Senhor da mente - textos - livro 2

Senhor da mente - textos - livro 2

Transcrição do estudo do Bhagavata Puranas: Senhor da Mente

Livro 2

Senhor da mente - textos - livro 2

Versículo 14 a 18

Uddhava disse:

‘Oh Krishna, oh senhor da mente, oh tesouro dos yogues e personificação da yoga. De ti emana a sabedoria suprema para a minha própria libertação aconselhaste-me o sendeiro da renúncia’.

‘Todavia, oh Deus infinito, essa renúncia total aos desejos parece assaz difícil para os indivíduos de mente mundana principalmente para àqueles que não se devotam a ti, ó SER de todos’.

‘Eu pessoalmente sou um tolo, posto que estou apaixonadamente apegado a este corpo com suas respectivas relações, simples sobreposições do seu próprio Maya, misterioso poder, que tudo encobre e tudo disfarça, e considero este corpo como um eu verdadeiro e tudo que com ele se relaciona considero como meu. Oh senhor, tem paciência e instrui este seu servidor para que possa cumprir firmemente tudo aquilo que me ensinas’.

‘Oh senhor, até mesmo entre os Devas (deuses, espíritos da natureza) não se encontra outro mestre seu próprio SER como tu, que és alto refulgente, que és o Atma (ou alma suprema) e és a verdade de tudo. Por exemplo Brahma (o criador, um dos Deuses relativos da trimurti indiana) e todos os demais seres dotados de corpo, por meio do qual acabam sendo conhecidos, são enganados por teu próprio Maya e sendo tudo aparências eles mesmos se confundem e consideram este mundo objetivo como se fosse real’.

‘Por conseguinte, perturbado por minha própria ignorância e trevas refugio-me em ti, que és o ser supremo e amigo do homem’.

Aqui só fala de Uddhava. Aliás, ele parece vocês, não é? Lembrei até das perguntas de uma pessoa, mas vamos lá.

O que Uddhava faz nesse trecho é pedir a Krishna para ensiná-lo para que alcance o controle da mente e dessa forma realize a sua saída do ciclo de encarnações, como foi falado no versículo 5. Pede essa orientação porque sabe que nem mesmo os devas escapam da ação do ego.

Devas são os santos da igreja católica, os orixás da umbanda, os mentores do espiritismo. São seres que ainda estão em contato com o humanismo. Não encarnam mais, mas ainda vivem realidades fundamentadas no humanismo. Vivem com as ideias humanas. Por isso, apesar de estarem desencarnados, vivem em uma realidade criada pelo Maya.

A necessidade de libertar-se da humanidade é algo que já conversamos, mas quero aproveitar esse momento e lembrar três coisas que são importantes para o controle da mente. .

Primeira: não deixe o ego exigir condições para se auto realizar. Realize-se por si mesmo na sua relação com Deus. Não cobre do mundo determinadas condições para que se sinta realizado, nem mesmo de Deus

Segundo: lute contra os padrões de mérito e demérito criados pelo ego. Lute para não se prender a aplicação desses padrões que o ego faz frente aos acontecimentos da vida e as pessoas. Ou seja, liberte-se dos adjetivos criados pela razão para qualquer coisa.

Terceiro: lute contra o ego para não vivenciar as inimizades ou amizades materiais criadas pela razão. Mantenha-se firme na amizade espiritual com o outro. Não aceite o que o ego fala dos outros para que possa vivenciar a amizade espiritual e assim poder ser o agente carmático do que o outro precisa sem tirar nenhum proveito para si da situação da vida.

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Versículo 19 - Maligno

Antes de falar do texto em si, temos que entender o que é maligno.

Maligno não tem nada a ver com maldade, com o que vocês chamam de maligno. Maligno pode ser, inclusive, o que chamam de bondade. Vamos entender.

O Bem é Deus e o amor incondicional. O amor é o universalismo, o universal. Sendo assim, o mal é a criação do ego, pois é o símbolo do individualismo, egoísmo.

Portanto, mesmo as ideias que falam em ajudar alguém, em fazer a bondade para os outros pode ser algo maligno. Quando será? Quando a ajuda é dada apenas a quem você acha que precisa ou merece, quando é feita da forma que você acha que o outro precisa, sem levar em conta o que ele quer, quando age apenas motivado por suas crenças e verdades.

Esse tipo de ajuda é maligna porque é fundamentada no individualismo, no egoísmo, ou seja, prioriza o seu eu: as suas posses paixões e desejos. Uma ajuda que realmente seja do bem é aquela que respeita o direito do outro ser, estar e fazer o que quiser, pois isso é o amar universalmente.

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Versículo 19 - Controlando o egoísmo

Frequentemente, neste mundo, os homens que discerniram de fato a verdade a respeito da totalidade vital cosmo, graças a seus próprios esforços, libertam-se das tendências malignas.

A partir disso podemos dizer que Krishna ensina aquele que alcança o reto entendimento, ou seja, que passa a ser senhor da sua mente ao invés de ser escravo dela liberta-se do egoísmo.

O egoísmo não se acontece através de atos, de ações. Ele está presente na intenção com a qual se vive os atos ou ações. A partir disso posso dizer que o Sublime Senhor ensina que aquele que consegue ser senhor da sua mente participa das ações sem intenção egoísta.

Só há um detalhe a mais para comentar. Krishna não fala que ele consegue sempre, mas frequentemente, ou seja, às vezes, muitas vezes, mas nem sempre. Essa é uma questão importante que precisamos entender.

Há muito espírito humanizado, encarnado, que por missão jamais se libertará do egoísmo. Como o Bendito Senhor ensina no Baghavad Gita, ninguém pode agir contrário à sua própria natureza. Isso acontece dessa forma porque a natureza do ser encarnado é um elemento da ação carmática, um elemento da obra geral.

Por isso, alguns estão predestinados a viver com uma intencionalidade egoísta. Só vivendo desse jeito servirá como instrumento carmático daqueles que precisam desse carma.

Quanto aos outros, podem até libertar-se do ego, mas isso não quer dizer que a intenção egoísta vai sumir durante a encarnação. Mesmo liberto, muitas vezes o ego vencerá e a intencionalidade egoísta estará presente.

Isso é necessário não só para que aquele ser encarnado não se desligue da luta, mas também para ajudar os outros. Quem convive com alguém que tem notadamente a intenção egoísta critica o próximo. Mas, como Cristo ensina, “o reino do céu está dentro de cada um”. Se isso é verdade, pergunto: quem tem condições de avaliar o que vai por dentro dos outros? Não tendo, como, então, afirma que sabe e critica o outro por aquilo.

Portanto, é importante que mesmo que interiormente o ser encarnado tenha se libertado do ego, esteja livre da influência egoísta da razão, ele permaneça praticando atos egoístas.

Participante: por exemplo, é o que acontece com Hitler?

Não, Hitler não é um espírito, é um personagem.

Não adianta ficar especulando. Como disse ninguém jamais vai conseguir saber que espírito evoluiu-se ou não. Então, especular sobre isso é apenas fazer fofoca.

Participante: nesse mês uma revista espírita afirmou que ele foi o anticristo.

Participante: nossa Joaquim, que bom ouvir isso.

Se não serve para acusar ninguém, também não pode servir como desculpa, viu?

Veja bem o que Krishna fala: “aquele que consegue controlar a sua mente frequentemente consegue”. Então, é preciso primeiro controlar a mente para poder justificar o ser egoísta.

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Versículo 20 - Só o espírito é o mestre

Somente o ser é o mestre de todos os seres, principalmente o ser nos homens e é ele que conduz, por meio da reta percepção e do reto entendimento, ao bem-estar, à paz interior

Somente o ser é o mestre.

Por isso parem de chamar algum ser humanizado de mestre. Parem de seguir doutrinas criadas por seres humanizados a partir dos ensinamentos dos verdadeiros mestres. Isso não os leva a lugar algum. Somente o espírito, o ser pode ser um mestre.

O que é um espírito? Segundo o Espírito da Verdade é nada que você, humano, possa compreender. Como podem idolatrar algo que é um nada?

Todos os seres encarnados são espíritos em provação, igualzinho a você. Por isso não podem ser seus mestres.

O ser humanizado tem muita facilidade em criar idolatria por outros seres humanos, principalmente quando o assunto diz respeito às questões espirituais. Não deixe o ego criar isso. Não deixe que crie verdades que idolatram outros seres humanos. Somente o espírito, que é nada que você possa conhecer, pode servir de mestre.

Então, o que o Sublime Senhor ensina ao pretendente de senhor da mente é que não idolatre nenhum ser humano. Por mais que pareça culto, por mais que pareça bom, por mais que pareça certo, não idolatre ninguém.

Participante: mas, o que caracteriza o espírito evoluído não é a felicidade interior? Isso não é perceptível externamente ou pelos outros para que possamos tê-los como mestre?

Não.

A felicidade interior é de vivida por um ser humanizado apenas consigo mesmo. É uma harmonia interna, não externa.

Interiormente o ser pode estar em paz consigo mesmo e com o mundo e externamente estar com uma feição, um ato ou palavras que não exprimam o seu estado de espírito. Por isso não acredite na percepção de estar sentindo que o outro está em paz.

Olhe bem o que falei semana passada quando uma pessoa me disse que os outros falavam dele. Eu disse: ‘ninguém fala, seu ego cria a ideia de estar ouvindo. Usando essa ideia digo agora que ninguém no exterior tem a aparência que você está vendo. Ela é criação do seu ego.

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Versículo 20 - Principalmente o ser nos homens

principalmente o ser nos homens

Krishna diz que apenas o ser pode ser um mestre. Com isso, está dizendo que nenhum ser humanizado poderia ser. No entanto, complementa: ‘principalmente o ser nos homens e é ele que conduz, por meio da reta percepção e do reto entendimento, ao bem-estar, à paz interior’. O que isso quer dizer?

O ser no homem, humanizado, é o mestre, é aquele que pode lhe conduzir ao bem estar e a paz interior, não pelo que ensina, mas pelo que faz. Vou dar um exemplo: alguém que contraria suas verdades, que age de forma diferente do que você acha certo. Esse o conduz ao bem estar e a paz interior porque provoca uma oportunidade para que você liberte-se das posses, paixões e desejos gerados pela razão.

Eles não são mestres porque ensinam o certo, mas porque geram momentos onde o seu errado esteja presente e com isso crie a oportunidade do trabalho de libertação.

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Versículo 21

Os que estão mentalmente equilibrados e dominam a yoga e o reto conhecimento conseguem Me perceber em meu corpo humano plenamente manifesto e dotado de todos os poderes.

Aqui se fala do que já conversamos: quem tem a mente sobre controle realiza-se com Deus, por Deus e em Deus vendo o Senhor no outro. Se realiza na relação com o outro, mas não por causa dessa relação, mas pela que tem com Deus.

É exatamente isto que o Krishna está falando novamente aqui.

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Versículo 22 - A importância de saber escolher

Existem muitas cidades ou corpos manifestos, algumas com uma, deus, três, quatro ou muitas pernas e outras inclusive desprovidas de pernas, mas o corpo humano é a minha cidade predileta.

Esse texto parece complicado, mas não é. A cidade que Krishna usa como figura são os corpos humanos, as massas corporais. São cidades porque são habitadas por espíritos.

Tendo isso em mente entendemos que o Sublime Senhor fala que existem muitas massas corporais, mas a preferida por Deus é a do ser humano. Vamos entender isso para não ficarmos imaginando que somos mais que os animais por sermos humanos.

Venho dizendo que o planeta Terra está no jardim da infância da elevação espiritual. Por isso muitas pessoas acham que estou dizendo que aqui é a primeira encarnação de um espírito. Isso não é real.

Por quê? Porque antes de ir para o jardim da infância o espírito passa pelas fases de bebê no tocante ao conhecimento do mundo.

O bebê humano nasce sem conhecer nada. A mãe, a família, a sociedade como um todo vão mostrando o mundo para ele: água, papá, cocô, etc. Vão ensinando as coisas uma por uma e depois que o bebê automatiza o conhecimento vive com ele.

Assim também é com o espírito. Antes de atingir a encarnação de provas e expiações vivencia outras etapas existenciais. Nelas vai tomando conhecimento com as coisas do universo, com as coisas universais. Dessa forma vai criando aquilo que vocês chamam de instinto, instinto espiritual.

Só que esse instinto espiritual não possui uma propriedade que existe no espirito que encarna num corpo humano: o raciocínio, a análise e tomada de decisão das coisas. Olhem para um animal: um cachorro, uma girafa ou um elefante. Naquela massa existe um espírito, mas esse não tem escolha de nada. Ele não raciocina no sentido de fazer porque quer, porque gosta, ou de não fazer porque não quer ou porque não gosta. O que existe ali é um espírito que recebe um impulso e a partir disso age, sem questionar. Esse impulso chama-se instinto.

Já o ser humano, o espírito ligado a um ego humanizado, possui um ego que tem a propriedade raciocínio. É por isso que Krishna diz que essa é a morada preferida de Deus.

Porque ele fala isso? Porque só quando está sujeito a essa propriedade o espírito exerce o seu livre-arbítrio.

Não estou falando de livre arbítrio no raciocínio nem no ato. Estou falando de liberdade de optar por sentimentos. Quando o espírito deixa-se dominar pelo egoísmo presente no ego ou escolhe viver no universalismo está exercendo o seu livre arbítrio.

Essa questão de livre optar emocionalmente é algo importante, porque é o início de um crescimento espiritual muito grande. A criança patina na vida até aprender a ler; de repente aprende a ler ela e com isso começa uma corrida na sua capacidade de conhecer. Assim é com o espírito: quando aprende o que é importante escolher emocionalmente, ganha rapidez na evolução espiritual.

Sabe, quando você vencer o egoísmo, toda uma paisagem, toda uma gama de oportunidades estará à sua disposição. Hoje não pode estar porque você não sabe optar emocionalmente para vivenciá-las.

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Versículo 22 - Assim que puder, saia da roda de encarnações

Aproveito esse versículo de Krishna para lembrar de um conselho que o Sublime Senhor deu no versículo cinco: assim que possível saia da roda de encarnações.

Sabe por que vocês continuam encarnando e desencarnando? Porque ainda não se libertaram do prazer, da busca da satisfação pessoal acima da dos outros. Porque não promovem essa liberdade não conseguem andar no sentido da evolução espiritual e ficam patinando no mesmo lugar. Se soubessem o que ainda têm pela frente, que são coisas muito mais importantes e reais do que essa parafernália, para não dizer palhaçada, que vocês vivem e que chama de vida, talvez corressem com esse trabalho

Participante: como buscar algo que não sabemos o que é?

Deixando de achar que o possuem é algo maravilhoso. Quando deixarem de se iludirem com aquilo que possuem hoje imaginando que são coisas boas, poderão antever o que encontrarão no final do caminho.

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Versículo 23 - Preocupação

Em tais cidades os homens que estão com os sentidos sobre controle me buscam diretamente a Mim o inescrutável senhor.

Em tais cidades, ou seja, ligados a egos humanos, os espíritos que estão com a mente sob controle não se preocupam com os elementos materiais. Vivem para Deus, com Deus e em Deus. Eles não têm preocupação com saúde, com dinheiro.

Isso não quer dizer que o ego não crie essa preocupação. É o espírito que se liberta de viver essas preocupações. Apesar de haver na razão, o ser liberto não se preocupa com posses, em estar do lado de quem gosta, não se preocupa se com que os outros fazem. Não têm nenhuma preocupação internamente. Conseguem viver assim porque estão com Deus, em Deus, vivem para Deus. É isso que Krishna está ensinando.

É por isso que dei essa resposta quando me perguntaram como se ligar em Deus: se desligando do ego. Enquanto você for ligado à razão, acreditar no que o ego cria, não conseguirá se ligar em Deus. Isso é impossível porque a razão humana não possui elementos para fazer essa ligação ou criar, mesmo que falsamente, essa ligação.

Participante: existe algum exercício ou algo para se poder ver o mundo espiritual? Ou qualquer visão sobre isso é uma criação falsa do ego?

Você fala ver com os olhos, ou com imagens na mente?

Participante: com os olhos.

Não.

Toda imagem que exista na mente, tenha passado pelos olhos ou não, é criação do ego. Não são imagens reais do mundo externo, mas visões criadas pela mente de acordo com as provas de cada um.

O que pode fazer nesse aspecto é sentir o mundo espiritual. Só que nesse sentir não existirá palavras, descrições, sons ou imagens, já que no mundo espiritual não existem esses elementos.

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Versículo 23 - Revolucionários

Participante: A passagem do egoísmo para o universalismo, ou seja, do foco em nós mesmos para Deus é, então, algo revolucionário ao espirito? É um caminho sem volta?

Sim, é um caminho sem volta. Até porque o caminhar, seja para a frente ou para trás, é criado por Deus. Além disso, como ensina o Espírito da Verdade, o espírito não retroage. Por isso, Deus não vai retroagir na caminhada.

Revolucionário? Sim. É uma revolução. Aliás, há tempos ditamos um texto chamado ‘Uma revolução’.

Com nosso trabalho estamos conclamando você e todos os seres humanizados a promoverem uma revolução. Uma revolução contra a matéria, contra os padrões do mundo, contra as regras de etiqueta, de sociedade, contra o bem e contra o mal.

É preciso promover essa revolução porque só quando você se revoltar com as coisas humanas irá procurar outras. Não adianta continuar achando as coisas humanas muito bonitas, sublimes, santas e querer fazer a elevação espiritual. Ninguém faz, ninguém abre mão do que já tem e gosta para procurar coisas diferentes.

Como já disse, as perguntas que vocês fazem são boas. As vezes guardamos algumas as usamos para dar orientação por muito tempo. Havia uma pessoa de Portugal que um dia me disse: ‘mas Joaquim, você está dizendo que no céu não tem passarinho, pôr do sol, plantas, rios. Por quê? Tudo isso é tão bonito’. Respondi a ele: ‘é exatamente por achar tudo isso tão bonito é que você continua encarnando e desencarnando há milhares de anos. Enquanto quiser ouvir um passarinho cantando, não vai buscar viver em um lugar onde não há pássaros’.

Então sim, buscar a elevação espiritual, fazer a reforma íntima é realizar uma verdadeira revolução. Todos os seres encarnados devem se tornar soldados revolucionários que lutam contra os poderes instituídos, sejam eles religiosos, sociais, financeiros, materiais.

Por favor, não confundir o que estamos falando como luta contra governos. Nós não somos contra ou a favor de qualquer governo. O que somos contra é a ilusão do poder sobre os outros. O poder de julgar, criticar, acusar, etc.

Até porque somos cristões e como Cristo ensinou, os governantes são designados por Deus de acordo com o merecimento do povo.

Participante: mudam todos os parâmetros e toda realidade.

Mais do que isso: muda o parâmetro, a realidade e o foco. Hoje você está de costas para Deus, olhando a matéria. Para alcançar a elevação espiritual é preciso virar de costa para a matéria e olhar só para Deus. Por isso digo que é preciso mudar o foco.

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Versículo 23 - Práticas orientais

Participante: a yoga seria um instrumento para se sentir o mundo espiritual?

Sim.

Só que a yoga não é uma ginástica nem um trabalho de meditação. A meditação faz parte da yoga, mas não é ela. Yoga, segundo o ensinamento de Krishna é o caminho entre o céu e a terra.

Esse caminho é construído pelos ensinamentos do Sublime Senhor. Sendo assim, na yoga há a meditação, mas também existe a prática do controle da mente, do fim da intencionalidade e todos os ensinamentos de Krishna, seja no Baghavad Gita ou no Puranas.

Fiz questão de dar essa resposta porque as razões humanas confundem a compreensão do que é chamado de yoga aqui no ocidente. No oriente ela tem a ver com a prática dos ensinamentos, mas no ocidente passou a se acreditar que basta assumir determinadas posturas físicas e realiza a yoga. Se fosse assim, bastava o ser humanizado fazer ballet ou ginástica

Participante: seria errado ficarmos cantando a todo momento que nós somos instrumentos de Deus?

Não existe certo nem errado.

Portanto, se é isso que você está fazendo, não está certo ou errado: é apenas o que está fazendo. Agora, se tiver prazer por fazer ou sofrer por causa disso, aí não fez nada.

O problema não é o que você fala, mas sim a forma que se relaciona com a ação. Ter culpa ou prazer por fazer não leva a nada.

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Versículo 24

E a propósito disso, amigo Uddhava, existe uma velha narrativa que se refere ao diálogo entre Yadu, o rei de coragem sem par, e o Avadhuta, ou um grande sábio que andava despido.

Vamos ouvir agora uma história contada por Krishna. Nela o Rei Yadu encontra um Avadhuta, um homem que conseguiu controlar sua razão, um espírito que conseguiu se libertar do ego e pergunta: ‘como você fez para alcançar essa posição de senhor da mente?

É uma história interessante e bem grande. Vamos levar algum tempo nela. Vamos prestar atenção nessa história e conversando sobre cada um dos versículos, pois se trata de um guia sobre fazer o trabalho de senhor da mente.

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Versículo 25 a 30 - A instrução do sábio

Vendo ao Bramani avadhuta, jovem e erudito, que vagava sem medo algum, perguntou-lhe Yadu, a respeito de religião em relação, a qual era muito versado.

Yadu perguntou:

Oh Brâmane, estando livre do fruto das ações como estás, de onde obtiveste tão grande discernimento, graças ao qual andas pelo mundo como uma criança, não obstante, sejas um grande sábio?

Geralmente e na maioria dos casos os homens se esforçam por alcançar virtudes para conseguirem riquezas ou são saudados por um forte desejo de conhecer o Atma, alma suprema, quando, em verdade, tal desejo é um simples propósito de alcançar vida longa, fama e prosperidade.

Tu, porém, que és capaz de tudo, que és instruído, hábil, bem apessoado e possuis uma fala agradável, nem trabalhas nem te esforças o mínimo necessário como se fosses um idiota, um louco ou um “Azura (demônio; espírito do mal)”.

Enquanto as pessoas são abrasadas pela fogueira da luxúria e da cobiça, tu nem sequer sentes os deletérios efeitos de dito fogo, o fogo do desejo que nunca se apaga e ficas livre de sua influência, como um elefante no meio do rio Ganges.

Oh nobre Brâmane, para nós que ti estamos interrogando, conta-nos de onde te provém a felicidade de seres como tu mesmo, unicamente vivendo uma vida solitária e ficando totalmente passível diante dos objetos sensoriais.

Então, Yadu pergunta ao Brâmane como consegue realizar-se em si, por si e com Deus. Com isso ele quer saber como libertar-se da fogueira das paixões e do desejo. Vamos ouvir, então, o que o Avadhuta tem a dizer. Vamos ver como aprendeu a silenciar os desejos.

Participante: pai Joaquim, o Deus do meu irmão é meio grosso, mas mesmo assim é Deus.

Enquanto for grosso, não é. Deus não pode ser grosso e nem educado. Ele é tudo e não é nada.

A ideia que você está colocando sobre Deus é simplesmente uma análise racional. Por isso precisa libertar-se do grosso que acredita ser para poder ver realmente Deus.

Tem uma coisa que foi falada durante a fala do Yadu: o brâmane que conseguiu ultrapassar os apegos materiais é instruído, mas não estudo, é livre sem realizar uma libertação, é instruído sem trabalhar para conhecer. É isso mesmo: o verdadeiro sábio não precisa estudar, não precisa de compreensões racionais, não precisa que ninguém diga que Deus está ali ou é o seu irmão.

Portanto, não é estudar ou alcançar uma compreensão racional de que seu irmão é Deus que você precisa. É ver Deus sem ser com os olhos, é falar com ele sem emitir palavras, é ouví-Lo sem precisar haver sons.

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Versículo 25 a 30 - O espírito Joaquim de Aruanda

Participante: se o senhor reencarnasse hoje, o que faria nessa vida? Como seria sua conduta?

Não sei, dependeria da programação, dependeria das provas e missões. Não sei.

Hoje fora da carne posso ver algumas coisas que quando encarnado não via. Isso é que me leva a ser a ter a missão de ser o repetidor dessas palavras para vocês. Agora, se estivesse dentro de uma encarnação, não sei.

Quando encarnado, como disse agora pouco, cada um reage do jeito que tem que reagir.

Participante: o espírito que vive o personagem Pai Joaquim ainda precisa reencarnar na Terra de provas e expiações ou só virá na Terra regenerada?

Eu não preciso encarnar para provas e expiações, mas se for preciso fazer isso para executar uma missão, só tenho uma coisa a dizer: ‘Deus, estou aqui. Seja feita a Vossa vontade’.

O espírito quando compreende o universal não escolhe missão. Se nesse momento Deus criasse para minha realidade um nascer em um personagem como Hitler, eu diria: ‘tô pronto; louvado seja Deus’.

Participante: quer prova maior da sua disposição do que ficar nos aturando?

Isso não é nada de mais, pois afinal vocês também me aturam. É prova para vocês também.

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Versículo 32 a 36

E o bendito Senhor complementou:

E interrogado de forma tão honrosa pelo inteligente Yadu, adepto dos Brâmanes, o nobre Avadhuta dirigiu a palavra ao rei, que diante dele se inclinava com uma profunda reverência.

O Bramani Avadhuta disse:

‘Oh rei, por meio do entendimento, muitos mestres tenho a quem acudir e, graças a sabedoria que deles recebi, ando pelo vasto mundo sem qualquer impedimento. Ouve quem são meus mestres...

A terra, o ar, o céu, a água, o fogo, a lua, o sol, a pomba, a cascavel, o mar, a mariposa, a abelha, o elefante.

O buscador de mel, o servo, o peixe, a cortesã Píngala, a águia marinha, a criança, o jovem, o fabricante de flechas, a serpente, a aranha, o inseto chamado Bhramara-kita.

Estes, oh rei, são os 24 mestres a quem acudi, de suas maneiras de ser e características recolhi toda a minha sabedoria.

Oh neto de ‘Nahusha’, contar-te-ei a lição que aprendi de cada um e como a aprendi, ouve-me bem: ‘O homem de firme entendimento, mesmo que se ache oprimido por seres, que por sua vez são regidos pelo respectivo carma, não deve se desviar do seu caminho, esta é a lição que aprendi da terra.

“De cada um deles recolhi a minha sabedoria.”

Como disse, é preciso aprender a dominar a mente. Só que para aprender isso é preciso saber o que dominar na mente. É exatamente o que o Avadhuta está falando aqui.

Os mestres listados deram exemplos ao Avadhuta. Esses serviram como caminho para ele dominar a mente. Serviram como marcos que mostram um caminho a ser seguido, o caminho do domínio da mente, de ser o senhor da mente.

Vamos então ouvir o que cada mestre ensinou.

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Versículo 37

O homem de firme entendimento, mesmo que se ache oprimido por seres, que por sua vez são regidos pelo respectivo carma, não deve se desviar do seu caminho, esta é a lição que aprendi da terra.

O homem de reto entendimento não deve se desviar do seu caminho, mesmo oprimido por outros homens que são regidos pelo seu carma.

Vou usar como exemplo o que acabou de ser falado: o meu irmão é grosso. Sabe por que você acredita nisso? Porque se sente oprimido pela “grossura” dele. O seu irmão não é grosso: esse é o carma dele.

Ele é grosso porque é regido por uma pré escolha, um carma, como resultado da opção do espírito antes da encarnação. Ele vivencia esse carma na sua frente porque isso é carma seu. Ou seja, ele é grosso, porque tem como prova vencer o prazer de ser grosso; você recebe a grosseria dele porque tem o carma de não se sentir ofendido com a forma como ele age.

Essa é a verdade do universo. Ninguém faz nada. Deus, através dos egos, cria as ações interdependentes, ou seja, faz cada um viver o seu carma e ao mesmo tempo ser instrumento do carma do outro.

Sobre aquele que vive as situações, Krishna ensina: o homem de reto entendimento (que sabe da existência da ação carmática), mesmo sofrendo uma ação desse tipo não se desvia do seu caminho. Qual o caminho? Estar em Deus, ser por Deus e viver com Deus.

O que isso quer dizer? Que quando o ego do homem de reto entendimento cria razões, emoções ou percepções a respeito de estar sofrendo uma grossura, por exemplo, diz: ‘não ego, o meu caminho não é reparar nos outros, não é muda-los ou ensinar qualquer coisa e eles, não é julgar os outros, mas encontrar Deus em tudo. Para isso, preciso ir além do que fala. Por isso não aceito o que está afirmando como verdade’.

É esse o trabalho do senhor da mente e é isso que a terra ensina àqueles que querem ser como a terra.

A terra segue o seu destino para lá e para cá. Passa pela água, dá a volta nas raízes das plantas, mas não se prende em nada. Esse é o trabalho do senhor da mente. Ele, observando a terra que segue sempre em frente deve dizer a si: ‘eu quero chegar no meu horizonte e não ficar preso aqui neste lugar’. Ficar preso no mesmo lugar é ficar julgando os outros, observando o que eles fazem, tendo ideias sobre eles.

Esse é o primeiro elemento que leva o espírito a ser um Avadhuta, ou seja, a apagar o fogo das paixões e do desejo.

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Versículo 38 - O verdadeiro serviço ao outro

Para o homem se tornar verdadeiramente bom, deveria aprender da montanha como orientar todas as suas ações para o bem do próximo sem exceção. Inclusive o próprio nascimento, ou renascimento, deve ser inteiramente dedicado para o bem dos outros. Ao mesmo tempo que se dedica a isto, como discípulo das árvores, deveria aprender a estar sempre a disposição de todos.

Olha que grande lição: o sábio, assim como a montanha e as árvores, dedica-se a servir ao outro.

O que será servir ao outro? Será que é fazer o que ele quer? Será que é doar tudo que você tem? Não. Vocês não têm noção, e nunca terão, do que é servir o próximo enquanto ligados a um ego humanizado.

Por que isso? Porque o ego funciona a partir do egoísmo. Por isso, mesmo quando ele diz que está servindo ao próximo, a realidade que cria é fundamentada em um desejo: o desejo de servir. Sem esse desejo, a razão jamais servirá o próximo.

Por isso afirmo que você não está servindo ao próximo: está satisfazendo um desejo individual. Com isso, não apaga o fogo da paixão e do desejo.

Sendo assim, vocês poderiam me perguntar: se nunca vou poder saber como é servir o próximo, como vou poder fazer isso que é importante para a elevação espiritual? A resposta é simples: não se servindo deles.

Isso é o máximo que você pode fazer de serviço ao próximo: não aceitar o serviço a si mesmo que o ego cria quando fala em ajudar o outro. Como se faz isso? Vamos dar um exemplo.

Se a razão diz que você tem que socorrer uma pessoa, lembre-se que ela está gerando essa ação não por socorro ao próximo, mas está usando uma paixão e um desejo individual. Isso compromete a ação porque ela possui uma intenção egoísta. Por isso diga a si mesmo: ‘não tenho que fazer essa ação; se fizer fiz, se não fizer, não fiz. Se der a mão, dei, se eu não der, não dei. Não há certo em fazer nem errado em não’.

Esse é o maior serviço que você pode prestar ao outro: não se servir dele para satisfazer a sua paixão e o seu desejo que estão presentes nas criações do ego.

É isso, filhos. Essa é a realidade da vida. A mente humana cria padrões sobre o que atender o próximo. Você acha que eles são reais, mas não entende que possuem uma intencionalidade egoísta, estão aprisionados a paixões e desejos individualistas.

Não, você não poderá jamais, enquanto aprisionado a um ego humano, fazer nada pelo outro. Mesmo quando fizer atos nesse sentido, estará usando o outro para fazer o que quer fazer, pois só socorre quem quer na forma que acha que deve.

Então, aprenda com a árvore. Ela não se preocupa em nascer nesse ou naquele lugar, não se preocupa em ter mais flores para embelezar ou folhas para dar sombra. A árvore não se preocupa em dar frutos ou não.

A árvore existe onde está sem nenhuma preocupação, sem querer ser nada. Quem aprende com a árvore sabe que o serviço ao próximo passa por não aceitar imposições para ser ou fazer alguma coisa. O senhor da mente entende isto e por isso age junto ao ego para não aceitar o ter que fazer ou o ter que deixar de fazer. Ele simplesmente diz: ‘o que acontecer, aconteceu’.

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Versículo 38 - Evolução sem egoísmo

Inclusive o próprio nascimento, ou renascimento, deve ser inteiramente dedicado para o bem dos outros.

O ensinamento do serviço ao outro é mais profundo do que já vimos. Krishna ensina que até o nascer, encarnar, deve existir para servir ao próximo.

Lembro um ensinamento do Avadhuta Gita, que está no versículo primeiro, onde se fala: ‘o desejo do monismo é dado por Deus’. Quando o estudamos, falei assim: ‘para que você encarna? Para se elevar? Isso é egoísmo puro. Quem tem essa intenção ao encarnar nasce para ganhar. Agora vem o Sublime Senhor e corrobora o que falamos: até o nascer deve ser um serviço para o próximo.

Esse é o aspecto interessante da coisa. Quem durante a existência carnal se concentra em auto realização, não se realiza, pois a realização de um encarnado só acontece quando supera o seu egoísmo. Por isso, viva para servir o próximo libertando-se de todas as obrigações que imagina ter de ajudar alguém.

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Versículo 38 - O ego

Participante: existe a possibilidade de após neutralizar o ego nessa vida começar a aparecer o de outras vidas, ou é possível que os dois convivam juntos?

Não. O ego de outras vidas desmancha-se, acaba ao final de uma encarnação. Não vou dizer que morre, porque não está vivo, mas é desmanchado.

Conforme vai se libertando dele durante a encarnação, vai dissolvendo-se. Quando sai dela já liberto ou quando se libertar dele depois da encarnação, se dissolve completamente.

Sendo assim, o ego de outras vidas não existe mais.

Participante: complementando, o espirito depois da sua evolução ainda tem ego?

O único no universo que não tem ego é Deus.

Cada espírito possui um de acordo com seu grau de elevação, de acordo com sua tarefa no universo. Só Deus sabe a verdade das coisas; todos os outros seres recebem impressões através de uma personalidade.

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Versículo 39 - Contaminar as funções vitais

O sábio de verdade deve contentar-se em satisfazer apenas as suas funções vitais e nunca buscar coisas que possam exaltar a sensação contaminada (sentidos) a fim de que o seu reto entendimento não se perca, nem se extravie a força da mente centralizada com sua fala gentil.

O que são funções vitais? Respirar, ver, mexer-se, comer (inclui beber), evacuar. Essas são as cinco funções vitais para um corpo humanizado. Fora elas qualquer outra atividade não é vital, não é básica para a vida. Ou seja, todo o resto, se me permitem usar uma palavra, é luxo. Não é básico, não é vital.

Nesse trecho Krishna ensina que o espírito humanizado que é senhor da sua mente não deixa que a razão contamine as percepções quando da ação dessas funções vitais. Vamos entender isso.

Por exemplo: o senhor da mente vê, mas não deixa que a mente, o ego, contamine o que vê. Como faz isso? Não aceita pensamentos que se utilizem de adjetivos para qualificar o que está vendo. Não deixa que a mente contamine o que está vendo com ideias de certo e errado, bom e mau, limpo e sujo, etc.

O ser humano que é senhor da mente anda, porque isso é uma movimentação do corpo, uma função vital, mas não deixa a mente contaminar o seu andar. Como? Não deixando a razão gerar um destino a ser alcançado ou dizendo que está andando numa velocidade rápida ou lenta. Não deixa que a razão contamine os sentidos dizendo que determinado caminho é melhor do que o outro. O senhor da mente come, mas não deixa o ego dominar conferindo ao ato de comer prazer com determinados sabores ou desprazer com outros.

Esse é um dos mestres do Avadhuta. Pelo que aprende com ele, o senhor da mente não deixa a razão gerar exultação ou depressão que contamine as funções vitais.

Só que existe mais uma coisa interessante nesse estudo. Vamos ver.

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Versículo 39 - Extraviar a mente

Nem se extravia a força da mente centralizada com a sua fala gentil

O ego propõe verdades e realidades que poluem a percepção, mas não faz isso de um modo incisivo, mas de uma forma muito gentil: ‘coma determinado alimento porque faz bem para saúde, não coma determinados alimentos, pois eles fazem mal para saúde, beba determinados líquidos porque possuem um sabor bom, não beba outros porque não são gostosos’. Ele não usa de determinismo, mas de conselhos acompanhados de uma suposta preocupação com você.

A partir disso, o conselho de Krishna: por mais inocente, bem intencionado ou real que pareça, o pensamento trazido à sua consciência pela razão é um contaminante das suas percepções. Por mais bonita que seja a descrição que ela faça de determinados elementos (animais, plantas, paisagens, pessoas), não se deixe contaminar pelo que é dito.

Vou dizer uma coisa: no universo não há beleza. O que existe é praticidade. Nada é feito para ser belo, mas para ser prático, útil na no processo de evolução do espírito. A ideia da beleza é um elemento gerado pelo ego para enrolar o ser mantendo-o preso a posses, paixões e desejos.

Esse é um grande ensinamento para o senhor da mente. Ele deve controlar a sua relação com a mente para não deixar a poluição gerada pelo ego seja considerada como real ou certa. Deve compreender a busca de extraviar a força da mente para não se apegar a ideia criada.

Volto a repetir, e isso vou falar o trabalho inteiro: o trabalho do senhor da mente não é criar novas concepções. Não é achar feio o que hoje acha bonito, mas sim não se deixar contaminar pelo que a mente cria. Não acreditar no que a razão afirma.

Se o ego faz uma afirmação, contamina a percepção visão com a ideia de beleza, não acredite. Não tente não achar bonito o que está sendo visto, pois você não pode mudar ou destruir o que a razão fala. Para se libertar, simplesmente diga: ‘eu não sei se é bonito ou feio. Por isso, não vou acreditar na feiura que a mente cria, mas também não vou dizer que aquilo é feio. Minha conclusão é apenas que não sei o que é aquilo’.

Esse é o trabalho. Esse é o ensinamento de Krishna no sentido de viver com controle da mente e por isso ser feliz: não deixe a razão contaminar as percepções com a fala que às vezes parece até muito bonita ou real.

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Versículo 40 - Mover-se

O Yogi, ser lúcido, que crê mover-se entre os mais diferentes objetos sensoriais, jamais deve apegar-se a eles, por conseguinte, é aconselhável que mantenha a mente livre das virtudes e dos defeitos pensados, que dos próprios objetos parecem promanar, tal como o próprio vento.

Vamos passo a passo, porque há muitos ensinamentos aqui.

Mover-se

O Yogi, ser lúcido, que crê mover-se entre os mais diferentes objetos sensoriais

Olha que grande ensinamento: o ser não se move; crê mover-se.

Ninguém se locomove entre objeto algum. Por favor, olhem agora ao seu redor. Provavelmente estão vendo cadeiras, sofás, armários, paredes, chão, porta, etc. Para você, tudo isso está ao seu redor. É isso que o ego lhe diz através da percepção, mas essa informação não é irreal.

Nada que seja percebido externamente está fora de você ou ao seu redor. Todas as imagens que são percebidas estão dentro de você. Todo cenário que imagina está ao seu redor e do qual tem noção de profundidade, de altura, de largura, não existe onde imagina que está. Tudo é mera criação da mente. Tudo, tudo, inclusive o seu corpo, está dentro de você.

É por isso Krishna fala daquele que acredita mover-se entre os objetos. Fala assim porque se o objeto está dentro de cada um, a movimentação só existe como criação do ego.

Sempre quando faço menção a percepção de visões ou audições falo sempre da ilusória impressão de ação. A ação praticada por um elemento material não existe como você imagina. Ela não é praticada externamente; só existe dentro do ego. É um filme que a razão projeta enquanto lhe diz que aquilo é real, que está acontecendo externamente e que você está junto com elas naquele ambiente.

Tudo isso não é real. A realidade é que você, espírito, está no universo paradinho, sem se movimentar. Está no universo onde não existe nenhuma das formas que são percebidas pela razão humana. É por isso que respondi quando m disserem que as pessoas falam: ninguém fala; as falas das conversas são geradas no ego.

A partir disso temos que entender que nada é real: você, o outro, o que é falado ou feito. É o seu ego quem está criando o que você está falando e o que o outro está respondendo. Ele cria e você, como é prisioneiro dele, como aceita o que ele cria, acredita que está conversando com outra pessoa.

É isso filhos, essa é a verdade, essa é a realidade.

Participante: como às vezes podemos conversar com nós mesmo, então é ego proseando com ego?

Deixe-me explicar uma coisa: o ego não conversa consigo mesmo nem com outros egos. Sabe por quê? Porque não há conversa.

A ação de conversar é uma ilusão criada pelo ego. Não há a conversa. A ilusória ação de estar conversando, seja com outra pessoa ou consigo mesmo, é uma criação do ego.

Essa criação é uma ilusão, ou seja, não uma realidade. É a ideia de haver pessoas, assuntos, palavras e ações acontecendo e não um acontecimento real.

A razão cria os personagens envolvidos, cria a ilusão deles estarem conversando (ação), cria a ideia de alguém estar ouvindo. Não há conversa.

Se olharmos pelo lado humana, as criações do ego, a vida humana é solitária, pois todo relacionamento é gerado pelo ego. Olhando pelo lado espiritual haverá relacionamento entre os espíritos no mesmo momento em que o ego a ilusão. No entanto, a comunicação entre seres universais desencarnados não envolve conversa, fala.

Compliquei com essa resposta? Sim. Por quê? Porque quando falamos que tudo que vem à mente é ilusão, o seu ego ainda mantém coisas que não estão submetidas a essa realidade. Mas tudo é tudo; não dá para se preservar nada.

Portanto, se lhe vem à mente que você está conversando consigo mesmo, a conversa, não só as palavras ou o assunto, é ilusão, mas o ato de conversar, como criação do ego, também é uma ilusão, não existe.

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Versículo 40 - apegar-se a ilusão

O Yogi, ser lúcido, que crê mover-se entre os mais diferentes objetos sensoriais, jamais deve apegar-se a eles...

Não existem as coisas e não existe a locomoção entre elas, mas o seu ego cria a existência dessas coisas. É preciso se libertar dessa existência para ser senhor da mente. Libertar-se e não acabar com elas. Enquanto encarnado, você jamais deixará de receber essa consciência. Enquanto ligado ao ego vai ter a ilusão de acreditar que as coisas e as ações existem. Por isso agora Krishna orienta: apesar de continuar acreditando, ou seja, apesar do ego continuar criando a ilusão, o ser não deve apegar-se ao que é criado.

O quê que é apegar-se a um objeto? É possuir, ter o objeto. Como vimos no estudo do Bhagavad Gita, existem três tipos de posse: a material (é meu ou é de outra pessoa), a posse sentimental (eu gosto ou eu desgosto) e a moral (eu sei, possuo a verdade). É sobre essas posses (apegos) que o Sublime Senhor fala.

Portanto, mesmo que a sua razão crie verdades que dizem que os objetos existem, que digam que há uma ilusória ação entre você e eles, não acredite nos pensamentos que o ego cria que afirmam que aqueles objetos tem um proprietário, podem ser distinguidos por um gostar ou não e que você o conhece, reconhece. Esse é um trabalho que deve ser executado pelo senhor da mente.

Se você quiser sair desse mundo, ou seja, parar de ver objetos onde o ego diz que há, parar de achar que há uma ação, não vai conseguir nada, pois essas coisas que você não pode interferir. Agora, mesmo vivenciando tudo isso, controle-se, não acredite nos apegos, nas paixões, que a razão cria. ficou claro?

Participante: é o orai e vigiai?

Ser senhor da mente é orar e vigiar sempre. Mas, só um detalhe: não queira compreender a vigilância racionalmente, senão não chega a lugar nenhum.

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Versículo 40 - Mantenha a mente livre das virtudes e defeitos

O Yogi, ser lúcido, que crê mover-se entre os mais diferentes objetos sensoriais, jamais deve apegar-se a eles, por conseguinte, é aconselhável que mantenha a mente livre das virtudes e dos defeitos pensados, que dos próprios objetos parecem promanar, tal como o próprio vento.

Essa é a consequência do que estamos falando.

Como foi dito, o yogi, ou senhor da mente, não se preocupa em mudar a visão das coisas, mas em não apegar-se. Para isso controla – controla no sentido de não acreditar – nos pensamentos que trabalham valores de mérito e demérito. Agora o Sublime Senhor junta mais uma peça desse quebra cabeça: “que dos próprios objetos parecem promanar”.

Krishna nos ensina que os valores de mérito e demérito parecem vir do próprio objeto, mas, na realidade, não estão nele. Estão em você, no seu ego. Vou dar um exemplo para entendermos isso.

Vocês acham que a sujeira é ruim. O ego humano cria a ideia de que sujeira que está no chão é algo ruim, que não presta. Isso é ilusão: não existem as coisas, a ação nem o mérito e demérito aplicado a elas. Apesar disso, não queira deixar de ver sujeira no chão, porque isso não pode acontecer. Ao invés de querer mudar a realidade, pare de possuir o chão, ou seja, pare de dizer que ele é um chão sujo.

Nenhum chão está sujo. Por quê? Porque a ideia de sujeira que não está no piso, mas trata-se de uma imagem criada pelo seu ego.

Olha que coisa interessante: tudo que você atribui como valor para outras pessoas ou coisas, não está neles, mas em você mesmo. É simplesmente o seu ego que cria a ideia de estar. Além dessa criação, a razão ainda gera uma paixão positiva ou negativa (gostar ou não, achar certo ou não) por aquilo. O ser lúcido sabe disso; o ser não desperto segue vivendo o sofrimento criado pela mente para o que não gosta.

Portanto, o senhor da mente não se preocupa em deixar de ver sujeira, pois sabe que mesmo que veja, ela não está no objeto, mas dentro do seu ego. O que se preocupa, no que se concentra, é em não acreditar na valorização que a mente dá àquele elemento. Isso deve ser aplicado a tudo. Não dá para se usar essa consciência para parte das coisas desse mundo deixando outras como reais ou existentes.

Por exemplo, não dá para se dizer que não há mérito nem demérito na sujeira, mas aceitar que haja cadeira que tenha pó. Sendo para libertar-se do ego, não deve se aceitar a existência da cadeira, do pó, da ideia de que existe algo bom ou mal. Deve se ter a consciência tudo, todas as coisas, que aparecem na razão não existem fora de você, mas são figuras criadas dentro de si.

Sabe o amassado do seu carro? Ele não existe no mundo externo. A imagem do amassado só existe dentro de você e dos egos onde Deus fizer existir a mesma realidade.

Sim, Deus dá uma espécie de percepção de forma única para vários egos. É por isso que duas pessoas olham para algum lugar e enxergam o amassado do carro. Só que a criação mental nunca é totalmente igual. Ou seja, cada um que vê percebe detalhes que o outro não viu.

Isso não é problema das pessoas, ou seja, não acontece porque está mais ou menos atento, dá mais ou menos valor a coisa. Na realidade os egos foram comandados a ver (perceber) detalhes diferentes. Só isso.

Então, esse é mais um trabalho do senhor da mente:

primeiro precisa ter a plena consciência de que o mundo só existe dentro si;

segundo, saber que jamais poderá alterar a visão que tem do mundo;

terceiro, a pesar de continuar tendo a visão, lutar para libertar-se da influência das declarações de mérito e demérito que a razão cria sobre os elementos que foram criadas por ela também.

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Versículo 40 - Joaquim e você

Participante: então, um guia espiritual falando também é uma ilusão criada pelo nosso ego e nós somos a ilusão deles, somos a criação do ego deles também?

Excelente pergunta. Vou lhe responder como respondi a outra pessoa quando me perguntou onde eu, Joaquim, estava: no ego seu ego.

Eu sou um espírito que está no universo. Não sou preto nem branco, moço ou velho, não tenho nome, cor ou sexo. Joaquim de Aruanda, a voz, o ensinamento que ouve e a figura do médium é outra coisa. Eu estou no universo, Joaquim está dentro do ego de vocês. Ele não existe externamente a você.

Na verdade existem centenas, milhares de pais Joaquins, ou seja, existe um para cada ser cujo ego um dia criou a ilusão de haver um pai Joaquim. Sim, pai Joaquim é uma ilusão. Eu, o espírito, sou eu e não ele.

Falo isso com relação a um mentor desencarnado, mas se levarmos a mesma questão com relação ao encarnado, é a mesma coisa. Aquele ser humano existe dentro do ego de cada um que tiver a percepção dele. Mas, isso não diz respeito só a ele. Os seus seguidores existem como criação do ego dele.

Um mentor, encarnado ou não, pode ter quinhentos seguidores no mundo humano sem haver neles nenhum espírito conectado. São quinhentas criações de pessoas que o mentor acha que existem, que o ego cria e o ser ligado a ele acha que existe.

Para que tudo isso é criado? Para testar o amor dos seres envolvidos. Para ver se continuam amando de uma forma universalizada ou se amam egoisticamente. Muitos dos mentores, encarnados e desencarnados que acham que possuem centenas, milhares de seguidores precisam do teste da soberba, da vaidade e de outras coisas que são frutos do egoísmo.

Então sim, tudo é uma ilusão, inclusive eu e você e todos que estão aqui. Tudo isso existe única e exclusivamente dentro do seu ego.

Participante: gostaria de pegar um gancho aqui na pergunta da moça e perguntar o seguinte: qual, então, o papel de você espírito sobre nós, espíritos? Existe uma ligação sentimental entre nós ou é algo mais do que isso? Você está em algum tipo de contato espiritual conosco?

Sempre.

Como já disse, no universo um espírito não se contata especialmente com outro ser específico. Ele se contata com todo o universo ao mesmo tempo. Então, sim, estou conectado universalmente através de troca de energias, mas não só com vocês somente e sim com todo o universo ao mesmo tempo.

Agora eu, enquanto ilusão gerada pela razão de alguns humanos, sou criação do ego. Eu, enquanto espírito – algo que vocês não sabem o que é, que não sabem como pode se conectar e nunca saberão enquanto ligado a um ego humano – sou criação da razão vocês.

Eu enquanto realidade, contato com vocês espiritualmente, ou seja, mandando, emitindo e recebendo amor. Sei que imaginam que entendem como isso acontece, mas essa crença também é ilusão. O contato entre os espíritos é muito diferente do que imaginam.

Ficou claro? Sei que é complexo se falar de coisas espirituais, pois a razão imagina saber como isso acontece, mas não sabe nada. Como disse para uma pessoa outro dia que me falou que nunca sentiu o amor de Deus: não dá para explicar racionalmente, pois a compreensão do amor de Deus é algo que não pode passar pela razão. Mas, para vocês humanos que estão apegados aos cinco sentidos, como explicar o que é sentir o amor de Deus? Só através da razão.

Portanto, como explicar a nossa relação à você sem passar pela razão? Impossível. Por isso a única coisa que posso usar para explicar é o seguinte: saiba que o que acha que é, é ilusão. Além disso, saiba que é de verdade, na realidade, você não pode saber, não tem como saber,

Desculpe, não é você que não pode saber; é o seu ego. A razão humana não tem como criar uma compreensão racional sobre esse assunto. Saiba que o ser humanizado pode sentir no coração como nos relacionamos, mas nunca conseguirá através da razão uma explicação lógica sobre esse assunto.

Deixe-me só falar mais uma coisa. Não tenham medo nem lamentem não saber como nos relacionamos. Essa consciência é muito boa para vocês. Se não sabem como nos relacionamos, acaba uma grande fonte de prazer e outra de sofrimento: os encontros e despedidas.

No universo ninguém se encontra ou se despede. Todos estão eternamente ligados e em pleno relacionamento sempre. Sabemos que o fato de não ter mais contato através das percepções é apenas porque o ego parou de criar a ilusão do contato. Sabemos também que a ideia de estar tendo contato é porque a razão começou a criar essa ideia e não porque estamos ligados mesmo. Quantos estão lado a lado até conversando, mas não estão ligados uns nos outros?

Universalmente todos estão sempre presentes junto a todos e relacionando-se verdadeiramente. Isso se chama universalismo. Ele existe quando o ser transcende a necessidade de ter a percepção visual para acreditar no contato. Ele sente o contato, mesmo que não perceba. .

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Versículo 40 - Você e o ego

Participante: é complicado. Dá até para compreender, mas para vivenciar não. Pergunto: como desligar o motorzinho?

Impossível.

É impossível desligar o motor do ego. O que pode é não aceitar as ilusões de mérito e demérito criadas por ele a partir das criações perceptivas.

Não dá para desligar o botãozinho e deixar de ver uma pessoa ao seu lado. No entanto, dá para desligar o botãozinho que afirma que ela vai lhe fazer mal, que é ruim ou que não presta. Esse dá para ser desligado. Aliás, é esse o botão que precisa ser desligado e não o da criação de imagens. Até porque esse último você jamais vai desligar.

Como já disse, não tente entender nada do que digo. Até porque não quero criar nada novo. O que quero é mostrar que tudo que acredita é ilusão, é Maya, sem colocar nada no lugar.

Repare que disse que a cadeira não existe no mundo externo, só dentro do seu ego, mas não falei o que existe no universo. Fiz isso justamente para que vocês não entrassem no processo de uma criação da existência de algo.

Sei que apesar disso já usei há muito tempo a ideia de que no mundo externo existe o fluído cósmico universal. Sim, ele existe na realidade, mas para você não. Por quê? Porque você não sabe o que é esse elemento. Sei que apesar de não saber o que é o seu ego vai fazer uma figura, criar uma ideia sobre o que é esse elemento. Nesse momento saiba que será apenas uma criação e não a realidade.

O que fiz nesse tempo todo foi tirar as coisas do mundo de fora e as coloquei dentro, sem dizer o que estava fora. Por isso, nunca aceite as criações para o que está fora, mesmo que sejam sobre o que falo.

No campo do conhecimento do mundo espiritual o Espírito da Verdade é claro: Deus, você não pode saber o que é; espírito para você é um nada; fluído cósmico universal, parece com energia elétrica, mas não é. Esses são os três elementos do universo elencados pelo Espírito da Verdade e o que pode ser compreendido sobre eles.

Participante: tudo bem, não aceito um monte de ilusões do ego, mas como não acreditar no ônibus material que pegamos, por exemplo?

É o que disse: você não pode deixar de aceitar a existência do ônibus material. Isso não vai conseguir. Apesar disso, pode parar de reclamar que o ônibus é lento, está cheio, está sempre atrasado. É isso que eu estou falando.

O senhor da mente tem o conhecimento racional de que o ônibus não existe, mas não se preocupa em destruir a imagem dele, a ideia de existir. O que faz é se ocupar em libertar-se das ações de mérito e demérito que o ego cria para aquela imagem que ele mesmo criou.

Participante: Ok, eliminamos todos os adjetivos, que são os valores, mas ainda ficam os substantivos, que você fala que não existe. Acho lógico, mas me falta algo.

Falta a perfeição que você quer atingir: eliminar o substantivo. Isso jamais será alcançado enquanto encarnado.

Enquanto ligado ao ego humano você precisará viver o substantivo. Se não vivê-lo, não haverá adjetivo para as coisas. Quando não mais houver adjetivos, acabam as provas, porque a sua provação se consiste em ser bombardeado por adjetivos aplicados a imagens ilusórias para ver se reage egoisticamente, ou seja, acredita no ego, ou se reage universalmente.

É isso moços: não dá para cessar a geração de substantivos. Por isso digo que a perfeição que você quer não dá para ser alcançada. Enquanto estiver ligado a essa razão humana haverá substantivos. Quando não houver mais essa criação, você estará morto para esse mundo.

Participante: então, vamos resumir: não há adjetivos, que são os valores que damos as coisas, mas os substantivos, os objetos desse mundo, existem e os utilizamos.

Errado. Há adjetivos que são valores que o ego cria para objetos que ele plasma, ou seja, gera ilusoriamente.

O ego não pode nem parar de gerar a imagem nem o adjetivo. Ou seja, tornando-se um senhor da mente, tudo que existe hoje racionalmente continuará existindo. O que mudará é que deixará de acreditar nos adjetivos que a razão cria.

Não dá para dizer que o ego vai parar de gerar a ilusão de existir as coisas nem que deixará de adjetiva-las. Ele não vai. É você que precisa agir para não mais acreditar nos adjetivos que o ego cria. Ele vai continuar dizendo: ‘o ônibus está sempre cheio e isso é desconfortável’. Nesse momento o senhor da mente precisa reagir e responder: ‘o que posso fazer? É esse o ônibus que estou dentro, que preciso estar para poder chegar onde quero ir. Tenho duas opções: posso passar por isso sofrendo ou não. Eu escolho e não a minha razão’.

Saiba que ao dizer que o ônibus está cheio o ego vai dizer também que isso é ruim, desconfortável. Quando você se torna senhor da sua mente não se prende a ideia gerada pela razão. Com isso pode libertar-se das emoções negativas que o ego também cria.

Participante: certo, foi isto que quis dizer

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Versículo 40 - O substantivo, o adjetivo e o verbo

Para o senhor da mente os substantivos passam a existir como criação do ego. O senhor da mente sabe que o substantivo não existe no mundo externo, mas no interno. Ele desenvolve essa crença porque sabe que se acreditar que o substantivo existe externamente sucumbirá as paixões, posses e desejos de ter, possuir e usar aquele elemento.

Muito tempo atrás disse: quem aprende a essência da elevação espiritual não precisa arrancar uma flor da terra, pois já a tem dentro de si. Agora posso explicar isso melhor.

Acreditando na existência do substantivo externamente, necessitará arrancar a flor da terra e coloca-la na sua sala para acreditar que ela existe. Controlando a mente, sabendo que é ela que cria figuras, não há necessidade de tirar a flor do lugar que ela está. Ao olhar para a sua sala verá a flor. Essa visão não é olhar pelo olho, mas uma visão espiritual: sentir a presença da flor.

Não sei se me fiz entender. Por isso vou resumir: com relação ao adjetivo, apesar do ego continuar criando, o senhor da mente não se submete a essa criação; com relação ao substantivo, apesar do ego continuar criando, o senhor da mente tem a convicção de que ele existe apenas internamente e não fora. Se não está lá, mas sim aqui, o senhor da mente sabe que pode ter tudo o que quiser, mesmo que seja – olhe bem o que vou dizer – na imaginação.

Qual o problema de se ter alguma coisa só na imaginação e não fisicamente? Afinal aquilo que é chamado pelo ser humanizado como realidade é somente uma imaginação.

Participante: e os verbos, que são as ações, sempre existem, mas não são nossos. É isso?

O verbo, que é a ação, não existe. Ele é apenas uma criação mental e por isso existe apenas no mundo interior.

Por exemplo: você não toca, não canta, não fala, etc. Você não age de forma alguma. O que existe é a ilusão da ação, que é criação do ego. Por isso, você, como senhor da mente, ainda perceberá ações, mas irá se libertar da influência delas.

Não acreditará no agente da ação que o ego cria ou no receptor dela. Vou dar um exemplo: o seu ego criou uma história entre duas figuras com a utilização de um verbo, sujeitos e substantivos. Nessa história ele criou um verbo matar, ou seja, criou a ideia de que um mata o outro. Criou o adjetivo: uma das formas é um assassino.

Essa cena você não pode deixar de ver e nem perceber nada diferente de uma pessoa com uma arma atirando na outra. Deixar de ver isso, que é a junção de um verbo com dois substantivos e um adjetivo, não pode. No entanto, pode controlar-se frente a essa criação dizendo a si mesmo: ‘as pessoas e o tiro, os substantivos, não existem, estão dentro da minha mente; a ação não foi gerada nem recebida por ninguém, pois a ilusão da ação está dentro da minha mente; o adjetivo, aplicado à cada um deles, assassino e vítima, não são reais’. É isso que deve fazer.

Não estou dizendo que deve classificar como amoroso um ato de dar um tiro. Não estou dizendo que quando assumir o controle da sua mente receberá pensamentos diferentes dos de hoje. Tudo continuará existindo para o senhor da mente quanto para o homem decaído. A única diferença é que o homem lúcido irá conviver com a interpretação da percepção criada pelo ego sem estar apegado, sem acreditar nela.

Agora deu para ficar claro? Acho que pegamos um exemplo onde estão todos os elementos que você falou.

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Versículo 40 - Viver em um mundo imaginário

Participante: compreendo que com a imaginação podemos criar muitas coisas, mas em planos mais sutis, mas como vou sentar em uma cadeira que eu apenas imagino? É aí que me embano.

Deixe-me dizer uma coisa: o processo tem que ser feito passo a passo. Realizar tudo de uma só vez você não vai conseguir. Por quê? Porque ainda acredita que a cadeira existe externamente a você. No momento que conseguir libertar-se da ideia da existência exterior das coisas, conseguirá viver liberto dos substantivos, adjetivos e verbos que a mente cria.

Sim, hoje realmente não há como conceber sentar em uma cadeira que só existe para você. Caminhando passo a passo, poderá fazer.

Veja como é difícil para você hoje fazer. Na sua pergunta fala em planos mais sutis. Isso quer dizer que acredita que existam planos menos sutis, mas não existe mundo mais ou menos sutil. O que existem são criações mentais que estão ligadas a conceitos de sutileza. Então, não se trata de mundo, mas sim de ideias que o ego dá às criações que ele faz.

Portanto, a sua incapacidade não tem nada a ver com a sutileza que a razão dá ao que cria, mas está ligada a necessidade de se libertar da necessidade da cadeira material para sentar na cadeira sutil.

Participante: se pensarmos que tudo é energia que está no universo e que nossa razão é programada para dar formas a elas, o que o Joaquim acabou de dizer tem sentido. De repente podemos dar forma a essa energia, transformá-la em cadeira e sentar. É isso Joaquim?

Sim.

Vamos dizer que racionalmente é isso, mas preste bem atenção: o que o ser encarnado precisa fazer não é aprender a trabalhar energia de uma forma mais sutil, pois quem cria o mais sutil é o ego. O que ele precisa fazer é deixar de se apegar a ideia de que existe um mundo denso e outro sutil.

O trabalho não é aprender a trabalhar energias, mas sim a viver a realidade gerada pelo ego, ou seja, o mundo imaginário, aquele que existe apenas na sua imaginação. Quando entender isso, você senta em qualquer imaginação que o ego criar, mas hoje precisa de uma determinada imaginação para isso, pois acredita que aquela imaginação é real.

Apenas mais um detalhe. Qual o problema de sentar em uma cadeira imaginária? A bunda também é. Então, é só imaginar que está sentando.

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Versículo 40 - Andar sobre as águas

Participante: quando Jesus andou sobre o mar já tinha essa compreensão e usou da imaginação ou naquele caso foi outra coisa?

Jesus andou sobre o mar?

Acabei de dizer que toda imagem externa só existe no ego. Portanto, não existe mar, corpo Jesus e o andar. A ideia de estar andando sobre o mar foi uma criação de egos que estiveram presentes lá.

Aliás, você também pode andar sobre o mar. O você que eu diga é qualquer ser humano, ou seja, qualquer um pode criar o andar sobre o mar e ver-se fazendo essa caminhada. Quando entender que esse é um mundo imaginário, quando se desapegar da realidade de determinados elementos pode se imaginar andando sobre a água. Nesse momento estará fazendo isso.

Sobre isso há uma historinha em interessante. Se me permitem contar...

Havia uma moça que trabalhava em um mosteiro budista. Todo dia ela chegava atrasada. Um dia um monge daquele mosteiro deu uma bronca nela. Ela respondeu: ‘desculpa seu monge. É que moro do outro lado do rio e tenho que esperar o barqueiro me atravessar. Como ele acorda tarde eu chego atrasada. Apesar disso, saiba que sou sempre a primeira pessoa que ele traz’.

Diante dessa informação o monge retrucou: ‘você é uma pessoa de pouca fé. Ao invés de esperar o barqueiro para fazer a travessia ande em cima da água’. A mulher apenas disse: está certo.

A partir daquele dia ela nunca mais chegou atrasada. Observando isso o monge perguntou: ‘porque agora você chega na hora? Tá acordando o barqueiro mais cedo’? Ela respondeu: ‘não, eu estou andando em cima da água’.

O monge disse consigo mesmo: ‘essa mulher está querendo me enganar. Amanhã vou ao rio esperar ela chegar’. Dito e feito: no outro dia ele foi cedo à beira do rio. Daqui a pouco a mulher apareceu vinda do outro lado, caminhando sobre a água!

O monge ficou perplexo: ‘mas como? Você está realmente andando em cima da água?’ A mulher respondeu: ‘qualquer um pode fazer; o senhor mesmo me disse isso. Venha comigo’. Nesse momento o monge saiu andando sobre a água, mas, claro, não conseguiu.

Molhado e incrédulo o monge disse a ela: ‘o quê que estou fazendo de errado’? Ela respondeu: ‘se protegendo. A primeira coisa que fez quando chegou a água foi levantar a batina para não molhar’.

Nessa história uma grande lição: não se consegue nada sendo egoísta nem quando ainda preso a alguma coisa. Sabe, não dá para se acreditar em um rio com água que molha e querer imaginar que está andando sobre o rio. Quem aceita a ideia que o rio é composto de água que existe externamente uma água que vai molhar não consegue imaginar-se andando em cima do rio.

Portanto, é preciso primeiro libertar-se da concepção de realidade que o ego cria para as formas externas, para, só depois, conseguir colocar a imaginação como realidade. Esse é o segredo que Jesus conhecia.

Participante: o andar em cima da água seria uma projeção do ego em forma de energia que seria captada na mesma frequência por vários egos como uma projeção de slides em rede que iria para vários computadores ao mesmo tempo?

Projeção o quê? Estou tentando entender o que você está falando, mas não consigo. Vou buscar uma resposta para lhe dar, apesar da minha ignorância das coisas materiais.

Seria o seguinte: há um computador central que se liga a diversos outros. Dele sai a realidade ilusória que os outros (os egos) projetam na consciência do ser humanizado. Essa imagem não é criação de outros egos, mas distribuída pelo central.

Só um detalhe. A imagem não vai a todos os computadores que estão ligados no central, mas apenas para quem ele escolher.

Participante: como uma rádio que sintoniza várias pessoas ao mesmo tempo?

Isso. Mas, veja: não adianta querer sintonizar em uma rádio; ela se sintoniza onde quiser, ou melhor, onde estiver programada para sintonizar. A estação de rádio se sintoniza na realidade que está programada para se sintonizar: tudo é de Deus para baixo e nunca ao contrário.

Quanto ao tema principal dessa conversa, manipulação de energia, dou um conselho: não tente entender nada disso. Aliás, por esforço seu não vai conseguir nada, já que para entender é preciso o ego. Só que quando a razão criar um entendimento, aquela afirmação não é verdade, mas sim uma ilusão.

Entenda apenas que se o mundo é imaginação, é possível realizar qualquer imaginação, desde que o ser humanizado passe a conviver com a ideia de tudo ser uma imaginação e não realidade.

O trabalho que você precisa fazer, e esse é o trabalho do senhor da mente, não é criar imaginações, mas trabalhar contra o valor de real ao que já é imaginado. Não ceder, não acreditar no ego, que diz que é real o que é imaginário. Esse é o trabalho e não criar novas concepções.

Senhor da mente - textos - livro 2

Versículo 40 - A morte

Participante: outro exemplo bem material: comer gordura ou não. É tudo ilusão, ter colesterol alto é ilusão e as consequências também? Não preciso me preocupar com o que e se como?

Você não precisa se preocupar com nada.

Ninguém tem colesterol alto. Colesterol alto é criação do ego. Além do mais, ninguém come gordura. O comer, a gordura, a boca, o sangue e o corpo só existem na sua imaginação.

A partir dessa informação vai dizer: ‘vou fazer isso e vamos ver se eu não vou morrer’. Não perca seu tempo testando o universo: vai sim. Mas, não vai morrer porque comeu a gordura alta, mas porque chegou ao fim o estoque de projeções que a mente humana tinha para criar.

Só que vai morrer em uma condição que não precisava. Se encher-se de gordura para testar o universo estará vivendo uma intencionalidade que nada tem a ver com a fé. Dessa forma a criação mental da sua morte será vivenciada com uma determinada emoção.

A morte não existe, é uma criação do ego. Por isso, morrer é uma criação mental. Sendo assim, quando estiver programado para essa razão acontecer, acontecerá, pouco importando o que comeu ou o que deixou de comer.

Preste atenção na vida. Quantos estão aí com duzentos quilos, colesterol lá em cima e continuam vivos? Vivos e velhos. Quantos vegetarianos morrem do coração jovens?

Não adianta se ocupar com esse assunto: na hora que você tiver que ir, ou melhor, vir, nada vai fazer isso deixar de acontecer. O momento de ir é a única coisa que pode influenciar o dia da morte. Mais nada pode fazer isso.

Deixe-me dizer só uma coisa com relação a morte. O que é a vida? Um dom de Deus. Ora, se a vida é um dom de Deus, alguém ou algo pode ferir a vontade Dele dando mais tempo de vida ou tirando? Basta raciocinar um pouquinho a partir de Deus para baixo. O problema é que ego funciona de baixo para cima, ou seja, crê que faz o que quer e o que acredita sempre é verdade.

Um último detalhe: ninguém come, viu? O ato de comer é criação do ego. Então não se preocupe se está comendo gordura ou verdura.

Participante: o ego é o grande vilão de nossas vidas. No seu tempo ele deve ser destruído para que as diferenças criadas pela razão se acabem e possamos voltar ao Jardim do Éden.

O ego não é o grande vilão; ele é o grande amigo. Por quê? Porque se ele não criar essas diferenças que fala, você não tem a oportunidade de exercer o seu livre arbítrio e não acreditar nele. Lembre-se que só quando, exercendo seu livre arbítrio entre o bem e o mal, acreditar ou não na razão, pode voltar ao Jardim do Éden.

Portanto, o ego é seu amigo. Sem ele não há evolução espiritual. Esse é o primeiro detalhe.

Segundo detalhe: ninguém acaba com o ego; liberta-se dele, passa a não viver sobre o seu domínio. Uma coisa é bem diferente da outra.

O seu ego jamais, enquanto existir, poderá deixar de dar determinados valores, por mais que você não goste de algumas coisas. Ele jamais deixará de criar, por exemplo, a ilusão de que alguém está comendo meleca e lhe dar nojo por isso. Ele não pode deixar, porque essa é a sua prova.

Então, você não pode mudar isso. O que pode fazer é dizer para si: ‘não vou me enojar porque a razão está dizendo que isso é nojento’.

Senhor da mente - textos - livro 2

Versículo 40 - O dia de hoje

Hoje foi um dia marcante para nós, há sete anos venho tudo o que dissemos aqui, mas não pudemos falar profundamente. Se hoje que vimos o ensinamento escrito há cinco mil anos pelo Sublime Senhor pessoas que já estão conosco há algum tempo se chocaram, imagino se falo sem citar fontes? Hoje a partir do momento que vamos entrando cada vez mais no que é chamado de monismo, no que é uno, a unidade, podemos quebrar conceitos, quebrar ilusões.

Como o tema é muito importante de entender, peço que se leia os versículos sete, oito e nove que já vimos.

Tudo que acreditas conhecer através dos ouvidos, dos olhos e da consciência egotista e discursiva, da palavra e tudo mais, dá-te conta que é uma ficção do pensamento, simples fantasmagorias destinadas, portanto, a perecer.

O homem que não vigia seus pensamentos, cai no erro de acreditar na multiplicidade das coisas, a crença na pluralidade conduz às egotísticas impressões de mérito e demérito, as diferenças que parecem existir nas ações, nas não ações, ou indolência neste caso, e nas ações ruins só diz respeito ao homem que pensa no mérito e demérito.

Portanto, controlando seus pensamentos e os sentidos que eles contaminam, observa a este universo como se se estendesse em teu próprio íntimo e encara o teu ser como descansando em Mim, o Senhor Supremo da Yoga e da Mente.

Não foi o que disse hoje? Sim, mas há um detalhe que precisamos nos ater quando vemos o ensinamento do Sublime Senhor.

Krishna fala em tudo. O ego humano é incapaz de trabalhar com o conceito ‘tudo’. Para ele tudo é a soma daquilo que ele quer que seja, excluindo o que ele não quer que seja. Só que tudo é a soma total do que existe, independente do querer incluir ou não.

O que fizemos hoje foi ampliar o conteúdo do tudo que o Sublime Senhor falou. Foi isso que fizemos nessa conversa, que me perdoem, mas para nós vai ser histórica, pois ampliamos ao máximo a concepção do tudo. Não resguardamos nada, porque o universo é uno. O universo é o todo. Ele não existe fragmentado em objetos diferentes, em ações diferenciadas, em elementos diferentes.

Essa conversa será histórica por causa dessa ampliação do tudo que Krishna coloca em seus ensinamentos. Sei que demoramos muito falando do mesmo assunto, mas como venho dizendo há muito tempo, não há a menor preocupação em correr com o estudo, em ver muitos versículos rapidamente. Hoje estudamos só dois deles, mas acho que foi de uma importância muito grande para nós.

Portanto, nada do que o seu ego disser, por mais que acredite diferente, é verdade. Nada do que ele disser, seja de uma forma qualitativa ou substantiva, existe externamente. Até porque não existe interno e externo, já que tudo existe só existe dentro do ego.

A única coisa que existe externamente à você humano, é o espírito e Deus, o Criador de realidades virtuais. Esses elementos existem, mas vocês não conseguem percebê-los nas suas realidades.

Vocês são apenas aparelhos de televisão que apenas recebem o que é criado pela estação: Deus. Ela é real; o resto, inclusive os fios que ligam a televisão à estação não existem.

Estejam em paz. Voltaremos para conversar mais.