vivenciado. Por isso, se quiserem perguntar sobre o tema fiquem à vontade.

Pergunta: Um dia reclamei a um espírito que eu tinha nojo dos corruptos. Ele respondeu: dê graças a Deus, pois se não fossem os corruptos não teríamos o trabalho de hoje. Eles terão que renascer na miséria e com isso nos auxiliam no nosso trabalho.

O corrupto é o instrumento de um carma, porque ele roubará de quem precisa e merece ser roubado.

Toda ação humana é um instrumento de Deus. Agora, se o ser humanizado participa da ação de Deus levando benefício próprio, ou seja, tirando prazer do que está acontecendo, o problema é dele. Ele terá que arcar com a justa reação à sua ação. Não a ação de ser corrupto, mas por ter tido prazer ao representar o papel de corrupto durante a vida carnal.

Pergunta: Aí não podemos condenar ninguém.

É, mas não foi isto que o Cristo ensinou?

Tire a trave do seu olho ao invés de querer tirar o cisco dos olhos dos outros; é muito fácil você cumprimentar o seu amigo, quero ver cumprimentar o seu inimigo; se você dever a alguém, antes de ir rezar, faça as pazes senão Deus saberá que está acusando os outros. É isto que Cristo ensinou.

Pergunta: Resumindo. A aparente injustiça existe por causa de nossa visão limitada sobre a Realidade espiritual?

Isto. As injustiças do mundo são criadas apenas na mente do espírito pela personalidade humana. Isso porque só ela pode encontrar injustiça num Universo que é guiado pela Justiça Suprema, Deus.

Por causa desta propriedade elevada ao expoente máximo da Causa Primária do Universo, Ele é justo, ou seja, só acontece a cada um de acordo com as suas próprias obras. Tudo que é injusto é fruto do amor próprio, o amor a si acima de tudo. É o individualismo do ser humanizado que o faz ver injustiça nos acontecimentos do mundo.

Mas, porque juntei amor ao próximo e catástrofes como temas de hoje? Vou explicar agora.

Por mais destrutiva que tenha sido a onda marítima que provocou os acontecimentos recentes, a onda de falso amor ao próximo que invadiu o planeta nos dias subseqüentes foi ainda mais devastadora.

O sofrimento, a acusação, o falar mal dos governos ou de qualquer coisa e ter pena de quem morreu é uma onda sentimental que está cercando o planeta de individualismos, ou como muitos conhecem, de energias negras e pesadas.

O momento das catástrofes não deve levar o ser humanizado a este padrão sentimental, mas sim a exercer o amor ao próximo, louvando a Deus pelo que aconteceu. É hora de se louvar ao Pai porque o processo carmático está em ação. Quando a humanidade deixa de louvar ao Pai e aproveita a oportunidade para sentir injustiça, sofrimento, pena, dó, está acusando o próprio Deus que chama para socorrê-la. Suja, polui, o amor Sublime de Deus com o seu individualismo, com a sua compreensão pequena do universo.

Por causa desta ação da humanidade e da proximidade com o ocorrido na Ásia, nesta conversa sobre o tema amor ao próximo enfatizei a questão das catástrofes. Neste momento que o planeta vivencia esta calamidade é uma boa oportunidade para aprender a reagir a este tipo de acontecimento mantendo o amor ao próximo dentro do campo espiritual e não trazê-lo para o material, criando lamentos.

Seria melhor aprender com Jó.

“Eu sei muito bem que as coisas são assim. Mas como é que uma pessoa pode provar a Deus que ela está com a razão? Quem se atreve a discutir com Deus? Ele pode fazer mil perguntas a que ninguém é capaz de responder. A Sua sabedoria é profunda e o Seu poder é grande; quem pode desafiá-Lo e vencer? Sem aviso ele muda de lugar os montes e na Sua ira os destrói. Deus manda terremotos e o chão treme; Ele abala as colunas que sustentam a terra”.

Sempre que acontece uma catástrofe existe uma oportunidade esplêndida para que a humanidade do planeta se ligue a Deus e louve o Seu poder. Para isto, no entanto, é preciso se desligar dos corpos fétidos que ficaram no local da catástrofe.

Aqueles que vivenciam estes momentos com pena, na verdade estão com dó de carne podre. Naquela aparente cena de desolação não existe nada mais do que carne. O espírito já entrou em glória, já se desligou daquela carne.

Aquele foi um momento glorioso para o espírito e a humanidade, mas, ao invés de voltar-se para Deus e agradecê-Lo e louvá-Lo pelo seu santo nome, por nunca se esquecer de Seus filhos dando a cada o que precisa, simplesmente os seres humanizados voltam as costa a Deus para chorar carnes podres.

Pergunta: Acredito que amor incondicional é não julgar as outras pessoas e sim procurar compreendê-las no contexto que estão inseridas. Procurar compreender e ver Deus agindo de uma forma que nos agrada ou não e aceitar as pessoas como são.

Perfeito, mas faça por amor a Deus, não ao que você julga.

Não julgue (queira saber o motivo) porque Deus matou tanta gente. Apenas compreenda que Ele ama todos os seus filhos e jamais irá traí-los.

“Eu venci o mundo”, disse Cristo.

Precisamos extrapolar a matéria e entrar no verdadeiro amor ao próximo. Este amor se revela principalmente nos momentos de catástrofes quando glorificamos a ação divina que promoveu um carma para quem precisava e merecia.

No momento que as verdades materiais (desejo de estar vivo) são atacadas é que o verdadeiro buscador deve manter-se em paz. Quando falo para não lastimar os acontecimentos, não estou dizendo para reagir com risadas ou fazendo piadas, mas manter-se em paz, não se deixando encobrir pelo lodo do individualismo que é sempre lançado pela coletividade humanizada nos acontecimentos deste tipo (coitado, que pena).

Esta é a hora de exercer o amor ao próximo. Esta é a oportunidade de se amar incondicionalmente.

Mesmo que você não tenha nada a ver com o acontecimento, ao ter notícia de uma catástrofe (o carma que outros passaram) se criou uma prova para você. Houve uma oportunidade para exercer o amor ao próximo no seu sentido espiritual e com isso conquistar a sua evolução. Portanto, louve aquele espírito que pelo seu carma gerou a oportunidade de você, mantendo a sua paz, e felicidade conquistar a evolução espiritual. Não desperdice esta oportunidade caindo na depressão do sofrimento por causa de carnes podres.

Pergunta: Ninguém é vítima frente a lei da causa e efeito.

Perfeito, mas não é assim que se vive no planeta Terra, apesar dos ensinamentos dos mestres neste sentido. Trata-se a todos como coitados e como vítimas. Coitado nada: ele não podia estar em outro lugar nem poderia ter acontecido nada diferente. Ele não é vítima: tinha que estar ali naquela hora. Então, louvado seja Deus.

Pergunta: Mas, isso não é fácil de compreender para a grande maioria dos encarnados, não é?

Eu lhe responderia que realmente não é, mas isso porque a humanidade não quer.

Todos os religiosos têm este ensinamento (a busca do bem espiritual e não do material) trazido pelo Cristo, Buda, Krishna, Maomé e Kardec. Se não colocam em prática, então, é porque não querem. Utilizando-se do seu livre arbítrio continuam preferindo viver o bem terrestre ao invés de amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Agora, se os outros optam por este sentimento, o problema é deles. Cada um deve compreender que veio aqui (na carne) para promover a sua reforma íntima e, para isso deve trabalhar. Só quando os seres humanizados compreenderem que precisam se mudar e não aos outros poderão auxiliar o próximo de verdade.

Falamos até aqui em catástrofes coletivas, mas este mesmo amor deve ser mantido quando o ser humanizado passa pelas suas catástrofes individuais.

Quando alguém vive um momento de grande depressão, de grande sofrimento por qualquer contrariedade, este é o momento de amá-los incondicionalmente, levando-os a compreender a ação divina e não o de chorar com ele por sua perda.

Portanto, se você conhece uma pessoa que está sofrendo uma perda de qualquer tipo, não chore com ela, mas mantenha sua paz e harmonia, pois só assim estará transmitindo o verdadeiro amor a ela.

Agora que já compreendemos bem o amor ao próximo (incondicional, que extrapola a materialidade) queria pedir a cada um que, sempre que ocorressem catástrofes (individuais ou coletivas), formasse uma corrente de louvor a Deus. Esta ação de espíritos auxilia na limpeza da sujeira (pena, dó) que é lançada no planeta quando a catástrofe ocorre.

Eu queria convocar a todos que buscassem o verdadeiro amor ao próximo nos momentos de catástrofes. Esta ação é importante porque o individualismo que é lançado no Universo através da pena, da dó e da saudade, prejudica aqueles que desencarnaram.

As religiões ensinam que se deve rezar pelos mortos, mas o ser humanizado ora chamando-os, ora pelo ser material e não pelo espiritual. Quando se lança no Universo este tipo de individualismo (“eu estou com tanta saudade do meu pai que morreu”), este ser se prende ao nível de consciência humano. Por isso, ele fica preso à vida humana, mesmo desencarnado.

A onda de sentimentos individualistas é muito mais catastrófica do que a onda marinha. A onda da pena, do dó, da saudade, da falsa compaixão que é jogada aos espíritos que desencarnam em acidentes pode causar estragos grandes na existência de um espírito, tanto de quem emite quanto de quem recebe.

Respondendo ao que já foi me perguntado hoje (será que os espíritos que desencarnam em catástrofes aproveitam a oportunidade do seu carma?), diria que muitos estão deixando de aproveitá-la por culpa do próprio encarnado que está prendendo-o á Terra.

“Porque meu marido foi para lá e não ficou em casa?”. Reagir desta forma prende o espírito à materialidade.

Quando vivermos uma catástrofe na nossa vida é preciso que façamos uma mentalização muito forte para lançar o amor ao próximo para quem se foi. Devemos mentalmente procurar conversar com o espírito querido para lhe dizer: “irmão, você não morreu por acaso, mas cumpriu o seu carma. Não houve nenhum agente causador da sua tragédia, mas foi Deus, foi o amor do Pai que fez aquilo acontecer”.

 Vivendo nossas catástrofes individuais ou reagindo a notícias de catástrofes coletivas desta maneira, poderemos realmente auxiliar aos espíritos que viveram seus carmas. Só assim conseguiremos neutralizar um pouco da falsidade, do individualismo que é sendo lançada sobre estes espíritos pela humanidade.

Pergunta: De que maneira as ondas de pensamentos negativos da humanidade (dó, tragédia), podem atrapalhar o trabalho das equipes extra físicas que neste momento estão auxiliando os espíritos alvo destes pensamentos?

Não é o pensamento material, mas sim o sentimental. É como o Cristo disse: o que sai do coração.

O sentimento emanado pela humanidade, na verdade não atrapalha os amparadores, os trabalhadores espirituais, mas sim aos espíritos que desencarnaram. Quando você coloca o sentimento de pena no Universo ele passa fazer parte da atmosfera do planeta e os espíritos que desencarnaram respiram estes sentimentos. Eles se contaminam com estes sentimentos e por isto é mais difícil para eles exercer o livre arbítrio no sentido de amar o que está acontecendo.

Claro, existem espíritos trabalhando para desmagnetizar o sentimento lançado pela humanidade, mas, volto a repetir, quando a catástrofe assume proporções planetárias ele é muito forte e prejudica alguns espíritos.

Pergunta: Significa que eles perdem a lucidez para compreender o que está acontecendo com eles?

Significa que eles começam a se banhar de individualismo e por isso têm raiva por terem morrido. Ficam assustado com o fenômeno morte e por isto xingam a Deus, acusando-O de não os ter protegido retirando-os da praia naquela hora. Reagindo desta forma ao seu momento carmático, o espírito não alcança a evolução espiritual, ou seja, não aproveita a situação carmática de expiação que vivenciou.

Sei que muitos estão reagindo ao meu pedido pensando: somos tão poucos. Isto não é realidade. Nossa força junto com outras oriundas de outros lugares onde está sendo repassado este ensinamento pode socorrer muito mais do que aqueles que buscam sobreviventes nas tragédias. Sempre que ocorrer uma catástrofe, a nossa força junto com outras que sobem aos céus para dizer a Deus quanto lhe amamos pelo que fez, cria a barreira energética que protege espíritos da influência deste individualismo.

Quando você tiver contato com a foto de uma criança morta em uma catástrofe, ao invés de chorar, diga: vá em paz espírito. Vendo a foto de uma mulher morta, não critique, não tenha pena, não chore, mas ame a Deus e aquele espírito para que possa auxiliar verdadeiramente aqueles que precisam de você.

Toda catástrofe coletiva é uma ação carmática: é um dos instrumentos de desencarne em massa. Através dela são recolhidos tanto espíritos que não tem mais chance de fazer a sua elevação espiritual nesta encarnação, quanto espíritos que já conseguiram. Tanto para um como para outro foi feita a Justiça.

Nós podemos contribuir com esta ação divina auxiliando a estes espíritos e àqueles que têm notícia do acontecimento a amar a Deus acima de todas as coisas nesta hora.

Amor universal

Não transija do amor

Participante: Como posso dizer à minha mãe que ela está me levando para a ilusão... Que o arroz e feijão bem temperado, o morango ensopado e o peixe frito são mayas... É como se fossemos crianças e nos dessem um pedaço de chocolate bem grande... Só que este chocolate não é a verdadeira existência do ser. Nosso verdadeiro alimento é outro...

Ou seja, o que você me pergunta é como não retribuir o amor carnal a quem nos ama carnalmente...

Esta é uma questão importante para o buscador e muitos que buscam aproximar-se de Deus se perderam neste aspecto. Começarei lhe dizendo o seguinte: o amor universal, não pode – ouça bem o que eu quero falar – transigir a nada...

Acho que não usei a palavra certa... O que quero dizer é que o amor universal não pode se submeter – seria uma palavra melhor – a nada. Ele precisa estar presente e não pode se deixar abater por nada...

Pense comigo... Talvez esta mesma pergunta tenha sido feita por Cristo antes do episódio dos mercadores do templo... Talvez ele tenha pensado: Pai, como vou dizer àqueles homens que estão ganhando a vida comerciando as mercadorias no templo que eles não podem fazer isso? Pobres coitados, eles têm família, precisam deste dinheiro pra sustentar filhos e mulheres...

Avancemos um pouco mais no tempo... Talvez a mesma pergunta tenha sido feita por Francisco de Assis quando ele precisou expor os seus pais à crítica da comunidade ao assumir determinado padrão de existência...

Apesar disso, ambos viveram em paz, harmonia e felicidade estes acontecimentos. Sabe por quê? Porque o amor universal não pode existir quando há o medo de magoar os outros...

Em nossos estudos destruímos todos os conceitos humanos a respeito de Cristo. Já mostramos como ele, em momento algum, trabalhou em prol da felicidade humana, ou seja, do prazer. No entanto, para aqueles que não acompanharam estes estudos, lanço aqui um desafio. Leiam o Novo Testamento e me apontem em que momento Cristo não critica apontando falhas nos religiosos do seu tempo ou até em seus apóstolos.

Procurem nos ensinamentos atribuídos a Cristo e verifiquem que não há uma palavra de carinho ou encorajamento quanto à felicidade material... Mais: além de jamais encorajar seus seguidores a esta busca, Cristo ainda fala mal dela. Isso fica bem claro na pergunta que faz aos céus: até quando eu terei que agüentá-los, vermes... Vermes: é assim que ele se dirige aos seus discípulos quando eles buscam a felicidade material.

Sabe por quê? Porque Cristo não os amava materialmente (com um amor humano), mas universalmente (o amor de espírito para espírito).

O mestre sabia que amando universalmente não se pode passar a mão na cabeça (transigir com os desejos e paixões humanas do espírito encarnado). Ao contrário, o amor verdadeiro entre dois espíritos precisa ser fundamentado no aproveitamento deste para a elevação espiritual, mesmo que isso fira os anseios humanos.

Portanto, como dirá à sua mãe que ela não o está amando verdadeiramente? Da forma mais direta: não tendo prazer em comer o arroz com feijão, não demonstrando a ela que está fazendo uma grande coisa por você.

Desculpa, parece que estou lhe incitando a causar sofrimento à sua mãe, mas não é isso. É como eu disse: o amor não pode transigir, não pode aceitar calado o não amor ou o amor fundamentado em paixões e desejos humanos. O amor não pode silenciar-se frente ao egoísmo. O amor precisa apontar o egoísmo porque sem a consciência de ser egoísta, o ser humanizado, o espírito encarnado, jamais compreenderá o seu próprio egoísmo...

Mas, ao vivenciar esta atitude, não o faça guardando mágoa de você ou dela. Não o faça sentindo-se o dono da razão ou da verdade... Faça porque é isso que a sua consciência indica para ser feitor. Mas, principalmente, preocupe-se em fazer no seu mundo interno, ou seja, no seu coração. Demonstre de sentimentos e não de atos, pois você só conseguirá praticar atos que espelhem esta decisão, como já vimos, se isso estiver no livro da vida dela e seu...

Amar internamente sem vivenciar sentimentos de crítica ou de soberba: este é o trabalho que pode ser chamado como sal da humanidade, como luz para o mundo...

Foi assim que Cristo viveu. A cada momento que era preciso colocar o dedo na cara – sim, dedo na cara, pois nunca existiu o sorriso bonito que as pinturas revelam – e dizer ai de vocês professores da lei e fariseus e hipócritas, Cristo estava em paz. Cada vez que ele tinha que vivenciar situações que, externamente, demonstravam que estava com raiva, por dentro (sentimentalmente) estava de bem consigo mesmo. Nunca aceitou para si a crítica ao próximo e nem nunca se criticou.

Se fôssemos analisar pela razão humana, pelos critérios de bondade humanos, Cristo depois de enfiar o chicote nos mercadores deveria ter sentado no chão e chorado: meu Deus, eu agredi fisicamente um semelhante... Mas, não fez isso. Foi para dentro do templo e falou mais e esqueceu aquele ato. Ele nunca teve dentro de si o sentimento que aparentemente estava lhe dominando: raiva por comercializarem na casa de Deus. Assim como não tinha também dentro de si nenhuma culpa ou frustração por ter sido agente daquele ato...

Mas, aproveitando a sua pergunta, quero deixar um recado para todos: sejam honestos com vocês mesmos...

Não criem ilusões ou fantasias de que alcançarão uma posição de beato, uma beatitude nesta vida... Não acreditem que conseguirão ter aquele ar angélico que caracteriza humanamente aqueles que são elevados... Tudo isso é apenas um estereotipo, ou seja, uma ilusão. O que vale não é com o que você se aparenta, mas como vive internamente...

Além do mais, não se esqueçam que Krishna ensina: cada um vive de acordo com a sua natureza, ou seja, de acordo com a sua missão no planeta. Portanto, você não pode ser diferente do que é...

Sendo assim, lhe aconselho a não transigir no amar universalmente nem se o resultado deste amor for a possibilidade de chatear sua mãe... Não transija nem se a possibilidade for de destruir um casamento, de perder um emprego... Ou seja, não transija nunca.

Faça isso para poder ganhar a vida, pois como disse Cristo: quem quiser ganhar a sua vida vai perdê-la, mas quem a perder em meu nome, ganhará a vida eterna...

Não faça como os humanos hipócritas, que acendem uma vela para Deus e outra para o diabo (vão aos cultos, mas continuam vivendo o restante de sua existência dentro dos padrões humanos), porque isso não dá certo.

Não transija jamais no seu amor...

Amor universal

Pedra de roseta

Participante: O senhor pode falar um pouco sobre as bem-aventuranças?

Como já havia dito, já passei a vocês tudo o que tinha a ser passado. O que estamos fazendo agora é tirando dúvidas. Agora, tirar dúvidas não é estudar tudo novamente. Ao falar assim não estou falando que não vou estudar hoje as "bem-aventuranças", mas preciso hoje deixar algo bem claro.

Daqui a pouco não mais estarei aqui para estudar com vocês porque a minha missão terá terminado. Neste momento, precisarão "pensar" sozinhos. Por isso afirmo que o importante é começarem a conhecer o mecanismo das coisas, ou seja, como decodificar os ensinamentos dos mestres.

Por isso, ao invés de fazer como sempre fiz, ou seja, estudar diretamente o texto, quero ir um pouco além. Gostaria de começar esta conversa falando dos fundamentos de onde surgiram os textos que são conhecidos como "bem-aventuranças".

O meu objetivo primordial hoje é tentar lhes ensinar a aprender a entender não só este ensinamento, mas todos os ensinamentos de Cristo. Isto porque, depois que aprenderem a compreender os ensinamentos em essência ficará fácil compreender este e outros textos do Novo Testamento. Portanto, vamos lá!

Quem ensinou as "bem-aventuranças"? Jesus, o Cristo.

Não existe um Jesus Cristo. Naqueles tempos não existiam sobrenomes. Jesus era conhecido como Jesus de Nazaré porque nasceu na cidade deste nome ou ainda como Jesus, filho de José. Jesus Cristo, portanto, não é um nome.

Mas, por que este adendo foi colocado ao nome de Jesus? Porque ele foi reconhecido como o messias, o prometido. Portanto, Jesus Cristo quer dizer "Jesus, o prometido".

Por que prometido? Porque no velho testamento os profetas, falando em nome de Deus, prometem à humanidade que um dia viria o "filho de Deus" que libertaria o povo do Senhor da opressão.

Quem é o filho do Senhor? O espírito que se reconhece como tal. Como já disse anteriormente, todos somos filhos de Deus, mas não nos reconhecemos como tal. Para que possamos fazer jus a este título é preciso que nos reconheçamos como seres espirituais e não humanos. Para isso é preciso que o espírito esteja de posse de sua consciência espiritual e não ligado a egos humanizados.

Portanto, o espírito que foi prometido pelos profetas seria um que estivesse ligado à sua consciência primária e não a um ego humano. Sendo assim, Jesus não poderia ser este espírito, pois ele era um ego humano.

Por isso afirmo: Jesus era um espírito ligado a um ego humanizado que em determinado momento ligou-se a um espírito puro (ligado à sua consciência espiritual). Daí o nome: Jesus, o Cristo.

Resumindo, então, posso dizer que as bem-aventuranças, assim como todos os ensinamentos do Novo Testamento, são transmissões realizadas por um médium (Jesus) influenciado por um espírito superior (o Cristo).

Esta é a origem dos ensinamentos. Tudo que está no Novo Testamento foi passado à humanidade através de um médium guiado por um espírito de posse da sua consciência espiritual. Por isso afirmo que todo ensinamento atribuído a Jesus Cristo tem origem em um espírito de posse da sua consciência espiritual.

O que quer dizer um espírito de posse da sua consciência espiritual? Já falamos disso também: são os espíritos que estão livres da ação do individualismo que surgem pela formação da idéia do "eu".

Poderíamos dizer que os espíritos que existem a partir das realidades formadas por sua consciência plena - ou primária como Krishna fala - são os universalistas. Eles são individualidades do Universo, mas vivem em perfeita comunhão com o Todo e por isso deixam de ser individualistas.

Existindo a partir desta consciência eles estão livres do egoísmo que se expressa através das posses, paixões e desejos. O espírito quando existindo a partir das realidades formadas por uma consciência primária está tão perfeitamente interligado ao Todo que nada mais possui nem deseja.

Agora dá para entender aquilo que está no Novo Testamento e é atribuído a Jesus, o Cristo: ensinamentos universalistas (não individualistas) de um espírito superior transmitidos por um ego humano.

Participante: A partir do que foi exposto, como podemos entender as mensagens trazidas por aqueles que são chamados de mestres ascensionados?

O que é mensagem de um mestre chamado de ascensionado, eu não saberia lhe dizer, pois esta determinação a um espírito é essencialmente humana.

Apesar disso, posso afirmar que o que devemos entender em tudo na existência carnal é que se trata de uma emanação divina. Tudo que existe origina-se em Deus (Causa Primária). Por isso, seja que rótulo se dê a quem transmite uma mensagem, deve-se entender que ali está uma emanação divina.

Mas, também devemos entender que qualquer mensagem é uma faca que corta dos dois lados. Ao mesmo tempo em que uma mensagem transmite um ensinamento, ela cria uma prova. Isso porque toda mensagem transmite um ensinamento e este é utilizado para criar um "certo" e um "errado" do qual o espírito encarnado se apropriará e julgará o próximo.

Sendo assim, não importa a que mensagem você tenha tido acesso - seja de um espírito considerado ascensionado ou de outro qualquer que não seja reconhecido como tal - é uma orientação e ao mesmo tempo uma provação.

Voltemos à conversa de hoje. Agora que já entendemos a origem dos ensinamentos do Novo Testamento, pergunto: qual a essência que está embutida em cada um deles? Para sabermos isso é preciso compreender qual foi a missão de Cristo ao transmitir através de Jesus os ensinamentos universalistas.

Esta missão foi deixada bem clara na Bíblia: transmitir a "boa nova do Reino do Céu". O objetivo de Cristo durante aquela missão foi trazer à humanidade a boa notícia do Reino do Céu.

Mas, qual é esta boa notícia? Cristo informou à humanidade que aqueles que praticarem determinada coisa estarão sentados ao lado direito de Deus. Esta visão é bem dogmática e, por isso, muitas vezes ininteligível para os seres humanizados de diversas crenças. Por isso, vamos passar esta informação para nossas palavras, para palavras do universalismo e do espiritualismo.

A boa notícia que aquele espírito ligado à sua consciência primária trouxe através de um ego humano foi que o fim das encarnações para provas e expiações pode ser alcançado por quem seguir determinados ensinamentos. Isso é, numa linguagem mais moderna, o mesmo que foi dito ao povo de então quando foi afirmado que há um caminho para se estar sentado ao lado direito de Deus.

Partindo dessa premissa, podemos afirmar que aqueles que estão do lado esquerdo são os que ainda se encontram presos ao ciclo de encarnações. Quem se alinha ao lado direito é aquele que passa a viver no Reino do Céu, ou seja, não reencarna mais, pelo menos para provas e expiações.

Essa é a boa notícia do Reino do Céu que um espírito de posse de sua consciência espiritual revelou através de um ego humano. Ele ensinou que qualquer espírito pode encerrar o ciclo de encarnações cumprindo alguma coisa.

Mas, o que é preciso cumprir para estar ao lado direito de Deus? Cristo deixou isso muito claro: amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Com isso a boa notícia estava então solidificada: qualquer um que durante a sua encarnação amar a deus acima de qualquer coisa e ao próximo como a si mesmo, no desencarne alcançará a ressurreição, ou seja, a libertação da consciência humana.

Esta é a boa notícia do Reino do Céu. Todos que amarem a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, não mais encarnarão e libertar-se-ão da ligação a egos humanizados.

Ao dizer isso eu estou criando para vocês uma "pedra de roseta": um código para que vocês possam decodificar todos os ensinamentos do Novo Testamento. Não importa que palavras estejam na sua Bíblia, o que está embutido nelas é um caminho para a libertação do ciclo de encarnações para provas e expiações. Este caminho é composto pelo amor a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Quando Cristo fala do cego espiritual, ele fala daquele que não ama a Deus sobre todas as coisas e nem ao próximo como a si mesmo. Quando fala que não se deve julgar, diz que não julgar é amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Quando diz que você deve conviver com o seu inimigo, está dizendo que viver assim é amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Veja: sem entender isso, sem colocar esta essência que decodifica o ensinamento, nós criaremos uma multiplicidade de intenções para os ensinamentos de Cristo, enquanto ele não teve nenhuma outra intenção a não ser trazer a boa notícia do Reino do Céu, a não ser dizer a cada um o que é amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Cristo não quer que você tenha visão espiritual, não julgue ou que conviva com o seu inimigo. Não é isso que ele quer que você faça... Na verdade ele fala estas coisas porque elas são expressões do amor a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, que é o mote de seus ensinamentos.

Participante: Como é amar a Deus? Pergunto isso porque não se sabe como é Deus. Como amá-lo então? Deus seria a vida? Se puder fale um pouco de Deus: sua forma de agir e como Ele nos ama...

Vou começar a lhe responder pela última pergunta (fale um pouco de Deus): impossível... O ego humanizado não tem condições de conhecer a Deus. Falta a ele um sentido para isso.

NOTA: "Pergunta 0010: Pode o homem compreender a natureza íntima de Deus? Não, falta-lhe para isso o sentido".

Para o segundo questionamento seu (como é amar a Deus) a resposta é simples: seguir os ensinamentos do Novo Testamento. Se a essência da missão deste espírito ligado à sua consciência espiritual foi ensinar a amar a Deus acima de todas as coisas, fazer isso é seguir aquilo que ele ensinou.

Cristo ensina: por que vocês se preocupam com o que vão vestir ou comer amanhã? A partir daí pergunto: o que é amar a Deus? Não se preocupar com o que vai comer e vestir amanhã. O mestre deixou um ensinamento que lhe orienta para que quando alguém lhe peça a túnica você dê o manto também. A partir daí, o que é amar a Deus? É dar além do que lhe pedem... Ele diz: se um soldado estrangeiro (seu inimigo) lhe mandar carregar um peso por um quilômetro, carregue por dois. Lendo isso podemos compreender que amar a Deus é fazer pelos nossos inimigos além do que eles esperam...

Compreendeu? Para saber o que é amar a Deus é só você pegar o ensinamento e entendê-lo. Por isso afirmei que estou passando a vocês uma "pedra de roseta", um código para compreender o que é amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, o que, em essência, é o que está por trás de todos os ensinamentos do Novo Testamento.

Como ensinou o Espírito da Verdade (pergunta 14 de O Livro dos Espíritos), não perca tempo criando sistemas que se transformarão em labirintos dos quais não conseguirá sair. Não importa que assunto esteja sendo abordado em qualquer ensinamento da Bíblia, o que sempre será mostrado é apenas um caminho que reflita o amor a Deus sobre todas as coisas ao próximo como a si mesmo.

Participante: Será se entregar à vida?

É mais do que isso. À vida você não pode deixar de se entregar, porque na verdade está totalmente entregue a ela. Você acha que domina a vida, mas na verdade ela lhe leva, ou seja, acontece o que ela quer e não o que você deseja. Portanto, você não tem consciência disso, mas já está totalmente entregue a ela.

A partir desta simples constatação, eu diria que amar a Deus não é entregar-se à vida, mas ter consciência de que você é um barquinho sem leme e vela que o mar leva para onde quer. Esta é a primeira posição daquele que ama a Deus sobre todas as coisas, mas existe outra: é preciso não sofrer por causa deste não comando da existência.

Muitos até alcançam a idéia de que a vida é uma emanação divina, mas sofrem com a consciência da perda do controle. Como podem, então, dizer que amam a Deus, já que o amor para existir necessita da felicidade?

Participante: Se a evolução é individual, por que precisamos buscar Deus? Por que precisamos ter vontade de Deus?

Eu não falei em buscar a Deus ou ter vontade Dele... Eu falei em amar a Deus. São coisas completamente diferentes.

A partir daí você poderia me perguntar então: por que precisa amar a Deus? Eu respondo: não precisa.

Veja uma coisa... Cristo diz: eu sou o caminho e não a realização. O amar a Deus, portanto, é o caminho para a evolução espiritual e não a realização. Deixe-me tentar explicar...

Deus é o Universo, é tudo que existe. Quando você ama a Deus, ama o universal, o Universo, o Todo. É isso que Cristo ensinou. Ele não disse que se deve amar a Deus, mas amar-se a Tudo.

Mas, por que amar ao Universo, a Tudo, é um caminho para a elevação espiritual? Porque acaba com o egoísmo, o individualismo. Quem ama o Todo universal não ama a si mesmo prioritariamente. Portanto, amar a Deus é um caminho para destruir o egoísmo...

Seria muita prepotência de Deus dizer: só quando Me amar conseguirá elevar-se... Esta não pode ser a postura de alguém que prega a humildade. Além do mais, um amor fundamentado no ganhar alguma coisa não é amor, mas bajulação.

Na verdade, o sentido do mandamento que constitui a boa nova não é amar a Deus, um espírito, um ser, mas sim amar o universal acima do individual. Isso, todos os mestres falaram...

Vamos além? Por que você não pode ser individual no Universo? Porque ele fere os outros. O egoísmo de cada um fere o próximo e com isso não se realiza o segundo item da boa nova: amar ao próximo como a si mesmo.

Então veja, a elevação não se consegue entregando-se a um deus que seja uma individualidade, uma imagem ou uma idéia, mas universalizando-se. Isso é elevação espiritual.

Portanto, a boa notícia do Reino do Céu é de que se pode por fim ao ciclo de encarnações humanas. Mas, para que isso se torne realidade, é preciso que o espírito preso a este ciclo caminhe paulatinamente para a universalização, ou seja, para o amor ao Todo acima de suas próprias posses, paixões e desejos. Este é um bom resumo para quem quer entender os ensinamentos do Novo testamento.

Participante: Universalizar-se é identificar-se com o universal, cm o Universo, ao invés do individual, ego?

Não... Não é identificar-se: é integrar-se. Identificar-se é você se ver dentro do Universo; integrar-se é você ser ele.

Tem uma figura que foi feita anteriormente que bem define isso. O Universo é como um quebra cabeça, onde cada espírito é como se fosse uma de suas peças.

Identificar-se, como você propôs como elevação espiritual, é saber que é uma parte do quebra cabeça, saber que é uma peça que o compõe. Mas, isso não lhe faz integrar-se a ele, ou seja, não lhe faz compreender que sozinho você não vale nada. Universalizar-se é ter a plena consciência de que você, peça que compõe o todo, sozinho nada vale e assumir o seu posto fazendo com que o Todo valha alguma coisa.

Integrar-se é ter a consciência de ser uma peça, mas também é saber que a peça sozinha nada forma. É preciso que cada peça perca seu individualismo e assuma seu posto junto às outras para que a figura que surja da fusão tenha sentido.

Identificar-se é saber apenas que é uma peça do todo, mas ainda possuir individualismo. Integrar-se, é anular o individualismo para que o bem coletivo sobreponha ao individual.

Participante: O senhor já falou hoje algumas vezes sobre o Deus personificado. É muito difícil para mim me desvencilhar do conceito de Deus personificado. Racionalmente consigo, mas sentimentalmente é difícil. Cada vez que ajo egoisticamente me sinto culpada por estar desagradando a Deus, mas não podemos desagradar a Ele, não é mesmo? Isso me causa muito conflito...

Realmente no tocante a Deus, existem diferenças de culturas que transformam a realidade. Para os ocidentais, Deus virou uma pessoa, uma individualidade. Você, como ocidental que é, foi criada com a idéia de um Deus "homem", espírito, quando ele é mais do que isso: Ele é tudo...

Por isso concordo com você: realmente para os ocidentais é difícil desvencilhar-se dessa idéia. Mas, tem que ir tentando paulatinamente libertando-se dela. No entanto, durante este processo de mudança de cultura você não deve lastimar-se quando errar (não conseguir viver o Deus Tudo). Quando não conseguir alterar sua visão sobre Deus, não deve sofrer, porque, afinal de contas, se Deus é tudo, Ele é o próprio erro ou aquilo que você chama de "errado".

Participante: Eu não sei mais o que pensar... Você diz que nós não sabemos o que é amar e ao mesmo tempo diz que temos que amar. Como fazer algo que não conhecemos?

A sua pergunta é interessante: como fazer algo que não sabe? A resposta é: deixando de fazer o que você sabe que está fazendo...

Por exemplo: você não vai aprender a amar, mas deve desaprender de ter raiva, de achar que o carinho é amor, de que o sentimento de mãe pelo filho é amor... Na verdade todo trabalho de elevação espiritual é de destruição e não de construção.

Sendo assim, posso dizer que a elevação espiritual não se caracteriza por aprender a amar, mas deixar de fazer algo que se conhece. Quando isso for conseguido, o amor surgirá naturalmente.

Na verdade foi o que disse outro dia: o espírito já ama, pois o amor é a única coisa real no Universo. No entanto, por estar preso ilusoriamente a um ego humanizado ele acha que está abraçando, que está tendo raiva, que está sofrendo. Tudo isso ele acha que está fazendo enquanto realmente está amando...

Portanto, é preciso deixar de achar essas coisas para poder ver o amar que já faz.

Participante: Tenho alguns alunos japoneses que não acreditam em Deus. Eles dizem que nunca pensam em Deus. Isso é algo irreal para mim. Como alguém pode viver sem pensar em Deus? Como fica a elevação deles se nem pensam que Deus existe? Eles acham super estranho como nós pensamos...

Vou lhe dizer algo interessante: eu também não acredito em Deus... Eu nem penso em Deus... Deixe-me tentar lhe explicar isso...

Por favor, me responda: seu marido está em casa?

Participante: Sim...

Por que, então, você está pensando em Deus lá no alto, se Ele está aí do seu lado?

Veja: você quer pensar em Deus, mas no ser, na individualidade, no Senhor do Universo, mas tudo é Deus. Portanto, se você pensar no seu marido, estará pensando em Deus...

Essa é a filosofia de Buda. O budismo originalmente não trabalha com a idéia de um Deus personificado, que está longe de você e ao qual deve se dirigir. Para eles Deus está em volta de cada um através de tudo e todos que existem...

Está vendo um computador em sua frente? Ele é Deus e por isso você já está com Ele... Está vendo este livro? Já está com Deus... Mas, você não vê isso e fica querendo procurar um Deus que esteja lá em cima, no céu...

Essa questão passa por aquilo que acabamos de falar: a idéia do ser ocidental do Deus espírito, homem, individualidade. Seja qual for a linha doutrinária de um ser humanizado oriental, esta não trabalha com a idéia de um Deus distante. Para os seguidores de qualquer doutrina oriental Deus está em tudo que existe ao seu redor, por isso ele não precisa buscá-Lo...

Por isso, me desculpe, mas eu também não busco a Deus: eu convivo com Ele quando estou com você e todos que me rodeiam; convivo com Deus com a cadeira onde coloco o corpo que estou usando e com o pito (cigarro) que utilizo para trabalhar. Por causa disso, lhe digo: não acredito em Deus...

Eu não acredito neste Deus lá de cima que os egos ocidentais convivem porque Ele está muito longe para nós O alcançarmos. Ele encontra-se muito distante de nós que precisamos conviver com Ele...

Eu prefiro conviver com o Deus que está ao meu lado, não importando o que ou quem esteja ali. Afinal de contas, como já vimos em diversos estudos, sejam eles fundamentados em doutrinas orientais ou ocidentais, tudo que existe é emanação do Pai e, portanto, Ele emanado...

Se eu me concentrar em endeusar a cadeira, vou viver com Deus, convivendo com um elemento material. Este é o grande segredo da elevação espiritual que o oriental conhece e o ocidental não: é preciso endeusar (conviver com Deus) divinizando todas as coisas que estão ao seu redor para promover a reforma íntima. Se você se prende em buscar o Deus que, para você, está em algum lugar muito longe onde sua consciência não consegue alcançar, se perde no caminho.

Este é o grande segredo da evolução espiritual que as doutrinas ocidentais, as doutrinas fundamentadas no Deus individualidade, não conseguiram passar. Mas, como sempre digo, isso não é erro, mas prova para cada um.

Verifique as histórias daqueles que segundo estas doutrinas conseguiram a santidade. Veja se eles não passaram em determinado momento a divinizar tudo aquilo com o qual conviviam? Foi nestes momentos que eles encontraram a Deus...

A doutrina era a mesma que você segue, mas eles se libertaram da interpretação humana e foram mais além, ou seja, venceram a prova. Se eles conseguiram, você também pode...

Perguntaram como tinha sido o meu dia. Eu respondi que, como sempre, foi maravilhoso. Quiseram saber o que era maravilhoso para mim e eu respondi que era porque eu estive com Deus o dia inteiro... Mas, isso só aconteceu porque eu me preocupei em cada lapso de tempo em tornar divinas as coisas que me cercam.

Se eu estou por acaso no meio de uma cena bárbara, divinizo o quadro que está à minha frente, apesar da interpretação que o meu ego dê àquela forma que está sendo percebida. Eu não sai dali mentalmente para procurar Deus nas alturas: eu conviverei com as idéias e formas percebidas como emanações divinas, como o próprio Deus.

Recentemente ocorreu um acidente que chocou a população deste país (queda do avião da TAM em Cumbica). Diante daquele quadro todos foram procurar Deus lá em cima, no céu, e não encontraram nada, pois estavam presos às imagens que o ego criou. Se, ao invés disso, tornassem divino aquilo que estavam percebendo, vivendo, teriam encontrado Deus nos corpos carbonizados e no monte de entulho...

Na verdade, este estudo de hoje tinha como fundamento falar-se das bem-aventuranças. Eu, porém, tinha pedido para antes criar um sistema decodificador para todos os ensinamentos do Novo Testamento. A pedra de roseta, como disse, é o amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, mas a única forma para colocar isso em prática é aprendendo a conviver com as emanações divinas divinizando-as.

Mas, isso não serve apenas para o Novo Testamento, serve para todo o trabalho da reforma íntima, independente de que doutrina se utilize. Tem uma pessoa que sempre me pergunta sobre elevação espiritual e, apesar de ter dado muitas respostas ao longo dos anos, agora posso, enfim, dar a resposta final: elevação espiritual é a denominação que se dá ao processo de conviver com a divindade em todas as coisas.

Ela jamais será conseguida simplesmente ficando de joelhos rezando para um Deus que está lá longe. Preocupem-se em divinizar todos e tudo que vocês convivem que com certeza encontrarão Deus. Agora, se quiserem encontrar o Deus ser, precisam aprender a construir foguetes e utilizarem roupas especiais para irem para o céu físico (o Universo) onde vocês imaginam que Deus está trancafiado...

Já me perguntaram até onde Deus está no Universo, como se o Todo pudesse ser fragmentado...

Foi isso que Cristo ensinou. A prática do amor a Deus sobre todas as coisas é alcançada exatamente quando se diviniza tudo aquilo que nos cerca. Quando você diviniza tudo que lhe cerca, está amando a Deus acima de todas as coisas.

Participante: Nós espíritos somos partes de Deus ou criação Dele como filhos, ou é a mesma coisa?

Para lhe responder preciso voltar a um ensinamento que vimos no estudo do Bhagavad Gita: o Deus ser, o Emanado e as Suas emanações. Deus, o Espírito Supremo; as individualidades e elementos materiais que são emanados por Ele; a movimentações destes deuses emanados que são emanações do Senhor. Pegando estes três deuses que Krishna ensina que existem como o próprio Senhor, vemos, então que tudo é Deus.

Respondendo-lhe agora, posso dizer que o espírito é emanado por Deus, gerado pelo Pai, mas faz parte de Deus porque faz parte daquilo que chamamos deuses emanados. Tudo o que este ser faz é criado originalmente pelo Senhor, por isso são emanações de Deus.

Sendo assim, o espírito faz parte de Deus como um todo, mas é uma individualidade diferente do Deus Ser. Trata-se de uma individualidade gerada pelo Senhor, mas que faz parte daquilo que chamamos de Deus, porque é um dos deuses emanados.

Aliás, Cristo ensinou: vós sois deuses... Era exatamente neste aspecto tríplice de Deus que o mestre se baseou para dizer isso.

Por isso afirmo: sem entender perfeitamente a Realidade sobre aquilo que é chamado de Deus, não há como entender os ensinamentos de Cristo. Ele não fala de um deus preso no céu, mas de um Senhor que está diuturnamente ao seu lado. Mais: em tudo que diz, o mestre nazareno ensina como divinizar tudo o que está ao seu lado para poder encontrar Deus.

Participante: Isso é fácil para o "bom" e o "belo", mas para a violência, injustiça e iniqüidade fica mais difícil...

Claro que sim... Por que isso? Porque você é regido pelos seus conceitos ao invés de divinizar o Universo do Senhor.

A violência é um conceito humano e não um ato violento, tanto assim que existem graus de violência. Tem gente que considera algumas coisas violentas que você não considera. Por isso ela não pode ser universal...

Tudo o que é universal é eterna e globalmente considerado de uma só forma. No Universo tudo que não é universal é individual. Portanto, a violência não é um ato divino, mas uma individualização que alguns fazem de uma emanação divina.

Então veja: é preciso ir além de você mesmo. Por isso eu disse que a elevação espiritual consiste em universalizar-se Para isso é preciso que vá além de você mesmo, além do seu individualismo, que nada mais é do que uma individualização do que é universal.

Portanto, você considera bárbaro um determinado acontecimento, mas é uma barbaridade divina e por isso é divino. Isso é amar a Deus acima de todas as coisas, é viver harmonicamente com a Causa Primária de todas as coisas...

O resultado prático do ensinamento da resposta número um do Espírito da Verdade em O Livro dos Espíritos é a divindade de todas as coisas. Por causa disso você precisa compreender que se quer viver com Deus, não deve conviver com um ser, um espírito, mas sim com as emanações deles, divinizando tudo que existe.

Este é o primeiro mandamento ensinado por Cristo (amar a Deus sobre todas as coisas): aprender a viver com todas as coisas emanações de Deus, como divindades. A partir disso, pergunto: como se consegue colocar em prática o segundo mandamento?

Existe uma palavra hindu que é o sinônimo do amar o próximo como a si mesmo. Esta palavra é "namaste'. Ela é um sinônimo para o mandamento de Cristo porque quer dizer "o meu divino interior saúda o seu divino interior".

Para que se possa amar o próximo como a si mesmo é necessário conviver com cada um com o seu divino interior que está acima das idéias que o ego cria para você mesmo. É, ainda, conviver com o divino interior dele e não com as qualificações que o ego gera para aquele ser humanizado.

Em resumo, amar o próximo como a si mesmo é conviver com o outro como divino a partir de sua própria divindade. Quando falamos em divino devemos entender sem máculas, sem qualquer idéia negativa que o ego cria para qualificar a você e ao próximo.

Foi isso que Cristo disse: você é divino e outro também; por isso você deve aprender a conviver com o próximo dentro destas características. Este é o segundo mandamento ao qual o mestre nazareno disse que cada um deve se esforçar de corpo, mente e alma para realizar.

Mas, para a perfeita compreensão deste tema, precisamos ainda retirar conceitos humanos, como, por exemplo, os que determinam o que é ser divino. Como disse acima, tornar-se divino e divinizar o próximo é não conviver com as idéias negativas que o ego cria para as coisas. Mas, apesar de dizer isso, não estamos aqui falando em ser "bonzinho", em seguir os padrões "bom" da humanidade.

Ver-se como divino não tem nada a ver com os padrões humanos de bondade. Por exemplo: quando você grita, xinga ou briga com o próximo, estes atos são emanações de Deus. Portanto, são frutos do seu divino interior. Quando você tem inveja dos outros é o seu divino interior que está tendo inveja.

É por isso que Cristo pode referir-se aos seus apóstolos como "vermes", pode pegar o chicote e sentar no lombo dos mercadores do templo sem culpar-se. Para o mestre nazareno não existia diferença entre estas atitudes e as de cura ou de ressurreição de mortos, pois ele sabia que tudo era emanação de Deus e, portanto, oriundos do seu divino interior.

Tudo que você faz vem do seu divino interior, porque vem de Deus e, por isso, precisa conviver com tudo o que faz como divino. Para isso é preciso não se culpar, não se criticar. Mas, o divino interior do outro também não tem nada a ver com bondade ou estar certo. Tudo o que o próximo realizar também será oriundo da divindade interior dele e, portanto, também divino.

Sendo assim, se você briga ou o próximo briga com você saiba que são só emanações divinas e não atos "errados" ou "maldosos". Torne divino o seu mau humor e o do próximo, pois aquele estado de espírito foi gerado pelo Senhor do Universo e é, portanto, o próprio Deus.

Estes são os dois mandamentos que Cristo ensinou - e, acima de tudo, vivenciou - como caminho para que o ser humanizado entre no Reino do Céu, ou seja, liberte-se da roda de encarnações para provas e expiações: tornar divina todas as coisas para poder conviver com o seu divino interior com o divino interior dos outros.

Aí está o amor universal... Amar a Deus sobre todas as coisas é tornar tudo divino e amar ao próximo como a si mesmo é aprender a conviver com todos num plano de divindades que são.

A partir daqui não importa mais que palavras estejam no Novo Testamento: é preciso divinizar tudo que existe e conviver com este tudo dentro da propriedade divina que eles contêm. O resto - as letras, as interpretações, as leis - são só figuras criadas pelo ego. É por isso que Cristo disse que não veio derrubar a lei, mas dar a ela o real sentido.

Sabe como não matar pode ser um ato de elevação espiritual? Quando ele for praticado pelo reconhecimento da divindade de cada um. Se este ato deixar de ser executado apenas pela prisão à letra fria - "lá diz que eu não posso matar por isso não mato, mas bem que aquele merecia morrer" - ou para tirar benefício próprio - "se eu não matar vou para o Céu" - de nada adiantou não ter matado. Melhor seria se houvesse praticado este ato divinizando-o como Cristo fez ao matar a figueira...

Este é o ensinamento de Cristo, mas também de todos os mestres... Alcançar esta postura é elevação espiritual. Para isso é preciso promover a reforma íntima, ou seja, mudar a forma de tratar as coisas (pessoas, objetos e acontecimentos) do mundo: ao invés de viver aprisionado aos valores criados pelo ego, conviver dentro das características divinas que tudo possui.

Participante: Qual a função do ateísmo nos dias de hoje?

Será que, frente a tudo o que falamos, existe ateísmo no mundo terrestre? Eu acho que não... Vejamos...

O que é um avaro senão um ser que diviniza o dinheiro? Se ele vive com este elemento como divino ele não é mais ateu... Vocês dizem que são ateus aqueles que não acreditam no seu Deus, mas se Ele não é aquele ser que está lá em cima, qualquer um que divinize qualquer coisa está convivendo com Deus...

Olha, precisamos ser muito claro. Tem certos conceitos que os seres humanizados não aceitam tocar. Um deles é Deus. Na verdade, Deus é um conceito que está enraizado no ego de vocês e que não aceitam que se toque nele.

Ao longo de todos estes anos de estudo muitas pessoas me disseram que estava muito difícil conviver com a idéia do Deus Causa Primária, com a idéia que tudo é divino quando se convive diariamente com atrocidades e desgraças. Por que é difícil conviver com isso?

Por causa do conceito Deus bonzinho. Deus não é bonzinho: este é um conceito que os egos ocidentais possuem, ou seja, um carma que precisa ser vencido por um grupo de espíritos.

Deus é justo, é a própria justiça. Deus é amoroso, é o próprio amor, mas amar não é satisfazer as necessidades e desejos humanos do ego. Por isso afirmo: Deus não é bonzinho, mas justo e amoroso e para poder ver estas coisas é ação é preciso se libertar dos conceitos existentes no ego para defini-las, pois eles não são universais.

Não se vence uma ferida que está apostemando passando remédio em cima. É preciso enfiar o dedo no buraco e tirar o carnegão que está lá dentro. Não se trabalha elevação espiritual sem enfiar o dedo e retirar completamente o carnegão que está atravancando-a.

Este carnegão, para os egos ocidentais. é o conceito sobre Deus que eles carregam. O conceito de um deus homem, ser, que mora no Céu e não se faz presente na Terra. O conceito de um deus que está no Céu, mas que se submete aos padrões humanos de "certo" e "errado". O conceito de um deus que só para satisfazer os desejos do ser humano.

Estas são características das doutrinas religiosas do mundo ocidental. O judaísmo, o cristianismo em qualquer de suas vertentes, o espiritismo e o próprio islamismo tem essa idéia de um Deus ser que vive no Céu e está lá para realizar o que o ser humano quer.

Sem enfiar o dedo na ferida e retirar estes conceitos que são fundamentados nos desejos humanos, não se vence elevação espiritual. Para se alcançar a Deus é preciso se conviver com Ele. Mas, para isso, você não deve apenas se prender aos momentos de oração aos céus, mas conviver com as emanações do Senhor que estão ao seu redor.

A bagunça é divina, a dor e o sofrimento são divinos, a fome é divina e a ganância também. Conviver com Deus em tudo e tudo com Deus: sem isso não se consegue a elevação espiritual.

Não estou falando em conviver com o Deus ser, aquele espírito que pensa, que realiza as coisas de caso pensado. Exata é a visão de vocês: Deus é um ser que faz as coisas para maltratar, para machucar...

Não, esse Deus não existe. O que existe é o Universo e ele é Deus, é divino. Pouquíssimos espíritos podem alcançar este ser que vocês que querem alcançar, inclusive eu. Por isso tenho que conviver com aquilo que Ele me dá, aplicando a elas as suas características divinas: Justiça e Amor...

É isso que está no poema "Pegadas na Areia". Deus está sempre caminhando ao seu lado. Isso você consegue ver, como disse alguém hoje, nos momentos onde seus desejos são realizados. Mas, Ele também está lá quando isso não acontece: é você apenas que não vê as pegadas Dele.

Na verdade, o que você não vê são as suas pegadas, pois está no colo. É Ele que está deixando rastros no chão e não você...

Acho que agora podemos ver as bem-aventuranças, não?

Felizes os que sabem que são espiritualmente pobres, pois o Reino do céu é deles.

Dentro do que falei hoje, quem são os felizes? Quem são os espiritualmente pobres? Aqueles que sabem que tudo é Deus. Aqueles que divinizam tudo o que acontece. Ele é pobre espiritualmente porque tem a consciência que tudo é muito mais potente que ele. Tudo é muito mais rico em divindade. Esses não reencarnarão: continuarão vivendo no Reino do Céu.

Felizes os que choram, pois Deus os consolará.

Felizes os que choram, ou seja, os que divinizam o choro. O choro é parte da vida. Ele não é algo fora da vida, mas um elemento que faz parte da vida e, portanto, é uma emanação de Deus e por isso é divino. Se eu divinizo o meu choro, eu me sinto consolado por Deus. Eu choro, mas por dentro estou em contato com a divindade.

Felizes os humildes, porque receberão o que deus tem prometido.

Quem é humilde? É aquele que não possui as coisas. Por que ele vive assim? Porque sabe que tudo é de Deus. Para isso ele precisa divinizar tudo. Aquele que age assim receberá tudo o que deus tem para lhe dar, que é a felicidade incondicional.

Felizes os que têm fome e sede de fazer a vontade de Deus, pois ele os deixará completamente satisfeitos.

Felizes aqueles que tornam divinos tudo aquilo que ele vivencia, pois Deus os deixará completamente satisfaz, não importando o que o ego diz que está acontecendo. Infeliz é aquele que diviniza o que o ego afirma que está acontecendo. Estes não receberão satisfação de Deus...

Sabe o que é divinizar aquilo que o ego diz que está acontecendo? É acreditar como real e verdadeiro tudo o que o ego diz que sabe, que conhece, que está "certo" ou "errado"...

Felizes os que têm misericórdia dos outros, pois deus terá misericórdia deles também.

Felizes os que divinizam o que os outros fazem, pois Deus o divinizará também...

Felizes os que têm coração puro, pois eles verão a Deus.

Felizes os que só vivem um mundo de emanações de Deus, um mundo divino, pois eles verão Deus. Não lá em cima, mas aqui, ao seu lado.

Quando você diviniza as coisas, passa a ver Deus nelas.

Felizes os que trabalham pela paz entre as pessoas, pois Deus os tratará como seus filhos.

A paz é o desarmamento. As armas que cada um usa para acabar com a paz são os conceitos humanos que determinam valores não divinos para as coisas, pois eles são fruto do egoísmo, do individualismo, que é característica primária dos egos humanos.

Portanto, felizes são os que trabalham para tornar tudo divino, superando as suas próprias armas, libertando dos seus conceitos.

Felizes os que sofrem perseguição por fazerem a vontade de Deus, pois o Reino do Céu é deles.

Felizes aqueles que, por viverem de uma forma divina com as coisas, são caluniados, chamados de bobo, criticados, acusados. Isto porque estes viverão um mundo à parte onde a glória de Deus estará sempre presente.

Não foi isso que aconteceu com todos aqueles nos quais vocês reconhecem santidade? Veja o Chico - Xavier ou de Assis - e me diga se eles não viviam um mundo à parte, um mundo onde tudo era emanação divina? Se isso é verdade, porque não seguem o exemplo deles?

Pronto: está aí o estudo das bem-aventuranças que me foi pedido no início de nossa conversa de hoje. Mas, não fique por aqui...

Agora pegue qualquer outro ensinamento do Novo Testamento e veja se não é este o ensinamento de Cristo. O mestre veio trazer a boa-notícia do Reino do Céu e disse que o caminho para se retornar à pátria espiritual é a prática do amor.

Este ensinamento até muitos já deveriam ter alcançado, mas nunca entenderam o que é amar. Amar é isso: é divinizar tudo, todos e qualquer coisa que aconteça.

Esta é a pedra de roseta que pode lhe levar a aprender a ser cristão, ou seja, a seguir o caminho a luz e a vida que leva a Deus.

Amor universal

Perdão dos pecados

Participante: Quando, segundo trecho bíblico, a mulher pecadora lava os pés de Jesus ele diz: seus pecados foram perdoados pela grandeza do seu amor. Isso significa que ela deixou a casa mental inferior atingindo pensamentos mais puros?

Sim, mas pensamentos espirituais, ou seja, sentimentos... Repare que Cristo fala que foi o amor e não o raciocínio que a mudou. Além do mais, pecador não é quem pratica atos pecaminosos, mas quem sente de uma forma pecadora. Quem tem sentimentos de soberba, de egoísmo, de vaidade, é um pecador...

Então, lhe respondendo, digo que ao mudar a sua base sentimental, o espírito que estava vivenciando este personagem teve, então, o perdão para todos os momentos em que sentiu egoisticamente...

Na verdade esta história tem muito simbolismo por trás do seu texto. Por hoje, vamos apenas ficar na compreensão de que o pecado é anulado pela ação amorosa do espírito. Mas, já que estamos falando de pecadora, deixe-me contar uma história.

Existia, no oriente, uma prostituta que morava em frente a um templo. No dia em que um monge soube como aquela mulher ganhava a vida, foi lá e acusou-a de pecadora por ser prostituta, já que esta profissão era contrária aos desígnios de Deus. Ela pediu milhares de desculpas porque não sabia que se prostituir era contrário aos desígnios de Deus. Disse que necessitava daquela profissão para subsistir, mas já que era contrária a Deus, ela não mais a praticaria. Só que ela não conseguiu arrumar dinheiro de outro jeito e, quase morrendo de fome, voltou a receber homens. O monge soube disso e visitou-a acusando novamente. Para mostrar a força de sua acusação disse: para cada homem que você receber colocarei uma pedra na porta da sua casa.

Quando a pilha de pedras estava gigante, morreram o monge e a prostituta ao mesmo tempo. Logo depois desse evento, quando o monge estava sendo carregado pelo anjo para baixo, o religioso viu que outro anjo passava carregando a prostitua. Só que o amigo espiritual que levava a mulher se dirigia para cima. Estupefato, o monge disse: mas, como? Ela é uma prostitua e está sendo levada para cima e eu, que sempre dediquei a minha vida a Deus, vou para baixo? O anjo que o levava respondeu: acontece que o seu coração está pesado com muitas pedras. Por isso tem que descer.

Com esta história aprendemos que, para não ser pecador, não é preciso apenas fazer oração, mas amar e servir ao próximo. Este serviço não se caracteriza por nenhum ato material, mas por não acusar ninguém de qualquer coisa, mesmo que ele quebre a lei de Deus.

Saiba de uma coisa: ninguém é obrigado a amar a Deus acima de todas coisas. Não há obrigação, neste sentido por isso você não pode julgar se baseando nesta lei. Deus dá o livre arbítrio a cada um, ou seja, dá a cada um a livre opção para amá-Lo acima de todas coisas ou não...

Amor universal

Amor materno e filial

“890. Será uma virtude o amor materno, ou um sentimento instintivo, comum aos homens e aos animais? Uma e outra coisa. A Natureza deu à mãe o amor a seus filhos no interesse da conservação deles. No animal, porém, esse amor se limita às necessidades materiais; cessa quando desnecessários se tornam os cuidados. No homem, persiste pela vida inteira e comporta um devotamento e uma abnegação que são virtudes. Sobrevive mesmo à morte e acompanha o filho até no além túmulo. Bem vedes que há nele coisa diversa do que há no amor animal”. ((o Livro dos Espíritos)

Abnegação é uma virtude, mas o que é abnegar?

Participante: Doar a razão, abrir mão...

Exato. Então a abnegação é uma virtude porque quem abre mão de pensar em si mesmo está exercendo o amor ao próximo. Mas, o problema é que as mães terrestres não pensam no filho quando, aparentemente, abnegam as coisas da vida material, mas em si mesmas. Por exemplo: muitas mães deixam de adquirir coisas materiais para, por exemplo, pagarem o estudo dos filhos. Aparentemente está aí um grande ato de abnegação, mas isto não é realidade.

Primeiro porque a mãe está fazendo o que ela quer (deixando de comprar para pagar a escola). Para que houvesse abnegação precisaria haver o libertar-se de alguma coisa, abrir mão de algo. A mãe que faz isso não está abrindo mão daquilo que é mais importante para ela: sua vontade de ver o filho formado. Mesmo que considerássemos o ato de não adquirir como abnegação, esta mãe ainda pode estar presa em si mesmo, fazendo para si. Será que ela perguntou ao filho se ele quer se formar em alguma coisa? Ou ainda, será que ela perguntou se o filho quer seguir aquela determinada carreira?

Na verdade, as mães não dão estas opções aos filhos. Querem que eles vivam aquilo que elas imaginam ser o melhor, o certo, para eles. Buscam sempre programar os filhos à imagem e semelhança dos seus desejos. Isso para mim não é abnegação, mas despotismo. A mãe abnegaria dos seus desejos se desse ao seu filho o direito de ser e fazer aquilo que ele queira, mesmo que isso fira os seus desejos individuais.

‘Meu filho será medico porque eu gosto muito dessa carreira’; ‘milha filha tem que escolher coisa melhor para casar do que aquele garoto’; ‘você não vai dar este desgosto para sua mãe...’. Estas não são atitudes de abnegação, mas de imposição de suas vontades sobre o próximo.

Mas elas não são erradas. Como nós já aprendemos, tudo que surge à mente como fruto de um pensamento gerado pela mente é uma provação para o espírito. Sendo assim, estes pensamentos existem para que o espírito que está vivendo o papel de mãe possa abrir mão de suas vontades e amar incondicionalmente aquele que está vivendo como seu filho.

É isso que o Espírito da Verdade ensina quando diz: ‘Bem vedes que há nele coisa diversa do que há no amor animal’. No instinto que os seres humanizados chamam de amor maternal há uma provação de doação, de abnegação, que não existe no animal e que, muitas vezes, não é vencida justamente em nome daquilo que os seres humanizados chamam de amor.

Sendo assim, podemos concluir que o espírito encarnado como ser humano tem um tipo de amor maternal e aquele que está vivendo como animal tem outro.

“891. Estando em a Natureza o amor materno, como é que há mães que odeiam os filhos e, não raro, desde a infância destes? Às vezes, é uma prova que o Espírito do filho escolheu, ou uma expiação, se aconteceu ter sido mau pai, ou mãe perversa, ou mau filho noutra existência (392). Em todos os casos, a mãe má não pode deixar de ser animada por um mau Espírito que procura criar embaraços ao filho, a fim de que sucumba na prova que buscou. Mas, essa violação das leis da Natureza não ficará impune e o Espírito do filho será recompensado pelos obstáculos de que haja triunfado”. (O Livro dos Espíritos)

Baseado, então, na resposta do Espírito da Verdade, não há mãe que seja má ou perversa inocentemente. O que existe são mães que estão de acordo com a necessidade do filho. Não existem, portanto, mães que façam maldades para os filhos, mas as que criam os carmas necessários para a vida daqueles seres.

Certamente alguém me diria: ‘Mas, Joaquim, o Espírito da Verdade também disse que a mãe não ficará impune pela maldade que praticar’. Eu responderia a essa pessoa: e daí? Quem tem que saber se aquela pessoa agiu com intenções individualistas (maldade) é Deus e não você. Ninguém lhe deu procuração para julgar os outros...

Se o espírito que está vivendo o papel de mãe sucumbir durante a encarnação pensando mais em si do que no próximo, receberá (gerará o carma) de acordo com o seu merecimento. Mas, quem determina o que cada um merece é Deus, pois como Cristo ensinou só Ele conhece o íntimo das pessoas.

Você não pode julgar ninguém. Lembre-se que, como também ensina o Espírito da Verdade nesta resposta, você será recompensado pelos obstáculos que houver triunfado e não pelo simples fato de estar exposto ao individualismo alheio. Sendo assim quando você critica, xinga ou difama a mãe que é instrumento dos carmas dos outros ou dos seus, não está suplantando o maior obstáculo que precisa ser vencido por qualquer espírito encarnado: o falso poder de determinar o que é certo ou errado.

Portanto, fica aqui uma grande lição: não importa o que uma pessoa faça à outra, ela está agindo como instrumento do gênero de provação que aquele espírito pediu para esta existência. Esta deve ser a única compreensão que cada espírito encarnado precisa atingir, não importa o que tenha acontecido. Agora, o que provocará carmaticamente para o agente aquela situação, isso é entre Deus e ele e você não deve se intrometer.

“892. Quando os filhos causam desgostos aos pais, não têm estes desculpa para o fato de lhes não dispensarem a ternura de que os fariam objeto, em caso contrário? Não, porque isso representa um encargo que lhes é confiado e a missão deles consiste em se esforçarem por encaminhar os filhos para o bem (582-583). Demais, esses desgostos são, amiúde, a conseqüência do mau feitio que os pais deixaram que seus filhos tomassem desde o berço. Colhem o que semearam”. (O Livro dos Espíritos)

Se não existe mãe (pai) mal, também não existe filho ruim ou errado. O que há em todos os casos são espíritos que possuem uma personalidade específica e que interagem com determinados outros seres de acordo com a regência do carma de cada um.

Dessa forma, dentro do núcleo família da ilusão da materialidade cada um dos membros tem a sua personalidade pré-determinada que jamais será alterada. O choque entre estas personalidades que acontece durante a encarnação como decorrência das diferenças existentes entre elas é pré-combinado ainda na erraticidade e serve como prova para todos os envolvidos.

Amor universal

Rótulos do amor

Participante: Como amar o inimigo sem rotulá-lo como tal?

Não rotulando...

Comece entendendo que quando você quer amar o inimigo, já criou o rótulo... O rótulo de inimigo...

Você não pode amar o inimigo. Como já disse, amar é amar. Por isso você não pode amar alguém, mas deve amar universalmente, a todos de uma forma geral. Para conseguir isso, é preciso, antes de qualquer coisa, juntar todos numa Unidade. Para isso, é preciso acabar com os rótulos que se dá aos outros e que os distingue entre si...

Portanto, enquanto o seu próximo for o seu inimigo, jamais conseguirá amá-lo. Agora, deixar de ver um inimigo não é ver um amigo...

É uma coisa que tenho falado sempre... Não podemos querer mudar as verdades que estão na mente. Não adianta querer ver um amigo num inimigo. O que você precisa é libertar-se do rótulo, da concepção de que o outro é um inimigo... Esta concepção é uma realidade com “r” minúsculo, uma ilusão criada pela mente. Sendo assim, você precisa libertar-se ilusão e não criar outra: agora ele é meu amigo... Libertar-se dela, não transformá-lo em amigo; não saber se ele é amigo ou inimigo...

Na verdade, quando fizer isso, você não vai alterar o que sente por ele. Por quê? Porque o que o espírito sente já é o que tem que ser: o amor. O que irá alterar é a realidade, ou seja, deixará de vivenciá-la com “r” minúsculo para passar a viver na Realidade com “r” maiúsculo.

Quando você deixar de rotulá-lo como inimigo aquilo que hoje é rotulado como raiva, virará amor...

Veja... A raiva ao inimigo é um rótulo que a mente humana, o ego humanizado, confere a um amor sentido pelo espírito. Quando você se libertar do rótulo inimigo, se libertará do rótulo raiva e aí, então, poderá ver o amor que já existe...

Por isso – e isso é uma coisa interessante que quero deixar bem clara – afirmo que ninguém aprende a amar... O amor não se cria, ou seja, não se ama... O amor surge “do nada” quando você retira os rótulos da realidade da Realidade...

Isso porque o amor já existe, já acontece, já é a língua dos anjos. O problema é que vocês rotulam – entendam este rotula como uma crença do espírito na criação do ego realizado por Deus – o amor com diversos outros nomes...