Caridade espiritual
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Caridade espiritual

Comentários de Joaquim sobre a caridade espiritual realizada no mundo humano. 

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Objetivo do trabalho

Qual o objetivo de se abrir uma casa? Ajudar as pessoas que estão em sofrimento, ou seja, aquelas que não são felizes. Toda a casa tem por finalidade realizar trabalhos, mediúnicos ou não, para auxiliar os seres humanizados viverem felizes.

Quem é o ser feliz? Aquele que alcança a perfeição. Como ensinou o Espírito da Verdade, o ser quando alcança a perfeição encontra a verdadeira felicidade, a felicidade que Deus tem prometido aos seus filhos... Se o objetivo de uma casa é auxiliar os seres humanizados a serem felizes e se a felicidade é sinônimo de elevação espiritual podemos, então, dizer que o objetivo é auxiliar estes seres no seu processo evolucionário.

Veja, estou falando de casa, mas poderia estar chamando o que vai ser montado de centro, templo ou igreja. Não importa qual seja o trabalho que esta casa vai realizar (medicinal, mediúnico, oração, auto ajuda, psicológica, etc.) ela precisa ter a consciência que o seu objetivo é auxiliar os seres humanizados no seu processo evolucionário. Isso é desta forma porque o objetivo primário de qualquer coisa que se monte para ajudar o próximo é fazê-lo feliz e quando isso se realiza, ele alcança a elevação espiritual.

A descoberta do objetivo de uma casa é importante, pois ele é o leme que direciona todos os trabalhos dela, é a motivação de tudo que se faz. Sendo assim, nenhuma outra motivação deve ser vivenciada durante os trabalhos da casa. Todos os trabalhos de uma casa devem ser feitos com o objetivo de auxiliar o próximo. Alcançar este objetivo deve ser, então, a finalidade de qualquer casa. Quando uma casa, ao invés de buscar este objetivo, concentra-se em crescer, tornar-se mais famosa, ter muitos médiuns ou qualquer outra coisa, de nada vale. Isso porque o objetivo de toda casa é sempre ajudar o próximo a ser feliz.

Este é um ponto primordial que qualquer um que trabalhe ou organize uma casa precisa ter em mente antes de qualquer coisa. Se isso não estiver bem presente a cada momento, pouco ou nada será alcançado, pois esta casa será como uma nau desgovernada, que navega sem rumo. Estou falando isso porque muitas pessoas perdem este foco quando pensam em montar uma casa. Mesmo por boas intenções, ou seja, pela ânsia de ajudar, muitas pessoas ao montarem uma casa preocupam-se com a manutenção dela ou com o seu desenvolvimento. Isso não deve ser preocupação de quem monta uma casa para auxílio ao outro.

Sempre que se monta uma casa é como se fosse aberto um farol no mundo espiritual para ajuda aos seres humanizados. Estes pontos de luz brilhando na escuridão do humanismo auxiliam espíritos encarnados ou não no seu processo de elevação espiritual. Sendo isso verdade, será que a manutenção ou desenvolvimento dela dependerá exclusivamente do ser humanizado encarnado? Claro que não... Ela é um instrumento de um plano acima deste e passa, então, a ser cuidada por estes e claro, administrada por Deus.

É por isso que a preocupação com a manutenção ou o desenvolvimento de uma casa precisa ficar em segundo plano para quem vai montá-la. Ocupando-se apenas com o trabalho da ajuda, seja ele de que tamanho for, a luz da casa permanecerá acesa e os espíritos fora do processo de evolução estarão, em nome de Deus, cuidando da sua manutenção e desenvolvimento.

Sempre que as pessoas me procuram e perguntam sobre os trabalhos de uma casa (se estão certos, se estão de acordo com o necessário) eu sempre dou o seguinte conselho: ‘Quando iniciarem o trabalho digam ‘Senhor, fazei de mim instrumento de vossa vontade’. A partir daí, abandone qualquer controle sobre a administração da casa ou do trabalho e concentre-se apenas em executar o que está sendo trabalhado. Depois que alguém entrega qualquer coisa para Deus não precisa mais se preocupar com aquilo, não precisa ter mais dúvidas, pois está na mão Dele.

Esta é a primeira coisa que quem quer abrir uma casa tem que ter em mente. A casa é aberta para auxiliar o próximo e para isso seus trabalhos devem ser entregues na mão de Deus. Continuemos falando das coisas necessárias para a montagem de uma casa...

Existem três coisas que precisam ser definidas antes de qualquer atitude no sentido de tornar a casa funcional. Estes aspectos são baseados no ensinamento budista que afirma a necessidade de três coisas para se alcançar o nirvana: o Buda, o dharma e a sangha. Estes três elementos formam o tripé que sustenta a caminhada de um ser humanizado em busca da sua elevação espiritual e é também usado para direcionar o ser humanizado na criação de uma casa. Vamos ver um por um...

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O buda

O Buda deste tripé não é a figura do mestre, seja ela de madeira ou gesso. Quando coloco este elemento como parte da criação de uma casa, não estou me referindo diretamente a este mestre oriental. Aliás, confundir a pessoa do mestre com o elemento deste ensinamento não vale nem para o próprio seguidor da doutrina budista...

O nome Buda só foi colocado neste ensinamento porque ele foi ensinado por este mestre. Se olharmos mais profundamente os ensinamentos budistas, vamos ver que Sidarta não exigiria uma idolatria a ele mesmo como caminho para a elevação espiritual. Sendo assim, tanto aqui como na própria doutrina budista o Buda deste ensinamento não é o próprio mestre.

O Buda deste ensinamento é uma doutrina, um conjunto de ensinamentos. O Buda do ensinamento budista não é o próprio mestre, mas o seu conjunto de ensinamentos, da mesma forma que o Cristo, que deve ser seguido pelos cristãos, não é o próprio mestre, mas o conjunto de seus ensinamentos.

A partir desta visão, podemos dizer que o Buda do tripé que orienta a formação de uma casa e posteriormente sustenta o seu funcionamento é um conjunto de ensinamentos, uma doutrina. Qualquer casa para poder atender os seres humanizados e ajudá-los a alcançar a felicidade precisa ter definido um conjunto de ensinamentos que servirá como base para todos os trabalhos dela.

Nenhuma casa pode alcançar o seu objetivo básico se ela não possuir uma doutrina pré-definida. Quando digo isso os seres humanizados presos às doutrinas existentes acreditam que estou orientando no sentido de se escolher entre estas. Não é isso que estou dizendo... Ter uma doutrina pré-definida não quer dizer subordinar-se a uma doutrina existente. Cada casa, se assim quiser, pode ter a sua própria doutrina formada a partir de ensinamentos de diversos mestres. Pode ter elementos cristãos, budistas, hindus, mulçumanos, espíritas, etc. Isso não importa. O importante é que a casa estabeleça previamente uma doutrina para si.

Os ensinamentos que compõem a doutrina da casa não importam: o importante é que haja uma pré-definida. Não dá para se manter uma casa de auxílio ao próximo sem que ela tenha uma doutrina estabelecida. Por quê? Porque tanto os trabalhadores como os freqüentadores não saberão o que utilizar para promover a reforma íntima e assim alcançar a elevação espiritual.

A doutrina de uma casa não precisa seguir apenas um mestre, mas pode ser formada pelo somatório de ensinamentos de muitos ou de todos os mestres, mas ela precisa ser definida e, principalmente, conhecida tanto dos trabalhadores como de quem freqüenta a casa buscando auxílio. Isso precisa ser assim, pois só desta forma as pessoas terão um chão para pisar, terão um caminho para caminhar. Se a doutrina não for pré-definida tanto os trabalhadores como os freqüentadores não saberão o que usar para alcançar a elevação espiritual e com isso nada poderão fazer.

Tendo em consciência o que acabei de dizer, podemos, então, compreender a necessidade de se ter uma doutrina pré-definida. Se isso é verdade, é preciso, então, que antes da criação da casa o ser humanizado ou o grupo de seres que pretendem montar devem decidir que conjunto de ensinamentos será utilizado pela casa. E isso vale, também, para o trabalho individual de cada um.

Como disse no início, tudo o que se relaciona à montagem de uma casa vale para o trabalho de cada um. Isso porque os dois têm o mesmo objetivo: promover a reforma íntima para alcançar a elevação espiritual. Portanto, antes de partir na busca de realizar este trabalho cada ser humanizado deve também escolher que doutrina seguirá. Vale, ainda, para o caso individual o conselho de que não precisa ser uma doutrina religiosa existente, mas que esta doutrina pode ser formada pelos ensinamentos de alguns ou de todos os mestres.

Estabelecida a doutrina, outra coisa deve estar em mente: esta escolha é definitiva. A casa não pode ficar trocando de doutrina ou de conjunto de ensinamentos. Por quê? Porque isso confunde aqueles que trabalham nela ou a freqüenta.

Uma casa que muda de doutrina constantemente é como uma nau que ora navega num sentido, ora noutro. Ela está perdida... Isso causa confusão em quem lá trabalha ou freqüenta, pois muitas vezes os novos ensinamentos adotados são antagônicos aos que antes eram utilizados. Com isso, todos os que se vinculam a esta casa ficam sem chão para caminhar e acabam perdendo a confiança. Isso não pode acontecer, pois a confiança na casa e nos seus trabalhos é fundamental para se alcançar o objetivo desta. Como entregar o bem mais precioso que você tem, o seu destino na vida eterna, a uma casa ou a pessoas sem que se confie nelas?

Estabelecido o conjunto de ensinamentos que a casa irá seguir, há ainda um outro aspecto que envolve a questão doutrina que precisa ser pensado antes de se abrir as portas de uma casa: que aplicação se fará destes ensinamentos...

Os ensinamentos dos mestres são apenas palavras. Estas são lidas o que quer dizer que são interpretadas. Cada vez que um ser humanizado lê algo que está escrito ele faz uma interpretação, tem uma compreensão, do que acabou de ler. Esta compreensão, no caso dos ensinamentos para elevação espiritual, pode ser direcionada em dois sentidos: material ou espiritual.

Sempre que um ensinamento de um mestre o ser humanizado pode aplicá-lo com o objetivo de ganhar nesta vida – alcançar a felicidade baseado em acontecimentos materiais – ou ganhar na próxima – alcançar a felicidade fundamentada nos valores espirituais. A primeira tem a ver com a resolução dos problemas humanos; a segunda com o libertar-se do egocentrismo e viver plenamente integrado às coisas e pessoas.

Este é mais um aspecto que precisa ser definido pela pessoa ou grupo que pretende abrir uma casa para auxílio ao próximo: com que objetivo vai se utilizar a doutrina que se escolheu.

Antes de seguir na conversa deixe-me esclarecer algo. Não há nenhum erro em optar-se pela aplicação da doutrina para a resolução dos problemas materiais. Apesar de estarmos falando de uma casa com cunho espiritualista, se ela apenas se dedica a ajudar os seres humanizados visando amenizar ou resolver os problemas espirituais nenhum problema há. Isso é uma opção e faz parte do livre arbítrio que todos possuem.

O importante não é qual dos objetivos servirá para a aplicação da doutrina estabelecida, mas sim a definição de um deles. Isso porque, assim como na doutrina, a escolha deve ser definitiva. A casa que hora objetiva resolver os problema materiais e hora objetiva fundamentar-se na busca dos valores espirituais naufraga porque nunca sabe o que fazer. Seus frequentadores e trabalhadores não sabem o que esperar e como se portar durante o funcionamento da casa.

Agora, será que quando falo que a casa deve fazer uma opção e fechar questão com um dos seus aspectos estou eliminando o outro? Não... Estou falando de objetivo e não de atitudes... Vou dar um exemplo para ficar mais claro.

Digamos que uma casa tenha optado por objetivar a busca espiritual na aplicação da sua doutrina. Isso quer dizer que ela não pode auxiliar os seres humanizados que a procurarem nas suas questões materiais? Não é isso que quero dizer. A casa pode e deve ajudá-los, pois esta ajuda é necessária para o bom desenvolvimento do processo de reforma íntima. Agora, deve fazê-lo não esquecendo o objetivo escolhido: a elevação espiritual...

Digamos que uma pessoa procurou uma casa com problemas de saúde. Se nos fixarmos no que falei de forma fechada, ela nem seria atendida pela casa ou se fosse, nem seria tocada a questão da sua saúde. Mas, quem está com problemas de saúde está vivendo uma ansiedade grande e desta forma não terá condições de se envolver com o processo espiritual. Ou seja, fechando questão hermeticamente a casa acaba não ajudando aquela pessoa.

A questão da saúde pode e deve ser atendida pela casa por trabalhos mediúnicos ou médicos, dependendo da disponibilidade da casa, mas o objetivo final da casa não deve ser esquecido. Se ela optou por aplicar a sua doutrina com o objetivo espiritual deve, ao mesmo tempo em que proporciona o atendimento material, também proporcionar o atendimento ao problema espiritual deste ser.

É isso que estou querendo dizer. A casa deve escolher o objetivo com o qual vai aplicar o conjunto de ensinamentos que decidiu ter, mas não deve se esquecer de estar pronta para atender todos aqueles que procuram socorro. Ela pode atender tanto as necessidades materiais como as espirituais; o que não pode é transigir do objetivo que traçou para si mesma.

Da mesma forma, isso vale também para o ser humanizado na sua busca individual de socorro. Ele deve tentar resolver seus problemas materiais utilizando-se dos recursos humanos existentes, mas se optou pela busca espiritual, não deve se esquecer deste objetivo.

Os dois trabalhos podem ser realizados em conjunto sem nenhum prejuízo para a casa. Isso não tem problemas... O que não pode é se alterar o direcionamento dos ensinamentos, porque senão vira hipocrisia. A casa que hora fundamenta-se no socorro fundamentado na felicidade deste mundo e hora na fundamentada no outro, acaba virando hipócrita.

A casa para poder bem ajudar às pessoas precisa ter todos os seus caminhos definidos, pois ajudar o próximo é direcioná-lo num caminho. Quando este não está bem definido, a casa não consegue promover este auxílio, pois seus trabalhadores estarão sempre em dúvida em que caminho direcionar aquele que está sendo socorrido.

 A casa tem seu caminho pré-estabelecido e este deverá ser seguido rigidamente. A casa não pode caminhar de acordo com o que o ser humanizado que a procura quer, mas mostrar a este seus caminhos. Se o caminho não for do agrado daquele freqüentador, ele que procure outro que mais se adapte à sua opção. A casa que se muda para atender a quem lhe procura não presta nenhum serviço ao ser humanizado: apenas perde sua identidade e com isso está malfadada.

Por isso falei anteriormente, que o objetivo da casa não pode ser fixado na busca de seu próprio crescimento. Muitas casas preocupadas com isso acabam transigindo da doutrina e do objetivo primário de qualquer casa de auxílio ao ser humanizado e com isso acaba virando uma torre de babel e tem como destino cair.

Não atender uma pessoa que a procura para não transigir do direcionamento de seus ensinamentos não traz nenhum malefício a casa. Pelo contrário: demonstra sua fé naquilo que acredita. Para aquele que crê em outro conjunto de ensinamentos ou que tem outro direcionamento existem centenas de opções. Ele sempre encontrará uma casa que tenha a doutrina e o direcionamento que quer para si. Sendo assim, a casa que transige de sua doutrina e direcionamento acaba se transformando em egoísta, pois quer a presença daquele ser humanizado em seus trabalhos apenas para a sua própria glória.

Sim, a casa que transige do direcionamento de sua doutrina não está preocupada com o socorro ao próximo, pois pela constante mudança deste elemento perde a capacidade de ajudar a quem a procura. Isso porque os trabalhadores não sabem o que fazer neste socorro. Por isso, este atendimento acaba servindo apenas para a glória da casa (‘minha casa está sempre cheia) e não para atingir seu objetivo.

Com isso chegamos a mais um aspecto importante para as casas: pouco importa quantas pessoas a frequenta, pois o seu valor não se consiste nisso. Pouco deve importar para a casa se existem um, dez, ou cem pessoas que a procure. O que deve ser importante para ela é alcançar o seu objetivo: ajudar as pessoas. A casa que se preocupa com quantidade, abre mão da qualidade e com isso não brilha mais na escuridão do humanismo.

Sei que os seres humanizados devem estar estranhando o que disse, mas repito: se o que a pessoa quer não estiver de acordo com a doutrina e o direcionamento que a casa optou, não faça esforço para auxiliá-la. Estranham, porque acham que é obrigação do ser humanizado fazer a caridade para todos, mas não é bem assim. Se a caridade que for feita para um colocar em risco a que pode ser feita para dez, compensa fazê-la? Se a casa tem convicção de o que optou é o melhor caminho para ajudar o ser humanizado, transigir disto, quer dizer na visão da casa, mal auxiliar. Será que isso compensa? Além de ter ajudado mal àquela pessoa, a casa que transige de suas opções apenas para satisfazer o seu desejo de ter freqüentadores, acaba retirando daquele ser humanizado a chance de ser bem atendido dentro das opções dele.

Repare: a transigência da casa à sua doutrina e seu direcionamento acaba sendo maléfica tanto ao ser humanizado que a busca, como a ela mesma. Será que há alguma glória neste atendimento?

Portanto, antes de abrir as portas da casa o ser humanizado ou grupo que pretende criá-la deve optar por um Buda (uma doutrina, um conjunto de ensinamentos) e o direcionamento que dará a ele. Depois desta decisão deve assumir o compromisso de não transigir do que foi decidido para não satisfazer aos desejos de quem lhe procura. Da mesma forma, o ser humanizado no seu processo individual de reforma íntima deve escolher seu Buda e o direcionamento que dará a ele e não transigir deles para satisfazer seus desejos humanos. Isso é fundamental tanto para um como para outro para que ele não se perca do seu objetivo no caminho.

Este é o elemento Buda do tripé que sustenta uma casa ou um ser humanizado no seu trabalho espiritual. Ter um Buda é ter uma ideologia pré-definida e ter um direcionamento fixo para ela.

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O dharma

Outra característica importante do Buda de uma casa: ele é universal...

Hoje em dia é comum as casas espíritas ou espiritualistas possuírem variados trabalhos. As casas possuem trabalhos de apometria, reiki, energização, passes, incorporação, etc. Estes trabalhos funcionam para a casa como os departamentos funcionam para uma empresa.

Assim como nas empresas os departamentos executam seus trabalhos isoladamente, os trabalhos da casa também são executados deste modo. Mas, isso não quer dizer que tanto num como no outro caso eles são autônomos. O funcionamento de cada um precisa ser realizado vinculado ao objetivo e as normas da empresa. É aqui que entra a universalidade do Buda de uma casa.

Pouco importa que expressão mediúnica a casa utilize para atender aqueles que a procuram: o objetivo, a doutrina e o direcionamento desta precisam estar presentes. Seja na apometria, no reiki, nos passes ou na incorporação, aquilo que foi decidido pela casa como seu objetivo, doutrina e direcionamento desta devem ser observados, como o objetivo e as normas das empresas precisam ser respeitados no trabalho de cada departamento.

Isso é outro aspecto importante no tocante ao Buda. Quando em cada trabalho mediúnico um objetivo é buscado, uma doutrina diferente é usada ou um direcionamento desta é diferente do outro, causa instabilidade àqueles que freqüentam a casa. Ele não sabe mais o que esperar, mais como caminhar e com isso acaba não sendo atendido a contento.

Esta última compreensão nos leva ao próximo elemento que sustenta uma casa: o dharma...

O que é o dharma? Para os budistas é a ação certa. Não certa como aquela que deve ser executada, mas como a ação que leva àquilo que quer ser alcançado.

Buda no seu primeiro discurso afirma que encontrou o caminho que leva à felicidade: o Nobre Caminho Óctuplo. Este caminho é composto por atitudes corretas: ação correta, compreensão correta, meio de vida correto, etc. O correto neste caso não significa o certo, mas aquele que se percorrido leva a alcançar o que é pretendido. A ação correta indicada por Buda leva o ser à felicidade; a ação não correta leva a outro destino. Qualquer ação para Buda está certa, mas leva a lugares diferentes.

O dharma, então, no nosso caso, é a casa fazer aquilo que deve ser feito dentro da ideologia e direcionamento desta pré-escolhida. Ou seja, o dharma no nosso caso é a ação executada dentro daquilo que a casa se propõe a fazer. Da mesma forma, no caso do trabalho individual de cada ser humanizado para a sua elevação espiritual, a presença do dharma neste trabalho significa agir dentro daquilo que ele escolheu como caminho para si...

Pela presença do dharma na casa, como disse, os trabalhos devem ser executados de forma uníssona. Esquecendo-se disso, os trabalhos da casa podem acabar ficando dissonantes entre si. Vou explicar isso...

Digamos que depois de funcionando, uma casa antevê a perspectiva de poder contar com o trabalho de alguém reconhecido com um grande potencial de realização de ajuda ao próximo. Na ânsia de servir, os membros da casa acabam trazendo esta pessoa para seu dia a dia. Fazem isso com a melhor das intenções, mas o preço a ser pago por isso pode ser muito alto...

Se esta pessoa ao trabalhar na casa estiver ligada a um objetivo, a uma doutrina ou a um direcionamento diferente, está praticando uma ação não dharma, porque o seu trabalho não está de acordo com aquilo que a casa estabeleceu para si. Não importa se o trabalho desta pessoa é profícuo, se alcança imensos resultados ou se a presença dela engrandece a casa: ele não serve para trabalhar ali, pois pode gerar instabilidade para a casa.

Ao invés dessa pessoa, a casa pode ter um médium menos conhecido ou de menor potencial de êxito, mas que execute seu trabalho vinculado ao que foi pré-escolhido. Este pode não trazer glória para casa e pode até muitas vezes não agradar aos freqüentadores, mas ele é o melhor para a casa, pois trará estabilidade ao seguir o caminho proposto. A ação deste elemento é dharmática e isso só faz bem à casa que tem como objetivo ajudar o próximo.

O que quero dizer com isso. É que o ser humanizado ou grupo que pensa em abrir uma casa ou que administra uma deve ter cuidado ao escolher aqueles que vão desenvolver trabalhos lá. De nada adianta escolher o melhor, pois de nada adianta escolher ou admitir pessoas que se destaquem no que façam, mas que não sigam o que foi pré-estabelecido pela casa e que se tornou no seu Buda, na sua diretriz. O melhor para a casa é escolher ou admitir quem esteja comprometido com aquilo que a casa escolheu para si.

Guiados pelos conceitos humanos, quando se fala em abrir uma casa para auxílio aos outros, os seres humanizados preocupam-se logo com quantidade de trabalhadores e em agregar pessoas com qualidade comprovada. Isso não é real. Se a casa só tiver um trabalhador que esteja focado no objetivo dela, este será alcançado. Se ela tiver cinqüenta trabalhadores que não possuam este foco, ele jamais será alcançado. Isso acontece, porque como cada um puxará a brasa para sua sardinha, nenhuma delas será assada...

Falando pelo aspecto espiritual das casas, o problema de se ter pessoas comprometidas com objetivos e doutrinas diferentes é que cada um possui a sua própria energia. Cada doutrina escolhida, cada direcionamento adotado e cada objetivo perseguido fazem o ser humanizado utilizar uma determinada energia. Numa casa onde isto existe, portanto, há uma gama grande de energias e isso desestabiliza o campo energético dela.

Por isso é que quem quer criar uma casa ou quem administra uma precisa ter a preocupação de que todos os envolvidos no processo ajam dentro do objetivo, da doutrina e do direcionamento escolhido, como a política estabelecida por uma empresa precisa ser seguida pelos seus diversos departamentos.

É por causa disto que o ecumenismo nunca conseguiu ser implantado entre os humanos. Isso acontece porque os seres humanizados acreditam que o ecumenismo é formado com a convivência das diversas correntes religiosas existentes. Isso é impossível. Para que ele existisse seria necessário que todos abandonassem suas próprias correntes e criassem uma corrente única para eles. Neste momento haveria, então, uma nova corrente: a corrente ecumênica. Ela seria composta por ensinamentos das diversas correntes originais, mas teria seu corpo próprio e não mais teria vários corpos.

O ecumenismo, portanto, não é a fusão, mas a integração. Integrar-se a que? Ao ecumenismo. Mas para que isso aconteça é preciso que cada um saia de onde está...

Dharma: este é o segundo aspecto sem o qual um ser humanizado ou um grupo não consegue criar uma casa espírita ou espiritualista que realmente possa ajudar ao próximo. Pode fazer uma casa que às vezes ajude alguém, pode fazer uma casa que se torne muito famosa e reconhecida, mas que acaba não ajudando ninguém.

Ainda sobre este ponto, quero falar mais alguma coisa. Se um ser humanizado ou um grupo deles decide escolher um Buda formado por ensinamentos de diversas correntes religiosas, muitas vezes, este fato pode atrair pessoas que não estejam diretamente ligadas a esta ideologia, mas que acabam aproximando-se por causa da presença de alguns aspectos que eles comungam, apesar de não comungar com a doutrina toda. Neste caso, como manter o dharma da casa?

Simples: sendo firme na aplicação do Buda que foi escolhido. Se o grupo que pertence a casa está firme na sua ideologia e passa esta firmeza para os recém-chegados, eles mesmos acabam percebendo que ali não está de acordo com as suas crenças e com isso acabam se afastando. Isso é o que chamo de seleção natural...

Para manter o dharma de uma casa os trabalhadores que comungam da ideologia desta não precisam manter uma vigilância constante nos trabalhos realizados por outros, mas não transigir do seu Buda. Mantendo sempre presente o objetivo e o direcionamento dos ensinamentos nas reuniões de trabalhadores e nos próprios trabalhos, o grupo leva aquele que não comunga com a ideologia da casa a buscar outro local onde possa desenvolver suas atividades.

Mas, será que o dharma, ou seja, ação correta dentro do objetivo da casa se aplica aos seus freqüentadores? Ou seja, será que é preciso selecionar as pessoas que vão buscar o que a casa quer oferecer ou pode se receber pessoas que venham em busca de objetivos diferentes?

Da mesma forma como no caso dos trabalhadores, esta seleção acontece naturalmente. Os trabalhadores da casa mantendo-se firmes em sua ideologia levam o ser humanizado que busca alcançar objetivos diferentes ou que comunga de doutrinas diferentes a compreenderem que ali não existe o que ele busca. Para isso é preciso não haver submissão aos desejos daqueles que procuram a casa.

Muitas vezes a casa tem como objetivo auxiliar o próximo e como caminho para isso a utilização de ensinamentos direcionados à evolução espiritual. Acontece que quem procura esta casa não sabe disso e vai ali buscando a felicidade deste mundo. Esta busca é expressa através da procura de resolução para os seus problemas materiais e não do conforto espiritual. Neste caso, a tendência de quem quer ajudar é prestar o auxílio que é esperado e com isso acaba transigindo do seu Buda e praticando uma ação não dharmática. Isso desestabiliza a casa, como já vimos...

Transigir do seu Buda não ajuda nem a casa, nem a pessoa que está buscando auxílio. Isso acontece porque, se a casa tem um objetivo, como já vimos também, ela é municiada com uma determinada carga energética que seja compatível com este objetivo. Sendo assim, não existe na casa a energia específica para ajudar no outro sentido. Portanto, transigir do Buda e praticar a ação não dharmática não leva a lugar algum...

A partir disso, gostaria de dar um conselho a todos que querem criar ou que participam de casas para auxílio ao próximo: torne a ideologia da casa bem como o direcionamento que se dá a ela muito conhecida para todos que ali trabalham e também para os que frequentam. Isso pode ser feito por uso constante nas palestras, por citações em conversas particulares ou ainda por meio de quadros que transmitam o Buda e direcionamento que é dado por este pela casa. Assim, as pessoas que ali frequentam, bem como os trabalhadores da casa conseguem antever o que ali se professa e podem mais facilmente verificar se ali existe compatibilidade com o que buscam.

Lembre-se do ensinamento do Espírito da Verdade: o Universo é feito por afinidades. De nada adianta manter numa comunidade aqueles que não possuem afinidades com os objetivos dela. Ele não se sentirá bem, nem confortável naquele lugar.

Tenho dito a muitas pessoas que deveriam repensar a sua busca da elevação espiritual, pois pode ser que dediquem uma vida inteira a isso e acabem se frustrando com o resultado que encontrarão. Vou dar um exemplo disso.

Imagine um ser humanizado que goste de natureza. Goste de flores, rios correndo, a mata, etc. Estas pessoas, se procurando a elevação espiritual podem se frustrar com o que vão encontrar depois do desencarne. No Universo universal não existem formas. Sendo assim, como encontrar uma flor, um rio ou uma mata neste lugar? Mantendo-se preso a este gostar, não terá afinidade com o que vai encontrar e isso acaba frustrando-o.

A afinidade com o que está se vivendo é o fundamental para o bom aproveitamento daquele momento. Por isso, oriento a todas as casas que tenham instrumentos que deixem bem claro qual o Buda e o seu direcionamento que são usados para a realização dos trabalhos da casa. Sendo expostos a isto, tanto os trabalhadores como os freqüentadores terão rapidamente consciência da incompatibilidade entre os seus desejos e esperanças e a ideologia da casa. Com isso podem procurar um local onde encontrem afinidade.

Volto a insistir: não estou falando em selecionar trabalhadores ou freqüentadores, mas em preservar a afinidade. Toda casa existe para atender os seres humanizados de uma forma genérica, mas para que este atendimento possa ser realmente proveitoso para ambas as partes é preciso que cada um seja atendido no lugar que possua afinidade. Existem casas que comungam com todos os anseios dos seres humanizados. Nenhum ficará sem atendimento por causa disso. Assim, se ele não se afina com a proposição de uma sempre encontrará outra onde isso aconteça e ali poderá ser atendido.

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A sangha

O terceiro aspecto que deve ser levado em conta no momento da criação ou na manutenção de uma casa espírita ou espiritualista é a sangha. Ela é decorrência de tudo o que falamos até agora, pois a sangha do ensinamento budista diz respeito à comunidade com a qual o ser humanizado deve procurar conviver para a elevação espiritual. Para a casa, a sangha é formada pelas pessoas que trabalham nela e a freqüentam.

Nos outros dois aspectos que devem ser levados em conta para a criação ou manutenção de uma casa espírita ou espiritualista já falamos bastante sobre o tema. É necessário que o ser humanizado ou grupo que pretende criar ou que já administra uma casa esteja atento a afinidade ao seu Buda e ao dharma decorrente dele para que o trabalho seja executado em harmonia.

Como também já dissemos, a seleção de quem fica ou quem sai não é feita pela escolha pessoal de ninguém, mas pela fidelidade ao objetivo, a doutrina e ao direcionamento que se dá a ela. No entanto, para quem está criando uma casa, gostaria de deixar mais um conselho.

No momento do planejamento de uma casa, o ser humanizado acaba convidando pessoas para comungar do sonho de se abrir mais um ponto de luz. Neste momento é de suma importância lembrar-se do aspecto sangha.

A doutrina escolhida é como os pilares que sustentam uma casa. O dharma são como as suas paredes e a sangha como um telhado. Quando se escolhe um telhado com peso incompatível com as fundações que sustentam a casa, tudo pode ruir. Aquele que está montando uma casa deve ter isso em mente...

Na hora de convidar pessoas para compartilhar do sonho de fazer a casa, o ser humanizado não deve levar em conta preferências pessoais, mas sim a preferência da casa. A amizade particular nem sempre é um bom termômetro para se medir o sucesso da empreitada tendo determinada pessoa ao lado. O que mede isso é o compartilhamento da ideologia...

A escolha de pessoas que serão convidadas a compartilhar o sonho de se formar uma casa deve levar em conta apenas a afinidade com a doutrina que foi decidida para a casa. Não deve ser levada em conta também a capacidade de trabalho daquela pessoa, mas se ela comunga do mesmo Buda e se pratica o dharma. Se estes aspectos não forem levados em conta, o futuro será sofrido.

Aquele que convida pessoas para compartilhar o sonho de abrir uma casa fundamentado, quer na capacidade pessoal delas, quer na amizade, terá que estar vigilante o tempo inteiro para saber se elas trabalham seguindo o Buda e praticando o dharma decidido para a casa. Isso torna a participação na casa cansativa, angustiosa e com isso impede a entrega total que é necessária para que o objetivo traçado seja alcançado.

Quem participa da criação de uma casa, seja de forma individual ou junto com um grupo, precisa entender que depois que escolhe o objetivo dela e se determina a sua ideologia, estas coisas passam a pertencer a casa e não mais àquele ser humanizado especificamente. Se este ser humanizado, no decorrer de sua existência, não mais acreditar naquele Buda, mesmo que ele seja o fundador ou um dos fundadores da casa, ele deve deixar a casa e não alterar a doutrina dela.

A casa espírita ou espiritualista é dona de si mesmo. Ninguém possui uma casa. Por isso, ela não pode navegar ao sabor da crença ou intenção de uma só pessoa, mesmo que essa tenha tido primariamente a ideia de criá-la ou tenha subvencionado a criação ou a manutenção.

Quem responde pela casa não é uma pessoa ou um grupo, mas toda a sangha, toda a comunidade que dela participa. É a comunidade que dita os rumos da casa e não uma pessoa específica. É por isso que disse que mesmo que uma pessoa tenha a idealizado ou sustentado, é ela que deve sair quando mudar de ideologia e não exigir que a casa se mude para aquilo que agora considera como certo.

Isso acontece desse jeito porque a sangha que compõe uma casa não é formada apenas pelos espíritos encarnados, mas também por uma falange espiritual. Este grupo de espíritos sem carne trabalha junto com os encarnados da casa dentro de uma faixa energética. Alterando-se a doutrina da casa esta energia ficará incompatível, pois ela foi escolhida pela espiritualidade de acordo com Buda da casa. Mais: é o Buda que determina quem freqüentará a casa.

‘Na casa de meu Pai existem diversas moradas’, já afirmou Cristo. Ou seja, existem diversos cômodos que estão na casa de Deus. Cada cômodo citado pelo mestre, diz respeito a uma expressão do auxílio aos espíritos humanizados no seu processo de elevação espiritual. Por isso afirmo: todas as casas estão certas, seja qual for a doutrina que comunguem.

Sim, elas estão certas, mas servem para fins específicos. Dependendo do Buda escolhido para uma casa ela servirá com um propósito específico dentro do auxílio aos seres humanizados. É de acordo com esta finalidade que os espíritos sem carne conduzem os necessitados. Ou seja, cada um é direcionado à casa que possua o lenitivo que ele precisa.

Se a casa muda de doutrina, isso quer dizer que os freqüentadores teriam que mudar, pois ali não há mais o lenitivo que eles precisam. Seria necessário também mudar os trabalhadores dela, pois eles são instrumentos perfeitos para a aplicação daquele lenitivo. Enfim, a casa teria que se mudar completamente, quer seja no mundo visível como no invisível. É por isso que a doutrina da casa não pode ficar refém da decisão de um só.

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Decorando a casa

Depois que se escolhe o objetivo da casa, a sua doutrina e o objetivo desta, se reconhece a ação correta para aplicação desta doutrina e se entende a importância e função da sangha que a compõe, qualquer coisa pode acontecer dentro da casa. Qualquer trabalho mediúnico ou não pode acontecer, qualquer dizer pode ser usado para os trabalhos, qualquer devoção pode ser realizada, pois a casa já possui um trilho para guiá-la.

Tendo comparado o Buda às fundações, o dharma com a parede e a sangha com o telhado que cobre uma casa, posso dizer que nossa casa já está criada, mas ainda não está pronta. Falta agora decorá-la, ou seja, torná-la habitável. Os trabalhos que uma casa executa são como objetos que adornam uma casa e que a torna habitável.

O tipo de trabalho que é desenvolvido dentro de uma casa é apenas decoração, pois pode ser alterado sem se comprometer a estrutura da casa. Hoje, por exemplo, a casa pode ter um trabalho de reiki e amanhã não tê-lo. Que diferença isso fará à casa? Nenhuma... Tanto faz se ter um trabalho de reiki ou de energização ou de passe, o importante é a ajuda que se dá e ela será sempre a mesma porque é praticada pela sangha de uma forma dharmática, ou seja, está vinculada ao Buda escolhida e executada dentro do direcionamento pré-estabelecido. Nenhum trabalho específico influenciará a casa, pois ela, na verdade, é a fundação, as paredes e o telhado que a cobre. O resto, é objeto de adorno, é decoração.

Por isso afirmo: os trabalhos específicos que são executados dentro de uma casa espírita ou espiritualista é de menos importância. O importante é que ela tenha a sua parte estrutural feita com elementos sólidos, ou seja, que seja fiel a ela. Em outras palavras, que ela seja feita seguindo uma doutrina específica e com o direcionamento que foi escolhido para aplicá-la, o que o torna uma ação dharmática, e por uma comunidade que esteja comungue de tudo isso.

A discussão sobre quais trabalhos serão realizados é efêmera, pois a pessoa mora na casa e não no móvel. De que adianta se caprichar no mobiliário de uma casa se suas fundações, paredes e telhado são frágeis: tudo isso desaba sobre os móveis e acaba com eles. Este, aliás, é o grande problema daqueles que criam ou administram uma casa espírita ou espiritualista: eles estão sempre preocupados em embelezar uma casa e não com as estruturas delas. Por isso muitas desabam...

 Como disse no início de nossa conversa, tudo o que for dito com relação à formação de uma casa serve para o trabalho individual de cada um no sentido da elevação espiritual, pois para que o ser humanizado alcance a sua elevação espiritual ele precisa ter um Buda definido e uma aplicação deste também definida, deve ter o dharma, ou seja, uma ação fundamentada no seu Buda e deve procurar uma coletividade com a qual tenha afinidade. Sendo assim, também não importa que trabalho ele freqüente...

Como já disse, cada trabalho é como uma casa na morada de Deus. Freqüentando qualquer um, o ser humanizado estará inconscientemente indo àquele que pode lhe ajudar, pois a sua participação é direcionada pelos espíritos sem carne como um auxílio para aproveitar a oportunidade da encarnação. Portanto, tanto faz se o ser humanizado freqüenta a umbanda ou o culto evangélico, sendo fiel às suas diretrizes da busca, ele alcançará êxito.

Aí está, portanto, no aspecto geral, o básico para se organizar uma ajuda ao próximo ou a você mesmo. Não importa o que vai ser criado (casa, igreja, templo, centro), é preciso que o que vai ser criado esteja solidamente amparado pelo tripé que conversamos: o Buda, o dharma e a sangha. Se estes três aspectos não estiverem definidos e claros para todos os que participam do mesmo processo, nada será alcançado.

Todo o resto que compõe a casa (espaço físico, elementos materiais, trabalhos específicos) girará em torno do tripé que vai sustentá-la. Eles precisam ser escolhidos visando unicamente atender ao objetivo da casa, à doutrina e seu direcionamento que foi escolhido e do tamanho da sangha que irá freqüentar a casa.

Caridade espiritual

Ajudando a resolver o problema espiritual

Todos os seres humanos não gostariam de ter, mas têm problemas durante a sua existência. A vida, na verdade, se consiste numa sucessão de problemas.

Para auxiliar estes seres na solução destes problemas é que se criam casas espirituais, espiritualistas, igrejas, templos, etc. Elas são criadas no sentido de auxiliar os seres humanos na resolução de seus problemas e eles vão até estes locais para buscar auxílio. Por isso posso dizer que a intenção de cada um que participa ou cria uma casa ou templo é sempre auxiliar o ser humano na vivência de seus problemas.

Acontece que, durante a existência humana, o espírito encarnado ou ser humanizado não possui apenas um tipo de problema, mas sim dois: o material e o espiritual. No que se consistem estes dois tipos de problemas? Vamos ver.

O material diz respeito à personalidade humana que o ser está vivenciando durante a encarnação: problemas emocionais, sentimentais, financeiros, familiares, profissionais, etc. São todos aqueles acontecimentos que ocorrem no dia a dia de um ser humanizado e que são tratados como problemas.

Existe, portanto, uma série de problemas que são vinculados à existência material. Só que a vida do ser humanizado não diz respeito apenas às coisas materiais, pois ele é espírito e ser humano ao mesmo tempo. Por isso, posso dizer que este ser tem problemas espirituais. Vamos falar um pouco disso ...

Sei que falei em problemas espirituais, mas na verdade o ser humanizado só possui um problema deste tipo: a necessidade de realizar um trabalho que o leve à elevação espiritual. O ser humanizado possui durante a sua existência um problema espiritual e esse é causado pela necessidade que tem de aproveitar a encarnação para se elevar.

Participante: Isso é uma oportunidade e não um problema...

Concordo com você que é uma oportunidade, mas ela se transforma num problema porque o ser não sabe o que fazer com ela. O ser espiritual humanizado tem uma oportunidade de elevação espiritual, mas ela se transforma num problema porque ele não sabe como aproveitá-la.

Portanto, o ser humanizado possui dois tipos de problemas: o material e o espiritual. Isto deveria estar consciente para as casas espíritas ou espiritualistas quando elas se propõem a auxiliar os seres humanizados a resolverem seus problemas, mas infelizmente não é verdade.

As casas espíritas e espiritualistas agem fortemente no auxílio aos problemas de cunho material, mas se esquecem de ajudar o ser humanizado no seu problema espiritual. Por isso, não vamos falar aqui do auxílio à vivência dos problemas materiais, mas exclusivamente do apoio que deveria ser dado para que o ser humanizado resolvesse seu problema espiritual.

Sei que muitas casas deste tipo vão dizer que se preocupam com o aspecto espiritual do ser e possuem atividades neste sentido, mas isso não é real. O que elas oferecem para ajudar o ser humanizado no seu problema espiritual? Passe, desobsessão, descarrego, etc.? Elas acreditam que com isso estão ajudando o espírito na sua existência espiritual, mas estes trabalhos não têm nada a ver com a este aspecto, pois todos eles nada têm a ver com a busca espiritual, mas sim com a intencionalidade de produzir uma vida mais amena, uma vivência humana mais tranquila ...

Libertar-se de uma obsessão ou estar mais harmonizado não tem relação com o problema espiritual único do ser humanizado, pois estes trabalhos não têm nenhum reflexo sobre a necessidade da elevação espiritual. Eles podem ser facilitadores do trabalho, mas não realizam nada.

O ser humanizado, livre de um obsessor ou mais harmonizado tem mais condição de realizar o trabalho necessário para a elevação espiritual, mas para conseguir fazer isso, ele precisa ser orientado sobre como realiza-lo, já que não sabe o que fazê-lo. É por isso que afirmo que a ajuda que os centros espíritas ou espiritualistas oferecem não resolvem o problema espiritual que o ser humanizado possui.

Quando digo isso não estou criticando as casas, mas apenas dando um alerta sobre esta necessidade que não é lembrada. Não posso criticá-las porque elas são um reflexo dos seres humanizados como um todo e não entidades isoladas do mundo humano.

O ser humanizado, ou seja, o espírito que está vivenciando uma oportunidade de elevação espiritual, também não se lembra deste problema que possui. Vive a vida diuturnamente preocupado com a solução dos problemas materiais e não se ocupa com este outro lado que pertence a ele já que é, ao mesmo tempo, humano e espírito.

Existe uma frase que gostaria que vocês tivessem sempre em mente:

“Vocês não são seres humanos que vivem experiências espirituais, mas seres espirituais que estão vivendo uma experiência humana”.

A realidade de vocês é espiritual. Só o que é espiritual em você é eterno e por isso nunca deixa de existir. O que é material é efêmero e irreal. Por isso, a prioridade deveria ser sempre as coisas espirituais que lhe afeta.

Por causa de sua essência espiritual, o ser humanizado deveria se preocupar com o seu trabalho deste gênero. Aliás, mais do que se preocupar: deveria se ocupar dele. O ser humanizado deveria ter tempo para resolver este problema, pois a sua existência eterna depende disso. Da mesma forma, as casas espíritas ou espiritualistas deveriam disponibilizar instrumentos para ajudar os seres humanizados a resolver este problema.

Os seres humanizados se preocupam em trabalhar mais para que a família cresça materialmente, se preocupam com a necessidade de dar estudo aos filhos para que eles também cresçam dentro do mundo material, mas não se preocupam em dar a eles condições de evoluírem espiritualmente. Da mesma forma, as casas espíritas ou espiritualistas se preocupam em ajudar os seres humanizados na ascensão social, mas se esquecem de fornecer ferramentas para auxiliá-los no seu processo de elevação espiritual. Elas se preocupam em disponibilizar trabalhos de cura, de aconselhamento nos problemas materiais, de apoio aos sentimentais, mas não se preocupam em dispor trabalhos que incitem e apóiem os seres humanizados na resolução do seu problema espiritual.

Está dando para compreender o que quero dizer? Todo ser humanizado possui dois tipos de problemas, mas como vocês que trabalham em casas espíritas ou espiritualistas se consideram seres humanos que vivem experiências espirituais e não seres universais vivendo uma experiência humana, preocupam-se apenas em disponibilizar instrumentos para ajudar o ser encarnado nos seus problemas relacionados à sua existência material. Quando pensam no aspecto espiritual do espírito encarnado, a única coisa que fazem é disponibilizar instrumentos que facilitem a vida humana e não que resolvam o problema espiritual do ser.

É sobre isso que quero conversar hoje. Quero, através desta conversa, levá-los a encarar o seu lado espiritual. Com isso não quero incitá-los a virar as costas para o lado material, porque isso é impossível. O que gostaria nesta conversa é de levar cada ser humanizado e cada casa espírita ou espiritualista a ter a consciência de que o espírito encarnado possui um problema espiritual que precisa ser resolvido, que com a encarnação ele tem uma oportunidade que precisa aproveitar.

Vamos, então, à nossa conversa de hoje...

Para que o ser humanizado aproveite a oportunidade que está tendo, precisa fazer a reforma íntima. Isso, todos aqueles que lidam nas correntes espiritualistas e espíritas sabem. Todos sabem que é necessário reformar o seu interior, o seu íntimo, para alcançar a elevação espiritual. Mas, como fazê-la? Vamos começar por aqui...

Para se fazer a reforma íntima é preciso antes conhecer três coisas. Para falar delas vou comparar a reforma íntima com a reforma de uma casa.

A primeira coisa que precisa ser sabida por quem pretende realizar uma reforma é conhecer a sua realidade de momento, conhecer como está agora aquilo que se pretende reformar. Como é que alguém pode realizar uma reforma, se nem sabe o que precisa ser reformado?

Depois que conhece a realidade e decide o que pretende reformar é preciso, então, saber como aquilo ficará depois de reformado. A segunda coisa que precisa ser sabido antes de fazer uma reforma íntima é saber como deverá ficar o que for reformado depois da reforma. Como alguém pode reformar uma casa sem ter uma ideia do que quer no lugar do que está?

Para se fazer uma reforma é preciso antes de tudo que se saiba como aquilo que vai ser reformado está no momento, a realidade de agora, e conhecer a realidade que ele deverá ter depois que for reformado. Uma pessoa só pode começar uma reforma de sua casa depois de decidir o que vai ser reformado e qual a aparência terá depois de executado o trabalho. Para promover a reforma íntima é do mesmo jeito: o ser humanizado precisa saber como ele está intimamente e onde deve chegar. Sem este conhecimento ele não consegue fazer nada e fica perdido agindo onde não deve agir ou promovendo mudanças que não o leva à elevação espiritual.

Eis, então, as duas primeiras coisas necessárias para aquele que pretende realizar a sua reforma íntima: conhecer como está no momento e conhecer o que encontrará quando se mudar. Mas, para caminhar, ou seja, para realizar realmente a elevação espiritual é preciso conhecer mais uma coisa: o que será usado para causar a transformação...

Quem reconhece a existência de uma parede em sua casa que quer reformar, precisa planejar como ficará o espaço sem ela. Depois disso, precisa decidir que instrumentos serão usados para derrubá-la: pá, picareta, marreta, caçamba para o entulho, etc. Estas coisas são os instrumentos que serão utilizados na reforma. O ser humanizado que pretende fazer a reforma íntima, da mesma forma, precisa identificar como está no momento, como ficará depois de reformado e o que utilizará como instrumento para promover a reforma. Sem estas três coisas, nenhum ser humanizado aproveita a oportunidade da sua encarnação, não resolve o seu problema espiritual.

Antes de continuarmos, um detalhe. Ao citar os três elementos que precisam ser conhecidos antes de se iniciar um processo de reforma íntima coloquei-os em uma ordem seqüencial que precisa ser seguida. Ou seja, é preciso primeiro se conhecer como está agora, depois como ficará para só então pensar nas ferramentas. Mudando a ordem das coisas é impossível se realizar a este trabalho. Ainda usando o exemplo da reforma de uma casa, se alguém pensar primeiro no material que usará, pode ser que acabe comprando uma tinta que não será usada.

Por isso, pergunto: como está o espírito encarnado agora? Centrado no eu...

Todo ser humanizado vive a partir do seu eu: só o que ele acha certo está certo, só o que ele gosta é bom, a limpeza só existe quando ele acha que está limpo. O espírito quando encarnado vive centrado no seu eu, ou seja, ele se considera o centro do Universo. Quando falo isso não estou acusando ninguém de nada, mas mostrando uma característica inerente a todos os seres humanizados. Não existe um espírito encarnado que consiga viver a vida a partir do outro ou da comunidade onde vive. Ele vive apenas a partir de si mesmo, ou seja, a partir dos seus conceitos...

Conceitos são as crenças que todo ser humanizado tem sobre as coisas. É o fato de achar alguma coisa boa, algo certo, alguma coisa limpa. Cada qualificação que o ser humanizado possua sobre os elementos que conhece é um conceito. Estar centrado no eu, portanto, é viver a realidade a partir de suas próprias crenças...

Esta é uma característica de todos os seres humanizados: vive a partir dele mesmo, a partir das suas crenças sobre as coisas. Aliás, esta é a única coisa que todos os seres humanizados têm em comum, pois as próprias crenças em si mesmo variam de acordo com cada ser humanizado ou grupo deles. O bom de um não é bom para todos, o que é considerado certo varia entre os humanos, o limpo de um é sujo para outro.

Ora, se o trabalho da reforma íntima é comum a todos os seres humanizados e se viver a vida a partir destes conceitos é a única característica comum a todos os espíritos encarnados, este é o elemento que precisa ser reformado. O primeiro elemento que é preciso ser conhecido para se promover a reforma íntima é, portanto, reconhecer que é preciso viver de uma forma diferente, ou seja, não viver a partir do eu.

A reforma íntima não consiste em trocar conceitos (achar bom algo diferente do que acha hoje), pois estes não são em si o objeto da mudança. Ela é realizada pela descentralização do eu. Vou dar um exemplo para ficar mais claro.

Gostar da cor amarela é ter um conceito. Quem diz que prefere a cor amarela porque a acha mais bonita, precisa compreender que isso não é uma verdade, mas apenas uma posição individual. O amarelo não é mais bonito que o verde para todos, mas apenas para aquele que acha dessa forma.

Gostar do amarelo não é problema e por isso a reforma íntima não se consiste em passar a gostar do verde. O problema, como já vimos, é viver a partir do eu. Viver a partir do eu, neste caso, é querer que os outros também prefiram esta cor àquelas que eles preferem.

Quem vive a partir do eu, critica quem gosta de outra cor e quer provar aos outros que a cor que ele gosta é a mais bonita. Quem promove a sua reforma íntima, ou seja, se descentraliza do eu, continua gostando da cor amarela, continua achando-a a mais bonita, mas aceita que os outros tenham preferência por outra cor.

Promover a reforma íntima, ou seja, mudar o seu interior é isso aí. Não se trata de mudar crenças ou assumir as dos outros, mas sim ter a consciência que tudo que você acredita é apenas uma opinião pessoal e respeitar a opinião pessoal dos outros. O processo de reforma íntima não é um processo de mudança de conceitos, mas de tirar a sua crença individual do centro do Universo, tirar dela a força de verdade que precisa ser seguida por todos.

Isso é verdade? Sim, e vou provar...

Descentralizar-se do seu eu, retirar das suas crenças a força de verdade é a única forma de amar ao próximo. Ou seja, descentralizar-se do seu eu é a única forma de cumprir o mandamento que Cristo deixou... Por isso afirmei que este é o trabalho necessário para a evolução espiritual.

Tem muita gente que diz que ama o outro, mas será que quem ama reconhece erros nos outros? Será que quem ama critica e acusa o próximo? Quem ama não cobra mudanças nem critica, mas respeita o direito do outro de pensar diferente. Para se amar o próximo não é preciso pensar como ele, ter o mesmo conjunto de crenças, mas dar a ele o direito de ter suas próprias crenças.

Como Cristo também ensinou, para se amar o próximo é preciso não julgar, é preciso retirar a trave do seu olho, ao invés do cisco que está no olho do outro. Como fazer isso se você ainda acha que suas opiniões são a verdade que todos precisam seguir?

Viver a vida sem estar centrado no seu eu, ou seja, respeitar as opiniões dos outros como certas e boas também, é a única ação que pode levar o ser humanizado a amar a todos. Amar o próximo não é fazer carinho, não é passar a mão na cabeça, não é ajudá-lo apenas a resolver os seus problemas materiais, mas sim, dar a ele o direito de acreditar no que quiser e de viver a vida dele do jeito que quiser.

Descentralizar-se do eu é a reforma que cada ser humanizado precisa executar. Estar encarnado é a oportunidade que o espírito tem para fazer isso. Por isso, este é o único problema espiritual que o ser humanizado tem para resolver nesta vida.

O problema espiritual que o espírito encarnado tem é libertar-se da obrigação que acredita que os outros tenham de ser, estar e fazer aquilo que ele acredita que deva ser feito, da forma que acredita que devam estar e que sejam aquilo que ele acredita que deva ser.

Com esta análise, mostramos, então, as duas primeiras etapas da reforma íntima que é a solução do problema espiritual do espírito: o reconhecimento do como se está e a antevisão de como deverá se estará depois de concluída a reforma. Isto serve não só para cada espírito humanizado como também para as casas espíritas ou espiritualistas.

Estas casas, como são criadas com a intenção de ajudar o ser humanizado a resolver seus problemas, deveriam ter trabalhos que orientasse neste sentido. Ou seja, um trabalho de conscientização do que o ser é hoje e como ele deve ser para alcançar a elevação espiritual. Este trabalho deveria existir para ajudar o ser encarnado no seu processo de elevação espiritual. Mas, para que ele existisse as casas deveriam ter a consciência de que não estão aqui para agradar o ser humanizado, mas para dar a ele a solução para os seus problemas.

Uma casa dificilmente executará um trabalho deste tipo enquanto estiver preocupada em agradar o ser humanizado, em manter fiéis, pois, mostrar ao outro o que ele é e ajudá-lo a libertar-se da centralização em si mesmo não agrada aos espíritos encarnados. Todos aqueles que frequentam estas casas sabem da necessidade de promover a reforma íntima, mas não estão dispostos a abrir mão de sua humanidade (do apego aos seus conceitos) para fazer isso.

É por causa disso e por ser formada por seres humanizados que pensam assim, que as casas não realizam trabalhos neste sentido. Com isso elas acabam, voltam-se só à solução dos problemas materiais dos seres humanizados, mas não os ajudam a resolver o seu problema espiritual.

 Por saber disso, gostaria de deixar hoje uma fórmula simples para que as casas possam ajudar o ser humanizado também neste aspecto. Uma fórmula que não as leve a uma posição antagônica aos conceitos dos seres humanos, mas que ajude estes seres a promoverem a sua reforma íntima. Esta fórmula está fundamentada no terceiro ingrediente necessário para a reforma que já vimos: a ferramenta para a execução do trabalho.

Os instrumentos que o ser humanizado possui para o trabalho da reforma íntima são os ensinamentos dos mestres: a Bíblia, os livros de Krishna, os sutas budistas, o Pentateuco de Kardec. Nestes livros o ser humanizado encontra os instrumentos para agir em si mesmo com a intenção de descentralizar-se do seu eu.

Cada mestre foi um enviado de Deus que trouxe os instrumentos necessários para que os seres que se humanizam possam alcançar a elevação espiritual. É por isso que Cristo diz: eu sou o caminho. Caminhar no sentido da elevação espiritual não é seguir Cristo fisicamente, mas sim praticar aquilo que ele ensina que deve ser vivenciado. Ou seja, viver a vida a partir dos ensinamentos deixados por ele. O problema é que a maioria dos que caminham por este caminho, ou seja, buscam a elevação espiritual, não compreendem isso.

Nos meios espíritas e espiritualistas os seres humanizados, e, por conseguinte, as casas, se preocupam em conhecer os ensinamentos que falem do mundo espiritual. Dão ênfase ao estudo da realidade e ciência espiritual, mas se esquecem da aplicação dos conceitos daquele mundo, neste. Querem saber como será a vida depois da morte, mas não se ocupam em mostrar que esta depende da forma como se vive aqui.

Os conceitos que estão na mente dos seres humanizados não se dissolvem magicamente com a morte ou com o fim da encarnação. O ser que encerra a sua encarnação (morre) continua a viver a sua existência espiritual com os mesmos conceitos que possuía quando encarnado. Se, além disso, ele vive centrado no eu hoje, continuará vivendo desta forma depois do desencarne. Ou seja, de nada adianta para a evolução espiritual se conhecer a ciência do mundo espiritual, pois isso não será de nenhuma valia para a incorporação deste ser quando no retorno à sua pátria espiritual. O que adianta é se conhecer como os seres libertos da humanidade se relacionam entre si e eles fazem isso colocando em prática os ensinamentos que os mestres trouxeram e que estão disponíveis neste mundo. Por isso, apenas este estudo, e principalmente a prática do que se aprende, pode realmente ajudar o ser humanizado a resolver o seu problema espiritual: a promoção da reforma íntima.

Portanto, os seres humanizados deveriam se preocupar em vivenciar os ensinamentos nesta vida e as casas, por conseguinte, deveriam ter a preocupação em auxiliá-los nisso, ao invés de se preocuparem em atender o seu apego ao eu. Deveriam reforçar neles a necessidade do amor a todos ao invés de querer livrá-los de ataques ao seu eu, aos seus conceitos, aos seus desejos, as suas vontades.

Hoje, as casas espíritas e as espiritualistas, além de templos de outras religiões, utilizam os ensinamentos deixados pelos mestres para resolver os problemas materiais dos seres humanizados. Mas, por que um espírito encarnado tem um problema de ordem de material? Porque a sua vivência a partir do seu eu, dos seus conceitos, das suas vontades, dos seus desejos, não foi contemplada.

Os ensinamentos dos mestres não servem para isso. Eles foram proferidos no sentido de ajudar os seres humanizados a alcançarem a elevação espiritual e não para alcançar o gozo dos prazeres terrestres. Isso, Cristo deixou bem claro quando afirmou que ele não veio para trazer a paz, mas a espada. Os ensinamentos dos mestres não estão aí para que cada um alcance seus objetivos materiais e com isso consigam viver em paz, mas sim para que cada um use em si mesmo e destrua a necessidade de vivenciar aquilo que acredita e deseja. Só assim este ser pode vivenciar a felicidade que não é deste mundo.

Quando afirmei que as casas espíritas e espiritualistas não ajudam os seres humanizados a resolverem o seu problema espiritual, sei que muitos devem ter pensado: ‘Mas, na minha estudamos o evangelho’. Não discordo disso: muitas casas possuem o trabalho de estudo dos ensinamentos. Mas, será que elas utilizam este estudo como instrumentos para o fim da centralização no eu ou reforçam os conceitos deste ser? Vamos ver isso...

Cristo diz que não devemos julgar. Este é um ensinamento de um mestre, portanto, um caminho para a evolução espiritual. Quando um palestrante fala deste tema lhe ensina que não deve julgar ninguém. Mas, quando ele fala disso, diz que você não deve achar erro em ninguém ou lhe ensina que aqueles que julgam estão errados? Ele diz que quem julga está errado, não é mesmo? Mas, será que não vê que ele mesmo está ferindo o que acabou de ensinar? Sim, está ferindo, pois dizer que alguém está errado é julgar...

Ajudar o ser humanizado a resolver o seu problema espiritual não é criar mais um conceito que será utilizado por este ser para viver centrado no eu dele, mas fazê-lo ver que quando ele se centraliza em si mesmo fere o ensinamento. Mesmo que não veja, sempre que um ser humanizado se centraliza nele mesmo, ou seja, segue o seu conceito, faz exatamente aquilo que está acusando o outro de fazer. Quem julga o julgador está julgando, quem critica o criticador está criticando...

É por isso que afirmo que apesar de as casas espíritas e espiritualistas terem trabalhos de divulgação dos ensinamentos dos mestres, elas não ajudam o ser humanizado a solucionar o problema espiritual que tem. Elas não ajudam porque transmitem os ensinamentos como um conceito que deve servir para se julgar o próximo e não como uma arma para cada um ferir, em si mesmo, a ideia de que todos têm que seguir os ensinamentos.

O amor não exige conceitos para existir. Quem ama verdadeiramente não ama apenas quando determinadas condições são satisfeitas. Por isso quem ama, ama o outro do jeito que ele é e não exige que o próximo cumpra qualquer exigência para ser amado, mesmo que esta esteja vinculada a um ensinamento de um mestre.

A questão da obrigação de se fazer a reforma íntima é polêmica neste ponto porque, para os espíritas e os espiritualistas, ela acaba virando um conceito, ou seja, acaba se transformando numa obrigação que eles imaginam que todos devem cumprir. Mas será que todos precisam fazê-la? Acho que não...

Os espíritas e espiritualistas acreditam no livre arbítrio, ou seja, na livre opção de se fazer alguma coisa. Este livre arbítrio é amplo e irrestrito e se aplica a todas as coisas, inclusive à realização da elevação espiritual. Todo ser humanizado é livre para querer fazer ou não o trabalho da reforma íntima. Se ele optar por não fazê-la é direito dele e aquele que quer fazer a sua deve respeitar isso.

É por isso que os trabalhos de divulgação de ensinamento dos mestres, como atualmente realizados pelas casas espíritas e espiritualistas, não ajudam o ser humanizado. Transmitindo-os com força de lei, de obrigação para todos, acaba criando mais uma ideia individual que o ser humanizado usa para centralizar-se no eu.

Para que este trabalho tivesse realmente o resultado que se espera (ajudar o ser humanizado a resolver o seu problema espiritual) as casas espíritas e espiritualistas deveriam conscientizar o ser humanizado que aquilo não é lei, mas um caminho que cada um tem o direito de escolher seguir ou não. Deveriam ensinar que todos têm o direito de não fazê-lo e não, quem não fizer está perdido ou é errado. Deveriam conscientizar o ser humanizado que se ele quiser faça, mas que não deve obrigar os outros a fazer ou criticar quem não faz. É por isso que mesmo tendo trabalhos deste cunho, afirmo que as casas espíritas e espiritualistas não ajudam o ser humanizado a resolver o seu problema espiritual.

A partir do momento que entendemos isso, como deveria, então, ser um trabalho de uma casa espiritualista ou espírita que ajudasse o ser humanizado a resolver o seu problema espiritual. Vou dar um exemplo para entendermos. Para isso vou citar um trecho da Bíblia:

“Vocês sabem o que foi dito aos seus antepassados: ‘não quebre a sua promessa, mas cumpra o que jurou ao Senhor que ia fazer’. Porém eu lhes digo: não jurem de jeito nenhum. Não jurem pelo céu, pois é o trono de Deus; nem pela terra, pois é o estrado onde ele descansa os seus pés; nem por Jerusalém, pois é a cidade do grande Rei. Não jurem nem mesmo pelas suas cabeças, pois vocês não podem fazer um só fio de cabelo ficar branco ou preto. Digam apenas sim ou não, pois qualquer coisa mais que disserem vem do Diabo”. (Mateus – Capítulo 5 – Versículos 33 à 37).

Digamos que este tema tenha sido lido num trabalho de uma casa espírita ou espiritualista. Após a leitura, deve haver uma explanação para deixar claro o que o mestre ensina. O que Cristo quis dizer com este texto? Não jure por nada... Não jure pelas coisas do céu, não jure pelas coisas do céu e não jure pelas coisas da sua cabeça, ou seja, por suas próprias ideias...

O que quer dizer jurar por alguma coisa? Afirmar categoricamente, afiançar, ter certeza... Ou seja, Cristo ensina neste trecho que o ser humanizado não deve ter certeza de nada do céu (mundo espiritual), da Terra e nem de suas próprias ideias ou convicções.

Pronto, está ensinado o texto. Qualquer explicação a mais (porque não se deve jurar, para que não se deve jurar ou como é não jurar) como nos ensina o próprio Cristo vem do Diabo, ou seja, do tentador, da humanidade que o ser está vivendo. Qualquer explicação agregada à informação que o ser humanizado não deve afiançar às coisas deste mundo estará além do sim ou do não citado por Cristo e por isso de nada adiantará no caminho da elevação espiritual. Portanto, não devem fazer parte de um trabalho que objetiva a ajudar o ser humanizado a resolver o seu problema espiritual.

Depois de lido este trecho e dada a explicação necessária para a sua compreensão, o que deve fazer o palestrante deste trabalho? Continuar a explicação, já vimos que não é aconselhado por Cristo... Será que ele deve passar a outro texto? Acho que não... Vou explicar porque digo isso...

Existe uma coisa que os seres humanizados fazem muita confusão: a sabedoria. Para eles ser sábio é ter uma quantidade vasta de informações, saber muito. Mas, isso não é real. Se possuir muitos conhecimentos fosse sinônimo de sabedoria, a estante seria a coisa mais sábia do mundo, pois em seus livros guarda milhares de conhecimentos...

Sábio não é quem conhece muitas informações, mas quem realmente sabe o que conhece. Será que saber é só ter conhecimento? Não... Saber é pôr em prática aquilo que se conhece. Quando o ser humanizado consegue praticar aquilo que conhece, se transforma num sábio...

Sendo tudo isso verdade, o que deve fazer, então, o palestrante? Trazer o ensinamento para a prática. Ou seja, abordar aspectos comuns da vida humana que envolva a prática daquilo que foi objeto do trabalho.

Ao invés de partir para outro ensinamento, aquele que realmente se propõe a ajudar o ser humanizado a resolver seu problema espiritual deve conversar com os que estão lhe ouvindo sobre aplicações do que foi estudado. No entanto, cuidado: a aplicabilidade deve ser voltada a cada um consigo mesmo e não de uma forma genérica.

O ser humanizado, por causa de sua centralização no eu que o leva a achar que está sempre certo, quando ouve um ensinamento não busca aplicá-lo em si mesmo, mas sempre no próximo. Ao invés de usar o ensinamento para se libertar de seus conceitos ele julga os outros que agem em desacordo com o ensinado. Isso não leva ninguém a realizar a sua reforma íntima...

O palestrante que está conduzindo um trabalho de ajuda ao ser humanizado a libertar-se de sua centralização em si mesmo, precisa nesta conversa enfatizar a aplicação do que foi aprendido em si mesmo. Precisa exortar o ser humanizado a olhar para dentro de si mesmo e ali ver que ele não pratica o que está querendo cobrar do outro. Assim se ajuda o ser humanizado a resolver o seu problema espiritual.

Isto é o que pode ser feito para se ajudar o ser humanizado a resolver o seu problema espiritual. Ele não tem nada a ver com aquilo que hoje é realizado nas casas espiritualistas ou espíritas. Hoje nestas casas se estudam os textos sagrados, mas o processo que descrevi nada tem a ver com estudo: tem a ver com se informar... Informa aquilo que cada um precisa fazer consigo mesmo se quiser alcançar a elevação espiritual.

Os seres humanizados acreditam que os livros sagrados foram feitos para serem estudados, que devem ser decorados, mas isso não leva ninguém a lugar nenhum. Conhecer os ensinamentos destes livros não adianta nada, porque o que realmente importa é a prática. Por isso é que o trabalho no sentido de orientar o ser humanizado na realização de sua elevação espiritual deve levar a informação e falar sobre a prática dos ensinamentos.

Este, portanto, é o trabalho que ajuda o ser humanizado a resolver o seu problema espiritual. Mas, ainda com relação a ele quero fazer mais um comentário.

Os seres humanizados, quando se trata de compreender os livros sagrados, preferem usar livros escritos por outros seres humanizados. Eles preferem ler comentários aos textos sagrados ao próprio texto. Acreditam que desta forma seja mais fácil compreender o que está escrito, mas isso não é real.

Todo mundo que lê um livro, na verdade, está fazendo uma interpretação do que está escrito. Ou seja, cria uma compreensão individualizada daquilo que leu. Para fazer esta interpretação ele utiliza do seu próprio conjunto de conceitos. Ele lê um texto e cria uma compreensão formada a partir dos valores que já acredita. Se alguém, por exemplo, acredita no processo de reencarnação, ao ler um texto utilizará este conceito para ter uma compreensão daquele texto; se não acredita, com certeza terá uma compreensão diferente.

Acontece que não existem duas pessoas com o mesmo conjunto de conceitos em gênero, número e grau. Ou seja, não existem dois seres humanizados que acreditam na mesma coisa com a mesma intensidade ou aplicabilidade. Isso quer dizer que não existem duas pessoas que alcancem a mesma compreensão ao ler um texto. Por isso, duas pessoas que lêem a mesma coisa divergem de opiniões sobre o que foi lido.

Se o conceito que cada um tem é aquilo que deve ser reformado para solucionar o problema espiritual que o ser humanizado tem, tentar reformá-lo obtendo mais conceitos, faz com que o trabalho fique mais difícil. Mais: muitas vezes impossibilita ou mascara o trabalho. Quem reforma o seu íntimo mudando de um conceito para outro não fez nada, pois a reforma consiste-se em libertar-se de conceitos e não trocá-los.

Por isso oriento aos seres humanizados e às casas espíritas e espiritualistas a usarem no trabalho de ajuda ao ser humanizado para a solução do seu problema espiritual a utilização do próprio livro sagrado, seja ele de que mestre for. Com isso, fica muito mais claro o que precisa ser reformado.

Resumindo, então, o que estou dizendo é que as casas espíritas e espiritualistas podem se preocupar em ajudar os seres humanizados nos seus problemas materiais, mas devem também auxiliá-los na resolução do seu problema espiritual. Para isso, é preciso mais do que trabalhos de passe, desobsessão ou energização, mas sim orientá-los na vivência do seu dia a dia libertos do seu aprisionamento no eu. Esta orientação deve ser feita através de um trabalho onde se busque informar o caminho ensinado pelos mestres e a prática destes e não através de simples transmissão de conhecimentos.

As duas ajudas, material e espiritual, são muito parecidas, mas são completamente diferente. São parecidas porque nas duas é preciso ouvir os seres humanizados que procuram a casa para conhecer os seus problemas. São diferentes porque em um se procura a solução material (dar alimentos, apoio moral e sentimental, etc.) e em outro se procura transmitir a solução espiritual do problema (a descentralização do eu). As duas soluções podem até serem dadas ao mesmo tempo, mas não pode se esquecer da ajuda para solucionar o lado espiritual da questão.

Vou dar um exemplo para ficar mais claro o que digo: uma pessoa com problema de saúde procura uma casa espírita ou espiritualista. Quando isso acontece, por ser composta por seres humanizados, a casa se preocupa em cuidar da saúde deste ser humanizado através das ferramentas que possui: cromoterapia, passe, vibração, trabalho com ervas, etc. Isso é importante, mas não resolve o problema espiritual daquele ser.

Cristo já nos ensinou que não existe curador, mas sim a cura alcançada pela fé.

“Certa mulher, que fazia doze anos que estava com hemorragia, veio por trás dele e tocou na barra da sua roupa. Ela pensava assim: ‘Se eu apenas tocar na roupa dele ficarei curada’. Jesus virou, viu a mulher e disse: ‘Coragem, minha filha! Você sarou porque teve fé’. E naquele momento a mulher ficou curada”. (Mateus – Capítulo 09 – Versículos 20 a 22).

Quem alcança a cura não é porque um médium agiu neste sentido, mas aquele que teve, através do exercício da fé, o merecimento para tanto. Sendo isso verdade, o mais importante é ajudar o ser humanizado a alcançar a fé e não curá-lo.

Fé é confiança com entrega a Deus. Por que o ser humanizado não tem fé? Porque confia apenas em si mesmo, em seus conceitos. O ser humanizado que vive centrado no eu não consegue ter fé porque para ele apenas o que acredita é certo, bom e limpo. Portanto, o trabalho que falamos aqui para a solução do problema espiritual do ser humanizado é um caminho para se alcançar a fé.

O trabalho material é importante, pois aquele que está na crise (sem saúde no momento) não consegue realizar o seu trabalho espiritual. Portanto, ter um trabalho de restauração da saúde, que é um problema material, é importante, mas só ele não resolve. É necessário que o trabalho para a solução do problema espiritual complemente o tratamento. Ele deve ser executado em conjunto com o material.

O ser liberto da sua doença material e consciente do trabalho que deve realizar para alcançar a fé está curado neste momento e está imune a novas doenças. Além disso, ele terá promovido a sua reforma íntima e terá, então, realizado o seu trabalho da elevação espiritual. Sem se promover os dois trabalhos simultaneamente o ser pode, até por merecimentos anteriores, ter a cura, mas não resolve o seu problema espiritual: fazer a elevação espiritual. O exemplo da doença é muito bom para entendermos esta impossibilidade...

Um ser humanizado, quando é atingido por uma doença que traga marcas profundas ou que se apresente como letal, por conta da sua centralização no eu, por mais que tenha fé a perde. Começam logo os questionamentos: ‘Por que eu? Por que foi acontecer comigo? Eu busco sempre seguir os ensinamentos, porque foi acontecer isso comigo?’ O instinto de não querer morrer ou de ver-se limitado em algumas ações sempre atiça a centralização no eu. Por isso, este ser tem o seu problema espiritual complicado. Somente quando se trabalha os dois lados do auxílio pode se realizar um apoio completo.

Partindo deste ponto quero falar de mais um trabalho que as casas espíritas e espiritualistas deveriam fazer para ajudar o ser humanizado no seu problema espiritual. Ele é igual ao que já estamos falando, mas tem uma particularidade importante: deve ser realizado individualmente...

Tudo no ser humanizado é individualizado, ou seja, é vivenciado de uma forma única. Os conceitos de cada um são diferentes dos outros, as dores de cada um só podem ser avaliadas por ele mesmo. Tentar tratar de uma forma generalizada os problemas de cada um não leva a um bom aproveitamento da ajuda por parte do ser humanizado.

O trabalho que falei até agora deve ser feito de uma forma generalizada. Ele deve ser executado como uma orientação de grupo para todos os que buscarem ajuda. Mas, além dele é preciso que haja um trabalho particularizado para que possa se alcançar uma ajuda mais profícua.

Os palestrantes em geral imaginam que enquanto estão falando de um ensinamento para um grupo cada um dos elementos deste está aplicando àquilo que está ouvindo para o seu próprio mundo, para os acontecimentos de sua vida. Isso não é real. Por causa da centralização no eu, que é característica de todo ser humanizado, isso não acontece. Por viver com a ideia que está sempre certo, o ser lembra logo de pessoas que precisariam ouvir aquilo para mudar, mas não atacam a sua própria centralização.

Por isso é necessário, também, um trabalho individual onde cada ser humanizado tenha oportunidade de expor sua centralização para que um trabalhador da casa habilitado para tanto possa ajudá-lo a compreender o seu problema espiritual. Expondo sua forma de pensar, o trabalhador da casa pode, então, ajudá-lo a descentralizar-se do seu eu. Vou dar um exemplo para poder ficar mais claro.

Um ser humanizado procura uma casa espiritualista e diz que tem dificuldades para se relacionar com algumas pessoas porque é constantemente contrariado. São pessoas que não aceitam o seu certo e isso o faz sofrer. Este ser está sofrendo de centralização no eu e nem sabe disso...

Será que realmente alguém pode nos fazer sofrer por nos contrariar constantemente? Eu diria que não... Isso só faz sofrer àquele que quer ser reconhecido como certo. Quem não busca este reconhecimento, pouco se dá se os outros concordam com ele não...

Por que alguém quer que os outros concordem consigo? Porque se acha certo... Ou seja, porque está centralizado no eu: eu estou sempre certo... Esse, como já vimos, é uma forma de viver que não leva o ser humanizado a solucionar o seu problema espiritual.

Por causa desta centralização, mesmo que este ser participe das conversas gerais que falamos anteriormente, jamais compreenderá que ele é que deve mudar-se e não o outro. Se nestas conversas for abordado o ensinamento que diz que não se deve julgar, ele certamente dirá que quem lhe contraria deveria ouvir aquilo e com isso não mais contradizê-lo. O que ele não vê é que quando faz isso está julgando o outro porque diz que ele está errado...

Somente com este ser conversando diretamente com alguém que seja capaz de mostrar a sua centralização no eu poderá compreender que o suposto erro não está no outro, mas nele mesmo. Somente quando lhe for informado diretamente que ele precisa descentralizar-se do eu e poder assim dar o direito aos outros pensarem diferente dele, poderá amar a todos como a si mesmo e assim alcançar a elevação espiritual.

Por isso, a ajuda aos seres humanizados no seu problema espiritual por parte das casas espíritas e espiritualistas deveria ser executada em dois momentos ou trabalhos distintos. O primeiro público, onde em linhas gerais são abordados ensinamentos e sua vivência prática, e um segundo, onde estes ensinamentos fossem usados individualmente no problema de cada um, na centralização de cada um.

Este trabalho, que nós chamamos de ‘Espiritologia’, como ficou claro, que é o instrumento fundamental para o auxílio do ser humanizado na resolução do seu problema espiritual. Por isso vamos tratar dele à parte em outra conversa. O importante aqui é ficar bem clara a necessidade da existência de trabalhos específicos para ajudar os seres humanizados na solução dos seus problemas espirituais. Isto não pode ser alcançado com os trabalhos hoje existentes nas casas espíritas e espiritualistas.

Quando falo assim, não quero dizer que a casa deva ter apenas este trabalho, mas que ele também deve existir. Realizar trabalhos de incorporação, de energização, apométricos, de reiki ou qualquer outro trabalho dito mediúnico não é proibido para as casas espíritas ou espiritualistas: eles podem e devem continuar a existir de acordo com as disponibilidades mediúnicas existentes nas casas. O problema é achar que apenas eles bastam para atender aos seres humanizados na solução de seus problemas.

Que a casa tenha todos os trabalhos que tenha pessoal capacitado para desenvolver. Não interfiro nem falo disso. O que quero nesta conversa é deixar bem clara a necessidade de que estes dois trabalhos que falei aqui devem existir paralelamente aos outros. Aliás, os próprios trabalhadores da casa deveriam querer que eles houvessem...

Quando se ajuda o ser humanizado a se descentralizar do eu, este ser não vivencia mais problemas materiais. Todos os problemas materiais que um ser vive durante a sua existência carnal são criados a partir da centralização no eu.

Problema é algo que contraria o conceito, a verdade, o desejo e a posse do ser humanizado. Estas coisas só possuem a necessidade de serem contempladas por causa da centralização no eu. Se ela não houvesse, o acontecimento que hoje é tratado como problema deixaria de ser classificado desta forma. Seria apenas mais um acontecimento da vida e não um problema...

Sendo assim, os trabalhadores da casa deveriam querer que estes trabalhos existissem, pois assim os seres humanizados teriam menos problemas e com isso os trabalhadores teriam menos trabalho

Nas casas espíritas e espiritualistas, portanto, os trabalhos mediúnicos devem existir, mas o trabalho de transmissão dos ensinamentos deve ser alterado. Ao invés de se usar um palestrante ensinado, ou seja, transmitindo a sua compreensão sobre os ensinamentos achando que cada um que está ouvindo está conseguindo resolver o seu problema espiritual, deveria haver um trabalho apenas de informação e de auxílio à prática do que é comentado. Isso porque, como provamos, apenas este trabalho pode ajudar o ser humanizado na solução do seu problema espiritual.

Caridade espiritual

A fidelidade da casa

Certa vez um homem chegou perto de Jesus e perguntou:

- Mestre, o que devo fazer de bom para conseguir a vida eterna?

Por que é que você me pergunta a respeito do que é bom, respondeu Jesus. Bom só existe um. Se você quer entrar na vida eterna, guarde os ensinamentos.

Que mandamentos, perguntou ele.

Jesus respondeu:

- Não mate, não cometa adultério, não roube, não acuse os outros com falsidade, respeite o seu pai e a sua mãe e ame os outros como você ama a você mesmo.

- Tenho obedecido a todos esses mandamentos – respondeu o moço. Que mais ainda devo fazer?

Jesus respondeu:

- Se você quer ser perfeito, vá, venda tudo o que tem e dê o dinheiro aos pobres e assim terá riquezas no céu. Depois venha e siga-me.

Evangelho de Mateus – Capítulo 19 – Versículos 16 a 21.

O ensinamento acima com certeza já foi ouvido por todos os cristãos. Todos já ouviram falar da necessidade de libertar-se de suas posses materiais para poderem entrar no reino do céu (mundo espiritual). No entanto, a compreensão deste ensinamento nem sempre é perfeita. Vamos ver isso...

Os cristãos costumam entender neste texto a necessidade de se libertar da posse dos bens materiais, dos objetos materiais. Mas, Cristo no ensinamento não se refere apenas a estes bens. Ele diz: venda tudo o que tem...

As posses de um ser humanizado (espírito encarnado) não se resumem apenas aos objetos materiais. Existem mais dois tipos de posses que não são incluídas entre aquilo que o ser humanizado precisa se libertar. Mas, elas estão. Estão, porque Cristo usa o termo tudo, ou seja, todas as coisas que sejam daquele ser humanizado, que ele esteja de posse.

Estas posses que são esquecidas quando se fala em libertar-se do que é seu são: posse moral e posse sentimental.

A posse sentimental é o fato de ter um determinado sentimento por alguém ou por alguma coisa. Quem sente qualquer sentimento, seja ele o amor, a raiva, a confiança ou a desconfiança, está possuindo o objeto deste sentimento. Este possuir se caracteriza pela própria qualificação que se usa para justificar o que é sentido.

Se alguém tem raiva de alguém ou de alguma coisa, porque acha que o objeto do sentimento pode feri-lo ou magoá-lo, está possuindo, pois está ditando o que aquela pessoa ou objeto pode fazer. Se alguém tem amor por outro também está possuindo, pois exige que o objeto do sentimento esteja sempre de acordo com os padrões de positivo de quem está sentindo para que o amor continue. O amor é uma posse, porque quer dirigir o destino da pessoa ou coisa amada.

A outra posse é a moral. Esta posse se caracteriza quando alguém acha que está certo ou errado, que tal coisa é boa ou má, se está limpa ou suja. A posse se caracteriza pelo direito de qualificar a pessoa de acordo com critérios individuais.

Estas duas formas de possessão, além da posse dos objetos materiais em si, formam o conjunto de tudo o que o ser humanizado tem e do qual, segundo Cristo, deve se libertar para poder segui-lo, ou seja, caminhar para a elevação espiritual. Vamos, então, falar do libertar-se de todas as suas posses.

Libertar-se da possessão dos objetos materiais é fácil se entender como fazer. Cristo, aliás, ensinou isso no texto acima: venda tudo o que é seu. Para libertar-se da possessão dos objetos materiais o ser humanizado deve vender ou dar estes objetos àqueles que precisam. Fazer isso não é fácil, mas pode ser conseguido mais facilmente do que a liberdade das outras possessões.

O que é preciso fazer para poder livrar-se do apego aos padrões morais e sentimentais que cada ser humanizado possui? Vamos falar disso...

A primeira coisa que qualquer ser que queira libertar-se de suas posses morais e sentimentais deve fazer é estar plenamente convicto do que quer para si, estar plenamente convicto de que quer libertar-se destas posses.

Por que falo isso? Por que digo que é preciso ter firmeza do que quer para poder se libertar das posses morais e sentimentais? Porque abrir mão das posses morais e sentimentais representa abrir mão de tudo aquilo que você é até hoje. É por isso que é difícil se abrir mão destas posses: o preço que se paga para conseguir esta libertação é muito alto.

Para o ser humanizado é muito caro se libertar de suas posses morais e sentimentais porque o preço que ele paga pela realização deste trabalho é a perda de tudo o que ele é até hoje. Para fazer o trabalho de libertar-se o ser humanizado paga um preço caro: a perda de tudo o que até hoje é líquido e certo para ele...

Libertando-se das posses morais ou sentimentais o ser humanizado tem que abrir mão do ilusório poder que imagina ter de dizer o que é certo e errado. Tem que abrir do ilusório poder que ele imagina ter sobre os outros para obrigá-los a fazer o que ele quer, o que acha certo e bonito ser feito. Tem que abrir mão de tudo que ele imagina amar e de tudo que ele imagina que lhe faz feliz. Tem que abrir mão de tudo o que acreditou, seja em qualquer segmento da informação (ciência, história, medicina, conhecimentos espirituais, etc.), até hoje.

Enfim, tem que abrir mão de si mesmo...

Este é um trabalho que cada ser humanizado precisa fazer para seguir a Cristo, segundo o ensinamento do próprio mestre. Sendo assim, é um trabalho necessário para que o ser humanizado acabe com o seu problema espiritual. Por isso é, também, mais um trabalho que deveria ser realizado pelas casas espíritas e espiritualistas que se dizem cristãs, seguidoras dos ensinamentos de Cristo.

Uma casa espírita ou espiritualista para fazer jus a este título deveria colocar o bem espiritual – neste caso, o libertar-se das possessões como estamos conversando – acima do material (ter a possessão). Uma casa para se dizer cristã ou seguidora dos ensinamentos de qualquer outro mestre deveria ser fidedigna a estes ensinamentos. Mas, infelizmente não é isso que acontece.

Muitas casas que se dizem espíritas e espiritualistas acabam usando os ensinamentos dos mestres não dentro do sentido que eles foram passados – instrumentos para libertar-se das posses materiais – mas, sim para gerar mais posses. São aquelas que incitam o julgamento de outros seres humanizados, que colocam obrigações e regras fundamentadas em valores humanos para serem seguidas, casas que se propõem simplesmente a proporcionar o bem estar humano e não o espiritual. Com isso, não fazem jus ao título que se dão...

Por que fazem isso? Porque reconhecem que para o ser humanizado além de ser difícil realizar os trabalhos ensinados pelos mestres a grande maioria não está disposta a pagar o preço necessário para alcançar a elevação espiritual. Elas sabem que focando-se apenas em promover a felicidade fundamentada na paz e não na vitória, no ganhar, não terão fiéis, seguidores. Por isso, preferem colocar os ensinamentos a serviço da humanidade do ser e não da sua espiritualização. Para tanto, criam novas interpretações ou simplesmente omitem determinados ensinamentos. Um deles é o que usamos nesta conversa.

O texto que iniciou nossa conversa de hoje é conhecido de todos os seres humanizados. Apesar disso, você já ouviu ele ser comentado ou debatido em alguma casa espiritualista ou espírita? Acho que não... O que você ouve mesmo são ensinamentos que podem levar aquele que está os transmitindo a dizer que existe um certo e um errado, um bom e um mal. Com isso, ferem o ensinamento que estamos usando para esta conversa, pois criam novas possessões para os seres humanizados.

Quando uma casa se comporta desta forma ela quebra a fidelidade àquilo que a designa: o espiritualismo.

É por causa de tudo o que falei até aqui que dou uma orientação às casas espíritas e espiritualistas que realmente querem ser fiéis a estes títulos: tenham um foco para todos os seus trabalhos... Mais: não tenham medo de manterem-se dentro do seu foco.

Cristo ensinou: não se serve a dois senhores ao mesmo tempo. Negociar o foco da casa para satisfazer os desejos humanos do ser é servir a outro Senhor que não o próprio Deus. Isso é desse jeito, pois Cristo também ensinou: vocês devem ser fiéis aos ensinamentos. Só aquele que se mantém ao ensinamento que diz acreditar poderá ajudar realmente o ser humanizado na sua busca da elevação espiritual.

A partir disso afirmo que toda casa deve sempre abordar todos os ensinamentos do mestre que segue dentro da acepção espiritualista desse. Ela não deve transigir jamais disso sem sujeitar-se a servir um senhor que não seja Deus. Ao fazer isso, no entanto, deve atentar a um detalhe: a dificuldade de colocar os ensinamentos em prática. Este é mais um ponto que a casa pode ajudar o ser humanizado na solução do seu problema espiritual.

Para isso as casas devem reforçar constantemente em cada trabalho a necessidade que o ser humanizado tem de conscientizar-se que a prática dos ensinamentos dos mestres é fundamental para o aproveitamento da encarnação. Devem ainda conscientizar os seres humanizados que as frequentam que não basta apenas eles quererem alcançar a elevação: é preciso um trabalho para se conseguir. Devem mostrar a eles que a elevação espiritual se conquista não com ganhos materiais, mas com a libertação das possessões materiais.

Finalmente, devem informar a eles que qualquer coisa no sentido da elevação espiritual depende de uma decisão firme do que querem para si mesmos. Isso porque decidir firmemente o que quer para si e decidir firmemente a que senhor quer servir são os primeiros passos que qualquer ser humanizado deve dar na sua caminhada espiritual.

 Estas devem ser atitudes de uma casa espiritualista ou espírita, mas para isso é preciso que ela mantenha-se fiel aos princípios que compõem sua designação.

Caridade espiritual

Aquele que a casa serve

Neste trabalho estamos falando sobre casas espíritas e espiritualistas. Falamos das bases necessárias para a fundação ou manutenção de uma casa, falamos do trabalho mais importante. Agora vamos falar sobre os trabalhadores. Vamos conversar sobre as posturas necessárias por parte dos trabalhadores para que a casa possa atingir seus objetivos.

Aquele que a casa serve

Os seres humanizados se referem às casas espíritas e espiritualistas como casas de caridade. Seja praticando a caridade material (ajudar o ser humanizado a resolver humanamente seus problemas) ou a espiritual (ajudar no processo de elevação espiritual), as casas sempre buscam auxiliar o próximo. Este é o objetivo primário de cada casa e precisa ser lembrado constantemente pelos seus trabalhadores.

As casas não são criadas para a glória pessoal de um ser humanizado, nem para a sua própria glória. Ela existe para que os carentes sejam auxiliados. Como se processa esta ajuda? Através dos trabalhadores da casa, sejam eles médiuns ou não. O trabalhador da casa não é o artista da trupe, mas apenas um instrumento para que a caridade seja realizada.

Esta é uma postura que os trabalhadores devem adotar: servir de instrumento para o auxílio aos carentes. Infelizmente não é isso que vemos muitas vezes. Trabalhadores, seja no processo mediúnico ou não, acabam usando a casa e aqueles que a ela recorrem para sua própria glória, para a sua promoção pessoal. Para estes quero dizer algumas palavras...

Ser médium não é glória para ninguém. Ao contrário, é oportunidade de crescimento...

Apesar de muitos se acharem especiais por serem médiuns, isso não é real. A mediunidade é o instrumento que alguns espíritos recebem para poder executar o seu próprio trabalho de elevação espiritual e não uma glória conquistada na existência eterna do ser universal. Portanto, é preciso que o espírito humanizado que trabalhe como médium numa casa tenha esta consciência: ele está ali para fazer o seu trabalho da elevação espiritual e não para abrilhantar um show.

Mas, como se alcança a elevação espiritual? Cristo nos ensinou: amando ao próximo como amamos a nós mesmos. Será que usar alguém carente, seja afetivamente, moralmente, materialmente ou espiritualmente para alcançar uma glória é amar ao próximo? Eu diria que não...

A elevação espiritual é conseguida pela capacidade de amar ao próximo, por isso ela jamais será alcançada por outro meio. Vou aproveitar este momento e falar de uma coisa muito importante e que escapa à consciência do ser humanizado...

Quem quer trabalhar a reforma íntima visando apenas conquistar a sua própria elevação, buscando alcançar a sua própria evolução, nada alcança. Isso porque, como já dissemos aqui, Deus julga a intencionalidade de cada um. Qual a intenção de alguém que quer alcançar a sua elevação? Ganhar, vencer... Estas coisas combinam com doação e amor ao próximo? Com certeza não...

Se quem apenas busca a sua elevação para que ele evolua não consegue, porque não ama o próximo. Sendo isso verdade, imagine, então, aquele que ainda por cima utiliza os outros como instrumentos da sua conquista, da sua glória.

Ora, se como falamos, a mediunidade não é glória, mas instrumento para a elevação espiritual e se ela é alcançada apenas pelo serviço ao próximo, qual deveria ser a postura de um ser humanizado que trabalhe numa casa espírita ou espiritualista? Servir ao próximo. Como se faz isso? Vamos ver...

O trabalhador que serve ao próximo não é aquele que se preocupa em fazer as coisas certinhas dentro de normas e padrões, mas aquele que faz o melhor para aqueles que lhe procura. Não é aquele que se preocupa em atender muitos carentes, mas aquele que gasta todo tempo que for preciso para auxiliar um só. Não é aquele que se preocupa em fazer, mas que o trabalho seja feito. Por isso, ele não tenta privatizar o consulente, ou seja, obrigá-lo a sempre buscá-lo. O trabalhador que serve ao próximo não é aquele que fica no final do trabalho alardeando tudo o que fez para buscar o elogio de ter trabalhado bem, mas regozija-se apenas pelo fato daquela pessoa ter tido sua carência diminuída. Aliás, ele nem comenta sobre o seu trabalho...

Estas são posturas de um trabalhador que realmente sabe para quem a casa existe e reconhece a sua posição dentro do processo de atendimento.

Da mesma forma, a casa deve ter ciência do que aqui falamos. Existem muitas casas que acabam buscando a glória para si. Fazem, mesmo que indiretamente, propaganda de suas conquistas, alardeiam a ajuda que conseguem dar, dão destaques àquilo que é feito como serviço ao próximo. Estas posturas não enobrecem uma casa. Pelo contrário, as denigre...

O objetivo da casa é auxiliar ao próximo e conseguir isso deve ser o total de sua atividade e nada mais. Depois de conseguir deve lembrar-se do ensinamento de Cristo: não deixe a mão direita ver o que a esquerda fez...

Como já disse anteriormente, as casas espíritas e espiritualistas podem ter diversos trabalhos sem que com isso firam nada. Agora, cada trabalho que ela tiver precisa ser motivado pelo auxiliar melhor e não para lhe conferir status. Que adianta uma casa ter um trabalho se não dispõe de médiuns que realmente possam auxiliar o próximo? Apenas para dizer que tem?

A casa, portanto, existe para servir àqueles que a procura e não a si ou aos médiuns. Ter consciência disso e executar seu trabalho apenas pensando no próximo é uma das posturas que os trabalhadores devem ter.

Caridade espiritual

Neutralidade

A partir do momento que compreendemos que o trabalhador de uma casa deve exercer seus trabalhos apenas pensando no próximo e não retirar lucros dele – não estou falando em dinheiro, mas em fama – outra postura se sobressai: não ter satisfação ou insatisfação com os trabalhos da casa.

Aquele que gosta, sente prazer em trabalhar em uma determinada casa, está auferindo um lucro pessoal: o seu prazer. Isso acaba com a neutralidade necessária para a doação. Aquele que não gosta da casa que freqüenta e que vai lá por obrigação, porque disseram que ele tem que trabalhar, não deve continuar freqüentando aquela casa. Da mesma forma, aquele que se lamenta por estar deixando de fazer alguma coisa porque tem que ir trabalhar espiritualmente, não deve neste dia ir. Isso porque estas posturas sentimentais também acabam com a neutralidade necessária para poder prestar uma boa assistência.

Além disso, para manter a neutralidade, existe outra coisa importante que o trabalhador precisa se atentar. No mundo de vocês existe uma norma que afirma que o médico não deve cuidar de pessoas que ele tenha afinidade. Isso vale também para o trabalhador espiritual.

O trabalhador de uma casa deve evitar cuidar de pessoas com as quais tenha relacionamento de amizade ou familiar. Isto acontece porque entre estes existe um envolvimento que pode atrapalhar o auxílio ao outro.

A maioria dos médiuns é consciente e por isso guarda em sua memória o que foi falado ou percebido durante o atendimento. Isso pode levar a este ser humanizado a compreender as coisas de determinada maneira que nem sempre espelham a verdade. Além disso, pelas emoções que sente pelo outro, a ânsia de ajudar tira a neutralidade necessária para a realização do atendimento.

A neutralidade é importante quando se fala do trabalhador de uma casa atender o outro, porque a parcialidade traz em si uma determinada intencionalidade que leva o ser humanizado a realizar este trabalho sem a doação necessária. Por isso, a postura do trabalhador de uma casa deve ser sempre de neutralidade com relação a ela e a quem ele vai atender.

Caridade espiritual

Respeito à comunidade

Sempre que existe uma equipe trabalhando com um objetivo comum, temos uma comunidade. A convivência de um grupo de pessoas às vezes muito diferentes entre si sempre é difícil e não raras às vezes acabam existindo rixas, discussões, mal entendidos. Por isso, os trabalhadores de uma casa precisam ter respeito para com a comunidade que vive.

Não há como se viver em sociedade sem respeito pelo outro. O encontro de duas pessoas onde não haja respeito acaba sempre em briga, nem que seja uma guerra ideológica. Não existe como se relacionar com uma pessoa, quanto mais com um grupo delas, sem respeitar o direito do próximo ser, estar ou fazer diferente do seu desejo. Quando alguém não respeita o direito do próximo ser, estar ou fazer está exigindo este direito para si mesmo.

Qualquer comunidade possui uma identidade própria. As individualidades que a compõe precisam aderir a ela para que a comunidade consiga sobreviver. Se as individualidades não aderem a ela e, ao invés disso, ficam tentando ser a própria comunidade (decidir o que a comunidade tem que fazer ou pensar), este grupo de seres humanizados não tem futuro juntos. Quando um 'eu' tenta se sobrepujar aos outros 'eus' que pertencem à comunidade, ela deixa de ser um grupo, para ser um bando que é guiado... É por isso que o desrespeito ao outro é problemático.

Quando um ser humanizado quer dizer à comunidade o que ela deve fazer, demonstra o desejo de ser dono dela. Neste caso ela não é uma comunidade, mas um bando de seres humanizados que se transformam em serviçais de um senhor.

Quem tem que decidir o que vai acontecer e como a casa vai proceder é a comunidade e não um só.

Participante: Você está falando da maioria?

A comunidade é a comunidade toda. Não é maioria ou a minoria, mas o total de um grupo de seres humanizados que pertencem a ela. Aliás, só existe minoria quando há uma maioria, pois aquela é criada por esta. Num lugar onde todos comungam tudo não há maioria ou minoria. Agora, num lugar onde não existe respeito pelo próximo, existem divergências e daí surge a maioria e a minoria.

Participante: Como tomar uma decisão para a casa dentro desta sua visão?

Pela própria decisão da comunidade. O que ela decidir será a decisão da comunidade, ou seja, de todos.

Estou entendendo a sua preocupação. Você quer saber como se chega a uma diretriz: todos da comunidade votam e decidem o que será a verdade da dela. A partir daí todos seriam obrigados a cumpri-la. Não, não é disso que estou falando...

Como já falei anteriormente, a obrigação acaba com a neutralidade necessária para a execução dos trabalhos. Não estou falando em submeter-se à decisão da maioria já que quer participar daquela comunidade, mas em integrar-se perfeitamente a ela.

Não estou falando que não deve haver votação: pode até haver... O que estou dizendo é que depois de uma votação, não existe mais maioria ou minoria: existe uma decisão da comunidade. Por respeito a esta decisão aquele que foi voto vencido na votação muda a sua forma de pensar.

Digamos que a uma comunidade se juntou para decidir em que dia ia trabalhar com apometria. Depois de todos falarem, e votarem, se quiserem, fica decidido que isso acontecerá na terça-feira. Os trabalhadores que achavam que existia outro dia da semana melhor ou mais propício para isso devem esquecer a sua posição individual e aderir ao que a comunidade entendeu como certo. O problema é que quando não há o respeito pela comunidade, as pessoas que foram contrárias a decisão que saiu vencedora não mudam seu ponto de vista e com isso gera-se instabilidade no grupo. Isso acontece porque não há respeito à comunidade.

Quando o trabalhador respeita a sua comunidade ele não quer que sua vontade se imponha aos outros. Quando ela é acatada ele não se regozija e quando ela é descartada, ele, por respeito à comunidade, abre mão de sua opinião. Quando alguém se sente integrante de uma comunidade e a respeita, quando ela toma uma decisão esta passa a ser dele também. Quando não há esta postura, a comunidade está malfadada.

Se alguém participa de uma comunidade sem respeito a ela, quando se toma uma decisão em nome dela, esta pessoa não muda a sua opinião. A partir daí, começa a fazer fofocas com a intenção de minar aquela decisão e acabar sobrepujando a sua vontade. Um cenário desse leva a comunidade à desagregação e a se transformar em apenas um bando de pessoas.

O trabalhador que não respeita a própria comunidade torna-se um câncer para ela. Se o trabalhador não tiver respeito pela comunidade e adotar a decisão comum como sua, podem ter certeza que o câncer vai comer toda a comunidade.

Por isso, oriento a todas as comunidades de trabalhadores que compõem uma casa: conversem, estabeleçam suas diretrizes de comum e respeitem a decisão do grupo. Não porque alguém foi voto vencido, não porque não conseguiu impor seu desejo, mas porque você pertence à comunidade e tem respeito por ela.

Caridade espiritual

Respeito à dor de cada um

Tem muitas pessoas que comparecem a uma casa espírita ou espiritualista em busca de consolo para problemas que são aparentemente fúteis. Quando isso acontece, é comum os trabalhadores se queixarem de desperdiçar seu tempo com este tipo de problema quando existem tantos com problemas maiores.

Não existem problemas pequenos ou grandes: existem acontecimentos que são vividos como problemáticos pelas pessoas. Não existe dor mais suave ou mais profunda: existe a dor que cada um sente. Por isso é preciso respeitar a dor de cada um...

O ser humanizado não tem a menor capacidade de mensurar a dor que o outro está sentindo. Como se diz na Terra: só quem está com um calçado sabe onde o calo lhe dói... O que faz doer para alguns não faz para outro, mas isso não quer dizer que quem está sentindo-a não esteja com dor.

Mesmo que o problema seja aparentemente fútil, mesmo que a dor pareça aparentemente pequena, o trabalhador de uma casa espírita ou espiritualista precisa respeitar o que quem busca alento está sentindo ou compreendendo. Quem menospreza a causa ou a intensidade da dor do outro não ama e, com isso, não consegue ajudá-lo.

O ser humanizado que quer saber o certo busca, na verdade tornar-se guia do outro. Mas, como ele pode guiá-lo se não respeita a dor dele?

Saibam de uma coisa: não existe dor fútil. Ela só parece assim a alguém quando este quer comparar aquela dor à sua ou a de outros. Dor é dor e ela só dói em quem está sentindo-a. E este doer precisa ser respeitado pelo trabalhador que irá atendê-lo. Para isso, o trabalhador não deve agregar ao objetivo primário do seu trabalho (ajudar o próximo) nenhuma outra intencionalidade. Quem quer usar o trabalho como glória individual não respeita a dor dos outros, pois precisa de casos reconhecidamente como dores profundas para atender.

Respeitar a dor dos outros usando para isso a intencionalidade primária do trabalho é, portanto, a ferramenta ideal para aquele que quer alcançar a elevação espiritual.

Caridade espiritual

Respeito aos múltiplos trabalhos da casa

Não existe trabalho espiritual mais elevado ou outro menos nobre: todos têm importância. Ajudar uma pessoa que não consegue se limpar é um trabalho tão importante quanto promover uma cura.

Apesar disso ser verdade, existem muitos trabalhadores que afirmam que tal ou tal trabalho – normalmente aquele que eles fazem parte – é mais importante que outros. Ledo engano. A importância do trabalho não é determinada por ele mesmo, mas a sua aplicabilidade.

O trabalho mais importante é aquele que é indicado para a dor específica de uma pessoa. Que adianta dar a uma pessoa o remédio mais caro que existe se ele não vai promover a cura?

Por isso, o trabalhador deve respeitar todos os trabalhos da casa a que pertence.

Caridade espiritual

Não querer ensinar aos outros

Este é um problema muito sério que acontece com grande parte dos trabalhadores: achar que é capaz de ensinar aos outros. Ninguém é capaz de ensinar nada a alguém, pois a caminhada de cada um é individual. Vamos entender isso...

Os trabalhadores de casas espíritas ou espiritualistas, por acharem que a mediunidade é uma glória consideram-se os sãos. Acham que por causa disso assumem a posição de mestres, gurus ou médicos que estão ali para salvar quem lhes procura. Isso é impossível.

A salvação só acontece quando o ser humanizado faz a sua reforma íntima. Como este trabalho é feito no íntimo de cada um, só o próprio espírito encarnado pode fazê-lo. Mais: cada um possui um grupo de coisas para reformar e instrumentos individuais para fazer o trabalho. É por isso que ninguém pode ser mestre ou guru de outro...

Esta compreensão precisa ser alcançada por aqueles que trabalham nas casas espíritas ou espiritualistas para que o trabalho possa ser levado a cabo. Aquele que não adota esta postura torna-se cego guiando cego e nada faz pelo auxílio ao próximo.

Mas, se não pode ensinar nada o que fazer ao próximo, o que deve fazer o trabalhador? Mostrar o seu caminho, falar da sua caminhada. O trabalhador pode e deve falar dos instrumentos que está utilizando para fazer suas reformas, mas sem com isso dizer que aquilo é o certo e que por isso o outro deve fazer e sem dizer que a aplicação por parte daquele desta ferramenta pode salvá-lo.

A orientação que o trabalhador deve dar não é no sentido de apontar o caminho certo, mas de mostrar a caminhada que está fazendo de modo que o outro, se achar aquilo válido para si mesmo, possa seguir. Ou seja, o máximo que o trabalhador pode dizer a quem lhe procura é: ‘eu fiz isso e para mim deu resultado’.

O trabalhador não deve falar de uma doutrina tentando doutrinar, mas indicando que aquela pode ser uma solução, se o outro aceitá-la e identificar-se com ela. Para isso ele deve falar de sua própria experiência sem colocá-la como a certa, mas como uma proposição de caminho.

O que abordei nesta conversa não tem nada a ver com o trabalho que se faz em qualquer casa. Toda a casa pode e deve ter trabalhos que transmitam ensinamentos para ajudar o próximo na sua caminhada, mas este trabalho não pode ser desenvolvido por um trabalhador com a postura de ser o professor que ensina aos outros o certo. O que ele vai dizer não importa, pois muitas são as moradas na casa de Deus e por isso sempre haverá alguém que fará uso do que está sendo dito. Estou falando é da consciência interna que precisa ser levada em conta para que o trabalhador possa usar o instrumento da mediunidade para a sua elevação espiritual.

Ter determinada consciência é assumir determinadas posturas. É disso que falei nesta conversa...

Caridade espiritual

Confessem seus pecados uns aos outros

Nestas conversas não falei de atos, mas de posturas que precisam existir. Não falei de doutrinas ou ensinamentos específicos que precisam ser seguidos, mas da forma como transmiti-los. Faço isso porque os trabalhadores em modo geral não vêem no trabalho mediúnico uma oportunidade para a sua elevação e com isso adotam posturas que atrapalham o uso da ferramenta que dispõem. A maioria vai trabalhar para a sua glória, para mostrar o quanto sabem e com isso não conseguem ajudar o próximo. Usam o trabalho espiritual não como instrumento da sua elevação espiritual, mas sim para a sua fama.

Como já falei diversas vezes nestas conversas, Deus julga a intencionalidade de cada um. Por não ver a mediunidade como oportunidade de trabalho, os trabalhadores acabam participando das casas espíritas ou espiritualistas com a intencionalidade de mostrar o quanto sabem, para fazerem o que querem e para dizerem aos outros o que devem fazer.

Quando falo, também não estou criticando alguém ou dizendo que ele está errado. Não faço isso, porque tenho a consciência que a busca da fama e do elogio faz parte da natureza humana. Todos querem receber pelo menos um muito obrigado como recompensa pelo trabalho que realizaram. Falo como caminho para o melhor aproveitamento da oportunidade da elevação espiritual. Persistindo nas posturas que qualifiquei como não válidas não há problemas, pois sempre existe alguém necessitado do que o trabalhador tem para dar. Ele pode não aproveitar o seu trabalho, mas certamente quem ali vai com fé em busca de resolver suas carências será atendido.

Também não estou garantindo que a simples leitura destes textos possa acabar de vez com as posturas que não permitem o aproveitamento do trabalho mediúnico para o trabalho da elevação espiritual. Como a busca da fama e do elogio é intrínseca à personalidade humana ela reaparecerá num momento de descuido.

Estou usando estes textos para alertar aos trabalhadores que gostam da casa que trabalham e que querem fazer a sua reforma íntima, em como atacar a sua natureza humana quando da utilização do trabalho mediúnico. Tendo consciência de quem a casa serve, adotando uma postura de neutralidade com relação ao trabalho e a casa, respeitando a comunidade, a dor de cada um, aos múltiplos trabalhos e mantendo uma postura de orientador e não de salvador, o ser humanizado que trabalha numa casa espírita ou espiritualista pode aproveitar este instrumento e conseguir a sua elevação espiritual.

Ciente disso, afirmo que estes textos não devem servir para dirigentes ou trabalhadores de casas espíritas ou espiritualistas atacarem uns aos outros mostrando defeitos. Eles devem ser usados como um instrumento individual para que cada um ataque a sua própria natureza humana. Para isso é preciso que eles sejam utilizados como um guia que expõe a natureza humana de cada um e não como uma tábua de leis para julgar.

Qualquer trabalhador de uma casa, por causa do respeito à comunidade, tem o direito de mostrar ao outro que a sua postura está pondo em risco o trabalho de uma casa. Ele pode alertar o próximo de que a sua atitude está sendo guiada por sua natureza humana. Mas, para isso não precisa dizer que o outro está errado.

Ele precisa alertar e não julgar. Alertado, cabe ao outro atacar a sua natureza humana e não a quem detectou o perigo para a comunidade. Aliás, alertar sobre a utilização da natureza humana é mais que direito: é obrigação de cada membro de uma comunidade. Quem faz isso não está atacando ninguém, mas apenas defendendo a comunidade.

Aliás, sobre isso o apóstolo Tiago deixou um grande aviso: confessem seus pecados uns aos outros. O pecado que cada um tem é o que acha do outro. A opinião de um ser humanizado a respeito de outro é pecado porque afronta a liberdade de ser, estar e fazer que cada um tem sem ser criticado por isso e porque parte da presunção do que um acha é verdade absoluta.

Apesar de necessário para se manter a comunidade, este é um ponto nevrálgico para a sociedade, pois se não for bem compreendido pode transformá-la num campo de batalha. Se ele não for bem entendido, acaba transformando-se em fontes de críticas e mal estar.

Quem expõe o que está achando deve fazê-lo sem acusações, mas apenas como exposição do que está achando. Quem recebe deve fazê-lo sem sentir-se acusado, mas como uma oportunidade de esclarecer o outro o seu ponto de vista, a sua motivação.

Digamos, por exemplo, que você convive com uma comunidade e em determinado momento achou que outra pessoa agiu de tal forma e você achou esta forma errada ou danosa para o grupo. O pensamento não para por aí. Além dele dizer que tal pessoa agiu errada ou de forma danosa à comunidade, ele ainda dirá que ela agiu movida por alguma intencionalidade. Se você não expõe este pensamento ao outro e ouve a versão dele sobre o acontecido o pensamento ganhará força e passará a observar aquela pessoa criteriosamente encontrando sempre novos erros. Ou seja, lhe transformará num juiz tendencioso sobre o outro.

Com esta pessoa sua postura mudará. Estará, como se diz na Terra, sempre com um pé atrás com ela. Isso acabará com a união entre o grupo.

Portanto, se o seu pensamento lhe diz que tal pessoa fez algo de determinada forma que você não gostou, chegue a ela e exponha este fato e fale da intencionalidade que o pensamento está criando. Por exemplo: você chega para uma pessoa e diz: ‘naquele momento você agiu de tal forma que eu não gostei’. Para que esta frase não se torne uma afirmativa ou acusação, acrescente: ‘me explique porque agiu deste jeito’.

A pessoa interpelada tem, então, o direito de expor seu pensamento, de mostrar o porque fez aquilo. Esta intencionalidade, na maioria das vezes não é percebida pelas demais pessoas, pois está no íntimo dela. Quando se pede explicações para a motivação dela, a pessoa pode, então, expor sua intencionalidade. Este deve ser o momento onde as desconfianças devem acabar.

Para isso, aquele que se sentiu incomodado com o que esta pessoa fez deve ouvir sua argumentação. Mais do que ouvir, deve acreditar no que a pessoa acusada diz... Este é o ponto nevrálgico.

Muitos seres humanizados até usam a interpelação quando vêem erros em outras pessoas, mas fazem isso para cobrar, para criticar e não com a intenção de acabar com a rusga. Ouvir o que o outro diz é acreditar no que ele diz. É substituir o que achava que ela tinha feito pelo que ela diz ter feito. Quem ouve o outro com o sentido de acabar com a rusga não avalia o que ele diz, mas aceita e com isso acaba com aquilo que pensava.

Esta é a única forma de se acabar com as rusgas que existem em qualquer comunidade: expor seu pensamento ao outro e ouvir o que ele tem a dizer sobre o assunto sem avaliar o que ouve, mas substituindo sua opinião (verdade), por aquilo que ele afirma ter feito ou pela intencionalidade que ele afirma ter tido. Quem faz isso pratica o que chamamos de doação da razão.

Doar a razão é a única forma de se manter uma coletividade unida. Quando ela não existe, o que acontece é o aparecimento paulatino de diferenças que vão minar o sentimento de grupo daqueles seres humanizados.

Sim, uma só pessoa que não doe a razão quando pensa determinada coisa de outra acaba com o grupo inteiro. Isso acontece dessa forma porque ninguém consegue segurar a língua na boca. Logo esta pessoa estará conversando com outra e expondo a sua idéia e assim vai contaminando o grupo. Em breve teremos os lados bem definidos e o grupo racha como um todo.

Claro que existe uma solução humana para isso: todos sentarem e conversarem sobre o que está acontecendo. Mas, para que esperar tomar esta proporção se a mesma coisa pode ser feita no início, particularmente, entre os dois envolvidos? O trabalho é o mesmo: expor o que pensa e ouvir o que o outro tem a dizer sobre o assunto.

Aquele que é interpelado, da mesma forma não deve tomar isso como uma acusação. Ao contrário, deve ver ali uma oportunidade de expor seu pensamento e de manter a união do grupo.

O que estou falando é da luta contra a mente que dizemos sempre que é o caminho para a reforma íntima. Ela tem que estar presente em todos os momentos da existência humana de um ser universal. Por causa deste trabalho, que é a motivação da encarnação, é que afirmo que os seres humanizados trabalhadores de uma casa espírita ou espiritualista devem sempre confessar seus pecados uns aos outros.

O convívio dentro de uma comunidade é a grande oportunidade que o ser universal encarnado tem para a realização do seu trabalho de reforma íntima. Esta comunidade pode ser formada pelos amigos do bairro, pelos da escola ou pelos que dividem o trabalho mediúnico. Isso pouco importa: o importante é estar sempre vigilante para libertar-se do que a mente afirma. Quando alguém interpela outro e ouve o que ele tem para dizer sobre o assunto, ou seja, crê no que ele diz, liberta-se do pensamento original que afirma outra coisa. Com isso, aproveitou o momento para a sua reforma íntima.

Numa comunidade onde o que vale é o coletivo, portanto, é preciso que cada um dos seus participantes esteja sempre preocupado em se expor ao outro para que dessa forma evite a mente que quer sempre sobrepujar a todos.

Dentro de um grupo onde todos estão irmanados num objetivo não pode haver medo de se expor ou de ser exposto pelos outros. Este medo não deve existir, pois existindo ele não se pode construir nenhum grupo. Como se construir uma comunidade que é uma identidade à qual se agregam individualidades, se seus elementos ainda vivem apenas o que acham, ou seja, as suas individualidades?

Amizade é algo que os seres humanizados não conhecem. Eles imaginam que amigo é aquele que passa sempre a mão da na cabeça do outro ou que faz tudo o que o amigo quer. Isso não é real. O verdadeiro amigo é aquele que, quando preciso, chama a atenção do outro para as divergências entre eles. Amigo é aquele a quem você dá este direito. Amigo é aquele que tem o direito de interpelar o outro, mas também tem a obrigação de acreditar no outro por conta da amizade que os une. Amizade, algo que os membros de uma comunidade devem sentir pelos outros, portanto, é um dos elementos que justificam.

Outro aspecto da existência humana que justifica o confessar seus pecados aos outros é a questão da justiça. Todos os seres humanizados acreditam que a justiça deve prevalecer, mas não a procuram. Ao invés de ouvir o outro lado sobre a questão, escondem suas acusações. Isso é acusar sem provas, ou melhor, acusar com provas viciadas: aquilo que cada um quer que tenha acontecido. Não há como haver justiça dentro de uma comunidade onde uma pessoa, ao mostrar a acusação que tem sobre outro, ouça a defesa dele.

Portanto, a necessidade de se confessar seus pecados uns aos outros deve estar, portanto, bem clara para todos os que participam de uma comunidade. Para isso é preciso que cada um dos membros da comunidade tenha a consciência que ela não é o lugar para alguém ser elogiado, para sobressair, mas para cada um dar a sua contribuição para a glória geral.

Quando este trabalho não é realizado a comunidade não vive uma realidade, mas sim de aparências. Ela aparenta ser um grupo com afinidades que trabalham para um bem comum, mas na verdade é um grupo de pessoas que usam os outros para a sua projeção individual.

Não existe uma comunidade, não existe uma integração entre os membros de um grupo, sem que eles se exponham aos outros e aceitem que os outros tenham o direito de expô-los.

Caridade espiritual

Sangha - um resumo

NOTA: Este material foi o primeiro produzido a respeito da formação dos grupos de afins ou sanghas.

O assunto sobre o qual vamos tratar hoje é a questão das sanghas que falei em uma das palestras deste ano (2010). Formá-las, foi o que convidei a todos na mensagem do final do ano passado. Mas, antes de falar sobre as sanghas especificamente, peço que reflitam um pouco comigo...

Razão para a formação de sanghas

A primeira coisa que quero que reflitam comigo é o seguinte: vocês já repararam que o mundo globalizado está tornando todos em apenas um? Já repararam que as pessoas são iguais em qualquer parte do mundo? Que usam roupas, cortes de cabelo, tem comportamentos, etc., semelhante?

Sim, o mundo está tornando-se único e as pessoas cada vez mais ficam parecidas. Mas, porque as pessoas aderem a essa unicidade? Para serem aceitas, para poderem participar do mundo...

Por que estou falando isso? Para vocês compreenderem que fazem parte deste grupo, ou seja, que estão aderindo à humanidade para poderem ser aceitos por ela... Vocês agem imaginando que estão sendo vocês, mas estão apenas se tornando mais uma cópia do modelo planejado pelo mundo para os seres humanos.

Esta é a primeira reflexão que gostaria que fizessem... Mas, vamos a outra.

Para falar desta reflexão, vou citar o Dalai Lama. Ele diz o seguinte: Me surpreendo com os seres humanos. Eles perdem a saúde para poder ganhar dinheiro e depois gastam tudo para poder ter saúde de novo.

Mesmo citando o Dalai Lama, claro que não estou me referindo a dinheiro nem a saúde física. Falo que o homem perde a sua saúde mental e emocional correndo atrás do prazer, da satisfação dos seus desejos, para poder alcançar a paz. Ou seja, ele está em paz e a perde para alcançá-la... E o pior, nunca a alcança, porque está apegado a querer alcançá-la...

Esta é uma prática da humanidade e se encaixa bem dentro da citação que fiz. Para que vocês querem dinheiro? Para tê-lo? Não, para poder realizar seus sonhos, seja de consumo material ou de liberdade. Mas, para que querem realizar seus sonhos? Para ser feliz. Ou seja, os humanos são felizes, mas perdem a felicidade para alcançar a felicidade...

Por que estou falando destas duas coisas nesta reflexão? Para vocês entenderem que vivem assim...

Como disse antes, vocês fazem parte do grupo que se unifica sobre o padrão criado pela vida humana e este padrão passa pela perda da felicidade em busca dela mesmo... Ou não é assim que vivem? Perdem a felicidade com preocupação com o futuro esperando que o futuro lhes traga a paz?

Por vocês viverem inconscientemente este processo é que se faz necessário a formação de sanghas...

O que é uma sangha? É um grupo de pessoas ligados por uma afinidade. Neste caso, a afinidade que estou falando é não querer ser humano, não querer se padronizar pelo modelo criado pelo mundo, ou seja, ser feliz de verdade agora e não perder a felicidade em busca do prazer...

Esta é a razão fundamental para a criação das sanghas...

Por tudo o que foi falado, posso dizer que as sanghas são um refúgio para aqueles que querem fugir do padrão do mundo. Mas, para que realizar esta fuga? Para não ter o mesmo fim de todo ser humano...

Diz a lógica que todos que agem do mesmo jeito têm o mesmo final. Se todo ser humano vive preso ao ciclo do prazer e dor, ou seja, passa por momentos de sofrimento, quem vive igual a eles vivencia estas situações.

Sendo assim, as sanghas não são para todo mundo, mas apenas para aqueles que estão dispostos a buscar algo diferente para si. Quem gosta de sentir prazer e sabe que por isso paga o preço de ter sofrimentos, mas não se incomoda com isso, não deve buscar integrar-se às comunidades. Não porque isso seja vetado ou proibido, mas porque elas não possuem este objetivo...

Função das sanghas

O ser humano hoje é obrigado a conviver com o mundo.

As sanghas no seu início, eram comunidades formadas por pessoas que abandonavam tudo e juntavam-se num mesmo lugar para juntos viverem uma vida diferente. Hoje isso é impossível. Dentro do mundo moderno o ser humano precisa viver inserido no mundo, pois existem coisas que não são mais acessíveis para aqueles que vivem isolados no meio do mato.

Sendo obrigados a viver com o mundo, a mente do ser humano está o tempo inteiro trabalhando valores para prender este ser à vida viciada. Vou dar um exemplo disso, mas antes deixe-me explicar como isso acontece.

O trabalho do ser, como estamos vendo no estudo 'Em busca da felicidade' é libertar-se das verdades que a mente produz. Como disse recentemente, quando ele não faz isso, a mente consegue envolvê-lo transformando o que é apenas uma formação mental numa realidade. Vou explicar mais claramente...

A mente produz pensamentos. Estes pensamentos contém afirmações sobre a coisas. Estes pensamentos não espelham verdades, mas apenas formações mentais, ou seja, a visão humana da coisa.

Quando o ser está desatento, ou seja, aceita o que a mente fala como verdade ou real, esta informação é arquivada naquilo que chamamos de memória. Ou seja, quando a mente diz que uma pessoa não presta e o ser não desacredita disso, esta informação ficará gravada na memória. No momento oportuno a mente usará esta informação.

Ela não apenas usará, mas mostrará que aquilo foi aceito como verdadeiro ou real pelo ser, para que ele mais uma vez não consiga libertar-se do pensamento. Em outras palavras, a mente vai dizer ao ser assim: 'você mesmo aceitou isso como verdade'... Neste momento, para o observador da mente é praticamente impossível conseguir libertar-se daquele raciocínio, pois a lembrança de ter aceito aquilo não deixará.

Agora vou ao exemplo que queria dar. Se vocês tiverem condições financeiras, preferem comprar um produto de 'marca' conhecida ou desconhecida? Claro que é conhecida, mesmo que nunca tenha conhecido produtos daquela marca. Mas, porque a escolhe? Porque a propaganda lhe disse que aquela marca é boa, é a melhor...

Essa é a função da propaganda. Ela bombardeia a mente gerando verdades que o ser desatento aceita como real e depois, no momento certo, utiliza isso para manter a escravidão do observador ao mundo observado. E isso acontece o dia inteiro...

O observador, que não consegue apenas observar o dia inteiro, é bombardeado por informações o tempo todo que está consciente. É rádio, televisão, jornal, publicidade de rua, etc... A cada momento que o ser vacila na observação uma verdade se forma na mente e é arquivada na memória para depois ser lançada com a informação de aquilo foi aceito anteriormente.

Esse esquema mente/mundo, ou seja, formas/pensamento é muito difícil de ser detectado pelo ser que se propõe a ser apenas observador da mente. Como venho frisando, não há ninguém que consiga vinte e quatro horas por dia realizar a libertação da realidade criada pela mente.

Então, que solução há para isso? A primeira que nos vem á mente é fugir do mundo, mas isso, como já vimos no início, nos dias de hoje é impossível. A única outra saída é a sangha....

A comunidade daqueles que querem fugir do mundo, no momento da sua existência, proporciona aos que participam dela a oportunidade de esvaziar a memória, ou seja, de ver que aquilo que a mente diz só foi possível por causa de um vacilo do observador.

Vamos explicar isso melhor mais abaixo, quando falaremos do funcionamento das sanghas, mas por hora fica, então, a informação de que a comunidade dos que não querem ficar preso ao ciclo do prazer e dor existe para o ser ter a oportunidade de recarregar-se. Conscientizando-se das verdades que deixou criar, o observador se reforça para vencer as batalhas que a mente ainda o fará lutar.

Funcionamento das sanghas

Como funciona uma sangha? A sangha funciona através de encontros periódicos entre os seus membros.

O que se faz nos encontros da sangha? A mesma coisa que se faz nas reuniões que fazemos: camaradagem, conversas, confraternização, convivência com afins...

A reunião de uma sangha não é nada formal, um ritual, mas apenas o encontro de pessoas afins que se juntam para confraternizar. Ou seja, uma festa... Os seres que participam dela, como nas reuniões que fazemos, se confraternizam conversando, rindo, brincando, comendo, etc. Não há rituais, não há complexidade, não há programação do que ser feito: numa reunião de sangha cada um faz o que quiser, pois o importante é estarem todos reunidos...

A que leva esta reunião? A alcançar o objetivo da sangha: ajudar o ser que está disposto a libertar-se da mente a limpar parte das verdades agregadas à memória.

Como isso acontece? Através da interação das pessoas que estão ali, ou seja, através das conversas que acontecem.

O EEU é acima de tudo espiritualista, ou seja, sabe que este mundo é apenas um prolongamento do espiritual. Mesmo que neste momento estejamos lhes levando a abandonarem toda a perspectiva espiritual – isso para que possam trabalhar apenas como elementos que são compreensíveis pela mente humana ao invés de vivenciar apenas criações desta – não abandonamos a Realidade do Universo.

Em O Livro dos Espíritos estudamos que o pensamento é dado ao ser humano por espíritos (pergunta 459). Usando este mesmo ensinamento para a atividade da sangha, podemos dizer que as pessoas participantes da reunião terão suas falas guiadas para poder ajudar o afim.

Na verdade a sangha não é uma realização do ser humano, pois se assim fosse, seria da mente e neste caso de nada serviria. Enquanto a reunião ocorre no mundo material a comunidade espiritual que acompanha estes seres estará realizando trabalhos para que ela sirva aos seus propósitos. Como, aliás, acontece em todas as nossas reuniões que fazemos, mesmo que vocês não vejam isso acontecer.

Portanto, aí está o funcionamento da sangha. Ela existe através de reuniões de seres com um mesmo ideal onde as pessoas brincam, se divertem, se integram, ou sejam, são felizes...

Trabalhos das sanghas

Se as sanghas são reuniões de afins, isso quer dizer que só podem participar pessoas que estejam buscando libertar-se do mundo? Necessariamente não. Lembrem-se: não se acende um candeeiro para escondê-lo dentro do armário...

As sanghas existem para reabastecer aqueles que buscam libertar-se do ciclo do prazer e da dor, mas tem outra função: ajudar quem está preso nele a enxergar isso e ver que há uma forma de sair dele...

Nas reuniões das sanghas não precisam necessariamente estar aqueles que já estão nesta busca. Ela pode servir para ajudar aos que nem sabem que podem libertar-se disso.

Como? Para falar disso preciso falar de um dos trabalhos da sangha: o Núcleo de Apoio.

Digamos que você conhece uma pessoa que esteja passando por um problema e, por isso, esteja vivendo um sofrimento. Você que sabe que isso acontece apenas porque este ser não se transformou em observador da mente, mas vive aprisionado a ela, pode convidá-la a participar da reunião. Nela, envolvido pelo ambiente de camaradagem e conversando com os outros membros guiados pela espiritualidade, essa pessoa receberá armas para libertar-se desse ciclo. Por isso chamamos a este trabalho de Núcleo de Apoio.

A missão das sanghas não é só apoiar seus membros, mas pelo caráter universalista que adotamos, estar sempre pronto a apoiar quem dela necessite. Mas, não confunda isso com uma ação generalizada.

Não estou falando em abrir uma porta para a rua com cartaz convidando as pessoas para serem felizes, mas de atender quem lhe procura, ou quem a vida leva a lhe procurar. Estou falando em conhecidos ou desconhecidos que lhe abordam demonstrando a sua vontade de sair do momento que está vivendo.

Não se esqueça do exemplo dos 'socorristas' na literatura espiritual. Eles saem para ajudar os outros, mas só ajudam aqueles que querem ser ajudados. Lembre-se que nem todos querem sair deste ciclo, pois têm prazer em sentir dor...

Mas, como explicar esse processo para quem não tem contato com os ensinamentos que servem de base para a procura dos membros da sangha? Este é o outro trabalho das sanghas: o Centro de Estudos.

Para quem não tem a base dos ensinamentos que o leve a entender a necessidade de fugir do ciclo do prazer e da dor será necessário repassá-los. Para isso as sanghas possuem sempre pessoas aptas para este tipo de conversa, que não é para quebra de verdades arquivadas na memória, mas para transmissão da base.

No entanto, em todos os grupos que pretendemos estabelecer uma sangha ainda não existem pessoas preparadas para isso. Por isso, neste momento saibam apenas que isso é algo a ser realizado no futuro. Por isso, também, não vou entrar em maiores detalhes...

Finalizando

Aí está, então, em síntese, aquilo para o que convidei os amigos do EEU no final do ano passado. Maiores detalhes precisam ser conversados, mas como eles serão particularizados em cada grupo, este não é o momento de tocar neles.

Como disse na mensagem, para aqueles que quiserem atender a este chamado, estou à disposição não só para a formação e implantação das sanghas, mas também para dar um novo ânimo quando os participantes deixarem escapar a motivação. Para isso iremos a todos os lugares onde formos chamados...

No entanto, uma coisa quero deixar bem claro: visitar lugares apenas para passar ensinamentos não será mais possível acontecer. Até porque, acredito que para o próprio trabalho de apoio às sanghas o tempo será escasso.

Quem ainda estiver buscando ensinamento, ou seja, aprender alguma coisa, tem à sua disposição o nosso site onde estão mais de dez anos de conversas que trazem tudo que tinha para dizer. Além disso, estes dispõem ainda das palestras on-line que realizamos e que continuará a ser realizada com esta finalidade.

Que todos estejam em paz!

JOAQUIM

06/02/2010