O exemplo de Francisco
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O exemplo de Francisco

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O exemplo de Francisco

Nessa conversa, que marcou a inauguração do espaço Cataluz em Araquara - SP, Joaquim falou das tribulações que ainda ocorrerão no início do século XXI no planeta. Para ajudar os seres encarnados a passarem por elas, citou o exemplo de Francisco de Assis.

O exemplo de Francisco

A lição que Francisco deixou

Hoje é um momento de felicidade, porque se abre mais um ponto de luz, mais uma casa espiritualista para dar apoio às pessoas. Para mim é uma honra estar aqui participando deste momento. Apesar disso, infelizmente, a conversa que vamos ter não será feita num tom tão agradável quanto gostaria.

Não será uma conversa muito cheia de temor, de medos, porque se mistura com a felicidade da abertura de uma nova casa, o que traz um lado bom para esta conversa. No entanto, há notícias que eu preciso trazer para vocês, e tenho certeza de que não são aquelas que gostariam de receber num dia de festa. Vamos, então, à nossa conversa...

No último dia 4 de outubro foi comemorado o dia de São Francisco de Assis. Este Santo da Igreja Católica nos deixou grandes ensinamentos. Será por um dos ensinamentos deixados por Francisco, na vivência da sua vida, que começarei nossa conversa.

Não sei se vocês conhecem a história de Francisco, mas ele só se tornou Santo muito tempo depois de sua morte. Enquanto era vivo, não possuía, para as pessoas de então, uma aura de santidade. Ao contrário, ele, assim como Cristo, foi tratado como um reacionário. Era, para o povo de sua época, o que para vocês hoje é chamado de subversivo.

Porque ele era visto dessa forma? Porque Francisco de Assis era contra o sistema de vida que havia naquele tempo. Não só o sistema de vida da sociedade, mas também o sistema de existência da Igreja Católica, à qual ele pertencia.

Isto eu acho que vocês não sabiam, não é mesmo? Mas, era assim. Francisco era um jovem rico. Seu pai era um mercador e sua família tinha muitas posses. Só que ele abandonou tudo. Revoltou-se contra tudo o que tinha e a forma como viviam seus pares, e largou tudo, indo viver exclusivamente para Deus. Ao decidir viver para Deus, Francisco tornou-se cristão, que era a religião que existia para o seu povo.

Quando tornou-se cristão, viu que a igreja do Cristo, a Igreja Católica, era contrária aos ensinamentos do Mestre que dizia seguir. Por exemplo, no tempo de Francisco, se alguém pecasse, a Igreja Católica cobrava um valor e dava a inocência pelo pecado. Este processo chamava-se “Indulgência” ...

Tudo na religião de então era movido pelo dinheiro. Os bispos eram escolhidos entre os que pagavam mais; o papado era alvo de disputas imensas, pois gerava uma grande fortuna pessoal ao Papa. Francisco, logo que soube do luxo e da riqueza de Roma, se revoltou com isso, pois acreditava na pobreza em que viveu Cristo como caminho de aproximação a Deus.

Esta é a verdadeira história de Francisco de Assis. A questão dos animais, de protege-los, é lenda. Francisco de Assis não era protetor dos bichos, mas sim da simplicidade. Viveu perto dos bichos, porque achou essa simplicidade na forma animal de viver. Por isso vivia cercado de bichos.

Voltando à lição que Francisco nos deixou: quando ele viu toda a ganância, a busca do enriquecimento material na Igreja que abraçou, quando viu tudo o que acontecia na igreja do Cristo, foi pessoalmente à Roma falar com o Papa Inocêncio. Não conversar, mas sim cobrar do Papa, que levasse a Igreja novamente a viver o exemplo de Jesus Cristo. Cobrou de Inocêncio, que conduzisse a Igreja de volta aos ideais traçados por Cristo, o caminho traçado pelo Mestre.

Francisco de Assis falou, brigou, colocou todos os argumentos nos quais acreditava. O Papa respondeu à altura, também usando de suas crenças. Por causa disso, discutiram veementemente o assunto, até que em determinado momento o Papa disse uma coisa a Francisco, que o tocou, que calou fundo em seu coração. Foi o que Inocêncio disse, que serviu para que Chico de Assis nos desse o seu maior ensinamento, que citei no início desta conversa.

O Papa disse a Francisco o seguinte: “Eu também já fui jovem”. O que o Papa quis dizer a Francisco, foi que ele também já tinha tido aqueles arroubos de defender a forma puritana de se viver os ensinamentos, mas que agora, com a chegada da idade mais avançada, já conseguia conviver com a realidade como ela é.

É preciso lembrar que não foi Inocêncio quem levou a corrupção para a Igreja. Ela já existia havia centenas de anos. O sistema de funcionamento das coisas da religião era anterior ao papado de Inocêncio. Mais: estava tão arraigado, que se um Papa tentasse mudá-lo poderia sofrer retaliações ou até perder a própria vida.

Portanto, ao dar essa resposta a Francisco, o Papa estava dizendo que ele também já tinha tido o impulso de lutar contra tudo para impor aquilo que imaginava ser o certo, mas que agora, ao atingir a maturidade e com a experiência de vida que tinha adquirido, ele descobrira que não se pode lutar contra o que existe. Com essa observação de Inocêncio, a discussão se encerrou no mesmo momento, pois Francisco descobriu que, na verdade, estava se apegando a um arroubo humano, a um anseio humano: o anseio de fazer tudo do jeito que se quer, de achar que o que se sabe é o certo e todos precisam acreditar no mesmo.

Francisco entendeu o quanto estava sendo prepotente ao ir ao Papa, exigindo que ele promovesse mudanças, mesmo que estas espelhassem o ensinamento de Cristo. Reparou, também, o quanto a sua prisão aos conceitos que possuía fazia a vida ficar mais complicada, pois tornava-se necessário submeter os outros às suas próprias ideias. Como queria ser simples, queria ser humilde, disse a si mesmo: “Para! Não vou brigar por mais nada: vou agir em mim. Se acho que é preciso viver como o Cristo ensinou, eu vou viver, ao invés de querer obrigar os outros a viverem de determinada maneira. Se eles não vivem como o Mestre, mesmo que se digam seus seguidores, o problema é deles. Eu não tenho o direito de querer me impor aos outros, porque se fizer isto, não estarei vivendo o que Cristo ensinou ” ...

Isto é verdade. Cristo nunca enfrentou ninguém para impor as suas ideias, nem para salvar a sua própria vida. Pilatos, o juiz dos romanos, no momento do julgamento, pergunta para Cristo assim: se você é o rei dos reis, filho de Deus, por que o seu Pai não manda agora um anjo para te salvar? Cristo responde: se fosse para eu ser salvo, meu Pai mandaria muitas legiões.

Este é o exemplo do Cristo, o exemplo da submissão aos acontecimentos que estão ocorrendo naquele momento. Ele jamais se revoltou contra qualquer acontecimento de sua existência, com a presença da máxima: “Não cai uma folha da árvore, sem que meu Pai a faça cair.” Ele pode ter aproveitado para deixar ensinamentos, pode ter agido desta ou daquela forma, mas jamais mostrou revolta contra o que estava acontecendo.

Por isso, como Francisco queria seguir o exemplo de Cristo, entendeu que não se muda o mundo, entendeu que não se impõem aos outros as suas verdades. É preciso compreender que cada um, dentro de si, vive o seu próprio caminho, e todos os outros precisam respeitar as decisões, que vocês chamam de foro íntimo, que os outros tomam sobre as suas vidas. Por isso, para Francisco, mesmo a Igreja do Cristo, a partir daquele momento, teria o direito de agir contrário ao ensinamento do Mestre.

Este é o início da nossa conversa. Este é o exemplo que Francisco nos deixou. É a partir dele que quero conversar com vocês sobre os dias atuais e os que estão por vir.

O exemplo de Francisco

Consertar o mundo

Por que que estou falando disto a vocês? Porque esse arroubo que existia em Francisco, existe em todos vocês.

Cada ser humano se imagina o salvador da pátria. Imagina que é aquele que sabe o certo, aquele que conseguirá mudar tudo o que existe, para que o mundo exista de uma forma perfeita, para que as coisas aconteçam direito.

Estou mentindo? Se perguntar a cada um de vocês, todos têm soluções para os problemas dos outros e para os problemas globais, do país e do mundo. Não resolvem os seus próprios problemas, mas têm soluções para os problemas dos outros, sejam eles particulares ou envolvam questões globais, internacionais, que os próprios governos não conseguem resolver.

Tenho certeza de que vocês sabem como amparar as pessoas que estão fugindo da África e buscando refúgio na Europa. Sabem o que fazer para acabar com a inflação e promover a retomada do crescimento no país de vocês. Possuem um plano perfeito, que levaria ao aumento da exportação e com isso faria o seu país ter mais dinheiro. Acabar com a fome mundial, então, levaria menos de um mês se o mundo seguisse o seu plano, não é verdade?

Todo mundo sabe a solução para todos os problemas mundiais, menos quem está no governo! Concordam comigo?

Participante: É assim que acontece.

Pois é, vocês são iguais a Francisco: querem promover a reforma do mundo de acordo com as suas verdades, e por isso não colocam em prática o ensinamento de Cristo. É por causa desta característica humana, sobre a qual comecei a minha conversa de hoje, contando o exemplo do Santo de Assis.

Esta forma de ser, este arroubo de querer consertar o mundo a partir de suas próprias crenças e verdades, nos dias de hoje, torna-se um grande problema, e pode causar um grande sofrimento a quem não segue o ensinamento de Francisco e exime-se de impor suas ideias ao mundo. Por isso estamos tendo esta conversa.

Vamos, então, conhecer um pouquinho do mundo de hoje, o que está acontecendo neste planeta, para ver se conseguimos, com isso, ter o mesmo aprendizado que o Santo teve.

O exemplo de Francisco

Os dias de hoje

Em dezembro de 2012, no nosso encontro anual (Festa de Nossa Senhora), o tema de nossas conversas foi o dia 21 de dezembro de 2012. Não sei se vocês ainda se lembram dessa data. Era o dia para o qual estava programado o fim do mundo, que o calendário dos Incas ia acabar e, por isso, muitos imaginavam que mundo ia acabar. Pois é, o dia passou e o mundo está aí até hoje.

Isso são águas passadas. Vamos continuar nossa conversa ...

Desde aquela data, tenho falado que no dia 21 de dezembro o planeta começou a deixar de ser um mundo de provas e expiações e vem se tornando um mundo de regeneração. Estamos falando da chegada de uma nova era, que já vem sendo prevista há muitos anos, a Era de Aquário, o novo mundo que se esperava que surgisse.

Disse também, desde aquela época, que o surgimento de um novo mundo não se dá de um dia para o outro. Não se pode mudar tudo o que existe de um momento para o outro. Não dá para num dia as coisas estarem ruins e no outro ficar tudo bem. Isso não existe. Como falei naquele encontro, haveria um período de transição, uma época em que já estaria presente o novo mundo, mas ainda existiriam coisas do velho mundo.

Essas coisas que acontecem no mundo de provas e expiações são as provações dos seres encarnados. Tudo o que acontece num ou outro sentido da encarnação (mundo) está sempre ligado àquilo que o espírito veio fazer durante a encarnação. Por isso, são sempre as provas do espírito.

É a partir dessa visão da vida humana, que sou levado a dizer que todos os acontecimentos que ocorrem no planeta, desde 21 de dezembro de 2012, fazem parte das provações dos seres encarnados, no sentido de voltarem a habitar, ou não, este planeta no mundo de regeneração. Nada está acontecendo, como aliás nunca aconteceu, por acaso. Tudo o que ocorre neste momento faz parte da provação dos seres, durante aquilo que é chamado na Bíblia de Juízo Final, ou última oportunidade de elevação no mundo de provas e expiações.

Sobre os acontecimentos de hoje, lembro que durante aquele encontro também disse: como esse período de transição é a ceifada final, as provas vão aumentar. O que deixei bem claro naquela ocasião, é que as carências iriam aumentar nos dias posteriores ao ano de 2012.

Falei de exemplos de carências, tanto materiais quanto morais. Comentei sobre os celulares. Falei que as pessoas que quisessem manter seus aparelhos sempre atualizados, com certeza teriam dificuldades, pois não haveria dinheiro disponível para adquiri-los. Isto aconteceu? Acho que sim, pois cada vez a situação econômica no mundo, não só no país de vocês, torna-se difícil. Falei da dificuldade de relacionamento dentro do seio familiar, e podemos observar como a cada dia fica mais difícil manter uma família unida e coesa.

Essa carência é necessária porque, segundo o hinduísmo – claro, isso é uma figura – este período é presidido por Shiva. Vocês conhecem esta entidade do hinduísmo?

Participante: Não ...

Shiva, para os seguidores de Krishna, é o deus da destruição. Apesar disso, não podemos dizer que ele destrói as coisas com o sentido de acabar com elas, mas para renová-las. Shiva é um deus que destrói o que existe, para que algo novo surja no lugar.

Ninguém pode erguer um prédio em cima de outro que já existe. É preciso derrubar o existente e reconstruí-lo desde a fundação. Se não fizermos isto, estaremos apenas embelezando o prédio e não o mudando realmente.

Portanto, como este período é presidido por Shiva, é preciso que a destruição esteja presente. Não uma destruição por maldade, simplesmente para fazer o mal, mas como elemento necessário para a construção de uma nova vida no planeta.

É este momento que vocês estão vivendo desde 2012, e que ainda vão viver por alguns anos: um processo paulatino de destruição de um sistema de vida, para que um novo surja, e então o mundo de regeneração possa acontecer.

O exemplo de Francisco

A ocupação da Terra no novo mundo

Como eu disse, as notícias que trazia hoje não eram boas, e elas consistem na informação de que estão vivendo uma época de destruição.

Participante: Você diz em questão de valores?

Não é só destruição de valores. Estou falando da destruição do sistema que gera valores.

Na verdade, vocês não têm valores: adquirem valores de um sistema. Por osmose, absorvem valores que estão no sistema e dizem que eles são seus. Isto não é verdadeiro. Os valores são do sistema e não de vocês.

Participante: A título de curiosidade, essas informações que tem nos trazido, alguém mais está trazendo?

Sim, está.

Cada um com suas palavras, com a sua forma de expressar, tem falado da necessidade de libertação do sistema humano de vida. Isto é, no fundo, o que trazemos como mensagem. Ela é necessária, porque se o sistema humano afunda e você está ligado a ele, afunda junto.

Participante: Nessa transição vai haver uma limpeza do ser humano aqui na terra? Só ficarão os que hoje estão ligados a Deus?

Entendo a sua pergunta. Você quer saber se nessa transformação serão eliminados seres humanos, e quem serão os eliminados ... Sim, seres humanos serão eliminados, deixarão de existir. Na verdade, serão eliminados dois terços dos postos de encarnação.

Antes que você se assuste com a minha informação, vou deixar bem claro o que estou dizendo. Qual é seu nome?

Participante: Roberto ...

Não, seu nome não é este. Você é um espírito e o ser universal não tem nome, cor, sexo ou religião. Roberto é o nome de um posto de encarnação para um espírito. Trata-se do rótulo que se dá a uma determinada encarnação.

Sendo assim, quando falo que postos de encarnação serão eliminados, não estou dizendo que seres humanos serão dizimados. O que estou falando é que haverá menos encarnações simultâneas neste planeta. O número de oportunidades para encarnar diminuirá, mas isto não trará grandes problemas, pois simultaneamente os números de seres que gravitam nesse orbe também diminuirá.

Portanto, não há seres humanos sendo eliminados. O que existe na realidade é que a população mundial vai diminuir, porque o número de encarnações ao mesmo tempo será menor.

Quero deixar isto bem claro ao lhe responder, para que não fique com medo de catástrofes, de mortes em massa. Não é isto que vai existir. As mortes continuarão ocorrendo como acontecem hoje: em desastres naturais e não naturais, como guerras e atentados. No entanto, não haverá uma guerra mundial ou desastres de proporções imensas, que dizimará parte da população. Tudo acontecerá naturalmente como acontece hoje.

A diferença é que hoje esses postos são assumidos por outros espíritos. A partir de agora não haverá mais o posto para ser ocupado por outro ser.

Isto não alterará nada nas encarnações, não fará diferença alguma para o processo evolucionário dos seres que gravitam neste orbe, pois aqueles que não forem aprovados no mundo de provas e expiações não poderão permanecer nesse planeta. Sendo assim, essa redução da população não alterará nada o processo dos espíritos.

Mas por que os postos terão que acabar? Porque o planeta como um todo vai mudar. O sentido da encarnação dos seres na Terra vai mudar: deixará de ser para provas e expiações e começará a ser para que haja a regeneração. Como aqueles que não tiverem condições de ir para o novo mundo serão levados para outro planeta, onde continuarão fazendo o mesmo desenvolvimento que faziam aqui, a diminuição dos postos de encarnação não afetará em nada a coletividade espiritual.

Esta é a minha resposta na íntegra à sua pergunta. Discorri sobre o assunto para que fique bem claro que a diminuição da população não seja encarada como uma punição, um castigo. Trata-se de um processo natural, que já aconteceu outras vezes com outros mundos. Afinal, se a escola diminui de tamanho, é preciso limitar o número de estudantes nela, pois não há vagas para todo mundo. Os excedentes precisam ir para outra escola.

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Os exilados de Capela e a situação da Terra

Participante: Dizem que a Terra foi habitada por espíritos exilados de outros planetas...

Sim, espíritos exilados de Capela.

Participante: É, exatamente. Dizem, ainda, que a situação que se encontra aqui é porque esses espíritos rebeldes não aceitaram as coisas universais e começaram uma revolta.

O que você está me falando é que as relações humanas na Terra se encontram do jeito que estão por causa da rebeldia dos espíritos que a colonizaram. Esta é uma visão bem humana: jogar a culpa nos outros.

Antes de continuar, apenas um detalhe: não estou falando só de você. Você me disse que pessoas dizem isto. Portanto, estou respondendo a todos que pensarem deste jeito.

O que esta ideia mostra é que os bandidos, aqueles que praticam o mal neste planeta, são oriundos de Capela. Com isso, me diz que todos os outros são santinhos, vítimas desta corja do mal. Pense: esta concepção se parece mais com o discurso de um humano ou daqueles que enviam mensagens a partir do mundo espiritual?

Sim, tivemos aqui os exilados de Capela. Sim, eles encarnaram aqui há sete gerações atrás, o que, pela contagem humana do tempo, remonta há mais de 50 mil anos atrás. Mas, hoje, não há mais nenhum ser de Capela encarnando aqui. Todos já conseguiram, nas gerações anteriores, sair do mundo de provas e expiações. Hoje só existem aqui, em provas e expiações, espíritos que começaram seu desenvolvimento moral neste planeta, ou seja, são seres oriundos da própria Terra.

Agora pense: a maldade diminuiu no planeta por causa disso? Acho que não. Segundo vocês, o mal continua presente nos dias atuais, seja de uma forma genérica (guerra, terrorismo, enriquecimento à custa do bem público) como particular - alguém fazer algo que te prejudique individualmente.

Portanto, não se pode acusar aqueles pelo que acontece hoje. São os próprios oriundos do planeta que estão provocando as situações que vocês vivem hoje. Mas, por que essas coisas ainda acontecem neste orbe? Porque os seres que aqui habitam estão em provações. É preciso que estas coisas aconteçam, para que vocês possam provar que são capazes de amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmos quando seus interesses particulares são atingidos.

Aliás, este é o mesmo motivo pelo qual estas coisas aconteciam em Capela. Aqueles que conseguiram amar dessa forma, evoluíram junto com aquele planeta e lá permaneceram. Os que não conseguiram foram exilados para o mundo onde existia o sentido de encarnação que precisavam: o planeta Terra. Como a mesma coisa está acontecendo agora, aqueles que amarem universalmente permanecerão aqui, e quem não conseguir fazer isto será exilado para um novo mundo, onde um dia haverá um livro chamado “Os exilados da Terra”.

O exemplo de Francisco

Corra, você já está atrasado

Participante: Neste período desde 2012, com o que temos que nos preocupar? Ou não devemos nos preocupar com nada, porque seria um período natural?

É um período natural, faz parte da natureza das encarnações no planeta. Uma vez os dinossauros, que eram uma forma de vida que havia aqui e, portanto, um instrumento de encarnações, foram extintos.

Sei que vocês estão surpresos de falarmos em dinossauros como instrumentos de encarnações de espíritos, mas isso é real. Eles não construíram computadores, não descobriram a energia, não fizeram a roda, mas tinham um sistema de vida. Esta era a forma de desenvolvimento dos espíritos daquela época.

Estou falando isto, para vocês entenderem que os acontecimentos de hoje são naturais. O processo de extinção de um sistema de vida de um planeta que serve para o processo de elevação dos seres universais, ocorre a cada período. Cada sistema de vida que é vivenciado é o que chamamos de geração de um mundo.

No planeta Terra, já são sete gerações, ou seja, sete sistemas de vida que serviram de provação para os espíritos. A sétima termina agora, e quando isso acontecer vai começar a primeira geração para o mundo de regeneração. Trata-se, portanto, de um processo natural.

Agora, isso não quer dizer que você não deve se preocupar com nada. Deve se ocupar sim. Com o que? Para descobrir isto quero que você me responda uma pergunta: para o que nasceu?

Participante: Não sei.

Boa resposta ... Está encarnado e nem sabe para quê ...

Participante: Para progredir, não é?

Não. Para que você nasceu? É só para uma coisa só.

Participante: Para aprender a amar?

Não.

O Universo é uno, único e estável. Por isso não posso dizer que existem tipos diferentes de amor. Só existe o Amor universal e você, como espírito que é, ama o tempo inteiro.

Agora, ao amar pode fazê-lo de duas formas: amar universalmente ou amar egoisticamente. Vamos falar deles.

Qual é o amor egoísta? É aquele que ama quem o ama, aquele que ama quem lhe faz bem, aquele que ama só quem gosta, aquele que ama quem lhe traz lucro. É o amor que é fundamentado em condições para existir.

Já a forma universal de amar foi explicada por Cristo: “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”. Ela existe quando se ama a tudo e a todos indistintamente, sem condições.

A partir disso, posso concluir que você nasceu só para se expor ao amor individual, que é a característica do ser humano, e negar este tipo de amor. Com isso, desenvolve o amor a todos.

É só para isto que você nasceu. O resto, todas as demais compreensões que você tem sobre o fato de estar vivo, é figuração. São apenas momentos, onde você tem a oportunidade de amar ou egoisticamente ou universalmente.

Com isto respondo à sua pergunta no tocante ao que tem que se preocupar. Precisa se preocupar em amar a tudo e a todos. É isto que tem que fazer neste momento de destruição, como teria que fazer no momento de não destruição, pois todos sempre nasceram para isto.

Agora, se me permite, vou lhe contar uma estorinha. Quando o dia nasce na floresta, a gazela sai correndo, porque se não correr o leão a come. Todo dia quando o sol nasce na floresta, o leão sai correndo, porque se não correr, não encontra a gazela para comer. Por isso, não importa se você é leão ou se é gazela; saia correndo, pois já está atrasado.

Participante: Correr atrás de que?

Correr atrás de amar universalmente.

Os que não continuarão neste planeta depois deste período, são aqueles que amam egoisticamente, que não demonstraram o menor interesse em amar a tudo e a todos, apesar de todo o ensinamento dos Mestres. São aqueles que preferem ganhar nesta vida e, com isso, demonstraram que não possuem o menor interesse em amar universalmente.

O exemplo de Francisco

Providência divina

Participante: Vivemos uma era de alta tecnologia, em que os jovens estão cada vez mais se fechando em si mesmos e se comunicando não diretamente. Pergunto: qual o papel da providência divina nisto?

Como eu disse, a vida humana é a prova do espírito e tem como objetivo ajudá-lo a abandonar o amor egoísta e atingir o amor universal. Isso vale para todas as coisas e para todas as pessoas. Por isso, em qualquer acontecimento humano que analisemos, temos que passar por este aspecto.

Hoje, os jovens estão vivendo o amor egoísta, através da tecnologia. Eles não servem ao próximo, mas exigem que os outros lhes sirvam. Esta é a condição que marca a provação destes espíritos.

Só que nos dias atuais, há uma condição de provação especial, o momento da destruição, a época em que o sistema humano vai acabar. Então, isto quer dizer que esta forma de se comunicar irá acabar. Por isso, pergunto: como é que os jovens fazem hoje para se comunicar? O que eles usam?

Participante: usam um aparelho.

Não, eles não usam um aparelho. O aparelho sozinho é incapaz de fazer a comunicação. É preciso que se use o que? O que vocês chamam de internet. As ondas eletromagnéticas ...

Pergunta: a internet está disponível na natureza? Não, é obra do sistema humano, é obra de um ser humano. Concorda comigo? Agora, se o sistema humano vai falir, a internet também irá. É neste momento que começará a provação ...

O ser humano está se habituando a comunicar-se através da internet, ou mesmo por ondas eletromagnéticas (som). De repente não terá mais isto disponível. Como reagirá? Continuará ligado a Deus, ou seja, amando universalmente, ou demonstrará toda a sua revolta por não ter mais o brinquedinho para a satisfação humana?

 Eis aí um exemplo da providência divina. Ela concede regalias materiais no mundo humano, para testar se o espírito as usa de uma forma espiritual, sem posse, paixão ou desejo, ou se usa essas regalias de uma forma egoísta: pensando só em si mesmo.

A providência divina é, mal comparando, como soltar pipa: vai dando linha, a pipa chega numa certa altura e se puxa tudo de volta de uma vez. Ficou clara a resposta?

Participante: O sistema humano caindo, o que entra no lugar?

Um outro sistema.

Participante: Qual?

Impossível para você conceber como ele seja.

Na verdade, está tão aprisionado ao sistema humano, que não faz a mínima ideia de como possa funcionar outro sistema. Você nem sequer acredita que existe vida em outros planetas, que dirá que esses planetas possuem sistemas de vida diferentes do que vivem hoje na Terra.

O exemplo de Francisco

A luta contra o sistema

Já que me perguntaram sobre o sistema humano de vida, vamos adiantar o nosso assunto. Qual a base de todo o sistema humano?

Participante: O dinheiro

Isto. Sem dinheiro vocês não fazem nada na vida.

Todo o sistema humano é um sistema de troca de valores, onde o ser humano nomeia o dinheiro, não importa qual seja, como instrumento para as trocas. Concordam comigo?

Participante: Mas esse é o sistema capitalista. Existem outros ...

Sei que existem outros sistemas que afirmam dar menos valor para o dinheiro, mas para existirem eles usam e precisam do dinheiro. Um ser humano pode não se dizer capitalista, mas sem dinheiro não faz nada!

Participante: Mas é a nossa sociedade que nos faz precisar dele ...

As tribos indígenas existem como coletividade e não precisam do dinheiro para subsistir. Claro que não estou falando das que vocês conhecem, têm notícias. Nestas o índio está inserido no sistema humano de vida. Ele tem celular, televisão, carro do ano, etc. Pior: tem e precisa ter... As tribos indígenas que citei são aquelas que não entram em contato com o humano, ou seja, que ainda não foram contaminadas pelo sistema humano de vida.

Fora esses índios, que ainda não tiveram contato com o homem branco, todos os outros, por mais que se digam naturalistas ou coisas do gênero, vivem a partir do dinheiro.

Participante: Então, não importa o que eu penso, mas como vivo a minha realidade social?

A realidade em que vive é a sua realidade, por mais que fantasie gostar ou querer outra. Desculpe, não estou falando com você diretamente, mas o pior cego é o que não quer ver; é aquele que vive uma realidade, mas diz que adora outra.

Toda realidade tem um custo, algo que não é encontrado nela. Quem vive num sistema beneficiando-se do que ele tem, mas nega-o, é, na verdade, um hipócrita. Quer exemplos?

O sistema comunista prega o bem coletivo, ou seja, todos terem a mesma coisa. Para isso, muitos passam necessidade, vivem com menos, para que todos possam ter. Pois é, mas os comunistas que você conhece não abrem mão de ter suas casas próprias, às vezes com luxo, seu carro do ano, etc. Usam roupas importadas de marca. Pois é, e ainda dizem que abominam o capitalismo ...

Outro subsistema do sistema humano de vida: a ecologia... Os ecologistas negam e esconjuram quem não pensa prioritariamente no meio ambiente, não é verdade? Para eles derrubar uma árvore no seu próprio quintal é um crime. Só que acho que destruir um morro inteiro, para eles não é considerado da mesma forma. Por que? Porque eles aceitam morar em casas construídas com cimento, que para ser extraído destrói morros inteiros. Para serem coerentes com a sua ideologia, eles deveriam dormir ao relento, não acha?

Mais sobre os ecologistas? Você já viu algum que não tenha carro? ‘Ah, tenho, mas o meu polui menos’, o ecologista diria. Sim, polui menos, mas ainda causa alguma poluição. Ande a pé que não polui nada ... O cúmulo da hipocrisia é o naturalista viajar de avião, que é um dos meios de transportes que mais polui, para poder fazer palestra sobre não poluir.

É disso que estou falando. Dizer-se naturalista ou socialista, quando se fala do dinheiro como mola propulsora do sistema humano de vida, é – desculpa o termo, mas o uso sem nenhuma afronta – uma hipocrisia. Ela é criada pelo próprio sistema humano de vida, para continuar explorando o egoísmo, e você, o espírito, que vive a partir do dinheiro, aceita como se vivesse contrário a ele.

Não sei se você assistiu o filme Matrix. No final do último filme da trilogia, o ser humano que luta contra o sistema consegue chegar na sala do sistema. Lá vê a sua imagem projetada em diversos monitores, mas tem a consciência de que aquelas pessoas não são ele. Neste momento o sistema diz: “Você pensa que você está lutando contra mim? Eu criei você e vários outros para lutar contra mim. Eu domino o quanto se luta contra mim”.

É disto que estou falando; a hipocrisia é exatamente esta. O sistema domina todas as pessoas, algumas ele faz se dizerem contra, outras aceitarem placidamente. O sistema faz as pessoas se dizerem contra ele, mas as mantêm totalmente submissas.

O exemplo de Francisco

O dinheiro

Voltando ao que estávamos conversando, dissemos que o dinheiro é a base do sistema humano de vida. Como este sistema vai falir, temos que compreender que esse processo será realizado com a ausência do valor monetário. Vamos continuar a partir daqui.

Os mais antigos talvez devam se lembrar de que na época da Segunda Guerra Mundial, os alemães, no fim, quando o sistema de vida deles estava prestes a sucumbir, iam comprar um quilo de arroz com um carrinho cheio de dinheiro. Por que isso? Porque o dinheiro deles não tinha mais valor. Naquele país, o dinheiro perdeu o valor, porque eles estavam perdendo a guerra e, por isso, precisava-se de muito para comprar quase nada. Os preços subiam não a cada dia, não a cada mês, mas a cada segundo. Por isso era preciso um montante muito grande de dinheiro para comprar alguma coisa, inclusive para comer. Sabiam disto?

Usavam milhares de notas para comprar o básico. Isso quando conseguiam encontrar o que comprar. Na maioria das lojas, nem o básico tinha para comprar.

Isso já aconteceu neste planeta, e não foi uma nem duas vezes, e nem exclusivamente em um só lugar. O sistema ruiu. Claro que depois ele se reergueu.

É isso que vai acontecer neste período do mundo de vocês: o dinheiro vai perder o valor. Só que desta vez ele não se reerguerá, pois estamos falando em fim de um sistema de encarnações.

Participante: Quando este sistema ruir e o novo começar, quem vai zelar para que não se prostitua novamente?

Não sei. Agora, posso te garantir uma coisa: vai haver um para fazer isso.

Se tudo isso, como disse antes, se todo este período é orquestrado, é organizado para a provação do espírito, será que Deus iria fazer a ruína de um sistema e a chegada de um novo, e depois rezar para que aparecesse alguém para tomar conta e não deixar tudo começar de novo? Ele rezaria para quem? Para Deus?

Claro que haverá alguém que fará este papel. Esta não deve ser nossa preocupação. De nossa parte, o que devemos ter é a confiança, a fé em Deus de que tudo correrá perfeitamente, já que estaremos no mundo de regeneração.

O exemplo de Francisco

Deus e as carências

Parece que estou contando novidade, não é? Mas, não estou. As coisas já vêm acontecendo.

Em 2012, quando falei sobre o que ocorreria na transformação do sistema de encarnações, a vida no país chamado Brasil estava muito boa. As pessoas chegavam na empresa e pediam um aumento e recebiam. Tudo era simples, tudo era fácil. Hoje, estão começando a acordar para o que falei lá atrás. Estão vendo que a vida não está mais tão simples, tão fácil. Hoje, já começam a se preocupar um pouco mais com a possibilidade da carência chegar.

Isso todos podem perceber e não seria novidade alguma, falar. Vocês já veem isto acontecendo diariamente através dos jornais. Por isso, esta não é a notícia que trago agora. O que tenho como novidade é a informação de que este processo vai se acelerar. A novidade que estou trazendo agora, não é a informação de que a carência estará batendo à sua porta, mas a de que o processo desta chegada será acelerado.

Participante: Vai haver um aumento da violência entre as pessoas?

A violência é uma atitude humana, que acontece e sempre aconteceu, como uma resposta à revolta. Por isso lhe digo que não acho que ela aumentará: tenho certeza que sim. Se a revolta conta a carência crescerá, a violência como resposta aumentará.

Agora lembre-se de uma coisa: Deus dá a cada um segundo o seu merecimento. Se você não merecer receber violência, não receberá. Por isso, medo não é uma coisa que você deve abandonar, mesmo com esta informação. Faça por onde não merecer a violência, que ela não te atingirá.

Você sabe quem é Deus? É aquele que canta uma música que vocês conhecem: me dê motivos ... Ele está sempre pedindo que você dê motivos que servirão para gerar um merecimento. Só aí Ele pode lhe dar alguma coisa ...

Participante: Você não acha que Deus é incoerente quando fica julgando e medindo merecimento, quando se fala em amor universal?

Não. Digo isso por causa do termo julgar. Para você, ele está ligado a uma questão de certo e errado, mas para Deus, não. Eu diria que ele avalia o que você quer, através daquilo pelo qual opta quando encarnado.

Deus dá conforme o que você quer. Viver unido ao sistema humano de vida, isto quer dizer que gosta dele, que o acha bom. Neste caso, Deus lhe dá elementos deste mundo. Estes elementos nem sempre estão coadunados com o que vocês chamam de bom, mas muitas vezes de mal, de sofrimento. Por isso Ele precisa lhe dar o que você não gosta.

Só que quando faz isto, ele não está punindo o ser. Na verdade, o que faz é mostrar que a prisão ao sistema humano de vida fatalmente leva a vicissitudes, ou seja, à alternância de situações. Em um momento, o reflexo de uma vivência é bom, e no outro, causa sofrimento.

Quando dá a vicissitude, Deus está mostrando que o único caminho que pode levar à felicidade é o amor, pois ele não possui alternância de situações. Quem ama incondicionalmente, sempre é feliz. Se você demonstra querer se unir ao mundo universal, Ele te ajuda. Agora, se não quer, Ele não vai ajudá-lo.

Deus é como uma mãe, que ajuda o filho a crescer, a evoluir. Para isso, muitas vezes precisa causar sofrimento ao filho para que ele cresça. Mas, você não acha incoerente uma mãe que coloca um filho de castigo, porque ele não quer estudar, mesmo sabendo que ele prefere jogar bola a estudar.

Isto é vivido por você como incoerência? Não. Por que? O que a mãe está fazendo, no seu modo ver as coisas? Buscando o melhor para o filho. Você não acha incoerente esta atitude de uma mãe, porque acha que ela quer o melhor para o filho. Mas, essa é exatamente a mesma intenção que leva o Pai a lhe dar algo que é chamado de sofrimento.

Ele não julga no sentido de castigar, de penalizar, mas sim de sempre estar te colocando no caminho da universalidade. Por isso, não é incoerente. Como todas as suas ações visam um único fim, Ele tem coerência.

Deus não é um juiz, é a justiça. Deus não é um carrasco, é um Pai amoroso, que sempre te ajuda.

Aí você vai me perguntar, mas ajuda dando complicações, carências? Sim! Porque toda essa complicação é a única coisa que pode te fazer libertar-se do egoísmo, do sistema de vida que é baseado nele. Se você não sofrer as consequências da falência de um sistema, nunca se libertará dele.

Participante: Seria você reconhecer entre o bem ou o mal, o doce ou o salgado, para escolher?

Seria você conhecer o fruto do seu egoísmo. Digo isto porque o que vai acabar com o sistema humano é o egoísmo do ser humano.

No sistema atual, quem tem, por mais que seja, sempre quer ter mais, mesmo às custas de alguém ficar sem. É esse egoísmo que vai acabar com o próprio sistema. Usando palavras de vocês, é a cobiça que se extinguirá. É o querer tudo para si e nada para os outros.

E é exatamente este querer que vai gerar o fim do sistema. Muitos estão se enchendo de dinheiro às custas dos que não têm, mas eu pergunto: o que é que eles vão fazer com o dinheiro se não tiverem o que comprar?

O exemplo de Francisco

O egoísmo

Participante: Gostaria que você falasse mais sobre o egoísmo. Qual é a sua origem?

Falar sobre o egoísmo é muito simples. Egoísmo é pensar a partir de um eu, para que esse eu ganhe. Isso é o egoísmo.

O seu pensamento e a sua razão funcionam a partir de você, ou seja, daquilo que você acredita. Quando funcionam, é sempre buscando um meio de ganhar alguma coisa, mesmo que seja um muito obrigado. O ser humano, por conta do seu egoísmo, sempre espera algo em troca do que está fazendo.

Agora, por que essa forma de agir se chama egoísmo? Porque não existem dois seres humanos iguais entre si. Todos os seres humanos possuem, mesmo que acreditem nas mesmas verdades, crenças em grau, gênero e número diferentes. Então, quando você quer pensar a partir do seu eu, afronta o outro.

O ser humano está sempre querendo impor a sua verdade ao outro: é por isso que o seu modo de viver vira egoísmo. Essa é a característica de todos os espíritos que estão em provações no mundo de provas e expiações. O Espírito da Verdade diz assim: no universo, os seres se aproximam por afinidade. A afinidade entre todos vocês, é esta, é pensar a partir do eu, para que esse eu ganhe.

Participante: O lugar onde estamos hoje é de provas e expiações?

Sim, o planeta Terra é um mundo de provas e expiações. O planeta como um todo. Quando falo em planeta, não me refiro só aos encarnados, mas também aos que ainda não estão encarnados.

Hoje existem sete bilhões de espíritos encarnados no planeta. Só que existem, pelo menos, setenta bilhões esperando para encarnar.

Participante: Esse período de transição é longo?

Nós não medimos o tempo da mesma forma. Por isso não sei o que é longo ou o que é curto, nem posso usar o seu sistema de medida de tempo, para lhe dizer em quanto tempo isso vai acontecer.

Participante: Eu estava pensando no egoísmo e achava que ele vinha do medo.

Não.

Há um ensinamento chamado “As quatro âncoras”. São elementos que prendem a razão do ser ao sistema de vida humano. Uma das coisas que fazem parte deste ensinamento é o medo de perder.

Sim, o medo de perder existe em decorrência do egoísmo, mas não por causa dele. Como você quer para si, tem medo de não conseguir o que quer. Ele não é efeito, mas sim causa.

Participante: E sobre o egoísmo de querer se manter vivo, em situação de risco, pensando na sua sobrevivência?

É um egoísmo.

Participante: É um egoísmo, mas ele não tem a ver com o medo?

Não. Ele não tem a menor relação com isso...

Participante: Relação com o medo?

Tem, mas não no sentido que você está dando. Tem a ver com o medo de perder, de perder a vida, mas por quê? Porque se perder a vida, irá para um lugar desconhecido. Todo ser encarnado, que está afastado e sem lembrança do lugar de onde se origina, tem medo do outro lado, porque não sabe como é. Por causa deste desconhecimento, não sabe se vai poder ganhar quando chegar lá.

Sendo assim, esse medo é fruto do egoísmo e não o contrário.

Participante: Tem uma coisa que eu não consegui entender direito, sobre a questão de não se dever ter medo de morrer. Até que medida isso é tão problemático, considerando que até os animais têm um instinto de sobrevivência?

Em que medida isso é tão problemático? Na medida em que, por causa do egoísmo, você afronta a vida dos outros.

Participante: Então, se não afrontar a vida dos outros, não há problemas? Só que você sempre vai afrontar a vida de alguém. Não existe não afrontar. Toda vez que você quer alguma coisa, ela não será conquistada por outro.

Você já reparou uma coisa: existe um equilíbrio de almas encarnadas de seres humanos. O que estou dizendo é que nascem e morrem uma quantidade estatisticamente semelhante de seres humanos.

Isto quer dizer que alguém tem que morrer para que outro nasça. Portanto, se você não morrer, alguém vai ter que morrer para que novos espíritos tenham condições de encarnar. Pronto, afrontou a vida de outro, acabou o universalismo.

Participante: Isso não faz parte da lei divina, da renovação, da oportunidade de outros?

Sim, mas se você não se entrega, no momento da morte – não estou falando em se matar – mas se no momento em que está morrendo, não se entrega à morte, se revolta contra ela, essa revolta é uma afronta ao próximo, além de ser um ato materialista.

Além disso, o medo da morte é algo que não deveria ser vivenciado por espiritualistas, por aqueles que sabem que eram antes de existirem. Segundo todos os mentores e Mestres, todo espírito é doido para voltar para casa. Por este motivo, o medo da morte deveria ser abolido por aqueles que acreditam ser espíritos.

Além de tudo, estamos conversando tudo isso sem nos lembrar do que está em O Livro dos Espíritos: “Ninguém morre antes da hora, e quando esta chegar, nada vai impedir de acontecer”. Portanto, o medo da morte não ajuda em nada. De nada adianta você se revoltar frente a um perigo iminente, porque se não for sua hora, você não vai morrer, mas se for, vai morrer revoltada.

O exemplo de Francisco

Religiões

Participante: E no caso do suicida?

Ninguém morre antes da hora. Isto é bem claro em O Livro dos Espíritos. Ali não são citadas exceções, nem a morte do suicida. Por isso, não posso de maneira alguma dizer que essa morte ocorreu antes da hora ... Se em O Livro dos Espíritos, aquele que explica a relação do mundo invisível com o visível, não existe esta exceção, isto significa que o suicida morreu na hora que tinha que morrer.

Só que no texto do livro tem outra informação ainda: Deus sabe a hora e a forma como cada um vai se matar, ou melhor, morrerá. Portanto, se um ser conseguiu consumar o suicídio, aquela era a hora de morrer, e o que ele fez é a forma pela qual deveria ocorrer o seu desencarne, isto segundo O Livro dos Espíritos.

Aí eu te pergunto: que culpa tem ele de se suicidar? Se tudo já estava determinado, por que ele tem alguma culpa? Só que vocês criticam quem se suicida. Por que?

Participante: Isso não é um atraso na evolução espiritual?

 Não, isso não é atraso. Essa é a história que lhe venderam, para ver se você não se suicida.

Participante: É importante para o sistema humano que o ser continue vivo.

Isto!

As religiões fazem parte do sistema humano. No universo não existem religiões. A religião é um instrumento para este sistema humano e, por isso, também vai ruir no novo tempo. São elas que pregam a criminalidade do suicídio, para que você se mantenha vivo.

Você me passou, e falou com toda propriedade dentro dos princípios religiosos, que o suicídio é um atraso na evolução espiritual. Esta é a visão da doutrina espírita também. Agora te pergunto: a doutrina espírita se fundamenta em que? Nas cinco obras de Allan Kardec, que são conhecidas como o Pentateuco Espírita.

Pois bem, qual a primeira obra de Kardec? O Livro dos Espíritos. E é neste livro que encontramos a informação de que ninguém morre antes da hora, e que Deus sabe a hora e o modo como cada um vai desencarnar. Ou seja, a doutrina espírita se fundamenta em O Livro dos Espíritos quando é melhor para ela, mas quando não é, esquece o que está lá escrito e fala o que quer.

Esta é uma característica das religiões: elas são materialistas. Apesar de se dizerem espiritualistas, ligadas às coisas do céu, as religiões sempre defendem o bem terrestre, o bem que deve ser gozado nesta vida. Por isso defendem a própria vida humana. Só que todos os Mestres foram unânimes em ensinar que o Bem deve ser gozado em outra vida, que os valores espirituais devem prevalecer sobre os materiais.

É por isso que afirmo que não existe religião no Universo. Religião, religiosidade, fazem parte do sistema, para manter vocês presos ao egoísmo.

Quando falei no sistema humano de vida agora há pouco, disse que ele é um instrumento que a mente usa para ganhar alguma coisa. Por isso digo que o sistema humano existe para que o ser humanizado possa conquistar algo. O que as religiões oferecem àqueles que as seguem? Lucros, benefícios, vantagens, vitórias: tudo, claro, nesta vida e não na outra. E não estou falando de nenhuma religião especificamente: todas possuem esta característica.

No entanto, Cristo disse assim: não se serve a dois senhores ao mesmo tempo; ou se serve à materialidade ou se serve à espiritualidade. Nenhuma religiosidade que servisse à espiritualidade te ofereceria bens materiais em troca da sua fé.

Você quer coisa mais esdrúxula do que dar uma coroa de diamantes a Nossa Senhora? Ela que deu seu filho recebeu como recompensa, matéria. Como se pode incentivar colocar moedas em uma imagem de Buda para ganhar mais dinheiro e prosperidade? Sim, existe uma imagem de Sidarta Gautama que é chamada de ‘o Buda da felicidade’, onde as pessoas depositam moedas para poder ganhar mais dinheiro. Logo este Mestre, que ensinou que a felicidade é fruto de um trabalho específico, o ‘Nobre Caminho Óctuplo’.

Participante: Mas não tem um aspecto positivo das religiões, ajudar a pessoa a ter fé?

Ela não presta esta ajuda, porque a fé que a religião ensina é fundamentada no ganhar. Pior: no ganhar nesta vida.

O que estou falando é verdadeiro. O ser humano vai a uma igreja não para se ligar a Deus, mas para pedir alguma coisa; vai a um centro de umbanda não para adorar as almas, mas para buscar socorro e conseguir viver esta vida com mais felicidade. Sua fé se baseia apenas no ganhar. Tanto é assim que quando não é atendido, o ser humano diz que aquele centro é muito fraquinho e procura outro, onde possa conseguir ganhar alguma coisa.

Que fé é essa? Se fé é entrega com confiança a alguma coisa, em quem você está tendo fé quando avalia a religião pelo que ela pode fazer por você? Não é em Deus, pois a fé Nele é incondicional; não é na religião, pois quando não recebe, troca a sua religiosidade. É fé em que, então? Em si mesmo, na sua convicção do que é justo e certo.

Por isso eu volto a dizer: a religião faz parte do sistema humano de vida, e vai ruir com a chegada do novo mundo. Até porque, no livro do Apocalipse, da Bíblia, quando fala no novo tempo, João escreveu: “Eu vi a nova Jerusalém. Na sua cidade não existiam religiões, porque o próprio Deus estava presente”.

O próprio Deus estará presente no novo tempo; isto é uma coisa interessante para se pensar. As religiões se apropriaram de Deus, dizem que só elas podem te levar até o lugar onde Ele está. É a máxima que já ouvimos muito: “fora da minha religião, não há salvação”. Fazem isso como se Deus estivesse em algum lugar inacessível a você, a não ser que se torne fiel daquela religião.

Só que Cristo ensinou que o caminho era ele e não a sua religiosidade. Disse mais: que o templo de Deus está dentro de cada um. Com estes ensinamentos fica muito fácil se ‘achar’ Deus: buscando, através dos ensinamentos de Cristo, dentro de si mesmo. Para isso, não é preciso uma religião, mas sim a atenção em si mesmo e a reforma íntima.

Participante: Você acha que não é saudável uma religião? Acha que ela pode alienar o ser humano?

Eu não acho nada. O que tenho que falar, eu digo, mas não me preocupo em rotular qualquer coisa disso ou daquilo. Apesar disso, tem uma frase que eu sempre uso: a sua religiosidade atrapalha a sua espiritualidade.

Digo isto porque o máximo que um religioso pode fazer é ligar-se a uma religião e não a Deus.

Participante: Mas, e o espiritismo, por exemplo?

É a mesma coisa das outras. O espiritismo é igualzinho a todas as outras, só muda o nome. Todas oferecem o bem material, e para prender seus fiéis os aterrorizam, dizendo que aqueles que não seguirem seus preceitos terão uma má colheita na próxima vida.

Sei que você vai me dizer que o espiritismo é diferente, mas ouça bem: antes do advento desta doutrina religiosa, se você fizesse o que a religião mandasse, iria para o Paraíso; se não fizesse, iria para o Inferno. O espiritismo diz: se fizer o que a religião manda vai para a cidade espiritual, onde existe uma vida boa, confortável, com felicidade; se não fizer, vai para o umbral, onde existem sofrimentos e agonias inimagináveis.

Viu? Só mudou o nome; é tudo igual. Todas as religiões agem como se Deus fosse um carrasco, que está sempre pronto para penalizar o infiel.

Participante: Existe o umbral?

Existe, para quem acredita que ele existe.

Participante: E a Umbanda, por exemplo?

Religião, ponto final. Não adianta nomear uma por uma; todas são iguais. Todas fazem parte do sistema humano. É o local onde o ser humano mercadeja (negocia) com Deus.

O exemplo de Francisco

Amor universal

Participante: Eu não estou entendendo; é bom ou ruim para o ser humano?

O mercadejar com Deus?

Participante: Não, a busca pelo amor universal.

A busca pelo amor universal não tem nada a ver com a religiosidade.

Você já reparou que os palestrantes, os pastores, os padres, sobem em seus púlpitos para falar de amor e falam o tempo inteiro sem amor, ou seja, em suas falas apenas acusam esse e aquele outro, com relação ao seu modo de agir não ser amoroso? Cadê o amor que eles iam transmitir? Será que criticar os outros é amar?

Você quer um grande exemplo da falta de amor nas religiões? Na Bíblia, Cristo olha para Judas e diz: ‘vá, amigo, faça o que você tem que fazer’! Ele chama Judas de amigo, mas o Papa se negou a tirar a marca de traidor de Judas. Outros exemplos, teria para citar, de toda e qualquer religião, mas fiquemos apenas com este, pois serve para provar o que digo: o caminho para o amor universal é liberto das doutrinas religiosas.

Agora, com isso não estou dizendo que as doutrinas religiosas não prestam. Na verdade, prestam um grande serviço: dão ao ser encarnado a oportunidade de descobrir que aquele não é o caminho para Deus. Quando elas oferecem lucros nesta vida, como resultado da sua devoção, mostram que é preciso trilhar outro caminho, pois aquele não cumpre o que os Mestres ensinaram.

O problema é que você, que está envolvido pelo sistema humano e por isso acredita nas verdades que ele produz, acha que o espiritismo é melhor, porque é a religião daqueles que sabem mais, e que os evangélicos são uns idiotas, que só sabem dizer aleluia! Preso a esses conceitos, como se considera o mais inteligente, vai para o espiritismo. Diz que vai por convicção, mas está atrás mesmo é de ganhar.

Participante: Qual, então, é o caminho para o amor universal?

“Amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo”. É este o caminho.

Agora, será que você sabe o que é amar ao próximo? É respeito! Respeitar o direito do outro de ser, estar e fazer o que quiser, mesmo que o que ele faça, te fira. Isto é amor.

Participante: Mas, mesmo que o que ele faça te fira? Deixando que o outro te fira, você não estaria agindo como uma mãe leviana, um pai leviano com essa pessoa?

Não disse para você deixar te ferir; o que disse foi: mesmo que o que ele faça te cause ferimento. O outro te ferir é uma coisa, o que ele fizer te causar sofrimento é outra. Mas, mesmo que o que seja feito te cause sofrimento, responda assim: “Pai, perdoa, eles não sabem o que fazem”. O problema é que quando te ferem, ao invés de agir como o Cristo, você acusa, critica e ataca os outros.

Participante: Por um momento, eu pensei que chegaria a um ponto em que deixaríamos o outro fazer o que bem entendesse.

Não, não é deixar o outro fazer. Se você reagir, reagiu, mas internamente, por dentro, não ter crítica ao que ele está fazendo.

Participante: Dar permissão de agir como ele quer não está gerando, também, perdas e ganhos?

Não é permissão de agir como ele quer. O que estou falando é que se ele agir, você não o acuse de nada.

Não se trata de uma permissão antecipada. A ação que estou falando é posterior: não reclamar do que foi feito.

O exemplo de Francisco

A religião e o amor universal

Participante: Voltando um pouco à questão da religião, ao fato dela não estar ligada a Deus ...

Mas, explora o sistema de ganhar ou perder ...

Participante: ... só que no início da sua fala, você trouxe a imagem de Shiva e disse que ele estava nos governando neste momento.

A imagem que trouxe, não é uma imagem de Shiva como adorado pelo hinduísmo, mas sim a do Bhagavad Gita, do livro de Krishna.

Este livro não tem nada a ver com o hinduísmo, a religião, porque ele é usado pelos seus fiéis, como no catolicismo, para ganhar nesta vida, para ter boa ventura. Só que não foi este o ensinamento de Krishna e nem o de Cristo.

É isto que eu estou querendo que vocês entendam. O problema da religiosidade é que como ela é atrelada ao sistema de vida humano, torna-se egoísta por natureza. Ela explora o seu egoísmo, atiça o seu querer para esta vida e brinca com os seus sonhos, dizendo que ela tem o poder de lhe dar o que é desejado. As religiões operam no sentido do “venha a mim, que eu garanto que você vai ganhar”.

Essa vitória é quase sempre neste mundo, mas, muitas vezes, também no próximo. Muitas vezes, se mostram como caminhos únicos para aqueles que querem uma boa ventura para depois da vida. Mas, como Cristo disse, os dois únicos mandamentos, ou seja, as duas únicas condições que precisam ser cumpridas para isso são: “amar a Deus sobre todas as coisas e ao teu próximo como a ti mesmo”... e isto independe de religiosidade.

É o eterno sistema de troca que embasa tudo no mundo humano. Para o ser humano, todas as coisas devem levar a algum ganho, nesta ou em outra vida. Com a religião, eles não agem diferente...

Foi por isso que na apresentação desta conversa, a pessoa disse que nós somos ecumênicos. Só que isso não quer dizer que sejamos contra qualquer religião ou contra o rito de qualquer uma delas. Não é isto que estamos falando. O que estamos orientando, é que não se liguem à forma de funcionamento da religião.

Você pode participar de uma missa, ir a um trabalho de umbanda, assistir a uma palestra espírita; nada disso tem problema. O que pode lhe trazer problema, no sentido da busca espiritual, é como você se porta internamente em cada culto. Como Cristo disse: o importante não é o que sai da boca, mas o que sai do coração.

Compreendeu o que quero dizer? Não falo da sua religiosidade, dizendo que as religiões não prestam. O que estou falando, é que o modo como elas operam não te leva à espiritualização e que, por isso, internamente, deve vivencia-la com outra postura.

Eu não estou atacando as religiões. Elas são um grande instrumento da prova do espírito. Se na hora em que você estivesse exercendo a sua religiosidade, vivesse o amor a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, não haveria problema algum. O problema é se deixar levar pelos apelos de ganhar nesta vida e, por isso, a vivencia do amor a si mesmo acima de tudo.

Participante: Então, a religião tem a sua utilidade ...

Mais do que isso: as religiões são perfeitas e úteis ao espírito. Úteis como tentação, não como caminho de religação com Deus. O problema é que os frequentadores de uma doutrina religiosa querem que as pedras se transformem em pão, ao invés de buscarem a palavra de Deus.

O que acabei de dizer é uma citação de uma das Tentações de Cristo. Depois que ele passa 40 dias no deserto, é tentado pelo diabo de algumas formas. A primeira é esta.

O diabo, neste caso, é o ego, é a mente humana, é o sistema humano de vida. A mente humana quer sempre o lucro individual, e quando ela não consegue, apela para o místico, o desconhecido, para conseguir agora. Este místico é a religião.

O exemplo de Francisco

Espiritualismo

Participante: Eu vejo a religiosidade como uma não religião ...

Não, religiosidade é a sua entrega a uma religião.

Participante: Independente de ela ser ...

Independente de qual seja. Se você se diz espírita, tem uma religiosidade: a espírita. Dizendo-se católico, tem a religiosidade católica.

Participante: Se você se diz acreditando em Deus, você tem alguma coisa. Não sei se a palavra é religião, religiosidade ou uma crença...

Se você acredita em Deus, se entrega a Ele, tem um espiritualismo, uma espiritualidade e não uma religiosidade.

Participante: Espiritualismo seria uma religião disfarçada?

Não, espiritualismo não é religião disfarçada. Isto porque o espiritualismo é uma entrega ao mundo espiritual. Esta entrega pode existir, e existe, em qualquer segmento religioso. Em qualquer religião, há aqueles que se entregam ao mundo espiritual enquanto outros se entregam ao mundo material.

O que estou chamando de entrega? Onde quer recolher os frutos da sua fé. Em toda religião existem aqueles que esperam receber nesta vida, enquanto que outros seguem o caminho esperando que o reino do céu chegue.

Por isso o espiritualismo não é uma religiosidade a ser seguida, mas trata-se de uma entrega que se faz a Deus. Aquele que, mesmo sendo católico, judeu, protestante, espírita, evangélico, se entrega a Deus e não à materialidade, é espiritualista.

O exemplo de Francisco

Espiritualismo e religiosidade

Participante: Me lembrei da informação que diz que o homem não controlaria seu instinto se não tivesse alguém o castrando. Só quando há um freio externo, o homem é capaz de frear seus instintos.

Realmente, se não houvesse um Senhor neste universo, se Ele não fosse Onipotente, Onipresente e Onisciente, se não desse a cada um segundo as suas obras, as coisas aconteceriam ao deus dará. No entanto, como há, não existe necessidade alguma de haver um freio em nada.

Você fala que a religiosidade castra a natureza agressiva do ser humano. Deixa eu te falar uma coisa sobre religiosidade, que você talvez ainda não tenha percebido.

Fizeram um levantamento nos Estados Unidos, com pacientes em estado terminal. Sabe quais eram os mais revoltados pelo seu estado? Os religiosos. Os que eram ateus declarados, diziam que iam morrer mesmo, não tinha jeito, e enfrentavam seus últimos dias em relativa paz. Agora, os religiosos diziam: “não, meu Deus, não permita, eu não posso morrer, meus filhos, como vão ficar? ” Será que esta é a expressão de um espiritualista?

Participante: Talvez ele não tenha aprendido nada sobre o espiritualismo ...

Porque só foi religioso, ou seja, só seguiu o que lhe disseram para seguir. Se tivesse ido ler os ensinamentos de Cristo, veria que este era o momento de reencontro com o Pai.

Participante: Vai ver estava querendo proteger os filhos ...

Você falou algo interessante: proteger os filhos. Dentro do mundo espírita, dentro do mundo religioso da doutrina espírita, qual valor tem uma mãe que depois de desencarnada protege os filhos? Uma santa!

Pois bem, em O Livro dos Espíritos foi perguntado assim: há algo de sublime na mãe que, depois de desencarnada, volta para tomar conta dos filhos? O Espírito da Verdade responde: isso acontece. Tem espíritos que foram mães, que voltam para cuidar dos que ficaram. No entanto, depende do nível de elevação de cada um. Quanto mais atrasado o espírito, mais preocupado ele está com aqueles que ficaram.

Esta é uma resposta muito clara, não? Os espíritos atrasados se preocupam com os que ficam. Mas, apesar disso, o espiritismo, apesar de fundamentado em O Livro dos Espíritos, ainda vende a ideia da santidade, a ideia da mãe que volta para proteger os filhos.

Sabe qual o nome dessa mãe para um espiritualista, para aquele que frequentando qualquer religião ocupa-se primariamente com o bem celeste? Obsessor.

Não é esta a figura do obsessor? O obsessor não é um ser sem carne que volta para atormentar a vida dos que ficam? Então, é a figura da mãe, que mesmo tendo partido, permanece por aqui ...

Participante: Existe mãe encarnada que também obsidia o espírito.

Sim, existe. No entanto, não gostaria de conversar sobre obsessão, já que ainda nem dei a notícia que vim trazer. Tudo aqui é preâmbulo para a notícia que vou dar a vocês. Outro dia conversamos mais profundamente sobre obsessão.

A única coisa que quero falar sobre obsessão, é dizer que em O Livro dos Espíritos é dito: o obsessor é colocado por Deus. É Ele quem gera a obsessão, para ver se um dos dois toma vergonha na cara. Só que, apesar disso, no centro espírita, quando há um trabalho de desobsessão, o santo do ser humano é dispensado depois que se consegue trazer o obsessor. É a mesma coisa que dizer: vá embora, bonitinho, você não tem mais nada para fazer aqui. Você é um santo. Ele é que é o diabo e precisa ser exorcizado.

Participante: Existe uma visão toda mudada atualmente, quando se conversa hoje com o obsessor ...

O problema não é o que se conversa, mas deixar o ser humano ir embora. Os dois são cúmplices na obsessão e, por isso, ambos precisam ser doutrinados. O ser humano precisa ficar presente e ouvir as acusações do obsessor. Se aquela pessoa não estivesse fazendo algo diferente daquilo que se espera de um espírito encarnado, não haveria obsessão. Portanto, coloque o ser humano sentado e diga a ele: ouve e mude-se!

Só que isto, mesmo que se tenha mudado qualquer coisa no trabalho de desobsessão, não é feito? Por que? Porque se houver alguma acusação contra o ser humano, a religião perde o fiel. Só que elas esquecem do ensinamento bíblico: você tira um obsessor, ele vai embora, mas a casa permanece desarrumada; então, ele não tem aonde ir, por isso volta e traz mais sete junto com ele.

Participante: Eu não entendi.... Como é que é? Desculpe ...

O que disse é que se tira o obsessor, mas como o ser humano não se muda, ou seja, todos os motivos pelos quais sofreu obsessão continuam existindo, aquele que foi mandado embora da relação, se não achou o caminho dele, volta e traz mais sete junto com ele.

Participante: Isto está na Bíblia?

Isto está na Bíblia! Só que lá ele não fala em obsessor, mas sim em demônio. Sinônimo.

É essa visão diferenciada das coisas, que difere o espiritualismo da religiosidade: enquanto uma é formada privilegiando a coisa espiritual, a outra se forma concedendo privilégios à coisa material. Acho que agora estamos prontos para falar da notícia que tenho que trazer. Lógico, vou abordá-la dentro da visão espiritualista.

O exemplo de Francisco

O anticristo

Com esta conversa que tivemos, deu para conhecer um pouquinho do sistema humano de vida. Como disse, vocês nem sabem o que está por trás das coisas. Vocês acham que sabem o que querem, mas é apenas o sistema os manipulando e jogando de lá para cá. Vocês acabam se transformando em bois conduzidos para o abatedouro.

Quando falo em Deus, causa primária, e que tudo acontece porque o Pai quer e faz acontecer, as pessoas se revoltam: “eu não posso ser marionete!” Mas, se você não for marionete de Deus, é marionete do sistema!

Lembram da história que contei do filme Matrix? Mesmo os que lutam contra o sistema foram gerados por ele com esta finalidade. Ele controla quem pode e quem não pode, quem faz e o que faz.

Participante: Ou seja, nós não temos controle de nada.

Ou seja, relaxa que tudo está sob controle. Não o seu, mas tudo está sob controle.

Participante: Como é?

Relaxa que tudo está sob controle. Não o seu.

Participante: Eu não entendi ...

Tudo está controlado, por Ele.

Participante: Então, a situação que a Terra vive neste momento é porque Deus quer que aconteça?

Sim, todas as coisas que estão acontecendo e que vão ocorrer foram organizadas e geradas por Deus. Por que ele produziu essas coisas? Porque estamos no Juízo Final!

O Juízo Final, na verdade, não é um dia, mas sim uma etapa de provação; a etapa final. Aqueles que durante o ano inteiro foram para a escola e só comeram pipoca, ou seja, não aproveitaram a oportunidade de tirar boas notas, serão mandados para outra escola; aqueles que aproveitaram o ano letivo vão continuar nesta escola em um nível superior.

É por isso que Ele quer que aconteça assim. Deus não faz isso para prejudicá-lo, para feri-lo, mas com a intenção de lhe dar uma última chance, para ver se faz alguma coisa nesta vida, além de apenas comer, beber e fazer sexo.

Participante: Este tema ganhou força quando o ser humano começou a não acreditar em Deus ...

Este tema ganhou força durante todo o mundo de provas e expiações, até chegar a este momento final, o Juízo Final.

No Juízo Final, apesar de imaginarem ao contrário, não haverá maremoto, terremoto ou pedras que cairão do céu. Não será nada físico o que marcará o dia do Juízo Final. As catástrofes e os abalos que ocorrerão, serão dentro de vocês.

É em cima desta informação, que lhes trago a notícia de hoje: o processo de aceleração, para o que na Bíblia é chamado de “grandes tribulações”, já começou. Elas chegarão em breve.

Participante: Como é que as “grandes tribulações” vão ocorrer?

Cada vez a carência aumentará. Cada vez mais, alguém será considerado inimigo por contribuir para o aumento da carência e outras pessoas serão elevadas ao posto de salvadores da pátria.

É nisto que se resumem as grandes tribulações citadas na Bíblia: as carências, em todos os sentidos, aumentam, algumas pessoas são consideradas responsáveis por elas e outras são tratadas como seres com capacidade de eliminar estas carências.

Agora, qual o nome dado a este salvador da pátria na Bíblia? Quem, no livro sagrado, é capaz de salvar o individualismo, a humanidade, o sistema humano?

Participante: Jesus.

Não! Jesus veio para combater o sistema humano e não defende-lo. Ele sempre pregou que a existência humana deve ser vivenciada aguardando o bem celeste e não se buscando o bem deste mundo.

Ora, se esta era a missão de Jesus, ser contrário ao sistema humano de vida, que prega o gozo do bem material, aquele que vier para salvá-lo deve ser o inimigo do Mestre Nazareno. Quem na Bíblia recebe este título? O anticristo! A besta! O 666! Aquele que é considerado como o salvador da pátria, que é capaz de salvar o mundo das suas carências e aflições, é o anticristo, pois luta contra Cristo, luta contra a espiritualização, pois defende o sistema egoísta de vida!

Participante: Quem implantou na mente do homem esta ideia? Quem implantou a ideia da existência de um anticristo?

A Bíblia! O que é a Bíblia? A palavra de Deus! Então, não é algo inventado para te prejudicar, mas um alerta: haverá um anticristo, ele será saldado pela humanidade como o salvador da pátria, mas o que buscará salvar é o sistema humano de vida, que é contrário ao que Deus quer, segundo o apóstolo Paulo. De posse deste alerta, você deve abrir os olhos para a sua espiritualidade.

O exemplo de Francisco

Vivendo os tempos de hoje

A notícia que trago é que acontecerão, aliás, estão acontecendo, no mundo inteiro e no Brasil, diversos fatos que estão gerando carência. Estes acontecimentos ocorrerão mais rapidamente e em maior profundidade. Enquanto isso acontece, o sistema humano elegerá algumas pessoas como culpadas pelas carências e outras como capazes de acabar com elas. Estes são os considerados salvadores da pátria.

Está informação está desconectada da realidade, ou não é isso que está acontecendo hoje? No Brasil, quem é o seu inimigo hoje? Quem, segundo vocês, está gerando a carência que estão vivendo? Quem é o culpado pela falta de dinheiro que estão vivendo? Os governantes, aqueles que estão administrando o país de vocês.

Vocês reclamam que a conta de água está alta, que o custo da energia elétrica é um absurdo, que o salário não dá mais para nada, que a inflação está grande.... Os governantes, na visão de vocês, são os culpados pelas suas carências. Esta visão não é sua, não se trata de uma percepção individual, mas fruto do sistema humano de vida. É ele que está dizendo que aqueles que governam o país são os culpados pela carência em que vivem.

Só que, ao mesmo tempo, este sistema elege salvadores da pátria. Estes são aqueles que, segundo o sistema, são os capazes de extinguir a carência e trazer de volta a abundância.

Para gerar a adoração por esses seres, o sistema diz que se não fossem os governantes de agora, os poderes Executivo e Legislativo, vocês não teriam a carência que têm, não estariam vivendo o que vivem. Diz que se o salvador da pátria fosse o governante tal, a vida seria melhor, teria mais do que é chamado de ‘qualidade de vida’.

Estou fantasiando ou não é isto que está acontecendo no mundo inteiro? São diversos acontecimentos que estão ocorrendo em todos os campos da vida, moral e físico, que estão provocando carências em todos os seres humanos. Algumas pessoas são apontadas como culpadas por elas, e outros são considerados os mocinhos, aqueles que poderão salvar a humanidade da situação em que está.

É sobre isto a notícia que estou trazendo. O que estou avisando hoje, é que as carências e as ditas injustiças vão se acentuar, a culpabilidade de uns se acentuará e diversos outros serão apontados como salvadores da pátria. Este processo aumentará no tempo que está por vir. Esta é a notícia que eu trago.

Agora, a partir do exemplo de Francisco de Assis, que citei no início desta conversa, lhes deixo o conselho: não entrem nessa, não caiam nesta armadilha. Não deixem o arroubo humano, o achar que este sistema pode ser salvo por um salvador da pátria, leva-los a atacar aqueles que são apontados como inimigos.

No caso específico de vocês, no caso do Brasil, estou dizendo: parem de atacar a presidente. Parem de achar que se ela sair e outro político assumir o seu lugar, a vida será diferente. Ela não é culpada de nada. O fim do sistema humano de vida é gerado por Deus, não pelas ações dela.

A carência em que vivem é a prova de vocês. Ela não existe porque a presidente administrou mal o país, ou porque houve roubo do bem público. Tudo isso é só encenação, para que o ser universal encarnado tenha a sua prova.

Desculpe, não estou defendendo a ela ou a qualquer outro homem público. O que estou defendendo são vocês. Digo isto, porque só quem vai sofrer tomando a posição de atacar um lado e idolatrar outro, são vocês mesmos! Só vocês sofrerão se tomarem esta atitude.

Se os governantes mudarem, as carências e tribulações não vão diminuir. Elas continuarão existindo e crescendo, pois isso faz parte dos tempos de hoje. Como está profetizado no livro do Apocalipse, no fim dos tempos o anticristo lutará contra Deus, mas quem vencerá é o Cordeiro, o Cristo. Ou seja, o processo não mudará de forma alguma.

Sobre esta luta, Cristo profetiza: “no dia do julgamento, pai estará contra filho e filha estará contra mãe”. Na luta para defender o sistema humano de vida, amigo estará contra amigo, parente contra parente. Este sofrimento, com certeza, será muito maior do que a carência física que possa existir.

O sofrimento que estou falando que existirá neste período, não será gerado pela carência física. Ele ocorrerá por conta da cisão entre dois lados. Os ataques que uns farão contra outros é que o provocará. Por isso, aquele que estiver envolvido no processo de defesa de qualquer dos lados vai sofrer.

Isso é problemático para aquele que busca a elevação espiritual, não só pelo desamor, mas por, apesar de a defesa de alguns aparentemente estar embasada em sentimentos nobres, não passar de um egoísmo. Defendendo o egoísmo, como pode alguém querer aproximar-se de Deus?

Deixem-me dizer uma coisa: já repararam que só fala mal do governo aquele que não ganha nada dele? O ser humano que ganha algum benefício do governo sempre está a favor dele. E olha que não estou falando em receber dinheiro ou melhoria individual de um político, não. Se ele consegue uma escola ou um hospital, que são bens públicos, servem à coletividade, perto da sua casa, o ser humano fica a favor deste governante. Concorda comigo?

Continuando dentro desta linha de raciocínio, poderia dizer que só fala mal do governo aquele que não ganha dele. Portanto, defender o governo ou ser contra ele, nada mais é do que um egoísmo. Não há nada de ideológico no posicionamento, pois quem toma qualquer um deles, não está defendendo ou atacando em nome de nada, a não ser do seu próprio bem-estar.

É isto que vocês precisam lembrar, para não se deixarem levar por esta onda, que já existe e que vai ser ampliada, muito, do ataque a um em defesa do outro. Sem esta precaução, quem for para um lado ou para o outro, estará mostrando claramente o seu egoísmo. Por causa disso, os defensores, quer de um lado ou de outro, espiritualmente falando, não têm diferença e, por isso, não conseguirão realizar o trabalho desta encarnação.

Recentemente fiz uma figura interessante sobre o processo do Juízo Final que está ocorrendo. Imagine a abertura do mar para Moisés passar. Naquele episódio, o mar se abriu e algumas pessoas passaram, mas muitos foram engolidos quando o mar se fechou novamente.

É mais ou menos a mesma coisa o que acontecerá nestes tempos. Do lado direito do caminho estarão os defensores de uns, do lado esquerdo os defensores dos outros. Todos os dois serão engolidos quando o mar que se abriu se fechar. Só quem estiver no meio, no caminho do meio, quem estiver equânime, conseguirá ultrapassar este período.

O exemplo de Francisco

A provação do espírito

Participante: Temos sete bilhões de espíritos encarnados na Terra e dez vezes mais seres gravitando no orbe fora da encarnação. Existe algum aprendizado, quando fora da carne, que faz parte do sistema?

Sim, este aprendizado é alcançado pela observação. Os espíritos desencarnados ficam observando a forma como vocês, que estão na carne, se relacionam com o sistema. Com isso, aprendem que não devem viver daquela forma. Com este aprendizado, dizem que ao encarnar não vão fazer a mesma coisa. Encarnam e fazem.

Participante: Por que não conseguimos usar o que aprendemos através dessa observação?

Porque existe uma coisa chamada véu do esquecimento. Você, o espírito, se esqueceu, depois de encarnado, de tudo o que sabia antes de encarnar.

Depois que encarna, o ser convive com a personalidade – como é mesmo o seu nome? José – humano que recebeu o nome de José. Você é o espírito, vivendo ligado a uma personalidade humana chamada José.

Conviveu com ele tanto tempo, que você acha que você é o José, acredita no que esta personalidade crê.

Participante: A nossa luta, então, é para nos libertar, mudar esta personalidade, para criar uma que não seja a favor do sistema?

Não! Você é incapaz de mudar a personalidade. A sua luta nesta encarnação é para se libertar desta personalidade.

O José é o diabo bíblico, o tentador. Ele o instiga a defender o seu interesse individual. Você, aquele que sabe que é o espírito encarnado, deve então dizer a si mesmo que não é esta personalidade. Por isso, deve se abster de procurar a satisfação do interesse individual.

O trabalho, portanto, é libertar-se e não muda-la.

Participante: Qual é a função do esquecimento, para um ser que ficou assistindo tanto tempo?

Você nesta vida estudou, foi à escola? Quando esteve na escola, certamente fez provas? Quando isso aconteceu, o professor o deixava ler o livro de estudos enquanto fazia a prova?

Participante: Não!

Compreendeu agora porque não pode lembrar?

A prova que o espírito faz nesta vida é de fé. Trata-se de buscar o mundo espiritual, sem saber o que tem lá, sem saber no que vai dar a busca, sem saber como será depois da morte. Busca apenas porque se sente tocado pelo universal.

Participante: Então, qual é o motivo desses espíritos, que ainda não encarnaram, ficarem vendo a gente?

O motivo desses espíritos desencarnados ficarem vendo vocês é o mesmo do estudo que vocês fazem antes da prova: preparação. Como eles, durante a provação, não podem usar o livro, terão que usar o que está dentro dele. No caso do espírito, o que está dentro dele, o que é aprendido, é energético. O que os espíritos tiram da observação é o amar e não informações, palavras.

Com relação a esta comparação que estou fazendo – fazer provas – o ser que encarna tem uma vantagem que o estudante humano não tem: há professores particulares orientando sobre a resposta certa durante a prova. Cristo, Krishna, Buda, Espírito da Verdade, Maomé: todos estes são professores particulares, que lembram aos seres encarnados que resposta devem dar às questões.

É só ler o ensinamento dos Mestres, que você tem cola para fazer sua prova.

Participante: Tem ainda o instinto que ajuda?

Não! O instinto faz parte da personalidade humana.

A forma, e uma ideia é uma forma, são palavras, imagens. Ela não pertence ao espírito. Segundo Buda, é um agregado, algo que só se junta ao espírito depois que ele se torna humano. Por isso, qualquer razão não pode servir como guia infalível para a elevação.

Participante: Mas, todos nós temos uma espécie de Anjo que nos ajuda?

Anjo da Guarda... Sim, vocês têm, mas ele protege o espírito e não o humano! Além do mais, esta proteção está ligada a dar ao ser encarnado oportunidades de provas e não para fazê-las por vocês.

Vamos dizer assim: se para você, o espírito, o melhor for passar por um assalto, será o Anjo da Guarda quem vai arrumar quem te assalte. Faz isto porque sabe que neste acontecimento existe para aquele ser, o que ele precisa para o seu trabalho de elevação espiritual.

O Anjo da Guarda, diferente do que vocês pensam, não protege o humano, o bem material. Ele protege o espírito, e esta proteção resume-se a dar tudo o que for necessário para que o ser consiga alcançar o bem espiritual.

Participante: Quando a gente desencarna, a lei do esquecimento acaba?

Será que quando desencarnamos acontece um click e nos lembramos de tudo? Não!

Qual é o seu nome?

Participante: João.

Enquanto você achar que é o João, será ele, com carne ou sem.

Já ouviu falar em fantasmas? Aquele que defende o bem material mesmo depois de morto? É o João...

Isso quer dizer que se não fizer o trabalho aqui, terá que fazer lá. Só que quando fizer lá, a libertação do João não contará para a evolução. Será simplesmente um trabalho para se livrar do João, para poder ser, quem sabe, uma Maria amanhã.

Participante: Não entendi. O João quer aprisionar o espírito?

O João é a personalidade humana, a qual o espírito se liga para viver suas provas. Ou seja, é a encarnação de um espírito. João é uma consciência e não uma pessoa. Ele é uma consciência de ser.

Ao desencarnar, o espírito se liberta da massa carnal, mas continua sendo o que a consciência diz que você é. Ele ainda se sentirá e se imaginará como o João. Acreditará e viverá tudo como a consciência João vivia, enquanto estava na carne.

Participante: E qual é o melhor caminho para desencarnar preparado para isso?

Se libertar do João em vida.

Aliás, “em verdade vos digo, quem não nascer de novo, não verá o reino do céu”. Só que para esse nascer exigido por Cristo acontecer, é preciso morrer antes. Só que diferente do que imaginam, o Mestre não está falando em reencarnação, em morrer e reencarnar. Ele fala em morrer na própria vida. Sendo assim, se você não morrer na própria vida, não morrer para a sua humanidade, não vai conseguir chegar ao reino dos céus.

Como disse antes, para a provação na carne, vocês dispõem de professores particulares. É só olhar na Bíblia, que encontram as respostas para todas as suas dúvidas, no tocante à elevação espiritual.

O problema é que para muitos, Bíblia é coisa de evangélico analfabeto. Eles se dizem espíritas e por isso leem O Evangelho Segundo o Espiritismo. Pergunto: vocês preferem beber água na fonte ou engarrafada? Acham que adoram a engarrafada, pois não vão ler os ensinamentos dos Mestres direto na fonte.

O exemplo de Francisco

Ganhar ou perder nesta vida

Participante: Nós ainda vamos ter uma sociedade mais fraterna?

Vou lhe responder, sem nenhuma pretensão, como o Espírito da Verdade respondeu à esta mesma questão: “sim, a terra irá melhorar, mas saber disto te faz reclamar da Terra atual? Não, te faz trabalhar no sentido de que ela seja melhor”. Aí é que está o problema: vocês querem uma Terra melhor, mas não fazem nada para que ela seja ...

Me desculpe, sem nenhuma agressão a qualquer um que esteja encarnado, mas vocês querem uma Terra fraterna, sem serem fraternos com ninguém. Como podem esperar que a Terra seja fraterna se vocês não são com os outros?

Não aceitam que alguém fale mal de vocês sem reagir. Cadê a fraternidade que querem? Não aceitam que uma pessoa diga para vocês que vocês são feias sem torcer a cara. Cadê a fraternidade? Se alguém deixa um copo fora do lugar, o mundo desaba. Onde está a fraternidade que querem que exista no planeta?

A Terra vai ser fraterna sim, mas a fraternidade precisa começar pela sua ...

Participante: Então, o negócio é praticar a bondade ...

O negócio é “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”. Fora disto não há salvação, já que se trata do primeiro e do segundo maior mandamento, ao qual deve se entregar, de corpo, alma e espírito, ou seja, de todas as formas.

Participante: Eu queria saber um pouco sobre o amor próprio. Ele é muito importante?

O amor próprio é importante.

Agora, que amor próprio? O amor ao ser humano? Não. Este é bom para a humanidade, para o sistema, e não para você que se diz espiritualista, que acredita que existe algo além da matéria e que quer usar esta época material para poder melhorar esse algo.

O amor próprio que é importante, é o amor próprio espiritual. Este se caracteriza pelo oferecimento da outra face, quando alguém lhe dá uma bofetada de um lado.

Não sei se repararam, mas falta pouco para citar o Novo Testamento na íntegra, não? Ele está disponível, e poderia já ter tirado essas dúvidas que vocês têm, mas não foi consultado. Este é que é o problema!

Voltando a falar do amor próprio e do ensinamento de oferecer a outra face; lembro de uma vez que estava falando com pessoas, e havia uma que era palestrante em centros espíritas. Eu falava sobre o Amor, sobre Deus, e abordei o ensinamento do dar a outra face. Esse moço me disse: “eu vou apanhar e não vou reagir? ” Eu lhe disse: este é o ensinamento de Cristo. Como é que você quer falar de Deus, sem usar os ensinamentos de Cristo?

Participante: Mas reagir dessa forma não é a mesma coisa da pessoa ser tonta, boba?

Me diga uma coisa: quem foi o maior otário da história? Jesus! Se ele, como ensinou, é o caminho; isto, então, é ser tonto e bobo!

Participante: Mas Ele é o Cristo, o filho de Deus ...

Desculpe, mas ele não é o Cristo, filho de Deus. Ele é seu irmão! Você é igualzinho a Ele! Também é filho de Deus e, por isso, possui por herança genética tudo o que ele possui. Sendo assim, tudo o que ele fez, você pode fazer.

Só não fazem porque existe uma diferença entre vocês: ele desenvolveu tudo o que dispunha e você não. Ele se reconheceu como filho de Deus e você não. Ainda acha que é o ser humano ...

Não desenvolveu o que dispõe por quê? Pelo medo de ser bobo!

Não desenvolveu suas aptidões espirituais, por defesa do sistema humano. Este sistema diz que você não pode perder, que não pode receber um tapa sem reagir. Ele lhe diz que é preciso ganhar sempre, evoluir materialmente, amealhar bens e cultura. É para defender esses parâmetros, que você não desenvolve as suas aptidões espirituais.

O que estou falando não se restringe apenas aos cristãos. Krishna ensina assim: o verdadeiro sábio transita entre as coisas do mundo, mesmo sendo livre delas, com cara de bobo! É assim que se evolui, que o ser evoluído ama a si mesmo...

Este é o verdadeiro sábio: aquele que não sabe. Só que para vocês o sábio é o culto, é aquele que ganha, que tem prestígio, que é reconhecido. Para quem pensa assim, mais uma citação do Evangelho: “louvado seja Deus que mostra aos simples o que esconde do sábio”.

Não sei se já repararam, mas quanto mais uma pessoa sabe, mais difícil é para ela viver, mais ela é contestada pelos outros? Por que isso acontece? Porque o mundo, as outras pessoas, não aceitam o que alguém sabe. Cada um se acha mais sábio e quer dominar e provar ao outro que ele é o certo.

Participante: Podemos doar a razão aos outros algumas vezes, mas a gente também cansa de tanto fazer isso ...

Sim, vocês se cansam de doar a razão, de deixarem os outros passarem à frente e por isso muitas vezes abrem guerra contra o próximo. Mas, para que tenham um estímulo para não cansarem tão rapidamente, cito mais uma palavra do Cristo: “há uma recompensa no céu para aquele que ama incondicionalmente nesta vida”.

Acho que este ensinamento do Mestre deveria estimular vocês, no sentido de praticarem o amor ao próximo, mas não é isto o que acontece. Por que? Porque vocês não querem a recompensa do céu, mas sim a da terra.

O que é a recompensa da Terra? O prestígio, por exemplo, de ser considerada uma pessoa que não leva desaforo para casa.... Esta é a recompensa da Terra que vocês privilegiam, buscam, ao invés do bem celeste, a Bem-aventurança.

Antes que me esqueça, mais um ensinamento de Cristo para aqueles que ainda acham melhor o bem material, a vitória e o reconhecimento neste mundo: “o primeiro no reino da Terra, será o último no reino do céu”. Pois é, segundo o Mestre, que vocês dizem que acreditam e seguem, aquele que conseguir o reconhecimento neste mundo não será reconhecido no outro. Mesmo assim, lutam para serem os primeiros na Terra, para vencerem em tudo. Estranho isso, não?

Participante: Mas, se a gente agir com o coração num momento de raiva, tristeza ou revolta, seria uma hipocrisia. Seria você tentando manter uma postura que não é verdadeira ...

Concordo plenamente com você. Seria hipócrita se manter numa postura que não é a sua. Então, transforme sua postura.

Deixe-me dizer uma coisa: o problema nunca está no ensinamento, ele nunca está errado ou exige muito de vocês. O problema sempre está no fato de sabendo-se um espírito, não querer deixar de ser humano. Este é sempre o problema ...

Participante: Será que sabemos mesmo?

Se não soubesse, não frequentaria uma religião espiritualista, não rezaria, não pediria ajuda a Deus ... Por isso digo que você acredita que é um espírito. Pode não ter plena certeza, mas tem a ideia de que é.

Participante: Uma intuição...

Isto, uma intuição.

Portanto, o problema não é o ensinamento. O problema é não querer seguir o ensinamento, colocar o ensinamento em prática, para não perder nada no mundo humano. Só que o mundo humano, ao invés de lhe dar o que quer, começa a jogar carência. Com isso, o sistema te prova o quê? Que você não tem controle de nada.

Participante: Mas, seguir o ensinamento também deve ser um desejo do coração, não é?

Sim, tem que ser um desejo do coração, senão vira hipocrisia. Transforma-se em fazer para ganhar. Quando isso acontece, não se fez nada; só se usou uma outra regra para o sistema.

O exemplo de Francisco

A casa espiritualista e a chegada do novo tempo

Então, o recado que eu queria deixar bem forte é que logo as cisões provocadas por carências aumentarão. Com elas, o sistema humano designará, como já está designando, os inimigos do povo e os salvadores da pátria. É por conta disso que digo àqueles que têm pretensões de continuar encarnando nesse planeta, dentro do mundo de regeneração: não se deixem levar por isto.

Deixando-se levar, entrando nessa onda de crítica a alguns e adoração a outros, com certeza, além da carência, vocês viverão embates dos quais não sairão vivos, no sentido espiritual, no sentido da elevação espiritual, pois neste quesito, esta é uma guerra em que todos vão morrer. Todos os que guerrearem para defender um ou outro lado, pouco importando os argumentos que usarem, irão perecer, no sentido espiritual.

 Quem me conhece sabe que não sou de fazer previsões, sabe que me neguei mais de mil vezes a responder sobre questões que envolvam a previsão da chegada daquele dia do Cristo. Apesar disso, a mensagem que trago hoje é fundamentada nessa questão, pois o tempo está, a cada dia mais, esgotando-se.

Os acontecimentos vão aumentar, as carências vão aumentar. O sistema humano exigirá de vocês uma tomada de posição, e aqueles que tomarem posição para defender A ou B se verão envolvidos numa batalha da qual, espiritualmente falando, não sairão vivos.

 Quando vemos isso, voltamos, então, ao segundo assunto que me trouxe hoje aqui: a inauguração desta casa. Parece estranho que num dia de festa eu faça uma conversa tão negativa. Só que não poderia eximir-me de lhes deixar esta mensagem.

Além disso, como disse no início, trago uma notícia ruim, mas, ao mesmo tempo, tenho uma boa: a abertura desta casa. Isto porque é mais um ponto de luz que se abre, para ajudar vocês nesta caminhada.

Este moço é o ‘presidente’ da casa ... Você sabe o que o presidente da casa faz? Sabe qual é a primeira obrigação do presidente da casa?

Participante: Vou aprender agora.

Varrer o chão do centro. Se ele não souber varrer o chão, como ele vai ensinar os outros a varrer? Ser presidente de uma instituição de luz não é posição social, mas trabalho.

Este moço que agora assume a direção desta casa, durante muito tempo trabalhou em outra casa, com a função de ensinar caminhos para a elevação espiritual. Só que de um tempo para cá, nós temos conversando no sentido de compreender que a hora de transmitir ensinamentos já acabou.

Todos os ensinamentos estão disponíveis há muito tempo. Krishna trouxe suas orientações há mais de cinco mil anos, Buda e Cristo há pouco mais de dois mil, o Espírito da Verdade há quase duzentos. Há séculos que os ensinamentos estão disponíveis, e o espírito que desencarna não pode alegar não conhecê-los na hora da avaliação da sua provação. Por isso, ficar apenas falando deles não é mais auxílio algum.

Está na hora de socorrer os seres que estão buscando a elevação de outra forma. Este socorro, como diversas correntes também falam, trata-se de colocar em prática o que foi ensinado. Não é mais hora de um professor ensinar, mas de um orientador ajudar na execução prática dos ensinamentos no dia a dia. Esta será a forma de funcionamento desta casa.

Estamos na hora de começar a transformar em ação aquilo que dizemos que acreditamos. Como já foi dito, palavras sem ação não valem nada. O ser humano pode decorar a Bíblia, saber cada capítulo, cada versículo, mas se não “amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”, não fez nada. Como Paulo diz: “eu poderia falar a língua dos Anjos, mas se não tivesse amor, minha voz soaria como um gongo”. Por isso, esta e muitas outras casas que surgirão, trilharão especificamente este caminho.

 A partir da orientação que começamos a dar, este moço foi alterando a sua forma de agir, até chegar, hoje, onde começa a funcionar um espaço dentro desta nova visão espiritualista. Este não é um espaço para ensinar nada a ninguém, mas para ajudar cada um na prática daquilo que já acredita.

Aliás, esta é uma característica do espiritualismo. O espiritualismo, o espiritualista, não quer ensinar nada a ninguém. Pode até comentar ensinamentos, mas não ensina nada a ninguém. O que ele quer é servir de apoio para que os seres possam realizar o seu trabalho nesta encarnação.

Por isso, a primeira preocupação deste moço foi criar um local, um espaço, onde possa ajudar o outro, não lhe ensinar. A ideia sobre o funcionamento desta casa não é servir como uma escola, mas como um oásis para aqueles que estarão enfrentando a carência que vai acontecer.

Sei que no momento das carências, a tendência do ser humano é se revoltar contra o que está acontecendo. Isto Cristo deixou bem claro quando na cruz perguntou: “Pai, esquecestes de mim? ” Claro que ele sabia que o Pai não tinha esquecido dele, mas vivenciou a ideia de estar se revoltando contra Deus, para que o ser humanizado não se sinta culpado por revoltar-se contra a carência.

Participante: Como assim, vivenciou a ideia de estar se revoltando? Ele se revoltou ou não?

Cristo, Jesus Cristo, era dotado de alguns poderes que vocês não têm, como andar em cima da água e outros. Se esta frase – “Pai, por que esquecestes de mim? ” – traduzisse uma revolta real, com certeza o Mestre teria feito raios caírem dos céus para matar aqueles soldados e ele poder ir embora. Mas, não fez isso: ele aceitou a crucificação, mesmo demonstrando não a querer.

A melhor explicação para o que estou dizendo está numa frase, também polêmica, em que Cristo diz: “Pai, afasta de mim este cálice, mas, se não for possível, que seja feita a Vossa Vontade”. Esta frase traduz bem o que estou querendo mostrar.

A revolta, não desejar alguns acontecimentos, faz parte da razão humana, da personalidade, a qual o espírito se liga para realizar as suas provas. Por isso, ela pode existir. No entanto, esse desejo deve ser sempre subordinado aos desejos divinos.

Esta é a forma espiritualista de ser. Pode até haver o anseio de não viver certas coisas, mas, se elas são inevitáveis, o espiritualista diz: seja feita a Vossa Vontade.

É justamente para atender as pessoas que estão passando por essas carências, por essas necessidades, que estão envolvidas nessas batalhas e que não conseguem essa submissão a Deus, que mais esta casa se abre. Abre-se para – usando termos de vocês – servir como refrigério para a alma, servir como um espaço, onde o ser humano traga toda a sua carência, a sua revolta, traga tudo o que está vivendo, e se banhe numa água que o purifique. Ou, como o próprio Cristo ensinou, aqui terá a água que realmente mata a sede.

Este é o objetivo das casas espiritualistas, e é o desta também. Com certeza, este espaço não será aberto para discutir assuntos espirituais, mas terá uma estrutura onde você possa vir com seu problema e, se não for possível sair com a solução dele, pelo menos saia com a alma lavada, para poder enfrentar o problema mais um tempo.

Este é o objetivo desta casa, e não é à toa que ela se inaugura esta semana .... Isto eu nunca disse ao moço, mas Francisco de Assis é o patrono desta casa.

 Esta é a mensagem que eu tinha para vocês hoje. Como eu disse, ela é uma mensagem de nuvens negras, mas que, ao mesmo tempo, mostram que pode e vai soprar uma brisa para abrir o tempo. Se quiserem fazer qualquer pergunta ...

O exemplo de Francisco

O dinheiro 2

Depois de tudo o que falei, vocês estão com medo de enfrentar o futuro? Se estão, vamos juntos cantar a musiquinha da igreja: “segura na mão de Deus” ... Este é o caminho. A única forma de conseguirem passar por tudo o que acontecerá de uma forma mais amena, é estarem com Deus, estarem em Deus. Se não trouxerem Deus para a vida de vocês, não conseguirão sobreviver.

Participante: A guerra dos governantes aí, dane-se, então?

Deixe-me lhe contar uma história que está num romance espírita.

Havia duas princesas de tribos diferentes, que foram sequestradas e levadas como escravas para servir num palácio. Uma era extremamente revoltada com a situação; a outra não demonstrava revolta nenhuma. Um dia, essa que era revoltada, irritou-se com a não reação da outra e foi tomar satisfação.

“Como você era uma princesa, tinha escravos, era servida e hoje é uma escrava? Tem que servir a senhores. Como pode viver tão tranquila? Você não se revolta contra isto? ”. A outra respondeu: “eu não sou escrava de ninguém; quem é escravo é o meu corpo. Eu sou livre. Com o meu corpo eles podem fazer o que quiserem; comigo, por não ser escrava deles, não me afetam nunca. ”

 Usando esta história como comparação, diria que os problemas que os governantes podem causar com suas disputas, se afetarem alguma coisa, será apenas o seu corpo. Não deixe que eles te afetem. Para fazer isso, é preciso que compreenda algumas coisas. Por exemplo: vamos dizer que esteja faltando dinheiro para você, isso é problema?

Participante: Sim ...

Não. Para que você precisa do dinheiro?

Participante: Para sobreviver ...

Sobreviver? Para sobreviver, a única coisa que precisa é de oxigênio e, pelo que eu saiba, ele ainda é de graça. Assim mesmo, nem isso, porque a vida continua depois da morte.

Participante: Preciso de alimento sólido ...

Precisa de alimento sólido, sim, mas precisa de dinheiro para isso? Acho que não. Faça como Buda: vá mendigar na rua. Com isso terá o alimento sólido.

Então, você não precisa do dinheiro: você pode mendigar.

Participante: Mas alguém vai comprar aquele alimento com dinheiro.

Sim, mas estou falando com você. Você precisa de dinheiro? Não. Se outra pessoa precisa, isso é outra história.

Na verdade, você só acha que precisa do dinheiro. Por quê? Porque quer ter coisas. Se não quisesse ter, não sentiria falta do dinheiro. Portanto, o querer é o seu problema e não o não ter.

Para resolver o seu real problema, pergunto: se você cair duro aí agora, o que vai acontecer com as coisas pelas quais você perde a sua espiritualização, ou seja, sofre? Sim, o ser humano perde a sua espiritualização quando reclama de algo, quando é contra o governo, o patrão, etc. Perde a sua espiritualização porque não ama a todos.

Me responda: o que vai acontecer com as coisas cujo preço que pagou por elas não foi o dinheiro, mas a perda da sua espiritualidade? Vai ficar tudo aqui. Nada vai com você.

Participante: Mas o dinheiro não tem uma certa importância no sistema humano?

No sistema humano tem muito valor.

Participante: Mas, eu estou inserido nele.

Você é humano? Não, você é espírito. Quem está inserido no sistema humano é o personagem que você está vivendo.

Participante: Sim. Como eu ajudo o personagem?

Você não ajuda, nem deve se preocupar com o personagem. Ele existe apenas para te forçar a viver como humano, mesmo sabendo que é espírito.

Participante: Mas aí complica ...

Deixe-me colocar esta ideia em palavras mais fáceis de serem compreendidas. De maneira alguma estou dizendo que você tem que abrir mão do dinheiro para poder espiritualizar-se. O que estou querendo dizer, é que não deve perder a sua espiritualidade por causa do dinheiro. Você não deve deixar de “amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo” por causa do dinheiro. Isto você faz quando luta para ter o dinheiro, ou sofre por não o ter. Portanto, você pode ter o dinheiro, mas não deve deixar que ele ou a sua ausência interfiram no seu mundo emocional, para poder espiritualizar-se.

Voltando, então, na verdade a falta de dinheiro não é o seu problema, mas sim o desejo de comprar algo. Este é o seu real problema, e é ajudar no entendimento desta questão, para que ela não afete a sua espiritualidade, é que é o objetivo desta casa.

Ela precisa te ajudar a entender que você não tem um problema real. Ou melhor: que o seu problema não é aquilo que você diz que lhe causa sofrimento. Traduzindo para o nosso exemplo, o seu problema não é não ter dinheiro, mas sim o querer comprar coisas.

Todo e qualquer problema que a mente crie, está nas posses, paixões, desejos, na humanidade e no egoísmo da personalidade humana. Está na forma como você lida com esta personalidade, com o seu mundo racional. Caso não se considerasse humano, não estivesse apegado às razões geradas pela mente e, por isso, não achasse que é necessário ter dinheiro, não teria problemas, tendo ou não a moeda. Permaneceria em paz e harmonia com o mundo.

O exemplo de Francisco

Acabando com os problemas

O raciocínio que acabei de fazer, vale para todas as aparentes origens dos problemas e não só ao dinheiro. Se alguém, por exemplo, te chamar de feio, isto é um problema? É, pois você não gosta que alguém fale isto. Como já foi dito aqui, vocês acham que têm que reagir.

Por que não gostam, e acham que precisam reagir quando algo desse modo acontece?

Participante: Por que queremos ganhar em tudo?

Porque querem ser chamados de bonitos.

O problema não é a outra pessoa dizer que você é feio; o seu problema é querer ser chamado de bonito. Digo que este é o seu problema, porque somente quando alguém te chama de feio é que você se sente mal, tem um problema. Na verdade, não foi o que o outro disse que te causou um problema, mas o fato de querer ser chamado de outra forma.

Este é mais um objetivo de uma casa espiritualista: mostrar que o mundo inteiro está dentro de você. O problema não existe fora, só dentro. Está em você. Como o Buda diz: “você é o seu maior amigo, mas é o seu maior inimigo”.

É este o objetivo desta casa, que pode ajudar o ser a refrigerar a sua alma. Quando ele consegue entender perfeitamente a origem do seu sofrimento e a ataca, pode, enfim, ser feliz verdadeiramente.

Aqui não existe o objetivo de se ensinar livros sagrados, técnicas espirituais, fazer viagem astral ou coisas desse tipo. O objetivo é amparar cada um na sua luta consigo mesmo. Para isso, a ação é voltada a mostrar, dentro de cada um, o que o faz ter um problema na vida. Isso é feito não para resolver os problemas, mas para dar armas para que o ser humanizado não tenha mais problemas. Digo isto, porque a cada vez que o ser entende o processo da formação dos problemas, consegue agir preventivamente se afastando da geração de novos problemas.

Outro dia, uma pessoa me disse que sofria porque não gostava de pia com louça suja, e a filha dela não lavava o que usava. Será que vocês imaginam qual a solução que dei para ela? “Você tem duas saídas: ou aprende a conviver com louça suja ou lava a que está na pia você mesma. ”

Na hora que quem não gosta de louça suja na pia pegar e lavá-la – e não vai cair a mão de ninguém porque fez isto – sabe o que vai acontecer? A pessoa não terá mais problemas. Viu como é fácil acabar com os problemas de vocês?

Só que aí entra aquilo que já conversamos hoje: “não posso fazer isto. Se fizer, serei uma escrava da minha filha. Ela tem que aprender que precisa fazer alguma coisa. ” Pior: diz que faz isto por amor à filha, para que ela se prepare para o futuro. Mentira! Faz porque quer vencer sempre. Se a própria mãe lavar a louça, a sensação é de que a filha terá obtido uma vantagem em cima dela.

Sim, vai. Dentro da visão humana da vida, a filha terá levado uma vantagem, mas dentro da visão espiritual, quem levou a vantagem maior foi a mãe, pois ela parou de sofrer .... Este é o problema do ser humanizado. Ele diz que não quer sofrer, mas, na realidade, não faz o que pode estancar este estado de espírito, com medo de ser considerado um perdedor, um ser humano que não reage humanamente às coisas deste mundo.

Então, este é mais um objetivo desta casa.

O exemplo de Francisco

Relacionamentos difíceis

Participante: Só mais uma pergunta.

Eu estou esperando esta pergunta.

Participante: Pessoas difíceis são bênçãos na vida da gente? Pessoas que a gente acha que são difíceis, como filhos, etc.

Pessoas difíceis, situações difíceis, são aquilo que o espírito mais pede antes de encarnar. Deixe-me tentar te explicar isso.

Cristo ensina assim: se você só abraça o seu amigo e não cumprimenta o inimigo, o que acha que faz de bom? Qualquer ateu faz isto. Quero ver você cumprimentar o seu inimigo. Só fazendo isto, prova que é um cristão. É daqui que retiro a resposta à sua pergunta.

A pessoa ou a situação difícil de se lidar, existe justamente para que você tenha uma oportunidade de superar o sistema humano, que diz que seria muito melhor se relacionar só com pessoas fáceis, com situações fáceis. As difíceis lhe dão uma oportunidade de colocar o amor incondicional em prática.

Por isso, digo: ame a pessoa difícil, ame a doença difícil, ame a carência material, porque sem o amor a elas, não existe elevação espiritual. Isto é o que digo para fazerem, mas sei que para vocês, enquanto humanos, a mente repudia isto. Ela não aceita o amar as pessoas que são diferentes – falo assim porque a dificuldade do relacionamento está sempre na diferença – e quer logo catequizá-la, ou seja, ensinar o seu certo.

Apesar desta propensão da mente, lhes relembro um ensinamento que está em O Livro dos Espíritos. Neste livro, o Espírito da Verdade é arguido da seguinte forma: já que o espírito escolhe as suas provas, não seria lógico que todos escolhessem as menos dolorosas? Acho que esta pergunta é mais ou menos a que você me fez agora.

A ela, a resposta do Espírito da Verdade foi: “para você, humano, sim, o espírito deveria pedir provas menos dolorosa. No entanto, para o espírito, quando liberto da influência da matéria, do sistema humano de vida, não. Isto porque, primeiramente, esse sofrimento não causa mais expressão nenhuma a ele, e, segundo, porque sabe que esse sofrimento é o caminho mais rápido para ele chegar ao porvir espiritual.

Por causa deste ensinamento, quando estiver num relacionamento com pessoas difíceis, agradeça a Deus. Diga a si mesmo: “olha aí a minha oportunidade de exercer a minha cristandade, que digo que tenho. ”

 Tem um detalhe que eu falo sempre, e quero encerrar nossa conversa com esta questão: cristão não é aquele que carrega cruzinha no cordão. Cristão é aquele que coloca em prática o ensinamento do Cristo. É preciso mais do que frequentar um culto ou recitar os versículos da Bíblia; é preciso uma ação íntima cristã, ou seja, amar, para poder se dizer seguir o Cristo.

Pois bem, se isto é real, no momento em que está lidando com pessoas ou situações difíceis, está tendo uma grande oportunidade de provar que é cristão. Está tendo a oportunidade de “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. ”

Vocês tratam essas pessoas como inimigos. Trate bem as pessoas e coisas com as quais tenha um relacionamento difícil, no sentido de não querer o que você quer e não no sentido de lhe atacar. Sabe o que Cristo fala sobre o inimigo? Se teu inimigo te pede a capa, dê a túnica também; se ele te pede emprestado, dê; se emprestar algo, não cobre juros. Se um soldado inimigo te faz carregar um tronco por um quilômetro, carregue dois por dois quilômetros. Veja como a forma cristã de lidar com aquele que pensa de outra forma é completamente diferente, de como a razão humana trabalha esta questão.

Sobre a razão humana, já que a grande maioria aqui é espírita, segue e professa a religiosidade espírita, quero deixar o último recado. Trata-se de um que também está em O Livro dos Espíritos: a razão não é um guia infalível. Não sigam a razão, melhor seria se seguissem o instinto.

Apesar disto ser um ensinamento do Espírito da Verdade, o que mais se fala dentro do espiritismo é trabalhar a razão, tanto assim que uma das grandes máximas é: “passe tudo pelo crivo da razão. ” Isto existe, apesar do mentor do espiritualismo dizer para você não seguir a razão, pois ela é orgulhosa, vaidosa e egoísta.