Conciliação
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Nessa conversa em Rio das Pedras, SP, Joaquim de Aruanda fala que o primeiro trabalho que precisará ser realizado pelos seres encarnados no mundo de regeneração é buscar a conciliação. Para ele, se conciliar com o outro é aprender a ceder em alguns pontos para que os dois ganhem. 

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(Conversa realizada em Rio das Pedras -SP em 13/02/2016)

Já faz mais de três anos que o mundo novo começou, o mundo de regeneração. A hora de reformar-se, chegou. Até agora estava tudo muito bom, muito fácil. Bastava rezar a Deus pedindo ajuda que resolvia o problema da encarnação, já que o mundo era apenas de provas e expiações. Naquela forma de viver, nunca houve o que precisa realmente haver para a elevação: uma mudança interna.

Não estou falando de atos, como sempre, mas de mundo interno. Por causa desta chegada, está na hora de mudar-se internamente.

Portanto, é preciso começar um trabalho de reforma realmente. Reforma do mundo interno, de dentro. A primeira entre tantas reformas que precisarão fazer nesse novo tempo é algo que já é conhecido nesse mundo. É preciso começar a ter internamente uma postura de conciliação.

Conciliação com o próximo e com o mundo. Se conciliar com todos.

Repare que não estou falando em reconciliação, fazer as pazes. Não é disso que estou falando. Estou comentando sobre conciliação que quer dizer outra coisa.

Você sabe o que é se conciliar com o outro?

Participante: entrar num acordo ...

Entrar num acordo que?

Participante: deixe os dois harmonizados?

Sim, mas para que haja harmonia entre dois seres humanizados o que é preciso?

Participante: aceitar o outro como ele é. Abrir mão do que que quer ...

Isso: cada um aprender a abrir mão de alguma coisa para que os dois ganhe algo e assim consigam ficar harmonizados.

O problema do mundo de hoje é que o egoísmo não deixa o ser viver em conciliação com o outro. Ele faz cada ser querer ganhar o máximo possível. Mesmo que, digamos, ele ganhe dez alguma coisa, a mente já começa a qualificar essa quantidade como pouco e passa a exigir vinte.

O trabalho da conciliação é uma postura interna de ceder para que os dois ganhe um pouco em determinada situação.

Quando o ser humano está devendo, ele não faz uma conciliação com quem deveria receber? Não combina um valor que seja menor do que o deveria pagar, mas que ressarça a quem deve receber uma parte do prejuízo que tem. É a mesma coisa que estamos falando aqui. O trabalho que precisa ser feito é o ser saber conviver com o próximo sem exigir estar sempre certo, ter sempre a razão. Quando alcança a conciliação internamente, o ser possui suas verdades e razões, mas dá ao outro o direito de também sentir-se o certo.

O que estou falando tem a ver com um exemplo que já dei há algum tempo, quando falei de uma pessoa que diz querer o bem da esposa, mas quando chega em casa tira a camisa e a deixa espalhada em cima do sofá, mesmo sando que ela não gosta. Quando ela reclama, ele então começa a ensiná-la que não há lugar certo para as coisas, etc.

Essa é a forma humana de se relacionar: cobrando tudo do outro e não dá um espaço seu em benefício do próximo. Se a esposa dessa pessoa acha que existe lugar certo para se colocar a roupa, porque ele não pode, de vez em quando, abrir mão de deixar a sua camisa no sofá da sala?

Se falar isso para uma pessoa que age dessa maneira, certamente ele ainda dirá que está ajudando a sua esposa a desapegar-se das coisas da vida. Só que quando ela faz alguma coisa que ele não gosta, arvora-se em pedir que ela abra mão do seu hábito em favor dele. Para conciliar-se com ela, para harmonizar-se com ela, seria preciso que ele abrisse um pouco mão de se satisfazer, ou seja, aprender a guardar a roupa que tira e aceitar que ela tenha o direito de seguir o seu hábito.

Esse é o trabalho. Estou falando em atos, em fazer, mas não estou me referindo ao mundo externo. Esse é um trabalho que precisa ser feito internamente, ou seja, no seu mundo interno adotar uma postura de conciliação. Estou dizendo que internamente o ser deve estar aberto a ceder em alguns pontos.

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Aceitar perder para ganhar

Quando se fala em ceder, o que isso significa para vocês?

Participante: perder ...

Perfeito.

A postura de conciliar-se surge quando o ser aceita perder para ganhar. Ele perde um pouco num momento e o outro depois. Assim, ao longo do tempo, os dois ganham. Ganham paz, felicidade, bem estar, harmonia ...

Esse é o trabalho primeiro desse novo mundo: começar a aprender a se conciliar com os outros. Mas, para fazer isso, a primeira coisa que é necessário fazer é aceitar perder ...

Se o ser internamente não aceita perder, ele jamais conseguirá se conciliar com alguém.

Esse é o primeiro trabalho que devemos levar àqueles que estão encarnados neste novo mundo e que precisamos realizar em nós mesmos: o trabalho de aceitar perder. Não tornar-se um derrotado, um perdedor, mas aprender a perder, ceder, abrir mão de coisas, para poder ganhar.

Quando se chega a uma pessoa que diz que tem problemas e a orienta a ceder em alguns aspectos, aquilo que lhe estava roubando a paz começa a mudar. O outro que ganhou algo pode até também ceder em algum aspecto do litígio e assim, cada um cedendo em determinados pontos podem chegar a um acordo e com isso o problema se encerra.

Participante: a mente naturalmente não vai querer perder, não é?

Não, ela reagirá contra esse perder. Por isso é que estou dizendo que internamente o ser precisa ter uma postura de aceitar perder. Isso é necessário, pois quando a mente lhe cobrar a perda, ele precisa dizer a ela: ‘eu prefiro a minha felicidade. Por isso, vou ceder aqui para ganhar ali. Se tratar aquela pessoa bem, mesmo que não vá com a cara dela, com certeza ela me trará com educação. Vivendo dessa forma conciliada, não teremos problema um com o outro e eu serei feliz’.

Esse é o primeiro trabalho que o ser humano precisa ajudar o outro a fazer e que ele próprio precisa fazer em si.

Para fazer isso você precisa que todos os seres humanizados não querem perder nada, mesmo os dito religiosos, que acreditam que estão buscando a Deus. Na verdade, ninguém vai a um centro ou a uma igreja para dizer: ‘Deus eu não quero ganhar isso. Pode dar para outro’.

Já viu alguém fazer isso? Claro que não ... Desculpe, esqueci: existem pessoas que fazem isso. Quem? Aquele que acreditam que ganharão alguma coisa por abrir mão em favor do próximo. Todos vão aos templos em busca de ganhar algo. Vão apenas buscar coisas para si mesmo.

Essas pessoas precisam de ajuda, pois apesar se dizerem religiosas, sofrem muito. Para fazer isso, a primeira coisa que precisamos fazer é dizer a elas que perder faz parte da vida e que por isso não devem se relacionar com Deus apenas querendo ganhar.

Quando o ser entende que a postura de conciliação não gera uma derrota com o um sabor amargo, mas doce, pode busca-la. Essa perda não é uma derrota, porque se trata uma cessão de parte para ganhar alguma coisa. Pode ser que a conciliação muitas vezes não traga, materialmente falando, o lucro que se esperava, mas certamente em paz e harmonia ele virá.

Felicidade, aquilo que se ganha quando se entra em conciliação, é o que o ser humanizado mais busca, mas é o que ele menos encontra.

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Reconciliação com Deus

Participante: o que o senhor falou agora é algo importante. Realmente as pessoas frequentam as casas, mesmo espiritualistas, buscando sempre conseguir alguma coisa, ganhar algo.

Isso é verdade, mas sabe o que é pior? Chamam ao que lhes move até lá de fé ...

As pessoas dizem que vão aos templos por que possuem fé, mas isso é ilusão. A verdadeira fé é entrega e não esperança de ganhar alguma coisa. Aquilo que resulta de uma esperança de ganhar não é fé, mas sim egoísmo.

Participante: o senhor está falando daqueles que frequentam essas casas querendo ganhar mais à frente, em outra vida?

Desses também, mas o pior são aqueles que querem ganhar na hora, nessa vida.

Quantas vezes num casal o marido e a esposa precisam abrir mão de coisas em determinados momentos para poderem viver em paz? Se os dois não fizessem isso, com certeza o casamento não duraria tanto.

Esse é o grande segredo da vida com paz e felicidade: abrir mão de um lado para ganhar em outro. Não ganhar o desejado, o sonhado, o esperado, mas em harmonia, felicidade e paz.

Estou falando do engolir sapo. Ninguém quer engolir, mas é preciso fazer isso, pois levando a vida a ponta de faca, com certeza cortará a mão o tempo inteiro. Não pode ser diferente, porque o outro também leva a vida em ponta de faca.

Por isso é preciso se mostrar a pessoa que se ela fica batendo na mesma tecla, querendo sempre o que é melhor para ela, acabará sofrendo. É preciso entender que apesar de dizer que não quer mais sofrer, o ser humanizado não faz nada por si mesmo de verdade, pois o único caminho que leva à paz e a felicidade é a reconciliação. É abrir mão de algumas coisas e deixar o outro ter a sensação de ter ganho também.

Voltando à questão da ida a um centro, ninguém vai a uma casa de orações para se conciliar nem com o outro nem com Deus. Vai para exigir do Senhor que realize tudo aquilo que ele deseja. E sofre q1uando o Pai não faz ele sempre ganhar. Por isso, dentro do trabalho da reconciliação é preciso também reconciliar-se com Deus.

Lá onde vocês frequentam não há o hábito de se colocar o nome em pedaços de papel ou em listas para pedir alguma coisa? Quem tem esse hábito não consegue se conciliar nem com Deus nem com o próximo.

A grande realidade é que a religião vende a conquista. Ela diz que se você for ao culto e colocar seu nome numa lista tudo correrá bem na sua vida. Quem aceita se vender a ela jamais conseguirá se conciliar com o outro, pois não está em conciliação com Deus.

Quem se concilia com o Pai não vai ao centro para pedir ou esperar ganhar, mas para entregar-se ao Senhor. Quando essa entrega, que é incondicional, existe o ser participa do culto sem esperar ganhar nada, nem nessa vida nem na outra.

Portanto, sim, é um trabalho difícil o que estou falando, pois além de ter que aprender a perder nos relacionamentos da vida as pessoas precisam aprender a também perder no seu relacionamento com Deus. Isso é difícil, pois há mais de mil anos os seres humanizadas estão viciados em usar o relacionamento com as religiões apenas para ganhar.

Quando vão a algum lugar, sempre estão esperando receber algo, ganhar. Se o ser humanizado chegar numa casa onde se diga que ali é apenas um lugar de oração, de contato com Deus onde se prega o ensinamento de Cristo – quando rezar não peça nada – ele não voltará. Uma casa que hoje faça isso está destinada a fechar as portas, pois os que vierem num dia não voltarão no outro.

Nas ditas casas de oração hoje só se pede: protege as crianças, os velhinhos, os enfermos, o próprio trabalho ... Não entendo isso. Como uma casa pode dizer que está em ligação com o Senhor se abre um trabalho no nome Dele e ainda imagina que é preciso pedir proteção?

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Desistir de querer ganhar

Portanto, o trabalho é sempre aceitar a perder. Mas, como se faz para poder aceitar isso? É o que vamos conversar agora.

O necessário para se poder aceitar o perder é desistir de ganhar.

Não se trata de nunca mais ganhar nada, pois a vida é feita por vicissitudes. Sendo assim há momentos onde naturalmente o ser vai ganhar e outros onde perderá. Isso quer dizer que ele fatalmente ganhará em alguns momentos. Por isso, aceitar perder não tem nada a ver com não ganhar, mas sim com desistir de querer ganhar.

O que estou falando é em desistir da postura interna de querer ganhar. Esse é o trabalho que cada ser precisa fazer em si mesmo e ajudar o próximo a realizar para que a felicidade more neste planeta.

Todos receberão. Quando, o que, só Deus sabe. Saiba que o espírito vem a carne num ato de fé, de entrega. Por esse motivo, ele deve receber tudo o que o Pai der ao invés de cobrar ganhar isso ou aquilo. Tenha a certeza de que tudo que o Pai lhe der é algo que ganhou, mesmo que não goste do que recebe.

Está começando a ver a dificuldade de se falar com os outros no que precisa ser feito para se alcançar a felicidade?

Participante: sim, as pessoas não estão dispostas a aceitar isso. Porque não se apaga simplesmente tudo da mente das pessoas e coloca verdades mais universalizadas?

Porque se isso fosse feito não haveria reforma de nada. Se a encarnação existe para criar a oportunidade de uma reforma, se ela não for feita, para que existir encarnação? Sendo assim, se fosse para realizar a mudança por fatores externos, não haveria nem a necessidade de criar a vida humana.

Para justificar a existência da vida humana é preciso se entender que a oportunidade de mudar alguma coisa precisa acontecer. Por isso, o perfeito é a mente ser egoísta e querer ganhar sempre, para que agora o ser a ela ligado possa trabalhar para aceitar perder.

Portanto, precisamos levar as pessoas a entenderem que a vida é cíclica, formada por subidas e descidas. Por isso todos ganharão um dia. O que? Não sei ... Quando? Também não sei ...

Por causa dessa certeza de que um dia ocorrerão momentos onde ganhará o que acontece, entregue-se ao Pai e aceite tudo que Ele lhe der nesse momento. Quanto ao que quer, espere com confiança: quem sabe um dia você recebe. Mas, mesmo que não receba, só o fato de abrir mão de querer ganhar sempre lhe fará estar em paz, harmonia e felicidade.

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Deus não é bom

Vamos começar a complicar nosso assunto? Para se chegar a esse ponto é preciso três tomadas de posição interna.

Primeira: Deus não é justo, não é bom ...

É preciso que as pessoas parem de viver o Deus que a religião criou: o bonzinho, aquele que fará o possível e o impossível por você, mesmo que tenha que tirar de outro. Esse Deus não existe.

O Senhor do universo não vai se subjugar aos seus interesses humanos. A prova está aí: saia e veja o que acontece no mundo, leia o jornal, assista a televisão. Na vida real, um trabalhador honesto é assaltado, não reage, entrega tudo e mesmo assim o assaltante o mata. Onde está Deus?

Não, Deus não é honesto, não tem o que vocês chamam de honestidade. Deus não é justo, não possui a justiça que vocês acreditam. Eu já disse isso: Ele é a Justiça Suprema, a Perfeita e não aquela que é fundamentada em verdades relativas

É isso que precisamos interiorizar em nós mesmos e ajudar as pessoas a também fazer isso: não dá para esperar que Deus fará o que cada um deseja. Pode até acontecer, mas não há certeza de que ocorrerá. Por isso, se o ser fica esperando acontecer, ele sofre antes, durante e depois do processo. Sofre decepção se não alcançar o que quer e durante o processo vive agonia, stress, preocupação, etc.

Comecei a complicar a vida daqueles que querem ajudar o próximo no novo mundo? Acho que sim, pois para fazer isso é preciso chegar perto de um religioso e dizer: não confie em Deus ... Dizer a eles que Deus não é bom, não é justo ...

Participante: se a pessoa não tinha fé, agora mesmo é que não terá.

Participante: falar isso para quem é religioso é o mais difícil.

Sim, mas para esses é mais importante falar do que para aqueles que não têm religiosidade, porque esses acham que estão fazendo alguma coisa.

Sei que vocês imaginam que é difícil, mas para mostrar essa realidade aos religiosos, basta apenas dizer: olhem a vida. Veja o que acontece na vida de vocês e dos outros. Crianças são estupradas; onde estava Deus? Dormindo?

Participante: é difícil porque a humanidade acredita que o bom é de Deus e o mau do diabo.

Isso. Essa é a terceira tomada de posição interna que você precisa tomar, mas ainda falaremos desse assunto.

Saiba de uma coisa: é preciso despertar. Os seres humanizados vivem um sonho onde se imaginam o filho preferido de Deus e que por isso ele sempre fará tudo de bom por cada um. Estou falando dos humanos e não dos espíritos.

As pessoas precisam despertar para a vida e entender que nela não se conquista rezando, pedindo, esperando que Deus dê. Principalmente aquele que acredita na existência do espírito.

Para quem não é espiritualista, quem não acredita em espírito é mais complicado se falar o que estamos comentando agora, porque acha que ele, o humano, é a alma, o ser universal. É mais complicado, pois por causa dessa crença imagina que o Pai o ajudará nessa vida a ser feliz. Já para aquele que acredita nas múltiplas encarnações, sabe que a vida humana é a provação do ser e que por isso ele não é o humano. Tem a convicção que está humano, mas que não é. Para esses, é mais fácil, pois não deveria esperar de Deus nada mais do que provação e não felicidade em troco de nada.

Portanto, é preciso falar com todos, mas principalmente com os espiritualistas sobre essa posição. Essa conversa deve ser realizada não de forma agressiva, como dono da verdade, mas bem positivamente, para não deixar margem à dúvidas. Só que além de fazer isso com os outros, precisam fazer consigo mesmos.

Devem dizer fortemente a vocês que rezar não resolve nada. Que esperar receber do céu só leva ao sofrimento. Que não é porque realizam trabalhos de ajuda espiritual ao próximo que será privilegiado nessa vida, que a sua vida serão maravilhosa. Isso não irá acontecer ...

Não espere porque você frequenta regularmente a missa, o templo ou o centro de que tudo acabará sempre bem. Não conte com isso. Mesmo que frequente esses lugares se o bandido tiver que entrar na sua casa, entrará; se tiver que lhe dar um tiro, lhe dará.

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Deus não está à disposição do ser humanizado

Filhos, não acreditem nessa história porque o único que vai sofrer são vocês. Não aceitem que Deus é bom, que é justo e que tudo acabará bem, porque não vai. Pode até coincidentemente acabar como vocês esperavam, mas se isso acontecer, não passou de acaso. Digo isso porque o transcorrer da vida só acaba de acordo com o esperado para um, mas não acontece assim para outros cem.

Por isso essa é a mensagem que precisamos levar. Quando alguém for a uma atividade da sangha dizendo que veio pedir uma ajuda, não atenda. O verdadeiro espiritualista não aceita a ideia de que pode ajudar alguém. Estou falando ajudar no sentido que a pessoa vai esperando: a solução dos seus problemas, agir para que o sonho dela se realize.

O verdadeiro espiritualista ajuda o próximo, claro, mas de outra forma. Como? Mostrando um caminho onde o ser que sofre aprenda a viver a realidade.

Quando começamos esse trabalho e era dito que tudo é ilusão, as pessoas nada compreenderam. Agora, depois de dezessete anos pode ser que alguns comecem a compreender o que estava querendo dizer: vocês vivem uma vida ilusória.

Imaginam que estão protegidos, que nada lhes acontecerá, que seus parentes viverão a eternidade ao seu lado neste planeta, que nada acontecerá com seus filhos. Tudo isso é ilusão, pois qualquer coisa pode acontecer com qualquer um.

Com isso, não estou querendo dizer que irão acontecer coisas com você e seus parentes. O que estou querendo é que você acorde para a realidade: pode acontecer. É preciso se estar preparado para que se ocorrer você não seja pego desprevenido e acabe sofrendo. E a primeira preparação para isso é saber que não existe um Deus que vá fazer a sua vida ficar boa.

‘Ah, mas eu conheço gente que foi a uma igreja ou um centro, pediu e recebeu’. Sim, isso acontece, mas quantas vão lá e não conseguem o que querem? Isso os seres humanizados não reparam, não é mesmo?

É preciso acordar para a realidade: esse é o primeiro ponto para quem quer viver no novo mundo.

Participante: certo, mas tem algumas religiões que ainda falam da existência do carma. Essas têm alguma noção de que deus não faz tudo o que o ser humanizado quer, mas que precisa lhe dar o seu carma.

Sim, os seguidores dessas religiões acreditam que existem os carmas, mas na vida dos outros. Na vida deles, ainda acreditam que é o vizinho que não o respeita e que por isso coloca a música alta, que é o bandido que não presta porque lhe rouba.

É por isso que estou dizendo que não adianta só estudar. Você pode saber que existe a lei do carma, que a sua vida atual é fruto de suas ações em outras, mas se chegar em casa e sua mulher não tiver preparado a janta vai brigar com ela. Não lembrará nunca que é o seu carma.

É esse que é o problema. Por isso estou dizendo que não adianta se confiar nas religiões. De nada adianta frequentar lugares que ensinem a lei do carma, pois enquanto não levar para a prática o ensinamento nada conseguirá.

Não estou falando de uma prática genérica. É preciso gerar uma prática que seja aplicada ao momento que o ser humanizado esteja vivendo. É preciso ser direto, ir ao ponto preciso: você está sofrendo porque se achou autoimune, porque achou que nunca lhe aconteceria aquilo.

Uma pessoa sai de carro, viaja muito. Em todas chega no lugar que quer ir sem problemas. Por causa disso imagina que apenas sair de casa o fará alcançar o lugar que quer ir. Será que já passou pela cabeça de qualquer um de vocês que podem não chegar onde querem?

Mais: ainda dizem que chegarão se Deus quiser. Falam assim com a certeza de que o Pai irá querer o que eles querem.

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É preciso destruir a fé

Se estou dizendo essas coisas a respeito de Deus, pergunto; dá para confiar em entidades, orixás, mentores? Claro que não. Gosto de ver pessoas que batem no peito dizendo que são filhos de Ogum e por isso não caem e quando veem estão no chão. Se bastasse apenas ser filho de um orixá para não cair, ao invés de procurar a sua reforma interior, bastava ao espírito encarnado pedir a um dos mentores da umbanda para lhe adotar.

Não dá para confiar que as entidades vão fazer o que querem. Se não trabalharem esses dois pontos, nem Deus nem entidade alguma lhes dará o que querem, estarão sempre esperando. Estarão sempre imaginado que porque foram ao centro, ao templo, a igreja está resolvido os seus problemas. Pensando assim, não trabalham dentro de si na busca do estado de ânimo de fazer a conciliação com o outro.

Sim, ainda estou falando em conciliação. O grande problema porque vocês não aceitam perder é porque imaginam que Deus lhes dará tudo o que querem. Que a entidade lhes dará tudo. Para isso, imaginam que basta ir ao centro e fazer uma oração ou acender uma vela em casa. Se fizerem isso, apenas estarão dando dinheiro a quem faz vela.

Lembrem-se que Deus ensinou claramente: Deus dá a cada um segundo as suas obras. Portanto, se não baterem, a porta não se abrirá. Mais: se baterem com a esperança que ela abra, que você alcance o que quer, também não será aberta, pois houve um egoísmo no bater e não entrega.

Portanto, para que o ser humanizado chegue à consciência de conciliar-se, para que ele aceite perder, é preciso destruir a fé que possuem, não a verdadeira, em Deus e nos guias e mentores. Se esse ser não a destrói, não aceitará perder. Pelo contrário: continuará a acender vela para ele passar no concurso. Quanto àquele que tem cinco filhos e que precisa desesperadamente passar no concurso, para aquele que vive com a fé que vocês possuem hoje, que se dane.

Participante: mas, tem entidade que acha que pode fazer e que faz o que o ser humanizado quer ...

Sim, há entidade que imagina que faz, mas há outras que dizem que fazem, mas como prova para aquele que foi pedir. Tem entidade que acha que faz, mas tem entidade que trabalhando consciente que não pode fazer diz que fará. Quando a promessa não é cumprida fica a pergunta ao ser humanizado: você gostava mesmo da entidade ou estava apenas bajulando-a para ganhar alguma coisa? Era amor de verdade ou o ser humanizado estava apenas procurando ganhar.

Portanto, há as duas: aquelas que acham de fazem e aquelas que cumprem o seu papel dentro da roda de encarnações.

Portanto, para poder aprender a perder e se conciliar com o próximo, é preciso combater a fé que o ser humanizado vive hoje. Aquela que é fundamentada no receber para crer.

Participante: o senhor diz que somos missionários e que precisamos levar a mensagem aos outros. Só que se quisermos destruir a fé que as pessoas estão acostumadas, certamente elas se revoltarão conosco ...

Sim, com certeza. Só que se os missionários tivessem medo da reação dos seres humanizados, com certeza vocês não teriam todos os ensinamentos que possuem, pois eles sempre veem para quebrar algo que está consolidado.

Um grande exemplo disso, é Cristo e seus apóstolos. Aqueles que possuíam a missão de levar os ensinamentos de Cristo foram mortos, alguns com crueldade. Todos foram sacrificados em nome da sua fé, mas não mudaram o seu discurso nem um minuto. Mantiveram-se firme no ensinamento do mestre que seguiam.

Portanto, sim, vocês podem ser vítima de revolta dos seres humanizados ao falar com eles sobre a fé, mas isso faz parte da missão de cada um.

Participante: antigamente eu me calava, pois dizia que não queria chatear os outros ...

Isso é uma postura normal, mas acho que é melhor chatear alguém e ter a consciência limpa de que prestou alguma ajuda do que só falar o que outro quer ouvir. Isso não a ajuda em nada.

Quando alguém lhe pedir ajuda, fale bem seriamente: ‘acho que posso lhe ajudar, mas para isso é preciso falar seriamente, como adultos. Agora, se quiser posso fazer promessas vãs como as de uma criança. Posso, também, apenas balançar a cabeça e concordar com o você quer. Só que as duas últimas opões não lhe ajudará a ser feliz’.

Eu mesmo quando comecei a conversar com vocês, fala como se fala a crianças. Agi assim porque vocês eram crianças, pois viviam chorando pelos cantos dizendo à vida e a Deus o que queriam ganhar. Hoje que vocês já amadureceram, posso conversar de outra forma.

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O mal

Já conversamos sobre duas coisas necessárias para poder alcançar o estado de espírito de conciliar-se com o outro: aceitar perder e destruir a fé como hoje ela é exercida. Vamos para a terceira.

O primeiro estudo que realizamos foi ‘O Evangelho Segundo Tomé”. Nele, a primeira coisa que vimos é que não existe certo e errado, bom ou mau. Desde o início do nosso primeiro estudo já falamos sobre isso ...

Como vive o ser humanizado? O tempo inteiro perdido dentro do binômio bom e mau, certo e errado. Mesmo quem já nos ouviu de cabo a rabo ainda hoje vive preso a isso. Porque isso acontece? Porque não aceitam perder ...

Todo aquele ou aquilo que pode fazer o ser humanizado perder alguma coisa é mau e está errado. Pode ser pai, mãe, irmão, amigo íntimo. Se o seu irmão quiser uma parte maior da herança do seu pai, mesmo que saiba que ele precisa mais, você não cederá. Além disso, dirá que ele é mau.

Portanto, se estamos conversando em tomar uma postura de conciliação e para isso é preciso começar a trabalhar a ideia de perder, para poder ganhar a felicidade, a terceira coisa necessária a ser feita é acabar com a ideia do bem e do mau.

O ser humanizado precisa acabar com a existência disso na sua vida, pois senão jamais aceitará perder e com isso jamais viverá em conciliação. Quem ainda separa o mundo em bom e mau, em Deus e o diabo, obsessores, capetas, etc., quem ainda mantém viva a ideia de que existem pessoas para lhe fazer mal, isso quer dizer que não aceita perder.

Por isso, é preciso que mostremos às pessoas que não existe mau. O que existe?

Participante: a Perfeição.

Você ainda está me falando em teoria. Quero a prática. Nela, o que é que existe, se não existe o bem e o mau? Vou tentar lhe ajudar a compreender ...

Vamos supor que chegue em casa e não tenha janta. Ela lhe explica: ‘hoje não deu para fazer’... Com certeza a chamará de mau. Dirá que você trabalhou o dia inteiro para sustenta-la, que chegou cansado e ainda por cima tem que sair para comprar janta ou passar fome. Dirá que isso é maldade, ou seja, transformará a ela e a sua ação como mau.

Agora, porque será que ela se tornou má, porque não fez?

Participante: porque não fez ...

Volto a dizer: de nada adianta ficarmos conversando teoricamente, usando ensinamentos; é preciso alcançar a prática para que o que estamos conversando seja compreendido.

Porque, na prática, ela não fez a sua janta?

Participante: porque estava cansada, porque tinha outras coisas para fazer, porque não estava bem ...

Exatamente. Observando, então, a prática da situação, podemos entender que a sua esposa não fez a janta não por ser má, mas porque teve razões para isso. Dessa compreensão tiro a resposta à minha pergunta: a pessoa má é aquela que possui razões diferentes da sua.

Aquela pessoa apenas possui verdades e razões diferentes da sua, mas isso não quer dizer que seja má: apenas pensa diferente. Você chamou a outra de má porque a ação praticada por ela ofendeu o que você queria, ou seja, atrapalhou a sua vitória. Só que ela não agiu de determinada forma por maldade, propositalmente para lhe deixar passar fome: ela, não importa quais foram, teve seus motivos para isso.

A sua esposa pode ter passado mal durante o dia, pode ter encontrado mais dificuldade, pode, até, ter querido lhe fazer uma surpresa saindo para jantarem. Ela pode ter motivos que justifiquem não ter feito a janta e que podem ser aceitos por você, mas só entrará em conciliação com ela, se conscientizar-se disso. Se ainda achar que ela representa o mau, que quis intencionalmente lhe deixar com fome, com certeza criará uma rusga. Quando você aceita que a mente a chame de má, que agiu para feri-lo, acabará aceitando todos os argumentos que a mente gerará para demonstrar a insatisfação por não ter conseguido o que se queria.

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Conciliação ou guerra: escolha ...

Portanto, não existe mau, o que há são pessoas que possuem verdades e razões diferentes da sua. É isso que precisamos compreender.

Eu tenho uma frase que com certeza vocês já ouviram: aquele que discuti com você não está lhe agredindo, mas apenas se defendendo de você. Isso acontece porque cada vez que um ser humanizado conversa com outro ele quer provar que está certo. Só que o outro também se considera certo. Por isso, se defende.

Esse é um ponto de vista que vocês podem compreender, que possui lógica humana. Só que vocês não alcançam essa realidade, mesmo já tendo lido ensinamentos que geram essa afirmação, porque nunca se desligaram da existência do mau.

É preciso se desligar dele e para isso é preciso compreender que os outros são apenas diferentes e que você não é o bom, o certo, o anjo, mas apenas se considera dessa forma. Esse é o terceiro trabalho que precisa ser realizado em si para viver em conciliação.

Os filmes que vocês veem são todos fundamentados em histórias que falam da luta do bem contra o mal, mocinho e bandido. Os livros que vocês leem falam do que? Da luta do bem contra o mal. As doutrinas religiosas que seguem são fundamentadas no que? Na luta do bem contra o mal.

É disso que estou falando. É toda cultura da existência do mau, daquele que faz maldade, que quer ferir o outro, que não lhe deixa entrar em conciliação com o próximo. Porque os judeus e os árabes não conseguem se conciliar? Porque cada um quer que apenas a sua verdade seja considerada verdadeira. Quando isso acontece e o outro também quer a mesma coisa, o próximo torna-se mal e cada um torna-se o mártir, o coitadinho que está sendo atacado pelo mau.

Esses atos terroristas que estão acontecendo na França são considerados como coisas más e os terroristas são considerados maus, não é verdade? Mas, o que pensam as pessoas que acreditam nisso dos atos praticados pelos franceses nas terras árabes? Quantos séculos de escravidão e colonização francesa e de outros países europeus os países árabes viveram? Quantos atos de violência foram precisos ser feitos para poder se manter a colônia produzindo para que os senhores tivessem seus lucros? Tudo isso aconteceu e a história esqueceu premeditadamente.

Apenas um detalhe: não estou defendendo a lei de Talião, olho por olho, dente por dente. O que estou querendo mostrar é que existem naquelas pessoas que são chamadas de más razões que, para elas, justifiquem o que fazem. Tanto os árabes de hoje quanto os franceses de outrora possuem motivos para fazer o que fazem e fizeram.

Não existe certo ou errado, bom ou mau. O que existe são pessoas que possuem verdades, razões e interesses diferentes. Isso é o que precisamos levar fortemente aos seres encarnados no planeta Terra porque sem essa compreensão, não há sem conciliação. Sem ela, não há o amor a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Eis aí, então, uma grande missão para aqueles que querem ajudar o próximo. Ensine a eles que não existe o bem nem o mal, mas sim pessoas que pensam e possuem interesses diferentes do seu. Por causa desses interesses contrários, o ser humanizado que quer viver harmonizado com o mundo, que quer viver em paz, precisa aprender a ceder em alguns pontos. Se ele não fizer isso, não há conciliação, mas sim uma guerra onde um tentará destruir o outro.

Por isso é preciso que cada um trabalhe fortemente em si mesmo para acabar com a existência do bem e do mau. Aliás, se a conciliação é o primeiro trabalho do mundo de regeneração e se ela depende exclusivamente da não vivência do binômio bem e mal, tudo tem que começar por aqui.

É preciso acabar com a fé que vocês hoje possuem em Deus, cristo e nos mentores; é preciso acabar com a existência do bem e do mau. Somente a realização desses trabalhos pode levar o ser humanizado a aceitação de perder para ganhar. Se não fizerem isso, nada conseguirão: continuarão vivendo em guerra.

Quantas guerras há hoje no planeta? Desculpe, fiz a pergunta errada. O que quero saber é: quando não houve guerra no planeta? Porque sempre houve? Porque sempre um quis ganhar em cima do outro, quis impor seus desejos e verdades a outros. Quis dominar ...

Por isso afirmo que cada um precisa repensar a si mesmo e reaprender a viver em sociedade para que o planeta seja um lugar de felicidade ...

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A guerra diária

Na verdade, vocês não vivem em sociedade. Cada um vive a sua vida isolado do outro. Ou melhor: cada um vive ao lado do próximo, mas quando se aproxima dele é para dominá-lo.

A característica do ser humanizado é ser dominador. Para que? Para poder ganhar. É por isso que é preciso trabalhar em si essas coisas que conversamos hoje.

É preciso esquecer as histórias dos livros e filmes onde existe o mocinho e o bandido. Isso não existe. São apenas pessoas diferentes procurando ganhar individualmente. E, antes que chegue a hora de estourar uma briga ou guerra entre vocês, é preciso trabalhar pela conciliação.

Parece que estou falando algo extremamente nova. Algo extremamente sábio, mas isso não é real. Há quantos anos estão casados?

Participante: três anos ...

Será que nesse tempo ainda não descobriram que cada um precisa abrir mão de algumas vontades para poderem viver juntos? Claro que sim. Se sabem que precisam agir assim para poder conviver com o cônjuge, porque não usam a mesma coisa para conviver com os outros?

Portanto, o que estou falando não é novo, mas plenamente conhecido por vocês. É algo destituído de qualquer sabedoria imensa. Não se trata de novidade, mas algo que é do conhecimento de todos.

Quem convive com alguém, pai com filho, mãe com filha, marido com esposa, aprende desde cedo que é preciso abrir mão em determinados momentos, insistir em outros, deixar o próximo ganhar em determinados momentos. Se não age assim na sua vida, o casamento ou a paz familiar acabam. Se essas relações acabam, imagine as que você tem com estranhos.

Aí está o problema. É por causa desse querer ganhar sempre que os seres humanizados vivem constantemente em guerra uns com os outros. Para quem não busca a vida em conciliação, todas as demais pessoas do planeta são inimigos em potenciais, pois pensam diferente, querem resultados diferentes, possuem vontades não semelhantes às suas.

É assim que o ser humanizado existe, vive. A primeira coisa que faz quando conhece uma pessoa a analisa. Ou melhor: as julga. Forma conceitos que para você definem aquela pessoa. Só uma pergunta: que lei usam para julgar o próximo? Os seus: suas verdades, suas posses, paixões e desejos.

O resultado final dessa análise é o que? Conclusões que dizem, para você, quem é ele. Todo ser humanizado sabe perfeitamente como é aquele com quem se relaciona. Como ela não é aquilo, isso chama-se preconceito.

Por isso esse é o primeiro trabalho que precisa ser realizado. Durante os próximos sete mil anos acontecerão muitos outros que precisarão ser feitos, mas esse é o primeiro. Por isso, está na hora de se dedicarem ao trabalho coexistir.

Isso é preciso porque, do jeito que vai, cada um tendo uma variedade maior de verdades, paixões, compromissos, desejos, a sociedade está sendo completamente fragmentada. Pegue qualquer gênero de assunto de hoje: música, pintura, política, costumes, ciência e verá a fragmentação que está acontecendo. Dentro da ciência, por exemplo, antes haviam os médicos. Hoje isso não mais existe. O que há são especialistas nas mais diversas áreas.

O médico antigo, aquele que tratava de todas as doenças acabou. Hoje é uma variedade tão grande de especialidades que acho que tem um para cuidar de um dedo e outra especialidade que cuida de outro. O pior: cada um dos especialistas consideram-se melhores dos que os outros. Cada um acha que possui a verdade maior que a dos outros porque crê que a especialização lhe faz melhor.

Continue analisando: a música. Antes tínhamos três ou quatro ritmos de música. Hoje são centenas e um próprio tipo já começa a se fragmentar em subtipos. Os que gostam de um deles acham que a música deles é melhor do que a de outro ritmo. Não é assim que o mundo vive?

Quando um se acha melhor, o outro vira o que? Mal, ruim, filho do diabo. Não é assim que tratam o funk? Porque? Porque consideram que a música que eles gostam é boa.

Veja como vivem o tempo inteiro presos ao bem e o mau? Não estou dizendo que tenha que ouvir ritmos que não gosta, se não gosta, não ouça, mas compreenda que o outro não é mau: ele apenas gosta de um ritmo diferente.

Conciliação

A proteção de Deus

Na cabeça do médium há uma frase que aparecia no placar do campo de futebol. Ela dizia assim: Torcedor, o torcedor do outro time não é seu inimigo; ele apenas gosta de outro time. É assim que vocês precisam aprender a viver. Não é porque o outro torce para outro time que ele seja do mau; apenas gosta de outro, que para ele é o bom. Se não fizer isso, não há conciliação, não há como se conciliar.

Se você senta numa mesa para se conciliar com uma lista de exigências que fará do outro, esqueça: a guerra é inevitável. Se entra numa mesa de conciliação, de negociação, orando a Deus para que Ele lhe ampare e sustente a sua demanda, esqueça: não há condição de conciliação. Sempre exigirá até as calças do outro. Entrando numa mesa sentindo-se protegido pelos deuses, não cederá nunca.

Acreditar que Deus o protege, que as entidades lhe darão força para atingir tudo o que exige do mundo, não lhe deixa viver em paz. Por isso essa fé deve ser mudada. Mas, há outro motivo pelo qual ela deve ser abandonada: é ilusão pura.

Há uma outra frase no mundo de vocês que mostra bem o que estou dizendo: se macumba ganhasse jogo, o campeonato baiano acabava empatado sempre ... Isso é uma piada, mas a mensagem que ela traz é perfeita para o que estamos conversando.

Se a macumba é disseminada na Bahia, é óbvio pensar que cada time faça um trabalho para o seu orixá pedindo para ganhar o campeonato. Cada um fará o seu pedido ao seu orixá, ao seu santo e como não existe um mais forte que o outro, o campeonato sempre acabaria empatado.

É por isso que é preciso destruir essa fé.

Participante: essa questão da religião que promete conquistas materiais parece que cada dia está mais forte.

É por isso que na bíblia está escrita que no novo tempo não haverá religião, pois o trono de Deus estará na Terra.

Viver em conciliação é trazer Deus de volta. Isso precisa acontecer porque ele não está na Terra, mas sim preso nos céus e nas igrejas. Ele é um prisioneiro das religiões e fica enjaulado dentro do templo esperando que vocês vão e peçam para Ele fazer alguma coisa.

Quando houve aquela guerra no Iraque, milhares de pessoas encheram os templos rezando para que não houvesse guerra. Apesar disso, ela aconteceu. Aí lembro que perguntei: será que Deus é surdo? Ou será que ele gosta mais daqueles que querem a guerra?

Imaginar que Deus evitará a guerra para poupar vidas humanas é conviver com Senhor que não é o Deus do universo. Antes de continuar um detalhe: eu não estou acabando com Deus; estou acabando com o deus criado pela humanidade. Aquele que foi criado por vocês e para vocês como parte do carma, da prova.

Vocês já leram muitas passagens da Bíblia, tanto do novo quanto do velho testamento. Será que já encontraram alguma passagem onde se diga que Deus irá proteger um ser humano e nada de mal lhe acontecerá? Claro que não, mas é isso que as religiões vendem.