A reforma íntima - Palestra
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A reforma íntima - Palestra

Palestra realizada na comemoração do terceiro aniversário do EEU em 2002 pelo amigo espiritual Zytos em Goitatuba - GO. 

A reforma íntima - Palestra

Introdução

Palestra comemorativa do 3º aniversário do EEU - 2002

Há três anos, a espiritualidade convidou um grupo de encarnados para realizar um trabalho espiritual com um objetivo: promover os conhecimentos necessários para que o ser humanizado possa alcançar o universalismo voltado para o espírito através do ecumenismo. Nossa intenção nunca foi promover um universalismo voltado para a matéria, para as religiões, mas sim para o espiritual, para as coisas do espírito.
Durante estes três anos muitos ensinamentos foram passados. Todos eles tiveram uma só finalidade: apresentar a cada um a sua verdade espiritual. Este grupo espiritual nunca priorizou as coisas materiais. Quando abordou estes elementos foi unicamente com a intenção de ensinar as verdades mais universalizadas e espiritualizadas sobre as coisas materiais.
Todo este ensinamento sempre teve um objetivo: promover a mudança interna de cada pessoa. As informações transmitidas não buscam mudar as coisas existentes, mas ensinar como cada um pode mudar o seu íntimo.
Nosso único objetivo é auxiliar as religiões existentes como simples ajudantes, com a intenção de uni-las em uma só doutrina que espelhe mais a Verdade Absoluta (de Deus) do que as que hoje existem no planeta. Somente quando as religiões e seitas existentes na Terra realmente se universalizarem, poderão realmente auxiliar seus fiéis a se preparem para o novo mundo.
A preparação para o novo mundo só será alcançada com a reforma íntima, ou seja, com a mudança interior de cada um e não com a mudança das coisas existentes.
Não será através da mudança de uma doutrina para outra melhor, que o espírito conseguirá preparar-se para viver no novo mundo. Não importa em que religião ele esteja, o importante é que mude a sua maneira de agir e ver o mundo.
Estas informações foram trazidas pelo plano espiritual desde o início e podem ser encontradas já no primeiro Manifesto ditado ao Espiritualismo Ecumênico Universal.
Portanto, a missão de nosso grupo espiritual é:
Preparar os espíritos para o novo mundo, unificando as doutrinas existentes sob a base de uma única, que não seja individualista e nem que premie o bem material em detrimento do espiritual.
A partir desta definição, podemos dizer que as transmissões de ensinamentos visam a levar informações que auxiliem o espírito a conhecer melhor as coisas espirituais (obter verdades mais universalizadas) para que possa conviver de uma forma mais universal com o mundo em que vive. Mas, quais serão as mudanças necessárias que o espírito terá que fazer em sua forma de conviver com os acontecimentos, pessoas e objetos do planeta? Este é o objetivo desta palestra.
Reforma íntima é o tema central de todas as doutrinas ditas religiosas. Todas conclamam os seres humanizados a se reformarem, mas não conseguem explicar o que deve ser feito para que seja alcançada a mudança completa. Não conseguem realmente mostrar o que cada um deve reformar em si para poder alcançar a elevação espiritual.
Afirmar que alguém tem que ser humilde, toda a religião afirma, mas não consegue explicar ao ser humanizado como acabar com sua soberba... Informar que a vida deve ser vivida com amor as doutrinas informam, mas ensinar a não ter raiva, elas não conseguem.
As religiões têm suas doutrinas baseadas em códigos morais (leis) que visam coibir a prática de atos contrários aos desígnios de Deus. Ou seja, elas apenas criam normas de certo e errado, mas não explicam como o ser humanizado consegue deixar de viver um acontecimento de uma forma para passar vivê-lo de outra.
Apenas criar um código de normas e a partir dele exigir determinadas condutas, não coíbe a prática de atos contrários. Isso a humanidade já deveria ter entendido. O Código Penal de todos os países do planeta, por exemplo, proíbem que se mate outra pessoa, mas mesmo assim este crime é praticado todos os dias, em todos os cantos da Terra.
Por isso afirmo que as doutrinas das religiões, mais do que criar normas e as divulgar, deveriam explicar como o ser humanizado deve proceder para não matar, não roubar, não adulterar.
Portanto, a reforma íntima nunca conseguirá ser alcançada apenas com a divulgação de com um código de leis. É preciso saber o que mudar, como fazer para alterar posturas sentimentais e não apenas ter uma tabela que proíba atos. Para isso é preciso conhecer a Verdade e a Realidade do Universo.
É isto que iremos conversar neste dia: o quê e como fazer as mudanças necessárias para que se faça a reforma íntima e se possa viver com Deus e os mestres no novo mundo.
Finalizando, então, este bloco de nossa palestra de hoje, posso dizer que o trabalho do Espiritualismo Ecumênico Universal é ensinar as pessoas como mudar, em que é preciso mudar. Claro que isso é um trabalho hercúleo que ainda levará muito tempo para ser concluído, mas no dia de hoje daremos rápidas pinceladas no tema.

A reforma íntima - Palestra

O início

Antes de haver qualquer matéria nessa densidade que vocês conhecem, Deus já criava espíritos. Por este motivo João diz em seu Evangelho:

“Antes de ser criado o mundo, aquele que é a Palavra já existia. Ele estava com Deus e era Deus”. (João – 1,1)

Em O Livro dos Espíritos vamos encontrar as propriedades do espírito após ser gerado por Deus: simples e ignorante. Como simples compreendemos que o espírito no seu nascimento possui apenas um sentimento: o amor. Além disso, também nasce sem ciência (ignorante).

Podemos, então, afirmar que a evolução do espírito é adquirir a ciência do universo. Entretanto, nesta busca, ele perde a sua simplicidade: torna-se complexo, ou seja, adquire novos sentimentos que não possuía.

Assim sendo, o objetivo da vida de um espírito é adquirir ciência (conhecimento espiritual) sem perder a simplicidade, sem perder o amor. Quando nesta busca perde a simplicidade, a primeira coisa que adquire é o poder. Todos os sentimentos negativos que um espírito possui são baseados no poder: poder sobre os outros, de ser, de estar, de fazer.

A simplicidade é baseada em estar à disposição de Deus, ser subserviente a Ele, enquanto que o poder adquirido durante a busca da ciência faz o espírito encontrar a individualidade, o eu.

Podemos encontrar uma definição deste poder na Bíblia Sagrada, no livro Gênesis, mas antes de citá-la, precisamos entender esta passagem. Adão e Eva, enquanto moradores do paraíso não eram seres humanos (espíritos encarnados), mas simplesmente espíritos. Só com a expulsão do paraíso é que estes seres universais começaram a habitar a matéria carnal e se transformaram em seres humanos. Sendo assim, a desobediência que transformou Adão e Eva em seres humanos foi baseada no poder que eles adquiriram durante a sua procura pela ciência (conhecimento espiritual). Por isto, a importância de bem se compreender o texto bíblico:

A cobra era o animal mais esperto que o Deus Eterno havia feito. Ela perguntou à mulher: - É verdade que Deus mandou que vocês não comessem de nenhuma árvore do jardim?

A mulher respondeu: - Podemos comer as frutas de qualquer árvore, menos a fruta da árvore que fica no meio do jardim. Deus nos disse que não devemos comer dessa fruta nem tocar nela. Se fizermos isso, morreremos.

Mas a cobra afirmou: - Vocês não morrerão coisa nenhuma! Deus disse isso porque sabe que, quando vocês comerem a fruta dessa árvore, os seus olhos se abrirão, e vocês serão como Deus, conhecendo o bem e o mal.

A mulher viu que a árvore era bonita e que as suas frutas eram boas de comer. E ela pensou como seria bom ter conhecimento. (Gênesis – 3, 1/6)

O poder que acaba com a simplicidade do espírito é o de conhecer o bem e o mal.

A primeira característica do poder que o espírito adquire é o de escolher adjetivos para as pessoas, objetos e acontecimentos que vê: bem ou mal, certo ou errado, feio ou bonito, alto ou baixo, gordo ou magro, longe ou perto. Ter opiniões sobre as coisas é a decorrência de ter poder, pois só quem imagina que possua se julga na capaz de ser juiz de alguma coisa ou de alguém.

Desta forma, os espíritos nascem simples, mas perdem esta simplicidade quando adquirem o poder de achar que são capazes de escolher uma qualificação para as coisas. É este poder que faz com que o espírito não ouça o que Deus quer, mas apenas o que ele mesmo quer. O espírito que possui este poder quer escolher a verdade para todas as coisas.

Por isto a cobra afirma que o espírito será como Deus, conhecendo o bem e o mal. Só Deus tem o poder de saber alguma coisa.

O espírito simples não vive a idéia de ter este poder, pois confia em Deus e se entrega na mão do Pai (fé), aceitando tudo que recebe Dele, sem qualificar as coisas.

O ser simples, ao invés de qualificar as coisas do mundo em que vive, reage com alegria, compaixão e igualdade a tudo. Estes três sentimentos compõem o amor universal, aquilo que torna o espírito simples, sem poder de ser, estar ou achar.

É o poder que leva o espírito a vir para a carne, ou seja, o faz ser expulso do paraíso. É o imaginário poder que o ser universal imagina ter que torna necessário o processo reencarnatório.

Os espíritos superiores, os simples, sempre perguntam a Deus o que Ele quer que seja feito e por isto sempre agem dentro dos Seus desígnios. Aqueles que imaginam que detêm sobre si e sobre os outros o poder, não perguntam a Deus o que precisam fazer e imaginam-se capazes de fazer, de ser, julgando todas as coisas em bem ou mal, certo e errado, bonito e feio, etc.

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Necessidade da reencarnação

“Então o Deus Eterno disse o seguinte: Agora o homem se tornou como um de nós, pois conhece o bem e o mal. Ele não deve comer a fruta da árvore da vida e viver para sempre”. (Gênesis – 3,22)

A constatação de como se desenrola a vida na carne deveria ser a maior prova para o espírito de que ele não possui poder de conhecer ou comandar os acontecimentos.

Ele busca um objetivo, imaginando ser o melhor para ele, mas quando o alcança, percebe que não era tão bom assim... Decide por um caminho a seguir, mas o destino (Deus) age e o leva para outro. Quando imagina que conhece todas as coisas, vem o desencarne e ele nada mais sabe...

Portanto, a vida na carne por si só já deveria mostrar ao espírito humanizado que ele não possui nenhum poder de decisão sobre as coisas.

O ser humanizado precisa compreender que não possui este poder, que não consegue mudar o seu destino (livro da vida). Libertando-se dessa ilusão o espírito pode, então se transformar novamente no simples que sempre deveria ter sido. Sem achar, querer, ser, estar, o espírito se transforma em simples.

Com o poder, o espírito humanizado torna-se tão complexo que nem ele mesmo consegue se conhecer. Frente a uma determinada situação reage de uma maneira, mas em seguida, novamente frente a uma situação igual, reage completamente diferente... Como pode querer o espírito ter poder, se nem ele sabe como reagirá?

Assim sendo, o espírito nasce simples. Quando adquire o poder, transforma-se em espírito complexo e precisa, então, fazer a sua reforma íntima para voltar a ser espírito simples, aquele que se entrega ao Pai e possui apenas um sentimento: o amor universal.

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Reforma íntima

A partir do que vimos até aqui, posso afirmar que proceder à reforma íntima é abrir mão do poder de conhecer (qualificar) as coisas. Isto acaba com a complexidade do espírito e o leva de volta à simplicidade.

Não existe reforma íntima sem abrir mão do poder de conhecer as coisas, de ver certo ou errado, bonito ou feio, magro ou gordo, bom ou mau. Esta é a reforma que os seres universais humanizados sempre foram conclamados a fazer.

Procurando na Bíblia Sagrada só encontraremos mensagens conclamando o espírito a não achar, não julgar, não criticar. Não existe uma só mensagem que aprove este modo de proceder. Conheça também as mensagens de todos os santos (espíritos que se tornaram simples) e verifique que só encontrará ensinamentos que dizem o que você não deve fazer, não pode ser.

Leia Emanuel e veja que ele informa sempre que você não pode atirar pedras nos outros. Entretanto, como o ser humanizado está preso à materialidade e por isso vivencia apenas a letra fria, imagina desse ensinamento que não pode pegar uma pedra no chão e atirar em outra pessoa...

Mas, não foi isso que o espírito puro quis dizer. O que ele realmente afirmou é que não se deve agredir ou acusar alguém de feio, errado, gordo, magro, etc. Fazer estas afirmações a respeito de alguém é o mesmo que atirar uma pedra muito grande e que, por isso, fere muito.

Fazer a reforma íntima é não encontrar bem ou mal, certo ou errado, bonito ou feio em nada nem em ninguém. Todo este achar é fruto do poder que o espírito imagina que ter e não uma realidade.

Agora, se o espírito foi expulso do paraíso porque comeu uma fruta que lhe deu o poder imaginário de conhecer o bem e o mal, como voltar ao paraíso? A única maneira é a reforma íntima, a mudança no íntimo de cada um que acabe com os conceitos que se cria sobre as coisas.

Isto sempre esteve escrito na Bíblia, que existe há milhares de anos. Sempre houve a informação de como se proceder para fazer a reforma íntima, assim como a informação de que se o espírito saiu do paraíso por começar a achar, se deixar de exprimir opiniões, para lá poderá voltar...

Essa é a reforma íntima que todos têm que fazer: mudar a maneira de ver o mundo. A reforma do planeta não pode passar pela mudança dos outros para o que você acha que ele deveria ser ou fazer, mas deve começar por você mesmo, deixando o outro ser o que ele é, sem que você o critique por isso.

Quando o espírito não mais estiver vendo erro no que os outros fazem, o erro acaba. As pessoas não irão alterar sua forma de proceder, mas será você que não mais terá o poder de encontrar erro no que fazem.

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Auto flagelação

No final do item anterior falamos claramente qual deve ser o trabalho para a reforma íntima. Agora quero falar de mais um detalhe importante: a reforma não deve acontecer só com o outro, mas deve ser também executada com você mesmo.

Todas as religiões transmitem a necessidade do ser humanizado vigiar seus atos e se auto punir quando praticar aqueles que são contrários às suas leis. Mas, se não há erros, ninguém erra. Isso serve para os outros, mas também para você. Ou seja, você não erra jamais quando age com os outros.

Por este motivo, a reforma íntima não pode passar pela visão do erro próprio nem pela auto punição por atos praticados. Tudo que é praticado é porque Deus co-mandou aquele ato, daquela forma, naquele momento.

Não adianta se auto acusar, pois isto não levará à reforma íntima.

No livro “Jesus no Lar” (psicografado por Chico Xavier), o espírito Neio Lúcio relata uma história contada por Jesus em uma de suas reuniões em Cafarnaum. Nela o mestre exemplifica como o diabo conseguiu neutralizar as ações de um servidor de Deus que atuava em uma cidade repleta de pecadores.

Para conseguir seu intento, o diabo pediu sugestões aos seus subordinados. A primeira foi despojar o servidor de Deus de seus bens, mas o chefe afirmou que isto seria libertação para esse servo. A segunda foi castigar a sua família, mas segundo o senhor do mal, isso só traria mais união.

Outras sugestões foram dadas e sempre repelidas pelo diabo: flagelar o corpo não daria certo porque traria mais fé; caluniá-lo ou matá-lo não adiantaria, pois o tornaria um herói e mais almas seriam perdidas para o inferno. No entanto uma das sugestões pareceu exeqüível ao diabo: mostrar ao servo de Deus o quanto ele era pequeno, apontando as suas imperfeições.

O plano foi posto em prática e os capetas por ordem do chefe insuflaram esta idéia na mente do servo do Senhor. Este, julgando-se incapaz para o trabalho divino tendo em vista suas imperfeições, acabou encarcerando-se em seu próprio quarto, cheio de vergonha e humilhação, deixando de divulgar a fé no Pai, até perecer.

Embasando-me neste ensinamento do mestre posso, então afirmar que nenhum ser universal humanizado conseguirá realizar a reforma íntima acusando-se ou julgando-se. Se o resultado deste processo é viver no amor universal, isto não pode ser conseguido com a auto acusação, pois ela só traz sofrimento.

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Reformando pela dor

“Não julguem os outros para não serem julgados por Deus. Porque Deus os julgará do mesmo modo que vocês julgarem os outros e usará com vocês a mesma regra que usarem com os outros”. (Mateus – 7,1)

Para se conquistar a mudança interior que leve ao abandono do poder que o ser humano imagina possuir, ele não pode estacionar (viver a vida dentro da estabilidade humana). É preciso fazer algo diferente do que os demais que não querem reformar-se fazem.

Eu afirmo que este algo mais que deve ser feito é se alcançar a consciência do sofrimento que se causa aos outros quando o ser humanizado qualifica ou critica o próximo. Só com a consciência plena do sofrimento causado, o espírito pode mudar-se.

No entanto, como já vimos, tomando a consciência do quanto fere o próximo, o ser humanizado não precisa se acusar do que fez. O resultado desta análise deve se transformar apenas numa constatação do sofrimento que causou a outro e não numa auto acusação.

Justamente por causa da consciência do sofrimento que se pode causar quando se acusa o outro é que afirmo que to Deus não acusa ninguém, pois Ele, não quer causar “mal” aos seus filhos.

Mas, não é com esta consciência que o ser humanizado vive. Muitos atribuem valor de castigo de Deus aos acontecimentos de sua vida que não gostam. Saibam estes: o Pai não castiga ninguém. Tudo o que Ele faz acontecer para os seus filhos é o mesmo que estes causaram a outros...

Todos os acontecimentos da vida, mesmo aqueles que o ser humano encontra motivos de sofrimentos, não são castigos que Deus aplica, mas ensinamentos que o espírito recebe do Pai para que ele alcance a consciência do sofrimento causado ao irmão. O objetivo de Deus não é penalizar ou levar o mal, mas dar a um ser universal humanizado a consciência do sofrimento que o outro passou quando foi julgado ou criticado.

Sem entender a Causa Primária com esta consciência, o ser humanizado não consegue alterar a sua forma de viver os acontecimentos da vida, ou seja, não promove a reforma íntima.

O espírito que não consegue entender a situação como um ensinamento (algo positivo) oriundo do Pai acusa o agente de Deus de ter feito mal, de causar ferimento e sofrimento.

É preciso deixar de acusar os outros de fazerem o mal, de nos trazerem sofrimento e dor e perceber que Deus, por amar seus filhos, age sobre todos, igualmente, através do ensinamento!

Esta informação visa mostrar ao ser humanizado que em algum momento de sua existência eterna (encarnado ou não), ele utilizou o poder que imagina ter e acabou transmitindo sofrimento para alguém. Não estamos com ela afirmando que este ser é culpado, mas apenas constando que tudo que acontece na existência de um espírito é oriundo de um momento anterior (causa e efeito).

Conscientizar-se do sofrimento que se causa aos outros, além de mudar a geração do carma, é o que faz acontecer a reforma íntima. A acusação ou a criação da obrigatoriedade do cumprimento de determinada lei que obrigue o ser humano a ser bom de nada vale para amenizar a dor própria nem para elevar-se.

Não adianta se criar uma doutrina baseada em um código de leis e afirmar que os fiéis devem segui-la: é necessário que ela transmita os instrumentos necessários para que o fiel atinja a consciência do sofrimento que causa ao próximo.

Da mesma forma, simplesmente seguir a lei não elimina o seu sofrimento que acaba com a sua simplicidade. Isto porque aquele que deixa de fazer alguma coisa porque é proibido, mas que ainda tenha a vontade de fazer, sofre.

Enquanto o ser humanizado não deixar de fazer alguma coisa por consciência, não conseguirá fazer a sua reforma.

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As leis

“Em marcha! Anunciai o Evangelho do Reino. Não imponhais nenhuma regra, além daquela da qual eu fui o Testemunho. Não ajunteis leis às dadas por Aquele que vos deu a Tora a fim de não se tornardes seus escravos”. (Evangelho Apócrifo de Maria Miriam de Mágdala – Pág. 8 e 9)

Todas as coisas que o ser humano acredita são oriundas do poder de querer ser que acabou com a simplicidade do espírito. Promover a reforma íntima é parar de encontrar bem ou mal, certo ou errado no que os outros praticam ou no que você mesmo pratica.

As crenças que o espírito humanizado possui estão vinculadas as leis que o ser humano cria para balizar os seus critérios de bem ou mal, certo ou errado.

O poder que o espírito universal humanizado imagina ter lhe dá a idéia de possuir o livre arbítrio: ele imagina que faz as coisas por vontade própria. Entretanto isto não é verdade: ele se submete a leis humanas para vivenciar os atos da vida.

Ele deixa de fazer algo que tem vontade porque é feio, é mal, é errado. Na verdade o ser humanizado não vive o que quer, mas se submete às leis que a humanidade cria e que balizam o que está em um ou noutro pólo dos binômios.

Portanto, o ser humanizado, por mais que ache o contrário, não tem vontade própria, não faz o quer: não possui liberdade alguma para praticar atos. Ele se trans-forma em um escravo das leis que promulga para julgar os outros, como disse Cristo neste trecho do Evangelho de Maria que reproduzimos.

Essas leis são individuais, ou seja, oriundas do poder que cada um imagina que possui. Mesmo as leis ditas universais, são adaptadas por cada ser humanizado gerando uma maior ou menor necessidade de cumprimento. Ou seja, cada um concorda com a lei de acordo com o que quer e, com isso, cria a sua própria lei baseada em outras.

É o caso de momentos onde, apesar de uma haver uma lei humana afirmando que aquilo não deve ser feito, o ser humanizado encontra justificativas para fazer. Neste momento, o que antes era errado, para aquele ser humanizado, passou a certo.

Por isso afirmo: mais do que se basear nos códigos legais existentes, o ser humanizado, ao escolher quando e no que acreditar, cria um código de legislativo individual que se adapta ao pretenso poder de julgar o certo.

Por isso afirmo: a reforma íntima tem que começar pelo fim das leis individuais de cada um. Tudo o que for lei para você não pode existir, se quiser se reformar. Enquanto houver lei individual não há reforma íntima.

A reforma íntima não deve começar pelas grandes observações, mas por quebrar aquelas pequenas leis que os seres humanos chamam de hábitos.

A reforma íntima deve começar pela alteração do pé que primeiro encontra o chão ao se levantar; tendo o hábito de fazer determinada coisa com a mão direita, comece a fazer com a esquerda...

Todo hábito é o cumprimento de uma lei individual e o ser humano só conseguirá deixar de cumprir as leis maiores, que balizam procedimentos mais complexos, se acabar com os hábitos menores. Só assim se consegue fazer reforma íntima: mudando as leis que cada um cria para si mesmo.

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Consciência

O ser humanizado tem medo de libertar-se dos seus hábitos, pois não consegue imaginar como se vive sem leis. Ele imagina que precisa destes balizamentos para poder compreender a vida, mas a compreensão que surge com a utilização dos padrões individuais é, na verdade, fruto do exercício do poder que acabou com a simplicidade dele.

Ao quebrar as leis o espírito estará eliminando o bem ou mal, o certo e o errado. Quando não houver mais a obrigação de alguma coisa seja feita de determinada forma, alcançará a liberdade sonhada e poderá escolher a forma de viver.

Hoje o ser humano não tem poder de escolha: segue uma lei que determina como deve ser feito e se habitua tanto a isso que nem vê que o que está acontecendo não é feito por escolha própria. Ele imaginar estar querendo que o acontecimento ocorra de uma determinada forma, mas este querer nada mais é do que escravidão às leis humanas.

O ser humano imagina que anda de sapato porque quer, por exemplo, mas na verdade anda para que não seja apontado na rua como diferente. Ele imagina que quer andar de sapato, mas apenas segue a lei que determina que todo homem civilizado deve utilizar sapatos. Portanto, usar sapatos não é uma questão de opção para o ser humanizado, mas de obrigação, de subordinação à padrões pré-estabelecidos.

Na hora que ele começar a andar descalço conhecerá o que é viver desta forma. Conhecendo os dois lados, o ser humano pode escolher andar de sapato ou descalço. Somente quando tiver alcançado a consciência de fazer por quer, estará praticando por opção consciente.

Agora ele não escolhe: ilude-se dizendo que sim, mas não é verdade. Quando conhecer os dois lados ele poderá optar, pois atingiu uma consciência sobre o assunto. Isto não causará sofrimento nem a ele nem aos outros.

Hoje o ser humanizado mascara suas intenções afirmando que quer aquilo, quando na verdade está apenas buscando satisfazer as suas leis. Ele participa de atos que aponta como certo imaginando que estão praticando o bem, mas na verdade busca apenas satisfazer suas vontades, seu poder, suas leis.

Uma pessoa que acusa outra de ser fumante, por exemplo, na verdade não está preocupada com o próximo, mas sim consigo mesmo. Esta pessoa afirma que o outro deve parar de fumar para que o pior não aconteça a ele (doença ou desencarne). Na verdade ela não está preocupada com o outro, mas tem medo do sofrimento que irá sentir se aquele desencarnar.

Esconde-se atrás de um sentimento altruísta, mas na verdade utiliza é o egoísmo. Quer que o outro pare de fumar para que a sua lei (quero estar com ele) não seja quebrada.

A reforma íntima leva o ser humanizado a exercer plenamente a sua liberdade (fazer não por obrigação, mas por conscientização). No entanto, ela também deve conceder esta liberdade a todos, sem julgamentos. Quando se alcança a reforma íntima a liberdade é ampliada, pois ela também confere ao próximo o direito de cada um viver o que quer (inclusive morrer) no momento e da forma que lhe aprouver.

Reforma íntima é atingir a consciência de se fazer o que quer realmente, ao invés de se praticar atos certos baseados em lei individuais. Quando isso é alcançado e tornado consciente, esta mesma liberdade é transferida ao próximo. Com isso, se alcançou o fim do julgamento.

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Reforma íntima e Deus

Portanto, a única ação para que promove a reforma íntima é o fim do bem e mal, certo e errado, bonito e feio. Isto só se consegue acabando com as leis individuais que todos criam para julgar a si e aos outros. Esta é a verdadeira reforma íntima.

Os livros sagrados de todas as religiões falam exatamente isso: submeter-se às coisas do mundo com alegria, sem julgamentos.

O primeiro mandamento da lei de Moisés diz: amar a Deus acima de todas as coisas. Entretanto o ser humanizado vivencia os acontecimentos da vida sem o amor a Deus, mas preocupado com os outros: o que eles vão dizer, o que vão achar...

Por isso afirmo: o ser humanizado ama mais as leis e está mais preocupado com o que os outros acham dele do que com Deus.

Todas as religiões pregam que você deve amar a Deus acima de todas as coisas. Ele, entretanto não dispôs normas de sociedade, regras de etiqueta, de educação, mas mesmo assim o ser humanizado prefere observar os ditames destas, pois acusam os outros de ser sem educação, de não ter bom gosto.

Preferem satisfazer aos padrões humanos ditados pelo ilusório poder que o espírito imagina ter do que amá-los. Preferem seguir a lei do homem que cria normas comportamentais do que a de Deus que fala do amor universal entre irmãos, que fala da pureza do espírito, que fala da igualdade entre todos.

A reforma íntima, o final das leis, é o encontro do verdadeiro amor, sem restrições, sem balizamentos. O ser humanizado diz que ama outras pessoas, mas quando encontra erros nelas que imagina que tenha que criticar, mesmo afirmando que está fazendo o bem, na verdade não a está amando.

Na verdade, o que o ser humano que para amar tem que antes transformar uma pessoa (os certos dela) para que acompanhe as leis dele, estão possuindo e não amando.

O ser humano que age com leis próprias é aquele que adquiriu o poder, ou seja, transformou-se em deus.

 Para falar disso, vamos usar o exemplo que dei sobre o criticar quem fuma. Aquele que vivencia este ato está querendo ser o deus da vida do fumante. Isto porque ele quer decidir a forma como aquele deverá morrer.

A reforma íntima leva o ser humanizado a ter e dar liberdade de fazer o que quiser, sem magoar ninguém. Quando acabarem as leis, os seres humanizados darão aos outros o direito deles ser o que quiser, até um cadáver. Afinal de contas todos devem desencarnar um dia e porque você deve decidir o dia do outro desencarnar e não ele mesmo? Porque você quer escolher a hora do outro desencarnar?

Promover a reforma íntima é dar a liberdade completa para os outros e não querer a liberdade só para você, transformando-se em um deus. Aliás, você pode promover a sua reforma íntima sem nem acreditar em Deus: basta não acusar os outros nem conhecer o bem e o mal.

Entretanto, nesta conversa, estamos falando em promover a reforma tornando-se submisso a Deus. Estamos fazendo isso porque partimos do pressuposto que todos que aqui estão acreditam no Senhor.

Portanto, você que acredita em Deus, para que possa fazer a sua reforma íntima, deve substituir as suas leis por Deus, a Perfeição.

Deus é a Inteligência Suprema do Universo, a Justiça Perfeita, o Amor Sublime e o Comandante Supremo do Universo. Por este motivo, todas as coisas que acontecem no Universo têm que ser certas, justas e amorosas.

Desta forma, promover a reformar íntima é trocar todas as leis por uma consciência que seja submissa à Perfeição e, por isso, vivencie apenas esta forma de compreender o que está acontecendo.

O câncer não é uma doença, nem uma mal: ele é perfeito porque só atinge ao espírito humanizado que precisa dele e quando isso acontece, é justo e serve como elevação para o espírito, ou seja, fruto de um Amor Sublime. Somente a pessoa que precisa passa fome e no grau que merece, mas isto não é maldade e sim ensinamento que levará aquele ser a elevar-se espiritualmente.

Esta é a reforma íntima que estamos comentando: mudar-se para Deus. Você não pode querer ser o Comandante Supremo da vida dos outros, nem da sua, porque é imperfeito. Só a aceitação de todas as coisas como oriundas do Pai é que pode trazer a Perfeição a todas as coisas.

A reforma íntima - Palestra

Vida no novo mundo

O resultado da reforma íntima como falamos aqui é o que caracterizará o novo mundo. É desta forma que os seres, já não mais humanizados, agirão nos novos tempos que estão chegando.

A mudança prevista para o planeta não quer dizer que todas as coisas se extinguirão ou se transformarão. As coisas materiais continuarão existindo, as pessoas ainda farão coisas que dentro das suas leis atuais poderiam ser consideradas erradas.

Existe um sonho utópico de que todos os espíritos encarnados no novo mundo só praticarão o bom, o certo, mas isto não é verdade. O novo mundo se caracterizará pela sua mudança que se definirá pelo deixar de possuir leis. Com isso acabarão o errado e o mal, apesar dos acontecimentos não se alterarem.

Os espíritos continuarão vivenciando os mesmos atos, mas aqueles que estiverem prontos para a regeneração não mais estarão humanizados e, por isso, alterarão a forma de ver as coisas.

Esta é a mudança que a reforma íntima traz: não se trata de você mudar os outros, mas mudar você mesmo e com isso a forma de ver o próximo muda. A partir daí ele não mais fará o mal, o errado, o feio.

A reforma íntima - Palestra

Reforma íntima e Jesus

“Aquele que é a Palavra estava no mundo. Deus fez o mundo por meio dele, mas o mundo não conheceu. Ele veio para o seu próprio país, mas o seu povo não o recebeu”. (João – 1,10)

A Boa Nova de Cristo são os subsídios para a reforma íntima. Os ensinamentos do mestre nazareno devem servir como base para a completa compreensão de como vivenciar os acontecimentos da vida para se reformar. Por isto, em qualquer momento que tenha dúvida como agir, procure imaginar como Jesus agiria e imite seus atos.

“Não pensem que eu vim trazer paz ao mundo. Não vim trazer a paz, mas a espada”. (Mateus 10,34)

Para aquele que tem o ilusório poder de determinar do bem ou mal, para existir paz é necessário que todos sigam a sua lei. Só desta forma ele conseguirá a felicidade e se encontrará em paz.

Está certo... Mas, ele encontrou a sua paz, mas e a dos outros?

Desta forma, quando o mestre afirma que não veio para trazer a paz, quer dizer que não trouxe seus ensinamentos para que o ser humanizado os utilize como lei para mudar os outros, mas sim a si mesmo.

Ele não trouxe os ensinamentos para servir de base para o ser humanizado julgar se os outros estão certos ou errados, mas sim para que os siga. Ele não veio para trazer a paz, mas sim promover a destruição de tudo aquilo que se imagina bem ou mal.

Para auxiliar nesta destruição ele fornece aos seres humanizados uma espada. Esta espada é o amor que deve ser usado como arma para destruir todas as leis individuais criadas. Essa é a espada de Cristo: o amor que acaba com você mesmo, com as suas leis.

Por isto afirmo que a reforma do planeta não passará por você corrigir todos, mas dar a eles a liberdade de agirem da forma que quiserem, sem que você veja bonito ou feio.

Portanto, os ensinamentos de Cristo não devem ser entendidos como coletivos, mas individuais. Eles são dirigidos a cada um individualmente para que este ser se mude e não para que sirva de código de leis para julgar os outros.

A reforma íntima verdadeira é pegar a espada de Cristo (amor) e aplicá-la a si mesmo, ferindo mortalmente as suas verdades individuais. Como resultado desta ferida de morte, surgirá a permissão para todos fazerem o que quiserem, inclusive você, sem acusações.

O direcionamento do ensinamento do mestre nazareno sempre foi esse, mas até hoje não foi entendido. Isto porque os seres humanizados ainda estão procurando fórmulas mágicas que processem alterações na coletividade para o que ele acha certo.

Para que este sonho utópico de vida se torne realidade, cada vez mais os seres humanizados juntam novas leis ao que Deus e Cristo falaram. No entanto, este procedimento não deu certo, ou seja, não conseguiram obrigar aos outros a se trans-formarem em cópias sua.

O ser humanizado imagina que criando leis que satisfaçam a sua vontade individual conseguirá transformar o planeta em um paraíso e, com isso, ele alcançará a paz. Entretanto se isto acontecesse, o ser humanizado encontraria um inferno, pois pela complexidade da mente deste ser, na hora que todos agissem iguais, ele alteraria o seu querer. Isto, aliás, é comum na vida do ser humano.

A reforma não pode ser mudar os outros para o que acha certo, mas deixar cada um ser do jeito que quiser e você não ver mais bem ou mal no que eles fazem.

Você não foi expulso do paraíso porque feriu Deus com sua atitude, mas porque passou a olhar (“seus olhos se abrem”) e conseguiu distinguir o bem do mal, o certo do errado, o bonito do feio. Para voltar para o paraíso, é preciso fechar seus olhos e não ver mais.

“Eu vim a este mundo a fim de julgar para que os cegos vejam e para que os que vêem se tornem cegos”.

“Isso quer dizer que nós também somos cegos?”

“Se vocês fossem cegos, não seriam culpados! Mas como dizem que podem ver, então ainda são culpados”. (João 9,35)

Esta é a palavra de Cristo, como dizem os padres: enquanto você achar que pode ver as coisas que acontecem, ainda não promoveu a sua reforma íntima e por isso é culpado. Quando conseguir a sua reforma intima não mais verá (se tornará cego) e, então, deixará de ser culpado por qualquer coisa que pratique.

Aquele que conseguiu a reforma íntima não vê mais nada. Ele olha para o chão e não vê sujeira; olha para a roupa e não vê amassado, se está nova ou velha, desbotada ou com cor, bonita ou feia, se está na moda ou não. Ele só vê roupa: não coloca adjetivo nela.

Enquanto você achar que pode ver as coisas não consegue promover a sua reforma íntima porque tudo que é visto é interpretado por você dentro das suas leis.

A reforma íntima - Palestra

A reforma íntima e Buda

Para se quebrar as leis individuais é necessário que o ser humanizado viva com atenção plena, como ensinou o Buda Gautama.

Viver cada segundo separado do próximo ou do anterior, buscando não utilizar os conhecimentos anteriores para compreender o que está se passando agora. Policiar e vigiar-se para não pôr em prática as leis individuais, pois elas são mais que hábitos para cada um: são vícios. O ser humano nem sabe que só pratica as coisas por força de leis, mas imagina que seja seu livre arbítrio.

Promover a reforma íntima é vigiar cada segundo da sua vida para que não ponha os hábitos (leis) na prática.

A reforma íntima - Palestra

A reforma íntima e Krishna

Sri Krishna é o nome dado ao espírito que serve de mestre para as religiões hindus. Apesar da multiplicidade de doutrinas que surgiram dos ensinamentos deste mestre, a base é apenas uma e ela está nos livros védicos.

Krishna afirma que para se promover a reforma íntima é preciso atingir a consciência de que tudo que o ser humanizado vivencia é maya (ilusão). Ou seja, trata-se de uma interpretação individualizada da Realidade.

Esta ilusão, no entanto, não pode ser alterada, ou seja, Krishna afirma que a reforma íntima acontecerá quando o ser humanizado se conscientizar da ilusão que vive e não alterando os valores da existência. Por isso ele ensina o sacrifício.

Não estamos falando aqui em velas ou em ofertar outros elementos materiais a deuses. O sacrifício ao qual Krishna conclama os seres humanizados é de sua intencionalidade.

Ligando este ensinamento a tudo o que vimos até agora, posso afirmar que para Sri Krishna a reforma íntima acontecerá quando o ser humanizado se conscientizar que seus padrões de certo e errado são ilusórios. Quando esta consciência for alcançada, os seres humanizados não mudarão seus conceitos, mas deverão sacrificar a Deus a intenção de que eles aconteçam para que possam dizer que as coisas estão certas.

Aquele que é consciente da ilusão que vive, apesar de ainda ter leis, não julga os outros, pois deixa de ter o desejo de que seus padrões individuais sejam seguidos pelos outros.

A reforma íntima - Palestra

Ecumenismo

Para conhecer como praticar a reforma íntima foi necessário que nós falássemos do acontecimento de Adão e Eva – ensinamento dos profetas hebraicos; do amor – ensinamento de Cristo; do Deus que escreve a vida dos seres humanos (Maktub) – ensinamento de Maomé, do espírito que nasce puro e sem ciência – ensinamento do Espírito da Verdade; da vida meditativa (atenção plena) – ensinamento do Buda Gautama; e do maya que é a vida humana e do sacrifício a Deus – ensinamento de Krishna.

Só todos estes ensinamentos juntos e não cada um separadamente pode levar a reforma íntima. Não se conseguirá promover a reforma íntima de um ser humano enquanto a religião discriminar o ensinamento que compõe a doutrina de outra.

Apenas o ecumenismo, a fusão dos ensinamentos dos enviados de Deus sem a interpretação dada pela doutrina da religião que os utiliza, pode promover dentro de você a sua própria mudança para fazer a sua reforma íntima.

A reforma íntima - Palestra

Reforma íntima e as doutrinas religiosas

As doutrinas das diversas religiões não conseguem levar o ser humano a promover a sua reforma íntima porque são compostas por códigos de leis que devem ser cumpridas. Como a execução da reforma se caracteriza por se abolir as leis, é impossível se alcançá-la através de novas leis.

As leis das doutrinas religiosas também não podem ter valia para a elevação espiritual porque buscam atemorizar o ser humano com penas para que aquele que não cumpre os desígnios de Deus. Mesmo o Espiritismo, que afirma ter extinto o inferno, ainda prevê como expiação o pagamento de faltas de outras vidas.

Entretanto, Cristo afirmou que a única lei que existe é a do amor: amar a Deus a si e aos outros. Portanto, só se consegue a reforma íntima com o amor e não com o temor.

Não será atemorizando seus fiéis com pragas, excomunhão, fogo eterno, inferno ou com expiações futuras que se conseguirá auxiliar a qualquer ser universal a aproximar-se de Deus. .Apenas quando o ser humano atingir a consciência que leva à prática do amor eterno e incondicional ele promoverá a sua reforma e passará a se ver como espírito, pertencente ao reino de Deus.

A reforma íntima - Palestra

Reforma íntima e a Doutrina Espiritualista Ecumênica

Em síntese, a finalidade da Doutrina Espiritualista Ecumênica Universal é mostrar a todos que a reforma íntima tem que ser promovida dentro de cada um. Para tanto é necessário alcançar a compreensão de que cada ser humano é fruto das suas próprias leis e que age por elas e não por consciência.

Esta doutrina ensina ainda que promover a reforma íntima é se reformar para atingir a consciência de participar das ações amando e não executá-las, ou cobrar a sua execução, através de obrigações, por cumprimento de leis.

Ela não prega a alteração de leis ou verdades por outras, mas sim o fim da eficácia de cada uma para a consciência de que todas as coisas são Perfeitas porque são causadas por Deus.

Esta é a reforma íntima verdadeira: alterar tudo que você vê, acha, sabe, quer, pode para a perfeição, para o justo e amoroso. Esta é a revolução do espírito que coloca todas as coisas sob a batuta de Deus, como dito no primeiro Manifesto do EEU.

Resumindo, esta é a mensagem da Doutrina Espiritualista Ecumênica Universal:

“uma doutrina que lhe ensina como viver esta vida promovendo a reforma íntima sem que para isso crie regras que precisem ser obedecidas”.

A Doutrina Espiritualista Ecumênica Universal lhe ensina como promover a sua reforma e não apenas lhe ordena o que deve ser feito Ela mostra os caminhos que devem ser percorridos e como deve ser feito para alcançar o objetivo, mas não o obriga a percorrê-los.

Este é o trabalho do grupo de espíritos que foi conclamado a auxiliar a espiritualidade e que hoje completa três anos de formação. Hoje este grupo pode dizer: eu sei como fazer. Pode até não ter ainda conseguido a total reforma, mas que pelo menos agora tem um caminho para percorrer.