Progressão dos Espíritos
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Progressão dos Espíritos

Estudo do capítulo homônimo de O Livro dos Espíritos. Perguntas 096 a 131

Progressão dos Espíritos

Pergunta 96

São iguais os Espíritos, ou há entre eles qualquer hierarquia?

São de diferentes ordens, conforme o grau de perfeição que tenham alcançado.

Então, existe uma hierarquia espiritual, mas ela não é conseguida através de pistolão ou indicação: é formada por ascensão moral. A posição de cada um no mundo espiritual não é determinada por diplomas ou conhecimentos, mas por ascensão moral. Não se dá por ordem de classificação, mas se cria de uma forma natural. Isso precisa ficar bem claro.

Para entendermos bem a questão da hierarquia espiritual, preciso dizer, por exemplo, que Cristo não é, hierarquicamente falando, o governador do planeta nem o espírito mais elevado. Ele não é isso: nós é que o colocamos nessa posição.

É isso que precisamos entender sobre esse assunto: a hierarquia espiritual não surge da auto colocação de cada um, mas se forma da colocação que outros espíritos fazem dele. Ninguém se avoca no direito de estar nessa ou naquela posição; são os outros que por constatarem a elevação moral de um ser lhe dá determinada posição na escala.

Outro detalhe sobre o tema: a escala é natural. Não se forma forçadamente, não é algo construído por decreto de alguém, não é uma coisa imposta por outro, não surge do um julgamento de alguém que de livre e espontânea vontade classifique os espíritos. Ela acontece pela simples constatação que cada um faz da elevação moral do próximo.

Por isso não há contestação. A hierarquia espiritual, jamais foi contestada. Cristo, por exemplo, está no topo da hierarquia planetária, mas ele não se colocou nessa posição: foi colocado pelos espíritos que o salda.

Para se ter a confirmação do que estou falando, é só ler o Apocalipse. Nesse livro bíblico existe uma passagem onde Cristo é nomeado Governador Geral desse planeta. Essa nomeação, no entanto, não se dá pela palavra de Deus, mas são os próprios espíritos que irão viver na Terra que colocam Cristo naquele lugar. O Mestre também não se levanta e diz: eu posso. São os espíritos que o saúdam como.

Isso precisa ficar bem claro, para que cada um não avoque para si mesmo qualquer posição na escala hierárquica espiritual. Para que não tenhamos a pretensão de dizer que somos mestres, puros, elevados. É preciso que a comunidade espiritual reconheça a posição de cada um e não que alguém se auto encaixe na escala.

Além do mais, é importante também não criticarmos aqueles que nos colocam em posições menores do que a que imaginávamos merecer estar. Se você está em algum lugar da hierarquia espiritual é porque a comunidade espiritual o colocou ali e esse é o seu merecimento moral. Se acha que deveria estar sendo considerado melhor, faça por onde a comunidade espiritual sentir a sua elevação moral ao invés de querer forçar ser melhor colocado através da crítica.

Progressão dos Espíritos

Pergunta 97

As ordens ou graus de perfeição dos Espíritos são em número determinado?

São ilimitadas em número, porque entre elas não há linhas de demarcação traçadas como barreiras, de sorte que as divisões podem ser multiplicadas ou restringidas livremente. Todavia, considerando-se os caracteres gerais do Espírito, elas podem reduzir-se a três principais.

Na primeira colocar-se-ão os que atingiram a perfeição máxima: os puros Espíritos. Formam a segunda os que chegaram ao meio da escala: o desejo do bem é o que neles predomina. Pertencerão à terceira os que ainda se acham na parte inferior da escala: os Espíritos imperfeitos. A ignorância, o desejo do mal e todas as paixões más que lhes retardam o progresso, eis o que os caracteriza.

Apesar da resposta ser longa e conter diversas classes de espíritos, o primeiro parágrafo já diz tudo o que precisamos saber: “são ilimitadas em número, porque entre elas não há linhas de demarcação traçadas como barreiras, de sorte que as divisões podem ser multiplicadas ou restringidas livremente”.

Veja: se o grau de evolução dos espíritos é ilimitado, podemos dizer que cada espírito está num grau de elevação. Mas, onde encontraríamos embasamento para dizer isso? Na Verdade que diz que cada ser é uma individualidade diferente dos outros. Se não existem dois espíritos iguais entre si, cada individualidade corresponde a um grau de elevação.

É claro que se quisermos, podemos agrupar os espíritos dentro de qualquer nível. Podemos criar critérios que gerem grupos de espíritos a partir de nossa vontade, mas dentro de qualquer grupo que se crie, os espíritos não serão inteiramente iguais entre si.

É isso que o Espírito da Verdade está dizendo nessa resposta: podemos agrupar os espíritos do jeito que quisermos, mas eles sempre serão diferentes entre si. Por isso, a escala de elevação, por mais que sejam detalhados os critérios dos grupos criados, não condirá com a verdade.

É por esse motivo que peço a vocês: não levem em consideração o restante da resposta. Se nos prendermos a essas classes que estão em O Livro dos Espíritos podemos cometer sérias injustiças. Por quê? Porque vamos querer padronizar espíritos enquanto o que devemos compreender é que no mundo espiritual não há padrões.

Criando um grupo que afirme que existem espíritos brincalhões, por exemplo, vão achar que o ser humanizado que conta piada é um espírito brincalhão e pode não ser. Dividindo a plêiade espiritual dentro dos grupos que estão aqui, criaremos um grupamento de espíritos mal. Com isso vamos achar que o ser humanizado que é reconhecido na carne como bandido é um espírito mal, e pode não ser.

Sobre o assunto, o que precisamos entender não são rótulos que podem ser dados a espíritos, mas que a escala espiritual é muito grande. Precisamos compreender que, na verdade, existe um grau de evolução para cada espírito e, se quisermos generalizar, se quisermos dividir espíritos em grupos, vamos cometer injustiças. Por isso é preferível ficar só com a informação de que existe uma escala espiritual, que essa é feita por ascensão moral e que ela é individualizada.

Saiba que cada espírito tem um grau de evolução: não existem dois seres com o mesmo grau de evolução. Se isso fosse possível, haveria duas individualidades iguais. Isso é impossível no Universo.

Participante: meu amigo Kardec elencou por forma de elevação. Meu amigo Kardec atendeu a resposta de mais cinquenta mil espíritos. Se não fizermos da maneira que eles disseram, não se estuda espiritismo.

Você está certo: se não for feito da forma que Kardec fez não se estuda espiritismo. Mas, desculpe, não estou estudando espiritismo. Estou estudando O Livro dos Espíritos numa visão espiritualista, ecumênica e universalista.

Já na introdução desse livro falamos exatamente disso. Quando nela Kardec diz que o espiritismo se prende como uma das partes do espiritualismo, dissemos que os ensinamentos não podem ser tratados isoladamente. É o próprio Kardec que diz que os ensinamentos de O Livro dos Espíritos se subordinam ao espiritualismo, pois são uma das partes deste.

Por isso disse lá e repito aqui: não estamos estudando o espiritismo, mas espiritualismo, usando para isso O Livro dos Espíritos. Justamente por isso precisamos não criar para os padrões que existem no espiritismo. Digo ainda: é por isso que não vamos estudar a escala espiritual como proposta em O Livro dos Espíritos.

Como espiritualistas precisamos entender que o Universo é dinâmico. Essa escala foi muito importante naquela época, mas hoje as provas dos espíritos são outras e se você se prender a essa escala não vai conseguir evoluir dentro da visão espiritualista.

Participante: Kardec diz que apenas colocou um tijolo no edifício.

Perfeito: é exatamente isso. Kardec diz isso, mas, no entanto, o espiritismo não diz. O espiritismo diz que a sua doutrina, por si só, é o todo do conhecimento espiritual. Que não precisa da correlação com os ensinamentos de outros mestres.

O que digo sobre o assunto é o seguinte: Kardec foi bem claro afirmando que estava colocando apenas uma pedrinha, só que dessa pedrinha fizeram um altar e estão santificando a pedrinha ao invés de continuar a construir o prédio.

Agora quero voltar a falar da escala espiritual.

Quero falar de uma coisa que não está escrita aí, mas que criaram a partir desse ensinamento: a escala espiritual vertical, ou seja, um acima do outro. Isso é impossível de existir.

No Universo não existe ninguém acima do outro. O Universo é um todo, é formado pela junção de todos. Sendo assim, se um estiver acima acaba com a igualdade que é necessária para existir um Todo.

Para compreender como é a escala espiritual vou fazer uma figura. Pegue uma caneta e um papel. Faça um risco na horizontal. Essa é a escala espiritual. Ela é horizontal e não vertical, ou seja, todos os seres estão no mesmo nível, são iguais, e formam o Todo.

Agora no meio dessa linha que riscaram, acima dela, coloquem um ponto que esteja fora da linha. Chamem a esse ponto de Deus.

Na escala espiritual Real, essa que desenharam, quem está mais perto do meio da linha, está mais perto de Deus. Quem está mais à direita ou à esquerda, está mais longe de Deus. Apesar disso, todos estão na mesma linha, ou seja, estão no mesmo patamar.

Esta escala é Real porque atende os ensinamentos dos mestres que dizem que não existe um superior a outro. Todos estão na mesma escala, na mesma linha, porque são filhos de Deus e, portanto, iguais entre si.

Todos foram gerados idênticos pelo Pai, por isso não podem estar acima ou abaixo. O que se pode é estar mais perto ou mais afastado e nesta distância do Pai se encontra a diferença entre as individualidades.

Participante: por isso Kardec não fala em igualdade e sim afinidade moral.

Isso mesmo: a afinidade moral é a igualdade...

Participante: então todos têm a mesma moral?

Sim, todos têm a mesma moral. Podem não se guiar por ela, mas todos têm a mesma moral.

Foi o que já estudamos: todo espírito é puro, perfeito. Ele pode estar sujo, mas tem dentro dele tudo o que pode ter. Sendo assim, tem a moral, mas pode não usá-la. Por isso coloquei todos numa linha horizontal e não vertical.

Participante: o senhor pode repetir este ensinamento que diz que todos são iguais?

Sim.

Disse que o espírito é luz e para compreender bem esse ensinamento, o comparamos com uma lâmpada. Ou seja, afirmei que todo espírito é uma lâmpada e que todas elas, ou todos os espíritos do Universo, têm a mesma voltagem e, por isso, o mesmo poder de brilhar. Só que algumas lâmpadas estão recobertas por uma camada opaca.

A conclusão disso é a compreensão que todas as lâmpadas brilham de forma idêntica, mas algumas não conseguem irradiar seu brilho quanto outras porque a camada de sujeira não permite que o fulgor alcance o exterior. Essa é a diferença entre os espíritos: todos são iguais, mas não conseguem vivenciar a igualdade porque estão sujos, estão presos ao individualismo, ao ego, as verdades individuais.

Participante: ou não recebem a mesma energia, assim brilham menos que as outras?

Impossível não receberem de forma igual. Se isso acontecesse, Deus não seria o Senhor. Não seria Justo e Amoroso, pois estaria dando diferente a cada um.

Saiba de uma coisa: o problema nunca está fora de nós: sempre é dentro. Deus dá a mesma energia ou o mesmo amor a todos os filhos. Agora se você pega o amor de Deus e altera a polaridade dessa energia, ou seja, se vira para o individualismo, usa o amor de Deus para amar a si acima de todas as coisas e do próximo.

Um detalhe: a alteração de polaridade não é criada por Deus, mas por você, espírito, que, usando o seu livre arbítrio, escolhe fazer.

Participante: mas, segundo o mesmo O Livro dos Espíritos, Deus dá a cada um por suas obras. Aliás, quem falou isso foi Jesus.

Cada um recebe de Deus de acordo com as suas obras: perfeito. Isso é o carma, é a lei do carma, mas isso não vale para o amor.

Recebe-se de Deus segundo as obras os acontecimentos da vida, não o amor. O Amor de Deus é infinito. Ele dá Amor para todos a todo momento.

Se não fosse assim, Deus poderia dizer assim: eu não gosto muito de você, não fui com a sua cara porque está fazendo o que Eu não gosto. Por isso não vou lhe Amar. Se fizesse isso, não seria mais O Senhor do Universo, pois teria perdido as características que já estudamos. O Deus que você quer acreditar que existe, aquele que dá sem amor, é um julgador enquanto que o Pai é a Fonte Luminosa do Amor.

Por isso afirmo: Ele ama a todos igualmente... Aliás, isso Cristo também disse.

Progressão dos Espíritos

Pergunta 98

Não vamos estudar essa tabela. Pode pular todas as questões que falam de ordem de espíritos. 

Progressão dos Espíritos

Pergunta 114

Os Espíritos são bons ou maus por natureza, ou são eles mesmos que se melhoram?

São os próprios Espíritos que se melhoram e, melhorando-se, passam de uma ordem inferior para outra mais elevada.

Está faltando uma resposta nesse texto. Existem duas perguntas numa só e o Espírito da Verdade responde apenas uma.

Primeiro se pergunta se os espíritos são bons ou maus por natureza e, segundo, se são eles mesmos que se melhoram. O Espírito da Verdade só respondeu que é cada um que se melhora, mas não falou sobre a natureza dos espíritos. Apesar disso, vamos falar desse assunto também.

Quanto à melhora, é obvio que são os próprios que se melhoram. Deus não dá nada de graça a ninguém. Você tem que promover a sua reforma íntima, reformar-se. Tem que se mudar e não esperar que o mundo se mude.

Agora, a resposta que não está aí é que todo espírito nasce puro e, portanto, por natureza, ele é puro. Todo espírito é gerado por Deus dentro da pureza universal: essa é uma informação importante. Sem ela, começamos a dividir o mundo entre bom e mal.

O espírito que, dentro da linguagem de vocês, hoje está vivendo no mal, é um ser bom que se desviou. Hoje está mal, mas no seu íntimo não é assim: é puro por natureza.

Estou usando o termo mal como palavra de vocês. Na minha linguagem o espírito não é mal, não tem maldade, mas é individualista. O mal, para mim, é o individualismo. Quando o ser pensa em si acima do outro, em qualquer sentido, está fazendo maldade.

Portanto, o espírito é puro, nasce puro. Ao longo de sua existência pode estar individualista, mas isso não quer dizer que dentro dele não há uma semente de universalismo, pois nasceu universalista, nasceu puro.

Sendo assim, quando julgamos o ser pela sua atual posição, ou seja, pelo individualismo de hoje, estamos negando a própria essência de Deus que está dentro de cada um. Desrespeitamos Deus que colocou dentro de cada um a essência universalista ou a essência do bem, se você preferir este termo.

Precisamos começar a entender isso para, ao invés de criticar o irmão que hoje está no individualismo, levá-lo a se contatar com a sua essência universalista, a sua essência amorosa ou a essência do bem.

Isso não se consegue com críticas, com acusações, com julgamentos ou com o apontar de falhas: só se consegue com o amor. É preciso amar a todos indistintamente para poder realmente ajudá-los. Mas, não amar o que a pessoa está fazendo, mas amar a essência universal que está dentro de todos os espíritos.

Isso é orar a Deus. Isso é honrar ao Pai. Para honrá-Lo é preciso honrar aquilo que Ele colocou dentro de cada um.

Como já disse anteriormente, não estou estudando espiritismo. Por isso não vou me prender ao bem ou mal: quero ir além.

Para isso é preciso, a partir da informação, tirar compreensões que nos leve à reforma íntima. Essa é a compreensão momentânea que vocês precisam chegar: não se pode sair pelo mundo separando o bom do mal. Pelo contrário: é preciso sair pelo mundo amando a essência de Deus que reside dentro de cada espírito, mesmo que a razão diga que ela não está presente ali.

Participante: então, os mais de 50.000 mil espíritos que responderam a Kardec estavam errados quando diziam que Deus criou os espíritos simples e ignorantes, inclusive o Espírito da Verdade?

Não. A simplicidade que eles falam é exatamente a perfeição que falei agora. A simplicidade é a pobreza de espírito.

O pobre de espírito é simples. Ele só tem amor dentro de si. Somos nós que achamos que a simplicidade não tem nada a ver com sentimentos, mas simples é aquele que só ama.

Não estou falando contra isso. Pelo contrário: estou afirmando que todos foram criados puros, simples. Apenas não paro por aí. Afirmo mais: continuamos simples eternamente.

Exatamente porque continuamos simples, ou seja, com o sopro de Deus em nós é que digo: temos que respeitar a simplicidade ou a pureza que existe dentro de cada um. Para isso é importante saber que ele pode estar agora numa outra situação, mas que eu, como seu irmão, tenho que amá-lo e auxiliá-lo a voltar a essa simplicidade.

Olha, deixe-me dizer uma coisa: eu não posso inventar nem mentir. Dizer que o que está escrito em O Livro dos Espíritos é mentiroso, não posso fazer, pois esse livro é um trabalho de Deus. Não é um trabalho de Kardec, não é um trabalho do Espírito da Verdade ou de nenhum outro ser. Todos são apenas porta-vozes de Deus e não autores. Sendo assim, tudo que está nesse livro foi Deus que escreveu.

Apesar disso, é preciso, como o próprio Kardec e o Espírito da Verdade deixaram claro – aliás, Krishna também fala isso – libertar-se da palavra morta, da letra fria. Para tanto é preciso ligar informações entre si. Nesse caso, é preciso juntar a informação da existência do bem e do mal com a informação de que todos nasceram simples e puros. Mais: que devemos amar a todos indistintamente.

Participante: então Cristo errou quando disse para que fosse separado o joio do trigo?

Jamais: Cristo jamais errou.

Repare no texto bíblico:

Jesus fez outra comparação. Ele disse: O Reino do céu é como um homem que semeou boa semente nas suas terras. Certa noite, quando todos estavam dormindo, veio um inimigo, semeou no meio do trigo uma erva ruim, chamada joio e depois foi embora. Quando as plantas cresceram e se formaram as espigas, o joio também apareceu.

Aí os empregados do dono das terras chegaram e disseram: patrão, o senhor semeou boa semente nas suas terras. De onde veio este joio?

Foi algum inimigo que fez isso, respondeu ele.

E eles perguntaram: o senhor quer que nós arranquemos o joio?

Não, respondeu ele, porque quando vocês forem tirar o joio, poderão arrancar também o trigo. Deixem que o trigo e o joio cresçam juntos até o tempo da colheita. Arranquem então primeiro o joio, amarrem em feixes e joguem no meio do fogo. Depois colham o trigo e ponham no meu depósito.

(Mateus – 13 – 24 a 30)

O mestre não disse para separar o joio do trigo, mas sim para deixá-los nascer junto.

Quando queremos apontar erro nos outros, queremos separar o joio do trigo antes dele florescer. Quantas vezes você constata que o que dizia que era mal se tornou em bem? Quantas vezes as pessoas perdem o emprego por causa de outra para conseguir um emprego melhor, ganhando mais, com melhores condições?

É exatamente que digo: não separe o joio do trigo antes deles florescerem, o que, aliás, é exatamente o que Cristo disse. É preciso não separá-los porque o trigo e o joio são muito parecidos. Só depois da colheita se pode distingui-los e aí sim separá-los.

Por isso, enquanto não colher, não separe, pois vai jogar trigo fora.

Progressão dos Espíritos

Pergunta 115

Dos Espíritos, uns terão sido criados bons e outros maus?

Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, isto é, sem saber. A cada um deu determinada missão, com o fim de esclarecê-los e de os fazer chegar progressivamente à perfeição, pelo conhecimento da verdade, para aproximá-los de si. Nesta perfeição é que eles encontram a pura e eterna felicidade. Passando pelas provas que Deus lhes impõe é que os Espíritos adquirem aquele conhecimento. Uns aceitam submissos essas provas e chegam mais depressa à meta que lhes foi assinada. Outros só a suportam murmurando e, pela falta em que desse modo incorrem, permanecem afastados da perfeição e prometida felicidade.

Vamos estudar essa resposta aos poucos porque ela contém muitas informações. Primeira: Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes. Ou seja, sem saber.

Foi por causa dessa afirmação que disse anteriormente: todo espírito é igual. Eles são iguais porque foram criados iguais.

Todos os espíritos são puros, simples, mas não possuem conhecimento. Eles, no seu nascedouro, são ignorantes. É partir dessas duas consciências que podemos entender a evolução espiritual.

Evolução espiritual é adquirir conhecimento para acabar com a ignorância sem perder a simplicidade, sem perder a pureza. Isso é evolução espiritual.

O problema é que o conhecimento traz embutido em si uma coisa: o poder. O achar-se superior ao outro. Com isso acaba a simplicidade, a pureza e por isso é preciso, posteriormente, readquirir a pureza.

Apesar de dizer que a evolução espiritual se consiste em adquirir conhecimentos, não entendam este conhecimento como material. Evolução é adquirir a sabedoria espiritual, que se caracteriza pelo sentir. Evoluído é aquele que sabe amar e não aquele que conhece informações técnicas espirituais.

Este amor mantém o espírito na humildade. Aquele que conhece as coisas do Universo e mantém-se humilde, alcançou a elevação espiritual. Já aquele que passa a conhecer as coisas universais e com isso acha-se melhor do que os outros, ou seja, busca uma ascensão falsa, forçada, nada consegue.

Como já foi dito, a ascensão é moral, ou seja, é sentimental. Quem tem maior ascensão espiritual é quem tem mais amor e não quem sabe mais.

Continuemos com o texto: a cada um deu determinada missão, com o fim de esclarecê-los e de os fazer chegar progressivamente à perfeição.

O espírito nasce puro, simples e ignorante. Deus, então, o coloca em lugares, ou seja, lhe dá as provas para que aprenda. Mas, ao aprender, esse espírito não pode perder a simplicidade.

Sendo assim, posso dizer que a provação espiritual é uma prova de conhecer e continuar amando. Passar por provação é ser arguido por Deus com a seguinte pergunta: ‘você conheceu, e agora? Continuará simples, ou seja, amando a tudo e a todos ou irá sentir-se superior por causa deste conhecimento? Continuará puro, simples ou, a partir disso que conheceu, vai querer sentir-se melhor que os outros? Achar-se-á mais capaz que os outros’?

Essa é mais uma das informações desse texto, mas como disse há muitas aqui. Vamos em frente: nesta perfeição é que eles encontram a pura e eterna felicidade.

Este trecho é bem claro: só quando o espírito alcançar a perfeição, ou seja, a cultura com pureza, com simplicidade é que conseguirá entrar na verdadeira felicidade. Mas, essa felicidade não tem nada a ver com aquilo que hoje vocês chamam de ser feliz.

A felicidade humana é fruto de uma cultura sem simplicidade. Isso porque para que vocês sintam-se felizes hoje é necessário que a sua cultura seja contentada. Ou seja, se o que sabem acontece, sentem-se feliz.

Se o que o ser humanizado sabe que é bom, certo ou bonito acontece, então diz: ‘que maravilha, estou feliz’. Mas, se o que ele sabe não acontece, sofre.

Essa felicidade, a condicionada ao seu saber, não é a felicidade Real: é o prazer, a satisfação. Ela é fruto do poder de dizer: ‘eu sei e consegui impor ao outro o que queria’. Ou seja, do individualismo. Por isso eu afirmo que essa felicidade é falsa, pois falseada pelo individualismo.

Enquanto o ser humanizado tiver prazer, não tem simplicidade. Mas, para acabar com ele, é preciso mais uma coisa: não ter desejos, ou seja, saber o que tem que acontecer. Por isso os mestres ensinam: enquanto houver desejos e vontades que precisem ser satisfeitos, o ser não consegue atingir a verdadeira felicidade.

A verdadeira felicidade está na cultura com simplicidade. O feliz verdadeiro é aquele que é simples, que só tem amor. Por causa desse sentimento, não precisa que o que quer aconteça para que seja feliz. Esse atingiu a verdadeira felicidade.

Visto isso, vamos à parte final do texto: passando pelas provas que Deus lhes impõe é que os Espíritos adquirem aquele conhecimento. Uns aceitam submissos essas provas e chegam mais depressa à meta que lhes foi assinada. Outros só a suportam murmurando e, pela falta em que desse modo incorrem, permanecem afastados da perfeição e da prometida felicidade.

Aqui estão as duas formas de viver as provas, ou seja, os acontecimentos da vida. A primeira é sendo feliz; a segunda é murmurando, ou seja, acusando, sofrendo, chorando, rogando a Deus que não deixe determinada coisa acontecer.

Mas, como o Pai pode deixar determinada coisa não acontecer se aquilo é a prova desse ser? Aquilo é o que ele precisa para provar que é capaz de conhecer e ainda assim manter a sua simplicidade?

Sendo assim, por que o ser humanizado chora? O que está acontecendo não é algo ruim, mas uma prova. É exatamente o que precisa para fazer a sua evolução espiritual, para alcançar a sua grandeza espiritual. Se não fizer essa prova, não atinge a verdadeira felicidade. Com isso fica preso no que Krishna e Buda chamam de roda de encarnações, ou seja, vai ter que estar sempre reencarnando para fazer a mesma prova, já que ainda não alcançou a verdadeira felicidade que nasce da cultura com simplicidade.

Progressão dos Espíritos

Pergunta 115a

Segundo o que acabais de dizer, os Espíritos, em sua origem, seriam como as crianças, ignorantes e inexperientes, só adquirindo pouco a pouco os conhecimentos de que carecem com o percorrerem as diferentes fases da vida?

Sim, a comparação é boa. A criança rebelde se conserva ignorante e imperfeita. Seu aproveitamento depende da sua maior ou menor docilidade. Mas, a vida do homem tem termo, ao passo que a dos Espíritos se prolonga ao infinito.

Dessa resposta podemos compreender que o espírito nunca vai morrer e que sua existência eterna é composta de uma variação de etapas. Dentre essas etapas está a que hoje se vive no planeta Terra: o mundo de provas e expiações.

Se as encarnações acontecem hoje no planeta Terra para provação, posso dizer que vocês estão aqui para provar alguma coisa. Ou seja, não têm que fazer mais nada.

Vocês nasceram para provar que são capazes de adquirir conhecimentos e ao mesmo tempo manter ou não a sua simplicidade. Se a mantiver, se elevam; se não a mantiver, terão que fazer a prova de novo.

Isso é a vida carnal. O que vocês chamam de viver nada mais é do que vivenciar uma constante provação. Para isso adquirem conhecimento. De posse dele, vivem a vida tendo a oportunidade de provar que o que foi sabido não influenciou na simplicidade. Com isso penetram mais no mundo espiritual.

Viver é receber a cada momento um novo conhecimento para que se possa auferir como você vai reagir a ele.

Por isso digo que quem acha que nos momentos da vida perde alguma coisa, não sabe o que está falando. Ninguém nunca perde nada porque todo acontecimento é uma prova, é uma oportunidade para amar. Ao sentir-se perdedor em qualquer momento, o ser humanizado não pode entrar na sabedoria, porque não amou naquele momento.

Precisamos começar a mudar a forma de viver. Ao invés de nos prendermos a ideia de perda, precisamos começar a raciocinar em cada segundo o que pode ser aprendido ai.

Não foi feito o que você queria? O que pode aprender desse momento? As coisas não saíram do jeito que queria; hoje ficou sozinho; perdeu seu emprego? O que pode aprender disso no sentido de amar a tudo e a todos?

Depois que descobrir um ensinamento em cada momento da vida, concentre-se, então, em realizar a sua prova, ou seja, concentre-se em amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. De nada adiante sair xingando, brigando, acusando a Deus ou a qualquer outro como culpado pelo que lhe aconteceu. Busque sempre tirar uma lição do que está acontecendo e depois ame indistintamente.

Aliás, sobre os momentos de sofrimento, angústia, sensação de perda, cabe muito bem o ensinamento conhecido como Pegadas na Areia. Acho que todos já o conhecem, mas para quem nunca leu, vou resumir a história.

Conta-se que um homem sonhou que estava andando na areia ao lado do Cristo. Nessa caminhada observava que ficavam marcas de dois pares de pés na areia. Cristo disse: eu estou ao seu lado. O homem replicou: teve horas que só vi meus pés, onde é que você foi? O mestre respondeu: a pegada que você viu era minha, pois o estava carregando no colo.

Você nunca caminha só. Todos os momentos da sua vida são dirigidos por Deus através dos espíritos, para que lhe traga um ensinamento e com isso possa servir de provação para manter essa simplicidade. Aplicando o que vimos aqui, você pode entender a vida; sem aplicar, a vida não terá o menor sentido, pois os acontecimentos não possuem outra lógica, a não ser o que vimos.

Mas, cuidado: não queira apenas entender o que está acontecendo e esquecer-se de amar universalmente a cada momento. Fazendo isso, só adquirirá cultura, saber. Prendendo-se apenas a saber, terá apenas cultura, mas nunca atingirá a sabedoria.

O que precisa aprender para escapar da roda de encarnações, ou seja, alcançar a elevação espiritual é sabedoria, ou seja, alinhar a cultura a uma prática que lhe leve a gozar a felicidade que Deus tem prometido aos seus filhos.

Esse é um recado que é muito bom para todos que estão tendo contato com os ensinamentos. Estamos estudando muitas coisas aqui e aprendendo, mas, se desses conhecimentos você não retirar uma compreensão que lhe faça alcançar o amor incondicional, nada terá alcançado.

Além de estudar, ou seja, de ler as palavras que aqui estão, você de buscar nesses ensinamentos compreensões práticas que lhe leve a amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Ou seja, a partir da compreensão de que a vida é apenas uma provação, deve se conscientizar que ninguém lhe ataca, rouba o seu emprego, o seu marido ou mulher: tudo isso são apenas provações para a sua simplicidade.

Progressão dos Espíritos

Pergunta 116

Haverá Espíritos que se conservem eternamente nas ordens inferiores?

Não; todos se tornarão perfeitos. Mudam de ordem, mas demoradamente, porquanto, como já de outra vez dissemos, um pai justo e misericordioso não pode banir seus filhos para sempre. Pretenderias que Deus, tão grande, tão bom, tão justo, fosse pior do que vós mesmos?

Nesse trecho existem duas informações. A primeira afirma que todos os espíritos um dia vão evoluir.

Todos os espíritos um dia vão ter que evoluir. Por isso sempre digo às pessoas que falam que é difícil: um dia você vai ter que fazer. Não importa quando, não importa em que vida, em que encarnação, um dia vai ter que fazer.

A partir dessa informação, pergunto: não seria, vamos dizer assim, idiotice, deixar para outra vida o que pode ser feito nessa? Não é muito mais trabalhoso deixar para outra encarnação? Ter que começar desde criancinha novamente e fazer tudo outra vez? Não seria melhor encarar a questão da elevação espiritual de frente logo e resolver essa questão de uma vez por todas?

Aproveitando essa encarnação e resolvendo logo a questão da elevação espiritual, vocês vão para um novo estágio e irão viver uma nova vida. Se, ao invés disso, continuarem na busca da satisfação dos desejos, das vontades individuais, empurrando a reforma íntima com a barriga, o máximo que conseguirão será ter renascer, começar tudo de novo.

Além do mais, estarão perdendo tempo, porque não importa quantas vezes reencarnem, um dia terão que fazê-la. Por isso, na verdade, não estão ganhando nada postergando o trabalho da elevação espiritual, já que um dia, em uma vida qualquer, terão que fazer. Ou seja, por mais que não queiram desapegar-se de suas paixões nessa vida, um dia terão que desapegarem-se. Então, é melhor fazer logo e acabar com este martírio, não?

Essa é a primeira conclusão que esse texto nos leva. Mas, há uma segunda sobre a qual devemos refletir: Deus não bane ninguém.

Esta informação deve nos levar a compreender que um espírito, por mais que seja, usando os conceitos humanos, mal – na minha forma de falar, individualista – Deus jamais vai abandoná-lo.

A consciência dessa Verdade é importante, pois a partir dela vamos entender que Ele não abandonou os terroristas, os ladrões ou os assassinos. Esses estão com Deus: vocês é que dizem que não, que eles são do diabo.

Eles não estão com o diabo, mas sim de Deus, porque o Pai não abandona nenhum de seus filhos. Aliás, se abandonasse um dos seus filhos, que coisa louca que seria esse Universo, não?

Então, são duas as informação que estão nessa pergunta. A primeira: devemos saber que um dia todos vão ter que fazer a reforma íntima. A segunda: devemos ter a consciência de que por pior que seja considerado um ser humano, ele está sob o amor de Deus.

Participante: na resposta é dito assim: todos se tornarão perfeitos. O que é essa perfeição para o espírito?

A perfeição, para o espírito, é uma perfeição gradual.

Hoje está num estágio de provas e expiações e, por isso, para você a perfeição é vencer as provas e cumprir as expiações. Quando atingir essa perfeição, um novo horizonte se abrirá. Nesse momento, começará a buscar uma nova perfeição. Quando atingi-la um novo horizonte se abrirá e aí terá novas buscas.

Agora, saiba de uma coisa: a Perfeição Perfeita do universo é Deus e nenhum espírito vai atingir isso. Digamos que Deus é a Perfeição das perfeições.

Progressão dos Espíritos

Pergunta 117

Depende dos Espíritos o progredirem mais ou menos rapidamente para a perfeição?

Certamente. Eles a alcançam mais ou menos rápido, conforme o desejo que têm de alcançá-la e a submissão que testemunham à vontade de Deus. Uma criança dócil não se instrui mais depressa do que outra recalcitrante?

O Espírito da Verdade afirma: a elevação espiritual depende única e exclusivamente de você. Por isso não podemos dizer que não conseguimos elevação porque nascemos nesse ou naquele meio, porque não tivemos oportunidade de conhecer isso ou aquilo.

A elevação espiritual depende somente de si mesmo porque é resultado de uma decisão de fórum íntimo. É cada um que vai tomar a sua decisão e ninguém, nem Deus, pode influir nela. Se você quiser ficar caminhando no pântano preso à roda de encarnações, Deus não pode lhe tirar. Só você pode sair; só você pode se retirar.

Esta é uma informação muito importante. Mas, o Espírito da Verdade completa: basta você desejar isso.

Quando se fala em evolução espiritual é preciso compreender uma coisa importantíssima: ela não pode ser conseguida juntamente com a evolução material. Por isso é preciso desejar a evolução espiritual. Mais do que isso: além de desejar, é preciso que viver para ela.

É preciso que você transforme a reforma íntima, a evolução espiritual, em objetivo da sua vida. Enquanto não for esse o objetivo primário da sua vida, não vai alcançá-la.

Saindo da carne sem alcançá-la, é importante compreender que ninguém ou nada pode ser considerado como culpado dela não ter sido atingida. Só você é responsável pelo seu fracasso.

Não se pode culpar a igreja, o pastor, o centro espírita, o meio onde viveu. Nem mesmo uma suposta falta de oportunidades que ache que não teve para realizá-la pode ser considerada como responsável por você não ter se elevado.

Na verdade, não a ter realizado foi uma decisão sua e, por isso, não se pode culpar ninguém.

Isto é o que o texto fala de principal, mas para ajudá-los a entender o que é optar pela elevação espiritual o Espírito da Verdade diz mais: conforme o desejo que têm de alcançá-la e a submissão que testemunham à vontade de Deus. Ou seja, os espíritos humanizados alcançam a elevação espiritual quando no seu íntimo optam por ela e essa opção deve ser seguida de submeter-se à vontade Deus.

A partir disso, pergunto: o que é elevação espiritual?

Participante: fazer a vontade de Deus.

Não se trata de fazer a vontade de Deus, mas sim de ser submisso a ela. É diferente. Não se trata de fazer, mas submeter-se ao que é feito.

Essa é a evolução espiritual: ao invés de dizer que alguém está errado ao sair daqui mais cedo, submeter-se à vontade de Deus, ou seja, aceitar sem críticas a ausência do outro. Ao invés de dizer que é errado a mãe morar em uma casa e o filho noutra, submeter-se à vontade de Deus, ou seja, apenas constatar que a mãe mora numa casa e o filho em outra.

Isto é evolução espiritual e esse é o caminho para ela: submeter-se à vontade de Deus.

A vontade de Deus se expressa através da realidade da sua vida, dos acontecimentos dela. Se você, por exemplo, não tem um carro, fique em paz, ou seja, se submeta a essa vontade de Deus. Se não tem uma casa, submeta-se em paz e felicidade à vontade de Deus que não lhe deu uma casa. Se não tem terras, se não tem um prato de comida, fique feliz, se submeta a vontade de Deus.

Veja: não estou dizendo que não deve buscar, mas sim que não deve sofrer com a ausência. Não estou dizendo nem que não pode desejar ter essas coisas, mas que acima desse desejo deve viver em paz, harmonia e felicidade com o que tem.

Esse é o optar que falei anteriormente: optar pela paz, felicidade e harmonia, mesmo que exista um desejo.

Busque o quanto quiser as coisas materiais, mas não deixe que essa busca se transforme na sua opção primaria de vida. Ou seja, opte sempre pela felicidade ao invés do sofrimento de não ter. Com isso estará se submetendo à vontade Deus (que se traduz pelo não ter atual) e estará sempre satisfeito, como ensina Paulo.

Quem faz esta opção, quando Deus não lhe dá o que deseja, não sofre, não acusa, xinga ou aponta falhas em ninguém ou em qualquer coisa. Quem opta pela elevação espiritual não diz que o sistema massacra as pessoas, não se vê como um pobre coitado porque não tem.

É isso. Essa é a tal da reforma íntima que vocês tanto ouviram falar: submeter-se à vontade de Deus, ou seja, viver a realidade que se têm como vontade de Deus.

Participante: você falou que Deus não pode promover a nossa reforma. Como ficam, então, aqueles casos das reencarnações compulsórias?

Encarnação não é evolução espiritual: é oportunidade de... Sendo assim, posso dizer que Deus dá a oportunidade, mas se o espírito não aproveitar, seja na encarnação planejada ou compulsória, ele nada realizará.

A encarnação é só uma oportunidade que Deus dá, seja ela compulsória ou não, mas não a garantia de elevação.

Progressão dos Espíritos

Pergunta 118

Podem os Espíritos degenerar?

Não; à medida que avançam, compreendem o que os distanciava da perfeição. Concluindo uma prova, o Espírito fica com a ciência que daí lhe veio e não a esquece. Pode permanecer estacionário, mas não retrograda.

Vamos entender esta afirmação, que muitos aqui já ouviram, direitinho, pois senão vamos entender, como muitos compreendem, que se Jesus morreu para pagar nossos pecados. Não, isso não aconteceu. Não se pode compreender que o mestre nos deu uma folha em branco assinada para fazermos o que quiser.

Saber que o espírito não retroage não deve levar o ser humanizado a compreender que é como se alguém lhe tivesse dado uma folha em branco de cheque assinada e que por isso ele pode gastar o quanto quiser. Isso não é realidade.

O espírito nunca retroage: essa é a informação. Agora, durante a encarnação o espírito humanizado pode retroagir. A afirmação do Espírito da Verdade não deve ser compreendida como se jamais o ser pudesse retroagir, mas apenas que ao findar da encarnação ele vai estar no mesmo nível de evolução espiritual de quando a começou. Vou explicar melhor.

O ensinamento desse texto refere-se ao Espírito, com “e” maiúsculo. Em O Livro dos Espíritos quando isso acontece quer dizer que o ensinamento refere-se ao espírito fora da carne. Sendo assim, posso dizer que o espírito fora da carne, na sua existência espiritual, não retroage. Só que durante a vida carnal ele pode reunir débitos. Esses terão que ser quitados até o ser voltar ao seu estado de quando iniciou a encarnação.

Essa, então, é a primeira informação a respeito desse tema: o espírito não retroage, mas durante a encarnação pode adquirir débitos e terá que acabar a encarnação sem esse retrocesso.

Isso é importante entendermos, pois sem essa compreensão alguém pode imaginar que já que não vai retroagir pode aproveitar essa vida e fazer todas as besteiras possíveis. Se isso acontecer, o espírito retroage temporariamente e terá que expurgar todo o retrocesso até retornar à sua própria Realidade.

Mas, a resposta tem mais uma informação que pode nos auxiliar na perfeita compreensão do estado do espírito quando do seu retorno à pátria espiritual. Ela está expressa no seguinte trecho: o Espírito fica com a ciência que daí lhe veio e não a esquece.

Pergunto: que ciência é essa? Com que ciência o espírito fica? Será matemática, geografia, biologia?

Participante: será a ciência espiritual?

Claro...

Se assim não fosse, se o espírito permanecesse de posse da ciência material, as crianças não iriam mais para as escolas. Todas conheceriam as ciências humanas, pois são espíritos que já reencarnaram e que por isso deveriam trazer dentro de si o conhecimento. Portanto, quando se está falando aqui que o espírito não perde a sua ciência, está se referindo à ciência espiritual, não à material. O conhecimento científico material será completamente esquecido depois do desencarne.

Quando você sair da carne e voltar à sua consciência espiritual a sua ciência material estará zerada. Não vai mais saber nada das coisas materiais. Na hora que tiver que entrar em uma nova encarnação, agregará ao ego a ciência que irá precisar para viver aquela nova vida. É por isso que uns nascem com mais conhecimentos que os outros.

Esse conhecimento que alguns trazem de forma genética não se trata de aprendizados científicos de outras vidas, mas sim de elementos do ego da nova existência. Ele não está no espírito, mas sim no ego, pois tudo o que o ser aprendeu sobre ciência material em outras vidas, apagou-se.

Participante: não fica uma ligeira intuição?

Não: tudo se apaga.

Participante: porque alguns vêm com mais aptidão para umas coisas do que outras?

Como disse, na hora de programar a encarnação, o espírito coloca o conhecimento científico material, que vocês chamam de aptidão, de acordo com a necessidade da encarnação. Por isso uns tem mais aptidões para umas coisas e outros para coisas diferentes.

Isso não tem problema. O Importante é compreendermos que essa aptidão ou conhecimento não é do espírito e nem fruto de conhecimentos de outras encarnações. Ela está no ego e é disponibilizada para essa encarnação apenas.

O ego contém todos os elementos necessários à realização dos objetivos da encarnação. Vamos dar um exemplo: como é o nome daquele espírito humanizado surdo que fazia música?

Participante: Ludwig Van Beethoven.

Esse espírito pode, ao longo de encarnações anteriores àquela jamais ter conhecido uma única nota musical. Pode, ainda, em encarnações posteriores, não ter mais tocado nenhum instrumento. Na verdade, toda aptidão musical que demonstrou naquela encarnação foi fruto da organização de cultura musical colocada no ego daquela encarnação. Isso acontecei porque ele precisava dela para aquela encarnação.

O fato de ter nascido naquela encarnação como pianista, não quer dizer que em outra tivesse que ser também necessariamente um músico. Muito pelo contrário: pode ter nascido açougueiro ou carpinteiro, se essa fosse a aptidão que atendesse aos objetivos dessa outra encarnação.

Portanto, o espírito arruma a ciência material no ego de acordo com a sua necessidade durante a encarnação. Tudo o que já havia sido conhecido anteriormente e que não teria valia nesta etapa da sua existência espiritual apaga-se.

Veja bem: no Universo não há lugar para supérfluo ... Se o espírito que viveu o ser humanizado que citamos (Beethoven) programou para em uma nova encarnação ser açougueiro, o que a aptidão musical seria útil? Nada. Ela seria inútil. No Universo não existe nada que seja inútil.

Portanto, devemos ter sempre em mente que todo o tempo que se gasta adquirindo ciência material é inútil, é perda de tempo, pois toda essa cultura se apagará e nada vai restar. Apenas o conhecimento universal, a ciência espiritual ficará.

Participante: é possível o espírito encarnado retroagir, ou seja, depois de adquirir uma certa evolução ter um pensamento inferior?

Sim, é possível. Veja: a provação ocorre a cada segundo. Por isso, num momento você pode avançar, em outro recuar.

Isso é até muito comum. Na verdade o que vai contar para o espírito é a média dos resultados obtidos até o final da encarnação.

Participante: quando se entra nesse processo de elevação, o ego pode nos sabotar? Podemos nos sentir mal, sem vontade de fazer muitas coisas? Dá vontade de se recolher mais?

São muitas perguntas de uma vez só. Vamos responder uma de cada vez.

O ego pode lhe sabotar? É para isso que ele existe. Digamos que o ego é o diabo, aquele que vive para lhe tentar. Por isso vai estar sempre lhe tentando, ou seja, criando a sua prova.

Podemos nos sentir mal? Se você escolher se sentir mal, se sentirá mal. É você, o espírito, que escolhe como se sentir durante as provações. Você pode escolher não se sentir mal.

Sem vontade de fazer muitas coisas, de se recolher mais? Essa vontade de se recolher mais é sinal de, vamos dizer assim, evolução espiritual. Ela ocorre quando você encontra a paz.

Saiba que riso forçado não é sinal de felicidade, mas sim de bobeira. Rir muito não quer dizer que é elevado, pois muitos estão mortos por dentro e rindo por fora.

Na verdade, quando você alcança um estágio onde a sua intenção é estar sempre mais reservado, estar sempre mais voltado para dentro, posso dizer que está evoluindo.

Participante: o que o senhor falou a respeito de programar o conhecimento material é o que chamamos de dons inatos?

Isso. Quando você programa na memória do ego algumas coisas para essa vida cria o que é conhecido como dons inatos. Mas, essa programação vai ainda mais longe do que apenas os seus dons: toda descoberta científica foi colocada no ego antes do nascimento. As informações sobre o assunto que será descoberto ficam depositadas no ego esperando a hora de serem usadas. Aliás, o próprio termo já diz: descobrir, ou seja, revelar o que está coberto.

Na verdade, não existem descobertas científicas, pois no Universo não existe nada desconhecido. O que acontece não são descobertas, mas revelações de informações universais que já se encontram no ego e que em determinado momento Deus dá acesso a elas. Só isso.

Por isso devemos parar com essa veneração à aptidões inatas. Devemos parar de afirmar que tal pessoa é muito inteligente, que suplanta os outros, que conhece muito mais do que a maioria. Ele não é assim: foi dotado de informações na memória material para que pudesse exercer a sua provação no mundo. É só isso.

Saiba: não existe espírito mais inteligente do que o outro.

Participante: queria saber no meu caso específico. Por que Deus me deu este gostar de martelar, pregar prego na parede, mexer com massa, se nem trabalho em nada disso?

Tudo que está na sua memória é parte do seu ego e tudo que está no seu ego, é para ser vencido.

Participante: achava que era o contrário. Achava que essas aptidões eram para me ajudar nessa encarnação.

São para lhe ajudar. Mas, ajudar a que? A construir casa? O espírito não vem a esse mundo para construir casa; vem para promover a sua reforma. Então, sim, elas existem para lhe ajudar a promover a sua reforma e essa se consiste em não se satisfazer fazendo aquilo que gosta de fazer.

Viu como elas lhe ajuda?

Progressão dos Espíritos

Pergunta 119

Não podia Deus isentar os Espíritos das provas que lhes cumpre sofrer para chegarem à primeira ordem?

Se Deus os houvesse criado perfeitos, nenhum mérito teriam para gozar dos benefícios dessa perfeição. Onde estaria o merecimento sem a luta? Demais, a desigualdade entre eles existente é necessária às suas personalidades. Acresce ainda que as missões que desempenham nos diferentes graus da escala estão nos desígnios da Providência, para a harmonia do Universo.

Novamente vamos estudar partes da resposta isoladamente, pois o texto contém diversas informações. Comecemos vendo a própria pergunta de Kardec: não podia Deus isentar os Espíritos das provas que lhes cumpre sofrer para chegarem à primeira ordem?

Temos aqui um problema de semântica. Quando Kardec fala em sofrer, a ideia que lhes vem à mente é que são obrigados a passar por sofrimentos para evoluir. Isso não é verdade. Você não é obrigado a sofrer para evoluir. Não é isso que ele quer dizer.

Na verdade, para que o espírito evolua é preciso que ele passe por provas. Sofrer no texto não quer dizer sofrimento, mas passar por. Ao passar por elas, o espírito pode escolher sentir sofrimento ou não: isso é decisão dele. É escolha sentimental que faz utilizando-se do seu livre arbítrio. Deus dá a prova e o espírito escolhe sofrer ou não ao passar por elas.

Quer um exemplo: a alimentação. O alimentar-se ou não humano é, na verdade, uma provação que o espírito vivencia durante a encarnação. Existem espíritos que vivenciam não ter o que comer e não sofrem por causa disso. Mas, há outros que vivenciam o fato de ter a casa cheia de comida, mas mesmo assim sofrem, pois não conseguiram algo específico, o que queriam.

Portanto, aqui não se está falando de ter que sofrer, mas de ter que se passar por.

Vamos, então, ver as informações da resposta do Espírito da Verdade. Primeira informação: Se Deus os houvesse criado perfeitos, nenhum mérito teriam para gozar dos benefícios dessa perfeição. Onde estaria o merecimento sem a luta?

Já falei muito sobre isso. Sempre me perguntam para que tantas provas, respondo: para gerar o merecimento. Sem merecimento não há gozo de bem celeste. O bem celeste não é dado por Deus, mas é conquistado pelo espírito.

Muitos me perguntam se devem dar graças (agradecer) a Deus pelo que têm. A estes respondo: não, pois Deus não fez mais que a obrigação Dele, ou seja, deu o que você mereceu. Por isso não se deve agradecer a Ele, mas sim louvá-Lo.

Deus não dá nada a ninguém. Para receber alguma coisa, é preciso que você gere o merecimento de receber. Tem uma máxima de Cristo que é perfeita: Deus dá a cada um segundo suas obras.

Esse ensinamento explica muito bem o assunto: Deus dá a cada um de acordo com as suas obras. Ou seja, se você não obrar, não conquistará; se não merecer, nada receberá.

Essa é uma lei universal: a lei do merecimento. É ela que fundamenta a lei da causa e efeito, do carma. O carma de cada um é o justo e amoroso merecimento pelo momento passado.

Continuemos vendo o texto da resposta: demais, a desigualdade entre eles existente é necessária às suas personalidades. Acresce ainda que as missões que desempenham nos diferentes graus da escala estão nos desígnios da Providência, para a harmonia do Universo.

Exatamente por causa de visões como essa é que venho dizendo há cinco anos: o Universo não está desequilibrado. O jeito de ser de cada um, que para vocês aparentemente cria desequilíbrios, na verdade é o equilíbrio.

Muitos pensam que o Universo está desequilibrado, mas se esquecem que equilíbrio é a existência de dois lados de forma equilibrada. Se houvesse apenas um lado, não haveria equilíbrio.

Vou dar um exemplo: guerras. Para que o Universo esteja equilibrado é preciso que haja lugares ou tempos de paz e outros de guerra. Se houvesse apenas paz, não haveria equilíbrio. Além do mais, se não houvesse guerras de um lado e paz de outro, como o espírito poderia fazer alguma opção? Então, a guerra é necessária como a paz também.

Mas, quem participa da guerra? Se nos lembrarmos do que acabamos de falar (Deus dá a cada um segundo as suas obras) podemos entender que apenas aqueles que merecem e precisam passar por isso.

Portanto, a existência de guerras, que a humanidade diz que causa um desequilíbrio no Universo, é necessária. Sem ela não haveria o equilíbrio entre dois lados e espíritos não estariam recebendo o que merecem.

Sabendo disso, ao invés de lutar contra a existência da guerra você deve lutar para não merecer vivenciá-la. Como se faz isso? Não abrindo guerra contra ninguém, ou seja, não criticando quem promove a guerra. Com isso demonstra que está se submetendo ao desígnio de Deus que cria como instrumento para dar a cada ser o que merece.

Mas, se ao invés disso, você se revolta com a existência da guerra, está se revoltando contra os desígnios de Deus. Por isso está criando um carma para si mesmo.

É isso que eu estou colocando há muito tempo: não queira mudar o mundo, mas mude você. Isso porque o mundo está perfeito do jeito que está.

Vocês dizem que o planeta está no caos, que a humanidade está perdida, mas se não houvesse a humanidade terrestre do jeito que ela é, o Universo inteiro estaria desequilibrado. A humanidade terrestre do jeito que está é o equilíbrio do Universo, pois é a outra face da moeda Universo. Na hora que esse planeta não abrigar mais esse tipo de humanidade, terá que haver um outro que o abrigará, para poder manter o equilíbrio universal.

Sendo assim, os espíritos que após a mudança do sentido da encarnação nesse planeta permanecerem aqui, irão viver uma vida diferente. No entanto, para que o equilíbrio persista, precisará haver um novo planeta – que já está surgindo e abrigará os exilados da terra com outros espíritos novos – terá que formar uma nova humanidade igualzinha a essa que vocês têm agora.

Isso precisa acontecer para que o Universo não se desequilibre, ou seja, tenda para algum dos seus extremos. Na verdade essa nova humanidade pode não possuir a mesma forma que vocês têm hoje, mas na essência (individualismo, egoísmo) terão que ser.

Essa compreensão é fundamental para vocês pararem de perder tempo em querer lutar contra os acontecimentos do planeta. A luta não é contra os acontecimentos, mas sim interior. A reforma é íntima e não externa.

Vocês têm que lutar contra si mesmo para não criticarem a guerra e não contra o presidente que a promove ou contra os terroristas que praticam ações ditas como erradas.

Participante: o senhor fala que é necessário haver o equilíbrio, por isso vai haver um outro planeta igual a esse. Eu acredito que esse necessário se refira à condição de evolução do espírito, ou seja, sempre haverá espíritos em evolução, então sempre haverá guerras, mortes, etc.

Perfeito: sempre haverá espíritos em desenvolvimento e, por isso, sempre haverá uma humanidade (seres individualistas) no Universo.

Não se esqueça: os afins se juntam. Por isso, sempre se juntarão num planeta aqueles que gostam de guerrear. Eles guerrearão entre si até que um deles evolua (não mais critique a guerra). Quando isso acontecer o que se reformou irá juntar-se aos que já atingiram aquele patamar enquanto o que gosta de guerrear encontrará outro igual.

Participante: o texto afirma que os espírito são criados imperfeitos. Eu pensava que eles começavam na escala evolutiva sem diferença entre si, mas simples e que só ao longo da caminhada é que experimentariam erros e acertos para crescerem.

Perfeito: é isso mesmo que você pensava. Eu nem toquei no assunto porque já tínhamos estudado isso numa pergunta anterior.

Como já vimos, todos os espíritos são criados perfeitos e a cada um é dado uma prova. Só depois dela é que os espíritos vão se degenerando.

Participante: é a história da lâmpada?

Sim, é a história da lâmpada.

Todos são lâmpadas que brilham com a mesma intensidade e luz, mas o reflexo de alguns não se propaga porque estão externamente sujos.

Participante: quando o senhor fala em novo ciclo, fala do início de uma nova fase?

Sim, cada fase é um ciclo de existência espiritual.

Para compreendermos isso perfeitamente, devemos nos lembrar que o tempo não é retilíneo, mas cíclico. Por isso você precisa girar toda a circunferência de uma fase vivenciando todos os carmas dela para só então sair e começar um novo. Vamos dizer assim: você precisa rodar um determinado ciclo por certo tempo para só depois abrir um novo.

Aliás, essa forma de ver a existência (cíclica) não se aplica apenas à questão espiritual, mas a todas as coisas da existência. Existem os ciclos da sua vida carnal (infância, juventude, maturidade, velhice), do casamento, do namoro, de um relacionamento. Na verdade na vida tudo é formado por ciclos que você roda e vai para outro.

Além disso, é preciso também se conscientizar que todos os círculos não são formados de forma uníssona. Em qualquer um deles teremos sempre o apogeu que será seguido de um declínio. Quando se atingir o fim do poço, começará, então, a ascensão que o levará de volta ao apogeu quando o ciclo se encerra.

Quem quer viver qualquer ciclo apenas no apogeu se desilude, pois todas as etapas precisam ser vivenciadas para que ele se complete e só então um novo possa ser começado.

Participante: quando o Senhor estava falando de guerra e outras coisas necessárias, me lembrei de carma e reencarnação. As pessoas que acreditam nisso podem compreendê-lo, mas e quem não acredita, como explicar que quem morreu precisava e merecia morrer e quem assassinou precisava e merecia se tornar um assassino?

Simples: desígnios de Deus.

Participante: aí eles responderiam que Deus não faria essa maldade, como já me responderam.

Acima de discutir se é maldade ou não ou se Deus é capaz de criar o mal, é preciso lembrar as pessoas o que Cristo fala na Bíblia: Deus faz tudo acontecer.

Portanto, se essa pessoa não é espírita, ou seja, não acredita no carma e na reencarnação, mas é cristã, precisa acreditar que Deus faz tudo acontecer. Se não acreditar, não pode dizer-se cristão, pois estará negando Cristo.

O problema e que tem gente que separa o que gosta da Bíblia e utiliza apenas essas partes para justificar o que acha. Isso não pode acontecer: o cristão deve crer nos ensinamentos bíblicos sem contestá-los.

Se você for ler a Bíblia, apesar de não estar escrito claramente que há reencarnação, há a informação de que Deus é Soberano. Ora, se Deus é soberano, foi Ele que fez tudo.

Agora, se outros ensinamentos valem e esse não (Deus não é soberano da maldade do mundo) essa pessoa tem que jogar fora todo ensinamento e não mais dizer-se cristã.

Participante: falando ainda do novo mundo, para onde irão os que aqui não mais puderem habitar? Fala-se de um asteroide que passará pertinho da Terra e servirá como um bonde para transportar a turma atrasada para outras paragens.

Olha, pode se falar em asteroide, em nave ou em qualquer outro objeto que servirá de transporte para os espíritos que não mais puderem habitar a Terra no novo mundo, pois qualquer elemento que for dito será, na verdade, apenas um elemento material. Na verdade como já vimos neste estudo, o espírito se locomove pelo pensamento.

Progressão dos Espíritos

Pergunta 120

Todos os Espíritos passam pela fieira do mal para chegar ao bem?

Pela fieira do mal, não; pela fieira da ignorância.

Como já disse, o mal é o individualismo. Será que todos os espíritos passam pelo individualismo? A resposta do Espírito da Verdade é não. Alguns, vamos dizer assim, podem escapar dele, mas a maioria não consegue.

Não escapa por quê? Porque o individualismo traz o prazer que, para o espírito, é como se fosse doce na boca de criança.

Os espíritos gostam do prazer. Como uma criança humana, ficam doidos por um doce. Então, é muito difícil um espírito deixar de se deixar levar pelo individualismo.

Agora, quantas vezes o ser vai encarnar para libertar-se dele, não há previsão. Na verdade encarnará tanto quanto for necessário para se libertar dele.

Nesse sistema solar quem menos encarnou foi Cristo: dez vezes. Já Buda, por exemplo, reencarnou quinhentas e vinte cinco vezes.

Agora, imaginem vocês quantas vezes estão reencarnando...

Progressão dos Espíritos

Pergunta 121

Por que é que alguns Espíritos seguiram o caminho do bem e outros o do mal?

Não têm eles o livre-arbítrio? Deus não os criou maus; criou-os simples e ignorantes, isto é, tendo tanta aptidão para o bem quanta para o mal. Os que são maus, assim se tornaram por vontade própria.

Volto a repetir, o mal é o individualismo.

Deus não cria os espíritos individualistas; cria individualidades e lhes dá o livre arbítrio de usarem essa individualidade para seu benefício próprio ou para benefício da coletividade. Quando utiliza para benefício próprio isso é individualismo; quando utiliza para benefício da humanidade é universalismo.

Portanto, Deus cria os espíritos individualidades e cada um tem o livre arbítrio de utilizá-la no sentido que quiser. Essa é a resposta que está sendo dita aqui.

Progressão dos Espíritos

Pergunta 122

Como podem os Espíritos, em sua origem, quando ainda não têm consciência de si mesmos, gozar da liberdade de escolha entre o bem e o mal? Há neles algum princípio, qualquer tendência que os encaminhe para uma senda de preferência a outra?

O livre-arbítrio se desenvolve à medida que o Espírito adquire a consciência de si mesmo. Já não haveria liberdade, desde que a escolha fosse determinada por uma causa independente da vontade do Espírito. A causa não está nele, está fora dele, nas influências a que cede em virtude da sua livre vontade. É o que se contém na grande figura emblemática da queda do homem e do pecado original: uns cederam à tentação, outros resistiram.

Vamos por partes porque a resposta contém diversas informações. A primeira: o livre-arbítrio se desenvolve à medida que o Espírito adquire a consciência de si mesmo.

Isso quer dizer que o espírito, no seu início, não possui livre arbítrio. Esse elemento só torna-se disponível quando ele toma consciência de si mesmo, ou seja, só quando se reconhece como individualidade.

Segunda: a causa não está nele, está fora dele, nas influências a que cede em virtude da sua livre vontade.

Inicialmente podemos dizer que a causa do individualismo não está no espírito, mas fora dele. Mas, a informação sobre esse assunto vai mais além: está nas influências a que cede. Sendo assim, podemos dizer que as causas do individualismo não estão no que acontece, mas no ceder à tentação ao vivenciar alguma coisa.

 É isso que precisamos entender. O seu livre arbítrio se consiste em você universalizar-se ou individualizar-se frente a um acontecimento. Não são os fatos que possuem em si individualismo ou universalismo, mas a forma como o espírito reage a eles.

É a forma de reagir aos acontecimentos da existência que determinam o atraso ou o adiantamento do espírito. Quando cede à tentação de individualizar alguma coisa, foi ele que cedeu a tentação e não o acontecimento em si que causou isso. Fazendo essa opção, o ser universal afasta-se de Deus.

Mas, o que é ceder à tentação de vivenciar algo de uma forma individualista? Gostar ou não do que está acontecendo, querer ou não querer, achar limpo ou sujo, bonito ou feio. Aplicar valores aos acontecimentos da vida: isso é ceder à tentação do individualismo.

Um acontecimento é apenas um acontecimento. Quando o ser aplica valores é que ele passa a ser bom ou ruim. Esses valores caracterizam o individualismo porque são individuais, ou seja, só você acredita neles.

Existem pessoas que vivenciam o mesmo acontecimento que você e não dão os mesmos valores. É por isso que seus valores não podem ser considerados universais. O bom ou ruim é seu valor e a utilização dele, a crença de que algo seja bom ou ruim, representa que você cedeu à tentação de dar um valor àquilo que está acontecendo.

Então, veja. Quando se fala aqui que a causa está fora do espírito, não quer dizer que está no acontecimento, mas sim na mente humana, no ego. É ali que o acontecimento deixa de ser apenas uma ocorrência e se transforma nos acontecimentos adjetivados. São esses valores que o ego aplica ao acontecimento que estão fora do espírito e servem como influência para o ser ceder ou não à tentação de aplicar um valor a ele.

Quando o espírito cede, o valor gerado pelo ego se transforma numa verdade. É neste momento que se diz que o espírito critica.

Para ceder a essa tentação o ser universal utilizou o seu o livre arbítrio. Ou seja, Deus criou a situação e os valores externamente ao ser e ele livremente optou entre o universalismo, ou seja, viver a realidade sem nem um valor, e o individualismo (acreditar nos valores aplicados às coisas).

Sei que o que estou dizendo é de difícil compreensão para vocês, mas uma batida de carro, por exemplo, é apenas uma batida de carro. Se essa batida é denominada como ruim ou boa, se trata apenas de valores que o ego cria para a provação do espírito.

O que é uma partida de futebol? É uma partida de futebol. Agora, se ela é boa ou ruim, se você gosta ou não, se torce ou não por um dos times, isso é a sua prova. Acreditar nesses valores é ceder à tentação criada pelo seu ego como uma provação.

Mas, a fala do Espírito da Verdade não termina por aí. Tem mais informações: é o que se contém na grande figura emblemática da queda do homem e do pecado original: uns cederam à tentação, outros resistiram.

A figura emblemática da queda do homem e do pecado original que é citada nesse texto, trata-se da passagem bíblica de Adão e Eva. Nela, a cobra fala com Eva assim: ‘que morrer nada, Deus não quer que você coma desse fruto, porque, se comê-lo, seus olhos se abrirão e você conhecerá o bem e o mal’. Eva, então come o fruto proibido e o que a leva a decidir por comê-lo é o seguinte pensamento: ‘como seria bom ter esse conhecimento’.

Ter esse conhecimento: foi essa a tentação a que Eva sucumbiu. Ela sucumbiu, não foi a cobra (o fator externo, o acontecimento) o culpado. Os acontecimentos não têm culpa, mas sim o espírito, que quer ter o poder de dar valor as coisas.

O bem e o mal, o certo e o errado, o bonito e o feio, o limpo e o sujo, o arrumado e o desarrumado das coisas, são a maçã que é oferecida a cada momento ao espírito. Quando ele come esse fruto, ou seja, acredita na verdade criada pelo ego, cede à tentação. O culpado nesta história não é a cobra (os acontecimentos externos), mas sim o espírito que cede à tentação.

Tem muita gente que não acredita na história de Adão e Eva, mas ela é fundamental para quem quer buscar a elevação espiritual. Na Verdade nunca aconteceu um primeiro casal, mas a mensagem que a história contém é fundamental para quem promover a reforma íntima.

Todos somos espíritos que comemos a maçã, ou seja, que queremos ter os olhos abertos, a capacidade de ver, a capacidade de enxergar. Queremos ter o poder de dizer o que presta e o que não presta. Esta é a condição humana do espírito.

Ser humano é o espírito que está vivendo num mundo guiado por um ego, onde sofre provações para poder exercer o seu livre arbítrio para se libertar do individualismo. É só isso: o ser humano não é nada mais do que isso.

Na hora que compreendermos isso, poderemos deixar de lado a soberba de ser um humano e entender que as coisas que sabemos servem apenas como uma maçã que nos é oferecida a cada momento para que nós, seres universais, possamos exercer uma livre opção em não acreditar naquilo que o ego cria.

No momento em que esta for a compreensão sobre a vida, podemos deixar de lado a observação do mundo para poder buscar a interiorização necessária para a elevação. Com ela, ao invés de nos preocuparmos com a calça dos outros, iremos lutar para nos libertarmos da ideia de que ela está amarrotada ou não.

Com isso nos libertamos da crítica, pois já não vivemos a ideia de que uma calça amarrotada é feia e que uma bem passada é bonita.

Participante: se os advogados e juízes utilizassem esse critério, a justiça dos homens seria uma maravilha.

Seria uma maravilha para quem? Para o espírito? Não.

Os critérios adotados pela justiça humana são perfeitos, pois são instrumentos da ação carmática. Como você poderia se libertar da ideia de culpado ou inocente se não houvesse leis que servissem para julgar?

As leis humanas, como estão, são perfeitas. Quem mata ou rouba merece ir para a cadeia: essa é a ação carmática. Agora, como penalidade, esse ser não precisa receber a sua raiva, a sua indignação, as suas condenações que afirmam que ele é um assassino, um monstro.

Isso ele não precisa, mas você dá porque afinal de contas, sabe que ele está errado e, principalmente, sabe o que deveria ser feito, o que é justo...

Percebe? Os acontecimentos são necessários para a sua tentação. Por isso, ao invés de querer mudar o mundo, lute para não aceitar as verdades que o seu ego cria.

Progressão dos Espíritos

Pergunta 122a

Donde vêm as influências que sobre ele se exercem?

Dos Espíritos imperfeitos, que procuram apoderar-se dele, dominá-lo, e que rejubilam com o fazê-lo sucumbir. Foi isso o que se intentou simbolizar na figura de Satanás.

O espírito inferior citado nessa resposta deve ser entendido como um ego e não um ser universal.

Se compreendemos que Deus é Causa Primária de todas as coisas, não podemos dizer que se andarmos na linha Deus deixará um espírito se aproximar para nos tirar do caminho reto. Deus não deixaria um filho cair sem que merecesse isso.

Na verdade o que Deus faz é ajudar os seus filhos a se levantar cada vez mais. Como faz isso? Criando oportunidades para o espírito exercer o seu livre arbítrio e optar pelo universalismo. Só criando oportunidades para que o ser não caia na tentação é que esse pode evoluir.

Como já dissemos, a tentação é criada pelo ego. Portanto, são os egos que tentam influenciar os espíritos. Eles criam a tentação (oferecem a maçã) e o espírito pode elevar-se não se alimentando dessas verdades.

Nesse processo, muitas vezes Deus une o útil ao agradável, ou seja, junta dois espíritos numa mesma tentação. Um como agente, outro como receptor. É isso que se chama de obsessão: dois espíritos guiados por valores criados por egos interagindo para que ambos tenham oportunidade de não ceder a tentação.

Sendo assim, não podemos dizer que o espírito fora da carne foi o culpado da queda do encarnado. Na verdade, foi ele que decidiu ceder à tentação e não o outro que o dominou à força.

Isso é preciso ficar bem claro para pararmos com essa história de dizer que alguém bebe porque está sendo obsedado. Não é isso: o ser pode até ter recebido uma influência como prova, mas foi ele quem cedeu à tentação.

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Pergunta 122b

Tal influência só se exerce sobre o Espírito em sua origem?

Acompanha-o na sua vida de Espírito, até que haja conseguido tanto império sobre si mesmo, que os maus desistem de obsedá-lo.

A reforma íntima se consiste em conseguir dominar-se. Em dominar a si mesmo.

Dominar a sua vontade, o seu desejo, as suas paixões: esse é o processo de elevação. Trata-se de aprender a não ceder à tentação e continuar caminhando na estrada estreita que Cristo falou.

Nenhum espírito pode lhe tirar do caminho. Aliás, nem Deus pode. Não há nada que possa romper sua caminhada em direção a elevação espiritual, a não ser você mesmo. Quando não se domina e cede às tentações, você cai.

Então, não adianta ficarmos discutindo porque caímos, para que ou como caímos. Sempre que cairmos é porque cedemos à tentação. Só isso. Agora é preciso voltar a linha reta, ou seja, parar de ceder à tentação.

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Pergunta 123

Por que há Deus permitido que os Espíritos possam tomar o caminho do mal?

Como ousais pedir a Deus contas de Seus atos? Supondes poder penetrar-lhe os desígnios? Podeis, todavia, dizer o seguinte: A sabedoria de Deus está na liberdade de escolher que Ele deixa a cada um, porquanto, assim, cada um tem o mérito de suas obras.

Uma das bases do universalismo é a igualdade. Se não houver igualdade entre todos não existe universalismo. Se um for superior a outro, não importa em que critério seja, acabou o universalismo e começou o individualismo.

Mas, essa igualdade não deve ser entendida como cópia, ou seja, um ser cópia do outro. O que determina o critério de igualdade no Universo é o direito que cada um tem de ser aquilo que quiser ser, mesmo que seja diferente de todos.

Esse é um direito dado por Deus, que é o espírito mais avançado, que é o Senhor do Universo, que é o Pai, o Gerador dos espíritos. É por essa origem que ninguém pode tirar esse direito do ser.

É por causa desse direito inalienável que Cristo fala muito contra o julgamento. Tire a trave do seu olho. Porque você quer tirar o cisco do olho dos outros? Enquanto achar que há um culpado você é pecador. Todos os ensinamentos de Cristo estão fundamentados no direito universal que todos têm de ser quem quiser ser.

Ás vezes me perguntam: o suicídio não gera um carma? Pode até gerar, mas por causa disso o que você quer que eu faça? Quer que o condene? Ele tem o direito de dar um tiro na cabeça na hora que quiser. A cabeça é dele, a vida é dele, o carma que pode advir será dele e, como tem o direito de fazer o que quiser, eu não vou julgá-lo, condená-lo, acusá-lo.

É isso que precisamos entender. Na hora que compreendermos e vivenciar a Verdade Absoluta que diz que cada um tem o direito de fazer o que quiser e que o resultado do que faz não lhe interessa, você cedeu à tentação. Nesse momento entende o universo e deixa cada um viver do jeito que quiser. Com isso anula os valores que o ego cria para o que o outro faz ou deixa de fazer.

Nesse momento você consegue a perfeita harmonia, pois convive com o outro do jeito que ele é, sem que cobre nada. Como cobrar se você não tem valores mais valores para qualificar o que os outros fazem?

Cada um tem o direito de ser, estar e fazer o que quiser: essa é a primeira informação sobre o tema igualdade. Mas, ainda sobre este tema, pergunto: quem é você para tomar satisfações de Deus?

É assim que vocês vivem. O tempo inteiro estão tomando satisfação de Deus. ‘Porque o Senhor deixou o ladrão roubar a minha casa? Porque o Senhor deixou o outro bater no meu carro?

Viver assim e sonhar em alcançar a elevação espiritual é brincadeira. Para nos aproximarmos de Deus é preciso alcançar a nossa realidade, a nossa pequenez dentro do Universo.

Não estou falando isso para desmerecer ninguém. Todos somos filhos de Deus e por isso temos a nossa importância dentro do Universo. No entanto, querer utilizá-la elevando-nos à condição de certo, de conhecedor profundo da Verdade, isso já é demais.

Precisamos parar de cobrar de Deus o que Ele faz. Para isso, precisamos nos lembrar que tudo o que faz é Perfeito. Além do mais, não se esqueçam que Ele é a Inteligência Suprema e, por isso, só Ele sabe o que é Perfeito.

Por causa disso é que durante a encarnação temos que viver sob o domínio de Deus. Para isso, precisamos parar de tomar satisfações de Deus e deixar a vida fluir sem que queiramos saber por que, para que ou quando sobre as coisas da vida. Deixe Deus agir e seja feliz com Ele agindo.

Existe uma terceira informação importante para que possamos viver a igualdade falada aqui (cada um ter o direito de ser, estar e fazer o que quiser). A quem não se dá este direito? A quem se imagina estar errado. Os que estão errados são chamados de mal.

Mas, quem é o mal, de acordo com o que já conversamos? O equilíbrio do universo. Como vimos, não pode haver só o bem: para que o Universo esteja em equilíbrio é preciso que o bem e o mal existam.

É por isso que Deus cria as ideias das pessoas dentro do dualismo bom e mal. Ele precisa que haja seres com ideias diferentes para que o Universo esteja em equilíbrio.

Por isso afirmo que sempre haverá espíritos que estarão à direita e outros à esquerda e lutar contra isso é querer desequilibrar o Universo.

Participante: se cada um tem o direito de fazer o que quer, até se suicidar, como o senhor disse, não temos que interferir em nada. Por isso lhe pergunto: o que vocês estão fazendo aqui conosco?

Estamos mostrando os dois caminhos que existem e informando que têm o direito de optar entre um e outro.

Isso eu posso fazer. Agora, jamais lhe direi qual o melhor caminho. Por isso, também, não posso lhe criticar por tomar esse ou aquele caminho.

O que posso fazer é dizer que se virar à esquerda pode alcançar isso, virando à direita alcançará aquilo. Agora, a decisão para onde vai virar sempre será sua. Ninguém pode interferir nela, nem Deus.

Se você optar pela esquerda, que na Bíblia é considerado o lado errado, posso continuar lhe ajudando a ir para a direita, mas de forma alguma posso lhe arrancar da esquerda e colocar no outro caminho. Também não posso lhe criticar porque escolheu a esquerda.

Participante: para nós que estamos na condição humana é meio complicado fazer o que o senhor está falando, porque a partir do momento que eu queira mostrar os caminhos para uma pessoa, já estou julgando.

Perfeito.

Participante: se quero mostrar a uma pessoa o caminho da direita, isso quer dizer que já estou julgando que ela está indo para a esquerda. Isso é difícil.

Essa é a diferença entre eu e vocês. Vocês querem mostrar o caminho da direita para quem está na esquerda porque julgam que o caminho que ela está trilhando está errado. Eu não mostro apenas um caminho que digo ser certo, mas os dois ao mesmo tempo. Essa é a diferença.

Vou dar um exemplo prático dessa questão. Quando vocês se defrontam com uma criança que tem poucas posses, querem logo induzi-la a caminhar pela direita, ou seja, querem que viva uma vida honesta. Eu não faço isso.

Para essa criança diria: você tem duas opções; pode se transformar num bandido ou pode aprender a viver com o que tem sendo feliz. Se for pelo caminho do crime pode alcançar isso, aquilo ou aquilo outro; se ficar viver feliz com o que tem pode alcançar isso, aquilo e aquilo outro.

É só isso que faço. Mostro os dois caminhos e não julgo a escolha de cada um nem determino qual o certo e o errado. Isso vocês também podem fazer e, aliás, fazem muitas vezes. O problema é que quando fazem isso querem sempre dizer que existe um caminho melhor do que o outro ao invés de simplesmente aponta-los.

Participante: mas o senhor julgou os caminhos, pois disse que em um a criança se transformaria em um bandido.

Não julguei porque para mim o termo bandido não é pejorativo. Esse valor existe em você e não em mim. A palavra em si não tem possui nenhuma conotação, não tem valor: é você que dá valor a ela.

Repare bem: se essa pessoa já vivesse no meio de criminosos ou se gostasse desse meio, chamá-la de bandido seria motivo de orgulho e não um valor pejorativo. Ela sentiria orgulho em ser bandido.

Sendo assim, o pejorativo do termo bandido, dizer que uma pessoa qualificada assim é ofendida, está dentro de você e não no próprio termo. Para quem gosta dessa vida é motivo de orgulho. Ele bateria nos peitos e diria com orgulho que é um bandido, que já matou mais de vinte pessoas.

Então, a palavra não tem o valor que você dá a ela. Sendo assim, eu não utilizei os critérios bom ou mal quando da figurativa orientação que criei acima.

Agora, você não poderia dar a mesma orientação, pois para você bandido não presta. Sendo assim, quando fizesse tal orientação, essa conotação estaria presente e tal orientação seria sim um julgamento. Mas, eu não falei isso. Disse que ele ia se transformar num bandido, mas não quis dizer que aquilo era bom ou mal.

Participante: quando um espírito se torna um refém de uma falange do mal, como ajudá-lo? Só quando ele pedir ajuda?

Não; sempre. Agora, cuidado com a ajuda que oferece.

Quando vai oferecer ajuda porque acha que aquela pessoa está sob influência de uma falange do mal, já julgou. Isso porque você julgou que existe uma falange do mal. Mais: julgou que ele deveria libertar-se desses companheiros espirituais. Mas, se ele gosta daquilo, qual é o problema?

Portanto, você deve ajudar, mas precisa se preocupar em não qualificar nada nem ninguém e muito menos forçá-lo a aceitar a sua orientação, já que sabe o que é melhor para ele...

Participante: mas, se alguém tiver que ajudar é porque Deus criou a ideia de ajudar. Então, ele não precisa ser ajudado?

Sim, você só vai ser colocado num lugar para ajudar na hora que o outro precisa e merece. Mas, existe mais de uma forma de ajudar.

A primeira é dando conselhos verbais. Fazendo isso, tome cuidado para não se tornar um professor da lei. Para isso, observe algumas coisas.

Primeiro, mesmo que tenha a intuição de ajudar alguém, se ele não pedir ajuda, não vá. Segundo: lembre-se sempre que ele tem o direito de andar com quem quiser. Se gosta daquelas companhias, o problema é dele. Você não tem o direito de interferir.

Mas, existe uma outra forma de ajudar. Essa ajuda você deve prestar para quem está com obsessores do mal, mas também para quem está com acompanhantes do bem, para quem é rico ou pobre, para quem está com saúde ou não: amar.

Ajude sempre a todos amando indistintamente. Ame ao próximo sem saber se ele está mal ou bem, porque aí estará fazendo o que nasceu para fazer: amar a todos.

Participante: mas, pode chegar um momento que uma pessoa mereça ser ajudada com palavras.

Sim, mas a hora desse merecimento só acontece quando ela lutar para não ceder à tentação do ego. Enquanto não quiser ser socorrida, não pode receber o merecimento.

Para compreendermos isso, nos lembremos da literatura espírita. Os socorristas passam no umbral no meio de um monte de espíritos e não socorrem ninguém. Vão apenas em busca de espíritos específicos. Quem são esses? Os que querem ser socorridos.

Então, os socorristas só socorrem quem precisava e merecia ser socorrido. Mas, por que aqueles precisavam e mereciam ser socorridos? Porque começaram a lutar contra as tentações deles.

Participante: essa ajuda não pode vir antes do começo da luta?

Não. Ela só vem quando você começa a lutar contra a tentação.

Apesar de falar assim, não imaginem que estou falando em auto acusação. Não estou dizendo que você precisa se conscientizar de que estava errado. Não é isso.

A luta contra as tentações criadas pelo ego só podem ser vencidas com o cansaço de se lutar contra os acontecimentos. Para merecer ajuda espiritual você precisa cansar-se de querer dizer o que é certo ou errado no mundo.

Quando começar a se cansar de provar que o seu certo é o certo, seja qual for, aí começou a lutar contra a tentação, pois abriu mão de saber o bem e o mal.

Participante: e se a pessoa estiver tão envolvida por essas verdades que nem desperta para isso?

Nada pode ser feito. Deus não pode mexer no livre arbítrio do espírito. O que Ele pode fazer é continuar amando sempre.

Enquanto o ser quiser se prender ao individualismo, Deus não pode fazer nada por ele, a não ser amá-lo. A única coisa que o Pai pode fazer é dar a intuição, um pensamento que o dirija à reforma íntima. Agora, ele irá ou não se quiser: Deus não pode levá-lo.

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Pergunta 124

Pois que há Espíritos que desde o princípio seguem o caminho do bem absoluto e outros o do mal absoluto, deve haver, sem dúvida, gradações entre esses dois extremos, não?

Sim, certamente, e os que se acham nos graus intermediários constituem a maioria.

Já falamos sobre as gradações anteriormente. Na verdade não existem gradações entre os seres. Como todos são individualidades, cada um tem o seu próprio nível. Não existem dois espíritos que estejam no mesmo nível.

Agora, vamos entender a questão do espírito estar entregue ao mal ou do bem absoluto. O mal já falamos: é o individualismo. Pela resposta do Espírito da Verdade se adquire a consciência de que existem seres completamente entregues ao individualismo. São seres que querem só para si, estão sempre prontos para ganhar sozinho, não querem dividir nada.

Da mesma forma, observando a resposta tomamos a consciência de que existem seres completamente universalistas. Isso, no entanto, é uma falácia.

Não existem seres totalmente universalistas. Apenas Deus é totalmente. Se o universalismo é o que deve ser atingido, se dissermos que existem espíritos totalmente universalistas, teremos que compreender que existem seres Perfeitos.

Portanto, não existem seres completamente universalistas: apenas Deus o é. No entanto, existem espíritos sujo individualismo é tão pequeno que podemos nem reparar. No entanto, ele está presente.

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Pergunta 125

Os Espíritos que enveredaram pela senda do mal poderão chegar ao mesmo grau de superioridade que os outros?

Sim; mas as eternidades lhes serão mais longas.

Interessante resposta, não? Eternidade mais longa. É interessante porque se é eterno é eterno. Não pode existir eterno mais longo ou mais curto, não é verdade? Não, pode sim.

O Espírito da Verdade está falando da eternidade em cada estágio de evolução. Ou seja, está dizendo que a eternidade de um espírito dentro do Mundo de Provas e Expiações será mais longa ou mais curta de acordo com a sua vontade dominar-se, com a sua vontade de superar-se. Dominar-se para vencer as tentações.

É isso que está sendo dito aí...

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Pergunta 126

Chegados ao grau supremo da perfeição, os Espíritos que andaram pelo caminho do mal têm, aos olhos de Deus, menos mérito do que os outros?

Deus olha de igual maneira para os que se transviaram e para os outros e a todos ama com o mesmo coração. Aqueles são chamados maus, porque sucumbiram. Antes, não eram mais que simples Espíritos.

Todo espírito é igual perante o Pai e Ele os ama igualmente. Querer separar espíritos no sentido horizontal, ou seja, um superior a outro, é dizer que existem seres melhores do que outros. Isso não existe: é história do individualismo que vocês vivem.

Todos os espíritos são iguais, nasceram iguais, são amados da mesma forma por Deus, não importando o seu grau de individualismo. Deus não tem favorito.

 É por isso que digo que a história de que existe um filho único de Deus é meio suspeita. Se Cristo fosse filho único de Deus, eu sou o que? Filho de quem? De chocadeira? Mais: se Cristo é o filho preferido de Deus, eu sou o que: o filho que Ele não gosta?

Não, todos nós somos iguais para Deus. É isso que a parábola do filho pródigo deixa bem claro.

Essa parábola nos ensina que o pai quando recebe o filho que retorna faz uma festa. Já o filho que permaneceu o tempo todo perto do pai, diz: ‘para mim você não faz festa’. O pai responde: ‘muito mais importante é aquele que volta, porque venceu’.

Isso precisa ficar bem claro: o merecimento de quem transvia e retorna é muito profundo frente aos olhos da espiritualidade. Esse ser, quando consegue vencer, é recebido em glória.

Mas, isso não quer dizer que Deus o ame mais: quer dizer apenas que o Pai festeja o retorno daqueles que estavam fora de casa.

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Pergunta 127

Os Espíritos são criados iguais quanto às faculdades intelectuais?

São criados iguais, porém, não sabendo donde vêm, preciso é que o livre-arbítrio siga seu curso. Eles progridem mais ou menos rapidamente em inteligência como em moralidade.

É o que vocês chamam de véu do esquecimento. Deus não deixa o espírito ter noção de si mesmo, consciência da sua situação espiritual. Deus não deixa você se lembrar do mundo espiritual.

Por quê? Porque isso é preciso para vencer a encarnação. Porque é preciso vencer as tentações.

Essa resposta, então, fala do véu do esquecimento.

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Encerramento de palestra

De tudo o que vimos hoje, o mais importante é termos a consciência de que somos espíritos.

Você é um espírito. Foi criado puro e simples, sem conhecimento. Agora precisa conhecer e não perder a simplicidade. Se a perder, isso não quer dizer que será desterrado do mundo espiritual, pois continuará sendo amado por Deus.

Se foi afastado do mundo espiritual, ou seja, está preso ao ciclo de encarnações, não quer dizer que não faça mais parte do mundo de Deus e que não há como retornar à sua casa. Sim, há como voltar, mas para isso é preciso que se volte para o Universo, seja universalista. Esse voltar-se para o universalismo, como estudamos hoje, consiste em desligar-se do poder que adquiriu quando comeu a maçã, quando adquiriu saberes.

Voltar-se para Deus é abrir não do poder de querer dar o valor as coisas. Para poder realizar isso é preciso que seja senhor de si mesmo, que vença a si, a sua vontade de colocar valores nas coisas.

Esse é o resumo de tudo que conversamos hoje. Durante essa conversa falamos de ensinamentos de Buda, de Krishna, de Cristo. Enfim, passamos pelos ensinamentos de todos os mestres.

Por isso fica bem claro: é preciso vencer a si mesmo. Só quando você se dominar, não se deixar levar como um barquinho pela maré das emoções que o ego cria, conseguirá chegar a Deus.

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Pergunta 128

Os seres a que chamamos anjos, arcanjos, serafins, formam uma categoria especial, de natureza diferente da dos outros Espíritos?

Não; são os Espíritos puros: os que se acham no mais alto grau da escala e reúnem todas as perfeições.

Sobre perfeição, já conversamos: nenhum espírito pode reunir todas as perfeições. Se isso acontecesse, esse ser seria perfeito como Deus. Portanto, os espíritos puros não possuem todas as perfeições, mas as suas são as mais perfeitas do Universo, depois da do Senhor.

Outra coisa: anjo, serafim, arcanjo, mentor, amparador, santo, tudo isso são nomes criados por vocês. Os espíritos não são diferenciados entre si. Eles não se diferenciam.

São aqueles que ainda estão distanciados do Pai que gostam de dar nomes, de criar classes, a espíritos. Aqueles que possuem elevação moral não separam a espiritualidade em classes. Se agissem assim, estariam sendo prepotentes. Nessa hora, independente de onde se coloquem, deixariam de ser perfeitos.

Sendo assim, qualquer apelido que queiram dar aos espíritos – anjos, santos, mentores, mestres ascensionados ou superior – é só apelido que precisam para compreender o Universo. Na realidade não existem estas separações: todos os espíritos são iguais.

Participante: não pode existir uma diferenciação no grau de elevação dos espíritos?

Existe, mas isso não os torna diferente dos outros.

Participante: nós apenas damos estas denominações para reconhecê-los.

Perfeito: vocês dão as denominações para reconhecê-los.

Sei que ainda precisam disso, mas apesar disso precisam compreender que o fato de darem nomes diferentes para seres, eles não estão separados em classes distintas. Precisam compreender que eles não são privilegiados de forma alguma, não são melhor do que vocês em nada.

Participante: apenas são mais evoluídos...

Não. Eles não são melhores do que vocês em nada. Não é eles que são mais evoluídos: vocês é que estão mais afastados de Deus.

Digo assim porque evolução não é conquista para se estar à frente de alguém, mas sim a libertação de coisas velhas. Sendo assim, ninguém conquista evolução. Se ninguém evolui, o que diferencia os seres é o fato dos outros ainda permanecerem individualistas.

Por isso digo que eles não são diferentes. Vocês podem estar diferentes deles, mas eles não se consideram diferentes de vocês.

Isso precisa ficar claro para nós entendermos que Cristo não se acha um ser estupendo, perfeito, longe dos outros. Que São Miguel acha que ele é maravilhoso. Não, tal pensamento não existe entre os espíritos elevados, porque a humildade é muito presente neles para deixar existir isso.

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Pergunta 129

Os anjos hão percorrido todos os graus da escala?

Percorreram todos os graus, mas do modo que havemos dito: uns, aceitando sem murmurar suas missões, chegaram depressa; outros gastaram mais ou menos tempo para chegar à perfeição.

Deus não dá nada de graça a ninguém: no Universo tudo é conquistado. A partir disso pergunto: qual a diferença de Cristo para nós? Ele já conquistou a posição que está, nós ainda não.

Essa é a única diferença entre ele e nós. Ele não é diferente em nada, não recebeu nada de graça de Deus: conquistou o que tem hoje com o suor do seu trabalho.

Mas, que trabalho foi esse? O de passar por suas situações de sofrimento sem o ranger de dentes.

Pelo menos é isso que está escrito no Apocalipse:

Eu vi na mão direita daquele que estava sentado no trono um livro em forma de rolo. Estava escrito dos dois lados e selado com sete selos. Vi também um anjo forte, que perguntava bem alto: quem é digno de quebrar os selos e abrir o livro?

Mas, não havia ninguém, nem no céu, nem na terra, nem debaixo da terra que pudesse abrir o livro e olhar dentro dele. Eu chorava muito porque não havia ninguém que fosse digno de abrir o livro ou de olhar dentro dele. Então um dos líderes me disse: não chore... Olhe! O Leão da tribo de Judá, o descendente do rei Davi, conseguiu a vitória e pode quebrar os sete selos e abrir o livro.

Apocalipse – Capítulo 5 – Versículos1 a 5.

Observe o texto. Cristo é quem é, o Governador Geral do planeta, aquele que organiza o ciclo carmático da Terra, porque venceu. Ou seja, ganhou essa posição porque soube viver situações de sofrimento sem ranger de dentes.

Portanto, não espere cair do céu nada. Nada lhe será dado gratuitamente. Tudo terá que ser conquistado através do merecimento. Esse só existe quando vocês passam as suas provações sem ranger de dentes. É isso que está escrito nessa resposta.

Se este é um ensinamento para a elevação espiritual é preciso que comecem a colocá-lo em prática. Ou seja, ao invés de chorar a morte da mãe, de lamentar o roubo de seus bens ou vitimar-se por qualquer contrariedade, devem louvar a Deus pelo que está acontecendo. Se ficarem chorando, lamentando-se ou vitimando-se pelos acontecimentos do mundo, nada será conquistado.

Progressão dos Espíritos

Pergunta 130

Sendo errônea a opinião dos que admitem a existência de seres criados perfeitos e superiores a todas as outras criaturas, como se explica que essa crença esteja na tradição de quase todos os povos?

Fica sabendo que o mundo onde te achas não existe de toda eternidade e que, muito tempo antes que ele existisse, já havia Espíritos que tinham atingido o grau supremo. Acreditaram os homens que eles eram assim desde todos os tempos.

Pura ignorância.

Ignorância no sentido de não saber. De achar que Cristo sempre esteve na posição que está.

Progressão dos Espíritos

Pergunta 131

Há demônios, no sentido que se dá a esta palavra?

Se houvesse demônios, seriam obra de Deus. Mas, porventura Deus seria justo e bom se houvera criado seres destinados eternamente ao mal e a permanecerem eternamente desgraçados? Se há demônios, eles se encontram no mundo inferior em que habitais e em outros semelhantes. São esses homens hipócritas que fazem de um Deus justo um Deus mal e vingativo e que julgam agradá-lo por meio das abominações que praticam em seu nome.

A pergunta de Kardec questiona se existe o diabo, o demônio, aquele que eternamente vive para o mal. A resposta do Espírito da Verdade a respeito dessa questão é uma só: não existem espíritos guerreiros do mal, combatentes do mal, aqueles que irão querer eternamente levar vantagem sempre. Falo assim porque mal é ser individualista, egoísta.

Portanto, não espíritos que sejam assim. O que existe são seres que estão assim. É muito diferente a palavra: eles não são assim, estão assim.

Para entenderem melhor, tomemos como exemplo uma pessoa que seja serena grande parte da sua vida. Em determinados momentos, sobre certas circunstâncias, essa pessoa se perde. Fica nervosa, grita, briga.

Da mesma forma, o espírito que vocês chamam de mal. Ele é um ser que está passando por algum momento, alguma determinada circunstância onde enveredou pelo caminho do individualismo.

É importante se compreender isso. Para quê? Para podermos amar a esses seres. Só conseguiremos fazer isso quando compreendermos que eles não são maus, mas estão assim. Mais: saber que isso é algo que pode acontecer a qualquer espírito.

No momento em que você vacila, pode dar asas ao ego, aos seus desejos e assim ser também do mal, igual àquele que critica, acusa, ataca. Essa consciência é que deve servir para embasar o amor ao próximo, mesmo que o ego o julgue como mal. Com isso, estará ajudando a si e a ele.

Mas, a resposta do Espírito da Verdade contém outra informação: se há demônios eles não estão fora da carne. “São esses homens hipócritas que fazem de um Deus justo num Deus mal e vingativo e que julgam agradá-lo por meio das abominações que praticam em seu nome”.

São os homens que transformam um Deus Justo em um justiceiro; que transformam a vida humana em um bacanal, onde cada um faz o que quer sem se preocupar com os outros. São os homens hipócritas que sabem que Deus é a Causa Primária de todas as coisas, que é Justo e Amoroso e que acham que podem fazer o que quiserem aos outros. Esse é o cúmulo da hipocrisia. Será que Deus depois de criar tudo o que existe se sentará em um trono de ouro e ficará imóvel vendo você fazer a um filho Dele o que ele não merece?

Aí estão os verdadeiros demônios. São aqueles homens que acreditam que conseguem ser independentes de Deus. São aqueles que acreditam que podem passar a perna nos outros impunemente. Aqueles que acreditam que podem gritar com os outros sem gerar carma para si. Aqueles que acham que podem xingar os outros a vontade sem que sua própria reputação fique atingida.

Essa é a hipocrisia que o Espírito da Verdade se refere. Esses são os demônios que ele diz existir. Eles estão aqui, não fora da carne.

Não é o espírito fora da carne que os leva a agredir os outros, mas sim a hipocrisia, que vocês chamam de humanidade, que os faz viverem assim. A hipocrisia de se achar o rei do universo. De achar que vão descobrir coisas fora da Terra, como se o universo estivesse esperando o homem chegar para poder descobri-lo. Será que Deus criou tudo o que existe apenas para a diversão do ser humano?

É essa hipocrisia. É para isso que precisamos acordar, pois achamos tais afirmações humanas muito normal. Não entendemos que isso ofende a Deus e ao universo espiritual. Não que qualquer ser liberto do individualismo vá se ofender, mas esse forma de viver leva ao universo o sentimento de individualismo, que não é vivido fora do orbe terrestre.

Deus é tão grande, tão poderoso. Sua grandeza pode ser medida pelo fato de servir a todos, dando a cada um segundo suas obras. Falo assim porque Cristo deixou bem claro: o maior no céu é o menor na Terra. Mas, os seres encarnados, que já ouviram isso, lutam para ser os maiores, os melhores. Como querem chegar no céu? Impossível.

Portanto, vamos parar com essa história de demônio, de obsessor, de espírito mal e vamos compreender que a maldade existe quando o ser se humaniza, quando se deixa levar pelo sistema humano de vida criado pelo ego.