Escolha das provas
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Escolha das provas

O destino do ser humanizado, os acontecimentos da vida humana de cada espírito, é fruto de sua própria escolha antes da encarnação. Nessa escolha, o ser universal não se preocupa com o gozo dos bens terrestres, mas apenas em dispor de todos os elementos necessários para a sua elevação. É isso que é mostrado nessa série de comentários de Joaquim de Aruanda ao sub-capítulo 'Escolha das provas' de O Livro dos Espíritos.

Áudios disponíveis em cada capítulo...

Escolha das provas

O Livre arbítrio do espírito

258 – Quando na erraticidade antes de começar nova existência corporal, tem o Espírito consciência e previsão do que lhe sucederá no curso da vida terrena?

Ou seja, antes de nascer, o espírito sabe o que vai acontecer na sua vida carnal?

“Ele próprio escolhe o gênero de provas por que há de passar e nisso consiste o seu livre-arbítrio.”

Leiam novamente: “ele próprio escolhe o gênero de provas por que há de passar e nisso consiste o seu livre-arbítrio.”

Se isso é verdade, e é porque trata-se de um ensinamento de um mestre da humanidade, o Espírito da Verdade, quer dizer que o espírito escolhe e sabe antes da encarnação, antes de nascer, a vida que terá. Aí está dito mais: esse é o livre arbítrio do espírito.

Eis a informação da existência da liberdade que Deus dá a cada um de escolher as perguntas das provas que irá se submeter quando encarnado. Você diz ‘Deus, que quero provar que me libertei da posse’. Ele, então monta uma historinha, um enredo de vida, onde esteja presente a possessão para que você possa provar a sua libertação dessa forma de viver. Você diz, ‘Deus, quero provar que me libertar da arrogância’. Ele, então, gera uma história onde estará presente a sua arrogância para que possa provar que se libertou dela.

É isso que é o livre arbítrio do espírito. Ele pede provas e a partir do que pede, a sua existência carnal é desenhada.

Nada acontece por acaso. O ser não vive a vida aqui, ele a gera antes de encarnar. Tudo o que vivenciará durante a encarnação vai sendo criado antes. Depois que encarna, só vivencia o que foi prescrito.

Vamos deixar bem claro: você nasceu numa família pobre porque pediu para nascer nela e nessas condições; se hoje em dia não possui casa própria, é porque pediu para não ter; se está passando por necessidades físicas, fome, é porque pediu antes de encarna para não ter comida quando tivesse a idade que tem hoje.

Tudo que vive hoje, que viveu ontem e que viverá amanhã é fruto do seu livre arbítrio antes de encarnar. E olha que esse livre arbítrio não é tão livre assim. Muitas vezes o espírito pede, mas deu não concede.

Se deixar pelo ser que irá fazer provas, os habitantes do planeta iriam nascer miseráveis, sem braço, sem perna, sem visão, sem audição. O espírito tem vontade de acabar logo com suas provas, por isso pede bastante oportunidades durante a encarnação. Só que Deus corta a maioria. Através de espíritos superiores (mentores), o Pai conversa com o ser que vai encarnar e diz: ‘Filho, você não vai aguentar isso, não vai dar conta’.

Por isso disse que esse livre arbítrio não é tão livre assim. O espírito pede, mas Deus nivela os pedidos dentro da capacidade de realização que Ele sabe e conhece de cada um. Só depois disso tudo é que o ser encarna. Apesar de tudo a que se dispôs antes de encarnar, o ser na carne dificilmente consegue realizar o que se comprometeu.

Essa é a realidade do mundo: o espírito pede seus gêneros de provações, Deus gera as histórias para que elas existam e aí o espírito encarna e vai viver uma vida humana onde estará presente tudo o que ele pediu utilizando-se do seu livre arbítrio. Todo o livro da vida (acontecimentos), a personalidade (o mundo mental), o corpo físico e todas as coisas que o ser convive durante a encarnação é decorrente do pedido que fez antes de nascer.

Isso estamos dizendo há algum tempo, mas o estudo dessa passagem é importante para que compreendam que não estamos inventando essa informação. O que falamos é fruto de uma informação do Espírito da Verdade.

Por isso já disse: não posso criar nada, não posso falar nada que não tenha uma base escrita. Posso falar na existência de um livro da vida e do fato dele ser escrito pelo ser porque existe uma informação que a vida é planejada antes da encarnação. Se não houvesse essa informação, não poderia dizer isso.

Mas, ainda não acabaram as surpresas desse capítulo. Vamos continuar estudando. Prestem muita atenção no que ainda vamos ver, pois poderão verificar que o que falo já estava ensinado.

Escolha das provas

A responsabilidade pelos acontecimentos da vida

258a – Não é Deus, então, quem lhe impõe as tribulações da vida, como castigo? Nada ocorre sem a permissão de Deus, porquanto foi Deus quem estabeleceu todas as leis que regem o Universo.

Desse trecho vamos tirar a palavra castigo e ouvir carma. Deus não castiga: dá o justo e necessário para que o ser possa ter uma nova oportunidade de viver dentro do padrão universal.

Outro detalhe: se Deus não impõe, não é Ele quem escolhe o que vai acontecer durante a vida carnal, quem escolhe as provas. Juntando essa informação com a que vimos na pergunta anterior, temos, então, bem claramente, a informação que tudo que ocorre durante a encarnação é gerado pelo próprio espírito utilizando-se do seu livre arbítrio.

Sabe o momento difícil que você atravessa, está atravessando ou já atravessou? Não foi Deus que lhe impôs; foi você que pediu. Sabe a ausência de coisas que tem na sua vida? Não foi Deus que lhe impôs; foi você que pediu. Sabe as carências afetivas e materiais que sente? Não foi Deus que lhe impôs; foi você que pediu. Sabe a mulher, o marido, o filho, a mãe, o pai que você tem? Não foi Deus que lhe impôs; eles estão na sua vida porque você pediu isso.

Louvado seja Deus.

 Nada ocorre sem a permissão de Deus, porquanto foi Deus quem estabeleceu todas as leis que regem o Universo. Ide agora perguntar por que decretou Ele essa lei e não aquela. Dando ao Espírito a liberdade de escolher, Deus lhe deixa a inteira responsabilidade de seus atos e das consequências que estes tiverem. Nada lhe estorva o futuro; abertos se lhe acham, assim, o caminho do bem, como o do mal. Se vier a sucumbir, restar-lhe-á a consolação de que nem tudo se lhe acabou e que a bondade divina lhe concede a liberdade de recomeçar o que foi mal feito.

Nesse trecho, entendamos bem e mal, como universalismo e individualismo.

Demais, cumpre se distinga o que é obra da vontade de Deus do que o é da do homem. Se um perigo vos ameaça, não fostes vós quem o criou e sim Deus. Vosso, porém, foi o desejo de a ele vos expordes, por haverdes visto nisso um meio de progredirdes, e Deus o permitiu.”

Sabe a batida de carro? Ela não é culpa do outro motorista. Foi Deus que criou o choque porque você pediu isso. Sabe o bandido que lhe rouba com o revolver na mão? Ele não faz isso porque é um sem-vergonha, mas porque Deus comandou essa ação atendendo um pedido seu.

É isso que precisamos compreender. Deus é um eterno cantor que está sempre cantando: me dê motivos. Você gera a motivação para tudo o que Ele faz acontecer na sua vida, pois pede antes de nascer os gêneros das suas provações. Tudo que lhe ocorre foi você que pediu para passar.

Sendo assim, se existe um culpado de tudo o que lhe acontece, esse seria você. Os acontecimentos que vivencia durante a vida carnal são todos oriundos do que pediu antes de nascer. Você pediu a vida que hoje vive e Deus apenas lhe concede o que foi escolhido. Com isso, o transforma em responsável por si mesmo.

Isso é fundamental de se ter consciência. Enquanto encarnados, vivemos acusando os outros de serem responsáveis pelo que nos acontece. Só que ninguém é responsável por nada que vive. Apenas você é o responsável, pois pediu que aquilo ocorresse. Você é o responsável pelo que vive, não por causa do que fez nessa vida, mas por ter pedido essa provação antes da encarnação.

A partir dessa consciência, precisamos parar de acusar os outros. Precisamos deixar de dar responsabilidade aos outros pelo que vivemos. Ninguém é capaz de lhe fazer nada que você não tenha pedido para acontecer. Os outros são meros instrumentos da sua vontade.

Se pede para passar por uma situação de perigo onde um bandido aponte uma arma para a sua cabeça, aquele ser humano não é culpado por estar ali: ele é simplesmente um instrumento de Deus para dar aquilo que você pediu. Por isso lhe digo: ame o bandido. Ame-o porque o que ele está fazendo é amor: está lhe dando uma oportunidade de elevação. O fato dele estar com uma arma apontada para sua cabeça é Deus lhe amando, ou seja, sendo fiel ao que você pediu porque sabia que era o que precisava para a sua evolução.

A questão da responsabilidade pelos acontecimentos dessa vida é fundamental para aqueles que querem alcançar a elevação espiritual. Vocês vivem sempre achando responsáveis pelo que lhes acontece, encontram culpados, mas ninguém é responsável pelo que lhe acontece. Tudo que ocorre na vida é responsabilidade única e exclusiva do espírito, pois é resultado do que ele pediu antes da encarnação.

Por favor, isso ficou bem claro? Pergunto porque esse tema é fundamental na elevação espiritual. Se ele não ficar claríssimo na consciência do ser humanizado, saímos pela vida chutando as canelas de todo mundo. Vivemos com a seguinte ideia: ‘eu sou tão bonzinho e vem outra pessoa e me acusa, me faz sofrer’.

Escolha das provas

Carma dessa vida

259 – Do fato de pertencer ao Espírito a escolha do gênero de provas que deva sofrer, seguir-se-á que todas as tribulações que experimentamos na vida nós as previmos e buscamos? Todas, não, porque não escolhestes e previstes tudo o que vos sucede no mundo, até às mínimas coisas. Escolhestes apenas o gênero das provações. As particularidades correm por conta da posição em que vos achais; são, muitas vezes, consequências das vossas próprias ações. Escolhendo, por exemplo, nascer entre malfeitores, sabia o Espírito a que arrastamentos se expunha; ignorava, porém, quais os atos que viria a praticar. Esses atos resultam do exercício da sua vontade, ou do seu livre-arbítrio. Sabe o Espírito que, escolhendo tal caminho, terá que sustentar lutas de determinada espécie; sabe, portanto, de que natureza serão as vicissitudes que se lhe depararão, mas ignora se se verificará este ou aquele êxito. Os acontecimentos secundários se originam das circunstâncias e da força mesma das coisas. Previstos só são os fatos principais, os que influem no destino. Se tomares uma estrada cheia de sulcos profundos sabes que terás de andar cautelosamente, porque há muitas probabilidades de caíres; ignoras, contudo, em que ponto cairás e bem pode suceder que não caias se fores bastante prudente. Se, ao percorreres uma rua, uma telha te cair na cabeça, não creias que estava escrito, segundo vulgarmente se diz.

Pode não estar escrito, mas não foi acaso. É resultante da decorrência de seus atos. Deixe-me explicar o que estou falando.

Vamos usar o exemplo que o Espírito da Verdade colocou: você pede para nascer numa família de malfeitores para vencer determinada coisa. Ao pedir isso, você também projeta resultados: ‘vencendo essa situação, quero ir por esse determinado caminho. Quero estudar, ter essa profissão. Agora, se eu não vencer, vou ser um malfeitor, um assaltante’.

Ao propor essa vida, você não sabe quem irá assaltar se tornar-se um bandido. No entanto, sabe que será um assaltante, sabe que irá para a cadeia, sem saber qual. Ou seja, conhece a grosso modo a existência que terá, mas não conhece as particularidades dela.

Por que isso? Porque Deus precisa a dar a quem precisa o que merece. Se você mereceu se transformar num assaltante, Deus o utiliza para assaltar quem merece. Se tiver que ser condenado, Ele o colocará na cadeia onde estejam outros seres que precisem de atos que você pediu para praticar.

O que estou querendo dizer é que existem dois carmas. O de vidas anteriores, que embasa a programação da existência antes do nascimento, e o dessa vida, que é criado pelas circunstâncias pós nascimento. Pelo primeiro você se torna assaltante, pelo segundo assalta aquele que precisa e merece passar por esse acontecimento.

Participante: o que faz com que escolhamos determinadas coisas?

A vontade de vencer provas, de vencer a individualidade.

Escolha das provas

Ambientes marginalizados

260 – Como pode o Espírito desejar nascer entre gente de má vida? Forçoso é que seja posto num meio onde possa sofrer a prova que pediu. Pois bem! É necessário que haja analogia. Para lutar contra o instinto do roubo, preciso é que se ache em contato com gente dada à prática de roubar.

O espírito pede as provas de acordo com a matéria que vai realizar a provação. Para isso, não pode se afastar da fonte daquilo que veio provar. Pelo contrário: precisa sempre se aproximar mais.

Se você quer se bronzear, não vai ficar em casa deitada na cama e coberta. Tem que sair e expor-se ao sol. Do mesmo jeito, aquele que quer provar que está livre do individualismo com o qual o ser humanizado vive, precisa se expor a ele. Para isso é necessário que esteja num meio onde esse individualismo esteja presente.

O que estamos falando é que para se vencer alguma coisa há a necessidade da tentação. Sem ser tentado a usar o que quer se libertar, não há vitória para o ser.

É por isso que o espírito escolhe coisas que os humanos não conseguem compreender. Ele escolhe, por exemplo, nascer entre gente de má vida ou qualquer outro ambiente execrado pelos humanos, desde que isso seja importante para o resultado da sua encarnação.

Ele sempre viverá onde existam os elementos que proporcionem a oportunidade de realizar suas provas.

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O responsável pelo mal

260a – Assim se não houvesse na Terra gente de maus costumes, o Espírito não encontraria aí meio apropriado ao sofrimento de certas provas?

Entender, novamente, sofrimento no sentido de passar por determinadas situações e não sofrer emocionalmente. Continue a leitura.

E seria isso de lastimar-se? É o que ocorre nos mundos superiores, onde o mal não penetra. Eis por que nesses mundos, só há Espíritos bons. Fazei que em breve o mesmo se dê na Terra.

Poderia a humanidade viver sem ladrões, sem assassinos, sem estupradores? Não. Por quê? Porque a existência desses personagens é resultado do padrão vibracional dos espíritos que aqui encarnam. Ela é necessária para o carma dos espíritos que aqui encarnam. Vocês precisam que esses elementos existam.

Participante 1: caramba, eu posso escolher ser um criminoso.

Participante 2: eu entendi que sim, vai depender da moral do espírito.

Não, não pode escolher ser um criminoso. Você escolhe nascer num meio de criminosos para vencer a tendência de ser um. Se conseguir terá uma vida; se não conseguir terá outra.

Participante: mas o espírito não pode vir com a tendência de ser um criminoso por causa de uma missão?

Sim, mas aí é outro caso. Estamos falando agora apenas de espírito que encarnam para provações.

Portanto, você não escolhe ser um criminoso, mas sabe que poderá ser por ter escolhido nascer no meio dos criminosos com a intenção de ser tentado dentro do seu gênero de provação.

Participante: por fim, ser criminoso já é vamos dizer assim ...

O castigo ...

Participante: isso, o castigo ...

Não; é o carma ...

Ser bandido não castigo, é carma: resultado de uma ação espiritual. Essa ação que gera o carma não tem nada a ver com o ato de assaltar, mas está ligado ao fato de não ter vencido uma tentação que está ligada ao gênero de provações pedido antes da encarnação.

Uma coisa é diferente da outra.

Participante: Hitler poderia ter escolhido ser um Gandhi? Foram as escolhas depois da encarnação que determinaram o seu destino? Pergunto porque foi isso que estudei na numerologia cármica dele.

O que você fala pode até ser real, mas não podemos aplicar esse pensamento ao caso de Hitler, pois ele não veio para provas, mas para missão.

De qualquer maneira seu raciocínio está dentro da lógica espiritual. Um ser pode encarnar para ser um Gandhi, mas acabar tornando-se um Hitler por causa das opções feitas nessa encarnação.

Só que essa discussão está nos afastando do verdadeiro ensinamento que está presente nessa resposta. Vamos a ele.

Primeiro o Espírito da Verde diz que precisa haver gente de maus costumes para que os encarnados tenham as suas provas. Só que ele diz: devemos apenas lamentar que isso seja assim? Não, devemos fazer com que em breve não seja mais necessário que existam pessoa que vivenciem esses papéis.

Reparem bem na mensagem. Há a necessidade de haver um bandido porque você tem o carma de ser roubado, mas ao invés de se lamentar por isso, faça com que essa necessidade acabe na Terra. Ou seja, não gere mais para si esse tipo de carma.

Como se faz isso? Ao invés de se declarar vítima de uma ação criminosa, ao invés de acusar o ladrão, ao invés de dar ao próximo responsabilidade pelo que está vivendo, compreenda que você é o responsável pelo que está lhe acontecendo. Pare de dizer que os outros são os culpados pelo que vive, pois na realidade a culpa é sua, pois tem um carma que lhe leva a merecer e precisar ser assaltado. Pare de julgar e acusar o ladrão e o ame por ser o instrumento para a sua necessidade. Fazendo isso, amanhã não haverá mais necessidade que ajam ladrões na Terra.

Tudo que existe na sua vida é responsabilidade sua. O ladrão existe porque há gente que merece ser roubado. O corrupto existe porque há pessoas que precisam ser alvo da corrupção. O estuprador existe porque existem seres cujos carmas necessitam que ele vivencie o ser estuprado. Essa é a realidade.

Se cada um fizer a sua parte, ou seja, amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, serão extintas as necessidades de hoje. Acabará o carma de ser assaltado, de ser roubado, de ser estuprado, de ser abortado. Sem a necessidade do carma, esses acontecimentos não mais precisarão acontecer e por isso os instrumentos para tanto não mais existirão.

Só que você não quer assumir a sua responsabilidade. Prefere continuar acusando os outros ao invés de compreender que tudo existe por causa da sua necessidade.

Sim, quem cria o bandido é você, pois precisa ter o carma de ser assaltado. Os bandidos não existem porque alguém escolhe essa vida, porque prefere ser assim. Eles são frutos da sua necessidade.

Sempre será você o responsável pelo que existe nesse planeta. Temos que parar de julgar o mundo e começar a entender que todos os acontecimentos surgem porque cada ser que encarna tem um carma que torna necessária a existência de determinadas ações.

Portanto, a responsabilidade é sua. Foi você quem plantou a semente que lhe leva hoje a estar colhendo o que vive.

É muito fácil se acusar um presidente de fazer guerra. É muito simples acusarmos os governantes por não acabarem com a fome. Só que enquanto houver espíritos que tenham que viver a guerra ou passar fome, não existirá presidente que aja de forma diferente. Mais: o que não vê é que a sua crítica aos governantes, além de não acabar com a fome, a fomenta mais.

A crítica ao presidente é um ato de desamor. Quem vive isso não está vendo a fome como o amor de Deus em ação. Com isso cria carma para outras existências. Esses podem levar a necessidade de haver novos presidentes que não acabarão com a fome.

A responsabilidade de cada espírito, a responsabilidade de cada um para com Deus, não está fundamentada dentro de parâmetros humanos. A responsabilidade para com Deus está no amar a tudo e a todos, independente dos preceitos gerados pela humanidade.

Amar a tudo e a todos: essa é a coisa fundamental da vida. É isso precisa e merece ter atenção por parte do espírito. Para isso, é preciso saber da sua responsabilidade junto a esse mundo.

O ser encarnado precisa saber que se o planeta está desse ou daquele jeito não é por causa dos outros, mas porque todos que encarnam nesse planeta precisam e merecem ter esse carma. No entanto, ao invés de olhar para si mesmo, o ser prefere acusar a todos, inclusive a Deus.

Agora está muito fácil falar do ladrão; vamos falar do seu filho, da sua mulher/marido? Quanta coisa você acusa o seu filho, sua mulher e sua mãe de fazerem e que o leva a sofrer? Mas, se não merecesse, se não fosse responsável por aquilo estar acontecendo, não viveria aquele acontecimento.

Você é responsável pelo que está vivendo, mais ninguém. Isso é fundamental para a vida, porque enquanto não compreender isso continuará plantando a mesma semente que está sendo plantada nesse planeta há sete mil anos e que leva à necessidade de haver determinados acontecimentos: a acusação ao próximo ao invés do amor ao próximo.

Participante: deixa a gente aliviar um pouquinho.

Sim eu sei que dói ouvir o que eu estou falando, mas como Paulo diz, temos que deixar de ser crianças. Temos que assumir a nossa maturidade espiritual. Se fosse só para passar a mãozinha na cabeça de vocês, eu não estaria aqui.

Estou falando como se fala com gente grande. Estou falando como vocês falam com seus filhos quando dizem que eles são grandes e que podem compreender as coisas. Vocês são espíritos à beira do novo mundo; acho que já é hora de compreender a verdade.

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Dois livre arbítrios

261 – Nas provações por que lhe cumpre passar para atingir a perfeição, tem o Espírito que sofrer tentações de todas as naturezas?

Sofrer no sentido de passar, não de sofrimento.

Tem que se achar em todas as circunstâncias que possam excitar-lhe o orgulho, a inveja, a avareza, a sensualidade, etc.?

Olha que grande pergunta hein. Excitar esses sentimentos.

Certo que não, pois bem sabeis haver Espíritos que desde o começo tomam um caminho que os exime de muitas provas. Aquele, porém, que se deixa arrastar para o mau caminho, corre todos os perigos que o inçam. Pode um Espírito, por exemplo, pedir a riqueza e ser-lhe esta concedida. Então, conforme o seu caráter poderá tornar-se avaro ou pródigo, egoísta ou generoso, ou ainda lançar-se a todos os gozos da sensualidade. Daí não se segue, entretanto, que haja de forçosamente passar por todas estas tendências.

Aí está o segundo livre arbítrio do espírito.

Você pede a riqueza como prova, para excitar-lhe alguns sentidos, e a partir da vivência nessa situação existe uma gama de amores individualistas ou universalistas que pode usar. Este é o segundo livre arbítrio.

O primeiro livre arbítrio foi usado antes do nascimento escolhendo o gênero de provas e o segundo é dado durante a vivência de acontecimentos que excitam os sentidos. Aquele que defende simplesmente o livre arbítrio do ato, defende a pobreza para o espírito, porque a lei do livre arbítrio é muito mais rica do que vocês imaginam.

O espírito tem o direito de escolher as provas que quer fazer, tem o direito de montar o cenário para realização dessas provas e também tem o direito de responder certo ou errado. Portanto, são duas escolhas que geram dois direitos, duas obrigações.

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A primeira vez

262 – Como pode o Espírito, que, em sua origem, é simples, ignorante e carecido de experiência, escolher uma existência com conhecimento de causa e ser responsável por essa escolha? Deus lhe supre a inexperiência, lhe traçando o caminho que deve seguir, como fazeis com a criancinha. Deixa-o, porém, pouco a pouco, à medida que o seu livre-arbítrio se desenvolve, senhor de proceder à escolha e só então é que muitas vezes lhe acontece extraviar-se, tomando o mau caminho, por desatender os conselhos dos bons Espíritos. A isso é que se pode chamar a queda do homem.

Essa pergunta vocês me fizeram muitas vezes: na primeira encarnação o espírito já tinha carma? Minha resposta sempre foi não. Deus criou as provas e ajudou o espírito, mas o deixou com o livre arbítrio. Aí ele errou a primeira vez, individualizou alguns sentimentos. Neste momento começou o carma.

Portanto, aí está respondida a questão da primeira vez que um espírito encarna: a primeira encarnação num mundo de provas e expiações e totalmente dirigida por Deus, mas o espírito com o seu segundo livre arbítrio pode sucumbir ou não à excitação dos sentidos.

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Encarnação compulsória

262a - Quando o Espírito goza do livre-arbítrio, a escolha da existência corporal dependerá sempre exclusivamente de sua vontade, ou essa existência lhe pode ser imposta, como expiação, pela vontade de Deus? Deus sabe esperar, não apressa a expiação. Todavia, pode impor certa existência a um Espírito, quando este, pela sua inferioridade ou má vontade, não se mostra apto a compreender o que lhe seria mais útil, e quando vê que tal existência servirá para a purificação e o progresso do Espírito, ao mesmo tempo que lhe sirva de expiação.

Nesta resposta primeiro tem a informação de que Deus não impõe nada, mas depois é dito que para alguns isso é necessário. Quando isso acontece os espíritas chamam de encarnação compulsória ou encarnação forçada.

Esse tipo de assunto hoje é irrelevante. Já aconteceu muito no planeta, mas hoje não acontece mais. Os espíritos que estão encarnando agora já possuem algum grau de elevação e por isso não precisam de uma encarnação compulsória.

Isso existiu, é um elemento do universo, mas no planeta Terra é perder tempo falando sobre isso hoje.

Escolha das provas

Nova encarnação

263 – O Espírito faz a sua escolha logo depois da morte? Não, muitos acreditam na eternidade das penas, o que, como já se vos disse, é um castigo.

O espírito não escolhe sua nova encarnação logo depois do desencarne. É preciso haver um tempo para que possa reencarnar.

Nós já estudamos isso. Dissemos que um espirito precisa se libertar de uma identidade, de um ego, para poder assumir outro ego, outra identidade. Nesse período entre uma e outra vida humana, além de se libertar da identidade anterior, vai estudar um pouco para se preparar para a próxima. Vai tentar ver onde falhou, vai ver outros seres humanizados como agem, para aí poderem voltar a carne com a certeza que conseguirão realizar suas provações.

Escolha das provas

Objetivo da vida humana

264 – Que é que dirige o Espírito na escolha das provas que queira sofrer? Ele escolhe, de acordo com a natureza de suas faltas, as que o levem à expiação destas e a progredir mais depressa. Uns, portanto, impõem a si mesmos uma vida de misérias e privações, objetivando suportá-las com coragem; outros preferem experimentar as tentações da riqueza e do poder, muito mais perigosas, pelos abusos e má aplicação a que podem dar lugar, pelas paixões inferiores que uma e outros desenvolvem; muitos finalmente, se decidem a experimentar suas forças nas lutas que terão de sustentar em contato com o vício.

Para o espirito fora da carne, vivendo com a sua consciência espiritual, as coisas materiais nada valem. Não tem a menor importância se vai nascer rico ou pobre, se vai ter casa própria ou não, se vai ter carro do ano ou não. O que lhe interessa é ter situações que possa vivenciar e que sirvam de oportunidade para promover a sua elevação espiritual.

O espírito fora da carne não se prende a ter que ter prazer na vida material. Ele não se prende a gozar os bens terrenos. Não tem a menor preocupação com isso. Se for preciso para executar as suas provas vir para morrer de fome, fará isso de bom grado. Porque o que quer realmente é provar a Deus que é capaz de se elevar. Isso é o objetivo que ele tem ao planejar a sua próxima existência. É com essa intencionalidade que o espírito escolhe as situações da vida que irá viver.

Isso precisa ficar bem claro, porque já há algum tempo tenho comentado, falado e perguntado: qual o objetivo da sua vida. Para que você está vivo, porque que acordou hoje de manhã? Essas perguntinhas parecem que são muito bobas, nós todos imaginamos que sabemos a resposta. Mas não sabemos. Deixamos de aproveitar a vida humana justamente porque não conhecemos o objetivo da vida que o espírito nutre antes de encarnar.

Por não ter um objetivo de vida claro nem em consonância com o anseio espiritual, o ser humanizado é um elemento perdido na vida. Ele nunca sabe o que quer. Uma hora quer uma coisa, outra quer outra coisa. Quando consegue algo deixa de aproveitar o que conseguiu e luta para poder ter mais. Tudo isso acontece justamente porque ele não tem objetivo na vida, não sabe, não pensa para que está vivo.

Aquele que busca a elevação espiritual precisa meditar profundamente nisso e descobrir um sentido para sua existência, um sentido para sua vida. Se for o sentido que ele teve antes da encarnação, melhor, porque alcançará a evolução espiritual.

Escolha das provas

Escolha do prazer

265 – Havendo Espíritos que, por provação, escolhem o contato do vício, outros não haverá que o busquem por simpatia e pelo desejo de viverem num meio conforme aos seus gostos, ou para poderem entregar-se materialmente a seus pendores materiais? Há, sem dúvida, mas tão-somente entre aqueles cujo senso moral ainda está pouco desenvolvido. A prova vem por si mesma e eles a sofrem mais demoradamente. Cedo ou tarde, compreendem que a satisfação de suas paixões brutais lhes acarretou deploráveis consequências, que eles sofrerão durante um tempo que lhes parecerá eterno. E Deus os deixará nessa persuasão, até que se tornem conscientes da falta em que incorreram e peçam, por impulso próprio, lhes seja concedido resgatá-la, mediante úteis provações.

Diversas informações nessa resposta. Vamos ver uma a uma.

A primeira delas: existem espíritos que pedem prazer durante a vida? Sim, existem. Nem todos quando programam a sua encarnação estão de posse completa de sua consciência espiritual. Há muitos que ainda programam a encarnação objetivando gozar dos bens materiais. Eles pensam que estão enganando os espíritos superiores.

Só que o Espírito da Verdade fala claramente na segunda parte da resposta: a prova vem por si mesmo. Ou seja, a prova sempre virá. Mesmo para aquele que escolhe o prazer, escolhe uma vida para gozar dos bens materiais, haverá provas, mesmo que não saibam disso.

Portanto, é ilusão planejar uma vida humana buscando o prazer. O espírito acha que escolheu tais acontecimentos para ter o bem material, mas na verdade escolheu o que precisava ser escolhido. Escolheu o que seria interessante para sua elevação espiritual.

Essa é a primeira informação, mas há mais.

Cedo ou tarde, compreendem que a satisfação de suas paixões brutais lhes acarretou deploráveis consequências, que eles sofrerão durante um tempo que lhes parecerá eterno.

Na segunda parte é dito que cedo ou tarde durante a encarnação, ou fora dela, esses espíritos verão o que aquele prazer fez com eles.

Não é assim que acontece com aqueles que gozam muito a vida? Acabam tendo problemas físicos, morais, problemas com vícios. Se esses não aparecem durante a vida, depois do desencarne certamente acontecem. Aí ele diz: ‘meu Deus porque que eu estou assim’. Nesse momento vai lembrar de tudo aquilo de que ele pediu antes de nascer e que viveu durante a vida e terá a consciência do que plantou durante a encarnação.

Continuemos porque há mais informações.

E Deus os deixará nessa persuasão, até que se tornem conscientes da falta em que incorreram e peçam, por impulso próprio, lhes seja concedido resgatá-la, mediante úteis provações.

Aquela ideia do Deus bonzinho está quebrada nessa resposta. Deus deixa o espírito no sofrimento para que aconteça o que o Espirito da Verdade chama de persuasão, ou seja, acordar. Deixa para você compreender o que fez e aí sentir a necessidade de se mudar.

Dessa forma, podemos compreender que Deus não sai correndo para socorrer o espírito. Ele precisa que o espírito seja persuadido, tenha a compreensão do que está vivendo e aí peça socorro.

A literatura espírita está cheia desses exemplos do que estou falando. Os socorristas andam no umbral por cima de espíritos e não socorrem nenhum. Só quando chegam perto de um que pediu socorro é que eles fazem o socorro.

É exatamente por conta dessa realidade espiritual que precisa haver uma ordem expressa de Deus para socorrer aqueles que estão no umbral. Sem essa ordem, nenhum socorrista pode atender um espirito. Essa ordem só ocorrerá quando o espírito cansar do sofrimento causado pelo que vive. Somente aquele que está cansado do resultado das suas ações, buscar abandonar-se e voltar-se para Deus.

Portanto, é aquilo que já disse: a limpeza, o livrar-se do ego, terá que acontecer durante a encarnação ou fora dela. Se durante a encarnação libertar-se da personalidade humana sairá desse mundo cercado por anjos; se ela vier depois da encarnação, será mostrada a necessidade de começar tudo de novo. A libertação na segunda hipótese não vale para a elevação espiritual, porque só na encarnação é que conseguimos atingir a elevação espiritual.

Então filhos, mesmo que seja para evitar sofrimentos futuros vamos buscar despertar agora. Mesmo que seja para ganhar, vamos buscar fazer agora. Porque aí depois podemos relaxar um pouquinho.

Participante: não se prender ao prazer ou a dor, superá-las em paz. Mas, termos a noção de que aquilo é doce ou amargo é se prender ou não?

Sim, é ainda se prender.

Agora não queira começar sua luta contra isso, não queira lutar agora contra isso. Trata-se de verdades muito enraizadas, porque são percepções. Comece lutando contra a ideia, o pensamento, contra o desejo, contra a paixão.

Comece lutando contra a paixão ao doce, para só depois vencer a percepção doce. Se quiser logo começar a parar de sentir gostos, deixar de ver, ouvir, você não vai conseguir nada, porque as suas verdades ainda lhe obriga a acreditar nessas percepções.

Escolha das provas

Evitar o sofrimento

266 – Não parece natural que se escolham as provas menos dolorosas? Pode parecer-vos a vós; ao Espírito, não. Logo que este se desliga da matéria, cessa toda ilusão e outra passa a ser a sua maneira de pensar.

Mais uma vez vamos ter que ler o comentário do em etapas. Vamos ao texto que está aí.

Nos nossos estudos mais uma vez surge a palavra ilusão. Buda falou em ilusão quando se referiu ao que o ser humanizado pensa, Krishna também. Agora o Espírito da Verdade também nos diz que o ser humanizado é iludido quando pensa sobre as coisas do espírito. Acho que realmente tudo que vai pela mente humana é uma ilusão, não?

É ilusão achar que o espirito se preocupa com o bem estar físico. É ilusão achar que o espírito se preocupa com beleza de forma. É ilusão pensar que o espírito se preocupa com saúde. É ilusão achar que o espírito se preocupa com necessidades físicas, inclusive as básicas. Tudo isso é ilusório pois nada disso existe na realidade. Existe apenas como resultado de uma criação mental.

Para o espírito a interpretação das coisas humanas são diferentes. A doença para ele não é um mal, mas uma chance de vencer um carma. A pobreza não é uma situação de desconforto, uma situação de penúria, mas sim de extremo conforto, de extrema pujança, pois traz consigo muitas oportunidades de elevação. Para o espirito o corpo não tem o menor valor, a não ser quanto a estar apropriado para as provas que vai fazer.

Isso nós temos que compreender, pois por mais que busquemos, por mais que estudemos, nós ainda estaremos presos em ilusões. Nós não conseguimos saber sobre o céu, a não ser se criarmos um céu ilusório, um céu onde existem os anseios humanos. Não conseguimos saber o que é o espírito a não ser que mentalmente criemos um e esse jamais será o ser universal, pois por causa da origem da compreensão esse ser estará preso às ilusões que estamos quando encarnados. Nós não conseguiremos saber o que é Deus, a não ser que criemos um Deus ilusório, que estará ligado aos anseios que temos quando encarnados.

Precisa compreender que quando encarnados estamos subordinados a esse ego e por isso as verdades sempre contemplarão os anseios materiais. Aceitando essas verdades, estaremos vivendo na ilusão imaginando que conhecemos alguma coisa. É por não levarmos em consideração esse ensinamento que os seres encarnados vivem prisioneiros do ego e por causa dessa prisão aceitam o resultado do raciocínio como verdade e não vêm que é tudo fruto de ego.

Então, para o espirito encarnado é muito importante a compreensão da ilusão que é aquilo que a personalidade humana cria, É muito importante a compreensão da ilusão que vive.

É preciso entender que achar que o espirito tem o mesmo pensamento do ego é uma ilusão. Pelo contrário, espírito e ego são opostos.

Dito isso, agora vamos ler um texto que é o comentário do próprio Kardec sobre essa questão. Não se trata de texto do Espírito da Verdade. Por isso, deveria ser a base da doutrina espírita, já que é escrito pelo codificador da doutrina espírita, Mas, infelizmente não é.

Eu queria que vocês prestassem muita atenção no texto em si. Vou falar pouco sobre ele para não desvirtuá-lo, já que ele é totalmente auto compreensível. Não quero falar muito para não dizerem que estou colocando palavras na boca de Kardec.

Olhem isso.

Sob a influência das ideias carnais, o homem, na Terra, só vê das provas o lado penoso. Tal a razão de lhe parecer natural sejam escolhidas as que, do seu ponto de vista, podem coexistir com os gozos materiais. Na vida espiritual, porém, compara esses gozos fugazes e grosseiros com a Inalterável felicidade que lhe é dado entrever e desde logo nenhuma impressão mais lhe causam os passageiros sofrimentos terrenos. Assim, pois, o Espírito pode escolher prova muito rude e, conseguintemente, uma angustiada existência, na esperança de alcançar depressa um estado melhor, como o doente escolhe muitas vezes o remédio mais desagradável para se curar de pronto.

Ouviram? Kardec sabia que o espirito pede as situações negativas, aquilo o ser humanizado não gosta. Se o espírito pede, porque que eu vou acusar quem está fazendo?

 Aquele que intenta ligar seu nome à descoberta de um país desconhecido não procura trilhar estrada florida. Conhece os perigos a que se arrisca, mas também sabe que o espera a glória, se lograr bom êxito. A doutrina da liberdade que temos de escolher as nossas existências e as provas que devamos sofrer

Para Kardec a base do espiritismo, da doutrina espírita, é a livre escolhas das provas antes da encarnação e dos acontecimentos que deveremos passar. Essa é à base da doutrina espírita segundo o codificador que criou a doutrina espírita. Então se a doutrina espírita ensina hoje que isso não existe, seus membros não estudaram o mesmo livro que estamos estudando.

A doutrina da liberdade que temos de escolher as nossas existências e as provas que devamos sofrer deixa de parecer singular, desde que se atenda a que os Espíritos, uma vez desprendidos da matéria, apreciam as coisas de modo diverso da nossa maneira de apreciá-los. Divisam a meta, que bem diferente é para eles dos gozos fugitivos do mundo. Após cada existência, veem o passo que deram e compreendem o que ainda lhes falta em pureza para atingirem aquela meta. Daí o se submeterem voluntariamente a todas as vicissitudes da vida corpórea,

Vicissitudes já estudamos. É alternância de situação: hoje está bom, amanhã está mal, hoje vivo o que gosto, amanhã o que não gosto.

 solicitando as que possam fazer que a alcancem mais presto. Não há, pois, motivo de espanto no fato de o Espírito não preferir a existência mais suave.

Mas vocês se espantam até hoje com isso.

‘Como, eu pedi para passar o que estou passando’? Sim, você pediu para passar o que está passando hoje. Você pediu para nascer no meio da favela, para nascer e viver sem comida para comer.

Não lhe é possível, no estado de imperfeição em que se encontra gozar de uma vida isenta de amarguras.

Ouviram? Não é possível, no estado de imperfeição em que se encontra gozar de uma vida isenta de amarguras. No estágio que nos encontramos, passar uma vida sem que ajam momentos onde ocorra o que não gostamos é impossível.

Ele o percebe e, precisamente para chegar a fruí-la, é que trata de se melhorar. Não vemos, aliás, todos os dias, exemplos de escolhas tais? Que faz o homem que passa uma parte de sua vida a trabalhar sem trégua, nem descanso, para reunir haveres que lhe assegurem o bem-estar, senão desempenhar uma tarefa que a si mesmo se impôs, tendo em vista melhor futuro? O militar que se oferece para uma perigosa missão, o navegante que afronta não menores perigos, por amor da Ciência ou no seu próprio interesse, que fazem também eles, senão sujeitar-se a provas voluntárias, de que lhes advirão honras e proveito, se não sucumbirem? A que se não submete ou expõe o homem pelo seu interesse ou pela sua glória? E os concursos não são também todas provas voluntárias a que os concorrentes se sujeitam, com o fito de avançarem na carreira que escolheram?

Isso é uma vida humana: um concurso onde você ganha como prêmio um emprego no céu.

Ninguém galga qualquer posição nas ciências, nas artes, na indústria, senão passando pela série das posições inferiores, que são outras tantas provas.

Nem no mundo espiritual.

 A vida humana é, pois, cópia da vida espiritual; nela se nos deparam em ponto pequeno todas as peripécias da outra.

Não é ao contrário: a espiritual ser cópia da humana. A humana é que é cópia da espiritual.

 

Ora, se na vida terrena muitas vezes escolhemos duras provas, visando posição mais elevada, por que não haveria o Espírito, que enxerga mais longe que o corpo e para quem a vida corporal é apenas incidente de curta duração, de escolher uma existência árdua e laboriosa, desde que o conduza à felicidade eterna? Os que dizem que pedirão para ser príncipes ou milionários, uma vez que ao homem é que caiba escolher a sua existência, se assemelham aos míopes, que apenas veem aquilo em que tocam, ou a meninos gulosos, que, a quem os interroga sobre isso, respondem que desejam ser pasteleiros ou doceiros.

Boa noite meninos gulosos; boa noite míopes.

 O viajante que atravessa profundo vale ensombrado por espesso nevoeiro não logra apanhar com a vista a extensão da estrada por aonde vai, nem os seus pontos extremos. Chegando, porém, ao cume da montanha, abrange com o olhar quanto percorreu do caminho e quanto lhe resta dele a percorrer.

Vocês estão em um vale cercados de montanhas, que é o mundo espiritual, e querem olhar e saber o que tem lá encima. Impossível, só subindo. Sem subir não saberão o que tem.

Divisa-lhe o termo, vê os obstáculos que ainda terá de transpor e combina então os meios mais seguros de atingi-lo. O Espírito encarnado é qual viajante no sopé da montanha. Desenleado dos liames terrenais, sua visão tudo domina, como a daquele que subiu à crista da serrania. Para o viajor, no termo da sua jornada está o repouso após a fadiga; para o Espírito, está a felicidade suprema, após as tribulações e as provas. Dizem todos os Espíritos que, na erraticidade, eles se aplicam a pesquisar, estudar, observar, a fim de fazerem a sua escolha.

Ouviram? Estuda, pratica, estuda, olha, observa, para fazer sua escolha.

Portanto, o espírito que sabe que precisa vencer, por exemplo, a ganância, vai ver a forma dos seres humanos viverem para escolher se nasce sem nada ou com muita coisa. Isso pouco importa, pois o que ele irá querer é viver ligado a uma personalidade gananciosa.

Na vida corporal não se nos oferece um exemplo deste fato? Não levamos, frequentemente, anos a procurar a carreira pela qual afinal nos decidimos, certos de ser a mais apropriada a nos facilitar o caminho da vida? Se numa o nosso intento se malogra, recorremos a outra. Cada uma das que abraçamos representa uma fase, um período da vida.

Uma encarnação.

Não nos ocupamos cada dia em cogitar do que faremos no dia seguinte? Ora, que são, para o Espírito as diversas existências corporais, senão fases, períodos, dias da sua vida espírita, que é, como sabemos, a vida normal, visto que a outra é transitória, passageira?

Por esse comentário, então, podemos compreender que Kardec entendeu perfeitamente que não existe uma vida material separada da espiritual. Repare bem nesse último trecho. Kardec diz claramente: o que é a vida material senão a vida espiritual, um pedaço da vida espiritual.

Pedi que esse comentário fosse lido na íntegra para entendermos uma coisa fundamental: religião é uma coisa, ensinamento do mestre é outra. A religião ainda está fundamentada no ego enquanto que os mestres sempre ensinaram a necessidade da vitória sobre o ego.

Sendo assim, quem bate no peito por ser dessa ou daquela religião, está simplesmente dividindo o indivisível, que é o próprio universo. Aliás, nesses dias vocês ouviram a minha voz falando exatamente disso: precisamos acabar com essas separações. Não colocando todo mundo debaixo do que Joaquim fala, mas levando para todos as mensagens dos mestres.

Escolha das provas

Mudar a vida

267 – Pode o Espírito proceder à escolha de suas provas, enquanto encarnado? O desejo que então alimenta pode influir na escolha que venha a fazer, dependendo isso da intenção que o anime. Dá-se, porém, que, como Espírito livre, quase sempre vê as coisas de modo diferente. O Espírito por si só é quem faz a escolha; entretanto, ainda uma vez o dizemos possível lhe é fazê-la, mesmo na vida material, por isso que há sempre momentos em que o Espírito se torna independente da matéria que lhe serve de habitação.

É a história dos dois livre arbítrios. Você não pode alterar os fatos da sua encarnação depois que encarna.

Escolha das provas

Porque o espírito escolhe determinadas coisas

267(a) - Não é decerto como expiação, ou como prova, que muita gente deseja as grandezas e as riquezas. Indubitavelmente, não. A matéria deseja essa grandeza para gozá-la e o Espírito para conhecer-lhe as vicissitudes.

Aí está o motivo pelo qual não pode alterar a vida programada: o ser humanizado busca a posse das coisas materiais para que possa ter prazer, para contentar suas verdades. Já o espírito busca a posse da mesma coisa material, mas se isso for importante para a sua elevação.

Vamos pensar. Vocês acham que esses moços que jogam futebol, que cantam, que ganham muito dinheiro são felizes. Pergunto: sabem valorizar a sua liberdade de sair da sua casa, de andar onde quiser, a hora que quiser? Pergunto isso porque eles não podem.

Os ricos não têm essa liberdade e muitos sofrem com isso. Essa é uma vicissitude que o espírito pede para passar. É por causa dela que o ser universal pede para ganhar dinheiro durante a vida e não para poder se regozijar com ele.

As pessoas ricas andam cercados por seguranças. Não tem liberdade nenhuma. Isso é uma vicissitude que aparece somente quando há riqueza. Por isso o ser universal para tê-la.

Tem uma coisa que precisamos compreender: todas as coisas do planeta não são elementos dele, mas instrumentos de carma. Vou dar um exemplo: um médico. O que é um médico? É um carma que traz embutidas vicissitudes, que carrega consigo determinados sentimentos individualistas.

Quando o espírito precisa passar por provas ligadas a essas vicissitudes, pede para nascer médico. Ele não faz isso porque quer ser um médico, mas para vencer tudo que está embutido nessa carreira.

Essa compreensão serve para tudo que existe no planeta. Todas as coisas embutidos em si um carma, uma vicissitude, prazer ou dor. Portanto tudo que existe compõe um carma, nada mais que isso.

Escolha das provas

A vida humana

268 – Até que chegue ao estado de pureza perfeita, tem o Espírito que passar constantemente por provas? Sim, mas que não são como o entendeis, pois que só considerais provas as tribulações materiais.

O espírito vai estar sempre passando por provas. Seja no mundo de provas e expiação, no mundo de regeneração ou no celestial. Sempre haverá provas. Só que no mundo de provas e expiação, elas são confundidas com tribulação material. Nos outros mundos as provas são compostas por elementos que vocês não conhecem.

Este é outro motivo porque não podemos achar que a nossa verdade de hoje é a verdade de sempre no universo. Nós vamos evoluir, vamos para outro mundo, vamos vivenciar outra forma de viver e nela haverá outras verdades que servirão como prova.

Nós estamos falando de assunto tão difícil e tão importante, tão profundo. Acho, vamos dizer assim, que não foi bem compreendida a amplitude desse assunto.

Eu estou falando da sua vida. Eu estou falando do seu dia a dia. Eu estou falando do porquê acontecem as coisas na sua vida, aquilo que você sempre buscou compreender.

Porque que eu bati com o carro? Porque que o ladrão entrou na minha casa? Porque não optei por um outro lugar? Eu estou explicando tudo isso.

Na hora que compreender o que estou falando agora, você entende a sua vida. Nunca mais vai questionar nada. Nunca mais vai dizer ‘meu Deus, porque isso’. Você já sabe, já sabe: é um carma, é algo que escolheu antes da encarnação e é uma oportunidade de se elevar.

Escolha das provas

A prova de escolher uma vida

 269 – Pode o Espírito enganar-se quanto à eficiência da prova que escolheu? Pode escolher uma que esteja acima de suas forças e sucumbir. Pode também escolher alguma que nada lhe aproveite, como sucederá se buscar vida ociosa e inútil. Mas, então, voltando ao mundo dos Espíritos, verifica que nada ganhou e pede outra que lhe faculte recuperar o tempo perdido.

É, às vezes a própria escolha da vida é a prova.

O plano espiritual superior deixa o espírito escolher uma vida com poucas tribulações para passar por aquela vida. Acontece que quando dela vê que aquilo não levou a lugar nenhum. Pode ele o mentor também deixar o espírito pedir provas demais. Faz isso para que ele entender que as coisas têm que ser no seu tempo, Não adianta querer correr.

Participante: o carma, então, seria a nossa ação e a reação a cada ato?

O carma é a reação, não a ação. A ação, sentimental, gera o carma, que é a reação àquela ação.

Sim, carma é simplesmente a justa reação do que você fez sentimentalmente anteriormente, ou seja, é a colheita daquilo que você plantou, ou seja, é o resultado da sua obra.

Participante: existe uma corrente que diz que carma é o conteúdo negativo e o dharma o positivo.

Com relação a carma e dharma, eu só colocaria como o espirito da verdade colocou: entendei vocês sobre palavras. Carma e dharma são palavras e por isso deixamos vocês se acertarem sobre o significado delas.

Na realidade o carma é reação e não é ação.

Participante: o senhor é muito didático. Nosso aprendizado acontece no dia-dia, correlacionando seus ensinamentos com os fatos que se sucedem.

Obrigado, mas essa didática não é minha. Como já disse, sou apenas a voz que sai. Tudo que sou e falo é Deus.

Quanto ao fato de correlacionar os ensinamentos com o dia a dia, lhe lembro de uma máxima: há quem muito foi dado, muito será cobrado. Se você está aqui hoje nessa sala aprendendo que pediu as vicissitudes da sua vida, pode ter certeza que amanhã Deus vai lhe cobrar esse aprendizado.

Essa é a pedagogia de Deus: amanhã vai cobrar o resultado da sua participação hoje aqui.

Escolha das provas

Tudo na vida foi pedido antes

270 - A que se devem atribuir às vocações de certas pessoas e a vontade que sentem de seguir uma carreira de preferência a outra? Parece-me que vós mesmos podeis responder a esta pergunta. Pois não é isso a consequência de tudo o que acabamos de dizer sobre a escolha das provas e sobre o progresso efetuado em existência anterior?

Observe a resposta do Espirito da Verdade: tudo o que acontece na sua vida está ligado a escolha antes da encarnação. Tudo. Não como separar nessa vida alguma coisa que tenha pedido de outra que não. Você pediu tudo.

Você trabalha com computadores por quê? Porque pediu antes da encarnação. Não foi depois de encarnado que quis trabalhar. Alguns são funcionários púbicos. Não foi nessa vida que decidiram isso: foi pedido antes de encarnar. Cada ser humanizado trabalha com e onde pediu antes. Cada ser humanizado estuda e se forma naquilo que pediu antes. Essa é a simples conclusão de tudo que falamos até hoje.

Mas vamos aproveitar e falar mais. Maridos, mulheres, namorados, namoradas, noivos e noivas, vocês amam os seus parceiros, não é verdade? De onde surgiu esse amor? Consequência de tudo que nós estamos falando. Você não ama ninguém: aquele é o seu parceiro de carma. Ele ou ela está do seu lado porque vocês pediram isso, porque cada um ia ser o que outro precisava para ter suas vicissitudes.

Esse questão de amor é balela. Deus não poderia deixar uma encarnação correr risco à toa. Por isso Ele dá a ilusão do amor e faz imaginarem que escolheram um ao outro.

‘Ah, eu lhe amo tanto meu marido’. Besteira, não ama nada. Na hora que tiver que separar, ou seja, na hora que acabar o carma, o amor some. Desce pela privada.

Vamos parar de viver ilusões nessa vida. Vamos viver a realidade. A realidade está numa máxima de Cristo: não cai uma folha da arvore sem que meu Pai faça cair. Nada acontece nessa vida que não esteja programado antes da encarnação. E programado por você mesmo, a seu pedido, para que tivesse as vicissitudes necessárias para aproveitar a encarnação.

Participante: você está muito brabo hoje, Joaquim.

Eu não estou brabo, estou sério. Estou assim porque o assunto que estamos conversando é muito sério.

Volto a repetir: na hora que vocês tiverem a perfeita compreensão desse capítulo, não terão mais problema nenhum na vida. Encontrará sempre uma forma de solucionar todos os problemas.

Que solução é essa? Aquele problema que acha que é muito sério, aquilo que é de tão difícil solução, passa a ser compreendido apenas como uma prova que você escreveu para beneficiar a sua existência espiritual. Pensando assim, resolve o problema pelo aspecto espiritual (amando incondicionalmente) e não pelo material.

Vocês vivem buscando a felicidade a vida inteira e eu estou dando aqui e agora através do que Kardec já trouxe há duzentos anos: a fórmula para ser feliz: Essa fórmula se consiste em compreender que você pediu tudo o que acontece nessa vida para amar incondicionalmente e assim ser feliz.

Portanto, seja feliz com as coisas do jeito que estão. Parem de querer saber se vai voltar para o emprego ou não, o porque o braço dói ou porque alguém lhe feriu. .

Escolha das provas

Vive-se sempre na sua faixa vibratória

271 – Estudando, na erraticidade, as diversas condições em que poderá progredir como pensa o Espírito consegui-lo, nascendo, por exemplo, entre canibais? Entre canibais não nascem Espíritos já adiantados, mas Espíritos da natureza dos canibais, ou ainda inferiores aos destes.”

O espírito sempre terá provas de acordo com o seu nível de elevação. Isso precisa ficar bem claro.

Agora, vamos tirar a ideia de que canibal é muito ruim. Não é não viu. Ser canibal é uma prova. Se estiver numa faixa de vibração que precise disso para a sua provação, vai reencarnar lá. Se não estiver, não vai.

Escolha das provas

Espírito missionários e as missões

272 – Poderá dar-se que Espíritos vindos de um mundo inferior à Terra, ou de um povo muito atrasado, como os canibais, por exemplo, nasçam no seio de povos civilizados? Pode. Alguns há que se extraviam, por quererem subir muito alto. Mas, nesse caso, ficam deslocados no meio em que nasceram por estarem seus costumes e instintos em conflito com os dos outros homens.

E Deus protege os outros homens para que ele não faça coisa alguma contra eles, ou seja, como nós dissemos: as vezes o plano espiritual superior deixa você querer muita prova de uma vez só, para lhe mostrar que tem que caminhar vagarosamente.

A encarnação pro mundo espiritual não vale nada. É moedinha, não nota de cruzeiro. Você pode perder dez encarnações só para aprender o que é a oportunidade de ter uma encarnação. Só para entender a importância de uma encarnação, a importância da realização das provas.

A espiritualidade não está nem aí para a quantidade de vidas e mortes que um ser passe. Você nasce dez, vinte, trinta vezes: isso não tem problema. Deus não apressa a evolução de nenhum espírito.

Então veja: fica tudo realmente sob sua responsabilidade. Deus não vai cobrar nada. Se você quiser ficar marcando passo, não vou dizer eternamente porque ninguém fica, mas milhares de anos, Deus dirá: fique marcando passo milhares de anos.

Participante: agimos, expressamo-nos na vida, vivemos num círculo criado pela nossa livre vontade. Aprendemos com os erros e com os acertos. Enfim o progresso se estabelece sempre gradualmente. Mas, não teremos entre eles algum missionário para ajudar uns aos outros?

Sim, há missionários. Mas o que é um missionário? É aquele que tem uma missão.

Sendo assim, o missionário vem para fazer algo específico. Ele não nasce para salvar todo mundo. O missionário não sai de porta em porta perguntando: ‘você está precisando da minha ajuda? Eu vim aqui para lhe ajudar’.

Ele não faz isso. O missionário vem com uma missão: socorrer uma pessoa, uma família, uma cidade, ou um país determinado. Ele não se intrometerá com mais nada.

Participante: por isso esses missionários nunca são espíritos que tenham reencarnação programada para este ou aquele mundo. É ele quem escolhe essa missão?

Não, não é ele que escolhe: recebe de Deus.

O espírito elevado não escolhe nada. Na verdade ele sempre diz: Senhor fazei de mim instrumento de vossa vontade. Ao se colocar desse jeito, se transforma em instrumento daquilo que Deus quer.

Isso estudamos ontem: o espírito elevado tem programação de vida, mas não é escolhida por ele, mas sim por Deus.

Participante: eu falo sobre espiritismo Pai Joaquim. Kardec e os espíritos dizem isso.

Desculpa, não é isso que estudamos em O Livro dos Espíritos.

Agora realmente você fala em espiritismo, só que estou estudando espiritualismo. São coisas completamente deferentes. A religião espírita, por exemplo, não aceita a programação da vida. Só que acabamos ler o próprio Kardec falando disso.

Saiba: religião é uma coisa, é uma interpretação dos ensinamentos de um mestre sob um ponto de vista; espiritualismo é a aplicação específica do que foi ensinado. Nós estamos buscando a essência do livro e não a interpretação que o homem deu a ele.

Participante: tudo tem seu momento, sua hora. A sabedoria de Deus é infinita como o seu amor. A submissão a vontade de Deus caracteriza a verdadeira elevação.

Sim, a submissão a vontade de Deus caracteriza a verdadeira elevação, mas ela se consiste em não achar certo e nem errado em nada. Só nesse momento estará submisso a vontade de Deus.

Você começou, e todos os espíritos também, a conhecer o bem e o mal, o certo e o errado, quando perderam a submissão a Deus, ou seja, foram comer o fruto proibido.

Participante: complementação da pergunta acima sobre missionário. Estava falando sobre falanges de espíritos atrasados, se entre eles terá algum para ajudá-los em suas evoluções, como missão dentro do grupo

Sim, sempre haverá em todos os grupos um que seja mandado por Deus para ajudar os demais. Nesse ponto você está perfeito, por isso que nem comentei.

Quando lhe respondi quis apenas tirar a ideia de que o missionário faz o que quer. Não, ele faz o que Deus quer. Ele vai para o grupo que Deus quer, para agir da forma que Deus quer.

Poderia dar um grande exemplo de missionário extremamente elevado: Judas Escariotes. Era um missionário dentro dos apóstolos de Jesus. Veio com a missão de fazer realizar materialmente o que era necessário para que Jesus Cristo tivesse a repercussão que tem até hoje. É por isso que no evangelho de João, Cristo fala assim: vai amigo, faça logo o que tem que fazer.

Participante: existe a submissão a vontade de Deus? Com certeza sim Pai Joaquim, mas note, a missão pode ser escolha do espírito. A codificação é pródiga nesses exemplos. Mas os espíritos só recebem a missão com anuência de Deus. Com certeza é daí a confusão que se faz.

Você disse apenas o que eu falei ...

Observe: o espirito pode querer o que quiser, mas se Deus não quiser, nada acontecerá. Sendo assim, a decisão sempre será a que Deus determinar.

Agora, você fala em espírito elevado, mas o elevado mesmo, não querer nada. Vive assim porque sabe que só dessa forma será submisso a Deus. Ele tem certeza que enquanto tiver um querer lutará para realizar a sua vontade.

Quanto aos exemplos na literatura, sei que eles existem. Só que apesar de serem espíritos bons, eles ainda têm querer. Não são desses que estou falando. Estou me referindo a espíritos elevados, puros. Os da literatura são espíritos mais elevados do que nós, mas ainda não puros

Escolha das provas

Raças

273 – Será possível que um homem de raça civilizada reencarne, por exemplo, numa raça de selvagens? É; mas depende do gênero da expiação. Um senhor, que tenha sido de grande crueldade para os seus escravos, poderá, por sua vez, tornar-se escravo e sofrer os maus tratos que infligiu a seus semelhantes.

O que é raça civilizada para Kardec? Homem branco, ocidental, europeu? Esse é o homem civilizado para ele, mas esse mesmo homem, do qual vocês possuem até hoje verdades em comum, tomava banho uma vez por ano, quando tomava. Ainda por cima dizia que o oriental era bárbaro porque tomava banho todo dia e às vezes duas vezes por dia. Quem era o civilizado?

Ser civilizado, ser canibal, ser índio é carma, é escolha. Cada um nascerá na raça e no grau de evolução que seja instrumento de seu carma. Não existe povo mais avançado que o outro. Existe um planeta que na íntegra se chama mundo de provas e expiações.

Portanto, espiritualmente falando, tanto faz ser um lorde ou um índio, tanto faz ser o presidente da república ou um gari: você é um espírito em provação. Todo o resto é simplesmente instrumento de seu carma.