Hidra
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Hidra

Nesta conversa, Joaquim de Aruanda fala do sistema humano de vida e o compara a Hidra, um ser mitológico que possuía várias cabeças. Na visão do amigo espiritual, cada cabeça é um dos muitos temas que surgem no dia a dia e que levam o ser humanizado a tomar partido, a ter opiniões. Quem se deixa ser levado por isso acaba sofrendo, pois o egoísmo característico do ser humanizado o fará discutir com o outro para ser considerado o certo.

Hidra

O sofrimento de hoje

Conversa realizada em 06/06/2016 em Rio das Pedras-SP

A partir do que conversamos sobre o trabalho de auxiliar o próximo, queria fazer uma pergunta: o que acontece a cada dia que passa?

Participante: os ensinamentos estão deixando de ser aplicados?

Não, não é isso. Não estou falando de culpas, mas sim de outra coisa: de necessidade! O que está acontecendo no mundo de hoje a cada dia que passa?

Participante: as pessoas estão sofrendo mais.

Por que a cada dia as pessoas estão sofrendo mais?

Participante: porque estão querendo cada vez mais coisas materiais.

Não só porque querem coisas materiais. Porque mais?

Participante: porque estão se afastando da parte espiritual, da religião que for.

Participante: porque o egoísmo está aumentando a cada dia.

Não é por isso que as pessoas estão sofrendo mais. Hoje as pessoas sofrem porque a cada dia que passa o sistema humano de vida cria novas obrigações a serem cumpridas. Ele está sempre criando mais necessidades.

Não estou nem falando especificamente de necessidades materiais, não. Ela pode ser a necessidade de ser tratado de um jeito, de fazer determinadas coisas, de ter opiniões específicas sobre os mais variados assuntos.

Participante: Necessidade de ter postura, de posição, de opinião. Você é cobrado a ter opinião a todo momento, mesmo que ela provavelmente seja criticada.

Provavelmente não: será criticada por uns e aplaudida por outros sempre.

Participante: tem aquele negócio de preconceito agora. No meu tempo, havia aquelas coleguinhas que a gente chamava de pretinha e todo mundo se dava bem. A gente as chamava de pretinha e elas nunca se ofenderam. Hoje em dia não poderia mais chama-las dessa forma. Está se criando tanta norma ...

São geradas tantas obrigações e se você não as cumprir, será taxada disso ou daquilo. Agindo de forma diferente do que lhe é imposto pela sociedade, vai ser receber algum adjetivo.

Além disso, a sociedade hoje lhe diz que é preciso ter determinadas coisas. Da mesma forma, se não tiver, receberá algum rótulo.

Participante: cria-se tanta cota para negro ... Quer mais preconceito do que isso? Sabe-se que ele não vai conseguir, aí se cria um tanto de vagas para ele ...

Viver realmente está muito mais difícil em todos os sentidos.

Antigamente, você criava as crianças soltas. A bem da verdade pode se dizer que as crianças cresciam por elas mesmos. A mãe tinha um monte de filho, não conseguia tomar conta de todos, por isso um olhava um e o outro olhava o um. As crianças se viravam sozinhas para crescer.

Participante: que século foi isso Joaquim?

No século passado. Não é tão longe assim.

Participante: eu vi uma história interessante. Foram fazer uma reportagem na África e entrevistaram um pai que tinha muitos filhos, uma penca de filhos, todos largados. As crianças eram todas largadas. Aí, perguntaram assim: “vocês vivem em uma pobreza, numa miséria, mas não se preocupam com os filhos?” Ele respondeu assim: “não, os filhos, Deus cuida”. E aí, tudo cresce mesmo, se viram. Deus cuida.

Participante: outro dia tinha um monte de passarinhos diferentes aqui e eu fiquei preocupada se eles comem, se conseguem pegar a amora. Comprei alpiste para dar a eles. Aí, de repente, veio um pensamento assim: “até hoje eles viveram sem você”.

Pois é. Hoje em dia, para criar criança é tanta regra, tanta coisa que você tem que fazer, tanta coisa que tem que prestar atenção, tanta coisa que tem que comprar, que tem que tem ...

Para que serve tudo isso? Para criar as crianças? Não, porque as crianças poderiam ser criadas do jeito que era. Então, serve para que?

Participante: para enriquecer as pessoas que vendem produto para as crianças.

Esquece isso. Você está pensando no lado material. Eu estou falando dentro de cada um. Para que serve isso dentro de cada um?

Participante: para você vivenciar as vicissitudes?

Para você poder cobrar alguma do outro. Para você poder criticar o outro.

A série de normas que estão sendo baixadas pela sociedade humana só serve para gerar contrariedade para você. “Ah, eu vi em uma reportagem que a criança não pode colocar a mão no chão, mas olha lá aquela mãe deixa o filho colocar a mão no chão!”.

Eu estou usando um exemplo só para entendermos a necessidade do mundo de hoje. É preciso ver isso com muita clareza. O sistema humano de vida cada dia mais vai tornando-se um monstro de muitas cabeças. Vocês, ao invés de cortá-las, atacam os outros com uma das cabeças geradas pelo sistema humano de vida.

Quem é o único ferido nisso? Você que não consegue paz para viver.

A partir do que conversamos sobre o trabalho de auxiliar o próximo, queria fazer uma pergunta: o que acontece a cada dia que passa?

Participante: os ensinamentos estão deixando de ser aplica-dos?

Não, não é isso. Não estou falando de culpas, mas sim de outra coisa: de necessidade! O que está acontecendo no mundo de hoje a cada dia que passa?

Participante: as pessoas estão sofrendo mais.

Por que a cada dia as pessoas estão sofrendo mais?

Participante: porque estão querendo cada vez mais coisas ma-teriais.

Não só porque querem coisas materiais. Porque mais?

Participante: porque estão se afastando da parte espiritual, da religião que for.

Participante: porque o egoísmo está aumentando a cada dia.

Não é por isso que as pessoas estão sofrendo mais. Hoje as pessoas sofrem porque a cada dia que passa o sistema humano de vida cria novas obrigações a serem cumpridas. Ele está sempre criando mais necessidades.

Não estou nem falando especificamente de necessidades materiais, não. Ela pode ser a necessidade de ser tratado de um jeito, de fazer determinadas coisas, de ter opiniões específicas sobre os mais variados assuntos.

Participante: Necessidade de ter postura, de posição, de opini-ão. Você é cobrado a ter opinião a todo momento, mesmo que ela provavelmente seja criticada.

Provavelmente não: será criticada por uns e aplaudida por ou-tros sempre.

Participante: tem aquele negócio de preconceito agora. No meu tempo, havia aquelas coleguinhas que a gente chamava de pretinha e todo mundo se dava bem. A gente as chamava de pretinha e elas nunca se ofenderam. Hoje em dia não poderia mais chama-las dessa forma. Está se criando tanta norma ...

São geradas tantas obrigações e se você não as cumprir, se-rá taxada disso ou daquilo. Agindo de forma diferente do que lhe é imposto pela sociedade, vai ser receber algum adjetivo.

Além disso, a sociedade hoje lhe diz que é preciso ter deter-minadas coisas. Da mesma forma, se não tiver, receberá algum rótulo.

Participante: cria-se tanta cota para negro ... Quer mais pre-conceito do que isso? Sabe-se que ele não vai conseguir, aí se cria um tanto de vagas para ele ...

Viver realmente está muito mais difícil em todos os sentidos.

Antigamente, você criava as crianças soltas. A bem da ver-dade pode se dizer que as crianças cresciam por elas mesmos. A mãe tinha um monte de filho, não conseguia tomar conta de todos, por isso um olhava um e o outro olhava o um. As crianças se vira-vam sozinhas para crescer.

Participante: que século foi isso Joaquim?

No século passado. Não é tão longe assim.

Participante: eu vi uma história interessante. Foram fazer uma reportagem na África e entrevistaram um pai que tinha muitos filhos, uma penca de filhos, todos largados. As crianças eram todas larga-das. Aí, perguntaram assim: “vocês vivem em uma pobreza, numa miséria, mas não se preocupam com os filhos?” Ele respondeu as-sim: “não, os filhos, Deus cuida”. E aí, tudo cresce mesmo, se viram. Deus cuida.

Participante: outro dia tinha um monte de passarinhos diferen-tes aqui e eu fiquei preocupada se eles comem, se conseguem pegar a amora. Comprei alpiste para dar a eles. Aí, de repente, veio um pensamento assim: “até hoje eles viveram sem você”.

Pois é. Hoje em dia, para criar criança é tanta regra, tanta coi-sa que você tem que fazer, tanta coisa que tem que prestar aten-ção, tanta coisa que tem que comprar, que tem que tem ...

Para que serve tudo isso? Para criar as crianças? Não, por-que as crianças poderiam ser criadas do jeito que era. Então, serve para que?

Participante: para enriquecer as pessoas que vendem produto para as crianças.

Esquece isso. Você está pensando no lado material. Eu es-tou falando dentro de cada um. Para que serve isso dentro de cada um?

Participante: para você vivenciar as vicissitudes?

Para você poder cobrar alguma do outro. Para você poder criticar o outro.

A série de normas que estão sendo baixadas pela sociedade humana só serve para gerar contrariedade para você. “Ah, eu vi em uma reportagem que a criança não pode colocar a mão no chão, mas olha lá aquela mãe deixa o filho colocar a mão no chão!”.

Eu estou usando um exemplo só para entendermos a neces-sidade do mundo de hoje. É preciso ver isso com muita clareza. O sistema humano de vida cada dia mais vai tornando-se um monstro de muitas cabeças. Vocês, ao invés de cortá-las, atacam os outros com uma das cabeças geradas pelo sistema humano de vida.

Quem é o único ferido nisso? Você que não consegue paz para viver.

A partir do que conversamos sobre o trabalho de auxiliar o próximo, queria fazer uma pergunta: o que acontece a cada dia que passa?

Participante: os ensinamentos estão deixando de ser aplica-dos?

Não, não é isso. Não estou falando de culpas, mas sim de outra coisa: de necessidade! O que está acontecendo no mundo de hoje a cada dia que passa?

Participante: as pessoas estão sofrendo mais.

Por que a cada dia as pessoas estão sofrendo mais?

Participante: porque estão querendo cada vez mais coisas ma-teriais.

Não só porque querem coisas materiais. Porque mais?

Participante: porque estão se afastando da parte espiritual, da religião que for.

Participante: porque o egoísmo está aumentando a cada dia.

Não é por isso que as pessoas estão sofrendo mais. Hoje as pessoas sofrem porque a cada dia que passa o sistema humano de vida cria novas obrigações a serem cumpridas. Ele está sempre criando mais necessidades.

Não estou nem falando especificamente de necessidades materiais, não. Ela pode ser a necessidade de ser tratado de um jeito, de fazer determinadas coisas, de ter opiniões específicas sobre os mais variados assuntos.

Participante: Necessidade de ter postura, de posição, de opini-ão. Você é cobrado a ter opinião a todo momento, mesmo que ela provavelmente seja criticada.

Provavelmente não: será criticada por uns e aplaudida por ou-tros sempre.

Participante: tem aquele negócio de preconceito agora. No meu tempo, havia aquelas coleguinhas que a gente chamava de pretinha e todo mundo se dava bem. A gente as chamava de pretinha e elas nunca se ofenderam. Hoje em dia não poderia mais chama-las dessa forma. Está se criando tanta norma ...

São geradas tantas obrigações e se você não as cumprir, se-rá taxada disso ou daquilo. Agindo de forma diferente do que lhe é imposto pela sociedade, vai ser receber algum adjetivo.

Além disso, a sociedade hoje lhe diz que é preciso ter deter-minadas coisas. Da mesma forma, se não tiver, receberá algum rótulo.

Participante: cria-se tanta cota para negro ... Quer mais pre-conceito do que isso? Sabe-se que ele não vai conseguir, aí se cria um tanto de vagas para ele ...

Viver realmente está muito mais difícil em todos os sentidos.

Antigamente, você criava as crianças soltas. A bem da ver-dade pode se dizer que as crianças cresciam por elas mesmos. A mãe tinha um monte de filho, não conseguia tomar conta de todos, por isso um olhava um e o outro olhava o um. As crianças se vira-vam sozinhas para crescer.

Participante: que século foi isso Joaquim?

No século passado. Não é tão longe assim.

Participante: eu vi uma história interessante. Foram fazer uma reportagem na África e entrevistaram um pai que tinha muitos filhos, uma penca de filhos, todos largados. As crianças eram todas larga-das. Aí, perguntaram assim: “vocês vivem em uma pobreza, numa miséria, mas não se preocupam com os filhos?” Ele respondeu as-sim: “não, os filhos, Deus cuida”. E aí, tudo cresce mesmo, se viram. Deus cuida.

Participante: outro dia tinha um monte de passarinhos diferen-tes aqui e eu fiquei preocupada se eles comem, se conseguem pegar a amora. Comprei alpiste para dar a eles. Aí, de repente, veio um pensamento assim: “até hoje eles viveram sem você”.

Pois é. Hoje em dia, para criar criança é tanta regra, tanta coi-sa que você tem que fazer, tanta coisa que tem que prestar aten-ção, tanta coisa que tem que comprar, que tem que tem ...

Para que serve tudo isso? Para criar as crianças? Não, por-que as crianças poderiam ser criadas do jeito que era. Então, serve para que?

Participante: para enriquecer as pessoas que vendem produto para as crianças.

Esquece isso. Você está pensando no lado material. Eu es-tou falando dentro de cada um. Para que serve isso dentro de cada um?

Participante: para você vivenciar as vicissitudes?

Para você poder cobrar alguma do outro. Para você poder criticar o outro.

A série de normas que estão sendo baixadas pela sociedade humana só serve para gerar contrariedade para você. “Ah, eu vi em uma reportagem que a criança não pode colocar a mão no chão, mas olha lá aquela mãe deixa o filho colocar a mão no chão!”.

Eu estou usando um exemplo só para entendermos a neces-sidade do mundo de hoje. É preciso ver isso com muita clareza. O sistema humano de vida cada dia mais vai tornando-se um monstro de muitas cabeças. Vocês, ao invés de cortá-las, atacam os outros com uma das cabeças geradas pelo sistema humano de vida.

Quem é o único ferido nisso? Você que não consegue paz para viver.

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O monstro e a vítima

Participante: Joaquim, você fala em sistema humano de vida. O que você quer dizer exatamente com esse termo?

É difícil definir o termo sistema humano de vida. Poderia di-zer que é trilho pelo qual corre a sua vida. São as normas que você adota para a sua vida.

O sistema humano de vida não é algo genérico, mas especí-fico. São as regras que você impõe à vida. Digo isso porque cada um segue algumas regras da sociedade, mas não segue outras. Cada um faz um código particular de normas para regrar a vida e este código é o que chamo de sistema humano de vida.

Estou falando do tem que ser para ter, tem que ter para ser. São essas obrigações e deveres que digo que é o monstro que está citado na Bíblia, aquele que foi jogado fora e voltou.

Participante: em que passagem isso está?

No Apocalipse.

Lá se fala de um monstro que fica jogado em um poço por mil anos e depois foi solto por mais mil. É dito ainda que no final dos tempos, Cristo o joga definitivamente no fogo do inferno. É esse monstro de milhares de cabeças - e de cabeças diferentes, já que o monstro daquela pessoa é diferente do seu, que é diferente do dele – que é aquele que foi citado no Apocalipse como tendo sido solto e que voltará a ser preso.

Cada um de vocês tem um monstro. Ele é formado por um conjunto de normas que afirma o que tem que ter para ser e o que tem que ser para ter. É este conjunto que os leva a julgarem o mun-do. O que devemos compreender é que não é o mundo que sofre com o seu julgamento, mas você, já que vive uma contrariedade.

É essa a necessidade do trabalho de auxílio ao próximo que venho conversando com vocês. Foi isso que me motivou a dar uma resposta que não foi gravada. Uma pessoa me perguntou: “quando eu estava no espiritismo, se dizia que essa religião ia salvar o mun-do. Agora você diz que esse trabalho vai tão longe que nós nem sabemos onde chegará”. Eu respondi a essa pessoa: não estou falando do Espiritualismo Ecumênico ou de Joaquim; o que vai longe é a mensagem que trazemos.

É essa virada de foco sobre a vivência dos acontecimentos do mundo, que é o nosso trabalho e também o de outros grupos, que vai permear esse início de mundo de regeneração. É o reco-nhecimento de que você é dominado por um monstro de milhares de cabeças que lhe faz exigir do mundo determinadas coisas e que com isso lhe leva a perder a paz, a sofrer, que irá perdurar por todo o mundo de regeneração.

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O sistema humano, o ego e o espírito

Participante: Joaquim, só para entender um pouco melhor, quando você fala de sistema humano de vida, posso dizer que na encarnação eu sou o espírito inserido no sistema humano de vida, ou melhor, que o sistema humano de vida é inserido no espírito?

Não.

O sistema humano de vida rege o ego. É ele que leva a men-te humanizada a viver com determinadas realidades e verdades.

O ego está dentro do espírito e o sistema está no ego. No entanto, não podemos dizer que o ser universal se subordina ao sistema; ele se subordina ao ego, que é subordinado ao sistema.

Participante: Então, posso dizer que o sistema humano de vida seria aquele ego que é a base de todos os egos encarnados?

Não posso dizer que é a base de qualquer coisa porque ele não é coisa. Trata-se apenas de um sistema.

Você entende melhor do que eu sobre a questão de siste-mas. Sistema é sistema; funcionamento dele é outra coisa. O sis-tema é quem rege o funcionamento.

Participante: e esse sistema está incorporado em nós?

Está incorporado no ego. E o que é o ego? São pensamen-tos e emoções, personalidade. É à personalidade que o espírito está subordinado.

Então, o ser se subordina, vamos dizer assim, por tabela ao sistema, já que o que é gerado pelo sistema é o ego. Ao acreditar na realidade que o ego cria que o espírito se subordina ao sistema humano de vida.

Participante: Então, podemos dizer que os considerados feli-zes, ou iluminados, ou mestres, são aqueles que ainda mantém o ego, porém, a personalidade não está subordinada ao sistema huma-no de vida?

Não.

Esse seres ainda mantem um ego que está subordinado ao sistema humano de vida. O que ocorre é que eles não são subordi-nados a personalidade humana.

Participante: Ah, eles não são subordinados ao ego.

O ego diz a esses seres “aquela mãe está errada” e eles res-pondem: “não sei se estão”. O ego diz que “aquela pessoa devia fazer isso” e eles dizem: “não sei se devia”.

Enfim, eles são libertos do ego. A personalidade ainda conti-nua subordinada ao sistema humano de vida, já que a base para gerar a realidade é o sistema humano de vida. Isso não se altera.

Participante: Isso é a humanidade que você fala? Os espíritos encarnados no planeta Terra são isso?

Os espíritos que estão encarnados na Terra são subordina-dos a egos que são gerados a partir do sistema humano de vida. Isso é encarnar na Terra.

Encarna neste mundo é subordinar-se a um ego, ter uma per-sonalidade temporária, que está subordinada e funciona a partir do sistema humano de vida. Já o sistema é aquilo que vai criando as realidades do mundo.

Participante: Portanto, a elevação, o morrer para o renascer, é o morrer para esse ego subordinado ao sistema humano de vida para renascer liberto dele, mesmo que esse ego esteja sempre vivencian-do realidades subordinadas a esse sistema.

Morrer para essa personalidade para ser uma personalidade diferente dessa. Não diferente no sentido de contrária, mas diferen-te no sentido de não ser essa. De não se ver como essa personali-dade se vê.

Participante: Se ver como espírito, não como ego. Porém, o ego está presente.

Exatamente.

Participante: o ego vai continuar te sugerindo inveja, ambição...

Se você se reconhecer como um ser universal sem saber o que é espírito.

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A ajuda que precisa ser dada

Agora, não puxando a brasa para a minha sardinha, reparem em todas as correntes espiritualistas que vocês mais veem por aí. Elas não estão se fundamentando neste trabalho que propomos? Todas as correntes espiritualistas, em maior ou menor grau, estão propondo esta mudança de foco.

Já viram os ensinamentos de Krishnamurt?

Participante: Não vai falar mal do Krishnamurt.

Não estou falando mal.

Não é esse mesmo trabalho que ele propõe? Veja outros que se apresentam como gurus: não é esse mesmo trabalho que é pro-posto por eles? Eles não falam em se libertar do sistema humano de vida, de se reconhecer como sendo espírito e deixar a vida cor-rer?

Participante: você está falando sério ou está sendo irônico, Jo-aquim?

Estou falando sério para mostrar o que respondi anteriormen-te.

O que vai pautar todo o mundo de regeneração é a mudança do foco da vida, da existência fora de um sistema que exige que tenha que ser para ter ou tenha que ter para ser. O que vai durar não é Joaquim, Espiritualismo Ecumênico ou qualquer um de seus membros. O que ficará é esse entendimento sobre a vida, essa forma de viver. Isso é o que vai para frente.

O que via marcar o mundo de regeneração é que o monstro do sistema humano de vida irá gerar mais cobranças e os seres encarnados paulatinamente vão se conscientizando de que subordi-nar-se às suas normas não é viver, mas é ser comido pelo monstro que é inimigo de Deus e com isso vai se libertando. Esse é o an-damento do que vai acontecer durante esse período.

Assim como vocês – eu vou usar a palavra do budismo para falar do que aconteceu – despertaram a partir de algumas conver-sas que tivemos para a questão do trabalho dessa vida – que ele não se consiste em rezar, dar comida, incorporar, fazer psicografia – outros seres encarnados irão alcançar esta libertação através de ensinamentos com este mesmo tom. Por isso o trabalho de ajudar os espíritos humanizados a despertarem, que não só vocês dois, mas a grande maioria das pessoas do nosso grupo tem, é impor-tante.

Só que para isso, tanto vocês como todos os outros, preci-sam vencerem a si mesmos. Precisam se conscientizar do que aca-bamos de falar: da quantidade de cabeças que este monstro está gerando nos tempos atuais.

Não adianta, por exemplo, querer brigar, discutir com uma pessoa se deve se apoiar a presidenta afastada ou o seu sucessor. Isso não importa: nem um nem outro vai trazer a felicidade. Aliás, nenhum que vier depois também não trará. Por isso, isso não é o nosso trabalho.

O que precisamos ajudar os outros é a não brigar entre si por qualquer motivo. Para isso precisamos mostrar aos seres encarna-dos no planeta que nenhum governante será garantia de felicidade. Que nenhum deles atenderá às expectativas de todos; sempre sa-tisfará uns e descontentará outros.

É por causa disso que precisamos mostrar aos outros que é perda de tempo se preocupar, se ocupar, com esse assunto. Isso porque enquanto você está ocupado com isso não está ocupado em ser feliz. Não está ocupado com o renascimento, com o traba-lho de libertação.

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As cabeças do monstro

É urgente porque vocês podem constatar o quanto de escra-vidão ao sistema humano está acontecendo no mundo. Mais: que os efeitos dessa escravidão estão aumentando, pois o monstro está adquirindo muitas cabeças ...

A coisa está tão pior que um dia de manhã vocês discutem uma questão, de tarde outra e de noite discutem outra diferente. Antigamente, vocês discutiam um assunto durante um mês, depois passaram a ter assuntos a cada semana e mais recentemente havia um assunto novo a cada dia. Agora existem três ou quatro novos no mesmo dia. Por isso, se metem em seis, sete discussões para dizer qual é o ponto de vista certo, para cobrar a mesma opinião dos outros e para obriga-los a se mudarem.

E isso vai piorar... e vai piorar.

Participante: Não sei como, Joaquim, porque a coisa já está em um ponto que a velocidade da informação está tão rápida, tão imediata que é preciso se posicionar, digo, o sistema humano de vida cobra uma posição de você. Dia que tem que ficar apoiando ou dis-cordando o tempo todo. Como a internet hoje tem acesso a todo tipo de informação e você está trocando informação com milhares de pes-soas, tem que ficar jogando com todo mundo. É um bagulho muito louco.

Você falou a velocidade da informação. Qualquer informa-ção, hoje, gera uma coisa: o que? O que qualquer informação que recebe gera em você?

Participante: Uma opinião.

Opinião... olha a cabeça do dragão, do monstro.

Cada opinião que você tem sobre alguma coisa é uma cabe-ça do monstro da qual precisa se libertar. Estou falando em libertar-se, não cortar as cabeças dele. O monstro continuará com as cabe-ças, ou seja, haverá na sua personalidade humana opiniões, só que por você não ter mais medo dele, se liberta de tê-las também. No trabalho do renascimento você enfrenta a hidra do sistema humano de vida.

Vejamos o caso da moça que foi estuprada por mais de trinta pessoas ...

Participante: Essa polêmica atual. Todo dia tem uma polêmica nova.

Me diga uma coisa: todos que ouviram a notícia disseram que ela é uma coitadinha?

Participante: Não. Todos não.

O que aconteceu?

Participante: Teve gente que achou que ela nem foi estuprada.

Teve gente que achou que ela não foi estuprada, outros acha-ram que ela consentiu. Enquanto muitos assumiram a postura de acusar os estupradores, houve pessoas que acharam que ela foi a culpada, que ela procurou.

Em resumo, uns acharam que ela era uma coitadinha, outros que era meia coitadinha, outros que era apenas um pouco coitadi-nha e uns que disseram que ela tinha culpa total. Só nessa pequena mostra das diferentes opiniões formamos vários grupos de pesso-as. Cada um deles está subordinado a uma cabeça do monstro que estamos falando e por isso vão se ferir, se agredirem mutuamente.

É a sua subordinação à verdade, opinião, gerada pelo mons-tro que lhe fará sofrer, pois as cabeças – os grupos de verdades – se digladiam para provar que estão certos. A sua opinião vai fazer você se ferir com a do outro. Não é assim?

Sabem o que aconteceu lá dentro? O que aconteceu lá dentro ... Se não estava lá, você não vai saber. Mas, mesmo que estives-se, também não saberá, porque não estava dentro dela para saber o que ela fez.

Participante: Ou seja, o fato continua sendo o fato. As opiniões é que criam os problemas do mundo ...

As opiniões que são geradas a partir de fatos são as cabe-ças do seu monstro, do sistema humano de vida ao qual está su-bordinado. São elas que irão lhe ferir no final das contas.

A cada informação você toma uma posição, forma uma opi-nião. Com isso está dando mais uma cabeça ao seu monstro.

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Lidando com as opiniões

Participante: Por isso o trabalho é interno. É meu com o mons-tro, digamos assim, e não meu com o monstro dela ou com o dele. É sempre eu comigo mesmo.

Tirar as personas do mundo.

Não importa a menina, pouco importa se ela manteve a rela-ção sexual por vontade própria ou não. Isso não importa. O que importa é você com você.

A opinião que formar será a causa do seu sofrimento, da sua contrariedade se não souber conviver com ela. Se conviver com amor ao próximo respeitando o direito do outro ser, estar e fazer o que quiser não será ferido pelo monstro, mas se estiver preso ao egoísmo – eu sei a verdade – certamente irá sofrer.

Participante: Olha, Joaquim, eu posso te dizer que a situação está tal hoje que quem vive dessa maneira é chamado de alienado. Está vivendo sob alienação.

Graças a Deus. Alienado humanamente falando, mas espiritu-almente ligado. Ligado em que? No amor universal.

Participante: Viver indiferente a tudo.

Eu sei o que você está querendo falar. Está querendo dizer: equanimidade. Viver equanimemente.

Participante: sim ...

Quero aproveitar o momento e deixar mais um aviso para vo-cês. Nada novo, pois já venho falando isso há algum tempo. A velocidade da informação e os acontecimentos vão se suceder em ritmo maior.

Hoje estão falando dessa menina. Daqui a pouco surgirá um novo assunto e depois outro. Se não estiverem atentos a si mes-mos vão criar cada vez mais cabeças no seu monstro que irão lhe comer.

Participante: Vamos ficar piradão.

Não dá para pirar.

O que é um pirado? Uma cabeça do seu monstro. Pirado é uma opinião que você tem sobre si mesmo ou sobre o outro.

Cada cabeça do monstro é uma opinião sobre uma pessoa, sobre um assunto ou qualquer coisa. Inclusive o aceitar Joaquim e dizer o que falo é uma verdade é uma cabeça que está gerando. A resposta é, independente do assunto: não sei.

Eu sempre disse: não acreditem em mim. Não transformem o que falo em verdade porque senão estará gerando mais uma cabe-ça para o seu monstro.

Participante: Não vai chegar a hora que vai aumentar o número de suicídios, por exemplo?

Ato. Não falo em ato.

Participante: Não estou discutindo ato. Pergunto se isso poderá acontecer para que o ser humanizado tenha opinião sobre o suicídio.

Pode ser ...

De qualquer maneira, não se preocupe com esse assunto es-pecífico. Ele é muito complexo e não é isso que o monstro quer. O que precisa é de assuntos que sejam de fácil digestão. Ele precisa que as informações sejam digeridas rapidamente e formem uma opinião quase instantaneamente.

Repare que hoje quase já não se fala mais das coisas da presidenta, quase não se discute mais esse assunto. Daqui a pouco não vai se discutir nada sobre a questão do estupro da menina ... Semana que vem vocês já nem lembram desse casos, porque have-rá outros assuntos em voga.

Participante: Ainda tem a do menino lá de dez anos baleado.

Já tem esse do menino que morreu baleado. “Coitado, pobre coitado! Foi um policial que o matou”; “não, o culpado foi ele porque foi assaltar”; “não, o culpado foi o pai que estava com prisão decreta-da e também era bandido”; “não, a culpada é a mãe que o largava para beber e se drogar”.

Participante: Cada um tem sua narrativa sobre a história.

Tem uma opinião. E qual é a verdade?

Participante: O fato continua sendo o fato. Qualquer coisa que falemos sobre o fato, será nossa opinião. Então, não podemos dar opinião nenhuma.

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Sansara

Participante: Joaquim, uma imagem que não sai da minha ca-beça e decidi compartilhar com você. Algumas pessoas ligadas à espiritualidade ou assuntos ufológicos falam o seguinte: em algum momento o espírito, independente do motivo, se subordinou ao siste-ma humano de vida. No momento que isso aconteceu, ele se perdeu, porque ficou escravo desse sistema. Aí começou essa roda de reen-carnação da qual ele não consegue sair. Então, ele reencarna porque ficou preso a esse sistema. Toda tentativa nossa de buscar a felici-dade, de amor ao próximo é para sair desse sistema humano de vida para deixar de encarnar, sair dessa roda de sansara?

Não para sair das rodas de encarnações, mas para sair des-sa. Para sair da sansara de provas e expiações.

Participante: Que é o sistema humano de vida ...

Roda de encarnação do mundo de provas e expiações. De-pois dessa vai entrar em outra, onde haverá outro objetivo.

Participante: mas já não será o sistema humano de vida.

Não. É outro sistema.

Participante: Aí dizem, os espíritos se perderam no sistema humano de vida e não encontram saída.

Veja, tem coisas que é muito difícil conversar com vocês, pois existem elementos que não conseguem conceber.

O espírito na sua primeira etapa de evolução, que é a etapa de evolução do conhecimento, nasce simples e sem conhecimento. Depois vai adquirir conhecimento. Ele vive para adquirir todo o co-nhecimento do universo.

Só que, vamos dizer assim, depois que se adquire o conhe-cimento, vem sempre uma tentaçãozinha. Não se recebe simples-mente o conhecimento, mas também uma tentação. Tentação de que? De usar o conhecimento em benefício próprio.

Sim, o espírito adquire todo o conhecimento, mas recebe também a tentação. Aí vem uma primeira prova: vamos ver o que você vai fazer com essa busca de satisfazer a si mesmo. É nessa primeira prova que nenhum espírito passou: sempre a tentação fa-lou mais alto.

Como já disse, o ser que menos cedeu foi Cristo, mas todos cederam. Depois de ceder à tentação o espírito volta à sua realida-de espiritual e dizem a ele: “aí, está vendo? Você cedeu aqui, cedeu aqui, cedeu aqui, olhe”. Eu estou colocando em palavras humanas para vocês entenderem.

Depois que a cessão é mostrada, o ser volta para libertar-se do que cedeu. Aí cai de novo nas tentações e se prende mais. Ele vive uma etapa de sua existência dentro de uma curva ascendente de cessão à tentação e depois começa a descer, ou seja, começa a ceder menos.

Chega um ponto dentro da roda de encarnações que o espíri-to começa a não ceder às tentações. Ele é alcançado quando de-pois de muito ceder, o ser se conscientiza do quanto isso o afasta do seu mundo espiritual. Quando enfim ele não mais cede, alguém lhe diz: “pronto, você consegui vencer a tentação gerada pelo sis-tema humano de vida. Agora vamos começar outra sansara”.

Vocês podem perguntar por que nenhum espírito nunca con-seguiu passar na primeira prova, mas digo logo que eu não sei a resposta para isso. Sei que eu não passei.

Participante: e isso é relativo, né? Tem espíritos que passam por esse processo mais rápido e tem aqueles que ficam milhares de anos.

Quanto mais apego à tentação, menos se consegue na evo-lução.

Hidra

Opiniões

Deu para ficar bem claro o inimigo de vocês? O inimigo da-quele que quer ser feliz? Quem é o inimigo daquele que quer ser feliz?

Participante: o sistema humano de vida. E o que é o sistema humano de vida?

Tem uns dez anos que eu falo em sistema humano de vida e você ainda vem me perguntar o que é? Será que precisa saber? Se eu lhe responder agora o que acontecerá? Formará um padrão de resposta que servirá como cabeça ao seu monstro.

Portanto, a resposta não está no conhecimento do que é o sistema humano de vida. Por isso, volto a perguntar: quem é o seu inimigo?

Participante: é o ego subordinado ao sistema humano de vida.

Não é! O ego está ali só para lhe propor.

Participante: é se escravizar ao ego.

Não. É ter o quê?

Participante: o egoísmo.

Não.

Participante: o amor individual.

Não.

Participante: contrariedade.

Não.

A opinião. Esse é um grande inimigo daquele que quer ser fe-liz. Essa é a grande causadora da infelicidade que vocês vivem.

Participante: o ego dá e eu aceito?

Isso. A opinião é gerada pelo ego, lhe é dada e você aceita como verdade, como real. É a sua opinião.

Participante: Joaquim, eu posso lhe dizer qual é a dificuldade de lhe compreender? A dificuldade é porque você usa cada conversa como se fosse a única.

Mas eu preciso usar. Para que? Para que você não forme opinião. Se não agir dessa forma, você vai formar opinião quando eu digo que não deve ter opinião.

Participante: Mas se não tivermos uma base sólida, como é que vamos desenvolver nosso trabalho?

O trabalho é se libertar de tudo que apareça. Por isso, você não pode ter base sólida nenhuma. Compreenda que toda base sólida será contra o trabalho.

Saiba de uma coisa: tudo aquilo que você acredita vai lhe fa-zer infeliz um dia. Toda a sua opinião vai lhe fazer sofrer um dia.

Participante: por exemplo, se eu disser essa pasta é vermelha, isso é uma opinião?

Sim, e vai lhe fazer sofrer. Conheço duas pessoas que tive-ram um carro há mais de trinta anos e até hoje discutem se ele era verde ou azul.

Participante: e seu vir uma cor e as pessoas falarem “não, isso não é opinião, é certo”?

Diga: opinião é tudo o que você acha sobre alguma coisa.

Participante: Para que elas se libertem da sua razão pode se dizer que isso é um vermelho roxo ou é um vermelho em outro tom. Sei lá que tom, pois existem milhares de tons de vermelhos.

Eu diria para outra coisa. O que é branco?

Participante: ah, esse exemplo já usei milhões de vezes e não funciona.

O que é o preto?

Participante: o preto é o preto!

Para mim é ausência de cores. Para você, é uma cor. Veja que se acreditar que conhece a cor isso ainda pode lhe trazer con-trariedade.

Deixe-me falar uma coisa com toda a sinceridade: não tenha o menor comprometimento com verdade quando for falar com al-guém para ajudá-lo na busca da felicidade.

Por que? Primeiro, porque tudo é possível. Não tem proble-ma dizer que banana é azeitona, pois pode ser que isso seja verda-deiro e só não tenha sido declarado pela ciência. Você não sabe o que é real, já que a verdade é constantemente mudada.

Portanto, não tenha medo de falar que para você o vermelho é branco. O importante é ter uma opinião que contradiga o que o outro pensa, mas que para você seja crível.

O que interessa dentro do trabalho de ajuda ao próximo é mostrar que existem opiniões diferentes. Quando digo que o verme-lho é branco não quero que a pessoa passe a ver branco, não que-ro que ela entenda o vermelho como branco. O que quero é que ela entenda que pode haver alguém que chame o vermelho de branco e que não é por isso que ele esteja errado.

Para isso é preciso que haja uma lógica para a sua opinião. O fato de ter uma lógica, mesmo que não aceita pela humanidade, coloca em dúvida a opinião do outro que diz que isso é vermelho.

É esse o trabalho de vocês. Vocês têm que mostrar que exis-tem diversas opiniões sobre os assuntos e que elas são, para cada um que tem, cobertas por lógicas individuais. Por que esse é o trabalho de vocês? Porque quando mostrarem isso estarão dizendo às pessoas: vocês têm inimigos! Vocês têm alguém que vai lhe fazer infeliz algum dia. É só isso que precisam mostrar.

Quando o assunto é a cor da camisa de alguém e a pessoa diz que é vermelha, essa declaração é uma verdade absoluta para ele. A convivência com ela é feita de tal forma como se não pudes-se haver opinião contrária. Por isso é preciso você mostrar a relati-vidade da verdade. Isso se faz dando a sua opinião contrária a de-le.

Claro que não acredita no que está falando, na opinião que está usando. Está usando-a apenas como instrumento para que o outro entenda que há opiniões diferentes espalhadas por aí. Com isso está dizendo a ele: “você está prestes a perder a felicidade. Pare de discutir cores. Eu não sei se é branco ou vermelho. Usei o exemplo só para lhe mostrar que há outras opiniões que podem ser verdadeiras e para lhe avisar que mantendo-se apegado à sua, vai sofrer”.

Falando agora me veio uma coisa na cabeça. Nesta mesma sala, uma pessoa sentada aqui e outra ali, conversamos sobre a roda espiritualista. Falamos sobre o exercício de se sentar em roda, colocar um assunto em pauta e deixar cada um dar a sua opinião sobre ele sem interferência. Só com um objetivo: saber que há opi-niões diferentes sobre um assunto.

É exatamente sobre isso que estamos falando. Eu não quero provar que essa camisa é branca; o que preciso provar às pessoas é que a verdade delas não é absoluta.

O assunto que estamos falando aqui se reporta ao ano dois mil, quando começamos a estudar o Evangelho de Tomé: verdade absoluta e relativa. Na hora que o ser entender que tem uma opini-ão, mas que a sua verdade é relativa, pode se libertar dela e aí con-seguir conviver em paz e harmonia com os outros.

O problema não é ter opinião, mas sim a forma como você lida com a ela. Durante a vida você tem opiniões e isso é o proble-ma. O problema é ter opinião e não a opinião que se tem.