Expiação e arrependimento
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Expiação e arrependimento

Estudo do capítulo homônimo de O Livro dos Espíritos e seguintes. Perguntas 990 a 1019

Expiação e arrependimento

Pergunta 990

O arrependimento se dá no estado corporal ou no estado espiritual?

No estado espiritual; mas, também pode ocorrer no estado corporal, quando bem compreendeis a diferença entre o bem e o mal.

O que é arrependimento?

Participante: é não querer ter feito o que fez.

É não querer ter feito o que fez? Acho que não.

Não sei se arrependimento nasce no querer não fazer o que fez. Será que não nasceu antes? Ou seja, será que o arrependimento não nasceu ao constatar que se fez alguma coisa errada, para depois ver que não devia ter feito o que fez?

Concorda comigo?

Participante: não entendi.

Estou dizendo que o arrependimento não começa na hora que existe a consciência de que não devia ter sido feito o que foi. Ele nasce na hora que o ser avalia que considerou errado o que fez. É só depois que afirma que não devia ter feito.

Participante: acho que as duas coisas vem juntas, não?

Não.

Primeiro você diz ‘fiz errado’, depois afirma: ‘meu Deus não devia ter feito’! Sabe porque digo isso? Porque o arrependimento não é cultural, não oriundo de um conhecimento do certo e o errado.

O arrependimento surge de uma ampliação de consciência. Só quando o ser extrapola a sua consciência, ou seja, o seu certo é que pode entrar no processo de arrependimento.

Deu para compreender o que estou dizendo? É preciso primeiro mudar o ponto de vista sobre alguma coisa para que depois nasça o arrependimento. Sem essa mudança, o ser nunca vai se arrepender, pois vai continuar se achando certo.

Participante: arrependimento é fruto da consciência.

É fruto de uma expansão de consciência.

O que estou chamando de expansão da consciência? Olhar os dois lados da moeda. O arrependimento só surge quando você muda o seu ponto de vista sobre alguma coisa.

É isso que precisamos entender. Ninguém pode se arrepender de nada sem que tenha alterado sua visão sobre aquilo.

Portanto, qual o primeiro trabalho para se alcançar o arrependimento? Mudar a forma de ver as coisas, sentimentalmente e racionalmente.

Para isso é preciso compreender que podem existir outras verdades, outros pontos de vistas verdadeiros, além da sua. Isso é o necessário para poder haver arrependimento. Sem essa consciência, jamais existirá.

Participante: você está querendo dizer que o arrependimento é sadio?

Sim. O arrependimento é sadio; a culpabilidade ao se arrepender não é.

Participante: a culpa está sempre ligada ao arrependimento?

Não. A culpa é um segundo momento. Primeiro o ser humanizado se arrepende, depois se culpa por ter feito algo. São coisas e momentos diferentes.

O arrependimento surge da constatação de que havia outras possibilidades de verdades naquele momento. Por exemplo: se alguém diz alguma coisa e você briga com ele por esse motivo, o arrependimento surgirá a partir da constatação de que ele tem o direito de fazer o que quer. Quando se tem essa consciência, há o arrependimento por ter brigado.

Esse arrependimento, como fala o Espírito da Verdade nessa resposta, é espiritualmente, mas também pode existir na razão. Ele precisa ser feito para se alcançar a paz que caracteriza o ter atingido a perfeição durante a encarnação. Mas, a partir daí viver a culpabilidade por ter feito é outra coisa.

O momento da culpa é outro. Quem o vive demonstra um apego a verdade, mostra que não houve expansão de consciência. Quem expande a sua consciência, passa a ter uma nova visão sobre as coisas, se arrepende, mas não se acusa. Diz para si: ‘naquele momento é o que acreditava, naquele momento é o que fiz. Não deveria ter feito, mas fiz. Louvado seja Deus’.

Esse é o arrependimento perfeito. Ele existe quando você muda a sua forma de ver determinado acontecimento, usa verdades que desqualificam a original, mas não gera uma culpabilidade por ter sentido ou participado de determinado ato.

Expiação e arrependimento

Pergunta 991

Qual a consequência do arrependimento no estado espiritual?

Desejar o arrependido uma nova encarnação para se purificar. O Espírito compreende as imperfeições que o privam de ser feliz e por isso aspira a uma nova existência em que possa expiar suas faltas.” (332-975)

Estamos tratando de espírito desencarnado.

Sim, o ser fora da carne, de volta a sua consciência espiritual, reconhece que não realizou na última encarnação tudo que poderia. Aí anseia por uma nova. Isso é real. No entanto, o arrependimento espiritual não gera o anseio por nova vida, mas por novas provas.

São coisas diferentes. Vou dar um exemplo para melhor compreensão. Se encarnado o ser não gosta de uma pessoa e, no desencarne, expande a consciência e se arrepende de ter vivido com o não gostar, não pede uma nova vida onde tenha mais contatos com essa pessoa. Pede para que novamente tenha uma razão que gere o não gostar de alguém para que possa expurgar a aversão que está vivendo. Não pede uma vida com aquela pessoa, mas a vivência de um determinado gênero de provações.

É isso que gera o arrependimento depois do desencarne: o espírito fica mais exposto a uma pessoa qualquer com a qual o seu ego dará determinadas razões, sentimentos e sensações. É isso que acontece.

Participante: e quando se diz que Deus é que age e cria os atos materiais, está se referindo a um Deus interior de cada um ou externo? Ou ambos?

À causa primária de todas as coisas. Achando que a causa primária de todas as coisas pode estar dentro do espírito, será um Deus interno. Achando que está fora, será um Deus externo.

Quando me refiro ao Deus que faz, cria, falo da Causa Primária de todas as coisas.

Expiação e arrependimento

Pergunta 992

Que consequência produz o arrependimento no estado corporal?

Fazer que, já na vida atual, o Espírito progrida, se tiver tempo de reparar suas faltas. Quando a consciência o exprobra e lhe mostra uma imperfeição, o homem pode sempre melhorar-se.

Exprobar - censurar- fazer censura, lançar no rosto. (Mini dicionário Aurélio)

Quando a consciência mostra um desamor, a consciência de um individualismo, uma paixão, acontece uma oportunidade de agir. Aliás, foi isso que vimos ao analisar a fala de Santo Agostinho no item ‘Conhece a ti mesmo’. Naquele momento mostramos a ‘função espelho’.

Santo Agostinho dizia: aquele que age a sua frente é um espelho para refletir o seu interior. Por isso afirmo: sempre que o seu interior mostrar uma razão que diga que deve sentir-se ferido por alguma razão, para sentir-se magoado, não lute contra o externo, contra a outra pessoa, mas reconheça em si aquilo que precisa trabalhar. Esse trabalho é gerar em si a consciência do direito do outro ter a sua opinião. Só dessa forma pode arrepender-se.

 Esse é o trabalho para o arrependimento. Como disse, o arrependimento não tem nada de sofrimento, mas de conscientização. Quando você se conscientiza de que vive provas, que os outros são instrumentos da ação de Deus para que execute um trabalho em si, pode arrepender-se de ter acreditado no ego.

Essa consciência não precisa, necessariamente levar ao sofrimento. Precisa apenas levar a uma ampliação da consciência que faça existir uma doação da razão ao próximo. Isso é alterar consciência: ter como verdade sobre qualquer assunto que todos têm direito a sua opinião, mesmo que seja diferente do que você acredita. Isso leva à paz e felicidade e não a um sofrimento.

Participante 1: tenho percebido que as palavras aliviam muito, as vezes mais que remédios ou técnicas psicológicas.

Participante 2: as palavras são energias, por isso aliviam ou comprimem.

Não, a palavra não alivia. O sentimento que vai junto dela é que alivia.

Se você diz que a palavra alivia, vou usar uma lhe xingando. Isso aliviou alguma coisa? Claro que não. Portanto, não é a palavra, o som, que alivia nada. Agora se falo com amor, você o sente muito mais que ouve a palavra. Por causa disso se sente reconfortado.

O problema é que por estar ligada a um ego, você está preso aos cinco agregados dos quais, a audição é um. Por isso acha que foi a palavra que causou alguma coisa, mas não foi. Foi a irradiação energética de um sentimento, que não percebeu.

Expiação e arrependimento

Pergunta 993

Não há homens que só têm o instinto do mal e são inacessíveis ao arrependimento?

Já te disse que todo Espírito tem que progredir incessantemente. Aquele que, nesta vida, só tem o instinto do mal, terá noutra o do bem e é para isso que renasce muitas vezes, pois preciso é que todos progridam e atinjam a meta. A diferença está somente em que uns gastam mais tempo do que outros, porque assim o querem. Aquele, que só tem o instinto do bem, já se purificou, visto que talvez tenha tido o do mal em anterior existência.” (804)

Muito interessante esse tema. Aí está simplesmente uma coisa maravilhosa: não julgue.

Quando a razão do ser humanizado julga alguém e o condena, chama essa pessoa de má. Só que se entendemos que o ser humano é a encarnação de um espírito, temos que entender que ela não é má: está dessa forma.

Essa é uma coisa que precisamos compreender claramente: a diferença de ser e estar.

O espírito não é aquilo que aparenta ser durante uma existência carnal. Ele está daquele jeito. Está do jeito que não gostamos como uma provação e não por ser assim. Em outra vida, outra encarnação, pode estar diferente.

Quero fazer uma pergunta: o que adianta criticar os outros? Já repararam que, quanto mais critica, acusa os outros, mais eles contrariam as suas verdades? Isso acontece dessa forma porque a crítica – estou falando de sentimentos de crítica e não das ações – sentimental é o desamor. Sendo assim, não ajuda em nada ninguém: nem quem critica nem quem é criticado.

Se você quer ser cristão, quer ser seguidor de Cristo, precisa aprender a não criticar ninguém, independente de quem seja e do que faça. Para isso é preciso ampliar a consciência, como estamos falando. Mesmo um carrasco, um assassino, aquele ser humanizado é um espírito que vem de Deus, da própria luz de Deus.

Precisamos ver que Deus cuida de cada um. Quando você vê alguém atacando o outro, não veja ali duas pessoas se digladiando. Amplie a sua consciência: saiba que são dois espíritos sendo usados por Deus para criar a prova deles e a sua. Amplie a consciência e veja que não há duas pessoas se ofendendo, mas Deus amando a todos, inclusive quem está sendo atacado.

É isso que está sendo dito nessa resposta, que é sublime, muito mais que maravilhosa. Enquanto não entendermos que não existe um ser humano e que por isso não existem pessoas boas ou más, continuaremos julgando. É preciso expandir a consciência e compreender que em cada ser humanizado há um filho de Deus.

Sim, todos são filhos de Deus, mesmo o diabo, aquele que comete as atrocidades que você encontra nesse mundo. Ele é filho de Deus. Porque todos vieram de Deus e todos fazem o que ele determina, pois é a Causa Primária de todas as coisas.

Sem expandir a consciência para a conscientização dessa realidade, você vai continuar criticando. Pior que isso, vai continuar se achando certo, o gostosão, o bonzão, aquele que sabe tudo e por isso pode falar dos outros.

O que não vê é que também já foi um ser que cultivou o egoísmo a ponto de ser instrumento das mesmas coisas que esse agora são. Se hoje já não serve como agente de ações desse jeito é porque alguém lhe deu amor e com isso ajudou no arrependimento.

Por isso, ame: ame a tudo e a todos. Amando incondicionalmente hoje estará contribuindo para um dia melhor, para você e para aquele ser. Criticando agora, estará contribuindo para uma nova ação que não vai gostar, pois você está em provas e não vivo. Por isso, a cada momento a sua capacidade de prender-se a uma paixão está sendo provada e precisa mostrar a si mesmo que aprendeu a libertar-se dela.

Participante: talvez essa seja uma das chaves para o progresso que a humanidade precisa.

O que seria a chave: não julgar o outro? Isso não é chave. É mandamento.

O primeiro mandamento ao qual vocês devem se entregar de corpo mente e alma: amar a Deus sobre todas as coisas. O segundo, ao qual devem entregar-se da mesma forma, amar o próximo como a si mesmo.

A consciência que falei é muito mais que uma simples chave: é a realização da missão espiritual. O amor não é caminho, é realização. Não espere o amor para abrir nenhum porta, criar nenhuma facilidade. Para isso é preciso usar outras chaves.

Essas chaves são os ensinamentos dos mestres. Eles podem abrir alguma. Só um detalhe: a única coisa que existe para ser aberta é o amar. Todos os ensinamentos dos mestres desvendam o amar.

O amor volto a repetir, é realização e não caminho. Ninguém usa o amor como caminho, mas usa caminhos para aprender a amar. É muito diferente.

A respeito disso, gostaria de contar uma historinha que está em um livro do Chico Xavier.

Jesus tinha acabou de contar a parábola do bom samaritano e os apóstolos criticaram quem atacou e quem não fez nada pelo judeu na estrada. O mestre pediu um tempo e disse: o bom samaritano vai além de socorrer o ferido. Deve ter benevolência, indulgencia e perdão também para quem não socorreu. E além disso, tem a mão estendida ao algoz, a quem atacou.

Aí está a verdade: vocês querem defender a vítima, mas fazem isso acusando alguém de ser culpado. Quem faz isso não é um bom samaritano, pois ainda participa de uma acusação.

O bom samaritano é aquele que não vê vitima nem algoz em nenhum acontecimento, pois sabe que todos são doentes, são espíritos encarnados, seres que precisam vencer provações. Por isso, ama a todos incondicionalmente.

Participante: ganhei um panfleto das Testemunhas de Jeová, que começava falando que Deus criou tudo que existe na Terra. Mais abaixo chamava o catolicismo de religião falsa e dizia que Deus proibiu o Espiritismo. Por que o ser humanizado não percebe as contradições em suas palavras?

Porque perceber isso não está programado para o seu ego, porque não é prova prevista para ele. Também não vê porque esse panfleto é prova para ver se você vai criticar os evangélicos.

Participante: se Deus cria o espiritismo, pois cria tudo e depois o proíbe, o que é isso? Esquizofrenia?

Não.

Apesar de dizerem que Deus criou tudo, eles não acreditam que foi Deus que criou o espiritismo. Para eles foi o diabo.

É isso que eles pensam, são essas verdades que possuem. Só que elas provas: para eles e para todos que têm notícias sobre isso. Portanto, quando recebeu e leu esse panfleto estava sendo provado para ver se sabe a verdade: eles estão errados.

Quem disse que você está certo? Quem disse que o certo não é ele? Não estou afirmando que o espiritismo é errado, também não estou afirmando que o evangélico é errado. Estou só concluindo uma coisa importante, que, aliás, é a única conclusão que pode tirar sobre qualquer coisa nessa vida: NÃO SEI!

Enquanto souber alguma coisa, tomou algum partido. Quem opta por um lado da questão, vive paixões. Quem tem paixões será contrariado algum dia e nesse momento sofrerá.

Além do mais, deixe-me dizer uma coisa: não é Deus que cria o espiritismo. Deus não cria o espiritismo e nem o evangelismo: cria provas, carmas. A prova do evangélico é o espirita, a prova do espírita é o evangélico. É assim porque as diferenças entre eles existe para ver se os espíritos na carne se amam acima das suas religiões.

Participante: como ajudar alguém que não quer ser ajudado?

Dando a ele o direito de não querer ser ajudado.

Quem disse que ele quer ser ajudado? Você! Quem disse que ele tem necessidade de ser ajudado? Você! É tendo essa consciência que digo que você não quer ajudar o outro: quer fazer o que acha certo.

Essa é a diferença. Mesmo que o outro peça ajuda, o ser humano não ajuda a ninguém. Afirmo isso porque ao ajudar está sempre guiando-se pelo que acredita ser certo ou verdadeiro. Sendo assim, não quer ajudar, mas impor o que acha bom ou certo ao outro.

Vamos dar um exemplo. Se você não gosta da cor amarela, com certeza jamais ajudará alguém sugerindo que ele opte por essa cor, não é verdade? Vai sugerir que faça a opção pela cor que você gosta.

Por isso dou um conselho: se quer ajudar alguém, apreenda a não gostar de nada. Se não consegue, pelo menos na hora de auxiliar o outro abstenha-se de impor o seu gosto ou sua verdade.

Quem disse que você tá certo? Olha o que acabei de dizer: não saiba de nada. Se souber vai dizer para o outro que ele está errado.

Participante: o bom samaritano é aquele que não vê vítima e algoz?

Exato.

O bom samaritano é aquele que ama. Quem ama, não vê vitima nem algoz. Ama a todos!

Bom samaritano é aquele que ama a todos e a tudo de uma forma indistinta.

Participante: continuando a questão dos evangélicos. Mas não se pode orientar os testemunhos de Jeová sem criticar, pois o texto traz contradições?

Orientar para quê? Para mostrar que você está certo? Meu Deus! Isso não é orientar ou ajudar, mas tentar dominar, subjugar. Posso até dizer que seja um estupro, pois ele não pediu para que você julgasse a religião dele.

Se ele pedir ajuda, orientação, você pode conversar e expor a sua posição. Isso é uma coisa. Agora, ir até ele e querer impor a sua verdade, postar-se a sua frente para dizer que as crenças dele estão erradas e que precisa mudar-se, é impor uma ditadura no relacionamento.

Moço, cada um tem o direito de ser, estar, fazer e acreditar no que quiser. Nós não podemos interferir nesse direito. Lembre-se que o seu direito acaba onde começa o dele. Não é o dele que precisa respeitar o seu. Para o cristão é ao contrário: o seu direito precisa respeitar o dele na integra.

O que está propondo é falta de caridade. É falta de humildade. É querer se mostrar como grande, sábio, como o perfeito, como o melhor. Será que nunca ouviu falar que o maior no reino da Terra será o menor no reino do céu?

Não, não faça isso: não ajude ninguém impondo o que imagina saber.

Participante: mas foi o evangélico quem foi a minha casa.

Aí é outra coisa. Não foi isso que colocou na pergunta. Apesar disso, só essa ida não justifica o seu procedimento.

Se o evangélico foi a sua casa pedir ajuda para aprender, é uma coisa. Agora, se foi fazer propaganda da religião dele, é outra. No primeiro caso você tem o direito de falar, mas não o de exigir que ele acredite. Se a ida aconteceu dentro da segunda opção, cale a boca e ouça o que o evangélico tem a dizer. Ouça ... Se ele foi fazer propaganda você não tem nada a ensinar. Na verdade, é ele que está ali para ensinar.

A primeira coisa que todo mestre desenvolve é a capacidade de ouvir. Não para encontrar pontos para contrariar, mas para tomar a consciência da multiplicidade de opiniões que existem sobre um assunto. Só com essa consciência pode desenvolver a doação da razão.

Portanto, se ele foi a sua casa pedir ajuda, demonstrando interesse em conversar sobre um assunto, dê a sua opinião. Mas, se foi fazer propaganda e você viu erro nele e quis mudá-lo, isso é um ato de soberba.

Participante: aprendi hoje uma coisa importante: não tomar partido sobre as coisas.

Claro.

Todo partido que tomar, será baseado no que você acha e quem baseia no que acha quer impor ao outro sua verdade. Isso leva ao sofrimento, pois por causa do egoísmo intrínseco do ser humano, o outro também vai querer impor a dele.

Cada um tem o direito de acreditar no que quiser. Mais: ninguém tem responsabilidade sobre ninguém. Por isso, ninguém precisa salvar ninguém de qualquer situação.

Por isso, a não ser que alguém peça, evite dar conselhos. Se ela está pedindo para conversar, aí é outro detalhe. Mesmo com esse pedido, a conversa não deve ser realizada tomando como verdade o que você acredita.

Não participe de uma conversa com a seguinte postura: ‘senta aí que vou lhe ensinar o certo e mostrar o que é bom’. O verdadeiro mestre pratica humildade. Essa caracteriza-se por não julgar-se o certo.

. Porque quem acha que conhece o certo, o bom, é soberbo, não humilde. O humilde é aquele que não é nada. Está sempre com os outros, dando a eles o direito de ser e estar o que quiserem.

Participante: agora aprendi. Obrigado.

Expiação e arrependimento

Pergunta 994

O homem perverso, que não reconheceu suas faltas durante a vida, sempre as reconhece depois da morte?

Sempre as reconhece e, então, mais sofre, porque sente em si todo o mal que praticou, ou de que foi voluntariamente causa. Contudo, o arrependimento nem sempre é imediato. Há Espíritos que se obstinam em permanecer no mau caminho, não obstante os sofrimentos por que passam. Porém, cedo ou tarde, reconhecerão errada a senda que tomaram e o arrependimento virá. Para esclarecê-los trabalham os bons Espíritos e também vós podeis trabalhar.

Vocês também podem trabalhar como os espíritos elevados. Como eles trabalham? Com amor. É isso que está sendo dito.

Por mais que o ser universal acredite em alguma coisa ruim, um dia verá que essa queixa, perto do universo, do que é real, é ilusão. É ficção. Quando compreende isso ou desiste ou continua firme, como o burro, no sentido de empacar numa verdade só: eu, eu, eu, eu. Mas, mesmos esses um dia também acordarão.

Expiação e arrependimento

Pergunta 994

O homem perverso, que não reconheceu suas faltas durante a vida, sempre as reconhece depois da morte?

Sempre as reconhece e, então, mais sofre, porque sente em si todo o mal que praticou, ou de que foi voluntariamente causa. Contudo, o arrependimento nem sempre é imediato. Há Espíritos que se obstinam em permanecer no mau caminho, não obstante os sofrimentos por que passam. Porém, cedo ou tarde, reconhecerão errada a senda que tomaram e o arrependimento virá. Para esclarecê-los trabalham os bons Espíritos e também vós podeis trabalhar.

Vocês também podem trabalhar como os espíritos elevados. Como eles trabalham? Com amor. É isso que está sendo dito.

Por mais que o ser universal acredite em alguma coisa ruim, um dia verá que essa queixa, perto do universo, do que é real, é ilusão. É ficção. Quando compreende isso ou desiste ou continua firme, como o burro, no sentido de empacar numa verdade só: eu, eu, eu, eu. Mas, mesmos esses um dia também acordarão.

Expiação e arrependimento

Pergunta 995

Haverá Espíritos que, sem serem maus, se conservem indiferentes à sua sorte?

Há Espíritos que de coisa alguma útil se ocupam. Estão na expectativa. Mas, nesse caso, sofrem proporcionalmente. Devendo em tudo haver progresso, neles o progresso se manifesta pela dor.”

Mesmo que ache que é uma boa pessoa, ainda há um detalhe que precisa trabalhar em si: o motivo para estar vivo. É preciso se ocupar com isso, porque é essa questão que direciona toda a existência.

Se alguém tem como objetivo na vida ter um filho, trabalha e se ocupa o tempo inteiro com esse objetivo. Se alguém quer ganhar dinheiro para evoluir materialmente, se ocupa o tempo inteiro com isso. É o motivo pelo qual imaginamos que estamos vivos que gera todas as ocupações da vida. Mais: que serve como filtro para criar o certo e o errado, o bom e o mal.

Portanto, para aproveitar a encarnação não basta ser uma boa pessoa apenas; é preciso ter consciência qual é o nosso objetivo da vida. Só tendo essa consciência podemos nos ocupar com assuntos que são importantes para quem está buscando Deus.

Por isso, pergunto: será que você tem tempo para trabalhar a si mesmo no sentido da evolução espiritual? Para se evoluir não adianta só ser bom dentro dos padrões humanos: distribuir dinheiro nos jantares dos centros, fazer campanha do agasalho, percorre as ruas para dar de comida a mendigos ou participar como médium de um trabalho. É preciso fazer outras coisas, mas essas dependem do sentido do seu trabalho durante a vida.

Por isso pergunto novamente: qual é a sua preocupação na vida? Qual a sua ocupação? Você está ocupado em ser um humano de sucesso, ou seja, que segue os preceitos humanos de bondade, ou está ocupado em viver como um espírito que já é? Essa é a questão que precisa ser considerada por todos aqueles que querem buscar aproximarem-se de Deus.

Sabe, de nada adianta depois do desencarne dizer: ‘fiz a minha parte no sentido de aproximar-me de Deus quando pude, quando as atribuições humanas permitiram’. Não! É preciso realizar as coisas materiais quando puder e concentrar-se em trabalhar o tempo inteiro para a sua reforma íntima. O trabalho para ser bonzinho, ou seja, para cumprir os preceitos humanos de bondade, deve ser feito quando houver tempo.

Esse é um detalhe que precisamos nos preocupar. Até hoje há pessoas que não compreenderam a máxima ‘fora da caridade não há salvação’. Acham que por estar apenas doando coisas materiais, inclusive dinheiro, estão conquistando o seu lugar no céu. Esses vão acordar no inferno ou umbral, dependendo de sua crença, e um capetinha dirá: ‘surpresa, não era bem isso’.

 Falo isso porque a caridade, como está em O Livro dos Espíritos, é o exercício da benevolência, indulgencia e perdão. Por isso, não adianta nada, no sentido de conseguir aproximar-se de Deus, dar um prato de comida: se não houver benevolência, indulgência e perdão, não foi dado nenhum passo no sentido de aproximar-se do Senhor.

De nada adianta se dar uma esmola a quem não tem, se junto está se vibrando crítica para quem não ajuda ou ao governo que não faz nada pelos pobres coitados. Não adianta nada dar um agasalho a quem tem crio se ainda se vibra condenação contra qualquer um por qualquer motivo.

São para esses detalhes que precisamos começar a acordar. Tem muita gente enganada nesse mundo achando que vai sair da carne e será recebido no mundo espiritual com hinos de louvor. Acho que o único hino que vão vai ouvir é do time deles.

Participante: como fica a questão de não ficar inerte, como está no texto que foi lido, quando temos aprendido que o espírito tem que ser apático?

Essa inercia é a apatia que falo.

A questão do apático é um jogo de palavras. Para você apatia é não ter sentimento por alguém. Para mim, é um sentimento ou uma sensação específica. Um estado de espírito que é alcançado quando se liberta das emoções.

Participante: então, quando nos libertamos das emoções não tem nada a ver com essa questão de O Livro dos Espíritos de serem indiferente?

Não, aqui é outra coisa. Aqui é uma postura de indiferença que não tem nada a ver com a apatia que falei.

Participante: não consigo distinguir uma da outra.

O problema é a palavra. O que chamei de apatia, renomeie como equanimidade. Se fizer isso, acaba com o problema.

O problema de se conversar as coisas espirituais é a falta de palavras para explicar as coisas.

Participante: como saber os objetivos que determinamos na erraticidade? Somente pela intuição?

Não!

Deixe explicar uma coisa. Tem algo que você não goste nessa vida? Uma atitude que alguém pratique e que você não goste? Vou dar o exemplo clássico para entendermos: você não gosta que alguém mate outra pessoa.

Por que não gosta? Porque tem o instinto de preservação da vida. Pois aí está uma prova que escolheu fazer. Encarnou para libertar-se desse instinto. Porquê? Porque esse instinto é contrário aos anseios espirituais. Afinal, quem quer conservar a vida material não quer voltar para a vida espiritual, não é mesmo?

Quem defende a preservação da vida dá mais valor a existência material do que a espiritual. Quem preza a espiritual, não tem o instinto de preservação da humana. Isso não quer dizer que quem valoriza mais a vida espiritual deve se suicidar. Apenas mostra que esse não se prende a vida material.

Agora respondendo a sua questão, afirmo que tudo que não gosta – ah, e tudo aquilo que gosta, é apaixonado positivamente – são representações de gêneros de provas que pediu na erraticidade.

Participante: o que fazer quando sabemos da nossa programação, lembramos, e não conseguimos visualizar meios para realiza-la?

Você está falando de atos ou de sentimentos? Da sua programação para alcançar um sentimento ou, por exemplo, casar com alguém?

Participante: atos.

Sobre atos, digo que você não veio realizar nada. Tudo o que tiver que viver nesse sentido acontecerá, independente da vontade sua ou de qualquer um. O que veio realizar deverá ser feito enquanto os atos acontecem.

Conforme o que está na pergunta sobre a fatalidade, quando na erraticidade o espírito escolheu um gênero de prova, criou para si uma espécie de destino. Isso quer dizer que o ato ocorrerá, independente do querer do ser humano.

Ainda de acordo com a mesma questão de O Livro dos Espíritos, enquanto o ato acontece você tem a liberdade de escolher entre o bem e o mal. Bem é o amar universalmente; mal, amar individualmente, egoisticamente.

Por isso, se o seu ego, a sua razão lhe disser que tinha que fazer alguma coisa (atos) que não está sendo feita, isso não é verdade. Trata-se de uma prova sentimental para ver se sofre ou se mantém a sua felicidade.

Optando por crer na razão, vai acreditar que pode estar cometendo erros durante a encarnação. Com isso sofrerá. Se você amar a tudo e a todos, inclusive a si, independente do que fizer, terá promovido a reforma intima. Por isso permanecerá em paz, harmonia e felicidade.

Portanto, a reforma intima não depende de atos. Depende de amar a tudo, inclusive ao ego quando ele diz que você tinha que fazer alguma coisa que não fez.

Participante: já foi a época em que ficava mal com isso. Hoje estou mais tranquilo

Então está conseguindo vencer a prova.

Só um detalhe: mais do que tranquilo, fique indiferente. Quando o ego cobrar alguma coisa, diga: ‘se tiver que acontecer, vai acontecer. Eu não sei o destino que Deus me reservou. Ou melhor, não sei que destino Deus me dará a partir do que pedi para receber’.

Participante: sobre a mediunidade, como posso saber se tenho?

Grande pergunta. É uma dúvida de muitos.

Para responder, vou partir de um princípio: todos são médiuns em potencial. Porque estou partindo desse ponto? Porque Deus não daria a alguns o que não daria a outros. Por isso é que afirmo que todos possuem a capacidade mediúnica.

 Agora, se você especificamente vai precisar usar a mediunidade nessa vida, eu não sei. Pode ser que precise, pode ser que não precise, mas essa capacidade está lá.

Portanto, responderia o seguinte: se amanhã ou depois for a um centro e alguém disser que precisa desenvolver, se louvado seja, se não desenvolver, não era para fazer isso. Além disso, aconselho: não esquente sua cabeça com isso.

Todos são capazes, mas se você não tiver que praticar essa ação, não vai acontecer nunca. Se tiver, isso acontecerá fatalmente.

Participante: o assassino não será julgado pelo ato de assassinar, mas pelo sentimento, intenção que o motivou individualmente para o assassinato. É isso?

Julgado por quem? Cristo ensina assim: ‘Deus não julga, nem eu’. Será, então que o assassino será julgado por alguém?

Essa questão de julgamento é subjetivo. Na realidade quem julga é o próprio espírito. Ele, quando sair da encarnação e ficar de posse da sua consciência espiritual vai analisar a sua existência material e se julgar. Só não vai julgar o ato de assassinar, mas a sua ação sentimental durante aquele momento.

Do jeito que você colocou a pergunta, parece que o espírito é culpado de assassinar porque teve raiva. Não, nunca disse isso. O que sempre digo é que ninguém é culpado por nada.

O espírito ao se julgar, vê a falha sentimental que teve, Com relação a acontecimentos, posso afirmar que não dará mais valor para matar alguém do que para quando chamou outro de bobo. Para ele os dois momentos têm o mesmo peso: são partes de teatrinho chamado vida humana.

Outra coisa. Ao analisar os sentimentos com os quais viveu, o espírito não dá a sentença de culpado. Para ele houve uma escolha egoísta e não um erro.

Só estou querendo deixar bem claro isso porque do jeito que você perguntou, dá a entender que o ser é culpado de ter raiva e por isso assassinou. Não é isso.

Participante: e o assassínio de aluguel como fica? É apenas um profissional?

Não sei.

Há assassinos de aluguel que não tem emoções ao matar, nem depois. Porém, há assassinos de aluguel que gostam de matar. Por isso não posso responder genericamente.

O que precisamos atentar é que não importa se mata um, dez ou vinte. O importante é como se vivencia cada acontecimento da vida. Se matou cinquenta, em quarenta e nove não teve emoções, mas teve em um caso, se sentirá culpado por esse sentimento.

Participante: odeio a palavra culpa. Como devo ser indiferente a ela?

Não odiando a culpa. Se a odeia ou gosta dela, não é indiferente. Ser indiferente é ser indiferente. Culpa é culpa, e daí?

Se você odeia, vai sentir culpa. Se odeia a culpa não alcançou a equanimidade. Ainda não está indiferente à culpabilidade. Por isso a sentirá.

Ame equanimemente a culpabilidade. Não tenha paixão por ela, mas a ame de uma forma universal. Ela merecer ser amada porque é um dos elementos de provação do planeta Terra. Por isso, louvado seja Deus que dá a culpa para que o espírito possa provar a si mesmo que aprendeu o que é amar.

Participante: é não se culpar por ter culpa?

É: recebendo do ego a razão para se culpar, dizer, ‘não sei se tenho culpa ou não. Sei lá! Se me culpar, me culpei; se não me culpar, não me culpei’.

É isso.

Participante: na prática, como poderemos fazer isso? Não dando vazão aos sentimentos de culpa? Mudando o pensamento enquanto não conseguimos mudar os sentimentos que é mais difícil?

Isso.

Se conseguir mudar o pensamento, ótimo! Se não conseguir, o que precisa é não sentir-se culpado, não assumir a culpa para si.

Participante: haja encarnação para aprender tudo isso. Aprendizado é mudança de atitude.

Olha, as oportunidades estão acabando! Acho melhor fazer logo.

Participante: é tudo numa encenaçãozinha só.

Não, não é.

Participante: tenho que fazer nessa encarnação porque é a última?

Sim, é a última, mas de quantas?

Quando falo na questão dessa ser a última oportunidade, as pessoas sempre me cobram o ter que fazer agora. O problema é que vocês já tiveram um monte de encarnações anteriores e não fizeram o que precisa ser feito. Quantas oportunidades já tiveram e jogaram fora?

Vai jogar fora mais essa por achar que é muita coisa pra fazer nessa?

Participante: numa só porque essa é a última no mundo de provas e expiações.

Isso.

Não levem a mau o que vou dizer agora: todos que estão encarnados nesse mundo foram alunos relapsos. O que isso quer dizer? Que apesar de terem ido à escola o ano inteiro, não conseguiram aprovação. Aí, na última prova, no último dia do ano letivo é que cai a ficha que tem que fazer alguma coisa. Então diz para si: ‘é melhor eu aproveitar bem dessa oportunidade porque já joguei muitas fora’. Nesse momento sai correndo para fazer.

Isso acontece com alguns, mas tem outros que, apesar de verem isso, não se preocupam com essa questão. Acham que vão ter toda a eternidade para fazer alguma o que é preciso. Sim, terão, mas o custo de se deixar para amanhã o que deveria ser feito hoje é começar o ano letivo de novo.

Você quer encarnar de novo? Então aproveite a chance que está tendo.

Participante: essa é a última no mundo de provas e expiações?

No planeta Terra.

O planeta vai evoluir. Ele será um mundo de regeneração. Aqueles que não obtiverem a provação para esse mundo, continuarão encarnado em mundos humanizados, de provas e expiações, mas em outro planeta. Esse planeta, aliás, já está pronto e já está recebendo seus futuros moradores.

O que estou falando é da de Ramatis que afirma que um planeta que vai passar pela Terra e chupar os que não mais poderão ficara aqui. Eu prefiro fazer o simbolismo para esse momento com uma nave. Afirmo que há uma nave que assim como trouxe de Capela os espíritos que não conseguiram evolução para cá, também levarão os daqui para o novo planeta.

O instrumento da transferência não importa. O que importa é saber que aqueles que não vão conseguiram aprovação não vão continuar no planeta Terra. Apenas um detalhe: isso não é castigo, não é pena.

Aqueles que para lá forem não sofrerão por ter ido. Por quê? Porque quem for encarnar naquele planeta nem vai lembrar que um dia viveu na Terra. Continuará com a mesma vidinha espiritual que tem hoje. O único detalhe é que espiritualmente falando esse ser continuará no ano letivo de prova e expiação.

Não há mais tempo para continuar no planeta Terra como prova e expiação. O planeta vai evoluir; quem foi com ele foi, quem não foi vai ter que começar tudo de novo.

Participante; está tão perto assim?

Não dura mais do que cem anos.

É preciso separar o joio do trigo. Por isso estou dizendo para quem está encarnado: é a sua última oportunidade. Não vai dar tempo de desencarnar, preparar outro ego e encarnar novamente na Terra. Por isso, quem desencarna agora, já está sendo separado dos que vão ficar: os que vão a direita e os que vão a esquerda de Cristo, como está na Bíblia.

Participante 1: mas, como poderá ter vida evoluída aqui se os homens estão destruindo a Terra?

Participante 2: a Terra continuará com a mesma constituição material?

Jura que você acha que o homem pode destruir o que Deus fez? Acha que o homem pode causa alguma coisa sem que a Causa Primaria possa fazer alguma coisa? Que deusinho fraco o seu hein!

Participante: na verdade temos estudado que haverá uma mudança.

Então, o que você chama de destruição, não é: é uma mudança.

A ação da humanidade hoje está sendo instrumento de /deus para a realização das mudanças necessárias no planeta para o próximo ciclo de encarnações. Está mudando para o próximo mundo. Isso é o que pensa um espiritualista. Já o ser humano afirma que está acontecendo uma destruição no planeta, mas isso é irreal: ele está sendo adaptado para o novo mundo.

Sabe onde está a Atlântida, território que existia no ciclo anterior de encarnações nesse planeta? No fundo do mar. Sabe onde vai parar os países de hoje? No fundo do mar. Novos territórios surgirão. É preciso haver mudanças entre um ciclo e outro.

Então, o que está acontecendo é simplesmente uma mudança. Só que não se trata de uma mudança realizada pelo caos, mas comandada pela Causa Primária de todas as coisas. E você, que não vê as coisas na sua realidade, acusa alguém de destruir o planeta. ´

É aquilo que falamos antes: não pode haver destruição; o que há é amor a todos. Por isso, não devem haver críticas.

Expiação e arrependimento

Pergunta 995a

Não desejam esses Espíritos abreviar seus sofrimentos?

Desejam-no, sem dúvida, mas falta-lhes energia bastante para quererem o que os pode aliviar. Quantos indivíduos se contam, entre vós, que preferem morrer de miséria a trabalhar?

Imagino que as pessoas que me acompanham há algum já descobriram qual será o efeito da pratica dos ensinamentos que trazemos: quem conseguir superar o ego, superar as paixões humanas – que que como diz o Espírito da Verdade são paixões animais, de gozo animal – terá como única mudança na sua existência carnal o fato que viverá os acontecimentos com felicidade universal, felicidade incondicional.

Ou seja: a vida não mudará em nada. Todas as coisas materiais poderão ser vividas, se estiverem programadas para ser disponibilizadas ao ser. Só que ele não mais sentirá sofrimento na ausência de alguma coisa.

Eu diria, que tirando qualquer aspecto espiritualista da questão, que esse também é o objetivo primário do ser humano. Pergunte a qualquer um; ele sempre dirá: ‘eu quero ser feliz! Quero ter uma felicidade duradoura! Quero ter uma felicidade eterna’!

Apesar dessa coincidência, muitos acham errado o que falamos. Alguns se esquivam dizendo que não conseguem fazer. Outros dizem que tudo isso é besteira.

Ora, se você quer ser feliz e se estou mostrando e provando que vivendo com as premissas que comento será, porque não fazer? Eu mesmo respondo: porque está mais apaixonado por suas verdades do que pela felicidade que diz querer ter.

Há uma diferença entre ser feliz e ter o prazer de conquistar, de dominar, de estar certo, de ser bonito, de ser o bonzão. A maioria dos seres encarnados afirma estar preocupada com a felicidade, mas o que quer é alcançar o prazer.

Ele não quer ser feliz: o que quer ter o prazer através da conquista de uma vida tranquila, um emprego bom, dinheiro para poder comprar objetos, uma família constituída. Por isso quando se mostra um caminho para a felicidade, mas que vá contra essas paixões, as pessoas lutam contra. Lutam porque querem preservar o sonho de que poderão ser feliz sem se mudar, sem abrir mão de nada.

A vida tem um objetivo único: reformar-se, mudar-se. A vida ou a existência carnal de um espírito, não foi criada para o deleite material. Ela foi criada com o objetivo do trabalho espiritual. Que trabalho é esse? Viver em felicidade plena.

Essa compreensão é a única coisa que pode começar a lhe movimentar no sentido de se aproximar de Deus. Quem ainda espera, acredita que pode ser feliz usando as coisas materiais para isso, ou seja, que pode realizar todos os seus sonhos materiais, jamais será feliz verdadeiramente. Por quê? Porque como Cristo ensinou, não deve se amealhas bens na Terra, mas no céu.

A felicidade incondicional que estamos falando é a bem aventurança que Cristo ensinou. É o bem celeste, a glória e a graça de Deus vivendo em você.

A partir da compreensão do que estamos falando agora, você terá condições de trabalhar no sentido de aproximar-se de Deus, de exercer a fé, de amar. Mas, enquanto não conseguir compreender que não está vivo, mas que está vivendo uma encarnação, que não é um ser humano, mas um espírito em provação, não há reforma alguma que possa ser realizada.

Quem ainda acha que é um humano vivendo uma vida vai viver como todos vivem. Só a mudança da consciência, a alteração de uma crença, de uma forma de ver realidades, pode ajudar. Sem a reforma do íntimo, sem a mudança das crenças atuais, nada há de ser conseguido.

Para quem me falou de destruição do planeta digo: reforme-se, não acredite em destruição. Para as pessoas que acham que o assassinato é um ato horrível, digo: reformem-se. Aprendam que existe uma Causa Primária de todas as coisas que dá a cada um segundo as suas obras. Às pessoas que acham que podem criticar o próximo simplesmente por não acreditarem nas mesmas verdades e acham que têm o direito de mudar o outro, digo: reformem-se. Amem e deem ao próximo o direito de ser estar e fazer o que quiser.

Sem isso nada vai ser conseguido. Enquanto houver uma verdade, uma paixão induzindo você a acreditar que só a realização dos desejos pode lhe trazer felicidade, não há comunhão com Deus. O ser humano com todas as suas paixões e desejos é o inimigo de Deus segundo Paulo. O espírito é o filho querido de Deus, aquele que vive o amor universal como único trabalho dessa vida.

Participante: como se dará a separação dos espíritos menos evoluídos dos mais? Deus vai descer na Terra?

Não.

Isso acontecerá no mundo espiritual e será guiado pelos mentores. Os espíritos que saírem desse planeta nem terão consciência de que isso está acontecendo.

Participante: podemos concluir lendo o evangelho, que o Espírito da verdade foi Jesus Cristo quando encarnado?

Não.

O Espírito da Verdade não é um espírito. É um grupamento de espíritos. Vamos dizer assim, é uma academia superior de ciências espirituais comandadas por Cristo.

Participante: uma vez vi num site que metade da população desencarnaria até dois mil e doze. Como podemos analisar isso?

Podemos analisar com o ensinamento de Cristo: que vai acontecer vai, mas a hora só Deus sabe.

Com relação a esse número citado, acho que está sendo muito grande. Acho que só um terço não vai conseguir. Mas, assim mesmo são só números porque só quem sabe a realidade é Deus.

Nós, mensageiros do mundo espiritual, podemos saber que a hora está próxima, mas o momento exato só Deus vai dizer. Aliás não existe ano dois mil e doze, porque não existe tempo nem espaço.

Participante: as pessoas que nascerem próximo ao período de transição serão então já regeneradas?

Não.

Nós já estamos no período de transição desde o ano de mil novecentos e noventa e nove. Já estão nascendo espíritos só para regeneração e ainda estão nascendo outros ainda para provas e expiações. Por isso falei num período de cem anos. Mas, isso também é simbólico, pois a hora só Deus sabe.

Participante: a ideia que Deus age por nós, não pode alterar nossas ações? Pode, por exemplo, nos tornar negligentes com nossas atitudes. Ao mesmo tempo, tira fardos de nossas costas com possíveis consequências das mesmas. São duas conclusões antagônicas, pois desviamos o foco dos nossos esforços para causas (sentimentos) ao mesmo tempo em que passamos a negligenciar as atitudes que funcionam como elemento carmático para outrem.

Sua colocação é muito grande. Vamos por parte.

A ideia que Deus age por nós, não pode alterar nossas ações?

Nunca falei isso.

Nunca disse que Deus age por vocês. Até porque o que chama de ação é uma ilusão. Veja, se não há um braço, como ensinamos, ele não pode se mover e atingir o rosto de alguém. O que há é uma ilusão de ação. O que há é um braço ilusório que ilusoriamente se move contra um rosto também ilusório.

Por isso afirmo que a ideia que afirma que Deus age através de você, por você, é ilusão. Deus não age. Ele cria a ilusão da ação. Só que a ilusão da ação não é uma ação: é simplesmente uma miragem.

Na verdade, nesse mundo apenas um ser age. Quem? O espírito. Age como? Vivenciando as ilusões, a peça de teatro, o filme. Apenas ele age e essa ação não é física, mas emocional.

Então, Deus não age por você. O espírito age ao assistir a projeção do filme que Deus faz. Deus não é o artista, não é o personagem: é o projetista do filme.

Isso pode nos tornar negligentes com nossas atitudes.

Não pode haver negligência em atitudes. Vamos refletir direitinho.

Por que você agride alguém? Porque tem raiva. Por que cobiça a mulher do próximo? Porque tem desejo sexual ou paixão. Por que possui a sua casa? Porque gosta dela. Dessa simples análise concluímos algo: a sua ação será sempre movida por uma intenção.

Isso nos leva a concluir que que nenhuma ação pode ser negligenciada. Até porque, se negligenciarmos alguma coisa é porque tínhamos a intenção de negligentes. Nesse caso, não negligenciamos nada.

Então, com a ação nunca seremos negligentes. No entanto, afirmo que podemos, e não devemos, ser negligentes com a intenção. Ela não deve ser negligenciada.

Você não pode deixar de se preocupar (negligenciar) a cada segundo com a intenção que está participando da ação, porque é ela que determina se está realizando o objetivo da encarnação (amar universalmente) ou não. Acontece, que se acreditar que possui a liberdade de agir, vai preocupar-se com a ação e com isso negligenciar a intenção.

Então, quando falo que as ações são comandadas por Deus, não estou afirmando que devam negligenciar qualquer coisa. É ao contrário. Estou falando para que deixe de prestar atenção no ato e passe a prestar atenção na sua intenção.

Afinal como disse Cristo: Deus julga a intenção de cada um e não a ação. A intenção, o objetivo com o qual participa das ações, como assiste as ilusões que Deus projeta.

Ao mesmo tempo tira fardos de nossas costas com possíveis consequências das mesmas.

O ensinamento retira o fardo sim, mas isso não quer dizer que esteja errado. O próprio Cristo ensinou: venha para mim que meu jugo é leve. Sendo assim, amenizar o cumprimento dos ensinamentos é seguir ao mestre.

Agora pegue as doutrinas religiosas, cristãs ou não. Verifique se em alguma delas existe o fardo leve. Não, o que existe é o fardo pesado.

Existe a responsabilidade material, a de fazer, ser, estar o que elas acham certo. Existe a penalidade, a acusação, a crítica a quem não segue o que elas determinam. Que julgo leve é esse que deveriam ter s elas colocam uma canga pesada nos seus fiéis?

Cristo diz que o jugo dele é leve porque os ensinamentos que trouxe devem servir como caminho para a libertação das obrigações materiais e deixar uma única opção a realizar: amar. Lembre-se: quem só ama é pobre de espírito e por isso herdará o reino do céu, a felicidade incondicional.

São duas conclusões antagônicas, pois desviamos o foco dos nossos esforços para causas (sentimentos) ao mesmo tempo em que passamos a negligenciar as atitudes que funcionam como elemento carmático para outrem.

Não são antagônicas.

Como já expliquei, por trás de cada ato há uma essência. O carma é essência. Deixe-me explicar isso.

Exemplo: alguém não tem o que comer. Não ter o que comer não é um carma, é uma imagem projetada na mente do ser encarnado para que o carma esteja em ação. Qual o carma? O apego à vontade de comer; exigir do mundo aquilo que considera que tem direito.

Então, a ação em si não é carmática. Por trás da ação existe uma intencionalidade sendo testada. O que é testado é na verdade o carma. Ninguém tem o carma de ser traído pela esposa, mas alguns podem ter o carma de sentir-se traídos para testar algum sentimento.

Participante: ao contrário, a responsabilidade aumenta enormemente. Só que ao invés de estar focado no ato ação ou mesmo focado no pensamento, a responsabilidade está focada no sentimento, intenção, ou seja, mil vezes mais sutil.

Exato! Com isso você assume a verdadeira responsabilidade que tem: a capacidade de amar.

 O foco espiritual é sempre na intenção jamais na ação. No planeta, a lei e os costumes focam na ação, deixando de lado a intenção. No plano espiritual é exatamente o oposto.

O espírito humanizado vê as ações, o espírito espiritualizado vê as intenções. Essa é a mudança de atitude que precisamos estar atentos quando nos vemos como espíritos que somos.

Perfeito. Há uma historinha interessante a respeito disso. Se me permite contar ...

Em determinada seita hindu é proibido ao monge tocar em mulher. Um dia dois monges estão à beira de um rio. Dentro dele uma mulher queria atravessar sem conseguir. Um dos monges, ligado no aspecto ajuda ao próximo, pega ela no colo e a leva do outro lado e volta.

O outro monge caiu em cima dele: ‘você sabe que não pode pegar em mulher e pegou. Agora está impuro. Não posso mais lhe acompanhar. Não toque em mim. Irresponsável!’

O dia inteiro o monge seguiu falando e criticando o outro. O que pegou a mulher sempre em silêncio até que em determinado momento, respondeu: ‘sim, eu atravessei a mulher, mas a deixei lá. Já você está trazendo carregando-a por todo o dia’.

Essa história ilustra o que estamos conversando. O monge lidou com a sua intenção, pois pegou na mulher objetivando ajuda-la. Ele foi lá e fez, agiu. Não se preocupou com o ato (estar carregando a mulher no colo) porque tinha consciência da sua intenção.

O monge não carregou a mulher por obscenidade, com intenção obscena, de prazer sexual. Por isso, não fez mal nenhum.

Participante: como explicaríamos a mudança de atitude que ocorre quando mudamos a nossa filosofia de vida?

Boa pergunta.

Primeiro: essa mudança de atitude não é padrão para os que mudam a filosofia de vida. Muitos mudam a filosofia, mas não mudam as atitudes.

Então, sim, em alguns casos existe uma mudança de atitude. Perfeito, concordo plenamente. Porque isso acontece? Se é algo que acontece nesse mundo, faz parte do carma, da provação.

Tudo que vem do ego é uma prova, pouco importa se é o que existia ou o que foi obtido durante a encarnação. Vou dar um exemplo: se você é cristão, mas vai ao Budismo, estuda e compreende a doutrina e por isso muda de atitudes, essa mudança é o novo instrumento de prova que você tem. Antes o instrumento eram os estudos cristãos, agora os budicos.

O que isso quer dizer? Que a sua interação com os ensinamentos budistas não pode ser realizado através de paixões, ou seja, achar certa as novas atitudes. Se vive assim, condenou as antigas a serem taxadas de errado. Com isso mostrou que ainda está preso no mérito e no demérito, o que não está contido dentro da doutrina do Iluminado.

Respondendo, então, digo que quando há mudança de atitudes, elas também são provas para ver se ao criar um novo padrão e vai se prender a ele.

Expiação e arrependimento

Pergunta 996

Pois que os Espíritos veem o mal que lhes resulta de suas imperfeições, como se explica que haja os que agravam suas situações e prolongam o estado de inferioridade em que se encontram, fazendo o mal como Espíritos, afastando do bom caminho os homens?

Estamos falando de espíritos fora da carne.

O que Kardec quer saber é se o espírito fora da carne tem consciência do individualismo, já que continuam sendo individualistas ao agirem junto aos espíritos encarnados para fortalecer esse individualismo?

Assim procedem os de tardio arrependimento. Pode também acontecer que, depois de se haver arrependido, o Espírito se deixe arrastar de novo para o caminho do mal, por outros Espíritos ainda mais atrasados. (971)

Ou seja, os que agem assim são espíritos que ainda não mudaram a consciência.

Não sei se lembram quando conversamos sobre arrependimento. Naquele momento disse: arrependimento é uma mudança de consciência.

Então, estamos falando de espíritos que já estão desencarnados, que sabem conscientemente o ‘mal’ que o individualismo faz, mas ainda não mudaram a sua consciência. Ou seja, a sua fonte de felicidade. Ainda estão presos a uma felicidade conceitual e não a uma universal.

Felicidade conceitual é aquela que é fundamentada nos conceitos. Eu gosto, eu quero, eu faço, eu amo e acontece, eu sou feliz.

Expiação e arrependimento

Pergunta 997

Veem-se Espíritos, de notória inferioridade, acessíveis aos bons sentimentos e sensíveis às preces que por eles se fazem. Como se explica que outros Espíritos, que devêramos supor mais esclarecidos, revelem um endurecimento e um cinismo, dos quais coisa alguma consegue triunfar?

A prece só tem efeito sobre o Espírito que se arrepende. Com relação aos que, impelidos pelo orgulho, se revoltam contra Deus e persistem nos seus desvarios, chegando mesmo a exagerá-los, como o fazem alguns desgraçados Espíritos, a prece nada pode e nada poderá, senão no dia em que um clarão de arrependimento se produza neles. (664)

No texto, desgraçados é usado no sentido de sem a graça. Não é no sentido de ser um safado.

Novamente o que já falamos: arrependimento é mudança de consciência e não enriquecimento de cultura. Ninguém se arrepende racionalmente. Arrependimento é uma mudança conscencial. Uma mudança de consciência não racional, mas emocional.

Sendo assim, aqueles que passam a amar quem não amavam, se arrependem do individualismo. Esses são salvos. Mas, aqueles que sabem culturalmente qual é o certo e se arrependem do que fizeram, mas não passaram a amar, não mudaram nada.

A partir dessa consciência, oriento: não se apeguem em ensinamentos de mentores, auxiliares, anjos que têm uma palavra, uma história bonita para contar ou um ensinamento aparentemente profundo, mas que crie obrigações e valores para que se ame. Fiquem-se apenas naqueles que dizem ame, que retire toda e qualquer restrição para amar.

O que acabei de falar é importante. Vocês procuram nos mentores aqueles que passam a mão na cabeça, que atribuem a culpa sempre a outro ou aqueles que podem dar maior cultura, mas confiar neles é perigoso, além de ser uma ilusão. Esse não é o mentor que pode lhe ajudar.

É muito melhor aquele que chega e põe o dedo na sua cara e mostra realmente o que causa a ferida: seu individualismo, seu apego às posses, paixões e desejos. Assim você tirar o carnegão lá de dentro. Agora, se ficar sendo paparicado por um espírito que está lhe induzindo ao individualismo (dizendo que está certo e o outro errado), corre o risco muito grande de ter que voltar. .

Essa é outra posição que o ser humanizado que quer aproveitar a encarnação precisa mudar. Precisa deixar de procurar os amigos espirituais buscando palavras bonitas ou conhecimentos profundos e começar a busca-los para que mostrem o caminho que precisa ser seguido, por mais amargo que seja. Precisa procurar os amigos para que mostrem o que precisa ser despossuído, por mais que esteja apegado as coisas desse mundo.

Afinal de contas, todos os espíritos encarnam para reformar-se, para fazer a reforma intima. Se o amigo espiritual não mostra o que precisa reformar e simplesmente fica dizendo amém para aquilo que você acha, não se muda nada.

Participante: não se deve perder de vista que o Espírito não se transforma subitamente, após a morte do corpo. Se viveu vida condenável, é porque era imperfeito. Ora, a morte não o torna imediatamente perfeito.

Pode, pois, persistir em seus erros, em suas falsas opiniões, em seus preconceitos, até que se haja esclarecido pelo estudo, pela reflexão e pelo sofrimento. (nota de Kardec)

Você repetiu o que eu disse: a morte não é um acontecimento mágico. Nada altera na vida do ser quando ela acontece, porque o ego continua sendo o mesmo. Sendo assim, os mesmos conceitos continuam agindo.

Expiação e arrependimento

Pergunta 998

A expiação se cumpre no estado corporal ou no estado espiritual?

A expiação se cumpre durante a existência corporal, mediante as provas a que o Espírito se acha submetido e, na vida espiritual, pelos sofrimentos morais, inerentes ao estado de inferioridade do Espírito.

O que é expiação?

Participante: nessas alturas já não sei mais definir.

Leia a pergunta 132 por favor. Ela fala do objetivo da encarnação.

132. Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos?

Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a expiação. Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta.

O que é expiação para o Espírito da Verdade? As vicissitudes da vida. Mas, o que é vicissitude? Alternância da situação. A vicissitude acontece quando num momento está tudo bem e no outro tudo mal.

A partir dessas definições, leia novamente essa pergunta.

A alternância das situações da vida se cumpre durante a existência corporal, mediante as provas a que o Espírito se acha submetido e, na vida espiritual, pelos sofrimentos morais, inerentes ao estado de inferioridade do Espírito.

Sendo assim posso afirmar que o seu bom e o seu mal (as alternâncias das coisas), são suas provas. Não são coisas que alguém fez para lhe prejudicar: são provas para ver se consegue amar incondicionalmente.

Outra coisa que podemos depreender do ensinamento do Espírito da verdade nessa questão: as expiações ou alternâncias da vida acontecem também fora da carne pelas expiações e alternâncias morais. Isso quer dizer que se alguém espera que ao morrer viva num paraíso, está enganado. Haverá momentos bons, mas também acontecerão outros onde ocorrerá o que não quer. Isso é expiação na carne e fora dela.

Uma observação: em nenhum momento foi falado aqui em expiação como sofrimento. Vocês acreditam que expiar é passar por um sofrimento. Ilusão! A expiação é uma provação. E provações acontecem na carne, através dos atos da vida, e depois dela, através das provações morais.

Elas não existem para sofrer, mas para ter a oportunidade de provar algo. Ninguém falou aqui em ter que sofrer.

Foi o espiritismo, a doutrina espírita que veio libertar do fogo eterno, criou a ideia de expiação como sofrimento. Ela diz que você é obrigado a sofrer. Não é isso. Você é obrigado a ter momentos bons e maus durante a carne, a passar por provações morais depois dela, mas sofrer ou não durante as provas é uma opção sua.

Expiação e arrependimento

Pergunta 999

Basta o arrependimento durante a vida para que as faltas do Espírito se apaguem e ele ache graça diante de Deus?

O arrependimento concorre para a melhoria do Espírito, mas ele tem que expiar o seu passado.

Participante: o que quer dizer expiar todo o seu passado?

Ter que viver toda a vicissitude.

Participante: e esse passado?

 Digamos que em uma encarnação anterior você foi egoísta. Nessa conseguiu em um determinado momento atingir o despertar, ou seja, ligar-se a Deus. Isso não quer dizer que os atos da sua vida vão mudar.

Participante: ou seja, de um programa para outro ficam reminiscências?

Não, no mesmo.

O passado aqui referido pode ser o segundo anterior como pode ser outras vidas. Não importa; você terá que viver seus carmas todos. Nada poderá libertá-lo de viver a expiação que precisa.

Expiar é viver a vicissitude. Expiar a totalidade dos carmas é preciso, mesmo que já tenha despertado. Isso, no entanto, acontece apenas em ações, exteriormente. Aquele que já alcançou o despertar vive as expiações externamente, mas internamente, que é o que realmente importa, está em paz.

É aquilo que sempre digo: realizar o objetivo da encarnação não muda a sua vida, mas sim a forma de viver o que acontece. O ato que caracteriza a expiação ocorrerá, mas você não mais sofrerá por esse motivo.

Lembre-se: sua vida está predestinada. Por isso, se tiver que passar por determinada situação isso não poderá ser mudado. Irá vivenciá-la, mas de um jeito diferente: ao invés de viver em sofrimento, contrariedade, agonia, experimentará uma sensação de paz naquele momento.

Saiba que não é porque está em amor com Deus que sua vida vai virar jardim de flor. Aliás, como Cisto ensinou, não se acende uma lamparina para esconder no armário.

Deixa-me comentar uma coisa. Sim, o arrependimento concorre para a melhoria do espírito. A mudança de consciência concorre para a aproximação de Deus, mas ela não muda a vida, os atos predeterminados. O ser terá uma nova consciência sobre as coisas, mas o ato acontecerá inexoravelmente.

É o exemplo que já fiz. Você hoje tem uma consciência. Está na rua, alguém mete a mão em seu bolso. Nesse momento se considera roubado. Contraria-se e lamenta (sofre) por ter acontecido.

Amanhã quando tiver outra consciência sobre as coisas do mundo verá tudo de um modo diferente. O mesmo fato de alguém meter a mão no seu bolso e levar o dinheiro é encarado da seguinte forma: ‘recebi aquilo que precisava e merecia’. Ainda sofre, se contraria, porque não entende o que fez para merecer aquilo.

Persistindo na busca espiritual, depois de amanhã sua consciência já mudou mais. Vive amando e sentindo-se amado pelo Pai, em união amorosa com Ele. Alguém tira o dinheiro do seu bolso. Sua reação: ‘fui amado por Deus’. Nesse momento não há contrariedade, sofrimento ou angústia. Existe apenas a glória de ter participado da criação do Senhor.

Isso muda, mas as alterações de consciência não causam a extinção do fato de alguém roubar o seu dinheiro. Se isso estiver prescrito para sua existência não deixará de acontecer por nenhum motivo.

Participante: se há uma predeterminação para a vida, por que Deus nos manda a Terra se já sabe o que vai ocorrer?

Grande pergunta.

Porque a vida não importa, não tem valor pelo que acontece nela. Ouça bem o que estou dizendo. A vida humana não importa.

Deixa-me falar uma coisa. No capitulo dos bens materiais, da posse, foi escrito o seguinte: o espírito tem direito a propriedade, mas essa deve estar à disposição de todos e não objetivando ser fruto de lucro pessoal.

Ora, o que é um assalto? A sua propriedade sendo colocada à disposição da humanidade. Ou seja, é um ser humanizado servindo de instrumento para levar ao cumprimento de um preceito espiritual que não é cumprido pelo outro.

É isso que estou querendo dizer quando afirmo que a vida humana não tem valor pelo que acontece nela. Deus, ao programar uma existência, não se baseia nas expectativas humanas, mas nas expiações e carmas que cada um precisa cumprir. É aqui que ela perde o valor que vocês imaginam que tem.

Se aplicarmos a máxima que acabamos de mostrar, posso afirmar que o ato de roubar (um valor aplicado a um acontecimento da vida humana) não existe. O que está acontecendo na verdade é Deus universalizando o que o ser humanizado estava individualizando.

Apenas um detalhe. Ele não faz isso como castigo ou punição, mas como uma oportunidade de expiação.

Sabe porque Deus cria situações como essas? Para que você veja como é egoísta. Veja que apesar de ter estudado no mundo espiritual que deve colocar todos os seus bens à disposição da humanidade, ainda se preocupa com a posse individual de uma televisão, um aparelho de som, com joias, etc. Preocupa-se com a posse a tal ponto que sofre, afasta-se de Deus, se for assaltado.

Volto a dizer: a vida não existe. Por isso Deus não se preocupa com o que acontece aqui. Ele se ocupa sim em criar cenas para que o espírito humanizado, através da mudança de consciência aprenda a universalizar as coisas. Se ocupa de criar elementos que levem o ser a ter consciência do quanto já se universalizou e do quanto ainda está preso na questão individualista.

Participante: fiz a pergunta porque você disse que Deus já sabe o que vai acontecer. Ele já sabe inclusive como vamos reagir.

Isso é uma resposta existente em O Livro dos Espíritos. ‘Se Deus é onisciente, o que temos que provar para Ele’? A resposta: ‘nada’? Por isso sempre digo que a provação não é feita para ninguém, nem para Deus, mas apenas para si mesmo.

Sabe, invés de xingar o ladrão, de acusar a polícia, os governantes, ao invés de acusar o mundo, quando ocorrem as suas contrariedades acontece uma grande oportunidade para ter a consciência de que está sofrendo por que quer individualizar o que é universal. Sofre porque é egoísta e quer ver sempre suas posses, paixões e desejos atendidos.

Dando a resposta final, digo que Deus faz o ato e mais do que isso, sabe a sua reação. Apesar disso continua criando tudo isso por amor, porque sabe que por mais que os seus filhos estejam presos ao egoísmo, um dia se libertarão e viverão universalmente

Participante: que é Deus?

Boa pergunta.

Que é Deus? Resposta na questão hum de O Livro dos Espíritos: Inteligência Suprema, Causa Primária de Todas as Coisas. A minha resposta à sua questão é a mesma, pois a pergunta do livro é exatamente essa, o que é Deus, e não quem é Deus?

Deus é a Causa Primaria de todas as coisas. Por quê? Porque tem a Inteligência Suprema do universo.

O que é Deus? É essa palavra que você está ouvindo, porque é a Causa Primaria dessa palavra. Deus é a letra que você está vendo, porque é a causa primaria da letra. Deus é o ar que você respira, porque é a causa primaria do ar. Deus é o seu câncer, a sua gripe ou o seu bem estar, porque é a causa primaria da sua saúde.

Resumindo: Deus é TUDO e TUDO é Deus.

Agora, se ao invés de questionar como fez e me perguntar quem é Deus, só tenho uma resposta: não sei. Ninguém, dentro do nosso nível de desenvolvimento, sabe quem é Deus. Sabemos o que Ele é, o que O representa.

Deu pra compreender uma coisa que fiz agora? Acho que não captaram o quero aproveitar a questão e transmitir a vocês. Vou falar o que fiz como uma ajuda futura a todos, apesar de não estar dentro do tema dessa questão.

Me perguntam nesse estudo a respeito de acontecimentos da vida humana. Sempre respondo que ela será como Deus a desenhar e que por isso não há certo ou errado, bonito ou feio. Quando faço isso sigo o valor que estabelecemos quando do estudo da primeira pergunta desse livro. Em nenhum momento fugi dele. É disso que estou falando.

Não adiantar ler O Livro dos Espíritos e na primeira pergunta descobrir que Deus é a Causa Primária de todas as coisas e depois, ao longo da leitura, afirmar que um bandido realiza um assalto, que alguém está errado no que faz ou pensa, que foi demitido porque o chefe não vai com a sua cara ou que um obsessor escolheu você ao acaso e vai obsedá-lo. É preciso que qualquer livro tenha uma lógica. Essa começa na primeira página e nada que venha depois pode quebrar o que foi descrito lá.

É isso que quero mostrar a vocês. Na hora que quiserem uma resposta a respeito de qualquer questão posterior, basta seguir a lógica da primeira pergunta. Nesse livro, ela é: Deus é a causa primaria de todas as coisas.

Participante: Deus interfere em Sua obra?

Se é a Causa primaria da obra, não interfere: faz a obra.

É por isso que Krishna diz que tudo que existe é emanação de Deus. Em O Livro dos Espíritos também está escrito: Deus jamais para de obrar. Portanto, Ele é a obra.

Me responda: aqui tem ar para você respirar?

Participante: tem.

Deus obrou.

Tem luz para enxergar?

Participante: tem.

Deus obrou.

Tem a palavra? Deus obrou, senão não tinha nada disso.

Participante: se Deus é a obra, então a matéria também é Deus?

Que matéria? A coisa material que você conhece? Não. A coisa material que você conhece é fluido cósmico universal ou energia, não importa o nome que dê.

A energia ou fluido cósmico universal é Deus. A matéria é uma ilusão. É uma percepção, é a sua forma de vir a energia. O olho do ser humanizado está programado para ver cadeira onde tem há energia, parede, etc. Mas, esses objetos, não existem: são energias, fluídos cósmicos. Assumem essas formas por causa da disposição dos órgãos humanos.

Participante: podemos dizer que essa ilusão de matéria é Deus, e que, portanto, a matéria é Deus ou não?

Pela lógica humana, sim.

O problema é que se matéria terrestre, por causa das leis atribuídas a elas pela ciência, crerá que seja independente de Deus. Aí está o problema.

Se acredita na existência da água, crerá que ela é um elemento refrigerante, que vaporiza sempre que chegar a determinada temperatura. Ora, mas como ela pode ser refrigerante ou vaporizar automaticamente em uma determinada temperatura se nem existe?

A refrigeração que causa e o momento e o processo de vaporização não são da água, mas Deus. É isso que deixa de ver quando atribui a causa primária das propriedades das coisas à própria matéria (pergunta 007).

Expiação e arrependimento

Pergunta 999a

Se, diante disto, um criminoso dissesse que, cumprindo-lhe, em todo caso, expiar o seu passado, nenhuma necessidade tem de se arrepender, que é o que daí lhe resultaria?

Tornar-se mais longa e mais penosa a sua expiação, desde que ele se torne obstinado no mal.

Traduzindo em miúdos, posso dizer que a pergunta é a seguinte: ‘não posso só pagar os meus débitos, ou seja, vivenciar as minhas expiações, as minhas vicissitudes sem mudar a consciência’? O Espírito da Verdade responde: ‘não, porque não se reformou, não mudou a nada; continuou apegado aos mesmos valores’.

Outro dia alguém me disse: aprendi que não devo tomar partido em nada. É isso que a mudança de consciência precisa realizar: libertar-se de tudo.

Quando o ser passa a sentir-se conscientemente uma emanação de Deus nunca toma partido. Não acha nada certo, bom, bonito. Por quê? Porque cede a Deus a prerrogativa de saber as coisas.

‘Quem sou eu para saber se alguma coisa está certa ou errada? Somente Deus, que é a Inteligência Suprema tem a capacidade de realizar esse reconhecimento’.

Quando o ser não muda a sua consciência, continuará vivenciando o mundo fundamentado no individualismo, nos seus conceitos individualistas. Por causa da necessidade de defender seu ponto de vista, acaba se chocando com os outros e com isso gera mais carmas. Esse processo de lutar para defender suas verdades endurece o ser no tocante as suas paixões e com isso acaba ferindo os outros.

Portanto, não adianta só vivenciar as vicissitudes: é preciso mudar a forma de vivenciar os acontecimentos da vida. Foi isso que falamos lá atrás quando dissemos da questão do ato.

O ato é a expiação, a provação. Se apenas passar ele, de nada adianta porque não houve mudança alguma. O que interessa é com que intenção se passa por ele.

Passando de uma forma universal, amando a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, o ser vive com uma intenção. Passando preocupado consigo mesmo, vivencia com outra intenção.

Expiação e arrependimento

Pergunta 1000

Já desde esta vida poderemos ir resgatando as nossas faltas?

Sim, reparando-as. Mas, não creiais que as resgateis mediante algumas privações pueris, ou distribuindo em esmolas o que possuirdes, depois que morrerdes, quando de nada mais precisais. Deus não dá valor a um arrependimento estéril, sempre fácil e que apenas custa o esforço de bater no peito. A perda de um dedo mínimo, quando se esteja prestando um serviço, apaga mais faltas do que o suplício da carne suportado durante anos, com objetivo exclusivamente pessoal. (726)

Só por meio do bem se repara o mal e a reparação nenhum mérito apresenta, se não atinge o homem nem no seu orgulho, nem nos seus interesses materiais.

De que serve, para sua justificação, que restitua, depois de morrer, os bens mal adquiridos, quando se lhe tornaram inúteis e deles tirou todo o proveito?

De que lhe serve privar-se de alguns gozos fúteis, de algumas superfluidades, se permanece integral o dano que causou a outrem?

De que lhe serve, finalmente, humilhar-se diante de Deus se, perante os homens, conserva o seu orgulho? (720-721)

Como dizemos sempre: não existe o acaso. Nessa questão, uma síntese de O Livro dos Espíritos.

Não é dando que se recebe. É amando, deixando de ser egoísta, soberbo. É deixando de achar que é o certo, o bonito. Não é se humilhando, mas sendo humilde, o que é muito diferente. Não é sendo culto, mas sendo amoroso.

O que dissemos agora pouco está exatamente dentro do que é transmitido nessa questão. É por isso que estudamos até agora O Livro dos Espíritos. Esse estudo é importante porque nessa conversa está o fundamento do trabalho do ser encarnado.

O Livro dos Espíritos não foi criado para trazer normas espirituais e muito menos para desvendar a ciência do mundo dos espíritos. Ele foi criado para mostrar ao ser humanizado aquilo que é contrário e à favor da Lei de Deus. Só que faz isso sem impor aos seres verdades, leis. Ele simplesmente mostra: ‘o caminho para Deus é esse, se quiser seguir, siga-o, se não quiser, tudo bem, pois você tem o livre arbítrio de escolher o que quer. Jamais haverá condenação por qualquer que seja a sua escolha’.

Essa é uma coisa que precisamos ter em mente. Na verdade, nenhum mestre criou uma doutrina. Muito menos afirmou: ‘fora da minha doutrina, sem segui meus ensinamentos, não há salvação’! Sabe por quê? Porque seguir uma doutrina ou não, é livre arbítrio do ser.

Cada um tem o direito de buscar a sua elevação espiritual ou não. Não é obrigação usar a vida para elevar-se. Trilhar esse caminho é uma conscientização que alguns tomam e outros não. Por isso, pela força do amor, pelo fim da minha soberba, da minha ostentação, tenho que dar ao outro o direito de ser o que escolher. Se não quiser fazer nada para aproximar-se de Deus, não posso cobrar nada dele.

É por isso que existe a encarnação para aqueles que querem desperdiçá-las, para aqueles que querem viver presos às sansara, a roda da encarnação. Deus não pode recusar a oportunidade a ninguém, mesmo sabendo de antemão que aquele ser não irá aproveitar a oportunidade.

Quem estava em outro dia de nossas conversas me ouviu falando com uma pessoa que disse que os evangélicos estavam errados. Eu disse: ‘o que é isso? Você agora é dono da verdade? Você acha que tem a religião certa só porque não segue nenhuma? Não, não tem’!

Temos que dar o direito de quem quiser ser evangélico ser, sem achá-lo errado por causa disso. Devemos fazer isso porque para chegar ao reino do céu o mandamento é amar a Deus acima de todas as coisas ao próximo como a si mesmo. Quem seguir esse mandamento, independente de ser evangélico, católico ou espírita, alcançará o reino do céu.

Cristo disse: Eu sou o caminho, a verdade e a vida. O caminho não são as religiões formadas a partir dos seus ensinamentos. Por isso, siga Cristo, ame incondicionalmente, ao invés de se preocupar com a doutrina que as pessoas seguem.

Você quer se elevar? Basta perguntar a si mesmo em cada segundo da sua vida: o que Cristo faria nesse momento? Não procure conselho em como um padre, um mentor ou em qualquer pessoa que ache sábia. Busque saber como Cristo em seus ensinamentos agiu. Ase fizer isso, chega lá.

Essa é a máxima, mas os seres humanizados ainda querem usar os ensinamentos para criar obrigações, comportamentos mínimos necessários para os outros cumprirem. Preocupam-se com o externo, mas não atacam o mal interior: o egoísmo que gerou as obrigações.

Por isso sempre respondo sem criar obrigações. Não posso, nesse meu trabalho, gerar obrigações, porque ele é fundamentado no universalismo. Por isso sempre vou contra as doutrinas que colocam padrões de certos e errados.

Agora, daí dizer que critico os que trabalham na falange espírita ou em qualquer outra, vai uma distância imensa. Reconheço que o que fazem é o trabalho deles. Reconheço que esse trabalho é necessário, pois existem espíritos que precisam dele. Compreendendo tudo isso e louvo o trabalho de cada espírito desencarnado ou não de qualquer falange, pois é necessário para os encarnados.

Expiação e arrependimento

Pergunta 1001

Nenhum mérito haverá em assegurarmos, para depois de nossa morte, emprego útil aos bens que possuímos?

Nenhum mérito não é o termo. Isso sempre é melhor do que nada. A desgraça, porém, é que aquele, que só depois de morto dá, é quase sempre mais egoísta do que generoso. Quer ter o fruto do bem, sem o trabalho de praticá-lo. Duplo proveito tira aquele que, em vida, se priva de alguma coisa: o mérito do sacrifício e o prazer de ver felizes os que lhe devem a felicidade. Mas, lá está o egoísmo a dizer-lhe: O que dás tiras aos teus gozos; e, como o egoísmo fala mais alto do que o desinteresse e a caridade, o homem guarda o que possui, pretextando suas necessidades pessoais e as exigências da sua posição! Ah! lastimai aquele que desconhece o prazer de dar; acha-se verdadeiramente privado de um dos mais puros e suaves gozos. Submetendo-o à prova da riqueza, tão escorregadia e perigosa para o seu futuro, houve Deus por bem conceder-lhe, como compensação, a ventura da generosidade, de que já neste mundo pode gozar. (814)

O Espírito da Verdade orienta ao longo de O Livro dos Espíritos, que apenas a doação, ou seja, o partilhar os bens pessoais com o próximo leva a elevação espiritual. Mas, precisamos entender que esse bem não é só o material, mas também o chamado bem emocional e o cultural.

O bem emocional é doar ao próximo o direito de se sentir bem, o direito de gostar do que quiser sem que você desgoste dele por causa disso. O bem cultural que precisa ser compartilhado é imaginar-se certo. Achar que sabe, que detém a verdade.

O egoísmo, portanto, não se caracteriza apenas pela posse do bem material, dos objetos, mas também do cultural, o achar-se certo, e do emocional, o gostar. Aquele que entende que a encarnação é uma oportunidade de trabalho de serviço ao próximo no compartilhamento desses três bens, não busca primeiro para si, mas vive para servir ao próximo.

É a compreensão dessa questão que leva à prática que falamos que pode dar fim lucrativo a sua encarnação. Sem que você trabalhe o despossuir desses três tipos de bens, não há elevação espiritual.

Expiação e arrependimento

Pergunta 1002

Que deve fazer aquele que, em artigo de morte, reconhece suas faltas, quando já não tem tempo de as reparar? Basta-lhe nesse caso arrepender-se?

O arrependimento lhe apressa a reabilitação, mas não o absolve. Diante dele não se desdobra o futuro, que jamais se lhe tranca?

Ou seja, o arrependimento auxilia na elevação espiritual, mas o carma acontecerá de qualquer jeito. O futuro se desdobrará como previsto, ou seja, a ação carmática acontecerá.

Então, o arrependimento do egoísmo, do individualismo, não quebra a lei do carma. Ajuda na elevação, mas na próxima oportunidade a lei do carma se fará presente. Se esse arrependimento foi de coração, com certeza o espírito participará da nova ação com uma intencionalidade diferente. Com isso conquista a elevação e vive em paz, harmonia e felicidade.

Expiação e arrependimento

Pergunta 1003

É arbitrária ou sujeita a uma lei qualquer a duração dos sofrimentos do culpado, na vida futura?

Deus nunca obra caprichosamente e tudo, no Universo, se rege por leis, em que a sua sabedoria e a sua bondade se revelam.

O que é perguntado é se há uma predisposição de tempo para as penalidades – entre aspas pois já dissemos que não há pena, mas sim, justiça com amor. É perguntado se há tempo de duração predeterminado para essas expiações. O Espírito da Verdade responde que não, que as leis de Deus existem e acontecem, mas, que apenas Ele as conhece. Por isso, ninguém pode dizer que tal intencionalidade levará a um carma que durará tanto tempo.

A resposta é até meio óbvia, já que não existe tempo, não é mesmo?

Expiação e arrependimento

Pergunta 1004

Em que se baseia a duração dos sofrimentos do culpado?

No tempo necessário a que se melhore. Sendo o estado de sofrimento ou de felicidade proporcionado ao grau de purificação do Espírito, a duração e a natureza de seus sofrimentos dependem do tempo que ele gaste em melhorar-se. À medida que progride e que os sentimentos se lhe depuram, seus sofrimentos diminuem e mudam de natureza.” SÃO LUÍS

Que grande lição!

Outro dia estava conversando aqui citei um texto da Madre Tereza de Calcutá. Ele afirma que no final é tudo entre você e Deus. Lembro que comentei: na verdade no final é tudo entre você e você mesmo.

Ninguém vai interferir no seu estado de espírito. Ninguém pode lhe causar nenhum sentimento ou sensação. Tudo que sente é escolhido por você. Por isso sentirá o que escolher durante o tempo que quiser e ninguém poderá interferir. Se quer sofrer – falo assim porque ninguém lhe faz sofrer, você sofre por que quer – sofrerá durante o tempo que quiser sofrer.

É por isso que se diz que os tempos apaga as magoas. Na verdade não é o tempo e sim você que esquece de ficar magoado. O tempo não apaga o sofrimento; na verdade é você que com o tempo abre mão de sofrer. Se esquece-se de sofrer aquele sofrimento.

Então, quando se fala de vida depois da carne, ou seja, quando se fala daquele período em que o espírito ainda está ligado ao ego sem estar unido a uma matéria carnal, precisa se entender que existe o sofrimento e que ele durará o tempo que o ser quiser. Isso porque tudo naquele período da existência do espírito continua como era quando ligado à matéria carnal.

Participante: dá para passar uma receita de como fazer esse tempo passar mais rápido?

Não!

Não existe receita, existe decisão. Vai demorar o tempo que você decidir sofrer. Enquanto quiser, vai sofrer. Não há outra saída.

Assim como ninguém pode lhe fazer sofrer, não pode fazer parar de sofrer. Tudo é uma decisão de foro íntimo. Só você pode começar ou encerrar o processo.

Participante: pode explicar melhor a questão de não estar ligado ao ego? Seria uma vida depois da vida espiritual?

 Não. É a vida espiritual depois da carnal.

Qual o seu nome?

Participante: Vitor.

Vitor é o nome de um ego, de um personagem. O espírito não tem nome, raça ou sexo. Enquanto se achar Vitor, estará ligado a esse ego. Na hora que transcender ao Vitor, encarnado ou não, estará liberto desse personalidade.

Existem espíritos que saem da vida carnal ligados ao ego, ou seja, achando que são o Vitor, o personagem. Se acham que são, eles são. Esses são espíritos desencarnados, mas ainda humanizados, pois o Vitor, aquele que acha que é, é o ser humano.

Resumindo, o espírito que sai da carne e se acha Vitor, continua sendo Vitor mesmo desligado da matéria carnal. Nessa condição ele vive tudo o que o Victor vivia antes do desencarne.

Quando ele se liberta do Vitor, na carne ou fora dela, entra na posse da sua consciência espiritual. Só aí pode viver conscientemente a vida espiritual de acordo com o seu nível de elevação.

Diria que volta a ser o que era, espiritualmente falando, antes da encarnação. Aí prepara um novo ego, uma nova encarnação e o processo todo se inicia.

Expiação e arrependimento

Pergunta 1005

Ao Espírito sofredor, o tempo se afigura tão ou menos longo do que quando estava vivo?

Parece-lhe mais longo: para ele não existe o sono. Só para os Espíritos que já chegaram a certo grau de purificação, o tempo, por assim dizer, se apaga diante do infinito. (240)

Nós viemos estudando o que acontece com o espírito depois do desencarne, ou seja, ainda ligado a um ego, mas sem matéria carnal. O local onde se desenrola essa vivência é o que vocês chamam de umbral. Estamos falando daqueles que vivem no umbral.

Antes vimos que a sensação de sofrimento é mil vezes mais forte quando se está ligado a um ego e não mais encarnado. Agora o Espírito da Verdade diz que, além da sensação ser mais forte, o tempo demora mais a passar.

 Somando as duas informações vocês podem ter uma ideia do que é viver fora da carne de uma forma humana, ou seja, ligado ao ego depois do desencarne. São muitos sofrimentos. Sofrimentos mais fortes que os carnais e que custam muito mais a passar do que quando encarnado. Por isso volto a falar o que já disse anteriormente: nem que seja para não sofrer futuramente, é melhor fazer o trabalho de despossuir agora.

Sabe tudo que não quer abrir mão? Com certeza um dia terá que abrir. Só que antes de fazer isso depois do desencarne o que está possuindo agora vai lhe fazer sofrer fortemente e por muito tempo.

Sabe tudo que não quer repartir com o próximo? Terá que fazê-lo. Sabe todas as suas verdades? Terão que ser abandonadas. Mais: enquanto não forem serão instrumentos contra você mesmo.

Então, nem que seja para poupar o sacrifício, o sofrimento, depois do desencarne, é melhor fazer agora. É melhor dar ao outro o direito de ser, estar e fazer o que quiser; é melhor repartir os seus bens agora, ao invés de ficar dizendo que precisa disso ou daquilo para viver.

É isso que o Espírito da Verdade nos ensina nesse trecho. Essa é a base da doutrina chamada Espiritismo, a doutrina que os Espíritos trouxeram. É a doutrina do não ser, não ter, não estar, não saber.

Lembre-se: toda vez que você é, está ou sabe algo, vive o egoísmo. E, por conta dele, na próxima vida terá mil vezes mais sensações de sofrimento que se alongarão por mais tempo.

Expiação e arrependimento

Pergunta 1006

Poderão durar eternamente os sofrimentos do Espírito?

Poderiam, se ele pudesse ser eternamente mau, isto é, se jamais se arrependesse e melhorasse, sofreria eternamente. Mas, Deus não criou seres tendo por destino permanecerem votados perpetuamente ao mal. Apenas os criou a todos simples e ignorantes, tendo todos, no entanto, que progredir em tempo mais ou menos longo, conforme decorrer da vontade de cada um. Mais ou menos tardia pode ser a vontade, do mesmo modo que há crianças mais ou menos precoces, porém, cedo ou tarde, ela aparece, por efeito da irresistível necessidade que o Espírito sente de sair da inferioridade e de se tornar feliz. Eminentemente sábia e magnânima é, pois, a lei que rege a duração das penas, porquanto subordina essa duração aos esforços do Espírito. Jamais o priva do seu livre-arbítrio: se deste faz ele mau uso, sofre as consequências. SÃO LUÍS

Aquilo que falamos: a duração das penas depende de você mesmo. Poderá posterga-la ou termina-la quando quiser.

Ah, mas, pela lógica, nem um espírito quer ser penalizado. Não é mesmo? Não. Você, humano, acha que o espírito não quer, mas ele quer. Quer porque é consciente do seu individualismo e quer acabar com isso e sabe que o caminho é passando pelo sofrimento.

Então, volto a repetir: tudo está nas suas mãos. Tudo depende exclusivamente de você. Se ficar ouvindo o que o ego afirma, vai sofrer um sofrimento vão, pois não estará realizando o trabalho. Também não sofrerá porque o outro fez isso ou aquilo, mas porque você decidiu sentir-se assim.

É o que fala o Espírito da Verdade no final nessa questão. Nada nem ninguém pode destruir o livre arbítrio do espírito. O ser é livre para sofrer ou ser feliz de acordo com sua própria vontade.

Expiação e arrependimento

pergunta 1007

Haverá Espíritos que nunca se arrependem?

Há os de arrependimento muito tardio; porém, pretender-se que nunca se melhorarão fora negar a lei do progresso e dizer que a criança não pode tornar-se homem. SÃO LUÍS

A evolução é uma realidade no universo. Todos os espíritos um dia vão se elevar-se. Por isso já disse: ninguém pode obrigar o outro a elevar-se. Cada um decide o momento que quer fazer isso. Apesar dessa liberdade, inexoravelmente sempre chegará a cada um o momento da elevação ou do despertar.

Essa consciência é muito importante para quem trabalha em centro espírita com orientação de encarnados, para quem quer ajudar o próximo. Digo isso porque achamos que temos que fazer o outro despertar, temos que fazer o outro tornar-se bonzinho. É a historia do garoto escoteiro que atravessa a velhinha na rua sem saber se ela queria atravessar.

Saibam disso: nenhum espírito tem o direito de impingir nada ao próximo, nem a elevação espiritual. Quem trabalha em centro espírita, igreja ou em orientação de qualquer forma, precisa ter a consciência de que ele deve orientar, mas nunca exigir o comprimento daquilo que orienta.

Participante: a ideia de sermos parte de Deus e Ele agir por nós não é uma ideia panteísta? A criatura faz parte do criador?

Vou responder inicialmente como o Espírito da Verdade responde em O Livro dos Espíritos a questões semelhantes: falta de palavras. Vamos entender a questão Deus primeiro para depois olharmos a questão do panteísmo.

Existe um Deus ser, espírito, Senhor Supremo do Universo. Mas, nem não é só esse ser que é compreendido como Deus. O Universo como todo, ou Todo Universal, também pode ser definido pela palavra Deus, já que tudo é emanação Dele. Há mais uma coisa que pode ser designada pelo termo deus, mas não vem ao caso nessa conversa.

Então veja. Se nos fixarmos nesse segundo Deus, ou seja, o Todo Universal, posso dizer que cada espírito faz parte de Deus, pois os seres estão presentes no Todo Universal. Já fiz essa comparação: o Universo é como um grande quebra cabeça; cada elemento (matéria ou espírito) dele é uma peça. Somente quando todas as peças estão fundidas existe a realidade.

Então, nesse caso, voltar a Deus não significa voltar para dentro de um espírito, mas ao Todo Universal.

Além do mais, esse voltar também é subjetivo. Se a realidade só existe quando há a fusão do Todo, não podemos dizer que algo ou alguém possa sair do Universo. O espírito nunca sai do Todo; ele só não tem consciência de estar fundido a ele. Sendo assim, o voltar não é retornar, mas ter novamente a consciência de estar fundido ao Universo.

Apesar dessa minha resposta, você poderia continuar achando que estou usando a doutrina panteísta, mas não. Há uma grande diferença do que estou falando para o panteísmo.

No panteísmo, quando o ser volta ao Universo, à Deus, perde a sua individualidade. Não é isso que estou dizendo. O que estou falando é que a individualidade do espírito permanece eternamente, mesmo quando não tem consciência de estar ligado ao Todo Universal. O que acaba no ser com essa consciência é o individualismo e não a personalidade.

Então, o espírito que volta a ter consciência da sua posição de ser apenas uma peça do quebra cabeça, continuará sabendo que é uma peça do quebra cabeça, uma individualidade. Apenas deixará de achar-se a peça mais importante, a mais bonita ou a que define o desenho do quebra cabeça.

Essa é a diferença do ensinamento do Espírito da Verdade, que é o que estamos conversando, e a doutrina panteísta. No panteísmo o espírito perde a individualidade. No espiritismo a individualidade permanece sempre e morre o individualismo.

Expiação e arrependimento

Pergunta 1008

Depende sempre da vontade do Espírito a duração das penas? Algumas não haverá que lhe sejam impostas por tempo determinado?

Sim, ao Espírito podem ser impostas penas por determinado tempo; mas, Deus, que só quer o bem de suas criaturas, acolhe sempre o arrependimento e infrutífero jamais fica o desejo que o Espírito manifeste de se melhorar. SÃO LUÍS

Ou seja, o carma vai sempre continuar existindo, mas o espírito que alcança o arrependimento real de coração começará a vivenciar o carma sem sofrimento. É isso que está sendo respondido aí.

Expiação e arrependimento

Pergunta 1009

Assim, as penas impostas jamais o são por toda a eternidade?

Interrogai o vosso bom-senso, a vossa razão e perguntai-lhes se uma condenação perpétua, motivada por alguns momentos de erro, não seria a negação da bondade de Deus. Que é, com efeito, a duração da vida, ainda quando de cem anos, em face da eternidade? Eternidade! Compreendeis bem esta palavra? Sofrimentos, torturas sem-fim, sem esperanças, por causa de algumas faltas! O vosso juízo não repele semelhante ideia? Que os antigos tenham considerado o Senhor do Universo um Deus terrível, cioso e vingativo, concebe-se. Na ignorância em que se achavam, atribuíam à divindade as paixões dos homens. Esse, todavia, não é o Deus dos cristãos, que classifica como virtudes primordiais o amor, a caridade, a misericórdia, o esquecimento das ofensas. Poderia ele carecer das qualidades, cuja posse prescreve, como um dever, às suas criaturas?

Não haverá contradição em se lhe atribuir a bondade infinita e a vingança também infinita? Dizeis que, acima de tudo, ele é justo e que o homem não lhe compreende a justiça. Mas, a justiça não exclui a bondade e ele não seria bom, se condenasse a eternas e horríveis penas a maioria das suas criaturas. Teria o direito de fazer da justiça uma obrigação para seus filhos, se lhes não desse meio de compreendê-la? Aliás, no fazer que a duração das penas dependa dos esforços do culpado não está toda a sublimidade da justiça unida à bondade? Aí é que se encontra a verdade desta sentença: ‘A cada um segundo as suas obras. SANTO AGOSTINHO

No início desse livro, pergunta treze, falamos dos atributos de Deus. Vamos relembrar?

Quando dizemos que Deus é eterno, infinito, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e bom, temos ideia completa de seus atributos?

Do vosso ponto de vista, sim, porque credes abranger tudo. Sabei, porém, que há coisas que estão acima da inteligência do homem mais inteligente, as quais a vossa linguagem, restrita às vossas ideais e sensações, não tem meios de exprimir. A razão, com efeito, vos diz que Deus deve possuir em grau supremo essas perfeições, porquanto, se uma lhe faltasse, ou não fosse infinita, já ele não seria superior a tudo, não seria, por conseguinte, Deus. Para estar acima de todas as coisas, Deus tem que se achar isento de qualquer vicissitude e de qualquer das imperfeições que a imaginação possa conceber.

Deus é eterno, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e bom. É isso que o Espírito da Verdade diz que podemos entender do Senhor. Por isso, sempre que alguém que siga os ensinamentos dele falar de Deus, não pode dispensar nenhum desses atributos. Alguém que não os aplique ou aplique outros não segue os ensinamentos do Espírito da Verdade ou crê em outro deus.

Em um desses atributos está consignado: Deus é Soberanamente Justo e Bom. É Justiça e Amor.

Esse é o Deus do Universo. É o Deus justo, aquele que dá a cada um segundo as suas obras. Só que é um Deus amoroso, ou seja, que dá a cada um segundo as suas obras não como punição, castigo, mas como uma nova oportunidade de elevação.

Essa é a base do carma. Na lei do carma, na lei da ação e reação, a reação é sempre justa, mas nunca aplicada como uma penalidade. Ela sempre objetiva oferecer uma nova oportunidade de elevação.

Por isso nesse trecho é dito que a doutrina do fogo eterno deve se ligar a outro deus e não ao Senhor Amoroso, Aquele que foi ensinado por Cristo. Qualquer doutrina que use a ideia de castigo, de penalidade, mesmo que seja temporária, que seja até aguardar uma nova posição do espírito, também frauda o Deus ensinado pelo Espírito da Verdade.

O deus que aplica pena, mesmo que seja apenas por determinado tempo, pode ser soberanamente justo, mas não é amoroso. É alguém justiceiro e não justiça perfeita.

Aí está, portanto, uma grande oportunidade de revermos a nossa forma de interagir com Deus. Temos que aprender a conviver com a fonte de justiça amorosa e não com uma fonte de justiça justiceira, que dá pena e castigo.

Só esse tipo de relacionamento pode nos fazer entrar na glória do Pai. Digo isso porque relacionando-se com um justiceiro teremos medo de Deus. Medo da pena, da lei. Esse medo não deixará que entremos numa relação amorosa com o Pai.

A elevação jamais pode ser alcançada pelo medo, pois se consiste num perfeito entrosamento amoroso com Deus, ou seja, que se ame a Deus e, tão importante quanto isso, sinta-se amado por Ele. Quem tem medo do fogo eterno ou mesmo de uma pequena provação, não se relaciona com Deus por amor, não se sente amado, mas vingado pelo Pai.

Expiação e arrependimento

Pergunta 1010

O dogma da ressurreição da carne será a consagração da reencarnação ensinada pelos Espíritos?

Como quereríeis que fosse de outro modo? Conforme sucede com tantas outras, estas palavras só parecem despropositadas, no entender de algumas pessoas, porque as tomam ao pé da letra. Levam, por isso, à incredulidade. Dai-lhes uma interpretação lógica e os que chamais livres pensadores as admitirão sem dificuldades, precisamente pela razão de que refletem. Por que, não vos enganeis, esses livres pensadores o que mais pedem e desejam é crer. Têm, como os outros, ou, talvez, mais que os outros, a sede do futuro, mas não podem admitir o que a ciência desmente. A doutrina da pluralidade das existências é consentânea com a justiça de Deus; só ela explica o que, sem ela, é inexplicável. Como havíeis de pretender que o seu princípio não estivesse na própria religião?

— Assim, pelo dogma da ressurreição da carne, a própria Igreja ensina a doutrina da reencarnação?

É evidente. Demais, essa doutrina decorre de muitas coisas que têm passado despercebidas e que dentro em pouco se compreenderão neste sentido. Reconhecer-se-á em breve que o Espiritismo ressalta a cada passo do texto mesmo das Escrituras sagradas. Os Espíritos, portanto, não vêm subverter a religião, como alguns o pretendem. Vêm, ao contrário, confirmá-la, sancioná-la por provas irrecusáveis. Como, porém, são chegados os tempos de não mais empregarem linguagem figurada, eles se exprimem sem alegorias e dão às coisas sentido claro e preciso, que não possa estar sujeito a qualquer interpretação falsa. Eis por que, daqui a algum tempo, muito maior será do que é hoje o número de pessoas sinceramente religiosas e crentes. SÃO LUÍS

Estamos falando de ressureição da carne que é algo de difícil entendimento. Por isso vamos incialmente falar sobre o que é ressurreição na carne.

O que pode ser entendido como ressureição da carne é a reencarnação. Essa seria a definição, mas há outra compreensão sobre o temo.

Ressureição – ato ou efeito de ressurgir ou ressuscitar.

Ressuscitar - fazer voltar a vida, reviver.

Ressurgir – tornar a viver, reviver

(Mini Dicionário Aurélio)

Ressureição da carne, portanto, pode ser compreendido como a reencarnação, mas quando se fala em tornar a viver há uma ressureição muito mais importante do que essa: a ressureição do espírito.

Estou falando da volta do espírito à vida espiritual, da volta do ser ao universo, à realidade universal. Essa importância pode ser compreendida pelo ensinamento de Cristo: “Em verdade em verdade vos digo, quem não nascer de novo não verá o reino do céu”.

Portanto, o dogma da ressureição da carne pode ser entendido como sendo a reencarnação do ser, mas, muito mais do que isso, é preciso compreender que cada segundo da existência carnal é um momento de fazer uma ressurreição. É um passo no caminho da ressureição espiritual, ou seja, de voltar a consciência espiritual, voltar a sua vida espiritual, abandonando a ilusão da matéria. Aí está o verdadeiro trabalho da vida.

Sabe, tem muita gente que dá uma importância imensa a reencarnação. Na verdade, ela não tem nada de importante. Ela se trata de algo que foi criado para alunos faltosos e não para aqueles que se esforçam para avançar. Digo isso porque só reencarna quem ainda não cumpriu a sua tarefa de casa.

Por isso, dizer que a reencarnação é importante é valorizar o apego ao mundo material, valorizar o querer ficar preso a sansara, ao desejo de voltar. Quem realmente compreende o processo universal luta a cada encarnação para não voltar e por isso não dá um valor grande a chance de reencarnar.

É a partir dessa conclusão que afirmo que mais do que ensinar o dogma da reencarnação do espírito ou da ressureição da carne, acho que os professores da lei deveriam estar preocupados em despertar, em renascer como espírito. Aliás foi isso que Cristo ensinou, como já vimos.

Participante: Jesus disse que o reino dele não é desse mundo e que ele iria preparar o nosso lugar.

Exatamente.

A vida carnal não é lugar para espírito. Ele está aqui porque precisa libertar-se disso através das provações. Libertando-se, então, vive só no mundo espiritual. A partir dessa constatação o ser encarnado precisa compreender que cada segundo dessa existência é uma oportunidade de se libertar do que está vivendo naquele momento, ao invés de se apegar àquilo.

Participante: mas, Deus está presente aqui também.

Não falei o contrário.

Claro que se Deus está em tudo que é lugar, está aqui também. Mas veja, se você ficar apegado a essa estada, vai querer ficar aqui. Com isso não vai alcançar a ressureição nunca.

Deus está em todo lugar. Por isso, liberte-se de onde você está agora para estar com Ele em todos os lugares.

Participante: faz sentido dizer que Jesus voltará a Terra em uma nova encarnação?

Jesus ou Cristo?

Participante: Jesus.

Jesus voltará; já voltou. Jesus já está encarnado.

Cristo não. Cristo não encarnará nunca mais.

Expiação e arrependimento

Pergunta 1012

Haverá no Universo lugares circunscritos para as penas e gozos dos Espíritos, segundo seus merecimentos?

Já respondemos a esta pergunta. As penas e os gozos são inerentes ao grau de perfeição dos Espíritos. Cada um tira de si mesmo o princípio de sua felicidade ou de sua desgraça. E como eles estão por toda parte, nenhum lugar circunscrito ou fechado existe especialmente destinado a uma ou outra coisa. Quanto aos encarnados, esses são mais ou menos felizes ou desgraçados, conforme é mais ou menos adiantado o mundo em que habitam.

Então veja: não há umbral porque não há inferno.

Não há um lugar chamado umbral. Aquilo que vocês chamam de umbral é uma criação mental do espírito de acordo com sua elevação.

Mas, se não há umbral, também não existem as cidades espirituais. Elas são criações mentais e não lugares. São criações resultantes do grau de elevação de um espirito.

Afirmo isso porque no universo não há lugar circunspecto para nada. O que existe são espíritos que vivem determinadas situações geradas por criações mentais de acordo com o grau de elevação de cada ser.

Expiação e arrependimento

Pergunta 1012a

De acordo, então, com o que vindes de dizer, o inferno e o paraíso não existem, tais como o homem os imagina?

São simples alegorias: por toda parte há Espíritos ditosos e inditosos. Entretanto, conforme também já dissemos, os Espíritos de uma mesma ordem se reúnem por simpatia; mas podem reunir-se onde queiram, quando são perfeitos.

A localização absoluta das regiões das penas e das recompensas só na imaginação do homem existe. Provém da sua tendência a materializar e circunscrever as coisas, cuja essência infinita não lhe é possível compreender.

As cidades espirituais, assim como o umbral, são uma alegoria humana que tem a tendência a humanizar o que é espiritual. Não existem na realidade. São lugares que existem para aqueles que acreditam que exista, ou seja, espíritos que tem afinidade por aquela ideia.

Com isso não estou dizendo que os livros espiritas estão errados ou são mentirosos. Estou falando que as cidades espirituais e o umbral existem para quem quer que existam. É isso que o Espírito da Verdade está ensinando nesse trecho.

Fica uma pergunta no ar: se você transcender a ideia do lugar circunspecto, onde irá após o desencarne? Irá para o universo. Se não transcender, irá para a cidade espiritual ou para o umbral; transcendendo irá para o universo amórfico.

Participante: quando você falou de Jesus estar encarnado, José não entendeu muito bem. Se me permite, Joaquim, falo com ele.

Participante: na verdade para nós e muitas literaturas, Cristo foi um e Jesus outro. Jesus teria sido médium do Cristo. De acordo com as informações que temos, aquele espírito que encarnou no personagem Jesus, não Cristo, estaria atualmente encarnado no planeta Terra.

 Na verdade, essa informação começou a circular com Ramatis e com outro francês: Roustaing.

Cristo é o espírito governador geral do sistema solar onde a Terra está. É o Messias, ou seja, o enviado. Jesus é um espírito médium que cedeu o seu personagem para que Cristo, por intuição, passasse os ensinamentos.

Participante: e nós temos a possibilidade de não termos apego a vida carnal?

Claro que tem!

O que é preciso fazer para isso? Desapegar-se. Se você se apega e não consegue se desapegar, vai ser apegada mesmo depois do desencarne.

O desapego é muito simples. Todos tem essa condição: basta querer e fazer o libertar-se dos apegos. Mas, não conte com ajuda do ego para isso.

Para se desapegar é preciso transcender o próprio ego.

Expiação e arrependimento

Pergunta 1013

Que se deve entender por purgatório?

Dores físicas e morais: o tempo da expiação. Quase sempre, na Terra é que fazeis o vosso purgatório e que Deus vos obriga a expiar as vossas faltas.

O que o homem chama purgatório é igualmente uma alegoria, devendo-se entender como tal, não um lugar determinado, porém o estado dos Espíritos imperfeitos, que se acham em expiação até alcançarem a purificação completa, que os elevará à categoria dos Espíritos bem-aventurados. Operando-se essa purificação por meio das diversas encarnações, o purgatório consiste nas provas da vida corporal.

Descobriram onde é o purgatório? É aqui! É durante a vida carnal que o ser decide se vai para o inferno, umbral, ou se vai para o céu, para o universo.

Por isso é que aqui é o purgatório: é a encruzilhada que leva a dois lugares diferentes. É por isso que anteriormente o Espírito da verdade disse: só com a encarnação o espírito alcança a elevação espiritual.

Expiação e arrependimento

Pergunta 1014

Como se explica que Espíritos, cuja superioridade se revela na linguagem de que usam, tenham respondido a pessoas muito sérias, a respeito do inferno e do purgatório, de conformidade com as ideias correntes?

É que falam uma linguagem que possa ser compreendida pelas pessoas que os interrogam. Quando estas se mostram imbuídas de certas ideias, eles evitam chocá-las muito bruscamente, a fim de lhes não ferir as convicções. Se um Espírito dissesse a um muçulmano, sem precauções oratórias, que Maomé não foi profeta, seria muito mal acolhido.

Buda diz assim: o verdadeiro sábio fala de acordo com a plateia que vai ouvir. Ou seja, o discurso se adapta a quem vai ouvir. Só um detalhe: ao falar, nunca falta com a verdade.

Por isso, tanto faz falar em inferno quanto em umbral, se estou falando de penalidade, de castigo, é tudo a mesma coisa. É isso que precisamos compreender, porque o ser humano se apega a palavras e ideias. Apegado, vai querer ensinar a quem pensa diferente o que é ‘certo’.

Criticamos os outros porque estamos apegados a ideias e a palavras. Se não estivéssemos, poderíamos falar a mesma coisa sem adotar o tom de superioridade, a intenção de ensinar o outro.

Se o outro acredita no inferno, fale sobre o inferno. Diga que o inferno existe para quem não aproveita a oportunidade da encarnação para aproximar-se de Deus. Ah, ele não acredita em encarnação? Não vá ensiná-lo sobre isso, mas não deixe de conversar sobre o aproveitamento da única vida que possui, no entender dele, para aproximar-se de Deus.

Elevação espiritual não tem nada a ver com cultura, com sabedoria conhecimento, mas com a sabedoria sentimental: amar. Quem quer ensinar não ama. É um professor da lei.

Expiação e arrependimento

Pergunta 1014a

Concebe-se que assim procedam os Espíritos que nos querem instruir. Como, porém, se explica que, interrogados acerca da situação em que se achavam, alguns Espíritos tenham respondido que sofriam as torturas do inferno ou do purgatório?

Quando são inferiores e ainda não completamente desmaterializados, os Espíritos conservam uma parte de suas ideias terrenas e, para dar suas impressões, se servem dos termos que lhes são familiares. Acham-se num meio que só imperfeitamente lhes permite sondar o futuro.

Essa a causa de alguns Espíritos errantes, ou recém-desencarnados, falarem como o fariam se estivessem encarnados. Inferno se pode traduzir por uma vida de provações, extremamente dolorosa, com a incerteza de haver outra melhor; purgatório, por uma vida também de provações, mas com a consciência de melhor futuro. Quando experimentas uma grande dor, não costumas dizer que sofres como um danado? Tudo isso são apenas palavras e sempre ditas em sentido figurado.

Duas ideias: palavras são palavras, nada mais do que palavras; cada palavra é uma representação gráfica de alguma coisa. A partir disso posso afirmar: eu posso estar usando uma palavra, você a mesma, mas estamos falando coisas completamente diferentes. Foi por isso que já disse que ninguém lê: interpreta o livro.

Quando o ser humanizado lê um texto cria uma compreensão. Essa compreensão não é normalmente a mesma de quem escreveu o livro.

Sendo assim, é preciso ter muito cuidado ao ler para libertar-se das compreensões que temos das coisas. Só depois disso podermos entender o que está escrito.

Foi também por esse motivo que comecei o estudo desse livro que o espiritismo, a doutrina espírita humana, e a doutrina dos espíritos são coisa completamente diferentes. Como estamos vendo, muita coisa que estamos vendo que foi ensinada pelos espíritos não é contemplado pela doutrina espírita humana.

Expiação e arrependimento

Pergunta 1015

Que se deve entender por ‘uma alma a penar’?

Uma alma errante e sofredora, incerta de seu futuro e à qual podeis proporcionar o alívio, que muitas vezes solicita, vindo comunicar-se convosco. (664)

Essa pergunta é meio estranha. Kardec fala em alma penada, mas, o termo alma é usado em O Livro dos Espíritos para designar o espírito encarnado. Como agora Kardec o utiliza falando do espírito desencarnado? A resposta é simples e está ligada ao que já falamos: a vida humana não acaba com a morte.

A encarnação não acaba com a saída da carne. Isso só acontece quando o ser se liberta de uma determinada individualidade. Acabei de dar um exemplo sobre isso: enquanto esse ser achar que é o José, estará nessa encarnação. Saindo da carne, continuará sendo o José, ou seja, uma alma penada.

O espírito encarnado sem carne que se acredita ser um humano é uma alma penada. É isso que está sendo dito nesse texto.

Expiação e arrependimento

Pergunta 1016

Em que sentido se deve entender a palavra céu?

Julgas que seja um lugar, como os campos Elíseos dos antigos, onde todos os bons Espíritos estão promiscuamente aglomerados, sem outra preocupação que a de gozar, pela eternidade toda, de uma felicidade passiva? Não; é o espaço universal; são os planetas, as estrelas e todos os mundos superiores, onde os Espíritos gozam plenamente de suas faculdades, sem as tribulações da vida material, nem as angústias peculiares à inferioridade.

Céu é o universo. É isso que se deve entender como reino do céu. Céu é o universo como um todo e não locais circunspectos, circunscritos. Então, uma cidade espiritual não é o céu, é uma cidade espiritual apenas, pois o céu é o TODO Universal.

É esse o céu que Cristo falava. Quando se referia ao reino do céu, falava do Todo Universal e não de determinados lugares. Os chamados paraísos das mais diversas religiões são criações mentais humanas que materializam o que é espiritual.

Cada religião materializa um céu para si. Os espíritas criaram as cidades espirituais, os mulçumanos criaram a tenda onde há virgens esperando, os católicos criaram o paraíso como um jardim do Eden, os budistas acham que vão para o Nirvana.

Enfim, cada uma tem a sua materialização, mas, nenhuma delas é o céu que os mestres falaram. O céu é o Universo como um todo, o TODO UNIVERSAL.

Expiação e arrependimento

Pergunta 1017

Alguns Espíritos disseram estar habitando o quarto, o quinto céus, etc. Que queriam dizer com isso?

Perguntando-lhes que céu habitam, é que formais ideia de muitos céus dispostos como os andares de uma casa. Eles, então, respondem de acordo com a vossa linguagem. Mas, por estas palavras — quarto e quinto céus — exprimem diferentes graus de purificação e, por conseguinte, de felicidade. É exatamente como quando se pergunta a um Espírito se está no inferno. Se for desgraçado, dirá — sim, porque, para ele, inferno é sinônimo de sofrimento. Sabe, porém, muito bem que não é uma fornalha. Um pagão diria estar no Tártaro.

O mesmo ocorre com outras expressões análogas, tais como: cidade das flores, cidade dos eleitos, primeira, segunda, ou terceira esfera, etc., que apenas são alegorias usadas por alguns Espíritos, quer como figuras, quer, algumas vezes, por ignorância da realidade das coisas, e até das mais simples noções científicas. De acordo com a ideia restrita que se fazia outrora dos lugares das penas e das recompensas e, sobretudo, de acordo com a opinião de que a Terra era o centro do Universo, de que o firmamento formava uma abóbada e que havia uma região das estrelas, o céu era situado no alto e o inferno embaixo. Daí as expressões: subir ao céu, estar no mais alto dos céus, ser precipitado nos infernos. Hoje, que a Ciência demonstrou ser a Terra apenas, entre tantos milhões de outros, um dos menores mundos, sem importância especial; que traçou a história da sua formação e lhe descreveu a constituição; que provou ser infinito o espaço, não haver alto nem baixo no Universo, teve-se que renunciar a situar o céu acima das nuvens e o inferno nos lugares inferiores.

Quanto ao purgatório, nenhum lugar lhe fora designado. Estava reservado ao Espiritismo dar de tudo isso a explicação mais racional, mais grandiosa e, ao mesmo tempo, mais consoladora para a Humanidade. Pode-se assim dizer que trazemos em nós mesmos o nosso inferno e o nosso paraíso. O purgatório, achamo-lo na encarnação, nas vidas corporais ou físicas.

O texto é auto explicativo, mas há um detalhe que quero comentar. Não foi somente a Doutrina dos Espíritos que ensinou isso. O próprio Cristo, através do Evangelho do Tomé, fala que o reino do céu não está acima nem abaixo, dentro nem fora: está dentro e fora de cada um. Com isso mostra que tudo é uma questão de sentir.

Queria ainda aproveitar esse pedacinho e fazer outro comentário. No texto se fala de diversos nomes que se dá aos lugares do céu, mas não se comenta nada a respeito de algo que hoje é comum se acreditar que exista: as dimensões.

A compreensão sobre as dimensões espirituais ou materiais é a mesma que estamos tendo para os outros lugares celestes: não são lugares, mas sim estágios de conscientização. Um espírito que está numa dimensão tem uma conscientização do universo; quem está em outra tem uma conscientização diferente. Isso não faz com que estejam em lugares diferentes. Todos estão no mesmo lugar físico: o céu, o Universo, que é o único lugar que existe para se estar.

Expiação e arrependimento

Pergunta 1018

Em que sentido se devem entender estas palavras do Cristo: Meu reino não é deste mundo?

Respondendo assim, o Cristo falava em sentido figurado. Queria dizer que o seu reinado se exerce unicamente sobre os corações puros e desinteressados. Ele está onde quer que domine o amor do bem. Ávidos, porém, das coisas deste mundo e apegados aos bens da Terra, os homens com ele não estão.

Meu reino não é desse mundo. E Eu Sou o Caminho , a Verdade e a Luz e ninguém chega a Deus senão através de mim. (Evangelho de Mateus)

Se essas palavras de Cristo são reais, posso afirmar que ninguém chega a Deus através desse mundo.

É preciso estar nesse mundo, mas não ser desse mundo. Esse é o grande aspecto que aquele que busca a elevação espiritual precisa despertar. Só na vida carnal se consagra a elevação, mas através dela não se consegue a elevação.

Portanto, é preciso estar nesse mundo, mas não pode se viver o que ele oferece. Só a vida carnal desinteressada das coisas desse mundo, apática com relação as coisas desse mundo, encontra a elevação espiritual.

É isso que quer dizer meu reino não é desse mundo.

Expiação e arrependimento

Pergunta 1019

Poderá jamais implantar-se na Terra o reinado do bem?

O bem reinará na Terra quando, entre os Espíritos que a vêm habitar, os bons predominarem, porque, então, farão que aí reinem o amor e a justiça, fonte do bem e da felicidade. Por meio do progresso moral e praticando as leis de Deus é que o homem atrairá para a Terra os bons Espíritos e dela afastará os maus. Estes, porém, não a deixarão, senão quando daí estejam banidos o orgulho e o egoísmo.

Predita foi a transformação da Humanidade e vos avizinhais do momento em que se dará, momento cuja chegada apressam todos os homens que auxiliam o progresso. Essa transformação se verificará por meio da encarnação de Espíritos melhores, que constituirão na Terra uma geração nova. Então, os Espíritos dos maus, que a morte vai ceifando dia a dia, e todos os que tentem deter a marcha das coisas serão daí excluídos, pois que viriam a estar deslocados entre os homens de bem, cuja felicidade perturbariam.

Irão para mundos novos, menos adiantados, desempenhar missões penosas, trabalhando pelo seu próprio adiantamento, ao mesmo tempo que trabalharão pelo de seus irmãos ainda mais atrasados. Neste banimento de Espíritos da Terra transformada, não percebeis a sublime alegoria do Paraíso perdido e, na vinda do homem para a Terra em semelhantes condições, trazendo em si o gérmen de suas paixões e os vestígios da sua inferioridade primitiva, não descobris a não menos sublime alegoria do pecado original? Considerado deste ponto de vista, o pecado original se prende à natureza ainda imperfeita do homem que, assim, só é responsável por si mesmo, pelas suas próprias faltas e não pelas de seus pais.

Todos vós, homens de fé e de boa vontade, trabalhai, portanto, com ânimo e zelo na grande obra da regeneração, que colhereis pelo cêntuplo o grão que houverdes semeado. Ai dos que fecham os olhos à luz! Preparam para si mesmos longos séculos de trevas e decepções. Ai dos que fazem dos bens deste mundo a fonte de todas as suas alegrias! Terão que sofrer privações muito mais numerosas do que os gozos de que desfrutaram! Ai, sobretudo, dos egoístas! Não acharão quem os ajude a carregar o fardo de suas misérias.

SÃO LUÍS

Tudo que foi descrito nesse capitulo e mais precisamente nessa pergunta, faz parte de todo O Livro dos Espíritos e caracteriza o ser humano como ser egoísta. Além disso, se fala que no próximo mundo ou na continuação da Terra habitada por espíritos menos individualistas o egoísmo não mais existirá. Juntando as duas informações posso, então, dizer, que o ser humano não mais existirá nesse planeta. É com essa informação que encerro nosso estudo.

O fim da raça humana: esse é o terceiro segredo de Fátima. O terceiro segredo que Lúcia contou ao Papa.

O terceiro segredo de Fátima foi trazido aqui nessa resposta: o homem não mais existirá sobre a Terra. Não está se falando da forma física, mas do ser humanizado, do espírito dotado do pecado capital, que é o egoísmo, o individualismo.

Uma nova raça se aproxima do planeta. A raça daqueles que viverão nesse mundo, mas que saberão que não são desse mundo. A raça dos espíritos na carne, não dos seres humanos que vivem momentos de espiritualização. A raça dos espíritos vivendo em carne cônscio da sua espiritualidade.

Não poderia haver mensagem maior para encerrar esse livro do que essa, pois é a mensagem atual. É aquilo que mais se precisa atentar nesse início de século XXI. É mensagem que desde os anos mil e novecentos a espiritualidade vem passando.

 A hora chegou, o momento chegou. Agora devemos buscar nos integrar a esse novo mundo destruindo a humanidade que vivemos e tendo a consciência que somos espíritos e por isso devemos viver como tal.

Que as graças de Deus estejam com todos!