Conhece a ti mesmo
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Em conversa que durou três dias seguidos na sala do Paltalk, Joaquim de Aruanda dissecou o ego. Falou de sua criação, de como ele é formado. Fez isso para que o espírito encarnado conhecesse a origem da personalidade humana à qual está ligado.

Conhece a ti mesmo

Introdução

O estudo destes três dias será sobre o ego. Iremos conversar sobre este elemento da vida material, mas não chamaremos este conjunto de palestras de estudo do ego. Isto porque, quando falamos em conhecer o ego, temos que ter em mente que estuda-lo é falar sobre si mesmo. Precisamos compreender que conhecer o ego é se auto conhecer. Como iremos definir depois, o ego é o que você é hoje. O ego é aquilo que você se considera hoje.

Portanto, este estudo, apesar de falar do ego, se chamará ‘Conhece a ti mesmo’, porque, como disse anteriormente, se você é o ego, conhece-lo é trabalhar o autoconhecimento, trabalhar o conhecer-se.

Sendo assim, as palavras que serão ditas durantes estes três dias têm o objetivo de levá-lo a conhecer você mesmo. Este é o primeiro aspecto da introdução a este estudo, mas existe um segundo que é o objetivo pelo qual se vai estudar o ego.

Existem muitos estudos sobre este elemento, muitas abordagens no estudo sobre o ego, mas aqueles que o fazem como ciência ou cultura não compreendem que estão vivendo apenas ilusões e não um saber. Falo assim porque toda ciência e cultura estão contidas no ego.

Eu diria que não pode existir um doutor nesse assunto que tenha ego, pois, senão, ele estaria iludido pelo próprio ego e não estaria vivendo realidades. Para poder se compreender perfeitamente o ego e sua atuação seria necessário que o ser estivesse desligado deste elemento, mas isto não é possível no mundo carnal.

Então, o objetivo para o qual vamos abordar o tema ego não será composto por um estudo científico e nem objetivará, apesar de passar por isto, definir-se cientificamente o ego. Objetivaremos sim, com este estudo, entender aquilo que comumente se chama reforma íntima ou reforma do seu relacionamento com o ego. Desta forma, quando estivermos analisando algum aspecto do ego, sempre usaremos aquilo que compreendermos não apenas como cultura, mas como ferramenta para a reforma íntima através da luta contra o ego.

Serão, portanto, estes dois aspectos que nortearão nossas conversas neste trabalho. Primeiro elas deverão trazer como resultado o conhecimento sobre si mesmo e em segundo lugar buscarão trazer, através deste autoconhecimento, instrumentos para a elevação espiritual, para a reforma íntima.

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Definições

Comecemos definindo o ego.

“Ego é uma personalidade transitória à qual o espírito se liga durante um determinado espaço de tempo na sua existência espiritual”.

Esta é uma definição padrão de ego que estamos usando apenas para podermos direcionar nosso trabalho. Muitos elementos da definição podem sugerir a vocês a ilusão de saber o que quer dizer, mas na realidade estamos apenas tentando dar uma ideia do que seja o ego, já que a descrição perfeita deste elemento universal é incompreensível aos seres humanizados por falta de conhecimentos prévios.

Antes de avançarmos no estudo do ego propriamente precisamos, ainda, definir o termo personalidade para não confundi-lo com as demais definições existentes.

“Personalidade é um conjunto de crenças que formam a consciência de um espírito”.

Como consciência, entendemos o conjunto de informações ou memória que o espírito vivencia.

O ego, portanto, como conjunto de personalidades pode ser entendido como um conjunto de crenças à qual o espírito se liga durante determinado ‘espaço de tempo’ de sua existência eterna.

Dizemos que o espírito se liga porque ele possui uma outra personalidade ou conjunto de crenças que chamaremos de personalidade espiritual. Ou seja, o espírito possui um conjunto de crenças próprias, que é próprio seu, que existe no espírito independente da ação do ego.

Este conjunto de crenças ou personalidade espiritual é que determina a Realidade do espírito e não o temporário. Usamos o termo realidade no sentido da elevação espiritual, ou seja, o que determina o que é conhecido como grau de evolução do espírito.

O espírito por si possui as suas crenças e elas não são as mesmas do ego. Quando o espírito está ligado ao ego esta personalidade espiritual é desligada e o espírito vive pelas crenças do ego e não pelas suas próprias.

Podemos então afirmar a partir de tudo isso que o

espírito encarnado é o ser universal que possui crenças espirituais, mas crenças estas que não estão acessíveis por causa da ligação com o ego.

Já aqui desfazemos um mito ou uma compreensão ilusória que a humanidade possui. Espírito encarnado não é aquele que está ligado a uma carne, mas sim aquele que vivencia a realidade ditada pelo ego, personalidade transitória. Espírito encarnado é o ser universal que vive a partir de crenças temporárias ao invés de utilizar as suas próprias e não aquele que está vivo.

Não sei se me fiz compreender. Esta parte é complicada porque é um início e alguns elementos ainda são desconhecidos de vocês, mas é preciso que algumas ideias fiquem claras.

Primeira: assim como o ego é uma personalidade temporária, o espírito possui a sua personalidade fixa ou eterna. Segunda: esta personalidade fixa ou eterna é a mesma coisa de um ego, só que ela é formada por crenças diferenciadas.

Este é o início do estudo ego: saber que ele é um conjunto de crenças, mas que ao mesmo tempo o espírito possui outro conjunto diferente daquele existente no ego.

Participante: eu gostaria de entender melhor estas outras crenças que o espírito possui. Como ele as adquiriu?

Vou lhe explicar, mas antes me deixe alertar algo: a formação das crenças do ego é diferente das do espírito. Depois vamos falar como as crenças do ego passam a existir, mas, por hora, saiba que as da personalidade espiritual são formadas ao longo da existência espiritual.

Participante: de encarnação em encarnação?

Eu não vou falar em encarnação porque vocês ligariam esta informação à carne. Estou falando de aprendizado espiritual.

Como já estudamos, o espírito possui dois campos de evolução: o técnico e o moral. No primeiro estágio ele viverá, por exemplo, ao lado do átomo de uma pedra. Quando estiver fazendo isso aprenderá algo. Este conhecimento adquirido é uma crença que ficará guardada na memória ou na personalidade do espírito.

Quando ele sai do mundo mineral e começa a vivenciar o aquático, adquire novos conhecimentos, formando, assim, novas crenças. Ao longo de todo o período de evolução que chamamos de técnico o espírito irá adquirindo conhecimentos e eles se transformarão em crenças que comporão a personalidade espiritual.

Depois disso ele entra no estágio de evolução moral e novos aprendizados vão surgir e novas crenças serão formadas. Neste estágio, por exemplo vocês que estão saindo do ‘mundo de provas e expiações’ estão adquirindo novas crenças que passarão a compor as suas personalidades espirituais. Quando completarem o próximo ciclo idem.

Assim caminha a formação da consciência espiritual durante toda a eternidade.

Participante: quando o senhor diz crenças, fala em materiais e espirituais ou só uma ou outra?

Só espirituais. Na consciência do espírito não existem crenças materiais, porque, como veremos, a matéria só pertence ao ser humanizado e não pertence ao espírito.

Participante: acima do ego, entre ele e a consciência do espírito, existe outra personalidade?

Não. Para poder lhe responder melhor, vamos adiantar um pouco o assunto, mas depois voltamos.

Você está vivendo um ego humanizado, um ego programado para viver no planeta Terra, no mundo de provas e expiações. No próximo ciclo ou sentido de encarnação você se unirá a outro ego.

Este novo ego será diferente do atual, pois será programado para se viver o mundo de regeneração. Quando isto acontecer o ego atual, de provas e expiações não mais existirá. Ou seja, sempre haverá uma consciência espiritual e um só ego.

Todos os egos são inferiores à personalidade espiritual e ela é a realidade, é aquilo que o espírito é, por isso não há outra acima dele. Poderíamos considerar que houvesse uma personalidade universal que é Deus, entendido como conjunto do todo, formado pelo todo, mas isso é outra história. Além do que, ela não chega a ser propriamente uma personalidade.

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Identidade

Voltando à nossa conversa, até aqui definimos o ego, falamos das personalidades que existem e também da sua temporalidade. Dentro da definição que demos anteriormente para ego podemos, agora, falar da ligação do espírito às suas personalidades.

A ligação do espírito com uma personalidade cria uma identidade. Cada vez que o espírito se liga a uma personalidade, seja ela um ego (personalidade temporária) ou à sua personalidade espiritual, ele adquire uma identidade. Vamos entender isso.

Identidade é aquilo que você acha que é, o que o identifica. Hoje você está ligado a um ego que está rotulado com determinado nome. Por exemplo, uma pessoa que se chama Márcia.

Márcia não existe. Na realidade é um espírito que está ligado a um ego rotulado como Márcia. Devido a esta ligação o espírito se auto identifica como Márcia.

A identidade Márcia foi criada na ligação do espírito com este ego e o ser passou, então, a identificar-se como Márcia. Assumir esta identidade é, portanto, o que caracteriza a ligação de um espírito com um ego ou com uma personalidade.

Fica difícil explicar como se processa esta ligação. Muitos se arriscariam em falar em fios energéticos, em energia, fluído cósmico universal, elementos que ligariam o ego ao espírito, mas tudo isto seria simbólico. Como disse anteriormente, apesar de termos que nos aproximar da ciência, não nos fixaremos no conhecimento científico.

O que é preciso realmente compreender para o objetivo de criar instrumentos de elevação espiritual é que a fusão do espírito com uma personalidade cria uma identidade. E que quando esta identidade é temporária, ela é falsa e quando surge da personalidade espiritual, é real.

Participante: a personalidade a qual eu me liguei para vivenciar uma encarnação já existia antes de eu me ligar a ela?

Não, nós chegaremos lá, mas por enquanto lhe respondo que essa personalidade só existe a partir do momento que você a constrói. Portanto, é posterior a você.

Participante: o ego humano é independente do espírito? Ele possui uma consciência própria?

Nós vamos chegar a isso também, mas para não lhe deixar sem resposta agora afirmo que, se definimos consciência como um conjunto de crenças, o ego tem uma consciência própria, ou seja, crenças próprias. Mas, no tocante a ter vida própria já chegaremos neste aspecto.

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Crenças do ego

Quero falar agora um pouco sobre as crenças que citamos. O que são as crenças que estão embutidas no ego e na personalidade espiritual do espírito?

Para tornar compreensível à vocês vou falar por meio de figuras. Não é exatamente isso, mas utilizando alguns exemplos conhecidos no planeta podemos nos aproximar um pouco da Realidade.

Não sei vocês conhecem programação de computador, sabem como é feito um programa de computador. Mas, mesmo quem não conhece a fundo o assunto, sabe que um programa de um computador é uma série de comandos que reagem a uma ordem.

Exemplificando. Se você apertar a tecla ‘a’ no teclado do seu computador, essa letra aparecerá no visor. Mas, para que isso aconteça, é necessário que um programa a crie. Para isso o programa terá que conter o seguinte comando: se a tecla ‘a’ for apertada, desenhe no visor a letra ‘a’. Sem isso, você pode apertar quantas vezes quiser a tecla que nada surgirá.

O conjunto de crenças do qual o ego é composto é idêntico. Ele diz: se houver um determinado impulso, utilize a crença ‘x;’ se o impulso for outro, utilize a crença ‘y’, se o impulso for outro ainda, utilize a crença ‘z’.

Este é o funcionamento do ego. Na realidade ele é um programa que transforma um impulso, uma ordem, numa determinada verdade ou realidade de acordo com crenças pré-estabelecidas. O ego não é um ser, um espírito, não tem vida própria. Ele é uma série de informações que serão ativadas a partir de determinados comandos.

Isto é o conjunto de crenças ao qual eu me referi que compõe o ego ou a personalidade que o espírito se liga temporariamente. No entanto, este mesmo critério pode ser aplicado à personalidade do espírito.

Digo isto porque este procedimento (reagir a comandos criando realidades pré-fabricadas) é o fundamento daquilo que vocês chamam de raciocínio. O raciocínio, em qualquer nível, é exatamente isso: um impulso que ativa uma determinada compreensão para o espírito.

Portanto, não importa se estamos falando de ego ou de personalidade espiritual do espírito, a função da personalidade é exatamente esta: a criação de compreensões que se transformem numa realidade para o espírito.

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O criador do ego

Creio que agora ficou claro o que é que é o ego. Podemos, então, começar a falar um pouco mais da personalidade transitória à qual o espírito se liga para configurar o que é chamado de encarnação.

O ego, ou personalidade transitória, é criada pelo espírito antes da encarnação. Ou seja, o conjunto de comandos que criarão realidades durante a encarnação para o espírito vivenciar é obra e fruto deste mesmo espírito quando de posse da sua consciência espiritual.

Podemos afirmar, então, que o espírito, de posse da sua consciência, ou seja, dentro do seu saber espiritual, escolhe códigos que serão acionados para criar determinadas realidades que ele vivenciará durante a encarnação.

Vamos dar um exemplo. A realidade de ser agredido, você ou qualquer outro, é uma informação que o ego dá. O fato de você ou alguém ter sido agredido nada mais é do que uma visão que você programou para o seu ego criar em determinadas circunstâncias.

Perguntaram-me agora a pouco se o ego existia antes da encarnação: a resposta está aí. Não, o ego só passa a existir do momento que o espírito o cria, assim como o programa do computador só passa a existir depois que alguém o escreve.

Desta forma, o conhecimento do ego quanto à sua temporalidade é que o conjunto de comandos que criarão realidades foi escrito por você, espírito, antes da encarnação. Além disso, é preciso compreender que quando o escreveu, você estava de posse da sua consciência espiritual.

Há exceções neste aspecto. É o caso onde o espírito não consegue reassumir a sua identidade espiritual e já tem que, por determinação de Deus, iniciar uma nova encarnação. Se ele estiver nesta condição terá que reencarnar, mas não poderá programar o seu próximo ego.

Neste caso, o ego, ou criador de realidades, é escrito por um mentor deste espírito. Por alguém a quem o espírito, ainda de posse da sua consciência espiritual, nomeou como seu tutor enquanto não recobrasse a sua consciência real.

Esta é uma exceção à regra. No momento em que falamos que o espírito escreve o seu ego, para não fugirmos à Realidade, é preciso também citar que há exceções nesta regra. Fazemos isso como fidelidade à Verdade, mas vocês não devem se prender a isso.

Como disse é uma exceção e casos semelhantes a este, pouco representam em quantidade de espíritos hoje encarnados. Portanto, trabalhemos apenas com a regra e não nos prendamos a exceções.

Participante: significa que eu escrevi ser teimosa?

Significa que você escreveu comandos no seu ego para criar realidades que contrarie seu desejo. Quanto ao ser teimosa, já chegaremos lá.

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Razão

Respondo-lhe, por agora, que você criou desejos, um comando para interpretar que foi atacada nos seus desejos e um outro para vivenciar a reação.

Por que ao lhe responder não abordei na resposta o tema teimosia? Porque falei até agora de compreensões racionais. O que chamo de compreensão que o ego cria é aquilo que vocês conhecem como razão, racional.

Tudo aquilo que para vocês é racional, ou seja, é compreensível por uma razão, fruto de um raciocínio, é criado pelo ego.

É uma realidade temporária e ilusória. Uma realidade que surge apenas por causa do seu comando para criar para si aquela realidade e não que seja verdade ou esteja realmente existindo.

Isto precisa ficar bem claro quando se fala de autoconhecimento. Tudo aquilo que você compreende no mundo, não é real, lógico, racional, mas uma realidade que você comandou para que fosse criada enquanto estivesse ligado àquele ego.

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Emoções

Mas, dentro do conjunto de crenças do ego não existe só a parte racional, ou seja, a parte das ideias, do conhecimento através de imagens e formas, mas também existem as crenças emocionais. Vamos falar disso.

A personalidade, ou ego, é formada pelas ideias e pelas emoções ou sensações. No ego existe um conjunto de realidades lógicas, racionais, mas também existe um conjunto de emoções ou sensações pré-determinadas pelo espírito. Da mesma forma que a razão, que já falamos, este conjunto de emoções está subordinado à programação do ego e cada uma delas será usada quando determinado comando for ativado.

Vou dar um exemplo. Você vê uma barata e sente medo, nojo ou horror. Mas este nojo, horror e medo não são reais: são reações pré-programadas do ego para lhe criar um estado emocional que você viverá como realidade. Sendo assim, podemos afirmar que o ego lhe cria uma realidade racional, ideia, pensamento, mas também lhe cria realidades emocionais.

Um outro aspecto importante que precisamos compreender é que a realidade emocional que o ego cria está sempre ligada à razão ou a compreensão racional.

No caso da barata, a compreensão racional, ou seja, o pensamento, será de que a barata é suja, nojenta. Ao mesmo tempo em que o ego lhe joga essa racionalidade, ele também lhe dá a sensação do nojo, do medo e do horror.

O ego jamais lhe dará uma razão com emoção diferenciada. Ou seja, ele jamais lhe fará crer racionalmente que a barata é nojenta e lhe dará uma sensação de calma e paz.

E você, espírito, que só vive aquilo que o ego propõe como realidade, acha que acredita e está sentindo o que o ego está propondo, ou seja, se deixar ser comandado pela mente e não consegue sentir-se de forma diferente, mesmo que racionalmente quisesse.

É isso que estamos falando que é se ligar temporariamente a uma personalidade ou conjunto de crenças: vivenciar obrigatoriamente as proposições racionais e emotivas que o ego dá como verdade, realidade, sem condições de fugir delas.

Agora fica muito mais fácil e muito mais claro compreender o que é ego. E, como eu disse no início, de se entender que o ego é você. Isto porque você só conhece, compreende e sente o que o ego quer que você compreenda, entenda e sinta.

Mas, tudo que você conhece compreende e sente não existe: tudo foi gerado a partir de um programa que foi escrito para reagir desta forma, pelo próprio espírito antes da encarnação.

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Razão da existência do ego

Podemos, então, avançar no nosso estudo. Por que o espírito cria tudo isso? Por que o espírito cria uma ilusão, uma não verdade, algo transitório para vivenciar quando já possui na sua personalidade espiritual, o Real e o Verdadeiro, e pode vivê-lo?

Para comprovar a si mesmo aquilo que aprendeu quando na erraticidade, ou seja, quando ligado à sua consciência espiritual. Vamos entender isso melhor.

Segundo O Livro dos Espíritos, quando na erraticidade, o espírito de posse da sua consciência espiritual se prepara estudando para sua futura ligação com o ego ou encarnação. Este preparo, ainda segundo O Livro dos Espíritos, se consiste em observar como lida o espírito humanizado (ligado ao ego) no seu relacionamento com as realidades criadas pelo ego.

Ou seja, os espíritos na erraticidade estão observando neste momento como vocês estão se relacionando com o ego ao qual estão agora ligados. Durante esta observação o espírito sabe a diferença entre o que está sendo criado e a Realidade por que está de posse da sua consciência espiritual que não cria as mesmas ilusões do ego.

Como eu disse anteriormente, hoje, você vendo uma barata, vivenciará o raciocínio, a parte racional que lhe diz que a barata é nojenta e o nojo e o asco pela barata como real. Quando na erraticidade, o espírito não vivenciará isso. Ele não verá a barata e nem será bombardeado por esta compreensão racional e emocional. Por isso eu disse que o espírito na erraticidade vê o que é Real e não o que é ilusório.

Não quero neste momento entrar no assunto da Realidade. Posteriormente falaremos no que é Real, no que está acontecendo verdadeiramente. Mas, por enquanto, você precisa compreender que vive uma realidade ilusória, não Real, e quando na erraticidade os espíritos têm consciência de que aqueles que estão encarnados, ou ligados ao ego, são como crianças iludidas por aquilo que lhe dizem.

Depois de determinado tempo de observação o espírito programa, então, o seu ego para provar a si mesmo que será mais forte do que esta ilusão, ou seja, não acreditará nela, não a vivenciará como Realidade.

Participante: quando você fala que o espírito na erraticidade não está vendo as coisas como quando ligado ao ego, se refere ao espírito livre do processo encarnatório?

Não, falo de espíritos ainda presos ao processo encarnatório.

Participante: mas, como, então, ele vê sem o ego se ainda está com o ego?

Você está fazendo confusão entre processo encarnatório e encarnação. A encarnação é a ligação com um ego; o processo encarnatório é a obrigação de ter que criar ainda novas personalidades para vivenciar um dia.

Desta forma um espírito pode ainda estar preso a um processo encarnatório, mas no espaço de tempo entre um ego e outro, uma personalidade e outra, consegue acessar à sua consciência espiritual.

Participante: então, o espírito quando não está encarnado não está ligado ao ego?

Já definimos anteriormente encarnação como ligação ao ego e não como ligação a um corpo físico.

Todo espírito encarnado está aprisionado à personalidade com que viveu ou vive a vida carnal. Mas, isto não quer dizer que ele esteja liberto da carne, do corpo. Ele pode permanecer ligado ao ego, ou seja, vivenciando as realidades a partir do comando do ego, e não estar mais ligado ao corpo físico.

Você está partindo do pressuposto que encarnação é ligar-se a um corpo, a uma massa carnal, mas isso não é real. Na Realidade a encarnação é ditada pela ligação a uma personalidade temporária que é caracterizada pelo ego.

Enquanto o espírito viver guiado pelo ego estará ainda na mesma encarnação, não importando se está preso ou não ao corpo.

Participante: e quando você fala em espírito na erraticidade, a que quer se referir? Não entendi a relação do espírito na erraticidade estar observando ele mesmo com o ego.

Não falei em observar a si mesmo com o ego, mas a observar outros espíritos que estejam vivendo aprisionados à identidades geradas pelo ego.

Quanto a definir espírito na erraticidade vou conceituá-lo agora, mas só posteriormente falaremos mais sobre o assunto.

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O ser na erraticidade

Existem espíritos em dois níveis no Universo: aqueles que estão na materialidade, seja de que planeta for, e os que estão na erraticidade.

O espírito que está na materialidade é aquele que vive a ilusão que o ego propõe como realidade. Espírito na erraticidade é aquele que está desligado da materialidade, ou seja, aquele que está desligado das realidades que o ego cria.

Este conhecimento nos leva a compreender que erraticidade não é um lugar, um espaço do Universo, mas um estado no qual o espírito está vivendo com a sua personalidade espiritual. Da mesma forma, a materialidade ou encarnação de um espírito também não gera um lugar específico para se viver, mas se trata do estado do espírito que está vivendo um mundo, realidades, criadas por egos, não importando a que matéria se refira.

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A origem das informações do ego

Vamos continuar. Pergunto: a partir do que o espírito cria o seu programa (ego) que irá fazê-lo vivenciar ilusões como realidade? A partir do seu estágio de evolução espiritual. Vamos compreender isso.

Anteriormente disse que a personalidade espiritual é fixa, mas não declarei que ela é imutável. A personalidade ou conjunto de crenças do espírito que não é iludido pelo ego se forma através da eternidade. Vou dar um exemplo.

Existem espíritos na erraticidade, libertos da ação de egos, que na sua consciência espiritual acreditam no bem e no mal, no certo e no errado, no bonito e feio. Eles creem nestes dualismos, que são características ilusórias ditadas pelo ego, mesmo ligados à sua consciência espiritual.

Quando na etapa de estudos que já citei, estes espíritos compreendem que estes conceitos são ilusórios ao observar a Realidade do Universo. Verificam também que eles ainda possuem tais ilusões na sua consciência espiritual e compreendem que precisam se libertar delas para poder avançar em direção a Deus.

Ou seja, compreendem que acreditar em parâmetros que dividam o que é uno não comunga com a Realidade. Compreendem que esta forma de ver o mundo não é espiritual e aí sentirão a necessidade de trabalhar para se libertar do dualismo. Como? Criando esta mesma verdade no ego.

Colocam as mesmas verdades gênero de suas provas no futuro ego para que ele crie realidades para que agora, cônscio de que estas compreensões não são dignas daquele que vive com Deus, libertarem-se da ação do ego.

Portanto, o que motiva o espírito a criar um conjunto de informações, programa que irá gerenciar realidades durante a encarnação, é a sua consciência sobre a sua personalidade espiritual. Vou dar um exemplo mais prático para facilitar a compreensão.

Um ego que seja vivenciado por um espírito e que contenha comandos para criação de racionalidades e emoções de ciúme, é um ego que foi projetado por um espírito que ainda possui na sua consciência espiritual posse, já que o ciúme nasce do desejo de possuir.

Desta forma, apesar de ser transitório, o ego é um reflexo do atual estágio da consciência espiritual do espírito. Não um reflexo perfeito porque o espírito não alimenta o seu ego com todas as suas imperfeições, mas parte delas.

Conhecendo esta Realidade do Universo podemos afirmar que uma pessoa (espírito ligado a um ego) que tenha desejos de posse simboliza que o espírito ainda possui este desejo. Simboliza, ainda, que com a vitória sobre o ego (não acreditar no desejo de posse que ele incitará) conseguirá retirar de sua personalidade espiritual este mesmo desejo.

Volto a repetir. Está sendo muito difícil falar tudo isso porque muitas vezes faltam palavras para explicar, mas o sentido é esse. Se você está ligado ao ego e ele possui uma determinada característica, esta também existe na sua personalidade espiritual e você precisa vencê-la durante a carne para eliminá-la por completo de lá.

Um detalhe. Como também já afirmei antes, existem exceções em algumas regras no mundo espiritual. Aqui está um exemplo.

Existem egos que não refletem os valores da consciência espiritual do espírito. Trata-se dos chamados egos missionários, ou seja daqueles egos que são projetados por espíritos para vivenciarem determinadas missões ou papéis na ilusão da vida carnal. Neste caso, o espírito não possui aquelas características, mas como o papel a desempenhar pede que elas existam, o espírito as inclui no ego e as vivencia.

Agora, isso são exceções e não regra. Vamos ficar com a regra que é mais vinculada às encarnações da grande maioria dos espíritos. Ela diz: aquilo que você vivencia hoje está presente na sua consciência espiritual.

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Os mundos do ego

Vamos, então continuar definindo o ego e o entendendo, já que este é o assunto deste primeiro dia de palestras. Vamos agora para uma parte muito delicada e gostaria que vocês prestassem muita atenção.

Ao conjunto de realidades formadas pela compreensão racional e pela emocional chamo de mundo interior. É o seu mundo interno, o seu eu interior, a sua vida interior.

No entanto, este mundo não surge do nada. Precisa haver algo que faça surgir estas realidades ilusórias dentro de você. Ao elemento que cria a oportunidade para o ego fazer você vivenciar o seu mundo interior chamo de mundo exterior. Vamos compreender estes dois conceitos com um exemplo prático como sempre fazemos.

A criação de uma ilusória verdade racional de que você foi agredido fisicamente e a também ilusória sensação de se sentir humilhado faz parte do seu mundo interior. No entanto, esta falsa realidade só surge quando no mundo exterior é detectada a movimentação de uma mão encontrando com o rosto.

Existe, portanto, um mundo exterior onde uma mão se movimenta e se encontra com uma face, e existe o mundo interior onde esta movimentação ganha na razão e na emoção o valor de agressão, humilhação e sofrimento.

No mundo exterior não há agressão: há a movimentação de uma mão encontrando-se com o rosto. Só o mundo interior vivenciou racional e emocionalmente a agressão.

Participante: foi o ego que nomeou como agressão?

Foi o ego que nomeou pela razão e pela emoção aquele ato externo como agressão e lhe deu a sensação de sentir-se agredida.

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A realidade da vida

A agressão, portanto, não está na intenção do outro, mas é uma criação do seu ego, é um mundo interno. Ela não existe fora de você, mas acontece apenas dentro do seu interior.

Agora, esta compreensão não é válida em apenas alguns casos, em algumas movimentações, mas vale para qualquer coisa. É válida para qualquer compreensão que você tenha sobre as movimentações do mundo externo das quais participa, sejam elas racionais ou emotivas. Todas as movimentações, ou atos, em si não possuem o valor que você dá, pois ele foi criado pelo ego.

Não há compreensão humana que seja real, que esteja realmente acontecendo. Toda compreensão é uma interpretação que o ego faz seguindo o comando que você mesmo fez.

Neste caso (agressão), você programou o seu ego para que se uma mão se encontrasse com o seu rosto sob determinadas circunstâncias aquilo deveria ser considerado como uma agressão. Por que fez isso?

Porque você, espírito, ainda tem vaidade, soberba ou outros sentimentos que envolvam o individualismo dentro da sua consciência espiritual e compreendeu a que a existência deles é incompatível com a espiritualidade que precisa vivenciar.

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O agente da realidade

Acho que agora começa a ficar claro a funcionalidade do ego e sua operação. Mas, vamos complicar um pouco mais para poder compreender perfeitamente.

Ora, se a sua razão espiritual de existir na carne, ou seja, ligado àquele ego é passar por determinadas circunstâncias para que sejam criadas determinadas realidades ilusórias pelo ego, não seria justo que você ficasse dependente do mundo. Ou seja, que você ficasse dependente dos acontecimentos para que houvesse a criação da realidade ilusória que você precisa para sua elevação espiritual.

Portanto, além de ter elaborado no ego o conjunto de comandos que cria a realidade ilusória no mundo interno, você programa as movimentações (atos) que perceberá. Dentro do exemplo que dei (agressão) afirmo que você, para se submeter a esta interpretação, também criou a necessidade da movimentação externa (mundo externo) com o ato do tapa.

Ou dizendo mais claramente, você pediu para ser esbofeteado, antes da encarnação. Por que fez isso? Porque se você não pedisse para vivenciar este determinado mundo externo de que adiantaria programar o seu ego com um comando para interpretar um tapa como agressão?

O ego, portanto, além de ser um conjunto de verdades, também é programado para vivenciar um conjunto de movimentações, ou atos, pré-determinados. Para isto é necessário que o seu ego criasse determinadas movimentações.

Não sei se estou conseguindo me fazer entender, mas o que quero dizer é que o seu ego criou a movimentação da mão do outro em direção à sua carne.

Participante: como assim?

Vou explicar.

O ato, ou a atitude, para os seres humanizados é gerado por moto próprio, ou seja, por motivação própria, mas isso é uma ilusão. Quem lhe dá o tapa não está agindo desta forma porque ele quer dar, mas age dessa forma porque o ego dele foi programado para dar tapa.

O ego de quem precisa receber sabe que para a prova daquele espírito ele precisa receber o tapa. Juntando-se uma coisa à outra, o ego de quem tem que receber pede ao universo a presença no mundo externo em determinado momento da pessoa que tem que dar tapas.

Quando afirmo que o ego cria a movimentação não estou dizendo que ele criou o levantar do braço do outro, mas que criou a oportunidade de haver o tapa conclamando alguém que tenha o ego que lhe faz dar tapa a se relacionar com você no momento pré-determinado para que o tapa aconteça.

Esta é a lei da interdependência das coisas que Buda ensina. Ela é ativada através de um pedido do seu ego, da sua programação anterior à encarnação.

Portanto, dizer que o ego criou o tapa não é afirmar que ele esbofeteou você, mas que conclamou o tapeador e criou a situação (realidades ilusórias) para que o tapa acontecesse.

Participante: esta conclamação é feita na programação de vida antes de encarnar?

Sim. Você programa o ego antes da encarnação para que em tal momento ele conclame um tapeador, para que em determinado momento haja a percepção da movimentação da mão e também para que ele crie determinada interpretação para aquele ato.

Mas, preste atenção em um detalhe. Ainda não estou dizendo como o ego funciona.

Afirmo isso porque se o ego é só um programa, um conjunto de comandos, precisa que alguém (um ser inteligente, que haja) ligue esses comandos, ative o funcionamento deste ou daquela ordenação. Vamos falar disso na segunda palestra. Por enquanto só estamos falando de funcionamento e não explicando como ele funciona.

Participante: existe a possibilidade de por um deslize fugir da programação ou mudá-la?

Jamais. Isto porque toda programação é operada por um operador e eu garanto que quem opera os comandos dos egos não comete deslizes. Vamos falar disso na segunda palestra.

Participante: mesmo porque se houver uma mudança isso mexerá com diversos outros egos programados na nossa interdependência de carmas, não?

Isto. Na verdade mexeria com o Universo inteiro porque todo ele é interdependente.

Participante: como se fosse um quebra cabeças?

Exatamente.

Além do mais, se houvesse um deslize, se não acontecesse algo que deveria acontecer, não valeria a pena ter encarnado, pois você não teria feito a prova à qual se dispôs a fazer.

Participante: quando se diz que uma pessoa deveria perder um braço e por merecimento ela perdeu só uma mão, isso também já estava pré-programado?

Sim. Este merecimento está no aprimoramento da consciência espiritual e não da vivência com o ego nesta vida. É um merecimento anterior à vida e não durante a vida.

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O que existe no mundo externo

Ainda falando de mundo externo, vamos nos aprofundar mais no invisível, naquilo que não é percebido pelos instrumentos de percepção (olhos, nariz, ouvido, língua e sensibilidades do corpo físico) do ser humanizado para poder compreender mais uma função do ego.

O que é uma mão? Uma formação de diversos elementos. O que são estes elementos (ossos, carne, gordura, sangue, músculos, nervos) que compõem a mão? Fluído cósmico universal.

Se você decompor uma mão achará diversos elementos. Decompondo-os mais ainda encontrará as células que formam estes elementos. Mas, se as decompor até a sua última instância, achará o fluído cósmico universal.

Isto não é verdade para você porque os olhos humanos não conseguem ver este elemento universal, mas esta informação está disponível na pergunta 30 de O Livro dos Espíritos:

“A matéria é formada de um só ou de muitos elementos? De um só elemento primitivo. Os corpos que considerais simples não verdadeiros elementos, são transformações da matéria primitiva”.

Então, o que é uma mão? Fluído cósmico universal. O que é um rosto? Fluído cósmico universal. O que existe no espaço entre uma mão e um rosto? Fluído cósmico universal.

Como então, no mundo externo acontece a formação da mão e do rosto independente um do outro além da ilusão da movimentação da mão através do ar até chegar ao rosto? Obra do ego.

Vamos entender agora este último aspecto da criação do ego. Já estudamos a criação do mundo interno feita pelo ego e agora precisamos estudar como o ego cria o mundo externo.

Para isto eu vou precisar entrar um pouco no conhecimento científico da Terra. A ciência humana diz que a imagem se forma no fundo da retina quando a luminosidade refletida por um corpo é captada pela visão. O princípio da criação pelo ego do ‘mundo externo’ é semelhante.

Quando determinada transformação de fluído cósmico universal é detectada pelo ego, em outra programação diferente da usada para a criação do mundo interno, existe uma codificação desta transformação que gera imagem, som, sabor, cheiro ou sensibilidade ilusória. Exemplifiquemos.

O que você vê como mão é uma transformação de fluído cósmico universal de determinada forma. Quando estes fluídos sensibilizam o ego (são vistos), e não posso explicar como porque vocês não têm condição de entender, através da programação deste ego ele cria a imagem de uma mão.

Você, que nem sabe da existência do ego acredita que está vendo a mão, mas isto é uma ilusão, pois a figura de uma mão está sendo formada dentro da sua mente. Ela não pode ser vista porque no mundo externo não existe mão, mas transformação de fluído cósmico universal.

Sendo assim, tudo que existe e é percebido por você, seja através da visão, da audição, do paladar, olfato ou sensibilidades do corpo, não existe de verdade. Não existe como realidade: são figuras, imagens, criadas pelo ego quando sensibilizado por tais ou tais combinações do fluído cósmico universal.

Ou seja, o mundo que você vive não existe externamente a você, mas são criações do seu ego, sejam os elementos ou a movimentação destes. Não sei se ficou claro, mas é isso que é a Realidade.

Olhe para sua frente, ouça o som que estou falando, respire e perceba os cheiros ao seu redor. Nada disso é real, nada disso existe no mundo exterior, mas foram criados no eu ego, formatado pelo seu ego como resultado da ação de uma programação. Ou seja, realidade virtual.

Aquilo que você vivencia externamente é uma realidade virtual, aquilo que você compreende e vivencia internamente, racional e emotivamente, também é ilusório porque surge da do ego, não está acontecendo.

Sendo assim, você e toda a sua vida são ilusões.

Por isto, no início do trabalho de hoje disse: falar do ego é conhecer a si mesmo. E tudo o que você pode saber hoje, ou seja, afastado da sua personalidade espiritual, é que você e o mundo criado por você são ilusórios.

Este é o maior conhecimento que alguém pode ter sobre si: que tudo que ele é o que vivencia é irreal, ilusório, porque foi criado pelo ego através de uma pré-programação do espírito.

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Ego coletivo

Aí vocês poderiam me perguntar: então existe um ego coletivo, um formador de imagens coletivas? Eu diria que um formador de imagens coletivas não, mas existem programações comuns a todos os espíritos que vivem na Terra. Ou seja, existe uma programação coletiva para a criação do mundo exterior.

Todos que olharem para uma parede verão uma parede. Isto porque todos os egos com os quais os espíritos vivenciam a vida no orbe terrestre possuem para formação da imagem a mesma codificação.

Esta codificação não é válida para quem mora em Marte, Plutão, Netuno, na Lua ou em qualquer outro planeta, mas é válida para todos que vivem no orbe terrestres. Os egos aos quais os espíritos se ligam para viverem em qualquer outro planeta possuem outra programação que codificam e criam imagens que você, ser humanizado, não é capaz de criar porque seu ego é um ego terrestre.

É por isso que o homem vai a lua e não vê nada a não ser aquilo que vê daqui: aquilo que possui decodificação através do seu ego.

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Resumo do primeiro dia

Encerrando a conversa de hoje, então, afirmo que o ego é o formador da realidade com a qual o espírito vive, quer seja essa realidade formada por objetos ou por compreensões racionais e emocionais. Tudo criado pelo próprio espírito antes da encarnação para que ele comprove a si mesmo a vitória sobre determinados aspectos da sua consciência espiritual.

Este é o resumo do dia de hoje.

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Perguntas diversas

Vamos continuar nosso estudo sobre o ego, mas se alguém quiser fazer alguma pergunta antes, fique à vontade.

Participante: os animais ou plantas têm egos? Se houver, como funciona?

Nem animal, nem planta e nem ser humano tem ego. Quem tem ego é espírito e não os elementos materiais. Aliás, estes elementos são o resultante da ligação do espírito com o ego. O ser humano é o resultante da ligação do espírito com um ego, mas a planta e os animais também.

A partir daí podemos entender que todos os seres têm um ego. Mesmo aqueles que estão na erraticidade possuem uma espécie de ego, pois, como dissemos ontem, a personalidade espiritual funciona de forma idêntica ao ego.

No entanto, os egos, ou consciências diferenciadas das espirituais, são diferenciados de acordo com a missão que o espírito terá que realizar durante a sua encarnação. O espírito que habita e constrói a planta não tem o mesmo ego dos humanos, porque a consciência temporária deste espírito não cria realidades.

Para o ser humanizado o ego é o criador de realidades. Se o espírito que está ligado à planta não constrói realidades, ele não tem o ego como você entende e como estudamos ontem.

Já o espírito que está ‘encarnado’ como animal vivencia realidades, ou seja, o seu ego possui esta propriedade. No entanto, não podemos dizer que é o mesmo ego do ser humano.

Participante: mesmo o animal mais simples na sua estrutura?

Mesmo o animal mais simples na sua estrutura possui ego, pois o que determina a presença de um ego é a existência do espírito e não a constituição material do animal. Agora, para que o ego tenha a função de formação de realidades é preciso que o ‘animal’ vivencie atos.

Sendo assim, se um micro organismo que seja considerado um animal não tiver percepções, o espírito ligado a ele terá com certeza um ego, mas este não será igual àquele ao qual está ligado o ser que vive como ‘cachorro’, por exemplo.

 O que precisa ficar bem claro, por enquanto, é que o espírito que vive ligado à uma matéria animal possui ego, mas que esse não é igual ao do ser humano. Existem diversas diferenças entre eles.

Participante: o ego do espírito ligado ao animal é instintivo?

Por agora vou apenas dizer que é diferente, pois se falasse que ele era instintivo estaria fugindo à realidade, pois o instinto também está presente no humano e não é apenas característica do ego de espíritos que vivem ligados à determinados animais.

Não tente caracterizar o ego animal, mas apenas compreenda que ele não é igual ao humano. Só para exemplificar melhor as diferenças, o ego humano cria a individualidade, o se ver como um independente do todo universal. Já o ego animal não.

O espírito que está encarnado numa forma animal não sabe que ele é ele, ou seja, não se compreende como individualidade. Por força do seu criador de realidades (ego) se identifica como fundido ao universo e não como um elemento destacado.

Esta é uma diferenciação entre o ego humano e o animal, mas existem diversas outras. Por que? Porque cada ego é criado de acordo com o objetivo da encarnação do espírito.

Desta forma, o ego do espírito que vai vivenciar o mundo animal é criado para atender a um objetivo e o do espírito que vai viver o ser humano é criado para outros.

Participante: e no caso de haver um consciente coletivo, uma consciência controlando vários pequenos animais, este consciente pode ter um ego?

Existe um consciente coletivo, nós falaremos dele hoje. Mas este consciente coletivo não é propriamente um ego. Deixe para mais tarde explicarmos este ponto com mais calma.

Participante: como um ego agiria em várias pessoas, animais e plantas simultaneamente?

Como disse, não há um ego, uma consciência individual que controla as demais. Por este motivo não é um ego que age.

Sendo assim, não há o que responder nesta pergunta.

Participante: no caso de obsessão, como funciona a aplicação de vários egos a uma única pessoa ou animal?

Quando ocorre uma obsessão? Quando existem espíritos no mesmo grau de elevação se intercomunicando, ou seja, quando existem espíritos que se harmonizam porque possuem realidades, paixões e desejos semelhantes.

Então, o que é a obsessão? É uma comunhão de egos que faz com que espíritos interajam dentro de realidades ilusórias que são frutos de suas paixões e desejos.

A obsessão não é, portanto, um ego agindo sobre o outro, como se costuma imaginar, mas espíritos ligados a egos semelhantes que se comunicam e se confraternizam por estarem no mesmo padrão vibracional, ou seja, por vivenciarem paixões e desejos semelhantes.

Participante: obsessor, amigo de fé, irmão camarada...

Exato. Os que estão envolvidos em um processo de obsessão são espíritos que vivem com egos muito parecidos, que tem possuem comandos semelhantes em sua montagem.

Por exemplo. Se um encarnado é obsediado por outro espírito (dentro ou fora da carne) para beber compulsivamente é porque ele tem no seu ego esta paixão e este desejo de beber.

A obsessão, portanto, acontece porque desejo com desejo igual se junta. Nada mais do que isso.

Participante: existe um ego coletivo para todo planeta?

Não, não existe um ego coletivo para o planeta. Falaremos disso mais tarde.

Na realidade o que é conhecido como ego coletivo é um banco de dados que é utilizado como depósito de comandos coletivos para programar egos humanos. Os egos se abastecem no banco de dados, mas este não é por si um criador de realidades.

Digo isso porque ontem definimos o ego como uma consciência temporária criadora de realidades. Não há um criador de realidade planetária’, mas existem dados arquivados num banco de memória que são usados nas programações dos egos.

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O planeta Terra

Respondida as dúvidas iniciais, vamos, então começar a conversa de hoje. Faremos isso exatamente conversando sobre este aspecto que é tratado pelos seres humanos como ego coletivo.

Como disse, não existe um ego coletivo se você aplicar ao ego a definição de que ele é um criador de realidades, mas existe um banco de dados de onde são retirados comandos que aparecem nos egos humanos ou terrestres.

Existe, portanto, um banco de dados para o planeta Terra. Mas, para falarmos dele, precisamos antes entender o que é o planeta Terra.

Na última conversa encerramos dizendo que a própria realidade material, ou seja, os corpos e movimentações que existem, são criações do ego. Se assim é, o planeta Terra, ou qualquer outro planeta, não existe externamente a você, mas é uma criação do seu ego.

Isto precisa ficar bem claro porque quando definimos globalmente algumas coisas (tudo, todos) muitos separam coisas que não englobam na totalidade que afirmamos ser. Um dos exemplos é o planeta. Nós afirmamos que toda a realidade material não existe, mas muitos continuam acreditando que a Terra como um planeta existe, mas isso não é realidade.

E, se a Terra não é um planeta o que é ela? Vamos entender.

Por definição, Universo é o campo de trabalho para elevação do espírito. Tudo que você conhece assim como o que não conhece no Universo foi criado e idealizado por Deus para servir ao espírito no seu processo de provação. Todos os sóis, estrelas, planetas, satélites naturais, espaços vazios entre eles que você percebe como as chamadas ‘dimensões’ espirituais que não podem ser percebidas pelo ser humanizado, são criações de Deus com função de auxiliar o espírito na sua evolução espiritual.

Sendo assim, não existem planetas, mas sim campos de trabalhos diversos separados um do outro. Vamos criar uma figura para melhor compreensão.

É como se o Universo fosse um estádio desportivo onde houvesse pista de atletismo, campo de futebol, quadra de basquete, de tênis, etc. Ou seja, um lugar que reunisse todas as arenas necessárias para a prática de todas as atividades desportivas conhecidas.

Cada arena tem a sua finalidade, ou seja, abrigar a realização do seu desporto, e o estádio seria o local que abrigaria todos as arenas com todas as suas finalidades. Cada arena tem uma razão de existir e o estádio existe com finalidade de abrigar todos os desportos.

Cada elemento do Universo (planeta, sol, estrela, etc.) é como se fosse a arena para a execução de um determinado esporte. Existe o planeta que serve de campo de futebol, onde os espíritos se desenvolvem em um determinado aspecto; existe aquele que serve de campo de atletismo, onde o espírito desenvolve outro determinado aspecto, e assim por diante.

A Terra, portanto, é um destes campos onde o espírito se desenvolve num determinado aspecto da evolução espiritual. Hoje, a Terra serve para o espírito como campo de trabalho naquilo que é chamado de ‘mundo de provas e expiações’.

Não nos compete neste estudo falar de mundo de provas e expiações e por isso não abordaremos este aspecto. O que temos que entender hoje é que não existe o planeta Terra, mas que aquilo que compreendemos como tal é uma criação do ego que serve como um espaço universal onde os espíritos se desenvolvem dentro de um determinado aspecto.

Planetas são espaços que servem a grupo de espíritos que estão dentro do mesmo padrão vibracional (nível de elevação espiritual) e que servem para que estes espíritos trabalhem determinados aspectos da existência espiritual.

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As divisões da Terra

A compreensão desta ideia ou noção é fundamental para entendermos o que vai ser falado a partir de agora. Porque quando buscamos comentar sobre ego coletivo planetário estamos, na realidade, falando sobre um banco de dados que contém comandos para serem agregados a egos que se ligarão à espíritos que viverão em um mundo onde o sentido da encarnação seja provas e expiações e não sobre o ego da Terra.

Começamos a entender um pouco sobre o banco de dados disponível para aqueles que encarnarão na ilusão planeta Terra, ou seja, no sentido de encarnação provas e expiações. Mas, ainda existem detalhes que precisam ser mais esclarecidos.

Isto porque a Terra não é uma, ou seja, não é igual. Ela é formada por raças e pátrias que são diferentes entre si. Por causa desta diversidade entre elas posso afirmar que as raças e as pátrias também são lugares para trabalhar diferentes tipos de aspectos espirituais.

Se anteriormente comparamos um planeta a uma arena para a prática de determinado esporte dentro de um estádio (Universo), podemos dizer que a Terra como a pista para atletismo abriga diferentes modalidades de esporte. São corridas de grandes extensões ou rápidas; com obstáculos ou não.

Cada pátria ou raça é uma modalidade do mesmo esporte, ou seja, uma subdivisão dos elementos contidos no banco de dados planetário. Isso ficará mais bem entendido daqui a pouco quando definirmos o banco de dados, mas por enquanto devemos ter em mente que o trabalho de elevação espiritual se divide dentro de aspectos macros e estes se subdividem em diversos outros aspectos.

Sendo assim, a Terra não é um planeta, mas um congregado de espíritos trabalhando determinados aspectos da existência espiritual e o Brasil, a Argentina e os Estados Unidos também não são países, mas espaços que servem para que espíritos trabalhem determinados aspectos da existência espiritual.

Tendo anteriormente falado na existência de um banco de dados para formação de egos que caracteriza universalmente aquilo que os humanos chamam de Terra, precisamos, agora, dizer que existe um banco de dados com a mesma finalidade que caracteriza cada país e raça conhecida pelos seres humanizados.

Sendo assim, ninguém é brasileiro, argentino ou americano, mas são espíritos ligados a egos que foram abastecidos com verdades retiradas destes banco de dados. Ninguém é preto, branco ou amarelo, mas cada um destes possui em seu ego comandos que foram retirados de determinados bancos de dados que são subdivisões do central (o do planeta).

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Regionalismos

Mas, quando falamos em bancos de dados não podemos pensar macro, pois existe diversas micro características que são retiradas de outros bancos. Além de pensar na pátria, temos que pensar nos regionalismos presentes nos próprios países e raças.

No caso do Brasil, por exemplo, as regiões norte, nordeste, sudeste, centro e sul concedem àqueles que ali vivem características de personalidades completamente diferentes umas das outras. Estas características de personalidades servem como campo de algumas determinadas provas para o espírito.

Não paremos por aí, pois os estados, as cidades e os próprios bairros das cidades são campos de trabalhos para determinados aspectos da elevação espiritual já que criam coletivamente determinadas características nas personalidades de seus habitantes. Por este motivo, afirmamos que também se constituem em micro banco de dados onde estão à disposição do espírito comandos para serem agregados aos programas de seus egos para o trabalho espiritual.

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Outros elementos do banco de dados

Mas, se estamos falando de personalidades não podemos esquecer outros aspectos que influenciam nela além da questão geográfica. É o caso da profissão que se vivencia, do sexo, do casamento ou não, da maternidade ou paternidade ou não, etc. Chamo a isso de ‘papéis’ exercidos por espíritos durante a encarnação e que criam comunidades que possuem personalidades iguais.

Uma mãe, por exemplo, é sempre uma mãe. Existem traços que são comuns a todos os espíritos que exercem o papel de mãe durante a encarnação. Estes traços estão presentes em micro banco de dados que servem para abastecer o ego do espírito durante a montagem da personalidade temporária com a qual irá vivenciar determinada encarnação. Mesmo coisas consideradas fúteis como torcer para um determinado time de futebol, cria comunidades com traços de personalidade iguais e cada vez que isso acontece serve como instrumento para a provação do espírito em determinado aspecto da elevação espiritual.

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Ego coletivo 2

Com tudo isto que falamos, começamos a compreender aquilo que vocês chamam de ego coletivo e que chamei de banco de dados que abastece os egos humanos. Entendemos que ser humano, habitante da Terra, é estar ligado a um ego que contenha comandos retirados do banco de dados terrestre e das micro divisões que ele possui: país, região, cidade, bairro e comunidades.

Podemos, então, dizer que um homem que tenha como profissão a medicina, seja brasileiro, more na cidade de São Paulo, em um bairro de classe alta é um espírito que está ligado a um ego que tenha comandos retirados de cada um destes micros bancos de dados. Ou seja, tudo isso é uma realidade ilusória criada pelo ego para que o espírito possa cumprir determinadas missões dadas por Deus para que ele alcance a felicidade que eterna que o Pai tem prometido.

NOTA: Esta afirmação refere-se ao ensinamento transmitido pelo Espírito da Verdade na pergunta 115 de O Livro dos Espíritos:

“Dos Espíritos, uns terão sido criados bons e outros maus? Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, isto é, sem saber. A cada um deu determinada missão, com o fim de esclarecê-los e de os fazer chegar progressivamente à perfeição, pelo conhecimento da Verdade, para aproximá-los de Si. Nesta perfeição é que eles encontram a pura e eterna felicidade. Passando pelas provas que Deus lhes impõe é que os Espíritos adquirem aquele conhecimento. Uns aceitam submissos essas provas e chegam mais depressa a meta que lhes foi assinada. Outros só a suportam murmurando e, pela falta em que desse modo incorrem, permanecem afastados da perfeição e da prometida felicidade”.

Esta é a Realidade sobre a identidade criada a partir da união do espírito com o ego: comandos que possibilitam a execução de determinadas missões. A sua identidade atual (aquele que você imagina ser) é composta pelos comandos que retirou de micros bancos de dados para realizar a sua provação espiritual.

Não sei se me fiz entender porque o assunto é complexo e dificilmente poderá ser compreendido por inteiro. Não há possibilidade do espírito dominado pelo ego entender profundamente o como, por que, para que de tudo isso que estou afirmando.

Portanto, não queira entender profundamente o que digo. Saiba apenas que todos os traços de sua personalidade atual foram retirados de arquivos que estão vinculados ao banco de dados terrestre para que fosse criada determinada realidade ilusória com o objetivo de você, o espírito, aproximar-se de Deus e vivenciar a felicidade eterna. Para isso é preciso que você conviva com esses traços sem ranger de dentes.

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A montagem do ego

Apesar de jamais poder ser compreendido por inteiro e profundamente o tema de hoje, continuaremos ainda falando dele para poder lançar um pouco mais de luz na sua realidade.

Até aqui conceituamos o banco de dados planetário e suas subdivisões. Vamos, agora, aplicar estes conhecimentos à sua vida, à sua personalidade, pois o objetivo deste trabalho é conhecer a si mesmo.

Na última conversa definimos o ego como um programa de computador e hoje falamos que este programa é montado a partir de comandos que estão disponíveis em micros bancos. Ou seja, cada papel que se representa no mundo carnal é originado em um banco de dados que possui comandos que dão determinadas características de personalidade ao ser humanizado. Vou explicar melhor isso.

Quem trabalha ou conhece programação (fazer programas de computador) sabe que nem tudo precisa ser escrito. Existem mini programas que podem ser copiados e acoplados ao seu programa para poder se atingir determinados fins que se quer alcançar.

O espírito quando vai fazer o programa com o qual irá criar suas realidades, ou seja, quando escreverá o ego, define, por exemplo, que irá lutar contra a ação da personalidade temporária que lhe induzirá ao materialismo.

NOTA: Todo o ensinamento passado neste trecho da palestra parece coisa extremamente nova, sem ensinamentos que tenham o precedido. Mas, isso é irreal. Tudo aquilo que será falado aqui, de forma simplificada, foi comentado no da Vida Espírita, subtítulo Escolha das Provas, de O Livro dos Espíritos.

Para ilustrar e fazer referência, iremos, aos poucos, referindo-nos ao ensinamento do Espírito da Verdade.

“258. Quando na erraticidade, antes de começar nova existência corporal, tem o Espírito consciência e previsão que lhe sucederá no curso da vida terrena? Ele próprio escolhe o gênero de provas porque há de passar e nisso consiste o seu livre arbítrio”.

Este espírito, que já vive agregado ao orbe terrestre, irá procurar nos bancos de dados disponíveis no planeta Terra os comandos relacionados com a luta ao materialismo, dentro da intensidade que ele quer trabalhar.

Vou a um exemplo mais prático para poder ser bem compreendido. No entanto, quero deixar bem claro que tudo que falarei a partir de agora é apenas exemplificação, pois verdades de um mesmo micro banco podem servir para diversas provações.

Sendo assim, se um espírito decide como gênero de sua provação atacar profundamente o materialismo buscará o banco de dados de um país onde os comandos criem na personalidade que vivenciará durante a encarnação um forte apego ao materialismo. Neste caso ele irá anexar ao seu ego comandos que estão disponíveis no banco de dados pátria rotulado como Estados Unidos.

NOTA: “260. Como pode o Espírito desejar nascer entre gente de má vida? Forçoso é que seja posto num meio onde possa sofrer a prova que pediu. Pois bem! É necessário que haja analogia. Para lutar contra o instinto do roubo, preciso é que se ache em contato com gente dada à prática de roubar”.

Por que isso? Porque lá, notadamente, o materialismo, a paixão pelo mundo material, é muito forte. O espírito buscará, então, os comandos que já estão prontos e guardados sobre o nome pátria Estados Unidos e agregará estes comandos ao ego de sua futura encarnação.

Quando isto é feito, ou seja, quando os comandos são agregados ao ego, cria-se, então uma realidade ilusória que será vivenciada durante a encarnação. Neste caso, o espírito que anexou os comandos do arquivo pátria Estados Unidos terá, durante a encarnação a realidade ilusória de nascer neste país.

Desta forma o patriotismo, orgulho patriota, com o qual os seres humanizados vivem não existe, não é real. Isto porque o espírito não escolhe pátria para nascer por achá-la bonita ou gostar dela, mas porque nela estão os comandos que se adaptam àquilo que ele quer vivenciar com o sentido de negar a realidade que está vivendo. A escolha dos programas fará, necessariamente ele nascer naquele país.

Depois disso o espírito escolherá ainda, cidade, estado, região, bairro e os papéis que serão vivenciados naquela encarnação e as sociedades com o as quais conviverá. Mas não faz tudo isso aleatoriamente: todas as escolhas serão feitas a partir da determinação de lutar contra o materialismo, gênero inicialmente escolhido pelo espírito para servir de provação nesta encarnação.

NOTA: “269. A que se devem atribuir as vocações de certas pessoas e as vontades que sentem de seguir uma carreia de preferência a outra? Parece-me que vós mesmo podeis responder a esta pergunta. Pois não é isso a consequência de tudo o que acabamos de dizer sobre a escolha das provas e sobre o progresso efetuado em existência anterior?”

Da mesma forma, o espírito, antes da encarnação, não procura uma profissão pela própria profissão. Ele criará para o seu ego a ilusão de ser determinado profissional a partir da aglutinação de comandos de determinados bancos de dados ao seu ego.

No caso do nosso exemplo (um espírito que escolheu o gênero materialismo para lutar contra) ele poder ser médico, pois aqueles que exercem esta profissão têm a ilusão de ter o poder de dar a vida ou a morte. Ele pode ser um economista, que lida com o dinheiro e com a ganância sua e dos outros.

Enfim, o espírito vai a partir da ideia central de combater determinada atitude espiritual (ser materialista) buscar nos bancos de dados disponíveis no planeta programas que criem ilusões para que ele as vivencie. A partir da programação do seu ego formada por comandos dos bancos de dados do planeta Terra, o espírito vai criando o seu destino na vida.

Então, o espírito escolhe comandos que estão rotulados como pátria Brasil e nascerá neste país. Escolhe o programa que represente uma sociedade carente, e nascerá numa favela. Escolhe um programa de busca de evolução material pelos próprios valores materiais e terá um como destino uma personalidade que pode ser definida como ‘um pobre soberbo’. Escolhe alcançar a vitória material (fama) para poder libertar-se do orgulho e com isso decide antes da encarnação que se formará numa faculdade.

Por isso lhes afirmo: o destino da vida material do espírito será escrito automaticamente de acordo com as suas escolhas para vivenciar esta ou aquela realidade. Escolhas estas que são opções de comandos que estão disponíveis nos micros bancos de dados do planeta Terra.

NOTA: Aparentemente esta informação leva àquilo que é conhecido como determinismo. No entanto, não é bem assim. Há outras opções que o espírito pode viver durante a encarnação além de ‘criar’ seu destino. Senão vejamos:

“851. Haverá fatalidade nos acontecimentos da vida conforme ao sentido que se dá a este vocábulo? Quer dizer: todos os acontecimentos são predeterminados? E, neste caso, que vem a ser do livre arbítrio? A fatalidade existe unicamente pela escolha que o Espírito fez, ao encarnar, desta ou daquela prova para sofrer. Escolhendo-a, instituiu para si uma espécie de destino, que é a consequência mesma da posição em que vem a achar-se colocado. Falo das provas físicas, pois, pelo que toca às provas morais e às tentações, o Espírito, conservando o livre arbítrio quanto ao bem e ao mal, é sempre senhor de ceder ou de resisti”. (O Livro dos Espíritos).

 Podemos dizer, então, que as situações da vida são predeterminadas, mas que cada espírito vivendo a mesma realidade ilusória é livre para escolher se passará por ela na depressão do sofrimento, no êxtase do prazer ou ainda com a felicidade eterna que o Pai concede.

Quem vivencia as realidades ilusórias com a felicidade eterna são aqueles que foram chamados pelo Espírito da Verdade de submissos; quem vive tanto na dor quanto no prazer são os que passam pelas suas provações murmurando como foi falado pelo Espírito da Verdade na resposta à pergunta 115 que já citamos.

Conhece a ti mesmo

Você e sua vida

Volto a repetir: este assunto é extremamente difícil de entendimento por vocês, pois estou falando da vida de cada um.

Até hoje vocês imaginam que escolheram durante a encarnação ser e estar o que são e estão porque gostam ou tem afinidade com estes elementos, mas isso é irreal. Tudo que você é hoje foi decidido antes da encarnação e não porque gostasse, achasse bonito, ou tivesse afinidade, mas para que provações fossem criadas e, com a vitória sobre elas, se aproximasse mais de Deus.

Alguém aqui falou que é geógrafo, mas isso é uma mentira. Ninguém é geógrafo; está geógrafo (vive a ilusão de ser) para vivenciar algumas realidades comuns à comunidade de geógrafos. Ou seja, o carma que esta profissão traz embutido em si.

Este conhecimento acaba, por exemplo, com todos os méritos que imagina ter por haver se formado na faculdade.

O mérito de ter estudado e se formado na faculdade não existem, pois você se transformou em geógrafo não quando se formou na faculdade, mas quando programou o ego desta existência com comandos que estavam arquivados no papel profissão com o nome de geógrafo. Esta programação gerou a obrigação de, ilusoriamente, se formar numa faculdade. Portanto, a sua formatura não se deve a esforços humanos, mas a atitudes espirituais antes da encarnação.

Outra pessoa aqui presente, exerce a profissão de professora, ou seja, acha-se professora. Por isso imagina que tem que ensinar os outros. Mas, isso é irreal, pois ser professora não é ensinar os outros, mas sim criar determinadas realidades ilusórias para que o espírito as vivencie e execute o seu trabalho de elevação espiritual.

Ou seja, esta pessoa não estudou para ter uma determinada profissão, mas para que fosse criado um papel ilusório nesta vida para que ela vivenciasse determinadas realidades que todos os profissionais desta área específica vivenciam.

 Veja como esta compreensão mexe com suas vidas. Até hoje vocês tinham a ilusão que um espírito escolhia ser médico para poder ajudar os outros, mas isso é mentira, é ilusão, pois para o espírito dar a saúde material não é ajudar ninguém, pois ele entende que tudo que é material é maya. O espírito escolhe formar-se na faculdade de medicina porque vivenciar o ‘papel’ de ser médico durante a encarnação possui a prova que ele tem que fazer nesta ‘vida’.

Veja como este ensinamento altera suas existências. Tudo que vocês são hoje, tudo que vocês já foram até hoje, deixa de ter a razão que tem ou teve e passa a ser vivenciado com um outro sentido, com uma nova razão para ser.

Não mais ser médico para curar, mas para vencer as tentações que o titulo de doutor lhe dá. Não mais ser professora para ensinar, mas para vencer as tentações que este título lhe dá.

Por isso que estou falando que tudo que disse hoje é de difícil compreensão, pois ele acaba com a sua vida como conhecida até então. Até ontem sua vida era uma, a partir de agora tem que ser outra, porque se inverteram os valores de tudo que você foi ou é, fez ou está fazendo.

Mas, não aplique isso apenas nos exemplos que estou dando, ou apenas às coisas consideradas como materiais. Mesmo para o trabalho espiritual este ensinamento é realidade.

Ser médium, por exemplo, é um papel escrito pelo espírito para si durante a encarnação. Ele não serve apenas para ser instrumento de Deus para auxiliar o próximo, mas também para vencer determinadas realidades criadas com o exercício da mediunidade: soberba, orgulho, vaidade, etc. Por isso tenha a certeza que você não é tão bonzinho assim, ou seja, não escolheu ser médium para ajudar os outros, mas para fazer determinadas provações.

Veja como muda a vida. Altera tudo porque se aplica aos mínimos detalhes da sua existência. A partir da conscientização dele, ao invés de viver a sua profissão ou a sua masculinidade/feminilidade, passará a descobrir o que estas particularidades que vivencia hoje criam como prova para você, espírito.

Na prática, é isto que os ensinamentos dos mestres querem dizer quando aconselham aos seres humanizados a buscar dentro de si mesmo a elevação espiritual. Praticando este ensinamento vocês buscarão nas suas origens espirituais o que quer dizer ser homem ou mulher, ser mãe ou pai, ser filho ou neto e, com isso, deixarão de vivenciar estes papéis.

Como ensinou Cristo, vivendo a busca interior abandonarão pai e mãe, pegarão sua cruz e aí poderão segui-lo. No entanto, este abandono não se trata de algo físico, material, mas ele se origina com o fim da vivencia do ‘papel’ filho e o entendimento do que ele representa como prova nas suas vidas.

Quem conscientizar-se da Realidade, ou seja, da virtualidade das realidades criadas pelo ego, deixará de vivenciar a maternidade ou paternidade e passará a buscar o que esses papéis representam como provação para cada um. Só assim a pergunta ‘quem é minha mãe, quem é meu irmão’ que foi proferida por Cristo poderá ser respondida.

É deste o conhecimento que estamos falando hoje. É disto que estamos falando agora. Com ele, a sua vida vira de ponta cabeça porque deixa de ser externa e passa a ser meditativa: uma vida onde você medita sobre os aspectos da vida e não os vivencia.

Participante: o problema, então, é passar a se apegar ao conhecimento carnal ou material?

Não é apegar-se à nada, mas querer viver. É vivenciar os acontecimentos da vida como realidades externas à você.

O problema é viver a maternidade, o ser professor, o ser homem ou mulher. Porque o espírito não é homem ou mulher, professor ou pai/mãe, mas, está estes elementos.

E está para que? Como uma prova seja proposta para você, ou seja, que realidades sejam criadas para que você não se apegue a elas.

O problema, portanto, é você querer viver a ilusão que o ego cria, a realidade ilusória que o ego cria. Isto é problemático para o espírito porque quando você vive a sua feminilidade, que é uma realidade ilusória criada pelo ego, já que não existe espírito fêmea, você deixa de fazer a sua prova.

Aliás, nem sabia que existia uma prova a ser vivida na sua sexualidade: como então realizá-la? Tudo isso porque se apegou ao ser feminino.

Vamos continuar ainda falando do ego, mas acho que devemos ficar ainda um pouco mais neste aspecto, pois ele é fundamental para a vida de um espírito encarnado. Este ensinamento explica tudo o que vocês estudaram até hoje a respeito de reforma íntima.

O que é ser e estar, o que é mudar-se, o que é aproximar-se de Deus, elevar-se espiritualmente: tudo está ligado à conscientização das realidades que vivem como provações.

Explica tudo. Explica o que é o sentido da vida. Quando eu digo que você não nasceu para viver a vida estou fundamentando-me neste conhecimento. Você não nasceu para viver a sua masculinidade ou feminilidade, mas nasceu para não vivê-las, ou seja, para entender que a sua feminilidade é uma realidade ilusória criada pelo à qual você precisa se libertar.

Conhece a ti mesmo

A prática do ensinamento

Participante: nesta tentativa de não me deixar levar pelo ego e às vésperas de festividades tão comemoradas por todos nós, como é o natal e o ano novo, nesta minha luta para não vivenciar aquilo que a humanidade está vivendo nestes dias, o que está acontecendo é que estou caindo num vazio, que eu não consigo realmente entender isso tudo, mas também não quero fazer aquela comilança e aquele monte de presentes porque não acredito mais nestas coisas. Então, eu me acho perdida e com um fundo de tristeza muito grande sem saber o que fazer. Gostaria que o senhor falasse sobre isso.

Em seu Evangelho, na logia 002, Tomé nos ensina:

“Jesus disse: aquele que procura, não cesse de procurar até quando encontrar; e quando encontrar ficará perturbado; e ao perturbar-se, ficará maravilhado e reinará sobre o Todo”.

Esta sensação de vazio que está sentindo hoje, é originada pelo fato do natal, como comemorado anteriormente, não ter mais sentido para você. Apesar desta consciência, você ainda não consegue interpenetrar no Real sentido do natal. Ou seja, é o estado intermediário entre a sua materialidade e a sua espiritualização.

Isto é normal ocorrer para quem está procurando, pois a luta contra o ego é realizada paulatinamente e a vitória é uma consequência da persistência. Durante a luta, a primeira reação é sentir este vazio que você diz estar sentindo. Só que, a partir do momento que você encontra o vazio, tem que preenchê-lo com Deus e isso ainda é muito difícil para vocês.

A luta contra o ego não se vence em uma só batalha, mas há estágios que precisam ser vivenciados em sequência. Primeiro você é humano, vive humanamente; depois começa a compreender a necessidade da busca de espiritualizar-se e inicia, então, esta busca.

Com isso vai abandonando aos poucos a materialidade mas ainda não chegou à espiritualidade, ainda não encontrou Deus universalmente falando. Por isso surge o vazio. Mas, com a persistência na luta surge, então, o espiritualismo, a presença de Deus na sua vida e aí, então, poderá reinar sobre o Todo, pois está ligado ao Tudo.

Ficou claro?

Participante: ficou, mas esta sua resposta não ajuda muito em como vou me comportar neste natal.

Os atos que você irá praticar neste e em outros natais já estão programados no seu ego desde antes do seu nascimento e eles acontecerão inexoravelmente da forma prevista. Você não pode, agora, agir de uma forma diferente.

Quando abordo a luta contra o ego, não estou falando de atos, de mudança de atitudes, mas mudar-se por dentro. Eu não disse que não pode haver comilança nem presentes no natal, pois se fizesse isso estaria dizendo que você pode alterar o seu destino.

Quem pratica estes atos durante o natal é porque o seu ego está programado para isso e terá que fazê-lo. O que venho insistindo sempre em dizer é que você, se quiser aproximar-se de Deus, não pode aproveitar esta época para buscar a felicidade material. Então, se fez a comilança, comprou presentes, louvado seja Deus.

Agora não acredite por dentro que isso é natal. Acredite que isso é a Márcia (personagem, ego) que está fazendo e não você, o espírito. Mantenha a sua comunhão apenas com Deus e não com o que está acontecendo, fazendo o que fizer materialmente (atos) durante estes dias, e, assim, terá conseguido superar o natal material.

Participante: então, é negar tudo que se é?

Não é negar, é deixar de ser. São duas atitudes bem diferentes, porque negar algo é criar uma nova verdade e isso é impossível. Você será sempre quem programou para ser e nada poderá alterar isso.

Se a realidade hoje, por exemplo, é que você é professor, negá-la seria não mais exercer esta profissão. Isso não poderá deixar de ser, pois este é o papel pré-estabelecido por você antes da encarnação.

Por isso não é este o trabalho que estou falando que deve ser realizado. O que estou afirmando é que você, ao vivenciar o ato de ensinar, não se senta professor.

É bem diferente do negar. É a liberdade, a libertação do ser aquilo que o ego diz que você é.

Participante: o preconceito regional estaria no espírito ou seria uma criação do ego. Vou explicar melhor. Um chileno, por exemplo, tem preconceito do argentino; o baiano do pernambucano; o francês do alemão; e assim por diante. Este preconceito estaria no espírito e, portanto se nascesse ou não na Alemanha teria preconceito contra o francês, ou o preconceito está no ego e foi programado pelo espírito. Onde reside o preconceito?

O preconceito não está no espírito, nem no ego. O preconceito faz parte do ‘banco de dados’ de determinadas regiões, raças ou países. O espírito que vai vivenciar a prova de vencer o preconceito escolhe este ‘banco de dados’ justamente porque eles induzem naturalmente a ter esta lógica racional.

Sendo assim, o espírito não escolhe o povo que vai nascer ou de quem terá preconceito, mas os comandos pré-programados é que criam a lógica racional que o ser humanizado deve ser preconceituoso com este ou aquele outro povo. Depois da escolha, o espírito abastece o seu ego, o seu programa individual, com estes comandos e, só então, o preconceito estará presente no ego.

Desta forma, o preconceito originalmente não está nem no espírito nem no ego, mas num ‘banco de dados’. Ele também não se refere a uma outra raça por qualquer razão lógica, mas porque no ‘banco de dados’ que dá origem àquela raça existe a necessidade de receber o preconceito.

O espírito ao escolher determinados comandos absorve este preconceito e por isso tem a ilusão de nascer em tal país, povo ou raça e terá preconceito daquela outra que o comando manda ter. Mas estas coisas não conspurcam o espírito.

O espírito continua sendo o espírito, já que a sua Realidade é ditada pela consciência espiritual e esta não é afetada pelas verdades incluídas no ego. As verdades incluídas no ego são do ego e não do espírito.

Participante: como fazer, se em casa só eu me interesso pelo trabalho do ecumenismo universal? Às vezes prefiro não assistir à palestra para não arrumar briga com a minha esposa. Ela diz que não está preparada para ouvi-lo e que eu estou virando um beato.

Elevação espiritual é a coisa mais individual que existe: você tem que tratar da sua e de mais ninguém.

Lembre-se que assistir ou não a palestra não depende de você, pois são atos, que não comandará. Por isso começo a resposta lhe dizendo: assistindo ou não, esteja em paz.

Ou seja, se hoje a sua realidade ilusória criou o assistir a palestra, louvado seja Deus. Agora, se amanhã a sua realidade ilusória não criar esta ilusão, louvado seja Deus também. Não a culpe por isso ou fique chorando pelos cantos, dizendo que você é um pobre coitado, que sua mulher não lhe compreende ou acusando-a de não quer evoluir.

Outro aspecto que devo lhe passar nesta resposta: você tem todo o direito de buscar a sua elevação espiritual, mas não tem o direito de cobrar dela que faça a mesma coisa.

Portanto, se estes ensinamentos lhe tocam, coloque-os em prática. Agora se não tocam a ela, dê o direito dela de não querer colocá-los em prática, inclusive quando brigar com você porque os está colocando em prática.

Saiba que o ato dela cobrar de você porque está colocando em prática, ou seja se tornar beato como falou, é direito dela. Aquele que vivencia aquilo que acabamos de falar entende que ela não está cobrando nada dele, mas que o seu ego, a partir de verdades que ele mesmo colocou lá, está criando racional e emocionalmente o se sentir cobrado.

Para que o ego faz isso? Como uma prova. Para ver se você vivencia cobrança ou não.

Então, é muito simples conviver com a situação que você está vivendo. Viva o que você tiver para viver sem acreditar que está vivendo, mas entendendo que em tudo está uma oportunidade para você dizer louvado seja Deus ao invés de ficar imaginando coisas.

Conhece a ti mesmo

Porque você está encarnado na Terra?

Agora que já tiramos algumas dúvidas, voltemos ao nosso estudo.

Até aqui comentamos alguns aspectos das propriedades dos diversos micros bancos de dados que compõem o planeta Terra (povos, raças, países e sociedades). Por exemplo, falamos que nos Estados Unidos o programa tem a propriedade mais forte do combate ao materialismo. Mas, não fizemos a análise global do planeta, ou seja, não falamos das propriedades que levam um espírito à encarnar na Terra.

Veja bem. Se você nasce em determinado país por um motivo, nasce primariamente na Terra também por um motivo e não por acaso. É sobre isso que eu queria falar agora: por que você está encarnado na Terra?

Compreender isto é fundamental, pois esta motivação primária para se encarnar na Terra é o fundamento, a mãe, que determina o seu atual estado de elevação espiritual. É fundamental se compreender também, porque é a partir desta característica primária que todos os banco de dados (pátria, raça, povo, sociedades) com suas características se formam.

O desejo pela posse material, que está embutido em um banco de dados é originado em alguma coisa, mas a fome, que está em outro, também é originada nesta mesma coisa, assim como a sensação de prazer é formada também a partir deste mesmo aspecto que comanda todas as realidades virtuais do planeta.

Desta constatação eu poderia dizer, então, que a característica do banco de dados do planeta Terra é única para todos que estão encarnando aqui. Que a característica fundamental do banco de dados planeta Terra é comum a todos que estão encarnados nela.

E, se anteriormente dissemos que não existe um planeta Terra materialmente falando, mas um espaço onde os espíritos trabalham o que vocês chamam de mundo de provas e expiações, a características do banco de dados Terra é a determinante do mundo de provas e expiações, ou seja, é a determinante do seu grau de elevação espiritual.

Esta determinante, esta característica, nivela todos os espíritos que encarnam no planeta Terra, porque é comum a todos. Se não fosse, o espírito não estaria encarnando no planeta Terra, vivendo o mundo de provas e expiações: estaria em outro planeta, outro mundo.

Portanto, esta característica é fundamental de ser compreendida porque ela é a raiz de todas as ilusões que você cria, ou seja, ela é que dá origem e determina um sentido para tudo o que você vivencia.

Conhece a ti mesmo

Desapego do ego

Participante: meu ego me diz para sentir atração por japonesas. Apesar de saber que o espírito não é mulher, nem japonesa, o fato de um espírito encarnar com esta característica não é uma forma que Deus encontra para aproximar dois espíritos em prova? Se aquele espírito viesse com outra roupa corporal iríamos nos aproximar e ser instrumento do carma do outro?

Volto a repetir: vocês continuam se prendendo em atos, em coisas materiais.

Você está querendo saber se deve continuar se aproximando de japonesas ou não, mas isso não interessa saber, pois você não se aproxima agora, durante a vida, de ninguém: o aproximar-se ou não já foi escolhido antes da encarnação.

O que você não pode, dentro da luta contra o ego, é vivenciar aquilo que ele acabou de dizer, ou seja, acreditar na proposição feita pelo ego. Veja como você está aprisionado a esta identidade provisória...

Não lhe interessa o que o ego disser: se você está próximo de uma japonesa, louvado seja Deus, se não estiver, da mesma forma. Agora, acreditar que está em seu destino aproximar-se de orientais, isto é ilusão.

Foi o que respondi a quem me perguntou sobre negar. O trabalho não é negar nada, mas libertar-se. É não vivenciar o que o ego lhe diz, seja o que for, como real.

Se o seu ego lhe diz que deve gostar mais de japonesas e você acredita nisso, mas o seu destino não faz isso acontecer? Lembre-se: os acontecimentos não dependem do que o ego lhe diz, mas sim daquilo que você programou para vivenciar em conjunto com a razão ou lógica ditada pelo ego.

 Digamos que o ego lhe fale que você deve se aproximar de orientais, mas o que você escreveu para acontecer não seja isso? Ou, digamos, até, que você tenha escrito se aproximar japonesas, mas se nenhuma delas, por opção sua anterior à encarnação, não ligar para você? O que acontece? Sofre.

Então, veja, não se apegue ao que você está vivendo, mesmo que seja aquilo que o ego lhe diz hoje como plenamente real, pois amanhã poderá não ser. Liberte-se da vivência do que o ego lhe diz e só assim poderá ser realmente feliz, independente dos acontecimentos e da razão que o ego impõe.

Não queria saber o porquê do ego lhe dizer isso ou aquilo, pois tudo o que ele lhe diz tem só um fundamento: criar uma realidade, Neste caso ele está criando um desejo por japonesas para ver se você vivencia este desejo positivamente (querendo), negativamente (não querendo), ou simplesmente dizendo: ‘eu desejo e daí? Se acontecer aconteceu, mas senão acontecer, não aconteceu’.

Conhece a ti mesmo

Característica primária dos egos humanos

Respondida à pergunta, vamos voltar a nossa conversa. Eu falei que existe um fundamento terrestre, ou fundamento do banco de dados que vocês chamam Terra e que é o determinante da elevação espiritual de cada um.

Este fundamento é o individualismo. É o eu: ser, estar, querer para mim. Todo espírito encarnado no planeta Terra, ou seja, ligado a um ego terrestre, é por essência, individualista. Todo ego formado para vivenciar a vida carnal é essencialmente individualista, mesmo aqueles que dizem suplantar o eu, pois ao dizer que eu suplantei o eu‘, não suplantou nada, pois está preso à razão que lhe diz que suplantou.

Isto precisa ficar bem claro para aquele que pretendem realizar a libertação do ego.

Você pode ir se libertando, por exemplo, dos carmas ou das realidades de uma sociedade, mas enquanto não entender que a realidade societária nacional, de raças ou povos e tudo o que você vive é formado a partir de um individualismo não vence nada.

Não adianta querer ou imaginar que se libertou do doutor que está enquanto ainda for o personagem que está vivenciando. Isto porque o individualismo que fundamenta todos os comandos do ego gerará outras programações onde ele estará sempre sendo a base das realidades.

Desta forma, afirmo que é preciso lutar contra as realidades que uma nacionalidade traz, mas acima disso é preciso lutar contra o eu que é nacionalista.

Sendo assim pergunto: o que é esse eu ou esse individualismo que estou falando? Ele é representado por todas as suas crenças, ou seja, ele é o formador e o organizador de toda programação do seu ego. Tudo que você vivencia enquanto subordinado ao ego é formado a partir deste eu, deste individualismo.

Por isso, tudo que você imaginar, ou tiver acesso pela razão ou pela emoção, liberte-se. Não adianta querer libertar-se apenas daquilo que acredita que deve se libertar, porque esta realidade ilusória que quer manter, ainda foi fomentada pelo eu, pelo individualismo, pelo que você acha das coisas.

Não adianta querer trabalhar determinados aspectos do seu ego, sem entender que a origem destes aspectos está no individualismo, porque senão vira hipócrita: continua preso no eu dizendo que está livre do eu.

Então, veja, se nós definimos cada grupo de verdades que você possui como determinado aspecto criador de realidades para a sua existência, para sua encarnação, agora deixamos bem claro que estes aspectos só existem porque você ainda está totalmente preso no eu, ainda é individualista.

Conhece a ti mesmo

A realidade e o ego

Participante: para seguir numa profissão é preciso se aperfeiçoar. Como fica, então, esta questão frente ao que o senhor está dizendo?

Se aperfeiçoar em que? Em conhecimentos teóricos? Para que? Para trabalhar melhor? Mas, você não age, não trabalha... A ilusão que vivencia e entende como trabalhar, a realidade de que age, operar materialmente, foi criada pelo ego: ela não existe.

Uma professora, por exemplo, não leciona, pois lecionar, dar aulas, é ilusão criada pelo ego. Sendo assim, o desejo de ser uma melhor professora acaba quando se entende que existe ume go que vive a vida humana e não você que a vive.

Veja bem. Você não é uma profissional, está uma profissional como instrumento de criação de realidades para que se liberte de viver esta ilusão como real.

Sendo assim, não importa o quanto queira se atualizar, isto só ocorrerá, ou seja, você só vivenciará a realidade de estar se atualizando, na hora que estiver programado que isto aconteça.

Esta programação, no entanto, é feita antes da encarnação, não agora. Portanto, se tiver que vivenciar o se atualizar, isto não acontecerá por decisão atual, mas como realidade criada antes da encarnação.

Portanto, não se preocupe com o externo, não olhe para fora: olhe para dentro. Veja como você está vivenciando a necessidade de se atualizar, de se profissionalizar. Veja como está lidando com o ato de se aperfeiçoar ou não, com o ato de trabalhar ou não.

É para isso que você nasceu, não para realizar atos.

Participante: o espírito pode desencarnar e ficar preso ao eu (ego) e permanecer assim no plano espiritual e, depois, reencarnar preso a este eu?

O espírito pode desligar-se da carne e permanecer ligado ao ego, ao eu, mas, neste caso, ele não desencarnou, pois desencarnar não é desligar-se da carne e sim do ego. Aliás, isto que você falou é uma realidade muito comum.

Agora, ele jamais poderá assumir um novo ego enquanto estiver vivenciando realidades criadas pelo anterior. O espírito não pode se ligar a uma nova personalidade enquanto estiver ligado a outra.

Ontem comentamos este caso e falamos que, quando o espírito não consegue retornar à sua consciência espiritual para preparar uma nova personalidade, existem mentores ou tutores nomeados pelo ser quando ainda de posse da sua consciência espiritual para preparar esta nova vida. Este é o procedimento espiritual para esta reencarnação que você perguntou.

Desta forma, uma personalidade é apagada e a outra, simultaneamente, é ligada. Isto acontece porque o espírito não pode ter o mesmo ego (personalidade) em duas encarnações.

Participante: alguns livros espíritas falam de espíritos que foram médicos na Terra, continuam sendo médicos no plano espiritual e, quando encarnam, voltam a ser médicos. Neste caso, eles continuam presos aos egos? Não passaram nas provas? São outras provas ou são mistificações espíritas?

Ainda estão ligados a este determinado aspecto da programação como elemento construtivo de realidades ligadas a uma determinada essência. Ou seja, estes espíritos, ou alguém por eles, escolheram novamente a ilusão de ser médico para vivenciarem uma essência que pretendem combater durante a encarnação.

Não estão presos ao eu anterior, mas continuam vivenciando a ilusão de serem médicos até que em determinado momento deixarão de sê-lo.

Participante: quando o espírito se liberta do mundo de provas e expiações?

Quando acabar com o individualismo. Se o eu ou individualismo é à base do mundo de provas e expiações, só quando o espírito acabar com ele poderá encarnar com um novo sentido, com uma nova batalha.

Participante: acredito que nós não nascemos para praticar atos, mas vivenciá-los sendo espírito, como o senhor ensina, mas aqui no planeta é preciso praticar atos.

Você não nasceu para praticar atos, até porque pela explicação que dei anteriormente, os atos não existem, mas sim uma ilusão de ação.

Você nasceu para compreender esta realidade do universo. Aliás, nem para isso, mas sim para colocar em prática esta compreensão, ou seja, a consciência de que você não age. Digo isso porque aprender, já aprendeu no plano espiritual.

Lembra-se que falei que os espíritos estudam observando os que estão encarnados, ligados ao ego? Então, você já sabe o que é se ligar ao ego e agir a partir dele, ou seja, ter a ilusão da ação. Só depois de tanto ver isso acontecendo e conscientizar-se da ilusão da vida é que você cria um ego com o objetivo de libertar-se das ilusões que vive e faz isso conscientemente.

Esta é a realidade. Agora, quando diz que é preciso praticar atos, eu digo que não. Isto porque a vida material não existe. Ela é uma série de realidades ilusórias criadas pelo ego.

Sendo assim, não precisa, por exemplo, haver o ato de um médico cuidando de um corpo, pois não existe o remédio, a mão do médico e o próprio corpo. A cura, se houver, não acontecerá por causa da ação destes elementos, mas por uma programação feita anteriormente.

Todos os elementos materiais são formados de fluído cósmico universal e suas ações são controladas por Deus e não por você, por qualquer outro espírito ou pelas propriedades dos elementos.

NOTA: Aqui citamos duas informações de O Livro dos Espíritos que falam exatamente da ação dos elementos materiais controlada pela Causa Primária de todas as coisas.

“007. Poder-se-ia achar nas propriedades íntimas da matéria a causa primária da formação das coisas? Mas, então, qual seria a causa dessas propriedades? É indispensável sempre uma causa primária”.

“Atribuir a formação primária das coisas às propriedades íntimas da matéria seria tomar o efeito pela causa, porquanto essas propriedades são, também elas, um efeito que há de ter uma causa” – comentário de Kardec à resposta 007.

“009 – Em que é que, na causa primária, se revela uma inteligência suprema e superior a todas inteligências? Tendes um provérbio que diz: pela obra se reconhece o autor. Pois bem! Vede a obra e procurai o autor. O orgulho é que gera a incredulidade. O homem orgulhoso nada admite acima de si. Por isso é que ele se denomina a si mesmo de espírito forte. Pobre ser, que um sopro de Deus pode abater”!

“Do poder de uma inteligência se julga pelas suas obras. Não podendo nenhum ser humano criar o que a Natureza produz, a causa primária é, conseguintemente, uma inteligência superior à Humanidade. Quaisquer que sejam os prodígios que a inteligência humana tenha operado, ela própria tem uma causa e, quanto maior for o que opere, tanto maior há de ser a causa primária. Aquela inteligência superior é que é a causa primária de todas as coisas, seja qual for o nome que lhe deem” – comentário de Kardec à resposta 009.

Apesar destas afirmações tão contundentes, como diz o Espírito da Verdade, o homem orgulhoso nada acredita haver acima dele, mesmo que tenha tido acesso a estes ensinamentos. Deturpa-os para continuar mantendo o ilusório poder de se sentir a ‘raça forte do planeta’.

Quando este ilusório poder é contestado através da Natureza (acontecimentos da vida) o homem acusa o próximo ou credita ao acaso, sorte ou azar a origem dos acontecimentos sem, no entanto, jamais dar a Deus a função de Causa Primária de todas as coisas. Para estes mais um recado do Espírito da Verdade e de Allan Kardec:

“008. Que se deve pensar da opinião dos que atribuem a formação primária a uma combinação fortuita da matéria, ou, por outra, ao acaso? Outro absurdo! Que homem de bom senso pode considerar o acaso um ser inteligente? E, demais, que é o acaso? Nada”.

“A harmonia existente no mecanismo do Universo patenteia combinações e desígnios determinados e, por isso mesmo, revela um poder inteligente. Atribuir a formação primária ao acaso é insensatez, pois que o acaso é cego e não pode produzir os efeitos que a inteligência produz. Um acaso inteligente já não seria acaso”.

Se você não tem que agir durante a vida, o que tem que fazer? Libertar-se da ilusão da ação e dos valores que são aplicados a ela no seu mundo interno pelo ego. Ou seja, se médico, deixar o médico agir e lutar para não se ‘sentir médico’ e nem acreditar na cura ou na doença.

Participante: Voltando ao assunto da profissionalização, a gente fica insegura com o seu ensinamento para viver a vida.

Você não fica insegura, quem criou esta sensação foi o ego. Pare de se sentir insegura, pois você nasceu para vencer esta emoção racional que o seu criador de realidades levou à sua consciência.

É isso que estou dizendo o tempo inteiro. Volto a repetir: este ensinamento se aplica à tudo da sua vida, à tudo que compreender racionalmente e sentir emocionalmente. Nada disso existe, são realidades ilusórias criadas pelo ego para que você vença a tentação de vivenciá-las.

A insegurança que você falou que sente com relação ao seu futuro se colocar em prática o ensinamento não existe: é maya. O ego a está criando e você está vivendo o que o ego cria, dizendo que é seu.

Participante: a partir destes ensinamentos, qual a diferença entre o veneno e o remédio, se tudo é fluído cósmico universal?

Nenhuma. A programação que está no ego é que faz surtir uma determinada realidade ou ilusão.

NOTA: Mais uma vez reforçamos o ensinamento da espiritualidade com informações anteriores repassadas pelo Espírito da Verdade através de O Livro dos Espíritos.

“0031. De onde se originam as diversas propriedades da matéria? São modificações que as moléculas elementares sofrem, por efeito da sua união, em certas circunstâncias”.

“0032. De acordo com o que vindes de dizer, os sabores, os odores, as cores, o som, as qualidades venenosas ou salutares dos corpos não passam de modificações de uma única substância primitiva? Sem dúvida e que só existem devido à disposição dos órgãos destinados a percebê-las” (grifo nosso).

“0033. A mesma matéria elementar é suscetível de experimentar todas as modificações e de adquirir todas as propriedades? Sim e é isso o que se deve entender, quando dizemos que tudo está em tudo” (grifo do original).

Apesar de, aparentemente, o ensinamento agora trazido pela espiritualidade parecer novo, pelas respostas do Espírito da Verdade podemos constatar que se trata, apenas, de aprofundamento de um ensinamento anterior que agora, com novos conhecimentos científicos, pode ser entendido.

Que estes ensinamentos eram verdadeiros e que um dia seriam complementado, Kardec sabia e por isso afirmou:

“O oxigênio, o hidrogênio, o azoto, o carbono e todos os corpos que consideramos simples são meras modificações de uma substância primitiva. Na impossibilidade em que ainda nos achamos de remontar, a não ser pelo pensamento, a esta matéria primária, esses corpos são para nós verdadeiros elementos e podemos, sem maiores consequências, tê-los como tais, até nova ordem” – comentários à resposta 33.

Apesar da compreensão sobre o tema ser, portanto, velha e fazer parte de doutrinas religiosas, o homem não consegue aceitá-la como Real e ainda se choca quando a Verdade lhes é exposta. Por que? Porque não coloca em prática outro ensinamento do próprio Kardec ao comentar uma resposta do Espírito da Verdade:

“Quanto mais consegue o homem penetrar nesses mistérios, tanto maior admiração lhe devem causar o poder e a sabedoria do Criador. Entretanto, seja por orgulho, seja por fraqueza, sua própria inteligência o faz joguete da ilusão. Ele amontoa sistemas sobre sistemas e cada dia que passa lhe mostra quantos erros tomou por verdades e quantas verdades rejeitou como erros. São outras tantas decepções para o seu orgulho”.

Como o homem não se admira do poder e da sabedoria do Criador ao vivenciar os acontecimentos da vida, mas liga-se apenas à ciência, se choca com tudo aquilo que é revelado e que está acima dos limites científicos. Mas, para aqueles que, mesmo depois de tantas constatações ainda estão incrédulos com este ensinamento, outro recado do Espírito da Verdade e de Allan Kardec:

“0020. É dado ao homem receber, sem ser por meio das investigações da Ciência, comunicações de ordem mais elevada acerca do que lhe escapa ao testemunho dos sentidos? Sim, se o julgar conveniente, Deus pode revelar o que à ciência não é dado apreender”.

“Por essas comunicações é que o homem adquire, dentro de certos limites, o conhecimento do seu passado e do seu futuro”.

Se o ego está programado para a fusão de fluído cósmico percebido como elemento químico com a daquele que é percebido como corpo para criar uma ilusória ação de cura ele agirá assim, mas, se não estiver criará a ilusão da doença e até da morte.

É por isso que Kardec ensina e a ciência comprova que existem elementos que ao mesmo tempo curam ou podem matar. Isto porque a ação não depende do elemento, mas sim das programações do ego, das criações de realidades por parte do ego.

Vê como algumas coisas do mundo material que são incompreensíveis para vocês agora passam a fazer sentido? Quando nos libertamos da ilusão da ação e retiramos do elemento material a causa primária das coisas, entendemos que tudo que acontece é uma realidade ilusória criada pelo ego. Podemos, assim, entender porque no mundo, às vezes, dois mais dois não dá quatro.

Participante: o senhor falou a pouco que o planeta Terra é um banco de dados que é igual a todos os habitantes do mundo de provas e expiações. Porque então o mesmo programa de veneno mata uns e não provoca essa ação a outros?

Porque não é o veneno que mata, mas a programação do ego.

O ego cria a ‘morte’, não é o veneno que mata. O ego cria a ilusão de ação ‘morte’ e você, que está preso à ilusão da vida como realidade, diz que foi o veneno que matou mas, quem matou e criou a realidade ilusória de morte, foi o ego.

Participante: O veneno no caso seria...

Um programa agindo em cima de outro programa.

Participante: Seria uma desculpa para o desencarne do espírito.

Seria uma desculpa para criar a realidade ilusória do desencarne do espírito. Não seria para fazer o desencarne, mas para criar a ilusão de que ele desencarnou.

Conhece a ti mesmo

A sua vida a partir dos esinamentos

Veja se o que está acontecendo com minhas respostas não é aquilo que conversamos anteriormente: viramos a sua vida ao avesso, ou seja, a partir de hoje, se aplicado o ensinamento, tudo tem que ser diferente, vivenciado de forma diferente.

E, esta nova compreensão que estamos falando, pode ser muito melhor entendida depois desta série de perguntas. Com ela entendemos que deve acabar a preocupação de se especializar ou a angústia de se buscar a elevação espiritual. Mas, isso precisa ser trabalhado incansavelmente, pois, mesmo tendo acabado de dizer que tudo que sentem é o ego que cria, as pessoas ainda me dizem que ficam angustiadas em não agir.

Como eu disse, todo este ensinamento é muito profundo e mexe em tudo que você vivencia.

Conhece a ti mesmo

Criando as realidades

Participante: estou às voltas com um ratinho em minha casa e não estou com vontade matá-lo. Descobri que ele estava comendo a ração dos meus cachorros, ou seja, seria este o motivo para ele nos visitar todas as noites. Então, tirei a ração daquele lugar. Pergunto: isso provocará a ida definitiva deste bicho para o mato que é onde eu acho que ele mora?

Essa ação de ver o rato, dele estar na sua casa, de estar comendo qualquer coisa e de você imaginar que o rato está na sua casa porque tem comida, é tudo ilusão, é criação do seu ego.

O seu ego criou o rato e a ilusão de ele estar lá porque tem comida ao seu alcance, mas nada disso é real. E será o seu ego que criará a realidade do rato ir embora ou não e não ação dele.

Participante: mas eu não sei fazer isso.

Vou explicar como fazer e para tanto entrarei em um novo assunto, em um novo aspecto de nosso estudo.

Ontem eu disse que o ego não poderia ficar somente ligado no mundo interno, ou seja, criar realidades racionais. Seria preciso que no mundo externo houvesse uma movimentação com a participação de outras formas para criar uma ilusão de ação para que o ego criasse uma razão

Aí me perguntaram: mas como ele faz isso? Eu disse que o ego agiria chamando, no universo, outros espíritos com egos programados para serem instrumentos de ações ilusórias com as quais ele precisa interagir. E aí, pela lei da interação, um se juntaria frente ao outro.

A partir daí, podemos entender que o fato do rato estar na sua casa, ou seja, o fato da criação da ilusão de que há um rato se origina num pedido feito pelo seu ego para que o espírito ligado a um ego de rato estivesse lá.

Participante: esse pedido foi feito quando?

Não há tempo, não existe o tempo, então, não há como mensurar.

Participante: pergunto se foi uma programação antes da encarnação ou depois dela...

Pode ter sido antes ou agora.

Participante: e onde fica o livro da vida, a programação anterior nisso que o senhor falou agora?

Ficaria no que sempre ficou. Antes de encarnar você pediu determinada essência de prova. Ela terá que acontecer. Agora, se o instrumento que agirá para a criação desta essência de prova é ilusoriamente percebido como uma girafa ou um rato, isso é outro detalhe. O que preside a criação da ilusão da ação não é a cena, mas a essência dela.

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O operador do ego

Voltando à explicação da presença ou não do rato, no momento que estava falando da interação entre os elementos me perguntaram também: mas, como o espírito pede ao mundo, ao universo e como ele sabe que ela precisa e encaminha? Para responder isso, eu vou entrar em novo aspecto de nosso estudo.

Lá atrás definimos o ego como um programa de computador, ou seja, como programações que reagirão de determinada forma a um comando. Eu disse assim: o ego é como um programa de computador que faz, ao você apertar a tecla a, aparecer o desenho deste símbolo no visor.

Mas, para que isso aconteça, é necessário que alguém aperte a tecla. Ou seja, dentro desta nossa figura, o Universo é o computador, cada ego é um programa que roda dentro dele, mas é necessário haver um operador que faça os programas interagir criando as realidades ilusórias ou virtuais.

Pois bem, este programador é Deus. É Ele que ativa a criação das ilusões das realidades ilusórias de acordo com o programa de cada ego.

Portanto, dentro da pergunta que me foi feita (como o ego conclamou ao universo a presença do rato e como ele apareceu) respondo, agora, que Deus ativou determinadas ordenações do programa deste ser humano e do rato, fundindo, assim as realidades ilusórias que cada um (você e o rato) vive numa só.

O rato, então, não está na sua casa porque não tem o que comer, mas sim porque Deus ativou determinada ordenação no ego dele e esta realidade se criou. Isto porque aquilo que é realmente o rato (espírito) não está aqui nem acolá, mas está no único lugar que existe: o Universo.

Da mesma forma, o rato não irá embora por livre e espontânea vontade, mas porque Deus comandará através de determinada ordenação do programa para acabar com esta ilusão, com este ato ilusório.

Se isto se aplica ao rato, aplica-se também a você. Será Deus que a fará deixar de perceber o rato e, então, o ego lhe dirá que ele foi embora e você, que vive aprisionada ao que o ego diz, acreditará nisso.

Esta é a Realidade e o ensinamento máximo trazido pelo espírito da Verdade: Deus é a Causa Primária de todas as coisas. Isto porque quando falamos que cada espírito ligado a um ego tem uma programação individual e que elas se interagem, não podemos nos esquecer que precisa haver o Operador que conecta todos os programas de forma que a Justiça e o Amor sempre imperem no Universo.

Um Conector que faça o ego que precisa viver a ilusão de ser agredido interagir, numa ilusória realidade, com aquele que tem o ego que está programado para agredir. Somente Deus pode ser este Conector, pois é a Inteligência Suprema, ou seja, a capacidade suprema de compreender as coisas, e porque Ele é Onipresente, Onisciente e Onipotente.

Isto é Deus: A Inteligência Suprema, que julga com a Justiça Perfeita e o Amor Sublime e que possui a Onipresença, Onisciência e a Onipotência. Por isso Ele é Causa Primária de todas as coisas.

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Tudo é uma realidade virtual

Mas, para exercê-la, Deus não precisa trazer um espírito de lá até aqui, ou levá-lo daqui para lá, como vocês acreditam por estarem aprisionados à ilusão da ação como real. Saibam, que o espírito não se mexe, não se movimenta: vivencia ilusões de movimentação.

O espírito está parado no mesmo lugar sempre, já que o tempo e o espaço são elementos do ego e não do mundo espiritual. Ali parado, ele vivencia, em conjunto com outros espíritos ligados a egos, as viagens, os passeios e toda movimentação que faz.

Tudo realidade virtual: ilusões de movimentações vivenciadas sem sair do lugar. Vou criar uma figura apenas para vocês poderem compreender o que estou falando. O espírito está sentado em uma cadeira na frente do computador utilizando uma máscara (ego) que o faz vivenciar uma realidade virtual de um cenário da vida humana.

Sempre que ele se locomove nesta realidade virtual, não há movimentação do espírito, mas Deus é que aperta determinado botão e um novo cenário é criado. Você, portanto, não se locomove: toda movimentação é criação ilusória do seu ego.

Volto a repetir para ficar bem claro: tudo que você acredita hoje é ilusão, são realidades pré-fabricadas por Deus, Causa Primária de todas as coisas, comandando o funcionamento do seu programa individual ou ego.

Você, que acredita na carne, no carro, no locomover-se, mas isso não existe: são realidades virtuais criadas por Deus utilizando os comandos do seu ego.

Sendo assim, para juntar duas pessoas Deus não traz ninguém de lá para aqui, mas, permanecendo o espírito em seu lugar no Universo, Ele junta realidades virtuais, ou seja, faz cada programa interagir com o outro. Os egos estão interagindo, mas você, o espírito, está lá sentadinho no seu canto assistindo a tudo isso.

Abismado? Incrédulo? Deixe-me dizer uma coisa: esse conhecimento é antigo para os seres humanos, principalmente para os espíritas.

No livro Nosso Lar, de André Luiz, este mentor ensina isso, de forma figurada. Ele narra que entrou numa enfermaria com milhares de macas, onde percebeu um espírito deitado em cada uma. Reparou, também, pelas feições de cada um, que eles estavam vivenciando no seu inconsciente alguma coisa.

Aí André Luiz pergunta ao seu mentor: o que está acontecendo? O mentor responde: são os espíritos vivendo a vida deles.

Como eu disse, isto é uma figura, já que não existem macas ou enfermarias, mas serve para vocês compreenderem o que estou dizendo. Cada um dos espíritos aqui encarnados, é um daqueles que está deitado em uma maca, vivendo realidades no inconsciente espiritual, achando que está consciente.

E Deus opera tudo isso, cria todas essas visões inconscientes para o espírito e ele, que está inconsciente de ser espírito, vivencia como realidade.

É por isso que muitos dizem que o espírito está adormecido durante a encarnação. Isto é Real, mas não é o espírito que está adormecido, mas a consciência espiritual desse, o formador de realidades espirituais do ser universal é que está adormecido.

O que está funcionando (acordado) é o criador de realidades temporárias, vulgarmente conhecido como ego. E você, por não entender que é o espírito e que, portanto, está adormecido, acredita neste criador de realidades.

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Resumo do segundo dia

Com isso, encerramos a transmissão dos ensinamentos necessários para o conhecimento do ego.

Descobrimos como é ego, como ele é formado, que verdades são usadas para formá-los e entendemos, agora, como ele funciona, ou seja, como cada ego cria uma realidade a partir de um comando de Deus, a Causa Primária de todas as coisas. Dentro desse nosso estudo, vamos usar tudo isso e descobrir o que fazer para se libertar de toda ilusão que vivemos.

Participante: esta semana estava em uma loja quando pratiquei o ato de enfiar a mão no bolso. A partir daí a vendedora ficou me vigiando. Eu tinha que vivenciar esse mal-estar de se sentir ladra por outra pessoa?

A compreensão de que você foi avaliada como ladra, não é real: foi seu ego que criou. Ela pode não ter existido por parte da vendedora, mas apenas como um mundo interno seu criado pelo seu ego.

Estou dizendo isso a partir de tudo que conversamos ontem e hoje. Aliás, aplicando-se estes ensinamentos, você e a vendedora não estavam na loja, já que a própria loja, os objetos que lá existem, você e ela não existem: são realidades ilusórias criadas pelos egos que interagem segundo uma virtualidade criada por Deus.

Esta compreensão foi criada por seu ego porque você pediu para que em determinado momento vivenciasse esta compreensão e Deus montou toda a cena para que seu pedido fosse atendido.

Então, sim, era para você vivenciar isso. Para que? Para não viver isso.

Para dizer que você não é você, que não estava com a mão no bolso, que não estava vendo a loja, que a vendedora não existe e por isso não pode compreender nada. Ao invés de fazer tudo isso, para aproveitar este momento, deveria ter dito louvado seja Deus, ao invés de viver a chateação porque imagina que passou.

Ou seja, tudo foi criado para você não viver o acontecimento, mas sim a compreensão de que aquilo foi criado como um dos instrumentos de criação de realidades ilusórias, das quais você deve se libertar.

Será sobre isso que ainda falaremos: como fazer para deixar de viver a realidade ilusória. A partir do momento que descobrimos o que era possível sobre a criação e o funcionamento do ego, agora é preciso saber como se libertar.

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Perguntas diversas 2

Participante: se o espírito não está vivendo o acontecimento, onde afinal ele está?

O espírito está no único espaço que existe: o Universo.

Mas, o Universo não é o que você entende como tal: sóis, planetas, estrelas, etc. Por isso, ao responder desta forma não estou lhe respondendo verdadeiramente. Para ser preciso, tenho que dizer que o espírito está no nada.

Este nada, no entanto, não é um vazio, mas alguma coisa desprovida de qualquer elemento que você possa compreender. Ele é alguma coisa, mas aquilo que ele é, é incompreensível para você.

Participante: estão corretos os indianos que dirigem sem se preocupar com os sinais de trânsito, uma vez que, se tiver que haver um acidente de trânsito, eles não poderão evitar. Esta forma de comportamento seria uma libertação do ego?

Não. Estão corretos os indianos que dirigem sem se preocupar com o sinal, mas também estão corretos os brasileiros ou o povo de qualquer outro país, que dirija se preocupando com o sinal. Isso porque o ato em si está sempre correto.

Observar o ato para julgar o que você quer (ser liberto do ego) é uma incompreensão dos ensinamentos, pois estou falando de libertar-se do mundo interior, das compreensões que o ego dá para cada um e não de atitudes.

Eu não posso julgar pelos atos porque não sei se esse indiano que não presta atenção no sinal ou se o brasileiro que presta estão vivenciando o ato achando que estão dirigindo. Achando que eles estão respeitando ou não o sinal. Volto a dizer, não é o que você faz, mas como se relaciona coma ilusória ação que o ego cria.

Como eu disse, cada região, cada povo tem um programa. No programa do indiano, para vencer determinadas coisas, está escrito que ele não respeitará sinal e no programa do brasileiro está escrito que ele respeitará. Por isso cada um age como age e não porque ele está fazendo ou deixando de fazer.

Então, todos os dois estão corretos nos seus atos, pois seguem os seus programas. Agora, a forma como interagem é outra história. Tem indiano que interage com isso de uma forma liberta, assim como tem brasileiro que também faz isso.

O aproveitamento das oportunidades é individual, é de cada um. Não podemos julgar o resultado da libertação do ego por uma raça, ou seja, querer dizer que uma raça é superior à outra porque pratica determinados atos, porque não existem raças, mas provações coletivas para os espíritos.

Participante: no caso do livro Nosso Lar que você falou, um desencarnado que está numa maca está vivendo uma ilusão, mas André Luiz vendo os espíritos na maca também não está vivendo uma ilusão?

Antes de lhe responder deixe contestar uma coisa que você disse. Na verdade, não é um desencarnado que está na maca, pois encarnado é aquele que está vivendo as ilusões criadas pelo ego como realidades.

O desencarnado estaria consciente de ser espírito: não estaria dormindo em uma maca. Portanto, são espíritos encarnados que estão dormindo na maca.

Respondendo agora sua pergunta, sim, André Luiz está usando um ego para poder ver tudo o que enxergou, inclusive o espírito. Digo isso porque nenhum ego humano é capaz de enxergar este elemento o Universo. Espírito é um brilho, um clarão, que não pode ser percebido por nenhum criador de realidades humanas.

Sendo assim, quando André Luiz vê o espírito, as faces destes e as macas, ainda está traduzindo o intraduzível para uma forma ilusória e isso denota que ele ainda estava ligado a um ego. Aliás, ele próprio se achar André Luiz já nos dizia que, naquele momento, ele ainda estava ligado a um ego: o André Luiz.

Por isso, quando citei o assunto, disse, que era só uma comparação para vocês poderem entender. Nunca afirmei que isso é a realidade. O espírito não está em nenhuma maca e nem em nenhum hospital, pois como disse agora a pouco, o espírito está no Universo e não em um determinado ‘lugar’.

Usei este exemplo só para você compreender o que eu quis dizer quando falei do caso daquela senhora com o rato. O espírito dela está, figuradamente, dormindo numa maca e o do rato em outra. Deus ativou os egos de cada um e criou, no inconsciente destes espíritos, estar na mesma casa, no mesmo ‘espaço físico’.

Se quiserem fazer mais perguntas...

Participante: perguntar o que agora, se tudo é ilusão?

Para você compreender que tudo é ilusão.

Se você coloca, como estão colocando, acontecimentos e realizações materiais nas perguntas, mesmo que consideradas espirituais, dá a você mesmo a oportunidade de ouvir que aquilo é uma ilusão e, assim, vai alcançando o sentido abrangente de ilusão que estou afirmando existir.

Participante: viver a ilusão não é problema, o problemático é se apegar a ela. Estou certo?

Não. Vivenciar a ilusão do ato não é problemático quanto à libertação do ego, mas, acreditar que está vivendo o ato é problema.

Vou dar um exemplo. Você come, ou seja, vivencia o ato de trazer o garfo com alimento até a boca. Isto não é problema. O problemático é acreditar que está se alimentando. Por quê? Porque o alimento não alimenta ninguém. Isto porque você não é o corpo e o alimento é para o corpo.

Aí está o problema: você achar que está vivendo aquele ato a partir das compreensões que o ego cria no seu mundo interno. O problema é você achar que, já que o ego lhe criou a realidade ilusória de um alimento entrar no seu corpo, acreditar que está se alimentando.

Acho que este exemplo deixa bem claro tudo o que disse. O problema não é segurar o volante de um carro e mexer para lá ou para cá, o problema é achar que está dirigindo.

Você acredita que está dirigindo porque o ego lhe afirma isso e, para confirmar, lhe mostra a sua mão mexendo o volante de um lado para o outro. Mas, quem está fazendo isso é Deus, ou seja, quem está dirigindo é o Pai e, tudo que você vê, lhe é criado pelo ego a partir da sua programação.

Aí está à diferença entre o que é ou não problemático. A diferença está em viver os atos, mas não vivenciá-los, não achar que é você que está fazendo. Aquele que alcança realmente a liberdade, ao estar vivendo a ilusão do ato, não vivencia aquilo que o ato diz que está vivendo.

Participante: é complicado...

É sim, é muito complicado. Por quê? Porque ainda acha que você é você. Ainda acha que você é o ser humano, que é o fabricador de egos.

Por isso eu falei da raiz, do individualismo, o que se fundamenta no eu. Na hora que entender que não há um eu para dirigir, deixará de viver o dirigir. Mas, enquanto achar que há um eu motorista quererá ser aquele que dirige.

Só quando você anular o eu poderá ver agindo.

Participante: a frase célebre ‘penso logo existo’, está equivocada? Deve estar incompleta, no mínimo.

Não, ela não está equivocada. Ela é humana. Para o ser humano, pensar é existir, mas para o espírito, pensar no sentido material não é viver. Aquilo que você chama de pensamento (formação de compreensões) sempre existirá, mas para o espírito eles possuem outros valores do que para os humanos.

Portanto, o problema não é pensar, mas como pensar: pense como espírito e viverá como espírito, pense como humano e viverá como tal.

Esta frase, como disse é humana. Mas, se a espiritualizarmos, ou seja, se usarmos a compreensão que estamos tendo a partir deste ensinamento, ela passaria a ter o seguinte texto: ‘eu existo como penso que sou’ ou ‘eu existo como penso que penso’.

Ou seja, se penso que sou humano existo como tal e o mundo existe como material; se penso como espírito, eu existo como tal e o mundo passa a ser espiritual.

Participante: o pensamento é dispensável?

Não. O pensamento não é dispensável. Ele é necessário, pois é o conhecimento racional que o ego lhe dá. Ele faz parte da criação da realidade.

Olhe para as paredes da sua casa. O seu pensamento lhe dirá que o que está percebendo é uma parede e que está pintada de tal cor. Isto é necessário para a evolução espiritual: a criação de uma realidade. Para que? Para que você possa exercer a sua espiritualidade e dizer que aquilo é uma ilusão na qual não acredita.

Portanto, o pensamento é necessário para que você se liberte, já que sem ele não existiria a criação da ilusão. Agora, ele não é necessário para o espírito apegar-se, mas sim para vencê-lo.

Participante: o que quero dizer é se o pensamento é dispensável ao espírito.

Não, porque sem ele não há prova. Ele é fundamental nessa fase de sua elevação espiritual.;

E não é dispensável, é necessário. Mas, não pode ser objeto de sua paixão, ou seja, você não pode se apaixonar por ele, acreditar nele.

Então, ele não é dispensável, mas, também, é não confiável.

Participante: quando desencarnar, como é? Deixo de pensar quando desligar do meu corpo?

Quando desligar do corpo não: só quando desligar do ego. Enquanto houver ego existirá pensamento.

Participante: e este processo vai até quando?

Até que você vença esta etapa e volte à consciência espiritual.

Participante: isso ainda demorará muitas vidas...

Não, isso pode acontecer no final dessa encarnação.

Mesmo que você não consiga a liberdade total ao final desta encarnação, poderá voltar à espiritualidade de posse da sua consciência espiritual e não deste ego que usa hoje. Isto porque a sua consciência espiritual vai, ao passar por determinadas provas, se depurando.

Sendo assim, mesmo que você não se liberte- totalmente deste ego enquanto ligado à carne, mas tenha alguma consciência de que há um ego e que sua identidade espiritual é outra, que as realidades que está vivenciando são ilusórias e que há outra a ser vivida, poderá voltar à sua consciência espiritual depois do desligamento da massa física.

Aí poderá voltar a estudar, formar outro ego e encarnar novamente.

Participante: os espíritas falam em fé raciocinada. Está coerente isso, então?

A fé raciocinada não é a fé de Cristo. Vou explicar esta afirmação.

No Evangelho do João há uma frase de Cristo diz. Ela é dita depois do episódio que é conhecido como Santa Ceia e momentos antes de ser preso. ‘Sinto uma grande aflição, mas o que vou fazer. Dizer, Pai afasta de mim este cálice? Mas, eu nasci para isso. Pai glorifique seu nome em mim’.

Repare bem nesta frase. Ela dita num momento onde a racionalidade de Cristo aponta para a aflição, ou seja quando o seu ego está criando uma realidade aflitiva. No entanto, o mestre reage a tal proposição com sua fé, ou seja, com a entrega total a Deus.

Veja bem: a fé de Cristo é fundamentada numa entrega total e absoluta a Deus, mesmo acima do que você chama de racional, razão. A personalidade, o ego Jesus Cristo tinha uma razão, uma lógica racional como a sua, mas ele exerceu a fé superando a própria razão.

Quando se fala em exercer uma fé raciocinada, a compreensão que nos vem é de que devemos subordinar a entrega a Deus (fé) à razão, à lógica humana, material, do ser espiritual. Se ela fosse usada por Cristo ele oraria a Deus pedindo que o afastasse da crucificação assim como qualquer humano faria, pois, ninguém em sã consciência se entregaria a uma cruz, se deixaria levar preso sem reagir sendo inocente.

Esta mesma oração libertando dos perigos foi sugerida por um ser humanizado (Pedro) ao próprio Cristo em outro momento e o mestre lhe respondeu: cala a boca Satanás, você está falando igual a um ser humano. Isto porque a fé de Cristo sempre maior que qualquer razão lógica humana.

Portanto, a fé raciocinada não foi ensinada por Cristo e não pode existir para aqueles que querem aproximar-se de Deus, pois se trata da fé subordinada ao que o ego diz, enquanto que a elevação espiritual é exatamente ao contrário. Completamente incongruente este ensinamento.

Mas, deixe-me dizer algo. Não há, nos ensinamentos do Espírito da Verdade, o aconselhamento desta postura.

Estudamos com este grupo todo O Livro dos Espíritos e não há nenhuma informação do Espírito da Verdade que tenha nos levado a encontrar uma orientação para se raciocinar a sua entrega a Deus. Portanto, isto foi criado pela doutrina espírita e não pelos espíritos.

Mas, o que é a doutrina espírita, senão também um banco de dados de onde são retirados comandos que criam realidades ilusórias como prova para o espírito? Ou seja, um banco de comandos para o seu ego, o criador de determinadas realidades?

Então, a doutrina espírita não está certa ou errada ao ensinar a fé raciocinada, mas o religioso que vive o que esta ou qualquer outra doutrina prega como certa é que não está realizando o seu trabalho de elevação espiritual: deixar de viver o que o ego lhe diz.

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Resumo do que já foi visto

Vamos voltar a falar sobre o ego e, com isso, terminaremos esta série de palestras. Mas, antes, vamos resumir o que foi falado até agora.  

No primeiro dia definimos o ego como o criador de realidades ilusórias à qual o espírito se liga para vivenciar o que é chamado de encarnação. Vimos, ainda, que estas ilusões são formadas pelo ego em dois mundos: o mundo externo, ou dos objetos e animações, e o mundo interno, que é aquele que interpreta (dá valores) o mundo externo.

No segundo dia conversamos sobre as bases para a formação de um ego. Vimos que ele é abastecido por comandos específicos que existem em diversos banco de dados universais e que estes comandos criam a ilusão de se estar vivendo em determinadas sociedades e regiões do planeta. Compreendemos, ainda, que, apesar das múltiplas utilidades destes comandos, todos são fundamentados no individualismo.

Por último, descobrimos no segundo dia que quem opera, ou seja, quem faz o programa criar a realidade virtual que o espírito agregado ao ego vive é Deus. Ele é quem opera os egos.

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Saber não adianta nada

Em resumo, foi isto que vimos até aqui. Hoje iremos conversar sobre como aproveitar a oportunidade de estar ligado a um ego. Claro que usaremos tudo que falamos nos dois dias anteriores, mas abordaremos estes aspectos não mais tecnicamente, mas buscaremos a prática da elevação espiritual usando os conhecimentos já adquiridos.

 Para que isso seja possível, gostaria de deixar um alerta. Queria, se possível, que todos tivessem a atenção redobrada. Por quê? Porque até agora tudo que conversamos foi técnica, foi ciência espiritual.

Definir o ego, explicá-lo, conhecer o seu funcionamento, é ciência espiritual, cujo conhecimento não lhe leva a nada. Saber tudo isso não lhe leva a realização espiritual alguma.

Tudo que existe no universo é instrumento para que o espírito se use dele. A posse de qualquer elemento não resolve nada no sentido da elevação espiritual. É preciso que haja uma determinada ação do espírito fundamentada naquilo que se aprende para que a encarnação pode ser aproveitada.

Por isso, se possível, gostaria que a atenção hoje fosse redobrada para que, além de conhecermos o ego, possamos saber utilizar este conhecimento para o objetivo de estar vivo.

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Estar vivo

Sei que muitos acham que estar vivo é apenas respirar, mas é muito mais do que isso. Estar vivo é estar ligado a um ego, ter uma determinada personalidade.

Mas, para que você está vivo? Para que se uniu a uma determinada personalidade? Estas são perguntas que o ser humanizado esquece de fazer a si mesmo e, por isso, vive a vida de uma forma material (buscando realizações materiais) e não espiritual.

A cultura espírita do planeta afirma que cada ser humanizado está vivo para promover a sua reforma íntima. E afirma mais: a promoção da reforma íntima ocorre quando você mata o homem velho e deixa surgir o homem novo. Vamos entender estes dois aspectos.

Reforma íntima: reforma do eu, do íntimo de cada um.

Quem é você no seu íntimo? Quem é você hoje no seu íntimo? Quem é o seu íntimo? O seu ego. Você é o ego porque, como já disse, você vivencia tudo que o ego diz como realidade. Desta forma afirmo: quem vive a vida é o ego e não você.

Reformar o íntimo é mudar o seu interior. Não se trata de mudar o ego, porque, como também já vimos, depois que o espírito programa o criador de realidades ele não pode ser alterado. Reforma íntima, então, não se realiza alterando o ego, mudando valores, pois estes estão escritos no ego e continuarão sempre lá.

Reforma íntima é deixar de ser o ego. Reformar o seu interior é deixar de vivenciar o ego (as realidades, paixões e desejos) como você e voltar a ser o espírito que você é eternamente.

Na verdade quando se fala em matar o homem velho para nascer o novo, há um equívoco grande. Isto porque, neste processo, não nasce nem morre ninguém.

Na verdade, o homem velho (o ego) continua existindo até a libertação da matéria carnal, porque ele não acaba até à libertação, e não nascerá ninguém novo, pois você, o espírito, já existe desde sempre. O que acontecerá com a realização da reforma íntima é que o espírito ressurgirá, ou seja, você deixará de se auto reconhecer pela personalidade do ego e se reconhecerá a partir das suas verdades existentes na sua consciência espiritual.

Então, aí está o início do trabalho de hoje. Falaremos sobre reforma íntima, ou seja, falaremos como deixar de se ver como o ego e passar a viver a sua real identidade: a identidade espiritual.

Colocando os ensinamentos recebidos nos dois primeiros dias, ou seja, promovendo a reforma íntima, vocês voltarão às suas reais personalidades: as personalidades espirituais que vocês são.

É isso que conversaremos hoje.

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Liberte-se

Começando nossa conversa, então, podemos constatar que muito do que falamos estes dias é de conhecimento de religiosos. Os budistas, hindus e religiosos de outras seitas conhecem parte do que estudamos sobre o ego e o processo de reforma íntima através da luta contra o ego.

Exatamente neste conhecimento, ou seja, na consciência de que é preciso se lutar contra o ego, estes ensinamentos começam a deixar de ser reais. Isto porque ninguém pode lutar contra o ego sem perder todas as batalhas.

Contra o ego não se luta: se liberta.

Este é o primeiro detalhe que quero abordar hoje. A reforma íntima não é um trabalho de lutar contra alguma coisa, nem de mudança nenhuma. A reforma íntima é um trabalho de libertação.

O espírito precisa libertar-se do ego e não derrotá-lo. Libertar-se no sentido de não ser mais o ego, de não ter o seu mundo externo criado pelo ego.

Quando me refiro a não ter o seu mundo externo criado pelo ego, não falo no sentido de acabar com as criações do ego para o mundo externo (os objetos e ilusões de ações), mas, e aí vem a grande ação da reforma íntima, em não acreditar nas compreensões que formam o mundo interno que o ego cria a partir do mundo externo.

Esse é a reforma do interior. O homem velho é aquele que acredita e vivencia aquilo que o ego cria como realidade, como verdade. O espírito que consegue aproveitar a encarnação para reformar-se é aquele que não acredita no mundo interno que o ego cria.

Dentro do exemplo que já usei nesta série de palestras, quando o ego cria no mundo externo uma mão bater no rosto e no interno a agressão, a humilhação, o ser que promove a reforma íntima não acredita nestes valores (agressão, humilhação) e não vivencia este sofrimento.

Este ser ligado à matéria densa é bombardeado pelo ego da mesma forma que aquele que ainda continua humanizado, ou seja, tem consciência do mundo interno como o ego cria, mas não acredita naquilo que lhe é dito e vivencia, então, a vida, sem estes valores. Ele, como o outro, vê a mão atingir o rosto, recebe a informação que foi agredido, mas não acredita nesta informação e, por isso, não se deixa levar pelo sentir-se agredido.

Concluindo, então, o primeiro aspecto da conversa de hoje, afirmo que reforma íntima, não é trabalho de construção, mas de libertação. Este trabalho realiza-se vivendo completamente atento ao mundo interno que o ego gera para não se deixar levar pelas verdades e emoções ilusórias que lhe são criadas como provas e expiações.

Nota: Este ensinamento (viver atento ao mundo interno) encontra-se no ‘Nobre Caminho Óctuplo’ ensinado por Sidarta Gautama, o Buda, como Atenção Plena Correta’

Esse é o primeiro aspecto de hoje. Como aproveitar esta vida no sentido da elevação espiritual? Vivendo isoladamente do seu ego. Ele foi criado por você para que se libertasse dele, ou seja, para que tivesse, como provação, uma consciência deturpada da Realidade e se libertasse dela.

Participante: poderia dar um exemplo concreto para entendermos melhor como fazer isso?

Poderia dar um exemplo concreto de um ato. O ego lhe diz que recentemente você viajou à Uberlândia: não acredite nisso. Apesar de você ter recebido toda ilusão da movimentação, não acredite.

O ego também lhe diz a reunião da qual você participou naquela cidade estava muito bonita. Para realizar a reforma íntima, não acredite nisso.

Poderia, ainda, lhe dar um exemplo de coisas não movimentadas criadas pela sua mente, ou seja, de definições sobre você e os outros. O ego lhe diz que você é homem e que sua namorada é mulher, que você é médium, geógrafo, escritor: não acredite nisso.

Como eu disse, todas estas concepções sobre você e sobre os outros são detalhes do programa que você escolheu para realizar suas provas. Se o ego lhe diz que você é homem e que sua namorada é mulher, na verdade, está propondo determinadas provas aos dois.

 Isto porque para você ser homem e ser namorado existem padrões que precisam ser atendidos, que precisam existir para que tudo esteja certo. Quando você acredita no que o ego diz, nas concepções sobre você e os outros que ele cria, passa a vivenciar subordinado a estas condições. Por esta subordinação cada vez mais você vai se identificando como o ego com o qual está ligado e, em contrapartida, abandona a sua essência espiritual.

Quando você não acredita que é homem, mesmo recebendo esta informação do ego, não se sujeita a estes padrões. Neste momento alcançou a liberdade.

Quando você é homem, assume que é homem, não realiza nada. Isto porque todos os elementos da masculinidade são ilusões criadas pelo ego. Você como ser universal precisa, então, fazer o trabalho de espírito: libertar-se do ego que diz que você é homem.

Aí estão, portanto dois exemplos práticos do que falei até aqui: quer seja nas movimentações ou ilusões de ações que o ego cria, quer seja nas definições de caracteres sobre você e sobre o mundo que ele lhe faz, não acredite nele.

Conhece a ti mesmo

Não racionalize os ensinamentos

Voltando ao nosso estudo, concluímos que este é o trabalho da reforma íntima: você, bombardeado pelas informações do ego, não acreditar no que ele lhe diz, não vivenciar o que ele cria como realidade. Agora, como fazer isso?

A maioria não realiza o trabalho da reforma íntima porque diz que não sabe como fazê-lo, apesar de, pelo planeta, já haver passado diversos enviados de Deus que transmitiram os ensinamentos necessários para tanto. Falarei, então, com bastante calma os passos para se colocar em prática a libertação do ego.

Primeiro passo: ter a consciência de tudo que foi falado aqui nestes dias. Ou seja, conscientizar-se do que é o ego, da sua função, da criação do mundo externo e interno a partir dele, dos motivos pelos quais você representa determinados papéis na vida e que é Deus quem faz funcionar o programa do ego. Este é o primeiro passo.

Agora, reparem bem que falei em conscientizar-se e não em compreender os ensinamentos. Eu falei em ter consciência e não em entender como funcionam estes elementos universais.

O que vou falar agora é muito difícil de ser dito. Se não for muito bem compreendido pode lhe levar a abandonar tudo o que ouviu até aqui. Por favor, não me interprete mal.

As pessoas que dão palestras, que falam em público pretendendo ensinar alguma coisa, devem compreender melhor o que vou dizer agora, mas, mesmo quem nunca fez isso, pode entender o que vou dizer.

Quando um ser humanizado ouve alguma coisa, tudo que for ouvido será raciocinado. Este raciocínio trata-se de um processo de comparação daquilo que é ouvido com elementos já existentes na memória, ou seja, com o que ele já sabe. Só a partir do raciocínio é que o ser humanizado acredita ou não no que está ouvindo.

Mas o que será que determina o não acreditar? Quando não há lógica, não há razão, racionalidade. Ou seja, quando o que for dito não combinar com o que o ser humanizado já sabe. Se o que está sendo ouvido não combina com a lógica racional do ser humanizado ele, então, diz que não acredita.

Aí pergunto: de que adianta ouvir coisas novas se o parâmetro que será utilizado para julgá-las é a sua crença pré-existente, o que você já sabe? De que adianta buscar novidades se elas serão julgadas pelo que já existe na memória?

Aí está a diferença entre conscientizar-se do que conversamos nesses dias e tentar entender o que foi dito. Conscientizar-se é ter consciência, ter conhecimento, sem que necessariamente o que foi recebido como ensinamento tenha sido aceito racionalmente pelos parâmetros que você já possuía antes.

Volto a repetir: por favor, não me entendam mal. De nada adianta para você querer entender o que eu disse, pois isto lhe é impossível.

Primeiro porque, como estudamos, todo som que você capta é interpretado pelo seu ego. Desta forma, existe uma diferença imensa entre o que eu falo e o que você ouve.

Segundo: se você for quer julgar o que eu sei a partir do que sabe, perde tempo me ouvindo. Isto porque eu não vim aqui dizer amém à sua cultura, mas despertá-lo do sono ilusório que está vivendo.

Portanto, o primeiro passo para a reforma íntima que declaro como fundamental para a elevação espiritual é ouvir o que está ouvindo e acreditar naquilo que foi dito, mesmo que não tenha entendido, compreendido.

Mas, não pense que estou falando isso apenas para os ensinamentos que estou passando nesta série de palestras. Esta premissa para a reforma íntima vale para qualquer ensinamento que você receba dos amigos espirituais através de qualquer segmento religioso.

Não importa a que segmento religioso você esteja ligado, porque mestre mais se simpatize: seus ensinamentos são para serem seguidos e não compreendidos ou questionados.

Se Cristo ensina que o ser humanizado deve amealhar bens no céu, de nada se adianta perguntar por que, é preciso começar a abrir mão dos prazeres mundanos. Se Buda diz que é preciso desapegar-se de suas paixões, de nada adianta questionar de qual delas é preciso libertar-se: é preciso desapegar-se de todas. Se Krishna afirma que a equanimidade é o caminhar que leva a Deus, de nada adianta se indagar para que: é preciso libertar-se das emoções.

No entanto, o ser humanizado continua caminhando sobre o planeta sempre perguntando por que, como, quando, onde e para que. Na verdade quem faz isso é o ego, comandado por Deus, para testá-lo. Para ver se você se prende àquilo que o ego lhe diz o endeusa.

Quem precisa primeiro compreender, entender, aceitar, para só depois colocar em prática o ensinamento do mestre, mentor ou guru ao qual se liga são como os judeus que idolatravam o bezerro de ouro quando do retorno de Moisés depois de receber as tábuas das leis.

Fé, confiança, entrega: é disso que estou falando aqui. Sem confiança absoluta e irrestrita que leve a uma entrega absoluta ao ensinamento de um mestre, mentor ou guru que o espírito humanizado siga nada pode ser conseguido.

Quando o ensinamento só é colocado em prática depois que passa pelo crivo da sua razão, ou seja, só depois que ele foi analisado e julgado como correto, a confiança não está em quem ensinou, mas no ego. Quem precisa primeiro avaliar e analisar para, só depois de concordar, realizar, está entregando-se ao ego e não a Deus.

Nenhum espírito vem ao mundo ilusório da vida carnal para brincar, dominar ou criar um movimento para seu próprio prazer. Todo espírito vem ao planeta para o trabalho espiritual de trazer informações necessárias para a elevação espiritual, para ajudar os encarnados a realizarem suas provações. Aí os seres humanizados ficam julgando o que é ensinado a partir de sua restrita visão da Realidade.

Como eu disse não me entendam mal. Não estou querendo ser presunçoso, mas ensinar o caminho que leva à realização da reforma íntima. Sem a confiança em mim ou em qualquer mentor ao qual se ligue, sem a entrega àquilo que é ensinado e a partir destes dois aspectos, aceitar, crer no que é dito sem que seja preciso gerar uma razão, uma racionalidade, uma lógica racional, vocês não fazem nada, não realizam reforma íntima alguma.

É por isso que, carmaticamente, tem muito espírito vivendo a vida ilusória pulando de galho em galho, ou seja, mudando constantemente de religião ou orientação espiritual.

Sempre que o que é dito ou acontece dentro de determinado templo e que desagrada às verdades do ego do ser humanizado, este procura outra que mais se adapte ao que ele acha das coisas. Diz que está procurando Deus, mas na verdade busca encontrar um lugar onde os ensinamentos combinem com aquilo que ele sabe.

Este, portanto, é o primeiro aspecto que deve ser levado em consideração por aquele que quer realizar a reforma íntima. E é um dos mais importantes, pois é por esse aspecto que a maioria não consegue. Isto porque quer entender, criar uma cultura para si, quando elevação espiritual não é cultura, mas amor e fé como já ensinou o apóstolo Paulo.

Se você tem fé em meu ensinamento, então o ponto de partida para a sua elevação espiritual é reler tudo o que falamos e atentar a cada ensinamento para poder colocá-lo em prática. Não estou falando em reler para compreender, mas sim ler e acreditando que aquilo que foi falado é Real, mesmo que não tenha compreendido.

Se você não confia em mim, então o seu ponto de partida é abandonar tudo o que disse e buscar os ensinamentos nos quais tem confiança e executá-los, sem questionamentos. Não importa a doutrina religiosa que você siga é isto que precisa ser feito, pois, como ensinou Cristo, há muitas moradas na casa de meu Pai.

Pratique o que já sabe, coloque como base da sua vida o ensinamento que recebeu de quem confia, pois não importa qual seja, se você colocá-lo em prática, chegará a Deus.

Desculpem, volto a repetir, não me entendam mal. Não achem que estou querendo formar seguidores que sejam cegos. Até se fosse isso seria bom, pois Cristo disse que o cego é quem vê espiritualmente enquanto que o que quer enxergar é cego.

Aqui no grupo tem pessoas que me conhecem e sabem que nunca liguei se havia ou não uma grande plateia. Já fiz, inclusive, palestras neste grupo incitando pessoas a não vir mais aqui, pois elas já tinham recebido todo ensinamento necessário para a sua obra.

Apesar disso, tenho que insistir neste ponto, pois esta fé ou confiança mútua entre você e quem segue precisa existir. Se você não confia no que eu ou qualquer outro diz, mas só no que entende, para que ouvir?

Agora quanto àquilo que conversamos nestes dias, tudo que dissemos está nos ensinamentos de Krishna, Buda, Cristo, Lao-Tsé, do Espírito da Verdade e do Anjo Gabriel através de Maomé. Sendo assim, não estou dizendo nada de meu, mas reproduzindo o que os mestres disseram.

Estes ensinamentos podem não fazer parte das doutrinas religiosas, mas não contrariam uma linha que tenha sido ensinada pelos mestres. É por isso que digo que podem confiar no que estou falando, mesmo que não compreendam ou que a doutrina religiosa criada sobre as transmissões de determinado mestre não expliquem desse jeito. Afinal de contas o que é uma doutrina religiosa senão uma realidade virtual?

Mais uma vez peço desculpas, mas isto precisava ser falado um dia.

Durante todo o mundo de provas e expiações espíritos mensageiros do Senhor vieram à esta vida ilusória, ligados à egos humanos ou desencarnados para ensinar a promover a reforma íntima, mas as pessoas continuam afirmando: ‘eu não sei fazer...’

Por que não sabe? Porque quer compreender o que é incompreensível para um ser humanizado ou quer escolher o que realizar e o que não realizar dos ensinamentos.

Este, portanto, é o primeiro aspecto para quem quer realizar a reforma íntima. Existem outros, mas este é o primeiro, o primordial.

Conscientizar-se de todos os ensinamentos que recebeu até hoje sem procurar entendê-los, sem questioná-los, é o ponto de partida de qualquer ser humanizado que queira realmente promover a sua reforma íntima. É preciso ‘trabalhar’ as informações no sentido do caminhar para Deus que fazem parte do seu ego como verdades e não querer mudá-las, alterá-las ou usar delas o que lhe interessa e esquecer o que não interessa.

Volto a repetir não me levem a mal. Não é desabafo, briga ou busca de dominação, mas simplesmente uma orientação de um preto velho.

Participante: estranho este seu comentário...

 Não é estranho: é a seriedade do momento que o exige.

A época que vivenciam os espíritos que estão encarnados na vida ilusória do planeta Terra pede que sejamos totalmente francos. O momento presente pede esta informação.

Já não há mais condições de ficarmos presos ao culto aos mestres, mentores ou gurus vivenciando apenas a compreensão que cada um cria de seus ensinamentos a partir do que quer entender, da forma que quer compreender e na hora que interessa saber. É preciso, além de cultuá-los, praticar o que eles praticaram quando ligados a egos.

Além do mais, comentamos aqui que não é você que está compreendendo nada, mas sim o ego. É ele que está interpretando e usando a compreensão do jeito que quer, ou melhor, do jeito que precisa fazer para criar ilusões. Falamos também que você precisa se libertar do ego e, se isso é verdade, é preciso ser claro em dizer que você não deve buscar compreender nada.

Então, não é estranho o que disse: é decorrência natural do próprio estudo. Porque estudamos que tudo que lhe vem à mente, todo processo de raciocínio através de ideias, imagens, é fruto do ego.

Então, o que foi dito agora, é simplesmente decorrência natural de tudo que conversamos nestes dois dias.

Participante: eu não compreendi uma coisa. Nós não devemos acreditar no que o ego me diz a não ser neste conhecimento que estamos tendo através do senhor. É isso?

Não. Você não deve acreditar em nada e isso inclui o que está compreendendo de tudo o que eu falei.

Participante: mas, você acabou de abordar a questão da confiança, do crer sem compreender...

O que falei nestes três dias, em resumo, foi: tudo que vem à sua consciência é fruto da criação do seu ego. Isto é Verdade e não porque eu falei, mas porque os mestres ensinaram assim.

A partir da conscientização desta Verdade que é universal, pois foi ensinada por todos os mestres, gera-se a necessidade de se libertar de tudo, inclusive das compreensões que foram se formando ao longo destes dias.

Vou repetir para ficar bem claro que não estou querendo ser o certo, o único que conhece a Verdade. Você precisa se conscientizar de tudo o que falamos. E, o que falamos? Que toda compreensão que lhe vem à mente é fruto do ego. Então, liberte-se de toda compreensão e não apenas de parte dela.

Aliás não é a primeira vez que digo isso. Já conversamos anteriormente sobre este assunto e você, tanto daquela vez como desta, está recebendo do seu ego um raciocínio que afirma que estou querendo dizer que você deve acreditar no que eu digo e em mais ninguém. Mas, não é isso.

O que quero é que acredite que deve desacreditar de tudo, inclusive do que eu ensino. Quando você se conscientizar de tudo o que foi dito ontem, anteontem e hoje não sobrará nada para você acreditar, nem o que foi dito nestes dias.

É isso que falei agora. É preciso se conscientizar de que não há nada a se apegar. Não há um fio de cabelo em que possa acreditar piamente nele.

Os mestres foram categóricos: no mundo material não há uma única corda na qual o ser humanizado possa se segurar. Nem os ensinamentos podem servir de corda para você se apoiar, pois um dia eles também terão que ser suplantados. A conscientização de tudo o que foi dito nestes três dias leva a isso.

No entanto, este não crer não pode se transformar numa crença para você, ou seja, tem que acreditar que não deve crer em nada. Isto porque se quiser entender que tem que não acreditar, não entende nada, e, ao viver assim, não consegue fazer.

Então veja, a única coisa que ensino (e como já disse não estou inventando nada, mas reproduzindo o que os mestres ensinaram), é não acredite nada. Nem em mim.

Participante: conscientizar-se é saber que é assim, sem procurar saber como funciona, já que não temos parâmetros para entender o processo de funcionamento?

Exatamente. Saber que você não saberá como se libertar: esta é a única coisa que deve lhe ficar claro.

Saber que não saberá como funciona o libertar-se, mas saber que tudo que você acredita é fruto do ego.

Conhece a ti mesmo

Você não tem que fazer

Participante: hoje o ego falou alto e claro. Eu assisto, mas fico pisando lá e cá. Observo o que acontece como alguém vendo um filme, mas é depois de sentir ou quando estou sentindo. Ontem e hoje foram dias muito movimentados nesse sentido.

Boa pergunta e isso vai ilustrar ainda mais o que falei acima: você não pode acreditar que precisa nada compreender.

Veja, você já consegue em determinados momentos compreender que é o ego falando e em outro não. Isto é muito bom, mas não exija mais, ou seja, não queira conseguir sempre.

Se não conseguiu não conseguiu: ponto final. Viva naturalmente sem esforços imensos, obsessões, pois como Cristo ensinou, venha para mim que o meu jugo é leve.

Tornando a busca da elevação espiritual numa obsessão (tenho que conseguir) nada conseguirá. Estará apenas trocando uma verdade ilusória (tenho que rezar, por exemplo) por outra. Além disso, acreditando que tem que conseguir sempre, criará o lamento de não ter conseguido em determinado momento.

Veja bem. Quando não consegue libertar-se da influência do ego é um momento, uma provação; quando está lamentando que não conseguiu é outro. Se não fez no primeiro, também não fez no segundo, pois estará presa ao ego que lhe dizia que tinha que fazer. Na verdade, acabou perdendo dois momentos, duas provações, ao invés de uma porque aceitou a obrigação que o ego gerou a partir do que eu disse.

Sendo assim, não tente entender porque não conseguiu da primeira vez; faça agora: não aceite a imposição que o ego está lhe fazendo vivenciar como realidade.

É isso que estou falando em se conscientizar. É ter a certeza que cada um momento é um momento para não acreditar no que o ego está dizendo.

Se o ego diz que você não conseguiu em determinado momento, não acredite nisso. Na verdade você não sabe se conseguiu ou não, pois estava desatenta lá.

A conscientização que afirmei ser necessária para a reforma íntima é exatamente o que disseram acima: a convicção de que não se tem a capacidade de saber o que é certo ou errado, e aí entregar-se. A que? A nada.

Quem quer aproximar-se de Deus precisa libertar-se do ego e entregar-se a nada. Não é integrar-se a um ensinamento, a uma doutrina, a uma compreensão, mas conscientizar-se de que o ensinamento é nada saber e, a partir daí, não saber nada, inclusive o próprio ensinamento.

Quando o ego lhe disser que hoje foi um dia tumultuado, não acredite nisso. Isto porque você não conhece os elementos da vida, ou seja, não sabe o que é dia, o que é ser tumultuado, etc. Quando o ego lhe disser que o dia foi gostoso, pleno de realizações, também diga a ele que não sabe se foi ou não. Isto porque você nada sabe.

Tem uma frase que eu uso muito e que se encaixa perfeitamente no que estamos falando: da sua declaração de expressa incompetência para viver a vida material nasce a sua competência para ser um espírito.

É isso que estou falando: não saiba de nada, para poder, depois, saber tudo.

Conhece a ti mesmo

Conhecimento do mundo espiritual

Participante: e no mundo espiritual, como viver como espírito sem acreditar em nada?

Para início de resposta, veja a ação do ego querendo compreender alguma coisa, ou seja, criar uma verdade. Estamos falando de vida carnal e seu ego já está buscando amealhar cultura querendo saber como é viver dentro do ensinamento na vida espiritual.

Isso é impossível para você, pois seu ego não possui comandos que criem dentro da perfeição os elementos do mundo invisível.

Por isso, no Evangelho de Tomé, há a seguinte logia:

“Os discípulos disseram a Jesus: diz-nos como será nosso fim. Jesus lhes disse: descobristes então o princípio para que possais perguntar sobre o fim? Bendito aquele que se mantiver no princípio, pois que não provará da morte” (logia 18).

Se você não sabe como começou tudo isso, ou seja, como você passou a existir dentro desta identidade, como quer saber como acabará? Se você nada conhece sobre o mundo espiritual, como quer saber como é lá?

O que você conhece do mundo espiritual é o que seu ego diz que é e não a realidade. No Livro dos Espíritos, o Espírito da Verdade sempre que vai responder a alguma questão sobre como é alguma coisa espiritual ele diz assim: vou fazer uma comparação, não é bem isso, mas serve para o entendimento, etc.

Se isso é Verdade, como então quer compreender como é viver lá?

Voltamos ao ensinamento: é preciso não querer saber nada. Quando chegar lá você verá, não com o ego ao qual está ligado hoje, mas de posse da sua consciência espiritual que pode gerar a Realidade que está acontecendo. Enquanto isso, não se preocupe com isso, pois se agir assim, você criará novas verdades e se manterá preso a elas.

Só isso que posso lhe responder sem comprometer o que estamos estudando hoje.

Conhece a ti mesmo

A felicidade precisa estar livre de qualquer condicionalidade

Participante: ser espírito é ser feliz incondicionalmente, com turbulência ou não na vida humanizada?

Não, a felicidade universal não pode ser criada, ou seja, não pode nascer de uma compreensão racional.

Ser espírito não é ser feliz, isto porque você não pode ser feliz, não pode criar uma felicidade. Você precisa sentir a felicidade sem que ela nasça de uma condicionalidade, sem que seja criada a partir de um determinado aspecto.

A felicidade que o espírito sente não pode ser criada a partir de elementos lógicos. A felicidade assim criada não é incondicional, mesmo que a lógica usada para que ela passasse a existir pareça ilógica para a maioria da humanidade.

Ser espírito é ser espírito: a felicidade decorre desta condição. Quando você coloca como fez na sua pergunta (ser espírito é ser feliz incondicionalmente, com turbulência ou não na vida humanizada), criou condições para ter a felicidade: ser espírito e ser feliz incondicionalmente.

Esta felicidade não é mais incondicional. Seja feliz se for espírito ou não; seja feliz, incondicionalmente ou não. Ou seja, se você agir espiritualmente seja feliz, se agir humanamente, também; se conseguir libertar-se da condicionalidade para ser feliz, seja, mas se ainda for feliz quando os seus desejos forem satisfeitos, seja.

A felicidade tem que ser completamente incondicional para ser Real. Para tanto ela não pode nem ser condicionada à incondicionalidade.

Por isso disse que sua afirmativa não está de acordo com a visão espiritualista que estamos conversando, apesar de você ter usado para compô-la um ensinamento que já ouviu de mim em algumas outras palestras. Sei que esperava por isso que eu confirmasse o que disse, mas, na verdade, você nunca compreendeu o que foi dito até aqui.

Antes de ficar magoado com o que disse, lembre-se: é o ego que cria as compreensões e não você que entende. Ao criá-las ele engendra de tal forma a razão para que surja uma compreensão, que se transforma em uma verdade e que lhe leva sempre a acreditar em alguma coisa.

No ensinamento utilizado nesta sua pergunta (ser feliz incondicionalmente) o seu ego engendrou durante o raciocínio uma condição para que você não vivesse a verdadeira felicidade: a incondicionalidade. Ele estabeleceu como condição para a felicidade universal a incondicionalidade.

Quando transmiti o ensinamento não coloquei a incondicionalidade como uma condição para que você vivesse a verdadeira felicidade. Disse apenas que deve ser feliz incondicionalmente, ou seja, sem qualquer condição. O que quis ensinar foi: seja feliz libertando-se das condições que utiliza atualmente para tanto ou não. É diferente do que você entendeu, ou melhor, da compreensão que o seu ego criou.

Na sua compreensão precisa haver a incondicionalidade para ser feliz. A partir daí, posso afirmar que quando a incondicionalidade não acontece, jamais poderá haver a felicidade. Ou seja, você sofre quando não consegue ser feliz incondicionalmente e sente o prazer de ter posto em prática o ensinamento quando consegue manter-se feliz nas turbulências da vida.

Foi para poder lhe manter preso neste dualismo do prazer e da dor que o ego transformou racionalmente a incondicionalidade numa condição.

Sei que a felicidade incondicional não é o tema desta conversa, mas explorei o assunto para que vocês pudessem ver algo que está relacionado com o ego: repare que qualquer compreensão que a mente cria se transforma numa condicionalidade que impede a Verdadeira Felicidade, mesmo que esta compreensão seja sobre os ensinamentos que estamos transmitindo.

Por isso disse antes: não acredite em nenhuma compreensão formada pelo ego, mesmo que seja a partir dos ensinamentos que estou passando. Viva o nada, duvide de tudo que lhe seja real, pois só assim você poderá atingir a felicidade que Deus tem prometido a todos os seus filhos.

Conhece a ti mesmo

Não acredite em nada

Desta forma, o primeiro trabalho necessário para a reforma íntima é você se conscientizar do que é ensinado, sem buscar compreender aquilo que é dito. Vamos, agora, ao segundo trabalho: não acreditar em nada que o ego lhe diz.

Pode parecer que há entre o primeiro e o segundo trabalho uma redundância, mas não é bem assim. A partir do momento que você se conscientiza de que não pode acreditar em nada que o ego diz, é preciso que você não acredite em nada que o ego diz, ou seja, aja a partir da conscientização.

É este o segundo trabalho necessário para quem pretende promover a reforma íntima: viver sem acreditar em nada que o ego diz.

Por que jamais podemos acreditar no ego?

Como disse, o criador de realidades está constantemente operando, ou seja, criando novas ilusões que ele rotula como verdades. Apesar de ilusórias, estas verdades criadas pelo ego parecerão lógicas, racionais. Perdido na ilusão de que aquilo que o ego criou é real, você vive de uma forma material a encarnação, sem aproveitá-la para a realização espiritual.

Foi exatamente o que acabou de acontecer na última pergunta (ser espírito é ser feliz incondicionalmente, com turbulência ou não na vida humanizada).

Um ego, trabalhando informações novas que foram ouvidas, formulou uma verdade: ser espírito é ser feliz. No momento da pergunta este ego colocou a verdade ilusória que já estava na memória e criou a ilusão do som, do proferir palavras.

O espírito ligado a esta identidade, por não entender que era o ego que estava falando, mas achar que ele se lembrou do que havia dito anteriormente e que ele formulou a pergunta, acreditou que estava certo no que estava dizendo. Mas, como vimos, não foi bem assim.

Nunca se esqueça: o ego pegará tudo o que você ouvir e criará uma lógica, uma razão, que transformará o que foi ouvido em uma realidade. Fará isso para que você se prenda (acredite) no que foi compreendido (tornado racional) e, assim, o ego possa dualizar (certo/errado, bom/mal, bonito/feio) os acontecimentos da vida material, mantendo-o preso às vicissitudes emocionais: prazer e dor.

Desta forma, não importa quem lhe diga qualquer coisa, compreenda que não foi a pessoa que lhe disse aquilo, mas o seu ego é que criou esta ilusória compreensão para que lhe prender no dualismo e no ciclo emocional material (prazer/dor). A partir do momento que se conscientizar deste ensinamento, conscientize-se também de que precisa se libertar de tudo.

Agora, um grande detalhe: tudo é tudo. O ser humanizado não pode identificar algumas coisas para se libertar e ter outras das quais imagina que não precisa se libertar. Tudo é qualquer coisa que exista.

Quando falamos que o segundo trabalho necessário para aquele que pretende promover a reforma íntima é libertar-se das verdades formadas pelo ego, estamos falando de desacreditar de tudo, de todas as coisas. O problema é que existem pessoas que buscam apenas libertar-se daquilo que não gostam ou daquilo que não é espiritualmente correto segundo a humanidade.

Como diz o apóstolo Paulo, ‘quando o corpo mortal se vestir com o que é imortal e quando o que morre se vestir com o que não pode morrer, então acontecerá o que as Escrituras Sagradas dizem: a morte está destruída. A vitória é total!’ Se não podemos compreender o que é imortal (espiritual), pois nos faltam elementos para tal compreensão, pelo menos podemos nos despir do que é mortal, ou seja, de tudo aquilo que o ego cria como real.

Conhece a ti mesmo

O fracasso na reforma íntima

Na execução destes dois trabalhos que conversamos até aqui, estão as maiores causas do fracasso do aproveitamento da encarnação como instrumento da elevação espiritual pelos espíritos.

Primeiro porque querem entender como viver espiritualmente e isto jamais um ser escravizado ao ego conseguirá. Já tinha dito anteriormente: não existe um doutor em ego que tenho ego, senão o ego seria o doutor e não o espírito. Segundo porque querem compreender do que se libertar e, com isso, acabam se prendendo (reforçando a crença na compreensão) cada vez mais.

Resumindo, sabe por que é tão difícil a um espírito sair da sansara? Porque primeiro quer saber (conhecer, entender, ser sábio culturalmente) como evoluir e, quando descobre como fazer, ao invés de executar o trabalho na totalidade, quer escolher do que se libertar.

Mas, quem escolherá do que se libertar? Você? Não, o ego é que escolherá do que separar, já que a escolha será racional.

Como disse anteriormente, o ego é como um general que espalha o seu exército na frente de batalha. Como todo bom estrategista, ele pode, quando preciso, entregar alguns soldados ou até um batalhão inteiro ao martírio para se poupar. Faz isso porque sabe que combatentes não lhe faltam, pois ele está sempre criando novos soldados e colocando-os na frente de batalha sem que você se dê conta disso.

Participante: os instintos de sobrevivência (sentir fome, necessidades fisiológicas) existem ou são criações do ego?

Criações do ego.

O espírito que vive a sua essência, mesmo ligado ao ego, não tem fome nem necessidade fisiológica. Agora, quem é subordinado ao ego tem vontade de ir ao banheiro.

Isto não quer dizer que quem viva a sua essência espiritual não tenha atividades fisiológicas... Ele tem a atividade, não a necessidade.

Quem compreende a ação do ego vai ao banheiro na hora que estiver indo, sem se preocupar anteriormente se irá ou não, se terá vontade ou não.

Conhece a ti mesmo

Cesse a criação do ego

Vamos, então, ao terceiro trabalho do postulante da reforma íntima. Antes, porém, recapitulando: primeiro, precisamos acreditar que é este o trabalho, mesmo sem compreendê-lo; segundo, libertar-se de todas as verdades criadas pelo ego sem exceção.

Terceiro trabalho: não deixar o ego criar coisas novas.

Anteriormente falamos em libertar-se do que já se sabe; agora dizemos que você não deve deixar o ego criar coisas novas, ou seja, não deixar o ego criar novas verdades ou novas definições. Vamos entender mais este trabalho que o espírito deve realizar durante a encarnação.

Como disse anteriormente, o trabalho da elevação espiritual se caracteriza em não aceitar a compreensão que o ego lhe dá a partir do que eu falo ou o que qualquer outra pessoa diz. Por isto, é importante sempre evitar a criação de novas verdades a partir daquilo que se ouve.

Sem este trabalho de contenção de formação de novas verdades de nada adianta a luta contra o ego. Isto porque ele estará sempre criando novas verdades contra as quais certamente você terá que lutar para libertar-se amanhã.

No Bhagavata Puranas, livro védico que estamos estudando no trabalho do Senhor da mente, Krishna fala assim: o verdadeiro sábio não tem outro receptáculo para a comida que não a barriga.

Raciocinando este ensinamento fixando-se no sentido alimentação, os outros receptáculos para comida que o mestre diz que o verdadeiro sábio não tem são os potes onde os seres humanizados armazenam comida para comer em outro dia. Podemos, então, entender que Krishna diz que o verdadeiro sábio não armazena nada.

Levando este ensinamento para a intenção desta conversa (o ego), podemos entender que o verdadeiro sábio, além de trabalhar diuturnamente na ação do ego para não acreditar no que ele diz, deve, também, trabalhar para que ele não forme novas ideias e armazene-as na memória. Ou seja, é preciso que o ser humanizado elimine a verdade também na criação e não apenas quando ela for utilizada para que possa se tornar um verdadeiro sábio.

Se agirmos assim o que acontecerá? Novas verdades não se formarão e o ego não conseguirá mais gerar ilusões. Já me pediram anteriormente e, antes que o façam novamente, deixe-me colocar o ensinamento de uma forma mais prática.

Conhece a ti mesmo

Não conheça nada

Com certeza você já visitou um lugar que não conhecia. Nesta visita digamos que esteve pela primeira vez em uma residência que não conhecia. Com certeza se lhe pedisse para descrever essa casa, você seria capaz fazê-lo, não? Por quê?

Porque o ego criou imagens e você as aceitou como reais, como realidades. A partir desta aceitação as imagens que descrevem o ambiente foram arquivadas na memória e criou-se um conceito: uma verdade sobre aquele lugar.

Até aqui não haveria problemas com relação à elevação espiritual, pois crer em uma descrição ilusória criada pelo ego não é tão comprometedor para quem pretende realizar a reforma íntima. Mas, não foram apenas as imagens do lugar que o ego levou à racionalidade, mas também uma adjetivação. Compreendamos melhor...

Junto com a imagem do quadro na parede veio o adjetivo bonito; com a sensação de estar sentado no sofá veio a classificação de desconfortável; com a imagem dos móveis da sala a sentença de sujos. Enfim, além das imagens o ego determinou valores às coisas.

Acreditar nestes valores, vivê-los como reais, é comprometedor no sentido da elevação espiritual, pois eles nascem de um julgamento a partir de valores individualistas. Aquele que aceita estes valores que o ego cria em conjunto com as imagens e os vivencia como realidades quebra o amor que deve existir entre todos os filhos de Deus.

Este desamor pode ser muito melhor compreendido se alterarmos as imagens percebidas: ao invés de objetos, uma pessoa é percebida. Sempre que você se relaciona com alguém, além das imagens do momento, o ego conclui valores do relacionamento e arquiva na memória.

Digamos, por exemplo que o seu ego lhe diz que aquela pessoa é chata. Quando você aceita esta definição ela é arquivada na memória. A partir daí, cada vez que esta pessoa for percebida o ego trará novamente à consciência esta definição.

Só neste julgamento o desamor está provado, mas a ação do ego vai além. Mais do que lhe trazer à consciência a verdade de que aquela é uma pessoa chata, o ego irá criar o desejo de afastar-se dela.

Porém, digamos que isto não tenha sido programado como ilusão de ação para aquele momento, ou seja, que você não consiga afastar-se da pessoa. O que acontecerá? Você terá que ficar perto dela sofrendo (chateado, amolado, etc.).

Por que sofreu? Por estar frente a alguém chato e não conseguir livrar-se dele? Não, sofreu porque deixou o ego armazenar na memória a adjetivação sobre aquela pessoa, ou seja, achou que a conhece. Se isso não houvesse acontecido esta pessoa jamais seria chata e você nunca se chatearia ao vivenciar a ilusão da ação de estar relacionando-se com ela.

Conhece a ti mesmo

O que torna necessária a reforma

Resumindo, então, as primeiras três etapas do trabalho da elevação espiritual: primeiro, conscientizar-se de que tem que fazer o que lhe é ensinado, compreendendo ou não, aceitando ou não os ensinamentos; segundo, fazer ou seja, libertar-se das verdades; terceiro: não deixar o ego criar verdades novas, armazenar conceitos

Todos os três trabalhos precisam ser executados simultaneamente, pois, caso você execute apenas os dois primeiros sem se atentar para o terceiro, será uma luta inglória porque, amanhã, sempre haverá uma nova verdade da qual terá que libertar-se.

Participante: o problema no tocante à elevação espiritual que o senhor se refere é o sofrimento que advém da falta de consciência da ação do ego?

O problema é acreditar no ego porque tudo que ele fala racionalmente é ilusão, mentira, falsa realidade, baseada no que você programou. Além disso, é problemático você vivenciar como suas as emoções ou sensações que o ego lhe dá, já que elas estarão sempre vinculadas ao prazer e a dor.

Aí está o problema para quem quer elevar-se espiritualmente: acreditar racional e emocionalmente no ego. Mas, porque isso é problema?

Porque quando você acredita no ego, não crê em Deus. O ego é o bezerro de ouro que Moisés encontrou os homens adorando, o falso ídolo. E se ele é aquilo que você chama de ser humano, este elemento é o falso ídolo a quem você presta as suas homenagens, a quem idolatra acima de tudo e de todo, ferindo o primeiro mandamento da lei de Deus.

Veja se o que estou afirmando (idolatria a si mesmo) não é verdade...

O ser humanizado se idolatra ao ponto de achar que está sempre certo, mesmo quando se acha errado. Idolatra-se ao ponto de dizer que o outro não sabe o que está falando e que só ele sabe o que é certo. Cultua-se ao ponto de dizer que o outro está lhe ferindo magoando, só porque não faz o que ele acha que deveria ser feito...

Portanto, acreditar no ego racional e emocionalmente fere à primeira lei de Deus.

Conhece a ti mesmo

Viva a vida

Voltemos aos nossos trabalhos para a promoção da reforma íntima. Já falamos de três (conscientizar-se dos ensinamentos, não acreditar no ego e eliminar a formação de novas convicções) e agora abordaremos o quarto e último aspecto.

Este trabalho pode, à primeira vista, parecer que já é executado por vocês, mas isso é uma ilusão do ego. O quarto trabalho que compõe a reforma íntima é: viver a vida.

Mas, eu já vivo a minha vida, dirão vocês, mas isso é uma mentira. O ser humanizado não vive a sua vida, mas sim o que o ego diz para ele viver. Vocês vivenciam os seus mundos internos criados pelo ego e não a vida realmente.

No exemplo que usei anteriormente (a mão encostando no rosto) a ilusão de movimentação é a vida, mas vocês vivem a agressão, a dor e a humilhação que o ego cria. Viver a vida é vivenciar as ações ilusórias sem anexar a elas nenhuma compreensão ou emoção.

Este exemplo, no entanto, não é propício para o entendimento, pois a simples menção a uma ação desse tipo já faz com que vocês vivam o não querer passar por esta situação que está sendo criada agora pelos seus egos. Por isso, vamos citar um outro exemplo.

Você tem um filho e diz que vive com ele, mas isso é mentira. Você vive com a responsabilidade, a preocupação e a chateação de ser mãe. Ao invés de curtir seu filho, você vive presa a tudo que o ego cria.

Quando deixar de viver o que o ego diz para você viver, só lhe restará uma coisa: viver a criação de Deus.

Lembram que comentamos que o mundo externo é criado por Deus para que a provação aconteça? Pois então, quem vive o mundo interno como real não vivencia a criação de Deus, mas a do ego. Não vive com e para Deus, mas para o ego. Por isso disse anteriormente que o ego é o bezerro de ouro que os seres humanizados preferem idolatrar ao invés do Senhor Supremo.

É só o ego abrir a boca e vocês abandonam Deus na mesma hora. Se ele diz que têm que ganhar dinheiro através de um emprego, já não encontram mais tempo para trabalhar as suas espiritualizações. Não estou falando em religiosidade, em frequentar cultos, mas em ser feliz incondicionalmente, que já citamos anteriormente como estado daquele que é espiritualizado.

Vivenciando o mundo interno como real, sai correndo de casa todo dia vivendo um estado de espírito de ansiedade e nervosismo porque acredita quando o ego diz que existe horário e que você está atrasado. Quanta vida (criação de Deus) você perdeu no trajeto da sua casa até o trabalho por estar obcecado com a ideia que o ego deu?

Afirma que gostaria de ter uma vida mais suave, ter mais tempo para você poder relaxar indo, por exemplo, à praia mais vezes. Acredita piamente que se isso fosse realidade seria mais feliz, não é mesmo?

Mas, o que acontece quando chega na praia? Fica preocupado com o trabalho de amanhã, onde estará o seu filho àquela hora, se a sua casa está protegida, se o carro não vai ser roubado, etc. Sempre existe algum fator que não lhe deixa curtir o momento presente.

Isto porque não compreende que estes pensamentos são criações do ego para que você não vivencie com felicidade a criação de Deus. Ou seja, são proposições de provações ao espírito para ver se ele consegue manter a felicidade independente do que o ego está criando racionalmente.

Conhece a ti mesmo

Os trabalhos da reforma

Aí estão, portanto, os quatro ‘trabalhos’ para quem quer promover a reforma íntima. Aí está em rápidas palavras a reforma íntima, o renascimento que leva ao reino do céu, a libertação dos apegos. Aí está o equilíbrio que Lao-Tsé ensina e o não sofrimento que Buda diz que pode ser vivenciado.

Tudo o que todos os mestres ensinaram é alcançado quando você consegue se conscientizar do que deve fazer durante a encarnação: liberta-se do que já existe no seu ego e não o deixar formar novas verdades. Só assim você pode curtir a vida, ou seja, vivenciar os acontecimentos da vida com um estado de espírito de felicidade incondicional.

Viva a felicidade que existe, não a construa. Não crie felicidade, viva a que já está dentro de você. Quando você vivencia esta felicidade honra a palavra empenhada com Deus e com os mentores na hora da encarnação.

 Veja bem. Quando você acabou de criar o seu ego e ele foi aprovado por Deus, garanto que estava em lágrimas aos pés do Criador agradecendo a oportunidade e dizendo para Ele: ‘Senhor conte comigo. Eu já vi o que os seres humanizados, o que os espíritos que se deixam levar pelo ego fazem. Eu não vou fazer igual’.

Aí nasce para não fazer igual àqueles que você observou, mas acaba agindo igualzinho e com isso não honra a palavra empenhada ao Pai.

Participante: o caminho para libertação seria viver sem sentir nenhuma emoção? Fazer o que tiver que fazer sem se envolver com os frutos do trabalho?

Sim, o caminho para libertação é não se viver as emoções e realidades criadas pelo ego. Mesmo que seus atos aparentem que esteja vivendo as emoções ditadas pelo ego, interiormente não os viva. Ou seja, mesmo que seus atos aparentem um nervosismo, não se sinta nervoso internamente.

Nestas duas formas de se participar de um acontecimento do mundo carnal está a distinção entre viver e vivenciar. Viver é participar do ato racional e emocionalmente; vivenciar é observar o ato sem acreditar nos valores e nas emoções que o ego cria.

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Servir

Participante: como fica a questão do servir: servir ao próximo é servir a Deus ao ego?

Vou dividir a sua pergunta em duas (servir ao ego e servir a Deus) para poder lhe responder melhor. Vamos primeiro falar do serviço ao próximo.

Servir ao próximo é servir àquele que lhe está próximo e não ao ego, a você ou a Deus. E, o que determina a quem você está servindo é a intencionalidade com que participa da ação e não o ato que está sendo praticado.

Quando você acredita na racionalidade e na emotividade ilusória que lhe vem à mente durante uma determinada ação estará sempre servindo ao ego, pois tudo que vem deste criador de realidades ilusórias é fundamentado no individualismo. A característica individualista de qualquer ilusão criada pelo ego faz com que sempre ocorra uma intencionalidade e ela acaba com o serviço ao próximo.

Vou dar um exemplo para podermos compreender melhor.

Digamos que o ato que está ocorrendo é você dar um prato de comida a alguém que está com fome. Aparentemente você o está servindo, mas será que, dentro de tudo o que vimos neste estudo, realmente é isto que está acontecendo?

Veja bem. A sua felicidade não advém de dar o prato de comida, mas surge porque o que o ego racionalmente lhe disse que é certo fazer aconteceu. Por isto reafirmo: você está servindo primariamente ao ego (ao desejo por ele proferido pela razão) do que ao próximo.

Claro que o prato de comida está sendo ofertado ao próximo, mas isto ficou em segundo plano. A intenção primaria foi fazer o que se quer (servir a racionalidade criada pelo ego). Antes de servir ao próximo, portanto, está servindo ao seu ego.

Agora, quando você pratica atos sem participar racional ou emocionalmente, ou seja, sem submeter-se às intenções individualistas embutidas naquilo que o ego está falando, estará servindo ao próximo. Este serviço, no entanto, se dá por não servir ao seu ego e não pelo ato que se pratica.

Quanto a servir a Deus, não importa como você viva (se acredita ou não na racionalidade e nas emoções criadas pelo ego) sempre estará servindo a Deus. Isto porque, como ensina o Espírito da Verdade, cada espírito toma um instrumento em harmoniza com a matéria onde encarnará para ali cumprir as ordens de Deus (pergunta 132 de ‘O Livro dos Espíritos’).

Não importa o que seja feito, que ato seja praticado e nem como você vivencie cada um deles, tudo o que se realizar terá sido feito pelo Seu comando e, por isso, estamos sempre servindo a Deus.

Participante: na maioria das vezes servimos ao ego achando que estamos servindo ao próximo...

Sempre é isso. Enquanto não se libertar estará sempre servindo ao ego achando que está servindo ao próximo.

Por isso orientei anteriormente: se o seu ego diz que você é médium, não acredite, porque senão servirá ao ego. Ou seja, exercerá a mediunidade para ser médium e não servir ao próximo.

Mediunidade é doação, é caridade, não é benefício para quem a exerce. E, aquele que se acha médium vê nisso um benéfico para si. Com isso não está servindo ao próximo mas ao seu ego.