Conversando com um espiritualista - volume III

As autoridades e o carma

Participante: a primeira palavra que me veio à mente é justamente carma. A autoridade é um carma e nós estamos relacionados com ela porque isso está relacionado ao nosso carma também.

Quem está sujeito a uma autoridade acima de si, deve obedecer a ela. Não adianta ficar discutindo se ela tem capacidade para estar onde está, pois está lá, ou seja, tem o poder. Mesmo que essa autoridade tenha conseguido o cargo por ser um puxa saco ou sem o merecimento que você acha que ele deveria ter. Com certeza ele tem o merecimento para estar lá, senão Deus não conferiria a ele a autoridade. Sendo assim, a primeira coisa que temos que parar é de xingar os outros e de falar mal das autoridades.

Agora, porque foi conferido a ele e não a você a autoridade?

É a questão dos papéis que se vive na vida que já conversamos. Na vida cada ser vivencia papeis. O papel que cada um vivencia nada mais é que o carma dele ...

A função que cada um exerce nos momentos da vida contém uma série de carmas (verdades) envolvidos nela. Como já disse, o médico é um ser que tem um carma que o transforma em médico. Aquele ser vai ser médico para vivenciar determinados carmas.

Portanto, não existe ninguém fora do lugar, pois cada um vivencia o seu carma. Essa é a primeira coisa...

Agora, pergunto: o que o ser que está vivendo o papel de autoridade como carma tem que fazer para poder passar nessa prova? Ser universal e não individualista, não querer para si.

Lembra-se no início desse estudo quando estávamos debatendo relações e eu disse que a única que não é amoral é a relação com amor universal?

Sendo assim, se você tem poder e se relaciona com os seus subordinados usando do sentimento do poder, usando o sentimento de que você é o gostosão, usando o sentimento da soberba, tem uma relação amoral. Agora se você é o subordinado e tem uma relação com o seu chefe de revolta, de crítica, de acusação, está também tendo uma relação amoral com ele, pois se entregou às suas paixões, ao que sabe.

O ensinamento de todos os mestres é bem claro: respeite as autoridades porque quem confere o poder para alguém se tornar autoridade é Deus. Isso faz parte do carma de cada um, pois se aquele que vive o papel de autoridade não se relacionar amorosamente com seus subordinados, nada terá feito com relação à elevação espiritual.

Participante: o senhor fala assim e me vem a ideia de que tudo o que o meu chefe falar eu vou ter que obedecer.

É isso... Mas, veja, eu não estou falando de ato. O ato você vai acabar fazendo o que tiver que fazer, pois não é você quem faz.

Participante: o sentimento é que tem que ser universal, então?

Isso, a relação com o seu chefe.

Tudo o que ele disser, faça você se fizer ou não, não faça xingando ou elogiando internamente, mesmo que xingue ou elogie externamente...

Participante: por exemplo, a situação de dar uma ordem e eu não concordar com aquilo. Vou chegar para ele e falar o que vejo sem discussão, quer dizer, o ato não tem nada a ver.

Se você chegar para falar, chegou...

Repare: você já está programando atos. Mas, não pode se programá-los, pois você pode fazê-los ou não.

Não adianta querer saber agora o que irá acontecer...

Participante: o ato é o de menos, ele já é consequência do sentimento.

O ato já é a própria continuação da história, um novo momento.

Participante: é o caminho que você seguiu, a escolha sentimental que você fez.

E é o que ele merecia. Agora, temos que ter todo o cuidado para não criticar e não elogiar, seja quem for.

Participante: e ainda entra aí a questão do merecimento positivou ou negativo. Pode merecer como missão ou como prova e como a gente não consegue saber se é uma coisa ou outra...

Ame... Aí você está segura.

Se não sabe se é uma coisa ou outra, ame logo de uma vez e estará segura que não vai errar.

O problema é: 'eu tenho a certeza que ele está errado'. Gostaria de saber o que vocês têm tanta certeza nessa vida...

Não sabem onde, quando, como, porque de nada, mas continuam tendo certeza das coisas. É essa certeza que não lhes deixa aceitar as autoridades.

Participante: mas quando a gente sabe o que faz, nos tornamos autoridades. No meu trabalho, posso não ter condição de dizer que conheço tudo, mas durante a minha vida trabalhando lá adquiri um certo conhecimento prático sobre aquilo que estou fazendo. Isso não me transforma em autoridade naquele momento?

Se você mostrar o sentimento de autoridade, sim. Vamos tentar entender isso, porque vocês estão querendo saber de atos e o este assunto não pode ser debatido.

Então o seu chefe mandou fazer uma coisa, mas, você sabe que está errado. Quantas vezes isso já aconteceu? Dentre estas vezes, quantas se calou e quantas falou? Muitas vezes, não?

Então veja: não adianta discutir atos. Se ele falar e você souber que está errado, ou você fala ou não. Não dá para premeditar se vai falar ou não em todas as vezes. Algumas vezes quando sabe mais que ela, fala; outras vezes sabendo mais, não fala.

Portanto, o problema não é saber se vai falar ou não, mas sim na hora que fala, se vai criticar ou elogiar, Na hora em que analisa o que fala ou ouve, você não pode se criticar ou se elogiar.

Não se preocupe com atos, pois está querendo se preocupar com isso achando que pode decidir se vai agir ou não. Não se preocupe se vai responder a ele ou não, preocupe-se em estar bem, respondendo ou não. Tem horas que você diz, não vou falar, mas fala; tem horas que diz, vou lá falar, e não consegue.