A eterna luta do bem contra o mal
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A eterna luta do bem contra o mal

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A eterna luta do bem contra o mal

Em conversa com os amigos de São Carlos - SP, Joaquim de Aruanda fala sobre a cultura da luta do bem contra o mal vivida no mundo humano. Ele mostra que não há bem nem mal

A eterna luta do bem contra o mal

Conciliação

(Palestra realizada em São Carlos-SP em 23/02/2016)

Todos estão sabendo que o sentido da encarnação no planeta Terra mudou, não? Que desde 2012 os espíritos estão encarnando agora para regeneração e não mais para provas e expiações? Apesar disso, até hoje vocês sempre viveram à vontade, ou seja, não foram conclamados em mudar a sua forma de viver, não é mesmo?

Recentemente estava conversando com algumas pessoas e falava que estava na hora de começar a se mexer, de fazer alguma coisa nova, para justificar a existência dentro desse novo sentido de encarnação. Disse a elas que a primeira coisa que precisava ser feito a partir da mudança do sentido da encarnação, é se buscar a conciliação.

Antes de continuarmos a nossa conversa, que também abordará esse assunto, quero só deixar uma coisa bem clara: conciliar-se com alguém não é fazer as pazes, mas sim aprender a conviver com o próximo. Só que quem se concilia com alguém aprende a conviver com essa pessoa numa forma diferente. Portanto, não se trata de fazer as pazes, mas mesmo brigado, viver de uma forma diferente do que se vive hoje.

Para entender um pouco o que estou dizendo, pergunto: o que é conciliar? A conciliação existe quando uma personalidade, um ser humanizado, consegui caminhar lado a lado com outra sem que haja conflitos. Mas, para que isso ocorra, o que essas personalidades precisam? Qual é o segredo de duas personalidades diferentes conseguirem caminhar lado a lado sem atritos?

Participante: paciência ...

Participante: amor ...

Para que tudo isso aconteça e não haja atritos o que é preciso é que o ser aceite perder. Aceitar que o outro tenha razões em algumas coisas e ele aceitar que você tenha em outras. Se você não cede em momento algum, ou seja, quer ter sempre a razão, não consegue viver de uma forma conciliada com ninguém. Estará sempre querendo impor a sua verdade, a sua vontade, o seu querer. Estará sempre querendo do outro.

Participante: aceitar que o outro é um ser humano que possui qualidades e defeitos ...

Sim, mas principalmente aceitar que ele tenha essas qualidades e defeitos, mesmo que elas acabem em algum momento lhe ferindo.

Esse é o primeiro trabalho que precisa ser feito no mundo de regeneração. É aprender a conviver com o próximo respeitando a diferença entre vocês e aceitando que haverá momentos onde o outro ganhará e você perderá e outros outro a vitória será sua. É aprender a viver com erros e acertos, sem ver erros ou acertos nos acontecimentos do mundo.

Aprender a viver com o próximo sabendo que ele é de um jeito específico, que possui determinada crença, mas que a forma como ele é e no que crê não se constitui nem em erro nem em acerto. Conviver com o próximo sabendo que ele sempre faz o que acha certo fazer e o que acha que deveria fazer e eu não o critico, pois lhe dou o direito de ter o seu certo, de ter a sua forma de fazer as coisas.

Só que para se poder viver dessa forma com o próximo é preciso acabar com a eterna luta do bem contra o mal ...

A eterna luta do bem contra o mal

O bem e o mal não existem na realidade

Não existe bem ou mal, certo ou errado. O que existe são pessoas que pensam e querem coisas diferentes. O que cada um quer não é certo nem errado, nem bom nem mal: é apenas o que cada pensa e acha das coisas. O problema é que vocês desde crianças foram acostumados a existência da ideia do bem e do mal e como sempre se acham o certo, dão a sai mesmos o papel do bem e para o outro o do mal.

Não há mal, não existe maldade. O que existe são pensamentos e desejos diferentes. É isso que precisam trabalhar em si mesmos: o mal não existe ...

Sabiam disso?

Participante: sim ...

Desculpa, se sua resposta é sim, eu tenho que dizer que vive em hipocrisia, pois ainda continuando convivendo com a vida imaginando que existem seres malignos que querem lhes fazer o mal.

Me digam uma coisa. Se ao saírem daqui um bandido lhes assaltar vocês dirão que ele é do bem? Se chegar a sua casa e tiverem levado tudo que tinha, achará que quem fez isso é do bem? Portanto, mesmo dizendo que só existe o bem, continuam vivendo com a crença de que o mal existe, de que a eterna luta do bem contra o mal prossegue...

Portanto, nada adianta dizer filosoficamente que não existe nem o bem nem o mal; é preciso viver os acontecimentos da vida humana com esta realidade. Para isso é preciso saber de onde vem a ideia da existência do mal. De onde vem a ideia de que outra pessoa é má, de onde vem a ideia que afirma que o ouro é mal.

Sabem me dizer de onde vem essa ideia?

Participante: do ego ...

Sim, ela vem do ego, mas porque isso acontece, como isso ocorre? Onde começou a surgir a ideia de que existe uma diferença entre os seres humanos que gera a existência de um bem e de um mal?

Participante: isso é histórico ...

Sim, a existência do dual bem e mal é histórica e até hoje vocês não conseguem viver um minuto de suas existências sem aplicar esses valores às coisas da vida. A cada momento existe para vocês a ideia da eterna luta do bem contra o mal. Mas, porque o outro é taxado de mal? De onde e porque surge a ideia da existência do mal?

Porque o ser humano pensa assim? Porque o ego cria consciências onde existe esta luta? Porque historicamente isso acontece?

Falo historicamente, porque até na Bíblia existe a figura do bem e do mal. O espiritismo diz que veio para acabar com esse dualismo ao terminar com a crença da existência do paraíso e do inferno. No entanto, se prestar atenção, essa doutrina cria o umbral e as cidades espirituais, que nada mais são do que outras visões sobre a mesma coisa.

O mundo inteiro, toda existência de um ser humano, todas as verdades com as quais convive durante a existência são geradas a partir do conceito da existência do bem e do mal. Isso é algo que precisam compreender. Mais: precisam entender porque isso acontece. Se não tiverem este entendimento e não se rebelarem contra essa criação, continuará vivendo com essa separação.

Quando vocês vivem com a existência dessa separação, o que fazem?

Participante: julgamos ...

Julgar é de menos ...

Participante: condenamos ...

Ainda é o de menos.

O que acontece quando vivem com consciências que são formadas levando em conta esse dualismo? Vocês se afastam de Deus, se separam do Todo. Digo isso porque todos os mestres disseram que Deus é único, onisciente, onipresente e onipotente. Quando atribuem a origem de algumas ações ao mal, estão gerando um diabo, o que acaba com a Unidade do Pai. Além disso, destroem a onisciência, pois como Ele pode saber que existe um mal e deixa-lo agir? Acabam com a onipresença, pois se ela existe, será que Deus não está presente onde o mal ocorre? Acabam com a onipotência, pois aceitam que existe alguém que pode agir livremente sem que o Pai possa detê-lo.

Vivendo a existência desse dualismo, você se afasta de Deus, deixa de viver com o Senhor do universo. Está vivendo junto a uma figura mitológica que provêm das trevas.

Já ouviram falar desse termo? Claro que sim. Só que as trevas não podem existir. Se isso acontecer, ou Deus não existe, ou os mestres estão errados quando falam Dele. Por isso, vamos responder as questões que levantamos.

Quem cria o mal? Como foi dito, o ego. Para criar o mal o que ele usa? A razão humana ... É a razão, o pensamento, aquilo que descreve o mundo para o ser humanizado que cria a existência de um bem e um mal.

Deixe-me fazer uma pergunta. O que aquela pessoa está vestindo? A realidade é que ele veste uma roupa. Essa é a realidade, mas será que é só isso que a razão humana diz? Claro que não: ela falará muito mais ...

Poderá dizer que é uma roupa mal passada, velha, suja, cara, vagabunda, etc. Todas essas qualidades para a realidade são criadas pela razão humana e sempre contém a presença do dualismo bem e mal, certo e errado, bonito e feio. A roupa limpa, bem passada e cara é do bem; a velha, suja e mal passada, do mal.

Só que tudo isso não é real, não pertence a realidade. A roupa, por exemplo, se estiver suja e amassada não deixa de ser roupa tanto quanto a limpa e bem passada. Portanto, na realidade, pouco importando o que você acha dela, o que existe é uma roupa.

São essas coisas que extrapolam a realidade e que são criadas pela mente ou razão que gera a existência do bem e do mal. É isso que vocês precisam entender para poderem viver em paz e felicidade.

A eterna luta do bem contra o mal

O bem e o mal e a razão

Ninguém gostaria de ser assaltado, pois consideram isso um mal. Por esse motivo, se isso acontecer, sofrem. Mas, será que é mal mesmo?

Participante: eu não quero ser assaltado porque vai dar muito trabalho comprar tudo de novo ...

Veja como o que está dizendo não tem lógica. Cada vez que você compra algo novo fica feliz, não é? Pois então, deveria querer ser assaltado para ter que comprar tudo de novo para poder ficar feliz mais tempo ...

Vocês estão rindo, mas o que falei não tem lógica? Só que a mente humana não funciona assim. Ela jamais criará uma razão desse tipo. O que ela dirá, para poder sustentar a ideia de que ser assaltado é mal e que por isso você precisa sofrer, é a ideia de que ser visitado por um ladrão lhe dará trabalho.

Participante: mas, não é só isso. Teremos que gastar dinheiro duas vezes na mesma coisa ...

Essa é a lógica que a sua mente criou? Está certo ...

Digamos que tenham roubado seu celular. Se isso acontecer hoje, com certeza terá que comprar outro. Neste momento, há uma grande possibilidade de você escolher um modelo mais novo, que tenha mais funções, não é? Isso não é bom? Então, ter o celular roubado é bom ...

Participante: mas, a gente se apega as coisas materiais que temos ...

Começou a aparecer o que a razão explora para gerar ideias que sejam fundamentadas na existência do bem e do mal. O apego, as posses, as paixões, o egoísmo ... “Quem é esse ladrão para roubar as minhas coisas”?

Só há um detalhe: o ser humanizado não tem nada: tudo pertence a Deus. Ele, como Senhor do universo, distribui as coisas para quem quer. Se achar que está no momento do ladrão ter o que você imagina ser seu, com certeza elas serão transferidas para ele.

Claro que aqui não estou querendo dizer que o ladrão está certo, nem muito menos vou dizer que ele é errado. O que estou fazendo é mostrando como a razão humana funciona. Toda razão humana funciona gerando valores para as cosias desse mundo presa ao dualismo bem e mal.

Se isso é verdade, só posso lhe dizer que é ela que lhes propõe um afastamento de Deus e é você que se afasta quando aceita que essas qualidades existem. É isso que vocês precisam compreender.

Na verdade, não é você quem acha que alguma coisa é ruim, mas sim a sua razão. Não é você quem acha alguma coisa feia, suja, de mal gosto: tudo isso foi gerado pela sua razão para lhe propor um afastamento de Deus.

Saibam que se vocês não estivessem expostos a uma razão humana, poderiam ver que o mal e o bem são apenas uma coisa: a Perfeição de Deus. Com isso poderiam viver felizes, pois ao invés de lamentarem o ser roubado, exultariam pela chance de comprar tudo novamente e ainda por cima em modelos mais novos. Para quem ainda está preso à razão, viver essa exultação é a impossível.

Portanto, se querem viver em paz e felicidade, precisam acabar dentro de vocês com a eterna luta do bem contra o mal. Para isso, precisam libertar-se da razão. Enquanto estiverem presos a ela, estarão vivendo o bem e o mal. Enquanto esse dualismo existir na realidade da vida, terão sempre o prazer e a dor.

Jamais terão a paz. Viverão sempre com medo de serem assaltados, de lhes ferirem, de lhes magoarem, de lhes matarem. Quem vive com a presença do bem e do mal está sempre morrendo de medo. Isso porque a única coisa que a divisão das qualidades em bem e mal faz é gerar sofrimento, causar dor.

A existência do bem e do mal leva a uma vivência da vida sempre com medo. Aqui mesmo no centro espírita vocês veem as pessoas com medo de trabalhos chamados de esquerda ou com obsessores, porque esses trabalhadores são tratados como maus. Na verdade eles não. Os de esquerda são espíritos elevados, os obsessores são apenas irmãos perdidos.

Na verdade, tanto o trabalho espiritual com um como com o outro ajudam na possibilidade de ser feliz, mas a razão humana não deixa isso ser visto. Por isso, se perde muitas possibilidades de ajuda.

É isso que vocês precisam compreender: Se deixar levar pela razão é viver como todo ser humano vive: preso a eterna luta do bem com o mal o que leva sempre ao prazer e a dor.

Se você quer, paz, se quer viver feliz, precisa se libertar da razão. Aliás, o próprio Espírito da Verdade diz isso: melhor seria se fossem guiados pelo instinto e não pela razão.

A eterna luta do bem contra o mal

A razão é má educada

Participante: uma coisa que o senhor já disse é que devo deixar o outro ter a razão ...

Quando falei isso usei a palavra razão como no sentido de se achar certo: dar ao outro o direito de se achar certo. Agora estou falando no sentido de racionalidade. Você vai entender agora melhor o que estou dizendo.

Não adianta nada eu falar tudo isso, se você não entender uma coisa: a razão jamais lhe levará a um lugar onde tenha paz. Porque ela não pode fazer isso?

Participante: porque a função dela é gerar provas.

Sim, mas isso é muito filosófico. Eu quero prática ...

A resposta está na pergunta 75a de O Livro dos Espíritos:

“Porque nem sempre é guia infalível a razão? Seria infalível se não fosse falseada pela má educação, pelo orgulho e pelo egoísmo” ...

Não importa o que você pense, não importa a verdade que lhe venha a mente, não importa a ideia que forme sobre qualquer coisa: toda consciência que tem é fruto de uma má educação, de um orgulho e de uma vontade de ganhar. Sempre ... Não importa o que você pense é fruto dessas três coisas. Por isso, vamos falar um pouco dessas coisas.

O que é uma razão má educada?

Participante: porque é parcial?

Não.

Participante: porque age de acordo com o interesse individual?

Não.

Participante: porque ela é humana ...

Perfeito. A razão é mau educada porque ela foi criada para você que está ligada a ela seja um humano.

A sua razão foi totalmente montada para que você, o espírito, submetendo-se ao que ela cria, se torne um ser humano. Só que não existe ser humano do bem. Ele só é bonzinho quando o bem é para ele mesmo. Quando lhe é conveniente ser ...

O ser humano é egoísta por natureza. É hipócrita por natureza. O que ele quer sempre é dominar, conquistar, ter o poder. Mais do que ter o poder simplesmente por ele mesmo, o ser humano o quer para poder subjugar o próximo aos seus desejos.

Querem ver uma coisa. Quantas pessoas passam fome no mundo? Dois bilhões? Quantas pessoas existem no mundo? Sete bilhões? Então está sobrando tem gente, há pessoas que podem ficar sem fazer nada. Se há cinco bilhões que podem ajudar e apenas dois que precisam ser ajudados, se cada um ajudasse apenas outro ser, haveria pessoas que não precisariam fazer nada.

Frente a esta lógica, pergunto: se está sobrando gente, porque até hoje não se acabou com a fome nesse planeta? Só há uma resposta: porque o ser humano, na verdade, não quer acabar com a fome. Quer que existam pessoas que tenham fome para que ele possa se autopromover na hora que auxilia o necessitado.

É isso que vocês precisam entender. A mente humana por ser hipócrita cria algumas situações para poder dizer que ela é santinha, boazinha e com isso ganhar a fama. Na realidade ela não quer resolver os problemas desse mundo, pois se quisesse, nem bastava tanto esforço assim ...

A mente humana quer que os problemas continuem existindo, pois se isso não acontecer, como é que ela subjugará o próximo?

Participante: apesar de saber dessas coisas, o espírito continua reencarnando, porque precisa passar por algumas provações. Se eu, por exemplo, vim numa vida numa condição financeira privilegiada e em outra desprivilegiada, é porque preciso aprender algo.

Perfeito. Se vivessem a partir dessa lógica, teriam uma oportunidade de viver essa a existência em paz. Só que eu nunca vi ninguém dizer que é a reencarnação de um homem de rua, de um pobre coitado. Todos acreditam que são reencarnações de rainhas, de reis, príncipes, bispos. Já reparou isso?

Todos acham que em vidas passadas foram pessoas importantes. Ninguém foi o mendigo da porta do palácio. Só que já foram.

Participante: mesmo aqueles que hoje estão encarnados em uma situação de riqueza podem já ter passado por vidas como as que o senhor descreveu.

Sim.

Querem ver uma mostra da hipocrisia da mente? Já viram algum ecologista que não more numa casa feita de cimento? Do morro que derrubaram para extrair o cimento para fazer aquela casa ele não fala, não é mesmo? Tem um discurso muito grande contra os ataques à natureza, mas, quando é para o benefício próprio, o ecologista silencia-se.

Já viram ecologista que não tenha ou ande de carro? Claro que não. Mas, o carro não contribui para a poluição do planeta que ele tanto combate? “Ah, o meu polui menos”, é o que eles dizem. Só que mesmo que seja pouco, ainda polui. Por isso, para ser lógico, ele deveria andar só a pé.

Veja como a mente vai criando histórias para manter o status humano do ser. Vocês precisam ver isso para se chocarem com as criações mentais. Só fazendo isso poderão libertarem-se da ideia de que são o bem. Enquanto acreditarem que são o bem, o certo, sempre haverá o mau.

Outra história que eu gosto de ouvir: precisamos acabar com a fome no mundo. Se o alimento que está disponível hoje não consegue sustentar a todos, é preciso plantar mais, não é? Mas, como fazer isso se as mesmas pessoas que se dizem defensoras dos sem alimento também são da natureza? Elas dizem que não se pode derrubar a natureza para se plantar. Onde elas esperam que se plante o suficiente para acabar com a fome? Na cabeça?

Se a população do mundo aumenta, a necessidade de alimentos cresce. Para isso é preciso plantar mais, mas onde fazer isso se não há terra disponível, a não ser as que estão cobertas pela natureza? Portanto, a lógica diz que é preciso derrubar as florestas para plantar. Quando isso acontece, essas pessoas se ofendem e chamam quem derruba de mau.

São essas histórias que vocês precisam prestar atenção para não participarem da eterna luta entre o bem e o mau. Tem outros dois exemplos de histórias que geram a ideia da existência do bem, que leva à necessária criação do mau, que dou há dezesseis anos: Dalai Lama e Gandhi.

Esses dois seres representam o bem nas mentes humanas. Dalai Lama é um ser elevado, já se libertou das coisas mundanas e por isso representa o bem. Só que ele ainda faz discursos e cria movimentos para que a China abandone o Tibet. Gandhi faz parte do bem porque foi um pacifista. No entanto, quem quer a paz não abre guerra, disputa, contra ninguém. Ele fez uma revolução, mesmo que com palavras, para a Inglaterra deixar a Índia. Para mim isso é uma guerra.

Não cito esses exemplos para depreciar Gandhi, Dalai Lama, as pessoas que lutam contra o fim da fome ou contra os ecologistas. Faço isso para que vocês entendam a hipocrisia presente na formação mental que gera o bem e o mau. Isso é importante de ser conhecido, pois enquanto tiver um Dalai Lama santo, terá um bandido. No caso, os chineses.

Enquanto achar que Gandhi foi um grande homem, símbolo do bem, achará aquele que promove a guerra com a mesma finalidade que o Mahatma é do mau. Expulsar os invasores de sua terra e conquistar a liberdade para o seu povo, é a mesma coisa que fazem os terroristas árabes, não é?

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Deus e o mal

Aliás, falando nesses árabes, que para vocês hoje são o grande símbolo do mau, deixe-me fazer uma pergunta. O que eles fazem antes de cortar a garganta do outro ou de provocarem explosões? ‘Deus é grande’ ... Para vocês eles são do mal, mas se consideram soldados de Deus. Se o Pai é do bem e os considerasse do mal, será que não teria potência para erradicar o mal da Terra?

Houve um país que programou uma guerra contra o Iraque. Antes de começa-la deixaram bem claro o que iria acontecer. Por isso, em todos os templos do mundo, independente da religião, as pessoas se juntaram para que não houvesse a guerra, porque ela é má. Adiantou todas as orações?

Isso quer dizer que ou Deus é surdo, pois apesar de tantos pedidos Ele não ouviu, ou que não consegue derrotar o mau, apesar de Onipotente, ou ainda que a guerra faz parte dos planos Dele para o planeta.

Acho que a resposta é a última. Vejam o que diz o Espírito da Verdade sobre esse assunto:

“743. Da face da Terra, algum dia, a guerra desaparecerá? Sim, quando os homens compreenderem a justiça e praticarem a lei de Deus. Nessa época, todos os povos serão irmãos”.

A guerra é um instrumento para aprimorar os espíritos encarnados. Ela serve para que os seres compreendam a justiça de Deus e para que possam exercitar o amor a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Sendo assim, ela é um instrumento do bem.

Mas, vocês não veem as coisas desse jeito e por isso chamam a quem a gera de maus. Porque? Porque chamam aqueles que não querem fazer de bons.

Isso não é verdade. É só a razão humana que diz que quem faz guerra é do mau. Só que apesar dela dizer isso, vocês passam o dia inteiro fazendo guerra com os outros. Para justificar essa guerra que provocam a todo momento, dizem que estão defendendo o bem.

É essa a má criação da mente. Por causa dela, as verdades geradas pela personalidade são criadas para ver as coisas de uma forma humana, levando em consideração apenas o que ela quer, acha certo e bom. Só que viver desse jeito não é algo bom ou santo, mas egoísta.

Participante: então agora eu vou precisar negar tudo o que acredito?

Sim, pois você nasceu para fazer uma coisa chamada reforma. Reformar-se é mudar-se. Se sua mente não tivesse sido construída com as verdades que possui, como iria promover alguma reforma agora?

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A razão é orgulhosa

Só um detalhe antes de continuarmos a ver o que diz o Espírito da Verdade sobre a razão. A partir de agora direi que ela é vaidosa ao invés de orgulhosa. Farei isso porque, como já expliquei diversas vezes, orgulho para mim é algo positivo, apesar da mente de vocês classificarem como mau. 

O que quer dizer a razão ser orgulhosa? Já viram um pavão? Ele abre o rabo cheio de penas bonitas para impressionar os outros. Esse é o mesmo procedimento da mente humana.

Não importa o que você seja, o que ache, o que saiba e faça: ela sempre lhe dirá que está certo, que tinha razão. Lhe dirá que é bonito, que detém a verdade e que jamais prejudica ninguém: ajuda.

Essa é a vaidade da mente humana. Ela se auto elogia o tempo inteiro. Quando faz isso, quando cria o elogio a si mesma, gera o bom, o bem. Por causa disso, quem pensa ou age de forma diferente transforma-se no mau, o errado.

Para aquele que acha que sabe o certo de tudo, como conciliar-se com o próximo se ele está errado?

Participante: o outro também acha que está certo ...

Sim, pois ele é tão humano quanto você. Por isso, a sua mente também é vaidosa e má educada. Sendo assim, ela também dirá a ele que faz parte do bem e que você engrossa a fileira do mau.

É assim que a mente humana funciona. Por isso precisam ter essa consciência de que o que a razão diz não é verdade, não está certo. Se não partir desse pressuposto, não muda nada. Se não mudar, sabe o que terá? O mesmo que todo ser humano: viverá entre o bem e o mau, o prazer e a dor.

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A mente é egoísta

Isso quer dizer que o ser humanizado não aceita perder nem em disputa de cuspe à distância.

Tudo que lhe vem à mente é gerado pela razão criando uma ideia de competição. Não importa qual seja o assunto: tudo o que a mente cria, o pensamento traz embutido em si a ideia de que existe uma disputa por alguma coisa e que você precisa vencer.

Se o seu vizinho coloca uma música em alto volume, mesmo que goste dela, você logo coloca na sua casa outra tocando mais alto. Isso porque precisa ganhar do outro, levar vantagem. Não pode deixar que o outro tenha qualquer vantagem. A mente está sempre gerando competição: o dia inteiro, todos os momentos da vida.

Hoje aqui uma pessoa veio me falar sobre o trabalho dessa casa. Disse que estava aumentando o número de pessoas que estão vindo, falou da quantidade de trabalho com obsessores e outras coisas. A cada coisa que me dizia, eu respondia: está certo é assim mesmo. No final, não tendo mais do que reclamar, ela em disse: ‘mas, é muito trabalho’.

Ora, vocês não veem aqui para trabalhar? Não saem de sua casa para executar um trabalho espiritual em prol do outro? Então, ter muito trabalho deveria ser recebido com festa, não? Não, pois isso a mente entende como uma perda. Ela acha que deveria vir aqui, mas que não precisaria vir ninguém, pois assim teria o prazer sem trabalho.

É assim que a razão humana funciona. Se você não combate isso, será levado pela eterna luta do bem contra o mal e nem perceberá. Se não abre o olho para as criações da sua mente, viverá como todo ser humano vive. Por isso, jamais conseguirá se conciliar com os outros.

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A razão e o objetivo da encarnação

Portanto, é preciso viver atento às produções mentais e expor a célula cancerígena para o espírito.

A razão humana é uma célula cancerígena para o espírito. O que é um câncer? É uma célula doente que trabalha ao contrário das outras. A razão humana faz isso quando o prende ao materialismo e por conseguinte lhe leva a afastar-se de Deus.

Por isso digo que ela é como um câncer para aquele que quer aproveitar a encarnação e fazer o trabalho para a elevação espiritual. Se não vive os acontecimentos da vida a partir dessa realidade, continuará cancerígeno e terá que renascer, novamente contaminar-se com esse câncer, para ver se consegue eliminá-lo.

Com isso, as gerações vão passando e vocês encarnando e reencarnando e não andam um milímetro para frente.

 Participante: o senhor falou que todo ser humano é egoísta porque o espírito precisa para a sua provação. Mas, de onde começou essa necessidade?

Em O Livro dos Espíritos é dito que todo espírito nasce puro e ignorante. Por isso posso dizer que você já é simples. Só que a partir de determinado momento começa a testar a sua simplicidade e acaba se sujando.

Por isso precisa se limpar. Só que quando tenta fazer isso acaba se sujando mais. Por isso tem que se limpar novamente, quando se sujo outra vez. Vai dentro desse círculo vicioso até que um dia cai na real e para de se sujar.

Agora, como você adquire a mente humana? Deixe-me só lhe dizer uma coisa: encarnar não é morar num corpo, mas ligar-se a uma consciência. A consciência no nível que vocês estão chama-se humana. Em outros mundos existem outros tipos de consciência, mas vocês ainda não estão pronto para ligarem-se a elas.

Portanto, você adquire a consciência porque encarna dentro do seu nível de elevação. E ela é o instrumento perfeito para você fazer o trabalho necessário para não precisar ligar-se a outra.

Participante: dentro do que o senhor falou posso compreender que o ato de se sujar é ruim?

Não.

Não existe bom ou mau, certo ou errado. Por isso o ato de sujar não ruim. O que posso falar sobre ele é que o leva a afastar-se de Deus. Se isso é bom ou ruim, você é quem decide. Deixe-me tentar colocar uma coisa para ficar mais claro.

Se você pega duas energias em voltagem diferentes, o que acontece? Elas se repelem. Quando elas são iguais, se juntam, mas quando são diferentes, se afastam. Sendo assim, quando você não está vibrando na mesma voltagem de Deus, afasta-se Dele.

Deixe-me lhe fazer uma pergunta: qual o objetivo final da encarnação?

Veja que pergunta difícil. Vocês são espiritualistas, dizem que acreditam ser espíritos que encarnaram para provar que querem buscar a Deus. Aí pergunto qual o objetivo final da encarnação e ninguém sabe ...

A resposta para isso encontramos no final do livro Apocalipse da Bíblia: ‘tudo está pronto, eu e Deus somos um’. O objetivo final da encarnação é tornar-se um com Deus. Como pode fazer isso, se é diferente Dele e não aceita se mudar para o que Ele é espera que Ele se mude para o que é? Vivendo assim, você não consegue entrar em unidade. Por isso lhe digo que precisa tornar-se igual a Ele.

Outra coisa que você precisa ter em mente é um ensinamento do apóstolo Paulo. Ele diz: o ser humano é o inimigo de Deus. Diz mais: a lógica humana é contrária à de Deus. Apesar disso, aqueles que acreditam em Paulo ainda continuam fundamentando a sua vida pela lógica humana.

Participante: mas, até a lógica humana é uma criação de Deus.

Sim, ela é uma criação de Deus. Para que Ele a cria? Como tentação, para que o espírito encarnado possa dizer que essa lógica é a do homem e por isso ele prefere não segui-la.

O problema é que vocês quando optam pela razão humana negam a sua realidade espiritual e por isso continuam optando pela razão humana. Por isso não compreendem as coisas. Aliás, como ensina Cristo no Evangelho de Tomé: quando você se reconhecer como filho de Deus, tudo lhe será revelado. Por causa da lógica humana, Deus para vocês está preso no céu e tomara que não venha para cá lhe perturbá-los, não é mesmo?

Aliás, já que estamos falando de ensinamentos de Cristo, será que esse mestre falou da necessidade de se libertar da razão humana? Qual a passagem? ‘Se seu olho lhe faz pecar, arranque-o, pois é melhor você ir para o céu com um olho do que para o inferno com os dois’.

O que é o seu olho nessa parábola? De onde surge o amassado da roupa dos outros que não deveria ter? Dos seus olhos. Se você vê o amassado, arranque o seu olho: pare de ver a roupa dele desse modo.

Portanto, Cristo ensinou sim: abandone a sua razão, arranque seu olho. O olho aqui, na verdade, deve ser entendido como a compreensão que vocês têm sobre o que estão vendo. É ela que precisam arrancar.

Participante: ele fala isso por causa do julgamento que fazemos da matéria.

É pior do que julgar a matéria. Se vocês apenas a julgassem não haveria problema. O problema é que vocês nem julgam: apenas acusam os outros. Quem julga ainda daria ao outro o direito de se defender, mas vocês não fazem isso. Acusam direto e além disso, se enobrecem para mostrar o quanto são bons e os outros maus. É o pavão que já falamos ...

Participante: não é bem assim ...

Como é mesmo que vocês falam? “Eu não colocaria uma roupa daquele jeito de forma alguma”. Não é exatamente o que estou falando?

Portanto, o desamor vem de achar o outro errado e também do fato de se achar melhor do que o próximo. Para quem faz isso, há mais um ensinamento de Cristo que quero lembrar: o primeiro no reino da Terra será o último no reino do céu. Apesar disso, ninguém quer abrir mão da suposta superioridade nesse mundo para poder superior no outro.

É para que encontrem sucesso no retorno à pátria espiritual que lhes digo para começarem a trabalhar em si mesmos o fim do bem e do mau. Para fazerem isso precisam entender que a razão humana jamais servirá como parâmetro para viver uma vida santa, uma encarnação que sirva para a elevação espiritual.

A razão humana, por causa da má educação, da vaidade e do egoísmo humano, jamais os deixará viver uma vida que sirva como caminho para a aproximação de Deus. Jamais lhes deixará entrarem em unidade com o Pai. Continuarão exigindo que Deus e o universo se mude para aquilo que acham certo. Por isso, não acredite no que a mente fala.

A eterna luta do bem contra o mal

Vivendo em conciliação

Participante: o senhor diz que devemos abandonar os critérios de bem e mal, mas eu cresci com a minha mãe mostrando o que era certo e errado. Só que se você observar, uma criança não aparenta ter esses conceitos. Tanto é assim, que a mãe precisa ensiná-los. Por isso pergunto: será que já vivemos para esse mundo tendo critérios de bom e mal ou recebemos depois de encarnados?

Na verdade você vem com uma mente humana vazia de informações, mas com as características que acabamos de falar e outras. Ao longo dos anos ela mantém essas características e acumula informações.

Portanto, não importa o que cada um aprenda, pois as características humanas agirão sobre qualquer conhecimento que tenha. Por exemplo: se sua mãe lhe ensinar que não há certo nem errado, as características humanas da mente irão transformar isso em lei e acusarão de mau quem acredita que exista. Ou seja, as características humanas farão a personalidade humana agir do mesmo jeito, independente do que a mãe ou a vida ensine.

Uma coisa são as características humanas, outra são as informações que recebe. As verdades que vocês aprenderam, os certos e errados de hoje, com certeza são diferentes daquelas que seus pais e avós aprenderam. Vou dar um exemplo ...

Se você for comer na casa de alguém de no final da refeição arrotar, vão lhe chamar de porco, vão dizer que você é do mau. Só que há duzentos, trezentos anos atrás, se não arrotasse depois de comer, diriam que era um sem educação, que não gostou da comida, ou seja, do mau.

Portanto, veja que o problema não é a informação em si. Ela não é problema. O problemático é deixar a mente usar a informação para lhe levar para um lugar onde se considere o melhor, o certo, o bom, o bonito. É esse o problema.

Você precisa observar que a mente quando usa uma informação ela não faz apenas utilização dela. A razão é incapaz de apenas dizer que a roupa daquela pessoa está amarrotada sem internamente gerar a ideia de aquilo é errado, é feio, não devia estar acontecendo, que é mau e que você é melhor do que aquilo. É isso que você precisa prestar atenção.

É a partir dessa utilização pela mente das verdades que falamos na conciliação. Ela se dá quando você vê a mente dizendo que o outro está com a mente amarrotada, mas dá a ele o direito de estar vestido assim, sem criticá-lo ou achar-se melhor por causa disso. Com isso você retira o câncer da razão humana.

Por isso disse que o trabalho da felicidade passa pela conciliação, só que para chegar a ele é preciso deixar de achar que o certo é a roupa passada e que usá-la mal passada é errado. Não há certo nem errado, bom nem mau.

Então, sim, o trabalho é conciliar-se, mas para chegar a isso é preciso superar as três influências que estão presentes na razão (má educação, vaidade e egoísmo) que não lhe deixa apenas observar o que está acontecendo.

Dou como exemplo a própria gira dessa casa. Ela é chamada de gira de umbanda, mas se chega alguém aqui acostumado em gira em outras casas certamente dirá que o trabalho de vocês é uma bagunça. Existem médiuns de roupa curta, coloridas, que não tiram os sapatos para incorporar, etc.

Tudo isso são coisas que ferem aos conceitos da umbanda tradicional professada na maioria das casas, mas isso é proposital. Quando organizamos essa gira fizemos isso acontecer para que aqui só estejam aqueles que realmente consigam superar o bem e o mau, o certo e o errado.

O que estou querendo dizer é que para você conviver com aquela pessoa que está com a roupa amarrotada precisa conciliar-se com ele e isso se faz superando a ideia de que ele pertence as fileiras do mau (errado) e você do bem (certo). Enquanto não superar isso, não importa onde esteja, terá critérios de bom e mal que não deixarão que você conviva em paz e harmonia com a vida, ou seja, em unidade com Deus.