6ª Conversa - Conciliar a vida material com a espiritual

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6ª Conversa - Conciliar a vida material com a espiritual

Como manter a paz e a tranquilidade frente aos acontecimentos da vida? Esse é o mote desse estudo de Joaquim de Aruanda.

Áudio e texto. 

6ª Conversa - Conciliar a vida material com a espiritual

Objetivos materiais e espirituais

Participante: soube que muitos desencarnam na terra e nem sabiam que tinham uma missão e que também é muito difícil conciliar a sobrevivência com a missão. Talvez seja interessante ensinar este caminho do meio para dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.

Quando se fala em Guerreiro da Paz parece que o assunto da missão espiritual, o saber viver a vida terrestre e ao mesmo tempo as buscas espirituais não tem nada a ver, mas como foi colocado, é muito difícil concatenar a vida, as necessidades da vida material, com as coisas espirituais. Essa dificuldade resulta na perda da paz.

Para concatenar a vida espiritual com a material sem perder a paz, existe um trabalho que o guerreiro da paz precisa realizar. Vamos falar dele.

Primeira coisa muito importante: A vida material e a vida espiritual possuem objetivos diferentes. Isto é preciso saber para não confundir o objetivo material com o objetivo espiritual.

Claro que vocês sabem que ter sucesso financeiro não é objetivo espiritual de uma vida, mas existem aspectos onde o objetivo material é tratado como um objetivo espiritual. Por exemplo, um dos mandamentos da Igreja Católica: honrar pai e mãe. Viver uma vida familiar, em harmonia e paz, respeitando os pais. Esse objetivo parece que é espiritual, mas não é.

A questão do ambiente familiar não tem nada a ver com o mundo espiritual. Se esse fosse um objetivo espiritual, Cristo não poderia ter ressuscitado, não teria atingido um alto patamar espiritual pois não honrou pai e mãe, sua família, seus irmãos.

É preciso desmistificar algumas coisas quando se fala de objetivo humano e objetivo espiritual. É o que vamos fazer agora.

Qual é o objetivo espiritual da vida humana? Amar a Deus sobre todas as coisas e amar ao próximo como a si mesmo.

Esse é o primeiro e o segundo maiores mandamentos que Cristo disse que o ser encarnado precisa honrar. É portando o objetivo espiritual a ser alcançado.

Qual é o objetivo material? Todo e qualquer outro que não seja amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Essa é a primeira coisa que o Guerreiro da Paz faz. Ele analisa e descobre qual o objetivo espiritual e qual o objetivo material para poder a viver uma vida sem que uma coisa se choque com a outra. Sem que a busca de uma coisa lhe faça sofrer quando está vivendo outra.

Amar o objetivo espiritual é amar a tudo e a todos, inclusive você mesmo.

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Conflito entre a busca humana e a espiritual

Agora posso falar em dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus: é dar ao humano o que é objetivo humano e dar ao espírito o que é objetivo espiritual. Dar a César o que é de César é dar ao mundo material, que é o ser humano que você está vivenciando, o que é dele e ao ser espiritual o que é dele.

Daí surge a primeira compreensão: você pode querer alcançar o sucesso no mundo material, pois isto pertence a César, isto faz parte da sua vida. Isso não tem problema algum para aquele que busca a elevação espiritual, já que ele possui um lado humano. Mas, também não pode abandonar a busca espiritual, pois também possui um lado espiritual.

Agora, quando há o choque entre os dois objetivos, qual a solução? Certamente não é renegar uma delas.

A elevação espiritual não passa por renegar o seu mundo humano, a sua humanidade, o você humano. Não é esse o caminho para a paz. A busca pela paz se faz de outra forma. Vamos falar disso agora.

O que é este choque entre a busca espiritual e os objetivos humanos? Falando em linguagem humana, é um conflito de interesses. Digo isso porque o objetivo material é conflitante com o espiritual.

A vida humana daquele que busca a elevação espiritual tem como característica um conflito entre a busca espiritual e a realização de objetivos materiais. Como se faz para que esse conflito não acabe com a sua paz? A resposta é muito simples: se os interesses são conflitantes e não se pode atingir aos dois, você precisa escolher que objetivo quer alcançar.

Se tiver bem claro o que quer, na hora do conflito vai saber ao que não se prender. Por exemplo: quando a sua busca espiritual, pela felicidade, por aproximar-se de Deus, estar em relação amorosa com Deus, conflitar com a sua ascensão profissional, o guerreiro da paz, aquele que decidiu pela busca espiritual não perde a paz, não vive o conflito. Ele sabe o que é prioridade para ele.

Repare que não estou falando em renegar alguma coisa. O ser que busca a elevação espiritual pode até buscar o sucesso material. O que ele não pode é deixar uma coisa influencia a outra. Nesse caso é não deixar a busca pelo sucesso interferir na sua felicidade incondicional, na paz de espírito. Só que para alcançar isso, o ser precisa ter consciência do que é realmente importante para ele nessa vida.

O problema que vocês não sabem as suas prioridades na vida. Numa hora querem servir a César, aos objetivos materiais e em outra hora querem servir a Deus, realizar os objetivos espirituais. Quem vive assim, com os dois objetivos conflitantes, vive em conflito.

Não vive em conflito por causa dos objetivos conflitantes, mas sim, por não ter ainda estabelecido suas prioridades, o que é mais importante para si. Aquele que já estabeleceu sua prioridade, quando o conflito aparecer, sabe o que quer e não vive o conflito abrindo mão de um em favor de outro.

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A paz é uma opção

Este é o caminho para se manter em paz quando existe conflito entre os objetivos materiais e os espirituais. Quero acrescentar apenas que falei ‘opte por este ou por aquele’. Não disse que o guerreiro da paz naturalmente opte pela elevação espiritual. Não disse isso. Dá para se ter paz e harmonia mesmo optando pelo objetivo material.

Isto, com certeza pode ser feito e ao longo destes anos já provamos. Não confunda o trabalho da paz com uma obrigação. Não é obrigatório buscar a Deus e a elevação. É opção. Isto precisa ficar muito claro, porque senão jamais vai conseguir sua paz.

Se quer viver em paz, aquela que já está dentro de você, o primeiro aspecto é fazer a sua opção de vida com firmeza, com clareza para si próprio. Faça isso para que no momento do conflito saiba não entrar em conflito e não perder a paz.

6ª Conversa - Conciliar a vida material com a espiritual

Falando sobre a opção

Participante: essa semana meu chefe me ligou gritando por não ter cumprido uma regra da empresa. Na hora acabei respondendo de fora ríspida e chorei. Na hora pedi desculpas, mas não consegui mudar o ato. Hoje busco me harmonizar com ele intimamente e já conversei novamente pedindo desculpas, entendendo que mesmo não concordando com ele naquele momento é necessário respeitar tudo que me foi ordenado. Não consegui mudar o ato, mas internamente tento mudar sentimentos sabendo que aconteceu o que tinha que acontecer.

Você está relatando um acontecimento humano, e como acabei de dizer, tem um interesse humano na empresa. Se não tivesse, mandava ele passear naquela hora e nunca mais voltava lá. Além disso, tem um objetivo espiritual, já que quer viver em paz com quem lhe agrediu.

Seu caso é uma prova de que mesmo querendo objetivos materiais, pode lutar para viver a vida em paz. É uma prova de que não é necessária, para haver a opção pelo mundo espiritual, é preciso abrir mão do lado material.

Para se conseguir isso é preciso da decisão de viver em paz e acho que essa decisão você já tomou. Isto que escreveu comprova isto.

Participante: qual a diferença entre optar pelo caminho espiritual e optar pela paz, seguindo o caminho material? O caminho espiritual não é a paz em si?

Não. O caminho espiritual não é a paz. A caminhada se faz em paz. O caminho espiritual é a felicidade e ela precisa da paz. Paz e harmonia.

Primeiro, não falei em optar por caminhos; falei em optar pelo que você quer. O que é mais importante para você: a realização espiritual ou a realização material? Você não opta por caminhos, opta aonde quer chegar.

É um pouco diferente. Quando vocês vão buscar algum lugar, escolhem o caminho para chegar ao lugar. Na questão espiritual não há caminhos. O que há são pontos de chegada que são escolhidos. Depois dessa escolha se caminha por caminhos que a vida constrói para chegar lá.

Portanto, não é pelo caminho que você opta, mas sim pelo ponto de chegada, pelo objetivo. Este objetivo, se espiritual, é completamente contrário ao objetivo material. O ser humano quer uma coisa e o ser espiritual quer outra.

A realização das duas coisas simultaneamente é algo quase impossível. Até porque quem ama a tudo e a todos jamais se sente realizado materialmente ou até espiritualmente, porque não se importa em se realizar, mas apenas amar.

Participante: seria viver a vida minuto a minuto respondendo mentalmente a todos os acontecimentos sem sofrimento, sem culpa e nem prazer?

Perfeito. É exatamente isso o caminho para chegar lá.

A caminhada, porque os caminhos são apresentados pela vida, são os acontecimentos. Para alcançar a vida sem sofrimento você tem que optar onde quer chegar. Não fazendo essa opção vai viver correndo de um lado para outro. Nesse caso, sempre terá frustração no meio ou na chegada.

Esta decisão é fundamental: o que eu quero para mim? O que é prioridade, qual é a minha opção? O fato de haver escolhido um objetivo de vida é que vai servir como fiel da balança para ver se você sofre ou não.

Participante: difícil é não se perder no enredo das historinhas mentais. Na verdade se Deus é tudo, não sei aonde ir ou se há onde ir.

Toda história da mente é fundamentada em uma realização material e justamente por não ter feito essa opção de forma clara, decisiva, incisiva é que lhe leva a cair na história da mente. Se tivesse tomado essa decisão de foro íntimo sólida, jamais as historinhas da mente lhe confundiria. Nesse caso teria certeza que é a razão que está explorando o objetivo material: ganhar, ter o prazer, a busca da fama, a busca do elogio.

Agora, como você não tem a opção firme, ainda está correndo entre o material e o espiritual. Por isso a historinha da mente acaba lhe confundindo. Essa confusão vem do fato de confundir os objetivos.

Participante: no momento que que a gente ouve que temos este caminho que você ensina a trilhar, criamos o vício de pensar se podemos conseguir 24 horas por dia

Sim, esta é outra questão e importante, pois para vocês seres humanos, só imaginam ter conseguido se fizerem o tempo inteiro.

É a questão da vida. A vida acontece apenas um segundo. É o presente. O presente vai para o passado e vem do futuro, mas você só tem o presente para viver. Então, tem que conseguir agora. Só que se não conseguir já, no outro presente haverá uma nova chance.

Além do mais, vocês ainda não estão no mundo de regeneração. O planeta está; vocês não. Por isso não precisam realizar o tempo inteiro.

Participante: ao escolher atingir o objetivo espiritual, parece que os caminhos materiais se fecham aos poucos, já que não trabalhamos em cima deles. Pode falar um pouco sobre isso?

Posso falar para você que isto está acontecendo na sua vida, mas que não é regra.

Veja, a prova do espírito não é nascer pobre. Nascer rico também é prova. Portanto, a riqueza material, o conseguir coisas materiais, não é sinal de que está se caminhando bem e o não conseguir também não é sinal de que se está caminhando mal. Não é por aí. Não queira medir o avanço espiritual pelo avanço material.

Na próxima reunião quero fazer uma pergunta para vocês: dá para medir a evolução espiritual? Dá para medir o quanto você evoluiu espiritualmente? Eu sei que já cansei de dizer que não, ou melhor, vocês já cansaram de entender que eu disse que não, mas dá sim, e eu vou mostrar isso. Depois que u responder, você vai ter outro termômetro para medir a sua elevação espiritual do que as aparentes situações de penúria que acontecem na sua vida.

Participante: cheguei a um ponto da minha vida onde não tenho objetivos, pelo menos não poderia afirmar se tenho algum. Me sinto monótono, paralisado, talvez frio. Mesmo coisas que eu perseguia feito louco, como sexo e outros prazeres, estão perdendo sentido. O prazer que minha mente afirma que estas coisas tem a oferecer, na verdade, nada oferece ou no final esse prazer vira dor. Não sei o que faço, sinto que estou no piloto automático. Mesmo o desejo desenfreado de buscar informações de aperfeiçoamento perdeu o sentido, mas as vezes me aterroriza a ideia de nada a fazer e de nem onde ir.

Este terror por não ter o que fazer é, digamos, o último suspiro da mente.

O não gostar da monotonia é o último suspiro da mente. Aguarde um pouco porque o que você está me dizendo, a monotonia, o não querer, o não achar graça é o reconhecimento de que um trabalho está sendo feito para um outro objetivo. Espere mais um pouco.

Participante: seria o mesmo que se sentir perdido?

Sim. É o mesmo que se sentir perdido. Como ainda não conseguiu se libertar totalmente, ainda tem falta e essa leva a ideia de estar perdido e consequentemente não ver que está caminhando em outro sentido.

Por isso disse: calma, espera. Se por um lado já não há objetivos que chamem a atenção, isso é sinal que você está caminhando para outro lado. Calma.

Prepare-se porque ainda há uma última tentativa da mente. Ela dizer: ‘está vendo, vai dar tudo errado’. Fará isso para ver se você abandona o outro caminho.

Então é só calma

Participante: quando estamos trabalhando e resolvendo os problemas do mundo material, estamos evoluindo espiritualmente?

Podem alcançar ou não. Como Cristo ensina, Deus julga a intenção. Se fazem uma atividade material com a intenção material, não fizeram nada pela evolução espiritual. Se fazem uma atividade material com uma intenção espiritual, sim, estão evoluindo.

Se você trabalha para ganhar dinheiro, para ser promovido, para ter sucesso na carreira profissional, está buscando bem material. Nesse caso tem um objetivo material e não o espiritual. Agora, se ao fazer o seu trabalho do dia a dia se mantiver ocupado em amar a tudo e a todos, está fazendo um trabalho material e alcançando a elevação espiritual.

O mundo é de intenção, de intencionalidade e não um mundo de ação.