Tragédia em Santa Maria
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Breve comentário de Joaquim de Aruanda sobre o incêndio da boate Kiss em Santa Maria - RS, que vitimou centenas de jovens.

Tragédia em Santa Maria

A tragédia em si

Filhos, na nossa última conversa, que ocorreu durante a Festa de Nossa Senhora, no ano passado, transmiti a informação de que não mais estaria junto a vocês, fazendo reuniões para conversarmos sobre os ensinamentos que ajudam a cada um a promover a sua reforma. Disse isto, nas também falei que não iria sumir de uma vez. Disse que estaria sempre à disposição de vocês quando precisassem, para alguma orientação, para conversar a respeito do trabalho da encarnação de cada um. É por isso que eu estou aqui hoje.

No dia de hoje, há a necessidade de conversarmos um pouquinho para poder colocarmos o trem nos trilhos certos. O que há no dia de hoje, que pode tirar o trem da caminhada para a elevação espiritual de vocês dos trilhos? O que aconteceu na cidade de Santa Maria, onde desencarnaram centenas de espíritos que estavam vivendo em corpos de jovens.

Este fato está causando uma grande consternação entre vocês, e muitos estão ligando isto ao que falei a respeito do novo tempo que está surgindo, das novas provações que estão acontecendo a partir do dia 21 de dezembro do ano passado, 2012. Acontece que o incêndio que ocorreu numa boate daquela cidade, não tem nada que ver com isso ...

Claro que tragédias sempre aconteceram e continuarão acontecendo. Elas são uma forma do mundo espiritual promover acontecimentos que mexam com as posses, paixões e desejos enraizados nas mentes humanas. Só que não são esses os acontecimentos mais importantes para a caminhada do ser humanizado. Os eventos que marcarão este período do novo tempo, terão profundidade muito maior.

Este acontecimento, apesar de ter seu lado trágico, não faz parte deste novo tempo. Até porque, duzentos e trinta pessoas perderem a vida não é um fato trágico inédito no mundo; no planeta morrem, de forma trágica, muito mais pessoas todos os dias. Se juntarem os ataques terroristas, as guerras que estão acontecendo, o cair de raios, inundações, terremotos, acidentes de automóvel, verão que diariamente morrem, de forma trágica, muito mais pessoas do que naquele incêndio.

Na verdade, a grande consternação que vocês estão tendo com relação a este acontecimento, é porque ele se deu no Brasil. Por este motivo estão tendo mais contato com informações a respeito do acontecido, a televisão está falando, o jornal vai falar, e este maior contato os leva a viver uma maior consternação. Só que acidentes como este acontecem diariamente em volta do planeta.

Todos os dias esta mesma quantidade, ou quantidades maiores de pessoas perdem a vida, acabam a encarnação de modo trágico. Todo dia existem acontecimentos que podem ser chamados de trágicos, que no total vitimam um número maior de pessoas do que aquelas que desencarnaram na boate em Santa Maria. Vocês não vivem a consternação que estão tendo por conta deste acontecimento, porque muitas vezes nem sabem do que aconteceu, e quando têm notícia, como o que ocorreu, foi distante do seu círculo de vida; não há grande divulgação.

Portanto, a primeira informação que trago hoje é para deixá-los mais tranquilos com relação às tribulações que marcam o novo tempo. Como disse na Festa de Nossa Senhora, sim, haverá acontecimentos de desencarnes, mas não aqueles onde milhares de pessoas vão perder a vida de uma vez. Continuarão acontecendo tragédias, onde pequenos grupos de seres humanos perdem suas vidas, mas esses fatos não marcam o período em que está vivendo o planeta. Eu diria que se tratam de fatos corriqueiros, que não possuem nenhuma excepcionalidade.

Mas, já que estou aqui, que tal conversarmos mais um pouco?

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As carências

Quero aproveitar esta oportunidade e lembrar o que falei na Festa de Nossa Senhora. Lembro que abordei muito a questão de vocês estarem vivendo uma vida onde, aparentemente, bastava desejar para conseguir, bastava querer para ter, e quando o fiz disse que este período iria acabar. Agora, vocês e muitos, já estão começando a ver que isto está acontecendo. No curto tempo que marca aquele encontro, do início de dezembro, até hoje, muitos já podem ver que a bonança está passando.

Esta percepção é muito mais importante do que o que aconteceu em Santa Maria. Ela fala muito mais diretamente ao trabalho de vocês, no sentido da caminhada espiritual, do que o que aconteceu hoje naquele lugar em que os jovens estavam dançando.

As notícias do que está acontecendo no país de vocês estão aí: o sonho paradisíaco do brasileiro está começando a cair por terra. Aqueles que se ufanavam com a prosperidade que era vivida, já perceberam que o fenômeno do ‘querer e ter’ foi produzido artificialmente. Apesar disso, muitos ainda vivem a ideia de que basta querer para ter, que as condições para isso aparecem. O que esses seres não veem, é que por causa desta ideia, estão preparando a cama para eles amanhã.

Lembro que uma pessoa, quando estávamos terminando a primeira parte da conversa na Festa de Nossa Senhora, me perguntou: “Joaquim você só está falando em adquirir bens materiais; fale um pouquinho mais desse novo tempo com relação às outras coisas”. Naquele tempo e agora, pode parecer que estou insistindo num ponto sem importância, conseguir o que se deseja ter, principalmente quando nos referimos a objetos materiais, mas esta falta de importância não é real. Para vocês, mesmo aqueles que se dizem espiritualistas, ter possui importância, mesmo quando falamos de objetos materiais.

Quantas vezes tivemos reunião onde as pessoas diziam que não se interessavam por coisas materiais, mas cada uma delas tinha no bolso um celular? Não estou falando apenas de ter um aparelho, mas o que podia se notar é que eram aparelhos novos e de tecnologia avançada, o que nos leva a crer que se tratavam de aquisições recentes. Por isso, afirmo que o discurso não bate com a realidade: apesar de dizer que não se interessavam, o interesse pelas coisas materiais estava estampado nessas pessoas, inclusive em suas perguntas, que sempre se baseavam no conseguir algo.

 Portanto, o que está começando a acontecer no aspecto econômico do Brasil é o mais importante hoje na caminhada de vocês. Não digo isto por conta de ter ou não, por poder comprar ou não, mas porque atrás do desejo de comprar existe uma posse moral, uma posse material e uma posse sentimental. Essas posses, como já conversamos, levam à paixão e ao desejo, e por isso o ser humanizado vive em sofrimento.

“Por que que ele pode ter e eu não? Eu mereço ter a mesma coisa que ele ... Por que eu não posso comprar o mais moderno, se eu gosto das coisas mais avançadas tecnologicamente? Eu trabalho o dia inteiro, porque não posso ter o que quero?”

São para essas formações mentais, que estão por trás do ato físico que vivem, que vocês ainda não acordaram. Por isso, ainda não se entregaram a lutarem para não se identificarem com essas coisas, para se libertarem delas.

Para alguns, hoje ainda é possível realizar o sonho de ter. Por isso, o que estou falando parece sem importância. Só que apesar do curto espaço de tempo entre aquela conversa e esta, outros que conseguiam, já não podem mais realizar o sonho. Por isso, o não poder comprar o que quer começa a doer.

Essa dor precisa ser atacada. É muito mais importante, no sentido espiritual, hoje, atacar essas posses do que lamentar os mortos em Santa Maria, ou buscar os culpados para o que aconteceu.

Este ataque, no entanto, não pode ser feito com remedinho paliativo – “se não consigo comprar o que é mais moderno, vou me contentar com esse que é quase igual àquele” – mas precisa ser feito na raiz da dor. O ataque que pode ajudar aquele que quer aproveitar a encarnação nos dias de hoje, é feito na raiz que está escondida e que vocês não veem: a posse, a paixão e o desejo.

Achar que tem que ter: é exatamente isto que precisa ser atacado. Alguns já estão começando a sentir esta dor, a sentir que até ontem podiam satisfazer aquilo que chamam de necessário, mas que hoje já não podem. No entanto, a grande maioria ainda acha que pode ter o que quer. Só que pergunto a esses: a que preço estão mantendo os seus quereres?

A que preço estão satisfazendo esse sonho? Ao custo do endividamento, ou seja, vocês estão vendendo o jantar para comprar o almoço. Quando chegar a hora do jantar, como é que vai ficar? Será que vão vender o almoço do outro dia? E quando tiverem que vender o almoço e o jantar do outro dia para almoçar hoje, como será o dia seguinte?

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O EEU e as carências

Filhos, parece que estou tratando de um assunto que nada tem a ver com o espiritual, mas tem tudo a ver, pois o mundo espiritual é o interior de vocês, e não algo que esteja fora daqui. Por isso, não importa o que vocês estão comprando, o que estão realizando, o importante é o interior de cada um.

O que acontece aqui fora é motivado e traz reflexos ao mundo interior. Como vocês não conhecem esse mundo, como não trabalham o que ali se passa, como não têm consciência do mundo interior a cada momento, é por isto que falo do mundo exterior. Preciso usar de exemplos do mundo externo para falar, mas estou falando do interior de vocês.

Quando abordo as carências do novo tempo, não estou falando contra comprarem isso ou aquilo. Não estou falando contra terem uma coisa nova ou não. O que estou dizendo, é que precisam viver com atenção plena ao mundo interior, enquanto desejam ou compram coisas, para não se deixarem ser levados por questões que parecem não ter nada que ver com elevação espiritual, mas têm.

Nesta mensagem, então, reforço tudo que já conversamos: parem, pensem, analisem a si mesmos, conheçam-se por dentro, não aceitem a justificativa que a mente cria de que alguma coisa é necessária, de que é importante ter, de que você tem que ter. Não aceitem a justificativa que a mente cria, que diz que o meio para se conseguir o que é sonhado não importa: o importante é alcançar o objetivo.

Volto a dizer que, cada dia mais, no mundo e neste país, a possibilidade de realizar seu sonho está ficando mais difícil, seja quanto a ter objetos materiais ou outras coisas. Por isso, vocês precisam despertar para esta questão e dominar este querer, para que não sofram.

Recentemente, por conta do nosso afastamento, o que não é comum no início do ano, as pessoas disseram que este trabalho acabou. Eu digo a elas: claro que não. Na verdade, o trabalho vai começar agora.

Nossa missão nunca foi apenas trazer as informações do plano espiritual, os ensinamentos que trouxemos. Isto, perto do que precisamos fazer, é irrelevante. Nosso trabalho é ajudar a caminhada de cada um. Este trabalho vai começar agora.

Nossa missão, como dizem os budistas, é auxiliá-los a despertar para o mundo interno de vocês. Despertarem não no sentido de terem ou não um celular, mas para descobrirem dentro de vocês, que aquele aparelho virou uma paixão. Por conta dessa paixão, o relacionamento com ele é realizado dentro de uma posse e com desejos. Vocês precisam despertar para isto. Enquanto não despertarem para a essência das coisas, não despertarem para a essência do que está por trás de cada ato, vocês não conseguirão trabalhar nada, no sentido espiritual. Não conseguirão fazer nada para aproximarem-se de Deus.

Enquanto a sua vida for vivida dentro da condição do não poder deixar de ter, ela será vivida com sofrimento, a vida será sofrida. Esta é a minha preocupação. Não me preocupo com você ter ou não coisas, mas com o seu sofrimento por não ter.

Foi para preparar vocês para o dia do não ter, que agora está próximo, que eu falei durante catorze anos. Pelo mesmo motivo é que estou aqui agora falando de novo. Não menosprezo o que aconteceu na boate nesta madrugada, mas para a elevação espiritual é muito mais importante se falar o que dissemos, do que lamentar e chorar as mortes ou procurar culpados.

Só que este despertar, filhos, não acontece sozinho. Ele não surgirá porque vocês conseguiram sozinhos analisar a questão no dia a dia. É como me disseram ao longo deste tempo que conversamos: é necessário que toques sejam dados para que a ficha caia. É por isso que volto a dizer o que falei durante a Festa de Nossa Senhora: procurem convivência com aqueles que estão envolvidos no mesmo processo que vocês. Mesmo que não consigam estar juntos, frente a frente, mesmo que na sua cidade não exista um grupo de pessoas envolvidas nesse processo, para se reunirem, ou se existe não se reúnem, procurem ter contato por outros modos com eles.

É preciso que se abram para os afins e os ouçam. As observações que serão feitas por eles, certamente vão fazer cair as fichas necessárias para o seu despertar.

Foi isto que quis dizer naquele dia, e que hoje repito: aquele que tentar enfrentar este mundo, com sua nova realidade, sozinho, vai fracassar. Este fracasso será marcado pela vivência do sofrimento, que estará presente nessa nova realidade do mundo. Já aquele que for sacudido por uma pessoa de fora, tem a possibilidade de passar por essa realidade com menos sofrimento.

Encerrando, deixo aqui às pessoas que me ouvem, a mensagem de que o acontecimento de hoje, assim como acontecimentos diuturnos que irão acontecer neste planeta – falo no sentido de tragédias, de provocar grande quantidade de desencarnes ao mesmo tempo – nada têm que ver com o processo de elevação. Já as suas contas no final do mês, têm tudo a ver com isto.

Que a paz de Deus esteja com vocês, e volto a repetir: estou sempre à disposição para quem quiser conversar conosco, no sentido de auxiliar nesse processo.

Em nome de Deus! Salve!