Reforma íntima - Textos - Volume 09

Reforma íntima - Textos - Volume 09

Coletânea de textos referente à reforma íntima

Reforma íntima - Textos - Volume 09

Universo

Quando se fala em definir Universo, a questão parece ser simples demais. Universo é o conjunto de planetas, estrelas, sóis e espaços existentes: o cosmo. No entanto, como veremos neste item, ele é muito mais do que isto. A compreensão que leva o ser a alcançar o bem celeste é muito maior do que a descrição simples dos componentes materiais.

O Universo é tudo: esta seria uma definição compatível com a visão universalista. Isto é de conhecimento da humanidade e já foi ensinado pelos mestres. Porém, esta visão ficou apenas no campo teórico e não avançou para a prática da vida.

Quando afirmamos que o Universo é tudo, temos que incluir nele todos os elementos que conhecemos. Este livro, suas letras, o papel, você, eu, todos somos o Universo. Não somos apenas parte dele, mas somos o Universo.

Sendo o Universo o somatório de tudo que existe, podemos afirmar que se não houvesse este livro, se estas palavras não tivessem sido escritas, não estaríamos no Universo que estamos. Qualquer elemento que exista que não tivesse sido criado levaria a algo diferente do que temos hoje e, portanto, afetaria o Universo como conhecido.

Portanto, a definição mais precisa para Universo não seria aquela que compreendesse apenas macro formas, mas é preciso se compreender que todas as coisas são o Universo.

Este é o ensinamento de Sidarta Guautama, o Buda, intitulado “não-eu”. As coisas do Universo são individualidades, mas não são unas. Elas possuem características distintas entre elas, mas são compostas, formadas pelo somatório do todo.

Imaginemos um gigantesco quebra cabeças: isto é o Universo. Cada elemento (material ou racional) é uma das peças que, unindo-se, formam o conjunto: o quebra-cabeça. Podemos afirmar que o quebra-cabeça é uma individualidade, mas ela é formada pelo somatório de todas as peças e não algo indivisível.

Quando o ser alcança o universalismo participa desta verdade. Apesar de manter sua individualidade, ele trabalha para a individualidade maior (Universo). Ele abandona o individualismo e alcança o universalismo.

Hoje, porém, a realidade é outra. Cada uma destas peças imagina que o seu desenho já é o todo e que basta apenas ele mesmo para refletir o resultado final. São peças soberbas, que não compreendem que se tratam apenas de minúsculas partes e que precisa haver a fusão com as demais para que o seu desenho faça algum sentido. Mas, isto será falado mais adiante. Por enquanto, continuemos buscando os elementos universais.

Podemos, dentro da simbologia do quebra-cabeça, afirmar que o “encaixar” das peças é a ação social dos seres. Os relacionamentos do ser universal através de contatos “físicos” ou por atividade mental pode ser comparado ao encaixar das peças do quebra-cabeça Universo.

A partir desta visão, podemos nos aprofundar ainda mais na definição de Universo. Ele não é apenas os elementos que o compõe, mas também as ações que são praticadas dentro dele. Tudo faz parte do Universo, inclusive tudo aquilo que é praticado fisicamente ou mentalmente.

Assim, o pensamento de cada um é o Universo, o compõe e já é universal, apesar de cada um imaginá-lo individual. Esta é a visão do todo ensinado pelos mestres: todas as coisas (pessoas, objetos e acontecimentos) são o Universo, pois se encaixam perfeitamente para formar um resultado único.

Isto é muito mais do que visualizar o Universo como a imensidão cósmica que nos cerca. O mais simples pensamento do ser humano faz o Universo, pois se ele fosse diferente, o todo seria outro.

O ser humano pensa que pode esconder-se no íntimo de seus pensamentos e que estes não refletirão sobre a profundeza cósmica, mas está enganado. Como Jesus Cristo nos alertou, os animais têm seus ninhos e suas tocas para descansar, mas o homem não tem onde repousar sua cabeça.

Mesmo o que acontece no íntimo de cada um forma o Universo que conhecemos. Daí tantos alertas da espiritualidade para a consciência dos pensamentos que cada um emite. Por isto Jesus Cristo também nos ensinou que não há necessidade de praticar: apenas ao desejar o pecado já terá sido cometido.

Estes são os elementos ou componentes que formam o “espaço” universal: os astros, os seres, os objetos e os acontecimentos que estes elementos geram. No entanto, para conhecermos mais profundamente o Universo precisamos definir mais um aspecto: “tempo”.

Quando se fala de tempo é preciso se ter em mente três momentos: passado, presente e futuro. Passado o que já ocorreu; presente o que está acontecendo e futuro o que ainda surgirá.

Todas as coisas surgem do futuro, passam pelo presente e vão para o passado. Quando estão ainda no primeiro momento (futuro) não existem, pois se transformam em realidade quando chegam ao presente; quando saem deste e vão para o passado acabam, ou seja, deixam de existir.

Desta forma, podemos concluir que o único momento que existe é o presente. O futuro ainda está sendo concebido e o passado é o presente que se extinguiu. Portanto, existe um só tempo: o presente.

Aplicando-se este conhecimento ao nosso tema, podemos afirmar que o Universo é o momento presente de seus componentes. O que irá acontecer não existe e o Universo que já aconteceu acabou, foi para o passado. Universo, portanto, são os elementos universais e suas atividades no presente.

Não existe um Universo eterno, mas uma renovação constante. A cada presente o Universo se renova em elementos e acontecimentos. Células e moléculas dos corpos físicos “nascem” e “morrem” a cada momento. Formas que estavam compactas são separadas (quebrar). Isto transforma o Universo constantemente.

Como definimos antes, o Universo é o conjunto dos elementos que existe e se algum deles alterou-se ou não mais existe, o resultado final (desenho do quebra-cabeça) também foi alterado. Portanto, não podemos conceber o Universo como algo estático, inerte, mas como alguma coisa extremamente dinâmica como o próprio “presente”.

O que é o momento presente? Santo Agostinho, no seu livro “Confissões” nos dá o seguinte pensamento:

“Olha para lá onde surge a aurora da verdade. Imagina, por exemplo, que a voz de um corpo começa a soar, soa e continua a vibrar. Depois, cessa; vem o silêncio. A voz passou, não existe mais. Antes de soar era futura e não podia ser medida, porque ainda não existia, e agora não pode porque não existe mais. Podíamos medi-la naquele instante em que soava, porque existia e podia ser medida. Mas mesmo nesses momentos não era estável, porque vinha e passava. Será que essa instabilidade é que a torna mensurável?”.

Ora, o som é uma ação do ser, ou seja, um elemento do encaixe das peças que compõem o quebra cabeças. Portanto, é o Universo. Por isto podemos utilizar este elemento para compreender o tempo de existência do Universo.

Assim como Santo Agostinho, o nosso interesse neste momento é conhecer a extensão do presente para descobrir o elemento tempo do Universo.

Quando falamos a palavra “presente”, por exemplo, não estamos dizendo apenas uma palavra, mas uma série de sons que compõem as letras. “Presente” é a junção das sílabas (sons) “pre”, “sen” e “te”.

Analisando pelo sistema de Santo Agostinho (medir o som enquanto ele existe), podemos concluir que quando falamos a sílaba “sen” o som do “pre” não mais existe (é passado) e o “te” ainda não chegou (é futuro). Portanto, podemos concluir que o presente é a sílaba que falamos. No entanto, temos que ir ainda além.

Uma sílaba não é alguma coisa una. Ela é formada pela junção de letras. O “sen” é o somatório das letras “s”, “e” e “n”. Desta forma, enquanto pronunciamos a sílaba “sen” existem três momentos diferentes. Quando chegarmos ao segundo momento (“e”), o primeiro (“s”), já acabou e o terceiro (“n”), ainda não chegou.

Podemos, então, afirmar que o presente é cada letra que compõe esta palavra, mas, mesmo assim, ainda estaríamos afastados da realidade. O som de cada letra é formado por mais de uma letra. É algo composto e enquanto houver composição poderá ser desmembrado gerando tempos diferentes.

Conclusão: o presente é algo tão fugaz que não pode ser mensurado. É uma minúscula partícula de tempo que o ser humano nem nenhuma máquina é capaz de mensurar. Este é o tempo de existência do Universo.

A cada micro fração de tempo um universo “morre” (vai para o passado) e “nasce” (sai do futuro para o presente). Esta é a compreensão universalista sobre Universo e também o ensinamento oriental sobre a impermanência das coisas.

Segundo Buda, todas as coisas se transformam a cada momento e somente isto bastaria para compreendermos que a cada momento um “novo” Universo surge. Componentes que não existiam passam a existir e outros que ali estavam deixam de estar.

O conhecimento deste dinamismo cósmico é fundamental para a reforma íntima. Como Jesus Cristo nos ensinou é preciso orar e vigiar para se alcançar o reino do céu, ou seja, é preciso estar atento a cada micro fração de tempo para verificar a forma com que cada um se encaixa nas peças que o circunda para compor o Universo.

Não adianta apenas rezar (religar-se com Deus) quando acordar ou dormir, mas é preciso a vigilância constante a cada micro fração de tempo, pois a “vida” dura apenas este momento fugaz.

Sim, não existe ninguém que tenha anos, meses ou dias, pois tudo isto é passado e já acabou. A cada micro fração de tempo, que apenas por convenção chamaremos daqui por diante de “segundo”, a “vida” começa e acaba. Desta forma todos os seres existem há apenas um segundo e “viverão” apenas este segundo.

Isto nos traz uma realidade completamente diferente. Para que projetar futuro, para que se prender ao passado. Temos apenas um segundo para viver e precisamos aproveitá-lo em toda a sua plenitude para realizarmos a reforma íntima.

Enquanto você está lendo esta frase, muitas vidas existiram. Aproveitá-las ou não dentro do sentido espiritual ou material, buscando o espiritualismo ou o materialismo, foi uma opção sua.

A partir desta análise, podemos mudar a definição de Universo como até agora a tínhamos visto. Não mais elementos materiais, mas um lampejo. O Universo é o presente, a micro fração de tempo que cada um vivencia, o “segundo” na existência dos seres.

Pensar no Universo como elementos materiais faz o ser humano desperdiçar o tempo que tem para reformar-se. Os elementos só existem neste segundo e quando o ser acabar de “pensar” sobre eles já vivenciou muitos elementos. O Universo trata-se de um momento tão fugaz que a dispersão em qualquer outro assunto que não seja a promoção da sua reforma é desperdício.

Mas, agora que já definimos as coisas do Universo (quebra-cabeça que é montado a cada micro fração de tempo), devemos fugir da forma. Todos os mestres nos ensinaram a conhecer a essência das coisas e não a forma seja ela material ou temporal. Por isto, vamos buscar agora a essência do Universo, ou seja, deste “segundo”.

No livro Gênesis da Bíblia Sagrada está escrito:

“No começo Deus criou o céu e a terra”.

Todas as religiões que existem ou existiram sobre o planeta afirmaram que o Universo é obra de um Criador. Neste trabalho definiremos o Criador pelo nome Deus, mas você pode chamá-lo de Alá, Jeová ou Krishna: tanto faz. O nome é apenas a representação gráfica de alguma coisa. Desta forma, qualquer que seja o nome que você dê ao Criador será sempre Ele.

Criar o céu e a terra (Universo) dentro da nossa analogia do quebra-cabeça é montá-lo, organizar suas peças encaixando-as de tal forma que apresente o resultado: o desenho final. Desta forma, podemos comparar Deus ao montador do quebra-cabeça e por isto o chamamos no item anterior de “Causa Primária de todas as coisas”.

Juntando este conhecimento à definição do Universo, podemos compreender que a cada segundo Deus faz o Universo, encaixa as peças. A partir daqui podemos, então, nos aprofundar no conhecimento sobre o Universo, penetrar na sua essência: um ato divino.

O Universo não são seus elementos nem a micro fração de tempo que existe, mas é um ato de Deus, uma ação divina. Ele não é nem o resultado da ação, mas o ato em si. Isto é o todo, a única coisa que existe: a ação de Deus.

Cada mudança nos elementos, cada ação individual destes, é um ato de Deus. Não existe outro Criador, outro ser que aja, mas tudo o que existe é a ação de Deus.

Nosso Universo já está bem diferente do que quando começamos esta leitura. Antes pensávamos na imensidão cósmica, na magnitude de elementos ao longo da eternidade. Agora alcançamos algo incomensurável e fugaz.

Afirmar-se espiritualista ou universalista e não viver esta realidade é viver em um Universo diferente daquele que existe. Todo raciocínio até aqui desenvolvido é conhecido da ciência humana e, portanto, faz parte da cultura dos seres aqui encarnados. No entanto, o “mundo” do ser humano não é visto desta maneira.

Para se alcançar esta compreensão é preciso meditar, ou seja, raciocinar o raciocínio. Para alterar os seus componentes (reforma íntima) o ser precisa descer da análise tanto dos elementos macros como unos e considerar profundamente a composição de tudo (não-eu). É preciso buscar cada vez mais dividir as partículas conhecidas até que se chegue ao indivisível: o Criador, a Causa Primária.

É isto que o Espírito da Verdade ensinou a Allan Kardec:

“7. Poder-se-ia achar nas propriedades íntimas da matéria a causa primária da formação das coisas?” “Mas, então qual seria a causa dessas propriedades? É indispensável sempre uma causa primária”. (O Livro dos Espíritos).

Esta é a base de nosso raciocínio: a procura da “menor” partícula universal. O Criador está por trás de todas as coisas existentes a compondo. Tudo que existe é composto, porque no mínimo foi formado por Deus e outro elemento. Por isto Jesus Cristo nos ensina: Deus é tudo e tudo é Deus.

No entanto, para a reforma íntima ainda não podemos parar por aqui sob pena de não alcançarmos a verdade absoluta do Universo. Isto porque tudo o que vimos até aqui ainda é analisado pelo ser humano, ou seja, julgado. Os critérios de “bom” ou “mal” ainda estão presentes.

Parando por aqui nossa análise, poderíamos ainda continuar vendo “injustiças” e “ferimentos” nas coisas do Universo, o que nos levaria à conclusão de que Deus é capaz de ferir ou cometer injustiça. Isto é impossível.

Todos os mestres nos ensinaram que o Criador é “soberanamente justo e bom” e, por isso todas as Suas ações têm que ter esta motivação. Ao definirmos profundamente o Universo precisamos alcançar a verdade absoluta sobre este elemento para não abrir espaço para considerações individualistas.

O Espírito da Verdade ensinou:

“38. Como criou Deus o Universo?” “Para me servir de uma expressão corrente, direi: pela sua vontade. Nada caracteriza melhor essa vontade onipotente do que estas belas palavras da Gênesis – Deus disse: Faça-se a luz e a luz foi feita”. (Livro dos Espíritos).

Ora, se ação divina é o Universo, podemos afirmar que ele é a “vontade de Deus” e não um ato leviano e inconseqüente. Atribuir-se a formação universal a coisas não inteligentes (acaso, sorte, azar) seria um ato de leviandade. “E demais, que é o acaso? Nada”. (Livro dos Espíritos – pergunta 08).

Allan Kardec compreendeu perfeitamente o ensinamento e declarou:

“A harmonia existente no mecanismo do Universo patenteia combinações e desígnios determinados e, por isso mesmo, revela um poder inteligente. Atribuir a formação primária ao acaso é insensatez, pois que o acaso é cego e não pode produzir os efeitos que a inteligência produz. Um acaso inteligente já não seria acaso”. (Livro dos Espíritos – pergunta 08).

Portanto o Universo (ação dos elementos universais) é inteligente porque é obra de Deus, a Inteligência Suprema do Universo; é justo, porque foi gerado pela Justiça Perfeita; e é amoroso, porque sua fonte é o Amor Sublime.

Conhecendo a “menor” partícula universal (Deus, a Causa Primária de todas as coisas) e Seus atributos, podemos então definir completamente o Universo: o Amor de Deus em ação, Perfeito e Justo. Este é o conhecimento que o universalista e o espiritualista tem sobre as coisas (pessoas, acontecimentos e objetos).

A vivência com esta realidade absoluta, do exato momento em que cada um vive, leva à reforma íntima, pois permite a perfeita integração com o todo. Não mais sofrimentos por ferimentos, não mais acusações de injustiça, mas sentir-se amado por Deus a cada segundo.

O “mundo” que vivemos é o Amor de Deus em ação e por isto João, o Evangelista, afirma: No princípio era o Verbo, a ação do amor.

O ESPIRITUALISMO ECUMÊNICO UNIVERSAL, como instrumento da espiritualidade para ensinar o amor a Deus sobre todas as coisas, pauta todas as transmissões dos seus ensinamentos nesta compreensão do universo.

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Deus

O que é Deus?

Há milhares de anos entre os seres humanos existe a procura para descobrir o que é Deus. A resposta talvez seja muito mais fácil do que se pode imaginar: Deus é apenas uma palavra. Juntando-se as letras “d”, “e”, “u” e “s”, se tem a palavra Deus.

Entretanto, uma palavra é apenas uma “faculdade de expressar idéias por meio de sons articulados” (Mini Dicionário Aurélio – 3a. Edição). O importante na procura de quem é Deus não é a escolha da palavra utilizada, mas sim da idéia que se quer expressar através desta. Outras palavras podem ser utilizadas para expressar a mesma idéia (sinônimos), como por exemplo: Jeová, Alá, natureza etc. O importante na busca da compreensão de Deus não é a palavra que é utilizada para defini-lo, mas qual a idéia que se tem Dele.

Por isto, existe o conhecimento popular que afirma que existe um Deus diferente para cada ser humano. Isto ocorre porque cada espírito, dentro do seu processo evolucional, tem uma idéia sobre Deus, ou seja, apesar de todos utilizarem a mesma palavra, cada um está expondo uma idéia diferente.

Cada ser humano utiliza, portanto, os seus conceitos para formar a idéia do que é Deus. Como ensinado pelo Espiritualismo Ecumênico Universal, as concepções formadas com utilização de conceitos individuais não podem ser uma “Verdade Universal”, mas sim particular. Por este motivo, nesta busca de se definir Deus, precisamos utilizar como parâmetros as informações passadas pelos seus enviados, os Mestres da humanidade, uma vez que eles não se utilizaram de conceitos e agiram em nome do Pai.

Todos os Mestres foram unânimes em afirmar que Deus é a Causa Primária de todas as Coisas: Jesus nos disse que não cai uma folha da árvore sem que o Pai a faça cair; na primeira pergunta do “Livro dos Espíritos” a resposta dada pela espiritualidade é exatamente o termo que usamos acima; Maomé recitou que o anjo Gabriel lhe havia dito que tudo está escrito e nada acontece sem que Deus presida a execução. Mesmo Buda, cujos ensinamentos não contemplam a palavra Deus, afirmou que o Universo é regido por uma força comandante superior.

Portanto, abortando os conceitos humanos, temos que entender como “Verdade Universal” que Deus é a Causa Primária de todas as coisas. Este tem que ser o ponto de partida para a idéia que se expressa ao se articular a palavra “Deus”.

O ser humano possui diversos “deuses” (causa primária) para os mais variados assuntos. Ele não vê esta Verdade Universal porque está preso às suas verdades conceituais. Para ele, Deus não está na Terra, mas preso no céu, de onde assiste o desenrolar da vida da humanidade, aguardando o seu retorno ao reino celeste para que Ele possa agir. O máximo que o ser humano aceita é que Deus venha até as igrejas ou templos, aonde vai para recorrer a Ele quando se acha impotente para causar o que quer.

Isto ocorre porque o ser humano imagina-se um “deus”, ou seja, o causador dos acontecimentos. Tudo que “faz” é causado por ele mesmo sem a menor intervenção do Pai Eterno. Se existem louros a serem recebidos, confere a si mesmo, mas também imputa a si mesmo as penas. Ele só recorre a Deus quando se sente incapaz de conquistar o que deseja. Nestes momentos, atribui a Deus o seu real sentido (Causa Primária) e pede a Sua intervenção para que ocorra o que ele quer.

Entretanto, o Ser que exerce a Causa Primária não pode fazê-lo sem que para isso tenha os atributos necessários. Somente Deus pode ser a Causa Primária das coisas, pois Ele tem as “qualidades” que lhe conferem esta posição. É por este motivo que o Espiritualismo Ecumênico Universal afirma que o ser humano não pode ser o “deus” de nenhum acontecimento da vida carnal.

Para que um ser possa causar as coisas, é necessário que ele comande com Perfeição. Uma organização só subsiste pela eternidade se não forem cometidos erros. Caso houvesse no Universo a possibilidade de falhas serem cometidas, o caos se instalaria, pois não poderia haver a “confiança” do caminho a ser seguido.

Deus é a Inteligência Suprema do Universo e por isso causa todos os acontecimentos com Perfeição. Ao espírito em evolução não pode ser atribuída esta função, pois ele carece de informações sobre todas as coisas universais para não cometer erros. Por isto, Deus tem que ser onipresente e onisciente, ou seja, tem que estar em todos os lugares e saber de tudo o que ocorre para comandar os acontecimentos sem falhas. Além disso, Ele tem de ser Único, porque se houvesse dois deuses um se sobreporia ao outro em superioridade de inteligência.

 Aquele que possui a Inteligência Suprema certamente comanda as coisas com justiça, ou seja, dá a cada um o exato que merece. Deus é a Justiça Perfeita, pois aplica com perfeição as causas do universo, dando estritamente o merecido a cada espírito. Para que esta justiça seja alcançada é necessário que Ele seja Imutável, não tenha dois pesos e duas medidas. O espírito em evolução, pela mesma carência de informações, certamente causaria injustiças, pois não possui todas as informações sobre as coisas universais.

No entanto, as causas não podem ser aplicadas como “penalidades” ou “castigo”. Acreditar em um Deus assim é aceitar a idéia de um Pai sádico, que não ama seus filhos, mas sim que busca castigá-los por não cumprirem suas determinações. Para poder aplicar as causas com Perfeição e Justiça, é necessário que a fonte delas seja amorosa. Por isto, Deus é o Amor Sublime do Universo. Não um Ser que perdoa tudo indiscriminadamente, pois isto não seria justo, mas um Pai que aplica um castigo com a única intenção de ensinar ao filho. A causa de todos os acontecimentos universais tem como base a elevação espiritual e não a punição de culpados.

Deus não causa as coisas com base em “vingança” ou “ajustes de contas”, mas tão somente para que o filho compreenda o sofrimento que causa em outros quando age daquela determinada forma e, com isto, não mais aja desta maneira. É o chamado “lenitivo da dor”. O espírito em evolução ainda possui a intenção de se “vingar” daquele que lhe causou dano, por isto não pode ser causador das coisas. Se ele fosse a causa das coisas, estaria apenas buscando o sofrimento alheio como reparo ao seu e não aplicando um ensinamento.

Por todos estes motivos é que Deus tem de ser o Todo-Poderoso, ou seja, ser o causador de todas as coisas universais, é Dele o comando do Universo, não como um exercício ditatorial, mas porque Ele possui os atributos necessários para isto.

Portanto, não importa com que letras se compõe o nome, mas tudo aquilo que for a causa primária dos acontecimentos de sua vida, será o seu Deus.

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Deus 2

O processo de reforma íntima caracteriza-se, portanto, pelo fim da humanidade do ser e pelo retorno à sua divindade que é, e que nunca deixou de ser. Esta divindade se expressa através do amor incondicional à Deus. No entanto, continuamos ainda perguntando: o que é Deus?

Se as verdades que o ser humano possui são embasadas pelo materialismo, pelos preceitos legais e pelo individualismo, é fácil ver que a consciência que se tem sobre o Senhor do Universo é formada a partir destes parâmetros. O deus que surge deste conhecimento é material, legislador e individual e não corresponde ao Ser Universal, Ecumênico e Espiritual que Ele realmente é.

Por este motivo, temos que começar todo o trabalho do ESPIRITUALISMO ECUMÊNICO UNIVERSAL, alterando os valores que os seres humanos dão a Deus.

A definição mais completa que existe no mundo carnal sobre Deus foi passada pelo “Espírito da Verdade” a Allan Kardec e está no Livro dos Espíritos: “Deus é a Inteligência Suprema, Causa Primária de todas as coisas”.

Esta afirmação, no entanto, foi compreendida pelos seres encarnados com base no materialismo, nos preceitos e no individualismo. Vamos, portanto, entendê-la sob o espiritualismo, ecumenismo e universalismo.

Na primeira frase da definição, Deus é considerado a “Inteligência Suprema”: o que podemos depreender desta afirmação?

No mesmo Livro dos Espíritos, a mesma fonte (“Espírito da Verdade”) afirma na pergunta 23 que o espírito é “o princípio inteligente do Universo”. Podemos, então, depreender daí que “espírito” e “inteligência” são sinônimos, dentro da visão espiritual. Isso fica bem mais claro quando lemos com atenção a pergunta 24.

“O espírito é sinônimo de inteligência?”

- “A inteligência é um atributo essencial do espírito. Todavia, como ambos se confundem num princípio comum, para vós são a mesma coisa”.

Relendo a primeira frase da definição contida no Livro dos Espíritos para Deus, podemos, então, compreender que “Deus é o Espírito Supremo”. Portanto, a primeira compreensão sobre o tema “Deus” é de que o Pai é o “Ser Universal Supremo”.

Deus é um ser. Não se trata de uma “coisa”, do próprio universo: é um princípio inteligente, um ser. Por isto, na Bíblia Sagrada está afirmado: façamos o homem (ser encarnado) a nossa própria imagem e semelhança”, ou seja, um outro ser. Esta passagem trata-se de um Ser gerando outro ser.

Esta é a primeira visão sobre Deus. Não se pode imaginar um ser humanizado, ou seja, que reaja com os mesmo padrões do espírito encarnado. Deus não possui os mesmos objetivos, as mesmas verdades de um ser poluído. Ele é o espírito mais elevado, cujas propriedades intrínsecas estão elevadas ao expoente máximo, ou seja, completamente puras.

Se o espírito não possui forma, não se pode também dá-la a Deus. Deus não é um velho de barbas brancas e longas. Deus é sem forma. Apenas para compreensão material (forma), o Espírito da Verdade disse que o espírito é um clarão, um brilho. Por isso podemos afirmar que Deus é um super clarão, um grande brilho, uma energia.

Esta comparação serve apenas para saciar a curiosidade do ser humano porque, mesmo o clarão e o brilho, ainda são compreendidos pela forma. Nos aproximaríamos mais da realidade se afirmássemos que Deus é como a energia elétrica que corre dentro dos fios: sem forma, não visível aos olhos, mas que pode ser sentida.

Esta também é a definição do “espírito” ou ser universal. Se cada um de nós foi criado à imagem e semelhança de Deus é justo se imaginar que possuímos a mesma essência e propriedades Dele. No entanto Ele é Supremo, ou seja, um Ser que possui todas as suas propriedades elevadas ao expoente máximo.

As propriedades intrínsecas de um ser são a inteligência, a justiça e o amor. Todos os seres possuem estas propriedades, mas, de acordo com a sua elevação espiritual (poluição) ele as utiliza mais universalmente ou individualmente. O espírito humanizado é aquele que utiliza estas propriedades no grau mais individual enquanto Deus, o Ser Supremo, as utiliza mais universalmente.

Partindo-se desta verdade e compreendendo que os pilares básicos da existência espiritual são o espiritualismo, o ecumenismo e o universalismo, podemos afirmar que Ele possui estes pilares exponencialmente desenvolvidos e age dentro da maior expressão deles.

Deus é o Espiritualismo elevado ao expoente máximo. Deus não busca, em momento algum, o materialismo. Não se preocupa com matérias, com coisas materiais, com felicidade material, pois o Seu espiritualismo não deixa buscar materialismos.

Deus é o Ecumenismo ao extremo, ou seja, é a ausência total de preceitos balizadores de verdades.

Além disso, é o Universalismo ao extremo. Apesar de Deus ser uma individualidade jamais pensa em si como “um”, mas só raciocina como um Todo.

Isto é Deus. Um Ser que vive assim, que possui esta base para “ver” as coisas do Universo, que age dentro desses parâmetros. Esta é a visão do Deus Universal, a “Verdade Absoluta”, como passada por todos os mestres da humanidade.

Exatamente por causa desta visão das coisas universais a resposta do “Espírito da Verdade” na primeira pergunta do Livro dos Espíritos consagra: “Deus é a Causa Primária de todas as coisas”.

Só quem encarna em si, sem nenhum defeito, o espiritualismo, o ecumenismo e o universalismo, pode ser a causa primária das coisas. É por isso que podemos afirmar que o Universo jamais se desequilibra. Apesar do ser ainda ver desequilíbrio nas coisas universais (certo e errado, bonito e feio, bom ou mau), se houvesse um desequilíbrio a Perfeição divina estaria quebrada. O universo seria injusto e maldoso se a Perfeição se quebrasse.

Por isso é preciso que Aquele que não contemple o “eu” (individualismo que privilegia um em detrimento do todo) seja o Comandante de todas as coisas. Isto quer dizer “Causa Primária”, ou seja, comando de todos os acontecimentos universais (ação universal) seja, em forma, gênero, número ou grau.

Esta é a primeira visão sobre Deus: o “Ser Supremo que comanda todos os acontecimentos”. No entanto, podemos ir ainda mais longe em nossa análise sobre o Pai.

Por esta introspecção ao universal, esta integração perfeita ao todo, também pode se afirmar que Deus é o Universo, pois Ele se vê como o todo e não o “eu”. Com o Espiritualismo levado ao extremo, o Pai não reconhece em si a individualidade, mas entende-se como uma peça que compõe o Todo.

Portanto, Deus é um Ser que possui as propriedades elevadas ao expoente máximo e perfeitamente integradas ao Universo a tal ponto de neutralizar qualquer influência do “eu” (individualidade), e pode ser considerado o próprio Universo.

Definido Deus, pode-se então falar de Suas propriedades intrínsecas (Justiça e Amor). No entanto, como já falamos, estas propriedades não são só do Ser Deus, mas de todos os princípios inteligentes do universo. Justiça e amor são características presentes em todos os seres, mas no espiritualismo, ecumenismo e universalismo mais elevado, ganham distinções que não possuem quando utilizados por seres ainda poluídos.

Todos os seres possuem noção de justiça, mas só Deus possui a Justiça Espiritualista, a Justiça Ecumênica e a Justiça Universalista.

A Justiça Espiritualista de Deus se consagra na não valorização das coisas materiais. As coisas existem para servir aos seres, ao próprio universo e não para se servirem individualmente. Esta é a visão de Deus: priorização constante da felicidade mais pura, universal. A ação de Deus sobre as coisas é sempre objetivando promover uma oportunidade para que o ser, exercendo seu livre arbítrio, possa alcançar a felicidade universal.

Os seres humanos se preocupam com as coisas buscando alcançar a felicidade carnal: beleza, estética, durabilidade, forma. Estas são visões individualistas, ou seja, baseadas nos conceitos (verdades) individuais de cada um. Quando o ser humano “julga” as coisas dessa forma, busca o prazer, ou seja, a sua satisfação individual.

Deus não se preocupa com estes aspectos: sua preocupação única é se a coisa está servindo ao Universo como um todo, se é útil para a felicidade universal.

O ser humano, quanto ao seu processo raciocínio, utiliza a justiça materialista e Deus, a Justiça Espiritualista. Este julgamento que o ser humanizado faz é chamado de “raciocínio”, ou seja um processo de análise e julgamento de percepções que leva a uma decisão, ou verdade, sobre as coisas.

O ser humano, quando raciocina, analisa as coisas (acontecimentos, pessoas e objetos) e julga a partir de suas verdades, que são relativas. Deus, quando raciocina, não se preocupa em satisfazer verdades individuais, mas sempre utiliza como base a “verdade Absoluta”. Dessa forma, está sempre analisando qual o melhor caminho para a felicidade universal, sem ocupar-se com a felicidade material ou prazer.

A Justiça Espiritualista de Deus é voltada para a existência eterna e para a felicidade eterna do ser. Como nos ensinou Jesus Cristo, ela é voltada para o “bem no céu” e não na Terra. Se o ser, por exemplo, ofende outro materialmente, sem conseqüências espirituais, não existe nada a ser ressarcido.

A Justiça de Deus não se concentra no bem estar material, mas só leva em consideração a felicidade espiritual do espírito. Será “julgado” o que um ser fizer contra a felicidade espiritual do outro: tudo que for feito contra a felicidade material de um ser não será “julgado” por Deus.

Por exemplo: se uma pessoa dá um tapa na cara do outro sem raiva, ira, ou qualquer outro sentimento individualista, não será julgado por Deus. No entanto, mesmo que nenhuma ação material, agressiva ou não, seja executada, o ser apenas “não gostando” de alguém” já gerará uma avaliação divina.

Deus avaliará apenas o sentimento com que o ato for praticado e não o próprio ato em si. Deus só se preocupa com a ação espiritual e não a ação material. Esta forma de “raciocinar” chama-se Justiça Espiritualista e é toda a base do ensinamento conhecido como Bhagavad Gita.

Lá, Krishna, Mestre enviado de Deus, conversa com Arjuna, um ser humano, antes de um combate mortal. O ser humano se recusa a entrar na peleja por causa das conseqüências. Do outro lado do campo de batalha estão parentes seus e ele não quer carregar consigo a culpa de haver ferido mortalmente seus parentes.

Este é um julgamento material, pois premia o bem estar físico em detrimento ao bem estar espiritual (culpa, remorso). Por isto Krishna ensina desta forma a Arjuna.

Neste momento crítico, ó Arjuna, de onde te vem essa indigna fraqueza, não própria de um ariano, abjeta e contrária à vivência da vida celestial?

Não te comportes como um carente de virilidade, ó Partha, isso parati é indigno! Afasta de ti essa fraqueza de caráter, ó fulminador de inimigos!

Estiveste lamentando-te por aqueles que não o merecem. Todavia, pareces falar como um sábio. Só que os verdadeiros sábios não se lamentam nem pelos vivos nem pelos mortos.

Sabe, Arjuna, que nunca houve tempo em que Eu deixasse de existir, nem tu, nem esses reis e jamais deixaremos de existir no futuro.

Assim como o “ser encarnado” tem a sua infância, juventude e velhice, assim também tal ser ressurge como outro corpo. Os sábios nunca se confundem a respeito disso.

Ó filho de Kunti, as noções que tens a respeito do quente e do frio, do prazer e da dor, essas nascem do contato dos sentidos com os objetos; tudo isto tem origem e fim e em verdade são aparências transitórias. Suporta isso com equanimidade, ó Bhârata!

Ó tu, o melhor dos homens, somente aquele que não se aflige por tais modificações e é equânime tanto no prazer como na dor realiza a imortalidade.

O irreal jamais existe; o real nunca é inexistente. Os sábios percebem claramente esta Verdade”!

Compreende que Aquele que interpenetra tudo isto é imortal. Ninguém, nem nada, pode destruir esse princípio imutável!

Estes corpos, nos quais habita o eterno ser, imortal e incomensurável, têm fim; por conseguinte, luta, ó descendente de Bhârata!

Aquele que pensa que este ser mata e aquele que pensa que este ser é morto, os dois são ignorantes. O ser não mata nem morre.

Esse ser não nasce nem morre e tampouco desencarna; o ser não tem origem; é eterno, imutável, o primeiro de tudo e todos e não morre quando matam o corpo.

Ó filho de Prithâ! Como pode morrer ou causar morte de outro aquele que sabe vivenciadamente que este ser é indestrutível, eterno, sem nascimento e imutável?

Assim como costuma deixar suas roupas gastas e bota outras novas, assim o ser corporificado e humanizado abandona seu velho corpo e faz-se outros novos.

As armas não o cortam, o fogo não o queima, a água não o molha e o vento não o seca.

A este ser não se lhe pode cortar nem queimar, nem molhar, nem secar; é eterno, onipresente, estável, imóvel e primordial.

Diz-se que este ser é não manifesto, que é impensável e imutável; se sabes e sentes que é assim, não te deves lamentar.

Todavia, ó tu de braços poderosos, se pensas que este ser a todo momento nasce e morre, mesmo assim não deverias afligir-te por isso.

Pois, para aquilo que nasce, a morte é certa e inevitável e para o que morre, o renascimento é coisa certa. Não te lamentes, portanto, pelo que é inevitável.

Toda a preocupação de um ser enviado por Deus não é pela provável carnificina que ocorrerá em breve, pois é inevitável (estava escrito – Maktub), mas sim para que Arjuna pratique o ato sem lamentações, aflições, ou qualquer outro sentimento de culpabilidade. Orienta ao seu irmão que cumpra com o seu dever para a humanidade.

Deus, ao comandar a batalha na qual participará Arjuna (inevitabilidade), utilizou a Justiça Espiritualista que determinou que o “melhor” para a existência eterna daqueles que perecerão na batalha seja o desencarne. Ao ser que se transforma em instrumento da ação universal comandada pela Causa Primária, resta praticar o ato sem individualismo (sofrimento).

Para idealizar a ação material que resultará da Justiça Espiritualista observa a Justiça Ecumênica, ou seja, não existem regras ou normas que balizem as ações: tudo o que se faz em nome de Deus (amando a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo) é perfeito.

Não existem leis que digam o que pode ou não ser feito. Faça o que você fizer amando e estará perfeito. Isto porque um ser não consegue aplicar universalmente a sua justiça. Ele não conhece todas as “verdades” envolvidas no assunto. Dessa forma “julgará” apenas com seus valores relativos. Apenas Deus, o Onisciente, pode saber a “Verdade Universal” sobre as coisas e comandar uma ação Perfeita.

Quando um ser julga (avalia) coisas, está sempre aplicando a justiça individualista. O objetivo final desta avaliação é o prazer, a satisfação de ver suas verdades tornadas universais. O ser em evolução busca sempre se servir das coisas ao invés de servir ao todo.

Só Deus pode aplicar a Justiça Universalista, ou seja, aquela que premia o todo acima do individualismo. Deus quando avalia ações espirituais (sentimentos) não leva em consideração qualquer individualismo, nem o seu mesmo, se Ele o tivesse.

Deus não se preocupa com o ato de “roubar” dinheiro do próximo, por exemplo, mas se o ser “roubar” um segundo de tranqüilidade, felicidade, paz, de um espírito, Deus agirá para dar de acordo com a obra deste ser.

Estas são as três características da propriedade Justiça de Deus, mas Ele ainda possui o Amor Sublime. Esta propriedade também é aplicada com os três fatores que garantem o expoente máximo a esta propriedade divina: espiritualismo, ecumenismo e universalismo. Deus é o Amor Espiritualista, Amor Ecumênico e Amor Universalista.

Amor Espiritualista: Deus lhe ama como espírito, como ser universal. Deus não ama o seu individualismo, a sua vontade de se satisfazer. Para Deus este elemento não possui valor porque Ele é o universalismo ao extremo.

Portanto, o amor de Deus sempre chegará ao ser para levá-lo para o universal, sempre com o sentido universal, nunca com o sentido individual: você quer, você gosta, Deus lhe dá. Isto não pode ocorrer porque Deus dá a cada um (acontecimentos e objetos) o que precisa e merece para se universalizar e não porque o ser quer ou goste.

Amor Ecumênico: um amor sem regras, sem normas, sem desejos. O Amor Ecumênico é só amor: puro, cristalino. O amor de Deus por seus filhos não pretende agradar ou satisfazer o ser, mas objetiva sempre colocar instrumentos para que o espírito evolua e universalize-se, alcançando a perfeita integração ao todo, única condição para alcançar a felicidade universal.

Amor universal: Deus ama a todos, ao mesmo tempo, com a mesma intensidade. Deus não tem predileções por nenhum ser. Tanto faz aqueles que já conseguiram se elevar ou não, que oram mais ou menos, que cumprem os mandamentos: nenhum fator cria privilégios especiais para Deus. Na hora que Deus afirmar que este é o meu filho especial, acabou com o equilíbrio do Universo.

Isto é Deus e esta é a forma como Ele age no Universo. Só a partir desta análise se pode embasar as demais características que se aplica a Deus: Onipresente, Onisciente, Onipotente, Eterno, Imutável, sem forma, Único. Todas as características que se atribui a Deus são conseqüências de Suas verdades (inteligência Suprema, Causa Primária de todas as coisas) aliada ao seu expoente máximo das características de evolução (espiritualismo, ecumenismo e universalismo). Sem esta visão, os ensinamentos não possuem lógica.

Simplesmente se definir Deus pela Onipotência, sem se admitir a Causa Primária, não tem lógica. Admitir-se Deus como Único sem entender a sua universalidade ao extremo ou entendê-Lo pela sua Onipresença sem ver o seu ecumenismo ao extremo, não possui lógica e isto leva ao materialismo, à busca do prazer.

É preciso ter estes três aspectos que são fundamentais para a existência de um ser em mente, para começar a se compreender Deus e o Universo. Apenas no momento que se compreende Deus e Sua ação (a própria “vida”), baseado nos três aspectos da existência espiritual (espiritualismo, ecumenismo e universalismo), se entende a vida carnal: uma ilusão criada por Deus para que cada ser escolha um sentimento para reagir.

Sem a “direção” de Deus, o próprio universo não existiria. Se, como já definimos, o universo é a perfeita fusão de todos em um só, como isto poderia ocorrer se as partículas agem individualmente, buscam a satisfação individual, idolatram o individualismo, o que gostam, o que querem? Seria o caos, um mundo onde cada um estaria permanentemente em guerra com o próximo para se satisfazer individualmente.

 Só a ação de Deus sobre o mundo (Causa Primária de Todas as coisas com Amor e Justiça Espiritualistas, Ecumênicas e Universalistas) explica a coesão do universo.

Estes são os aspectos para se conhecer Deus e sem isto não “se chega a Deus”. É por isto que todos os Mestres da humanidade ensinaram e viveram desta forma. Foi assim que Jesus Cristo vivenciou todos os atos daquela encarnação: espiritualista, ecumênico e universal.

Ele nos ensinou um Deus que possui estas três propriedades. Ao não atirar a pedra na prostituta ele foi ecumênico (sem regras, sem leis, sem normas). Adorou acima de tudo Deus, o Pai, que causou o adultério.

Isto é Deus: um ser sem a menor individualidade, que se vê como o próprio Universo.

Reforma íntima - Textos - Volume 09

Montando o livro da vida

Antes do nascimento o espírito está no Universo com a consciência espiritual.

Não pretendemos ainda aqui definir essa consciência, pois existem diversos graus de evolução ou de consciência espiritual. O ser pode estar no Universo e ter a consciência dentro das visões católicas, protestantes ou espíritas ou qualquer outra de “céu”, ou seja, com as verdades que são atribuídas por estas religiões para aquele “lugar”.

É preciso a compreensão que não existe uma única consciência espiritual, nem uma que seja mais elevada ou absoluta. O espírito fora da carne ainda não é puro e é por isto que ele precisa encarnar. Sua consciência, ou entendimento sobre as coisas, ainda possui valores individualistas. No entanto, esse ser conhece a necessidade de reformar-se e o processo reencarnatório.

A consciência espiritual que leva o ser a escrever a futura encarnação é conseguida sem a alteração da sua crença individual. Não há necessidade de se transformar em “espírita” para poder reencarnar, mas todos os seres, independentes de suas crenças alcançarão este momento. Os católicos, mesmo adormecidos aguardando o juízo final, escreverão seu livro da vida, bem como o evangélico, ao lado do Senhor, também o fará. Cada um, à sua forma, escreve o livro da vida.

Então, o ser está fora da matéria carnal e já tem a consciência de que precisa encarnar-se para poder reformar-se. Este é o momento que ele inicia a construção do seu livro da vida ou identidade que vivenciará para reformar-se. Ele recebe a missão, a chance, a prova de vir para a carne para alcançar a elevação espiritual.

A primeira compreensão que devemos ter ao falar de livro da vida é que ele não se trata de um “papel escrito”. Ele não possui nada de material, nem muito menos “escrita”. O livro da vida é energia.

O destino do espírito encarnado é escrito com energias (ondas eletromagnéticas) que são lançadas ao Universo pelo ser. Todos os acontecimentos, o corpo, a personalidade e o nome são codificados energeticamente e lançados pelo espírito no Universo.

Apenas para fazermos uma figura compreensível aos seres humanos com relação a escrever com energias, podemos dizer que o livro da vida é um raciocínio que o ser tem sobre sua vida futura que se expande pelo Universo. Estas ondas ficam gravadas no Universo, ou seja, compõem tudo o que existe.

Este conhecimento é importante para desmistificarmos esta questão. No “céu” não existe uma filmadora gravando a vida do ser humano para que, depois do desencarne, o ser universal possa rever suas atitudes. Tudo que acontece é codificado em ondas eletromagnéticas que passam a pertencer ao Universo e estão à disposição de Deus e daqueles que, consciente do universalismo, possam ter acesso.

Tudo que acontece impregna no Universo e o livro da vida não poderia ser diferente. Não é preciso aparato material para viver no universal, mas apenas a capacidade de se conectar às coisas sem forma.

Assim, todos os seres fazem o livro da vida, acreditando ou não na reencarnação ou mesmo na existência dele ou não. Escrever o livro da vida é uma atitude inconsciente que o espírito executa por ordem de Deus independente de suas crenças. Esse ato nada mais é do que compor raciocínios que formem a identidade material daquela encarnação.

O espírito de qualquer crença executa esse raciocínio e impregna o universo com esse “pensamento” deixando gravado no todo o caminho escolhido por ele mesmo para a evolução espiritual. Tudo isto sem materialidade alguma (livro, escrita), mas apenas uma realização espiritual que se estampa no Universo.

Por isso muitas crenças afirmam que todos os atos do ser humano estão impregnados na aura. Esse elemento (aura) faz parte do Universo e, portanto, ali também estão registradas todas as emissões feitas pelo ser universal.

Outro aspecto importante quando falamos de construir o livro da vida é de que ele não “gasta tempo”. Quando definimos o Universo como algo que é criado e se extingue para novamente ser recriado, temos que definitivamente abandonar o conceito tempo.

Não existe lapso temporal nas coisas porque quando o presente vai para o passado ele acaba e o futuro que ainda não chegou também não existe. Desta forma, o Universo não dispõe de tempo, mas se consiste em criações diversas.

Essa compreensão ainda está longe do conhecimento humano que está preso aos conceitos tempo e espaço, mas é realidade para o mundo espiritual. Nosso objetivo aqui não é estudá-lo, mas apenas acabar com a imagem que o espírito necessita de determinados espaços de tempo para fazer o livro da vida.

Dessa forma, pela contagem de tempo do planeta Terra, o livro da vida pode ser feito em segundos ou pode se prolongar por “muito tempo”. Essa medição temporal, na verdade, existe apenas na ilusão do ser que está programando a sua existência. Ele pode imaginar que está programando a sua encarnação há cinqüenta anos, mas para os que estão encarnados, pode não ter passado um segundo.

Como tudo o que acontece no Universo a escrita do livro da vida é comandada por Deus e ocorrerá no momento que o Pai souber que o ser está preparado para a nova encarnação. A ilusão quer de tempo ou espaço, são apenas criações individuais do ser.

Isso é fundamental para não ficarmos presos a regras. Não há um “tempo” definido para que o ser reencarne após o último desencarne. Todo o Universo existe a partir do “merecimento” individual e o processo reencarnatório também é guiado pelo carma.

Para o ser universalista não existe tempo e por isso ele não “perde tempo”. Vivenciando cada presente no seu momento se universaliza e não se preocupa com o passado nem com o futuro. Entretanto, para aqueles que ainda estão presos ao individualismo a ilusão do tempo auxilia na preparação da encarnação.

Para muitos acreditar que está programando a vida por um longo período é importante. Esta crença poderá levá-lo à, inconscientemente, valorizar mais a oportunidade que está recebendo. Todos os “artifícios” (ilusões) são sempre utilizados por Deus para auxiliar o espírito durante a sua encarnação.

Obter a chance de uma nova reencarnação é merecimento do espírito. Ele precisa estar apto para enfrentar a vida carnal novamente, pois o Pai não colocaria conscientemente seu filho em uma situação onde pudesse se prejudicar. Ele dá a cada um o justo e necessário sempre baseado no amor.

Portanto, o livro da vida só começará a ser escrito (“raciocinado” inconscientemente pelo ser universal desencarnado) quando isso lhe trouxer benefícios espirituais e ele só será colocado em prática (ocorrerá o nascimento) quando disso resultar uma oportunidade segura de evolução.

Já falamos dos dois atributos da ilusão humana com relação ao livro da vida: forma e tempo. Vimos que o ser quando no Universo fora da matéria carnal, consciente ou inconscientemente, cria a sua própria encarnação através de “raciocínios” (emissão de energias) que se impregnam no Universo. Vimos também que esse processo dura pela contagem terrestre o tempo imaginário que o espírito precisar para melhor se preparar para a encarnação. Agora vamos falar da definição dos acontecimentos ou da escrita em si.

Inicialmente o livro da vida é escrito pela sua essência e não pelos acontecimentos.

“258. Quando na erraticidade, antes de começar nova existência corporal, tem o Espírito consciência e previsão do que lhe sucederá no curso da vida terrena?” “Ele próprio escolhe o gênero de provas por que há de passar e nisso consiste o seu livre arbítrio”. (Livro dos Espíritos).

Quando o Espírito da Verdade fala em gênero de provas está se referindo à essência que existe em cada acontecimento. Um furto, por exemplo, é um acontecimento motivado por uma essência: ganância, desejo, etc. Portanto, são por estes individualismos que o espírito inicia o planejamento da existência carnal futura, para só depois escolher os acontecimentos.

O ser, livre da consciência material, tem conhecimento dos seus individualismos e os reconhece como contrários aos elementos básicos do Universo: espiritualismo, ecumenismo e universalismo. Sabe que precisa reformar este aspecto de sua consciência e pede acontecimentos onde eles estejam presentes para que possa superar essa tendência.

O livro da vida, portanto, começa a ser escrito a partir das tendências individualistas presentes na consciência do ser universal e não a partir de acontecimentos. Esses serão escolhidos posteriormente sempre vinculados aos individualismos que serão combatidos.

“260. Como pode o Espírito desejar nascer entre gente de má vida?” “Forçoso é que seja posto num meio onde possa sofrer a prova que pediu. Pois bem! É necessário que haja analogia. Para lutar contra o instinto do roubo, preciso é que se ache em contacto com gente dada à prática de roubar”. (Livro dos Espíritos).

O fato de ter nascido em um meio que leve o espírito a praticar roubos não pode servir de desculpas para tais atos. Ele já pediu para nascer em tal meio porque precisava vencer a sua tendência individualista de querer a posse das coisas. É a essência dos acontecimentos que já falamos no item “Livre arbítrio”.

O espírito pediu este “caminho” (nascer no meio de “gente de má vida”) exatamente para provar que era capaz de não ceder às tentações. A definição do seu “meio” de vida não se deu ao mero acaso, por motivos fortuitos ou por escolha do espírito visando gozar a vida carnal, mas sim porque esse “cenário” da vida dispunha de todos os elementos necessários para a sua elevação espiritual.

Ele pede para nascer nesse meio não porque gosta da vida de bandido, mas para vencer o individualismo. Portanto, esse é o caminho que ele próprio escolheu para a vitória sobre o mundo. Mas, como vencer o individualismo, como resistir às tentações?

Para que o espírito possa vencer suas provas é preciso que ele viva com fé (confiança e entrega absoluta à Deus), e que cumpra o mandamento da Sua lei: amá-Lo acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. A vida vivenciada com esses parâmetros é uma “felicidade eterna”, uma felicidade incondicional.

Quem se entrega e confia plenamente em um Pai Justo e Amoroso não precisa sofrer. Quem está sempre conectado no Amor divino não encontra motivos para sofrimento. Quem ama ao próximo como a si mesmo jamais sofrerá nas aparentes “perdas”. Esse é o objetivo da “vida”.

Desta forma, podemos afirmar que tudo o que o ser pede antes da encarnação é para provar a Deus de que é capaz de manter a sua felicidade em qualquer circunstância, em qualquer acontecimento da vida.

Escrevendo acontecimentos onde exista a essência do individualismo invejoso, o espírito está afirmando que irá tentar provar a Deus que é capaz de amá-Lo acima do seu desejo individualista (cobiça, desejo, vontade). Pedindo situações com essência raivosa na verdade está afirmando que provará ao Pai que é capaz de amá-Lo acima do aparente ferimento e da injustiça criados por sua tendência individualista.

Os acontecimentos da vida carnal sempre refletirão a luta de um individualismo buscando universalizar-se (harmonizar-se com o todo) através do amor. Essa é a temática da peça “Divina comédia humana” ou como preferem chamar os seres humanos: “minha vida”.

Portanto, escrever o livro da vida nada mais é do que escolher o tema da prova e redigir as perguntas para que o Sublime Professor possa fazê-las dentro da “sala de aula”. Deus é tão justo e amoroso que permite o aluno escolher o tema das provas e mais ainda, escrever as perguntas que serão feitas.

Dessa forma podemos afirmar que escrever o livro da vida é escolher as “batalhas” que o espírito enfrentará, ou seja, que individualismo ele combaterá durante essa determinada encarnação. Ele não baseia o seu livro da vida em atos (acontecimentos), mas preocupa-se em propor essências individualistas que precisa alterar.

Isso ocorre quando o ser universal, em pleno gozo da sua consciência espiritual, encontra-se apto para “guerrear” contra o seu individualismo. Nesse momento ele é induzido a “raciocinar” formatando o livro da vida, ou destino, da próxima encarnação.

Reforma íntima - Textos - Volume 09

Reforma íntima

Hoje eu vou contar uma historinha que já é conhecida de vocês. Ela já veio para o planeta trazida pelo Chico Xavier. Mesmo assim eu vou contar, pois o importante não é a historinha mas sim os comentários.

Tinha um moço que era chefe de um centro espírita que sonhou de noite e no dia seguinte ele foi conversar com um amigo e disse:

“Eu sonhei que tinha morrido e quando cheguei lá no céu o anjo que ia presidir o meu julgamento disse que eu estava condenado. Eu disse, mas eu? Eu fui católico muitos anos, ia a todas as missas. Então o anjo leu lá: você foi a quinhentas missas, nessas rezou mil Padre Nosso e duas mil Ave Maria, mas na hora que estava rezando o Padre Nosso estava pensando no time de futebol, na hora que estava rezando a Ave Maria estava pensando nos problemas de casa. Acompanhou as procissões reclamando que estava com dor nos pés. Rezou o terço achando que estava ruim ficar de joelho.”

“Depois, continuei eu falando com o anjo, virei espírita, fui ser médium, ajudei os outros. É, voltou a falar o anjo, você participou de tantas sessões. Nelas você fez não sei quantas desobsessões, mas quando saiu de lá contou para todo mundo tudo o que tinha feito. Aí foi trabalhar como chefe da casa e como dono da casa você era o último a chegar e o primeiro a sair. Quando rezava fazia pensando se a casa estava cheia ou vazia. Por isso que você está condenado, não vai ficar no céu”.

Então continuou o chefe do centro:

“Está vendo, meu amigo, eu sonhei isso hoje. Deve ser um aviso. Vou é começar a me endireitar, buscar a minha reforma“.

Só que não deu tempo: naquela noite ele desencarnou, dormindo.

Esta historia serve para pensarmos uma coisa importante. As coisas que vocês estão aprendendo não devem ser tratadas como receita de regime: na segunda feira eu começo. Os ensinamentos são para serem colocados em prática já.

O que vocês estão aprendendo, o que vocês estão ganhando de ensinamentos é para ser lembrado sempre e começar a praticar agora, pois às vezes pode não ter tempo.

Não adianta nada ler os ensinamentos e continuar fazendo as mesmas coisas que faz. Não adianta nada ir para uma igreja e rezar, rezar, rezar e não mudar por dentro. Não adianta ir ao culto, tomar passe e fazer desobsessão e chamar todo mundo de volta por estar fazendo a mesma coisa.

Tudo o que vocês ganham aqui, na igreja, lá, em qualquer lugar que fale o nome de Deus, é para ser incorporado em vocês. Mas, só pode se incorporar se vocês mudarem. Se vocês não mudarem, não merecerem aquilo, nada vai acontecer.

Vai parecer que ficou curado, mas só por dois dias: no terceiro dia volta tudo. Aí vocês dizem: aquele ensinamento é uma “porcaria”. Ele mostra as coisas, mas elas não acontecem.”

Mas, porque não pode acontecer? Por que você não mereceu. Nós aqui dizemos o que você pode receber, não diz o que vai receber. Agora, para receber, tem que merecer. Para merecer o que precisa fazer? É o que vocês chamam de reforma íntima, ou seja, mudar algumas atitudes.

Ninguém está pedindo a vocês para tornarem-se santos: o que estamos falando é que se hoje você quebra a lei de Deus dez vezes no dia, se só agir dessa forma oito ou sete vezes, já melhorou. Mas, tem que mudar alguma coisa. Continuar igualzinho do que estava não dá, não vai levar a lugar nenhum.

Tem que tentar mudar senão não recebe mesmo. Nós dizemos: isso está programado para a vida de vocês. Que felicidade! Aí você senta e fica esperando: sabe quando vai acontecer? Nunca, porque a primeira lei de Deus é a do trabalho. O homem tem que trabalhar para merecer receber.

Dessa forma, se você não procurar colocar em prática os ensinamentos, reformulando a sua existência, a felicidade nunca chegará até você.

Tem que começar já. Recebeu uma lição, pensa na lição, analisa a lição, aprende com os “erros” seus e o dos outros para não fazer tudo “errado” de novo. Comece a por em prática logo, porque se pensa que no dia que morrer vai virar santo, não vai.

O dia que morrer vai subir com todos os “pecados” que está hoje. Tudo que você acha que é certo vai “subir” junto. Você ainda imagina que, apenas porque morreu poderá adquirir a paciência, a humildade, o amor que não foi cultivado na vida carnal? Não vai, vai continuar a mesma coisa que estava, pois a morte nada mais é do que trocar a matéria. Ao invés de carne vira matéria espiritual só.

As verdades de cada um continuam a mesma. Continua pensando do mesmo jeito que pensava quando estava na carne. Então, não pode esperar morrer, não pode esperar a segunda feira para ver o que vai acontecer.

Não pode esperar para ver o que vai acontecer, tem mesmo que começar e começar já.

Reforma íntima - Textos - Volume 09

Imaginando que é

Retirado do estudo 'Em busca da felicidade'

Você sabe por que a maioria das pessoas não consegue ser maluco beleza?

Participante: Porque elas se policiam demais...

Não. Sabe por que você não é feliz? Sabe por que não é maluco beleza? Porque sabe o que é ser feliz, sabe o que é ser maluco beleza. Quando você sabe o que é ser alguma coisa é sinal de que segue um padrão de ser. Sendo assim, quando você acha que é, não é, pois está apenas seguindo um padrão...

Você não consegue ser feliz porque sabe o que é ser feliz, ou seja, estabeleceu um padrão do que é ser feliz. Mas, este padrão é apenas criação da mente e não realidade. Sendo assim, quando você imagina que alcançou a felicidade não fez nada, pois apenas seguiu mais um padrão da mente...

Quando alguma coisa se torna difícil na sua vida, você se torna infeliz. Por que? Porque a dificuldade não está dentro do padrão criado pela mente para ser feliz.

Na verdade, esta infelicidade não é ocasionada pelo que acontece, mas como uma criação da mente. Ela cria o padrão do que é ser feliz, você o aceita; ela cria a ideia da dificuldade em alguma coisa e diz que isso não está dentro dos padrões de ser feliz, você aceita, então o sofrimento...

Na verdade você é infeliz porque o seu senhor lhe disse que é. Como você acha que é a mente, só faz o que ela manda.

Sabe, vocês não são escravos da mente, não... O escravo é sempre revoltado contra o senhor dele, mas vocês não se revoltam contra a mente. Pelo contrário: adoram ser ela...

Na verdade, vocês são como cavalos que usam antolhos e que vão todos felizes andando para frente sem olhar para o lado. Como esses cavalos, também acham que são vocês que estão querendo ir para aquele lugar...

Vocês são como os bois que vão para o matadouro. A mente vai lhes levando para o matadouro e vocês vão felizes por aquele caminho sem imaginar o que os espera no final...

Não, vocês não são escravos, pois para ser isso precisariam tentar se libertar do jugo do seu senhor. Mas, vocês não querem se libertar da mente... Na verdade querem ser a mente...

Sabe, a mente cria um padrão do que é ser live e, como adoram ela, vocês querem essa liberdade para vocês. Mas, essa liberdade é a prisão...

Sabe o que é ser livre? É ser livre... Mesmo estando preso...

A liberdade não pode ser explicada, pois se criarmos um padrão do que é ser livre estaremos presos a estes padrões. Ou seja, só vamos nos sentir livres quando cumprirmos o padrão...

Não, ser livre é ser livre... Mas, vocês só se dizem livres quando se veem enjaulados pela norma que a mente cria dizendo o que é ser livre...

Na verdade quando vocês se sentem livres, estão presos. Pior: escolheram ser presos...

Reforma íntima - Textos - Volume 09

Inimigo

Todo aquele que não coaduna das mesmas idéias de um ser humano, é tratado por este como um inimigo. São inimigos políticos, ideológicos, religiosos, que vivem “enfrentando” o ser humano no sentido de alterar seus conceitos (“achar”).

O inimigo se interpõe às verdades estabelecidas pelo ser humano. Ele debate, argumenta, às vezes até ofende e impõem pontos de vista que o espírito não acredita como “verdade”. Se a esposa quer a casa arrumada e o marido não faz, ele se torna um “inimigo”. Se um ser humano quer fazer alguma coisa e o outro não aceita aquilo como verdade, passa a ser tratado como um “inimigo”. Para que o outro possa ser um “amigo” é necessário que ele tenha o mesmo pensamento, ou seja, as mesmas verdades que o ser humano acredita.

Quando surge a figura do inimigo, o ser humano perde logo a sua felicidade. Encontra mágoa, ressentimentos, raiva e até ódio por aquele outro que não quer compartilhar das mesmas idéias dele. Por isto é preciso “atacar” antes de ser “atacado”. Este ataque não precisa ser necessariamente em atos, mas pode ser também em pensamento.

Caso aquele ser humano já esteja rotulado como inimigo nada do que ele disser será “ouvido”. Todas as suas idéias e mensagens não sofrerão análise para se conhecer o conteúdo, mas, como diz o ditado popular, entrarão por um ouvido e sairão pelo outro. As idéias políticas, ideológicas ou religiosas não serão absorvidas pelo ser humano, pois ele já é “conhecido” daquela pessoa.

Entretanto, Jesus disse que devíamos a amar a todos e não apenas àqueles que satisfazem nossos conceitos. Afirmou ainda: “Abraçar um amigo é fácil, quero ver cumprimentar um inimigo”. Todos os seres humanos são espíritos irmãos em evolução e por isso Deus ama a cada um individualmente com a mesma intensidade. É por isto que o Mestre afirmou que devemos amar a todos e não apenas aqueles que nos satisfazem.

O amigo é considerado especial porque ele coaduna com a idéia do outro ser humano. O inimigo surge do poder que o espírito imagina que têm de julgar o que é “bom” ou “mal”, “certo” ou “errado”. O ser humano recebe este “rótulo” simplesmente porque tem valores diferentes do outro. Porém, quem disse que o contestador é que está “certo” e não o que pensa diferente?

A finalidade da encarnação é alcançar a elevação espiritual. Isto só ocorrerá quando o espírito abrir mão do poder de conhecer as “verdades” do Universo que imagina que adquiriu. Como saber que estas “verdades” são exclusivamente dele sem ser contestada por outras?

A reforma íntima necessita desta exposição. Aquele que a busca através do isolamento de outros seres humanos não consegue saber que eliminou suas “verdades”, pois não as expõe a outras. Como imaginar que se aceita todas as cores se a única que se conhece é o branco? Somente quando o espírito conhecer e admirar todas as cores poderá dizer que não tem conceitos com relação às cores.

O inimigo, aquele que possui “verdades” diferentes em qualquer assunto, é, portanto, um emissário de Deus não para combater as suas “verdades”, mas para mostrar que você ainda possui “verdades”.

Quando o marido deixa a casa desarrumada, Deus está mostrando a esposa que ela ainda possui conceitos do que é arrumado ou desarrumado. Quando alguém quer fazer uma coisa diferente, é Deus dirigindo-o para mostrar que você ainda tem querer. Ele não é seu inimigo, mas sim o seu verdadeiro amigo.

É amigo porque mostra ao ser humano o que ele precisa mudar, o que precisa reformar para abrir mão do poder de “saber o bem e o mal”. Ao expor os seus conceitos, o inimigo não está visando impor-se, mas é dirigido por Deus para mostrar ao ser humano o que ele precisa mudar. Aquele que é considerado amigo, ou seja, não expõe seus conceitos, não auxilia na reforma íntima. Pelo contrário: atrasa esta conquista, pois consolida o poder que o ser humano imagina que tem.

Como objetivo da vida carnal é promover a reforma íntima, podemos afirmar que o espírito veio à matéria carnal não para viver com os amigos, mas sim buscar conviver com os seus inimigos, aprendendo aquilo que deve eliminar. Apenas para ser saudado como o “sábio”, o “perfeito”, Deus não precisaria ter todo o “trabalho” de criar esta densidade de matéria.

O espírito veio à matéria carnal porque queria ter o poder para se tornar um Deus e vive dentro deste preceito. Procura juntar-se àqueles que lhe saúdam como o perfeito e consegue, assim, suprir seus conceitos.

Visto sob este aspecto, o inimigo passa a ser o professor, o amigo do outro ser humano. Ele não vem para ensinar uma nova forma de proceder, mas sim para mostrar que o ser humano ainda tem leis que determinam formas padrões de procedimentos. A esposa não precisa se tornar desleixada, mas não pode acusar o marido de ser. Você não precisa ir pelo caminho que o outro siga, mas não pode julga-lo por ir.

Para amar o inimigo é preciso alcançar a liberdade absoluta, aquela que não imponha a ninguém normas de proceder.

Reforma íntima - Textos - Volume 09

Carmas

Nenhum espírito reencarna a passeio, férias ou por diversão. Todas as encarnações possuem objetivos traçados por Deus para que o espírito promova a sua ascensão espiritual. Por este motivo, a encarnação (vida humana) tem que ser programada e não pode ficar exposta a contratempos que poderiam acarretar em uma futura acusação do espírito de ter sido injustiçado.

Quando um espírito se liga a uma determinada matéria carnal ele o faz com o objetivo de elevar-se, ou seja, chegar mais perto de Deus e, para isto, o espírito precisa aperfeiçoar seus “sentimentos” buscando o mesmo sentimento que Deus utiliza. Com este fim sua encarnação é pontuada por provas onde possa utilizar este sentimento, por missões onde possa auxiliar outros a tê-lo e por expiações onde possa libertar-se dos outros sentimentos.

Este é o fundamento de todos os acontecimentos da vida carnal. Caso não aconteça algum deles, o espírito poderá futuramente alegar que não conseguiu a evolução porque a prova, missão ou expiação que necessitava para a sua evolução não foi realizada, com razão, apontaria esta falha como um dos motivos que não o fez evoluir.

A encarnação pode ser feita por livre e espontânea vontade do espírito ou pode ser imposta compulsoriamente quando ele não tiver a consciência da sua necessidade, entretanto, em qualquer situação existe a necessidade de um planejamento da “vida material” que o espírito irá levar.

No Livro da Vida constam os “acontecimentos” determinantes da “vida” de um espírito na carne: ali está afixado o seu dia de nascimento, a família à qual irá pertencer, os acontecimentos de sua infância, juventude e maturidade; seus empregos, amigos íntimos, casamento e prole; sua profissão, o sucesso de sua carreira e o seu círculo social; suas carências materiais e abundâncias; sua “saúde” física e as doenças que põem limites à sua ação. Tudo isto estabelecido de tal forma que o espírito possa utilizar-se dessas situações e executar os trabalhos (expiações, provas e missões) que o elevarão.

Chamamos a estas situações pré-estabelecidas de “carma de vidas passadas”, pois elas são influenciadas diretamente pelos feitos do espírito em outras encarnações.

Estas situações não poderão ser alteradas, pois, além de terem sido traçadas com a interseção do próprio espírito, são as necessárias para alcançar o patamar de evolução ao qual o espírito se propôs. Entretanto, o cumprimento do Livro da Vida não assegura a felicidade nos acontecimentos apenas porque o espírito está passando por eles: para que isto aconteça, é necessário que o espírito consiga colocar em prática o amor universal.

Tomemos como exemplo um casamento. Antes da encarnação o espírito, em comum acordo com outro, escreve no seu Livro da Vida que irá unir-se com aquele para formar um núcleo conjugal. Esta união para os dois servirá como expiação de erros passados que um cometeu ao outro, de prova para que consigam conviver com o amor universal e como missão para conduzir novos espíritos na carne à Verdade de Deus.

Isto está escrito e acontecerá na forma estipulada, ou seja, dentro de determinadas condições e no “prazo” previsto, entretanto, apenas unirem-se não garante a estes espíritos que eles alcançarão a felicidade. É preciso que eles convivam com o sentimento que vieram provar que são capazes de ter: o amor universal, pois somente a vivência deste amor em todos os atos da vida pode garantir a felicidade aos dois espíritos. Continuar junto pelo prazo determinado no Livro da Vida eles continuarão, mas não há previsão de que aquela união venha a trazer felicidade para os dois: existem casais que “se amam” e não conseguem mais viver juntos, bem como outros que chegam inclusive às agressões físicas, mas que não conseguem se separar. O casamento só chega ao fim no momento estipulado no Livro da Vida e não porque um ou outro queira terminá-lo.

Assim, durante esta união, a felicidade será alcançada quando os espíritos envolvidos utilizarem o amor universal nos seus relacionamentos. A isto chamamos de “carma da vida atual”. Cada vez que o espírito responde a um acontecimento com um sentimento que não seja o amor universal, ele gera para si uma nova situação onde as suas verdades serão questionadas. Se ele não reagir a este questionamento com alegria, compaixão e igualdade, novo acontecimento terá que surgir para que novamente se exponham as verdades do espírito à Verdade Universal das coisas.

Estes novos acontecimentos, entretanto, não podem ferir o Livro da Vida, ou seja, as condições pré-estabelecidas de vida. Um acidente que tire a mobilidade de membros está escrito no Livro da Vida e ocorrerá, porque o espírito “pediu” isto. Porém, se ele trará a infelicidade ou a felicidade, depende de quais sentimentos o espírito escolherá para reagir ao acontecimento. Quantas pessoas só conhecem a verdadeira felicidade quando se encontram em uma situação onde não podem fazer o que querem?

Em face destes ensinamentos, podemos dizer que a vida de um ser humano é determinada pelos carmas de vidas anteriores, mas influenciada pelos carmas de vidas atuais. A existência está programada, mas a felicidade depende da ação sentimental desta vida.

Reforma íntima - Textos - Volume 09

Legislar em causa própria

Dentro do tema julgamento que estamos desenvolvendo, falamos que o ato pode ser julgado pelos balizamentos (leis) materiais. Isso acontece porque essas leis fazem parte das leis de Deus. Se estamos aprendendo que Deus é a Causa Primária de todas as coisas, foi Ele quem causou ao legislador propor e aprovar determinada lei.

Assim, quando o ser conhece essa lei deve respeita-la. Não por medo das penas oriundas de sua quebra, mas para poder seguir a lei maior: amar a Deus acima de todas as coisas. Com base nessa verdade universal, pode o ser humano que possui a percepção de fatos julga-los dentro dos ditames divinos sem ferir a atribuição exclusiva de Deus.

No entanto quando esse balizamento não existe, o julgamento passa a ser uma conseqüência das leis individuais de cada um, os seus conceitos. Quando um ser humano julga um ato com base no “eu acho”, sem que haja um dispositivo legal amparando o seu “achar”, está ferindo a harmonia universal.

Exemplo: se um pai punir o filho porque roubou, estará julgando o ato com base em diretrizes sociais.No entanto, se punir o filho meu porque “chegou mais tarde” estará ferindo o direito do filho. O “horário de retorno ao lar” é individual.

Quando o pai era jovem brigava para chegar tarde também. Ele possuía outras verdades, outra interpretação daquele ato. Agora, que suas verdades mudaram, imagina que pode as impor ao filho. Isso é ferir a individualidade de cada um. Pior ainda é quando o pai só chega tarde e quer impor ao filho um horário para chegar. “Dois pesos e duas medidas”: que justiça é essa?

 O julgamento material tem que ter um balizamento escrito. Se houver esse balizamento, se há uma norma prefixada que não fira as normas superiores, não há problema. Vamos supor que no país Brasil fosse autorizado se furtar ou se roubar e o pai proibisse a sua filha ou filho de roubar, estaria julgando sem condições porque a sua norma interna feriria a norma externa dos atos.

Os pais imaginam que julgam os atos dos filhos por um balizamento de moral, mas não: são conceitos individuais.

Legislar por conceitos individuais é ditadura. O que é uma ditadura? É o poder de editar a lei da forma que se quer e não se sujeitar a uma lei maior. No exemplo que utilizamos a lei maior é o livre-arbítrio que Deus concedeu a cada um e que o Pai quer anular, imaginando-se melhor conhecedor do que pode ou não o filho realizar.

O império da lei material representa uma democracia. Como é feita uma lei material? Através dos representantes do povo. A eles é outorgada uma procuração para fazer as leis. O legislador a faz em nome do povo. Faz pelo consenso de maioria.

Agora, numa família, se ditar as normas e se obrigar a que estas normas sejam respeitadas, não por necessidade, não por balizamento anterior, mas porque “eu acho”, chama-se ditadura. E a ditadura e o poder de baixar a lei e julgar ao mesmo tempo. Na ditadura não existem poderes separados, todos os poderes são concentrados na mão de uma só pessoa. Este é o Juiz do Umbral. No Umbral só existem ditadores, ninguém nunca é eleito.

O maior “erro” que um ser pode fazer é julgar os outros pelas suas próprias verdades. Porque se julga sem bases, ou melhor, embasado nas suas próprias verdades que não são absolutas, mas relativas. Este é o fundamento do “erro” do julgamento.

No julgamento sem códigos de leis a verdade passa a ser o que acho. Mas, será que eu sou o dono da verdade?

Reforma íntima - Textos - Volume 09

Escolhendo as provas

Escolher as provas é uma atividade individual. Cada ser, consciente do seu individualismo, pede uma nova chance de provar que é capaz de abrir mão dos seus desejos e vivenciar uma encarnação com fé, cumprindo a lei divina. No entanto, aqueles que já passaram por isso, sabem que é um ato de bravura, que não se reflete necessariamente em vitória quando no campo de batalhas.

Por esse motivo existe sempre um amigo espiritual auxiliando o ser universal quando da confecção do livro da vida. Apesar da escolha ser uma decisão pessoal como já dissemos, o espírito é sempre orientado nesse momento por alguém que tenha maior experiência.

O trabalho desse “mentor” é controlar o afã do ser universal. O espírito se sente fortalecido quando de posse da sua consciência espiritual pelas suas convicções e sempre pede mais provas do que pode realizar. Esse mentor, então deverá orientá-lo no sentido de programar provas que realmente tenha condições de vencer e não se expor a perigos inutilmente.

Toda coordenação desse processo é feita por Deus, mas o espírito dialogando com o seu “mentor” acabará montando uma encarnação em que seja realmente possível que ele vença, ou seja, supere os individualismos que veio combater. É o que afirma o ditado popular: Deus dá a cruz que cada um pode carregar.

 Em não havendo esse recurso, certamente o espírito se comprometeria para o seu futuro espiritual. A consciência espiritual é muito diferente da material.

“O viajante que atravessa profundo vale ensombrado por espesso nevoeiro não logra apanhar com a vista a extensão da estrada por onde vai, nem os seus pontos extremos. Chegando, porém, ao cume da montanha, abrange com o olhar quanto percorreu do caminho e quanto lhe resta dele a percorrer. Divisa-lhe o termo, vê os obstáculos que ainda terá de transpor e combina então os meios mais seguros de atingi-lo. O espírito encarnado é qual viajante no sopé da montanha. Desenleado dos liames terrenais, sua visão tudo domina, como a daquele que subiu à crista da serrania. Para o viajor, no termo da sua jornada está o repouso após a fadiga; para o Espírito, está a felicidade suprema, após as tribulações e as provas”. (livro dos Espíritos – pergunta 266).

De tudo o que o espírito originalmente pediu para vencer, na verdade, apenas vinte por cento é programado para uma existência. Claro que esse percentual é aproximado, mas o que deve ficar bem claro é que os acontecimentos da vida refletem apenas uma pequena porcentagem de tudo aquilo que o espírito achou que poderia “vencer” nessa encarnação.

A “vida”, portanto, é a justa medida de provas que o espírito pode vencer.

Reforma íntima - Textos - Volume 09

Aquele que vêm do céu

Aquele que vem do céu é o maior de todos e quem vem da Terra é da Terra e fala das coisas terrenas. Quem vem do céu está acima de todos.

O ser humano necessita para compreensão da existência carnal, alterar a sua atuo visão. Hoje se imagina um corpo físico que nasce da união carnal entre dois seres. Este corpo que se forma e aparece (nasce) desenvolver-se-á e, um dia, irá parar de funcionar (morte).

Para aqueles que não acreditam em Deus, neste momento, chegará o fim total; para os outros, haverá um fim desta forma de existência (material) para o início de outra: espiritual. Em qualquer das crenças, o ser humano imagina que ocorrem duas existências separadas: material e espiritual. Esta é a compreensão até daqueles que acreditam na reencarnação, pois não conseguem “ver” nos acontecimentos desta “vida” o reflexo dos atos de outras.

É por esta auto visão que os seres humanos buscam apenas a satisfação material, ou seja, construir a sua “vida” de tal forma que ela produza “frutos” materiais. Estes “frutos” nem sempre se referem a objetos, mas sempre terão que produzir uma satisfação pessoal, ou seja, trazer uma felicidade individual, independente da felicidade dos outros.

Quando o ser humano compreender que ele não “nasce” nem “morre” junto com a matéria carnal, poderá, então, encontrar Deus, ou seja, participar da felicidade universal e não buscar a satisfação pessoal.

O espírito é eterno: existia antes do “nascimento” e continuará existindo após a “morte”. A vida carnal é apenas um lapso da vida espiritual. A matéria carnal é um “traje” que o espírito “veste” para uma determinada tarefa específica. Durante a existência carnal o espírito continuará a ser o mesmo de antes e depois da encarnação. Terá as mesmas capacidades e a mesma “essência” que fora da carne.

Quando o ser humano se conscientizar desta verdade buscará participar da felicidade universal e não mais satisfazer suas próprias “vontades”. Neste momento ele será superior, não porque é melhor, mas porque estará “mais perto” de Deus.

Ele fala daquilo que viu e ouviu, mas ninguém aceita a sua mensagem.

O objetivo de uma encarnação (trabalho do espírito na carne) é purificar os sentimentos que possui, ou seja, alterar o individualismo (negativo) para universalismo (positivo). Isto ele consegue nutrindo apenas o amor universal frente aos acontecimentos da vida. Podemos, então, chamar a vida carnal de uma “prova” para o espírito.

Cada um possui determinados sentimentos que precisa alterar e, por este motivo, possui provas específicas para estes sentimentos. Os acontecimentos da vida de um espírito na carne são individualizados de acordo com os sentimentos que ele precisa alterar. Foi isso que Cristo ensinou quando disse que cada um tem a sua própria cruz para carregar.

O espírito fora da carne é cônscio daquilo que precisa reformar. Por esta “consciência” ele participa da elaboração do seu “Livro da Vida”, ou seja, determina os acontecimentos da sua próxima vida carnal. Pede e programa os acontecimentos com a intenção de suportá-los com o amor universal e assim purificar-se.

As situações da vida são, portanto, provas pedidas pelo próprio espírito e não apenas determinados por Deus. Ao vencê-las, o espírito participará da felicidade universal. Esta felicidade é alcançada quando o todo espiritual fica feliz. Um espírito que consiga purificar-se traz a felicidade coletiva à espiritualidade, pois este é o objetivo da existência espiritual. Quando o espírito encarnado busca as realizações materiais está causando “sofrimento” ao todo espiritual, pois deu vazão a sentimentos negativos.

A fome é uma situação de vida material, ou seja, uma prova pedida pelo espírito durante a sua existência carnal. Passar por ela sem “ranger de dentes” ou murmúrios contra Deus (reclamações) é reagir a este acontecimento com amor: alegria, compaixão e igualdade. Reagir à fome com estes sentimentos é falar do que “viu” e “ouviu” antes de encarnar, ou seja, mostrar que conhece o sentido da sua vida.

Quem aceita a sua mensagem dá prova de que Deus é verdadeiro.

Quando o espírito encarna existe um “artifício” que o impede de utilizar a sua memória espiritual, ou seja, de lembrar-se do objetivo de sua vida. Isto ocorre para que ele utilize a “fé”.

Ter fé é acreditar completamente em algo e a partir desta crença alcançar uma confiança absoluta e irrestrita na ação do objeto da sua fé. Ter fé em Deus é acreditar e confiar na ação dos Seus atributos (Causa Primária, Inteligência Suprema, Justiça Perfeita e Amor Sublime). Viver com fé é dar um testemunho autêntico desses atributos.

Para que o espírito consiga reagir aos acontecimentos com o amor universal é preciso que ele acredite nos atributos de Deus e confie na ação deles na sua vida carnal.

Para se viver com alegria independente do acontecimento, é preciso compreender a ação de Deus. É necessário que se veja o comando de Deus na forma de todos eles (perfeição) objetivando a Justiça Perfeita (dar o que merece) e o Amor Sublime (não como pena, mas como ensinamento para evolução).

A compaixão pelos outros só será alcançada quando o espírito não mais “sentir” sofrimentos, ou seja, não se sentir ferido ou magoado pelos outros. Enquanto reagir com estes sentimentos terá que se “defender” agredindo. A compaixão só será alcançada quando o espírito entender que ninguém pratica algo contra ele, mas Deus utiliza os outros como “mensageiros” de ensinamentos que objetivam o crescimento espiritual deste.

É na fé na ação de Deus que o espírito pode encontrar a igualdade: dar a cada um o que merece. Não existe ninguém que tenha uma vida completa de satisfações pessoais: sempre haverá situações de sofrimento. Na consciência da distribuição igualitária das provas o espírito pode ver que a cada um é dado de acordo com suas obras. Portanto, quando chega o seu momento de passar por situações de sofrimento não há uma injustiça, mas uma igualdade.

Aquele que se vê como espírito e busca a elevação espiritual compreende a ação de Deus sobre as coisas e acaba com o seu “entendimento” sobre elas. Poderá, então, viver com o amor universal, exemplificando o significado da “vida material” para os outros espíritos.

Tendo apenas fé (crença e confiança) na vida material, no que “compreende” das coisas, o espírito continuará sendo um ser humano e continuará a viver para a sua satisfação pessoal.

Aquele que Deus enviou diz as palavras de Deus porque Deus dá do seu Espírito sem medida.

É pela fé na “ação” de Deus sobre as coisas da vida que o espírito pode alcançar o amor universal. A reforma íntima, tão comentada como necessária para a evolução espiritual, é “alterar a essência dos acontecimentos”: ao invés do espírito entende-los como “erro”, “injustiça” e “sofrimento”, enxergar a ação dos atributos de Deus.

É preciso que o espírito busque a “cegueira”, ou seja, não “veja” mais as coisas para que viva com o amor universal. No entanto, esta “cegueira” não será dada como dádiva por Deus, mas precisa ser alcançada pelo esforço individual do espírito. Por isto Jesus nos ensinou que devemos vigiar sempre nossas atitudes? Mas, de onde vêm os atos? O que é que cada um “vê”?

“Ver” alguma coisa é perceber formas e analisa-las com os conceitos que o espírito possui. Sempre que uma forma é percebida, o espírito promove um raciocínio, ou seja, analisa a percepção (pensamento). Esta análise é influenciada pelos conceitos existentes.

Existem dois tipos de “pensamento”: espiritual e material. O primeiro, que acontece no que é conhecido como “inconsciente”, o espírito “escolhe” (livre arbítrio) um sentimento para reagir ao percebido. No segundo (material), este sentimento se “materializa” em histórias (pensamento) que servirão como “argumentos” materiais para o ato.

Exemplificando. Quando um espírito percebe uma outra pessoa ele busca os sentimentos conceituais sobre ela: gosto ou não, ela é agressiva ou não, é “amiga” ou não. A partir destes sentimentos ele “verá” todos os atos já praticados por aquela pessoa que ele tenha conhecimento (“viu” ou “soube”). Sempre que uma percepção é recebida o espírito pratica o raciocínio espiritual e recebe o raciocínio material.

O Espiritualismo Ecumênico Universal vem ensinando que o raciocínio material (pensamento) é intuído pelos espíritos fora da carne por ordem de Deus. Eles não foram desenvolvidos pelo próprio espírito, mas “recebidos” pela intuição. No entanto o raciocínio material sempre refletirá o sentimento escolhido pelo próprio espírito.

Se a escolha do sentimento antecede o pensamento, o ato não é gerado realmente pelo pensamento material, mas sim pelo sentimento que o espírito escolhe e que serve de base para a “história” que Deus manda transmitir.

Para a promoção da reforma íntima, devem ser alterados os sentimentos que se nutrem pelas pessoas, objetos e situações. É esta alteração que levará a Deus a transmitir “histórias” diferentes. A vigilância pedida por Jesus para que aconteça a reforma íntima deve, portanto, ser nos sentimentos que um espírito “escolhe” para reagir aos acontecimentos da vida.

No entanto, o espírito não “conhece” os sentimentos e altera a essência deles para que haja uma satisfação pessoal e não a felicidade universal. Um filho diz que ama a mãe, mas isto é impossível. O verdadeiro amor prega a igualdade entre todos e o filho sempre considera seus “pais” superiores aos outros seres humanos. O amigo diz que “chama atenção” de outro para o próprio bem deste. Na verdade “esquece” que utiliza os seus próprios “valores” (conceitos) para determinar o que é “certo”. Ter a compaixão (ser amigo) é dar a cada um a liberdade de se “achar” certo.

Os sentimentos positivos do universo levam o espírito a viver no reino de Deus, ou seja, alcançar a felicidade universal e a igualdade plena, que não permitem a existência da satisfação pessoal (sofrimento).

Como então promover a reforma íntima, se o espírito não “sabe” como vigiar seus sentimentos? Vigiando os pensamentos. Se o raciocínio material (pensamento) é apenas uma materialização do sentimento e este o espírito “compreende”, aí está o campo para a mudança. Ela deverá, então, ser feita questionando o seu raciocínio: se ele está de acordo com os ensinamentos passados pelos Mestres.