Em busca da Felicidade - Prática - Relações trabalhistas

Em busca da Felicidade - Prática - Relações trabalhistas

Transcrição dos áudios do estudo 'Em busca da felicidade'. Nessa parte Joaquim de Aruanda estudou a busca da felicidade durante as relações trabalhistas. 

Em busca da Felicidade - Prática - Relações trabalhistas

As verdades que são transmitidas

Vamos começar uma nova etapa no caminho para buscar a felicidade. Dessa vez vamos falar da prática, da vivência dos acontecimentos em felicidade. Para isso, vamos analisar situações reais da vida. Pegaremos diversos acontecimentos que ocorrem durante a existência carnal e conversar sobre eles. Falaremos da ação da mente nesses momentos para que possamos ter uma noção das armadilhas que a mente coloca para o ser humanizado.

Vamos começar esta viagem pelos acontecimentos da vida humana no sentido de aprender a viver em paz com o emprego, trabalho material.

Dentro dos quatro tipos de acontecimentos que citei neste trabalho, o emprego é o que? É um gerador de verdades ou o momento onde se usa verdades preconcebidas?

Participante: acho que depende da sua idade.

Acho que não ...

Participante: se você está há pouco tempo no trabalho, ele servirá para gerar verdades.

Aí concordo com você: quem está há pouco tempo num emprego adquire muitas novas verdades. Portanto, o tempo de emprego é um fator gerador de novas verdades e não a idade do ser. Por isso disse anteriormente que não concordava com você.

Este é o primeiro grande detalhe na questão do emprego. Este acontecimento é vivido de formas diferenciadas.

A mente trabalha o fato de estar empregado de formas diferentes, dependendo do tempo que se tem de casa. Quando você começa num emprego, ela cria conceitos, verdades; quando já está habituado a ele, ela utiliza os conceitos fabricados anteriormente e com ele gerar situações de vida.

Esse é o primeiro reconhecimento que temos que fazer com relação ao ser feliz verdadeiramente num emprego. Estando novo nele, o ser humanizado precisa estar atento às verdades que a mente está criando para que não aceite os conceitos que ela forma como verdadeiras.

Quando o ser começa no emprego as pessoas lhe falam do que vai fazer e da empresa. Além da própria observação individual deste ser do ambiente de trabalho, isso começa a criar verdades individuais quer quanto à função que ele exercerá, quer com relação a empresa.

Por isso, o ser precisa estar atento a estas formações de verdades que acontece. Para que? Para não deixar que elas sejam guardadas na memória como verdades absolutas, verdadeiras, reais. Se ele não estiver atento neste momento e deixar isso acontecer, mais tarde não conseguirá escapar das realidades que serão criadas com elas. Ou seja, continuará dizendo que é normal acontecer determinadas coisas, que é certo, errado, normal ou anormal determinados acontecimentos.

Portanto, quando se fala em emprego a primeira coisa que precisamos entender é que no início do vínculo empregatício serão formadas verdades e o ser precisa estar atento neste momento para poder rebater às afirmações mentais dizendo: ‘não sei se isso é realmente verdade’.

É isso que precisa ser feito. Agora, repare que não estou dizendo para você negar o que observa ou o que os outros lhe dizem nem muito menos para mudar os conceitos aos quais é exposto, mas apenas dizer que não sabe se é verdadeiro ou real.

Porque isso é preciso ser feito? Porque se o conceito transmitido ou observado não for combatido, ele se transformará numa verdade que receberá o pessoa de absoluta, de verdadeira, e mais tarde quando ela influenciar na criação de um acontecimento, o ser não conseguirá libertar-se do efeito dele e acabará sofrendo.

Eis aí, então, a primeira questão que aquele que quer buscar a sua felicidade precisa estar atento. Ele precisa no início da sua relação trabalhista estar consciente da formação de verdades com relação à sua função e com relação à própria empresa, o ambiente de trabalho.

Ainda não estou falando com relação aos conceitos referentes as outras pessoas que trabalham lá. Sobre isso falaremos mais tarde, quando abordarmos a questão dos relacionamentos humanos no trabalho.

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Graças a Deus estou empregado

Mas, não para por aqui. No início da relação trabalhista há ainda mais um detalhe que aquele que busca a felicidade precisa estar muito atento para não se decepcionar futuramente: a questão do estar empregado.

‘Graças a Deus consegui arrumar um emprego ...’ A mente cria esta exultação, euforia, dentro do ser dizendo que é muito bom estar empregado. Quem não se liberta desta questão no início da relação trabalhista pode sofrer mais adiante.

Quem disse que esse emprego que foi conseguido será muito bom? Quem pode garantir que os acontecimentos neste trabalho serão prazerosos? Quantas vezes a pessoa já não se exultou por ter conseguido um emprego para posteriormente sentir-se mal no seu trabalho?

Além do mais, quem se deixa levar pela exultação por ter conseguido um emprego pode rapidamente cair na depressão. Ter conseguido um emprego não é garantia de permanecer empregado, pois ele pode ser demitido a qualquer momento.

Aquele que aceita a exultação de ter conseguido um emprego vive imaginando que agora está seguro. Só que a mente pode gerar o desemprego logo para poder lhe dar uma dor. Ela pode ciar a ideia de que alguém foi responsável pela sua demissão e neste momento o ser não conseguirá viver a verdadeira felicidade.

São muitos os riscos para aquele que aceita a exultação de estar empregado. Por isso, no momento em que inicia a sua jornada trabalhista, aquele que realmente quer alcançar a verdadeira felicidade está muito atento à questão dos valores referentes ao próprio trabalho, mas também está atento à questão de se sentir empregado. Ele combate esse sentir porque sabe que quem está empregado está à beira de um precipício, no tocante à questão de viver feliz.

Sabe que está correndo riscos, ou seja, sabe que está pronto para cair no sofrimento quando perder o emprego ou começarem a acontecer coisas que ele não concorda ou que não lhe satisfaz.

Estes são, portanto, as primeiras considerações que alguém tem que ter com relação aos acontecimentos da sua relação trabalhista. Se alguém tiver alguma pergunta com relação ao que falamos, estou à disposição.

Participante: passei por muitos empregos e não os encarei como trabalhos. Encarei como relações humanas, vivência e experiências a serem adquiridas para serem usadas em algum momento que não sei onde nem quando. Isto é certo?

Não, o seu patrão lhe paga para trabalhar e não para ter relações humanas. Acho que por isso mesmo passou por muitos ...

Quem está empregado tem que primeiramente se concentrar em trabalhar, em produzir para merecer o salário que vai receber e não em aprimorar-se nas relações humanas.

Participante: como funciona a mente vivendo o dia a dia. Pergunto isso porque me vem sempre a mente o que o senhor fala sobre atenção plena e não consigo mantê-la. No entanto, não temos mas a mesma inocência de antes.

Observe não ter a observação. O que é preciso é observar a mente e não muda-la.

Participante: considerando que a obrigação de um emprego é jugar a ação dos outros o tempo todo, como conciliar a mente julgando como obrigação o observador não a acreditar nos objetivos?

Para lhe responder, vou contar uma coisa que são as pegadinhas da vida.

Começamos a estudar nos ensinamentos de Buda que não se devia ter conceitos que levassem o ser humanizado a julgar os outros. Enquanto fazíamos este estudo uma pessoa que o frequentava foi chamada para ser jurada no júri popular. Este pessoa ficou sem saber o que fazer, pois de nós ouvia que não deveria julgar ninguém, mas no dia seguinte era obrigada a sentar-se num júri e julgar pessoas.

Esta pessoa me perguntava se devia pedir dispensa desta função e eu disse que não. Afirmei que se ela foi chamada deveria se apresentar e exercer o que ela esperado dela. Isso intrigava essa pessoa, pois genericamente eu dizia que não se devia julgar, mas no caso particular dela insistia para que fosse julgar. Isso porque, na verdade, nenhum ser humanizado: quem faz isso é a mente.

 Ao ser humanizado não julga. A este, se quer ser feliz, compete observar a mente julgando e não julgar. Ele deve dizer a si mesmo enquanto os pensamentos de julgamento são criados: ‘a mente está dizendo que esta deve ser a forma como julgar aquela pessoa. Louvado seja Deus e que ela julgue, mas eu não compactuo com o que está sendo criado’.

Observar a mente não é criar nela valores diferentes que lá existem. O que precisa ser feito é a observação destes valores e o eximir-se de compactuar com eles.

Lhe respondendo, então, digo que se o seu emprego é composto pela ação de julgar, deixe a mente fazê-lo e faça o seu verdadeiro trabalho: observe o que é criado pelo pensamento e não se deixe levar por isso, não acredite que é uma verdade absoluta. Mesmo imaginando que o seu trabalho é julgar, não acredite nisso. Saiba que esse é o emprego da sua mente, mas que o seu trabalho nesta vida se constitui em observar a criação mente e não compactuar com ela.

Vou dar um exemplo para melhor entendermos o que quero dizer. Digamos que seu emprego se consiste em entrevistar e escolher pessoas que serão contratadas pela empresa. Deixe a mente analisar os currículos e escolher o que for mais adequado para a empresa. Ela pode fazer isso, porque ela é a geradora da vida. Já você, que apenas vive a vida que lhe é apresentada, exima-se de compartilhar da opinião dela. Diga apenas: ‘a mente escolheu essa pessoa, mas eu não sei se ela é a melhor ou não’.

O julgamento que você faz deve ser feito, porque esse é o seu emprego, é o trabalho material do qual depende para viver. Por isso, é preciso que aja essa ação. Só que você não se misture com esta ação. Deixe a mente realizar as suas escolhas em paz.

Enquanto ela trabalha, exerça o seu trabalho: observe a mente julgando.

Participante: isso também vale para o caso de fechar um grande contrato, por exemplo? Você está negociando com uma pessoa, vendo várias possibilidades e buscando realizar aquela operação. Neste caso devo também ficar apenas observando?

Fica muito difícil você acreditar que deve apenas observar enquanto não cair na realidade, na real.

Por exemplo: você diz que está negociando com uma pessoa. Acredita que essa é a realidade que está vivendo, mas não é. É a mente que negocia e não você. Você está em algum lugar fazendo não sei o que, porque quem está existindo naquele momento é apenas a sua mente.

Por isso estou dizendo que você dificilmente compreenderá o que estou dizendo, pois não está na real, na realidade. Por mais que acredite que é você que está negociando, avaliando possibilidades ou realizando operações, quem está fazendo tudo isso é a mente.

Toda ação é praticada pela mente e não por você. A sua ação é, no momento que ela está agindo, é observar o que é criado por ela e optar em viver o que ela cria ou não.

Por este motivo, quando a ação de negociar, buscar possibilidades e realizar operações estiver ocorrendo, deixe a mente negociar em paz. Ao invés de querer se intrometer no que ela negocia, esteja apenas atento para não deixar que qualquer coisa se transforme em verdade, pois se isso acontecer futuramente essa criação será usada para condicionar a sua felicidade.

O que falo em não se intrometer é não ter certeza de que o que a mente está prometendo na negociação é verdadeiro ou não, se a promessa será honrada ou não, se a mercadoria será entregue no dia aprazado ou não. Tenha esta conversa com você e deixe a mente negociar à vontade.

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O trabalho é de observar as verdades que a mente cria

Estão entendendo a prática do trabalho que estamos realizando? Estão conseguindo alcançar a importância destas conversas? É por conta desta condição para ser feliz (abandonar a ilusão da ação) que disse na última semana: quem não estiver disposto a mudar-se não nos ouça mais.

De nada adianta ficarmos discutindo apenas teoria. O que precisamos conversar, e muito, é sobre a prática.

O que é um trabalho? Como se vive o emprego? Há alguma função que nos afaste da felicidade incondicional? É isso que precisamos conversar para ajuda-los a viver a felicidade incondicional.

Sei que vocês que estão aqui têm tentado colocar em prática os ensinamentos, mas não conseguem. Por exemplo, sabem que eu disse que é necessário viver o presente, no presente, pelo presente, só que não sabem como coadunar isso, por exemplo, com a questão do julgamento ou fechar um contrato de venda como conversamos agora pouco.

O que precisam entender é que por si só vocês não são capazes de levar a teoria para a prática. É por isso que estou realizando estas conversas. Depois que já mostrei toda a teoria sobre o ser feliz, o que pretendo é conversar sobre a prática para poder orientá-los na busca da felicidade.

Uma pessoa acabou de me falar que a ação esperada no emprego dele é julgar os outros. Outra pessoa já me disse que o seu é negociar. A partir disso, vamos tentar entender como julgar ou como negociar mantendo a felicidade incondicional. É isso que é importante.

 Participante: quando somos autônomos, ganhamos apenas pelo que fazemos. Como fica quando ganhamos pela nossa capacidade de realizar e não por um salário proposto?

Você não recebe salário e nem recompensa pela sua realização. Aliás, você nem realiza nada ... Tudo isso é feito pela mente. Quem trabalha é ela, quem faz é ela. Por isso, pouco importa se você tem um salário ou se é autônomo: observe a mente fazer as coisas ...

O que é importante na sua vida é não achar que ganha nada, que realiza ação, pois tudo isso é a mente realizando e você aceitando que está fazendo. O que precisamos nos concentrar para sermos felizes é descobrir como se relaciona com a criação mental que ocorre durante a ação e não descobrir como agir fisicamente.

 Participante: ao observar os pensamentos, eles se movem? Tento acompanhar a observação, mas é neste momento que me perco na vida.

O pensamento não pode se mover. Ele nem existe para se mover: é apenas algo que é pensado.

O pensamento, digamos assim, anda, mas isso não se trata de locomoção. O andar dele é uma continuidade de uma ideia, uma história que é formada.

Por isso, é preciso ouvir tudo o que ele diz do princípio ao fim antes de se libertar do que é pensado e não correr atrás dele.

Participante: temos que ser sempre observador? Se sim, é o observador que resolve os problemas no trabalho?

Não. Quem resolve os problemas é a mente. Aliás, quem os cria também é ela. Você deve apenas observá-la resolvendo. Lembre-se: não é você que faz e por isso não pode ser você que resolve nada.

Todo acontecimento humano é a mente que realiza. Para isso ela trabalha verdades. É no momento que ela realiza alguma coisa que você precisa observar as verdades que ela usa para não aceita-las como verdadeiras. Aceitando, você gerou uma condicionalidade para ser feliz, ou seja, criou uma condição que gerará apenas o prazer ou a dor.

Participante: quem vai ao trabalho é a mente? Quem ganha ou deixa de ganhar dinheiro também é ela? Reconhecer isso e estar presente para constatar é o caminho?

Sim, este é o primeiro passado.

Reconhecer que quem vai ao trabalho e quem realiza as ações nele e recebe o dinheiro é ela. Quanto a você, deve apenas se colocar na posição de observador. ‘A mente está recebendo dinheiro, não eu’.

Observe a mente exercendo a atividade empregatícia e quando ela disser que o que foi feito naquele momento é o certo, é o que deveria ser realizado, diga a ela: ‘não sei. É você que trabalha e não eu’.

É isso que é preciso ser feito para poder se obter a felicidade plena durante a atividade empregatícia. Mas, deixe-me dizer uma coisa: mais importante do que observar as ações que a mente está fazendo é observar as verdades que estão sendo criadas durante o desenrolar da ação. Digo isso porque são as verdades que são usadas para condicionar a felicidade não as ações.

O problema pelo qual vocês não conseguem viver a felicidade plena é que não observam as verdades que são usadas pela mente e por isso vivem apenas a felicidade condicionada que ela gera. Não fazem isso porque imaginam que são vocês que estão trabalhando, que estão realizando as ações. Por isso concentram-se no que é realizado e não nas verdades que estão embutidas naquele acontecimento.

Como imaginam que são vocês que fazem a ação, não encontram tempo para observar a mente. Não se preocupem com a ação. Quem faz tudo é a mente e por isso o trabalho sai, mesmo que você não esteja concentrado no que é realizado.

Uma vez uma pessoa me disse que precisava aumentar sua produção no trabalho porque estava ficando muita coisa acumulada. Ela me disse que não sabia o que fazer, já que se entregava em todos os momentos que estava no emprego e mesmo assim não conseguia colocar o sérvio em dia.

Eu disse a esta pessoa: se você se entrega o tempo inteiro e mesmo assim, não consegue fazer tudo o que precisa, aumente o tempo que permanece na sua empresa. Chegue mais cedo, saia mais tarde. Com isso terá mais condições de fazer coisas.

A pessoa fez o que eu orientei. Durante um mês ela chegou mais cedo e saiu mais tarde. Sabem o que aconteceu ao final deste período? O trabalho continuava atrasado. Esta pessoa, então, me procurou e disse que o meu conselho não dava certo. Em resposta eu lhe disse: se você fez tudo o que podia e não deu resultado, será que o trabalho que tem para fazer é realmente para ser feito?

Vocês imaginam que são capazes de controlar o mundo e que podem fazer o que querem. No entanto, mesmo que se esforcem no sentido de realizar o que sonham, as coisas não dão certo. Neste momento é preciso que você esteja consciente de que o que deseja fazer não é para ser realizado.

Na verdade não é você quem acredita que tem que resolver todos os problemas, mas sim a sua mente. É ela que cria a verdade que é preciso resolver todos os problemas dentro do seu âmbito de ação funcional, mas a resolução, se tiver que ser dada, quem vai dar é ela mesma e não você. Se a mente não resolver as questões, você jamais conseguirá resolve-las.

Resolver os problemas: esta é uma ideia que a mente gera enquanto pratica ações no emprego. Como você não está vigilante, acha que isso é um desejo seu e por isso imagina que deve fazer. Como não consegue, vive a agonia de não ter resolvido que a própria mente cria.

Se soubessem que é ela que trabalha, que resolve, que cria as coisas do emprego e ao invés de se concentrarem nas ações estivessem concentrados nas verdades geradas pela mente, poderiam se libertar desta agonia de tentar resolver e a posterior decepção de não ter conseguido.

Participante: o problema é o esgotamento que vem desta função. Parece um trabalho para Hércules.

Eu não diria que é um trabalho para Hércules, mas para formiguinha, aquela que trabalha todos os momentos sem se preocupar com o quanto já fez. É um trabalho para testar a sua constância e não a sua mega capacidade de mudar.

Este é um trabalho para aquele que trabalha sob sol ou chuva, sem se preocupar se está na hora de parar ou não. É um trabalho para aquele que possui paciência e persistência e não para aquele que pensa apenas em usar a força e resolver a questão rapidamente.

Participante: quando no trabalho tenho que demitir um funcionário fico dividido se sou mero observador ou se sou agente do carma alheio. Quando consigo apenas observar a mente, fico incomodado por não me incomodar com a situação do demitido.

Quem demite é a mente. Por isso, apenas observe ela demitindo os outros e não aceite as verdades que ela criar neste momento.

Se a mente diz que você é o instrumento carmático daquele ser, não aceite essa verdade. Diga para ela: não sei se sou isso ou não. Se ela diz que isso trará problemas para aquela pessoa, responda a ela: não sei se isso trará problemas.

Na verdade, a sua fala neste momento traz dois elementos que acabam lhe fazendo sofrer. O primeiro é imaginar que o carma precisa de um agente. Ele vive por si mesmo e não depende de ninguém para acontecer. Por isso, se por carma aquela pessoa precisar ser demitida, ela será de qualquer jeito. A demissão carmática acontece por ela mesma e não porque alguém age para que aconteça.

Segundo: a ideia de que carma é um pena, um castigo. A mente possui a verdade, que você acha que é real, que a demissão desta pessoa é um castigo, algo ruim, mas será que é? Será que ao demiti-la deste emprego você não está abrindo a oportunidade para que ela consiga um emprego melhor? Será que ela não aproveitará essa chance para se aperfeiçoar mais e com isso arranjar um emprego que ganhe mais? Você não sabe, por isso não aceite quando a mente lhe disser que está agindo contra aquele ser.

É isso que pode lhe deixar de viver o incômodo por não estar incomodado com a situação daquela pessoa. Não aceite a crise existencial que a mente gera pelo fato dela estar demitindo alguém. Para isso, apenas observe o que ela faz e o que pensa, verdades que são criadas, enquanto ela age.

Participante: sob a negociação, como funciona na prática? Pergunto isso porque durante a negociação o pensamento está envolvido nela. Tem como observar a mente enquanto se está negociando?

Se não tivesse como fazer, estaria aqui jogando conversa fora e perdendo o meu tempo e o de vocês, pois estou propondo exatamente isso.

Este trabalho pode ser feito? Sim, pode. Mas, a primeira coisa para realizar é que deve se conscientizar que não é você que fará a negociação? Como poderá estar observando as verdades que são criadas se acha que é você quem está negociando? Se acha que é você que está criando a ação que está ocorrendo? Achando isso, é impossível se concentrar nas verdades criadas pela mente, não?

Portanto, a primeira coisa que precisa ser feita é conscientizar-se que quem faz é a mente, que quem realiza as ações é ela e que você deve estar observando o que ela faz. Que deve estar observando o que ela está pensando enquanto faz.

Participante: certa vez consegui atingir uma boa performance em vendas e analisando os resultados observei que na realidade queria ajudar os clientes e não objetivava o lucro. Engraçado era que o lucro era consequência e não intencionalidade. É assim que se vive espiritualmente?

Tudo isso que você diz que observou são verdades criadas pela mente. É ela que está afirmando que a sua intenção era ajudar os outros e não obter lucro. Digo isso porque esta verdade é uma razão e não algo sentido.

Sendo assim, todas estas criações são apenas para lhe injetar verdades que mais tarde podem lhe fazer perder a felicidade. Por exemplo, ela pode lhe dar esta verdade e mais tarde lhe fazer sofrer um baque financeiro. Como aceitou que estava trabalhando para o benefício do outro, o que lhe deveria garantir bons resultados, já que é considerado um ato bom, no momento em que tiver poucos ganhos vai aceitar a ideia de que é um injustiçado. Neste momento não estará sendo feliz.

Por isso, lhe digo: apenas observe tudo isso que foi criado pela mente e não aceite que o que é verdade. Diga a ela: não sei se estou trabalhando para ganhar dinheiro ou para ajudar os outros. Com isso, tenho a certeza de que estará livre de sofrer no momento de um baque.

Saiba que a mente sempre trabalha com a intenção de ganhar, com ter o prazer, de ser reconhecido pelo que faz e para receber elogios. Observe se estas questões não estão presentes no pensamento que você desenvolveu. Portanto, é tudo mente e são verdades que servirão futuramente para condicionar a sua felicidade.

Você não pensa com formação de histórias de vidas. Quem cria, através do pensamento, as histórias da vida é a mente. A sua única ação é acreditar ou não na história e nas verdades que estão embutidas nela.

Participante: minha mente julga que se não trabalhar, vou ser criticado. Só que há dentro de mim outra voz que contraria este pensamento. São vozes que se contradizem. Só tenho que observar este conflito?

E rir da cara delas ... Deixe elas brigarem à vontade.

Se você não trabalha, se não faz as ações, se o seu emprego não depende do seu desempenho, já que muitas vezes as pessoas trabalham muito, mas são mandadas embora e o quem não faz nada acaba ficando, deixe as vozes internas discutirem à vontade. Deixe elas se debaterem e dê risada da cara delas.

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A observação da mente

Participante: a mente faz alguma coisa? E eu, faço o que?

A mente faz tudo que você diz que faz. Quanto a você, só pode realizar uma escolha: ou compactua com ela, ou seja, acha que faz, ou se transforma num observador dela. Escolhendo pela segunda opção, deve dizer a ela que não sabe se está fazendo alguma coisa.

Participante: como, então, posso anular a minha mente na prática?

Você não pode anulá-la, não pode muda-la. A única coisa que pode fazer é libertar-se dela. Ela agirá por ela mesmo e só por ela. Quanto a você, deve agir libertando-se do que ela criar.

Participante: é a mesma história do espírito e do ser humano. Só mudam as palavras, mas permanece a nossa necessidade humana de querer saber das coisas.

Isso estou provando a toda hora.

Participante: a ideia de ser dois, eu e a mente, não nos transformaria em psicóticos ou esquizofrênicos?

Quem pode ser psicótico ou esquizofrênico? A própria mente. Portanto, se ela tiver que ser, será.

Já quanto a você, realizando o que estamos conversando, com certeza se tornará num maluco beleza.

Participante: o observador é mudo?

Completamente mudo e surdo. Ele não pensa.

Participante: então, eu somente sou um observador neutro, quase um contemplador?

Mas, claro que você é um contemplador. Observar é contemplar. Você não precisa agir sobre a mente no sentido de muda-la.

Na verdade o trabalho que estou propondo é muito mais fácil do que vocês pensam. O problema é que vocês estão complicando a história querendo agir sobre a mente, quando não se age sobre ela. O que se faz é observar a mente agindo.

Participante: o que o senhor está falando é igual a quando somos crianças e há outras que tiram sarro da gente, mas com tempo nós paramos de nos incomodar com aquilo. É assim com relação a mente, com as vozes do pensamento?

É mais ou menos isso. É uma boa comparação.

Participante: aqui e agora ouço o senhor, vejo as pessoas que estão por aqui, reparo no lugar, etc. Esse é o meu aqui e agora. O que faço: apenas observo tudo?

Observar o que: você vendo? Não é você quem vê, é a mente que faz isso.

Ver é uma ação humana. Por isso, preciso afirmar que é a mente que vê e ouve. Quem está me ouvindo é ela e não você.

O que deve fazer é observar a mente enquanto ela me ouve. O que deve fazer é observar a mente enquanto ela vê as imagens que compõem o seu aqui e agora. Só isso.

Participante: como observar a mente, com ela, enquanto ela cria as situações?

Observando. Não dá para explicar detalhadamente isso. A única coisa que posso lhe dizer é: observando.

É preciso usar a mente para se libertar dela mesmo.

Participante: tudo que é fácil demais é complicado demais ...

Perfeito, exatamente isso.

O que vocês precisam entender é que a mente complica tudo porque para ela o melhor é aquilo que é complicado. Se for assim é o mais certo, o mais bonito, o que precisa ser feito. Como você compactua com ela, também acha isso.

Participante: este observar a mente é não se deixar levar por ela?

É simplesmente dizer: não acredito em você. Só isso. É não deixar que o que a mente cria se transforme numa verdade.

Participante: essas perguntas todas que estão sendo feitas são criações da minha mente ou as outras também estão trabalhando?

O que você ouviu é criação da sua mente. O que cada um falou é criação da mente deles.

Saiba que estamos falando de momentos diferentes. O momento de falar é um e o de ouvir é outro. Em cada um deles um dos seres age.

Para cada um destes momentos existe um tipo de cilada da mente. No momento de falar há uma, no de ouvir outra. Falaremos mais tarde sobre os dois.

Participante: muitas vezes quando vou dormir fico escutando minha mente. Tento silenciá-la, mas não consigo, até que durmo.

Olha a confusão novamente ... Você quer fazer a mente silenciar-se? Mas, eu não disse que não se muda a mente?

Não é disso que estou falando. O que estou dizendo não é que mexer com a mente, mas apenas observá-la.

Participante: a Terra não estaria ainda na idade da pedra se vivêssemos essas técnicas que o senhor está sugerindo?

Se você acha que isso ocorreria, a resposta é sim.

Participante: eu contemplo a mente às vezes. A ideia de que devo fazer isso sempre não seria uma obrigação que viria de uma ideia da mente?

Sim, se ela lhe disser que deve fazer, não acredite.

Participante: para o observador, então, as ações da mente são fatos pré-definidos por Deus, condicionadas as crenças da mente e ao puro acaso como prova da consciência dessa ilusão e da capacidade de ser equânime em todas as situações?

Você está misturando as coisas. Deus não entra na nossa conversa, como falamos desde o início.

Na verdade você não vê Deus agindo na mente, nem criando nada. Como, então, quer saber que foi Deus quem fez? Por isso, esqueça disso. Na realidade está acreditando em coisas que a mente fala.

Participante: então, não observamos a ação externa. Será que o senhor pode explicar igual a uma professora do primário o ato de observar?

Vou lhe dar um exemplo. Digamos que está no seu trabalho e alguém lhe manda fazer uma coisa que não concorda que seja feito.

Aliás, este exemplo é muito complicado, pois isso não acontece com vocês, não é mesmo? Todos aceitam placidamente as ordens que recebem, não?

No momento que aconteceu o que narrei, quem não concordou com a ordem do chefe? A mente. Se não observar e não deixar de aceitar o que a mente criou, sofrerá porque ela lhe dará um sofrimento. Ela dirá: ‘veja só, esse cara que não sabe de nada está mandando em você. Ele é um idiota e pensa que sabe, quando quem sabe mesmo das coisas é você’.

É das ideias que estão embutidas nestes pensamentos que você deve libertar-se e não do pensar desta forma. É isso que você precisa fazer.

Quanto ao ato, a mente realizará o que precisar ser realizado. Se você tiver que fazer o que lhe foi mandado, será feito. Se tiver que reclamar de ter recebido ordens, reclamará.

Observar a mente é: observar a criação que ela faz do que o outro está falando; observar a reação dela ao que foi ouvido; e observar o que ela cria depois do que foi ouvido.

Acho que agora deu para ficar claro, não?

Participante: eu sou tudo o que observo e também o observador?

Você é tudo que observa porque acredita que é a mente e que ela é você. Na hora que for só o observador, se souber o observador, não será mais nada que é da mente.

Participante: Nascemos humanos e desde cedo somos bombardeados por muitos conceitos sociais. Por exemplo: se deve trabalhar. Quem não segue esses conceitos acaba ficando à margem da sociedade. Pode comentar isso.

Tudo isso foi feito para criar o conceito para lhe testar: verificar se escraviza-se a ele. Escravizando-se perde para a felicidade. Ou seja, tudo isso é criado propositalmente para um dia chegar alguém chato como eu e lhe dizer: não acredite nisso.

Não demos buscar o porquê ou para que das coisas. As situações acontecem. Ao invés de ficarmos concentrados em buscar o porquê e para que das coisas, vamos buscar nos libertar das criações mentais. Só isso.

Saiba que jamais conseguirão ter plena consciência do porquê ou para que das coisas deste mundo.

Participante: uma pessoa que precisa trabalhar pensando e se concentrando na mente como deve se comportar?

Deve deixar a mente trabalhar e concentrar-se nela.

O que é necessário é ouvir a mente e não silenciá-la ou mudar o que ela diz. É nisso que vocês estão se complicando.

Ainda querem agir sobre a mente, mas estou falando a toda hora a mesma coisa: não se trata de agir sobre a mente nem de mudar nada do que acontecerá no mundo externo. Por isso digo que você não deixará de fazer o seu trabalho porque está observando-a. Ele continuará a ser feito pela sua personalidade e você deve ouvir a mente trabalhando. Ouvir os comentários à respeito do que está sendo feito. É isso que deve fazer enquanto ela trabalha.

O que vocês ainda não entenderam é que como disse, só a mente age. Sendo assim, se alguém quer agir sobre a mente não é você, mas ela mesmo. Acreditando neste momento que está fazendo alguma coisa no sentido de libertar-se dela, não verá que ainda está escravizado.

O observador só observa, não age.

Participante: ajuda se afirmo: aquietai-vos, porque eu sou Deus.

Não ajuda, porque está trabalhando com coisas que vocês não sabem. Desta forma o que acontecerá é que despertará ainda mais a curiosidade das mentes aqui presentes. Por exemplo, se usasse esta frase, as pessoas iam querer saber quem é o eu, que é o Deus, o que é ser.

Pode usar o aquietai-vos, mas não continue a frase porque pode se complicar.

Participante: na prática aparece alguma evidência de que estou me desidentificando com a mente? Às vezes parece que só dizer não sei, dane-se ou sei lá, começa a não ter efeito algum. Sentimos alguma coisa tipo paz se nos libertarmos da mente? Sentimos alguma coisa especial quando o trabalho está funcionando?

Você fala em sentir paz, mas o que será isso? Se toda a sensação que tiver será criada pela mente, o que é sentir paz? É um comentário que a mente está fazendo sobre o momento presente e do qual deve se libertar.

Na verdade, se realizar o trabalho o que acontecerá é que não sentirá o que a mente está sentindo. Isso já é paz. Não sentirá o que imagina ser paz, mas ao deixar de sentir o que a mente criar estará em paz.

Participante: então, a ideia de observar tem por finalidade não sofrer? Nós não temos poder de nada, mas só ela?

Só a mente age. Com relação ao poder, ela não tem, mas ninguém tem.

A ideia de observar é para não sofrer e para não ter o prazer, que também é um sofrimento. Mas, isso não quer dizer que se conseguir se libertar viverá outra coisa. O que acontecerá é que não terá o prazer nem a dor, mas não quer dizer que terá outra emoção.

É isso que vocês que ainda estão presos a mente vivem: a ideia de que podem ser, estar ou fazer alguma coisa. Você não viverá um paz, mas deixará de viver o que ela propõe que seja vivenciado. Esta não vivência é a paz.

Participante: não poderia a mente criar uma de suas verdades em conformidade com uma verdade absoluta?

Não, a mente é incapaz de conhecer a verdade absoluta.

Participante: isso que o senhor diz é assistir a vida sendo eu o ator principal?

Isso é assistir a vida. Agora, se você é o ator principal eu não sei.

Assistir a vida é assistir a mente trabalhando.

Participante: nessas discussões não estamos como um cão correndo atrás do rabo? Onde está a produtividade em toda esta discussão?

Quando me pergunta o que faço, o que sou ou onde estou, está correndo atrás do rabo. Quando ouve o que estou falando e ao mesmo tempo está vigilante da mente, ou seja, não acreditando no que eu digo, está tendo uma produtividade.

Agora, com relação ao seu emprego, quando se liberta da mente, terá a mesma produtividade. Quando na vivência das relações no seu casamento também se liberta, nada muda.

Participante: como posso achar o observador? Não achando, não pensando, apenas sendo?

O observador não se acha: ele aparece. Aparece quando? Quando você se coloca na posição dele e não da mente.

Enquanto se colocar na posição da mente, ou seja, eu estou fazendo, eu estou achando, eu estou pensando, será só a mente e nunca poderá ser o observador.

Em busca da Felicidade - Prática - Relações trabalhistas

Não queira saber como agir

Participante: eu decepcionaria a minha mente se agora for para cama dormir ao invés de ficar aqui e acabar de lhe ouvir?

Está vendo como o problema é que vocês correm atrás do rabo? Acabei de dizer que quem faz a ação é a mente. Sendo assim, você não pode ir dormir. Quem pode é ela.

Você não dorme, porque é o observador da mente. Sendo assim, enquanto ela dorme, você deve continuar observando-a. É a mente que deita, que dorme, que se levanta e que vai ao banheiro.

É neste ponto que ainda estão correndo atrás do rabo: querem saber o que fazer, como agir. O que estou dizendo o tempo inteiro é que a única coisa que deve ser feita é a observação. Sendo assim, se ela neste momento está dizendo que vai dormir, observe ela fazer isso. Verifique o que ela está pensando enquanto está indo dormir e não se preocupe com a ação em si.

Não é fazer, não é praticar atos, mas observar a mente agindo.

Participante: não se deve acreditar em nada para que a mente não crie conceitos e depois ficar criando realidades em cima deles?

Quem cria conceitos é a mente. Toda hora que o observador, você, aceita o que ela cria, esta informação será guardada e um dia será usada contra você, contra a sua felicidade.

Para poder entender, comparo o que estou falando com a leitura dos direitos que a polícia dos Estados Unidos faz: tudo o que disser poderá e será usado contra você no tribunal.

Participante: a paz é mais um prazer que a mente busca?

A paz racional, aquela que é compreendida como paz, sim. Agora, a verdadeira paz é simplesmente aquela que surge quando você não vive o que a mente cria.

A paz que vocês conhecem e buscam é apenas uma declaração da mente. Por isso, quando ela fizer essa criação, não acredite. Apenas observe o que ela criar e não compactue com isso.

Participante: estou desempregado há três meses, mas ultimamente me vejo cada vez mais desinteressado por um trabalho. Meus amigos estão muito mais preocupados do que eu em arrumar um emprego para mim. Pode parecer loucura, mas prefiro morrer por falta de dinheiro a ter que trabalhar para comprar isso ou aquilo, pois não desejo mais nada deste mundo. Posso estar ficando louco?

Se estiver é a mente que está e não você. Afirmo isso porque tudo isso que você está me relatando é apenas uma criação mental e não uma realidade. Por isso, apenas observe e não acredite nestas informações.

Volto a dizer: vocês ainda estão preocupados se o que pensam está certo ou não, se devem continuar pensando isso ou aquilo. Fazem isso imaginando que estão realizando o trabalho que eu indico, mas não ouvem que o que sempre digo é observar o que a mente pensa.

Não é você quem pensa. Não importa qual seja a situação, não é você que está vivendo aquilo. Mesmo que seja uma situação como essa, que é aparentemente algo sublime, elevado espiritualmente.

Sei que está imaginando que você está mostrando um desprendimento, mas este não é seu e sim da mente. O único desprendimento que você pode fazer não tem nada a ver com as coisas deste mundo, mas sim das criações mentais. Portanto, não acredite que essa sua razão é verdadeira.

Não existe desprendimento do observador com relação a qualquer coisa da vida material. O único desprendimento dele é do que a mente cria.

Sei que o fato de não desejar mais nada deste mundo parece muito bonito para vocês, mas trata-se apenas de uma coisa racional, mental e não sua. Por isso, observe-a sempre.

Participante: qual o objeto da mente ao gerar isso?

Se lhe falar qual é o objetivo dela, com certeza você não entenderá. Se houver alguma compreensão isso será um processo racional e por isso será ela que compreenderá e não você. Para que, então, você está aí todo ouriçado querendo saber alguma coisa?

Participante: estamos dentro de um robô personagem vivendo uma peça de teatro?

Para estar dentro de alguma coisa seria necessário existir um fora. Como não há fora, não há dentro.

Esqueça essas coisas. Isso é apenas uma figura gerada pela mente; não compactue com ela. Não se prenda a ter que saber a resposta.

Participante: estou fazendo determinado trabalho e de última hora mudo a ação. Aí vejo que o que queria fazer antes estava certo e o que fiz estava errado. Imagino que minha mente me enganou, então. O que tem a dizer sobre isso?

É a só a sua mente que está dizendo que isso aconteceu. Na verdade foi ela que quis fazer de uma forma, foi ela que gerou a ideia de mudar, foi ela que fez dar errado, foi ela que disse que estava lhe enganado. Você não fez nada. Aliás, o que poderia fazer não fez: apenas observá-la trabalhando e agir para se libertar das ideias que ela criou.

Estamos conversando há bastante tempo sobre o assunto, mas vocês ainda não entenderam, pois estão preocupados com ação. Não se trata de agir fisicamente, mas de observar a criação mental.

Participante: o senhor disse que ao dirigir, por exemplo, temos que focar o dirigir. Só que quando estou fotografando um casamento penso e fico à espera de futuros acontecimentos para não perde-los. Como devo proceder?

Quem faz tudo isso é a mente e não você. O que deve fazer é observá-la agir.

Toda ação, e a atenção a alguma coisa é uma ação, é feita pela mente. Por isso não se preocupe em ter atenção em nada neste mundo, mas apenas no que é criado no seu mundo mental.

Sei que muitos podem estar achando cansativa a conversa de hoje por causa da quantidade de perguntas respondidas da mesma forma, mas estou fazendo isso de propósito. Quero ver se a repetição frente às diversas ações que estão usando nas suas perguntas chegamos à conclusão da única coisa que podem fazer.

Observe como a preocupação de vocês está focada no como agir, como criar ou participar fisicamente de uma ação. Só que toda e qualquer ação é feita pela mente. Por exemplo: neste momento vocês estão me ouvindo? Não, quem ouve ou deixa de ouvir é a mente e não você. Por isso observe o que ela cria enquanto ouve, ao invés de ficar preocupado com o volume ou com o que é dito.

Ao invés de querer compreender o que eu digo – ‘tenho que prestar atenção no que Joaquim está dizendo para ver se aprendo’ – concentre-se no que a sua mente vai fazer enquanto o som está entrando. Afinal de contas, se toda ação será realizada pela personalidade humana, você jamais compreenderá nada. Além disso, tudo o que for compreendido é o que ela está criando e que posteriormente poderá ser usado contra você.

Imaginar que tem que prestar atenção ao que está sendo dito para poder compreender as coisas é uma cilada da mente. Digo isso porque quem gerará a compreensão é ela e não você. Quando fizer isso, ela compreenderá do jeito dela, fundamentada nas suas próprias verdades. Com esta compreensão ela gerará um conceito que, como já disse, mais tarde será usado para lhe roubar a felicidade.

Você nunca vai gerar uma compreensão. Por isso, não se preocupe com isso. Apenas observe o que ela diz que está compreendendo ou não e não acredite em qualquer afirmação que ela faça sobre o assunto, qualquer conclusão que ela chegue.

Participante: a impressão que tenho é que caminho para um vazio, sem sentir, sem pensar. É só deixar o barco da vida correr.

Quem está falando isso é a mente. Portanto, apenas observe o que ela está falando e não aceite como verdade.

Participante: algum tempo atrás li muito um autor que fala da observação plena e viver no aqui e agora. Abandonei porque me senti esgotada. Agora começo a entender que foi porque queria fazer alguma coisa para ser outra pessoa.

Isso. Você ficou esgotada porque ao invés de se concentrar em prestar atenção nas criações mentais, estava concentrada em fazer. Fazer o que, se a única coisa que precisa ser feita é ter atenção?

Portanto, esteja concentrada apenas em ter atenção e não em ser alguma outra coisa do que é.

Participante: descrever as verdades geradas pela mente não seria uma nova verdade e portanto sujeito também à dúvida? O que resta, então, para ser observado?

Tudo, inclusive a descrição que a mente faz do que está pensando.

Observe tudo que a mente lhe disser. Se ela disser lhe descrever o que está sendo pensado ou se ela lhe disser que conseguiu se libertar, duvide disso.

O que estou dizendo é que vocês devem ser incrédulos o tempo inteiro, inclusive quando a mente lhe disser que conseguiu ser incrédulo.

Participante: como amar de verdade contemplando a mente?

Na hora que você souber o que é amor, vai entender o que estou dizendo.

Neste momento da sua existência só quem sabe o que é amor é a mente. Amar, para vocês, é viver a partir de diversos conceitos. Por isso, não se ligue na busca da compreensão deste tema.

Tem mais: se é a mente que age, quem ama neste momento é a mente e não você. Por isso observe-a amando e não ache que está.

Participante: quando estou concentrada e trabalhando fisicamente em determinada ação pensando apenas no que está sendo feito e começo a observar, acabo desconcentrando. Esta desconcentração me leva a pensar em outras coisas. Este desconcentrar é minha mente me fazendo parar? Ela está em todas?

Observe a sua mente desconcentrando ao mesmo tempo lhe dizendo que isso está acontecendo e que você precisa se concentrar novamente. Para que? Para não se deixar levar por isso e querer fazer alguma coisa: voltar a se concentrar ...

Se a sua mente vagueia por outros pensamentos, observe-a pensar em outras coisas. Só observe: tudo é a mente que faz.

Participante: para quem ainda acredita que vai mudar o que pensar, o que seria bom de se pensar?

Não sei. O que será bom de se pensar é o que for bom para você.

Falo assim porque qualquer coisa pensada é ruim para aquele que quer ser feliz, pois se trata de uma armadilha que está sendo preparada para lhe prender ao prazer ou a dor. O pensamento só serve para isso: para criar condições para que o prazer e a dor sejam considerados reais, que devem ser vividos. Com isso, a vivência da felicidade não é alcançada.

É como já me disseram: é normal ter prazer e dor. Sim, isso é normal, mas para a mente, não para você.

Participante: se minha mente me diz que eu sempre observo, é ela querendo me enganar? Digo isso porque enquanto presto atenção a isso deixo de observá-la.

Exatamente. Acreditou que observou e com isso deixou de observar. Por isso estou dizendo: não acredite em nada. Nem na mente lhe dizendo que a observação foi feita.

Participante: quem está racionalizando nossas perguntas e dando a resposta: é a sua mente ou sou eu?

É a sua mente.

Participante: se tudo é a mente que faz, onde estou eu? Não consigo me encontrar. Talvez precise de mais exemplos práticos.

Você só se encontrará quando se libertar da mente. Como vai se conhecer se não tem a mínima ideia de quem é você ou a mente?

Conforme vai se libertando das criações mentais aparece para si mesmo.

Participante: se a observação der uma canseira, devo observar a canseira de observar?

Exatamente. ‘A minha mente está dizendo que está cansada de observar, mas eu não acredito nisso’.

Participante: entendi então que o problema está na nossa identificação com a mente e na verdade ela não é problema algum. Sendo assim, não devemos rejeitá-la, mas sim entende-la?

Se quiser entende-la só tem um instrumento para fazer isso: a própria mente. Não, estou falando em rejeitá-la, pois cada vez que a rejeita não cria mais entendimentos.

Realmente o problema não é a mente, mas o entendimento que ela cria. A armadilha do sofrimento está no entendimento. É ele que lhe diz que deve sofrer, deve ter prazer. Todo entendimento lhe causa um sofrimento.

Participante: a mente não é o mestre, mas um instrumento na mão dele?

Não sei quem é o mestre. Se você não sabe de onde vem o pensamento, como quer saber quem o enviou?

Esqueça mestre ou qualquer outra coisa. Na sua vida existe apenas você e a mente. O resto será o que o seu processo mental lhe disser que é.

Participante: meu trabalho é costurar. Às vezes enquanto minha mente costura, ela me diz o quanto ainda tenho que costurar. Neste momento digo a ela que não sei o quanto ainda falta. Digo que sei que apenas daquele ponto que estou dando. Percebo, também, que as vezes que dou ouvidos sempre acontece alguma coisa: a linha arrebenta, a máquina enguiça. Isso é uma cilada da mente?

Tudo isso é cilada da mente. Observe ela falar da quantidade que tem para fazer e da ideia de que só há este ponto a ser dado. Quanto ao que acontece, também apenas observe e não chegue à conclusão alguma.

É sempre não sei de nada.

Em busca da Felicidade - Prática - Relações trabalhistas

Falando da observação

Participante: quem arquiteta as realidades que a mente acredita viver?

Está difícil de lhe responder ... Não sei.

Só posso dizer que não sei, porque se disser que é alguém, quem saberá é a mente e você continuará escravo dela e dirá que está livre.

Perguntas desse tipo nesse trabalho, depois de tudo o que dissemos até aqui, já não tem mais espaço. Não tem mais porque ele vai nos levar a um entendimento, a uma compreensão e qualquer uma que seja alcançada continuará lhe mantendo preso acreditando que está livre de alguma coisa.

Esqueça Deus. Tenho falado isso desde o início das conversas deste estudo.

Participante: parece que precisa de um relaxamento muito grande para poder observar a mente. Parece que ainda estamos muito tenso com relação à observação.

Vocês não estão tensos por conta da observação, mas sim por conta da existência de um trabalho para ser realizado.

Imaginam que este trabalho será feito por vocês, que vocês é que realizarão alguma coisa. Por isso é que imaginam que têm que estar dessa ou daquela forma. Esqueça isso: este trabalho requer que você aprenda a brincar de viver.

O trabalho da observação da mente é importante para quem quer ser feliz, mas para que dê resultado ele precisa ser feito de uma forma leve e não como uma obrigação. Precisa ser executado com amor e sublimidade e não dentro de uma obsessão de realizar alguma coisa como vocês costumam viver as coisas desta vida.

Se não encarar este trabalho com leveza, certamente sofrerá e muito. Isso porque certamente não conseguirá libertar-se da mente todas as vezes. Quando não conseguir, por conta da obsessão de realizar, a mente certamente lhes dará a culpa. Neste momento o sofrimento é o resultado inevitável do pretenso trabalho de busca da felicidade.

Viva o processo com sublimidade, com leveza. Não gere expectativas. Diga para si mesmo: ‘eu ouvi que preciso seguir este caminho. Me conscientizei de que ele é o melhor para mim. Vou me esforçar para praticar o ensinamento, mas com a consciência de que muitas vezes não conseguirei fazer nada. Nestes momentos, não aceitarei a culpa por não ter feito’.

Quando não observar a mente, observe que não observou e deixe o barco correr.

Repare: vocês ainda estão presos a ter que fazer alguma coisa. Na verdade digo que devem prestar atenção a mente e propositalmente não digo uma coisa: prestem atenção a mente, quando prestarem.

O que ainda não entenderam é que até prestar atenção a mente ainda é um processo mental. Isso eu já tinha dito. O que estou ensinando é apenas caminho e não realização. Quando se libertar da obrigação de ter que observar a mente, pode ser que chegue.

Participante: é isso mesmo. Somos fazedores, esquecemos de brincar e queremos resultados em tudo.

Perfeito.

Participante: muitas vezes me pego conversando comigo mesmo. Isso é a mente conversando com ela mesma ou comigo?

A mente conversa com ela mesmo. Você não conversa com ninguém, pois é surdo e mudo.

Participante: a mente é como um rádio que podemos sintonizar as vozes que iremos ouvir?

Não, a mente trabalha por ela mesmo. Ela fala o que quer. Você não tem qualquer interferência nela.

Participante: quando vejo alguém nas ruas discutindo consigo mesmo, essa pessoa está gladiando com a mente? Não seria fruto de obsessão? Como identificar os dois fenômenos?

Primeiro que desde que começamos esta conversa, vocês não lidam mais com espíritos. Por isso não podem acreditar em obsessão.

Segundo: você vê uma pessoa gesticulando e falando, mas isso é mente. O observador daquela mente pode estar internamente em paz e externamente está sendo demonstrada essa excitação.

A sua ação junto a mente não provoca atos externos que demonstre que está havendo uma luta interna.

Participante: a ciência quer entender a mente, saber como funciona. Para os cientistas isso parece um grande mistério e o senhor está ensinando apenas a observar.

Sim, porque estou ensinando vocês a alcançarem a verdadeira felicidade e não o prazer. A ciência quer conhecer a mente achando que a dominará para obter o prazer o tempo inteiro. Por isso encontra dificuldades.

Aliás, você já viu que a ciência está preocupada em esticar a vida? Para que? Para que ela possa dar mais prazer, já que para vocês estar vivo é um prazer. Agora, quem compreende que a vida humana é apenas uma passagem, estar vivo ou morto tanto faz. Por isso, as coisas são mais simples para estes.

Participante: tenho lido os sutras budistas e parece que estou lendo suas conversas. Ele diz sempre que não devemos acreditar em nada e estar com atenção plena no presente sempre.

Eu nunca inventei nada. Tudo o que falei sempre foi baseado nos ensinamentos dos mestres.

Portanto, o sutra não parece com minhas conversas; as minhas conversas é que parecem com eles. Digo isso porque nós é que bebemos nos ensinamentos dos mestres e não o contrário.

Participante: a mente entre quando você está dividido. Ela se alimenta com a divisão. É por isso que Krishnamurti segue dizendo que quando o observador se torna o observado, você está em meditação.

Você está dentro da mente. Aliás, quem medita é a mente e não você. Pare está fazendo confusão, está acreditando num processo mental que é ilusório.

Não acredite no que ninguém fala, nem no que eu digo.

Participante: sem a mente o que observaríamos?

A mente, pois ela não pode deixar de existir. Se ela não existisse, você, o humano, também não existiria, pois é ela.

Uma coisa que vocês ainda não entenderam: o que é observado é a vida. Não existe uma vida onde você observará o funcionamento da mente. O próprio ato de observar será criado por ela.

Por causa disso, você observará a mente o tempo todo que existir.

Participante: o que está ensinando, então é o caminho de usar a mente para não precisar dela?

Não, é o caminho de usar a mente para libertar-se dela. Esta utilização vale para a caminhada de agora. Em determinado momento agirá de outra forma, mas isso não tem como se comentar agora porque não conseguiram percorrer nem o caminho atual.

Participante: a mente tem alguma coisa a ver com nossos sonhos quando estamos dormindo?

O sonho é a própria mente.

Na verdade, para você, o sonho não acontece quando ele ocorre, mas no momento em que se lembra do que sonhou. É quando isso acontece que você sabe que sonhou. No momento em que o sonho está ocorrendo, não tem consciência de estar sonhando, por isso este momento não existe.

Só que no momento que lembra, quem está lembrando não é você, mas a mente. Na realidade neste momento você está recebendo da mente a ideia de estar se lembrando de ter sonhado determinado coisa e não sonhando realmente. Se é ela quem cria o que foi sonhado, será que é verdade? Acho que não, pois ela não tem compromisso com a realidade.

Resumindo, afirmo que você não sonha: a mente lhe passa a ideia de ter sonhado.

Participante: ignorar a mente é ser feliz? Ser feliz é não saber de nada?

Ser feliz não é não saber de nada, mas saber de uma coisa: que não sabe nada.

Toda vez que sabe alguma coisa, está criando uma condição que o levará à vivência do prazer ou da dor. O conhecimento só serve para isso: para mais nada ...

Participante: quando consigo observar a mente está tudo parado, sem nada para fazer. É isso?

Essa conclusão ainda é um processo mental. É a mente que está lhe dizendo que quando consegue observar isto acontece. Por isso, observe esta ideia e não comprometa seu coração com ela.

Participante: não devo me prender aos sentidos, certo? Mas e quando sentir calor, quando olhar para alguma coisa, quando ouvir algo, o que devo fazer? Devo observar um dos sentidos por vez ou tudo junto?

 Tudo isso conversaremos neste trabalho, pois são acontecimentos da vida. Estudaremos o que devemos fazer quando a mente cria o calor, a audição ou a visão, mas desde já posso lhe dizer uma coisa: deverá sempre observar o que ela cria.

Participante: a verdadeira felicidade seria viver apenas observando a mente?

A verdadeira felicidade surge quando você observa a mente.

Participante: a mente é um absoluto que cria relativos?

A mente é um relativo que cria relativos. Não existe alguma coisa absoluta neste mundo.

Participante: talvez tenhamos dificuldades com a mente porque muitas interpretações dos ensinamentos dos mestres disseram que ela é inimiga, que deve ser silenciada, dominada.

Isso não é ensinamento de um mestre, mas uma criação da sua mente. Apenas observe.

Em busca da Felicidade - Prática - Relações trabalhistas

Rotina

Voltando ao nosso assunto principal, vimos, então, que quando começa num emprego a mente lhe diz que está empregado e por isso precisa aprender o trabalho. Mais: lhe diz o que deve aprender. Tudo isso deve ser observado e não acreditar que você está fazendo e que tudo que é dito é verdadeiro.

Só que a partir de um determinado momento, trabalhar passa a se tornar algo habitual, ou seja, você passa a ter o hábito de fazer. Porque o hábito é inimigo, é criador de armadilhas que leva ao ciclo do prazer e da dor? Porque ele gera o vício.

O que acontece primeiro quando você se depara com alguma coisa nova para fazer é tentar aprender como fazer. Depois você se habitua a fazer aquilo. Mais tarde, depois que se habitua a fazer o trabalho, começa a acreditar que aquilo precisa ser feito daquela maneira e naquela hora.

Será que o que estou falando nunca aconteceu com vocês? Será que não estão habituados a fazer determinada coisas de uma maneira e aparece alguém e lhe diz que há outro jeito de ser feito? Acho que sim.

Quando isso acontece, qual a reação normal de uma mente humana? Dizer que o outro é abelhudo, que está se metendo onde não é chamado, que mal saiu das fraldas e já está querendo ensinar a você, que está há tanto tempo fazendo, como deve proceder. Não é assim que a mente humana age? Portanto, se você compactua com a obrigação, que é a expressão do vício, de realizar uma atividade da forma que a mente diz que deve ser feita, irá vivenciar todo este sofrimento quando a sua mente cria-lo.

Esse é o grande problema de criar hábitos, maneiras de fazer determinadas coisas: chegar à conclusão que sabe como aquilo deve ser feito. Quando sabe a forma como deve ser feita alguma atividade e quando sabe a hora que tal serviço deve ser realizado, você está se arriscando a viver no prazer ou na dor e nunca na felicidade.

Mais: quando a mente cria o que vocês chamam de rotina, ela diz que tê-la é bom. Fala em comodidade, em facilidade para fazer as coisas.

Essa questão está ligada a pergunta que me fizeram sobre o cansaço de realizar o trabalho de observar a mente. Ela diz que este cansaço está vinculado à questão de ter que pensar o pensamento, porque ela sempre vincula o resultado de pensar muito numa coisa com o cansaço. É por isso que vocês imaginam que ter uma rotina é bom.

Quando se tem uma rotina, segundo o que a mente humana cria, não há necessidade de pensar. Segundo ela, quando se cria uma forma padrão de ação, existe uma automatização da ação, o que leva a um comodismo que não traz cansaço pela execução da ação.

Ela lhe incita a não pensar, a não prestar atenção ao que é pensado durante a execução. Para que você aceite isso ela lhe diz que já sabe o que fazer, como fazer, quando fazer. Ela lhe lembra que você já está acostumado a chegar no seu emprego no mesmo dia, na mesma hora. Para que pensar sobre essas coisas? Com isso ela lhe distrai e não lhe deixa realizar o trabalho da busca da felicidade. Por isso acreditar nestas afirmações é expor-se a uma armadilha muito grande para aquele que pretende realmente ser feliz nesta vida.

Aquele que quer ser feliz deve, como observador da mente, da vida, deve fazer de cada dia do seu trabalho o primeiro. Deve viver cada dia como aquele em que não sabia de nada, onde era um aprendiz. Digo isso porque se sabe o que tem que ser feito, se sabe a hora que cada coisa deve ser feita, estará na beira do abismo, pois a mente sempre criará alguém para desafiar a sua rotina e com isso lhe levar para a dor.

Este é um aspecto com relação a questão da relação trabalhista. Quando se está empregado em um mesmo lugar muito tempo ou se está numa mesma função por longo período, é preciso estar atento à questão de criar-se o hábito de fazer, a rotina de como trabalhar. Isso porque esta rotina se torna num vício, numa dependência de acontecer para que exista o prazer, a satisfação.

Quem tem um rotina vive aprisionado à mente. Por isso está sempre à beira do abismo, está sempre sujeito a viver o prazer e a dor. O sofrimento ronda quem vive desse jeito.

Você não deve acreditar que a mente sabe fazer as coisas, que faz sempre o certo, pois em determinado momento ela cria alguém para combater este certo ou lhe faz agir de uma forma que ela chama de errado para lhe gerar a culpa. Faz isso porque a função dela nessa vida é gerar o prazer ou a dor.

Eis aí, portanto, um grande aspecto que precisa ser atentado quando falamos de segurança nas relações trabalhistas que ocorrem durante a vida carnal.

Em busca da Felicidade - Prática - Relações trabalhistas

Tempo de casa

Outra questão que preciso levantar nesta primeira conversa, é a questão da segurança, do sentir-se seguro por ter um emprego. Esse alerta é importante para todos, mas principalmente para aqueles que acabaram de conseguir um emprego.

Se fala muito nos dias de hoje na questão do desemprego. Já perceberam que isso acontece rotineiramente de tempos em tempos? Porque será que isso acontece? Para poder lhe mostrar que não há segurança em qualquer emprego, por mais que se esteja empregado há muitos anos.

Não aceite qualquer ideia de segurança gerada pela mente com relação à sua relação trabalhista, porque não existe emprego seguro. Aliás, nem o dono da empresa pode sentir-se seguro com o seu emprego, pois a sua firma pode falir a qualquer momento. Quando você aceita a segurança proposta pela mente, seja como empregado ou patrão, está a um passo do abismo, está prestes a viver a dor.

Portanto, com relação ao estar num trabalho há muito tempo, a questão é a segurança que a mente cria a partir disso.

Participante: minhas perguntas vêm à mente e eu as pergunto aqui. Não necessariamente acredito nelas.

Não é bem não acreditar nelas que digo. O que falo é que não deve entrar na ansiedade que ela contém: a de saber uma resposta.

Participante: a segurança de ter um emprego faz a mente não pensar no desemprego, é isso?

Não, quando você aceita a informação de que agora tem um emprego e sente-se seguro por causa disso, está colocando-se à beira do abismo, pois poderá sofrer logo.

O que estou falando são daqueles pensamentos que dizem, por exemplo, ‘Deus me ajudou e me deu um emprego’. Estou falando daquela sensação de leveza, da impressão de agora tudo vai dar certo, que a mente cria a partir do momento que aquele que estava desempregado conseguiu um. Tudo isso é falso.

Digo isso porque apesar de todas essas afirmações mentais, de toda a postura de segurança que ela cria, pode muito bem lhe tirar o emprego de uma hora para outra. É por causa desta possibilidade, que é bem provável, que aquele que busca a felicidade precisa estar atento e observando as criações mentais. Se não estiver, quando chegar a este momento sofrerá.

Agora, isso não quer dizer que o trabalho de não acreditar na segurança gerada pela mente inclua a possibilidade de perde-lo. Não é isso que estou querendo dizer. Estou afirmando que você não deve aceitar a segurança, mas com isso não estou dizendo que deve aceitar a insegurança.

Aquele que em resposta ao trabalho de não se sentir seguro aceita a insegurança como verdade, acaba tendo medo de perder o emprego e com isso sofre. Por isso digo que aquele que busca a felicidade precisa estar consciente da possibilidade de ser demitido, mas precisa estar atento, porque senão a mente transforma essa ocupação em realidade e beste momento o medo aparece e ele sofre.

O sofrimento, tanto num quanto noutro caso, advém da crença do que foi criado pela mente. No primeiro caso a estabilidade; no segundo a possibilidade de ser.

Participante: é falsa a esperança de estar empregado amanhã se o seu emprego é público e possui alguma segurança?

Emprego público: eis aí um elemento que a mente usa muito para gerar sensação de segurança aos seres humanos.

Sim, é falsa a sensação que tem quem está em um emprego público de que a situação atual de empregado não se alterará para desempregado. Pode acontecer uma revolução, uma tomada de poder à força que leve a um governo de exceção e este pode cortar cargos públicos por medida de economia. Isso não pode acontecer? Então, não dá para sentir-se seguro ...

Participante: não importa a profissão, você, nesta vida, tem aquela que merece e precisa?

Ainda estudaremos o tema profissão. Ele nada tem a ver com emprego ...

Apesar disso, lhe adianto que sim, todos têm a profissão que precisam e merecem. Na verdade quem tem a profissão é a mente e não você.

Participante: observar a mente é como analogia assistir o filme da vida?

Perfeito, pois o que se passa na mente é o filme da vida.

Participante: hoje mesmo estava aqui com uma pessoa, que é muito querida, que depois de muitos anos tendo muito materialmente falando está em vias de falência. Ele está triste e sem saber o que fazer. Pensei assim: a vida quer assim. Só que é duro vê-lo passar por isso.

Antes de responder a questão da falência, me deixe dizer algo. Quem gosta dessa pessoa? Para quem esta pessoa é querida? Para a sua mente. Não é você quem gosta dela, mas a sua mente.

Estou querendo deixar isso bem claro porque acreditando que é você quem gosta está indo para a beira do abismo, pois esta ideia poderá lhe fazer sofrer amanhã. Quem já não se decepcionou com alguém de quem se gostava? Acho que todos.

Este desapontamento não precisa ser necessariamente vivido com sofrimento. Isso só acontecerá para aqueles que não estiveram atentos no momento que a mente formou a ideia de gostar dele. Portanto, comece a análise deste pensamento duvidando que gosta dele.

Agora vamos à questão da falência em si.

Sabe porque é duro vê-lo passar por isso? Primeiro porque você ainda está ligada a ideia de que é preciso ter um emprego, que todos têm que ter um. Isso é utopia: não existem empresas suficientes para dar emprego a todos os seres humanos. Por isso, alguns sempre estarão desempregados.

Se isso é verdade, porque não pode ser o seu amigo aquele que viverá esta situação? Entramos no segundo motivo porque é duro vê-lo passar por isso e sobre o qual já falei anteriormente: o fato dele lhe ser querido.

Mesmo que inconscientemente você sabe que ao longo da história da humanidade sempre houve e sempre haverá falta de emprego por causa da falência. Por isso sabe que sempre alguém entrará neste processo. Porque, então, não pode ser o seu amigo? Porque você gosta dele.

Eis aí uma aplicação prática do que estou dizendo o tempo inteiro. Você só sofre com a falência do seu amigo porque gosta dele. Se não gostasse poderia até aceitar que uma pessoa passe por este processo. Pior: até a criticaria gerando a culpa pela falência em ações dela.

Viu como acreditar que gosta de uma pessoa quando a mente gera esta consciência lhe coloca na beira do abismo. É esta crença que lhe faz sofrer e não a situação do seu amigo.

Participante: se eu cair no abismo, o que acontece?

Vai sofrer ou ter prazer. Não alcançará a verdadeira felicidade.

Só um detalhe: nunca disse que quem sofre ou tem prazer esteja errado ou é mau. Tem gente que quer chegar à beira do abismo porque adora se jogar de cabeça no sofrimento ou no prazer. Estas pessoas não são erradas, pois cada um tem o direito de escolher o que quer vivenciar durante os acontecimentos da vida.

Participante: como lidar com a concorrência na empresa? A inveja, o desrespeito, etc.

Esses são aspectos que existem no dia a dia da relação trabalhista e iremos abordá-los ainda neste estudo.

Participante: quem não se apega a nada tem alguma coisa a perder?

Só perde alguma coisa quem tem algo. Quem não tem nada, não pode perder coisa alguma.

Participante: Osho diz que a mente é a queda original, a queda do estado de ser. A mente é o pecado original. Estar na mente é estar no mundo; não estar na mente é estar em Deus. A diferença do que ele ensina e do que o senhor mostra é muita?

Não. É exatamente isso que temos falado nestes anos todos.

A mente é o pecado original. Não acredita? Leia a Bíblia ... Ela lhe dirá que o pecado original é comer o fruto da árvore do conhecimento, ou seja, saber. Como quem sabe de tudo é a mente, ela é o pecado original.

Em busca da Felicidade - Prática - Relações trabalhistas

Para pensar em casa

Já estamos encerrando este primeiro dia de conversas sobre a questão prática da busca da felicidade onde começamos a falar sobre a relação trabalhista. Falamos da ação mental no início deste vínculo e abordamos também a questão da segurança no trabalho. Ao final aproveitei a pergunta de uma pessoa e falei sobre a armadilha que a mente cria através da ideia de se gostar de alguém.

Ainda temos muita coisa para conversar sobre a questão trabalhista, mas queria deixar algo para vocês poderem em casa. Já que hoje falei muito na questão de não acreditar nas consciências geradas pela mente porque elas são armadilhas que lhes leva a caírem no prazer ou na dor, pergunto: qual a maior armadilha que a mente pode criar?

‘Eu vou sair de casa de manhã, vou trabalhar o dia inteiro e à noite quando voltar irei fazer isso’. Este é um pensamento comum, que praticamente todos têm. Todos os seres humanos imaginam que ao saírem de casa de manhã para o emprego o retorno é garantido. Quem disse isso?

Quem disse que você voltará para casa esta noite? Quantos saem de casa de manhã e não chegam em casa à noite? É a esse ponto que precisamos descer quando lidamos com a mente.

É preciso questionar qualquer ideia que seja formada pela mente. Não dá para se separar nada, não dá para se lidar com nada que seja criação mental como se fosse certo, fixo ou que inexoravelmente ocorrerá. Se isso acontecer, certamente você estará na beira do precipício. Quantas noites vocês já dormiram felizes da vida por terem um emprego para acordarem no outro dia desempregados?

Portanto, cuidado. É deste precipício que estou falando, que estou querendo lhes afastar. Cair neste precipício é viver o prazer ou a dor como resultado da crença de uma verdade gerada pela mente. É acreditar que tudo está seguro na sua vida, enquanto que na realidade para as cosias deixarem de estar bem basta apenas um segundo.

No segundo seguinte ao que foi vivenciado pode acontecer algo inesperado que transforme tudo que estava bem. Acebe com as coisas boas das quais tanto se sentia seguro. Faz o seu mundo perfeito ruir, desmoronar, acabar. Pior: você não pode fazer nada para evitar o desastre.

Quem quer estar atento à mente, não pode cair na armadilha da segurança, na armadilha de acreditar que o mundo transcorrerá dentro de uma normalidade planejada. ‘Eu saio de casa todo dia para trabalhar e retorno ao meu lar à noite. Isso é sinal de que vou voltar hoje’. Cuidado com este tipo de raciocínio, porque ele pode lhe levar ao sofrimento. ‘Eu trabalho neste emprego há mais de vinte anos. Isso quer dizer que vou me aposentar aqui mesmo’. Pode ser que não ... ‘Sou funcionário público. Isso quer dizer que não corro o risco de ficar desempregado’. Olha que existem casos onde pessoas perdem o emprego público.

A atenção plena na mente deve lhe levar a viver uma vida que não seja cômoda, segura, mas que não lhe exponha a perigos e o maior destes é o sentir-se seguro. Sentir-se seguro com relação a qualquer coisa nesta vida é a arma mais letal que a mente dispõe para fazer os seres humanos viverem tanto o prazer como a dor.

Em busca da Felicidade - Prática - Relações trabalhistas

O objetivo do trabalho

Vamos continuar falando sobre a questão do emprego, pois esta é uma atividade, um acontecimento da vida de muito grande duração. Não importa em que local esteja trabalhando, a maior parte da vida o ser humano passa exercendo uma atividade trabalhista. Mais: grande parte do dia de um ser é vivenciado numa atividade que envolve um emprego, um trabalho.

Portanto, a questão trabalhista é um acontecimento muito importante na vida de um ser humano porque este é exposto por muito tempo a formações mentais. Por isso é preciso se conversar muito sobre o dia a dia, sobre atividades que ocorrem normalmente quando está se exercendo esta atividade.

Só que antes de voltar a falar nisso quero deixar uma coisa bem clara. Este trabalho não tem como intenção criar padrões de procedimentos nem de pensamento com relação a vivência do dia a dia. Ou seja, ele não tem como objetivo lhe dizer como deve se comportar no seu emprego nem para lhe dizer o que deve raciocinar lá.

O que queremos fazer é mostrar a vocês um padrão de funcionamento da mente enquanto ela vive o trabalhar no emprego. É isso que estamos tentando fazer: mostrar como a mente funciona nos momentos em quem acredita que está no seu emprego trabalhando.

Mas, vocês poderiam me dizer: ‘cada um é diferente do outro. Nós somos individualidades, somos um. Não existem dois seres humanos que agem e pensam totalmente iguais’. Eu até concordo com isso. Concordo que não existem dois seres humanos iguais, mas isso só é verdade quando se observa termos, palavras e figuras.

Dois seres humanos não pensam iguais com a mesma palavra, com a mesma figura, com a mesma verdade, mas o funcionamento da mente humana, seja ela do lixeiro ao doutor, do bebê ao homem velho, é o mesmo. A mente humana, não importa qual sejam as palavras que use no raciocínio, possui uma só base de funcionamento.

Isso é algo que vocês precisam compreender, pois imaginam que ninguém possui o mesmo problema que você ou que o seu é sempre maior do que o dos outros. Isso é ilusão. Quem disse que o seu problema é maior do que o outro? Só você, a sua mente. Tenho a certeza de que o outro acha que o dele é maior. Quem disse que você possui pensamentos, em essência, diferentes daquele que os outros possuem? Você, sua mente.

Você pode até ter palavras diferentes, ideias diferentes, mas a base que gera o raciocínio é uma só. Porque isso? Porque toda mente humana é igual na sua humanidade. A humanidade da mente faz com que todas trabalhem dentro de um padrão só.

Por isso, neste trabalho, o importante é observar este padrão. Não se preocupe com as palavras ou com as ideias que você tenha em determinados momentos da sua vida, compreenda o padrão de funcionamento da vida e conseguirá escapar da dualidade prazer e dor.

Na verdade, não importa se você é um lixeiro ou um doutor: os seus problemas são iguais, pois eles estão vinculados ao padrão humano da mente à qual estão ligados. Tendo a mais baixa ou mais alta atividade profissional pela escala humana, quando iniciar num emprego a mente criará conceitos. Tanto um quanto o outro, quando estiver empregado, a mente irá criar rotinas e gerará uma sensação de segurança.

Pouco interessa se as verdades e rotinas criadas pela mente dizem respeito a varrer uma rua ou de fazer uma operação delicada no cérebro de um paciente, elas não deixam de ser apenas verdades criadas pela mente que se aceitas pelo ser humano o levarão à beira do abismo que já conversamos. Quando os dois tiverem tempo de casa, a mente do lixeiro e a do médico funcionaram igualmente, ou seja, irão gerar a ideia de que estão estabilizados na vida.

Sendo assim, o que nos atentaremos neste estudo é com o padrão de funcionamento da mente e não com as ideias relativas a um emprego específico. Para que fazemos isso? Para você mudar a sua forma de ser? Não, pois tudo o que vive é gerado pela mente e todas funcionam pelo mesmo padrão.

Para que, então, estamos fazendo estudo – e agora vou falar uma palavra muito importante. Estamos realizando este trabalho para que você esteja prevenido com relação ao que a mente criará. Quem conhece o padrão de funcionamento da mente está sempre prevenido com relação às futuras criações mentais.

Este é o grande problema do ser humano: ele não consegue ser feliz de verdade porque não está prevenido para as artimanhas da mente. Ela lhes engana com uma consciência de que determinadas coisas devem ser vividas de um jeito porque todos vivem da mesma forma, de que determinada forma de ser e agir é a certa, etc. Ela enrola vocês com estas consciências e aquele que não está prevenido para a forma dela agira acaba caindo no prazer ou na dor.

Este, portanto, é o objetivo deste trabalho. Não estamos aqui para que você mude os seus pensamentos e siga o que estamos falando. Somos obrigados, para comentar, a colocar em palavras algumas ideias e ações, mas não esperamos – e digo que é impossível ser feito – com isso que você mude a forma de pensar da sua mente. Nosso objetivo é lhes ensinar que a formação mental que gera a consciência é só um funcionamento mental e não uma realidade.

Queremos mostra a forma única de ação da mente e, ao mesmo tempo, lhes exortar a verem este funcionamento ao invés de compactuar automaticamente com o que ela cria. Queremos, também, com este trabalho lhes ajudar a estarem prevenidos com relação a todas as possibilidades que podem ocorrer, ao invés de ficarem presos na consciência que lhes é apresentada.

É isso que estamos fazendo neste trabalho. Estaremos conversando sobre a forma com a qual a mente humana trabalha nos mais diversos acontecimentos para que estejam prevenidos e não se deixem levar pela dor ou pelo prazer.

Em busca da Felicidade - Prática - Relações trabalhistas

Conversando sobre o trabalho

Participante: é correto eu falar que o Senhor do Universo é o Absoluto em sua Perfeição do Amor Absoluto que se faça por si só Absoluto de si. O senhor mudaria algo nesta frase?

Sim: a ideia de que você está correto. Se você for o correto, terá se tornado o absoluto e Deus deixará de ser.

O erro não está na frase, mas em achar que você está certo, pois neste caso o absoluto é você. Não importa o que lhe venha à mente: não ache nada certo nessa vida.

Participante: somos humanos mapeados. Este mapeamento é definido pelos espíritos superiores intuídos?

Que será este mapeado ao qual se refere? Será que é conhecido? Neste caso sim. Será que é controlado? Sim.

O que você disse é uma verdade, mas há outra coisa que precisa se atentar: no dia a dia você não tem a menor consciência de que isso esteja acontecendo. Vive imaginando que é um ser humano que pensa por si e que toma decisões.

Portanto, esqueça estas questões. Isso é querer entrar por um caminho que não lhe levará a questão alguma. Como disse o Espírito da Verdade, ocupar-se com estas questões pode lhe levar a entrar num labirinto de onde não lograríeis sair. Mais: mesmo que conseguisse ter certeza de alguma coisa neste aspecto, de nada lhe valeria esta informação. O máximo que poderia é lhe deixar mais orgulhoso de sua cultura.

Então, não se preocupe com estas questões. Quando elas vierem, saiba que é apenas a mente lhe iludindo.

Participante: a mente não serviria apenas como pano de fundo gerando consequências previsíveis para a espiritualidade?

Ela só gera consequências para o ser humano. Aqueles que estão libertos da personalidade humana, que são os espíritos, não se importam nem um pouco com as criações mentais.

Só mais um detalhe: estas consequências são apenas imaginárias e não reais. Tudo o que a mente cria é apenas uma probabilidade e não uma certeza.

Participante: quando a pessoa acredita que o trabalho tem uma função espiritual ou mesmo nas comunidades quem acha que é importante aprender para ensinar os outros e não para o seu próprio trabalho individual, que afinal de contar é o que é preciso ser feito, há algum problema?

Essa é uma das coisas que vamos falar hoje. Vamos falar das relações durante o trabalho.

Participante: meu personagem vai fazer uma entrevista para um emprego. A mente diz que devo me apresentar adequadamente, asseado e bem arrumado. Ela diz que isso é o que todos fazem ou devem fazer. Como não acreditar nisso se ela diz que se não cumprir estas condições não terei o emprego?

Tudo o que você está falando é a mente conversando com ela mesmo. O que precisa é observar ela falar.

Não lhe disse para ir a uma entrevista de emprego desarrumado. O que lhe disse foi para observar a mente dizer que tem que ir, não acreditar nas verdades embutidas neste pensamento, mas não para descumprir o que ela fala.

Digamos que você, por não libertar-se da mente, aceite a ideia de que é fundamental ir a uma entrevista de emprego vestido de determinada forma. Acontece que durante o trajeto para a entrevista chove e você fica todo encharcado e sujo. Neste momento a sua razão lhe dirá que deve sofrer e você sofrerá, pois acreditará que aquilo foi um infortúnio.

Agora, imaginemos que você não tenha aceito a verdade inicial. Esse fato não o levará a se vestir de uma forma diferente porque quem se veste é a mente. Ela escolherá a roupa, criará os movimentos do vestir-se e se considerará arrumada. Quando o temporal encharcar a roupa que ela escolheu, poderá não sofrer, pois terá a consciência que desde o início foi tudo feito por ela e não por você.

O sofrimento acontece porque o ser humano compactua com a ideia original. A partir do momento que ele faz isso, as consequências desse ato terão a consciência de terem sido praticadas pelo próprio ser. Por causa do infortúnio que contrariou a ideia original que o ser humano tomou como realidade é que o sofrimento será inevitavelmente vivido.

Compactuar com a mente não é ser ela: é acreditar que as coisas que ela faz são feitas por você. Na verdade, torna-se ela porque compactua com o que ela faz. Por isso, quando ela diz que deve sofrer, você sofre.

Repare na sua pergunta: como vou dizer não para a mente quando ela afirma que sim? Dizendo não para o que ela cria, ou seja, não achando que o sim que ela afirma é realmente sim. Aceitar o que ela cria é compactuar; libertar-se das criações mentais é não aceitar como real e ou verdade o que é gerado.

Diga para mente sempre: não sei.

Participante: num ambiente de trabalho, somos reunidos por pensamentos afins?

Que pensamento afim você quer ter, se cada um está com seu pensamento voltado para uma coisa?

Não, isso não é real. Além do mais, não deve se preocupar com isso. Como falamos agora pouco – e vou voltar ao assunto daqui a pouco – você só tem uma coisa a fazer neste mundo: é resolver a sua relação com a mente. Não há mais nada a ser feito.

O que precisa saber é como você se relaciona com sua mente e não com os outros.

Participante: há duas semanas atrás você disse que estava complicado estabelecer a comunicação aqui, porque o que tinha a ser falado era muito importante. Poderia, caso seja cabível hoje, explicar mais profundamente o que quis dizer?

Explico rapidamente.

O plano espiritual que tem contato com vocês é humanizado, pertence ao mundo dos devas. Nele existem, por exemplo, espíritos que são espíritas, católicos e evangélicos. Para ele, pregar aquilo que acreditam é uma função da vida. É o trabalho da vida deles.

Acha que eles querem perder essa boquinha? Claro que não. Por isso atacarão quando houverem palestras espiritualistas como a nossa para que espíritas não deixem de seguir a doutrina espírita, para que católicos não deixem de seguir a igreja e para que os evangélicos não deixem de seguir as orientações dos pastores.

É esse tipo de ataque que nós sofremos. Agora, claro que em momento nenhum será permitido que esses ataques interfiram naquilo que tem que acontecer. Se interferir, é porque a interferência tinha que acontecer.

Participante: confesso que estava com muita dificuldade de fazer a observação observando a mente. Só que um belo dia vi os estudos monistas e a partir disso estou dizendo dane-se para tudo e por isso estou atingindo mais facilmente o vazio, mesmo os pensamentos vindos.

Continuo falando de monismo sem falar neste assunto diretamente.

Participante: ver a mente funcionando não seria cômodo? Digo isso porque se ela fizer algo errado no trabalho ela pode ser mandada embora, mas se fizer um bom trabalho pode ser promovida. Então, o que fazer? Deixar correr solto? Como podemos ser apenas espectador da vida sem atuar como personagem e induzir a mente a fazer o seu melhor usando a sua inteligência?

Tendo a consciência de que você não manda na sua mente.

Pergunte a qualquer um que tenha sido demitido se ele merecia passar por aquilo. Claro que dirá que não, que era um grande trabalhador, que havia outro pior que merecia ter sido mandado embora no lugar dele. Olha como a mente conta mentiras. Olha como ela conta estorinhas para você.

Agora, se você quer viver a mente, não há problema algum. O que precisa é apenas ter certeza que vive-la é ter o prazer e a dor.

Só mais um detalhe: só quem tem medo de ser demitido é a mente. Se você tiver esse medo ou se quiser ter o emprego, está sendo ela.

Em busca da Felicidade - Prática - Relações trabalhistas

Relações com a empresa

Vamos, então, conversar sobre emprego e como disse vou lhes chocar um pouco. Vamos falar hoje sobre as diversas relações que um ser humanizado tem enquanto está no emprego.

A primeira relação que se tem quando se está no ambiente de trabalho é com a empresa para qual trabalha, que lhe paga. Esta relação é importante e precisa ser analisada por aquele que quer ser feliz.

Começo perguntando: para que uma empresa paga um funcionário? Para ele produzir para ela. Mas, o que a mente humana diz quando o empregado trabalha muito? ‘Eu não tenho nem tempo de tomar um cafezinho’ ... ‘Aqui nessa empresa não se pode nem brincar com o outro. Todos têm que ser sérios’. ‘Aqui todo mundo é Caxias. Se eu chegar dez minutos atrasados me olham de cara feia’.

A mente cria uma relação na qual a empresa tem que pagar, mas também dar ao empregado o direito de trabalhar apenas quando ele quiser. Essa a armadilha da mente. Ela diz que você tem o direito de fazer o que quer. Que tem o direito de parar o trabalho, que é de onde vai sair o dinheiro para lhe pagar para brincar com o colega do lado, para fazer festa de natal e aniversário, para tomar cafezinho, para esticar as pernas, porque afinal ninguém é de ferro.

Se você acredita nestas ideias, se vive estas criações como reais, observe que não dura muito no emprego. Mais: quando sai sempre sente-se injustiçado. ‘Olha que injustiça, me mandaram embora’ ...

Sejamos bem práticos, porque este trabalho pede isso: vocês já viram um chefe mandar um empregado embora quando ele produz o que a firma espera dele? Será que o empregado, por mais chato que seja, se gera para a empresa o que é esperado é demitido? Acho que não, pois fazer isso dói no bolso do patrão.

Portanto, se você foi mandado embora, há um motivo. Posso garantir que noventa por cento dos casos se caracteriza pelo relacionamento do empregado com a empresa. A maioria dos demitidos são aqueles que possuem uma razão que diz que durante o seu expediente eles podem viver uma vida social.

Vida social deve existir antes e depois do trabalho. Naquela hora a única vida que deve existir é a profissional. Essa é uma questão que se transforma numa armadilha que a mente coloca.

Não existe volume de trabalho em excesso. Não existe empresa que cobre demais. O que existe, na verdade, são empresas que pagam o salário do funcionário. Para isso esperam que ele cumpra o seu dever. Só que ao invés de cumpri-lo, guiado pela mente, o empregado acha que pode parar tudo para tomar o seu café, para festejar, para assistir uma partida de futebol ou fazer amigo secreto no natal.

O ser humano usa o ambiente de trabalho onde deveria produzir para merecer seu salário para obter lucros individuais. Preocupa-se em manter uma boa conversa com outros empregados para poder ter amigos, gosta de contar piadinhas e comentar da sua vida para angariar a simpatia dos outros. Preocupa-se em compartilhar o momento do lanche e do café para poder botar o papo em dia.

É preciso que os seres humanos, se querem realmente ser felizes, vejam a mente criando estas coisas e compreender que elas não são justas ou merecidas. Mais: que não compactuem com ela. ‘Não, mente, eu não estou aqui para tomar café, mas para produzir. Por isso não adianta você reclamar que não tem tempo para isso’. ‘Não, mente, eu não estou aqui para conversar ou paquerar ninguém, mas para fazer o que esperam de mim, porque se não fizer posso não receber o salário no final do mês’.

A relação de um empregado com a sua empresa dentro do que seria lógico é aquela onde ele produz e a empresa paga por isso. Agora, se o empregado toma café, festeja, conversa e diverte-se no momento de produzir, como ele espera receber?

Esse é um aspecto muito importante e ele costuma acontecer muito mais quando o empregado se habitua com o seu empregador, quando ele imagina ter a segurança no trabalho. Repare que no início do vínculo empregatício esse mesmo trabalhador trabalha com muito mais afinco. Ele pouco deixa de trabalhar para realizar atividades sociais. Porque isso acontece? Porque quer ganhar a confiança do patrão.

Só que este procedimento não é justo. Ao invés de fazer isso apenas no início da relação, o empregado precisa agir da mesma forma o tempo inteiro que trabalhar naquele local. O salário que ele recebe sai da produção que ele dá durante todo tempo em que está empregado e não apenas o que é realizado no início do vínculo.

Como disse, vou lhes chocar. Estão imaginando que eu estou contrário ao trabalhador. É porque vocês acham que eu não estou vivo e por isso não sei o que é trabalhar oito horas por dia. Não é isso. Estou a favor de vocês.

Não estou a favor no sentido de manter o emprego, porque se a sua vida for ser demitido nada lhe segurará na empresa. Estou a favor de vocês no sentido de que não fiquem preso ao prazer e a dor.

Estou dizendo isso porque a mente cria a ideia de que o tempo do cafezinho, das festas e da conversa é sagrado e deve ser dado pela empresa. Por isso, quando consegue parar, ela lhe dá prazer e você entra nele. Mas, no momento em que alguém cobra que você produza ao invés de socializar-se, ela lhe dá a dor e você a vive.

Sabe, quando falei do ensinamento de Deus como Causa Primária de todas as coisas, ouvi uma chiadeira dizendo que vocês não são marionetes. Só que são. São marionetes da mente. Ela lhes movimenta para lá e para cá e você aceitam placidamente. Só que ela só lhe dá prazer e dor, mas nunca na felicidade verdadeira.

Portanto, estou do lado de vocês, porque na hora que começar a reconhecer o trabalho da sua mente e ver que prender a isso não leva à felicidade e, por isso, libertar-se dela, conseguirá realmente ser feliz.

Participante: o trabalho de um lixeiro não é mais nem menos digno que o de um engenheiro. Comente isso ...

Eu comento da seguinte forma: se os lixeiros pararem de trabalhar, como é que você vai ficar? Cheio de lixo, enterrado no lixo até o pescoço.

Você quer viver assim? Acha que viver dessa forma é bom? Acho que não. Portanto, o trabalho do lixeiro é tão importante para a sua felicidade quanto o de qualquer um.

Não existe trabalho importante. Sobre isso falaremos quando for falar de profissão. Por enquanto estamos conversando sobre emprego e não profissão.

Participante: na noite do dia onze de setembro de 2001 você passou uma série de comentários a respeito do ataque as torres gêmeas em Nova Iorque. Este acontecimento parecia que iria trazer grande influência nas relações comerciais e do trabalho. Realmente causou uns, mas não causou outros. Haveria algo de importante hoje a ser falado sobre isso como atualização?

Sempre que temos que falar sobre o que está acontecendo agora, precisamos esperar o futuro. Isso porque ele é que dirá o que vai acontecer a partir do que houve agora. Sendo assim, lhe aconselho a esperar o futuro chegar para ver os impactos que pode causar em alguma coisa.

Participante: gostaria de entender. A mente tem opções de ser o melhor ou pior funcionário. Se essa escolha é da mente, eu nunca vou intervir ou opinar? Quer dizer, o que ela escolher eu vou na dela sempre e sofrer as consequências?

Você deve ser novo de idade. Por isso ainda está com ideia de que pode fazer alguma coisa. Os mais velhos, quando jovens, tiveram esta mesma ideia. Lutaram para serem, estarem e fazerem algumas coisas. Algumas vezes conseguiram e em outras não. Não conseguindo todas as vezes é sinal de que não podem fazer: acontece de vez em quando ser feito o que era esperado. Quando isso ocorre, para você ser humano, quem faz é a mente.

Portanto, você ser o melhor ou pior empregado não é você quem faz.

Participante: o que é mente?

É você. Você é a mente.

Só que além desse, existe um outro você que não sabe quem é.

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Relações sociais com iguais

Vamos continuar analisando as relações no trabalho falaremos agora de relações humanas. Falamos de relações com a empresa e agora vamos falar de relações humanas, das suas relações com outras pessoas no trabalho.

Existem três tipos de pessoa com o qual você se relaciona no trabalho: o superior, o inferior ou o igual. Todos que trabalham lidam com pessoas que são superiores, inferiores e com aqueles que estão no mesmo nível.

Vocês poderiam me perguntar sobre o dono da empresa. Será que ele também segue essa norma? Sim. O seu superior é o governo, os iguais são os donos de empresa que prestam serviço a ele e inferior são os trabalhadores que ele contrata.

Participante: e quem é governo, também segue isso?

Sim. Quem é dono do governo é subordinado a uma série de órgãos internacionais que indiretamente mandam nele.

Ninguém neste mundo é livre para ser quem quiser ser. Todos dependem uns dos outros. Por isso, sempre há um superior.

Vamos, então começar a falar dessa relação com o igual, pois este caso é mais fácil de ser compreendido por aquele que quer ser feliz verdadeiramente.

Pergunto: quem é o seu igual no trabalho?

Participante: alguém que tenha o mesmo cargo e as mesmas responsabilidade que eu.

É uma resposta humana boa, mas ainda não me satisfaz. Quem é o seu igual no trabalho? O que estou perguntando é o que representa para você aquele que tem o mesmo cargo e as mesmas funções.

Participante: um igual ...

Não. Aquele que possui o mesmo cargo e as mesmas responsabilidades que você na verdade é um adversário. Não existem duas pessoas que tenham o mesmo cargo e a mesma função que não se considerem adversários. Digo isso porque um está sempre concorrendo com o outro.

Porque isso? Porque toda mente humana funciona com a expectativa de ganhar mais, de ser promovido. Todo ser humano, toda mente humana tem como base de funcionamento a busca do reconhecimento. Aliás, como vocês dizem, ela sempre espera algo, nem que seja um muito obrigado.

Aquele que trabalha com você, que tem a mesma função e a mesma responsabilidade também tem essa mesa ânsia. Por isso é ficar bem claro que não existe relacionamento ameno de colegas de trabalho que ocupem a mesma função: um está sempre de olho no outro para poder ser ele que receba os louros.

Porque é preciso que isso fique bem claro? Como a mente trata essas pessoas? O que ela quer fazer com elas? Amizade ...

A mente humana sempre quer fazer amizades no trabalho. Quer transformar aqueles que labutam juntos em amigos. Durante um certo tempo ela até cria a ideia de que você está recebendo amizades dos companheiros. Para que ela faz isso? Para depois fazê-la passar na sua frente e lhe levar para o sofrimento.

A mente cria a ideia de que companheiros de trabalho que exercem a mesma função são amigos para que futuramente gere a ideia de ser traído quando ele for promovido e você não. Faz isso para que possa futuramente lhe lançar a raiva e como você não estava atento no início do processo e acreditou na amizade, agora a vive.

É essa armadilha da mente. Ela não lhe faz reconhecer as outras pessoas que trabalham no mesmo patamar como adversários, inimigos, para que você sofra um dia.

Um detalhe. Estou evitando usar a palavra inimigo neste caso porque o seu uso torna a questão muito forte. Parece que ele vai contra você, mas isso não é real. Na verdade ele vai contra você. Por isso prefiro usar a palavra concorrente.

A mente não lhe deixa ver que o seu colega de função é seu concorrente e lhe incita a fazer amizade com ele. Diz que você, em nome da felicidade no trabalho, deve ser amigo dele. Impossível: dois concorrentes não podem ser amigos, porque eles estão buscando a mesma coisa que só um pode levar.

Já cansei de conversar com pessoas que falam sobre os colegas do trabalho e em determinado momento afirmam que eles no início pareciam muito amigos, mas que foi só aparecer um problema funcional que a amizade acabou. A essas pessoas sempre digo: os seus companheiros de trabalho serão seus amigos enquanto a amizade não lhes prejudicar. Tenha a certeza de que quando a amizade trouxer algum prejuízo a alguém, eles serão amigos deles mesmos e não de você.

Portanto é preciso que você não aceite esta armadilha da mente: considerar as pessoas do seu mesmo cargo como amigos. Eles não são, não podem ser, pois são mentes humanas que trabalham dentro de um padrão que é a constante busca para si mesmo, acima de qualquer coisa.

É preciso viver tendo a consciência de que o seu colega de trabalho é um empregado no mesmo nível seu e que é um concorrente. Para que? Para na hora que o chefe escolher o outro para a promoção você não se frustrar.

Além do mais, mesmo da sua parte a amizade é uma falsidade. Isso porque se for você o escolhido, em nome dessa amizade, você não abrirá mão da sua promoção em favor do seu amigo. Jamais dirá que ele é trabalha melhor do que você ou precisa mais.

Vocês se dizem amigos dos colegas de trabalho, mas querem sempre que vitória seja de vocês. A sua mente pensa assim e pode ter a certeza que a dele também.

Você não vê o seu racional funcionando, mas é dessa forma que ele funciona. Aí quando a mente lhe propõe o prazer ou a dor você desaba, se deixa levar por aquilo que ela cria.

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A confiança na mente

Ficou bem claro isso? Estou reforçando estes dois aspectos porque eles são uns dos maiores motivos de sofrimento num ambiente empregatício. A relação do empregado com a empresa não deve ser outra que não o trabalhar. Você não vai ao trabalho para se divertir. Da mesma forma, a ideia de parque de diversão que a mente faz do seu trabalho o leva a aceitar a ideia de que deve ter um relacionamento de amizade com aqueles que são iguais, mas que na verdade são concorrente diretos.

Você pode até ser amigo da pessoa, mas precisa ter a plena consciência de que ela é sua concorrente direta. De que ela pode ganhar aquilo que você sonha e almeja. Mais: que se isso acontecer não será nenhuma traição, mas cada um defendendo o seu lado.

Veja o que disse no início dessa conversa. Estamos querendo estabelecer como a mente humana funciona, que padrão ela segue. Não estamos aqui conversando à toa nem querendo ir contra vocês. Queremos descobrir as armadilhas da mente para que você possam ser felizes realmente.

Outro detalhe. Se o que eu falei é mentira, se essas coisas não existem nem acontecem, se a maioria das mentes não se relaciona como conversamos aqui, por favor falem. Não quero tratar nesta conversa nada que não seja o padrão de funcionamento da mente, pois como já disse, é preciso conhecer bem a prática da vida para podermos ser felizes.

Tudo o que disse aqui, pelo menos na minha visão, é o padrão de funcionamento da mente humana na questão dos relacionamentos no ambiente de trabalho. É preciso que você os conheça e entenda que ela age dessa forma para lhes levar para a beira do precipício, ou seja, para sofrer ou ter o prazer.

Também não estou falando em alterar a forma da mente trabalhar, mas apenas de reconhecer. Ninguém muda o pensamento nem o padrão de funcionamento da mente. Pode mudar as verdades, mas não a forma como ela funciona. E você precisa reconhecer essa sistemática para ter a consciência de que está sendo levado para a forca.

Sabe, tem muita gente que vai para a forca pensando que está indo para o baile. É isso que você precisa reconhecer. Se fizer isso, estará prevenido para possíveis quedas e quando elas ocorrerem não sofrerá.

Só que por não estarem consciente do funcionamento da razão são jogados do precipício do prazer e da dor sem a menor prevenção. Porque? Porque a mente os faz de marionete. Ela lhes joga para lá e para cá e vocês entram na dela na boa.

Por não estar atento a estas questões acha que tudo está dando certo para você no seu trabalho. Por isso vai para casa com um sorriso no lábio e vem com ele trabalhar no dia seguinte. Só que quando chega a empresa onde trabalha seu chefe está lhe esperando e diz: ‘obrigado, um abraço, foi muito bom enquanto durou’ ...

Claro que neste momento vai cair. Porque? Porque estava preso a ideia de confiança que mente gerou. Estava confiante, aceitando a confiança que a mente criou.

É isso que quero fazer em muitos aspectos da vida. Conversar dessa forma. Conversar para lhes prevenir do que pode acontecer se você acreditar no processo mental.

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Amizade e traição

Participante: é bíblico: ai do homem que confia no homem. Quem é o homem? A mente?

A mente é o ser humanizado, é a humanização do ser. É o ser humano.

Participante: o comportamento que o senhor narra parece seguir um padrão em todos os relacionamentos e não só no emprego, não é mesmo? Seremos, então, todos nós presas e predadores?

Deixe-me dizer uma coisa. Esse padrão é o mesmo sempre que haja algo a ser conquistado.

Tem relacionamentos que não. Vamos conversar sobre isso mais tarde. Agora, sempre que haja algo a ser conquistado pode ter a certeza de que não há amigo.

O conquistado que estou falando, volto a dizer, não tem nada a ver com promoção ou com ganhar mais. Estou falando em causar boa impressão no seu chefe ou superior.

O reconhecimento do trabalho feito é disputado entre iguais numa empresa.

Participante: essa questão de não ser amigo no emprego acontece em quase todos os tipos de relações, mesmo em família.

Quando eu tiro a questão do lucro da coisa material e passo, inclusive, a considerar o reconhecimento como algo almejado, sim, esta questão acontece também numa família. O pai e uma mãe que querem ser um melhor do que o outro para seus filhos estão disputando o reconhecimento do filho. Neste caso existe, então, o que falamos aqui.

Participante: pode comentar a função espelho da mente nas relações?

A função espelho não entra muito aqui. Poderia entrar no ponto de reparar que todos agem da mesma forma.

Todo mundo, não, pois não posso generalizar. A grande maioria vive assim: cercado de amigos no trabalho e quando um deles vai para cima e esses seres ficam para baixo acabam com a amizade.

Portanto, observe isso e não faça amigos porque senão você vai cair.

Participante: com relação a ideia de que o colega de trabalho é nosso competidor, você falou apenas para que tenhamos essa consciência, perceber o funcionamento da mente e não sofrer quando este me ultrapassar no ambiente de trabalho. É isso que você quer dizer com outras palavras?

Não.

Repare na sua pergunta. Você me falou uma série de coisas que deve fazer, mas apenas quem faz algo é a mente. Você só percebe a mente fazendo. Sendo assim, o que digo que deve fazer é perceber a mente.

Cuidado, vocês ainda estão presos a fazer alguma coisa e a única coisa que podem fazer é não fazer, mas observar.

Portanto, estou falando tudo isso para que você observe a mente fazer. Apenas isso. Não estou falando em mudar nada. A mente continuará tendo suas amizades no emprego e você deve observar o que ela está fazendo.

‘Estou observando que a mente está criando amizades com essa e com aquela pessoa. Eu não vou me sentir amigo delas para não me expor ao prazer nem a dor’.

A mente continuará fazendo as amizades e você deve observar isso acontecer e não viver a amizade que ela cria.

 Participante: eu posso conversar com a mente?

Quantas vezes já não conversou? Então pode.

Participante: neste caso, onde fica a mente muda?

Já está você querendo saber quem é você e quem é a mente. Está querendo distinguir quem é quem nesta história.

Estou falando que você pode. Isso é possível. Agora, deve acreditar nessa conversa? Não.

Participante: mas, em outro dia você disse que o observador é mudo ...

Sim, ele é.

Participante: eu como observador posso conversar com a mente?

Sim, desde que ela crie o diálogo e você acredite que está falando com ela.

Participante: mas, aí é mente e não o observador.

Sim é mente, mas este é um caminho para se conseguir colocar em prática o caminho que estamos conversando.

Você quer ser o observador hoje, no início da trajetória? Impossível. Já disse isso: é usar a mente para libertar-se dela, até o momento que tenha a consciência de quem é você.

Só que você quer ter primeiro a consciência de quem é para depois observa-la? Impossível. Hoje vá observando a mente com ela mesmo.

 Participante: a mente nos leva ao precipício. Se observarmos cada segundo de nossa vida percebemos isso de fato. Se observarmos estaremos anulando os efeitos da mente?

Não, estará se libertando. A mente cairá na depressão, você não.

Participante: não estamos sempre esperando a aprovação e inclusão nota dez?

A mente está. Essa é a primeira coisa que você precisa constatar. A mente está sempre esperando aprovação, reconhecimento nota dez. A mente está, mas diga para si mesmo que não quer isso.

Participante: sou autônoma, trabalho em casa sozinha. O que preciso observar trabalhando dessa forma?

A mente. Observar o que ela fala para você enquanto trabalha.

Por enquanto estamos falando de relações com pessoas. A pessoa com quem se relaciona, quem é? O seu cliente. Vamos falar disso também.

Como disse, emprego é um assunto extenso, porque se trata de uma atividade longa, que ocupa grande parte do dia da sua vida. Tem muita coisa para conversarmos.

Participante: porque essa fome de ganharmos, de vencermos em tudo? De onde vem tudo isso? São impurezas?

Não, é o funcionamento da mente. Toda razão humana é egoísta por natureza.

Participante: na verdade é o medo que está por trás de tudo isso? O que seria realmente o medo?

Não é o medo que está por trás de tudo isso, mas sim a vontade de ganhar, o querer para si. Existe o medo de não ganhar, mas este é diferente.

O que está no fundo de tudo que a mente cria é a vontade de ganhar, de sempre ser satisfeita.

Participante: só no trabalho existe esta mania da mente querer ser amiga? Numa sangha pode existir isso?

Não deveria, mas pode. Se o ser humano não estiver atento à mente, pode. Neste caso haveria comunidades formadas por grupinhos.

Acho que você já viu isso em outros lugares, não? Em quase todas as comunidades existem grupinhos para o qual um ser humano dá tudo e para os outros nada.

Participante: tem uma pessoa no meu trabalho que é muito querida para mim e acho que é sincero o que sentia por ela. Só que ela fez coisas que não gostei e estou sendo cruel com ela. Nem suporto olhar para ela porque me senti traída na hora que mais precisei. Pode mostrar o funcionamento da mente nesse caso?

Ela funcionou da seguinte forma: criando a amizade, gerando a confiança, o querida, o gostar, enaltecendo as qualidades do outro e funcionou fazendo ela lhe trair, lhe dizendo que foi traída, que tem que ter raiva, que foi prejudicada. Funcionou ainda agindo agora contra ela e lhe dizendo que está sendo cruel.

Aí está o funcionamento da mente na sua vida. Ela criou tudo, desde o início até o ápice e depois lhe passou a rasteira jogando ao chão. E você? Como uma marionete vibrou tanto no prazer quanto está agora vibrando na dor.

Participante: eu não suporto traição e automaticamente ignoro a pessoa que me trai, seja quem for. As pessoas falam que sou pior que o cão. Não consigo ser falso, ainda mais no trabalho. Pago um preço alto por ser assim e não consigo mudar. O que o senhor aconselha?

A entender a traição ...

Ninguém lhe trai; todos defendem a si ou a outra pessoa. A intenção não é lhe atacar, mas sim se defender de você.

Agora, você como está preso ao ser servido pelo outro, ou seja, que ele sempre esteja atento a você, buscando lhe satisfazer, à sua disposição, é que quando a mente não cria este serviço, cria a ideia de que está sendo traído e você cai. É jogado do precipício e não entende porque foi. Isso porque não viu o caminho até chegar à beira dele. Não viu a mente criando a necessidade de ser servido.

Deixe-me dizer algo interessante, já que estamos falando de amizade e traição. Quem diz que você é amigo de alguém? A mente. Porque se sente amigo de alguém? Como já foi dito aqui, a pessoa lhe é cara, é querida. Porque é assim? Porque ela se parece com você. Pensa a mesma coisa, tem interesses comuns, sonha a mesma coisa que você deseja, aceita as suas amizades.

Amizade é isso. É uma criação da mente fundamentada na ideia de que a outra pessoa é uma alma gêmea sua. Conhecimento é uma coisa, amizade é outra.

Isso a mente cria, mas não existem dois seres humanos amigos, porque todos são concorrentes entre si, pois querem ganhar, querem para si. Sendo assim, quando a mente cria o momento onde a pessoa amiga não mais lhe satisfaz, cria a inimizade, o antagonismo e você cai. Porque? Porque acreditou na razão. Acreditou que aquela pessoa eternamente estaria à sua disposição, pronto para servir em bandeja de ouro o que quer.

Na Bíblia o ser humano é chamado de rei do seu mundo de governante dele. Isso porque todo ser humano quer ter o mundo como vassalos, quer que a coletividade seja formada por pessoas que lhe adore, que lhe bajule.

Não estou falando daqueles que agem assim descaradamente, dos puxa sacos contumaz. Estou falando apenas da esperança de ouvir um elogio por causa da roupa que está vestindo, a um adereço, etc. O ser humano fica doido de felicidade quando ouve um elogio porque quer ser elogiado, quer ser reconhecido, quer ganhar, ter prazer. Estou falando das quatro âncoras.

Por isso a mente cria, durante algum tempo, pessoas para fazer isso, para dar essa satisfação. Só que ao mesmo tempo ela cria momentos onde essa pessoa não fará. Aí cria a ideia da traição e, pelo seu apego às criações mentais, você se sente traído.

Não há traição. Só é traído aquele que acreditou na mente q1uando ela disse que aquela pessoa seria eternamente alguém para lhe servir, para lhe dar o que você quer.

Como disse não dá para se trabalhar a evolução espiritual, a busca da felicidade fundamentado nos valores humanos. Não existem amizades lindas, porque todo ser humano é concorrente um do outro.

‘Ah, então eu tenho que passar a ver o próximo como concorrente’, você me perguntaria. Não, porque não pode passar a ver nem deixar, porque quem faz isso não é você, mas a mente. O que precisa fazer é quando a mente gerar a ideia de que tal pessoa é seu amigo, estar preparado para um acontecimento onde ela deixará de ser seu amigo. Quando a mente criar o acontecimento onde essa pessoa deixará de ser sua amiga. Para que? Para não cair no sofrimento que a mente gerará depois disso.

Participante: a mente trabalha incessantemente produzindo ideia e eles tornando-se atos. Devo dizer que ficar observando tudo isso não é nada fácil. Pergunto se esse é o real caminho da felicidade, que nos libertará da mente. Estou dizendo isso porque a mente que está ouvindo essas mensagens está enlouquecendo neste momento.

Está certo, deixe ela enlouquecer e não se enlouqueça com isso.

Sim, o trabalho é esse. É o único caminho que você tem. Porque? Porque o seu mundo é sua mente. Se tem que vencê-lo para ser feliz, tem que vencê-la.

Não vencer no sentido de matá-la ou derrota-la, mas no sentido de não compactuar com ela.

Participante: o observador possui imperfeições? Caso afirmativo, ao observarmos a mente podemos ter ideia de coisas que ela nos impõe e que devemos ter mais atenção?

Vamos responder em parte.

‘O observador possui imperfeições’? Sim, todas as que a mente disser que ele possui, se acreditar nesta afirmação.

Ao que deve ter mais atenção? A tudo que a mente lhe impõe. Tudo que ela diz precisa da mesma atenção, pois são sempre passos para leva-lo para a beira do abismo. Por isso Cristo disse que devemos orar e vigiar.

Vigiai a mente sempre porque toda história que ela conta tem um fundamento: lhe dar o prazer para depois lhe dar a dor. Tudo o que ela cria, inclusive me ouvir, que é muito bom para quem pensa assim, amanhã quando não conseguir colocar em prática o que digo, ela dará o sofrimento. ‘Está vendo, você ouve aquilo tudo e não consegue colocar nada em prática. Você não vale nada’.

Toda história gerada pela mente precisa ser ouvida com atenção para ver a mente lhe empurrando para o prazer ou a dor, ou seja, para achar que foi servido e traído.

Participante: veja esta sequência, por favor. Um: uma ideia vem à mente. Dois: observe e constato que não é nem não é. Três: mantenho-me incólume. Esse é um caminho para a libertação?

Um: a ideia de que isso é um caminho, veio à sua consciência trazido pela mente. Dois: observe. Três: não acredite que isso é real nem desminta.

Participante: interessante ... Nosso único papel na encarnação é baseado em como se relaciona na sua mente. Apenas isso ou compreendi errado?

A única coisa que pode fazer na vida é isso. Se ainda não reparou, a vida acontece independente do que você acha ou quer.

Você sai de casa crente que voltará, mas não volta. Conversa com uma pessoa, vira as costas e ele cai duro. Planeja tudo para fazer algo e aí vem a vida e sai tudo ao contrário.

Portanto, você não pode viver a vida. A única coisa que pode fazer é libertar-se de viver a vida como a mente a cria.

Participante: o que pode dizer sobre o orgulho humano que existe na mente?

O orgulho de ser humano é o orgulho de ser agente, de fazer, de ser, estar e receber. Esse é o orgulho que existe no ser humano.

Quando você diz que fez esta pergunta foi orgulhoso. Quando diz que sabe, está sendo orgulhoso. Quando diz, eu sou, estou, está sendo orgulhoso.

Participante: voltando ao caso da amiga traidora, desejar resolver a situação por remendo, matá-la ou dizer perdão a ela e lhe dar um abraço são as formas que a mente cria para resolver o caso. Como agir?

Espere a mente agira, porque não é você que age.

Se chegar amanhã no seu trabalho e a sua mente for abraçar ela, deixe a razão fazer isso e apenas observe. Se ela não fizer isso, observe o que ela fará.

Você não faz nada: só observa a mente fazendo.

Participante: o negócio é ser desconfiante das impressões de si próprio?

O negócio é desconfiar de tudo, inclusive do que acabou de escrever.

Estou lhe respondendo assim porque está achando que conseguiu entender. Se houve algum entendimento, ele não é seu, mas da mente. Se compactuar com isso, acabará fazendo o que ela quer e será empurrado para o precipício.

Acreditando que sabe o que estou dizendo, no futuro a mente gerará o sofrimento e você não conseguirá não vive-lo. Neste caso sofrerá também a culpa por não ter colocado em prática o que sabe.

Este é o tipo de resposta que eu dou a todos que acham que compreenderam tudo o que eu disse e que imaginam como agirão amanhã, quando o sofrimento chegar.

Participante: posso discordar do que o senhor fala?

À vontade. Só se lembre que é a mente que está discordando e não você. Imaginando que está, está caminhando para o precipício.

Participante: depois que comecei a te ouvir a minha mente sempre me diz uma coisa para tudo: estou nem aí. Parece que vivo desligada.

‘Então está, mente, não estou nem aí se não estou nem aí. Se você me colocar aqui estarei, se não me colocar, não estarei’.

Ou seja, quando a mente lhe disser que não está nem aí, diga o mesmo para ela.

Participante: uns dias atrás estava notando coisas acontecendo. Passei um bom tempo a observar e vi que a mente estava tendo uns chiliques. Não conseguia trabalhar. Parecia um cavalo selvagem sendo domado. Fiquei observando e a poeira foi baixando. O que aconteceu?

Você ficou observando e a poeira foi baixando.

Não há conclusões a serem tiradas do que a mente cria. Qualquer uma é ela que está tirando. Acreditando nela, não fez anda.

Participante: em uma palestra do doutro Lair Ribeiro foi comentado uma coisa bem rápida: a única realidade é o que a sua percepção está captando no momento. Todo resto é ilusão.

Nem isso. A física quântica hoje já diz que o que é captado pelos órgãos só vira o que é visto ou ouvido quando chega à mente. A própria ciência ensinada nas escolas fala a mesma coisa. Ela diz que a retina capta energias que virarão imagem no cérebro.

Portanto, nem o que você vê é real. É apenas a mente que está criando.

Em busca da Felicidade - Prática - Relações trabalhistas

Relações com subordinados

Vamos continuar conversando sobre relações no trabalho: relação com seu subordinado.

O tema parece simples, não? Qual a relação que você deve manter com seu subordinado? Mandar nele. É assim que a mente se colocar: ‘eu sou seu superior, por isso mando e você tem que me ouvir’.

Caso ele disser ‘mas’, mesmo que você aceite que ele diga, internamente a mente está questionando: quem é ele para dizer alguma coisa? Ela lhe lembra que você é o chefe e por isso manda nele.

Sim, o chefe é quem manda. Manda o que? Manda como? Vou lhes dizer: o que é melhor para a empresa.

Participante: será?

Concordo com você. Na prática não é assim que funciona, mas é assim que deveria ser. O chefe deveria mandar, porque isso é inerente a essa função, preocupando-se com o benefício para a empresa. Só que não é assim que a mente humana funciona.

Cada vez que o ser humano exerce uma posição de superioridade com relação a outras pessoas, e não é só no emprego, a mente lhe diz que está nesse cargo porque é mais capaz, porque possui maiores conhecimentos, porque é melhor. Por isso, a razão afirma, é você quem tem que ditar o que o outro deve fazer.

Nem sempre é assim. Quem disse que você está sempre certo? A mente. É ela quem lhe diz que é o melhor e por isso está naquela posição.

Quando estiver no seu emprego numa relação onde esteja lidando com alguém que seja seu subordinado, nem que seja o cachorro que fica na porta, precisa entender que você é a empresa. O chefe não é uma pessoa: é o representante da empresa. Como tal deve se portar. Mesmo que isso fira a sua falsa superioridade.

É preciso estar atento à mente porque ela vai lhe empurrando para o abismo, lhe dizendo que a culpa do trabalho não estar dando certo é do outro, do seu subordinado. Quem disse? O primeiro responsável é o próprio chefe. Isso porque se o subordinado não fez ou fez de uma forma errada, é porque o chefe não vigiou ou não ensinou o certo de ser feito.

Essa vigilância precisa ser executada sem colocar o que vocês chamam de humildade. O chefe não pode ser humilde porque ele é o chefe. A responsabilidade e a decisão é dele. Quando ele quer ouvir todo mundo, dar voz a todos, acaba simplesmente transferindo responsabilidade.

Participante: mas não é certo ouvir a todos para depois tomar uma decisão?

Não existe certo nem errado. Acontece o que vai acontecer.

Repare na sua pergunta: ouvir a todos para depois tomar a decisão. Lembre-se que você não vai tomar decisões, pois quem faz isso é a mente. Eu diria que a decisão acontece. Acreditando que tomará qualquer decisão, se enrolou com a mente.

Participante: perfeito, mas se eu assim mesmo ouvir os outros? O que você está falando independe de ouvir os outros ou não.

Você está confundindo atos com intenções. A maioria não ouve os outros para mudar ou formar a sua opinião, mas para dizer que é um bom chefe, pois ouve a todos. Portanto, você está falando de alguma coisa que deveria ser, mas que na prática não é desse jeito. Na prática todo chefe deveria ouvir a todos com isenção e depois disso escolher o que é melhor para a empresa. Só que não é assim que a mente funciona.

A mente quer ouvir a todos para provar que ele é bonzinho, que é um chefe participativo ou até para poder sondar os subordinados para ver quem pensa igual a ele. Faz isso porque a sua intenção primária é sempre ganhar. Por isso, não creia quando ela disser que ou você ou seu chefe são bons porque ouvem a todos.

Na verdade o chefe é o responsável e deveria assumir essa responsabilidade.

Participante: não concordo muito com o que o senhor está dizendo.

Eu sei disso. Porque não concorda? Porque você tem um chefe.

Participante: não, é porque não depende de mim.

Já vai você pensar em ação, em mudar a forma de agir. O que estou fazendo é apenas mostrando o que a mente cria e não falando de ação. Também não estou julgando se está certo ou errado o modo de proceder. Estou dizendo que essa é uma característica da razão humana.

Participante: eu estou dizendo que a decisão será tomada, será dada. Não estou dizendo que eu tomarei qualquer decisão. Se eu ouvir o outro ou não, a decisão acontecerá. Então não interessa se eu fui bonito ou feio, se fui humilde ou não. Isso não interessa. A decisão, pouco importa como surja, no final acontecerá.

Não estou falando em fazer. Repare que você está preso à decisão, em tomar uma decisão. Não estou falando disso. Não estou preocupado com uma tomada de decisão, mas sim com o funcionamento da sua mente durante todo o processo decisório.

É isso que você não está entendendo. Você está preso ao ter que ouvir ou não, ao tomar uma decisão coletivamente ou individualmente. Não estou falando disso. Estou abordando o funcionamento da mente humana durante todo esse processo.

A mente que cria a ideia de ouvir primeiramente aos outros diz que está querendo ser justo e participativo, mas isso é irreal. Na verdade ela está buscando transferir responsabilidades para quando existir o não deu certo o trabalho feito a partir da decisão tomada ela poder responsabilizar os subordinados.

É isso que estou querendo dizer. Não estou falando em ouvir ou não, mas do processo mental que existe enquanto está ocorrendo uma tomada de decisões.

Ela cria a ideia de que é bom ouvir os outros como um processo de transferência de responsabilidades ou de auto vangloriar-se. Já aquela do chefe que não ouve os outros trabalha com a ideia de que ele é suficiente para resolver qualquer questão.

É isso que estou querendo mostrar: como ela funciona. A mente lhe diz que deve ouvir os outros para que seja considerado um chefe camarada, para que seja tida como uma pessoa boa para os outros, compreensível, para que as pessoas gostem de trabalhar com você. Só que tudo isso é irreal. No íntimo, naquilo que vocês chamam de inconsciente, por causa da sua natureza íntima, o egoísmo, o que ela quer é prevenir-se para não perder a fama caso o trabalho não leve ao fim esperado.

É isso que estou mostrando. Por isso não aceite quando a mente lhe disser que é obrigatório ou melhor ser um chefe desse ou daquele jeito. Não estou falando de atos, de ação. Quando falo que o chefe deveria chamar para si sempre a responsabilidade, estou dizendo o que seria um padrão lógico. Ao mesmo tempo estou querendo mostrar que a mente não segue o que seria um padrão lógico de vida.

Portanto, não aceite as histórias que a mente conta: o que tem ou não que ser feito, que tem que ser humilde e ouvir os outros e nem os motivos que ela coloca para as ações que acontecem. Isso é história. Não há humildade alguma em ouvir os outros. Isso não é um gesto altruísta, porque o ser humano é incapaz de ouvir alguém com imparcialidade.

A mente é incapaz de ser imparcial. Ela sempre ouve os outros com a intenção de provar ao próximo que está certa.

Participante: isso seria uma forma de ganhar alguma coisa?

Sim, mas cuidado com esta questão. A mente quer ganhar sim, mas não é com essa intenção que ela age. A vitória surge de outra coisa: da dominação do próximo. Ela está sempre criando ideias para poder exercer um domínio sobre os outros e com isso sentir-se vitoriosa.

A intenção primária da mente não é só ganhar do próximo, mas dominá-lo. Quando você diz que o outro está errado e tenta impor a ele a sua verdade está querendo dominá-lo. É deste domínio que surge a sensação de vitória.

Portanto, é isso que estou querendo mostrar. Quando você é chefe não deve cair nas histórias que a mente cria dizendo que deve ser humilde, que precisa ser amigo de todos, ser o bonzinho, o bonitinho, porque isso não existe. Ela só está afirmando isso para criar a consciência de que você é um bom chefe.

Quando existe um chefe desse jeito, que se isenta de chamar a responsabilidade para si, a equipe normalmente não produz o esperado pela empresa. Neste momento o chefe acaba demitido, mas como ele imagina que a responsabilidade cabe à equipe que não deu boas ideias, ao invés de ver sua própria incapacidade, acusa a equipe como responsável pela sua demissão.

Esse é o seu relacionamento enquanto chefe. Precisamos parar com a história de que o chefe precisa ser amigo de seus subordinados. Não, ele tem que ser o responsável e tem que fazer aqueles que querem tomar cafezinho, contar piadas e paquerar produzirem o que a empresa espera deles.

O problema é que esse chefe transferi a responsabilidade para os seus subordinados. Por isso quando superior do chefe o aperta com respeito à produção, ele normalmente culpa alguém pelo fracasso da sua seção e sugere demissões de subordinados. Neste momento, cadê a amizade do chefe bonzinho pelos seus subordinados? Some, porque ninguém quer ser prejudicado.

Portanto, não aceite a ideia de ser um chefe amigo. Você é o chefe, o responsável pelo trabalho da sua equipe. Para isso precisa estar a par de tudo o que acontece e precisa ter isenção para poder avaliar a produção dos subordinados. Se ele for amigo, como poderá ter essa isenção? Acabará culpando um que produza para não prejudicar o amigo.

Tem uma coisa que vocês falam muito: transferir responsabilidade. Vocês acham muito bonito quando existe um chefe que transfere responsabilidades. No entanto, já viram alguém transferi-la e ao mesmo tempo transferir o salário? Acho que não. Que beleza existe, então, nesta transferência? Que sublimidade há neste ato? A transferência de responsabilidades existe apenas para poder no futuro, se alguma coisa der errado, se ter um culpado.

É isso que estou querendo mostrar. Como disse, dentro da realidade, a verdade é que você vai para a sua empresa para trabalhar e não para ser amado como um chefe bonzinho. Vai ao seu trabalho para gerar lucros para a sua empresa.

Acho que vocês estão pensando que eu sou capitalista, não? Isso é ilusão. Quem disse isso tenha a certeza que não sou. Mas, mesmo que fosse, qual o problema? Lembro aos socialistas que se não fosse o capital, todos não teriam dinheiro.

Alguém tem que ser capitalista para que todos possam ter alguma coisa. Por isso, se você não é, tem que reconhecer que depende dele para poder ter.

Portanto, esse é o funcionamento da mente quando se exerce uma função de chefia. Ela fica criando histórias onde você deve ser um bom chefe para os seus empregados, mas na realidade deveria ser para a empresa, pois é ela que lhe paga. Quem aceita esta imposição da mente não vê que está sendo empurrado para o abismo.

Agora, se você vai ser ou não, se vai fazer, ouvir ou não, isso me interessa. Isso é ato, acontece. A minha preocupação neste momento não é discutir ação, mas sim as ideias que a mente cria, e o que está por trás delas, nas quais você compactua. É só isso.

Em busca da Felicidade - Prática - Relações trabalhistas

Conversa sobre o trabalho junto a mente

Participante: a não identificação com a mente é perceptível além da razão ainda na encarnação?

A não identificação com a mente é perceptível apenas pela mente. É uma ideia racional de não estar identificado.

Participante: isso pode acontecer ainda durante a vida?

Sim. Enquanto você estiver vivo a mente pode criar a ideia de que houve uma não identificação, assim como cria a ideia de estar identificado.

Participante: porque é tão difícil não ser iludido pela mente? Porque nos mantemos acreditando que fazemos e pensamos?

Porque você acha que é a mente. Acha que é a pessoa física que a mente diz que é.

É por isso que é tão difícil. Você está identificada com o ser. Acha que o pensamento é seu, criado por você e reflete o que é.

Participante: quando ouvimos parece que está tudo entendido. Saímos e continuamos navegando na mente e voltamos aqui e fazemos as mesmas perguntas. Que trem doido. Comente algo se puder.

É o trem doido mesmo.

Agora isso é bom para constatar que você não faz nada. Quantas informações sobre este mesmo assunto já não recebeu ao longo da sua vida? Se você pudesse realmente fazer alguma coisa, acho que já teria feito, não?

Aqui não há pessoas novinhas que possuem pouca experiência de vida. A maioria dos que me ouvem já estão num processo de busca há algum tempo. Todos são macacos velhos e já ouviram conselhos semelhantes aos meus diversas vezes. Porque não colocaram em prática até hoje, mesmo achando que o resultado seria satisfatório para vocês? Porque não é para fazer, quando não fizer.

Participante: uma pergunta é uma pergunta. Quem a escreve? Mãos, pura ilusão? Não sei. De onde veio? Não sei. Porque você julga que acredito em alguma coisa? Pela simples formulação das perguntas? Apesar de o eu saber e formular as perguntas ele continua preso?

Você me ouviu falar que disseram que Joaquim é capitalista? Essa afirmação não foi proferida em alto tom, mas sim pensada por vocês. Como, então, eu sei? Porque me trouxeram.

Você me pergunta se julgo, mas eu não faço. Quando digo algo é porque alguém disse aquilo. Não pense você que estamos longe. Há uma corrente que liga você a mim onde quer que esteja.

‘Ah, então me diz o que estou pensando agora’, você diria. Não posso, porque fazer mágica não é bem o meu estilo. Aquilo que sei é porque é relevante para o trabalho e não por pura diversão.

Quando me dizem algo tem algum motivo para isso. Além de me dizerem o que você está pensando, também me informam o que devo falar. É assim que as coisas funcionam: tudo tem um motivo para acontecer.

Como digo sempre, estou sempre tocando um disco que alguém fez com músicas que alguém compôs. Se você não acredita em mim, mas prefere acreditar na sua mente que afirma que você já não acredita no que ela produz, isso não tem problema algum.

Agora, se mandaram eu dizer algo, pode ter certeza de que há um motivo.

Sabe qual o pior cego? Aquele que não quer enxergar, que acha que já vê a vida.

Participante: somos mauzinhos ou bonzinhos no trabalho e na vida para provar que nos destacamos uns dos outros?

Não, somos mauzinhos ou bonzinhos para nos empurrar para o prazer ou para a dor.

Participante: a mente nos prega peças o tempo todo?

A mente não prega peças: ela conta uma história. É igual à sua mãe. Ela lhe contava histórias que hoje você sabe que são fantasias. Eram histórias bonitas, outras tristes. Nelas haviam mocinhos e bandidos, princesas e príncipes. Pois é, a mente faz a mesma coisa. Ela cria histórias com um mocinho, você, e um bando de bandidos, os outros. No passado você delirava com essas histórias, mas hoje já não acredita mais.

A mesma coisa acontece com a mente. Ela cria uma série de histórias e quando você é criança, está iludida com a vida humana, acredita nelas. Quando ficar adulta, ou seja, souber que este mundo é uma ilusão, poderá acreditar ou não nelas.

Toda história, seja ela lida pela sua mãe ou contada pela sua mente, contém ingredientes que podem lhe levar para o prazer ou a dor. Você é que escolhe. Enquanto criança acho justo acreditar que as histórias são reais e se deixar levar por estas emoções. Agora que já cresceu um pouco acho que como ser humano adulto deve ter um outro relacionamento com estas histórias.

O problema é que vocês ainda são crianças que acreditam em fadas: fada madrinha, anjo da guarda, que Deus vai lhe salvar, etc. Também ainda acreditam que um dia chegará um príncipe num cavalo branco e nunca mais terão problemas nesta vida.

Participante: no assunto da intenção versus funcionamento da mente sendo o patrão mole ou durão, se disser o não sei isso não fará diferença.

Não fará diferença no ato mesmo. A diferença estará em você, no seu mundo interno. Você não sentirá a dor quando a mente a criar, nem sentirá o prazer quando isso fizer parte da história da vida.

Não faz diferença é para o outro, para quem está participante do acontecimento, mas só para você. Aliás, tudo nesta vida é entre você e sua mente. Mais nada.

Não existe mais ninguém, pois o outro que você imagina existir é também criação da sua mente, como vimos no início deste trabalho.

Participante: O Livro dos Espíritos diz que somos julgados por nossas intenções. Se o observador só observa as intenções, elas estão na mente. Agora, se não somos a mente, como fica?

Você é julgado pela sua intenção. Quando vive a intenção que está na mente, é julgado por ela.

Quando você tem a intenção que está na mente? Quando acredita que o que ela diz é real, verdadeira.

Aliás, quem fala isso não é O Livro dos Espíritos, mas Cristo. Ele diz: Deus julga cada um pela sua intenção.

Participante: amizade, o gostar de alguém, a afinidade, é ilusão então? Pelo que minha mente entendeu, quando aceitamos estas coisas como verdade estamos presos no prazer da aceitação e da dor da não aceitação. O que fazer com esta compreensão? É só dizer não sei?

Isso.

‘Você está dizendo que é isso, mente, mas eu não sei se é. Você está dizendo que ela é minha amiga, mas eu não sei se é’.

Quando você faz isso se prepara para o momento em que a mente disser que ela traiu a sua amizade. Agora, quando não fala isso para o racional, nunca estará preparada para isso. Aí a sua amiga lhe trairá, a mente lhe dará a dor da traição e você cairá.

Participante: a mente sou eu. Eu sou alguém que não conheço e sou a mente também. Percebo-me observando a mente, mas ela tem total domínio sobre mim, ou seja, sofro e me regozijo com o prazer. Ainda não captei a maneira de me libertar disso e de só observar sem sofrer ou ter prazer.

A única coisa que posso lhe dizer é que essa libertação acontece. Portanto, vá fazendo e a hora que acontecer aconteceu.

Participante: é descobrir a mente com ela mesmo? O que o senhor nos fala é argumentado pela própria mente. Porque ela de vez em quando fala alguma e nos lembramos do que nos foi ensinado?

Porque a mente falou. Agora, se você acreditar nisso porque foi Joaquim que falou, ela está lhe preparando o terreno para lhe jogar no precipício.

Participante: é possível viver as percepções plenamente sem as interpretações mentais?

Sim, através da mente. Viver é uma coisa que só a razão faz.

Participante: nos dê uma boa notícia ao menos porque parece que o lado de dentro está bem sujo. Danou-se. Vou ter que voltar para a fila do sansara novamente ...

Como diz Krishna, se fizer até no último segundo de vida escapa desta roda. Essa é a boa notícia. Não existe espaço de tempo mínimo para fazer.

Participante: a mente age no sentido de nos sentirmos melhores para que nos separemos uns dos outros e assim não vermos a unidade, não é?

Não ela age no sentido de ganhar dos outros. Ela está pouco ligando com unidade ou dualismo. O que ela quer é que você queira ganhar, porque toda vez que quer ganhar, quer ter prazer, que ser reconhecido e elogio está na beira do abismo. De um lado se encontra o prazer; do outro a dor.

Participante: estou formulando a pergunta e no final digo: deixa isso para lá. Com isso acabo não fazendo pergunta alguma. Nem me conheço mais, cada dia mais vazia. Não é depressão? O que é isso?

Isso é vida. Isso é a vida que tem para viver.

A vida daquele que consegue superar o dualismo do prazer e da dor é um vazio. Se ela tivesse alguma coisa, é humano e não a vida eterna. Essas coisas, por causa do dualismo deste mundo sempre serão instrumentos quer do prazer ou da dor.

Participante: você responde de um jeito para mim e de outro para outra pessoa a mesma questão. Para mim é ruim, mas isso deve ser bom sinal.

Não sei, quem julga se é bom ou ruim é você, ou melhor, a sua mente.

Participante: se me permite, quero saber como você nos considera: amigos, inimigos ou nada?

Se eu colocar em palavras a consideração que tenho por vocês, esta palavra estará cercada por ideias de como é ser aquilo.

Poderia lhes chamar de irmão, mas vocês acham que irmão tem que agir de determinada forma. Aí aqueles que respondo de uma forma mais seca ficarão chateados, pois acham que irmão tem que ter paciência um com o outro.

Por isso, para não se prender em determinadas interpretações, não tenho como colocar em palavras a consideração que tenho por vocês.

Em busca da Felicidade - Prática - Relações trabalhistas

Um alerta

Antes de reiniciamos nossas conversas, deixem-me falar algo. No começo da última conversa disse que o objetivo deste trabalho não era criar uma padronização de ações ou pensamentos, mas lhes mostrar as armadilhas que a mente cria para lhes prender ao prazer e a dor. Ou seja, o objetivo único dessas nossas conversas é lhe dar instrumentos para que liberte-se do ciclo do prazer e da dor.

Para tanto, no início de nossas conversas, foi preciso que falássemos de alguns elementos técnicos. Isso é preciso às vezes. Só que elas são de menos importância. Elas na verdade não servem para nada. São simples curiosidades.

Estou dizendo isso porque recentemente alguém me perguntou sobre o observador, quem e como ele age. Isso não interessa em nada para a felicidade. Saber quem é o observador e quem é o observado não resolve nada para a sua felicidade. Ao contrário, lhe prende a um cultura e essa prisão acaba lhe levando ao prazer e a dor. O que precisamos realmente é aprender a escapar das armadilhas da mente para poder viver a felicidade.

Recentemente também falei em outras conversas algo importante que quero repetir aqui. Porque estamos há dez anos insistindo em conversar sobre ser feliz, sobre alcançar a felicidade? Porque a felicidade real faz parte da natureza universal.

Todos no universo, com exceção dos habitantes deste planeta, vivem em felicidade. Ser feliz é uma coisa natural e normal e não precisa de esforço algum para quem vive no universo. Só aquele que habita o planeta Terra, ou seja, está ligado a um ego humanizado, sente prazer ou dor.

Porque isso acontece? Por causa do egoísmo que está na essência do ser humanizado. É o egoísmo que gera a posse, as paixões e os desejos e a existência dessas coisas leva inexoravelmente ao prazer e a dor.

Saibam que só o ser humanizado no universo tem posses, acredita que é capaz de comandar algo ou alguém. Só o espírito quando humanizado é que acha que sabe algo. Todo universo vive para Deus, mesmo não sabendo quem é Ele.

Só o ser humanizado, os espíritos que estão em prova e expiação, é que se prendem a amores individuais. No universo ninguém ama ninguém. Como já falei, no universo universal amar é um verbo intransitivo. Não se ama ninguém; apenas se ama. Ama-se ao universo e a todos.

É por causa destas coisas que estamos tendo esta cruzada com relação a busca da felicidade e é isso que precisam ter muito atento, para não caírem nessas armadilhas da mente que quer saber como fazer, quem é quem, onde dará isso, como as coisas acontecem, etc. Não, não façam isso, não se apeguem a isso. Busquem apenas criar em vocês os alertas que estamos deixando aqui.

Concentrem-se apenas em saber que quando a mente disser determinada coisa, é preciso escapar dessa realidade e para isso utilizem dos argumentos que estamos conversando aqui. Digo isso porque esta é a única forma de alcançarem a verdadeira felicidade.

Ainda é uma forma humana, como já me perguntaram diversas vezes. Quantas vezes nestas nossas conversas me perguntaram se é preciso usar a mente para derrota-la. Eu sempre disse que sim, pois só o que lhes vêm à mente é consciente. O que não vem não chega a ser conscientizado.

Portanto, tem que usar a mente para vencê-la. Isso não traz complicação alguma para o processo que estamos conversando. Se fizer fez.

Portanto, vamos, como sempre, nos concentrar nisso, em entender os alertas que estamos conversando para que aquela luzinha vermelha do perigo de cair na dualidade do prazer e da dor seja vencida.

Participante: pode ser que não tenha entendido quando você explicou, mas porque somente na Terra é assim?

Porque só na Terra existe o ser humanizado. É a humanidade que ele vive que tem como característica o egoísmo.

É o egoísmo que gera a paixão, que gera a posse e que leva ao desejo. A existência de tudo isso é que prende o ser ao prazer e a dor. Quando há um desejo ele pode acontecer ou não. É a resposta a isso que é o prazer ou a dor.

Participante: para respostas corretas é preciso haver perguntas corretas?

Se existisse alguma coisa correta, poderia ser. Mas, como tudo é perfeito, toda pergunta e toda resposta são perfeitas.

Agora, como ensina Paulo, você pode perguntar o que quiser, mas nem tudo que for perguntado é útil para você.

Participante: os que vivem fora da Terra estão livres de prazer e dor?

Se não estão mais na Terra sim, pois só aqui existe prazer e dor.

Participante: Porque você nos fala tanto de Maria, mas não menciona José?

Porque não falo.

Participante: teria como traduzir a máxima ‘não faça aos outros o que não quer que lhe façam’? Gostaria que traduzisse dentro da nossa visão, já que, como estudamos aqui, a ação não é feita por nós.

Falamos numa outra conversa sobre religiosidade e eu disse algo que chocou muito as pessoas que ouviram. Vou repeti-la agora: para você ter prazer, alguém sofreu. Ou seja, para que você consiga alcançar o que quer, alguém deixou de alcançar o que queria.

Por esta visão, você já começa a entender esta máxima. Por exemplo: se você tiver um emprego, é sinal de que alguém não tem, pois nunca haverá trabalho suficiente para todos. Isso é impossível. Se houvesse, estaríamos alcançando o absolutismo e isso não pertence a este mundo.

Com este exemplo você começa a alcançar o que me perguntou. Não tenha o prazer de estar empregado, porque não quer ter a dor de estar desempregado. Quando tem, o seu prazer magoa aquele que tem a dor neste momento.

Acontece que por conta das vicissitudes da vida, ou seja, pelas alternâncias dela, saiba que um dia estará desempregado e aquele que agora sofre a falta de emprego não. Neste momento não sinta nem o prazer nem a dor, para que não ofenda o prazer dele.

Participante: independente de tempo e idade, se começarmos hoje o caminho da reforma íntima podemos alcança-la ainda nesta encarnação?

Se começar agora, pode acabar hoje mesmo. Afirmo isso porque Krishna diz que pode ser conseguido mesmo no último segundo de vida.

Participante: qual a prova, então, dos espíritos em outro lugar?

Não sei, espere chegar lá para saber. Saber qual é em nada lhe ajudará a fazer a sua agora.

Em busca da Felicidade - Prática - Relações trabalhistas

Misticismo e orgulho

Participante: aqui está a decodificação. O orgulho nos faz a espada do escárnio nos dividir. O orgulho faz as paredes de ouro a nos sepultar. O orgulho definha nosso povo que morre. O orgulho faz nossos governantes vacilarem e são poucos os que dizem: Deus da Terra e do altar, se curvem e escutem: nossos governantes terrenos vacilam, nosso povo definha e morre, as paredes de ouro nos sepultam.

Esta não é a primeira passagem do Velho Testamento que você me pede para falar. Isso não tem problema de ser conversado, mas quero lhe deixar um recado muito mais importante do que a compreensão deste texto.

Você está se deixando guiar pela mente. Está preso em buscas que nada têm a ver com a busca da felicidade. Está lendo todas estas passagens, pensando e questionando tudo o que é dito e por causa disso não está atento às criações mentais. Sabe quando será feliz? Nunca. O máximo que alcançará é o prazer de escutar essas palavras e achar que está tendo felicidade.

Já disse no início dessa série de conversas e vou repetir agora: o maior inimigo da felicidade é o misticismo. É o acreditar em coisas místicas, naquilo que não sabem o que é.

Quer ver a grande jogada da mente neste texto que você leu? Dizer que o orgulho é o culpado da derrocada. Ele não é, espiritualmente falando, negativo. Pelo contrário, é a mola propulsora para lhe fazer continuar a caminhar.

Sem ter orgulho do que já fez, já alcançou, não consegue ir além. Paulo é muito claro neste sentido: eu me orgulho das coisas que fiz.

Sabe, a mente diz que ter orgulho é algo errado, ruim, mas não é. O que ela quer é que você entre na falsa humildade e com isso pare de tentar fazer alguma coisa pela sua felicidade. Se você não se orgulha do que já fez, não fará mais nada.

Está todo mundo de queixo caído agora porque a mente humana diz que não se deve ter orgulho. Mas, continuo dizendo e afirmando isso. Se você não tiver orgulho, não conseguirá fazer mais nada. Ter orgulho é ter a compreensão de já ter avançado, nem que seja meio passo.

O problema não ter orgulho do que já fez, mas ter soberba. O que é soberba? É jogar o que já fez e conquistou em cima de outro. É considerar-se melhor do que o outro porque fez algo. É achar que já conhece e sabe e que o outro não.

Está vendo como você não vai conseguir? Porque você acha que sabe mais que os outros. Mesmo que externamente mantenha uma postura de humildade, internamente você se sente bem em me perguntar estas frases que copiou e que os outros não conhecem. Isso é soberba.

Enquanto não esquecer tudo o que imagina saber, ficará preso ao prazer e a dor. O prazer quando faz a pergunta e vê que os outros não conhecem a passagem que citou; a dor de ouvir uma resposta como essa.

Estava esperando a sua pergunta justamente para poder continuar a introdução de hoje. Vamos lá.

As palavras possuem significados. Muitas vezes as pessoas me dizem quando respondo que elas queriam dizer a mesma coisa que eu, mas que erraram as palavras. Isso não é real. Ninguém erra uma palavra: a mente usa as palavras de acordo com o significado delas.

Toda palavra é atrelada a um significado e por mais que elas sejam sinônimas, nenhuma palavra possui o mesmo significado que outra. Por isso é muito importante conhecerem o significado das palavras.

Por exemplo, quando se fala em vicissitude. Em O Livro dos Espíritos está dito assim: viver as vicissitudes da vida, e nisso se consiste a expiação. Como para a mente humana esta palavra quer dizer carência, falta, apesar de não ser esta a definição do dicionário – lá está escrito que é alternância de situações – os seres humanos julgaram que expiação é sofre, passar necessidades, receber o mau, ter problemas. Em cima desta definição errada de um termo, o espírita diz que é preciso sofrer.

Só que vicissitude, como disse, é a alternância das situações da vida. Se a expiação se consiste em viver as vicissitudes, isso quer dizer que ela é a vivência das alternâncias das situações.

Isso quer dizer que no momento que está vivendo um prazer, que recebe um presente, que está abastado ou que recebe o que queria, está vivendo uma expiação. Só que quem está preso àquela ideia que falei antes, chega no momento de expiação acha normal ter júbilo e prazer por ter recebido. Acha que não existe expiação alguma neste momento porque está ganhando, já que a mente humana diz que receberá os frutos do seu trabalho espiritual nesta vida.

Portanto, estava esperando esta pergunta e ela foi muito providencial. É a partir dela que posso dizer: esqueçam citações bíblicas. Esqueçam essas frases de efeito porque se ficarem atrelados ao que não entendem, jamais conseguirão alcançar a felicidade. Ficarão sendo jogados entre o prazer e a dor: o prazer quando mostrarem o que sabem e a dor quando alguém disser que vocês nada sabem sobre o que estão falando, como eu estou dizendo agora.

Participante: você disse que não estamos preparados para saber dessas coisas. Porque, então, nos é dada de alguma maneira essas informações?

Para ver se declaram-se incompetentes de saber.

O próprio Cristo afirmou que falava por parábolas, mas vocês seguem o ensinamento ao pé da letra. Quem sabe que aquilo é só uma parábola precisa estudar o que está sendo dito para poder encontrar a moral da história. Quem aplica as palavras ao pé da letra usa o que ouve sem entender o que quer dizer.

Isso aconteceu conosco quando estudamos principalmente as Cartas de Paulo. Quantas coisas os seres humanos imaginavam que estava escrito ali que nós encontramos uma nova visão, que muitas vezes foi contrária ao entendimento geral. Isso também aconteceu com os trechos do Novo Testamento, O Livro dos Espíritos e com todos os outros que estudamos.

Um grande exemplo do que estou dizendo é a Parábola do Semeador que está no Novo Testamento. Ela é a única que teve o seu sentido explicado pelo próprio Cristo. Tente lê-la sem tomar conhecimento da explicação. Com certeza ao ler isoladamente não chegará àquilo que Cristo que queria dizer.

Deixe-me falar uma coisa que falo há algum tempo: da sua declaração de incompetência completa para viver a vida nasce a sua competência para vive-la. Só que não querem se declarar incompetente para as coisas. Acham que são capazes de entender as coisas.

Participante: dentro do processo que o senhor fala, o observador é apenas uma testemunha. Neste caso, o fim é a morte do ser humano?

Não, o fim é a morte da humanização do ser. Como você não consegue diferenciar uma coisa de outra, não preocupe com isso.

Aliás, como diz Cristo através do Evangelho de Tomé quando é questionado pelos apóstolos de como será o fim deles: vocês não sabem o princípio, como querem saber o fim?

Participante: o meu chefe é muito duro comigo e me humilha. Em contrapartida deixo fazer o que pensa que faço. É saudável a nossa relação? Minha relação com ele pode melhorar?

O seu chefe lhe humilha? Será que existe alguém no mundo capaz de fazer alguma coisa a você se não deixar? Não é ele que lhe humilha, mas você que se sente humilhado com o que ele faz. Porque se sente assim? Porque não aceita a autoridade dele. É isso que vamos conversar daqui a pouco.

Outro detalhe. A sua relação com ele é saudável? Não. A relação saudável a nível universal é aquele que é vivida com amor geral. Se ainda se sente humilhado e não amado, está numa relação não saudável para o universo.

Mais um. A sua relação com ele pode melhorar? Claro que sim. Basta você deixar de se sentir humilhado. Como se faz isso? No seu caso, aceitando a autoridade que o cargo dele dá. Mas, como disse, é sobre isso que iremos conversar.

Participante: porque ter orgulho de Deus é Causa Primária?

Boa pergunta. Me responda. Porque ter orgulho de Deus é Causa Primária? Porque você não vive com Deus.

Você não vive a sua vida com a ideia de que Deus é a Causa Primária das coisas. Sendo assim, imaginam que fazem. Por isso, se orgulhem do que fizeram, mesmo que Deus seja a Causa Primária.

Olha o que venho avisando desde o início. Esqueçam Deus, esqueçam as coisas espirituais. Se não fizerem isso não conseguirão conseguir a felicidade. Estarão presos no místico.

Participante: então, não existe mestre na Terra? Porque tudo será racionalização?

Procure na Bíblia Cristo dizendo que não se deve chamar ninguém de mestre neste mundo, porque vocês só têm um e este está no céu.

Não, não há mestre na Terra.

Participante: peço desculpas se minha pergunta está fora do assunto. O observador é apenas a testemunha e nada faz?

O problema não é a sua pergunta, mas a sua preocupação com o que o observador faz. Ele observa: só isso.

Acontece que enquanto está preocupado em querer saber, em querer identificar o que o observador faz, não está fazendo o que tinha para fazer. Por isso, o problema.

Participante: o que é ser humilde?

É não ter, não ser, não amar, não possuir nada, mesmo tendo, amando e possuindo.

O humilde não é aquele que diz que a casa não é dele, mas aquele que diz que esta é a casa dele onde Deus entre, manda e desmanda. O humilde sabe que a casa é dele, mas que sabe que não tem controle sobre ela. Essa é a diferença.

Vocês confundem humildade com pobreza. Isso não é real. Isso é humilhação e não humildade. Humilde é aquele que tem as coisas, sabe que são suas, mas não tem a posse, sabe que não tem o domínio das coisas.

Esse é o humilde.

Participante: você também não pode ser criação da mente do seu médium? Com todo respeito.

Com todo respeito lhe respondo: posso. Quem diz que eu sou ou não? Só você. Ter a certeza absoluta se sou ou não, nem você nem ninguém poderá ter.

Agora, se o que eu falo lhe faz bem, ouça o que digo. Não se preocupe com quem eu sou e ouça o que digo. Buda ensina assim: o importante não é quem traz, mas a mensagem que é trazida. Por isso, lhe digo para ouvir a mensagem e ver se ela lhe é cara. Se for, não se preocupe com quem traz.

Em busca da Felicidade - Prática - Relações trabalhistas

Relação do subordinado com o superior

Quando falamos na relação quando você é superior a outro, dissemos que a obrigação do chefe é mandar. A obrigação de um chefe é mandar, pois ele tem a responsabilidade pelo trabalho.

Ele não está ali para conciliar, para colaborar com os subordinados, para apoiar quem está abaixo. O que a empresa dele quer é que ele comande seus subordinados para que estes façam o que precisa ser feito. Ponto final.

Sim, vocês pensam que o chefe não tem o direito de mandar em vocês. Imaginam que ele precisa ser bonzinho com os subordinados. É isso que a mente humana lhes diz. Para que? Para empurrá-los para a beira do abismo. Porque na hora que o chefe usar de suas prerrogativas ela lhe cobra a dor. Lhe faz se sentir mal, humilhado, preterido.

Você tem que ir para o trabalho e ter a certeza de que seu chefe está lá apenas para manda-lo trabalhar de determinada forma. Ele não está lá para mais nada. Não está ali para lhe dar bom dia, para perguntar se quer um cafezinho nem para conversar sobre o jogo de futebol.

Ele está lá para lhe mandar fazer e por isso ele é o chefe. Além do mais, ele é cobrado pelo seu superior pelo que manda fazer. Isso você não quer saber. Quando o seu chefe ganha bronca porque você não fez o trabalho, não quer nem saber.

Como disse mais de uma vez, nosso intuito não é criar uma forma de agir ou de pensar, mas temos a intenção de lhe mostrar que quando a sua mente disser que o seu chefe é ruim, é mal, porque briga, é preciso que acenda a luz vermelha e diga: ‘estão me empurrando para o abismo. Vou cair, vou sofrer e entrar em todo processo de sofrimento, de depressão. Eu sou isso, sou aquilo; meu chefe é isso ou aquilo’.

Deixando-se levar por estas ideias, ao sentir-se mal a mente cria a ideia de pedir demissão. Ela acontece e você fica desempregado. Neste momento o sofrimento aumenta por estar desempregado. Aí consegue um novo trabalho e cai na mesma história mental e todo ciclo se inicia. No final, diz que o problema são das empresas que lhe contratou, porque elas não sabem escolher os chefes.

Sabe, na verdade, o que estamos fazendo é mostrando a hipocrisia da mente. Você sabe muito bem que a mente vive do seu trabalho. Se você não trabalhar, não há produção. Mesmo sabendo disso, a mente inventa que você tem que ter a hora do cafezinho, da conversa, das comemorações. Diz ainda que no dia que não quiser ir, basta apresentar um atestado médico e tudo estará certo.

Afirma que seu chefe não tem que lhe mandar, não tem que dizer o que deve fazer. Imagina-se livre para poder fazer o que quiser dentro da empresa. Só que se no final do mês não tiver salário, você xinga ela, não?

Quer ver uma coisa interessante. Vocês adoram quando aparece um feriado. Se ele cai num dia onde podem emendar sem ir a empresa mais dois ou três, a coisa fica melhor ainda, não? Mas, se chegar na hora de receber o seu salário a empresa disser que não paga o dia que foi feriado, como fica?

Neste momento você reclama, não? Será que na hora que ganha, reclama? Não, porque a mente quer que tenha a consciência de que precisa trabalhar, de que precisar plantar para poder receber.

É essas hipocrisias que estamos mostrando para que vocês entendam que a mente não usa de lógica para poder prendê-los ao prazer e a dor. Não estou defendendo chefe de nada ou de ninguém, não estou aqui criando uma novo regime de trabalho, nem estou aqui dizendo que a partir de amanhã terá que trabalhar duro. Eu não sei. Você viverá do jeito que tiver que viver.

Estou aqui apenas lhe alertando: a sua mente quer lhe empurrar para o prazer ou para dor. Por isso ela diz que o seu chefe não tem o direito de falar com você do jeito que fala. Que o seu chefe não tem o direito de lhe mandar fazer este volume de trabalho.

Mas, não para por aí. Há um outro argumento que a mente cria muito: o chefe é um incompetente. Subiu porque puxou um saco. Só tenho a dizer que mesmo que fosse o motivo da ascensão dele, teve que trabalhar muito, pois puxar saco é um trabalho muito difícil. Veja como ele é competente: teve toda a competência para puxar o saco.

Não importa como o seu chefe subiu, nem se ele tem competência para ocupar o cargo que tem ou não – aliás, a incompetência que vê no outro é fruto da presunção da sua competência. Repare que a sua mente não está falando dele, mas está lhe levando aos píncaros da glória, está dizendo que você é melhor trabalhador que todos os outros.

‘Eu deveria ser o chefe’, sua mente fala. Isso lhe parece estranho? Acho que não. Todos se acham mais competentes do que o seu chefe.

É isso que precisam entender. A mente jamais lhe dirá que deve ir para o trabalho para trabalhar e ponto final. Ela não dirá que deve ir trabalhar no seu emprego e não viver uma reunião social lá. Ela jamais dirá que o seu chefe tem o direito de lhe mandar. Mais do que o direito, tem a obrigação o dever de fazer isso, pois recebe para fazer este trabalho.

Ela criará logo um monte de situações onde dirá que o chefe não deveria ter falado o que falou que não deveria ter feito o que fez. Mas, ele tem o direito de ser, estar e fazer qualquer coisa e uma das coisas que ele tem o direito de fazer é mandar em você, é coibir as reuniões sociais no ambiente de trabalho.

Eis aí, então, a luz vermelha acendendo. Quando a sua mente reclamar do seu chefe, acenda a luz vermelha e saiba que lá vem dor. Se não fizer isso não estará atento e com isso cairá, sofrerá.

Em busca da Felicidade - Prática - Relações trabalhistas

Exploração

Participante: mas o chefe que explora não é injustiça? Devemos compartilhar com injustiças? E se for racionalização da mente do chefe e não da minha?

Claro que é racionalização da mente da mente dizer que a empresa explora. Nenhuma empresa explora o empregado.

Me diga uma coisa. Quando você começa numa empresa não sabe o trabalho que tem que fazer? Quando é contratado não lhe é proposto um salário que é o mesmo que é pago no final do mês? Então, onde está a exploração a cobrança de que você trabalhe e no valor que recebe ao final do mês?

O salário não muda, o trabalho também não. Onde está a exploração?

Participante às vezes o salário muda porque muda a função. Somos contratados para uma coisa e acabamos fazendo outra.

Aí é outra coisa. Se acontecer isso, você tem todo o direito de pedir demissão e ir procurar outro emprego.

Agora, se forem mantidas as condições de contratação, não há exploração, por mais que a empresa cobre seu trabalho. Se você aceita uma condição por qualquer motivo na hora da contratação, não pode posteriormente se dizer explorado pela empresa.

Deixe eu dizer uma coisa: ninguém é obrigado a ir trabalhar. Se você não gosta da sua empresa, se não gosta do tipo ou do volume do trabalho lá, peça demissão e vá para casa.

Veja a hipocrisia. Na hora da contratação você aceita tudo porque quer ter um emprego, depois que entra quer mais. Quer menos trabalho e mais salário. Quer coisa diferente? Sai da empresa e procura em outro lugar.

É a mesma coisa daqueles que flama mau da empresa. Se ela paga pouco ou muito, se lhe dá muito trabalho ou não, se não lhe deixa tomar cafezinho nem fazer festinha de aniversário, é ela que põe o prato de comida debaixo da sua boca. Se não está satisfeito com ela, antes de falar mal, saia dela. Já que se julga melhor do que ela, um profissional que pode ser melhor do que a sua empresa, saia e vá procurar outra. Procure uma que pague o que você quer, que lhe dê a função e o volume de trabalho que sonha.

Só que não. Querem que a empresa de adapte àquilo que querem. É desse alarme que estou falando. Isso a mente que está criando para lhe jogar precipício abaixo do sofrimento. Vocês dizem que acreditam no livre arbítrio. Se creem, vão lá e peçam demissão.

‘Ah, mas Joaquim emprego está difícil, se eu não achar outro’? Se pensa assim, ou seja, se tem medo de tentar achar o que quer, aceite o que a sua empresa lhe dá, fique nela. Só que na hora que decidir ficar, pare de falar mal dela. Não fale mal porque você aceitou as condições propostas.

Por isso, repito: não há empresa que explore alguém, pois todo que é explorado tem o direito de ir embora e com isso a exploração acaba. Ninguém lhe amarra no pé de uma mesa para ficar na empresa. A época de trabalho forçado já acabou.

 Me desculpe, mas a sua pergunta é papo de sindicato. São as sociedades de classe que acham que o empregado tem que ganhar muito e trabalhar pouco.

Aliás, deixe eu falar mais. Anteriormente você mesmo me fez uma pergunta onde questionava se no trabalho não deveria ajudar as pessoas que estão com problemas, que se deve amparar os outros. Na época eu não respondi porque disse que haveria uma hora para isso neste trabalho. A hora chegou.

Não. Se quer ajudar alguém, faça isso não na hora do trabalho, mas depois que sai. Se acha tão importante fazer isso, ao invés de ir para casa ficar com a sua família, ao invés de assistir televisão, tomar chope ou passear, faça isso. Na hora do trabalho é hora de realizar aquilo para o que ela lhe paga. Depois do trabalho, você é livre para prestar assistência aos outros.

A maioria das pessoas dizem que é muito bonito dar assistência ao próximo, mas não abre mão de nada do que quer fazer para poder ter tempo para isso. Por causa disso, acha que é no horário do trabalho que imagina que deva fazer.

Estão vendo a hipocrisia da mente humana?

Eu disse no início dessa conversa: quem não estiver disposto a ser confrontado no espelho não venha aqui. Eu vou pegar no pé de vocês humanos sem pena. Preciso fazer isso porque vocês não veem que a mente é egoísta e por isso está sempre planejando ganhar alguma coisa. Os outros? Eles estão aí só para lhe proporcionar prazer.

Participante: como subordinado eu deveria apenas servir como um escravo sem questionar nada do chefe? Assim eu poderia ser feliz no trabalho?

Desculpa, volto a repetir o que falei no início da conversa passada e dessa. Eu não estou programando atos nem pensamentos.

Não estou dizendo como deve agir. O que estou querendo mostrar é que pela lógica vocês deveriam pensar e agir de um jeito, mas a mente pensa e age de outro. Pela lógica deveria entrar nos eu trabalho, fazer o que tem que fazer, sair e ir embora. No período que estiver lá, deveria produzir o máximo possível, pois é para isso que recebe salário.

Pela lógica seria isso, mas não é assim que a mente lhe diz que as coisas devem ser. Além disso, ela lhe cria a palavra escravo para deixar ainda mais dolorida a prática da lógica. Só que vocês não fazem a mínima ideia do que é ser escravo.

Escravo não ganha dinheiro. Escravo não tem direito de reclamar. Escravo tem que trabalhar acima do esperado. Escravo não acaba a jornada diária e pode ir para casa descansar e assistir televisão. Apesar disso, ainda acham que apenas não ter tempo para um cafezinho e para comemorações na empresa é um trabalho escravo. Realmente vocês não tem a menor noção do que é ser escravo. Por isso, não aceite quando a mente diz que cumprir o seu dever, que fazer aquilo para o qual é pago é ser um escravo. Cumprir o seu dever, pela lógica, seria apenas retribuir por aquilo que recebe.

Volto a falar. A mente, que quer levar vantagem, jamais vai declarar que você tem que trabalhar para receber. Ela acha que por estar empregado tem o direito de receber, mas não lhe dá o dever de trabalhar para poder receber. Ou melhor, ela sugere que você trabalhe no intervalo entre seus descansos e sua socialização.

É isso que estou dizendo. O que estou fazendo é mostrando o funcionamento da mente humana, mostrando a ação do egoísmo que está presente nas ideias, versus a lógica. Estrou mostrando isso para que quando a sua mente funcione desse jeito, você não aceite a dor que vem embutida nela ou o prazer que vem junto com este pensamento.

É só isso que estrou fazendo. Não estou defendendo ninguém. Seu chefe amanhã continuará a ser quem é e você continuará também sendo quem é pensando o que pensava hoje. A diferença é que depois de nossa conversa estará atento às armadilhas que a mente gerar e com isso não se deixará se arrastada por estas armadilhas do egoísmo mental e com isso nem sofrerá nem cairá no prazer.

Agora o que você pensa sobre tudo isso, é a sua mente que está esperneando para não perder.

Participante: mas aquelas famílias que tem muitos filhos, que tem que se sujeitar a qualquer situação para levar comida para casa. Muitas vezes são explorados e não tem como mudar isso.

Você está falando de exploração, mas deixe eu falar algo.

Me diga uma coisa: quanto vale um real?

Participante: um real.

Você está completamente enganado. Sabe quanto vale um real? O valor que você der a ele.

Você está me falando que tem gente que é explorada, ou seja, ganha pouco. Porque? Porque dá pouco valor ao dinheiro. Acha que devia ganhar mais, para poder ter mais.

Sei que você me falou de uma família que passa necessidades é uma, mas a família que passa necessidades e acha que não deveria passar é outra. A última se sente explorada. Aquela que consegue viver em paz consigo, mesmo que tenha apenas uma refeição com um único grão de arroz, ganha pouco, mas não se sente explorada. Pelo contrário: agradece as migalhas que recebe. Esse não se sente explorado. Ele, que normalmente trabalha muito fisicamente, diz: ‘graças a Deus tenho este emprego e vou poder comer um grão de arroz à noite’.

Na verdade quem tem a visão de ser explorado normalmente é aquele que não tem carências tão profundas, mas que sonha em ter coisas que não possui. Este sente falta de dinheiro e acha que o que ganha, seja qual for o valor, é uma exploração.

Portanto, a sua visão, apesar de aparentemente estar envolvida com um aura de piedade denota que você tem e acha que eles querem ter o que você tem. Isso é ilusão. Tem muita gente que não sonha com o que você sonha nem com o que tem. Eles aprendem a conviver em paz com aquilo que possuem e por isso não sofrem a falta.

Para as pessoas que querem que os outros tenham o que tem, pergunto: quem disse que o mundo é justo, que todos terão sempre as mesmas coisas? Desde que o mundo é mundo existe a pobreza, a carência e os abastados. Isso jamais mudará, porque a vida é assim.

Como ensina o Espírito da Verdade é preciso que exista vicissitude neste mundo. Sendo assim, sempre haverá aqueles que têm e aqueles que não. Por isso, o ser humano, mais do que se preocupar em ter o que não possui, precisa aprender a conviver com o que a vida lhe dá em paz.

Não estou fazendo apologia da pobreza. Se você não tem e sonha em ter, busque meios para isso. Estude, procure um emprego melhor e tente conseguir valores monetários para ter o que deseja. Agora, enquanto não consegue, aprenda a viver com aquilo que possui, pois senão, não terá mesmo as coisas e ainda por cima sofrerá.

Portanto, ao invés de se preocupar com estas pessoas, eu, sem brigar, mas exercendo a função de orientador, lhe digo que não se ocupe com essas pessoas, mas com a sua própria mente pois ela está lhe empurrando para o sofrimento. Ela lhe joga a ideia de que existem pessoas que sofrem por causa da carência e por isso são exploradas para que você sofra.

Já cansaram me perguntar como se pode ser feliz vendo uma criança passando fome. Eu sempre respondi: não querendo que ela tenha comida. As pessoas insistiam: como posso querer isso? Tendo a consciência de que neste mundo uns terão em excesso, outros o necessário, alguns pouco e outros quase nada.

A vida é assim e não adianta querer mudá-la. A pobreza e a carência existe desde que o mundo é mundo e, apesar de milhares de pessoas de boa vontade, isso nunca deixou de existir.

‘Ah, Joaquim, aí eu vou ficar frio’. Sim, mas na hora que ficar frio poderá ser feliz, pois somente o quente vive o prazer ou a dor.

Portanto, ao invés de se preocupar com a exploração dos outros, ocupe-se com você, pois está sendo empurrada para o precipício e nem está vendo isso acontecer.

Participação: você acertou em cheio. Às vezes tenho remorso por ter aquilo que os outros não podem ter.

Eu não acertei por acaso. As suas palavras me disseram isso.

Vocês ainda não entenderam que as palavras falam muito mais do que pode ser ouvido. O que as suas palavras me falaram é sofrer por causa da carência dos outros. Ninguém diz que alguém é explorado se vangloriando; só sofrendo.

Participante: falando em escravo, o empregado acaba sendo escravo de si mesmo, do seu ego?

Todo observador é escravo da mente. Porque? Porque acredita no que a razão diz. Por causa dessa crença vive o que ela cria.

Foi o caso que me foi perguntado sobre ser inevitável sofrer em determinados momentos, ou como me falaram outro dia: é natural o ser humano ter prazer e dor. Não, isso não é natural.

Em busca da Felicidade - Prática - Relações trabalhistas

Falando de chefes

Participante: o chefe está também dentro das mesmas condições que seus subordinados. Então, é passível de ser comandado pelo ego quando se reveste de soberba. Isso pode agravar a relação entre as partes e sobrepor as questões do subordinado?

Não, a única coisa que pode fazer é que o chefe ficará preso ao prazer e a dor. Você está confundindo atos com o trabalho da observação do observador.

Participante: qualquer contrariedade entre chefe e subordinado e houver alguma injúria for feita ao subordinado ou vice versa, o ideal seria pensar em deixar isso para lá porque não é nada?

O que você vai pensar, eu não sei, pois o pensamento faz parte da vida e por isso ele vem. Você não pensa

Agora, o que tem que fazer é não cair na tentação de sofrer out ter prazer.

Participante: e a relação entre dois chefes? Um sempre quer ser maior que o outro, mandar mais, ter mais razão. Já vi uma relação assim e a empresa morreu.

A relação entre dois chefes vimos quando conversamos sobre o relacionamento de iguais. O que foi falado lá vale também para este caso.

Participante: porque a vida me dá uma relação tão difícil com meu chefe? Que exercício é esse? Para que, já que a vida não me deixa sair de lá? O que ela quer que eu aprenda?

Que você aprenda a não sofrer.

A vida lhe dá o sofrimento, mas ao mesmo tempo lhe dá um Joaquim que lhe diz que precisa estar atento à mente para que não sofra. Pra que entre na natureza universal, ou seja, sai do ciclo de prazer e dor.

Portanto, se ela lhe dá um sofrimento muito grande, sinta-se muito amado por ela, pois está lhe dando uma possibilidade imensa de vitória.

Participante: a minha situação é um pouco diferente. A minha empresa é maravilhosa comigo e com seus funcionários, mas sinto que não respondo com qualidade e quantidade de serviço. Não é por querer, mas me sinto culpado.

A empresa pode ser diferente, mas a função da mente é a mesma. Se a sua empresa é muito boa e você não corresponde com o seu trabalho, é isso que acontece. Tente fazer mais e melhor, mas se não conseguir saiba que não é para fazer.

O que fizer lá não importa no nosso estudo, mas sim o que a mente faz com você. Não deixe que ela lhe prenda à culpa, pois é isso que ela quer com esta história.

Veja o trabalho da mente. Ela não age apenas lhe dando a escravidão ou um excesso de trabalho. Ela pode agir dizendo que sua empresa é muito boa, mas que você é inferior aos outros trabalhadores.

Tudo isso é só trabalho da mente, é artimanha para lhe prender ao ciclo do prazer e da dor. Uma vez uma pessoa me disse que precisava fazer muito mais coisa no trabalho, pois não estava dando conta do que tinha para fazer. Eu disse a ela que se isso era preciso, que chegasse mais cedo e saísse mais tarde. A pessoa fez isso e depois de um mês voltou a falar comigo e disse que não tinha dado certo, pois não conseguia colocar o serviço em dia. Aí eu falei: descobriu que não era para pôr?

Não falei que você precisa produzir um ou dois tantos. Não falo disso. O que falo é sobre a felicidade e por isso o que digo é que deve estar bem consigo mesmo produzindo o que produz, não importa qual seja a empresa.

Portanto, isso também é armadilha da mente.

Em busca da Felicidade - Prática - Relações trabalhistas

Perguntas diversas

Participante: tenho sofrido muito na tentativa de apenas observar. Está sendo muito mais difícil que pensei. Com o passar dos dias, a mente vai dominando novamente?

Sim, para isso falei das sanghas. Este é um espaço onde o ser que está buscando pode se recuperar da luta diária e recuperar o fôlego para lutar mais.

Participante: o que faremos? Quando nos acusarem, mesmo com provas inverídicas, sobre nossa forma de ver as coisas e ela não for sociável, devemos nos entregar ao julgamento alheio e sorrir porque estaria dando certo? É para isso que estamos aqui?

O que você vai fazer, eu não sei. Que pensamento terá, eu não sei. Não posso falar nada da sua dúvida porque está abordando atos, de coisas materiais, enquanto eu falo de emoções de sentimentos.

Lhe garanto que na hora que estiverem lhe acusando, você estará sofrendo. Isso é uma emoção e aí eu posso interferir. Interfiro da seguinte forma: dizendo para não sofrer. Agora se responderá a altura, se brigará ou querer provar a sua verdade, isso é outro detalhe. Isso não lhe pertence, mas à vida.

O que estou apenas querendo é se tiver que viver estas situações, viva em paz consigo mesmo e com o mundo. Como essa paz não se traduz numa ação nem num pensamento, não posso falar nada sobre estas coisas.

Participante: acho que se já soubéssemos o significado do que já estivesse escrito nas parábolas ou nos textos sagrados, não estaríamos aqui. A questão é que parece que há significados além do que está sendo colocado. E mesmo que seja a mente quem está perguntando – e só temos a ela para fazer o trabalho de elevação ou qualquer nome que tenha – qual o impedimento de termos uma visão mais ampla, mesmo que para isso tenhamos apenas analogias, que é a base de raciocínio utilizado para as parábolas para podermos entender?

Não importa se você tem o que está escrito, o que eu digo, a decifração que outra pessoa fez: tudo isso é mente. Que importa se esse ou aquele ensinamento foi decodificado ou não. Tanto a decodificação como a não é mente. Sendo assim, o importante é que não se prenda a necessidade de decodificar ou não.

Participante: me parece que o mais engraçado é que estamos tentando nos tornar o que já somos. Comente se for oportuno.

Este é que é o grande problema: vocês estão se tentando se tornar o que já são, mas deixaram de ser porque acreditaram na mente.

Você é uma coisa; está outra. Aquilo que está é o que é. Portanto, precisa deixar de estar o que está para ser o que é.

Participante: o que não é mente na consciência humana se eu conseguir ignorar a mente não acreditando em nada que ela diz? Que realidade existirá?

Espere que você verá.

Não dá para lhe explicar isso agora. Se fizesse, seria apenas a mente que saberia alguma coisa. Quando ela usar isso de uma forma egoísta, você ou sofrerá ou irá ter prazer.

Além disso, deixe-me dizer outra coisa. Para que precisa saber o que vai sobrar quando se libertar da influência da mente? Para saber se será bom ou mal para você? Não dá para ver que essa pergunta é uma armadilha da mente para poder lhe dar a ideia de não fazer nada?

Largue tudo isso. Não se esqueça que a mente está sempre gerando questões apenas para lhe prender a ela.

Participante: eu brigo com uma banda que não quer que eu saia, mas mudam constantemente o combinado original. Querem reduzir o que foi originalmente combinado. E aí?

Sair ou ficar eu não sei nem posso falar nada. Isso é ato. O que posso lhe dizer é que não deve sofrer com qualquer coisa que esteja acontecendo, porque o seu sofrimento tem origem num pensamento que é preso ao egoísmo.

Participante: lógica e sentimento combinam? Lógica é algo mensurável; sentimento não, é abstrato. Temos que seguir a lógica ou o sentimento.

Outra vez você está fazendo confusão. Sentimento é uma coisa, emoção é outra.

A sua emoção é presa à sua lógica. Sofre por a sua mente cria pensamentos sofríveis; tem prazer por que a mente cria pensamentos prazerosos. Tem raiva de alguém porque a mente gera pensamentos que expõe essa raiva. Isso são emoções.

Essas emoções é que você não deve viver, porque o prazer e a dor são emoções, são estados de espíritos com os quais se vive as emoções humanas.

Participante: qual a lógica da lógica que existe na nossa mente. Seria somente descobrir o funcionamento dela?

A única lógica que existe na mente é tudo para mim, nada para os outros. Toda lógica da sua mente é formada para você estar certo, amar quem ama e para ter coisas. Essa é a lógica da mente.

Segunda parte da sua pergunta. Não, não é só descobrir o funcionamento da mente. É a partir do momento que descobre não se deixar levar pela lógica da mente.

Não é só descobrir a lógica da mente, porque ela continuará nela. Mas, a partir do que descobrir, não aceitar os estados de espírito de prazer e dor e viver a equanimidade.

Participante: vou insistir. Ao ignorar tudo o que a mente diz não vou ficar com cara de retardado?

Tem um ensinamento no Bhagavad Gita que diz o seguinte: o verdadeiro sábio transite entre as coisas do mundo sem se se apegar a elas, por isso anda pelo mundo com cara de bobo. A partir disso lhe digo que quando tiver interiormente a cara de bobo sabe o que fez? Venceu a vida, venceu o mundo, alcançou a verdadeira elevação espiritual;

Todos aqueles que têm cara de esperto se prenderam a este mundo. Aliás, ser esperto é estar preso ao egoísmo da mente. Quando você é esperto, ou seja, sabe das coisas, vive qualquer coisa como rela, está preso ao mundo.

Participante: eu não sei lidar bem com o dinheiro. Do jeito que entra, vai e não é pouco. Estou sendo condenado por causa de ações passadas ou o passado só existe na minha mente e eu não tenho competência para ficar rico?

Que passado? O passado acabou. O que existe é o presente.

Viva o que tem para viver em paz. Se é assim que vive, viva a vida.

Participante: E no caso de achar que poderia fazer melhor, mas não faço por preguiça e deixo para depois. Além disso, me sinto bom o suficiente, sem me sentir orgulhoso, mas sem perder a auto estima.

Cada um faz o que tem que fazer, ponto final. Se a mente lhe diz que não faz por este ou aquele motivo, isso não importa. Se ela lhe cobra fazer mais, não caia na dela. Se ela diz que está bom o que foi feito, também não acredite.

Não acredite em nada que a mente lhe diga.

Participante: o ideal será cultivar um espírito inabalável?

Cultivar um espírito inabalável: são palavras bonitas, mas não é isso. O ideal é não ter prazer nem dor. Só isso.

Participante: você está dizendo que o carma é mais forte do que as relações de trabalho, emprego e salário? Nada consegue alterar o carma e as consequências que vem dele?

Eu nunca falei isso. Você pode ter ouvido, mas eu não falei.

Nunca disse que o carma é mais forte do que a relação de trabalho, porque esta relação é o próprio carma. Como o carma pode ser mais forte do que ele mesmo?

Tudo o que vive é o seu carma. Tudo!!!!

Participante: este seu discurso de aceitação das coisas é criticado por muitos. Eles dizem que se não fosse a indignação com a realidade e um consequente movimento de transformação para a melhoria da situação estaríamos ainda compactuando com a escravidão, barbárie, genocídio, cárceres, etc.

Se acreditar nisso, sofrerá quando me ouvir. Se não acreditar não sofrerá quando isso acontecer. Se acreditar em mim, terá prazer em me ouvir. Não importa o que eu falo ou o que os outros falam você tem que ficar equânime o tempo inteiro.

Já respondi, mas me permita avançar um pouco no tema. Isso é discurso daqueles que acham que alguém faz alguma coisa. A esses eu pergunto: porque não acabaram com todas estas coisas que eles dizem que estaríamos vivendo? Sim, apesar de dizerem que podem fazer e que por poderem não estão mais nessas épocas, nada disso mudou. Até os dias de hoje existe escravidão, barbárie, genocídio e cárceres.

Novamente vou falar da hipocrisia humana. É muito bonito dizer que se acabou com a escravidão, mas o que existe de escravo por este mundo afora. É muito simples dizer que se acabou com a barbárie, mas coisas bárbaras acontecem diariamente. O pais que mais prega a liberdade é o primeiro a invadir outro, por qualquer motivo inventado, para tirar a liberdade das pessoas daquele lugar.

É hipocrisia. Em nome de algo que diz que seria bom, faz aquilo que condena nos outros.

Compreenda isso. O discurso é um, mas a ação é outra. Isso se chama hipocrisia. Vou dar só um exemplo.

Os Estados Unidos invadiu um país e motivou essa invasão no fato do governo exigir que as mulheres de lá usassem roupas longas e andassem de rostos cobertos. Disseram que um dos motivos para a invasão era libertar as mulheres disso. Pois bem, invadiram, libertaram e por motivos religiosos as mulheres de lá continuam andando com a mesma roupa.

Aquelas mulheres gostam daquela roupa. Por tradição querem usá-las. Mas, como o povo ocidental não gosta, diz que lá estão errados e que é preciso ajuda-los a se tornarem como esse povo gosta.

Tem mais: meu discurso não é de aceitação. O que falo não é isso, mas digo que você não deve ter opinião alguma sobre qualquer coisa. Nem que sim, nem que não.

Participante: eu sinto muita necessidade de sexo e sei que é necessidade da mente, amas eu gosto. O pior é que nunca consigo, o que causa mais intensidade no querer. Se tivesse talvez não me importasse tanto. Porque, então, a vida não me oferece em quantidade suficiente?

Para lhe levar para a dor. É a mente que lhe dá a vontade e não lhe dá a parceira. Para que? Para que você acreditando que quer e que gosta, sofra.

Participante: meu filho tem dez anos e está me perguntando o que é infinito.

Aquilo que não começa nem acaba.

Participante: quando não aparecer nenhuma apresentação, eu agradeço a falta dela, mas é inevitável que se experimente como algo desagradável. Gostaria que comentasse como lidar com essas sensações desagradáveis que são inevitáveis?

Sabendo que não é inevitável.

Na verdade, você não é obrigado a sofrer. Sofre porque quer, porque gosta, porque faz bem para você.

Esse é que é o grande problema que falei no início de nossas conversas: vocês acham natural sofrer, mas isso não faz parte da natureza universal. Só sofre quem deseja, quem tem paixão, quem tem posse. Mia ninguém sofre no universo.

Portanto, não é que seja inevitável, mas é que está caindo no abismo que a mente está lhe empurrando porque ela diz que isso é inevitável. Para isso cria razões: tem que se preocupar com o futuro, afinal de contas, se não trabalhar não tem dinheiro. Tem que estar preocupado com o sustento de sua família, tem que provê-la. Não tem. Se fizer fez, se não fizer, não fez.

São essas criações mentais que você acha certas, sublimes, bonitas e que humanamente falando correspondem a uma pessoa boa, preocupada com a vida, que lhe faz aceitar como algo inevitável o sofrimento que a mente lhe dá. Preocupar-se por não ter o que comer não leva inevitavelmente ao sofrimento. Pode levar à preocupação, mas ao sofrimento não.

Além do mais, apesar desta preocupação ser considerada algo como certo de ser feito, ela não está no caminho da felicidade. Cristo ensinou: se Deus dá comida aos animais e passarinhos, porque não daria para você?

Portanto, nem se preocupar você deve, quanto mais sofrer. Só que a mente diz que isso é bonito, que isso é humanamente correto e você se deixa levar pelo que ela cria. Neste caso vai como um barquinho sendo empurrado por ela ladeira abaixo em busca da dor.

Participante: falando em escravo, o empregado acaba sendo escravo de si mesmo, do seu ego?

Todo observador é escravo da mente. Porque? Porque acredita no que a razão diz. Por causa dessa crença vive o que ela cria.

Foi o caso que me foi perguntado sobre ser inevitável sofrer em determinados momentos, ou como me falaram outro dia: é natural o ser humano ter prazer e dor. Não, isso não é natural.

Participante: pode comentar a diferença entre felicidade e prazer?

Prazer é aquilo que sente quando o que queria acontece, quando o que sabe está certo, quando a pessoa que você ama também lhe ama. Isso é prazer. Ele acontece quando os seus desejos são atendidos e realizados.

O que é felicidade? É o que não é isso. Não dá para explicar, pois vocês só conhecem o prazer.

Participante: o senhor disse para eu não me preocupar, mas quando ignoro, essa ignorância está sendo efetivamente realizada ou não?

Não é ignorar a ignorância, mas sim não se prender à necessidade de saber. São coisa bem diferentes.

Participante: no dia a dia quando lembro o que o senhor diz, começo a observar a mente, mas logo estou do lado de fora observando os atos meus e dos outros. Como manter essa atenção?

Sabendo que está fora. Quando tomar a consciência de que está ligada ao mundo externo, que está observando atos, volte correndo para o seu interior.

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Meditação

Vou começar nossa conversa de hoje contando uma historinha.

Havia um navio muito grande, muito moderno que estava navegando e quebrou. Parou de repente. Nada mais funcionava. Os donos dele, então, chamaram uma pessoa que entendia muito de navios para consertá-lo. Essa pessoa foi a bordo, procurou durante muito tempo o defeito e não achou nada. Resultado: o navio continuada parado. Chamaram, então uma pessoa que era engenheiro naval. Ele também procurou bastante, chegando a desmontar partes do navio em alto mar, mas nada achou.

Por fim, quando os donos já estavam desistindo do navio, apareceu uma pessoa que disse que sabia consertar. Os donos, meio que descrentes, levaram essa pessoa à bordo. A primeira impressão que as pessoas tiveram dele não foi boa, pois ao invés das aparelhagens que os técnicos tinham, ele tinha apenas um martelo. A descrença continuou quando ao invés de revistar o navio, foi para um lugar específico.

Quando chegou no lugar que procurava, o homem ficou passando a mão na parede até que parou. Neste momento, pegou o martelo e deu apenas uma batida naquele ponto. Milagre, o navio voltou a funcionar. Todos se exaltaram. O dono do navio extremamente agradecido perguntou quanto custava o serviço. O homem disse que o preço era cinco milhões de reais. Claro que o dono se exaltou. Ele disse: ‘cinco milhões não é muito dinheiro por apenas uma martelada’?

Com a resposta do homem chegamos à moral da nossa história: ‘pela martelada eu cobro apenas um real. O restante é por saber onde bater’ ...

Esse é que é o grande problema de vocês: não sabem onde bater. Não sabem onde mexer para resolver um problema. Por isso esse toque que quero dar agora.

Dissemos, por exemplo, que o chefe tem a obrigação de mandar. Tem o direito de mandar em você. Por isso avisei que não devem cair na história da mente que diz que ele não tem este direito. Que diz que deveria lhe tratar bem, de ser amigo, de lhe compreender, ao invés de mandar.

Quando se ouve isso, deve se bater na afirmação da mente que diz que o chefe não pode lhe mandar. Só que essa afirmação da razão não está ali a toa, por um acaso. Não nasceu do nada. Vem formada a partir de verdades anteriores, de paixões e desejos anteriores.

Com esta sua ação, pode até desmontar a verdade aparente, mas como não secou a fonte, ela volta outra história e outros personagens. Sei que vocês imaginam que uma situação é única, mas se tirarmos os enredos e os personagens, veremos que todas estão vinculadas a um só gênero. Por isso, a verdade volta dentro do mesmo gênero, mudando o enredo.

Mas, porque ela volta? Porque é preciso atingir a raiz da verdade.

Fiz recentemente um figura muito interessante neste sentido. Para quem está em busca da felicidade de nada adianta se podar a árvore, cortar galhos. Isso porque existe um tronco que está preso a uma raiz que continuará abastecendo e gerando novos galhos que serão iguais aos que foram arrancados. É por isso que se precisa atacar a raiz do problema.

Por isso, quando vê a armadilha da mente, é preciso buscar a raiz da criação mental e não só atacar apenas o que está na superfície, o que a razão lhe cria de consciência. Usando outra figura, também já disse que a mente é um grande general que está longe do campo de batalha. Ela fica num quartel general inexpugnável totalmente resguardado de chapas de aço. Esse oficial não aparece na batalha. Manda sempre soldados para o combate.

Aí está o problema. Você ataca esses soldados, mata alguns e por isso acredita que venceu a guerra. Só que o general possui muitos reforços à sua disposição e por isso manda novos combatentes para a frente de batalha. Esse exército é tão bem estruturado que o comando maior possui, inclusive, soldados descartáveis. São, como vocês dizem, bois de piranha que são sacrificados pelo exército da mente para poder continuar mantendo o poder sobre você.

Por isso é preciso buscar a raiz do problema. Para alcança-la é preciso praticar uma coisa chamada meditação. Não estou falando de ficar em posição de lótus emitindo sons determinados, mas sim em pensar o próprio pensamento. Pensar porque acha que o seu chefe não deve mandar você, por exemplo.

Porque acha que isso não pode acontecer? Será que é porque imagina que ele não sabe nada, porque só subiu porque é peixinho de um maioral? Porque é um puxa saco da diretoria? Essas crenças são verdades que geram o conceito que afirma que ele não pode lhe mandar.

Essas crenças são a raiz do seu sofrimento e por isso precisam ser atacadas por aqueles que querem a felicidade. Descobrindo-as, ao invés de simplesmente lutar contra a proposição mental que diz que ele não pode brigar, precisa atacar essas verdades. Atacar no sentido de libertar-se delas, não trocá-las ou exterminá-las. Não é passar a achar que sabe menos do que ele, mas sim não imaginar que sabe mais.

Só tem um detalhe. Chegou à estas concussões? Saiba que o trabalho ainda não acabou. Essas são ainda parte do exército sacrificável. Por isso, continue a meditação procurando as ideias que deram origem a estas.

Esse processo de aprofundamento mental ou meditação é muito importante para quem busca a felicidade. É preciso ser realizado. Não na hora que está na frente do problema, mas em casa quando está sozinho e a mente reclama do seu chefe, por exemplo. Busque mergulhar na razão para poder ir retirando verdade por verdade.

Face a este alerta dado neste momento, vocês poderiam me perguntar: porque isso ainda não tinha sido falado neste estudo? Esse é um processo inteiramente individual. Não dá para se conversar perfeitamente sobre ele coletivamente. Por isso até agora evitei de tocar nesse assunto.

Eu não conheço o que se passa na mente de cada, quais as ideias vocês têm. Posso conhecer a essência dos seus pensamentos, mas o detalhe não posso saber. E estes detalhes é que importam dentro deste processo. É preciso que conheça cada uma das suas verdades, os soldados que precisa combater, para poder libertar-se delas.

Este, então, é o toque desta conversa: é preciso meditar. Ao invés de assistir televisão, ficar ouvindo música ou ir para um barzinho tomar cerveja, tire tempo para meditar, para tentar descobrir as verdades que geram verdades que estão lhe tirando a paz.

Antes que alguém me pergunte se esse processo não é mente agindo sobre mente, digo que sim, mas você é a mente e por isso não tem mais nada para poder fazer seu trabalho. Portanto, trabalhe, ao invés de ficar se ocupando em saber o que é.

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Conversando sobre meditação

Participante: ainda não consegui assimilar uma maneira para meditar a mente, ou seja, espiar as minhas verdades e conseguir combate-las.

O processo é simples. Digamos que você ficou chateado com alguém que disse que você é feia. Esta é uma verdade, uma ideia que está na sua mente. Neste momento, medite sobre isso da seguinte forma.

‘Porque que fiquei chateada? O que me levou a receber isso como algo ruim? O que em mim não aceitou a afirmação do outro que me gerou uma contrariedade? Qual a raiz deste mal estar’?

Este é o processo. Trata-se de conversar consigo mesmo para ao invés de simplesmente aceitar a consciência, descobrir o que embasou aquela ideia.

Participante: Quando medito ouço muitas vozes na mente. Em qual delas devo acreditar?

Em todas. Não importa o sotaque, a língua é a mesma. Agora, acreditar não no sentido de saber que elas estão falando verdades, mas acreditar que elas pensam aquilo, que têm aquelas verdades.

Participante: mas, se elas são antagônicas?

Pode ter a certeza que não são. Podem conter enredos diferentes, mas estão presas à mesma raiz: o individualismo, o egoísmo.

Deixe-me aproveitar a sua pergunta e completar o ensinamento sobre a meditação. Não estou falando em pensar os pensamentos para saber que decisão tomar. O que quero é que vocês conheçam as verdades que possuem, pois apenas imaginam que conhecem.

Olha a diferença do que estou ensinando para o que você está entendendo. Não estou falando para meditar para saber como se comportar em um lugar. O objetivo da meditação é, à partir de uma verdade, descobrir o conceito que está gerando-a. É bem diferente.

Participante: existe uma voz na mente que seja real ou todas são mentirosas?

Nenhuma delas fala mentiras, elas só falam verdades. Estas são relativas, individuais, suas, mas tudo é verdadeiro, para você.

Mentira é uma não verdade que pode ser verdadeira. Quando você acredita no que está dizendo, a mentira torna-se verdade.

Participante: meditar na vida de outra pessoa, ajuda a entendermos algo de nossa mente?

Não.

Ouvir o que fala com os outros e o que eles falam com você e meditar sobre a sua vida, sobre a sua vivência dos acontecimentos, isso lhe ajuda.

Meditar sobre a vida dos outros é impossível. Como cada um é uma individualidade e como ninguém se expõe completamente, o máximo que estaria fazendo era meditar sobre a vida que criou para ele.

Participante: mas, do processo de meditação não vou tirar novas verdades? Devo acreditar nelas? Não é para dizer sempre não sei?

Sim, tirará novas verdades.

‘Eu não quero que meu chefe me dê bronca porque o considero um incompetente’. Isso é uma verdade que surge da meditação, mas é uma coisa que não deve também acreditar. Acontece que quando você não acredita numa verdade que surge dentro do processo de meditação seca a fonte que gerou a verdade que estava mais na superfície.

Não estou falando para fazer o trabalho de meditação para ouvir verdades e toma-las como verdadeiras. É apenas para reconhecer que elas existem e que estão gerando outras.

Voltando à comparação com o exército, eu diria que quando você ataca apenas a verdade superficial está matando o soldado descartável que falamos. Quando descobre a raiz daquela realidade, mata o cabo. Com isso mata o cabo que comanda um grupo de soldados.

Vá fazendo isso e paulatinamente vá matando os que comandam os soldados inimigos. Agora, nunca espere chegar ao general, porque isso nunca acontecerá.

Participante: a mente está o dia inteiro tagarelando. Estou dizendo sempre a ela que não sei, dane-se, mas no momento da meditação o que vou pensar se ouço muitas coisas?

A que lhe vier a mente primeiro.

Você sabe muito bem que ao chegar em casa, ao estar consigo mesmo, surge logo o pensamento sobre algo que aconteceu durante o dia. Medite sobre isso.

Participante: como fazer o processo de meditação numa situação de emprego. Você trabalha numa empresa e nela há um local que não gosta que é onde trabalha. Conversa com seu chefe e ele diz para esperar um pouco que lhe trocará de lugar. O tempo vai passando, as coisas não acontecem. Você vai ficando cada vez mais injuriado, gostando menos. Não sabe se sai ou fica, o que sabe é que está desgostoso. Está perturbado porque não quer ficar ali. Como chegar na raiz, qual o processo?

Porque está desgostoso? O que aconteceu para ficar assim?

Participante: não sei aquele local me perturba. Muita gente passando, não consigo me concentrar ...

Começou a mergulhar: porque não consegue se concentrar.

Veja, o processo de meditação se realiza fazendo perguntas à mente e obtendo respostas. Não para ser genérico. Fazer meditação e obter apenas como resposta a constatação do que está acontecendo não leva a lugar algum. É preciso encontrar respostas, porque elas são as causas do que você está vivendo.

Então, começou o seu processo de meditação: não gosta porque tem muita gente passando. Agora vamos meditar. É isso que lhe causa desagrado? Não. O que faz isso é o fato de querer um lugar para trabalhar onde as pessoas não passem.

Lembre-se o sofrimento chama-se contrariedade, ou seja, algo que é contrário. A contrariedade surge quando há um desejo que não é atendido. Ela é caracterizada pelo fato da realidade ser contrária ao seu desejo.

Neste caso, então, uma das raízes da sua situação atual é porque quer um lugar onde as pessoas não passem. Falo isso porque estou aplicando a lógica que falei a resposta que você deu.

O problema é que esse desejo está escondido, você não tem consciência dele. A única coisa que sabe é o que está na superfície, ou seja, que você não quer trabalhar onde está. Mas, o trabalho não acaba aqui.

Descoberta a verdade que sustenta a realidade, deve continuar a meditação: porque você acha que é melhor trabalhar num lugar onde as pessoas não passem? Desta pergunta surgirão novas respostas. Ela pode dizer que é porque não produz muito, porque lhe incomoda sentimentalmente ou fisicamente, etc. quando encontrar estas raízes, é hora de trabalhar.

‘Eu não produzo, mas quem disse que tenho que produzir? Eu produzo o que está escrito para produzir’. Já falamos disso aqui. Da pessoa que falou que queria colocar o serviço em dia e que por isso estendeu seu horário de trabalho. Isso não a levou a produzir o que queria.

Este é o trabalho que lhe leva à felicidade. No entanto, antes precisa reconhecer a sua realidade, a base daquilo que vive. Esta não está na superfície da razão, mas por trás dos pensamentos.

De nada adianta ficar apenas vivendo a ideia de que não gosta do seu lugar de trabalho e ficar dependente do seu chefe lhe mudar de sala para ser feliz. É preciso agir dentro de você para extinguir os motivos do sofrimento. Para isso é preciso aprofundar-se na sua racionalidade e conhecer o que realmente motiva a sua vivência.

É por isso que disse que não dá para eu fazer isso por vocês. É preciso que você mergulhe nas entranhas do seu mundo racional e consiga descobrir o fundamento da sua realidade. Isso se faz meditando sobre o pensamento que é visível.

Para quem gosta das minhas palestras, indico uma: ‘Falando de felicidade a seres humanos’. Lá expliquei exatamente isso. Falei que é necessário fazer perguntas à mente para descobrir a realidade.

As respostas a este trabalho são individuais. A sua mente lhe dará. Mas, para isso é preciso que faça perguntas à razão. De nada adianta imaginar apenas que não gosta porque não gosta. Agindo assim parece uma criança fazendo birra, batendo o pé.

Participante: quando meditamos estamos deixando nossa mente descansar. Acredito que é nessa hora que teremos a resposta importante do que questionamos antes?

Eu falei exatamente ao contrário: meditar é pensar o pensamento. Deixando ela descansar, não conseguirá fazer isso. Primeiro detalhe.

Segundo. Não existe mente descansando. A hora que ela parar de criar verdades, pensamentos, você está morto.

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Conversando

Participante: o senhor mesmo questiona o que diz afirmando para não acreditarmos no que é dito. E se eu quiser acreditar? Vou perder o meu tempo ...

Não, jamais pode perder seu tempo.

Isso é uma coisa interessante. Tempo é a única coisa que não se perde, pois não importa o que estiver fazendo, usou para alguma coisa, nem que seja para não fazer nada.

Se fizer isso, simplesmente se prenderá a anovas verdades, se prender a novos conceitos e com isso ainda viverá o prazer e a dor.

Participante: se faço uma pergunta estou perturbando minha paz?

Se acredita que está fazendo uma pergunta, sim.

Quando usou o verbo na primeira pessoa, me disse que acredita que está fazendo. Neste caso, a sua felicidade vai depender da resposta. Se ela for agradável, você terá prazer; se for desagradável, o que não esperava ouvir, sofrerá. De um jeito ou de outro, a crença que fez a pergunta lhe leva a perde-la.

Quando da sua mente sair a ideia de que você fez uma pergunta, mas você souber que foi o dedo ou a mente que fez isso, aí pode não correr este risco.

Vivendo a ideia de que escreveu, conecta-se à pergunta. Por isso torna-se dependente da resposta.

Tem pessoas que escrevem as suas perguntas na tela e não conseguem esperar a ordem para ser respondida. Nem um minuto depois começam a cobrar que a pergunta deles seja lida. Esse está conectado com a pergunta.

Agora, se você escreveu e por acaso a resposta demorou ou não veio e isso não lhe causou nenhuma reação, não está conectado com ela.

Participante: quando falou sobre monismo, mencionou que estávamos no primário e que aquele assunto era pós-graduação. Mas, o que o senhor está falando hoje é monismo, não é mesmo?

Sim, e é por isso que peço para não tentarem entender.

Se uma criança do primário for assistir uma aula da faculdade ela saberá ouvir ou até escrever o que está sendo dito, mas não entenderá o assunto que está sendo conversado. É isso que venho dizendo: ouçam o que estou dizendo ao invés de querer entender os processos que cito.

Participante: mas, do processo de meditação não vou tirar novas verdades? Devo acreditar nelas? Não é para dizer sempre não sei?

Sim, tirará novas verdades.

‘Eu não quero que meu chefe me dê bronca porque o considero um incompetente’. Isso é uma verdade que surge da meditação, mas é uma coisa que não deve também acreditar. Acontece que quando você não acredita numa verdade que surge dentro do processo de meditação seca a fonte que gerou a verdade que estava mais na superfície.

Não estou falando para fazer o trabalho de meditação para ouvir verdades e toma-las como verdadeiras. É apenas para reconhecer que elas existem e que estão gerando outras.

Voltando à comparação com o exército, eu diria que quando você ataca apenas a verdade superficial está matando o soldado descartável que falamos. Quando descobre a raiz daquela realidade, mata o cabo. Com isso mata o cabo que comanda um grupo de soldados.

Vá fazendo isso e paulatinamente vá matando os que comandam os soldados inimigos. Agora, nunca espere chegar ao general, porque isso nunca acontecerá.

Participante: as vezes me vejo fazendo perguntas, mas as vezes vejo a pergunta sendo feita com estas mãos. Não dá para entender, mas percebo a diferença.

Louvado seja Deus.

Participante: noto que a medida que mais verifico a mente e vejo que aquilo não sou eu, noto que cada vez me afasto mais da matéria. Noto, também, que com isso falta um contato espiritual para enraizar esta nova verdade. Não consigo ainda perceber este mundo.

É sinal de que você não caminhou tanto quanto acha que caminhou. Só isso. Continue fazendo e vá se afastando aos poucos.

Veja, você está caminhando numa trilha, andou um quilômetro e acha que encontrará quem já andou cem. Precisa caminhar o mesmo espaço para encontrar quem está à frente.

Participante: uma pessoa me ajudou a perceber que quando pergunto estou querendo entender. Quero entender em quase todos os momentos. Uma pessoa me fez enxergar isso.

Esse realmente é o seu problema. Liberte-se dele. Como? Não querendo entender nada. Para isso tenha a consciência de que por mais perguntas que faça, nunca conseguirá saber nada.

É o exemplo que fiz. Você é uma criança de escola primária que está numa sala de aula de faculdade e, ao invés de apenas escrever o que é dito, está querendo entender o que é conversado.

Participante: tudo que nos causa insatisfação quer dizer que queremos prazer em algo?

Tudo que lhe causa insatisfação é porque existe um desejo que não aconteceu. Se não gosta de ir a um determinado lugar, é porque naquele momento gostaria de estar em outro. Sentindo-se chateado porque uma pessoa lhe fala determinada coisa, é porque queria que ela falasse outra coisa. Sentindo-se triste porque gastou muito dinheiro, isso é sinal de que não queria gastar tanto.

O desejo é sempre antagônico àquilo que não gosta. Por isso, é preciso conhecer a verdade que formou o desejo para poder estancar a contrariedade.

Participante: na semana que vem vou a um centro espírito onde há dois pais Joaquim. Um deles é de Aruanda. Através dele consigo chegar ao senhor e saber mais do seu trabalho?

Não chegará em mim. Com relação ao meu trabalho, este é o que você está vendo acontecer aqui há algum tempo. Com relação ao dele, não faço a mínima ideia.

Participante: tenho muito empenho quando começo alguma coisa nova, mas depois desisto. Não consigo me especializar em nada. Será que meditar sobre isso deixarei de ser do jeito que sou? Só um detalhe: sou fraco nas decisões, mas sou feliz.

Se meditar será um indeciso realmente feliz. Hoje já acha que é, mas apenas tem prazer e dor. Se fizer o trabalho da meditação aí sim será verdadeiramente feliz.

Falo isso porque apesar de se dizer feliz, mas ainda quer se esforçar para fazer alguma. Se existe o desejo de fazer o que não faz, é sinal de que não está feliz com o que é. Por isso lhe digo que é infeliz, mesmo se dizendo feliz.

Aliás, a sua infelicidade fica bem clara na intenção de me fazer a pergunta. Se estivesse feliz com o que é, será que precisaria me perguntar o que fazer para deixar de ser?

Participante: como a mente funciona quando vamos realizar uma prova para um concurso? Ao vermos a questão, ela escolhe a resposta correta na primeira pergunta, mas depois questiona se outra resposta é certa. Fica brigando até que escolhe a errada. Depois fica falando: quem mandou não acreditar na primeira intuição? Pode explicar isso?

Posso. Você está se banhando de mente.

Está achando que escolheu, que fez, que respondeu, que duvidou, enquanto que este processo é todo mental. Sendo assim, que explicação quer sobre isso? Nada disso é seu, é real. Tudo isso é só uma história da mente.

Poderia lhe responder como conviver com isso, mas não é essa a sua pergunta. O que você me questiona é sobre porque acontece esse funcionamento. Sendo assim, a única resposta que posso lhe dar é: porque faz. Além disso, não generalize, como fez na pergunta. Não é toda mente que funciona assim. Pelo jeito este é o funcionamento da sua, mas necessariamente não é de todos.

O que interessa para aquele que busca a sua paz não é conhecer o funcionamento da mente, mas se libertar daquilo que ela produz. Se for esperar saber porque ela faz isso ou aquilo, vai sofrer.

O importante não é como funciona a mente, o emprego que tenha, se é casado ou não, se mantém o entusiasmo até o fim do trabalho ou não, mas sim o quanto sofre ou tem prazer enquanto vive a vida que o ego cria. É isso que precisamos entender e nos concentrarmos não na ação física nem na mental. A nossa concentração deve estar na ação emocional. É aí que se ganha ou se perde a elevação espiritual, a felicidade incondicional.

Não se acha esta felicidade lutando contra o trabalho que não gosta, contra a sala que ocupa lá, mas no fato de não gostar de alguma coisa. É aqui que se ganha ou se perde o jogo. E o problema é que vocês estão concentrados em conhecer, saber e não se concentram no que sentem.

O que você sente é o que precisamos mudar. Eu gostaria muito que Deus desse a vocês que dizem que estão buscando um presente: lhes fizessem cegos. Peço isso a eles para ver se param de viver para o mundo exterior.

Enquanto você está preocupado com o funcionamento da mente, está correndo dentro de si um mundo emocional que não está vendo. Hoje, por exemplo, uma pessoa disse que vê a mão escrevendo. Enquanto ele observa isso, achando que está fazendo algo muito importante e consistente no caminho para a felicidade, não vê que há um mundo emocional correndo que ele não está observando.

Por isso respondi apenas: louvado seja Deus. O que você quer que eu responda? Elogiar por causa disso? Isso não tem importância alguma.

Pouco faz se tem a consciência de que é você ou o dedo que escreve. O que me interessa é como lida com o que sente enquanto o dedo está escrevendo. Pode ser, por exemplo, que a mente desta pessoa esteja lhe dando soberba por fazer esta observação, pode estar lhe dizendo que ele é melhor, pois muitos não conseguem ver isso. Estas coisas ele não está observando e por isso está deixando se enraizar na sua consciência. Assim, no futuro, será usado para ele sofrer.

Eu não falo em atos. Digo isso há mais de dez anos. Falo de sentimentos, de emoções, da forma emocional de viver a vida, seja ela qual for. Para mim pouco interessa se tem emprego ou não, se está bem no trabalho ou não, como está emocionalmente neste momento. Por isso disse que a felicidade é um estado de espírito, é a forma como se vive as emoções que a mente cria.

Na verdade, não se trata nem da própria emoção criada, mas a vivência dela.

Participante: a consciência Joaquim está dentro de mim. Se morrer agora levo essa ilusão?

Leva. Vai continuar procurando um computador para poder me ouvir.

Participante: observar o sentimento apesar da sensação? É isso?

Observar a forma como você se relaciona com o sentimento. Vou dar um exemplo.

A mente possui uma verdade que lhe leva a sentir raiva por alguma coisa. Ao invés de querer extinguir a raiva, entender porque aquela verdade lhe deu raiva ou porque a mente a usou, preocupe-se como está vivendo a raiva que a mente cria.

Participante: Existe inteligência emocional?

Não se ligue a este assunto, por enquanto. Porque não sabe que é inteligência nem emoção.

Posso lhe dizer que ela existe, mas não é nada do que acredita.

Participante: o que é pensar? O que é refletir?

Pensar é receber uma história pela mente. Refletir é pensar a história que a mente está criando.

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Estou desempregado

Começamos, então, nossa conversa de hoje.

O que é um desemprego? É um acontecimento da vida. É simples assim. É igual a morte: um acontecimento da vida.

Estou falando isso para deixar uma coisa bem clara. Não há nada de profundo, de excepcional, de péssimo no desemprego. Ele é apenas um acontecimento da vida. É um lado da vicissitude, do dualismo. Existe o estar empregado e o desempregado.

Não parece, mas essa bobeira que estou falando é fundamental para quem quer a felicidade. Isso porque a primeira ideia que a mente cria quando surge o desemprego, é o desespero, o medo, a agonia.

Todos os pensamentos que surgem para o desempregado são acompanhados destas emoções. Se você não está plenamente consciente que desemprego é apenas um momento da vida, embarca no desespero, já que acha que é algo excepcional, extraordinário, algo diferente na vida, que é algo que precisa de uma preocupação diferente de outros momentos. Imagina que precisa viver essa situação de uma forma diferente do que, por exemplo, o fato de ter emprego, que também nada mais do que um acontecimento da vida.

Portanto, a respeito de desemprego, o primeiro ponto que temos que nos ater é: é preciso ouvir a mente e libertar-se da excepcionalidade que vem através da história que a mente conta. É preciso se libertar da necessidade de arrumar um emprego, como se fosse capaz de fazer isso.

Eu disse para uma pessoa que está desempregado: quando está procurando um emprego, a primeira coisa que faz é um teste ou uma entrevista de admissão. As vezes tem até mais capacidade de outros que também se candidataram para a vaga, mas de repente quem está escolhendo foi mais com a cara do outro. Essa é a realidade do conseguir um emprego: quem vai decidir se você será admitido é uma pessoa estranha.

Sendo assim, adianta se desesperar se não é aprovado? De que adianta imaginar que precisa arrumar um trabalho se consegui-lo não depende de você? Isso depende de quem vai selecionar a pessoa para a vaga. A sua parte neste processo é só busca-lo.

Isso é algo que precisa dizer a mente quando ela trabalhar com a agonia do desemprego. Deve dizer que está desempregado, mas que a única coisa que pode fazer é procurar. Saia, vá fazer entrevistas, mande curriculum, compre o jornal. Faça de tudo que puder para arranja-lo, mas tenha a consciência de que a palavra final não é sua.

Esse é o primeiro detalhe sobre este tema.

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Meditando sobre o desemprego

Já que falei em meditar, vamos fazer um pouco mais do que apenas falar. Vamos meditar sobre a questão do desemprego. Além de lutar para libertar-se da agonia do desemprego, você precisa meditar sobre estar desempregado ou da busca de estar empregado. Vamos lá.

Como eu disse, meditar é pesquisar na mente as verdades que sustentam a realidade. Por isso, pergunto: porque você quer estar empregado? Essa é uma pergunta que ninguém se faz.

A maioria me responderia que é porque precisa de dinheiro. Continue meditando: você come, veste, se limpa com dinheiro? Não. Sendo assim, essa verdade é falsa: você não quer trabalho porque precisa de dinheiro, mas por outros motivos.

Chegamos ao ponto. É preciso continuar a meditação para encontrar o motivo que a mente lhe diz pelo qual é importante ter emprego.

Esse é o trabalho completo da libertação. Não compactuar com a verdade que está à tona, que é a ideia de ter que conseguir um, a agonia de não ter trabalho. Mas, além disso, precisa libertar-se do cria essa ideia, pois se não fizer isso pode até se libertar da agonia, mas amanhã cairá, pois a mente repetirá a proposição.

Portanto, precisa ouvir a sua mente. Ouvir dela o por que precisa ter o dinheiro e consequentemente o emprego.

Estou falando isso porque existem milhares de motivos para se querer um emprego. Uns querem porque se consideram adultos, com qualquer idade que tenham e precisam de um trabalho para sair da casa do papai. Outros procuram por causa de respeito. Acham que só estando empregados serão respeitados, etc. Os motivos são muitos e você precisa conhecer o da sua mente para poder realizar o trabalho de libertação da criação mental.

Não estou falando em negar o motivo que ela tem, mas libertar-se de ter que ter. é libertar-se de ter o dinheiro.

Sei que alguns me diriam que sem dinheiro não comem. Isso é uma criação mental. É preciso se libertar da ideia de que tem que comer. Outros diriam que sem trabalho não têm dinheiro e com isso não teriam uma casa para morar. Isso é verdade da mente. Precisa se libertar da obrigação de ter um teto.

Porque você precisa disso? Vocês me dirão que é porque senão morarão na rua. Está certo, qual o problema disso? Quantos moram na rua? Prendendo-se a ter que ter a casa terá que ter o emprego e se essa ideia lhe domina, sofrerá quando estiver desempregado.

Reparem no trabalho da meditação junto com da busca da felicidade. Saibam que é esse que realmente pode lhes levar a alcança-la. Isso porque é a meditação que irá extinguir aquilo que alimenta a verdade que causa o sofrimento ou o prazer.

É por este motivo que deixei o desemprego para o final de nossas conversas. O desemprego é primeira situação de vida considerada crítica que vemos. Só que ela não tem nada de absurdo. Quantas vezes você ou qualquer pessoa já não esteve desempregado e depois conseguiram um? Isso é vicissitude, característica corriqueira da vida humana. Por ela, um dia tem emprego e no outro não. Depois passa a ter novamente.

Por isso, o que não interessa é saber se tem ou não. Não é para ter que é preciso que se lute, mas sim para enquanto tiver ou não viver o ter ou não sem prazer ou sem dor, ou seja, da melhor maneira possível para si mesmo.

‘Mas, como fazer isso’? Acabei de explicar. ‘Mas como a minha mente vai funcionar, já que cada pessoa é uma’? Isso pouco importa. ‘Quem vai observar e quem será o observado’? Também não importa. Me adiantei um pouco às suas questões para não perdermos tempo depois.

Essas perguntas pouco interessam. O que interessa é que você sabe como se sente quando está desempregado. Se é você quem está sentindo ou se é a mente, isso também não importa, porque não sabe a resposta para isso.

Concentre-se no que pode fazer ao invés de divagar, porque senão ficarão como cachorro correndo atrás do rabo e nada fazem. Essa é a informação de O Livro dos Espíritos para aqueles que querem saber: entram num labirinto de onde não conseguirão sair e enquanto estão presos lá, não fazem o que devem fazer.

Por isso, concentrem-se apenas em reconhecer como está vivendo emocionalmente. Concentre-se em buscar entender porque está vivendo aquilo e aí lute para secar a fonte que lhe dá a emoção.

O resto é vida, acontece, não depende de você.

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Conversa

Participante: minha mulher me disse que ia falar umas verdades. Eu ouvi e percebi que eram as frustrações dela. Não me envolvi na demanda. Estou no caminho?

Está no caminho da separação.

Participante: filtrar o que o coração absorve?

Não estou falando de coração, mas de razão. Aquilo que sua razão diz que está sentindo.

Além disso, também não é filtrar, deixar de sentir, mas sim viver o que a mente está dizendo emocionalmente de uma forma diferente. Não viver com a emoção, sofrendo por estar com raiva ou frustração nem tendo o prazer de estar tudo muito bem.

Participante: quem é autônomo e vive do que vende como eu, venceu o desemprego?

O que você acha? Que sim? Então, também acho.

Participante: estou desempregado e não estou nem aí.

Lute contra isso.

Sei que você está achando que é uma coisa muito bonita não estar nem aí para o desemprego, mas se isso é uma ideia, não é você que está sentindo, mas sim a mente. Neste caso, pode ser comodismo.

Você ainda não entendeu o que eu disse. Não estou falando de conseguir na mente um não estar nem aí, mas para que você não esteja nem aí quando a mente estiver preocupada.

É para se lutar contra qualquer coisa que vem à mente. Se no seu caso ao invés da preocupação ela não está nem aí, essa é a propositura mental que está sendo apresentada. Liberte-se dela.

O trabalho da felicidade não se consiste em estar aí ou não. Essas posturas racionais são dois lados da mesma moeda. Por isso, o que está vivendo não é a libertação, mas a mesma prisão de quem está em agonia por este motivo.

O que estou dizendo não é que deve se ligar na questão de estar desempregado. O que estou falando é que não deve se preocupar por estar desempregado e nem não ligar para isso. O que estou falando é que, independente do que a mente fala, você tem que ser manter equânime.

Participante: eu saio de casa sem saber o que vai me acontecer. Não sei se terei sucesso, vendas, ou se terei que sacudir a poeira novamente. Isso estaria me preparando para alguma coisa?

Está lhe preparando para ganhar dinheiro um dia e outro não.

Vocês ainda estão preocupado com acontecimentos. Não me interessa as ações da vida.

Participante: como se cria um emprego?

Pergunta à vida, é ela que cria.

Ah, já sei como se cria: uma pessoa vai lhe dizer que está aprovada e começa na segunda feira.

Participante: desde que passei a ser autônomo, Deus tem garantido o meu sustento e o da minha família. Acontecem situações que não consigo explicar. AS coisas se ajeitam. Confiei mais ainda quando você disse que temos o que merecemos. Acho que faço por merecer.

Louvado seja Deus ...

Participante: em uma palestra o senhor falou da pilha de papéis que está na mente. O observador tem que ler todas as folhas?

Não conseguirá ler todas, mas precisa ler algumas que estão abaixo da do topo. Não adianta ler a primeira, pois a de baixo sustenta a de cima. É o que acabei de falar sobre meditar e descobrir a raiz do que está pensando agora. A folha de papel de cima é sempre uma continuação da história que está na de baixo.

Leia até onde conseguir, porque ler até o fim não conseguirá.

Participante: ler até o fim é chegar no eu?

Sim.