Libertando-se da humanidade - Carta aos Gálatas
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Libertando-se da humanidade - Carta aos Gálatas

Estudo da carta de Paulo ao povo de Gálata que está na Bíblia Sagrada

Libertando-se da humanidade - Carta aos Gálatas

Saudação

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Parte 1

Eu, Paulo, escrevo esta carta – eu que fui chamado para ser apóstolo, não por pessoas ou por meio de uma pessoa, mas por Jesus Cristo e por Deus, o Pai, que o ressuscitou dos mortos.Todos os irmãos que estão aqui comigo mandam saudações às igrejas da Galácia.

Que a graça e a paz de Deus, o nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo estejam com vocês.

Conforme a vontade do nosso Deus e Pai, Cristo se entregou à morte para nos salvar dos nossos pecados a fim de nos livrar deste mundo mau. A Deus seja a glória para sempre. Amém! (Gálatas, 1, 1-5)

“Cristo se entregou à morte”: é o aviso que Paulo nos passa. Isto quer dizer que Cristo não morreu por um acaso. A crucificação, o episódio de Jesus Cristo na cruz, não aconteceu por um acaso nem aconteceu pela vontade dos judeus ou dos romanos, mas aconteceu pela vontade de Deus e de Cristo.

Isto é muito importante entendermos, porque até hoje existem cristãos que acusam os romanos, os judeus ou qualquer um por ter matado Cristo. No entanto, isto não é verdade. Na realidade, Cristo se entregou espontaneamente à cruz, ou seja, se entregou àquele episódio. Se ele se entregou espontaneamente, portanto, não há culpados.

Paulo nos diz, ainda, que Cristo se entregou à cruz para nos livrar dos nossos pecados. Isto quer dizer que o mestre não se entregou à cruz espontaneamente porque queria sofrer, porque queria passar por aquilo. Ele entregou-se àquele episódio como uma missão de vida espiritual de auxílio aos seus irmãos.

Então, na verdade, não tem nada a se falar contra qualquer elemento da crucificação. Não foram os romanos ou os judeus que crucificaram Cristo, nem foi o próprio mestre que se crucificou, mas toda esta situação foi uma missão de vida, uma missão espiritual. Louvado seja Deus, como diz Paulo.

Este conhecimento é muito importante para pararmos de chorar a morte de Cristo e viver a crucificação na sua realidade: uma lição de vida. Louvado seja Deus!

Na hora que a semana santa deixar de ser a “paixão” sofrimento e passar a ser a “paixão” amorosa, um ato de vida espiritual, a festa de um espírito que completa sua missão, o ser humano começará a entender o que é felicidade. Mas, enquanto a sexta feira e a semana santa for de sofrimentos, o ser humano se arrastará por mais um ano sofrendo.

Libertando-se da humanidade - Carta aos Gálatas

O único evangelho

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Parte 1
Parte 2
Parte 3
Parte 4
Parte 5

Estou muito admirado de vocês estarem abandonando tão depressa aquele que os chamou por meio da graça de Cristo e de estarem aceitando outro “evangelho”. De fato não há outro “evangelho”, porém eu falo assim porque há alguns que estão aborrecendo vocês, querendo mudar o Evangelho de Cristo. (Gálata, 1, 6-7)

Só há um único Evangelho, ou seja, um único acordo de Cristo com a humanidade. Este acordo é aquele que é traduzido nos ensinamentos deixados pelo mestre nazareno. Como eu já disse em outra carta de Paulo, infelizmente algumas pessoas alteraram o sentido do Evangelho de Cristo.

O Evangelho ou o acordo de Cristo conosco é muito claro: viva esta vida vivendo com felicidade que não é deste mundo. Esta vida não pode ser vivida com felicidade oriunda da posse de bens materiais, pois o benefício do acordo deixado pelo Cristo impõe que todos os espíritos encarnados vivam a sua existência carnal com fé e louvor a Deus. Só assim o mestre promete que eles encontrarão a bem-aventurança ou a felicidade incondicional ou universal.

Aqueles que querem mudar o evangelho, que querem prometer bens materiais (satisfação, prazer) utilizando para isso o acordo com Cristo (os ensinamentos do evangelho), não podem conduzir ninguém à glória eterna.

Quem vai a uma igreja, templo ou centro e o pastor, padre ou o mentor promete vida fácil, que ganhará o que quer, terá tudo o que deseja, que seus problemas acabarão, deve desconfiar, pois este homem não fala em nome de Cristo. Porque, o mestre não prometeu isto: ele prometeu a bem-aventurança, a felicidade que não é deste mundo.

Portanto, no relacionamento com as religiões, é preciso estar muito atento e jamais perder de vista o acordo feito com Cristo. E todos os evangelhos do Novo Testamento têm um só acordo ensinado pelo mestre nazareno: “viva a sua vida como eu vivi a minha e você alcançará a ressurreição, o renascimento”.

Quem deturpar estas palavras e quiser usá-las para prometer ou instigar a felicidade material não está ensinando o que Cristo ensinou. Poderá estar ensinando qualquer coisa, menos o que o Cristo ensinou.

Isto precisa ficar bem claro, porque senão estaremos buscando em Cristo o que ele não prometeu. E aí, como não conseguimos, ou nos tornamos ateus ou então ficamos trocando de igreja dizendo que a anterior era “muito fraca” ou acusando a Deus.

Isto é fundamental na vida: saber que nenhum mestre prometeu felicidade deste mundo. Todos prometeram felicidade da próxima vida para ser vivida quando ainda encarnada, mas não felicidade deste mundo.

E Cristo foi tão claro com relação a este aspecto que vaticinou: “eu venci o mundo”. Ele, com certeza, não ajudaria nenhum irmão a “perder para o mundo”.

Mas, se qualquer um, ainda que sejamos nós ou um anjo do céu, anunciar a vocês outro “evangelho”, diferente daquele que temos anunciado, que seja amaldiçoado. Pois já dissemos antes e repetimos: se alguém anunciar outro “evangelho” diferente daquele que temos anunciado, que seja amaldiçoado! Por acaso procuro eu a aprovação das pessoas? Não. O que eu quero é a aprovação de Deus. Será que agora estou querendo agradar as pessoas? Se estivesse, eu não seria servo de Cristo. (Gálatas, 1, 8-10)

Nenhum espírito elevado, fora ou dentro da carne, tem preocupação em agradar ao ser humano. Nenhum espírito vem à carne para agradar ao ser humano.

Nenhum espírito vai lhe conduzir no sentido de você, enquanto ser humano, se agradar. Todos os espíritos de luz do universo buscam agradar o ser que está humanizado dentro daquela carne e não à consciência humana do ser universal.

Isto precisa ficar bem claro porque os seres humanos têm o hábito de atribuir, quando acontece alguma coisa que eles não gostam, a ação a um “elemento mal” do Universo: obsessor, capeta, exu. Não foram eles, pois estes elementos estão preocupados em agradar o ser humano, pois só assim podem continuar sugando o que eles gostam: o prazer individualista.

Quem provoca a situação negativa na vida do ser humanizado normalmente é o espírito de luz e faz isto porque sabe, como está escrito nas “Bem-aventuranças”, que bem-aventurado (feliz) será você quando for perseguido. Então ele “persegue” o ser humano para que ele tenha a oportunidade de se tornar em um bem-aventurado.

É isso que precisamos desmistificar. O anjo da guarda não está aqui para proteger o ser humano, mas o espírito que está ligado à consciência humana. Mas, protegê-lo não é fazer o que o ser humano quer; a contrário, é fazer o que for melhor para o espírito, independente dos desejos do ser humano.

Vamos começar a repensar a nossa vida. Ao invés de ficarmos acusando obsessores, capeta ou aquela pessoa que não gostamos, de estar criando a situação que não queremos, comecemos a entender que quem está fazendo aquilo é um espírito de luz, a mando de Deus. Justamente para que você, espírito, possa sentir-se “perseguido” e tenha a oportunidade de reagir a esta situação com fé, com felicidade incondicional e amor. Só assim você conseguirá a elevação espiritual.

Se a sua vida não tiver situações que você classifica como “perseguição” (contrariedade), não haverá oportunidade de avançar um milímetro na evolução espiritual. Portanto, se você precisa avançar e se para isso necessita destas situações, não será um capeta, obsessor ou exu que as criarão, porque eles não querem que você avance.

Quem vai colocar situações que você classifica como “negativa” na sua vida carnal é o espírito de luz e agirá a mando de Deus, que quer vê-lo evoluir, ou seja, aproximar-se Dele. Aí, quando acontecem estas situações você reza pedindo ao Pai para tirar o que Ele mesmo fez?

Neste momento Deus lhe responde: “Meu filho, Eu já disse através da ‘boca’ de Cristo que você precisa passar por estas situações. Aprenda a viver com isto, aprenda a conviver com amor com isto, porque isto é o que pode lhe salvar”. No entanto, você não ouve o seu Pai lhe falando e continua se lamuriando nestes momentos.

Participante: O que o senhor está falando agora não é regra? Nós já aprendemos antes que Deus usa o sentimento negativo de outros espíritos para que eles sejam instrumentos de aprendizado para quem precisa. Portanto, não é regra que são os espíritos superiores que promovem esta situação negativa?

O que você falou é verdade, mas veja bem. O espírito que quer que você continue tendo o prazer da bebida, não vai criar a falta da bebida na sua vida, por exemplo. Para melhor compreender este tema, falemos um pouco mais sobre o assunto usando este exemplo.

Um ser humano vai beber buscando o prazer no álcool, a satisfação de estar bebendo. Normalmente quem gosta deste prazer é acompanhado por espíritos obsessores que também gostam deste sentimento.

Este obsessor, portanto, jamais será instrumento para que não haja álcool na frente deste ser humano, porque senão ele também terá carência do seu “alimento”. Quem vai provocar que acabe a bebida em casa ou que este ser humano encontre o bar o fechado, ou seja, tudo aquilo que é contrário ao que ele queria, é o espírito de luz.

Na verdade, o obsessor estará instigando o ser humano a beber e o espírito de luz estará criando a situação onde não há a bebida para ver se aquele espírito humanizado vive feliz sem o objeto do seu desejo mesmo sendo instigado, ou seja, sendo tentado.

Nós precisamos compreender que em todos os momentos de uma existência carnal (provas espirituais) existe um espírito “tentador” e outro provocando a carência da tentação, pois, sem estes dois elementos a provação do espírito (vencer a tentação material permanecendo firme na convicção espiritual) jamais terminaria com uma vitória. Vencer é resistir a uma tentação.

Você pode dizer que no exemplo que eu dei (provocar a carência da bebida) o espírito de luz estará agindo em benefício do ser humano. Isto porque o fato de beber é moralmente considerado “errado” pela humanidade. No entanto, pergunte a alguém que não veja erro em beber, ou seja, que sinta prazer na ingestão de álcool, se é bom para ele ficar sem bebida?

Vou usar outro exemplo moralmente aceito, para me fazer mais claro: querer comprar um bem material, querer ganhar mais dinheiro. Quem não deixa o ser humano adquirir o que ele quer é um espírito de luz e não um capeta, exu ou obsessor.

Veja bem. Quando um ser humano consegue adquirir o que ele deseja ou passa a receber mais dinheiro, quais os sentimentos lhe são comuns? Vaidade, soberba, satisfação, prazer. Quem gosta deste tipo de alimento? Os obsessores.

Então, eles estão sempre querendo que o ser humano conquiste bens materiais, pois só assim estes espíritos podem alimentar-se destes sentimentos individualistas. Já os espíritos de luz prefeririam, se pudessem, não dar àquela pessoa estes bens, para protegê-las destes individualismos.

Disse “se pudessem”, pois os espíritos de luz não têm querer: eles fazem tudo o que o Pai determina que seja criado na existência carnal de cada espírito para que ele possa vivenciar as provações necessárias à sua evolução.

Participante: É muita prova...

Não é não: é a justa medida que você precisa. Deus dá a cruz que cada um pode carregar; Deus dá a cada um de acordo com a sua prova e com a sua obra. Senão, Ele não seria o Deus que os mestres ensinaram: extremamente Justo e Amoroso.

Ainda afirmo mais: todo ser humanizado tem condição de vencer suas provas. Outro dia me perguntaram: “eu sou capaz de promover esta reforma íntima que o senhor ensina”? Eu disse: “com certeza”.

Todos os seres humanos são capazes e eu garanto isso. Sabe por que? Porque estão na carne. Se não tivessem condições de vencer suas provas não estariam encarnados.

Participante: Mas, não foi ensinado que tem espírito que não consegue vencer, no sentido da elevação espiritual, e tem que encarnar de novo?

Vencer ou não as suas provas é outra coisa. Eu não estou dizendo que todos vão vencer suas tentações, mas que todos têm condições de vencê-las.

Cada ser humanizado só veio para a carne porque achou que tinha condição e Deus ratificou isso. Senão não estariam na carne.

Assim sendo, todos se acharam aptos antes da encarnação e Deus também julgou que eram capazes: esta é a conclusão óbvia para quem “ouve” os ensinamentos dos mestres.

Mas não são só os que estão encarnados que se consideram aptos a vencer suas provas: muitos no mundo espiritual se imaginam também preparados para enfrentar a jornada humana.

Não podemos nos esquecer que existem dez espíritos fora da carne esperando o desencarne de um ser humanizado para poder ganhar uma oportunidade de encarnação porque também se consideram prontos para a jornada.

Estes estão passando por todo processo que os agora seres humanizados já passaram. Para poderem estar encarnados, os agora seres humanos, foram chamados pelos seus mentores para prepararem o “livro da vida”. Quando isto aconteceu disseram: “graças a Deus”.

Escreveram um grande número de provas com alto grau de complexidade a tal ponto que muitas tiveram que ser abortadas, porque os espíritos queriam mais do que os seus mentores, em nome de Deus, julgavam que eles não pudessem dar cabo.

Quando as duas partes (espíritos e mestres) chegaram a um mínimo de busca de realização espiritual a ser conquistado durante a vida carnal, o plano de vida foi encaminhado para Deus que o ratificou. Só aí eles puderam encarnar.

Por isto tudo é que afirmo: todos têm condições de passar por suas tentações sem sofrimento. No entanto, para que isso aconteça há a necessidade de determinação e de opção de um objetivo espiritual para a vida carnal que muitos não conseguem fazer depois de encarnado.

Agora, afirmar que por isso eles não têm condições de se desempenhar de suas provações, seria acusar Deus e aos mentores de irresponsáveis. Todos têm condições de realizar a sua reforma íntima, senão não estariam na carne.

Participante: Esta questão que o senhor falou, que existem dez espíritos para cada encarnado, aguardando o momento de vir ao mundo carnal, faz parte da prova também?

 Faz parte da prova: saber esperar a sua hora de vir. Aqueles que são “agoniados” para entrar na vida carnal não o fazem tão rapidamente porque não passaram na primeira prova que é aguardar o momento que Deus julgue que ele está pronto para começar a provação.

Participante: O senhor falou uma palavra: determinação. Ainda não ficou claro para mim o que vem a ser esta determinação ou força de vontade. O senhor falou, também, que ela deve ser voltada para uma determinada opção de vida. Então força de vontade seria manter o máximo possível esta opção de vida, a cada etapa, prova ou momento de vida.

Vou lhe responder em etapas.

Você só conseguirá fazer a reforma íntima alcançando a evolução espiritual quando optar por ela. Se não optar por ela jamais conseguirá a evolução espiritual. Este é o primeiro detalhe.

Agora, a conclusão óbvia desta opção é que quando você a fizer terá que abandonar o elemento descartado. No caso da opção pela elevação espiritual, o bem-estar material (prazer) terá que ser abandonado.

O problema é que a maioria fala que opta pela evolução espiritual, que quer a reforma íntima, mas não abre mão da existência humana. Então, não houve opção alguma, mas uma hipocrisia: optar por algo novo sem abandonar o velho.

Segundo detalhe: a partir do momento que você opta pela elevação espiritual, deve zelar pela busca da felicidade espiritual da mesma forma que hoje faz para garantir o prazer. Para melhor compreensão vou dar um exemplo.

Se alguém levantar a voz para um ser humano do sexo masculino, ele zelará pela sua masculinidade, pelos seus brios, pelo seu amor próprio e buscará “brigar” com o outro para defender sua honra. Este é o zelo que o ser humanizado que opta pela felicidade material tem na vida carnal.

Agora, se o espírito humanizado optar pela elevação espiritual, será necessário que ele zele em não brigar com o próximo, não gritar, amando o próximo e não se defendendo do suposto “inimigo”, como Cristo fez no episódio da crucificação.

A força de vontade que eu estou falando é neste sentido: zelar pela sua elevação espiritual ao invés de zelar pela sua felicidade material. Mas, este zelo só começa depois da opção, mas esta também só será concretizada quando houver o despojamento de abandonar toda a busca da felicidade material.

No entanto não é isso que os “buscadores” de Deus fazem. Ficam no meio do caminho zelando em alguns momentos pelos valores humanos e em outros pelos valores espirituais. Isto não leva a lugar nenhum a não ser à estagnação espiritual.

Participante: No processo que vivemos hoje em dia a coisa mais difícil que existe é conseguir realizar isto que o senhor está ensinando. O senhor fala em conseguir viver desta maneira o tempo inteiro na vida, mas, vamos ver isto num simples espaço de tempo. Hoje, por exemplo, aconteceu isto comigo: eu vi um ato e depois disso o raciocinei.

Mas, é exatamente este aspecto que estou abordando. Ao raciocinar o ato posteriormente querendo entendê-lo, você está zelando pela sua “sabedoria” humana, ou seja, querendo aplicar um valor ao ato, compreendê-lo.

Ao invés de zelar pela sua humanidade (raciocinar para dar um valor ao ato, compreendê-lo), deveria cessar esta corrente de pensamento. Ao invés de compreender aquilo que alguém praticou deveria obstruir a ação do pensamento afirmando: “eu não sei de nada”, “eu nunca vou conseguir chegar à Realidade que está se passando”.

A única conclusão você pode chegar, se quiser elevar-se espiritualmente, é que nunca conseguirá compreender nada e, por isso, deve agir para interromper o fluxo do raciocínio especulativo dizendo: “cala a boca ego”.

Participante: Eu fiz isso...

Conseguiu?

Participante: Sim, só que demorou e aí eu já tinha raciocinado sobre aquilo que tinha acontecido e aplicado um valor ao ato.

Veja bem. Se você já conseguiu em um determinado momento, mesmo que demore um pouco, já está no caminho. O pior é a maioria que nem lembra disso. Só vai lembrar de destruir esta falsa realidade muitos dias depois. Alguns, porque a maioria nem lembra de destruir a falsa verdade que criou, a interpretação individualista que deu à ação de Deus.

Então, você já está no caminho, mas deve tornar este trabalho uma constante na sua vida. Deve transformar a busca desta forma de agir (declarar que nada pode saber sobre as coisas) num objetivo de vida.

Agora, enquanto você ficar preso querendo ou não em momentos diversos, você ficará perdido.

Libertando-se da humanidade - Carta aos Gálatas

Como Paulo se transformou em apóstolo

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Parte 1

Irmãos, afirmo a vocês que a Boa-Notícia do Evangelho que eu anuncio não é invenção humana. Não a recebi de ninguém, e ninguém me ensinou, mas foi Jesus Cristo mesmo que a revelou a mim.

Vocês ouviram falar do que costumava fazer quando praticava a religião dos judeus. Sabem como eu perseguia com violência a Igreja de Deus e fazia tudo para destruí-la. Fui um dos judeus mais religiosos do meu tempo e procurava seguir com todo o cuidado as tradições dos meus antepassados.

Porém Deus, na sua graça, me escolheu antes mesmo de eu nascer e me chamou para servi-lo. E, quando ele resolveu me revelar o seu filho para que eu anunciasse aos não-judeus a Boa-Notícia a respeito dele, não fui procurar conselho de ninguém. E também não fui a Jerusalém para ver os que eram apóstolos antes de mim. Ao contrário, fui para a região da Arábia e depois voltei a Damasco.

Paulo começa este trecho falando uma coisa que é interessante de se saber e que muitas vezes é esquecida: os quatro evangelhos canônicos foram escritos por seres humanos, ou seja, tiveram a influência de egos dos seres humanos.

Se prestarmos atenção no evangelho de Lucas, por exemplo, ele é muito mais detalhista na hora da morte do Cristo do que os outros. Isto é desta forma porque este evangelista era médico de formação. Por achar que sabia o que estava acontecendo dentro do corpo humano, ele foi mais detalhista nesta passagem.

Mas, Paulo não. Este apóstolo não ouviu materialmente de Cristo a informação para a elevação espiritual. Ele ouviu, como estudamos em outra carta, no mais “alto céu” para onde ele foi levado depois de ser chamado pelo Cristo.

Desta forma, as interpretações de Paulo são mais positivas, no sentido espiritual, do que as trazidas pelos demais evangelistas. Isto é importante ficar bem claro.

Paulo pode não citar ensinamentos de Cristo porque não leu os evangelhos que não estavam prontos enquanto ele estava vivo. Ele ouviu alguns ensinamentos, mas muitos poucos, pois ele não se dava muito bem com os apóstolos de Jerusalém que haviam convivido com Cristo. Tudo lhe foi revelado pelo Cristo espiritualmente.

Isto é muito importante ficar compreendido, pois para muita coisa que estou afirmando vocês podem estar pensando: “ah, mas Marcos e Mateus falaram outra coisa”. É preciso lembrar que os quatro evangelistas cujos livros estão na Bíblia viviam como seres humanos e foram influenciados por esta humanização ao escrever os seus evangelhos.

Além disso, é preciso lembrar também que eles não conviveram com Cristo, mas escreveram seus evangelhos a partir de narrativas dos apóstolos que conviveram com o mestre.

Nem Marcos, Mateus, Lucas ou João seguiu Cristo. Eles escreveram pelo que os apóstolos falaram. Eles não ouviram os ensinamentos diretos de Cristo.

Três anos mais tarde, fui a Jerusalém para conhecer Pedro e fiquei com ele duas semanas. E não vi nenhum outro apóstolo, a não ser Tiago, irmão do Senhor.

Por este texto, e por outros do Evangelho, podemos entender que Jesus Cristo tinha irmãos. Como então a Igreja Católica diz que não?

Repare que Paulo não trata mais nenhum apóstolo como irmão do Senhor. Portanto, não pode ser aceita a tese de que o “irmão” neste texto é utilizado como uma designação de irmão na fé.

Tiago era irmão do Senhor, filho de José com sua primeira esposa. Além dele haviam ainda irmãs e outros irmãos, entre eles Tomé, cujo Evangelho já estudamos.

Afirmo diante de Deus, que o que escrevo é verdade.

Depois fui para as regiões da Síria e da Cilícia. Durante esse tempo os membros das igrejas da Judéia não me conheciam pessoalmente. Sabiam somente que os outros diziam o seguinte a respeito de mim: “aquele que nos perseguia está anunciando agora a fé que antes procurava destruir!” E louvavam a Deus por causa de mim.

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Paulo e os outros apóstolos

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Parte 1
Parte 2
Parte 3
Parte 4
Parte 5

Catorze anos depois, voltei a Jerusalém com Barnabé e levei também Tito comigo. Fui lá porque Deus me revelou que eu devia ir. Ali, numa reunião particular com os líderes da igreja, expliquei o Evangelho que anuncio aos não-judeus. Eu não queria que o trabalho que tinha feito ou estava fazendo ficasse sem efeito. Nem mesmo o meu companheiro Tito, que é grego, foi obrigado a circuncidar-se. Mas alguns, que queriam passar por irmãos e tinham se juntado ao grupo, queriam circuncidá-lo. Esses homens entraram ali como espiões para observarem a liberdade que temos por estarmos unidos com Cristo Jesus. Eles queriam nos tornar escravos. (Gálatas, 2, 1-4)

Este trecho onde o apóstolo Paulo avoca para todos os cristãos a liberdade que Cristo concede pelo exercício da fé a todos aqueles que são amorosos é muito importante para a elevação espiritual. Como Paulo diz, aquele que procura a elevação espiritual não pode se tornar escravo de nada.

Lembremos o ensinamento do Mestre: venham a mim que o meu jugo é leve. O que será que Cristo quis dizer ao afirmar que o seu jugo é leve? Será que ele quis afirmar que perdoa a todos indistintamente, independente do que façam? Vamos aproveitar esta passagem e compreender o significado deste trecho do Evangelho.

Para Cristo existem apenas duas leis: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Mais nada é lei para o Mestre.

O jugo leve de Cristo baseia-se no fim das proibições, ou seja, na determinação do que é “certo” ou “errado”, que faz você se aprisionar, se tornar escravo destas leis. Para o Mestre, ao invés de submeter-se a leis, a padronização de ações que são executadas pela coerção e pelo medo, o espírito encarnado precisa alcançar algo que pode ser definido como “consciência amorosa da ação”.

Quando o ser humanizado alcança esta consciência ele não é mais prisioneiro, não se sente obrigado a fazer nada, mas age amorosamente consciente do seu amor a Deus e ao próximo. Vamos entender as duas questões, pois até hoje os cristãos estão submetidos a diversas leis que o próprio Cristo expurgou durante aquela encarnação missionária.

  Quando você segue uma lei, por exemplo, “não matar” e deixa de praticar porque é proibido matar, se torna escravo da lei. Você deixa de matar por obrigação, porque é proibido, porque poderá sofrer conseqüências deste ato. Neste caso, se tornou escravo da lei.

Na hora que você amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, adquire a consciência de não matar por amor. Não matar porque ama a Deus acima daquilo que o outro fez, porque ama o próximo, apesar dele ter feito aquilo. Aí você é livre, livre para não matar o próximo, mesmo ainda não “gostando” do que ele fez, por amor.

Esta é a diferença entre a consciência amorosa e a prática da ação porque lhe é proibida. Quando você não faz porque lhe é proibido, você vira escravo da lei, porque ainda tem o desejo de fazer e não faz pela “obrigação de não fazer”. Mas quando você tem a consciência amorosa, não há o desejo de fazer e por isto você está livre.

Foi a isto que Cristo se referiu quando questionado sobre o cumprimento da lei: da lei não se tira um ponto ou uma vírgula, mas eu vim para dar o real sentido da lei. A lei diz não matar e dela não se tira nem um ponto ou uma vírgula, mas o real sentido dela não é “não matar”, mas “ame que você jamais terá vontade de matar”.

Com relação ao aspecto lei, Paulo é muito categórico: se Moisés já havia trazido a tábua das leis, o que Cristo veio fazer então? Ele veio ensinar a cumprir a lei. Ao invés de colocá-la como parâmetro obrigatório, como coerção, entenda-a como a realização daquele que ama incondicionalmente.

Quem vivencia este amor que chamamos de universal não tem desejos de matar, adulterar, roubar, etc. Por isto não sofre jamais.

É por isto que Cristo diz: venha para mim que o meu jugo é leve. Venha para mim porque comigo você não terá desejos que lhe farão sofrer o que a escravidão à lei não garante.

A palavra jugo refere-se à canga que se coloca no boi para fazê-los andar. O jugo de Cristo, ou aquilo que lhe faz viver é leve, não pesa em você. Já a obrigação de fazer pesa, pois você tem o desejo.

O desejo lhe impulsiona a querer realizar, lhe dá a vontade de realizar, mas como a lei proíbe, você deixa de fazer e sofre com o desejo não realizado. Por isto o jugo da lei é pesado.

Mas, o jugo leve, a consciência amorosa elimina o desejo e com isso você não sofre. Esta é a diferença entre a consciência amorosa e o servilismo à letra fria da lei.

Sabe porque você sofre na vida? Porque tem lei, porque quer seguir a um determinado padrão. Impõe a você regras, normas e convenções padronizadas as quais se aprisiona e com isso sofre quando deseja fazer algo e não pode fazer porque é proibido.

Sabe porque o sapato aperta? Não porque é um número menor, mas porque você o usa por regra, por norma, porque se sente obrigado a andar de sapato para ficar bonito para os outros, enquanto o desejo de liberdade (pé no chão) está dentro de você.

A lei proíbe da etiqueta proíbe que você saia descalço e você se subordina a ela. Mas por que será que ela proíbe quando andar descalço é traz muito mais felicidade? A sociedade age como se o pé fosse uma coisa feia, uma coisa que precisasse ficar escondido. Qual o problema de você andar descalço? Apenas o padrão imposto pela sociedade.

Então, você sofre dentro de um sapato apertado porque a sociedade diz que você tem que andar de sapato. Aí você usa submete-se à esta regra da sociedade por obrigação e por causa deste jugo pesado você sofre. Coitado do sapato: ainda é considerado culpado.

Participante: Meu caso específico e particular. Eu não posso entrar no meu serviço sem sapato e o sapato realmente aperta muito o meu pé. Como fazer?

A pergunta é interessante. Você não pode entrar no seu trabalho descalça e aí o sapato aperta o seu pé. Por que? Porque você gostaria de estar sem sapato, pois se sente bem descalça.

Então, com o desejo agindo e a lei bloqueando a realização dele, o sofrimento ocorre inexoravelmente. Na hora que você se conscientizar de que é impossível estar ali sem sapato e eliminar o desejo de, naquele momento, estar descalça, anulará o desejo.

Silencie o ego que naquele momento está lhe dando o desejo de ficar descalça dizendo para ele que quando estiver fora dali tirará o sapato, mas que naquele momento é impossível. Deste jeito você não sofrerá.

Participante: Eu já fiz isso, não deu certo. Acho que a única solução é comprar sapato de um número maior...

A conversa com o ego deve ser feita através do coração (sentimentalmente) e não através da mente (racionalmente). É alterando-se o sentimento que com que se vive o momento, ou seja, aprendendo a amar a tudo e a todos (formação da “consciência amorosa da ação”) que se submete os desejos emanados pelo ego à realidade.

Quando você vivencia aquele momento sentindo-se coagida a andar de sapato (como você mesmo disse “eu sou obrigada a andar calçada no meu trabalho”) ainda sofrerá. De nada adianta querer falar com o ego racionalmente: o que precisa ser alterado é o sentimento, ou seja, ir trabalhar calçada sem sentir-se obrigada a isto. Mas, para isto será preciso que você aprenda a amar as restrições impostas pelo seu trabalho.

Quando falei em criar uma consciência amorosa de ação não disse que é amar apenas o que você gosta ou quer fazer, mas amar a tudo, inclusive as restrições impostas pelas leis. Lembre-se sempre que Cristo ensinou: se você ama apenas o que lhe ama, que vantagem leva sobre os pagãos?

Quando você ama a restrição elimina o desejo e com isto acaba o sofrimento. Sendo assim, quando você amar ir trabalhar calçada ao invés de ver nesta proibição um ato ditatorial do seu emprego e que você, como rebelde, precisa lutar contra, aprenderá a ir calçada sem sentir dor. Mas enquanto se sentir obrigada a ir, sofrerá.

Aliás, deixa dizer-lhe uma coisa: a dor não nasce no pé, mas no sentimento. Veja o exemplo de muitos que não possuem mais o pé, mas ainda sentem dor e coceira neste membro.

Observação: Que a dor é criada pelo ser humanizado mentalmente, mesmo que inconscientemente, foi conclusão que Allan Kardec chegou no estudo dos espíritos e, por isso, escreveu assim no seu “Ensaio Teórico da sensação nos Espíritos”: “O corpo é o instrumento da dor. Se não é a causa primária desta é, pelo menos, a causa imediata. A alma tem a percepção da dor: essa percepção é o efeito. A lembrança que da dor a alma conserva pode ser muito penosa, mas não pode ter ação física. De fato, nem o frio, nem o calor são capazes de desorganizar os tecidos da alma, que não é suscetível de congelar-se, nem de queimar-se. Não vemos todos os dias a recordação ou a apreensão de um mal físico produzirem o efeito desse mal, como se real fora? Não as vemos até causar a morte? Toda gente sabe que aqueles a quem se amputou um membro costumam sentir dor no membro que lhes falta. Certo que aí não está a sede, ou, sequer, o ponto de partida da dor” (Pergunta 257).

Mesmo que você compre um sapato de número maior, no seu sentimento criará a dor, porque não está indo calçada amorosamente, mas porque se sente obrigada a tanto. Portanto, o problema não é comprar um sapato de número maior, mas libertar-se emocionalmente da lei que você se escravizou.

Mas em nenhum momento nós cedemos, pois queríamos que vocês tivessem o verdadeiro Evangelho.

Os judeus eram circuncidados e como Jesus Cristo disse que não veio tirar nada da lei, os apóstolos materialistas queriam criar a mesma obrigação para os não judeus. Estes apóstolos, aprisionados à letra fria da lei, esqueceram da essência do ensinamento do mestre nazareno.

No Evangelho trazido por Tomé, Cristo ensina assim: “Seus discípulos perguntaram-lhe e disseram: Queres que jejuemos? Como deveremos rezar, e deveremos dar esmolas? E que dieta deveremos seguir? Jesus disse: Não mintais, não façais aquilo que odiais, pois todas as coisas são manifestadas ante a verdade. Nada há de oculto que não venha a ser desvelado, e nada há de coberto que permaneça sem ser descoberto” (logia 6).

 Nesta pergunta ao mestre fica claro que os apóstolos, viciados na religião de então que era totalmente balizada por código de normas de procedimentos, buscavam criar para a nova “seita” que eles imaginavam que Cristo estivesse criando um novo padrão de comportamento. Os procedimentos especificados pelos apóstolos, aliás, são os mesmos da religião judaica: jejum, oração, caridade material e restrições alimentares.

 Pela resposta fica bem claro o que Cristo esperava daqueles que adquirissem a consciência amorosa: não minta a si mesmo e não faça aquilo que odiais. Estas são as duas únicas exigências para ser cristão: não mentir a si mesmo nem fazer aquilo que odeia.

De que adianta fazer jejum com fome? De que adianta fazer caridade (servir ao próximo) se a sua intenção é servir-se dele (realizar aquilo que você deseja fazer)? De que adianta orar se ao invés de conectar-se com Deus com submissão (faça-se a Sua vontade) o que deseja ainda é que Ele lhe sirva (faça o que você quer)? Todas estas ações com estas intenções são falsas, são mentiras para si mesmo.

Cristo deixou bem claro: não adianta fazer nada enquanto para você aquilo for falso. Falsidade no sentido de imaginar que está fazendo por amor a Deus e ao próximo, quando na verdade está fazendo para si mesmo (individualismo).

Este ensinamento vale para todos os atos da vida carnal, inclusive no tocante à elevação espiritual ou cumprimento de “obrigações religiosas”. Em uma palestra antiga, afirmei para uma pessoa: enquanto você buscar a elevação espiritual baseado na sua vontade individual de elevar-se, não conseguirá. Isto porque estava fazendo para si, para satisfazer o seu desejo e não para Deus e para servir ao próximo.

Esta caminhada espiritual, portanto, é falsa, uma mentira. Isto porque toda a busca espiritual desta pessoa, que ela imaginava estar fazendo para Deus e para o próximo, objetivava apenas se satisfazer. Era feita a partir de um desejo oriundo de uma paixão individual.

Enquanto você se satisfaz, não entra na Realidade, no Universo: ficou preso no seu desejo, no seu “eu”, no individualismo.

Os apóstolos, apesar terem ouvido isto do Cristo, quiseram obrigar os novos cristãos a circuncidarem-se, mas Paulo foi inflexível: nós somos livres para adorar Cristo, circuncidado ou não. Somos livres para adorar Cristo indo a Igreja ou não, usando crucifixo ou não. É esta liberdade que o próprio Cristo deu a cada um quando viveu aquela encarnação com a consciência amorosa da ação, mesmo ferindo todas as leis religiosas judaicas.

Na hora que você achar que para Deus é importante usar uma cruz, use. Mas enquanto a cruz for importante só para você, só para dizer que é cristão, não use, pois, neste caso, é uma mentira usar a cruz.

Isto precisa ficar bem claro a quem postula a elevação espiritual: no espaço religioso (centro, templo, igreja, etc) que você for e colocarem regras e normas para pertencer àquele grupo, faça como Paulo e preserve a sua liberdade. Saia de lá, pois Cristo não pertence àquele grupo.

Mas aqueles que pareciam ser os líderes – digo isso porque para mim não importa o que eram, pois Deus não julga pela aparência – aqueles líderes, repito, não me deram nenhuma idéia nova. Ao contrário, eles viram que Deus me tinha dado a responsabilidade de anunciar a Boa-Notícia do Evangelho aos não-judeus, assim como tinha dado a Pedro a tarefa de anunciá-la aos judeus.

Neste texto, que é de conhecimento público, uma revelação que está não foi compreendida pelos seres encarnados.

Hoje se fala que Paulo fundou o cristianismo. Esta visão é perfeita: Paulo fundou o cristianismo e Pedro faliu ao implantar Cristo entre os hebreus.

Esta afirmação de Paulo, que é de conhecimento histórico da humanidade, é a mais pura verdade. A igreja hoje conhecida como católica não é obra de Pedro, mas de Paulo. Isto porque Pedro ficou com a obrigação de implantar o Evangelho entre os hebreus e faliu, pois até hoje eles continuam não acreditando em Cristo, no Messias.

Então, a Igreja Católica Apostólica Romana, o Cristianismo como hoje conhecido foi criado por Paulo e isto ocorreu, principalmente, porque este apóstolo recebeu no mais alto céu todos os ensinamentos.

Portanto, tão importante quanto conhecer os Evangelhos é necessário o entendimento dos ensinamentos das Epístolas de Paulo e por isto as estamos estudando. Se queremos ser cristãos verdadeiramente, temos que entender o que Paulo ensina sobre as mensagens de Cristo.

Porque pelo poder de Deus fui feito apóstolo aos não-judeus, assim como Pedro foi feito apóstolo aos judeus.

Foi exatamente o que comentei acima: Pedro foi feito apóstolo aos judeus e faliu em sua missão, pois não conseguiu implantar o cristianismo entre os povos de Israel.

Por isso Tiago, Pedro e João, que eram considerados os líderes, reconheceram que Deus me tinha dado esse privilégio e deram a mão a mim e a Barnabé. Como companheiros, todos concordamos que nós iríamos trabalhar entre os não-judeus e eles, entre os judeus. Eles somente pediram que nos lembrássemos dos pobres das igrejas deles, e isso eu tenho procurado fazer com muito cuidado.

Libertando-se da humanidade - Carta aos Gálatas

Paulo repreende Pedro em Antióquia

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Quando Pedro veio a Antioquioa, eu o repreendi em público porque ele estava inteiramente errado. Antes de chegarem ali alguns homens que Tiago tinha mandado, Pedro comia com os irmãos que não eram judeus. Mas, depois que aqueles homens chegaram, ele não queria mais comer com os não-judeus porque tinha medo dos que eram a favor das circuncisão dos não judeus. E também os outros irmãos judeus começaram a agir como covardes, do mesmo modo que Pedro. E até Barnabé se deixou levar pela covardia deles. Quando vi que não estavam agindo direito, nem de acordo com a verdade do Evangelho, eu disse a Pedro diante de todos: “Você é judeu, mas não está vivendo como judeu e sim como os não judeus. Como é então que você quer obrigar os não-judeus a viverem como judeus?”.

Sabe qual é o nome desta postura que Pedro assumiu? Hipocrisia. E esta hipocrisia pode ser reconhecida por dois aspectos da postura de Pedro.

Primeiro: enquanto lhe convinha, vivia como os outros, sem achar nada errado. Segundo: quando não mais lhe foi conveniente quis transformar os outros para ficar bem com seus parceiros mais antigos. Agiu pensando nele apenas, ou seja, em não perder a “fama”, a glória individual.

Mas, não foi apenas Pedro que agiu assim: esta é uma maneira padrão de agir do ser humanizado. Quando as circunstâncias do que está vivendo lhe convém, ele se adapta às maneiras dos outros. No entanto, quando este modo de proceder pode ferir a sua “fama” lhe trazendo a infâmia e as críticas, ele, além de mudar o seu proceder, quer transformar também os outros.

Hipocrisia, mas, o mais hipócrita de tudo é que afirma que quer mudar os outros por amor a eles, sem reconhecer que está pensando apenas em si mesmo.

Vamos trazer este ensinamento para a vida diária de um ser humano. Todos nos ambientes que participam (casa, trabalho) sempre estão achando que alguém faz algo errado e querem alterar o proceder do outro para aquilo que ele acha certo.

O ser humanizado convive com os outros, mas está sempre querendo mudá-los para que eles façam da mesma forma que ele mesmo, imaginando-se sempre “certo”. Mas, cada um faz e age na sua vida de uma maneira “certa”.

Isso é uma coisa fundamental para esta vida: todos estão “certos” até o momento em que você disser que ele está “errado”, ou seja, todos agem dentro da sua razão, mas você os julga pela sua. Mas, a partir do momento que você o sentenciou, ele passou a estar “errado” apenas para você não para ele mesmo. Portanto, ele continua “certo” e apenas você é que diz que ele está errado.

Precisamos aprender, para ser cristão, a conviver com os outros do jeito que eles são, pois o jugo cristão é leve. O cristianismo proposto por Paulo a partir da compreensão que recebeu “no mais alto céu” dos ensinamentos de Cristo não contempla o “certo” ou o “errado”, porque não se baseia em códigos de leis que criam o pecado, mas no amor incondicional.

No cristianismo a abolição das leis individuais (o que você acha “certo” ou “errado”) para julgar os outros baseia-se na maior expressão do amor universal que já conversamos: a igualdade. A igualdade, ingrediente necessário para a existência do amor universal entre dois seres, baseia-se no direito de cada um ser diferente entre si.

A igualdade que compõe o amor universal é dar ao próximo o direito dele ser e fazer o que quiser sem que você se intrometa na vida dele para dizer o que deve ou pode fazer e esta igualdade é a maior expressão do amor crístico.

No entanto, você se diz cristão, mas não deixa de achar os outros “errados”, utilizando para isso suas próprias verdades como lei. E, ainda diz que age desta forma por amor a ele. No entanto, não vê que esta forma de proceder é fruto do seu individualismo, do seu amor a si mesmo que é superior ao amor a tudo e a todos. Você, como Pedro e os apóstolos materialistas, ainda imagina que para os outros serem do seu “partido ”, têm que se mudar.

Participante: Então, como ficam todos estes ensinamentos que vocês tem nos passado. Não é isto que estão fazendo conosco, ou seja, nos chamando de errados e querendo nos mudar?

Não. Eu nunca briguei com ninguém dizendo que ele estava errado. Quando aponto um modo de proceder sempre afirmo com a seguinte intenção: mostrar que o ser humanizado age desta forma e o ser espiritualizado age de outra.

Nunca obriguei você ou qualquer um abandonar a sua verdade, o seu modo de proceder e adotar o que eu aponto como padrão (verdade) de vida. A intenção que está embutida em todos os meus ensinamentos é mostrar-lhe que se você for por este caminho chegará em determinado ponto, mas se for pelo outro, chegará a este outro lugar.

Depois que eu falo, é uma opção sua fazer o que estou ensinando ou não. Agora, se você insistir em fazer do jeito que está acostumada como humanizada, não serei eu que lhe direi que você está errada. Posso mostrar o fim desta caminhada humanizada, mas nunca lhe coagir a agir do jeito que eu quero ou criticá-la quando não quiser agir dentro do procedimento que lhe leve mais perto de Deus.

Quer ver um exemplo? Quando fazíamos atendimento individualizado de apoio aos seres encarnados, havia uma pessoa que vinha rotineiramente com o mesmo problema me pedir conselhos para sair de uma determinada situação. Todo trabalho esta pessoa me expunha o mesmo problema e eu dava o mesmo conselho e ela nunca o seguia, apesar de entender que aquele era o caminho baseado no amor universal.

Acha que alguma vez a critiquei? Acha que alguma vez disse para esta pessoa que não mais daria o conselho, pois ela não me ouvia? Claro que não. A cada semana a rotina se mantinha, até que ela desistiu de procurar este conselho em mim.

Eu nunca poderia dizer para esta pessoa que ela estava errada ao agir do jeito que estava agindo, mas em nenhum momento me furtei de mostrar onde o seu modo de proceder lhe levaria e levou. Tenho a certeza que se ela houvesse optado pelo caminho que propus teria tido um “futuro” mais feliz.

Mas ela não quis. Vou criticá-la por isto? Não, foi opção dela. Veja bem: opção dela, ou seja, exercício do livre arbítrio que Deus deu a todos os seus filhos. Você acha que eu posso criticar quem exerce um direito concedido pelo Pai?

Criticá-la porque ela fez o que queria, seria o fim do amor a Deus e a ela, porque a base do amor universal é: todos são livres para fazer o que quiserem e esta liberdade lhes foi dada por Deus. A mim cabe amar a todos do jeito que são, sem esperar que o próximo se mude para aquilo que eu acho certo para amá-lo.

Nós já falamos isso: se aqui comparecer um ser humanizado que é considerado “bandido” pela sociedade, será tratado da mesma forma que se um santo aqui comparecesse. Porque eu o amo agora e não preciso esperá-lo se redimir do que fez para que possa amá-lo. Amo-o do jeito que está, vivendo como vive.

Para entender o que estou dizendo, é só verificar a literatura espírita.

Observação: Um grande ensinamento a este respeito foi trazido por Francisco Cândido Xavier no livro “Coragem” que transcrevemos abaixo.

Conta-se que após Jesus haver lançado a parábola do Bom Samaritano, entraram os apóstolos no exame da conduta dos personagens da narrativa. E porque traçassem fulminantes reprovações, em torno de alguns deles, o Cristo prosseguiu no ensinamento para lá do contato público:

 - Em verdade, - acentuou o Mestre, - referido-nos ao próximo, até nas indagações do doutor da Lei, à frente do povo, a lição de misericórdia tem raízes profundas. Quem passasse irradiando amor na estrada, onde o viajante generoso testemunhou a solidariedade, encontraria mais amplos motivos para compreender e auxiliar. Além do homem ferido e arrojado ao pó, claramente necessitado de socorro, teria cuidado de apiedar-se do sacerdote e do levita, mergulhados na obsessão do egoísmo e carentes de compaixão; simpatizar-se-ia com o hoteleiro, endereçando-lhe pensamentos de bondade que o sustentassem no exercício da profissão; compadecer-se-ia dos mal-feitores, orando por eles, a fim de que se refizessem, perante as leis da vida, e, tanto quanto possível ampararia a vítima dos ladrões, estendendo igualmente mãos operosas e amigas ao samaritano da caridade, para que se lhe não esmorecessem as energias nas tarefas do bem.

E, diante dos companheiros surpreendidos, o Mestre rematou: para Deus, todos somos filhos abençoados e eternos, mas enquanto a misericórdia não se nos fixar nos domínios do coração, em verdade, não teremos atingido o caminho da paz e do reino do amor.

Os grandes espíritos benfeitores do Senhor, quando se apresentam no planeta para auxiliar seres humanizados, os auxiliam no estado que estão. Os missionários não criam obrigações, necessidades de regeneração para auxiliar. Eles vêem socorrer, bandido, assassino, prostituta sem cobrar mudanças, se esta for a missão deles.

Aliás, como Cristo ensinou: que atire a primeira pedra quem não tiver pecado. Ninguém teve coragem na frente do mestre de atirar a pedra e nem o próprio Cristo, que certamente teria elevação moral para condenar a mulher adúltera, criticou-a. Ele disse: se ninguém lhe acusa eu também não. Portanto, vá e não peque mais.

Participante: Então, o que vocês estão fazendo aqui?

Mostrando um caminho que você é livre para seguir ou não.

Participante: Mas antes de mostrar este caminho alguém julgou que nós não estávamos no “caminho certo”. Desta forma o senhor se contradiz, pois acabou de dizer que devemos deixar cada seguir o caminho que quiser. Explique-me isto, por favor.

É que para os seres humanizados se não é “certo”, é “errado”. Para nós não existe “certo” ou “errado”, mas um caminho que vai lhe manter na humanização e outro que lhe levará à elevação espiritual.

Isto não quer dizer que reconheçamos um como “certo” ou outro como “errado”. Dentro do critério dual de “certo” e “errado” que você vive podemos afirmar que todos os dois estão “certos”, se cada um assim decidir, e os dois estarão “errados” se esta for a sua opinião.

Vivemos sem o “certo” e o “errado”. Portanto, o caminho de vida que hoje você leva para nós é apenas um caminho, sem adjetivos, o qual você pode seguir se quiser ou não, utilizando-se do livre arbítrio que Deus lhe deu. Que isto fique bem claro: o Pai não obriga ninguém a fazer a reforma íntima.

Nosso trabalho aqui como missionário é mostrar-lhe um caminho que a sua lógica racional não lhe deixa compreender. Mas apenas mostrar-lhe e não obrigá-la a percorrê-lo nem criticá-la se não quiser segui-lo.

Mas, por que precisamos mostrar isso, por que desta missão? Porque a elevação espiritual é inexorável. Um dia todos terão que executá-la, mas para isso será necessário seguir o caminho espiritual, ou seja, exercer a consciência amorosa amando a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Quando você segue o caminho material (a vida vivida pelos padrões humanos) mesmo que siga uma religião conseguirá caminhar até determinado ponto, mas uma hora terá que estancar a sua caminhada e retornar ao ponto de partida para começar todo trabalho novamente.

É importante se saber que não há atalhos que liguem a vida material (baseada na aquisição do bem material – prazer) à vida espiritual, aquela que é baseada na felicidade e no amor incondicional.

Então, veja, eu não critico você ou qualquer outro por querer viver na busca do prazer. O que digo é que você está no caminho humano e este caminho tem esta e esta característica e leva a isto; o caminho espiritual tem esta e esta característica e leva a isto. A partir daí: livre arbítrio: escolha o que quiser.

Respondendo-lhe, então: para nós não existe “certo” ou “errado”, mas caminhos diferenciados. Apenas para o ser humanizado o que não é “certo”, é “errado”. Esta característica dual da vida humanizada que você leva, com certeza foi que embasou a sua pergunta.

Libertando-se da humanidade - Carta aos Gálatas

Os judeus e os não judeus são salvos pela fé

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Nós somos judeus de nascimento e não pecadores como os não-judeus. Porém sabemos que todos são aceitos por Deus pela fé em Jesus Cristo e nunca por fazerem o que a Lei manda. Assim nós também temos crido em Cristo Jesus para sermos aceitos por Deus pela nossa fé em Cristo e não por fazer o que a Lei manda. Pois ninguém é aceito por Deus por fazer o que a Lei manda. Quando procuramos ser aceitos por meio de Cristo, fica claro que somos pecadores como os não-judeus.

Ninguém é aceito por Deus por fazer o que a lei manda! Isto quer dizer que de nada adianta ir à missa todo domingo, ao centro espírita toda quarta feira, à macumba as sextas, se vai por “obrigação”, para cumprir um mandamento legal.

Não adianta nada procurar sua elevação espiritual, se a está procurando por obrigação, para satisfazer uma lei. A salvação não está no cumprimento das leis, mas na fé: confiança e entrega absoluta a Deus.

Sem a fé não existe de maneira alguma a “salvação”. Só quando o ser humanizado se voltar para Deus e der as costas para lei, ou seja, quando deixar de fazer viver preso às obrigações da lei e começar a fazer por amor ao Pai acima de todas coisas e ao próximo como a si mesmo é que conseguirá a “salvação”.

Voltando ao que estávamos conversando anteriormente, a vida carnal pode ser vivenciada por dois caminhos: um leva à “salvação” mas, o outro, não leva à perdição, mas à “não salvação”, que não quer dizer que seja perdição, porque o espírito não retroage, não se “perde”.

Portanto, a vida é composta por dois caminhos diferentes e você é livre para optar por um ou outro. Agora, o que precisa compreender é a base de cada caminho, ou seja, como percorrer cada um deles. No caminho da elevação espiritual se vive pela fé; o caminho da materialização é aquele onde o ser humanizado se conduz pela obrigação e pela satisfação.

São dois trilhos diferentes que levam a lugares diferentes, mas são dois trilhos que o próprio Deus colocou. Por isto não podem ser errados.

No entanto, é preciso sempre se lembrar: um termina numa estação e o outro continua e transpõem continentes. Você é que sabe o que quer fazer da sua vida: se quiser, pode ir até uma estação apenas passear e, depois, voltar para pegar o trem que atravessa oceanos, ou se escolhe logo a caminhada mais longa.

Mas será que isso quer dizer que Cristo ajuda o pecado a progredir? Claro que não! Se eu começo a construir de novo o que destruí, isso prova que estou quebrando a Lei. Portanto, quanto à Lei, estou morto pela própria Lei, a fim de viver para Deus.

Relembrando o que Paulo já havia nos ensinado, “a lei é que cria o pecado”. Mas, por lei não podem ser entendidos apenas os códigos doutrinários das religiões, mas todo dualismo com que vive o ser humanizado.

O dualismo é que cria o “certo” e o “errado”, o “bonito” e o “feio”, o “limpo” e o “sujo”. Quando o ser humanizado vivencia o dualismo, cria um código individual de leis que faz o surgir o lado negativo que não haveria se não houvesse a aplicação desta característica da humanização do ser espiritual.

Portanto, quando Paulo diz que está morto para a lei, mas está vivo para Cristo, ele afirma que não cria dualismos para poder viver pelo amor. Quem está vivo para o amor precisa estar morto para lei porque senão o lado negativo surgirá inexoravelmente e ele é a ação do não amor.

Para quem vive o amor crístico não existe “certo” ou “errado”, “bonito” ou “feio”, “limpo” ou “sujo”, porque tudo é Perfeito, é obra de Deus.

Eu fui morto na cruz com Cristo. Assim já não sou eu quem vive, mas Cristo é quem vive em mim. E esta vida que agora eu vivo, eu a vivo pela fé no Filho de Deus, quem amou e se deu a si mesmo por Deus, que me amou e se deu a si mesmo por mim. Não rejeito a graça de Deus. Pois, se é por meio da Lei que as pessoas são aceitas por Deus, então não adiantou nada Cristo morrer!

Veja bem: se uma pessoa for aceita por Deus simplesmente porque cumpriu a lei, porque fez tudo aquilo que é apontado como certo pela humanidade, então, posso afirmar que Cristo não foi aceito por Deus.

Isto porque durante a encarnação “Jesus Cristo”, o espírito mestre da humanidade vivenciou a quebra de todas as leis da época. Até o não matar foi quebrado por ele ao “matar” uma figueira que não estava produzindo, numa época que não deveria mesmo dar frutos.

Portanto, se o mestre durante aquela encarnação não cumpriu a lei, não foi aceito por Deus. E se Cristo não foi aceito por Ele e você o segue, ou seja, se diz cristão, então é participe do diabo, ou seja, do inimigo de Deus.

 Mas, Cristo foi aceito por Deus e a ressurreição prova isto. Portanto, isto quer dizer que para você atingir a elevação espiritual precisa não se tornar prisioneiro da lei, não se sentir obrigado a fazer tudo que é “certinho”, não fazer tudo de acordo com as normas, como Cristo também não se sentiu.

O que precisa ser alcançada não é a obediência cega à lei, mas aquilo que o mestre alcançou. Segundo João, Cristo era o “verbo”, ou a ação do amor. Portanto, é a ação praticada com a “consciência amorosa” (amor em ação) que leva à aceitação por Deus.

Não importa o que você ou outra pessoa faça, ame a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Esta é a única garantia que você tem de elevação espiritual, pois foi ela que Cristo lhe deixou.

Este é o testamento, o Evangelho deixado pelo mestre. Quando Cristo come nos sábados, o que era contrário aos códigos de leis judaicos deixa bem claro para os professores da lei que o acusam: vocês não sabem o que quer dizer nas Sagradas Escrituras quando Deus fala “Eu não quero que queimem incensos em meu louvor, mas que sejam bondosos”.

Quando um ser humanizado faz só porque é certinho, porque está dentro da lei, está queimando incensos a Deus e não agindo por bondade ao próximo, por amor ao Pai. O amor à Deus e ao próximo se traduz pela não aplicação do “certo” e “errado”, mas por viver praticando todas as ações em louvor a Deus.

E aí nos lembramos do ensinamento de Krishna: fazer tudo sem intencionalidade, sacrificando-a a Deus. “Deus eu não queria vir a este lugar, mas estou aqui: louvado seja o seu Nome. A minha intenção de não estar aqui eu dôo em sacrifício ao nosso amor e vivo feliz, estando aqui”.

Esta é a consciência amorosa em prática. Ela se traduz através de uma célebre frase de Cristo que eu já cansei de dizer que deve ser o guia da vida de vocês: Pai afasta de mim este cálice, mas se não for possível que seja feita a vossa vontade e eu estarei feliz do mesmo jeito. Este é o ensinamento maior que o ser humanizado pode compreender durante a existência carnal.

Isto porque se eu disser que é necessário que você deixe de querer, de ter intenções, não conseguirá, pois cada ser humanizado tem o seu ego lhe impondo vontades constantemente e isto não poderá ser alterado até o fim da encarnação.

Desta forma, o máximo que você pode fazer neste sentido durante a encarnação é o ego lhe cobrar e você reagir dizendo: “Pai, o ego está me cobrando isso, mas não foi isto que o senhor fez acontecer. Louvado seja o Senhor”.

Aliás, eu gostaria de recomendar às pessoas a leitura das tentações de Cristo no deserto. Veja se a sua vida não se baseia exatamente nas tentações que estão lá estampadas.

Observação: Estas são as três tentações que Cristo sofreu no deserto.

1. Diabo: “Se você é Filho de Deus, mande que estas pedras virem pão”. Cristo: “As Escrituras Sagradas afirmam que o ser humano não vive só de pão, mas vive de tudo o que Deus diz”.

Trata-se da tentação de utilizar a vida carnal para gozar o bem material (pão). A vida carnal não é feita com esta finalidade, mas para se “aprender o que Deus diz” (o amor, a comunhão universal).

2. Diabo: “Se você é Filho de Deus, jogue-se daqui de cima”. Cristo: “Mas as Escrituras Sagradas também dizem: não ponha à prova o Senhor, o seu Deus”.

 A tentação de usar Deus para conseguir o bem material. Quem cede a esta tentação é aquele que busca em Deus a segurança para viver o bem material durante esta vida.

3. Diabo: “Eu lhe darei tudo isto se você se ajoelhar e me adorar”. Cristo: “As Escrituras Sagradas afirmam: adore o Senhor, o seu Deus, e sirva somente a ele”. (Marcos – 4,4-10).

A tentação de viver a vida carnal pelo sentido material que humanidade impõe: crescer materialmente, culturalmente, socialmente. Quem cede a esta tentação adora ao diabo (ao ego) e não a Deus e por isto não transforma a elevação espiritual como objetivo primário da existência.

Aí está um belo exemplo de uma vida cristão, de uma vida espiritual: saber renegar a materialidade e os desejos oriundos da humanização e colocados por Deus através do ego como provação ou missão.

No entanto, é preciso que você sofra a tentação de viver a materialidade, pois sem ela não há vitória. Se não houvesse o ego para lhe tentar você não teria o que vencer e, desta forma, não poderia alcançar a elevação espiritual.

É preciso compreender que a elevação espiritual é adquirida pelo merecimento que é gerado quando se “vence” algo. Sem vitória não há merecimento e sem ele não há motivos para a existência da vida carnal.

Então, se você ficar esperando matar o ego para alcançar a sua elevação espiritual jamais conseguirá. Você precisa ser tentado pelo ego, ou seja, ter desejos, vontades individualistas, mas o ao mesmo tempo necessita, pela fé (confiança e entrega a Deus) suplanta tudo o que o ego lhe impõe para, assim, retirar o condicionamento da realização destes desejos para ser feliz e alcançar a bem-aventurança.

Realizar a elevação espiritual, portanto, não é tão difícil assim: não há necessidade de se eliminar o ego (parar de desejar), mas apenas aprender a conviver com o desejo agindo através da fé.

Participante: Até então havia compreendido que tínhamos que vencer os desejos. Não é bem assim? Posso até desejar, mas se não sofrer por não conseguir já me aproximo de Deus? Por exemplo, se eu desejo um carro novo, posso até continua desejando, mas se não o conseguir não devo sofrer: é isto?

Veja bem: a evolução espiritual se dá em etapas. Ninguém pula ou elimina qualquer das fases da evolução. Por isto, para se alcançar o objetivo da existência carnal (alcançar a perfeição, se elevar) tem que ser igual a preto-velho: custa a colocar o pé na frente, mas quando põe não tira.

Baseado nisto podemos afirmar que o ideal é não ter desejos, pois todos eles são condicionamentos à felicidade. Enquanto houver desejos haverá condicionamentos. Portanto, se você ainda deseja um carro, só será feliz realmente se tiver a posse deste bem: isto Krishna deixa bem claro no ensinamento dele.

Um caminho para se chegar à evolução espiritual é reconhecer que este desejo não é seu, é do ego e não alimentar à sua personalidade humana com sofrimento quando não realiza o seu desejo. Portanto, se o ego lhe dá desejos e você na mais se escraviza à realização dele para ser feliz, já colocou um “pé à frente” na elevação espiritual, mas ainda não realizou nada.

A frase que citei anteriormente como um guia para existência carnal de alguém que busca se elevar (Pai afasta de mim este cálice, mas se não foi possível que seja feita a vossa vontade) é um caminho, mas não um objetivo final de elevação espiritual. Pode até ser objetivo secundário, mas não é objetivo primário, não a finalidade da vida.

Desta forma, se você hoje conseguir ser feliz incondicionalmente tendo ou não aquilo que deseja, já começou a melhora. Agora se você ainda cria dependência da felicidade na posse das coisas, sejam elas objetos, pessoas ou acontecimentos, ainda nem começou a caminhada.

Ampliei um pouco mais o ensinamento incluindo algo mais do que o carro da sua pergunta, porque para alguns é muito fácil libertar-se da tentação de bens materiais, mas existem outros elementos com maior dificuldade de se obter esta liberdade.

Para se alcançar a elevação espiritual não basta apenas lutar contra a tentação de possuir um carro novo, mas também é preciso lutar contra a tentação de que seu filho, que é rebelde e luta contra você, se mude; que seu marido, que gosta de ir ao futebol e não passeia com você, não altere seu proceder; que o seu colega do trabalho que quer exigir um determinado padrão para execução de serviços não se mude.

Para alcançar a elevação espiritual é preciso ser feliz com todos os parâmetros que se têm nesta vida, vivendo com felicidade os acontecimentos e seus instrumentos (outras pessoas) do jeito que estão, mesmo desejando que as pessoas lhe “entendesse” e se mudassem.

Participante: A partir do que o senhor está comentando, me veio um raciocínio sobre o isolamento. Todos os mestres que estudamos até agora depois da “revelação” se isolam do mundo. Paulo inclusive falou nisto hoje: ele se isolou depois da “revelação”. Mas isto também aconteceu com Buda, com o próprio Cristo. Mas, a sua fala, o seu ensinamento, não coloca isto como uma regra: não é preciso isolar-se fisicamente para as tentações. Se os mestres precisaram do isolamento para solidificar a “revelação” que receberam, existe uma fórmula para nós solidificarmos o que estamos aprendendo, sem o necessário isolamento?

Deixe-me explicar uma coisa. A ação de cada ser humano, a “vida” de cada ser na carne, é diferente. Cristo, Buda, Paulo, tiveram uma “vida“ diferente da sua. Nela cada um destes espíritos precisava ter muito claro o caminho da elevação espiritual porque a missão deles era fundamental para a humanidade.

Então, estes espíritos missionários tiveram, como Paulo disse, que subir ao mais elevado céu e para isto foi necessário o período de isolamento para a solidificação de tudo o que iriam ensinar. Agora, você não tem a missão de ser um “Paulo”, um “Jesus” ou um “Buda”, mas apenas de cuidar de sua própria elevação. Diria, então, que você tem que aprender para você mesmo e não para transmitir aos outros. Portanto, você não precisa fazer este isolamento para poder atingir a perfeição que os outros atingiram.

Veja bem: a palestra de hoje foi basicamente sobre o não se prender a normas e padrões para se atingir à elevação espiritual. O que fez agora? Criou um padrão baseado na existência de outros espíritos.

Não existem padrões. No entanto, a sua vida e a de noventa e nove por cento dos habitantes do planeta é isto mesmo: a luta de, hoje “erra”, amanhã “acerta”, constantemente.

Como eu disse, o plano Terra hoje é um mundo de provar a Deus que é capaz de buscá-Lo. Este planeta ainda não vive um Mundo de Regeneração, ou seja, de mudança completa. Só quando os seres encarnados lá viverem é que terão que se regenerar, ou seja, mudarem-se completamente.

Este é um mundo de busca, de provação a Deus que se quer buscá-Lo. Dentro deste objetivo, se o ser humanizado alcançar uma média cinco e meio, seis, já está bom. Ou seja, se sessenta por cento do seu tempo conseguir não sofrer já terá realizado o que tinha que ser feito nesta encarnação.

O problema é que hoje a maioria da humanidade vive noventa e nove por cento do tempo em sofrimento e um por cento aprisionada ao prazer. A felicidade incondicional, ou seja, estar acontecendo o que o ser humanizado não quer, mas mesmo assim permanecer em paz, ainda é utopia nesta vida.

Isto precisa ser o seu estado de espírito em sessenta por cento do seu tempo. Neste momento estará aprovado para o próximo mundo.

Participante: Mas, se você diz que temos que aprender para nós mesmos, como diz que todo aprendizado só serve para alimentar o ego? Conforme você afirmou, enquanto eu desejar a minha elevação não conseguirei. Para procurar mudar temos que conhecer os caminhos antes de ir e para isso precisamos desejar conhecê-los.

Conhecer um caminho é uma coisa; desejar seguir este caminho é outra. Veja: tudo que nasce como fruto de um desejo, de uma vontade, é dualista, ou seja, pode acontecer ou não. Se acontecer, você tem prazer (eu queria e consegui); se não acontecer, você sente dor (eu não queria e aconteceu). Portanto, tudo que é dual não pode levar à felicidade incondicional.

Aliás, esta é a segunda observação que Buda fez e que o levou à elevação espiritual: tudo é sofrimento. Na “Primeira Nobre Verdade” Sidarta Gautama diz o seguinte: estar com quem se quer é sofrimento, mas não estar também é. A não aproximação de Deus (sofrer) não se contempla por estar ou não, mas apenas por desejar estar.

Quem deseja estar e consegue realizar seu desejo, tem prazer; quem deseja e não consegue, tem dor. Em todos os dois casos a bem-aventurança ou felicidade incondicional não foi alcançada.

Portanto, o que precisa ser eliminado não é o estar ou não, mas o desejo. Retirando-se este elemento que o ego dá aos seres humanizados, não importa o que aconteça, a felicidade, a paz de espírito e a paz estarão presentes junto ao ser humanizado.

Desta forma todo meu ensinamento, tudo que conversamos, não pode ser para lhe criar obrigações, ou seja, gerar paixões, pois elas são as raízes dos desejos. Eles devem servir para eliminar paixões e não criá-las. Aliás, eu já disse: elevação espiritual não é acréscimo, é destruição, destruir o que já tem.

Portanto, na hora que você conviver no momento que está “fraca” com relação à elevação espiritual (não conseguiu realizar os ensinamentos) e no que estiver “forte” sem alterar o estado de espírito, o ânimo, alcançou a elevação. Agora, se você tiver o desejo de realizar sempre, só estará feliz quando tiver “forte” (houver conseguido por em prática) e, desta forma, nada conseguiu na verdade: apenas contentou uma paixão e gozou o prazer de viver aquilo que queria.

Buda e Krishna têm uma palavra para definir a forma “correta” de se relacionar com os acontecimentos da vida: equanimidade. Ser equânime com a vida, ou seja, viver com o seguinte estado de ânimo os acontecimentos de suas existência: “eu queria a minha elevação espiritual, mas fiz esta besteira aqui; louvado seja Deus”. Você não sofre, mas vive harmonicamente com as suas “besteiras”.

Agora, se você se prender ao querer fazer certo (uma paixão) e cometer “erros”, o que certamente fará, terá o seguinte estado de ânimo: “eu sou uma “droga”, não presto para nada”.

Não adiantou nada querer a elevação espiritual, querer fazer diferente. Aliás, o querer, a padronização de ação, é que lhe fez ver a “droga” que você fez, pois se estivesse sem querer nada agiria equanimente: “tanto faz eu ter feito como não ter”.

Por isto é que afirmo: a elevação espiritual só vai acontecer quando você libertar-se de tudo que tem dentro da mente como padrões e verdades, inclusive os ensinamentos que passei.

Na verdade, tudo que eu falei, não é obrigação: é caminho. Caminho que é precisa ser vivenciado com consciência amorosa e com fé em Deus. Não se trata de um caminho cultural, uma sabedoria, informações técnicas.

Na hora que vocês compreenderem isto, jogarão todas as técnicas que debatemos todos estes anos e viverão, na alegria ou na tristeza, na doença ou na saúde, na pobre ou na riqueza, com felicidade incondicional.

A elevação espiritual, aliás, é como um casamento: você casando-se com Deus.

Participante: Isto que o senhor está ensinando é incompreensível para mim. O que estou fazendo aqui se não tiver a intenção de evoluir, de melhora, de avançar? Eu não consigo entender e acho que a maioria das pessoas não consegue também. Será que não está na hora de nós entendermos ainda?

Vou lhe dizer apenas uma coisa: não venha para cá com intenção de evoluir: venha por amor a Deus. Não venha para cá: esteja aqui. Esta é a diferença.

Enquanto você vier para cá, está subtendida uma intenção individual; na hora que estiver aqui porque Deus lhe colocou aqui e pelo amor que nutre por Deus ouvir o que eu tiver que dizer, ele não entrará como cultura, mas como ensinamento, como amor de Deus.

Mas, enquanto você viver aqui, ou seja, prender à hora, ao dia, à obrigação de estar aqui, estará realizando o que quer, mas não vindo aqui com Deus. Está vindo aqui com seu individualismo.

Acho que este ensinamento ficou muito claro durante a realização de “Terceira Jornada Espiritualista” em Uberlândia quando disse para uma pessoa que havia uma psicografia a ser feita e ela não conseguiu escrevê-la. E não conseguiu porque ela esqueceu que aquela reunião não era uma aula para ela ir, mas um ato de louvor a Deus. Ela ao invés de ligar-se a Deus estava ligada nela e em mim.

Participante: A evolução espiritual, na realidade, é mais uma realização que alcançamos se agirmos em uma determinada direção. Ela não pode ser uma meta. Na realidade ela será a conseqüência da realização de um determinado caminho trilhado. Ou seja, a evolução espiritual será conquistada por trilhar-se determinado caminho. Até porque não se sabe também como é a evolução espiritual para cada um.

São coisas diferentes que você está falando. Primeira coisa é o que você chamou de objetivo de vida, de meta: isto é preciso ter. Não como desejo, mas como fundamento, como o que objetiva para esta vida.

Participante: O que eu entendi que o senhor falou hoje é que estamos aqui para decidir esta meta. Neste momento justamente o objetivo é decidir esta meta, que é o procurar a Deus.

Eu não diria que você nasceu para decidir isto: esta decisão você já tomou antes de encarnar. Deixe-me deixar isto bem claro, porque esta pergunta é fundamental.

Eu disse assim: você vem à carne para provar a Deus que é capaz de buscá-Lo. A partir desta afirmação você me diz que esta encarnação tem como objetivo decidir buscar a Deus.

Não foi isto que quis dizer, pois você já decidiu que ia buscar a Deus antes da encarnação. Aliás, você só está na carne porque se declarou apto e decidido por Deus.

É isto que eu quis dizer quando afirmei anteriormente que todos que estão encarnados têm a condição de realizar a reforma íntima. Se você, no mundo espiritual, antes de vir para carne, não tivesse optado pela busca a Deus não estaria encarnado. A opção de buscar a Deus, portanto, você fez antes desta vida.

Depois que encarna, o que você vem fazer aqui é provar se vai manter esta opção ou não. É diferente do que tinha compreendido: você não tem que optar por Deus depois de encarnado, porque já o fez.

O que irá provar nesta encarnação é se você é um espírito “de palavra”, que cumpre seus acordos. Fora da encarnação optou por Deus e agora vai provar a Deus que tem palavra e passar por todas as tentações sem murmurar, sem abandonar o caminho estreito.

É completamente diferente do que você falou (agora vou optar por buscar a Deus ou não): esta opção você já fez antes da encarnação, senão não estaria na carne. Você agora veio provar a Deus que é capaz de manter a sua opção espiritual.

Este é o primeiro detalhe da sua pergunta. Segundo: ninguém conquista elevação espiritual, mas a recebe de Deus. Isto porque elevação espiritual é uma graça de Deus dada a você.

Posso lhe dizer que a elevação espiritual é recebida quando você atinge um estado de inércia espiritual. Não estou falando de inércia material, ou seja, praticar atos.

Quem se eleva espiritualmente continua praticando atos físicos, mas não tem atividade espiritual, ou seja, não exerce o livre arbítrio para escolher entre o bem e o mal.

Quem consegue receber a elevação espiritual é porque silenciou o poder adquirido por ter se alimentado do fruto da árvore do conhecimento, ou seja, ele não escolher mais entre o “certo” e o “errado”, o “bom” ou o “mal”.

Quem vive desta forma está preso unicamente na freqüência do amor. Ele Não tem atividade espiritual, ou seja, não fica mudando de freqüência sentimental (gostar ou não gostar, satisfazer-se ou não).

Isto é a elevação espiritual, ou seja, um estado de espírito que é dado ao ser humanizado pela graça de Deus. Mas, você só chegará a esta freqüência quando provar a Deus que é um homem de palavra e Ele lhe levar a esta freqüência.

O desejo de atingir esta freqüência ainda é um trabalho numa freqüência “muito mais baixa” que a do amor universal. Você precisa eliminar o desejo para poder ser levado por Deus para a freqüência do amor.

Então, são duas coisas na sua pergunta. Agora, uma coisa é fundamental ser compreendida em tudo isto: você é capaz de receber de Deus esta graça.

O fator mais importante para tanto, optar por Deus, você já realizou, porque o fato de estar na carne comprova que se sentiu capaz de provar a Deus que saberia honrar a sua opção.

É baseado nesta realidade que muitos apóstolos falam em viver para honrar a Deus, mas na verdade é viver para honrar a sua opção por Deus que fez antes da encarnação.

No entanto, chega na carne você não honra a sua palavra: opta pelo seu individualismo, pelo prazer, pela satisfação, por ser o “dono do mundo”.

Libertando-se da humanidade - Carta aos Gálatas

Despedida de palestra

Que vocês fiquem na paz de Deus e saibam que, apesar deste velho falar alto demais, ele lhes ama e age assim para ver se “acorda” vocês.

Como eu disse antes: já aceitei durante muito tempo as pessoas dizerem que é impossível para o ser humano realizar o que ensino. Agi assim porque não podia passar todos os ensinamentos e ainda não tinha comentado determinados aspectos.

Depois de algum tempo comecei a retrucar esta mesma afirmação dizendo que o trabalho de prática dos ensinamentos seria tão difícil quanto cada um achasse que seria. Agora estou deixando bem claro: se você está na carne é porque já fez esta opção por Deus e se julgou capaz de “acertar”.

Agora, eu diria, como boa noite, como recado deste velho: arregace as mangas e vamos trabalhar. Vamos trabalhar porque vocês não imaginam, não têm idéia, do que seja este estado de elevação, esta graça de Deus.

Todo ser humanizado sonha a vida inteira com a felicidade, mas não sabe que só alcançará este sonho com este tipo de vida que estamos falando. O problema, portanto, não é nem o que sonha para você mesmo, mas é o fato de você não saber como alcançar os seus sonhos.

Que todos fiquem com a paz de Deus.

Libertando-se da humanidade - Carta aos Gálatas

Lei ou fé?

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Parte 1
Parte 2
Parte 3

Ó gálatas tolos! Quem foi que os enfeitiçou? Vocês tiveram diante dos seus próprios olhos, uma descrição clara da morte de Jesus Cristo na cruz. Respondam somente isso: vocês receberam o Espírito de Deus porque fizeram o que a Lei manda ou porque ouviram a Boa-Notícia do Evangelho e creram nela? Como podem ter tão pouco juízo? Vocês começaram pelo Espírito de Deus e agora querem terminar pelas suas próprias forças? Será que a experiência de vocês não serviu para nada? Não é possível! Será que, quando Deus dá o seu Espírito e faz milagres entre vocês, é porque vocês fazem o que a Lei manda? Não será que é porque ouvem e crêem na Boa-Notícia?

Como dizem as Escrituras Sagradas a respeito de Abraão: “Ele creu em Deus, e por causa da fé Deus o aceitou como justo”.

Deixe-me comentar a respeito desta notícia sobre Abraão, mesmo já tendo tocado neste assunto anteriormente.

Abraão foi considerado por Deus o pai da pátria de Israel, do povo hebreu. Ele foi o fundador de uma nação, o pai de todos que nasceram nesta raça.

Foi também através de Abraão que todo o povo judaico passou a ser considerado o “povo de Deus”. Isto aconteceu porque Deus fez com ele um acordo que dizia: seus descendentes povoarão a Terra e eu farei deles meu povo.

Mas, por que Deus fez o acordo com Abraão? Porque ele seguia a lei de Deus? Não pode ser, pois ainda não existiam os dez mandamentos, ou a lei de Deus como é conhecida. Deus transformou Abraão em pai da pátria israelita, do povo de Deus, por uma ação de Abraão que vamos comentar.

Abraão e Sara, sua esposa, já eram velhos e não tinham filhos. Um dia, um enviado de Deus apareceu e informou que Sara engravidaria. Abraão imaginou que aquilo seria impossível dada à elevada idade de Sara, mas o emissário de Deus disse: para Deus nada é impossível.

E Abraão acreditou, teve fé em Deus, mesmo contra todas as circunstâncias contrárias. E nasceu um filho de Abraão e Sara. Imagine você, um velho que já não tinha mais esperança de ter filhos e que de repente tem um filho com a esposa dele: quanta felicidade, não é mesmo?

Mas aí vem Deus e diz a ele para levar este motivo de tanta satisfação ao alto de um morro e sacrificá-lo (matá-lo) em honra a Deus. Quem daqui ia? Qual de vocês levaria seu filho a um altar para sacrificá-lo porque Deus lhes pediu? E repare que não se trata de um Deus visível, mas uma simples intuição, uma “voz na cabeça”.

Pois Abraão foi. Levou seu único filho, o amarrou, levantou a faca e quando ia sacrificar Deus disse: não precisa Abraão, você já provou a sua fé e é por ela que Eu vou transformá-lo no pai da pátria dos hebreus.

Observação: Este é o texto da conversa de Deus com Abraão, segundo Gênesis, capítulo 22, versículos 12 e de 15 a 18:

- Não machuque o menino e não lhe faça nenhum mal. Agora sei que você teme a Deus, pois não me negou o seu filho, o seu único filho.

- Porque você fez isso e não me negou o seu filho, o seu único filho, eu juro pelo meu próprio nome que abençoarei você ricamente. Farei que os seus descendentes sejam tão numerosos como as estrelas do céu ou os grãos de areia da praia do mar; e eles vencerão seus inimigos. Todas as nações do mundo serão abençoadas por meio dos seus descendes, pois você fez o que eu mandei.

Esta é a história: agora vamos entender o ensinamento de Paulo.

Abraão tinha um filho único que, para qualquer ser humanizado, é o “tesouro maior” de uma vida. Mas, bastou Deus pedir como testemunho do seu amor este bem maior e Abraão, sem titubear, estava pronto para cedê-lo.

Isto é o que Paulo está nos ensinando. Deus não nos “recebe” por sermos bonzinhos, por fazermos a coisa “certa”, de acordo com os parâmetros humanos. Ele nos “recebe” pela confiança que temos Nele, pela devoção que temos a Ele, ou seja, pela capacidade de entregar a Ele aquilo que nos é mais caro.

Esta é a realidade que precisa ser compreendida. E Krishna é muito claro neste aspecto: você tem que fazer a “yajña”, ou seja, sacrificar a Deus que lhe é mais caro. E o que pode ser mais caro, mais querido, do que as suas intenções, os seus desejos e sonhos?

É isso que Krishna ensina: sacrifique a sua intenção a Deus. “Pai, eu queria isso, mas o senhor quer aquilo, louvado seja o Seu nome. Entrego ao Senhor a minha intenção e não vou sofrer por causa disso”.

Foi isto que Abraão fez. Ele queria o filho, queria vê-lo crescer, tornar-se homem, herdar e administrar suas terras, ou seja, levar uma vida humana como qualquer outro pai, mas se Deus lhe pediu o filho, todas as suas intenções foram por “água abaixo”. Abandonou tudo que queria e se voltou para Deus e disse: louvado seja o Senhor.

Esta é a fé salvadora que Paulo nos ensina. No entanto, não adianta ficarmos apenas na teoria. Sempre buscamos trazer os ensinamentos para a vida real, para o dia a dia de vocês, para que a compreensão possa ser melhor.

Desta forma, vamos supor que você quer um carro ou uma casa, ir a algum lugar, gostaria que determinada situação não estivesse acontecendo ou que outra coisa estivesse ocorrendo, mas a realidade não está de acordo com os seus desejos.

O ser humanizado, neste momento, se sente um “pobre coitado”, um “infeliz”, um “injustiçado” porque não pode nem ter o que quer... O ser espiritualizado, aquele que vive com a fé já se comporta de outra forma.

Ele diz: “a realidade não está de acordo com os meus desejos porque Deus não a fez assim. Então, Pai, eu gostaria, mas se o Senhor não me deu, louvado seja Seu nome. Vivo o que o Senhor me deu feliz por estar vivenciando a Sua graça”.

É isto que Paulo está nos ensinando. Deus nos aceita pela capacidade de agir sem vínculo ao desejo, pela capacidade de agir ligado vínculo amoroso que existe entre Ele e cada um de nós e não porque cumprimos fielmente o texto legal.

Aliás, isto também é uma questão de interpretação, pois se vivermos desta forma estaremos cumprindo os dois mandamentos que Cristo ensinou e que disse que resumia toda a lei: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Se esta postura leva ao cumprimento da lei única, ela é, portanto, a “chave” para se conseguir a elevação espiritual. Agir libertando-se do seu desejo: não negando a existência dele, mas não se escravizando a ele, é o caminho que Cristo viveu e que o levou à ressurreição.

 O “caminho, verdade e luz que leva a Deus” é viver a vida com a seguinte compreensão: desejo você existe, mas eu não me tornar em seu escravo; vou ser feliz contigo, realizando-se ou não. Em outras palavras: Pai afasta de mim este cálice, mas se não for possível que seja feita a vossa vontade.

É isso que Paulo nos ensina e para isso nos fala da fé de Abraão: aquele que tinha vontade, que tinha um desejo, mas ao primeiro chamado de Deus abandonou tudo em nome do amor ao Pai.

Na hora que cada ser conseguir fazer isto não haverá mais “problemas” sobre o planeta e a vida será de extrema felicidade para todos.

Portanto, vocês devem saber que os verdadeiros descendentes de Abraão são os que têm fé. As Escrituras previram que Deus ia aceitar os não-judeus por meio da fé. Por isso, antes do tempo, elas anunciaram a Boa-Notícia a Abraão, dizendo: “Por meio de você Deus abençoará todos os povos da terra”. Abraão creu e foi abençoado; assim todos os que crêem são abençoados como ele foi.

Só fazer uma observação. Abraão não era judeu. Por quê? Porque até Abraão não existia o povo judeu, pois ele é o pai, o fundador da raça. Então Abraão foi o primeiro judeu, mas não nasceu judeu. Isto é importante ficar claro, pois não só os “judeus” são descendentes de Abraão, mas também todos os cristãos.

Veja bem: Abraão criou a raça judaica, aquela onde viveu a encarnação Jesus Cristo. Se nós nos dizemos seguidores de Cristo, somos, portanto, desta raça, mesmo que não seja por nascimento.

Assim sendo, tudo o que Paulo ensina para os “judeus” e “não-judeus” de então, vale para todos nós que somos, por descendência através de Cristo, “judeus”.

Os que confiam na sua obediência à Lei estão debaixo da maldição de Deus. Porque as Escrituras Sagradas dizem: “Todos os que não obedecem sempre a tudo o que está escrito no Livro da Lei estão debaixo da maldição de Deus!”. É claro que ninguém é aceito por Deus por meio da Lei, pois as Escrituras dizem: “Viverá aquele que por meio da fé é aceito por Deus”. Mas a Lei não depende da fé. Ao contrário, como dizem as Escrituras: “Quem obedecer aos mandamentos da Lei viverá”.

Porém Cristo, tornando-se maldição para nós, nos livrou da maldição imposta pela Lei. Como dizem as Escrituras: “Maldito todo aquele que foi pendurado numa cruz”. Isso aconteceu para que a bênção que Deus prometeu a Abraão seja dada, por meio de Jesus Cristo, aos não-judeus e para que todos nós recebamos pela fé o Espírito que Deus nos prometeu.

Deixe-me comentar um pouco este texto de Paulo, pois pode ser que estejam meio “perdidos”.

Paulo começa falando que a lei é “boa”, depois diz que ela é “má” e acaba dizendo que Jesus Cristo, pela lei religiosa hebréia, é mal visto por Deus porque foi crucificado. Vou falar rapidamente sobre isto porque neste mesmo estudo já tocamos no assunto e ele também foi à base do “Estudo da Carta de Paulo aos Coríntios I”.

Cristo “quebrou” todas as leis religiosas de então, pois, se ele não quebrasse a lei de Moisés, não poderia ter trazido uma nova lei. Toda lei que é criada para legislar sobre algum aspecto que já tenha sido alvo de análise, “quebra”, ou seja, altera, a legislação anterior.

Portanto, se ele trouxe uma nova lei esta quebrou a anterior, alterou a sua eficácia. Vou explicar este “quebrar” que Cristo realizou para ficar mais claro o ensinamento.

Na verdade este “quebrar” que Cristo executou não é acabar com a lei de Moisés, pois o próprio mestre disse: da lei não se tira uma vírgula nem um ponto. A quebra proposta por Cristo não está no texto legal, mas na sua interpretação: mas eu vim dar o verdadeiro sentido dela.

O sentido que Cristo alterou diz respeito à obrigatoriedade, à coerção, que estava embutida na lei de Moisés e que, por causa desta mesma característica (obrigatoriedade de cumprimento), o próprio profeta foi forçado a quebrá-la.

Moisés quebrou sua própria lei ao escravizar-se a ela, sentindo-se obrigado a cumpri-la. Se a lei, por exemplo, diz que não se pode matar, como então o profeta condenou pessoas à morte por apedrejamento?

Esta ambigüidade, que serve inclusive como argumento para alguns críticos do Velho Testamento, só existia porque Moisés era escravo da lei e nem percebia que a estava ferindo querendo cumpri-la ao “pé da letra”.

Voltando, então, ao real sentido que Cristo trouxe para lei, quem se prende aos Dez Mandamentos como código irretocável, deixa de matar porque estava proibido agir desta forma. Para estes o cumprimento da lei é feito pelo medo, pela coerção.

Pela lei de Cristo matar ou não fazê-lo (a ação) deixa de ser o importante, o que deve ser legislado, mas o que realmente importa é ter a consciência amorosa. Por isto o mestre resumiu toda a lei nos dois mandamentos amorosos, ou seja, ele legislou sobre o sentimento e não sobre a ação.

Quando o ser humanizado cumpre a “nova lei” alcança a consciência amorosa e aí, continua não matando, mas não por medo de represálias, mas por não querer trazer sofrimento ao próximo.

Pela lei de Moisés quem mata pode ser “condenado” pela sua ação, mas pela de Cristo, esta condenação surge não pela ação, mas pela alteração de freqüência sentimental: o não amor. O espírito que fere a lei de Cristo é “condenado” (gera um carma) não por matar alguém, mas por não amar.

É este ponto onde Cristo “quebra” a lei: o cumprimento por coerção (“eu não mato porque é proibido”). Isto de nada vale aos olhos de Deus, pois permanece o desejo de matar e como Cristo ensinou, se o ser humanizado apenas desejar já terá adulterado.

Portanto, para se seguir os ensinamentos de Cristo é necessário silenciar o desejo, pois ele é oriundo da ausência do amor ao próximo, da consciência amorosa.

Então, Cristo “quebrou” a lei de Moisés, mas isto não quer dizer que não manteve o cumprimento dela. O que alterou foi a forma como se relacionar com a lei: não mais com uma obrigatoriedade, mas com uma consciência amorosa de não ferir ao próximo.

Libertando-se da humanidade - Carta aos Gálatas

A lei e a promessa

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Parte 1

Irmãos, vou usar um exemplo da vida diária: quando duas pessoas combinam e assinam um contrato, ninguém pode quebrá-lo ou acrescentar qualquer coisa a ele. Pois Deus fez as suas promessas a Abraão e ao seu descendente. As Escrituras não dizem: “e aos seus descendentes”, como se fossem muitas pessoas. Mas dizem assim: “e ao seu descendente”, isto é, a uma só pessoa, que é Cristo. O que eu quero dizer com isto: Deus dez um acordo e prometeu cumpri-lo. A Lei, que veio quatrocentos e trinta anos depois, não pode quebrar aquele acordo nem anular a promessa de Deus. Porque, se aquilo que Deus dá depende da Lei, então o que ele dá já não depende da sua promessa. Mas o que Deus deu a Abraão, ele deu porque havia prometido.

O que eu vou falar agora é conhecido de vocês porque é “coisa da Terra”: quando se firma um acordo ele não pode ser destratado a não ser que aja comunhão entre as partes.

Deus fez um acordo com Abraão (receberei todo aquele que tiver fé) e este não poderia ser quebrado de modo algum, a não ser por aceitação de Deus e Abraão. Para compreendermos melhor o que Paulo ensina e o que estou querendo dizer, vamos precisar nos lembrar da história de Abraão.

Abraão provou a Deus que O amava na iminência de praticar alguma coisa que seria depois proibida: matar. A atitude de Abraão (matar), portanto, faz parte do acordo com Deus.

Quando Moisés legislou “não matar” automaticamente estava incluindo no rol dos não aceitos por Deus Abraão que ia praticar este ato. E mais: o próprio Moisés e os seus exércitos deveriam ser condenados pela mesma lei, pois, combatendo o inimigo, matavam.

Se assim fosse, se a lei tivesse a amplitude que os seres humanizados querem que tenha, nem Moisés nem Abraão poderiam, portanto, estar nas “graças” de Deus. Mas, apesar desta simples constatação, as religiões ainda cultuam os dois como profetas ou emissários de Deus.

O que Paulo está querendo nos mostrar é que a lei de Moisés não pode ferir o acordo anterior, ou seja, tenha fé que você será salvo. Este mesmo acordo (ter fé para ser salvo) serviu como base para Moisés lançar seus exércitos nas batalhas em busca da Terra Prometida.

Portanto, vale o acordo anterior acima da lei trazida pelo profeta, ou seja, se você tiver fé, não importa qual seja o artigo da lei que seja ferido, você será salvo. Este é o acordo de Deus com a humanidade (os descendentes de Abraão) e que foi proclamado durante o ato de fé do patriarca e que até hoje não foi alterado pelas partes.

Sendo assim, se você matar, adulterar, ou roubar, mas tiver fé, será “salvo”, ou seja, ainda continuará nas “graças” de Deus. Isto porque uma lei não pode quebrar o que estava acordado anteriormente.

É isto que Paulo está nos ensinando e é isso que a humanidade precisa compreender, pois os seres humanizados apenas se baseiam na lei para dizer que alguém está ou não nas “graças” de Deus.

Por que isto? Porque querem ser eles mesmos os juízes e julgar o próximo, ao invés de entregarem a Deus o Seu Poder. E já que são julgadores e todo juiz precisa de uma lei, então, vivem estabelecendo leis que impõem aos outros e que lhes geram a obrigatoriedade de julgar.

O grande problema é que as leis humanas sejam elas amplas ou individuais (seus padrões de “certo” e “errado”), só alcançam aquilo que é perceptivo para os seres humanos. Sendo assim, elas legislam sobre atos, enquanto que a “vigilância” de Deus está em outro aspecto.

Veja bem: Cristo não disse “o Pai julga o que cada um faz”. O que ele afirmou é que Deus julga a intenção com que cada um faz as coisas, participa dos acontecimentos mundanos.

Portanto, o que Deus legisla não é sobre o que o ser humanizado faz, mas sobre a intenção (direcionamento do sentimento) com que cada um participa dos acontecimentos. Quando alguém mata de posse da consciência amorosa, por exemplo, não pode ser punido por Deus, pois vivenciou aquele momento com fé.

Sei que vocês estão aterrorizados com o que estou falando (matar por amor), mas vou dar um exemplo aceito pela humanidade. Quem mata um bandido não pode ser castigado por Deus, porque agiu assim para salvar a sua família.

Este homem, para os apegados à lei, deveria se entregar ao bandido e deixar ele o matar, porque não se pode tirar a vida de ninguém. Mas, quando ele mata um bandido para salvar a sua família está agindo com consciência amorosa, que é a intencionalidade da prática do ato.

Esta intencionalidade com que se pratica a ação é tão forte que a própria lei terrestre a utiliza para criar lenitivos para os códigos legislativos. Para o exemplo que citei, existe o artigo que prevê a “legítima defesa”, ou seja, quando a intenção primária era se defender e não atacar. Quando esta é a intenção, mesmo que o ser humanizado fira a lei terrestre ele não merece ser apenado.

Desta forma, precisamos compreender que o importante no mundo, nos acontecimentos da vida, para Deus e para os homens, não são os atos, mas as intenções com que cada vivencia os acontecimentos.

O que vale, quer para o Juiz Supremo quer para o togado é a intenção com que cada um pratica as suas ações. Ela é que está em julgamento e não a ação em si.

Se o ser humanizado compreender isto poderá abster-se de julgar, pois ninguém conhece a intenção do outro. Ou seja, ninguém conhece o que vai ao íntimo de cada um durante os acontecimentos da vida, para saber o que realmente aconteceu. Por isto, é preferível não acusar ninguém de nada, mesmo que a lei seja quebrada.

Mesmo que você seja testemunha de uma ação (ver alguém atirar no outro), se possui a consciência amorosa certamente preferirá silenciar-se sobre o ocorrido. Falo em silenciar-se sentimentalmente e não fisicamente.

A testemunha que possua a consciência amorosa pode até narrar aquilo que foi percebido, mas não aglutinará à sua narrativa, intenções que o outro possa ter tido. Ele não dirá, por exemplo, que “o outro atirou para matar”, mas narrará apenas que viu a arma sendo disparada.

Além disso, não odiará nem irá querer o “mal” daquele que participou da ação sob julgamento. “Constará” que aconteceu determinado acontecimento, mas não punirá o praticante do mesmo com seus sentimentos de não amor (ódio, desdenho ou raiva).

 Isto porque quem vive com a consciência amorosa sabe que ninguém pode ter certeza das intenções dos outros. Qualquer um pode imaginar, achar, ter certeza para si mesmo, mas nunca saberá a real intenção do próximo.

Portanto, é preferível abrir mão de julgar e deixar esta atitude para Deus que é o único que conhece a intenção real (íntimo) de cada um.

Então, porque é que foi dada a Lei? Foi dada para nos mostrar o que é contra a vontade de Deus. A Lei devia durar até que viesse o descendente de Abraão, pois a promessa foi feita a esse descendente. A Lei foi entregue por anjos, e um homem serviu de intermediário. Porém, quando se trata de uma só pessoa, não há necessidade de intermediários; e Deus é um só.

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O objetivo da lei

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Será que isso quer dizer que a Lei é contra as promessas de Deus? De jeito nenhum! Porque, se tivesse sido dada uma lei que pudesse dar vida às pessoas, então elas poderiam ser aceitas por Deus por meio da Lei.

Vamos entender esta afirmação de Paulo: “se tivesse sido dada uma lei que pudesse dar vida às pessoas”. Eu afirmo sem medo de errar: toda lei traz a morte. Isto ocorre porque a única coisa que a lei traz é a condenação.

A lei não traz a premiação, mas somente a condenação. A lei só leva à morte, ou seja, à acusação, nunca ao elogio. Por isto ela é incapaz de dar vida a alguém.

A lei diz, por exemplo, não mate. Se você matar será condenado, mas e se não matar, não ganha nada?

Seguir a lei não acrescenta nada para você. Ela é apenas coercitiva e nada agrega de positivo a você, pois nem lhe “proteger” ela é capaz de fazer. Existe a lei não matar, mas, mesmo assim, você está sujeito a andar na rua e levar um tiro. A lei, portanto, apesar de proibir, não lhe protege com relação a isto.

A lei não traz nada de “bom” para você ou para os outros. É neste sentido que Paulo está dizendo que a lei é incapaz de dar a vida.

A lei é incapaz de dar a felicidade, a tranqüilidade, de trazer a paz, de trazer a harmonia, as únicas coisas que realmente importam nesta vida. Isto porque a única função da lei é penalizar. Esta é a posição de Paulo.

Esta afirmação tem muito mais força vindo de quem vem (Paulo) porque, antes de se tornar apóstolo de Cristo, ele foi “professor da lei”, aprisionado e arraigado nos códigos do Velho Testamento. Era um fiel seguidor de tudo o que estava escrito e baseado nestes códigos perseguiu os cristãos antes de se “converter”.

Seguindo os ensinamentos de Cristo, ou seja, alcançando a consciência amorosa, Paulo descobriu que quem vive pela lei, quem se subordina cegamente a textos legais, é incapaz de se virar para o lado positivo da vida. Vive de frente para o lado negativo, ou seja, está sempre querendo ver se o próximo burlou a lei para que ele possa trazer a condenação.

Neste aspecto tenho certeza que você nunca pensaram: a lei não traz nada de “bom”. A lei foi criada só para se dizer o que é “errado”. Ela só serve para que você possa, julgar, condenar acusar, ou seja, levar a morte, a desarmonia, a guerra, a infelicidade a quem quebra a lei,

A consciência amorosa é exatamente o contrário disto. Isto porque a lei, a observância irrestrita dos códigos legais é um caminho de vida enquanto que a fé, a consciência amorosa é outro caminho. Amar e pautar-se por leis, portanto, são comportamentos antagônicos.

A lei só promove a morte, mas a fé e o amor universal promovem a vida. Isto acontece porque a consciência amorosa nunca se preocupa em acusar. Quem vivencia com ela só se preocupa em transferir amor, em amar, não importa se o alvo deste amor feriu o código legal ou não.

A consciência amorosa não é usada para julgar, mas sim para amar. Por isto ela traz vida, enquanto que a lei traz a morte. A lei distribui condenação acusação, castigo; a consciência amorosa traz paz, tranqüilidade, felicidade.

Portanto, para quem está na busca da elevação espiritual precisa se desligar das leis, para, assim, poder ser gerador de vida. Não estou falando desligar-se apenas dos códigos legislativos humanos ou das leis religiosas, mas das leis individuais (do seu padrão de certo e errado).

É o que falei anteriormente sobre o sapato: enquanto você usar sapato por obrigação sofrerá. Mas, na hora que atingir a consciência amorosa, ou seja, usar sapato por amor àqueles que acreditam que isto é obrigatório, o sapato não mais apertará e você não sofrerá.

O problema é que quando falamos em códigos de leis os seres humanizados só se preocupam em leis gerais, mas as leis da sociedade possuem as mesmas características das legislativas e só trazem a morte. Criar um padrão de vestir-se é criar uma lei que terá como fruto a morte de quem quebrá-la.

Por exemplo: verde e amarelo não podem ser usados juntos. Quem disse? Quando alguém não gosta da combinação do verde e com o amarelo transforma isso em lei (“é feio, cafona, está mal vestida”). Estes termos são uma condenação e as pessoas que os utilizam transformam-se em “anjos da morte” de quem utilizar esta combinação.

Já a consciência amorosa diz: “verde e amarelo são apenas duas cores criadas pelo meu Pai; louvado seja Deus que criou todas as cores”.

É para este aspecto que Paulo quer nos fazer acordar. Começarmos a ver as coisas pela consciência amorosa ao invés de “correr” e colocar na frente de tudo uma norma, um padrão, uma regra que inexoravelmente obrigaremos o próximo a seguir.

Há algo que quero deixar bem claro, antes que surjam perguntas: estas regras jamais serão universais. Todas as regras da sociedade são sempre individuais (cada um impõe a sua), pois são baseadas num “gostar” individual.

Mesmo que grande parte da sociedade “goste” de uma determinada coisa, se houver apenas um que não “goste”, a universalidade foi quebrada. A universalidade alguma coisa só está assegurada quando ela vale para cem por cento do universo. Como isto é impossível...

Então, a lei traz a morte porque ela só existe para julgar e porque ela é individualista e a consciência amorosa, traz a vida, porque traz a alegria, a felicidade e harmonia e é universal.

Porém as Escrituras Sagradas dizem que toda humanidade está debaixo do poder do pecado. E isso é assim para que, pela fé em Jesus Cristo, toda humanidade possa receber o que Deus tem prometido aos que crêem.

Mas, antes de chegar o tempo da fé, a Lei nos guardou como prisioneiros, até ser revelada a fé que devia vir. Portanto, a Lei tomou contra de nós até que Cristo viesse para podermos ser aceitos por Deus por meio da fé. Agora chegou o tempo da fé, e não precisamos mais da Lei para tomar conta de nós.

Porque é por meio da fé que todos vocês são filhos de Deus e estão unidos com Cristo Jesus. Pois vocês foram batizados para ficarem unidos com Cristo e assim se vestiram com a promessa do próprio Cristo. Desse modo não há diferença entre judeus e não-judeus, entre escravos e livres, entre homens e mulheres: todos vocês são um só por estarem unidos com Cristo Jesus. E, já que vocês pertencem a Cristo, então são descendentes de Abraão e receberão aquilo que Deus prometeu.

Não podemos nos esquecer que para estar unido com Cristo é preciso se ter a mesma fé que este espírito usou durante aquela encarnação. Se você não tem a mesma fé, então não está unido com Cristo.

Isto é fundamental para todos aqueles que buscam a elevação espiritual, a aproximar-se de Deus. Mas, o que é a fé que Cristo usou? Pai afasta de mim este cálice, mas se não for possível que seja feita a vossa vontade.

É essa fé que nos une com Cristo. É essa fé que “salva” a alma, o espírito, o ser universal. “Salva” no sentido de retirá-lo do humanismo, da humanidade e levá-lo à espiritualidade, a Deus, ao divino.

Falo isto porque vejo hoje na humanidade um debate entre a fé irrestrita e a fé raciocinada. Raciocinar a fé é compreender os motivos porque se entrega a Deus. Será que Cristo fez isso?

Na frase que citei como estampa da fé crística, o mestre não pede explicações (motivos racionais) a Deus para aquilo que estava para passar. Ele não pergunta porque, como, quando ou onde. Ele estampa apenas o seu não desejo (afasta de mim este cálice) e a sua subordinação aos desígnios do Pai (se não for possível que seja feita a vossa vontade).

Não há nesta exemplificação de caminho de vida, de exercício da fé, nenhuma condicionalidade. A fé raciocinada é condicional, pois ela depende da aprovação que o raciocínio dará para que ela exista. Portanto, esta fé não é a que nos une com Cristo e, por conseguinte, também não é um caminho para Deus.

Outro detalhe com relação a isto: a fé de Cristo era em Deus e não em códigos de leis ou doutrinas religiosas. O mestre não se apegou a nenhum profeta, como eram conhecidos os “santos” hebreus nem ao código de norma da religião judaica: ele confiou e se entregou irrestritamente a Deus.

Portanto, a fé que Paulo diz que salva não é aquela que é exercida através de nenhum mestre ou “santo”, nem aquela que se subordina aos códigos religiosos (doutrinas religiosas) de nenhuma seita ou religião.

Amar a Deus acima de todas coisas: esta é a base da fé crística.

Quero dizer mais o seguinte: o filho que vai herdar a propriedade do pai é tratado como empregado enquanto é menor de idade, ainda que seja de fato o dono de tudo.

Esta afirmação de Paulo é importantíssima para o “bom” aproveitamento da encarnação como instrumento da elevação espiritual. O filho, enquanto menor de idade, é simplesmente filho do dono e não o próprio senhor.

Nós todos somos espíritos menores de idade (crianças), moramos na casa de nosso Pai (Deus) sob a Sua tutela, mas queremos ensiná-Lo o que está certo ou errado na forma como Ele dispõe das coisas.

Somos criancinhas que queremos mudar os móveis da casa de Deus de lugar porque não gostamos da arrumação que Ele deu à Sua casa. Mas, a casa não é nossa, é de Deus.

Quando vamos entender isto? Quando o espírito vai entender que ele não tem nada? Herdará um dia, mas no momento é tudo de Deus.

Por agirem assim os seres humanizados querem colocar casa onde tem floresta e colocar floresta onde tem casa. Mas, se Deus pôs floresta ali, este é o lugar dela; se Deus pôs casa aqui, este é o lugar da casa.

Aquele que possui a consciência de ser filho de Deus (o espírito liberto da humanização) não briga contra o Pai, ou seja, não quer mudar o mundo. Ele vive com felicidade e harmonia a vida de Deus, a casa do Pai. Nós somos simples crianças morando na casa de Deus.

Vivamos a aventura encarnatória tentando compreender a ação do Pai na direção de seus negócios, pois o dia que Ele não estiver mais aqui, quem fará comandará somos nós. Mas, se não utilizarmos o tempo encarnado para aprender como Deus gerencia Sua casa, mas para criticá-lo, nosso destino espiritual será igual ao que acontece na mesma situação na vida carnal.

O filho carnal que não trabalha, que não acompanha o gerenciamento que o pai dá aos seus negócios, mas sabe criticar a sua forma de administrar os seus negócios, assim que este pai “fecha os olhos”, acaba com todo patrimônio. Isto acontece porque ao invés de aproveitar enquanto era menor para aprender com o progenitor, preferiu criticá-lo imaginando que o pai nada sabia e que só ele conhecia o que era “certo”.

Se nós não começarmos a aprender com Deus como se faz, como se administra a felicidade, ao invés de criticá-Lo pelo que faz, nos transformaremos nas crianças mimadas que não sabem o que fazer com a herança que o Pai deixa.

Esta conclusão é forte, mas é necessária para nossa evolução espiritual. Vivemos apegados a “julgar” os outros sem ver que agimos da mesma forma.

A mesma crítica que fazemos aos “filhinhos de papai” da Terra deveria ser dirigida por nós a nós mesmo, pois estamos fazendo com nosso Pai aquilo que estes elementos fazem. Ao invés de aprendermos com Deus como se administra uma vida (como se vive na felicidade), viramos “de costas” para Deus e afirmamos que Ele nada sabe, mas que apenas nós conhecemos o que é essencial para se retirar lucro (felicidade) desta vida.

Precisamos começar a compreender que somos espiritualmente bebês e não adultos; que possuímos uma ínfima parcela de cultura e ciência universal ao invés de imaginarmos que porque lemos o Livro dos Espíritos já conhecemos toda Realidade do Universo e podemos “governar” o mundo ditando o que é “certo” e “errado”. Precisamos parar de imaginar que somos capazes e livres de mudar tudo e todos ao nosso bel prazer.

Acima do ser humanizado sempre existe Deus. É por isto que o Espírito da Verdade diz assim: “o homem orgulhoso nada admite acima de si. Por isso é que ele se denomina a si mesmo de espírito forte. Pobre ser, que um sopro de Deus pode abater” (O Livro dos Espíritos – pergunta 09).

A humanidade muda o curso do rio para satisfazer-se. Aí vem Deus e faz o rio voltar ao seu leito natural e no caminho deste retorno levar todas as casas que os homens construíram. Neste momento o ser humanizado xinga a Deus, o acusa de não protegê-lo, mas não vê que foi ele que interferiu na obra do Pai, ou seja, não entende que a perda das casas foi conseqüência dele ter tentado alterar a administração de Deus sobre as coisas.

Vamos começar a viver a realidade: o que Deus pôs ninguém dispõe. E como Cristo ensinou, tudo aquilo que não for plantado pelo meu Pai será arrancado pela raiz (Evangelho Apócrifo de Tomé).

Enquanto é menor, há pessoas que cuidam dele e dirigem os seus negócios até o tempo determinado pelo pai.

Com certeza vocês já ouviram falar de mentores, de anjos da guarda de espíritos guardiões: é sobre isso que Paulo está falando.

Nós somos criancinhas e como tal precisamos de uma babá que tome conta de nós, que nos incite a realizar aquilo que é preciso ser feito: “Menino, vá tomar banho”. O problema é que como criancinhas respondemos: “não vou, eu não gosto e não quero”.

Os mentores são nossas babás. Eles vivem ao nosso lado alertando-nos: “pare com esta forma de viver, entre na realidade; viva para Deus e não para as coisas materiais”. E nós, crianças espirituais que queremos ser adultos (“dono do seu nariz”) respondemos: “eu preciso. Como vou viver sem prato de comida, sem casa, sem carro?”.

É isto que Paulo está nos alertando. Se você não tem carro, Deus não lhe deu este bem: isto é a Realidade, é a casa de Deus.

O Pai dá a cada um aquilo que lhe é necessário para a realização da sua provação no mundo carnal, nem um centavo a mais, ou seja, lhe dá aquilo que é necessário. Almejar possuir o que não tem, ou seja, aquilo que não foi conferido por Deus como necessário é, portanto, dizer que Deus não sabe como administrar a sua vida.

Além de tudo é falta de fé, ou seja, de confiança e entrega a Deus. Se, em determinado momento, o Pai concluir que aquilo que você sonha se tornou necessário, tenha a certeza que Ele providenciará para que a tenha. Portanto, viva o que tem com submissão ao Pai e entregue nas mãos Dele o seu destino.

É para aprendermos a viver desta forma que nossas babás (os mentores) aconselham: “Deus não lhe deu porque ainda não é hora de tê-lo. Ame esta carência, aceite-a com amor”. No entanto, os seres humanizados como crianças fazem beicinho, choram, batem o pé e dizem: “eu quero porque quero”.

Já disse e repito: a elevação espiritual começará quando cada um declarar-se “criança espiritual”, incapaz de compreender as coisas do mundo: porque aquilo está acontecendo, porque da carência de algumas coisas. Mas, enquanto cada um souber de tudo, nada mudará, pois quem já sabe de tudo, nada tem a mudar.

Assim também nós, antes de ficarmos adultos espiritualmente, fomos escravos dos poderes espirituais que dominam o mundo. Mas, quando chegou o tempo certo, Deus enviou o seu próprio filho. Ele veio como filho de mãe humana e viveu debaixo da Lei dos judeus para libertar os que estavam debaixo da Lei, a fim de podermos nos tornar filhos de Deus.

E, para mostrar que somos seus filhos, Deus mandou o Espírito do seu filho aos nossos corações, o Espírito que exclama: “Pai, meu Pai”. Assim vocês já não são escravos, mas filhos. E já que são filhos, Deus lhes dará tudo o que ele tem para os seus filhos.

Esta questão de que Jesus Cristo é filho único de Deus e que, portanto, nós não somos filhos do Pai, é uma questão semântica. Todo espírito, todo ser universal, é filho de Deus: ponto final. Agora entre ser e se reconhecer como tal, há uma distância muito grande.

Então, na realidade todo espírito é filho de Deus, mas a maioria não se reconhece como, não tem esta consciência e, portanto, não é considerado como tal por ele mesmo. Por isto, imagina-se um ser desvinculado de Deus, que está no mesmo patamar do Pai e, por isto, tem o direito de opinar e agir dentro da casa Dele.

É isto que Paulo está nos alertando. Cristo é filho de Deus, mas cada um, na hora que se liberta do “certo” e “errado” que surge da submissão à lei e que leva à acusação dos outros, ou seja, quando alcança a consciência amorosa da ação, começa a se entender como filho de Deus.

Aí este ser deixa de ser “homem”, ser humano, e começa a se ver como filho de Deus, um “deusinho”. É isto que Paulo está nos ensinando.

Portanto, Cristo não é o filho único de Deus, pois todo espírito do mesmo Pai, mas merece este título porque nem todo espírito se reconhece como tal, como ele se reconhecia.

Libertando-se da humanidade - Carta aos Gálatas

A preocupação de Paulo pelos Gálatas

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No passado, quando vocês não conheciam Deus, eram escravos de deuses que de fato não são deuses. Mas, agora que vocês conhecem Deus, ou melhor, agora que Deus os conhece, como é que querem voltar àqueles poderes espirituais fracos e sem valor?

Estes “deuses” a quem Paulo se refere não é Atenas, Mercúrio, Apolo, ou seja, os deuses romanos, mas a qualquer coisa que o ser humanizado endeusa que seja poder espiritual da Terra e não do “céu”.

Este “poder espiritual da Terra” não é compreendido pelos seres humanizados. Eles imaginam que isto seja exercido por espíritos desencarnados, mas os próprios objetos e sensações podem ter poder espiritual. Vamos entender esta questão do “poder espiritual” para depois voltarmos ao ensinamento de Paulo.

A vida carnal é uma encarnação que objetiva aproximar o ser universal de Deus. O fruto que será recolhido por aquele que conseguir elevar-se durante a encarnação será a “prometida felicidade” que receberá pela sua realização e que Cristo chamou de Bem-Aventurança.

Este é poder espiritual que será conferido por Deus àquele que, alcançando a consciência amorosa da ação aproximar-se Dele: ser feliz. Portanto, Deus, para nós é tudo aquilo que pode nos conferir este poder.

Vou dar um exemplo para ficar mais fácil a compreensão. Quando uma pessoa elege a quietude de seu filho, que é inquieto, como fonte da sua felicidade, criou um deus: a quietude. O deus que possui o poder espiritual da Terra a que Paulo se refere neste texto é todo elemento da vida carnal ao qual os seres humanizados conferem o poder de lhes trazer a felicidade.

Portanto, se um ser humanizado acha que a sua felicidade depende da posse de um carro, idolatrou, endeusou o carro. Achando que a sua felicidade depende de um prato de comida, endeusou, idolatrou o prato de comida. Se a sua felicidade depende da submissão do marido, esposa ou amigo, idolatrei a submissão do próximo.

Então, quando Paulo diz “agora que você conhece Deus”, ou seja, que conhece a ação de Deus (prover o necessário para cada um durante a sua encarnação), porque vai voltar a esta entrega a estes deuses materiais? Porque vai de novo vincular a sua felicidade a coisas terrestres?

Quem encontra Deus realmente, não volta. Se ainda volta é porque não encontrou a Deus realmente: encontrou um ídolo, que pode ser até a sua idealização de Deus, o que é diferente.

Portanto, para o trabalho da reforma íntima precisamos deixar de endeusar os elementos materiais, mesmo que seja a compreensão da ação de Deus: por que estou vivendo isto, para que? Ser feliz por ser feliz e não ser feliz racionalmente, condicionalmente. Paulo nos fala de uma felicidade natural, sem endeusamento, mesmo que seja ao próprio Deus.

É isto que estamos tentando ensinar a cinco anos: sou feliz, porque sou e não a partir da realização de condições impostas para ser feliz. Mesmo que esta condição seja a compreensão do próprio Deus, da Sua ação, porque senão nós endeusamos Deus e não entramos na perfeita harmonia amorosa com o Pai.

Por que querem se tornar escravos deles outra vez? Por que dão tanta importância a certos dias, meses, estações e anos?

Aprofunde-se na explicação de Paulo: por que será que você dá tanto valor as horas, as situações, aos objetos, aos diversos elementos materiais que não tem valor para o espírito? Esta é a pergunta de Paulo.

Para quem conhece Deus, quem entra na comunhão amorosa com o Pai, nada mais tem valor, ou seja, nada mais pode ter o poder de trazer a felicidade à não ser o próprio Pai.

Participante: Eu costumo dizer que ser feliz é um estado de espírito. Está certo isto?

Está. A felicidade é um estado do espírito.

“Estado” no sentido de sentimentos, ou seja, o sentimento que você nutre no momento lhe cria um “estado de espírito”. Você pode, por exemplo, ter um estado de espírito feliz, sofredor, raivoso ou invejoso, porque todo sentimento que nutre lhe confere um estado de espírito.

Portanto, a felicidade é um dos estados que o espírito pode sentir, mas o prazer e a satisfação também o são. Agora, para se aproximar de Deus é necessário que você não alterne os seus estados de espírito, mas viva sempre na sentindo felicidade.

Por isto é muito importante viver sempre, ou o maior tempo possível, no estado de espírito feliz. Mas o que é este estado de espírito, quando você o vivencia? Quando a felicidade vem de dentro, ou seja, você coloca felicidade no que acontece.

O que é o prazer? É um estado de espírito que é alcançado quando o sentimento vem de fora para dentro, ou seja, você é feliz por causa de (condicionamento). Isto não é felicidade, é prazer, e lhe leva a afastar-se de Deus, pois não reflete uma comunhão amorosa. O estado de espírito de prazer existe quando você ama apenas o que Deus lhe dá, quando Ele satisfaz os seus desejos, e não o próprio Deus.

Agora, quando você coloca a felicidade de dentro para fora, ou seja, é feliz com tudo que Deus lhe dá sem que seja necessário nada mais para alcançar este estado de espírito, alcançou a verdadeira felicidade.

Estou muito preocupado com vocês! Será que todo o trabalho que tive com vocês não valeu nada?

Meus irmãos, peço que sejam como eu. Afinal sou como vocês, e vocês não me ofenderam em nada. Lembrem-se por que foi que lhes anunciei pela primeira vez a Boa-Notícia do Evangelho? Foi porque eu estava doente. Mas vocês não me desprezaram nem me rejeitaram, embora o meu estado de saúde fosse uma dura prova para vocês. Ao contrário, vocês me receberam como um anjo de Deus ou mesmo como Cristo Jesus. E como estavam felizes! O que foi que aconteceu? Eu posso afirmar que, se pudessem, vocês teriam arrancado os seus próprios olhos para me darem! Será que agora eu me tornei inimigo de vocês porque disse a verdade?

Esses homens mostram grande interesse por vocês, mas a intenção deles não é boa. O que eles querem é separar vocês de mim para que vocês sintam por eles o mesmo que sentem por mim. Não faz mal ter um interesse tão grande por um objetivo bom; e isso é verdade sempre e não somente quando estou com vocês.

Paulo levava a seguinte mensagem aos não judeus, que é a mensagem do próprio Cristo: seja feliz incondicionalmente, mas para isso é preciso que abandone toda a sua intencionalidade, os seus desejos e suas paixões. Esta é uma mensagem ingrata de se trazer aos seres humanizados que são, por natureza, apaixonados por si mesmo, por suas verdades e escravos dos desejos que o ego lhes dá.

Eu sei que muitos são os seres humanos que vêm aos nossos encontros e não mais retornam. Isto acontece porque, como Paulo e Cristo, não prometemos felicidade neste mundo, ou seja, não prometemos resolver os problemas destes seres humanizados, fazê-los atingir suas aspirações, levá-los a realizar suas vontades.

Paulo, como apóstolo de Cristo, agia assim. Mas, tanto na época dele como nos dias de hoje, esta missão era árdua, pois muitos outros que se diziam apóstolos, como prova, como tentação, utilizavam o mesmo ensinamento para dizer ao povo: “Deus lhe ama, por isso vai fazer o que você quer”.

No entanto, se Deus amasse seus filhos desta maneira teria um amor inconseqüente. Veja o exemplo dos pais e das mães terrestres e compreenderão o quero dizer. O progenitor terrestre sabe muito bem que fazer toda vontade do seu filho é um amor inconseqüente. Que amar desta forma não ensina nada, não constrói, não ajuda o filho a preparar-se para o futuro.

Se Deus, a Inteligência Suprema, não soubesse disso, que Universo seria este? Portanto, quando estes ditos apóstolos prometem que Deus vai lhe satisfazer, estão prometendo algo que o Senhor Supremo nunca poderá fazer porque não é inconseqüente.

Deus ama todos os seus filhos com maturidade. Ele nutre um amor maduro e sublime que não O leva a fazer o que você, ser humanizado, quer, mas sim o que é “melhor” para você, o espírito, o filho de Deus.

Deus só faz por cada um aquilo que realmente pode auxiliá-lo a construir o seu futuro espiritual, pois para o senhor não existe o ser humanizado, mas o espírito que é Seu filho. Por isto nunca dará ao espírito encarnado algo sem valor que ele irá, como a criança, brincar rapidamente e logo depois largará, ou seja, que não o ajudará a construir nada para o futuro.

Portanto, desde o tempo de Paulo, ou melhor, desde que o mundo é mundo, alguns prometem este amor inconseqüente de Deus. Agora, resta a você compreender a leviandade destes apóstolos ou não.

Por isto, quando falei dos apóstolos que prometem a ação de Deus satisfazendo os desejos humanos, disse que agiam desta forma como tentação. É mais uma provação onde você, utilizando o livre arbítrio que Deus lhe deu, pode acreditar ou não nelas. Veja bem: quem se deixa levar por estas promessas inconseqüentes (utiliza o livre arbítrio para idolatrar quem promete a satisfação material) é tão inconseqüente quanto quem promete, porque se vê como humano e não como ser universal que é.

Quando você raciocinar à partir da sua Realidade (sou um espírito encarnado), entenderá que Deus não pode lhe dar o que quer, mas o que precisa para o seu crescimento evolutivo espiritual.

Agora tenha a certeza que, se o que você precisar para este crescimento for umas “palmadas na bunda”, Deus está pronto para lhe dar, mesmo que isso magoe a criança espiritual, aquele que acredita ser o ser humano. Porque ele é Pai do espírito e não um amigo que passa a mão na cabeça para não perder a amizade.

Agora, neste texto uma coisa precisa ficar bem clara: eu não estou criticando ou acusando quem promete. Isto ocorre porque tenho a plena convicção que eles são instrumentos de Deus.

Como Cristo disse, o escândalo é necessário, mas para que este algo necessário ocorra, tem que existir quem crie o escândalo. Desta forma, é necessário que existam aqueles que prometem um ato inconseqüente de Deus.

Portanto, nossa atitude não pode ser de julgar e condenar aqueles que são instrumentos do Pai, mas, no íntimo de cada um, analisar friamente a Realidade do Universo e escolher se entregar nesta inconseqüência, transformando-se em inconseqüente também ou se escolhe à submissão ao Pai, amando tudo o que ele lhe der.

Mas, para assumir esta opção é preciso que se dirija a Deus desta forma:

“Pai, eu cansei de ser criança espiritualmente falando; quero ser adulto.

Vou me relacionar com o Senhor dentro de uma relação madura e não como uma criança que não entende que tudo o que Você faz é para o meu próprio ‘bem’.

Pai, a ti me entrego, porque sei que Você sabe o que faz e, por amá-Lo profundamente, me submeto aos seus desígnios.

A partir deste instante deixo Você me guiar sem murmurar contra suas decisões, porque sei que por mais que eu ande pelo vale da morte, Você sempre estará me conduzindo à verdes campos.

Amém”.

Meus queridos filhos, como uma mãe que tem dores de parto, estou sofrendo por vocês. E continuarei sofrendo até que Cristo esteja presente no meio de vocês. Como gostaria de estar aí agora para poder falar de modo diferente. Estou muito preocupado com vocês!

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O símbolo de Agar e Sara

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Vocês que querem estar debaixo da Lei, digam uma coisa: não ouviram o que a Lei diz? Ela diz que Abraão teve dois filhos: um de uma escrava, Agar; e outro de uma mulher livre, Sara. O filho da escrava nasceu de modo natural, mas o filho da mulher livre nasceu por causa da promessa de Deus. Isto serve como símbolo: as duas mulheres representam os dois acordos. Um é o do monte Sinai e está representado por Agar. Os que são desse acordo nascem escravos. Pois Agar representa o monte Sinai, na Arábia, e Agar é o símbolo da Jerusalém atual, que é escrava com todo o seu povo. Mas a Jerusalém celestial é livre e ela é a nossa mãe. Porque as Escrituras Sagradas dizem:

“Você, mulher que nunca teve filhos, fique alegre!

Você que nunca sentiu dores de parto, grite de alegria!

Porque a mulher abandonada terá mais filhos

Do que a que mora com o marido”.

Meus irmãos, vocês são como Isaque; são filhos de Deus por causa da promessa. Naquela época o filho que havia nascido de modo natural perseguiu o que havia nascido por causa do Espírito de Deus; e a mesma coisa acontece agora. Mande embora a escrava e o seu filho, porque o filho da escrava não herdará a propriedade do pai, junto com o filho da mulher livre. Portanto, meus irmãos, não somos filhos de uma escrava, mas da mulher livre.

Só para lembrar o que já falamos constantemente nesta conversa: você não herdará o “Reino do Céu” por cumprir leis, mas alcançará a felicidade incondicional somente aquele que for totalmente livre.

Livre para não ter que acusar, para não ter que brigar, para não ter que criticar ninguém. Vocês imaginam que o crítico exerce este ilusório poder como fruto da sua liberdade, mas quem age desta forma não é livre de verdade: é prisioneiro da sua regra e por isto imagina que tem a obrigação de criticar.

Realmente livre é aquele que vê suas regras serem quebradas e não critica. Isto porque não se sente na obrigação de criticar.

Este ensinamento de Paulo fala exatamente isto: só herdará o “Reino do Céu” (alcançará a elevação espiritual) aquele que não se sentir compromissado com a lei, que não se colocar na posição de juiz e usando togas e martelos invisíveis dizer “você é culpado”. Este herdará o “Reino do Céu”, mas aquele que se aprisionar as suas leis e quiser ocupar a cadeira mais alta do tribunal, não herdará o “Reino do Céu”.

Participante: Então, o vício de beber, fumar, jogar e outros, nos são dados para que possamos passar por estas provas, são coisas que pedimos antes de encarnar?

Eu não diria que o vício é a prova. Na verdade ele é o resultado da prova não vencida, falida. O desejo de fumar é a prova; o vício de fumar é o resultado da prova não vencida, ou seja, do desejo não controlado.

Esta informação é válida para todos os vícios da vida carnal (bebida, jogo, sexo), mas também é válida para, por exemplo, o vício de estar empregado (precisar estar empregado para estar feliz) ou de quem é viciado na ociosidade (precisar estar à toa para ser feliz). O vício (atributo condicionante da felicidade) é sempre o resultado de um desejo e por isto pode ser sempre definido como a falência de uma provação espiritual.

Estou dizendo isto porque neste estudo só falamos em vícios materiais, mas há também os espirituais. Os viciados em sofrimento, em preocupação, em nervosismo, em críticas, em falar mal dos outros. Quem “precisa” viver neste “estado de espírito” age deste jeito porque não venceu o “desejo de”.

Desta forma, podemos afirmar que o “desejo de” é a prova e o vício, o aprisionamento à necessidade de realização, é a conseqüência da não vitória sobre o desejo.

Este é o primeiro aspecto que abordo da sua pergunta (o vício é o resultado de uma provação falida), mas, saiba que há outros aspectos envolvendo este. É preciso compreender que na espiritualidade dois mais dois não tem como resultado óbvio quatro, ou seja, não há regra, lei. Aquilo que falei acima é apenas um aspecto, mas o vício pode surgir por outros elementos.

A partir disto podemos afirmar que nem todo mundo que fuma é porque não venceu o desejo. Utilizar este ensinamento para criar uma lei, uma determinante incondicional, é criar uma mentira, ou melhor, uma verdade individual. Alguns fumam, por exemplo, por falência de provas, por expiação, ou seja, por não ter vencido o desejo, mas outros por missão.

Então veja: quem utiliza o ensinamento genericamente cria uma lei que servirá para julgar a todos que praticam aquela ação. Desta forma, de nada adiantou aprender o ensinamento, pois ele ainda se transformou em instrumento legal para que você exerça o seu ilusório poder de julgar.

Na vida espiritual o leque de hipóteses que geram um determinado acontecimento material é muito mais amplo, pois além da expiação temos a missão, ou seja, aqueles que praticam determinado ato como auxílio na provação de outrem. Um ser humanizado pode fumar porque não venceu o seu desejo, mas outro, mesmo que queira abandonar o fumo, não consegue, pois é instrumento de provação para aqueles que não fumam.

A vitória ou derrota, como já disse, não está no exterior, mas no interior, na intenção. Se alguém fuma, mas mesmo assim tem fé (confiança e entrega a Deus), qual o problema? Se alguém quer parar e não consegue, mas nem por isto sofre, a vitória se concretiza porque existe a liberdade do “desejo de”.

 Desta forma, você nunca saberá se alguém fuma por expiação ou por missão, nunca conhecerá se aquela pessoa realmente está querendo se libertar do vício ou não. Então, é preferível nada declarar sobre ninguém para não julgar.

O que este ensinamento deve apenas gerar em você é a consciência de que ninguém é “culpado”: seja por fumar ou por não ter vencido o vício, o “desejo de”. Enquanto ele apenas trocar “seis por meia dúzia”, ou seja, eliminar uma condicionante do amor universal, mas criar outro elemento que sirva de peça para a acusação, você nada aprendeu, pois não há “culpados” por nada neste mundo.

O que quero dizer com tudo isto? Nunca podemos ficar presos a leis, conceitos, verdades, mesmo que elas sejam criadas a partir de ensinamentos dos amigos espirituais. Nenhum ensinamento pode se transformar em uma lei para você julgar quem quer que seja, inclusive você mesmo.

Participante: O senhor comentou que sofrer também é um vício. Eu tinha por regra em todo meu aniversário ficar deprimida sem saber porque e este ano foi o primeiro que não fiquei. Até brinquei com meu marido: “espera um pouco que vou lá no quarto ficar uns dez minutos deprimida para não perder o hábito e já volto”.

Lembra logo depois que sua filha saiu de casa e você acordava em paz e logo depois vinha a questão: ”como posso estar feliz se minha filha saiu de casa”? É o vício do sofrimento.

 Vou lhe dizer uma coisa: o ser humano é viciado em sofrer. Ele adora sofrer porque se não estiver neste estado de espírito ninguém diz coitadinho e passa a mão na sua cabeça.

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A lei ou a liberdade

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Cristo nos libertou para que sejamos de fato livres. Por isso continuem firmes nessa liberdade e não se tornem novamente escravos.

Cristo nos libertou para que sejamos realmente livres. Qual foi a liberdade que Cristo lhe deu? Vamos entendê-la.

Cristo é o espírito mais puro que vive junto ao orbe terrestre, ou seja, espiritualmente falando é o espírito que possui o maior poder do planeta. Não estamos utilizando aqui o termo “poder” no sentido de mandar, mas de realizar: Cristo é o espírito que mais pode realizar, espiritualmente falando, no orbe terrestre.

No entanto, nasceu numa choupana, viveu como carpinteiro, morreu na cruz, foi perseguido, cuspido, ou seja, ele não exerceu o poder de realização que tinha para criar uma vida de realizações materiais. A liberdade que Cristo nos dá é esta: você é livre, não é obrigado a exercer o poder de realização que imagina ter.

Vou dar um exemplo. O pai imagina que tem poder sobre o filho e por esta imaginação, ou seja, por esta verdade, se acha obrigado a exercer este poder sobre o filho. Este é um escravo da paternidade como poder de realização. Ele é escravo da verdade de que “pai manda no filho para construir o futuro deste”.

A liberdade que Cristo trouxe é exatamente esta: “eu sou pai, mas não mando em você. Deixo que exerça o seu livre arbítrio para realizar a sua existência, fazendo o que quiser”.

Um pequeno detalhe: não estou falando em omissão. Este pai não exerce a paternidade como um poder capaz de construir (realizar) a vida do filho, mas como um orientador que apenas aconselha e deixa-o viver a sua vida dentro do seu livre arbítrio.

Há uma diferença entre as duas intencionalidades que, por serem muito sutis, a humanidade dificilmente percebe. Na primeira postura (exercer o poder da paternidade) existe a intenção de “realizar” a vida do filho, construí-la dentro dos seus moldes individuais; na segunda, a posição de orientador, aquela na qual não se cria a obrigatoriedade de ver seu conselho seguido.

O ser humanizado não consegue conversar com uma pessoa livremente, pois está aprisionado aos seus conceitos. Desta forma, se ela expuser algo que aquele ser não concorde (esteja “errada”), pelo poder oriundo da posse da verdade que imagina ter de “realizar” a vida dela, vê-se na obrigação de contestar esta pessoa corrigindo-a, ou seja, até que ela se submeta à sua verdade individual.

Cristo sabia tudo que se podia saber a respeito de orientação a espíritos encarnados, mas jamais quis “realizar” a vida dos professores da lei, ou seja, obrigá-los a agir diferente do que agiam. Ele orientou, falou, alertou de que aquele não era um caminho que levava a Deus, mas jamais os obrigou a mudar suas atitudes.

Ele era tão livre que nem se sentia obrigado a dizer “cala a boca professor da lei, porque eu sou conscientemente filho de Deus e, portanto, sei toda a Realidade”.

É esta liberdade que Paulo está nos falando que o Cristo nos trouxe. A liberdade de não usar os poderes (verdades) que imagina que ter para realizar a vida do próximo. Isto se aplica aos seres ainda presos a individualismos, mas, principalmente, para aqueles que alcançaram a elevação espiritual.

Veja bem. Chico Xavier enquanto se imaginava um grande médium, pois trazia grandes revelações, “brigava” com todos, pois achava que tinha que impor o que estava trazendo para que, desta forma, todos pudessem se “salvar”. Na hora que compreendeu perfeitamente as mensagens das quais era portador, apenas as escrevia, mas não mais acreditava que deveria impô-las aos outros.

“Olha, a mensagem de Emmanuel é esta: se quiser ouça, se não quiser não ouça. Eu não sou obrigado a lhe provar que Emmanuel está certo, não sou obrigado a lhe fazer seguir o meu caminho: faça o que quiser”.

É esta a liberdade que Cristo nos trouxe e que Chico Xavier alcançou no decorrer de sua encarnação. Esta é a liberdade que sentem todos aqueles que tem o poder espiritual, mas jamais se utilizam dele para julgar, criticar ou condenar o próximo.

Cristo poderia ter fugido da prisão, poderia ter desarmado todos os guardas que lhe pendiam, pois tinha o poder espiritual para exercer estas ações. No entanto, nunca exerceu este poder. Por que? Porque ele era livre para morrer na cruz.

Esta é uma verdade que a humanidade precisa compreender: Cristo morreu na cruz como uma prova de liberdade, pois ele não precisava deste acontecimento como ação carmática oriunda de uma expiação. Ele não “aprendeu” nada naquela ação no sentido da elevação espiritual, pois já conhecia tudo o que se pode conhecer vivendo junto ao orbe deste planeta.

É isto que Paulo está nos falando: da liberdade de fazer mesmo o que não precisa por amor ao próximo. Para seguir o exemplo de Cristo, o ser humanizado precisa ser livre para, mesmo “sabendo a verdade” não se sentir obrigado a impô-la a ninguém; mesmo recebendo um “tapa na cara” não se sentir obrigado a revidar.

A liberdade não está com quem reage, mas sim com quem não reage. Isto porque quem reage não faz por livre e espontânea vontade (fruto de um livre arbítrio), mas é escravo de ter que reagir para manter a sua fama, a sua honra.

Escutem! Eu, Paulo, afirmo o seguinte: se vocês se deixarem circuncidar, então Cristo não valeu de nada para vocês. Quero repetir mais uma vez isso a qualquer homem que se deixa circuncidar: ele é obrigado a obedecer a toda a Lei.

Para aquele que cumpre as normas religiosas como obrigação, Cristo não vale de nada. Esta é a afirmação de Paulo e ela é feita porque este ser humanizado não exerceu a liberdade ensinada pelo mestre.

Para o padre que se submete ao celibato como condição obrigatória para o sacerdócio, por exemplo, Cristo não valeu nada para ele. Isto é fundamental, porque Cristo é a liberdade, a liberdade total.

Se quisesse mesmo servir a Cristo, ou seja, ensinar a liberdade exercida pelo mestre, este padre, se imagina que o celibato é importante o executaria, mas não criticaria aqueles que não acham que isto seja importante.

Estou comparando o celibato exigido pela igreja católica com a circuncisão que os apóstolos queriam impor aos não judeus para podermos entender que os professores da lei que Cristo se dirigiu ainda estão presentes hoje em dia. Veja bem, neste texto que estamos estudando, Paulo não condena a circuncisão em si, mas a obrigatoriedade que aqueles apóstolos queriam impor aos não judeus.

O problema, portanto, não está na ação de cada um, mas naquilo que cada um faz a partir do falso poder de criação de obrigações. Que cada um se circuncide ou exerça o celibato, se assim quiser, mas que isso seja fruto do livre arbítrio de cada um e não como exercício de uma obrigação.

Se você segue a Cristo sentindo-se obrigado a cumprir determinadas leis, os ensinamentos do mestre não valem de nada para você, porque não exerceu a verdadeira liberdade que ele lhe concedeu.

Os que querem que Deus os aceite porque obedecem à Lei estão separados de Cristo e não têm a graça de Deus. Nós, porém, temos a esperança de que Deus nos aceitará. Pois é isso que esperamos pelo poder do Espírito de Deus, que age por meio da nossa fé. Porque, quando estamos unidos com Cristo Jesus, não faz diferença nenhuma estar ou não estar circuncidado. O que importa é a fé que age por meio do amor.

Quando um ser humanizado está ligado com Cristo (colocando o amor em ação), não importa se está com um terço, um crucifixo, um cigarro, uma vela, uma bebida ou com um bastão de energia nas mãos, pois o que realmente importa para Deus é a fé com que cada um se liga a Cristo.

A vida é uma atividade interior (sentimental) e não material (atos). A vida de cada ser humanizado não é conhecida por Deus pelo que ele pratica, mas com que sentimento vivencia os acontecimentos da vida.

A maioria que pega o terço para rezar o faz por obrigação, porque é lei: é hora de fazer a novena, a trezena. Estes não têm fé, a verdadeira ponte que liga que todo espírito a Deus, porque agem por obrigação e não por amor.

Quem ainda precisa de um terço para se ligar a Deus, para rezar, não pode dizer que tenha a verdadeira fé. Qualquer religação a Deus baseada em coisas materiais não liga ao Pai.

Quando falo em religação vinculada a coisas materiais, não estou falando apenas em objetos, naquilo que é percebido (constatado) pelos cinco sentidos do corpo, mas também na própria cultura material, ou seja, nos conhecimentos ou atitudes obrigatórias para se ligar a Deus. Quem precisa de determinada atitude ou posição para orar, não chega a Deus. Isto porque ele está preso a obrigações, a verdades.

Veja bem: estou falando em precisar e não em usar, ou seja, estou falando em intenção e não ação. Claro que se pode usar o terço ou assumir esta ou aquela atitude para se religar ao Pai, mas daí dizer que esta é a posição “certa”, que aquilo é necessário, vai uma grande diferença.

Quem se liga a Deus utiliza-se apenas da fé, só com sentimentos, mais nada. Ele está interiormente em ligação com Deus, mas externamente não importa o que ele está fazendo.

Participante: Falando de pai e filho, separei de minha mulher quando minha filha tinha dois anos. Mesmo separado dei todo meu carinho e ensinamento até os quinze anos dela. Hoje está com vinte anos e faz mais de um ano que não a vejo porque ela não quer falar comigo. Respeito. Procurei-a algumas vezes durante este período e não consegui falar com ela. Estou no meu canto aguardando que ela tenha vontade de falar comigo de novo. Estou certo ou errado de ficar quieto?

Não há certo nem errado. Se você está no seu canto quieto aguardando ela falar, isto é Perfeito, pois é o que está fazendo. Agora, se a partir disto surgirem condicionamentos à felicidade, de nada adiantará esta sua provação.

Falo em provação porque você, como todo pai, imagina que teria que ter contato com sua filha, que ela deveria gostar de você, ou seja, tem desejos na sua relação com sua filha. Estes desejos frente à Realidade criam, então, o “texto” da provação pela qual você precisa passar: você vai amar mais a Realidade (Deus) ou esperará que os seus desejos sejam satisfeitos para ser feliz?

O que você está fazendo é Perfeito porque é emanação de Deus. Agora, se você colocar como dependência para sua felicidade o contato com ela ou a obrigatoriedade dela compreendê-lo, não importa se está procurando por ela ou não, não está caminhando em direção à vida espiritual.

Deus não poderá julgar-lhe por estar no “seu canto” sem falar com ela se isto não lhe causar sofrimento ou não for utilizado para acusar os outros, pois você está vivendo com equanimidade (igualdade de ânimos) esta situação da vida.

Portanto, se o desejo de vê-la ou de que ela lhe compreendesse para que houvesse contato entre vocês não é condicionamento para a sua felicidade, você está caminhando para a vida espiritual, mesmo que as regras da humanidade condenem quem tome esta atitude.

É o que Paulo está nos dizendo: não é o que se faz, mas como cada um vive o que faz. Se você participa de qualquer ação, seja ela considera positiva ou não pela humanidade, com prazer ou dor, está caminhando para a materialidade, com a materialidade. Agora, se vive o que faz com felicidade incondicional (igualdade de ânimos) está caminhando com Deus, para Deus.

Vocês estavam indo tão bem! Quem os fez deixar de obedecer à verdade? Como é que esta pessoa convenceu vocês? Quem fez isso não foi Deus, que os chamou. Como dizem: “um pouco de fermento fermenta toda uma massa”. Mas eu ainda tenho confiança em vocês. A nossa união com o Senhor me dá a certeza de que vocês voltarão a pensar da maneira certa. E também tenho certeza de que o homem que fez isso, seja ele quem for, será castigado por Deus.

Como alguém pode fazer isto com você? Como alguém pode lhe tirar do caminho que conduz à Deus? Dizendo-lhe assim: “isto é pecado”; “isto está errado”; “se você continuar agindo deste jeito vai para o inferno”. Quem vivencia os acontecimentos da vida com esta intencionalidade não trabalha para Deus, porque o Pai jamais “castigará” um filho. Deus não castiga: dá uma nova chance de evolução.

Mas, os falsos profetas trabalhavam e trabalham até hoje com um Deus vingativo, rancoroso, julgador. Um Deus que mata e que fere por vingança, mesmo que seja para repor a “injustiça cometida”.

Os falsos profetas sempre dizem assim: “cuidado, do jeito que você está agindo está fora da lei e aí Deus se vingará de você”. Foi com estas palavras que eles conseguiram tirar o que Paulo ensinava da rota do amor e da liberdade ensinada por Cristo.

Os falsos profetas trabalharam com o medo do desconhecido do ser humano. Por isso, onde for e profetizarem que você “irá para o inferno”, nestas ou em outras palavras, não acredite: onde lhe disser qualquer coisa que não seja amor, Deus não está presente.

Tenha a certeza sempre: Deus é o Amor, o Amor Sublime, acima de tudo.

Porém eu, irmãos, se continuo a anunciar que a circuncisão é necessária, por que é que sou perseguido? Se eu anunciasse isso, então a minha pregação a respeito da cruz de Cristo não causaria dificuldade a ninguém. E, quanto a essa gente que anda aborrecendo vocês, eu gostaria que se castrassem de uma vez!

Porém vocês, irmãos, foram chamados para serem livres. Mas não deixem que essa liberdade se torne uma desculpa para se deixarem dominar pelos desejos humanos. Ao contrário, que o amor faça que sirvam uns aos outros. Porque toda a Lei se resume num só mandamento: “Ame os outros como você ama a você mesmo”.

Para finalizar o tema liberdade, quero deixar uma coisa bem clara: a liberdade tem um preço e ele é o fim do individualismo. Você é livre para tudo, menos para ficar dependente da realização dos seus desejos.

Isto precisa ficar bem claro. A liberdade que Cristo nos ensinou e sobre a qual estamos conversando hoje (você pode ser e fazer o que fizer sem que por isto seja criticado), é para ser aplicada ao próximo e não a você mesmo.

Desta forma, posso afirmar que a liberdade é exercida através da não escravidão aos seus desejos. Ou seja, você é livre para tudo, menos para satisfazer seus desejos. Por quê?

É muito simples compreender este ensinamento. Até aplicando-se a lógica humana (raciocínio baseado em conhecimentos materiais) podemos entender este ensinamento.

Quando eu deixo você agir de qualquer sem lhe julgar (acusar, dizer que está “errado”), lhe amo do jeito que você é. Desta forma estou lhe servindo. Agora, quando ajo motivado pelos meus desejos internos, não lhe sirvo nunca, porque minha intenção é satisfazer-me e não lhe servir.

Há algo que a humanidade ainda não parou para perceber: quando eu não sirvo a alguém, me sirvo desta pessoa. Quando um ser humanizado é motivado durante a sua participação da ação por suas paixões e desejos interiores, ela está sempre se servindo do outro para ser feliz e jamais servindo ao próximo.

Não importa o que esteja acontecendo: quando existe a intenção individual (eu quero, eu gosto), o serviço ao próximo se extingue. Mesmo a caridade material ao próximo motivada por um desejo individual se transforma num amor a si mesmo, numa auto realização, que acaba com o serviço ao próximo.

Desta forma, os mandamentos de Cristo, amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, só poderão ser cumpridos quando o ser humanizado for livre de desejos e paixões individualistas no relacionamento com o próximo e viver a Realidade na forma que ela está.

Dentro da lógica dual do ser humanizado que já me referi (o que não é certo é errado), parece que eu estou pegando que você deve ser sempre “insatisfeito” para servir ao próximo, mas não é isto que estou dizendo. Estou apenas afirmando que você não pode ser condicionado pelo desejo ao vivenciar os seus relacionamentos.

Até porque, quando não houver mais paixões individualistas (eu quero) para ser atendido por realização de desejos, o ser humanizado voltará à paixão universal: servir ao próximo. Assim sendo, ele será feliz por servir e não por ser servido.

Também não estou afirmando que não acontecerão jamais coisas que hoje você deseja e que sempre ocorrerão nos relacionamentos aquilo que não quer. Muitas vezes acontecerão coisas que hoje você julga que lhe favoreça.

No entanto, mesmo que ainda haja a paixão e o desejo, se você estiver atento na luta contra o seu ego, não viverá mais este momento com prazer, ou seja, afirmando: “eu queria que isto acontecesse e isto ocorreu, graças a Deus”.

Verá no acontecimento apenas uma circunstância da vida e ele não lhe alterará o ânimo. Da mesma forma, quando não acontecer o que você quer também não mais se alterará, mas vivenciará aquele momento como uma circunstância diferente (não certo) e não como algo errado.

Esta é a liberdade que Paulo nos ensina e é a que Cristo nos trouxe: a liberdade de ser feliz incondicionalmente, de que cada ser não dependa da realização da sua paixão através da concretização de um desejo para ser feliz. Isto, no entanto, só acontece quando o ser abre mão do seu desejo como condicionamento da sua felicidade e não pelos acontecimentos da vida.

Espero que o assunto tenha ficado bem claro, porque este tema é algo difícil de se colocar em palavras. Isto ocorre porque viver desta forma (ser feliz independente da realização de paixões) é uma irrealidade no mundo de vocês.

No mundo humanizado a intencionalidade é: primeiro eu, depois eu e posteriormente eu de novo. Lá pelo centésimo lugar pode ser que o ser humanizado pense na sua mulher e nos seus filhos, mas primeiramente está sempre preocupado em realizar-se (satisfazer suas paixões e desejos), mesmo no relacionamento com aqueles que lhe são mais caros.

 Mas, se vocês agem como animais, ferindo e prejudicando aos outros, então cuidado para que não acabem se matando.

Você fere e prejudica os outros quando quer para você mesmo, busca satisfazer-se individualmente, pois não existem duas pessoas que tenham o mesmo querer. Desta forma, quando você quer uma coisa, só você tem este desejo e quando realiza baseado neste querer, fere o próximo sempre, pois lhe tira uma oportunidade de realizar-se também.

Participante: Há uma corrente religiosa que afirma que Deus é fiel. Ele é fiel ou nós é que temos que ser fiéis a Ele?

Grande pergunta. Fidelidade jamais pode ser de um para outro. Fidelidade tem que ser vivenciada por todas as partes envolvidas, senão há falsidade e não fidelidade.

Sendo assim, Deus é fiel a você e você deve, se quiser atingir a elevação espiritual, ser fiel a Deus. Agora, em que aspecto? Em que aspecto Deus é fiel a você e em que aspecto você deve ser fiel a Deus?

A fidelidade de Deus se baseia na Sua palavra dada ao espírito antes de encarnar: “farei tudo que for possível para que você alcance nesta vida a elevação espiritual”. É neste aspecto que se baseia a fidelidade de Deus a você.

Portanto, Ele está do seu lado, mas isto não quer dizer que esteja “contra” os outros. Imaginar que porque Deus está do seu lado seria o mesmo que aplicar o dualismo que já comentamos (o que não é “certo”, é “errado”).

Deus está do seu lado, mas ao mesmo tempo está do lado de todos. Não podemos nunca esquecer que a espiritualidade universal forma uma única família cósmica onde todos são filhos de Deus. Se o Pai estivesse apenas do seu lado, seria como os pais materiais que possuem “favoritos” entre os filhos. Mas, se Deus tivesse um só favorito, estaria quebrada a Justiça Suprema que todos os mestres ensinaram.

Mas, como será estar do lado de todos? Como pode Deus contemplar a todos com Justiça? Dando a cada um de acordo com as suas obras. É neste aspecto que se encontra a fidelidade de Deus aos seus filhos: dar a cada um o exato fruto daquilo que plantou.

Deus não dá nada de graça, nem favorece a um com aquilo que ele não mereceu receber. Deus dá a justa medida daquilo que o espírito promove durante esta ou outra encarnação e com isto demonstra a sua fidelidade ao espírito.

 Portanto, se pensarmos em uma interação terrestre, quando Ele dá a você e dá ao outro que está interagindo com você exatamente aquele acontecimento, está sendo fiel aos dois e não a um só. Vou dar um exemplo e você sabe que eu gosto de exemplos trágicos, porque assim, chocando as leis mais enraizadas, podemos compreender melhor o ensinamento.

Se durante um acontecimento humano, alguém pega uma arma e mata outro, Deus comandou primariamente que isto ocorresse por fidelidade aos dois. Isto porque um merecia ser assassinado e o outro merecia ser assassino.

Não podemos nos esquecer que ninguém perecerá antes da hora “e tens disso milhares de exemplos” e que “Deus sabe de antemão de que gênero será a morte do homem e muitas vezes o seu Espírito também o sabe”. Além disto, “se o indivíduo alvejado não tem que perecer desse modo, o Espírito bondoso lhe inspirará a idéia de se desviar, ou então poderá ofuscar o que empunha a arma, de sorte a fazê-lo apontar mal”.

Nestas citações do ensinamento do Espírito da Verdade vemos a Realidade. A pessoa assassina morreu naquela hora e daquela forma porque estava nas leis da Providência (Deus) e se nada foi feito ao contrário para preservar a “vida” daquele ser humanizado foi porque aquilo era o que ele deveria passar.

E, tudo isto, foi comandado por Deus como a Causa Primária de todas as coisas sendo fiel aos dois protagonistas, ou seja, honrando a palavra empenhada antes da encarnação.

Agora, só resta ao alvejado ser fiel a Deus, ou seja, morrer sem acusar o Senhor, sem sofrimento, sem ver neste ato um crime ou uma injustiça. Quanto àquele que empunhou a arma, ele também precisa ser fiel a Deus, matando sem prazer.

Isto é impossível? Não. Para matar sem prazer é preciso agir sem se apegar às paixões e desejos internos, ou seja, apenas constatando que, se é isto que está acontecendo, então esta é a emanação de Deus. Para provar a sua fidelidade a Deus aquele que disparou deve matar sentindo-se como instrumento de Deus.

Você com certeza diria: isto não existe? Mas, eu respondo: sim pode acontecer e realmente acontece.

Sabe aqueles que são considerados pela psicologia como psicopatas, ou seja, que matam sem saber porque ou como? Aqueles que dizem que agiram sem intenção, mas que foram guiados por uma voz interna que disse para que fizessem aquilo? Eles matam sem prazer e, portanto, são fiéis a Deus. Eles não vivenciaram o momento com prazer, com satisfação e, por isto, não tiveram intencionalidade.

Estou falando daqueles que realmente agem assim. Sei que muitos hoje alegam perda temporária dos sentidos para justificar o crime, mas não nos esqueçamos que Deus conhece o íntimo de cada um.

Se no íntimo do instrumento do disparo ainda existem convicções individuais que servem de motivos para justificar a ação (“matei mesmo porque aquele não valia nada, não prestava e tinha que morrer”), o Pai conhece e sabe que este não foi fiel a Ele: foi fiel a si mesmo, à sua convicção.

Aí está um bom exemplo da fidelidade do Pai. Ele é sempre fiel ao ser humanizado no aspecto que lhe dará todos os acontecimentos necessários para este ser aprender a amar e, assim, conseguir a elevação espiritual, independente da vontade humana de gozar o bem material (o prazer, a satisfação de ver seus desejos atendidos).

Quanto ao ser humanizado, ele também precisa ser fiel a Deus compreendendo a Causa Primária emanada por Deus, ou seja, que em tudo que o Pai faz lhe acontecer há uma nova oportunidade de elevação espiritual, uma nova oportunidade para aprender a amar incondicionalmente.

Para demonstrar esta fidelidade o ser humanizado precisa permanecer em relação amorosa com Deus, ou seja, equânime e não se vangloriar ou reclamar do que está acontecendo.

Para isto, precisa entender que o que está acontecendo é fruto da fidelidade Dele, do Seu Amor Sublime e Justiça Perfeita e do acordo que foi feito entre o espírito e Ele: fazer todo possível para criar situações onde houvesse a oportunidade de alcançar a elevação espiritual.

Libertando-se da humanidade - Carta aos Gálatas

O espírito de Deus e a natureza humana

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O que eu quero dizer é isto: deixem que o Espírito de Deus dirija as suas vidas e não obedeçam aos desejos da natureza humana. Porque o que a nossa natureza humana deseja é contra o que o Espírito quer, e o que o Espírito quer é contra o que a natureza humana deseja. Os dois são inimigos, e por isso vocês não podem fazer o que querem.

Paulo nos afirma que o que a natureza humana quer é contra o que o espírito quer. Isto é uma Realidade importante do universo que precisa ser perfeitamente compreendida por aqueles que pretendem realizar a elevação espiritual.

Esta é uma coisa interessante de se observar, pois os recados neste sentido são muitos e partiram de todos os mestres. Cristo ensinou: amealhe bens no céu e não na Terra. No entanto, o ser humanizado age exatamente ao contrário.

Continua vivendo a sua existência carnal imaginando que o que agora quer movido pelas paixões determinadas pelo ego (natureza humana) seja salutar para o espírito. Ou seja, o espírito encarnado imagina que aquilo que agora almeja é o mesmo que almejava quando livre da consciência material.

Mas, Paulo e outros mestres falam que tudo o que a natureza humana quer é contrária ao que o espírito quer. Por que isto? Por causa das três bases da vida ou três comportamentos que norteiam a interatividade nos relacionamentos.

A primeira base ou comportamento que norteia o ser humanizado é o materialismo. O espírito quando encarnado é sempre materialista por essência. Mesmo aqueles que buscam a Deus, na verdade ainda almejam o materialismo. Já o espírito norteia a sua interatividade com base no espiritualismo.

Sei que muitos estão pensando que estou faltando com a verdade quando afirmo que até aqueles que buscam a Deus querem o materialismo. Por exemplo: vocês hoje abandonaram o prazer (se divertir, passear assistir televisão, namorar) para poderem comparecer aqui. Para vocês esta é uma demonstração clara que são espiritualistas. Mas, antes de encerrar a questão, vamos compreender as intenções que trouxeram cada um até aqui?

Vieram aqui como fruto de um desejo de estar, ou seja, decidiram que queriam estar aqui antes de vir? Então, estão buscando satisfazer este desejo e isto é prazer, é materialismo. Se estivessem aqui sem antes terem decidido e planejado estar, então estariam no espiritualismo.

Isto porque o materialismo, apesar do que muitos acham, não é querer objetos materiais (dinheiro, bens materiais), mas se aplica também àquele que quer a felicidade material, o prazer, a satisfação de ver seus desejos realizados. Desejando estar aqui e conseguindo, certamente está gozando o prazer e não a felicidade incondicional.

Isto é materialismo. Mesmo que o desejo seja voltado para as coisas divinas, quando existe o contentamento de ter realizado o que era desejado o ser humanizado alcança o prazer. A realização de desejos, não importa qual seja, é prazer e leva apenas ao materialismo, à prisão à vida material.

O espiritualismo como base de vida é mais do que se voltar para as coisas divinas, mas caracteriza-se por alcançar a felicidade com as coisas divinas. Quem alcança esta felicidade vive na equanimidade (não alteração de ânimos) e não no prazer (“que bom, consegui vir”) ou na depressão (“eu queria tanto ter ido...”).

Portanto, quem quer basear sua existência no espiritualismo precisa alcançar a felicidade incondicional e não a felicidade condicionada pelos seus desejos. Este é o primeiro aspecto que diferencia a natureza humana da espiritual.

O segundo aspecto da natureza humana é que ela age sempre guiada por regras e normas baseadas em padrões materiais. Mesmo que a busca seja pela coisa espiritual, a natureza humana segue regras e normas humanas, padrões materiais.

Eu vou dar um exemplo para compreendermos isto com mais clareza. Muitos praticam a projeção astral e afirmam que conseguem sair do corpo para viver a real existência do espírito. Mas, como praticam este retorno à consciência espiritual? A partir de elementos materiais.

Alguns imaginam uma rosa, outros uma luz que desce do céu, outra corrente ainda prega que seja necessário focalizar determinado chacra. Isto é prender-se a regras e normas, padrões humanos, pois eu pergunto: e quando não houver mais corpo, mais formas, mais chacras como farão para existir no Universo?

Além do mais este padrão é ditado por alguém que experimentou individualmente e, para ele, deu certo. Mas, quantos não conseguem justamente porque querem copiar o padrão individual do outro e não sabem que é por este motivo?

No mundo espiritual não existem padrões e regras porque não existe individualismo, ou seja, cada um experimenta a sua individualidade pelo seu caminho. Apenas uma coisa é genérica no Universo: o Amor.

Só o amor é comum a todos os espíritos e, por conseguinte o amar. Assim sendo os espíritos vivem pela consciência amorosa que possuem e não por padrões ditados por quem quer que seja, inclusive Deus.

Portanto, se você quiser pela sua natureza espiritual sair da carne, ligue-se no amor universal e não em coisas materiais, em padrões ditados exteriormente. Esta é a segunda característica que diferencia a natureza humana da espiritual: seguir padrões ditados por outros versus a conquista da consciência amorosa.

A terceira característica diferente entre as naturezas é que a humana é individualista enquanto que a espiritual é universalista. A natureza humana está sempre buscando o seu bem individual enquanto que a espiritual está sempre buscando viver para o próximo, para servir o próximo sem intencionalidade alguma.

A natureza espiritualista é completamente livre de paixões individualizadas e, portanto, sem desejos a seres satisfeitos. O único objetivo da natureza espiritualista é servir incondicionalmente ao próximo.

Já a natureza humana é apegada a paixões que geram vontades. Ela não consegue lidar com os elementos da existência carnal sem gerar uma paixão individual. Mesmo no tocante ao relacionamento com as coisas divinas, a natureza humana está sempre pensando em si primeiro.

Por exemplo, vocês vieram aqui para evoluírem, para adquirir conhecimento para a sua evolução ou para servir ao próximo? Claro que foi para si, para ganhar. É este egoísmo de querer para si, mesmo que seja a elevação espiritual, que caracteriza a natureza humana.

Aquele que vivesse na essência espiritual viria aqui sem planejar, sem desejar, mas porque Deus o trouxe. Estaria aqui participando desta conversa com a consciência amorosa, ou seja, emanando amor e não prestando atenção nas regras e normas para sua evolução. E, em estando aqui, não esperaria receber nada, mas estaria sempre voltado a expandir o amor para servir ao próximo.

Por isto disse e reafirmo: mesmo que tenham abandonado supostos prazeres para estar aqui buscando a Deus, ainda estão participando deste momento guiado pelas suas características humanas e não pelas espirituais.

Estes são os três elementos que levaram Paulo a nos dizer que o que a característica humana deseja é contrária ao que a característica espiritual quer.

A partir desta constatação isto precisa ficar bem claro para aqueles que pretendem realizar a elevação espiritual, pois não adianta se buscar a vida espiritual na natureza humana, ou seja, com prazer, com regras e normas e com individualismo. É preciso buscá-la com a natureza espiritual: com o espiritualismo, que se traduz pela felicidade incondicional, com a consciência amorosa da ação e com o universalismo, se dar ao próximo.

Resumindo para deixar bem clara esta questão da busca da elevação espiritual: não se trata do que se faz, mas de como se faz, para que se faz. O ato, a ação, não é por si só atributo de elevação ou não. O que pode ser considerado como atributo de elevação espiritual é a base da ação: a intencionalidade com que se vivencia cada acontecimento da existência.

Portanto, não importa se você passa o dia inteiro “rezando ajoelhado no milho” ou se freqüenta regularmente um local de religação com Deus, se não tiver como fundamentos da sua existência o espiritualismo, a consciência amorosa e o universalismo nada realizou.

Porém, se é o Espírito que guia vocês, então não estão debaixo da Lei.

As coisas que a natureza humana produz são bem conhecidas. Ela produz imoralidade, impureza, ações indecentes, adoração de ídolos, feitiçarias, inimizades, brigas, ciumeiras, acessos de raiva, ambição egoísta, desunião, paixão partidária, invejas, bebedeiras, farras e outras coisas parecidas com essas.

Tudo o que a natureza humana produz é fruto do prazer, de regras e normas e do individualismo. Tudo.

Mesmo quando você busca a Deus através das bases materiais está criando uma imoralidade, porque a moral espiritual é amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Não há outra regra moral no mundo espiritual.

Repito o que já disse: os que fazem essas coisas não herdarão o Reino de Deus.

Mas o Espírito produz amor, alegria, paz, paciência, delicadeza, bondade, fidelidade, humildade e domínio próprio. E contra essas coisas não há lei.

A natureza espiritual produz tudo que pode ser considerado como estado de espírito de felicidade incondicional, que é amoroso (ação oriunda de uma consciência amorosa) e que é universal, serviço ao próximo. E só a natureza espiritual pode produzir isso.

Outro detalhe: o serviço ao próximo, o amor incondicional e felicidade plena não podem ser regulamentados por lei, pois como Paulo já nos ensinou, a lei cria o pecado.

Sempre que uma lei regulamenta o “certo” e o “errado” ela acaba com a incondicionalidade necessária para a existência da natureza espiritual. Portanto, não há lei que regule o real serviço ao próximo, o real amor ao próximo e a real felicidade incondicional.

Como já vimos, Cristo nos ensinou que cada um é livre para viver amorosamente tudo o que ocorre na sua existência. Isto porque não está sob o jugo do desejo oriundo das paixões.

Vivendo com a natureza espiritual, então não haverá nenhuma lei que possa lhe obrigar a reagir contra o próximo que lhe agrida, que lhe obrigue “passar a frente” (levar vantagem) do próximo.

Para aquele quem vive de posse da natureza espiritual não há obrigações para serem seguidas, pois está na incondicionalidade, e, por conseguinte, não há leis para este ser, mesmo que ele esteja humanizado (encarnado, vivendo ligado ao ego).

E se não há lei não há pena, castigo, medo ou qualquer outra negatividade para quem está de posse desta natureza. Só para quem vive na natureza humana o lado negativo é real.

Os que pertencem a Cristo Jesus crucificaram a sua própria natureza humana, junto com todas as suas paixões e desejos. Que o Espírito que nos deu a vida, controle também a nossa vida. Não devemos ser orgulhosos, nem provocar ninguém, nem ter ciúmes uns dos outros.

O recado de Paulo é muito direto: crucifique a natureza humana. Crucifique as suas paixões, desejos, vontades, padrões de “certos” e “errados”, “bonitos” e “feios”, “limpos” e “sujos”.

Crucifique tudo isto, mate tudo isto, porque enquanto estes padrões humanos estiverem ativos em você sua existência será guiada pela natureza humana, pela glória material, pela felicidade material. Só quando se libertar de tudo isto poderão ser guiado conscientemente pelo Espírito que lhes deu a vida.

Deixe-me dizer algo importante: você é espírito antes, durante e depois da encarnação. Não há quebra de continuidade da existência espiritual porque o ser universal vive uma encarnação.

Esta idéia surgiu de um termo que foi utilizado em “O Livro dos Espíritos”. Lá o ser humanizado é chamado de alma, termo que possui radical diferenciado de espírito. No entanto, isto não existe. É por isso que para mantermos acessa a ligação do ser com o homem preferimos chamá-lo de ser humanizado.

O ser universal continua existindo durante a encarnação com todas suas realidades. Ele apenas está humanizado (ligado a outro tipo de consciência que chamamos de ego), mas não deixou de ser um espírito. Utilizando-se o termo “alma” para definir o ser humano, a presença do espírito, do ser universal, fica difícil de ser compreendida.

É o espírito que está “vivendo” a vida carnal e não o ser humano ou a alma. Isto fica bem claro quando o Espírito da Verdade ensina que sem a união do espírito com a carne, não há vida, intelectualidade.

Veja bem. Neste planeta já foram feitos doze clones humanos. Só que eles são apenas corpos, mais nada. Permanecem deitados em uma maca sem participar da vida, sem viver.

O corpo funciona através dos aparelhos, mas não há inteligência para fazê-los se movimentar, para terem ações inteligentes. Isto porque não há inteligência (espírito) ligado a esta massa carnal.

Desta forma, não podemos dizer que a vida começou porque houve um processo biológico que criou o homem, mas ela só existe a partir do momento que Deus une o espírito à massa carnal. É isto que Paulo nos ensina, muito antes de sequer imaginar conhecer o espermatozóide ou o óvulo, que dirá a clonagem.

A vida, portanto, é um dom divino, algo criado por Deus para servir ao espírito e não ao ser humanizado.

Sendo assim, podemos afirmar que a vida não é para ser “aproveitada” pelo ser humanizado (gozar os prazeres através da satisfação de suas paixões), mas sim pelo espírito, purificando-se e esclarecendo-se. Mas para isto, é preciso que ele aceite submisso às provas que a vida contêm para alcançar a meta que lhe foi assinada.

Então veja: você só está “vivo” porque é espírito e está na carne para chegar progressivamente à perfeição, conhecendo à verdade. Como conhecê-la se você como ser humanizado acha que já sabe tudo, que conhece tudo que é “certo” e “errado”?

Portanto, você já é espírito, mas precisa se desligar das verdades relativas (temporárias e individuais) que criou e com elas formou o seu ego pelo qual se apaixonou a ponto de dizer que é você, para poder aproveitar a oportunidade que Deus está lhe dando para alcançar à perfeição.

É por isto que Paulo nos alerta: crucifique a sua natureza humana para que o Espírito que nos deu a vida a controle. E, se Deus é por nós. Quem poderá ser contra?

Na hora que Deus controlar a sua vida, não haverá mais medo, sofrimento ou injustiça, pois estas sensações serão substituídas pela compreensão da ação do Amor Sublime e da Justiça Perfeita.

Libertando-se da humanidade - Carta aos Gálatas

Ajudem uns aos outros

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Meus irmãos, se alguém for apanhado em alguma falta, vocês que são espirituais devem ajudá-lo a se corrigir. Mas façam isso com humildade e tenham cuidado para que vocês também não sejam tentados.

Se alguém for apanhado numa falta espiritual, ajude o outro. O que é uma falta espiritual? Será que roubar, brigar, bater em outro é uma falta espiritual?

Não pode ser, pois como já vimos neste estudo, o ato não caracteriza a vida, mas a intenção com que cada um participa das ações. Quem rouba outro é porque quer a posse do objeto, ou seja, tem a intenção de obter a posse do objeto para si. Quem bate em alguém é porque não gostou do que ele fez e reage com a intenção vingar-se e, desta forma, obter a razão.

A intencionalidade de cada ser, nestes casos, foi buscar para si alguma coisa e por isto podemos afirmar que eles se basearam no individualismo. Portanto, a falta espiritual que Paulo está falando, é o individualismo com qual o ser humanizado participou da ação.

Seguindo o conselho de Paulo, você, vendo alguém agindo motivado pelo individualismo, deve auxiliá-lo. No entanto, este auxílio deve ser feito de forma humilde e não com arrogância.

Para auxiliar o próximo humildemente você não deve postar-se como um professor e dizer: “você está errado”. Isto porque ao agir desta forma estará agindo dentro da mesma intenção daquele no qual você viu falta: individualismo. Isto porque, se ele quer para si, você também quer: ter a razão.

Para ajudar o próximo com humildade deve-se abrir mão do individualismo. Se o outro diz “eu quero”, você diz, “toma, é seu, faça o que quiser com isto”.

Só neste caso você estará ajudando o próximo realmente, pois estará ensinando-o a abrir mão do seu individualismo, que constitui aquilo que Paulo chamou de “falta espiritual”. Você, agindo com humildade e doando ao próximo a razão, estará exemplificando o ensinamento.

Por isto Cristo ensinou: se alguém lhe pedir a túnica, dê também a capa; se alguém lhe pedir para carregar uma carga por um quilômetro, carregue-a dois. Ou seja, esteja sempre preparado para dar a mais do que os outros pedem para que desta forma esteja sempre exemplificando a consciência amorosa da ação.

No entanto, para agir desta forma, como Paulo ensina, é preciso ter cuidado para não cair na tentação. Esta “tentação” se traduz na ação do ego que o impulsiona a utilizar o seu individualismo na hora de ajudar o próximo. Quando, movido pelo ego, o seu apoio ao outro começa a partir do julgamento do “certo” e “errado” da ação.

Esta é a tentação. Cuidado na hora que quiser ajudar os outros para que você também não ceda à tentação imposta pelo ego e haja com individualismo, ou seja, queira para si, mesmo que seja apenas “estar certo”.

Ajudem uns aos outros e assim estarão obedecendo a lei de Cristo. Se alguém pensa que é importante, quando de fato não é, está enganando a si mesmo. Que cada um examine a sua própria maneira de agir. Se ela for boa, então pode se orgulhar do que ele mesmo fez, sem precisar se comparar com a conduta dos outros.

Neste texto Paulo utiliza uma palavra que eu já conversei muito sobre ela: orgulho.

A humanidade desde muito tempo vem recebendo informações espirituais para não ter orgulho. No entanto, tal afirmação é divergida por causa de interpretações. Eu afirmo, assim como Paulo o fez: o ser humanizado deve se orgulhar.

Isto porque, na caminhada espiritual, o orgulho da realização dos ensinamentos dos mestres é a “sensação do dever cumprido”. É a sensação de estar do lado direito de Deus, ao lado do Pai, estar realizando o caminho para a Perfeição.

Agora, quando você pega esta sensação e a joga contra outro, ou seja, a utiliza para desmerecer o próximo, ela se transforma em soberba. O que era uma sensação “positiva” que levaria a novas realizações, se transformou em uma arma para ferir o próximo.

Desta forma quando um ser humanizado diz “eu fiz”, não é erro aos olhos de Deus. Agora quando afirma, “eu fiz e por isto sou melhor, você não sabe fazer nada”, esta frase denota a intencionalidade de um auto-elogio que, para existir, necessita da condenação do outro.

Neste exemplo fica clara a diferença entre orgulho e soberba. O orgulho é a constatação da realização, mas a soberba é a sensação que move o espírito a comparar o que fez à ação do próximo encontrando sempre elogios para si e descréditos para o outro.

É por isto que Paulo nos diz: tenha orgulho, mas para isto não é preciso “se comparar com a conduta dos outros”, pois aí o orgulho acaba e nasce a soberba.

A soberba é, portanto, a demonstração da intencionalidade individualista, mas o orgulho não. O orgulho é universalista, pois agirá como um “motor” que lhe levará a realizar novas conquistas, uma sensação que lhe impulsionará para frente, espiritualmente falando.

Porque cada um deve levar a sua própria carga.

Quem está aprendendo o Evangelho de Cristo deve repartir todas as coisas boas com aquele que o ensina. Não se enganem: de Deus não se zomba. Aquilo que uma pessoa plantar, é isso mesmo que colherá.

Vejam como os ensinamentos de todos os mestres se fundem, mesmo que não seja de forma explícita. Anteriormente afirmei que Paulo foi o primeiro espírita; agora ele se transforma em budista.

Isto porque nesta frase de Paulo está a base da lei do carma ensinada por todos os mestres, mas principalmente pelo Iluminado: você colherá exatamente o que plantar.

Ninguém planta arroz e colhe trigo, planta banana e colhe abacate. A colheita de um ser universal será sempre exatamente o fruto da semente que plantar. Nada poderá germinar diferente do que foi plantado.

Trazendo este ensinamento para a vida carnal, se um ser humanizado planta “crítica”, por exemplo, por estar cedendo a tentação de utilizar-se do seu individualismo, certamente colherá “crítica” no futuro, pois este é o fruto exato daquela semente.

No momento da colheita, de nada adianta se dizer que o outro está “errado” ao criticar, pois ele estará sendo apenas o instrumento para dar a este ser humanizado o fruto do que ele plantou. A crítica de agora, portanto, é apenas o fruto da semente que aquele ser humanizado plantou na humanidade anteriormente e não um “erro” cometido por esta pessoa.

É isto que precisamos compreender se quisermos evoluir espiritualmente e cessar a roda de encarnações carmáticas. Ao invés de continuarmos plantando eternamente elementos que não sejam frutos de uma consciência amorosa, aprendermos a amar incondicionalmente, pois a plantação não amorosa gera a necessidade do ser universal permanecer preso à roda de encarnações.

Para isto, de nada adianta participarmos de uma ação carmática (receber críticas) e utilizar o próprio ensinamento para acusar os outros e, assim, persistir na plantação da mesma semente sempre. A ação carmática só será extinta quando você alterar a semente que planta.

Compreenda: na vida do espírito existe apenas o momento atual. Outra coisa: o próximo momento não poderá ser criado no futuro, pois ele será resultado da plantação deste momento.

Quando a colheita se transformar em presente (for o momento atual) extinguir-se-á aquela plantação e uma nova sementeira será iniciada para que sejam colhidos os seus frutos no futuro. Ou seja, os próximos momentos sempre serão fruto da vivência do momento anterior.

Mas, o que é plantar? É vivenciar um momento com uma intencionalidade. A “plantação” não se faz com o que se pratica (atos), mas com a intencionalidade (característica primária da vivência para Deus), com que se participa dos acontecimentos.

O acontecimento é destino, ou seja, foi pré-determinado em um momento anterior como fruto de uma plantação, mas ao vivenciá-lo cada ser humanizado agrega a ele uma intenção que será a plantação para o futuro. É isto que o Espírito da Verdade responde a Kardec quando fala a respeito da fatalidade dizendo que, “com relação às provas morais e às tentações, o Espírito, conservando o seu livre arbítrio quanto ao bem e ao mal, é sempre senhor de ceder ou de resistir”.

A partir destas compreensões, podemos concluir que se neste momento um ser humanizado está vivendo uma situação onde é criticado, isto é a colheita dos frutos gerados pela sua participação anterior em acontecimentos da vida carnal com a intencionalidade de criticar os outros. Nesta vivência ele tem o livre arbítrio de ceder à tentação do ego (não plantar novamente a intenção de crítica) ou deixa-se levar pelo “tentador” e participar da ação com a intencionalidade individualista novamente.

Cedendo à tentação planta novamente individualismo e terá que receber os frutos desta intenção. Não cedendo, quebra o ciclo carmático e poderá, então poderá colher ações diferenciadas.

  O que falamos agora é muito importante para que o ser humanizado aprenda a viver uma coisa chamada presente, o momento de agora. Sem aprender a viver o agora, o ser humanizado jamais conseguirá alterar o seu futuro.

Seguindo o raciocínio do que plantar colherá, o presente é a colheita do que foi plantado anteriormente. O agora não poderia ser diferente do que é, pois ele foi decidido no “passado” quando o ser humanizado vivenciou determinado acontecimento com uma intenção. Ou seja, se hoje está recebendo uma crítica isto não poderia deixar de acontecer porque, anteriormente, criticou alguém.

Desta forma, o presente não pode ser vivenciado como algo que pode ser alterado agora, pois isto jamais poderá acontecer. O que pode ser feito é a mudança do futuro, alterando-se a plantação do agora.

Também não adianta vivenciar o presente voltado para o passado, pois aquilo que foi plantado anteriormente já deu seus frutos e se extinguiu. Falo isto porque muitos seres humanizados que compreendem a lei do carma, ao invés de buscarem alterar a plantação de agora, vivem se lastimando de terem plantado a semente que levou à colheita destes frutos.

Estes seres não compreendem que ao se lastimar estão novamente plantando acusações, mesmo que seja a si mesmo, que lhe levará a colher mais acusações. Desta forma, de nada adianta voltar ao passado para acusar-se, pois ele não poderá ser alterado jamais.

Além disso, não adianta se viver o presente de olho no futuro, ou seja, viver hoje sonhando com um dia de amanhã diferente. Quem age desta forma não consegue se conscientizar da tentação do ego e não planta para poder colher aquilo que sonha.

O que determinará o futuro é o momento de agora. Portanto, Viva-o prestando atenção nas suas intenções neste momento que você está plantando, porque isto construirá o seu futuro. De nada adianta sonhar com dias melhores, pois eles estão sendo construídos enquanto você apenas sonha.

Por isto Buda ensina: você é herança de você mesmo. É você que deixará o seu legado para você mesmo amanhã e mais ninguém. Pense sempre nisto quando estiver construindo o seu próprio patrimônio para o futuro no agora.

Participante: Como devemos nos portar quando vamos a um centro de umbanda, por exemplo?Eu vou pedir uma bênção, uma limpeza da aura ou um abraço da entidade. Outros vão pedir coisas como amor emprego, etc.

Para entender como devemos nos portar com um espírito desencarnado, vejamos como devemos nos portar com outro ser humanizado que, afinal de contas, é também um espírito.

Quando você vai à casa de outra pessoa fazer uma visita o que faz? Entra, cumprimenta, troca amabilidades, bate papo e vai embora, não é isto? Ir à casa do outro para pedir favores pessoais é sempre desagradável, não?

É a mesma coisa da sua pergunta. Quando você vai a um centro espírita deve ir com a mesma intencionalidade da visita a seres humanizados: rever os amigos que ali estão. Além disso, você deve ter ainda uma intencionalidade maior que, aliás, também deveria estar presente na sua visita à casa de amigos: religar-se a Deus.

Qualquer relacionamento, mesmo que fora do “terreno sagrado”, é uma boa oportunidade para se religar a Deus, ou seja, para amar. Portanto, quando for à casa de alguém não esqueça de acrescentar em seus objetivos também o amar ao próximo e não vá apenas buscando o prazer.

Mas, voltando à sua pergunta, ir à casa dos outros para pedir alguma coisa é sempre uma situação de constrangimento, pois pode ser que eles “batam a porta na sua cara”. Da mesma forma, ir a um centro espírita (ou a uma igreja, templo, etc.) apenas para pedir, se corre o mesmo risco.

É isto que nós precisamos começar a entender. Cristo ensinou assim: quando orar não peça nada, pois o Pai sabe melhor do que você o que precisa. Então, a oração tem que ser uma união sentimental com Deus e não um momento de recitação de uma lista de pedidos.

Esta seria a resposta à sua pergunta. Mas, me permita mais um adendo para não fugirmos ao tema desta conversa.

Se você vai ao centro espírita com amor no coração, ou seja, apenas para visitar as entidades, vá. Agora, se o outro vai pedir, deixe-o ir. Não deixe que o ego lhe tente a criticar o próximo porque ele assim age.

Veja bem: o problema é dele e não seu. Não queira julgá-lo por utilizar o seu livre arbítrio e ceder à tentação aprisionando-se à paixões e desejos.

O problema é dele porque será ele que se iludirá imaginando que, apenas porque desejou, Deus terá que dar. Você sabia que é quando o ser humanizado se deixa ser movido por esta intencionalidade (ganhar o que deseja) que começam todos os problemas de relacionamento com Deus?

Repare. Como Cristo ensinou, Deus sabe o que precisamos melhor do que nós mesmos e por isso Ele não se submete aos nossos pedidos. Aquele homem, portanto, que não compreendeu a consciência amorosa e pediu, poderá não alcançar o seu desejo.

Quando isto acontecer acusará a entidade e irá procurar outra naquele centro. Deus novamente não se submeterá e ele então acusará o próprio centro e irá procurar outro.

Continuando a não receber o que deseja, acusará a religião, no caso a Umbanda, e trocará de religião. Este processo avança até que o homem se desacredita de Deus.

Mas, do fato dele afastar-se do Pai o culpado não foi a entidade, o centro, a religião ou o próprio Deus, mas o homem que apenas pensou em si mesmo. Ele afirmava que ia falar com aquela entidade para encontrar Deus, mas isto não é realidade, pois sempre objetivou alcançar aquilo que queria (intencionalidade)

Se plantar o que a sua natureza humana deseja, essa mesma natureza lhe dará colheita de morte. Porém, se plantar o que agrada o Espírito de Deus, do Espírito colherá a vida eterna.

Já falamos que a natureza humana é contrária à natureza espiritual. Mas, agora Paulo nos diz que a natureza humana traz a “colheita de morte”.

Esta frase de Paulo não deve ser entendida como o fim da encarnação (morte), mas o que deve ser compreendido é que plantar com a natureza humana traz a colheita do que é humano. Tudo que é humano é morte para o espírito, pois a humanização o afasta do Pai, como já vimos quando falamos de materialidade e espiritualidade.

A colheita humana originária de uma plantação com a natureza humana é a vicissitude durante a vida, ou seja, a alternância nas situações de uma existência. Quem vive na vicissitude alterna a vida entre momentos que gosta e momentos que desgosta.

Portanto, quem planta utilizando-se da natureza humana, vive a vida guiado pelo padrão de “certo” e “errado” (submissão às leis), colherá elementos desta mesma natureza, ou seja, o prazer ou a dor.

Quem planta guiado por sua natureza espiritual, a consciência amorosa da ação, só colherá espiritualmente, ou seja, receberá amor. É isto que Paulo está nos ensinando.

Apesar desta afirmação vamos deixar uma coisa bem clara. Este colher que estou falando não se trata de acontecimentos, mas de sentimentos. Não estou afirmando que quem plantar com a natureza espiritual viverá sempre uma situação que estampe ser amado incondicionalmente, mas que se sentirá assim em qualquer situação.

Como Cristo ensinou, não se acende uma lamparina para se esconder debaixo de um cesto. Ao contrário, ela deve ser colocada no ponto mais alto para que com sua luminosidade guie aqueles que mais precisam.

Desta forma, quando você conseguir atingir a consciência amorosa da ação, Deus lhe utilizará para amar aqueles que gostam de acusar, caluniar, agredir, para que você responda amando e com isto ajude o próximo a aprender o amor incondicional.

Não foi isto que ele fez com o holofote mais poderoso do planeta, Cristo?

Não nos cansemos de fazer o bem. Porque, se não desanimarmos, colheremos quando chegar o tempo. Portanto, sempre que pudermos, devemos fazer o bem a todos, especialmente aos que pertencem à nossa família na fé.

Duas informações de Paulo neste finalzinho de texto que são importantes: Primeira: você colherá na vida eterna, ou seja, durante a eternidade da sua existência espiritual. Isto quer dizer que obrigatoriamente a sua colheita não se dará daqui a um segundo.

Quem vive pela natureza espiritual não tem pressa, pois sabe que colherá na hora que Deus lhe der. Esse ensinamento quem trouxe foi Salomão quando disse há “tempo para tudo”.

O ser humanizado precisa se conscientizar desta grande Verdade Universal, pois há um tempo para se plantar e outro para se colher. Mas, entre a plantação e a colheita, existe o tempo da germinação, da adubação, ou seja, de se olvidar esforços para cuidar da planta até chegar a hora do fruto.

Ninguém planta hoje e colhe amanhã. Só o ser humanizado quer plantar hoje e colher hoje mesmo. Por quê? Porque sabe que ele vai acabar, vai morrer.

Para aquele que vive sob a natureza espiritual não há morte e por isto vive com a consciência da existência eterna. Por causa disto não têm pressa em colher os frutos da sua plantação. Ele não quer coisas de o pronto, mas espera pacientemente a hora que acontecer.

O ser humanizado quer as coisas imediatas: “eu plantei tenho que colher hoje mesmo”. Você não pode ser assim, porque é um espírito e tem toda a eternidade para receber o que o Pai tem para lhe dar.

Já o segundo aspecto que gostaria de comentar é a respeito dos “irmãos de fé” a quem Paulo diz que devemos fazer o “bem”. Numa leitura rápida poderíamos compreender que devemos fazer o bem àqueles que pertencem a nossa religião, mas isto seria não alcançar a Deus.

Quem tem fé em sua religião ama-a e não a Deus, mesmo que o conjunto doutrinário desta religião louve a Deus. A fé não pode ser exercida por elementos relativos, ou seja, que possam alterar-se com o passar dos tempos ou que não sirvam para todos.

A fé, a confiança e entrega, para que seja bem sucedida, necessita que seja exercida por algo Universal, ou seja, que jamais se altere e que seja único para todos. Quem deposita a sua confiança a algo que possa alterar-se ou que não seja igual para todos, está arriscado a se ferir.

Apenas Deus é Universal, ou seja, apenas o Pai e Sua ação nunca se alteraram ao longo do tempo e sempre foram igualitários com todos. Por isto, apenas Ele e Sua ação merecem ser objeto de fé.

Por isto, quando Paulo diz que devemos ser bondosos com nossos irmãos de fé, está se referindo a toda espiritualidade, encarnada ou não, e não apenas àqueles que professem nossa religião.

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Saudações e conselhos finais

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Vejam com que letras grandes estou escrevendo com a minha própria mão. Os que querem se mostrar e se elogiar, esses é que estão forçando vocês a se circuncidar. Eles fazem isso somente para não serem perseguidos por causa da cruz de Cristo. Pois nem mesmo os que praticam a circuncisão obedecem à Lei. Porém eles querem que vocês se circuncidem para poderem se gabar de terem colocado esse sinal no corpo de vocês. Eu, porém, me orgulharei somente da cruz de Jesus Cristo, o nosso Senhor. Porque, por meio da cruz, o mundo está morto para mim, e eu estou morto para o mundo. Não faz nenhuma diferença se alguém é circuncidado ou não; o que importa é ser uma nova pessoa.

Paulo fala em “se orgulhar da cruz de Cristo”, mas o que será que quer dizer com isto. Este deve ser um aspecto importante para o apóstolo, pois ele é muito categórico com relação a isto. Vamos entendê-lo.

Orgulhar-se da cruz de Cristo é ter orgulho da situação negativa da sua vida. É se orgulhar de estar passando por situações difíceis, ou seja, de estar cumprindo o objetivo da encarnação: realizando suas provas.

É este orgulho que Paulo sente. O orgulho de ter sido agredido, caluniado. De, às vezes, não ter tido um grão de comida para comer, por exemplo.

Quando para você os momentos chamados de negativos forem um motivo de orgulho ao invés de sofrimento, quando eles lhe encher de felicidade por entender que Deus confia em você e, por isto, está lhe dando a oportunidade de elevação, só neste momento conseguirá entender a consciência amorosa que Paulo nos ensinou nesta carta.

Quando você compreender e se orgulhar da confiança que Deus está depositando em você, espírito, para poder lhe dar estas situações. Quando entender que esta confiança se baseia na compreensão que o Pai tem sobre a sua capacidade de passar por elas sem chorar, entenderá o que Paulo e eu quisemos dizer neste estudo.

Quando você se orgulhar de Deus estar tirando a sua comida porque acredita e confia em você, poderá, finalmente, libertar-se da sua humanidade e viver a sua espiritualidade.

É isto que Paulo está nos falando quando diz que devemos nos orgulhar da cruz de Cristo: se orgulhar das perseguições, dos xingamentos, de ser caluniado, do outro vencê-lo. E ele não está falando isto porque acha, mas porque compreendeu o ensinamento de Cristo nas Bem-Aventuranças.

No entanto, o apóstolo diz: eu tenho este orgulho porque para mim as coisas do mundo morreram. O que é as coisas do mundo morrerem para você?

É não ter mais paixões que precisem ser contentadas pelos desejos. Paixões que são geradas pela submissão a códigos de normas que determinam o “certo” e o “errado”. Quando isto ocorrer, você não estará mais vinculado às coisas do mundo, mesmo vivendo encarnado. Alcançando a consciência amorosa, as coisas do mundo não serão mais condicionamento à sua felicidade.

Na hora que isto for realidade, ou seja, quando você aprender a viver com o que tem sem desejar mais nada (e olhe que eu não estou falando apenas de objetos, mas de sentimentos, de razões, de tudo isto), neste momento viverá para o espírito e poderá, então se orgulhar da confiança que Deus deposita em você.

Isto não lhe levará ao fim da encarnação, mas com certeza transitará entre as coisas do mundo sem estar preso a elas. Este é um ensinamento de Krishna que diz que o sábio elevado transita entre as coisas sem prender-se a elas. E Paulo, o ecumênico porque entendeu a Cristo, está citando este ensinamento também.

Quando o apóstolo afirma que as coisas do mundo morreram para ele não está querendo dizer que aprendeu a viver sem comer, mas que não se prendeu ao saciar a fome para ser feliz. É isto que você precisa aprender (a não depender das coisas do mundo para ser feliz) e por isto Deus lhe dá as carências.

Veja bem uma grande contradição. O ser humanizado se acha tão inteligente, tão poderoso, mas se não houver um grão para alimentar-se não sabe como viver.

Imagine se Deus não produzir mais feijão e arroz, como o ser humanizado viverá? Não conseguiria. Então, que poder é este que o ser humanizado tem. Ele é prisioneiro, é escravo das coisas do mundo.

Observação: Uma história que narra esta dependência do homem de Deus e a pretenso poder e liberdade que ele imagina ter é a seguinte.

Conta-se que os cientistas, após descobrirem a clonagem humana, reuniram em uma conferência e chegaram à conclusão que não mais precisavam de Deus para nada, pois o último segredo havia caído. Decidiram, então, pedir que o Pai se afastasse da humanidade.

Mas, para isso seria preciso que alguém comunicasse a decisão a Deus. Ninguém se oferecia para tal empreitada até que um dos presentes se prontificou.

Ele então chegou até o Pai e disse: Senhor, a humanidade já conhece todos os segredos da Criação e, portanto, acha que não é mais preciso a Sua presença.

Deus ponderou e respondeu: está certo. Mas, como prova de consideração por todo este tempo que criei para vocês, será que me concedem uma última chance? Façamos uma disputa entre Eu e vocês. Se ganharem, me retirarei.

O cientista então quis saber que disputa e Deus disse: façamos um homem. Se fizerem mais rápido e mais perfeito que Eu, sumirei das vistas da humanidade.

Isto vai ser fácil, pensou o cientista acostumado a clonar seres humanos. Correu até o laboratório, pegou uma célula e voltou à presença do Pai. Estou pronto, disse ele.

Mas Deus contrapôs: com minha célula, não. Crie primeiro a sua.

E você acha este elemento inteligente e poderoso? Inteligente é libertar-se de tudo isto, não depender das coisas materiais, ou seja, saber viver feliz com ou sem os elementos materiais. Poderoso é aquele que compreende que apenas Deus cria e submete-se à Causa Primária sabendo que ela é oriunda de uma Justiça Perfeita e de um Amor Sublime.

Quando você liberta-se das coisas materiais prova a sua inteligência, porque foi diferente dos outros. Mas enquanto for igual a todos seres humanizados, ou seja, ser feliz quando ocorrer apenas o que acha “certo”, que contemple o que deseja, só está provando a sua fraqueza, a sua incapacidade de viver.

O homem tem medo do “fim do mundo” porque acha que neste tempo acabarão os elementos do mundo e não saberá viver sem eles. Mas, o espírito saberá. Aquele que viver para as coisas de Deus saberá viver e conviver com um mundo estéril de elementos materiais.

É eu acho que não vale muito a pena lutar para ser humano. Acho que seria muito mais lucrativo lutarmos para nos libertar da nossa humanidade, não acha?

E a todos os que seguem essa regra nas suas vidas, que a paz e a misericórdia estejam com eles e com todo o povo de Deus.

Portanto, que mais ninguém me crie dificuldades, pois as marcas do meu corpo mostram que sou escravo de Jesus.

Meus irmãos, que a graça do nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos vocês. Amém.