Conversando com um espiritualista - volume III

Entrega a Deus

Participante: o limite entre saber se realmente entregamos para Deus ou se estamos lidando com isso de uma forma racional, é difícil de saber...

Estou lhe dando agora a solução...

Se você entregar com fé receberá de Deus o seu pagamento: harmonia, tranquilidade e felicidade durante aqueles acontecimentos. Agora se não entregar com fé não receberá este salário e aí então viverá o acontecimento sentindo falta e angustiada.

Se você tem sofrimento é sinal de que não ouve fé.

Participante: digo isso porque estou vivenciando acontecimentos desse tipo. Estou com uma filha que está numa situação difícil...

Não, ela não está numa situação difícil: você está vendo a situação dela como difícil, mas ela não.

Participante: é ela não está vendo isso mesmo...

Você está vendo dificuldades na vida dela e o classificar a existência dela como tal é sinal de que você não a entregou a Deus, o Pai dela, com fé.

As situações todas que ela está passando são etapas da sua existência e, durante elas, o Pai dela está dando para ela o que precisa e merece: louvado seja Deus por isso. Esta a Realidade daquilo que você classifica como dificuldades...

Adore o que Deus faz a cada um: ‘que maravilha que ela está brigando com o marido, que está mal no trabalho’. Olha quantas oportunidades de trabalho ela (o espírito) está tendo... Mas, não é só para ela que deus está dando uma oportunidade de trabalhar. Você, ao saber da situação dela, ou seja, ao tomar consciência de fatos, a criação do ego (a compreensão raciona que está tendo da situação) também é uma oportunidade para você realizar o seu trabalho: entregar tudo nas mãos de Deus com fé.

Não queira se meter na situação e tenha a consciência de que tudo está certo, pois está do jeito que deve ser. Entregar com fé é abrir mão, com confiança em Deus.

Participante: mesmo porque eu já tentei ajudá-la, mas ela não quis.

Desculpe, mas você tem como ajudá-la.

Participante: como?

Não subordinando a ajuda ao que você quer que ela faça...

Participante: não é isso que estou fazendo. O que quero é mostrar o que ela está fazendo...

Você não está querendo mostrar o que ela está fazendo, mas sim dar a sua opinião sobre como ela deveria viver os acontecimentos da vida dela. Mas, o que você acha que ela está fazendo é o que você acha e não o que ela acha.

Por isso disse que está querendo ajudá-la dentro de suas próprias vontades, ou seja, dentro daquilo que desejaria que ela estivesse fazendo.

Compreenda... Ela não vai ver o que você quer que ela veja, pois isso é verdade sua. Exigir a compreensão de uma determinada forma não é ajuda, mas subordinação.

Como você pode ajudá-la? Não brigue, não critique, não diga que ela está errada. Agora, se um dia ela tiver a compreensão que quebrou a cara, esteja aberta para recebê-la de volta com uma festa, como fez o pai do filho pródigo.

Já falei desta parábola neste estudo e torno a citá-la porque ela é muito importante. O pai, durante o tempo que o filho esteve longe, nunca o procurou para mostrar o quanto ele estava errado, nem nunca o criticou para o seu outro filho. Deixou que aquele filho esbanjasse todo o capital que possuía, mas na hora que ele retornou, novamente não estavam presentes as críticas ou acusações, mas o recepcionou em festa.

Deixe-a quebrar a cara dela.

Participante: é difícil...

Claro, não existe entrega a Deus... Na verdade você ainda se acha dona (mãe) dela e que pode decidir o que é melhor para ela...

Para compreender melhor o que deve fazer, vou fazer uma figura através de uma competição esportiva: não fique narrando o que ela vive... Não fique pensando ou conversando sobre o que você acha que está acontecendo... Liberte-se dessas ideias criadas pelo ego. Aquilo que o seu ego cria não é o mesmo que o dela cria, ou seja, a sua realidade é diferente da dela.

Exatamente por você acreditar de um jeito é que se acha impelida a forçá-la a ver o acontecimento dentro do seu prisma de visão. Mas isso é impossível. O raciocínio que cria as realidades é dado por Deus dentro das provas de cada um. Os seus são apenas suas provas (seus sacrifícios) os dela são os dela. Quando você compreende isso e tem a fé, entrega a Deus o direito de dizer o que está acontecendo e, por isso, não tem opinião sobre nada.

É isso que Paulo está nos ensinando. A entrega com fé leva o ser humanizado a sentir falta das coisas. Agora a entrega sem fé o leva a estar sempre vigilante notando a ausência daquilo ou sempre tomando cuidado com as coisas que estão sob sua guarda por sentirem-se responsáveis. Neste momento houve a entrega sem fé.