A lei e a fé - Carta aos romanos
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A lei e a fé - Carta aos romanos

Estudo da carta de Paulo aos Romanos contida na Bíblia Sagrada

A lei e a fé - Carta aos romanos

Ressurreição

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Parte 1
Parte 2
Parte 3

Eu, Paulo, escrevo esta carta, eu que sou servo de Jesus Cristo e apóstolo escolhido e chamado por Deus para anunciar a Boa-Notícia do Evangelho.

Há muito tempo essa Boa-Notícia foi prometida por Deus, por meio dos seus profetas e escrita nas Escrituras Sagradas. Ela fala a respeito do Filho de Deus, o nosso Senhor Jesus Cristo. Como homem, ele foi descendente do rei Davi. E, quanto à sua santidade divina, foi a sua ressurreição que provou, com grande poder, que ele é o Filho de Deus. (Capítulo.1 – versículos 1 a 4).

Como homem, Jesus Cristo é descendente de Davi, ou seja, um ser humano, mas quanto a sua santidade divina o que a comprovou foi a ressurreição.

Aproveitamos esse trecho para perguntar: o que é ressurreição? É a volta ao mundo espiritual (desencarne, morte) com a consciência espiritual já adquirida. Quem consegue libertar-se da carne com a consciência de ‘ser espírito’ ao invés de imaginar-se o personagem humano que vivenciou durante algum tempo, alcança a ressurreição.

Morrer (desencarnar) todo espírito encarnado irá, mas só alcançará a ressurreição aquele que, nesse momento, já houver promovido a sua reforma íntima, ou seja, já tenha alcançado a consciência de que é um espírito e utilize como verdades apenas aquelas que são inerentes à pátria celeste. Quem durante a vida promove a sua reforma sai da carne vestido de roupa de espírito ao invés de estar vestido de roupa de ser humano (carne, matéria).

Jesus Cristo passou pela ressurreição porque ao sair da carne havia vencido o mundo, ou seja, havia conseguido vivenciar a vida carnal dentro dos padrões espirituais (amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo). Ele conseguiu vivenciar a vida carnal como espírito e por isso garantiu a si mesmo o título de Filho de Deus.

Na verdade todo espírito é filho de Deus, mas o espírito humanizado, aquele que vive a vida material dentro dos valores individualistas (eu sou, eu quero, eu posso), é como o filho pródigo que foge de casa e não convive no ambiente familiar: o universalismo. Ele é filho, mas não se reconhece como sendo, pois não vivencia essa realidade. Somente aquele que consegue atingir a identidade espiritual é que se reconhece como filho de Deus.

O auto reconhecimento da sua essência espiritual e a vida dentro do universalismo é como a volta do filho pródigo, ou seja, daquele que um dia abandonou o lar paterno e que agora retorna à sua casa. Retornar à consciência espiritual ao invés de se reconhecer como humano é, portanto, a volta do filho pródigo.

Desta forma, Paulo começa nos ensinando que Cristo conseguiu a vitória (se auto reconhecer como Filho de Deus) e é por isso que ele fala: ”Eu sou o caminho a verdade e a luz. Ninguém chega a Deus a não ser através de mim”.

Sendo assim, se você quer conseguir a vitória espiritual, quer sentir-se como Filho de Deus, é preciso que alcance a ressurreição ao sair da carne, ou seja, já saia dela de posse da consciência espiritual, vestido de roupa de espírito.

Participante: Por que só a ressurreição mostrou a elevação de Jesus Cristo e não os seus atos carnais?

Porque quando se vive na carne não há como se saber a intenção com que cada um pratica os seus atos. Portanto, não há como medir aquele que se elevou apenas pelos atos que pratica, pois muitas vezes a intenção que o levou àquele ato pode ser individualista (egoísta), mesmo que o ato, aparentemente, possa ser caridoso.

Tudo o que se pratica é movido por uma intenção e é essa que determina a elevação espiritual. Sendo a intenção do ser encarnado universalista (amar e servir ao próximo), ele conseguiu sua elevação, mas sendo esse mesmo ato praticado deixando a mão direita ver o que a esquerda faz, o ato em si pode ter sido caridoso, mas este pecou por ainda estar sendo movido por interesses egoísticos.

Dessa forma, aqueles que presenciaram a ação do Cristo quando ainda vivo não tinham consciência da sua elevação. Só quando ele abandonou a carne na totalidade da posse da sua consciência espiritual é que pode ser dito que ele venceu o mundo.

A ascensão ao céu (ressurreição) é o resultado de uma vida carnal com consciência espiritual, ou seja, com a vivência dentro do serviço ao próximo (universalismo), abandonando para tanto o individualismo (o serviço a si mesmo).

Participante: Por que o senhor quer fazer esta desmistificação de Jesus Cristo? O que ganharemos com isso?

A Verdade.

Estou buscando desmistificar os acontecimentos da encarnação Jesus Cristo para que vocês parem de esperar que o mestre resolva as suas vidas - esperar que Jesus Cristo lhes dê emprego, ajude a resolver seus problemas financeiros, etc. – e para deixarem de imaginar que são os papéis que vivem durante a encarnação (tia, mão, pai ou avó)...

Acabar com as ilusões...

Este trabalho visa acabar com as ilusões desta vida. Isto porque vocês só podem acabar com elas desmistificando a compreensão que possuem hoje sobre os ensinamentos. Sem isso, continuarão imaginando que Cristo irá sempre procurar resolver os problemas de todos os seres humanos enquanto vocês ficam sentados esperando ele resolver.

Esta é a forma de viver dos seres humanos: parados, sem fazer nada por sua própria elevação espiritual, sem sequer lembrarem-se de que há outra existência a ser vivida...

Quando surge um problema na existência material, ao invés de agirem como seres maduros – entendendo a ação do carma e os objetivos da encarnação – agem como crianças e pedem a Deus que os salve. É por isso que é preciso desmistificar os ensinamentos...

É preciso acordar vocês no sentido de que precisam viver esta vida tendo como objetivo alcançar a ressurreição e não vivê-la esperando que o plano espiritual esteja de prontidão para lhe ajudar a acabar com os problemas da vida. É este o sentido que iremos dar a este estudo: desmistificar o ensinamento de Cristo que foi criado pelo homem, trazendo o ensinamento verdadeiro.

Participante: Para isso é preciso contrariar o que está na Bíblia?

O que estamos falando não contraria uma palavra sequer do que está na Bíblia... Contraria o que a humanidade acha que está na Bíblia.

Este é o objetivo fundamental deste trabalho: contrariar o que vocês acham que está na Bíblia... Se fosse para agir como vaquinha de presépio (concordando com tudo como está) para que iríamos fazer este trabalho? Bastaria seguir o que já existe...

Não estamos aqui para manter a docilidade da Sagrada Família, mas para afirmar com todas as letras que vocês não têm, nem podem ser, mães - afinal, sua mãe e seus irmãos são todos que fazem a vontade de Deus - e que vocês devem abandonar pai e mãe e pegarem a sua cruz e seguir o Cristo (viver como ele viveu), senão não chegam a lugar nenhum no sentido da elevação espiritual.

Outro exemplo? O casamento... O que Deus uniu o homem não pode separar...

Você, por exemplo não pode casar na igreja porque já é separada. Por que não pode? Porque o casamento é eterno e sagrado? Mas, Cristo diz que não existe casamento no céu. Como, então, santificar o que não foi santificado pelo mestre? Sobre este tema, Paulo diz claramente em outro texto que ainda estudaremos: melhor é que vocês não casassem...

É isso que iremos fazer: trazer os ensinamentos à luz da Verdade, desmistificando-os para que a humanidade saia da ilusão de que Cristo, Nossa Senhora e os demais santos estão esperando para lhes salvar.

Os mestres e os amigos espirituais agirão sim, mas não para a salvação que você espera (resolver os seus problemas materiais). Eles não o libertarão do perigo, mas darão para cada um o que ele necessita para ser salvo (alcançar a elevação espiritual).

Por meio dele, Deus me deu a honra de ser apóstolo no serviço de Cristo para levar pessoas de todas as nações a crer e a obedecer. Entre elas estão vocês que moram em Roma, a quem Deus tem chamado para pertencerem a Jesus Cristo.

Assim escrevo a todos em Roma a quem Deus, ama e a quem tem chamado para serem o seu próprio povo.

Que a graça e a paz de Deus, o nosso Pai e do senhor Jesus Cristo estejam com vocês. (Capítulo 1 – versículos 5 a 7).

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O poder do evangelho

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Parte única

Em primeiro lugar, por meio de Jesus Cristo dou graças ao meu Deus por todos vocês, pois no mundo inteiro se ouve falar a respeito da fé que vocês têm. Pois Deus, a quem sirvo com todo coração, anunciando a Boa-Notícia a respeito de seu filho é testemunha que digo a verdade. (Capítulo 1 – versículos 8 e 9).

Só gostaria de fazer um lembrete.

A igreja apostólica diz que Cristo e Deus é o mesmo espírito, mas o apóstolo sobre cujos ensinamentos foi formada a doutrina dela afirma que ele serve Deus por meio de Cristo, ou seja, que são dois seres diferentes. Alguma coisa está enganada, não?

Deus é Deus, Cristo é Cristo. Por isso Paulo deixa bem claro: Deus me chamou para passar os ensinamentos transmitidos por Cristo.

 

Deus sabe que eu sempre me lembro de vocês e oro por vocês. E peço a Deus que, na sua boa vontade, faça que agora eu possa ir visitá-los. Pois desejo muito vê-los, a fim de repartir bênçãos espirituais com vocês para fortalecê-los. O que quero dizer é que todos nós, tanto eu como vocês, seremos ajudados ao mesmo tempo: vocês pela minha fé, e eu pela fé que vocês têm.

Meus irmãos, quero que saibam que muitas vezes pensei em visitá-los, mas sempre aparece alguma coisa que não me deixa ir. Pois quero que o meu trabalho produza resultados entre vocês também, como tem acontecido entre outros não-judeus. Porque eu tenho obrigação para com todos, sejam civilizados ou não, sejam educados ou ignorantes. Portanto, estou pronto para anunciar a Boa-Notícia do Evangelho também a vocês que vivem em Roma.

Eu não me envergonho do Evangelho, pois é o poder de Deus para salvar todos os que crêem: primeiro os judeus e depois os não-judeus. (Capítulo 1 – versículos 10 a 16).

A citação de Paulo a judeus e não-judeus é muito usada nas suas cartas. Por isso, vamos desde já falar sobre a interpretação que damos a essas palavras em nosso trabalho.

Paulo chamava de judeus aqueles que já acreditavam no Deus Eterno; os não-judeus eram os que seguiam outras crenças. Como para Paulo a verdadeira religião era a do Deus de Israel, podemos afirmar que judeus eram os religiosos desta seita, enquanto que os não-judeus eram os não-religiosos.

Será essa mesma conotação que daremos a esses termos no nosso trabalho. Só que no nosso caso, estamos falando do Novo Testamento, ou seja, do ensinamento do Cristo.

Dessa forma, mais do que simples religiosos, teremos em mente os cristãos (aqueles que seguem os ensinamentos de Cristo) quando Paulo se referir aos judeus e como não-judeus os demais religiosos que seguem doutrinas elaboradas a partir de ensinamento de outros mestres.

A partir dessa visão podemos, então, comentar o presente ensinamento de Paulo: o Evangelho é para todos. Ou seja, os ensinamentos do Cristo trazidos através dos Evangelhos não são apenas para os cristãos, mas para toda humanidade. Mas, este não é um raciocínio que coloque Cristo acima dos demais mestres. Usando este mesmo pensamento com relação ao ensinamento dos outros mestres, podemos dizer que estes também são para os cristãos.

Paulo coloca, ainda, uma escala: o Evangelho salvará primeiro os judeus (cristãos) e depois os não judeus (os religiosos de outras religiões). Isso quer dizer os cristãos podem se salvar mais rápido se seguirem os ensinamentos do Cristo do que os mulçumanos, por exemplo.

Utilizando a mesma linha de raciocínio anterior, podemos também afirmar que os mulçumanos podem se salvar mais rápido que os cristãos se seguirem os ensinamentos trazidos pelo anjo Gabriel ao Profeta Maomé. Tudo o que dissermos com relação a um mestre deve valer para todos. Os hindus se salvarão antes dos outros utilizando os ensinamentos de Krishna.

Na verdade Paulo está nos falando em religiões, ou seja, em instrumentos que Deus coloca para auxiliar o espírito encarnado de acordo com a sua necessidade. Cada ser que encarna prepara na sua vida a ligação com determinada religião por saber que aquela é um instrumento importante para a sua elevação espiritual. Liga-se a ela para poder executar o seu trabalho na vida: promover a reforma íntima.

Por isso, a submissão aos preceitos religiosos da doutrina que seguem é importante. É exatamente sobre isso que Paulo está falando...

Os cristãos se salvarão mais rapidamente se utilizarem os ensinamentos de Cristo no sentido da sua elevação espiritual. Se, pelo contrário, o ser humanizado se dizer cristão, mas não aceitar os ensinamentos deste mestre, de nada adianta seguir esta religião.

Os ensinamentos de cada mestre são como um caminho que cada espírito escolhe, antes da encarnação, para a sua elevação. Segui-los é percorrer este caminho; contestá-los é não caminhar para Deus.

Não estou dizendo que os cristãos, por exemplo, não podem beber dos ensinamentos dos outros mestres. O ecumenismo, ou seja, a fusão do ensinamento de todos os enviados de Deus, é uma das características necessárias para a universalização. Mas, este conhecimento deve servir para auxiliar na compreensão dos ensinamentos do mestre que cada um adotou e não para gerar idolatria por outros.

É isso que Paulo está nos ensinando... Existe muito cristão que se envergonha de citar a Bíblia, os ensinamentos de Cristo, etc. Prefere, por estar na “moda” ou para mostrar a sua cultura, citar doutrinas que, na maioria das vezes lhe são estranha. Paulo não. Ele diz claramente: porque sou cristão não me envergonho do Evangelho que, para mim, é o poder de Deus para salvar todos os que crêem.

Esta é a fidelidade que Cristo cobrou quando disse que para entrarmos no “reino do céu” teríamos que ser extremamente fiéis...

Nesse ensinamento não falamos da religião corporativa, mas um determinado rito e ensinamento para se religar a Deus. Os cristãos devem ser fiéis ao ensinamento do Cristo, pois assim terão mais oportunidades de alcançar a elevação espiritual, mas os mulçumanos devem ser fiéis aos ensinamentos trazidos pelo Profeta Maomé para atingir ao céu.

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Parte 1
Parte 2

Porque o Evangelho mostra que Deus nos aceita por meio da fé, do começo ao fim. Como dizem as Escrituras Sagradas: “Viverá aquele que, por meio da fé é aceito por Deus”. (Capítulo 1 – versículo 17).

Tem me sido perguntado constantemente por que Deus não fez todos os espíritos já prontos, com a ciência e a pureza necessária. Essa ação de Deus evitaria a necessidade de todo o processo da evolução ao qual o espírito se submete durante a sua evolução. Mas, se assim fosse, não haveria o exercício da fé.

A vida é um constante executar provas: provar que se é capaz de viver com o amor universal a cada acontecimento, vencendo, dessa forma, os desejos individualistas. Mas, ninguém consegue essa vivência sem fé.

O que é fé? Entrega com confiança total.

Eu poderia dizer que a fé está acima da lógica. Fé e lógica não caminham passo a passo porque o exercício da fé é vencer a lógica e se entregar com confiança mesmo onde ela não é contemplada. É essa submissão ao desconhecido sem medo que valoriza a vida carnal, no sentido espiritual.

Para entendermos a fé, vou contar uma história. Conta-se que um alpinista certa vez despencou da montanha em plena noite, indo parar dependurado sobre o vazio seguro apenas por uma corda. Como era noite, ele não podia ver o que estava abaixo de seus pés e, por isso, não sabia se o chão estava próximo ou muito longe.

Desesperado orou ao Pai pedindo socorro e ouviu uma voz que disse: “largue a corda”. No outro dia esse alpinista foi encontrado morto por uma equipe de socorro seguro na corda, a menos de um metro do chão...

A fé é soltar a corda e entregar-se confiantemente no Pai.

Deus dá a cada um de acordo com a sua fé, de acordo com a sua capacidade de vencer a lógica que lhe ditaria logicamente um resultado. O exercício da fé é o trabalho para acabar com a espera de um resultado óbvio, amando a qualquer efeito que aconteça como reação a uma ação.

Viver com fé é o resultado da não espera que nada aconteça, da não previsão de resultados para os acontecimentos da vida. É um exercício de se tirar completamente toda intenção individualista da ação. Por que quem tem fé só possui uma intenção: servir a Deus e ao próximo e deixar o Pai guiar a sua vida.

A fé está muito longe da religião, da religiosidade. A fé é utilizada na vida, no vivenciar a vida vivendo para Deus.

È isso que precisa ficar claro, por que quando vocês me perguntam por que Deus não fez tudo já pronto, estão raciocinando dentro da sua lógica material que afirma que o importante é completar o trabalho. Mas, essa lógica não gera o merecimento porque o espírito não mereceria nada, não teria conquistado nada.

É no caminhar (viver as encarnações) lutando contra si mesmo (as verdades egoístas gerada pelo ego) com a espada da fé que está a realização da vida espiritual. Chegar a algum ponto é apenas uma conseqüência e não um objetivo.

A fé é o fator de separação através do merecimento. A fé, a vida com fé, gera o diferencial entre os seres.

Muito se fala no nível de elevação espiritual, o que é isso senão a capacidade de vivenciar a existência com fé? Quanto mais elevado um espírito, mais ele vivencia a fé e menos vivencia a lógica material. Quanto mais materializado o espírito mais ele vivencia a lógica material e menos vivencia a fé.

Então, a fé é o diferencial que gera a escala de elevação espiritual. Por isso Paulo diz que Deus aceita os espíritos pela fé que exercem.

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A culpa da humanidade

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Nós vemos que o castigo de Deus cai do céu contra todo pecado e contra toda maldade dos seres humanos que, por meio de suas más ações, não deixam que a verdade seja conhecida. (Capítulo 1 – versículo 18).

Paulo nos ensina que o castigo – que na verdade é a Justiça e não o castigo – cai do céu para os seres humanos porque eles não deixam que a Verdade seja conhecida. Qual é a Verdade que deve ser conhecida; o que é Real neste mundo? Deus e sua ação.

O ser humanizado, por meio de sua falsidade, não deixa que esta Verdade Universal seja reconhecida, nem por si mesmo. Afirma que ele e os outros são os geradores das ações, que os elementos do mundo (chuva, vento, etc.) agem... É essa falsidade (dar a origem da ação a outro que não ao próprio Deus) que gera o que a humanidade chama de castigo ou contrariedade.

Na hora que cada um não mais ocultar a Verdade, não terá mais contrariedade. Na hora que o ser humanizado não ocultar de si a Verdade – dizer que foi Deus que arrancou o telhado da casa e não o vento - não terá mais contrariedade, pois vivenciará um ato de amor do Pai e não um “castigo”.

O “castigo” acaba para aqueles que vêem Deus agindo.

Deus os castiga porque o que eles podem conhecer a respeito Deles está bem claro, pois foi o próprio Deus que mostrou isso a eles. (Capítulo 1 - versículo19).

Será que até hoje vocês ainda não compreenderam que não conseguem agir dominando os resultados das ações, apesar de Deus já cansar de mostrar à humanidade que ela não domina nada?

A humanidade aterra uma lagoa e constrói a casa em cima. Daqui a pouco vem Deus, faz a água subir e as casas caem todas... Aí os homens não ficam satisfeitos e imaginam que podem dominar um pedaço do mar. O mar se revolta e domina tudo de volta...

Será que não dá para compreender que é Deus que age e entregar na mão Dele a Verdade? ‘Vou construir, mas só Deus sabe se permanecerá erguido.’

O Pai tem mostrado com sobras a vocês que quando imaginam que alguma coisa é líquida e certa vem a vida e muda completamente toda certeza que vocês têm? Será que não dá para deixar de achar nada?

É isso que Paulo está nos dizendo: Deus tem mostrado ao ser humano a Realidade das coisas, ou seja, a sua incapacidade de agir e de prever resultados. A incapacidade de ter a certeza de que aquela ação irá resultar logicamente num determinado resultado.

Mas, o ser humano continua falseando a realidade achando que ele fez, que ele dominou, que ele resolveu, que ele está certo...

Desde que Deus criou o mundo, as suas qualidades invisíveis, tanto o seu poder eterno como a sua natureza divina, têm sido vistos claramente. (Capítulo 1 – versículo 20).

É só olhar a natureza, não?

Repare... No deserto, nos lugares que quase não há água, as plantas armazenam água dentro delas. Nos lugares que chove muito, isto não acontece... Por que será?

Apesar do rio se encontrar com o mar, os peixes de um e de outro lugar não trocam o seu habitat... Por que será?

As qualidades invisíveis, o poder eterno e a natureza divina do mundo são bem visíveis: é só você reparar na natureza... É só reparar na Perfeição da obra...

Mas, o homem não faz isso: está sempre querendo mudar o mundo de acordo com os seus valores individualistas.

Tem uma resposta do Espírito da Verdade (pergunta 9 de O Livro dos Espíritos) onde ele fala assim: veja a obra que você reconhece o autor. A obra está aí, o universo é Perfeito. A cada manhã o sol se levanta e no fim da tarde se deita. Neste período, o astro rei distribui o calor necessário para cada planta e ser do planeta...

A lua tem o mesmo tamanho e gira em torno da Terra nas mesmas fases desde que o mundo é mundo. Estas fases fazem o mar ir mais para frente ou mais para trás há milênios, sem alterações... Quando o ser humano poderia imaginar construir uma perfeição desta?

Além do mais, o ser humano nada pode criar: tudo que imagina fazer sempre é realizado sobre algo que Deus já havia feito anteriormente. Tem uma história que reflete bem o que estou dizendo...

Conta-se que os médicos, agora que já haviam aprendido a clonagem dos seres humanos, decidiram que não precisavam mais de Deus. Resolveram, então, pedir ao Senhor que se afastasse da Terra. Para isso escolheram um entre eles que levaria a notícia ao Pai.

Este homem chegou perto de Deus e transmitiu a notícia. O Senhor, em nome da velha aliança, pediu, então, uma última prova. Com a concordância do médico, Deus disse: façamos um homem... ‘Se você conseguir fazê-lo, então me afastarei’ – disse o Pai.

O médico achou que já havia ganho a parada. Foi correndo até o seu laboratório, apanhou uma célula e se apresentou frente a Deus pronto para o desafio. Foi aí que o Senhor disse:

- ‘Com a minha célula, não... Crie a sua primeiro...’

É isso que Paulo está nos falando.

Vamos abrir os olhos e compreender que as conquistas humanas não são nada... São pobres máquinas frágeis que acabam e que nada mais são do que mutações de algo que já existe e que foi criado anteriormente pelo Pai.

O verdadeiro poder, a verdadeira obra jamais se extingue... O homem soterra tudo, mas daqui a pouco, daquele monte de coisas, sai uma planta. Não importa se é cimento ou terra, a germinação acontece mesmo num pequeno espaço...

Os seres humanos podem ver tudo isso no que Deus tem feito e, portanto, eles não têm desculpa nenhuma. (Capítulo 1 – versículo 20).

Para dar a ele a glória que é só Dele: Causa Primária de todas as coisas...

Embora conheçam a Deus, não lhe dão a honra que merece e não lhe são agradecidos. (Capítulo 1 – versículo 21).

Vocês agradecem a Deus pelo que Ele lhes dá?

Agradecem todo dia de manhã pelo sol ou pela chuva que Ele dá, ou imaginam que o dia é uma decorrência natural da noite? Agradecem pela comida que comem? Não, porque acham que a conquistaram como fruto do seu trabalho material...

Não estou falando em agradecimento por palavras – ‘Obrigado meu Deus pelo alimento que vou comer’ – mas será que você come com Deus, acredita que o alimento lhe foi dado pelo Pai e que será o Senhor que lhe sustentará e não aquilo que está comendo? Será que se levanta com Deus (direciona toda a sua preocupação para amá-Lo acima de todas as coisas naquele novo dia), ou se levanta no piloto automático preocupado com a vida?

É isso que Paulo está nos lembrando. Ao invés de agradecerem ao supermercado ou ao seu salário a comida que comem, agradeçam a Deus, pois sem Ele não existiria alimento...

Ao contrário, acabaram pensando só em tolices e as suas mentes vazias estão cheias de escuridão. (Capítulo 1 – versículo 21).

Pensar só em tolices não é pensar apenas naquilo que é considerado “besteira” pela humanidade. É pensar só no eu. Não existe tolice maior do que essa...

Eles dizem que são sábios, mas são loucos. (Capítulo 1 – versículo 22).

O ser humano acha que é sábio...

Ele imagina que consegue construir uma casa, pintar uma parede, fazer um avião que voa... Como são tolos...

Na hora que Deus quer, onde vai parar o avião que foi construído para voar? Na hora que Deus quer, onde vai parar a casa que foi construída sob alicerces tão fortes?

O ser humano se diz sábio, possuidor de uma sabedoria imensa, mas como é tolo... Como fala o Espírito da Verdade (pergunta 9 de O Livro dos Espíritos): “Pobre ser, que um sopro de Deus pode abater!”

Em vez de adorarem ao Deus imortal, adoram ídolos que se parecem com seres humanos, ou com pássaros, ou com animais, inclusive os que se arrastam pelo chão. (Capítulo 1 – versículo 23).

Adoram como Causa Primária a eles mesmos e outros seres humanos, ao avião, ao trem, aos animais, vegetais...

Quantos ídolos vocês tem na vida? Tudo aquilo que substituir Deus como Causa Primária é um ídolo do ser humano.

E, porque esse seres humanos são assim tão loucos, Deus os entregou aos desejos de seus corações para fazerem coisas sujas e terem relações vergonhosas uns com os outros. (Capítulo 1 - versículo 24).

Cuidado com o termo relação vergonhosa. Muitos já julgaram que aqui estava uma crítica ao homossexualismo, mas não é isso...

Eles trocam a verdade de Deus pela mentira e adoram e servem o que Deus criou, em vez de adorarem e servirem o próprio Criador, que deve ser louvado para sempre. Amém. (Capítulo 1 - versículo 25).

Esta é a real relação vergonhosa do ser humano: louvar aquilo que Deus criou e não a Ele mesmo. Mas, não estamos falando somente dos religiosos, mas de todos os seres humanos.

Os naturalistas, por exemplo, religiosos ou não, têm uma relação vergonhosa, porque não se relacionam com Deus, mas com a natureza. Para eles o bicho, a planta, são as coisas mais bonitas... Não, eles são uns loucos, porque a beleza do bicho e das plantas é Deus. Essa é a relação vergonhosa.

Os seres humanos que se relacionam com as coisas que Deus criou, inclusive com outro ser igual a ele, adorando o elemento e não a Deus, possuem uma relação vergonhosa com o Pai.

Quando você se relaciona com o próximo adorando a si ou ao outro (eu estou certo, ele é bom, eu sou bonito), está adorando aquilo que Deus criou: o seu ego, o personagem humano. Esta é uma relação vergonhosa, do ponto de vista espiritual, porque vive a criação como se fosse o próprio Criador.

Essa é a relação vergonhosa que Paulo fala e não das relações homossexuais...

Por causa do que estas pessoas fazem, Deus as entregou às paixões vergonhosas. (Capítulo 1 - versículo 26).

O que se obtém destas relações? O prazer, as paixões, os desejos...

Esse é o fruto da relação imoral entre o ser humanizado com as criações de Deus, da adoração às coisas e não ao Senhor, e foi a ele que Deus entregou os espíritos humanizados que não vivem com e para Deus.

Pois até as mulheres trocam as relações naturais pelas que são contra a natureza. (Capítulo 1 – versículo 26).

Pergunta: O que são relações naturais?

O que deveria reger as relações entre os seres humanizados e entre eles e os demais elementos do mundo? O amor universal... Tudo na existência carnal deveria ser vivenciado de uma forma espiritual, para que o que é natural (da natureza do espírito), fosse mantido...

Mas, as mulheres (seres humanizados encarnados em matérias com esta forma) trocam esta relação pelo amor maternal, filial, marital, amizade, etc. Trocam a relação natural (com amor universal) com seu corpo pela vaidade (que leva à plástica, maquilagem, moda).

Paulo não está falando de relação sexual entre duas mulheres (homossexualismo), como muitos dizem que está neste texto. Apenas porque foram usadas as palavras relações vergonhosas os seres humanizados logo levam para este lado, mas tudo isso ainda está ligado à relação vergonhosa de adorar a obra de Deus sem louvá-Lo.

Neste parágrafo ele está falando de uma mulher adorar outra, mas isso também serve para a adoração a um homem, por exemplo, sem colocar Deus (o amor universal) nesta relação e não só de ações homossexuais.

Deixe-me dizer uma coisa: Paulo é o mais polêmico dos apóstolos, por que foi o único que entendeu a Realidade dos ensinamentos e muitos outros debates ainda surgirão neste estudo

Ficou clara, então, a relação vergonhosa de uma mulher com outra? Nada tem a ver com homossexualismo, mas do espírito humanizado encarnado nesta forma ter uma relação com outra mulher na base do individualismo.

E também os homens deixam as relações naturais com as mulheres e se queimam de paixão uns pelos outros. (Capítulo 1 – versículo 27).

Participante: Aqui, com certeza fica muito claro o lado homossexual, não?

Não... Vamos entender...

Paulo afirma: os homens se queimam de paixões por outros homens... O que é se queimar de paixão? Adoração, amizade, vaidade, orgulho, etc. Qual deveria ser a relação natural entre eles? A prática do amor universal.

Um homem que considere outro certo, que se imagine amigo deste, não está se queimando de paixão por ele? Claro que sim, porque tem verdades a respeito deste outro.

Mas, quem é o amigo? Criador ou criatura? Então, o homem que acha algum outro certo se queima de paixão numa relação vergonhosa, já que está adorando a criatura ao invés do Criador...

Participante: Mas, cada um pode interpretar este texto de um jeito sem estar, por isso, “errado”...

Não... Cada um pode dizer o que quiser, mas interpretar este texto de forma diferente não pode.

Paulo fala anteriormente na paixão verdadeira e ela é uma só: amor a Deus acima de todas as coisas... A partir daí ele afirma que a paixão que é vergonha para os seres humanos é relacionar-se com a criatura como se fosse Criador... Foi isso que estudamos até aqui e agora não poderíamos mudar o sentido dos ensinamentos de Paulo para relações homossexuais... Por isso o texto não pode ser interpretado de forma diferente.

Vamos tirar o sexo dos personagens envolvidos no texto... Falemos da paixão vergonhosa de um homem com uma mulher...

Quando ela acontece? Quando não é fundamentada no amor universal (amor entre espíritos), mas sim nos conceitos egoístas (eu gosto, eu acho certo, é meu) do ser humanizado.

Quem ama universalmente falando não deixa que os conceitos poluam a relação entre os eles e os demais elementos do Universo. Esta é a relação natural, da natureza do espírito, e, por isso, não é vergonhosa. Mas quem se deixa levar primariamente pelo seu individualismo, se relaciona de uma forma vergonhosa com os outros.

Esta Realidade independe de sexo. Não importa se estamos falando de homem ou mulher relacionando-se com seu igual: se houver paixão humana (gostar) há uma relação vergonhosa.

O que mais causa a interpretação de que aqui está embutida uma crítica ao homossexualismo, o que é comum entre os seres humanizados, é o termo relação... Por causa dele cria-se logo a imaginação de que está se falando de relação sexual, mas estamos falando de relacionar-se (estar em contato), em qualquer nível.

Trocar a sua relação natural é deixar de viver como espírito durante os relacionamentos em qualquer gênero, pois esta é a relação natural (que faz parte da natureza do ser universal) entre os espíritos, humanizado ou não.

É a partir desta Realidade que temos que entender os ensinamentos do apóstolo e não utilizando os preconceitos que estão na memória do ego humanizado.

Posso fazer uma pergunta bem clara? Olhe todas estas pessoas que estão aqui hoje... Existem seres de ambos os sexos, não? Nós estamos tendo relações aqui e agora?

Participante: Acho que sim...

Claro que estamos... Estamos nos relacionando, ou seja, tendo relações, e isto não tem nada a ver com sexo...

Participante: Mas, no texto está: se queimam de paixões...

Vocês não estão se queimando de paixões agora? Não estão gostando ou deixando de gostar por estar aqui, pelo que estão aprendendo, por mim, pelo amigo ao lado? Isto são paixões...

Então, vocês todos estão aqui mantendo uma relação comigo, entre si e com a palestra, e, com isso estão nutrindo paixões. Mas, estão nutrindo neste momento uma paixão vergonhosa porque estão fazendo tudo isso apenas a partir de seus próprios conceitos e percepções e Deus, para vocês, neste momento está longe, apesar desta ser uma reunião espiritual...

Nesta relação que estamos tendo agora estão presentes homens e mulheres. Os homens estão se relacionando com homens, as mulheres estão se relacionando com suas semelhantes; tudo dentro de uma relação vergonhosa, e nada está ocorrendo aqui que possa ser chamado de sexual...

As relações vergonhosas não são as sexuais, mas quando um quer levar vantagem sobre o outro, quando tem ódio, quando critica o próximo, quando quer ser melhor do que o outro. Isso porque esta não é uma relação da natureza espiritual, mas uma relação fundamentada na natureza humana...

Participante: Mas, esta é a sua verdade... Eu posso chegar aqui e interpretar do meu próprio jeito...

Claro que pode e muitos o fazem. Todos têm o direito de interpretar qualquer texto do seu próprio jeito.

Agora, dizer que Paulo está se referindo a relações sexuais é apenas uma interpretação individual, pois este texto é continuação de tudo que vimos antes, onde o apóstolo vem falando das relações vergonhosas com o que Deus faz e não das relações sexuais entre os encarnados. Não se pode quebrar a lógica de Paulo, pois todo o texto é uma só explicação.

É isso que precisamos compreender para poder interpretar o texto. Não podemos nos apegar apenas aos valores sexuais porque em diversos outros momentos, inclusive agora, vocês estão tendo relações com outros homens e mulheres...

Nós estamos nos relacionando aqui; você vai para o seu trabalho e têm relações lá o dia inteiro com outros homens e mulheres... Estas relações podem ser naturais (se vivenciadas com amor universal, livre de conceitos) ou vergonhosas (vivenciadas a partir dos conceitos existentes no ego de cada um).

Mais tarde Paulo falará de relações sexuais, mas quando isso acontecer, pode ter a certeza, ele será bem claro... Mas, neste texto, onde muitos dizem que há uma condenação ao homossexualismo, isso não é real. Há sim uma condenação a uma relação vergonhosa entre os seres (onde não haja amor universal).

Deixe-me dizer outra coisa... Para vocês, humanos, o homem arder de paixão por uma mulher é uma relação natural, não é mesmo? Mas, esta relação é natural para vocês, porque para nós ela é vergonhosa, pois é fomentada por uma paixão materialista e não espiritual.

A relação natural é aquela que é regida pelo amor universal. A paixão materialista, seja entre sexos diferentes ou iguais, seja de pai para filha ou de filho para mãe, ou qualquer outra relação que não seja dentro da felicidade, compaixão e igualdade, é imoral. É por isso que Cristo afirma que veio para jogar pai contra filha e filho contra mãe...

É isso que Paulo está nos ensinando: existe uma relação natural entre os espíritos e o homem (espírito humanizado) cria uma relação vergonhosa entre eles, porque são as fundamenta nas paixões que são artificiais (criadas pelo ego).

Como já dissemos, Cristo disse que não há casamento no céu. Então, uma paixão entre marido e mulher não é natural, mas artificial e acabará com a morte.

Nós não podemos continuar lendo as coisas do mesmo jeito que fizemos até agora, porque nosso trabalho é desmistificar o conhecimento humano. Desmistificá-lo é dizer que a relação não natural é qualquer uma mantida na base da humanidade, inclusive a sexual. Ou seja, qualquer relação onde entre paixão. Isto porque, a partir da paixão, surge a posse, o ciúme, a desconfiança, o desejo, etc.

Homens têm relações vergonhosas uns com os outros e por isso recebem em si mesmos o castigo que merecem por causa da sua maldade. (Capítulo 1 – versículo 27).

Veja, Paulo afirma que, quando um homem tem uma relação vergonhosa (uma raiva, por exemplo) com outro homem, recebe em si mesmo (na sua vida) o castigo por isso. Não é isso que estamos ensinando? Quando você tem uma relação vergonhosa (fundamentada em paixões humanas) gera para si um carma como castigo.

Não nos esqueçamos que já tinha dito antes que a compreensão castigo como punição se prende ao ponto de vista humano, mas na verdade o carma não é uma pena, mas o amor de Deus em ação fundamentado na Justiça Perfeita.

Mas, este castigo não está apenas nas relações vergonhosas fundamentadas naquilo que é considerado “errado” pela humanidade. O carma é gerado sempre que uma paixão não natural (materialista) acontece.

A mãe que ama o filho de uma forma maternal (relação não natural entre dois espíritos) gera para si um carma. Ele poderá ser vivenciado no prazer (orgulho pelo filho) ou na dor (desavenças com ele). Estes dois acontecimentos são frutos de uma relação vergonhosa (ser mãe) que aquele espírito manteve com outro e se torna em mais uma provação para a elevação espiritual.

E, como não querem saber do verdadeiro conhecimento a respeito de Deus, ele os entregou aos seus maus pensamentos, para que façam o que não devem. Estão cheios de perversidade, maldade, avareza, vícios, ciúmes, lutas, mentiras e malícia. (Capítulo 1 – versículo 28 e 29).

Vivenciar acontecimentos onde se pratique ou receba tais sensações são carmas oriundos das relações vergonhosas que o espírito humanizado vivencia. São o fruto do acreditar nas posses, paixões e desejos gerados pelo ego.

Difamam e falam mal uns dos outros. (Capítulo 1 – versículo 29).

Preste bem atenção neste trecho porque Paulo está dando os carmas a que se expõem os espíritos humanizados que insistem em vivenciar as relações não naturais criadas pelo ego como Real.

Odeiam a Deus e são atrevidos, orgulhosos e vaidosos. Inventam muitas maneiras de fazer o mal, desobedecem aos seus pais, são imorais, não cumprem a palavra, não têm amor por ninguém e não tem pena dos outros. (Capítulo 1 – versículo 30 e 31).

Depois de tudo o que falamos neste estudo, pergunto: o que é ser imoral? Será que imoral são aqueles que fazem sexo de determinadas maneiras ou em público?

Para responder isso é preciso que você antes responda: qual a moral do espírito? Cristo ensinou: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

A partir disso podemos, então, dizer que imoral são aqueles que não se relacionam fundamentados no amor universal. Imorais são aqueles que se relacionam submissos às paixões materialistas criadas pelo ego (eu gosto, eu desgosto, é meu, eu estou certo).

É claro que os seres humanizados, guiados pelos conceitos existentes no ego, vão logo ligar o termo imoral a uma atitude sexual, mas será que orgulho, vaidade, avareza e não ter pena tem alguma coisa a ver com sexo? Só uma simples análise mostraria que a interpretação que se dá a este texto não pode corresponder àquilo que Paulo pensava realmente.

Eles sabem que a Lei de Deus diz que quem vive assim merece a morte. Mas, mesmo assim, continuam a fazer essas coisas e, pior ainda, aprovam os que agem como eles.

Os espíritos humanizados sabem que isso leva a morte, ou seja, lhes prende à roda de encarnações. Não adianta alegar inocência, pois o ensinamento de todos os mestres é bem claro e pode ser muito bem resumido em uma frase do apóstolo João: “Aquele que vem de cima é o maior de todos e quem vem da Terra é da Terra e fala de coisas terrenas” (Evangelho de João, 3-31). Mas, mesmo assim continuam se relacionando com seus irmãos fundamentados pelas paixões dualistas criadas pelo ego.

Acreditam na cobiça, na avareza, nos julgamentos, na crítica como elementos naturais da vida e aprovam aqueles que vivem assim. Justificativas para isso, eu estou cansado de ouvir: ‘nós somos seres humanos, temos que viver como tal’, ‘nós estamos na carne, temos que viver como ser humano’. Mas você não sabe que o destino do ser humano é morrer? Não está dito isso pelos mestres, ou será que algum ser humano ficou para semente (escapou da morte)?

O ensinamento de Paulo é muito profundo. Não adianta alegar que você está humanizado: isso não é desculpa; muito pelo contrário. Isso é falta de vontade de lutar, de cumprir o objetivo de sua encarnação (provar que é capaz, mesmo sobre o efeito das tentações, de viver espiritualmente a vida carnal). Isso é entrega às relações amorais.

Mas, porque, apesar de saberem de tudo isso, os espíritos humanizados continuam se entregando a elas? Porque as relações amorais dão prazer e eles não querem abrir mão desta sensação...

O espírito que está preso ao sansara (roda de encarnações) vem para carne e quando aqui está não se esforça para evoluir para, assim, poder voltar (reencarnar) e sentir de novo o prazer.

O prazer é um tóxico que intoxica o espírito e cria dependência. Aí o ego, instrumento para a provação, cria diversas paixões, fundamentadas em verdades e justificativas, prometendo que, a partir delas, gerará prazer.

O ser humanizado, então, dependente e viciado nesta sensação, apesar de conhecer a Realidade trazida pelos ensinamentos, deixa se iludir pelo gerador de realidades. Mas, não faz isso por “maldade”, mas porque só assim lhe é garantido o prazer no qual está viciado.

É isto que Paulo está nos ensinando neste trecho da carta que ele enviou aos Romanos, mostrando ao povo daquela cidade a importância de se seguir fielmente os ensinamentos de Cristo.

Só para completar...

Como eu disse agora a pouco, este ensino será muito polêmico, porque Paulo quando caiu na estrada de Damasco ao ver Cristo teve a compreensão perfeita de tudo o que o Mestre ensinou. Mesmo sem ter visto, sem ter conhecido o mestre em vida, Paulo é o apóstolo mais importante do cristianismo.

Alguns hoje dizem que Paulo criou o cristianismo. Tomara isso tivesse sido verdade. Tomara que o cristianismo negasse que as relações vergonhosas entre os homens fossem tão combatidas como ele combateu. Tomara que o cristianismo ensinasse a relação natural entre dois seres. Infelizmente não é isso que acontece.

Os cristãos aceitam a cobiça, a avareza como natural, até como símbolo de evolução. Cristo não ensinou nada disso. Pelo contrário Cristo ensinou a relação natural entre os seres humanizados, que pode muito bem ser resumida na seguinte passagem:

“Vocês ouviram o que foi dito: olho por olho, dente por dente. Eu porém lhes digo: não se vinguem dos que lhes fazem o mal. Se alguém lhe der um tapa na cara, vire o outro lado para ele bater também. Se processarem você para tomar a sua túnica, deixe que levem também a capa. Se um dos soldados estrangeiros forçá-lo a carregar uma carga um quilômetro, carregue-a dois quilômetros. Se alguém lhe pedir alguma coisa, dê; e empreste a quem lhe pedir emprestado” (Evangelho de Mateus, 5-38,42).

Se Cristo tivesse sido contra qualquer coisa sexual, como muitos dizem e por isso atribuem o termo imoralidade deste texto a isso, a primeira que teria sido condenada seria a prostituta. Mas, mais do que absolvê-la, o mestre a tornou sua acompanhante durante quase toda a sua peregrinação.

Dar a Paulo a fama de preconceituoso, ou ligá-lo a qualquer preconceito seria a mesma coisa que confundir as verdades do Evangelho com os ensinamentos da Igreja Católica.

Por este texto pode-se muito bem compreender o nosso trabalho...

Nosso trabalho é desmistificar aquilo que foi criado as partir dos ensinamentos dos mestres e, com isso, trazer de volta a Verdade. Não estamos aqui para aceitar as interpretações que foram dadas aos textos sagrados, mas trazer o cristianismo para a realidade universal que foi ensinada por Cristo e pelos apóstolos...

Esta interpretação humana não pode ser Real, pois ela acabou dando ao espírito que viveu a encarnação Maria, mãe de Jesus (Nossa Senhora) uma coroa de diamantes. Justo àquela foi símbolo da entrega do humanismo, a interpretação fundamentada nas paixões humanas dos ensinamentos de Cristo, acabou recebendo da doutrina cristã coisas materiais como compensação. Alguma coisa não está certa...

É neste sentido que iremos estar trabalhando estudando as “Cartas de Paulo” que são profundas e que merecem este estudo.

A lei e a fé - Carta aos romanos

O julgamento divino

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Meu amigo, você julga os outros? (Capítulo 2 – versículo 1)

Paulo agora vai nos falar sobre julgamento, mas antes de ouvir o que ele tem para dizer, vamos falar um pouco a respeito do assunto.

Para os seres humanos, o julgamento acontece apenas quando você analisa o comportamento do próximo. Mas, julgar é muito mais do que o simples ato de saber se está limpo ou sujo. Na verdade qualquer avaliação, qualquer especulação que se faça sobre qualquer coisa é um julgamento.

É assim porque o ser humanizado analisou alguma coisa. Saiba, toda análise é um julgamento, porque se trata da comparação entre o que se acha certo (se sabe) com o que está sendo percebido como feito pelo próximo.

Então, quando Paulo pergunta se você tem o hábito de julgar os outros, ele está dizendo: você tem o hábito de dar valores às coisas do mundo? Você tem o hábito de afirmar verdades sobre alguma coisa? Por exemplo, apenas dizer que uma cor é branca ou que uma linha está reta ou torta ,é um julgamento.

Qualquer análise, qualquer especulação que faça sobre qualquer elemento percebido no mundo é um julgamento.

Agora que já definimos a questão do julgar, vamos ouvir um Paulo.

Não importa quem você seja, não tem desculpa de jeito nenhum. Porque, quando julga os outros e faz as mesmas coisas que eles fazem, você está condenando a você mesmo. (Capítulo 2 - versículo 1).

Veja, não importa quem você seja - pode ser o mais sábio sobre qualquer assunto, saber tudo de algum tema – não tem o direito de julgar ninguém. Mas, por que não tem direito a isso? Porque quando você julga (analisa e gera uma avaliação) o outro está fazendo o que mesmo que ele faz.

O que o outro está fazendo? Agindo a partir do seu saber individual. Não é isso que você está fazendo? Está julgando o próximo a partir do seu saber.

Então, quando você diz ‘aquele ali está errado’, quer dizer que a ação dele, gerada a partir do saber dele, está errada. Mas, você também deveria se considerar errado, porque está fazendo a mesma coisa: agindo a partir do seu próprio saber. Na verdade, você não se considera errado porque acredita no seu saber, mas o considera desta forma porque não acredita no saber dele.

É, a questão de julgamento é muito maior do que nós sequer imaginamos.... Não se trata apenas de julgar, mas de afirmar que está certo...

 Compreenda, não existe ‘eu sei a verdade’, ‘eu sei o certo’, mas apenas compreensões individuais, que se tornam paixões, que são geradas dessa forma para que cada um possa executar o seu trabalho de reforma íntima e alcançar a elevação espiritual.

Portanto, o seu certo, não é certo, mas é aquilo que você precisa reformar dentro do seu íntimo. Como já dissemos, esta reforma não se reflete em mudanças (passar a acreditar no que não acreditava), mas, como disse Paulo anteriormente, dar a Deus a Sua própria glória: Ele sabe, eu apenas acho.

É por isso que todo mundo sabe uma verdade, um certo: aquele que é necessário para o seu próprio trabalho. Por isso não se pode afirmar que existe um ser humanizado mais burro que o outro: existe um que sabe diferente do outro.

Quando falamos em viver com o amor universal, estamos apregoando a necessidade da vivência de um dos elementos deste sentimento universal: a igualdade. A prática dela se consiste em dar o direito do próximo saber o que sabe e você ficar com o meu saber.

A igualdade – e, portanto, o amor universal – é frontalmente ferido quando um ser humanizado quer impor ao outro o seu saber (ensinar) ou quando julga (avalia) o saber do outro a partir do seu.

É isso que Paulo está nos dizendo...

Quando você diz que o outro é qualquer coisa (certo ou errado, limpo ou sujo), está fazendo o mesmo que ele, ou seja, agindo a partir do seu saber individual querendo dominar o mundo porque acredita que é o certo.

Nós sabemos que Deus é justo quando condena os que fazem essas coisas. (Capítulo 2 – versículo 2)

Por que Deus é justo quando “condena o julgamento” dos seres humanizados? Ele condena aqueles que acreditam no que acham, porque, desta forma, eles julgam Deus a partir de suas próprias verdades.

Quando o ser humanizado analisa uma situação e a avalia, está julgando o que Deus fez, já que tudo é gerado por Ele através da Causa Primária, que é emanação Dele. Além disso, para julgar, estão se utilizando de suas paixões não naturais (verdades criadas pelo ego) e não dando a Ele a sua devida glória, como Paulo ensinou anteriormente.

Sim, este texto tem vinculação com tudo o que já estudamos até agora. Não podemos nos esquecer que esta carta foi escrita de forma corrida por Paulo e que a divisão que fazemos é apenas uma maneira didática de estudá-la.

Por isso é justo o julgamento de Deus: já que o ser humanizado se sente no direito de julgá-Lo, Ele pode fazer a mesma coisa. O ser humanizado deu a Deus o direito Dele julgá-lo.

Por quê? Porque o ser humanizado se achou no direito de julgar o próximo, que é um deus emanado...

NOTA: Segundo ensinamentos estudados anteriormente no Bhagavad Gita, existem três deuses, que na verdade, são apenas um.

DEUS SER – o espírito Supremo;

DEUS EMANADO – os egos que levam ao consciente dos seres realidades ilusórias;

EMANÇÕES DE DEUS – as situações criadas a partir da Causa Primária, que são levadas ao consciente do espírito pelo ego.

Nós temos que começar a repensar a vida e fazer isso desmascarando as compreensões ilusórias que os seres humanizados têm. Quando se fala alguma coisa de alguém, não está se julgando aquele, mas o próprio Senhor do Universo, porque, como já estudamos em Krishna, a ação é inexorável, é Deus que faz. Então, na verdade, está se julgando o próprio Pai.

 Quando o ser humanizado julga alguém que está comendo de boca aberta, por exemplo, está julgando o próprio Deus que está emanando esta ação através das percepções criadas pelo ego. Mas o que o ser humanizado utiliza para gerar este julgamento? Sua sabedoria (paixão), o que se constitui na culpa da humanidade.

Parece algo bobo, não? Mas, se o ser humanizado sabe que tem que se comer com a boca fechada e julga a percepção que tem do outro estar comendo de boca aberta, está tendo uma relação imoral como aquelas que conversamos antes... Ao manter este tipo de relação não dá a Deus a Sua glória e, ainda por cima, julga que Ele não sabe o que é certo, porque faz o outro comer de boca aberta.

É isso que precisamos desmascarar em nós. Ninguém acusa o outro: na verdade todos estão acusando o próprio Deus...

Mas você, meu amigo, faz as mesmas coisas que condena nos outros! Você pensa que escapará do julgamento de Deus? Ou será que você despreza a grande bondade, a tolerância e a paciência de Deus? Você sabe muito bem que ele é bom e que quer levá-lo a se arrepender. (capítulo 2 – versículos 3 e 4).

Repare o que Paulo nos diz: Deus quer levar os seres humanizados a se arrependerem? O que é se arrepender? É constatar que tudo que faça a partir de suas paixões mundanas não está Perfeito e que a reação precisa ser mudada.

Desta forma, tudo que acontece na vida de um espírito humanizado é criado pelo Pai com intenção de que ele se arrependa da forma humana como reagiu e, daí por diante, aja de uma forma diferente, dentro do seu padrão normal de ação: com o amor universal.

Claro que estou falando de ação espiritual, sentimental, ou seja, o arrependimento se caracteriza pela consciência de que se relacionou com próximo de uma forma artificial e sinta diferente em situações semelhantes no futuro.

Mas, ao invés disso o ser humanizado faz o que todos fazem: diz que está certo e que o mundo está errado. Todos agem assim.

Deus gera os acontecimentos com a intenção de que o ser humanizado reveja seus conceitos – o que pode ser chamado de reforma íntima – mas, ao invés de fazer isso, ele reafirma imperativamente a realidade do conceito para poder dizer que está certo...

Tudo o que Deus faz é no sentido que cada um esteja constantemente revendo seus conceitos, verdades e certezas sobre as coisas do mundo e cabe ao espírito remodelar-se na vida e não esperar que Deus remodele a vida dentro dos seus padrões. Ou seja, cria a provação necessária para cada um conseguir provar a si mesmo que abra mão de suas posses e assim aproxime-se do universal.

Mas o seu coração é duro e teimoso e por isso você está aumentando ainda mais o castigo que vai sofrer no dia em que o castigo e os julgamentos justos de Deus forem revelados. (Capítulo 2 - versículo 5).

Apenas para que os mais sábios não nos acusem, troquemos o termo castigo por carma...

Cada vez que o ser humanizado julga alguém em uma situação ao invés de buscar a reforma íntima, a mudança, a reavaliação dos seus conceitos, estará aumentando o seu carma. Isto porque, neste momento, gerou um novo carma...

Participante: Isso quer dizer que o sofrimento será maior...

Não, o carma não traz necessariamente consigo o sofrimento... Na verdade é você que escolhe sofrimento para passar pela situação carmática. Na realidade o que quero dizer é que a próxima situação carmática a respeito desta paixão, será mais difícil de ser vencida...

Sabe, quanto mais você impõe verdades, mais realizar em si mesmo seus conceitos. Quanto mais disser a si que esta cor é preta, pro exemplo, mais fundo vai se fixando o conceito de que isso é certo. Por isso é que quando Deus colocar o branco dela para fora, você terá uma provação mais árdua.

Mas, não é Deus que tornou a prova mais difícil... A dificuldade não está na própria prova, mas porque anteriormente você enraizou mais profundamente aquele conceito.

É isso que precisamos compreender para poder parar de julgar Deus...

Porque ele dará de acordo com o que cada um tem feito. Dará a vida eterna aos que procuram fazer o bem e buscar a glória, a honra e a vida imortal. (Capítulo 2 – versículos 6 e 7).

Paulo diz: Ele dará o bem para aqueles que buscam a Deus. Mas, o que é buscar a Deus? É buscar a harmonia com o momento presente...

Aqueles que buscam a glória e a honra de Deus, estão sempre procurando harmonizar-se com o momento presente, independente dos conceitos gerados pelo ego. Já os que não buscam a Deus, aceitam o antagonismo ao momento presente que o gerador de ilusões cria. .

No exemplo que eu dei anteriormente (comer de boca aberta), aquele que busca se harmonizar desacredita dos conceitos gerados pelo ego e, com isso, não criticam ou criam um antagonismo naquela situação. Eles desprezam o errado criado pela personalidade humana em nome de viver a glória de Deus.

Isso é buscar é buscar a Deus: viver o que você tem com felicidade total; sem críticas e julgamentos...

De nada adianta dizer que se está buscando a Deus através de oração, de trabalhos espirituais, etc. Sem que o ser humanizado não acredite nas formações mentais (pensamentos) criados pelo ego e, com isso, harmonize-se com os acontecimentos do mundo, nunca se estará procurando realmente ao Senhor.

Mas fará cair a sua ira e o seu castigo sobre os egoístas e sobre os que rejeitam o que é justo para seguirem o que é mal. (Capítulo 2 – versículo 8).

Quem são os egoístas? Aqueles que só querem para si mesmo e por isso rejeitam o que é justo e só aceitam o que é mal. Então, o que é o mal? Aquilo que cada um quer individualmente...

Aquilo que cada um quer individualmente (atendendo a seus conceitos) é mal. Não importa qual acontecimento esteja ocorrendo, aquele que está sempre querendo levar vantagem individual, estará sempre praticando o mal, porque não ama o próximo como a si mesmo...

Deixe-me contar uma história...

Quando abordei este ensinamento em uma palestra anterior, um ser humanizado se ofendeu e disse que ele não era assim. Que na verdade estava sempre preocupado com os outros.

Pedi, então, que me desse um exemplo disso. Ele citou a preocupação que tinha e externava a outro ser pelo fato dele fumar. Disse que agia assim pelo amor que sentia àquele e que, por conta deste sentimento, não queria que o outro fumasse, pois tinha problemas no coração.

Aparentemente tal atitude parece realmente um ato amoroso, mas vamos mais em frente. Perguntei a este ser, então, qual o problema do outro fumar, mesmo tendo uma doença. Objetive a seguinte resposta: ‘ele pode morrer...’

Prossegui na minha investigação. ‘Qual o problema dele morrer? Afinal, todos vão morrer um dia, não é verdade?’ Foi então que a máscara se desfez: ‘eu vou sentir saudades se ele morrer...’

Na verdade, apesar de aparentemente conter elementos de preocupação com o outro, toda a formação mental que o ego daquele ser estava criando naquele momento fundamentava-se na preocupação consigo mesmo, no sofrimento que ele iria vivenciar... Ele não estava preocupado com a morte do outro – aliás, nunca vi ninguém sofrer pela morte dos outros, mas pela sua própria dor, pela sua saudade – mas sim em defender o seu prazer que é gerado pela satisfação de seus desejos.

Esta é uma história real que ilustra perfeitamente o que estou comentando. Mas, voltemos ao assunto...

O ser humanizado é, em essência, egoísta e, por isso, rejeita o justo (aquilo que Deus faz e que é bem para todos) e quer o mal, o que é bom só para ele. Quer que o mundo se mude para que ele seja feliz: (tenha seus desejos e paixões contentadas): isso não é ser justo; é ser maldoso.

É buscar o mal...

O mal não está em atos ou atitudes. Ele é o individualismo, é a busca da sua própria satisfação e o resto do mundo que se dane.

Haverá sofrimentos e aflições para todos os que fazem o mal, primeiro para os judeus e depois para os não judeus. (Capítulo 2 – versículo 9)

Importante: nós já definimos anteriormente que compreenderíamos o termo judeu como os cristãos e não judeus como os seguidores de outras doutrinas religiosas...

Por que Paulo diz que para os cristãos é mais pesada a pena? Porque, a quem muito foi dado, muito será cobrado.

Os cristãos têm à sua disposição todas as informações (ensinamentos) trazidas por Cristo e pelos apóstolos através do Novo Testamento. Sendo assim, quanto mais informação tiver, mais poderá ser cobrado por Deus.

Mas, a mesma coisa vale para os seguidores das outras doutrinas: eles serão julgados primeiro do que outros pelos ensinamentos que tiveram acesso...

Todos têm que transformar os ensinamentos que recebem em ação, mas não fazem isso. Por isso eles acabam merecendo mais do que os outros, que não tiveram aqueles ensinamentos. Merecendo não “castigo”, mas carma...

Mas Deus dará glória, honra e paz a todos os que fazem o bem, primeiro aos judeus e depois aos não judeus. (Capítulo 2 – versículo 10).

Do mesmo jeito, àqueles que viverem para por em prática os ensinamentos receberão mais do que aqueles que não receberam o ensinamento.

Mas, isso também é relativo: mais tarde Paulo vai falar da prática mesmo sem ter recebido o ensinamento...

Participante: Mas, se for levar ao pé da letra a necessidade da prática destes ensinamentos, isto reprovará todos os seres humanizados...

Todos, não: apenas aqueles que não os praticarem, ou seja, que não vencerem a si mesmo, que não pegarem a sua cruz e seguirem Cristo.

Participante: Mas a prática dos ensinamentos depende ainda da forma como ele é ensinado. Tenho um amigo, por exemplo, que freqüenta uma das seitas evangélicas onde é pregado que a prosperidade material é sinônimo de que Deus está aprovando a conduta daquele ser...

Mas, esta teoria não está de acordo com os ensinamentos que aqueles seres têm à sua disposição, ou seja, a própria Bíblia...

Cristo pregou a honra e a glória como bens celestes e não materiais. Por isso incitou todos os seres a buscarem essa honra e não a material...

É isso que precisamos nos ater... Cristo não veio para trazer a felicidade material, mas sim o caminho da elevação espiritual.

Agora, se alguma interpretação fere a este ensinamento, o que devemos fazer? Em quem devemos acreditar?

A partir de tudo o que já falamos, posso dizer que esta seita é parte da provação deste espírito, ou seja, é um instrumento para que os seres humanos que a seguem possam dar a honra a Deus, ao invés de manter uma paixão não natural (eu adoro a minha religião, ela está certa) com a sua seita.

Pois Deus trata a todos igualmente. (Capítulo 2 - versículo 11).

A igualdade de Deus não é formada por uma única medida, mas dar a cada um segundo as suas obras. Por isso uns receberão a glória ou a pena maior que os outros...

Os que não são judeus não têm a Lei de Moisés; eles pecam e estão perdidos sem ela. (Capítulo 2 – versículo 12).

Participante: Aqui não está embutida uma propaganda da doutrina cristã?

Não, Paulo só cita a Lei de Moisés porque está falando a judeus. Se estivesse se dirigindo aos mulçumanos, por exemplo, estaria citando a Lei de Maomé.

Aliás, nem está se referindo à própria lei mosaica. O que ele está dizendo é que os religiosos possuem os parâmetros necessários para a reforma íntima.

Já os não judeus não seriam tão culpados assim, porque não possuem estes parâmetros. Ou seja, eles pecam (caem no individualismo), mas não tem os parâmetros para conhecerem o que estão fazendo.

Os judeus têm a Lei; pecam e são julgados por ela. (Capítulo 2 – versículo 12)

Por aquilo mesmo que você usa para julgar, as leis religiosas, morais, societárias, você será julgado.

Sabe, Cristo ensina que devemos amar o próximo como a si mesmo: isto é uma lei que você, que se diz buscador procura seguir. Aí você utiliza outro código legal (neste caso dos bons costumes) e diz que pela lei é feio comer de boca aberta, está usando a própria lei para julgar.

Com isso faz aquilo que o mestre disse que não deveria ter sido feito, ou seja, quebrou um código legal, pois usou uma lei para julgar o próximo, quando o seu código de conduta diz que deve amar o próximo como a si mesmo.

Ao fazer isso cometeu duas falhas: além de apontar o erro que não existe, utilizou a lei em seu próprio benefício. Isto, aliás, é a coisa mais comum entre os seres humanizados.

A maioria dos religiosos procura interpretar a lei de tal forma que eles não percam a satisfação, o prazer. Seja qual for a lei - seja de sociedade, moral, ou religiosa – sempre busca aplicá-la em seu próprio benefício. Mas, isso não é só particularidade da vida religiosa: pratica-se o tempo inteiro.

Por exemplo, você diz que para ir a determinado lugar (por exemplo uma festa) deve estar com um determinado tipo de roupa que escolheu, mesmo que ela seja incômoda. Isso não é real: na verdade não tem que ir vestida daquele jeito, mas precisa ir para não ser criticada... Na realidade não é obrigada a ir, mas vai porque quer ser elogiada e aparecer como certa, ser aceita pela coletividade.

O ser humanizado interpreta e cria leis sempre a seu favor, mesmo que, aparentemente, isto não salte aos olhos.

Então, o hábito de usar a lei para julgar o outro constitui em duas ações individualistas: a primeira quando acreditou no seu certo e a segunda quando julgou os outros por ela.

Com isso vai se somando carmas e quando Deus dá o julgamento, o ser humanizado defende-se alegando inocência: ‘eu não fiz nada... Não bati, não agredi; só disse que ele é um idiota...’ Aí Deus pergunta “porque” e você responde: ‘porque ele não faz o que a lei manda fazer’... Esquece-se apenas que Cristo disse: “quem chamar o seu irmão de idiota estará em perigo de ir para o fogo do inferno” (Evangelho de Mateus, 5-22).

Participante: Quer dizer que não adianta ter lei?

Não é isso... A lei é um parâmetro para você realizar a sua reforma íntima. Ou, como disse Cristo: a espada que ele trouxe para que você matasse a sua humanidade...

Agora você não pode usar este mesmo ensinamento para julgar os outros, porque aí estaria descumprindo um dos princípios desta mesma lei: julgar os outros.

Porque Deus não aceita os que somente ouvem a Lei; ele aceita os que fazem o que a Lei manda. (Capítulo 2 – versículo 13)

Ou seja, Deus não aceita aqueles que somente se prendem à letra fria: isso é certo, aquilo é errado...

Veja, como é que você quer que alguém cumpra a lei se você não cumpre? Como é que quer ser amado, se não ama? Este é o ponto básico da vida para a elevação espiritual: exigir ser amado (ser atendido em seus desejos), mas não amar (submeter-se à vontade do próximo, mesmo acima de suas paixões).

Um dia eu disse para uma pessoa que ela deveria servir o próximo para elevar-se espiritualmente. Como exemplo, disse que se o marido quisesse ir ao futebol e ela à praia, que deveria acompanhá-lo e que isto deveria ser uma constante. Sabem o que ela me perguntou: ‘e quando eu vou fazer o que quero?’

Aí está o problema do ser humanizado e que caracteriza o seu egoísmo: exige receber para poder dar. É desta característica que surge a cobrança e o julgamento,

Sofre e imagina que não está recebendo do outro, mas na verdade, não recebe é de Deus... Ele não pode lhe dar não porque queira, mas como é que poderia lhe dar algo se você não gerou o merecimento de receber doando?

Os seres humanizados só buscam para si o tempo inteiro, vivem preocupados apenas em satisfazer suas próprias paixões e desejos. Como podem receber algo?

Como eles não compreendem a lei da causa e efeito que rege o Universo, na maioria das vezes utilizam a própria lei para cobrar do próximo: ‘você tem que me amar, pois está escrito na lei’. Mas, ao criticarem o próximo (dizer que ele não ama), não o amaram...

É isso que Paulo está nos ensinando... Este ensinamento é muito profundo. Eu disse antes que Paulo é muito profundo e é preciso compreender o que ele falava.

Ele dizia: você quer ser amado, ame. Ame sem esperar, sem julgar, sem exigir, sem criar valores para sentir-se amado. Ame e sinta-se amado a cada momento senão jamais você será amado...

Aliás, não só ele, mas todos aqueles que realmente compreenderam a mensagem de Cristo sempre falaram a mesma coisa...

Senhor, fazei-me um instrumento da vossa paz... Onde houver ódio que eu leve o amor, onde houver ofensa que eu leve o perdão, onde houver discórdia que eu leve a união, onde houver dúvidas que eu leve a fé, onde houver erro que eu leve a verdade; onde houver desespero que eu leve a esperança, onde houver tristeza que eu leve a alegria, onde houver trevas que eu leve a luz.

Oh mestre, faze com que eu procure mais consolar do que ser consolado, que eu procure mais compreender do que ser compreendido, amar do que ser amado, pois é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado e é morrendo que se nasce para a vida eterna. (Oração atribuída a São Francisco de Assis).

Tudo isso, sem críticas a ninguém...

Os não judeus não têm a Lei. Mas, quando fazem pela sua própria vontade o que a Lei manda, eles são a sua própria lei, embora não tenham a Lei de Moisés. (Capítulo 2 – versículo 14).

Como disse anteriormente, a questão de haver a lei ou não é subjetivo e Paulo falaria posteriormente dos não judeus que, mesmo não tendo a lei, a cumprisse. Vamos agora ver este tema...

Outro dia disse em uma palestra – e os que lá estavam ficaram horrorizados – e vou repetir agora: se o ser humanizado amar ao dinheiro acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, ele estará amando a Deus. Isto porque se o Senhor é tudo, Ele é o dinheiro.

O mandamento, a lei, o ensinamento, é amar incondicionalmente e sem propriedade, portanto, ame. Não importa qual o objeto desse amor, se amá-lo desta forma, estará cumprindo a lei.

Não estou falando em possuir, que é a forma normal do ser humanizado se relacionar com as outras coisas da matéria, mas sim em amar o dinheiro de uma forma incondicional, estando ele com você ou não...

Participante: Então, porque Cristo diz que eu não devo ter posses materiais?

Porque você não sabe amar a estas coisas. Na verdade, guiado pelo ego, o ser age possessivamente e egoisticamente na relação com os demais elementos do mundo - a relação pecaminosa que vimos antes...

O problema, no sentido espiritual, não são os elementos materiais, mas a forma como o ser se relaciona com qualquer coisa. Se o espírito relacionar-se com Deus, com os mestres ou mentores a partir de paixões humanas (possessivas) os objetivos da encarnação não serão alcançados do mesmo jeito.

Além do mais, Cristo não disse que o ser humanizado não pode ter coisas materiais – até por que ele tinha: o que ensinou é que o espírito não deve possuir aquilo que está sob sua guarda temporária. Disse também: não se pode desejar ter mais do que tem. Isso ele ensinou, mas não ter, não disse...

O Espírito da Verdade foi claro sobre o assunto: “É natural o desejo de possuir? Sim, mas quando o homem deseja possuir para si somente e para sua satisfação pessoal, o que há é egoísmo” (O Livro dos Espíritos – pergunta 883). Não há problema em ter, mas quando se tem e não se compartilha e, ainda por cima se quer mais, aí o egoísmo aparece e a elevação espiritual é abandonada.

Quer ver um exemplo? Você tem uma calça?

Participante: Tenho...

Quer comprar outra, não importa o motivo?

Participante: Quero...

Então, você não ama universalmente a calça que tem...

Ter uma determinada quantidade de calças não é problema: você pode ter cinqüenta ou uma. O importante é não achar-se dono dela e, por isso, esperar que ela lhe satisfaça (por exemplo esteja sempre limpa) ou querer ter outra que já não esteja sob sua guarda.

Participante: Então eu posso alcançar a Deus através de coisas materiais, como por exemplo o dinheiro?

Sim, desde que ame este elemento de uma forma universal e não possessiva. Quando isso acontecer você não desejará o do próximo e não possuirá como seu o que estiver sob sua guarda...

Se estes preceitos não estiverem preceitos não é amor, mas paixão. A paixão por qualquer elemento prende à materialidade, mas o amor universal por eles leva a Deus...

Participante: Mas, se eu amar o dinheiro não amarei o próximo, porque irei querer ter o dinheiro?

É, vocês nem sabem o que é amor... Falou em amar, logo ligam este sentimento à possessão.

Se você amar universalmente o dinheiro amará o seu e o do próximo, sem precisar tê-lo. Além disso, poderá repartir o seu sem querer mantê-lo sob sua custódia. O amor universal ao dinheiro é aquele que não precisa da posse para ocorrer; a paixão é que necessita.

Vocês confundem amor universal com posse... Veja outro exemplo...

A esposa diz que ama seu marido, mas se esse se afasta (há uma separação do casal), ela diz que o amor acabou. Isso é amor ou paixão mundana?

Paixão, pois precisa da possessão sobre o marido (estar perto) para existir. Se fosse amor verdadeiro ele continuaria existindo, mesmo que o objeto dele se afastasse...

Amar o dinheiro universalmente é amá-lo na sua ausência ou na sua presença, o que está no seu ou no bolso do outro, sem condições ou desejos... Amar a todas as situações que envolvam o dinheiro incondicionalmente...

Participante: Amar desta forma é o que vem sendo dito que é o amor que se deve ter com Deus...

Sim, e por isso disse que se pode alcançar a Deus através do amor incondicional a qualquer coisa...

O amor a Deus que Cristo ensina é a sensação de felicidade (bem-aventurança) que se sente na alegria ou na dor, na felicidade ou na tristeza, na saúde ou na doença, na riqueza ou na pobreza... Foi este mesmo sentido que eu dei acima ao amor ao dinheiro.

Levemos agora isso para o ensinamento presente de Paulo: aqueles que não têm a lei... Você, como cristão, deve buscar amar a Deus incondicionalmente, pois esta é a sua lei (ensinamento), mas aqueles que nem acreditem em Deus, se agirem com os elementos do mundo material nesta mesma incondicionalidade, terão cumprido a lei, sem nem ao menos conhecê-la.

Um ser humanizado não acredita em Deus.: qual o problema, espiritualmente falando? Se, por vontade própria, ele se harmoniza com o Universo na carência e fartura, qual o problema?

Participante: Mas e a luta para manter o dinheiro que muitos fazem?

Continuo insistindo: não estou falando em possuir ou desejar, mas em amar incondicionalmente. Aqueles que lutam para manter o dinheiro, bem como aqueles que lutam para manter o prazer individual na sua relação com Deus (pede que o Pai faça o que ele quer), não estão amando, mas seguindo suas paixões materialistas.

Participante: É que o senhor dá uns exemplos difíceis de compreender...

Para poder tirá-los da mesmice.

Sem estes exemplos vocês condenariam todos que tem dinheiro, mesmo sem saberem com que intencionalidade eles se relacionam com as coisas...

Estes exemplos são bons porque acabam com a idéia de que o externo dita o interno de cada pessoa. O que vale não é o que se tem ou faz, mas o interno de cada um (a forma como se relaciona com o ato) já que Cristo ensinou que Deus julga as intenções e não as ações.

Participante: Mas Cristo ensinou que temos que amar a Deus?

Disse isso para você que acredita em Deus, mas, e para quem não acredita, será que não há salvação? Mais: se é Deus que emana as compreensões que o ego gera, será que este ser não poderia queixar-se depois de ter sido injustiçado porque o Pai não o fez acreditar Nele?

Pense... Nada pode ser hermeticamente fechado: tudo tem um destinatário e o mesmo ensinamento não pode ser aplicado coletivamente... Olha o que falamos do julgamento no início deste trecho: “... não importa quem você seja - pode ser o mais sábio sobre qualquer assunto, saber tudo de algum tema – não tem o direito de julgar ninguém. Mas, por que não tem direito a isso? Porque quando você julga (analisa e gera uma avaliação) o outro está fazendo o que mesmo que ele faz”.

Como disse antes, Deus cria as verdades de cada um de acordo com sua provação. Se uma pessoa não acredita em Deus, eis aí uma compreensão, uma prova. A vitória nesta prova não é passar a acreditar, mas, mesmo fustigado por esta razão, viver incondicionalmente.

Para isso não precisa nem aprender os ensinamentos dos mestres: a lógica material serve.

Dinheiro foi feito para ser gasto, para gerar conforto, saúde, segurança: é isso que diz a lógica material. Quem segui-la, ou seja, despossuir a necessidade de manter o dinheiro sempre consigo, estará realizando a elevação espiritual.

A vida é cheia de altos e baixos; um dia se está por cima no outro por baixo. Compreendendo mais esta máxima material e vivendo-a com intensidade, saberá se trabalhar no momento que não tem dinheiro para tê-lo depois. Com isso eliminou o desejo e fez a elevação espiritual...

Agora disso tudo que disse retire a palavra dinheiro e coloque Deus... Não chegamos a todos os ensinamentos de Cristo sobre a forma de nos relacionar com o Pai?

Mas, os seres humanizados não aceitam o que estou dizendo porque partem da sua verdade para impor “certos”: “Cristo disse que tinha que amar a Deus, então nada substitui isso”. Ora, você está julgando o mundo, o certo e o errado, a partir de suas convicções e, por isso,não consegue entender o que estou dizendo.

O que eu e Paulo estamos querendo dizer é que ninguém está perdido... Não importa se o ser humanizado é religioso ou não e nem que doutrina siga: se realizar o trabalho necessário, conseguirá a elevação espiritual. Mas, vocês não compreendem isso porque se fixam na letra fira do ensinamento do mestre...

A questão entre o que eu estou falando (elevar-se através do amor ao dinheiro) e o que vocês estão dando como certo, é semântica: só uma troca de nomes. Na verdade eu mantive a essência do ensinamento e troquei o nome justamente para mostrar que estão apegados à letra fria dos ensinamentos.

Quer outra aplicação para isto que estou falando? A consciência que existe em alguns egos que os índios são selvagens e não podem elevar-se espiritualmente porque não possuem contato com os ensinamentos do homem branco. Estas verdades geraram, por exemplo, a necessidade da catequização. Mas quem disse isso, quem disse que é necessário que os silvícolas tenham que se adquirir a cultura do branco para poder se elevar?

Se o índio – que, aliás, tem muito mais chance do que o branco de se elevar por possuir menos conceitos sobre as coisas – vivenciar os ensinamentos de Cristo, mesmo que nunca tenha ouvido falar deste mestre, ele ascenderá ao reino do céu.

Isto se aplica à idéia que os cristãos fazem dos mulçumanos, dos hindus e dos próprios integrantes das seitas cristãs diferentes, como as desavenças entre católicos e protestantes. Se estes seres conseguirem vivenciar os acontecimentos de sua vida dentro da incondicionalidade – o que aliás é ensinamento todos os mestres e não só de Cristo – estarão amando a Deus e é isso que importa.

É isso que Paulo está dizendo: não precisa ser judeu para ser salvo... Não precisa ser cristão, religioso e nem mesmo acreditar em Deus para alcançar a elevação espiritual.

Na hora que os seres humanizados compreenderem esta realidade poderão aprender a conviver harmonicamente com o mundo em que vivem. O problema é que se apegam a letra fria de leis, que, aliás, são meras interpretações que eles mesmos fazem e com isso não conseguem viver bem nem com os outros nem com Deus.

Eles mostram, pela sua maneira de agir, que têm a Lei escrita nos seus corações. A própria consciência deles prova que isso é verdade, pois os seus pensamentos às vezes os acusam e às vezes os defendem. E assim será, de acordo com o Evangelho que eu anuncio, naquele dia em que Deus, por meio de Cristo Jesus, julgará os pensamentos secretos de todos. (Capítulo 2 - versículos 15 e 16).

Dois assuntos a serem destacados neste trecho. O primeiro: “e assim será de acordo com o Evangelho que anuncio”.

Como já disse, Paulo não foi apóstolo de Cristo durante a existência carnal do mestre. Ele recebeu os ensinamentos e percebeu a santidade divina de Cristo diretamente em espírito, durante o período que ficou cego depois do acidente da estrada de Damasco. Por isso posso dizer que sua percepção sobre o mestre e sua compreensão sobre os ensinamentos foi muito mais profunda do que qualquer outro apóstolo.

Mesmo assim, Paulo não chega à raia do fanatismo, da idolatria a Cristo. O Evangelho, ou caminho para elevação espiritual que ele prega, necessariamente não inclui a idolatria ao Filho de Deus.

O que prega, como ele mesmo disse anteriormente, é que os não judeus, apesar de não conhecerem a lei nem a santidade divina de Cristo, também podem alcançar o objetivo da encarnação: aproximar-se de Deus. Para isso, não precisam idolatrar a Cristo.

Isto é muito importante para os seres humanizados, porque na verdade eles se preocupam em idolatrar a apenas um mestre, dizendo que apenas ele é real e, com isso, criam paixões mundanas (gostar) que não os deixam alcançarem a Deus.

Quem idolatra um mestre não chega a Deus. Isto porque esta idolatria é fomentada por uma paixão gerada pelo ego. O Universo é uno, vive em unicidade, por isso não se pode distinguir um bom ou melhor do que o outro.

Todos os mestres são enviados de Deus e ensinaram a amá-Lo acima de todas as coisas. Nenhum deles pediu idolatria a si mesmo, mas ensinou que é preciso alcançá-Lo para se conseguir a bem-aventurança.

Paulo era cristão, ou seja, reconhecia Cristo como mestre, mas não o Cristo homem nem o próprio espírito: para ele o mestre é o ensinamento (caminho) trazido por ordem de Deus. Esta constatação fica bem clara logo no início desta carta: por meio dele (Cristo), Deus me deu a honra de ser apóstolo...

O apóstolo servia a Deus através de Cristo e não ao próprio mestre.

Segundo assunto do texto: “Deus, por meio de Cristo Jesus, julgará os pensamentos secretos de todos”.

Paulo está nos ensinando que a consciência (conjunto de valores do ego) do ser humanizado é que ditará se houve ou não elevação espiritual e não o fervor demonstrado nas práticas religiosas. Aquilo que o espírito encarnado acredita que é real é que servirá de base para avaliação de Deus.

Não é o que ele fez, mas aquilo que tem como verdades dentro de si. De nada adianta, por exemplo, dar comida para os pobres criticando o governo. Quem age assim, apesar de aparentemente estar parecendo pio, na verdade não o é, pois deixou de amar alguém (a autoridade que ele considera como responsável pela fome).

Deus julgará cada um através da sua própria consciência, dos seus valores: se eles refletirem o amor incondicional a tudo e todos, o ser terá realizado a reforma íntima; mas se ainda houver críticas ou julgamento fomentados por verdades individualistas (“eu sei, eu gosto, é meu”), nada terá sido alcançado, mesmo que os atos daquela existência tenham sido considerados como caritativos. Mais nada do que isso.

Portanto, não pensem em amealhar bens no céu com atos, mas lutem para resguardar a sua consciência do individualismo, porque será isso que Deus irá julgar...

A lei e a fé - Carta aos romanos

Os professores da lei

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Até aqui o termo Lei foi aplicado aos ensinamentos religiosos. Neste capítulo continuaremos utilizando esta codificação, mas, além disso, expandiremos este contexto.

Devido às características que o ego utiliza para se relacionar com as verdades que estão nele (posse, paixão e desejo), tudo aquilo que o ser humanizado acha se transforma em uma lei, ou algo verdadeiro. Já o embasamento egoísta, que está presente em todos os egos humanos, exige, então, que estas leis sejam cumpridas. Com isso cria-se, então a figura do professor da lei, ou seja, daquele que acha que conhece as normas de procedimento que devem ser adotadas como certas.

Estas verdades não se restringem apenas ao campo religioso, mas a todos os setores da vida. Os egos possuem verdades que viram leis para arrumação de casa, para forma de se portar à mesa, como se vestir, como andar, etc.

Por isso é que ampliaremos neste capítulo o universo de nosso estudo. Apesar de até agora temos utilizado o termo judeu para aquele que conhece a lei religiosa, aproveitaremos este ensinamento de Paulo e falaremos também daqueles que dizem conhecer os padrões de comportamento dos outros seres humanos.

O que há com você? Você se diz judeu, confia na Lei de Moisés e se orgulha do Deus que você adora. Você conhece a vontade de Deus e aprende na Lei a escolher o que é certo.

Você está certo de que é guia dos cegos, luz para os que estão na escuridão, orientador dos ignorantes e professor dos jovens. Você está certo de que na Lei encontra o conhecimento e a verdade. Você, que ensina os outros, por que é que não ensina a você mesmo? (Capítulo 2 – versículos de 17 a 21).

Paulo está falando dos religiosos, mas também de todos os seres humanizados que imaginam saber algo. Por sua vivência com os elementos do mundo, o ego dos seres humanizados armazena diversas informações (verdades) sobre o que é certo praticar durante a vida carnal. Lêem, estudam e, com o armazenamento destas informações geram o que chamam de sabedoria.

Desta sabedoria se orgulham. Acreditam que sabem das coisas, que conhecem todas as verdades e, por isso, se julgam capazes de assumir a postura de orientador, professor e guia. No entanto, deixam que a empáfia tome conta de sua consciência e não aceitam questionamentos ás suas verdades.

Para esses, Paulo pergunta: por que não ensina a si mesmo aquilo que transmite aos outros?

Se afirma que não se deve roubar, por que é que você mesmo rouba? (Capítulo 2 – versículo 21).

Muitos dirão que nunca roubaram nada, que nunca subtraíram nenhum objeto que pertencia aos outros. Mas, existem outros roubos muito mais sérios do que a subtração de elementos materiais...

O professor da lei (aquele que imagina conhecer o certo) rouba, por exemplo, a paciência e a felicidade do próximo quando o acusa de estar errado. O pior: utiliza à mesma lei que diz conhecer e seguir para isso.

O ser humanizado cobra aos outros que eles façam o que acha certo ser feito e diz que está fazendo isso por amor ao outro, já que quer ensiná-lo, corrigi-lo, mas não vê que o que está exigindo mesmo é submissão às suas próprias verdades. Aí, quando o outro reclama ainda o acusa de grosso, mal agradecido... O que ele esperava? Ser amado? Mas ele não amou o outro...

Não importa qual seja a lei (conhecimento) que o ser humanizado esteja se fundamentando, a cobrança de que o preceito seja atendido fere sempre o conjunto de intenções do ser. É essa hipocrisia que Cristo combateu quando ensinou sobre os professores da lei.

A hipocrisia se consiste exatamente no professor da lei se fazer de santo (dizer que tem a melhor das boas vontades) e leal cumpridor da lei, mas para cumpri-la a fere.

Quem exige o cumprimento de um seu preceito é porque quer ter o direito de ganhar (de que os acontecimentos transcorram segundo sua vontade própria). Mas, só que ao exigir, fere este próprio desejo no outro, ou seja, nega a ele o direito de também querer ganhar, que é uma verdade de todo ser humanizado.

Os ensinamentos de Paulo pregam a igualdade perfeita: dar a cada um o direito de ser, estar e fazer o que quiser... Mas, esta visão não é só dele: “Será repreensível aquele que escandalize com a sua crença um outro que não pensa como ele? Isso é faltar com a caridade e atentar contra a liberdade de pensamento”. (O Livro dos Espíritos – pergunta 839).

A aplicação destes ensinamentos leva o ser humanizado a uma vivência sem exigências e, por isso, sem críticas. Com isto não se torna professor da lei, pois não a quebra em nome dela própria.

Compreenda que tudo o que um ser humanizado julgar no próximo a partir de suas próprias convicções, ferirá a lei maior: o livre arbítrio, o direito de ser e achar o que quiser, que cada um exige para si mesmo no momento que está cobrando ao próximo.

Quem disse que existe um lugar certo para se guardar o copo? Quem disse que existe uma combinação perfeita para as cores das roupas? Quem disse que tal atitude é um dever? Apenas o seu ego, as suas verdades, e para justificar esta criação afirma justamente que você tem o direito de achar o que quiser... Claro que tem, mas daí exigir que os outros se submetam aos seus desejos, fere a mesma ordem que o ego usou.

Na verdade o ser humanizado cobra ao próximo dizendo que está exercendo o seu direito de querer alguma coisa. Mas, quando faz, fere esta mesma lei na qual se baseia, pois não dá ao outro o direito dele querer o que quiser, ser quem quiser, fazer o que quiser.

Com isso pratica o roubo de paciência, felicidade, alegria e muitos outros estados de espíritos que são alterados pela obrigação ditada em nome de uma lei individual, mesmo sabendo por força de seus próprios códigos que não deve roubar...

Participante: A respeito do que o senhor disse sobre o ensinamento de Paulo pregar a igualdade, isso tem a ver com a própria transmigração de Saulo para Tarso, pois ele viu que conhecia a lei, mas não a seguia porque combatia os cristãos.

Para compreender melhor a questão da mudança de Saulo, lembre-se do que Cristo disse a ele no meio da visão: “Paulo, por que me persegues?”.

Neste momento ele viu que, apesar de conhecer a lei, a utilizava como instrumento de força (impor desejos individualistas) e não de amor. Por causa desta compreensão ele viu a santidade divina de Cristo.

Participante: Ele precisou ficar cego para o mundo para compreender e depois executar sua missão.

Para compreender exatamente isso: que ele estava julgando.

Se diz que não se deve cometer adultério, por que é que você mesmo comete? (Capítulo 2 – versículo 22)

Vale aqui tudo o que dissemos acima, mas, também da mesma forma, precisamos ampliar o termo adultério para que os seres humanizados não digam que nunca traíram suas esposas.

O adultério não se resume apenas na traição sexual. Ele vem do termo adulterar, mudar a verdade, alterá-la. Toda vez que alguém muda a realidade está cometendo um adultério.

Não é isso que o professor da lei faz? Ele adultera a verdade (que cada um tem o direito de ser, estar e fazer o que quiser) dizendo que todos devem se submeter aos seus padrões?

Mesmo tendo em seu ego uma lei que afirma que não se deve mentir (alterar a verdade), o ser humanizado aceita como certo quando o ego a quebra. É a isso que Paulo está alertando...

Você odeia os ídolos, mas rouba as coisas dos templos. (Capítulo 2 – versículo 22).

A idolatria está ligada à questão da religiosidade, aos ensinamentos religiosos. O professor da lei humano diz que a vida religiosa é uma e que a material é outra. Ou seja, diz que não se pode viver o tempo inteiro dentro dos padrões exigidos pelos mestres como caminho para elevação espiritual.

Dentro das leis dos professores da lei humanos está a necessidade de trabalhar para comer, de estudar para evoluir e muitos outros preceitos materiais que não foram ditos pelo mestre, mas quando se vêem em perigo seus desejos, a quem vão recorrer? Ao próprio mestre, a Deus...

Se a lei diz que tem que ser humano, porque o professor da lei apela para a religiosidade quando está em perigo? Resolva humanamente para ser leal aos seus princípios...

Além disso, quantas vezes os professores da lei (aqueles que querem ensinar o certo), não se baseiam nos ensinamentos religiosos para cobrar do próximo, nas situações mundanas, submissão às suas verdades e desejos? Falam em caridade, em amor, e outros elementos nitidamente religiosos para exigir...

Com isso estão descumprindo a sua própria lei: levar uma vida carnal independente da espiritual.

Você se orgulha de ter a Lei de Deus, mas você é uma vergonha para Deus, quebrando a sua Lei! Pois as Escrituras Sagradas dizem: os não judeus falam mal de Deus por causa de vocês, judeus. (Capítulo 2 – versículo 23 e 24).

O não religioso fala mal do religioso justamente por causa da religião que este diz seguir.

O ser humanizado que se diz religioso, independente de qualquer seita que siga, aprende que o serviço ao próximo com amor é o caminho para Deus e que, portanto, deve se transformar em um princípio, uma regra de conduta. Mas, quando este religioso se torna “professor da lei” (passa a buscar a submissão do próximo às suas verdades ao invés de servi-lo) quebra esta regra.

É por causa desta hipocrisia (dizer que acredita em algo,mas não praticar o que crê) que os não religiosos criticam aqueles que freqüentam os templos: ‘Para que ir lá? Depois ele vive exatamente igual a mim...’

Já falamos sobre este tema: apego à letra fria. Por isso Cristo disse que aquele que quiser alcançar o “reino do céu” precisa ser fiel aos ensinamentos. Ou seja, praticar na íntegra aquilo que diz acreditar, mesmo que com isso fira suas paixões e desejos.

A circuncisão tem valor se você, que é judeu, obedecer à Lei; porém, se não obedecer, é como se não estivesse circuncidado. (Capítulo 2 – versículo 25).

Vamos estabelecer outra decodificação para podermos entender o ensinamento de Paulo. O termo circuncisão aqui não deve ser entendido apenas como o ato que os judeus praticavam, mas a intenção com o qual ele era praticado: uma prova de dedicação a Deus.

A prática da circuncisão entre os judeus é realizada com os recém nascidos como um ato de dedicação daquele ser ao Senhor Supremo. A intenção deste povo, ao praticar este ato, é dizer que aquela criança pertence a Deus.

Será este sentido que usaremos e, por isso, pergunto: o que adianta você tirar um pedaço de carne se não faz a circuncisão em você mesmo? Que adianta seu sacrifício aparente a Deus se não se liga na vivência dos acontecimentos com ele?

Sabe, ser religioso ou buscar a Deus – o que na verdade é a religião, o religar-se - é muito mais do que a prática de atos externos. É muito mais do que uma oração, do que um trabalho espiritual, do que um aprendizado dos mandamentos, do que uma circuncisão: é coração. É a vivência do amor universal (incondicional).

Não adianta querer louvar a Deus externamente: com atos que reflitam sacrifícios ou com glórias. É preciso louvar a Deus no coração, no sentimento, para se ter a ligação completa com Ele. É por isso que Cristo ensina através do Evangelho de Tomé: “Seus apóstolos perguntaram: Queres que jejuemos? Como deveremos rezar, e deveremos dar esmolas? E que dieta deveremos seguir? Jesus disse: Não mintais, não façais aquilo que odiais, pois todas as coisas são manifestadas ante a verdade. Nada há de oculto que não venha a ser desvelado, e nada há de coberto que permaneça sem ser descoberto” (Logia 06).

De nada adianta a prática de qualquer ato como caminho para a elevação espiritual, se o coração (a intencionalidade) não estiver em unidade com ele? Que adianta jejuar sofrendo fome; que adianta orar se seu interesse real é receber; que adianta dar esmolas se você não ama o próximo, mas tem dó dele?

Foi para combater a hipocrisia dos professores da lei que acreditam nas ações como certas, mas não se preocupam em dominar seus próprios instintos que Cristo afirmou: não há nada oculto que não venha a ser desvelado. Aquele que fere os próprios padrões diz defender, um dia terá sua intencionalidade revelada, mesmo que seja apenas na presença do Pai depois do desencarne.

São essas máscaras que os professores da lei (o aparentar externamente bom) que precisam cair. A máscara de que ir ao templo, fazer orações, praticar a caridade em determinados momentos, já é o suficiente para se religar a Deus. É preciso muito mais do que isso...

É preciso lavar o interior com o mesmo cuidado com que se cuida do exterior (cuidar da intenção com a mesma dedicação com que se toma conta das atitudes), como ensinou Cristo aos “professores da lei” e fariseus de sua época: “lave primeiro o copo por dentro e então a parte de fora ficará limpa também” (Evangelho de Mateus 23, 26).

Se os não judeus, que não são circuncidados, obedecerem aos mandamentos da Lei, então Deus os tratará como se fossem circuncidados. (Capítulo 2 – versículo 26).

O ato externo só tem valor se acompanhado por amor universal. Se você agir sem amor é como se jamais tivesse praticado ato algum. Se der um cobertor com individualismo (dar algo diferente do que tem, esperar recompensa pela ação, diminuir aquele que está recebendo considerando-o um pobre-coitado, criticar alguém como causador daquela situação), é como se não tivesse praticado caridade alguma.

Somente o ato que é vivenciado com amor universal, ou seja, onde a intencionalidade não distingue o que está sendo dado do que consome, não trata o próximo como inferior, não julga nem critica ninguém e onde não há expectativa de se ganhar algo individualmente, conduz a Deus. Quem pratica o ato com estas intencionalidades, sejam religiosos ou não, terão o reconhecimento de Deus.

Pouco importa se este lê a Bíblia ou estuda qualquer texto sagrado, que faça orações, que compareça aos cultos: ele será louvado pelo Pai porque venceu a tendência egoísta que o ego cria.

 Assim vocês, judeus, serão condenados pelos não judeus, pois vocês quebram a Lei apesar de terem essa Lei escrita e de serem circuncidados. (Capítulo 2 – versículo 27).

Os professores da lei humanos que, apesar de comparecerem aos cultos, de orarem, de conhecerem os mistérios do Universo espiritual, quebram a lei do amor, não serão reconhecidos por Deus e sofrerão a condenação pelos demais seres humanos.

Como já dissemos, Cristo ensinou: não há nada coberto que permaneça sem ser descoberto. A intencionalidade dos professores da lei durante a prática de seus atos (sejam religiosos ou não), um dia será revelado e toda a sua hipocrisia exposta.

Este ensinamento de Paulo é muito profundo e, na verdade cria um cristianismo completamente diferente do existente hoje e, inclusive, daquele que era praticado pelos demais apóstolos. Como já falei, hoje se diz que Paulo foi o criador do cristianismo: tomara o cristianismo de Paulo fosse seguido. Apenas para ilustrar a visão do apóstolo sobre os ensinamentos de Cristo, cito uma passagem de sua existência que iremos estudar mais posteriormente.

Na carta aos Gálatas, Paulo fala sobre a necessidade da circuncisão. Esta carta foi motivada porque Paulo havia tido notícia que alguns enviados dos apóstolos estiverem com o povo da Galácia e disseram a estes que era necessário circuncidarem-se para ser cristão e eles estavam acreditando nisso.

Quando soube deste fato, Paulo escreveu a carta contando que havia comparecido a uma reunião com todos os apóstolos de Cristo acompanhado de Tito, seu companheiro grego. Lá, conforme relato de Paulo, alguns, que queriam se passar por irmãos quiseram circuncidá-lo.

O apóstolo dos gentios não deixou que isso acontecesse e explicou o motivo: “Esses homens entraram ali como espiões para observarem a liberdade que temos por estarmos unidos com Cristo Jesus. Eles queriam nos tornar escravos. Mas, em momento nenhum nós cedemos, pois queríamos que vocês tivessem o verdadeiro Evangelho” (Carta aos Gálatas – capítulo 2 – versículos 4 e 5).

Exatamente por ter sido um professor da lei, as cartas de Paulo são uma ode à liberdade. Mais do que: são verdadeiros tratados contra a hipocrisia. Repare neste trecho da Carta aos Gálatas:

“Quando Pedro veio a Antioquia, eu o repreendi em público porque ele estava inteiramente errado. Antes de chegarem ali alguns homens que Tiago tinha mandado, Pedro comia com os irmãos que não eram judeus. Mas, depois que aqueles homens chegaram, ele não queria mais comer com os não judeus porque tinha medo dos que eram a favor da circuncisão. E também os outros irmãos judeus começaram a agir como covardes, do mesmo modo que Pedro. E até Barnabé se deixou levar pela covardia deles. Quando vi que não estavam agindo direito, nem de acordo com a verdade do Evangelho, eu disse a Pedro diante de todos: você é judeu, mas não está vivendo como judeu e sim como os não judeus. Como é então que você quer obrigar os não judeus a viverem como judeus?” (Capítulo 2 – versículos de 11 a 14).

É por este espírito de liberdade e igualdade, que Paulo sempre afirma que não importa se o ser humanizado é religioso ou não e que atos pratique: sem a vivência do amor universal, que exige o respeito à liberdade individual como fonte da igualdade, durante os acontecimentos da vida, nada terá realizado no sentido da elevação espiritual.

Porém os não judeus obedecem à Lei, embora não sejam circuncidados no corpo. Portanto, quem é judeu de fato e circuncidado de verdade? Não é aquele que é judeu somente por fora e circuncidado só no corpo. Ao contrário, o verdadeiro judeu é aquele que é judeu por dentro, aquele que tem o coração circuncidado; (Capítulo 2 - versículo 27 a 29).

Como decorrência de tudo o que dissemos, o verdadeiro buscador de Deus não é aquele que comparece aos cultos, ora, estuda ou pratica atos caridosos, mas sim aqueles que vivenciam os acontecimentos da vida com o amor universal.

 e isso é uma coisa que o Espírito de Deus faz e que a Lei escrita não pode fazer. Essa pessoa, sim, é aprovada por deus e não pelas outras pessoas. (Capítulo 2 – versículo 29).

Àquele que vive com intencionalidades egoístas chamamos de ser humano; àquele que se liberta dessa tendência e vivencia os acontecimentos do mundo com o amor universal, chamamos de espírito na carne. Isso porque ele possui a consciência de ser muito mais do que a personalidade que está vivenciando: se reconhece como espírito, filho de Deus.

Viver com uma intencionalidade universalista, com a doação ao próximo ao invés de fundamentar suas intencionalidades ao egoísmo é algo que nenhum ser que se reconheça como humano e nascido de um homem e uma mulher podem fazer. Por isso Cristo ensina no Evangelho de Tomé: “bendito aquele que era antes de existir” (Logia 19).

Bendito aquele que sabe que antes de se tornar humano era espiritual e que esta essência permanece presente, mesmo durante a humanização.

Todo ser humanizado é um professor da lei, porque as características da personalidade temporária a qual se liga o ser universal é a de criar leis e exigir o cumprimento para a satisfação individual, mesmo que fira os próprios padrões impostos. Portanto, é preciso vencer esta tendência e isso só se consegue sabendo que toda a realidade material é apenas uma máscara que encobre o que é Real: o espírito e o Universo espiritual.

Então, qual a vantagem de ser judeu? Será que há algum valor em ser circuncidado? Sim, há muito e de muitas maneiras! Em primeiro lugar Deus entregou a sua mensagem aos cuidados dos judeus. E daí? Se alguns não foram fiéis, isso quer dizer que Deus será infiel? De jeito nenhum! Deus continua verdadeiro, mesmo que todos sejam mentirosos. (Capítulo 3 – versículos de 1 à 4).

É isso que estamos dizendo há muito tempo: toda religião é perfeita. Agora, se alguns religiosos não são, o problema é do religioso e não de Deus.

Temos que começar a colocar a casa em ordem: não existe nada no Universo que seja errada ou ruim; tudo é Perfeito. Agora, se um espírito humanizado se utiliza dos acontecimentos da vida para buscar o individualismo (o ganho individual), isso não quer dizer que Deus também esteja movido por esta intencionalidade.

Na verdade, Deus utiliza o individualismo dos seres humanizados para trazer, a quem precisa e merece, o seu carma. Foi isso que aprendemos outro dia quando estudamos Krishna (Bhagavad Gita): nessa roda de existências nada se perde...

Isto porque, quando um espírito faz contra outro (age pensando em obter prazer individual), mesmo que ele esteja movido por um sentimento individualista, ao fazer para exatamente para aquele outro, serviu de instrumento para que ele possa mudar-se (abandonar o seu individualismo). Desta forma, apesar do ser humanizado estar buscando sua própria satisfação, o fato de estar acontecendo justamente na frente daquele outro, é o amor de Deus em ação (dar mais uma chance para a promoção da reforma íntima). .

Sendo assim, não há culpabilidade e, portanto, não há nada a ser julgado: nem o ato nem o sentimento. Isso porque o gênero da prova (ato) foi pedido pelo próprio ser que o recebeu e a execução do acontecimento foi comandada por Deus na forma e na intensidade.

O sentimento (intencionalidade) cada um tem o que quiser e Deus o aproveita e ama todos os seus filhos (quem faz, quem recebe e quem tem notícias do acontecimento) através daquele sentimento.

Como dizem as Escrituras Sagradas a respeito dele: “Que fique provado que tu és justo quando falas e que sejas aprovado quando fores julgado”. (Capítulo 3 – versículo 4).

Isso é ensinamento da Bíblia (Velho testamento) onde se ensina que todos podem falar (praticar ação), mas o que importa é que cada um seja aprovado quando for julgado pelo Pai. Ou seja, o que importa é como cada um reage àquela ação.

Se o espírito reage acreditando nos valores ditados pelo ego (ele é errado, ele é ruim), este terá reagido com individualismo (acreditando em seus próprios valores) e com isso terá que voltar à roda de encarnações. Agora se, não importando o que aconteça, o espírito humanizado sempre reage com amor universal (sem acusar nem criticar), este será aprovado.

Mas, se a nossa maldade serve para mostrar que Deus é justo, o que é que podemos dizer? (Capítulo 3 – versículo 5).

Repare bem no que Paulo, o apóstolo que teve a mais profunda compreensão dos ensinamentos de Cristo fala: o seu individualismo serve para provar que Deus é justo. Por quê? Porque nenhum espírito, encarnado ou desencarnado, não consegue fazer maldade (sobrepor o seu desejo individual ao do próximo) contra quem não mereça e precise passar por ela...

Se alguém lhe dá uma bofetada, por exemplo, você está sendo amado por Deus. Isto porque a essência desta ação é Deus lhe dando o que você precisa e merece para promover a reforma íntima e, com isso, se elevar. Pouco importa o que outro ache do assunto, pouco importa que ele imagine estar tirando vantagem sobre você..

É isso que Paulo está dizendo: quem age com maldade, apesar de imaginar que está agindo por moto próprio, na verdade está servindo de comprovação da Justiça de Deus. Isso porque não cai uma folha da árvore sem que meu Pai deixe cair.

Então não há maldoso (individualista) que consiga agir com maldade (buscando o lucro individual) contra quem não precisa e merece recebê-la.

NOTA: Em outros ensinamentos aprendemos que a Justiça de Deus não é punitiva, mas amorosa. Deus dá a cada um o justo merecimento, não como castigo ou punição, mas para que o ser universal tenha mais uma oportunidade para conseguir comprovar a si mesmo que é capaz de amar universalmente acima dos conceitos e valores existentes no ego.

Que Deus é injusto quando nos castiga? (eu falo aqui como as pessoas costumam falar). (Capítulo 3 – versículo 5).

Paulo pergunta: se a maldade dos espíritos serve para provar que Deus é justo, será que merecemos ser punido? Veja bem: você tem um sentimento de raiva e Deus o faz agir sobre quem merece receber a raiva, será que merece ser punido por isso?

Participante: O que consigo compreender é que se tenho raiva e jogo sobre outro, como já estudamos anteriormente, tenho que me arrepender de ter agido assim, com este sentimento. Isso é que é complicado...

Se arrepender é mudar... Agora, você pode mudar pelo castigo ou pela compreensão...

Uma das posturas que caracteriza a reforma íntima do espírito é, por exemplo, ter a compreensão que teve raiva em um determinado momento de outra pessoa, mas que agora deve buscar não sentir mais este sentimento por aquela pessoa. Esse é o arrependimento pelo amor...

Enquanto isso não é feito, Deus continuará a expor este ser à raivas para ver se ele um dia consegue se arrepender (parar de julgar os outros). Isso é o arrependimento pelo castigo...

Participante: Então, a minha obrigação é mudar o meu sentimento. Se aquela pessoa continua recebendo raiva de outros é porque ela continua sendo merecedora disso

Isso. Cada espírito humanizado deve se preocupar em não ser instrumento raivoso para Deus...

Mas veja, a pergunta de Paulo é interessante. Vamos analisá-la mais profundamente...

Um espírito nutre raiva (contrariedade com o agente da ação que está vivenciando) e Deus o usa para sentir este sentimento pelo próximo o expõe através de ações. Neste momento a raiva deste ser foi usada para gerar a provação do outro.

A partir daí é que Paulo pergunta: se aquele espírito contribuiu para o amor do próximo, será que ele merece ser punido por ter raiva? Vamos ver a resposta de Paulo...

É claro que não! Se Deus não é justo, como poderá julgar o mundo?

Mas digamos que minha mentira aumenta a glória de Deus, fazendo que a verdade dele fique mais clara. Nesse caso, por que é que devo ainda ser condenado como pecador? Então por que não dizer: façamos o mal para que do mal venha o bem? Na verdade alguns têm me caluniado, dizendo que eu afirmo isso. Porém eles serão condenados como bem merecem. (Capítulo 3 - versículos de 6 a 8).

A lei e a fé - Carta aos romanos

Todos somos culpados

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Parte 1
Parte 2

Deixei no final do capítulo anterior uma pergunta - se aquele espírito contribuiu para o amor do próximo, será que ele merece ser punido por ter raiva – e aqui está a resposta: todos somos culpados...

Paulo vem falando na Carta aos Romanos de dois momentos diferentes. O primeiro acontece quando o ser humanizado cria a intenção da maldade (escolhe o sentimento para reagir a uma situação) e o segundo ocorre quando ele põe este sentimento em prática através de um ato. É no primeiro momento que ele se torna culpado.

Como disse, os seres humanizados não merecem o castigo por terem feito nem o ato nem por sentirem raiva do outro, mas sim por ter escolhido a raiva. Este ensinamento corresponde a outro de Buda onde o mestre diz que os sentimentos estão dentro de cada um como sementes e que os espíritos humanizados escolhem, a cada momento, qual delas irão regar para fazê-la germinar.

Realmente se Deus não fosse justo não poderia julgar. Mas, Ele é tão justo que deixa o ser humanizado usar o sentimento de raiva que escolheu para sentir e aproveita a “pena” para servir de ajuda ao outro.

NOTA: A pena aqui se consiste naquilo que foi ensinado por Paulo no capítulo 4 deste livro: “Por causa do que essas pessoas fazem, Deus as entregou às paixões vergonhosas”.

É por causa do hábito de escolher sentir raiva que Deus entrega os seres humanizados a terem relações que espelhem este sentimento.

Então, volto a repetir: um ser humanizado participar de uma ação maldosa (com sentimento individualista) já é a condenação de ter escolhido um sentimento com esta propriedade anteriormente.

Participante: Quer dizer que aquele que se torna assassino, por exemplo, o fato de matar já é a “pena” dada por deus?

Sim.

Participante: Por que ele tem o sentimento de querer matar?

Não, os sentimentos não são atitudes, mas posturas emocionais. Ninguém tem sentimento de matar, mas sentir ganância, inveja, etc., pode levar o ser humanizado a participar de ações deste tipo, dependendo da provação de cada um (os atos pré-escolhidos).

O matar é já é a condenação de um sentimento...

Participante: Já é o castigo...

Isso.

Então veja, a dinâmica universal é muito mais rápida do que vocês pensam.

Você não será condenado para pagar a pena daqui a cem ou duzentos anos: a condenação é na hora. Optou por sentir raiva, Deus diz: sinta por aquele por ele precisa e merece deste sentimento como instrumento para a reforma íntima...

Participante: Mas, então, não são dois momentos, pois Paulo falou anteriormente que seremos julgados por Deus através de Cristo.

Pela consciência, ou seja, pelo que guardou e escolheu usar neste momento.

Participante: Como guardou?

Aquilo que está na memória...

Você é julgado pela sua consciência que é exatamente as impressões que cada armazena sobre os outros e sobre as coisas. Estas verdades armazenadas no ego transformam-se em pré-conceitos. São eles que compõem o seu padrão de personalidade (características sentimentais) que o leva a escolher tal ou qual sentimento.

Então será que nós, os judeus, estamos em melhor situação do que os não judeus? De jeito nenhum! Já tenho mostrado que todos, judeus e não judeus, estão debaixo do poder do pecado. (Capítulo 3 – versículo 9).

Todos sabem que é preciso amar...

Mesmo aqueles que não possuem os ensinamentos de Cristo, mas de outros mestres, recebem o aviso que devem amar indistintamente. Mesmo aqueles que não seguem ensinamentos religioso algum sabe, instintivamente que só amor é válido...

Como dizem as Escrituras Sagradas: “Não há ninguém justo, ninguém que tenha juízo; não há quem adore a Deus. Todos se desviaram do caminho certo, todos se perderam. Não há mais ninguém que faça o bem, não há ninguém mesmo. Mentem e enganam sem parar. Mentiras perversas saem de suas línguas e palavras de morte, como veneno de cobras, saem dos seus lábios”. (Capítulo 3 – versículos de 10 a 13).

Mais uma vez as pessoas podem dizer que não praticam este ato (mentir), mas todos mentem. Quando fazem isso? Quando dizem que estão priorizando o bem do próximo.

‘Não reclama, estou falando para o seu próprio bem’. Olha que mentira...

Cada um pensa prioritariamente em si mesmo (naquilo que acredita que é certo) e tenta impor aquilo que gosta ou quer individualmente. É pelo padrão de certo e errado individual que um ser humanizado quer ensinar o outro a mastigar com a boca fechada, por exemplo.

É isso que Paulo está falando: os seres humanizados parecem cobras, pois querem enganar a todos com respeito à sua bondade, inclusiva a si mesmo.

 “As suas bocas estão cheias de terríveis maldições.” (Capítulo 3 – versículo 14).

‘Feche a boca para comer senão vão falar mal de você’. Olha que maldição está sendo lançada...

Eles têm pressa de ferir e matar. Por onde passam, deixam a destruição e a desgraça. Não conhecem o caminho da paz e não aprenderam a temer a Deus”. (Capítulo 3 – versículos 15 a 18).

Tudo isso é o que já falamos e estudamos em outro momento...

Os seres humanizados não conhecem o caminho da paz, porque só conhecem o caminho da dominação (submissão do próximo às suas posses, paixões e desejos individualistas). Não aprenderam a amar a Deus, porque ainda justificam suas ações através de motivações individualistas e não vê a ação universal como fruto da Causa Primária de Deus.

Ora, sabemos que tudo o que a Lei diz se aplica aos que vivem debaixo da Lei. Isso para que todos parem de dar desculpas e para que todas as pessoas do mundo fiquem sujeitas ao castigo de Deus. (Capítulo 3 – versículo 19).

Todos estão sujeitos à obrigação de amar ao próximo como a si mesmo. Mesmo aqueles que já se consideram elevados, que acham que sabem tudo...

Não há desculpas: todos os seres humanizados não podem julgar o próximo pelo que acham ou sabem...

Pois ninguém é aceito por Deus por fazer o que a Lei manda, porque a Lei faz as pessoas saberem que são pecadoras. (Capítulo 3 – versículo 20).

A lei, ou seja, o conjunto de verdades e saberes do ser humanizado só serve para transformar ou outros em pecadores (“errados”). Ela não se constitui em verdades e, por isso, o que dita, não está certo.

Os códigos legais humanos ou espirituais só servem para isso. Eles não servem para coibir atos porque não existe certo ou errado – ato que deva ou não ser realizado. Ela só serve para mostrar ao ser humanizado onde está o erro dos outros. Por isso, é melhor abandoná-la...

A lei e a fé - Carta aos romanos

A salvação por meio da fé

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Mas agora Deus já mostrou a maneira como aceita as pessoas e esta aceitação não tem nada a ver com a Lei. (Capítulo 3 – versículo 21).

Vamos entender esta afirmação de Paulo (“Deus já mostrou a maneira como aceita as pessoas e esta aceitação não tem nada a ver com a Lei”). Ou seja, vamos ver como Deus faz para compreender que os objetivos da encarnação (promover a reforma íntima alcançando a elevação espiritual) foram alcançados...

Como Deus mostrou dá o aval às provações que o espírito realiza? Pela ressurreição de Jesus Cristo...

Depois da encarnação Jesus Cristo, incluindo aí a ressurreição como prova da aceitação, Deus mostrou que não avalia as pessoas pelo cumprimento da lei. Isto porque os atos desta vida em nada seguiram os mandamentos do Velho Testamento.

Como vimos no início deste estudo, a ressurreição é a prova da vitória sobre a carne. Se a encarnação Jesus Cristo conseguiu esse resultado e, durante ela, as leis judaicas foram quebradas, a prova de que Deus aceita a volta de seus filhos a casa não está subjugada ao cumprimento da lei.

Então veja, o que Paulo está nos dizendo é que Deus aceita, ou seja, reintegra o ser ao Universo espiritual, não pelo simples cumprimento da lei, mas pela vida em louvação a Ele. É a mesma coisa que Cristo ensina aos fariseus: vocês nunca entenderam as escrituras sagradas quando dizem que Eu não quero que queimem sacrifício a Mim, mas que sejam bondosos...

É isso mesmo que Paulo está dizendo. É o amor e a bondade, que Cristo provou, mesmo de chicote em punho, que leva o espírito a reintegra-se ao Universo. É a busca do bem no céu, que ele teve no momento que expulsou os mercadores do templo, que leva o espírito a reintegrar-se e não o simples cumprimento de lei: fazer o que acha que está certo.

Participante: Cristo transpôs a morte. É isso?

Não, ele venceu o mundo.

Vocês estão se apegando na ressurreição (retorno à consciência espiritual) como um elemento que só ocorre após a morte física: isso não é real. A consciência espiritual pode ser alcançada mesmo ainda se ligado a um ego.

Cristo amou sempre e nunca se preocupou em seguir as leis vigentes. Mesmo após o desencarne ele continuou quebrando os códigos judaicos, pois apareceu aos seus apóstolos e a outros seres quando a lei dizia que não devia sem fazer contatos com os mortos.

Aceitar o fato da ressurreição, ou seja, que existe uma condição especial para ser aceito por Deus, é aceitar que os códigos de princípios que administram as ações não servem para este julgamento, mas apenas a capacidade de amar a cada momento. Isto porque a encarnação Jesus Cristo foi pontilhada de atos de rebeldia ao conjunto de normas religiosas de então e mesmo assim, terminou com a elevação espiritual.

Isso seria entender o que Paulo está dizendo (agora Deus já mostrou como ele aceita os espíritos) na linguagem de hoje. Ele aceita não pelo cumprimento da lei à risca, mas por ter vivenciado as situações da vida com amor: passando o sofrimento sem sofrer.

Paulo está nos dizendo que, com esta forma de agir, Deus já comprovou como reintegra o ser ao mundo espiritual. Ele faz isso quando o espírito vivencia a vida sem sofrimentos ou prazer, mas louvando a Deus por todas as coisas que acontecem. Agora quando ele vivencia os acontecimentos da vida sofrendo ou tendo prazer, Deus não o reintegra.

Participante: Como virar espírito?

Virar você não pode, pois já é e nunca deixou de ser... Estou falando em ter a consciência de ser.

Participante: Mas o que queria dizer isso para eles na época?

A mesma coisa, pois assim como até hoje vocês se consideram humanos que um dia voltarão a serem espíritos, eles também pensavam igual.

De qualquer maneira, não importa o que eles pensavam. Precisamos estudar os textos sagrados não com a cabeça (conhecimento) deles, mas com os seus.

O que você precisa compreender é que quando sair da carne sem realizar o amor universal continuará se vendo como o José que imagina ser agora e não se reintegrará ao mundo espiritual. Continuará vivendo o José: vivendo seus filhos, procurando o neto, indo ao seu emprego...

Agora, quando você alcançar o estado de viver a vida com equanimidade, aí sai da carne e pergunta: ‘José, quem é este? Filhos, eu não tenho filhos... Todos são filhos de Deus, eu nunca gerei nenhum filho’...

É esta a diferença. A ressurreição acontece quando você sai da carne, ou mesmo ainda ligada a ela, quanto está em perfeito entrosamento com a Realidade e a não ressurreição, ou seja, o desencarne sem alcançar a elevação espiritual lhe transformará em ser humano sem carne...Aqueles que são chamados de fantasmas: sem carne ainda vivenciam a personalidade que tiveram quando encarnados.

A Lei de Moisés e também os profetas dão testemunho disto: Deus aceita as pessoas por meio da fé que elas têm em Jesus Cristo. (Capítulo 3 - versículos 21 e 22).

Na ressurreição, na vida Jesus Cristo, incluindo a volta à consciência universal e não no espírito Jesus Cristo...

Não se está falando aqui de idolatria a um mestre. Estamos falando na vivência da encanação com o mesmo padrão sentimental que este mestre teve: a fé inabalável de que se veio à carne não para se satisfazer, mas para vivenciar tudo com o amor universal. Esta premissa não vale apenas para o que você gosta, mas mesmo quando o seu querer é contestado, deve dizer: Pai afasta de mim este cálice, mas se não for possível, que seja feita a vossa vontade...

Portanto, a fé que Paulo cita não é propriamente em Cristo, mas que viver uma existência carnal com o mesmo padrão sentimental deste mestre nos leva a sermos aceito por Deus. Aliás, este ensinamento é universal e está presente nas palavras de todos os mestres.

Ele faz isso a todos os que crêem, pois não há nenhuma diferença entre as pessoas. Pois todos pecaram e estão afastados da presença gloriosa de Deus. (Capítulo 3 – versículos 22 e 23).

Sendo religioso ou não, pertencendo a que seita pertencer: todos estão afastados da gloriosa presença do Senhor porque não dão a honra que Deus merece, como vimos no quarto capítulo.

Mas Deus, pela sua graça e sem exigir nada, os aceita por meio de Cristo Jesus, que os salva. Deus ofereceu Cristo como sacrifício para que, pela sua morte na cruz, Cristo se tornasse o meio de as pessoas receberem o perdão dos pecados, pela fé nele. (capítulo 3 – versículos 24 e 25).

Vamos entender este trecho para não pairar dúvidas.

“Deus ofereceu Cristo como sacrifício”. Não está se falando aqui do espírito, mas de uma existência pré-programada.

Se os espíritos programam suas existências antes da encarnação, como está em O Livro dos Espíritos (pergunta 258), a encarnação Jesus Cristo também teve todos os seus momentos pré-programados. Por isso é que o mestre sempre dizia que acabaria sendo crucificado.

Participante: E o que quer dizer oferecê-la em sacrifício?

A existência Jesus Cristo é a prova do sacrifício, pois durante ela, a história, desde o nascimento até a morte, foi vivenciada na pobreza. Apesar do espírito que a vivenciou ter condições de ser o Rei dos Reis, o desencarne deste ser foi vivenciado dentro de padrões que eram vergonhosos para os judeus de então...

O fato da encarnação de um espírito desse porte, ao contrário do que imaginam os seres humanizados, não gerar alguém com poder de julgar o mundo, mas a vida de um simples carpinteiro que foi julgado pelos seus iguais, prova o sacrifício.

Mas não foi só o desencarne que foi considerado como vergonhoso pelos judeus. Mesmo enquanto ainda estava pregando, o desdém a Jesus Cristo já existia. Há inclusive uma passagem na Bíblia que fala: ele vem de Nazaré, então não pode ser profeta, pois de lá não vem nada que presta...

Todos diziam: quem é ele? Não é um profeta, um professor da lei, então quem é ele para ensinar? É esse o sacrifício ao qual Paulo se refere: Cristo não veio como sábio ou como rico, nem para ser querido pela população de seu tempo...

Além do mais, usando-se aqui a lógica humana, foi por causa destes julgamentos que ele foi crucificado. Se tivesse dinheiro, fosse rico, ou houvesse estudado e se transformado em um homem do Sinédrio, ninguém iria colocá-lo na cruz. Puseram porque imaginaram que ele fosse um qualquer.

Este é o sacrifício ao qual Paulo se refere. O que o apóstolo nos fala é que o fato de Cristo ter passado pelas situações de sofrimento de sua encarnação sem jamais perder a fé (confiança e entrega a Deus) e, por isso, ter alcançado a ressurreição, esta forma de viver transformou-se, então no meio das pessoas receberem o perdão dos pecados (da intenção individualista, egoísmo).

Cristo ensina: a fé do tamanho de um grão de mostarda apaga a multidão dos pecados. Quando se fala em pecado se fala em viver afastado de Deus (eu acho, sei, quero, faço), o que gera um carma. Quando, ao invés disso, o ser humanizado utiliza a fé (Deus acha, sabe, faz), um carma é apagado...

Participante: Então, quando se fala em apagar o pecado está se dizendo apagar o carma?

Isso: apagar o resultado da sua ação individualista. Pecado é a ação praticada com intenção individualista.

Para entender isso, temos que lembrar a história do filho pródigo (aquele que saiu de casa e gastou tudo o que tinha), pois esta parábola narrada por Cristo mostra com exatidão a forma de proceder de Deus.

 Quando o filho voltou, sabe o que o pai fez? Mandou fazer uma festa. Aí o filho que ficou em casa revoltou-se, pois nunca tinha recebido uma comemoração por sua dedicação. O pai diz então: meu filho voltou, não há motivo maior para festejar.

Esta é forma de agir de Deus: ele não guarda rancores. Julga cada um ao seu momento e felicita-se com a ovelha desgarrada que retorna ao rebanho, sem mágoas.

Deus fez isso para mostrar que ele é justo. No passado ele teve paciência e não levou em conta os pecados das pessoas; mas agora, para mostrar que é justo, ele ofereceu Cristo. Assim Deus é justo e aceita os que crêem em Jesus. (Capítulo 3 – versículos 25 e 26).

Ou seja, o espírito mais puro deste orbe passou por situações que, para a humanidade, seriam de contrariedade. Por que você não quer passar pelas suas?

Mais: este espírito vivenciou-as com fé e, por isso, manteve sempre a sua equanimidade. Por que você pede a Deus para satisfazê-lo?

Devemos, então, nos orgulhar por isso? De jeito nenhum! E por que não? Será que é porque desobedecemos à Lei? Não; não é. É porque cremos em Cristo. Assim vemos que a pessoa é aceita por Deus pela fé e não por fazer o que a Lei manda. Ou será que Deus é somente Deus dos judeus? Será que não é também Deus dos não judeus?

Participante: Será que os católicos que julgam os demais religiosos nunca leram isso?

Acho que não...

Claro que é! Deus é um só e aceitará os judeus e os não judeus por meio da fé que eles têm. Será que isso quer dizer que anulamos a Lei por causa da fé? Não, de jeito nenhum; ao contrário, mantemos a Lei. (Capítulo 3 – versículos de 27 a 31).

Esse ponto é importante... Paulo diz que apesar de tudo o que foi ensinado, a lei deve ser mantida.

Da lei não se tira uma vírgula nem um ponto, mas é preciso uma nova visão para aplicação dos códigos legislativos. A lei deve ser exercida através da fé (pelo amor) e não pela obrigação. A sua aplica ação não se dá pelo simples julgamento do ato, mas pela intenção com a qual cada um participa da ação... É isso que Paulo está dizendo...

Estou citando diversas passagens de Cristo para reforçar uma posição: Paulo inventou o cristianismo, como, aliás, se afirma nos dias de hoje, e o inventou totalmente fundamentado nos ensinamentos de Cristo.

Isso é muito mais importante ser ressaltado porque ele interpretou o que Cristo lhe ensinou em espírito sem conhecer o ensinamento (o Novo Testamento) ou sem conhecer o mestre em carne. Paulo nunca se banhou nos olhos do mestre, por exemplo. Pedro e outros apóstolos se banharam nesta visão divina, mas mesmo assim, como vimos, era contra o alimentar-se com os não judeus.

Pedro sempre esteve em cima do muro; Tiago queria mudar os ensinamentos da religião judaica, queria manter as tradições daquele povo; Paulo foi o único que traduziu os ensinamentos de Cristo de uma forma universal.

Então, Paulo inventou o cristianismo sim porque se deixasse pelos outros apóstolos nós teríamos um judaísmo diferente hoje e não um cristianismo.

A lei e a fé - Carta aos romanos

O exemplo de Abraão

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O que é que podemos dizer de nosso antepassado Abraão? O que foi que ele conseguiu? Se foi por causa do que ele fez que Deus o aceitou, então teria motivo para se orgulhar, mas não diante de Deus. (Capítulo 4 – versículos 1 e 2)

Para compreender bem o que Paulo nos ensina, vamos relembrar a história de Abraão.

Abraão é o patriarca do povo judeu. Foi o primeiro a receber a visita do Senhor Eterno e Este, em determinado momento, prometeu que, a partir de Abraão, se construiria a nação judaica. Mal comparando, podemos dizer que Abraão é o Adão do povo judeu: o precursor da raça.

Abraão era um velho, com mais de cem, quando foi visitado pelo anjo do Senhor. A mulher dele, Sara, também era bem velha. Eles não tinham filho, pois Sara era estéril. O Abraão tinha filhos com escravas, o que era muito normal naquele tempo, mas não tinha com sua própria esposa.

O anjo do Senhor que visitou Abraão disse para ele: você terá um filho da sua mulher, ela engravidará. O patriarca judeu não acreditou muito, pois além da doença de toda uma vida, Sara não tinha mais idade para engravidar. Mas, mesmo assim, o anjo garantiu, em nome de Deus, que ela engravidaria. Abraão, uma vez que se falava em nome do Senhor, acreditou.

Pouco tempo depois a mulher dele engravidou e teve um filho. Quando esse moleque já era grande (sete anos) e, claro, era o xodó do pai, Deus apareceu para Abraão – isso é o que falam as Escrituras, mas hoje sabemos que não foi o próprio Senhor, mas um emissário Seu que esteve com Abraão – e disse: vá ao altar e sacrifique seu filho a mim. Mate-o como sacrifício a mim.

Deus pediu a Abraão o seu único filho em sacrifício, mesmo sabendo que ele não podia mais ter, e Abraão não pensou duas vezes: pegou o filho, levou ao altar, amarrou-o e levantou a faca. Quando ia baixar, Deus fez-se ouvir e disse: pare, você já provou o que tinha que provar.

É isso que Paulo está perguntando: será que Deus amou Abraão pelo que ele fez (predispor-se a sacrificar o filho, dar o filho único como oferenda a Deus)? Será que é por isso que Deus o louvou?

Não...

Pois as Escrituras Sagradas dizem: Abraão creu em Deus e por causa da sua fé, Deus o aceitou como justo. (Capítulo 4 – versículo 3).

Então, não foi o ato em si que fez de Abraão o patriarca do povo judeu – tanto que Deus não deixa a ação se consumar – mas a fé. Abraão só tinha um filho, mas pela fé em Deus ele entregaria aquilo que era mais sagrado na sua vida a Deus.

É isso que Paulo quer lembrar aos seres hoje humanizados: é preciso sacrificar as coisas que são importantes (aquelas que são desejadas) a Deus, no altar do sacrifício. Para Krishna este mesmo sacrifício (sacrificar a intencionalidade) chama-se yajña e, segundo este mestre, é um dos caminhos para se chegar ao Pai.

Claro que, assim como no caso de Abraão, não irá necessariamente se consumar a perda da coisa importante. Deus só deixará o sacrifício terminar em perda se preciso e necessário for dentro do planejamento da encarnação que o ser realizou antes dela. Deus não quer a ação em si, mas o que Ele vive nos testando é a nossa fé: a confiança e entrega absoluta.

É neste aspecto que, a cada segundo de nossa existência, seja encarnado ou não, estamos sendo testado. A cada acontecimento estamos sendo alvos de uma pergunta por parte do Senhor: você confia mais nas suas formações mentais (idéias) ou em Mim?

Você confia mais no seu patrão – acredita que é ele que vai lhe pagar salário, que vai lhe promover e, com isso, lhe proporcionar bem estar – ou confia em Mim e sabe que ele é Meu instrumento para suas provações? Você confia mais no motorista que está lhe levando algum lugar ou em Mim?

É isso que Paulo está nos alertando. Nós somos salvos, ou seja alcançamos à glória espiritual, através da fé com que vivemos os acontecimentos da vida e não pelos atos que praticamos. Somos aceitos pelo Pai pela confiança e pela entrega a Ele com que cada um vivencia cada momento e não pelo que se faz.

Além do mais já conversamos anteriormente e descobrimos que o que é feito não pode ser mudado e mais, independe da vontade humana.

NOTA: Como parte da doutrina Espiritualista Ecumênica Universal, existe o ensinamento de que a vida encarnada é formada pelo gênero de prova que o espírito pede antes da encarnação e este é dramatizado por Deus através de atos.

É com a fé que o ser humanizado acrescenta algo ao que está sendo feito e é este algo que o leva a evoluir. Este é o ponto primordial da vida do ser humano: Ele vem à carne para realizar provas e o instrumento necessário para esta realização é o amor e a fé, a entrega total a Deus.

Isso é que é a vida humana...

A cada segundo dela Deus está perguntado: você confia em Mim? Tem realmente fé? Porque se você confiar em Mim mesmo não se sentirá traído, atacado, ameaçado, magoado. Se você tiver fé em Mim jamais sentirá sofrimento nas situações que passa.

Sem entender a história de Abraão não tinha como se compreender o ensinamento de Paulo...

Quem trabalha é pago e o pagamento não é considerado como favor, mas como direito. Porém, se alguém não trabalha, mas crê em Deus, é a sua fé que Deus leva em conta para aceitá-lo como justo; pois Deus é quem declara que o culpado é inocente. (Capítulo 4 – versículos 4 e 5).

Veja o que Paulo fala: Deus declara que o culpado é inocente... Para entender o que ele diz, vamos ver outra analogia que está neste trecho: quem trabalha recebe o seu salário.

Na verdade o ser humanizado quer as coisas sem trabalho, sem esforço. Não se está falando de trabalho material, mas espiritual. Por tudo o que vimos até agora, posso afirmar que sem exercício da fé não há salário a ser pago, ou seja, não há nada a ser dado ao ser humanizado.

O espírito, encarnado ou não, que não trabalha vive na ociosidade. O ócio espiritual é a vivência dos acontecimentos da existência sem fé. O ser que vive a sua vida, espiritual ou material, sem fé a vivencia numa ociosidade espiritual.

Que salário ele quer receber? O que quer ganhar, se não faz por onde receber?

Na verdade o ser humanizado espera que o Deus maravilhoso, bonzinho, sempre atento aos seus caprichos (desejo), vá correndo lhe satisfazer. Mas, não é assim.

Cada ser humanizado é um empregado de Deus. Digo isso porque, como já estudamos, inclusive aqui, quando ele age (participa da ação) serve de instrumento a Deus para a vida do próximo, ou seja, o sal da humanidade que Cristo ensinou – aquele que tempera a vida dos outros. É exatamente por este trabalho com fé (colocar-se à disposição do próximo louvando a Deus) que o ser humanizado recebe do Pai.

Recebe o que, salário? Sim, mas não salário de dinheiro, mas um pagamento espiritual: paz, harmonia, felicidade... Aquilo que dinheiro nenhum no mundo pode comprar...

O ser humanizado pode ter muito dinheiro, mas não terá, paz, tranqüilidade e felicidade real, sem o trabalho da fé. Apenas a entrega total com confiança no Pai pode garantir estes bens ao ser universal. .

A analogia de Paulo é excelente (para receber o salário tem que trabalhar e o trabalhar para Deus é a pratica das ações com fé) e só entendendo-a perfeitamente, podemos compreender a outra afirmação: Deus declara que o culpado é inocente.

Quando você ser humanizado participa das ações com fé, por causa do salário que recebe, não se sente humilhado, contrariado, ferido, magoado... Por causa disso não rotula o próximo como culpado ou errado.

Um exemplo disso é uma frase de Gandhi proferida um pouco antes de morrer. Perguntaram a ele se queria perdoar alguém e o Mahatma disse: não tenho a quem perdoar, pois ninguém nunca me feriu...

Quando se está com e em Deus se vivencia a harmonia, a paz e a felicidade. Com isso acabam os ferimentos e mágoas e, aqueles que são considerados como culpados e errados para a humanidade viram inocentes.

E foi isso que Davi queria dizer quando falou da felicidade daqueles que Deus aceita como justos, sem levar em conta o que eles fazem: “Felizes são aqueles cujas maldades Deus perdoa e cujos pecados ele apaga. Feliz aquele que o Senhor não acusa de cometer pecado”. (Capítulo 4 - versículos de 6 a 8).

O pecado é a ação contra Deus (a falta de fé) e não um ato. Não existe ato pecaminoso. Como Krishna ensina, nesta vida nada se perde...

Não existe ato pecaminoso. O pecado surge quando, independente da ação, o ser humanizado a vivencia sem fé.

O contrário da ação vivenciada sem fé em Deus é a vivência com fé em si mesmo (confiança e entrega aos valores ditados pelo ego), ou seja, individualismo. Eu acho, sei, quero, posso, vi, faço, tenho certeza: isso é pecado. Quem participa da ação com estas consciências não merece perdão porque está tendo como intencionalidade o seu lucro (ganhar) individual.

Então, o salário que Deus paga, é dado àquele que participa da ação sem consciência do que está fazendo. Aquele que não participa da ação como criador (eu fiz) e sem expectativas (eu quero que isso aconteça), esse merece perdão.

Agora, aquele que sabe os motivos pelo qual agiu (intencionalidade), esse não tem perdão. Terá uma nova prova, um novo trabalho, para ver se garante o salário.

Uma observação. Perdão, neste texto, foi usado como não gerar novos carmas como resultado da consciência com que se vive o acontecimento. Aquele que vivencia os momentos com a consciência Universal (Deus faz e sabe), este não gera novos carmas.

Será que essa felicidade que Davi falou pertence somente aos que são circuncidados? (Capítulo 4 – versículo 9).

Pertence só aos que são religiosos de qualquer seita?

Não. Ela pertence também aos que não são circuncidados. Porque temos citado as Escrituras Sagradas, que dizem: “Abraão creu em Deus e por causa disso Deus o aceitou como justo”. (Capítulo 4 – versículo 9).

Deixe-me explicar um fato histórico que Paulo está utilizando. Antes apenas lembremos que, como já vimos, a circuncisão é um rito da religião hebraica.

Abraão não era circuncidado. O rito da circuncisão como prova de devoção a Deus só se iniciou com Moisés, muitos anos depois de Abraão. Então, Abraão não era religioso, até porque não existia religião hebréia naquele tempo.

Paulo está nos lembrando uma coisa que poucos se atêm: o primeiro ser humanizado de cada religião nunca pertenceu a ela e, portanto, nunca participou dos rituais dela. Cristo não era cristão e nunca participou de uma missa – até porque não existia esta religião nem esse rito quando ele estava encarnado. Buda não era budista. A religião budista com todos os seus rituais só apareceu mais de quatrocentos anos depois que ele morreu...

Por causa disso, eles não receberam o salário de Deus? Sim, receberam. Isso porque eles foram aceitos não por terem praticado os ritos de uma determinada religião, mas por terem vivenciado a fé em Deus.

Então, não importa se um ser humanizado se dizer católico e ir a missa todo domingo, porque isso não garantirá o salário. Para garanti-lo é preciso responder sim a uma pergunta de Deus: você vivenciou os acontecimentos da sua vida com fé? Se a resposta for não, de nada adiantou participar dos rituais de sua religião.

 

Quando foi que isso aconteceu? Foi antes ou depois de Abraão ser circuncidado? Foi antes e não depois. Ele foi circuncidado mais tarde. E a sua circuncisão foi um sinal para provar que, por causa da fé que Abraão tinha, Deus o aceitou como justo, quando ainda não havia sido circuncidado. Assim Abraão é o pai espiritual de todos os que crêem em Deus e são aceitos como justos por ele, embora não sejam circuncidados. Ele é também o pai de todos os que são circuncidados. Não apenas porque são circuncidados, mas porque seguem o exemplo de Abraão e têm fé, assim como ele teve fé antes de ser circuncidado. (Capítulo 4 – versículos de 10 a 12).

Esse é o exemplo de Abraão que Paulo cita: ter fé. Agora eu pergunto: o que você está disposto a sacrificar da sua vida em nome da fé?

Há algum tempo estamos falando que é necessário parar de brincar de ser religioso. Nenhum ser veio a este planeta para simplesmente viver uma vida cômoda e tranqüila.

O espírito não está ligado a um ego de férias ou passeio. Ele está aqui para trabalhar e o trabalho é aquilo que vimos aqui: buscar vivenciar a fé nas ações que cada um participa como suposto agente ou receptor. Para que você trabalhe e, com isso, se torne apto a receber o seu salário, é que se faz imperativo que os sacrifícios sejam pedidos.

O sacrifício pedido hoje não é mais o do seu bem mais precioso (a vida do seu filho único), como foi pedido a Abraão. Ele é muito menor...

O sacrifício do ser humanizado hoje é o de, mesmo querendo ter um objeto, não possuí-lo; querer que o ambiente (o mundo como um todo) em que vive fosse melhor e não é; gostar de limpeza e encontrar sujeira... Veja bem: Abraão levou ao altar do sacrifício um filho; o ser humanizado de hoje não consegue levar uma poeira, uma televisão, nenhuma vontade... Tudo ele insiste que seja do jeito que ele quer que seja...

É isso que temos que pensar...

Não dá mais para brincar de religioso: ‘se Deus me der uma televisão irei louvá-Lo, mas se não der continuarei sofrendo’. É preciso começarmos a cair na real.

A vida será sempre composta de pedidos de sacrifícios feitos por Deus. O tempo inteiro será pedido o sacrifício dos desejos que o ego cria. Não porque Deus quer o seu sofrimento ou suas coisas: na verdade, ao fazer isso, Ele está dando ao ser humanizado uma chance de trabalhar, de colocar fé no que vivencia.

Essa é a essência da vida.e é para isso que cada um nasceu e pediu os seus próprios sacrifícios antes de encarnar. Mais nada...

Vocês poderiam me perguntar: Joaquim, você faz apologia da desgraça, do sofrimento, da pobreza? Não, não faço apologia do negativismo, da vida cheia de problemas. Não é isso.

Eu faço apologia da Realidade da vida carnal e incito todos a começar a entendê-la. Mas, para compreender o que falo, seria preciso que vocês entendessem a Boa Nova que Cristo ensinou, pois ninguém a compreendeu até hoje.

Todos dizem que Cristo veio trazer a Boa Nova, mas se perguntarmos o que é isso, poucos saberão responder corretamente. Isto porque transformaram a Boa Nova numa vida boa. É diferente.

Quer um exemplo? Veja este ensinamento do sermão do monte: “Bem-aventurados são vocês quando os insultam, perseguem e dizem todo tipo de calúnia contra vocês por serem meus seguidores. Fiquem alegres e contentes, porque está guardada para vocês uma grande recompensa no céu” (Mateus – capítulo 5, versículos 11 e 12).

Esta é a boa Nova. Querem mais? “Vocês ouviram o que foi dito: olho por olho, dente por dente. Eu porém lhes digo: não se vinguem dos que lhes fazem mal. Se alguém lhe der um tapa na cara, vire o outro lado para ele bater também. Se processarem você para tomar a sua túnica, deixe que levem também a capa. Se um dos soldados estrangeiros forçá-lo a carregar uma carga um quilômetro, carregue-a dois quilômetro. Se alguém lhe pedir alguma coisa, dê; e empreste a quem lhe pedir emprestado” (Mateus - capítulo 5 – versículos de 38 a 42).

A Boa Nova é composta de ensinamentos de exortações ao sacrifício do bem material (a satisfação de ter os desejos e vontades atendidas – prazer). Bem diferente da vida boa que dizem que Cristo prometeu, não?

É preciso enfrentar a vida na realidade e não nos sonhos ilusórios que Deus dará tudo para satisfazer ao ser humanizado. A Realidade é essa: cada ser, antes de encarnar, pediu os sacrifícios e Deus os dá de acordo com o que cada um pediu, nada a mais ou menos, como uma oportunidade de exercer a fé.

Só que quando chegam aqui (na vida material), os seres humanizados não estão dispostos a trabalhar e preferem à ociosidade espiritual. Trabalham materialmente, mas no tocante a promoção do trabalho necessário para ser recebido de volta na pátria espiritual em glória, a ociosidade é grande no planeta.

Portanto, eu não estou aqui para pregar a pobreza ou o sofrimento, mas sim a Realidade: cada ser encarna não para se satisfazer, mas para trabalhar em busca da sua elevação espiritual e com isso alcançar o bem maior (felicidade), que é o do céu.

Se mesmo assim você tiver uma piscina, melhor; mas se, dentro de seus sacrifícios não tiver nem uma bacia, não deixe tal situação afetar a sua felicidade.

Participante: A quantidade de bens materiais é uma prova difícil... Saber lidar com muitas coisas sem perder a fé não é fácil....

A riqueza material é uma prova maior do que a pobreza... Isso porque na pobreza existe a resignação (eu não posso ter mesmo...). Agora, na riqueza existe a ilusão de que se pode ter tudo o que se quer e, com isso, acaba perdendo o tudo que se pode ter: o salário que Deus paga.

Apesar disso, não podemos transformar tal afirmação em uma generalidade. Existe muito pobre que é ganancioso (vive preso aos seus próprios interesses) e muitos que possuem grande quantidade de bens, mas que são universalistas no trato com eles.

Deus prometeu à Abraão e aos seus descendentes que o mundo ia pertencer a eles. Essa promessa foi feita não porque Abraão tinha obedecido à Lei, mas porque ele havia crido em Deus e havia sido aceito por ele como justo. (Capítulo 4 – versículo 13).

Seguindo o ensinamento de Paulo, podemos dizer que a promessa que Deus faz a cada um que vivencia os acontecimentos de sua existência com fé é que o mundo lhe pertencerá. Vamos tentar entender isso.

Paulo não está dizendo que você terá posse material das coisas se vivenciar os acontecimentos da vida com fé, mas que terá tudo que alguém pode ter nesta vida. Por exemplo, Você conseguirá ter uma cadeira, mesmo que não a possua materialmente.

Para entender o que estou dizendo pergunto: o que é não ter uma cadeira? Você ter uma cadeira é possuí-la, achar que ela é sua, constatar a existência dela. Agora, não tê-la é não sentir falta dela.

Se você não sente falta, não acusa que não tem, nem chega à consciência de que não tem a cadeira e por isso não sente falta dela. Então, não ter uma cadeira é sentir falta dela e não apenas viver sem ela, materialmente falando.

Partindo deste raciocínio, podemos entender quando Paulo diz que Deus prometeu a quem tiver fé que o mundo será dele, que aquele que vivenciar a sua vida trabalhando, no sentido espiritual, não sentirá falta de qualquer elemento do mundo material. Este ser terá a sensação de ter tudo, mesmo que não tenha a posse, pois não sentirá falta destes elementos.

Esta é, em linhas gerais, a promessa de Deus: quando o ser entrega em sacrifício as coisas a Deus com fé, não sentirá falta delas.

Quando um ser humanizado despossuir, por exemplo, um filho, com fé em Deus, no momento que ele se ausentar das percepções deste ser – não estou dizendo em morrer, mas em viver a vida dele longe do ambiente familiar – este não sentirá a falta do filho.

Agora, quando este ser faz a entrega sem fé, no momento que o filho não tiver mais sobre sua guarda – quando ele forma sua própria família, casa, sai de casa, vai estudar longe – sentirá falta. Viverá esta situação, que é imperiosa pois faz parte dos sacrifícios que aquele espírito pediu antes de encarnar, com angústia (preocupada, querendo saber se ele está bem, se está se alimentando, se a esposa está cuidando bem dele).

Participante: O limite entre saber se realmente entregamos para Deus ou se estamos lidando com isso de uma forma racional, é difícil de saber...

Estou lhe dando agora a solução...

Se você entregar com fé receberá de Deus o seu pagamento: harmonia, tranqüilidade e felicidade durante aqueles acontecimentos. Agora se não entregar com fé não receberá este salário e aí então viverá o acontecimento sentindo falta e angustiada.

Se você tem sofrimento é sinal de que não ouve fé.

Participante: Digo isso porque estou vivenciando acontecimentos desse tipo. Estou com uma filha que está numa situação difícil...

Não, ela não está numa situação difícil: você está vendo a situação dela como difícil, mas ela não.

Participante: É ela não está vendo isso mesmo...

Você está vendo dificuldades na vida dela e o classificar a existência dela como tal é sinal de que você não a entregou a Deus, o Pai dela, com fé.

As situações todas que ela está passando são etapas da sua existência e, durante elas, o Pai dela está dando para ela o que precisa e merece: louvado seja Deus por isso. Esta a Realidade daquilo que você classifica como dificuldades...

Adore o que Deus faz a cada um: ‘que maravilha que ela está brigando com o marido, que está mal no trabalho’. Olha quantas oportunidades de trabalho ela (o espírito) está tendo... Mas, não é só para ela que deus está dando uma oportunidade de trabalhar. Você, ao saber da situação dela, ou seja, ao tomar consciência de fatos, a criação do ego (a compreensão raciona que está tendo da situação) também é uma oportunidade para você realizar o seu trabalho: entregar tudo nas mãos de Deus com fé.

Não queira se meter na situação e tenha a consciência de que tudo está certo, pois está do jeito que deve ser. Entregar com fé é abrir mão, com confiança em Deus.

Participante: Mesmo porque eu já tentei ajudá-la, mas ela não quis.

Desculpe, mas você tem como ajudá-la.

Participante: Como?

Não subordinando a ajuda ao que você quer que ela faça...

Participante: Não é isso que estou fazendo. O que quero é mostrar o que ela está fazendo...

Você não está querendo mostrar o que ela está fazendo, mas sim dar a sua opinião sobre como ela deveria viver os acontecimentos da vida dela. Mas, o que você acha que ela está fazendo é o que você acha e não o que ela acha.

Por isso disse que está querendo ajudá-la dentro de suas próprias vontades, ou seja, dentro daquilo que desejaria que ela estivesse fazendo.

Compreenda... Ela não vai ver o que você quer que ela veja, pois isso é verdade sua. Exigir a compreensão de uma determinada forma não é ajuda, mas subordinação.

Como você pode ajudá-la? Não brigue, não critique, não diga que ela está errada. Agora, se um dia ela tiver a compreensão que quebrou a cara, esteja aberta para recebê-la de volta com uma festa, como fez o pai do filho pródigo.

Já falei desta parábola neste estudo e torno a citá-la porque ela é muito importante. O pai, durante o tempo que o filho esteve longe, nunca o procurou para mostrar o quanto ele estava errado, nem nunca o criticou para o seu outro filho. Deixou que aquele filho esbanjasse todo o capital que possuía, mas na hora que ele retornou, novamente não estavam presentes as críticas ou acusações, mas o recepcionou em festa.

Deixe-a quebrar a cara dela.

Participante: É difícil...

Claro, não existe entrega a Deus... Na verdade você ainda se acha dona (mãe) dela e que pode decidir o que é melhor para ela...

Para compreender melhor o que deve fazer, vou fazer uma figura através de uma competição esportiva: não fique narrando o que ela vive... Não fique pensando ou conversando sobre o que você acha que está acontecendo... Liberte-se dessas idéias criadas pelo ego. Aquilo que o seu ego cria não é o mesmo que o dela cria, ou seja, a sua realidade é diferente da dela.

Exatamente por você acreditar de um jeito é que se acha impelida a forçá-la a ver o acontecimento dentro do seu prisma de visão. Mas isso é impossível. O raciocínio que cria as realidades é dado por Deus dentro das provas de cada um. Os seus são apenas suas provas (seus sacrifícios) os dela são os dela. Quando você compreende isso e tem a fé, entrega a Deus o direito de dizer o que está acontecendo e, por isso, não tem opinião sobre nada.

É isso que Paulo está nos ensinando. A entrega com fé leva o ser humanizado a sentir falta das coisas. Agora a entrega sem fé o leva a estar sempre vigilante notando a ausência daquilo ou sempre tomando cuidado com as coisas que estão sob sua guarda por sentirem-se responsáveis. Neste momento houve a entrega sem fé.

Pois, se o que Deus prometeu vai pertencer aos que obedecem à Lei, a fé que a pessoa tem não vale nada e a promessa de Deus não tem valor. (Capítulo 4 – versículo 14).

Podemos resumir os ensinamentos de Paulo com a seguinte máxima: não adianta apenas seguir a lei; se você não tiver a fé, de nada adianta.

Fazer por obrigação (como subjugação a um código normativo de ações) ou esperando ganhar algo pelo que pratica (mesmo que seja apenas o reconhecimento de estar “certo”), de nada adianta para a elevação espiritual, pois este ainda sentirá falta daquilo que os seus desejos pedem.

Este ser não alcança a tranqüilidade e a paz, mas sim a resignação. Quem vive dessa forma, um dia não conseguirá mais sufocar a ação dos desejos e sofrerá pela carência do que não foi recebido. Já comentamos isso: viver não é ociosidade (resignação), mas uma ação amorosa para o perfeito entrosamento com o Universo.

Paulo é aquele que melhor pode falar a respeito disso, pois ele foi um professor da lei, ou seja, buscava a subjugação do ser humanizado aos códigos legislativos de sua religião.

Porque a Lei traz o castigo de Deus. Mas, onde não há lei, também não há desobediência da lei.

Assim, é da fé que a promessa de Deus depende, para que a promessa seja garantida como presente de Deus a todos os descendentes de Abraão. (Capítulo 4 – versículos 15 e 16)

Vamos deixar bem claro que os descendentes de Abraão não só os judeus. A descendência aqui não é física, mas espiritual.

Os descendentes de Abraão são todos aqueles que professam a fé no Deus Único e Eterno. Portanto, essa promessa vale para os cristãos também.

 A promessa não é somente para os que obedecem à Lei, mas também para os que crêem em Deus, como Abraão creu, pois ele é o pai espiritual de todos nós. (Capítulo 4 – versículo 16).

A promessa de Deus (pagar o salário aos seres) não é apenas para aqueles que cumprem a lei (vivenciam atos que são considerados como certos pela humanidade), mas também para aqueles que vivenciam todos os acontecimentos com fé.

Ou seja, não passar pelas suas situações de sofrimento apenas porque está vivenciando isso no momento, mas usar a fé (entrega com confiança a Deus) durante estes momentos.

Como dizem as Escrituras Sagradas: “Tenho feito que você seja pai de muitas nações”. Assim a promessa é garantida por Deus, em quem Abraão creu, o Deus que ressuscita os mortos e faz existir o que não existia. Abraão teve fé e esperança, mesmo quando não havia motivo para ter esperança e por isso ele se tornou “o pai de muitas nações”. (Capítulo 4 – versículos 17 e 18).

Como já dissemos, Abraão não o pai só da nação judaica, mas de todos aqueles, independente de raça, que acreditam no Deus Eterno. Mas, vamos um pouco mais longe, já que o ensinamento de Paulo é universalista.

Não importa a que povo, raça ou até mesmo credo, aquele que viver com fé, poderá ser considerado filho de Abraão e, por isso, herdeiro do acordo que Deus fez com este profeta.

Como dizem as Escrituras: “os seus descendentes serão muitos”. Ele tinha quase cem anos. Mas, mesmo quando ele pensou a respeito do seu corpo que já estava quase morto ou quando lembrou que Sara não podia ter filhos, a sua fé não enfraqueceu. Abraão não perdeu a fé nem duvidou da promessa de Deus. A sua fé o encheu de poder e ele louvou a Deus porque tinha toda a certeza de que Deus podia fazer o que havia prometido. Por isso Abraão, por meio da fé, “foi aceito por Deus como justo”. As palavras “foi aceito como justo” não falam somente dele. Falam também de nós, que cremos em Deus, que ressuscitou Jesus, o nosso Senhor; falam de nós, que seremos aceitos como justos. (Capítulo 4 - versículos de 18 a 24).

É o que estávamos falando: todos que agirem com fé em Deus será considerado como justo. Esta é uma afirmação muito importante.

Não importa o que você faça, se colocar a fé no que está fazendo é justo. O que seria colocar a fé no que faz dentro de tudo o que já estudamos? Retirar a intencionalidade, a fé em você mesmo.

Retirar a intencionalidade é não ter motivos para o que praticou e nem esperar receber nada em troca.

O ser humanizado que é justo é aquele que participa das ações como suposto agente sem acreditar nas motivações que o ego cria. É aquele que sabe que, apesar do raciocínio lhe dizer que havia motivos que levaram a tal ação, ele não acredita nisso, mas sabe que aconteceu o que Deus designou que acontecesse. Agora, quando um ser humanizado acha que faz ou que alguém fez, colocou a fé em si (eu vi, acho, sei).

Ter qualquer opinião sobre um assunto mascara a Realidade, pois tudo o que acontece é a justiça amorosa de Deus em ação: dar a cada um de acordo com suas obras como uma nova oportunidade de trabalho para elevação espiritual.

 Jesus foi entregue para morrer por causa de nossos pecados e foi ressuscitado para que sejamos aceitos por Deus. (Capítulo 4 – versículo 25)

Morrer pelos nossos pecados: o que quer dizer isso?

Pecado, já compreendemos, é a intencionalidade que é fundamentada no individualismo. Por que Cristo foi crucificado? Porque os seres humanizados acharam alguma coisa dele (que não era o messias esperado, que era contrário às leis do Sinédrio), julgaram-no a partir desse achar e o condenaram à cruz.

É isso que Paulo está nos ensinando...

Participante: Mas, o senhor mesmo disse que as ações são pré-determinadas. Se isso é verdade ele não foi crucificado por nada, mas porque isso estava escrito...

Sim, mas tal acontecimento foi escrito desta forma porque o os seres humanizados são individualistas. A vida de Cristo foi construída de tal forma a mostrar que os conceitos de cada ser humanizado não são justos e a ressurreição dele provou que vivenciar a vida com fé, apesar de ser julgado pelos outros, leva à elevação espiritual.

Não é que Cristo, como se fala, pagou pelos pecados dos seres humanizados e, por isso, agora vocês podem pecar à vontade. O que ele mostrou, com a vivência daquela encarnação pré-programada, é qual o pecado do mundo (julgar de acordo com suas verdades) e como se vive com o pecado do mundo sem pecar. De quebra, mostrou a recompensa para quem vive como ele viveu: a ressurreição.

A partir disso, podemos entender que a mensagem de Cristo através da sua vida: se você for alvo da ação individualista dos seres humanos e passar por estas situações louvando a Deus e vivendo na fé, receberá a ressurreição. A partir desta mensagem, podemos entender que a ressurreição não é garantida para aqueles que vivenciam estas três coisas.

É isso que Paulo está nos ensinando...

É preciso você viver a vida Jesus Cristo, ou seja, ser alvo das ações individualistas dos seres humanos e vivenciar isso com a fé em Deus (sacrificando a sua intenção) para alcançar a ressurreição (o retorno à consciência espiritual, à glória de Deus).

Mas, mesmo depois deste ensinamento de Paulo, que é conhecido há quase dois mil anos, ainda tem gente que reza a Cristo pedindo para arrumar emprego, para fazer acontecer o que ele quer. Justo a ele que passou por todas as situações de constrangimento e carência sem desejar receber nada...

A lei e a fé - Carta aos romanos

Aceitos por Deus

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Agora que fomos aceitos por Deus por meio da fé, temos paz com ele por intermédio de Jesus Cristo, o nosso Senhor. Foi Cristo quem nos trouxe, pela nossa fé, para a graça de Deus; e agora nós continuamos firmes nela. Portanto, nos alegramos na esperança de participar da glória de Deus. E também nos alegramos nos sofrimentos, pois sabemos que os sofrimentos produzem a paciência, a paciência traz a aprovação de Deus, e esta aprovação cria esperança. (Capítulo 5 – versículos 1 a 4).

Participante: Esperança de que?

De viver na glória de Deus. De viver a vida espiritual pelos valores universais; viver a felicidade universal.

Paulo é bem claro: é preciso passar pela situação de sofrimento com amor universal (incondicional). Desta forma de reagir aos acontecimentos da vida surge a paciência para esperar o retorno ao mundo espiritual.

Agora, se o ser humanizado passa por estas mesmas situações gritando, brigando, exigindo seus direitos, esta postura sentimental não produzirá a paciência necessária. Com isso, cada vez mais brigará e gritará, exigindo sempre mais para satisfazer o individualismo que fundamenta as formações mentais do ego.

A única forma de se reformar é alterar a forma como se vivencia as situações ditas como de sofrimento através do amor incondicional. Esta forma de agir traz a paciência necessária para a espera do retorno à sua plenitude espiritual. Quando não se reage dessa forma, ou seja, exige-se o contentamento ainda durante a carne, não se atinge a bem-aventurança.

Essa esperança não nos decepciona, pois Deus tem derramado o seu amor nos nossos corações, por meio do Espírito Santo, que ele nos deu. (Capítulo 5 – versículo 5)

Quando Paulo afirma que a esperança gerada pela reação com o amor incondicional à todos os acontecimentos da vida não decepciona quer dizer que a forma de viver espiritualmente os acontecimentos da existência não decepciona aquilo que é imaginado como tal: a vida num paraíso, a felicidade incondicional, a glória eterna...

Mas, para poder atingir tudo isso, o ser universal precisa começar a treinar (tentar realizar) quando encarnado. Quando de retorno à consciência dita espiritual (após a libertação da ligação à identidade temporária humana), não há como ser alcançada tal forma de viver.

É preciso se treinar a forma espiritual de ser (aprender a amar universalmente) durante a encarnação porque, depois dela, não há como alcançar a plenitude da existência espiritual, a não ser como desintoxicação (abandono dos conceitos humanizados de uma determinada encarnação) para poder assumir uma nova identidade (encarnação). Como o Espírito da Verdade diz a elevação espiritual só se consuma durante a encarnação.

Porque, quando éramos fracos para fazer o bem, Cristo morreu por nós, os maus, no tempo escolhido por Deus. (Capítulo 5 – versículo 6).

“Quando éramos fracos para fazer o bem”, ou seja, quando fazíamos o bem objetivando primariamente satisfazer os nossos próprios conceitos de certo e errado, bonito e feio, etc. Cristo se entregou à cruz para que o mal (o individualismo, a vontade de se satisfazer mesmo quando se serve o próximo) acabasse e o ser humanizado pudesse se regozijar na glória de Deus.

Participante: Achei interessante quando ele diz que Cristo morreu no tempo escolhido por Deus. Quer dizer que o Pai já sabia que ele iria morrer na cruz como aconteceu.

Sim. Deus sabia antes do próprio início da encarnação Jesus Cristo (nascimento) que ela acabaria da forma que terminou.

Como ensina o Espírito da Verdade, ninguém morre antes ou depois da hora pré-determinada pelo Pai. Além disso, lá também se afirma que Deus conhece o gênero da morte de cada ser humano e o espírito pode também sabê-lo. (O Livro dos Espíritos – pergunta 853a). É por isso que Cristo sempre afirmou que seria crucificado...

Para aqueles que vêem nesta situação um ato de injustiça, pergunto: se Deus e Cristo sabiam, por que eles não mudaram a situação? Por que não agiram de forma diferente para que isso não acontecesse? Porque tudo tinha que acontecer daquele jeito e naquela hora.

Apesar deste conhecimento já ter pertencido a Paulo há mais de dois mil anos e, posteriormente ter sido trazido através de Allan Kardec, a humanidade ainda continua acusando os judeus, os romanos, Judas e Pilatos como traidores, injustos e assassinos.

É difícil que alguém morra por uma pessoa que obedece às leis. Pode ser que alguém tenha a coragem de morrer por uma pessoa boa. Mas Deus nos mostrou o quanto nos ama: quando ainda éramos pecadores, Cristo morreu por nós. E agora, já que fomos aceitos por Deus por meio da morte de Cristo na cruz, com muito mais razão ficaremos livres, por meio dele, do castigo de Deus. Éramos inimigos de Deus, mas ele nos fez seus amigos por meio da morte do seu Filho. (Capítulo 5 – versículos 7 a 10)

Ou seja, por meio daquele que passou, mesmo que ilusoriamente, pelas conseqüências de toda a ação individualista (julgar a parti de conceitos próprios) dos seres humanos.

Agora que somos amigos de Deus, com muito mais razão seremos salvos pela vida de Cristo. Além disso, nós nos alegramos por causa daquilo que Deus fez por meio do nosso Senhor Jesus Cristo, que agora nos tornou amigos de Deus. (Capítulo 5 – versículos 10 e 11).

Os seres universais se tornam amigos de Deus, quando priorizam este relacionamento em detrimento do relacionamento consigo mesmo. Ou seja, quando, acima de seu próprio interesse, o ser vivencia a glória de Deus, então se tornou amigo do Pai.

A lei e a fé - Carta aos romanos

Hipocrisia

Neste capítulo não vamos analisar qualquer texto do apóstolo. Quero aproveitar tudo o que vimos até agora para fazer um comentário...

A Carta de Paulo aos Romanos é um dos textos da Bíblia Sagrada e, por isso, uma das bases da doutrina católica. Essa mesma religião, dizendo seguir esta doutrina, defende os sem-terra como pobre-coitados e acusa outros de não saber amar porque tem terras demais e não as partilha.

Cristo não tinha terra... Cristo não buscou ser proprietário de terras ou de qualquer outro bem material por motivo algum, nem mesmo para depois dividi-lo entre os necessitados. Quando dividiu algo que poderia ser chamado de material entre aqueles que o seguia, o mestre fez o milagre da multiplicação dos pães e peixes – na verdade estes alimentos eram os mesmos manás do céu que alimentaram Moisés e os seus seguidores – ou seja, não dividiu elementos materiais.

Precisamos acabar com as falsidades, como por exemplo, a de usar a religião para acabar com o sofrimento do mundo. Ficou provado, pelo que estudamos até aqui, que a ação de Deus propondo sacrifícios aos seres humanizados para que eles possam exercer a fé, é a causa do sofrimento do mundo. Como então, falar em nome de Deus e propor o fim destes sacrifícios?

Veja a situação de Abraão. A fé dele foi o fato gerador do filho que recebeu como dádiva de Deus. Mas, o exercício da fé durante a proposição de doar este mesmo bem ao Senhor, foi o gerador da sua glória espiritual.

É isso que precisamos compreender. Deus não deu o filho a Abraão e depois o diabo veio tomar. Quem deu foi o Senhor, mas também foi o Pai que veio tomá-lo. Mas, Deus não deu o filho para que o profeta se locupletasse, mas para criar as condições necessárias para o posterior exercício da fé.

Precisamos compreender que a ação de Deus está tanto nos acontecimentos que são tratados como positivos, quanto naqueles que é compreendido como negativo, durante a vida. Digo isso para que os seres humanizados pararem com a história de que existe culpado da pobreza, do assassinato, das desgraças, das doenças...

Não existem culpados, porque tudo é ação de Deus: tanto aquilo que vocês gostam ou não. A ação do Senhor não se prende a estes conceitos humanos, mas é sempre gerada no sentido de promover uma oportunidade de trabalho para os seres humanizados: exercer a sua fé. Por isso ela não pode ser qualificada como boa ou má, certa ou errada, justa ou injusta: é sempre Perfeita, pois é fruto da Justiça Amorosa do Pai.

Que a igreja, então, que comece a ensinar os sem-terra a ter fé – e eu estou pegando esta situação apenas como exemplo - e não os incite a lutar por terras para ele.

Esta postura seria a mesma coisa que os apóstolos lutarem para salvar Cristo dos romanos. Acho que devem lembrar da passagem de Pedro no monte do calvário quando quis salvar Cisto, não?

Então, eles chegaram, prenderam Jesus e o amarraram. Mas um dos que estavam ali com Jesus tirou a espada e cortou a orelha do empregado do Grande Sacerdote. Aí Jesus disse:

Guarde a sua espada, pois quem usa a espada será morto ela espada. Por acaso você pensa que, seu pedisse ajuda ao meu Pai, ele não mandaria logo doze exércitos de anjos? Mas, nesse caso, como poderia se cumprir o que as Escrituras Sagradas dizem que é preciso acontecer? (Mateus – capítulo 26 - versículos 54 a 54).

Não contra quem defender alguém. Não há isso nos ensinamentos de Cristo: o que há é o exercício da fé para se viver aquilo que o Pai quer que aconteça...

Mas não é só através de Cristo que ouvimos isso. Todos os ensinamentos de todos os mestres não incitam o ser humanizado a alterar a vida, mas ensinam que a existência carnal é um campo de prova para a fé.

Participante: Sei que o senhor usou apenas como exemplo o caso dos sem-terra, mas para ficar mais claro, também o continuo usando. Não será no sentido de promover o universalismo (universalizar a terra) que a igreja incita e defende os sem-terra? Este universalismo não é o mesmo que o senhor prega?

Não, o universalismo que prego é a perfeita convivência com o Universo do jeito que ele está e não universalizar através da mudança da realidade ilusória.

Universalismo é dizer aos sem-terra que eles não possuem propriedades e precisam aprender a conviver com este fato com felicidade para que possam receber a glória de Deus. Com isso não estou incitando o fato de jamais possam ter, pois se isso estiver nos planos da encarnação, receberão de jeito ou de outro. Universalismo é não incitar a luta acusando outros de serem errados, pecadores ou diabo.

É por isso que disse que não é a mesma coisa... A igreja incita a luta – não estou falando que ela incite a violência, mas o lutar. Nosso Universalismo é diferente: propomos promover a reforma agrária não a partir da luta, mas através do exercício da fé, para que Deus possa, se for o caso, realizá-la. Mas, se isso não estiver nos planos da encarnação, também não terá mais importância, pois quem exercitou a fé já alcançou o maior bem que pode ter: sentir a glória de Deus derramando-se sobre ele.

Participante: É isso que estudamos em Paulo:exercitar a fé e deixar Deus agir...

Sim. É isso que estou querendo mostrar como resumo do que até aqui foi falado. Este é o ensinamento de Paulo, o apóstolo do cristianismo...

 Sei que estes ensinamentos podem ser considerados controversos à luz das idéias que s tem hoje. Na verdade os ensinamentos de Paulo são controversos, para o dia de hoje, mas não eram para Cisto e para os cristãos que seguiram o exemplo do mestre. Lembra-se dos que se entregavam à boca dos leões romanos como testemunho de sua fé?

Veja bem. Se Cristo quisesse fazer uma reforma agrária, ele assumiria o poder de Israel e expulsaria os romanos que estavam oprimindo o povo. Se Cristo quisesse acabar com as injustiças e a opressão, ele incitaria o povo de sua época a lutar contra os invasores. Mas, não foi isso que ele veio fazer...

Ele veio para dizer: não queira bem na terra, mas no céu. Isso quer dizer: não busque uma fazenda aqui, mas mantenha a sua felicidade porque ela será necessária para a outra vida que você tem para viver. A terra humana de nada vai valer quando se viver nos campos do céu.

Esse é o grande ensinamento de Deus trazido por Cristo e todos os mestres e que é perfeitamente traduzido aqui por Paulo. Por ser universal (fazer parte do fundamento do ensinamento de todos os mestres) isto é Real.

Por isso é preciso desmascarar os religiosos que estão prometendo bens materiais (satisfação de seus desejos atendidos) como resultado do exercício da fé. O que foi prometido a Abraão e a todos os seres humanizados foi o bem celeste (espiritual) que é o sentir a glória de Deus derramar-se sobre eles e não a satisfação individualista (prazer).

Muitos religiosos ensinam que se o ser humanizado for submisso a Deus ganhará casa própria, solução dos seus problemas, saúde, etc. Como podem fazer isso se todos os mestres vieram para dizer que nada disso tem valor para a existência eterna do ser? Todos foram uníssonos em dizer que a única coisa que salva (que pode levar o ser a sentir-se realmente feliz) é passar pela vida, pelas suas provações, pelos pedidos de sacrifício de Deus com fé.

Aplicando-se este ensinamento ao exemplo dos sem-terra, podemos dizer que Deus pediu um sacrifício àquele homem: viver sem terra. É o ato de vivenciar este sacrifício com fé que pode levá-lo à verdadeira felicidade e não a propriedade de um campo.

 Mas, para poder se exercer a fé é preciso lembrar-se de que Ele não faz isso porque quer, porque acha que este não presta, por castigo por atos anteriormente praticado: mas porque é o carma deste ser, por que ele pediu para vivenciar esta provação, por que este é o caminho daquele espírito para vivenciar a glória de Deus, o bem celeste.

Participante: Por outro lado, se tudo é Deus que faz, é Ele também que faz a igreja agi assim... Então, onde está o “errado”?

Não estou falando de errado. É claro que é Deus quem faz alguns membros da igreja ter este tipo de atitude, mas isto também é mais um carma.

Frente ao ensinamento deixado por Cristo como o mais importante para a elevação espiritual (amar a Deus sobre todas as coisas), existe na ação da igreja uma pergunta que o Pai faz aos seres humanizados que freqüentam esta religião: vocês amam mais a igreja, porque ela promete lhe dar felicidade material, ou continuará fiel à mensagem trazida pelo meu mensageiro e, com isso, provar o seu amor a Mim?

Lembre-se bem de tudo o que dissemos até aqui... Paulo nos fala em uma vida nova, onde estamos libertos das obrigações (Lei) – ter que dividir a terra igualitariamente, por exemplo. Mas, o preço desta liberdade é o exercício da fé com que se passa pelas situações da vida. Onde esta liberdade trazida por Cristo está presente na postura da igreja? E, se não está, como aquele que conhece os textos sagrados acredita no que lhe é ensinado?

Além disso, já estudamos a Bíblia quase toda e nunca encontramos nenhuma menção de Cristo exortando à divisão de bens materiais (estou até tirando o elemento terra para não ficarmos apegados a apenas um exemplo), de revoltar-se contra as injustiças, etc. Pelo contrário, o que encontramos foi ele dizendo: retire a trave do seu olho que lhe faz ver o cisco no dos outros.

A trave do olho é o egoísmo, o individualismo. É ele que distorce as verdades para elas estejam sempre submetidas aos nossos desejos individualistas. Por isso a pergunta que atribuímos a Deus como elemento de um carma, é pertinente: você vai seguir a igreja porque ela lhe propõe gozar o bem na Terra, ou se ligará a Mim, através dos Meus ensinamentos, e renegará a necessidade de possuir bens materiais para poder viver a felicidade que tenho prometido?

Em síntese o que Deus pergunta através da criação da ilusão da ação da igreja é: onde está a sua fé, no bispo ou em Deus? A ilusão de ação por parte de alguns integrantes da igreja faz parte do carma coletivo do planeta, como uma pergunta: você vai amar mais a igreja ou a Mim. Se os sem-terra vivenciam esta dúvida, este é o carma deles.

Mas, como já vimos, a ação que Deus comanda a um serve sempre para a criação do carma de outro. Sendo assim, existência de um sem-terra (ou de qualquer um carente) e a incitação por parte o ego do bispo para que ela defenda a luta como instrumento do fim da injustiça, também é carma.

Tal compreensão trata-se de uma pergunta de Deus àquele que está vivenciando temporariamente a personalidade de bispo: você vai amar a Mim através do amar incondicional a todos, ou me amará através da satisfação de suas verdades? Você continuará amando os seus “certos” ou buscará compreender a vida através dos ensinamentos que Eu passei através dos apóstolos e profetas?

Todos os egos são formados a partir de conceitos que premiam a busca pelo bem material, a satisfação ainda na Terra, como o mais importante. Por isso os ensinamentos dos mestres: eles visam mostrar que a vida carnal é uma existência temporal onde o ser universal realiza provações para a sua elevação espiritual e não uma realidade.

Veja o caso presente... Estamos discutindo a ação de seres que, dentro da visão humana estão corretas, pois elas premiam aquilo que vulgarmente se chama de bem comum. Mas, o que Paulo diz? Que Deus dá as carências como prova de fé..

Tal ensinamento não é levado em conta neste momento. Ele serviu apenas para Abraão, mas não serve para os sem-terra ou a qualquer um é pedido que o seu mais íntimo desejo seja sacrificado.

Será que é assim apenas porque Deus apareceu pessoalmente (isto é uma ilusão como já vimos) e falou diretamente com Abraão? Será que não dá para entender a essência do ensinamento e aplicá-la aos demais acontecimentos da vida de outros seres humanos?

Deus pediu a Abraão o seu bem mais precioso? Qual é o bem que o sem-terra mais valoriza? A terra. Qual o bem mais precioso que a igreja valoriza? O bem estar humano dos espíritos. Então, não haver bem-estar humano para um e não ter terra para outro, é o sacrifício que Deus está pedindo a um e a outro.

Volto a repetir: não estou criticando ninguém pela forma de agir e nem me apegando a um caso específico. O que estamos falando é apenas um alerta válido para qualquer intencionalidade de se defender elementos humanos das carências materiais. O que quero fazer não é criticar, mas mostrar a Realidade.

Nosso trabalho não é criticar a igreja, o cristianismo, o espiritismo ou qualquer outro grupo de seres humanizados, religiosos ou não. Nosso trabalho é mostrar a Realidade a parti da visão de Deus transmitida através dos ensinamentos dos seus enviados.

Então, não é critica. O que estou fazendo é simplesmente perguntar ao padre, ou a qualquer outro cristão que aja em defesa dos direitos humanos pela espada (crítica, acusação, incitação à violência), se eles entenderam os ensinamentos de Cristo e do apóstolo que mais compreendeu estes ensinamentos.

Cito agora diretamente os cristãos e não mais os das demais religiões, pois estes ensinamentos que estamos lendo, e que vocês disseram que é muito claro, fazem parte daquilo que eles dizem acreditar, no que dizem ter fé.

Será que os cristãos até hoje não entenderam quando Paulo diz que cada um é aceito pela fé, como Abraão, que sacrificou aquilo de mais importante, aquilo que mais queria? Por serem cristãos, será que vocês não deveriam ensinar isso àqueles que se sentem injustiçados ao invés de promover a discórdia?

Também não estou dizendo que não se pode ter ou que os certos são os latifundiários. O que estou falando, a partir a compreensão dos ensinamentos de Deus através de Paulo, é que cada um deve viver dentro das suas carências com fé em Deus. Se, em outro momento, esta carência for suprida, como Deus fez com Abraão lhe dando um filho, viva esta nova situação sabendo que foi um ato de Deus e que Ele pode retirar aquilo no momento que quiser. Isto é despossuir.

Quem imagina que está promovendo justiça tirando a propriedade privada de um para outro, não vê que continua incitando a posse que Cristo combateu. O mestre ensinou que devemos despossuir todos os bens materiais (doá-los aos pobres) porque sabia que tudo que existe é de propriedade de Deus. Há inclusive uma parábola onde ele afirma que somos filhos, morando na propriedade do Pai.

Portanto, o que precisamos acabar não é com a luta contra os latifundiários ou o apoio aos sem-terra. O que precisa terminar é a hipocrisia: dizer que faz movido por um amor, quando o ensinamento citado como gerador deste amor é exatamente contrário.

É exatamente por isso que Cristo chama os senhores lei (os que detinham o poder da religião de então) de hipócritas. Infelizmente até hoje eles não ouviram este ensinamento e continuam se proliferando.

Desculpe, fui severo demais. Alguns não ouviram, mas outros, como o próprio Paulo, que foi um professor da lei do Sinédio compreendeu e, a partir daí, dedicou a sua vida a proclamar a Verdade: a existência carnal é composta de provações que Deus pede aos seres humanizados para que através destes sacrifícios possam exercer a fé que os salvará.

A hipocrisia se consiste na intenção que existe ao se afirmar que serve a Deus comungando-se com a materialidade (com as leis humanas de justiça e bondade). Lembro àquele que acha que isso é possível o ensinamento de Cristo: não se pode servir a dois senhores ao mesmo tempo. Ou se serve a Deus transformando-se em instrumento para exemplificar a fé salvadora, ou se serve à materialidade, submetendo-se aos códigos de “certo e errado” da humanidade.

Como diz ainda Cristo: quem quer servir aos dois certamente desagradará a um ou a outro em determinados momentos.

A lei e a fé - Carta aos romanos

Adão e Cristo

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O pecado entrou no mundo por meio de um só homem e o pecado trouxe a morte. (Capítulo 5 - versículo 12)

Só para relembrar, anteriormente tínhamos definido o termo pecado como o individualismo, o culto ao ego, a si mesmo. Isso é um pecado e não determinadas atitudes.

Este pecado entrou no mundo através de um só homem: de Adão. Na verdade é através da história de Adão e Eva, já que esses personagens são fictícios.

NOTA: Anteriormente o amigo espiritual havia dito que a história de Adão e Eva representa a primeira encarnação dos espíritos. Nessa primeira prova, a obediência a Deus já está em provação.

O pecado leva à morte. Ou seja, o individualismo leva à morte. Morte não no sentido de perda desta vida, mas sim de vivenciar sofrimento (sofrer).

Resumindo, o ensinamento de Paulo nos afirma que viver em pecado (aprisionado ao egoísmo gerado pelo ego) prende o ser ao ciclo de encarnações, ao nascer e morrer. Quem vivencia o individualismo está preso ao ciclo de encarnações (sansara).

Assim a morte se espalhou por toda a raça humana porque todos pecaram. Antes que as criaturas humanas recebessem a Lei, já existia o pecado no mundo. (Capítulo 5 – versículos 12 e 13)

O pecado já existia antes da Lei, ou seja, o individualismo já existia na vida carnal antes da lei de Moisés.

Mas para Deus é como se o pecado não tivesse sido cometido. Porém, desde o tempo de Adão até Moisés, a morte dominou todas as criaturas humanas, mesmo as que não pecaram como Adão pecou, quando desobedeceu à ordem de Deus. (Capítulo 5 – versículo 14).

Segundo Paulo, até Moisés o círculo de reencarnações era cumprido por todos os espíritos que vivem no orbe terrestre. Ou seja, ate a vinda de Moisés, nenhum espírito havia se libertado do círculo de encarnações.

Adão era a figura daquele que havia de vir. (Capítulo 5 – versículo 14).

Participante: O que quer dizer isso?

O ego humanizado, ou seja, o criador de realidades formado a partir do egoísmo era o único presente no orbe terrestre.

Mas o presente que Deus nos dá não é como o pecado de Adão. Pois muitos morreram por causa do pecado de um só homem. Mas a graça de Deus é muito maior, e ele dá a salvação gratuitamente a muito mais gente, por meio do amor de um só homem – Jesus Cristo. (Capítulo 5 – versículo 15).

Muitos morreram (sofreram) por causa de suas encarnações Adão (existência material vivenciada no egoísmo), mas Deus dá a Sua graça (estado de espírito de felicidade universal) para aquele que vivencia a encarnação com a mesma postura sentimental (amor incondicional) que esteve presente na encarnação Jesus Cristo.

A ação amorosa que a encarnação Jesus Cristo ensinou dá a vida. O individualismo que as encarnações Adão ensinaram, leva à morte.

Se antes dissemos que o ser entrou no ciclo de encarnações por meio da morte (do sofrimento de Adão), podemos agora afirmar que o renascer para a vida que a encarnação Jesus Cristo ensinou, é a saída deste mesmo ciclo. Ou seja, leva à ressurreição, que, aliás, é o tema desta carta de Paulo desde o início.

Participante: O que ele quer dizer quando afirma que muitos morreram por causa do pecado de um só homem. Está se referindo ao Adão?

É a história do pecado original. Todos entraram no ciclo de encarnação por causa do mesmo pecado que foi cometido na primeira encarnação (existência Adão): comer do fruto do conhecimento (ter saber) para que este lhe abra os olhos e, com isso, imagine-se capaz de assumir o lugar de Deus, podendo julgar o bem e o mau das coisas do mundo.

E existe uma diferença entre o que Deus dá e o pecado de um só homem. Porque, no caso do pecado, a condenação veio por causa de um só pecado. Porém, no caso da salvação, Deus aceita de graça os que têm cometidos muitos pecados. (Capítulo 5 – versículo 16)

O pecado vem só de um ponto: o individualismo, a vontade de ganhar, aplicando valores individuais às coisas. Este é o pecado e todo sofrimento surge daí.

Já a salvação vem da ação amorosa e esta tem múltiplas faces: doação da verdade, da razão, de coisas materiais, das intenções, da vivência dos sacrifícios com felicidade, etc. Muitos são os caminhos que podem levar ao Pai.

É isso que Paulo está ensinando.

É verdade que, por causa de um só homem e por meio do seu pecado, a morte começou a dominar a raça humana. (Capítulo 5 – versículo 17).

O ciclo de encarnações dominou os espíritos que vivem junto ao orbe terrestre por causa da submissão aos desejos individualistas gerados pelo ego.

NOTA: A submissão ao ego citada nesta frase pode ser comparada ao fato bíblico de Eva ter aceito à maçã. O ego (cobra) tenta o ser universal humanizado e este aceita.

Participante: Na verdade Paulo escreveu tudo isso porque ele imaginava que Adão fosse uma figura real e tivesse iniciado toda a humanidade, não?

Sim.

Participante: Então, não se pode levar os ensinamentos dele ao pé da letra, não é mesmo?

Sim e por isso estamos interpretando as palavras de Paulo para os dias de hoje.

Mas o resultado do que é feito por um só homem, Jesus Cristo, é muito maior! E todos aqueles que Deus aceita e que recebem como presente a sua imensa graça, reinarão na nova vida, por meio de Cristo. (Capítulo 5 – versículo 17).

Paulo está dizendo que um homem fez (Adão) gerou o pecado e outro que gerou a salvação (Jesus Cristo). Mas, com os conhecimentos que dispomos hoje podemos entender a afirmação de Paulo como sendo: uma só encarnação pode acabar com o ciclo de encarnações de um ser universal.

Para isso é preciso apenas que ele vivencie a sua existência como foi ensinado através da encarnação Jesus Cristo. É por isso que o mestre ensina: “eu sou o caminho, a verdade e a vida”.

Na verdade, para que a elevação espiritual seja alcançada, não é necessário que toda coletividade espiritual deste orbe se mude. Se cada um modifica o seu padrão sentimental, para ele nasce um mundo e, com isso, auxilia o próximo na salvação.

Portanto, assim como um pecado condenou todos os seres humanos, assim também um ato de salvação libertou todos e lhes deu vida. (Capítulo 5 – versículo 18).

Enquanto as encarnações Adão são vivenciadas no egoísmo e por isso existe a premissa de que se pode julgar a todos através de leis individualistas, as encarnações Jesus Cristo são aquelas que contemplam a prática do amor universal. Nestas, o desejo de julgar o próximo é reprimido pelo através do amor a Deus acima de todas as coisas e com isso se ama ao próximo como a si mesmo.

E assim como os seres humanos se tornaram pecadores por causa da desobediência de um só homem, assim também serão aceitos por Deus por causa da obediência de um só homem. (Capítulo 5 – versículo 19).

Assim como a roda de encarnações começou por causa da submissão ao ego humanizado em uma existência carnal, ela poderá ser extinta também em uma única encarnação: basta, para tanto, viver a vida dentro dos parâmetros sentimentais da existência Jesus Cristo.

A Lei veio para aumentar o mal. Mas onde aumentou o pecado, a graça de Deus aumentou muito mais ainda. (Capítulo 5 – versículo 20).

“A Lei veio para aumentar o mau”, ou seja, os códigos de padronização do bem e mau, vieram para aumentar a justificativa da necessidade de se julgar.

Se o pecado é o individualismo e se a Lei é o que transforma a ação em boa ou má, podemos dizer que ela é a regra utilizada para dar vazão ao egoísmo. Por isso Paulo está afirmando que a lei veio trazer o mau, contribuiu para que o egoísmo fosse usado.

Repare que antes de Moisés matar não era pecado, adulterar também não. Mas, a Lei de Moisés valorizou negativamente estes atos que o ser humano praticava dizendo que eram maus Por isso, Paulo diz que este código gerou o mau, pois diferenciou o certo do errado.

Este é um pensamento que vale não somente para as leis de Moisés, mas também para qualquer código de normas societário utilizado pela humanidade. Estes códigos dão valores a atividades que já eram praticadas anteriormente – não existe lei que não regule uma atividade que ainda não tenha sido exercida – atribuindo o “certo” ou “errado” para o que era normal ser feito.

Participante: Mas, a lei de Moisés, supostamente, foi dada pelo próprio Deus...

Sim, mas o real sentido dela esteve oculto até Cristo proferi-lo: o amor ao próximo e a Deus. A Lei de Moisés diz não mate, mas o sentido dado por Cristo é: não mate o próximo se você quer estar vivo (amor ao próximo como a si mesmo) e não critique ninguém por causa do amor que você tem por Deus, que está acima de qualquer acontecimento da vida.

Mas, o ser humanizado interpretou a lei através da letra fria e não praticou o amor ao próximo e a Deus. Por causa disso a utilizou para julgar as ações dos demais seres humanizados.

 

Portanto, assim como o pecado dominou e trouxe a morte, assim também a graça de Deus, dominando por meio do seu poder salvador, nos traz a vida eterna, que é nossa por meio de Jesus Cristo, o nosso Senhor. (Capítulo 5 – versículo 21).

Paulo diz que a graça de Deus, por meio do seu poder salvador, é que traz a vida eterna. Qual é o poder salvador de Deus? O amor universal...

Na hora que o ser humanizado relaciona-se com o mundo (acontecimentos) através do amor universal, ganha a vida eterna. Na hora que vive no pecado, no individualismo, vivencia o pecado e, por isso, encontra a morte (a necessidade de reencarnar).

A lei e a fé - Carta aos romanos

A nova vida em Cristo

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Portanto, o que vamos dizer? Que devemos continuar a viver no pecado ara que a graça de Deus cresça ainda mais? É claro que não! Já morremos para o pecado; então, como podemos continuar vivendo nele? Com certeza vocês sabem que, quando fomos batizados para ficarmos unidos com Cristo Jesus, fomos batizados para ficarmos unidos também com a sua morte. (Capítulo 6 – versículos 1 à 3).

Eis aí um grande alerta para os cristãos...

Paulo está dizendo que aqueles que foram batizados para ficarem unidos com Cristo (aceitaram os ensinamentos deste mestre e se dizem cristãos) devem participar não só de sua glória terrena, mas também de sua morte. Ou seja, devem transformar a existência carnal como um trabalho incessante para atingir a ressurreição. Mas, para isso, assim como Cristo, devem morrer para o pecado.

Não há como comungar com Cisto (dizer-se cristão) e vivenciar a vida carnal priorizando ao mesmo tempo a possessão sobre os bens materiais e a busca do prazer individualista. Por não comungar com isso é que Paulo diz que já “morreu para o pecado” e exorta a todos que realmente se digam seguidores de Cristo a fazer o mesmo.

Aquele que realmente pode se dizer cristão é quem busca não depender da satisfação de seus desejos, que são oriundos de suas paixões e posses, para ser feliz.

Mas, isso não vale apenas para os cristãos. Aquele que realmente pode se dizer mulçumano é quem busca seguir à risca, mesmo em detrimento da felicidade material, os ensinamentos do Anjo Gabriel a Maomé, assim como o verdadeiro hindu é quem faz a mesma coisa com os ensinamentos de Krishna.

Assim, quando fomos batizados, fomos enterrados com ele por termos morrido junto com ele. (Capítulo 6 – versículo 4).

Quando o ser humanizado se liga a Cristo (diz-se seguidor dos ensinamentos do mestre, cristão), morre junto com ele para os bens materiais e, assim como ele nunca dependeu dos acontecimentos da vida carnal para ser feliz, o verdadeiro cristão também deve viver dessa forma. É esse o sentido de ser enterrado com ele: viver a vida carnal com o objetivo de alcançar a glória espiritual.

Jesus Cristo viveu o tempo inteiro para a vida futura e não para essa. Então, quando Paulo diz que o seguidor do mestre deve ser enterrado com ele, fala que o cristão deve eliminar a vivência dos acontecimentos da existência material objetivando o retorno nesta vida, esperando o bem material (prazer). Mas, não é assim que os seres humanizados vivem.

A maioria se diz seguidor dos ensinamentos do mestre (religioso), mas, quando chega na hora de dar o testemunho de sua crença, premiam a busca do prazer. Ou seja, seguem os ensinamentos, desde que estes não firam os seus interesses mundanos.

O verdadeiro religioso é aquele que prioriza a busca do bem celeste (a vivência do amor universal), mesmo nos momentos onde seus desejos, paixões e possessões são feridos por alguém. Quando alguém vê o seu desejo agredido por outro, mas recusa-se a sofrer por isso (não julga, acusa ou critica), dá o testemunho público de sua submissão aos ensinamentos de Cristo, pois comunga com o mestre dos mesmos ideais.

Por isso Cristo ensina: “A todos que afirmarem publicamente que são meus, eu farei o mesmo por eles diante do meu Pai que está no céu. Mas os que negarem pubicamente que são meus, eu também os negarei diante do meu Pai que está n céu”. (Mateus, capítulo 10, versículos 32 e 33).

E isso para que, como Cristo foi ressuscitado pelo poder glorioso do Pai, assim também nós vivamos uma vida nova. (Capítulo 6 – versículo 4).

É preciso que, assim como Cristo, o ser humanizado que siga os ensinamentos cristãos, sinta-se morto para esta vida. Ou seja, liberte-se do ego (personagem humano) como sendo ele próprio e não viva mais para satisfazer a vida carnal, para o prazer. Só assim o ser humanizado poderá viver uma nova vida.

Neste ensinamento de Paulo está sendo abordada a questão do renascimento proposto por Cristo. O mestre ensina que é preciso se nascer de novo para ver o reino do céu. Mas o que não foi compreendido e nem mostrado pelos professores da lei é que para que haja um renascimento, primeiro precisa acontecer uma morte.

Que renascimento pode acontecer para quem não morreu? Então, é preciso matar um (o ser humano), para que você, o espírito, renasça para uma nova vida em comunhão com Deus, através de Cristo.

Pois, se fomos unidos com ele por uma morte igual à dele, também seremos unidos com ele por meio de uma ressurreição igual à dele. (Capítulo 6 – versículo 5).

É exatamente disso que estamos tratando aqui: da necessidade de se viver como o mestre viveu para atingir o resultado que ele atingiu depois da sua encarnação...

Porque sabemos que a nossa velha natureza pecadora já foi morta com Cristo na cruz para que fosse destruída, e assim não fôssemos mais escravos do pecado. (Capítulo 6 – versículo 6).

Trata-se aqui do exemplo deixado por Cristo. Ele matou o ser humano, ou seja, não brigou pelo seu prazer, satisfação e vontade, mesmo tendo uma vida pontilhada por difamações e calúnias.

A partir deste exemplo que culminou na glória da ressurreição, Paulo afirma que a natureza humana de Cristo foi morta na cruz, pois quando alcançou a ressurreição naquele momento, acabou com a necessidade de reencarnação para provas.

No caso do mestre não se tratava de uma encarnação para provas, mas como missão, como um exemplo de como se atinge a elevação espiritual: matando a natureza humana à qual cada ser universal está ligado durante uma encarnação...

Pois quem morre fica livre do poder do pecado. Se já morremos com Cristo, cremos que também viveremos com ele. (Capítulo 6 – versículos 7 e 8).

Viveremos com ele na glória eterna...

Sabemos que Cristo foi ressuscitado e nunca mais morrerá, pois a morte não tem mais poder sobre ele. (Capítulo 6 – versículo 9).

Não mais entrará no círculo de encarnações para provas e expiações.

A sua morte foi uma morte para o pecado e valeu de uma vez para sempre. E a vida que ele agora vive é uma vida para Deus. (Capítulo 6 – versículo 10).

A morte de Cristo que serve como lição para acabar com os pecados não é a física, mas a do individualismo. Quando esta morte é alcançada, o ser, então, pode viver exclusivamente para o seu relacionamento com o Pai.

A morte para o pecado, para o individualismo, o fim do eu, quando alcançada no coração, é eterna e acaba com o ciclo de encarnações para provas e expiações.

Assim também vocês devem considerar-se como mortos para o pecado, mas vivos para Deus, por estarem unidos com Cristo Jesus. (Capítulo 6 – versículo 11).

Aqueles que querem seguir Cristo precisam se considerar morto para o pecado (a prisão às posses, paixões e desejos), ou seja, não ter ações com intencionalidades individualistas. Estes, apesar de mortos, estarão vivos para Deus, para o Universo.

Todos que morreram como Cristo (morto para as coisas materiais), vivem só para Deus e não para si.

Portanto, que o pecado não domine os seus corpos mortais, fazendo que vocês obedeçam aos desejos da natureza humana. (Capítulo 6 – versículo 12).

Não é isso que estamos falando? O desejo da natureza humana é aquilo que leva o ser humano a buscar o prazer.

Participante: Se está tão claro, porque até hoje não foi entendido o que o senhor está falando?

Não vou dizer que nunca tenha sido: um dia já foi. Na época que os cristãos se entregavam para serem alvos da perseguição romana e em outros momentos onde a fé foi testada ao longo da história, estes ensinamentos eram compreendidos como estamos falando agora. Além disso, isoladamente, muitos deram o testemunho daquilo que estamos falando.

Mas, de um modo geral, esta interpretação foi esquecida para que a religião pudesse ser mais branda com os costumes da sociedade e, com isso, manter os fiéis.

Pergunta: Não estou falando apenas com relação à igreja. Pergunto a respeito da humanidade como um todo...

Da mesma forma... Grandes grupos já tiveram esta consciência, mas hoje ela está na minoria. Isto porque a humanidade, em sua grande maioria, com o advento da industrialização, entregou-se ao prazer do eu.

Para estes, a vida eterna ficou em segundo plano. Eles não se preocupam com o amanhã pós desencarne e deixam para ver o que irão fazer a respeito disso depois da morte.

Mas, não espere que o que estamos conversando aqui sirva para mudar a humanidade como um todo: isso é utopia. Esta nova forma de ver e entender a vida alcançará apenas uma minoria e não todos.

As pessoas estão vivendo há mais de mil anos a parti do eu e, por isso, ainda continuarão sem ter a compreensão que estamos tendo aqui por muito mais tempo. Por causa deste hábito de viver a existência carnal buscando o prazer, muitos deverão permanecer por mais algum tempo presos a esta forma de viver, pois poucos estão realmente dispostos a abrir mão da busca da felicidade material, que é o que compõe a natureza humana.

Além disso, é preciso ter fé em Deus, artigo em falta nos dias de hoje. A compreensão da necessidade do renascimento através do abandono da necessidade de ter prazer nesta vida, só pode ser conseguida através da fé em Deus.

E também não entreguem ao pecado nenhuma parte do corpo de vocês a fim de ser usada para o mal. (Capítulo 6 – versículo 13).

Principalmente a mente... Mas, tem outras partes que você não deve entregar, como a orelha, que precisa de determinado brinco para estar bonita, a boca, que precisa de um batom, etc.

Ao contrário, entreguem-se a Deus como pessoas que foram trazidas da morte para a vida; entreguem-se completamente a ele a fim de serem usados para fazer o que é bom. (Capítulo 6 - versículo 13).

Participante: Não entendi...

Se aplicarmos tudo o que vimos até agora, o texto fica claro... Não entregue nenhuma das suas partes ao prazer, mas ao contrário, entregue sua mente e todo resto do corpo a Deus e deixe tudo isso ser usado por Ele.

Esta entrega é fruto da consciência de que Deus utiliza os corpos e as mentes dos seres humanizados para a realização dos Seus desígnios, ou seja, para promover a roda do carma de todos os espíritos encarnados. Isto fica bem claro com este texto do Espírito da Verdade: “Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta”. (O Livro dos Espíritos – pergunta 132).

Só na hora que o ser humano ao qual o espírito se liga naquilo que é chamado de encarnação compreender que é o instrumento de Deus para a obra geral, ou seja, o elemento que servirá de instrumento carmático para os seres universais, ele compreenderá o que Paulo está dizendo.

Ninguém precisa conhecer nada nem julgar se as coisas o mundo (pessoas, acontecimentos e objetos) estão certas ou erradas, se são boas ou más, mas simplesmente viver a glória de Deus em todas elas. É por isso que Cristo diz: venha para mim que meu jugo é leve.

Ninguém precisa carregar o peso de ser juiz do mundo, de consertar a raça humana. A única coisa que os seres humanos precisam vivenciar é mudança para Deus (o abandono do saber, ser e ter), não importa qual seja o acontecimento ou momento.

Não há leis que tenham que ser decoradas e/ou compreendidas, ciência para saber, muita coisa para pensar, ao contrário: o ser humanizado precisa se libertar do fruto do conhecimento (saber) para poder fechar os olhos e devolver a Deus o direito de “julgar” o mundo...

Que o pecado não os domine, pois vocês não vivem debaixo da Lei, mas debaixo da graça de Deus.

Ou seja, seus atos não são julgados por um código de normas (lei), já que tudo o que qualquer um pode fazer como atitude é formado primariamente pela ação amorosa de Deus, a graça Dele.

A lei e a fé - Carta aos romanos

Escravos de Deus

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E daí? Será que temo o direito de pecar porque não estamos debaixo da Lei, mas debaixo da graça de Deus? (Capítulo 6 – versículo 15).

Pecar dentro do sentido que até utilizamos para este termo: participar de ações com intencionalidade individualista. Não confundir pecado com ações praticadas que firam os códigos de moral da religião.

Assim sendo, Paulo pergunta: será que, por estarmos libertos do jugo da lei (da obrigação de cumpri-la), podemos ser individualistas?

De jeito nenhum! Porque vocês sabem muito bem que, quando se entregam como escravos para obedecerem a uma pessoa, são de fato escravos dela. Portanto, vocês podem obedecerem ao pecado, que produz morte, ou podem obedecer a Deus e ser aceitos por ele. (Capítulo 6 - versículos 15 e 16).

Nós já havíamos estudado ensinamento semelhante no Bhagavad Gita. Trata-se da questão de libertar-se da intencionalidade e não da prática de determinados atos.

O Bhagavad Gita foi um grande mestre neste sentido, pois lá Krishna (o Cristo dos hindus, o mestre), insiste com o seu discípulo (Arjuna) que, em louvor a Deus, ele deveria participar de uma guerra, mesmo sabendo que iria matar seus próprios parentes. É aí que o Bendito Senhor diz a ele: lute, mate, mas contenha a sua intenção, a sua vontade.

Encontrando agora esta mesma informação em Paulo, podemos, então, afirmar que todos os mestres são uníssonos: acabe com as intenções e não se preocupe com as ações.

Não importa o que você faça, saiba que é Deus que está utilizando seu corpo e mente para a prática do ato. Preocupe-se apenas em manter a neutralidade, ou seja, não ter opiniões sobre o que está acontecendo nem esperar nada como recompensa ou pena.

Quando vivencia o ser humanizado vivencia os acontecimentos de sua vida desta forma, torna-se escravo de Deus, pois faz o que lhe é mandado sem contestações ou sem querer levar alguma vantagem. Agora, se ao contrário, ele se torna escravo do pecado, acreditará nas motivações e compreensões que o ego dirá que é a realidade que está sendo vivenciada.

Mas, damos graças a Deus porque vocês que antes eram escravos do pecado, agora já obedecem de todo coração às verdades que estão nos ensinando. Vocês foram libertados do pecado e se tornaram escravos de Deus para fazerem o que ele quer. (Capítulo 6 – versículo 17 e 18).

Aqueles que conseguem compreender a necessidade da libertação do ego colocam-se conscientemente à disposição de Deus. Com isso, elimina-se toda intencionalidade.

O ser humano, a consciência à qual o espírito se liga na encarnação, foi criada para fazer o que Deus quer e não o que ela quer. É isso que diz o Espírito da Verdade no texto que já lemos: “a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus”. O espírito toma corpo para, do ponto de vista da obra geral, e não do individual, cumprir as ordens de Deus e não para fazer o que ele quer.

Isso é Realidade, mas não para os seres humanos. Eles imaginam, mesmo aqueles que acreditam na reencarnação, que, depois de encarnarem, são autônomos do Senhor e podem praticar o que eles querem. Engano desmentido pelo próprio Espírito da Verdade, o mestre dos espíritas.

Portanto, problema não é o que cada um faz, já que este fazer é a obra geral comandada por Deus, mas a intencionalidade que se coloca quando se participa daquilo que o Senhor faz. O ser universal encarnado ao se libertar do individualismo não irá fazer o que quer, (viver a vida que deseja viver), mas vivenciará a criação de Deus sem intencionalidades.

Ele continuará fazendo a mesma coisa de sempre e sendo a mesma pessoa. Por isso já disse aqui muitas vezes quando alguém vem falar comigo sobre suas ações: eu não me preocupo com o que vocês fazem.

Isso porque tenho a consciência de que todas as ações que vocês participam são frutos dos desígnios de Deus e a parte de cada um na obra geral. Sei também que vocês jamais poderão mudar-se, porque nasceram para ser exatamente quem são e para participarem destas ações.

Compreendam: cada um nasce com uma determinada natureza e Deus a utiliza para gerar o carma dos outros.

Estamos falando de índole. Cada um possui uma índole específica que é necessária para Deus como elemento a ser utilizado na obra geral. Por isso vocês são assim. Ele, então, explorará a natureza, a personalidade de cada um, para criar a ação carmática que o outro precisa e merece.

Se você, por exemplo, é irascível e não consegue segurar a língua dentro da boca, Deus utilizará isso e lhe fará participar de ações onde o outro precise, como carma, de receber tal atitude. Mas porque determinado espírito vem com esta índole? Porque este é o gênero da prova que ele, na sua consciência espiritual, pediu antes da encarnação.

Por isso o Espírito da Verdade afirma que cada um contribui com a obra geral, mas também se adianta, quando compreende a Realidade do Universo. Aquele que sabe que não é irascível, mas que está para deixar de ser, pratica atos que espelhem sua ira, mas não come os frutos dessa ação: tem prazer em ser ou dor por ser.

Portanto, o problema não são os atos (brigar motivado pela raiva), pois a briga faz parte da obra geral. O problema é se sentir prazer ou culpa por causa disso. Isso, com relação à elevação espiritual, é que é o problema.

Participante: O senhor falou de índole como algo fixo, que é único desde o nascimento. Acontece que existem algumas pessoas que alteram o seu padrão comportamental ao longo do tempo. Como fica isso?

Deus mudou o trabalho daquele ser para a obra geral. Ou seja, Ele alterou a índole para que este ser se adaptasse a novos desafios. Mas, isso não acontece ao acaso...

Lembre-se que Deus é Onisciente, ou seja, sabe de tudo. Sendo assim, ele já sabia que sua índole, em determinado momento seria alterada. Sendo assim não houve, na verdade, uma alteração, mas o mesmo planejamento continuou sendo executado.

Participante: Nós podemos nos libertar de nossa índole?

É impossível se livrar dela, ou seja, deixar de ser quem é. O que pode ser realizado é a libertação da alimentação dos frutos dela. Deixe-me explicar.

Vamos dizer que você veio como crítica. Esta é a sua índole e Deus a usará. Seria impossível você se alterar, pois a sua encarnação interage com as demais e, se você mudasse sem que isso estivesse previamente traçado, alteraria também a encarnação de outros.

Portanto, por uma questão de interdependência entre as encarnações (obra geral e não particular) seu modo de agir motivado pela sua índole não pode mudar. Só que, quando você voltar-se para Deus e abandonar as intencionalidades individualistas que dão valor aos acontecimentos, não sentirá mais prazer ou dor por ser do jeito que é.

Pode, ainda, como já disse, se estiver pré-programado, mudar a sua personalidade, mas cada ser humanizado terá sempre uma natureza, uma índole, com a qual vivenciará inconscientemente durante os acontecimentos da vida. Jamais o ser humanizado se transformará deixando de ser o que é e passando a ser um santo (praticando atos considerados bons) como fruto de sua reforma íntima.

Alem do mais, se libertar da índole ou não (mudar sua forma de agir), deixa de ser o primordial para quem entende o ensinamento. A libertação da índole só é importante para aquele que julga atos, que quer ser outra pessoa.

Quem entende bem os ensinamentos sabe que o problema não é a índole, mas o fruto dela: o prazer e a dor surgidos na convivência com ela. O problema é querer gozar o fruto positivo (‘briguei mesmo, ele merecia, pois não presta’) ou negativo (‘eu não presto, porque fui fazer aquilo’) da sua índole.

A índole, por exemplo, é fundamentada na cobiça. Se, motivada por ela, Deus fizer a obra geral lhe dar posses materiais e você querer gozar isto, nada terá realizado. Do mesmo jeito, se sofrer por que não tem o que cobiça, nada terá realizado.

Agora, se mesmo querendo, possuindo ou não, você mantiver uma postura sentimental equânime, terá alcançado a liberdade do ego e terá saído do pecado que Paulo fala.

Falo com palavras bem simples por causa da fraqueza de vocês. No passado vocês se entregaram inteiramente como escravos da impureza e da maldade para servirem o mal. Agora, entreguem-se como escravos de Deus para viverem uma vida de santidade. (Capítulo 6 – versículo 19).

Vocês não se entregaram até hoje àquilo que a sociedade diz que é certo ser feito? Entreguem-se agora da mesma forma, com a mesma intensidade, àquilo que o apóstolo Paulo ensina...

Vocês nunca raciocinaram a entrega àquilo que a sociedade diz que é certo fazer - andar na moda, praticar as boas ações, seguir as normas de higiene e comportamento, etc. Simplesmente se entregaram...

Agora aja da mesma forma com os ensinamentos de Paulo: se entregue sem questionar. É para a mesma entrega que vocês já fazem que o apóstolo está chamando A única diferença é o alvo da entrega: ao invés de entregar-se aos padrões humanos, entregue à glória de Deus...

Não procure saber como, onde e quando se entregar: simplesmente se entregue...

Para isso vocês precisarão ter o mesmo carinho, atenção e zelo que sempre tiveram no relacionamento com as coisas materiais com o seu relacionamento com Deus.

Quando vocês eram escravos do pecado, não faziam a vontade de Deus. Porém, o que é que vocês receberam de bom quando faziam aquelas coisas de que agora se envergonham? Pois o resultado de tudo aquilo é a morte. Mas agora vocês foram libertados do pecado e são escravos de Deus. Por isso a vida de vocês está completamente dedicada a ele, e como resultado terão a vida eterna. (Capítulo 6 – versículos 20 à 22).

Aqueles que tiverem o zelo na sua relação com Deus receberão a vida eterna... Aqueles que zelarem por sua relação com as coisas da vida seguindo os padrões do mundo, terão que reencarnar e, por isso, as suas vidas (existências) serão sempre vivenciadas no nascer e morrer.

Porque o salário do pecado é a morte, mas o presente de Deus é a vida eterna para quem está unido com Cristo Jesus, o nosso Senhor.

Eu acho que esta deveria ser uma frase a ser bem guardada na consciência de cada ser humanizado: o salário do pecado é a morte.

Salário é a retribuição que cada um recebe por um esforço. Utilizando-se este entendimento, Paulo nos afirma que a retribuição que cada ser universal tem pela sua dedicação aos padrões humanos de certo e errado é a morte, a permanência na roda de encarnações.

Essa é a retribuição, a única coisa que cada um ganha ao se dedicar ao eu. Todo resto que ele acha que ganha (o prazer, as coisas materiais), fica na consciência humana e perde-se com a volta à consciência espiritual.

A real recompensa do espírito que se entrega ao eu é o ciclo de encarnação: nascer e morrer constantemente até que um dia conscientize –se da Realidade e renuncie ao pecado vivendo para, com e em Deus.

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O exemplo do casamento

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Meus irmãos, vocês todos podem compreender muito bem o que vou dizer, pois conhecem a lei. A li só tem poder sobre uma pessoa enquanto essa pessoa vive. Por exemplo, a mulher casada está ligada pela lei ao marido enquanto ele vive; mas, se ele morrer, ela está livre da lei que a liga ao marido. (Capítulo 7 – versículos 1 e 2).

Ou seja, os códigos de normas humanos só valem para o mundo carnal e não para o espiritual. Mesmo aqueles elementos que são considerados como santificados (por exemplo, o casamento), não possuem qualquer relevância para a existência real.

Falando agora especificamente sobre o matrimônio, que é tão decantado como exemplo de santidade pelas religiões, esta união não tem valor para a existência eterna do espírito. Ela só tem algum valor durante a vida carnal; depois não.

Essa união não é eterna: ela só vale para o aqui e agora (esta encarnação e enquanto durar a relação). Assim que um dos dois fechar os olhos, acabou o casamento.

Pergunta: As uniões não duram depois da morte?

Para quê? Que serventia teria esta união na eternidade espiritual?

O casamento não tem valor para os espíritos, a não ser para aqueles que ainda estão presos no eu. Estes, mesmo sem carne, ainda são seres humanos e, portanto, precisam da união para viver o prazer...

Se assim o é, para quem renasce do espírito ainda em vida, essa união, como entendida pelos conceitos humanos, acaba.

Deixe-me fazer uma pergunta àqueles que defendem a santidade desta relação.Vocês já nasceram e viveram muitas vidas. Já casaram com espíritos que em outra encarnação foram pais, mães, etc. E aí?

Vocês já viveram mil vidas e durante elas tiveram centenas de espíritos que serviram como maridos e esposas... Qual deles é o seu marido ou esposa espiritual? Nenhum deles, pois todos são irmãos universais...

Mas, tenho outra pergunta a fazer: qual o objetivo de saber disso? Por que é importante conhecer esta Realidade?

Digo isso porque não adianta apenas estudarmos uma coisa sem sabermos como aplicar o ensinamento à existência material. Isso seria o mesmo que o apego à letra fria que Cristo condenou...

Continuemos ouvindo Paulo para compreender.

De modo que, se ela viver com outro homem, enquanto o marido estiver vivo, será chamada de adúltera. Mas, se o marido morrer, ela estará legalmente livre e não cometerá adultério se casar com outro homem. É o que acontece com vocês, meus irmãos. Do ponto de vista da Lei, vocês também já morreram porque são parte do corpo de Cristo. E agora pertencem a ele que foi ressuscitado para podermos viver vidas úteis para Deus. (Capítulo 7 – versículos 3 e 4).

O exemplo usado por Paulo neste capítulo (casamento) é simplesmente para não dizer diretamente: qualquer lei firmada sobre valores humanos, só vale para aquele que está preso a estes valores...

Outro exemplo: o mandamento que diz não matar... Ele só vale para aquele que está preso no eu, que acredita na existência carnal como vida. Para aquele que está vivendo com Deus e com Cristo, não há o menor problema matar ou morrer. Para aquele que alcançou o renascimento durante e encarnação, não existe o valor que o ser humano dá às coisas.

A lei é uma criação humana para defender o que ele supervaloriza. Qualquer código de normas tem este finalidade, mesmo aqueles que são considerados como religiosos. Observe a lei de Moisés (s Dez Mandamentos e demais enunciados bíblicos) e entenderá que ela foi criada para defender aquilo que o ser humano supervaloriza: a vida, o bem pessoal, as suas propriedades particulares...

As leis não surgem ao acaso. Elas são criadas para defender determinados interesses.

Não matarás... Qual o objetivo dessa lei para quem se apega a ela sem a consciência amorosa? Defender a vida carnal... Quem valoriza essa vida? O ser humano...

Não roubarás... Qual o objetivo desta norma? Defender os bens materiais. A lei de Moisés preocupa-se em defender os valores humanos e não os espirituais. Mas, o espírito não supervaloriza estes elementos.

Participante: Mas, não foi o próprio Deus quem ditou a lei?

Sim, mas já respondemos isso...

Foi Deus quem ditou a lei, mas Cristo deu o real sentido dela: um teste para a consciência amorosa. Quem se apega à letra fria da lei irá julgar a tudo, mas quem tem a consciência amorosa, mesmo que conheça a lei, não se apegará ao seu texto, pois o amor é maior do que tudo.

Participante: Então Deus primeiro dá a lei para só depois Cristo ir explicá-la... Por que isso?

Não sei lhe dizer... Teríamos que perguntar diretamente a Deus...

O que posso lhe dizer é que foi assim que aconteceu e tudo que ocorre é a obra geral criada por Deus. Esta obra não acontece de uma só vez, mas sim em etapas, atendendo a evolução da coletividade espiritual que habita um orbe num determinado momento.

Repare que, como já vimos no exemplo do Abraão, naquele tempo não havia lei; depois Moisés a trouxe e só muitos anos após Cristo deu o real sentido dela. Por que isso? Não sei. Mas deu uma coisa tenho certeza o povo de Moisés não estava pronto para aprender o amor que Cristo ensinou...

Digo isso porque foi só Moisés se afastar do acampamento uma noite e quando ele volta o povo já estava adorando um bezerro de ouro. O povo que não tinha o amor pelo Senhor e preferia adorar figuras humanas, não estava pronto para aprender a amar incondicionalmente.

Quando o povo alcançou as condições para aprender, Deus mandou Cristo e sua mensagem. Agora, porque nos mínimos detalhes só perguntando a Ele...

Portanto, use a fé que conversamos até agora e compreenda: não sei, só Deus sabe. Além do mais, utilize a libertação dos conceitos e não queira julgar se está “certo ou errado” o proceder de Deus e valorize a tudo como Perfeito.

Porque, quando vivíamos de acordo com a natureza humana, a Lei serviu para despertar os maus desejos no nosso corpo, e isso produziu a morte. (Capítulo 7 – versículo 5)

Aí está uma resposta do porque Deus primeiro criou a lei para depois mandar Cristo dar o real sentido dela: despertar os maus desejos.

Como instrumento da ação carmática, em determinado momento, Deus criou o pecado matar para testar o seu amor incondicional: julgar, criticar, acusar, quem mata, ou amá-lo, mesmo tendo infringindo a lei.

Participante: Com o estabelecimento da lei cria-se o certo e o errado, mas também o desejo de que o certo prevaleça.

Exatamente isso é o mau desejo que leva a morte citado por Paulo: o desejo que a lei humana se cumpra, mesmo que em detrimento do amor universal.

Porém agora aquilo estamos livres da Lei porque já morrermos para aquilo que nos tornava prisioneiros. (Capítulo 7 – versículo 6).

Aquele que se liberta do poder das coisas materiais e vive só com Deus, não é mais prisioneiro do cumprimento da lei porque compreende a Realidade universal: tudo que acontece é a obra geral criada por Deus por intermédio dos espíritos encarnados.

Portanto, a lei que diz que não se deve matar perde força, pois a morte, bem como o ato que a gera, passa a ser uma criação de Deus e não uma realidade. Portanto, se alguém matar outro, o ser elevado não julga critica ou condena nada nem ninguém.

Portanto, somos livres para servir a Deus não da maneira antiga, obedecendo à Lei escrita, mas da maneira nova, obedecendo ao Espírito de Deus.

Olha que frase linda: “portanto somos livres para servir a Deus não da maneira antiga, obedecendo à Lei escrita, mas da maneira nova, obedecendo ao Espírito de Deus”. O que é obedecer ao Espírito de Deus? Entregar-se à realidade com fé.

O que Paulo está dizendo é que aquele que segue os ensinamentos de Cristo (um cristão) não deve ficar preso aos códigos de lei que defendem os interesses humanos, senão terá que julgar e condenar os assassinos, o adultero, o ladrão. Quem conhece verdadeiramente ensinamento deixado pela encarnação Jesus Cristo, como Paulo conheceu, está livre disso...

Aquele que vive com fé, com amor incondicional está livre da obrigação de criticar o próximo. Que maravilha, que liberdade...

Digo isso porque, apesar do ser humanizado se dizer livre (ter o livre arbítrio de viver como quiser), na verdade é escravo dos padrões e normas que defendem a materialidade prioritariamente. São escravos da necessidade de olhar e ter que julgar, pois se sentem obrigados a fazer o que a lei manda.

A mãe sente-se obrigada a fazer pela filha, o de boa intenção é obrigado a julgar e criticar quem não a tem, a esposa se sente obrigada a fazer determinadas coisas pelo marido, mesmo que não goste. Tudo em nome do cumprimento de normas e padrões humanos...

Na verdade todos estão com cangas (“Peça de madeira que prende os bois pelo pescoço e os liga ao carro ou arado, jugo” Mini Dicionário Aurélio). São trabalhadores seguindo apenas a vontade do seu senhor (o mundo material) imaginando que fazem o que querem. São bois puxando a carreta do mundo.

Agora, através de Cristo, do ensinamento da ação amorosa, do caminho e da luz, somos livres, libertos dessa canga. Não precisamos seguir aquilo que nos mandam seguir: ficar atrelado à materialidade.

Que coisa boa poder olhar para o próximo e vê-lo com cabelo despenteado e não ser obrigado a criticá-lo. Que maravilha é olhar para alguém que está com a roupa amassada e não criticar. Como é formidável viver com aquele que lhe critica e poder oferecer a outra face sem sentir-se compelido a criticá-lo...

Que liberdade... O verdadeiro cristão não precisa reagir dentro de padrões.

Mas, a humanidade cristã – e todos os demais religiosos - apesar do ensinamento do mestre estar muito claro, continua preferindo viver com a canga no pescoço. Por quê? Porque é mais cômodo, por que dá prazer, fama e glória.

A lei e a fé - Carta aos romanos

A lei e o pecado

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Parte 1

Então, o que vamos dizer? Que a própria Lei é pecado? Claro que não! Mas foi a Lei que me fez saber o que é o pecado. (Capítulo 07 – versículo 07)

Porque é a lei que me diz o que é certo e errado. A lei não é o errado, mas um instrumento que determina o que é certo e errado. Portanto, ela cria o pecado.

A lei não é o pecado, mas ela o cria. Ela cria o individualismo e o prazer...

Porque eu não saberia o que é a cobiça se a Lei não tivesse dito: “Não cobice”. (Capítulo 07 – versículo 07)

Este texto está bem claro: eu não saberia o que é a cobiça se a lei não me tivesse dito. Vocês não saberiam o que é roupa amassada se a lei não dissesse que não pode usar roupa amassada.

Não adianta queremos vencer o julgamento sem que antes acabemos com as leis em nossas vidas. Enquanto houver lei, os seres humanizados vão julgar, pois a lei os obriga a julgar. A lei os obriga a dizer que isso está errado e aquilo está certo.

Porém o pecado se aproveitou dessa Lei para despertar em mim todo tipo de cobiça. Porque o pecado, separado da Lei, é uma coisa morta. (Capítulo 07 – versículo 08)

Não existe individualismo sem lei...

Pois houve tempo em que eu desconhecia a Lei e estava vivo. Mas, quando vim a conhecer o mandamento, o pecado começou a viver, e eu morri. (Capítulo 07 – versículo 09 a 10)

Enquanto não havia a lei você não cobiçava, ou melhor, não sabia que cobiçar era errado. Por isso, cobiçava e achava uma coisa normal.

É a história da criança. Ela não vive por leis e, por isso, acha tudo certo. Só quando você ensina a criança que aquilo está errado é que ela aprende o certo e o errado.

Eu digo assim: sabe quando alguém erra? Quando você diz a ele que está errado... Na verdade é você que cria o certo e o errado nos outros, pois é você que aplica a lei. Certo e errado são criados por aqueles que aplicam a lei.

E, no meu caso, o mandamento que devia dar a vida trouxe morte. Porque o pecado se aproveitou do mandamento e me enganou e, por meio do mandamento, o pecado me matou.

A própria Lei é santa, e o mandamento é santo, justo e bom. Então será que o que é bom me levou à morte? De jeito nenhum! Foi o pecado que fez isso. (Capítulo 07 – versículo 10 a 13)

A vontade de se satisfazer...

Pois o pecado, usando o que é bom, me trouxe a morte para que a própria natureza do pecado fosse revelada. E assim, por meio do mandamento, o pecado se tornou mais terrível ainda. (Capítulo 07 – versículo 13)

Quando você não sabe que é proibido cobiçar, quando cobiça, faz sem maldade, sem buscar lucro espiritual, sem busca do prazer. Mas, quanto tem a lei e faz, já cobiça com maldade, querendo afrontar à lei. Está sempre buscando a sua felicidade acima de qualquer coisa.

A lei e a fé - Carta aos romanos

A luta interior

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Parte 1
Parte 2

Sabemos que a Lei é espiritual; mas eu sou humano e fraco, vendido como escravo ao pecado. Eu não entendo o que faço porque não faço o que gostaria de fazer. Ao contrário, faço justamente aquilo que odeio. Se faço o que não quero, isso prova que reconheço que a Lei é justa e mostra que de fato já não sou eu quem faz isso, mas o pecado que vive em mim. Pois eu sei que o que é bom não vive em mim, isto é, na minha natureza humana. (Capítulo 07 – versículo 14 a 18(

Eu faço como ser humano: como aquele que coloca intenções nas ações de Deus.

Porque, ainda que a vontade de fazer o bem esteja em mim, eu não consigo fazê-lo. (Capítulo 07 – versículo 18)

Porque está sempre buscando se satisfazer e não servir ao próximo.

Pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero fazer, esse faço. Mas, se faço o que não quero, já não sou eu quem faz, mas o pecado que vive em mim.

Assim eu sei que é isso que acontece comigo: quando quero fazer o que é bom, só sou capaz de fazer o que é mau. (Capítulo 07 – versículo 19 a 21)

Porque o ser humanizado sempre age a partir dos seus desejos e não age apenas tendo a consciência de que era necessário ser feito...

Dentro de mim sei que gosto da Lei de Deus. Mas vejo que uma lei diferente age no meu corpo... (Capítulo 07 – versículo 23)

A vontade de se satisfazer...

Vamos dar um exemplo para ficar mais claro: a pessoa que dá alimento aos pobres porque sabe que deve dar. Esta pessoa acha que a lei de Deus é boa e por isso acha que deve ajudar o próximo. Só que este ser humano não consegue simplesmente ajudar o próximo, mas retira desta ação o prazer individual.

‘Hoje estou tão bem porque dei comida para dez pessoas'. Este é o mal que Paulo está falando. É o mal que, na verdade, não lhe deixa fazer o bem: dar com a mão direita sem deixar a esquerda ver.

… uma lei que luta contra aquela que a minha mente aprova. Ela me torna prisioneiro da lei do pecado que age no meu corpo. Como sou infeliz! Quem me livrará deste corpo que está me levando para a morte? Mas dou graças a Deus, por meio do nosso Senhor Jesus Cristo!

Portanto, esta é a minha situação: no meu pensamento eu sirvo à Lei de Deus, mas na prática sirvo à lei do pecado. (Capítulo 07 – versículo 23 a 25)

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A vida dominada pelo espírito santo

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Parte 1
Parte 2
Parte 3
Parte 4
Parte 5
Parte 6
Parte 7

Neste estudo, vimos a fé e depois a Lei. Agora vamos ver outra parte do ensinamento de Paulo. Mas, claro: precisaremos juntar tudo.

Aquilo que vimos sobre a fé, o que Paulo falou sobre Abraão, e o que vimos sobre a lei: que ela traz o pecado, que se não tiver lei não tem pecado. Agora vamos conversar sobre um outro aspecto.

Agora já não há nenhuma condenação para os que estão unidos com Cristo Jesus. (Capítulo 08 – versículo 01)

Vamos primeiro definir o que é Cristo Jesus. Estar unido com Cristo Jesus é ser cristão? Se eu sou cristão eu estou unido com Cristo Jesus? Não...

Então o que é estar unido com Cristo Jesus? É estar unido no sentimento, unido na consciência.

Mas, o que é Cristo Jesus? Pergunto assim porque repare que Paulo coloca o nome do mestre de uma forma diferente da que fez até agora. Até agora ele falou em Jesus Cristo e agora fala em Cristo Jesus...

O que é Cristo Jesus como definido por João, o Evangelista? A ação do amor. Então, estar unido ao Cristo Jesus é viver amorosamente, é possuir a consciência amorosa da ação. Aqueles que possuem a consciência amorosa da ação como Jesus Cristo possuiu, acabam com o pecado.

O que é ação amorosa, ação com consciência amorosa? É quando o ser humano pratica o seu ato entregando as intenções à Deus.

Você tem que sacrificar as suas intenções a Deus, ou melhor, tem que acabar com as suas intenções para que a de Deus se pronuncie. Portanto, a consciência amorosa existe quando o ser humano vivencia a ação sem intenções...

Sendo assim, se alguém briga com outro, por exemplo, vivendo esta ação com a consciência amorosa, ele sai satisfeito ou chateado por ter brigado. Este é o momento que Paulo no diz que acontece o fim do pecado. Isso ocorreu porque aquele ser humano viveu como Cristo Jesus viveu: sem intencionalidades, vivendo para Deus...

Porque a Lei do Espírito de Deus que nos trouxe vida por causa da nossa união com Cristo Jesus me livrou da Lei do pecado e da morte. (Capítulo 08 – versículo 02)

Qual é a Lei que o Espírito de Deus trouxe que te ligou a Cristo Jesus? Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Jesus disse: essa é a lei.

Portanto, a lei que o Espírito Santo trouxe é a lei amorosa. É aquela onde você vive amando a Deus acima de tudo e por isso é feliz. Por causa desta felicidade, consegue amar ao próximo como a si mesmo.

Mas, essa lei substituiu qual outra? A lei do pecado; aquela que cria o certo e o errado.

Na lei de Deus não há certo nem errado, bonito nem feio, limpo nem sujo. A lei de Deus nos ensina a viver harmonicamente com todos, independente do que cada um faça.

É isso que Paulo está nos dizendo: agora a lei que Jesus Cristo nos trouxe nos livra do pecado porque não precisamos mais julgar o que outro faz. Isso porque o ser humano passa a amar o que o outro faz, não importando o que seja o que ele faça. Ama, sem intenção, sem recriminação, sem julgamento sem nada. Faça o que o outro fizer, o ser humano lhe ama, do mesmo jeito que ama a si mesmo.

O que a Lei de Moisés não pode fazer porque a natureza humana era fraca, Deus fez. (Capítulo 08 – versículo 03)

A lei de Moisés disse não mate, mas a natureza humana é fraca, por isso continua se matando. Qual é a natureza humana? O individualismo entregue às paixões e nos desejos. Portanto, a lei de Moisés diz 'não mate', mas a natureza humana tem uma paixão, gosta de algumas coisas e esse gostar gera um desejo. É por causa destas coisas que as pessoas continuam se matando.

Matar não é errado, mas também não é certo. Ele é necessário, mas o ser humanizado não deve se transformar em matador, não deve servir de instrumento a Deus para tirar a vida de outro.

Para isso, o ser humano precisa matar a sua natureza humana, as suas paixões e vontade, pois enquanto houver uma paixão, positiva ou negativa, surgirá o desejo. Ao surgir, não importando se ele é transformado em ato, aconteceu o pecado. Só em desejar o ser humano peca: Cristo ensinou isso.

Por isso que a Lei de Moisés não conseguiu acabar com os elementos que el disse que eram errados. Ela era coercitiva com atos e não trabalhou as paixões humanas. A lei de Deus trazida por Cristo através do Espírito de Deus trabalha às paixões e não nos atos.

Por isso Cristo deixa claro: não adianta você não fazer, pois ao desejar já pecou. Por isso diz ainda: Deus conhece a intenção de cada um.

 O objetivo do ensinamento de Cristo é mudar o nosso interior e não mudar os nossos atos. É nos ensinar a suplantarmos nossas paixões.

Ele condenou o pecado na natureza humana enviando o seu próprio Filho que veio na forma da nossa natureza pecaminosa para acabar com o pecado. (Capítulo 08 – versículo 03)

Cristo veio na forma humana para acabar com o pecado e por isso não se entregou às paixões; Ele acabou com as paixões.

'O Senhor vai ser crucificado? Vou sim, graças a Deus'. Ele jamais lutou para se defender.

Participante: para mim ele veio mostrar isso que está sendo falado e que é possível, pois até então parecia que era impossível de se chegar. O único que conseguiu foi ele, mas pelo menos houve a possibilidade. O problema é que depois que ele veio passaram a colocá-lo como mártir e esqueceram que ele veio justamente para provar que aqui é possível.

É possível agir assim, mas você não vê isso porque o colocaram lá em cima afastado de vocês. Quando Deus mandou Cristo à carne foi para dizer: 'veja como é possível... Ele é igual a vocês; nasceu e viveu igual a vocês'.

Participante: quantas vezes eu já ouvi isso: Jesus Cristo é Jesus Cristo, Nossa Senhora é Nossa Senhora; eu não sou eles, sou diferente...

Não é igual porque não quer ser. Eles provaram que é possível se viver uma vida material sem desejos, sem paixões, vivendo para Deus, com Deus e em Deus. Você também pode fazer isso...

Mas, porque não consegue? Porque transformaram a vida de Jesus Cristo num martírio, como se ele tivesse sofrido a vida inteira. Ele jamais sofreu... Vivia em glória, em êxtase com Deus, por isso não poderia ter sofrido.

Participante: para reforçar o que o senhor está falando, repare na feição dele... Nos foi mostrada uma feição branda.

Mesmo sendo caluniado, mesmo sendo xingado, mesmo sendo perseguido,

Ele estava sempre tranqüilo. Por quê? Porque sabia que só ia acontecer o que Deus quer. Por isso deixava falarem o que quisessem...

Deus fez isso para que as ordens justas da Lei pudessem ser completamente cumpridas por nós que vivemos de acordo com o Espírito de Deus e não de acordo com a natureza humana. (Capítulo 08 – versículo 04)

Fez isso mandando Cristo, criando a encarnação Jesus Cristo. Tomando este exemplo, todos aqueles que estão buscando a elevação espiritual vivem de acordo com a natureza de Deus e não com a humana.

Não estou falando apenas daqueles que são reconhecidos como santos. Estou falando daqueles que não têm um prato de comida e são felizes. Esses vivem de acordo com a natureza de Deus. Vamos entender o que acabei de dizer...

Para você, que é movido pela natureza humana, passar fome é uma injustiça, mas para quem vive com a natureza espiritual sabe que passar fome é uma ordem justa na lei de Deus, pois é o carma daquele ser. Agora, você passar fome com o Espírito de Deus, mostra que é possível se viver assim, ou seja, sendo feliz, mesmo não tendo o que comer.

Mas, não é sempre assim que acontece. Tem muito pobre feliz, mas tem outros que sofrem a carência. Tem muito rico feliz, mas têm outros que se prende à busca do prazer e não vivem feliz, mesmo tendo tudo...

Portanto, o que importa é como você vive o que tem e não ter...

Porque os que vivem como a natureza humana quer, tem as suas mentes controladas por ela. (Capítulo 08 – versículo 05)

Se você se entrega à paixão, a sua mente e o seu pensamento vai ser controlado pelas paixões. Não tem jeito de ser diferente...

Mas os que vivem como o Espírito de Deus quer, tem as suas mentes controladas pelo Espírito. (Capítulo 08 – versículo 05)

Quem vive como a natureza humana quer, tem sua mente controlada por ela; quem vive como o Espírito de Deus quer, tem a mente controlada pelo Espírito de Deus.

Pergunta: não é o nosso ensinamento? Deus lhe dá o pensamento de acordo com o seu sentimento?

O que ensinamos até agora? Se você tem sentimentos da natureza humana (paixões positivas e negativas) Deus lhe dá um pensamento de acordo com estes sentimentos. Ele controla sua mente como espelho do que você sente. Agora, se você busca o espírito de Deus, Ele lhe dá pensamentos fundamentados nesta busca...

Repare bem... Paulo não sabia muito sobre pensamentos naquela época. Naquele tempo ainda não existia Freud e por isso Paulo não conhecia nada de psicologia, mas já sabia que o pensamento depende do sentimento. Você sente pela natureza humana? Pensa pela natureza humana. Sente pelo Espírito de Deus? Pensa por Ele...

Sendo assim, você quer saber o que você está sentindo? É só estudar a historinha que lhe vem à mente... Neste momento, pode saber o que está sentindo.

Ter a mente controlada pela natureza humana produz morte mas ter a mente controlada pelo Espírito produz vida e paz. (Capítulo 08 – versículo 06)

Já definimos morto como aquele que está afastado de Deus, que vive nos sentimentos individualistas; e também definimos vivo como aqueles que estão no Reino do Céu, que vivem ligados a Deus. Viver com amor, produz paz.

Por isso o ser humano se torna inimigo de Deus quando a sua mente é controlada pela natureza humana. (Capítulo 08 – versículo 07)

Que palavra dura... Mas é a verdade: o ser humano é o inimigo de Deus. O ser humanizado, aquele que vive pelas suas paixões, é o inimigo de Deus, pois o Pai ama e ele sofre; Deus ama e ele tem prazer. Este ser jamais se universaliza com o que Deus está mandando para ele.

Agora, alguém conhece a Bíblia? A história da Bíblia é uma história de guerras, não é? Guerra de quem? De Deus contra o seu inimigo: o Diabo. Quem é o Diabo? O ser humano, o inimigo de Deus...

O ser humanizado, aquele que vive com e através de um ego, um personagem, achando que o personagem é ele, esse é o inimigo de Deus. N o espírito em si, mas o espírito enquanto humanizado.

Já se falou muito em ser humano e ser espiritual, mas acho que até hoje vocês não entenderam a diferença entre estes dois elementos. O ser humano é o espírito humanizado; o ser espiritual é o espírito espiritualizado.

Vocês não compreendem assim... Acham que são dois elementos distintos, mas não são. O mesmo espírito quando espiritualizado é espiritual, mas quando humanizado, é humano. Depois que este último se desumanizar, voltará a ser espiritual...

Porque ele não obedece a Lei de Deus e de fato não pode obedecer a ela. Os que obedecem a sua natureza humana não podem agradar a Deus. (Capítulo 08 – versículo 07)

Não se pode servir a dois Mestres ao mesmo tempo. Ou você serve ao ego ou serve a Deus.

Porém vocês não vivem como manda a natureza humana, mas como o Espírito de Deus quer, se é que de fato o Espírito de Deus vive em vocês. Quem não tem o espírito de Cristo não pertence a ele. Mas Cristo vive em vocês, isso quer dizer que embora o corpo vá morrer por causa do pecado, para vocês o Espírito de Deus é vida porque vocês têm sido aceitos por Deus. (Capítulo 08 – versículo 09 a 10)

Está se falando aqui da questão da ressurreição. Quem se juntar a Cristo sai da carne com a consciência espiritual. Por isso não há morte, não há quebra de existência. Agora, para quem vive pela natureza humana um dia terá que haver a morte, um final.

Não estou falando de morte física, mas do final da encarnação, do final do ego, do final das crenças...

Se vive em vocês o Espírito de Deus, que ressuscitou Jesus, então aquele que ressuscitou Jesus Cristo dará também vida aos seus corpos mortais, pela presença do seu Espírito, que vive em vocês.

Portanto meus irmãos, temos uma obrigação, que é a de não viver de acordo com a nossa natureza humana. (Capítulo 08 – versículo 11 a 12)

Chegamos ao terceiro assunto desta carta de Paulo que falamos no início deste capítulo. Primeiro Paulo falou da fé, depois da lei e agora falamos de viver pela natureza Espiritual, viver por Deus. Essa é a base do ensinamentos não só de Paulo, mas de todos os Mestres.

Você precisa ter fé e descobrir que não pode se apegar a Leis, pois ela é a criadora do pecado. Descoberto isso, deve viver para Deus, em comunhão com Deus, em comunhão com o espiritual. Quem vive em comunhão com o espiritual, não tem problema. Para este a vida nunca acabará, pois a vida dele será diferente. Não será a que vocês vivem, que é uma vida que se acaba, pois ainda estão presos ao ego.

Porque se vocês vivem de acordo com a natureza humana, estão indo para a morte; mas se pelo Espírito de Deus matam as suas ações pecaminosas, vocês viverão... (Capítulo 08 – versículo 13)

O pecado da ação, não a ação pecadora. O pecado da ação é a intenção e não a ação propriamente dita.

… pois todos que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Porque o Espírito que Deus tem dado a vocês não os torna escravos e não faz que fiquem com medo. (Capítulo 08 – versículo 14 a 15)

Deus não escraviza ninguém. Você só chega a Ele através do livre arbítrio. Agora do ego, você vira escravo, porque ele lhe prende, lhe amarra.

Ao contrário, o Espírito os faz filhos de Deus, e pelo poder do Espírito dizemos com fervor a Deus: Pai, meu Pai. (Capítulo 08 – versículo 15)

Eu só queria acrescentar uma coisa: a vida ligada no espiritual os faz filhos de Deus conscientes. Digo isso porque todos são filhos de Deus, mas não têm essa consciência. Só a vida vivida com fervor ao espírito lhe dá a consciência de ser filho de Deus.

O que é isso? É saber que se Deus é por Deus, é saber que se Ele é por você, ninguém pode ser contra. Já quem vive pela natureza humana não tem essa consciência e tem sempre medo do amanhã.

O Espírito de Deus se une com o nosso Espírito para afirmar que somos filhos de Deus. E, porque somos seus filhos, herdaremos as bênçãos que Ele guarda para o seu povo e também herdaremos com Cristo o que Deus tem guardado para ele. (Capítulo 08 – versículo 16 a 17)

Não só os que vivem em fervor receberão o que Deus tem prometido ao seu povo: todos receberão... Mas, como Paulo já disse lá atrás, primeiro os judeus e depois os não judeus. Ou seja, primeiro aqueles que vivem para Deus e depois os que não vivem para Ele. Estes só receberão quando matarem a natureza humana em si.

Porque se participamos dos sofrimentos de Cristo, também tomaremos parte na sua glória. (Capítulo 08 – versículo 17)

A lei e a fé - Carta aos romanos

A glória futura

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Eu penso que o que sofremos nesse mundo não pode ser comparado, de jeito nenhum, com a glória que nos será revelada. (Capítulo 08 – versículo 18)

Deixe-me dizer uma coisa: vocês não têm a menor noção do que é essa vida que estou falando. Mesmo que pesasse na balança tudo o que você ganha com o sofrimento, não daria um milionésimo do que ganha se passar pela mesma situação sem sofrer.

Vou dar um exemplo bem simples: você quer uma coisa e não consegue o que quer. Quando vive isso agindo pela natureza humana, chora, ofende a Deus, se sente uma porcaria, diz que ninguém liga para você, que ninguém cuida de você. Age assim, porque não entende e não tem noção do seu estado de espírito. Quando entende e abre mão do querer, vive feliz, mesmo não tendo.

Por que não abrem mão do desejo? Porque acham que apenas o ter lhes satisfará. Mas, vocês não tem noção do quanto não ter vai fazer bem a vocês. Isso porque não conhecem o estado de espírito de quem se liberta dos seus desejos, da suas vontades.

Se soubessem, ao invés de zelar pela por se sentirem injustiçados porque não têm o que querem, zelariam pela sua felicidade. Lutariam para ser feliz... Acho que é isso que até hoje vocês não entenderam de tudo que nós falamos.

O sacrifício da intenção tem que vir de dentro. Vocês precisam lutar para que isso aconteça. Precisam lutar com unhas e dentes contra o desejo para trazer de dentro de vocês a abdicação à vontade. Só aí vão entrar num estado de Espírito que Deus vai lhe dar, o qual vocês não têm a menor noção de como é bom... Vou usar palavra de vocês para falar dele, mas não levem ao pé da letra o que disser, pois se fizerem isso não não vão entender nada do que estou dizendo: vocês não sabem como recompensa abrir mão dos seus desejos.

Mas, estou falando em abrir mão mesmo. Não é abrir mão dizendo: 'Deus, eu abri mão e agora quero ganhar'.

Participante: parece que isso causa sofrimento.

Só causa sofrimento em quem não abriu mão de verdade. Não adianta dizer: 'deixa para lá, eu não posso ter mesmo, Deus não me deu'... Não é isso que estou dizendo. O que estou falando é não desejar, não querer para si... Quando pensar assim, você não sabe a recompensa que ganhará, não sabe o quanto isso se sentirá preenchido.

Eu arriscaria a dizer que o ser humano vive um vazio a existência inteira, apesar que de vez em quando conseguir algumas coisas que quer. Ele tem um eterno vazio dentro dele e por isso deseja mais, pensando em cobrir esse vazio. Mas veja, esse vazio não será coberto pelo excesso de satisfação, pois a satisfação é muito tênue: ela chega e sai logo. Esse vazio só será coberto na hora que você descobrir o poder do sacrifício a Deus, o poder de quebrar os grilhões do desejo, o poder de arrebentar essa âncora que lhe prende.

É isso que Paulo está nos ensinando. Esta sensação é muito grande. Na hora que conseguir mesmo, se inchará de tanta coisa que receberá. Experimente abrir mão de verdade que vai ver...

Agora, não faça isso por obrigação ou para ganhar: 'eu tenho que abrir mão então vou abrir mão'. Abra a mão mesmo: 'eu não tenho que abrir mão, vou abri-la porque quero, porque quero Deus comigo.

Quando você tiver Deus, para que vai querer mais alguma coisa nesse mundo?

O Universo todo, com muito desejo e esperança, aguarda o momento em que os filhos de Deus serão revelados. (Capítulo 08 – versículo 19)

O Universo inteiro está aguardando o momento que os filhos de Deus serão revelados, ou seja, que os humanizados se libertem ou pelo menos procurem se libertar do ego. Todos estão ansiosos... Poderia dizer que se houvessem telescópios no Universo, todos estariam voltados para a Terra para saber quantos se salvaram hoje. ?

A expectativa é grande no Universo. Claro, com fé em Deus e sabendo que vão sair quantos saírem...

Porque o Universo se tornou inútil, não pela sua própria vontade, mas porque Deus quis que fosse assim. Porém existe essa esperança: um dia o próprio Universo estará livre da escravidão e da decadência e tomará parte na gloriosa liberdade dos filhos de Deus. Pois sabemos que até agora o Universo todo geme com dores iguais às dores de parto. (Capítulo 08 – versículo 20 a 22)

Estão sempre nascendo espíritos. Existem sempre espíritos entrando em processo de formação de ego para vencer o ego.

E não somente o Universo, mas nós que temos o Espírito Santo como o primeiro presente que recebemos de Deus, gememos dentro de nós mesmos enquanto esperamos que Deus nos faça seus filhos e nos liberte completamente. (Capítulo 08 – versículo 23)

O ser que está buscando a elevação está sempre afoito e querendo chegar lá.

Participante: a própria procura é um parto, um sofrimento?

Um parto, um renascimento.

Porque foi por meio da esperança que fomos salvos. Mas, se já estamos vendo o que esperamos, isso não é mais esperança. (Capítulo 08 – versículo 24)

Na hora que alcança deixa de ser esperança.

Pois quem é que espera por alguma coisa que não está vendo? (Capítulo 08 – versículo 24)

Enquanto você está no processo tem esperança de chegar,mas quando você chega, já chegou.

Porem, se esperamos por aquilo que ainda não estamos vendo, esperamos com paciência. (Capítulo 08 – versículo 25)

Apesar de ter toda vontade de chegar lá, tenha paciência. Trilhe seu caminho passo à passo. Você não pode querer que o mundo se mude da noite para o dia.

Você não pode querer que porque está buscando Deus, a sua vida se mude. Tenha paciência e continue firme na sua determinação de se entregar a Ele. Saiba que Deus é fiel e jamais vai faltar com Sua palavra e Ele garante que aquele que busca o amor,encontrará a Ele.

Portanto, se você já chegou lá, maravilha; se não, tenha esperança e caminhe pacientemente.

O problema é que muita gente quer correr e quebra as pernas. Depois culpa a Deus.

Assim também o Espírito de Deus vem nos ajudar na nossa fraqueza. Não sabemos quando devemos orar, mas o Espírito de Deus, com gemidos que as palavras não podem explicar, pede a Deus em nosso favor. (Capítulo 08 – versículo 26)

Paulo está falando que sempre há alguém ajudando você. Há sempre alguém olhando por você.

E Deus que vê dentro dos corações das pessoas, conhece qual é o pensamento do Espírito. (Capítulo 08 – versículo 27)

Repito mais uma vez: pensamento é a materialização do sentimento.

Porque o espírito pede em favor do povo de Deus e pede de acordo com a vontade de Deus. (Capítulo 08 – versículo 27)

O espírito, o companheiro de encarnação, o anjo da guarda, o mentor, pede de acordo com a vontade de Deus. Sendo assim, ele pede a Deus: 'faça o que o Senhor tem para fazer'. Ele não assim: Deus, venha salvar esse homem.

O que estamos dizendo é diferente do que vocês daquilo que vocês imaginam que é a ação do anjo da guarda. É preciso que isso fique muito claro? o anjo da guarda não é para guardar o ser humano, mas sim para guardar o espírito contra a humanidade do ser. É diferente: o anjo da guarda pede que Deus aja como Ele achar que deve agir.

Quando digo que é o seu anjo da guarda que chama o obsessor, vocês não acreditam, mas é. Se é isso que pode lhe salvar, é isso que ele vai lhe dar. Sabe qual o nome disso? Amor Sublime, sublimação do amor.

Sublimação do amor é isso: um amor tão grande que não mede conseqüências pra ajudar. É o amor que um pai tem pelo filho, mas nem por isso deixa de dar uma palmada nele. Ele sabe que está provocando dor naquele filho, mas sublima esse amor, pois sabe que a reprimenda de agora vai fazer esse filho melhor no futuro.

O anjo da guarda tem o mesmo ideal de Deus: ele lhe dá o que você precisa e não o que você quer. Sendo assim, se as coisas 'ruins' da sua vida são necessárias para a evolução, elas são dadas pelo anjo da guarda e não por um obsessor. Elas não são trazidas por nenhum diabo, mas lhes foi dada por Deus.

Pois sabemos que em todas as coisas Deus trabalha para o bem daqueles que o amam, daqueles a quem Ele chamou de acordo com o seu propósito. Porque aqueles que Deus já havia escolhido Ele também separou para se tornarem como o seu filho. E fez isso para que seu Filho fosse o primeiro Rei entre os irmãos. (Capítulo 08 – versículo 28 a 29)

Aqueles que já conseguiram elevação vão viver uma vida de elevação. Terão toda compreensão, e sentimento para viver feliz. Aquele que não busca jamais conseguirá. Os que Deus separou são aqueles que estão buscando a Ele.

Assim Deus chamou os que havia separado. Não somente os chamou, mas também os aceitou; e não somente os aceitou, mas também repartiu a sua Glória com Deus. (Capítulo 08 – versículo 30)

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O amor de Deus em Jesus Cristo

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Diante de tudo isso, o que podemos dizer? Se Deus está do nosso lado, quem nos vencerá? Ele não deixou de entregar nem o seu próprio Filho, mas o ofereceu por todos nós. (Capítulo 08 – versículo 31 e 32)

Ele não deixou o seu próprio filho, um ser elevado, viver uma vida nababesca, como é que você quer viver? Você, que ainda não se considera filho de Deus, que ainda não é conscientemente filho de Deus espera que Ele lhe salve de todos os perigos?

Veja, se Cristo é um espírito elevado, ele deveria vir à Terra como rei, mas veio caminhou junto com bandidos, prostitutas, cobradores de impostos. Ele tinha o poder de fazer o que quisesse com esse planeta, mas deixou fazer o que quisessem com Ele.

Se ele, que era um espírito elevado, passou por tudo aquilo, imagina você que ainda é inimigo de Deus. O que você quer? Só felicidade? Só prazer e que o mundo gire me torno de você?

É tudo muito claro. Veja Jesus Cristo, ele é um exemplo. Ele é o exemplo da forma como um espírito elevado vivencia a vida. Mas você, que não tem elevação como Cristo, o que quer? Que todo mundo venha depositar coras de flores aos seus pés? Que todos estejam aqui para satisfazer os seus mínimos caprichos?

É essa consciência que precisamos ter, esse é o exemplo de Jesus Cristo. Se Jesus Cristo andava descalço e era um espírito elevado, porque você tem que ter sapato de luxo? Porque deve depender de um sapato de luxo para ser feliz?

É essa conclusão que eu quero que vocês pensem. Quando acontecer uma coisa ruim, uma coisa que não gostem, se lembrem do que aconteceu com Jesus Cristo e reflitam: e ele precisava muito menos que vocês daquilo.

Isso pode nos ajudar na elevação espiritual de vocês. Isso pode os levar a cada vez mais viver a vida com equanimidade.

Sabe,se Jesus que era Jesus não precisou, eu vou me meter a besta de querer mais o que?

Se Ele nos Deus o seu filho, será que não no dará também de graça todas as coisas? Quem acusará o povo escolhido de Deus? É o próprio Deus quem declara que eles não tem culpa. Poderá alguém condená-los? Foi Cristo quem morreu, ou melhor, quem foi ressuscitado e está à direita de Deus. Ele pede a Deus em nosso favor. Então quem nos separará, quem pode nos separar do amor de Cristo? (Capítulo 08- versículo 32 a 35)

Quem pode lhe criticar? Quem pode lhe magoar? É isso que Paulo está nos perguntando.

Se você busca a Deus, quem pode lhe magoar? Ninguém... Só você pode escolher mágoa pelo que os outros lhe faz.

Eu disse lá no inicio que as cartas de Paulo são controvérsias, pois o apóstolo pregou exatamente o contrario do que a religião prega hoje. Ele era mestre e rico e largou tudo. Apanhou , foi para a prisão, foi apedrejado, e viveu feliz... Por quê? Porque, se Jesus Cristo passou por coisas pior, porque ele iria reclamar?

Serão os sofrimentos, as dificuldades, a perseguição, a fome, a pobreza, o perigo ou a morte? Como dizem as Escrituras Sagradas: por causa de ti estamos em perigo de morte o dia inteiro, somos tratados como ovelhas que vão para o matadouro. (Capítulo 08 – versículo 35 a 36)

Por causa de Jesus Cristo vocês estão em perigo de morte o tempo inteiro. É a consciência da realidade...

Até vocês começarem a ouvir e aprender esses ensinamentos, podiam agir a partir do ego, do individualismo e dizer que estavam certos porque nunca feriram a Lei. Mas, a partir do momento que descobrem a nessa consciência amorosa, que aprendem essa consciência, que compreendem o que é o amor em ação, não podem mais negar desconhecimento.

Lembrem-se: a quem muito foi dado, muito será cobrado...

Isso é uma coisa que devem se lembrar sempre. Não é porque estão aprendendo tudo isso que as suas vidas vão mudar no sentido de alcançarem mais prazer. Pelo contrário: por estarem aprendendo tudo isso, a minha vida de vocês vai ter muito mais provas, vai ter muito mais coisas para lhes testar e agora não podem mais alegar ignorância.

Vocês estão num foguete indo para o Sol, mas querem chegar no Sol à noite, para não se queimarem.... Impossível! Terão que chegar ao Sol de dia e com todo calor. Este calor, quanto mais se aproximam do sol, vai aquecer a nave, ou seja, a sua vida vai passar por problemas cada vez mais.

Você já viu um tatu? O tatu não tem um monte de carapaças? Para evoluir, vocês precisam ir arrancando cada carapaça daquelas. Ou seja, quanto mais situações negativas vencem, mais uma carapaça é retirada, até que ficam em carne viva. Essas carapaças são as suas verdade, as suas vontades, os seus desejos. Vocês precisam ir arrancando todos eles, pois é isso que os impede de Deus entrar em vocês.

Em tudo isso temos a vitoria por meio Daquele que nos amou. (Capítulo 08 – versículo 37)

Jesus Cristo arrancou todas as carapaças... Messias, filho de Deus, senhor do planeta: todo esse poder ele arrancou de si e deixou Deus entrar nele. Ficou pelado, sem roupa e estendido na cruz, sem poder e desejo algum.

Pois eu tenho a certeza de que nada pode nos separar do Amor de Deus: nem a morte nem a vida; nem os anjos nem outras autoridades ou poderes celestiais; nem o presente nem o futuro; nem o mundo lá de cima, nem o mundo lá de baixo. Em todo Universo não tem nada que possa nos separar do Amor de Deus, que é nosso por meio de Jesus Cristo, o nosso senhor. (Capítulo 08 – versículo 37 a 39)

A não ser que você se separe dele... Você pode se separar do Amor de Deus, mas nada lhe separa.

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Deus e o seu povo

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O que eu digo é verdade. Pertenço a Cristo e não minto; pois a minha consciência, que é dirigida pelo Espírito Santo, também me afirma que não estou mentindo. Sinto muita tristeza e uma dor sem fim no coração por causa do meu povo, que é minha própria carne e meu sangue. Para o bem dele eu mesmo poderia desejar estar debaixo da maldição de Deus e separado de Cristo. (Capítulo 09 – versículo 01 a 03)

É a doação: você se oferece como sacrifício no altar a Deus. Mas, lembre-se do final da história de Abraão: Deus não deixa o sacrifício se consumar...

É o povo escolhido por Deus, e Deus fez dele seus filhos e repartiu sua glória com eles. Fez os seus acordos com eles e lhes deu a Lei. Eles têm a adoração verdadeira e receberam as promessas de Deus. São descendentes dos patriarcas; e Cristo, como ser humano, pertence à raça deles. Que Ele, o Deus que governa sobre todos, seja louvado para sempre, amém. Não estou dizendo que a promessa do Deus falhou, pois nem todos os Israelitas fazem parte do povo de Deus. (Capítulo 09 – versículo 04 a 06)

Nem todos que estão nesse planeta fazem parte do povo de Deus. Digo fazer parte conscientemente, vamos deixar bem claro...

Todos fazem parte do povo de Deus, são filhos de Deus, mas muitos não têm a consciência de fazer parte do povo de Deus, de se filho Dele.

Nem todos os descendentes de Abraão são filhos de Deus. Porque Deus disse a Abraão: os descendentes de Isaque serão considerados seus descendentes. (Capítulo 09 – versículo 07)

Qual a diferença entre Isaque e Jacó?

Participante: um era filho da mulher e o outro da concubina.

Só por isso Deus deu a descendência à Isaque? Ou será que não foi porque Jacó era ambicioso? Sim, Jacó queria para si e Isaque nunca pediu nada...

Ambição: é sobre este tema que Paulo está falando... Sendo assim, o que ele quis dizer foi: apenas os descendentes de Isaque, ou seja, apenas aqueles que não tiverem ambição, serão conscientemente filhos de Deus...

Os filhos de Jacó não são aqueles que ele teve com mulheres, mas aqueles que herdaram a carga genética sentimental dele: a ambição. Esses não têm a consciência de serem filhos de Deus. Aqueles que herdaram a carga genética sentimental de Jacó, ou seja, os que querem para si, os que lutam para ter o poder, não possuem a consciência de serem filhos de Deus.

Isso quer dizer que são considerados os verdadeiros descendentes de Abraão aqueles que nasceram como resultado da promessa de Deus e não os que nasceram de modo natural. Porque quando fez a promessa, Deus disse a Abraão o seguinte: no tempo certo Eu voltarei e Sara terá um filho. (Capítulo 09 – versículo 08 a 09)

Aqueles que são frutos da fé...

Lembra da história? Ele já eram velhos e não podiam ter filhos. Eles tiveram fé e o filho nasceu.

Ou seja, Paulo está dizendo que todos aqueles que têm a natureza da fé são conscientemente filhos de Deus.

E mais ainda, os dois filhos de Rebeca tinham o mesmo pai, o nosso antepassado Isaque. Mas que a escolha de um deles fosse completamente de acordo com o propósito de Deus, ele mesmo disse à Rebeca: o mais velho será dominado pelo mais moço. (Capítulo 09 – versículo 10 a 12)

Lembram da história? O filho mais velho caiu na bebedeira e o mais moço entrou como se fosse o mais velho. Quando o pai deu a descendência foi para quem não deveria receber.

No primeiro caso citado por Paulo, a descendência foi para o filho certo, mas no outro foi para um que não agiu certo. O que quer dizer o apóstolo com isso?

Que o bem e o mal não têm problema; quando Deus disser que tal coisa deve acontecer, irá... Portanto, os atos não importam, mas sim os que Deus determina é que conscientemente serão filhos de Deus.

Disse isso antes de nascerem e antes de fazerem qualquer coisa, boa ou má. Assim a escolha de Deus foi baseado no seu próprio chamado e não qualquer coisa que eles tivessem feito. (Capítulo 09 – versículo 11 a 12)

O que importa no Universo não é se um age certo e o outro errado, mas sim o que Ele disse. Isso nos remete à Krishna quando ele diz que não importa a ação que se pratique, ela é justa.

Aliás, isso fica bem claro na história: o segundo filho não tinha intenção de ludibriar o pai. Quem teve foi a mãe que gostava mais do filho mais novo.

Como dizem as Escrituras Sagradas: eu amei Jacó mas odiei Esaú.

O que vamos dizer então? Que Deus é injusto? De jeito nenhum! Porque Ele disse a Moisés: terei misericórdia de quem Eu quiser; terei compaixão de quem Eu desejar. (Capítulo 09 – versículo 13 a 15)

É claro que não é simplesmente pelo desejo de Deus. A partir da ação da Inteligência Suprema, do conhecimento perfeito de todos, da intenção de todos é que Ele age.

Portanto, nada disso depende do que as pessoas querem ou fazem. mas somente da misericórdia de Deus. (Capítulo 09 – versículo 16)

Tudo o que você recebe nessa vida não depende do que faz nem do que você quer. Depende da Misericórdia de Deus, ou seja, do amor de Dele. É pelo amor que Deus se guia para lhe dar as coisas da sua vida. Ele jamais busca lhe favorecer, lhe satisfazer, lhe deixar contentinho. Tudo que Ele lhe dá é exatamente o que você precisa para evoluir: essa é a misericórdia de Deus.

Sai um mestre e entra outro e continuamos com o mesmo ensinamento, não? Sabe porque não muda? Porque Deus não muda... O problema é que os seres humanos estão acostumados a ver o Deus que querem ver, a buscá-Lo para que Ele o seu escravo. Essa é a diferença.

Deus é sempre o mesmo, não importa qual mestre você se apegue. A intenção do Universo é sempre uma só: evoluir espiritualmente. Saiba que isso é antônimo de evoluir materialmente. Falo em evoluir materialmente não no sentido de ficar rico, mas no de ter o que quer.

Pronto acabou, podem ir embora e não precisam voltar: vocês já sabem tudo. Basta entenderem isso; basta entenderem que ganhar o que querem é antônimo de evoluir espiritualmente. Vocês não recebem o que querem, mas o que a misericórdia de Deus lhe dá.

Pode jogar no lixo tudo o que falei até hoje. Pode esquecer tudo o que aprenderam com qualquer mestre ou guru; se compreenderem isso terão aprendido tudo.

Quando isso for realidade, vocês tomam um choque e caem na realidade. Só assim começam a mudar, a parar de desejar, a parar de criar obstáculo para a sua felicidade, ou seja, de terem condicionamentos para serem felizes.

Cada vez que vocês disserem que se tivessem qualquer coisas seriam felizes, criaram um obstáculo para as suas felicidades, criaram a necessidade de alguma coisa acontecer para serem felizes.

São vocês que criam os obstáculos e não Deus. Se Ele não lhes deu o que desejavam é porque não precisavam daquilo. Mas, insistem em afirmar que precisam. Essa insistência é uma queda de braço com Deus. Só quem sofre são vocês.

Vocês, por acaso, pensam que vão vencer Deus pelo cansaço? 'Vou pedir e condicionar minha felicidade para ver se um dia Ele me dá'. O que se esquece é o quanto vocês sofrem durante esse tempo em troca de momentos fugazes de prazer.

Porque, como está escrito nas Escrituras Sagradas, Deus disse a Faraó: foi para isso mesmo que eu pus você como Rei: para mostrar o meu poder em fazer que o meu nome seja conhecido no mundo inteiro. (Capítulo 09 – versículo 17)

Olha que Deus mais safado... Ele coloca o Faraó para governar o Egito; depois manda Moisés ir lontra o Faraó que Ele mesmo colocou.

Parece estranho, não? Não... Paulo está dizendo o seguinte: Deus colocou o Faraó porque aquele ser precisava e merecia ter o reinado. Mas, também precisava e merecia interagir com Moisés, sendo derrotado por este. Ou seja, Deus colocou o Faraó exatamente para ser derrotado, pois aquela era a necessidade e merecimento dele.

Agora, se você ser humano, ou ler a história imagina que um, por governar escravizando um povo e que o outro foi um santo por salvar seu povo, isso é problema de vocês. Se os envolvidos também tinham opinião sobre si e sobre o outro, isso também é problema deles...

Participante: a história do Faraó está muito longe e nós andamos questionando sobre Hitler há um tempo. Como Deus podia ter mandado Hitler para matar um monte de gente e fazer aquilo tudo?

Ele mandou Hitler, mas também foi Ele que mandou as pessoas que iam morrer. Mais: Ele mandou as pessoas que iam se salvar...

Ele manda tudo no mundo. Ele leva e trás, mexe daqui para lá... Ele está lá lá em cima fazendo tudo e vocês estão aqui perdendo tempo chorando, dizendo que os que morreram são coitadinhos...

Portanto, Deus tem misericórdia de quem Ele quer e endurece o coração de quem Ele quer. (Capítulo 09 – versículo 18)

Não é querer no sentido de 'eu quero porque quero'. Deus não é o gostosão, o ditador, alguém que segue apenas seus desejos.

Deus é Deus, o Amor Sublime. Por esta forma de amar (sublimação) Ele dá o que acha preciso a quem merece passar por aquilo.

Acha não, sabe, pois Deus não acha nada: Ele sabe. Quem acha somos nós.

A lei e a fé - Carta aos romanos

O castigo e a misericórdia de Deus

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Alguns de vocês vão me dizer: se é assim, como Deus pode por culpa nas pessoas? (Capítulo 09 – versículo 19)

Que graça, não? Se Deus pôs o Faraó para ser o governante e bater e escravizar os judeus, que culpa tem o Faraó?

Seguindo o mesmo raciocínio, se Deus pôs Hitler para criar as câmaras de gás e matar os judeus, que culpa tem Hitler?

Quem pode ir contra a vontade de Deus? Mas, quem é você meu amigo, para discutir com Deus? Por acaso um pote de barro pergunta a quem o fez: porque me fez assim? Pois o homem que fez o pote tem direito de usar o barro como quer. Ele pode fazer dois potes do mesmo pedaço de barro: um pote especial e o outro comum. (Capítulo 09 – versículo 19 a 21)

O querer de Deus é sempre que cada um seja o melhor para cada um. Só essa observação, pois do resto da fala de Paulo nem preciso dizer nada...

.

E foi isso que Deus fez. Ele quis mostrar a sua ira e fazer bem conhecido o seu poder. (Capítulo 09 – versículo 22)

A Sua ira, ou melhor, a Sua contrariedade àquilo que você faz. Cada ser assume um papel no mundo e essa posição só assumida como resultado da ira de Deus, ou melhor, como resultado da contrariedade que ele deu a Deus em outros momentos quando utilizou o individualismo.

Ou seja, é o carma de cada um...

Assim suportou com muita paciência os que mereciam castigo que iam ser destruídos. Deus quis mostrar também como é grande a sua Glória; portanto, teve compaixão de nós e nos preparou para recebermos a sua Glória, que agora Ele derramou sobre nós. Pois Deus nos chamou, não somente os que são judeus, mas também os não judeus. É o que Ele diz no Livro de Oséias: aqueles que não eram meu povo eu chamarei de meu povo. A nação que eu não amava chamarei de minha amada. E no mesmo lugar onde foi dito; vocês não são o meu povo, ali serão chamados de filhos do Deus Vivo.

E Isaías disse a respeito de Israel: ainda que o povo de Israel seja tão numeroso quanto aos grãos de areia da praia do mar, somente alguns deles serão salvos. Porque o Senhor cumprirá logo e de uma vez a sua palavra em todo mundo.

Paulo está dizendo aí que Deus disse o seguinte: 'olha, não é porque você vai para a igreja todos os dias que eu vou salvá-lo não'.

Como mesmo Isaías tinha dito antes: se o Senhor todo poderoso não nos tivesse deixado alguns descendentes, seriamos agora como a cidade de Sodoma e estaríamos destruídos como Gomorra. (Capítulo 09 – versículo 29)

Só para fechar os estudos de hoje, digo: já estudamos em Paulo a fé e a Lei. Hoje descobrimos a consciência amorosa e Deus como Causa Primária de tudo. Ou seja, tudo o que estamos estudando há 5 anos, estamos achando aqui...

Talvez não com as palavras que usamos nos dias de hoje, pois afinal das contas vocês têm hoje valores diferentes que tinha Paulo, Krishna e Buda. Cada um à sua época, com a sua palavra, falou a mesma coisa. Portanto, filhos, não há como fugir.

Conheça a verdade e a verdade o salvará. A verdade é uma só: é preciso transformar a Lei que cria o pecado na consciência amorosa. Para isso é necessário ter fé. Agindo com fé receberá um determinado carma, sem ela, outro. Ou seja, você recebe de acordo com o seu carma.

A vida é isso... Não adianta xingar, dizer que sabe que não merecia o que está recebendo, que queria viver outra coisa. Não adianta se entregar a prisão aos desejos, não adianta colocar obstáculos à felicidade.

Deus sabe o que você precisa para ser feliz e jamais lhe dará aquilo que pode lhe dar infelicidade. É essa consciência profunda que pode alterar a vida de alguém. Agora, enquanto ficarmos preso no porque eu quero, porque se não acontecer choro, sofro e xingo, estaremos criando mais obstáculos.

Existe uma modalidade de corrida na qual vocês precisam pular obstáculos. A vida é uma corrida com obstáculos. Aquele que vivencia o desejo, coloca mais obstáculos; aquele que se entrega a Deus vai retirando os obstáculos da frente e tem um terreno limpo para correr. Quem vai chegar mais rápido: você que tem que pular obstáculos ou o outro que não tem nada para pular?

Mas, deixe-me dizer mais: se você não consegue retirar o obstáculo, pelo menos não coloque mais. Se não consegue acabar com os seus desejos, pelo menos não crie desejos novos.

Vocês têm uma vida fundamenta em sonhos e projeções futuras do que queriam receber amanhã. Isso já são obstáculos que colocaram lá atrás. Se não conseguem removê-los, pelo menos não coloque novos, ou seja, não alimentem mais ilusões, não alimentem mais desejos.

Sabe, a cada dia que passa, queria que vocês fizessem um trabalho. Andem com um caderninho na mão e cada vez que disserem 'eu queria', 'eu desejaria', anotem o seu desejo. Vocês vão se surpreender com a quantidade de desejos novos que criam por dia; com a quantidade de obstáculos novos que colocam nessa corrida.

Esse era o ponto fundamental que eu queria falar hoje.

Eu sei que é muito difícil retirarem os obstáculos velhos, pois eles já estão consolidados dentro de vocês. Chegará uma hora que tirarão, mas lutar com eles agora é problemático. Portanto, se não podem retirá-los, pelo menos vigiem para que não crime novos obstáculos, para que não coloquem novos condicionamentos à felicidade.

Não estou falando de coisas imensas como querer uma casa ou um carro. Estou falando daqueles condicionamentos que nem se dão conta que estão fazendo: 'eu queria beber água', por exemplo. Se colocarem este condicionamento, vão depender da água para serem felizes.

Parem com isso. Parem de criar obstáculos para a felicidade de vocês. Deus ama tanto vocês e espera que vocês vivam esse amor. Mas, ficam presos nesse emaranhado de condicionamentos...

A lei e a fé - Carta aos romanos

O povo de Israel e o evangelho

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O que vamos dizer então? Vamos dizer que os não judeus, que não procuravam ser aceitos por Deus, foram aceitos por meio da fé. (Capítulo 09 – versículo 30)

Os não judeus são os não religiosos. Paulo nos diz: aqueles que mesmo não sendo religiosos procuram Deus por meio da fé serão salvos. Sendo assim, quando Cristo disse 'conhece a verdade e ela o salvará', não estava falando de nenhuma religião, pois mesmo os não religiosos podem se salvar.

A única verdade que você precisa conhecer para ser salvo é Deus. Mas, como não consegue concebê-lo, pois só consegue conceber aquilo que conhece, você precisa, então, reconhecer Deus nas ações do mundo.

As ações você vê: é aquilo que vive. Se vivê-las com fé estará salvo.

Porém o povo escolhido por Deus, que estava procurando a lei para ser aceito por Ele, não encontrou o que procurava. (Capítulo 09 – versículo 31)

A lei, neste caso, é a própria lei religiosa: a obrigação, o padrão de julgamento.

E porque não? Porque procuravam alcançar isso por meio das suas ações e não por meio da fé. (Capítulo 09 – versículo 32)

É aquilo que estamos dizendo sempre: não importa o que você faça. Deus não julga o que você faz, mas está sempre atento à intenção que tem ao fazer. Quando faz com fé, sem intenções individualistas, tem as melhores intenções.

Eles tropeçaram na 'pedra de tropeço, como dizem as Escrituras Sagradas: vejam, estou colocando em Sião uma pedra em que vão tropeçar, uma rocha que vai fazê-los cair. Mas quem crê Nele não ficará desiludido. (Capítulo 09 – versículo 32 a 33)

A pedra de tropeço são as dificuldades da vida.

Quando acontece, por exemplo, um assassinato, essa ação é uma pedra de tropeço, pois se você se basear pela lei terá que condenar quem praticou o ato. Mas na hora em que atingir a consciência amorosa, não condenará ninguém. Para esses o pensamento é este: 'é proibido matar, mas por amar a todos igual a mim, me abstenho de julgar'.

Tropeça aquele que julga a partir de atos.

Meus irmãos, desejo de todo coração que o meu próprio povo seja salvo. E peço a Deus em favor deles porque eu sou testemunha de que são muito dedicados à Deus. (Capítulo 10 – versículo 01 a 02)

Paulo está falando dos judeus, ou seja, dos religiosos. Pede que os religiosos sejam salvos por Deus, pois ele é um religioso. Por isso sabe que o religioso é muito dedicado, tem muita boa vontade, mas sabe que a sua boa vontade se condiciona à lei e não ao amor.

Porém a dedicação deles não está baseada no verdadeiro conhecimento. Não conhece como Deus aceita as pessoas e assim têm procurado conseguir isso da sua própria maneira. Eles rejeitaram o modo de Deus aceitar as pessoas. Porque, com Cristo, a lei de Moisés perde o seu poder, e assim, os que crêem são aceitos por Deus. (Capítulo 10 – versículo 02 a 04)

Paulo está falando do Cristo respondeu quando perguntado sobre a lei: eu não vim destruir a lei, mas dar um novo sentido.

Cristo ensinou que a lei perde o seu valor como código de julgamento, pois o amor sobrepõe-se à culpa. Esse foi o sentido que Jesus deu.

Quando você ama, o amor se sobrepõe à culpabilidade.

A lei e a fé - Carta aos romanos

A salvação é para todos

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Pois o que Moisés escreveu a respeito das pessoas serem aceitas por Deus pela obediência a lei foi isso: quem obedecer aos mandamentos da Lei viverá. Porém, quanto a ser aceito por Deus por meio da fé, Moisés diz assim: não fique pensando assim: quem vai subir ao céu? Isto é, para trazer Cristo do Céu. Nem pergunte, quem descerá ao mundo lá de baixo? Isto é, para fazer Cristo subir do meio dos mortos. (Capítulo 10 – versículo 05 a 07)

Paulo está dizendo que Moisés falou: não fique julgando quem é o pior e o melhor.

A lei não foi feita para separar bons e maus: é isso que Paulo está querendo dizer.

É isso que Moisés disse: a mensagem de Deus está perto de você, nos seus lados e no seu coração. Isto é, a mensagem de fé que anunciamos. (Capítulo 10 – versículo 08)

Então veja. Ao invés de ficar julgando o próximo, querendo dizer se ele está certo ou errado, tire a mensagem do seu coração ou seja, utilize o amor de Deus, o amor a Deus. É isso que Paulo está nos ensinando.

Nós precisamos retirar do nosso coração a fé em Deus e colocá-la na situação que se está vivenciando. Quando isso acontece, acaba o julgamento.

A prática do que estou dizendo é o seguinte: Porque alguém matou o outro? Porque Deus quis e tinha que fazer e acabou. Esse é o exercício da fé, essa é a sua profissão de fé.

Depois que exercitar sua fé, não busque entender mais nada logicamente. Querer saber o porque isso aconteceu, o que Deus vai ganhar com isso, não lhe leva a lugar nenhum. Apenas diga: não sei; quem sabe é Deus.

A fé acaba com o julgamento porque ela coloca as coisas no seu devido lugar: Deus agindo. Sem a fé você jamais vai conseguir entrar na Realidade, porque vai estar preso à lei. Quando isso acontece, tem sempre um certo e um errado.

Se você declarar com os seus lábio, Jesus é o senhor e no coração crer que Deus o ressuscitou, você será salvo. (Capítulo 10 – versículo 09)

Jesus é o Senhor, é o amor em ação. Se você declarar que o amor em ação é o Senhor e acreditar na fé, na ressurreição, na vida depois da carne, está salvo.

Agora, se não acredita na vida depois da carne – e mesmo que diga que acredita, se não visualiza essa vida como possibilidade para você daqui a um segundo – de nada adianta: não vai conseguir nada. Você não vai poder amar o próximo, pois vai querer ganhar enquanto está vivo.

Só quem não tem medo da morte porque tem a consciência dessa passagem de uma vida para outra, é que pode viver essa vida despossuindo as coisas.

Porque cremos como o nosso coração e somos aceitos por Deus; declaramos com os nossos lábios e somos salvos. Porque as Escrituras Sagradas dizem: quem crer Nele jamais ficará desiludido. Isso se refere a todos. pois não há diferença entre judeus e não judeus. (Capítulo 10 – versículo 10 a 12)

O que é necessário para você ficar desiludida? – Ilusão. Só fica desiludido quem está iludido com alguma coisa. Aquele que professa, que faz a profissão de fé, não tem ilusão nenhuma. Ele não sonha com nada, não deseja nada: vive a realidade.

Você está aqui? Isso é real. Mas, se quisesse estar em outro lugar ou fazendo outra coisa ou ainda se quisesse que houvesse mais pessoas aqui, estaria numa ilusão, pois não está em nenhum outro lugar, não está fazendo nenhuma outra coisa e nem tem mais pessoas aqui dentro.

Então, viver com Deus acaba com a desilusão, pois, na verdade, acaba com a ilusão. Quando vivencia com Deus os acontecimentos da vida, vivencia realidade ou seja, o que são as coisas na verdade.

Tem um trabalho de um Espírito do nosso mundo chamado Zitos onde ele fala sobre realidade. Ele começou o trabalho de uma maneira tão brilhante... Disse assim: hoje o nosso trabalho é falar sobre realidade e falar sobre realidade é uma coisa muito simples. Realidade é aquilo que é real.

Essa simplicidade não é fácil de vocês compreenderem, pois estão presos na teia da ilusão. A ilusão de que poderia estar fazendo uma outra coisa do que está fazendo, a ilusão de que poderia ter outra coisa de que tem, a ilusão de que alguma coisa possa acontecer na sua vida que ainda não aconteceu.

Isso tudo é ilusão... É o mundo dos sonhos,imaginação, fantasia. Por quê? Porque a realidade é o que tem, o que é e o que está fazendo.

Não adianta ficar preso a esse sonho, ficar preso nessa ilusão. É preciso vir para a realidade. Mas para que isso aconteça, é preciso que tenha fé, ou seja, confiança total em Deus. Aí você diz: 'que maravilha, tenho tudo o que preciso para ser feliz'.

Deus é o mesmo Senhor de todos e abençoa a todos que pedem a sua ajuda. (Capítulo 10 – versículo 12)

Abençoa a todos, mas não os satisfaz....

Como dizem as Escrituras Sagradas: aquele que pedir ajuda do Senhor, será salvo.

Mas como irão pedir, se não crêem Nele? E como poderão crer, se não ouvirem a mensagem? E como poderão ouvir, se a mensagem não for anunciada? E como poderá ser anunciada, se não for enviados mensageiros? (Capítulo 10 – versículo 13 a 15)

Isso já falamos no inicio do estudo de Krishna: toda vez que a verdadeira religião é ameaçada, Deus se torna humano. Não que Ele venha para a carne, mas manda seus mensageiros. Os mensageiros vem trazer uma mensagem e essa precisa ser escutada e transformada em ação.

Enquanto você usar a mensagem apenas como conhecimento técnico, de nada adianta.

As Escrituras Sagradas dizem: como é bonito ver os mensageiros trazendo boas noticias!

Porém nem todos aceitam a boa noticia do Evangelho. O próprio Isaías disse: Senhor, quem acreditou na vossa mensagem? Portanto, a fé vem por ouvir a mensagem, e a mensagem vem por meio da pregação a respeito de Cristo. (Capítulo 10 – versículo 15 a 17)

A pergunta de Isaías continua viva até hoje: quem ouviu a mensagem de Cristo? Acho que muitos poucos porque o mundo até hoje procura felicidade no dinheiro e não em Cristo.

Mas eu pergunto: será que não ouviram a mensagem? Claro que ouviram. Como dizem as escrituras: a voz Dele se espalhou pelo mundo inteiro, as suas palavras alcançaram a Terra toda.

Pergunta ainda: será que o povo de Israel não soube disso? Moisés é o primeiro a responder: eu farei com que todos vocês fiquem com ciúmes de um povo que não é nação e com raiva de uma nação de gente sem juízo.

E Isaías teve a coragem de dizer: Deus foi achado por aqueles que não o procuravam e apareceu aos que perguntavam por Ele. (Capítulo 10 – versículo 18 a 20)

Aqueles que não tinham intenção. Quem O procura está motivado por uma intenção individual. Havendo intenção individual, não encontrar Deus jamais. Encontrará apenas o deus que ele imagina...

Mas, tem uma noticia muito importante neste texto: a sua mensagem se espalhará pelo mundo inteiro. Será que ninguém ouviu quando ele falou?

Bem ou mal, todos conhecem a vida de Cristo. Todos reconhecem que o Senhor se fez humilde para reinar. Mas, o que fizeram com essa mensagem? Buscaram a humildade, ou buscaram a prepotência cada vez maior? Ou buscaram o domínio sobre os outros cada vez maior?

É uma coisa para repensarmos. Repensarmos a nossa vida.

Nós já ouvimos a mensagem através dos milênios desde que Cristo esteve sobre a Terra. O que fizemos com essa mensagem?

Espero que algum dia alguém consiga me responder.

Mas, a respeito de Israel, Isaías disse: o dia inteiro Deus estendeu as mãos para receber o povo desobediente e rebelde. (Capítulo 10 – versículo 21)

A lei e a fé - Carta aos romanos

A misericórdia de Deus para Israel

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Por isso agora eu pergunto: será que Deus rejeitou o próprio povo? De jeito nenhum! Porque eu mesmo sou israelita, descendente de Abraão e membro da tribo de Benjamin. (Capítulo 11 – versículo 01)

Deus não rejeita os religiosos, apesar deles usarem a religião para o seu próprio prazer.

Deus não rejeitou o eu povo, porque Ele escolheu desde o principio. Vocês sabem o que as Escrituras Sagradas dizem naquele trecho em que Elias, diante de Deus, acusa o povo de Israel assim: Senhor eles mataram teus profetas e destruíram teus altares. Eu sou o único que ficou e eles estão querendo me matar. O que foi que Deus respondeu? Ele disse: guardei para mim sete mil homens que não adoraram o deus Baal. (Capítulo 11 – versículo 02 e 05)

 O deus Baal, era o diabo... O deus individualista, aquele que pregava o prazer.

Deus guardou para Ele sete mil homens, mas na verdade não são sete mil, são mais.

Por mais que tentem calá-la, a verdadeira religião, de tempos em tempos sempre reaparecerá numa forma pura e cristalina: o amor a Deus acima de todas as coisas. Quando isso ocorre, é hora daqueles que querem acompanhar esta religião. Mas, apenas os que querem: não podemos esperar que essa mensagem vá ser ouvida por todos, pois não será.

Uns sempre se revoltarão contra Deus e seus emissários quando a religião pura e cristalina chegar, pois a natureza humana é assim. Mas, mesmo nesse caso, o que não podemos é julgá-los. Dê a ele o direito de ir contra Deus, pois é vontade dele. Agora, ele que arque com o custo disso.

A mesma coisa também acontece agora: por causa da graça de Deus, ainda existe um pequeno numero daqueles que os escolheu. A sua escolha é baseada na sua graça e não no que eles têm feito. (Capítulo 11 – versículo 05 e 06)

Quantas vezes você já ouviu falar assim: 'aquele ali, quem é ele para falar? Ele fala de Deus, mas ele tem amante, faz besteiras, fuma, bebe.....

O poder da transmissão do evangelho, o ensinamento da fé, não se assenta sobre os atos de alguém, mas da graça que Deus dá a cada um. Muitas vezes, o mestre é o oposto daquilo que prega propositalmente. Para quê? Para ver se você acredita na mensagem, se está preocupado com a sua salvação ou se está preocupado em julgar o próximo. É isso que Paulo está nos ensinando.

Buda dizia o seguinte: se você tiver que esperar um santo vir aqui para passar a mensagem, isso vai demorar muito. Aceite a mensagem da fonte que ela vier... Portanto, você precisa isolar o mensageiro da mensagem.

O mensageiro é o mensageiro. É o ser humano que está na sua busca e luta de desumanizar-se. A mensagem que ele traz vem de Deus, mas não é dele.

Por exemplo, se fala muito dos pastores da religião evangélica, mas tem muitos que trazem a mensagem de Deus com com uma fé muito grande. 'Ah, mas todos os pastores estão sempre pregando o dízimo, querendo o dinheiro dos outros'. Esse é o preconceito que vocês têm com relação a eles é verdadeiro: eles realmente pregam o dízimo e pedem dinheiro... Mas, isso é problema dele... ao invés de se preocupar com o seu dinheiro, ouça a mensagem dele e vai encontrar a palavra de Deus. Não vá ao culto dos pastores para dar ou defendendo o seu dinheiro: vá para ouvir a mensagem de Deus através dele.

É sempre aquela história: não julgue nunca.

Porque, se a escolha de Deus fosse baseada no que as pessoas fazem, então a sua graça não seria verdadeira. (Capítulo 11 – versículo 06)

Porque a graça de Deus não seria verdadeira se fosse baseada no que cada um faz? Porque cada um faz o que faz porque Deus quer assim. Vou dar um exemplo.

Se eu fumo é porque Deus me faz fumar agora. Agora, se fumar é errado, como é que Deus vai me julgar se é Ele quem me faz fumar?

O que vamos dizer? Que o povo de Israel não encontrou o que estava procurando. (Capítulo 11 – versículo 07)

Simplesmente isso. O religioso precisa compreender que não conseguiu chegar a Deus. Por mais que ele se imagine ao lado do Senhor, o sofrimento que ainda tem com as coisas da Terra, comprova que ele não chegou ao lado do Senhor.

Quem encontrou foi um pequeno grupo que Deus escolheu; os outros não quiseram ouvir o chamado de Deus. Como dizem as Escrituras Sagradas: Deus endureceu seus corações e as suas mentes, e até hoje eles não podem ver com os seus olhos nem ouvir com os seus ouvidos. (Capítulo 11 – versículo 07 a 08)

Os outros ainda vêem as coisa com olhos e ouvidos de ser humano.

E David disse: que nas suas festas eles sejam apanhados e enganados, que caiam e sejam castigados! Faze que eles fiquem cegos e que fiquem sempre curvados debaixo do peso das suas dificuldades.

Agora pergunto: quando os judeus protestaram, será que caíram em desgraça total? De jeito nenhum! (Capítulo 11 – versículo 09 a 11)

Não existe desgraça total, inferno. Deus está dando sempre uma nova chance.

Mas porque pecaram, então a salvação veio para os não judeus, para fazer que os judeus ficassem com ciúme deles. (Capítulo 11 – versículo 11)

Com relação a estar condenado ao inferno, quero lembrar que o inferno não é só um lugar mas um estado de espírito. Sempre que você está sofrendo, está no inferno.

Mas, ao invés de se sentir condenado com relação a isso, tente sair desse estado de espírito, pois não há mal que nunca acabe. O problema é que vocês ficam esticando o sofrimento o máximo possível...

Colocam barreiras para serem felizes e com isso esticam o inferno, o sofrimento...

O pecado dos judeus trouxe grandes bênçãos para o mundo, e a sua pobreza espiritual trouxe grande riqueza para os não judeus. (Capítulo 11 – versículo 12)

Olha só: o pecado trouxe grande riqueza para o mundo. É isso que precisamos compreender: a coisa errada traz riqueza para o mundo. Sabe, gosto muito quando ouço alguém condenar outra pessoa ao fogo eterno sem compreender que aquela pessoa que ele está condenando está trazendo a riqueza ao mundo.

Se alguém faz o que você não gosta, em resposta grita, berra, xinga e o acusa. Mas, ele trouxe riqueza para a sua vida, pois trouxe aquilo que você não gosta. Receber o que não se gosta, passar por uma situação de contrariedade, é a maior riqueza que o ser humanizado pode receber. Não há dinheiro nesse mundo capaz de comprar a oportunidade do trabalho espiritual que a contrariedade lhe dá.

Mesmo que a outra pessoa tenha feito tal ato por individualismo, ou seja, tenha tropeçado, para você aquilo é riqueza, um tesouro. É a oportunidade de se tornar mais rico espiritualmente falando, pois porque você receber quando exercer a sua fé. Sendo assim, quando a pessoa lhe deu a oportunidade de exercer a sua fé, ela lhe trouxe riqueza, pois exercendo-a, receberá de Deus o seu pagamento.

Aquele que faz não será condenado pelo que fez, pois sempre acaba servindo de instrumento para a melhora de outro. O que o agente receberá é um carma para si. Ou seja, terá que passar pela situação carmática dele...

Mas, isso não é condenação: é amor. Deus não condena ninguém ao fogo do inferno, mas dá a cada um uma nova chance através do carma...

Vocês condenam os outros, mas Deus não. Ele só dá o próximo carma, ou seja uma nova oportunidade de elevação. Se esse ser no próximo carma se libertar, estará livre...

E não importa o quando você o critique, acuse ou condene: isso não muda nada para Deus que sabe tudo...

Então, quando se completar o numero de judeus que voltarão a Deus, as bênçãos serão muito maiores ainda. (Capítulo 11 – versículo 12)

Quando cada um aproveitar suas chances, as bênçãos serão maiores.

A lei e a fé - Carta aos romanos

A salvação dos que não são judeus

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Agora estou falando a vocês que não são judeus. (Capítulo 11 – versículo 13)

Aqueles que não tem religião. Podem ter fé ou não, pois ser religioso não quer dizer que tenha fé.

Já que sou apóstolo para os não judeus, tenho orgulho do meu trabalho. Talvez eu possa fazer que os da minha própria raça fiquem com ciúme, e assim seja possível salvar alguns deles. (Capítulo 11 – versículo 13 a 14)

Deixe-me contar uma história e interessante. Já a contei muitas vezes, mas quando se fala de religioso e não religioso, de fé e não fé, ela é muito importante. Por isso vou contar novamente.

Havia uma moça na China que era prostituta e recebia todos os homens na sua casa. Um dia, um monge que tinha sua casa em frente à dela, descobriu que ela era prostituta e foi lá e brigou com ela. 'Você não pode fazer isso, pois é contra a lei de Deus; está dormindo com os homens dos outros'. O monge a ofendeu a vontade.

Ela disse: 'desculpa monge, não sabia disso. Se soubesse que era contra a lei de Deus, jamais teria feito, pois amo a Deus. Vou me consertar'.

Ela parou de receber os homens mas aí ficou sem dinheiro para comer. Não arrumava mais nada para fazer na vida e ninguém lhe dava um tostão. Por isso, quando estava quase morrendo de fome, não teve jeito: voltou a receber homens. Só que quando cada homem saia, ela ia para o altar e conversava com Deus. Explicava a ele da sua necessidade e pedia perdão.

O monge sabendo que ela tinha voltado a receber homens, foi lá e novamente a humilhou. Ela se explicou: 'mas monge, eu não consigo outra forma de ganhar dinheiro, o senhor pode me ajudar? Ele disse: 'não, nós já temos muitas despesas no templo... Temos que comer, que fazer as oferendas para Deus, que comprar incenso, fazer velas... Por isso não posso lhe ajudar'.

Além de negar o auxílio, o monge disse: 'mas sua situação não justifica seu ato. Você não pode receber homens'. Mas, mais do que lhe dar o código legal, como todo legislador, decretou uma sentença: 'vou colocar na porta da sua casa uma pedra para cada homem que entrar. Assim, ao olhar essa pedra, terá consciência do que está fazendo'.

Isso não mudou a realidade da prostitua, pois não tinha outra forma de viver. Ela continuou recebendo homens e pedindo desculpas a Deus...

Um dia, os monge e a prostitua morreram na mesma hora. Neste momento, o monte de pedras na porta da casa da prostituta estava mais alto que a própria casa....

Na hora em que os dois morreram, foram atendidos por anjos. Enquanto o anjo que carregava o monge descia para o inferno, o com a prostituta era levada para o Céu. Aí o monge contestou: 'não, isso é impossível! Eu sou um monge. Levei minha vida dedicada a oferecer sacrifícios a Deus. Porque ela está subindo e estou descendo'?

E o anjo disse à ele: porque o seu coração está muito pesado com todas aquelas pedras.

É isso que Paulo está nos ensinando. Deus não quer sacrifícios, não quer religiosidade; Ele quer corações leves...

Deus não quer ditadores que em nome Dele imponham ao próximo ações. O que Ele quer, na realidade, é que cada um ame o próximo como a si mesmo.

Porque, quando os judeus foram rejeitados, o mundo se tornou a vida de Deus. O que acontecerá então quando forem aceitos? Será a vida para os mortos!

Já que o primeiro pão assado depois da colheita é dedicado a Deus, isso quer dizer que todos os outros pães são dedicados a Ele. (Capítulo 11 – versículo 15 a 16)

Você não agradece a Deus porque teve um bom parto? Então, tem que dedicar toda vida do seu filho a Ele também.

E, se as raízes de uma árvore são oferecidas a Deus, os galhos também são Dele. (Capítulo 11 – versículo 16)

Tudo é Dele... Se suas raízes, ou seja, a sua espiritualidade, são de Deus, a sua vida material, os galhos também, têm que ser dedicados a Ele. Não adianta viver uma vida dupla: agora sou religioso e vivo para Deus; agora não sou religioso e não vivo para Deus. Mas, apesar do ensinamento do apóstolo, a maioria vive assim.

A maioria dos seres humanos vai todos os domingos à missa, todas as quartas ao centro espírita ás quintas vai à macumba. Nas segundas, terças e sextas, além das outras horas que sobram dos dias que dedica alguma coisa a Deus, nem quer saber de Deus ou de religiosidade.

Aliás, fiz uma pergunta uma vez e até hoje alguém ficou de calcular e não me respondeu: quanto tempo você gasta para fazer uma oração pela manhã e uma oração à noite? Cinco, dez minutos? E o que faz no resto do tempo inteiro?

'Meu horário para Deus é quando acordo e quando durmo'. Está certo, continue assim.

Alguns galhos da oliveira cultivada foram quebrados, e um galho da oliveira brava foi enxertado nela. Pois vocês que não são judeus são, como aquela oliveira brava e agora participam da força e da riqueza da vida dos judeus. Portanto, vocês não devem desprezar os galhos que foram quebrados. Como podem ficar orgulhosos? Vocês são somente galhos. Não são vocês que sustentam a raiz – é a raiz que sustenta vocês. (Capítulo 11 – versículo 17 e 18)

É Deus quem sustenta você. Por isso não tenha orgulho da sua religião, nem do que já conseguiu no exercício da fé...

Mas vocês dirão: sim, mas os galhos foram cortados a fim de darem lugar para nós. Lembrem-se de que eles foram cortados porque não creram, mas vocês ficam na oliveira porque crêem. (Capítulo 11 – versículo 20)

Os galhos não são cortados para que alguém assuma o lugar. Tirar de um para dar a outro: Deus não faz isso. É isso que Paulo está nos dizendo.

Na verdade, alguém deixa de merecer alguma coisa. Por isso deixa de receber. Vou dar um exemplo.

Vocês são noivos e querem fazer duas coisas diferentes no mesmo dia e na mesma hora. Isso é impossível, não? Vão ter que fazer uma das coisas apenas. Se esta coisa foi o que outro quer, não interprete que Deus está castigando você...

Já aquele que faz o que quer também não deve pensar assim: 'Deus está fazendo o que eu queria fazer, por isso sou o melhor... Não é isso.

Deus não fez o que o outro queria porque ele não mereceu e nem o que o outro queria porque ele é o melhor. Na verdade Deus dá coletivamente, ou seja dá porque os dois mereciam. Agora, se um se orgulhar, tiver soberba, prazer e dizer venci a disputa ou o outro sentir-se perdedor, os dois estarão vivendo fora da fé...

Nunca devemos imaginar Deus castigando um e dando a vitória ao outro: não é isso que Ele faz. Deus dá o melhor para os dois. Para você era melhor participar do que ele queria; para o outro era melhor conseguir o que queria. Agora, se quem conseguiu viver a soberba, da próxima vez pode ser que seja o contrario.

Dei como um exemplo, um casal, mas isso vale para qualquer relacionamento na vida, mesmo que sejam estranhos. A cada momento Deus está dando sempre o que é melhor para todos e não individualmente.

Ficou clara a questão que Paulo está falando: enxertar uma figueira brava. O galho dessa figueira brava não pode imaginar que para que ela fosse enxertada outro galho tivesse que ser quebrado...

E não fiquem orgulhosos por isso; ao contrário, tenham medo. (Capítulo 11 – versículo 20)

Porque você agora é devedor...

Aconteceu o que você queria, maravilha. Você agora é devedor de Deus. Se aproveitar essa chance usando o prazer, o individualismo,volta a ser devedor.

Tema, tenha medo quando as coisas acontecem do jeito que você quer para que não entre no processo de se vangloriar de ter vencido. 'Olha só como Deus me ama, sempre acontece o que eu quero, sempre a corda arrebenta para lá'. Não entre nisso, pois se nisso acontecer, você passou a ser devedor.

Isso é muito importante. Quando acontece a situação negativa, há uma oportunidade de você evoluir. Mas, quando acontece a positiva, também. Você precisa estar muito atento para não se entregar a essa prova do prazer.

Eu diria que deve tratar os momentos onde acontece o que você quer, sem faltar com as coisas que já dissemos, que foi uma coincidência. Na verdade, não foi uma coincidência, mas sim o merecimento dos dois. Mas, se você trabalhar a participação neste momento como coincidência fica mais fácil.

'Por acaso aconteceu o que eu queria e não porque sou o melhor ou estou certo'. Isso o torna devedor...

Se Deus não deixou de castigar os judeus, que são como galhos naturais, acham que Ele vai deixar de castigar vocês? Veja como Deus é bom e também é severo. Ele é severo para os que caíram e bom para vocês, se continuarem sempre confiando na bondade Dele. Se não vocês também serão cortados. E, se os judeus abandonarem a sua descrença, voltarão outra vez para o lugar onde estavam, pois Deus pode fazer com que eles voltem. (Capítulo 11 – versículo 21 a 23)

Perfeito... Assim se acomodam todos os galhos sem o menor problema. Para Deus tudo é possível.

 Vocês, os não judeus, são como aqueles galhos da oliveira brava que foi cortado e enxertado, contra a natureza, na oliveira cultivada. Os judeus são como a oliveira cultivada. Portanto, para Deus será muito mais fácil ajuntar de novo, na própria árvore deles. esses galhos cortados. (Capítulo 11 – versículo 24)

A lei e a fé - Carta aos romanos

A bondade de Deus para todos

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Parte 1

Meus irmãos, quero que vocês conheçam uma verdade secreta para que não pensem que são muito sábios: a teimosia do povo de Israel não durará para sempre, mas somente até o numero completo de não judeus venham para Deus. (Capítulo 11 – versículo 25)

As religiões não durarão para sempre. Elas existirão enquanto não se transformarem os não religiosos. Quando isso acontecer, os religiosos também terão sua fé atacada. Atacadas no bom sentido, claro.

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É assim que todo povo de Israel será salvo. Como dizem as Escrituras Sagradas: o Salvador virá de Sião e tirará toda maldade dos descendentes de Jacó. Farei de acordo com eles quando tirar os seus pecados.

Os judeus rejeitaram o Evangelho e por isso são inimigos de Deus, por causa de vocês, os não judeus. Mas, pela escolha de Deus, são amigos Dele, por causa dos patriarcas. Porque Deus não muda sua maneira de pensar a respeito de quem Ele escolhe e abençoa. (Capítulo 11 – versículo 26 a 29)

Deus não muda a intenção que tem sobre vocês. Ele sabe que você é filho Dele, lhe ama como tal, mas não pode como o pai terrestre ficar passando a mão na sua cabeça.

Mas vocês, que não são judeus, no passado desobedeceram a Deus. Porém agora Deus tem misericórdia de vocês por causa da desobediência dos judeus. Assim, por causa da misericórdia que vocês receberam, agora os judeus desobedecem a Deus para eles poderem receber também a misericórdia Dele. (Capítulo 11 – versículo 30 a 31)

É a ação do carma.

Pois Deus fez todos se tornarem prisioneiros da desobediência a fim de mostrar a misericórdia a todos. (Capítulo 11 – versículo 32)

Grande ensinamento...

Deus fez todos se tornarem prisioneiros da desobediência, ou seja, fez todos viverem pelo individualismo para mostrar a sua grande misericórdia, para mostrar que o seu amor é igual para todos.

Se Deus fizesse um melhor que o outro, não valia mostraria isso...

A lei e a fé - Carta aos romanos

Louvor a Deus

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Parte 1

Como são grandes as riquezas de Deus! Como são profundos os seus conhecimentos e a sua sabedoria! Quem pode explicar as suas decisões? (Capítulo 11 – versículo 33)

Quem pode dizer porque Deus fez isso ou aquilo? Quem pode dizer porque Deus fez chover hoje e ontem não? Quem pode explicar porque Deus lhe tranca ou lhe tira de um lugar para para viver em outro?

Declare a sua incompetência de saber o que está acontecendo e viva em Deus, sabendo que Ele sabe o que está fazendo.

Deixe-me dar um exemplo interessante: você sabe dirigir e tem a carteira? Mas, tem gente que não tem. Será que a pessoa que não tem carteira e não sabe dirigir vai brigar para assumir o volante? Ou seria melhor ela entregar o volante a quem sabe? Se você não sabe cozinhar, vai insistir em fazer a comida ou vai entregar o fogão a quem sabe?

É a soberba de querer ser que leva o ser humanizado a achar que pode fazer aquilo que não sabe: criar ações justas e amorosas. Entregue o comando da vida a Deus porque só ele sabe fazer isso...

Quem pode entender os seus planos? Como dizem as Escrituras Sagradas: quem pode conhecer a mente do Senhor? Quem é capaz de lhe dar conselhos? Quem já deu alguma coisa a Deus para receber Dele um pagamento?

Pois todas as coisas foram criadas por Ele, e tudo existe por meio Dele e para Ele. Glória a Deus para sempre. Amém! (Capítulo 11 – versículo 33 a 36)

Veja o que Paulo está falando: tudo existe por meio Dele e para Ele. Exatamente o que ensinamos o tempo inteiro: o Universo é obra do faça-se de Deus e foi criado por Ele para que você chegasse a Ele.

A lei e a fé - Carta aos romanos

A vida no serviço de Deus

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Portanto meus irmãos, por causa da grande misericórdia divina, peço que vocês se ofereçam completamente a Deus como sacrifício vivo, dedicado ao seu serviço e agradado a Ele. (Capítulo 12 – versículo 01)

Não é o ensinamento de Krishna? Dedique-se a Deus em sacrifício. Dedique em sacrifício a Ele as suas intenções, as suas vontades, a sua vida, os seus desejos. Pare de viver para você e viva para Deus.

Esse ensinamento é muito velho. Todos os profetas ensinaram ao povo de Israel a viver para Deus ao invés de viver para si, mas até hoje o ser humano reluta em viver para Deus. Até hoje o ser se apega a humanidade que vive. Apega-se ao desejo de construir alguma coisa para si.

Mas, construir o que? O que você pode construir nessa vida que seja eterno? Nada, tudo some, tudo acaba com o desligamento da matéria carnal. Nem sua fama, nem seu nome que seria para você uma coisa imperecível, não existe depois da morte.

Você se lembra do nome do seu bisavô? Do seu tataravô? Ninguém mais se lembra nem sabe como ele foi. Vocês não fazem o culto ao antepassado.

Então, tudo morre e você tem que começar a compreender isso: compreender que viver para construir para si é perda de tempo. É jogar e desprender energia fora. Você não vai conseguir guardar o seu apartamento, o seu carro, a sua casa, o seu dinheiro, as suas joias, as suas roupas e o seu prazer para sempre. Estas coisas vão escorregar por entre seus dedos, pois você não tem o menor controle sobre nada. Quando chegar a esta conclusão, você vai ter duas soluções: ou se mata ou vive para Deus.

Saiba que quando você estiver construindo para Deus, estiver vivendo para Ele, estará construindo para a eternidade e tudo que for construindo assim, jamais vai lhe escapar das mãos.

Esta é a verdadeira adoração que vocês devem oferecer. (Capítulo 12 – versículo 01)

A vida, os objetivos da vida, os momentos da vida? Essa é a verdadeira adoração que devem oferecer.

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Não viviam como vivem as pessoas desse mundo, mas deixe que Deus os transformem por meio de uma completa mudança nas suas mentes. (Capítulo 12 – versículo 02)

Ou seja, não vivam querendo ser o que não são, fazer o que não fazem...

É a mesma coisa que Krishna e Buda falam.

Assim vocês conhecerão a vontade de Deus, que é boa, perfeita e agradável a Ele. (Capítulo 12 – versículo 02)

No Evangelho de Tomé, Cristo diz assim: nada que está encoberto deixará de ser revelado, mas para que isso aconteça é preciso você primeiro se declarar filho de Deus.

Volto, então, a fazer as perguntas que Paulo fez: quem pode saber o que Deus faz? Quem pode saber porque Deus quer o que faz acontecer?

Como Cristo disse: só o filho sabe quem é o Pai, só o filho conhece as intenções do Pai.

Por causa do dom que Deus, na sua bondade, me deu, eu digo a todos vocês: não se julguem melhores do que realmente são. Ao contrário, sejam modestos nos seus pensamentos, e cada um julgue a si mesmo conforme a fé que Deus lhe deu. Porque assim como num só corpo temos muitas partes, e todas elas tem funções diferentes... (Capítulo 12 – versículo 03 a 04)

Deixe-me falar disso: não julgue aos outros, mas julgue a si mesmo.

Em todos os acontecimentos esteja preocupado no que você está pensando. É isso que Paulo fala ao dizer que deve julgar a si mesmo: esteja atento ao seu pensamento e julgue o seu próprio entendimento sobre as coisas.

Pare de julgar o próximo: 'ele faz isso por causa daquilo'. Ao invés disso, julgue a si: 'porque eu estou dizendo que ele faz isso'?

Vocês dizem assim: 'tenho certeza que aquela pessoa quer me machucar. Porque será que ela quer me machucar? Isso é estar julgando o outro. Agora, se disser: 'porque acho que ele quer me machucar? De onde veio essa idéia'? Isso é julgar a si mesmo.

Julgar a si mesmo é estar sempre buscando no seu pensamento de onde surgiu aquela idéia ao invés de simplesmente aceitá-la,vivenciá-la sem acusar o próximo.

… assim também nós embora sejamos muitos, somos um só corpo por estarmos unidos com Cristo e todos estamos unidos uns com os outros como partes diferentes de um só corpo. (Capítulo 12 – versículo 05)

O Universo é um só e não existem coisas separadas uma da outra. Você e a outra pessoa são uma coisa só. Você, seu patrão e todos são uma coisa só, porque tudo é o Universo. Não se julgue ser uma coisa separada disso tudo porque se separando estará na ilusão...

Deixe-me tentar explicar uma coisa: os cientistas dizem que o Universo está crescendo. Para onde? Se tudo que existe é o Universo, ele ele crescesse seria sobre alguma coisa que não é Universo. O que era essa coisa antes de ser Universo? Só poderia ser o nada. Mas, nada não existe...

Você e todos juntos formam o Universo e só ele existe. Se quer ser alguma coisa isolada do Universo, onde você ficará se só o Universo existe?

Não há lugar para isolar-se. Não há lugar tem para onde fugir para que possa entrar num mundo onde o que você acredita seja a verdade.

Não existe lugar onde a ação de Deus não esteja acontecendo. É isso que Paulo está nos ensinando.

Não adianta você querer fugir daqui para outro canto, pois não há outro canto. Você vive aqui e esse aqui se chama Universo. Você é parte integrante do Universo. Mais: a somatória de tudo é o Universo... E o Universo é a ação de Deus.

Mesmo que você não queira viver sobre a ação de Deus, ela está sendo vivenciada. Portanto, a sua luta para criar alguma coisa sem a presença de Deus é inglória, é fadada ao fracasso, pois, mesmo que fosse possível criar alguma coisa mais, sem a ação de Deus essa coisa não seria Universo.

Como não existe mais nada sem ser o Universo, só posso dizer dizer que o seu imaginar que é independente dele é o próprio Universo... É importante começarmos a pensar isso.

O ser humano é inimigo de Deus e é essa condição de inimigo existe justamente por causa disso: o homem querer construir sobre Deus. Mas como agir acima da vontade Dele se o que vai ser feito não tem de onde sair ou por... Além do mais, o que pode ser feito se tudo que existe no Universo é emanação de Deus?

Só essa compreensão já bastaria para você acabar com seus sonhos de realizar algo, para parar de querer criar uma realidade que não é o que está vivendo: você não tem como criar nada.

Vamos dizer que você queira ir num lugar outra pessoa lhe diga para não ir. O que vai fazer? Vai lutar para ir? Quantas vezes já lutou e não foi?

Imaginemos que outro diga para você não sair. O que vai fazer? Vai lutar para sair? Mas, sair para onde? Com que pernas você vai se mexer para sair, se suas pernas são Universo, são emanações de Deus?

Nada, você não vai conseguir fazer nada... Então pare de achar que pode....

Portanto, usemos os nossos diferentes dons, que nos foram dados pela graça de Deus. Se o dom que recebemos é anunciarmos a mensagem de Deus, façamos isso de acordo com a fé que temos. (Capítulo 12 – versículo 06)

Mas, se é brigar com os outros, então briguemos. Se é matar alguém, então matemos.

Cada um age de acordo com a sua natureza. Não lute contra a sua natureza.

Se a sua natureza é não gostar de cadeira suja, é Deus que não gosta disso. Portanto, não lute contra isso. Lute para não criticar quem não limpa a cadeira, o que é completamente diferente. Uma coisa é lutar contra a sua obsessão por limpeza; outra é lutar contra criticar quem não tem a mesma obsessão.

Viva de acordo com o dom que Deus lhe deu, ou seja, com a sua natureza, mas não critique os outros por não fazerem aquilo.

Se é servir, então devemos servir; se é ensinar, então ensinemos; se é animar os outros, então animemos. Quem reparte com os outros o que tem, que faça isso com generosidade. Quem tem autoridade, que a use com todo cuidado. Quem ajuda os outros, que ajude com alegria. (Capítulo 12 – versículo 07 a 08)

Ou seja, faça o que fizer, não perca jamais o amor.

Que o amor seja inteiramente sincero. Odeiem o mal e sigam o que é bom. (Capítulo 12 – versículo 09)

O mal é o individualismo, é o querer para si. Odeiem querer para si, querer realizar, querer ganhar...

Amem uns aos outros com carinho aos irmãos em Cristo e em tudo dêem preferência us aos outros. (Capítulo 12 – versículo 10)

Olha que ensinamento maravilhoso. Não se trata de lutar a favor da vontade de querer lutar, pois isso vai contra a sua natureza e, por isso, jamais obterá a vitória. Trata-se de lutar contra o desamor ou seja, trata-se lutar para libertar-se de ter que lutar.

'Eu quero assim e isso tem que acontecer': isso é desamor.

Trabalhem bastante e não sejam preguiçosos. Sirvam ao Senhor com o coração cheio de entusiasmo. Vivam alegres com a esperança que vocês têm (Capítulo 12 – versículo 11)

Com a esperança que um dia vão perder tudo, seus conceitos e padrões, e aí, então, conseguirão conviver harmonicamente com uma cadeira suja.

Vivam alegres com a esperança que vocês têm; tenham paciência nas dificuldades e nunca deixem de orar. Repartam com os irmãos necessitados o que vocês têm e abram as suas casas aos estrangeiros. (Capítulo 12 – versículo 12 a 13)

A sua casa é a sua vida; o irmão necessitado é aquele que está fora do amor de Deus, ou seja, o que ainda acha que é capaz de agir... Deixe-o agir sobre a sua vida.

Peçam que Deus abençoe os que perseguem vocês. Sim, peçam que Ele abençoe e não que amaldiçoe. Alegrem-se com os que se alegram e chorem com os que choram. Vivam em harmonia um com os outros. (Capítulo 12 – versículo 14 a 16)

Esse chorar não é você sofrer nem a alegria é o riso. Não adianta nada você entrar num enterro dando gargalhada. É uma coisa triste, é uma coisa sofrida, mas você não pode sofrer ali.

Não sejam orgulhosos, mas aceitem serviços humildes. Não se julguem sábios. (Capítulo 12 – versículo 16)

Não queira só orientar, mandar e comandar.

Não paguem a ninguém o mal com o mal. Procurem fazer o que os todos acham que é bom. No que depender de vocês, façam todo o possível para viver em paz uns com os outros. (Capítulo 12 – versículo 17 a 18)

Pagar o mal com o mal é só o que você sabe fazer.

Ela fez isso? Ela não presta... É uma safada, sem vergonha.

A critica é pagar o mal com o mal, pois ela própria é um mal, porque é fruto do individualismo.

Meus irmãos, nunca se vinguem de ninguém; pelo contrario, deixem que o castigo de Deus faça isso. (Capítulo 12 – versículo 19)

Isso, entrega na mão de Deus... Ele lhe deu uma bofetada? Diga assim: Deus, é com você.

Deixe Deus agir e não imponha condição à ação de Deus ou seja, queira dizer o que o Senhor tem que fazer: 'se me bateu, ele tem que levar uma mesma bofetada'.

Não é assim que as coisas acontecem. A bofetada que ele lhe deu pode ser respondida por Deus de diversas formas...

Porque as Escrituras Sagradas dizem: Eu me vingarei, Eu acertarei contas com ele, diz o Senhor. Mas faça como dizem as escrituras: se o seu inimigo estiver com fome, dê comida a ele; se estiver com sede, dê água. Porque assim você o fará queimar de remorso e vergonha. (Capítulo 12 – versículo 19 a 20)

Nós ensinamos há muito tempo atrás uma coisa chamada doação da razão...

Sabe, se alguém chega para você e começa a discutir alguma coisa ('porque eu acho aquilo e aquilo outro'), você deve dizer assim: 'você acha? Então, você está certo'...

Não estou dizendo que deve assumir como verdade o que o outro fala. Não, continue com a sua, mas não discuta com ele. Esse é um faminto e sedento e você deve dar a comida e a água que ele quer. Ele vai sair dali todo cheio.

E você? Vai sair na sua, tranqüilo e em paz.

Não deixem que o mal vença vocês mas vença o mal com o bem. (Capítulo 12 – versículo 21)

Vença o individualismo.

A lei e a fé - Carta aos romanos

Obediência às autoridades

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Que todos obedeçam às autoridades. (Capítulo 13 – versículo 01)

Vamos conversar sobre isso. O que é uma autoridade? É alguém que detêm o poder da ação. Quem tem o poder na ação comanda o outro. Quem delega o poder para essa pessoa? Deus e só Ele.

Não adianta dizer, por exemplo, que o seu chefe é uma besta, que não sabe o que faz, pois ele tem um poder delegado por Deus. É por isso Paulo está dizendo: obedeça as autoridades, obedeça a todos que tem poder para mandar em você.

Pedro foi falar com Cristo e disse assim: 'senhor, estão querendo que paguemos imposto a César'. Cristo respondeu: 'claro que vamos pagar, temos que pagar os nossos impostos'. Então mandou pescar o peixe e dentro dele tinha duas moedas com as quais pagou o imposto.

Faça como Cristo: não deixe de obedecer àqueles que tem o poder, pois todo poder foi conferido por Deus.

Participante: a primeira palavra que me veio à mente é justamente carma. A autoridade é um carma e nós estamos relacionados com ela porque isso está relacionado ao nosso carma também.

Quem está sujeito a uma autoridade acima de si, deve obedecer a ela. Não adianta ficar discutindo se ela tem capacidade para estar onde está, pois está lá, ou seja, tem o poder. Mesmo que essa autoridade tenha conseguido o cargo por ser um puxa saco ou sem o merecimento que você acha que ele deveria ter. Com certeza ele tem o merecimento para estar lá, senão Deus não conferiria a ele a autoridade. Sendo assim, a primeira coisa que temos que parar é de xingar os outros e de falar mal das autoridades.

Agora, porque foi conferido a ele e não a você a autoridade?

É a questão dos papéis que se vive na vida que já conversamos. Na vida cada ser vivencia papeis. O papel que cada um vivencia nada mais é que o carma dele...

A função que cada um exerce nos momentos da vida contém uma serie de carmas (verdades) envolvidos nela. Como já disse, o médico é um ser que tem um carma que o transforma em médico. Aquele ser vai ser médico para vivenciar determinados carmas.

Portanto, não existe ninguém fora do lugar, pois cada um vivencia o seu carma. Essa é a primeira coisa...

Agora, pergunto: o que o ser que está vivendo o papel de autoridade como carma tem que fazer para poder passar nessa prova? Ser universal e não individualista, não querer para si.

Lembra-se no início desse estudo quando estávamos debatendo relações e eu disse que a única que não é amoral é a relação com amor universal?

Sendo assim, se você tem poder e se relaciona com os seus subordinados usando do sentimento do poder, usando o sentimento de que você é o gostosão, usando o sentimento da soberba, tem uma relação amoral. Agora se é o subordinado e tem uma relação com o seu chefe de revolta, de critica, de acusação, está também tendo uma relação amoral com ele, pois se entregou às suas paixões, ao que sabe.

O ensinamento de todos os mestres é bem claro: respeite as autoridades porque quem confere o poder para alguém se tornar em autoridade é Deus. Isso faz parte do carma de cada um, pois se aquele que vive o papel de autoridade não se relacionar amorosamente com seus subordinados, nada terá feito com relação à elevação espiritual.

Participante: o senhor fala assim e me vem a ideia de que tudo o que o meu chefe falar eu vou ter que obedecer.

É isso... Mas, veja, eu não estou falando de ato. O ato você vai acabar fazendo o que tiver que fazer, pois não é você quem faz.

Participante: o sentimento é que tem que ser universal, então?

Isso, a relação com o seu chefe.

Tudo o que ele disser, faça você se fizer ou não, não faça xingando ou elogiando internamente, mesmo que xingue ou elogie externamente...

Participante: por exemplo, a situação de dar uma ordem e eu não concordar com aquilo. Vou chegar para ele e falar o que vejo sem discussão, quer dizer, o ato não tem nada a ver.

Se você chegar para falar, chegou...

Repare: você já está programando atos. Mas, não pode se programá-los, pois você pode fazê-los ou não.

Não adianta querer saber agora o que irá acontecer...

Participante: o ato é o de menos, ele já é conseqüência do sentimento.

O ato já é a própria continuação da história, um novo momento.

Participante: é o caminho que você seguiu, a escolha sentimental que você fez.

E é o que ele merecia. Agora, temos que ter todo o cuidado para não criticar e não elogiar, seja quem for.

Participante: e ainda entra aí a questão do merecimento positivou ou negativo. Pode merecer como missão ou como prova e como a gente não consegue saber se é uma coisa ou outra...

Ame... Aí você está segura.

Se não sabe se é uma coisa ou outra, ame logo de uma vez e estará segura que não vai errar.

O problema é: 'eu tenho a certeza que ele está errado'. Gostaria de saber o que vocês têm tanta certeza nessa vida...

Não sabem onde, quando, como, porque de nada, mas continuam tendo certeza das coisas. É essa certeza que não lhes deixa aceitar as autoridades.

Participante: mas quando a gente sabe o que faz, nos tornamos autoridades. No meu trabalho, posso não ter condição de dizer que conheço tudo, mas durante a minha vida trabalhando lá adquiri um certo conhecimento prático sobre aquilo que estou fazendo. Isso não me transforma em autoridade naquele momento?

Se você mostrar o sentimento de autoridade, sim. Vamos tentar entender isso, porque vocês estão querendo saber de atos e o este assunto não pode ser debatido.

Então o seu chefe mandou fazer uma coisa, mas, você sabe que está errado. Quantas vezes isso já aconteceu? Dentre estas vezes, quantas se calou e quantas falou? Muitas vezes, não?

Então veja: não adianta discutir atos. Se ele falar e você souber que está errado, ou você fala ou não. Não dá para premeditar se vai falar ou não em todas as vezes. Algumas vezes quando sabe mais que ela, fala; outras vezes sabendo mais, não fala.

Portanto, o problema não é saber se vai falar ou não, mas sim na hora que fala, se vai criticar ou elogiar, Na hora em que analisa o que fala ou ouve, você não pode se criticar ou se elogiar.

Não se preocupe com atos, pois está querendo se preocupar com isso achando que pode decidir se vai agir ou não. Não se preocupe se vai responder a ele ou não, preocupe-se em estar bem, respondendo ou não. Tem horas que você diz, não vou falar, mas fala; tem horas que diz, vou lá falar, e não consegue.

Porque não existe nenhuma autoridade sem a permissão de Deus, e as que existem foram colocadas por Ele. Assim quem é contra as autoridades é contra o que Deus mandou, e os que agem desse modo vão trazer condenação para si mesmos. (Capítulo 13 – versículo 01 a 02)

Sabe o que é condenação para si mesmo?

Participante: carma... Já não chega o que a gente tem e arruma mais...

Sim, são carmas...

Participante: Deus precisava rever o plano de vida dos humanos, está muito complicado.

Nós precisamos rever o nosso plano de vida, pois este sistema (carmático) existe desde que o Universo é Universo e vai existir por toda eternidade, sendo justo, perfeito e amoroso.

Somente os que fazem o mal deve ter medo dos governantes e não os que fazem o bem. (Capítulo 13 – versículo 03)

Só os que querem para si devem ter medo dos governantes. Quem busca se harmonizar, não precisa ter esse medo.

Quando você quer para si, espera, porque não vai: o governante está aí para provar que ele é mais forte do que você.

Se você não quiser ter medo das autoridades, então faça o que é bom, e elas o elogiarão. Porque elas estão a serviço de Deus para o bem de você. (Capítulo 13 – versículo 03 q 04)

Elas estão a serviço de Deus para o bem de vocês. O que quer dizer isso?

Participante: é a roda do carma.

É o instrumento do carma, instrumento do seu carma.

Mas se você faz o mal, então tenha medo. pois as autoridades de fato tem poder para castigar. (Capítulo 13 – versículo 04)

Tem o poder para castigar pela função que exerce: instrumento do seu carma.

Castigo para Paulo é o carma para nós. Uma reação a uma ação anterior.

Castigo é uma reação a sua ação. É o carma, só que Paulo chamava de castigo. Aliás, muita gente até hoje chama o carma de pena, castigo.

Elas estão a serviço de Deus e trazem o castigo Dele sobre os que fazem o mal. (Capítulo 13 – versículo 04)

O castigo de Deus: o carma de cada um...

Assim você deve obedecer às autoridades, não somente por causa do castigo de Deus, mas também por uma questão de consciência. (Capítulo 13 – versículo 05)

Não apenas pelo medo da geração de um carma, mas pela sua consciência universal.

Se aquela autoridade está abusando do seu poder, está com soberba ou vaidade, o que ela precisa? De critica, de acusação?

Participante: precisa de amor

Portanto, pela sua consciência da vida (consciência espiritual), deve amar a todos.

Além do mais, só o amor pode consertá-lo. Não adianta ficar criticando, brigando e dizendo ele se presta ou não, pois isso seria mandar energia negativa para ele. Se fizer isso, vai recebê-la de volta. Sendo assim, mande amor para que ele se mude. Isso, até pela consciência e lógica humana é mais certo do que a crítica...

Se alguém está brigando e você e discute com ele, vai acabar em morte. Então, cale a boca e o ame.

É por isso também que vocês pagam impostos. (Capítulo 13 – versículo 06)

É por isso que você paga imposto... O que é o imposto? É uma obrigação, uma coisa imposta. Mas, porque você tem que pagar o que lhe imposto? Para ajudar ele no carma da autoridade...

O imposto não é só monetário. Quando você faz um papel no seu trabalho está ajudando as autoridades, seu chefe, pois se não fizer, ele não vai ter como apresentar trabalho. Portanto, você paga impostos, tem obrigações a realizar, para poder auxiliar o seu chefe no carma dele. É a interdependência: tudo se depende; uma coisa da outra, um do outro...

Agora, você, que não gosta do seu chefe, quer viver sem ele? Impossível, pois precisa dele. Porque você precisa de um chefe para existir? Porque os seres humanizados não têm a consciência amorosa. Se deixar por eles, só fazem o que lhes é agradável. Se isso fosse possível, todos fugiriam de suas obrigações.

Portanto, a função do chefe é necessária para lhes dar suas obrigações: vivenciar os seus carmas e servir de agente carmático para os outros. Mas, quando ele exerce o seu papel na vida (manda em vocês), respondem: 'você vai mandar em mim'? Claro, ele foi colocado por Deus ali para fazer você agir, espiritualmente falando.

Porque, quando as autoridades cumprem seus deveres, elas estão a serviço de Deus. (Capítulo 13 – versículo 06)

Quando seu chefe lhe cobra, está a serviço de Deus. Quando enche a sua mesa de trabalho, está a serviço de Deus. Não é ele que está fazendo, não faz porque quer ver arrumado, porque quer ganhar ponto com o superior dele, não: é Deus quem mandou colocar.

Participante: mesmo que ele pense que foi ele?

Já conversamos sobre isso. Você tem sentimentos individualistas e Deus os usa para fazê-lo agir contra alguém, frente à alguém, para que isso sirva de carma.

Portanto, paguem o que vocês devem a elas. (Capítulo 13 – versículo 07)

Faça o que você tem que fazer.

Você sai de casa para trabalhar. Quando chega lá quer comer, tomar café, conversar, brincar. Mas, você está lá para trabalhar. Então trabalhe.

Se sai para trabalhar, vá trabalhar. Ao invés disso, que fazer outras coisa.... Trabalhe...

Se o seu chefe lhe dá um trabalho, não reclame. Lembre-se: sem o trabalho você não ganha dinheiro. O problema é que quer receber salário sem ter que trabalhar, não é?

Não é assim que vocês vivem? Vão ao trabalho, mas querem que ele seja uma reunião social onde comparecem apenas para não ficar em casa enchendo de saco cheio.

Participante: na verdade a gente não vai pensando que é uma reunião social. Vai para trabalhar... Mas, algumas vezes, por mais que a gente se dedique e queira fazer, não sai. Não sai como o chefe quer.

Sempre sai. Pode não sair como o chefe quer e nem como você quer, mas sai sempre de acordo com o Deus quer.

Veja, não estou dizendo que você não possa contar piadas e que não possa rir no trabalho. Estou dizendo que isso pode acontecer, mas que tem a consciência que foi lá para trabalhar, antes de qualquer coisa.

Volto a repetir: eu não falo de atos. Não estou dizendo que você não pode tomar café. Pode... O que não pode é exigir que tenha tempo guardado para tomar café no momento do trabalho...

Paguem os seus impostos, inclusive os das suas propriedades. Respeitem e honrem todas as autoridades. (Capítulo 13 – versículo 07)

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Como tratar os outros

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Não devam nada a ninguém. (Capítulo 13 – versículo 08)

Vamos com calma... Não deva nada a ninguém: o que quer dizer isso?

Participante: não faça com que o outro tenha que vir te cobrar.

Quando você deve alguma coisa ao outro? Quando ele lhe dá alguma coisa. A partir do momento que você recebe, se torna um devedor.

Participante: mas, se eu ganho de presente...

Não estou falando de presente, mas de dívida. Quando você pegar alguma coisa de outro, fica devendo algo a ele. Toda divida existe porque você pegou alguma coisa, ficou com uma coisa do outro. Neste momento se comprometeu.

Você pode dever muitas coisas, mas vou falar apenas de uma delas que é muito comum vocês deverem: não espere os outros vir lhe dar felicidade. Não fique esperando por isso, senão se torna devedor, de Deus principalmente.

Sabe o que é ser devedor de Deus? Aquele que precisa que Deus mude as coisas para ele ser feliz.

Participante: porque é devedor? Não estou entendendo...

Você se torna devedor de Deus quando coloca a felicidade nas mãos Dele porque para ser feliz se apropria das coisas Dele. Por exemplo: você quer um carro e a sua felicidade depende disso. De quem é o carro? De Deus. Se consegue que Deus o dê para você e por isso fica feliz, do carro, torna-se devedor do Senhor...

Devendo o que? Amor universal, felicidade incondicional... Esta dívida terá certamente que pagar. Como? Deus vai lhe dar uma situação que você não goste e dizer: agora pague o seu prazer anterior com a minha felicidade .

Participante: Isso é injusto...

Não, é justo, porque ele ensinou: ame a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Mas, você amou o carro de forma primária...

É justo ele lhes cobrar, porque já tinham o ensinamento, mas vocês não dão muito ouvidos à ele, não é mesmo? Só que se Deus vivesse lhes cobrando sempre, suas vidas virariam um inferno...

Por isso Ele precisa de vez em quando amenizar. Para isso faz a sua vontade: lhes dá o carro. Só que neste momento, acabaram ficando devedores Dele.

Não devam nada a ninguém. Quando digo isso, não se preocupem em dever dinheiro, mas não devam ao outros e às coisas a sua felicidade, pois vai ter cobrança. Todos que devem, têm que ser cobrados. É justo o devedor pagar de quem ele pegou.

Portanto, se a sua felicidade depende da sua filha lhe tratar de um determinado jeito, quando ela lhe trata assim, pode ter certeza que você ficou devedora de Deus e Ele vai cobrar isso. Foi seu merecimento naquele momento dar uma amortizada na cobrança da prática do amor universal, só que ao precisar dessa injeção de ânimo humano ficou devendo.

Participante: é muito complexo... A vida inteira a gente vai ficar devendo.

Isso significa que cada vez que você usar o prazer, cada vez que depender do mundo para ser feliz, torna-se devedora. Aliás, é por isso que o carma é chamado de cobrança.

Você recebeu felicidade ou amor, tem que pagá-los. Se não fizer, soma juros e mais juros.

Durante a vida, você acumula dívidas até que chega à miséria. Neste momento, precisa de um capital para começar de novo. Esse capital são os momentos de prazer... Só que quando recebe esse investimento em você, algo é esperado, ou seja, se tornou mais devedora.

É assim o sistema monetário de Deus... Mas, Ele não faz nada disso como penalidade ou para ganhar. Pelo contrário: faz tudo isso para você acordar, para começar a aprender a viver com o 'dinheiro' que tem e não ficar querendo que os outros lhe deem as coisas de graça.

Participante: mas, Ele também não me deu o livre arbítrio? Ele não perguntou se eu queria passar por isso tudo quando me criou. Onde está a justiça? Me cria por um segundo e me mostra o que vai ser a vida para eu optar se a quero ou não?

Ele lhe falou sim. Ele disse: você pode comer o fruto de todas as árvores menos dessa. Aí você vai comer justamente daquela...

 O que estou explicando é a lei do carma: quando você usa o prazer, gera um tipo de carma; quando usa amor, gera outro.

Participante: ou seja, Ele é o senhor absoluto e a gente só tem que dizer amém?

Filha sim, isso é verdade.

Participante: essa coisa de Pai amoroso, então, não existe?.

Pelo contrário, Ele é Senhor absoluto com Amor sublime. O que lhe leva a pensar assim é que você não sabe o que dá usar satisfação, não sabe o que acontece com você como espírito quando desfruta do prazer. Ele sabe e por isso lhe defende disso...

Repare: você está lutando contra Deus para defender o que acha, mas o que acha, não é o melhor para você.

Participante: não, estou querendo chegar a uma conclusão.

Sim, mas chegar a uma conclusão a partir das suas esperanças materiais, da sua felicidade material: esperar que os outros lhe agradem.

Observe: você falou que Deus é um carrasco. Por que disse isso? Porque Ele lhe faz vencer a satisfação que é degenerativa para você espírito?

Tem uma frase de Paulo que já estudamos que diz assim: o ser humano é inimigo de Deus. Por que ele é? Porque quer a satisfação, porque vive os anseios materiais, enquanto que Deus sabe que ele precisa do universalismo, do amor universal.

Participante: na verdade o que está acontecendo comigo é que eu estava vendo o senhor falando em Deus como justo, amoroso e perfeito, dizendo que eu deveria ter amor a Ele, mas estou voltando a ser como quando eu era criança: temendo Deus, tendo pavor, medo da vingança Dele.

Vingança não; já falamos sobre isso. Mas, se você quer ser um ser humano, tenha medo de Deus sim.

Participante: mas eu não queria ter essa ideia de Deus carrasco.

Não estou lhe passando a ideia de um Deus carrasco. Na verdade, o que estamos fazendo é tirar as ilusões. As pessoas que não tem essa visão de Deus; elas ainda esperam que Deus vá saciá-las. Só que elas não vão encontrar uma boa colocação quando saírem da carne.

Sabe para que todo esse esquema de Deus? Para você sair da carne vitoriosa. Quando se defende a carne, a satisfação, os desejos humanos, defende-se a humanidade e quem sai da carne humano, sai perdedor...

A humanidade não existe: ela é um estágio da vida espiritual. Um estágio onde é preciso se renegar tudo que é humano para entrar na sua divindade.

Se não começarmos a partir do ponto que o ser humano é inimigo de Deus, não chegaremos a lugar nenhum, pois vamos querer nos transformar em seres humanos melhores, mas isso não existe. A grande característica do ser humano é ser individual e o individualismo jamais pode levar felicidade a todos, pois só a traz para um.

Então, tudo isso que você fala, para o ser humano Deus é assim, Ele é o carrasco do ser humano, pois vai programar a vida deste ser para que o espírito mate a sua humanidade. Ele vai programar a vida do ser humano para que o espírito acabe com as verdades materiais, pois se ele ficar preso a elas, não chega ao universalismo.

Ele vai programar a vida humana do espírito para que ele, enquanto ser humano, tenha mais desprazer do que prazer justamente para ver se ele compreende que esse sistema de vida está falido. Só aqueles que abandonaram os seus quereres individuais e acabaram com a sua humanização é que se transformaram em felizes e que puderam auxiliar o outro.

Já pensou se a madre Tereza dissesse: 'eu só posso trabalhar em hospitais, não vou mais nas favelas'. Ou então: 'não vou mexer com doentes de AIDS senão posso pegar a doença'.

É isso que estamos dizendo, é isso que estamos falando o tempo inteiro: é preciso lutar contra os seus padrões porque eles são um câncer que acaba com a sua elevação espiritual, pois eles prendem à matéria .

Portanto, para que quer ser humano, você está certa. Se você é ser humano, tema a Deus, pois Ele não vai fazer o que você quer.

A única divida que vocês devem ter é a de amar uns aos outros. Quem ama os outros obedece a lei. Os mandamentos: não cometa adultério, não mate, não roube, não cobice, todos eles e ainda outros mais são resumidos num mandamento só: ame os outros como você ama a você mesmo. (Capítulo 13 – versículo 08 a 09)

Sobre isso já falamos....

No dia em que você amar universalmente, não vai cometer adultério. Mas, enquanto se amar acima dos outros, vai estar adulterando as verdades toda hora.

Quem tem amor não faz mal aos outros. Portanto, amar é obedecer toda a lei.

Vocês precisam fazer isso porque sabem em que tempos nós vivemos, pois chegou a hora de acordarem. (Capítulo 13 – versículo 10 a 11)

Chegou a hora de acordarem....

Foi o que disse agora a pouco. Será que ainda não compreenderam que esse sistema de vida, a vida humana, está falido? Por mais que as pessoas estudem, busquem a espiritualidade, esse sistema de vida só leva ao inferno?

Porque o momento de sermos salvos está mais perto agora do que quando começamos a crer. (Capítulo 13 – versículo 11)

Já falamos sobre isso...

Dissemos que a partir do momento que Cristo foi incorporado por Jesus começou a acontecer a avaliação, o dia do juízo para cada um,. Até a chegada de Cristo era nascer e morrer gerando carmas. Só depois daquela missão o espírito começou a ser salvo.

A noite está terminando, e o dia vem chegando. Por isso paremos de fazer o que pertence à escuridão e peguemos as armas para lutarmos na luz. (Capítulo 13 – versículo 12)

Paremos de fazer o que é a escuridão... Que é a vida humana? Uma escuridão só. Peguemos as armas , o amor, para lutarmos na luz, ou seja, para lutarmos com Deus.

Sabe, está na hora de deixarmos de ser fantasmas. A humanidade é toda ela composta por fantasmas. São espíritos que não sabem que são seres universais. Isso é fantasmagórico de se olhar de fora para dentro.

A luz está chegando, o raiar de um novo dia, a aurora de uma nova etapa da vida do espírito está chegando, mas esse novo dia não será iluminado com luz artificial, ou seja, com a sua felicidade individual. Será um raiar com o Rei do Universo, o Deus Sol.

Vivamos decentemente, como pessoas que vivem na luz do dia. Nada de orgias ou bebedeiras, nem imoralidade ou indecência, nem briga ou ciúmes. (Capítulo 13 – versículo 13 a 14)

O que é orgia?

Participante: a gente conhece mais no sentido sexual, mas orgia é bagunça, mistura.

Prazer... Misturar o prazer com o sofrimento. Orgia é todo esse êxtase. Não viva essa mistura...

O que é bebedeira? Ilusão.

O que é imoralidade? É tirar vantagens sobre o outro.

O é indecente? É ter prazer julgando os outros.

O que é brigar um com o outro? Se impor a ele.

O que é ter ciúmes? É achar que o outro é melhor que você.

Pronto: aí está o guia para se chegar à nova vida. Aí estão as armas para lutar na luz.

Mas peguem as armas do Senhor Jesus Cristo, e não pensem em satisfazer os desejos pecaminosos da natureza humana. (Capítulo 13 – versículo 14)

Não é exatamente o que eu disse? Não se preocupe em satisfazer os desejos da natureza humana... Prazer...

Participante: ele põe um adjetivo nos desejos: pecaminosos.

O que é pecado? Ir contra Deus.

O que é ir contra Deus? É não amar.

O que é não amar? É querer para si , é ganhar.

É isso que ele está dizendo e é essa a natureza humana. A natureza do ser humanizado é o individualismo.

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Não julgue o seu irmão

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Aceitem entre vocês quem é fraco na fé, mas não discutam com ele as suas opiniões pessoais. (Capítulo 14 – versículo 01)

Não adianta querer convencer ninguém de nada, você não vai conseguir nunca.

Um religioso não faz outro; não adianta querer ensinar a sua religião ao outro. Mas nem só a sua religiosidade: não conseguirá convencer ninguém a viver a sua doutrina de vida.

Viva a sua vida e deixe os outros viverem as deles. Não discuta nada com os outros. Para que? Não conseguirá convencer ninguém mesmo...

Foi para isso que uma das primeiras coisas que nós ensinamos foi a doação da razão. Doe a razão. Se o outro quer, deixe-o querer...

Mas, não estou falando em atos: estou falando de sentimentos.

Por exemplo, algumas pessoas crêem que podem comer de tudo mas quem é fraco na fé come somente verduras e legumes. (Capítulo 14 – versículo 02)

Veja o que Paulo fala: quem é fraco na fé come verduras e legumes. Porque ele fala isso?

Participante: porque escolhe achando que o alimento é inteligente e que vai fazer isso ou aquilo com ele.

Não é nesse sentido.

Paulo fala quem é fraco na fé come frutas e legumes porque naquele tempo o judeu (religioso) não podia comer carne de porco, pois ela é impura e, por isso, contra as normas da religião. Sendo assim, porque o judeu comia frutas e legumes? Para seguir a lei.

O fraco de fé segue a lei ao pé da letra, como obrigação, e não com a consciência amorosa. Por isso ele é fraco de fé: a fé dele está na lei e não em Deus. 'Se eu não comer carne de porco, vou me salvar'.

É isto que Paulo está falando. Mas, vamos ampliar este ensinamento?

Não existem pessoas que não trabalham no sábado por motivos religiosos? Elas não podem sair porque têm que guardar o sábado? Essas cumprem a lei ao pé da letra e acha que por isso serão salvas. Apesar delas não irem trabalhar, lhes garanto que se algum familiar dessas pessoas precisarem que elas façam alguma coisa para socorrê-los, elas vão fazer... Onde foi parar a fé?

Cristo tem uma frase que diz exatamente isso: se a sua vaca estiver atolada, você vai tirá-la no sábado para não ter prejuízo. Apesar da lei que dizem seguir, essas pessoas agem quando o não agir pode lhes trazer prejuízo. Agem como se fosse possível enrolar a lei, ou usá-la apenas quando quiser. Por isso são fracos na fé...

É isso que Paulo está falando: não adianta seguir a lei, pois quem a segue não tem fé. Agora, quem age com amor não tem lei, mas tem fé. Isso vale para todos. Serve para o japonês que segue a lei budista ao pé da letra, serve para quem para de beber porque é proibido, porque é considerado feio pela humanidade...

Será que este ainda não compreendeu que precisa adquirir a consciência amorosa para que Deus lhe tire a bebida?

Quem come de tudo não despreze o que não faz isso, e quem come só verduras e legumes não condene o que come de tudo, pois Deus o aceitou. (Capítulo 14 – versículo 03)

O problema não é o que você faz, mas a critica que faz ao outro que age diferente de você. O problema é dizer que o certo é você e o outro é errado.

No caso de quem come apenas comidas boas para a saúde, ele segue a lei da medicina ao pé da letra. Cadê a fé? É muito fácil, por exemplo, se você souber que frutas e legumes dão saúde comê-las para isso. Cadê a fé?

Eu quero ver você não comer só frutas e legumes e ter saúde.

Quem é você para julgar o escravo de alguém? (Capítulo 14 – versículo 04)

Quem é escravo? De quem você é escravo? Quem é você para julgar o escravo de alguém?

O ser humano é escravo de Deus, pois só faz o que o Senhor quer que seja feito. Sendo assim, quem é você para julgar o que o outro faz, se ele é simplesmente escravo de Deus e obedece a ordem do Senhor?

 Se ele vai vencer ou fracassar, isso é da conta do Senhor dele. (Capítulo 14 – versículo 04)

Deus é o Senhor do ser humano. Sendo assim, se ele vai vencer ou fracassar é da conta de Deus e não da sua.

E vai vencer, porque o Senhor pode fazê-lo vencer.

Alguns pesam que certos dias são mais importantes do que outros; e outros pensam que todos os dias são iguais. (Capítulo 14 – versículo 04 a 05)

Paulo só está dando um exemplo de diversas opiniões.

Cada um deve estar bem firme a respeito daquilo que pensa. Aquele que dá mais valor a certo dia, faz isso para honrar o Senhor. E quem come de tudo também faz isso para honrar o Senhor, pois agradece a Deus o alimento. E o que evita comer certas coisas faz assim para honrar o Senhor e dá graças a Deus. Porque nenhum de nós vive para si mesmo nem morre para si mesmo. Se vivemos, é para o Senhor; e se morremos, é também para o Senhor. (Capítulo 14 – versículo 05 a 08)

Aprenda isso: você não vive para você, mas sim para Deus. Você não serve a você, serve a Deus.

Sabe, essa vida acaba ali na esquina. Daqui a cem anos ninguém vai ouvir falar de vocês. Então, para que está defendendo tanto esse eu, se ele vai morrer ali na frente?

Na hora que você vive para servir o Senhor tudo o que hoje é importante, perde o valor. Isso porque aí estará feliz. Mas, quando vive para servir a si mesmo, se revolta contra o Senhor e sofre... Essa é a diferença.

Precisamos começar a pensar sobre isso. Tudo que estão lutando para construir, tudo que estão lutando para ser, morre na esquina. Acaba e vai ser comido pelos bichos, pois até a sua memória some junto com o corpo. Vocês estão lutando para defender o que é mortal ao invés de se unir ao que é imortal, aquilo que jamais irão perder e que vai será de vocês para o resto da eternidade.

Quantas pessoas já passaram no seu trabalho enquanto está lá? Muitos entraram e saíram... Tem gente você nem se lembra mais... Então para que se preocupar sobre o que eles acham de você? Eles vão passar, vão embora. Amanhã, você vai passar, vai embora. Por isso não crie raízes em nada nessa vida, nesse mundo.

Para que se embelezar? – não estou falando fisicamente, mas internamente; precisar ser adorado. Para que você precisa ser querido? Tudo que existe hoje vai passar e a admiração que alguém nutre por você, morre na esquina. Da mesma forma, a raiva que alguém tem de você morre na esquina.

Então se preocupe em ser querido...

Portanto, se vivemos ou morremos, somos do Senhor. Porque Cristo morreu e tornou a viver para ser Senhor tanto dos mortos como dos vivos. Portanto, porque é que você condena o seu irmão? E você, porque despreza o seu irmão? Pois todos nós estaremos diante de Deus para sermos julgados por Ele. (Capítulo 14 – versículo 08 a 10)

Nós seremos julgados por Deus pela capacidade de amar a nós mesmos e aos nossos irmãos. A acusação contra si e contra os outros será condenada pelo Senhor porque denota o nosso desprezo por Deus, pois não amamos...

Porque as Escrituras Sagradas dizem: juro pela minha vida, diz o Senhor, que todos se ajoelharão diante de mim e todos afirmarão que Eu sou Deus. (Capítulo 14 – versículo 11)

Deixe-me falar uma coisa que já falei milhares de vezes, mas vou repetir mais uma vez. Isso tudo que estamos falando e vocês estão lutando contra, vai acontecer um dia. Num dia, em uma encarnação, vocês vão viver assim. Como cita Paulo: juro que um dia todos vão se ajoelhar na Minha frente, ou seja, vão se ligar a Mim, vão Me louvar.

A luta do ser humano em defender a sua humanidade é inglória, porque um dia tudo isso vai ter que acabar. Vou dizer mais: tem data e hora marcada.

Não estou falando que isso acontecerá nesta encarnação, mas espiritualmente falando, a sua mudança tem dia e hora marcada. Um dia todos vão ter que passar pelo processo e aí vão chegar e ajoelharem-se na frente de Deus.

Vocês estão defendendo uma coisa que não tem defesa.

Portanto cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus. (Capítulo 14 – versículo 12)

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Não faça o seu irmão cair

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Por isso, paremos de criticar uns aos outros. Ao contrario, o que vocês devem resolver é não fazerem nada que leve seu irmão a tropeçar ou cair em pecado. (Capítulo 14 – versículo 13)

Quando você critica o outro – e não estou falando em palavras, mas em sentimentos - faz o seu irmão cair. O que quer dizer isso?

Quando alguém lhe critica, qual a sua primeira reação?

Participante: me defender.

Defender-se criticando, não? 'Você não sabe; eu sei'... Sendo assim, quando alguém critica o outro, o faz cair, porque gera nele uma possibilidade dele também criticar.

Volto a dizer, estou falando de sentimentos e não de atos, pois a crítica ato ocorrerá sempre que o outro precisar por ação carmática...

Participante: aquele não é culpado pela fala, mas sim pelo sentimento que o levou à fala.

Sim, mas ele não é culpado pela escolha que o outro fez. Quem proferiu a primeira crítica não é culpado pelo outro sentir-se criticado. Foi o outro que escolheu o sentimento de ser criticado. Não foi o primeiro que o fez cair, mas ele quem caiu.

Então, como é isso? Como Paulo fala 'não faça o seu irmão cair'? Alguém pode fazer o seu irmão cair se tudo é opção de quem ouve?

Veja o que Paulo quer dizer: não seja instrumento da prova dos outros. Você não é culpado da queda dele, mas sim de servir de instrumento para gerar uma oportunidade dele cair. É isso que estou dizendo...

Sendo assim, o que lhe oriento é escolher 'não critica' para que não mereça se transformar num criticador. Transformando-se estará gerando a oportunidade do outro cair.

Apesar do que foi dito por Paulo, você não faz o seu irmão cair, mas é o instrumento para cavar o buraco. Se ele vai cair ou não, isso é com ele.

Portanto, não faça buracos, não se transforme em instrumento de carmas deste tipo, não mereça ser o criticador, pois se merecer, Deus vai lhe fazer criticar quem precisa e merece. Assim, você se tornará culpado de ter dado ao outro a oportunidade de cair...

A critica que cada um faz é o meu carma, pois teve um sentimento aguçado de justiça individual. Toda critica nasce do sentimento de justiça individual, de achar que está certo, de achar que é melhor, achar que merecia outra coisa.

É isso que estou querendo mostrar: não julgue nada que tiver contato, pois na hora que julga o que os outros fazem escolheu um sentimento que vai lhe transformar num criticador. Neste momento, por força carmática, vivenciará o papel de criticador.

Participante: não mereça de transformar de assassino, não mereça ser roubado...

Não merecer se transformar em assassino ou em ladrão é não ter ganância, não ter inveja, não ter desejos... É isso que estou querendo mostrar...

Portanto, pare de julgar qualquer coisa que tiver contato, pois na hora que fizer isso, não vai receber o carma de ser um criticador. Isso é bom para a sua existência eterna porque não ter esse papel não lhe expõe ao perigo de ajudar o outro a cair.

Participante: o outro tinha que ser exposto porque era a prova dele; o que eu não posso é merecer me transformar num instrumento dela?

Isso... Deixe outro ser o instrumento desta provação...

Mas veja, para isso, não adianta apenas você querer não criticá-lo. Sentindo-se criticado, vai criticar o outro.

Essa questão é bem sutil. Outro dia me disseram que não conseguem parar de criticar os outros. Eu disse: o problema não é o que você faz, mas sim o que sente. Cada um põe para fora porque antes se sentiu criticado.

Participante: eu não consigo parar de me sentir e não de falar, de julgar.

Então, vamos dar um exemplo: porque você criticou uma pessoa? Porque você acha que ele estava errado e você certo. Pare de achar que você está certo...

Participante: o problema é que é mais rápido do que eu. Quando reparo, já foi. Não dá mais tempo.

Você está sacando tarde porque está querendo tirar o revolver todo.

Ouça bem: não lute para não criticar; lute para não estar certo. Se você imaginar-se certo, a critica nasce.

É isso que estou dizendo e volto a repetir: vocês estão querendo derrubar o soldado do ego e não atacá-lo no seu âmago. Querem derrubar a critica, mas quando conseguem libertar-se de uma, mais à frente caem. Isso porque não mataram o inimigo: o saber-se certo.

Participante: como fazer, venho tentando e não dá...

Só existe uma resposta que você pode usar para tudo o que a mente disser: não sei... Quando só tiver esta palavra em mente, consegue. Enquanto souber, não sabe nada.

Participante: mas isso depende de uma concentração e normalmente se está concentrado em outra coisa: na vida e no que a gente acha que está acontecendo.

Participante: não consigo fazer isso sempre, mas tento fazer o máximo que posso. Quando não consigo, volto de novo para a briga.

Isso... Errou? Volte para a briga mais tarde. Mas, não deixe de lutar...

Participante: tenho que lutar contra eu achar que aquilo ali está errado?

Você não compreendeu e isso é importante. Por isso lhe peço: cite qualquer coisa errada que você viu...

Participante: passa uma moça bonita na rua, me agrada e eu olho.

Isso está para você está errado e imagina que tem que ser mudado. Mudar para o que?

Vamos tentar entender. Passou uma mulher e você olhou para ela. Quando acabou de olhar diz: 'está errado olhar para ela'. Aí quer mudar. Mudar para o que?

Participante: eu queria ser diferente e não fazer isso.

Mudar para o que? Para o certo? E qual é o certo? O certo é não olhar? Quem disse?

O problema é que você ainda está querendo trocar uma coisa pela outra. Olhar é certo ou errado? Não sei... Apenas sei que olhei.

Participante: sim, mas a partir daí entro em duas questões: a satisfação e a culpa.

Porque vem a satisfação? A satisfação vem do certo: eu tinha que olhar...

Anteriormente contei aqui um caso. Uma pessoa me disse que alguém bateu à sua porta pedindo dinheiro. Lembra disso?

Aí perguntei: porque ele bateu justamente à sua porta? Porque tinha que bater. Então disse: 'não, está errado. Não tinha nada; ele bateu porque bateu. Quando a pessoa imaginou que descobriu a verdade (tinha que bater) já gerou um prazer...

Sendo assim, quando você diz que olhou porque tinha que olhar, acabou de encontrar a satisfação. Sabe por que olhou? Porque olhou... Não saiba mais nada do que isso...

Esse é o grande problema que vocês estão enfrentando: estão tentando mudar o certo das coisas. Deixe-me explicar isso para vocês.

Antigamente vocês achavam que estava certo olhar para as moças que passavam na rua. Hoje acham errado. Mas, esse errado se transformou num novo certo: o não olhar. Esse novo certo, porém, também é fantasia. Sendo assim, libertar-se do ego é lutar contra o certo e contra o errado.

É viver a realidade dentro da realidade. 'Porque eu olhei para ela? Porque olhei. Para que olhei? Não sei. O que vai acontecer de eu olhar? Não sei'.

Por estar unido com o Senhor, eu estou convencido de que nada é impuro por si mesmo. Mas se alguém pensa que alguma coisa é impura, então se torna impura para ele. Se você faz seu irmão ficar triste por causa do que você come, então não está agindo com amor. (Capítulo 14 – versículo 14 a 15)

Só para completar usando ainda o seu exemplo. Paulo diz que tudo é puro por si mesmo, portanto, olhar para as mulheres que passam é puro. Por que você quer deixar de fazê-lo?

Participante: o problema é que os outros não sabem disso.

Este problema é dos outros e não seu. Quando você se preocupa com os outros, na verdade está preocupado com a sua fama.

Participante: é o medo de se expor.

O problema é dos outros.

Não existe nada impuro. A impureza não está no seu olhar, mas no olhar imoral que os outros dão ao seu ato.

Que aquele por quem Cristo morreu não se perca por causa da comida que você come. Não dêem motivo para os outros falarem mal daquilo que vocês acham bom. (Capítulo 14 – versículo 15 e 16)

Dar motivo para os outros falarem mal daquilo que você acha bom é falar mal do que o outro acha bom. Quando você fala mal do que o outro acha bom dá motivos para que os outros falem mal do que você acha bom.

Porque o Reino de Deus não é questão de comida ou de bebida, mas de viver corretamente, em paz e com a alegria que o Espírito Santo dá. E quem serve a Cristo dessa maneira agrada a Deus e é aprovado por todos. (Capítulo 14 – versículo 17 a 18)

Viver de que maneira? Com paz e felicidade.

Eu estou achando que Paulo vem à noite ouvir as palestras e depois escreve. Até a palavra é a mesma: Só falta a harmonia...

Por isso busquemos sempre as coisas que trazem a paz e que ajudam a fortalecer uns aos outros na fé. Que você não destrua, por causa da comida, o que Deus fez. (Capítulo 14 – versículo 19 a 20)

Por causa do preconceito...

Todos os alimentos podem ser comidos, mas é errado comer alguma coisa quando isso faz alguém cair em pecado. O que está certo é deixar de comer carne, de beber vinho ou de fazer qualquer outra que leve seu irmão a cair em pecado. (Capítulo 14 – versículo 20 a 21)

Tudo está certo, mas quando você buscar o seu próprio prazer, o que quer, isso pode levar o outro ao pecado.

Mas guarde entre você mesmo e Deus o que você crê a respeito desse assunto. (Capítulo 14 – versículo 22)

Este ensinamento é forte, mas é autêntico: guarde entre você mesmo e Deus o que você acha das coisas...

Feliz aquele que não é condenado pela consciência quando faz o que acha que deve fazer. Porém aquele que tem duvidas a respeito do que come, Deus o condena quando come porque o que faz não tem base na fé. E aquilo que não tem base na fé é pecado. (Capítulo 14 – versículo 22 a 23)

Aquilo que não tem base na fé é pecado. Aquilo que você faz sem a ligação com Deus é pecado.

A lei e a fé - Carta aos romanos

Um parênteses

Que bela frase de Paulo: aquilo que não tem base na fé é pecado. Sendo assim, não existe ato pecaminoso.

Neste estudo já falamos dos atos dos governantes, das autoridades e das pessoas comuns e agora, com essa frase final de Paulo, se resume tudo que existe no Universo: o ato que não tem base na fé é pecado.

Não existe ato pecaminoso. Ninguém comete nada errado: é a sua falta de fé em Deus que gera o erro nos outros.

O mundo é perfeito porque as coisas ocorrem dirigidas pela lei do carma, movimentadas pela lei da reação. Nós é que não vemos esta perfeição porque vivemos fora da fé, ou seja, fora da entrega com confiança absoluta em Deus. Por isso damos valores diversos às coisas, mas todo ato é justo, amoroso e perfeito. Tudo que acontece é um quesito normatizado pela lei do carma, mas o interesse individual de cada um quando não atendido é quem coloca defeitos nas coisas que acontecem.

Esse apego ao desejo individual é expressão máxima da fé em si mesmo, no eu, no ego. O ser humano só se entrega ao que ele acha, ao que ele sabe, ao que gosta e Deus que se dane. Deus que fique esperando o dia em que ele quiser se mudar ou Ele que se mude para satisfazer o ser humano.

Participante: vou falar uma coisa que parece que está acontecendo. O amor pregado por Cristo e por outros mensageiros de Deus, antigamente me parecia muito distante do amor que a gente conhece e durante muito tempo isso era muito importante. Hoje mesmo quando o senhor falou em amor e colocou sobre o prazer e a dor, falou em nem sentir nem o prazer nem a dor, resumiu o amor na libertação dessas duas coisas. Essa procura pelo amor era intensa e o que estou sentindo pelas palavras do senhor agora. Hoje em dia para mim a fé é muito mais importante do que o amor que possa estar querendo adquirir há muito tempo. Lutei muito para ter esse amor de Cristo, esse amor de Deus, mas parece que a fé é mais importante do que esse amor. Ela leva a esse amor,,,

Não, a fé não leva ao amor: ela é o amor.

Participante: então eu me confundi agora com essas duas coisas. Pode-se dizer que a fé é o amor a Deus e daí vem o amor ao próximo?

Veja: a grande característica do amor é a confiança. Se eu amo, confio no objeto do meu amor. Se a fé é confiança e entrega, ela é o amor...

A fé não leva ao amor nem o amor leva à fé. Fé e amor são sinônimos. Na hora que eu amo de verdade a Deus, tenho fé Nele. Na hora em que eu amo de verdade a mim, tenho fé em mim mesmo. Na hora que eu amo de verdade um outro, tenho fé no outro.

Participante: pelas palavras que o senhor falou outro dia comigo, o que está faltando é justamente essa fé naquilo que a gente acredita. Se eu tiver fé hoje no que eu acredito, posso chegar por esse caminho.

Perfeito. Mas veja: o que é ter essa confiança? É isso que precisamos entender, porque quando falei que se pode chegar a Deus através do dinheiro, a história do dinheiro mal explicada.

O que é essa confiança? Vamos entendê-la...

Essa confiança me diz que o objeto da minha fé jamais vai me trair. Portanto, se tenho confiança naquele rádio, sei que ele jamais vai me trair, funcionando ou não.

O problema é que vocês não têm confiança no radio. A confiança de vocês está depositada em vocês mesmos. Por isso têm certeza que toda vez que ligá-lo, ele vai funcionar. Por isso, quando ele não funcionar, brigam com ele.

Isso só aconteceu porque teve confiança na sua verdade (o rádio vai funcionar sempre que eu ligar). Por causa dela surge o seu desejo que ele funcione sempre. Mas, nem sempre que você ligar ele vai funcionar... Se tiver confiança apenas em suas verdades, vai sofrer; se tivesse confiança no rádio, não sofreria...

Essa é a inversão de valores que estou propondo. Na hora que vocês realmente confiarem em alguém ou em alguma coisa, jamais vão se decepcionar com elas, façam o que fizer.

Não é assim que vocês vivem. A fé de vocês é condicionada: se fizer o que eu gosto, eu estou feliz; se não fizer, eu sofro;...

Quando você tem fé, ela não lhe deixa se sentir ofendido por nada. Se diz que tem fé em Deus, não pode se sentir ofendido por nada Deus faça. Se tem fé no dinheiro, não se sentirá ofendido quando ele estiver na sua mão ou não... Agora se tem posse, ou seja, fé em você, sofre quando estiver sem dinheiro e tem prazer quando estiver com, ele.

Portanto, quando digo que vocês têm que estar atento ao seu pensamento durante os atos, digo isso para que verifiquem se eles estão de acordo com a fé de vocês. Ver se eles traduzem a confiança suprema naquilo que vocês se entregam.

Essa frase de Paulo (tudo que não tem base na fé é pecado) fala da fé em Deus. Onde quer que imagine estar (na injustiça, na agressão, no sofrimento, no ataque) na verdade estará no pecado, pois está pecando contra Deus: Ele está lhe amando e você está amando si mesmo e não a Ele.

A vida nova que estamos prometendo é vivida com a fé que remove montanhas: aquela que acaba com os problemas, com os ferimentos, com todo sofrimento.

É a entrega com confiança absoluta a Deus, ou seja, ao momento presente.

A lei e a fé - Carta aos romanos

O dever de agradas os outros

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Isso é uma coisa que vocês esquecem muito. O ser humano tem o dever de agradar o outro mesmo que isso lhe desagrade. O universalismo é a busca da comunhão com o Universo e isso tem que ser feito sem individualismo algum.

Então, quando Paulo nos fala no dever de agradar os outros, está falando justamente disso: você precisa se harmonizar com o próximo; para isso tem que não ter desejos, pois se os tiver, não se harmoniza.

Nós, que somos fortes na fé, devemos ajudar os fracos a carregar as suas cargas e não devemos agradar a nós mesmos. (Capítulo 15 – versículo 01)

Quanto mais você evolui, mais tem que se desapegar dos seus desejos e não criticar aquele que ainda os tenha. É necessário ajudar o próximo; como é que possível ajudar o próximo?

Qual é a melhor forma de se ajudar o próximo? Doando a razão. Doar a razão por amor.

Estou falando em prática. Como alguém lhe agrada? Brigando, dizendo que você está errado ou lhe doando a razão? Se alguém lhe doa razão para você, você não fica bem? 'Que bom, venci a ele, eu sei mais'

Portanto, viver no amor é viver doando a razão. 'Você quer achar que eu sou? Ache. Você quer achar que aquilo é o que está dizendo que é? Ache'.

Veja, quando você doa a razão, o outro fica bem e você tranqüilo. Você não se desequilibra e o Universo fica todo em paz... Agora, para poder doar a razão é preciso estar escolhendo sentimentalmente sempre o amor, senão Deus vai lhe fazer discutir, debater os assuntos com os outros.

Ao contrário, cada um de nós deve agradar a seu irmão, para o próprio bem dele a fim de que ele possa crescer na fé. Porque nem Cristo agradou a si mesmo. Ao contrário, como dizem as Escrituras Sagradas: as ofensas daqueles que te insultaram caíram sobre mim. (Capítulo 15 – versículo 02 a 03)

Você pede ajuda de Cristo para se agradar. Estranho, não? Ele não buscou satisfação individual, mas você o busca para ter satisfação individual.

Não, não busque Cristo para que ele dê paz ao mundo, mas para ajudá-lo a viver em paz com o mundo do jeito que está.

Participante: as Escrituras falam que as ofensas daqueles que te insultaram caíram sobre mim?

A ofensa daqueles que insultaram a Deus caíram sobre Jesus Cristo.

Porque tudo que está nas Escrituras foi escrito para nos ensinar a fim de que tenhamos esperança por meio da paciência e da coragem que as Escrituras nos dão. (Capítulo 15 – versículo 04)

Todo ensinamento é para lhe ensinar a viver essa vida com paciência esperando a próxima. Não esperar a morte, mas o renascimento em vida.

Para enfrentar esse mundo sem se ofender é preciso ter paciência. Esperar que a felicidade Universal bata à sua porta.

Todo ensinamento é para isso. E, se não for para isso, o ensinamento não serve para nada... Qualquer ensinamento que lhe ensine a viver essa vida por ela mesmo, não vale de nada porque o ato é Deus quem faz.

Que Deus, que é quem dá a paciência e a coragem, ajude a vocês a ter o mesmo modo de sentir de uns para com os outros, seguindo o exemplo de Cristo Jesus. E isso para que todos juntos como uma só pessoa, Louve o Deus e Pai Nosso Senhor Jesus Cristo. (Capítulo 15 – versículo 05 a 06)

A lei e a fé - Carta aos romanos

A boa notícia para os não judeus

Portanto, aceitem uns aos outros para a Glória de Deus, assim como Cristo aceitou vocês. Porque eu digo que Cristo se tornou servo dos judeus para mostrar que Deus é fiel, a fim de que se cumprissem as promessas que Deus fez aos patriarcas. (Capítulo 15 – versículo 07 a 08)

Ou seja, Jesus Cristo só nasceu entre os judeus por causa da história. Se não fosse isso, ele podia ter nascido na Índia, no Japão, no Brasil. Isso não tem problema nenhum, pois espírito não tem raça.

Sendo assim, Jesus Cristo era judeu? Não, não era judeu, Ele tinha o carma de viver a raça judaica, mas não era judeu.

E também para fazer com que os não judeus louvem a Deus pela sua bondade. Como dizem as Escrituras Sagradas: Por isso eu Te Louvarei entre os que não são judeus e cantarei louvores a ti.

Elas dizem também: vocês que não são judeus, alegrem-se como povo escolhido de Deus.

E dizem ainda: todos que não são judeus, louvem o Senhor, e todos os povos o louvem muito.

Isaías disse também: virá um descendente de Jessé; ele aparecerá para governar os que não são judeus, e eles terão esperança nele.

Que Deus que, nos dá a esperança, encha vocês de alegria e paz, por meio da fé que têm Nele para que a esperança de vocês continue a crescer pelo poder do Espírito Santo. (Capítulo 15 – versículo 09 a 13)

A lei e a fé - Carta aos romanos

A franqueza de Paulo

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Parte 1

Meus irmãos, estou certo de que vocês estão cheios de bondade e de todo conhecimento em que sabem aconselhar uns aos outros. Porém nesta carta me atrevi a escrever com toda franqueza certos assuntos que quero lembrar a vocês. Tenho sido atrevido por causa da honra que Deus de ser servo de Cristo Jesus, para trabalhar em favor dos que não são judeus. (Capítulo 15 – versículo 14 a 16)

Não adianta mais ficar enfeitando o pavão: ou nós colocamos tudo para fora ou para que trabalho espiritual?

Deixe-me falar uma coisa. Para que ficar buscando, se está tudo dito? Não estamos falando novidade alguma: está tudo dito e todos disseram o que está sendo dito aí.

Acho que chegou a hora da gente parar de brincar.

Eu sirvo como sacerdote ao anunciar a boa noticia de Deus. Faço isso para que os não judeus sejam uma oferta para que Deus aceite, dedicada a Ele pelo Espírito Santo. Portanto por estar unido com Cristo Jesus, posso me orgulhar do meu serviço a Deus. Serei franco e falarei somente do que Cristo tem feito por meio de mim a fim de levar os não judeus a obedecer a Deus. E isso tem sido feito por meio de palavras e ações, pelo poder de sinais e de milagres e pelo poder do Espírito de Deus. (Capítulo 14 – versículo 16 a 19)

O dia que isso tudo for normal na vida de vocês, a coisa muda.

Assim, viajando de Jerusalém até a região da Ilíria, tenho anunciado de modo completo a boa noticia a respeito de Cristo. Tenho me esforçado sempre para anunciar o Evangelho nos lugares onde não se tem falado nada em nome de Cristo, para não construir sobre alicerces postos por outros. Como dizem as Escrituras Sagradas: aqueles que nunca ouviram falar a respeito dele o verão, e os que não tinham ouvido falar sobre ele, o entenderão. (Capítulo 15 – versículo 19 a 21)