Conversando com um espiritualista - volume III

Assistir a vida

Participante: mas, como posso só assistir a vida se continuo sofrendo e ficando feliz?

Assistindo o sofrimento e a felicidade. Diga a si mesmo: ‘estou sofrendo, que besta que sou por causa disso. Agora estou feliz. Sim, estou, mas estou feliz com o que? Não vou levar nada disso para a eternidade’.

Imagine que você é mãe e que o seu filho lhe dê um beijo. Se isso lhe faz feliz, assista esta felicidade. Agora, para que essa felicidade, que é humana, não aconteça há outro trabalho que precisa ser feito e este não acontece neste momento.

Porque você vive a felicidade quando isso acontece? Porque quer ser beijada. Portanto, o problema não é deixar de ser feliz quando é beijada, mas sim deixar de esperar o beijo, deixar de depender o beijo para ser feliz. Este trabalho tem que ser feito antes do beijo e não depois dele.

Enquanto você achar que ser beijada é bom, que isso está certo, é bonito, não conseguirá deixar de ser feliz quando acontecer o beijo. Por isso, é contra o que leva a sentir felicidade quando se é beijado que é preciso lutar para assistir a vida e não contra a felicidade de ter ganho um beijo.

Aliás, já disse que precisamos nos conhecer por dentro. No entanto, pouco vocês me perguntam sobre paixões, posses e desejos. Por isso vou falar um pouco disso...

Imaginar que se tem um filho é algo que espiritualmente falando não existe. Digo isso porque você não pode dar vida a alguém porque isso é exclusivo de Deus.

Ter uma paixão por um determinado ser leva inexoravelmente à posse. Portanto, antes de lutar contra a ideia do prazer por ter sido beijada por um filho, lute contra a ideia de ser mãe. Antes de lutar contra o prazer, lute contra a paixão e a posse.

Quando você se livrar da ideia de ser mãe, poderá assistir o beijo sem se empolgar com ele...