Conversando com um espiritualista - volume III

Proteger seu patrimônio

Qual a última coisa que um frequentador de um centro faz depois que acabou a reunião. Não estou falando do momento do encerramento, mas sim depois que toda a audiência e demais pessoas já se retiraram. O que faz o último que sai de um centro espírita?

Participante: tranca a porta...

Protege a sua propriedade, não é mesmo? Protege aquilo que julga que é seu da ação de outras pessoas, não é mesmo? Pois bem, em O Livro dos Espíritos o Espírito da Verdade diz que o homem tem direito à propriedade particular, mas que deve compartilhá-la com todos, como uma abelha faz. Será que trancando o centro você está compartilhando a casa de Deus com os outros?

Eis aí um ato de egoísmo que é realizado diariamente por todos os seres humanizados: trancar suas posses com cadeado para que outros não tomem o que a mente humana considerada como seu. Esta ação, que é genuinamente egoísta, no entanto, é justificada pela razão com uma série de argumentos que nada mais são do que instrumentos que ela usa para obter vitórias e servir a humanidade. Se você não se libertar da lógica destas razões, não conseguirá comungar com Deus.

Por isso, mesmo aqueles que dizem seguir os ensinamentos do Espírito da Verdade trancam suas casas e centro de orações para não serem roubados. A estes pergunto: vocês não confiam em Deus? Se confiassem acho que não precisariam fazer isso...

O grande problema é que o deus de vocês é a chave, o alarme, a cerca elétrica. Ela representa o instrumento da sua segurança e não a sua fé no Pai. Como querem aproximar-se Dele e viver a felicidade que Ele tem prometido se não confiam Nele?

Não estou fazendo aqui apologia a não trancarem suas casas. Como já disse, Deus é Causa Primária de todas as coisas e por isso qualquer ação que pratiquem é Perfeita por conta de sua Origem. O problema não está em trancar ou não, mas onde reside a sua segurança.

O egoísmo, ou seja, a defesa de seus interesses estará sempre presente no ser enquanto ele estiver no mundo de provas e expiações. Ou seja, enquanto vocês encarnarem neste mundo terão sempre a intenção de proteger seus bens. Isso não pode ser mudado, pois como já disse diversas vezes, é característica primária do espírito que encarna aqui para provações. Ele só se encerrará quando este mundo for superado e para isso é preciso que confiem em Deus acima de todas as coisas.

Passem as chaves nas portas, coloquem alarmes e cercas elétricas para protegerem suas propriedades que consideram como privadas, mas não acreditem que estas coisas vão protegê-los. Aliás, não é isso mesmo que acontece? Quanto mais o ser humanizado providencia sistemas que proteja sua propriedade, quando ladrão quer, como vocês dizem, nada o impede de roubar. Portanto, estas coisas não são dignas de confiança, mas aquele que se entrega ao Pai, mesmo sendo assaltado, jamais vai se sentir perdido porque foi roubado.

Por falar em ladrão, sabe quem é este ser humano? Um espírito que, como já vimos, ocupa um corpo de acordo com este mundo para aqui, por ordem do Pai, realizar a sua parte na obra geral. Que parte é esta? Lembrá-lo do ensinamento de Cristo: distribua tudo que é seu entre os pobres e me siga.

O ladrão é aquele que lhe retira as suas posses que Cristo disse que você deveria abrir mão. Ele não é um bandido e nem entrou na sua casa porque esta foi a sua escolha. Ele foi levado como instrumento de Deus para que você tenha uma provação. Como iremos ver mais à frente, neste momento, como em todos os demais de sua existência, Deus estará lhe perguntando: ‘e agora, você vai amar mais a mim ou às suas propriedades?’