Dualismo

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Meditação

Participante: Joaquim diz que a meditação que consiste em ficar na posição de lótus mentalizando OM não é o caminho, mas a meditação não é um processo válido para aquietar a mente? Poderia desenvolver esse assunto um pouco?

O que sempre digo sobre isso? Meditação não é realização. Isso é uma coisa que sempre deixo bem claro porque muitos falam que a meditação resolve o problema da elevação espiritual. Isso é ilusão. Meditar não resolve nada. Pode ser um instrumento de auxílio, não realização.

Muitos são considerados gurus porque têm a capacidade de ficar muitas horas em meditação, mas isso não quer dizer nada. Isso não resolve, não transforma ninguém em sábio no sentido espiritual. Apenas trata-se de uma criação do ego e não realização.

Aquele que realiza é quem silencia a sua mente. A meditação por si só não silencia mente alguma. Pode ser um instrumento para auxiliar a silenciar, mas não a realização do silêncio.

Além do mais, o que também explico sempre é que meditar não é esvaziar a mente. Por quê? Porque ninguém consegue esvaziar a mente. O pensamento está sempre presente.

A maioria diz que não consegue meditar porque não consegue parar, mas ninguém consegue parar de pensar mesmo. Por isso, meditação na verdade não é esvaziar a mente, mas silenciá-la.

A verdadeira meditação acontece quando você medita sobre o pensamento. Vou dar uma ideia sobre o que é isso. Você em posição de lótus, sentado na privada ou andando no meio da rua recebe um pensamento. Dando voz a ele, ou seja, acreditando na informação que ele traz, não silenciou a mente.

Para silenciá-la precisa pensar o pensamento: porque precisa, para que precisa, no que irá levar se fizer o que ele diz, para que preciso fazer ou deixar de fazer isso, se tudo é ilusão. Esse é o processo meditativo. Ele silencia a mente, ou seja, faz com que o pensamento caia no vazio.

Só que esse pensar o pensamento também será dado por Deus que precisará posteriormente ser silenciado. Por isso sempre digo que na verdade a mente, seja de que forma for, é apenas uma etapa da evolução espiritual e não realização.

A realização só acontecerá quando você mantiver o seu coração tranquilo independendo do que a mente fala. Isso é silenciar a mente.

Quando deixa o coração seguir o que a mente propõe dá voz a ela. Mas, quando consegue estar com o seu coração em paz, mesmo que a mente esteja conturbada, está em paz. Por quê? Porque toda conturbação criada pela mente não ganha voz não consegue se expressar.

Vou repetir tudo que venho dizendo nos últimos dias: não sou contra nada, só não sou a favor de nada. É muito diferente o que faço para o que você entende. Para o ego humano quem não é a favor, é contra. Eu não sou a favor, mas também não sou contra. Acho que tudo é real dentro do imaginário criado pelo ego. E tudo é válido, porque é o ego está criando, é Deus.

O que canso de dizer é o seguinte: não se prenda, não se amarre, não coloque antolhos afirmando que existe alguma coisa capaz de lhe fazer alcançar elevação espiritual. Nada é capaz, a não ser o amor. Isso deixa a mente de fora, pois o amor não pode ser sentido pela razão, só pelo sentimento, pelo coração.

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A unidade no dualismo

A partir do que falamos agora, deixe-me colocar uma coisa complementando o que falei.

A mente dual ou ego humano trabalha sempre com a existência dos dois lados de uma moeda: ou cara ou coroa, ou par ou ímpar, ou certo ou errado, ou bonito ou feio. Ela não consegue trabalhar com a moeda em pé.

O que é a moeda em pé? É quando os dois lados existem ao mesmo tempo e se congraçam fundindo um ao outro formando uma coisa só.

A mente humana não consegue isso, mas eu consigo. É por isso que para mim não existe nem bonito nem feio. As duas coisas existem para mim dentro de uma terceira coisa: o perfeito. Para mim não existe o ter que fazer ou não ter que fazer. O ter e o não ter se fundem em outra coisa: se fizer, fez; se não fizer, não fez.

Esse é um problema muito sério que o ego humano não consegue captar no ensinamento dos mestres. Frente a esses ensinamentos, ele atua girando moeda, ou seja, atua dando o valor oposto. Por exemplo. Se um ensinamento fala que não deve ter certo, vocês acham que tudo está errado.

A mente humana trabalha crendo que se algo não é certo, é errado, se não é bonito, é feio. Nem eu nem nenhum mestre disse isso. Sempre que se diz que alguma coisa não é algo, não se quer dizer que seja o oposto.

Outro dia uma pessoa afirmou que eu digo que não se deve estudar. Nunca disse isso. Disse que o ser humanizado não deve se prender a ter que estudar, não pode achar que o estudo realiza. Se estudar, estudou, se não estudar, não estudou.

Esse é talvez um dos grandes problemas para se penetrar nos ensinamentos dos mestres. Quando eles falam, não há dualismo presente nas suas falas; só que quando um ego ouve, o dualismo está presente.

Portanto, sempre que vier à sua mente a ideia de que Joaquim fala mal ou contra alguma coisa, pode ter certeza que é uma ilusão criada pela sua mente.

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Chupe o limão sem fazer cara feia

Participante: voltando a questão da meditação, particularmente acho um processo útil para aquietar-se, mas, como diz Joaquim, com o coração sinto que aquieto muito mais. Não havia pensado nisso dessa forma.

Veja, se você pratica a meditação como vista pelos humanos, faça; se não faz, não faça. A única coisa que aconselho é não se achar melhor por fazer ou pior, por não fazer. Cada um tem a sua vida, seu caminho, sua caminhada.

Elevação espiritual, na verdade, é aprender a viver. Aprender a viver o quê? A sua vida. Aprender a viver a vida como? Aprender a viver a vida que tem para viver.

Esse é o grande segredo da elevação espiritual. Digo que é um segredo porque ninguém vive a vida que tem para viver. Está sempre preso aos desejos que não existem na vida, querem sempre que ela seja diferente. Ao invés de viverem a vida que têm, ficam presos as vidas desativadas, imaginadas.

‘Eu queria tanto que aquela pessoa fosse diferente’... Mas, ela não é. De nada adianta ficar sonhando com a mudança dela, porque não vai acontecer. Você precisa aprender a conviver com aquela pessoa do jeito que é.

‘Ah, eu queria tanto fazer uma coisa’... Mas não fez. Não adianta nada viver preso ao desejo de fazer. O que é útil é aprender a viver com o não ter feito.

Esse é o grande segredo da elevação espiritual. Se cada um tem uma vida para viver e uma realidade que está vivenciando, o segredo da vida é aprender nessa realidade a Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Já cansei de dizer: se Deus lhe deu um limão, o chupe sem fazer cara feia. Não dá para fazer limonada porque Deus não tem nem água nem açúcar. Por isso, chupe o limão sem fazer cara feia. Essa é o trabalho da elevação espiritual.

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O caminho é o silêncio

Participante: como viver a felicidade incondicional?

Se você me conhecesse melhor, saberia a resposta que dou sempre a questões como essa. Como viver a felicidade incondicional? Sendo feliz.

A única forma de se viver a felicidade é ser feliz. Agora, como se é feliz? Essa poderia ser a sua pergunta seguinte. Vou responder com toda sinceridade, com toda clareza: o ego humano não sabe ser feliz.

Ele sabe ter prazer: ‘que bom, ganhei na loteria, passei na escola’. Isso é prazer, não felicidade. Isso ele sabe produzir, mas felicidade, não sabe.

Então, como ser feliz, se o ego não sabe produzir felicidade? Vou voltar ao que acabei de falar: silenciar a mente.

A elevação espiritual se caracteriza pelo silêncio da mente. Sendo assim, se o ego não consegue produzir felicidade, é preciso identificar as duas coisas que ele é capaz de produzir e silenciá-las. Quais são essas duas coisas? O sofrimento e o prazer.

Como ser feliz no dia-a-dia? Silenciando a dor proposta pelo ego, silenciando o prazer proposto pelo ego. Se ele propõe dor, no coração não a aceite. Mesmo que a razão esteja sofrendo, mantenha seu coração em paz. Se o ego propõe a exultação do prazer, não deixe o seu coração exultar-se.

Isso é o que chamo de equanimidade. Ela não acontece por uma criação: você passar a ser equânime. Sabe por quê? Porque você já é equânime. O estado natural do espírito é ser equânime.

Na sua consciência primária, o espírito é equânime. Ele perde a equanimidade quando dá voz as sensações que o ego cria. Quando acredita na dor e no prazer.

Então não se adquire equanimidade. Silencia-se a dor e o prazer para que ela surja. A mesma coisa a raiva e o amor material. Não se cria o amor universal: silencia-se a raiva e o material.

Esse é o trabalho o tempo inteiro: silenciar a mente. Por isso digo que tudo que estudamos até hoje sempre objetivou entender o que a mente cria para se compreender a necessidade de silenciá-la.

Portanto, como viver a felicidade no dia-a-dia? Vivendo como Buda ensina: com atenção plena ao seu mundo interno. Só assim é possível alcançar a consciência correta. Qual é a consciência correta? Aquela onde o coração está em paz.

É assim que se faz.

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Mente ou coração?

Participante: acho que a minha grande dificuldade, que também é da maioria das pessoas, é saber quando o coração está em paz ou quando o ego está dizendo que ele está em paz. Há uma grande dificuldade em separar coração e ego. No meu caso, quando tento silenciar o ego, sei que é razão falando com razão. Isso vira um espelho sobre outro produzindo infinitas imagens. Sinto essa dificuldade na maioria das pessoas.

Você diz que é ego apaziguando ego. Sim, é isso mesmo. Quando trabalha a questão da elevação através do processo racional é isso que acontece. Mas, não estou falando em processo racional, mas em coração.

Para entender o que estou dizendo, pergunto: o que é um coração em paz, mesmo que o ego esteja conturbado? É quando internamente está em mansidão. Quando por dentro não está ansioso, nervoso, mas manso, plácido. Sabe, o ego está numa ira verbal contra alguém e interiormente está em paz.

Quando o ego está numa auto cobrança, numa agonia, numa discussão, e internamente você está em paz.

Participante: não temos como reconhecer isso.

Diria que até temos até temos.

Como reconhecer? Quando Deus nos der o reconhecimento. Sim, o reconhecimento irá passar pela mente.

Um dos bons meio de reconhecer a sua paz interna é observar o corpo. Quando ele está em paz, internamente você está em paz.

Outro dia disse a uma pessoa para tomar um banho de melissa com erva cidreira. A pessoa perguntou por que isso. Respondi: para acalmar Ela, então, questionou: para acalmar tenho que ingerir e não tomar banho. Terminei o assunto dizendo: não é para acalmar você, mas o corpo. .

Repare que o corpo vibra. Você sente a vibração dentro da exaltação ou dentro da depressão. Essa vibração que precisa ser contida e não os pensamentos.

Como disse, é mansidão interna e ela existe quando o corpo está assim, mesmo que o ego esteja em ebulição

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Realizações

Participante: é difícil para nós silenciar a mente é porque acreditamos que estamos cada minuto mais próximo da morte e com isso não teremos tempo para fazer tudo que o ego quer fazer. Como ficar sem pensar, como perder tempo sem fazer nada, se temos tão pouco tempo antes de morrer? É o ego não querendo perder nunca.

Começo lembrando: silenciar a mente não é fazê-la deixar de falar. É não dar voz a ela, não acreditar nela. É não aceitar o que ela impõe.

Segundo ponto. Claro, o ego cobra realizações materiais, mas você, como espiritualista, sabe que esse é um mundo espiritual e não material. Um mundo onde se busque realizações espirituais, não materiais. A única realização espiritual dessa vida consiste em silenciar o ego.

Portanto, o objetivo da vida é aprender a silenciar o ego. É alcançar a mansidão interna.

Não pense você que quando Cristo falava conta os professores da lei a mente dele não estava em ebulição, que seus gestos não estavam em ebulição. As mãos do mestre não ficavam arriadas, largadas quando falava: ai de vocês professores da lei, hipócritas. O seu tom de voz era acusatório, as suas mãos moviam-se em gestos fortes. Agora, internamente, no coração, a mansidão existia.

Essa, então, é a única realização que você tem para fazer. Quando acredita nas outras realizações que o ego cria, dá voz a ele, dá valor ao que a mente fala. Por isso afirmo que no momento que ele sugere alguma busca material é mais um momento de trabalho de realização espiritual. Quando ele disser que você vai morrer, que tem que correr, tem que realizar coisas, internamente deve estar ocupado com a realização espiritual.

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Sair da depressão

Participante: Joaquim, tenho um colega tomado de profunda depressão e tristeza. Ele é inteligente. O que se passa no processo de depressão?

A mesma coisa que se passa no processo de exaltação.

Depressão, exaltação ou até a anormalidade, na verdade são sensações criadas pelo ego. Por isso não podem ser resolvidas pela razão humana.

Deixe-me dizer uma coisa. Do jeito que falou – e não é só você que pensa assim, mas a maioria dos seres humanizados - constato que acredita que quem está em depressão pode sair dela sozinha através de um processo racional. Acredita que aquela pessoa depressiva tem condições de racionalmente se libertar da doença.

É o que você acabou de me dizer uma pessoa quando afirmou que ele é inteligente. Para mim essa informação soou como: ele deveria se conscientizar que está em depressão, lutar racionalmente contra as ideias depressivas e com isso acabar com a doença. Desculpa, mas não é assim que a banda toca, não é assim que acontece.

A pessoa em depressão possui uma lógica depressiva. Por isso, quanto mais inteligente, mais depressiva fica. Isso porque a lógica do ego desse ser humanizado é depressiva.

Não sei se estou conseguindo me fazer entender. Você tem uma lógica diferente da dele. A dele é depressiva, a sua não. Dentro da sua lógica, você acha que ele tem que lutar para sair da situação em que está, mas isso é impossível, porque toda lógica dele fundamenta-se nos argumentos depressivos. Então, por mais de seja, não consegue ter um raciocínio que o impulsione a sair daquele estado.

Aliás, ninguém sai de uma depressão, pois isso é um estado de espírito racional criado pelo ego. Sendo assim, só Deus pode mudar a razão do ser e acabar com aquele estado de espírito. Se isso acontecer, não houve mudança, ninguém conseguiu mudar nada: Deus começou a emanar outra coisa como razão para aquele ser.

Há uma parte de O Livro dos Espíritos que tem uma informação sobre como se processa a Causa Primária. Lá é dito que é através do faça-se de Deus. O Senhor diz faça-se e a coisa se faz. Se isso é verdade, a coisa não é feita; se faz.

Portanto, como se sai de uma depressão? Quando Deus der um faça-se diferente do depressivo. Nesse momento, a depressão acaba, ninguém se liberta dela. Tudo que você leva ao consciente é ego e tudo que é razão é Deus, é criação de Deus.

Agora posso responder. O que o seu amigo precisa fazer? Manter-se equânime, tranquilo no coração, mesmo estando em depressão: estou, e daí? Fazer isso não de uma forma racional, mas por dentro. E quanto a você, o que tenho a dizer? A mesma coisa: ‘meu amigo está depressivo? Está certo, está. Se eu praticar atos de ajuda, se fizer alguma coisa nesse sentido, fiz; se não fizer, não fiz.’.

Saiba que a situação dele é uma prova para ele, mas também para você.

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Pelo amor ou pela dor

Participante 1: pelo jeito essa libertação ou estado divino vem após um expurgo de dor.

Participante: 2: pelo amor ou pela dor.

 Interessante o que colocaram. Gostaria que me dissessem uma coisa: para cada um de vocês, o que quer dizer ‘pelo amor ou pela dor’? O que é viver uma prova ‘pelo amor ou pela dor’?

Participante 1: pela dor entregar-se ao ego; pelo amor, entregar-se ao espírito.

Participante: 2: amando a Deus e aceitando tudo ou sendo egoísta, pelo individualismo ou pelo universalismo.

Participante 3: processos de acordar para Divino, de se achar na graça.

Passar por uma situação ‘pelo amor ou pela dor’ nada mais é do que duas caces da mesma moeda. Vou tentar explicar isso para vocês.

Uma moeda em pé – hoje estou usando muito esse exemplo porque estou falando de dualismo – é um acontecimento da vida. Todo acontecimento desse tipo é uma prova para o espírito. Todo acontecimento da vida, na verdade, é uma ilusão criada pelo ego, que serve como prova para o espírito.

A prova, ou acontecimento da vida, está sempre presa dentro de um gênero pedido pelo ser universal antes da encarnação. Tanto faz se o acontecimento é vivido com dor, ou seja, tendo uma sensação dolorida, como passar pelo acontecimento preso a uma sensação de bem estar.

A emoção que se passa não tem a menor importância. Tanto o amor, prazer, como a dor, não existem por elas mesmas, não foram criadas para o espírito sofrer ou não, mas porque está ligada ao gênero de provas pedido, representa o que o ser pediu para vencer. São situações geradas por Deus como instrumentos para o ser ter a sua prova.

Já falei disso. Se o espírito pede para lutar conta o egoísmo, por exemplo, pode viver uma vida de rico ou de pobre, viver pelo amor ou pela dor. Para a provação não há diferença entre ser rico ou pobre. Tanto o rico como o pobre podem ser egoístas.

A situação de vida de um ser nada representa para ele. Trata-se apenas de encenação para um gênero emocional de provação.

Agora pouco, quando favamos de depressão, uma pessoa disse perguntou: para que, então ir ao médico. Eu respondi: porque faz parte da encenação da sua vida. Ir ou não ao médico não importa, porque não será ele que vai curar.

Ir ou não ao médico faz parte da encenação que serve como prova para cada um. Para quem não foi para ver se vai se vangloriar por não ter ido, para o médico para ver se acha que foi ele que curou, para quem foi, para ver se seu Deus é o remédio, a causa primária da sua cura. .

É preciso entender que a afirmação ‘pelo amor ou pela dor’, só diz respeito à encenação e não às provas em si. O amor ou a dor são sensações que Deus agrega a uma ilusão de movimentação, de percepção, e a um raciocínio, para criar uma prova. Quem passa a prova com a dor não quer dizer que está expiando um erro maior, um crime mais grave, do quem é amado. Pelo contrário. Já conversamos aqui sobre isso: ser rico é uma prova mais difícil do que ser pobre.

Essa, portanto, é outra coisa que vocês precisam compreender, que precisam remover os antolhos. Precisam mudar a sua visão para compreender que signifique que quem está passando por uma depressão esteja vivendo uma prova dolorida. Vocês não sabem como ele está vivendo no seu interior. No seu interior pode estar em paz. Nesse caso não há dor alguma.

Pedi para vocês colocarem as suas ideias a respeito do assunto. Quem mais se aproximou à realidade foi quem disse que é simplesmente um mecanismo da prova. Sim, é isso, mas não é um mecanismo que represente um cama específico. É o escolhido por Deus e correu para aquele ser.

Como ele escolhe o amor ou a dor para a prova dos espíritos? Pela Justiça, pelo Amor, ou seja, aquele que mais ajude o ser a vencer a provação pedida. Outro detalhe. Quando escolhe, Deus está sempre visando manter o equilíbrio universal.

Resumindo tudo isso, posso dizer que dois espíritos podem passar pela mesma prova. Um pode vive-la com a sensação ilusória de dor; outro com a de amor. A prova é a mesma, cada um recebeu o melhor para si e o equilíbrio universal continua existindo sempre.

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Expurgo do sofrimento

Participante 1: por esse raciocínio que acabou de fazer, posso dizer que qualquer dualidade é a mesma coisa. Portanto, a qualquer hora a coisa mais vai válida é cantar um

Participante 2: o moço depressivo tem um filho autista. Prova familiar. Parece que o pai sofre na sua depressão, mas o filho parece que não sofre.

 Ter um filho autista é uma prova. Concordo com você: prova familiar. Agora, ter um filho normal também é prova. É o que a outra pessoa falou: o raciocínio vale para qualquer situação dualidade.

Você me falou anteriormente uma coisa interessante: expurgo pela dor. Desculpe, mas isso é apenas um lado da moeda, pois se há pela dor, também há expurgo pelo amor. Só que o termo usado não lhe deixa perceber isso.

A palavra expurgo é um tema espírita que nos remete a uma coisa interessante: culpa. Para vocês só expurga quem foi culpado de alguma coisa e agora precisa expurgar a sua culpa. Isso não existe no universo. No universo, não existem culpas nem culpados.

Universalmente falando, não existe expurgo pela dor. Há provas vivenciadas com a sensação de dor. São coisas completamente diferentes. No universo ninguém expurga porque ninguém adquire culpa.

 Como a outra pessoa falou, aplique-se o que acabei de dizer com relação a ir pelo amor ou pela dor a todo dualismo. Ser considerado feio, por exemplo, é a mesma prova para quem for considerado bonito. Ser rico, viver no fausto, não quer dizer que se vá viver uma prova diferente de quem passa por carências. Ser considerado gordo faz viver o mesmo gênero de provas de quem é chamado de magro.

O importante não é a aparência, pois ela é maya, foi criada pelo poder inescrutável de maya. O que interessa – e isso falei na semana que passou – é a essência que está embutida em cada ato.

Um ato, uma ação, pode ter as mais variadas formas, mas todas estão ligadas a uma única essência.

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Não uno

Aproveitando nossa conversa de hoje, me permitam falar uma coisa.

O que é dual? O que é dualismo? Vocês poderiam dizer que dual é algo que existe como um par de opostos. Isso, no entanto, é ilusão, uma visão estreita da realidade.

Não só os pares de opostos são dualistas. Toda e qualquer divisão de alguma coisa é dualismo. Vocês acham que magro e gordo é um dualismo, mas ainda existem o pouquinho mais magro, o bem magro, um pouquinho mais gordo, está no ponto certo, etc. Todas essas referências fazem parte do dualismo e não apenas as duas pontas.

O dual não existe apenas pelas duas pontas, mas é formado por uma escala de valores. Por isso, o termo para falar disso não deveria ser dual (dois), mas múltiplo.

Só que não importa se você chama de dual ou de múltiplo, tudo que é formado por mais de um é ilusão. Por quê? Porque no universo real tudo é unidade, é uno. No universo só existe uma única coisa e não a multiplicidade.

Sendo isso verdade, não pode haver gordo, magro, menos magro, mais gordo. Para atingir a essa realidade, no entanto, precisamos acabar com a ideia de peso. Se houver peso, tem que haver dualismo, pois é uma escala que existe em multiplicidade.

No universo não pode haver dor ou alegria. Havendo, inevitavelmente haverá uma escala de dor e alegria. Tudo que existe em escala é múltiplo e por isso preso a questão da dualidade. Ou melhor: é não uno.

Melhor do que usar a palavra dual ou múltiplo é usar o termo não uno. A própria ideia da existência de uma multiplicidade já nos atrela ao dualismo, pois tudo que é múltiplo é dual. Não se deve trabalhar nem com a ideia da existência da unidade, pois essa própria ideia já é dual, pois quando admito existir a unidade é porque acredito que existe uma não unidade em algum lugar. Se não existisse essa não unidade, para que dar o valor de unidade para alguma coisa?

Dessa conversa toda o que quero é que entenda o seguinte: tudo que você vem da mente, tudo que é racional, é fundamentado na não unidade, enquanto que o universo é uno. Entenda isso e compreenda que você não pode transformar o seu ego em uno, trabalhando com a unidade de tudo. Você não pode jamais unir seu ego ao universo porque, porque ele só sabe trabalhar com a multiplicidade. Por isso, a única coisa que pode fazer é entender que tudo que ele cria é ilusão.

Aliás, a primeira obra da razão que gera a multiplicidade é a ideia da existência de um eu independente do outro, do mundo. Existem algumas ideias corriqueiras no mundo humano como uma que foi dita aqui há alguns minutos: o eu divino. O eu divino não pode existir, pois a sua existência obrigatoriamente geraria um eu material.

‘Então, existe o eu, Joaquim’, vocês podiam perguntar. Respondo: que eu? Para existir um eu independente do todo teria que haver outros eus. Pronto, acabou a unidade.

Portanto, se não pode levar o seu ego à unidade, deve entender que tudo que está nele é não uno, ilusão. Por isso deve silenciá-lo, não dar voz a ele. Por isso, volto a repetir – e é a terceira vez que falo hoje isso: o único trabalho que você tem que fazer durante a vida humana é silenciar, não dar voz à razão. É deixa-la continuar falando e você dizer a si mesmo que nada daquilo é verdade.

Dualismo

Sob a batuta de Deus

Participante: qual o tema da conversa no próximo final de semana em Curitiba?

Peço que essa pergunta seja esteja na transcrição para que possamos passar uma mensagem.

Nosso trabalho começou no dia cinco de agosto de mil novecentos e noventa e nove com a leitura do ‘Primeiro Manifesto do Espiritualismo Ecumênico Universal’. Em uma parte desse documento está escrito: estamos aqui como simples soldados de Maria, como simples trabalhadores do exército dela, para trabalhar no sentido de devolver a batuta do mundo a Deus, para unir todos os seres humanizados sob a égide do Pai.

Desde aquele dia, tudo o que conversamos só teve um objetivo: ensinar a unir-se com Deus. Essa é a nossa missão, esse é o nosso trabalho.

Quando estudamos Buda, foi com esse sentido. Quando estudamos a Bíblia, usamos essa mesma intenção. Sempre estive orientando vocês na busca com a unidade com o universo ou, como acabei de falar, para atingir o uno. Por causa disso, tudo que falei nesses anos todos para mostrar o que é não uno, o que é múltiplo, o que é dual.

Então, só tenho um assunto para falar, sobre o qual, aliás, falo há muitos anos: a unidade com Deus. Esse objetivo está presente em qualquer coisa que ouvirem de mim, não importa o título do trabalho, em que livro é baseado o estudo. Sempre estarei falando para apontar as não unidades que existem para que o uno possa surgir naturalmente

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Para amar os inimigos, abandone os amigos

Participante: sugiro começar com esse estudo com o amai nossos inimigos.

Você sugere começar a busca da unidade amando o inimigo? Propõe, então, começar pela destruição da inimizade? Certo. Vamos só relembrar o que falei hoje?

Existindo inimizade é sinal de que existe amizade. Certo? Não. Inimizade e amizade são duas faces da mesma moeda. Ou seja, a mesma prova.

Se o trabalho é libertar-se da posse, do possuir, acho melhor começar pelo destruir o amor humano, os amados. Nesse planeta quando o ego cria a sensação, ou seja, a emoção racional do amor, está criando uma posse. Ninguém ama sem possuir.

O ser humano é incapaz de falar essa é uma mulher. Ele sempre diz: essa é minha mulher ou mulher daquele outro. É incapaz de falar esse é um filho. Fala esse é o meu ou o filho de alguém.

Não, isso não se chama identificação. Chama-se possessão. Por causa da posse existente no amor humano afirmo que ninguém vai destruir a inimizade para amar o inimigo antes de acabar com os amigos, com o amor a alguns. Falo em acabar com amigos não no sentido de não ser mais amigo de alguém, mas em destruir, silenciar, a amizade gerada pela mente.

Tudo é prova. Por isso, as amizades também são provas. Não são certas e as inimizades erradas. Por isso, não importa se você tem amigos ou inimigos, é preciso silenciar a razão que cria essas figuras na sua vida.

A amizade e a inimizade são faces da mesma prova: da prova da possessão.

A ideia do amor, que vocês guardam como algo raro, divino, sublime, é falsa, é ilusória, é do ego. ‘Eu amo as pessoas’: mentira. Deixe um desses amados fazer mal a você para ver onde vai parar o amor.

Então é preciso aprender a viver a inimizade e a amizade com equanimidade. Não adianta apenas atacar as inimizades para isso, pois as amizades continuarão gerando posses que farão você criar novas inimizades, quando os termos da amizade forem atacados.

Por tudo isso digo que o que você falou, dentro da razão humana, é perfeita: comecemos por aprender a amar o inimigo. Mas, diria que a unidade com Deus começa não pelo amor ao inimigo, mas pelo despossuir o amigo e o inimigo criados pela razão.