Religiões
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Comentários de Joaquim de Aruanda sobre as religiões e a religiosidade do mundo humano 

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Novos e velhos ensinamentos

Zytos

As mensagens deste livro não se traduzem em novos ensinamentos.

Na verdade, todos os ensinamentos aqui trazidos fazem parte da cultura do planeta Terra desde tempos imemoriáveis. Não estamos procurando quebrar ensinamentos modernos, mas remontar conhecimentos antigos.

Este procedimento se choca com a visão liberal da vida que os seres de hoje imaginam que conquistaram. No entanto, por esta conquista não sabem quanto perderam. Ou pior: sabem...

A grande lição destas mensagens é trazer de volta os ensinamentos antigos. Se ainda não perceberam, muito dos ensinamentos trazidos pelos enviados de Deus vêm sendo retirados pelas novas religiões, no sentido de proteger a felicidade material, instantânea e fugaz.

No caso do ensinamento Deus, Causa Primária de Todas as Coisas, encontramos os profetas da antiguidade decidindo questões jurídicas através de um dado. Os judeus rodavam o dado para ver quem tinha ou não razão sobre uma demanda. Não acreditavam no acaso, pois tinham a convicção que o sorteio seria orientado por Deus. Nos oráculos da antiguidade, a cor da fumaça das oferendas determinava a opinião de Deus, que era cumprida pelos fiéis.

Além de abandonar ensinamentos antigos, como sendo primitivos, muitas das verdades de hoje, nada têm a ver com a realidade das lições recebidas dos mestres. A humanidade busca uma liberalidade que não foi prescrita como caminho para se chegar a Deus.

Em defesa da vida da sociedade atual, dos tempos atuais, ou seja, em defesa da matéria, praticam-se sentimentos contrários ao amor universal. Isso não é avançar; eu prefiro dizer que é retroagir.

Não se trata de balizar o que é certo ou errado de se fazer, mas do que é universal ou individual. Jesus nos falou que a lei deve ser cumprida, mas acima disto é preciso ter a consciência do sofrimento que se pode causar aos outros.

Quando o ser humano busca favorecer o individualismo (seus próprios desejos) acaba sempre ferindo o desejo de outro. Desta forma não consegue cumprir a lei divina e por isto sofre. É da busca de se satisfazer que nasce o estresse, a angústia, o desespero em que vivem os seres no planeta Terra na atualidade. Esse é o pagamento pela suposta liberdade.

Quem não se satisfaz com o que tem não vê o comando de Deus sobre todas as coisas e por isto quer mais e sofre se não consegue. Quando o destino é entregue nas mãos de Deus, sente-se a presença Dele em cada gesto e em cada ato que acontece. Pelo Amor e Justiça, o ser alcança a felicidade de participar do Seu reino.

A imagem da ação de Deus que existe nos dias atuais foi gerada pelo espiritismo, pelas modernas frentes católicas e não por aqueles que trouxeram a religião. Os ensinamentos religiosos foram desenvolvidos pelas religiões e estão em desacordo com os ensinamentos recebidos dos mestres. As religiões desenvolveram uma interpretação dos ensinamentos que premiasse a satisfação pessoal.

A base de raciocínio foi a seguinte: se a sociedade material evoluiu, vamos mudar a religião para acompanhá-la e não coibir a evolução por causa da religião. Premiou-se a ação individualista, alterando-se o universalismo trazido pelos mensageiros de Deus.

No Livro dos Espíritos a espiritualidade afirma que a ciência foi dada à humanidade para o avanço em todos os campos, inclusive na moral. No entanto, avançar moralmente não se trata de alterar a moral dada pelos mensageiros de Deus. O avanço na ciência é para melhor compreensão da técnica espiritual para que a moral divina seja compreendia e possa, assim, ser praticada por amor e não por temor.

Não existem novos tempos. O processo de evolução é a volta ao velho tempo, onde existia o amor como fundamento de vida. Nos dias atuais, em nome de uma modernidade altera-se a religião, diminuindo-se sua rigidez para atualizá-la.

Os ensinamentos que estão sendo relembrados, no entanto, não alterará em um só milímetro a vida como hoje ela existe materialmente falando, mas sim sentimentalmente. Não se trata de saudosismo, de volta a velhos tempos, mas uma vida dentro dos padrões atuais, porém vivida com felicidade.

Estamos falando em uma vida moderna. Uma vida igual à de hoje, porém movida pelos mesmos sentimentos que foram esquecidos pela modernidade. Estamos falando de uma vida onde, apesar de ter que depender do salário para se alimentar, o ser tenha amor pelo seu companheiro de trabalho e não precise pisar nele para poder melhorar na carreira e ganhar mais.

Quando o ser colocar Deus como Causa Primária de sua promoção, entenderá que não será o chefe que irá promovê-lo, mas Deus é que determinará que ele ocupe nova função. O chefe é apenas um instrumento de Deus para que o ato aconteça.

Então, se Deus proverá, o ser deverá ficar sentado, de braços cruzados esperando a ação divina? Não, pois para que o Pai aja é necessário que ele mereça. Por isto terá que agir. Esta ação, entretanto, não será no sentido de bajular o seu superior ou desmerecer o seu concorrente, mas sim na ação universal: amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Quando o ser viver com o amor universal merecerá o direito de se preparar para as novas funções que Deus está planejando para ele e receberá os conhecimentos materiais necessários para que possa cumprir a sua nova missão como instrumento do Pai para auxilio aos demais.

Amando as chances de aprimoramento e dedicando-se ao estudo, será mais útil ao universo e, por isto, será encaminhado à função superior que lhe renderá maior salário.

Mas, se mesmo amando todas as coisas e dedicando-se aos estudos não conseguir sua promoção? Aquele que se acredita como um participante do universo entenderá que Deus dispõe dele da melhor forma para a felicidade do todo. Assim, compreende que a função que ocupa agora é a que deveria estar ocupando e não sofre por não conseguir a promoção. Ele não receberá o aumento salarial, mas com certeza o seu dinheiro renderá mais, pois não terá desejos para satisfazer e será feliz com tudo o que possuir.

É um circulo onde o amor impera. Quando este sentimento é utilizado em todas as ocasiões, o resultado nunca trará sofrimentos, pois o amor é a felicidade eterna.

Isso pode ser feito? Claro. Se compreender que é um ser. Se compreender que você e todos vivem ao lado de Deus, independentemente do sentimento que nutre. Não existe filho que seja abandonado por Deus, Seu Pai.

Isso é viver espiritualmente. Aquele ser que tem esta auto visão é chamado de eu espiritual, ou seja, aquele que se reconhece como espírito e vive uma vida espiritual na matéria. Não fazemos e nunca fizemos apologia da abstinência da vida material para viver a vida espiritual.

As religiões buscam outra visão: o eu alma. Este ser é orientado pelas religiões a praticar o mesmo caminho (amar ao próximo), mas não é ensinado que Deus pode ter outros planos para ele. Ë incentivado apenas para que trabalhe em direção do seu próprio plano. Para isto lhe é sugerida sua presença no culto, o cumprimento das obrigações religiosas, etc.

O eu alma, o religioso, cumpre o determinado pelos ministros da religião e quando não consegue o que quer, porque Deus assim não determinou, revolta-se contra os ensinamentos religiosos e busca, então, realizar outro sonho.

É o próprio ensinamento religioso que concedeu independência ao ser humano, o que lhe causou o sofrimento inicial da expectativa do resultado do trabalho e depois com a ação a qualquer preço para conseguir realizar o seu desejo individual.

Quando viver como eu espiritual compreenderá o desejo de Deus. Verá o poder de Deus agindo sobre ele, no seu dia a dia, na sua vida, independente do acontecimento. Enquanto continuar matéria (ser humano) que possua querer individual, continuará se sentindo ofendido.

Se alguém o faz sentir-se ofendido, na situação há um aviso para você. Enquanto houver ofensa é porque um individualismo foi procurado e não se alcançou o universal na situação. Ver Deus em ação é ver o universo como um irmão, filho do mesmo Pai, digno do mesmo amor.

Hoje foi trocada a satisfação universal pela satisfação pessoal. Com isto, cada um se entregou à sua vontade acabando com o amor ao próximo. As religiões alteraram seus ensinamentos para oficializar a vida material, ou seja, essa satisfação individual. Como porta vozes de Deus deveriam ensinar o contrário: alterar o desejo individual para o desejo universal (de Deus).

As religiões sabem o que os seres humanos perderam com o seu individualismo, mas não dão valor àquilo que foi perdido e não querem recomeçar, pois isto implicaria em muitas mudanças... Foi perdido o respeito como fundamento de vida, a camaradagem, a amizade. Nos tempos atuais o que existe é competição e disputa. Para se fortalecerem, as religiões foram, ao longo dos anos, alimentando a competição e a disputa para que fosse nutrida a satisfação pessoal.

Não foram repassados os ensinamentos antigos, mas os que já se conheciam foram adaptados aos desejos individuais dos seres no mundo de hoje. As religiões deveriam ter se mantido firmes nos velhos ensinamentos que levam à felicidade universal, pois foram estes ensinamentos que geraram Joana D’Arc, São Francisco de Assis, Santo Antonio e tantos outros que abandonaram a sua felicidade individual em troca da felicidade universal. Quando assim agiram, estes seres alcançaram a elevação espiritual.

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Deus se faz homem

07 - Ó Bhârata, toda vez que a Autêntica Religião declina e predo¬mina a irreligiosidade, EU TOMO CORPO!

Religião é religação com Deus. Religiosidade é a crença na ligação com Deus. Ou seja, cada vez que a religação falta, Deus se faz homem. Não que Ele próprio se faça homem, mas manda um enviado para divulgar a verdadeira religiosidade.

Participante: Deus pode encarnar no corpo de um homem?

Os hindus acham que Krishna é Deus, mas não é. Krishna é um espírito enviado de Deus.

Como ia dizendo, então, Deus se faz presente através dos mestres, dos enviados. Ele próprio não vem. Ou seja, da boca desses enviados saem as palavras de Deus para a religação ao próprio Senhor e não ao enviado.

O problema é que as religiões do planeta fazem a religação com o enviado – no hinduísmo é com Krishna, no catolicismo é com Cristo – mas, a religiosidade deve ser a crença em Deus e não no enviado. Esse último será sempre um enviado que representa Deus e não ele mesmo.

Portanto, essa história de Krishna ou Cristo são o próprio Deus não é verdade. São espíritos, individualidades diferentes do Pai.

08 - Para a proteção dos justos e para a destruição dos malfeitores, e para o restabelecimento da virtude e eterna religião (ou "Dhar¬ma"). Eu renasço de tempo em tempo.

Quem é o justo? É o que faz sem intencionalidade. Quem são os malfeitores? Os que agem com intencionalidade do individualismo (eu gosto, eu quero).

Mas, deixe-me fazer uma pergunta para ver se vocês fazem um esforço de memória e conseguem se lembrar. Qual o mestre que seguiu uma determinada religião? Nenhum, não é mesmo? Todos os mestres vieram para afrontar o poder religioso estabelecidos. Jesus era judeu e era contra a religião dos judeus; Buda acabou com a distinção de castas que havia na Índia, que era imposta pela religião; o Espírito da Verdade foi contra o Cristianismo; Lutero foi contra a igreja católica. Sempre um mestre, um enviado de Deus, vem contra a religião.

Participante: Mas, Lutero acabou fundando uma religião.

Nem ele nem nenhum dos outros fundaram religião. Elas foram fundadas por outros com base em seus ensinamentos...

A partir disso, torno a perguntar: qual é a verdadeira religião dos mestres? Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. É isso que os enviados de Deus vêm proteger. Eles não vêm proteger os poderes religiosos estabelecidos, mas para estabelecer a verdadeira religação com Deus: amor a Deus acima de todas as coisas e o amor ao próximo como a si mesmo. Foi isso que todos os mestres vieram fazer.

A partir dos seus ensinamentos foram fundadas as religiões, mas não se deve seguir a religião e sim o próprio mestre. Quem segue a religião segue o que outros disseram e concluíram a partir dos ensinamentos mestres. Mas, quando fazem isso, estão motivados pela humanidade que vivem e, por isso, alteram a intenção de quem trouxe o ensinamento. Deve-se se buscar diretamente o ensinamento do mestre porque ele, seja de quem for, é sempre o mesmo: amar a Deus acima de todas as coisas.

É isso que precisamos entender em qualquer revolução no mundo religioso. Qualquer revolução que venha para criar uma nova religião não é bem-vinda, mas qualquer uma que venha para religar a Deus é bem vinda. Na hora que você adorar Cristo não adora a Deus, ou diz que o mestre é o próprio Deus.

Portanto, os mestres vêm para combater os poderes estabelecidos, os poderes religiosos estabelecidos.

09 - Aquele que deste modo verdadeiramente compreende Meu Divino nascimento e forma de agir ("Jñana Yoga"), quando aban¬donar este corpo não voltará a nascer, senão que se reunirá Co¬migo, ó Arjuna!

Divino nascimento é a vinda de um mestre. Ou seja, Krishna diz que quem compreende a vinda de um mestre não vai renascer.

Todos os mestres ensinaram a amar a Deus acima de toda e qualquer compreensão que se tenha sobre os acontecimentos. Cristo dizia: 'foi meu Pai que quis assim'. Ou seja, ele vivia para Deus. Essa religação e aceitação, essa vivência ou comunhão com o espírito, com Deus, é a característica de todos os Mestres.

Quem compreende o meu nascimento, ou seja, a vinda do seu mestre e a sua forma de viver (que é viver para Deus) não vai nascer novamente, pois quebra o ciclo encarnatório quando alcança a comunhão com a parte espiritual. Ele não encarna novamente porque não se vê mais como ser humano.

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Ecumenismo

11 - Seja qual for a maneira como os homens me adoram, do mesmo modo EU (SER) satisfaço seus desejos. Ó Partha!, de qual¬quer forma os homens sempre seguem Meu Caminho.

O que quer dizer no texto seja qual for a maneira? Em qualquer rito, qualquer religião. Ou seja, qualquer que seja sua compreensão sobre Deus, Ele sempre estará pronto pra lhe ajudar. Deus não tem religião. A religião de Deus é Deus. É isso que quer dizer seja qual for a maneira no texto acima. Não importa onde esteja, você estará sempre seguindo o caminho a Deus.

Então, não importa se o dente caia ou não: sempre acontecerá o melhor pra você.

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Cumprindo os deveres religiosos

32 - É dessa maneira que os Vedas prescrevem diversos "yajnas" (ou sacrifícios, oblações, rituais etc.). Sabe que todos eles se cumprem graças à ação (impessoal). Entendendo isso corre¬tamente, te libertarás.

De qual maneira os vedas prescrevem o sacrifício? Sacrificar a intencionalidade, fazer por fazer...

O que são os Vedas? São os livros sagrados que contém os ensinamentos dos hindus. Mas, como estamos falando de ecumenismo, levamos a interpretação do que disse Krishna para todos os livros ditos sagrados pelas religiões. É assim que os ensinamentos de todos os livros sagrados prescrevem o sacrifício: acabar com a intencionalidade. Vocês lembram no Evangelho de Tomé quando os apóstolos perguntam para Jesus sobre o que fazer: dar esmola, ajudar o próximo, fazer jejum? Jesus responde para não fazer nada disso com intencionalidade...

“Seus discípulos perguntaram-lhe e disseram: Queres que jejuemos? Como deveremos rezar, e deveremos dar esmolas? E que dieta deveremos seguir? Jesus disse: Não mintais, não façais aquilo que odiais, pois todas as coisas são manifestadas ante a verdade. Nada há de oculto que não venha a ser desvelado, e nada há de coberto que permaneça sem ser descoberto”.

Na própria Bíblia há um exemplo mais claro do que esse da verdadeira yajña. Quando Cristo ensina o Pai Nosso diz: quando jejuarem não façam como os fariseus que mostram a todo mundo o que estão fazendo; pelo contrário, lavem a sua cara e penteiem seu cabelo, para não mostrar isso. Ele afirma que mostra o seu jejum em público (estou com fome porque estou fazendo jejum a Deus) na verdade está querendo mostrar o que faz: isso é intencionalidade. O jejum para ser sem intencionalidade é aquele onde não há fome. Se há é porque há intencionalidade.

Portanto, não adianta fazer os sacrifícios que os livros religiosos ensinam enquanto houver intencionalidade na vivência do ato, pois de nada vai valer. Se os espíritas, por exemplo, lêem que fora da caridade não tem salvação e correm para fazê-la, não adianta nada no sentido do aproximar-se de Deus, pois esta caridade é vivida com intencionalidade.

Não adianta fazer o que o livro prescreve enquanto este ato for feito buscando a glória individual, mesmo que seja a satisfação de fazer: 'estou muito feliz hoje porque consegui dar comida pra duzentas crianças'. As duzentas crianças comeram, mas você não recebeu nada por isso.

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Porque entregar-se a Deus?

40 - O ignorante que carece de fé (em si mesmo e em Deus) e está com a mente cheia de dúvidas, esse vai à ruína. Para quem duvida (gratuitamente) não existe nem este mundo, nem outro, nem qualquer felicidade possível.

 Para quem duvida de Deus, da ação do Universo independente da intenção humana e da Ação Amorosa de Deus não existe felicidade em lugar algum.

Como disse Cristo, as raposas têm suas tocas e os pássaros têm seus ninhos para descansar, mas o homem não tem onde encostar a sua cabeça. O ser humanizado não tem descanso porque o espírito trabalha vinte e quatro horas por dia para a sua elevação espiritual. Portanto, quem duvida da Ação de Deus, quem duvida da sua identidade espiritual, quem duvida que esse é um mundo de provas e expiação e não um mundo de prazer, não tem onde descansar, já que está a todo momento sendo testado, seja pelo sofrimento ou prazer. Já aquele que crê na sua identidade espiritual, em Deus e na Sua Ação Amorosa, este repousa em verdes campos, pois, não importa o que está acontecendo, está sempre vivendo a felicidade que Deus tem prometido aos Seus filhos.

Por isso, se alguém chega perto de você e diz que tudo que ele faz dá errado, pode ter certeza de uma coisa: tudo está dando certo. Isso porque o que dá errado para o ser humanizado é uma Ação Amorosa de Deus, é uma questão da provação que o ser universal veio fazer na carne.

Já estudamos Cristo, os apóstolos, Lao Tse, Alcorão e não muda nada do ensinamento. Porque será que é assim? Porque a essência deles é sempre a mesma. Cristo falou dessa essência quando disse: “conheça a verdade e a verdade vos libertará”...

Qual a verdade de todos os ensinamentos dos mestres? Deus... Mas, o Deus que é verdade não é aquela figura que vocês têm na cabeça: um ser preso ao Universo que assiste o que se passa em sua casa. Este não é o Deus verdadeiro. O Deus Real é ativo, Onipresente, Onipotente, Onisciente, Inteligência Suprema, Justiça Perfeita, Amor Sublime, Causa Primária de todas as coisas. Este é o Deus ensinado pelos mestres e que estamos comentando há muitos anos...

Faço isso porque só quando você conhecer Deus de verdade vai se salvar. A salvação acontece para aqueles que convivem com o Deus Real porque por este ser podemos abrir mão de nossa intencionalidade e jogar-se em Seus braços. Será que você se sentiria confortável em entregar sua intencionalidade ao acaso, à sorte ou ao azar? Claro que não... Estes elementos não são inteligentes, amorosos ou justos. Somente Deus o é... Por isso, a Ele podemos nos entregar de corpo e alma...

O ensinamento que estamos trazendo e que se consiste na verdadeira religião, religação a Deus, consiste-se em entregar a sua intencionalidade ao Pai. Estamos falando em viver a partir da intenção de Deus, ou seja, a partir da vontade de Dele us e não mais da nossa. Isso só é possível quando se conhece um Deus do jeito que estamos ensinando.

Quando se convive com um Deus pró-ativo, justo e amoroso sabemos que Sua intencionalidade não tem nenhum mínimo aspecto individualista e, por isso, nela não reside qualquer ambição pessoal, de lucro individual. Por isso podemos nos entregar a Ele, anulando a nossa intenção individual para penetrar na intenção universal.

Como entregar-se a alguém se não temos confiança naquilo que este ser quer? Como podemos entregar nossas intenções, que são o leme de nossa vida, e os desejos, que são o combustível dela, a quem não é justo, amoroso ou tenha a capacidade suprema única de dirigir os acontecimentos do mundo para que cada um receba segundo as suas obras? É justamente por não terem essa resposta que as pessoas que não acreditam em Deus como Causa Primária de todas as coisas não entregam o comando de sua existência a Ele.

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Os diversos buscadores de Deus

03. Entre milhares de seres humanos, apenas um busca a perfeição; entre os que tentam, possivelmente somente um alcança a perfeição e entre os perfeitos, talvez um só Me compreende perfeitamente.

Neste trecho do Bhagavad Gita há um grande ensinamento sobre o reto entendimento que precisamos nos aprofundar. Vamos vê-lo em detalhes...

Quando o Bendito Senhor fala dos seres humanizados que existem, claro, não está falando na sua totalidade, pois a sua conversa é com um buscador de Deus. Ele, portanto, está se referindo a existência de milhares de seres humanizados que se dizem buscadores de Deus. Quando fala deles afirma que apenas um realmente busca a perfeição. Quem são os que apesar de dizerem que estão buscando Deus não o fazem realmente? São aqueles que são católicos, mas que só vão à missa de domingo, aqueles que são espíritas, mas só freqüentam o centro na quarta-feira e não fazem mais nada por sua reforma. Enfim, Krishna está falando daqueles que apesar de se dizerem participantes de uma doutrina religiosa, apenas comparecem aos cultos, mas não praticam nenhum ensinamento dela.

Saiba que entre os que se dizem buscadores de Deus, na verdade só um O está procurando realmente. Os outros comparecem aos templos de sua religião para dar uma satisfação à sociedade ou para conquistar desejos e não para buscar ao Pai realmente. Estes, na verdade, não são movidos pelo anseio de procurar a elevação espiritual, mas freqüentam os cultos de uma religião por medo do que lhes acontecerá depois do desencarne.

Aquele que não busca o reto entendimento, ou seja, que não vive com a mente focada em Deus, freqüenta o culto da religião que professa apenas para ter uma desculpa quando desencarnar: ‘eu freqüentei tal centro’, ‘eu ia a igreja todo domingo me confessava e comungava’... Acha que desta forma pode enganar a espiritualidade e não receber aquilo que plantou. Ele não está preocupado com a questão do aproveitamento desta encarnação para a elevação espiritual, mas apenas buscando um salvo conduto para quando do seu retorna à pátria espiritual.

Apesar dos seres humanizados que agem desta forma ser muitos, existe ainda uma boa quantidade de pessoas que está preocupado com esta questão, mas mesmo entre estes, poucos chegarão. É a questão da frase de Cristo que certamente vocês já ouviram: muitos serão os chamados, mas poucos os escolhidos.

Por que isso acontece? Porque mesmo de alguns que buscam poucos conseguem alcançar? Porque para se alcançar a elevação espiritual é preciso um desprendimento muito grande de si mesmo e poucos tem coragem de fazer isso. Para se alcançar o reto entendimento é preciso matar você mesmo, é preciso desprender-se de tudo que até hoje para você foi importante. É por isso que Cristo diz ao moço que sempre cumpriu todos os ditames doutrinários de sua religião: abandone a sua riqueza e venha comigo.

Quando ele fala isso não está se referindo apenas à riqueza material, à posse de objetos, mas também as emoções. Para se alcançar o reto entendimento é preciso libertar-se do que se gosta, do que se quer, do que se acha importante conquistar. Todas estas razões são elementos gerados pela personalidade humana e, portanto, incompatíveis de serem vividas por quem almeja estabelecer-se definitivamente no mundo universal.

É a partir deste aspecto que Krishna afirma a existência de alguns que são movidos pela busca a Deus, mas que dificilmente conseguirão o reto entendimento. Mesmo quem diz amar a Deus tem dificuldades para abandonar estas razões oriundas das paixões, posses e desejos gerados pela mente humana. Dizem amar a Deus, mas não o fazem acima de sua própria satisfação humana. Por isso não estão dispostos a abrir mão das suas vidas, no sentido de realizar-se materialmente, não estão dispostos a abrir mão do pretenso comando da vida.

Estes são os dois primeiros tipos que Krishna cita como aqueles que não conseguirão o reto entendimento: aquele que tenta ganhar um salvo conduto para depois do desencarne ou que se torna religioso como uma satisfação à sociedade e aquele que apesar de realmente tentar, não consegue libertar-se da realização material. No entanto, o Bendito Senhor ainda fala de um terceiro tipo: os perfeitos. Vamos falar deles...

Para podermos compreender quem são os perfeitos que Krishna cita que não conseguirão o reto entendimento precisamos observar o que fala sobre os que deste grupo conseguirão. Sobre estes ele diz: “Me compreenderão perfeitamente”. Isso quer dizer que os perfeitos que não alcançarão o reto entendimento possuem uma compreensão sobre Deus. Portanto, ele está se referindo agora a doutos religiosos...

Krishna está falando dos padres, dos médiuns, dos palestrantes de centros espíritas, dos dirigentes das diversas religiões. Na verdade, está falando dos professores da lei sobre os quais Cristo também falou: aqueles que conhecem, mas não praticam o que sabem.

Os seres humanizados que possuem um conhecimento profundo sobre os ensinamentos dos mestres possuem, também, um determinado entendimento. Este, no entanto, segundo o Bendito Senhor, não os leva a alcançar o reto entendimento. Por que isso? Porque este entendimento se firma no culto ao ego, aos anseios e desejos humanos, à busca da satisfação nesta vida. Não alcançam o reto entendimento também porque na prática do ensinamento do mestre ao invés de cultuarem a Deus, idolatram outros seres humanizados: os mensageiros de Deus.

Os doutos das religiões criam interpretações para os ensinamentos de tal forma que eles sirvam como instrumento do prazer mundano e como instrumento de idolatria aos mestres enviados por Deus. É por conta destas duas bases em que se fundamenta a compreensão dos doutos religiosos que Krishna afirma que eles não alcançarão o reto entendimento.

Se o reto entendimento é a compreensão de que apenas Deus age e quando o faz é por conta da Justiça Perfeita e do Amor Sublime, é preciso se cultuar a Ele para promover a reforma íntima. Se o reto entendimento leva em conta a existência de uma realidade única, a vida universal, é nela que se deve buscar a felicidade. Justamente por causa desta diferença entre o reto entendimento e a forma de proceder dos perfeitos é que apenas um deles conseguirá atingir a elevação espiritual, por mais que conheçam os textos dos ensinamentos.

Desta análise sobre o que Krishna falou tiramos uma grande lição: para chegarmos a Deus e promover a reforma íntima, de nada adianta ser professor da lei. De nada adianta freqüentar cultos, de nada adianta se conhecer o que deve ser feito: se não houver uma centralização mental no Pai, nada leva o ser humanizado a aproveitar a sua encarnação. Nada o fará renascer do espírito e da água a não ser a convivência amorosa com Deus a cada momento, aconteça o que acontecer na vida carnal.

Aquele que não se entrega ao processo de reforma íntima com a consciência de que tudo que lhe acontece é fruto do amor de Deus, ficará num dos três grupos de buscadores que Krishna enumerou. Somente aquele que por força da sua confiança no Pai (fé) entrega-se completamente a Ele e vivencia o Seu amor independente do acontecimento da vida será o escolhido e, como diz a Bíblia, sentar-se-á ao Seu lado direito. Para que essa confiança e entrega seja alcançada é preciso que o ser humanizado abra mão de si mesmo, de suas posses, paixões e desejos, que não tenha mais obrigações nesta vida, e que não queira transformar a sua compreensão sobre os ensinamentos em verdades.

Participante: ouvi uma moça evangélica que na sua corrente doutrinária se prega que a riqueza material, a posse de objetos neste mundo, e o status que se pode adquirir como Inal da benção de Deus. Ou seja, segundo esta corrente, Deus dá tudo para eles porque são bons. A partir daí também pregam que aquele que não consegue nada é porque são muito pecadores e não merecem a ajuda de Deus.

Eis aí um exemplo do porque muitos doutos não conseguem, apesar de conhecerem os ensinamentos.

Os dirigentes desta corrente evangélica certamente já leram na Bíblia que Cristo afirma que não se pode servir dois senhores ao mesmo tempo. Também já leram que ele afirma que se deve amealhar bens no céu e não na Terra. Onde estão presentes estas informações no que eles pregam?

Repare numa coisa. A questão de Deus dá a cada um segundo suas obras está completamente vinculada aos ensinamentos de Cristo, mas o que Ele dá foi desvirtuado por uma compreensão de um ser humanizado que está apegado à idéia de gozar da felicidade neste por mundo. É a questão da interpretação dos ensinamentos que comentamos e que não deixa o ser humanizado que acredita nela alcançar o reto entendimento.

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Pedir a Deus

20. Outros há que, carecendo de discernimento, devido aos mais diversos desejos e praticando cultos diferentes, adoram aos devas (ou aos seres celestiais), impelidos por sua própria natureza.

O que são os devas? São seres espirituais desencarnados ligados ao orbe terrestre. São seres humanizados que não estão encarnados numa massa corporal. Mas, também pode ser a figura que os seres humanizados fazem dos seres além do mundo humano. É a compreensão humana que gera um Cristo, um Buda, um Krishna, santos, anjos, mentores e protetores. Neste segundo caso, não estou falando de espíritos, mas da imagem que a humanidade faz de determinados espíritos e que rotula com estes nomes.

O que é chamado por vocês de Cristo é um espírito superior que vive liberto da influência da materialidade. Ele vive para, com e em Deus. Ele não se preocupa com os anseios dos seres humanizados que são fundamentados em posses, paixões e desejos mundanos. Ele se preocupa com a existência eterna do espírito e com tudo que for pertinente a ela. No entanto, não é desta forma que os homens entendem Cristo. Imaginam que ele se preocupa com as necessidades materiais dos seres, que se ocupam em providenciar que estes consigam aquilo que desejam. O primeiro é o espírito, o segundo é um deva.

Esta mesma forma de pensar é válida para todos os demais espíritos que são cultuados pelos seres humanizados. Eles existem em espírito e vivem para a espiritualidade, mas também existem no mundo humano como devas, como seres preocupados com a felicidade impura e fugaz que é o prazer que o ser humanizado sente quando seus desejos são realizados.

Àqueles que acreditam e cultuam os devas Krishna chama de seres sem discernimento. O que é de discernimento? É não compreender perfeitamente. Não compreender o quê? Não compreender como eles vivem, não compreender como eles pensam, não compreender qual é a preocupação deles. Aqueles que cultuam espíritos acreditando que eles se ocupam em auxiliar os seres humanizados a conseguirem alcançar seus desejos frutos de suas paixões e posses são carentes de discernimento, porque ainda acham que estas coisas têm alguma importância para quem está livre do anelo à mente.

É isso que Krishna está nos ensinando. Cultuar Cristo colocando-o na posição de servidor de suas vontades humanas é um sinal de ignorância, de carência de discernimento sobre o que é real e o que é ilusório.

Participante: na verdade, nós sempre pensamos que se Deus usa Jesus como instrumento, nós podíamos usá-lo instrumento pra chegar a Deus. Um intermediário.

Na verdade, se você pensava isso, maravilhoso. Mas, não é o que a grande maioria pensa. A grande maioria só quer saber de Cristo para conquistar coisas humanas e não para ajudá-los a chegar a Deus.

Participante: mas tem muita oração que fala que deve se pedir ao santo que seja um intermediário. Pedir que ele leve o pedido a Deus.

Isso está certo, mas veja: de nada adianta fazer esta oração com o coração voltado para o santo. De nada adianta se pedir a Santa Rita que ela seja intermediária junto a Deus para que Ele cuide de sua visão. Estando frente à imagem dela ou orando em sua intenção, seu coração deve estar ligado em Deus e não no santo.

O problema é que vocês quando oram estão conectados com o santo e não com Deus. Por isso seus pedidos são dirigidos diretamente a eles, como se eles fossem capazes de alterar a provação de um espírito encarnado. Vocês acham que rezar para Santo Antônio, por exemplo, pode mudar o destino de um ser humanizado e ele acabar encontrando um marido ou esposa. Acham que porque rezam para São Jorge estarão protegidos, porque pedem a São Pedro vão conseguir adquirir a casa própria. No momento que estão fazendo estas orações nem se lembram de Deus. Acham que estes conseguem realizar estes milagres por livre e espontânea vontade.

Participante: mas, veja bem, foi o próprio Deus que nos induziu a este erro, Isso porque muitas pessoas pedem aos santos e recebem. Por isso achamos que é o santo que faz.

Na verdade, sua lógica é falha. Isso porque Deus não pode ter induzido vocês ao erro porque não foi ele que criou os devas, ou seja, não foi ele que criou figuras mitológicas que estão ao serviço da humanidade que vivem. Isso é coisa do ego. Mas, mesmo que Ele tivesse criado, como já vimos, tudo o que Ele cria no mundo material serve como provação ao espírito, como uma pergunta onde o Pai questiona se o ser encarnado vai amá-Lo acima de todas as coisas ou ainda se submeterá às verdades do ego. Portanto, ao dar algo para alguém que pediu a um santo, Ele estava perguntando: ‘e agora, você vai acreditar que foi Santo Antônio que lhe arrumou marido ou Eu’?

21 e 22. Qualquer que seja a forma do deva ou santo que o devoto quer adorar com fé, Eu torno constante essa fé. Dotado com uma fé assim, o devoto adora o seu deva preferido, que lhe outorga dons. Porém, em realidade, sou Eu quem lhos dá.

23. Porém, os frutos adquiridos por esses homens de escassa compreensão são limitados e logo perecem. Os que adoram aos devas vão aos devas, porém os Meus devotos vêm a Mim.

Aí está a resposta a sua pergunta: tudo que é recebido a partir da adoração a um deva é limitado e logo perece.

Como você disse, algumas pessoas pedem aos santos e conseguem obter, mas o que conseguem receber é limitado, vale apenas para este mundo, e logo perece. Nenhum deva pode lhe dar algo que seja eterno e infinito. Isso só Deus pode...

Aqueles que cultuam estas figuras mitológicas criadas pela mente humana, quando saem da carne juntam-se aos outros espíritos humanizados sem carne naquilo que chamamos de mundo dos devas. Aliás, já vimos isso aqui. Já dissemos que no Universo os seres se juntam a partir de afinidades. Portanto, aqueles que cultuam aos devas presos à humanidade que estão vivendo, quando saem da carne se juntam a outros seres que vivem da mesma forma.

Participante: quer dizer que não podemos pedir nada?

Pedir o quê? O que você tem que pedir pra Deus?

Participante: por exemplo, o que o senhor ensinou: Pai me faça instrumento da Sua vontade.

Eu nunca disse para você pedir a Deus para que Ele o faça como instrumento de Sua vontade. Eu disse que você deve se colocar à disposição do Senhor para ser instrumento Dele. Não é pedir, mas oferecer-se.

O que você acha que precisa pedir a alguém que é seu Pai e por isso está preocupado com sua felicidade; a alguém que é Onipresente e Onisciente e que por isso sabe tudo o que você vive e precisa; a alguém que é Todo Poderoso e que por isso vence qualquer batalha; a alguém que é a própria Justiça e que por isso sempre dá a cada um segundo as suas obras? Acho que nada, não é mesmo. Quem possui todos estes atributos sabe melhor do que você mesmo o que precisa, como ensinou Cristo ao mostrar a oração do Pai Nosso.

Quem acha que precisa pedir alguma coisa está passando um atestado de incapacidade a Deus. Está menosprezando o Senhor.

Religiões

A atividade espiritual e a realidade

Hoje, vamos fazer um balanço destes quase dois anos de estudo de O Livro dos Espíritos. O tema hoje é ‘Espiritismo – a doutrina dos espíritos’ e, dentro dele, quero muita participação de vocês, principalmente daqueles que conhecem a doutrina espírita humana, fazendo perguntas para que possamos, então, falar mostrar a diferença entre as duas doutrinas.

Participante: Sobre a magia negra, se os atos já estão planejados, onde entram os efeitos de tal prática?

No teatro, na encenação que vocês chamam de vida... Se todos os atos já estão planejados, como compreendemos depois de estudar O Livro dos Espíritos, a atividade de fazer a magia já está planejado e o que acontece através dela (o resultado) também.

Veja bem. A ação de se executar uma magia, bem como as possíveis reações que serão sentidas, é uma cena da encarnação dos espíritos onde o ser humanizado pensa que está participando, fazendo ou recebendo a ação, quando na verdade apenas provas estão sendo propostas para o espírito.

Este conhecimento, que é fruto do estudo que fizemos na doutrina dos espíritos, serve para a compreensão dos atos de magia branca, negra, passe, macumba, etc. Enfim, serve para compreender qualquer acontecimento que queira imaginar.

Saiba sempre: ato é teatro.

Participante: E nesse caso, há leis físicas que explicam tais efeitos?

Pode até haver lei física, ou seja, lei que seja conhecida pelo ser humano e que, aparentemente, explique estes fenômenos. No entanto, não podemos nos basear nela. Isso porque toda lei física é sempre relativa, ou seja, serve para um determinado tempo e para determinados elementos. A lei física não é universal, ou seja, tem sempre a mesma reação ao longo dos tempos e dá o mesmo resultado em todos os elementos que se submetem ao mesmo princípio.

Por isso não podemos confiar nela. Se a lei física é relativa, pode ter certeza que um dia ela será desmentida. Se você confia primariamente na lei física um dia se surpreenderá porque ou ela não será mais válida (nova descoberta a desqualificou) ou poderá não ter o resultado que você esperava.

Mas, por que a lei científica humana é relativa? Porque não existe nem o físico, o elemento material, como foi conversado durante o estudo de O Livro dos Espíritos. Que dirá, então, uma lei que o reja. Na verdade o Universo é regido por uma lei energética, que é a espiritual. E essa, como oriunda de Deus é Universal e, portanto, jamais será desmentida ou produzirá efeito diferenciado, não importando quais elementos se submetam a ela.

Mas, esta lei, enquanto encarnado, o espírito não conhece na Realidade. Possui apenas uma compreensão material dela, mas não sabe realmente como ela funciona. Por isso, não queira pedir comprovação científica de nada, para que você não fique atrelado a verdades relativas que um dia perderão a validade.

Quando o homem entender a Realidade espiritual poderá comprovar tudo o que estamos falando. Mas, para se acreditar sem comprovação material é preciso haver fé em Deus e nos ensinamentos recebidos, não importa de que mestre.

Hoje, o ser humanizado, não importa qual a doutrina religiosa que siga, não põe em ação essa fé. Submete o espiritual a leis físicas, ou seja, para ele só existe o espiritual quando comprovado fisicamente.

Isso faz parte, no caso de nosso assunto de hoje, da doutrina espírita humana. Vamos aqui falar exatamente disso: da doutrina espírita dos espíritos, aquela que não pode ser comprovada pela ciência humana e da materialização a que ela foi submetida quando foi exigida a comprovação científica humana.

Por enquanto saiba que pedir comprovação a lei física de coisas espirituais é inverter o processo do Universo, o que leva a formar verdades relativas conferindo a elas valores de absoluto.

Participante: E quando alguém vai fazer uma oferenda na mata, no mar, na cachoeira, ou mesmo quando se acende uma vela, quais são os elementos que realmente existem aí? Existe o pensamento de quem faz a oferta ou o dos trabalhadores da espiritualidade que a recebe? Onde entra o livre arbítrio?

Em O Livro dos Espíritos, codificação da doutrina dos espíritos, está escrito que a oração é um sentimento, uma energia.

Então, veja. Acontece, mesmo que na ilusão virtual da ação, o ato da oferenda, mas ele é pré-programado, ou seja, não ocorre por decisão naquele momento. Neste ato ocorrem, também ilusoriamente, os pensamentos de pedir, de ofertar e de receber.

Tudo isso existe, mas apenas no campo do imaginário criado pelos egos dos espíritos envolvidos. Agora você e a entidade, como espíritos que são, podem participar deste ato com diversos sentimentos. E aí se consiste no seu livre arbítrio.

Você, ou até mesmo a entidade que está recebendo a oferenda, pode participar da ilusão da ação de uma forma egoísta (querendo levar vantagem) ou de uma forma universal. Estas são as opções que todos os espíritos têm ao vivenciar as cenas do teatro da vida.

Participante: E, que espírito recebe estas oferendas?

De que oferendas você está falando, das coisas materiais? Ninguém, porque a coisa material não existe. Do sentimento? Este é recebido pelo Universo, pelo Todo.

Na verdade todo sentimento vai primeiramente para o Universo e não para um espírito específico, mesmo que o emissor o tenha direcionado. Posteriormente pode ser redirecionado do Todo para um determinado espírito, mas inicialmente foi encaminhado ao éter.

Participante: Sendo assim, porque os guias solicitam coisas materiais?

Que guia? O espírito através do médium, através da fala? Teatrinho. O espírito trabalhador sabe que faz parte do teatro da vida solicitar aquelas coisas. Para que? Para fazer uma prova para o espírito. Que prova? Para ver se ele vai participar do ato com amor universal ou egoisticamente.

Então, a entidade pede para ir ao mar e jogar uma rosa branca... Isso é uma cena de uma peça de teatro. Mas, para que a entidade pede isso se sabe que é um teatro? Para propor uma prova ao espírito encarnado, ou seja, para ver se ele vai lá jogá-la pedindo a Deus para si mesmo (ganhar individualmente) ou se, internamente, está louvando a Deus sem nada esperar em troca.

Isso no caso do espírito que está interpretando o papel de guia possuir esta compreensão. Se não for assim, ou seja, se ele acreditar que realmente precisa jogar uma flor no mar e que este ato pode influenciar, é apenas um instrumento de Deus para a provação de alguém, mas que também está vivendo sua própria prova.

Aliás, como entendemos do estudo da base da doutrina dos espíritos (‘O Livro dos Espíritos’), que é o que acontece em todo relacionamento entre dois espíritos.

Participante: No caso das oferendas, os espíritos que pedem essas oferendas ainda têm ego, certo?

Certo. Podem não ser dominados por ele, mas ainda os têm com certeza.

Participante: Então eles também acham que, se não forem cumpridos os pedidos, podem causar mal a quem não cumpriu? Devem pensar isso por conta da ação do ego, não?

Você está falando que todos os espíritos que trabalham em religiões que utilizam desse teatro (oferendas, trabalhos) pensam isso? Não, tal compreensão não é verdadeira.

Existem alguns que não estão mais subordinados a um ego, apesar de estarem ligados a um como criador de realidades. Esses compreendem a necessidade da criação desta determinada cena na peça da vida de cada um e, por isso, participam dela, mesmo conhecendo a Realidade.

Agora, para aqueles que ainda estão presos ao ego, ou seja, que ainda acreditam ser uma determinada personalidade, também não podemos afirmar que todos pensarão igualmente. Isto porque a compreensão que o espírito ligado a uma personalidade recebe através do seu raciocino é criada por Deus e trazida pelos espíritos amigos.

Sendo assim, naqueles que Deus fizer surgir esta compreensão, ocorrerá a crença nisso. Aqueles que Deus der esta consciência, não acreditarão.

Participante: Com relação à provação (fazer a oferenda egoisticamente ou universalmente), não entendi sua resposta, porque quando se chega ao ponto de fazer uma oferenda já se foi egoísta e já se pediu alguma coisa ao guia.

Não necessariamente.

Você pode participar da ação do oferecimento dentro de uma ligação com Deus, ou seja, estar em sintonia amorosa com Ele, mesmo que ainda espere receber alguma coisa em troca por este amor. Agora, existem muitos que nem se lembram do Pai neste momento, mas estão fixados exclusivamente no que vão receber.

Participante: No ato de um encontro de magia eu pedi com sentimento a ajuda dos amigos espirituais e percebi a presença deles. Como funciona isso?

Esta sua percepção é racional porque tem formas. Sendo assim, é ego, é elemento do teatrinho da vida. Apenas se esta percepção não tiver forma, nomes ou qualquer outro elemento material, ela é espiritual.

Quando se fala em teatrinho vocês acreditam que estou falando apenas nas atividades dos elementos percebidos pelos órgãos do sentido do corpo físico, mas não é isso. Mesmo aqueles que são percebidos apenas através do raciocínio são materiais, pois existem apenas nas formações mentais que Buda nos ensinou que é apenas um agregado ao espírito e não algo original dele.

Por isso afirmo: todo o Universo participa do teatro da vida humana. Mesmo os espíritos desencarnados participam do teatro, ou seja, da realidade ilusória que é perceptível ao ser humanizado.

Ouça bem isso: a única coisa que o espírito faz é pulsar, receber e emitir sentimentos; todo resto é teatro.

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Doutrina

Então vamos começar o tema de hoje especificamente, já que ele esteve presente até agora nestas respostas que dei.

Durante quase dois anos estudamos O Livro dos Espíritos na integra. Pergunta após pergunta lemos e comentamos cada uma das mil e dezenove perguntas e suas sub-colocações.

Neste estudo descobrimos algo interessante: a doutrina (“conjuntos de princípios que servem de base a um sistema filosófico” – Mini Dicionário Aurélio), que surgiu deste estudo não tem nada a ver com aquilo que é conhecido como doutrina espírita entre os encarnados.

Por que isso? Porque, embasado nos ensinamentos dos espíritos, foi criada uma doutrina espírita humanizada. Ou seja, os ensinamentos dos espíritos foram traduzidos (compreendidos) de acordo com as verdades do planeta Terra (humanas).

Esta tradução foi feita mais ou menos como me perguntaram agora a pouco sobre os efeitos da magia: a ciência comprova tal fato; a lógica material humana está atendida? Se a ciência e a lógica humana não estavam contempladas na compreensão do ensinamento, atendamos estes elementos primeiros.

Assim sendo, aquilo que os espíritos ensinaram passou inicialmente pelo jugo das verdades humanas, que são relativas, e, com isso, criou-se, então, uma doutrina que atendesse primariamente a estes elementos para, só depois, atender às Verdades e Realidades espirituais.

Sendo assim, posso dizer, então, que o espiritismo é a doutrina dos espíritos, mas que ela é conhecida pelos moradores do orbe terrestre (é formada por verdades) humanamente.

É sobre isso que quero conversar hoje: sobre as duas doutrinas.

Antes de qualquer coisa, quero dizer que, ao falar que a doutrina dos espíritos foi humanizada, não estou falando em errado, pecado ou heresia. A humanização da doutrina dos espíritos é perfeita porque foi gerada por Deus através dos egos humanos.

Para que? Para servir de prova ao espírito...

É a mesma coisa que respondi quando vocês me perguntaram sobre magia e o que responderia se me perguntassem sobre qualquer doutrina religiosa, já que todas elas foram humanizadas: elas foram humanizadas por Deus através do ego para ver se o espírito ama mais a sua religião do que ao Pai e ao próximo. Nunca se esqueçam disso: em tudo que acontece no teatro da vida está embutida uma essência que é a provação do espírito.

Sendo assim, vamos falar das conclusões que tiramos, que é a doutrina espírita dos espíritos e compará-las com as compreensões que doutrina espírita humana chegou.

Será isso que vamos falar hoje.

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Elementos do universo

“27. Há então dois elementos gerais do Universo: a matéria e o espírito? Sim e acima de tudo Deus, o Criador, o Pai de todas as coisas. Deus, espírito e matéria constituem o princípio de tudo o que existe, a trindade universal”. (‘O Livro dos Espíritos’).

Para começar nosso estudo, vimos durante o estudo de O Livro dos Espíritos que a doutrina espírita dos espíritos afirma que o Universo é composto por dois elementos: o espírito e a matéria. Mas, diz mais ainda: acima de tudo (espírito e matéria) está Deus. Este é o princípio básico que compõe a Realidade do Universo para a doutrina espírita dos espíritos ou para o conhecimento que os espíritos transferiram para o mundo terrestre.

Se a doutrina espírita humana possui outros elementos, como, por exemplo, tiro, soco, abraço, a crença da existência destes elementos é apenas humana e não espiritual. Tais elementos não estão arrolados na doutrina dos espíritos e, por isso, afirmo que para nós eles não existem. Isto porque a doutrina dos espíritos fundamenta-se na existência apenas dos elementos espírito e matéria e não confere a outros o título de Real.

Esta é a primeira constatação deste estudo: tudo que existe é apenas a matéria e o espírito e, conforme ensina ainda o Espírito da Verdade, acima de tudo Deus.

Podemos, então, definir Universo como ‘um aglomerado de matérias onde existe o espírito e Deus, que está acima de tudo’. Esta é a Realidade Universal. Qualquer coisa que não se encaixe em espírito, matéria e Deus é um elemento humano e, portanto, não existe realmente (absoluto), mas de forma relativo (durante algum tempo e para alguns).

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Deus

A partir daí vamos continuar nossa conversa falando do elemento Deus. Esta será a nossa primeira abordagem na comparação entre a doutrina espírita dos espíritos e na humanizada.

Como os espíritos definiram Deus, ou seja, através de que propriedades os espíritos definiram Deus? A resposta está na pergunta 13 de O Livro dos Espíritos:

“13. Quando dizemos que Deus é eterno, infinito, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e bom, temos idéia completa de seus atributos?Do vosso ponto de vista, sim, porque credes abranger tudo. Sabei, porém, que há coisas que estão acima da inteligência do homem mais inteligente, as quais a vossa linguagem, restrita às vossas idéias e sensações, não tem meios de exprimir. A razão, com efeito, vos diz que Deus deve possuir em grau supremo essas perfeições, porquanto, se uma lhe faltasse, ou não fosse infinita, já ele não seria superior a tudo, não seria, por conseguinte, Deus. Para estar acima de todas as coisas, Deus tem que se achar isento de qualquer vicissitude e de qualquer das imperfeições que a imaginação possa conceber”.

Pela resposta podemos compreender que o Espírito da Verdade não concorda com as qualidades propostas por Kardec, mas deixa bem claro que todas aquelas que foram citadas são realmente atributos do Pai Supremo. E diz mais: elas devem estar em grau supremo e existirem de tal forma que coloquem Deus acima de toda materialidade ou das próprias propriedades de outros espíritos.

Por aí, então, começaremos nossa conversa: Deus é muito mais do que a vã filosofia humana possa conceber e sempre estará acima de qualquer outro espírito com relação à compreensão da Verdade e da Realidade. Ou seja, Deus não pode ser compreendido pelo ser humanizado.

Mais tarde voltaremos a este aspecto. Por agora vamos, então, ver uma a uma as poucas propriedades que os espíritos encarnados no orbe terrestres podem conhecer do Pai, buscando entender como a doutrina dos espíritos as utiliza para a criação das realidades e como a humanizada também o faz.

ETERNO

Primeiro ensinamento dos espíritos: Deus é Eterno. O que quer dizer isso? Quer dizer que o Senhor sempre existiu e sempre existirá. Não há nenhum momento onde Ele deixe de existir, ou seja, que Suas propriedades não estejam presentes.

IMUTÁVEL

Deus não se muda, ou seja, não é algo em um momento e em outro pode ser alguma coisa diferente. Todas as suas propriedades estão sempre presentes, fundamentadas e agindo de uma forma única.

Vá guardando estas compreensões que estamos comentando porque depois, quando formos falar da doutrina espírita humanizada, precisaremos delas.

Então, Deus é sempre eterno e durante toda a eternidade nunca se alterou.

IMATERIAL

Deus não tem nada de matéria em si. A matéria está abaixo de Deus. Ele não é composto por matérias.

Só com este conhecimento resolvemos já uma questão presente nas doutrinas humanizadas: Deus é um aglomerado de energias. Isso não pode ser, porque energia é matéria.

Então, Deus é algo que você não sabe o que é, mas há pelo menos uma coisa que pode saber que Ele não é: composto por matérias. Esse algo, que não é composto por matérias, sempre existiu e sempre existirá e jamais se alterará.

ÚNICO

Não existem dois deuses. Isso é ponto fundamental para a compreensão da Realidade, para o entendimento da Verdade.

ONIPOTENTE

Deus é onipotente, ou seja, é toda a potência do Universo. Isso quer dizer que nada pode ser mais potente do que Deus, nada pode mais do que Ele.

Portanto, o Deus dos espíritos, até aqui, é algo que não se pode definir precisamente, mas que com certeza não é material, existe sempre sem jamais alterar-se e nada nem ninguém pode, pois Ele é único e onipotente.

SOBERANAMENTE JUSTO E BOM

Deus é a Justiça. Mas, não uma justiça justiceira, que prende, dá penas e pune. A propriedade Justiça do Pai está ligada ao Amor. Por isso afirmo que Ele é uma justiça que age por amor.

Não se trata de uma justiça que tem como objetivo corrigir com cerceamento de liberdade ou de qualquer outra forma agressiva. A Justiça de Deus baseia-se no amor e, portanto, tem como objetivo, ao ser aplicada, a concessão de uma nova oportunidade de mudança, de elevação, de melhora.

Por esta propriedade devemos entender que Deus é como um pai ou mãe terrestre que coloca o filho de castigo, mesmo não querendo colocar, porque sabe que aquele castigo é importante para o futuro do filho.

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Causa Primária

Estas são as propriedades citadas na pergunta 13 de O Livro dos Espíritos. No entanto, além dela, a pergunta 01 também faz menção a duas propriedades de Deus que são muito esquecidas pela doutrina espírita humanizada:

“0001. Que é Deus? Deus é Inteligência Suprema, Causa Primária de todas as coisas”.

Deus é a Inteligência Suprema. O que quer dizer isso?

Inteligência para a humanidade é a capacidade de análise que gera um reconhecimento da verdade e da realidade. Se Deus, então, é a capacidade suprema de discernimento, só Ele sabe. Todos os outros seres do Universo, acham que sabem, imaginam saber, mas só tem notícias. Só Deus conhece a Verdade, conhece a Realidade.

É isso que ensinam e acreditam os espíritos.

Mas, agora vamos fechar todo o conhecimento possível sobre o Senhor Supremo com a última propriedade de Deus constante da doutrina espírita dos espíritos: Deus é a Causa primária de todas as coisas. Ou seja, é Aquele de onde se origina primariamente tudo.

A ênfase no tudo é importante porque tudo quer dizer todas as coisas que existem, conhecidas ou desconhecidas por você. Não importa o que seja, aquilo não existiria se Deus não o houvesse causado primariamente.

Esta é a doutrina dos espíritos. Tudo que acontece é causado por Deus, fruto de um raciocínio supremo e é gerado com justiça amorosa, não punitiva. Os espíritos cantam louvores e entregam-se a Deus submetendo-se a tudo o que Ele causa porque sabem que o amor embutido na justiça jamais deixará de existir. Isto por que:

Deus é eterno, ou seja, a causa primária sempre existirá;

Deus é imutável, ou seja, a justiça amorosa estará sempre presente o que garante que não há injustiças;

Deus é imaterial, ou seja, a causa primária de todas as coisas jamais se deixará levar pela ilusão material;

Deus é único, ou seja, a causa primária de todas as coisas será sempre Ele e mais nada;

Deus é onipotente, ou seja, que ninguém mais pode causar nada no Universo, sem que ele tenha primariamente estabelecido a ação o que confere a ela, seja feita porque que elemento for, a justiça amorosa.

Então aí está o fundamento primário sobre Deus na doutrina espírita dos espíritos. Os espíritos cantam louvores ao Senhor porque eles sabem que tudo é Deus, já que tudo que acontece foi gerado primariamente pelo Pai.

Mas, na humanização dessa doutrina, ou seja, na doutrina espírita humanizada, Deus perdeu o atributo de causa primária de todas as coisas. Dentro da compreensão da realidade dos seres humanizados que afirmam seguir a doutrina espírita, as ações acontecem porque o outro espírito, com seu livre arbítrio que lhe concede o direito escolher o que fazer, faz o que quer.

Essa doutrina não se coaduna em nada com a doutrina dos espíritos no tocante ao conhecimento sobre Deus. Senão vejamos...

Se alguém pode fazer alguma coisa somente a partir de sua própria vontade, temos que dizer que esta pessoa tem que ter a inteligência suprema, pois ela é necessária para que se possa causar primariamente alguma coisa. Se assim não fosse, teríamos, então, que aceitar que inteligências inferiores podem causar algo...

Mas, na pergunta 9 de O Livro dos Espíritos fica bem claro que isso é impossível. Sendo assim, a doutrina dos espíritos não aceita que uma inteligência inferior possa causar espontaneamente qualquer coisa.

“09. Em que é que na causa primária, se revela uma inteligência suprema e superior a todas as inteligências? Tendes um provérbio que diz: pela obra se reconhece o autor. Pois bem! Vede a obra e procurai o autor. O orgulho é que gera a incredulidade. O homem orgulhoso nada admite acima de si. Por isso é que ele se denomina a si mesmo de espírito forte. Pobre ser, que um sopro de Deus pode abater”.

No entanto, a humanização a respeito da capacidade de agir não pode nem ser atribuída ao Codificador (Allan Kardec). Isto porque ele compreendeu assim a questão da ação da causa primária nas inteligências (espíritos):

“Do poder de uma inteligência se julga pelas suas obras. Não podendo nenhum ser humano criar o que a Natureza produz, a causa primária é, conseguintemente, uma inteligência superior à humanidade”.

“Quaisquer que sejam os prodígios que a inteligência humana tenha operado, ela própria tem uma causa e, quanto maior for o que opere, tanto maior há de ser a causa primária. Aquela inteligência superior é que é a causa primária de todas as coisas, seja qual for o nome que lhe dêem”.

Portanto, a informação de que o espírito, em qualquer nível, encarnado ou não, não pode fazer parte da doutrina espírita, se quem a segue quiser realmente possuir a Verdade e viver a Realidade que os espíritos conhecem.

Mantendo a informação do livre arbítrio que concede ao espírito a causa primária das suas ações, chegamos ao segundo ponto. Se quem está fazendo não tem a o discernimento supremo, acabou a justiça. Ela só pode existir quando a análise foi executada por uma inteligência suprema, ou seja, por quem tem a capacidade máxima de discernimento da Verdade e da Realidade.

Por isso a humanidade, mesmo aqueles que dizem que comungam com a doutrina dos espíritos, acusam a existência da injustiça. Se os espíritas seguissem a doutrina espíritas dos espíritos descobririam que a causa primária de todas as coisas é eternamente justa e amorosa e jamais se muda. Por isso veriam que a injustiça, o desamor e o desequilíbrio são elementos que não fazem parte do Universo de Deus.

Continuemos em nossa análise. Se cada um pudesse fazer o que quer, cada um seria um deus, pois seria a causa primária do que faz. Então, a doutrina espírita humanizada consagra a existência de múltiplos deuses, mas a dos espíritos fala em apenas um Deus (único).

Se o espírito encarnado pode fazer, agir livremente, quando esta encarnação acabar suas ações se encerrará? Então seria um deus (causa primaria) que não é eterno?

São estes aspectos que precisamos analisar quando queremos aplicar a doutrina espírita dos espíritos em nossas vidas. A humanização desta doutrina no tocante ao livre arbítrio, gerou uma descaracterização que humanizou o ensinamento dos espíritos.

Existe o livre arbítrio sim e bem mais amplo do que os espíritas imaginam, mas disso, falaremos mais tarde. Por enquanto o que precisa ficar bem claro é que para os espíritos,

Deus é único, portanto, só ele é a causa primária de todas as coisas;

é eterno e imutável e por isso a causa primária será sempre igual;

a justiça sempre existe, porque a causa primária possui a inteligência suprema e por ela aplica a justiça rigorosamente perfeita;

a justiça aplicada não é um castigo ou uma punição, mas sim a tradução do amor do Pai.

Aí estão as diferenças entre as duas doutrinas no tocante à prática do conhecimento do elemento Deus. Os espíritos lidam com um Ser Supremo que é uma Inteligência Suprema e que aplica a Causa Primária com justiça amorosa, que nunca se alterou e nunca deixará de existir. Já a doutrina espírita humana trabalha com um deus inativo que cria e fica apenas observando e, por isso, deixa de ser a causa primária de tudo. Este Deus não é amoroso porque fica observando com a intenção de julgar, apenar e penalizar o espírito. Com isso transformou Deus num justiceiro e acabou com o amor.

Estas são as duas posições que nós temos que pensar.

Participante: Sobre ser instrumento de Deus, tem algo a ver com a santíssima trindade? Três são a mesma pessoa, mas cada um faz parte do Todo?

É mais ou menos isso. Todos os elementos juntos formam uma trindade que se funde num só: aquilo que é chamado de Universo.

No entanto, não estou falando que o Todo universal é composto por Deus, Cristo e os espíritos, mas na trindade formada por Deus, espírito e matéria, como já vimos (citação da pergunta 27 de O Livro dos Espíritos feita anteriormente).

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O deus morto

Participante: O Deus morto que já foi falado em outras ocasiões.

Este deus que aludi agora é mais que morto. Aquele que foi falado em outras ocasiões como Deus morto é a concepção de alguns grupos dos evangélicos. Ele está morto (sem ação), mas ainda preza o amor que tem por seus filhos.

O dos espíritas humanizados é mais do que morto ou sem ação. É um deus carrasco, que se senta no seu trono e julga os outros. Um deus que não faz nada por seus filhos, que não socorre nem ajuda ninguém, já que cada um tem o livre direito de ferir e magoar o próximo, mesmo que com isso seja estabelecida uma injustiça.

O deus fruto desta concepção humanizada só fica observando a vida humana dos espíritos para julgar, condenar e apenar e não para exercer a função de Criador do Universo. Este deus não pode ser a expressão máxima do amor, pois se tivesse realmente amor pelos seus filhos ele não deixaria acontecer coisas que fossem injustas.

Esta é a diferença entre as duas concepções.

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Confrontação da doutrina humanizada

Participante: Vamos transcrever esta palestra e mandar para a Federação Espírita Brasileira.

Não, você não ouviu o início da palestra. Antes de começar a falar deixei bem claro que ninguém é culpado, errado ou que a doutrina espírita não presta. Não é isso que estou dizendo. O que deixei claro foi que a doutrina espírita humanizada é, também, uma prova para ver se você ama mais a Deus ou aos conceitos que ela lhe transmite. E, se tudo são provações, constatar que ela fala diferente daquilo que você acredita, também é uma prova para ver se a ama do jeito que é ou se quer acusá-la de estar errada. Se conseguir encontrar erros nela, com certeza quem está falando é o seu egoísmo...

Saiba: não se converte ninguém à sua religião. Não mande este texto para ninguém com esta intenção: ele é só para você.

Participante: Faz tempo que lido com este tema, mas somente agora encontrei as palavras exatas. Já tive discussões homéricas sobre o tema.

É claro que esta conversa será transcrita e divulgada, como todas que fizemos até agora, mas não faça dela uma arma para julgar e acusar os outros. Se quiser, coloque-a a disposição de seus amigos, mas se eles não quiserem acreditar, conceda a eles este direito sem criticá-los. A decisão de crer ou não é fruto do livre arbítrio deles.

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Panteísmo

Participante: Às vezes penso que somos parte de Deus, o que é uma idéia panteísta. Se somos instrumentos de Deus somos partes dele, certo?

A diferença entre o que estamos falando e as convicções panteístas, é que na doutrina humana panteísta, ao retornar a Deus, você perde a individualidade, mas, na doutrina espírita dos espíritos, você retorna a Deus, funde-se a Ele, mas mantém a sua individualidade. Ou seja, na doutrina espírita dos espíritos você é um em Deus ao invés de ser o próprio.

Participante: Alguns espíritas me chamam de panteísta quando falo nos elementos do Universo como o senhor está dizendo agora. Por quê?

Porque acham que compreendendo os acontecimentos por estes valores perderão a individualidade.

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Espírito

Segundo elemento do universo para a doutrina espírita dos espíritos: o espírito.

Para os seres espirituais não existe outro elemento inteligente do que o próprio espírito, alma, ser universal, ou o nome que queira dar ao princípio inteligente do Universo. O que quer dizer na prática este ensinamento? Que para os espíritos que comungam da doutrina espírita dos espíritos não existe o ser humano.

Se houvesse um ser humano inteligente diferente do espírito, a doutrina espírita dos espíritos afirmaria que existiriam três elementos no Universo: o próprio ser universal, a matéria e o ser humano. Mas não há esta lista em O Livro dos Espíritos.

Desta forma, podemos afirmar que a doutrina espírita dos espíritos não contempla o ser humano como elemento do Universo. Já a doutrina espírita humanizada sim.

Para os espíritos, o que você chama de ser humano, é uma alma. Para a doutrina espírita dos espíritos o que existe é uma alma, que não se trata de um novo elemento, mas sim de um estado especial do espírito: estar encarnado.

“134. Que é uma alma? Um espírito encarnado”.

Para a doutrina espírita dos espíritos sempre há um espírito, mas existem situações diferentes onde a sua existência ocorre: na erraticidade ou encarnado. Esta é a Realidade.

Falamos em situações porque a crença também de que a encarnação separa o espírito em algum lugar diferente também não faz parte da doutrina espírita dos espíritos.

“1016. Em que sentido se deve entender a palavra céu? Julgas que seja um lugar como os campos Elíseos dos antigos, onde todos os bons espíritos estão promiscuamente aglomerados, sem outra preocupação que a de gozar, pela eternidade toda, de uma felicidade passiva? Não; é o espaço universal; são os planetas, as estrelas e todos os mundos superiores, onde os espíritos gozam plenamente de suas faculdades, sem as tribulações da vida material, nem as angústias peculiares à inferioridade”.

Então veja, a doutrina espírita dos espíritos não contempla o ser humano, um elemento do Universo que vive a vida material no planeta Terra, mas sim um espírito encarnado que está vivendo a sua própria existência espiritual no mundo dos espíritos.

Participante: Onde entra o ego na doutrina espírita dos espíritos? A alma é o ego?

Não, a alma é o espírito ligado a um ego. A figura do ego entra em diversas informações do Livro dos Espíritos, mas não especificamente numa só resposta.

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Vida e encarnação

A prática de tal ensinamento faz uma diferença imensa, porque o espírito encarnado vive uma encarnação e o ser humano vive uma vida... Vamos definir as duas coisas para sentir a diferença entre as crenças.

Vida é uma sucessão de acontecimentos que ocorre de forma desorganizada, independente da vontade do ser humano e que segue um trajeto formado por etapas do nascimento até a morte. Isso é vida.

Encarnação é outra coisa: é uma etapa da existência espiritual onde ele vivencia provações dadas por Deus para fazê-lo chegar à perfeição.

“115. Dos espíritos, uns terão sido criados bons e outros maus? Deus criou todos os espíritos simples e ignorantes, isto é sem saber. A cada um deu determinada missão, com o fim de esclarecê-los e de os fazer chegar progressivamente à perfeição, pelo conhecimento da Verdade, para aproximá-los de si. Nesta perfeição é que eles encontram a pura e eterna felicidade. Passando pelas provas que Deus lhes impõe é que os espíritos adquirem aquele conhecimento”.

Mas como se realizam as provações? Elas são criadas através das vicissitudes (alternâncias entre as situações) da vida.

“132. Qual o objetivo da encarnação dos espíritos? Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns é expiação; para outros missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a expiação...”.

NOTAS:

O termo vicissitude não deve ser compreendido pelo sentido que é dado pela doutrina espírita: carências. Segundo o Mini Dicionário Aurélio, vicissitude é a alternância das situações da vida. Ou seja, hoje a situação nos é favorável, amanhã desfavorável. Sendo assim, a obrigação da existência da vicissitude na vida corporal se traduz em que a encarnação será sempre composta por situações aparentemente positivas que serão sucedidas por outras negativas.

O termo sofrer na frase da citação, como ensinado em palestras anteriores, não tem nada a ver com sofrimento. Aqui ele deve ser entendido como passar por. Assim, a perfeita compreensão do texto diz que o espírito precisa passar pelas vicissitudes, mas que não precisa necessariamente ter emoções de sofrimento por causa disso. Aliás, na pergunta de O Livro dos Espíritos citada anteriormente (115) se afirma que aqueles que suportam as vicissitudes murmurando (sofrendo) permanecem afastados da perfeição e da prometida felicidade.

Mas, além da expiação, o Espírito da Verdade ensina que a encarnação possui ainda outro objetivo: o espírito veste-se com uma roupa adequada para nela, sobre as ordens de Deus, fazer a sua parte na obra geral.

“Visa ainda outro fim a encarnação: o de por o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta”. (pergunta 132).

Então veja que, acreditar numa vida e vivê-la é completamente diferente de vivenciar uma encarnação. Primeiro porque a vida ocorre independente da vontade do ser humano, mas a encarnação é fundamentada no gênero de provas escolhidos pelo espírito.

“258. Quando na erraticidade, antes de começar nova existência corporal, tem o espírito consciência e previsão do que lhe sucederá no curso da vida terrena? Ele próprio escolhe o gênero de provas por que há de passar e nisso consiste o seu livre arbítrio”.

Os outros elementos que distinguem uma vida de uma encarnação são o seguinte:

A vida tem etapas que alteram o ser humano; já na encarnação o espírito é sempre o mesmo desde o momento que encarna até que desencarna.

Na vida as coisas, os acontecimentos têm valores múltiplos; na encarnação só existe a provação: a expiação e a missão.

Vivendo estas diferenças, todos os outros valores que se dá aos acontecimentos da vida mudam de figura.

Enfim, vida e encarnação são elementos completamente diferentes. A vida é algo que começa e termina, a encarnação é apenas uma etapa da existência eterna.

A doutrina espírita dos espíritos prega a existência de um espírito que vive encarnações dentro do seu próprio mundo, ou seja, vivendo com seus próprios valores; a doutrina espírita humanizada prega a transformação do espírito em ser humano e, para isso cria uma existência humana para este elemento independente da existência espiritual e um local diferente para ele existir.

Ora, vocês que conhecem a doutrina espírita humanizada poderiam estar dizendo que não é isso que ela contempla como corpo doutrinário. Concordo, mas é desta forma que os seres humanos espíritas vivem. Eles lêem O Livro dos Espíritos, mas não trazem as conclusões do que leram para suas existências.

Os espíritas lêem que a vida é uma encarnação, mas ainda vivem um casamento, uma maternidade, uma paternidade, um trabalho material, uma amizade, ou seja, acontecimentos com valores múltiplos que possuem caracterização diferenciada da expiação e da missão. Todas estas situações que citei possuem conotações próprias que em nada contemplam aquilo que definimos como os elementos da encarnação de um espírito.

É isso que eu estou querendo dizer. A diferença entre ser praticante de uma ou de outra doutrina não está no que se sabe, mas na forma como que se coloca em prática os ensinamentos.

Quando falo em doutrina espírita dos espíritos estou me referindo à prática que os espíritos fazem dos ensinamentos nela contida. Quando falo em doutrina espírita humanizada estou falando na prática que os seres humanos dão aos mesmos ensinamentos da doutrina espírita.

Aí está, portanto, a primeira diferença entre a doutrina espírita dos espíritos e a humanizada: a auto visão sobre si mesmo e o valor que se dá aos acontecimentos da vida. Na doutrina espírita dos espíritos existe o espírito encarnado, vivendo uma encarnação; na humanizada existe um ser humano que vive a sua existência corporal como espírita.

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A quem se prova

Participante: Mas, se Deus já sabe das provas e se vamos passar por elas ou não, quer dizer que as provações são pára nós.

É isso que está respondido em O Livro dos Espíritos e faz parte da doutrina espírita dos espíritos. Se Deus é onisciente o que você tem que provar a Ele? Nada você tem que provar a você mesmo.

A grande verdade é essa: você não se conhece, não sabe quem é. Ilude-se imaginando ser um espírito dotado de conhecimentos profundos, quando na verdade apenas teve notícias deles, mas não os incorporou ao seu ser. Desta forma, precisa provar a você mesmo que aprendeu, pois Deus já sabe o que realmente incorporou a si ou não.

Deus é o professor que sabe muito bem quem aprendeu a lição e quem só diz que entendeu. O trabalho da provação não é para atestar nada a Ele, mas para fazer cair a máscara do aluno que não estuda ou que lê uma vez só e afirma que já sabe de tudo.

Quando você vivencia a encarnação com os valores de vida humana, julga e acusa a si e aos outros sofrendo, prova a si mesmo que não aprendeu nada sobre a glória do Universo de Deus e da felicidade prometida pelo Pai. No entanto, esta constatação de que apenas imaginou que tinha aprendido só vem quando, encerrada a encarnação, revê como viveu a e sua encarnação.

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O crivo da razão

Participante: Tudo que o senhor fala é de difícil crença, pois se fala muito sobre o crivo da razão. Só aquilo que não nos contradiz é que passará pelo crivo da razão e, aí então, poderá ser considerado como real.

Veja bem. Esta atividade (ter que passar os ensinamentos pelo crivo da razão) faz parte da doutrina espírita humana: ela nunca foi falada pelo Espírito da Verdade. Aliás, para combatê-la há uma resposta em O Livro dos Espíritos que afirma que os espíritos sabem muito melhor do que você sobre os seus pensamentos porque são eles que lhes dá este elemento. Sendo assim, o que você chama de crivo da sua razão, não o é, mas trata-se sim daquilo que passou no crivo da razão de outro espírito. Este é o primeiro detalhe sobre este tema

Mais: o Espírito da Verdade orienta claramente a não se deixar levar pela razão, pois ela é falseada. O que falseia a razão: o egoísmo, que segundo o próprio divulgador da doutrina dos espíritos é o principal mal do ser que encarna neste mundo.

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Outro motivo para que a submissão ao crivo da razão não seja considerada como algo espiritual? Quantas razões existem? Você acredita numa coisa, outra pessoa acredita de forma diferenciada sobre o mesmo assunto, uma terceira diferente dos dois. Como se estabelecer com quem está a razão? Quem poderia servir de fiel para determinar a Verdade?

Realmente o ter que passar pelo crivo da razão faz parte da doutrina humanizada e se pronuncia por aquilo que você me perguntou no início: comprovar através da ciência. Como lhe respondi então, é submeter a doutrina dos espíritos às condições humanas.

Os ensinamentos devem passar pelo crivo da razão, mas de uma razão espiritualizada e não materializada. E o crivo da razão espiritual é aquilo que falamos de Deus e do espírito até aqui.

Participante: A razão faz parte do ego. É um dos seus atributos...

A razão é o ego.

O ego é composto de pensamentos (formações mentais) e memória, entre outros elementos. A razão uma formação mental formada a partir de verdades que estão ma memória (consciência). Então a razão é o ego. É a expressão máxima do ego.

Tudo que é racional não é da razão, mas do ego.

Participante: Já que ninguém pode deter a verdade para estabelecer a razão, como distinguir a razão material da espiritual?

Seguindo o que a doutrina do seu mestre fala sem juntar a ela nenhum valor material. Se você segue os ensinamentos espíritas deve seguir perfeitamente o que está em O Livro dos Espíritos.

Deus é Causa Primária de todas as coisas, Justiça e Amor, Inteligência Suprema; não existe ser humano, mas espírito; não existe vida, mas encarnação; não existem acontecimentos, mas provações. Alterando para o que está na fonte que fundamentada a doutrina, os valores do seu ego a respeito dos elementos do Universo chegará a uma razão espiritualizada. Esta razão é mais universal que a humana, mas ainda é uma razão e por isso um dia terá que ser também transformada.

Isto porque, como aprendemos da definição do elemento Deus ensinada pelo Espírito da Verdade, apenas a Inteligência Suprema é capaz de chegar a Verdade, pois possui a capacidade de compreensão máxima que qualquer ser pode alcançar. Sendo assim, o espírito de posse da sua razão máxima espiritual diz apenas ‘Deus sabe’.

Esta é a razão máxima que um espírito alcança: Deus sabe, ponto final.

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Autismo

Participante: Como é formado o ego de uma pessoa autista. Sabemos que o espírito continua consciente nessa situação. Sofre por não conseguir se expressar?

Alguns sofrem outros não.

O autismo é uma prova para espírito porque o ego funciona normalmente. Ele só não consegue realizar, traduzir o impulso para o externo. Alguns sofrem com este processo outros não, assim como os espíritos escolhem sofrer ou não em todas as outras provações que se traduzem pelos acontecimentos da vida.

O autismo existe como doença apenas para a doutrina espírita humana, já que para a doutrina espírita dos espíritos autismo é uma vicissitude que compõe uma provação da vida.

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A ação humana

Continuemos a falar das diferenças entre a compreensão da doutrina espírita dos espíritos e a humanizada sobre o elemento espírito.

A doutrina espírita humana considera o ser humano independente, ou seja, que ele age por motivações próprias individuais, seja nos atos externos (acontecimentos) ou internos (pensamentos). A doutrina espírita dos espíritos não fala isso, muito pelo contrário.

A doutrina espírita dos espíritos fala que a inteligência menor é comanda em suas obras pela inteligência maior (pergunta 9 de ‘O Livro dos Espíritos), ou seja, fala que Deus é Causa Primária das formações mentais, que geram ilusoriamente a motivação para a ação, de todos os espíritos encarnados. E se assim é, o espírito não faz porque quer, mas porque Deus lhe dá, através do pensamento, a ilusão de ter esta motivação para agir.

Existe ainda outro trecho do ensinamento da doutrina espírita que também contempla esta informação. Segundo o que vimos da pergunta 132 a doutrina espírita afirma que a alma é um espírito vestindo um corpo de acordo com o mundo em que vive para, obedecendo ordens de Deus, contribuir para a obra geral. Sendo assim, ele não faz, mas representa o que Deus lhe manda fazer.

Portanto, nem a intenção nem a ação são do ser humano, mas apenas ações da Causa Primária construindo a obra geral do Universo: o progresso moral dos espíritos.

Agora veja. Para a doutrina humana existe uma intencionalidade ao fazer as coisas e uma liberdade de ação ou não. Mesmo os espíritas acreditam que cada um faz aquilo que quer (livre arbítrio de fazer) fundamentando-se em suas intencionalidades, que também são frutos do seu querer. Mas, para os espíritos, aqueles que seguem a doutrina espírita dos espíritos, o ser universal encarnado não faz nem quer fazer: age em nome de Deus para a obra geral.

A prática destes ensinamentos (consciência sobre a verdade e a realidade) cria uma diferença muito grande a partir destes dois aspectos. Isto porque aquele que está lhe agredindo (consciência humana) não faz isso porque quer, mas é um espírito comandado por Deus, agindo em nome de Deus para criar para você a sua vicissitude. Mesmo que ele também acredite que está fazendo por que quer, na verdade está sendo induzido por Deus para fazer o que precisa ser feito para a evolução do outro, ou seja, criando a vicissitude daquela outra encarnação.

Mas, isso não deve ser visto apenas no mal, mas em todos os aspectos da vida carnal. Aquele que está lhe amando, materialmente falando, sendo seu amigo, dando carinho, também não está fazendo isso. Está simplesmente sendo instrumento de Deus para criar o outro lado da sua vicissitude.

Portanto, aí está um elemento de razão mais espiritualizado do que aquele que hoje é acreditado pelos espíritos encarnados. Os espíritos não fazem o que querem, mas cada um, vestido com o corpo de acordo com o mundo que vive, é dirigido por uma inteligência superior, para gerar a vicissitude que faz parte da provação, que é a encarnação daquele outro espírito.

A conscientização deste elemento espiritual muda completamente a visão do mundo. Ao invés de ter um inimigo, terá um espírito trabalhando em nome de Deus para criar a sua vicissitude, que deve ser vivida na glória de Deus. Ao invés de ter um amigo, terá um espírito trabalhando em nome de Deus para criar outra vicissitude, que deve ser vivenciada com a felicidade que Deus prometeu aos seus filhos e não no prazer.

É isso que precisamos entender... É isso que a humanização da doutrina escondeu dos espíritos encarnados...

A humanização não contemplou estes aspectos porque criou a vida ao invés de vivenciar a encarnação; porque contemplou a independência do ser humano do universo, ao invés de vivenciar a causa primária de todas as coisas.

Neste outro aspecto já se vê mais diferenças entre as duas doutrinas. Mas, continuemos nossa análise.

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O fatalismo e o livre arbítrio dos espíritos

A partir da constatação de que ninguém age, vocês poderiam perguntar: ‘Então, Joaquim, você acabou de falar em fatalismo’? Ou seja, vocês poderiam me perguntar se acabei de dizer que os seres humanos são marionetes na mão de Deus?

Não, isso não faz parte da doutrina espírita dos espíritos. O que faz parte dela é que os atos da vida são fatalidades, são fatalistas, que eles decorrem do gênero de provação que o espírito escolhe antes de encarnar, mas que o espírito ainda mesmo que humanizado (alma) possui o livre arbítrio de vivenciá-los no bem ou no mal, no amor ou no egoísmo.

“851. Haverá fatalidade nos acontecimentos da vida, conforme ao sentido que se dá a este vocábulo? Quer dizer: todos os acontecimentos são predeterminados? E, neste caso, que vem a ser o livre arbítrio? A fatalidade existe unicamente pela escolha que o espírito fez, ao encarnar, desta ou daquela prova para sofrer. Escolhendo-a, instituiu para si uma espécie de destino, que é a conseqüência mesma da posição em que vem a achar-se colocado. Falo das provas físicas, pois pelo que toca às provas morais e às tentações, o espírito, conservando o livre arbítrio quanto ao bem e ao mal, é sempre senhor de ceder ou resistir. Ao vê-lo fraquejar, um bom espírito pode vir-lhe em auxílio, mas não pode influir sobre ele de maneira a dominar-lhe a vontade. Um espírito mau,isto é, inferior, mostrando-lhe, exageradamente aos seus olhos um perigo físico o poderá abalar e amedrontar. Nem por isso, entretanto, a vontade do espírito encarnado deixa de se conservar livre de quaisquer peias”.

Então veja. Fatalidade, marionete, existiria se você fosse obrigado a viver os acontecimentos de uma forma padrão, mas isso não é real. Todos têm a liberdade de viver o mesmo acontecimento com uma compreensão diferente: uns tem o direito de achar que aquilo é mal para ele, mas outros podem ver naquilo o amor de Deus por ele, ou seja, que aquele acontecimento é um bem.

Cada um usando do seu livre arbítrio vê uma coisa diferente e, desta forma, caracteriza o ato de forma diferenciada, o que acaba o fatalismo.

A doutrina espírita humanizada fala que a ação da Causa Primária como a doutrina espírita dos espíritos prega, gera o fatalismo, mas esta explica que isso não é real, pois o espírito tem o livre arbítrio de vivenciar as suas provações sentindo-se ferido, magoado ou vivendo no amor de Deus, sentindo-se amado pelo Pai.

Aliás, apegar-se a idéia do livre arbítrio do ato como garantia da existência da liberdade, é diminuir este direito que Deus deu a cada um dos seus filhos. Isto porque, enquanto a doutrina humanizada fala em apenas um momento livre, a doutrina espírita dos espíritos afirma que ele possui dois momentos de liberdade diferentes: o de programar as suas provas e o de gostar ou não daquilo que ele mesmo programou.

Esses são quatro pontos fundamentais que diferenciam a doutrina espírita dos espíritos e a humanizada no tocante ao elemento espírito:

não há ser humano, mas sim espírito encarnado;

não há vida, mas sim encarnações fundamentadas no livre arbítrio do espírito;

não há elementos agindo autonomamente no Universo, mas sim espíritos encarnados usando roupas de acordo com o planeta para criar na materialidade a provação para o próximo, o que é a obra de Deus;

não há pré-destinação porque cada espírito tem o direito de vivenciar aquilo que ele por moto próprio escolheu de forma diferente.

Muitos outros aspectos poderiam ser citados, mas todos eles existem por influência destes quatro.

Participante: Os espíritos, na fase inicial de humanidade, já têm condição de planejar a própria encarnação?

Claro porque ele não planeja atos, mas gêneros de provas que é a essências dos atos.

Os espíritos, seja no mundo das cavernas ou no século de hoje, pedem, por exemplo, para vencer o egoísmo: esta é a escolha que ele faz antes da encarnação. Para que esta provação possa acontecer Deus cria, então, um teatrinho de acordo com a época do planeta, com os elementos usados no planeta nesta época. Não importa que elementos estejam presentes, o gênero das provações pedido pelos espíritos estará sempre presente dentro na essência dos atos.

Com a prática desses ensinamentos os elementos materiais que compõem a ilusória realidade com que vocês vivem perdem o sentido que têm hoje e, por isso, não são importantes quando se estuda a encarnação do espírito.

Para aquele que, por exemplo, me disse que deveria enviar este texto para a Federação Espírita Brasileira, a prática destes ensinamentos destrói este organismo, pois ele passa a ser apenas um instrumento de suas próprias provas (amá-la da forma que é ou querer mudá-la porque você está certo e ela errada). Sendo assim, a própria doutrina que a Federação Espírita defende também não mais existe, pois se tudo que uma inteligência inferior faz é Deus que está dando para ele, esta doutrina é fruto do Pai.

Ela não é certa, mas Perfeita, pois é fruto de uma Inteligência Suprema. Agora, é a doutrina que eles precisam e merecem, pois foi criada como elemento de provações e não como verdade. Ou seja, é um ato de justiça e amor e nós. Se para você existe outra compreensão tenha a sua, mas não queira mudá-los, pois a sua compreensão também é Perfeita, pois provém da mesma fonte e é a sua provação.

Aquela pessoa que me disse que ao defender estas idéias junto a espíritas humanizados sentiu-se como se o estivesse apedrejando, com a prática destes ensinamentos as palavras continuam, mas o seu apedrejamento se encerra. É Deus quem está colocando aquelas palavras ao alcance de seus olhos ou ouvidos como uma vicissitude sua.

Ame a tudo e a todos. Esta é a prática do que estamos conversando hoje. Como disse anteriormente, é preciso, a partir deste conhecimento, mudar a compreensão dos acontecimentos da vida.

Quem me falou a respeito de passar as informações pelo crivo da razão, veja como agora a razão, ou seja, a compreensão racional da realidade muda. Passando os ensinamentos do mestre por esta razão, estará passando por um crivo espiritual, não mais humano. Com isso deixou-se de julgar o espiritual pelo humano.

Para poder compreender os fatos da forma que fiz agora, comparei a crença humana pela espiritual. E, para isso, não mudei nenhuma palavra de O Livro dos Espíritos. Simplesmente mudei a compreensão, a razão que se forma ao ter contato com os ensinamentos. Na realidade houve uma nova interpretação, ou seja, aconteceu um novo passar pelo raciocínio, mas agora com uma razão diferente que serviu de base para a formação da criação da verdade e da realidade.

Se você passar pelo crivo da sua razão espírita humanizada o que eu estou dizendo, tudo que estou falando está errado, mas se mudar os valores da sua razão, passa a estar certo.

O que o ser humanizado não deve fazer é tornar-se juiz e julgar com o crivo de sua razão materialista o que é certo e errado nos outros. O que deve ser feito é a espiritualização deste ser (ter razões mais espiritualistas e universalistas, fundamentadas na visão do espírito e não da matéria), porque só aí estará em conexão com os espíritos.

Mantendo-se humanizado, continuará vivendo humanamente, pois está conectado com o que é material. E como diz o Espírito da Verdade, tudo que é humano é fundamentado no egoísmo. Com isso não realiza aquilo que veio fazer: a reforma do seu íntimo.

“913. Dentre os vícios, qual o que se pode considerar radical? Temo-lo dito muitas vezes: o egoísmo. Daí deriva todo mal. Estudai os vícios e vereis que no fundo de todos há egoísmo. Por mais que lhes deis combate, não chegareis a extirpá-los, enquanto não atacardes o mal pela raiz, enquanto não lhe houverdes destruído a causa. Tendam, pois, todos os esforços para esse efeito, porquanto aí é que está a verdadeira chaga da sociedade. Quem quiser, desde esta vida, ir aproximando-se da perfeição moral, deve expurgar o seu coração de todo sentimento de egoísmo, visto ser o egoísmo incompatível com a justiça, o amor e a caridade. Ele neutraliza todas as outras qualidades”.

Participante: Na criação dos atos materiais os espíritos criam minuto a minuto ou existe uma espécie de programa de computador cósmico que cria os atos a partir das provações de cada um. E os animais?

O animal é espírito... Portanto, a resposta é a mesma nos dois casos.

O espírito escolhe o gênero da prova e a partir dele Deus monta representações materiais (acontecimentos) para que o espírito possa testar e provar a si mesmo que aprendeu aquele gênero de provas. Se você quiser dizer que para isso Ele se utiliza de um programa como aqueles que você conhece na informática, pode dizer, porque tudo isso é ilusão mesmo.

Religiões

Orientando espíritos

Participante: Quando numa sessão de desobsessão encontramos espíritos ainda ligados ao ego (raivosos, rancoroso, vingativos, etc.) o que devemos fazer?

Amar. O problema é que a maioria quer dar bronca ou ensinar. Pare e ame... Se ele tem raiva, rancor ou está buscando vingança, só o amor pode auxiliá-lo a reformar-se. Sentimento, isso pode ajudar; palavra, de nada vale...

O problema é que vocês querem doutrinar por palavras e esta, para o espírito, não vale nada, porque ele é consciente da sua motivação interna (sentimento, padrão vibracional moral) quando está falando com ele. Eu já vi espírito em sala de desobsessão dizer ao doutrinador: ‘cala a boca que você está falando tudo isso da boca para fora. Você está aqui falando, dizendo-se preocupado comigo, mas no fundo seu pensamento está na sua vida, no seu trabalho, no seu dinheiro, na sua família’.

O espírito sente isso e compreende a hipocrisia que está por trás das palavras do doutrinador que está presente apenas fisicamente e não sentimentalmente. O importante é o que sai do coração, ensinou Cristo. Ou seja, o auxílio vem de dentro e não de fora. Por isso é importante está consciente do que está vibrando naquele momento.

Se alguém tem raiva de você, ame. Se alguém lhe ataca, ame. Só o amor constrói.

Participante: E com os espíritos sofredores, é o mesmo comportamento?

É a mesma coisa: ame... No entanto, com eles você tem que unir ao amor a fé, a confiança e a entrega a Deus. Não por palavras, mas por sentimentos: a sua entrega sentimentalmente. .

Conversar com ele não vibrando no eu, mas entregando seu coração a Deus, sentindo-se como instrumento do Pai. O médium precisa entregar-se na mão de Deus, para poder alcançar na plenitude o trabalho de Deus.

Quantos médiuns fazem isso? Pouquíssimos. Decoram textos e agem apenas fundamentado naquilo que eles acham de devem falar. É como o garoto que ajuda a velha a atravessar a rua para ganhar sua boa ação do dia, mas esquece de perguntar se ela queria ir para o outro lado.

Participante: Pelo que o senhor diz, até o processo corrente de doutrinação dos espíritos desencarnados é algo parcial. Correto?

Sim, pois a doutrinação que você fala é com voz e promete elementos materiais: satisfação de desejos. Este falar é um teatro e faz parte da provação desse espírito.

O prazer animal, como o Espírito da Verdade chama a felicidade alcançada por elementos materiais, é irreal. Faz parte do teatro que encena as provações, expiações e vicissitudes. Só isso.

Sempre digo o seguinte: mesmo o que eu falo é ilusão. Vai gerar uma compreensão racional mais espiritualizada, mas ainda humanizada.

Para que eu fosse fiel àquilo que prego, deveria sentar aqui e ficar calado, apenas amando vocês. Mas, ainda é necessário para o ego de vocês estas palavras, este teatro. Agora, se por dentro eu não estiver vibrando no amor universal, de nada vale ter vindo aqui.

Dentro disso que você está falando (doutrinação de espíritos desencarnados), certa vez alguém me disse que numa sessão de apometria tinha conseguido socorrer um espírito sofredor, criando para ele uma perna que lhe faltava e que era a origem de seus sofrimentos. Eu disse, então, que ele realmente não tinha socorrido o espírito, porque a ausência da perna é uma vicissitude. Por isso, ele e seu grupo podem até ter dado uma perna para aquele espírito, mas ele ainda corria o risco de perdê-la mais à frente, porque não havia encerrado aquele ciclo de provações, que vocês chamam de carma.

Aquele espírito, mesmos estando desencarnado, corre o risco de perder novamente a perna porque, sendo vicissitude a ausência deste membro, quem a tirou foi Deus, quem a colocou novamente também o foi, e se tiver que ficar ou não só Ele saberá. Se você no atendimento não fizer esse espírito entender esse processo e, com isso, alcançar a equanimidade (manter o mesmo padrão sentimental com ou sem perna) de nada adianta fazer apometria.

E é por isso que eu dou um recado ao ser humanizado de qualquer doutrina. Se você pretende auxiliar o próximo, é preciso primeiro se espiritualizar para depois querer fazer qualquer coisa. Porque senão, vai agir humanamente achando que está agindo espiritualmente.

É essa diferença. Você quer doutrinar espíritos, mas usa uma doutrina com valores humanos, atendendo às necessidades humanas, priorizando a felicidade material. Quer fazer apometria, dar passes, servir de orientador a encarnados, mas faz com valores humanos. Primeiro é preciso a mudança do seu interior. Sem ela não existe como se resolver realmente a questão. Faz-se parte do teatro, mas não há uma ajuda real e não há um aproveitamento para você. Digo que não aproveitamento para você, porque, ao participar de um trabalho espiritual, que por ser acontecimento da vida humana é uma provação, ainda participa do teatrinho egoisticamente, ou seja, participa buscando a auto realização.

Daí surge as expressões ’olha como eu sou um bom doutrinador’, ‘olha como eu ajudo os outros na apometria’. Isso não é amor universal, mas amor próprio, egoísmo, busca da fama, disfarçada em realização espiritual.

É por isso que estou falando e batendo nesse tema. Não adianta transformar qualquer outra coisa, mesmo que seja a prática da caridade ou o trabalho espiritual, em objetivos primários da sua vida. Isto porque o aproveitamento espiritual (elevação espiritual) de tudo que faz na sua vida depende do entender Deus e suas propriedades, o espírito e sua vida, a matéria e sua ação, do ponto de vista espiritual e não material.

Quando você se espiritualizar tudo muda.

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Matéria

Continuemos... Terceiro elemento do Universo: a matéria.

Este elemento não tem nada a ver com aquilo que vocês chamam matéria na humanidade: ferro, plástico, mármore, areia, água... A única matéria que existe é uma energia universal, que não é a elétrica. Esta também é formada pela energia universal.

“27a. Esse fluído será o que designamos pelo nome de eletricidade? Dissemos que ele é suscetível de inúmeras combinações. O que chamais fluído elétrico, fluído magnético, são modificações do fluído universal, que não é, propriamente falando, senão matéria mais perfeita, mais sutil e que se pode considerar independente”.

Para o espírito liberto da materialização não existe corpo, para a doutrina espírita dos espíritos não existe plástico, madeira, couro, etc. O que existe é uma energia que foi chamada, só para ter nome, pelo Espírito da Verdade de fluído cósmico universal.

A doutrina espírita humanizada, apesar de saber disso, não vive com esta realidade. Ela ainda acredita no corpo humano, na madeira, no oxigênio, no gás carbono como diversos tipos de matérias. Ou seja, vive o elemento material do Universo como sendo aquilo que é conhecido materialmente.

Mantendo a mesma visão da humanidade sobre as matérias, a doutrina espírita humanizada vivencia diversos tipos de matérias enquanto que a doutrina espírita dos espíritos afirma que existe um único elemento no Universo: a matéria espiritual que compõem como átomo primário todas as coisas que existem, inclusive aquilo que vocês chamam de elementos não compostos.

“30. A matéria é formada de um só ou de muitos elementos? De um só elemento primitivo. Os corpos que considerais simples não são verdadeiros elementos, são transformações da matéria primitiva”.

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Propriedades da matéria

O que acabamos de falar faz uma diferença incrível para a vivência da encarnação, apesar de aparentemente ser apenas uma discussão científica. Isto porque, para a doutrina espírita humana os diversos elementos matéria que ela criou possuem propriedades diferenciadas uma das outras.

A água possui uma propriedade e o fogo outra; a madeira possui uma propriedade e o corpo humano outra. Isso não faz parte da doutrina espírita dos espíritos, pois se tudo surge de um único elemento do Universo, só existe uma propriedade.

“31. Donde se originam as diversas propriedades da matéria? São modificações que as moléculas elementares sofrem, por efeito da sua união, em certas circunstâncias”.

“32. De acordo com o que vindes de dizer, os sabores, os odores, as cores, o som, as qualidades venosas ou salutares dos corpos não passam de modificações de uma única substância primitiva? Sem dúvida e que só existem devido à disposição dos órgãos destinados a percebê-las”.

“33. A mesma matéria elementar é suscetível de experimentar todas as modificações e de adquirir todas as propriedades? Sim e é isso o que se deve entender, quando dizemos que tudo está em tudo”.

Então, para os espíritos, não existem os elementos do Universo como conhecido pela humanidade e por isso não existem as múltiplas propriedades dos elementos. Isso precisa ficar bem claro, pois vocês ainda atribuem, por exemplo, como causa do terremoto que acabou de acontecer uma propriedade do solo, dos elementos materiais que compõem o solo. Mesmo os espíritas fazem isso.

Mas, o que é o solo se não fluído cósmico universal? O que é o ar senão fluído cósmico Universal? E, todas as coisas que existem, quer seja a rocha que se abre como a água que refrigera vem de um mesmo elemento. Sendo assim, eu posso me refrigerar como terremoto e ver algo muito ruim na água que bebo. Para isso, no entanto, é preciso que o ser humanizado espiritualize sua razão, ou seja, passe a viver a realidade do mundo carnal a partir da razão espiritual...

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A causa primária e a propriedade da matéria

A compreensão do aspecto sobre o elemento matéria que falamos é importante, mas ainda há algo mais importante a ser espiritualizado: a propriedade do elemento matéria universal é causado pela Causa Primária de todas as coisas, Deus.

“7. Poder-se-ia achar nas propriedades íntimas da matéria a causa primária da formação das coisas? Mas, então, qual seria a causa dessas propriedades? É indispensável sempre uma Causa Primária”.

“Atribuir a formação primária das coisas às propriedades íntimas da matéria seria tomar o efeito pela causa, porquanto essas propriedades são, também elas, um efeito que há de ter uma causa”.

É isso que está dito em O Livro dos Espíritos, que é a codificação da doutrina espírita, quer seja humanizada ou espiritualizada. Aplicando estes ensinamentos, para os espíritos o terremoto não é causado por uma modificação do subsolo, mas aquilo que foi classificado como tremor foi causado porque o elemento matéria espiritual, o fluído cósmico, ali existente teve essa ação causada por Deus, agindo como Causa Primária de todas as coisas. Assim como, para os espíritos, o câncer não é um distúrbio das matérias que compõem o estômago, esôfago ou qualquer outro órgão, mas uma propriedade da matéria energética que recebeu esta propriedade de Deus.

A realidade que se vive muda: esta é a conseqüência de quem aplica a doutrina espírita dos espíritos ao mundo. Mas, quem aplica a doutrina espírita humanizada aos acontecimentos da encarnação humaniza a vida, submete a encarnação a razões humanas, às leis da ciência humana, como já me perguntaram hoje.

Então esta é para o elemento matéria a definição que é dada pela doutrina espírita dos espíritos e os efeitos que ela provoca.

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A ação da matéria e a ilusão

Participante: Se eu dou um soco na mesa e ela se quebra assim como a minha mão, eu sei que isso é uma ilusão. Mas, como isso acontece? Como essa ilusão de se ver a mesa é criada? Temos condições de compreender isso ou só Deus sabe?

Essa resposta está na doutrina espírita dos espíritos e deveria servir a todos os espíritas quando querem compreender os acontecimentos da vida.

“38. Como criou Deus o Universo? Para me servir de uma expressão corrente, direi: pela sua Vontade. Nada caracteriza melhor essa vontade onipotente do que estas belas palavras da Gênese – “Deus disse: faça-se a luz e a luz foi feita”.

Portanto, toda sua ilusão de ver a movimentação do braço, da mão e da mesa, surgiu da Vontade de Deus e foi realizada pelo comando faça-se. A partir daí a coisa se fez, ou seja, ninguém nem nada a executou, mas a ação aconteceu sem outros agentes que não a própria Vontade do Pai.

Esta é a única compreensão que você pode ter: Deus comandou e a coisa aconteceu. Como? Não faço a mínima idéia.

“11. Será dado um dia ao homem compreender o mistério da Divindade? Quando não mais tiver o espírito obscurecido pela matéria. Quando pela sua perfeição, se houver aproximado de Deus, ele o verá e compreenderá”.

Você só compreenderá a ação universal (o faça-se de Deus) quando não estiver mais obscurecido pela matéria, ou seja, quando não mais buscar compreendê-la pelos valores humanos. Mas, nesse momento você não mais será um ser humano. Por isso, por enquanto contente-se em dizer que tudo foi fruto da Vontade de Deus e que você é incapaz de compreender como aconteceu.

Mas, esta eterna pergunta (como isso foi acontecer?), ou seja, a investigação científica das causas dos acontecimentos, faz parte das doutrinas humanizadas e não só da espírita. No entanto, todas elas deveriam compreender apenas que Deus é a Causa Primária de todas as coisas e que os acontecimentos ocorrem simplesmente porque, por Sua Vontade, o Pai fez acontecer.

Com isto fica compreendido o que disse anteriormente: a razão para o espírito é Deus sabe, faz e é. Por isso ele se omite em querer saber, ser ou fazer alguma coisa.

Esta curiosidade (querer saber cientificamente como as coisas acontecem), que não é apenas desta pessoa que me fez a pergunta, mas parte das doutrinas humanizadas, religiosas ou não, é que continua prendendo o espírito à matéria.

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O que falta ao espiritismo

Participante: Tem hora que eu penso em parar com o espiritismo para as idéias fazerem sentido, pois parece que está tudo bagunçado. O que seria isso que falta para as coisas se encaixarem?

Deus causa primária de todas as coisas; você não é um ser humano, mas um espírito; não está vivendo uma vida, mas uma encarnação; as coisas materiais, sejam os objetos, pessoas ou acontecimentos, não são o que aparentam ser, mas criações da Causa Primária para lhe proporcionar a oportunidade de provações. Este conjunto de verdades passando a fazer parte da sua razão muda a vida completamente, pois todos os valores antigos, que lhe dão a sensação de algo não se encaixar, somem.

O que está faltando na vida de vocês é isso: espiritualizar a sua razão...

A partir do momento que isso seja uma verdade racional para vocês a vida seguirá uma lógica que pode ser compreendida pela razão. Mas, mantendo-se dentro da humanidade (cada um faz o que quer, Deus está trancado nas igrejas ou no centro e só existe para nos julgar, nada depende do que você faz, a matéria a age por razões íntimas podendo, com isso, ferir a qualquer um), não há lógica, não há como entender a lógica da vida.

Já ao contrário, quando sua razão for formada por verdades espiritualizadas (acreditadas pelos espíritos) a vida terá uma lógica brutal. Se para você tudo que acontece, seja causado por pessoas ou elementos, for comandado por uma Causa Primária Justa e Amorosa que está sempre atenta para dar ao seu filho (o espírito) todas as oportunidades de vivenciar as vicissitudes onde estão embutidas provações, todos os acontecimentos passam a ter sentido, razão para existirem.

Então, é isso que é preciso. Mas não só para os seguidores da doutrina espírita, mas para os que comungam com a doutrina católica, evangélica, mulçumana, hindu, budista, pois, mesmo em outras palavras, estas informações fazem parte de cada uma. Na hora que isto for uma realidade, o ensinamento de todos os mestres terá uma lógica absurda. E aí nada mais faltará para a vida de ninguém.

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Vivendo a doutrina dos espíritos

Para encerrar, gostaria de fechar estava conversa repetindo o que falamos até agora. Alterando a razão, desumanizando-a, você pode ter noções espiritualizadas de como as coisas acontecem. Isto porque na hora que você desumaniza a razão, todos os elementos da vida mudam de valor.

Isto é ponto pacífico. Quando você assume esses três elementos (Deus, espírito e matéria) dentro da compreensão que abordamos aqui (a partir do ensinamento real dos espíritos) e não da compreensão humana que foi dada aos ensinamentos, o mundo muda, a vida muda.

É por isso que estudamos pergunta a pergunta de O Livro dos Espíritos: para desumanizá-lo, para desumanizar a compreensão que foi adquirida e passada de ego para ego. Esse foi o objetivo deste estudo, mas este trabalho (desumanizar a compreensão dos ensinamentos dos mestres) não deve se restringir apenas a O Livro dos Espíritos. Os ensinamentos de todos os mestres precisam ser desumanizados para poderem fazer sentido no dia a dia. A partir do momento que se aplica estas razões espirituais, a compreensão dos ensinamentos de todos os mestres passa a ser lógica, racional.

Porque que Cristo foi conviver com os inimigos dele? Porque ele não tinha inimigo, porque sabia que ninguém era inimigo dele. Ele sabia que não existe um ser humano, que não existem os atos e que espíritos estavam vivendo as provas dele e, enquanto vivenciavam isso, estavam criando as vicissitudes de Jesus Cristo, formando a história de Jesus Cristo.

Porque que Buda se alienou do mundo material? Porque compreendeu que este não existe. Ele sabia que as coisas do mundo são só percepções que são dadas ao espírito encarnado. Ou como diria Krishna, simples miragens, fantasias fantasmagóricas

Enfim, todos aqueles que conseguiram a iluminação, a bem-aventurança, o despertar, ou nome que você quiser dar à elevação espiritual, vivenciaram a vida carnal com esta lógica sobre estes três elementos como exposta aqui. E é por isso que o Espírito da Verdade também a seguiu na hora de transmitir a doutrina espírita.

Na hora que você também alterar, ou seja, também seguir a doutrina trazida pelo Espírito da Verdade dentro da lógica espiritual, também alcançará. Não precisa mudar de religião, não precisa deixar de freqüentar o seu centro: basta apenas espiritualizar-se.

Participante: Eu estou em uma enrascada muito grande na minha vida. Não sei como resolver este problema na materialidade. O senhor teria uma palavra para mim...

Vamos aplicar as três lógicas que entendemos hoje...

O que é essa enrascada que você está metido? Uma vicissitude que serve como provação. Quem criou esta história? Deus. Quem vai resolvê-la? Deus. Então, acalme-se...

Primeiro detalhe acalme-se. Segundo detalhe: você acha que tem alguma forma de resolver o problema? Então aja, se conseguir agir. Se não vê saída, vai fazer o que? Inventar uma? Não dá.

Eu poderia até dizer: relaxa e espera, já que não vê saída ou não conseguiu agir para sair dela, porque o que vai acontecer assim será. Ponto final...

E o que acontecer, seja solucionando dentro das suas esperanças ou não, será a saída Perfeita porque estará presa às suas vicissitudes geradas à partir do gênero de provas que você escolheu antes da encarnação. Portanto, por dentro (sentimentalmente, emocionalmente), tranqüilize-se. Viva interiormente com um padrão sentimental que traduza uma frase que é muito banal entre vocês: seja o que Deus quiser.

Isso porque, realmente, o desenrolar da situação que você se encontra hoje será o que Deus quiser. E é desta forma porque você não é um ser humano vivendo uma vida, mas um espírito vivendo provações que estão embutidas no gênero (essência) das situações que são criadas por Deus como Causa Primária.

Não há soluções mágicas: o destino desenrola-se dentro do pré-destinado. Você pode apenas assisti-lo... Então, deixe o barco correr e espere os acontecimentos em paz. Este é o fundamento do raciocínio que utilizo para palavra que você me pediu...

Saiba mais: se isso é uma provação, é o momento exato de por a sua fé em prática.

Que adianta dizer que tem fé e que por isso vem aqui, ao centro ou em qualquer outro templo buscar aprender a aproximar-se de Deus, se chega na hora que as contrariedades acontecem se apavora e acha que a situação é um bicho de sete cabeças. Quantas vezes vocês já não vivenciaram situações que acreditavam serem extremamente complexas e que no final mostrou ser apenas um gatinho filhote, pequeno e fraco?

Mas, o que estou dizendo não serve apenas a pessoa que me perguntou...

Eu conheço todos que estão aqui, e mesmo os que não estão, pois conheço a lógica humana que todos usam... Esta resposta vale para o problema de todos, seja qual for, na materialidade o enredo do dele. Isto por que uma perturbação não é um problema, mas provações e vicissitudes. É algo que está ligado ao gênero de provas que cada um, como espírito, pediu.

‘As provações são grandes, meu velho’, vocês diriam’. Sim, são, eu responderia...

‘E quanto mais se busca a Deus, mais a coisa fica difícil’, é outra afirmação que costumo ouvir. A ela respondo: sim, claro...

Ora, se você hoje conhece o segredo do universo, ou seja, se freqüenta um curso de pós-graduação, quer fazer prova de primário? Vivenciar problemas leves, que causem pouca angústia ou preocupação? Não pode ser...

As provas estão de acordo com o seu nível espiritual e se você tem conhecimento do exercício de fé reforçado, a prova tem que parecer maior, senão não continuará havendo a elevação do exercício da fé. Ou como disse André Luís: ‘a quem muito foi dado, muito será cobrado’.

Mas, você que está ouvindo ou lendo este trecho, como eu disse, esta resposta não vale apenas para esta pessoa, mas para todos. Isso porque você, assim como todos, espera encontrar nas doutrinas religiosas soluções para os seus problemas... Mas, eles não existem para serem solucionados materialmente, mas sim para o espírito testar o seu amor e a sua fé em Deus...

Vocês gostariam que os mentores desvendassem o futuro, mas se eu fizesse isso, estaria traindo a lógica racional espiritual que eu acabei de passar. Ao responder desta forma o que fiz realmente foi aplicar tudo que falamos hoje.

Àquela pessoa que me perguntou sobre a necessidade de passar pelo crivo da razão, agora posso responder mais facilmente...

Sim, é preciso que tudo que você participa como real (ouve, vê, sente os sabores e cheiros, tem a sensibilidade pelos órgãos do corpo) passe pelo seu crivo da razão. Foi o que eu fiz para formular a resposta: passei a informação de uma grande enrascada pelo crivo da razão. Só que usei como base lógica e realidades espirituais e não material.

E foi importante esta pergunta estar presente neste dia de hoje porque pudemos exercitar tudo que foi conversado. Sem este final não adiantaria nada ter conversado, pois isto é a prática da doutrina espírita dos espíritos servindo para criar uma verdade e uma realidade. A resposta que dei é a prática na vida carnal da doutrina espírita dos espíritos.

Apavorar, fazer ter medo do futuro, informar que pode acontecer uma determinada coisa ou prometer soluções para os ‘problemas’, faz parte da doutrina espírita humana que acredita no espírito, em Deus, na vivência espiritual, mas vive preso aos fatores humanos.

Por isso acho que esta resposta foi um grande encerramento.

Como último recado gostaria de dizer o seguinte: pense espiritualmente, raciocine com valores espirituais... Sem isso a vida humana vai parecer sempre que está faltando alguma coisa.

Religiões

Espiritismo e espiritualismo

Texto retirado do estudo de O Livro dos Espíritos

Para designarem coisas novas são precisos termos novos. Assim o exige a clareza da linguagem, para evitar a confusão inerente à variedade de sentidos das mesmas palavras. Os vocábulos espiritual, espiritualista, espiritualismo têm acepção bem definida. Dar-lhes outra, para aplicá-los à doutrina dos Espíritos, fora multiplicar as causas já numerosas de anfibologia. Com efeito, o espiritualismo é o oposto do materialismo.

Vamos parar por aqui e definir espiritualismo. Kardec nos informa que o espiritualismo é o oposto do materialismo, mas o que é o materialismo? Podemos definir como materialista aquele que vive para o mundo material, para a matéria, para as coisas da matéria. Espiritualista, então, se é o oposto disso, é aquele que vive para o mundo espiritual, para as coisas do mundo espiritual. Este é, por definição, o significado do termo espiritualista.

Espiritualismo, portanto, é a ciência que estuda as coisas do espírito priorizando-as em detrimento às coisas materiais e espiritualista é aquele que vive para estas coisas.

Quem quer que acredite haver em si alguma coisa mais do que a matéria é espiritualista.

Para ser espiritualista não se pode apenas acreditar na coisa espiritual. Como foi dito, por definição, espiritualista é aquele que vive para as coisas espirituais.

Não basta apenas acreditar. Espiritualista não é aquele que acredita haver em si mais do que a matéria, mas aquele que além de acreditar nisso, vive para estas coisas.

Não se segue daí que creia na existência dos espíritos ou em suas comunicações com o mundo visível. Em vez das palavras espiritual, espiritualismo empregaremos, para indicar a crença a que vimos referir-nos, os termos espírita e espiritismo, cuja forma lembra a origem e o sentido radical e que, por isso mesmo, apresentam a vantagem de ser perfeitamente inteligíveis, deixando o vocábulo espiritualismo a acepção que lhe é própria.

Espírita é aquele que, além de acreditar que existe alguma coisa além da humanidade (espiritualista) acredita também que haja comunicações entre estes dois mundos.

É importante fazermos desde já esta distinção, pois o espiritualista não espírita também acredita no espírito, pois crê ser algo mais do que a carne, mas, no entanto, o espiritualista não acredita nesta algo mais como descrito pelo Espírito da Verdade: um espírito vivo, um espírito que vive além da matéria.

O espiritualista espírita crê no espírito vivo, mas o espiritualista, que não é espírita, crê no espírito morto: o espírito que coabita com o homem e que sairá dele através do processo morte. Depois disso permanecerá morto e só voltará a viver no dia da ressurreição.

Diremos, pois, que a doutrina espírita ou o Espiritismo tem por princípio as relações do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo invisível.

Pouco se pode falar desse trecho, pois ele está bem claro: a doutrina espírita tem como fundamento, objetivo, o estudo dos espíritos fora da carne e da sua relação com a carne. Este é o objetivo do espiritismo segundo seu fundador.

Os adeptos do Espiritismo serão os espíritas, ou, se quiserem, os espiritistas.

Como especialidade, o Livro dos Espíritos contém a doutrina espírita; como generalidade, prende-se à doutrina espiritualista, uma de cujas fases apresenta. Essa a razão porque traz no cabeçalho do seu título as palavras: Filosofia espiritualista.

Esse é o aspecto importante: Kardec não separou o espiritismo do espiritualismo. Pelo contrário: deixou bem claro que a doutrina espírita, representada por O Livro dos Espíritos, é uma das fases do espiritualismo.

Isso é extremamente importante para a busca da elevação espiritual. Quem se diz somente espírita sem compreender que antes disso é espiritualista, prende-se apenas a uma fase do espiritualismo. Da mesma forma, aqueles que se intitulam apenas católicos, budistas, hinduístas, ou religiosos de uma determinada religião, também se prendem apenas a uma fase do espiritualismo, mas não deixam de ser espiritualistas.

O espiritualismo, na verdade, é uma faculdade que possui diversas cadeiras. Vamos entender esta afirmação.

Quem cursa medicina, por exemplo, precisa estudar biologia, ortopedia, cardiologia, etc. Existem, portanto, diversas cadeiras que compõem a medicina. No espiritualismo é a mesma coisa. O catolicismo é uma cadeira que tem a função de transmitir um determinado ensinamento. O evangelismo é outra cadeira, que tem a função de transmitir outro ensinamento. O espiritismo é uma destas cadeiras do espiritualismo que possui segmentação de transmissão de ensinamentos própria.

Por isso é que afirmamos que o espiritismo puro, assim como qualquer religião isoladamente, não representa a formação na faculdade espiritualista. Ter uma só religião confere uma formação capenga ao ser humano. É como se ele tivesse estudado dentro da medicina apenas a ortopedia e por isso se achasse pronto para curar qualquer enfermidade do corpo.

Precisamos, portanto, partir desse ponto, deste aspecto, ao estudar O Livro dos Espíritos. Estudaremos a doutrina espírita como um dos elementos do espiritualismo e não por ela mesma. Esta é a diferença do nosso trabalho.

Quando se vai a um centro espírita que imagina que o espiritismo e o espiritualismo são diferentes, estuda-se a doutrina espírita por ela mesma, pois os dirigentes daquela casa acham que a doutrina espírita sozinha satisfaz todas as necessidades do espírito. Mas, Kardec deixou bem claro nesta introdução: não satisfaz. A doutrina espírita precisa ser integrada a todas as outras fases do espiritualismo para que se alcance a vida espiritual.

Sendo cada religião do universo uma cadeira da faculdade espiritualista, é justo compreendermos que cada uma tem o objetivo de transmitir um determinado assunto.

No direito, por exemplo, as leis contra o crime são estudadas pelo penal, as civis, no cível. Da mesma forma na faculdade espiritualista cada cadeira, cada religião, tem uma função. Vamos, então, ver superficialmente a função de cada religião.

A falange espiritual diocesana que opera com a Igreja Católica, possui a missão de transmitir os sacramentos. Para compreendermos melhor esse assunto (sacramento) ao longo do Livro dos Espíritos, voltaremos a abordar o tema. A missão da falange evangélica é ensinar a fé cega, a fé perfeita: a entrega total.

A missão da falange mulçumana é trazer a informação do Deus Causa Primária que é feita através do ensinamento do “Maktub” (tudo já está escrito). A missão da falange espírita foi descrita pelo próprio Kardec: trazer a informação da vida depois da vida e a relação dela com a carnal.

A missão da falange de Krishna é trazer o ensinamento fundamental para o controle do ego como uma oferenda a Deus, um sacrifício a Deus. A falange do taoísmo (Lao-Tsé) trouxe o ensinamento do perfeito equilíbrio, o yang e yung. Já Buda trouxe com sua falange o conhecimento da existência do sofrimento e do caminho para se vencê-lo (Nobre Caminho Óctuplo).

Estas, resumidamente, são as missões de cada uma das falanges espirituais ou cadeiras da faculdade espiritualista. Cada uma delas contribui com um ensinamento para que os espíritos humanizados possam ‘cursar a faculdade espiritualista’, ou seja, promover a sua reforma íntima.

É, então, sobre este aspecto que estudaremos a partir de agora O Livro dos Espíritos: integrando todos os ensinamentos de todos os mestres numa só verdade.

Participante: Qual a missão da umbanda e do candomblé: perseverança no trabalho?

A umbanda e o candomblé não possuem missões de transmissões de ensinamentos. Todas as variações da falange africana (umbanda, candomblé, quimbanda) possuem missão de auxílio e apoio aos espíritos encarnados.

Os espíritos que operam nessa falange são os protetores diários, os orientadores. A missão deles é ação e não transmitir ensinamentos.

Pergunta: Onde acabam os trabalhos da umbanda e onde começam os do espiritismo de Kardec?

Na missão, na função dentro do planeta, como falamos no início. A umbanda tem a função de proteção aos encarnados, de orientação através da consulta (orientação verbal) e o apoio através do passe.

Já o ensinamento de Kardec, o espiritismo, é outra cadeira da faculdade espiritualista e a função dele é ensinar a realidade da vida fora da carne e como se processa o mecanismo de realização dessa vida e da junção das vidas encarnadas e desencarnadas.

A umbanda não possui missão de ensinamento e sim de ação. Isso, então, quer dizer que o espiritismo não possui missão de ação. O problema é que as religiões querem realizar ações que não lhe pertencem, querendo exercer a missão de outras.

Isso ocorre porque elas não se aceitam como parte do espiritualismo. A partir do momento que o espiritualismo for entendido como a fusão de todas as religiões os seres humanizados deixarão de ser religiosos (espíritas, católicos, umbandista, etc.) e serão espíritas espiritualistas, ou seja, ecumênicos.

Nesse momento os religiosos entenderão o seu papel dentro do apoio aos seres humanizados e com isso a religião exercerá a sua própria função no universo.

Participante: Isso quer dizer que uma se confunde com a outra?

 Todas as religiões se confundem uma com a outra porque todas fazem parte do espiritualismo que é a única religião que existe. No início deixamos bem claro que cada religião é uma cadeira da faculdade espiritualista. Então, todas se confundem quando se vê a religiosidade pelo aspecto espiritualista.

Esta é por definição o trabalho do espiritualismo: cada religião, cada falange espiritual, porque quando se fala em religião se fala em falange espiritual, trazendo uma parte e todas as partes se fundindo formando a religião espiritualismo que na verdade é a religação com Deus.

Mensagem espiritual

Juan

“...a Doutrina Espírita ou o Espiritismo tem por princípio as relações do mundo material com os espíritos ou seres do mundo invisível.”

“... o espiritualismo é o oposto do materialismo: quem quer que acredite haver em si mesmo alguma coisa além da matéria é espiritualista; mas não se segue daí que creia na existência dos Espíritos ou em suas comunicações com o mundo visível.“

“Como especialidade “O Livro dos Espíritos” contém a Doutrina Espírita; como generalidade liga-se ao Espiritualismo, do qual apresenta uma das fases.

LIVRO DOS ESPÍRITOS - INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA DOUTRINA ESPÍRITA - I – ESPIRITISMO E ESPIRITUALISMO - Allan Kardec

O que é o espiritualismo? Na obra básica do espiritismo, O Livro dos Espíritos, Allan Kardec definiu o espiritualismo como “quem crê haver em si outra coisa que a matéria”. Esta definição é demasiadamente genérica para encerrar o termo espiritualismo.

O espiritualismo entendido desta maneira é estático, pois o ser apenas acreditaria na existência dentro de si deste algo mais, mas nada faria com relação a isto. No Universo nada é estático, portanto, o espiritualismo não pode resumir-se apenas nesta crença, mas deve promover ações a partir dele.

Assim como Allan Kardec definiu no mesmo livro os princípios do espiritismo como “as relações do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo invisível”, o espiritualismo deve também possuir princípios que lhe dê dinamismo. São estes princípios que tornam o espiritualismo diferente das demais crenças do universo.

Analisando-se à luz da definição morfológica do termo, o espiritualismo é a “doutrina cuja base é a prioridade do espírito com relação às condições materiais” (Mini Dicionário Aurélio – 3a. Edição). Juntando-se as duas informações, podemos definir espiritualismo como ‘um conjunto de atitudes que prestigiem o algo mais que se acredita existir dentro de cada um e não pautar a existência na busca da satisfação exterior’.

O espiritualismo, portanto, não é apenas a crença da existência de algo superior à forma humana, mas a doutrina que acredita que a existência carnal deve ser vivida objetivando satisfazer este algo a mais. O espiritualismo deve, então, conter ensinamentos que auxiliem o ser humano a executar essa existência.

Transmitir os ensinamentos que auxilie o ser humano a promover a reforma íntima que leve à plenitude de uma existência corporal com esta finalidade: esta é a função das religiões. Todas elas possuem uma doutrina formada a partir de ensinamentos deixados por mestres enviados por Deus.

Se analisarmos bem de perto as informações que todos os mestres trouxeram, veremos que sempre houve uma motivação em comum: alterar o sentido da vida carnal. Jesus nos falou que devemos amealhar bens no céu e não na Terra. Kardec nos disse que a vida material é apenas uma escala da elevação espiritual. Mohamed transmitiu os ensinamentos do Anjo Gabriel que nos avisam que devemos aceitar os desígnios de Deus para esta vida para merecermos o paraíso celeste. Sidarta Gautama ensinou como se viver no Nirvana, ou seja, no paraíso.

Além de falar desta outra existência, todos os mestres transmitiram os ensinamentos necessários para que o ser humanizado, utilizando-se do seu livre arbítrio, pudesse pautar a sua vida carnal na busca da satisfação interior. Jesus nos falou do amor e de sua ação, Kardec lembrou a felicidade alcançada com a evolução espiritual, Mohamed nos disse que esta felicidade pode ser alcançada durante a existência carnal e Buda ensinou os mecanismos para isto.

Analisando-se a base dos ensinamentos dos mestres, podemos afirmar que todos eles eram espiritualistas, dentro da acepção que alcançamos. Portanto, para se criar uma doutrina que ensine ao ser humano que ele é algo mais do que a carne que o envolve e que o leve a viver a sua essência espiritual ainda encarnado, é necessário compreender os ensinamentos de todos os mestres da humanidade.

O espiritualismo não pode existir sem o ecumenismo, pois todos os mestres foram, antes de tudo, espiritualistas.

O espiritualismo utiliza os ensinamentos de cada um dos mestres da humanidade como cadeiras curriculares de um curso universitário. Para se formar em medicina, por exemplo, o ser humano necessita aprender biologia, anatomia e outras matérias. Para se tornar espiritualista, o ser deve compreender os ensinamentos trazidos por todos os mestres.

Assim, o espiritualista vê nos ensinamentos de Jesus o objetivo a ser alcançado durante a sua existência: a prática do amor. Aprende com Kardec como se processa o relacionamento dele com sua vida eterna enquanto obscurecido pelo ’véu do esquecimento. Com Mohamed descobre que existe um ser universal que comanda todas as atividades terrestres visando o bem maior: o universal. Segue os ensinamentos deixados por Sidarta Gautama como técnicas para colocar a sua espiritualidade em ação na carne.

Mas, apenas este conhecimento não transforma o ser humano em ser universal: é preciso transformar o seu objetivo de vida material. Os ensinamentos dos mestres são instrumentos que por si só de nada valem ao ser: é necessária a prática para que se alcance a universalização.

Por isto o espiritualismo é mais do que simplesmente acreditar na existência do algo mais que existe além da matéria: é a aplicação dos ensinamentos de todos os mestres com o desejo único de ser alcançada a plenitude da existência espiritual.

É também neste ponto que o espiritualismo se difere das religiões existentes hoje no planeta. Enquanto elas criam doutrinas que levem o ser humano a, no mínimo, suportar seus infortúnios como forma de uma existência material mais amena, o espiritualismo ensina a passar por todos os acontecimentos com a real compreensão destes.

As religiões objetivam satisfazer momentaneamente o ser com a satisfação pessoal, o espiritualismo ensina a alcançar a verdadeira felicidade: a universal.

Religiões

Ritos religiosos

“006. Seus discípulos perguntaram-lhe e disseram: Queres que jejuemos? Como deveremos rezar, e deveremos dar esmolas? E que dieta deveremos seguir? Jesus disse: Não mintais, não façais aquilo que odiais, pois todas as coisas são manifestadas ante a verdade. Nada há de oculto que não venha a ser desvelado, e nada há de coberto que permaneça sem ser descoberto”. Evangelho apócrifo de Tomé

“Queres que jejuemos? Como deveremos rezar, e deveremos dar esmolas? E que dieta deveremos seguir?”

Os discípulos de Jesus, face ao iminente desencarne do Mestre, preocupavam-se com os ritos e posturas que deveriam seguir depois disto. Iniciava-se a preocupação em estabelecer uma religião a partir dos ensinamentos de Jesus, que servisse para divulgá-los. Como todos eram praticantes da religião judaica, preocupavam-se com que ritos deveriam seguir para poder louvar o Rabino que haviam seguido, criando uma religião de Cristo.

Os ritos de uma religião são os atos que aqueles que professam a fé em determinada doutrina praticam. Por isto os discípulos de Jesus lhe perguntam sobre o jejum, a oração, o amparo aos mais necessitados e as limitações de alimento que deveriam ter. Era comum aos judeus religiosos a prática destes atos como prova de sua religiosidade.

Praticavam o jejum em ocasiões predeterminadas e com finalidades específicas, oravam nas sinagogas, eram obrigados pelas leis mosaicas a amparar aqueles que viviam em piores condições materiais e tinham restrições quanto a tipos de alimentos que podiam ingerir. Agora que Jesus alterara muitos dos ensinamentos até então conhecidos, a dúvida deles era como viver com os novos ensinamentos.

“Não mintais, não façais aquilo que odiais, pois todas as coisas são manifestadas ante a verdade”.

Em resposta, Jesus afirma que não eles devem se preocupar com os atos em si, mas com a essência com a qual os atos são praticados, ou seja, com qual sentimento são movidos para a prática destes atos. Por isto, Jesus não confirma os atos citados, nem lhes acrescenta mais nenhum, mas diz que devem preocupar-se com o sentimento. O Mestre afirma que todos os atos podem ser praticados, mas eles não devem ser feitos com sentimentos negativos.

O primeiro destes sentimentos é a mentira para si mesmo. Muitos praticam o jejum dizendo que o fazem para louvar a Deus, mas o real motivo da prática (sentimento) fica muito longe disto. Alguns o praticam por auto-penitência, ou seja, para aumentar o seu sofrimento de tal forma que Deus deles se compadeça e lhes dê o que desejam. Alcançam o sofrimento máximo com a intenção de barganhar ou, ainda, de fazer chantagem com Deus para alcançar o que querem. O jejum praticado por amor, para louvar a Deus não pode conter sofrimentos, mas sim alegria; não pode conter pedidos de vantagens próprias, mas sim ser bendito por Deus.

Apenas desejar fazer algo proibido, já significa tê-lo feito. De nada adianta o ser humano não ingerir determinados alimentos ou bebidas, porque a doutrina não permite, se existe o desejo, a vontade. Seguir a doutrina é não ter este desejo.

O ser humano reza, mas não ora: discursa palavras bonitas afirmando que está falando com Deus, mas o seu pensamento está muito longe Dele. Enquanto ora, está preocupado com as coisas de sua vida, reparando em outras pessoas, fazendo pedidos. Ele não ora com amor para falar com Deus, mas para cumprir obrigações.

A caridade praticada pelo ser humano, na maioria das vezes, esquece da afirmação de Jesus de que a mão esquerda não pode saber o que a direita está fazendo. Nos dias de hoje, o ser humano está preocupado em doar para receber abatimento no imposto de renda.

A preocupação do ser humano em praticar a caridade é saber o que ele vai ganhar em troca por aquele ato. Muitos não se preocupam com retorno material, mas ainda querem obter vantagens espirituais. Grande parte pratica a caridade com a intenção de reservar o seu lugar no céu e não para auxiliar o irmão necessitado.

Praticar a caridade não é dar esmolas, ou sobras, e sim dar de si. O ser humano doa roupas velhas que estão no armário, sem uso, com a intenção de sobrar espaço para poder comprar outras roupas novas para si mesmo. Compra dezenas de cobertores que não cobrem o frio de ninguém, apenas para poder dizer que ajudou muitas pessoas.

Doar é comprar uma roupa nova para si e outra igual para dar; é comprar apenas um cobertor, mas que seja igual ao que tem em casa. Desta forma o ser humano estará tirando de si e dando aos outros: estará praticando a verdadeira caridade.

Qualquer ato praticado deve conter os três componentes do amor universal: igualdade, alegria e compaixão. Por isso Jesus afirma que nada deve ser feito sobre a base do ódio. De que adianta você jejuar se está sofrendo por isso, orar sem estar alegre, dar esmolas sem sentir igualdade e impor a si mesmo restrições se elas lhe causam dor?

Todo ato tem que ser praticado com alegria, compaixão e igualdade. Somente o jejum sem sentir fome, a oração com alegria, a esmola com igualdade entre as pessoas e a abstinência sem sofrimento, são válidas.

Jesus afirma que não devemos nos preocupar com os atos que temos que praticar, mas sim com o sentimento que estamos utilizando durante a prática destes.

Se a base que nos leva à prática do ato for o amor universal, todos os atos podem ser praticados. Não existindo esse amor, não adianta fazê-los por obrigação. Deus não vê nossos atos, mas enxerga os sentimentos que nos levam a fazê-los, pois estes sentimentos emanam de nosso corpo carnal durante a prática do ato. Por isso, toda a base que utilizamos para praticar os atos é manifestada frente à Verdade que é Deus.

“Nada há de oculto que não venha a ser desvelado, e nada há de coberto que permaneça sem ser descoberto”

O ser humano pensa que ninguém está vendo os atos errados que pratica, mas se esquece que Deus está em todos os lugares e a tudo vê (Onipresente e Onisciente). Mesmo que mais ninguém possa enxergar o sentimento que você escolheu na hora que praticar o ato, Deus estará vendo e, quando achar necessário, revelará a verdadeira motivação desse ato.

Por mais que um ser humano tente esconder dos outros as suas motivações (sentimentos), Deus sempre acabará revelando-as, para que todos compreendam os verdadeiros sentimentos que levaram à prática desse ato.

Qualquer ato praticado sem o amor universal, mesmo que, aparentemente outras pessoas vejam você como alguém muito devotado, Deus providenciará para que você pratique outros atos que mostrarão seus verdadeiros sentimentos ou intenções.

É claro que Deus aproveitará o seu ato, mesmo feito sem o sentimento adequado, para auxiliar o espírito que se encontra necessitado, como nos casos de caridade material.

Enquanto o ser humano não utilizar o amor para atingir a consciência de que não deve praticar determinados atos, nenhuma lei o fará deixar de praticá-los.

O ser humano submete-se às leis, enquanto que o espírito não necessita delas, pois tem a consciência da prática do amor universal.

Lembremo-nos mais uma vez das palavras de Jesus:

“Em marcha! Anunciai o Evangelho do Reino. Não imponhais nenhuma regra além daquela da qual fui o Testemunho. Não ajunteis leis às dadas por Aquele que vos deu a Tora a fim de não vos tornardes seus escravos”. (O Evangelho de Maria – Miriam de Mágdala – Pág. 8 – linha 23)

A única lei que Jesus testemunhou foi o amor universal. Quando fez milagres e alimentou seus discípulos no sabath, Jesus estava colocando em prática a compaixão, ou seja, a consciência do sofrimento das outras pessoas, colocando-a acima das leis escritas.

Portanto, espíritos, anunciem, com seus atos, o amor universal, mas sem tentar impô-lo, para que vocês mesmos não alterem seus sentimentos, sendo causa de infelicidade para os outros.

Pela compaixão do próprio amor universal, não se pode criar leis que obriguem os outros a segui-lo, pois isto acabaria com a alegria. É preciso praticar todos os atos com a consciência do amor universal para que Deus o revele às outras pessoas. Não é preciso criar leis para ensiná-lo.

Religiões

Ídolos

Pastor Rubens

Amamos a Deus por causa daquilo que ele esconde de nós; e respeitamos as autoridades por causa daquilo que elas nos explicam. (Provérbios de Salomão – 25,2)

O homem consegue, através da sua elevação moral e intelectual, descobrir os maiores segredos do universo, mas existe uma coisa que ele nunca consegue descobrir: seu destino. Sobre o seu futuro ele não tem o menor conhecimento nem comando.

Isto é o que quis dizer Salomão quando afirma “que ele esconde de nós”. Deus não permite que o homem conheça o seu destino para não interferir nele. Mas, o que é o destino?

O destino de um homem, ou seja, as coisas que acontecerão durante a sua existência carnal, nada mais são do que as provas que esse espírito tem a cumprir durante a reencarnação. Como as provas visam o engrandecimento do espírito pela comprovação do conhecimento do amor universal que cumpre a lei de Deus (amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo com a si mesmo), devemos amar ao Pai por ter criado o artifício da reencarnação para permitir o pagamento de nossos débitos.

Mas, devemos amar a Deus não só pela chance que ele nos dá da reencarnação para cumprir determinadas tarefas que elevem a nossa condição espiritual, mas porque Ele faz tudo isso com o objetivo de nos levar à felicidade universal. O esquecimento desta verdade no planeta se deve ao véu do esquecimento.

Este ensinamento nos foi passado por Kardec quando codificou os ensinamentos trazidos pelo Espírito da Verdade. Mohamed (Maomé) nos ensinou que Deus comanda integralmente o destino do ser humano para que ele possa tirar desta oportunidade (encarnação) o máximo para a sua elevação espiritual. O espírito só consegue a sua elevação quando cumpre a constituição do universo, como nos foi ensinado por Jesus Cristo durante a sua passagem carnal.

Portanto, devemos a amar a Deus porque Ele como nosso Pai está sempre pronto a nos auxiliar para alcançarmos a felicidade universal durante a vida eterna que Ele mesmo nos deu.

Para ajudá-Lo na administração deste processo de auxílio aos encarnados, Deus conta com auxiliares. Todo o mundo espiritual trabalha sob as ordens de Deus para ajudar aqueles que estão fazendo a sua prova.

Estes trabalhadores agem na invisibilidade, mas muitos passam pelo mesmo processo de encarnação para transmitir, com palavras e ações, os ensinamentos necessários para a mudança individual. São esses que chamamos de mestres ou como Salomão se referiu autoridades.

Os ensinamentos deixados por eles foram transformados em doutrinas religiosas. Todos falaram em nome de Deus, ensinaram a amar a Deus, mas os dirigentes das religiões nascidas à luz dos seus ensinamentos, ensinam a idolatrá-los como o próprio Deus.

As religiões cristãs idolatram Jesus, a espírita Kardec, a islâmica Mohamed e as orientais Buda e outros pensadores que formaram o conhecimento oriental das coisas espirituais. Todas elas quebraram o primeiro mandamento da lei de Deus que manda que se idolatre apenas a Deus.

Portanto, por mais que combatam a idolatria (adoração de imagens), todos as religiões são idólatras.

Amar só a Deus. Aos espíritos instrutores devemos respeito, confiança nos seus ensinamentos, certeza de que suas palavras provêm de Deus, mas não ter a eles o mesmo amor que dedicamos a Deus. Só Deus é o Pai Supremo, os outros são nossos irmãos.

Religiões

Apelo de um irmão

Irmão José

Espíritas, aos senhores quero dedicar principalmente estas palavras, mas elas também devem ser lidas com muito cuidado por católicos, evangélicos, budistas, islâmicos, judaicos, umbandistas, quimbandeiros e todos os demais freqüentadores de religiões existentes no planeta.

O grupamento espiritual que está trazendo estas palavras o faz com ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo, Governador Geral do planeta Terra, deste sistema solar. É com sua ordenação e permissão que pudemos comparecer ao mundo dos encarnados e trazer os ensinamentos que agora estão sendo transmitidos. Assim sendo não poderíamos nunca nos diferenciar do que Ele pregou.

Uma das mensagens que Jesus deixou bem clara e consta dos livros sagrados é a seguinte: “não vim para mudar as leis já ditadas pelos profetas, mas sim atualizá-las”.

Todos os ensinamentos passados pelo plano espiritual valem até um determinado conhecimento científico material do ser humano. Quando se alcança novo patamar de conhecimento, deve o mundo espiritual aprofundar-se nos ensinamentos.

Como poderia Jesus explicar aos seres humanos do mundo pré-cristão sobre energias, se o que eles conheciam era o lampião a óleo? Desta forma, tinha ele que dizer que ninguém acende um candeeiro para esconder dentro do armário. Havendo o conhecimento, mesmo rudimentar da energia elétrica, pode o mundo espiritual trazer novas informações.

Apareceu Kardec com as informações sobre energias e ondas eletromagnéticas e já se poderia dizer que não se acende uma lâmpada elétrica dentro do armário. Hoje a fissão nuclear já é capaz de criar novas energias e as velhas lâmpadas incandescentes, que mais pareciam objetos voadores não identificados ao tempo de Kardec, começam a virar peças de museu, substituídas pelas possantes lâmpadas de halogênio. Já podemos mudar o enunciado da lei para: “não se acende um holofote sem projetar a sua imagem no céu”.

Por este motivo nem Kardec nem os demais profetas trouxeram a totalidade dos conhecimentos do mundo espiritual. Nem nós podemos fazê-lo, pois existem ensinamentos que não possuem palavras para serem definidos e outros que não seriam compreendidos, mesmo com as palavras existentes.

Desta forma, não estamos aqui para rasgar as leis existentes nem negar os profetas, Jesus, os apóstolos, Kardec, Mohamed ou qualquer outro mensageiro do plano espiritual. Estamos apenas complementando informações ou atualizando-as, conforme o caso.

Portanto, nossas informações não podem e não estão em desacordo com tudo o que foi dito até hoje pelo mundo espiritual. Se chegássemos à presença dos irmãos encarnados e disséssemos que o preto virou branco e vice-versa seria uma prova de nossa incapacidade para o que estamos fazendo.

Kardec ensinou como se deve proceder ao espírito: verificar se as novas informações trazidas passam pelo crivo da razão. Se houver fundamento lógico e não alterarem a base passada ao longo dos anos pelos interlocutores mandados pelo plano espiritual, deve o espírito na carne acreditar como real.

Baseados nesta premissa, nós conclamamos os espíritos de todas as seitas a fazerem uma análise mais profunda dos ensinamentos deste material e dos outros produzidos sob a tutela do Espiritualismo Ecumênico Universal. Aos mais enraizados na sua fé lembramos sempre as palavras de todos os mestres, desde Jesus a Kardec, que prometeram a vinda de novos espíritos como continuadores de sua obra.

Jesus prometeu o espírito da verdade sempre que fosse preciso; Kardec informou que sua obra continuaria mesmo após sua volta ao mundo espiritual. Portanto, aqueles que se fecham em casulos sem buscar novos ensinamentos estão negando palavras dos próprios mestres.

A única diferença entre este trabalho espiritual e os gerados durante a vinda dos profetas, Jesus, apóstolos ou missionários espirituais é que desta vez não haverá a necessidade da encarnação de qualquer mentor para executá-lo.

Os trabalhadores do Espiritualismo Ecumênico Universal não são profetas ou apóstolos. Eles apenas cumprem a função de amplificadores do som produzido pela Academia Superior de Ciências Espirituais. Este detalhe só vem confirmar o que o Comandante do Grupamento Espiritual que recebeu a missão da divulgação destes ensinamentos informou no seu manifesto: o comando do novo mundo será do plano espiritual e não mais de encarnados.

O momento da evolução espiritual no planeta não aceita mais que a fé seja conquistada por comprovações materiais e por isso se um apóstolo viesse hoje à carne, cairia no descrédito, como algumas almas benditas caem. Muitos que dedicam a sua vida a fazer o bem do próximo são chamados de hipócritas, que dirá aqueles que dissessem falar em nome de Jesus ou de Deus diretamente.

Desta forma, é necessário que os ensinamentos sejam transmitidos unicamente pelo plano espiritual por mensagens mediúnicas ou psicofônicas e que a direção das coisas espirituais, a partir do novo mundo, estará diretamente subordinadas a Deus.

É o fim dos representantes encarnados de Deus: o papado, o bispado, os líderes religiosos encarnados, os monges, etc. É o fim da dominação do mundo religioso pelos encarnados eleitos para serem mensageiros do Senhor e que se transformaram em mensageiros do seu próprio querer.

Como Jesus, conclamamos, principalmente, aos senhores dos templos a abandonarem seus estudos sem prática. Conclamamos estes senhores a desenraizarem-se dos conhecimentos individualizados que possuem e universalizá-los, dando as mãos aos outros senhores de templos diferentes.

É preciso que todo o comando das religiões desça de sua falsa onipotência dando mãos a todos os habitantes do planeta para procurarem a união e a força em Nosso Senhor Jesus Cristo, nosso irmão maior e querido e a Deus, nosso Pai Criador.

Dirijo-me, principalmente, aos espíritas, pois estes deveriam ter uma compreensão maior do universo do que os outros, uma vez que foi a sua falange espiritual que fez algumas atualizações do conhecimento das coisas espirituais recentemente. Outras religiões seguem ao pé da letra códigos religiosos arcaicos, feitos para pessoas que andavam em lombo de burro e mal conheciam o poder do fogo.

Os espíritos conclamados a militar na falange espírita foram os primeiros a serem alertados da necessidade constante da atualização dos ensinamentos recebido e agora também se transformaram em velhos monastérios, em fieis defensores de uma verdade que não é mais atual.

Posso afirmar isso com segurança, pois trabalhei durante algum tempo junto com a falange kardecista nos centros espíritas. Víamos o orgulho destas pessoas em intitularem-se as mais instruídas nas coisas espirituais, portanto imaginando-se as mais elevadas. Sentíamos a sua prepotência em julgarem-se melhores que os seus irmãos de outras religiões uma vez que um micronésimo a mais lhes tinha sido revelado.

Nada podíamos fazer na transmissão de informações deste tipo aos irmãos daqueles templos, pois não havia a autorização de Jesus para assim procedermos. O plano espiritual não pode alterar o livre arbítrio dos espíritos encarnados, principalmente quando ele se diz guia ou mentor de outros espíritos. Para isto Jesus deixou os ensinamentos para os professores da lei na Bíblia Sagrada. Mas, como alcançar estes ensinamentos se a própria Bíblia é marginalizada por estes senhores?

Por este motivo, hoje no umbral é grande o número de espíritos que estiveram em sua última encarnação como dirigentes de casas espíritas. Antes nesse local podiam ser vistos em grande número os padres e dirigentes evangélicos, mas hoje os líderes de casas espíritas também abundam neste estado de espírito. Enquanto isso, os trabalhadores de última hora, aqueles que procuram não se enraizar em conhecimentos, mas amar a Deus acima de todas as coisas, cada vez mais encontram a felicidade universal.

Senhores da lei, detentores da verdade, analisem a mudança comportamental do plano espiritual trabalhador da religião espírita. Antes os ensinamentos eram mais técnicos do que doutrinários. Kardec desvendou o desconhecido e as suas relações com o conhecido. André Luís continuou esta obra, mas hoje as transmissões espirituais dos falangeirros desta religião são só doutrinárias. Trazem romances ou mensagens que abordam o cunho doutrinário e não mais o técnico.

Quando se vê uma literatura espírita nova que busca desvendar as técnicas espirituais, o crédito da obra é dado a um encarnado, que apenas interpreta dentro dos seus conceitos as informações já passadas. Não são mais realidades espirituais, mas, me perdoe a palavra, um ‘achômetro’ de encarnados.

Além disso, estas obras nada mais são do que meras repetições de toda interpretação que foi alcançada no século XIX. Ninguém se atreve a acrescentar nem uma vírgula à interpretação dada pelos senhores da lei com medo de serem excomungados da religião.

Kardec nos disse que o avanço da ciência é dado para o desenvolvimento em todos os campos, inclusive o moral. No entanto, todo avanço alcançado durante o século XIX pela ciência não foi capaz de alterar um milímetro da interpretação que foi ensinada pelos senhores da lei do tempo de Kardec.

Por este motivo, a religião espírita, que poderia ser a diretora da mudança espiritual do planeta, não está trabalhando neste momento para este fim. A vinda da alma bendita de Francisco Cândido Xavier para o Brasil foi o primeiro preparativo para esta liderança da religião. No entanto, os senhores da lei espíritas afirmaram que ele era ‘igrejista’ uma vez que defendia uma nova interpretação para os textos do Pentateuco Espírita.

Os senhores do templo espíritas naufragaram quando se preocuparam em decorar os textos legais sem colocá-los em prática.

Apesar de todas estas palavras, não as interpretem os espíritas como uma acusação. Amo os ensinamentos de Kardec e os trabalhadores desta falange. Meu objetivo com este texto é chamar a atenção dos senhores da lei que estão descumprindo os avisos dados pelo próprio Mestre que eles dizem seguir. Confira no Capítulo 23 do Evangelho de Marcos o procedimento que Jesus afirma como falsidades.

Por estes motivos e nesta curta visão histórica, peço a todos que reflitam sobre as palavras aqui escritas. Elas são um desabafo que um espírito que até bem pouco tempo esteve entre vocês. Destruam os conhecimentos enraizados, busquem novas informações, passem-nas pelo crivo da razão e depois verifiquem com os anteriores se houve alguma informação contraditória ou se apenas mais se detalhou a informação.

Façam isso por amor a si mesmo, façam isso por amor aos seus irmãos, façam isso por amor àqueles que lhe são confiados, façam isso por Jesus Cristo, façam isso pelo nosso Pai Supremo.

Religiões

Hipocrisia

Este texto traz na íntegra palestra do amigo espiritual Joaquim de Aruanda proferida na sala Espiritualismo Ecumênico do sistema virtual Pal Talk em 2.004.

Hoje vamos estudar Mateus, Capítulo 23.

Então Jesus falou aos discípulos e a multidão. Ele Disse:

- Os professores da Lei e os fariseus têm autoridade para explicar a lei de Moisés. Por isso vocês devem obedecer e seguir tudo o que eles dizem.

Vamos entender esse pequeno trecho, pois ele é fundamental para todo o trabalho que faremos hoje, pois professor da lei e fariseu serão citados constantemente.

Professor da lei é aquele que conhece a lei profundamente e a ensina aos outros. Não importa de que lei esteja sendo falada. Pode ser a religiosa, a dos homens, de uma sociedade, da cultura, da ética, qualquer lei: o professor será sempre aquele que a ensina ao próximo.

Dentro do nosso estudo de hoje a partir da mensagem do Cristo, não nos apegaremos apenas ao professor da lei religiosa, mas também aplicaremos este termo ao ser humano em geral. O espírito quando humanizado possui verdades que se transformam em leis, pois para ele existe a obrigatoriedade delas ocorrerem, uma vez que necessita que a sua seja sempre a verdadeira.

O conhecimento do ser humanizado são padrões, são normas, são leis que ele segue. Cada ser humano, portanto, é um professor da lei que pode ser atingido pelo ensinamento do Cristo: alguém que quer ensinar ao outro o que é certo ou errado de ser feito.

O segundo termo que o mestre utilizou (fariseu) era dado aos membros de um partido dos judeus. Naquele tempo, não havia política: a religião era a política. O partido dos fariseus é, então, uma corrente filosófica dentro da religião judaica.

Esse partido ou corrente tinha como característica o apego profundo à letra fria da lei. Para os seguidores desse partido só valia o que estava escrito na lei. Se Moisés falou que tinha que apedrejar sob determinadas circunstâncias, isso tinha que ser feito, sem desculpas. Se Moisés falou que não podia tocar na mulher quando ela estava menstruada, não podia: era lei.

Dessa forma, professor da lei e fariseu é quase sinônimo. São determinações dadas a espíritos que acreditam em uma lei cegamente e a querem impor aos outros.

Apesar disto Cristo afirma: os professores da lei e os fariseus têm autoridade para ensinar a lei. Conhecendo a verdade de que essas leis eram apenas interpretações individuais dos textos sagrados, por que o mestre nos diria que devemos escutá-los? Porque eles conhecem a lei. Eles conhecem o texto que compõe a lei e por isso podem citá-las.

Podemos, pois, entender o ensinamento de Cristo nesse trecho quando nos fala sobre os professores da lei e nos fariseus como: ouçam o que o professor da lei cita, ouça o que o fariseu cita.

Porém não imitem as suas ações, pois eles não fazem o que ensinam.

Como já comentamos anteriormente, neste estudo aplicaremos as máximas de Cristo para o professor da lei religioso, aquele que se apega à sua interpretação religiosa e afirma que ela é a certa, como também as aplicaremos ao ser humanizado, aquele que se apega a sua lei individual (suas verdades) e quer ensiná-la aos outros. Portanto, para todos os ensinamentos comentados pelo mestre falaremos do religioso e do ser humano.

Citaremos muitos religiosos considerados líderes (padres, bispos, donos de centro espírita, pastores protestante), porque esses são os professores da lei: eles conhecem e ensinam a lei da sua religião. No entanto, não estaremos citando-os com acusações, mas com constatações da diferença entre o que fazem e o que ensinam, o que é completamente diferente de acusar.

A existência desta discrepância está explícita neste primeiro ensinamento de Cristo: todo professor da lei tem autoridade pelo conhecimento para ensinar a lei, mas perde essa autoridade no momento em que não pratica a lei que ensina. Uma pessoa que tem a responsabilidade de auxiliar o próximo na sua busca espiritual deve estar sempre atenta em ensinar às pessoas a ter compaixão, por exemplo, mas não vivenciar a transmissão deste ensinamento brigando, gritando, xingando, acusando.

Os professores da lei da religião falam e ensinam o amor, mas para isso acusam o próximo de ser pecador, por exemplo. Diminui aqueles que pretende ajudar afirmando que são espíritos muito pequeno, atrasados ou sem evolução. Ensinam que todos somos filhos de Deus, mas se isso é verdade porque qualquer um seria pequeno frente a qualquer outro ser? Sendo todos filhos de Deus, somos todos iguais, pois o Pai não privilegia ninguém.

Estes são exemplos da divergência entre o que ensina o professor da lei e como ele se comporta que é a tônica do ensinamento de Cristo. O “professor da lei” precisa adaptar a sua realidade (modo de agir) ao seu discurso, à sua lei. Ele gosta de falar, gosta de ensinar, mas não pratica.

Nesta primeira visão encontramos a forma como faremos o trabalho de hoje: conversar sobre a ação do professor da lei mostrando que ela não tem nada a ver com a lei que ele mesmo ensina. Trataremos hoje do individualismo que o professor da lei não abre mão para poder vivenciar a lei que ensina.

Amarram fardos pesados e põem nas costas dos outros, mas eles mesmos não os ajudam, nem ao menos com um dedo, a carregar esses fardos.

Todo professor da lei amarra fardos pesados nas costas dos outros: o que Cristo quis dizer com isso? Colocam obrigações e responsabilidades imensas sobre os outros. O professor da lei está sempre gerando obrigações para os outros, criando deveres para o próximo, os quais não o ajuda a realizar nem com um dedo. Isso é o que Cristo ensina.

Todo professor da lei tem o direito de ensinar a lei, mas não tem o direito de colocar obrigações nos outros. Por quê? Por que cada um tem o livre arbítrio que Deus lhe deu de fazer o que quiser. O professor da lei que quer pôr obrigação nos outros, está querendo roubar algo que Deus deu a cada um dos seus filhos.

Quando o professor da lei diz que para estar certo você tem que fazer isso, ou aquilo outro, é o momento de lhe perguntar: por que eu tenho que fazer o que você diz? Se Deus deu aos espíritos o livre arbítrio até de ficar parado o tempo inteiro (omissão), como muitos ficam, de onde vem à obrigação de agir que o professor da lei quer impor?

Quando a obrigação imposta não é cumprida pelo ser humanizado, o professor da lei o critica, acusa: você não presta, não vale nada, não faz nada nessa vida. Mas, por que a acusação se isso é um direito garantido por Deus, que deu a liberdade de opção ao ser?

É sobre a ação do professor da lei (gerar obrigações, exigir o cumprimento delas e acusar os faltosos) que o Cristo fala quando afirma que o professor da lei amarra obrigações nos outros. Analisemos agora este ensinamento.

A humanidade acredita que existe a obrigação do espírito elevar-se, mas o que é buscar a Deus? Você freqüenta um centro espírita e lá ouve muitas obrigações que tem que cumprir para se elevar. Na igreja católica ouve outras obrigações (ir à missa, comungar). Na igreja evangélica são cobradas posturas como o tamanho da saia ou do cabelo para que se alcance a Deus, mas através de que ensinamentos Cristo condicionaram a elevação a estas coisas?

Tudo isso são apenas posturas materiais e não sentimentais. Cristo nos ensinou que os dois únicos mandamentos são amar: a Deus e ao próximo. Acrescentar ao amor ensinado por Cristo posturas materiais é criar leis individuais. O professor da lei religioso obriga fazer, mas que mestre criou esta obrigação?

Além do mais, quem disse que você tem que se elevar, buscar a Deus? Que mestre criou a obrigação do espírito elevar-se? Eles mostraram a necessidade de se executar esta obra, mas não obrigaram ninguém a realizá-la. Até esta busca é livre arbítrio: opção do ser. Nem isso o professor da lei religioso pode obrigá-lo.

E o professor da lei ser humano, como se aplicaria este ensinamento àqueles que vivem querendo ensinar as coisas ao próximo? Neste aspecto fica mais fácil ainda compreender o ensinamento de Cristo. Cada vez que você diz para alguém tem que fazer isso, que o obriga a realizar uma determinada tarefa na forma e no momento que deseja, transforma-se em um professor da lei.

O pior é que o professor da lei ainda afirma que impõe obrigações aos outros por amor. Amor a quem? A ele mesmo. Amor a ele que depende de que sua verdade seja contemplada para se sentir feliz. Isso não é individualismo?

Até aqui analisamos a primeira parte do ensinamento do mestre (amarram fardos pesados nas costas dos outros), mas o que Cristo teria nos ensinado quando completou: “não ajuda a carregar nem com um dedo”?

O professor da lei ensina a lei, cria a obrigação e depois se transforma em um juiz que julgará ação do próximo verificando se a lei foi cumprida. Em nenhum momento o professor da lei depois de criá-la, gerar a obrigação, abraça o próximo e se diz: “eu vou fazer com você, eu vou lhe ajudar a executar”.

Ele cria a lei gera a obrigação e o deixa sozinho para fazer. Só depois se aproxima para saber se está tudo certo: da forma que ele queria, no tempo que achava que deveria ser executada a tarefa. É esta a forma de agir do ser humanizado, daquele que possui leis (verdades): obrigar a pessoa a fazer dentro dos seus padrões, mas para isso não ajuda de forma alguma.

Não estou falando de ajudar fisicamente a realizar a tarefa, mas sentimentalmente. “Olha você precisa fazer isso, mas, vamos lá nós dois, juntos conseguimos”. Isso é não ser professor da lei. Com esta predisposição sentimental o ser humanizado pode até ter uma lei e ensiná-la, mas desta forma auxilia as pessoas a cumprirem aquela lei e, assim, realiza o que ensina.

Esse você deve ouvir e seguir, mas aquele que simplesmente lhe diz o que você tem que fazer e fica na posição de juiz para lhe cobrar resultados, saia de perto. Se você sair, pode ter a certeza que ele arranjará outra cobaia para o prazer dele, pois ele não está preocupado que a tarefa seja feita, mas que se cumpra o que determinou, a sua lei.

Na verdade o professor da lei seja religioso ou humano é um senhor de escravo. Ele escraviza os outros dentro do seu individualismo gerando obrigações para que os outros cumpram obrigatoriamente aí pode se sentir feliz. “Viu como eu sou importante: eu disse para fazer e está pronto”.

É esse o ensinamento de Cristo. Tenho a certeza que nesse momento você está lembrando-se de muita gente que conhece e age desta forma. Lembre mesmo, mas não acuse, porque senão você também se tornará professor da lei.

Compreenda: aquele é assim, mas ele não precisa da sua crítica, mas do seu amor. É preciso amá-lo para que se mude. Não adianta criticar ninguém, mesmo os professores da lei, senão nos transformamos em igual a eles. Ao lembrar-se agora de outros que agem assim, não julgue essas pessoas. Constate que são professores da lei, mas os ame do jeito que eles são.

Pergunta: às vezes eu acho que não sabemos amar. Será que ao tentarmos colocar em prática esses ensinamentos não estamos apenas aceitando as pessoas do jeito que são?

A aceitação é apenas o começo para que você aprender a amar. A aceitação ainda não é o objetivo final, mas é o caminho para o amor.

Sim, vocês ainda não conseguem amar, ainda estão presos na aceitação. Alguns, porque outros nem isso.

Pergunta: Acredito que nós fomos educados desde criança a ser um “professor da lei”: dentro de casa, da escola e do trabalho. É só julgamento de tudo o que ocorre. Agora temos que mudar tudo.

Mas isso é o objetivo da vida: você foi criado com todas essas leis para poder promover a sua reforma íntima: quebrar todas as leis.

Fazem tudo para serem vistos. Vejam como são grandes os trechos das Escrituras Sagradas que eles copiam e amarram na testa e nos braços!

Os sacerdotes, professores da Lei, no tempo do Cristo, tinham por hábito copiar pedaços dos textos sagrados em pergaminhos e prender nas roupas. Com este gesto afirmavam que possuíam o conhecimento daquele trecho. Isso é tradição até hoje: os judeus ainda enterram na porta da casa um pedaço da Tora.

Hoje não existe mais esse hábito entre os professores da lei religiosos, mas o ensinamento do Cristo tem que ser universal: valer para todos os tempos. Portanto, vamos buscar a compreensão dele para os tempos atuais.

Os professores da lei de hoje não mais amarram nas suas vestes os textos bíblicos, ou os textos das leis, mas ainda mostra o quanto sabe citando-os constantemente. O ensinamento de Cristo ainda está vivo, porque o professor da lei de hoje ainda quer mostrar o quanto sabe citando a lei. O professor da lei de hoje é aquele que gosta de discursar para mostrar o quanto ele sabe.

Não se trata de agir dessa forma para auxiliar o outro, mas para ser visto, para ser reparado. O professor da lei cita os textos sagrados não para transmitir ensinamentos, para conversar, para trocar idéias: essa não é a sua postura. Age dessa forma para mostrar que ele sabe aquilo e os outros têm que ouvi-lo e aceitar a tudo o que ele diz como verdade.

É a questão da cultura: o professor da lei se imagina o culto, sabe tudo. Ele é, em sentido figurado, uma estante: cheia de livros (ensinamentos) na cabeça. Cita todos eles de ponta a ponta, mas age desta forma para ganhar a fama. Não faz isso com a intenção de ajudar, mas sim para demonstrar o quanto ele é sábio, o quanto sabe.

Com este modo de proceder cria para si uma falsa ascensão moral que tem como objetivo dar legitimidade nas obrigações que coloca nos outros. Neste modo de proceder está o ensinamento de Cristo quando fala que coloca tabuletas na sua roupa com os textos das Escrituras Sagradas, seja de que religião for.

O professor da lei não cita o texto sagrado apenas para mostrar o quanto é sábio, culto, mas serve-se desse expediente principalmente ter a legitimidade para mostrar o erro dos outros a respeito da lei que ele é sábio. É alguém que deve ser ouvido, pois o texto das Escrituras Sagradas é universal, mas não seguido no destino que dá ao seu conhecimento.

É alguém que têm coisas que você precisa aprender, mas não se transformar em discípulo, ou seja, aceitar a sua falsa ascensão. Se isso acontecer, lhe amarrará um fardo pesado e não ajudará a carregá-lo nem com um dedo.

E no caso do ser humanizado, quem podemos afirmar que é aquele que amarra na sua roupa pedaços da lei? É todo aquele que diz: “eu sei a verdade, você não sabe nada”.

Aquele que diz que sabe, por exemplo, o lugar do copo, o que é uma casa arrumada e que diz para o outro que ele não conhece as coisas é o professor da lei ser humano. Ao agir dentro desse padrão de realidade automaticamente cria obrigações nos outros porque quer mostrar o quanto sabe, o quanto é importante.

Se não for ele jamais a casa estará arrumada, o copo estará no lugar, ninguém estará bem vestido. É isto que Cristo está nos ensinando e a partir da compreensão do ensinamento, podemos verificar o que devemos fazer para chegar a Deus: parar de dizer que sabe o lugar certo das coisas, o que tem que ser feito, como se guardam as coisas, etc.

Agindo assim o ser humanizado não se transformará em um professor da lei e não gerará obrigações.

Pergunta: Quando o senhor manda, por exemplo, amar, não está fazendo uma lei?

Eu não mando amar ou qualquer outra coisa. Nunca mandei ninguém fazer nada. O que eu ensino é o seguinte: se você quer alcançar a elevação espiritual tem que amar. Agora, se você não quiser alcançar, eu não vou obrigá-lo a atingi-la.

Aí está a diferença. Se você não quiser evoluir eu lhe dou o direito, se você não quiser amar, também. Agora eu lhe amo independente de você me amar.

Mas, poderiam me perguntar, como viver sem receber de volta por aquilo que fazemos? Com a oração do São Francisco: Pai, que eu console mais do que seja consolado.

Eu não obrigo. Nossa conversa nunca foi em tom de imposição, mas sim de orientação.

Pergunta: Não é essa a colocação. A questão de que devemos amar, de um modo geral, não é uma lei?

Não, é caminho. Lei é obrigação. Você não é obrigado a amar, mas o caminho da evolução passa necessariamente pelo amor. Você pode ir por qualquer caminho, mas apenas esse leva a Deus.

Não é uma obrigação, mas um caminho que precisa ser trilhado por aqueles que almejam aproximar-se de Deus.

E olhem os pingentes grandes nas suas capas.

O professor da lei adora se enfeitar, estar bonito. Sabe para quê? Para causar boa impressão. Para que? Para mostrar o quanto é superior. Para que? Para poder amarrar fardos nas costas dos outros. Este é o ensinamento do Cristo.

Quando você vê uma pessoa excessivamente arrumada, engomada, é um professor da lei querendo aparecer, mostrar o quanto ele é importante. Age assim porque a humanidade acredita na aparência estética.

Afinal de contas, ninguém importante anda de sandálias de pescador e de bata, anda? Esqueci de Cristo ... ele andava assim... e era o maior professor de qualquer lei, ou seja, aquele que mais conhecia as verdades dentre todos que já viveram na carne. Mas ele tinha uma ascensão moral verdadeira e não se preocupava com honras e glórias.

Agora aquele que gosta de ditar lei para benefício próprio (ter prazer), gosta de se arrumar. Quer estar sempre impecável para poder aparecer e com isso desfrutar de uma posição que não lhe aproxima de Deus, mas que faz com que os outros o idolatre.

Vou repetir aqui um ensinamento que as pessoas que já ouviram, mas para muitos pode ser novidade. Trilhar a evolução espiritual é como se fosse o caminho de um barco navegando do porto da ignorância com destino ao porto da sabedoria. Cada ensinamento é um barco que poderá fazer esse transporte.

Só que nesse caminhar do porto da ignorância até o da sabedoria o ser humano está preso por quatro âncoras, ou seja, quatro atitudes que, por mais que se aprenda os segredos do universo, não deixam o espírito evoluir.

Essas quatro âncoras são: a vontade de ter prazer e o medo do desprazer; a vontade de estar certo e o medo de estar errado; a busca da fama e o medo da infâmia, ou seja, de ser considerado errado; e a busca do elogio e o medo da crítica.

Essas quatro atitudes não deixam o espírito alcançar o porto da sabedoria, por mais que conheça os ensinamentos dos mestres. Enquanto o ser humanizado lutar para ter prazer terá medo do desprazer. Com isso não deixará jamais de lutar pelo prazer, pois tem o medo do desprazer. Continuando nesse ciclo vicioso ficará preso no meio do mar, ou seja, jamais transformará a sua caminhada de ignorância em sabedoria.

Enquanto quiser estar certo, terá medo de ser apontado como errado; enquanto quiser ser famoso, terá medo da infâmia e vai fazer de tudo para ser famoso, inclusive ostentando exteriormente o que não é por dento.

Buscará sempre o elogio fácil e terá medo da crítica. Muitos dizem que a crítica auxilia, mas quem afirma isso não quer ser criticado. Quando isso acontece perde uma grande oportunidade de promover a sua reforma acusando o outro.

Enquanto o ser em busca de Deus não se libertar dessas quatro âncoras, não as quebrar abandonado-as no mar (o caminho da evolução), não chegará ao porto da sabedoria. O professor da lei citado por Cristo nesse ensinamento é ancorado nessas quatro âncoras.

Preferem os melhores lugares nas festas ...

O professor da lei não aceita passar incógnito. Ele quer a posição de destaque onde quer que esteja. Não aceita ser mais um, mas quer ser sempre o “principal”. Esse é o professor da lei.

É aquele que se vangloria de ser o responsável por tudo, ser o dono de todas as coisas, aquele que sempre sabe. Esse é o professor da lei. Ele faz questão de sempre falar tudo o que sabe e quer estar sempre rodeado de outros que lhe adorem.

Para ele a bajulação é o alimento, é o ar que respira: não consegue viver sem. Imagina que terá isso por toda eternidade, mas mal sabe o que lhe reserva o destino depois da saída da carne: o abandono completo. Não como uma penalidade, mas para aprender a ser humilde.

Esse é o professor da lei que o Cristo nos ensina. Aquele que gosta de falar, que gosta de ensinar, que gosta de dizer o quanto sabe. Aquele que gosta de estar aparentemente muito bem para mostrar a todos o quanto é bom e que corre para sentar nos melhores lugares, conseguir posição de destaque para que todos o observem. Verifique se esse modo de proceder não está ligado às quatro âncoras que falamos? Em todas: no prazer, no estar certo, na fama e no elogio.

Para os professores da lei Cristo deu mais um ensinamento. Ele disse assim: se você for convidado a ir a uma festa, sente no fundo, pois se alguém lhe chamar para frente será uma honra, você foi convidado para a glória. Agora, se você quiser se sentar logo na frente, pode ser que alguém lhe mande ir para trás e você será, então, desonrado.

Esse é um grande ensinamento que precisamos aprender. Precisamos parar de dizer que somos donos da verdade. Parar de imaginar que podemos mandar nos outros, achar que temos dinheiro e poder para comprar o que quiser. Deixar de imaginar que somos grandes, os maiorais e não precisamos de ninguém para nos mandar.

“Eu sei o que tem que ser feito e por isso eu digo o que deve acontecer e não você”: esse é o padrão que o professor da lei aplica às coisas do mundo.

Precisamos deixar de ser professores da lei porque essa função na vida não nos garante um destino muito bom depois do desencarne. Cristo avisou: o menor no reino da Terra será o maior no céu; o maior no reino da Terra será o menor no céu.

Pergunta: Qual o destino dos “professores da lei”?

O destino do professor da lei é o umbral onde será tratado como mínimo para aprender o quanto ele fez com os outros durante a encarnação.

e os lugares de honra nas casas de oração.

É o mesmo que comentamos acima. Tanto faz na vida mundana quanto na vida religiosa, os professores da lei sempre querem o lugar de destaque. Buscam sempre aparecer, se mostrar, estar sendo visto por todos para poder ter o prazer.

Gostam de ser cumprimentados com respeito nas praças e de ser chamados de “mestre”.

Por que o professor da lei gosta de ser cumprimentado com respeito? Para ele, o respeito é a prova da fama. Os professores da lei gostam que os outros digam o quanto ele sabe. Gosta que os outros estejam sempre afirmando: ‘é um prazer e uma honra lhe cumprimentar’.

Por que deveria ter essa deferência especial pelo professor da lei já que ele é um ser humano igual a mim? Se ele vive a vida da mesma forma que eu (baseado no individualismo), então porque é preciso bajulá-lo? Na verdade, o professor da lei não quer ser respeitado, mas bajulado. O que ele exige é o respeito pela sua superioridade.

Esta é uma característica do ser individualista, do professor da lei. Sempre está querendo que os outros demonstrem para o quanto ele é importante. Necessita que os outros demonstrem o servilismo que cada um tem, porque isso é alimento para o professor da lei: precisa disto para viver.

Quando alguém passa e não o reconhece, não lhe trata com respeito, o professor da lei sofre: ‘Como, você não está olhando para mim, você não está falando comigo, está conversando com outro? Mas eu sou o professor da lei, sou eu que sei as coisas’. Este sofrimento é morte.

Esta característica Cristo não teve. Ele deixou os professores da lei jantando e foi comer com as prostitutas. Esse tipo de comportamento foi um dos motivos alegados pelo Sinédio, os professores da lei hebreus, para crucificar o Cristo. ‘Como ele não vem aqui no templo para ensinar e vai para a casa de uma prostituta’?

Aquele que diz que o Cristo cumpriu as leis, nunca entendeu a Bíblia. O mestre não cumpriu nenhuma lei: descumpriu todas que existiam. Ele descumpriu todas as leis do Sinédio, a dos professores da lei, e cumpriu as leis de Deus: amou a todos e a Deus acima de todas as coisas. Esta é a única lei que existe, mas que também não é uma lei, como já vimos, mas um caminho que cada um pode escolher.

Então, precisamos nos mudar. Parar de cobrar dos outros a adoração a si. Parar de cobrar dos outros que devem nos servir, que devem nos respeitar porque sabemos a verdade, o certo. Não é esse o caminho que leva a Deus.

Libertar-se dessa forma de agir deve ser a busca de todos nós, mesmo que ainda imagine que faça isso por amor ao próximo. Você faz por amor a si mesmo e não ao próximo. Não busca ajudar, mas a criar o servilismo.

Pergunta: então seria interessante eu colocar minhas palavras incógnito?

Necessariamente não, até porque você jamais conseguiria colocar palavras sem ser percebido, pois quando um som sair alguém ouvirá. Não estará mais incógnito.

Fale, mas não busque a fama. Acabou de falar o que tinha que dizer, não permaneça esperando para receber os elogios. Não fique esperando todo mundo correr em volta de você para lhe elogiar, afirmar quanto foi boa a sua palavra.

Pergunta: Como agirmos para colocar nossas palavras?

Ame e deixe as palavras saírem da sua boca. Liberte-se das quatro âncoras e deixe a palavra sair da sua boca.

A palavra como coisa material não é criada por você, mas Deus Causa Primária é que fará as palavras saírem de sua boca. Portanto, não procure palavras: ligue-se a Deus e deixe sair. O que sair era para sair.

Vocês não devem ser chamados de mestre, pois todos vocês são irmãos uns dos outros e têm somente um Mestre.

Que maravilha de ensinamento: todos somos irmãos, ou seja, somos iguais. Você não pode ser um mestre, ou seja, saber das coisas mais do que os outros, pois se assim fosse seria melhor que os outros.

Somos todos iguais, irmãos entre si. Se você tem o direito de achar que sabe é preciso que dê ao outro o direito de achar que ele também sabe. Se ele não faz como você fala, ensina, é porque fez do jeito que achava que deveria fazer. Se ele não fez é porque achava que não tinha que fazer.

E por que você não dá a ele o direito de não fazer ou de fazer na forma que quiser? Porque você quer ser mestre. Mas, o Cristo ensinou: temos somente um mestre. Todos nós temos um só mestre, aquele que sabe perfeitamente as coisas e por isso pode ensiná-las.

Quem seria ele? Deus. Ele é o único que sabe a Verdade, é o único em condições de ser um professor que ensina a lei, Aquele que pode ensinar algo. Ele conhece a Verdade das coisas, é o dono da Verdade Absoluta.

Quando você diz eu sei como se faz isso, está querendo ser Deus. Está roubando do Senhor do Universo o Seu Poder. Ilusoriamente, é claro, mas é isso que faz uma pessoa que garante que sabe alguma coisa, seja em que termo for: até nos mínimos detalhes. Você sabe a cor da peça de roupa que está usando agora? Você é um professor da lei, um mestre, quer ser Deus. Se você sabe, quer ser mestre, neste caso, o mestre das cores.

Não importa o que seja, declare a sua incompetência de saber. Abra mão da sua maestria para poder entregar o comando a quem realmente sabe: Deus.

E aqui na Terra não chamem ninguém de pai, porque vocês têm somente um Pai, que está no céu.

Nós todos temos um Pai só: Deus. Mas, o que é ser pai? Qual a função do pai para a humanidade? O pai é o amparo. Neste ensinamento, portanto, Cristo diz: não se ampare em ninguém, pois você tem um só Pai, um só amparo.

Quem tem filho para garantir a sua velhice normalmente acaba em asilo. Quem obriga um filho formar-se para obter uma posição de destaque no mundo material com a intenção de que no futuro tome conta dele, normalmente acabará no asilo.

Nós temos que procurar amparo em Deus e em mais ninguém. Quero passar um ensinamento agora muito importante, mas busque me compreender com toda clareza, pois poderá parecer algo errado: não confie em ninguém. Nenhum outro espírito é digno da confiança absoluta e irrestrita a não ser Deus.

Isso é o que o Cristo nos ensina o tempo inteiro. Não adianta rezar para santo, não adianta nem pedir a intervenção de Cristo para que aconteça aquilo que você espera, pois poderá se desiludir. Não adianta confiar em um médium ou em espíritos desencarnados: você pode se desiludir. A entrega (confiança) é a Deus e a mais ninguém.

Quem confia em um “santo”, sabe o que faz? Idolatria. Transforma-se em idólatra. Idolatra o santo ao invés do próprio Deus. Quem se entrega a um médium, a um centro espírito, ao padre ou ao papa, é idólatra porque não idolatra a Deus, mas outro espírito.

Salomão nos provérbios ensina: aos responsáveis pelo trabalho de Deus devemos respeito, mas amor só a Deus, só ao Pai. Respeitem todos os espíritos tratando-os de igual para igual e idolatrem (amor absoluto, entrega absoluta) só a Deus, a mais ninguém.

‘Você precisa vir para nossa igreja e se entregar ao padre (ao papa, ao pastor)’. Por quê? É um espírito em evolução igual a mim. É um espírito que está buscando elevação espiritual igual a mim. Como ele pode me sustentar se ainda está querendo aprender a se sustentar?

É esse o ensinamento do Cristo: só há um Pai, só há um aconchego, só há um repouso para o espírito. É por isso que o mestre ensina assim: as raposas e as aves têm o seu ninho para descansar, mas o ser humano não tem onde encostar a sua cabeça.

Você confia no amigo, ele lhe trai; confia no santo, ele não faz o que você quer; confia em um médium, descobre que ele é professor da lei, quer fama para si. Deus, do Pai e no Pai é que devemos procurar o repouso.

Por isso o Cristo jamais pediu idolatria a ele, mas ensinou a idolatria a Deus, o repouso em Deus. E é por isso que o Krishna diz: Repousa em Mim (Deus) e assista sua vida.

Pergunta: A nossa ação não deve ser com intenção de receber algo em troca. Devemos agir porque acreditamos no que fazemos e assim, não esperar nada e não terá desilusão.

Se você agir porque sabe que tem que agir de determinada forma já demonstrou uma intenção e se transformou em um professor da lei. Agir sem intenção não é apenas não esperar nada em troca, mas não saber por que está agindo. Krishna ensina que a Yoga, a Karma Yoga, é a vida sem intenção.

Então, não é só isso que você falou, mas ainda mais. Temos que viver sim, sem intenções (‘Porque você falou isso? Não sei. Para que falou? Não sei. O que vai resultar disso? Não sei’) além de nada esperar como recompensa.

Enquanto você tiver verdades tem intenções: ‘eu falei isso porque acho certo’.

Pergunta: Hoje o médico não está com pena de sangrar a ferida: está pondo todo o pus para fora.

Na hora que vocês entenderem que enquanto não se extrair o abscesso que está purgando não haverá cura. Continuarão alisando a cabeça dos outros e a sua e não evoluirão.

É por isso que falo profundamente e não superficialmente.

Nem devem chamar ninguém de líder porque vocês têm um líder, o Messias.

Só existe uma liderança: Cristo. Ele é o líder de toda espiritualidade que vive no planeta Terra. Então, o papa, o dono do centro espírita, o pastor evangélico, não são líderes, mas subordinados a Cristo. Agora, como podemos compreender a subordinação do espírito a Cristo? Segui-lo incondicionalmente.

“Eu sou o caminho, a verdade e a luz. Ninguém chega a Deus a não ser através de mim”. Nesta máxima está retratada a liderança que o Cristo exerce. Mas, o que será ser o Cristo? O que será esse caminho ser Cristo? É viver a vida Cristo, como ele viveu. Ser Cristo, seguir a liderança do Cristo é viver como o mestre viveu.

É seguir as intenções com as quais o Cristo viveu; praticar os ensinamentos como ele praticou. Que me desculpe o papa, mas ele não pode ser subordinado de Cristo morando em um castelo. Porque o mestre ensinou “abandone todas as suas posses e me siga”. Enquanto ele ou sua religião tiverem posses não estarão seguindo Cristo, quaisquer que sejam os motivos alegados para elas existirem.

Que me desculpem os religiosos, mas enquanto eles não saírem dos seus castelos enfeitados, sejam centros, templos e igrejas e irem para rua, de esquina em esquina, não seguirão a liderança do Cristo. Como o mestre ensinou, o templo de Deus está dentro de cada um e não em recintos fechados.

É isso que o Cristo nos ensina neste trecho. Se quiser deixar de ser professor da lei você tem que aceitar a liderança do Cristo, ou seja, tem que colocar em prática, como ele colocou, todos os ensinamentos. Não é colocar em prática apenas o que quer e gosta ou aquilo que acha que está certo, arranjando justificativas para não fazer o que não quer.

Seguir a liderança do Cristo: esse é o caminho que leva a Deus. Mas, seguir a liderança do Cristo é agir desta forma e não apenas ficar rezando para ele. É viver como ele viveu nos mínimos detalhes. Para poder colocar esse ensinamento na prática aconselho aos seres humanizados a perguntar a si mesmo a cada segundo, a cada acontecimento, o que será que Cristo faria nesse momento?

O que será que Cristo faria agora? Como reagiria neste momento? Qual ensinamento pode ser aplicado agora na minha vida? Isso é seguir a liderança do Cristo.

Entre vocês o mais importante é aquele que serve. Quem se engrandece será humilhado e quem se humilha será engrandecido.

Aqui mais uma vez espelha-se o grande ensinamento de Cristo. Este é o grande caminho que precisa ser seguido por aquele que busca seguir a liderança do Cristo: servir ao próximo, não importa onde, quando ou como.

Para se seguir a liderança de Cristo é preciso rasgar o peito e tirar de dentro de si todas as verdades, todos os desejos, todo individualismo. Só assim o ser humanizado poderá estar pronto para servir o outro. Enquanto houver algum resquício de individualismo, de vontade, de desejo, não conseguirá servir o próximo.

Quando não servimos ao próximo só nos resta um caminho a seguir: se servir do próximo, ou seja, se transformar em um professor da lei. Não existem outras opções neste mundo: ou eu sirvo ao próximo ou, simplesmente, me sirvo do próximo para ser feliz.

Servir ao próximo ir muito além do eu, ou seja, o que se quer. Seguir a liderança de Cristo é fazer pelo próximo independente do que você quer fazer, independente de querer servir, independente de se alcançar satisfação por ter servido. É fazer o que se está fazendo apenas por fazer: sem tirar nenhum lucro individual da situação.

‘Você quer me bater, me bata; quer me xingar, me xingue; quer deixar de fazer o que eu acho que é certo, deixe’. Eu estarei lhe servindo e é para isso que nasci. Servir ao próximo é o objetivo máximo de uma existência para aquele que busca a elevação espiritual.

Quem serve nessa vida será servido no outro mundo, que não é depois da morte, mas agora mesmo, depois da transformação, da elevação espiritual durante esta mesma vida carnal. No entanto, não mais servido em paixão, em desejos, em fama ou em glória, mas servido amorosamente. Aquele que aprender a servir terá suas feridas lambidas, ou seja, terá suas dores (sofrimentos) apagadas.

Isso é servir ao próximo; isso é o motivo de estarmos na carne. Por isso aquele que serve a liderança de Cristo, que tem Deus como Mestre e como Pai não abusa de ninguém.

Vocês falam muito em estupro, têm medo desse acontecimento, mas quer ato de mais violência contra o próximo do que a ação de que qualquer professor da lei como a entendemos a partir desta conversa? Ele estupra a vontade e a felicidade dos outros.

Esta forma de agir é um ato violento: ‘eu sei o que está certo, cala a boca você’. Os religiosos se preocupam muito em não matar, mas o que o professor da lei faz? Mata o outro. Mata a individualidade do próximo quando quer transformá-lo em cópia de si mesmo.

Não aceite outra liderança senão Cristo, pois qualquer outra irá querer lhe transformar conforme o seu próprio desejo e para isso lhe dará responsabilidades que não ajudará a carregar.

Ai de vocês, professores da lei e fariseus, hipócritas!

Já estudamos os termos professor da lei e fariseus, mas agora Cristo coloca um novo elemento em nosso estudo: a hipocrisia. Vamos tentar entendê-lo antes de continuar a ver os ensinamentos do mestre.

O que é hipocrisia? É mentir para si mesmo. O hipócrita vive mentindo para sai mesmo, mas a maior mentira que conta para si mesmo é que é autônomo do universo, que consegue praticar atos independentes de uma coordenação universal que dá a cada um segundo as suas obras. Isso é hipocrisia.

Hipócrita é o ser humano, que acha que é independente de Deus, que acha que o Senhor Supremo do universo criou tudo e não pode agir previamente em momento algum. Para os professores da lei Deus tem que se submeter aos seus caprichos, às suas vontades. É isso mesmo: para a humanidade Deus tem que se submeter aos caprichos dos seres humanos.

‘Ah, eu tenho ganância, vou assaltar, vou matar quem quiser’. Hipócrita. Você acha que o filho de Deus não estará protegido pelo Pai que é o Senhor Supremo de tudo? Você acha que Deus vai gerar um filho e depois vai entregá-lo a você para fazer dele o que quiser?

‘Qualquer um pode agir como quiser contra os meus filhos que Eu não estou nem aí’. Essa seria a posição do Deus que imaginamos: Fonte Sublime do Amor?

Hipócrita é você que quando não compreende que o seu desejo não foi atendido, que a sua lei não foi cumprida, por outro ser humano, mas por Deus diretamente. E quando você briga e grita com o filho de Deus, acusando-o de ter lhe ferido, magoado ou de não ter feito certo, está acusando o próprio Deus, que afirma amar.

Professores da lei: Deus é tudo e tudo é Deus, não existem exceções. Sabe a minhoca que mora em baixo da Terra? É Deus: ela não pode ser usada para o seu prazer de matar os peixes. Sabe o rio que corre? É Deus, não pode ser usado simplesmente porque você quer morar em uma cidade e precisa de um lugar para jogar o esgoto. Sabe o ar que você respira quando está brigando com os outros? É Deus. Você está usando Deus para brigar, difamar, matar, estuprar o filho de Deus.

Senhores professores da lei, a única coisa que o espírito deve fazer é amar. Amar a todos, não a quem ele acha que está certo, aquele que cumpre o que vocês querem. Amar a todos indistintamente: aqueles que seguem a sua lei, ou aqueles que não seguem a sua lei.

Como disse o Cristo, abraçar o amigo é fácil eu quero ver cumprimentar o inimigo. Aquele que vivencia a situação que lhe contraria, que não segue a sua lei ,senhor professor da lei, é um instrumento de Deus para lhe colocar em prova. Deus quer saber se o senhor vai colocar em prática aquilo tudo que ensina e exige dos outros.

Aqueles que o senhor chama de pecadores, que não cumprem os mandamentos da vossa lei, não são o diabo não, professores da lei. Eles são os anjos do Senhor que estão na sua vida para lhe conduzir ao Pai, pois lhes auxiliam a viver a vida Cristo.

Se Cristo não tivesse os inimigos que teve não teria vencido nada. Foi justamente ao não acusar e não criticar aqueles que não o compreenderam que o Cristo exemplificou o caminho a Deus.

Pergunta: “Mais vale um ateu do que um crente hipócrita”. Frase do apóstolo Paulo.

Se você amar a todos, não precisa nem acreditar em Deus. Quando Cristo nos ensina a amar a Deus acima de todas as coisas não ensina bajulação, mas ensina um caminho.

O amor a Deus acima de todas as coisas não é a bajulação a Deus, mas o caminho para se alcançar a evolução espiritual.

Agora já compreendemos em profundidade o ensinamento de Cristo nesse Capítulo do Evangelho de Mateus. Vamos, então, conhecer com apenas alguns comentários o restante do texto.

Ai de vocês, professores da lei, fariseus hipócritas! Pois fecham a porta do reino do céu aos outros, mas vocês mesmos não entram nem deixam entrar os que estão querendo.

Ai de vocês, professores da lei, fariseus hipócritas! Pois atravessam os mares e viajam por todas as terras para procurarem converter uma pessoa à sua religião. E, quando conseguem, tornam essa pessoa duas vezes mais merecedora do inferno do que vocês mesmos.

Ai de vocês, guias cegos! Pois ensinam assim: Se alguém jurar pelo Templo, não é obrigado a cumprir o juramento. Mas, se alguém jurar pelo ouro do Templo, então é obrigado a cumprir o que jurou!

Expliquemos o significado de alguns trechos do ensinamento para alcançar a compreensão correta dele. Jurar pelo Templo é jurar por Deus, pelo ouro do Templo é pela materialidade.

Tolos e cegos! Qual é mais importante: o ouro ou o Templo que santifica o ouro?

O que é mais importante para você: a vida material ou Deus, que santifica a vida material? Tudo que acontece é santo, pois Deus santifica a vida material através da Causa Primária.

Utilizando-se de tudo o que já vimos neste estudo, podemos compreender que Cristo está perguntando aos professores da lei se eles se apegarão mais ao que acreditam estar acontecendo (erro) ou na santidade dada por Deus a todas as coisas?

Vocês também ensinam isto: se alguém jurar pelo altar, não é obrigado a cumprir o juramento. Mas, se jurar pela oferta que está no altar, então fica obrigado a cumprir o que jurou.

Novamente a mesma figura: o altar simbolizando Deus e a oferta a vida material.

Cegos, qual é mais importante: a oferta ou o altar que santifica a oferta?

O que é mais importante: a sua oração (ato material) ou o Deus que santifica a sua oração? Tem muita gente que reza, medita ou pratica qualquer outro material sem buscar a Deus sentimentalmente, pois acredita que apenas o ato de rezar o levará à evolução espiritual.

O trabalho material de qualquer forma seja ele certo ou errado, não é santo, mas sim o Deus que santifica o ato causando-o, seja ele de que natureza for.

Por isso, quando alguém jura pelo altar, está jurando por ele e por todas as ofertas que estão em cima dele. Quando alguém jura pelo Templo, está jurando pelo Templo e por Deus, que está ali. E, quando alguém jura pelo céu está jurando pelo trono de Deus e pelo próprio Deus, que está sentado nele.

Tudo o que você faz na vida vem de cima para baixo, pois Deus é a Causa Primária de todas as coisas. Por isso tudo que alguém faça durante a sua existência é santo, é santificado, até o que você considera como banal ou errado.

A caridade é um ato santificado? Sim, mas roubar o outro também é santo, pois é Deus que faz o ladrão roubar daquele que precisa vivenciar este carma. Quem vive com essa verdade (jurando pelo altar, pelo Templo ou pelo céu) alcança a elevação espiritual, alcança Deus.

Ai de vocês, professores da lei e fariseus, hipócritas! Pois, dão a Deus a décima parte até mesmo da hortelã, da erva-doce e do cominho, mas deixam de obedecer aos ensinamentos mais importantes da lei, como a justiça, a bondade e a obediência a Deus.

A justiça com Deus: dar a Ele o Seu devido lugar. A bondade com Deus: amar a todos acima de todas as coisas. É isso que os seres humanizados deixam de fazer. Compram cestas básicas para dar aos outros; vão aos templos fazer orações, mas não amam a Deus como Causa Primária de todas as coisas e vivem julgando os acontecimentos.

É isso que o nosso líder nos ensina.

Vocês deviam fazer estas coisas, sem desprezar aquelas. Guias cegos! Coam um mosquito, mas engolem um camelo.

Essa frase é bonita e profunda: coam um mosquito, mas engolem um camelo. Tudo o que os outros fazem é coado por você nos mínimos detalhes, mas tudo o que faz é engolido, qualquer que seja o tamanho. Nunca está errado, nunca se critica, a não ser que saiba que fez errado, mas aí também está seguindo uma verdade, não?

Para o que os outros fazem, por menor que seja, há o ataque, a crítica, mas para o que você faz há sempre a exigência do respeito, da compaixão, da bondade para com você.

Ai de vocês, professores da lei e fariseus hipócritas! Pois, lavam o copo e o prato por fora, mas por dentro estes estão cheios de coisas que vocês conseguiram pela violência e pela ganância. Fariseu cego! Lave primeiro o copo por dentro e então a parte de fora ficará limpa também!

Você não se esquece de tomar banho todo dia, não é mesmo? Mas, você se limpa do mal que fez ao próximo criticando-o. Você se limpa da adulação que recebe quando impõe obrigações aos outros?

Escovar o dente não é tão importante assim. O que temos que escovar mesmo é o nosso interior; temos que ensaboar e lavar a cada momento nosso interior e não o nosso exterior. Se você está sujo por fora, mas limpo por dentro, pode ter certeza que está brilhando no céu. Agora, se está limpo por fora e sujo por dentro, você é um Lázaro no céu, um mendigo que emporcalha tudo que toca.

Essa frase, apesar de pesada é importante: emporcalha tudo que toca. Só ouvindo-a você poderá compreender que não adianta apenas lavar a mão depois das suas necessidades, pois como o Cristo ensinou, o problema não é o que entra pela boca, mas o que sai pelo coração. Enquanto você não lavar o seu coração estará cheio de vermes e micróbios espirituais.

Amar é a única saída, a única ação higienizadora possível. Amar incondicionalmente, ser feliz com tudo do jeito que acontece. Essa é a única forma de chegar a Deus.

Ai de vocês, professores da lei e fariseus, hipócritas! Pois são como túmulos caiados de branco, que por fora parecem bonitos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e de podridão.

Que belo ensinamento, não? Aquele que tem verdades, que é o professor da lei e que se orgulha justamente dessa lei que está dentro dele, não vê que ela é a podridão. Toda sua sabedoria, sua cultura é a podridão que você carrega. Tudo que você utiliza para julgar o outro é a podridão que carrega dentro de você.

Viver a vida sem verdades, sem julgamentos, sem motivos para acusar ninguém de nada. Somente assim você estará por dentro com vida, com Deus, não com morte, não com podridão.

Por fora vocês parecem boas pessoas, mas por dentro estão cheios de mentiras e pecados.

Porque vivem para se servir e não para servir ao próximo. Os professores da lei, aqueles que possuem verdades (leis) individuais, precisam aplicá-las e têm a necessidade de que elas sejam cumpridas para ser feliz. Túmulo podre!

Pergunta: Se as pessoas não estivessem tentando melhorar não se transformariam em espíritos de luz. Nem tudo está perdido, estamos evoluindo e crescendo.

Realmente. Eu não estou ao contrário. À vezes vocês imaginam que eu estou brigando, mas isso não é realidade. Estou apenas alertando para os perigos dessa vida, para as tentações dessa vida.

Pergunta: Temos, então que soltar o leme e deixar a vida nos levar?

Vou fazer uma comparação melhor. Somos uma gota d’água que vem pelo rio e que precisa se incorporar ao oceano. Mas, o nosso individualismo é tão grande que temos medo sumir no oceano.

Como não podemos deixar de nos juntar ao oceano, nos transformamos em uma gota d’água que bóia no oceano dentro de um saco plástico, para não misturar com o resto. Acaba evaporando.

Pergunta: Temos que aceitar todas as imposições impostas pelos doutos da lei?

Não, temos que amar. Não só aceitar, mas amar. Ter a consciência de que eles são professores da lei, mas que não é por isso que são ruins ou maus. Se você está na frente dele, precisa amá-lo do jeito que ele está, ou seja, querendo obrigar-lhe a fazer o que ele quer.

Não estou dizendo que você deve fazer o que ele manda: o que fazer (ato) não é você que vai decidir, é Deus. O que eu quero dizer é que não deve criticá-lo por quer mandar em você, não deve condená-lo porque ele está condenando.

Pergunta: Mesmo os que nos fazem pequenos?

Graças a Deus eu sou pequeno e só assim serei grande no “reino do céu”. Quanto mais lhe apequenarem, mais os ame, pois mais eles estão lhe ajudando a conquistar seu lugar no céu.

Se você quer ser grande, reconhecido, na Terra, não será reconhecido no céu.