Conversando com um espiritualista - volume I
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Conversando com um espiritualista - volume I

Respostas de Joaquim de Aruanda a perguntas de diversos temas. 

Conversando com um espiritualista - volume I

Comer carne

Participante: apesar de Pai Joaquim ter afirmado que a carne não pode interferir no espírito, muitas mensagens espirituais que chegam até nós têm nos alertado sobre a necessidade de pararmos de nos alimentar de carne devido a todo sofrimento que está por trás dela. Os animais são maltratados, sentem medo, tentam fugir do abate, etc. Segundo essas mensagens, esse sofrimento gera uma energia extremamente negativa que produz um carma muito pesado e triste para toda a humanidade. Além disso, afirmam que esse hábito reveste nossa aura com uma crosta muito densa, difícil de ser retirada. Gostaria de saber o que o Pai Joaquim tem a dizer sobre isso.

Sobre a questão dos animais sentirem dores e a necessidade de se viver este momento, creio que já deixei bem claro o assunto numa questão anterior que respondi. Por isso vou tratar agora apenas sobre o carma pesado que ocorre no planeta por causa daqueles que comem carne.... Antes, porém, temos um assunto a comentar.

Você fala em mensagens espirituais que se referem a esta questão. Sim, existem mensagens neste sentido. Mas, não nos esqueçamos que existe o mundo dos devas, o mundo dos seres humanos sem carnes, daqueles que pensam humanamente, mas estão sem carne.

Estes são mais do espíritos sem carne: são instrumentos da prova de vocês. São espíritos que servindo a obra geral geram ao espírito encarnado a oportunidade de vivenciar as vicissitudes terrestres mantendo-se em paz e harmonia, próximos de Deus. Este é o primeiro detalhe.

Sendo uma prova, só há uma forma de se vencer: optando por Deus, pelo universal. Colocando Deus como Causa Primária de todas as coisas, você anula o teor de qualquer uma destas informações.

É o que já disse antes e que continuarei a dizer para lhes orientar: pensem no que é Deus para vocês.

Sempre que recebo uma questão com teor semelhante a sua, reparo cada vez mais que Deus para vocês é uma figura decorativa no universo. Ele está sentado num trono no céu e não pode proteger o pobre do animal. Justo Ele que é o todo poderoso não pode fazer nada pelo pobrezinho do animal.

Acho que alguma coisa está errada aí. Aliás, isso para mim soa inclusive como blasfêmia...

Por isso volto a falar agora e falarei muitas vezes daqui para frente: o que é Deus para vocês. Pensem sobre isso, porque, através das perguntas que me fazem, verifico que a mente de vocês está declarando que Ele é uma coisa, mas essa afirmação não é real.

A mente lhes diz que para vocês Deus é tudo, é Sublime, é o Pai, etc. Só que quando ela lhe manda uma questão como a que estamos conversando (matar animais), vocês cedem às críticas que ela faz a outros seres humanizados. Se Ele é tudo para vocês, será que Ele também não é quem está matando o animal? Pergunto isso porque este ser que faz esta ação deve estar no tudo que usam para dizer o que Deus representa para vocês? Ou será que eles não são nada?

Este é o problema para aqueles que querem aproveitar a oportunidade da encarnação. Vocês acham que convivem com Deus dentro de um preceito, só que aí vem a mente com argumentos como os que foram usados na sua questão e aí vocês caem, acreditam neles. Isso só acontece porque não combatem a informação dizendo à mente quem é o seu Deus.

Tendo falado sobre a questão das mensagens espirituais, vamos agora à questão da crosta que se liga ao espírito – e eu diria que não é ao espírito, mas sim ao períspirito – e que flutua no planeta.

Essa crosta realmente existe. Aliás, falamos nela numa conversa chamada ‘Natal’. Naquela conversa falei exatamente isso: olhando-se do espaço, a Terra está envolta por uma nuvem negra, pesada, uma nuvem de poluição.

Sim, isso existe. Agora, o que gera esse miasma, que é a forma como vocês chamam esta poluição? O que gera a poluição? O descumprimento da lei do amor. O descumprimento do amor a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Cada vez que você se ama, ou seja, se apega a algo, acima do apego à Deus, polui o meio ambiente. Cada vez que ama a si acima do próximo, ou seja, o considera pior do que você, considera o outro errado, contribui com esta poluição.

Sendo assim, posso dizer que você contribui para esta poluição quando julga e critica aqueles que comem carne ou matam os animais. Portanto, a sua crítica a quem mata os animais fundamentada na geração da crosta que envolve o planeta que eles formam, é o sujo falando do roto, do porco falando do chiqueiro. Você me diz que aqueles poluem, que eles dão a contribuição para a poluição, mas quando os critica também está poluindo o meio ambiente.

Mais: como ensinou Cristo, aquele que não tiver pecado que atire a primeira pedra. Será que você consegue o cumprimento da lei do amor ao próximo tão perfeito que possa falar de alguém, que possa criticar alguém por não amar? Esse é o grande problema.

Os espíritos humanizados, os que vivem fora da carne tendo ideias humanas falam de coisas que a ideia humana considera errada, mas não falam daquelas que a ideia humana considera certa. Já falamos sobre vegetarianismo, sobre ecologia e uma série de detalhes que são tratados pela humanidade como coisas certas e mostramos que todo este discurso é simplesmente uma hipocrisia criada pela mente.

O ecologista tem o seu carro, mesmo que desta forma contribua para a poluição planetária. Mora numa casa que para ser construída teve que tirar o cimento e o barro da natureza, onde há tinta, que é produto químico e não tem nada de natural. Ali isso pode ser feito. Ali podem ser usadas estas coisas, mesmo que com isso se acabe com a natureza. Agora, onde ele não quer que se use os elementos naturais, não pode. É essa hipocrisia, que é a mesma dos espíritos humanizados sem carne, que cria essa crosta negra.

Já disse isso e vou dizer mais uma vez: vocês estão ansiosos esperando a chegada dos extraterrestres. Sim, eles chegarão, só que não chegarão através de nenhuma das hipóteses que vocês imaginam.

Eles não chegarão com armas para gerar uma dominação humana, ou seja, assumir a posição de ditador da vida de vocês. Também não vão chegar trazendo presentes para vocês como Cabral chegou no Brasil dando presentes a índios. Não chegarão louvando vocês que se consideram mais elevados apenas porque não querem que os animais supram a necessidade física de alguns seres humanos, mesmo que na Bíblia se diga que Deus colocou os animais à disposição do homem para se alimentar. Não, eles virão justamente para mostrar a hipocrisia do ser humano. Por isso, a necessidade de se começar a vencer esta hipocrisia...

Você diz que é por amor que não quer que se mate o animal, mas eu pergunto: onde está o seu amor por aquele que mata o animal? Cristo não mandou amar o certo, o bom, mas a todos. Aliás, ele também falou que não veio para os bons.

Ele mandou amar a todos sem exceção. Para se amar a todos dessa forma só há uma saída: dizer à sua mente quem é o seu Deus. Mostrar à sua mente que o seu Deus é o do Amor, da Justiça, da Causa Primária e da Inteligência Suprema. Por isso, tudo o que acontece é justo e amoroso...

Na hora que você disser à sua mente quem é o seu Deus se libertará destes argumentos que ela cria. Neste momento, você pode comer ou não carne, pode querer ou não que matem os animais, mas estará em paz e harmonia com tudo que existe, com tudo que acontece. Neste momento terá se tornado um com Deus.

É por conta de vocês acreditarem que existem seres melhores ou piores a partir daquilo que eles fazem, como agem, que sei que estou conversando com os anjos caídos, aqueles que acham que Deus está errado porque ainda permite que animais sejam abatidos.

Enfim, lhe respondendo, digo que sim, a poluição existe, mas cuidado, pois existem poluidores que acham que não poluem, mas contribuem e muito para a existência desta crosta que envolve o planeta. É nisso que eu queria que você prestasse a atenção...

Conversando com um espiritualista - volume I

Desencarne do espírito do animal

Participante: eu gostaria de perguntar sobre a reencarnação dos animais e o que acontece com eles após a morte. Você pode explicar isso um pouco?

Posso.

Como disse numa resposta há pouco tempo, o animal é um espírito em desenvolvimento, assim como vocês que estão no topo da cadeia neste planeta. Os animais são espíritos que vivem um processo de reencarnações naquilo que é chamado de mundo animal.

A cada mundo animal que este espírito vivencia, aprende alguma coisa. Essa alguma coisa que ele aprende não tem nada a ver com o animal em si, mas com a vivência do animal no planeta Terra. Ele não aprende a rugir, a miar ou a latir. Não é essa a finalidade da encarnações dos espíritos no mundo animal...

Enquanto o animal se relaciona com seres humanos está vivendo trocas emocionais, sentimentos. É este aprendizado que é o objetivo das encarnações no mundo animal.

O ser, enquanto vivendo o animal, aprende sobre estas emoções. Só que este aprendizado é diferente do de vocês. Isso porque vocês que têm essas emoções tratadas pela inteligência. O espírito, como não tem o processo racional desenvolvido, ele acumula estas experiências por um processo que vocês chamam de instinto.

Instinto é algo que leva o ser encarnado a viver sem pensar se o que está acontecendo é certo ou errado, bom ou mal, bonito ou feio. Aquele que vive a partir do instinto não avalia o que acontece.

Portanto, o espírito que encarna no mundo animal tem essa troca emocional com o mundo. Com isso ele instintivamente cria um banco de emoções, que é formado por aquilo que ele conhece a cada encarnação.

Ele encarna em um reino animal, desencarna e depois encarna novamente em outra forma e em cada uma delas vai se relacionando com seres humanizados e outros seres. Nas encarnações ele vai vivendo relacionamentos emocionais e com isso vai formando um banco de dados emocionais que guiará seu instinto quando atingir ao ponto de encarnar como ser humanizado.

Apenas um detalhe: entre as encarnações, diferente de vocês que estão humanizados, o espírito que encarna nos animais não passa um ‘tempo’ no mundo espiritual entre as encarnações. Isso porque vocês que vivem com o processo inteligência precisam ver o que fizeram em uma encarnação e estudar no mundo espiritual para compreender que não podem viver deste jeito. O animal não tem isso. Ele não precisa estudar nada, pois só vai constantemente adquirindo informações e com isso formando o seu instinto. Por isso ele pode encarnar num momento, desencarnar e no minuto seguinte encarnar novamente.

Isso, então, é o que acontece com o espírito que encarna no mundo animal deste planeta no espaço entre as encarnações... Na verdade existem outras coisas, mas, além de não ter como lhe explicar, vocês não compreenderiam o que realmente ocorre neste momento da existência do ser...

Conversando com um espiritualista - volume I

Evolução no reino animal

Participante: gostaria de mais informações a respeito dos animais. Se eles não têm carma, como explicar todo o sofrimento a que vários deles são submetidos? Como deve ser o relacionamento do ser humano com os animais? Quanto à evolução espiritual, há diferença entre as classes de animais, entre mamíferos, que seriam mais evoluídos e peixes, que ainda teriam uma alma-grupo, ou estão todos no mesmo nível espiritual?

A questão do carma do animal já foi explicado anteriormente em nossas conversas...

O relacionamento do ser humanizado com os animais deve ser constituído pelo mesmo princípio daquele que os seres humanizados devem usar no relacionamento entre si: relacionar-se amando a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo...

Com relação à evolução espiritual dos espíritos que habitam formas animais, lhe respondo que sim, há diferenças entre encarnar nos diversos tipos de animais que existem. Agora, estas diferenças não são compreendidas por vocês. Por isso não tenho como explicar quais são.

Apesar de já ter respondido a todas as suas questões, quero aproveitar sua pergunta e deixar mais uma vez um detalhe: não pense que o espírito que encarne num elefante é mais elevado do que aquele que encarna num peixe. Esta é uma questão muito importante para vocês....

Se o objetivo da existência é tornar-se um com Deus, como pode isso acontecer se você ainda separa as coisas por classes? Como você pode conseguir uma unidade com o Todo se ainda distingue algumas coisas como maiores e menores e outras como menores e piores? Impossível...

Dentro do mundo real, o universo, todos são iguais. Não importa em que forma esteja, em que processo de elevação esteja, por dentro todos são iguais. Por causa dessa realidade essencial nunca estudei e me recusei terminantemente a estudar a escala evolutiva dos espíritos que está em O Livro dos Espíritos. Não fiz porque esta escala classifica o espírito em classes melhores e piores.

Isso não existe isso no universo. Até por carga genética todos os espíritos são iguais em essência, pois são filhos do mesmo Pai. O que nos diferencia não é o que somos, mas sim a nossa distância de Deus, o grau de unidade que temos com Deus.

Quando você cria a ideia de existências de classes espirituais melhores ou piores, mais ou menos evoluídos, afasta, na sua mente, um espírito que pode estar mais próximo do que você de Deus. Além disso, não ama este ser, porque se considera melhor que ele.

Portanto, nunca pense numa escala que sobreponha um espírito ao outro. Sempre leve em consideração uma escala onde todos estejam no mesmo patamar e o que os diferencia neste patamar é a distância que estão de Deus. Para lhes ajudar a fazer isso ensinei uma coisa.

Faça uma linha reta horizontal. No meio dela, um pouco acima, coloque um ponto. Esta linha reta é onde estão todos os espíritos, sem exceção, estando no reino animal, vegetal, humano ou em outros que você não conhece. Todos estão ali, inclusive aqueles que estão fora do processo de provas e expiações, em outros mundos que vocês não conhecem.

Todos compõem esta reta, só que, por estarem ao longo de toda esta reta, uns estão mais afastados e outros menos do ponto acima do centro da linha que é Deus. Quem está mais perto do centro da reta, está mais próximo de Deus; quem está nas extremidades, está mais afastado.

Este, portanto, é o detalhe desta resposta: não tratem nenhum ser como mais evoluído do que outro; não tratem vocês como melhores que os animais, porque não são. Todos somos espíritos iguais dentro de processos diferentes, sendo que o animal ou mesmo aquele que você considera um monstro pelos valores deste mundo pode estar muito mais perto de Deus que você.

Conversando com um espiritualista - volume I

Sofrimento dos animais

Participante: já ouvimos que os animais são espíritos puros, não possuem carma e que possuem uma forma de evolução diferente da nossa. Mas, porque eles sofrem tanto na Terra? Alguns quando idosos são abandonados na rua com doenças, outros já nascem nas ruas e vivem na podridão morrendo sendo comidos por bichos e larvas, outros apanham de seus donos diariamente. Porque isso acontece?

Primeira afirmação na sua pergunta: os animais são espíritos puros. Eu diria que não. Diria que são espíritos em desenvolvimento, mas não puros.

A pureza que você quer aplicar aos animais é a mesma que os seres humanos aplicam àqueles espíritos que estão em forma de criança. Eles acham que as crianças são a pureza em pessoa, a candura em pessoa. Só que são espíritos velhos, que já viveram muitas encarnações e muito tempo no mundo espiritual. Por isso, possuem muitos carmas...

Por conta destes carmas a criança irá crescer e no futuro poderá matar ou estuprar alguém. Quando era criança, você a chamava de cândida, mas quando cresce e age contrário do que você acha certo, não vê mais candura nesta pessoa.

Como pode ser isso? Como pode o íntimo de uma pessoa mudar, se tudo que ele é pertence ao espírito? Será que a o espírito perdeu a candura e a pureza ao longo de apenas um pequeno pedaço de uma vida humana? Se sim, isso quer dizer que o espírito retroagiu? Segundo O Livro dos Espíritos isso jamais acontece...

Desta análise, surge a primeira grande compreensão sobre a sua pergunta: a pureza que você aplica aos espíritos que estão encarnados nos animais está nos seus olhos que gostam de animais e não no próprio espírito que está nele. Aquele que está encarnado num animal é um espírito em desenvolvimento dentro do universo e se está ligado a uma roda de encarnações isso quer dizer que precisa evoluir. Se isso é verdade, este espírito não pode mais ser considerado como puro.

Segundo detalhe da sua pergunta: animais não possuem carma.

Quando ouço alguém falar assim, o que me grita, e me desculpe se estou errado, é que essa pessoa vive com a ideia do carma como uma punição por ter feito algo errado. O cama não é isso.

O carma é a reação a uma ação, não importando se ele está sendo vivido como um momento positivo ou negativo. Tudo aquilo que está acontece a um espírito é o seu carma, ou seja, é a justa reação a um momento anterior seu.

Sendo assim, carma não é punição, mas apenas reação a um momento anterior. Por isso afirmo que o espírito que está no animal tem carma.

Aliás, deixe-me lhe dizer uma coisa: não existem espíritos no universo que não tenham carma... O carma é o motor do universo, e aquilo que faz existir um presente depois de outro presente. Se não existisse o carma, não haveria um novo presente...

Saiba que a cada presente o espírito age, espiritualmente falando, de determinada forma e essa ação gera uma consequência, uma reação, um carma. Por isso afirmo que o espírito que hoje está na forma de um gato, está vivendo um carma de encanações em outros gatos ou em outros animais que encarnou.

Portanto, sua colocação não é universal. O espírito que habita um animal tem sim, tem carma, não é destituído de cama. Isso levando-se em consideração que carma não é punição.

Mas, vamos mais à frente na análise dos elementos universais para podermos lhe responder. Porque acontecem com os animais os fatos que você narrou? Porque o universo existe para o processo de evolução do espírito... Vou lhe explicar isso...

Primeiro detalhe: estes atos fazem parte da grande peça de teatro chamada vida humana. São elementos da peça, do filme, da vida humana. Vou lhe dar um exemplo.

Já falei por diversas vezes que nesta vida vocês vivem provações e que elas estão no encontro daquilo que suas mentes criam com as movimentações que acontecem no mundo externo. Ou seja, quando você, que no seu mundo interno idolatra, gosta ou quer cuidar de animal encontra no mundo externo alguém que faz mal a um bicho, lhe surge uma prova. Surgiu uma oportunidade para você optar entre a ilusão, achar que há alguém machucando um animal ou manter-se ao lado de Deus, com Deus.

Eis aí, então, o primeiro argumento para haver mal tratos aos animais neste mundo. Aliás, este é o mesmo argumento para os maus tratos a humanos.

Tirando a ideia da pureza dos animais que está embutida na sua pergunta, começamos a ver que não está acontecendo nada demais, mas sim que, como está descrito na pergunta 132 de O Livro dos Espíritos, um espírito está assumindo um corpo de acordo com o planeta onde habitará e aí contribuir para a obra geral. Sendo assim, posso dizer que os animais que vivem o que você relato aqui são espíritos não puros, ou seja, que precisam encarnar, que tomaram um corpo de acordo com o mundo animal do planeta Terra, para contribuir para a obra geral, ou seja, para que você tenha a sua prova.

Assim, quando a sua mente, que afirma gostar de animal, vê um sendo maltratado, você tem a sua prova. Deixando-se se levar pelas críticas que ela faz a quem maltrata animais – e não estou dizendo que é certo maltratar animais, mas apenas que fazer isso faz parte da vida, da provação dos espíritos, da obra geral – optou pela matéria, pela ilusão. Com isso não amou a Deus acima do sofrimento causado ao animal, já que perdeu sua felicidade e paz, e não amou ao próximo como a si mesmo, já que não respeitou o que o outro está fazendo assim como quer que seja respeitada a sua liberdade de agir.

Este é o primeiro detalhe sobre o sofrimento dos animais: ele existe porque a obra geral precisa disso. Segundo detalhe: eu já cansei de dizer que o animal não sofre.

Quando falo isso vocês me dizem: como pode ser, eu vejo os animais sofrendo? Vamos entender isso de uma vez por toda...

O animal não é a forma que vocês veem, mas sim o espírito. Este não sofre... Por isso, posso afirmar que o animal não sofre...

Apesar do fato do espírito não sofrer ser conhecido por vocês, ainda acham que o animal está sofrendo. Porque veem isso acontecer? Isso acontece porque vocês veem, ou seja, a sua mente de vocês cria a ideia de que o animal está sofrendo. Acontece que este sofrimento não está no animal, mas apenas na sua mente...

Porque isso acontece? Porque sua mente cria a ideia de que o espírito que habita o animal está sofrendo? Isso já foi respondido: porque isso é a teatralização de um gênero de provas que você pediu antes da encanação.

Portanto, o animal em si, o espírito que habita aquela forma, não sofre. O sofrimento do animal é gerado pela mente daquele que tem esta teatralização escolhida para o gênero de provas pedido.

Volto a repetir: não estou dizendo que é certo maltratar animais. O que estou falando é que o espírito que está encarnado na forma humana e o que está vivendo na forma animal precisam viver estes momentos e que aquele que está humanizado precisa aproveitar esta oportunidade para libertar-se da ideia do sofrer do animal e às críticas que a mente gera para quem maltrata...

Para isso o ser humanizado precisa entender que no sofrimento do animal a única coisa que realmente está acontecendo na realidade real é a provação deste ser. Conscientizando-se disso, ele deve saber que pode fazer tudo que fizer para ajudar este animal: só não pode é aceitar o julgamento, a crítica a outros seres humanos ou a outros animais que a mente criar.

Mas, o que ganha o espírito do animal com o sofrimento que está no olho do ser humanizado? A resposta a esta questão também está na resposta do Espírito da Verdade à questão 132: é assim que contribuindo para a obra gral ele mesmo se aperfeiçoa... Vamos entender isso...

Os espíritos que habitam as formas animais estão num momento anterior à forma humana na escala evolutiva. Com isso não estou dizendo que um é melhor que o outro, mas sim que um deles está num nível anterior ao do outro.

Sendo assim, posso dizer que os espíritos que habitam animais não estão vivendo numa condição humana e por isso não estão em provas morais...

Ser um humano, viver uma personalidade humana, é ser um espírito em prova moral. O animal não tem essa prova. É por isso que ele come outros bichos, inclusive, muitas vezes, seus próprios filhotes ou ataca a mão que acaricia. Os animais não possuem o aspecto moral como vocês têm.

Apesar disso, a condição de pré-humano já está presente no animal. Por isso ele é capaz de perceber a emoção com a qual o ser humanizado vive quando lhe faz o suposto mal...

Isso quer dizer que quando um espírito ligado a um corpo de uma gato ou de um cachorro vivencia um ataque, já está se preparando para as provas morais. Ainda não está nesta prova moral, mas já está se preparando para elas.

Não vivendo em prova moral, ele não está vivendo num mundo de ideias, mas de sentimentos. Por isso, ele não capta a palavra daquele que o está maltratando, mas sim a emoção que este ser está vivenciando. Esta emoção captada e o sofrimento que ela gera nos olhos de outros seres já faz este espírito começar a aprender que tê-lo não está ligado ao amor universal, o sentimento que os espíritos convivem n universo. Tendo aprendido isso, quando este espírito vier para a forma humana, para a prova moral, já trará em si um arquivo de dados – e estou usando palavras de vocês para entenderem o que quero dizer – de quais sentimentos não deve ter.

Portanto, estes são os três motivos que me fundamentam quando falei que neste mundo não acontece maltrato aos animais.

Primeiro: porque o que acontece com estes espíritos faz parte da oba geral, faz parte da provação dos espíritos que habitam este mundo, quer estejam encarnados em humanos, animais ou em qualquer outra forma deste planeta.

Segundo: porque os espíritos que estão vivendo na forma animal não estão sofrendo, já que este sofrimento é uma emoção e essa, além de ser uma ilusão criada pela mente, só existe no ilusório mundo humano.

Terceiro: porque este acontecimento é fundamental para o espírito que está em provações no mundo animal, pois está lhe gerando um banco de dados para que no futuro, quando chegar às provas morais, ele já tenha em si algumas informações que lhe ajudarão a não se deixar levar pela mente...

Pena que vocês, que hoje estão humanizados, se esqueceram deste aprendizado...

Conversando com um espiritualista - volume I

Expansão da consciência

Participante: Na busca de descobrir quem somos, vejo nos grupos de espiritualidade se falar muito em Despertar a Consciência, em Acordar a Consciência, Expandir a Consciência, Ampliar a Consciência, Libertar a Consciência. Eu também participei disso tudo e até mesmo como fundador de grupos como esses... Não seria esta uma forma, de no fundo no fundo, reforçar ainda mais os processos do Ego e da Mente? Aparentemente, ao valorizar a Consciência deste modo inicia-se uma busca por conhecimento sem fim... Eu e um amigo meu uma vez, chegamos à conclusão de que na verdade, o Amor organiza o conhecimento confuso em caixinhas, para depois despejá-lo no Mar... Quer dizer, quando nos tornamos conscientes das coisas, na verdade não é porque já associamos uma imagem a um julgamento, ou seja já julgamos? Quando usamos e nos identificamos com o pensamento para formar as nossas consciências já não estaríamos nos julgando automaticamente, já que a Razão (divisor das coisas) é o motor deste pensamento humano? A fim de descobrirmos quem somos, não seria melhor falar em despertar a Inconsciência? Porque me parece que de consciência estamos lotados... E se formos pensar em unidade como o conjunto de todas as consciências, daí teríamos ali um Super Egão, Um gigante desperto do Conhecimento, e de um conhecimento que nada é... O verdadeiro trabalho aqui, para sabermos quem somos, não seria então o de desconstrução da Consciência, ou seja, colocar todos os símbolos da nossa consciência como iguais, sem valorizá-los de formas diferentes e despertar o "Inconsciente"?

Eu já disse isso algumas vezes: o problema nunca está do lado de fora, mas sempre dentro. Ou seja, o problema não é o que acontece no mundo, mas a forma como você internamente no seu mundo mental vive o que acontece no mundo.

Grupos de despertar, de aumentar ou de ampliar a consciência não são problemáticos, não acarretam problemas para vocês. O problema é a forma como a mente trabalha estas coisas. Vamos tentar entender o que quero dizer...

Quando falamos sobre a mente humanizada dissemos que ela possui características. A primeira delas é o egoísmo, ou seja, a mente pensa a partir do eu e para o eu ganhar alguma coisa, levar alguma vantagem. Segunda: todo processo mental é aprisionado às quatro âncoras. A vontade de vencer e o medo de perder, a vontade de ter o prazer e o medo do desprazer, a vontade de alcançar a fama e o medo da infâmia, a vontade de ser elogiado e o medo de ser criticado. Estas características balizam todo processo mental, seja ele realizado para fazer necessidades fisiológicas ou para estudar alguma coisa para ampliar a consciência.

Então, o problema não é o grupo que trabalha no sentido de ampliar consciência, de abrir consciência, mas sim na forma como a mente lida com estas coisas. Isso porque ela lida com as informações que recebe durante a participação nesses grupos egoisticamente e presa às quatro âncoras. É esse o aspecto principal deste assunto...

Agora que já falei qual o problema sobre o assunto que você tocou, vamos tentar entender perfeitamente a questão que você levantou. Quando fala em ampliar a consciência, está falando em adquirir novos conhecimentos que sejam mais universais que outros que possui. Por exemplo, quando você estuda a questão do espírito encarnado e do ser humano e amplia a sua consciência adquirindo a ideia de que é um espírito encarnado e não um ser humano, isso deveria provocar em você uma determinada atitude. Só que por conta destas características da mente, as coisas acontecem bem diferente.

Como a mente trabalha pelo eu, passa a achar que ser um espírito é uma verdade absoluta. Como busca vantagem para este eu começa a exigir que o outro aceite como verdade o que ela acredita. Faz isso no sentido de obter a vitória, o prazer de dominar o outro, a fama de ser uma pessoa que sabe mais e o elogio de ser o que mais sabe. A partir daí, portanto, aquela aparente expansão da consciência virou uma arma egoísta para a mente ao invés de ser apenas uma informação mais universalidade, um instrumento de libertação.

É esse que é o problema. O problema não é buscar novas informações para ampliar a consciência, ou seja, aquilo que acredita das coisas. O problema é que quando você tem acesso a novas informações a sua mente as trabalha aprisionada ao sistema humano de vida.

Se ao invés de se deixar levar pelas criações mentais você recebesse a nova informação e cm esta nova consciência largasse alguma coisa, abrisse mão do que acreditava antes, não teria problemas. Mas, como a mente tem medo de perder, além de buscar ganhar com a nova informação, ela amplia a consciência, mas não larga o conhecimento antigo. Ou seja, quando você sabe que é um espírito, a mente se utiliza desta informação para benefício do eu, mas não deixa de trabalhar com informações humanas. A mente continua funcionando com as duas informações, pois para ela não existem verdades, mas apenas instrumentos para serem usadas na proposição do egoísmo.

A sua pergunta vem muito a calhar dentro daquilo que temos proposto desde o início deste ano: a prática. Estudar, ter acessos a novos conhecimentos faz parte da vida e por isso acontece para quem precisa acontecer, mas como na história do barco de Buda, é preciso descer do conhecimento e praticá-lo. A prática da expansão da consciência é o abrir mão do que a consciência achava até aquele momento.

Portanto, se você está num processo de expansão de consciência, num processo de autoconhecimento de si mesmo e descobre que é um espírito, abandone a humanidade que vive ao invés de transformar esta informação em algo precioso, num tesouro que você possui e que por causa disso é um sábio.

Respondida de forma geral a sua questão, deixe-me abordar alguns aspectos que você levanto. Sim, quando você usa a informação como fonte de saber, está trabalhando para o ego, está construindo um superego. Falo isso fundamentado na ideia do próprio ego, porque o ego com consciência expandido não é super em nada.

Quanto ao que pergunta sobre ampliar o inconsciente, lhe digo que isso é impossível. É impossível se ampliar o inconsciente porque ele é inconsciente e por isso você não tem consciência do que está lá.

Como ampliar algo que você não conhece? Sei que vocês acreditam que se ampliarem o inconsciente poderão passar a saber o que está lá, mas neste caso ele não será mais inconsciente, mas consciente. Se o consciente é uma arma que a mente utiliza para a sua provação, o que estava no inconsciente agora não possui valor algum como saber real.

Mais uma questão que você levanta: o interessante não é, então, destruir as informações? Sim, o interessante é destruir. Mas, o problema é que a mente não está interessada em destruir nada, pois destruir algo para ela é considerado como perder.

É você que tem que destruir qualquer ideia, qualquer consciência que a mente cria. Como? Não acreditando em nada... Até porque quem acredita que expandiu a mente com alguma nova verdade, para de expandi-la, porque acha que já chegou à expansão máxima...

Portanto, diga o que tiver para dizer, faça o que tiver que fazer, mas não se sente num trono e ache que é um rei. Continue sempre buscando e ao buscar sempre encontre algo que precisa se libertar e pratique esta libertação e não a informação científica que recebeu...

Conversando com um espiritualista - volume I

Agressão a mulheres

Participante: certas mulheres apanham muito de seus maridos . Quando esses homens morrerem vão sofrer também?

Sim, certas mulheres apanham muito de seus maridos, mas lhe pergunto: porque umas apanham e outras não, porque apenas certas mulheres sofrem isso e não todas? Porque escolheram o homem errado, você me diria? Será?

Será que os homens trazem escrito na testa que batem em mulheres? Não! Todo homem que bate em mulheres, quando as conquistou, foi amável, assim como aqueles que depois de unidos não se tornaram agressivos. Porque, então, apenas alguns daqueles que foram amáveis se transformaram em agressores e outros não?

Estas são perguntas que vocês precisam se fazer para poder chegar à realidade. Deve haver um motivo que leve apenas uma parcela a se mudar depois que está junto de outra pessoa. Qual é este motivo? A lei do carma...

Esse mundo é regido pela lei do carma. Esta lei é fundamentada no ensinamento de Cristo que afirma que Deus dá a cada um segundo as suas obras. Estas obras não estão vinculadas apenas a acontecimentos desta vida. Elas estão ligadas a acontecimentos na existência eterna, nas múltiplas encarnações que esse espírito, que hoje vive o papel de mulher, está tendo.

Se essa lei rege todos os acontecimentos deste mundo, posso dizer que é ela que diz qual o homem que vai bater e qual a mulher que vai apanhar. Diz, também, qual o homem que não vai bater e qual a mulher que não vai apanhar.

Com esta análise respondemos à questão que eu levantei. Porque algumas mulheres apanham e outras não? Porque isso é o resultado da ação da lei do carma, é aquele espírito recebendo segundo suas obras durante a existência eterna. Porque todos os homens são amáveis no início e apenas alguns se tornam agressivos depois da união? Pelo mesmo motivo.

Portanto, o apanhar que algumas mulheres vivenciam é o carma daquele espírito. Sendo assim, me responda: onde está a culpa do espírito que está vivendo o papel de homem que o leve a sofrer nesta ou em outras vidas?

Só quero deixar uma coisa bem clara, já que estou falando com humanos: não estou dizendo que todo homem deva bater em mulher. O que estou falando é que se acontece de uma mulher apanhar isso é fruto da ação da lei do carma e por ser instrumento desta mesma lei, o espírito que vive o papel de homem não pode ser considerado culpado deste ato. Apesar de dizer que ele não é culpado, não estou dizendo que este homem não deva ir para a cadeia. Aquele espírito tem o seu carma, tem acontecimentos que acontecerão a partir de suas obras e se eles forem ir para a cadeia, isso acontecerá.

A lei humana se aplica a atos humanos, mas ela é subordinada à lei do carma. É por isso que normalmente o homem que bate em mulher acaba indo para a cadeia, mas há outros que praticam o mesmo ato e não são. Porque isso acontece? Porque a lei do carma rege a vida...

Aquele que foi para a cadeia viveu isso porque este era o seu carma; aquele que não foi, também só viveu isso porque este era o resultado de suas obras anteriores. Ele tinha o carma de bater, mas não tinha o carma de ser preso...

Entendam uma coisa: a aplicação da lei humana é regida pelo carma espiritual. Porque afirmo isso? Porque isso não é uma vida humana, mas sim uma encarnação de espíritos... Por isso tudo que acontece neste mundo aqui é um reflexo do que aconteceu em outras etapas da vida eterna do espírito. É o resultado da situação atual daquele espírito antes de encarnar, dos carmas que ele tem.

Essa é a sua resposta. Ela foi longa, mas eu poderia responder mais facilmente. Poderia simplesmente lhe mandar procurar o que está escrito na questão 132 de O Livro dos Espíritos. Lá é dito claramente que o espírito encarna para viver as suas vicissitudes e nisso consiste a sua expiação e a sua provação. Além disso, é dito que tem mais uma coisa que acontece durante a encarnação, que também é objetivo dela: o espírito toma um corpo de acordo com o mundo onde vai morar para ali, sob as ordens de Deus, trabalhar para a obra geral. A obra geral ou obra de Deus é a própria encarnação dos espíritos.

A partir deste ensinamento posso lhe dizer que o homem que bate em mulher é um espírito que toma um corpo de acordo com este mundo para aqui, sob as ordens de Deus, o Senhor do carma, praticar esta ação. Já a mulher que apanha, é um espírito que encarnou neste planeta para viver os gêneros de provação que pediu antes de encarnar e com isso realizar suas provas. Estas se consistiram no momento em que foi agredida de apanhar do marido...

Portanto, citar a questão 132 por si só responderia já lhe responderia, mas quis lhe dar uma ajuda no seu processo de elevação. Como realizar esse processo é libertar-se da visão humana, ao invés de apenas citar a questão de O Livro dos Espíritos, fiz você analisar este acontecimento a partir de um parâmetro: porque algumas coisas acontecem com um e não com outros?

Saiba de uma coisa: tudo o que acontece apenas com uma parcela da população do planeta ocorre porque quem sofre aquele acontecimento precisava e merecia passar por aquilo, seja por que motivo for. Saiba de outra coisa: só o que é absoluto acontece com todos.

Só mais um detalhe. Falamos de agressão a mulheres, mas a agressão a homens que ocorrem neste mundo seguem os mesmos princípios que conversamos aqui...

Conversando com um espiritualista - volume I

Conseguir o perdão

Participante: como conseguir o perdão de uma pessoa?

Para que você precisa do perdão de uma pessoa? Essa é a primeira questão que levanto sobre o assunto que você abordou.

Quem precisa do perdão de outra pessoa é porque ainda não se perdoou. É a partir desta afirmação que vou embasar a minha resposta... Para dá-la vou supor que você tenha feito algo para alguém e, depois que fez, lhe veio a consciência de ter feito algo mal para alguém. Não vou trabalhar com a suposição de que você fez o mal propositalmente, mas que fez algo e só depois viu que causou o mal.

Quando isso acontecer na sua vida, a primeira coisa que você tem que fazer é se perdoar e não buscar o perdão do outro. Isso porque enquanto se sentir culpada, não importa o que o outro ache de você, você será culpada. Mesmo que o outro lhe perdoe, se você não se perdoar, continuará sofrendo com a culpa.

Como se perdoar? ‘Fiz? Fiz! Aconteceu? Aconteceu’! Você só se perdoará quando compreender que não tem mais como mudar o que fez. Só se perdoará tendo a consciência que não há como mudar o que já aconteceu... Só assim você se perdoa.

Você só conseguirá se perdoar quando compreender que de nada adianta ficar lamentando o que já aconteceu. Aliás, como ensina Krishna, o verdadeiro sábio não se lamenta por nada...

Portanto, é desta forma que alguém consegue se perdoar. Mas, volto à pergunta inicial que fiz: porque você precisa do perdão do outro? Porque só você não basta para você; precisa sempre de que alguém esteja ao seu lado.

Nesse mundo, a vida é vivida dentro de si, na sua individualidade. Todo o resto, todas as outras pessoas, elementos da natureza e objetos, são acessórios que podem ou não estar presentes ao seu lado. Portanto, você deve viver centrado em si mesmo e não dependente dos outros.

Só que você só conseguirá viver com as outros elementos do mundo como acessórios quando só você bastar para você. Neste momento, se outra pessoa estiver ao seu lado ou não, você vai estar bem. Mas, enquanto não aprender a bastar para si mesmo, sempre dependerá de outros para ser feliz.

Por isso, aproveito a sua pergunta sobre perdão para lhe mandar um recado: ame-se!

Ame a você mesmo a tal ponto que só você seja o bastante para você. Na hora que você se amar, não vai se acusar de nada e, por isso, não vai precisar pedir perdão de nada.

Só um detalhe: amar a você mesma não é esperar que seja de uma determinada forma, que precise fazer qualquer coisa para que se ame, mas sim amar-se do jeito que é. Amar-se com tudo o que você faz hoje, agora, com tudo o que vive: amar o você é hoje.

Esse é o caminho que indico para lhe ajudar. Esperar que alguém faça o outro pedir perdão, desculpe, é sofrer por muito tempo, pois nem Deus pode. Se Ele deu o livre arbítrio a cada um, a outra pessoa só lhe dará o perdão se ela quiser.

Só a outra pessoa pode decidir lhe dá o perdão, mas se ela não lhe der, você não precisa sofrer por causa disso: é só seguir o que falei acima.

Conversando com um espiritualista - volume I

Convivência do espiritualista com outras pessoas

Participante: desde que optei a aproximar-me de Deus, consequentemente afastar-se do sistema humano, certas pessoas tem se afastado da minha convivência naturalmente e essas pessoas me cobram, dizem que mudei, que estou diferente. Esta caminhada é mesmo solitária? O sistema não me deixa em paz.

Sim, a caminhada é solitária. Eu já tinha dito isso... Aliás, quando falei, algumas pessoas não compreenderam o que disse. Quando falei que a elevação espiritual, o unir-se ao todo, não é algo feito coletivamente, mas precisa ser feito individualmente, individualisticamente, as pessoas não aceitaram...

Realmente parece estranho, mas para você alcançar o todo, precisa voltar-se para dentro, ser sozinho com você. Essa é a verdade.

Deixe-me lhe explicar uma coisa. Você me fala no início da sua pergunta que resolveu aproximar-se de Deus, dedicar-se a Deus. Bonitas palavras, mas eu queria lhe fazer uma pergunta: o que significa isso? O que significa decidir aproximar-se de Deus? O que significa decidir voltar-se pra Deus?

Significa abandonar a humanidade, dar as costas ao humano. Você não tem duas frentes, por isso, virando-se de frente para algum lugar, automaticamente dará as costas a outro. É impossível estar de frente para duas coisas, ou como ensinou Cristo: é impossível servir a dois senhores ao mesmo tempo.

A partir desta constatação, aproveitando a grande oportunidade que você está nos dando com sua pergunta, eu lhe questiono: o que significa virar-se de costas pra humanidade? É não reclamar mais do sistema de transporte da sua cidade, não reclamar mais do governo que você tem, não reclamar mais dos problemas que vocês convivem na área da saúde ou da educação, não reclamar mais porque a polícia se corrompe com os bandidos, não reclamar mais porque o seu vizinho não lhe respeita e coloca o som no volume alto. É isso que significa voltar-se para Deus...

Quem se volta para Deus, dá as costas para a humanidade e quando fica de costas para a humanidade nada dela lhe incomoda mais. A humanidade ou que é visto pelo humanidade como errado, como mal, não pode causa mais nenhum efeito naquele que se vira para Deus. É justamente por causa disso que a humanidade estará sempre contra aquele que se volta para Deus.

O ser humano acha que é ele reclama do sistema de condução da sua cidade, dos governos, dos problemas da saúde e de todas as outras coisas que vocês acham erradas neste mundo, mas não é ele que reclama. O que vocês ainda não compreenderam que não fazem isso porque querem, que não se trata de uma reação individual de cada um, mas que é o sistema humano de vida que impõe que o ser humano tenha esta reação. Usando um termo de vocês, a maioria reclama de alguma coisa porque se submete ao sistema humano de vida, porque é politicamente correto fazer essas reclamações. Eles não veem que é a mente que propõe isso e quando ela age deste modo está aprisionada às quatro âncoras que já conversamos...

A mente quando propõe a reação a acontecimentos deste mundo, faz de tal forma que lhe impõe que que você tenha que ser aceito pela humanidade, que tenha que ser elogiado e reconhecido pela maioria como um ser humano que age, nem que seja na defesa do direito dos outros. Já reparou: a maioria que luta contra a falha do sistema de saúde tem seu plano de saúde particular e não passa por isso? A maioria que luta contra o sistema de educação frequenta escola particular? Ou seja, eles não estão reclamando por eles...

Na verdade estas pessoas dizem que estão reclamando por causa dos outros, mas isso é irreal. Na verdade eles só fazem tudo isso porque estão presos ao sistema humano de vida. Por causa disso, precisam se enquadrar a este sistema para poderem ganhar, terem o prazer, alcançarem a fama e serem elogiados.

É por isso que você não pode esperar que a humanidade aplauda os seus esforços por virar-se pra Deus. Você está se rebelando contra o sistema humano do qual elas precisam para ganhar, do qual elas precisam para serem consideradas politicamente corretas e por isso serem elogiadas. Quando faz isso, você passa a ser uma ovelha negra num bando de ovelhas brancas, ou seja, destoa deles...

Acontece que todas as pessoas que vivem presas ao sistema humano de vida ouvem um espírito, um pastor, um padre ou um médium dizer que é preciso amar a todos. Eles não amam e veem, mesmo que seja inconscientemente, que eles não amam e que você ama. Por isso dizem para si mesmas que precisam viver como você, mas como não querem abrir mão do prazer de ganhar, tentam lhe fazer voltar-se novamente para a humanidade para que elas não se sintam culpadas de não amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

É por que você não pode confiar na humanidade. É por isso que seus amigos lhe criticam por estar voltando as suas costas para a humanidade...

‘Como, você não vai aproveitar este momento? Como, você não vai passear? Como, você não vai comprar uma roupa nova? Como, você não vai reclamar do sistema de transporte, da saúde e da educação’? Realmente, eles não vão lhe deixar em paz.

Mas, mesmo eles não lhe deixando em paz, você pode ter paz. Como? Tendo fé: confiança e entrega, não em Deus, não em Joaquim, mas num ensinamento que você diz que acredita. Seja fiel a você mesma, ou seja, diga: eles podem falar o que quiserem, mas eu confio e me entrego àquilo que acredito que devo fazer. Nesse momento, por mais que eles lhe critiquem, você estará em paz.

O futuro a Deus pertence. Não podemos dizer que você ao agir desta forma fez a escolha certa e que eles fizeram a escolha errada. Ou melhor, os mestres dizem que você fez a escolha certa.

Portanto, se acredita nos ensinamentos dos mestres, faça por você, lute por você, pelo que você acredita. Não vire-se de costas para a humanidade por causa do que disse um médium, um mestre, um pastor ou um padre. Vire-se porque você acredita que esse seja o seu caminho...

Seja fiel a você mesma. Aliás, esse é um ensinamento de Cristo.

Conversando com um espiritualista - volume I

Relacionamentos

Participante: como não somos capazes de amar verdadeiramente, como encarar nossos relacionamentos afetivos? São apenas o desenrolar de carmas?

Como encarar os relacionamentos amorosos, se vocês não sabem amar universalmente? Tentando amar universalmente. Como? Se libertando das obrigações e necessidade que um relacionamento traz.

Você pensa que o seu parceiro é seu marido, mas ele não. Ele é um ser humano, pertence ao mundo. Hoje pode estar com você, amanhã pode estar com outra.

Você pensa que por ser seu marido ele precisa fazer determinadas coisas por você. Não, ele não precisa fazer nada por você. Fará se estiver no seu livro da vida, se estiver na sua programação. Não estando, não fará.

Portanto, como viver a relação amorosa se você não sabe amar? Como conviver numa relação amorosa? Sem cobranças, sem exigências, sem colocar obrigações e necessidades nem a ele, nem a você. Os dois precisam estar juntos com a liberdade de ser quem forem. O resto, o que acontecer será sempre um desenrolar de carmas.

Conversando com um espiritualista - volume I

Ser maltratado por quem se ama

Participante: como podemos fazer quando amamos uma pessoa e fazemos de tudo para ela ficar bem e ela nos maltrata, ofende, humilha e nos deixa par abaixo?

Você me pergunta como você deve agir com uma pessoa que lhe maltrata, lhe humilha e lhe põe pra baixo. Eu lhe respondo: ninguém pode lhe humilhar, lhe maltratar ou lhe colocar pra baixo. Ninguém lhe humilha: você se sente humilhado pelo que a outra pessoa fez.

Sendo isso verdade, pergunto: por que você se sente humilhado por uma pessoa quando ela age de determinada forma? Porque queira que ela fosse diferente do que é, queria que ela agisse de uma forma diferente da que agiu, queria que ela falasse coisas diferentes da que falou, que ela lhe tratasse de uma forma diferente. Você só sofre com o que outra pessoa faz quando quiser que ela seja diferente do que é.

Sendo isso verdade, se você só sofre quando quer que a pessoa seja diferente do que ela é, como você me diz que ama uma pessoa que lhe faz sofrer? Não pode existir amor da sua parte, porque quem ama não cobra nada de ninguém, mesmo que a forma de ser desta pessoa lhe faz sofrer. Quem ama verdadeiramente não coloca condição nenhuma para amar. Quem ama uma pessoa, a ama do jeito que é e não precisa que ela mude nada para que se relacione com a amada em felicidade.

Apesar de afirmar que você não ama esta pessoa, você com certeza acha que ama. Sendo assim, pergunto: o que você ama, se não ama esta pessoa? Você ama uma pessoa idealizada por você. Ama uma pessoa que seja exatamente o que você quer e não especificamente a pessoa com quem convive...

Portanto, apesar de você me dizer que está amando esta pessoa, eu digo que isso não é real. Na realidade o que você está amando é a si mesmo. Está amando o seu próprio ideal de mulher. Ama o que quer que a pessoa que está com você seja; ama a forma como quer que ela lhe trate...

Este é o grande detalhe que a humanidade precisa se atentar: quando alguém precisa que determinadas condições existam para que possa amar o próximo, não está amando o outro, mas a si mesmo...

O amor tem que ser incondicional. Quando o amar possui condições para existir é sinal que você não está amando o próximo, mas a você mesmo.

Compreendido isso, posso agora lhe responder. Como é que você pode fazer para conviver com uma pessoa que faz coisas que lhe leva a sentir-se humilhado? Não se sentindo humilhado com o que ela faz. Como é que você pode conviver com uma mulher que ama, mas que lhe coloca pra baixo? Não se sentindo colocado para baixo com o que ela faz.

Saiba de uma coisa: não importa qual seja o acontecimento deste mundo, se não consegue conviver com ele harmonicamente, é você que precisa se mudar sempre e não o outro. A mudança necessária para que o sofrimento acabe está sempre em você mesmo e não nos outros.

A forma de existir achando erros e culpas nos outros é tipicamente humana. Por que? Porque o ser humano é egoísta por natureza. Ele sempre quer a partir do eu e para o eu. Por isso não quer reformar nada em si mesmo para poder viver em paz com o mundo. Prefere atacar o outro, obrigar que o outro se reforme para que possa haver harmonia entre os dois...

Por isso, ao invés de lhe dizer o que você deve fazer a ela para que vocês consigam viver harmonicamente, lhe digo que você deve aprender a viver com ela lhe dando o direito de ser, estar e fazer o que quiser. Deve conviver com ela sem exigir nada, sem cobrar nada.

Se você realmente a ama, não pode cobrar nada dela. Quando não tiver nada a cobrar, o que ela fizer não vai lhe causar dano algum.

Conversando com um espiritualista - volume I

A vida de Jesus

Participante: o que ficou fazendo Jesus até os seus 30 anos e por que ele não pode fazer os milagres dele antes. Porque só os fez depois dos 30 e por apenas 3 anos?

Porque ainda não havia a missão Jesus Cristo.

Aliás, Jesus nunca fez milagre, nem Cristo, não é? Quando a mulher toca na capa dele e se cura, ele diz: foi sua fé que lhe curou. Antes de ir ressuscitar Lázaro, ele diz: o meu amigo está assim para que a glória de Deus se faça nele.

Portanto, Cristo não fez milagre nenhum: apenas serviu de instrumento para a ação de Deus. Jesus muito menos, já que era um ser humano comum.

O que ele ficou fazendo nesses 30 anos? Eu diria que ele ficou ‘jesusando’, ou seja, ficou vivendo como ser humano Jesus que era.

Olha, deixa eu lhe dizer uma coisa. A lei de Moisés diz assim: não crie ídolos, idolatre apenas a Mim, Deus. Do jeito que você me fala, eu acho que você idolatra Jesus Cristo. Isso vai contra a lei de Moisés. Mais: vai contra o próprio Cristo, pois nem ele mesmo pediu para ser idolatrado. Ele sempre disse: eu sou o filho; há um Pai no céu que faz as cosias.

Portanto, não entre nessa não. Jesus é um intermediário para Deus e não o próprio Deus.

Conversando com um espiritualista - volume I

A elevação de Cristo

Participante: porque só a ressurreição mostrou a elevação de Jesus Cristo e não os seus atos carnais?

Porque quando se vive na carne não há como se saber a intenção com que cada um pratica os seus atos. Portanto, não há como medir aquele que se elevou apenas pelos atos que pratica, pois muitas vezes a intenção que o levou àquele ato pode ser individualista (egoísta), mesmo que o ato, aparentemente, possa ser caridoso.

Tudo o que se pratica é movido por uma intenção e é essa que determina a elevação espiritual. Sendo a intenção do ser encarnado universalista (amar e servir ao próximo), ele conseguiu sua elevação, mas sendo esse mesmo ato praticado deixando a mão direita ver o que a esquerda faz, o ato em si pode ter sido caridoso, mas este pecou por ainda estar sendo movido por interesses egoísticos.

Dessa forma, aqueles que presenciaram a ação do Cristo quando ainda vivo não tinham consciência da sua elevação. Só quando ele abandonou a carne na totalidade da posse da sua consciência espiritual é que pode ser dito que ele venceu o mundo.

A ascensão ao céu (ressurreição) é o resultado de uma vida carnal com consciência espiritual, ou seja, com a vivência dentro do serviço ao próximo (universalismo), abandonando para tanto o individualismo (o serviço a si mesmo).

Conversando com um espiritualista - volume I

Desmistificar Cristo

Participante: porque o senhor quer fazer esta desmistificação de Jesus Cristo? O que ganharemos com isso?

A Verdade.

Estou buscando desmistificar os acontecimentos da encarnação Jesus Cristo para que vocês parem de esperar que o mestre resolva as suas vidas - esperar que Jesus Cristo lhes dê emprego, ajude a resolver seus problemas financeiros, etc. – e para deixarem de imaginar que são os papéis que vivem durante a encarnação (tia, mão, pai ou avó)...

Acabar com as ilusões...

Este trabalho visa acabar com as ilusões desta vida. Isto porque vocês só podem acabar com elas desmistificando a compreensão que possuem hoje sobre os ensinamentos. Sem isso, continuarão imaginando que Cristo irá sempre procurar resolver os problemas de todos os seres humanos enquanto vocês ficam sentados esperando ele resolver.

Esta é a forma de viver dos seres humanos: parados, sem fazer nada por sua própria elevação espiritual, sem sequer lembrarem-se de que há outra existência a ser vivida...

Quando surge um problema na existência material, ao invés de agirem como seres maduros – entendendo a ação do carma e os objetivos da encarnação – agem como crianças e pedem a Deus que os salve. É por isso que é preciso desmistificar os ensinamentos...

É preciso acordar vocês no sentido de que precisam viver esta vida tendo como objetivo alcançar a ressurreição e não vivê-la esperando que o plano espiritual esteja de prontidão para lhe ajudar a acabar com os problemas da vida. É este o sentido que iremos dar a este estudo: desmistificar o ensinamento de Cristo que foi criado pelo homem, trazendo o ensinamento verdadeiro.

Participante: para isso é preciso contrariar o que está na Bíblia?

O que estamos falando não contraria uma palavra sequer do que está na Bíblia... Contraria o que a humanidade acha que está na Bíblia.

Este é o objetivo fundamental deste trabalho: contrariar o que vocês acham que está na Bíblia... Se fosse para agir como vaquinha de presépio (concordando com tudo como está) para que iríamos fazer este trabalho? Bastaria seguir o que já existe...

Não estamos aqui para manter a docilidade da Sagrada Família, mas para afirmar com todas as letras que vocês não têm, nem podem ser, mães - afinal, sua mãe e seus irmãos são todos que fazem a vontade de Deus - e que vocês devem abandonar pai e mãe e pegarem a sua cruz e seguir o Cristo (viver como ele viveu), senão não chegam a lugar nenhum no sentido da elevação espiritual.

Outro exemplo? O casamento... O que Deus uniu o homem não pode separar...

Você, por exemplo não pode casar na igreja porque já é separada. Por que não pode? Porque o casamento é eterno e sagrado? Mas, Cristo diz que não existe casamento no céu. Como, então, santificar o que não foi santificado pelo mestre? Sobre este tema, Paulo diz claramente em outro texto que ainda estudaremos: melhor é que vocês não casassem...

É isso que iremos fazer: trazer os ensinamentos à luz da Verdade, desmistificando-os para que a humanidade saia da ilusão de que Cristo, Nossa Senhora e os demais santos estão esperando para lhes salvar.

Os mestres e os amigos espirituais agirão sim, mas não para a salvação que você espera (resolver os seus problemas materiais). Eles não o libertarão do perigo, mas darão para cada um o que ele necessita para ser salvo (alcançar a elevação espiritual).

Conversando com um espiritualista - volume I

Milagres de Cristo

Participante: porque Jesus Cristo pôde somente fazer seus milagres após receber unção e por que essa unção só pôde vir somente depois do seu batismo?

Porque até o batismo ele era Jesus, o filho de José. Era um ser humano comum.

Só com a unção no batismo, ou seja, com a ligação espiritual entre Jesus e o espírito que vocês chamam de Cristo é que a missão Jesus Cristo começou. Até então ele era um ser humano igualzinho a todos vocês.

Conversando com um espiritualista - volume I

Moratória de Cristo

Participante: o fim da moratória de Cristo se aproxima?

NOTA: Perguntado sobre o que quis dizer com moratória de Cristo o participante esclareceu o seguinte:

No livro de Emmanuel ‘A caminho da luz’ é relatado que os espíritos abnegados e esclarecidos falavam de uma nova reunião da comunidade das potências angélicas do Sistema Solar, da qual é Jesus um dos membros divinos. Ao final do celeste conclave a bondade de Jesus decidiu conceder uma última chance à comunidade terráquea, uma última moratória para a atual civilização no planeta Terra. Todas as injunções carmicas previstas para acontecerem ao final do século XX foram então suspensas, pela Misericórdia dos Céus, para que o nosso mundo tivesse uma última chance de progresso moral. A face da Terra deveria evitar a todo custo a chamada III Guerra Mundial. Segundo a deliberação do Cristo, se e somente se as nações terrenas, durante este período de 50 anos, aprendessem a arte do bom convívio e da fraternidade, evitando uma guerra de destruição nuclear, o mundo terrestre estaria enfim admitido na comunidade planetária do Sistema Solar como um mundo em regeneração. Esta período de moratória se aproxima do fim !!

Antes de responder, vamos analisar alguns aspectos da sua pergunta... Primeiro vou tratar do seu relacionamento com o que está sendo afirmado no texto...

Eu não sei se você acredita nesta informação, mas se chega ao ponto de me fazer esta pergunta é porque pelo menos acha que isso pode ser verdadeiro. Então, vou tratar a sua pergunta assim: algo que você imagina que possa ser verdadeiro.

Dito isso, vamos, então à análise da pergunta. No texto você fala de uma reunião onde é comentada outra reunião onde os espíritos superiores que administram o sistema solar do qual a Terra faz parte se reuniram. Nela Cristo, um dos membros destes espíritos superiores, por si, fundamentado apenas em si mesmo, decide dar uma moratória, dar mais tempo à comunidade que habita o planeta Terra. Para fazer isso, o Cristo, por livre e espontânea vontade, determina a suspensão de acontecimentos previamente acertados.

É isso que está sendo dito no texto que você escreveu. No entanto, lhe pergunto, já que você pelo menos levanta a hipótese desta informação ser verdadeira: será que este Cristo que está sendo narrado nesta história se parece com aquele que a Bíblia mostra? Acho que não...

Primeiro porque Cristo não poupou ninguém quando esteve na Terra. Até os seus discípulos ele chamou de vermes. Ele foi duro na palavra com aqueles que não professavam o caminho do reino do céu. Será que agora, então, só porque está no plano espiritual, ele mudou?

Segundo detalhe ainda sobre o Cristo que está sendo mostrado na história que é contada na sua pergunta: será que este Cristo se parece com aquele que esteve aqui? O que aqui esteve dizia que fazia tudo em nome de Deus: não cai uma folha da árvore sem que meu Pai faça cair; vamos ver Lázaro porque ele está assim para que a glória de Deus aconteça; vocês não podem fazer um fio do cabelo de vocês ficar branco...

O que estou querendo lhe mostrar é que o Cristo que a Bíblia mostra é cem por cento subordinado a Deus, enquanto que o desta história está numa atitude presunçosa deliberando por ele mesmo. Pior: suspendendo coisas previamente estabelecidas por Deus. Ou seja, é um Cristo que vai contra Deus, que decide por ele mesmo.

Este Cristo se aprece com aquele que a Bíblia apresenta? Eu acho que não...

Apesar disso, a sua pergunta é muito interessante porque nos ajuda a falar de alguns detalhes que vocês que estão humanizados esquecem. Vamos a eles...

Na pergunta 115 de O Livro dos Espíritos é dito que todo espírito nasce simples e ignorante. Para esclarecê-los, Deus dá a cada um uma missão. Estas missões têm por finalidade aproximar o espírito de Deus. Sendo isso verdade, posso dizer que a vida humana tem uma finalidade: aproximar de Deus.

A parti desta consciência, pergunto: ouvindo e acreditando nesta história você está se aproximando de quem? Eu acho que não é de Deus, porque Ele não é nem citado nela. Levando em consideração o que é narrado na sua pergunta eu poderia dizer que Deus está trancado no seu gabinete enquanto os ministros, os espíritos que fazem as coisas acontecerem por ordem do Pai, deliberariam por si mesmos, sem ouvir o presidente da empresa.

Apenas com esta pequena comparação dá para você ver o quanto esta história é danosa à sua saúde espiritual. Digo isso porque ela lhe afasta de Deus, não faz você aproximar-se de Dele.

Por isso quero aproveitar sua pergunta e mandar uma mensagem a todos os seres humanos. Essa mensagem surge a partir de algumas perguntas que espero que levem vocês a uma reflexão sobre a forma como vivenciam os acontecimentos da vida humana...

A primeira pergunta é: se a encarnação tem como objetivo aproximar os espíritos do Pai, o que é Deus para você? Sim, vocês precisam pensar no que Deus representa para vocês. Isso porque a representatividade que Deus tem para vocês é o caminho para você aproximar-se Dele.

Será que Deus é para você o que o Espírito da verdade e todos os mestres disseram: a Inteligência Suprema, a Causa Primária de todas as coisas? Será que Ele representa para você a Justiça Perfeita e o Amor Sublime? Como você quer alcançar o objetivo da vida que é aproximar-se de Deus se não sabe o que Ele é para você?

Na verdade para a maioria dos seres humanos Deus é apenas uma figura decorativa do universo. É alguém que está sentado num trono de ouro vendo as coisas acontecerem sem poder fazer nada. O Senhor Supremo para os humanos não passa de um ser dependente do querer dos espíritos encarnados ou não.

Veja se não é esse o seu Deus. Veja se não é isso que Deus representa para você.

Para a maioria dos seres humanos Ele representa alguém superpoderoso que está no universo rezando a deus para que as coisas aconteçam como ele pré-estabeleceu. Se isso é o que Deus representa na sua vida, você não se aproxima Dele, porque esse não é o Senhor que os mestres ensinaram. Se esses estão próximos Dele, para nos aproximarmos precisamos, então, conviver com o Pai como eles conviveram...

Por isso digo que vocês precisam repensar o que é Deus para vocês. Precisam repensar o que Ele representa na sua vida.

O que representa Deus na sua vida? Tente responder isso sem hipocrisias, ou seja, sem dizer que Ele é tudo, mas sem dar a Ele o crédito de nada. Para obter esta resposta eu lhes indico uma nova meditação: o quanto da sua vida é fruto de Deus para você? Qual a importância de Deus na sua existência? Estas são perguntas que deixo ao responder esta questão e que são importantíssimas de serem respondidas.

Porque você precisa urgentemente responder a estas questões? Porque o dia do juízo está chegando...

Quando falo isso, por favor, não pensem que estou falando que irão acontecer catástrofes, que o planeta vai acabar, que haverá mortes em massa, um holocausto ou que a Terra será invadida por seres extraterrenos... Não é nada disso.

O dia do juízo é algo que acontece a todos os espíritos quando desencarnam. Este dia, ou seja o dia do seu juízo está chegando, pois a cada dia você está mais perto do desencarne, a cada momento está mais perto de morrer.

Quando isso acontecer, lhe pergunto: o que fará quando sair desta carne? Vai procurar os espíritos superiores para ver se eles podem gerar uma determinação para a sua existência eterna? Acho que não vai conseguir nada com eles, assim como não conseguiram nada aqueles que buscaram Cristo e não mereciam receber...

Além do mais, pergunto: como fica o seu comprometimento de antes da encarnação? Antes de encarnar você sabia que estava tendo uma oportunidade para aproximar-se de Deus e comprometeu-se m aproveitar todas as oportunidades para fazer isso. O que vai fazer agora que não tem mais oportunidades para cumprir o que se comprometeu?

Essas são questões que vocês precisam levantar com vocês. No entanto, há mais uma pergunta que gostaria de colocar e que é muito importante no momento de hoje. Esta pergunta é: quanto tempo da sua vida, do seu dia, você dedica a Deus?

Reparem que não estou falando em ir a centro espírita, em exercer atividade mediúnica, orar, fazer meditação, etc. Não estou falando em nada disso. Estou falando em realmente se dedicar a Deus. Estou falando em sentar e conversar com Ele. Também não estou falando em pedir nada, mas em conversar com Deus.

Na Bíblia, no livro Apocalipse, é dito que no novo mundo o trono de Deus estará na Terra, ou seja, Deus estará ao seu lado. Sendo isso real, como você quer chegar ao mundo de regeneração, o novo mundo, se para você Ele ainda está preso no céu? Como conviver diretamente com Ele se não tem nenhum contato com o Pai a não ser para pedir alguma coisa ou agradecer o que Ele faz e que classifica de bom? Ou pior: pedir a Ele justiça, ou seja, que prejudique outro e com isso lhe faça ganhar alguma coisa...

Sim, esta é a pergunta que todos os humanos deveriam estar se fazendo no momento que temos a informação que o dia do Juízo Final já chegou: quanto tempo eu dedico ao meu relacionamento com Deus? Quanto tempo no meu dia eu me mantenho em contato com Deus?

Fazendo a si mesmo estas perguntas, acho que a resposta será pouco tempo, não é mesmo? Mas, é justificável ter pouco tempo para Ele...

Afinal de contas você tem obrigações e necessidades familiares e por isso precisa ter tempo para sua família. Tem obrigações e necessidades profissionais e por isso precisa se dedicar com afinco ao seu trabalho e, além disso, precisa buscar aprender novas coisas para poder crescer materialmente, financeiramente e profissionalmente. Tem obrigações e necessidades com o seu lazer, pois ninguém é de ferro e você precisa descansar um pouco. Tem obrigações e necessidades religiosas: ir ao centro, fazer o trabalho mediúnico, meditar, orar, frequentar cursos que ensinam coisas espirituais como por exemplo o volitar. Sendo assim, é justo que não sobre tempo para você estar com Deus, não é mesmo? Não sobrando tempo para estar com Deus, pergunto: como você se aproxima Dele?

Conviver em todos os momentos da existência humana com Deus: esta é a grande virada do mundo de provas e expiações para o de regeneração.

Há muito tempo atrás dissemos que a mudança que ocorrerá nas encarnações quando o novo mundo chegar será o fim da humanidade que o ser vivencia quando encarnado. A preocupação com as obrigações e necessidades familiares, profissionais, de lazer e religiosas acabarão quando se encerrar a humanidade do ser. No mundo de regeneração, no novo mundo, o que existe é espírito na carne. O que existe é o ser que, mesmo estando encarnado, convive com Deus ao seu lado e por isso toda a sua atenção é voltada para este relacionamento e nada mais ocupa o ser.

Nós como instrumentos do exército de Maria para trazermos os ensinamentos necessários para que cada um aproxime-se de Deus dissemos já no nosso primeiro manifesto o seguinte: nossa função é auxiliar os espíritos encarnados a viverem sob a batuta de Deus.

Batuta é aquilo que um maestro utiliza para reger uma orquestra. Quem vive sob a batuta do maestro toca como ele manda, mas vocês ainda querem ser músicos que tocam a música que querem, na hora que querem, do jeito que querem...

Depois de tudo isso, posso responder à sua pergunta. Não, esta história, por todos estes motivos, não pode ser verdadeira. No entanto, ela nos ajuda a compreendermos que ao acreditar em coisas deste tipo deixamos de fazer aquilo para o qual ser nasce: aproximar-se de Deus. É por isso que há algum tempo venho lhes incitando a esquecer esta busca de saber e de conhecer e começar a realizar a prática do ensinamento dos mestres. E todos eles foram unânimes: Deus é, Deus faz...

Portanto, esqueça todo resto: viva só este ensinamento que já terá feito alguma coisa nesta vida...

Conversando com um espiritualista - volume I

Deus é feliz?

Participante: Deus é feliz ou Ele é a felicidade? Ou não existe tal atributo Nele?

Grande pergunta.

Deus é feliz ou Ele é a felicidade? Segundo todos os mestres, Deus é: ponto final.

O que quer dizer isso? Que Deus não reage a nada, que Ele não faz alguma coisa a partir de outra. Deus é, ou seja, Ele é tudo. Ele é a causa e não o resultado de uma ação.

Se Deus é, Ele não é justo, mas sim a Justiça. Ser justo é aplicar um código de leis dando a cada um segundo as suas obras. Como não aplica nenhum código de leis para dar o efeito gerado por uma causa, já que é a causa primária de todas as coisas, Ele não é justo. Sendo a causa das coisas, Ele é a própria lei. Por isso é a Justiça e não justo...

Da mesma forma, Deus não é amoroso, pois não aplica um amor. Ele é o próprio Amor...

Como você disse, sua pergunta é simples e fácil de responder: se Deus é, Ele é a Felicidade e, por isso, não se pode dizer que Ele é feliz. Aliás, justamente por ser Ele a Felicidade é que em O Livro dos Espíritos se diz (pergunta 115) que aquele que se aproxima de Deus, ou seja, alcança a perfeição durante uma missão ou encarnação, vive feliz.

Aquele que alcança a perfeição vive feliz, não porque passa a ter felicidade, mas porque está com a Felicidade.

Não sei deu para ficar claro, porque o assunto é bem abstrato. Estou trabalhando com elementos que vocês não conhecem.

Conversando com um espiritualista - volume I

Equilíbrio emocional

Participante: como fazemos para atingir o equilíbrio emocional?

Abandonando as pontas...

O equilíbrio está sempre no meio. Para qualquer dos lados que vá você estará desequilibrando a gangorra. Só quando se senta no meio, a gangorra se equilibra.

Sendo assim, quando você fala em equilibrar emoções, por exemplo, eu lhe digo que alcançar isso é não ser nervoso nem calmo, os dois lados de uma emoção, mas chegar ao centro entre estas duas emoções.

Só que antes de falarmos em alcançar o centro, deixe-me tentar lhe explicar o que é o centro, porque que esta compreensão é difícil de vocês entenderem...

O centro não é o zero, o ponto neutro, o nulo. O centro é apenas um ponto onde os dois extremos se encontram com a mesma intensidade. Como os dois extremos estão presentes com a mesma intensidade, um anula o outro.

Voltando ao nosso exemplo, então, posso dizer que para se chegar a um equilíbrio emocional entre a calma e o nervoso é preciso anular o nervoso pela calme e é preciso, também, anular a calma pelo nervoso. Este é o único caminho para se atingir o ponto do meio entre estas emoções...

Como se faz isso. Quando for nervoso, seja, quando for calmo, seja...

Na verdade, alcançar o equilíbrio emocional é saber viver com você do jeito que é sem deixar a emoção que está presente naquele momento lhe dominar. Vou tentar lhe explicar isso...

Se você é nervoso, esta postura emocional pode ser vivenciada de três formas: reclamando de ser, concordando que tem que ser ou sendo, sem se contrariar ou concordar em ser. Quando reclama ou concorda com o seu jeito de ser, você está numa das pontas desta gangorra, pois está vivenciando a emoção gerada pela mente. Quando aceita o que é, o que está vivendo, sem reclamar ou concordar, esta postura não está lhe afetando e neste caso e por isso não está sendo vivida. Neste momento, você está no centro, está nulo com relação aquilo que está sentindo...

Só mais um detalhe que gostaria de abordar. Krishna ensina que ninguém age fora da sua personalidade. Todos têm uma personalidade que foi previamente programada e não consegue fugir dela, a não ser que isso tenha sido programado. Nesse caso, não houve mudança, pois o mesmo script continua sendo o mesmo.

Portanto, o equilíbrio é alcançado quando você, sendo quem é, vive com quem é sem crítica ou elogios a si mesmo.

Sei que esta não é uma resposta carregada de saberes, mas acho que é a melhor forma de lhe ajudar a alcançar o equilíbrio emocional. Fora isso, qualquer orientação não poderia ser executada por você, pois teria que ser um trabalho mental e você não pode agir neste processo.

Conversando com um espiritualista - volume I

A missão do espírito

Participante: mas, não é através da nossa ação que Deus pode ajudar os outros para que eles possam se modificar, pensar e agir diferente, ou cada um recebe individualmente a sua missão através de seu sofrimento e nós nada podemos ou devemos fazer para que essa situação seja melhorada?

São duas perguntas em uma só. Sim, cada um recebe de Deus a sua parcela individual. Sim, você é um instrumento para auxiliar os outros. Até aqui você está perfeito na sua forma de ver, mas vamos entender melhor o ensinamento. .

Que auxílio você quer dar ao outro? O que você acha que deve dar? Aí está o problema. É a questão do individualismo. Vamos voltar à primeira frase desta oração: “Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz”, não da minha. Não adianta se querer que aquele que tem a fome não a tenha mais, pois dessa forma estarei sendo instrumento da minha paz.

Você deve ser instrumento da paz de Deus. O instrumento pode até dar o prato de comida, mas não deixa de ensinar ao próximo a ser feliz com o que ele tem. Não cria revolta nem desunião, mágoa ou críticas. Dá o prato de comida e auxilia o próximo em nome de Deus e não no seu próprio.

Para que ele possa ajudar em nome de Deus deve dar além do pão. Ensiná-lo que, ao invés de lastimar a sua falta de comida, deve amar a Deus para gerar um carma diferente e aí poder receber comida.

 Participante: é dar a vara?

Sim, ensine-o a pescar. Dê o peixe, o prato de comida, mas não deixe de dar a vara e ensiná-lo a pescar. Ensine-o a amar a Deus acima de todas as coisas, inclusive da sua situação e mande-o pescar (viver seus acontecimentos) para que ele nunca mais tenha fome.

Participante: Deus não nos utiliza apenas para ajudar os carentes, mas também como instrumento de puxões de orelha também. A caminhada não são só flores, não é isso?

Sim, concordo plenamente com você: os espíritos são utilizados como instrumentos para auxiliar os carentes, mas também os abastados. No entanto, enquanto você der o puxão de orelha com a sua consciência de certo ou errado, ensinando o que sabe que é certo, estará agindo em nome de Deus, mas tirando vantagem (prazer) do que o Pai está fazendo.

Auxiliar ao próximo sempre será a orientação da necessidade de mudanças, mas se mudar em que sentido? Para Deus, nunca para você, para o que acha certo. Ensiná-lo a amar a Deus acima de todas as coisas é universalismo, mas ensiná-lo a atravessar a rua na outra esquina e não nesta porque a acha perigosa, isto é individualismo.

Conversando com um espiritualista - volume I

Escolhendo provas e vicissitudes

Participante: o espírito que está ligado ao ego, quer seja encarnado ou não, está sempre a passar por provas e vicissitudes. Sendo assim, como pode ele escolher as provas para uma nova encarnação? Será que Deus já tem o nosso caminho espiritual pré-definido e nós achamos que temos o livre arbítrio?

Vamos responder cada uma das suas questões separadamente, pois são duas perguntas diferentes.

Sim, o espírito, não importa se está humana ou não, sempre está ligado a uma personalidade, que não é a sua personalidade primaria. Só os espíritos muito elevados estão ligados a sua própria personalidade primaria. Sendo assim, como podem os espíritos presos a personalidades não primarias escolher suas provações? Vamos entender isso.

Em O Livro dos Espíritos é explicado que entre as encarnações os espíritos ficam no mundo espiritual estudando coisas espirituais. Não dá para explicar o que são essas coisas, não dá pra explicar como é esse estudar. Só posso lhe dizer que não é indo para uma sala de aula como está nos romances espirituais, como é dito por aqueles que vêm do mundo dos devas.

Portanto, o espírito entre as encarnações, ainda estando preso a uma personalidade que não é a sua primaria, estuda coisas espirituais. Como se processa esse estudo? O Livro do Espírito também traz a resposta: observando os espíritos encarnados. Vou tentar explicar isso. Para isso, vou ter que fazer uma figura, pois não há como mostrar a realidade disso.

Digamos que o espírito está lá no céu, no mundo espiritual, observando você que me fez essa pergunta. Nesse estudo, o espírito tem acesso àquilo que você pediu antes da encarnação, ao gênero de provas que foi pedido por você antes da encarnação. Ele sabe o que você pediu e por saber disso consegue ver em um acontecimento a essência desse, ou seja, o gênero de prova que você pediu.

Mais, ele consegue ver também a forma como você convive com as suas criações mentais daquele momento. Ou seja, o espírito tem acesso às perguntas e às respostas da prova que você está fazendo quando encarnado.

Observando estes dois aspectos, o espírito que está estudando no mundo espiritual vê o quanto é danoso para um ser universal prender-se à matéria. Com isso, ele se conscientiza do quanto é necessário se libertar das composições que a mente traz, da humanidade que é proposta pela mente, para o seu futuro espiritual.

É assim que o espírito estuda. Ele, que sabe os gêneros de provas que o ser encarnado pediu, vê a forma este ser reage àquilo que a mente propõe e com isso se conscientiza da necessidade de se libertar do que é dito pela mente.

Outro detalhe: o espírito que está no mundo espiritual estudando não está sozinho. Não existe nenhum espírito sozinho nesse universo. Com exceção de Deus, todos os espíritos tem um mentor. O que é um mentor? Um espírito mais elevado que ajuda aqueles menos elevados, ou seja, um espírito mais próximo de Deus que ajuda alguém que está mais afastado. Esse mentor, a partir da observação do espírito, conversa com ele e mostra, realça, o quanto se prender a mente humana é danoso para o ser universal.

Desse jeito o espírito vai se conscientizando de questões que ainda possui dentro de si e que lhe afasta de Deus. São essas questões que o espírito se conscientiza (como a vaidade, soberba, prender a obrigações e necessidades, tudo que nós já conversamos) que o faz se voluntariar para fazer provações desse ou daquele gênero de prova. Depois que se voluntaria para encarnar, o espírito entra numa fila e fica ali aguardando a sua hora de nascer, de incorporar, para poder vivenciar suas provas.

Esse é o trabalho que acontece entre encarnações. É assim que o espírito, mesmo ainda não estando de posse da sua consciência primária, mas estando ligado a uma consciência que é menos humana do que aquela que vocês vivem aqui no planeta Terra, pede o seu gênero de provas.

Segunda questão que você levantou: Será que Deus já tem o nosso caminho espiritual pré-definido e nós achamos que temos o livre arbítrio? Eu não diria que Deus tem o seu caminho espiritual pré-definido. Isso seria transformar você em marionete, em boneco na mão de Deus.

Não, Ele não tem o seu caminho pré-definido. Agora, se Deus é Onisciente, eu diria que Ele tem o seu caminho pré conhecido. Vou tentar explicar isso.

Não sei se você tem filho, mas se tiver, eu lhe garanto que tem uma ideia de como o seu filho vai reagir nessa ou naquela circunstância. Você, por ser pai, já conhece o seu filho, sabe como ele é e por isso tem uma previsão do que ele vai fazer, de como vai reagir em determinadas circunstâncias. Só que você é uma inteligência secundária, é uma inteligência que ainda está em desenvolvimento. Deus é a Inteligência Suprema, por isso não tem uma previsão da reação do filho: Ele tem uma certeza de como o filho reagirá e nunca erra... Deus é capaz de conhecer tão bem a todos os seus filhos, que, eu diria, Ele sabe melhor do que vocês mesmos como vão reagir a determinados acontecimentos.

Portanto, não se trata de Deus criar o seu caminho daqui até o fim da sua evolução espiritual do modo que ele quer, ou seja, sem lhe dar o resultado de suas escolhas. O que acontece é que Ele tem um pré-conhecimento sobre como você vai suar seu livre arbítrio e, por isso, já sabe hoje que destino você terá no futuro.

Ele sabe que você vai pedir tal prova em tal momento, Ele sabe que você vai reagir a essa prova de tal jeito e por isso já sabe o que acontecerá depois. Sabe em que ‘matérias’ desse curso você vai conseguir aprovação e também aqueles que precisará repetir. Ele tem esse conhecimento porque é a Inteligência Suprema e porque é Onisciente e, por isso, conhece profundamente a todos e a tudo.

Portanto, Ele não precisa fazer previsões. Além do mais, Ele jamais errará naquilo que sabe, pois conhece profundamente tudo que existe.

Sendo assim, posso dizer que a sua estrada na eternidade não está prevista no tocante à elevação espiritual, mas afirmo que Deus já sabe qual vai ser. Mesmo que você não saiba, que não tenha consciência da forma de como reagirá a determinadas proposições mentais, Deus sabe.

Deus tem pré conhecimento da sua caminhada, mas o seu caminho é fruto da sua escolha, do seu livre arbítrio como espírito.

Conversando com um espiritualista - volume I

Mudar o livro da vida

Participante: do que está escrito no livro da vida pode-se mudar no meio do caminho?

Essa pergunta foi respondida por O Livro dos Espíritos: nada, nada pode ser alterado dentro do livro da vida.

Agora, você precisa compreender que o livro da vida não é estático: pau, pau, pedra, pedra. Ele dita caminhos, que não vou chamar de alternativos, porque são previamente previstos, que dependendo do uso do seu livre arbítrio quando encarnado – o livre arbítrio de optar entre bem e o mal, não de se fazer ou deixar de fazer – serão percorridos ou não.

Os caminhos são como fossem ramos que saem do mesmo galho da arvore. De um mesmo ponto do galho podem sair diversos ramos. Só que diferente das árvores humanas, no livro da vida existem pontos que são obrigatórios, pelos quais você vai passar, não importa como escolha sentimentalmente viver os acontecimentos anteriores. Portanto, são ramos que saem de determinado ponto, mas todos eles vão se juntar no mesmo ponto futuro.

O que estou lhe dizendo é que o livro da vida é formado por caminhos pré-definidos que podem ou não ser vividos, mas que se vividos de um jeito ou de outro, isso não influencia no destino, porque todos os caminhos acabam exatamente no mesmo ponto.

Conversando com um espiritualista - volume I

Rato de laboratório

Participante: porque às vezes eu me sinto um rato de laboratório?

Você se ente um rato de laboratório, ou seja, algo que é utilizado para estudos de outros. Meus parabéns: você está usando de uma grande verdade.

Você, o ser humano, é um rato de laboratório. Como já me disseram ao longo de nossas conversas, o espírito está lá no céu, tranquilo, na dele, e eu, o ser humano, estou aqui vivendo experiências que só trarão benefícios a ele. Estou aqui passando calor, frio, necessidades, aborrecimentos e outros momentos não prazerosos só para ele ter a oportunidade de evoluir ou não. Sim, é isso: o ser humano só serve para isso. Ele não serve para mais nada...

Então sim, se você se sente humano, deve sentir-se como um rato de laboratório. Você é totalmente conduzido para que possa viver as experiências que o espírito necessita para a sua depuração. Mesmo que queira ir pra esquerda, se o melhor para o espírito for ir para direita, é pra lá que você vai.

Aliás, isso está bem claro em O Livro dos Espíritos. Quando se fala na influência do espírito na vida humana, o próprio Kardec, não o Espírito da Verdade, diz assim: nós esperamos que os espíritos venham com uma varinha mágica e façam plim e mudem tudo, mas isso não é verdade. A influência dele é oculta e serve apenas aos desígnios de Deus. É assim que pensamos que nós decidimos ir por uma rua, quando na verdade um espírito nos leva para a rua que precisamos passar para encontrar determinada pessoa. É assim pensamos que decidimos comer, quando é o espírito fora da carne que nos empurra para comermos. É assim que nós pensamos que escolhemos subir uma determinada escada, quando é o espírito fora da carne que nos leva para uma escada quebrada para cairmos, quando precisamos morrer de queda de escada.

Sim, o ser humano é um rato de laboratório. Ele é totalmente guiado para fazer aquilo que o espírito precisa para o seu trabalho de depuração. Não posso desmentir essa sua afirmação. Mas, você não deve se sentir chateado por isso, pois você não é o ser humano. Você é o espírito que está usando este humano. Por isso, não precisa sentir-se como um rato de laboratório.

Sentindo-se como um, isso quer dizer que ainda se sente o humano. Mude a sua visão sobre si mesmo que mais nenhuma impressão lhe causará o fato do ser humano ser um rato de laboratório.

Se sentir como o espírito que é, vai ver que está ligado a um rato de laboratório, que está fazendo experiências, para o seu bem eterno.

Conversando com um espiritualista - volume I

Criação dos espíritos

Participante: porque foi criado o espírito? Qual seria o objetivo de sua criação?

Esse é o tipo de pergunta que a mente humana faz sempre. Por que, pra que, como, quando, onde, são coisas que a mente humana sempre evoca.

A mente humana quer investigar as coisas para ter o saber, para adquirir uma verdade que tratará como absoluta. Acontece que quando se fala de saber coisas sobre Deus, sobre as coisas universais, isso é impossível. Como está na pergunta 14 de O Livro dos Espíritos, ainda falta aos seres humanos um sentido para que eles possam compreender o que é o espírito, o que é Deus, o que é o Universo. Que dirá para descobrir a origem dessas coisas.

No Evangelho de Tomé os apóstolos perguntam para Cristo: ‘qual é a nossa origem’? Ele responde: ‘se vocês ainda não sabem nem para onde vão, como é que querem saber de onde vieram’?

Por estes motivos, lhe respondo: não se deixe levar por esta questão. Aliás, como é dito na mesma pergunta de O Livro dos Espíritos, mesma que você consiga uma resposta para esta questão, vai achar que conseguiu saber alguma coisa, sendo que a informação que conseguiu não é verdadeira. Este saber não lhe trará nenhuma verdade absoluta, nenhuma verdade verdadeira. O que ele lhe trará, como está na mesma questão daquele livro, é a soberba de achar que sabe. Achar que teve alguma resposta a esta questão só lhe tornaria mais vaidoso, mais egoísta.

Portanto, não se questione sobre estas coisas. Viva o presente, viva o agora: você é um espírito, que não sabe o que é, e está no mundo de prova e expiação encarnado fazendo suas provas, o que você também não sabe perfeitamente do que se trata.

Viva estas coisas e deixe o resto de lado. Deixe o tempo, ou seja, a sua própria vivencia durante encarnações acabar lhe mostrando a verdade sobre estas coisas. Agora ainda não é o momento para se perturbar com essas buscas.

Conversando com um espiritualista - volume I

Espíritos trevosos

Participantes: porque permitem que espíritos trevosos fiquem vagando, ao invés de ficarem na lama do umbral?

A respeito da sua pergunta, só posso lhe dar uma resposta: porque esse é o carma dele. Porque isso é o que Deus deu à eles como resultado de suas intencionalidades. Não poderia haver outro motivo para isso acontecer.

Agora, cuidado com o ter espíritos trevosos. Você não vê, mas quando fala isso de um ser está julgando-o. Por isso, cuidado, porque senão você pode merecer que alguns espíritos lhe julguem também. Será que você está imune a esse julgamento?

Conversando com um espiritualista - volume I

Conversar com humanos e espíritos

Participante: gentileza comentar sobre falar para humanos e falar para espíritos.

Grande pergunta.

Falar para humanos: falar através de palavras usando acontecimentos e ideias humanas dentro da lógica humana. Falar de tal maneira que o que é dito seja lógico para os humanos.

Falar para espíritos. Como eu posso explicar o que é falar para espíritos, se vocês nem sabem o que é um espírito? Só posso lhe dizer que não se fala para espíritos através da boca, pois espírito não tem boca e nem ouvido para ouvir.

Falar para espíritos não é dizer palavras, porque no mundo espiritual não existem formas. Não havendo formas, não há palavras, pois uma palavra é uma forma, seja escrita ou falada.

Eu falo para espíritos através de humanos porque sou instrumento de Deus para declamar o que eles precisam ouvir. Eu não falo; declamo o que é me mandado dizer. O que faço é declamar palavras que vão encontrar ecos, que serão gerados por Deus, dentro da mente e com isso dar ao espírito a oportunidade do seu trabalho de elevação.

Conversando com um espiritualista - volume I

Regressão espiritual

Participante: se tudo é perfeito e nada pode dar errado do ponto de vista divino porque encarnações são interrompidas e levadas a mundos primitivos? Algo deu errado para esses espíritos encarnados que fez com que eles voltassem a passar por provas primitivas? Como pode alguém reprovar em matéria de ascensão, se tudo que é colocado como prova para o ser humano deveria servir para leva-lo a novas experiências e não experiências antigas?

Vamos por partes...

Primeiro detalhe de sua pergunta: mundo primitivo. O que será isso?

Se você me fala em mundo das cavernas, desculpe: ainda está preso a conceitos humanos, a ideias humanas que criam algo mais avançado ou mais atrasado. Mas, não creia que isso é exclusividade sua. O próprio Kardec em O Livro dos Espíritos e em todas as obras do Pentateuco Espírita classifica o índio como um sub ser, um ser primitivo. Fala dos silvícolas como se eles fossem espíritos de segunda categoria.

Acho que no mundo de hoje, onde se fala no fim dos preconceitos, não se pode mais dizer que o índio é um sub humano, um sub espírito. Por isso, o primeiro aspecto do qual se utiliza no seu questionamento, a ideia de voltar a um mundo primitivo, começa a perder força.

Nenhum espírito pode regredir no planeta em que vive a um mundo diferente do que está vivendo: isso está bem claro em O Livro dos Espíritos.

Além do mais, precisamos analisar outra questão. O que determina a evolução do espírito não é o aparato material com o qual convive. Esse é um grande detalhe que vocês não levam em consideração. Por causa disso, imaginam que o mundo das cavernas é, espiritualmente falando, inferior ao mundo atual. Ledo engano de alguém que imagina que as coisas espirituais são julgadas pelo seu aspecto humano...

Portanto, o mundo primitivo não é inferior ao mundo atual. Por isso, mesmo que considerássemos a hipótese de ser real a possibilidade do espírito sair do mundo atual e voltar ao primitivo, não poderíamos chamar isso de regressão...

Outro detalhe. Vocês chamam de habitante de mundo primitivo aqueles que habitavam as cavernas durante as encarnações. Por isso pensam que foram pessoas diferentes das de hoje. Sim tinham aparências e personalidades diferentes de hoje, mas quem eram os espíritos que habitavam aquelas massas? Vocês...

Não estou falando de um vocês diferente do que são hoje: eram os mesmos que são hoje... Isso porque a essência da provação dos espíritos que encarnam no orbe terrestre não mudou desde então.

O que vocês chamam de mundo das cavernas é um processo de evolução dentro do planeta Terra que foi vivido por vocês, por espíritos que estão em provação do egoísmo. Como ainda continuam egoísta, chegar até onde chegaram, viver no mundo de hoje, não pode ser chamado de evolução, já que não mudaram nada desde o tempo em que habitaram as cavernas. Continuam a mesma coisa.

Na verdade, o que mudou foi o aparato tecnológico do mundo e esse não tem nada a ver com o espírito. Desculpe, tem sim: é um instrumento de provação para ver se você acha que vive num mundo melhor do que o primitivo. Sendo assim, quando você me diz que retornar a um mundo primitivo é regredir, está sendo preconceituoso e está julgando a questão espiritual pelos aspectos humanos, ou seja, não conseguiu superar a proposição mental, já que tudo isso é gerado pela mente e não por você mesmo...

Eis aí, então, a primeira resposta ao sua questão: nenhum espírito pode voltar ao mundo primitivo neste planeta porque não existe mais este mundo, já que não existem mais as condições que haviam na matéria. Além do mais, viver num mundo primitivo não significa ser pior do que aquele que vive num mundo repleto de coisas tecnológicas. Por isso lhe afirmo que não existe regressão de espíritos para o mundo primitivo.

Segundo detalhe de seu questionamento: você me fala em encarnações interrompidas... Mas, não podem haver encarnações interrompidas.

Se o espírito pede um gênero de provas e a partir disso Deus cria a história de uma vida, a fatalidade, como você falar em interromper uma história de vida? Se o que acontece durante uma existência carnal é fruto do livre arbítrio do espírito e obra da Causa Primária, do Senhor do Universo, como isso pode ser alterado?

Por isso, quando você me fala em interromper uma encarnação, ou seja, em não deixar que algo previamente pedido e programado não aconteça, eu entendo que está dizendo que alguém é capaz de mexer no destino de outro e que esse ser tem mais poder que Deus. Quando você fala dessa forma, eu escuto que está me dizendo que alguém pode fazer alguma contra o que o Onipotente, Onisciente e Onipresente decretou que ia acontecer. Como isso não é possível, lhe digo que a ideia de que uma encarnação pode ser interrompida e o espírito ser levado a um mundo primitivo, ou seja, ao mundo das cavernas, é impossível.

Na verdade o que está fundamentando a sua crença é um problema que tenho tentado trazer para vocês: reflitam nas ideias que são divulgadas neste mundo sobre as coisas espirituais ao invés de crer no que alguém ser humanizado diz apenas por conta da fama que ele tem entre os humanos... Para que refletissem sobre esta questão lhes deixei uma pergunta: o que é Deus para vocês, o que ele representa para vocês.

Quando você me diz que uma encarnação pode ser interrompida e o espírito arbitrariamente ser jogado num mundo primitivo, está me mostrando que Deus para você é nada... Que Ele não tem potência alguma, ação nenhuma. Afirmo isso porque esta sua afirmação, se fosse verdadeira, mostraria que o Pai decreta uma coisa, mas alguém, e não importa que seja um espírito encarnado ou desencarnado, consegue agir contra o que foi decretado por Ele. Isso é impossível...

Sendo assim, não posso nem lhe dizer o que deu errado numa encarnação dentro da hipótese que você levantou, porque não consigo imaginar e nem nunca vi espírito algum ter sua encarnação interrompida e muito menos ser levado a um mundo primitivo.

Mas, existe mais uma pergunta dentro do seu questionamento: como pode alguém reprovar em matéria de ascensão, se tudo que é colocado como prova para o ser humano deveria servir para leva-lo a novas experiências e não experiências antigas? Vamos falar dela...

Como alguma coisa pode dar errado numa encarnação? Por conta do livre arbítrio do espírito...

Deus deu a você a possibilidade de escolher antes de nascer duas provações. Lhe deu, também, depois que nasce, a possibilidade de escolher entre o bem e o mal. Sendo assim, qualquer coisa que pode dar errado estará ligada a você escolher errado, seja antes ou depois do nascimento... Como o que pede antes da encarnação é avaliado por Deus que não deixa o espírito se sobrecarregar em provas, resta para o erro de agora apenas a sua escolha entre o bem e o mal enquanto vivencia os acontecimentos humanos.

O que pode dar errado numa encarnação é resultado da sua opção por apegar-se à razão. O erro que pode existir numa encarnação é o fato de você optar em permanecer rebelde contra Deus. Só isso.

É isso que dá errado, é isso que pode dar errado, é isso que pode lhe levar a viver num mundo primitivo, mas não neste planeta, porque aqui não existe mais as condições para isso, mas em outro. Além disso, este erro também não pode lhe levar a encerrar esta encarnação antes do determinado por Deus, porque ela só acabará quando chegar ao término determinado por Deus. Nem antes, nem depois..

Então, resumindo tudo o que falei, digo que o grande problema é que vocês ainda querem ser autônomos de Deus. Ainda querem viver num mundo onde as coisas possam acontecer sem que aja uma Causa Primária única.

Quando colocam uma Causa Primária única nas suas vidas, nada do que você me perguntou tem sequer a aparência de real. Repare que para lhe mostrar que estas ideias são falsas, eu apenas disse que nada pode ir contra a vontade de Deus. A partir disso ficou claro que o que você acredita fere frontalmente o que os mestres ensinaram que é Deus, o que Ele representa para o planeta Terra, e, por isso, não pode ser considerado como real.

Então, fica de novo o alerta, não só para você, mas para todos: pensem no que Deus representa para vocês, o que é Deus para vocês. Na hora que conseguirem achar a resposta e conseguirem entender a resposta que os mestres deram a esta questão, não terão mais dúvidas nesta vida...

Conversando com um espiritualista - volume I

Aparência física

Participante: vamos dizer que um espiritólogo se depare com pessoas pedindo ajuda relatando a seguinte vivência: sofri um acidente. Fiquei feio e paraplégico. As pessoas me olham com pena e eu me sinto mal com isso. Outros riem de mim. Dependo dos outros para tarefas simples. Perdi minha autoconfiança. Como ser feliz desse jeito?

Lembram-se do que disse à respeito de como vivenciar uma situação? Primeiro analise todas as opções de que dispõe. Vamos fazer isso?

Você é muito feio, todo mundo ri de você. Opção um: faça uma plástica! Você não tem dinheiro para fazer a operação plástica? Só lhe resta uma alternativa: precisa aprender a viver com você do jeito que é.

O que vocês precisam entender é que o mundo é muito simples e muito lógico. Você tem sempre várias saídas para qualquer situação, mas se não possui condições de ir por uma delas, é preciso entender que necessariamente terá que ir por outra. O problema é que vocês querem encontrar uma porta que não existe, uma opção que não está disponível. Não existe na vida uma porta secreta que lhe leve a um vale encantado onde tudo vai ser maravilhoso. Isso não existe. As histórias de fadas, de príncipe e princesa são invenções. Será que vocês ainda não aprenderam isso?

Para todo o problema da vida humana você encontrará sempre várias opções de ação para conviver com o que está acontecendo. Essas opções consistem em saídas que são lógicas e que podem ser visualizadas quando se olha o problema sem emoções. Só que jamais você encontrará uma saída secreta que o levará direto ao Jardim do Éden, jamais encontrará uma opção que fará tudo se resolver instantaneamente sem que você precise fazer algo para que o assunto seja resolvido.

Por isso, a minha resposta para a sua questão seria: faça uma plástica. Se você não tem dinheiro para isso, aprenda a viver com você do jeito que você é. Para fazer isso, a primeira coisa que tem que fazer é mudar a sua ideia sobre você mesmo.

Você me disse que é feio. Acreditando nisso, como é que vai conseguir viver bem com você mesmo? Nunca! Para que isso aconteça, você tem que se deixar de se ver como feio. Como se faz isso? Entendendo que beleza é uma questão de norma humana.

O padrão de beleza é estabelecido pela humanidade. Vendo as coisas sob o espectro universal, verá que tudo é belo, pois tudo é fruto da beleza de Deus. Sendo assim, não importa qual seja a sua forma, você é belo. Pode não estar de acordo com os padrões de beleza deste mundo, mas você é belo, porque é fruto de Deus.

É isso que você precisa trabalhar em você. É preciso que se liberte dos padrões de beleza do mundo. Deixe o mundo achar belo aqueles que ele acha e você se considere belo.

‘Ah! Joaquim, você diz isso mas eu não tenho beleza nenhuma! Tem sim; procure-a. Quando falo isso você deve estar pensando que estou me referindo a achar uma beleza interna que supra a falta da beleza externa. Não é isso que estou dizendo: o que estou falando é encontrar em si mesmo, na sua forma externa a beleza.

Achar belo alguma coisa é o resultado do julgamento de uma forma através de um padrão estético criado pela humanidade. Quem criou este padrão? Um ser humano qualquer. Você é um ser humano qualquer, por isso também pode criar um padrão estético que seja considerado belo. Porque não cria um que diz que a sua aparência externa é que dá como resultado o ser belo?

Hoje você se considera feio porque se utiliza do padrão da humanidade para se avaliar. Porque não gera um novo padrão? Porque não transforma neste novo padrão a sua aparência como sinal de beleza? Se fizer isso, você resolve seu problema.

Se você se considera feio, se não tem dinheiro para fazer uma plástica, a saída que lhe resta é você alterar o seu padrão de beleza. Se não fizer isso, não conseguirá se livrar da dor que está sentindo. Mas, é você que tem que muda-lo.

Se ficar esperando que a humanidade mude o padrão dela ou que abra mão dele para lhe achar bonito, vai sofrer até o final da vida. Mas, é isso que você vive sonhando que aconteça. Por isso disse no início: vocês ficam esperando uma porta mágica que lhes conduza diretamente a um jardim encantado. Isso não existe..

Lembro que numa história a coruja chamou outra ave para ver o seu filho. Não sei se vocês já viram filhote de coruja, mas é a coisa mais feia que existe. E a ave ficou olhando, olhando. Enquanto isso a coruja estava falando: ‘olha meu filho, que bonitinho’. A ave continuou olhando, até que diante da insistência da coruja em achar belo o seu filho, ela não resistiu e falou: ‘desculpa, mas ele é horrível!’ A coruja, como toda mãe, saiu em defesa do seu filhote: ‘não, ele é bonitinho sim. Olha os pezinhos dele...’

Os pés de um filhote de coruja, de acordo com os padrões humanos de beleza, são lindos. A ave não tinha notado isso porque olhava para o filhote como um todo, mas a coruja, que como toda mãe olha para o seu filho com olhos zelosos, tinha conseguido destacar o que havia de belo nele.

É isso que você precisa fazer: olhar para si mesmo com olhos zelosos, com olhos que distingam a sua beleza. Na hora que olhar si mesmo com estes olhos, o feio serão os outros e não você.

Conversando com um espiritualista - volume I

Apego ao parceiro

Participante: vamos dizer que um espiritólogo se depare com pessoas pedindo ajuda relatando a seguinte vivência: como não me apegar ao meu parceiro amoroso? Ele é bonito e trabalha ininterruptamente para me seduzir. Tentei domar minha mente, mas já me vejo completamente apaixonada. Se ele me trair ou me deixar iria sofrer bastante. Como posso trabalhar preventivamente para não sofrer e ao mesmo tempo, ama-lo de verdade, deixando-o livre. Minha mente gira, como um macaco louco, especialmente quando se trata desse assunto. Gostaria de um conselho.

Vocês mesmos dizem que uma pessoa apaixonada é uma pessoa boba. Por que? Porque se entrega a alguém.

Nessa vida nós não podemos se entregar a ninguém, porque não existe ninguém que seja igual a você. Por esse motivo, algum dia, em determinada circunstância, vai haver uma discórdia entre vocês. Se está entregue a alguém, se está confiando nesse alguém, vai cair.

Mas, o que leva uma pessoa a se entregar a outra? O que leva uma pessoa a entrar nessa paixão tão desenfreada? O que já falamos: o não bastar-se para si mesmo. Quem está apaixonado por si mesmo não se apaixona por mais ninguém...

Estou usando o termo apaixonar no sentido de entregar-se. A pessoa que é apaixonada por si mesma está entregue a si mesmo.

Você me pergunta qual o trabalho que precisa fazer para não viver essa dependência que relatou. Eu respondo: entregando-se a si mesmo. Buscar viver esse mundo de tal forma que você baste para você. Aprendendo a viver com o que tem a cada momento em paz e harmonia.

Quando você bastar para você mesmo, não vai precisar se entregar a outro. Isso não quer dizer que não terá companheiros. O que acontecerá é que eles não mais serão o ar que você respira, mas sim acessórios na sua vida.

Se já está apaixonada por alguém, o que lhe aconselho é que comece a trabalhar em você o seu relacionamento consigo mesmo. Se a pessoa por quem está apaixonada não cansa de trabalhar para lhe seduzir, trabalhe muito para você se seduzir. Ao invés de se arrumar para ele, arrume-se para você. Em vez de se produzir para ele, se produza para você. Em vez de fazer uma comida pensando nele, faça pensando em você. Esse é o caminho. Você precisa tirar o foco dele e colocar sobre você. Só você tem que estar na luz dos holofotes para você mesma.

Esta seria a resposta para uma pessoa que me procurasse pedindo ajuda dentro do sentido que você colocou. Só que deixe-me dar uma palavra sobre as duas últimas resposta, porque senão os apressadinhos vão dizer: Joaquim, você está incentivando o egoísmo?

Quando digo que você precisa bastar para si mesmo, quando digo que deve colocar o foco da sua existência em si mesmo, não estou falando de egoísmo, mas de amar a si. Uma coisa é bem diferente da outra.

Egoísmo é pensar a partir do eu, para o eu tirar vantagem. Eu não estou dizendo que deva tirar vantagem sobre o outro. O que estou falando é estar com você mesma, viver com você mesma, viver para você. Não há egoísmo na minha orientação porque se segui-la, não estará tirando vantagem em cima de ninguém.

Outro detalhe que é bom ressaltar: não estou dizendo para você viver sozinho. O que estou dizendo é que deve viver com você e com todos os acessórios que a vida lhe trouxer, mas que dependa só de você para ser feliz. Isso porque quem entrega a sua felicidade na mão de outro, vai acabar sofrendo.

Portanto, não estou tratando aqui de egoísmo, mas de amor a si mesmo. Cristo ensinou: você deve amar ao próximo como a si mesmo. Se não ama a você mesmo, se você não basta para si, é impossível amar ao próximo, pois vai sempre querer usá-lo para sentir-se amada.

Conversando com um espiritualista - volume I

Depressão

Participante: vamos dizer que um espiritólogo se depare com pessoas pedindo ajuda relatando a seguinte vivência: tenho problemas com a ansiedade há muitos anos. Família, futuro, qualquer coisa me aflige. Recentemente tive que procurar um psiquiatra e tomo remédios para depressão e sono. Acho que se trata de um problema genético. Sou católica mas a religião não impediu a formação desse quadro. Preciso de ajuda.

NOTA: Espiritólogo é o ser encarnado que auxilia outros seres a alcançar a felicidade incondicional através da espiritologia, a ciência que o espírito usa para investigar a mente humanizada.

Você quer que responda essa questão como espiritólogo, ou seja, como ajudaria uma pessoa que me fizesse um relato desse tipo a alcançar a felicidade incondicional. Vamos lá...

Como conversei com os espiritólogos, temos que usar a própria ideia da pessoa e não combatê-la. Portanto, não posso ajudar um depressivo dizendo que a depressão é errada. Não posso dizer a um depressivo que a depressão é uma doença e que ela precisa de um médico ou de remédio. Isso não a ajudaria em nada. Eu preciso orientá-la usando a ideia que ela passa.

Ela relata que tem problemas com ansiedade. Não posso dizer que ser ansioso é ruim, por isso tenho que concordar com ela: realmente você é ansioso.

Segundo detalhe da conversa onde orientei os espiritólogos: tenho que fazer ela ganhar alguma coisa com a ansiedade que tem. Sendo assim, tenho que tirar da ideia dela que ansiedade é perder, que ser ansioso é perder.

Por isso, diria para essa pessoa: ‘está certo, você é ansiosa. Agora me diga uma coisa: quantas vezes você conseguiu antecipar alguma coisa com a sua ansiedade? Você vive ansiosa, esperando alguma coisa acontecer, querendo que alguma coisa aconteça, mas isso não faz a coisa acontecer mais rápido. O mundo não conspira a seu favor. Por isso, continue sendo ansiosa, mas saiba que tudo tem sua horta para acontecer. Viva a sua ansiedade com a certeza de que as coisas vão acontecer na hora que tiverem que acontecer. Quando viver assim, você não vai deixar de ser ansiosa, mas a sua ansiedade não vai mais lhe fazer sofrer’.

Ao responder assim a essa pessoa o que estou fazendo? Não estou atacando a verdade dela e estou fazendo com que ela ganhe alguma coisa com o que ela tem. Ganhar o que? O não sofrer enquanto a coisa não acontece.

Seria essa basicamente a resposta. Claro que se fosse um caso verídico, se uma pessoa viesse falar comigo, ela me daria mais subsídios e teríamos mais coisas para falar, mas como você colocou resumidamente, eu tive que abordar resumidamente.

Outro detalhe que quero ressaltar. Você acha que o trabalho da espiritologia é realizado apenas por aquele que fala. Isso não é real. Como o próprio nome diz, esse é um trabalho de espírito e nenhum ser trabalha sozinho. Enquanto um está aparentemente falando, há outros agindo sobre quem está ouvindo e outros sobre quem está falando.

Como esta não é uma situação real, neste momento não existe este outro trabalho. Por isso, a minha resposta de agora se analisada fora deste contexto pode parecer muito fútil, muito fraca, sem argumentos para tirar alguém da depressão. Só que numa conversa real, essas palavras seriam acompanhadas de um trabalho espiritual que não é percebido. Com isso, elas cairiam junto à mente de uma determinada forma, o que não aconteceu enquanto você estava ouvindo o que respondi.

Por isso, lhe digo que vou responder a todas as suas questões sobre a espiritologia, mas quero deixar bem claro: o que eu disser vão parecer palavras fúteis, pois não há todo o envolvimento espiritual que existiria se essa fosse uma consulta real. Outro detalhe: a única coisa que vamos fazer nessas respostas é lhe dar a prática da ação do espiritólogo, ou seja, reconhecer o problema, usar o problema e fazer a pessoa ganhar com o problema. Não vamos entrar no mérito das questões que serão levantadas.

Conversando com um espiritualista - volume I

Desentendimento em família

Participante: vamos dizer que um espiritólogo se depare com pessoas pedindo ajuda relatando a seguinte vivência: minha família é muito diferente de mim. Tenho muita dificuldade de relacionamento com todos eles. Eles me importunam e não me deixam em paz. Moramos na mesma casa. Ainda não posso mudar de residência por questões financeiras. Não aguento mais sofrer.

Você me diz que não consegue conviver em paz com sua família, mas não tem condições de sair da casa deles. Esta é a realidade e você não consegue fugir dela. Diz, também que sofre por conta desta situação. Isso pode ser mudado...

Para lhe ajudar a deixar de sofrer, vou usar um ensinamento de Cristo: ‘o dono da fazenda é o dono da fazenda. O filho dele, é só filho dele’. Completo este ensinamento com um ditado popular deste mundo: ‘manda quem pode, obedece quem tem cabeça’.

Deixe-me lhe dizer uma coisa. Você mora na casa dos seus pais, sabia? Se sabia, deveria também saber que a casa é deles. Se a casa é deles, eles tem o direito de organizar a casa como quer. Você é só o filho deles, por isso não pode decidir como será a organização da casa.

Outro detalhe que está esquecendo: você precisa deles porque ainda não tem condições de viver sozinho. Então, aprenda a conviver com eles, com a organização que eles dão à casa, mesmo não gostando do jeito que eles a dirigem. Espere, aguarde. Há outro ditado que diz: ‘não há bem que sempre dure e nem mal que nunca acabe’.

Um dia você vai ter condição de sair da casa deles. Neste dia você terá a sua casa e nela, eu tenho certeza, se tiver mais alguém, você vai querer que se submeta à sua forma de viver. Por isso, respeite agora o direito dos seus familiares querem o que você quer... Esta é a única solução para o seu problema.

Não quero falar uma palavra: resignação. Não estou dizendo para você se resignar, a ter que viver do jeito que eles acreditam que você deve viver, mas para entender que depende deles e que quem depende de algo ou de alguém está submisso àquilo que é dependente. É isso que quis dizer o ensinamento do Cristo.

Portanto, não tem jeito: você precisa se adaptar àquilo que sua família quer, pois você é dependente dela. Para isso, como respondi em uma outra questão que falou a respeito de como acabar com o tédio do estudo, comece a imaginar como vai ser você na sua casa. Viva isso, crie essa ideia, mesmo que ilusória, para que você tenha a motivação para não brigar com seus pais e assim conseguir viver o tempo que for necessário debaixo do teto deles estando, pelo menos, harmonizado com aquilo que não gosta.

Conversando com um espiritualista - volume I

Dor física

Participante: vamos dizer que um espiritólogo se depare com pessoas pedindo ajuda relatando a seguinte vivência: sofri um acidente e estou sentindo uma dor terrível ou tenho uma doença grave e sinto dores constantes, mesmo com a ajuda de remédios fortes. O que eu posso fazer para não sofrer ou sofrer menos? Alguns mestres espirituais conseguiram eliminar sua identificação com o corpo e não sentir mais dor. Caso positivo, como?

Você está sentindo uma dor? Sim, está. Isso é ponto pacífico. Outro detalhe. Não tem remédio que consiga tirar a dor? Não tem. Outro ponto pacífico. Alguns mestres conseguiram se libertar da prisão ao que o corpo sente? Sim, alguns mestres conseguiram. Mais um ponto pacífico. A partir disso, lhe pergunto: o que você pode fazer neste caso? Tem duas opções: ser um mestre ou aprender a sentir dor!

Veja, você tem a dor, o remédio não a tira, os mestres sabem como não sentir a dor; neste caso, ou você aprende a ser um mestre, para não sentir a dor, ou aprende a conviver com a dor, já que o remédio não tira a dor. Estas são suas duas únicas possibilidades.

O problema é que vocês sempre querem soluções que não existem! Vocês querem, por exemplo como no caso da sua pergunta, não sentir a dor não sendo mestre. Isso é impossível.

Lembro uma vez que estávamos fazendo uma palestra e eu falei que o ser humano pode viver sem se alimentar, sem ingerir alimentos. Claro, neste momento, as pessoas gordas que não gostavam de sua aparência disseram: ‘Como? Como um ser pode conseguir viver sem se alimentar? Preciso que você me ensine isso...’ Eu respondi dizendo: ‘aprendendo a viver como espírito na carne’. Aí, esperançosos de conseguir emagrecer sem esforço e rapidamente os gordos insistiram: ‘como faz isso’? Dei, então a fórmula: amando a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, ou seja, se libertando de tudo que é humano’.

Você precisa ter todo um trabalho de libertação da humanidade para chegar até onde os mestres que você cita na sua pergunta chegaram. O primeiro trabalho nesse sentido a ser feito é a libertação do lucro pessoal, ou seja, do querer emagrecer ou, como no seu caso, do querer parar de sentir dor. Enquanto quiser emagrecer ou parar de sentir dor, você não vai aprender a viver sem comer alimentos ou sem ter a dor através do que os mestres fazem para alcançar estas coisas.

Isso aqueles que vivem como mestre entendem, mas vocês, seres que ainda estão humanizados, querem se libertar da dor utilizando-se do processo deles, mas não querem ter todo o trabalho que eles tiveram para se libertar da dor. Isso é impossível...

Dá para você perceber a busca do lucro individual? Dá para perceber o egoísmo presente na sua proposição? Dá para perceber que quer ganhar sem merecer? Pois é, de graça não se consegue nada: para se ter algo nesta ou em outra vida é preciso merecer para receber.

Uma das coisas que os mestres fizeram para aprender a viver sem dor e que os levou a merecer não senti-la, foi aprender a conviver com a dor. Ou seja, eles só aprenderam a se libertarem da dor, sentindo dor. Eles passaram anos a fio sentindo dores, aprendendo a conviver com elas de uma forma que eles não doessem, mas você quer o mesmo resultado que eles tiveram sem passar por este processo. Quer ganhar sem trabalhar para merecer...

Esse é o aspecto que precisa ficar claro. Não tem jeito de você se libertar da dor a não ser, trabalhando em si, a convivência com a dor. Como se faz isso? ‘Está doendo. Está, e daí? O que eu posso fazer? Não adianta tomar remédio, o remédio não cura’. É preciso aprender a sentir dor sem valorizar o que está sentindo. Foi esse o trabalho que os mestres tiveram que fazer para um dia conseguirem não sentir a dor.

‘A dor não passa sozinha, o que eu posso fazer? Está doendo..’. Isso é aprender a conviver com a dor. Aprender a conviver com a dor é tê-la, mas não se desesperar por causa disso, não querer que de uma forma mágica ela passe. É aprender a viver o inevitável sem querer fugir dele ou sem supervalorizá-lo.

É assim que vocês convivem com a dor? Não. Vocês começam logo a reclamar dela, a aumentar os seus efeitos: ‘Ai meu Deus que dor! Que dor horrível! Queria que isso acabasse! Isso não acaba! Eu estou me sentindo tão mal!’ Vocês reclamam da dor, ao invés de aprender a conviver com a dor. Como querem conseguir o mesmo que os mestres conseguiram?

Aprender a conviver com a dor tendo-a: esse foi o caminho que os mestres trilharam.

Lembro quando estávamos conversando no estudo ‘Em Busca da Felicidade’ falamos de dor física. Naquele momento expliquei que existem duas coisas: a dor e a dor da dor. Existe a doença e existe o sentir-se doente.

A única forma de se conviver com a dor é tê-la sem que ela doa. É ter a dor sem sentir a dor. É ter uma doença, sem se sentir doente. É não se entregar a doença, a dor, apesar de tê-la. Essa é a única forma que existe. Aprender a sentir a dor, sem sentir dor.

A questão que você levanta me lembra uma história de Chico Xavier. Já que você fala em mestres na sua pergunta, como espiritólogo na resposta posso usar este exemplo.

Ele contou que estava num voo e o avião estava passando por muita turbulência e ele os demais passageiros achavam que ia cair. Por isso, como os outros, o Chico começou a gritar, a berrar com medo da morte. Num determinado momento ele viu o Emanuel aparecendo e perguntando: ‘o que houve Chico?’ ‘O avião está caindo, você não está vendo’? Emanuel respondeu: ‘está, e daí’ ‘Chico: ‘e daí que vai todo mundo morrer!’ Emanuel: ‘está certo, você vai morrer, mas, por favor, morra com dignidade. Não morra gritando no meu ouvido’.

Posso utilizar esta mesma resposta para a sua pergunta: se você está com dor e ainda não fez o trabalho que os mestres fizeram para não sentir isso, sofra sua dor com dignidade... Quem sabe assim, você consiga um dia não senti-la...

Conversando com um espiritualista - volume I

Dramática

Participante: vamos dizer que um espiritólogo se depare com pessoas pedindo ajuda relatando a seguinte vivência: minha mulher parece ter uma apreciação inconsciente pelos dramas mostrados nas novelas. Gosta que eu faça ciúmes, que as amigas dela me desejem e que eu seja rico. Ela gosta que eu a faça sofrer, em certa medida, pois isso lhe dá prazer. Não posso muda-la, isso me incomoda, pois acho que assim nunca terei paz, por outro lado, não consigo ficar só. Não sei como posso lidar com isso.

A questão de não conseguir ficar só, nós já falamos bastante. Bastando a si mesmo você consegue se livrar de tudo isso e resolver o problema. Mas, tem um detalhe ai que eu quero conversar.

Digamos que uma pessoa brigue constantemente com sua esposa. Em que momentos isso acontece? Nos momentos em que há contrariedades. No momento que um ser sente contrariedade a respeito de alguma aspecto do outro, ele briga. Ou seja, quando a esposa contraria o marido ele briga com ela.

O que eu disse é verdade? Aparentemente sim, mas na verdade não é isso. Há outros momentos onde um marido briga com a esposa e nem sabe que está fazendo isso. Vou dar um exemplo para ficar claro o que estou falando.

Se a esposa gosta das coisas arrumadas, quando o marido larga as roupas no meio da sala, o que está fazendo? Brigando com ela. Este é o detalhe que vocês não entendem.

Brigar com uma pessoa não é só falar contra ela de determinada forma ou com determinadas palavras, mas também fazer aquilo que você sabe que ela não gosta. Toda vez que faz algo que você sabe que ela não gosta, está brigando com ela.

Essa é a realidade. Só que existe coisa pior. Para aqueles que conhecem nossos ensinamentos, que vocês dizem que são libertadores e que dizem que gostam, o ser humanizado começa a exigir que a outra pessoa se mude. As pessoas não usam estes ensinamentos para se mudar, mas para cobrar que os outros se mudem.

A partir daquilo que dizem acreditar, vocês acham que os outros têm que aceitar o fato der vocês quererem tirar a camisa na sala e deixa-la jogada em cima do sofá. Porque pensam assim? Porque para vocês não existe o certo nem o errado, porque não existe um lugar certo para se guardar a blusa. Só que não veem que quando pensam assim acabaram de estabelecer um lugar certo para a roupa: aquele que você quer deixar. Portanto, foram contra o próprio ensinamento que usaram para brigar com os outros...

Transformando um ensinamento libertador numa sapiência que deve ser seguida pelos outros: é assim que um espiritualista vive. Por este motivo, não veem que estão brigando com a outra pessoa quando fazem apenas o que querem e exigem que os outros respeitem o seu querer.

Existe uma frase de Paulo que fala que você precisa servir aos outros. Servir ao outro é estar atento ao que o outro gosta, ao que o outro quer e se adaptar aquilo. Servir ao outro não é lhe transmitir ensinamentos, não é querer mudar o outro para aquilo que você quer ou que acha certo. Nesse serviço está o grande segredo do casamento.

Já cansei de dizer que essa questão que foi levantada antes, a questão da paixão, acaba quando se junta as escovas de dentes, quando começam as verdades a se chocarem. Neste momento, tem que cumplicidade, camaradagem, companheirismo. Vocês sabem disso, só que o companheirismo que querem é da parte dela, querem que ela seja a sua companheira. Acontece que o companheirismo tem que nascer daquele que quer ser companheiro e não do outro. Se você compreende isso, se sabe que quer ficar com aquela pessoa, tem que aprender a viver como aquela pessoa gosta e não querer que aquela pessoa se mude, para que você seja feliz.

Se você gosta dessa pessoa, se sabe que não pode ficar sozinho e quer ficar com ela, faça o que ela quer. É a única forma.

‘Ah! Joaquim, mas eu não acho certo viver como ela quer. Eu não gosto da forma como ela vive’. Se você me disser isso agora, eu lhe respondo: então separa. Aprenda a viver sozinho e largue a sua companheira. O que você não pode é ficar junto reclamando do que ela é, no que ela acredita, no que ela faz. Por que? Porque senão vão viver eternamente em batalha, em briga...

Estas são as duas possibilidades para você deixar de sofrer: adaptar-se à ela do jeito que é ou separar-se. Não há outra.

A partir disso, você poderia me perguntar: ‘mas, porque ela não pode se adaptar à mim’? Lembre-se do que me disse na sua pergunta: você quer ficar com ela. É você que está pedindo orientação. Se ela me pedisse orientação seria outra coisa, seria outra conversa e eu daria outra resposta. Só que é você que está me pedindo orientação e por isso lhe digo que é você que tem que se adaptar a ela, independente do que ela lhe peça para fazer.

Se quer ficar com ela, você precisa sufocar seus desejos e suas vontades e servir a ela dentro dos desejos e vontades dela. Essa é a única saída. Minto, há outra: ou serve a ela ou se separa dela. Fora isso, só há um futuro para você: viver o resto da vida em atrito...

Respondida a sua questão, deixe-me fazer uma observação. Estou como espiritólogo e não como um mentor espiritual. Se assumisse a minha posição, poderia simplesmente responder que ela é a sua prova, que o jeito que ela é faz parte do gênero de provas que você pediu. Acontece que o espiritólogo não trabalha com essas questões.

O espiritólogo não pode entrar pelo campo filosófico, porque isso não resolve nada. É preciso ir ao dia a dia; é preciso ir direto a questão e não filosofar. Isso vai ficar muito claro quando nós tivermos a conversa com os candidatos a doutrinadores.

Portanto, não filosofando, apesar de poder filosofar, já que se você me fez essa pergunta isso mostra que conhece o nosso ensinamento, eu diria que tem três opções: ou serve a sua mulher, ou se separa dela ou continua vivendo a vida inteira sofrendo.

Conversando com um espiritualista - volume I

Falta de relacionamento amoroso

Participante: vamos dizer que um espiritólogo se depare com pessoas pedindo ajuda relatando a seguinte vivência: sofro por nunca ter encontrado um companheiro amoroso, que realmente gostasse e que o sentimento fosse recíproco. Acho que nunca vou encontrar. Queria saber uma forma de conviver melhor com isso.

Que coisa: você nunca encontrou um companheiro maravilhoso e sempre esteve ao lado de um; você mesma. Não existe companhia melhor para você do que você.

Você é a única pessoa que possui todas as vontades, desejos e gostos iguais aos seus. Ninguém mais possui, só você. Só você é capaz de admirar a casa como você arruma. Só você é capaz de organizar as coisas como você organiza. Só você é capaz de rir de uma determinada piada que você conta. Para que, então, ficar esperando outro?

Se ele vier um dia, que seja alguém que venha conviver com você e não que seja alguém que lhe afaste de você. Nunca abra mão da sua própria companhia, porque quem depende dos outros, acaba sofrendo, já que seja ele quem for, algum dia vai haver uma discordância entre vocês. Enquanto você estiver com você, jamais vai discordar de você e com isso estará sempre feliz.

Sendo assim a procura desse seu grande companheiro é inútil, pois ele está junto de você. Por isso, não se preocupe em arrumar companhias: quando elas vierem, vieram. No momento que a sua companhia aparecer, aproveite-a, mas nunca abra mão de você mesmo para que não sofra.

Conversando com um espiritualista - volume I

Falta de vontade de viver

Participante: vamos dizer que um espiritólogo se depare com pessoas pedindo ajuda relatando a seguinte vivência: sinto um vazio, não vejo graça nas coisas do mundo como fama, dinheiro e relacionamentos. Gosto de ajudar as pessoas e fazer o bem, mas ainda não consigo fazer disso minha alegria de viver. Minha mente parece indomável. A vida não tem sentido. O que faço?

Você tem duas soluções: ou dá um tiro na cabeça ou aprende a viver a vida que tem.

Acho que dar um tiro na cabeça você não quer. Primeiro porque se quisesse, já teria dado e segundo, se quisesse, não estaria pedindo ajuda. Por isso só posso lhe ajudar ensinando como viver a vida que você tem.

Com relação a isso, há uma questão que você precisa entender: o que dá graça a vida é você estar vivo, ou seja, é você que dá a graça a sua vida. Não existe graça maior do que estar vivo.

Por isso, para encontrar graça na sua vida, você não precisa de nada diferente do que tem. O que precisa é aprender a valorizar o que você tem, mesmo que não tenha nada.

Você me diz que gosta de ajudar as pessoas, ajude, continue ajudando. Só que isso não lhe faz ver graça na vida. Está certo, hoje não faz você ver graça na vida, mas pode ser que venha a fazer. Quem sabe? Por isso, lhe aconselho a continuar caminhando neste caminho, ou seja, continue buscando ajudar as pessoas. Pelo menos nos momentos que está fazendo o que gosta você tem uma válvula de escape para a amargura. Há pessoas que vivem como você sem achar graça na vida, que não tem válvula nenhuma, que nada cativa a atenção deles nesse mundo.

Portanto, se você não vê graça na vida, mas possui alguma coisa que lhe atraia, dedique-se a isso. Quem sabe não será este o caminho para lhe fazer encontrar a graça de estar vivo? Além disso, lhe aconselho a virar as costas para aquilo que você não gosta. Volte-se totalmente para aquilo que gosta, mesmo que o que você gosta ainda não seja o suficiente para você ver graça na vida.

Conversando com um espiritualista - volume I

Filho com deficiência

Participante: vamos dizer que um espiritólogo se depare com pessoas pedindo ajuda relatando a seguinte vivência: meu filho nasceu com deficiência mental. Sempre fiz o bem, mas veja como Deus me retribui. Não acredito em carma de vidas passadas, nem mesmo em Deus depois deste fato. Por outro lado, gostaria de descobrir uma forma de conviver com essa dificuldade.

Já que você não acredita em Deus, só posso lhe dizer que deu o azar de gerar uma criança com deficiência mental, ou seja, uma criança que é dependente de você para tudo. Isso é fato consumado. O que podemos investigar é como se comportar com isso.

Nessa vida – esse é um conceito que usei nas ultimas conversas que tivemos, mas não citei, e que agora vou citar – o ser humanizado nunca tem só uma opção de agir. Você tem sempre várias opções de ações a partir de um determinado acontecimento.

Só que para entender que tem várias opções, você precisa ser fria, tem que ser racional. Não pode ser emotiva. Isso porque deixando-se levar pela emoção, você não consegue descobrir outras saídas e aí fica presa apenas a uma opção.

Usando este ensinamento para o seu problema, eu poderia lhe dizer que você tem uma saída: entregue essa criança para uma adoção. É tão simples. Você não quer cuidar dela, não pode matá-la – até pode, mas não vai querer, porque senão vai para cadeia – portanto, vá a um orfanato, um abrigo e diga: ‘eu não quero essa criança’. Alguém vai pegá-la, alguém vai cuidar dela, mas isso já não é mais problema seu. O seu problema acabou. Você resolveu o seu problema porque não tem mais que cuidar daquela criança. Isso não é uma solução?

Com esta resposta o seu caso estaria resolvido. Mas, você poderia me dizer assim: ‘ah! Joaquim, você é sem coração’. Não, eu não sou sem coração. Eu tenho coração, mas preciso pensar numa saída prática para o futuro desta criança.

Você não tem menor carinho por ela quando ainda é um bebê. Imagine quando ela crescer e os sintomas da deficiência aparecerem mais? É pensando nisso que estou lhe dando esta sugestão...

O que vocês precisam compreender é que a realidade pode ser chocante, mas nem sempre monstruosa. O que estou propondo é algo inédito? Será que nunca ninguém abandonou uma criança porque ela nasceu com deficiência? Claro que sim, isso já foi feito inúmeras vezes e é feito por pessoas que antes não eram tratadas como monstro...

Sendo assim, o que estou propondo é apenas uma solução para o seu problema e para o da própria criança, pois se ela continuar com você que está revoltada com ela o seu futuro será pior do que se estiver num lugar que a amparará.

Esta, portanto, seria uma solução. Claro que não indicaria essa solução como obrigatória, mas sim como uma opção para você pensar no assunto. Além disso, acho que você não se encaminharia para ela. Por que? Porque você já falou em filho.

Repare: mesmo que esteja desiludida pelo fato da criança ter nascido com uma deficiência, há um vínculo entre você e essa criança. Se isso é verdade e se você não tem coragem de entregar essa criança para uma adoção, qual a outra alternativa que sobra? Cuidar dela!

‘Eu não queria um filho deficiente. Acho que Deus foi um sacana, que Deus não ama ninguém, porque eu nunca fiz nada errado, não acredito em outras vidas, mas Ele me deu esse filho’. Se você pensa assim, só tem duas opções: doar ou cuidar.

É a esse ponto que você precisa chegar. Por isso eu falei: é necessária uma análise fria. É preciso saber que você tem outras opções além do ter que sofrer com a situação que se apresenta. Depois, é preciso analisar cada uma delas para ver se para você elas são válidas. Isso pode resolver o seu problema.

O que não adianta nada, o que não resolve a sua situação é você ficar questionando o fato de ter tido um filho com problemas mentais. Isso não vai lhe levar a lugar nenhum. Isso não vai fazer o filho desaparecer ou acabar com a deficiência dele. Isso não vai fazer o seu filho ficar bom; só vai lhe fazer sofrer.

Mais uma vez vou dizer: não estou falando em resignação, estou falando em enfrentar a realidade. Você, que não acredita em Deus, teve uma noite de amor, engravidou e por algum motivo durante essa gravidez seu filho teve um problema e por isso nasceu deficiente. Ponto final! Isso é a realidade, isso não pode ser mudado.

A partir disso, você precisa ver que há diversos caminhos que pode percorrer. Escolha o seu! Tenho certeza que na hora que enfrentar a realidade, você vai fazer a mesma coisa que já faz hoje pelo seu filho, cuidar dele, só que sem sofrer. Hoje você já cuida dele, faz o que tem que fazer, mas fica revoltada pelo fato dele ter nascido assim. É essa revolta que está lhe fazendo sofrer e não o fato de ter um filho assim.

Esse é um conselho que fica para se enfrentar qualquer situação desta vida. Sempre que você tiver um problema, ponha o coração e a emoção a larga e analise todas as hipóteses que tem. Depois de analisa-las, opte por uma dessas hipóteses. Decida sua vida. Viva o que você escolher. Quando você consegue isso, fica em paz, mesmo continuando tendo os problemas.

Quero apenas passar mais um detalhe aos juízes espiritualistas de plantão. ‘Joaquim, você não fala que tudo já é pré-determinado? Então agora como diz para eu escolher o que vou fazer’? Reparem que na pergunta esta pessoa me disse que não acredita em Deus nem em reencarnação. Vocês acham que eu vou usar um argumento desses?

Não posso! Seria querer me sobrepor sobre essa pessoa, seria querer impor uma verdade ao próximo, o que Cristo disse que não devemos fazer. Além do mais, transmitindo algo diferente do que a pessoa já acredita, eu não a ajudaria de jeito nenhum. Esse é o primeiro detalhe: usando um ensinamento diferente da crença de quem lhe procura, você não a ajuda a alcançar a felicidade jamais.

Reparem no que fiz: eu apenas tirei esta pessoa do lamento que ela vive. Até hoje ela cuidou do filho lamentando-se. Quando abri a possibilidade dela doar o filho, levantei uma hipótese viável. Só que essa hipótese não é, mesmo para esta pessoa, moralmente aceita. Digo isso porque se ela tivesse que doar o filho, já teria feito. Foi só depois de levantar esta hipótese é que pude dizer a ela: não adianta, você vai ter que cuidar deste filho. Com isso, o que fiz foi mostrar a ela que o lamento não resolvia problema algum.

Mas, há mais um detalhe que quero mostrar para os juízes de plantão, aqueles que estão sempre procurando incongruências no que os outros dizem. Estou falando que ela deve optar, mas interiormente tenho certeza que qualquer que seja a sua opção, o que acontecerá é o que estava previsto para ela optar. Só isso!

Então, não estou fugindo da minha lógica, não estou fugindo do meu ensinamento: estou adequando o discurso à necessidade de quem está me procurando. Com isso estou servindo ao próximo. Saibam que quando você não adequa o seu discurso à necessidade do próximo, a realidade do próximo, mas quer que ele compactue com o que sabe, você está se servindo dele para mostrar o quanto sabe.

Conversando com um espiritualista - volume I

Monotonia no trabalho

Participante: vamos dizer que um espiritólogo se depare com pessoas pedindo ajuda relatando a seguinte vivência: meu trabalho é monótono. Sou líder, acho que sei coordenar grupos e lidar com metas. Gosto disso. Mas, não é isso que Deus está me dando por enquanto. Tento vigiar meus pensamentos, mas eles furam minhas defesas e me geram um estresse sutil, que é transmitido para as pessoas com quem lido, lhes causando sofrimento. Como posso acabar com isso?

Veja, você acabou de me dizer uma coisa muito interessante: gosto de uma coisa, mas não faço o que gosto. O que você faz? A resposta vem na sua própria pergunta mais abaixo: o que Deus me dá.

Falando desse jeito, posso dizer que você acredita que as coisas da sua vida são dadas por Deus. Sendo assim, se não tem o emprego ou a função que gostaria de te é Deus não lhe deu. Portanto, a partir da sua crença, espere Deus lhe dar o que você quer. Este é o primeiro detalhe.

Se Deus lhe dá um determinado pensamento e esse acaba lhe gerando um estado de espírito de amargura, que é transmitido a outro, lhe pergunto: você é mais forte que Deus? Será que você é capaz de mudar o que Deus lhe dá? Acho que não. Portanto, viva o que Deus lhe dá sem sentir-se amargurado. Ao invés de viver esta amargura, viva o seu amor por Deus.

Segundo detalhe desta questão. Se você fala em Deus dessa forma, acredito que queira aproximar-se Dele. Como quer aproximar-se Dele se nega o que Ele lhe dá? Acha que dá para se aproximar Dele negando o que Ele lhe dá?

O que estou fazendo é lhe mostrando que existe uma incongruência no que me fala. Você me fala em Deus como causa das coisas, inclusive do que você pensa, mas também fala em deixar de ser quem é. Como pode pensar isso, se você mesmo acredita que é Deus quem lhe dá tudo?

Diante desta conclusão, posso lhe dizer que o seu sofrimento não é por causa do que Deus lhe dá, mas porque quer mudar o que Deus lhe dá.

Repare nos detalhes da sua pergunta. Não tenho a profissão que gostaria de ter, mas sei que a minha profissão lhe foi dada por Deus. Não tenho os pensamentos que gostaria de ter, mas sei que meus pensamentos me foram dados por Deus.

Ao reparar nesses detalhes, e se você quer realmente aproximar-se de Deus, ao invés de querer lutar contra o pensamento que tem, mesmo que eles transmitam determinadas posturas emocionais para outros, você deve aceitar o que o Pai lhe dá e, por conta do amor que tem por Ele, não sofrer. Se você quer mesmo se aproximar de Deus e para isso receber com carinho a profissão que Ele lhe dá, você não vai mais sofrer com a profissão que tem.

Portanto, a saída para o seu problema é dizer louvado seja Deus. Não importa o que lhe aconteça, não importa o que está vivendo, louve a Deus e O ame por ser tão generoso com você.

Conversando com um espiritualista - volume I

Passar em concurso

Participante: vamos dizer que um espiritólogo se depare com pessoas pedindo ajuda relatando a seguinte vivência: estudo para concursos, pois quero ser servidor público, mas a aprovação ainda não veio. Sinto tédio, quando preciso enfrentar minha monótona rotina de estudos, ficando o dia inteiro na minha casa. O que posso fazer para parar de sofrer nessa situação?

Você me fala uma coisa muito interessante: estudo para concurso público, mas ainda não veio a aprovação. Ou seja, você vive com a ideia de que um dia será aprovado. A você, pergunto: quando for aprovado, o que acontecerá na sua vida?

Você vai conseguir ter um salário bom. Com esse salário, vai conseguir comprar coisas, se divertir mais, não é verdade. Então, use isso para acabar com o tédio da sua rotina do estudo.

A cada letra, a cada assunto que for estudar, lembre-se: isso é mais um passo para o salário alto, é mais um passo para as coisas que vai comprar e para as diversões que terá. Use a perspectiva de futuro que imagina que vai ter quando passar no concurso para motiva-lo agora a estudar. Ao invés de se entregar a um estudo que é uma obrigação, se entregue a um instrumento do seu futuro prazer.

“Ah! O que acabei de aqui vai cair na prova e por causa deste momento que estou estudando vou ser admitido. Aí terei dinheiro e vou poder comprar um carro, uma casa e uma televisão’.

Se você sente tédio no estudo é preciso se auto motivar para não cair nele. Essa automotivação deve ser realizada criando um foco no futuro benefício que imagina que terá como resultado do que está fazendo agora. Fazendo isso, o tédio e a obrigação somem.

Acho que usando este instrumento que lhe dei você estará mais motivado para continuar a estudar.

Conversando com um espiritualista - volume I

Questionando o espiritólogo

Participante: vamos dizer que um espiritólogo se depare com pessoas pedindo ajuda relatando a seguinte vivência: você tentou me ajudar na minha dificuldade. Disse coisas bonitas, mas impraticáveis. Só os grandes mestres conseguiram. Eu não sou assim, sou um ser humano comum. Você mesmo parece não ter colocado em prática o que acabou de me dizer. Ainda não vejo saída para o meu problema.

Primeiro eu não lhe falei de coisas impraticáveis. Usei coisas que podem ser praticadas, mas se você não quer praticá-las, isso é outro ponto. Mas, porque acha que o que falei não é prático? Porque por ser espiritualista, vive com a ideia de que o espiritólogo deve usar somente os ensinamentos para ajudar os outros, deve usar somente aquelas coisas que você me ouve dizendo, ao invés de trabalhar com a realidade. Acho que durante todas as respostas que lhe dei, você reparou que não é assim que trabalha o espiritólogo. Aliás, lhe agradeço por essas perguntas, pois elas vão servir muito aos espiritólogos.

Eu falei de coisas praticáveis, dei opções que, de acordo da crença humana de agir livremente, podem ser feitas. Se são moralmente, pelas regras humanas de moral, aceitas, isso é outra questão, mas, com certeza são praticáveis.

Além disso, neste momento você me fala que eu não coloco em prática na minha vida aquilo que lhe orientei fazer. Em resposta a isso lhe diria que um diamante não lapidado ainda é um diamante: tem o seu valor. Você não precisa esperar que atinja a perfeição para poder ajudar os outros.

Quem aprendeu a escrever até a letra ‘c’ pode ajudar o outro a escrever a letra ‘a’ e a ‘B’. Não é preciso esperar aprender até a letra ‘z’ para então ajudar. É nessa condição que eu estou aqui falando com você: ‘eu sei escrever até a letra ‘c’; quer que lhe ajude a escrever o ‘a’ e o ‘b’?

Terceiro aspecto da sua questão. Você diz que ainda não vê luz no fim do túnel. Não vou lhe dizer que isso acontece porque você é míope, mas sim que isso ocorre porque você está agarrado à escuridão do túnel que está caminhando. Por causa disso, só vai conseguir ver essa luz quando ela já for muito forte. Aceite, se quiser, a ajuda desse que também está caminhando como você e vamos juntos enfrentar a escuridão desse túnel até chegar ao fim dele. Quem sabe nós dois juntos encontramos a luz.

Conversando com um espiritualista - volume I

Síndrome do pânico

Participante: vamos dizer que um espiritólogo se depare com pessoas pedindo ajuda relatando a seguinte vivência: de uma hora para outra, passei de uma pessoa normal para alguém que é portador do que chamam síndrome do pânico. O que eu faço?

De uma hora para outra você passou de uma pessoa normal para alguém que é portador de síndrome do pânico, ou seja, adquiriu um medo exagerado de tudo.

Como vive uma pessoa normal? De uma forma normal. Uma pessoa normal é aquela que anda, que trabalha, que sai de casa, que passeia, que vai a banco, enfim, que exerce diversas atividades fora de casa. Você já foi assim, não? Agora lhe pergunto: enquanto normal, você teve esses acessos de pânico? Não, mas com certeza já sentiu medo antes, pois a pessoa normal também sente medo, não é verdade?

A pessoa normal pode até ter medo, mas não tem acesso de pânico. Se você já foi normal, como declara, já sentiu medo, mas este não se transformou em pânico. Porque isso aconteceu? Porque nunca lhe aconteceu nada de extraordinário. Porque você nunca correu um risco muito grande.

Por isso posso dizer que a pessoa normal é aquela que sai, mesmo tendo medo, mas como não lhe acontece nada de extraordinário, ela continua a vida. Já a pessoa que tem a síndrome do pânico é aquela que começa a ver extremos perigos em todos os lugares.

Descoberta a diferença entre a pessoa normal e aquele que tem síndrome do pânico e tendo em vista que não me foi relatado nenhum fato extraordinário que possa ter iniciado esta síndrome, eu pergunto: onde você descobriu que existe um perigo iminente e extraordinário? Na televisão, no jornal, no rádio, no caso contado por um vizinho. Ou seja, o ser humano recebe informação que há extremo perigo de diversas fontes.

Agora, me diga uma coisa: onde ocorreram estes acontecimentos? Em diversos lugares afastados entre si. Em outros lugares não aconteceu nada. De qualquer maneira, eles não ocorreram onde você estava. Afirmo isso porque não me foi relatada a vivência de nenhum fato extraordinário que tenha disparado o gatilho da síndrome do pânico.

Por estes motivos posso lhe dizer que o seu problema surgiu porque você se expôs demais a notícias apavorantes que aconteceram em pontos isolados em um curto espaço de tempo. Com isso, a sua mente foi aos poucos criando dragões, monstros e exagerando no medo.

Descoberta a causa da sua síndrome, podemos, então conversar sobre a cura.

Primeiro desligue-se destas fontes que lhe trazem os relatos de acontecimentos perigosos. Depois, comece aos poucos a colocar a cara fora de casa. Vá aos poucos saindo e observe que no seu quarteirão não aconteceu nada naquele dia. O que você precisa é se expor para ver que não está acontecendo nada perto e com isso ir eliminando o medo exagerado que possui. Expondo-se aos poucos ao mundo e sem se deixar influenciar por informações, você vai verificar que o medo continuará, mas o exagero dele acabará.

Você precisa ir trabalhando a sua segurança. Isso se consegue expondo-se e verificando que nada aconteceu. Por isso digo que o caminho para se libertar da síndrome do pânico é ir passo a passo ampliando o seu campo e verificando que está acontecendo nada de extraordinário ao seu redor.

Conversando com um espiritualista - volume I

Traição

Participante: vamos dizer que um espiritólogo se depare com pessoas pedindo ajuda relatando a seguinte vivência: traí meu cônjuge, o fiz sofrer e acho que pequei. Não consigo me livrar da culpa.

Você traiu seu cônjuge e acha que isso é um pecado. Como você fala em pecado, posso direcionar minha resposta à parte religiosa.

Em que parte da Bíblia encontramos informações sobre adultério? Primeiro, quando Cristo diz que você não deve cometer adultério. Vamos analisar este ponto.

O que é adulterar? O que é cometer um adultério? Mudar a verdade, mudar alguma coisa. Adulterar algo é mudar alguma situação. Por exemplo: cometer um adultério é, ao ter traído seu marido, dizer que não traiu. Isso é um adultério, porque você alterou a realidade. Dormir com o outro não é adultério.

Mais: dormir com o outro não é pecado. Pelo menos pecado passível de ser punido. Como Cristo diz a mulher adultera que foi pega no flagrante depois que as pessoas não tiveram a coragem de jogar pedra nela, vá e não peque mais. Ele, que tinha elevação moral suficiente para julgar alguém, se eximiu disso. Como pode, então, outro ser dizer que isso é pecado?

Eis aí o primeiro detalhe na sua resposta: se traiu o seu marido, não falte com a verdade, pois somente neste caso cometerá um adultério, um ato pecaminoso. Agora, será que esse não faltar com a verdade quer dizer que deve chegar em casa e contar para o seu marido? Não! Você não precisa falar, mas não pode negar se for cobrada, pois ai estará cometendo o adultério. Simplesmente omita, não fale nada. Agora, se um dia ele descobrir e vier lhe perguntar, confesse. Não falte com a verdade.

Segundo detalhe: você cometeu um adultério? Não se sinta pecadora. Não se sinta a pior pessoa desse mundo. Não se sinta culpada.

Aconteceu, aconteceu: o que você pode fazer? Depois que cometeu o ato não tem mais jeito, não tem como voltar.

Será que você vai cometer novamente? Não sei, vamos ver... O futuro é amanhã, não hoje. Amanhã você verá se resistirá à tentação ou não. Saiba apenas que hoje não resistiu, mas sobre se amanhã resistirá ou não, não declare nada, pois ninguém sabe como reagirá no futuro.

 É preciso pararmos de tratar outras pessoas, inclusive aqueles aos quais estamos ligados por laço de matrimonio, como propriedade nossa e a nós mesmos como propriedade deles. ‘Eu sou dele e ele é meu, por isso ele não pode ter mais ninguém e eu também não’. Não entrem nessa, senão o que chamam de amor vira um grilhão que escraviza.

Se aconteceu, aconteceu, o que você pode fazer? Já aconteceu, já passou. Na hora você não pensou, se deixou levar e agora isso não importa mais, porque já foi para o passado. O importante é o agora, pois é ele que vai determinar a sua vida daqui para frente. Deixando a culpa dominar agora, amanhã viverá como culpado.

Por isso, invista no agora. Viva o momento de agora sem se comprometer com o futuro, sem imaginar se irá traí-lo no futuro, pois qualquer compromisso que assuma neste momento para o futuro pode acontecer ou não. Se acontecer diferente do que você se comprometeu, neste caso estará cometendo um adultério.

Viva o presente também sem culpas pelo passado, porque como Cristo ensinou, só os que não tem pecado podem julgar. Acho que você não é livre disso para poder se julgar, não é verdade?

Conversando com um espiritualista - volume I

Traição e predeterminação

Participante: vamos dizer que um espiritólogo se depare com pessoas pedindo ajuda relatando a seguinte vivência: tenho várias oportunidades de trair meu cônjuge. Se tudo é predeterminado poderia eu aproveitar essas oportunidades e viver tais experiências? Deus estaria feliz com isso?

Sim, se estiver predeterminado você aproveitará estas oportunidades. Se não estiver, você pode morrer de vontade, mas nunca vai fazer.

O problema quando se fala em predeterminação é que você tem que entender que vai acontecer o que tiver que acontecer. Esta questão serve para você entender que aconteceu o que tinha que acontecer. Mas, este ensinamento nunca vai servir para lhe dizer o que vai acontecer amanhã. Isso porque o que está predestinado para acontecer amanhã, só será conhecido no momento em que estiver sendo vivido.

Então sim, você pode aproveitar as oportunidades que tiver para trair seu marido, se aproveitar, se estiver predeterminado que aproveitará. Só que no momento que aproveitar, você não está fazendo o que quer, mas apenas sendo guiada pela predeterminação. Esse é a resposta a primeira parte da sua pergunta.

Segundo aspecto: Deus fica feliz com isso? Deus não fica feliz nem com isso nem com nada. Isso porque Deus não fica feliz com nada: Ele é a Felicidade. Sendo Ele quem determina o que vai acontecer, o que está predeterminado, e face às propriedades Dele, o que posso dizer é que aquele, e qualquer outro, ato é a Justiça em ação, o Amor Sublime em ação e, também, a Felicidade em ação.

Portanto, Deus não fica feliz pelo fato de você trair ou não seu marido. Ele é a felicidade e por isso tudo o que acontece é resultado da Felicidade de Deus.

Conversando com um espiritualista - volume I

Amor incondicional

Participante: o que significa amor incondicional e como pratica-lo num mundo de tantas injustiças e sofrimento?

O que significa amor incondicional? Amor sem condições, ou seja, quando você apenas ama. Ele não existe quando você ama porque, para que, como, quando e onde.

Quando você apenas ama o amor incondicional existe. Quando você ama porque a outra pessoa lhe faz bem para você, porque aquele homem é bonito, ama porque aquela pessoa é católica ou espírita, etc., neste momento o seu amor não é incondicional, pois houve uma condição para você amar.

Como fazer para amar incondicionalmente num mundo cheio de injustiças? Precisamos investigar um pouco a sua afirmação para podermos responder a questão.

O que é injustiça? É o fruto da análise de um acontecimento humano por um padrão que mostra o que é justo. Ou seja, quando você vê uma injustiça é porque sabe o que seria justo acontecer. Sabendo alguma coisa, esse seu saber criará uma condicionalidade para o seu amar.

Sendo assim, só posso lhe responder que amar incondicionalmente num mundo onde se vê tanta injustiça e sofrimento, o resultado da vivência da injustiça, é impossível...

Acho que já lhe respondi, mas preciso fazer uma distinção entre dois aspectos do mundo humano para lhe orientar melhor. Quero lhe mostrar a diferença entre conhecimento e saber.

Ter conhecimento é você ter informação. Saber é ter certeza de que o que é conhecido é verdade, é real.

‘Eu sei que aquela pessoa é boa, tenho certeza disso’: esta pessoa você amará condicionalmente. ‘Eu sei que aquela pessoa não é boa, eu sei que aquela pessoa faz o mal’: novamente o amor por esta pessoa será condicionado. ‘Disseram-me que aquela pessoa não presta, mas não sei se isso é verdade’: neste caso o seu amor por esta pessoa pode ser incondicional...

Acho que ficou clara a influência do saber no amar. No entanto, quero colocar mais uma coisa. Sendo a condicionalidade do amor gerada pelo seu saber e sendo o amor incondicional a expressão máxima de cristo, posso dizer que o seu saber é um anticristo. O seu saber é aquele que luta contra Cristo. Você quer seguir com Cristo ou aquele é contrário a ele?

Enfim, encerrando, posso lhe dizer que para amar incondicionalmente num mundo cheio de injustiças é preciso que você não tenha dentro de si valores que levem a decretar se o que aconteceu foi justo ou injusto. Só isso.

Vocês precisam se libertar desse lado humano para poder ser o Cristo e poder amar incondicionalmente.

Conversando com um espiritualista - volume I

Evoluindo espiritualmente

Participante: como podemos conseguir evoluir espiritualmente ?

O significado de evolução espiritual é o aproximar-se de Deus. Sendo assim, evoluir espiritualmente é aproximar-se de Deus.

Só que Deus é algo que você nãos sabem o que é, que não tem condições de saber o que é. Este é o problema. Por causa disso pergunto: como se aproximar de algo que você não sabe o que é? Se distanciando do que sabe o que é.

Se você conhece a vida humana, se conhece a forma humana de agir, isso não pode ser Deus, porque você sabe o que é e não sabe o que é Deus. Portanto, para evoluir espiritualmente é preciso se afastar dessas coisas.

Afirmo que Deus não é nada para vocês com fundamento no que os mestres ensinaram. Cristo, por exemplo, diz que só o filho sabe quem é o Pai. O Espírito da Verdade, o grupo de seres que transmitiram os ensinamentos à Allan Kardec diz que para saberem quem é Deus lhes falta um sentido. Portanto, todos foram unânimes em lhes dizer que Deus é nada que vocês possam saber.

Por isso, se não sabe quem Ele é e precisam aproximar-se Dele para alcançar a elevação espiritual, isso só é possível afastando-se de tudo o que você sabe o que é.

Conversando com um espiritualista - volume I

O aprendizado da senzala

Participante: porque seres com o senhor, por exemplo, e muitos outros que hoje são tão sábios e nos passam tanta bondade, tiveram que passar pelo cativeiro?

Para aprender que a felicidade não está nesse mundo.

O que você chama de sabedoria não se trata de ter conhecimento, até porque este conhecimento eu não tenho. O que eu falo aqui está escrito numa ‘folha’ que alguém me dá para ler. Sabedoria é outra coisa...

Sabedoria é aprender a viver essa vida esperando receber na próxima. Isso, como já respondi antes, só consegue quando você se desilude do mundo.

Por isso afirmo que foi na vida da senzala que aprendi a buscar a felicidade não neste mundo. Quando nos momentos em que eu, mesmo me sentindo um homem, era tratado pior que um animal, pude me desiludir com a raça humana. Com isso me dediquei à raça espiritual e assim alcancei a sabedoria.

Conversando com um espiritualista - volume I

O mundo atual e a evolução espiritual

Participante: sabendo que estamos sempre evoluindo, por que parece que está tudo cada vez ficando pior?

Porque a evolução só é alcançada quando os acontecimentos deste mundo aparentemente estão pior.

Por que digo isso? Vou explicar...

Já me perguntaram sobre o que é evolução espiritual? Àquela oportunidade disse que evolução espiritual é aproximar-se de Deus. Disse também que para vocês que encarnam neste mundo isso é realizado através do abandono das coisas materiais. Por isso afirmo agora: quanto mais a coisa humana está “pior”, maiores são as oportunidades de você se aproximar de Deus.

Deixe-me contar um segredo: você só vai buscar a Deus quando se desiludir do mundo humano. Enquanto estiver iludido pela possibilidade das coisas deste mundo ficarem ‘boas’, você não ai querer virar as costas para as coisas materiais.

Imaginar que pode ter o prazer de viver aquilo que deseja: esse é o grande argumento que não lhe deixa buscar a Deus. Como são instigados a procura-Lo, mas não querem abrir mão desta pretensão, criam um deus para poder servir. Servem a este deus humanizado, criado com ideias humanas, e com isso imaginam que estão se aproximando do Deus.

Isso acontece porque você ainda acha a vida humana boa, ainda acha a vida humana importante, ainda acha a vida humana algo sagrado. Ela não é nada disso... O lado humano não tem nada de bom, de importante ou de sagrado. A vida humana é apenas aquilo que é criado para a provação do espírito, é a tentação que o espírito precisa vencer para aproximar-se de Deus...

Por isso, a vida humana precisa ser tratada pelo ser humanizado, pelo espírito encarnado, com seu real valor para que ele aproveite a oportunidade que está tendo de evoluir. Qual é o real valor da vida? É uma encarnação, é uma oportunidade para o espírito provar a si mesmo que entendeu que precisa aproximar-se de Deus. Quando a vida humana tiver este valor, você, automaticamente, se desilude dela...

É por este motivo que cada vez mais que o mundo encarnatório avança, as coisas ficam mais difíceis, o prazer de se viver o que quer é mais dificilmente conseguido. Com esta forma de ser o mundo está ajudando o espírito a se libertar da busca humana, do lado humano.

Conversando com um espiritualista - volume I

Vibração das plantas

Participante: qual a importância do poder da vibração das plantas ?

NOTA: Esta pergunta é da mesma pessoa que questionou sobre a moratória concedida por Cristo.

Esta sua pergunta é um grande exemplo da mensagem final que lhe deixei na questão anterior. Você sabe o que é vibração? Não, não tem a mínima ideia. Vibrar para você é o que acontece quando bate em alguma coisa e esta tem uma ligeira movimentação. Só que a vibração da planta a que você se refere na sua pergunta não tem nada a ver com isso.

Aliás, planta não vibra. O que vibra são os elementos espirituais que estão dentro dela. Como eles não são perceptíveis por vocês, posso dizer que não têm a mínima ideia do que sejam...

Portanto, veja o que lhe disse numa pergunta anterior (sobre a moratória concedida por Cristo): vocês estão perdendo tempo querendo descobrir alguma coisa quando nada há a ser descoberto. Cristo ensinou assim no Evangelho de Tomé: quando você se reconhecer como o filho de Deus, tudo lhe será revelado. Portanto, não busque compreender nada, querer saber nada, mas busque ser filho de Deus e ao ser receberá uma revelação sobe o que precisa conhecer.

Buscar ser filho de Deus é viver em Deus, com Deus e para Deus. É estar vinte e quatro horas ao lado de Deus, é manter uma relação amorosa com o Pai, ou seja amá-lo e ao mesmo tempo sentir-se amado por Ele. Por isso concentre suas energias nesse objetivo e deixe para os sábios, para aqueles que querem se tornar sábios a busca do conhecimento.

Conversando com um espiritualista - volume I

Não matar

Participante: se Moisés escreveu os dez mandamentos inspirado por Deus, porque dizia não matar, não roubar, etc. e em nossos estudos vemos que estes acontecimentos são necessários? Ou fui eu que não entendi?

É bem típico de você, moça: colocar a culpa em si mesma...

Não foi você que não entendeu. Eu realmente sempre disse que devem haver assassinatos, apesar desta afirmação ser contrária à Lei de Moisés. Mas, vamos entender isso com calma...

Antes, deixe-me falar uma coisa. Moisés, ao descer do monte Sinai trouxe os dez mandamentos e neles estava contida a declaração que não se deve matar. Isso faz parte do Velho Testamento. Acontece que no Velho Testamento se diz também que o Salvador, o Messias viria depois e iria guiar o povo para a liberdade. Este Salvador, Messias, é o Jesus incorporado com Cristo.

Durante a missão Jesus Cristo, com respeito aos mandamentos de Moisés foi ensinado o seguinte: eu não vim para quebrar a lei, pois dela não se tira uma vírgula ou um ponto, mas sim para dar um novo sentido a lei. Sabendo disso, você deve imaginar que continua sendo proibido matar, mas que há uma nova interpretação para esta lei...

Está surpresa por eu falar assim? Está se perguntando porque já falei tantas vezes que não se deve julgar o assassino e agora venho dizer que o assassinato é proibido? A resposta a esta sua dúvida seria: uma coisa é uma coisa, outra coisa, é outra coisa...

Continuo afirmando que é proibido matar, como Cristo também disse, mas afirmo que esta lei precisa ser cumprida de outra forma, como o mestre também ensinou. Vamos tentar entender isso...

A lei de Moisés é coercitiva. Ela diz: não faça isso e exige de forma coercitiva que aquilo não seja feito. Cristo não é coercitivo. Isso fica bem claro quando ele afirma: venha para mim porque meu jugo é leve. Por isso ao invés de usar a coerção para se cumprir os mandamentos, o mestre usou o amor.

Amar: este é o novo sentido que Cristo trouxe para se aplicar à lei de Moisés. Não deixe de fazer alguma coisa por obrigação, mas ame para não fazer. Este é o sentido que Cristo deu aos ensinamentos dos profetas...

Quando você entende isso, verá que está escrito que não deve matar, mas compreenderá que deve não fazer isso por obrigação, não para cumprir o texto da lei, mas por amor ao próximo. Este é o sentido que complementou a lei de Moisés.

Então, a lei de Moisés continua existindo, mas com a ressalva: para cumprir os mandamentos ame a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo ao invés de cumprir o que é preconizado pela lei por conta do medo da punição ou pela obrigação de não fazer. Quando você ama da forma ensinada por Cristo, faça o que fizer, não infringe a lei, não se tornar um matador. É isso que quer dizer o ensinamento de Cristo.

Quando oriento vocês a não julgar aquele que mata, estou atendendo exatamente a este requisito trazido por Cristo: ame a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Faço isso para que você não fira o mandamento, para que não se torne um pecador...

É, quem mata alguém pela lei de Moisés pode ser considerado um pecador, mas quem critica, acusa, julga e calunia o matador ou qualquer outro ser por qualquer outra coisa, pela lei de Cristo está cometendo também um pecado. Como não existem diferenças entre pecado, um é igual ao outro. Não existe, aos olhos de Deus, diferença entre matar e criticar...

Portanto, nunca disse que você deve matar alguém. Nunca disse que deve ser livre o ato de matar alguém. Quando falo sobre assassinatos, estupros ou fazer ‘mal’ a alguém e oriento a não criticar quem faz estes atos, o faço no sentido de orientar você a não julgar quem fez e com isso lhe ajudo a cumprir o que foi determinado por Cristo.

Todos os argumentos que uso quando falo de acontecimentos que são considerados como maldade pelos seres humanizado não tem a finalidade de justificar o acontecido. O que faço é trazer elementos para que você se liberte da obrigação de julgá-los, para que se liberte do julgamento que a mente cria quando este acontecimento ocorre.

Eu já disse centenas de vezes que o importante para a aproximação de Deus não é aquilo que se faz, mas o que se vive internamente enquanto o acontecimento ocorre externamente. Quem mata com amor no coração não merece castigo. Merece sim aquele que que mata com acusações, julgamentos, críticas e calúnias no coração.

Esse matar a que me referi agora não precisa ser tirar a vida, mas apenas levar o outro ao sofrimento. Quem promove as condições para que o outro sofra, comete um pecado maior do que aquele que tira a vida com amor no coração, pois não cumpriu os ensinamentos de Cristo: não amou a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo...

O que estamos falando aqui é de mais um ensinamento de Cristo: o importante não é o que sai pela boca, mas sim do coração. As orientações que deixo quando falo de acontecimentos deste tipo têm a finalidade proteger o seu coração. Por isso digo que mesmo que determinada pessoa, espírito encarnado, tenha matado com ódio no seu coração, você não deve ter ódio no seu coração por ele. Tendo, estará infringindo a mesma lei que ele.

É isso que eu sempre quis dizer e que precisamos entender. Como já afirmei, a Bíblia é uma coisa só. Não dá para ler as dez leis de Moisés separadamente do resto, pois, mais à frente Cristo dirá que há uma outra interpretação para esta lei e depois ainda Paulo dirá que Deus não atende aqueles que cumprem a lei, mas àqueles que tem fé.

Acho que foram estes detalhes que levaram você a não compreender perfeitamente o que eu digo. No entanto, quando isso aconteceu, não foi porque você errou, como costumeiramente a sua mente cria esta ideia sobre si mesma. Não se julgue...

Conversando com um espiritualista - volume I

Livre arbítrio

Participante: qual a melhor definição para livre arbítrio? Será que ele existe?

Não existe pior nem melhor; só existe uma definição para livre arbítrio: é a liberdade de optar, de fazer a opção. Trata-se de ter o arbítrio a opção, livre.

Será que ele existe? Sim. O livre arbítrio existe. Agora, quando falamos isso, precisamos nos lembrar de alguns pontos para termos a verdadeira compreensão do que está sendo dito.

Primeiro: o ser humano é apenas uma personalidade criada para o espírito viver provas. É o gerador das provas. Sendo assim, o ser humano não existe na realidade real. Ele é apenas uma identidade ilusória ao qual o espírito se liga durante determinado tempo da sua existência eterna e só existe no mundo ilusório. Por isso, essa personalidade não pode ter livre arbítrio, não pode ter liberdade para optar.

Levando em consideração os seres humanos que estudam em escolas, posso dizer que seria muito bom se ao fazer suas provas, esses estudantes pudessem dizer ao seu professor sobre o que quer responder, não é mesmo? Só que isso invalidaria a própria prova, pois o estudante não estaria provando o que precisava para a aprovação. Como o que acontece ao ser humano é a prova do espírito, ele não pode alterar nenhuma acontecimento. É por isso que o ser humano não pode ter livre arbítrio.

Por isso afirmo que o livre arbítrio existe e ele é do espírito, que é aquele que existe no universo. Esse livre arbítrio é amplo e irrestrito, ou seja, Deus não obriga nada ao espírito: todas as provações que ele vive são fruto do que ele pede e é resultado da forma como ele vivencia o que pede.

Esta informação está em O Livro dos Espíritos, no capitulo que fala da escolha das provas (pergunta 258). A pergunta é: O espírito sabe o que vai lhe acontecer na vida? Sim, porque ele escolhe antes da encarnação o gênero de provas pelo qual quer passar e nisso se consiste o seu livre arbítrio.

Já na questão seguinte (258a) se pergunta: quer dizer que Deus não obriga a nada? O Espírito da Verdade diz: Não. Dando ao espírito o direito de escolha antes da encarnação, ele assume a responsabilidade do que pelo seu futuro.

Só que além deste livre arbítrio, há ainda outro. Este está informado na pergunta 851 de O Livro dos Espíritos: quanto ás questões morais, o espírito é livre para optar entre o bem e o mal. Esta liberdade não está no fazer, como, aliás, é deixado bem claro nesta questão, mas na escolha em como viver aquilo que acontece.

Eis aí, os dois livre arbítrio que o espírito possui e por conta destas informações é que lhe respondo: sim, o livre arbítrio existe. Se ele não existisse, os espíritos seriam fantoches de Deus.

O espírito não é fantoche de Deus, porque tem o livre arbítrio. Ele tem a liberdade de optar pelas suas provas, pois Deus não o obriga a fazer nada. Tem, ainda a liberdade de responder às questões que pediu da forma que quiser.

Conversando com um espiritualista - volume I

A criação mental

Participante: o que é criado pela mente: os acontecimentos da vida ou o que fazemos deles? De outro jeito. As oportunidades/ameaças são oferecidas pela vida ou são criadas pela mente? Tentando explicar como entendo: O acontecimento é dado pela vida, o conceito oportunidade/ameaça é dado pela mente.

Respondendo-lhe, não há mente e vida separadamente. O que há é vida gerada pela mente. Só que diferente do que você imagina, a vida gerada pela mente não é o que acontece, mas o que é pensado.

Digo isso porque se usar os termos vida e mente vida como você está usando na sua pergunta, eu vou criar dois elementos distintos: um mundo externo que acontece e uma mente que convive com esse mundo externo. Isso é ilusão. Não existe.

Tudo é criado pela mente, inclusive o que você chama de mundo externo. Esse mundo que você chama de externo é uma geração mental, é uma imagem feita dentro de você mesmo, não fora.

A partir dessa separação só posso lhe responder que tudo que você tem é gerado pela mente. A oportunidade ou a ameaça, é gerada pela mente. Não existe mais ninguém que gere. Como o Espírito da verdade ensina: vá sempre decompondo as coisas que chegará à origem das coisas.

O que está por traz da mente? Deus. Então, tudo é gerado por Deus.

Conversando com um espiritualista - volume I

Ausência de desdobramento

Participante: a ausência de desdobramento quando o corpo espiritual sai do corpo físico, é sinal que a mediunidade parou de desenvolver e que está havendo um afastamento dos caminhos da luz?

Não; é sinal que a sua mente não trouxe para o consciente o que aconteceu durante o desdobramento.

Sair do corpo o espírito sempre sai. Até porque, ele não está dentro, mas sim ligado ao corpo. Sendo assim, na verdade você só sabe o que aconteceu no desdobramento quando o espírito que está fora do corpo consegue através da mente dar a consciência do que aconteceu fora da carne.

O espírito está sempre desdobrado: esse é o aspecto que você não levou em conta na sua pergunta. Além disso, você tem claramente um problema: acha que você é a mente e que tem um espírito que está em algum lugar esperando que morra para que incorpore nele.

Posso afirmar isso porque você me disse que o espírito sai do corpo. Que espírito é esse que sai de você? Você é o espírito e não a mente, não o corpo. O corpo é só matéria orgânica...

Por causa desse seu problema, quero lhe dizer algo: você precisa repensar na ideia de quem é você. Digo isso porque enquanto achar que tem um espírito, você é um humano. Sendo humano, vai viver preso a tudo o que a sua mente disser e quando ela não lhe disser que fez alguma coisa enquanto estava inconsciente irá achar que não fez nada

Portanto, como vocês falam, o buraco é mais embaixo. Ao invés de se preocupar por não se lembrar do desdobramento, procure se conhecer, procure identificar-se neste relacionamento com a vida. Enquanto não se identificar como um espírito vivendo uma jornada humana não irá para luz.

Para chegar a esta luz que você afirma querer alcançar, é preciso que se saiba como um espírito vivendo uma aventura humana e não como um humano que tem aventuras espirituais. Isso porque para os espíritos luz é uma coisa, mas para os humanos luz é aquilo que aparece quando você aperta o botão. Sendo humano, você não tem a mínima ideia do que seja a luz do mundo espiritual e nem pode saber.

Conversando com um espiritualista - volume I

Magia negra

Participante: o que você poderia nos dizer sobre a magia negra?

Sei que vocês imaginam que a magia negra tem algo a ver com espiritualidade, mas, na verdade, é um elemento humano. É uma atividade exercida por espíritos (levar e trazer energia), mas é uma atividade humana. Vou tentar explicar esta afirmação...

A prática da magia negra é uma atividade exercida por espíritos, mas os que exercem esta atividade são espíritos subordinados à humanidade. Mesmo que eles estejam sem carne, ainda agem e pensam como seres humanos. Por isso afirmo que a magia negra é um elemento humano.

Como se trata de um elemento humano, a magia negra só pode durar enquanto durar a ligação com a humanidade. Quando o espírito se liberta da humanidade, qualquer aspecto da magia negra (a prática o efeito de ter recebido) se extingue.

Apesar de humana, a magia negra também está no universo, é universal, pois tudo ocorre neste lugar. Sendo assim, ela precisa estar subordinada aos mesmos aspectos que qualquer outra atividade universal. Ela tem que estar subordinada à lei do carma, ao ensinamento que afirma que Deus dá a cada um segundo as suas obras.

Com essa visão temos que compreender que a magia negra pode acontecer na existência de qualquer espírito, mas isso só ocorrerá para quem precisa e merece. A magia negra não pode atingir qualquer um, mas por conta da sua subordinação à lei do carma, só pode gerar efeitos naqueles que precisam e merecem estes efeitos. Mais: se Deus não é carrasco, o efeito da magia negra não é uma penalidade, um castigo, mas uma prova, uma nova oportunidade de elevação...

Portanto, se você não deve nada, fique tranquilo: nada vai acontecer com você que seja causado por uma magia negra. Cristo, um enviado por Deus para trazer ensinamentos aos seres humanizados, não pode ensinar que Deus dá a cada um segundo as suas obras e depois um ser humano qualquer ou um espírito qualquer, quebrar esse ensinamento. Isso não tem lógica. Acreditar que alguém pode lhe fazer mal sem que mereça, para mim, é uma blasfêmia...

Voltamos, portanto, ao mesmo ponto que tenho falado muito recentemente: o que é Deus para você? O que Deus representa na sua existência? É preciso que cada um pense muito nisso: o que Deus representa para você. Além disso, também devem pensar muito sobre o que os mestres representam para vocês.

Acabei de mostrar que acreditar na magia negra fere frontalmente um ensinamento de Cristo. Além desta crença, existem muitas que vocês possuem e que ferem ensinamentos deixados pelo mestre. Por isso, pergunto: o que adianta se dizer que é cristão se na hora da vivência dos acontecimentos de sua existência os ensinamentos de Cristo não valem nada para você?

É a partir dos ensinamentos dos mestres sobre Deus que você deve aplicar valores ás coisas da vida humana. Se você vê Deus como Senhor do Universo, aquele que foi ensinado pelos mestres, quando se deparar com uma questão como a da magia negra, ao invés de temer, dirá: ‘Deus vai dar a cada um segundo as suas obras; por isso vou ficar tranquilo’.

Quando você alcança esta visão, o medo desaparece. Você pode continuar o seu trabalho nesta encarnação (viver os acontecimentos que lhe são apresentados pela vida) e a possibilidade de ser ferido não mais atrapalhará esse trabalho.

Agora, se para você Deus é humano, ou seja, é alguém que está sentado num trono no céu, rezando para deus para que o que Ele pediu aconteça, o que Ele quer aconteça, nesse caso você tem que ter muito medo da magia negra. Porque? Porque aí você merece receber os efeitos deste trabalho.

Receberá estes efeitos para ver se você acorda. Para ver se você começa a compreender que diz que ama a Deus, que Ele é tudo na sua vida, mas ainda acha que alguém pode lhe atacar sem que mereça. Para ver se você compreende que usa uma cruz no pescoço, mas Cristo não está no seu coração.

Conversando com um espiritualista - volume I

Previsões de futuro

Participante: ouvi do senhor em umas de suas entrevistas, e também do Pai Joaquim de Angola, que o passado e o futuro não existem, somente o presente. A partir disso, lhe pergunto: o que o senhor poderia me explicar sobre as previsões de acontecimentos futuros que são ditas e confirmadas por entidades, com o intuito de proteger os seus filhos?

O que posso lhe responder é que são previsões passadas por entidades que podem dar certo ou não.

Veja, não existe nenhuma entidade que nunca tenha falhado em suas previsões. Todas as entidades com certeza um dia fizeram uma previsão e falharam, não aconteceu o que elas previram. Por que isso acontece? Se a previsão existe, como você mesmo diz, para proteger os seres humanizados, como pode uma entidade falhar? Porque a própria previsão de uma entidade é uma provação para os seres humanizados.

Tudo que acontece neste mundo é uma provação, porque não existe vida, mas sim encarnação. Sendo assim, as previsões que as entidades fazem, antes de ter a finalidade de gerar qualquer proteção, têm a finalidade de gerar uma oportunidade para o ser encarnado evoluir.

O que está sendo provado através da previsão da entidade? Em primeiro lugar ela serve para ver se você se prende a necessidade da previsão dar certo para amar aquela entidade. Serve para ver se você amará a entidade acima das previsões que ela faz. Serve, também, para quando o que foi previsto não der certo, ver se você vai criticar, julgar ou condenar a entidade. Além disso, serve, ainda, para se acontecer da previsão der certo, ver se você vai idolatrá-la, vai dar a ela a causa primária do que aconteceu.

Todas as previsões de futuro, feitas por quem quer que seja, só tem essa função: gerar provações ao espírito encarnado. Algumas podem dar certo outras não, mas em todos os casos o resultado não tem nada a ver com a sabedoria da entidade, mas sim com a prova dos espíritos que as recebem.

Mesmo que as previsões deem certo, isso não quer dizer que aquela entidade é potente ou sábia. O que acontece na existência humana de um ser não pode ser alterado por nada nem ninguém. Por isso, o que aconteceu não tem nada a ver com a previsão feita pela entidade, mas aconteceria de qualquer forma, tendo a entidade dita à previsão ou não.

O que saliento sempre sobre o viver a vida humana é a necessidade de viver o agora. Se agora a entidade está lhe fazendo uma previsão, viva o agora: viva a previsão que está sendo feita e não a expectativa do que está sendo previsto. Quanto ao que está sendo previsto diga para si mesmo: ‘pode acontecer e pode não acontecer, por isso não vou me apegar a ideia de que irá acontecer fatalmente’.

Conversando com um espiritualista - volume I

Rituais e oferendas

Participante: gostaria de saber se, em eu não acreditando em rituais e oferendas, quando for realizar o trabalho mediúnico necessito seguir o que o guia espiritual pede? Devo fazer porque ele acredita ou necessita, mesmo achando desnecessária a prática de todos os rituais?

Há um detalhe por trás dos rituais e oferendas que, como sempre, precisamos conversar antes de lhe dar uma resposta.

Lembro que nós fizemos um estudo chamado Senhor da Mente. Nesse estudo, que foi feito a partir do Bhagavata Puranas, o ensinamento de Krishna é fundamentado na seguinte ideia: nada do que existe é real, trata-se apenas de uma criação da mente. Antes deste estudo, tínhamos, também estudado o Avadhut Gita (estudo ‘Unidade’) onde também e dizia que nada deste mundo é real.

Pois bem, por diversas vezes depois que acabava a conversa, a pessoa que me auxiliava dizia que não estava se sentindo bem. Isso ocorria muitas vezes como consequência das energias que se faziam presentes. Esta pessoa, então, incomodada me perguntava o que fazia para melhorar-se. Eu respondia: põe um copo de água com sal grosso embaixo da cama que você vai se sentir melhor.

Essa pessoa, então, ficava chocada. ‘Você acabou de dizer que tudo não existe e agora vem me dizer para colocar um copo com água e sal grosso debaixo da cama? Para que preciso fazer isso’? Eu respondia então: ‘porque os espíritos que lhe atendem acreditam que existe’.

Você precisa entender uma coisa: você pode não acreditar nos rituais, e acho que está certa neste aspecto, pois o que importa é seu amor a Deus e ao próximo e não o ritual, mas o seu mentor precisa. Se ele pede os rituais para realizar alguma coisa espiritual, ele necessita destes elementos materiais. Por isso lhe digo: por amor a ele e mesmo sem acreditar nas coisas materiais, faça, se fizer.

Nós estamos juntos com esse grupo há mais de quatorze anos. Durantes este período várias vezes dissemos que era preciso fazer determinada coisa e eles não fizeram. Será que por causa disso alguma vez dissemos que eles estavam ferrados, que sofreriam a consequência por não terem feito o que dissemos? Nunca...

Nenhum espírito pode fazer qualquer coisa contra você, se você estiver vivendo o amor: o amor ao próximo e o amor a Deus. Portanto, por amor ao seu mentor, se ele pedir, faça, ou não faça e tenha a certeza absoluta de que jamais, se estiver realmente fazendo por amor a Deus e por amor ao próximo e não porque você acha que não deve fazer, não se preocupe, pois nenhum espírito poderá lhe atacar por isso.

Só para completar, as oferendas ou qualquer outro elemento material, não existe na forma que vocês conhecem. São energias espirituais, fluido cósmico universal que são percebidas pela mente humana daquela forma. Por isso, não importa se você coloca uma flor ou um cocô: é tudo a mesma coisa.

Por este motivo lhe digo que você não precisa se prender a ter que fazer rituais. Além do mais, como já conversamos, a energia não pode influenciar o espírito, mas o espírito sim, como está em O Livro dos Espíritos, age sobre a energia. Essa ação é uma imantação energética, imantação sentimental.

Quando você faz uma oferenda por obrigação, imanta aquele objeto – na verdade é o fluido cósmico universal que está sendo percebido como aquele objeto que está sendo imantado – com a sua intenção. Quando faz por amor a Deus ou ao próximo – amor a Deus como já conversamos, a entrega da intencionalidade a Deus – você está imantando aquele objeto com o amor universal.

Portanto, lhe respondendo definitivamente, digo que a questão de oferenda, em qualquer nível, não está no oferecer ou no que se oferece e também não está no que se faz, mas sim na forma como você imanta aquilo que está oferecendo. Se imanta com amor egoísta ou seja, querendo ganhar algo ou porque acha certo fazer, aquela oferenda será utilizada para uma atividade; se a imanta com amor universal, aquela oferenda poderá ser usada para outra atividade.

Conversando com um espiritualista - volume I

Encontrando afins

Participante: gostaria de fazer perguntas, mas fazer perguntas é duvidar, é confrontar o que diz ao que aprendemos antes. Mas, não tem outro jeito, preciso dirimir algumas dúvidas. Por exemplo; se não existe uma cidade espiritual, vale dos suicidas e já que tudo isso é criação da mente, como André Luiz, se achando um cara bom, nem acreditava em umbral, nem sentia culpa de nada, foi parar em lugares de tanto sofrimento até ser resgatado? Cito-o, como um dos casos que li.

Fique à vontade: fazer perguntas não é duvidar do que eu falo. É buscar mais elementos para criar uma lógica humana, como no caso da pergunta que me faz agora.

Na sua pergunta você me questiona porque alguém achando determinada coisa acabou vivendo outra. Me pergunta porque se uma pessoa crê em determinada coisa, como foi viver outra? Está falando isso baseado na lógica humana, ou seja, acreditando que tudo que alguém acha vai ser sempre a base para o desenrolar de acontecimentos futuros. Essa lógica não existe.

A mente é o resultado do faça-se de Deus e este não se prende a lógica nenhuma. É por isso que numa idade você gosta de uma comida e em outra não gosta. É por isso que numa hora você acha bom uma coisa e em outra não acha.

A mente humana não tem lógica. Ela é criada por Deus a cada presente com tudo que é necessário, para naquele presente o espírito ter a prova que deveria ter naquele momento. Nada mais que isso.

Então veja, a sua pergunta só existe, e veja como ela é importante, porque você ainda está apegada a uma ideia de que o ser humano pensa sempre preso a uma lógica. Não! Isso não é real. O ser humano não pensa, o pensamento lhe é dado e este pensamento não se submete a lógica nenhuma. É aquilo que é preciso no momento.

Conversando com um espiritualista - volume I

Carma de um país

Participante: é possível falar algo sobre o carma de um país como o Brasil?

Nenhum carma é de um país. Eles são sempre dos espíritos que encarnam num país, pois carma é o resultado de uma ação anterior e isso só é praticado por espíritos.

Na verdade, a realidade de um país é moldada de acordo com o carma dos espíritos que habitam nele. Exatamente por isso Paulo quando ensina: respeite os governantes, porque eles são escolhidos por Deus para vocês.

Portanto, esse é o carma de um planeta: o carma comum de um grupo de espíritos. Ele não é do país, mas sim dos espíritos. O país é apenas um grupo de espíritos afins, ou seja, que possuem um carma comum.

Agora, você quer saber o carma do Brasil? Observe o Brasil, veja como as coisas acontecem por aqui...

Neste país tem corruptos? Tem. Então, este é um carma que os espíritos que aqui encarnam possuem.

Quer saber se tenho razão? Verifique como vivem os espíritos que aqui encarnam. Nas suas existências, no dia a dia de suas vidas, os espíritos que encarnam no Brasil são corruptos? Sim, eles gostam de levar vantagens indevidas nos acontecimentos. É por isso que vivem num país onde existe a corrupção... Estes espíritos merecem passar por um carma de serem roubados.

Quer um exemplo da corrupção de vocês? Se um guarda lhe parar no meio da rua normalmente o ser humano brasileiro aceita a multa ou dá um dinheiro para o guarda para gastar menos?

Quer outro exemplo? Quando chega a hora de fazer o imposto de renda, se houver algum meio de pagar menos, mesmo que seja ilícito, o brasileiro vai usar deste meio? Claro que vai! Então, ele é corrupto e por isso você merece ter um governo corrupto.

A forma de viver de um país é sempre o resultado do carma dos espíritos que nele habita. Na verdade, é o resultado da posição que o espírito ocupa no mundo espiritual antes de encarnar, ou seja, dos gêneros de provações que ele ainda precisa realizar para se depurar.

Sendo assim, o ser humanizado deveria estar concentrado em vencer a si mesmo, as suas tendências. O problema é que na hora em que o espírito tem sua prova, ele a desperdiça julgando e condenando outros...

O presidente do Brasil está atento à saúde e educação? Não. Isso não é falha dele, mas resultado do carma dos espíritos que aqui encarnam. É aquilo pelo qual vocês precisam e merecem passar. Portanto, deveriam se concentrar em melhorar. Só que utilizam o tempo para julgar, condenar e criticar o presidente... Estou usando aqui a mesma lógica que usei quando falei sobre a questão das injustiças do mundo.

Se a situação do país é resultado do carma dos espíritos que nele encarnam, com o planeta acontece a mesma coisa. Se a situação atual do planeta está ruim, conturbada, isso faz parte do carma de todos os espíritos que aqui encarnam. Sendo assim, este é um grande momento para cada um se mudar.

É uma grande oportunidade para o ser humanizado abrir mão do planeta, abrir mão de consertar o planeta de acordo com suas crenças, abrir mão de tornar o planeta um lugar mais agradável ao seu conjunto de verdades e quereres e voltar-se para Deus, aproximar-se de Deus.

Ter uma oportunidade de mudar-se: essa é a função do carma. O carma não existe para penalizar ninguém. Ele é uma situação positiva ou negativa que deve servir aos espíritos como uma grande oportunidade de abrirem mão da humanidade e aproximarem-se de Deus.

Conversando com um espiritualista - volume I

Merecer a cura

Participante: o que uma pessoa precisa fazer para ser curada de uma doença?

Merecer.

Se tudo o que acontece nessa vida é carma, se você não tiver o carma da doença ou o de se curar da doença, jamais vai se curar. Esse é o primeiro ponto. Só que Cristo nos deu um ensinamento muito grande a esse respeito, mas que foi pouco compreendido até agora. Vou aproveitar a oportunidade desta pergunta e falar dele.

Ele disse assim: ‘alguém tocou na minha capa e se curou. Uma mulher lhe disse: Senhor fui eu, eu toquei na sua capa e o Senhor me curou. Ele respondeu: não fui que lhe curei; quem curou foi a sua fé’.

Por conta deste ensinamento do mestre se imagina que basta ter fé para curada. Só que esta fé é deturpada pela mente humana. É por isso que muitos têm fé que vão ser curados e acabam não sendo. Por isso precisamos analisar o ensinamento de Cristo.

Para analisa-lo, precisamos nos atentar no que Cristo disse. Ele falou: a sua fé lhe curou. Ele não disse que a fé em ser curada, curou, mas que foi a fé em Deus que curou. Este é o verdadeiro ensinamento: a fé em Deus pode lhe ajudar a se curar...

Só que na questão da fé há um detalhe que vocês não levam em conta. Fé é entregar-se com confiança e sem condicionalidade ao objeto da fé. É entregar-se totalmente com uma confiança cega àquele pelo qual se nutre a fé.

Voltando ao ensinamento de Cristo e usando o que entendemos como fé, posso dizer que a fé que curou a mulher que tocou na capa do Cristo foi a entrega absoluta a Deus sem exigir nada dele. Ou seja, a fé que levou a mulher a ser curada não exigiu que a cura ocorresse para existir...

Desta análise tiramos a grande lição para o merecer ser curado; entregar-se a Deus sem exigir que a cura aconteça, sem esperar que seja curado. Quem tem fé em Deus não precisa ser curado, porque já tem a fé: ele já se entregou a Deus e quem está com Deus não precisa de mais nada... O ser que tem fé não precisa do milagre da cura para se ter a fé.

Quando você tem fé, já não importa mais se será curado ou não. Sendo assim, a fé é o instrumento para se merecer a cura, mas ela não se caracteriza pela esperança de ser curado, mas sim pela entrega total com confiança absoluta em Deus. Quem tem essa confiança não exige nem espera nada do Pai, mas recebe tudo o que viver em paz e harmonia, inclusive a doença.

Só para resumir a questão da fé, há uma historinha que contamos que ilustra bem a entrega do ser humano aos desígnios de Deus, ou seja a fé humana. Um homem estava escalando uma montanha e escureceu. Ele estava escalando preso a uma e depois que ficou de noite e ele escorregou e caiu. Ficou preso pela corda balançando no vazio. Como estava muito escuro, ele não via nada embaixo...

Ali estava o homem segurando aquela cordinha com um medo desgraçado de morrer. Neste momento se lembrou de Deus. Gritou aos céus em oração: Deus me ajude. Neste momento ouviu o seguinte: largue a corda. Ele olhou para baixo e não viu nada, apenas o vazio...

Esse homem foi achado no dia seguinte morto segurando a corda a alguns centímetros do chão...

Ter fé é largar a corda. É confiar, é se entregar, é se jogar no escuro. Se a fé, ainda tem um motivo para existir ou está fundamentada numa esperança de receber algo, não é espiritual, mas sim humana.

Conversando com um espiritualista - volume I

Origem dos terráqueos

Participante: alguns estudiosos espiritualistas dizem através dos mestres que os espíritos que habitam a Terra desde o início vieram de outros planetas, onde já existiam vidas. E os corpos físicos terrenos, inclusive dos animais que habitaram muito antes, vieram de onde?

O corpo físico foi criado nesse planeta, com a matéria desse planeta: tu vieste do pó e ao pó retornará.

Na verdade não é pó, porque você não foi feito de barro. Na verdade é oxigênio, nitrogênio, sais minerais, etc. Você é formado pela soma das coisas que existem neste planeta.

Sei que é não é isso que está em o livro Gênesis. Lá se diz que o homem foi feito de pó. Mas, como explicar para as pessoas de então que ele é formado pelos diversos elementos da natureza se eles não eram ainda conhecidos? Não daria, não é mesmo?

Mas, você hoje conhece estes elementos e por isso sabe que o pó que veio são os elementos da natureza que compõem esse corpo e que esses elementos voltarão para a natureza quando esse corpo se descompuser.

Conversando com um espiritualista - volume I

Prazer sexual

Participante: e quanto ao prazer. Se ele é mesmo nocivo, como se comportar com relação ao sexo, já que somos espíritos e estes não tem sexo? Deveríamos viver em castidade? Não estou considerando sexo como necessário para a procriação.

No início de sua pergunta, você faz uma confusão entre prazer e o prazer sexual. São duas coisas completamente diferentes.

Prazer é a satisfação de ter seus desejos atendidos. Cada vez que você quer alguma coisa, cada vez que acha que algo deveria estar acontecendo, cada vez que acha que as coisas deveriam ser de determinada maneira e ‘por acaso’ elas são, a sua mente gera um estado emocional, um estado de espírito, de prazer. Isso não tem nada a ver com sexo.

O chamado prazer sexual é outra coisa. Vou tentar explicar isso.

O que você chama de prazer sexual é uma emoção, é uma energia. Essa energia é alcançada através da mente. É na mente que você vive, não vou chamar de prazer, mas o êxtase sexual.

A partir desse detalhe, temos que compreender uma coisa: sexo não é uma atividade física, ou seja, você não precisa ter um contato físico, seja de penetração ou não, para conseguir viver com essa energia sexual, para atingir o êxtase sexual. Ela pode ser atingida mesmo quando você não tem o contato físico. Esta é a primeira observação sobre o sexo.

Segunda: será que ter a vivencia desse êxtase sexual é danoso a sua espiritualidade? Eu diria que não. Vamos tentar entender.

Você não sabe, não vê, mas o seu perispírito é totalmente preenchido por energias, que são o que vocês chamam de emoção. Amor, raiva, ódio, amizade, camaradagem: tudo isso são energias que estão espalhadas pelo seu perispírito.

A energia sexual possui uma característica: ela é neutra. Ela não é nenhuma energia, vamos dizer, carregada de características espirituais nem humanas. Além disso, posso afirmar que ela tem uma propriedade: é capaz de amplificar, de aumentar as outras energias.

Sendo assim, o êxtase sexual, a vivência da energia sexual, não é positiva ou negativa, porque essa energia é neutra. Ela depende da energia com a qual você se junta quando está vivendo o êxtase sexual. Vou dar um exemplo para você entender melhor.

Se você está buscando um parceiro para atingir o êxtase sexual, para que você tenha o prazer do sexo, está sendo egoísta. Com isso, ao atingir o prazer sexual amplia o egoísmo dentro de você. Agora, se faz um ato sexual, com o parceiro ou parceira sintonizado no amor universal (amar ao próximo como a si mesmo e a Deus sobre todas as coisas), nesse caso, está amplificando esse amor em você, está aumentando em você esse amor.

Portanto, a energia sexual, a vivência da energia sexual em si não é problema. O problema surge quando você escolhe uma emoção para viver aquele momento. É ai que vem o grande problema. Como vocês não entendem que essa energia não precisa de contato físico e que deve ser vivida de uma forma espiritual, ou seja, amando a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, acabam praticando o ato sexual de uma forma humana, egoísta, querendo o seu próprio prazer.

Respondendo-lhe, então, o ato sexual, primeiro não é só para a reprodução. É um momento de energização do espírito, assim como o passe, assim como uma meditação, assim como um banho de descarrego e outras coisas. Segundo: depende da forma como você participa desse acontecimento.

Aliás, sobre isso há um filme nesse mundo (Cocoon) que mostra o sexo sem contato físico. É um filme onde os extra terrestres ensinam a ter essa relação sem a necessidade do contato físico.

Conversando com um espiritualista - volume I

Um mundo mais justo

Participante: em várias palestras suas ouvi, ou pelo menos foi o que entendi, que devemos aceitar tudo como é e como ocorre pois é perfeito, que Deus determinou assim, por mais injusto que isso possa soar para nós. Então, não podemos lutar por um mundo mais justo na concepção humana? Mesmo que fracassemos, mas se aceitarmos que se não deu certo a luta é porque Deus determinou que não era para dar não podemos lutar ou não devemos lutar, apenas nos melhorar e não tentar melhorar nada em nossa volta?

Você fala que eu digo que tudo é determinado por Deus. Desculpe-me, mas não sou eu que digo isso.

Quando fala em dizer alguma coisa, você está dizendo que aquela pessoa está lançando uma ideia. Eu não estou lançando ideia nenhuma: estou apenas repetindo o que os mestres falam. Se Cristo, Espírito da Verdade, Buda, Krishna e Maomé foram unânimes em dizer que nada acontece sem que o Pai faça acontecer, como alguém, que não está investido da missão de trazer ensinamentos, mas sim da missão de ser o gerador do carma dos outros, pode contestar essa informação?

Esse é o grande aspecto. Os mestres, aqueles que tinham a missão de trazer os ensinamentos que devem guiar os seres humanizados nas suas encarnações, ensinam alguma coisa e o ser encarnado, o espírito que está em provas e expiações quer contestar o que aquele espírito elevado foi incumbido de trazer ao mundo humano. Isso é até ridículo...

No mundo de vocês tem um ditado: manda quem pode, obedece quem tem cabeça. Obedece quem sabe que quem manda pode mandar. Por isso afirmo que o ser encarnado comum ou o espírito em provas e expiações, deve compreender que precisa aceitar o que o mestre fala, ao invés de, quando lhe interessa, contestar o que é dito. Esse é o primeiro aspecto da resposta que tenho para lhe dar.

Segundo aspecto de sua questão. A partir da existência de uma causa primaria, você me pergunta se não devem lutar por um mundo mais justo. Essa luta à qual você se refere, é física, é ato, é acontecimento. Sendo assim, essa luta não é causada por vocês, mas criada pela causa primaria de todas as coisas. Portanto, se lutar, lutou; se não lutar, não lutou. Se lutar é porque Deus criou a sua luta; se não lutar é porque Deus não criou aquela luta.

Além disso, Ele pode criar para uns e pode não criar para outros. Então, se Ele criou para você, viva porque Ele está criando. Agora, se não criou para outros, não tome como obrigação ter que lutar, porque se aceitar a ideia da obrigação de lutar, ao invés de aceitar a ideia de que a causa primaria faz uns lutarem e outros não, você vai acabar criticando quem não luta.

Portanto, eis aí a minha resposta. Se você lutar, lutou, se não lutar, não lutou. Se o outro não lutar, não lutou: não o critique por causa disso...

Agora com relação a tudo que você faz, não só com relação a essa luta ou não lutar, quero falar mais um pouco. Krishna nos traz um grande ensinamento e Cristo também: não anexe a nada do que você faz uma intencionalidade. Mais: Cristo afirma que Deus julga o espírito pela sua intencionalidade, não pelo que faz.

Sendo assim, o problema não é o que é feito ou o que não é feito: ele está na intencionalidade ao viver o que acontece. Essa intencionalidade, que é gerada pela mente, não sofre a ação da causa primaria, a não ser na proposição de existir uma intenção. Vou tentar explicar isso.

Quando você me pergunta se não pode lutar por um mundo mais justo, eu ouço que acha que se deve lutar. Esse achar que se deve lutar é fundamentado em algumas razões: ‘eu devo lutar porque o mundo é injusto, eu devo lutar porque tem pessoas que sofrem, eu devo lutar porque essas pessoas não deveriam sofrer’. Esse conjunto, que serve como base à mente para justificar a sua obrigação de lutar, é a intenção.

Então você peca não por lutar para fazer um mundo mais justo, mas peca aos olhos do mundo espiritual porque se prende a intenção de que não haja mais sofrimento no planeta. Isso é impossível.

Quem acha que vai acabar com o sofrimento no mundo humano, seja o seu ou o de outro, ofende a Deus, está afastado de Deus. Isso porque em O Livro dos Espíritos é dito que a encarnação consiste em vicissitudes ou seja, em momentos bons e momentos maus. Aquele que não entende que o momento mau é necessário para a encarnação, para a provação do espírito, não vive de acordo com o que o mestre ensina. Acreditando nisso, o ser se afasta de Deus, ofende ao Pai.

Portanto, o trabalho que você precisa fazer nesta vida não é um trabalho de fazer determinada ação ou deixar de fazê-la, mas sim um trabalho de libertar-se das intencionalidades. Isso, no entanto, é um grande problema, porque vocês jamais vão deixar de ter intenções, ou melhor, jamais suas mentes vão deixar de criar intenções para o mundo material. Isso acontece porque, como eu acabei de mostrar, é essa intenção que é o cerne da questão para o espírito encarnado. Por causa disso Krishna lhe passa um ensinamento: conviva com a sua intencionalidade praticando o yajña.

Yajña é sacrificar a sua intencionalidade a Deus. O que significa isso? Vou colocar de forma bem pratica para você entender.

A sua mente diz que você deve lutar por um mundo mais justo porque as pessoas sofrem. Nesta afirmação, que é um pensamento, existe a intencionalidade e a obrigação da ação. Responda para a mente: ‘só Deus sabe se eu tenho que lutar ou não. Se Ele me fizer lutar, fez; se não fizer, Ele não fez. Só Deus sabe se essas pessoas deveriam ou não passar por esse sofrimento. Se Ele fizer passar é porque elas mereciam, se achar que não deveriam passar, eles não vão passar’. Essa é a solução para você conviver com as intencionalidades que a mente cria.

Quando sacrifica sua intencionalidade a Deus, ou seja, abre mão do seu achar e entrega a Deus a responsabilidade pelo que acontece, se liberta da intencionalidade. Quando se liberta da sua intencionalidade, a justiça se faz presente.

Já falei bastante, mas é agora que vou começar a lhe responder. Você diz que tem que lutar por um mundo mais justo, mas o mundo é justo, porque é fruto da justiça de Deus. Sendo assim, se você quer melhorar a situação de alguma pessoa, está indo contra a justiça de Deus. Nesse caso, quem está cometendo a injustiça é você...

Quem está sendo injusto são seus olhos, porque eles estão vendo injustiça onde há a justiça. É por isso Cristo ensina: se o seu olho lhe faz pecar, arranque seu olho fora. Mas, é aí que começa o problema para o espírito encarnado...

Vocês acham que para chegar a um mundo feliz, para chegar a felicidade, precisam aplicar o que é justo para você ao mundo. Só que Cristo ensina nas bem aventuranças: bem aventurado aquele que tem fome e sede de aplicar a justiça de Deus, porque esses receberão o reino do céu. Sendo assim, a felicidade, a bem aventurança, não vai nascer de uma ação sua gerando condições para a felicidade, mas sim quando você deixar de tratar como injusto o que acontece com os outros ou com você porque sabe que naquele acontecimento está presente a justiça de Deus.

Acho que agora eu lhe respondi. Faça o que você fizer, ou melhor, vivencie o que Deus fizer a sua personalidade humana fazer sem unir-se às intencionalidades que a mente vai criar a cada momento de sua existência. Ao invés de unir-se a ela, fale à essa intencionalidade do seu Deus: Aquele que é a Causa Primária de todas as coisas, porque é a Inteligência Suprema e aplica a justiça perfeita e o amor sublime.

Graças a Deus.

Conversando com um espiritualista - volume I

Filhos desgarrados

Participante: Pai Joaquim, surgiram muitas perguntas sobre filhos que estão perdidos no mundo. É possível dar uma orientação aos pais sobre isso?

Posso.

Em São Paulo uma pessoa conversou comigo exatamente sobre isso. Vou contar o caso aqui e tenho a certeza que o que disse lá poderá ajudar as pessoas que estão buscando orientação para este assunto.

Aquela pessoa me contou que que cuidou muito bem do filho, pois ele quase morreu quando nasceu, mas que agora era um homem saudável. Ela teve muito trabalho com ele quando pequeno.

O filho cresceu. Ao longo dos anos o criou, cuidou, deu saúde e educação, ensinou o que podia para ele crescer e se tornar um homem respeitável. Só que o filho arrumou uma namorada rica e começou a destratar o pai e mãe. O descaso dele com a sua família chegou a tal ponto que no dia do noivado não deixou chamar nenhum parente e durante a festa ninguém, nem ele, deu atenção aos pais.

Essa pessoa me disse que aquele dia foi a gota d’água. Quando chegou em casa arrumou a mala dele e quando ele chegou da festa o colocou pela porta a fora. Disse que tinha muito medo de ter agido errado.

Quando ela acabou a narrativa, eu lhe disse: meus parabéns. Ela, então, me respondeu: ‘mas, Joaquim eu botei ele pela porta a fora’.

Para orientá-la a não mais sofrer com o que fez lhe disse o seguinte: a mãe, segundo o que vocês mesmo acreditam, colocam um filho no mundo para o mundo e não para ela. Só que ninguém quer abrir mão do filho. Sim, o seu filho é do mundo. Ele nasceu para viver a vida dele e não para viver aquilo que você quer para ele. Portanto, ao invés de você ficar se culpando de ter dado o seu filho, que é do mundo, para o mundo, olhe para o que você fez por ele até aqui...

Você cuidou dele, fez o que podia por ele, deu o que podia dar. Se tudo que você fez não bastou para ele, o problema é dele.

Essa seria a orientação que eu daria a toda mãe quando filho sai de casa ou se ele se torna rebelde com os pais. Se seu filho foge do contato com você, se ele não liga ou até a distrata, conscientize-se que fez tudo o que foi possível por ele enquanto ele precisava e não se culpe de nada que esteja acontecendo agora. Mais: quando ele se desgarrar, não se preocupe mais com ele. O seu filho quando vai viver a vida dele longe de você está no lugar para o qual nasceu: no mundo. Todos nascem para o mundo, para viver no mundo.

Esse seria o conselho que poderia dar às mães que perderam seus filhos: orgulhem-se do que fizeram por ele para não sofrer com o que o filho se tornou quando cresceu.

Não sei se é dessa perda que você está falando (filhos que se afastam dos pais) ou se você está falando da perda no sentido da morte. Se for esta segunda opção, a resposta seria outra. Neste caso é só voltar a perguntar que respondo...

Conversando com um espiritualista - volume I

Caminhar sem caminho

Participante: o que é Deus? Não sei e não sei o porquê dessa busca para se aproximar Dele. O que é espírito? Não sei, assim sendo, também não sei o que é elevação espiritual. Por que me identifiquei com esse trabalho? Não faço ideia. Ultimamente achei que o objetivo do universalismo fosse apagar todo o sistema humano de vida, para o espírito ficar livre, para evoluir em outros lugares do universo, onde existe outros play. Mas, se o universo físico não existe, também passo a não saber mais o que é universalismo. De qualquer forma posso dizer que tudo isso deu um sentido novo de vida, que faz mais sentido que o atual de nascer, estudar pra ter trabalho, trabalhar cada vez mais para ter dinheiro, para comprar coisas e morrer um dia. Isso sim não faz sentido.

Antes de qualquer coisa, obrigado pela sua pergunta. Com ela você nos deu uma grande oportunidade de conversar.

O que é Deus? Você não sabe. O que é o espírito? Você não sabe. O que é universalismo? Você não sabe. Para que fazer evolução espiritual? Você não sabe. Se tomássemos essas informações dentro do sentido humano, eu diria que você é uma besta por estar aqui. Sem ofensa, claro...

Pense humanamente. Se você não sabe nada de nada, não tem a mínima ideia do que fazer, como fazer e o que alcançar, porque continua nessa busca? Se você insiste nela apesar de não saber nada, humanamente falando, você seria uma besta. Essa é uma conclusão clara, se você levar pelo lado humano o que ensinamos.

Nós ensinamos que o ser humanizado não pode viver esse mundo pelas coisas desse mundo. Falamos isso porque se ele viver desta forma, vai cair em contrariedade e sofrimento. Dizemos que ele tem que vivenciar as coisas desse mundo pelos valores das coisas do outro mundo. Mas, dizemos que ele deve fazer isso sem saber o que são as coisas do outro mundo. Sem do que ele é feito, como é lá, o que se faz lá. Enfim, sem saber nada dele.

Quando a mente humana se depara com essa informação, que não informa nada, a primeira reação dela é se assustar. Só que alguns seres humanizados se assustam com essa informação e se afastam da fonte, nesse caso, eu. Já outros seres humanizados se assustam com essa informação, mas não conseguem se afastar de mim.

Por que isso acontece? Porque nada pode ir contra o seu livro da vida, contra aquilo que você tinha que vivenciar nessa encarnação. Vocês imaginam que podem se aproximar ou se afastar das coisas do mundo a hora que queiram, como quiserem ou quando quiserem. Mas, isso está provado que não é verdade, e a sua pergunta deixa isso muito claro. Você diz: ‘tudo que eu aprendi com você Joaquim, confundiu muito mais, não faz, humanamente falando, nenhum sentido, mas eu não consigo me afastar’. É para essas pessoas que eu queria aproveitar – e por isso eu lhe agradeci a oportunidade – e falar uma coisa.

Vocês não podem mudar o que acontece na vida de vocês, não importa o que seja. Portanto, aprendam a viver o que vocês têm para ser vivido naquele momento.

É como você disse: ‘eu não sei porque estou, não entendo nada, mas não me afasto’. Por que? Porque isso é o que você precisa vivenciar. Agora, se quiser saber porque precisa disso, para que está aqui, acabará se perdendo numa série de teoremas que não lhe levará a nenhum lugar. Pelo contrário: pode lhe levar a se iludir acreditando que alcançou uma verdade...

Por isso, lhe dou um conselho: deixa acabar essa vida para saber porque viveu determinada coisa. Agora você não tem condições de saber, porque se souber, nada vai saber. Além disso, se continuar procurando, sua mente vai acabar achando motivos para o que está acontecendo. Com isso, você vai achar que sabe o porquê e por isso se tornará mais vaidoso e presunçoso.

Esse é o recado que eu tenho para aqueles que ouvindo Joaquim: vocês não vão conseguir chegar a uma base sólida para caminhar. A única coisa que conseguirão sempre é um terreno pantanoso que você não sabe o que tem por debaixo. Quando falo disso me lembro do ‘moço da floresta’. Para quem ainda não ouviu a conversa que tenho com essa pessoa, vou falar um pouquinho dela.

Esse moço durante muito tempo esteve conosco participando ativamente. Só que um dia eu falei uma coisa que, vamos dizer assim, foi a gota d’água para ele, que pôs o copo a jorrar água pra fora. Neste momento ele me disse: ‘agora não entendi mais nada. Achei que já tinha entendido tudo e ai vem você hoje, com essa informação e desarranja tudo o que eu tinha organizado a partir do me falou’.

Por causa desta afirmação deste moço, fiz uma conversa diretamente para ele. Apesar deste direcionamento específico, a conversa não era só para ele, mas para todos. Nesta conversa eu explico o seguinte: a evolução espiritual é como se você estivesse caminhando numa estrada. Essa estrada são os ensinamentos; o caminhar é compreender os ensinamentos e começar a praticar. Acontece que nesse processo de evolução espiritual, você começa caminhando por uma estrada muito larga, muito ampla e que tem corrimões para se segurar, ou seja, ensinamentos dos mestres que justificam aquele fazer. No entanto, quanto mais você caminha, a estrada vai se afunilando e o corrimão vai acabando. Esse é o momento onde as coisas começam a sair daquela base sólida que foi criada lá no início da caminhada e você tem que continuar caminhando. De tanto essa estrada estreitar, chega um momento que você não tem mais nem uma picada para andar, nem mais uma estradinha de terra. A mata se fecha à sua frente. Por isso eu chamei esta pessoa de o homem da floresta.

No momento em que a mata se fecha e o caminho desaparece, aquele que busca aproveitar a encarnação, mesmo sem ter onde caminhar, como caminhar, ou seja, sem ter uma lógica do porquê fazer as coisas, precisa continuar caminhando. Este é o momento onde ele precisa desbravar a floresta, ou seja, fazer o seu próprio caminho.

É fundamentado nesta conversa que dou a resposta ao questionamento de agora. Saiba que você está numa estrada e essa não foi escolhida por você nem veio por acaso: ela faz parte da vida que você pediu antes de encarnar. Saiba, também, que você está chegando num ponto onde vai deixar de haver caminhos para você caminhar e que neste momento surge a hora de desbravar a floresta que fecha sua passagem. Isso é necessário para que continue caminhando, sem ter nenhuma base sólida sob os seus pés ou aparente caminho para caminhar, no sentido de aproximar-se de Deus.

Mais uma vez, obrigado pela oportunidade que você nos deu...

Conversando com um espiritualista - volume I

Caminho do meio

Participante: o que é estar entre o positivo e o negativo? Será possível o caminho do meio?

Sim...

Estar entre o positivo e o negativo é estar no caminho do meio. Esse caminho do meio é possível de ser alcançado.

Agora, é preciso lembrar de uma informação que já transmiti nessas nossas conversas: o ponto central não é um lugar onde não existe nem o negativo nem o positivo, mas sim um lugar onde os dois extremos possuem a mesma intensidade e com isso se neutralizam.

Portanto, atingir o caminho do meio é neutralizar o positivo com negativo e neutralizar o negativo com positivo. Só assim você pode alcançar o caminho do meio, o ponto central.

Você estará no caminho do meio quando, tendo os dois extremos, você anule a ação de um com o outro, para que nenhum deles tenha efeito sobre o outro.

Conversando com um espiritualista - volume I

Caridade e carma negativo

Participante: ações caridosas e solidarias podem ajudar a transmutar o carma negativo?

Pode, se você não quiser fazer. Achando certo fazer, se quiser fazer, você não está fazendo pelo outro: está fazendo para você, sustentando seu egoísmo.

‘Eu acho certo, eu quero fazer, esse é meu caminho, eu vou ganhar lá na frente’: toda essa intencionalidade que está presa à fama, a vitória, ao elogio acaba com qualquer positividade, pelo aspecto espiritual, que tenha o ato caridoso.

Com relação à caridade, Cristo deixou bem claro: não dê o peixe, dê a vara e ensine a pescar. Com relação a caridade o Espirito da Verdade deixou bem claro: praticar a caridade é ter benevolência, indulgencia e perdão pelo outro.

Repare: nenhum deles mandou você dar nada pra ninguém. Portanto, não seria o ato de dar que faria alguma coisa para que vocês tivessem um carma considerado positivo. Se apenas dar garantisse um carma positivo, era só você ir todo mês no banco e depositar um dinheiro na conta de Deus e estaria salva. Desculpa, mas essa afirmação só é verdadeira para o pastor, pois ele diz que você se salva por dar coisas materiais a Deus.

Conversando com um espiritualista - volume I

Deus quer o seu mal?

Participante: tudo acontece baseando-se na vontade de Deus, isso é o que o senhor ensina. Mas, então, pergunto: devo fazer algo contra minha vontade? Fico observando quando Deus cria as suas ações e as coisas vão acontecendo. Depois fico observando que não era aquilo que eu queria ou esperava. Então fico pensando: porque deveria continuar fazendo algo que não está me agradando. Por outra, se a vontade de Deus não é algo que está me fazendo bem, como pode ser a vontade de Deus?

Eu pedi para colocar a sua pergunta na frente, porque através dela vamos dar um ensinamento a todos e vamos abordar um aspecto muito importante nos ensinamentos dos mestres que os seres humanizados dificilmente compreendem. Não compreendem a forma como mostramos os ensinamentos dos mestres.

Eu vou lhe passar uma tese e depois vou defende-la: Deus não quer o seu mal; quem quer o seu mal é você. Esta é a minha tese: Deus não quer o mal para nenhum de seus filhos, mas cada um de vocês querem o mal para si. Vou defender esta tese agora.

Para começar precisamos compreender o que é mal. Mal é tudo aquilo que acontece diferente daquilo que você deseja que aconteça. Vou lhe dar um exemplo. Se você quiser ir à praia, mas está chovendo, esta chuva é mal. Se quer ir a uma festa e não tem dinheiro para ir, isso é mal. O mal só existe quando há um desejo que não pode ser alcançado, realizado.

Explicado o que é o mal, que como vimos é causado por um desejo não atendido, é preciso se verificar porque você deseja alguma coisa. Porque você deseja ir à praia, a uma festa ou que qualquer acontecimento ocorra na sua vida? Porque acha e sabe que aquilo é bom para você.

Então, você mesmo tendo um ensinamento que diz que não deve ter, vive uma posse, ou seja, quer controlar o mundo para que ele ocorra só satisfazendo o seu saber. É daí que surge o mal.

O mal surge porque você sabe o que é bom e quer controlar o mundo para que só essas coisas aconteçam. É esse mal que eu digo que você quer para você. Por que isso? Vamos continuar defendo minha tese para poder achar o motivo disso acontecer.

Todo universo – e repare que não estou falando de planeta Terra, de orbe terrestre ou de qualquer outro planeta – é habitado por personalidades. Essas personalidades são seres espirituais ou espíritos, encarnados ou não. O que quer dizer personalidade? Trata-se de uma persona com identidade. No caso, um espírito com uma identidade.

O que é ter uma identidade? É ter um conjunto de verdades próprias, suas, individuais. Sendo assim, posso dizer que o universo é habitado por seres que possuem conjuntos de verdades diferentes. Todo universo é assim, inclusive o planeta Terra.

Sendo assim, o conjunto dos habitantes do planeta Terra é formado por personalidades. É o conjunto de pessoas com identidades diferentes, crenças diferentes, verdades diferentes. Porque o planeta é habitado por personas diferentes, existem desejos diferentes, ou seja, cada habitante da Terra quer que ocorram acontecimentos diferentes.

Descobrimos até aqui, então, que você vive o mal porque tem um saber que lhe leva a uma posse e outras pessoas têm outros saberes que levam a posses diferentes. É do convívio dessas personalidades que nasce o mal que cada ser, humanizado ou não, vive.

Para continuar agora a defender minha tese, preciso falar um pouco mais do mal que você vive. De onde ele se origina já vimos, mas precisamos falar de algumas características do mal. Para isso vou usar o exemplo que deu quando escreveu esta pergunta, mesmo não constando do corpo da sua questão que me foi passado agora.

Você diz que é muito mal exercer a sua profissão. Você é um professor, mas ir dar aula para você é mal. No entanto, lhe pergunto: quando estava estudando para se habilitar para ser um professor, dar aula não seria algo muito bom? Sim, era considerado como ótimo. Era aquilo pelo qual ansiava. Hoje esta mesma coisa é mal.

Dessa visão surge a primeira característica do mal: aquilo que hoje é tratado como mal já foi encarado como bem. Isso vale para todas as coisas e para todas as pessoas: tudo na vida de vocês que é tratado num momento como mal, já foi tratado antes como bem e depois poderá voltar a ser tratado assim novamente.

Quer um exemplo? Hoje para você é mal dar aula, mas eu já mostrei que enquanto se habilitava para esta profissão realizar esta atividade era encarada como um bem. Depois que se aposentar como professor, agradecerá ter tido este emprego, pois ela lhe levou a ter uma aposentadoria. Ou seja, o que era bem virou mal e depois voltou a ser mal.

É essa volatilidade entre o bem e o mal a respeito de uma mesma atividade que é uma característica do mal. Essa característica nos leva a compreender que o mal não é absoluto, não é universal. Assim sendo, não é eterno: ele acaba. Esse é o primeiro ponto que quero que guarde, pois usarei mais tarde na minha defesa de tese.

Segunda característica do bem e do mal. Para falar dela, vou lhe pedir que faça uma regressão de memória. Você disse no seu desabafo que é muito mal ser um professor porque tem que enfrentar uma turma de jovens que estão mais preocupados com seu celular do que prestar atenção na aula. Que estão mais preocupados com outras coisas do que ouvir o que você tem que para transmitir a eles.

Agora faça um esforço de memória. Lembra-se quando você era o estudante? Lembra como você também achava que as aulas não eram interessantes? Que não tinha que frequentar a escola porque isso era muito chato e tinha coisas mais importantes a fazer do que ficar ali ouvindo um professor? Claro que lembra...

Na verdade, diferente dos seus alunos de hoje, você não brincava com o celular porque ele não existia naquele tempo, mas ficava longe pensando numa pelada que ia jogar ou em qualquer outra brincadeira que iria viver ou, ainda, em meninas que queria namorar.

Isso quer nos dizer o que? Quer dizer que a verdade depende de uma determinada época da existência do ser para ser considerada mal ou boa. Depende de objetivos, de metas que tenha para serem alcançadas. Quando para você o mais importante era se divertir, participar de uma aula era mal. As brincadeiras dos demais alunos, que hoje para você são ruins, naquele tempo eram tratadas como bem.

Esse é o segundo aspecto do mal que vocês vivem: ele depende dos objetivos e metas que cada um possui, ou seja, depende da verdade de cada um num determinado momento. Por isso, podemos dizer que o que é mal para você não é para outros. Cada um julga e qualifica o mal de acordo com suas próprias verdades, com seus próprios anseios, com suas posses e saberes. Garanto que tem muita gente que hoje anseia ocupar o lugar que você ocupa e que receberá como muito bom ter um emprego e uma sala de aula para poder trabalhar.

O que fiz até agora foi o discurso sobre o mal. Viver o mal é algo momentâneo que acontece quando as suas verdades e a possessão são ofendias pelo que está acontecendo, mas a mesma situação que hoje é tratada como mal já foi vista como bem, pois naquela época você possuía verdades e posses diferentes. Acho que agora posso chegar ao ponto de provar que você pediu o mal que vive.

O mal que você vive é fruto da sua livre e espontânea vontade e não dado por Deus. Para provar isso, vou voltar ao ponto onde lhe disse que todo universo é formado por personalidades, por espíritos com identidades individuais, próprias.

Imagine agora você, que recebe como mal a convivência com quarenta ou cinquenta alunos numa sala de aula porque suas possessões e saberes são diferentes, convivendo com milhares de espíritos sendo que cada um possui estes mesmos elementos diferentes entre si. Imagine você convivendo com todos estes espíritos estando preso à ideia de que todos têm que agir do jeito que você quer para que se sinta bem. Veja o inferno que isso será para você...

Hoje você não consegue conviver com quarenta pessoas diferentes por algumas horas. Imagine na hora que tiver que conviver a eternidade cercado de milhares de pessoas que não pensam igual a você. Já pensou o quanto sofreria? Agora não, mas quando livre da influência da mente humanizada com a qual convive hoje, pensou.

Há uma pergunta em O Livro dos Espíritos que pode nos auxiliar muito no desenvolvimento desta tese.

“266. Não parece natural que se escolham as provas menos dolorosas? Pode parecer-vos a vós; ao Espírito não. Logo que este se desliga da matéria, cessa toda ilusão e outra passa a ser a sua maneira de pensar”.

Kardec diz que se o espírito pode escolher suas provas, obviamente escolheria as menos penosas. Em resposta, o Espírito da Verdade afirma que isso é uma ideia humana, pois o espírito quando liberto da matéria, ou seja, do saber e posses humanos, pensa de outro jeito.

O que será este pensar de outro jeito? O espírito liberto da influência da personalidade humana não pensa mais egoisticamente, não pensa mais em querer ganhar, ter o prazer, alcançar a fama e ser elogiado. Enquanto você for humano, a sua mente pensará a partir destes critérios. É por isso que agora acha ruim quando encontra alguém que não faz o que você quer. Quando alguém não faz o que você quer, a sua mente acha que perdeu, que teve o desprazer, que viveu uma infâmia e que foi criticado.

Já pensou você no universo, depois de desencarnado, querendo exigir que todos os outros espíritos façam o que acha certo para que você possa ganhar? Isso seria um inferno, não? Por isso o espírito, quando livre da influência da humanidade pensa nisso...

Nessa mesma questão de O Livro dos Espíritos, há um comentário longo, mas muito interessante de Kardec. Um trecho deste comentário é fundamental para que possa defender minha tese:

“A doutrina da liberdade que temos de escolher as nossas existências e as provas que devamos sofrer deixa de parecer singular, desde que se atenda a que os Espíritos, uma vez desprendidos da matéria, apreciam as coisas de modo diverso da nossa maneira de apreciá-los. Divisam a meta, que bem diferente é para eles dos gozos fugitivos do mundo. Após cada existência, veem o passo que deram e compreendem o que ainda lhes falta em pureza para atingirem aquela meta. Daí o se submeterem voluntariamente a todas as vicissitudes da vida corpórea, solicitando as que possam fazer que a alcancem mais presto. Não há, pois, motivo de espanto no fato de o Espírito não preferir a existência mais suave. Não lhe é possível, no estado de imperfeição em que se encontra, gozar de uma vida isenta de amarguras. Ele o percebe e, precisamente para chegar a fruí-la, é que trata de se melhorar”.

“Não vemos, aliás, todos os dias exemplos de escolhas tais? Que faz o homem que passa uma parte de sua vida a trabalhar sem trégua, nem descanso, para reunir haveres que lhe assegurem o bem estar, senão desempenhar uma tarefa que a si mesmo impôs, tendo em vista melhor futuro? O militar que se oferece para uma perigosa missão, o navegante que afronta não menores perigos, por amor ciência ou no seu próprio interesse, que fazem também eles, senão sujeitar-se a provas voluntárias, de que lhes advirão honras e proveito, se não sucumbirem? A que se não submete ou expõe o homem pelo seu interesse ou pela sua glória”?

Como foi ensinado, o espírito, quando liberto da humanidade consegue divisar o futuro e por isso aceita o sofrimento durante a encarnação com espontaneidade. Isso para vocês que estão humanizados é difícil de ser aceito, porque são imediatistas. Vocês querem ganhar o bem hoje, nesta vida, e não no seu futuro espiritual.

Acontece que se vocês tiverem o bem hoje, continuarão presos ao querer ganhar, ao ter o prazer, ao querer a fama e à necessidade de ser elogiado. Mantendo-se apegado a esta necessidade, tente imaginar o horizonte que alcançará quando retornar à sua existência eterna. Com certeza ele será formado por sofrimentos...

É justamente para que você no seu futuro espiritual não sofra que pede o mal agora, nesta vida, quando encarnado.

Esse é o problema que precisam resolver com vocês mesmos. O que querem para si: gozar o prazer agora ou se prepararem para uma existência eterna? Aquele que exige nesta vida mudança do comportamento dos outros para que ele viva o bem, não está se preparando para um existência eterna feliz. Porque? Porque só quando encarnado você terá certeza de que aprendeu que é preciso respeitar o direito do outro ser, estar e fazer o que ele quiser, mesmo que o que faça seja contrário ao seu direito de ser, estar e fazer qualquer coisa.

O espírito sabe disso. Sabe que só na carne pode realmente comprovar e adquirir através do treinamento, da vivência dos momentos ditos como mal, esse entendimento. É por isso que para fazer este treino, ele pede que na carne tenha o mal, viva o mal.

Eu falei pede? Desculpe, o espírito não pede isso. Ele implora para que estes momentos aconteçam. ‘Senhor, me dê esta chance. Eu preciso dela, porque sei que enquanto não treinar profundamente a liberdade das minhas verdades e da minha posse vou viver no mundo espiritual em desacordo com meus irmãos’.

Está aí comprovada a minha tese: você pedindo o mal para você mesmo. Faz isso não porque é masoquista ou é um idiota, mas porque sabe que aquilo é necessário como treinamento para que na sua existência eterna não viva um inferno.

Portanto, quando na sua pergunta você me questiona se terá que fazer o que não gosta, eu lhe respondo: não, você não tem que fazer. Se conseguir sair do seu emprego e arranjar outro onde não sofra mais, faça isso. Agora, eu lhe garanto que jamais você achará um lugar onde cem por cento das pessoas vão concordar com suas verdades e posses. Jamais encontrará um lugar onde cem por cento das pessoas dirão que você está certo e que elas estão erradas. Por isso, nem que seja para ganhar no futuro, depois que sair da carne, aceite tudo que a vida lhe dá respeitando o direito do próximo ser, estar e fazer o que quiser sem que você se sinta mal por causa disso.

Na prática, o que estou lhe aconselhando é a ir à sua escola e dar a sua aula. Faça a sua parte: dê a sua aula. Se ninguém quiser prestar atenção, o problema não é seu. Se ninguém se interessar pelo que você está falando, o problema não é seu. Se eles ficarem fazendo bagunça, faça a sua parte e deixe eles fazerem o que quiserem. Foi para que os seus alunos não prestassem a atenção, não se interessassem pelo que você ensina e para que eles fizessem bagunça que você pediu, antes da encarnação, para ser um professor.

Esta é uma resposta para você, mas vale também como recado para todos. Todo mal que vocês vivem não foi gerado por deus, apesar de ter sido criado pela Causa Primária. O que Deus gerou foi o que vocês pediram, porque sabiam que era necessário para o treinamento no sentido de aprenderem a viver no mundo espiritual em paz e harmonia. Por isso, ao invés de ficarem procurando culpados, seja o que for que lhes aconteça, não culpe ninguém, nem outro ser nem o próprio Deus, pois todo mal que vivem foi pedido por vocês mesmos...

Conversando com um espiritualista - volume I

Libertando-se da roda de encarnações

Participante: qual grau de maturidade o espírito deve atingir para não mais voltar ao mundo material?

Olha, deixa eu dizer uma coisa para você: lamento informar, mas o processo de reencarnação dura a eternidade para o espírito. Durante toda a sua existência eterna, você terá momentos onde estará ligado a uma consciência espiritual e outros onde estará ligado a uma outra consciência para a realização de algum trabalho para a sua evolução.

Sendo assim, posso lhe dizer que o fim das encarnações não existe. Mesmos os espíritos superiores continuam encarnado, mesmo que seja apenas para auxiliar outros em seus processos de elevação. .

Esta seria a resposta sobre a realidade eterna do espírito. Agora, falando especificamente sobre não encarnar mais no mundo humano, ou seja, não estar ligado a uma identidade humana, a uma personalidade humana, como pode se acabar com isso? Simples, vencendo a humanidade, vencendo o seu lado humano.

Quando, mesmo assediado pela mente, você não vive mais o que ela diz, venceu o mundo humano. Neste momento não precisa mais encarnar como humano. É simples assim!

Agora, se para se libertar deste processo encarnatório você precisa se libertar do seu lado humano, lhe pergunto: o que é o seu lado humano? É o conjunto de conceitos, regras, normas, obrigações e necessidades que a sua mente utiliza, que ela diz que existe e que precisa ser seguido.

Agora você sabe como se libertar do processo de encarnações: liberte-se de tudo o que a sua mente cria como real, certo, bom, bonito ou limpo. Libertando-se destas coisas, estará livre da humanidade e com isso poderá encerrar este período de encarnações.

Vou lhe dar um conselho para este seu trabalho: comece pelo fim. Para isso pergunte-se: qual é o meu nome? Não importa que resposta a mente lhe der não acredite, pois este não é o seu nome, mas sim da sua mente. Sendo assim, se ainda souber qual é o seu nome, você ainda é um humano, ainda precisa vencer isso.

Pergunte-se mais: eu sou uma mulher ou eu sou um homem? Se ainda conseguir definir um sexo para você e acreditar que é daquele sexo, saiba que ainda é humana, pois espírito não possui sexo.

Em resumo, para se libertar da roda de encarnações no planeta Terra você precisa se libertar de qualquer conceito que seja humano. Isso porque só na hora que se libertar dessa humanidade conseguirá se tornar espiritualizado.

Mais um detalhe: isso demora um pouquinho, viu? Não espere fazer de hoje para a amanhã. Afinal, ainda estamos no mundo de regeneração e, por isso, temos sete mil anos para vocês se livrarem das personalidades humanas.

Conversando com um espiritualista - volume I

Libertar-se de carmas negativos

Participante: como libertar-se e libertar outros de um carma negativo originado em outras vidas?

Só posso lhe responder como se libertar de um carma negativo assumido em outras vidas, porque libertar outros de seus carmas você não pode. Vou tentar explicar de uma forma sucinta e rápida: ame a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo!

O amor incondicional, o amor a tudo e a todos é a única forma de você se libertar de qualquer coisa que denote o seu atraso espiritual. Somente amando você pode ter um carma diferente, pois o seu atual é fruto de um momento onde não amou desta forma...

Ame a Deus acima de todas as coisas, ou seja, não deixe nada desse mundo interferir no seu amor, na sua relação amorosa com o Todo, ou seja, na sua felicidade de estar em comunhão com Deus, e não deixe nada em você interferir no amor ao próximo. Não julgue, não critique, não calunie, não difame nada nem ninguém, não importa quem ou o que seja.

Apenas ame. Assim, você acaba com qualquer carma que chama de negativo.

Conversando com um espiritualista - volume I

Necessidade do trabalho de evolução

Participante: porque eu fui criado ou gerado? Porque eu tenho que passar por todas as etapas para me aproximar de Deus se já vim Dele?

Essa resposta eu já dei quando alguém me perguntou sobre a origem do espírito: você não tem como saber.

Participante: porque preciso ter esse mérito, se eu não quiser tê-lo, desde quando eu não pedi para ser criado, ou seja, minha criação foi involuntária?

Você me pergunta porque tem que ter esse mérito e eu lhe respondo contra outra pergunta: quem disse que precisa ter? Você não tem que ter esse mérito.

Já respondi sobre o livre arbítrio do espírito e quando falei disso afirmei: o direito do ser livre optar pelo que quer é amplo, geral e irrestrito. Nada pode atrapalhar o que o espírito queira para ele. Nem Deus...

Deus seria muito sacana se desse ao ser o livre arbítrio e depois quisesse lhe impor alguma coisa dizendo que deve fazer algo. Fazendo isso, seria a mesma coisa que brincar com você. Além do mais, se Ele lhe impusesse alguma coisa, que livre opção você teria?

Por isso afirmo: você não precisa fazer nada, não tem que fazer nada, nem buscar a elevação espiritual. Fazer qualquer coisa do ponto de vista espiritual é algo fruto do seu livre arbítrio, da sua livre opção. Como você mesmo disse, não pediu pra nascer, porque agora tem que fazer isso, aquilo e aquilo outro? Não, você não tem...

Apesar de ter afirmado isso, me deixe lhe dizer uma coisa: mesmo pensando desse jeito você não consegue fugir da questão da realização da reforma íntima, da busca da elevação espiritual. Por que será que isso acontece?

Seria justo pensar a partir das perguntas que você está me fazendo que você não deveria se ligar na busca da elevação espiritual. Não se sentindo obrigado a fazê-la, como não é, seria justo imaginar que você não queira me conversar sobre este assunto. Mas, apesar disso, você está aqui. Está lendo o que nós colocamos, o que outros colocam sobre o mesmo tema e não consegue se afastar disso. Por que será?

Veja a incongruência. Você acha que não tem que fazer nada sobre esta questão, mas não consegue se afastar desse tema. Porque será que isso acontece?

É por causa disso que quero lhe dizer uma coisa: mesmo sem se sentir obrigado a fazer, busque fazer. Quem sabe qual vai ser o resultado deste processo para você?

Ninguém pode garantir nada do outro mundo pra você. Ninguém pode lhe garantir que vai acontecer isso, aquilo ou aquilo outro depois do seu desencarne. Portanto, se não consegue sair dessa gira, se não consegue fugir desse assunto, há algum motivo para isso. Porque, então não tentar?

Tente, mesmo sem se sentir obrigado a fazer. Quem sabe ao tentar você não encontre alguma paz nessa vida? Você não sabe.

Pense nisso que estou falando, Não se sinta obrigado a ter que fazer, mas já que não consegue se desligar disso, pelo menos tente. Você pode não querer nadar, mas já que caiu no mar, nade, nem que seja só para se salvar.

Conversando com um espiritualista - volume I

O exemplo de São Francisco

Participante: Joaquim nos fala de São Francisco de Assis, de Jesus Cristo e nós, pobres espíritos, fomos educados num sistema totalmente longe da santificação. Isso não é areia demais para o nosso caminhão?

Você já leu a história de São Francisco? Ele também foi educado longe da santidade, talvez mais do que você, pois era rico, senhor de terras e nobre. Foi criado para seguir a tradição da família.

Você já leu a história de Jesus? Ele também não nasceu santo. O problema é que nós só conhecemos o santo depois que alcança a santidade. Por isso não entendemos que ele também teve que vencer suas batalhas para alcançar este estado de espírito.

Dessa forma, se Chico Xavier, Chico de Assis, Jesus, Joana D’Arc, Santa Clara, conseguiram vencer o mundo, como Cristo disse que venceu, você também pode. É tudo uma questão de decisão, ou seja, decidir o que quer para a sua vida.

Decidir com que base vai vivenciar a sua vida, mas principalmente abrir mão de outros caminhos. A partir do momento que decidir buscar uma vida São Francisco, precisa abrir mão do prazer de ser contentado, senão não conseguirá. Esta afirmação pode ser comparada simbolicamente ao ato de São Francisco retirar as roupas caríssimas e colocar o saco de estopa.

No entanto, estamos citando este ato de Francisco de Assis figuradamente: você não precisa abandonar sua casa, suas propriedades nem sua roupa. Agora, deve abandonar todas as suas posses (ter verdade sobre as coisas) e realizar sua santidade.

 Participante: concordo, mas para isso é preciso uma ajuda de cima.

Essa ajuda acontece cada segundo na vida humanizada do espírito. A cada micro fração de tempo existe uma pergunta de Deus que lhe ajuda a viver assim: ‘e agora, você vai amar a quem, a você ou a Mim’?

Cada segundo da sua vida é uma dramatização onde está embutida esta pergunta de Deus. Quando você gosta do que acontece e ama a você mais do que a Deus, tem prazer; quando você não gosta e se ama acima de tudo, sofre; mas, se você ama a Deus acima de todas as coisas, vive sempre em paz: sem prazer ou dor.

Conversando com um espiritualista - volume I

O futuro de quem consegue realizar a reforma íntima

Participante: vi um comentário seu explicando o umbral como um local de vibrações afins e que as colônias não existiriam. Poderia nos explicar como será a passagem (morte do corpo) para quem passou pelas provas pedidas sem rusgas, culpas, julgamentos, etc.? Para onde ele vai?

Primeiro: nunca disse que as colônias não existem. O que disse é que na realidade real elas não existem.

Realmente eu falei que o umbral é uma reunião de espíritos e se isso é verdade, o que vocês chamam de cidades espirituais é a mesma coisa. É uma reunião de espíritos que acreditam em cidades espirituais. Por terem essa crença eles plasmam a forma que vocês chamam de cidades espirituais e vivem em comunidade naquele ‘espaço’ imaginando que aquelas coisas são reais.

Explicado este ponto, vamos à sua pergunta. Você me pergunta o que acontecerá com quem desencarna liberto da humanidade. Se este ser não tem afinidade com cidades espirituais, não irá para lá. Se não tem afinidade com umbral, não irá para lá. Sendo assim, para onde ele vai? Para aquilo que tiver afinidade. Portanto, se ele acredita que exista um universo, ele irá para lá. Se acredita que este universo é sem forma, irá para um universo sem forma.

Esta é a compreensão: aquilo que você acredita é o que viverá quando sair da carne.

Agora, será que o universo sem forma é melhor do que as cidades espirituais? Melhor é algo fruto de um julgamento: o que acha melhor para você. Portanto, viver na cidade espiritual para quem acredita nela, é o melhor. Viver no umbral para quem acredita que existe este lugar e que é o lugar dele, é o melhor.

De qualquer maneira o que estou querendo lhe dizer é o seguinte: nenhum espírito sai da carne do planeta terra estando em provas e expiações e sobe direto para o universo real.

Estar em um mundo de provas e expiações é estar em uma etapa de evolução. Nesta etapa, quando o Livro dos Espíritos fala da missão que Deus dá a cada um, diz que o espírito deve buscar a perfeição. Acontece que esta perfeição não é o perfeito, mas sim o máximo que aquele ser pode alcançar naquela etapa.

Sendo assim, há um limite para aquele que está no mundo de provas e expiações. Este limite é delimitado pela crença de cada um do que irá viver quando sair da carne.

Isso está de acordo com o que fala O Livro dos Espíritos. Lá é dito que no universo não existem placas proibindo entrada em algum lugar, mas que cada um vai ao lugar onde se sente bem.

Como eu disse, viver num mundo de provas e expiações é uma etapa. Ainda faltam outras e em cada uma delas esse limite vai sendo ampliado. Já o limite para que você ascenda o universo real ainda está muito distante ao que pode alcançar ao final desta encarnação ou muitas outras que ainda virão.

Por isso, apenas saiba que quando sair da carne se reunirá com afins num lugar pelo qual tenha afinidade. Esse lugar de maneira alguma será o topo dessa ascensão porque ainda existem diversas etapas para o processo evolucional.

Você ainda me pergunta como se sentirá este espírito. Eu lhe respondo que se ele vai para onde quer, para onde acha bom, ele se sentirá bem.

Então, não importa onde você vai; o importante é saber que sempre alcançará o seu limite, no máximo, pois muitos nem esta perfeição conseguem...

Conversando com um espiritualista - volume I

Pedir

Participante: não seria falta de fé pedir algo a Deus e aos amigos espirituais, sabendo que o que temos é tudo que poderíamos ter para nossa evolução? Ou abraçaremos a ideia de que: quem não chora não mama?

Seria falta de fé pedir alguma coisa? Não. Pedir alguma coisa é um ato, é uma ação e tudo que é ato acontece, independente da vontade do ser humanizado, porque faz parte da provação do ser. Portanto, pedir não é falta de fé...

Falta de fé é viver o pedir e aceitar a crítica que a mente cria quando não recebe ou adorar, idolatrar alguma entidade porque ela lhe deu alguma coisa. Isso é falta de fé em Deus.

Veja, pedir é uma ação e por isso ela tem que ser feita e você jamais deixará de fazê-la. Por quê? Porque está no seu livro da vida, está na programação da sua encarnação. Agora, pedir e achar que é justo receber é um ato egoísta e por isso, se caracteriza como falta de fé em Deus.

Então, o problema não é pedir. Se você pede, peça, mas ao invés de julgar o que recebe, receba qualquer coisa que vier como um presente de Deus, como uma nova oportunidade para fazer o trabalho da sua encarnação. Isso é fé, é entrega com confiança a Deus...

Quando se entrega a Deus, ou seja quando estabelece com Ele uma relação amorosa, amar e se sentir amado por Ele, nesse momento tudo que vier será fruto desse amor. Com isso, você receberá qualquer coisa que venha com paz e harmonia. Neste momento terá alcançado a perfeição, o que é o objetivo desta encarnação.

Portanto, não se preocupe em pedir ou não. Ao invés de se preocupar com esta ação, concentre-se em aprender a receber tudo o que recebe como uma demonstração do amor sublime que Deus tem por você.

Só relembrando, Cristo ensina: na hora que orar, não seja como os fariseus pedindo coisas, porque eles já receberam tudo que tinham para receber. Olhando por este ângulo a vida, eu diria: nunca faça uma oração com pedidos Agora, se mesmo assim pedir alguma coisa, isso é vida, é sua prova, deixe acontecer.

Conversando com um espiritualista - volume I

Realizando a reforma íntima

Participante: pelo que entendi até hoje, viemos ao mundo humano para passar por uma série de provas que foram determinadas segundo nossa própria escolha antes da encarnação e para servir de instrumento ao carma dos outros. Portanto a única coisa que podemos fazer diferente, que podemos escolher, ou a única forma de livre arbítrio que temos, é a maneira como vivenciamos essas provas, é isso mesmo?

Perfeito! É isso mesmo, a única coisa que você pode escolher é, internamente, como vai vivenciar aquilo que acontece do lado de fora.

Participante: para nosso crescimento espiritual devemos vivenciar todos os fatos da vida em paz e serenidade, tendo a certeza de que a vida humana é apenas uma passagem. É assim que realizaremos a reforma intima?

Exatamente! A reforma íntima acontece quando você espera ser contentado, acontecer aquilo que quer, apenas no mundo espiritual, ao invés de exigir que isso ocorra nessa vida.

Conversando com um espiritualista - volume I

Reforma íntima

Participante: o que é reforma íntima?

Outra boa pergunta.

O que é íntimo? Dentro, dentro de você. O que é reforma? Mudar. Então, o que é reforma intima? É a mudança do seu interior. Só com estas visão já teríamos respondido à sua pergunta, mas podemos nos estender um pouco para a melhor compreensão do assunto...

Antes de falarmos da reforma propriamente, vamos conversar um pouco sobre o seu íntimo. O íntimo do ser humanizado não é a mente dele. Para provar isso, vamos usar um ensinamento de O Livro dos Espíritos. Neste livro, quando se fala de conhecer o que causa as coisas, o Espírito da Verdade ensina: sempre que se ache o que causa alguma coisa é preciso tentar se decompor isso para que realmente se chegue a uma causa primaria. Esta causa não pode aceitar decomposição...

Portanto, quando tenta decompor o seu íntimo, você encontra a mente, mas lhe pergunto: o que há por trás dela? O que causa o seu funcionamento? Só quando responder a esta questão poderá conhecer verdadeiramente o seu íntimo...

Também O Livro dos Espíritos – e uso muito esta fonte porque ela está numa linguagem mais adequada a compreensão de vocês de hoje do que a Bíblia – nos ensina isso. Lá é dito que por trás da mente existe a inteligência universal. Esta afirmação foi feita pelo Espírito da Verdade quando fala da necessidade da presença de um espírito para intelectualizar um corpo. É dito mais: um corpo sem espírito é um corpo sem intelectualidade.

A intelectualidade do corpo a que se refere o Espírito da Verdade é aquilo que vocês chamam de mente. Sendo assim, posso afirmar que por trás da mente tem que haver um espírito. Mais: posso dizer que sem haver um espírito, não há mente.

Voltando à questão da reforma íntima, levando em consideração o que acabamos de ver, posso dizer que quando falamos em mudança do íntimo do ser humano, estamos falando em mudança do espírito e não da mente.

Perguntaram-me outro dia sobre expandir consciência, ou seja, expandir a compreensão mental. Eu deixei bem claro que isso é impossível. Por que? Porque a mente é instrumento de Deus para a provação. Por isso, o espírito, aquele que está em provas, não pode agir sobre ela...

Você não pode agir mudando a sua mente porque não há ninguém que mude aquilo que Deus cria, já que Ele é Onipotente, Onisciente e Onipresente. Por isso afirmo que reforma íntima não se consiste na mudança da mente pelo espírito, mas sim em mudar a sua relação com uma mente que é gerada por Deus.

Agora eu posso lhe falar sobre reforma íntima, pois estabelecemos o que é para ser feito.

Há muitos anos atrás eu já dizia: em qualquer lugar espírita ou espiritualista que você vá, alguém lhe fala para fazer uma reforma íntima, mas ninguém lhe diz o que é reforma íntima, como se reformar ou o que resultará dessa reforma. Nós nos preocupamos em dizer isso...

Porque nos preocupamos com isso? Porque o grupo de espíritos do 11º Batalhão do Exército de Maria tem como missão justamente lhe orientar na promoção da reforma. Por causa disso, vou lhe passar orientação sobre estes aspectos agora, aproveitando a sua pergunta.

O que é fazer a reforma íntima? É o espírito reformar a forma como se relaciona com a mente. Como se faz isso? Acabei de dizer que você não pode fazer isso mudando o que a mente pensa. Por isso afirmei que precisa mudar a sua forma de se relacionar com o que a mente cria. É assim que se faz a reforma íntima. Como se muda o relacionamento com o que a mente cria? Não acreditando no que ela fala. Se sua mente lhe diz que algo é bonito, não acredite nisso; se ela diz que alguma coisa é errada, não acredite nisso; se ela lhe diz que alguma coisa é feia, Não acredite nisso. Quando você age assim, reformou o seu íntimo porque reformou a sua relação do espírito com a mente. Eis aí em um parágrafo, tudo o que você precisa fazer nesta vida para aproveitar a oportunidade da encarnação que está tendo...

Agora, será que realmente o que falei é a reforma? Por que posso afirmar que aquele que faz isso se reformou? Porque o espírito humanizado se subordina a mente, acredita no que ela fala. Esse é o padrão, essa é a normalidade entre os seres humanizados. Se esse é o padrão, se esse é o normal, quem age diferente provocou uma reforma. Então, fica claro que com esse caminho você reforma o seu íntimo, pois vive uma forma diferente de se relacionar com a mente.

Agora, o que resulta disso? O que a reforma íntima lhe traz? Segundo Cristo, o reino do céu. Segundo o Espírito da Verdade, a felicidade de estar em Deus. Isso é o que os mestres ensinaram. Aquele que se liberta da humanidade, vive a felicidade que Deus tem prometido.

Eis ai portanto, a sua resposta, o que é uma reforma íntima. Reforma íntima é um processo onde você, o espírito, muda sua forma de se relacionar com a mente, passando, ao invés de viver o que ela cria como realidade, a não acreditar em nada do que ela fala. Por fazer isso, você vive a felicidade que Deus tem prometido, que Cristo chamou de bem aventurança.

Conversando com um espiritualista - volume I

Saber calar

Participante: por favor nos ensine mais sobre sabedoria do saber calar e escutar a voz interior neste mundo de expiação.

Você me pede para lhe ensinar a sabedoria do saber calar. Essa seria uma resposta muito simples: feche a boca! Se você fecha a boca, aprende a se calar. No entanto, a resposta não pode ser tão simples assim porque você não consegue fechar a boca.

Porque você não pode fechar a boca? Porque ainda tem dentro de você padrões que definem as coisas como certo, bom, lindo, arrumado, ou seja, você ainda tem verdades que trata como absolutas. Verdades as quais dá o cunho de verdadeiras, que tem que ser verdade para todos.

Como cada ser humano possui um conjunto de verdades diferentes, você jamais encontrará alguém que tenha as mesmas verdades que você, seja em gênero, número ou grau. Com isso, as suas verdades estarão sempre sendo atacadas. Quando você percebe esse ataque, certamente a boca vai falar, vai se defender, pois todo ser humano por natureza é egoísta e não vai deixar ser atacado sem reagir.

Feita esta análise, fica mais fácil responder o que você me pergunta. A sabedoria do calar a boca passa não simplesmente por fechar a boca, mas pela consciência de que todas as suas verdades pertence apenas a você. Quando se conscientiza disso, você pode dar ao outro o direito de acreditar no que ele quiser.

Quando achar, por exemplo, um passarinho bonito e outra pessoa não achar a mesma coisa, se você está apegado à sua verdade, vai querer provar para ela que está certo; se não está apegado à sua verdade, vai dizer: eu gosto, mas você tem o direito de não gostar...

Saiba que enquanto você gostar de passarinho e achar que ele é uma coisa boa, bonita e achar, ainda, que todos têm que gostar deste animal, a sua boca jamais vai se fechar. Ela estará sempre combatendo a verdade do outro.

Essa é a resposta à primeira parte da sua questão. Quanto à segunda, escutar a voz interior, eu afirmo que vocês não conseguem escutar essa voz. Falo isso porque se refere à esta voz como algo puro, vindo do mundo espiritual.

Este tipo de voz vocês não conseguem escutar. A única voz interior que ouvem é a da mente. Esta não tem nada de pura, pois a voz da mente diz que gostar de passarinho é bom, gostar de animal é bom e não pensar da mesma forma é errado. Por isso, como falei sobre o calar a boca, é essa voz que você deve silenciar e não escutar...

Conversando com um espiritualista - volume I

Fumo no terreiro

Participante: poderia em um centro, ao invés de usar cigarro ou charuto, usar um fumador como de festas, o efeito seria o mesmo?

Poderia. O efeito seria o mesmo? Seria, sem problema nenhum.

Mas, eu tenho uma pergunta para lhe fazer: porque não pode ser o cigarro? Por que você não gosta? Por que acha ruim? Por que acha feio? Repare: a sua questão não é se pode ou se não pode, mas sim por que não fazem o que você quer que faça? Neste caso a minha resposta é: porque nenhuma entidade vem aqui para satisfazer suas vontades e desejos humanos. Ela vem aqui com a missão de lhe auxiliar na elevação espiritual. Por isso, ela fuma o cigarro na frente de quem não gosta dele...

A entidade está lhe ajudando a amar ao próximo como a si mesmo. É por isso que ela fuma na sua frente.

Ela fuma na sua frente porque você não gosta de cigarro. Se não gostasse desse fumador que você cita, com certeza seria esse que ela usaria.

Conversando com um espiritualista - volume I

O ecumenismo e a verdade

Participante: a unificação das diversas religiões que temos hoje no planeta representaria a evolução da humanidade no conhecimento da verdade absoluta? Isso é possível? Nas palavras de Chico Xavier, o Espiritismos e o Catolicismo se tornarão uma só religião.

Não. É impossível se juntar religiões. Por que? Porque a religião é uma expressão humana dos ensinamentos de um mestre. A religião católica, como falamos muitas vezes, utiliza o ensinamento do Cristo, para buscar bem material. A religião espírita também. Como elas não abrem mão deste direcionamento, é impossível se juntar duas religiões.

Outro detalhe, a religião tem dogmas. O que é um dogma? Algo que você tem que acreditar sem compreender, sem ter comprovação. Como nenhuma religião abre mão dos seus dogmas, é impossível que uma se incorpore a outra.

O Espiritismo tem o dogma da encarnação. Sim, a questão das sucessivas encarnações é um dogma, porque a humanidade não possui confirmações universais da existência desse processo. O que existe são pessoas que acreditam que isso exista, mas esta crença é individual e não universal.

Se o espiritismo tem o dogma da encarnação, você, para ser espírita, tem que acreditar neste processo. Mesmo que não saiba de vidas anteriores, para ser espírita você precisa acreditar que já encarnou por isso. O Catolicismo não possui este dogma. Aqueles que professam esta crença não acreditam que já viveram outras encarnações.

Nenhuma das duas religiões aceita rever esses dogmas, essas verdades sobre as quais se fundamentam. Como, então, se juntar estas duas religiões? Vocês poderiam me responder que seria seguindo a verdade. Mas, quem está com a verdade?

Verdade é algo absoluto, universal, ou seja, é uma afirmação que precisa jamais ter sido alterada e que deve ser considerada como verdadeira por todos. Será que há uma maneira humanamente aceita de se provar que há ou não encarnação há todos que habitam o planeta. Eu diria que não.

Portanto, a crença de cada um é apenas a sua verdade e para que houvesse uma fusão alguém teria que abrir mão de sua verdade e adotar a do outro. Alguém está disposto a isso? Você está disposto a abrir mão do que acredita para se unir a quem pensa diferente?

Diante de tudo o que falei, fica claro, então, que não há como se juntar religiões. Apesar disso, há como se instalar o Ecumenismo no planeta.

O que é o Ecumenismo? É a fusão dos ensinamentos dos mestres. Não a fusão do que a igreja Católica ensina com o que Hinduísmo ensina e o Budismo ensina. Ecumenismo é a fusão dos ensinamentos de Krishna, Cristo e Buda numa só verdade. Isso é possível? Sim, mas para se conseguir é preciso acabar com as verdades criadas pelas religiões.

Apesar de ter falado como falei do Ecumenismo, o que disse vale apenas para aqueles que acreditam ainda que existem divergências entre os ensinamentos dos mestres. Eles precisam fundir ensinamentos. Na verdade, não há necessidade de se fundir os ensinamentos dos mestres porque na sua essência todos eles são iguais...

Nós já estudamos Krishna, Cristo, Buda, Espírito da Verdade e Paulo e provamos que não há diferenças entre os ensinamentos deles. As palavras podem ser diferentes, mas a informação, a essência do ensinamento, é uma só. A compreensão das palavras pode ser diferente, mas o ensinamento é um só. Por isso, a fusão só é necessária para aqueles que ainda veem diferença entre os ensinamentos dos mestres.

Sendo assim, o que pode levar a humanidade a evoluir, no sentido de aproximar-se de Deus, é o Ecumenismo. No entanto, não creia que o Ecumenismo seria a salvação...

Os ensinamentos dos mestres não são objetivos a serem alcançados. Eles são caminho para se alcançar o objetivo. Por isso, mais importante do que unificar os ensinamentos dos mestres é se praticar o que eles ensinam. Só isso pode lhe salvar.

Para praticar os ensinamentos dos mestres, não é preciso que você espere a unificação deles. Se, como falamos, em essência os ensinamentos de todos eles são idênticos, pratique os daquele que você segue e conseguirá a salvação...

Já que falamos em salvação, deixe-me falar um pouco sobre isso. Para que você possa considerar-se salvo, é preciso que siga o que está no livro Apocalipse da Bíblia. Neste livro, quando se fala da Nova Jerusalém é dito o seguinte: ‘no novo mundo não haverá sol nem lua ou seja, não haverá claridade, momento onde você se sente seguro, ou noite, momento que você tenha medo. No novo mundo não haverá religiões, porque o trono de Deus estará presente na Terra’.

Portanto, o que chamamos de Ecumenismo é apenas o caminho para se alcançar a Deus. Por isso, posso lhe dizer que a religião que pode salvar é conviver com um Deus vivo, presente. Para isso é preciso se unir a Deus e não a uma falange espiritual. Falo assim porque cada religião é representada por uma falange espiritual.

Conviver com um Deus vivo, presente, pode lhe salvar. Isso lhe leva a viver num novo mundo, já que neste mundo os seres que habitam este orbe estarão convivendo com Deus ao seu lado e não mais preso no céu e que para alcança-lo é preciso que se frequente templo.

Participante: ccompletando a pergunta, então as religiões já estão unificadas na sua essência?

Volto a repetir, não. As religiões não estão unificadas de forma alguma. Os ensinamentos dos mestre estão...

A religião é composta por um corpo doutrinário, uma doutrina. A doutrina católica apostólica romana, a doutrina evangélica, de diversos segmentos, a doutrina espírita... Essas doutrinas, que pertencem ao mundo humanizado, com ou sem carne, não estão afinadas em nada. Cada uma segue uma fé, cada uma defende uma verdade, cada uma quer que você faça determinada coisa. Portanto, as religiões não estão, não vão estar e nunca estarão unidas...

Conversando com um espiritualista - volume I

O último papa

Participante: quando Bento XVI foi eleito como Papa, o Pai Joaquim afirmou que seria o último Papa e que a igreja Católica iria se desmembrar. Como ficamos?

Ficamos do mesmo jeito que falei. Só um detalhe: a visão de vocês é muito curta. Ela trabalha presa a significados que muitas vezes não significam nada.

O que é ser um Papa? Desde Pedro, ser o Papa é ser o guardião da doutrina Católica Apostólica Romana. Um Papa muito mais do que ser um intermediário entre Deus e a humanidade, deve sempre se colocar na posição de defensor da doutrina Católica Apostólica Romana.

Ao longo da história, muitos são os exemplos do que acabei de falar, mas vou ficar apenas no mais recente para provar o que disse. Bento XVI foi contra os ensinamentos de Cristo para defender os dogmas da Igreja Católica. Digo isso porque ele condenou Judas quando divulgaram o Evangelho de Judas, enquanto Cristo disse que nós temos que perdoar a todos...

Cristo perdoou o próprio Judas e a todos, inclusive o bandido que estava a seu lado na cruz. Porque o Papa não defendeu o ensinamento de Cristo perdoando Judas também? Porque ele defendeu a doutrina católica.

Se ele absolvesse Judas, toda doutrina Católica, em especial a semana da Páscoa, que vocês vão viver já, não teria mais sentido. Não haveria mais o crime contra Cristo, não haveria mais a crucificação sendo entendida como um ato contra Cristo, que é o que a igreja Católica usa para lhe manter preso a ela.

É por isso que afirmo que Papa não é aquele que senta no trono de Pedro, mas sim aquele que defende os princípios da igreja Católica Apostólica Romana.

Definido o que é um Papa, lhe pergunto: pelas atitudes do atual ocupante do trono de Pedro ele é um Papa? Acho que não, pois está atacando muitos dogmas da fé cristã e vai atacar muito mais.

Outro detalhe do que disse anteriormente e que você me lembra agora: eu disse que a igreja se desmembraria. Já acabou o reinado deste ocupante do trono de Pedro? Como você pode me cobrar isso agora? Aguarde um pouco e terá a sua resposta...

Só um grande detalhe para completar sua resposta. Não pense que tudo que eu falo é verdade absoluta, que tudo que eu prevejo vai acontecer. Como já disse diversas vezes, espírito não é mágico. Como disse também, eu só repito aquilo que me mandam dizer.

Por isso, eu não teria o menor problema em lhe dizer que me passaram uma informação e eu repassei, mas aquela informação, dentro dos critérios de vocês, não aconteceu. Não teria o menor problema em dizer isso...

Por isso, não acredite que tudo o que falei agora foi para justificar o que disse antes. Neste momento lhe dei esta resposta apenas para aproveitar a oportunidade para lhe dizer que você que está preso a uma mente que só trabalha a partir do eu e para o eu, deve ampliar um pouco mais o seu horizonte e não se deixar levar pela busca de culpados, pela busca de erros, o que ela sempre faz.

Conversando com um espiritualista - volume I

Cobrar pelo trabalho mediúnico

Participante: gostaria de fazer uma pergunta. Não sei se é pertinente ou não, mas eu noto que por causa da minha criação ainda sinto um certo preconceito a respeito de dinheiro e finanças. Por causa disso, tem um assunto que sempre tive algumas dúvidas e gostaria de saber o que o Pai Joaquim tem a dizer a respeito. É certo ou errado o espírito encarnado, homem, cobrar por ajudar alguém? Falo mais especificamente do trabalho do Gasparetto. Para mim foi extremamente útil ter acesso a este trabalho porque me levou a um caminhar mais leve na vida, livre de crenças nocivas e preconceitos, os chamados “tem que”. No entanto, confesso que tenho certo preconceito pelo fato dele cobrar e oferecer serviços e cursos. Seria muito importante saber esta resposta porque creio que outros, na verdade muitos, tenham a mesma duvida que eu, embora acredite que poucos tenham coragem de admitir.

Você me faz uma pergunta – será que é lícito a um ser encarnado cobrar para usar em prol de alguém o dom que Deus lhe dá? - mas, também me dá a resposta a ela. Isso acontece quando me diz que aprendeu com esse médium que nada tem que ser, que nada é obrigatório.

Se aprendeu que é preciso se libertar do tem que ser de alguma forma para poder ser livre, aplique isto agora. Médium encarnado tem que fazer de graça? Não. Por quê? Porque ele não tem que nada. O médium encarnado tem que cobrar? Não, porque ele não tem que nada.

Veja, sua dúvida que tanto está lhe causando mal, é sem motivo. Você mesmo tem a resposta para ela. Esta resposta está naquilo que diz que aprendeu com este médium, mas que não aplica ao fato pelo qual, como você mesmo diz, tem preconceito.

Isso é normal no ser humanizado. Ele diz que aprendeu alguma coisa, mas aplica o que foi aprendido apenas naquilo que quer, apenas para aquilo que vá lhe trazer alguma vantagem. Se a aplicação do que foi aprendido lhe fizer ter que perder alguma coisa, nem que seja um preconceito, a mente humana não utiliza o ensinamento.

Existem médiuns encarnados que cobram, existem outros que não. Tanto de um lado quanto de outro existem grandes trabalhos sendo feito. Além disso, tanto em um grupo quanto no outro existem espíritos encarnados que estão vivendo o papel de médium que aproveitam a oportunidade da encarnação assim como outros que não aproveitam.

Você precisa entender o seguinte: uma coisa é o trabalho de um médium; outra é a forma como o espírito que está vivendo o papel de médium vive. Vou tentar explicar isso.

Neste momento eu estou lhe respondendo uma pergunta. Enquanto faço isso vivo minhas provas, mas também sirvo como instrumento para lhe levar algo que vai se constituir numa prova sua. Não importa como eu esteja me comportando, o meu discurso jamais será alterado pelo meu comportamento. Se o meu discurso, a orientação que eu lhe passo, pudesse ser alterado pelo meu comportamento, eu poderia levar a você algo que você não merecesse e nem precisasse. Neste caso, estaria acontecendo uma injustiça e um desamor à você. Se isso pudesse acontecer, Deus não seria nada nesse universo.

Essa é a primeira coisa que você precisa entender: o discurso do médium, seja incorporado ou não, é sempre aquele que quem está à sua frente naquele momento precisa e merece receber. Jamais nenhum médium, incorporado ou não, vai fazer para alguém algo que não esteja previsto acontecer na encarnação do espírito que recebe a ação.

Agora, enquanto o médium esta discursando, ele está vivendo a prova dele. Nesse aspecto, me desculpe, mas você não tem nada a ver com isso. Se ele está pedindo dinheiro ou se ele não está, se ele interiormente acha que tem que cobrar ou não, isso é entre ele e Deus. Como dizia um texto da Madre Tereza de Calcutá: no fundo, no fundo é tudo entre você e Deus. É tudo entre o ser que está vivendo aquela personalidade humana e Deus.

Portanto, não se preocupe com o que qualquer um faz. Não perca seu tempo querendo julgar se o médium que cobra é bom ou mal, se está certo ou errado. Sim, apesar de achar que você já superou a questão do certo e errado, o que está fazendo agora é um julgamento. Pior: está querendo que eu endosse seu julgamento para que você se considere certo. Isso eu jamais vou fazer.

Posso falar de forma genérica, mas nunca específica. Posso dizer que acho que médium não deve cobrar, mas não é por isso que vou julgar este ou aquele médium.

Não perca tempo com esse julgamento. Ouça, quando ouvir, o que qualquer médium tem para lhe dizer, porque isso é aquilo que você precisa ouvir. Agora, a relação dele com Deus, ou seja, se ele acha obrigatório cobrar ou não, isso você não tem nada a ver. Por isso lhe aconselho a não perder seu tempo com isso.

Deixe-me só completar este assunto com uma história. Lembro uma vez, logo no início do nosso trabalho quando ainda não tínhamos passado todas as informações que hoje estão disponíveis, que uma pessoa me perguntou sobre os pastores das igrejas evangélicas. Eu falei que os pastores tinham discursos muito bonitos que ajudavam as pessoas a trabalharem a sua entrega a Deus. Essa pessoa, então, me disse: ‘mas, eles pedem dinheiro, eles roubam dinheiro’. Eu respondi: ‘isso é entre o pastor e Deus; não se intrometa’.

Agora acabei de lhe dizer a mesma coisa: se o médium cobra ou não, isso é entre o médium e Deus; não se intrometa.

Conversando com um espiritualista - volume I

Existir mediunidade

Participante: qual a premissa para se receber e canalizar o espírito santo ou a unção divina, para quem queira entender e enviar milagres?

A premissa básica para qualquer coisa nesse mundo é Deus dizer faça-se. Se Deus não disser faça-se, você não vai fazer nada, ou alias como é dito em O Livro dos Espíritos, a coisa não será feita.

Veja, você ainda quer fazer alguma coisa, quando não há nem o você humano para fazer, nem a coisa a ser feita. Deus diz faça-se e a coisa se faz. Essa é a única premissa básica para acontecer qualquer coisa nesse mundo.

Conversando com um espiritualista - volume I

O médium precisa estudar?

Participante: que diferença tem um médium estudar todas as religiões, abrir seu conhecimento conhecendo todas as linhas espirituais e religiosas, para o espírito no seu trabalho?

Nenhuma. Quem trabalha é o espírito, é a entidade, não é o médium.

O médium da umbanda nós chamamos de cavalo, de burro. Ele é só o aparelho que a entidade utiliza. Por isso não tem diferença nenhuma se ele estuda ou não.

Aliás, nós temos um filho, que íamos para a casa dele estudar. Conversávamos com a mulher dele, que também tinha missão, mas ele não ficava ouvindo. Ele dizia que não gostava de ficar ouvindo. Toda vez que ele se retirava a sua mulher brigava dizendo que ele tinha que ficar e eu o mandava embora.

Depois de algum tempo eles começaram a trabalhar juntos. O médium que não ouvia nada do que eu falava começou a receber um índio, que dizia tudo o que eu falava. Mais: ensinava a mulher, aquela que ouvia o que eu falava...

Portanto, não é o médium que sabe. Acontece, no entanto, que algumas vezes nós precisamos, por conta da forma de trabalhar de cada espírito, que a informação esteja dentro do médium. Nesse caso, o médium precisará ter as informações dentro de si.

É o meu caso. No início, nós fazíamos o meu médium ler o que íamos estudar no futuro para que a informação estivesse dentro dele e, assim, nós pudéssemos usá-la.

Isso aconteceu conosco, mas não é necessário em todos os casos. Para muitos ter ou não ter as informações arquivadas em sua mente não faz o trabalho ser pio, ou melhor.

Conversando com um espiritualista - volume I

Orar pelos mortos

Participante: como devemos rezar pelos já falecidos?

Dizendo: vá em paz!

Ame os seus mortos pelo que eles sempre foram: espíritos. Deixe-os seguir o caminho deles.

Podem ter certeza que eles têm um Pai para guia-los. Por isso, não rezem por eles. Falo em rezar no sentido que vocês conhecem da reza pelos mortos: buscando aproximarem-se dele.

Aos antepassados, como se fala em O Livro dos Espíritos, você deve respeito. Só isso. Não queiram prendê-los a vocês.

Ao invés de orar pelo seu pai, ore por um espírito. O seu pai morreu. Ser pai foi só um papel que um espírito viveu durante uma encarnação e esse papel acabou. Agora ele é novamente um espírito que está no mundo espiritual vivendo entre seres iguais a eles. Todos estão sendo guiados pelo Pai deles.

Por isso, apenas louve o espírito e deixe-o ir em paz.

Conversando com um espiritualista - volume I

Ser cristão

Participante: por que tantos cristãos, hoje pregam o preconceito e exaltam as diferenças religiosas de gênero? Entre outras ações, as religiões combatem a interpretação da palavra de Deus que as outras possuem? Se somos todos seus filhos amados e portanto irmãos em seu amor, não seria preferível pregar a igualdade e a fraternidade ao invés de julgar e condenar?

Sabe por que os cristãos fazem isso? Porque não são cristãos. Eles são católicos, são evangélicos, são espíritas... São de diversas seitas, mas não são cristãos.

Ser cristão é uma coisa completamente diferente de ser católico, evangélico, espírita, ou de qualquer seita. Ser cristão é ter Cristo como modelo. Ser cristão é viver como Cristo viveu... É como ele disse: eu sou o caminho, a luz e a vida.

Os cristãos deveriam viver como o mestre viveu, mas ninguém quer ser um Jesus Cristo. Ninguém quer perder, ninguém quer ser crucificado, ninguém quer ser xingado, ninguém quer ser caluniado, ninguém quer ser o último no reino da Terra para ser o primeiro no reino do Céu, ninguém quer deixar de julgar, ninguém quer arrancar olho que lhe faz pecar. Isso, aliás, já deixamos bem claro em um trabalho que fizemos: “A humanidade odeia Cristo”.

Esse, portanto, é o fator que leva os religiosos das diversas seitas cristãs criticarem uns aos outros: não ser cristão...

Os cristãos não são cristãos: são seguidores de religiões que se dizem cristãs. No entanto, nem elas mesmos podem conferir a si este título, porque o que pregam não é o que o Cristo ensinou. Por exemplo: quando eu vejo um padre lhe incitando a levar a carteira de trabalho na missa para que ele, através da benção deste documento, lhe ajude a arrumar emprego, não vejo nisso nenhuma atitude cristã. Cristo ensinou: não amealhe bens na Terra. Se o mestre disse isso, como pode uma religião que diz que se fundamenta nos ensinamentos dele lhe propor conseguir be3ns neste mundo?

O padre, se realmente estivesse vinculado a uma doutrina cristã, deveria estar ocupado e preocupado em levar o seu rebanho a libertar-se da humanidade, dos anseios humanos, dos padrões humanos, do código de normas e leis humanas, ao invés de servir a própria humanidade. De servir as vontades humanas. Ele deveria se concentrar a mostrar o caminho que Cristo indicou, ou seja, o ganhar no outro mundo e não em fomentar a busca por terras, oferecer bênçãos ou manter a esperança de se alcançar a felicidade neste mundo através de uma série de atitudes místicas que ele possa executar.

Por isso afirmo que nem os cristãos são cristãos, nem a própria religião é cristã. Cristão é aquele que toma Cristo como exemplo. Aquele que busca viver os acontecimentos desse mundo da mesma forma que Jesus Cristo viveu os da diva humana dele. E, uma religião, para se dizer cristã precisa ensinar os seus fiéis a viverem assim, ao invés de incitá-los a buscar algo que o mestre que seguem não ensinou.

Conversando com um espiritualista - volume I

Ser instrumento de Deus

Participante: o que devemos fazer para nos tornarmos verdadeiros instrumentos de Deus na propagação dos ensinamentos? Para quem aceitou a mediunidade agora, quais os cuidados que devemos ter?

Vou falar não só para quem aceitou agora, mas também para todos. Vamos conversar sobre isso.

O que você deve fazer para tornar-se um verdadeiro instrumento na propagação dos ensinamentos? Propagar os ensinamentos. É simples: você só vai se tornar num propagador dos ensinamentos quando os propagar... Agora, ao propagar o ensinamento, há aspectos que nós precisamos conversar.

Primeiro: saber o que é um ensinamento de um mestre.

O ensinamento de um mestre são palavras que se transformam em um princípio, que se seguido, lhe leva a algum lugar. Isso é um ensinamento.

O conjunto de ensinamentos é uma doutrina. Doutrina é um conjunto de princípios, que se seguido, lhe leva a algum lugar.

Estes dois conhecimentos são necessários para aqueles que querem propagar os ensinamentos dos mestres. Só que há detalhes que precisam ser levados em consideração.

A primeira questão é que todo ensinamento tem um fundamento, uma razão para existir. Vou tentar explicar isso.

Cristo disse assim: ‘eu vim trazer a boa nova do reino do céu’. Essa boa nova é o conjunto de ensinamentos que ele trouxe, a boa notícia do reino do céu. Mas, que boa noticia ele trouxe? A de que havia um reino do céu onde os espíritos gozariam da bem aventurança, da felicidade. Quando entendemos isso, devemos ter a consciência de que todos os ensinamentos de Cristo foram trazidos para essa finalidade, para que isso aconteça.

A partir desta rápida análise, você começa a ver a primeira questão sobre como transmitir bem os ensinamentos dos mestres: quando fizer isso, use sempre a finalidade com a qual o ensinamento foi transmitido. Não altere a finalidade dos ensinamentos.

Quando um padre manda você levar uma carteira de trabalho na igreja porque ele vai rezar para que você tenha emprego ou quando o pastor lhe manda orar para sair da sua situação financeira ruim ou quando, ainda, um médium ou palestrante de uma casa espírita diz que você pode ser curado da sua doença, eles estão sendo propagadores verdadeiros do ensinamento de Cristo? Acho que não, pois estão usando os ensinamentos dos mestres com uma finalidade diferente daquela que o mestre Cristo transmitiu.

A finalidade do ensinamento do Cristo é criar um caminho para alcançar o reino do céu e lá viver a felicidade. Os propagadores que transmitem o ensinamento de Cristo da forma como mostrei estão presos à esta finalidade? Não, eles estão usando o ensinamento para alcançar a felicidade na terra.

Esse é o grande problema. É por conta desse aspecto que surge a infidelidade aos ensinamentos ou como Cristo ensina: a hipocrisia dos professores da lei. São hipócritas aqueles que conhecem o texto das escrituras sagradas, mas o transmite dentro de uma finalidade diferente para o qual foram gerados. Não colocar um ensinamento em prática não consiste apenas em não colocá-lo em prática nos acontecimentos de suas existências, mas também transmiti-lo com a finalidade que foram criados.

Se você que quer ser um propagador da mensagem de Deus não leu este trecho da Bíblia, eu aconselho a dar uma olhada. Ele está no Evangelho de Mateus, capítulo 23.

Eis ai o primeiro aspecto para que se torne um verdadeiro propagador dos ensinamentos: ter como objetivo o mesmo que o mestre teve. Além desse, há um segundo aspecto: a interpretação do próprio ensinamento. Vou dar um exemplo para você compreender perfeitamente o que estou dizendo.

Há uma frase onde Cristo diz assim: ‘eu não vim trazer a paz, mas a espada’. Usando esse ensinamento com o objetivo humano com o qual o transmissor professor da lei do ensinamento dos mestres utilizam, você vai dizer ao outro que Cristo tem uma espada para derrotar os inimigos dele. Que Cristo tem força, sangue de Cristo tem poder, para derrotar os inimigos dele nessa vida, os inimigos dessa vida.

Acontece que essa interpretação leva a não seguir outros ensinamentos, pois este mesmo mestre estabeleceu que um dos mandamentos que devem ser seguidos é amar o inimigo. Como, então, agora ele terá uma espada para matar o inimigo do ser humano e assim lhe dar a vitória? Se você não muda o objetivo do ensinamento, do humano para o espiritual, do viver a felicidade agora, para alcançar o reino do céu e lá viver a felicidade, você acaba ferindo o próprio ensinamento como um todo. Usando uma interpretação que não esteja dentro daquela que o mestre tinha quando transmitiu o ensinamento, você não se torna um propagador verdadeiro.

Apenas para lhe mostrar a interpretação de Cristo, o que nós sempre falamos é que essa espada realmente Cristo a tem. Ele lhe traz esta espada sempre, pois ela são os próprios ensinamentos. No entanto, ela não serve para matar seu inimigo, mas para matar a humanidade que está dentro de você. Isso porque é esta humanidade que, segundo Cristo, não lhe deixa chegar ao reino do céu.

Esse é o grande problema do nosso ensinamento: os seres espirituais encarnados e subordinados ao que a mente humana cria, que é egoísta, pensa a partir do eu e quer para o eu, vivencia os ensinamentos dos mestres com uma finalidade diferente daquelas para a qual elas foram criadas. Por isso alcança interpretações diferentes daquelas que possuíam os mestres quando transmitiram os ensinamentos.

Eis aí, portanto, a sua resposta: se você quer ser um instrumento fiel para a transmissão dos ensinamentos dos mestres, não se preocupe em trazer a felicidade material através dos ensinamentos a ninguém e não use os ensinamentos dos mestres com sentido diferente daqueles que atendam a todos os requisitos transmitidos por eles.

Por causa disso, recentemente transmiti uma mensagem aos médiuns: a hora do juízo final está chegando. Por isso, reflitam nos ensinamentos dos mestres e no que eles mostraram como objetivo a ser alcançado e parem de querer prometer uma felicidade que na maioria das vezes não vem. Mesmo quando ela vem, transforma-se a causa de mais sofrimento, porque leva o ser humanizado apenas ao prazer e não à felicidade. Disse mais: o trabalho mediúnico não é distinção, não é característica de avanço espiritual de nenhum ser, mas sim uma prova, mas sim um trabalho para você fazer para Deus e não para você.

Por isso deixei essa orientação aos médiuns e vamos falar muito dela ainda. Precisamos refletir sobre a mediunidade e compreender que ela precisa ser vivida como realmente é: ser instrumento Deus. Quando o ser humanizado vivencia a mediunidade como instrumento de Deus, cumpre a sua missão e passa na sua prova. Quando coloca a mediunidade à disposição da humanidade, está servindo ao diabo. Está servindo ao tentador gerado por Deus, está indo contra Deus.

Estas são as orientações que eu teria para você que está iniciando no trabalho mediúnico, mas também para todos aqueles que já estejam a muito tempo nessa roda: reflitam sobre o que estão fazendo. Como Cristo ensinou, vocês são o sal da terra, são o tempero da vida dos outros. Mas, se o sal perde o sabor, ou seja, se o tempero não está mais de acordo com os objetivos dos ensinamentos dos mestres, ele é jogado fora e é pisado pelos outros.

Saiba que no que vocês chamam de umbral, existem muitos médiuns, muitos professores da lei, muitos doutores da lei, que se consideraram muito grandes, porque realizaram proezas, milagres, mas quando saíram da carne viram que apenas contribuíram para as provas dos outros. Viram que o aparente milagre não era graça, mas sim prova. Com isso se culparam pelo que fizeram.

Ninguém os culpou: eles se culparam. Ao se culparem, acharam que mereciam estar no umbral, e como já falei antes, como o universo é feito por afinidades, se juntaram aqueles que se culpam.

Conversando com um espiritualista - volume I

Viver o agora

Participante: O passado já passou e o futuro talvez não chegue ... Como viver o presente sem olhar para o passado e sem almejar o futuro?

Você me pergunta como viver o presente sem olhar para o passado e sem almejar o futuro. Eu lhe respondo de uma forma muito minha: vivendo sem olhar para o passado e sem almejar o futuro...

Não há outra forma: você só consegue viver o presente quando está nele, ou seja quando não deixa o passado ou o futuro influenciar o presente... Vou tentar lhe explicar isso melhor...

Neste momento você encontra uma pessoa. Trata-se de alguém que você já conhece há algum tempo e por isso acha que sabe quem é, como age e que o faz.

Acontece que estas informações que você tem da pessoa estão no passado. Foi no passado que você chegou a esta conclusão. Por isso, lhe digo: não olhe para este passado. Ou seja, quando a sua mente lhe disser para ficar atenta porque aquele pessoa é alguém que você já sabe que é capaz de lhe ferir, não acredite nisso... Responda à mente que não sabe se isso é real. Que esta pessoa pode no passado ter lhe ferido, mas que você não sabe o que acontecerá agora.

Quando a mente está lhe dizendo para ficar atenta, ela já está prevendo o futuro, pois está lhe dando a possibilidade futura de ser agora novamente ofendida, criticada, acusada, atacada... Por isso, lhe digo: não aceite esta possibilidade. Diga à sua mente que você não sabe se aquela pessoa realmente é uma inimiga sua e nem se neste momento ela irá lhe atacar.

Tem uma frase que disse há algum tempo que resume bem o que estou falando agora: você só conhece o presente no futuro. Você só conhece o hoje no futuro, só saberá se aquela pessoa lhe ofenderá depois que ela lhe ofender... Enquanto isso não acontecer, a ideia de que aquela pessoa pode lhe ofender é um olhar para o passado com uma previsão de futuro.

Portanto, é assim que se vive o presente sem olhar para o passado e sem prever o futuro: olhando para o que se tem naquele momento sem deixar nenhum conceito do passado influenciar este momento e sem imaginar a que este momento vai lhe levar.

Como resumi diversas vezes, é viver o presente, no presente pelo presente. É estar com aquela pessoa neste momento pelo que está acontecendo agora, ou seja, sem levar em consideração o que já aconteceu entre vocês e sem programar o que pode acontecer a partir deste encontro.

Conversando com um espiritualista - volume I

Só se consegue a elevação no momento de sofrimento?

Participante: Atualmente, encontro-me numa fase da vida muito tranquila, materialmente falando. Sinto-me saudável, sem graves obrigações e preocupações. Mas, já não vejo isso como algo totalmente positivo, pois vejo claramente que não aplico o mesmo esforço na reforma íntima, quanto nos momentos de crise. Pergunta: Só seremos capazes de evoluir, mediante dores e vicissitudes desagradáveis? Se não, o que fazer para sair da zona de conforto?

Não, você pode evoluir, no sentido de liberta-se da mente humana, tanto no prazer quanto na dor. Agora, antes de se culpar por não estar fazendo neste momento que sua vida está tranquila, é preciso você entender uma questão. Aliás, esta compreensão é muito importante nos dias de hoje.

Vocês estão saindo de um mundo de provas e expiações. Como o próprio nome diz, este é um mundo onde é preciso provar, através de expiações, que você quer evoluir, que quer aproximar-se de Deus, que quer afastar-se da ilusão humana. Neste mundo é preciso provar que quer mudar-se.

Já no próximo mundo, aquele que nasceu n dia 21 de dezembro de 2012, o que é chamado de mundo de regeneração, terão que haver mudanças. Por isso, nesse mundo, mais do que provar que quer, você precisará se regenerar, se mudar.

Sabendo disso, precisamos entender o seguinte. Vocês não buscam libertarem-se da satisfação porque ainda se satisfazem com ela. Já com a dor, vocês não se satisfazem. Por isso, buscam se libertar apenas quando as vicissitudes são sofredoras.

Então, o fato de não buscar a evolução espiritual nos momentos de felicidade é uma questão ainda de estar no mundo de provas e expiações. Quando chegar ao mundo de regeneração terá que começar a trabalhar tanto na dor quanto no prazer, mas por enquanto ainda não se pode cobrar disso, porque não é o momento de fazer isso.

Sendo tudo isso real, lhe digo: se está vivendo hoje um momento onde suas vicissitudes são prazerosas, viva esse momento desta forma, mas prepare-se, porque se este mundo é de expiações e como está na pergunta 132 de O Livro dos Espíritos isso significa que se consiste em viver vicissitudes, alternância de situações, saiba que esta sua aparente tranquilidade daqui a pouco acabará. Fatalmente acontecerá uma vicissitude negativa.

Por isso, já que como você mesmo disse, não consegue libertar-se no momento do prazer, pelo menos viva este momento com a consciência de que as coisas não continuarão acontecendo desta forma, pois a vida é vivida com vicissitudes, com a alternância situação e espere próximas encarnações para que comece, então, também a lutar contra o prazer...

Conversando com um espiritualista - volume I

Desencarne no período de transição do planeta

Participante: durante essa época de transição que estamos vivendo haverá, como dizem as profecias, mudanças cataclísmicas a nível mundial onde desencarnarão dois terços da humanidade?

Não. Haverá cataclismos, mas não ao nível que estão imaginando, ou seja, algo que num dia só, de uma vez só elimine dois terços da população encarnada neste planeta.

Realmente dois terços da população espiritual vai desencarnar. Para alguns este desencarne será por cataclismos, mas outros serão por acidente de automóvel, de ônibus ou de avião, outros por doença, outros, ainda, por diversos motivos.

Respondendo-lhe, então, afirmo que haverá a redução na população encarnada neste planeta como você citou, mas isso acontecerá ao longo de um tempo e por motivos diferentes e não de uma vez só e por um só motivo. Por causa disso, este acontecimento será algo que não sentirão que está acontecendo...

Conversando com um espiritualista - volume I

Socorrendo os espíritos humanizados

Participante: Pai Joaquim, vendo a condição humana nos dias de hoje, como fazer para implantar a semente da nova era nesse planeta? e como fazer nascer a consciência do UNO na humanidade ?

Grande pergunta...

Aliás, para nós é uma pergunta de suma importância, pois este é o nosso trabalho, o nosso objetivo. Como já comentei antes, a nossa função é auxiliar todos os seres que encarnam no planeta Terra a se colocarem sob a batuta de Deus, ou seja, é ajudar os seres no processo de encarnação no planeta Terra a tornarem-se uno com Deus.

Antes de lhe responder, porém, precisamos verificar se esta unidade que você fala é realmente algo importante. Se esta unidade é realmente o objetivo das encarnações no planeta Terra. Para provar isso terei que falar de algo que vocês não gostam muito: da Bíblia...

A Bíblia Sagrada é o livro das encarnações no planeta Terra. Ela é composta por uma parte histórica e outra moral. Desde a introdução, onde é dito o que aconteceu com os espíritos que os levou a necessidade de encarnar, a compreender porque estão vivendo a roda de encarnações neste planeta, passando pela parte moral, que é o caminho para se extinguir a causa das encarnações, a Bíblia serve como um guia completo para aqueles que encarnam neste planeta...

Ao final da Bíblia se chega ao livro Apocalipse. Ali se narra as diretrizes básicas das encarnações no planeta Terra. Estou falando daquele monte de informações sobre anjos tocando trombetas, das quebras de selos, etc. Estas informações formam toda a diretriz básica, o plano diretor, para usar palavras de vocês, das encarnações no planeta terra.

O livro Apocalipse começa com o cordeiro de Deus, Cristo, quebrando os selos, ou seja, dando início às encarnações no planeta Terra e acaba com a chegada da Nova Jerusalém, o novo mundo, o mundo de regeneração. Durante este processo, coisas estão narradas ali. Algumas já aconteceram e outras ainda acontecerão.

No fim do apocalipse, no fim da Bíblia, de mais de cinco mil páginas escritas, há uma frase pequena que nos diz qual é a finalidade de encarnar no planeta Terra. Nela Cristo diz: tudo está feito, eu sou o alfa e ômega, o princípio e o fim, eu e Deus somos um.

O tudo está feito que está nesta frase quer dizer que tudo está pronto antes de acontecer. Eu sou o alfa e o ômega, a primeira e a última letra do alfabeto de então, quer dizer que Cristo é o caminho. O caminho para o que? Para se tornar um com Deus, uno com Ele, como é dito logo a seguir.

Sendo assim, a frase eu e Deus somos um, encerra o objetivo de todo o processo encarnatório no mundo terrestre. Ou seja, aqueles que vão permanecer no planeta Terra para o mundo de regeneração são aqueles que provaram que querem se tornar um com Deus.

Além disso, posso provar que a unidade é o objetivo final da roda de encarnações porque, se você acredita em espiritismo, em O Livro dos Espíritos se fala que Deus dá aos espíritos simples e ignorantes uma missão, uma encarnação, uma vida humana, com a finalidade de aproximá-los de Si. Este aproximar é tão próximo que se torna um com Deus.

Portanto, se está na Bíblia e se está em O Livro dos Espíritos, posso dizer que este é o objetivo das encarnações neste mundo. Tornar-se um com Deus é o objetivo final de todo espírito que está na roda de encarnações do planeta Terra.

Provada a teoria de que ser uno com Deus é o objetivo das encarnações neste mundo, volto a sua questão. Você me pergunta como auxiliar a humanidade que hoje está no ponto que está – e essa visão fica por sua conta, já que eu não a vejo tão afastada de Deus assim – a tornar-se uno com Deus? A resposta é simples: sabendo o que é o alfa e o ômega, sabendo qual é o caminho para que isso aconteça, sabendo tudo o que tem que ser feito para tonar-se um com Deus. Ou seja, levando os seres humanizados a compreenderem que precisam viver como Cristo, ser o Cristo...

Quando chegamos a esta conclusão, achamos, então, a forma de ajudar a humanidade: é levar a ela uma forma crística de ser, ou seja, ajudá-la a alcançar uma consciência crística de vivencia dos acontecimentos humanos.

Só que tem um detalhe ao qual você precisa estar atento: a humanidade afirma que ama Cristo, mas odeia Jesus Cristo. Já falamos sobre isso num trabalho. Dissemos que a humanidade diz amar Cristo, mas odeia viver como ele viveu.

Aquele que ama Cristo, que entende que a sua forma de viver é um caminho para tornar-se uno com Deus, deveria estar buscando viver como ele, mas, ao invés disso, repudia a forma crística de vivência da vida. Mais: acusa e critica aqueles que vivem como Cristo. Estes são tratados como bobos, como pessoas sem objetivos, etc.

Se a humanidade realmente quisesse atingir a Deus, ao invés de atacar quem vivencia os acontecimentos desta vida dentro das perspectivas de Cristo, deveria, ao invés de reclamar de estar sendo atacada, passada para trás nos momentos em que perde alguma coisa, compreender que precisa se mudar, que precisa amar o Cristo e viver como Jesus Cristo.

Este é o caminho para ajudar a humanidade: ensiná-los a serem um Jesus Cristo. Mostrar a eles que precisam ser o alfa e o ômega para poderem chegar a unidade com Deus. Não há outro caminho, não há outro jeito. Não há outra saída neste planeta para aqueles que querem alcançar o reino do céu a não ser viver como Cristo viveu.

Nós fizemos um trabalho (‘Missão jesus Cristo’) há muito tempo onde dissemos que iriamos desmistificar o Cristo. Lembro que no primeiro dia me perguntaram porque era preciso fazer aquilo. Naquela época respondi que era porque a humanidade tem uma ideia errada de ser um Cristo, um Jesus Cristo. Deste caso vem mais um aspecto para lhe responder como ajudar a humanidade: o trabalho para ajudar a humanidade é ensiná-los é auxiliá-la a se tornar um Jesus Cristo, mas o caminho para isso é mostrar o Cristo verdadeiro.

As doutrinas ditas cristãs, fundamentadas nos ensinamentos de Cristo, mas deturpadas pelos humanos, são fundamentadas no ganhar nesta vida, enquanto que o ensinamento do mestre foi que não se deve amealhar bens neste mundo. Por isso, o que pode ser feito para ajudar a humanidade, além de conscientizá-la de que ser um Jesus Cristo é o caminho para Deus, é apresentar o verdadeiro ensinamento do mestre. Isso se consegue levando o ensinamento de Cristo livre do ganhar qualquer coisa neste mundo.

De tudo isso, chego, então, a resposta para a sua questão: para ajudar a humanidade neste momento o que é preciso é, primeiro, conscientizá-la da necessidade de ser um Cristo e em segundo lugar levar a ela o verdadeiro ensinamento do mestre, o ensinamento desmistificado da busca de receber neste mundo...

Apesar de já ter lhe respondido, deixe-me aproveitar a ocasião e lhe dizer uma coisa. Existe uma lenda no planeta de vocês que fala que Cristo voltará. Sim isso acontecerá, mas essa volta não é física. Ele não incorporará, não encarnará, não aparecerá fisicamente. O que voltará é o ensinamento dele dentro da sua essência original. Aliás, é isso que vai marcar a transformação de mundo de provas e expiações para regeneração, que é o período que estamos vivendo.

Só mais um detalhe para encerrarmos. Antes que os apressados me critiquem dizendo que pelo que falei só os cristãos poderão ser salvos, eu digo: não disse isso. Quando se fala em Cristo como caminho para a unidade com Deus não se fala especificamente num espirito, mas num ensinamento. Como o ensinamento de Cristo, Buda, Krishna, do Espírito da Verdade e de Maomé é todo o mesmo, alcança-se a Deus vivendo como cada um destes mestres ensinou, orientou...

Usei a palavra Cristo nesta resposta porque estou falando com um mundo ocidental, onde a presença do cristianismo é mais forte. Mas, se estivesse no oriente usaria Buda; se estivesse no mundo mulçumano falaria em Maomé; se estivesse na Índia falaria em ser um Krishna.

Por isso afirmo que se você é oriental pode ser salvo: basta ser um Buda. Se for indiano, seja um Krishna para se tornar um com Deus. Sendo mulçumano, seja um Maomé e alcançará o objetivo da roda de encarnações no planeta Terra.

Conversando com um espiritualista - volume I

Sair do universo

Participante: Quando criança sempre me perguntava o que haveria caso eu não quisesse mais participar do Universo. Sei que eram questões complexas para criança de 10 anos, mas ainda sim pensava nisso. Como Pai Joaquim mesmo diz, essa vida na terra é um filme. Se o que vivemos é destino e o livre arbítrio é do espirito, poderemos nós espíritos nos rebelarmos contra Deus e assim não fazer mais parte do seu universo? Se sim, seria essa a morte do espirito?

Na primeira parte de sua pergunta você me diz: quando eu era criança pensava assim. Isso não é real. Não era você que pensava, mas sim a sua mente. Isso é importante deixarmos bem claro para que não se confunda as coisas.

É importante se entender isso para que não ache que era você que queria sair do universo. Na verdade quando você era criança quem pensava assim era a mente. Mais: quem se lembrou agora deste pensamento também foi a mente.

Para que ela fez isso? Para lhe prender à ideia de que você já tem uma propensão de querer sair e que pode conseguir esta saída através da mente. Não, não há saída através da mente: ela só pode acontecer com a libertação da mente.

A saída só acontece quando você simplesmente diz: ‘é a mente que está criando e isso não é a verdade, eu não sei qual a realidade, eu não sei se quero ou se não quero’. Não adianta se prender a nenhum processo mental porque, através do mesmo processo mental que sugere que você está realizando um trabalho espiritual como o sair do universo ou da libertação da humanidade, não se encontra saída alguma. O que existe neste caso é uma provação, pois todo processo mental é uma prova.

Então, com relação a ideia que a mente lhe lembrou – porque, repito, não foi você que se lembrou, mas a mente que criou a lembrança, já que não existem outras lembranças deste tempo ou há poucas – afirmo que ela fez isso para se propor como um guia infalível para levar-lhe à elevação espiritual. Mas, como o Espírito da Verdade ensina, a razão não é um guia infalível para o ser.

Esta é a primeira parte da resposta e corresponde ao início da sua pergunta. Vamos à segunda...

Você diz: ‘Se o que vivemos é destino e o livre arbítrio é do espirito, poderemos nós espíritos nos rebelarmos contra Deus e assim não fazer mais parte do seu universo’?

Você me pergunta se o espírito pode se rebelar contra Deus e assim não fazer mais parte do universo. Para lhe responder, pergunto: se você não faz parte do universo, faz parte do que? Se só o universo existe, se só ele é real, para onde iria se saísse do universo?

Na verdade o que existe neste caso é apenas a ideia de que você pode sair do universo, mas esta não possui nenhum fundamento, pois não há lugar para se ir que não seja o próprio universo. Foi justamente por isso que lhe disse na primeira parte que esta é uma ideia gerada pela mente para lhe prender e lhe aconselhei a não seguir a razão.

Não há como sair do universo. O que há é a possibilidade de viver a ilusão como realidade e por isso achar que não está na realidade. Vou explicar isso...

Os espíritos quando estão ligados a uma mente humana acreditam que o que é criado pela mente é uma realidade. Por isso acredita que a natureza, as casas, as ruas e tudo que o cerca e com o qual convive neste mundo é real. Mas, nada disso é real, nada disso existe. O que existe onde você está vendo tudo isso é o próprio universo.

Apesar de dizer que você não pode sair do universo, afirmo que há um jeito sim de dele, mas este jeito não lhe leva a sair dele, mas a viver uma ilusão, uma ideia ilusória como realidade dentro do próprio realidade. Como? Acreditando que o que a mente cria é real. Você quando vive dessa forma continua dentro do universo, só que acha que não está. Esta é a única forma de sair do universo...

Você me pergunta mais: o espírito pode se rebelar e chegar ao ponto de viver a ilusão como realidade? Eu respondo que sim. Aliás, é o que acontece com vocês quando encarnados, pois acreditam naquilo que a sua mente cria como realidade, como real.

Aquele que vive com esta mente humana, com a personalidade humana, como se fosse esta personalidade ele mesmo e como o que ela cria como algo real, é um espírito rebelado contra Deus. Isso fica muito fácil de se ver numa passagem bíblica sobre a qual me perguntaram outro dia: os anjos caídos, a rebelião de Lúcifer.

Os anjos caídos são espíritos que imaginam que possuem o poder de Deus como descrito no livro Gênesis: ter os olhos abertos (capacidade de perceber as coisas) e por isso separar o bem do mal. Eles acham que tem este poder e por isso se rebelaram contra a causa primária de todas as coisas, contra Deus como a origem de todas as coisas.

É por causa disso que esses anjos vivem nesta carne, já que só aqui, preso a identidade humanizada, o ser vive como que imagina quer viver, que faz aquilo que quer e nada pode impedi-lo de fazer. Estes seres vivem afastados de Deus, pois estão desligados da realidade: a causa primária que faz tudo acontecer.

Sobre essa questão de estar afastado de Deus também preciso falar um pouco. Temos usado muito esta expressão e por isso pode surgir uma ideia errônea do que estou falando.

O espírito está afastado de Deus quando ele acha que o que vive é real, é realidade. Este afastamento de Deus, no entanto, não é estar afastado, estar longe de Deus. O que o espírito vive é uma ilusão, um ideia ilusória de estar afastado, mas na realidade real está próximo de Deus sempre.

Aliás, é o que eu sempre disse: na verdade a elevação espiritual não é ganhar coisas novas, mas se limpar da sujeira, de coisas velhas. O espírito que vivencia o processo que vocês chamam de elevação espiritual se limpa da ilusão que vive e que denota a sua revolta contra Deus, se liberta da sua vontade de fugir do universo, ou seja, da sua vontade de não ser alguém que é administrado pela causa primária.

Portanto, essa é a sua resposta: sim, o espírito pode se rebelar, mas ao fazer isso não sai do universo, mas vive uma realidade ilusória que o leva a imaginar que está fora do universo, mas está dentro dele. Isso quer dizer, que mesmo achando-se afastado de Deus, na realidade real o ser continua ao lado do Pai e dentro do Universo...

Mas, há uma terceira parte na sua pergunta: Se sim, seria essa a morte do espirito’? Vamos responde-la...

Não, o espírito não morre. Quando imagina-se fora do universo ele está apenas desligado da realidade real temporariamente. Espírito jamais morre, porque só para vocês algo tem que ter princípio e fim.

Se o espírito morresse ele não seria eterno e todos os mestres nos ensinaram que ele é...

Para completar a resposta só quero dizer mais uma coisa que irá embasar tudo o que disse...

No Bhagavata Puranas, é perguntado assim: a mente primária é escrava da secundária? Krishna responde que sim, que a mente primária é escrava da mente secundária. Nesta conversa, a mente secundária representa a humana e a primária o próprio espírito, o princípio inteligente... Só que a resposta de Krishna não para por aí. Ele continua: se levarmos em consideração que tanto a mente secundária como a ligação desta com a primária são ilusórias, podemos dizer que a mente primária não é escrava de nada.

Na verdade o que acontece é isso. A mente primária, o espírito, continua vivendo toda a sua realidade e está presente no Universo. Apenas ilusoriamente ele está ligado a uma ilusão que o faz sentir-se fora deste universo, fora da causa primária que é Deus. Estes são os anjos caídos, aqueles que se rebelaram contra Deus.

Por isso, como Krishna ensina: você não é escravo desta realidade. Assim sendo, pode conseguir vencer a ideia ilusória e com isso sentir-se parte de onde está realmente...