Meu maior problema
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Meu maior problema

Joaquim de Aruanda fala sobre os problemas de cada um

Meu maior problema

Será que vale a pena ter paz?

Tudo em paz?

Participante: depende do que é paz ...

Isso. O que é paz para você?

Participante: humanamente falando é quando não tem nada de ruim acontecendo com a gente.

Quando está tudo bom.

Isso é paz para vocês. Quando está tudo bom, ou seja, está acontecendo tudo o que querem, vocês estão em paz. Por isso nunca têm paz.

Por mais que a vida lhes dê o que querem, ela nunca dará tudo o que almejam. Por isso jamais terão paz. Mais: se ela der um monte de coisas vocês começam a cobrar mais dela.

Portanto, mais do que não ter a paz, vocês não querem tê-la. Essa é a primeira coisa que precisam entender: vocês não querem ter paz. Isso é importante de se ter consciência porque senão ficam se iludindo achando que é interessante ter paz, quando não é.

Ter paz é muitas vezes, por exemplo, aprender a engolir sapo. É muitas vezes aprender a perder, a não ganhar, a abrir mão. É isso que precisam pensar: será que realmente vocês querem encontrar a paz?

Participante: pelo que o senhor está falando, acho que não. Nós sempre estamos buscando uma forma de contrariar o que está acontecendo ou de acrescentar mais do que temos.

Mas, pense mais: será que é interessante você ter paz? Esta é uma pergunta que faço para começarmos nossa conversa.

Tenho alertado vocês constantemente sobre a busca que fazem. Dizem que estão buscando a elevação espiritual, o aproveitar a encarnação, mas, na realidade, não sabem o que estão buscando. Pode ser que encontrem o que estão buscando e quando isso acontecer se decepcionem.

Por isso oriento que tentem compreender bem cada coisa que buscam, para só depois poder se comprometer com a procura.

Participante: isso é verdade. Eu só posso falar por mim, mas realmente não sei o que estou buscando.

Eu diria que você sabe o que está buscando, mas não tem ideia do que é o que procura.

Você está buscando uma vida melhor, o que chamam de paz, mas não sabe o que encontrará. Buscam a felicidade, mas não sabem o que é isso; buscam a paz, mas não a conhecem. Aí fica difícil.

Meu maior problema

A origem do problema

Dito isso, estou à sua disposição.

Participante: eu nem sei porque vim aqui. Depois de tudo o que o senhor já nos falou, nem sei o que perguntar.

Você sabe sim. Acho que veio porque perdeu a paz.

Participante: mas, eu acho que não tenho essa paz há muito tempo. Aliás, acho que nunca a achei. Como posso perder algo que nunca achei?

Você achou que poderia achar a paz. Só que de repente perdeu aquilo que poderia lhe ajudar a encontrar. Neste momento, se desarmonizou, se desarticulou e ficou perdido.

Então, me conte o seu problema para podermos conversar.

Participante: eu tenho um problema muito grande. Diria que ele é o meu calcanhar de Aquiles. Não é nada que aconteceu agora, mas algo que carrego comigo a vida inteira.

Você nem precisa me contar qual o seu problema. A solução é sempre a mesma, pouco importando qual seja o assunto.

Para começar a lhe ajudar, pergunto: porque este problema lhe aflige tanto?

Participante: por causa do desejo de não fazer o que faço.

Será que é por isso mesmo? Vamos conversar.

De onde nasceu o desejo de não fazer o que você faz? O que é esse desejo que você tem?

Participante: é a programação que foi feita antes da encarnação para eu vencer.

Certo, é a programação feita antes da encarnação. Até aqui, você está perfeito. Mas, eu pergunto: esse desejo nasceu de você?

Participante: o que nasce de mim mesmo? Pelo que estudamos nada nasce de nós depois de encarnados.

Perfeito. É isso que eu quero que você se atente.

É você que tem o desejo de agir de forma diferente?

Participante: não ...

Porque, então, você acredita que tenha esse desejo?

Participante: porque estou comprando a ideia que o ego cria.

Perfeito. O ego está lhe dando esse desejo em forma de ideia, mas está fazendo isso fundamentando-a em alguma coisa. Em que ele está se fundamentando?

Participante: no mundo humano, na vida humana, nas sociedade humana.

Sim, tudo isso é certo, mas tem mais coisa: na aprovação da sociedade. Ele fundamenta a ideia de que deve agir de forma diferente na aprovação da sociedade dos outros seres.

O desejo de agir de forma diferente está fundamentado na ideia de que se continuar fazendo o que faz, será considerado um elemento errado. Que é feio, que essa forma de agir não é a certa, que não é normal.

Portanto, repare numa coisa: este desejo não tem nada a ver com você. Não é você quem tem o desejo de agir diferente, nem ele surgiu por conta de uma verdade sua, de uma certeza que você tenha.

Não tendo nada a ver com você, em que está fundamentado o seu desejo? Nas quatro âncoras. Está preso à vontade de ganhar e o medo de perder, a vontade de ter o prazer e o medo do desprazer, a busca da fama e medo da infâmia, a busca do elogio e o medo da crítica.

É aqui que mora todo o seu problema. É a partir da utilização destas quatro coisas que tudo é gerado na sua vida. Sendo assim, todos os seus problemas tem origem aqui.

Continuemos ...

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Ninguém vive a vida

Aquele que age de determinada forma não é você nem ninguém: é a vida. A vida é que age dessa ou daquela forma, não você. Este é um detalhe que precisam entender.

Você – eu não vou falar que não existe, porque pensa um coisa diferente desta afirmação – não vive: é uma vida. Tudo que atribui como sendo você é a própria vida. Não é você que vive a vida, mas ela que vive a si mesmo.

Por exemplo: você veio até aqui hoje?

Participante: não, a vida veio para cá ...

Não: a vida foi vir para cá. Ela não vai para lá ou para cá: ela é o transcorrer do que acontece. O que acontece é a vida. Por isso, afirmo que a vida não veio, mas foi o vir.

Participante: ela é o que acontece ...

Ela é o que acontece.

Você chegou aqui e o meu médium incorporou para conversarmos? Não, ele não fez isso. Isso é vida. Foi a vida que se dispôs a trabalhar mediunicamente para que pudéssemos estar conversando.

Nada do que acontece nesta vida tem agente da ação. Isso é uma coisa que precisamos conversar. Isso porque se esta ideia não ficar bem clara, você não conseguirá sair desta agonia que vive há anos.

Acabar com a agonia que vive, é o motivo pelo qual estamos conversando, mas há outro. Quero conversar também no sentido de que ajude os outros a saírem das suas agonias, principalmente as pessoas da comunidade espiritualista que você frequenta.

Por isso, vamos fala do seu problema, mas quero conversar muito mais do que isso. Foi por isso que nem lhe deixei dizer qual o seu problema. Quero aproveitar o nosso encontro para falar de uma forma mais profunda do que apenas tentar lhe ajudar a resolver uma questão que lhe aflige. E quero começar justamente por aqui: entender o que é vida.

Vida é o que acontece. Ninguém vive a vida: ela é o que acontece. Estou falando em viver no sentido de praticar ações. Não importa o que aconteça.

Participante: coisas acontecem. Isso é a vida.

Isso. O que acontece é a própria vida.

Então veja, você almoçou hoje? Não, a sua vida foi comer. Não foi você que escolheu a comida, nem cozinhou. Não foi você que colocou no prato, recolheu com o garfo e colocou na boca. Não foi você quem mastigou nem sentiu o sabor. Tudo isso foi a sua vida que fez.

Esse é o primeiro aspecto que é preciso ser entendido. Você dormiu ontem? Não, a vida foi dormir. É isso que vocês precisam entender: não importa o que imaginam que fazem, tudo que acontece é a própria vida.

Não há ação numa vida: ela é a ação que você vê acontecer.

Participante: é o filme que está passando na tela que eu estou olhando.

Perfeito. Isso é fundamental para você entender um coisa: entender que não faz ou deixa de fazer alguma coisa. A vida é e se ela está programada desde antes do nascimento, ela é o que vai acontecer.

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A vida não tem tempo

Entendida esta questão, vamos avançar. Para isso, pergunto: quanto tempo dura uma vida?

Participante: um presente.

Isso. A vida não possui um transcorrer de tempo. Ela é apenas aquilo que está acontecendo naquele momento.

Neste momento, você não tem casa, não tem emprego nem família. Nada disso faz parte da sua vida neste momento. Porque? Porque não está presente aqui. Não compõe esse momento de vida que está sendo apresentado a você.

Este é um segundo aspecto com relação a vida: ela é o que acontece. Só que não é o que ocorre ao longo de anos, meses ou dias, mas o que está ocorrendo a cada momento.

Participante: cada fotograma separado é uma vida.

Sim. A vida é o filme que está passando na tela a sua frente. Só que os filmes são formados por uma sequência de fotos e cada um destes fotogramas é uma vida.

Isso é importante vocês terem consciência. Para que? Para não se perderem durante a apresentação do filme.

Quando começamos a nossa conversa, você disse que passa por este problema a sua vida inteira. Isso é irreal. O que está acontecendo é que a cada vida o mesmo problema lhe é apresentado.

Os problemas que passou em momentos anteriores, em vidas anteriores, já acabou. Ele não faz mais parte da sua vida. Agora, neste momento ele faz. Porque? Porque estamos conversando sobre este assunto.

Agora ele faz parte dela. Mas, se você está em outro lugar, fazendo outra coisa, como por exemplo no seu trabalho, no seu emprego, este problema não é a sua vida, a não ser que em determinado momento, em determinada vida surja alguma coisa que ponha este assunto em pauta. Aí ele faz parte, mas até ali não faz e depois que ele for abandonado, voltará a não fazer.

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O ato mental é vida

Participante: entendo o que senhor diz, mas acho que sou eu que vivo trazendo esta questão à baila o tempo inteiro.

Não é você. Porque digo isso? Porque a vida não é apenas o que acontece, o ato físico, mas também o mental. Não há ninguém que pense.

Participante: ele nos é dado.

Você fala isso, como vimos no início, sem saber o que está falando. Na verdade, o pensamento lhe é apresentado pela vida. Ele faz parte da vida, compõe a vida o acontecimento físico.

A vida é formada pelo ato, pela ação e pelo mundo mental. Ela não pode ser tratada diferente, pois toda ação física só tem valor quando a vida dá o pensamento dizendo o que está acontecendo. Se ela não lhe desse o pensamento, o que veria seriam simples movimentações, sem sentido algum.

Portanto, a sua vida é composto pela soma de tudo o que está pensando e tudo que está fazendo. Na verdade não é você quem está fazendo nem pensando, mas aquilo que está sendo lhe apresentado neste momento como vida é o resultado da soma destas duas coisas.

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Não há culpados

Porque a compreensão de tudo o que falei até agora é importante? Primeiro, como já disse, para você se libertar do passado e do futuro e viver apenas o presente. Segundo, para saber que no presente não há culpas.

Se você não faz nada, do que se culpar? Tudo que imagina viver lhe é apresentado. Portanto, não tem o menor controle sobre o que está acontecendo.

Você acabou de me dizer que vive trazendo o assunto à baila. O que foi isso?

Participante: eu comprando a ideia da mente.

Não, foi a sua vida que criou esta ideia e você a tomou como uma ação sua.

Portanto, não é você que vive trazendo a questão à mente toda hora, mas a vida que vive sistematicamente lhe apresentando este assunto. Por este motivo tenho que lhe aconselhar a não dizer que você vive trazendo este ou outro assunto à tona.

Porque lhe dou este conselho? Qual o problema de dizer que você faz alguma coisa? Qual o problema de dizer que é você que se lembra, que foi você que comeu, dormiu, trabalhou, se vestiu, etc.?

Participante: porque se tira a causa primária de Deus.

Não, esqueça tudo que se refere a Deus. Hoje não vamos falar deste assunto. Ele não faz parte desta vida que está vivendo agora.

Acreditar nestas coisas lhe traz problema porque na hora que se coloca como agente na ação, alguém que age, no pensamento ou no ato, certamente se culpará por alguma coisa. Mais: imaginará que aquilo poderia ser feito de uma forma diferente ou poderia até não ter sido feito.

Quando você diz que vive trazendo o desejo à mente, está embutido nesta afirmação a ideia que está errado, julgamento, ao ficar pensando nisso e que deveria parar de trazer este desejo à tona. A partir desta ideia, aceita a sua vida quando ela for a cobrança para não fazer o que faz, para não pensar no que pensa.

Se não depende de você fazer ou pensar em qualquer coisa especifica, mas sim da vida apresentar, se ela continua apresentando o mesmo pensamento ou a mesma ação, sofrerá. Achará que não consegue colocar em prática os ensinamentos, que é uma besta quadrada, pois deveria agir de forma diferente, que deveria controlar seus pensamentos e ações. Veja quanta coisa acontece quando não se entende o que é a vida.

Mas, de onde surge todo este sofrimento? De achar que você vive a vida, que a ação que chama de minha vida é feita por você. De não viver com a realidade de que ela lhe é apresentada e não possui agente algum.

Participante: algumas coisas até a gente consegue viver desse jeito, mas quando é o seu calcanhar de Aquiles é difícil.

Posso aceitar que neste caso seja mais difícil, mas não impossível. Não estou falando em extinguir o seu maior problema, mas pelo menos entender o que está acontecendo. Digo isso porque na hora que compreender esta questão, o problema estará lá, a ideia de não fazer mais estará presente, só que entendendo o processo descobre que não tem condições de ser diferente. Só isso.

No momento que entende que a vida lhe é apresentada e não vivida, você pode se harmoniza com ela. Sem este entendimento é impossível de se harmonizar. Só conseguirá a harmonia quando entender que os acontecimentos que diz fazer na sua vida lhe é apresentado pronto pela própria vida.

Participante: temos que ter a nossa prova, não é mesmo?

Esquece esses assuntos. Hoje não vamos falar de provas, de Deus ou de qualquer coisa que não possam compreender. Esses assuntos não interessam a vocês, pois não possuem valor algum, a não ser aquele que a vida der a eles.

Vocês já cansaram de ler tantas informações em tantos lugares, não só de mim. Já viram um monte de ensinamentos. Porque, então, não colocaram em prática. Vocês são burros? Acho que não. Porque não conseguem colocar. Porque tantas pessoas que me ouvem a tanto tempo não conseguem colocar em prática esses ensinamentos?

‘Porque o seu ensinamento é revolucionário, é difícil’, você me responderia. Não, ele não tem nada de difícil nem de revolucionário. A única coisa de diferente nele é que trato a realidade por ela mesmo e não pela ilusão, pela lógica humana.

Portanto, tudo o que falamos aqui é fundamental para qualquer ser que viva a vida humana, pois enquanto não entender que ninguém pratica ação, mas a vida é a própria ação, física e mental, e que ela é apresentada ao ser, não conseguirá harmonia nunca. Ainda viverá o sonho de agir.

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Convivendo com a vida

É a partir deste aspecto que é preciso que analise tudo que vive. Tudo ...

É preciso analisar todas as suas tendências, tudo o que vive, tudo o que os outros fazem para você, pois a ação deles é a sua vida também. É preciso analisar tudo a partir deste aspecto. É preciso compreender que não existe ninguém falando, que você não está fazendo nada: é apenas a vida que está lhe sendo apresentada.

Porque isso? Porque na hora que trabalhar tudo o pensa e acontece como fruto de uma apresentação da vida, não mais ficará preso à ideia de ter que se mudar. Aí você consegue a paz.

Esta compreensão muda completamente o que você vive. A partir dela sabe que não é você que está agindo desta ou daquela forma: é a sua vida que lhe é apresentada com esta ação. Sabe que não é você que gosta disso ou daquilo outro: é a sua vida que se apresenta coma ideia de gostar.

Como disse, a partir desta concepção, tudo muda. Não é você que age e se isso passa a ser real, não tem que deixar que mudar o que acontece, mas aprender a conviver com as ações que a sua vida apresenta.

Participante: acho que de uns anos para cá tenho aprendido a conviver com isso sem muito sofrimento.

Não, você não tem aprendido a viver com isso. Porque não tem?

Participante: porque se tivesse aprendido não estaria sofrendo com isso nem desejando agir diferente.

Isso. Na verdade, você está sendo obrigado a conviver com esta ação que faz na marra. Isso porque continua fazendo o que acha que não deveria, já que não consegue controlar a sua ação. Mas, isso não quer dizer que tenha aprendido a conviver com o que faz, pois ainda lhe traz uma ideia, sofrimento, perda de paz, se cobra, uma série de coisas.

Então, vamos dizer assim: você está sendo estuprado. Obrigatoriamente recebe da vida esta ação e está sendo obrigado a viver com isso. Este é o ponto interessante que queria falar agora.

Você tem duas formas de conviver com o que a vida lhe apresenta: do jeito que está vivendo – se criticando, se acusando, querendo agir de uma forma diferente – ou aprendendo a conviver com este acontecimento sem nada disso.

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Só há uma dor

Participante: isso vale para tudo na vida, não é mesmo?

Sim.

Na verdade o que muda nos problemas da vida de uma pessoa é o rótulo. Para uns é o que fazem, para outros o que dizem, para outras pessoas é a posse de coisas materiais. Há ainda os que sofrem por conta da convivência com a família, com a sociedade, com um amor. Na verdade, só muda o rótulo, pois todo sofrimento é a mesma coisa: o fruto da ideia de que se age e do julgamento da ação.

O processo é o mesmo para todas as pessoas em todas as situações. Mais: o processo causa o mesmo efeito para todos. Deixe-me dizer algo muito interessante.

Não existe dor diferente para não fazer o que se acha que deveria ou ser abandonado pelo seu amor. É a mesma dor. Que dor é essa? A não aceitação do que a vida apresenta. Não importa qual seja a contrariedade, não importa qual seja o rótulo ou os objetos que estejam embutidos em um problema: a dor de todo ser encarnado é a mesma, pois só existe uma.

Eu sempre disse que o universo é uno, único e estável. Sendo, como pode haver diversidades de sentimentos, como não pode haver diversidade de dores. Ela tem que ser uma só para todos os casos. É vocês que presos na razão que gera a motivação para a presença da dor que imaginam que ela é diferente.

Essa dor é oriunda da não aceitação do que a vida apresenta. Não importa qual seja o assunto, se alguém não está satisfeito com o salário que ganha a dor que vive é a mesma que você sente por não desejar agir de um determinado modo. É a mesma dor daquele que não gosta da forma como filho convive com ele. É a mesma dor que sente aquele que não está satisfeito com a profissão que escolheu.

Todas são a mesma dor.

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Não valorize tanto a sua dor

Participante: isso ajuda você a ser solidário com as outras pessoas.

Sim, ajuda neste ponto, mas também ajuda em outro aspecto: a não valorizar tanto a sua dor.

As pessoas que, por exemplo, o filho não liga para elas, acha que a dor delas é muito mais forte do que a sua que não quer agir de determinada forma.

Participante: elas dizem que os problemas dos outros são de fácil solução.

Isso. Dizem que basta apenas você se conter que não terá mais problema algum. Mas, a sua dor e a dos outros é a mesma. Pior: elas possuem a mesma intensidade.

Afirmo isso porque a dor não existe por conta da forma que o filho trata o pai, mas sim porque não aceita o que a vida lhe dá, o que ela apresenta. E, se não trabalha com a consciência que estamos conversando hoje, continuará vivendo o que a vida lhe apresentou agora a pouco: quando é o calcanhar de Aquiles é mais difícil conviver com o que a vida apesenta.

Isso é uma falácia, é uma ilusão. Não existe dor mais difícil de conviver, pois elas são todas as mesmas. Na verdade, foi a vida que apresentou a ideia de que aquela dor era muito forte, que este é um ponto nevrálgico e você engoliu isso, acreditou nesta história. Por causa desta crença acha que essa dor é especial, é fruto de um apego muito grande.

Tudo isso é ilusão. Na verdade foi a vida que lhe apresentou todas estas ideias e você aceitou. Esta dor que agora sente e que diz ser difícil de se libertar não é desse jeito. É tão fácil você libertar-se dela quanto livrar-se do sofrimento de não ter uma blusa nova.

Sabe aquelas dorezinhas com as quais já aprendeu a lidar? Esta que diz que é de importância maior não tem diferença alguma. A valorização da dor é criada pela vida e apresentada a você que a aceita.

Como a vida apresentou esta dor e disse que ela é a mais importante, a mais difícil de se libertar, você achou que isso é real e por isso não conseguiu se libertar dela.

Participante: realmente o que o senhor está falando nos ajuda a lidar com os nossos sofrimentos e com o dos outros.

Exatamente. Quantas pessoas você já não ouvi dizer que as suas dores são mais fortes do que a de outras pessoas. Isso é ilusão: a dor de todos por qualquer motivo é igual.

Sabe, acho que nenhum de vocês possui a capacidade de medir a dor que cada um sente. No entanto, mesmo assim não deixam de dizer que as suas dores são mais fortes e mais difíceis de se libertar do que a dos outros. Dizem que os outros sofrem por bobeiras, por questões menores e que as razões dele sofrer são muito mais fortes e por isso a sua dor é maior.

Está começando a entender o que estou falando? Não importa do que você reclame, só encontrará solução para os seus problemas quando começar a compreender a vida.

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preparar-se para viver

Tem uma coisa que falo a muito tempo. Vocês se preocupam e se ocupam muito com o preparar-se para a vida, mas não se preparam para vive-la. Se preparam para ganhar dinheiro, para ter um emprego melhor e mais rentável, mas não se preparam para viver a vida.

Dentro desta preparação para aprender a viver, a primeira coisa que vocês precisam fazer é entende-la. Entender o que é a vida e o que é você na vida. Entender como a vida acontece, os elementos vida.

Parece que é um trabalho gigantesco, mas não é, pois os elementos da vida na verdade são um só. Não importa a faceta que esteja sendo apresentada em um momento, tudo é apenas uma forma que a vida usa para lhe apresentar uma situação. Não importa o que seja, tudo que ela usa na apresentação é a própria vida.

Essa deveria ser a preparação para viver. Ela deveria começar pelo entendimento do que é a vida. Desde criança deveriam receber a orientação de que não são vocês que brincam, mas que o brincar é a própria vida que está acontecendo.

Os pais deveriam começar a ensinar os filhos desde criança, para que ele estivesse preparado para enfrentar o que a vida apresenta. Só que fazem ao contrário: começam a cobrar da criança ação na vida. Começam a cobrar que as crianças ajam e construam uma vida, quando a vida não se constrói.

Participação: é a humanização do espírito. Isso não tem jeito.

Concordo com você. Além do mais, não estou acusando ninguém porque sei que o fazer isso é a própria vida de cada um e não alguém que está fazendo. O problema não é ensinar as crianças dessa forma, mas achar que esta forma é a certa de agir.

O problema é só esse: ter certo e errado quando vive a vida. De ter conceitos de bonito e feio, dos pares de opostos. E o problema é achar que é você que constrói a vida. Esses são os dois únicos problemas. Um denota a sua completa ignorância sobre o que é a vida e o outro a sua capacidade de julgar a vida.

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A paz precisa de um trabalho específico

Viver desta forma é caminhar para o sofrimento. Sabe porquê? Porque a vida só tem sofrimento.

Participante: até o prazer é um sofrimento.

A vida não é construída para gerar paz, harmonia e felicidade.

Participante: sou eu que tenho construir essas coisas internamente.

Isso.

A vida não é construída come essas finalidades. Ela é construída para gerar o prazer e a dor só. Esse é outro aspecto que vocês precisam entender. Para quê? Para entender que você precisa trabalhar pela sua paz.

Participante: a paz não será apresentada pela vida. Sou eu que preciso construí-la.

Esse é que é o problema. Levado pela vida, ou seja, levado pela ideia que lhe é apresentada de que é capaz de receber a paz, não trabalha por ela.

Participante: fica numa passividade ...

Fica esperando que a vida lhe apresente aquilo que ela diz que vai lhe trazer paz. Acho melhor esperar sentado, porque ela não é construída para dar essa sensação.

Participante: o que a gente pensa é que o trabalho que devemos fazer para ter paz é no mundo material.

Sim, no sentido de mudar a vida para que a paz surja. Trabalhar no sentido de mudar a vida, mas essa presunção você já eliminou quando entendeu que a vida lhe é apresentada e não você que faz. A partir daí, o trabalho tem que passar a ser outro. Qual é ele? O de assistir a vida sem se envolver com o que ela cria.

A sua vida se apresenta com a ideia que isso que faz é errado, que não deveria agir dessa forma. Tudo isso é a vida se apresentando. Quando entende que é incapaz de agir na vida, automaticamente começa a procurar um novo trabalho. Qual é? De aprender a viver em paz o que a vida lhe apresenta.

Enquanto não entrar na realidade, ou seja, que a vida lhe é apresentada e que não tem a menor capacidade de ingerir nela, não faz o trabalho que tem que fazer. Aí vem a vida e lhe joga a ideia de que é capaz de se mudar: pare de agir do jeito que age, porque se parar terá paz.

Mesmo que isso aconteça, a vida encontra outro motivo para lhe tirar a paz. Isso porque ela não quer resolver o problema, porque ela não quer nem pode lhe dar a paz. Ela não é constituída para isso. Ela é gerada de tal forma que você tenha a oportunidade de fazer o seu trabalho. E o trabalho é esse: aprender a assistir a vida sem envolver-se com ela.

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Uma só vida

Isso vale para tudo e para todos. É por isso que dizemos que o universo é único, uno e estável. Não há a menor diferença entre a sua vida e a de qualquer um. A dor é a mesma, o processo de criação é o mesmo. Não importa qual sejam o nomes ou os papéis que ela utilize em cada coisa, o processo é só um.

O processo é único. Tanto faz em momento diferentes da sua vida ou da de qualquer um. Só muda o nome, o endereço.

Participante: nem temos que nos sentir especial por causa disso também.

Exato.

Participante: o engraçado é que materialmente ela se apresenta de uma forma e internamente ela sempre busca o contrário do que está acontecendo do lado de fora. Quem é baixo gostaria de ser alto e vice-versa, quem tem cabelo liso quer ondulado ...

Sim, porque ela não foi criada Para lhe dar paz. Por isso os dois mundos da vida, o da ação e o mental, são normalmente antagônicos para lhe dar a oportunidade de realizar o seu trabalho. Mas, eles também podem ser semelhantes.

No caso onde o mundo mental e o da ação se completam, isso não quer dizer que a vida está lhe dando a paz, mas sim o prazer. Novamente é ela lhe dando uma oportunidade de trabalho.

Participante: pensando agora, esse processo é impressionante e aplica-se à tudo na vida. Você tem uma namorada, que imagina gostar, mas a vida está de olho em outra mulher. Aí vem ela e começa a dizer que aquilo não deveria ter sido feito, que deveria ficar com ela. Nada disso está acontecendo ...

Exato. Tudo isso é só enredo do filme, que é a própria vida. É igual a samba de escola de samba: é tudo a mesma coisa. A batida é a mesma, as melodias são parecidas: só muda o enredo, o assunto.

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Não existe vida individual

Participante: certo, é tudo a mesma coisa.

E você vivendo como? De uma forma individual. Aí está outra coisa que vocês precisam mudar.

Não existe a sua vida. Você não tem uma vida só sua: ela é a mesma para todos.

Participante: se o universo é único, uno e estável, não podem haver diversas vidas mesmo.

Isso. Essa é a aplicação prática neste sentido da ideia de que o universo é uno, único e estável.

Em algo que seja uno e único, só pode existir uma coisa. Sendo assim, só pode existir uma vida que seja a mesma para todos. É uma única vida.

Participante: só muda o enredo.

Sim. É a única vida que é compartilhada por todos que possui as diversas histórias, os múltiplos enredos e papéis. Ou melhor: é a única vida que apresenta a ideia de existirem estas diferenciações. No fundo é tudo a mesma coisa, mas ela apresenta a cada ser uma ideia diferente o que faz com que cada um imagine ter uma vida individual.

Participante: se fizermos a analogia com a escola de samba, é como se fosse um desfile só, mas cada componente dessa escola tivesse uma determinada fantasia e dançasse de um determinado jeito. O desfile inteiro é um só, aquela escola de samba é uma só e conta apenas uma história, mas é composta por diversos componentes.

Perfeito.

Estamos falando de coisas que já comentamos há anos atrás. Paramos de falar nessas coisas dessa forma, mas elas sempre estiveram presentes em tudo o que comentamos.

Lembra quando eu disse que o universo é como um grande quebra cabeças onde as peças precisam se ajustar. Disse mais: que elas só tem valor quando estão juntas. Só que a o ser humano, a mente, acha que ele é uma peça tão importante que não precisa das outras. Imagina que ele por si só já representa o universo.

Então veja, estou voltando lá atrás, de onde nunca saí. Só porque não abordei mais esta questão com estas palavras, vocês acham que o assunto morreu. Isso não é verdade.

O universo é uno, é unidade. É por isso que no final da Bíblia Cristo diz assim: eu e Deus somos um. Ou seja, ela já alcançou a unidade com Deus.

Quem é Deus?

Participante: o universo.

Ele alcança a unidade com o todo.

Além disso, ele fala também: tudo já está feito. Isso quer dizer que quando se alcança a unidade, quando se vive a vida de uma forma não individual, se descobre que tudo está feito, que não há nada a ser feito. Para alcançar isso é preciso que saia do seu individualismo, da sua vida individualizada e se uma ao todo.

Participante: faz sentido. Todos os ensinamentos levam para este caminho, para esta forma de viver.

Começa a compreender onde está o seu problema? Começa a compreender que o fato de agir desta ou daquela maneira não é problema? Começa a entender que é a vida lhe apresentando a ação e a ideia de que ela é um problema? E que a sua ação não tem a menor diferença da de outras pessoas, que a vida diz serem certas, boas?

O que você faz, seja lá o que for, não tem a menor diferença com sentar na mesa e comer, dirigir um carro, passear, etc. Tudo isso é apenas a vida. A diferença entre as diversas ações está na ideia que a vida lhe passa sobre elas.

A ação certa ou errada, bonita ou feia, limpa ou suja, não tem a menor diferença. Tudo é vida. Nem o valor que se dá a elas também são diferentes. São apenas critérios que a vida lhe apresenta.

Tudo é apenas vida. É a vida se apresentando a cada um dentro de um enredo. Para ficar na analogia com o desfile da escola de samba, é como se você fosse um figurante que desfilasse em diversas alas. Em cada momento está vestido de uma fantasia desfilando em uma ala; no outro está fantasiado diferente e participando de outra. Só que não importa a ala nem a fantasia: tudo é o desfile de uma escola.

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Nada é importante

Saber disso é importante: porque? Porque tira o peso que a própria dá a determinadas criações. Retira a importância que ela atribui a determinadas coisas que lhe apresenta.

Nada é importante. A importância que se dá a determinados aspectos da vida é ela mesmo que cria e lhe apresenta.

Participante: todos os acontecimentos, por mais importantes e fundamentais que aparentam ser, tem a mesma importância das atividades chulas da vida.

Exatamente. Este é um aspecto importante para se ter consciência.

Estou dizendo isso porque você não vai vencer o problema de agir de determinada forma – não estou falando em vencer a ação, mas a ideia de que essa ou aquela ação são um problema – enquanto estiver vivendo com o peso que a vida dá ao que acontece.

A sua ação ser um problema é uma ideia que a vida está lhe apresentando. Ela não é um problema: só se torna porque a vida diz que é. Para fazer essa afirmação, ela cria uma escala de importância para as diversas ações que cria.

A escala de importância entre as diversas ações que a vida cria é feita por ela mesma. Mais: não segue lógica alguma. Para uns determinadas ações são consideradas como importantes, para outros essas não têm importância alguma. Ou seja, a vida joga com a escala de valores dependendo do trabalho que cada um precisa realizar.

Participante: o que o senhor está falando é certo. Digo isso porque o que faço às vezes parece um bicho de sete cabeças, mas às vezes não tem importância alguma.

Sim, porque ela joga com a importância que se atribui aos atos. Numa hora diz que aquilo é fundamental; noutra não dá a mínima importância. Faz isso justamente para que você se perca no trabalho que tem para fazer.

Em determinados momentos ela afirma que esta ação não tem problema algum. Como vive com a ideia de que é você que pensa, respira aliviado imaginando que conseguiu se libertar do problema, que a partir de agora está livre desse peso. Com isso se desarma. Você acha que fez, que venceu, que acabou com o problema.

Só que no momento seguinte ela volta a lhe apresentar o valor de problema para aquela ação. Pronto, você está de volta para o buraco.

Participante: isso. Às vezes é como se essa ideia nunca tivesse existido.

Isso pode acontecer com você porque está dentro da sua programação, dentro do seu enredo. Só que tem outras pessoas que ela não tira. Permanece angustiando o ser o tempo inteiro com o valor de errado.

Você, como disse, ainda consegue se libertar do valor que a vida dá aos atos algumas vezes, mas há pessoas que não conseguem a existência inteira. Esses, além de se amargurarem por fazer o fazem, ainda têm preconceito contra aqueles que fazem a mesma coisa. Por viverem presos ao valor que a vida apresenta, se criticam e acusam os outros. Na verdade, sofrem em dobro.

Meu maior problema

Eu sou o único sofredor

Participante: esses vivem um inferno.

Sim, vivem no inferno nesta vida.

Tem ainda outros que conseguem conviver com o problema. Eles recebem da vida a ação e o valor de errado, mas isso não se torna para eles um problema. Esses são poucos. A grande maioria vive no inferno.

Com relação à convivência com o valor de problema, quero acrescentar mais uma coisa: não se consegue ver quem vive desse ou daquele jeito. Há pessoas que podem viver com um sorriso no rosto, mas no seu íntimo estão vivendo o inferno. Por isso, não imagine que as pessoas não estão sofrendo.

É muito comum a vida lhe apresentar que você é um sofredor, um abandonado por Deus, uma vítima eterna. Imaginam-se os únicos sofredores deste mundo. Acham isso porque veem as pessoas com um sorriso nos outros. O que essas pessoas não veem é o mundo interno de cada um.

Internamente a pessoa pode estar vivendo um inferno astral, mas externamente não transparece isso. Viver desse modo não depende de ninguém, mas da vida. É ela que gera a aflição interna e que cria a postura externa. Portanto, não é mérito ou demérito, mas apenas criação da própria vida.

Isso é importante de se ter consciência. Porque? Para lhe ajudar a escapar do valor da sua dor.

A vida lhe dá a dor e ela lhe faz observar a postura externa dos outros. Além disso, lhe passa uma nova ideia: a de que todos são felizes, só você que não. Cuidado: você está prestes a cair num sofrimento maior. Quem se relaciona com a apresentação da vida desta forma, sofre com o seu problema, mas sofre muito mais por conta desta ideia que ela cria.

Você não é o único sofredor; todos sofrem. Por mais que uma pessoa não transpareça a sua dor, pode ter certeza que ela existe no mundo interno. Por isso, não imagine que apenas você está sofrendo.

Todos têm problemas, todos têm o seu inferno astral: isso não é privilégio seu. Tenha essa consciência para poder amenizar um pouco a sua dor.

Participante: nós somos nossos próprios algozes ...

Você está certo: é o seu próprio algoz. É isso?

Participante: sim ...

Não. A vida se apresenta como seu algoz. Achando que é, irá querer deixar de ser.

Tudo deve ser compreendido como a vida se apresentando. A sua única função é assistir ao que lhe é apresentado, sem se envolver com o que está acontecendo.

Portanto, assistir a vida se apresentando como seu algoz é vê-la fazer isso e não se sentir o seu próprio algoz.

Meu maior problema

A vida não pode lhe aprovar

Começando a entender o que estou dizendo?

Participante: estou começando a compreender.

Sem isso, você jamais terá paz. Sem essa noção da vida, dos acontecimentos, de como eles ocorrem, jamais terá paz nesta vida. Jamais ...

Participante: isso porque a vida jamais mudará. Ela sempre será a mesma coisa.

Não, ela se muda. Só que qualquer mudança que fizer ela sempre permanecerá fiel à sua própria essência.

Qual é a essência da vida? É estar sempre lhe dando motivos para chegar ao sofrimento. Essa é a essência da vida.

Participante: nesta sala de aula a matéria é sempre essa.

Essa é a sala de aula que vocês estão frequentando num ano letivo que já dura sete mil anos.

Participante: tomara que consigamos sair dela. Vamos ver de dessa vez conseguimos sair, se a vida se apresenta como sair.

Não, isso não depende da vida. Esta é a única coisa que você tem que fazer e que a vida não pode interferir.

A única coisa que a vida não pode fazer é lhe aprovar. Ela sempre continuará fiel à sua essência, mas só você pode alcançar a aprovação nesse ano letivo. Ela não pode interferir em nada: nem na aprovação nem na reprovação.

A vida não pode lhe aprovar. É você que precisa alcançar isso. Como? Aprendendo a assistir ao que ela cria sem envolver-se emocionalmente com essas criações. A vida não pode lhe reprovar. É você que se reprova. Como? Envolvendo-se emocionalmente com as criações da vida, ou seja, sofrendo quando ela lhe apresenta o sofrimento.

Em O Livro dos Espíritos há uma resposta do Espírito da Verdade que retrata muito bem isso:

“258a Não é Deus, então, quem lhe impõe as tribulações da vida como castigo? Nada ocorre sem a permissão de Deus, porquanto foi Deus quem estabeleceu todas as leis que regem o Universo. Ide agora perguntar porque decretou ele esta lei e não aquela. Dando ao Espírito a liberdade de escolher, Deus lhe deixa a inteira responsabilidade de seus atos e das consequências que estes tiverem. Nada lhe estorva o futuro; abertos se lhe acham, assim, o caminho do bem, como o do mal. Se vier a sucumbir, restar-lhe-á a consolação de que nem tudo se lhe acabou e que a bondade divina lhe concede a liberdade de recomeçar o que foi mal feito. Demais, cumpre se distinga o que é obra da vontade de Deus do que o é da do home. Se um perigo vos ameaça, não fostes vós quem o criou e sim Deus. Vosso, porém, foi o desejo de a ele vos expordes, por haverdes visto nisso um meio de progredires, e Deus o permitiu”.

Se um perigo vos ameaça, ou seja, se existe uma proposição de sofrimento, isso é obra de Deus, mas Ele só o criou porque você decidiu desejou se expor a ele, porque viu nisso uma oportunidade de progressão. Deus o gerou e lhe deu a capacidade de escolher, ou seja, o livre arbítrio entre o bem e o mal. Agora é sua a responsabilidade pela escolha. É por causa dessa liberdade que a vida não pode lhe aprovar ou desaprovar.

É por conta dessa função da vida que ela jamais poderá mudar na sua essência. Isso ela não pode mudar. Pode alterar a história, pode mudar os personagens, mas fugir dessa essência ela não pode, porque é o instrumento que Deus criou para que você possa utilizar o seu livre arbítrio.

Meu maior problema

Desconfie das mudanças da vida

Agora, lhe dou um conselho: quando a vida se apresentar com uma história diferente, desconfie.

Participante: é uma pegadinha.

Não se envolva no que ela criar com histórias diferentes, pois está apenas trabalhando, ou seja, criando uma história diferente, mas a essência continua a mesma. Vou lhe contar um caso verídico para ilustrar o que estou dizendo.

Recebi uma vez uma pessoa de nosso grupo que era casada, mas que naquele momento a vida lhe tinha sido apresentada como estando apaixonado por outra pessoa. Ela me dizia que estava amando duas pessoas, mas que o fazia universalmente. Para confirmar o que dizia afirmava que amava as duas sem posse.

Eu disse: você acha que amar universalmente é causar dor a outra pessoa? Sim, isso estava acontecendo porque ele estava causando dor a pelo menos uma das pessoas.

Participante: na verdade essa pessoa estava sendo egoísta.

Exatamente. Ela estava sendo egoísta porque estava pensando apenas nela mesma, apenas no seu próprio interesse e não via o que estava causando aos outros. Só que achava que estava amando universalmente.

Então, lhe disse: você não vê que é a sua mente lhe dizendo que está amando dessa forma? Repare que não há amor universal porque o único beneficiário desta situação é você. A sua mente está lhe dizendo isso e você está acreditando, mas não está amando dessa forma.

Portanto, por mais tempo que você me ouça, por mais que imagine entender os ensinamentos, desconfie de tudo que lhe for apresentado. Você não compreende nada, não pensa nada, não sabe de nada. Quem faz tudo isso é a vida. Ela cria e lhe apresenta. Vindo da mente, não acredite em nada.

Uma observação. Neste momento usei a palavra mente como gerador da ideia ao invés de vida, como estava fazendo. Isso não tem problema nenhum. A vida lhe é apresentada através de processos mentais. Por isso, tanto faz eu falar em mente ou vida, estou me referindo a quem cria o que você imagina estar vivendo e lhe apresenta.

Participante: eu também já passei por situações parecidas com a que o senhor falou. Já imaginei estar apaixonado e achar que aquela relação era a coisa mais importante para mim, que era essencial para minha vida. Depois vim descobrir que não era bem assim.

Tudo que você pensa é apenas a mente falando, nada mais do que isso. A importância que ela dá às coisas só tem a ver com a sua provação e não com a realidade. São muitas as coisas que ela cria e dá um valor profundo, para logo depois ela mesmo esquecer aquele assunto ou das uma importância menor.

Agora, se isso acontecer com você, não acredite no que ela está dizendo. Muitas vezes a vida pode parecer esquecer algo que considerava muito importante e depois se lembrar daquilo. Se você no primeiro momento achar que o assunto já foi superado, quando ela apresentar novamente pode sofrer. Por isso estou dando o conselho: se a vida mudar, não confie nisso. Pode ser que ela retorne à forma como estava antes.

Meu maior problema

Libertando-se do problema

A partir de tudo o que falamos você tem uma nova forma de lidar com o problema que me apresentou. Qual é essa nova forma.

Participante: assistir a vida acontecer ...

E ...

Participante: não me identificar com o que ela está apresentando.

Não se envolver com nada que ela crie, seja no processo mental ou no físico. É o famoso ‘e daí’?

‘Eu ajo dessa forma. E daí, qual é o problema. Dane-se a minha forma de agir’. É só isso que você precisa fazer para acabar com os problemas que imagina ter.

Participante: muitas vezes o difícil é reagir dessa forma. Entendeu?

Sim, estou entendendo a sua dúvida e estou tentando responder exatamente dentro das palavras que a sua vida usou para lhe apresentar o problema. Estou tentando jogar com você um jogo de cartas mais abertas possível. Algumas coisas não posso falar ainda, mas estou tentando ser o mais claro possível.

O problema que você vive é causado pela sua vida que se apresenta de uma forma determinada, diz que isso é uma coisa errada, feia, e você se envolve com tudo isso. Neste momento, você passa a achar o mesmo que a vida disse.

A partir disso estou lhe falando que a saída é: quando ela lhe apresentar esta ação, quando ela apresentar a culpa ou o errado, dizer, dane-se. Você não pode negar a sua forma de agir. Não é algo que queira fazer, não é algo que crie, que faz questão de fazer, mas que até gostaria de fazer, mas que é mais forte do que você. É algo que quando você vê está fazendo.

Participante: é aquela história dos ensinamentos dos mestres: afasta de mim este cálice, mas se não for possível que seja feita a vossa vontade.

Não aceite a importância que a vida está dando a esse assunto. Onde está o problema? Você não é o único a agir dessa forma e, mesmo que fosse, qual o problema. Todos são diferentes, por isso podem agir de formas diferentes.

Participante: agir dessa forma faz parte de mim. Tem uma parte minha que age dessa maneira. No entanto tem outra que já pensa diferente. É estranho observar a vida se apresentando ...

Sim, a apresentação da vida é estranha, mas ela é dessa forma para poder lhe atazanar mais ainda. Lembre-se que o que ela quer é lhe colocar à prova.

Participante: realmente não tem lógica nenhuma.

Meu maior problema

A vida é um espelho do espírito

Só que para chegar a esse dane-se, tem outra coisa, que também faz parte da vida e que você precisa estar atento: as regras morais da sociedade.

Veja que a vida é tão sacana que não contente em lhe dar sofrimentos fundamentados em ideias individuais, ela usa de argumentos societários para justificar o que está lhe dando. Neste ponto, você precisa entender que esses argumentos societários não são verdadeiros: são apenas um argumento da vida para lhe fazer aceitar o sofrimento.

Participante: para justificar os valores que dá ao que está apresentando.

Apenas para reforçar a ideia de que você está errado. Se não entender esta questão e se prender a esses argumentos, não conseguirá fazer o trabalho do mandar se danar o que faz.

No início falei das quatro âncoras. Disse que a vida trabalha a partir da vontade ganhar, por exemplo. Está certo isso?

Participante: sim

Não. A mente não quer ganhar: ela quer lhe prender.

Querer ganhar é querer ser melhor, ter mais do que o outro, ser o bonzão. A vida não tem essa vontade. Ela só não aceita ser pior do que os outros. Só o fato de não ser pior do que o outro, para ela isso é uma vitória.

É dessa forma que ela foi constituída, pois a provação do espírito está diretamente ligada à posição deste ser no universo. Você é um espírito dentro de um mundo de provas e expiações. Isso quer dizer que é um ser que ainda possui individualismo, egoísmo. Por isso a sua vida também o é.

Na verdade, quando ela lhe propõe não aceitar ser pior do que o outro, a ter menos que o próximo, está explorando que você possui, uma forma de viver que cultua. Faz isso para que vença suas próprias imperfeições.

Por isso, ela possui este padrão de ação. A vida explora o querer ganhar, o não perder, porque isso faz parte da sua provação. Ela age o tempo inteiro usando deste argumento. Em qualquer situação que lhe for apresentada, por trás das criações mentais, a vida vai estar jogando com a intenção de ganhar ou de ter medo de perder.

Não é apenas num momento que ela funciona assim. Ela sempre usa este argumento. Não importa qual seja o problema que qualquer humanizado tenha, ele nasce da intenção de querer ganhar. Se não houvesse essa intenção, a ação seria a mesma, mas não haveria o sofrimento.

Não importa qual seja a situação, este desejo está presenta na criação mental que a vida lhes apresenta. Mesmo que ela esteja no inconsciente, está por trás da criação mental, argumenta a ideia.

Portanto, a vida sempre joga com isso. Foi o que lhe disse no início. Perguntei porque você acha que agir da forma que age é errado? Porque a sociedade considera dessa forma. A partir daí, você estará sujeito a ser julgado pelos outros e isso, para você que não quer perder, é uma derrota.

A ideia de ser considerado como errado e por isso sofrer uma derrota, está presente em todos os problemas que vocês vivem. De uma forma indireta, inconsciente, mas está. E você precisa saber que este anseio está presente naquele momento, porque senão não conseguir dizer o dane-se que vai libertá-lo do sofrimento.

Por isso é preciso viver internamente com a consciência de que aquele pensamento está querendo lhe fazer ganhar algo. Só assim o seu dane-se poderá ter valor. Se ele não for dito com a consciência de que com ele vai perder e que isso não importa, será apenas um paliativo e com a perda, o sofrimento será vivido. Para poder fazer isso com segurança, precisa compreender que o que a vida fala que os outros pensam não é verdade.

Meu maior problema

O julgamento dos outros

Já que estamos falando do julgamento dos outros, deixe-me fazer uma pergunta. Você já perguntou a alguém o que acha da ação que você pratica e não gosta?

Participante: não.

Então, como é que sabe que eles vão lhe julgar? Muitos praticam o mesmo ato que você e são até louvados por causa disso. Aceitam o que fazem sem problema algum sem nenhum constrangimento e são aceitos pela sociedade.

A vida está aí para provar isso. Só que a vida não lhe lembra desses casos. Ela sempre lhe lembrará que agir desta forma é errado e feio. Dirá que será julgado pelos seus pares, que será discriminado, criticado, que vai perder.

Portanto, esse dane-se seguro depende de estar consciente que a vida está trabalhando uma derrota que não é real. É apenas uma possibilidade, uma probabilidade. Pode ser que se você não ligar para os outros – ninguém sabe o que a vida ainda reserva, não é mesmo? – e que não perca nada. Que nenhum amigo o abandone, que ninguém lhe julgue, lhe vire as costas. Isso pode acontecer. Já aconteceu com muitos.

Só que ela não deixa ver isso. É você que precisa se lembrar disso para poder viver o dane-se de uma maneira convicta. Se não viver este artifício com convicção num momento, a vida dará uma volta e retornará ao mesmo ponto. Só que desta vez aumentará o valor que aplicará à ação. Fará isso porque a função dela é lhe testar ao máximo possível para ver se realmente você aprendeu a não ter medo de perder. Ela pode mudar o enredo, mas continuará sempre trabalhando a questão do medo de perder, da vontade de ganhar.

Meu maior problema

A vida cria os outros

Estes são dois aspectos que você precisa tornar-se consciente do viver para poder acabar com seus problemas. Primeiro é preciso compreender a vida, o viver a vida. Depois disso é preciso compreender que tudo que ela fala dos outros são apenas argumentos para lhe prender ao individualismo.

O momento que dou mais gargalhada é quando alguém me diz que sabe os motivos pelos quais os outros, que conhece a intenção das outras pessoas. Como se fossem capazes de ler pensamentos.

Participante: ainda não ...

Não, mas vocês imaginam que sim.

Se veem uma pessoa na rua fazendo uma coisa, vivem uma análise completa da ação que está sendo praticada. Podem nem conhecer a pessoa, mas com certeza acham que sabem com certeza absoluta o que a pessoa está fazendo e para que pratica aquela ação. Agem como se fosse a vida de vocês, como se fossem vocês que estivessem praticando a ação.

Esta é outra propriedade da vida. Ela lhe apresenta a sua vivência, mas também apresenta a dos outros. Não sei se lembra, mas que já disse que não existe um mundo fora. Todos estão dentro de você. Porque todos estão dentro de você?

Você convive com as pessoas da sua família, do seu trabalho, das suas comunidades, com os seus amigos. Isso é certo?

Participante: sim.

Não. Você não convive mais ninguém, a não ser a sua própria vida. Se ela é aquilo que lhe é apresentado, onde estão as outras pessoas que interage?

Participante: na minha cabeça ...

Na sua vida.

Participante: elas também me são apresentadas.

Isso.

Sabe quem são seus amigos? São criações da vida que ela usa para lhe apresentar algumas ações.

As pessoas com quem você imagina que interage não são independentes para fazerem o que querem na sua vida. Estou falando isso porque você acha que quando está com outras pessoas cada ser está vivendo a sua vida separadamente. Isso é real?

Participante: acho que sim.

Sim, cada um está vivendo a sua vida separadamente, mas na vida de cada um está o outro.

Participante: o senhor está falando isso porque o outro que está na minha vida não é exatamente aquele que eu penso que é.

Esqueça isso. Não interessa. O que interessa não é se ele existe isoladamente ou não. O que precisa entender é que ele é algo que lhe é apresentado pela sua vida e não um agente que pratica ações na sua vida. Ele é mais um elemento que a sua vida lhe apresenta.

Você não fala com outras pessoas: a conversa é mais um elemento que a sua vida lhe apresenta. Isso vale tanto para o que você diz quanto para o que o outro fala. A sua vida é aquela conversa e a do outro apresenta a ele a mesma conversa. Ou melhor, apresenta a interpretação que ela dá àquela conversa.

Isso é fundamental ter consciência para libertar-se do medo de perder. Porque? Porque achando que os outros são independentes e por isso imagina que eles ganharão de você. Não, eles não são independentes e nunca ganharão nada que é seu.

Eles não são independentes: foram criados pela sua vida. Por isso, numa situação ninguém ganhará e ninguém perderá nada. Sem ter esta consciência não conseguirá viver o dane-se convictamente. Sempre ficará se defendendo dos outros. Aí não adianta se separar da vida, entender que é a vida que está fazendo, porque ela vai lhe apresentar que o outro está ganhando alguma coisa e você acreditará que isso é real.

Acreditará que o outro irá reagir de tal forma, que ele acabará fazendo alguma coisa, que amanhã ele pode se vingar. Entendeu agora?

Esses são os aspectos que você e todo e qualquer ser humano precisa ter para alcançar a paz: entender a vida e saber que é ela que cria os outros. Como disse, cada um tem a sua vida, mas a sua lhe apresenta tanto você como os outros e a do outro apresenta a ele tudo o que está na existência dele. Os outros são um elemento da sua vida; na deles, você é mais um elemento.

Meu maior problema

Mereça conviver universalmente

Participante: isso vale para o universo inteiro ou só para nós?

Isso acontece dessa forma só no mundo material, no mundo de maya.

Participante: então é melhor se relacionar com os outros no mundo universal.

Também acho, mas só que para se relacionar neste mundo tem que sair daqui. Para isso tem que aprender a conviver com a vida sem se deixar levar pelas ilusões que ela cria. Ou seja, se libertar da sua mente que gera um maya.

Participante: não entendi.

Veja, a sua mente humana é egoísta. Porque ela é assim? Porque esta é a sua atual posição no mundo espiritual. A prova que vem fazer aqui está vinculada a sua atual posição no mundo espiritual. Se não fosse assim, não precisava fazer prova.

Se você não fosse na essência egoísta, para que fazer uma prova sobre este assunto. Para que precisaria se ligar à uma mente egoísta? Você liga-se a uma mente que contém esta caraterística para poder vencer o egoísmo e com isso voltar a sua mente primária sem ser assim.

Para falar a verdade, você só aceita o egoísmo que a sua mente humana propõe porque primariamente é egoísta. Sei que hoje já falamos disso, mas nunca é demais repetir, não é mesmo

Então sim, é muito melhor o convívio dentro do universo, dentro da forma de se conviver universalmente, só que se hoje fosse para lá, não seria. É o que sempre disse: não existem lugares bloqueados, fechados, interditados no universo. Mas, se fosse, você não se adaptaria, não gostaria. Porque? Porque não se satisfaria.

O estar lá não atenderia os seus anseios, aquilo que quer. Como lá não existe o anseio de ganhar, você não teria as disputas que precisa para satisfazer o seu egoísmo e com isso não se adaptaria a este mundo.

Participante: é a mesma coisa do senhor para um espírito que está mais próximo de Deus?

Sim. Podem ser motivos diferentes, mas ainda há em mim coisas que não me deixariam conviver satisfatoriamente com espíritos mais puros.

Participante: sabe que é melhor, mas não consegue viver lá porque ainda sente falta de alguma coisa.

Exatamente.

É o que a literatura espírita fala. Ela conta casos onde os socorristas vão ao umbral e trazem as pessoas para a cidade espiritual. Num primeiro momento elas ficam felizes porque saíram do sofrimento, da agonia e estão vivendo num lugar cheio de luz. Só que daqui a pouco esses espíritos dão no pé. Isso porque aquele ambiente não lhes atrai.

É a mesma coisa de pegar uma pessoa que está acostumado a dançar funk e levar para ouvir uma orquestra sinfônica. Ela poderá ir até por educação, já que você a convidou, mas certamente não ficará até o fim. Inventará uma desculpa e sairá.

Então, veja, não adianta você admirar a convivência no universo: prepare-se para viver lá. Torne-se apto à conviver universalmente. Porque na hora que tiver esta adaptação automaticamente abandonará o mundo dos devas.

Você só vive num mundo de espíritos humanizados, tanto encarnado como não, porque nele existem as coisas que gosta. Porque lá a convivência é a mesma daqui. É mulher com ciúme de marido, é uma pessoa querendo ser melhor do que a outra, é espírito querendo ter mais luz, assumir cargos importantes, cumprir missões de destaque. É a mesma coisa.

Participante: lá se tem as mesmas conversas que o senhor tem conosco aqui?

Sim, igual aqui. Os mentores conversam com aqueles que pretendem encarna da mesma forma que eu converso com vocês aqui. Não se esqueça que eles estão vendo como vocês interagem com a vida e com isso aprendendo para não repetir quando encarnarem. Só que aí vem o véu do esquecimento e se o ensinamento não estiver realmente enraizado, se não tiver provocado uma mudança no íntimo, falham.

Eu diria que vocês ao mesmo tempo em que vivem as suas encarnações estão servindo como rato de laboratório para aqueles que ainda vão encarnar. Isso porque como ensina O Livro dos Espíritos, os seres no universo ficam observando a forma como agem para poderem aprender.

Uma vez uma pessoa me perguntou se ele poderia convidar um espírito desencarnado para participar das conversas. Eu disse que mesmo que ele pudesse fazer isso, como ele poderia saber se este ser veio ou não? Vocês não veem espíritos, como poderia ele saber se o convite foi recebido ou não?

Agora, será que você teria a capacidade de convidar um espírito eu Deus acha que não merece estar aqui? Claro que não. E se Deus achasse que um ser desencarnado mereceria estar aqui, você acha que seria necessário que você o convidasse?

Participante: a mesma coisa acontece conosco. Ouvimos o senhor e logo queremos convidar pessoas para lhe escutar.

Isso é o que acontece nos centros espíritas. O palestrante está lá na frente fazendo uma palestra dizendo o que é necessário fazer para se alcançar a elevação espiritual e na plateia uma pessoa cutuca o amigo e diz: ‘fulano deveria estar aqui para ouvir isso’.

As pessoas estão sempre julgando o outro, mesmo quando são incitadas a amar. Se o outro não está presente é porque não é ele que precisa; mas se você está, precisa. O que está sendo dito é direcionado para aquela pessoa. Se não ela não iria. Mas não: todos que vão ao centro imaginam que são capazes de fazer tudo certo e os outros é que precisam ainda ouvir conselhos de como agir.

Participante: não falei neste sentido. Estou falando da conversa que o senhor tem com os espíritos desencarnados. Estou querendo saber se eles possuem o mesmo problema que o meu.

Eles possuem o mesmo problema que você na essência. Não no ato, na movimentação física, mas na essência. Isso porque o seu problema e o deles é a não aceitação daquilo que vive. Esse problema existe para os seres que vivem na carne ou fora dela. Ao não aceitar o que vivencia, o ser, preso ao maya carnal ou ao do mundo dos devas, tem um problema.

Participante: deve ter muitos espíritos fora da carne aqui e acho que nunca vai parar de ter.

Sim, porque Deus nunca para de gerar espíritos.

Meu maior problema

Comparando com o que está por vir

Participante: é trabalho demais, mas deve ser tão bom ...

Sabe o que é bom, sabe o é gostoso neste trabalho? É quando se consegue vislumbrar o que é esta vida.

Já teve muitas vezes que fala assim: se pudesse pedir alguma coisa a Deus, pediria que vocês tivessem um vislumbre num segundo da vida que falo. Vocês não têm a menor ideia. Você não consegue conceber – é a sua vida que lhe apresenta a concepção ou não – o que é viver sem problemas.

Esta questão do vislumbrar o que está por vir quando se realiza o trabalho da encarnação que o Espírito da Verdade fala assim:

“Sob a influência das ideias carnais, o homem, na Terra, só vê das provas o lado penoso. Tal a razão de lhe parecer natural sejam escolhidas as que, do seu ponto de vista, podem coexistir com os gozos materiais. Na vida espiritual, porém, compara esses gozos fugazes e grosseiros com a inalterável felicidade que lhe é dado entrever e desde logo nenhuma impressão mais lhe causam os passageiros sofrimentos terrenos”. (O Livro dos Espíritos – pergunta 266)

Participante: não foram muitas vezes, mas algumas eu consegui sentir. Andava pela rua me sentido em paz sem razão alguma.

É esse vislumbre dessa liberdade de ser, estar e fazer a coisa que nós estamos mostrando o caminho para se conseguir. Quando consegue sentir isso e lembrar-se do sentiu, sabe o que está perdendo. E se a sua mente trabalha com o medo de perder, eis aí uma grande ideia que pode trabalhar.

O vislumbre da sensação que vive aquele que está liberto do mundo de maya e só ele pode ser o motor para lhe levar a fazer qualquer trabalho no sentido da elevação espiritual. Sem a sensação de se viver a vida em paz, em harmonia, liberto do que a vida apresenta, não se faz nada. Estará preocupado com o que os outros vão falar, em como é que será tratado, com o que todo mundo vai dizer.

Participante: isso não é só para o meu problema, mas serve para tudo na vida.

Sim, serve para tudo.

Sabe é preciso ter esse vislumbre e a partir dele dizer: ‘chega, eu não quero mais essa vida para mim. Eu não quero mais isso’. Enquanto não chegar neste ponto ficará discutindo se o fumo mata ou não, se a homossexualidade é amoral, um desvio de comportamento, ou não, se o corrupto está cometendo um crime nas leis de Deus ou não, se usar tóxico é certo ou não, se estuprar ou matar é um crime.

Meu maior problema

A mudança tem que ser de cima para baixo

Participante: essas discussões não mudam nada.

Nada. Essas discussões têm mais de sete mil anos e durante este tempo todo estas coisas aconteceram. Nunca houve um tempo onde alguém deixou de ser estuprado, de haver assassinatos, de haver homossexuais, sempre houve um entorpecente para ser usado como tóxico e sempre alguém se aproveitou de um bem público em benefício próprio.

Sei para vocês certas discussões são acirradas, mas elas não levam a lugar nenhum. Hoje existem os tóxicos sintéticos, antes não existia, mas haviam outros elementos que produziam os mesmos efeitos. Antes dos espanhóis chegarem por aqui os índios já usavam a folha da coca como alucinante. Muito antes de inventarem o termo corrupção, pessoas se aproveitavam de sua posição para poder conseguir ganhar algo indevido.

Compreenda a questão das coisas sempre terem existido e estenda para outros aspectos da sua vida. Você não é o primeiro nem o último a viver o problema que vive. Por isso, não adianta ficar se discutindo se está certo ou não.

O que vocês estão precisando é de uma revolução de base, de mudar de cima para baixo, do mundo espiritual para o humano, e não ficar tentando resolver as coisas por aqui. É preciso mudar a raiz da vida, a forma de viver, e não mudar a ela.

É isso que precisa ser feito e por isso tenho batalhado pela existência de uma faculdade de vida que mude estes pontos. É preciso que haja um novo ensinamento que mude a base do viver, que mude o sistema de vivência da vida e não o ato.

Mudar o ato, ninguém consegue. A lei que diz que não se deve matar é muito antiga, mas nem ´por isso surtiu algum efeito. Todo dia alguém é morto. Sempre foi assim e nunca deixou de ser. Assassinatos não são novidades, coisas novas. Sempre houve. Desde que o mundo é mundo pessoas foram assassinadas.

Meu maior problema

Caminhos da vida

Você me falou de apenas um problema. Certamente tem outros na vida. Quer falar sobre mais algum?

Participante: sim, quero. Outra coisa que se repete na vida é que muitas vezes quanto estou com uma pessoa, aparece a ideia de gostar de outra e querer trocar. Isso é rotineiro. Estou com uma pessoa e aí a vida apresenta uma série de razões para que eu mude de companhia e eu fico sem saber que caminho tomar. A vida vem sempre apresentando diversos caminhos e a gente fica sem saber qual tomar.

Porque vocês vivem dilemas entre os vários caminhos que a vida apresenta?

Participante: porque achamos que podemos agir na vida.

Não. Porque você não sabe com quem fica? Porque tem medo de escolher errado. ‘Vai que eu largo aquela pessoa e fico com essa aqui e ela me deixa, ou então não me trata com tanto carinho? Vai que deixo aquela pessoa e essa não continua sendo a pessoa que aparenta ser agora’. Ou seja, tem medo de perder.

Estamos falando da mesma coisa do problema anterior. O assunto pode parecer diferente, mas o medo de perder é o mesmo.

Quem fica com uma pessoa?

Participante: a vida. Ela se apresenta como ficando.

A vida é o ficar. Portanto, deixe-a ficar com quem ela quiser. Se ela lhe dá a dúvida, o que deve responder a ela? Dane-se. Com quem a sua vida ficará? Com quem ela quiser. Então, deixa ela ficar, deixe ela escolher o caminho que tomará. Deixe a vida acontecer.

Um dia quando falei que não se deve comprometer com nada alguém me disse: ‘se eu não criasse compromissos – saber que tenho que pagar contas, que tenho que ir ao trabalho, que preciso comprar e fazer comida – nós não viveremos’. Respondi a essa pessoa: o problema é que vocês pensam que é você que vai marcar, cumprir e se lembrar dos compromissos. Não é você quem vive estas coisas: isso é vida.

É a vida que se apresenta com o pagar ou não uma conta, com o ir ou não ao trabalho. Apesar de ser ela que faz, a vida lhe dá, também, a ideia que é você quem está se lembrando de fazer. Por isso, você pensa que é quem faz, quando é ela quem está sendo.

Tanto o agir como a lembrança para agir é feito pela vida. Por isso, você deve entregar a ela o que é dela. Deixe ela se lembrar de pagar e realizar o pagamento da conta, se ela viver assim. Se não, se não se lembrar da necessidade do pagamento e não o fizer, compreenda que também foi ela que fez e não você. Tenha a certeza de que a ideia de estar compromissado com alguma coisa não vai lhe levar a pagar a conta, se assim a vida não for.

Portanto, a vida pode lhe dar a ideia que tomou determinada decisão. Quando ela fizer isso, não diga que foi você quem decidiu. Achando que foi você quem decidiu alguma coisa, ainda haverá o medo de perder por conta do que foi decidido. Isso depois que ela decidir, mas enquanto ela estiver dando a ideia da dúvida de com quem ficar, não se envolva nisso, pois será ela quem decidirá com quem ficar e não você. Não entre na agonia que mente criar por conta da dúvida.

Meu maior problema

Viver a vida é simples

Viu, a resolução de todos os problemas se dá da mesma forma. Pouco importa o rótulo que ele tenha, a solução é a mesma.

Participante: entendi, mas falei porque são coisas que me afligem.

Eu sei, não estou menosprezando seus problemas. É importante se falar deles para que lhe mostre claramente que todos estão fundamentados no mesmo aspecto.

Tudo que você chama de problema é rotulado desta forma por dois motivos. Primeiro porque acha que o que vai acontecer depende de uma ação sua. Segundo, porque tem medo de, indo por um caminho ou por outro, de alguma forma perca.

Participante: tudo resume nisso ...

Exatamente.

Quando colocar para si mesmo a ideia de que não faz nada, mas a vida que se apresenta e que não há como se perder nada, não terá mais problema. Por isso, viverá em paz, terá harmonia com a sua vida.

Participante: então, não está longe ...

Eu diria que não. Para isso basta parar de procurar soluções para os seus problemas. Existe um ditado popular no mundo de vocês que diz que se algo não tem solução, solucionado está. Não é isso que acontece quando você, ao invés de tentar agir, espera a vida tornar-se a ação?

Participante: é tão simples ...

Este é o aspecto que queria chegar: é simples demais. Só que a vida lhe diz que você é um ser inteligente, que é capaz de raciocinar, capaz de realizar as coisas mais complexas. Por dizer isso, ela também lhe afirma que a solução tem que ser difícil. Porque se não for, você não provará a sua capacidade de ser inteligente.

A solução de um problema é sempre aparentemente difícil. A vida faz assim para que você viva a ideia de que precisa pensar muito, refletir bastante para solucioná-lo. Só assim você será reconhecido e elogiado como uma pessoa capaz de lidar com a vida. Acontece que são as pessoas mais simples que possuem a capacidade de melhor lidar com a vida.

Os grandes pensadores, aqueles que se acham preparados para analisar profundamente a vida, normalmente sofre. No entanto, os simples, aqueles que não se acham preparados para pensar ou questionar a vida, esses conseguem atingir a paz e a felicidade.

Aqueles que vivem de uma forma mais simples, que aproveitam quando a vida lhes atende o desejo e não sofre quando isso não acontece, são os verdadeiros sábios. Mas a vida humana diz que não. Ela afirma que você precisa fazer um trabalho de análise profunda para se libertar do problema. Mentira: não precisa de nada para isso; só de simplicidade.

O que precisa é viver o que a vida apresenta sem aceitar o que ela fala sobre o que está lhe apresentando. Só isso.

Sendo sábio, querendo saber viver a vida, se ela for determinada pessoa estar ao seu lado, tenha a certeza de que isso será acompanhado por diversos questionamentos. Porque é essa a pessoa que está o meu lado e não a outra? O que a vida quer de mim me colocando ao lado dela? O que a essa pessoa espera de mim? Será que ficarei muito tempo com ela?

Esqueça tudo isso. Exatamente por viver estes questionamentos como realidades é que vive o que poderia lhe dar satisfação como um problema. Ao invés de curtir o momento que está tendo, a vida que está acontecendo, vivencia um problema. Aplicando a ideia de que a vida vive ela mesmo, o problema acaba e se pode, então, curtir o momento.

‘Porque essa pessoa está ao meu lado e não de outra pessoa? Porque a vida a colocou aqui. O que a vida quer de mim me colocando ao lado dela? Que eu apenas viva este momento. O que essa pessoa espera de mim? O que a vida dela lhe disser para esperar. Como eu não sei o que a vida dela lhe diz, não vou me preocupar com isso. Será que ficarei muito tempo com ela? Só a vida pode dizer’. Pronto, todas as questões respondidas ...

É isso: simplicidade no lidar com a vida, simplicidade no viver. Por isso Cristo disse que Deus mostra ao simples o que esconde dos sábios. O sábio vive em agonia porque acha que ele administra a vida. Considera-se um sábio porque tem sabedoria para administrar a vida, mas só que vive eternamente tendo problemas que são causados não pelo que está acontecendo, mas por conta da administração que imagina ter. A vida bem vivida é aquela onde existe a simplicidade de se viver o que está acontecendo sem ingerência alguma.

Sim, viver é algo muito simples e por causa disso é que a sua mente não lhe leva a fazer automaticamente. É preciso que esteja atento o tempo inteiro para poder simplificar a vivência da vida. Por isso Cristo também ensina: os passarinhos têm seus ninhos, as raposas suas tocas, mas o homem não tem onde descansar sua cabeça. É preciso estar atento vinte e quatro horas por dia para não deixar a complexidade da vida lhe gerar problemas.

Meu maior problema

Há uma outra vida

Participante: tenho a impressão que as pessoas conseguem sair mais fortalecidas dos problemas da vida, mas eu sempre sinto que não saio deles com mais capacidade para não sofrer.

Isso não é real. Toda vivência gera uma experiência que o torna mais forte para a próxima. A ideia que você tem é apenas uma criação da sua vida para que você não se sinta preparado para o próximo problema. Não é você que não sai mais preparado, mas a vida que lhe passa esta ideia. Portanto, não espere sair mais ou menos fortalecido: deixe ela se sentir como quiser. Saindo de um problema como sair, esteja em paz.

Como disse, é simples, mas para viver esta simplicidade é preciso que se lembre que a vida vive ela mesmo. Para se lembrar disso, é preciso que desligue o piloto automático. Deixar de viver a vida subordinado àquilo que ela criar.

Participante: isso é difícil porque parece que as situações são criadas sobre medida para que você acabe sofrendo.

Sim, porque a vida dá a sensação de que tudo é real. Isso é dado pela força de maya. É ela que gera a sensação de que o que está acontecendo é a sua vida, quando não é. É a história que já contei onde Krishna e um seguidor estão no deserto.

Durante o passeio de Krishna com um seguidor no deserto, o sublime mestre disse que estava com sede. Seu acompanhante afastou-se e foi a um rio pegar água para o mestre. Chegando lá viu na outra margem uma aldeia onde uma bela mulher lavava roupa no rio. Apaixonou-se no primeiro momento por ela.

Por causa desta paixão atravessou o rio e quis cortejá-la. Só que como era praxe na aldeia, só pai poderia autorizar a formação do casal. Por isso, o seguidor de Krishna apresentou-se ao pai dela pedindo autorização. Este lhe disse que dava, mas depois que o homem provasse o seu valor.

Para isso, foi trabalhar na lavoura da aldeia. Trabalhou com muito afinco durante duas plantações e colheitas. Trabalhou tão bem que o pai lhe deu autorização para o casamento. Viveu com essa mulher por bastante tempo. Teve dois filhos e quando eles já estavam crescidos houve uma enchente muito grande que arrasou a aldeia. Sua mulher e seus dois filhos, aqueles que o homem mais amava nessa vida, morreram no desastre.

Sofrendo, o homem ajoelhou-se ao lado do rio quando ouviu a voz de Krishna: eu ainda estou com sede. Tudo aquilo tinha acontecido, todos aqueles anos tinham passado não no mundo real. Foram ideias geradas pela vida daquele homem enquanto ele estava ajoelhado pegando a água para o sublime senhor. Tudo tinha sido só ideia, mas ganhara a força de realidade por conta da força de maya.

Isso é o que acontece com vocês. Todos os seres que imaginam-se aqui encarnados vivendo esta vida, na verdade encontram em seu próprio mundo vivendo a sua existência eterna. Enquanto isso acontece, há um mundo de ideias lhes sendo apresentada e que pela força de maya ganham o poder de se transformar em realidade.

Participante: mas, o achar que está aqui realmente parece muito real.

Sim, eu sei. Conheço o poder da força de maya. Krishna também sabe. Por isso, no início do Bhagavata Puranas diz assim:

Ó Uddhava, ó alma nobre, quando eu abandonar este mundo ele ficará privado de seu bem-estar e logo a seguir passará a ser dominado pelo espírito do mal, a deusa Kali, a destruidora e sustentadora da idade das trevas.

E tu também, Uddhava, tão logo abandones este mundo, não permaneças por aqui, porque os homens se entregarão ao mal na idade de Kali.

Superando o carinho que tens pelos parentes e amigos e renunciando a tudo, anda pelo mundo com um perceber equânime e fixa a tua mente completamente em Mim.

Tudo o que acreditas conhecer através dos ouvidos, dos olhos, da consciência egotista e discursiva, da palavra e tudo o mais, dá-te conta d que é uma ficção do pensamento, simples fantasmagorias, destinas, portanto, a perecer.

O homem que não vigia seus pensamentos cai no erro de acreditar na multiplicidade das coisas. A crena na pluralidade conduz às egoístas impressões de mérito e demérito. As diferenças que parecem existir nas ações, nas não ações e nas ações ruins só dizem respeito ao homem que pensa no mérito e demérito.

Portanto, controlando teus pensamentos e os sentidos que eles contaminam, observa a este mundo como se estendesse em teu próprio íntimo e encara o teu ser como descansando em Mim, o Senhor Supremo da Yoga e da mente.

Auto realizando-te, vivencia-Me e estando com a mente apaziguada pela realização do ser e sendo eu mesmo o ser de todos os seres com corpo aparente, que outros obstáculos poderão impedir-te?

Suplantando as noções de mérito e demérito, de bem e mal, o homem lúcido, tal como uma criança, desiste de cumprir as ações proibidas simplesmente porque não vê nelas nenhum mal e executa inclusive as ações prescritas, só que livre da impressão de que conduzem ao mérito.

Capítulo 1 – versículos 4 a 11.

Não é exatamente o que dissemos?

Participante: e nós não queremos sair ...

Meu maior problema

Nunca fiz a coisa certa

Participante: tudo o que o senhor falou, para mim não era totalmente desconhecido. Já li e ouvi esses mesmos conselhos tanto aqui como em outros lugares. Porque não fazemos a coisa certa?

Por que não fizeram. Mas, que importância tem isso? Ao invés de se lamentar por não ter feito o que lhe leva ao fim do sofrimento até hoje, passe a fazer agora.

Participante: acho que era importante passar pelo que passei também ...

Claro que sim, tanto que passou. O que você viveu até hoje não poderia ser diferente do que foi.