Ego (IPPB)
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Em conversa com amigos do Instituto de Pesquisas Projeciológicas e Bioenergéticas, Joaquim de Aruanda fala sobre o ego. Esta é uma das primeiras abordagens sobre esse assunto feita pelo amigo espiritual.

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Teorias não adiantam

Todos que estão aqui hoje certamente já frequentam esta ca-sa – esta palestra foi realizada no IPPB – INSTITUTO DE PESQUI-SAS PROJECIOLÓGICAS E BIOENERGÉTICAS em São Paulo/SP – em outros momentos e com certeza já viram o professor Wagner Borges falar da necessidade de se vencer o ego. Todos com certe-za já ouviram que estão aqui presentes já ouviram falar sobre isto e já estudaram o tema da vencer o ego.

Portanto, a minha pergunta para iniciarmos este trabalho é: o que é o ego? Veja, se vocês estão estudando para vencê-lo devem, pelo menos, saber o que é este elemento da vida carnal, não?

Resposta: O “eu ilusório”?

A resposta está certa, mas ainda está acadêmica demais. Como vamos combater o eu ilusório se nem sabemos o que é isso? Temos apenas definições e não compreensão sobre o assunto.

Na busca da reforma íntima há um caminho que não leva a lugar nenhum: o estudo acadêmico do processo de elevação. Estu-da-se muito para compreender este processo, mas como a maioria prende-se apenas em saber os conceitos sem entendê-los profun-damente, ficam presos à letra fria das palavras que todos os mes-tres condenaram.

Precisamos acabar com a discussão científica sobre espiritu-alidade, com a mania de criar teorias acadêmicas que não são co-locadas em prática. Discutir a espiritualidade no campo da ciência, no científico, acadêmico, filosófico apenas não leva a lugar ne-nhum. Precisamos começar a nos preocupar em debater profunda-mente a prática ao invés da teoria.

Espiritualidade precisa ser discutida no campo prático, na vi-da, não só na teoria, no filosófico. Se não compreendermos todo processo evolutivo como se processa no dia a dia da vida, só for-mamos teorias sobre espiritualidade e não promovemos a reforma íntima.

Portanto, sua resposta está certa, mas o que é este eu ilusó-rio na prática?

Resposta: O ego é uma pessoa que eu penso que sou.

Também está certa a sua resposta: o ego é uma pessoa que você pensa que é. Mas, que pessoa é esta que pensa que é?

Precisamos chegar à prática, ao dia a dia, ao agora. Se estão vivos, humanamente falando, neste momento, estão em processo de trabalho de reforma íntima. Portanto, é preciso identificar o ego agora. Quem é a pessoa que você pensa que é neste momento?

Vejam bem, como vão combater alguma coisa que não co-nhecem? Teorizar a reforma íntima, escrever teorias elevadas sobre quem é o ego, é lindo, mas elas não levam à real compreensão de quem é o ego e por isto não se realiza a elevação espiritual agora.

Então, volto a perguntar na prática, na realidade, neste exato momento, como eu posso reconhecer quem é o ego que imagino ser eu?

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Quem é o ego?

Pergunto desta forma, porque como foi dito, cada ser huma-no possui dois eu interior: o espiritual e o material. O eu material é o ego e o espiritual é o espírito.

Para que possam realizar os seus trabalhos de reforma íntima é que pergunto quem é o eu material, ou seja, o ego que está pre-sente agora junto com vocês espíritos?

Resposta: O ego seria a troca de valores: ao invés de usar o espiritual utiliza o material.

Isto é uma característica do ser humano.

O ser humano é um ser espiritual humanizado. A característica principal da humanização do ser espiritual é exatamente esta: achar que os valores do ego são a realidade enquanto que os espirituais não existem, não estão presentes.

Você também está certo, mas ainda não me disse o que e quem é o ego.

Resposta: O ego é uma percepção voltada para o lugar errado?

Não, o ego não tem nada a ver com percepção.

Percepção é tudo aquilo que é sentido através dos órgãos de sentidos do corpo (visão, audição, olfato, paladar e sensibilidades da pele). Isto é percepção.

O ego não tem nada a ver com isto. Aliás, o ego só interfere em você depois que as percepções são alcançadas.

Resposta: O ego é a minha parte consciente da personalidade.

Também está certo: é a parte consciente da sua personalida-de. Mas, que parte consciente da personalidade é esta?

Resposta: Tudo aquilo que eu acredito que exista.

Perfeito: o ego é as suas verdades. Tudo aquilo que você acha, que sabe, que conhece, que acredita como real, verdadeiro é ilusão, pois se trata de valores que compõe o ego e não seus.

O ego, portanto, é o conjunto de verdades que cada eu espi-ritual possui enquanto humanizado.

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A ação do ego

A partir desta definição, faço mais uma pergunta: qual o seu sexo?

Resposta: Homem.

Quem respondeu isto para mim? Foi o ego e não você.

Lembre-se, você é um espírito e este ser universal não possui sexo. Desta forma não é homem nem mulher. Tudo o que imagina ser lhe é ditado pelo ego e você acredita ser aquilo que ele afirma.

Como Krishna ensinou precisamos derrotar o ego para poder alcançar a evolução espiritual. Portanto, você precisa vencer a ideia de que é homem para poder elevar-se.

Pergunta: Mas eu não posso viver com esta verdade e realizar a elevação espiritual? Não posso apenas me elevar formando uma egrégora elevada?

Egrégora, ou egrégoro (do grego egrêgorein, «velar, vigiar»), é como se denomina a força espiritual cria-da a partir da soma de energias coletivas (mentais, emocionais) fruto da congregação de duas ou mais pessoas. (Fonte – Wikipedia)

Para formar esta egrégora você comparece toda noite aos trabalhos espirituais nos centros ou templos (casas de oração). No entanto, durante o dia, vive dentro das verdades que o ego lhe im-põe. Submete-se à elas sem ver que isso a contamina o dia inteiro.

Pergunto: de que adiantou rezar de noite?

Veja, você está se sujando durante o dia para a noite se lim-par. No dia seguinte se suja novamente. De que adianta o trabalho? O melhor não seria se limpar e não mais se sujar? Só que para fazer isso não pode se deixar escravizar pelo ego vinte e quatro horas por dia.

Mas, porque viver escravo do ego lhe suja? Continuemos na pergunta que eu fiz a respeito do seu sexo. Achando-se homem entrarão em ação uma série de verdades que o ego lhe transmitirá e que você se sentirá obrigado a cumprir.

O homem tem que trabalhar para sustentar a família, ser mais forte que a mulher, não pode fazer determinados atos. Estas verda-des condicionarão a sua vida, ou seja, determinarão um padrão de existência para você e para os demais que se reconhecem como homem.

A partir delas, o próprio ego julgará as suas ações e as dos outros. Você, o eu espiritual, que acredita piamente no ego, então, dará calor de verdade à estes julgamentos e às críticas que dele surgirão, também criadas pelo ego.

É das verdades que estão no ego que nascerá a crítica ao homem que não sustenta a mulher, àquele que deixa o serviço pe-sado para as pessoas do sexo feminino ou para aqueles que não se portam com masculinidade. Esta forma de comportamento (jul-gamento, acusação e crítica) é apontada por todos os mestres co-mo um padrão negativo de vida, ou seja, como uma não realização da elevação espiritual.

Portanto, se vive preso a este conceito diuturnamente não forma egrégora bonita nenhuma e isto só ocorre porque é escravo do conceito (verdade) que o ego.

Desta forma, se quiser alcançar a Deus nesta encarnação terá que viver a ilusão de ser homem (perceber que está preso a um corpo masculino) sem se prender aos padrões impostos pelo ego. Portanto, precisa se se libertar do ego, deixar de ser seu escravo.

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O ego é bom?

Então, o ego é isto: um conjunto de verdades que você acredita que sejam reais e suas e por isto se subordina a elas.

Pergunta: O ego é bom?

O que é bom? O que é uma coisa boa? Para poder lhe responder preciso saber o que é ser bom para você.

Resposta: alguma coisa que satisfaça meus valores.

Que valor e que você? Se você está falando no eu material e os seus valores são a busca do bem material, o ego é bom, pois vai lhe ajudar na busca da fama. No entanto, se a sua busca é espiritual, o ego é ruim porque lhe atrapalha a elevar-se.

Só que a minha resposta não para por aí. Digo mais: se está falando do eu espiritual em busca de valores materiais, o ego é ruim porque atrapalha a conquista deles, mas se busca amealhar bem no céu, o ego é bom e daqui a pouco entenderemos o porquê.

Neste primeiro momento estamos apenas definindo o ego, mas depois vamos falar de sua criação evolução e da vitória sobre ele. Aí, então, entenderá o que quero dizer.

  Neste mundo, quando falamos de bom ou mal temos que ter em mente que tudo depende do que você gosta, ou seja, do que é bom para você. Ser bom ou mal é relativo, ou seja, surge a partir de verdades que o ego cria. Se gosta da cor vermelha, por exemplo, e a vê como algo bom, esta classificação é oriunda de uma ação do seu ego.

Voltemos ao nosso assunto: o ego.

Posso, então, dizer que o ego é você, porque você é uma soma das verdades que acha que é. Acredita que é homem? Você é. Acredita que é doutor, casado, pai? Você é estas coisas.

Portanto, em regra, o espírito humaniza-se para combater o ego, mas ao invés de destruí-lo, o vive como se fosse ele mesmo. Dá credibilidade ao ego, imaginando ser ele mesmo, o espírito.

Pergunta: Mas Joaquim, pelo que estou vendo o ego é bom. Ele me faz viver a paternidade, a relação com minha esposa, meu sexo, ou seja, as coisas que eu gosto. Onde está a coisa ruim que me obriga a derrotar o ego?

Individualismo. Enquanto torcer por um time, por exemplo, vai criticar quem torce por outro. Só quando abdica do individualismo (o que quer, o que gosta) poderá amar ao próximo como ama a si mesmo.

Por isto que Cristo ensinou: eu não vim trazer a paz, mas a espada. O ensinamento dos mestres não é para que o ser humano consiga viver em paz consigo mesmo, mas para matar a ele mesmo.

E o mestre nazareno ainda diz mais: em verdade em verdade vos digo que ninguém chegará ao reino do céu enquanto não renascer. Reparem que ele não fala em reencarnar, mas em nascer de novo nesta mesma vida.

Para que você renasça para o reino do céu o que precisa antes acontecer? Morrer para esta vida. Isto é o vencer o ego que Krishna sugeriu como caminho. Ou seja, os dois falaram a mesma coisa, mas com palavras de acordo ao seu povo e à sua época.

Portanto, os dois ensinamentos são idênticos, só que ninguém quer seguir o caminho ensinado pelos mestres. Todos querem renascer, mas não morrer. Acontece que para renascer o ser precisa necessariamente morrer antes. Precisa se matar, matar todas as verdades que formam o seu eu material.

Esta ação de matar-se com a espada (os ensinamentos) que Cristo trouxe é o que é conhecido como a promoção da reforma íntima.

Está, portanto, clara a necessidade de se matar o ego. Continuemos em nossa conversa de hoje.

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Necessidade do ego

Por que quando o espírito vem à carne (se humaniza), cria este tal de ego? Por que será?

Aparentemente esta ação é sem sentido: criar uma coisa para depois exterminá-la. Pela lógica racional humana, poderia até dizer que o espírito é masoquista, pois se não houvesse o ego a lhe tentar, a lhe transmitir ilusões como realidade, a elevação espiritual seria muito mais fácil, não? Então, por que criamos este tal do ego quando viemos para a carne?

O espírito que se humaniza não está à passeio, não faz isto para tirar férias. A humanização do espírito tem como finalidade um trabalho: a elevação espiritual. Esta é conseguida quando se prova ao Pai o amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Para que o espírito execute esta prova, é preciso que haja questões que deverão ser respondidas. Estas questões da prova que o espírito executa são escritas pelo ego.

A cada segundo ele lhe propõe uma pergunta: você vai amar mais ao que você acredita (o que o ego lhe diz) ou a Deus, Senhor Todo-Poderoso do Universo, Causa Primária de Todas as Coisas. Ou seja, você vai deixar de se chatear (sofrer) quando as suas verdades não são contentadas ou de se exaltar quando isto ocorre para permanecer na equanimidade, no equilíbrio?

É para isto que o espírito que se humaniza cria o ego: para lhe propor as perguntas para que ele possa trabalhar respondendo-as.

Já ouviram falar da Tentações de Cristo no deserto? O ego é o diabo desta história.

Ele permanece agregado ao espírito enquanto este estiver humanizado tentando-o, ou melhor, testando-o a cada segundo, com a única finalidade de saber se você ficará prisioneiro da ilusão humana ou se libertará dela buscando a Deus. Esta é a função do ego. É por isto que não existe ser espiritual que se humanize sem um ego. Todos vêm para carne fazer prova e, por isto, precisam gerar antes um ego.

Deixe-me dizer uma coisa: a humanização (vida carnal) é de relevada importância para o mundo espiritual. Não pelos valores que vocês dão a ela, que gera o apego desmedido a estar vivo, mas por outras razões.

Em O Livro dos Espíritos está perguntado sobre a necessidade da reencarnação, ou seja, se todos os espíritos precisam passar por este processo de humanização. O Espírito da Verdade responde que sim, porque só vencendo as suas provas geradas por esta consciência (humana) o espírito alcança a evolução espiritual.

Ou seja, a evolução espiritual só pode ser conseguida por qualquer espírito quando ele está humanizado, vivendo como ser humano na matéria densa. Sem isto, o espírito não você não evolui.

Permanecer no éter com a sua consciência espiritual estudando como afirma a literatura espírita, não resolve nada. É preciso praticar o que estudou, provar que aprendeu.

Este é o motivo porque cada um ganha a oportunidade da encarnação. No entanto, encarnar não é juntar-se a uma massa carnal, como muitos pensam, mas humanizar-se. Ou seja, conviver com um ego formado por um conjunto de verdades pré-definidas que definam os temas da prova que o espírito irá realizar.

Por exemplo, se o espírito antes da humanização estudou sobre o tema humildade, seu ego conterá verdades de soberba e vaidade. Durante a vida carnal os acontecimentos ocorrerão, o espírito irá atribuir valores que espelhem uma reação soberba ou vaidosa e o espírito precisa, para elevar-se abrir mão destas e conviver harmonicamente com o mundo, ou seja, vencer as tentações de ser soberbo e vaidoso que o ego propõe.

Então, a existência de um ego não é um ato de masoquismo, mas de necessidade. Sem ele, não haveria as duas opções necessárias para que o espírito pudesse provar a sua elevação adquirida com o conhecimento antes da humanização.

Portanto, o ego, espiritualmente falando, não é mal, mas é ótimo. Se o espírito ao humanizar-se não tivesse ego não venceria nada e sem a vitória não alcançaria a elevação espiritual. Teria que retornar ao mundo espiritual (desumanizar-se), estudar tudo de novo e voltar para a carne para prestar as provas.

Portanto, o ego é maravilhoso, porque é a sua oportunidade de elevação.

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A vida e o ego

Pergunta: Mas, noventa e nove por cento não vence o ego?

Eu diria que se você colocasse nos noventa e nove por cento mais uma casa decimal (vírgula nove) estaria mais perto da realidade. Vocês estão encanando e desencarnando a sete mil anos, pela contagem de tempo de vocês.

Pergunta: O sofrimento faz parte do ego?

Não, o sofrimento é o sentimento que você escolhe para reagir entre a relação do que acha (do que o ego lhe diz que deveria estar acontecendo) e os acontecimentos do mundo. Ele surge da subordinação à verdade transmitida pelo ego.

O ego lhe diz, por exemplo, que você é um excelente profissional e por isto deveria ter um emprego. No entanto, o acontecimento atual de sua vida é que está desempregado. No encontro destas duas coisas (o que está ocorrendo de verdade e o que deveria estar ocorrendo para você) o espírito escolhe sofrer porque acredita na verdade do ego (você deveria estar empregado).

Não foi o ego que sofreu, mas você, o espírito, que, subordinando-se às verdades criadas por ele como verdadeiras optou por sofrer com a situação. Por isto já tinha respondido a uma pergunta hoje dizendo que o sentimento não é do ego, mas reflete uma opção do espírito quando do encontro da verdade do ego com a realidade material.

Você espírito possui o livre arbítrio entre o bem e o mal, ou seja, pelo amor a Deus ou a subordinação ao ego (individualismo).

Pergunta: A vitória sobre o ego, então, é a salvação?

Salvação do que? O espírito não está em perigo nenhum para ser salvo. Está em processo de evolução. A vitória sobre o ego é a evolução no mundo de provas e expiação.

Algumas palavras mal usadas podem trazer verdades que não correspondem com a realidade. Nenhum espírito está perdido para que possa ser salvo. Ele está na hora certa, no lugar que deveria estar, fazendo o que deveria fazer.

A vitória sobre o ego é a realização do espírito no mundo de provas e expiações e não a sua salvação.

Pergunta: Mas, o ego pode causar uma frustração também?

Não, o sentimento do ego, mas o seu. Sentindo-se frustrado pelo ego, foi você quem se sentiu assim e não o ego que se sentiu.

Pergunta: Mas, se eu não perseguir o objetivo que o ego me dá, que o ser humanizado tem, não vou me sentir frustrado?

Depende do seu ponto de vista, ou seja, depende do seu objetivo de vida. Mesmo que não persiga os objetivos humanos que o ego lhe transmite (perseguir os desejos humanos), você ainda assim poderá ser feliz.

O espírito, independentemente de estar humanizado ou não, sempre tem o livre arbítrio concedido pelo Pai: o de amá-Lo sobre todas as coisas ou amar a si mesmo. Quando o objetivo da existência de um espírito é alcançar a Deus, ele sempre opta pelo amor ao Pai e por isto não se frustra em não realizar o que o ego propõe. Mas, quando se ama acima de todas as coisas, escolherá frustração quando seus desejos não forem realizados.

Pergunta: Sempre haverá duas opções?

A presunção do livre arbítrio sempre leva a uma dualidade. Como exercer um livre arbítrio se não houver pelo menos duas opções para escolher entre elas?

Sim, para o espírito sempre haverá a possibilidade entre amar a Deus e viver na Sua glória (felicidade incondicional) ou exaltar-se quando suas expectativas forem correspondidas ou afundar-se na depressão da dor quando não.

Tanto o prazer quanto a dor satisfazem o ego, reforçam a verdade. Na libertação da verdade ou seja, relacionar-se com o mundo dentro do amor universal que não admite frustração nem exaltação você venceu o ego.

Pergunta: Então a vida não tem objetivo?

Tem sim. Como Cristo ensinou: vencer o mundo.

Vencer o mundo é libertar-se da ação do ego não sendo submisso a ele. “Eu queria tanto aquilo”: acreditar que você realmente quer algo material é submissão ao ego, pois é ele quem lhe dá, racionalmente, este desejo.

Este é o objetivo espiritual da vida. Agora, vencer na vida, alcançar objetivos materiais, profissionais, realizar-se socialmente, como mulher ou como homem são objetivos materiais que só servem para nutrir o ego, pois profissão, família, sexo, é tudo fruto do ego, verdades que só valem para humanidade. O espírito não tem cor, raça, sexo ou profissão.

Pergunta: o desapego, então, é a lei do amor universal?

O desapego só acontece quando o espírito escolher o amor universal no encontro entre um acontecimento e ação do seu ego (pensamentos que ditam realidades). Então, ele não é a lei: é a consequência da ação do amor universal.

Quando você ama universalmente as pessoas, acontecimentos e objetos deste mundo alcança o desapego. Se não amar dessa forma jamais se desapegará.

Por isto sempre afirmo: não existe uma mãe que ame seus filhos. Elas não os amam universalmente, mas individualmente. Por isto, a mãe na verdade os possui: “é meu filho, não pode acontecer nada com ele, tem que ser o que eu quero, o que eu acho que é o melhor para ele”.

Ela diz que tem amor universal com ele, mas na realidade o possui, pois o ama condicionalmente às suas verdades e não com desapego.

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Formação do ego

Voltemos ao nosso estudo do ego.

Eu pergunto: se o ego é tão importante assim, tão fundamental para nossa elevação espiritual, nós podemos deixar a formação dele por conta do acaso? “Eu por acaso nasci no meio da favela e aí me foi introduzida a verdade que me levou a ser ladrão”.

Não estou dizendo que todos que nascem na favela são marginais, mas a maioria daqueles que hoje se encontram na bandidagem alegam exatamente isto: não tiveram oportunidades de crescimento porque nasceram naquele meio. Isto é uma mentira.

Na verdade não foi o acaso que fez isso acontecer, mas foi o espírito que está ligado a este ser humano que pediu para que a história deste personagem fosse aquela.

“260. Como pode o Espírito desejar nascer entre gente de má vida? Forçoso é que seja posto num meio onde possa sofrer a prova que pediu. Pois bem! É necessário que haja analogia. Para lutar contra o instinto do roubo, preciso é que se ache em contato com gente dada à prática de roubar”. (O Livro dos Espíritos)

Depois de encarnado o espírito sucumbiu ao instinto transmitido pela coletividade que nasceu, ou seja, optou por aquele caminho. O ego teve participação nesta opção porque ele criou as ilusões (falsas verdades) que deram o sentido lógico para a opção do espírito.

Foi uma opção individual do espírito, pois muitos que nascem no mesmo meio e não fazem esta opção não vivem desta forma.

Fiz esta pergunta para poder afirmar uma coisa: o ego é formado antes da encarnação. Como eu disse, a formação do ego não pode ser deixada ao acaso, porque senão ela poderia levar o espírito a não participar de provas que precise.

Você, o espírito que está ligado ao ser humano que se imagina ser, sabe antes de encarnar que prova vai fazer e para poder vivenciá-las forma um ego que, por analogia, conterá verdades que criem as provas que pretende fazer durante a vida.

O ego conterá verdades que criem a luxúria, a ganância e a avareza, por exemplo, se isto for aquilo que você pretende provar a Deus que é capaz de vencer. Portanto, é você que cria as verdades que irá combater para provar que atingiu a compreensão de que aqueles sentimentos não são universais.

O ego, então, é criado antes da encarnação, pois é você que escolhe suas provas.

“258. Quando na erraticidade, antes de começar nova existência corporal, tem o Espírito consciência e previsão do que lhe sucederá no curso da vida terrena? Ele próprio escolhe o gênero de provas porque há de passar e nisso consiste o seu livre arbítrio”. (O Livro dos Espíritos)

 

Na verdade neste processo de escolha o espírito é amparado por superiores. Se deixasse apenas pela vontade que motiva o espírito então, todos os seres humanos nasceriam cegos, surdos, mudos, sem os braços e as pernas. Isto porque o ser4 universal, quando de posse de sua consciência espiritual, anseia em realizar logo todas as suas provas para mais rapidamente alcançar a elevação espiritual.

Se deixar por conta do espírito fora da carne a encarnação conterá diversos elementos purgatórios, porque ele, vislumbrando o porvir espiritual que lhe espera depois do fim do processo encarnatório com a elevação espiritual, se imagina capaz de vencer tudo.

Isto é uma ilusão e por isto Deus não aceita tudo o que o espírito pede. Ele coloca mentores espirituais que auxiliem este espírito na hora de executar a escolha de suas provas.

Assim mesmo o ser insiste, porque se acha capaz de tudo. No entanto, quando chega o dia de realizar a junção à consciência material (ego) dá dor de barriga de medo no espírito.

Então, veja, os elementos da vida (acontecimentos e verdades) não são obras do acaso: você escolhe, os espíritos superiores dialogam mostrando a impossibilidade de realizar tudo aquilo e aos poucos vocês se acertam com relação ao total de provas que executará nesta encarnação.

Eu diria que este total que resta do aconselhamento dos mentores, que é a sua vida que está vivendo hoje, não representa mais do que vinte e cinco por cento daquilo que pretendia fazer nesta encarnação.

O assunto de hoje é o ego. Já havíamos o definido e agora estamos mostrando como ele é criado: você, espírito, propõe as provas, ou seja, os sentimentos que lutará para vencer; a partir daí, você, espírito, propõe as situações da sua vida e as verdades que comporão o ego. Nada é por acaso, mas tudo fruto do seu livre arbítrio espiritual.

Só que depois que o espírito nasce o ego continua sendo montado. A ação da mãe, pai, família, sociedade e escola que transmitem verdades planetárias à criança acabarão de formar o ego.

“Não mexe aí”, “está na hora de papar”, “tem que tomar banho todo dia”, “lave suas mãos antes de comer”. Todos estes ensinamentos vão se juntando às verdades que você criou antes de nascer e passarão a fazer parte do ego, como elementos necessários às provações do espírito.

Por isto também não pode ser por acaso que o espírito nasça nesta ou naquela família, que conviva com esta ou aquela sociedade. Para que a provação seja perfeita é necessário que cada um destes elementos que auxiliam na composição do ego tenham verdades que resultem no gênero de provas que voe pediu.

Assim, se você tem uma mãe dominadora que busca castrar as suas verdades, isto era necessário. Se você tem um pai desleixado com a sua criação ou que não lhe dá amor, isto era necessário para a sua provação. Se nasceu em um país subdesenvolvido onde a fome e a corrupção existe, isto era necessário para sua provação.

Quando se fala, então, na formação do ego é preciso saber que ele é criado antes do nascimento com verdades básicas e depois é completado com verdades planetárias que são transferidas pelos os outros seres humanos.

Daí então podemos dizer que a função da mãe e do pai não é aquela que os seres humanos querem lhe atribuir (preparação para a vida carnal), mas sim de completar ou ego, ou seja, transmitir as verdades planetárias que auxiliarão na composição do campo de provas do ser encarnado.

Pergunta: o meu corpo também é feito pelo ego?

De certa forma sim. Ele é projetado pelo espírito em consonância com as provas e as verdades contidas no ego, pois ele também é instrumento da ação carmática que você vai vivenciar.

Por exemplo: se você é apegado à vaidade poderá, como prova, pedir para ter um corpo gordo e verdades que dizem que não deve ser daquela forma.

Desta forma, com a união das verdades do ego e o desenho do corpo está formado o seu campo de batalha: lutar para amar a Deus acima de todas as coisas ou entregar-se ao sofrimento porque, por vaidade, gostaria de ser magro.

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Humanização

A partir desta sua pergunta podemos, então, evoluir em nossos estudos de hoje. Já definimos o ego e vimos como ele é criado e agora descobrimos para que existe: para criar a dualidade que serve de prova ao espírito encarnado.

A vida, portanto, começa na programação do ego antes da encarnação e se desenrola através do encontro deste com os acontecimentos também pedidos.

Com esta consciência o espírito entra no processo de nascer. Ele, apesar da existência do ego, ainda possui a consciência espiritual, mas durante o início da vida (infância e juventude) começa a receber impulsos externos (os ensinamentos que a sociedade passa) que combinam com as verdades que estão no seu ego. Isto solidifica estas informações até o ponto em que as verdades espirituais acabam ficando esquecidas.

Por isto as mães não devem ser culpadas pela forma como educam seus filhos. Nenhuma mãe deve temer pela educação que transmitirá aos seus filhos, pois quando agem de qualquer forma, estão prestando um serviço ao espírito.

Não aquele serviço que ela acha que está fazendo (ensinando-o a viver), mas o serviço de solidificar verdades que no futuro servirão como campo de provas para o espírito.

Depois do nascimento os pais, família, sociedade e escola vão solidificando verdades e o ser humanizado vai esquecendo as verdades espirituais e passa a vivenciar as verdades materiais como realidade, o que é necessário para que a provação do espírito aconteça.

Este processo de esquecimento, no entanto, não pode ser traduzido por um abandono completo das verdades espirituais. Na verdade o espírito não acaba com as verdades espirituais, mas as esquece, as abandona, as troca pelas verdades materiais.

A melhor palavra para definir esta ação seria a de jogar o véu do esquecimento sobre as realidades espirituais que possui e gerar mayas (ilusões) que servirão de guia para as provas que irá executar.

Vamos explicar isto melhor. Todas as verdades que um ser possui estão guardadas na memória ou consciência. Se falarmos que existem verdades materiais e espirituais, é justo também afirmarmos que existe uma memória material e outra espiritual, ou seja, consciências diferentes para guardar estas verdades.

Quando fora da carne o espírito opera apenas as verdades contidas na memória espiritual. Quando vai encarnar cria uma memória material (ego ou conjunto de verdades) que gradualmente vai se sobrepondo à espiritual.

O espírito quando assume a sua materialidade por completo não consegue mais acessar a memória espiritual que está encoberta pelas verdades materiais. Este é o abandonar que falei.

No entanto, esta transferência de valores não ocorre apenas de uma vez. Vamos fazer uma figura apenas para que possam compreender o que estou dizendo. Isto não é realidade, mas apenas uma figura para que possa haver compreensão por parte de vocês que precisam de formas para compreender as coisas.

A memória material é como se fosse um pedaço de madeira cheio de buracos. Em cada furo está guardada uma verdade sobre cada elemento do mundo material. Quando estes furos estão cheios o espírito não consegue acessar à consciência espiritual porque a memória material está sobreposta à espiritual.

Quando o espírito, através do processo raciocínio vem buscar verdades para avaliar as percepções, só consegue acessar as que estão acima, na consciência material, porque o furo está cheio. Enquanto o buraco estiver vazio o espírito conseguirá acessar à espiritual.

Por isto dissemos que gradativamente a sociedade vai humanizando o espírito, ou seja, vai transferindo verdades materiais que ocupam estes furos não permitindo o acesso à Realidade universal. Isto é o que ocorre na infância do ser humano.

O espírito nasce com consciência espiritual, mas aos poucos não mais consegue ter acesso a elas porque todos os furos estão ocupados”. Aí vive só com as verdades espirituais. Ao longo do processo de reforma íntima, ou seja de troca de valores, vai destruindo estas verdades materiais desobstruindo os furos e aí pode, então, acessar as verdades espirituais que estão abaixo delas.

Pergunta: Mas, assim, não vou me lembrar de nada que aconteceu nesta vida?

Você está confundindo memória de lembranças com verdades embutidas no ego. Não estou falando da memória que guarda a lembrança dos acontecimentos, mas daquela que dita as verdades da sua vida.

As verdades que estão nesta memória consciência que estou falando podem ser eliminadas, mas isto não quer dizer, por exemplo, que esquecerá a cena do seu casamento.

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Meditação

Continuando no nosso estudo de hoje. Você programou as verdades para a sua encarnação e ao longo do que chama de infância e juventude elas vão sendo reforçadas até a ponto de se alguém lhe disser que o está ali arquivado é mentira, você dirá que o mentiroso é ele, porque acredita e confia piamente nas verdades arquivadas na sua consciência material.

Para o ser humano a consciência material é o guia infalível: a razão. Por isto se auto proclama o ser racional. Mas, pelo que estudamos isto não é virtude. Pelo contrário, significa um espírito que se prende à uma consciência material em detrimento da sua Realidade: as verdades espirituais.

Por isto afirmo: toda vez que você busca qualquer informação racionalmente fugiu da razão espiritual. Isto porque trabalhou a partir da sua verdade individual e passageira e não da espiritual que é eterna e universal que está abaixo desta.

Pergunta: Então é para isto que existe a meditação? Para que nós fujamos da memória material e consigamos acessar diretamente a consciência espiritual?

Exato, mas a meditação que está falando (estado onde não há pensamentos) é impossível de ser realizada pelos seres humanizados.

A característica fundamental do espírito é ser inteligente. Ele é o princípio inteligente do universo e na carne se confunde com a inteligência do homem: estas duas informações estão em O Livro dos Espíritos.

Para você, viver é estar se mexendo, em atividade, pois algo não possui movimentação aparente não acredita que exista vida. Então, sem medo de errar, posso dizer que para você ser humano vida é sinônimo de movimento.

Pergunta: Pergunto-lhe então: qual é o movimento que uma inteligência faz? Raciocinar. Portanto, a inteligência que não raciocina é uma inteligência morta.

Desta forma o calar a mente que procura hoje através da meditação (deixar de raciocinar) é impossível porque significaria a sua morte e você jamais se suicidaria.

Tanto isto é realidade que, se perguntarmos, e olha que aqui tem muita gente que faz meditação, quando cada um consegue realmente silenciar a mente, ninguém diria que consegue.

Mesmo que dissesse eu provaria que não, pois vocês só fazem meditação ouvindo músicas ou sons. Neste caso, a mente continuaria funcionando, pois quando isto está acontecendo a mente está trabalhando.

Pergunta: Mas na meditação entramos em contato com outra vibração.

Não, você não entra em contato com outra vibração externa porque está preso ao ego (mente). A outra vibração que alega que entra em contato é compreendida através da razão e por isto afirmo que foi criada dentro de você pelo seu ego.

Portanto, esta vibração que acha linda e maravilhosa faz parte do seu ego e não algo que alcançou no universo. Seria, vamos dizer assim, a programação de maravilhoso que você fez antes de encarnar. Para que realmente alcançasse algo extra isto teria que ser compreendido sem a utilização da razão e isto é impossível para o ser humanizado.

Aquilo que você sente durante o processo de meditação não é algo externo, novo, mas apenas o que você padronizou na formação do ego para ser avaliado como maravilhoso.

Este é o meditar ao qual você se reporta. Mas, deixe-me colocar no sentido espiritual da reforma íntima o que deve ser a meditação para você.

É silenciar a mente, mas não calá-la: silenciá-la. “Hoje eu estou tão cansado! Cala a boca mente; eu não estou cansado”. “Eu queria tanto comprar aquilo! Cala a boca mente; eu não quero comprar nada”.

É isto que podemos chamar de meditação espiritualmente falando: raciocinar o raciocínio para silenciá-lo, não deixá-lo agir conduzindo você dentro das verdades dele na vida.

Pergunta: Então meditar é ir contra a mente?

Não, você não vai contra ela: você a desmente. Você precisa deixar de acreditar no raciocínio e não lutar contra ele.

Esta meditação à qual estou me referindo é fundamental para a elevação espiritual, pois se não desmentir as ideias que lhe veem à mente não está lutando contra o ego porque elas compõem o seu ego. Então, o processo de meditação que auxilia o espírito a elevar-se é raciocinar o seu próprio raciocino.

“Eu quero comprar um carro”. Neste caso meditar seria perguntar “por que eu quero comprar carro, para que eu quero isto”?

Claro que o ego não vai se entregar logo na primeira meditação: terá sempre respostas prontas: “porque é preciso ter um carro”. Continue meditando: “por que eu preciso ter um carro”? “Para andar mais rápido”. “Para que eu quero andar rápido?” E assim sucessivamente.

Meditar é questionar todo raciocínio que surge até que você desmoralize o ego, a verdade que ele propõe, deixando-o sem ação.

Ego (IPPB)

Desapego

Veja bem. Com este exemplo não quis dizer que não pode ter carro, mas que o desejo expresso pelo ego que cria uma condição para ser feliz diferente do que possui precisa ser combatida.

Na verdade o que precisa fazer é não criar a obrigação de ter porque o sofrimento de não te” é originado pela obrigação de ter e ele lhe afasta da Realidade: a vida em bem-aventurança.

Pergunta: O senhor está falando em apego?

Eu tenho medo desta palavra apego porque o ego cria mayas e você muitas vezes se ilude que não está apegada a nada, mas está. Quando decreta que deve se sentir livre do carro está trocando um apego pelo outro: o do ter um carro pelo de não ter um carro.

Isto ocorre porque quer se desapegar através do ego, ou seja, do raciocínio, da razão, da lógica. Quando isto ocorre está criando uma nova verdade, uma nova razão e uma lógica à qual se apegará.

Existe um ensinamento do Buda que é o não-eu. A humanidade imagina que este ensinamento é não ser nada, mas o que Buda quis dizer é que cada um deve compreender que é composto pelo todo.

Portanto você já é tem tudo o que pode ser ou ter. Compreendendo isto, ao invés de lutar para não ter o carro, se sentirá possuidora dele, mesmo que a matéria que o compõe não esteja em sua guarda.

Aplicando este ensinamento no momento que o ego lhe propuser verdades, não criará uma nova verdade (de não ter) e só aí poderá libertar-se realmente dos apegos que possui sem criar um novo.

Pergunta: Fale um pouco mais sobre o não eu.

O problema é que você se sente uno, ou seja, não composto de nada. Isto ocorre porque a sua visão não alcança os detalhes microscópios de tudo aquilo que lhe compõem e está vivo dentro de você.

Se eu, por exemplo, disser agora que você é uma vaca, se ofenderia?

Participante: sim ...

Mas, certamente já bebeu leite, não? Este fato levou a vaca para dentro de você, para lhe compor. Sendo assim, posso afirmar que a vaca está ouvindo esta conversa, está lendo este livro.

O problema é que você não vê isto: não vê o leite e a vaca dentro de você, agindo na sua audição e leitura. Para compreender o não eu é preciso entender a existência da vaca dentro de cada um que já bebeu leite ou alimentou-se de um derivado dele.

Outro exemplo da sua curta visão sobre as coisas. Chovendo nesta cidade com certeza vocês que estão aqui dirão que o tempo está feio, ruim. Mas, sabiam que se não chover não há comida?

Por isto, para o agricultor quando chove é um tempo bom. Ele sabe que a chuva garante a colheita e com isto o abastecimento de outros seres humanos, sem falar no seu próprio lucro.

Portanto, a chuva é ruim ou boa? O que preferível: o bom tempo ou a chuva?

A chuva não é boa nem má. A qualificação que se dá a ela depende do ponto de vista de cada um. Agora em um ponto todos tem que concordar: a chuva é necessária, pois sem ela não haveria alimentos para o ser humano alimentar-se.

Mesmo compreendendo agora a realidade da necessidade da chuva, amanhã quando chover, ainda dirão que o tempo está ruim? Por que?

Por causa da sua não visão da interdependência das coisas, ou seja, porque acreditam que a comida nasce no supermercado e ali não há necessidade de chuva para ela existir.

Era isto que eu queria mostrar para lhe explicar o não eu: a sua pequenez ao enxergar a vida. A comida nasce no campo, mas você não vê isto; a vaca está lendo estas linhas, mas você não vê isto. Tudo isso porque está olhando para si superficialmente como olha para todas as coisas do mundo.

Toda esta compreensão do não eu, portanto, pode nos levar a compreender que é possível se desapegar, mas que isto não representa que você deve trabalhar para não ter carro ou qualquer outro objeto material.

Aliás, veja bem, eu disse claramente: você constrói o ego e os acontecimentos pelos quais passará durante a encarnação. Assim sendo, se tem uma casa própria nesta vida, a construiu antes de nascer: criou o acontecimento ter antes da encarnação.

Ora, se você a construiu, agora precisa largá-la, abandoná-la? Claro que não. O que precisa é aprender a viver com ela sem obrigações que são verdades que também colocou no ego para criar a sua prova.

Isto é o desapego: libertar-se da prisão de verdades que o ego lhe propõe. Sobre a casa, por exemplo, ele pode dizer que ela é pequena, feia, ou incrementar a luxúria (maravilhosa, luxuosa, etc.).

Se você não se prende às condições que o ego dita para a casa existir, amanhã se ela se deteriorar ou se Deus a desfizer, não sofrerá, mas enquanto ela estiver de pé e você morar lá, seja feliz com ela do jeito que está, sem subordinar-se ás paixões e desejos que o ego lhe instiga.

Se o desapego fosse livrar-se do bem material, como poderiam existir para você estas provas?

Pergunta: O senhor está falando em não se escravizar as coisas materiais, é isso?

Esta escravidão que você fala também tem que ser entendida. A escravidão que eu falo é no sentido de não atribuir à coisa material o sentido de real e verdadeiro.

Pergunta: Este desapego seria estar sem sentimentos (bom ou mau, certo ou errado)?

Não, pois sem sentimento você jamais estará. Eu falo em viver com equanimidade todas as coisas, que é um sentimento que deve ser vivenciado.

Além de tudo, bom ou mau não é um sentimento, mas uma conceituação que nasce de um sentimento.

O ser espiritual precisa ter sempre um sentimento senão estaria morto, sem vida, já que viver para o espírito é sentir.

Pergunta: E os dons com que cada um nasce? Por exemplo, a música, a pintura, etc. Também existe a necessidade de se libertar do apego à eles?

Os dons com que cada ser humano nasce também são construções que o espírito faz dentro do ego para suas provas.

Ter o dom da música, por exemplo, leva o ser a testar a sua equanimidade, ou seja, viver com quem não gosta de música sem críticas e julgamento. Tem gente que tem o dom da música e não aceita aqueles que não gostam dela e dizem que eles são bobos, não sabem o que é bom, não compreendem a beleza da música: estes não realizaram a contento a sua provação.

Olha o tema de hoje: o ego agindo, lhe propondo verdades que precisa vencer. Esta ação poderá ser encontrada em qualquer ângulo da vida humana, pois combatê-lo é o motivo da existência da vida.

O ego é o código de leis através do qual você vê o mundo, cria a realidade. Por isto ele participa de todos os momentos da existência do ser humanizado.

Na verdade, para criar as realidades, o ego julga o mundo de acordo com as verdades embutidas nele. Por isto afirmo: ele é a trave que está no seu olho que lhe faz ver cisco no olho dos outros.

Viva as suas verdades só para você porque é isto que elas são: verdades relativas e individuais. Não é porque gosta de música que todos tem que gostar disso.

Portanto, respondendo-lhe: o dom também faz parte do ego, da prova, do carma do espírito.

Ego (IPPB)

O ego e o espiritual

Pergunta: O ego existe em todo universo?

Não, ele é um instrumento de provas e por isso só está presente onde existem provas a serem realizadas. Isto não quer dizer que é só neste planeta que exista.

Pergunta: Ele só existe nos espíritos encarnados?

Ser encarnado é estar em prova, independente da carne (matéria) ao qual estão ligados. Portanto, enquanto houver encarnação há ego.

Isso nos leva a compreender que a morte não é o fim da encarnação, mas o fim do ego é que determina este momento. Aquele que acredita que morte põe fim a uma encarnação não vê que o ego pode acabar muitos anos depois de libertado da matéria carnal, depois do espírito se separar da carne.

Isto é verdade. Vocês nunca ouviram falar de fantasmas? Aqueles espíritos que permanecem na casa material afirmando que ela é deles e que ninguém vai morar lá? Que continuam carregando um imaginário bem (dinheiro, joias, títulos) dizendo que não deixarão para os herdeiros?

O que é isto senão um espírito comandado pelo seu ego? Um ser espiritual aprisionado às verdades individualistas que o ego lhe propõe?

Este espírito ainda está na encarnação mesmo sem carne. Aliás, este é o grande destino de todos que possuem as coisas do mundo, ou seja, que acreditam na verdade do ego que lhe diz que aquilo é necessário e imprescindível para a vida.

Pergunta: Então o espírito não tem ego?

Este que estamos falando aqui não.

Quando você prepara a encarnação cria o ego de acordo com as provas que pretende realizar. Quando adormece para juntar-se ao corpo, liga-se a este ego, ou seja, a esta consciência.

Pergunta: As verdades que estão no ego são eternas para o espírito?

Não, são criadas para esta encarnação e acabam com o fim dela. Ou seja, quando você se libertar do ego, de uma forma ou de outra, mas sempre terá que acontecer a libertação deste ego e, consequentemente o fim das verdades que estão nele.

O fim das verdades programadas para uma encarnação é necessário porque enquanto você não se libertar do ego que vive hoje, não poderá reencarnar.

Se o seu ego de outra vida era composto por verdades que lhe prendia ao sexo masculino, como poderá agora viver uma encarnação com verdades femininas? Precisa haver o fim destas verdades para que novas possam ser assumidas.

Por isto se afirma que, quando o espírito sai da carne e se não sem se libertar do ego terá que passar por um processo de desmagnetização. Já ouviram esta palavra?

Ela está presente em todos os livros da literatura espírita: o espírito morre e vai para o hospital espiritual onde receberá passes de desmagnetização. Isto quer dizer: receberá passes que o desligará da consciência do ego que criou para a encarnação.

Isto ocorre com alguns. Outros vão para o umbral e continuam vivendo e sofrendo por causa das verdades que tem. Continuarão vivendo com aquelas verdades que possuíam durante a vida carnal e que precisarão ser contestadas até o dia em que o espírito, cansado de sofrer apelar a Deus.

Aí ele será atendido, levado para o hospital, desmagnetizado para voltar a viver com a memória espiritual. Depois disto passará por processo de estudo das coisas espirituais até que um dia desenvolverá novo ego e encarnará. Este é o ciclo da vida do espírito.

Pergunta: E o saldo que ficou de vidas passadas, são parte do ego?

Fazem parte do ego atual e não mais o ego anterior. O saldo que não foi trabalhado em vidas anteriores poderão ser partes do novo ego, mas o ego anterior morreu, acabou.

Pergunta: Então, o que se faz numa terapia de vidas passadas?

Você acessa acontecimentos de vida passadas, de egos passados, que estão presentes na lembrança deste ego. Se eles não tiverem sido colocados no ego de agora não conseguirá ter acesso a eles.

Por isto muita gente não consegue voltar ao passado mesmo com a terapia. E também por isto as pessoas só se lembram de fragmentos, de momentos de outras vidas e não dela toda.

Ego (IPPB)

Apagar o ego

Pergunta: Então, o espírito precisa ter o seu ego apagado para poder reencarnar novamente, mas quando isto acontecerá?

Você falou bem: o ego será apagado. Não será a sua ação que apagará o ego, mas ele será apagado de fora para dentro.

No entanto, isto só acontecerá quando ele tiver merecimento para tanto. Você já leu nos romances espíritas as visitas dos socorristas ao umbral? Eles passam por milhares de espírito em sofrimento e não os atendem.

Fazem isto porque não podem agir de forma diferente porque estes ainda não têm o merecimento de serem atendidos. Só quando o espírito começa a lutar contra o seu ego pode ser socorrido. Por isto os socorristas vão sempre a lugares determinados socorrer espíritos determinados.

Este tema que estamos conversando agora (o da necessidade de se apagar o ego mesmo depois da encarnação) é muito importante. Veja bem, vocês já viram corridas de carro?

Enquanto está na corrida o carro está andando. Depois que cruza a reta final, ele não para: continua andando. Só que este andar não vale mais nada para a corrida.

Com a elevação espiritual é a mesma coisa: tudo que você vencer do ego enquanto estiver presa à carne, conta pontos para a elevação espiritual; tudo que fizer depois do desencarne não conta.

Ou seja, você terá que obrigatoriamente vencer o ego para continuar a sua caminhada: se vencê-lo ligado à carne promove a elevação espiritual; desligando-se dela sem a vitória, terá que eliminar o ego do mesmo jeito, mas não mais se eleva por isto. Terá realizado apenas uma limpeza de verdades para poder se preparar para uma nova encarnação.

Então, veja: quem foge nesta vida de lutar contra o ego está fazendo uma besteira, pois terá que limpá-lo de todo jeito. Quem aproveita a oportunidade e luta quando ainda encarnado liberta-se da sansara, mas quem não faz, executa o mesmo trabalho (limpeza de verdades) e ainda terá que criar um novo ego para ter que vencê-lo novamente.

Ego (IPPB)

Egos missionários

Pergunta: Por favor, me mate uma curiosidade. Como foi, por exemplo, a ação do ego na vida de Jesus Cristo?

Qual a notícia que você tem de Jesus antes do início da missão? Nenhuma, pois ele era um ser humano comum, ou seja, um espírito em luta contra o seu ego.

Com o despertar, ou seja, com a vitória sobre as verdades do mundo ele se transforma em Jesus Cristo, ou seja, Jesus, o Messias.

Pergunta: Então ele também teve uma programação?

Claro, pois se não houvesse passado por provas e as vencido não teria moral para ensinar. Todos diriam que para ele foi muito fácil viver da forma que viveu porque não tinha nada a vencer. Portanto, ele só virou Jesus Cristo porque venceu o seu ego.

Estudem a história dos santos que verão que todos têm um despertar, ou seja, um momento em que se desligam das verdades humanas e passam a viver outra realidade. Todos os santos nasceram seres humanos normais e um dia eles despertaram: venceram o ego.

Pergunta: Acho que para ele era mais fácil, pois deveria se lembrar de vidas passadas.

Isto seria injusto. Por que só ele teve este privilégio no seu trabalho material e você, por exemplo, não teve? Deus não pode fazer isso: “meu filho eu gosto mais de você vou dar lembranças de vidas passadas”. Isto seria injusto.

Não, Jesus viveu com as mesmas verdades que você vive e as venceu. E não venha me dizer que para ele foi mais fácil porque a vida de hoje é mais complexa que não é.

No tempo dele eu acredito que a vida fosse muito mais complexa que a de hoje. Hoje, por exemplo, você vai ao mercado e compra a comida pronta que pode vir de muitas fontes.

Ele, no entanto, tinha que plantar para comer e só dependia daquela fonte para viver. Sendo assim, era preciso estar muito mais atento às coisas do mundo do que vocês hoje, pois poderia morrer de fome se alguma coisa desse errada na sua plantação.

Esta preocupação é claro, era composta por verdades que precisaram ser vencidas, enquanto hoje, suas preocupações estão voltadas a coisas mais fúteis, mais fáceis de vencer do que a própria subsistência.

Pergunta: Qual a diferença entre missão e prova?

Prova é a encarnação de um espírito que tem como objetivo conseguir a sua elevação espiritual. Missão é aquela onde o espírito que já promoveu a sua elevação espiritual, reencarna para auxiliar o próximo na sua caminhada.

Apesar desta definição, todos os espíritos podem ser considerados missionários, pois na maioria dos relacionamentos dos seres humanos acontecem provas e missões simultaneamente. Sempre que você se relaciona com alguém está passando por uma prova para você e, ao mesmo tempo, com sua ação está ajudando o outro a passar pelos testes dele.

Portanto, existem espíritos missionários e espíritos que, mesmo em prova, cumprem missões.

Ainda dentro deste tema, podemos afirmar que existem espíritos missionários coletivos e individuais. Ou seja, existem espíritos que vêm cumprir missão para uma coletividade, qualquer que seja o tamanho dela, mas existem alguns que encarnam apenas em missão de auxiliar especificamente determinado espírito na sua vida.

Pergunta: Os espíritos missionários possuem egos?

Todos os espíritos encarnados possuem, mas os missionários globais, aqueles que vêm trazer auxílio para uma coletividade, precisam passar por provas para poderem iniciar a sua missão, enquanto que aqueles que encarnam com o fim específico de auxiliar um só espírito muitas vezes não.

Agora, para os missionários as provas não são para elevação individual sua, mas servem apenas como preparatório para assumirem as suas missões. Eles não ganham nada, espiritualmente falando, por vencer o seu ego, mas apenas a condição de assumir a sua missão, ou seja, auxiliar o próximo a se elevar.

Pergunta: É, os missionários tem que servir de exemplo para a humanidade.

Nem sempre. Existe missionários que não servem de exemplo para a humanidade dentro dos critérios de bom dela, mas que realizam a missões necessária para auxiliar os outros.

Como exemplo eu cito o maníaco do parque, aquele que ficou famoso por estuprar e matar mulheres na cidade de São Paulo. Ele, com sua ação, levou para os espíritos que estavam vivenciando aquelas encarnações a prova que cada um pediu para passar.

Ele não matou ou estuprou nenhum inocente, mas apenas aqueles que pediram para passar por aquela situação, ou seja, que criaram no seu carma aquelas passagens. Ele é, portanto, um missionário, mas não serve de exemplo para ninguém dentro dos padrões humanos.

Como missionário, afirmo ainda, teve que vencer o seu ego antes de executar as suas missões.

Sei que falar disto desta forma é difícil para vocês. Compreender nestas atitudes (estupro e assassinato) uma missão resultante de uma vitória sobre o ego, para os padrões humanos é completamente impossível. Mas vamos tentar entender pelo ponto de vista espiritual que vocês verão que o que estou falando é lógico, dentro dos ensinamentos.

A vitória sobre o ego se dá quando o espírito vivencia situações sem prazer nem êxtase. Vivenciar a vida livre da ação do ego é não ter prazer nem dor, ou seja, quando se vivencia o caminho do meio, que chamarei de neutralidade.

Portanto, libertar-se da ação do ego é estar acima do bem e do mal, do certo e errado, do prazer e do sofrimento, ou seja, atingir a neutralidade sentimental (tanto faz) com os acontecimentos do mundo.

Quase todos os indivíduos que comumente matam alguém sentem prazer ou dor pelo que fizeram. No entanto, aqueles que são considerados, como é o caso deste moço, psicopatas têm como característica de personalidade ser indiferente ao que fez. Não sentem prazer nem dor pelas suas ações.

Então, posso afirmar que os psicopatas realizam as ações da sua existência, por mais cruéis que possam parecer aos olhos humanos, sem tirar proveito individual para si (prazer ou dor). Quando isto ocorre é justo afirmar, de acordo com os ensinamentos dos mestres, que a ação foi vivenciada de uma forma universal.

Portanto, os psicopatas são missionários para matar quem precisa morrer do jeito que precisar acontecer. A missão deles é esta: vieram para a carne para dar a oportunidade de outros passarem pela prova deles de serem assassinados.

No entanto, só um detalhe: estou falando dos psicopatas e não daqueles que alegam ser. Muitos daqueles que a psicologia considera domo psicopata ainda carrega no seu íntimo o prazer em fazer as ações de sua missão e isto os descaracteriza como missionários.

No caso que citei (maníaco do parque) este moço é reconhecido como tal pelo mundo espiritual, pois o seu íntimo é conhecido, mas nem todos os psicopatas possuem esta característica.

Se, mesmo tendo sido diagnosticada a psicopatia, ele sofre (se acusa) ou tem prazer (gosta) com o que faz, tira proveito particular do acontecimento e com isto não pode ser considerado um missionário. No entanto, mesmo assim ele não será culpado pelo que faz.

Isto porque, de qualquer maneira, mesmo não sendo um missionário ele é um agente carmático, ou seja, uma pessoa que negativamente merecia se transformar em assassino.

Este merecimento negativo ao qual me referi é o carma da pessoa. Por seu aprisionamento ao ego aceitando as verdades que ele propõe como realidade, o espírito gera um tipo de merecimento. Libertando-se desta ação nefasta, espiritualmente falando, do ego ele geraria para si outro tipo de merecimento.

Portanto, se este espírito não está agindo impulsivamente comandado pela ação do ego (“aquela pessoa tem que morrer porque não presta”), mas age sem razões especiais, podemos, então, dizer que ele mereceu positivamente exercer esta missão, ou seja, é um missionário.

Sei que este assunto está chocando vocês e que a Realidade das coisas não consegue ser compreendida, mas isto porque ainda estão aprisionados à morte da carne. Quando se libertarem da carne, ou seja, compreenderem que a vida humana nada mais é do que ações carmáticas para o espírito compreenderão o que quero dizer.

Portanto, todo missionário é um santo do ponto de vista espiritual, mas não pelo padrão de santidade da humanidade, pois este é designado pelo ego dos seres humanos que defende a materialidade (a vida carnal) e não a existência espiritual.

O santo só pode ser assim considerado se nos ligarmos à eternidade espiritual, ou seja, pelo padrão espiritual: aquele que serve de instrumento a Deus para as ações carmáticas sem tirar nenhum proveito individual.

É por se basear no padrão de santidade dado pelo ego que a maioria sai da carne imaginando que fez a sua elevação espiritual, mas quando está lá fora vê que nada realizou. Ele não alcançou nada em termos espirituais, mas apenas submeteu-se ao padrão imposto pelo ego, ou seja, continuou sendo escravo das verdades que ele programou para vencer que eram contrárias ao amor universal.

Portanto, quando ouvirem alguém dizer que conseguiu realizar a sua elevação espiritual, saiam de perto: ele nem começou a tentar ainda, pois continua preso aos padrões pré-estabelecidos pelo ego.

Pergunta: Mas o espírito não pode recusar as missões que lhe são pedidas?

O missionário não recusa missões, mesmo que elas sejam contrárias aos padrões humanos; mesmo que suas atitudes não vão levá-lo a tornar-se famoso positivamente.

O apóstolo Paulo nos diz que para alcançarmos a elevação espiritual é preciso servir ao próximo, mas este serviço não pode ser realizado condicionado ao ego. Para se servir ao próximo é preciso realizar o que o espírito precisa, necessita para poder evoluir-se.

Sendo assim, o espírito quando aceita uma missão, só se interessa em saber se aquilo é realmente necessário para a evolução do espírito e para ele pouca importa se o que irá praticar contentará os egos humanos.

Já o ser humano, no entanto, serve ao ego. Para servir ao próximo almeja contentá-lo em suas verdades, satisfazer os seus desejos. Isto quando pensa no outro, porque a maioria se submete apenas ao seu ego, ou seja, serve ao outro do jeito que ele quer, que gosta. Isto não é servir ao próximo, mas se servir dele para nutrir o ego com prazer ou dor.

O ser humano, o espírito aprisionado às verdades do ego, acha que ser santo é dar ao próximo o que o mundo precisa, o que a materialidade exige para ser feliz.

No entanto, agir desta forma é ser contrário ao espírito, pois se estará servindo ao ego, às verdades humanas ali embutidas. O que o espírito realmente precisa é justamente de situações que sejam antagônicas com o que ele quer para que possa vencer as ideias propostas pelo ego e alcançar com isto a liberdade na união com Deus.

Ego (IPPB)

O ego e o mal

Pergunta: É, realmente é difícil compreender o que está sendo dito, porque nós achamos que ser estuprado não é legal, mas concordo que realmente pode ser uma prova extremamente necessária ao espírito.

Sim, isto é verdade. E se isto é necessário, porque Deus utilizaria um espírito que se sujaria aproveitando-se da ação (sentindo prazer ou dor) contribuindo assim mais ainda para aumentar a distância entre ele e Deus?

É por isto que o Pai envia missionários, ou seja, aqueles que podem realizar a missão sem se prejudicar com isso, para realizar os grandes crimes bárbaros e em série. Ele aproveita a vinda destes missionários e coloca diversos espíritos que precisam passar pela mesma situação frente a eles.

Com isto dá a cada um o que precisa sem expor diversos espíritos que poderiam se prejudicar, espiritualmente falando, para servir ao próximo. Sendo assim, Deus aproveita a encarnação de um missionário e faz ele matar logo um monte e com isto os carmas são realizados.

O ser humano criado pelo missionário para cumprir a sua missão não é culpado destas mortes, espiritualmente falando, mesmo que condenado pela lei humana, pois uma das grandes características dos psicopatas (os assassinos em série) é não ter intenção quando pratica o ato.

Se perguntarmos a eles porque fizeram aquilo, não saberiam responder. Diriam que uma força interna o levou a realizar sem que ele conseguisse se deter. Ou seja, eles não saberiam dizer quais foram as suas intenções ao agir.

Cristo ensinou que Deus julga as intenções de cada um. O Pai não julga os atos, o que se faz, mas a intenção com que cada um pratica as suas ações. Estas intenções são a característica da subordinação ao ego, ou seja, a explicação lógica e racional para o que foi feito.

O psicopata não tem isto, ou seja, não conhece a intenção de matar, mas age apenas por agir. Portanto, não pode ser considerado culpado pela lei de Deus. Pode até ser condenado pela lei humana, mas não pela lei divina, que afinal é o que vale para a existência eterna do espírito, não?

O pecado (culpa pela lei divina), portanto, não está no que se faz, mas na intenção com que se participa das ações. Se alguém faz alguma coisa com a intenção de ter “prazer” individual, isto é pecado, porque demonstra que o espírito fez para se servir e não servir ao próximo. Mas, se não existe esta busca, não é pecado.

Deixe-me contar simbolicamente para vocês uma coisa que acontece no mundo espiritual. Talvez assim consigam compreender a vida humana.

Lá no céu tem uma rádio que fica tocando música o tempo inteiro. De vez em quando a música para e são ouvidos avisos para os espíritos trabalhadores na seara de Deus.

Um destes avisos, que está ficando cada vez mais comum, diz o seguinte: “atenção senhores espíritos! O avião que vai sair da cidade para tal para a cidade tal à tantas horas vai cair. Ponham dentro quem precisa morrer de acidente de avião”.

Na natureza nada se perde. Quem não precisa morrer é induzido a perder a hora e quem precisa é induzido a trocar de voo: do dia de amanhã para o de hoje.

Ou vocês ainda acham que no atentado terrorista dos Estados Unidos morreu alguém que não precisava?

Quando achamos que morre quem não precisava, que não merecia, estamos julgando Deus. Afirmamos que ele errou ou que pelo menos foi omisso: não ajudou quem não merecia.

Acusar omissão em Deus é o mesmo que dizer que ele é a fonte de uma injustiça, pois deixou acontecer algo para quem não merecia aquilo. No entanto, como buscadores religiosos, acreditamos que Deus é absolutamente justo.

Como acreditar numa coisa e viver em outra realidade, ou seja, acreditar que Deus é soberanamente justo e ao mesmo tempo acusá-lo de omisso?

Isto só pode acontecer porque, mesmo os buscadores, se prendem às verdades ditadas pelo ego: isto é bárbaro, é um crime.

Ego (IPPB)

O ego e o livre arbítrio

Continuamos no nosso assunto, apesar de parecer que saímos dele completamente: o desenvolvimento do ego. O ego se desenvolve justamente assim: acreditando nele e não em Deus.

Pergunta: Mas os espíritos não têm o livre arbítrio?

Sim, mas o livre arbítrio de um não pode ser ferido pela ação do livre arbítrio do outro sem que com isto se castre este dom que Deus concedeu a todos.

O livre arbítrio de quem quer jogar o avião dentro do prédio não pode ferir o livre arbítrio de quem está no prédio e não quer morrer. Senão este mundo seria o caos seria a injustiça completa.

Estaria tudo abandonado ao acaso: “eu por acaso fui no prédio, o outro por acaso neste momento decidiu que ia jogar o avião no prédio e eu por acaso morri”.

Este espírito ao desligar-se da carne e teria o direito de colocar as mãos nas cadeiras e questionar Deus que se diz Onipresente, Onipotente e Onisciente, mas que nada fez para controlar os acasos que interferiram decisivamente na ação universal.

Neste caso o espírito teria desculpas para lançar sobre Deus pelo seu fracasso na sua encarnação. “Eu não venci o meu carma, o meu ego, porque o Senhor não agiu para frear o livre arbítrio do outro. Então, a culpa é sua. Por isso, vamos fazer uma coisa: apaga tudo o que eu devo e me considere elevado”.

Na verdade este era o sonho dos espíritos humanizados: ganhar sem fazer por onde merecer, receber de graça. Mas isto, universalmente falando, é impossível, pois cada um recebe apenas de acordo com as suas obras.

Por isto Deus é o Supremo Administrador dos carmas, ou seja, da decisão de realizar provas fruto de um livre arbítrio do espírito. Portanto, tenham a certeza: quem estava dentro dos prédios ou quem estava dentro dos aviões que se chocaram contra eles, ali estavam como fruto do seu livre arbítrio espiritual, Pediram tal prova para sua existência e Deus os colocou administrando o que cada um desejou quando ainda de posse da sua consciência espiritual.

Pergunta: É, realmente seria mais fácil se ganhássemos de graça a elevação espiritual. Por isto nos deixe sonhar com esta possibilidade, pois afinal sonhar não custa nada.

Custa muito caro: sonhar custa a fuga da realidade.

Quem sonha com o futuro vive num mundo ilusório cedendo ao ego cheio de ilusão enquanto a Verdade, a Realidade, a vida, a oportunidade de elevação está passando à sua frente.

Sonhar que este mundo pode ser totalmente constituído de atos santificados sem ter feito por onde merecer que isto ocorra, é uma ilusão que o leva a transformar a Realidade (a ação carmática justa e merecida) em horror, sujeira.

“260a. Assim, se não houvesse na Terra gente de maus costumes, o Espírito não encontraria aí meio apropriado ao sofrimento de certas provas? E seria isso de lastimar-se? É o que ocorre nos mundos superiores, onde o mal não penetra. Eis porque nesses mundos, só há Espíritos bons. Fazei que em breve o mesmo se dê na Terra”. (O Livro dos Espíritos)

 

Pergunta: Então a eutanásia não é errada?

Não. Sendo praticada é porque tinha que ser e era naquela hora e daquela forma que deveria acontecer o desencarne. Se não foi praticada não era para ser. Não era ainda aquele o momento nem a forma que o espírito deveria desencarnar.

“853a. Assim, qualquer que seja o perigo que nos ameace, se a hora da morte ainda não chegou, não morreremos? Não, não perecerás e tens disso milhares de exemplos. Quando, porém, soe a hora de tua partida, nada poderá impedir que partas. Deus sabe de antemão de que gênero será a morte do homem e muitas vezes seu Espírito também o sabe, por lhe ter sido isso revelado, quando escolheu tal ou qual existência”. (O Livro dos Espíritos)

Ego (IPPB)

Conhecimento do futuro

Reparem bem no que estamos fazendo respondendo a todas estas perguntas: estamos combatendo os egos de vocês, ou seja, as verdades que estão contidas nas suas memórias sobre os acontecimentos da vida. Estamos mostrando, dentro dos ensinamentos dos mestres, que aquilo que você acredita não é Real no sentido espiritual ou universal, mas uma particularidade criada pelas verdades planetárias.

No entanto, o que estou falando aqui não pode lhe levar a criar novas verdades: “a eutanásia deve ser praticada”. Se isto ocorresse vocês apenas teriam trocado uma verdade pela outra, mas não teriam se libertado do ego.

O ensinamento que Deus enviou através dos seus mestres não é para vocês saberem o que vai acontecer no futuro (ter verdades que determinem o que é certo ou errado), mas para não julgarem os outros nem você mesmo.

Se a ação foi praticada era isto que tinha que acontecer, se não ocorreu é porque nunca deveria ter ocorrido: isto você pode concluir sem apegar-se ao ego.

O que estou ensinando, na realidade, é que depois que os acontecimentos já ocorreram vocês não devem culpar os outros ou a si mesmo. O que se passou não foi obra exclusiva da vontade de um, mas os dois, utilizando-se do seu livre arbítrio, combinaram tal ação antes da encarnação.

Toda a vida é baseada nestes acordos pré-escritos que compõem aquilo que chamamos de livro da vida do ser humano. Depois que encarnam, ou seja, depois que assumem a consciência humana (acreditam ser o ego), esta Realidade some das suas mentes.

Portanto, amanhã acontecerá tudo o que foi acordado previamente com outros espíritos, mas você não tem como prever o futuro, ou seja, saber o que irá acontecer, porque o véu do esquecimento cobre a sua consciência espiritual.

Seus atos e daqueles com quem se relacionará serão guiados por estes acordos pré-estabelecidos e Deus fará com que eles aconteçam no momento que vocês planejaram para tanto na sua encarnação. Agora, depois que eles aconteceram você, pelo aval divino, pode ter a certeza de que aquilo estava pré-estabelecido e por isso não existem culpados.

Isto quer dizer, também, que vocês não podem querer antecipar que reações surgirão de tal ato, ou seja, o que sucederá pelo que aconteceu agora. Isto, como ato que é, também já está pré-estabelecido e ocorrerá independente do que vocês acharem agora que vai acontecer.

Querer saber o que irá ser feito, o que resultará de tal acontecimento, é uma ação racional do ser humano, ou seja, pensamentos criados pelo ego que vocês acreditam como reais, mas que são originados por verdades que precisam vencer.

Desta forma, se o ego lhe diz que tal coisa resultará naquilo, isto é o que precisa vencer. Se o ego lhe diz que tem que agir de tal forma, isto é uma verdade que precisa ser vencida.

Se não luta para desmoralizar o ego, ou seja, se submete ao que ele afirma que é real, não estará realizando a sua reforma íntima e alcançando a elevação espiritual.

Nada que o ego lhe diz é real. Nem o que ele fala de outras pessoas nem o que fala de você mesmo.

Ego (IPPB)

O ego e a culpa

Um dos grandes aspectos que o ego explora é a sua culpabilidade, a sua sensação de culpa. Ele próprio cria esta sensação e você, que se aprisiona a ele, crê-se culpado e com isto para de buscar a Deus.

No livro “Jesus no Lar”, transmitido pelo espírito Néio Lúcio, existem parábolas que Cristo contou durante as reuniões noturnas que não estão na Bíblia Sagrada. Numa delas ele fala de um homem totalmente devotado a Deus que estava sendo observado pelas hordas do inferno que queriam destruí-lo.

Para isto Satanás bolou dezenas de plano. Levou aquele ser humano à falência total, financeira e física; criou diversos embaraços para que o homem ficasse desacreditado pela sociedade e pela família. Em nada resultaram os esforços diabólicos, pois o homem continuava temente a Deus.

Um dia Satanás teve uma grande ideia: orientou seus discípulos a explorarem as supostas “falhas” daquele ser humano acusando-o: foi o bastante: o homem oprimido por suas culpas deitou-se e não mais obrou pelo Pai até o desencarne.

Quem lê esta história pensa que Satanás agiu sozinho, mas isto não é Realidade. No livro de Jó encontramos passagem na qual Deus estava no céu em reunião com seus anjos quando Satanás vai visitá-Lo.

“De onde vem vindo”, pergunta Deus a Satanás. “Estive dando uma volta pela Terra, passando por aqui e por ali”. Aí Deus disse: “viste o meu servo Jó? No mundo inteiro não há ninguém tão bom e honesto como ele. Ele me teme e procura não fazer nada que seja errado”.

Satanás, então diz a Deus que ele só age assim por interesse próprio. “Tu não deixas que nenhum mal aconteça a ele, à sua família e a tudo o que ele tem”. E lança um desafio ao Pai: “Mas, se tirares tudo o que é dele, verá que ele te amaldiçoará sem nenhum respeito”.

O Deus Eterno, para provar a Jó diz então: “pois bem. Faça o que quiser com tudo o que Jó tem, mas não faça nenhuma mal a ele mesmo”. (Jó – capítulo 1 – versículos de 06 à 13)

A parábola não para por aí: existe ainda a segunda prova de Jó, mas já dá para compreendermos o que estamos falando: Deus dá permissão ao diabo para nos tentar no sentido de nossa fé, mas dentro de condições que reflitam o nosso carma ou merecimento.

Mas quem é o diabo? É o ego que a todo momento nos faz as três proposições que constam das “Tentações de Cristo”: “se você é filho de Deus, mande que estas pedras virem pão”; “se você é filho de Deus, jogue-se daqui de cima, pois as Sagradas Escrituras dizem que Deus mandará que os seus anjos cuidem de você”; depois o diabo levou Jesus para um monte muito alto, mostrou-lhe todos os reinos do mundo e suas grandezas e disse a ele que lhe daria tudo isto se o adorasse de joelhos.

 Para se libertar das tentações do ego é preciso acima de tudo, livrar-se da culpa: sua e dos outros e do próprio ego. É preciso compreender que todas as situações da vida são ações carmáticas, ou seja, é aquilo pelo qual o espírito humanizado precisa vivenciar como justa recompensa do que fez anteriormente.

Sendo assim, não há culpas, pois todos recebem aquilo que mereceram e nem um centavo a mais.

Pergunta: Já que o senhor falou em carma, como ficam as culpas daqueles que mataram Cristo, Gandhi, Martin Luther King?

Nos casos onde a exposição à execração pública é muito grande são espíritos missionários que executam estas missões. Neste caso (executando missões) o espírito não gera para si o carma negativo que você quis afirmar na sua pergunta (culpados).

Eles não são culpados porque participam de uma ação que é imperioso que aconteça. Imagine se Cristo houvesse morrido velho, de cama, sem nenhum dos sofrimentos pelo qual passou? Certamente vocês nem teriam ouvido falar deles, assim como não conhecem muitos dos missionários que tiveram este fim.

Portanto, era preciso ser feito o que foi feito e quem fez não teve culpa alguma.

Por isto Cristo diz na cruz: “Pai, perdoa porque eles não sabem o que estão fazendo. Imaginam que estão se vingando contra mim, mas nada estão fazendo além da Sua própria obra”.

Ego (IPPB)

Missionários

Pergunta: O senhor poderia enumerar alguns dos missionários, ou seja, espíritos que não tinham mais provas para realizar durante a sua encarnação?

Como já falei anteriormente, sempre que duas ou mais pessoas se relacionam ocorrem dois acontecimentos diferentes no sentido espiritual para cada um dos envolvidos. Ao mesmo tempo em que está participando de provas suas que são propostas pela ação do próximo, o espírito humanizado também serve de instrumento para gerar provas para os outros que estão se relacionando naquele momento.

Isto caracteriza a missão individual de cada um, ou seja, o servir de instrumento para a elevação do próximo. Portanto, em todos os momentos onde estão acontecendo relações entre seres humanizados cada um está passando por sua prova, mas ao mesmo tempo sendo um missionário para auxiliar o outro.

É por isto que em “O Livro dos Espíritos”, na pergunta 132 que diz respeito ao objetivo da encarnação há o seguinte trecho: há ainda na encarnação o objetivo de “pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de ali cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta”.

Portanto, a obra da criação da vida é guiada por Deus (“cumprir as ordens de Deus”) que proporciona a ação carmática para os espíritos. Participando da ação carmática o espírito está concorrendo para a obra geral ele próprio se adianta.

Se o adiantar é manter-se em harmoniza com Deus (amá-Lo acima de todas as coisas) e a participação na ação carmática serve, ainda, para levar os outros também à elevação todos executam missões. Por isto, respondendo a sua pergunta, posso afirmar que todos os seres que já encarnaram no planeta, mesmo que para provas e expiações, foram missionários.

Pergunta: Estou perguntando isto porque a imagem que nós temos de missionários são aqueles que vem trazer coisas boas para nós.

Mas, mesmo o missionário que não é reconhecido como tal, está fazendo coisa boa: oportunidade de elevação. Mesmo aqueles que “matam” estão fazendo coisa “boa” para o espírito porque aquilo é o deveria acontecer para ele dentro do seu plano carmático para a encarnação.

Se não fosse isto, Deus não deixaria acontecer. Portanto, todos estão fazendo coisas “boas”, mesmo o bandido que lhe rouba na rua e o marido que abandona a esposa.

Ego (IPPB)

Tudo é carma

Sei que isto soa estranho para vocês, mas é disto que quero falar agora na nossa conversa de hoje. Já falamos da primeira parte, da segunda e da terceira parte do tema de hoje: o que é o ego, como ele é criado e como se desenvolve. Agora pergunto: como destruir o ego?

Entendendo que toda situação é um carma, ou seja, o marido que arruma outra não é um “safado sem vergonha”, mas um missionário de Deus criando uma situação necessária para que o espírito que está encarnado como sua esposa realize a sua prova. Ele cria, sob o comando de Deus uma situação para ver se aquele espírito se subordina ao seu ego que lhe cria a realidade (“ele não presta”), ou se reage ao acontecimento de uma forma universal: amando a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Sei que as “mulheres” que já passaram por esta situação estão achando que estou justificando as ações dos seus maridos, mas não é isto: esta é a Realidade do universo.

Vocês conhecem a lei do carma na teoria, conhecem a encarnação e a vida espiritual também teoricamente. Apesar disto, no momento que o seu “calo dói”, não consegue colocar em prática os ensinamentos porque está subordinado ao ego que está julgando e acusando pessoas para defender as suas vontades e paixões, que é ele mesmo criou.

Nenhum marido jamais conseguirá arrumar uma amante, se este não for o carma da esposa e vice-versa, pois cada um encarna com o objetivo de, sob as ordens de Deus, auxiliar na obra da criação. Ninguém age porque quer, mas dirigido para que o universo se crie.

Deixe-me dizer uma coisa que talvez choque ainda mais as “mulheres” que passaram por esta situação: se existe um culpado da ação de trair do marido, é a própria esposa, ou melhor, do espírito que está convivendo com aquele ser humano.

Por que? Porque ela é um espírito que precisou passar por aquela situação como resultado de ações anteriores.

Pergunta: Então, devemos aceitar tudo que acontece passivamente?

Desculpe, não estou falando em aceitar passivamente, com resignação, mas em amar. Você tem que amar tudo que lhe acontece, mesmo que isto contrarie os seus desejos.

Você tem que amar o marido, a outra, a separação, porque a lei de Deus é amar a Deus sobre todas as coisas. Agora, se eu O amo acima de algumas coisas, mas não O amo acima de outras, que diferença eu tenho de um ateu?

Pergunta: Então tudo que acontece é carma?

Veja, se não houver carma não há vida, pois a existência carnal de um espírito é o carma em ação. Você não está “viva”, mas vivenciando carma.

Este é o objetivo da encarnação: provar que pode vivenciar seus carmas utilizando-se do amor universal abandonando o seu individualismo. Para isto precisa seguir os dois mandamentos deixados por Cristo: amar a Deus acima do que não gosta e amar ao próximo como a si, mesmo que ele possa ser considerado seu “inimigo”.

Agora, por que não consegue viver estes dois mandamentos? Porque o marido é posse da mulher e vice-versa.

Se você ama mesmo de verdade, por que deixará de amá-lo apenas porque saiu de casa? Quem deixa de amar ao próximo apenas porque lhe contrariou ou se afastou nunca amou: possuiu.

Quem ama mesmo não precisa da presença física do amado. Portanto, o casamento que, quando termina, gera críticas e acusações nunca foi embasado no amor, mas na posse. As pessoas queriam o outro para si porque achavam que eles eram delas. Por isto sofrem se houver separação.

Mas cada ser humanizado não é de nenhum outro espírito, mas de Deus, filho do Pai. Então, amando-o mesmo no momento de suposta traição e desligamento, você pode provar o amor a Deus.

Vivenciando qualquer situação com o amor universal você dá uma compreensão de que crê em Deus e sabe que tudo que aconteceu foi gerado por Ele, como fruto do seu Amor Sublime por cada filho.

Quem compreende que Deus dispõe das pessoas para criar situações que gerem os seus carmas e não vê culpados em ninguém por nada, consegue realizar as sus provas com sucesso e acaba com suas provas alcançando a evolução espiritual.

Ego (IPPB)

Uma só vida

Esta sua pergunta (se tudo é carma) é fundamental porque o ser humano tem o hábito de separar a vida em duas: a material e a espiritual.

Mas, no entanto isto não existe, porque não se pode servir a dois senhores ao mesmo tempo. Ou você opta por viver a vida material pela realidade material (acontecimentos que cada um gera ao seu bel prazer) ou pela realidade espiritual (Deus criando ações carmáticas para sua prova através da utilização de outros seres humanizados).

Ou a sua vida é uma existência espiritual, e aí precisamos entender que tudo faz parte do carma porque termina com a morte, ou a sua vida é material, mas aí o meu conselho é que abandone a busca espiritual. Se persistir em atingir a Deus sem abandonar a visão material da vida, se enganará dizendo que realizou alguma coisa e quando chegar depois do desencarne sofrerá uma desilusão muito grande.

Não se pode separar o que você gosta e o que não para por em prática ou não no ensinamento que aprende na sua busca a Deus. Sabe qual o nome disto? Maya, ilusão.

Você frequenta centros, templos ou igrejas de segunda a sexta, faz suas orações diariamente, cumpre com as obrigações de caridade e acha que com isto está servindo a deus, mas enquanto não colocar em prática o ensinamento do mestre que segue durante vinte e quatro horas e não apenas em espaços isolados nada terá realizado.

Aí, se frequenta uma religião fervorosamente, mas não leva os ensinamentos para a sua existência diária, e sua vida começa a “dar para trás”. Desiludido sai daquela casa e diz que a religião ou a casa não é boa, é fraca, porque não resolveu o seu problema.

Você estava frequentando lá para servir a Deus ou para se servir?

É isto que estamos falando. Libertar-se do ego é acabar com as ilusões materiais da vida. Acabar com a ilusão, por exemplo, que você pode ter um carro se quiser ter. Se você pode ter um carro se quiser ter o que Deus está fazendo nesta hora: está de braços cruzados?

Sim este é o Deus da maioria dos religiosos: um Deus parado, morto, que só “aparece” (age) quando o ser humano precisa Dele para fazer o que ele quer. O ser humano só louva a Deus quando Ele faz o que o homem quer.

Então, Deus é escravo do homem: alguém que é mantido preso na senzala (igreja, centro) e quando o ser humano quer o tira de lá e coloca para trabalhar em seu benefício exclusivo.

Esta é a relação da humanidade com Deus. Na hora que o marido foi embora Deus não estava lá, mas na hora que a “mulher” conseguiu namorar e casar quem ilusoriamente achava que amava, com certeza disse graças a Deus.

Nos momentos que o casamento esteve dentro do contentamento desta “mulher” com certeza ela louvou a Deus por ter lhe dado tal relacionamento. Mas, agora, que nada mais acontece do jeito que ela quer, Deus não está presente?

Então, quem é este Deus com o qual a humanidade convive senão um submisso às vontades individuais de cada um?

Desculpe é duro ouvir isto. É duro ouvir que se o seu marido lhe abandonou você foi a culpada, não porque o traiu ou deixou a desejar, mas porque, dentro da eternidade da existência espiritual fez por onde merecer e precisar que tal situação acontecesse para aprender a amar a Deus sobre todas as coisas.

Mas, esta é a Realidade e é para passar por isto que você nasceu, para vivenciar isto que está na carne. Não culpando os agentes carmáticas das suas situações, mas trabalhando para vencer o ego.

Mesmo os buscadores da elevação espiritual não compreendem a ação do ego (afirmar que o marido é um “sem vergonha” e que a amante dele é uma “prostituta”) porque não trazem Deus para o seu cotidiano. Aí se entregam ao diabo no prazer ou na dor.

Sim, tem gente que se entrega ao prazer na separação. Tem “mulher” que dá a graças a Deus que o marido foi embora. No entanto, a maioria cai na depressão.

Não importa: as duas estão servindo ao ego. Isto porque estão submissas ao que ele diz como realidade, enquanto que a Verdade é que aquele acontecimento como o ego está retratando, mas é apenas uma situação carmática que cada um precisa passar.

Apesar de que tudo que está sendo dito aqui estar soando lógico dentro da sua razão, sem que tem muita gente que tem “medo” de aceitar este ensinamento e divulgá-lo. Acreditam que com isto estarão levando desculpas para que maridos ou esposas traiam seus conjugues. Mas, isto é impossível.

Se você possui missão espiritual de auxílio ao outro não deixe de levar a Realidade a eles, pois ninguém conseguirá trair o outro senão estiver escrito no livro da vida de cada um. Mesmo que as pessoas pensem que poderão trair a vontade ao ouvi-los, Deus não deixará isto acontecer.

Ego (IPPB)

Vencer o ego

Estamos, então chegando ao fim da quarta etapa de nossa conversa de hoje: como vencer o ego? Lutando contra a tentação de ter verdades; lutando contra tudo aquilo que a razão afirma ser verdadeiro.

Agora, esta luta não pode se dar em alguns detalhes, mas tudo, tudo mesmo precisa ser combatido. Não se pode lutar contra algumas verdades e deixar outras para depois, pois senão nada será vencido.

Lutar contra o ego é estar constantemente consciente do seu pensamento para que você possa lutar contra as verdades traduzidas pelo pensamento. Ou como Cristo disse: orai e vigiai.

É preciso ter atenção plena nos seus pensamentos para que possa dizer ao ego “cala a boca isto que está falando não é verdade. Você quer me iludir outra vez, quer me jogar de novo no prazer ou na tristeza. Então cala a boca que eu não acredito no que me diz”.

Pergunta: Viver a vida em meditação?

Veja, você não pode viver a vida em meditação como hoje entendida, ou seja, permanecer o tempo inteiro com o corpo estático pronunciando sons (mantras) purificadores. Se agisse assim não estaria participando de ações carmáticas e com isto não venceria nada.

É por isso que Buda ensina a meditação andando e falando, ou seja, viver os acontecimentos da vida meditativamente.

Você está no seu trabalho, por exemplo, e chega a notícia que o seu amigo foi promovido para uma vaga que você se considerava apto a assumir. Neste momento o ego lhe dirá: passou a perna em você.

Vivendo em meditação, ou seja, com a consciência dos pensamentos que lhe veem à mente fixado na Realidade universal (tudo é ação carmática) pode responder a altura ao ego: “cala a boca, ninguém passou a perna, Deus é Supremo, se Ele não achou que era a minha hora é porque não era. Está tudo certo”.

Pergunta: O despossuir das verdades ...

Isto é ensinamento do Buda. Você tem que abandonar a paixão pelas suas formações mentais.

Pergunta: Mesmo que este companheiro que tenha sido promovido zombe de mim?

Mesmo que ele diga: viu só...

Pergunta: trouxa?

 Você falou uma palavra interessante: trouxa. Quem é o maior trouxa que viveu neste planeta, ou seja, aquele mais deixou de se aproveitar das situações para benefício próprio? Cristo.

Ele podia ser o Rei dos Reis e era carpinteiro; podia dominar o planeta com um gesto de mão, mas foi para a cruz. Aliás, eu lembro, ele disse assim: eu sou o caminho a verdade e a luz, ninguém chega a Deus a não ser através de mim. Se ele era um trouxa como é que se chega a Deus? Sendo esperto?

Deixe-me explicar uma coisa. Alguém sabe o que quer dizer oferecer a outra face? Oferecer a outra face não é uma atitude física, mas uma atitude mental. É não reagir aos acontecimentos.

Sabe de uma coisa: é muito mais difícil um ser humano conseguir se dominar para não reagir do que se deixar levar pelas paixões e sair “batendo em quem lhe bateu”. Por isto é que é mais importante espiritualmente oferecer a outra face: você venceu, se dominou, se controlou.

Você que oferece a outra face não é bobo, mas aquele que lhe acusou é que é um bobo, um escravo.

Veja, os seres humanos preservam a ideia do livre arbítrio de praticar atos como uma prova de sua liberdade, de sua autonomia. Mas, quem precisa reagir de uma determinada forma padrão a um acontecimento, na verdade se escraviza aos padrões do planeta. Que liberdade é esta? Que autonomia tem que segue padrões ditados pelos outros?

Ele perdeu sua autonomia e se tornou um escravo do outro porque se sentiu obrigado a dar o troco daquilo que recebeu. Sentiu-se obrigado a ter raiva de quem lhe contrariou.

Se o outro lhe passou a perna e você se sente obrigado a acusá-lo, criticá-lo e difamá-lo perante seus colegas para não se sentir um trouxa, aí é que estará sendo, pois perdeu o controle de si mesmo e reagiu de uma forma padronizada pelo planeta e ditada pela ação do outro.

Você aprender a se controlar, ou seja, se libertar da ação do ego é uma atitude sublime.

Pergunta: Mas, tem gente que consegue depois de passado o momento se controlar e até dar risadas do que aconteceu.

Eles estão no caminho da vitória sobre o ego. Se ontem alguém ficava com raiva durante uma hora e hoje só fica cinquenta e nove minutos, já melhorou. Mas não quer dizer que já tenha realizado alguma coisa.

A vitória tem que ser completa para que a elevação espiritual seja alcançada. Só aí você poderá dizer que já realizou alguma coisa.

Enquanto ainda se deixar dominar pelo ego estará preso a sansara (roda de encarnações) e terá que novamente passar por todo processo de formação do ego e das situações para tentar viver plenamente a liberdade do ego. Portanto, nada mudou.

Não adianta considerar que já está fazendo alguma coisa, que já trabalhou muito para a sua evolução, porque senão para por aí. Aquele que imagina que conseguiu alguma coisa estanca a sua caminhada. Ao invés de dizer que já conseguiu vencer vinte e três horas, diga que ainda não conseguiu vencer uma hora.

Cristo ensinou que aquele que está procurando não deve parar jamais de procurar. Isto porque se você imagina que já fez muito, estanca na sua atenção plena aos pensamentos e aí retroage no que já havia conseguido.

Isto ocorre porque o ego não deixará de tentá-lo até o fim da encarnação, ou seja, até a morte completa dele. Enquanto ele não for derrotado totalmente continuará adaptando-se com novas verdades para poder continuar a tentá-lo.

Portanto, a compreensão racional do que já se evoluiu é uma outra ilusão que o ego cria ao ser humanizado para levá-lo a relaxar e com isto ele continuar, sorrateiramente a minar tudo o que você já fez.

Saiba disto: se você está em um ponto e quer chegar ao outro, estar no meio do caminho não significa que já alcançou o objetivo, mas apenas que já iniciou a caminhada, já se locomoveu durante o processo. Isto, no entanto, não quer dizer que alcançou nada.

Você só chegará no ponto de destino quando chegar lá. Enquanto estiver no caminho estará no caminho: mais nada que isto. Mas com certeza o ego lhe dirá que você já melhorou muito, já trabalhou bastante. Achando que isto é verdade para na caminhada.

Ego (IPPB)

Tijolinho

Para encerramos nossa conversa sobre o ego, deixe-me fazer uma figura que eu quero que guardem para sempre.

Sabe o que é “viver” materialmente falando? É como se tivesse sido mandado para um prédio imenso de trinta andares, cheio de apartamentos, com a finalidade de demoli-lo. Só que você só tem um martelinho para trabalhar.

Viver é isso: é você de martelinho quebrando pedacinho a pedacinho do prédio das verdades que construiu antes de encarnar.

Além disso, é preciso compreender que durante a vida cada vez que para tirar o suor do rosto, ou seja, a cada segundo que não dá uma martelada coloca outro tijolo, ou seja, uma nova verdade. Isto é viver a vida carnal no sentido espiritual.

Você está lá com o seu martelinho quebrando suas paredes e em determinado momento, cansado do trabalho que está realizando coloca o martelo do lado para descansar e quando olha de volta a parede já o engoliu novamente.

Tudo no que acredita é o ego que lhe diz, mesmo que você considere estas coisas como benéficas para você. Passear, ir para o campo, viver o final de semana onde não há trabalho, a sensação de ter sido aprovado em um concurso, etc. Sabe o que é tudo isto? É ilusão. É assentar mais um tijolinho na parede do seu prédio.

Para poder se trabalhar com afinco sem jamais parar de martelar e reconhecer que mesmo nestes momentos precisamos continuar o processo de demolição, precisamos é saber o que queremos: destruir ou assentar.

O grande problema da vida não é construir, colocar mais tijolos na construção, pois Deus dá ao espírito o direito dele não evoluir, mas ser hipócrita: destruir de noite e construir de dia. Não avança nem retroage. Ou seja, é tempo jogado fora.

A encarnação há muito tempo tem sido jogada fora. A oportunidade de vitória sobre o ego, ou seja, quebrar as paredes têm sido jogada fora em troca do prazer do “ser” e “estar”, em troca da obediência as leis do planeta, para ficar famoso como ser humano: isto é importante para quem está “vivo” e buscando a Deus se lembrar.

Sabe de uma coisa: aqueles que viveram neste planeta antes, em gerações anteriores, não são outros homens nem outros espíritos que deixaram de aproveitar a oportunidade para a reforma íntima, mas nós mesmos, com outras personalidades, com outros egos, com outros carmas.

Não foi ninguém diferente que fez o planeta do jeito que está, mas cada um de nós o criou do jeito que está encarnado e desencarnado nele por centenas de vezes.

Esta consciência deve lhe levar a preocupar-se em começar a trabalhar já. Ou será que ainda esperará voltar a encarnar no futuro e acusar você mesmo de não ter feito nada para que o planeta Terra evoluísse?

Alguns são fortes e quando batem na parede caem três tijolos de uma vez, outros são sábios, acham o ponto certo e o prédio cai de uma vez, mas a grande maioria precisa bater constantemente para quebrar a parede.

Por isto, amigos, agora que já sabem que sua vida não é obra do “acaso” nem de reações biológicas, mas uma oportunidade de provação espiritual; agora que já conhecem a escravidão ao ego como instrumento desta provação, preparem-se para mudar.

Lutem contra tudo aquilo que acreditam ser real e verdadeiro e destruam o prédio que moram (sua vida) para poder entrar no universo, na comunhão universal com Deus.

Com as graças de Deus.