O poder da felicidade
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O poder da felicidade

Depois de falar teoricamente sobre a busca da felicidade incondicional, em 2013 Joaquim de Aruanda se colocou à disposição dos amigos para comentar sobre a prática dessa busca. A partir de situações do cotidiano de cada um, ele fala sobre a busca da felicidade.

O poder da felicidade

Mensagem introdutória

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Introdução

1. Este trabalho

Que a paz de Deus esteja com vocês.

Na semana passada enviei uma mensagem a vocês. Nela falei do trabalho que tínhamos marcado para fazer on-line, um resumo de tudo que estudamos nos últimos quinze anos, e disse também do que pretendemos a partir de agora realizar quando viajarmos e estivermos com vocês pessoalmente. Disse que nestes contatos não iria mais responder questões, perguntas, sobre os ensinamentos, mas que queria e precisava conversar sobre situações de vida onde vocês vivem contrariedades, sofrimentos.

Como disse naquela hora, isso é importante ser feito, pois vocês precisam de um curso para aprenderem a viver. Precisam aprender a viver esta vida porque se dizem seres humanos maduros, crescidos, mas são crianças. São infantis, pois quando o papai, a vida, chega do trabalho e não traz a bala que querem, choram, batem o pé, xingam e sofrem. Ou seja, por causa desta infantilidade, se contrariam por besteiras, por pouca coisa.

Isso é a coisa mais importante que podemos fazer: ajudar vocês a amadurecerem. Orientá-los para que deixem de agir como crianças que querem exigir da vida tudo aquilo que sonham, almejam e desejam.

Porque é importante se aprender a viver maduramente? Porque todos afirmam categoricamente que querem ser felizes. Até acredito que querem ser, mas não sabem ser, não conseguem ser. Porque? Porque são infantis, são imaturos no trato com a vida.

Essa é a importância desse trabalho que realizaremos a partir de agora na nossas viagens. Compreender a vida, compreender a forma como vivem, compreender a imaturidade com a qual vivenciam os acontecimentos da vida e com isso atingir uma maturidade que lhes leve a viver esta vida com felicidade.

Só que, infelizmente, nesse momento não estamos conseguindo viajar, sair para realizar as nossas conversas pessoais, como sempre fizemos. Antes que os imaturos venham com soluções mirabolantes ou com perguntas sobre o porquê não estamos viajando, digo logo: não estamos indo, ponto final. Não há motivos para nada. O que acontece é sempre a realidade e nela não estamos viajando. Ponto final.

Ora, se não estamos conseguindo viajar, se não estamos conseguindo ter o contato direto para realizar estas conversas que podem lhes ajudar a alcançar a maturidade e elas são importante, ao invés de lastimar, sofrer, como vocês fazem com as situações que são contrárias ao que querem, vamos pensar em outra forma de realizar este trabalho. A que encontramos para isso é abrir espaço para que, pelos meios que dispõem para entrar em contato conosco, possam colocar suas contrariedades, seus sofrimentos, os problemas das suas vidas para que possamos, de longe, dar respostas a estas situações de tal forma que lhes ajude a amadurecer.

Aliás, essa solução é muito mais universal do que ir a diversos lugares, pois ela atinge mais diretamente a todos. Além disso, o problema de um, com certeza, é o problema de muitos. Por isso, a resposta dada a um poderá ajudar a muitos.

Então, vamos começar este trabalho nos disponibilizando a orientá-los de longe sobre como viver os momentos onde existem sofrimentos, contrariedades. Como ele será feito? Estaremos abrindo para que, a partir de hoje, façam perguntas para que respondamos.

Vocês me dirão que já fiz isso uma vez, e isso é verdade. Só que naquela época disse que não queria perguntas sobre vida privada, sobre acontecimentos da sua vida. Agora falo ao contrário: eu quero problemas da sua vida, quero acontecimentos onde existe o sofrimento, a contrariedade. Digo isso para que possamos juntos conversar e tentar descobrir uma maneira madura de viver estas situações, ou seja, uma maneira que não inclua sofrimento.

Só tem um detalhe: este trabalho tem algumas restrições. Para explica-las vamos dar um exemplo. Aliás, é um exemplo que aconteceu muitas vezes ao longo dos últimos quinze anos. Uma pessoa me procura e diz: ‘meu namorado, noivo ou marido me abandonou, me largou, acabou a nossa relação. Estou sofrendo muito com isso. Como posso não sofrer neste momento’? Essa é uma questão de vida, é uma situação onde vocês precisam amadurecer para poder passar por ela sem sofrer. Por isso estarei aqui para responder.

Agora, se além da pergunta houver nas mensagens complementos como os seguintes, eu não responderei: ‘ele vai voltar’? ‘Porque ele terminou comigo’? ‘Será que arrumou outra’? Não estou me propondo a dar prognóstico para futuros, nem me predispondo a mostrar os motivos pelos quais este acontecimento ocorreu na sua vida, pois tudo acontece por um só motivo: porque acontece. O que me proponho nestas conversas é a falar com vocês sobre o sofrimento vivido e juntos analisarmos o acontecimento para podermos descobrir, então, uma forma de viver situações análogas sem sofrimento.

2. A real motivação da dor

Isso é o que pretendemos fazer. Mas, já que por hoje eu estou aqui e vocês aí, vamos entender um pouco na prática como este trabalho irá funcionar. Para isso, vamos ficar com este exemplo: meu marido, meu noivo, meu namorado me abandonou, como posso viver isso sem sofrimento?

Para responder uma pergunta no sentido do exemplo que estamos usando, analisando a vida humana para buscar acabar com o sofrimento, precisamos descobrir a origem, a raiz do sofrimento. O que causa o sofrimento se o seu marido, namorado ou noivo lhe abandonar? Qual a causa do sofrimento vivido? Esta é a primeira pergunta que cada um precisa fazer para si, antes de buscar conseguir não sofrer. Isso porque, apesar de aparentemente a dor de ser abandonado ser igual para todos que vivem momentos como este, não é.

O que precisa ficar bem claro é que a dor não existe pelo acontecimento em si, mas por algo que está dentro de você mesmo e que lhe faz sofrer. Como este algo, ou motivação, não é igual em todos, as pessoas sofrem em momentos análogos, mas por motivos diferentes.

Acho que este preâmbulo é importante para quem pretende mandar questões para conversarmos, pois só aqueles que buscarem dentro de si a real motivação do seu sofrimento conseguirão, de minha parte, uma resposta que possa auxiliar verdadeiramente. Aqueles que não fizerem esta busca e me relatarem apenas os acontecimentos, podem sair frustrados por não conseguirem libertar-se do sofrimento. Digo isso porque na resposta a esses últimos poderemos não atingir o verdadeiro ponto que leva ao sofrimento.

Por isso oriento àqueles que vão buscar ajuda: pesquisem dentro de vocês a raiz dos seus sofrimentos. ‘Meu marido me abandonou e vou pedir a Joaquim ajuda para vencer este sofrimento. Só que antes eu preciso ver o que dentro de mim realmente está me fazendo sofrer. Vou pesquisar o real motivo do meu sofrimento’.

Como disse antes, apesar de viverem situações análogas, as pessoas sofrem por motivos diferentes. Aquela que foi abandonada pode estar sofrendo por estar sozinha, porque os seus filhos vão ficar sozinhos, por não tem condições materiais de viver sem o cônjuge, porque não terá mais quem lhe leve para passear, etc. Veja quantas motivações podem estar por trás da dor de uma separação e que é, na verdade, a geradora da dor e não a separação em si.

Claro que agora não vou responder a todas as situações, mas quis fazer esta análise e mostrar o trabalho justamente para que vocês possam trazer o problema dentro da realidade e assim possamos conversar e juntos achar um caminho onde não haja sofrimento.

3. Ame a si mesmo

Há mais uma coisa que preciso falar a vocês nesta mensagem introdutória. Vamos lá...

Vocês correm através de diversos objetivos na vida, mas no fundo o que buscam realmente é a felicidade. Tem gente que acha que a felicidade depende do dinheiro, por isso o busca se escravizando ao trabalho. Outros acham que a felicidade depende de viajar, passear; por isso se escravizam a ter estes momentos na vida. Durante a vida existem diversos motivos aos quais vocês se escravizam, mas não importa ao que você é escravizado, no fundo tudo que faz é para ser feliz, para alcançar a felicidade.

Sendo isso verdade, eu lhes pergunto: vocês vão entregar o seu bem mais precioso, aquilo pelo qual lutam, na mão de outra pessoa? Vocês vão confiar a sua joia mais preciosa aos cuidados de outra pessoa?

Estou lhes fazendo esta pergunta, porque é isso que faz aquele que depende de ter alguém ao seu lado para ser feliz, por exemplo. Ele entrega o bem mais precioso, a sua joia mais cara, na mão de um qualquer, de uma pessoa que como todo ser humano é egoísta por natureza e por isso pensa prioritariamente em si mesmo.

Portanto, se alguém me busca para auxilia-lo a não sofrer, mas expõe genericamente que o seu sofrimento é causado porque foi abandonado, tenho que responder genericamente a essa pessoa dessa forma: nunca entregue a sua felicidade na mão de outro. Nunca dependa de nada nem de ninguém para ser feliz.

Como se faz isso? Como se vive sem depender de nada ou de ninguém para ser feliz? Amando a si mesmo.

Quem ama a si mesmo – a si mesmo e não a um protótipo de si que não é você mesmo, quem é neste momento – se ama do jeito que é e por isso tem o controle total da sua felicidade. Ele não depende de ninguém, não precisa de ninguém para ser feliz. Ele basta para si mesmo. Este, se for abandonado, não sofrerá.

O ser humano precisa amar a tudo que tem, ser feliz com tudo que tem para ser feliz. Aquele que não coloca a sua felicidade à mercê das coisas do mundo consegue ser feliz, tendo ou não o que quer. Portanto, dentro do nosso exemplo, sofre quem é abandonado só aquele que coloca a sua felicidade na mão de outra pessoa ou à mercê dos acontecimentos e objetos da vida.

Tem uma coisa que acho que ninguém até hoje lhe ensinou: a forma madura de viver consiste em aprender a ter o poder sobre a felicidade. Ninguém consegue ser feliz se não tiver em suas mãos o poder de ser feliz.

Retomar este poder é a essência deste trabalho. O que vamos conversar a partir de toda e qualquer situação que me for apresentada por vocês é como deter o poder de ser feliz. É como ter nas suas mãos o poder para ser feliz. Mostraremos como aprender a não depender dos outros nem de nada para ser feliz. Aprender a retirar das mãos dos outros o seu bem mais precioso.

Isso é, em resumo, o que faremos. A partir das colocações, que como disse devem analisar profundamente a raiz do sofrimento, nós conversaremos para traçar um caminho para que retirem o poder sobre a felicidade das mãos de outras pessoas ou coisas e o tenham nas suas mãos.

Acho que o assunto chama a atenção e por isso estamos à disposição. Podem enviar perguntas como da outra vez, que responderemos e as orientações serão disponibilizadas para todos.

Não será necessário se expor. As perguntas podem ser feitas de uma forma anônima, podem ser colocadas de uma forma que outros não tenham ciência. Na resposta também não falaremos o nome de ninguém. Só comentaremos os casos.

Como disse, estou à disposição de vocês. Fiquem à vontade.

Com as graças de Deus, que vocês estejam na paz...

O poder da felicidade

Tenha o poder para ser feliz

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Tenha o poder para ser feliz

4. O poder da felicidade

Eu sei que já chegaram algumas proposituras para que analisássemos, objetivando auxiliar as pessoas a viverem na felicidade. Vou responder a todas as questões que me forem propostas, vou dar orientação para todas estas questões, mas de nada adianta darmos a solução para um problema sem ensinar a se libertarem dos problemas como um todo. Sem ensinar a realmente conquistar a felicidade.

Por isso, antes de responder a cada uma das questões, precisamos ver duas coisas. A primeira vamos conversar hoje. A outra conversaremos em outro dia.

Vamos conversar hoje sobre obter o poder da felicidade. Vamos entender como podemos ser felizes sempre. Para isso, vamos entender como agir para que não tenhamos mais problemas. Sabido como agir para não ter mais problemas, poderemos, então, responder às questões que vocês estão levantando.

Na primeira conversa falei que o objetivo deste trabalho é que vocês tomem posse do poder da felicidade, do poder gerador da felicidade. Vamos antes de qualquer coisa, falar um pouco deste poder.

O que é ele? É o poder que todo ser, inclusive o humano, tem. É o poder que confere ao ser a autonomia sobre o seu estado de espírito. Um ser que tem autonomia sobre o seu estado de espírito é aquele que consegue decidir por si só se vai viver um acontecimento da vida humana em felicidade ou sofrimento.

Já havíamos falado um pouco sobre esta questão quando conversamos no estudo chamado ‘Senhor da Mente’, o estudo Bhagavata Puranas. Para se ter o poder sobre a felicidade é preciso ser senhor da sua mente.

Ainda vamos falar mais disso hoje, mas por enquanto fica a informação que o poder da felicidade é algo que o ser possui e que é capaz de lhe dar felicidade, de lhe manter no estado de espírito de felicidade, e que é usado quando ele se torna senhor da sua mente.

Antes de continuarmos, vamos só lembrar que não estou falando em prazer, mas em ser feliz de verdade, ser feliz incondicionalmente. Estou falando de um estado de espírito que existe, mesmo quando o ser não tem seus desejos e sonhos atendidos.

Então, este poder é o poder que dá ao ser a capacidade de viver o estado de felicidade incondicionalmente. Ou seja, é o poder de vivencia dos acontecimentos da vida humana em paz, ou seja, sem armas para guerrear contra vida, e em harmonia, ou seja, sem se contrariar com as coisas que acontecem. Este é o poder da felicidade.

Ele é algo que não podemos explicar perfeitamente, que não temos como explicar, mas que todo ser tem. Todo ser tem o poder de vivenciar todos os acontecimentos da vida não importando o que está acontecendo, em paz e harmonia.

5. Onde está o poder?

Explicado o que é o poder da felicidade, vamos, então, pensar. Se todo ser tem este poder, onde está ele? Em você... Vou explicar melhor isso.

Esse poder é íntimo de cada ser, inclusive do humano. Ele não existe em nenhum outro lugar do universo; só dentro de cada um.

O que isso quer dizer para o nosso estudo? Quer dizer que outras pessoas, os acontecimentos ou objetos do mundo humano não podem dar essa felicidade ao ser, não podem lhe fazer viver em paz e harmonia. Só o ser pode decidir viver dessa forma.

Nada, ninguém, pode lhe dar a felicidade. Mais: ninguém pode lhe tirar. A felicidade está dentro do ser e está presente a cada momento da existência dele. Ninguém pode tirá-lo, roubá-lo. Ele é seu e só você pode usar.

Isso é uma coisa que precisa ficar bem clara: ninguém pode dar felicidade a outro. Quando estou falando em ninguém, não estou falando só das pessoas, mas também de coisas, objetos e acontecimentos. A não ser que o próprio ser use o poder que está nas mãos dele, nada poderá lhe dar esta felicidade.

Se nada pode lhe dar, nada pode tirar. Se este poder for usado, nada nem ninguém vai conseguir anulá-lo. Esse é o grande segredo: nada nem ninguém pode acabar com a sua felicidade. Vamos falar sobre isso.

6. A ação da mente

Acho que a partir de tudo que já falamos até hoje, vocês sabem que outras coisas não podem lhe dar a felicidade nem trazer o sofrimento. Mas, tem uma coisa que eu já falei, que vocês acreditam que podem tirar a sua felicidade: a sua mente.

Já disse por diversas vezes que a sua mente lhe propõe sofrimento. Isso gera no ser humano a ideia de que a mente é capaz de lhe fazer sofrer, mas isso não é real. A mente é incapaz de lhe fazer sofrer.

É a mesma coisa de quando falamos do egoísmo. Eu disse que a mente não é egoísta, mas apenas lhe propõe egoísmo. Quando você aceita o egoísmo proposto pela mente, o egoísta é você e não ela.

A mente não pode lhe fazer sofrer. Ela pode lhe propor sofrimento e você pode não usar o poder para ser feliz e por isso viver o sofrimento que ela propõe. Vou dar um exemplo que acho que já aconteceu com quase todos vocês para poder provar o que estou falando.

Tem dia que você acorda para baixo, mal e vive o dia inteiro desse jeito. Não importa o que aconteça, não consegue viver na felicidade. Quem lhe propôs o sofrimento? A sua mente. E porque você viveu o dia inteiro passando mal? Porque não reagiu a essa proposição com a felicidade que está dentro de você, ou seja, não exerceu o seu poder de ser feliz.

Agora, tem dia que você acorda mal, mas num determinado momento diz assim: ‘chega, não vou me entregar a esta ideia, não vou me entregar a este sofrimento, não vou viver isso’. Quando você reage dessa maneira o ciclo de sofrimento acaba.

O que foi isso? O que foi que você fez? Porque o sofrimento acabou? Usou o poder de ser feliz. Ou seja, mesmo que a mente lhe proponha um sofrimento moral, material, uma contrariedade ou uma dor, se você não aceitar esta proposição da mente usando o seu poder de conferir felicidade a você mesmo, não sofre. Usando o poder de ser feliz, você acaba com o sofrimento.

Portanto, o poder de ser feliz é seu e de mais ninguém, nem da sua mente. Você só depende de você mesmo para ser feliz. Isso é o que precisa ficar mais importante neste trabalho quando falamos do poder da felicidade: ele está na sua mão. Basta usá-lo. Se usá-lo, nada nem ninguém poderá ir contra você.

Esse é o grande problema: vocês não usam o superpoder que têm. A mente diz que algo não presta, está errado, que não levará a bom termo aquele acontecimento ou que não lhe faz bem e você se omite de usar o seu poder para ser feliz e vive o que a mente lhe determina que viva.

É assim que se resume todo o assunto da felicidade: saber que só você tem o poder de decidir viver feliz. Que nada nem ninguém pode, se você decretar ao contrário, lhe fazer infeliz.

Isso é muito forte, eu sei, pois como cedem constantemente à mente, estão acostumados a buscar a raiz do seu sofrimento na mente, nos outros, na coisas, nos objetos, nos acontecimentos, mas nada disso é a origem do seu sofrimento. Você só sofre porque se omite no momento em que a vida, a mente, lhe propôs sofrimento.

Ou seja, o único responsável pela sua infelicidade é você mesmo. Não existe outro. E a origem do porque você se tornou infeliz é porque se omitiu, aceitou placidamente o que a mente lhe falou.

7. Retomando as rédeas da felicidade

Este é o primeiro grande detalhe: você tem que agir. Agir como? Agir contra o sofrimento que aparece pela mente, impondo a ela a paz e a harmonia. Se você não age contra a mente, não vai conseguir este estado de espírito.

Vou aproveitar a presença desta pessoa aqui e usá-la como exemplo. Ele está desempregado há dois anos. Se não agir contra a sua mente, ele vai entrar em parafuso. Isso porque a mente lhe cobrará não estar trabalhando, não ter salário, não estar cumprindo o seu dever de sustentar a casa e muitas outras coisas que já conversamos. Se ele não estiver atento a estas criações da mente e não se impor ao que ela diz, ele viverá em eterno sofrimento.

Esta é a primeira questão que precisa ser levantada para aquele que pretende ter o controle sobre a sua felicidade: atenção plena ás criações da mente. Só aquele que está constantemente atento ao que a mente está falando pode usar o seu poder da felicidade. Só quem está atento ás criações da mente pode observar quando ela propõe o sofrimento e reagir a isso.

Quem não está atento à estas criações se deixa levar pela mente, ou seja, acredita nas lógicas criadas pela mente e não reage a elas com paz e harmonia para si. Por isso sofre.

Quem vive desatento das criações mentais inevitavelmente sofrerá. Para este não há neste mundo, nem macumba nem Santo Antônio, que o faça viver feliz. Se não houver uma observação constante das criações mentais, não haverá um trabalho libertar-se delas e impor a paz e harmonia. Com isso, o sofrimento é inevitável.

8. O requisito básico para se usar o poder da felicidade

Participante: existe uma fórmula mágica para se viver assim?

Vamos dá-la agora.

Antes de responder, só lembrando, este é um trabalho que tem que ser feito vinte e quatro horas por dia. Você não consegue mudar a sua mente, ou seja não a faz propor felicidade. A mente sempre proporá sofrimento e você precisa estar sempre agindo contra ela para não sofrer, se impondo a ela a cada momento.

Já que a coisa é tão simples, só depende de você, porque não consegue se impor? Se é tão fácil e simples, porque ninguém faz?

Participante: preguiça...

Não.

Participante: falta de hábito?

Não.

Participante: nunca tinha ouvido falar disso antes de conhecer os ensinamentos de Joaquim. Será que é por isso que as pessoas não fazem?

Não, porque mesmo agora que você me conhece, muitas vezes também não faz.

Porque que, mesmo sabendo de tudo o que já falei, não consegue assumir o controle da sua felicidade? Porque este não é o seu objetivo de vida...

Só assume o controle da sua felicidade aquele que determina para si ser feliz como objetivo de vida. Decidir pela felicidade sempre.

Participante: não acho que é tão simples assim...

Mas, é. Deixe-me completar para ver que é tão simples assim.

Vocês parecem barquinhos que vão ao sabor das ondas sem leme. A cada momento da vida vocês têm um objetivo a ser alcançado.

Têm o objetivo de estar bem com alguém num determinado momento, possuem o objetivo de arrumar um emprego em outros, têm o objetivo de salvar um casamento ou de casar. Têm variáveis motivos.

São esses múltiplos objetivos que a mente lhes dá que ela explora para que você não use o seu poder de felicidade. Iludido pela mente, vocês saem atrás dos objetivos que ela cria sendo que nenhum deles os leva à felicidade.

Lembra da frase que já usei muito? Para ser feliz é preciso ser feliz. Pois é, para se viver em felicidade é preciso só se ter um objetivo: ser feliz. Se você tiver outro objetivo, não será feliz.

Porque isso acontece? Porque você irá sempre querer coisas, mas ter o que quer não depende só de você.

Esse é outro detalhe importante. Só a felicidade, só o ser feliz, depende unicamente de você. Todo o resto que possa querer ter, dependerá de outra pessoa.

Viver em felicidade é a única coisa que depende exclusivamente do seu esforço. Não depende de mais nada nem ninguém. Qualquer outro objetivo, por ser dependente de algo ou de alguém, não leva à felicidade incondicional, mas leva a sua felicidade a depender de uma condicionalidade. Por isso, mesmo que alcançado, este estado de espírito não é mais de felicidade, mas sim de prazer.

Esse é o motivo. Na hora que vocês colocarem como objetivo de vida ser feliz e esquecer qualquer outro, serão capazes de agir no momento em que a mente lhe leva para outros caminhos, para outras buscas. Com isso, a sua felicidade jamais ficará dependente de alguém ou de algo.

Só tem um detalhe. Não estou falando de uma opção vã. Não estou falando em optar como se escolhe uma roupara sair ou uma comida para comer, ou seja, uma opção momentânea. Estou falando de uma opção profunda, uma opção forte, que não aceite contestações. Quando você estiver decidido cem por cento a transformar a felicidade no seu objetivo de vida, a consegue.

Será que o que estou falando é irreal ou utópico? Observe a vida de vocês e verão que já agem assim, mesmo que inconscientemente, instintivamente.

Na vida de vocês, por querem alcançar diversos motivos nos relacionamentos, passam por problemas com determinadas pessoas. Na hora que se cansam de sofrer porque não conseguem atingir os objetivos traçados pela mente para aquele relacionamento, quando se eximem de alcançar aquele objetivo, se tornam felizes. A pessoa continua aprontando, continua fazendo tudo o que fazia e lhe dava sofrimento e você não sofre mais.

Se em determinado momento você é capaz de estancar o sofrimento, porque sofreu antes? Porque naquele momento o seu objetivo não era ser feliz, mas sim viver bem com aquela pessoa, muda-la, conseguir o que queria, que ela realizasse seus sonhos.

Veja que não estou falando nada de utópico ou que seja desconhecido. Vocês já praticam isso em alguns momentos, mesmo que inconscientemente. Só que hoje reagem ao excesso de sofrimento. O que estou falando agora e propondo é que ajam antes do sofrimento.

Vocês vivem me cobrando que estou errado quando digo que não podem fazer nada. Só que a única coisa que podem fazer, não fazem. Querem praticar atos, falar, escrever, mas a única coisa que podem fazer que é exatamente definir seu objetivo de vida forte como uma rocha e a partir dele reagir às proposições da mente não fazem. Isso podem fazer. Isso conseguem fazer.

Agora, mudarem o mundo, mudarem os outros, fazerem os outros entenderem seu ponto de vista, lhes compreender, fazerem os outros lhes respeitarem, desculpe, vocês não conseguem. Isso porque estas coisas dependem dos outros.

E se eles não quiserem? ‘Ah, nós vamos ao centro e fazemos um trabalho para ele mudar’. Isso é garantido cem por cento? Acho que vocês sabem que não. Portanto, vão, se quiserem, corram o risco de continuar sofrendo, se estes objetivos são importantes para vocês. Agora, eu garanto que se alterarem o seu objetivo de vida e agirem para defende-lo sempre, conseguirão sempre serem felizes.

Portanto, sim, a coisa é simples, mas só se torna desta forma quando você decide simplificar. Na hora que decide pelo objetivo de ser feliz, nada mais lhe incomoda, porque a sua decisão é acima de tudo ser feliz. Por causa dela, o resto do mundo que se dane, que vá viver a vida deles, enquanto você vive a sua vida.

Diante do que a vida lhe apresentar, priorize sempre estar feliz e você jamais sofrerá.

9. As bases do trabalho

Vão ser estes os critérios que usaremos para responder às proposições que me farão. A cada uma vou mostrar qual o objetivo que você está tendo naquele momento onde existe o sofrimento e mostrar que por causa dele não consegue ser feliz.

Por exemplo, se esta pessoa me afirmar que sofre porque ainda não achou emprego depois de dois anos procurando. Eu vou responder a ele que perdeu o objetivo de vida, que está objetivando ter um emprego e por isso sofre.

Sei que quando responder dessa forma vocês vão me dizer que ter emprego é importante porque é preciso comer. Pronto, apareceu outro objetivo de vida diferente do ser feliz: comer.

Participante: é possível o corpo parar em pé sem comer?

Sim, é possível. Mas, será que você chegará a este ponto? Acho que não. Se não estiver predestinado a isso não chegará.

Além disso, deixe-me lhe fazer uma pergunta: quantas pessoas vivem por aí que não têm o dinheiro para comer há muito tempo e a comida aparece? Elas vivem, mesmo não tendo condições de se sustentarem e para isso alimentam-se. Este alimento não chega a elas? Se chega, será que não chegará à você, se precisar?

O que fiz agora? Lhe dei argumentos para que você possa escapar da cilada gerada mente. É ela que está valorizando o alimento que você come dizendo que se não trabalhar não o terá e que é necessário tê-lo para existir. Ela faz isso para que você siga os objetivos que ela traça e com isso não utilize o seu poder para ser feliz.

É isso que é o importante que vocês precisam ter: argumentos para poder se livrarem dos outros objetivos de vida que a mente cria. É isso que faremos.

Vamos conversar com vocês, mostrar o objetivo que estão vivendo e que por causa dele estão sofrendo e tentar conversar gerando argumentos para que você consiga exercer o seu poder de ser feliz, ao invés de ficar andando de barquinho sem leme, ao sabor da onda. Entregando, como já disse, o seu bem mais precioso, que é a sua paz e harmonia, nas mãos de outra pessoa ou objetos.

Eu já disse isso neste trabalho: vocês entregam a sua joia mais preciosa nas mãos de uma comida, de um emprego, de uma família unida. Quem coloca seu bem na mão de outro, acaba sem.

Esse é o nosso trabalho. É sobre isso que quero conversar com vocês.

O que faremos aqui é entendermos que a felicidade é algo íntimo de cada ser e que só ele pode conferir a si mesmo. Entendermos porque vocês não conseguem ser felizes, ou melhor, quando não usa o poder para ser feliz. Compreender o que está bloqueando a sua capacidade de ser feliz é o que precisa ser feito e é isso que estaremos fazendo.

Não adianta, como já disse também, ficar aqui só conversando em cima de um acontecimentos específico. Se fizermos isso pode ser até que consigamos traçar uma estrada para que você consiga utilizar o seu poder naquele momento, mas e daí? Você não criará o objetivo de vida de ser feliz e por isso vai escravizar-se a outros objetivos criados pela mente e neste momento sofrerá. Nestes momentos pode ser que não haja um Pai Joaquim para fazer a orientação. Por isso é muito importante trabalharmos do jeito que vamos trabalhar.

Agora, o que também é importante é que paremos de fazer discursos bonitos ou tratados filosóficos, porque senão na hora dos acontecimentos vocês não compreendem o que está se passando, porque não conseguem ser felizes, porque não conseguem usar a arma que dispõem.

 Por isso, pedi as pessoas que me enviassem seus momentos onde acabam não usando o seu poder de conferir felicidade a si. Analisando cada momento a partir dessa visão de que você sofre quando persegue os objetivos traçados pela vida é que vamos conseguir estabelecer uma espécie de guia que pode lhe ajudar a vencer outros momentos. Portanto continuo no aguardo de novas questões.

Como disse, são duas as conversas preparatórias para a realização deste trabalho. A primeira foi essa. A segunda conversaremos em outro dia.

O poder da felicidade

Porque você sofre

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Porque você sofre

10. O sofrimento

Da última vez que falamos dentro deste estudo que estamos fazendo sobre o poder da felicidade, dissemos que a felicidade é algo íntimo do ser e que ninguém pode dá-la a ele. Dissemos, também, que se ninguém pode dá-la, ninguém pode tirá-la. Se analisarmos estas três premissas, ou seja, se levarmos em consideração que o estado de espírito de felicidade é algo que está dentro do ser, que nada nem ninguém pode dá-lo e que nada nem ninguém pode tirá-lo, vamos imaginar que seria muito fácil para os seres humanos serem felizes.

Sim, seria muito fácil. Bastaria o ser usar este seu atributo e vivera em paz e harmonia com o mundo. No entanto, não é isso que acontece, não é mesmo? Vocês vivem constantemente, diariamente, em sofrimento.

Antes de continuar, quero lembrar que sofrimento não é apenas a dor da perda de um parente, não é a dor de perder seus bens. Sofrimento é tudo aquilo que não é felicidade. Se felicidade é estar em paz e harmonia, a cada momento que você não tem paz, ou seja, a cada momento que tem argumentos contra o mundo ou a cada vez que não está harmonizado com o que está acontecendo, você está sofrendo.

Portanto, mesmo a mais pequena contrariedade é um sofrimento. O simples fato de tomar um café e esquecer de colocar o açúcar antes é um sofrimento. Para vocês pode não parecer que seja algo importante, pois basta apenas levantar e colocar o açúcar e beber, mas é. Isso porque cada vez que você sofre fica uma marca no seu coração. Esses sofrimentos ou contrariedades vão acumulando e lhe leva a um sofrimento mais forte, mais profundo e mais duradouro. Por isso, mesmo a menor contrariedade pode ser encarada como um sofrimento.

Então, hoje que vamos falar sobre usar realmente o poder da felicidade, vamos conversar não só a respeito de coisas profundas que lhe incomoda, mas vamos estar falando em todo e qualquer incômodo, desde o menor até o maior. Vamos estar falando em toda e qualquer dor moral, desde simplesmente alguém falar que você não entendeu o que ela disse, até ao fato de você ser humilhado, ser desmoralizado.

11. Você não é quem pensa que é

Voltando à questão de usar o poder da felicidade, pergunto: se é tão fácil, tão simples ser feliz, porque vocês não são? Porque não conseguem se libertar das contrariedades? Porque não conseguem se libertar dos pequenos ou grandes incômodos? Muito simples: porque vivem o que a mente cria.

Esse é um detalhe que precisa ser entendido. Vocês se consideram uma personalidade, uma persona, mas a personalidade que você realmente é não é esta que conhece. A sua verdadeira personalidade tem muito pouco a ver com a personalidade que hoje, durante a vida humana, acredita ser.

Alguns chamam a sua verdadeira personalidade de eu superior, de espírito ou alma. Não importa o nome. O importante é saber que há uma personalidade que não é aquela que você acha que é. Aquele que acha que é, que conhece e reconhece como você, é um elemento produzido pela sua mente. Vou falar rapidamente sobre esta questão.

Vamos dizer que você se considera uma personalidade que possui o nome de José. Acredita ser uma pessoa que possui determinado padrão emocional e determinado padrão mental que vivencia uma determinada história.

Isso não é real, isso não verdadeiro, esse não é você. Tudo isso é uma criação da sua mente. Aquele padrão emocional, mental e aquelas histórias não é sua, não foram criadas e nem vividas por você. Quem criou e vive tudo isso é a sua mente.

Porque digo isso? Vamos tentar entender?

Ao longo dos últimos quinze anos só falamos de mente. Portanto, existe muito material à disposição de vocês. Por este motivo não vou falar profundamente sobre determinados assuntos relativos à mente. Se quiserem, este material está disponível. De qualquer maneira, algumas noções sobre ela temos que citar neste trabalho.

O que é uma mente? Já fizemos esta definição: a mente é um geradora de consciências. Mente é um elemento que tem a capacidade de gerar consciências.

O que é uma consciência? Tudo que você sabe, que vê, que sente, que percebe. Tudo aquilo que você vive como sendo um eu ou como ser, estar ou fazer alguma coisa, não é vivido por você, mas trata-se de uma consciência gerada por uma mente.

Por exemplo. Aqui neste momento existem dois seres humanos. Eles acham que estão aqui, mas isso é irreal. Eles não estão aqui. Eles estão recebendo através da mente a consciência de estar. A ideia de estar. Esse conhecimento é fundamental para aquele que quer usar o poder da felicidade.

Como disse, o poder de ser feliz é íntimo do ser. O poder de gerar felicidade, paz e harmonia para si mesmo, é íntimo do ser. Portanto, não pode estar na mente. Se mente é um gerador de consciências e se ela não tem a paz e harmonia em si, as consciências que gera não possuem paz e harmonia.

Esse é o primeiro detalhe que aqueles que pretendem gerar felicidade para si precisam entender. Tudo que é gerado pela mente não possui a felicidade. Porque? Porque a mente não é um ser. Ela é um elemento e não um ser e por isso não possui felicidade para viver.

Eis aí o primeiro motivo pelo qual vocês não conseguem viver a felicidade, gerar felicidade para si mesmo: porque se confundem com a mente. Porque acreditam que são o que a mente diz que são. Acreditam que estão vivendo aquilo que a mente diz que estão vivendo. Acompanham as consciências geradas pela mente. Por estes motivos não conseguem colocar paz e harmonia na vida de vocês.

Esse é o primeiro elemento que temos que ter em consciência. Se seguimos a mente, nunca encontraremos a paz, a harmonia e a felicidade. Para realmente poder viver feliz, é necessário que você compreenda que todas as consciências com as quais convive não são você nem a sua vida, mas apenas uma criação mental, uma posição do mundo mental.

12. A vida de cada um

Vamos só falar mais um pouco sobre a mente e depois entramos no assunto de hoje.

Como a mente cria a vida do José, do João, da Maria, da Fátima? Como ela faz para estas personalidades e suas consciências?

Para gerar consciências, a mente trabalha com uma coisa chamada conceito. O que são conceitos? São verdades.

Quando falo em verdades, não estou falando só de palavras, de conhecimentos, de saber coisas. Toda situação que a mente cria é formada a partir de um conjunto conhecido que ela afirma ser verdadeiro. Portanto, cada consciência é formada por coisa conceituais, sejam elas palavras ou ideias.

Você dizem que cada ser humano é um diferente do outro. Que todos os seres humanos são diferentes entre si. Sim, isso é verdade: cada ser humano é uma personalidade diferente de qualquer outra que exista.

Porque isso acontece? Cada um é um porque cada mente, aquela que gera a consciência de ser, possui um conjunto de conceitos diferentes. Se são os conceitos que servem como base para gerar as consciências de ser, estar e fazer e se cada mente possui um conjunto de conceitos diferentes em gênero, número ou grau, isso quer dizer que cada ser humano é uma personalidade diferente do outro.

É por causa desta diferença no conjunto dos conceitos que três, quatro, cinco, mil pessoas veem o mesmo acontecimento e possuem consciências diferentes para o que é percebido.

Aquilo que é visto nada mais é do que um processo mental que determina o valor que está acontecendo, que determina uma consciência sobre a percepção. Como para determinar o valor do que está acontecendo ou seja, gerar consciências, cada mente se baseia no seu conjunto de conceitos, a realidade que é criada não pode ser a mesma para todos os seres. Ou seja, externamente acontece uma determinada movimentação e cada mente gera uma interpretação, ou seja, uma consciência individual, para aquilo que está sendo percebido.

É assim que vocês vivem. A mente de vocês vai trabalhando o tempo inteiro gerando consciências a partir de conceitos individuais e você acredita que está vivendo aquilo, acredita que aquilo é o que está vivendo. Isso porque não consegue se separar da mente.

13. O fundamento das consciências

Cada um vive uma consciência individual, uma realidade individual gerada pela sua mente à partir do conjunto de verdades dela. Esse é o primeiro grande detalhe que pode lhe ajudar a se afastar das criações mentais e conseguir usar o poder da felicidade que tem. Mas, há outros...

Quando a mente gera alguma consciência, ela não se preocupa se ela contém uma verdade verdadeira ou mostra uma realidade real. Deixe-me explicar isso.

A mente quando cria uma consciência o faz fundamentado no egoísmo. Já falamos muito sobre isso, por esse motivo, vou passar rapidamente no assunto.

O que é criar consciências de uma forma egoísta? É criar consciências a partir de um eu e objetivando que esse eu ganhe, tenha o prazer, alcance a fama e receba elogios.

A mente quando vai gerar uma consciência não se preocupa com o certo, com o justo, nem se preocupa em ser fiel ao que ela mesmo acredita. Ela pode gerar realidades que sejam contrárias às coisas que ela mesmo diz que quer, no que ela acredita que seja justo ou certo. A única coisa que ela se preocupa é em ganhar, ter o prazer, alcançar o reconhecimento e receber elogios.

Ela age dessa forma porque o seu objetivo não é apresentar a verdade, apresentar a realidade ao ser, mas estabelecer uma consciência onde ela tire alguma vantagem, ganhe alguma coisa. Essa é a preocupação da mente quando cria uma consciência.

Vou dar um exemplo do que estou falando para entenderem melhor. Quando sua mente cria a consciência de que o outro está falando errado ou que está fazendo algo errado ou que lhe ofendeu, magoou, desmoralizou, ela não está preocupada em saber se o que está criando é verdadeiro ou não. O que ela se preocupa é que essa consciência de alguma forma traga algum ganho para ela mesma. É assim que a mente vive, que cria as consciências que lhes são apresentas.

Se a sua mente está vivendo a consciência de ter sido magoada por alguém, na verdade não foi. Até porque, para saber que foi magoada, ela teria que saber que a outra mente queria lhe magoar. Acho que até hoje não existe uma mente que saiba ler o que outra está pensando. Se isso é verdade, como uma mente pode saber a intencionalidade da outra?

Ninguém consegue saber a intenção do outro ao fazer alguma coisa. Isso a sua mente sabe, mas não leva em consideração ao gerar uma consciência que lhe diga que o outro agiu por esta ou aquela motivação. Ou seja, ela não está preocupada com a realidade, com a verdade, mas sim em gerar uma consciência onde seja afirmado que o outro lhe magoou, que tinha a intenção de lhe magoar.

Para que faz isso? Para justificar a próxima consciência que ela vai lhe dar: reagir àquele momento de tal forma que ganhe do outro. Se a mente não criar neste momento uma justificativa para uma reação no futuro, como ela vai poder obter a sensação da vitória, de ter derrotado o outro? Essa consciência que afirma que o outro lhe atacou, apesar de não conter verdade ou realidade, serve, então, de instrumento para que você viva como real o atacar o outro. Com isso, deixa de usar a paz e a harmonia que possuem dentro de si mesmo.

Essa é a vida de vocês. Essas são as consciências que as suas mentes criam a cada segundo e que vocês chamam de ‘minha vida’.

14. A vida gerada pela mente é uma eterna batalha

A cada momento, a mente, que não é você, vai lhe propor guerrear com os outros para que vitórias sejam alcançadas. Ela vai sucessivamente lhe propondo consciências que possam leva-la a gerar novas consciências que a leve a ganhar de outra mente.

Para isso, ela não se preocupa com verdadeiro, com verdade, com real, com realidade: gera sempre o que for necessário para que uma vitória seja obtida. Por isso num dos estudos dissemos: a mente é hipócrita. Sim, cria consciências hipócritas exatamente para que ela possa ganhar alguma coisa.

Só tem um detalhe: essa não é a característica exclusiva da sua mente. Todas as demais mentes que compõem os seres humanos são egoístas por natureza e por isso buscam a vitória para si. Todas as mentes que existem dentro de um corpo humano possuem as mesmas características, ou seja, geram consciências objetivando ganhar, ter prazer, a fama e receber elogios.

Só que tem um detalhe importante. Por viverem com estes objetivos, as consciências geradas pelas mentes humanas possuem mais características. Todas elas têm embutidas em si o medo de perder, o medo do desprazer, de não ser reconhecido, de ser criticado.

Agora, imagine duas mentes gerando consciências, ou seja, relacionando-se, sendo que cada uma quer ganhar naquele momento e possuem a decisão de não perder. O que você acha que vai acontecer? Você acha que pode haver paz e harmonia entre elas? Claro que não.

Não ter argumentos para guerrear, ou seja, ter paz, é doar a razão ao outro e a sua mente interpreta o doar a razão ao outro como perda. Por isso não aceitará que isso ocorra placidamente. Gerará novas consciências até que você viva o que ela diz e aí perdeu a paz.

Como duas mentes que querem ganhar podem se harmonizar? Par uma ganhar o outro tem que perder. Isso é verdade absoluta. Ninguém consegue ter a mesma coisa. Duas pessoas diferentes não podem conquistar a mesma coisa.

É por isso que as criações mentais jamais lhe levarão à viver a felicidade. É como diz o ditado popular: cada um puxa a sardinha para a sua brasa. Se um puxa a sua sardinha para a brasa, a do outro não cozinhará. Mas, o outro está com fome e quer cozinhar a dele na frente. Por isso, os dois vivem brigando incessantemente.

Essa é a ideia que aquele que realmente quer exercer o seu poder para ser feliz precisa ter: a ideia de que a mente, o processo mental, as consciências geradas por ela, não podem jamais lhe levar à felicidade. É a partir desta consciência que você pode começar a trabalhar para impor à felicidade na sua existência. Só a tendo é capaz de fazer a felicidade se sobrepujar à intencionalidade da mente.

Se você não trabalhar neste sentido, no sentido de não viver o que a consciência diz como verdade, como realidade, jamais encontrará a paz. Isso porque, como acabamos de provar, a mente nunca vai criar a paz e a harmonia por si só. Mas, aí é que surge o grande problema.

15. A força de maya

Se pensarmos humanamente, dizer o que já dissemos até aqui já traria todos os elementos para você trabalhar por sua paz, mas isso não é verdade. Tudo o que falamos até agora não é novidade para os que já me ouviram bastante vezes. Vocês sabem que falo isso há quinze anos e, mesmo assim, continuam a não ser felizes. Continuam deixando-se levar pelas consciências geradas pela mente, imaginando que estão sendo felizes, quando não estão.

Tendo esta consciência, vocês me diriam: ‘então, o que preciso saber mais para poder colocar a felicidade na prática’? Já falei muito sobre isso, já usei muitos argumentos para que isso acontecesse e, como disse antes, está tudo disponível. Se forem lá consultar encontrarão uma série de fatores que precisam se atentar para poder viver em felicidade.

Como estes argumentos já foram transmitidos, não vou repeti-los. No entanto, hoje quero, neste estudo, abordar dois temas à respeito da felicidade que anteriormente passamos por alto, que nós falamos muito. É sobre esses aspectos que vamos conversar agora.

O primeiro elemento que precisamos conversar hoje vem de um ensinamento de Krishna e Buda. Eles dizem: tudo é maya, tudo é ilusão.

Maya é uma palavra hindu que significa ilusão. Ela é usada por estes dois mestres orientais para falar da vida humana, das realidades vivenciadas pelos seres humanizados.

Sim, tudo, toda consciência criada pela mente humana é uma ilusão. Tudo o que é vivido como real, como realidade é apenas uma ilusão...

‘Só saber disso, Joaquim, já basta para me fazer feliz’, vocês diriam. Não, só saber não basta.

 Aqueles que ainda acreditam no poder do saber imaginaram que quando me ouviram falar dessa força eram capazes de se libertarem de tudo, mas não conseguiram. Porque? Porque maya é muito mais do a simples ilusão. Maya é uma força que vem junto com os processos mentais ou pensamentos que confere ao que é pensado, ao que é conscientizado, o poder de realidade.

Você dificilmente escapa de viver como real aquilo que sua mente cria porque junto com a criação mental existe o poder de maya, o poder que confere ao que você está vivendo a força de real, de realidade. Essa é a realidade.

Lembro que quando falei isso uma vez, uma pessoa me disse assim: ‘se eu colocar a mão na vela, vai queimar e essa queimadura não será ilusória’. É sim: trata-se de uma ilusão criada pela mente. A queimadura é uma ilusão.

Aí vocês em diriam: ‘mas, dói’. Não, a dor é uma ilusão criada pela mente.

Sim, toda dor é uma ilusão criada pela mente. É como no caso da pessoa que sente coceira na perna amputada. Se a perna não está mais lá, como ela pode coçar?

Mas, vocês não conseguem entender isso, não conseguem imaginar que a dor é uma ilusão. Porque? Porque a dor que a mente cria tem o poder de ser real, de ser realidade. Por isso vocês, como estão apegados à mente achando que é você que está sentindo-a, vai vive-la.

Essa é a força de maya. Ela confere realidade às coisas. Ela tem o poder de conferir a ideia de ser real. Justamente por causa dessa força, por causa dessa característica é que vocês, quando a mente cria a consciência de ter sido magoado, por exemplo, não se libertam da emoção da mágoa.

Ora, se você tem sente frio, sente calor, queimar e dor físicas, que são criações mentais, obviamente a ideia de ter sio magoado também será tratada como real. Por isso digo que a força de maya é o grande entrave para a sua felicidade.

Apesar de saber que a felicidade está em você, que ninguém pode dá-la e que ninguém pode toma-la, não consegue viver com ela, pois ela não está presente nas criações da mente. Como só o que a mente afirma existir existe para você, não consegue viver feliz.

Não existe uma criação de maya no sentido de dar realidade à vivência da felicidade. Como para a mente só é real o que ela cria, pois a força de maya lhe dá esta ideia, a felicidade, para você, não existe.

Essa questão da força de maya fica muito bem clara quando vemos uma história de Krishna. Nela, o Sublime Senhor está andando no deserto com um discípulo quando diz que está com sede. O discípulo afasta-se, então, para pegar um copo de água no rio.

Chegando à beira do rio, vê uma tribo do outro lado. Vê, também, uma mulher muito bonita. Ele atravessa o rio e vive na tribo. Pede a mão da mulher muito bonita. Casa com ela e tem dois filhos – no período normal de gestações, nove meses cada.

Participa de muitas plantações e colheitas, ou seja, vive diversos anos junto com a tribo, até que um dia chove muito e o rio transborda. Com o alagamento do rio a sua mulher e os seus filhos morrem.

O discípulo, então, entra em estado de depressão por ter perdido sua mulher e seus filhos. Neste momento ouve Krishna dizendo: continuo com sede. Ou seja nada do que viveu foi real, mas para ele era.

Foi a força de maya que deu a entender que tudo aquilo era real. Foi a força de maya que deu a entender que se passou todo aquele tempo. No entanto, ele viveu apenas alguns momentos onde estava enchendo o copo de água no rio.

É isso que acontece com vocês. Vocês vivem as ilusões de consciências que a mente cria como se fossem real, como se fossem realidade. No entanto, estão apenas parados por um instante num só lugar, sem viver nada do que está acontecendo.

É essa consciência que pode lhe ajudar a realmente usar o seu poder de felicidade: negar o valor de real ou de realidade à consciência que a mente cria. Não adianta e nem resolve querer mudar a mente, ou seja, querer que ela crie situações com paz e harmonia. Mesmo que ela crie, mesmo que saiba que tem que criar, fará essa busca presa ao egoísmo, ao ter que ganhar, preso a ter o prazer, a conseguir a fama e o reconhecimento.

Isso fica muito claro, muito bem provado, quando muitas pessoas me dizem o seguinte: ‘Joaquim eu coloco em prática o que você fala. Tento ajudar os outros, tento me melhorar, mas minha vida não mudou em nada. Não melhorou em nada’. Este é aquele que diz que quer ser feliz, mas, ainda preso a mente, necessita de coisas, posses, para ser feliz.

Esse é o aspecto principal pelo qual não conseguem ser felizes: aquele que consegue ser feliz, consegue viver em felicidade, não muda a sua vida. A mente do ser feliz continuará criando realidade explorando o egoísmo e vai gerar a ideia de que ele não está ganhando, está tendo o desprazer, não está sendo reconhecido pelo que faz e nem elogiado. Ela nunca elogia o ser que usa o seu poder de ser feliz por ter feito alguma coisa pelos outros.

Portanto, aquele que quer usa o poder de ser feliz, não se preocupa em ensinar à mente, não se preocupa em gerar situações. Ele se ocupa o tempo inteiro em retirar o valor de real das consciências geradas por ela. Só isso.

Exercer o poder de ser feliz é agir junto a mente humana libertando-se da força de maya, libertando-se da sensação de realidade daquilo que está acontecendo, daquilo que a mente está dizendo que está acontecendo.

16. Conhecer a força de maya

Antes de acabar o assunto maya, só um lembrete. Krishna chama a força de maya de inescrutável, não investigável, afirma que ela não pode ser compreendida. Portanto, antes que vocês, levados por suas mentes, comecem a me perguntar o que é a força de maya, lhes digo que não há como compreenderem.

O que podem saber é que ela é um poder que confere à consciência a característica de real. Mais do que isso, não há capacidade de compreensão por parte de vocês.

Participante: algum mestre conseguiu dominar esta força?

Todos os mestres e alguns enviados.

Mestres são os cinco que já falamos. Eles e alguns enviados já conseguiram dominar esta força.

Fizeram isso o tempo inteiro? Não.

Transpareceram que conseguiram dominá-la? Não, pois este domínio é processo interno, mundo interno.

Tanto a felicidade quanto a ilusão de viver uma realidade que não é real faz parte do mundo interno. É entre você e sua mente e por isso não há como expressá-las externamente. Qualquer expressão será gerada pela mente e não por você. Por isso, não há como se observar uma expressão externa de que eles tenham conseguido.

Então, lhe respondendo, digo muitos conseguiram sim. Todo tempo? Não. Algumas vezes eles deixaram se levar pela força de maya.

Agora, eu diria que se hoje você consegue colocar em prática um minuto por dia, muitos já colocaram em prática o ensinamento por cinco ou seis horas.

Participante: é possível que nós que temos os ensinamentos possamos aumentar nosso tempo de um minuto para meia hora de libertação?

Sim, podem, mas com a certeza que não vai conseguir o tempo inteiro.

Vem, ainda, se lembrar que na hora que as coisas estão acontecendo, no momento do acontecimento, você não conseguirá. Neste momento é apenas mente falando. O trabalho tem que ser realizado posteriormente. Ele precisa ser realizado na hora que você medita, na hora que está pensando sobre o que foi pensado.

Qual o resultado disso? Uma vida em paz e harmonia, mesmo que os acontecimentos não estejam em paz e harmonia.

Participante: existem acontecimentos em paz e harmonia?

Sim, existem. Existem acontecimentos onde a mente ganha e diz que houve paz e harmonia.

Um exemplo disso é quando a criação mental faz o outro lhe dizer que você está certo. Neste momento, ela não lhe dá armas para guerrear com o outro e o harmoniza com ele. Só que na verdade ela não está usando paz e harmonia, mas sim a vitória. Ela trabalha, mesmo que inconscientemente, com a ideia de que venceu o debate e vai lhe fazer viver essa ideia de superioridade.

Na verdade, não houve felicidade, mas sim a satisfação de ter sido considerado certo. Ela interpreta essa postura como paz e harmonia, mas não é.

17. Conhecer a lógica da vida

Destas últimas duas coisas que falamos, a força de maya ser inescrutável e não conseguir fazer com que a mente compreenda a necessidade da paz e da harmonia, vem o segundo assunto que quero conversar hoje. Sobre ele já falamos antes, mas com outro nome. Apesar de já termos abordado este tema, ele é algo que vocês não se tocam e que causa muito sofrimento. Ou seja, o que vamos falar agora causa você não usar o seu poder de ser feliz e por isso viver o que a mente cria, a consciência que a mente cria. Estou falando do entendimento da lógica da vida.

A mente, para lhe manter preso à realidade que ela cria, forma ideias que compõem uma lógica para os acontecimentos. Vou dar um exemplo para que vocês entendam o que estou falando.

Você passa na rua e encontra uma pessoa conhecida. Esse amigo, por acaso, passa por você sem cumprimenta-lo. A mente, a partir daí, diz: ‘ora, se aquela pessoa me conhece, se somos amigos e ela passa por mim pela rua e não me cumprimenta, isso quer dizer que está brigada comigo’. Ou seja, a mente explica a vida, dá motivações e realidades ao que está acontecendo. Você, como preso à mente, como achando que é ela, acredita que pensou aquilo.

Que maravilha, a sua mente vai se divertir. Ela vai explorar esta consciência em novas realidades e formações mentais para lhe tirar a paz e harmonia. Ela criará motivos pelos quais aquela pessoa pode estar mal com você. Para isso, vai trabalhar com pesos de certo e errado, bonito e feio, limpo e sujo, arrumado e desarrumado, justo e injusto, obrigatório, não obrigatório, necessário e não necessário, etc. Ela usará todo esse arsenal de armas que extinguem com a sua paz que tem para poder lhe manter afastado da felicidade. Como todas estas declarações, como todas estas consciências que a mente cria veem embutidas com a força de maya, você acredita que elas são reais.

Quantas vezes ao longo deste trabalho uma pessoa me disse que determinado fato está ocorrendo por determinado motivo. Eu sempre respondi que aquela ideia não era real, mas a pessoa insistia: ‘está sim, eu tenho certeza disso’.

Esse é aquele que não usa o poder da felicidade, que se deixa ser levado pelas consciências que a mente cria. Levado por esta consciência, não encontra sua felicidade.

A vida humana não tem lógica, ou pelo menos não tem a lógica que a mente cria para ela. Isso é outra coisa que precisa ficar bem claro. Não há como se saber o porquê das coisas. Não há como se saber o como das coisas, o onde, o ‘o que’?

Aquele que realmente busca a felicidade, que coloca a felicidade na sua vida, não se interroga sobre o porquê das criações mentais. Ele apenas sabe que toda consciência é uma criação mental que não é real, mas que soa como tal por causa da força de maya.

18. Lógica

Vocês sabem o que é lógica? Vou tentar explicar rapidamente.

Toda lógica se forma com uma série de razões que levam à uma conclusão. No exemplo que demos, passar por uma pessoa na rua que não lhe cumprimenta, temos a seguinte formação lógica:

Passei por uma pessoa na rua;

Esta pessoa é minha amiga;

Ela não me cumprimentou;

Logo, ela está com raiva de mim.

Essa é uma formação lógica. Ela contém afirmações que levam a um conclusão que atenda a tudo que é declarado. Por isso ela é considerada uma conclusão lógica.

Só que quando se estuda a lógica é dito o seguinte: se uma das informações não for verídica, a conclusão não é perfeita. Ou seja, se há um razão que não é real, a lógica obtida com a análise não é uma lógica perfeita. Como todas as informações que a mente usa para formar uma lógica não estão presas a uma realidade real, mas a uma realidade que possa levar a ganhar, a ter o prazer, a ser reconhecido e receber elogios, posso dizer que toda conclusão que ela chega é falsa.

Isso é fundamental para aquele que querem exercer o seu poder de ser feliz. Porque? Porque a sua mente cria ideias de que se você entender porque está sofrendo, será capaz de ser feliz. Se alguém já conseguiu isso, me desculpe, mas acho impossível que isso ocorra. O máximo que essa pessoa pode ter alcançado é ao prazer, ao prazer de ter entendido. Só que neste caso, quem teve o prazer foi a mente e não esta pessoa.

19. Liberte-se do saber para ser feliz

É preciso se libertar da busca de compreender, de entender, de querer saber.

Comentei a pouco que já tínhamos abordado este segundo tema de hoje anteriormente, o saber, mas quando o fizemos tocamos em outros saberes. Já falamos do saber como um dos assassinos do ser, ou seja, um daqueles que lhe tira a felicidade. Falamos do saber de normas e regras societárias, jurídico, científico, cultural, etc., mas sobre o saber que estamos abordando agora, não falamos naquela hora.

É por isso que ninguém compreendeu que a busca de saber o porquê as cosias acontecem é um suicídio para aquele que quer ser feliz. Saber o que está acontecendo, saber o que está se passando, ter certeza de que as consciências formadas pela mente é composta de algo real, de algo verdadeiro: isso mata o ser. Quem vivencia essas coisas, quem aceita a característica que a força de maya dá aos discursos mentais, jamais exercerá o seu poder de ser feliz.

Como ensinou Krishna, aquele que consegue viver com a felicidade, transita entre as coisas do mundo com cara de bobo: não sabe de nada, não compreende nada, tudo pode ser ou não ser. Esse transita livre, leve e solto pelas coisas do mundo porque não está preso às conclusões que a mente tira.

Só um detalhe. Como acabei de responder, isso é algo interno, é algo entre o ser e a mente, não se espelha nas ações ou nas palavras que são faladas. Por isso, ninguém consegue ver quem vive assim. Não consegue perceber quem vive assim. Esse, por dentro, é livre, leve e solto para suar o seu poder de ser feliz a hora que conseguir se libertar.

20. Arrancar o carnegão

Eis aí, então, dois elementos que, como disse na conversa anterior, precisava abordar antes de responder qualquer questão levantada por vocês.

Eu não podia, por exemplo, responder a uma pessoa que me diz que sofre neste mundo porque não consegue arrumar emprego, sem antes mostrar a ela que esse entendimento é a mente que está causando para que ela ganhe algo. Não posso, também, responder a uma pessoa sobre este mesmo assunto mostrando os motivos pelos quais ela está sem emprego. Sei que anteriormente já falei de muitos motivos pelos quais as coisas acontecem (carma, prova, encarnação, Deus Causa Primária), mas não adianta usá-los aqui, porque mesmo estes motivos, que são reais, a mente não conseguirá trabalhar dentro de uma profundidade que ajude o ser a alcançar a felicidade.

Se digo para uma pessoa que não tem emprego que aquilo é o seu carma, ou seja, que aquela é a prova que ele pediu porque em outras vidas precisou de alguma coisa e não fez, ela vai querer saber o que deixou de fazer antes para poder agora ter este carma. Ou seja, será sempre a mente investigando, mas ela nunca usará esses elementos para que haja felicidade, mas sim para criar mais dúvidas. Criando estes estados duvidosos, a mente não deixa você viver feliz.

Por isso, nesta hora que vamos conversar sobre o poder da felicidade, vamos agir da seguinte forma. Vocês vão me colocar seus problemas. Diante da narrativa de vocês, que na verdade é sua mente que fará, vou lhes mostrar o que está sendo criado como real, mas que não é, e mostrar o quanto estão apegados à ideia de realidade daquela consciência, para que possam se libertar desta ideia.

Para isso, vou falar e usar argumentos. Só que os argumentos que usarei não vão explicar porque você vive aquilo. Eles devem servir apenas como espada para você ferir a força de maya que está conferindo realidade àquilo.

Agora, quando fizer isso, podem ter certeza de uma coisa. Falarei coisas que a sua mente ao ler lhe dirá que não é verdade.

Ela não aceitará placidamente os meus argumentos. Ela usará argumentos para lhe dizer que você não está preocupado com determinados aspectos que vou dizer que está, que você não pensa da forma que vou falar. Para que fará isso? Para que você caia, para que se deixe levar pela realidade ela cria.

Não estou com isso dizer que sou o certo. Estou querendo apenas mostrar que vou olhar de um lado não hipócrita, ou seja, sem passar a mão na cabeça de ninguém.

Eu já disse por diversas vezes que não passo remédio na ferida de ninguém. Eu enfio o dedo e arranco o carnegão, se isso for permitido. Faço isso não para machucar, para acusar ou atacar, mas para lhe chocar. Só quando você se chocar com a hipocrisia e egoísmo que está na sua mente é que se libertará dela.

21. O bezerro de ouro

Estou falando isso porque tem um último detalhe que precisamos falar e que vocês ainda não se deram conta, apesar de já ter abordado esta questão algumas vezes.

Na última conversa que gravamos, depois que desligamos a gravação, continuamos por aqui falando sobre Deus. Neste momento me foi dito o seguinte: ‘Joaquim você quer que lutemos contra Deus?’. Eu respondi que sim, que meu trabalho é direcionado para que você lute contra Deus.

Sabe porque isso? Porque o seu deus é a sua mente. A sua mente é aquilo que você ama acima de todas as coisas. É aquilo ao qual você dá a causa primária de tudo que vive.

Muitos dizem que querem se aproximar de Deus, mas não entenderam que a sua mente criou um deus, que é ela, e por isso vivem grudados nela, grudados neste deus. São como os judeus que Moisés encontrou adorando o bezerro de ouro quando desceu do monte onde recebeu as tábuas da lei.

As respostas que darei irão ferir o seu deus, Mostrarão que o seu deu não é deus, não é o senhor do universo.

Como é dito na pergunta nove de O Livro dos Espíritos, por mais que uma inteligência seja capaz de fazer alguma coisa, acima dela há sempre uma Inteligência Maior. Essa inteligência maior é a Causa Primária de todas as coisas. Essa Inteligência Maior é aquilo que vocês chamam de Deus. Não é a inteligência menor, ou seja, não é a sua mente que é deus.

Por isso, quem se aproxima de Deus tem que abandonar o bezerro de ouro, aquilo que vocês idolatram que dizem que é o gerador de verdades, aquilo que lhe faz pensar que é autônomo no universo.

Se alguém depois de tudo o que falamos ainda tiver coragem de apresentar as situações onde vocês não conseguem usar o poder de serem felizes, fiquem à vontade. A partir de agora vamos responder tudo o que colocarem, mas usando os critérios que falamos tanto da vez anterior como desta.

O poder da felicidade

Derrota presidencial

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Derrota presidencial

22. Vivendo o resultado da eleição

Nota: o pleito que é abordado neste estudo foi o da campanha presidencial no Brasil no ano de 2014, quando Dilma Rousseff foi reeleita presidenta e o candidato Aécio Neves foi derrotado

Vamos começar hoje, dentro do trabalho do poder da felicidade, a conversar sobre contrariedades, sofrimentos, que vocês vivem. Para isso pedimos a todos que mandassem, relatassem suas contrariedades, sofrimentos, para que pudéssemos fazer uma análise em cima de realidades, de sofrimentos que são tratados como realidades pelos egos humanos. Algumas pessoas já mandaram relatos que vamos responder, conversas, analisar, só que hoje para começar queria abordar um tema que ninguém me pediu para fazer – e por isso, acho que ninguém sofreu com isso, não é mesmo - mas que é algo que notoriamente está latente em muitas pessoas.

Quero analisar algo que é recente, que ainda está acontecendo no país de vocês. Vamos falar da contrariedade, do sofrimento vivido por alguns a partir do resultado da eleição que aconteceu no último final de semana no país de vocês. Acho que é um tema importante porque praticamente dividiu o país.

São muitos os que estão vivendo uma contrariedade porque o seu candidato perdeu as eleições, mas mesmo que o resultado fosse outro, o tema continuaria importante, pois pela divisão quase meio a meio do eleitorado, se quem ganhou tivesse perdido ainda teríamos muitos em contrariedade. Como de qualquer maneira este fato causou situações de sofrimento a muitas pessoas, acho interessante abordar o tema.

Antes de continuar quero deixar algo bem claro. Não estou falando a ninguém especificamente e nem ninguém me pediu para falar especificamente sobre este tema. Estou falando com todos que se contrariaram, seja em que grau tenha sido a contrariedade. Estou falando porque, como disse, é uma contrariedade que alcançou muitas pessoas. Por isso acho interessante abordar o tema.

Muitas pessoas se contrariaram porque a candidata à reeleição venceu. Aparentemente a vitória desta candidata seria a origem do sofrimento. No entanto, como já falamos nesta série de conversas, a contrariedade está sempre mais abaixo do que a superfície do mundo mental. O motivo pelo qual vocês sofrem é sempre outro do que aquele que aparentemente acham que é. Por isso, vamos tentar abordar alguns aspectos que levaram muitas pessoas a sofrer porque este determinado candidato foi eleito.

Vamos, então, começar.

23. Corrupto

Um dos grandes motivos que causou esta contrariedade aos que apoiavam o outro candidato foi a acusação ao candidato que venceu de ser corrupto.

Isso é uma verdade: vocês acusam este candidato de ser corrupto. Mas, e daí? A minha pergunta é: quem não é corrupto neste país? Quem não tem telhado de vidro para poder tacar pedra no dos outros?

Quando afirmo que todos são corruptos, não estou atacando nem acusando ninguém: estou apenas fazendo uma constatação. Sei que muitos vão dizer que não são corruptos, mas com certeza são. Vou tentar falar um pouco sobre isso.

Ser corrupto não é roubar dinheiro público. Corrupção é conseguir benefícios que não deveria ter. Ser corrupto é levar vantagem individual indevida, não importa sobre o que.

Quantas pessoas neste país assistem uma televisão que teriam que pagar para ver, mas não pagam por este serviço? Este é um corrupto. Quantas pessoas dão dinheiro para o guarda para não pagar a multa que mereciam? Este é um corrupto. Corrupto não é só quem tira dinheiro público, mas todo aquele que leva alguma vantagem indevida.

Para entender a questão da corrupção, temos que descer ao nível de alguém lhe elogiar por algo que não fez e, ao invés de dizer que não foi você que fez, aceitar o elogio. Se alguém lhe elogia por algo que não fez e você se silencia, recebe o elogio, você é um corrupto.

Foi por isso que perguntei: quem não é corrupto neste país? Quem não fica satisfeito e feliz quando o dono do estabelecimento ou a moça do caixa dá o troco com valor a mais do que deveria? Quem não fica satisfeito ou feliz por ganhar alguma coisa que não merecia e não esperava?

É a esse ponto que vocês precisam chegar. Porque? Porque como Paulo ensina, o governante é escolhido por Deus de acordo com o povo que ele vai governar. Como querem ter um governante que não seja corrupto se vocês são?

Aliás, os corruptos governamentais deveriam até ser elogiados pelo que fazem, pois roubam muito dinheiro, enquanto você fica feliz ao ganhar apenas R$ 1,00 a mais no troco. Ou seja, se vende por muito menos.

É esta questão que precisam pensar aqueles que usam a crítica à candidata vencedora de ser corrupta para justificar a sua contrariedade. Ao invés de se contrariarem porque foi eleita uma candidata que rouba, vocês devem se concentrar em não quererem levar vantagem indevida, pois enquanto quiserem isso, terão um governante que irá querer levar.

24. O espiritualista e o resultado da eleição

Outro detalhe sobre a motivação da sua contrariedade: essa presidenta não está fazendo o melhor para o país. Por este motivo, ela não fará isso no novo mandato.

O que é o melhor para o país? O que você acha melhor? Acho que não. Acho que o melhor para o país, se passamos a ver as coisas a partir da visão espiritual, espiritualista, é tudo que faça dele um campo de provas para determinados espíritos.

Se você vive no mundo espiritual preso a ter que ter para ser ou ter que ser para ter, ou seja, apegados às coisas materiais e encarna para fazer prova neste sentido, é importantíssimo que existe um país onde é difícil ter para ser ou ser para ter. Isso porque, ao viver num país onde você tenha o anseio ter e não consiga, pode realizar sua provação.

É isso que vocês não levam em consideração. É a força de maya que determina que existe um país fisicamente, que diz que ele está numa situação econômica ruim. Tudo isso é apenas uma ilusão daquele que está afastado da sua verdadeira pátria.

O problema para aquele que sabe que continuará vivo depois da morte não é a situação econômica do país ou a sua pessoal, mas sim ainda querer ter e não conseguir. O ser que ainda quer ser e não consegue não realiza aquilo que veio para fazer nesta encarnação. Por isso, quem acredita nestas ilusões que a mente cria, ao invés de tentar vencer as suas provas, fica criticando o governo.

Ao elencar motivos para acabar com a contrariedade que muitos estão vivendo, quero deixar bem claro que não estou defendendo governo algum. O que estou fazendo é dando armas para que consigam superar a contrariedade que estão vivendo neste momento por este motivo. Nesta abordagem específica, estou usando argumentos a partir do ponto de vista de um espírito encarnado, de alguém que sabe que é um espírito e que está aqui para fazer provas. É a partir desta visão que estou vendo as coisas neste momento.

Portanto, os motivos para contrariedade que muitos estão vivendo, as qualificações que são dadas pela mente à candidata que ganhou, não deve servir a um espiritualista. Aquele que se preocupa coma sua existência espiritual e que luta para se libertar da força de maya, não se preocupa com um país, com a situação econômica. Ele se preocupa com o seu mundo interno, com a sua visão das coisas do mundo.

Como ser feliz, que é o resultado positivo de uma encarnação, se vocês ainda sofrem com o mundo? Impossível. É preciso escapar dessa força, olhar dentro de você e ver que o Brasil é do jeito que tem que ser porque é o campo de trabalho de um determinado grupo de espíritos.

Se quer mais para si, faça por onde sair daqui, ao invés de sofrer pela situação que o país está. Não estou falando de sair nesta vida, mas sim de não merecer vir em nova encarnação para um campo de provas deste. O trabalho para este fim se concentra em libertar-se do sofrimento que você está vivendo agora.

Você fez campanha para um, para o que perdeu; queria que ele ganhasse. Isso está certo e nada disso importa para o aproveitamento da elevação espiritual. Nada disso atrapalha a sua elevação espiritual, mas o seu sofrimento contra o governante que Deus indicou para o país lhe afasta do Pai.

É isso que vocês, iludidos pela força de maya, aprisionados ao mundo material e à personalidade humana que estão vivendo hoje, não estão vendo. O preço que estão pagando pela contrariedade de não ter sido eleito quem você queria que fosse é: se afastando de Deus.

Esse é, como falei nas conversas anteriores, um argumento para os espiritualistas libertarem-se da contrariedade de não ver o candidato que achava melhor, que queria que fosse eleito, ser derrotado. Ele precisa olhar para dentro e dizer para si que não existe o ser humano, que ele não é o humano. Que a sua existência real não é afetada de modo algum com o que acontece neste momento. Deve dizer a si que o fator que determinará o seu futuro não é o que o presidente vai fazer, mas sim a sua forma de se relacionar com Deus.

Bem relacionar-se com Deus: essa é a coisa mais importante para um espiritualista. O resto é titica, é coisa sem valor, sem importância. São acontecimentos esporádicos e momentâneos que variam constantemente, como a política neste país vem mudando desde que ele começou.

É isso que aquele que acredita haver em si algo além da matéria e está vivendo uma revolta, uma contrariedade, com a eleição de um candidato, precisa fazer em si. Ele precisa pensar nisso até para honrar o espiritualista que diz ser.

Isso porque como já conversamos muitas vezes, ser espiritualista é muito mais do que acreditar na existência de algo depois da vida. É viver para este algo. Aqueles que se contrariam por qualquer motivo humano, por acontecimentos humano, não vive para este algo, mas sim para o humano que é agora.

Sei que as palavras que usei foram duras, mas como já tinha falado anteriormente, preciso chocar vocês. Já falei neste trabalho, neste estudo, que não vou passar remédio na ferida de ninguém, mas sim expor o carnegão da sua doença.

O carnegão, no caso do espiritualista, é acusar alguém de corrupto, enquanto você mesmo é. O carnegão é se dizer espiritualista e se preocupar com a situação econômica deste país e não se preocupar com a sua relação com Deus.

É na vivência espiritualista que se ganha o jogo da encarnação, não no mundo humano. Para o espiritualista, aquele que sabe que vai continuar vivo depois que morrer, o jogo se ganha no mundo interno, no coração, no aproximar-se de Deus. Quem se contraria por qualquer coisa humana afasta-se do Pai, pois se Ele é Causa Primária de todas as coisas, Ele é o que está acontecendo. Se você quer se afastar do que está acontecendo, está se afastando Dele.

Este são os primeiros detalhes que podem lhes ajudar a vencer a contrariedade que estão vivendo, mas tem outros que quero falar ainda a respeito dessa comoção de quase metade do país.

25. Quem decide é a maioria

Participante: eu deduzo que a maior dificuldade para mim e para a maioria das pessoas que lhe ouvem é aceitar Deus como Causa Primária de tudo. A gente só aplica quando nos convém.

Perfeito.

Você diz que a dificuldade é aceitar Deus como causa de todas as coisas. Concordo com isso. Usei este argumento naquele momento porque estava falando a espiritualistas que estão vivendo esta comoção.

Mas, se você não consegue aceitar este ensinamento em toda a sua extensão, não consegue colocá-lo em prática, coloque outro. Coloque o ensinamento que diz que a vida é do jeito que ela é.

Participante: mas, se eu não colocar o ensinamento de Deus como Causa Primária de tudo em prática, vou achar, como achava quando era apenas espírita, que que agora posso mudar esta situação.

Para lhe responder, vou entrar em mais um detalhe a respeito do assunto que estamos abordando. Digamos que você ache que tem o livre arbítrio e que com isso poderia mudar a situação. Vamos aplicar essa dedução à questão da comoção da derrota de um candidato.

Você acha que tem o livre arbítrio, por causa disso escolheu um candidato. Por causa do seu livre arbítrio acha que ele é o melhor. Pergunto: ele ganhou? Não. Qual deve ser a sua reação neste caso? ‘Fiz o melhor, fiz o que pude, mas não consegui ganhar. Isso é sinal que o livre arbítrio dos outros foi maior que o meu’.

O que vocês estão esquecendo é algo importante: não importa se é apenas um voto a mais, o que decide um pleito é a maioria.

A partir do momento que maioria de um grupo decide algo, a minoria desse grupo deve acatar a decisão. De nada adianta se contestar. Não adianta dizer que os outros são burros, que não sabem o que fazem. Sabe porque isso não adianta? Porque a maioria é que decide.

Você pode, a partir da sua derrota, pode ficar observando o vencedor. Pode ficar de olho no que ele faz, pode apontar erros. Tudo isso pode ser feito. Agora, se contrariar porque perdeu e dizer que os outros não sabem votar, é dizer que você sabe mais do que a maioria. Neste caso o que temos é prepotência.

26. Programas sociais

Aquele que perde alguma coisa tem que entender que se ele participa de um grupo, quem decide é a maioria. Mais: cada um decide sempre pensando no melhor para si mesmo. Com isso vamos entrar em outro exemplo de ataque que é feito à presidenta que venceu o pleito.

Ela é acusada de dar dinheiro para os outros sem que eles precisem trabalhar para isso através dos programas sociais. Está certo, ela dá, mas eu pergunto: vocês não vivem fazendo caridade para quem não tem? Não vivem dizendo que é bonito e santo se dar a cesta básica para os carentes? Pois é, é santo, mas quando a presidenta faz isso, para você que está vivendo a contrariedade com a eleição dela, ela está errada.

É essa incongruência que como disse da vez anterior faz parte da hipocrisia das criações mentais. Você elogia quem dá o pão para quem não tem, mas critica a presidenta por dar dinheiro para alguém comprar o pão. Devia ser ao contrário. Acreditando na caridade material como instrumento de ajuda ao necessitado, devia dizer que ela tem que dar mais dinheiro para os pobres. Devia pensar que é pouco o que ela dá e incentivá-la a dar mais.

Portanto, veja, que quando aplicamos uma lógica mínima às suas ideias, vão sumindo as razões para a sua contrariedade. É exatamente neste sumiço das razões que some a sua contrariedade.

Não estou falando essas coisas para que você, já que o outro candidato ganhou, fique feliz com esta vitória. Estou dizendo as coisas para que aceite a vida como ela é. Para isso, é preciso aceitar que o melhor para você não é o melhor para os outros.

Você deve entender que sua mente está revoltada com a vitória do outro candidato não é pelos motivos que ela cria, mas apenas porque não irá tirar vantagem individual desta vitória. Tenho certeza que se você fosse atendido pelos programas sociais do governo estaria feliz com esta reeleição.

Todos que estão felizes porque este candidato venceu, é porque vão ter uma oportunidade de ganhar individualmente alguma coisa. Todos que estão contrariados porque ela ganhou é porque acham vão ganhar alguma coisa, ou seja, presos às quatro âncoras.

Isso é só mente. É só ideia, é só mente humana trabalhando. Aquele que se diz espiritualista, que acredita na outra vida, sabe que isso é humano, que é apenas processo mental sem lógica e sem verdade. Portanto, mesmo que não aplique a questão de Deus como Causa Primária, veja quantos argumentos já usamos para acabar com a sua contrariedade.

Não estou dando estes argumentos para que você aplauda o candidato que não queria ver no poder, mas que venceu a eleição. O que estou fazendo é lhe dando argumentos para que possa destruir as contrariedades que vive porque ele foi eleito.

Diga para si mesmo: ‘eu não queria que ela ganhasse, não votei nela, acho que a sua eleição será uma droga para o Brasil, mas foi isso que aconteceu e por isso vou ter que viver este acontecimento, já que continuo vivo e morando no brasil. Portanto, vou ter que tentar ser feliz da melhor maneira possível. Como? Mantendo a minha paz e a minha tranquilidade’. Até porque a revolta dos eleitores do outro candidato não vai mudar os números da votação.

Por isso disse que mesmo que não acredite em Deus como Causa primária, em país como campo de provas, mesmo que não acredite que o governante de um país é eleito por Deus, choque-se com a realidade: ela foi eleita, ponto final. A sua contrariedade não mudará este fato. A única coisa que acontecerá é que você viverá o governo dela em sofrimento.

27. Agir contra o acontecimento

Participante: as pessoas acham que as suas contrariedades fará com que a presidenta perca o seu cargo, tipo as levará a tentar fazer um movimento para tirá-la do poder.

Vão tentar fazer um movimento para tirar a presidenta? Pois que faça, quem sabe pode dar certo.

Só um detalhe: este movimento não será movido pela contrariedade destas pessoas. Ele pode ser movido por conta da contradição de ideia e objetivos, por conta de atos da presidenta ou qualquer outro motivo, mas não por conta da contrariedade. Por isso digo: faça o movimento, se achar que deve, sem ficar contrariado porque ela foi eleita.

‘Está certo, ela foi eleita. Eu não queria que isso tivesse acontecido, mas aconteceu. Posso, agora fazer um movimento para tirá-la? Posso. Então, vou fazer um movimento para isso. Ponto final’.

Faça o que você fizer, faça sem sofrimento. Tudo pode ser feito, mas nada justifica as ofensas ao outro. Nada é um gerador de motivos para arrancar os cabelos ou sofrer. Faça o que fizer, não sofra pelo que acontece.

Esse é que é o grande o problema. Os seres humanos possuem diversas ações que podem fazer, mas preferem ficar sentado num canto chorando para dizer que ele é o coitadinho.

Participante: este prefere não é meio estranho dentro do que você ensina?

Não, porque quem prefere é a mente. O problema é que você aceita quando a mente prefere. Neste momento você passou a preferir.

É a mente que prefere ficar sofrendo. É ela que prefere a situação do sofrimento e não você. Agora, você pode não preferir isso. Como? Não aceitando a preferência que a mente tem.

Portanto, se a mente quer sofrer, deixe-a sofrer. Não queira você sofrer também. Para isso não aceite todas as historinhas que ela cria como realidade. Isso não tira a oportunidade de fazer um movimento. Isso não tira a oportunidade de agir de qualquer forma: apenas acaba com o seu sofrimento.

Lembre-se que nosso trabalho não é mudar o mundo, não é fazer o mundo se mudar: é fazer você viver o mundo que tem para viver em paz e harmonia. Este é o trabalho de um espiritualista, este é um processo de aproximação de Deus.

28. A hipocrisia da mente

Volto a tudo que falamos antes: a hipocrisia da mente, a construção de realidades, as razões, o sofrer, o não fazer. Tudo que falamos nas nossas conversas anteriores está presente agora que estamos analisando um sofrimento real.

Quando falei da questão em caridade nesta conversa, essa pessoa disse que o que falei ia dar muito rolo, ia ser muito comentado, que eu ia ser muito criticado. Com certeza vou ser. Muitas pessoas vão falar contra o que eu disse.

Porque? Porque vocês não aceitam a hipocrisia da mente quando a apontamos. Dificilmente as pessoas vão aceitar a hipocrisia que é dizer que quando você dá a cesta básica é santo e quando a presidenta dá o dinheiro, ela é o diabo.

Participante: as pessoas acusam a presidenta de errado por fazer isso porque julgam que ela dá com o dinheiro delas.

Sim, a presidenta está dando com o dinheiro das pessoas, pois todo dinheiro do governo vêm dos impostos. Mas, quando você compra o alimento para dar o pobre, não está tirando o seu dinheiro também? Portanto, acho que esse não é o motivo verdadeiro para criticá-la.

Participante: o problema é que eu não dei permissão para ela dar com o meu dinheiro.

Não, não é esse o problema. Qual a diferença quando ela usa o seu dinheiro para dar ajuda aos necessitados ou quando você o gasta para ajudar os carentes?

Participante: você não ganha a fama.

Perfeito. Eis aí o problema: ela levará a fama no seu lugar.

Portanto, o que lhe faz sofrer não é a perda do dinheiro, não é ela gastar o seu dinheiro, mas sim o fato de que você foi difamado, de que não ganhou a fama por aquela ação. Isso no meu mundo se chama egoísmo...

Por isso, não vejo motivo para criticar o que eu disse. O que pode fazer é a partir do que disse assumir: você é egoísta. Aliás, só quando assumir sua essência poderá libertar-se do egoísmo.

Amigo não é só aquele que passa a mão na cabeça, mas sim aquele que lhe ajuda a evoluir. Eu não posso lhe ajudar a evoluir sem mostrar, sem máscaras, o que você é.

Quando digo que você é hipócrita por condenar na presidenta aquilo que considera como santo quando você faz, estou expondo a hipocrisia da sua mente. Estou trazendo à luz o egoísmo que há nela. Quando faço isso, estou lhes ajudando a fazer o que Cristo aconselhou: vocês se olham no espelho, mas será que tinham coragem de olhar o seu interior? O que estou fazendo neste momento é fazer vocês olharem seus interiores no espelho.

Acho que a hipocrisia com o qual a mente funciona, gera formações mentais, fica bem clara com este exemplo. A presidenta não pode usar o seu dinheiro para ajudar os pobres, mas você pode tirar o seu dinheiro e dar cesta básica para quem precisa.

Para ser honesto consigo mesmo, para não ser hipócrita, ao invés de comprar cestas básicas você deveria dizer a quem precisa: ‘vai trabalhar vagabundo’. Digo isso porque esta é a forma que vocês reagem aos programas sociais do governo. Acham que a presidenta não deveria dar esta ajuda aos carentes, mas arrumar emprego para eles.

Porque não falam isso? Porque não agem dessa maneira quando são incitados, quer seja pela sociedade quer seja pela comunidade religiosa que convive, a ajudar os carentes? Porque na vida privada vocês compram alimentos e distribuem? Porque com este ato você acha que foi santificado. Acha que ganhou alguma coisa. Imagina que teve uma vitória.

Se não fizesse isso, se não agisse dentro dos preceitos da sua comunidade e sociedade, seria atacado por seus pares. Para não ser criticado por eles você faz. Será que desta forma está realmente fazendo algo pelo outro ou está apenas buscando a sua fama individual, o reconhecimento para si?

Repare: você não está fazendo a caridade de coração, mas se subordinando ao mundo. Aceita esta subordinação porque está querendo apenas receber o elogio pelo que faz. Na verdade, você não está nem aí para a fome dos outros. Se estivesse, estaria achando muito bom que a presidenta estivesse dando dinheiro para quem tem fome.

29. Medo do futuro

Vamos continuar falando de coisas que as mentes daqueles que estão contrariados com a reeleição da presidenta no último domingo. Desta vez vamos falar da projeção que as mentes dessas pessoas estão fazendo para o futuro da vida dos brasileiros.

Tem muitos que estão contrariados com a eleição de quem ganhou com medo do futuro. Medo do que pode acontecer nesses anos que a presidenta terá para mandar no país. Ou seja, estão com medo do seu destino.

Será que nós podemos ter medo do destino? Acho que não. Porque? Porque cada um tem o seu destino. Para os espiritualistas o destino de cada um é como explicado na pergunta 851 de O Livro dos Espíritos: o espírito ao escolher para si um gênero de provas, cria para uma espécie de destino. Ou seja, ele sabe que o que vai lhe acontecer já está escrito. Sendo assim, ao que vai acontecer ao país Brasil já está escrito.

Então, para que ter medo? Em que o seu medo pode mudar o que vai acontecer? Nada.

Mas, quem não é espiritualista, e mesmo muitos que são, não acredita em destino pré-traçado. Como fica para esses esta questão?

Para falar sobre isso, pergunto: o sofrimento de quase metade do país mudará alguma atitude que ela possa tomar? Não. Ela tem uma linha de raciocínio, uma linha de ação e agirá dentro dessa linha, pouco se importando com o seu medo ou não. Sendo assim e detendo ela o poder, com certeza agirá do jeito que quer e o seu medo não influirá em nada no que ela decidir fazer.

Portanto, este medo, quer a vida seja vista de uma forma humana ou espiritualista, não vai resolver nada sobre o futuro. Por isso digo que ele precisa ser vencido. Como podemos vencê-lo? Vivendo a vida que se apresenta momento a momento ao invés de querer projetar futuros.

Foi o que acabei de dizer. Se você não acredita em Deus como Causa primária, ou seja, não acredita que Ele vai determinar o que vai acontecer, a única coisa que pode ser feita é viver a vida que se apresenta.

Neste momento, tem alguma coisa se apresentando a você. Viva isso. Esqueça o passado, esqueça o futuro, porque você tem uma ideia sobre o passado – não sabe, tem apenas uma ideia do que aconteceu – e nem conhece o futuro. Só que vocês, ao invés de viverem o que se apresenta, ficam presos a viverem o futuro.

Tem gente, por exemplo, que está preocupado com o futuro do país porque acabou de ter filho. Por causa dessa preocupação ocupa-se em criticar a presidenta, em brigar com os outros, em trabalhar. A única coisa com o que não se ocupa é com o próprio filho.

Este esquece do filho para falar do mal dos outros. Faz isso porque está com medo do futuro para os filhos. Mas, o filho está presente agora, no momento de agora. É neste agora que você deve se dedicar a ele. Só que não faz isso porque está preocupado com o futuro dele. Será que a sua preocupação vai garantir alguma coisa para ele no futuro?

Veja, além de ser perda de tempo, já que o futuro a Deus pertence, como vocês mesmos falam, estão perdendo o presente. Estão perdendo o momento de agora. Portanto, além da sua preocupação não construir nada para ele no futuro, ele está lhe perdendo no momento de agora.

Então, para aqueles que estão contrariados com a eleição da presidenta por medo do que acontecerá no futuro, só há uma saída para libertar-se desta contrariedade: viver o agora.

Desculpe-me, mas a presidenta está ao lado de vocês agora? Acho que não. Mas, ao seu lado tem um filho, uma mulher ou marido, um pai ou mãe, um chefe, um colega de trabalho. Ocupe-se com essas pessoas, o que já é muito para se preocuparem. Esqueça todo resto. Viva o agora, viva o que tem para viver neste momento.

Agora, se mesmo assim você continua com medo do futuro, deixe-me dizer uma coisa. Porque vocês imaginam que ela vai fazer isso ou aquilo outro daqui para frente, acontecimentos que lhe gera o medo do futuro, se até hoje, nos quatro primeiro anos de seu mandato, não fez?

Tem muita gente criando acontecimentos futuros negros para o país, prognosticando atos da presidenta que trarão muito sofrimento. Mas, eu pergunto: porque ela iria fazer isso daqui para frente se teve quatro anos para fazer e não fez?

Mais: se o grupo político dela está no poder há doze anos e não fez o que você teme, porque ela fará daqui para frente? Veja que todos esses prognósticos são ilusões. É a sua mente criando situações que não são reais para lhe manter preso no sofrimento, mais nada do que isso.

Lembro que quando me perguntavam sobre a data quando chegaria o novo mundo ou em que dia Cristo retornaria ao mundo, eu dizia: se o próprio Cristo não deu o dia certo, você acha que eu serei besta em dizer que dia essas coisas acontecerão? Se eu dissesse uma data para que essas coisas acontecem e no dia marcado não acontecesse, com que cara ficaria? Pois é, eu pergunto a vocês que estão programando o futuro, as ações futuras da presidenta: se não acontecer o que vocês estão programando, com que cara ficarão?

Quantas vezes você já não prognosticou acontecimentos que não ocorreram? Quanto tempo você perdeu sofrendo por causa desses acontecimentos que tinha certeza que ocorreria e eles não aconteceram? É isso que você precisa pensar para se libertar desta contrariedade que a sua mente está criando agora.

Você só se libertará do medo do futuro quando observar quantas vezes sofreu com um futuro que imaginava que ia acontecer e não aconteceu.

30. A arma para se libertar do medo do futuro

Participante: é isso que o senhor chama de criação de realidades?

Sim. A mente cria realidades no presente, mas também as cria no futuro. Ela cria um prognóstico do que vai acontecer que vem com a força de maya, o que faz com que aquela realidade seja mais do que possibilidade: torne-se uma certeza de que irá acontecer.

Mas, você não sabe o que vai lhe acontecer. Você não é dono do seu destino. Na vida os acontecimentos se sucedem. Durante esse desenrolar da vida você puxa para um lado tentando fazer determinada coisa acontecer, mas vem a mente e puxa para outro e você nunca ganha este cabo de guerra.

Você que me perguntou é a prova disso. Quando, depois de passar quase dois anos desempregado, você imaginaria que ia estar assim de novo no prazo de um ano?

Participante: jamais...

Mais: se quando entrou no emprego, depois do seu desemprego, sua mente lhe dissesse que sairia dele logo depois, você não acreditaria. A partir disso posso afirmar que nem tudo que a mente cria é real, verdadeiro. Tudo pode ser pode não ser...

O pode ser, pode não ser, é a arma que aquele que quer ser feliz precisa usar. Sem ela, sem ferir as construções de maya que vêm com a força de real e de verdade com a arma do pode ser pode não ser, o sofrimento é inevitável.

Analise sua vida. Cada vez que você entrou na onda da mente, acabou se dando mal. É muito raro quando se dá bem. Por isso, é preciso sempre dizer a ela que tudo o que é criado pelas formações mentais podem ou não ocorrer.

Essa insubordinação às criações mentais é o passo decisivo para quem quer viver a felicidade. Para que ela exista, a afirmação de que tudo que é criado pela mente pode ser ou pode não ser, é a arma mais adequada. Sem usá-la, dificilmente você escapa do medo do futuro, sem libertar-se de todas as criações mentais dizendo pode ser pode não ser, seja sobre prognóstico futuro ou para o presente, com certeza você sofrerá.

Eis aí, então, mais um detalhe que nós precisávamos conversar quando analisamos o sofrimento gerado pela reeleição da presidenta do Brasil: o futuro a Deus pertence. Ninguém, nenhum ser humano ou espírito sabe o futuro. Mas, a sua mente diz que você sabe, que você tem certeza do que acontecerá, mas será que tem mesmo? É por causa desta grande possibilidade dele não ser o que a sua mente prognostica é que o pode ser, pode não ser, é uma grande arma para aquele que quer reter o poder da felicidade em suas mãos e usá-lo.

31. Só fica feliz quem ganha alguma coisa

Agora, se a questão da incapacidade de previsão do futuro serve para aqueles que estão sofrendo por conta da derrota do seu candidato, deve servir também para aqueles que estão pulando de felicidade pela reeleição da presidenta.

Esses ficam imaginando que o futuro será lindo e maravilhoso porque a presidenta foi reeleita. Será que vai ser? Se não disser agora para a sua mente que o que ela afirma pode ser ou pode não ser, se no futuro você não ganhar com o que a presidenta fizer, você sofrerá.

Mesmo que ela seja a melhor presidenta para todos os outros brasileiros, se você não levar vantagem pessoal, individual, a criticará. Por mais que esteja feliz hoje, por mais que acredite que compartilha das ideias dela, se no futuro qualquer ação da presidenta lhe causar um prejuízo, você logo mudará de lado. Logo se desiludirá e sofrerá.

Ninguém critica aquilo que lhe dá vantagem. Ninguém encara o que lhe dá prejuízo com elogio ao instrumento da sua perda.

Foi o que falei quando abordamos o aspecto da corrupção. Ninguém se acusa quando recebe algo que não merecia. Pelo contrário, faz festa. Agora, se contrariar um dos seus desejos, você sofre.

Por isso dou um conselho àqueles que acham que ganharam com o resultado da eleição: não acredite nisso. Se a sua mente está dizendo que este foi um acontecimento que vai lhe trazer prosperidade, um acontecimento que vai ser muito bom para você, não acredite. Acreditando, está preparando a sua cama para sofrer no futuro...

32. Resumindo

Eis aí, então, alguns aspectos sobre a questão da comoção que muitos estão vivendo por conta da eleição que aconteceu no Brasil. Viver em paz e harmonia com esta situação é dizer: ‘eu não queria que acontecesse, mas aconteceu. Agora, então, tenho que viver o que vai acontecer, passo a passo, momento a momento’.

Como já disseram hoje, existe a possibilidade de se fazer um movimento para retirá-la do poder. Se isso é verdade e se você acha que deve participar, participe. Mas, durante a participação, a cada momento deste movimento, viva-o e não a esperança que ele dará certo e que é o melhor para todos.

Outro ponto que pode lhe ajudar a viver assim: lembre-se que para um ganhar, outro tem que perder. Só que a vitória sempre muda de lado, ou seja, uns ganham agora e perdem depois, voltam a ganhar para depois perderem novamente. Como disse o Espírito da Verdade, a vida humana é formada por vicissitudes, alternância de situações.

Portanto, se a sua mente está reclamando que você perdeu agora, aguarde a próxima eleição. Quem sabe o seu candidato pode ganhá-la?

Veja quantos trabalhos você pode fazer para evitar o seu sofrimento de agora. Veja como a sua revolta de agora não pode fazer outra coisa, a não ser lhe fazer sofrer.

Sendo esse um trabalho onde conversamos sobre o poder da felicidade, que é íntimo, que é seu, que ninguém pode tirar ou dar, o que precisa ser feito é: combater as criações mentais com argumentos, mesmo que ainda fundamentados em lógica humana, mas que destrua estes argumentos e qualquer contrariedade gerada. Este é o trabalho daqueles que retêm nas suas mãos e usam o poder da felicidade. Eles permanecem atentos ao que a mente cria, não para acreditar naquilo, mas para libertarem-se daquilo que é criado e é dado como real, como realidade, pela força de maya. Só assim eles conseguem viver em paz e harmonia...

Se vocês que estão me ouvindo agora quiserem fazer alguma pergunta a respeito deste tema, fiquem à vontade. Responderemos em outras oportunidades...

O poder da felicidade

Perda de ente querido

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Perda de ente querido

33. A perda

Estamos tratando agora de uma dor, de um sofrimento, oriundo da perda de um ente querido. É isso que me é perguntado neste momento: como faço para conviver com a dor da perda de um ente querido?

Vamos começar a análise deste assunto falando de antes da perda. Para isso, vamos abordar um tema que já conversamos: a mente humana trabalha numa determinada linha de raciocínio para ganhar, ter o prazer, ser famoso e receber elogios.

Essa é a linha de raciocínio de todo pensamento humano. Mesmo aqueles que se imaginam humildes, que afirmam que não querem ganhar, usam esta humildade como uma vitória, um querer ganhar. A mente faz este tipo de utilização, porque é egoísta por natureza. Por conta deste egoísmo, sempre age aprisionada nestes critérios.

A partir disso, temos que ter a consciência de que quando se fala de uma perda – neste caso estamos falando de um ente querido, mas este raciocínio serve para qualquer perda, inclusive de uma agulha – está se falando de ter sido ferido o anseio de ganhar. Vou tentar explicar isso.

A mente como trabalha com estas diretrizes que citei também opera com o medo da diretriz contrária ser alcançada. Ou seja, se ela quer ganhar, possui o medo de perder. Se quer o prazer, tem medo do desprazer, e assim sucessivamente.

Essa é a linha de funcionamento de toda mente humana: por querer ganhar sempre, tem medo de perder. Ora, se para exercer o poder da felicidade precisamos nos libertar daquilo que a mente propõe e se o que ela propõe está preso no ter que ganhar e no medo de perder, a libertação disso está vinculada à não aceitação do querer ganhar ou a não aceitação do medo de perder.

Portanto no trabalho para ser feliz quando acontece uma perda, não deve haver um trabalho realizado depois, um trabalho que seja realizado quando a perda já estiver consumada: ele precisa ser feito antes. Vou falar um pouco disso.

Como se foge da contrariedade por ter perdido alguma coisa? Lutando contra a inclinação da mente de querer ganhar. Isso não se faz no momento que se perde, mas sim antes. Aquele que aceita o querer ganhar, aceita o medo de perder e por isso a aceitação do sofrimento oriundo da perda é inevitável. Esse não usou o seu poder de ser feliz quando devia, por isso sofrerá agora.

Usar o seu poder para ser feliz frente uma contrariedade oriunda de uma perda começa com a luta contra a inclinação da mente de querer ganhar. Isso não se faz no momento que já se perdeu, mas sim antes. Aquele que aceita a intenção de ganhar, inevitavelmente aceita o medo de perder e com isso sofre quando perde algo.

O sofrimento de agora é sempre uma prova que o poder para ser feliz não foi usado. No caso de contrariedades oriundas de perdas, a utilização desse poder começa pela conscientização de não aceitar o ter que ganhar que a mente lança constantemente.

Só quando lutar constantemente contra o ensejo de ganhar, poderá conseguir se libertar do perder. Enquanto não atacar o desejo de ganhar, a perda causará sofrimento.

34. Combatendo a vontade de ganhar

Esse é o primeiro detalhe que estamos falando neste caso: é preciso trabalhar constantemente contra o não ganhar para não se contrariar quando perder. Mas, como se trabalha contra o querer ganhar? Usando a luta contra as três premissas que Buda ensinou: posse, paixões, e desejos.

Luta-se contra o não ganhar não querendo administrar a vida, não querendo dizer à vida o que você tem que viver. Luta-se contra o não ganhar não gostando preferencialmente de alguma coisa. Luta-se contra o não ganhar não desejando ter nada que não se tem. Como? Aceitando o que tem.

No mundo humano existe um ditado que diz: ‘não tenho tudo o que quero, mas amo tudo o que tenho’. Esse ditado é errado: quem sente falta de alguma coisa, não ama o que tem. Se amasse tudo o que tem, o ser humano não precisaria do que não tem. É exatamente por não amar o que tem que o ser humanizado abre espaço para o desejo de ganhar.

Se combate a ânsia de ganhar da mente dizendo: ‘eu queria ter, mas não tenho. E daí O que tenho hoje é isso, é o que tenho para viver. Portanto, vou viver o que tenho. Pode ser que um dia chegue o que quero, mas se não chegar, estarei sempre vivendo o que a vida me der’. Se combate a ânsia de ganhar valorizando o que se tem, ao invés de esperar algo melhor para se sentir valorizado.

Essas são questões fundamentais para qualquer contrariedade oriunda de uma perda. Sei que são questões difíceis de serem colocadas em prática. A sua identificação com a mente humana e a sensação que a força de maya dá, dizendo que ter aquilo é o melhor para você, torna quase difícil combater os desejos. Só que tudo isso que ela cria é ilusório e muitas vezes hipócrita.

Por exemplo: as mentes humanas acham que é melhor ter um carro do que não ter. Por causam disso, geram o desejo de tê-lo. Ao mesmo tempo, estas mentes também dizem que querem ter saúde. Só que a ciência hoje diz que para isso é preciso fazer exercícios físicos. Acontece que ter o carro não lhe deixa fazer isso.

Repare: a mente diz que quer ter um carro e saúde ao mesmo tempo, mas segundo a ciência, é impossível ter as duas coisas, pois o carro não lhe deixa fazer os exercícios que ela indica. Então, se não tiver carro, ao invés de aceitar todo o sofrimento que ela cria por causa disso, diga a si mesmo: ‘que maravilha que não tenho carro, pois assim posso fazer o exercício necessário para manter a minha saúde’.

É isso que estou falando como valorizar o que tem. Você precisa criar argumentos que o leve a valorizar o que tem. Isso porque quem não valoriza o que tem, vive a ânsia de ganhar que a mente dá, vive a posse que a mente usa e tem as paixões e desejos que a mente cria. Com isso, na hora da perda, que é inevitável, pois faz parte da vida, vai sofrer.

35. Parentalha

Eis aí, portanto, o primeiro aspecto que posso falar à partir do que me foi colocado: aprender a não querer ganhar para não sofrer quando perder. Só que no caso que estamos tratando, não estamos falando de uma agulha, de um carro ou de uma casa. Estamos falando de uma pessoa. Mais: estamos falando de um parente. Mais: estamos falando daquele que normalmente é a pessoa mais importante da sua vida: o pai. Claro, que esta é uma contrariedade muito mais difícil de ser vencida, por isso, para lhe ajudar, precisamos tratar diretamente da perda que você teve.

Você está sofrendo pela morte do seu pai? Eu diria que não. Você sofre relativamente ao valor que àquilo que perde. O sofrimento não é pela pessoa em si, mas por aquilo que ela representada. É isso que você está lamentando perder.

Não é o fato daquela pessoa específica não mais existir que lhe leva a sofrer, mas sim o fato de você não ter mais a pessoa que dava um valor imenso, um valor muito grande. É aí que está o problema. A sua dor não existe porque morreu o seu pai, mas sim porque quem morreu foi o seu pai. Quem morreu foi a figura que colocava num pedestal, num altar. Mesmo que não chegasse a tanto, mas que dava um grande valor.

Claro que ainda vamos falar de como se libertar depois de ter valorizado anteriormente alguma cosia que é perdida, mas antes quero falar algo. Do que lhe está acontecendo agora, você pode tirar uma lição muito grande: tudo o que valorizar excessivamente, no dia que perder, já que a perda é inevitável, a perda lhe fará sofrer.

Portanto, aproveite este evento de agora, este momento, este acontecimento e faça uma reflexão, aprenda alguma coisa: aprenda que não é possível se libertar da contrariedade e do sofrimento quando nos tornamos dependente de algo para ser feliz. Nem que seja do seu pai, sua mãe, seus filhos, o que quer que seja.

Aquele que tem o poder da felicidade nas suas mãos não o entrega a nada nem a ninguém. Ele não precisa de nada para ser feliz. Ele basta a si mesmo. Para isso luta contra o ganhar, conta as posses, contra as paixões, os desejos e não hipervaloriza nada. Liberto dessa forma de existir da mente, ele sabe que a felicidade depende só dele. Assim, quando qualquer coisa sair da sua posse, já que tudo é transitório e um dia sairá mesmo, não sofrerá.

Eis aí o princípio da sua resposta: aproveite este momento e veja através da dor que está sofrendo hoje o que pode fazer para não sofrer amanhã.

Mas, como não dar ao seu pai, àquele que foi tão bom para você, um valor exagerado? Se foi ele que lhe colocou no mundo, se ele é que lhe orientou, lhe criou, lhe ensinou como ser um homem, como não dar este valor a ele? Se foi ele que lhe deu todas estas coisas, como, então, não dar a ele um valor grande? Tendo alguém mais importante na sua vida.

Você só dá essa importância ao seu pai, porque se esquece de Deus. Aquele que dá importância à qualquer coisa nesta vida, se esqueceu de Deus, que vocês mesmos dizem que é a coisa mais importante.

‘Ah, meu pai me deu a vida’. Como isso pode acontecer, se vocês mesmos dizem que a vida é um dom de Deus? Como pode um ser humano lhe dar a vida, se ela é um dom divino?

‘Ah meu pai me criou’. Será que você não sabe que é um espírito e sendo, será que não tem a consciência de que é do jeito que é não porque seu pai lhe criou, mas para que tivesse a personalidade necessária para que as suas provações existissem? Seu pai pode ter sido o instrumento necessário da sua criação, mas nunca o próprio criador. A consciência de que foi seu pai quem lhe criou só existe para aquele que não sabe que é um espírito encarnado vivendo suas provações.

Esse é o caminho para se tirar o valor excessivo que se dá às coisas: dar a essas mesmas coisas o real valor que têm. Isso se faz não se dando ás coisas deste mundo o seu valor humano, aquele que a humanidade dá, mas sim um valor real: um valor oriundo de uma existência eterna, oriundo de uma visão de espírito encarnado.

Falamos agora pouco do automóvel. Pergunto: o que você fará no mundo espiritual com um automóvel? Nada. Não há nada a fazer com ele. Apesar de saber disso, você vive hoje como se fosse extremamente importante ter um.

Sei que estamos falando de algo muito mais importante do que ter ou não um carro, mas o processo para não sofrer é o mesmo: dar o valor espiritual ás coisas deste mundo. A história da família, a importância do núcleo familiar, no mundo espiritual, só existe no dos devas. No universo universal, onde os seres estão livres da influência da humanidade, isso é história de contos de fadas, da carochinha.

O próprio Espírito da Verdade é questionado por Kardec se o espiritismo vem para acabar com a família. Sim, a ideia do processo formados por múltiplas encarnações vem para acabar com este valor que a humanidade tem para a família. Como responde o mentor do espiritismo: vem para fazer com que tanto o seu superior como o seu inferior façam parte dela. Isso acaba com o peso do núcleo familiar que a humanidade vive.

Só se acaba com o valor humano que a mente dá às coisas aplicando a elas o seu valor espiritual. Aquele que não se sabe espírito, aquele que não acredita em Deus e na existência eterna, até concordo que sofra com as perdas humanas, pois para ele o importante são os atos, é o agora, é o ganhar agora. Mas, para aquele que sabe que era antes de ser, esse tem que se preocupar com a sua existência eterna, com o que é importante para a sua vida eterna e não com as coisas de agora.

36. A morte do seu pai

Está aí o caminho para você começar a trabalhar já, a partir de agora, por conta da consciência do sofrimento que está tendo agora por causa da perda de seus pais: as suas posses, as paixões, os desejos, a vontade de ganhar, o medo de perder e o valor que a sua mente atribui ás coisas deste mundo.

Só agora, depois de falar tudo isso, posso tratar do seu caso específico: a morte do seu pai. Como vencer agora a morte do seu pai, se não fez este trabalho antes?

Há uma frase que é dita em todos os enterros: ele está melhor do que nós. Em outros é dito: ele descansou. Em outros, ainda, é dito que voltou a Deus, que está com os anjos. Em resumo: em todos os enterros se tem a consciência de que o fato de morrer leva a pessoa a uma realidade melhor do que a que estava vivendo.

Será que você está levando estas coisas em consideração neste momento em que seu pai não está mais aqui? Você está levando em consideração na sua dor que ele está melhor agora do que estava aqui? Está levando em consideração que ele está com Deus? Não, você não está nem preocupado com isso. Você, mente humana, só está preocupado com a falta que ele faz para você. Egoísmo.

‘Ah, eu queria ele do meu lado. Se é pior para ele estar aqui, dane-se, é melhor para mim’. É isso que você está vivendo.

Claro que não estou dizendo que tem que ser frio, que tem que renegar o seu pai. Não é dessas coisas que estou falando. Estou lhe dando instrumentos para combater a contrariedade, o sofrimento que a sua mente está criando. A saudade fica, mas não a deixe ser causa de sofrimento.

Como não deixá-la ser causa de sofrimento? Sabendo que ele está bem, que está melhor do que você, que todos vamos nos encontrar depois. É isso que estou querendo mostrar exatamente no seu caso.

Converse com a sua mente. ‘Sim, meu pai está fazendo falta aqui, mas chegou a hora dele, foi o melhor para ele. Ele está no lugar para onde todos vamos. No futuro todos nos encontraremos neste lugar’. Vivendo com estas consciências, toque a sua vida para a frente. Esta conversa com a sua mente, o mostrar a ela que isso pode ser ruim para você, mas é o melhor para aquele que diz que gosta e ama, pode amenizar a sua dor.

Sabe, deixe-me lhe falar alguma coisa: a sua dor não mudará em nada a situação dele nem a sua. Você viverá a mesma vida, os mesmos acontecimentos que teria para viver, sofrendo. Ele viverá a vida que tem para viver agora, recebendo o seu sofrimento.

Pare com isso. Pare de sofrer, pare de se desgastar por algo que já aconteceu. Para isso veja o lado dele: para ele está bom, ele está melhor. Para nós que ficamos, existirá a saudade, mas ela não será dolorida. Pelo contrário: ficará a lembrança dos bons momentos, tudo que foi vivido de bom com ele, guardado dentro de você. Um dia nos reencontraremos e a saudade acabará. É esse o caminho para você se libertar da perda de um ente querido, seja o pai, a mãe ou o filho.

Além disso, lembre-se de outra coisa que já vimos em O Livro dos Espíritos: ninguém morre antes da hora. Por isso, diga a si mesmo: ‘chegou a hora dele. Ele foi continuar o seu caminho. Ele está bem. Eu vou viver o meu lado, a minha vida, esperando voltar a ficar junto. Vou ter saudades, vou lembrar dos momentos bons, mas não vou deixar esta saudade doer’.

37. Você não é obrigado a sofrer

Quero aproveitar a sua pergunta e falar mais uma coisa a respeito do poder da felicidade. Se a felicidade é intima do ser, se ninguém pode dá-la e tirá-la, da mesma forma o sofrimento ninguém pode dar ou triar. Mais: não existem situações onde você é obrigado a sofrer. Apesar disso, vocês acreditam que determinadas criações mentais precisam ser vividas com sofrimento.

Vocês acreditam que se têm saudades, precisam sofrer a saudade. Se perderam, precisam sofrer a perda. Isso é irreal, é ilusório. O sofrimento é um estado de espírito e não uma emoção ou sentimento. É a forma como a emoção ou sentimento é vivida. Você pode ter uma perda, sem sofrer. Pode ter uma saudade, sem sofrer. Não é obrigado a sofrer nestes casos.

Como se passa por situações onde a mente diz que é obrigado a sofrer, sem viver dessa forma? Retirando o sofrimento. Para isso, use argumentos que não sejam sofredores.

Por exemplo: ‘estou com saudades de determinada pessoa. Estou, e daí? Sofrer porque estou com saudades vai trazer a pessoa para perto? Não. Então, vou curtir a minha saudade sem sofrer’.

Outro exemplo: ‘entraram na minha casa e roubaram tudo. Está certo, entraram. O que posso fazer sobre isso? Ir atrás do bandido e tentar recuperar o que me foi roubado. Se não recuperar, o que posso fazer? Começar a planejar para comprar tudo de novo’.

Sentar e sofrer é a única coisa que não vai resolver nada em situação alguma, mas é a única coisa que fazem.

Você pode começar a se preparar para comprar tudo de novo, pode tentar entrar em contato com quem sente saudades, pode fazer um monte de coisas, mas só sentam e choram. Por que choram? Porque a sua mente diz que se você foi roubado ou se tem saudades de alguém, tem que sofrer, tem que se lamentar, tem que chorar.

Isso é algo importante para aquele que busca usar o poder da felicidade que está nele mesmo: saber que nada anula a sua capacidade de ser feliz, Saber que nada é obrigado a ser vivido em sofrimento. Sofrer ou ser feliz é uma decisão sua. É você quem decide como vai viver o que está acontecendo.

Isso é fundamental para esta e para outras questões que ainda iremos conversar. Não é porque aquela determinada situação é dolorida para a maioria dos seres humanos que você tem que viver com dor.

Não é porque um avião bateu numa torre e matou um monte de gente que você precisa sofrer. Não é porque uma onda gigante entrou pela terra e matou muitos – estou citando estes exemplos porque já estudamos estes acontecimentos – que precisa necessariamente sofrer.

Pode até dizer que não queria que aquele acontecimento ocorresse, que o que aconteceu foi desagradável, mas já aconteceu: e daí? Dá para chorar o leite derramado? Toque a bola para frente, vá viver o que a vida ainda tem para lhe dar. Adianta ficar sentado chorando?

Lembro que uma vez falei sobre seres humanos que querem ter o poder de sair do corpo e auxiliar no mundo espiritual. Falei disso quando uma bomba estourou num trem na Espanha e matou muitos. Naquela época disse: houve muitos que fizeram a saída do corpo para ajudar, mas quando chegaram lá, ao se deparar com os cadáveres, sentaram nos trilhos e começaram a chorar. Estes ajudaram em que? Outros se juntaram num canto e começaram a procurar culpados por aquele ato. Ajudaram as vítimas em que? Nada. Nem a revolta nem o sofrimento ajudam em nada.

Portanto, é preciso ter a consciência de que é possível viver situações onde outros seres humanos sofrem e se revoltam sem sofrer ou se revoltar. Isso é uma decisão sua. Você não deve se sentir obrigado a sofrer.

‘Ah, mas se eu não sofrer, vão me chamar de frio’. Pode ser que sim, mas se chamarem, qual o problema? Se o inferno é quente, o céu é frio: você prefere estar no inferno ou no céu?

É claro que sobre este assunto ainda vamos falar, pois deverão vir perguntas futuramente sobre sofrer com a dor dos outros, mas aproveitando esta questão da perda de um parente, onde indiquei o destruir o sofrimento da perda mesmo mantendo a saudade, saiba que isso é possível. É possível ter saudades sem sofrer: é uma decisão sua.

Último detalhe: você pode ler isso mais quinhentas vezes, mas não espere que a sua mente vá não sofrer. Ela compreenderá que é capaz de viver mentalmente sem sofrimento, mas continuará mandando sofrimento. É você que precisa a cada momento está agindo junto a ela para não viver o sofrimento que lhe será proposto. Isso acontece porque esta é a sua prova, o seu destino. Essa é a história que serve para a sua encarnação.

Esteja em paz e espero ter sido útil.

O poder da felicidade

Possibilidade de morte

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Possibilidade de morte

38. Estado anormal do ser

Uma pessoa me fala que está com dores e ao ir ao médico ele pediu exames complementares. Por causa disso ela está com medo do futuro. Esta é a questão que vamos abordar agora. Vamos ver como usar o poder da felicidade em situações análogas, que são muito comuns entre os seres humanizados, seja neles próprios ou na vivência de outras pessoas que passam por este momento.

De início queria ressaltar uma coisa. A preocupação com a saúde futura para vocês não parece um sofrimento, uma contrariedade, mas é. O estado natural de vida de um ser humano é a paz, a ausência de argumentos para ir contra os acontecimentos do mundo, e a harmonia. Esse é o estado natural do ser. Por isso, tudo que é contrário a ele não é natural, não faz parte do ser. Portanto, é algo criado e gerado para o ser.

Sendo assim, a preocupação com o acontecimento futuro é algo anormal quando olhamos à partir de uma visão espiritualista. Claro que humanamente falando é normal, é natural, que o ser humano se preocupe com o futuro, com a sua saúde. Mas, na realidade, universalmente falando, essa preocupação não é normal, pois é vivida com uma possível desarmonia com os acontecimentos.

Sendo um estado anormal e se o normal é a felicidade, isso é uma infelicidade, um sofrimento. Por isso, aquele que detém o poder da felicidade precisa agir de alguma fora para estancar essa situação. Havendo essa necessidade de agir e se estamos estudando essa forma de ação, vamos, então, conversar sobre esta contrariedade, sobre este estado anormal do ser.

39. Qualidade de vida

Vou começar nossa conversa falando de saúde. É por este tema que precisamos começar a destruir conceitos gerados pela mente para poder libertar-se do sofrimento e viver a felicidade.

No mundo humano existem diversos equívocos com relação à saúde. Um desses é dizer que para uma qualidade de vida, para uma vida com qualidade, é necessário se ter saúde. Desculpem, mas isso é equívoco, ilusão.

Existem muitos que não têm saúde, mas que possuem uma vida com qualidade. Existem muitos que tem, mas não possuem qualidade de vida. Isso porque a qualidade de vida não está no tempo que se vive, mas na forma que se vivencia cada momento da existência. Vou tentar explicar isso.

Uma vida com qualidade é aquela em que o ser vivencia os momentos da existência em paz, harmonia e felicidade. Essa forma de vivenciar os acontecimentos pode ser classificada como uma vida boa. Existem diversas pessoas que possuem doenças, inclusive terminais, que estão em paz, harmonia e felicidade com a sua existência.

Exemplos? Acho que vocês conhecem muitos. Pessoas que estão com doenças terminais, sabem que vão morrer, mas ao conversar com elas, estão bem, tranquilas. Pessoas que tiveram que amputar membros e ao invés de caírem na depressão, descobrem a vida com qualidade quando se encontram numa cadeira de rodas.

Enquanto isso, existem milhares de pessoas que não possuem doença alguma nem nenhum problema e não sabem fazer outra coisa a não ser reclamar da vida que têm. Será que esses possuem uma vida com qualidade? Acho que não.

Eis aí um equívoco que aquele que quer exercer o poder da felicidade precisa desfazer: a ideia de que a vida com qualidade depende da saúde física do corpo. Vida com qualidade é um estado emocional, é um estado de espírito. Possui vida com qualidade aquele que vivencia os acontecimentos, e não estou falando apenas dos bons ou maus, mas de todos, em paz, harmonia e felicidade.

Então, aquele que detém nas suas mãos o poder da felicidade sabe disso e por isso não se preocupa com problemas de saúde. Ele pode ir ao médico, tomar remédios, pode fazer exames, pode até ser diagnosticado como um doente, mas não vivencia os acontecimentos da sua vida a partir deste estado, mas está sempre buscando a paz, a harmonia e a felicidade.

Este é o primeiro trabalho no tocante desta questão para aquele que pretende se utilizar do poder que tem pra ser feliz. Mas, há outro. Vamos continuar nossa conversa.

40. Preocupação

A pessoa que nos enviou a questão diz que está preocupada com o seu futuro por causa da doença que imagina ter e por causa dos exames que o médico pediu. A minha pergunta a essa pessoa seria a seguinte: será que existe preocupação que vá resolver alguma doença? Será que na farmácia se vende preocupação em comprimidos para realizar uma cura? Eu nunca vi.

Eu nunca vi preocupação curar nada. Já vi, como vocês humanos dizem, remédios curarem. Já vi a fé curar, o passe, a operação espiritual serem classificadas como responsáveis, dentro da ilusão que vivem, pela cura. A preocupação nunca vi curar ninguém.

Esse é um conhecimento que aquele que detém na sua mão o poder da felicidade possui. Chorar, se lamentar, se preocupar com o futuro não cura ninguém. Pelo contrário, pode atrapalhar a cura. Pode fazer o ser viver doente a doença.

Então, aquele que tem o poder da felicidade nas suas mãos pode, quando a mente começa a trabalhar com a preocupação a partir de um acontecimento, alcançar a qualidade de vida. Reparem bem que não falei de cura, pois isso vale para qualquer preocupação.

Aquele que consegue viver feliz libertar-se da preocupação com o futuro. Como? Concentrando-se no aqui e agora.

O futuro a Deus pertence, vocês mesmo dizem. Sendo assim, para que se preocupar? Deixe deus agir, espere Ele agir. Faça por onde merecer Deus agir. Só que isso só pode ser feito no aqui e agora. O futuro não existe e o passado já passou. Por isso, neles nada pode ser feito.

É isso que faz aquele que consegue viver feliz. Ele liberta-se das preocupações que a mente cria dizendo a si mesmo: ‘o futuro acontecerá no futuro. Eu tenho o agora, tenho uma vida neste momento para viver. Por isso vou me concentrar em viver a minha vida que está agora na minha frente, ao invés de me preocupar com o que acontecerá depois’.

É esse o trabalho daquele que detém o poder da felicidade. No caso de quem está doente o viver no aqui e agora consiste em: se for ao médico, foi; se tomar o remédio que ele passar, tomou; se fizer os exames que ele passou, fez. Cada coisa no seu momento, na sua hora, sem querer adiantar passos, ter prognósticos, saber o futuro que advirá daquilo.

Concentra-se em cada momento naquilo que precisa nele e deixa o futuro chegar para poder vive-lo. Quando o futuro chegar, ou seja, quando ele for presente, aquele que está habituado a viver o presente o viverá. Já aquele que está habituado a viver o futuro, quando ele tornar-se presente, continuará no futuro e não viverá o que está acontecendo novamente. Com isso os seus presentes se escoam e esse ser não viveu nada.

É isso que faz aquele que detém o poder da felicidade. Ele se concentra no aqui e agora, vive cada etapa, cada momento da sua vida com as coisas que estão presentes no aqui e agora e deixa o resto acontecer naturalmente, normalmente. Quando as coisas acontecem, ele está preparado para viver o que lhe fora apresenta.

Já aquele que vive com a preocupação, ou melhor, com a ocupação em acontecimentos futuros, sofre, não tem jeito. Isso porque a mente dificilmente dará, de uma forma firme, líquida e certa, ao ser a ideia de que tudo correrá bem. Mesmo que diga que tudo correrá bem, ainda continuará instigando o ser dizendo: será que vai mesmo?

Portanto, para aquele que não vive o agora, o sofrimento é inevitável.

41. Medo da morte

Eis, então, o segundo aspecto dessa conversa. Aquele que usa o poder da felicidade no caso de sofrimento causado por uma doença primeiramente não trata o ter saúde como qualidade de vida e também não se preocupa com o futuro, mas vive cada momento, cada presente, por ele mesmo. Só que há uma terceira coisa que precisamos analisar. Aliás, disse no início dessa conversa, que é preciso ir ao fundo desta questão, pois muitas vezes a causa da contrariedade está mais abaixo do que vocês imaginam.

Quem perde a sua saúde, na verdade, não sofre por conta dessa perda. O que lhe angustia é a possibilidade da morte.

‘Ah, Joaquim, é a mesma coisa’, vocês poderiam dizer, mas não é. Digo isso porque pode ter uma doença simples, como uma gripe, por exemplo, que sabe que não poderá normalmente ser a causa do desencarne e por isso sofre menos do que um diagnóstico de câncer. Porque isso acontece? Porque o diagnóstico de câncer traz a possibilidade da morte enquanto que o da gripe não traz isso consigo. Portanto, o que faz as pessoas sofrerem não é a perda da saúde, mas sim a possibilidade da morte.

Estou falando que a perda da saúde causa contrariedade por conta do medo da morte. Só que muitas pessoas me dirão que não têm medo da morte, mas a perda da saúde me causa contrariedade. Acham que isso é verdade, mas não é.

Aqui está algo que todo ser humano precisa compreender e que a mente esconde dele: todos têm medo de morrer. Por mais que diga que não tenha, por mais que elabore motivos para não ter (‘não tenho medo da morte, mas sim da perda da consciência’, ‘não tenho medo da morte, mas pena de deixar meus filhos’) o medo da morte é algo inerente a todas as mentes humanas. Todas elas têm contrariedade à ideia de morrer.

Não importa. Por mais espiritualizado que seja, por mais que imagine que conhece e sabe da existência do mundo espiritual, todos sofrem no momento da morte.

Saber que toda mente humana tem medo da morte é importante para aquele que detém o poder da felicidade. Para que? Para agir retirando este medo da mente? Impossível. Esta informação é importante para saber que este medo existe e por isso não se deixar levar pelas histórias que o mundo mental cria afirmando que este medo não existe.

Porque é importante não se deixar levar pela afirmação de que não se tem medo da morte? Para não cair na armadilha que estamos falando. Aquele que acredita que não possui este medo, ao se deparar com a informação de uma doença que pode levar à morte, acredita que o sofrimento que vivencia é oriundo da possibilidade de se afastar dos filhos ou de deixar ao leu pessoas que dependem dele. Só que tudo isso é irreal.

Acreditando na motivação irreal do sofrimento, o ser humano que quer deter o poder da felicidade o ataca, mas não consegue resultado: continua vivendo contrariedades. O ser não ataca realmente aquele motivo que está causando a contrariedade.

Por isso, aquele que quer ter o poder da felicidade nas mãos tem a consciência de que na mente existe o medo da morte e por isso não aceita os argumentos que ela usa onde está implícito que não existe o medo da morte. Ele encara de frente o medo. Deixe-me tentar explicar o que é encarar de frente o medo da morte.

42. Enfrentando o medo

Ter medo é uma situação natural e normal da mete humana. Esta emoção não pode ser destruída, evitada, porque faz parte da personalidade humana à qual o espírito está ligado para a encarnação. Deste ponto é surge o grande problema para aquele que quer a felicidade.

Muitos buscando a felicidade querem atacar o sentir medo, querem deixar de tê-lo, mas isso é impossível. O problema não está no sentir medo, mês em tê-lo. É achar que ter aquele medo, vive-lo é algo natural, normal, mas não é.

Aquele que detém o poder da felicidade sabe que sua mente tem medo, mas não vive o que ela cria. Porque? Porque não cai nas histórias que a mente cria para justificar medo. Não cai na armadilha que ela cria para justificar o medo.

Não sei se estou conseguindo me fazer entender, porque a coisa é realmente um pouco mais complicada do que imaginam. Digo isso porque apesar de saberem que são espíritos, ainda estão humanizados. Por isso, ainda acham que existem ações que levarão a determinada vivência. Isso é irreal.

Neste caso, por exemplo, não há como se destruir o medo que a mente cria. Não há como não tê-lo. O que existe é não vive-lo. Como se faz isso? Dizendo a si mesmo: ‘eu estou com medo? Estou. E daí’? Este caminho lhe faz observar que na mente existe medo, mas não o vive.

Esta forma de interagir com a criação mental, como disse anteriormente, é um dos instrumentos que o senhor da felicidade se utiliza. Chamamos esta forma de interação de choque com a realidade: ‘eu estou com medo, estou, mas e daí’? Ter medo, receber o medo da mente, é a realidade deste ser. Quando ele não se entrega a esta emoção ou quando não quer alterá-la, consegue, enfim, viver a felicidade.

Quem vivencia o choque da realidade não vive com medo. Agora, aquele que diz que realmente está com medo, que sentir-se assim é uma desgraça, que não gosta senti-lo, vive aquilo que a mente propõe. Isso porque se deixou levar pela história que afirma que ele está sentindo medo, quando apenas a mente está.

Temos aí, portanto, mais um elemento que precisamos ressaltar na questão da perda da saúde gerar uma contrariedade. Saber que a sua mente tem medo da morte e, por isso, não acreditar em nenhum argumento que ela use para afirmar ao contrário ou justificar essa emoção. É preciso, ainda, ter a consciência de que apesar deste trabalho o medo aparecerá, mas que ele não deve ser aceito, pois pertence apenas à mente. Aquele que detém o poder da felicidade deixa a mente tê-lo, mas não vive o que ela cria.

Isso é fundamental não só na questão da saúde, mas do medo de qualquer coisa. Saber que o medo não poderá ser vencido, mas apenas amenizado e que isso acontece quando o ser não deixa essa emoção lhe dominar. É isso que faz aquele que tem na mão o poder da felicidade.

43. Dor física

Existe ainda um último detalhe que queria abordar: o medo do sofrimento físico oriundo da doença. Havendo um sofrimento físico, o ser deve usar as mesmas armas que comentamos anteriormente.

Primeiro: se ocupar com o presente. Neste momento está com dor? Não. Então, esqueça. Espere a dor aparecer para aí se ocupar com ela. Por isso não se preocupe no momento em que não sente dor com o possível aparecimento futuro dela.

Para se libertar disso, lembre-se que a sua preocupação com o sofrimento futuro não vai mudar em nada a sua dor. O que tiver que vir de dor por conta da doença virá, independente do quanto se preocupe com ela.

Segundo: precisa saber que o a dor faz parte da vida. Como já dissemos inúmeras vezes, a vida é composta de vicissitudes, alternância de situações. Sendo assim, não tem jeito. Se existem momentos sem dores, com certeza terá outros onde elas aparecerão. Isso porque a alternância entre as situações da vida é constante e inexorável.

Aquele que detém o poder da felicidade nas suas mãos sabe disso e por isso não sofre nem se lastima no momento da dor. Ele aguarda o momento da não dor placidamente. É assim que se liberta da dor causada pela doença.

Acho que com isso este tema fica bem esgotado.

O poder da felicidade

Servir a Deus na matéria

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Servir a Deus na matéria

44. Servir a um senhor

Uma pessoa me pergunta como viver para Deus no mundo capitalista, onde tem que estudar, se formar, trabalhar, ganhar dinheiro para sobreviver com dignidade. Vamos conversar sobre isso.

Estamos estudando questões de contrariedades. Por isso, a primeira coisa que tenho que fazer a partir do questionamento é descobrir a contrariedade que está presente. Para mim fica muito claro nessa pergunta que esta pessoa está contrariada porque se sente incapaz de viver para Deus porque tem que viver para o humano. Contraria-se porque precisa servir ao mundo humano e como não se serve dois senhores ao mesmo tempo, ela imagina que não consegue servir a Deus. Vamos tentar entender esta questão.

A partir dessa análise, vamos primeiro conversar sobre a questão de servir dois senhores para depois podermos falar da contrariedade que essa pessoa vive.

Cristo deixou bem claro: não se serve dois senhores ao mesmo tempo. O que é servir um senhor?

Participante: atender as expectativas dele ...

É mais do que isso.

Participante: ser leal a ele ...

Quase isso.

Servir a um senhor é dedicar-se a ele. É colocar a sua vida à disposição daquele senhor.

As respostas que vocês me deram está vinculando o servir a um senhor nos tempos modernos, mas pense na época medieval ou nos tempos do próprio Cristo. Aquele que servia a um senhor naqueles tempos é quem se colocava completamente à disposição dele. Era aquele que colocava até a sua vida ou morte à serviço daquele senhor.

Portanto, quando Cristo disse que não se serve dois senhores ao mesmo tempo quis dizer que não se coloca a sua existência à disposição de dois senhores. Não se pode colocar a existência à disposição de Deus e da materialidade simultaneamente. É isso que quer dizer a frase de Cristo.

Agora, o que é colocar a vida à disposição de Deus ou do mundo material? São esses questionamentos que precisamos nos fazer para entender o ensinamento. Será que isso tem a ver com atos, com comida, com bens materiais? Não.

É preciso que aquele que quer deter o poder da felicidade tenha em mente que vida não é aquilo que acontece dos olhos para fora. Vida é aquilo que se vive dos olhos para dentro. Vou dar um exemplo disso.

Uma pessoa pode praticar uma determinada ação, viver uma vida dos olhos para fora, sendo que dentro dela a intencionalidade e o mundo emocional seja completamente diferente do ato que está praticando. Por exemplo, uma pessoa pode lhe dar um dinheiro, um ato que parece possuir um determinado valor, só que ao mesmo tempo por dento está querendo lhe humilhar, lhe comparar, subornar. Ou seja, o ato está vivendo um tipo de vida, mas interiormente está sendo vivido outra completamente diferente.

É isso que aquele que tem o poder de ser feliz compreende: a vida é aquilo que é vivido no mundo interno e não no externo. Isso porque vivendo com esta visão pode atacar a contrariedade no exato lugar ela existe, ao invés de fazer isso onde não existe.

Aquele que sabe que a vida é vivida dentro de si mesmo ataca a criação mental. Aquele que não sabe disso quer atacar no mundo externo, como é o caso da questão que estamos conversando agora.

É preciso trabalhar? Ato ... É preciso ter dinheiro? Ato ... É preciso estudar? Ato ... Nada disso faz parte da vida real, aquela que acontece internamente. Por isso, nada disso é serviço a um senhor. Isso é ação.

O serviço a um senhor acontece no mundo interno. Esse serviço será considerado como ao senhor material no momento em que o ser vivencia o tem que fazer alguma coisa no mundo da matéria.

Aquele que vivencia os momentos da existência carnal imaginando que tem que fazer alguma coisa, serve a um determinado senhor, nesse caso, à matéria. Age assim porque coloca a sua intencionalidade, o seu mundo interno, à disposição do mundo material.

Esse serviço consiste-se caracteriza-se apenas pela entrega da intencionalidade e não tem nada a ver com as ações que são praticadas. Isso porque este ser pode colocar-se internamente à serviço da materialidade, mas mesmo assim nunca estudar, trabalhar ou ganhar dinheiro. Para isso basta apenas achar que materialmente tem que agir de determinada forma, que tem que praticar determinados atos.

É esta a diferença que os seres humanizados precisam compreender para poderem servir a Deus e ao mesmo tempo estudar, trabalhar, ganhar dinheiro, crescer materialmente, etc.

Cristo nunca atacou os ricos, aqueles que possuíam bens. Tanto isso é verdade que seguidores do mestre eram comerciantes ricos e famosos. Cristo nunca os mandou parar de comerciar nem os expulsou do convívio com ele.

Este é o ponto principal para o trabalho de libertar-se da contrariedade de não conseguir viver para Deus. É saber o que é viver para, como se entregar, o que é servir a Deus. Se não souber isso, ainda continuará achando que para servir ao Senhor terá que passar fome, que não pode ter dinheiro, bens nem família. Só que todos os mestres tiveram tudo isso. Aliás, Krishna era um príncipe, era rico.

Esse é o ponto de partida para exercer a sua felicidade: saber o que é servir a Deus ou à matéria. Por isso, vamos conversar um pouco mais sobre este serviço.

45. O serviço a Deus e a vida

O que é servir à matéria? É colocar as coisas materiais como obrigações, normas, regras, como intencionalidade primária. Aquele que serve a matéria acha que vive para trabalhar, estudar e ganhar dinheiro. Acha que essas coisas são as mais importantes desta vida e por isso vivencias como obrigação, como tendo que ser realizadas. Para aquele que serve a Deus, essas intencionalidades são secundárias.

Aquele que serve a Deus não deixa de trabalhar, de ganhar dinheiro, de comer, de se sustentar, de ter família, mas vivencia esses acontecimentos como algo secundário. Para ele, a obrigação de realizar estas coisas está em segundo plano. São coisas que são tratadas como decorrência natural da vida e não objetivos primários a serem realizados.

Aquele que serve a Deus tem como objetivo primário servir ao Senhor tendo comida emprego, estudo ou não. Ele está sempre ocupado – não vou usar o termo preocupado – em antes de tudo servir ao Pai. Colocar o seu mundo interno à serviço do Senhor. O resto, para este ser, é decorrência da vida. São coisas que acontecem.

Estas coisas podem ser alcançadas por quem serve ao Senhor? Podem ser buscadas? Claro que podem, desde que o mundo interno deste ser esteja à serviço de Deus.

Aquele que serve a Deus não se exime de nada deste mundo. Ele pode participar de momentos festivos, beber, fumar, aplicar dinheiro para ganhar mais, comprar objetos materiais. Nada é vedado para ele, porque estas coisas são apenas atos, ações, acontecimentos do mundo externo. Só que ao vivenciar tudo isso, este ser mantém o seu mundo interno em serviço a Deus.

É desta compreensão que surge o real assunto que precisamos conversar: o que é servir a Deus.

46. Servir a Deus

Ter o seu mundo interno à serviço de Deus é utilizar nele duas frases pequenas muito velhas, batidas, mas pouco usadas: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Quem ama a Deus acima de todas as coisas, ou quem tem como prioridade básica de vida vivenciar este amor, está à serviço do Senhor, está entregue a ele. Por causa deste amor, ama a tudo o que tem e também o que não tem.

Se ele tem emprego, o ama; tendo dinheiro para comer, ama-o e à comida que tem para comer. Se ele tem a família, ama a ela. Agora, se não tem nada disso, ama a ausência dessas coisas. É esse o serviço a Deus que precisa ser feito e que deve se transformar em prioridade da encarnação de um espírito, ou seja, de uma vida humana.

Nós, nem Cristo ou qualquer mestre, falamos que devem largar seus empregos, abandonar suas famílias nem para viverem na mendicância. O que é ensinado é que o ser deve amar tudo o que tem e o não tem. Ter o seu mundo interno dirigido pelo amor e não pelo objetivo material.

É desta constatação que surge a causa real da contrariedade de quem me fez a pergunta que estamos respondendo. Ela está na afirmação: a necessidade de ter ...

É esse aspecto que está na questão que me foi feita que me mostra que esta pessoa está à serviço da materialidade. Digo isso porque quem tem necessidades de ter alguma coisa não ama o que não tem.

Se um ser tem a necessidade de ter um prato de comida não ama a fome. Quando não a ama, não ama a Deus acima de todas as coisas, pois ainda ama mais a fome o saciar-se do que ao Pai.

Quem tem a necessidade de ter um emprego, não ama o desemprego. Quem tem a necessidade de ter uma família, não ama a solidão. Esse ponto que difere aquele que está a serviço de Deus de quem não está.

Quem não está a serviço de Deus inexoravelmente vive a contrariedade. Isso porque não supre todas as necessidades que o mundo mental de um ser exige que tenha. Este ser vive em desarmonia, em sofrimento.

Portanto, a causa real do sofrimento de quem me fez esta pergunta não é a questão de servir a um ou a outro senhor, mas sim a necessidade de viver algumas coisas que está no mundo mental e que é vivida como algo real, verdadeiro. A mente desse ser cria a ideia de que algumas coisas são necessárias e ele vive a necessidade. É por isso que afirmo que ele está servindo à matéria.

É junto a estas necessidades que o ser precisa agir. Internamente louve a Deus por tudo o que tem, mas se amanhã não tiver, louve-O do mesmo jeito.

Se hoje tem um emprego, louve ao Senhor. Se amanhã não o tiver, continue louvando o Pai. Isso não impede de buscar um novo trabalho. Isso não tem problema nenhum. Achando, mais uma vez louve ao Senhor por isso.

Louve o dinheiro que tem para comprar comida, mas faça o mesmo com a fome que vem quando não o tem. Faça isso até que novamente tenha dinheiro para se alimentar. Neste momento, continue louvando ao Senhor.

É assim que se vive para Deus. É assim que se coloca à disposição do Pai, à serviço do Senhor.

Portanto, optar pela matéria ou por Deus trata-se apenas de uma questão de aprender a viver com o que se tem e com as carências que se possui mantendo-se em estado de louvação ao Senhor.

47. Servir amando o próximo

Mais um detalhe na questão do servir a Deus: o amor ao próximo.

O amor ao próximo como serviço ao Senhor consiste-se em aceitar que todos são diferentes e que têm o direito de ser. Quem vive para Deus está em luta contra o seu mundo interno que afirma que ele é o melhor, o certo, o maior. Luta não para remover estas ideias, mas para não vivenciá-las no dia a dia.

Acho que agora, depois de entender o que é servir a um mestre, de como se serve a Deus, quem me fez esta pergunta não possui mais contrariedade. Com o que conversamos hoje dá para ele viver os dois mundos servindo apenas a um senhor.

Graças a Deus.

O poder da felicidade

Arauto do sofrimento

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Arauto do sofrimento

48. Causar sofrimento a outros

O caso que vamos analisar agora é o de uma pessoa que afirma que ela se contraria quando o que faz acaba levando sofrimento a outras pessoas. Mesmo que não tenha a intenção de fazer o outro sofrer, acaba causando sofrimento ao próximo. Esse fato de ser o arauto de um sofrimento lhe causa contrariedade. Vamos analisar esta questão para podermos saber como vencer esta contrariedade e viver a felicidade.

O primeiro aspecto que precisamos levantar na questão da análise na busca de ser feliz é o fato de causar sofrimento a outro. Vamos começar por aqui.

O que é sofrer? O que é viver em sofrimento, ter um sofrimento? É algo íntimo, dentro de cada um. Não existem sofrimentos externos, pois trata-se de uma emoção, de um estado de espírito.

Ora, se não há acontecimentos externos que possam causar sofrimento e se como diz o Espírito da Verdade, o ser encarnado é livre para optar entre o bem e o mal, todo estado de espírito sofredor é decorrência do livre arbítrio de cada um. É aquele que recebe, que participa do acontecimento como receptor de uma ação, que opta, escolhe sofrer naquele momento.

Sendo assim, não pode ser quem age que causa o sofrimento para o outro. Sei que é difícil entender isso, mas vamos com calma, por partes, que compreenderemos o que quero dizer.

Quantas vezes com certeza já aconteceu com você de ter que dar uma notícia a alguém e se preparou durante muito tempo para isso, pois achou que o que ia falar seria muito ruim para quem receberia. Só que chega na hora que dá a notícia e a pessoa ou não sofre ou pelo menos não a recebe com o impacto que imaginava. Ao contrário, quantas vezes saiu correndo para dar uma boa notícia para alguém e ela sofreu com o que disse?

Essas são observações que precisa fazer para internamente saber que não é você que é o arauto da infelicidade. Sim, com certeza levou a alguém uma notícia que pode causar prejuízo, carência ou até justificar o sofrimento do próximo, mas na verdade quem decidiu sofrer foi o próximo. Essa decisão não tem nada a ver com a notícia que deu, mas com o estado de espírito do outro.

É quem recebe que determina se a notícia é boa ou ruim. Essa determinação é fruto de uma ação de foro íntimo, depende de quem a receberá

Quantas vezes já acordou bem de manhã e por aparentemente nada perde este estado de espírito? Por causa disso começa a sofrer com qualquer coisa. Se alguém diz que você é bonito, isso já é motivo para querer discutir. Acha que está brincando, que está tirando uma com a sua cara.

Da mesma forma, ao contrário, quantas vezes acordou não tão bem, mas resolve mudar o seu estado de espírito. Nestes dias, mesmo que alguém lhe conte uma história triste, nada lhe abala.

Isso está dentro de cada um. É a partir deste estado de espírito geral que cada um decide como reagir emocionalmente à informação que é recebida. Este é o primeiro argumento que precisa ter em mãos para não sofrer: o sofrimento é escolha de cada um ao que acontece na vida.

Portanto, você não é responsável pelo sofrimento do outro.

49. Dar boas notícias

Só que há um problema a mais nesta história que lhe faz sofrer ao ver o outro escolher sofrimento, mesmo que sabia que não é você que é o arauto. Estou falando assim com você porque sei que já me ouviu muito e por isso tem a consciência do que falei anteriormente. Só que mesmo conhecendo o ensinamento continua sofrendo quando se torna o porta voz do sofrimento dos outros. Por isso vou continuar na minha análise.

O que lhe faz sofrer, o que lhe faz se contrariar com a sua ação neste mundo não é o sofrimento dos outros. Se fosse, por saber do ensinamento, não mais estaria sofrendo. Como continua, tenho a certeza de que há outro motivo, outra razão para sofrer. Por causa dele é que não consegue colocar a felicidade no momento que está agindo e o vivencia em contrariedade.

O motivo é que não está atacando no lugar certo. Não está agindo em um lugar realmente pode libertar-se da sua contrariedade.

Como disse não é o fato do outro sofrer como consequência da sua ação, de ser o arauto do sofrimento dos outros, que lhe faz sofrer. Sabe o que é? É só querer dar boas notícias.

O que lhe faz sofrer é achar que deve ser o instrumento de apenas boas notícias aos outros. É daqui que surge a sua contrariedade. Ela não tem nada a ver com o sofrimento dos outros, mas sim com aquilo que não quer para si.

Este é o trabalho da busca da sua felicidade. Aquele que tem nas suas mãos o poder para ser feliz sabe que nunca a origem do seu sofrimento está no outro, mas em si mesmo. Sab, também, que a origem está na contrariedade, ou seja, em não fazer o que quer. Por isso, ao invés de buscar coisas no outro ou no que faz, busca no seu mundo interno o que queria estar fazendo.

Me desculpe, mas tenho que lhe dizer que ninguém neste mundo é bonzinho, maravilhoso, perfeito, santo. Como acabei de dizer, a vida é vivida em vicissitudes. Por isso haverá momentos onde viverá o papel de bonzinho do filme, mas há outros em que precisa viver o de bandido, de malvado.

É isso que precisa entender. Você não pode ser apenas o arauto de boas notícias. Como se diz em O Livro dos Espíritos, tem mais uma função a encarnação: o espírito toma um corpo de acordo com o mundo onde viverá para ali contribuir para a ordem geral, ou seja, realizar os acontecimentos das encarnações dos outros, sob as ordens de Deus.

Isso quer dizer que você não pode fazer só o quer, mas sim o que Deus sabe que o próximo precisa. Se ele precisa levar um tapa na cara e você for o instrumento escolhido pelo Pai para isso, nada poderá impedir que aja desta forma. Por mais que queira beijá-lo, desferirá o tapa com certeza.

É isso que precisa se atentar. Deve saber que não importa o que está fazendo, será sempre um instrumento de Deus para a obra geral, para encarnação dos outros espíritos. Mais: saber que não existe um instrumento que sempre será arauto das boas notícias, mas sempre o perfeito para suprir perfeitamente a necessidade do outro.

Quando entender isso, qual o problema de falar alguma coisa e o outro escolher sofrimento? Quando entender isso, qual o problema de levar más notícias para alguém? Está fazendo o que precisa ser feito. Aliás, não está fazendo, mas sendo instrumento para que Deus faça.

Com este conhecimento acabam-se as contrariedades, acaba o sofrimento.

50. A felicidade depende do senhor que se serve

Agora, para fazer isso, é preciso escolher a que senhor irá servir. Escolhendo como prioridade básica na sua vida ser o bonzinho para os outros, sofrerá. Escolhendo servir a Deus, ou seja, amar a tudo, não se contrariará como arauto de situações onde os outros escolhem sofrer.

É isso que precisa fazer. É isso que precisa buscar se conscientizar e pôr em prática quando puser.

Aquele que tem o poder da felicidade sabe que é senhor apenas da felicidade e não da vida. Sabe que é senhor do seu mundo emocional, mas sabe que é – não vou dizer escravo – mas um serviçal que opera nas hostes divinas. Quando tem essa consciência, luta para servir a Deus e não à matéria.

Parece incongruente dizer que é um serviçal, mas que precisa escolher servir a Deus ou à matéria, mas isso não é real. Tem muito serviçal que fisicamente serve a um senhor, mas não se entrega interiormente a ele. Este cumpre com o seu trabalho, mas não cumpre o seu trabalho com dedicação ao senhor.

Servir externamente e internamente parece a mesma coisa, mas não é. Em um tipo de serviço serve apenas fisicamente, no outro serve de corpo e alma. O primeiro serve à matéria; o segundo a Deus.

Só que para viver assim é preciso antes compreender que nunca será portador de sofrimento ao próximo, mas que cada um escolhe sofrer ou não com a ação que é praticada. Precisa entender também que não pode levar só o que quer, só o que humanamente falando é bonito, mas que precisa levar o que Deus acha que aquele precisa.

Para poder viver feliz, você precisa ser um porta voz de Deus à serviço Dele e não à serviço da sua materialidade.

Participante: como é ser um porta voz de Deus e não da sua materialidade na prática?

Você falou alguma coisa, a pessoa que ouviu não gostou. Neste momento deve dizer a si mesmo: ‘Deus me mandou falar isso, se o outro não gostou, não é problema meu’.

Participante: não se contrariar com o que fala?

Não se contrariar porque aparentemente está causando sofrimento.

Isso tem a ver com a intencionalidade. Tendo a intencionalidade humana, está a serviço da humanidade, irá querer fazer o que humanamente é melhor para o próximo. Estando à serviço de Deus, não se importa com o que faz para os outros, mas mantém-se em paz e harmonia interna, porque foi isso que Deus lhe mandou fazer.

Isso só vale para usar depois que aconteceu, depois que já deu a notícia. Na hora que está se imaginando o que será feito, isso vira argumento da mente para justificar o que acontecerá.

Participante: neste último caso o senhor está se referindo ao momento em que ainda não aconteceu a ação e nós estamos preocupados no que irá dar da nossa ação?

Não.

Estou me referindo ao momento onde a mente lhe diz: ‘vou chegar lá, irei falar o que quero, porque aquela pessoa merece que eu diga o que tenho para dizer, pois ela não presta mesmo’. Isso são argumentos que a mente está usando para justificar o que irá acontecer.

Quando você já fez e a mente lhe acusa ou vangloria-se por ter feito, este é o momento de cortar.

Participante: e quando a mente está em dúvida se faz ou não, mas acaba fazendo e depois avalia o que foi feito?

A mente nunca está em dúvida. Na verdade, ela está lhe dando a ideia de haver uma dúvida. Por isso é preciso responder a ela: ‘o que acontecer, acontecerá’.

Agora, se conseguiu fazer, não aceite nem a culpa nem a glória pelo que aconteceu.

O poder da felicidade

Nervosismo

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Nervosismo

51. O sofrimento brota internamente

A pessoa que me faz esta pergunta na verdade não relata nenhum acontecimento onde vivencia contrariedades, mas afirma que muitas vezes está bem e de repente vem uma emoção trazida pela mente que o arrasta e com isso perde o bem estar que estava vivendo. Claro, isso o contraria.

Quem não se sente contrariado quando está bem e de repente algo faz ficar mal? Creio que todos. Portanto, na verdade não importa o que está acontecendo, quando se fala em ser senhor da sua felicidade, em ter na mão o poder da felicidade, o que está acontecendo muitas vezes é até irrelevante. Esse é um aspecto interessante para conversarmos neste estudo. Vou tentar explicar o motivo dessa importância.

Mesmo já tendo dito neste estudo e em praticamente todos estes anos, que a felicidade não é algo que venha de fora para dentro, vocês ainda imaginam que ela ´dependente de algo externo. Por isso acreditam que a infelicidade também é dependente de algo que venha de fora.

Viver contrariedades, para vocês, é uma coisa que depende de algo externo. Acham que é preciso que exista algo externo que contrarie internamente. Desculpe, mas isso não é real.

Assim como a felicidade não depende de algo externo, a infelicidade ou contrariedade também não. Diria que ela nasce, ou melhor, brota dentro de cada um. É como uma nascente de um rio, onde a água surge sob a terra. Como você não vê a origem desta água, digo que surge do nada.

Infelicidade também é assim. Ela não acontece por causa disso ou daquilo outro. Ela brota internamente no mundo interno de cada e é este surgir que transforma determinado acontecimento em contrariedade, insatisfação ou infelicidade. Não é algo externo que gera a infelicidade. Foi ela que brotou internamente e foi aplicada no momento presente.

Este é um conhecimento que vocês precisam ter justamente para não cair na armadilha da pessoa que me procurou com a questão que estamos conversando agora: a armadilha de imaginar que é necessário acontecer algo para que a infelicidade surja. Isso não é necessário. A infelicidade pode surgir praticamente do nada, por qualquer motivo. A coisa fica bem mais complexa porque às vezes um acontecimento onde é aplicado a infelicidade é semelhante a outros onde é a felicidade.

É assim que a mente humana trabalha. Vocês vivem por regras, normas, por experiências e por isso imaginam que dois mais dois dará sempre quatro. Isso é irreal. Muitas vezes pode passar por um acontecimento em paz, harmonia e felicidade ou até no prazer e outras pode passar por um momento semelhante na contrariedade, na infelicidade, no sofrimento.

É isso que precisamos deixar bem claro para aqueles que têm ou querem ter o poder de ser feliz nas suas mãos. Não há regras que ditem o que lhe faz feliz e o que lhe faz infeliz. Não há elemento externos que possam gerar a felicidade ou a infelicidade. Tudo surge, brota internamente e aí o ser precisa agir internamente e não externamente.

52. Sempre alerta

Mas, porque este conhecimento é importante para aquele que quer ter o poder da felicidade? Para ele estar sempre preparado. Vou tentar explicar isso.

Aquele que imagina que a infelicidade ou contrariedade é fruto de um acontecimento externo, muitas vezes vive momentos, como no caso que estamos conversando, onde está bem, não há contrariedades. Por causa desta consciência, a mente gera a ideia de que o sofrimento não acontecerá.

Estou falando de momentos onde quer ir a algum lugar, anseia por chegar onde se sentirá bem. Por causa da ideia de que se sentirá bem lá acha que tudo ocorrerá de forma maravilhosa. Com esta consciência se desarma. Acha que o sofrimento não acontecerá naquele momento. Justamente é desta desatenção que a mente se aproveita e faz brotar o sofrimento.

Portanto, aquele que detém o poder da felicidade nas suas mãos jamais perde a atenção ao seu mundo interno. Ele não se deixa levar pela onda de bem que a mente afirma que viverá. Ele não se deixa levar pela onda de sentir-se bem que a mente cria. Sabe que está sempre, já que está submetido ao tentador, à beira de um abismo e que pode cair a qualquer momento.

Por este motivo, aquele que detém o poder da felicidade está sempre atento ao caminho que está trilhando. Sempre atento ao seu mundo emocional, ao mundo interno. Com isso evita as surpresas que a mente cria, como no caso da questão que estamos conversando agora, onde é dito por uma pessoa que ele está bem e que de repente fica mal.

Isso acontece porque ele confiou no seu estado de espírito e baixou a sua guarda. Parou de ter a atenção plena correta em si mesmo.

É isso que esse moço e todos vocês precisam ter atenção. Não se deixem levar pela mente. Não imaginem que se agora determinado acontecimento está sendo vivido num emoção de felicidade isso continuará, que não cairá, que não sofrerá dentro do mesmo momento. Mantenham sempre suas guardas elevadas para defenderem-se assim que o sofrimento brotar dentro de vocês.

Só mais um detalhe, quem me fez a pergunta diz que conduzido pela mente ele se deixa levar pelo estado de sofrimento. Isso não é real. Não é a mente que lhe conduz a nada, mas você que vai para aquele estado de espírito por não estar atento às criações internas. Na verdade é você quem se entrega ao que a mente gera e não ela que lhe conduz para aquilo.

Isso acontece quando se confia na mente. O ser humano quando a personalidade humana cria uma emoção boa confia nela e por isso a segue, entrega-se a ela. Quando isso acontece, a mente, que é o tentador, pode mudar rapidamente o estado de espírito e quem não está atento à isso acaba caindo nesta arapuca.

Portanto, a orientação, a ajuda que poderia dar a esta pessoa e o conselho que posso deixar para todos é no sentido de estarem sempre atentos, de jamais abaixarem suas guardas, porque o sofrimento, assim como a felicidade, não depende do mundo externo, mas brota dentro de cada um. Mesmo que o acontecimento externo não mude.

O poder da felicidade

Inebriado pela vitória

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Inebriado pela vitória

53. O egoísmo dos outros

Na pergunta que me é feita desta vez, alguém diz que cada vez mais se aproxima do controle da felicidade, do conhecimento das amas que pode utilizar para viver dentro deste estado de espírito, mais se torna difícil vencer os obstáculos. Ao mesmo tempo, para ele parece mais fácil ver a ação do egoísmo da mente nos outros, ver os outros deixarem se levar pelo egoísmo. Por este motivo, essa pessoa me pergunta: porque isso acontece? A resposta é muito simples e vamos conversar agora sobre este tema.

Primeiro detalhe. Todo sofrimento nasce de um egoísmo não vencido, dominado, do qual não foi se libertado. Esse é um detalhe fundamental. É a característica egoísta da mente que leva a justificação do viver um sofrimento. Quando um ser aceita o que ela cria, aceita a ideia que ele cria, a consciência que ela gera e que é fundamentada no egoísmo, o ser sofre, vive o sofrimento que ela criou.

O que quer dizer isso? Vamos tentar entender a questão do egoísmo de uma vez por toda para que possamos dar, então, a resposta à essa pessoa.

Egoísmo é pensar, viver, ter valores para acontecimentos da vida formados a partir de um eu, a partir das verdades individuais de cada um, e com o objetivo que este eu se sobreponha ao próximo. Isso é egoísmo. Viver isso, ou seja, viver o mundo a partir dos seus critérios e verdades esperando que eles sejam aceitos por todos, é viver em egoísmo.

Quando se repara a vivência desta forma em outras pessoas é simples, é fácil. Por que isso? Porque a mente aponta as falhas dos outros, aponta a aplicação de verdades para poder ganhar do outro.

Só que a mente como é egoísta por natureza, não consegue fazer isso, ou seja, aplica, mostrar isso, de uma forma sem intenções. Ela mostra o que os outros fazem, mas faz isso apontando a existência de um erro. Com isso, não está pensando em ajudar ninguém, nem a si mesmo, mas apenas obter uma vitória para si mesma.

Acontece que a questão de querer obter uma vitória individual não é claramente exposta pelo pensamento. A mente camufla, e por isso já disse que ela é hipócrita, esses pensamentos em atitudes que são consideradas louváveis: ‘eu posso ajudar o outro porque sei onde ele está caindo’.

Acreditando nisso, você sai pelo mundo imaginando ter conhecimento sobre os outros e julgando a todos que aparecem na sua frente. Pior: ao viver desta forma, ainda acha que está fazendo algo de muito bom para os outros. Só que na verdade a mente está querendo a sua própria vitória. Por entrar na dela, por acreditar no que diz, você acaba vivendo a mesma intencionalidade. É deste conhecimento que começa a nossa resposta.

54. A sensação da vitória

É muito mais fácil achar os erros dos outros. Concordo, é sim, mas cuidado porque o que não vê é que está sendo egoísta, pensando a partir de si mesmo e não ajudando os outros, como pensa que está fazendo.

Agora, o que o fato de aceitar o julgamento que a mente faz dos outros traz para você que quer viver feliz e não consegue? A sensação da vitória.

Como é colocado na pergunta, o ser imagina que sabe que como os outros agem, imagina que vê eles caírem frente ao egoísmo. Essa sensação de poder, de saber, de conhecer, de poder resolver o problema para o outro é que ele não combate em si mesmo. Faz isso porque acha que é grande coisa conhecer o erro dos outros. Por não combater essas sensações, cada vez mais se vicia na sensação da vitória e cada vez mais sai pelo mundo vendo problemas nos outros e dizendo que está ajudando-os.

Viciado na sensação da vitória, torna-se mais difícil aceitar que está errado sobre o que pensa dos outros. Por isso sofre cada dia mais.

Isso está bem claro na sua pergunta quando diz que não consegue sair do seu próprio sofrimento. Isso acontece porque ao aceitar que a mente aponte egoísmo nos outros, cada vez mais se enraíza no seu. Com isso, torna-se difícil sair de suas próprias situações de contrariedades.

O que não vê é que sua mente está muito mais ligada na busca da vitória individual. Por isso, quando chega a sua hora de viver contrariedades, por estar preso à personalidade humana, não consegue se libertar do seu próprio egoísmo e com isso sofre.

Veja como o trabalho de observar o egoísmo dos outros, que aparentemente lhe ajudaria, acaba atrapalhando. Iludido, enrolado, enganado pela mente, ao acreditar no egoísmo dos outros que ela aponta, acha que está aprendendo, que está se preparando para enfrentar os seus próprios. Imagina que sabe, que conhece, que tem o poder de ajudar os outros, mas não repara que a cada vez se prende mais à sensação da vitória. O que não vê é que quanto mais se bebe desta sensação, mais se quer beber.

O ser humanizado que se deixa inebriar por esta sensação cada vez mais quer tê-la. Por isso, a cada dia fica mais difícil conter o seu próprio egoísmo que não aceita perder, que não aceita que os outros discordem.

55. Aja em si mesmo

A busca da felicidade, deter o poder de ser feliz, passa por aceitar não ganhar. Como pode fazer isso se vive o tempo inteiro inebriado pelo ganhar, pelo poder de ter acertado e saber o que os outros estão fazendo?

É esse o detalhe que está por trás da sua pergunta. A sua dificuldade em não conseguir agir em si mesmo, apesar de ter conhecimentos sobre o funcionamento da mente e apesar de ver o caminho para os outros, nasce justamente da sua sensação de poder, de vencer.

Liberte-se um pouco de ficar observando os outros. Quando a mente disser que o outro está errando no caminho que ele tomou, diga a ela: ‘não sei’. O problema é que ao invés disso, você acaba aceitando o que a mente diz saber e ver. Com isso, passa também a saber e a ver.

Quando ela disser que alguém está fazendo o que o ensinamento disse para não fazer, responda: ‘não sei’. Se não agir assim, estará aceitando implicitamente a busca da vitória individual e quando chegar a hora da mente usar deste mesma intenção nos seus próprios egoísmos se tornará mais difícil vencê-la.

Não se deixe contaminar com as verdades que a mente cria sobre o que os outros estão fazendo. Não se contamine com as certezas que a personalidade humana gera e com isso lhe dá o papel de psicólogo do mundo. Lhe dou esta orientação porque deixando-se levar pela ação do seu ego as suas próprias provações se tornarão mais difíceis. No momento de agir em si mesmo não aceitará não ganhar porque está inebriado pela sensação de vitória.

Ninguém sabe, ninguém conhece o caminho da felicidade, a não ser no próprio momento em que surge a caminhada. Não existem mapas, roteiros. A cada momento é preciso caminhar para frente e só pode fazer a sua própria caminhada.

Você não pode antever a caminhada do outro. Não pode saber qual a caminhada melhor para o próximo. Na verdade, pode sim: dentro da missão de cada um, dentro do objetivo da encarnação de auxiliar a Deus na obra geral. Só que quando isso acontecer, ou seja, quando falar alguma coisa ao outro, não deixe a mente lhe dizer que você acertou, que agiu corretamente, que aquele estava realmente errado.

Você não sabe nada da vida: tudo é declarado pela mente. No entanto, imagina ter a certeza do que o outro está vivendo. Por isso lhe digo que quando a sua mente lhe disser alguma coisa a este respeito, pode ter a certeza de que ela está lhe enganado, está lhe prendendo à sensação da vitória para futuramente lhe levar ao sofrimento.

É essa certeza que está atrapalhando a sua própria caminhada. Por isso, estou lhe dando esta orientação que imagino que vai auxiliar também outras pessoas.

Por mais que ache que compreendeu o que precisa ser feito à partir dos ensinamentos, aja apenas junto a si mesmo. Se a vida leva-lo a falar para alguém, se ela acontecer aplicando o ensinamento em outro, jamais tenha a certeza de que acertou, jamais tenha a convicção que o problema é aquele que está apontando. Deixando-se levar por estas convicções se inebria com a sensação da vitória e com isso torna-se mais difícil o seu próprio caminhar.

O poder da felicidade

Não quero mais viver

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Não quero mais viver

56. Ninguém muda a vida

A pessoa que me procura agora diz que tem uma sensação, que pode ser chamada de vontade, de acabar, de deixar de existir. Diz que não fala em suicídio, mas que simplesmente em livrar-se de tudo o que a cerca. Diz que não julga as pessoas e dá a cada um o direito de fazer o que quer, que sabe que cada um age de acordo com o seu plano de vida, mas não vê mais graça nas coisas deste mundo e por isso quer acabar consigo mesmo.

Estamos nestas conversas falando de contrariedades e se essa é a reclamação ou narrativa do que vai interiormente desta pessoa, posso dizer que o que lhe contraria é não conseguir acabar consigo mesmo. Falo assim porque contrariedade é sempre um desejo que não se consegue realizar, uma vontade que não consegue se concretizar. Portanto, vamos começar falando dos desejos que não são satisfeitos.

Só existe um meio de lidar com os desejos criados pela mente para que eles não gerem a oportunidade para que o ser aceite a contrariedade. Já falei dele nestas conversas: choque de realidade.

Essa pessoa queria que a sua vida acabasse logo, que todas as coisas deste mundo sumissem, que este estágio de vida terminasse logo e ela pudesse estar livre de tudo a que está presa agora, mas isso não acontece. E daí? O que ela pode fazer?

O que vocês precisam entender é que o ser não possui comando sobre si mesmo, nem sobre as coisas que lhes acontece. Por isso, precisam entender que não podem agir de forma alguma sobre o que têm.

Essa é a arma que aquele que quer ter o poder de ser feliz usa: a sua incapacidade de alterar aquilo que vive. Quando consegue eliminar esta suposta capacidade que o ser humano imagina ter, consegue viver o que lhe é apresentado sem se contrariar.

Se não quer mais uma vida humana, mas neste momento ela se apresenta a ele, diz: ‘não posso fazer nada para não viver a vida que me é apresentada’. Neste momento esse ser tem a capacidade de viver o que lhe é apresentado sem se contrariar. Mas, se o ser não assume a incapacidade de mudar o que lhe é apresentado para viver, o sofrimento é inevitável. Isso porque a mente humana funciona e trabalha sobre posses, paixões e desejos: querer comandar o destino, preferir uma coisa à outra e desejar que aquilo que prefere aconteça.

A mente humana jamais trabalhará de forma diferente. Por isso digo que mesmo que ela não exponha a posse, a paixão e o desejo dentro de um pensamento, estas coisas estão embutidas no que é afirmado ela consciência. Elas fazem parte da lógica do pensamento.

Este é o caminho, a arma para não sofrer: a aceitação do que se tem. Não a usando, não há como superar a contrariedade gerada pelo desejo não atendido.

57. O anseio espiritual é prova

Esta é a forma genérica que poderia ajudar a esta pessoa: a não aceitação da possibilidade de se mudar a vida que tem. Só que quero falar um pouco mais da sua doença individual, da sua doença específica: querer acabar com a experiência humana que está vivendo.

O que é a vida? É uma encarnação. É uma oportunidade para o espírito de elevação.

Veja, a vida ou encarnação não é uma certeza de elevação, mas uma oportunidade. Como a oportunidade acontece? Pela vivência dos acontecimentos do mundo humano, pela ligação com uma personalidade humana que vive acontecimentos humanos.

Esse mundo mental que gera consciências e emoções fazem existir a oportunidade de você se elevar. Se não houvesse a vida humana, se não houvesse essa geração de consciências e emoções, o ser universal, você, jamais se elevaria.

Estou falando isso para que entenda a partir desta realidade o que está vivendo, o que a sua mente está criando. Sabe o que ela está fazendo? Está dizendo: entrega a prova ao professor e vai para casa que é melhor.

Até concordo com ela. No momento em que está dentro de uma sala de aula é mais cômodo entregar a prova em branco e ir para casa brincar, se divertir. Aquele que faz isso, abandona o momento de tensão e vai para casa se divertir, só que não passa de ano. O que acontece com quem age assim? Terá que voltar para a mesma escola e futuramente fazer a mesma prova da qual está fugindo agora.

Imagine: se hoje você já está de saco cheio de fazer essa prova, como se sentirá se tiver que repeti-la? Não será pior?

Estou respondendo bem especificamente à pessoa que me fez esta pergunta porque sei que ela não é a única pessoa que vive isso. Este é um sistema que a mente humana cria para diversos seres universais encarnados com o objetivo de lhes afastar das suas próprias provações.

A mente trabalha com a ideia de que o mundo espiritual é muito melhor do que este. Afirma que a vida fora deste mundo é muito melhor e que por isso os seres devem renegar esta vida e ansiar pelo retorno à pátria espiritual. Desculpe, mas isso não é verdade: é apenas uma criação das mentes humanas. É apenas uma ideia mental para desconcentrar os seres encarnados de suas provas.

Agora, o que vocês não veem é que o que está por trás desta postura mental é mais uma prova, é mais um momento da vida. Ansiar por libertar-se dos momentos humanos é apenas mais um momento da vida.

O que vocês precisam entender é que qualquer que seja a história do acontecimento, trata-se apenas de um momento da vida. Por isso, é mais uma prova para o ser encarnado.

Isso é importante se compreender para que se entenda que não há nada de espiritual, de elevado, de sagrado no desejo de abandonar esta vida. O que existe apenas é um termo usado pela sua mente que está ligado a uma série de ideias que tornam a pílula dourada, bonita, fácil de engolir.

Se você, seja quem for, está vivendo isso, fique atento. Lute para não se deixar levar por esta ideia que a sua mente está criando. Não se prenda a este anseio e nem ache que existe alguma coisa de bonita, de sublime nele.

Vou contar um segredo a vocês: o espírito fora da carne anseia pela vida humana. Ele jamais renega a oportunidade de fazer a sua prova.

Continuando na comparação com o estudante humano, posso dizer que aquele que estudou toda a matéria, que está confiante na aprovação, anseia pelo momento da prova. Para que? Para receber a distinção de ter sido aprovado, para ver os seus esforços coroados.

É claro que este estudante na hora da prova tem medo, se preocupa com a realização do teste. No entanto, aquele que realmente está preparado jamais quer abrir mão da oportunidade de realiza-la, pois sabe que se fizer isso jamais será aprovado, jamais conseguirá elevar-se.

Agora falando diretamente àquele que me fez a pergunta, digo: reflita bem sobre tudo o que conversamos aqui. Compreenda que neste seu pensamento, apesar de parecer que há algo iluminado, na verdade está sendo vivida uma prova. Mais: que por causa do dourado da pílula que a mente está lhe oferecendo, você está deixando de conseguir sua aprovação. Não consegue porque se apega à própria mente e com isso terá que voltar.

Saibam de uma coisa todos vocês: o anseio espiritual quando gerado pela mente não tem a menor intenção de lhe levar de volta para casa. Ele apenas tem a intenção de lhe prender cada vez mais ao mundo humano.

Digo isso porque aquele que acha muito bom buscar a elevação, terá que retornar a este mundo. Isso para poder viver a busca da elevação novamente.

Portanto, se querem um conselho deste velho, lutem contra a ideia de querer se afastar de tudo a aprendam a viver com tudo que a vida lhes apresentada respondendo a elas com felicidade.

O poder da felicidade

Normas e obrigações

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Normas e obrigações

58. O que causa o sofrimento

A pergunta agora é longa. A pessoa que me faz fala em organização, em organizar as coisas. Fala em reações àqueles que se apegam a ter que organizar e a convivência deles com aqueles que não são organizados. Essa pessoa me pergunta como posso ajudar a pessoas que vivem desse jeito, ou seja, como posso ajudar a pessoas que imaginam que é necessário se organizar alguma coisa e que cobram dos outros a organização que acha que as coisas deve ter.

Essa é uma questão que precisamos conversar. Primeiro para que possamos entender o problema e em segundo para poder saber libertar-se das reações que a mente cria. Vamos fazer isso agora.

Primeiro detalhe: a vida humana é um teatro onde não existe certo nem errado, mas só o perfeito. Qual a diferença entre certo e perfeito? Certas são as coisas que estão de acordo com o padrão individual de cada um. Se você tem um padrão de organização, as coisas certas são aquelas que se submetem a este padrão de organização. Erradas são, portanto, as coisas que não estão de acordo com este padrão. Perfeitas são as coisas como estão, independente dos padrões de organização de qualquer um.

Essa distinção é precisa ficar bem clara, pois ao observá-la observamos que o certo e o errado não dependem do que está acontecendo fora de si, externamente. Vou dar um exemplo para entendermos isso. Se dentro do seu padrão de organização das coisas o copo tem um lugar para estar, o certo e o errado não depende de onde o copo esteja, mas sim do aquele que você acha que deveria estar.

Repare que quando falei que certo é aquilo que atende seus padrões e errado é aquilo que não atende estes padrões. Portanto, o certo e errado não tem nada a ver com o lugar que a coisa está ou com o que está acontecendo, mas é ditado pelo padrão individual de cada um. É ele que gera o certo e errado e não o lugar do copo.

Isso é algo fundamental de entender. Porque? Porque muitas vezes as pessoas como acham que o certo e o errado dependem do lugar que o copo esteja, atacará o local onde ele está. Só que o local onde se encontra qualquer objeto não traz problema algum para aquele que quer ser feliz. O que leva a este a sofrer é o padrão individual que possui que determina o certo e o errado.

Sem entender de onde surge o certo e o errado, o ser humano deixa de atacar o padrão que possui internamente, acaba ficando contrariado. Desta contrariedade surge, então, as diversas possibilidades de formações mentais que levam ao sofrimento. Portanto, o trabalho daquele que quer ser feliz deve ser realizado sobre o padrão individual e não sobre o lugar que o copo está, ou sobre o que é para ser feito ou não.

59. A perfeição

Descoberto o local onde se deve trabalhar para não sofrer com as coisas fora do lugar, pergunto: que trabalho devemos fazer? Vamos ver isso.

Muitos acham que este trabalho é deixar de ter padrões. Muitos acham que para se libertar do certo e errado precisa exterminar em si o lugar certo para alguma coisa estar. Só que isso é impossível.

Quem tem padrão não é você, o ser, mas a mente. Como você não é capaz de alterar qualquer coisa que está na mente, não pode mudar os padrões que a personalidade humana possui.

Você não é capaz de mudar aquilo que acha. Sei que muitos me dirão que já mudaram de opinião muitas vezes. Para esses digo: não foi você quem mudou, mas sim a sua mente. Quando fez isso, gerou a ideia de que foi você quem fez, mas foi ela que realizou. Mais, ela ainda disse assim: ‘viu como você é o gostosão? Viu como é um ser capaz de mudar as coisas’? Pois é, ela mudou, disse que foi você e ainda lhe deu a ideia de ter o poder de mudar as coisas deste mundo e você caiu.

O trabalho de ser feliz não depende de mudar ou de ter lugar certo. Ele depende de aceitar a perfeição. Vou explicar isso.

Uma pessoa que tenha na sua mente um padrão que saiba onde se deve colocar um copo ou como se deve arrumar uma casa, não importa, se quer ser feliz de verdade e poder alcançar este estado de espírito deve trabalhar a vivência do perfeito, da perfeição e não o lugar do copo ou a sua regra.

Alcançar a felicidade, neste caso, não se trata de deixar de saber onde se coloca o copo, mas aceitar onde ele está. Não se trata de achar que o lugar onde ele foi colocado é o certo, mas saber que ele estar naquele lugar é perfeito.

Aquele que tem o poder da felicidade não interfere na mente, ou seja, não muda o lugar onde o copo deve estar, mas se liberta da força mental, do poder mental, da coerção mental que afirma que deveria estar em outro lugar. Para atingir esta liberdade é preciso conhecer a perfeição, o perfeito.

O que é a perfeição? É o mundo como está. Já expliquei isso em outras ocasiões. Mesmo a ciência de vocês fala que o universo é perfeito, que o equilíbrio entre todas as coisas universais é perfeito. Mais: diz que este equilíbrio não pode ser alterado.

Isso é algo que precisam ter em mente. Se o copo está num determinado lugar, aquilo é a perfeição, aquele é o ponto de equilíbrio do universo. Se neste momento o copo foi para outro lugar, aquele novo lugar, neste momento, é o local onde o copo alcança o seu ponto de equilíbrio com o universo.

O que estou querendo dizer é que não importa o que está acontecendo, como as coisas estão, o que está sendo feito, o que está acontecendo é o equilíbrio do universo. É isso que aquele que detém o poder da felicidade sabe, compreende. Mais: sabe que se todas as coisas no universo estão equilibradas, a sua regra íntima, o seu padrão de certo, como faz parte do universo, também faz parte do equilíbrio universal.

60. É preciso agir a cada momento

O que seria do verde se todos gostassem do amarelo? Cada um tem que gostar de uma cor para que exista um equilíbrio universal. Se todos deixassem de gostar das cores que gostam, o universo todo tenderia para um só lugar. Com isso, estaria desequilibrado.

Por isso, aquele que quer ser feliz, sabe que não tem que se mudar, que não tem que deixar de achar certo, mas precisa viver a perfeição: ‘eu gostaria que o copo estivesse em outro lugar, mas ele está aqui agora’. Essa é a única linha de raciocínio que pode levar o ser a ser feliz: aceitar o lugar onde as coisas estão, entender que tudo tem que ser do jeito que é.

Se este ser ainda achar que existe um lugar certo para o copo estar e que por não estar lá agora ele é errado, sofrerá. Quando isso acontecer, todo o resto das ideias que me é colocado pela pessoa na pergunta, surgirão naturalmente como decorrência do não ter aceitado a perfeição como perfeita.

Esse é o caminho para a felicidade neste caso. De nada adianta querer se libertar do que vem posteriormente o momento onde se aceitou a imperfeição, porque a prisão à mente já existiu. O caminho para ser feliz é estar atento e viver o momento presente como perfeito. É isso que temos batido muito nestas conversas com o nome de choque da realidade.

O mundo é perfeito do jeito que está. Isso é algo que aquele que detém o poder da felicidade precisa saber. Esse mundo perfeito inclui o que está contrário ao que o ser quer, mas também inclui o querer dele.

Portanto, aquele que é feliz não deixa de querer o que quer, mas aceita a perfeição com que o mundo se apresenta. Este é o caminho. Digo isso porque quando o ser aceita a perfeição, qualquer argumento sobre o que está acontecendo acaba, morre, perde o sentido.

É isso que precisam entender. Esta é uma das coisas que temos buscado neste trabalho: atacar a raiz ao invés de ficar podando a árvore. De nada adianta querer eliminar as reações, as regras, querer mudar-se interiormente no sentido de mente, processo mental. A ação que leva à felicidade deve acontecer além da mente.

O que leva à felicidade é a ação da convivência com o mundo que é gerado pela própria mente, sem querer se afastar de nada que existe, nem mesmo do que a mente cria e pode levar ao sofrimento. Na verdade o sonho utópico de vocês é conseguir que nunca mais a mente gere sofrimento. Só que isso é impossível.

A vida é formada de presentes, de aqui e agora. São presentes que se sucedem a outros agoras que não veem nem do futuro e nem vão para o passado: eles simplesmente acabam. Por isso, não há como você provocar um mudança neste momento que criará algo para o momento seguinte. É em cada momento, em cada presente que você precisa trabalhar para aprender a viver a vida que lhe é apresentada, seja no mundo exterior assim como nos valores internos de cada um.

61. Sendo feliz

Portanto, a sua pergunta é longa, traz uma série de suposições, ou seja, contém uma complexidade que não faz parte da vida nem do processo de ser feliz. Este processo é simples: ‘eu estou chorando, estou, e daí’? ‘Não gostei daquele pessoa, não gostei. E daí’? ‘Acho que aquela pessoa não devia fazer o que fez. Acho, e daí’? Este é o processo que leva o ser a viver a felicidade, pouco importando o que está acontecendo e o que está sendo gerado pela mente.

A felicidade não depende apenas de se libertar do que lhe é apresentado pelas percepções, mas também pela liberdade da coerção, da força que está embutida nas formações mentais. Não se trata de se libertar das próprias formações, mas sim da coerção, da força de real que ela traz em si. Com isso, a sua mente dirá tudo o que criar e você não viverá a sua criação.

Acho que esta resposta que dei fica um pouco difícil de ser compreendida para aqueles que ainda sonham que são eles que pensam, que agem, que mudam, enquanto que na verdade, a felicidade é tomada em gotas enquanto a mente age, vive e sente.

Que você esteja em paz

O poder da felicidade

Falta de emprego

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Falta de emprego

62. Querer o que não se tem

A questão que agora me é apresentada fala de uma contrariedade específica: a falta de emprego. Uma pessoa me diz que o que lhe causa contrariedade e não ter emprego e por este motivo não consegue feliz. Para esta pessoa, a vida vai passando e ela não consegue viver o aqui e agora. Vamos conversar sobre isso.

Será que realmente é falta de emprego que não deixa viver o aqui e agora? Acho que não. Digo isso porque tem muita gente que não tem trabalho e consegue viver o momento presente.

Será que é a falta de emprego que para a vida de qualquer um, que atrasa a vida? Também acho que não, pois tem muita gente que não tem emprego e continua vivendo, crescendo e realizando coisas durante a existência.

Ora, se não é a falta do trabalho que trava a vida, o que pode ser? A ânsia de ter um emprego.

Repare numa coisa. Essa pessoa está colocando toda a sua existência na dependência de um trabalho, mas será que se ela arrumar um emprego ela destravará. Será que conseguirá viver o aqui e agora, se soltar? Acho que vai, mas por pouco tempo. Vou tentar explicar isso.

Essa pessoa poderia me dizer que a sua vida está parada porque não tem dinheiro para comprar coisas, por exemplo. Diria que se arrumasse um trabalho teria dinheiro e com isso poderia comprar coisas e este fato se constituiria numa vida destravada. Doce ilusão.

Durante algum tempo com certeza ela se sentiria realizada por conta dos benefícios que o emprego traria. ‘Que maravilha, agora posso comprar um celular porque tenho um emprego, posso assumir uma dívida porque estou trabalhando’. Achar que isso influenciará definitivamente a vivência da vida é uma utopia.

A ilusão de que a realização de coisas humanas trará uma felicidade é utopia. Sabe por que? Porque depois de passar algum tempo das conquistas, com certeza essa pessoa irá querer outras coisas. Neste momento, quando não conseguir tudo o que sonha, começará a sentir que o emprego que tanto queria e em quem depositou todas as esperanças para ser feliz, não consegue mais sustentar os desejos.

O emprego pode destravar um momento da existência dos seres, mas certamente mais tarde a mente humana irá gerar novas necessidades que o trabalho conquistado será incapaz de dar. Com isso, ela novamente travará a vida. Isso acontecerá não por culpa dela, mas porque o ser humanizado aceita que o que trava a vida é a falta do gerador de condições para realizar coisas para se sentir feliz, realizar-se.

Sei que estou usando nos exemplos coisas materiais e vocês podem até me dizer que não se ligam nestas coisas. Sim, concordo que isso possa acontecer, mas a linha de raciocínio que estou desenvolvendo serve para outras coisas.

O ser pode, por exemplo, conseguir o emprego. No início se sentirá bem, mas logo depois vai querer ter uma ascensão profissional. O fato de não ser promovido voltará novamente a trazer a sensação de que a vida está parada e ficará assim até que encontre um novo emprego onde possa existir a ascensão.

O ser pode, ainda, querer um emprego para que melhore o seu ambiente no convívio com as família. No início tudo poderá melhorar, mas quando este emprego exigir maiores responsabilidades e o tempo para a família diminuir, ele novamente sentirá sua vida travada.

Enfim, qualquer coisa que o ser humanizado possa desejar pode ser momentaneamente atendido, mas certamente no futuro a mente irá gerar novas vontades e com isso aquilo que serviu para destravar a vida, tornará a travá-la. Isso porque a realização de qualquer desejo pode ser causador de felicidade. Se for, sempre existirá um novo que servirá para fazer sofrer agora.

63. Viva feliz com o que tem

Conseguir realizar coisas, jamais poderá trazer a felicidade. Isso porque ela é algo que se coloca no que se tem e não que se extraia do que se tem. É você que deve aprender a viver feliz dentro das limitações que a vida traz.

Se hoje a limitação da vida é não ter emprego, busque, continue procurando, mas enquanto não achar aprenda a viver sem emprego. Isso destrava a sua vida.

Se hoje não tem dinheiro para comprar coisas materiais, aprenda a viver sem elas. Aprenda a ser feliz sem elas: isso destrava a sua vida. Se hoje não tem valorização nem ascensão profissional, aprenda a viver feliz no estágio da evolução profissional que está: isso destrava a sua vida. Se hoje não consegue ter tempo para conviver com a sua família, aprenda a aproveitar o máximo possível o tempo que dispõe: isso destrava a sua vida.

O trabalho daquele que busca a felicidade, e sei que estou sendo repetitivo, é viver o que a vida apresenta. Saber extrair da vida humana como é apresentada algo que o faça feliz.

Em outro trabalho já dei este mesmo exemplo. Vocês estão na luta diária trabalhando e ficam esperando as férias, os feriados e a aposentadoria porque diz que o trabalho não deixa ser feliz. Só que quando se aposenta e não tem o que fazer sofre porque não tem o que fazer.

Mas, enquanto estava trabalhando não achava que o dia que se aposentasse seria feliz? Pronto, agora está em casa o tempo inteiro sem ter nada para fazer como queria antes. Porque, então, não consegue viver a felicidade?

Sabe, são esses exemplos que vocês precisam prestar atenção para poderem se conscientizar de que a sua mente jamais manterá o padrão de felicidade por causa de uma conquista no mundo humano. A aceitação do que a vida a apresenta a cada momento é o que o ser precisa usar para poder ser feliz com o que tem agora.

‘Hoje não tenho emprego, sei que no momento que tiver serei mais feliz do que agora, mas sei, também, que essa sensação não durará, pois neste momento irei querer mais do que terei. Por isso, vou aproveitar o momento de agora onde há a carência na minha vida para não depender de supri-las para ser feliz’. Esse é o caminho que indico a todos que sofrem por não ter alguma coisa.

64. Querer fazer uma limonada

Esse é o trabalho de deter o poder da felicidade. Lembro que dizia que se a vida lhe der um limão ... Quando falava essas palavras as pessoas se apressavam em continuar dizendo: faça uma limonada ... Ouvi algumas vezes calado essa resposta, mas em uma hora retruquei: falei que a vida lhe deu um limão, mas não água nem açúcar. Como, então, pode fazer uma limonada?

Nesta conversa, fica bem claro o sonho do ser humanizado. Ele sonha em idealizar, gerar o momento presente de tal forma que ele se torne tragável, que possa ser engolido. Por isso, se a vida lhe dá algo amargo, o sonho é logo torna-lo doce. Só que não isso é impossível.

Conseguir fazer isso não existe no mundo real, a não ser nos devaneios da mente. É preciso enfrentar o amargor da vida, a realidade, cara a cara, sem diluir ou adoçar o que está acontecendo para poder ser feliz, ao invés de ficar gerando síndromes, sonhos que não são reais e não poderão ser.

Por isso, passei a dizer as pessoas: se a vida lhe der um limão, chupe-o. Isso porque o limão é a única coisa que tem e se não chupá-lo, poderá morrer de fome. Usando este exemplo, diria a pessoa que levantou a questão que estamos respondendo e a todos que se encontram em situação análoga: chupe o seu desemprego, o fazer concursos e não passar, o que tem a cada momento, extraindo daquilo o sumo para lhe dar sustento na vida.

Sei que vocês não querem chupar limão, mas se esquecem que ele possui vitamina ‘C’ que ajuda e lhe fortalece para viver. O caldo desta fruta não precisa do açúcar, que aliás faz mal à saúde, para poder ser engolido e o não o engolir afeta a saúde.

O problema é que como não gostam do sabor do limão, ao invés de chupá-lo, preferem comprar remédios que contém esta vitamina de forma sintética. É exatamente isso que fazem quando depositam a felicidade na realização de desejos: abrem mão da vitamina natural e preferem algo artificial, que neste caso é a satisfação de ter seus desejos atendidos, o prazer, para sentirem-se felizes. Como isso é algo natural, logo o seu efeito passa e terá que novamente tomar outra cápsula.

Portanto, o ser humano não consegue ser feliz porque não tem um emprego, mas sim porque se deixa levar pela mente que quer sempre que aconteça a coisa que humanamente é considerada como melhor. Por isso acredita que a realização dos sonhos, desejos e vontades é a solução para os problemas da vida, quando não é assim. Esta realização trata-se apenas de um estágio para novos momentos sofredores.

Enfrente a sua vida. ‘Não tenho emprego, não consigo passar em concursos, mas se quiser ser feliz, tenho que conseguir isso com todas as carências que possuo’. Estou dizendo isso porque de nada adianta ficar em casa chorando, se lamentando, porque o emprego não cairá do céu.

Aprenda a viver a sua vida, as suas carências, sem dependências, que será feliz.

Com as graças de Deus.

O poder da felicidade

Sofrer com a elevação

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Sofrer com a elevação

65. A posse, a paixão e o desejo não podem ser eliminados

Uma pessoa me fala que apesar de conhecer os ensinamentos que trazemos e que afirmam que Deus é Causa Primária de todas as coisas e falam da necessidade de despossuir as coisas materiais, ela ainda sofre muitas vezes por não ter ou não conseguir ter aquilo que deseja. Fala que quando se lembra dos ensinamentos fica até fácil, mas que logo depois os esquece e por isso sofre. Sofre por não ter ou por não conseguir ter o que quer.

Acho que essa pessoa que me mandou esta questão poderia ser a porta estandarte do nosso grupo, pois isso é algo comum a todas as pessoas que dizem buscar a elevação espiritual, sejam espiritualistas ou não.

O ser humano, a mente humana, é movida por anseios, desejos. Ela não sabe trabalhar sem desejar nada. Estamos falando do tripé que Buda ensinou que é a base das formações mentais: posse, paixão e desejo.

Toda formação mental de uma personalidade humana é gerada a partir deste tripé, ou seja, a posse, a paixão e o desejo, estão presentes em todos os pensamentos. Mais: não há como deixar de estar.

É preciso entender que o universo é imenso, seja ele material ou espiritual. Em todos os cantos deste universo, sejam planetas, estrelas, sóis ou espaço entre eles, há vida inteligente, com inteligência. Pode não ser o que vocês conhecem como inteligência, mas há vida com inteligência em todo canto. Até porque o universo inteiro é povoado por espíritos e a inteligência é um atributo do espírito.

O que diferencia os seres universais não são os lugares que eles habitam, mas sim as características da inteligência que eles possuem. Ser um habitante de Plutão, por exemplo, ou de Vênus, é ser um ser que possui uma inteligência com determinada característica. Dizer-se como habitante da Terra é ser um ser que possui uma inteligência com outras características ou que funciona de uma forma diferente daqueles.

No caso dos terrestres, viver com posse, paixões e desejos é o que caracteriza suas inteligências. Elas é que constituem a forma de operar, de existir da inteligência terrestre. Então, respondendo a essa pessoa e a todas que passam pela mesma situação, como dizendo: se você for esperar não ter desejos, posses e paixões para poder ser feliz, acho melhor esperar sentado, porque isso demorará muito.

É impossível deixar de tê-las. O ser só deixará de viver criações mentais que não contenham estes elementos quando não estiver mais ligado a uma personalidade humana, uma personalidade da Terra. Quando isso acontecer, ele estará ligado a outra personalidade de outro planeta que será constituída por outras características que servirá para o funcionamento da inteligência.

Portanto, o caminho para acabar com o sofrimento não é extinguir as posses, paixões e desejos. Se não é esse, qual é, então, o caminho para a felicidade? Aprender a ligar com estas caraterísticas mentais. Isso se faz tendo posse, sem possuir, ter paixões, sem estar apaixonado e ter desejos sem desejar.

Esse é o segredo da felicidade. Não espere que a mente vai mudar e deixar de usar destas características apenas porque você ouviu ensinamentos que dizem que elas não devem existir. Isso não pode acontecer.

Na verdade, o que poderá acontecer é que a sua mente usará toda e qualquer informação que receber submetendo-as ao tripé das suas características. Isso quer dizer que qualquer novo elemento que tiver conhecimento nesta vida será tratado pela personalidade humana com a utilização da posse, paixão e desejo.

Isso é muito importante que os seres humanizados entendam. Conversamos muito sobre elevação espiritual nos últimos quinze anos, fora o tempo que já passaram em contato com outras fontes que falaram do mesmo assunto, mas ainda não entenderam que a mente humana transforma esta busca num desejo, que a vivencia com paixão e quer realiza-la através da possessão.

É este detalhe que não compreendem: tudo o que entra na mente é usado pela mente dessa forma, é submetido à ação deste tripé. Por causa desta incompreensão, saem desenfreadamente buscando uma elevação espiritual seguindo as formações mentais e com isso, apenas conseguem uma nova vivência que ainda é subordinada às características da mente. Mantendo-se apegados à estas características o que podem ter conseguido se o conseguir algo depende da libertação delas?

Eis aí a questão que leva ao sofrer por não conseguir colocar em prática os ensinamentos, que é uma das questões desta pergunta que estamos respondendo agora.

Qual a solução para este sofrer? Buscar a elevação espiritual sem posses, sem paixões e sem desejos. Como se faz isso? Vamos conversar agora.

66. Elevação sem posse

O que é posse? Possuir é querer determinar o destino das coisas. Determinar como elas estarão, serão e funcionarão. Quando busca a elevação espiritual com posse, na verdade é guiado por uma busca com previsão do que acontecerá.

Estou falando de pensamentos que dizem; ‘vou colocar o ensinamento em prática e não vou sofrer’. Quem disse que isso acontecerá? Pode ser que muitas vezes ao usar Deus como Causa Primária ainda sofra. Pode ser que quando usar o desapego para poder aceitar algum acontecimento da vida, ainda acabe sofrendo.

Não existe a lógica que vocês aplicam às coisas. Quando se acredita que ela exista, então surge a posse.

Imaginar que apenas usar um determinado ensinamento como instrumento da caminhada levará ao fim do sofrimento é ter posse. É a mente, que tem como característica a possessão, o querer determinar o que acontecerá, que trabalha desta forma. Só que isso não é real, não é verdadeiro.

Para realmente conseguir a elevação espiritual é preciso agir sem acreditar num determinado futuro motivado por aquela ação. ‘Usarei o ensinamento Deus Causa Primária de todas as coisas na minha caminhada. Se com isso conseguir não sofrer, bom, mas se mesmo assim sofrer, com também’. Esta é a consciência que aproxima o ser de Deus.

A elevação espiritual se alcança quando a utilização dos ensinamentos é feita sem querer se determinar um futuro para si. Essa é a realidade, mas há um grande aspecto nesta questão que vocês até hoje não entenderam.

Todos que me conhecem já ouviram falar que existe a mente e você. Já me ouviram dizer que é preciso se desligar da mente. Apesar disso, continuam imaginando que são vocês quem pensam, que sofrem, que choram, que fazem e acontecem. Isso é irreal. Nada do que lhe é consciente é criado por você. Tudo é criação mental.

Portanto, não é você quem está querendo a evolução espiritual, mas a sua mente. Ela diz que quer e sabe qual o trabalho, só que processa o processo da evolução submetido à posses. Impossível de se conseguir, pois ninguém pode prever o futuro. Como já disse por diversas vezes, no mundo espiritual dois mais dois dificilmente dá quatro.

Portanto a solução para quem busca caminhar em direção a Deus não é planejar o que e quando usar, nem muito menos na utilização de algum ensinamento esperar esse ou aquele resultado. Ela se consiste em sem saber o que usou, se deu certo ou não, é caminhar, é tentar se libertar das ações mentais. Apenas com esta intenção, certamente você já deu um passo para frente.

67. Elevação sem paixão

O que é ter uma paixão? É viver alguma coisa com uma emoção específica.

Veja, não estou falando de paixão no sentido de gostar, porque não gostar também é ter uma paixão. Não estou falando na paixão como achar bonito, porque o não achar dessa forma também é uma paixão. Sempre que você tem alguma emoção específica com relação a determinadas coisas, ali há uma paixão.

Agora, repare se você não faz a sua busca da elevação espiritual apaixonadamente? Veja se não faz uma elevação espiritual porque acha que deve fazer. Isso é uma emoção. Se não faz porque acha que será melhor para você. Isso também é uma paixão. Se não está achando que não deve sofrer ou se o realizar lhe traz felicidade. Isso é outra paixão.

O que estou lhe perguntando é como quer se libertar das paixões se ainda mantém a paixão por se libertar delas? Isso é impossível.

Esse é outro detalhe que vocês precisam trabalhar. Devem fazer a elevação espiritual não porque é o melhor, porque é o certo, porque gosta disso, porque acha importante. Deve fazer sem nenhuma destas emoções, ou seja, fazer porque está fazendo. Fazer porque a sua vida vive nesta gira, nesta seara.

Você é uma pessoa que por qualquer motivo, isso não importa, está inserida no contexto de busca espiritual. Portanto, isso faz parte da sua vida e apenas por este motivo deve realiza-la e por mais nenhum. Agora, outras pessoas não têm a menor preocupação com isso. Elas têm a vida delas e vivem do jeito que as suas vidas correm.

Portanto, não faça porque é o melhor, porque é o certo, mas sim porque a sua vida está vibrando neste assunto, nesta busca. Vivendo dessa forma, não importa se consegue ou não, não sofrerá. No entanto, enquanto achar que ter esta realização é o certo, o bom, o melhor, sabe o que acontecerá? Cobrará resultados do seu trabalho.

Quem entra num processo buscando o melhor para si, espera que isso aconteça. Vai que o resultado não seja realmente o melhor para você, como viverá?

Estou falando assim porque apesar de dizer que está buscando se afastar das coisas materiais, a sua mente continua sabendo o que é melhor para você. Tendo esta consciência, ela usará isso para julgar o resultado do trabalho da elevação espiritual que será ela mesmo que realizará e determinará o fim.

Fazer a elevação espiritual com paixão é esperar determinados resultados. Neste caso, me desculpe, mas pouco importa qual seja o resultado, não há elevação alguma, pois você ainda está preso a uma intencionalidade.

Portanto, para que não sofra com esta questão, faça por fazer, quando fizer. Quando não fizer, não fez. Se fizer, faça sem esperar resultados, sem posse. Assim não terá motivos para sofrer, nem por estar sofrendo.

Enquanto estiver fazendo porque acha bom e certo, esperará um resultado, que não é sofrer. Se este sofrimento vier, por fazer parte da provação, do processo de elevação, ele precisa vir sempre, sofrerá por estar sofrendo.

Falo isso porque o seu sofrimento não é aquele que relata na sua pergunta. O seu sofrimento é o sofrer por não conseguir acabar com ele. Porque isso aconteceu? Porque trabalhou com paixão, posse e desejos.

68. Elevação sem desejo

Esse é fácil de se entender. Desejar é querer, é esperar resultados, é ansiar por alguma coisa.

Repare no que você me escreveu e veja se não está embutido nesta questão a ânsia de conseguir a elevação? Está, não é mesmo.

Você me escreveu: ‘eu queria, mas não consigo. Tem horas que realizo e outras não, porque’? Veja como suas palavras denotam uma ansiedade de fazer, de realizar. Isso é um desejo.

Ele só existe porque a sua elevação espiritual foi trabalhada com posses, ou seja, querendo determinar resultados para o trabalho, e com paixões, ou seja, sabendo o que é melhor para você. Se não houver posses e paixões, não há desejo. Não havendo a vontade, não há ânsia de ser, estar ou fazer qualquer coisa. Quando esta ansiedade não existir, o que vier é lucro, lhe satisfaz.

Eis aí, portanto, a resposta para você que me fez a pergunta e a todos aqueles que dizem que estão tentando promover a reforma íntima, colocar em prática os ensinamentos, mas que ainda sofrem quando isso não acontece ou quando a prática não leva ao que esperavam.

A única coisa que o ser encarnado pode fazer é assistir a vida. Só que vocês ainda querem comandá-la, realizar coisas. Isso é impossível.

Aceite a sua vida, deixe-a passar por você sem pretensão alguma, inclusive da elevação espiritual. Quando isso acontecer, poderá realizar alguma coisa.

O poder da felicidade

Desejar coisas materiais

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Desejar coisas materiais

69. Prosperidade

Essa pessoa me diz que está tentando colocar em prática os ensinamentos, mas que isso não a leva a conquistar coisas materiais. Deixa bem claro na sua pergunta que não está falando de conquistar objetos, mas determinadas situações de vida. Apesar da sua busca, ainda precisa se submeter a determinadas situações de vida que não gosta, que não quer, que acha que merecia não ter mais. Chega a tal ponto essa revolta que ela me pergunta: onde fica a tal da prosperidade? Será sobre este ponto que vamos embasar nossa resposta: na prosperidade.

Desde o início de nosso trabalho deixamos bem claro: não existe o ser humano, eu sou o espírito. Esta questão é fundamental para qualquer coisa nesta vida neste tocante. Saber que era antes de ser, saber que existiu como espírito antes de se tornar humano é fundamental para aquele que quer buscar a elevação espiritual. Porque? Vou tentar explicar isso.

Se você não existia antes de existir, é justo que cobre agora o resultado do seu trabalho de hoje. É justo que meça os resultados do seu trabalho de agora pelas conquistas de hoje. Mas, se sabe que existia antes e que continuará a existir depois, não é justo que meça os resultados que conquiste apenas por essa vida? Sabendo que existia antes de existir e que continuará existindo depois que deixar de existir é justo que saiba que tem toda eternidade para receber o resultado do trabalho de hoje.

Sei que usei muitas vezes a palavra existir, mas fiz de propósito. Vocês precisam entender uma coisa: o espírito tem uma única existência, a espiritual. Ela é única e não sofre quebra de continuidade.

O que quer dizer isso? Quer dizer que o espírito não abandona a sua existência espiritual, vem viver uma humana para depois retornar àquela que abandonou. Existe uma única existência que acontece o tempo inteiro.

Isso nos leva a compreender que a existência humana acontece paralelamente à espiritual. O espírito continua tendo uma espiritual mesmo quando imagina-se longe dela. Isso é outra coisa fundamental para a compreensão do receber pelo seu trabalho durante a vida humana.

Ora, se o espírito continua vivendo a sua existência espiritual enquanto está ocorrendo a material, será que não está recebendo naquele mundo? Essa é a primeira dúvida que quero colocar na cabeça de vocês. Ela é importante porque é justo para aqueles que medem o resultado pelos valores e trabalhos materiais a prosperidade pensar em receber aqui neste mundo. No entanto, será que o que vocês chamam de falta de prosperidade nesta vida não está ligada a uma na existência espiritual?

‘Como pode ser próspero para a minha existência espiritual acontecer o que não quero hoje’, vocês me diriam. Eu diria que sim. Como responde o Espírito da Verdade, só aqueles que estão bitolados pelo pensamento humano conseguem ver sofrimento nas contrariedades. Esses vivem determinadas coisas como sofredoras, mas será que elas são mesmo assim quando se foca na existência eterna?

Segundo o mentor do espiritismo, não. Ele diz que o ser quando liberto desta bitola vê as coisas de uma forma diferente. Por isso afirmo que é justo se pensar que a falta de prosperidade na vida humana pode ser o resultado de uma na vida espiritual.

Não estou dizendo que é, mas sim que pode ser. A minha função não é colocar o pingo nos ‘i’, mas sim dúvidas com relação às coisas para que não acreditem no que a mente de vocês diz agora.

Então, veja, você reclama de falta de prosperidade espiritual como resultado do seu trabalho de agora por não conseguir coisas materiais, mas será que essa carência não é uma prosperidade espiritual? Eu digo e o Espírito da Verdade também diz que sim. Ele afirma que só aqueles que estão presos às ideias carnais é que acham que deveriam ter nesta vida tudo o que querem, que imaginam que merecem ser contemplados.

Eis aí, portanto, um começo de caminho. Você sofre porque não vê prosperidade? Liberte-se de achar que aquilo é falta de prosperidade. Pode ser, pode não ser: você não tem certeza de nada.

Você não sabe a repercussão da sua vivência no mundo espiritual do acontecimento que não gosta, que não quer. Você não sabe se por este motivo está sendo próspero no mundo espiritual, aquele ao qual retornará certamente um dia.

No entanto, se você não sabe que era espírito, ou seja, imagina que nasceu humano e que posteriormente se transformará em um espírito, neste caso acho justo querer a prosperidade agora. Mas, se pensa de uma forma diferente, se acha que era um ser universal e que neste momento está apenas encarnado e que voltará à sua condição anterior, pense no que falei.

Pense em onde reside a sua prosperidade. Pense no que é próspero para você.

70. É ilícito se querer bens materiais?

Só que além disso, essa pessoa ainda me fala mais. Dentro do seu desabafo por não conseguir coisas materiais, ela me pergunta: é ilícito se querer bens materiais. Eu diria que não, que não é ilícito se desejar essas coisas. Na verdade o ilícito não é querer bens materiais ou espirituais, mas apenas querer.

Como já falei diversas vezes, o problema não é se ter desejo, mas deseja-lo. Agora estou falando que viver o querer bens materiais ou espirituais querendo, convicto de que aquele bem é importante, que é necessário para você, é ilícito. O problema é imaginar que não dá para se viver sem alguma coisa. Eu acho que dá para um ser humanizado viver sem o que quer ter, pois ele está vivo e não tem o que sonha possuir.

Portanto, não é ilícito se querer, sonhar, situações que hoje não tem. Sonhe, queira, mas não viva este querer. Viva o desejo de ter, mas saiba que ainda não tem e que por isso este querer está preso apenas ao mundo das probabilidades.

Você me fala que gostaria de morar em outro lugar. Acha que isso seria a oitava maravilha do mundo. Será que realmente é tudo isso? Será que realmente sair de onde está seria muito bom? Não sei.

Imagine que tenha conseguido sair de onde está e ido para outro lugar. Se esta casa que morasse agora fosse assaltada? Se fosse para uma casa num rua onde houvessem enchentes? Se morasse num lugar onde as coisas básicas não funcionassem?

Outra coisa que você me diz é que imagina que viver sozinho é melhor. Será que é mesmo? Você acha que um dia conseguirá viver sem depender de alguém por perto? Acho que não. Ninguém é capaz de existir sozinho: sempre terá necessidades de alguém que faça alguma cosia que ele não sabe fazer.

Portanto, repare nas cosias que deseja. Veja que se tratam de sonhos malucos, sem base, sem chão para se apoiarem. Na verdade é simples a vontade de ter algo diferente do que possui agora, pois não se contenta com o que tem. Repare que não há nenhuma certeza de prosperidade se conseguir o que quer.

A ideia de que será próspero se conseguir o que quer é, portanto, apenas um delírio da sua mente que quer lhe manter preso à sua humanidade atual. Trata-se de uma ideia louca, um devaneio.

Não, não é ilícito se desejar coisas materiais. O ilícito é se subordinar aos desejos da mente. É imaginar que precisa disso, daquilo ou daquilo outro para ser feliz. É imaginar que se obtiver isso ou aquilo será feliz. Essas coisas são ilícitas, não o desejar em si mesmo.

Porque é assim? Porque como já dissemos no início do nosso trabalho, cada momento da existência de um ser humanizado é desenhado por Deus com tudo o que ele precisa para alcançar a elevação espiritual. É esse fato que causa a ilicitude de viver o desejo que a mente cria.

Para combater isso, o caminho é o que conversamos. Repare os riscos de não alcançar o que espera. Tendo essa consciência, liberte-se da ideia de que a vida será melhor se conseguir isso ou aquilo.

Outra coisa que essa pessoa me pergunta é se ela não tem o direito de ter aquilo com que sonha. Eu digo que sim, que ela tem esse direito, se imagina isso. Agora, pergunto: será que ter essas coisas será o melhor para ela?

Paulo diz: você pode fazer tudo o que quiser, mas nem tudo que fizer é o melhor para você. Vocês se deixam levar pelas suas mentes que criam ideias de coisas, objetos, pessoas ou acontecimentos, que elas afirmam ser o melhor para vocês. Só que quando fazem isso, não veem que estão abandonando o melhor que Deus escolheu para vocês. É isso que torna ilícito viver o sonho de ter o que não se tem e não o próprio desejo.

Respondendo agora esta questão, afirmo que querer qualquer um pode, mas saiba de uma coisa: enquanto o que quiser não for o melhor para a sua existência eterna, Deus não lhe dará. É fundamentado na entrega com confiança nesta ideia que o ser deve combater toda a ilusão, toda a síndrome de princesa que as mentes criam.

Enquanto se deixarem levar pela ideia de que o que é desejado é o melhor, vocês continuarão sofrendo.

Com as graças de Deus. Espero ter respondido toda a questão.

O poder da felicidade

Tique nervoso

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Tique nervoso

71. Ação mecânica do corpo e vício

Uma pessoa me fala agora que possui um hábito, um vício de realizar determinado ato físico em momentos da sua vida. Diz ainda que não pena em realiza-lo, que não quer fazê-lo, mas quando vê está praticando a ação que não gosta. Fala, ainda, que esta prática traz danos aos seu corpo físico. Por isso não quer mais praticar esta ação. Para isso, inclusive, já pediu ajuda a Deus através da oração para acabar com o vício de agir desta forma.

A partir deste histórico, ela me pergunta como agir, levando em consideração que só possuímos o livre arbítrio das emoções, algo em que ela acredita. Vou tentar responder a essa pessoa como sempre faço: analisando tudo o que envolve a questão.

Primeiro detalhe: você chama essa ação que pratica regularmente de vício e quer combater este vício. Só que ela não é um vício. Vamos tentar entender isso.

Vício é dependência. É viciado aquele que é dependente de alguma coisas para algo. Precisa ter para ser ou precisa ser para ter: esses são os viciados.

No seu caso onde a ação é um tique nervoso não há dependência alguma. Digo isso porque você não precisa realizar esta ação para conseguir alguma coisa. A prática desta ação não é usada como condição para se ter ou ser alguma coisa.

Por isso diria que o seu ato está muito mais para uma ação mecânica do corpo do que para um vício. Esta ação, na minha visão, é algo que você começa a fazer e nem se dá conta de estar realizando, que não pretendia fazer, que não começou a fazer esperando ganhar alguma coisa com ela.

A sua ação é quase como um espasmo. É como uma ação muscular sem controle. Por isso, não há como combater a ação levando em consideração a ideia de que ela é um vício. Digo isso porque do vício nós nos libertamos não mais desejando aquilo em que somos viciados. Se você não depende do tique, como pode se libertar dele?

Esse é o primeiro detalhe desta questão: você não tem vício, mas vive uma ação mecânica. Entender essa questão é importante e faz diferença na vida, pois o combate é diferente.

72. O vício real

Ora se o que vive é uma ação mecânica do corpo físico, para não mais realizar essa ação deveria controlar o seu corpo. Com isso não mais a praticaria. Consegue fazer isso? Não. Então, esse não é um caminho plausível.

Diante do que vivemos, então, o caminho para a vivência em paz com o seu tique não é libertar-se do vício nem da ação. Ele tem que ser outro. Que caminho é esse? Aprender a viver com o tique que tem sendo feliz. Aprender a viver com a ação mecânica que seu corpo exerce sem contrariar-se.

Como faz isso? Acabando com o vício de achar que precisa parar de ter tique.

Repare bem. Dissemos que vício é a dependência de fazer alguma coisa para conseguir algo. Pois bem, essa descrição não se prende à realização da sua ação, mas se adequa perfeitamente ao fato de querer parar de fazer o que faz.

O que estou querendo lhe mostrar é que você está dependente de parar de fazer uma ação para ser feliz. Isso é um vício. Por isso, levando em consideração a questão de que só temos o livre arbítrio emocional, digo que precisa eliminar o vício de querer parar de praticar essa ação e aprender a ser feliz com o que tem.

Como se faz isso? Diga a si mesmo: ‘e daí que eu pratico essa ação. Não consigo controlar o que o corpo faz e é ele que pratica essa ação de uma forma mecânica. Eu não quero ganhar nada com o tique que tenho, então, porque quero acabar com ele’?

O que você precisa, levando-se em conta que só temos o livre arbítrio das emoções é não aceitar que precisa acabar com a ação, mas que ela faz parte natural de você. Nesse caso pode ser que a ação pare.

Veja, a ação lhe foi dada justamente para que trabalhe o seu vício. Qual é ele? Não querer praticá-la.

Sei que me relata que o tique chega a causar danos ao seu corpo físico. E daí? Você não tem controle sobre o que faz, não consegue mudar-se, não consegue deixar de fazer. O tique é mais forte, nasce do nada espontaneamente. Não há uma decisão da sua parte para começar a praticá-lo. Como, então, pode deixar de praticar essa ação? Por isso afirmo que o resultado que ela faz é impossível de ser anulado. Por isso, aprenda a sofrer os danos físicos que o ato traz sem querer deixar de tê-los.

73. A subordinação à humanidade causa vícios

O seu vício, então, é outro. Ele não tem nada a ver com a ação, mas sim na subordinação ao sistema humano de vida. Deixe-me tentar explicar isso.

Os cacoetes que algumas pessoas possuem são motivo de chacota por parte de outros seres humanos. Determinadas ações são tratadas até como problemas mentais ou neurológicos pela humanidade. Por isso, os seres encarnados querem se livrar da prática destas ações. Inconscientemente é isso que você está vivendo.

O que está vivendo é o desagrado de ser diferente dos outros. Mas, o que importa se é diferente ou não do restante da humanidade?

Porque precisa ser igual aos outros? Porque não pode ser diferente? Porque não pode se aceitar, já que não consegue se mudar, do jeito que é? Porque precisa e depende dos outros da similitude com os outros para poder se considerar uma pessoa normal?

É este o caminho que precisa usar no seu trabalho emocional para ser feliz com a vida que tem. O caminho é se libertar do ter que ser igual aos outros. Só que para fazer esta caminhada é preciso se libertar do vício de não ser, estar ou fazer o que é, faz ou está.

Como costumo brincar com as pessoas que me pedem ajuda, também lhe afirmo: veio buscar lenha e saiu tosquiado. Posso ainda lhe dizer que o tiro saiu pela culatra. Você me fala de um vício, mas eu lhe digo que ele é outro; me pede um caminho para combater uma coisa, mas eu lhe mostro que deve combater outra, pois está combatendo algo que não é viciado e esse próprio combate é um vício.

Se você acredita que nosso único livre arbítrio diz respeito à questão emocional, eu lhe oriento: ame-se do jeito que é, aceite que o seu corpo tem esta particularidade e que não tem jeito de ser diferente enquanto não for. Essa é a única saída para o seu sofrimento.

Com as graças de Deus.

O poder da felicidade

Dormir bem

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Dormir bem

74. O som que ouvimos

A questão que agora me é apresentada também não é inédita. Muitas pessoas já me fizeram esta reclamação.

Alguém me diz neste momento que seu vizinho coloca música muito alta em casa e por isso quem me fez a pergunta não consegue dormir e no outro dia rende pouco e tem mau humor, pois está com sono. Acho que isso é uma situação que muitas pessoas vivem. Por isso, vamos tentar analisar esta questão.

Como venho dizendo, quando se busca deter o poder da felicidade, a primeira coisa que precisamos nos ocupar é em conhecer o que realmente nos incomoda, o que nos faz viver contrariedades. É importante buscar isso, pois esta informação nunca está disponível na superfície do pensamento do momento. Por isso, vamos realizar agora esta busca.

A pessoa me diz que a música do vizinho a atrapalha e por isso não dorme. Pergunta: tem alguém que durma com música alta no vizinho? Tem. Existem muitas pessoas que conseguem dormir mesmo quando a música da casa ao lado está alta.

Ora se existem essas pessoas, porque você não dorme mesmo com a música alta? Esta é uma questão que você precisa se fazer para poder chegar ao âmago da sua contrariedade.

Sei que vocês me dirão que questão de dormir com barulho ao lado é coisa que varia de um ser humano para outro. Existem pessoas que conseguem se desligar mais do que está acontecendo e com isso dormir mesmo no meio do maior barulho enquanto outros não.

Só que quando me respondem deste jeito, apesar de imaginarem que apontaram uma verdade, acabaram de me mostrar o problema da insônia. O problema não está na música alta, mas no não desligar-se dela.

Na verdade o que incomoda a sua vida não é a música do vizinho, mas sim o fato de estar ligado nela. Mas, porque está vivendo esta ligação? Porque você não queria que o vizinho ouvisse música naquele volume.

Veja: o problema não é a música, mas sim você. O problema é sua mente que está operando dentro da ideia de perder, que está mostrando uma derrota individual enquanto lhe manda sonhar com uma vitória.

O que a mente quer é ganhar dos outros. Por isso, quer que todos ouçam a música que ela quer, na hora que quiser ouvir e no volume que considerar adequado. Pouco importa o que está acontecendo; o que a sua mente quer é sempre subordinar os outros aos seus anseios e com isso obter uma vitória individual.

Esse é o problema. É por conta desta busca de vitória que você sofre insônia e não por causa da música. Se não dependesse de ganhar dos outros para ser feliz, você conseguiria dormir mesmo com o mais alto som ao seu lado.

Para voltar a dormir bem, eu lhe aconselho a se desligar da música do seu vizinho. Para isso, é preciso se desligar da ideia de que deve ser o senhor do aparelho de som que está tocando. Se ele está na casa ao lado, é o seu vizinho o senhor do botão do volume de não você. Precisa se desligar da ideia de que todos devem obedecer o horário que você estabelece para que ouçam música.

Desligando-se dessas coisas, consegue dormir como uma criança. Não se desligando, pode nem a música estar tocando que não conseguirá dormir, pois terá que ficar de prontidão para o caso do seu vizinho ligar o aparelho de som.

Repare se o que estou falando não é verdade? Quantas vezes a música é desligada e você ainda fica rolando na cama sem conseguir dormir. Porque isso acontece? Por causa da raiva que vive por que o aparelho não foi desligado mais cedo. Ou seja, a música já acabou, o problema já passou, mas você, que disse que não dormia por causa dela, continua não dormindo. Porque não dorme? Porque continua ligado à música, que nem está mais tocando.

Esse é o problema nesta questão. O problema é que todos nós, como seres humanizados, como mentes humanas gostamos sempre de jogar a culpa no outros, quando nós mesmos somos o culpado de tudo que nos acontece.

É a sua ideia de que o outro não pode ouvir o a música que quer, na hora que quiser, no volume que gosta que não lhe deixa dormir e não o tipo da música ou o volume dela. Por isso, busque trabalhar em si mesmo esta questão. Como se faz isso? Desligando-se do seu vizinho e da música que está tocando.

Na hora que desligar o seu ouvido da música, nem irá ouvi-la! Falo isso porque não existe ouvido que ouça alguma coisa. O que existe é a criação da ideia de haver uma audição de algum som. Porque esta ideia é criada? Para a prova do espírito. O que influencia a sua criação? A subordinação ao que é pensado.

Cada vez que aceita a ideia de que o seu vizinho deveria já ter desligado aquele som, o seu ouvido a toca mais alto dentro de você. Faz isso para que possa vencer a sua provação que sempre diz respeito ao amor ao próximo, ao respeito ao direito do outro ser, estar e fazer o que quiser.

75. Segredo para acordar bem

Este, portanto é o caminho para acabar com esta contrariedade que como disse no início muitas pessoas vivem. Só que uma coisa importante na questão que me foi passada que quero abordar agora.

A pessoa me diz assim: não consigo dormir direito e no outro dia não estou bem. A partir da afirmação que vocês fazem comumente de que o estado de espírito depende do sono, pergunto: quantas horas de sono é preciso para se estar bem no outro dia? Seis, oito, dez horas. Lhe garanto que tem gente que dorme muito menos e acorda bem. Porque, então, você precisa de uma grande quantidade?

Deixe-me dizer uma coisa: qualidade de sono não se atinge com dependência de horas dormidas. Ela é alcançada quando se dorme profundamente, pouco importando a quantidade de tempo em que isso acontece. Por isso, o trabalho de quem quer estar bem no outro dia é entregar-se ao sono. Quem faz isso, acorda bem no dia seguinte, pouco importando o tempo em que esteve dormindo.

Você pode dormir duas, três ou quatro horas por noite e acordar bem. Pode dormir dez ou doze horas e acordar mau. Isso porque tudo depende do quanto dorme realmente. Para poder se dormir realmente o que importa é como se deita para adormecer.

Deitando para adormecer ligado, preocupado com alguma coisa material, seja a música do vizinho, o que precisa fazer no dia seguinte ou na segurança da sua casa durante a noite, acordará mau, mesmo que durma por cinquenta horas. Isso porque a mente continua trabalhando mesmo quando o ser está dormindo.

A mente não se desliga porque aconteceu o momento sono. Por isso, todo o mal estar ou preocupação com a qual o ser estava ligado no momento do adormecer o acompanha a noite inteira.

Este é um detalhe que deve ser observado por aqueles que reclamam de cansaço, de dormir mal. Não é a quantidade de trabalho ou o tempo de sono que lhe dá relaxamento, mas sim a qualidade do adormecer. É o desligamento das coisas materiais na hora de dormir que pode garantir uma boa noite de sono e um novo dia vivido em bem estar.

Há algum tempo eu comento uma coisa que não reparam. Muitos seres humanos sentam atrás de uma mesa e ao final do dia estão mortos, cansados. Arrastam-se para casa e jogam-se no sofá. Ali ficam se lamentando e mostrando a todos o seu cansaço. Já aqueles que são estivadores no cais do porto carregam sacos pesados o dia inteiro. Quando termina o serviço, eles vão jogar futebol.

Quem fez mais movimentos musculares durante o dia e por isso deveria estar mais cansado? Quando fazia esta pergunta as pessoas da época as pessoas me respondiam: o trabalho mental cansa. Sim, isso é verdade e este é o ponto que todos os que querem ser felizes precisam se atentar: o trabalho mental cansa ...

Sim, a sua luta diária contra a altura do volume da música do seu vizinho lhe cansa. Já a continuação desta luta durante a noite inteira, quando não há mais a música, lhe faz acordar cansado.

Por isso afirmo que a solução para o seu problema não está na mudança do gosto musical do seu vizinho ou do volume em que ele ouve a música. Também não está em conseguir dormir mais tempo. Ela está em você mesmo. Ela pode acontecer quando você aprender a desligar-se das coisas humanas.

Esse desligamento só ocorre quando você não quer impor aos outros o que acha que eles deveriam fazer. Por isso, lhe aconselho: doe a razão. Dê ao seu vizinho o direito de colocar o tipo de música que quiser e ouvi-la no volume que achar adequado.

O que você precisa para acordar bem no dia seguinte é na hora que for deitar esqueça qualquer ideia que não seja a de que naquele momento irá dormir. Se fizer isso, com certeza no dia seguinte acordará descansado e não terá motivos para sofrer.

Com as graças de Deus.

O poder da felicidade

Convivência

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Convivência

76. Viver com

Uma pessoa me fala que mora com seus pais e que há muitos conflitos na casa porque os seus pais pensam diferente. Eles possuem diretrizes de vida diferentes da filha e por isso vivem em conflito. Por isso, essa pessoa me pergunta como pode ser feliz vivendo esses conflitos. Vou tentar responder ...

O que é conviver? É viver com alguém. Toda convivência é marcada por duas pessoas, dois seres humanizados, diferentes entre si. Esses seres precisam coexistir em um determinado momento, apesar da divergência entre eles.

Por causa do fato de serem distintos, normalmente contrários um ao outro, nenhuma convivência é fácil, nenhuma relação entre os seres humanizados é simples. Por isso é que entender a questão do viver com alguém é fundamental para a vivência em paz, harmonia e felicidade.

Viver com o outro é viver o momento em que está com ele a partir do outro. Viver com ele. Se ele gosta de laranja, para conviver com ele é preciso que se goste de laranja. Se ele gosta de limão, aquele que vai conviver com ele e que quer estar em paz precisa também gostar de limão.

Isso é básico. A regra da boa convivência, ou seja, a regra para dois seres distintos que interagem em determinado espaço de tempo é um vive com o outro, é um ceder à sua individualidade para poder manter a convivência harmonicamente.

Sendo assim, em princípio a sua resposta é: viva com seus pais. Viva com as pessoas da sua casa. Para isso, se gostam do amarelo, passe a gostar do amarelo quando estiver com eles.

Isso é o que deve fazer, até porque se diz espiritualista. O espiritualista é aquele que busca viver com o outro em universalismo. Ser universal, universalista, é exatamente o que falei aqui: é aprender a viver com o outro em unidade.

É claro que se as pessoas da sua casa me fizessem a mesma pergunta que você me fez eu não daria a mesma resposta. Porque isso? Porque eles não querem ser universalistas, espiritualistas. Por isso, o mesmo conselho não é válido para eles.

Por não quererem o universalismos, as pessoas da sua casa possuem outra lógica, outra forma de ver o mundo. Por isso é perfeito que elas lhe coloque aquilo que pensam, que queiram que você pense do mesmo jeito. Agora você como uma pretendente a buscar a Deus, a se universalizar, espiritualizar-se, precisa aprender a conviver com isso. Precisa aprender a conviver com as pessoas que pensam de uma forma contrária sem ser contrário a elas.

77. Doar a razão não leva a deixar de ser

Essa é em linha geral a resposta que daria a qualquer um que quer ter o poder da felicidade, mas que vive com contrariedade o relacionamento com outras pessoas. Só que tem um detalhe na sua pergunta que não toquei e agora é o momento de abordar.

Você me pergunta se precisa abondar tudo o que quer, o que gosta, o que sabe e lhe faz bem para poder conviver com as pessoas da sua casa. Eu lhe respondo que se analisar friamente o que falei à pouco, pode parecer que sim. Pode parecer que estou lhe incitando a abandonar sua individualidade para conviver com os outros. Só que isso não é real. Há um detalhe no que falei que com certeza não percebeu.

Eu disse: no momento em que estiverem juntos. É no momento que está com uma determinada pessoa que precisa abrir mão da sua individualidade para se universalizar com ela. No momento em que não estiver com essa pessoa esqueça tudo o que ela pensa e gosta e ocupe-se em universalizar-se com quem estiver.

O espiritualista, o universalista, é como um camaleão: ele se adequa ao ambiente em que está. Portanto, se estiver com uma pessoa que gosta de laranja, goste desta fruta. No momento em que não estiver, não goste. No momento em que estiver com quem gosta de limão, passe a gostar desta fruta. Agora, no momento em que estiver consigo mesmo, goste do que gosta. Se não gosta de laranja nem de limão, não goste.

Esse é o detalhe da universalização. Não é preciso se largar tudo o que gosta, que quer, que sabe, que almeja para si o tempo inteiro, de uma forma definitiva. Deve abandonar apenas na hora que está com uma pessoa que não goste do que gosta, que não queira o que quer, que não saiba o que você sabe e que não almeje o que almeja.

Você precisa aprender a conviver com os outros porque diz que quer a paz, a harmonia e a felicidade. Se não quisesse essas coisas, eu falaria de uma forma diferente. Para conseguir o que deseja, portanto, é preciso aprender a ser camaleão: a viver de acordo com o ambiente em que está.

É isso que quem detém o poder da felicidade tem consciência. Para ele a coisa mais importante é obter a felicidade e para isso abre mão dos desejos, das vontades, do querer e do saber quando estas coisas podem acabar com a sua paz, com a sua harmonia e com a sua felicidade.

Só que este desprendimento das coisas íntimas não é definitiva. Quando ele está sozinho vive o que gosta, o que quer e que sabe. Faz isso porque tem a consciência de que neste momento esta vivência não coloca em risco a sua felicidade. Quando a sua individualidade não causa mal a ninguém, o universalista se dá o direito de viver o que quer.

78. Bem viver com é uma questão de respeito

Por isso volto a repetir: para ser universalista não é preciso abandonar nada. O que precisa ser feito é respeitar o direito não gostar de alguma coisa. Você pode gostar de limão a hora que quiser, mas quando esse gostar fere o do outro e quer impor a ele que goste, está o desrespeitando.

Use o que gosta quando estiver com você mesmo. Chupe o seu limão na hora que estiver sozinha, mas não faça da sua individualidade uma arma para atacar o outro. Digo isso porque se agir dessa forma não estará convivendo com ninguém, mas guerreando com os outros e isso é a origem para todas as contrariedades.

Essa é a resposta para aquele que quer ter o poder da felicidade, mas que vive conflitos em seus relacionamentos. Por almejar essa felicidade e saber que ela está no respeito ao próximo, esse ser inibe a sua individualidade em prol da do próximo no momento em que está com ele. Quando está sozinho, aquele que busca a felicidade vive a sua individualidade em plenitude.

Com isso esse ser consegue uma boa convivência com qualquer um. Com isso consegue a paz, a harmonia, pois não ataca ninguém.

Esse é o grande segredo. Ninguém está certo, ninguém está errado. Por isso não posso dizer que você esteja, nem que as outras também estejam.

Além do mais, quando quer exercer a sua individualidade ferindo a do próximo, não amou, não respeitou e por isso não consegue ser feliz.

Que você esteja na paz.

O poder da felicidade

Sentir raiva

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Sentir raiva

Alguém agora me pede ajuda porque do nada essa pessoa sente raiva dos outros, passando, inclusive, a agredir os outros. Não fisicamente, acredito eu, mas verbalmente, moralmente. Ela diz que não gosta do seu modo de proceder e, inclusive, ele está lhe causando maus físicos. Por isso me pede ajuda para mudar esse estado de espírito. Vamos lá ...

 Primeiro precisamos compreender o que é raiva. Digo isso porque para vocês humanos esta emoção é um ataque ao outro. Só que ninguém ataca ninguém. Na verdade todos se defendem dos outros.

O acesso de raiva não é um ataque a ninguém, mas sim uma defesa que é usada por uma pessoa. Vou tentar provar isso ...

Repare bem que existem raivas que surgem por nada. Toda expressão de agressão verbal acontece como reação a alguma coisa. O ser humano tem raiva de alguém, reage a uma pessoa falando de uma forma mais firme porque sentiu-se ameaçado em alguma coisa.

Portanto, o primeiro grande detalhe para quem se sente incomodado em sentir raiva dos outros é saber que essa forma de reagir não tem nada a ver com ataque a ninguém, mas sim com defesa. Isso é importante aquele que quer ter o poder da felicidade saber para começar a ver em si o que foi atacado, qual ameaça foi detectada naquele momento em que a raiva surgiu.

O que estou querendo dizer é que aquele que é feliz quando ou depois que se expressa raivosamente tentará descobrir dentro de si mesmo que posse, que elemento seu foi, mesmo que ilusoriamente, ameaçado pelo outro. Ele precisa saber disso para poder combater a possessão.

Posse é querer determinar o destino do outro, da outra coisa. Quando alguém fala alguma coisa e você tem raiva pelo que foi falado, repare bem se não pensa diferente, se não vê as coisas de outra forma. Se o motivo da sua raiva, por exemplo, é porque alguém acha uma coisa branca, repare se você não acha que é de outra cor?

É isso que precisa ser feito para poder trabalhar em si mesmo o contra-ataque que vocês chamam de raiva. Digo isso porque enquanto existir a verdade e a possessão, enquanto houverem patrimônios individuais que precisam ser defendidos, terá raiva.

É inevitável. Ela pertence a natureza do ser humano. Sempre que ele é atacado reage e ela vem através da raiva. Dentro de suas diferentes escalas, mas a reação é sempre uma raiva.

Eis aí, portanto, o primeiro ponto do caminho para quem me perguntou sobre ter raiva. Não na hora que gritar, que brigar, porque aí é impossível, já que está dominado pela raiva, mas depois, reflita sobre o que a outra pessoa disse ou fez para poder descobrir em si mesmo aquilo que realmente lhe causa raiva.

Tem um exemplo clássico que dou que dá para compreender o que estou falando. Se alguém lhe chama de feio e isso lhe causa raiva, quando analisa e descobre que foi o fato de ser chamado de feio que lhe causou raiva, pode entender que quer ser chamado de bonito. Quando faz isso vê a sua posse, o querer que todos lhe chame de bonito, e pode praticar a segunda etapa que lhe leva a fugir da raiva: libertar-se das verdades, das posses, das paixões e dos desejos.

Este é o caminho. É preciso, não na hora, no momento ninguém consegue fazer, mas depois do acontecimento, ouvir o que a pessoa falou novamente, ver o que dentro de si mesmo foi ferido e que provocou aquela reação para poder se libertar da verdade, da paixão e posse. Sem isso, continuará sofrendo com a raiva.

Dito isso, deixe-me falar alguma coisa muito interessante. Você me pergunta se não tem jeito de se mudar o que sente. Eu respondo que não, não tem. Além do mais, porque você quer deixar de ter raiva dos outros, se isso não traz problema algum para a elevação espiritual? Isso só se torna problema para quem não quer ter raiva.

O mal físico que diz que está lhe causando não tem nada a ver com a sua expressão da raiva nem com a emoção que está dentro de você, mas sim por sofrer por ser raivoso. A sua contrariedade não está no que fala nem no que sente, mas sim em não querer ser raivoso e ser.

Portanto, não se preocupe com atos. Não queira deixar de gritar com alguém, até porque não faz isso com ninguém que não mereça ou precise desta atitude. Concentre-se apenas em libertar-se verdadeiramente, inclusive da verdade de que não pode gritar com os outros. Da verdade que diz que é feio gritar com os outros, que é errado fazer isso.

Libertar-se dessas coisas pode lhe ajudar. Agora, esperar que seja um ser humano politicamente correto, ou seja, alguém que trate todo mundo bem, não lhe ajuda em nada. Sonhar com isso só pode lhe causar contrariedade, porque é algo que não consegue ser, pois não faz parte da sua natureza e como Krishna ensina, ninguém pode agir diferente da sua natureza.

Não pense que o trabalho de libertação das suas verdades lhe levará a deixar de gritar com alguém. Lhe levará é a deixar de sofrer porque gritou com os outros e não a agir de forma diferente.

Portanto, eis aí a sua resposta. Volte-se para dentro depois do acontecimento, liberte-se da verdade que causou o sentir-se ameaçado e, principalmente, liberte-se da ideia de que agiu errado, que aquela forma de proceder não deve acontecer e é feia, pois é isso que lhe causa o problema físico e não a ação para o outro.

Que esteja em paz.

O poder da felicidade

Ter prazer

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Ter prazer

Agora uma pessoa me fala do prazer. Afirma que eu disse, e isso é certo, que o ego se alimenta do prazer e da dor e por isso essa pessoa acha importante se libertar do prazer. Desta informação, concluo que esta pessoa está sofrendo quando tem prazer.

Parece estranho, mas é verdade. Aquele que acha errado ter o prazer porque ele é um alimento do ego, sofre quando o tem. Será a partir da existência desse sofrimento que tentarei responder a sua pergunta: ‘dá para se ter prazer, se viver nesta emoção, de uma forma saudável’? Responderei, portanto, a esta questão tendo como ideia de que para você ter o prazer nos moldes de hoje é um sofrimento.

Primeira coisa que precisamos entender: o que é o prazer. Como definição lhe digo que prazer é a satisfação dos desejos atendidos. Esse é o primeiro detalhe.

Prazer não tem nada de anormal, de pecaminoso. Prazer é a simples satisfação do desejo atendido. Sendo assim, ele em si não traz problema algum para aquele que busca a elevação espiritual.

‘Se o prazer não tem problema algum, porque você, Joaquim, disse que não devemos ter prazer’, vocês me perguntariam. Vou tentar responder esta questão.

Como disse agora a pouco, tê-lo não é problema. O que é problemático é querer tê-lo. O que leva problemas ao pretendente da elevação espiritual é querer ter o prazer, é ansiar por ele, é viver para tê-lo.

Ter o prazer e viver para tê-lo são duas coisas diferentes. Aquele que tem o prazer é aquele que como humano que está, possui desejos, consegue tê-lo realizado. Este diz: ‘que bom, meu desejo foi realizado’. Este ser por viver isso não trouxe problema algum para a sua busca espiritual.

Esse, na questão da elevação espiritual e na própria ideia de viver a felicidade incondicional não trouxe complicação alguma a essa busca, porque não ansiou pelo prazer, não o esperou, não viveu para tê-lo. O problema se consiste naquele que quer ter o prazer. Porque isso? Porque nesse caso o prazer vira um condicionante da felicidade.

Quem anseia pelo prazer condiciona a felicidade a existência do prazer. ‘Serei feliz quando o que quero acontecer’. Quem pensa assim tem problemas. Porque? Porque não é feliz agora. Não consegue ser feliz neste momento, pois se sente um carente, um necessitado.

É neste aspecto que prazer é danoso. Ele possui esta caraterística quando é desejado, esperado, querido e não quando acontece por acontecer. Aquele que vive o prazer como decorrência natural de acontecimentos oriundos do processamento da personalidade humana é feliz, mesmo quando o que é desejado não acontece. Já aquele que anseia tê-lo, que quer e exige do mundo que o prega, que anseia, deseja aconteça, esse tem problema, pois não é feliz agora.

Portanto, fica muito claro que o ego se alimenta do prazer, mas daquele que é ansiado e não daquele que acontece como decorrência natural da vida. Esse não alimenta o ego. A alimentação que o ego precisa é a sensação da vitória, o querer e conquistar e isso não está presente naquele que não anseia pelo prazer, mas assim mesmo o tem

Diante de tudo isso, posso responder, quando me pergunta se há um prazer que não seja danoso à saúde espiritual, que sim: aquele prazer que não é vivido com a busca do prazer.

Quando o prazer não é vivido com a busca dele, ou seja, quando não há a satisfação de haver conseguido as coisas, não se tem um dano ao processo de busca da elevação espiritual. Agora, quando ele é vivido num processo de excitação, na busca de conseguir uma vitória, de conseguir o que é desejado, há um dano à existência espiritual do ser.

O que estou tentando lhe mostrar agora é mais ou menos o que falo sobre a questão do orgulho e da soberba. Muitos dizem que não devem ter orgulho, que ele é danoso à questão da elevação espiritual, mas eu digo ao contrário. Afirmo que devem tê-lo.

Orgulho é a sensação do dever cumprido. Orgulho é dizer, que queria e conseguiu. Já a soberba, que não indico, existe quando quer e consegue algo e se vibra por esta vitória, se acha melhor que o outro por ter conseguido, imagina que sua conquista é mais importante e mais difícil de ser obtida do que a dos outros.

A soberba existe quando é projetada uma vitória sobre o outro. Orgulho é quando se vive as suas vitórias e dá a todos o direito de ter as deles. Aquele que não se vangloria da derrota dos outros nem enaltece a sua própria, não possui problema algum por ter orgulho do que foi feito.

No prazer é a mesma coisa. O prazer que foi vivido sem a sensação da vitória, do ter conseguido sobre outro, não causa mal a ninguém. Pelo contrário: pode ajudar o ser a colocar novas frentes de batalha para aproximar-se de Deus. Já o prazer que é vivido com a sensação da vitória por ter derrotado algo ou alguém, nem que seja a própria a vida, é o alimento do ego.

Que você esteja na paz.

O poder da felicidade

Despertar

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Despertar

Agora alguém me fala que quando teve acesso aos ensinamentos que trazemos, aconteceu nele um desejo de coloca-los em prática. Houve uma vontade de viver a liberdade que pregamos. Só que momentos depois o ego começou a trabalhar contra desestimulando-o na continuação da realização do trabalho. A partir destas considerações essa pessoa me pergunta se isso é normal ou se nossos ensinamentos na vida dela são apenas uma passagem para um lugar onde se encontrará plenamente. Vou responder a esta questão.

Começarei minha resposta pela última palavra que você coloca na sua pergunta: plenamente ... Não existe nada neste mundo pleno, algo que vá ser vivido cem por cento do tempo. Imaginar que isso pode acontecer é utopia.

Essa utopia é criada pela ideia de que você pensa, que age, que sabe e faz o que quer na hora que desejar. Como vocês imaginam que possuem o livre arbítrio de serem estarem e fazerem o que querem, acham que só porque achou melhor colocar em prática os ensinamentos todos os momentos estará estimulado a viver desse jeito. Como disse, isso é utópico.

Não. Não é você que pensa, que faz, mas sim a mente. Ela, como já conversamos, possui uma lógica ilógica dentro dos padrões humanos. A lógica mental não segue o que vocês humanos acham que ela segue.

Nesse caso, por exemplo, se ela achou bom alguma coisa, imaginam que ela deveria lhes estimular a praticar aquilo o tempo inteiro. Isso é lógico, é natural, mas ela não possui esta lógica. Ela não segue esse padrão. Porque? Porque ela não está aqui para ser lógica.

A mente está aqui para arrumar, organizar, gerar e criar situações para que o ser humanizado tenha suas provas. Se ela tivesse essa lógica que quer, não lhe daria o que pediu antes de encarnar.

Portanto, não espere que a mente vá lhe ajudar a fazer este trabalho. Não espere que ela seguirá o que diz que aprendeu. Ela não funcionará assim, pois não possui esta lógica.

Se alguma coisa lhe fez bem, lhe trouxe paz e harmonia e começou a viver livre dos conceitos humanos, ela não se manterá firme nesse padrão. Pelo contrário, ela começará a lhe desestimular a viver dessa forma, pois se não fizer isso, não terá a sua prova.

Esse é o detalhe que todo aquele que quer ser feliz conhece. Ele sabe que não pode confiar na mente.

Não confia quando ela estimula a colocar em prática os ensinamentos, como também não confia quando lhe desestimula. Ele sempre duvida do que a mente fala, está sempre neutro aquilo que ela propõe.

É dessa consciência que nasce o poder para ser feliz. Se você acha que irá extrair este poder do que a sua personalidade humana faz e propõe, desculpe, mas nada conseguirá. Terá que ir além dela, extrapolar a sua lógica, viver liberto do que ela propõe. Sem isso não conseguirá ser feliz nunca. Esse é o primeiro detalhe que queria usar para lhe responder.

Quanto à questão se junto a nós é o seu ponto final ou se é apenas um estágio da caminhada, ninguém pode responder isso. Como vocês mesmo dizem, o futuro a Deus pertence e por isso ninguém conseguirá saber seu futuro, muito menos eu.

Vocês acreditam que o espirito liberto da materialidade pode saber de tudo, mas essa consciência é falsa. Como está em O Livro dos Espíritos, o ser universal só tem acesso àquilo que é necessário para o seu trabalho daquele momento. Ponto final.

Portanto, a resposta que quer, ninguém tem. Nem eu ...

Agora, o que lhe interessa saber isso? Se respondo que aqui é apenas um lugar de passagem para continuar a sua jornada em outro, sabe o que lhe provocaria? Ansiedade. ‘Então, ainda não cheguei? O que falta saber? Preciso continuar caminhando, buscando’. Acabei com sua paz ...

Se lhe respondo que aqui é o seu ponto final, sabe o que lhe causo? Comodismo. Com a minha resposta se acomodará achando que já chegou onde tinha que chegar e irá parar de caminhar.

A vida é uma eterna caminhada. Seja no mesmo lugar ou para frente, o tempo inteiro você tem que estar caminhando.

Portanto, além de me declarar incompetente par responder esta questão, lhe aconselho: esqueça isso. Viva o agora, o presente, o momento que está tendo.

Neste momento você está aqui, está se interessando por aquilo que falamos? Viva isso, curta isso, sem se preocupar se é apenas uma parada ou o ponto final. Se amanhã sair daqui, nos esqueça e vá viver o que tiver lá. Agora não se preocupe com isso porque senão ainda não terá chegado lá e nem estará aqui.

Com a sua pergunta, então, acabamos matando dois coelhos com uma cajadada só. Primeiro falamos sobre a questão de não se deixar levar pela mente, não achar que ela será um guia infalível para lhe levar à felicidade, que a sua lógica serve para colocar a seta na sua caminhada. Em segundo lugar lhe orientamos para que viva o agora sem se perturbar se ele é o ponto final ou apenas uma etapa da sua caminhada.

Seja feliz agora. Para isso, além de tudo o que já ouviu de nós, não se deixe ser guiado pela razão. Aliás, este é um conselho do Espírito da Verdade.

Que a paz de Deus esteja com você.

O poder da felicidade

Caminhos da vida

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Caminhos da vida

79. O melhor caminho

Uma pessoa me diz que é muito enrolada, que não consegue decidir o que fazer na vida. Sempre que na vida dela aparece múltiplas possibilidades, múltiplos caminhos a seguir, não sabe qual escolher, não consegue escolher um, decidir porque caminho caminhar. Essa situação, segundo essa pessoa, lhe causa sofrimento.

Acho que essa é uma situação interessante para conversarmos, pois pouco tem de individual. Poucos são os seres humanos que podemos chamar de arrojados e por isso sempre sabem o que querem para si. Normalmente quando o destino se abre em múltiplos caminhos todo ser humano passa por momentos de uma indecisão do que escolher para si. Por isso vou tentar ser o mais claro possível nesta minha resposta.

Quando o destino se abre, qual deve ser o fundamento a ser usado para escolher que caminho tomar? Sei que esperam uma resposta mágica para esta questão, mas ela não existe. A resposta que posso dar é aquela que vocês dizem tomar: escolham o melhor para vocês.

Sempre que houver um momento de escolha é preciso que cada um analise profundamente os caminhos que aparecem e use como referência para decidir qual caminhar aquilo que é melhor para si mesmo. É simples assim. Se vida lhe oferece múltiplas possibilidades, pense, analise, reflita, veja qual o melhor para você e aí tome sua decisão. Caminhe o caminho que achar que vai leva-lo ao que é melhor.

Simples, fácil, rasteiro, não é isso? Não, não é bem isso ... Existe um problema sério neste ponto: não sabem o que é melhor para vocês ...

O que complica neste momento é exatamente esta questão: o que é melhor para você. É essa a questão que precisa ser analisada.

Para descobrir o que é melhor para si, sempre que a vida se abrir em múltiplos caminhos é necessário que o ser humano avalie onde chegará se caminhar por este ou por aquele caminho. Para saber o que é melhor para si é preciso conhecer o provável destino, onde aquele caminho lhe levará para poder bem escolher por onde andar. Se você se atira numa estrada sem saber onde ela dará, é difícil acertar a que é melhor para si.

Por isso, quem vive este dilema, quem passa por esta situação, precisa primeiro meditar sobre o destino que cada caminho aberto provavelmente lhe dará. Só depois que isso for conhecido é preciso analisar um a um para descobrir qual deles é o melhor para si.

80. O melhor para o ser humano

Agora, qual o melhor caminho para o ser humano, qual o melhor destino que ele pode alcançar? Vamos ver isso agora ...

Deixe-me fazer uma pergunta: será que ganhar na loteria é o melhor para o ser humano? Com certeza vocês responderam que sim, mas me diga uma coisa: você gosta de passear? Gosta de fazer compras no shopping? Gosta de ir à praia, de jogar um futebolzinho de vez em quando? Pois é, sabia que se ganhar na loteria não poderá mais fazer estas coisas em paz? Terá que andar cercado de seguranças por medo de alguém lhe sequestrar para tirar seu dinheiro ...

Você gosta de tomar uma cervejinha com os amigos? Gosta de ir para um bar para se divertir? Já pensou que se ganhar na loteria não poderá fazer isso porque todos os seus amigos atuais vão ficar lhe pedindo dinheiro e isso encherá o seu saco?

É isso que estou falando à respeito do melhor para o ser humano. Escolher o melhor para si não é deixar-se levar pelas influências da matéria, pelas ideias humanas do que é melhor para você. Às vezes é melhor não ter dinheiro, mas ter a liberdade de ir e vir onde quiser. Às vezes é muito melhor não ter carro do ano, casa suntuosa, mas ter a sua paz interior.

É essa questão que aquele que está no meio de uma encruzilhada precisa ter consciência. Ele precisa analisar cada destino e ver o que cada um representa para aquilo que é mais importante para você e não para o mundo, para a vida como um todo. Quantas pessoas já quebraram a cara porque se dedicaram a um estudo porque aquela profissão dá muito dinheiro e quando começaram a exercer a profissão sentiram-se tão mal que abandonaram tudo e voltaram para a escola.

Não se mede o que é bom para si pelos valores humanos, mas sim pelo que é importante para cada um. Por isso, antes até de descobrir o destino que cada caminho dá é preciso procurar em si o que realmente é importante. Sem conhecer a si mesmo, saber o que é importante para você, pode quebrar a cara nas suas escolhas nas encruzilhadas da vida. Pode achar que um sonho, um devaneio é o melhor para si e depois descobrir que isso não é verdade.

Esse é o aspecto que aquele que detém o poder da felicidade conhece quando a contrariedade que vive é fundamentada na incapacidade de decidir por um caminho. Quem detém esse poder não se preocupa com caminhos, se será mais fácil, difícil, penoso, tranquilo, mas se ocupa em primeiro conhecer a si mesmo, saber o que é importante, o que é melhor para ele. Depois se ocupa em conhecer a que resultados aquele caminho chega. Só depois de conhecer todos os resultados escolhe aquele que seja o melhor para si mesmo, aquele que o leve a alcançar o que é importante para si. Age desta forma porque é o que lhe garante menos sofrimento.

81. Nem sempre se alcança o destino

É isso que é precisa ser feito, mas nunca podemos nos esquecer de um detalhe: o ponto de chegada é apenas um projeto, é algo apenas projetado. Ninguém sabe se realmente aquele caminho levará a este ponto. E, mesmo que leve, ninguém sabe se conseguirá alcança-lo realmente.

O ser humano imagina que apenas por ter decidido que algo é bom para ele e comece a caminhar no sentido de alcança-lo, consegui-lo é inevitável. Isso não é real. Por mais que se deseje algo, por mais que se trabalhe para ter o que é desejado, muitas vezes o destino não é alcançado.

Isso é algo que aquele que detém o poder da sua felicidade sabe. Ele, quando a vida se abre em múltiplas possibilidades analisa cada caminho que se apresenta buscando saber qual o destino que ele leva. Por já se conhecer, sabe qual deles é o melhor para si mesmo e por isso escolhe o caminho que leva a ele. Só que ao caminhar nunca o faz com a convicção de que inexoravelmente chegará ao fim. Sabe que existem muitos aspectos que podem influenciar na caminhada.

Pode ser, por exemplo, que no meio do caminho exista outras encruzilhadas que apresentem caminhos com destinos que são mais atrativos do que o escolhido primariamente. Isso pode desviar o curso do ser humano. Pode ser também que fatores externos, da vida, acabem alterando o curso programado. Pode ser, ainda, que ao fazer a avaliação do destino o ser humano tenha se equivocado e o final esperado nunca chegue.

São tantas as possibilidades do caminho escolhido não levar ao destino esperado. Por isso, o ser humano que busca deter o poder para ser feliz jamais caminha com certeza de que alcançará o objetivo projetado. Por mais que ele analise a caminhada e se esforce no sentido de chegar a bom termo, sabe que o futuro é sempre uma incógnita.

Por isso, analise, estude, veja o que é melhor para você. Decida, comece uma caminhada, mas caminhe a cada momento onde estiver sem certeza de que chegará a lugar algum. Digo isso porque se achar que só por estar caminhando numa estrada a chegada ao local projetado é inexorável, pode ser que fique no meio do caminho e com isso sofra.

Esta seria a resposta à pessoa que levantou a questão e também para todos os que vivem este dilema em algum momento de suas existências. Pensando no que é melhor para si e no destino de cada caminho a dúvida acabará. Este fim se dá pela convicção e conhecimento do que é mais importante para si mesmo.

Com as graças de Deus.

O poder da felicidade

Mediunidade

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Mediunidade

82. Ter dons mediúnicos

Salve!

Antes de qualquer coisa, obrigado a você por ter trazido a nós o seu problema esperando que possamos ajuda-lo a vencer esta questão. Segundo, desculpe pela demora, mas o final do ano é um momento difícil dentro do planeta Terra porque, apesar de ser o nascimento de Cristo, apesar de nessa data abrir-se um portal para o universo, as pessoas estão muito mais envolvidas em comprar comidas e presentes do que qualquer outra coisa. Por isso, o materialismo é muito grande nessa época, o que nos leva a ficar um pouco afastados. É por este motivo que não lhe respondi antes. Agora, vamos lá ...

Você me narra que desde pequena tem contato com espíritos desencarnados. Pois bem, lhe pergunto: o que são espíritos desencarnados? Poderia dizer que são seres iguais a você ...

O simples fato de um espírito não estar ligado a uma matéria que não seja perceptível a você não muda a essência do ser. Não é porque a maioria dos seres humanos não conseguem perceber o corpo desses espíritos que vai determinar que eles sejam diferentes daqueles que estejam ligados a corpos que esta maioria consiga perceber.

Este é o primeiro grande detalhe na resposta que tenho a lhe dar. Não podemos fazer diferença entre os espíritos desencarnados e os encarnados. É isso. Precisamos aprender, principalmente aqueles que possuem o dom da visão, da audição, do olfato e do tato, a lidar com os espíritos de forma uníssona.

Aqueles que possuem esses dons não podem separar os espíritos pelos corpos que ocupam ou pelo mundo em que vivem, já que todos são perceptíveis. Por isso esses precisam aprender a conviver com os dois mundos simultaneamente. É nisso que quero basear a minha resposta à você.

Esta é a orientação que tenho para lhe dar: ao invés de sentir-se estranha por ver e ouvir coisas do outro mundo, ao invés de deixar os outros lhe darem a pecha de estranha, é preciso começar a aprender a conviver com isso na normalidade.

Sei que já busca fazer isso, pois como disse, não tem medo do que lhe acontece. O que está buscando é a compreensão dessas coisas. Esta começa com a consciência de que os dois mundos, espiritual e material, coexistem e alguns possuem o dom de perceber os dois. É a partir disso que vamos, então, começar a conviver sobre a convivência, que é o que está lhe causando contrariedades.

83. Cada relação é única

O primeiro problema que me relata na sua atividade mediúnica é quanto a uma entidade que recentemente tem percebido. Diz que para você ela é diferente porque apesar de estar acostumado a ver outros espíritos, como seu avô, por exemplo, este é diferente. Além de não o ver com os olhos, mas apenas sentir a sua presença, você me conta que ele é tão sofrida que às vezes sente pressão no seu corpo. Vou começar com este problema.

Repare só uma coisa: essa percepção não tem visão, apesar de outras terem. Só que no momento em que apenas sente e ouve, mas não vê, não há nada de extraordinário. Nada diferente da visão do seu avô ou de outras pessoas que já morreram. Apenas no contato com esta entidade não houve a visão que há em outros.

Por isso, se disse que é preciso conviver harmonicamente com o outro mundo, você precisa estar preparada para momentos onde verá outros onde não verá. Precisa fazer este preparo para não achar nada de extraordinário em ver em alguns momentos e em outros não sem que isso cause contrariedade ou medo.

Relacione-se com esta entidade do mesmo jeito que se relaciona com as outras. Se você a ouve, converse com ela, troque ideias, fale e ouça. Conviva com ela dentro da normalidade como convive com outros seres que vê e que não lhe causam mal estar. Esse é o primeiro conselho que posso lhe dar.

Sei que vocês quando o contato espiritual foge do que estão acostumados ou quando esta relação pode lhe causar algum mal estar têm medo, mas isso não precisa ser vivido. Para isso, é preciso que não crie a ideia de extraordinário para algumas relações.

Assim como na vida humana, a relação com os espíritos desencarnados é individual. Cada relação possui características individuais de existir. Só que isso não quer dizer que aquele que se relaciona com você de forma diferente é do mal ou está ali para lhe prejudicar.

A sensação que a relação pode causar nas sensibilidades do corpo físico, como é este caso onde você relata sentir sofrimento, não denota maldade por parte do espírito. Na verdade é a particularidade daquela relação com você. É você que o recebe dessa forma e não ele que lhe causa isso.

Essas sensibilidades como disse são particulares e fazem parte da atividade mediúnica de cada relação. Você como médium não possui uma única forma de se relacionar com os espíritos desencarnados. Em cada relação pode ter uma percepção sensibilizada diferente e reagir ao contato de formas diferentes.

É isso que vocês precisam compreender para não deixarem algumas características tornarem a relação extraordinária e com isso sofrerem.

84. Lide com o espíritos sem excepcionalidade

Mais um problema. Fala que tem ouvido sons e sensações de sofrimento e que quando isso acontece uma entidade lhe diz: chegou a hora! É isso que me relata.

Lhe pergunto primeiro: se ouve alguém chorando, uma pessoa que todos veem, um ser encarnado, o que faz? Vai até ela, busca consolá-la, o que está a afligindo, em que pode ajuda-la, não é isso? Pois bem, deve fazer a mesma coisa quando percebe um ser desencarnado que está chorando ou emitindo sensações de sofrimento.

Se percebe algum choro, converse com este ser. Esta conversa não precisa ser feita com a boca, mas apenas mentalmente. Pergunte a ele: ‘o que está acontecendo? Em que posso lhe ajudar? Pare de chorar, vamos conversar, vamos trocar ideias, quem sabe posso lhe ajudar de alguma forma’? É simples assim ...

O problema é que como não consegue perceber quem é, ver a forma deste ser, está achando que está numa relação extraordinária. Por isso não sabe como agir neste caso. Acabe com a sensação de extraordinário. Lide nesta relação como lidaria se estivesse andando numa rua e visse alguém sentado na calçada chorando.

Este é o segundo ponto que quero falar: vocês lidam com os espíritos de forma extraordinária. Lidam com eles como se fossem alguma coisa diferente de vocês e dos outros que estão encarnados. Isso não é real.

O ser humano relaciona-se com a espiritualidade conferindo características de excepcionalidade àqueles que estão no outro mundo. Acreditam que os espíritos são diferentes dos seres encarnados e por isso precisam ser tratados de forma diferente. Isso é irreal.

Os espíritos com os quais lidam neste mundo são todos iguais a você. São seres que estão ligados ao mundo humanizado e por isso existem dentro da mesma faixa vibratória. Por isso a lida com eles não pode ser feita dentro da excepcionalidade.

O relacionamento com os seres que não estão ligados a uma matéria densa deve ser o mesmo que se tem com aqueles que são percebidos indistintamente. Se eles choram, deve se consolá-los; se reclamam, deve se ouvir suas reclamações. Nada de excepcional precisa ser feito nestas relações.

Isso é algo que vocês precisam entender, pois da forma com que convivem hoje com os espíritos, acabam ficando sem saber o que fazer nestas relações e por isso vivem o medo ou a contrariedade durante estes contatos.

85. Saber o que o espírito quer

Continuando no último problema que você me relatou – um ser que lhe diz que chegou a hora – pergunto: chegou a hora do que? Será que este espírito está lhe dizendo que vai acontecer alguma coisa? Se é isso que ele está tentando lhe dizer, o que será que vai ocorrer? O que será que está sendo previsto por este espírito? São essas questões que ficam no ar quando você me diz que alguém lhe falou que chegou a hora.

A partir desta dúvida, lhe pergunto: quem pode afirmar o que este ser está dizendo? Quem pode definir que hora chegou? Quem pode dizer o que acontecerá por ter chegado a hora? Eu? Não, não posso fazer isso. Não lhe disse que chegou a hora, como, então, posso dizer o que acontecerá agora? Você pode dizer o que vai acontecer? Acho que não. Você só recebeu a informação de que chegou a hora, mas ainda não sabe o que acontecerá nesta hora. Quem, então, pode lhe dar resposta? O ser que lhe deu a mensagem ...

Somente quem traz uma mensagem dizendo que está na hora de acontecer alguma coisa pode dizer o que ocorrerá. Por isso, lhe dou um conselho: pergunte a ele o que vai acontecer ...

Isso é o que vocês não entendem. Como acabei de dizer, o relacionamento daqueles que convivem com elementos dos dois mundos deve se dar sem excepcionalidade. Como vocês ainda acham que há algo de extraordinário nos elementos dos outros mundos, não dialogam com eles. Com isso ficam sem saber o que as mensagens que eles trazem quer dizer.

Se um espírito chega até você e lhe traz uma mensagem, só ele pode explicar o quis dizer com ela. Por isso, pergunte, questione, converse sobre o assunto. Se não fizer isso viverá a dúvida sobre o que foi dito. Pior: irá querer resolver sozinho o que o espírito quis dizer e com isso pode gerar uma interpretação errônea que acabará lhe desviando do que foi avisado.

Por isso, se o espírito lhe diz que chegou a hora, responda: ‘chegou? Está bem. Agora, o que vai acontecer? O que você espera que eu faça neste momento? Me explique, por favor. Estou aqui para lhe ouvir e conversar sobre o assunto’.

Esta é a questão. Como disse desde o início desta resposta, a solução sempre estar no trato da relação com dois mundos de uma forma ordinária, dentro da mesma forma que se trata a relação com as coisas deste mundo.

Se você está andando na rua, se vai à uma igreja ou um centro, e alguém lhe diz que chegou a hora, a primeira coisa que fará é perguntar a hora do que. Porque deve reagir de forma diferente quando esta informação é passada por um ser sem carne?

Quando a mensagem não é plenamente compreensível é preciso que se converse sobre ela para que aja o entendimento. Isso vale tanto para o relacionamento entre os espíritos encarnados quanto com os desencarnados.

86. A interferência do medo

Acho que tudo o que falamos até aqui responde à questão central que você levanta: o que devo fazer. Em todos os casos que me narrou digo que deve interagir com aqueles que não estão nesse mundo da mesma forma que interage com estes, mesmo que não perceba a forma deles. Só que escondido atrás da sua pergunta há um detalhe que não mencionou e é ele que está lhe levando a não saber como agir agora, enquanto já soube como agir em outras oportunidades: o medo ...

No seu caso específico, o medo surge porque você não percebe pela visão com quem está se comunicando. Quando você se comunica com espíritos sem vê-los e eles lhe passam mensagens, como o choro de alguns e o que está lhe dizendo que chegou a hora, existe o medo de se entregar a esta relação.

Repare que que quando o contato possuía a percepção de quem falava, como era o caso do seu avô, não havia o medo. Isso aconteceu, também, quando eram seres que você conseguia reconhecer. Só que agora que não está vendo o medo lhe domina.

Só que isso não é exclusividade sua. Todos os seres que possuem atividades mediúnicas onde não conseguem estabelecer com quem estão se relacionando sentem medo. Por isso quero aproveitar esta oportunidade e falar uma coisa: tenham medo dos vivos e não dos mortos.

Nenhum espírito desencarnado pode lhe fazer mal. Sabe porquê? Porque vocês são filhos de Deus.

Ora, se vocês têm filhos, não vão protege-los, não cuidarão para que nenhum mal lhes aconteça? Se vocês fazem isso, imaginam que Deus, que é o nosso Pai, vai lhes expor ao perigo desnecessariamente? Acham que Ele não lhes protegerá?

Claro que irá. Cada espírito é um filho único para Deus, ou seja, Ele trata de forma especial. Zela com todo carinho e amor por cada um.

Por isso, não temam nada neste mundo nem no outro. Como diz a letra da música da igreja católica, segurem na mão de Deus e caminhem. Este é o ponto principal da orientação que tenho a dar a quem exerce atividades mediúnicas.

Segure na mão de Deus e caminhem, ou seja, estejam atentos o máximo possível em estar amando ao Pai acima de todas as coisas e ao próximo, estejam atentos em não quererem prejudicar ninguém, em não contrariar ou fazer o mal aos outros e entreguem-se às relações ditas sobrenaturais que a vida lhes oferece.

Não tenha medo. Aquele que ama tem um escudo que lhe protege de qualquer mal. Por isso, entreguem-se na mão de Deus e caminhem para frente. Busquem relacionar-se com aqueles que se apresentam. Ouçam o que os espíritos têm a lhes dizer e avaliem se isso é para o bem de alguém. Se for, sirva de instrumento para que as coisas se façam.

Volto a agradecer a pessoa que me trouxe esta questão por ter me dado a oportunidade de lhe falar diretamente e de orientar aos demais. Obrigado por confiar em nós, apesar de não nos conhecer.

Que a paz de Deus esteja com você.

Salve!

O poder da felicidade

Coerção moral

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Coerção moral

87. Ninguém está certo

Uma pessoa levanta uma questão muito interessante. Diz que nos relacionamentos as pessoas buscam conselhos com outras sobre os seus problemas. Neste momento, de acordo com quem me enviou esta questão, diversas pessoas apontam soluções e saídas para resolver os problemas do grupo ou individuais.

Ainda de acordo com a questão que me é apresentada, é afirmado que quando as pessoas dão as suas opiniões, na maioria das vezes, e eu digo que é sempre, as orientações são diferentes entre si. Me relata também essa pessoa que quando isso acontece, alguns daqueles que deram o seu conselho querem impor que ele seja acolhido à custa de violência moral ou até física.

A partir disso, me é perguntado agora se existe neste mundo condições de se alcançar uma consciência única, apesar de haver divergências de opiniões. É isso que está sendo me colocado agora.

A partir do que essa pessoa escreve, acredito que esse processo esteja causando algum sofrimento, já que ela me busca no momento em que estamos falando sobre o poder da felicidade. Por isso vou tentar responder a esta questão.

Primeiro detalhe: não existe uma opinião universal. Todas as que existem são individuais, pertencem a um indivíduo.

O que estou querendo dizer? Não existe unanimidade em nada. Não importa se quatro, cinco, dez ou milhões de pessoas tenham a mesma opinião, não pode ser considerada como unânime. Ela é individual, é de cada um isoladamente.

Parece que estou chovendo no molhado, mas isso não é real. Sei que todos imaginam que não pode existir nada unânime, mas mesmo assim ainda acham que algumas posições e ideias devem ser universais, ou seja, devem ser adotadas como verdadeiras e reais por todos.

Este é o primeiro aspecto que precisamos levantar para lhe responder. Para que? Para que vocês possam parar de se considerarem certos. Mais: pararem de imaginar que exista um alguém ou algo certo, que exista um padrão lógico que pertença a todos.

O ser humano quando tem uma opinião e encontra outras pessoas que a divida começa a imaginar que ela é verdadeira, que é certa, mas não é. Acha que porque ele e outras pessoas creem na mesma coisa, o que é acreditado é verdadeiro, é real. Se respalda na comunhão de crença para afirmar que aquilo é mais do que apenas a sua opinião individual, mas algo que é verdade. Isso não é real: apenas reflete a posição de cada um.

Alguma coisa para ser real, para ser verdade absoluta, precisa ser da mesma forma para todos. Quando falo de opinião, de ideias este todo que precisa ser amplificado por todos os seres do universo, não só pelos habitantes do planeta Terra. Uma ideia para ser verdadeira, para ser real, precisa ser única para todos os seres do universo. Sendo assim, não é porque um ser humano encontra milhares que comungam da mesma ideia que ela seja certa e real, verdadeira.

Isso é muito muito importante de ser compreendido para que nós acabemos com a ideia de que o outro precisa nos ouvir, que ele precisa seguir o nosso conselho. O que aconselhamos a outras pessoas não pode ser tratado desse jeito.

O outro é uma outra individualidade, uma outra personalidade que tem o direito de pensar diferente de você. De ter verdades relativas diferentes. Mesmo que ele lhe peça ajuda, mesmo que busque o conselho, tem todo o direito de ter a sua própria verdade. Para compreender isso, não importa no que acredite, tem que ter a consciência de que não está certo.

Já falamos neste estudo sobre a questão da eleição presidencial do Brasil. O que aconteceu naquele momento se não foi exatamente o que estou falando agora. Dois grupos acreditando que suas ideias eram verdadeiras e reais tentaram impedir a quem tinha ideias verdadeiras e reais diferentes de pensar como pensavam. Cada grupo agiu dessa maneira porque achava que estava certo, que ele detinha a verdade, que o que pensava era a realidade.

Então, já que essa pessoa neste momento me proporciona a oportunidade de falar sobre dar conselhos, a primeira questão que levanto é o fato de que cada um pode orientar quem pede ajuda, mas não pode achar que por causa disso o outro é obrigado a aceitar a sua orientação e a seguir o que diz. Mas, vamos falar mais sobre o assunto de agora.

88. O amor ao próximo deve estar acima de tudo

Quem me procura agora diz que algumas pessoas querem impor física ou moralmente a obrigação de aceitar o conselho que é dado. Desculpa, mas dessa sua frase tiraria a palavra alguma. Na verdade a maioria dos seres humanos acha que você é obrigado a seguir o que eles acham certo e por isso quer impor à sua verdade ao próximo.

É a grande maioria que age assim. Eles se consideram o certo, o conselheiro do mundo, o guru iluminado que possui a resposta para todas as coisas, só que não conseguem resolver os seus próprios problemas.

Reparem que as pessoas que acham que os outros precisam atender os seus conselhos também têm problemas. Também vivem situações que não sabem lidar, mas se consideram gurus iluminados, aqueles que têm respostas para todos os problemas dos outros. Mais: sempre acham que as respostas que possuem são a verdade absoluta do assunto e que por causa disso o outro é obrigado a seguir o que eles dizem.

Isso vai acabar um dia? Vai. Quando? Quando os seres humanos se amarem verdadeiramente. Quando cada um amar o próximo acima de todas as coisas, esta forma de proceder acabará, pois estará se amando o outro acima da sua e da opinião dele.

Quando todos se amarem, os conselhos continuarão sendo dados, mas, em nome do amor, não haverá mais cobrança para que ele seja seguido. Quando todos se amarem, os seres humanos terão consciência de que apenas deram um conselho que espelha uma verdade individual e não que por ter sido procurado tornou-se o guru iluminado que deve guiar a vida do próximo.

Este é o segundo detalhe que quero abordar. Temos que aprender a colocar acima de qualquer coisa neste mundo o amor ao próximo. Quando ele existir, o guru iluminado se verá apenas como mais um ser humano que possui uma opinião individual sobre as coisas.

89. Lidando com a coerção

Mas, enquanto isso não se torna realidade, como lidar com aqueles que querem moral ou fisicamente impor suas ideias? Acabei de responder: é preciso colocar o amor acima de tudo.

Se você assume a postura de corrigir o outro, de julgá-lo porque está querendo lhe impor uma verdade, está fazendo a mesma coisa. Isso não é amor, isso não é amar.

O jeito de lidar com aqueles que querem se impor, que querem deter o poder, que querem se transformar no sábio é amá-los. Para isso, deixe que eles imaginem que estão exercendo o poder sobre você.

Não estou falando de adotar as ideias dele para que ele se sinta bem. Isso não é amar. Estou falando para não reagir.

Imaginemos que uma pessoa ao lhe dar um conselho diga que está errado, que não dever agir desta forma, mas de uma outra. Ao invés de querer provar, mostrar ao outro que ele não está certo, que está se fundamentando num ponto de vista individual para querer lhe obrigar a fazer as coisas de determinado modo, simplesmente diga: ‘você está certo’.

Estou falando em doar a razão, em deixar ele imaginar que está a detém e não necessariamente de submissão ao que lhe é aconselhado. Quando esta pessoa não mais estiver na sua frente, faça as coisas do jeito que quiser. Continue procedendo como acha que está certo, se pautando pelas suas ideias, já que o conselho do outro, para você, não resolve o seu problema.

‘Ah, isso é hipocrisia, Joaquim’, você me diria. Não, não é: isso é amor. É amor ao próximo porque está respeitando a ideia dele e amor a si mesmo, pois está respeitando também o seu ponto de vista. Por isso, por amor, você não acusa, não ataca a opinião do próximo, mas também não se torna um seguidor das ideias dele.

Esta é a forma de lidar com aqueles que através de coação moral ou até mesmo física quer impor as suas verdades e quer que as siga.

90. A individualidade grupo

Último aspecto desta questão que quero abordar: será que existe algum meio de se criar uma consciência única para um grupo. Vamos analisar esta questão.

Falei no início deste comentário que mesmo que milhares de pessoas pensem de forma igual, este ainda é um pensamento individual, ainda é o de cada um. Agora vou deixar esta questão mais clara.

Cada indivíduo do universo possui um conjunto de verdades e realidades ou conceitos que convive, que acredita. Sendo isso verdadeiro, como, então, um grupo de pessoas pode ter uma só ideia? Simples: transformando-se o grupo num indivíduo. Vou tentar explicar isso.

Todo grupo é formado por uma quantidade de individualidades que se juntam com uma finalidade e por uma afinidade. Quando essas pessoas se juntam, cria-se a figura do grupo. Esse pode ser uma única personalidade ou pode continuar existindo como um grupo de pessoas diferentes.

Acho que ainda não me fiz entender, por isso vou falar de outra forma. Digamos que você e mais cinquenta pessoas se juntem para torcer por um time de futebol. Se ao participar desta torcida achar que é a figura mais importante deste grupo e se cada um achar a mesma coisa, o que existe é um grupo de pessoas e não uma torcida. Agora, se você e os outros ao se juntarem esquecerem suas individualidades e viverem a torcida, ela virou uma individualidade.

O que estou querendo dizer é que os membros de um grupo podem ter uma verdade única desde que cada membro ao participar dele coloque as verdades do grupo a frente das suas. Um exemplo? As nossas comunidades, que são um grupo de pessoas.

Elas podem ser uma individualidade, podem ser um elemento do universo. Só que para isso aconteça, cada um dos que participam precisa abster-se de ser ele mesmo, de buscar para si, de viver as suas verdades individuais e viver toda coletividade, inclusive a si, como um só. Se essas pessoas não vivem assim, continuam sendo individualidades em grupo e não um grupo de individualidades.

Quando existem coletividades em grupo, existem atritos: jamais haverá unanimidade, pensamento único. Por isso para que um grupo possa existir com uma personalidade individual e com isso evitar os atritos, é preciso que cada um pense prioritariamente no grupo e não em si.

91. As sanghas e as opiniões individuais

Aqueles que participam das nossas sanghas vejam se o que estamos abordando aqui não está ligado a coisas que venho conversando com vocês. Se um membro destas comunidades acha que o mais importante é que as coisas aconteçam do jeito que Joaquim falou, que só seja falado ou feito aquilo que ele acha que eu falei, essa pessoa não faz parte deste grupo. É por agirem assim, ou seja, por não transformarem as comunidades numa identidade que convivem com tantos problemas.

Se a comunidade é, como já falei diversas vezes, uma oportunidade para confraternizarem e se amarem, ela só haverá quando para cada um viver isso for muito mais importante de tudo o que acha ou pensa individualmente. Quando isso se tornar o mais importante para cada membro, haverá dentro da comunidade uma unanimidade e com isso cada individualidade que a compõe vive a individualidade grupo.

Não sei se me fiz entender, mas esta é a única forma de vocês conseguirem conviver em coletividade sem haver atritos entre os membros do grupo.

O poder da felicidade

Ser cobrado

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Ser cobrado

92. É preciso ser universalista

Uma pessoa me relata o seu sofrimento falando que ele advém da super proteção ou super exigências que a mãe dela faz. Relata que a mãe exige a sua presença constante ao seu lado, apesar dessa pessoa já ter casado, já ter família. Diz que isso, apesar da gratidão que tem pela mãe por ter cuidado dela até hoje, está lhe tirando a paciência, a felicidade, causando contrariedades. É isso que vamos conversar agora.

Antes de falar alguma coisa à respeito da contrariedade desta pessoa, deixe-me dizer algo específico para quem me enviou a questão. O que vou dizer tem a ver com a afirmação desta pessoa onde diz que esse relacionamento com a mãe é o seu calcanhar de Aquiles, ou seja, o seu ponto fraco.

Não se orgulhe e nem ache que é melhor do que os outros por ter este ponto fraco, pois esse é também dessa forma de noventa por cento dos seres humanos. A maioria deles se contrariam quando alguém quer possuí-lo, quando alguém quer determinar o seu destino, quer controlar o seu dia a dia.

Mesmo sendo pai, mãe ou avó, não importa, se alguém quer controlar o ser humano ele naturalmente reage ao controle. Porque isso? Porque ele é egoísta por natureza. Quer ser servido, quer dominar, quer controlar os outros. Por isso não aceita que seja controlado. Portanto, não é primazia desta pessoa sentir-se contrariada por causa desta forma de agir da mãe.

Por este motivo vou responder a esta questão de uma forma genérica. Vamos, então começar a nossa conversa.

Lá atrás eu disse: ser universalista é ser um com o todo. Sei que para os seres humanos isso soa meio estranho, já que sonham com um universalismo onde os outros sejam um com vocês. Sei que o universalismo que querem é aquele onde os outros busquem satisfazer as suas necessidades, atender os seus desejos, supram seus anseios. Só que este universalismo não existe.

Os outros não querem ser universalistas, por isso não precisam lhe satisfazer. Se é você que quer ser universalista, que quer alcançar a felicidade incondicional, que quer aproximar-se de Deus, é você que tem que se se tornar um com os outros para poder vivenciar as coisas que quer para si.

Esse é o caminho para a felicidade. O caminho que precisa ser percorrido por quem quer deter o poder da felicidade nas suas mãos é o espiritualismo, o ecumenismo e o universalismo. Não há outro onde o ser humano possa se tornar feliz verdadeiramente.

93. Tornar-se um com os outros

Eis aí, portanto, o primeiro ponto fundamental para quem vive a contrariedade de ser cobrado pelos outros: é preciso tornar-se um com os outros. Mas, o que é tornar-se um com os outros? Vamos falar disso.

Ser universalista, tornar-se uno com o outro, é tornar-se o outro quando estiver numa relação com ele. Somente quando você se une a ele, torna-se ele, poderá ser uno com o outro. Aí está o grande problema ...

Os seres humanos, por conta da sua intenção de ganhar sempre, na verdade querem que os outros tornem-se um com eles. Querem que os outros aceitem suas verdades e vontades. Querem que os outros vivam os mesmos anseios, sonhos e esperanças. Mas, isso não é possível.

Se o outro não quer ser universalista, se ele não quer viver a verdadeira felicidade, jamais abrirá mão de suas verdades e desejos. Mais: irá querer sobrepujar as suas vontades àquelas que você possua.

É disso que estou falando. Se você quer viver com felicidade plena com sua mãe e ela não quer conviver contigo da mesma forma, é preciso que você se torne um com ela ao invés de esperar que ela faça isso com você.

Quer dizer, então, que a felicidade que estou lhe ajudando a alcançar, o fim da contrariedade que estou prometendo passa por você deixar de ser quem é e passar a fazer o que sua mãe deseja? Sim e não. O que estou dizendo não é que se transforme integralmente para aquilo que sua mãe espera de você, mas que durante o tempo em que estiver com ela, frente a ela, se prioriza a busca da felicidade, tem que ser ela.

Sabe porque isso? Porque você e ela são pessoas diferentes. São personalidades completamente opostas que querem coisas diferentes. Como pode uma conviver com a outra em paz e harmonia se além de serem diferentes as duas querem impor a sua vontade à outra?

Por isso, se você não se torna um com ela, com certeza continuará vivendo como vive hoje: em contrariedade. Terá sempre momentos onde irá querer uma coisa e ela irá querer outra. Neste momento haverá o choque entre os anseios de vocês e neste momento você perdeu a sua felicidade.

Esse é o primeiro ponto: é você que tem que ceder. Não ceder o tempo inteiro, mas no momento em que estiver com ela. Não ceder anulando-se completamente, mas no sentido de não exigir que o outro seja diferente para que você possa manter com ele uma relação em paz e harmonia.

Vou dar um exemplo do que estou falando. Você não fala disse na sua questão e nem sei se acontece, mas o exemplo é bom para compreendermos o que estou dizendo. Num determinado dia você precisa sair de casa para resolver um problema ou para passear. Neste mesmo dia sua mãe precisa que esteja junto com ela. Cobra que esteja junto a ela naquele momento em que tinha programado fazer outra coisa.

Este é o momento que precisa ceder. Como fazer isso? Indo simplesmente com ela, ficando com ela? Não, isso não resolverá nada. Isso porque se for com ela querendo estar em outro lugar, não estará em paz nem feliz. O ceder que estou falando é no sentido de dizer para si mesmo: ‘eu queria ir a outro lugar, mas neste momento não tenho condições de ir onde quero. Por isso, vou lá com ela e mais tarde ou outro dia vou onde quero ir’.

É isso que é o ceder que estou falando. Ceder não é anular-se, deixar o que quer de lado, mas ter a compreensão de que para ter a felicidade precisa momentaneamente adiar o que quer. Adiar fazer o que que gostaria de estar fazendo.

Para perfeita compreensão do que estou tentando lhe passar volto a dizer uma coisa que falo sempre: eu falo de mundo interno, não falo de atos. Por isso estou me referindo em adiar internamente aquilo que quer quando externamente está indo com ela. Agora, se ceder internamente e a vida causar não ir com ela, mas sair para fazer o que quer, isso não tem importância no tocante à busca da felicidade, pois trata-se de ato e ação não importa para a felicidade. O importante para ela é, indo ou não com sua mãe, trabalhar internamente o ceder ao próximo.

94. É preciso ceder

É neste ponto que começa o problema da busca da felicidade que dizem fazer. Isso porque nenhum ser humano quer ceder um milímetro daquilo que acha que é certo, que acha que gosta ou do que imagina ser justo. Ninguém está disposto a ceder suas posses, suas paixões e desejos para poder servir ao próximo, para poder se universalizar, para poder ser feliz.

À respeito disso lembro que falava assim: vocês buscam a elevação espiritual, mas não querem dar nada para alcança-la. Para mostrar isso contava a seguinte história.

Elevar-se espiritualmente é unir-se à Deus, aproximar-se Dele. O Pai é o centro do universo, é o meio de tudo o que existe. Hoje estão afastados dele e o meio, o centro do universo que vivem é o astro rei, o sol. É a partir destas figuras que falo da elevação espiritual.

Usando esta comparação que fiz, posso dizer que a busca da elevação espiritual pode ser comparada à busca de chegar ao sol. O ser humano que busca a Deus pode ser comparado àquele que quer chegar o sol. Só tem um detalhe: para não se queimar o ser humano quer chegar no sol à noite ...

É desta forma que ele busca a elevação espiritual. Quer aproximar-se de Deus, mas não quer perder nada do que tem hoje. Isso é impossível.

O trabalho da busca do poder da felicidade exige que você ceda à alguma coisa. Exige que você se doe em alguns momentos. Se não houver essa doação, essa cessão de supostos direitos, não há como ser feliz, pois dependerá do outro para ser feliz sempre. Neste caso, mesmo que consiga o que anseia, não terá felicidade, mas sim prazer.

Aquele que não sabe ceder suas vontades, anseios e verdades ao próximo não consegue jamais ser feliz. Isso porque o egoísmo nato do ser humanizado fará com que ele exija que o outro comungue das suas verdades. Como o outro possui vontades e verdades diferentes e também não cede, o embate entre os seres é inevitável. É por isso que afirmo que o relacionamento de dois seres é sempre uma disputa de cabo de guerra.

Como o ser humanizado quer ser feliz, se a felicidade depende da paz e da harmonia e os envolvidos querem sempre impor suas vontades um ao outro? Como podem viver em felicidade a convivência mutua se a cada momento que ela acontece quer que sua vontade e verdade prevaleça. Impossível, não é mesmo?

Portanto, o que estou lhe recomendando para que viva a paz e a harmonia, é que comece a trabalhar dentro de si a questão do doar-se, do ceder em prol, em benefício do outro. Claro que é um benefício para o outro o seu ceder, mas o maio beneficiado é você mesmo, pois viverá em paz e harmonia a mesma coisa que viveria em contrariedade.

95. Vitimização

Acho que isso fica muito claro. Mas ainda há algo que gostaria de abordar, que é um instrumento, uma arma, que a mente humana, o ego, cria para poder dominar os outros. Estou falando da vitimização.

Você me relata que sua mãe quando não é atendida ou mesmo para ser atendida, fala de como a vida dela é difícil, de como as coisas da vida dela são ruins, de como nada dá certo, de como é uma eterna sofredora. Isso é um processo natural e normal em todo ser humano.

Como o ego se utiliza do egoísmo para poder conquistar o outro, para obter a vitória, muitas vezes usa para este fim o processo de vitimização. Ele mostra o quanto o sofre, o quanto perde para poder dominar o próximo e assim impor a sua vontade.

Por isso, esse processo de vitimização também é algo que faz parte da natureza humana. É algo que acontece com praticamente todos os seres humanizados. Claro que existem graus diferenças de vitimização, mas o processo em si está presente na maioria absoluta das mentes.

Existem pessoas que se fazem muito mais de vítima do que outros, mas ninguém deixa de se fazer quando o que quer não acontece. Você, por exemplo, quando a sua mãe exige a sua presença e diz que essa exigência é algo danoso para você, está usando o mesmo processo de vitimização que ela usa. Não vê, mas está usando do mesmo artifício que ela usa para lhe prender com a finalidade de não aceitar ser presa.

Este processo pertence a todos os seres humanos. Em qualquer nível, em todas as situações, os seres humanizados quando não contentados, se fazem de vítimas, de injustiçados, de contrariados, de acusados, caluniados.

Eis aí, portanto, mais uma coisa importante com a qual precisa aprender a trabalhar. Quando falo com você, estou falando com todos: para ser feliz é preciso compreender que a contrariedade de um ser humano é demonstrada por assumir o papel de vítima. Por isso, precisam aprender a viver com a vitimização dos outros. Só assim poderão deixar de assumir o papel de injustiçados.

96. Convivendo com a vitimização

Como se vive com a vitimização dos outros? Não vivendo a importância que o outro dá ao seu sofrimento. O ser humanizado como quer conquistar, gera uma ideia de ter pena dos outros ou de si mesmo. Gera uma ideia de viver situações onde os outros ou ele mesmo não sejam vítimas da vida. Mas, isso é impossível.

Não se pode servir a dois senhores ao mesmo tempo, ou seja, não se pode agradar dois seres humanos ao mesmo tempo. Em um determinado acontecimento, ou um é servido ou o outro; ou um é agradado ou o outro: não pode ser diferente. Jamais se conseguirá agradar a todos ao mesmo tempo.

Há algum tempo disse que para um ganhar é preciso que outro perca. Quando isso aconteceu, uma pessoa me perguntou se não há como todos ganharem ao mesmo tempo. Naquela época e sempre a minha resposta a esta questão é a mesma: não. Não é possível que todos ganhem ao mesmo tempo, a não ser que se transforme a derrota numa vitória.

Essa transformação, no entanto, não pode acontecer por hipocrisia, ou seja, satisfazer a vontade dos outros mantendo a sua própria. Quem faz isso sofre com contrariedade, pois ainda tem vontades. O que estou dizendo é que para poder ser feliz o ser humano tem que ter vontade de fazer o que o outro quer fazer. Vivendo isso, com certeza os dois poderão ser satisfeitos num determinado momento.

Portanto, a questão da vitimização é importante de ser compreendida por quem pretende deter o poder da felicidade. É preciso saber que todos se fazem de vítimas quando contrariados e, por isso, é necessário para que tenha uma relação em paz e harmonia com eles, estar consciente de que a vitimização não é na verdade uma dor, um sofrimento do outro nem seu, mas uma arma que o ego usa para poder impor a sua vontade, o seu desejo e verdade ao próximo. Se não houver esta consciência, fazendo ou não o que o outro quer, com certeza você sofrerá.

Imagine que num dia você consegue praticar atos de acordo com o anseio de sua mãe, mesmo tendo pretendido fazer outras coisas. Neste caso, você sofrerá, ou seja, viverá um papel de vítima. Já em outro dia, acaba praticando o que quer. Neste caso também sofrerá, porque a sua mãe estará sofrendo por você não ter feito o que ela queria. Viu como sem a doação consciente, sem a vontade de fazer pelos outros, o sofrimento é inevitável?

Resumindo, então, tudo o que dissemos sobre conviver com a cobrança dos outros, diria que primeiro, já que sabe que sempre a sua mãe reagirá sentindo-se sofredora porque não fez o que ela quer, não dê valor a este sofrimento. Aja com naturalidade: ‘desculpa, mãe, hoje não posso fazer o que você quer. Amanhã se tudo der certo farei’. Mesmo que ela sofra, não aceite esta vitimização por parte dela.

Segundo: trabalhe dentro de você a ideia de ceder ao próximo para que possa alcançar a paz e a harmonia. Esse é o segredo para aquele que quer ter o poder de ser feliz.

Com as graças de Deus.

O poder da felicidade

Cobrança, juros e falência

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Cobrança, juros e falência

97. Cobrar

Agora uma pessoa me fala que a empresa dele estava numa situação difícil. Por isso, precisou pegar dinheiro emprestado com juros altos. Hoje essa pessoa só consegue pagar os juros deste empréstimo e não consegue reduzir a sua dívida. Além do mais, como mal dá conta de arcar com este pagamento, está vendo a hora que nem isso conseguirá pagar. Por isso, tem medo de que a empresa acabe, entre em falência.

A partir deste quadro, esta pessoa me pergunta: como agir como espírito nesta situação? Como manter a felicidade neste quadro? Vamos tentar responder esta questão que, aliás, também não é de apenas uma só pessoa. Quantos devem muito nos dias de hoje, não é mesmo?

Primeiro detalhe: dever alguma coisa à alguém. Vamos falar um pouco sobre isso ...

Porque alguém deve alguma coisa a alguma pessoa? Porque se pediu algo a ele. A questão do dever é uma retribuição de algo do qual quem deve se serviu.

Estou falando isso porque tem muita gente que acha o cobrador uma pessoa injusta, uma pessoa que não presta, que não vale nada. Acha que ele está errado em cobrar. Isso não é real. Aquela pessoa tinha algo que você precisava; ele lhe forneceu o que precisava. Agora é o momento de retribuir. Se você não retribui, ele é que sairá perdendo.

Portanto, não há nada errado em cobrar. Não há nada errado em pedir a devolução daquilo que você pegou porque precisava. Só que tem um detalhe que todos citam quando falo disso: os juros são altos. Todos quando cobrados sempre afirmam que o custo para ter o que precisava é muito alto. Vamos falar disso também.

98. Juros

Na Bíblia Cristo diz assim: se alguém lhe pedir; se alguém lhe pedir emprestado, não cobre juros. Sei que muitos ficam surpresos quando falo destes ensinamentos, porque acreditam que a questão do emprestar e dos juros não tem nada a ver com o mundo espiritual, mas tem. Tanto tem que Cristo passou esses ensinamentos.

Sendo assim, seria justo imaginar que todos deveriam dar ao invés de emprestar e mesmo quando emprestassem, não cobrassem juros. Só que os ensinamentos de Cristo só tem força para aqueles que querem se aproximar de Deus. Aqueles que não querem fazer isso, que querem viver a vida humana pelos valores humanos, não são obrigados a seguir este caminho.

Antes que falem alguma coisa sobre isso, vou deixar bem claro: ninguém é obrigado a buscar a Deus, neste ou e qualquer mundo. Todos têm o livre arbítrio e por isso nem Deus pode cobrar que se viva com este objetivo. O Pai não cobra nada de ninguém.

Por este motivo, afirmo que aquele que não pratica este ensinamento de Cristo, não está errado. Este não é um pecador, porque este ensinamento não é verdade para ele, não é objetivo de vida. Por isso não está errado em cobrar juros.

99. Juros altos

A pessoa que me procura afirma que o juros cobrados dele são altos. A partir disso, pergunto: o que são juros altos? É uma extorsão, é cobrar mais do que o combinado.

Os juros não podem ser definidos como baixos ou altos pelo valor que possui, mas pelo fato de estar acima do que foi combinado. Porque estou falando isso? Porque há um ditado no mundo humano que diz o seguinte: o que é combinado não é caro.

Ora, se foi pegar dinheiro emprestado e quem lhe emprestou disse que o juros era cem por cento ao mês e você aceitou essa condição e pegou o dinheiro, qual o problema com esse valor? Ele é o justo, pois é o que foi acertado entre as partes no início do negócio. Este juros, por maior que seja, nunca poderá ser considerado abusivo. Ele será sempre o perfeito, pois é o que foi combinado.

Portanto, no caso dessa pessoa e de todos os que vivem a mesma situação, acredito que ao tomarem o empréstimo acertaram um valor para os juros. Foram informados do quanto iriam pagar e mesmo assim disseram que precisavam do dinheiro. Acabou, neste caso, não existe juros alto, mas sim justos.

Porque falei de tudo isso antes de falar como aplicar o poder da felicidade? Porque o ser humanizado perde a sua felicidade quando acusa o outro de lhe cobrar o que é devido e dos juros que são anexados à dívida.

O outro não está errado em cobrar: está pedindo a restituição do que é dele. Não está errado em cobrar o juros que cobra, pois aqueles foram os juros acertados no momento do empréstimo. Na hora que precisava, aceitou, por isso agora não há como reclamar de nada.

Aqui começa o trabalho da felicidade. É preciso deter o processo mental que está transformando uma situação de vida que foi lícita, justa e combinada em algo que se transformou algo que não deveria ser feito ou uma extorsão. Não está acontecendo nada disso. O que está acontecendo é alguém lhe pedindo a restituição do que pegou de acordo com o que foi combinado no momento em que pegou. Só essa mudança de visão do fato, do ato, já lhe dará uma tranquilidade para viver a mesma situação que está vivendo hoje intranquilo, nervoso, com sofrimento.

Eu sempre digo: meu trabalho não é o de socorrer as necessidades humanas de vocês. Nós não nos impressionamos com os acontecimentos do mundo humano. Nosso trabalho tem por finalidade lhe orientar para que passe pelas situações de vida que acontecem na sua existência de uma forma diferente. O que fazemos é lhe ensinar a passar pela mesma situação que tem hoje, só que sem dor, sofrimento, intranquilidade e desarmonia.

Para este trabalho, o importante é isso: é compreender que o fato do outro estar lhe cobrando e no valor que é cobrado não há nada errado, injusto, maldoso. O que existe é apenas aquilo que foi pedido e combinado de ser devolvido. Este é o primeiro detalhe desta questão.

100. Falência

Portanto, com relação a vivência do que está passando agora, não se apegue quando à mente lhe disser que o juro é alto ou que não é justo lhe cobrarem o que deve. Só que tem mais um detalhe que precisamos conversar.

O nervosismo que tem vivido não existe apenas pelo fato de ter que pagar e não ter dinheiro, mas também pelo fato de estar na iminência de perder a sua empresa. Vamos conversar um pouco sobre isso.

O que é uma empresa? Um elemento do mundo humano que pode ser tratado com posse ou sem ela. É apenas algo humano.

Ter ou não ter uma firma, trabalhar ou não numa empresa, não afeta em nada a sua espiritualização, pois não será os seus diplomas nem a quantidade de bens que amealhou nesta vida que terá alguma importância para o mundo espiritual. O que contará quando sair da carne, o que levará será a quantidade de amor, paz, harmonia e felicidade que conseguir vivenciar.

Portanto, repare que o seu nervosismo para alguém que sabe que é um espírito e que existe vida depois da vida, como você diz que sabe, é algo infundado. É apenas uma criação mental apegada à valores da Terra, defendendo valores humanos para testar a sua espiritualização. Ou seja, é uma prova, como você mesmo diz na sua pergunta.

Como se vence esta prova? Amando a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Amando a Deus tendo ou não uma empresa, estará em paz; amando ao próximo como a si mesmo, sendo cobrado ou não por ele, estará em paz e harmonia.

Portanto, aí está a saída para você que está pagando juros por conta de um empréstimo que fez e que está na iminência de perder a sua empresa: ame a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Fazendo isso, não haverá sofrimento.

Mas, você poderia me perguntar: como se faz isso? Como, concretamente nesta situação, posso amar a Deus acima de todas as coisas? Eu responderia: amando a Deus acima de todas as coisas, inclusive do ter ou não uma empresa.

Não estou dizendo para abandoná-la, deixa-la fechar, não ligar mais para ela. Não é isso que estou falando. O que estou dizendo é que deve amar a Deus tendo ou não uma empresa. Quando faz ama o Pai acima do ter ou não, a possibilidade de fechamento não causa mais problema.

A possibilidade de perder alguma coisa, quando se ama a Deus acima de tudo, não causa mais perturbação. Esse é o grande detalhe da vida que vocês não levam em conta. É preciso amar a Deus acima de todas as coisas para poder escapar das armadilhas do sofrimento humano.

Concretamente, como se ama a Deus? Priorizando Deus na sua vida.

A minha pergunta é a seguinte: é mais importante para você ter Deus na sua vida ou uma empresa? É com este tipo de questionamento que se consegue a vitória na vida, ou seja, a manutenção da felicidade, pois ela só existe para aquele para quem é mais importante estar em Deus, com Ele, por Ele do que ter uma empresa ou qualquer outra coisa.

Quando o ser humanizado toma esta postura frente à vida, nada mais da existência terrestre lhe causa problemas. Porque isso? Porque aquilo que quer, Deus, você tem.

O que estou falando aqui não vale apenas para esta pessoa nem somente para o caso da possibilidade de falência. Qualquer sofrimento que tenha sido narrado neste estudo ou à qualquer momento destes anos que estamos juntos tem origem no não se amar a Deus acima de todas as coisas e só pode ser vencido quando estar em e com Ele for a coisa mais importante da existência.

A única saída para deter o poder da felicidade é a prioridade por ter Deus ao seu lado o tempo inteiro. Quem prioriza Deus na sua vida não sofre por mais nada, pois vê o Pai em tudo.

Só mais um detalhe que quero abordar que com certeza você me perguntaria se estivesse aqui neste momento: ‘se minha empresa fechar, como vou cuidar dos meus filhos, da minha família e de mim mesmo’? Sei que muitos possuem esta angústia, mas vocês possuem um ditado que poderiam usar neste momento e não vive-la: Deus fecha uma porta, mas abre outra.

Como ensina Cristo, se o Pai dá o alimento a todos os animais, porque não dará à você? Se a sua empresa fechar, isso não é o seu fim. Continuará com dois braços e duas pernas e por isso poderá procurar emprego.

‘Ah, mas se viver só de um emprego minha família não terá o mesmo padrão de hoje’, você poderia alegar. Sim, mas o que pode fazer? Você fez de tudo para que eles continuassem dentro do mesmo padrão, mas não deu certo. Lutou para manter a sua empresa, mas não foi possível mantê-la.

Por isso lhe dou um conselho: aceite o que a vida lhe apresenta. É outra frase de Cristo que já falamos muito: Pai, afasta de mim este cálice, mas se não for possível, que seja feita a vossa vontade.

Portanto, não tenha medo de qualquer coisa que possa acontecer como consequência do momento que vive agora. Refugie-se em Deus ou como Krishna ensina, repouse em Deus e assista a sua vida. Deixe os acontecimentos irem passando e espere o final para ver o que acontecerá.

Viva a vida que lhe é apresentada, mas nunca perca o seu norte, o sentido daquele que quer ser feliz: estar em Deus, com Ele e por Ele.

Que a paz esteja com você.

O poder da felicidade

Pena do ser humano

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Pena do ser humano

101. O pobre coitado

Uma pessoa me fala que estava tentando colocar em prática os ensinamentos que passamos a respeito da não identificação com o eu material, com o ego. Diz que conseguiu alguma coisa, mas como resposta a mente criou uma ideia que ele nunca tinha tido: ter pena do ego, do ser humano. Isso o fez perder a concentração e novamente viver como a personalidade humana ao invés de apenas observá-la.

Aparentemente essa questão não seria para conversarmos dentro deste estudo, do estudo do poder da felicidade, mas tem sim. Tem porque quando este ser não consegue mais a não identificação passa a viver a identificação, viver o que o ego dita, e com isso volta ao estado de sofrimento.

Como o que foi narrado nesta questão foi classificado pelo próprio ser humano como algo estranho e que nunca havia acontecido, é alguma coisa que a mente usa algumas vezes. Por isso, vamos conversar sobre este assunto aqui.

Existe você, o espírito, e você, o ser humano. Pelo menos para vocês existem estes dois seres. Não estou afirmando que existem os dois, mas sim dizendo que para vocês estes dois seres existem.

Quem é você, o espírito? O ser universal, aquele que segundo o Espírito da Verdade é incompreensível e não identificável para o ser humano.

Este é você, o espírito. Só que neste momento está humano e aquilo que está é o que é agora. Portanto, é o espírito, mas por estar humano torna-se um humano. É essa identificação que lhe faz, apesar de todos os ensinamentos e das crenças nas coisas espirituais viver como humano, ou seja, preso ao prazer e a dor.

Só que vem um espírito chamado Joaquim que diz: o ser humano que você pensa que é vai morrer, vai acabar. Diz, também, que ele é apenas a encarnação do espírito, ou seja, que trata-se apenas das provações que o ser universal faz. Por isso, você começa a imaginar que trata-se de um espírito usando um ser humano em benefício próprio, pouco se lixando para o que acontece ao humano. É a partir deste raciocínio que a pena pelo ser humano surge naturalmente.

Só que não é essa a realidade. O ser humano não sofre, não passa por situações de sofrimento. Por causa disso, você não precisa ter pena dele ...

102. O ser humano não sofre

Acho que neste momento em que afirmei que o ser humano não sofre acabei de embaralhar a mente de vocês. ‘Como você pode dizer que o ser humano não passa por sofrimentos se eu tenho dor, preocupação, angústia, saudades, etc. Possuo um monte de coisas que são sofredoras. Como, então, você afirma que o ser humano não sofre’? Vou tentar explicar a minha informação.

O ser humano não vive nada. O que ele possui é a ideia de viver, o que é algo bem diferente um do outro. Vamos falar disso ...

Viver, vivenciar – vou falar de um jeito humano para que possam entender – é sentir na própria pele o que está acontecendo. O ser humano sofreria se sentisse na própria pele a angústia, o medo, o sofrimento. Se ele tivesse essas vivências, se sentisse essas coisas na própria pele, eu diria que ele sofre.

Só que ele não tem essa vivência, não sente isso na própria pele, mas tem apenas a ideia de estar vivendo essas coisas. Vou explicar isso ...

Digamos que você, o ser humano, está angustiado por alguma coisa. Você acredita naquela angústia e nos momentos que lhe levaram a viver aquilo. Só que nada disso é real. Todas essas coisas são apenas uma história criada pela mente. O que existe é a ideia de existir e não a própria existência.

Porque digo isso? Porque afirmo que aquilo que é vivido como sofrimento pelo ser humano não existe no mundo físico, mas apenas no mundo mental? Porque muitos outros seres humanos podem passar por situações análogas sem a angústia, sem o sofrimento.

É fundamentado neste aspecto que afirmo que o ser humano não sofre. Ele não está vivendo na própria pele, mundo externo, o sofrimento, mas apenas no seu mundo interno. É dentro da mente de cada um que existe o sofrimento e por isso é que digo que ele não existe realmente, mas sim a ideia de estar sofrendo aquilo.

Sei que não estou me fazendo muito claro nesta conversa, mas é muito difícil explicar o que quero lhes dizer. Isso acontece justamente por causa da questão da não identificação. Como não conseguem se libertar da identidade humana, se identificam com o que a mente cria e afirma que é real. Só que aquilo com o qual se identificam não é real, mas apenas uma ideia de existir.

Aquilo que o ser espiritual, por conta da identificação com a personalidade humana, vive como real, não o é: trata-se apenas de uma criação mental. A angústia, o sofrimento e o medo por qualquer coisa neste mundo forma criados pela mente e não algo que esteja presente no momento de agora.

Volto a dizer: sei que está complicado para vocês me entenderem, acompanharem meu raciocínio. Isso acontece porque realmente esta questão é complicada de falar com vocês. O que estou querendo dizer, resumidamente, é que os sofrimentos que o ser humano vivencia não são reais: eles são apenas a ideia de estar sofrendo.

Essa ideia é tratada como real por conta de identificação que o espírito possui com a personalidade humana durante a encarnação. Se o ser universal não tivesse esta identificação, não teria naquele momento aquele sofrimento. Veria que aquilo era apenas uma ideia gerada pela mente, uma criação mental que não era real, mas que com a junção com força de maya tornou-se uma realidade.

Se o ser estivesse não identificado não viveria assim. Portanto, não se deve ter pena do ser humano e nem é necessário ter pena dele, pois ele não sofre, não vive o sofrimento. Esta forma d viver só acontece porque o espírito está identificado com um gerador de consciência que vive a ideia de estar sofrendo. Este é o primeiro detalhe.

103. O fim

Quanto ao fim do ser humano, isso causar dor, é outra coisa que precisamos conversar. Isso porque a questão de acabar, ter um fim, é algo interessante e que por isso precisamos abordar neste momento.

O que é o fim de alguma coisa? É o término, a extinção. Quando algo chega ao fim acabou, não existe mais.

A partir disso, pergunto: quando o ser humano pode ter a consciência de que acabou, que chegou ao fim? Nunca. Você, o ser humano, nunca terá a consciência de que foi extinto. Vou explicar o que estou afirmando.

Enquanto não acabar, não pode haver a consciência de ter acabado. Depois que acabar, que foi extinto, o ser humano não tem mais consciência. Como, então, pode haver a consciência de ter acabado? Sendo assim, o ser humano jamais terá consciência de ter sido extinto, pois para que ela existisse, não poderia ter havido antes a extinção.

Chegamos, então, a mais uma questão que a pessoa que me questiona neste momento coloca na sua pergunta: a pena pela extinção do ser humano. Para que ter pena do ser humano pelo fato dele ser extinto um dia, se ele não sofrerá por isso, já que não terá a consciência de ter sido extinto? Antes de chegar ao fim, o ser humano não sofre esta dor e nem poderá sofrer depois que isso acontecer, pois não terá mais consciência de nada.

Essa questão do fim é muito importante. O fim é o término de tudo e quando alguma coisa acaba, é extinta, não mais existe e é como se nunca tivesse existido. Isso vale, por exemplo, para relacionamentos amorosos, afetivos.

Digamos que você seja amigo de uma pessoa e de repente a amizade acabe. No momento seguinte que ela acabar, já acabou, e por isso posso dizer que não existe mais e é como se nunca tivesse existido. Sendo assim, porque sofrer por algo que nunca existiu?

O problema é que acham que depois de extinto alguma coisa pode continuar existindo. Isso é impossível. Se a amizade acabou, ela encerrou, não existe mais. Sei que é difícil entender o que estou dizendo. Por isso vou tentar explicar melhor.

Quando uma amizade acaba, o que passa a existir é a lembrança dela ter existido e não mais ela. Por causa da identificação com a mente, a lembrança passa a ser vivida como algo real, algo que afirma que a amizade existiu, mas ela não existe mais.

A partir daí você poderia me perguntar: ‘esta amizade não pode voltar’? Eu digo que não. O que pode haver é uma nova amizade com a mesma pessoa, mas não mais aquela.

Repare numa coisa. A amizade que você tem com uma pessoa existe dentro de um determinado nível, é formada por alguns parâmetros. O que a levou a acabar, seja em que aspecto for, causará marcas que fará com que a nova amizade, se ela viver, seja vivenciada em um nível diferente, com aspectos diferentes. Por isso, não será a mesma amizade que voltará, mas uma nova.

Isso é importante para compreenderem a questão do fim. Fim é fim: depois que algo acaba, não existe mais. Por isso é preciso que trate como nunca houvesse existido para que não deixe que aquilo que acabou traga reflexos para a vida, para o momento atual.

Isso serve inclusive para a morte. Quantos têm medo da morte? Mas, se ela é o fim, se não há nada depois dela, se marca a extinção do ser humano e se este só terá a consciência de que morreu depois da morte, não haverá a consciência de que morreu. Para que, então, ter medo dela?

Vocês tem medo de morrer e ficar se lamentando por causa disso. Garanto que isso jamais acontecerá. Isso porque se a morte for o fim, você jamais saberá que morreu. Mas, se existir vida depois da morte, para que lamentar ter perdido a vida? Se souber que morreu, você não está morto.

A perfeita compreensão sobre o fim é necessária porque sem ela existe sofrimento. O fim é o ponto final e nada existe depois. Portanto, depois que o fim chegar, nada pode afetar mais aquilo.

Enfim, está aí mais uma forma de ter o poder da felicidade. Se a sua mente cria durante o trabalho de não identificação com ela a pena do ser humano, não tenha isso. Não tenha pena do sofrimento que esse ser possa ter, pois ele possui apenas a ideia de sofrer, mas não sofre verdadeiramente. Também não tenha pena pelo fato dele acabar um dia, porque quando isso acontecer nem lembrará do dia que existiu.

Portanto, fique tranquilo. Continue buscando a sua não identificação e a sua mente novamente lançar a ideia que hoje lhe aflige, diga: ‘não preciso ter pena do ser humano’.

Com as graças de Deus.

O poder da felicidade

Causar sofrimento ao outro

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Causar sofrimento ao outro

104. A essência do ensinamento de Joaquim

A pergunta que agora me é feita é longa e precisamos estuda-la muito bem porque traz embutida em si um aspecto muito comum de sofrimento para vocês: causar sofrimento a outros. Vocês sofrem quando alguém lhe causa sofrimento e sofrem por causar sofrimento a outros. Por isso entender o sofrimento do outro é muito importante para quem busca o poder da felicidade. Vamos conversar sobre isso, apesar de já termos conversado um pouco sobre o assunto quando falamos sobre as posses que as mães e pais querem ter e quando falamos da vitimização.

A primeira questão que a pessoa de agora me levanta é a seguinte: ‘a essência dos seus ensinamentos, Joaquim, é conseguir alcançar uma vivência em paz e harmonia com as realidades criadas através do pensamento, independente do que estas realidades sejam’? Para esta questão, a minha resposta é sim: essa é a essência do nosso ensinamento.

Mas, porque é essa a essência do nosso ensinamento? Porque cada realidade criada por uma mente não é algo real, mas uma proposição de ação. Trata-se, usando os termos da pergunta 115 de O Livro dos Espíritos, é a missão que Deus dá a ada um.

Sendo esta a missão que Deus dá a cada um, alcançar a perfeição, segundo a mesma pergunta, é viver a felicidade que Deus tem prometido, é aproximar-se do Pai. Ora, se um mestre ensinou isso, quem sou eu para contrariá-lo? Se um mestre disse que um espírito recebe missões e que precisa nelas alcançar o estado de paz, harmonia e felicidade com as coisas deste mundo, quem sou eu para dizer que a elevação espiritual é qualquer outra coisa?

Se fizesse isso, estaria negando este mestre. Me desculpem, mas isso não faço.

Apesar disso ser bem claro, sei que vocês colocam outros objetivos para a vida humana, mas estão humanizados, não têm noção da realidade universal. Por isso, também não digo que são culpados de viverem da forma que vivem. Só que isso não me exime de orientar da forma que oriento. Apesar de reconhecer a atual situação de vocês, eu não posso orientá-los a continuar por este caminho, pois Cristo ensinou que quem vive para servir à humanidade não serve a Deus.

105. A vida humana

A partir desta essência do nosso ensinamento, a pessoa que ora me questiona levanta a seguinte questão: imagine um médico que dirija um hospital e que ao invés de comprar o remédio e os aparelhos que podem trazer a cura às pessoas, use o dinheiro em seu próprio benefício. Gasta a verba que o hospital dispõe comprando coisas para si mesmo.

A partir desta suposta ação – que não é tão fora da realidade, não é mesmo? – esta pessoa me diz: ‘se este ser humanizado conseguir conviver com este fato em paz, harmonia e felicidade, ou seja, sem se importar com o sofrimento que está causando ao outro, segundo os seus ensinamentos, ele terá conseguido a evolução. Pelo que você fala, ele terá conseguido aproximar-se de Deus. É isso mesmo’?

Como disse antes, usando o que está na pergunta 115 e na 132 de O Livro dos Espíritos, chegaremos à conclusão que sim, ele está aproximando-se de Deus. Porque? Porque este ser viveu suas provas, missões e expiações tomando um corpo de acordo com este mundo para que aqui seja instrumento da obra geral sob o comando de Deus. Mais: fez tudo isso mantendo a paz e harmonia com as coisas do mundo e por isso viveu a felicidade que Deus prometeu a seus filhos.

Sim, de acordo com os ensinamentos dos mestres esse ser alcançou a aproximação de Deus. Mas, sei que vocês pensam diferente. Por isso pergunto: porque, na visão de vocês, ele não teria alcançado? É sobre isso que quero conversar agora.

A vida humana não é uma vida de um humano, mas sim o campo de provas de um espírito, não importando que tipo de vida seja. Desde a pessoa mais santa que possam conhecer até o mais desgraçado dos bandidos, o mais monstro, a existência humana não vale pelas coisas que acontecem nela, mas trata-se apenas de elementos, missões que Deus dá a cada um para que possa durante ela alcançar a felicidade e aproximar-se de Deus. Sendo assim, não importa que ato aconteça, que ação ocorra, trata-se de uma prova e não um ato de vida humana.

Portanto, não importa o que aconteça, não se pode julgar o espírito pela ação que é praticada.

106. A repercussão dos fatos

Outro detalhe sobre os fatos que acontecem: eles têm repercussões. É sobre isso que quero falar agora.

Estamos falando de um ensinamento de Buda: da interdependência das coisas. A ação de uma pessoa, seja ela feita em qualquer nível, público ou privado, sempre causará repercussões, ou seja sempre atingirá outra pessoa. Essa interdependência, ou seja, o fato da ação de uma pessoa sempre se relacionar com outras pessoas, é o instrumento de Deus para as provações mútuas.

Seria muito estranho se o Pai lhe desse uma prova independente da de outro. Se ele desse a cada um a prova separada da do outro. Se isso acontecesse, nunca haveria condições de vocês fazerem suas provas.

Portanto, Deus une diversas provas de diversos seres numa só ação. Um ou mais espíritos tornam-se protagonista de um tipo de ação e ela influencia sobre outros e essa influência faz com que todos os envolvidos esteja cada um vivendo a sua prova.

Sendo isso realidade, o fato do médico roubar dinheiro é prova dele, mas o fato deste ato causar não ter remédio para a cura de terceiros é prova destes. Pronto, acabou.

É isso que precisamos compreender. Nos acontecimentos deste mundo, não há uma pessoa que faça mal a outra, mas sim espíritos em provas: um protagonizando a ação e o outro recebendo a repercussão dela. Amanhã os que viveram a repercussão se transformarão em protagonistas e aqueles que protagonizaram anteriormente receberão a repercussão da ação. Com isso, a vida vai acontecendo, ou seja, as provas dos espíritos vão acontecendo.

Este é o mundo humano. É isso que vocês chamam de vida. É isso que precisamos entender, se levamos em conta o espiritualismo, ou seja, a ideia de existir em si algo além da própria carne e se quisermos viver para este algo mais.

Mas, à respeito da repercussão tem mais um detalhe que quero abordar. Falamos do médico que roubou e dos doentes que ficaram sem seus remédios como elementos para os quais o ato repercutiu. Só que muitas vezes a repercussão de um ato extrapola os envolvidos diretamente e chega a pessoas que não participaram pessoalmente do acontecimento. Mesmo de forma indireta, este ato influenciou a existência de outros seres.

O que estou dizendo é, por exemplo, o caso da notícia sobre a ação deste médico ser veiculada pelos jornais, pela televisão, ser noticiada no rádio. Quando isso acontece, a repercussão deste fato envolveu mais espíritos do que aqueles que estavam diretamente aligados.

Sabe quem ela envolve? Você que leu o jornal, viu a televisão ou ouviu o rádio. Se isso aconteceu, ou seja, se você foi alcançado pela informação da ação de alguém, passou a ser uma realidade da sua vida. Se, como já disse, não há realidades na vida humana, mas provações, quando isso acontece aquela ação passou a ser sua prova também. Ela serve para ver se você vai se manter em paz e harmonia ou se viverá o sofrimento neste momento. Sendo assim, posso dizer que a repercussão dos fatos, a interdependência das coisas, não pode ser medida apenas por aqueles envolvidos diretamente na ação, mas deve abranger todos aqueles que de uma forma ou de outra têm ciência do que aconteceu.

Portanto, acho que a resposta à sua questão ficou bem clara: a ação do médico é a prova do espírito que está vivendo este personagem; o fato de não haver remédio para a cura é a prova dos seres que estão vivendo o papel de doentes; e o fato de ter tido ciência desta notícia, por qualquer meio, é a sua prova.

A partir do momento em que identificamos cada situação de vida, independente do que aconteça, como uma prova, o que você, aquele que quer viver para a sua essência espiritual, precisa fazer? Viver em paz, harmonia e felicidade incondicional, que chamamos até de apatia, com aquilo que está acontecendo. Não importa se você é o protagonista, aquele que sofreu diretamente a ação ou se apenas teve notícias do acontecido: para aquele que quer aproximar-se de Deus só há uma forma de reagir. Esta forma única de reação é amar, a tudo e a todos.

107. A base do que é sentido

Eis aí, na visão espiritualista o que está acontecendo neste momento. Eis aí, também como cada um deve vivenciar momentos como este, se quer se aproximar de Deus. Mas, não é assim que vocês que dizem que querem buscar a Deus vivenciam situações deste tipo. Por que isso?

Porque se doem pelo fato do médico levar dinheiro e dos doentes não terem remédios? Será que é amor, altruísmo, compaixão? Me desculpem, mas essas coisas a mente humana não conhece. Ela trabalha a partir de um eu e a favor dele. Por isso, jamais terá amor pelo próximo, será altruísta ou terá a verdadeira compaixão.

Sabe porque algumas personalidades humanas não aceitam que essas coisas aconteçam? Primeiro porque não ganharam nada com aquilo. Garanto que todos os seres humanos que de uma forma ou outra se beneficiaram com a ação do médico não acharam errado o que foi feito. Segundo: por medo de perder ... ‘Tenho que achar isso errado porque amanhã ou depois outros médicos podem roubar e posso eu a ficar sem o remédio que preciso’.

Esses são os aspectos que levam o ser humano a renegar ou aceitar as situações da vida: a vontade de ganhar e o medo de perder. Se ele ganha algo, aquela ação é julgada certa, mas se corre o risco de perder alguma coisa, é julgada como errada.

 A mente humana não consegue ver a vida a partir dos valores espirituais porque quer ganhar. Por isso, corre para assegurar que não perca. É a partir destes aspectos que ela forma os seus valores.

Portanto, não há compaixão, amor, altruísmo nem mesmo pensamento no sofrimento dos outros. Aquele que repudia o causar dor aos outros é movido pela sua vontade de ganhar e o seu medo de perder. É isso que, na verdade, impulsiona a mente. É isso que faz a dar determinado valor às coisas. É isso que faz a mente dizer que é preciso fazer pelo outro, ajuda-lo, e não o verdadeiro amor, a verdadeira compaixão.

Me desculpem, mas Cristo foi bem claro: Deus julga a intenção e não a ação de cada um. A intenção da mente humana ao defender os pobres coitados não tem nada a ver com a questão do sofrimento e sim com o medo de amanhã ser você o pobre coitado.

Isso é o que vocês precisam compreender para entender que não é obrigado a sofrer com a dor dos outros. Isso é o que vocês precisam entender a aprender a constatar os acontecimentos sem deixar que eles acabem com a sua paz e harmonia.

108. Sofrer com o sofrimento dos outros

Lembro que me fizeram perguntas quando houve um terremoto. Me perguntaram: como é possível não sofrer vendo tanta gente morta no chão? Eu respondi: sabendo que não é você que está lá.

‘Graças a Deus não fui eu que morri lá. Sei que as pessoas sofreram, morreram, mas por estar vivo, vou ajudar as vítimas no que puder, ao invés de sofrer por elas. Não vou fazer isso porque sei que este tipo de sentimento não ajuda nada a quem morreu ou a quem ficou ferido’.

Adianta sofrer por quem morreu ou se feriu? Acho que não. O que pode realmente auxiliar os outros é fazer alguma coisa por eles.

Lembro também que quando houve o terremoto e os corpos estavam todos espalhados na praia e as pessoas me diziam que sofriam por causa disso. Eu respondi: o problema é que vocês estão vendo os corpos mortos e não os espíritos que libertaram-se do mundo material e retornaram à sua verdadeira pátria, o mundo espiritual. Se vissem o espírito, a glória que eles tiveram, fariam festa ao invés de sofrer.

Além do mais, por não verem o espírito, não conseguem compreender que o sofrimento que sentem por estarem presos aos corpos são danosos a ele. O que você não é que a sua pena daqueles que não tem remédio não ajuda aqueles seres a passarem pelas suas provas.

Repare que quando olha a partir do ponto de vista espiritual, quando coloca de lado as questões referentes ao sistema de vida humano, as coisas mudam. Sim, se esse médico conseguir desviar verbas sem se acusar ou se vangloriar, ele estaria bem. Agora, se aqueles que passarem pela ausência do remédio não amando a tudo e a todos, não conseguiriam a elevação espiritual.

É por isso que digo: nós vemos a vida de cima para baixo enquanto que as mentes humanas veem na horizontal, no mesmo nível. Vocês não veem nem vivem com provas ou carmas, mas com vidas humanas. Vivem a vida ligado aos aspectos humanos dela. Por isso nossa visão das coisas é completamente diferente da de vocês.

Só tem um último detalhe que quero deixar bem claro para aquele que quer ter o poder da felicidade. Ele está baseado na continuação da sua pergunta: se esse médico posteriormente a sua ação tivesse remorso pelo que fez, ele não teria passado na sua prova? Sim, isso teria acontecido.

Digo isso porque o remorso é gerado pela mente a partir de valores humanos. Por isso, quando tivesse o remorso teria se afastado de Deus.

Eis aí, então, o que poderia lhe falar sobre o tema. Como disse a questão era longa, mas importante, porque pode nos dar a oportunidade de abordar diversas questões.

Graças a Deus.

O poder da felicidade

Humor negro

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Humor negro

109. Causar constrangimento

Uma pessoa me pede ajuda para uma situação dessa vez não tão comum. Diz que tem uma tendência a usar o que vocês chamam de humor negro e que essa forma de ser já lhe trouxe diversos problemas. Pessoas se sentiram magoadas, feridas, mal com essa forma agir.

Diz, ainda, que para ela o humor negro é aquele fora do convencional. Afirma que na sua visão o humor negro acontece quando se acha graça de coisas que são contrárias às normas e regras do mundo humano. Ele existe quando se acha graça em momentos onde outros choram. Por isso a utilização deste tipo de humor causa constrangimento a outras pessoas. É sobre isso que vamos conversar agora.

Sei que a questão do humor negro não é algo muito comum, mas esta resposta também é muito importante, porque ela serve para qualquer situação onde a ação de um cause alguma coisa em outra pessoa. Isso porque ninguém causa constrangimento a outro. Na verdade, é o outro que pode se sentir constrangido com a ação de uma pessoa.

Essa é uma regra básica para este mundo. Vocês sempre acham que o que é vivenciado é causado por fatores externos, mas isso é uma ilusão. O fator externo não pode ser forte o suficiente para modificar alguém.

Porque isso? Porque vocês afirmam, possuem o livre arbítrio, ou seja, podem arbitrar, decidir o que quiser para vocês. Esta é uma verdade humana, é assim que pensam, que vivem, imaginam.

Ora, se você tem o direito de arbitrar o que quer, viver um constrangimento, uma mágoa, uma ofensa não pode acontecer a não ser que escolha isso através do seu livre arbítrio. Usando do livre arbítrio, a pessoa pode não se sentir constrangido com o que o outro fala. Pode não se sentir magoado com o que o outro fala. Portanto, o constrangimento que alguém vive não é fruto do que o outro faz, mas de uma decisão interna de cada um.

Eu diria o seguinte: são os outros que optam por viver o seu humor negro ou qualquer outra coisa que faça como constrangimento. Não foi você que o causou, mas ele que optou por se constranger ao ouvir o que foi dito.

Esse é o primeiro detalhe que aquele que quer usar o poder para ser feliz precisa ter: o ser humano é incapaz de causar mal a alguém. Se não usar esta consciência, você jamais será feliz verdadeiramente, pois a sua felicidade será dependente da forma que o outro reagir ao que fizer. Como neste caso é ele que decidirá se você será feliz ou não, será ele que terá o poder sobre a sua felicidade não mais você.

Como este trabalho tem por finalidade colocar a felicidade nas mãos do próprio ser é preciso alerta-lo que é preciso ter a consciência de que o constrangimento do outro aconteceu por que ele fez esta opção e não porque você causou isso. Este é o primeiro detalhe desta resposta.

Segundo detalhe: qual o problema de você rir de coisas onde outros chorariam? Qual o problema de você levar de uma forma mais sutil, mais divertida algo que outros passam como se fosse uma coisa mais importante, pesada? Nenhum. São apenas formas de vida, são apenas reações diferentes de personalidade.

Portanto, viver com o humor negro por si mesmo não tem problema algum. O que pode causar problema, no seu caso é você se sentir mal, perder a sua felicidade porque o outro se constrangeu.

Bolas, se ele se constrangeu, deixe-o viver o que quiser. Ao invés de se preocupar com a reação dele, liberte-se você desta culpa. Até porque, você não fez nada errado: reagiu de acordo com a sua personalidade. Este tipo de reação não pode lhe trazer culpa alguma, pois como ensina o Sublime Senhor, Krishna, nenhum ser pode reagir diferente da sua própria personalidade.

Como disse, esta resposta vale para outras situações. É a mesma coisa se alguém se ofende com o que você diz, se sente caluniado. Você está agindo de acordo com a sua personalidade e o outro é que escolhe a maneira como recebe o que você faz.

Portanto, se o outro se constrange ou se ofende com alguma coisa que você diz, deixe-o viver o que quiser, o que optar. Se a sua personalidade lhe faz agir com humor negro ou falando coisas que os outros não gostam, aja de acordo com a sua natureza, e liberte-se da ideia de achar que foi você que causou mal ao outro.

Só que além disso, tem outro detalhe que quero falar nesta resposta.

110. Ninguém age fora da sua personalidade

Há uma coisa que vocês ainda não entenderam quando se fala do poder da felicidade. Vou falar agora disso e serve para todos os casos que já falamos e para todos que ainda falaremos.

Você tem o poder sobre a sua felicidade, o poder de ser feliz ou não. É você quem escolhe o que vai viver. Para alcançar este estágio, para poder ter este poder, possui diversas formas de ação.

A primeira forma é que a humana. No seu caso, qual seria ela? Se o seu jeito de ser, de se divertir causa mal ao outro e você não gosta disso, para ser feliz, usando a forma humana, diria: pare de rir na hora que imagina que isso possa constranger o próximo.

É tão simples ... Se isso é o que lhe causa problemas e você não quer tê-los, pare de agir desta forma. Mas, me diga: será que é tão simples assim mudar-se? Acho que não. Se já teve diversos problemas por conta da sua forma de viver e assim mesmo não conseguiu mudar-se, isso é sinal de que isso não lhe é possível.

Este é o primeiro detalhe. Se você acha que tem coisas que faz que acabam tirando a sua felicidade, pare de fazer o que faz. Só que na prática, não consegue mudar-se. Não consegue mudar sua forma de agir. Quando vê, já riu, já agiu de forma a causar o constrangimento ao outro. Portanto, mudar-se, buscar a felicidade pela forma humana, não é o caminho para aquele que quer decidir viver feliz.

Não sendo, qual seria? O caminho da ação espiritual. Qual é este caminho? O ensinamento de Krishna que já falei: ninguém pode agir diferente da sua personalidade.

O caminho espiritual para exercer o poder de ser feliz, o poder para ter a felicidade mantida é a compreensão de que cada um age de acordo com a sua natureza. Por isso, ao agir da forma que age, está agindo dentro da sua natureza. O outro, ao se sentir constrangido, também está agindo de acordo com a natureza dele.

Compreenda isso. Cada um vive de acordo com a sua natureza, nada mais que isso. Tendo esta consciência você pode continuar com o seu humor negro e o outro pode continuar se sentindo magoado por isso e ninguém sofrerá. Se os dois viverem com esta premissa, podem ser felizes, pois um viverá sem a culpa e o outro sem o constrangimento.

Este é o grande segredo para se manter a paz em qualquer circunstância: compreender que cada um vive a partir da sua própria natureza. Por isso o ser deve dar a todos o direito de agirem de acordo com ela.

Vou dar um exemplo para entendermos isso. Há pessoas que gostam de tudo arrumadinho e convivem com pessoas que não gostam de arrumar as coisas. São duas personalidades, duas naturezas diferentes que muitas vezes precisam conviver de baixo do mesmo teto. Se elas não compreendem que cada um é do seu jeito, viveram reclamando um do outro, estarão sempre brigando, querendo impor ao outro a sua verdade. Jamais nenhum dos dois será feliz de verdade.

111. Preocupação com a forma

Para que possa haver uma união é preciso que cada um compreenda que possui a sua predileção, mas que o outro não compartilha dela. Quem quer arrumado, precisa entender que o outro não liga para isso. Quem não liga para a bagunça precisa entender que ele não dá valor a arrumação, mas que o outro dá.

Essa é a forma de viver que pode fazer os dois felizes. Só que vocês, como são humanos, como estão presos à questão da forma, me perguntam: ‘e aí, as coisas vão ficar arrumadas ou bagunçadas’? Isso não importa.

Se o arrumado usando de sua natureza briga com quem não é, mas este dá ao direito do outro agir por ela, a arrumação pode acontecer ou não, mas ele estará em paz. Se ao invés disso, quiser provar que não há necessidade de arrumação, os dois brigarão muito e não conseguirão a paz interna.

É isso que precisam entender. Vocês estão muito preocupados com o resultado da ação, mas a felicidade não se consegue com isso, mas sim com a forma como se vivencia os acontecimentos do dia a dia.

Portanto, se você não consegue deixar de viver com humor negro na frente de quem não consegue deixar de se constranger com isso, fique em paz consigo e com o outro. Para o outro, se me procurasse, eu daria o seguinte conselho: viva feliz com você e com o outro. Este é o único caminho para vocês viverem em paz, para serem felizes.

Espero ter respondido a esta questão. Se alguém mais quiser colocar algo sobre o assunto estou à disposição.

Graças a Deus.

O poder da felicidade

Família

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Família

112. Calcanhar de Aquiles

O problema da pessoa que me procura agora está relacionado com a falta de carinho no seio de sua família. Segundo ela, tanto o pai como a mãe são pessoas autoritárias, materialistas, prepotentes, que nunca lhe deram um carinho familiar. Ela nunca se sentiu envolvido por um sentimento familiar.

Diz que já estudou muitas coisas que conversamos e que já conseguem superar em relacionamentos muitas coisas, mas que no tocante a convivência com seus pais não consegue superar. Por isso me pede ajuda a esse respeito.

Primeiro quero lhe agradecer a questão, pois ela será muito boa para conversarmos um pouco sobre a questão familiar. Já falamos sobre uma mãe super protetora, que exige muito do filho. Agora vamos falar de uma mãe que também exige, mas não tem sentimentos comuns àqueles que representam este personagem na Terra.

 Antes de qualquer coisa, um parênteses. Você me disse que está estudando, que está buscando aprender a viver esta vida de uma forma mais leve e que consegue colocar em prática os ensinamentos. Só acho que neste caso específico, ou seja, assunto familiar, você não consegue isso.

Quando vê, a coisa já desandou, já foi levado pelo ego, pela mente e viveu toda carência e a revolta que essa situação lhe traz. Isso é importante de percebermos porque quando entendemos e conseguimos colocar em prática em algumas coisas e não em outras, quando é muito difícil se conseguir em alguns momentos, descobrimos o que chamo de calcanhar de Aquiles. Estou falando do ponto fraco que todos temos.

Ao descobrir que este assunto, este tema, esta convivência é o seu ponto fraco, descobre-se algo muito importante: este é o seu maior trabalho nesta encarnação. São aqueles assuntos onde dificilmente conseguimos colocar em prática os ensinamentos que são os pontos mais importantes da encarnação que está sendo vivida.

Este, portanto, é o primeiro grande detalhe. Não há falta de conhecimento da sua parte, displicência sua. O que há é que esta é uma prova capital na sua encarnação. Por isso, esse assunto é muito mais difícil de ser vivenciado com felicidade. É uma prova que é muito mais difícil de ser vencida.

Este é o primeiro aspecto. Entenda desse jeito: esse seu problema de não sentir-se abraçado por uma família e a vontade e necessidade de ser é a prova capital da sua encarnação. Essa mesma lógica vale para qualquer um em qualquer situação. Se o ser humanizado não consegue vencer determinadas situações, por exemplo, o preconceito de cor, de escolha sexual ou contra pobre, ali está a prova capital deste ser. É a isso que ele precisa dedicar mais tempo, dedicar-se na outa mais profundamente.

Afirmo isso porque o resultado positivo, se conseguido, será de grande louvor para este ser.

113. Quem precisa de família

Agora, vamos falar do segundo aspecto. Vamos falar da necessidade de ser acolhido por uma família, de ser acarinhado por parentes.

Para falar disso começo lhe perguntando: essa necessidade é real? Essa necessidade é universal? Ou seja, será que todos têm essa necessidade o tempo inteiro? Não. Tem uns que nem ligam para família. Existem alguns que possuem mãe super amorosa e o filho nem liga para ela. Ele não quer ligar-se à família, foge dela.

Essa observação lhe leva a entender uma coisa: você não tem esta necessidade. Ela é criada pela sua mente e lhe apresentada para que você tenha a sua prova. Se não compreender isso, se achar que é normal precisar de um carinho, de um acolhimento num seio familiar e achar que isso é o certo, que todos precisam ser acolhidos, jamais vencerá sua prova.

Porque? Porque estará ligado ao ego e por isso só viverá o que ele falar. E, tenha a certeza: ele não facilitará as coisas para você, pois esta é a sua prova. .

Portanto, o primeiro trabalho que você precisa fazer é trabalhar em si mesmo no sentido de desmentir em si mesmo essa necessidade. Saber que ela não é algo que você realmente tenha, mas que é algo criado externamente pela mente. Criado como prova e não como verdades.

Este é um detalhe muito importante. Já conversei muito tanto nos estudos como particularmente com pessoas que afirmavam que amavam, que tinham carinho por outras. A estas a única coisa que digo é: você não entendeu nada do que disse. Não viu que sua mente está criando estórias dizendo que é você quem está sentindo aquilo e está caindo na onda dela.

Como já conversamos no estudo ‘Conhece a ti mesmo’, é preciso que se crie a dupla personalidade: você, o espírito e você, o ser humano, a mente humana. Além disso, é preciso compreender que aquilo que você, a mente humana, cria não é aquilo que você, o espírito, vive.

Sendo assim, toda angustia e carência que você vive é decorrente de uma criação da sua mente que foi aceitada como realidade, aceitou como se você realmente quisesse isso. Você viveu as coisas que me relata na sua pergunta porque não se separou da mente e por isso imaginou que foi você quem sentiu aquilo.

É por aqui que é preciso que comece o seu trabalho. ‘Não sou eu que quero, não sou eu que preciso, não sou eu que espero. Tudo isso é uma criação da mente humana a qual estou ligado para minha encarnação’. Se não fizer isso, não conseguirá continuar no trabalho que diz ser importante fazer.

114. A família humana e a espiritual

Agora posso entrar num assunto para lhe ajudar a deter o poder da felicidade. Ele se consiste na raiz do seu problema: família. Vamos falar um pouco de família.

No mundo humano existe a sagrada família. Existe a ideia da santidade do núcleo familiar. Agora, como essa família humana se organiza? Quem é da sua família? Aqueles que por laço sanguíneo ou sentimental possui uma convivência física ou não.

Esta é a definição de família. Ela é pai, mãe, avô, avó, filhos, sobrinhos, irmãos. No entanto, se nos profundamos um pouco mais nesta questão e entendemos que existe um universo imenso onde muitos seres nem sangue tem, veremos que a questão família como vista pelo ser humano possui uma visão muito restrita.

Mais: se você acredita em espírito e em encarnações e conhece as informações do mundo espiritual sobre o período de provação, sabe que hoje pode ter um filho que nunca teve relação consanguínea com você. Pode ter um pai que nunca pertenceu ao núcleo familiar de agora. Aliás, mais do que nunca ter participado dela, este ser pode ser um desafeto seu de longa data.

Além disso, levando-se em conta as informações disponíveis sobre a encarnação, sabe que mesmo sendo um filho hoje, em outras vidas pode ter sido marido da sua mãe. Pode ter sido pai daquela que hoje é sua mãe.

Esta é uma realidade que não se pode fugir. Para quem acredita em reencarnação e sabe que o espírito vive múltiplos papeis ao longo das existências carnais, deve existir a consciência de que o núcleo familiar de hoje no passado pode ter sido bem diferente.

Quem observa friamente todos conceitos humanos a respeito da família e os coloca a luz dos ensinamentos espíritas, os vê cair por terra. Esse é o segundo trabalho que você precisa fazer: se desligar do conceito humano sobre família. Desligar-se da ideia humana da sagrada e santa família. Para aquele que e espiritualista, ou seja, para aquele que acredita haver em si algo além da matéria e vive para ele, conceitos deste tipo não deveriam ter o menor sentido, não deveriam ter a menor força.

115. Família universal

Mas, será que com isso estou dizendo que não existe família? Não, não é isso que estou dizendo. Vou tentar lhe explicar isso mais calmamente.

Em O Livro dos Espíritos, consciente dos reflexos das verdades de que seres ocupam papeis durante a encarnação, Kardec e outros chegaram à conclusão que as ideias humanas sobre família não tinham nenhum sentido a luz dos ensinamentos recebidos dos espíritos. Por isso o Codificador fez a seguinte pergunta para o Espírito da Verdade: dizem que os ensinamentos sobre reencarnação vieram para destruir a família. Isso é verdade? A resposta é a seguinte: Não. O espiritismo veio para ampliar a sua família de tal forma que o seu senhor, ou seja aquele que está acima de você, é superior, e seu escravo, ou seja, aquele que está baixo de você, portanto fora do seu núcleo familiar, pertença à sua família.

É isso que a ideia de que se vive diversas vidas vivenciando diversos papéis traz: a ampliação da família e não o fim dela. Ampliação no sentido de que todos estejam numa só família.

Portanto, não estou dizendo que não existe família. O que estou falando é que não existe um núcleo familiar que os seres humanos dizem que existe. O que estou dizendo é que existe uma família universal.

Cristo ensina: todos são filhos de Deus. Por isso todos pertencem a uma mesma comunidade, que é uma família: a universal.

Esse tem que ser o seu terceiro trabalho. O primeiro é não acreditar no que sua mente diz. O segundo é entender que você não precisa daquela família humana, porque possui uma universal, ideia esta que sai do terceiro trabalho.

Pronto, seu problema está resolvido. Se sua mãe e seu pai biológicos não lhe dão atenção, carinho, tem outros membros familiares que podem suprir esta carência. Você pode conviver com seu vizinho, com seu amigo ou qualquer outro ser sentindo-se parte de uma família universal. Pode suprir a sua carência com a amizade do seu colega de trabalho.

É isso que estou querendo lhe fazer entender. Para que possa alcançar a verdadeira felicidade, é preciso que se liberte das carências humanas. Para fazer isso é preciso que expanda a sua existência para além dos seus núcleos, seja de amizades, de parentes, de nacionalidade, de cidade ou bairro. É preciso expandir todos os núcleos que frequenta.

Já que você busca a coisa espiritual, procure aquele que possuem essa mesma intencionalidade. Procure aqueles que vivem a ideia da família universal e entre em congraçamento com eles. Lhe garanto que dificilmente sentirá falta do amor do seu pai ou da sua mãe.

Sei que este trabalho é difícil e como comecei dizendo, sei que para você é mais difícil ainda. Para alguns isso é fácil, mas pra você não, pois esta é a sua prova capital. O que lhe disse hoje é o caminho que precisa ser trilhado para vencê-la.

Esteja em paz. Espero que tenha lhe ajudado.

O poder da felicidade

O que precisa ser feito?

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O que precisa ser feito?

A pessoa que agora me apresenta uma questão não fala de um sofrimento, mas quando analisamos a dúvida que ela tem, dá para entender que a dúvida causa uma certa apreensão, uma agonia. Por isso é justo respondermos ao que me é falado, pois dessa forma podemos devolver a felicidade a essa pessoa.

Ela me diz o seguinte: se Deus é tudo e tudo é Ele, tudo é Deus. Se Ele é tudo, a humanidade que o espírito vive também o é. Se ela é Deus, porque o ser tem que mudar alguma cosia, em que fazer algo? O que ela me diz é mais ou menos o seguinte: se eu já sou Deus, o que tenho que ser para ser Deus? Tenho que fazer o que para ser Ele?

A pergunta é interessante. Para falar desse assunto vou usar um exemplo que aconteceu entre eu e um outro ser encarnado. Um dia quando conversamos sobre Deus ser tudo, esse ser me disse: ‘se Deus é tudo, o meu cachorro é Deus’. Eu respondi que sim, que o cachorro dele é Deus. Esse ser, então, continuou: ‘sendo assim, não tem o menor problema de eu viver o meu cachorro como Deus’. Eu disse que tinha e expliquei o meu ponto de vista.

O cachorro dessa pessoa é Deus, mas se ele é isso, não é cachorro. Por isso, ao viver o cachorro como Deus ainda estará lidando com este animal como cachorro. Não muda nada. O termo deus, nesta questão, vira apenas um outro valor, nome, mas não muda a essência daquilo que é chamado.

Agora, se vivermos Deus como cachorro, neste caso não há problema. Isso porque estaremos vivendo com Deus, chamando-o de cachorro, o que não ofende o senhor de forma alguma.

A diferença entre uma e outra coisa é pequena. Vocês querem conviver com a coisa material como se Deus fosse, sendo que ela é, mas não estão vivendo com Deus de verdade, pois estão vivendo com a coisa material chamando-a de um outro nome. Vou dar outro exemplo para ficar mais claro o que quero dizer.

O seu sofá é Deus. Então, você pode viver o seu sofá chamando-o de Deus. Só que se vivê-lo dessa forma, não estará vivenciando a Unidade. Isso porque existem milhares de tipos de sofás e em estados diferentes. Por isso, mesmo chamando um sofá de Deus, ainda conviverá com um sofá bonito e outro feio, com um novo e outro velho, um arrumado e um desarrumado. Sendo assim, ainda vive na multiplicidade, não alcançou a Unidade.

Quando se chama um sofá de desarrumado, por exemplo, se sai de Deus, da Unidade, pois se cria a dualidade. Como é possível saber se um sofá está desarrumado? Sabendo o que é um arrumado. Então veja, quando se trata as coisas humanas com os valores humanos, se vive a dualidade e por isso não se vive Deus.

Esse é o problema. É isso que é preciso ser feito para se estar com Deus: viver a Unidade e não a dualidade.

O sofá é Deus. Se vive o Senhor como o sofá, vive a Unidade, ou seja, todos os sofás serão iguais para você. Eles não possuirão mais uma qualificação para distingui-los.

Essa é a diferença porque existe alguma coisa a ser feita nesta vida, mesmo que você já seja Deus: afastar-se da dualidade e penetrar na Unidade. É para isso que vocês nasceram e é para isso que expõe a um mundo dual: para abandonarem o dualismo e vivam sempre na Unidade.

Portanto, Deus é o sofá e o trabalho que precisa fazer é justamente esse: colocar Deus na frente das coisas materiais. Quando isso ocorre, você vive a Unidade e por isso é Ele, está com Ele.

Esse é o trabalho que você e todos os seres que estão encarnados precisam fazer. Acho que esta resposta acaba com a dualidade na sua vida. Sim, Deus é tudo e tudo é Ele, mas você não vive com Ele: vive com as coisas humanas. O máximo que consegue fazer é chamar estas coisas de Deus, mas isso não lhe faz existir dentro da sua essência.

Sendo assim, tudo é sagrado, inclusive você. Por isso precisa viver dentro do sagrado que é. Isso se consegue vivenciando a Unidade e não a dualidade, a particularidade.

Espero que tenha lhe ajudado. Sei que o tema é difícil compreensão, pois são coisas não tangíveis para vocês, mas esta é a resposta que poderia lhe dar.

Fique na paz.

O poder da felicidade

Desejo físico

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Desejo físico

116. O desejo é mental

Uma pessoa me diz agora que o problema da vida dela é o desejo físico por uma pessoa. Ela não consegue resistir a este desejo, não consegue suplantá-lo. Diz que sabe que quando o desejo é mental, a coisa fica mais simples, mas quando é físico, fica mais difícil de se libertar. Isso tem causado sofrimento a essa pessoa.

Para responder, primeiro vamos tentar entender os dois desejos que essa pessoa cita: o mental e o físico. Só depois que compararmos os dois podemos entender bem esta questão e dar uma resposta a ela.

O que é chamado por esta pessoa de desejo mental, acredito eu, é na busca de um objeto, de realizar alguma coisa fisicamente, de sair, passear, comprar. Enfim, coisas que não mexam com sensibilidades do corpo físico. Já o que ela chama de desejo físico, acredito eu, é quando além da criação da mente é envolvida uma sensibilidade física.

Sei que não é esse o caso dessa pessoa, mas vou dar um exemplo absurdo para podermos entender esta questão. Digamos que alguém está com frio e quer um casaco. Esse é um desejo que mexe com a sensibilidade do corpo porque o frio causa dor, mal estar e os seres humanos sabem que o casaco acalmará as sensações do corpo.

Seria essa a diferença, no meu modo de ver de um e outro desejo. O desejo mental não envolve sensibilidades no corpo, mas o físico sim. É a partir dessa definição que vamos conversar.

A minha pergunta é: existe sensações físicas? Vou usar o assunto que você aborda: existe o desejo sexual, por exemplo? Ora, se você acredita no espírito e sabe que este desejo é algo que acontece dentro do corpo físico, só pode saber que não existe este desejo.

Saiba de uma coisa: no seu corpo só existe uma coisa inteligente que é capaz de gerar ações. Essa parte chama-se mente. Portanto, não há um órgão ou membro específico do corpo físico que sinta alguma coisa ou que cause alguma sensibilidade. Só a mente pode criar isso. Só ela pode fazer.

Portanto, o que você chama de sensibilidades pelo corpo eu diria que não são isso> não se trata de química, de reação biológica, mas sim criações mentais. É a mente que está dizendo que você tem desejo. É ela que está dizendo que você está com vontade e não você que a tem.

Esta é a primeira compreensão que precisamos ter sobre o assunto. Como disse numa pergunta anterior, é preciso separar você de si mesmo para poder entender o que é mental e o que é você.

Apesar de sentir muito forte, quase como um envolvimento do corpo inteiro naquela situação, na verdade não está sentindo nada. Tudo o que imagina estar sentindo não passa de historinha que a sua mente está criando. Vou lhe dar um exemplo.

Uma pessoa me disse uma vez que apesar de ser casada estava completamente apaixonada por outra pessoa e que não conseguia viver sem ela. Só que ele estava ao lado da pessoa e não no da outra. Por isso lhe disse: se você precisa tanto da outra, o que está fazendo aqui ao lado da sua esposa? Porque ainda não foi embora atrás dela?

Neste momento a mente começou a arrumar uma série de argumentos para justificar tanto o gostar como o fato de não ter ido embora atrás da outra. Quando isso aconteceu mandei ele calar a boca e disse: você ainda não entendeu que o amor que está sendo proclamado aos quatro cantos e que diz estar sentindo é apenas alguma coisa que sua mente está criando? Além do mais, se ainda não percebeu, trata-se de uma história hipócrita, pois mesmo que a sua mente lhe diga que precisa da outra pessoa desesperadamente, ainda não o fez largar tudo e sair correndo.

É isso que vocês precisam entender. A mente possui uma coisa chamada a força de maya, ou seja, o poder de dar realidade aquilo que ela cria. Por exemplo, dizer que é você que está sentindo, pensado ou querendo alguma coisa. Não é você que sente tudo isso. Na verdade é ela que cria e lhe diz que você está sentindo. Por conta da força de maya, do poder de transformar o irreal em real, você passa a acreditar que é.

Essa força existe como complemento da prova do espírito. Digo isso porque ela precisa ser suplantada. Por mais que ela afirme que você está vivendo alguma coisa é preciso que negue esse fato. Ela é tão danosa ao ser que no Bhagavata Puranas Krishna ensina que logo depois que ele abandonar o mundo material este ficará privado do seu bem-estar, pois passará a ser dominado pela deusa Kali, a quem é atribuído, na mitologia hindu, o comando da força de maya.

Por isso afirmo que é preciso que o ser que ainda está encarnado neste planeta suplante essa força, ou seja, que compreenda que aquilo que é pensado não tem nada ver a com ele. Que não é ele quem quer as coisas, que precisa delas, que ama ou odeia, etc., mas que isso é uma criação mental que vem acompanhada de uma força que gera a impressão que é o ser quem quer.

Este é o seu primeiro trabalho: começar a negar a realidade do desejo. Colocar a realidade do desejar na conta da mente e não na sua. Enquanto você achar que o desejo é seu, dificilmente deixará de senti-lo, conseguirá suplanta-lo.

Este é o primeiro ponto.

117. Só quem é livre é feliz

Segundo ponto: este desejo lhe causa sofrimento.

Olha, eu não diria que é o desejo que lhe causa sofrimento, porque se deseja algo e consegue, o que vem sempre depois é o prazer, a satisfação de ter o desejo atendido. Por isso acho que esse desejo e o consequente conseguir o que se deseja só poderia lhe trazer o prazer. No entanto, você me afirma o contrário: diz que ele causa sofrimento. Vamos analisar esta questão.

Se como eu disse não é o desejo que lhe causa o sofrimento, o que pode ser? A moral humana. As regras e normas de uma sociedade que dizem o que pode e não ser feito, o que é certo ou errado.

Sendo assim, o seu problema não está no desejo, mas sim em submeter-se as regras humanas. Se isso não existisse, ao ter o desejo e conseguir realiza-lo, não haveria sofrimento. Se você parasse com a ideia de que isso é feio, proibido, com certeza pararia de sofrer, pois na hora que realiza o seu desejo vem o prazer e não o sofrimento.

Então, o seu trabalho precisa passar pela não identificação do desejo físico, mas também deve incluir pela sua própria liberdade das regras humanas. Quem disse que marido e mulher só podem fazer sexo um com outro? Uma norma humana.

Mais: uma norma humana que só serve para o seu país. Isso porque em outros o homem pode ter muitas mulheres. Sendo assim, isso a que está se submetendo e que está lhe causando sofrimento não é real, não é verdadeiro, não é universal.

‘Ah, Joaquim, mas o que os outros vão falar se souberem o que faço’, você me diria. Eu responderia: se você quer ser feliz, se quer usar o seu poder da felicidade precisa se desligar do que os outros pensem.

Precisa amar a si mesmo. Quem se ama não precisa da aprovação de ninguém nem tem medo do que os outros possam pensar ou dizer.

Veja que o seu trabalho é outro completamente diferente. Você está fazendo um trabalho para matar um desejo, que é a sua prova, só será morto na hora que você não mais se sentir constrangida em tê-lo. Na hora que não mais achar feio tê-lo, achar que não deve sentir o que sente.

Não estou falando com isso que deve ceder ao desejo físico. Se ceder, cedeu, não há problemas. O que estou falando é que deve libertar-se do ter que ser para ter, do ter que ter para ser.

Esse é o grande problema daquele que quer ser feliz: não ter o poder da felicidade. No seu caso a sua felicidade não está na sua mão, mas nas mãos das regras humanas. São elas que lhe ditam quando deve ser feliz e quando não deve. Se a sua felicidade está na mão dos outros, como é que quer ser feliz?

Pense nisso tudo que falei. Deixe a vida viver a vida e comece a trabalhar em si mesmo a libertação das regras e normas humanas para que possa ser feliz consigo mesmo.

 Mais um detalhe que não falei. Se por acaso a vida lhe levar a entregar-se e isso tiver consequências para você, o que fazer? Assuma as consequências. Ela não é gerada porque você cedeu ao desejo. Se ela acontecer, é porque isso deveria ocorrer, pois estava programado que seria assim antes de você nascer e nada nem ninguém ia conseguir muda-la.

Portanto, não tenha medo de libertar-se das normas e regras humanas. Saiba que o que tiver que viver, viverá. Por isso lute para ter a sua felicidade ao invés de lutar para acabar com uma coisa que não terminará enquanto essa prova for necessária.

O poder da felicidade

Extraterrestres e tribulações

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Extraterrestres e tribulações

118. Contato com extraterrestres

Uma pessoa me fala sobre notícias de chegada de extraterrestres, sobre a notícia de uma menina evangélica ter recebido a informação da volta do Cristo e das grandes tribulações que acontecerão no planeta e me pergunta se isso tem a ver com o que falo. Deixe-me tentar lhe explicar algo.

O mundo humano é tratado pelo ser humano como um elemento a parte do universo. Vocês se consideram os únicos habitantes do universo. Ironia: ainda dizem que acreditam em Deus. Pensando assim, imagino que vocês acham que Deus iria colocar tudo o que existe apenas para os seres humano se divertirem, apenas para namorarem à noite sob a luz das estrelas.

Não, essa crença é irreal. O universo é uma obra de Deus e cada cantinho dele possui uma razão para existir, pois o Pai não faz nada à toa, beleza, por fazer. Ele, como Cristo ensinou, dá a cada um de acordo com as suas obras. Por isso podemos entender que o universo é criado de acordo com a obra, o merecimento, de cada ser.

Portanto, sim, há extraterrestres. Agora, será que eles estão chegando? Vamos conversar sobre isso.

Como disse, vocês se imaginam o dono do universo, isolados dele, mas não são. Há muitos lugares e seres diferentes em cada parte dele. Se o universo é como um todo, ele precisa se unir. Por isso é essa ideia de vocês, de serem únicos, que precisa acabar. Mas, como vocês são como Tomé, precisam enfiar o dedo na ferida para poderem acreditar, ver para crer.

É por isso que eles precisarão vir. Agora, será que vocês estão prontos para eles? Se perguntar a qualquer ser humano, ele dirá que está, mas será que estão mesmos? Vamos tentar entender isso.

Em O Livro dos Espíritos, o Espírito da Verdade diz que o planeta Terra é o mais baixo na escala de elevação. Eu, como não falo tão bonito, digo que ele é o jardim da infância do universo. A partir disso, lhe pergunto: será que quem estuda no jardim da infância está pronto para conviver com um acadêmico que tenha título de doutro e pós graduação? Acho que não.

Quem está no jardim da infância quer aprender a colorir, a rabiscar. Quando um doutor se aproximar desta criança e começar a falar sobre teorias acadêmicas, ela vai buscar outras coisas para fazer. É só você reparar como se comportam as crianças que as mães levam para aulas onde assuntos mais importantes são conversados: elas saem e vão procurar um brinquedo para brincar no corredor.

Então, não, vocês não estão prontos para conversarem com eles. Sei que se imaginam os seres mais inteligentes do mundo, mas são crianças no jardim da infância aprendendo a unir pontinhos e a colorir figuras dentro dos lugares do desenho.

Ora, se vocês não estão prontos, eles não podem chegar. Por isso, se entendemos toda essa lógica, que compreendamos que é necessário adaptar vocês para poderem ter acesso a eles.

E aí é que vem a grande pergunta: como se adapta um ser humano que está num jardim da infância para conviver com alguém que tem diploma? Ensinando a esta pessoa o que o outro sabe.

Em que o extraterrestre é diplomado e vocês não? No amor universal.

No universo todos convivem dentro do amor universal. No planeta Terra, todos convivem na base do amor individual: eu ...

É esse o problema que vocês enfrentam para poder se comunicarem com os extraterrestres: é preciso aprender a deixar de viver a partir do eu e com a intenção de satisfazer este eu. É isso que vocês precisam evoluir para poderem ter este contato.

Como se faz esta evolução? Primeiro ensinando que é preciso universalizar o amor. Isso já foi feito no planeta? Já. Cristo, Krishna, Buda, Espírito da Verdade, o anjo Gabriel, que falou a Maomé, ou seja, os mestres da humanidade. Eles, apesar da diferença de palavras, só falaram do amor universal, só falaram de uma convivência harmônica entre todos. Uma convivência no nós e não no eu.

Quantos anos atrás? Nos últimos sete mil anos. O que mudou em vocês? O que os ensinamentos dos mestres trouxeram de mudança para a vivência do dia a dia? O que destes ensinamentos vocês, humanos, colocam em prática? Nada ...

Só usam os mestres para satisfazer o eu, para pedir para ganhar, para pedir para ter, para pedir para derrotar o outro. Não é assim?

Então, veja, é preciso que vocês se preparem para este encontro. É por isso que toda a espiritualidade está voltada para orientar sobre a universalização do amor.

Mas, como se prepara uma humanidade, uma coletividade, para amar universalmente? Dando a cada um segundo suas obras. Estou falando do carma, da lei da causa e efeito. É esta lei que vem preparando os seres encarnados neste planeta para o futuro encontro com os extraterrestres.

Vocês falam mal da guerra. Dizem que querem acabar com ela, mas vivem guerreando o dia inteiro. Vivem o dia inteiro querendo mostrar ao próximo que ele está errado, querendo ensinar o certo, que o outro faça o que você quer.

O que colhem nesta vida é o fruto desta forma de viver. É esta forma de agir que gera o merecimento que vocês têm.

119. Tribulações

Quando entendemos a questão da lei da causa e efeito, da lei do carma, chegamos, então, ao segundo tema levantado por esta pessoa: as tribulações.

As tribulações que todos os mestres e os trabalhadores de Deus declaram que vão acontecer sobre o planeta no final dos tempos é justamente o resultado da vivência egoísta que o ser humano tem. Ela serve não para machucar os seres aqui encarnados, para feri-los, mas para acordá-los. Elas servem para que o ser humano constate que o sistema humano de vida, ou seja, cada um viver a partir de si e buscando a sua própria satisfação, é um sistema falido. É algo que não lhe leva a conviver harmonicamente com o universo.

É este o sentido das tribulações que já ocorreram e que ainda ocorrerão. Cada vez que a vida fica mais difícil, quando o resultado da vivência humana vai causando cada vez mais problemas ao espírito encarnado, ao invés de se concentrar em resolver essas questões, o que o ser precisa é acordar para a ideia de que essa forma de existir só levou ao que acontece diuturnamente. A partir do momento em que alcançar este entendimento, o ser humanizado deve buscar mudar o seu interior, mudar a si mesmo.

É esse o sentido da tribulação que o planeta passará. Ela é a grande colheita de tudo o que foi plantado pelos espíritos que encarnaram e desencarnaram nos últimos sete mil anos.

Portanto, sim, os extraterrestres vão voltar e essa volta é necessária para que o planeta Terra se espiritualize. Para isso é necessário que haja grandes tribulações por aqui e assim vocês entendam que não podem querer comungar com seres extraterrestres aprisionados dentro do sistema humano de vida, aprisionados a viver a partir da sua própria ideia e querendo sempre que tenha um proveito individual.

Se hoje um extraterrestre chegasse na Terra, muitos iriam querer ser amigo deles para poder ter algum proveito individual. Outros se aproximariam, mas não para escutar, mas sim para tirarem fotografas e mostrarem aos outros como eles são poderosos. É por isso que não haveria condições deles já estarem aqui.

Portanto, sim, haverá tribulações, mas por favor entendam que elas só alcançaram, só causarão danos àqueles que não estiverem dispostos a se universalizarem, aqueles que não dispostos a libertarem-se do sistema humano de vida, aqueles que não estiverem dispostos a viver a partir do nós.