Hipocrisia
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"Ai de vocês, professores da lei, fariseus e hipócritas". É a partir dos comentários de Cristo sobre os professores da lei, que ele também chama de hipócritas, que Joaquim de Aruanda fala sobre a hipocrisia que vive não só os religiosos, mas também os seres humanizados de uma forma geral no seu dia a dia. 

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Professores da lei e fariseus

Hoje vamos estudar Mateus, Capítulo 23.

Então Jesus falou aos discípulos e a multidão. Ele Disse:

- Os professores da Lei e os fariseus têm autoridade para explicar a lei de Moisés. Por isso vocês devem obedecer e seguir tudo o que eles dizem.

Vamos entender esse pequeno trecho, pois ele é fundamental para todo o trabalho que faremos hoje, pois “professor da lei” e “fariseu” serão citados constantemente.

“Professor da lei” é aquele que conhece a lei profundamente e a ensina aos outros. Não importa de que lei estejamos falando. Pode ser a religiosa, a dos homens, de uma sociedade, da cultura, da ética, qualquer lei: o professor será sempre aquele que a ensina ao próximo.

Dentro do nosso estudo de hoje a partir da mensagem do Cristo, não nos apegaremos apenas ao “professor da lei” religiosa, mas também aplicaremos este termo ao “ser humano” em geral. O espírito quando humanizado possui verdades que se transformam em “leis”, pois para ele existe a obrigatoriedade delas ocorrerem, uma vez que necessita que a sua seja sempre a “verdadeira”.

O conhecimento do ser humanizado são padrões, são nor-mas, são leis que ele segue. Cada ser humano, portanto, é um “pro-fessor da lei” que pode ser atingido pelo ensinamento do Cristo: alguém que quer ensinar ao outro o que é “certo” ou “errado” de ser feito.

O segundo termo que o mestre utilizou (fariseu) era dado aos membros de um “partido” dos judeus. Naquele tempo, não havia política: a religião era a política. O partido dos fariseus é, então, uma corrente filosófica dentro da religião judaica.

Esse partido ou corrente tinha como característica o apego profundo à letra fria da lei. Para os seguidores desse partido só valia o que estava escrito na lei. Se Moisés falou que tinha que apedrejar sob determinadas circunstâncias, isso tinha que ser feito, sem desculpas. Se Moisés falou que não podia tocar na mulher quando ela estava menstruada, não podia: era lei.

Dessa forma, “professor da lei” e fariseu é quase sinônimo. São determinações dadas a espíritos que acreditam em uma lei cegamente e a querem impor aos outros.

Apesar disto Cristo afirma: os “professores da lei” e os fari-seus têm autoridade para ensinar a lei. Conhecendo a verdade de que essas leis eram apenas interpretações individuais dos textos sagrados, por que o mestre nos diria que devemos escutá-los? Porque eles “conhecem” a lei. Eles conhecem o texto que compõe a lei e por isso podem citá-las.

Podemos, pois, entender o ensinamento de Cristo nesse tre-cho quando nos fala sobre os “professores da lei” e nos fariseus como: ouçam o que o professor da lei cita, ouça o que o fariseu cita.

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Não fazem o que falam

Porém não imitem as suas ações, pois eles não fa-zem o que ensinam.

Como já comentamos anteriormente, neste estudo aplicare-mos as máximas de Cristo para o “professor da lei” religioso, aque-le que se apega à sua interpretação religiosa e afirma que ela é a “certa”, como também as aplicaremos ao ser humanizado, aquele que se apega a sua lei individual (suas verdades) e quer ensiná-la aos outros. Portanto, para todos os ensinamentos comentados pelo mestre falaremos do religioso e do ser humano.

Citaremos muitos religiosos considerados líderes (padres, bispos, “donos” de centro espírita, pastores protestante), porque esses são os “professores da lei”: eles “conhecem” e ensinam a lei da sua religião. No entanto, não estaremos citando-os com acusa-ções, mas com constatações da diferença entre o que fazem e o que ensinam, o que é completamente diferente de acusar.

A existência desta discrepância está explícita neste primeiro ensinamento de Cristo: todo professor da lei tem autoridade pelo conhecimento para ensinar a lei, mas perde essa autoridade no momento em que não pratica a lei que ensina. Uma pessoa que tem a responsabilidade de auxiliar o próximo na sua busca espiritual deve estar sempre atenta em ensinar às pessoas a ter compaixão, por exemplo, mas não vivenciar a transmissão deste ensinamento brigando, gritando, xingando, acusando.

Os “professores da lei” da religião falam e ensinam o amor, mas para isso acusam o próximo de ser pecador, por exemplo. Diminui aqueles que pretende ajudar afirmando que são espíritos muito pequeno, atrasados ou sem evolução. Ensinam que todos somos filhos de Deus, mas se isso é verdade porque qualquer um seria pequeno frente a qualquer outro ser? Sendo todos filhos de Deus, somos todos iguais, pois o Pai não privilegia ninguém.

Estes são exemplos da divergência entre o que ensina o “professor da lei” e como ele se comporta que é a tônica do ensi-namento de Cristo. O “professor da lei” precisa adaptar a sua reali-dade (modo de agir) ao seu discurso, à sua lei. Ele gosta de falar, gosta de ensinar, mas não pratica.

Nesta primeira visão encontramos a forma como faremos o trabalho de hoje: conversar sobre a ação do “professor da lei” mos-trando que ela não tem nada a ver com a lei que ele mesmo ensina. Trataremos hoje do individualismo que o “professor da lei” não abre mão para poder vivenciar a lei que ensina.

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Amarram fardos pesados

Amarram fardos pesados e põem nas costas dos outros, mas eles mesmos não os ajudam, nem ao menos com um dedo, a carregar esses fardos.

Todo “professor da lei” amarra fardos pesados nas costas dos outros: o que Cristo quis dizer com isso? Colocam obrigações e responsabilidades imensas sobre os outros. O professor da lei está sempre gerando obrigações para os outros, criando deveres para o próximo, os quais não o ajuda a realizar nem com um dedo. Isso é o que Cristo ensina.

Todo professor da lei tem o direito de ensinar a lei, mas não tem o direito de colocar obrigações nos outros. Por que? Por que cada um tem o livre arbítrio que Deus lhe deu de fazer o que quiser. O professor da lei que quer pôr obrigação nos outros, está querendo roubar algo que Deus deu a cada um dos seus filhos.

Quando o professor da lei diz que para estar “certo” você tem que fazer isso, ou aquilo outro, é o momento de lhe perguntar: por que eu tenho que fazer o que você diz? Se Deus deu aos espíritos o livre arbítrio até de “ficar parado” o tempo inteiro (omissão), como muitos ficam, de onde vem à obrigação de agir que o “professor da lei” quer impor?

Quando a obrigação imposta não é cumprida pelo ser humanizado, o “professor da lei” o critica, acusa: você não presta, não vale nada, não faz nada nessa vida. Mas, por que a acusação se isso é um direito garantido por Deus, que deu a liberdade de opção ao ser?

É sobre a ação do “professor da lei” (gerar obrigações, exigir o cumprimento delas e acusar os “faltosos”) que o Cristo fala quando afirma que o “professor da lei” amarra obrigações nos outros. Analisemos agora este ensinamento.

A humanidade acredita que existe a obrigação do espírito elevar-se, mas o que é buscar a Deus? Você frequenta um centro espírita e lá ouve muitas obrigações que tem que cumprir para se elevar. Na igreja católica ouve outras obrigações (ir à missa, comungar). Na igreja evangélica são cobradas posturas como o tamanho da saia ou do cabelo para que se alcance a Deus, mas através de que ensinamentos Cristo condicionou a elevação a estas coisas?

Tudo isso são apenas posturas materiais e não sentimentais. Cristo nos ensinou que os dois únicos mandamentos são amar: a Deus e ao próximo. Acrescentar ao amor ensinado por Cristo posturas materiais é criar leis individuais. O “professor da lei” religioso obriga fazer, mas que mestre criou esta obrigação?

Além do mais, quem disse que você tem que se elevar, buscar a Deus? Que mestre criou a obrigação do espírito elevar-se? Eles mostraram a necessidade de se executar esta obra, mas não obrigaram ninguém a realizá-la. Até esta busca é livre arbítrio: opção do ser. Nem isso o “professor da lei” religioso pode obrigá-lo.

E o “professor da lei” ser humano, como se aplicaria este ensinamento àqueles que vivem querendo ensinar as coisas ao próximo? Neste aspecto fica mais fácil ainda compreender o ensinamento de Cristo. Cada vez que você diz para alguém “tem que fazer isso”, que o obriga a realizar uma determinada tarefa na forma e no momento que deseja, transforma-se em um “professor da lei”.

O pior é que o “professor da lei” ainda afirma que impõe obrigações aos outros por amor. Amor a quem? A ele mesmo. Amor a ele que depende de que sua verdade seja contemplada para se sentir feliz. Isso não é individualismo?

Até aqui analisamos a primeira parte do ensinamento do mestre (amarram fardos pesados nas costas dos outros), mas o que Cristo teria nos ensinado quando completou: “não ajuda a carregar nem com um dedo”?

O “professor da lei” ensina a lei, cria a obrigação e depois se transforma em um juiz que julgará ação do próximo verificando se a lei foi cumprida. Em nenhum momento o “professor da lei” depois de criá-la, gerar a obrigação, abraça o próximo e se diz: “eu vou fazer com você, eu vou lhe ajudar a executar”.

Ele cria a lei gera a obrigação e o deixa sozinho para fazer. Só depois se aproxima para saber se está tudo “certo”: da forma que ele queria, no tempo que achava que deveria ser executada a tarefa. É esta a forma de agir do ser humanizado, daquele que possui leis (verdades): obrigar a pessoa a fazer dentro dos seus padrões, mas para isso não ajuda de forma alguma.

Não estou falando de ajudar fisicamente a realizar a tarefa, mas sentimentalmente. “Olha você precisa fazer isso, mas, vamos lá nós dois, juntos conseguimos”. Isso é não ser “professor da lei”. Com esta predisposição sentimental o ser humanizado pode até ter uma lei e ensiná-la, mas desta forma auxilia as pessoas a cumprirem aquela lei e, assim, realiza o que ensina.

Esse você deve ouvir e seguir, mas aquele que simplesmente lhe diz o que você tem que fazer e fica na posição de juiz para lhe cobrar resultados, saia de perto. Se você sair, pode ter a certeza que ele arranjará outra “cobaia” para o prazer dele, pois ele não está preocupado que a tarefa seja feita, mas que se cumpra o que determinou, a sua lei.

Na verdade o “professor da lei” seja religioso ou humano é um senhor de escravo. Ele escraviza os outros dentro do seu individualismo gerando obrigações para que os outros cumpram obrigatoriamente aí pode se sentir feliz. “Viu como eu sou importante: eu disse para fazer e está pronto”.

É esse o ensinamento de Cristo. Tenho a certeza que nesse momento você está lembrando de muita gente que conhece e age desta forma. Lembre mesmo, mas não acuse, porque senão você também se tornará “professor da lei”.

Compreenda: aquele é assim, mas ele não precisa da sua crítica, mas do seu amor. É preciso amá-lo para que se mude. Não adianta criticar ninguém, mesmo os “professores da lei”, senão nos transformamos em igual a eles. Ao lembrar-se agora de outros que agem assim, não julgue essas pessoas. Constate que são “professores da lei”, mas os ame do jeito que eles são.

Pergunta: às vezes eu acho que não sabemos amar. Será que ao tentarmos colocar em prática esses ensinamentos não estamos apenas aceitando as pessoas do jeito que são?

A aceitação é apenas o começo para que você aprender a amar. A aceitação ainda não é o objetivo final, mas é o caminho para o amor.

Sim, vocês ainda não conseguem amar, ainda estão presos na aceitação. Alguns, porque outros nem isso.

Pergunta: Acredito que nós fomos educados desde criança a ser um “professor da lei”: dentro de casa, da escola e do trabalho. É só julgamento de tudo o que ocorre. Agora temos que mudar tudo.

Mas isso é o objetivo da vida: você foi criado com todas essas leis para poder promover a sua reforma íntima: quebrar todas as leis.

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Querem ser vistos

Fazem tudo para serem vistos. Vejam como são grandes os trechos das Escrituras Sagradas que eles copiam e amarram na testa e nos braços!

Os sacerdotes, “professores da Lei”, no tempo do Cristo, tinham por hábito copiar pedaços dos textos sagrados em pergaminhos e prender nas roupas. Com este gesto afirmavam que possuíam o conhecimento daquele trecho. Isso é tradição até hoje: os judeus ainda enterram na porta da casa um pedaço da Tora.

Hoje não existe mais esse hábito entre os “professores da lei” religiosos, mas o ensinamento do Cristo tem que ser universal: valer para todos os tempos. Portanto, vamos buscar a compreensão dele para os tempos atuais.

Os “professores da lei” de hoje não mais amarram nas suas vestes os textos bíblicos, ou os textos das leis, mas ainda mostra o quanto sabem citando-os constantemente. O ensinamento de Cristo ainda está vivo, porque o “professor da lei” de hoje ainda quer mostrar o quanto sabe citando a lei. O “professor da lei” de hoje é aquele que gosta de discursar para mostrar o quanto ele sabe.

Não se trata de agir dessa forma para auxiliar o outro, mas para ser visto, para ser reparado. O “professor da lei” cita os textos sagrados não para transmitir ensinamentos, para conversar, para trocar ideias: essa não é a sua postura. Age dessa forma para mostrar que ele sabe aquilo e os outros têm que ouvi-lo e aceitar a tudo o que ele diz como “verdade”.

É a questão da cultura: o professor da lei se imagina o culto, sabe tudo. Ele é, em sentido figurado, uma estante: cheia de livros (ensinamentos) na cabeça. Cita todos eles de ponta a ponta, mas age desta forma para ganhar a fama. Não faz isso com a intenção de ajudar, mas sim para demonstrar o quanto ele é sábio, o quanto sabe.

Com este modo de proceder cria para si uma falsa ascensão moral que tem como objetivo dar legitimidade nas obrigações que coloca nos outros. Neste modo de proceder está o ensinamento de Cristo quando fala que coloca tabuletas na sua roupa com os textos das Escrituras Sagradas, seja de que religião for.

O “professor da lei” não cita o texto sagrado apenas para mostrar o quanto é sábio, culto, mas serve-se desse expediente principalmente ter a legitimidade para mostrar o “erro” dos outros a respeito da lei que ele é sábio. É alguém que deve ser ouvido, pois o texto das Escrituras Sagradas é universal, mas não seguido no destino que dá ao seu conhecimento.

É alguém que têm coisas que você precisa aprender, mas não se transformar em discípulo, ou seja, aceitar a sua falsa ascensão. Se isso acontecer, lhe amarrará um fardo pesado e não ajudará a carregá-lo nem com um dedo.

E no caso do ser humanizado, quem podemos afirmar que é aquele que amarra na sua roupa pedaços da lei? É todo aquele que diz: “eu sei a verdade, você não sabe nada”.

Aquele que diz que sabe, por exemplo, o lugar do copo, o que é uma casa arrumada e que diz para o outro que ele não conhece as coisas é o “professor da lei” ser humano. Ao agir dentro desse padrão de realidade automaticamente cria obrigações nos outros porque quer mostrar o quanto sabe, o quanto é importante.

Se não for ele jamais a casa estará arrumada, o copo estará no lugar, ninguém estará “bem vestido”. É isto que Cristo está nos ensinando e a partir da compreensão do ensinamento, podemos verificar o que devemos fazer para chegar a Deus: parar de dizer que sabe o lugar “certo” das coisas, o que tem que ser feito, como se guardam as coisas, etc.

Agindo assim o ser humanizado não se transformará em um “professor da lei” e não gerará obrigações.

Pergunta: Quando o senhor manda, por exemplo, amar, não está fazendo uma lei?

Eu não mando amar ou qualquer outra coisa. Nunca mandei ninguém fazer nada. O que eu ensino é o seguinte: se você quer alcançar a elevação espiritual tem que amar. Agora, se você não quiser alcançar, eu não vou obrigá-lo a atingi-la.

Aí está a diferença. Se você não quiser evoluir eu lhe dou o direito, se você não quiser amar, também. Agora eu lhe amo independente de você me amar.

Mas, poderiam me perguntar, como viver sem receber de volta por aquilo que fazemos? Com a oração do São Francisco: Pai, que eu console mais do que seja consolado.

Eu não obrigo. Nossa conversa nunca foi em tom de imposição, mas sim de orientação.

Pergunta: Não é essa a colocação. A questão de que devemos amar, de um modo geral, não é uma lei?

Não, é caminho. Lei é obrigação. Você não é obrigado a amar, mas o caminho da evolução passa necessariamente pelo amor. Você pode ir por qualquer caminho, mas apenas esse leva a Deus.

Não é uma obrigação, mas um caminho que precisa ser trilhado por aqueles que almejam aproximar-se de Deus.

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Usam pingentes grandes

E olhem os pingentes grandes nas suas capas.

O “professor da lei” adora se enfeitar, estar bonito. Sabe para quê? Para causar boa impressão. Para que? Para mostrar o quanto é superior. Para que? Para poder amarrar fardos nas costas dos outros. Este é o ensinamento do Cristo.

Quando você vê uma pessoa excessivamente arrumada, “engomada”, é um “professor da lei” querendo aparecer, mostrar o quanto ele é importante. Age assim porque a humanidade acredita na aparência estética.

Afinal de contas, ninguém “importante” anda de sandálias de pescador e de bata, anda? Esqueci de Cristo ... ele andava assim... e era o maior professor de qualquer lei, ou seja, aquele que mais conhecia as verdades dentre todos que já viveram na carne. Mas ele tinha uma ascensão moral verdadeira e não se preocupava com honras e glórias.

Agora aquele que gosta de ditar lei para benefício próprio (ter prazer), gosta de se arrumar. Quer estar sempre impecável para poder aparecer e com isso desfrutar de uma posição que não lhe aproxima de Deus, mas que faz com que os outros o idolatre.

Vou repetir aqui um ensinamento que as pessoas que já ouviram, mas para muitos pode ser novidade. Trilhar a evolução espiritual é como se fosse o caminho de um barco navegando do porto da ignorância com destino ao porto da sabedoria. Cada ensinamento é um barco que poderá fazer esse transporte.

Só que nesse caminhar do porto da ignorância até o da sabedoria o ser humano está preso por quatro âncoras, ou seja, quatro atitudes que, por mais que se aprenda os “segredos” do universo, não deixam o espírito evoluir.

Essas quatro âncoras são: a vontade de ter prazer e o medo do desprazer; a vontade de estar “certo” e o medo de estar “errado”; a busca da fama e o medo da infâmia, ou seja, de ser considerado “errado”; e a busca do elogio e o medo da crítica.

Essas quatro atitudes não deixam o espírito alcançar o porto da sabedoria, por mais que conheça os ensinamentos dos mestres. Enquanto o ser humanizado lutar para ter prazer terá medo do desprazer. Com isso não deixará jamais de lutar pelo prazer, pois tem o medo do desprazer. Continuando nesse ciclo vicioso ficará preso no meio do “mar”, ou seja, jamais transformará a sua caminhada de “ignorância” em sabedoria.

Enquanto quiser estar “certo”, terá medo de ser apontado como “errado”; enquanto quiser ser famoso, terá medo da infâmia e vai fazer de tudo para ser famoso, inclusive ostentando exteriormente o que não é por dento.

Buscará sempre o elogio fácil e terá medo da crítica. Muitos dizem que a crítica auxilia, mas quem afirma isso não quer ser criticado. Quando isso acontece perde uma grande oportunidade de promover a sua reforma acusando o outro.

Enquanto o ser em busca de Deus não se libertar dessas quatro âncoras, não as quebrar abandonando-as no mar (o caminho da evolução), não chegará ao porto da sabedoria. O “professor da lei” citado por Cristo nesse ensinamento é ancorado nessas quatro âncoras.

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Querem os lugares de honra

Preferem os melhores lugares nas festas ...

O professor da lei não aceita passar incógnito. Ele quer a posição de destaque onde quer que esteja. Não aceita ser mais um, mas quer ser sempre o principal. Esse é o professor da lei.

É aquele que se vangloria de ser o responsável por tudo, ser o dono de todas as coisas, aquele que sempre sabe. Esse é o professor da lei. Ele faz questão de sempre falar tudo o que sabe e quer estar sempre rodeado de outros que lhe adorem.

Para ele a bajulação é o alimento, é o ar que respira: não consegue viver sem. Imagina que terá isso por toda eternidade, mas mal sabe o que lhe reserva o destino depois da saída da carne: o abandono completo. Não como uma penalidade, mas para aprender a ser humilde.

Esse é o professor da lei que Cristo nos ensina. Aquele que gosta de falar, que gosta de ensinar, que gosta de dizer o quanto sabe. Aquele que gosta de estar aparentemente muito bem para mostrar a todos o quanto é bom e que corre para se sentar nos melhores lugares, conseguir posição de destaque para que todos o observem. Verifique se esse modo de proceder não está ligado às quatro âncoras que falamos? Em todas: no prazer, no estar certo, na fama e no elogio.

Para os professores da lei Cristo deu mais um ensinamento: se você for convidado a ir a uma festa, sente no fundo, pois se alguém lhe chamar para frente será uma honra, você foi convidado para a glória. Agora, se quiser se sentar logo na frente, pode ser que alguém lhe mande ir para trás e você será, então, desonrado.

Esse é um grande ensinamento que precisamos aprender. Precisamos parar de dizer que somos donos da verdade. Parar de imaginar que podemos mandar nos outros, achar que temos dinheiro e poder para comprar o que quiser. Deixar de imaginar que somos grandes, os maiorais e não precisamos de ninguém para nos mandar.

‘Eu sei o que tem que ser feito e por isso eu digo o que deve acontecer e não você’: esse é o padrão que o professor da lei aplica às coisas do mundo.

Precisamos deixar de ser professores da lei porque essa função na vida não nos garante um destino muito bom depois do desencarne. Cristo avisou: o menor no reino da Terra será o maior no céu; o maior no reino da Terra será o menor no céu.

Pergunta: Qual o destino dos “professores da lei”?

O destino do “professor da lei” é o umbral onde será tratado como mínimo para aprender o quanto ele fez com os outros durante a encarnação.

e os lugares de honra nas casas de oração.

É o mesmo que comentamos acima. Tanto faz na vida mundana quanto na vida religiosa, os “professores da lei” sempre querem o lugar de destaque. Buscam sempre “aparecer”, se mostrar, estar sendo visto por todos para poder ter o prazer.

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Querem ser respeitados

Gostam de ser cumprimentados com respeito nas praças e de ser chamados de mestre.

Por que o professor da lei gosta de ser cumprimentado com respeito? Para ele, o respeito é a prova da fama. Os professores da lei gostam que os outros digam o quanto ele sabe. Gosta que os outros estejam sempre afirmando: ‘é um prazer e uma honra lhe cumprimentar’.

Por que eu deveria ter essa deferência especial pelo professor da lei já que ele é um ser humano igual a mim? Se ele vive a vida da mesma forma que eu (baseado no individualismo), então, porque é preciso bajulá-lo? Na verdade, o professor da lei não quer ser respeitado, mas bajulado. O que ele exige é o respeito pela sua superioridade.

Esta é uma característica do ser individualista, do professor da lei. Sempre está querendo que os outros demonstrem o quanto ele é importante. Necessita que os outros demonstrem o servilismo que cada um tem, porque isso é alimento para o professor da lei: precisa disto para viver.

Quando alguém passa e não o reconhece, não lhe trata com respeito, o professor da lei sofre: ‘Como, você não está olhando para mim, você não está falando comigo, está conversando com outro? Mas eu sou o professor da lei, sou eu que sei as coisas’. Este sofrimento é morte para ele.

Esta característica Cristo não teve. Ele deixou os professores da lei jantando e foi comer com as prostitutas. Esse tipo de comportamento foi um dos motivos alegados pelo Sinédio, os professores da lei hebreus, para crucificar o Cristo. ‘Como ele não vem aqui no templo para ensinar e vai para a casa de uma prostituta’?

Aquele que diz que o Cristo cumpriu as leis, nunca entendeu a Bíblia. O mestre não cumpriu nenhuma lei: descumpriu todas que existiam. Ele descumpriu todas as leis do Sinédrio, a dos professores da lei, e cumpriu as leis de Deus: amou a todos e a Deus acima de todas as coisas. Esta é a única lei que existe, mas que também não é uma lei, como já vimos, mas um caminho que cada um pode escolher.

Então, precisamos mudarmo-nos. Parar de cobrar dos outros a adoração a si. Parar de cobrar dos outros que devem nos servir, que devem nos respeitar porque sabemos a verdade, o certo. Não é esse o caminho que leva a Deus.

Libertar-se dessa forma de agir deve ser a busca de todos nós, mesmo que ainda imagine que faça isso por amor ao próximo. Você faz por amor a si mesmo e não ao próximo. Não busca ajudar, mas a criar o servilismo.

Pergunta: Então seria interessante eu colocar minhas palavras incógnito?

Necessariamente não, até porque você jamais conseguiria colocar palavras sem ser percebido, pois quando um som sair alguém ouvirá. Não estará mais incógnito.

Fale, mas não busque a fama. Acabou de falar o que tinha que dizer, não permaneça esperando para receber os elogios. Não fique esperando todo mundo correr em volta de você para lhe elogiar, afirmar quanto foi boa a sua palavra.

Pergunta: Como agirmos para colocar nossas palavras?

Ame e deixe as palavras saírem da sua boca. Liberte-se das quatro âncoras e deixe a palavra sair da sua boca.

A palavra como coisa material não é criada por você, mas Deus Causa Primária é que fará as palavras saírem de sua boca. Portanto, não procure palavras: ligue-se a Deus e deixe sair. O que sair era para sair.

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Mestres

Você não devem ser chamados de “mestre”, pois todos vocês são irmãos uns dos outros e têm somente um Mestre.

Que maravilha de ensinamento: todos somos irmãos, ou seja, somos iguais. Você não pode ser um mestre, ou seja, saber das coisas mais do que os outros, pois se assim fosse seria melhor que os outros.

Somos todos iguais, irmãos entre si. Se você tem o direito de achar que sabe é preciso que dê ao outro o direito de achar que ele também sabe. Se ele não faz como você fala é porque fez do jeito que achava que deveria fazer. Se ele não fez é porque achava que não tinha que fazer.

E por que você não dá a ele o direito de não fazer ou de fazer na forma que quiser? Porque você quer ser mestre. Mas, o Cristo ensinou: temos somente um mestre. Todos nós temos um só mestre, aquele que sabe perfeitamente as coisas e por isso pode ensiná-las.

Quem seria ele? Deus. Ele é o único que sabe a Verdade, é o único em condições de ser um professor que ensina a lei, Aquele que pode ensinar algo. Ele conhece a Verdade das coisas, é o dono da Verdade Absoluta.

Quando você diz ’eu sei como se faz isso’, está querendo ser Deus. Está roubando do Senhor do Universo o Seu Poder. Ilusoriamente, é claro, mas é isso que faz uma pessoa que garante que sabe alguma coisa, seja em que termo for: até nos mínimos detalhes. Você sabe a cor da peça de roupa que está usando agora? Você é um professor da lei, um mestre, quer ser Deus. Se você sabe, quer ser mestre, neste caso, o mestre das cores.

Não importa o que seja, declare a sua incompetência de saber. Abra mão da sua maestria para poder entregar o comando a quem realmente sabe: Deus.

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Pais

E aqui na Terra não chamem ninguém de pai, porque vocês têm somente um Pai, que está no céu.

Nós todos temos um Pai só: Deus. Mas, o que é ser pai? Qual a função do pai para a humanidade? O pai é o amparo. Neste ensinamento, portanto, Cristo diz: não se ampare em ninguém, pois você tem um só Pai, um só amparo.

Quem tem filho para garantir a sua velhice normalmente acaba em asilo. Quem obriga um filho formar-se para obter uma posição de destaque no mundo material com a intenção de que no futuro tome conta dele, normalmente acabará no sozinho.

Nós temos que procurar amparo em Deus e em mais ninguém. Quero passar um ensinamento agora muito importante, mas busque me compreender com toda clareza, pois poderá parecer algo errado: não confie em ninguém. Nenhum outro espírito é digno da confiança absoluta e irrestrita a não ser Deus.

Isso é o que o Cristo nos ensina o tempo inteiro. Não adianta rezar para santo, não adianta nem pedir a intervenção de Cristo para que aconteça aquilo que você espera, pois poderá se desiludir. Não adianta confiar em um médium ou em espíritos desencarnados: você pode se desiludir. A entrega (confiança) é a Deus e a mais ninguém.

Quem confia em um santo, sabe o que faz? Idolatria. Transforma-se em idólatra. Idolatra o santo ao invés do próprio Deus. Quem se entrega a um médium, a um centro espírito, ao padre ou ao papa, é idólatra porque não idolatra a Deus, mas outro espírito.

Salomão no livro “Provérbios” ensina: aos responsáveis pelo trabalho de Deus devemos respeito, mas amor só a Deus, só ao Pai. Respeitem todos os espíritos tratando-os de igual para igual e idolatrem (amor absoluto, entrega absoluta) só a Deus, a mais ninguém.

“Você precisa vir para nossa igreja e se entregar ao padre (ao papa, ao pastor)’. Por que? Ele é um espírito em evolução igual a mim. É um espírito que está buscando elevação espiritual igual a mim. Como ele pode me sustentar se ainda está querendo aprender a se sustentar?

É esse o ensinamento do Cristo: só há um Pai, só há um aconchego, só há um repouso para o espírito. É por isso que o mestre ensina assim: as raposas e as aves têm o seu ninho para descansar, mas o ser humano não tem onde encostar a sua cabeça.

Você confia no amigo, ele lhe trai; confia no santo, ele não faz o que você quer; confia em um médium, descobre que ele é professor da lei, quer fama para si. Deus, do Pai e no Pai é que devemos procurar o repouso.

Por isso o Cristo jamais pediu idolatria a ele, mas ensinou a idolatria a Deus, o repouso em Deus. E é por isso que o Krishna diz: repousa em Mim (Deus) e assista sua vida.

Pergunta: A nossa ação não deve ser com intenção de receber algo em troca. Devemos agir porque acreditamos no que fazemos e assim, não esperar nada e não terá desilusão.

Se você agir porque sabe que tem que agir de determinada forma já demonstrou uma intenção e se transformou em um “professor da lei”. Agir sem intenção não é apenas não esperar nada em troca, mas não saber porque está agindo. Krishna ensina que a Yoga, a Karma Yoga, é a vida sem intenção.

Então, não é só isso que você falou, mas ainda mais. Temos que viver sim, sem intenções (“Porque você falou isso? Não sei. Para que falou? Não sei. O que vai resultar disso? Não sei”) além de nada esperar como recompensa.

Enquanto você tiver verdades tem intenções: “eu falei isso porque acho certo”.

Pergunta: Hoje o “médico” não está com pena de “sangrar a ferida”: está pondo todo o “pus” para fora.

Na hora que vocês entenderem que enquanto não se extrair o abscesso que está purgando não haverá cura. Continuarão “alisando a cabeça” dos outros e a sua e não evoluirão.

É por isso que falo profundamente e não superficialmente.

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Líderes

Nem devem chamar ninguém de líder porque vocês têm um líder, o Messias.

Só existe uma liderança: Cristo. Ele é o líder de toda espiritualidade que vive no planeta Terra. Então, o papa, o dono do centro espírita, o pastor evangélico, não são líderes, mas subordinados a Cristo. Agora, como podemos compreender a subordinação do espírito a Cristo? Segui-lo incondicionalmente.

“Eu sou o caminho, a verdade e a luz. Ninguém chega a Deus a não ser através de mim”. Nesta máxima está retratada a liderança que o Cristo exerce. Mas, o que será ser o Cristo? O que será esse caminho ser Cristo? É viver a vida Cristo, como ele viveu. Ser Cristo, seguir a liderança do Cristo é viver como o mestre viveu.

É seguir as intenções com as quais Cristo viveu; praticar os ensinamentos como ele praticou. Que me desculpe o papa, mas ele não pode ser subordinado de Cristo morando em um castelo. Porque o mestre ensinou: “abandone todas as suas posses e me siga”. Enquanto ele ou sua religião tiverem posses não estarão seguindo Cristo, quaisquer que sejam os motivos alegados para elas existirem.

Que me desculpem os religiosos, mas enquanto eles não saírem dos seus castelos enfeitados, sejam centros, templos e igrejas e irem para rua, de esquina em esquina pregando o amor universal, não seguirão a liderança do Cristo. Como o mestre ensinou, o templo de Deus está dentro de cada um e não em recintos fechados.

É isso que Cristo nos ensina neste trecho. Se quiser deixar de ser professor da lei, você tem que aceitar a liderança de Cristo, ou seja, tem que colocar em prática, como ele colocou, todos os ensinamentos. Não é colocar em prática apenas o que quer e gosta ou aquilo que acha que está certo, arranjando justificativas para não fazer o que não quer.

Seguir a liderança de Cristo: esse é o caminho que leva a Deus. Mas, seguir a liderança do Cristo é agir desta forma e não apenas ficar rezando para ele. É viver como ele viveu nos mínimos detalhes. Para poder colocar esse ensinamento na prática aconselho aos seres humanizados a perguntar a si mesmo a cada segundo, a cada acontecimento, o que será que Cristo faria nesse momento?

O que será que Cristo faria agora? Como reagiria neste momento? Qual ensinamento pode ser aplicado agora na minha vida? Isso é seguir a liderança do Cristo.

Hipocrisia

Os mais importantes

Entre vocês o mais importante é aquele que serve. Quem se engrandece será humilhado e quem se humilha será engrandecido.

Aqui mais uma vez espelha-se o grande ensinamento de Cristo. Este é o grande caminho que precisa ser seguido por aquele que busca seguir a liderança do Cristo: servir ao próximo, não importa onde, quando ou como.

Para se seguir a liderança de Cristo é preciso rasgar o peito e tirar de dentro de si todas as verdades, todos os desejos, todo individualismo. Só assim o ser humanizado poderá estar pronto para servir o outro. Enquanto houver algum resquício de individualismo, de vontade, de desejo, não conseguirá servir o próximo.

Quando não servimos ao próximo só nos resta um caminho a seguir: se servir do próximo, ou seja, se transformar em um professor da lei. Não existem outras opções neste mundo: ou eu sirvo ao próximo ou, simplesmente, me sirvo do próximo para ser feliz.

Servir ao próximo ir muito além do eu, ou seja, o que se quer fazer. Seguir a liderança de Cristo é fazer pelo próximo independente do que você quer fazer, independente de querer servir, independente de se alcançar a satisfação por ter servido. É fazer o que se está fazendo apenas por fazer: sem tirar nenhum lucro individual da situação.

‘Você quer me bater, me bata; quer me xingar, me xingue; quer deixar de fazer o que eu acho que é certo, deixe. Eu estarei lhe servindo e é para isso que nasci’. Servir ao próximo é o objetivo máximo de uma existência para aquele que busca a elevação espiritual.

Quem serve nessa vida será servido no outro mundo, que não é depois da morte, mas agora mesmo, depois da transformação, da elevação espiritual durante esta mesma vida carnal. No entanto, não mais servido em paixão, em desejos, em fama ou em glória, mas servido amorosamente. Aquele que aprender a servir terá suas feridas lambidas, ou seja, terá suas dores (sofrimentos) apagadas.

Isso é servir ao próximo; isso é o motivo de estarmos na carne. Por isso aquele que serve a liderança de Cristo, que tem Deus como Mestre e como Pai não abusa de ninguém.

Vocês falam muito em estupro, têm medo desse acontecimento, mas quer ato de mais violência contra o próximo do que a ação de que qualquer professor da lei como a entendemos a partir desta conversa? Ele estupra a vontade e a felicidade dos outros.

Esta forma de agir é um ato violento: ‘eu sei o que está certo, cala a boca você’! Os religiosos se preocupam muito em não matar, mas o que o professor da lei faz? Mata o outro. Mata a individualidade do próximo quando quer transformá-lo em cópia de si mesmo.

Não aceite outra liderança senão Cristo, pois qualquer outra irá querer lhe transformar conforme o seu próprio desejo e para isso lhe dará responsabilidades que não ajudará a carregar.

Hipocrisia

Hipocrisia

Ai de vocês, “professores da lei” e fariseus, hipócritas!

Já estudamos os termos “professor da lei” e “fariseus”, mas agora Cristo coloca um novo elemento em nosso estudo: a hipocrisia. Vamos tentar entendê-lo antes de continuar a ver os ensinamentos do mestre.

O que é hipocrisia? É mentir para si mesmo. O hipócrita vive mentindo para sai mesmo, mas a maior mentira que conta para si mesmo é que é autônomo do universo, que consegue praticar atos independentes de uma coordenação universal que dá a cada um segundo as suas obras. Isso é hipocrisia.

Hipócrita é o ser humano, que acha que é independente de Deus, que acha que o Senhor Supremo do universo criou tudo e não pode agir previamente em momento algum. Para os “professores da lei” Deus tem que se submeter aos seus caprichos, às suas vontades. É isso mesmo: para a humanidade Deus tem que se submeter aos caprichos dos seres humanos.

“Ah, eu tenho ganância, vou assaltar, vou matar quem quiser”. Hipócrita. Você acha que o filho de Deus não estará protegido pelo Pai que é o Senhor Supremo de tudo? Você acha que Deus vai gerar um filho e depois vai entregá-lo a você para fazer dele o que quiser?

“Qualquer um pode agir como quiser contra os meus filhos que Eu não estou nem aí”. Essa seria a posição do Deus que imaginamos: Fonte Sublime do Amor?

Hipócrita é você que quando não compreende que o seu desejo não foi atendido, que a sua lei não foi cumprida, por outro ser humano, mas por Deus diretamente. E quando você briga e grita com o filho de Deus, acusando-o de ter lhe ferido, magoado ou de não ter feito “certo”, está acusando o próprio Deus, que afirma amar.

“Professores da lei”: Deus é tudo e tudo é Deus, não existem exceções. Sabe a minhoca que mora em baixo da Terra? É Deus: ela não pode ser usada para o seu prazer de matar os peixes. Sabe o rio que corre? É Deus, não pode ser usado simplesmente porque você quer morar em uma cidade e precisa de um lugar para jogar o esgoto. Sabe o ar que você respira quando está brigando com os outros? É Deus. Você está usando Deus para brigar, difamar, matar, estuprar o filho de Deus.

Senhores “professores da lei”, a única coisa que o espírito deve fazer é amar. Amar a todos, não a quem ele acha que está certo, aquele que cumpre o que vocês querem. Amar a todos indistintamente: aqueles que seguem a sua lei, ou aqueles que não seguem a sua lei.

Como disse o Cristo, abraçar o amigo é fácil eu quero ver cumprimentar o inimigo. Aquele que vivencia a situação que lhe contraria, que não segue a sua lei ,senhor “professor da lei”, é um instrumento de Deus para lhe colocar em prova. Deus quer saber se o senhor vai colocar em prática aquilo tudo que ensina e exige dos outros.

Aqueles que o senhor chama de pecadores, que não cumprem os mandamentos da “vossa” lei, não são o diabo não, “professores da lei”. Eles são os anjos do Senhor que estão na sua vida para lhe conduzir ao Pai, pois lhes auxiliam a viver a vida Cristo.

Se Cristo não tivesse os inimigos que teve não teria vencido nada. Foi justamente ao não acusar e não criticar aqueles que não o compreenderam que o Cristo exemplificou o caminho a Deus.

Pergunta: “Mais vale um ateu do que um crente hipócrita”. Frase do apóstolo Paulo.

Se você amar a todos, não precisa nem acreditar em Deus. Quando Cristo nos ensina a amar a Deus acima de todas as coisas não ensina bajulação, mas ensina um caminho.

O amor a Deus acima de todas as coisas não é a bajulação a Deus, mas o caminho para se alcançar a evolução espiritual.

Hipocrisia

A hipocrisia dos professores da lei

Agora já compreendemos em profundidade o ensinamento de Cristo nesse Capítulo do Evangelho de Mateus. Vamos, então, conhecer com apenas alguns comentários o restante do texto.

Ai de vocês, professores da lei, fariseus hipócritas! Pois fecham a porta do reino do céu aos outros, mas vocês mesmos não entram nem deixam entrar os que estão querendo.

Ai de vocês, professores da lei, fariseus hipócritas! Pois atravessam os mares e viajam por todas as terras para procurarem converter uma pessoa à sua religião. E, quando conseguem, tornam essa pessoa duas vezes mais merecedora do inferno do que vocês mesmos.

Ai de vocês, guias cegos! Pois ensinam assim: Se alguém jurar pelo Templo, não é obrigado a cumprir o juramento. Mas, se alguém jurar pelo ouro do Templo, então é obrigado a cumprir o que jurou!

Expliquemos o significado de alguns trechos do ensinamento para alcançar a compreensão correta dele. Jurar pelo Templo é jurar por Deus, pelo ouro do Templo é pela materialidade.

Tolos e cegos! Qual é mais importante: o ouro ou o Templo que santifica o ouro?

O que é mais importante para você: a vida material ou Deus, que santifica a vida material? Tudo que acontece é “santo”, pois Deus “santifica” a vida material através da Causa Primária.

Utilizando-se de tudo o que já vimos neste estudo, podemos compreender que Cristo está perguntando aos “professores da lei” se eles se apegarão mais ao que acreditam estar acontecendo (“erro”) ou na santidade dada por Deus a todas as coisas?

Vocês também ensinam isto: se alguém jurar pelo altar, não é obrigado a cumprir o juramento. Mas, se jurar pela oferta que está no altar, então fica obrigado a cumprir o que jurou.

Novamente a mesma figura: o altar simbolizando Deus e a oferta a vida material.

Cegos! Qual é mais importante: a oferta ou o altar que santifica a oferta?

O que é mais importante: a sua oração (ato material) ou o Deus que santifica a sua oração? Tem muita gente que reza, medita ou pratica qualquer outro material sem buscar a Deus sentimentalmente, pois acredita que apenas o ato de rezar o levará à evolução espiritual.

O trabalho material de qualquer forma seja ele “certo” ou “errado”, não é santo, mas sim o Deus que santifica o ato causando-o, seja ele de que natureza for.

Por isso, quando alguém jura pelo altar, está jurando por ele e por todas as ofertas que estão em cima dele. Quando alguém jura pelo Templo, está jurando pelo Templo e por Deus, que está ali. E, quando alguém jura pelo céu está jurando pelo trono de Deus e pelo próprio Deus, que está sentado nele.

Tudo o que você faz na vida vem de cima para baixo, pois Deus é a Causa Primária de todas as coisas. Por isso tudo que alguém faça durante a sua existência é santo, é santificado, até o que você considera como “banal” ou “errado”.

A caridade é um ato santificado? Sim, mas roubar o outro também é santo, pois é Deus que faz o ladrão roubar daquele que precisa vivenciar este carma. Quem vive com essa verdade (jurando pelo altar, pelo Templo ou pelo céu) alcança a elevação espiritual, alcança Deus.

Ai de vocês, professores da lei e fariseus, hipócritas! Pois, dão a Deus a décima parte até mesmo da hortelã, da erva-doce e do cominho, mas deixam de obedecer aos ensinamentos mais importantes da lei, como a justiça, a bondade e a obediência a Deus.

A justiça com Deus: dar a Ele o Seu devido lugar. A bondade com Deus: amar a todos acima de todas as coisas. É isso que os seres humanizados deixam de fazer. Compram cestas básicas para dar aos outros; vão aos templos fazer orações, mas não amam a Deus como Causa Primária de todas as coisas e vivem julgando os acontecimentos.

É isso que o nosso líder nos ensina.

Vocês deviam fazer estas coisas, sem desprezar aquelas. Guias cegos! Coam um mosquito, mas engolem um camelo.

Essa frase é bonita e profunda: coam um mosquito, mas engolem um camelo. Tudo o que os outros fazem é coado por você nos mínimos detalhes, mas tudo o que faz é engolido, qualquer que seja o tamanho. Nunca está errado, nunca se critica, a não ser que saiba que fez errado, mas aí também está seguindo uma verdade, não?

Para o que os outros fazem, por menor que seja, há o ataque, a crítica, mas para o que você faz há sempre a exigência do respeito, da compaixão, da bondade para com você.

Ai de vocês, professores da lei e fariseus hipócritas! Pois, lavam o copo e o prato por fora, mas por dentro estes estão cheios de coisas que vocês conseguiram pela violência e pela ganância. Fariseu cego! Lave primeiro o copo por dentro e então a parte de fora ficará limpa também!

Você não esquece de tomar banho todo dia, não é mesmo? Mas, você se limpa do “mal” que fez ao próximo criticando-o. Você se limpa da adulação que recebe quando impõe obrigações aos outros?

Escovar o dente não é tão importante assim. O que temos que escovar mesmo é o nosso interior; temos que ensaboar e lavar a cada momento nosso interior e não o nosso exterior. Se você está sujo por fora, mas limpo por dentro, pode ter certeza que está brilhando no céu. Agora, se está limpo por fora e sujo por dentro, você é um “Lázaro” no céu, um “mendigo” que “emporcalha” tudo que toca.

Essa frase, apesar de “pesada” é importante: “emporcalha tudo que toca”. Só ouvindo-a você poderá compreender que não adianta apenas lavar a mão depois das suas necessidades, pois como o Cristo ensinou, o problema não é o que entra pela boca, mas o que sai pelo coração. Enquanto você não lavar o seu coração estará cheio de vermes e micróbios espirituais.

Amar é a única saída, a única ação higienizadora possível. Amar incondicionalmente, ser feliz com tudo do jeito que acontece. Essa é a única forma de chegar a Deus.

Ai de vocês, professores da lei e fariseus, hipócritas! Pois são como túmulos caiados de branco, que por fora parecem bonitos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e de podridão.

Que belo ensinamento, não? Aquele que tem verdades, que é o “professor da lei” e que se orgulha justamente dessa lei que está dentro dele, não vê que ela é a “podridão”. Toda sua sabedoria, sua cultura é a “podridão” que você carrega. Tudo que você utiliza para julgar o outro é a “podridão” que carrega dentro de você.

Viver a vida sem verdades, sem julgamentos, sem motivos para acusar ninguém de nada. Somente assim você estará por dentro com vida, com Deus, não com “morte”, não com “podridão”.

Por fora vocês parecem boas pessoas, mas por dentro estão cheios de mentiras e pecados.

Porque vivem para se servir e não para servir ao próximo. Os “professores da lei”, aqueles que possuem verdades (leis) individuais, precisam aplicá-las e têm a necessidade de que elas sejam cumpridas para ser feliz. Túmulo podre!

Hipocrisia

Perguntas finais

Pergunta: Se as pessoas não estivessem tentando melhorar não se transformariam em espíritos de luz. Nem tudo está perdido, estamos evoluindo e crescendo.

Realmente. Eu não estou ao contrário. À vezes vocês imaginam que eu estou “brigando”, mas isso não é realidade. Estou apenas alertando para os perigos dessa vida, para as tentações dessa vida.

Pergunta: Temos, então que soltar o leme e deixar a vida nos levar?

Vou fazer uma comparação melhor. Somos uma gota d’água que vem pelo rio e que precisa se incorporar ao oceano. Mas, o nosso individualismo é tão grande que temos medo sumir no oceano.

Como não podemos deixar de nos juntar ao oceano, nos transformamos em uma gota d’água que boia no oceano dentro de um saco plástico, para não misturar com o resto. Acaba evaporando.

Pergunta: Temos que aceitar todas as imposições impostas pelos doutos da lei?

Não, temos que amar. Não só aceitar, mas amar. Ter a consciência de que eles são “professores da lei”, mas que não é por isso que são “ruins” ou “maus”. Se você está na frente dele, precisa amá-lo do jeito que ele está, ou seja, querendo obrigar-lhe a fazer o que ele quer.

Não estou dizendo que você deve fazer o que ele manda: o que fazer (ato) não é você que vai decidir, é Deus. O que eu quero dizer é que não deve criticá-lo por quer mandar em você, não deve condená-lo porque ele está condenando.

Pergunta: Mesmo os que nos fazem pequenos?

Graças a Deus eu sou pequeno e só assim serei grande no “reino do céu”. Quanto mais lhe apequenarem, mais os ame, pois mais eles estão lhe ajudando a conquistar seu lugar no céu.

Se você quer ser grande, reconhecido, na Terra, não será reconhecido no céu.