Vida cristã - Estudo da carta aos Efésios
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Vida cristã - Estudo da carta aos Efésios

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Capítulo 1 - 1
Capítulo 1 - 2
Capítulo 2 - 1
Capítulo 2 - 2
Capítulo 2 - 3
Capítulo 3 - 1
Capítulo 3 - 2
Capítulo 4 - 1
Capítulo 4 - 2
Capítulo 4 - 3
Capítulo 5 - 1
Capítulo 5 - 2
Capítulo 5 - 3
Capítulo 5 - 4
Capítulo 5 - 5

Paulo, segundo Joaquim de Aruanda, é o apóstolo do espiritualismo. Na carta aos Efésios, ele fala do que é viver como um cristão. 

Vida cristã - Estudo da carta aos Efésios

Bençãos espirituais em Cristo

Eu, Paulo, apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus, escrevo esta carta ao povo de Deus da cidade de Éfeso, o povo que é fiel por estar unido com Cristo Jesus.

Que a graça e a paz de Deus, o nosso Pai, e do nosso Senhor Jesus Cristo estejam com vocês.

Agradeçamos ao Deus e Pai do nosso Senhor Jesus Cristo, pois Ele nos tem abençoado por estarmos unidos com Cristo, dando-nos todos os dons espirituais no mundo celestial. Antes da criação do mundo, Deus já nos havia escolhido para pertencermos a Ele, sendo unidos com Cristo, a fim de sermos somente Dele e estarmos sem culpa diante Dele. (Carta de Paulo aos Capítulo 1 – versículos 1 a 4)

Paulo começa a carta aos Efésios afirmando que essa vida não é resultado da vivencia dos acontecimentos ocorridos nela, mas que tudo que se pratica agora já vem programado antes do “próprio mundo existir”. Esta programação é feita por Deus, ou seja, nada é obra do acaso ou da sorte. É isso que precisa ser compreendido.

 Viver a vida material não é o que o ser humanizado pensa (vivenciar acontecimentos que ocorrem sem nenhuma programação anterior), mas simplesmente realizar coisas que foram programadas anteriormente.

A vida é criada antes do nascimento do ser humanizado com todos os seus detalhes, com todos os envolvimentos. Criada pelo espírito que irá vivenciá-la, mas ratificada por Deus, o que dá a Ele a autoria.

A vida do ser humanizado é, portanto, resultado da vontade de Deus. Quando chega à carne (nascer), o que o ser faz é passar pelas situações que criou antes do nascimento, ou seja, vivenciar a vontade de Deus.

Isso Paulo nos diz nesse trecho, mas afirma mais: por estar unido com Cristo não tenho do que me envergonhar do que faço. Vamos entender isso.

A união com Cristo é a vivência dos acontecimentos da vida pré-programada sentindo apenas o amor universal por tudo e por todos. Quem conhece essa realidade do universo e vivencia a vida com esse amor, não sente culpa por nada que tenha feito, dito ou pensado.

Sabemos que o ser humanizado carrega culpas durante a vida, mas pergunto: culpa do quê, de quê? Ninguém pode ser culpado de nada, pois tudo que acontece a todos já estava previamente escrito, sancionado por Deus, ou seja, o acontecimento foi fruto da vontade do espírito e foi aprovado por Deus.

Que culpa tem o ser de fazer aquilo que foi sancionado por Deus? Nenhuma. A única culpa, se quiser que haja uma, nos acontecimentos que os seres humanizados protagonizam não está no ato em si, mas na intenção com a qual os vivencia.

A culpa que o ser humanizado pode ter nos acontecimentos da vida é vivenciar das coisas prescritas querendo ser feliz individualmente, que as suas posses, paixões e desejos sobreponham-se à dos outros.

Portanto, se há alguma culpa que o ser humanizado possa apontar em si mesmo é aquela que é gerada pelo individualismo, ou seja, o amor a si mesmo acima de todas as coisas. Para libertar-se dela de nada adianta o ser humanizado ficar apenas se culpando: deve exterminar as paixões, as posses e os desejos que geram o individualismo. Precisam eliminar a ação dessas propriedades.

É isso que Paulo nos ensinou nesse início da Carta aos Efésios: você veio para a carne com o destino pré-traçado e por isso não há porque se sentir culpado de praticar qualquer ato.

Por causa do seu amor por nós, Deus já havia resolvido que nos faria seus filhos, por meio de Jesus Cristo, pois esse era o seu prazer e a sua vontade. Portanto, louvemos a Deus pela sua gloriosa graça que Ele nos deu gratuitamente por meio do seu querido Filho.

Pois, pela morte de Cristo na cruz, somos libertados, isto é, os nossos pecados são perdoados. (Capítulo 1 – versículos 4 a 7)

Pela morte do Cristo na cruz somos perdoados: é o que diz Paulo.

Na verdade o nosso perdão não surge por causa da morte do Cristo em si. É pela nossa morte alcançada sendo Cristo (matando o individualismo) a cada segundo é que somos perdoados. Nossos pecados serão perdoados através da vivência de uma vida Jesus Cristo (encarnação sem individualismo).

Para viver na glória de Deus é preciso que cada um vivencie uma encarnação como fez o mestre, ou seja, colocando em prática os mesmos valores que ele colocou. Só essa vivencia leva o ser a alcançar a elevação espiritual, acabando, assim com o pecado.

A partir desse conhecimento, podemos entender que não adianta se buscar outro caminho para chegar a Deus. De nada adianta querer se intelectualizar a elevação espiritual, buscando compreensões sobre o mundo espiritual que fogem à compreensão do ser humanizado. O único caminho que leva a Deus é a vida Jesus Cristo. Quem não pratica essa vida não chega a Deus. Esse é o ensinamento de Paulo.

É preciso também parar de querer imaginar outras formas (práticas religiosas) de se chegar ao Pai. De nada adianta ficar o dia inteiro na igreja rezando e com isso esperando que a santidade (aproximação com Deus) chegue. Isso não ocorrerá, pois se esse fosse o caminho, Jesus Cristo o teria feito. Como ele não fez isso, como não viveu desse jeito, esse não é o caminho para Deus.

Para se alcançar à elevação espiritual é preciso viver na sociedade, expor-se às suas situações carmáticas com amor para poder alcançar o Reino do Céu, como o Cristo fez.

Como é maravilhosa a graça de Deus que Ele nos deu com tanta fartura! Deus, em toda a sua sabedoria e entendimento, fez o que havia resolvido e nos revelou o plano secreto que tinha decidido realizar por meio de Cristo. (Capítulo 1 – versículos 7 a 9)

Qual o plano secreto de Deus que foi revelado através de Jesus Cristo? O que Deus revelou através de Jesus Cristo para você? A vida material como instrumento da vida espiritual.

A vida material faz parte de um plano que Deus criou para auxiliar os espíritos no processo de elevação, no caminho da evolução espiritual. O que quer dizer isso? Que a vida humana não existe para ser gozada no sentido individual, na busca da glória material, na busca de se alcançar os anseios humanos. Ela existe como instrumento criado pelo Pai para que cada um vivencie a sua crucificação diária, com fé amor, esperança, igualdade e felicidade. Esse é o plano secreto de Deus. Foi o que Ele idealizou, planejou, para a elevação de cada filho.

Esse entendimento precisa ser interiorizado por cada um dos seres humanizados como uma verdade absoluta. A vida precisa ser encarada buscando a felicidade de todos e não como um campo onde se busca o prazer individual.

A vida que os seres humanizados vivem é morte, pois não é vivenciada como o plano secreto de Deus. A humanidade acredita que a vida é uma realidade, quando ela não é: é toda uma ilusão criada para que cada um possa abrir mão das suas intencionalidades individualistas e com isso ganhar o Reino do Céu.

Para você obter resultados nessa vida, no sentido espiritual, é necessária essa compreensão e, com isso, deixar de viver a vida carnal por ela mesmo. Deve parar de trabalhar para ganhar dinheiro; parar de casar para ter mulher; parar de dirigir para chegar. Aproveitar a vida como instrumento da elevação espiritual é não viver por ela mesmo, mas sim como circunstâncias gerada pelo plano divino para a sua elevação espiritual.

Isso muda todo o sentido da vida. A partir daí ela passa a ter um novo sentido. Você não irá mais trabalhar para trabalhar, mas trabalhará para alcançar a evolução espiritual. Não mais casará para ter uma mulher, mas para vivenciar carmas.

É isso que Paulo está nos ensinando e que precisamos compreender, pois sem essa compreensão o ser vive essa a vida material de uma forma ignorante, ou seja, ignorando o seu sentido real, ignorando a realidade da vida. A humanidade vivencia a vida no seu sentido figurado, pensando que é realidade: ‘eu acho que estou indo’, ‘acho que estou fazendo’. Isso não é verdade, não é realidade.

Esse ensinamento do Paulo é muito forte, mas, “arrependei-vos, o Reino do Céu está próximo”. A hora chegou: não dá mais para brincar de evolução espiritual. Não dá mais para ir para a igreja aos domingos e dizer que está fazendo alguma coisa pela sua elevação espiritual. Ir ao Centro no dia de palestras e achar que está dedicando-se à sua elevação.

A verdade está batendo à porta de todos os seres humanizados e eles estão negando-se a abrir mão dessas visões inverídicas sobre os acontecimentos da vida. Se não mudarem a forma de viver, não conseguirão alcançar a evolução espiritual.

Esse plano é o de unir, no tempo certo, debaixo da autoridade de Cristo, tudo o que há no céu e na terra.

Pois, tudo é feito de acordo com o plano e a decisão de Deus. Ele nos escolheu para ser o seu próprio povo unido com Cristo, de acordo com a sua vontade e com o que Ele havia decidido desde o princípio. Portanto, nós que fomos os primeiros a pôr a nossa esperança em Cristo, louvemos a grandeza de Deus!

Assim aconteceu com vocês também. Quando ouviram a verdadeira mensagem, a Boa-Notícia que anuncia a salvação, vocês creram em Cristo. E Deus pôs em vocês a sua marca de proprietário quando lhes deu o Espírito Santo que tinha prometido. (Capítulo 1 – versículos 10 a 13)

O Espírito Santo é a evolução, é receber a consciência espiritual. Deus lhe dará a evolução espiritual, mas só fará isso quando acreditar em Cristo. Mas, o que é acreditar em Cristo? É acreditar que existe uma vida fora da carne, crer que a existência humana é um simples preparatório para a outra vida, que ninguém vem ao mundo para se satisfazer, mas para servir a Deus e ao próximo.

Isso é acreditar em Jesus Cristo. De nada serve afirmar categoricamente que é cristão, utilizar a cruz pendurada em corrente, dizer que acredita em Jesus Cristo, se não vive a vida como ele ensinou. De que adianta se carregar santinhos na carteira ou fazer orações imensas, se não promove a sua reforma íntima. Isso é hipocrisia.

Nada adianta, a não ser a ação do ser humanizado para aproximar-se de Deus, abandonando seus valores individuais. Para fazer isso é preciso crer em Cristo, ou seja, vivenciar a vida carnal como ele viveu (com os mesmos valores sentimentais). Enquanto você não crer em Cristo, enquanto não viver emocionalmente como ele ensinou, ter os mesmos valores que ele teve (consciência crística) não está fazendo nada no sentido da sua elevação espiritual e por isso não poderá ser marcado por Deus com a consciência espiritual.

Enquanto a vida Jesus Cristo não for a sua vida, você não conseguirá ver-se como espírito na carne, mas continuará agindo como ser humanizado.

O Espírito é a garantia de que receberemos o que Deus prometeu ao seu povo e de que Deus dará completa liberdade aos que são seus. Portanto, louvemos a sua grandeza! (Capítulo 1 – versículo 14)

A existência do espírito, a existência da vida depois da carne, a existência de uma outra compreensão do mundo. Essa é a garantia de que existe tudo o que está programado para o próximo mundo.

Jesus Cristo e todos os mestres narram a beleza do outro mundo, cada um na sua linguagem. Apesar disso, você teria o direito de duvidar dessa outra vida. Só que Paulo, aquele que recebeu os ensinamentos em outro mundo, nos diz: a convicção de que existe um espírito, ou seja, algo mais do que essa carne, é a certeza de que existe uma outra vida além dessa e que aquilo que é prometido para outra vida é verdadeiro.

O ser humanizado vive louco para ir para o paraíso, mas não mexe um centímetro na rotina de sua vida, não muda um milímetro da sua forma de viver para conquistar isso. Quer ganhar o paraíso gratuitamente, sem fazer nada, sem abrir mão de nada. Impossível.

O que a humanidade quer, na verdade, é invadir o paraíso, dominá-lo à força impondo a sua realidade a esse lugar santo, ao invés de mudar-se para merecer ir para o paraíso.

Vida cristã - Estudo da carta aos Efésios

Oração de Paulo pelos cristãos de Efésios

Por isso, desde que ouvi falar da fé que vocês têm no Senhor Jesus e do amor de vocês por todos os irmãos de fé, não paro de agradecer a Deus. Eu sempre me lembro de vocês nas minhas orações. E peço ao Deus do Nosso Senhor Jesus cristo, o Pai glorioso, que dê a vocês o seu Espírito, o Espírito que os fará sábios e revelará Deus a vocês, para que assim o conheçam como devem. Peço que ele abra as suas mentes para que vejam a luz e conheçam a esperança para a qual os chamou. (Capítulo 1 – versículos 15 a 18)

Um dos assuntos muito conversados na Bíblia é a sabedoria. O livro do Sábio, de Salomão, é todo baseado na questão da sabedoria. Os provérbios também falam do sábio e do tolo. Neste trecho da Carta aos Efésios, Paulo fala que pede a Deus que nos tornemos sábios. Por isso, é preciso compreender bem esta palavra.

Para vocês sabedoria é completamente diferente de tudo aquilo que Paulo e Salomão falaram. Para vocês, sabedoria é sinônimo de cultura, ou seja, sábio é aquele que tem muito conhecimento. Mas, no entanto, já foi dito que a palavra morta sem ação não vale nada. Por isso, de nada adianta a sua cultura, o seu conhecimento, porque isso não lhe traz sabedoria. A sabedoria será alcançada quando a cultura for colocada em prática.

Sabedoria é cultura na prática e não simplesmente amealhar culturas. Só que Paulo nos alerta que a cultura que leva à verdadeira sabedoria deve ser de luz e não material. A cultura de luz é a vivência da vida com consciência espiritual, com os mesmos valores que Jesus Cristo ensinou.

Já estudamos que a consciência espiritual não têm conceitos, ou seja, não é formada por cultura. Pelo contrário, ela é formada pela expressa declaração de nada saber. Por isso, posso dizer que o sábio de verdade, aquele que vivencia a vida na luz, é quem declara expressamente nada saber sobre as coisas da vida. Ele não tem opinião sobre nada, não acha nada de nada, não imagina resultados para o que está acontecendo. Vive o momento presente, o agora, fixado neste momento, sem vínculos com o passado ou o futuro.

Isso é fundamental compreender: o verdadeiro sábio é aquele que consegue viver o momento presente no agora, sem nenhum vínculo com passado ou futuro.

Todos dizemos querer ser sábios, mas na verdade o que queremos é ser cultos, ter muitas informações. Esse é o nosso ensejo porque se cultos, ganharemos a fama, o elogio e a vitória, pois saberemos explicar para o próximo o que ele não sabe. Com isso nos imaginamos superiores a eles.

É por conta desta ilusão que queremos ser cultos, mas, o sábio de verdade nada sabe, nada sabe explicar. Por isso, ele é mais sábio que o culto.

E também para que saibam como são ricas as bênçãos que ele prometeu ao seu povo e como é grande o seu poder que age em nós, os que cremos. Esse poder é o mesmo que Deus mostrou com força extraordinária quando ressuscitou Cristo e o colocou ao seu lado direito no mundo celestial. Cristo reina sobre todos os governos celestiais, autoridades, forças e poderes. Ele está acima de todas as autoridades que existem neste mundo e no mundo que há de vir. (Capítulo 1 – versículos 18 a 21)

Quero deixar bem claro algo que Paulo já falou em outras cartas que estudamos: Cristo reina sobre tudo, menos sobre Deus. Crendo nisso, precisamos compreender que Cristo reina sobre todas as coisas deste mundo, do planeta, mas não sobre as do universo. O seu reinado, no entanto, não é exercido por livre e espontânea vontade, mas subordinando-se às determinações de Deus.

Este texto também deixa muito claro que se Cristo está acima de todas as autoridades. Está acima dos padres, dos bispos, dos médiuns, do governador, do presidente da República. Por isso, estes nada podem fazer que não tenha origem na ação de Cristo.

Tudo que existe é governado por Cristo. Tudo que existe neste planeta é governado pelo ser universal chamado de Cristo e ele faz as coisas acontecerem. Volto a repetir: não por livre espontânea vontade, mas seguindo o direcionamento que Deus dá, Cristo faz as coisas acontecerem.

Deus fez que Cristo dominasse todas as coisas e deu o próprio Cristo à Igreja, como único Senhor de tudo. Pois a Igreja é o corpo de Cristo; é nela que Cristo está completamente presente, ele que completa todas as coisas em todos os lugares. (Capítulo 1- versículos 22 e 23)

Neste trecho vamos trocar a palavra igreja, por religião. A partir disso, então, vamos falar das religiões. Só que não vamos falar em nenhuma religião especificamente.

Uma religião para ser cristã e poder aproximar o ser do Pai deve seguir integralmente os ensinamentos de Cristo: isso já foi alvo de conversa anterior. Somente com a consciência crística se chega a Deus.

Por esse motivo não adianta a religião ensinar que existe a ressurreição, mas afirmar que não existe a vida espiritual. Cristo não ensinou isso. A religião que muda o que o mestre ensinou, não leva o seu fiel a alcançar a elevação espiritual.

Também não adianta a religião ensinar o religioso pedir nos seus rituais o bem estar físico, se Cristo disse que não se deve amealhar bens na Terra. Não adianta os membros de uma religião quererem se meter em política, quererem ditar políticas, quando Cristo disse que se deve servir aos governantes.

Aí está a diferença. A religião que pode ser considerada cristã é aquele que aplica todo o ensinamento de Cristo, pois sabe que ele é o único caminho para chegar a Deus. Só isso.

Para se ter uma religião que sirva para a unidade com Deus através de Cristo é preciso se pregar com autenticidade os ensinamentos do mestre. Isso vale para todas as religiões, para todas as correntes religiosas: todas precisam guiar seus fiéis dentro da totalidade dos ensinamentos do mestre cujos ensinamentos são utilizados por ela.

Não se pode servir a dois senhores ao mesmo tempo: não se pode ter uma igreja de Cristo onde se queira servir o ser humano. Não dá certo...

Vida cristã - Estudo da carta aos Efésios

Da morte para a vida

Antigamente vocês estavam espiritualmente mortos por causa da sua desobediência a Deus e por causa dos pecados. Naquele tempo vocês seguiam o mau caminho do mundo, obedecendo àquele que governa os poderes espirituais no espaço, o espírito que agora domina os que desobedecem a Deus. (Capítulo 2 – versículos 1 e 2)

Há muito tempo atrás ensinamos que vida e morte são coisas completamente diferente daquilo que vocês acreditam.

A morte não é o desencarne, não é o fim nem uma transformação. Está morto, espiritualmente falando, aquele que vive em desobediência a Deus. Sendo assim, estar vivo é ser obediente ao Pai.

Mas, o que é uma desobediência a Deus? É a vivência da realidade com outro objetivo que não viver o amor de Deus, a Justiça e o Amor Dele. Quem coloca valores no momento diferentes desses, desobedece a Deus, porque não está colocando o valor que o Pai deu àquele agora. Vou dar um exemplo para ficar claro o que estou dizendo.

Um carro bate em outro. Alguém vai dizer que houve uma batida de carros. Mas, quem vê isso está desobediente a Deus, porque Ele não fará carros baterem.

O que Deus promove é uma ilusão que retrate uma ação carmática e não um ato físico. Por isso, a realidade daquele acontecimento é o Amor de Deus em ação gerando uma ação carmática. Quem vive esta realidade está vivo; quem vive a ilusão está morto.

Quem vê dois carros batendo está morto porque dá um valor diferente ao acontecimento. Este sofre por causa da batida e do prejuízo material. Por causa desse sofrimento vai querer que o outro pague o seu prejuízo, quando o prejuízo que está tendo não é material, mas espiritual. Ele teve um prejuízo espiritual porque naquele instante morreu, desobedeceu a Deus, não viveu seu carma com felicidade. É isso que Paulo está nos ensinando e isso é morte.

Agora, quem se abstém de colocar valores nas situações da vida e vivencia a situação como Krishna ensinou, sem colocar intencionalidade nos acontecimentos da vida, obedece a Deus e está vivo. ‘Bateram no seu carro? Não, ninguém bateu no meu carro. Mas, ele está amassado. Pode estar, mas ninguém bateu nele. Isso foi Deus quem fez e é uma prova para mim. Isso é para ver se vou sofrer como um idiota ou se vou manter a minha paz e tranquilidade e assim cumprir aquilo que Deus espera de mim’. Esse está vivo. Agora, quem vai buscar quem pague seus prejuízos, está morto.

Participante: gostaria que o senhor me explicasse uma frase neste trecho que eu não entendi: naquele tempo vocês seguiam o mau caminho do mundo seguindo aqueles que governam os poderes espirituais no espaço, o espírito que agora domina os que desobedecem a Deus. Paulo está falando de quem aqui? Quem é este espírito que domina aos que desobedecem a Deus?

O ego.

Na verdade, o ego não é um espírito, mas, como já disse anteriormente, Paulo não tinha conhecimento sobre determinadas palavras. Sendo assim, o ego para ele era um espírito diferente do universal. Para Paulo existia o espírito de Deus, o espírito santo, e o não santo, o humano, o ego.

Então, quando você segue o ego, que é o inimigo de Deus, aquele que busca sempre o individualismo, não alcança Deus.

Participante: para mim esta afirmação tinha a conotação dos tais dos anjos decaídos, do demônio.

Sim, tem a ver com isso.

O ego é o diabo. É o espírito quando desce, quando sai do mundo espiritual e vem para terra.

Na verdade o ego não existe como uma coisa. Ele é uma programação que você faz para a sua vida carnal. Então, não se trata de uma coisa. Nós o tratamos como uma coisa, mas não é. Ele é uma programação mental que é feita antes da encarnação. Isso seria o ego.

De fato nós éramos como eles, vivendo de acordo com a nossa natureza humana, e fazíamos o que o nosso corpo e a nossa mente queriam. (Capítulo 2 – versículo 3)

Não foi o que acabei de dizer?

Assim, como os outros, nós também estávamos destinados a sofrer o castigo de Deus. (Capítulo 2 – versículo 3)

Só lembrando que Deus não castiga: Ele ama ... Nós que por não compreendermos este amor achamos que estamos sendo castigados.

Na verdade tudo que acontece é o Amor de Deus. A ação carmática que o ser vivencia durante a encarnação é o Amor de Deus em ação. Este amor fica claro de se perceber quando entendemos que o ser precisa passar por uma determinada situação para que continue na sua busca espiritual.

Portanto, o que acontece não é pena, não se trata de pagamento por alguma coisa. Você não tem que pagar por nada. Não existe a questão de ser castigado por ter feito alguma coisa.

O que vocês chamam de castigo é apenas uma nova chance de elevação que o ser recebe. São coisas diferentes ...

Ele, porém, é muito rico em misericórdia, e o seu amor é muito grande. Por isso, quando estávamos espiritualmente mortos por causa de nossa desobediência, ele nos trouxe para a vida que temos em união com Cristo. É pela graça de Deus que vocês estão salvos. Deus nos ressuscitou juntamente com Cristo Jesus e nos fez reinar com Cristo no mundo celestial. (Capítulo 2 – versículo 4 a 6)

Paulo diz que Deus o ressuscitou, mas como isso pode ter acontecido se ele ainda não havia morrido? Que ressurreição é essa que Paulo afirma que Deus o fez viver se ele ainda está vivo? Como Paulo pode ter ressuscitado, se ainda está vivo?

Essas são perguntas que precisam ser respondidas quando se lê este trecho. Mas, há mais: o apóstolo afirma que isso aconteceu não só como ele, mas com todos aqueles que mudaram de vida. Como isso pode acontecer?

Participante: ressuscitar é nascer para a vida?

Ressuscitar é viver a vida com a consciência espiritual Viver a existência como espírito e não como ser humanizado.

Portanto, o que Paulo fala aqui é o que já afirmamos: você pode não depender da morte para entrar na consciência espiritual. Mais: apenas o desencarne não garante a entrada na consciência espiritual. O que pode lhe dar esta garantia é o que Paulo ensina: ligar-se com Cristo e vivenciar a existência ligado ao mestre. Isso pode lhe garantir a salvação.

Estamos falando do renascimento que Cristo ensina à Nicodemos: em verdade, em verdade vos digo, é preciso nascer novamente, nascer do espírito e da água.

Por isso afirmo: você renasce na própria vida e não depois da morte. O que isso quer dizer? Que precisa mudar aqui e agora a sua forma de viver.

De nada adiantará ir para as cidades espirituais, para o paraíso ou para o inferno: isso não resolverá a sua vida. O que pode resolver, no sentido espiritual, é renascer durante a vida, alcançar a ressurreição na carne. Isso acontece com todos os que ouvem a Cristo, juntam-se a Deus através dos seus ensinamentos.

Esses alcançam a ressurreição, porque essa é a mensagem: se você viver como eu vivi, alcançará o que eu alcancei ...

Deus fez isso para mostrar às pessoas que vão viver no futuro as muitas riquezas de sua graça, por meio do amor que ele revelou em Cristo Jesus. (Capítulo 2 – versículo 7)

Essas muitas riquezas da sua graça que Paulo cita nos faz repensar uma coisa: esperamos para receber a riqueza de Deus depois da morte, mas ela, a felicidade, pode existir neste mundo.

Você pode ser feliz neste mundo. Para isso, basta decidir ser feliz e abrir mão da felicidade mundana, da felicidade condicionada. Quando decidir ser feliz verdadeiramente, nunca mais sofrerá.

Você só não é feliz agora porque quer que o mundo mude para isso acontecer, mas a felicidade real não existe desta forma. Para que ela seja vivenciada é preciso que você se mude para o mundo, ou seja, que coloque felicidade nas coisas sem esperar que as coisas lhe traga felicidade.

Tem um preto velho que uma vez disse: para ser feliz é preciso ser feliz. É só isso. Se você não for feliz, jamais será feliz.

Pois é pela graça de Deus que vocês são salvos por meio da fé. Isso não vêm de vocês, mas é presente dado por Deus. (Capítulo 2 – versículo 8)

A elevação espiritual não é conquistada pelo espírito encarnado, mas recebida como graça de Deus. Merecimento...

Participante: esse merecimento não é uma conquista?

Você conquista o merecimento, não a elevação. Conquista merecer receber e não a própria elevação. São duas coisas diferentes.

A salvação não é o resultado dos esforços de vocês mesmos, e por isso ninguém deve se orgulhar. Porque foi Deus quem nos fez e, sendo unidos com Cristo Jesus, nos criou para fazer o bem que ele já havia preparado para nós. (Capítulo 2 – 09 e 10)

Portanto, quando o espírito se une a Cristo Jesus, ele gera um merecimento para si. Pelo merecimento, Deus lhe dá o estado de espírito de paz, harmonia e tranquilidade.

O espírito recebe a elevação, ou seja, recebe o estado de espírito de acordo com o que faz antes. Portanto, se ele nunca colocar felicidade nas coisas, Deus não poderá dar a este ser.

O ser não conhece a felicidade para poder simplesmente goza-la. É preciso que ele coloque felicidade nos acontecimentos para que Deus a dê ao ser.

Vida cristã - Estudo da carta aos Efésios

Unidos em Cristo

Vocês não são judeus e por isso são chamados de incircuncidados pelo judeus, que chamam a sai mesmos de circuncidados. (Capítulo 2 – versículo 11)

Só relembrando o valor dos termos. Os circuncidados eram o povo de Deus e os incircuncidados não eram considerados como povo de Deus, como filho de Deus.

É sobre esta ótica que Paulo está falando Só porque um ser não tinha esta marca no corpo, ele jamais poderia entrar no reino do céu. Este era o pensamento dos judeus.

Não importava onde o ser humano tinha nascido, de que família tinha nascido, se colocasse essa marca no corpo, seria considerado do povo de Deus pelos judeus de então.

Isso se refere ao que os homens fazem nos seus corpos. Lembrem-se do que vocês eram no passado. Naquele tempo vocês estavam separados de Cristo. Eram estrangeiros e não pertenciam ao povo escolhido de Deus. Não tomavam parte nos seus acordos, que eram baseados na promessa de Deus ao seu povo. Era sem esperança e sem Deus que vocês viviam nesse mundo.

Mas agora, unidos com Cristo Jesus, vocês, que estavam longe de Deus, foram trazidos para perto dele, pela morte de Cristo na cruz. (Capítulo 2 – versículo 11 a 13)

Então veja, não é uma marca no corpo que vai determinar se você é do povo de Deus ou não, mas a forma como vive essa vida. O que determina é como se une ao Cristo, ou seja, o quanto busca a vivência espiritual como o mestre buscou. Neste momento se transforma em um elemento do povo de Deus.

Não é preciso outra marca qualquer. Não é preciso ter aparência externa alguma para poder ser considerado filho de Deus, mas sim ter a aparência interna de filho de Deus.

É o mesmo que Cristo ensina no Evangelho de Tomé: é preciso que você se reconheça como filho de Deus para que Ele o reconheça como tal.

Pois o próprio Cristo nos trouxe a paz, fazendo dos judeus e dos não judeus um só povo. Por meio do sacrifício do seu corpo, ele desfez a inimizade que os separava como se fosse um muro. Ele aboliu a lei dos judeus, os seus mandamentos e regulamentos e dos dois povos formou um só povo, novo e unido com ele. (Capítulo 2 – 14 e 15)

Repare: Paulo diz que Cristo aboliu as leis dos judeus e os seus mandamentos. Como ele pode falar isso se até hoje esta lei e mandamentos estão presentes no cristianismo?

O cristão não segue os dez mandamentos? Como, então, o apóstolo de Cristo diz que os mandamentos foram abolidos pelo mestre? É interessante Paulo falar isso, não?

Cristo aboliu a lei judaica no tocante a tudo que é externo. No tocante a haver necessidade de ter uma casa de oração, a haver necessidade de coisas materiais que identifiquem o ser como cristão ou não, a viver desta ou daquela forma. Ele acabou com todas estas leis.

Aliás, eu já tinha dito há muito tempo: Cristo foi crucificado porque quebrou todas as leis mosaicas. O rabino, o mestre dos judeus, vivia vestido de ouro, Cristo vivia vestido de trapos; o rabino guardava fervorosamente os sábados, Cristo alimentou-se, pregou e fez milagres neste dia.

É isso que precisamos compreender. Não adianta se querer pegar a lei mosaica e coloca-la como regra para ser cristão. Isso porque cristão não será os que seguirem os mandamentos de Moisés, mas sim aqueles que amarem a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmos.

Ficou claro isso? É preciso que sim porque é fundamental. Digo isso porque mesmo nós que aqui estudamos os ensinamentos de Paulo ainda buscamos leis para viver. Ainda buscamos o certo e abominamos o errado.

Estas leis não existem para os que se unem a Cristo. O mestre ofereceu seu corpo e a si mesmo em sacrifício para acabar com todas as leis. Porque, então, devemos continuar presos a elas?

Aliás eu já disse: se Cristo fosse seguir a lei, teria que sentar no trono mais alto e exigir ser servido. Teria que exigir que todo povo fizesse a sua vontade. Só que ele viveu exatamente ao contrário. Andou descalço pregando e sempre fez a vontade do povo, mesmo quando lhe pediram a sua crucificação.

Ser Cristão é viver no amor, é viver na solidariedade real. É viver em perfeita harmonia servindo ao próximo, Isso é ser cristão. Todo o resto que se impõe que seja realizado externamente é para ser católico, evangélico ou qualquer coisa, menos cristão.

Participante: pelo que parece, ouvindo os diversos pastores das diversas igrejas, dá a impressão que para cada igreja existe um céu, um deus, um paraíso diferente, particular para cada uma.

Exatamente. Você está perfeito.

Mas, não se restrinja apenas aos pastores. Ouça os médiuns espíritas que verá que a sua lógica é real. Ouvindo os mestre do hinduísmo e do budismo também encontrará o que falou. Na verdade, cada homem de uma religião faz um deus e um céu de acordo com a vontade do seu povo. Vou dar um exemplo.

O céu islâmico, por exemplo, é uma tenda onde aquele que morrer encontrará virgens nos eu harém. O céu católico é um pomar, é o paraíso. O céu espírita é a cidade espiritual onde a busca do saber é consagrada.

Cada um criou esse céu ao seu bel prazer, porque nenhum mestre ensinou estas figuras. Não existem estas alegorias, por exemplo, no ensinamento de Kardec. Isso foi criado depois, para satisfazer aquelas pessoas.

É a religião à serviço da humanidade, enquanto deveria estar à serviço de Deus. Deveria aplicar os ensinamentos na sua íntegra e na intenção deles. Falo isso porque esta é a grande diferença. As religiões aplicam os ensinamentos com a intenção contrária com que foram ditadas.

Todo ensinamento do Cristo, por exemplo, foi ditado com a intenção de que você se mude nesta vida e entre numa nova vida. No entanto, a igreja católica ou evangélica faz ao contrário. Diz: permaneça como está, mas frequente nossos cultos que garanto que a sua vida material muda.

Não muda, porque a vida material não pode ser alterada depois que o espírito encarna. Isso Kardec ensinou...

Portanto, sim, você está perfeito na sua observação. Não dá a impressão que isso acontece, mas isso é a realidade: cada religião foi adaptada para o interesse de um povo, daquele que frequenta aquela religião e aquela igreja.

Apesar de dizer isso, deixe-me falar algo: não estou culpando ninguém. Aqueles que fizeram a religião desta forma não foram culpados de nada. Eles são instrumentos de carma.

Esta forma de proceder é prova para ver se você está buscando a Deus, ou se diz que O está buscando, mas está esperando ser servido pelo Pai.

Participante: mas, isso acontece porque é do interesse do povo ou das pessoas que dirigem essas religiões?

Juntou a fome com a vontade de comer.

Eu fiz um trabalho recente dentro de um centro de umbanda. Lá disse bem claro: a entidade que vem aqui para satisfazer a vontade dos seres humanos não está falando em nome de Deus.

Aquela entidade que promete trazer o marido de volta, arrumar emprego, curar, não fala em nome de Deus. A entidade precisa ser positiva: alentar, mas nunca prometer mudar os acontecimentos da vida para satisfazer os anseios humanos do ser.

Só que na hora que isso acontecer, ou seja, na hora que as entidades pararem de prometer resolver os problemas da vida do ser humano, não haverá mais frequência no centro. Na hora que a igreja católica se mudar e passar a usar os ensinamentos de Cristo dentro do mesmo objetivo que ele transmitiu, ou seja, ir lá nos invasores de terra e dizer que eles não podem invadir terras, mas que devem aceitar o governo, os sem-terra não vão mais à igreja. Portanto, é interesse dos dois: da religião em manter o seu fiel e do fiel que quer a ilusão de que ele pode conquistar o reino do céu na Terra.

Então, sim, é dos dois. Os dois se iludem. Até porque, todos os dois são seres humanos.

Apesar de conscientizar-se do que estou falando, lembre-se: não adianta culpar ninguém. ‘Ah, o bispo, o padre, o papa são culpados de alguma coisa’. Não, eles são apenas instrumentos do carma dos outros.

Você, ao compreender isso, não deve se enveredar pelo caminho da culpa, mas sim extrapolar as verdades deles e auxiliar o próximo. Agora, se ficar apenas criticando os professores da lei não adianta nada.

E assim fez a paz. Pela sua morte na cruz, Cristo destruiu o ódio. Por meio da cruz, ele uniu judeus e não judeus em um só corpo e os trouxe de volta para Deus. Assim Cristo veio e anunciou a todos a boa notícia de paz, tanto a vocês, os não judeus, que estavam longe de Deus, como aos judeus, que estavam perto dele. (Capítulo 2 – versículos 16 e 17)

Vamos entender isso: através da sua crucificação Cristo trouxe a paz. Vamos pensar nesta afirmação?

A que paz Paulo está se referindo? Que união é essa? Cristo foi morto pelos não judeus e o próprio Paulo, no início, matou os judeus que seguiam Cristo. Portanto, que paz é essa, que harmonia é essa que Cristo pode ter nos trazido através da sua crucificação?

Se você for se apegar a fatos, a crucificação de Jesus Cristo é o início de uma guerra entre os não judeus, os romanos, que crucificaram um judeu, o próprio Jesus Cristo. Mas, a forma como Jesus Cristo passou pela sua crucificação é o anúncio da paz.

Ele extinguiu o ódio; a sua crucificação extinguiu o ódio. Isso quer dizer que Jesus Cristo não teve ódio daqueles que o crucificou. A sua crucificação harmonizou o mundo, ou seja, ele estava em harmonia com o mundo, mesmo quando este se tornou ser crucificado.

Pensando desse jeito, pergunto: onde está a paixão de Cristo como vocês conhecem? Onde está o sofrimento na cruz? Se Cristo sofresse no momento da crucificação, ou seja, tivesse se sentindo ferido ou magoado, não poderia, com a sua crucificação, ter implantado a paz, mas teria gerado uma guerra.

Essa é a prova maior que traz alguém que nem viu Cristo na cruz do fato de que ele não pode ter subido ao seu calvário em desarmonia com Deus. Sem estar em felicidade. Só assim ele pode trazer a paz.

E esse é o nosso caminho. A harmonia com o outro, mesmo quando a situação é contrária ao que você quer, é o instrumento que cria a paz. Isso é que traz a elevação espiritual.

Só quando você receber uma bofetada e não guardar mágoa ou rancor desta pessoa poderá encontrar a paz.

Participante: é a paz de espírito ...

Sim, é a paz de espírito, o estado de espírito de paz, cuja definição nós já demos: ele existe quando você não tem armas para atacar o próximo. Quando não tem verdades ou sensibilidades feridas, não está magoado com ninguém.

É esta a mensagem de Paulo embutida nestas poucas linhas que vocês não perceberiam se fossem ler sozinhos esta carta. Por isso estamos lendo atentamente e buscando compreender tudo o que Paulo ensina. A crucificação de Cristo só pode trazer paz e harmonia se ela foi vivenciada em paz e harmonia.

Participante: isso é impossível...

Será impossível o quanto você ache impossível. Será tão difícil quanto você achar que é.

Eu já disse aqui: é tão possível que muitos já realizaram. É só buscarmos nas lembranças os santos de verdade, não os que tiveram sua santidade comprada.

Mais um coisa: a prova de que é possível para você pode ser obtida apenas observando o fato de que você está encarnada. Ou seja, se você está vivendo esta vida é porque você e Deus acharam que tinha condição de executar.

Agora, entre achar que pode lá em cima e fazer aqui, tem uma diferença: aquilo que você acreditar. Se acreditar que é impossível, será impossível fazer.

Participante: a carne é propensa a vingança ...

Não. Não é a carne: é a humanidade do ser ...

Participante: é isso que quero dizer: é o fato de estarmos humanos.

Sim, enquanto for ser humano terá que vingar-se. Acontece que você nasceu justamente para vencer sua humanidade. Por isso, ao invés de usá-la como justificativa, busque vencê-la.

Lembre-se do Cristo ensinou: eu não vim trazer a paz, mas a espada. Cristo não veio para comandar sua vingança, trazer a paz para você, mas sim para trazer uma espada para que lute contra si mesmo. Portanto, é possível sim, desde que lute contra você e deixe de lutar contra o mundo.

Apesar de já lhe ter respondido, deixe-me dizer mais uma coisa: é por causa do seu pensamento que as igrejas estão cheias. Já que os seres imaginam que é impossível se vencer a humanidade, eles se entregam à busca dos prazeres mundanos e usam a religião como instrumento para pressionar a Deus a satisfazer os seus anseios mundanos.

Presos nesta busca, quando depois da visita à igreja acontece o que eles querem, se iludem e acham porque foram contemplados com seus anseios, estão mais puros, estão se elevando. Por isso, continuam apenas indo a missa e não buscando tornar-se um Cristo para poder aproximar-se de Deus.

Foi o que respondi agora a pouco sobre as religiões. Se toda fonte de luz ensinasse a realidade dos ensinamentos, a necessidade da luta conta si mesmo seria mais real. Mas, como elas ensinam a ilusão, vocês acreditaram que só podem realizar a ilusão.

Trata-se de condicionamento mental. Condicionando-se mentalmente a buscar sempre a vida em harmonia com o que acontece, buscará. Agora, condicionando-se, ou seja, acreditando que precisa reagir, reagirá.

Participante: mas, Jesus chorou na cruz. Ele ficou triste. Ele foi humilhado e desprezado. Eu sei que ele sabia que passaria por tudo isso, mas ficou triste por tudo que aconteceu. Será que essa paz de espírito não é um modo de simbolizar que é possível cumprir nossa missão com todas as adversidades?

Você está falando de duas coisas diferentes.

Primeiro: o choro e a tristeza de Jesus. Para lhe responder esta questão, pergunto: será que ele ficou triste? Você estava lá? Você viu este momento? Não. Posso lhe dizer que ele não ficou triste.

Você afirma também que Jesus chorou na cruz. Isso não aconteceu. Isso são visões materiais.

O ser humano acha que porque se estivesse no lugar de Jesus naquele momento choraria. Por isso escreve que ele chorou. Por imaginar que se ele estivesse no lugar de Jesus na cruz sofreria, o ser humano afirma que Jesus sofreu. Mas, nem uma coisa nem outra aconteceu.

Até porque, se levarmos em conta o evangelho de Bartolomeu, logo depois da crucificação Jesus desceu ao inferno e foi trabalhar. Ele nem teve tempo de ficar triste.

A grande verdade é que se você reparar em toda a missão Jesus Cristo, ele nunca ficou triste. Nunca parou para lamentar-se durante a sua missão. Falava uma coisa, se ninguém entendia o que estava fazendo ou dizendo, não perdia tempo lamentando-se: partia logo para nova missão. Nunca perdia tempo para lamentar-se porque falava ou mostrava coisas que as pessoas não entendiam.

Participante: a não ser quando pede ao Pai que afaste o cálice ou quando pergunta porque me abandonastes ...

Sim, esses acontecimentos ocorreram, mas que foram vividos sem tristezas. O que existe é uma constatação: ‘Pai, afasta de mim este cálice, mas se não for possível que seja feita a vossa vontade’.

Voltando à sua pergunta original, no final dela você fala algo interessante: ‘será que esta paz de espírito não é um modo de simbolizar que podemos cumprir nossa missão com todas as adversidades’? Sim, o estado de espírito de Cristo na hora da crucificação simboliza o que você precisa vivenciar quando tiver adversidades.

Deixe-me só lembrar: quem está sofrendo não vai se preocupar em responder ao marginal que está ao lado dele e dizer que ainda hoje ele estará no reino do céu, como Cristo fez. Isso é uma coisa que estava na missão Cristo, mas pode não estar na sua. Portanto, não se preocupe com as ações, mas com o estado de espírito que Cristo viveu.

Preocupe-se com a tranquilidade, com a harmonia, com o não sofrimento que o Cristo viveu, pois ele simboliza o que você tem que realizar na hora das suas crucificações.

Participante: desde pequeno na escola nunca me preocupei com o que os padres falavam, mas sim com meus sentimentos. Estudei onze anos numa escola marista, onde usava batina e tudo...

Pobre coitado. Eu não queria estudar lá nem um dia. Não porque seja ruim, mas porque ali não se forma seres espirituais, mas se condiciona o pensamento para ser dirigido pela santa madre igreja.

Participante: mas, já que nada acontece por acaso, isso não faz parte do carma?

Claro que sim. Estou dizendo que não queria, mas se tiver que ir, eu vou. ‘Pai afasta de mim este cálice, mas se não for possível que seja feita a vossa vontade’.

Por isso digo que você não deve ficar agora acusando os padres de nada, pois foi o seu carma.

Participante: voltando ao caso de Jesus, acho que ele veio preparado para esta vivência que o senhor falou.

Claro, mas você também veio. Se está na carne, é porque está preparada para isso.

Veja, se acredita que não veio preparada, você está me dizendo: ‘eu estava muito faceira no céu e alguém me deu um chute e me jogou na carne’. Isso é mentira. Você estava preparada para viver isso e por isso pediu a encarnação. E por estar preparada entrou numa fila esperando a sua hora de encarnação.

Sim, Jesus Cristo estava preparado para a vida dele, mas você está preparada para a sua. Lembre-se: Deus não dá a cruz mais pesada que você possa carregar.

Participante: condicionamento mental puro, eu acho impossível o ser humano conseguir ...

Isso já é um condicionamento mental.

Participante: achar que não consegue?

Dizer que é impossível o ser humano conseguir.

Deixe-me relembrar algo. Chico Xavier foi um ser humano e conseguiu. Madre Teresa de Calcutá foi ser humano e conseguiu. Francisco de Assis foi ser humano e também conseguiu.

Aí você, por estar condicionada, me dirá: esses foram elevados ... Não, esses se elevaram. É o que já me perguntaram anteriormente: Chico Xavier ou Madre Teresa vieram preparados para conseguir? Eu respondi, sim, mas você também.

Agora, se declararmos que somos meros seres humanos e que eles são elevados, sem entender que eles se elevaram nessa encarnação, estaremos simplesmente mistificando o mundo espiritual. Todos que vêm à carne estão preparados para atingir a sua perfeição. Para atingir aquilo que se propuseram alcançar antes da vida carnal.

Se você está tendo a oportunidade de entrar em contato com este tipo de ensinamento é porque estava preparada antes da encarnação para ele. Se não estivesse, jamais estaria aqui. Estaria na igreja católica ou na evangélica, porque estava preparada para aquilo e não para isso.

Participante: até acho possível nos condicionarmos mentalmente, mas só em conjunto com o trabalho espiritual e emocional.

Participante: Chico Xavier conseguiu junto com a espiritualidade e não através de um condicionamento mental puro.

Sim, Chico Xavier conseguiu junto com a espiritualidade, mas eu lhe pergunto: quem está do lado dele que não está ao seu lado?

Todos nós temos nossos guardiões. Temos nossos mentores, nossos mestres e anjos da guarda, mas não os buscamos. Viramos de costas para eles lutando para que nesta vida aconteça o que queremos, para que os outros sejam aquilo que desejamos que sejam, para que nossas verdades prevaleçam sobre a dos outros.

Então, veja, tudo que vocês alegarem será inútil, pois Deus seria injusto se desse a Chico Xavier alguma condição a mais que não dá a vocês. O que vocês, como humanos que são, estão fazendo, é justificar a prisão aos conceitos. Estamos justificando a nossa omissão, a indolência espiritual.

Tudo que vocês falaram são justificativas, pois a verdade é que o universo é igual para todos, pois Deus não pode dar mais a um do que a outro. Portanto, se Chico Xavier fez, isso aconteceu porque ele fez. Ele fez com a ajuda dos espíritos? Sim, pois sem a ajuda dos espíritos vocês não conseguem nada. Mas, isso não foi privilégio dele, pois vocês também têm esta ajuda à disposição para fazerem.

Participante: estou colocando o condicionamento mental junto com outras coisas: espírito, evolução, etc. O que o senhor acha?

Nós estamos debatendo sobre um condicionamento mental, mas na verdade o que teríamos que criar era um condicionamento sentimental, ou seja, você se condicionar a usar apenas o amor. Mas, infelizmente, o sentimento para vocês é algo inconsciente. Vocês não sabem o que é o amor, não sabem amar.

Portanto, como o pensamento, raciocínio, é uma decorrência do sentimento, na hora que você condiciona o pensamento estará conseguindo condicionar o sentimento. Por isso, quando falo em condicionar a mente, estou falando em condicionar o pensamento para que ele reflita um sentimento condicionado, o sentimento de amor puro.

Participante: não consigo separar a mente do espírito e da emoção.

Mas, isso não se separa. Mente e espírito, para vocês, são a mesma coisa. Sentimento é a ação do espírito, por isso é o reconhecimento do que o espírito está vivendo.

Você não consegue separar estas coisas, porque elas, no nível de vocês, são inseparáveis.

Participante: mas, você consegue identificar a ação do ego?

Nem sempre. Na maioria das vezes é identificável, mas você não consegue identificar. Porque? Porque você pensa que é o ego.

Então, quando falo em condicionamento da mente, estou falando em condicionamento para lutar contra a ação do ego. O ego diz eu quero e você diz não preciso. O ego diz que gostaria, você diz: não é necessário. É isso que estou querendo dizer.

Este é o trabalho da evolução espiritual: libertar-se do ego. Para isso é preciso condicionar-se a combater o ego, a ação intencional.

É por meio de Cristo que todos nós, judeus e não judeus, podemos ir, em um só Espírito, até a presença do Pai.

Portanto, vocês, os não judeus, não são mais estrangeiros nem estranhos. Agora vocês são cidadãos que pertencem ao povo de Deus e são membros da família dele. Vocês são como um edifício e estão colocados sobre o alicerce que os apóstolos e os profetas puseram. E o próprio Cristo Jesus é a pedra fundamental desse edifício. É ele quem mantém o edifício todo bem ajustado e o faz crescer como templo dedicado ao Senhor. Assim também vocês, unidos com Cristo, são construídos, junto com os outros, para se tornarem uma casa onde Deus vive por meio do seu Espírito. (Capítulo 2 – versículos 18 a 22)

Reparem no que Paulo fala: são construídos.

Vocês não se constroem, são construídos por Deus. Ou seja, o que vocês chamam de destino é algo tecido passo a passo no sentido da construção do edifício da elevação espiritual.

Cada momento da sua existência é um tijolinho criado por Deus para que se construa a sua casa na terra do Senhor. Mas, não é você que manuseia o tijolo, mas sim Deus. Não é você quem cria a situação, é Deus quem faz isso. Por isso não se pode dizer que é o outro que age, mas sim que o Senhor utiliza o outro como instrumento da ação.

A você cabe apenas assentá-lo ou não. Como se faz isso? Quem vive cada momento da sua vida em comunhão com o Pai, vive cada momento da existência com paz, amor e felicidade, como Cristo ensinou, assenta o tijolo. Quando vivencia o momento no egoísmo, querendo o prazer, a satisfação de ver suas posses, paixões e desejos contentados, joga fora o tijolo feito por Deus.

É isso que Paulo está nos ensinando quando fala que a sua casa espiritual é construída e não que é feita por você.

Vida cristã - Estudo da carta aos Efésios

Trabalho de Paulo entre os não judeus

Por essa razão, eu, Paulo, que sou prisioneiro de Cristo Jesus por amor a vocês, os não judeus, oro a Deus. Com certeza já sabem que Deus na sua graça me deu esse trabalho para o bem de vocês. Deus mostrou seu plano secreto e me fez conhece-lo. (Capítulo 3 – versículos 01 a 03)

Deus mostrou o plano secreto a Paulo e o fez conhece-lo. Para que fez isso? Para que o Senhor fez isso com Paulo? Porque revelou-se a ele? Porque ensinou a este apóstolo?

O próprio Paulo diz antes: por causa de vocês. Não é por causa dele, não é pelo merecimento de Paulo nem para que os ensinamentos sejam úteis a ele, mas para que o apóstolo possa servir ao próximo.

Desde o início de nossos estudos venho dizendo: quem busca a elevação espiritual para si, com a intenção de ganhar alguma coisa, não consegue chegar a lugar algum. Toda a mensagem que Deus lhes revela é para servir ao próximo e com isso se elevar e não apenas para que você ganhe alguma coisa.

Os ensinamentos não existem para que você os compreenda e com isso ganhe paz, mas para que saiba como dar paz aos outros. Não é para compreendê-los e da compreensão tirar a sua felicidade, mas para dar felicidade aos outros.

Os ensinamentos não são para que você ganhe, mas para que saiba como lidar com os outros. Eles não existem para que entenda a sua vida (como age, para que age, porque age), mas para que possa agir auxiliando o próximo.

Essa parte dos ensinamentos de Paulo é muito importante e reforça algo que digo há muito tempo: enquanto vierem aqui me ouvir buscando receber individualmente nada conseguirão. Isso porque Deus não vai revelar-se à vocês que vivem assim.

Saibam que Deus jamais se revelará àquele que espera ganhar alguma coisa com a aproximação do Pai. Por isso, a transmissão dos ensinamentos jamais tem a intenção de que cada um consiga uma vitória individual. Se isso pudesse ser feito, ainda haveria a possibilidade de se estar dando a alguém o que ele não merece.

Na verdade tudo o que vocês aprendem junto a mim é um trabalho mental interior para agir interiormente, não em atos, mas junto ao pensamento que fala do mundo exterior. É um trabalho não para que justifiquem a agressão ao próximo, mas simplesmente para que não tenham raiva dos outros. É um trabalho não para justificar o que o outro faz, mas amar o que aconteceu.

É isso que estamos ensinando desde o início. Agimos assim porque o que é preciso fazer para se conseguir a elevação espiritual é amar e servir ao próximo.

Se hoje você aprendeu que Deus é a Causa Primária de todas as coisas e que por isso ninguém faz nada, é necessário, para que obtenha a elevação espiritual, colocar esse ensinamento para criar consciência sobre coisas do mundo externo, ao invés de ficar simplesmente justificando a si mesmo. O ensinamento deve ser usado para gerar uma consciência que faça o ser amar o próximo e não que faça com que os outros o ame.

É o resultado, a ação da cultura que pode levar a elevação espiritual, que pode lhe levar a receber a aproximação de Deus, e não a própria cultura. Se a cultura, as informações, o aprender, fossem a base da elevação espiritual, Cristo teria sido professor ou editor de livro. Ele editaria os livros com os ensinamentos e daria a todos. Mas, não é isso que ele fez e por isso posso afirmar que não é isso que faz o ser aproximar-se de Deus.

Não se trata de conhecer para si, mas agir junto ao que é pensado usando o que está aprendendo. Só assim se pode servir ao próximo.

(Eu escrevi isso em poucas palavras e, se vocês lerem o que escrevi, poderão saber como entendendo o segredo de Cristo). (Capítulo 3 – versículos 03 e 04)

Como será que Paulo entende o segredo de Cristo? Como uma oportunidade de serviço ao próximo.

Este é o segredo do plano de Deus para os espíritos. A sua vida humana não é para ser vivida no eu, mas uma oportunidade de servir ao próximo, viver para o outro. Você não participa dos momentos para ser servido, mas para servir. Não participa de estudo para se elevar individualmente, mas para servir ao próximo.

É isso que Paulo está nos dizendo; é o segredo que ele aprendeu. Aprendeu que tudo que recebeu nesta vida não foi para ele individualmente, mas um instrumento que Deus criou para que servisse ao próximo.

Quem vai a igreja buscando para si, buscando de uma forma individual, nada consegue. Para poder receber algo, espiritualmente falando, é preciso que se frequente o culto com o objetivo de servir ao próximo. A frequência em lugares religiosos deve ser feita não para cada um ganhar, mas para se juntar a uma corrente e com isso fortalecer aqueles que estão ou não na igreja.

Só que vocês vão a estes lugares pedirem para si mesmos: ‘Deus, meu Pai, liberte-me deste vício’. Liberte-me do desemprego, do câncer, etc. Espiritualmente falando, jamais receberão nada por ações deste tipo. Só merecerá desde que sirva ao próximo.

Isso é o que Paulo entendeu e é o que conduz o seu trabalho.

É por isso que há mais de cinco anos venho falando para vocês: parem de querer compreender o que digo, parem de formar cultura com o que falo e comecem a colocar os ensinamentos em prática. Comecem a amar o mundo, sem prazeres ou sem depender de qualquer coisa. Comecem a amar o mundo sem dizer que esse ou aquele estão errados. Todos estão sempre certos, todos são perfeitos.

Participante: eu costumava fazer numa gira um trabalho de doação de energia. Qual o valor dele pelo seu lado espiritual?

A ação em si não tem valor algum espiritual. Vou colocar melhor ...

Você ir a um centro realizar qualquer trabalho, para a vida espiritual, para a sua existência eterna, não possui valor algum. O que determinará o valor do que acontece é a intenção ao praticar o ato e não ele mesmo. Vou explicar isso.

Se comparece a uma gira para fazer uma doação esperando receber posteriormente ou esperando determinados resultados, mesmo que seja que quem está doando receba o que é doado, praticará a ação, mas para você, espiritualmente falando, isso não valerá de nada. Isso porque o ato que praticou foi feito com uma intenção individual e não para serviço ao próximo.

Agora, digamos que vá ao centro, pratique seu ato, faça a sua doação sem esperar nada em troca, sem querer nada, fazer simplesmente por fazer, isso é um ato espiritual que nos auxilia no merecimento no sentido da aproximação de Deus.

Pelo que pode se observar do que acabei de dizer, fica bem claro, então, que não podemos nos prender apenas aos atos que são feitos, ou seja, sentir-se melhor do que outro por fazer essa ou aquela ação. Dizer que é melhor porque vai à igreja ou porque frequenta e trabalha num centro espírita. Não, de nada adianta essas frequências, se ainda se busca para si mesmo, se ainda se espera conquistas individuais.

Só quando você vai a algum lugar sem intenção individualista alguma, ou seja, dentro do sentido estrito da doação ao próximo, aí pode receber alguma coisa, espiritualmente falando.

Participante: e o outro que está recebendo pode fazer com a doação?

Muita coisa ou nada; vai depender de cada um. Vou tentar explicar isso ...

A escolha sentimental, que é a única ação espiritual que vocês fazem, é sugestionada pela quantidade de determinado sentimento que cada ser possua. Vou dar um exemplo para isso ficar mais claro. Digamos que um ser tenha muita raiva dentro de si. Por este motivo ele tem a propensão de escolher raiva face a alguns acontecimentos do mundo humano.

Só que todos os seres universais possuem o livre arbítrio: podem escolher o sentimento que quiserem. Ao fazer esta escolha, não optam obrigatoriamente por aquele que possuem em maior quantidade. Por exemplo: um espírito pode ter dentro de si noventa e nove por cento de amor e apenas um por cento de outros sentimentos e, se quiser, escolher esse um por cento. Fazendo isso, nada pode mudar esta escolha.

Quando se doa amor para essa pessoa, aumenta-se a quantidade dele dentro do outro, o que poderá facilitar a escolha desse sentimento. Agora, se o ser que receber a sua doação não quiser usar o amor, nada pode obriga-lo a isso.

Por isso disse que quem está recebendo a doação pode ou não fazer alguma coisa com ela. Você doa, mas se ele não quiser usar, de nada valerá o que foi recebido.

De tudo isso tira-se mais uma conclusão: o trabalho de doação deve ser o de dar sem esperar, inclusive, que o outro use o que recebeu. O seu trabalho deve ser feito no sentido de elevar o amor que exista dentro do outro para que haja um equilíbrio de forças que leve aquele ser a aumentar a probabilidade de escolher amor. Só que há mais um detalhe que quero abordar a esse respeito.

Quando um ser escolhe uma emoção, ele mesmo se auto energiza com ela. Cada vez que o ser gasta um sentimento, recupera do universo o mesmo. Digamos que um ser ame durante um acontecimento da vida humana. No momento que estiver amando, estará recebendo mais desta energia do universo.

Portanto, quando você ajuda o próximo dando mais amor, está ampliando a chance dele amar. Com isso, está aumentando a chance dele posteriormente se auto energizar com mais amor. Mas, de qualquer maneira, tudo depende dele, do seu livre arbítrio sentimental.

Participante: então é válido continuar fazendo esta prática? Digo isso porque este ano não participei da gira. Devo ir mais vezes lá?

Não, não deve ir: simplesmente vá. Vá, mas sem obrigação alguma.

Não vá por obrigação, mas por amor. Vá para auxiliar o próximo e não para fazer o trabalho. Estou falando de coisas diferentes e a diferença entre elas está vinculada a questão da intencionalidade que falei. Portanto, apenas vá.

Agora, se este trabalho é válido ou não, eu lhe digo que os seres fora da carne não fazem outra coisa a não ser tentar energizar vocês. Não fazem mais nada do que tentar equilibrá-los, através da energização constante. Fazem isso sem interferir no livre arbítrio de vocês: deixam escolher o sentimento que querem.

Então, se essa é a ação do espírito fora da carne, também deve ser a sua. Aliás, não deveria ser outra. Agora, repito: só não faça por obrigação ou esperando ganhar alguma coisa. Faça por amor.

No passado esse segredo não foi mostrado à humanidade, mas agora Deus o revelou pelo seu Espírito aos seus santos apóstolos e profetas. O segredo é este: por meio do evangelho os não judeus têm parte com os judeus nas bênçãos divinas. Eles são membros do mesmo corpo e participam da promessa que Deus fez por meio de Cristo Jesus. (Capítulo 3 – versículos 5 e 6)

Através do evangelho ... O que é o evangelho? O acordo de Deus com a humanidade através de Cristo.

Se você seguir o que Cristo fez receberá o que ele recebeu. Este é o significado do acordo de Deus.

Agora, este acordo não é específico para um povo nem uma raça, mas para toda a humanidade. Portanto, todos os seres encarnados fazem parte do acordo de Deus com os seus filhos, os espíritos.

Aliás, Deus vive fazendo acordo com os espíritos. Fez através de Noé, de Abraão, de cristo, de Buda, de Krishna e de todos os mestres.

Eu fui colocado como servo do evangelho, pelo dom especial de Deus, que Ele me deu por meio do seu grande poder. Eu sou o menor de todos que pertencem a Deus. Porém Deus me deu este privilégio de anunciar aos não judeus a Boa notícia das imensas riquezas de Cristo. E também me deu o privilégio de fazer que todos vejam como funciona o plano secreto de Deus. (Capítulo 3 – versículo 7 a 9)

Qual a riqueza de Cristo que Paulo mostra a todos? Os ensinamentos. A riqueza de Cristo é a sua vida, o conjunto dos seus ensinamentos.

Agora, qual o plano secreto de Deus para o espírito? A vida carnal, a encarnação. Esse é o plano secreto de Deus para cada um dos seus filhos.

Participante: seria o livro da vida?

Acho que não, porque o livro da vida é uma decorrência da existência da encarnação. O plano secreto de Deus é a própria encarnação e não o que ela contém.

É secreto para aqueles que estão encarnados, porque imaginam que a encarnação é uma vida, mas como já vimos, ela é uma ilusão. O ser vive num mundo ilusório onde ocorrem acontecimentos ilusórios, onde acha diversas coisas, mas nada do que vê, pega, ouve, toca ou sente é real.

Tudo é ilusão: faz parte do plano de Deus. Ou melhor: faz parte do programa de computador que Deus criou para os espíritos viverem essa ilusão.

Porque ele, que criou tudo, guardou o seu segredo em todos os tempos. E foi assim para que agora, por meio da Igreja, as autoridades e os poderes angélicos do mundo celestial conheçam a sabedoria de Deus em todas as suas formas. (Capítulo 3 – versículos 9 e 10)

Paulo fala assim porque há espíritos fora da carne que acham que a vida material é uma vida, que as coisas daqui são reais. Por isso o apóstolo está falando que esse segredo foi mostrado também aos angélicos, ou seja aos espíritos fora da carne.

A revelação de Cristo é exatamente essa: tudo neste mundo é ilusão. Por causa disso, pode viver com amor, com felicidade, se compreender que tudo que busca para si mesmo é uma ilusão, não existe.

Deus fez isso de acordo com o seu eterno propósito, que ele contemplou por meio de Cristo Jesus, o nosso Senhor. (Capítulo 3 – versículo 11)

Qual o eterno propósito de Deus? Para que Deus vive?

Participante: para criar espíritos.

Não. Ele não vive apenas para gerar espíritos. Ele não é um Pai desnaturado que apenas gera e depois deixa o rebento se virar sozinho.

Qual o propósito de Deus?

Participante: que o ser ame o tempo inteiro.

Não, Deus não está preocupado com o amor por ele mesmo. Por isso o propósito Dele não é o amor em si mesmo.

Participante: o trabalho de reforma íntima de cada ser.

Nem isso é o propósito de Deus.

O que Ele objetiva é que o universo esteja em perfeita harmonia o tempo inteiro e que cada um dos seus filhos evolua e viva harmonicamente. Este é o propósito de Deus.

Ele criou o universo, todas as galáxias, todos os planetas e todas as vidas do universo com o sentido único de estabelecer um sistema equilibrado onde cada espírito, por uso do seu livre arbítrio, opte em conviver harmonicamente com o outro e que tenha a paz e a felicidade. Esse é o objetivo de Deus. É para isso que Ele vive. É isso que faz o tempo inteiro.

É por isso que Ele gera espíritos. É por isso que Ele é a Causa Primária das coisas, pois se não fosse, não haveria equilíbrio.

Esse é o propósito de Deus e quando vivemos dentro da nossa individualidade, dentro do nosso individualismo acusando erros no universo, estamos afirmando que não é este o propósito de Deus. Dizemos que o universo é o caos, que é uma bagunça. Só que se as coisas deste mundo é uma bagunça e se o Pai só existe para manter a harmonia, teria que pensar que Ele perdeu o comando das coisas deste planeta.

Só que isso não é verdade. Como já estudamos anteriormente, um ato praticado aqui, se não comandado por uma Causa Primária, causaria reflexos até em Plutão. Por isso não podemos imaginar que Ele tenha perdido o controle, deixado de ser a Causa Primária das coisas, das coisas deste planeta, pois se assim fosse, Ele teria perdido o controle de o universo. Se isso acontecesse, o universo estaria desequilibrado e por isso s desintegraria.

Como o universo está equilibrado, todos os planetas estão no lugar certo nem há guerra interplanetária, começamos a compreender que Deus está no comando. Se isso é real, não há nada errado.

É só raciocinar além da vida material que compreendemos o que Paulo está nos ensinando. O problema é que vocês vivem só no micro.

Hoje aqui, por exemplo existem pessoas de três cidades diferentes. Cada grupo vive apenas o seu próprio local de residência, a cidade onde mora, ou seja, pouco conhece da totalidade do mundo, mas mesmo assim nenhum de vocês abre mão de dizer que conhecem o mundo inteiro, que sabem como as coisas podem ser certas ou erradas.

Como podem dizer que conhecem todas as coisas, se raramente deixaram suas cidades? Apesar disso acham que conhecem, acham que sabem quais as coisas são certas neste mundo e que por isso todos têm que se submete; acham que conhecem o que cada um deve fazer em cada caso; acham que sabem quando o outro está agindo errado. O que estou querendo dizer é que apesar de conhecerem apenas um mundo micro, vocês se acham capazes de gerar a norma que determine o que todos os outros seres do mundo devem fazer, ou seja, o certo.

Só que vocês não conhecem o mundo inteiro, nem irão conhecer. Como, então, querem ser o gerador das normas que determinam o certo e o errado, o bom e o mal, o bonito e o feio?

Entendam que não conhecem e nem jamais saberão o que se passa pelo mundo. Por isso, não dá para que vocês tenham uma visão global das coisas. Na verdade, não conseguem saber o que está acontecendo no quarto ao lado, que dirá imaginarem-se com o poder de determinar o que pode ou não ser feito, o que é bonito ou não.

É isso que o ser humanizado precisa cair na realidade. Ele precisa se conscientizar da sua incompetência de governar o mundo. Afirmo isso porque na hora que conseguir vivenciar esta consciência, o ser pode se mudar. Mas, enquanto se imaginar competente para governar o mundo, para ditar as normas de certo e errado, o ser irá querer governa-lo, porque este anseio é inerente ao ser ligado à humanidade.

Isso ficou claro?

E unidos com Cristo, por meio da nossa fé nele, nós temos a liberdade de entrar com toda confiança na presença de Deus. Portanto, não se desanimem por eu estar sofrendo por vocês, pois tudo isso que está acontecendo é honra para vocês. (Capítulo 3 – versículos 12 e 13)

Unidos em Cristo, podemos chegar a Deus.

Unir-se com Cristo não é usar crucifixo no pescoço, não é ir para a igreja rezar, não é fazer novena. Unir-se em Cristo é viver com a consciência crística, viver com os mesmos valores que o mestre viveu a sua vida carnal.

Vida cristã - Estudo da carta aos Efésios

O amor de Cristo

Por essa razão, eu me ajoelho diante do Pai, de quem todas as famílias no céu e na terra recebem o seu verdadeiro nome. (Capítulo 3 – versículos 14 e 15)

De quem você recebe o verdadeiro nome? De Deus. O que será que Paulo está querendo dizer com isso?

Participante: que não somos o nome que recebemos nesta encarnação. Está querendo dizer que eu não sou Maria nem ele José.

O nome não é esse. Isso é o seu prenome.

Participante: acho que ele está querendo dizer que somos todos filhos de um único Pai.

Sim, ele está querendo dizer que todos pertencemos a um mesmo ramo familiar, a uma mesma família. Está afirmando que no universo todos possuem um único sobrenome, pois todos somos da mesma família.

Apesar disso, vocês querem cultuar as suas famílias humanas. Querem defender a honra familiar contra aqueles que neste mundo possuem outros sobrenomes. Não veem, mas com isso estão criando núcleos familiares distintos do único ramos familiar que existe.

Não importa qual o seu sobrenome, o último nome de cada um é Deus. Só existe uma única família no universo: a família divina.

É isso que Paulo está nos ensinando. Quando ele fala que todas as famílias possuem o mesmo sobrenome, ou seja, todas as famílias individuais do planeta pertencem a família universal de Deus, está nos dizendo que devemos abandonar esta ideia e nos integrarmos ao nosso verdadeiro clã.

Portanto, você querer separar a sua família humana da universal é uma desonra para você.

E peço a Deus que, da riqueza da sua glória, dê a vocês o poder por meio do seu Espírito, para que sejam fortes no íntimo de vocês mesmos. Peço também que, por meio da fé, Cristo viva nos seus corações. E oro para que vocês com raízes e alicerces profundos no amor, compreendam bem, junto com todo o povo de Deus, o amor de Cristo em toda a sua largura, comprimento, altura e profundidade. (Capítulo 3 – versículos 16 a 18)

Vejam que beleza esta afirmação de Paulo: vocês são incapazes de conhecer bem o amor de Cristo. Por isso pede a Deus que lhes instrua sobre este amor.

Para vocês, o amor de Cristo é servidão. Imaginam que apenas porque o mestre lhes ama deve lhes servir atendendo a tudo que desejam. Só que o apóstolo diz antes: ‘peço também que, por meio da fé, Cristo viva nos seus corações’.

Quando Paulo nos falou isso quis dizer que os seres só compreenderão o amor de Cristo quando tiverem a fé, quando tiverem confiança e entrega absoluta a Deus. Enquanto isso não existir, é impossível se compreender o amor de Cristo.

Digo isso porque o amor de Cristo não é aquele que objetiva lhe satisfazer, mas é o real, o puro, o sublime. É aquele que não se preocupa em satisfazer as vontades do outro, mas sim em auxiliar a todos na sua evolução espiritual, no processo de universalização, em aproximar cada um de Deus.

Para entender isso, é preciso que haja a fé, ou seja, que o ser mesmo que ainda queira algo, não se entregue ao querer individual. Melhor era não querer, mas se ainda há vontade, o ser não deve se entregar a ele. Só assim, ele pode compreender o amor de Cristo.

Quem tiver a fé verá no assaltante que entra na sua casa, no seio da sua família humana, o amor de Cristo. Compreenderá que ele não é um intruso que está atacando a sua família, mas alguém que pertence ao mesmo ramo familiar que você e que por isso também é dono daquilo que ele pegou para si.

Verá no ataque à sua individualidade, na injustiça, o amor de Cristo. Isso porque compreenderá que não há ataques, mas uma nova oportunidade de aproximar-se de Deus, de elevar-se espiritualmente.

Sim, peço que vocês venham a conhecer o seu amor, ainda que ele não possa ser completamente conhecido, para que assim o próprio Deus encha o nosso ser. (Capítulo 3 – versículo 19)

Paulo fala que precisamos conhecer realmente o amor de Cristo, mas logo depois nos alerta: apesar de buscar esta compreensão, o ser não irá compreender completamente este amor.

O que Paulo está nos falando é que o ser encarnado jamais conhecerá na profundidade os seus carmas. Jamais compreenderá, por exemplo, o amor de Cristo que manda o bandido entrar na sua casa. Ele diz isso porque o ser humanizado quer saber para poder amar.

Sendo assim, ele irá querer saber porque mereceu que aquilo acontecesse, o que fez antes para agora ter que viver esta situação. Essas resposta, nesta vida, ele jamais terá. Por isso, não conseguirá, enquanto encarnado, conhecer em profundidade o amor de Cristo.

É isso que Paulo está nos ensinando. Ele espera que o ser humanizado compreenda o amor de Cristo, mesmo sabendo que jamais terá a compreensão plena. Com isso ele está nos alertando que devemos nos sentir amado mesmo sem conhecer o porquê das coisas, o para que, o como, quando ou o que fiz. Simplesmente se sinta amado por Cristo e Deus sem compreender a motivação que levou o amor a se expressar daquela forma.

Sei que muitos imaginam que são capazes de descobrir a lógica que levou a vivenciar determinadas coisas. Por exemplo: algumas pessoas imaginam que perderam a mão nesta vida porque em outra tirou o braço de alguém. Só que essa lógica é ilógica, porque é apenas humana e não divina, já que é gerada pela mente.

Lembremo-nos do que Paulo já nos ensinou: Deus não deixa o homem conhece-Lo através da sua lógica Por isso o apóstolo fala que é importante que o ser não compreenda totalmente o amor de Cristo para que Deus lhe encha mais. Se o ser conhecesse a lógica, soubesse o porquê das coisas, seria ela que iria lhe encher e não o amor de Deus.

Além do mais, quando não se tem lógica, o que se tem? A fé, que é o que Paulo diz que é o instrumento para se viver o amor de Cristo.

A lógica humana é a comprovação material, o saber, a cultura. Quando o ser sabe porque as coisas aconteceram, é este saber que lhe dirige a ação é não a fé. Não há exercício da fé quando se usa a lógica. Como Deus dá de acordo com o exercício da fé, como ensinou Cristo – ‘foi sua fé que lhe curou – se o ser soubesse o porquê e para das coisas que acontecem na vida humana, dentro da lógica divina, ele nada poderia receber.

Por isso, a ausência de conhecimento do porquê e para que das coisas é o único instrumento que pode fazer Deus lhe dar tudo o que Ele prometeu.

Participante: engraçado que o senhor já vem nos falando isso há algum tempo, mas nunca esperei encontrar essas coisas na Bíblia.

Vou lhe dizer uma coisa: isso já falamos também no estudo do Evangelho de Tomé. O problema é que como falamos muitas coisas, o que vai sendo dito vai sendo esquecido. Agora, na verdade, nunca falamos nada diferente do que está nos livros sagrados. Não podemos falar coisas diferentes porque a mensagem é uma só.

Você me diz agora que nunca pensou encontrar o que falamos na Bíblia, mas vive esta surpresa porque não sabe que a Bíblia é a base de tudo. O problema não é este livro, mas não saber lê-lo.

Os seres humanizados não sabem ler a Bíblia porque não juntam todos os pedacinhos dela. O que estamos fazendo é esta junção.

As pessoas leem apenas olhando o que está na sua frente naquele momento. Se prendem apenas às palavras que se apresentam naquele momento. Não juntam o que estão lendo agora com as mensagens anteriores que já foram divulgadas.

Na verdade, falta uma coisa para que a humanidade aprenda a ler Bíblia: a busca espiritual. O problema é que a maioria busca neste livro a satisfação humana, o prazer, a satisfação dos seus anseios materiais. Por isso gera uma interpretação nos ensinamentos aqui presentes para poder ter este prazer.

É a ilusão que Krishna fala. É querer através do ensinamento de Deus conseguir a felicidade material.

Portanto, se juntar todos os ensinamentos, se costura-los usando como linha o amor universal, o anseio de aproximar-se do Pai, entenderá de uma forma. Mas, se for buscar nela ciência, cultura ou promessas de benefícios para esta vida, encontrará coisas diferentes.

E agora glória seja dada a Deus, que, por meio do seu poder que age em nós, pode fazer muito mais do que pedimos ou pensamos. Glória a Deus por meio da Igreja e de Cristo Jesus, por todos os tempos e para sempre. Amém! (Capítulo 3 – versículos 20 e 21)

Com as graças de Deus.

Vida cristã - Estudo da carta aos Efésios

A unidade do corpo de Cristo

Por isso eu, que sou prisioneiro porque sirvo ao Senhor Jesus Cristo, peço a vocês que vivam daquela maneira digna que Deus determinou quando os chamou. Sejam sempre humildes, delicados e pacientes. Mostrem o seu amor, suportando uns aos outros. Façam o possível para conservar, por meio da paz que os une, a união que o Espírito dá. Há um só corpo e um só Espírito e somente uma esperança, para a qual Deus chamou vocês. (Capítulo 4 – versículos 01 a 05)

Há um só corpo. O que quer dizer isso? Que existe um só ensinamento.

O corpo doutrinário de Cristo, seus ensinamentos, são baseados em apenas uma só coisa. Em que se baseia o corpo doutrinário de Cristo? Viva essa vida amando a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo para que tenha a felicidade universal, para que alcance a ressurreição, em vida humana ou fora dela.

Esse é o corpo doutrinário de Cristo. É o único corpo do mestre. Não se pode adulterar isso sob pena de estar colocando uma cabeça num corpo que não lhe pertence. Não se pode adulterar este sentido sem que se altere o resultado que será alcançado.

Voltamos a falar do que sobre o que estávamos conversando agora há pouco. Paulo volta a falar daqueles que leem os ensinamentos de Cristo, que buscam o mestre, com o objetivo de ter felicidade material, prazer, satisfação, nesta vida.

‘Cristo que me proteja, que não deixe nada de mal me acontecer’. As pessoas buscam o mestre apenas receber nesta vida, enquanto que a mensagem dele é completamente diferente. Ele diz que o ser deve abrir mão disso – ‘não se serve dois senhores ao mesmo tempo’ – para poder gozar o bem celeste. Este gozo não se dará quando o ser sair da carne, mas quando renascer na própria carne – ‘em verdade vos digo, quem não nascer de novo não verá a Deus’.

É isso que Paulo está falando quando afirma que existe um só corpo de Cristo: existe só uma mensagem de Cristo. Diz mais: ela precisa ser vivenciada. Para que isso aconteça o apóstolo diz: sejam humildades, pacíficos e amorosos. O que é preciso para ser tudo isso?

Participante: o amor ...

Sim, mas o que é preciso para amar?

Participante: o orai e vigiai ...

Vigiar o que?

Participante: os seus desejos ...

Isso. Vigiar os seus desejos, os seus certos, os errados, os prazeres ...

Em resumo, vá às Bem-Aventuranças que está no início do Evangelho de Mateus (capítulo 5) e veja tudo que é preciso vivenciar para poder se alcançar a felicidade plena, o reino dos céus. Neste conjunto de ensinamentos está o corpo de Cristo, o caminho da consciência crística. Naqueles pequenos itens está todo o mapa de como o ser pode viver em harmonia com universo.

Este é o corpo de Cristo:

Felizes os que sabem que são espiritualmente pobres, pois o Reino do céu é deles.

Felizes os que choram, pois Deus os consolará.

Felizes os humildes, pois receberão o que Deus tem prometido.

Felizes os que têm fome e sede de fazer a vontade de Deus, pois Ele os deixará completamente satisfeitos.

Felizes os que têm misericórdia dos outros, pois Deus terá misericórdia deles também.

Felizes os que têm o coração puro, pois eles verão a Deus.

Felizes os que trabalham pela paz entre as pessoas, pois Deus os tratará como seus filhos.

Felizes os que sofrem perseguição por fazerem a vontade de Deus, pois o reino do céu é deles.

Felizes são vocês quando os insultam, perseguem e dizem todo tipo de calúnia contra vocês por serem meus seguidores. Fiquem alegres e contentes, porque está guardada para vocês uma grande recompensa no céu. Pois foi assim mesmo que perseguiram os profetas que viveram antes de vocês.

Aí está o corpo de Cristo, a estrutura de uma vida vivida com a consciência crística. Toda vida de Cristo foi vivenciada com essa estrutura. Nunca procurou consolo em outro lugar que não em Deus, nunca buscou impor a sua justiça, nunca fugiu dos momentos de insatisfação e nem reagiu quando foi perseguido e caluniado. É por estes motivos que digo que estes são os alicerces de uma vida humana fundamentada na busca da aproximação de Deus.

Nestes ensinamentos, portanto, está a estrutura de uma vida que leva o ser a aproximar-se de Deus, a encontrar o reino do céu. Mais: nos lembremos de Paulo que diz que só existe um único corpo, ou seja, uma única estrutura. Esta está nas bem-aventuranças.

Não adianta os seres humanos querem inovar, criar novas formas de compreender os ensinamentos de Cristo, querer dar outro sentido. Isso não é seguir Cristo, mas criar uma interpretação que satisfaça a si mesmo.

O Sermão do Monte é bem claro: feliz serão vocês quando forem perseguidos. Se isso é verdade, é preciso que nessa vida haja perseguições e críticas. Como, então, usar o ensinamento para aproximar-se de Cristo e pedir que não haja perseguições ou críticas?

Essa é a realidade: o único corpo que existe são as Bem-Aventuranças. Elas são a estrutura de uma vida para aqueles que querem aproximar-se do Pai. Por isso, só quando vocês estruturarem a vida de vocês pela fome e sede de fazer a vontade de Deus, estarão no caminho reto. Estarão buscando a Deus.

Agora, quem pega este ensinamento para buscar o prazer, ou seja, não quer ser perseguido e caluniado, mas apenas fazer sua própria vontade, esse nada encontra no final do túnel.

Há um só Senhor, uma só fé e um só batismo. E há somente um Deus e Pai de todos, que é o Senhor de todos, que age por meio de todos e está em todos.

Cada um de nós recebeu o seu dom especial, de acordo com o que Cristo deu. Como dizem as Sagradas Escrituras: quando ele subiu às alturas, levou muitos prisioneiros e deu dons às pessoas.

Que quer dizer ele subiu? Quer dizer que primeiro desceu aos lugares mais baixos da terra. Assim quem desceu é o mesmo que subiu, acima e além dos céus, para encher todo o universo com a sua presença. (Capítulo 4 – versículos 5 a 10)

Vejam que grande ensinamento: Cristo alcançou a ressureição, mas antes de subir, teve que descer às profundezas da Terra. Teve que viver a vida carnal, teve que passar por encarnações. Teve que passar suas provações.

Cristo teve, mas você não quer tê-las. Não quer abrir mão do desejo, da vontade, das posses e paixões para poder servir ao Pai.

Existe um só Senhor; você não é ele. Existe um só Deus; você não é ele.

Para subir, é preciso descer antes. Portanto, se quer subir, aceite a sua vida, mesmo que ela seja cercada de coisas que você não queira. Para isso, estruture-se a partir dos ensinamentos das Bem-Aventuranças e será erguido ao mais alto céu.

Foi ele quem deu dons às pessoas. Escolheu alguns para serem apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e ainda outros para pastores e mestres da Igreja. Ele fez isso para preparar o povo de Deus para o serviço cristão, a fim de construir o corpo de Cristo. (Capítulo 4 – versículo 11 a 12)

Neste trecho estamos falando das missões. Há espíritos que vêm à carne com missões e eles são ligados a Cristo, porque a governança do planeta é de Cristo.

Sendo assim, aqueles que possuem missões são os determinados por Deus e Cristo. Por isso afirmo que não é o ser humano que deve se arvorar no direito de querer ser.

Desse modo todos nós chegaremos à unidade na nossa fé e no nosso conhecimento do Filho de Deus. (Capítulo 4 – versículo 13)

Todos nós chegaremos à unidade com Deus. Quando? Quando chegarmos ... Quando cada um decidir chegar ...

Com isso respondo mais uma vez uma coisa que as pessoas me falam muito: é impossível fazer o que os mestres ensinam ... Não, não é impossível. Tudo depende da decisão de cada um. Quando cada um decidir chegar, com certeza conseguirá chegar.

Agora, é preciso, antes de qualquer coisa, tomar a decisão de chegar. Mais do que decidir chegar a um ponto, é preciso abrir mão de chegar a outro lugar. O ser humano não pode caminhar em direção a um lugar sem que abra mão de chegar a outro.

Quem pega a estrada que leva a um destino só chegará a esse. Para chegar em outro lugar, é preciso pegar uma nova estrada. Só que quando isso for feito, é preciso abrir mão da que estava. Sem que isso aconteça, sem que o ser deixe de possuir as coisas deste mundo – e é isso que Cristo diz ao moço rico: ‘abandone tudo o que é seu’ – é impossível se chegar a algum lugar no tocante à elevação espiritual

Quem não abrir mão das coisas da sua vida material não conseguirá atingir ao reino do céu.

E assim seremos pessoas maduras, pois cresceremos até alcançar a altura espiritual de Cristo. (Capítulo 4 – versículo 13)

Seremos pessoas maduras. Então, o que somos hoje? Crianças, espiritualmente falando.

Nós não conhecemos nada, não sabemos nada do mundo espiritual, mas queremos dizer a Deus o que está certo de ser feito, o que é justo ou injusto, etc. Será que temos este direito?

Não. É preciso crescer, amadurecer. Aqueles que estão encarnados no planeta Terra precisam deixar de ser crianças ranhetas que choram quando o Pai não dá o brinquedinho desejado.

‘Eu queria tanto isso ...’ Não é assim que vocês fazem? Isso é o que uma criança faz quando não é contentada. O ser maduro, ao invés de chorar porque não tem, diz a si mesmo: ‘sim, eu queria, mas não tenho como comprar. Por isso, vou viver feliz mesmo não tendo’.

Os seres humanos que ocupam o papel de pais nesta vida, querem ensinar as crianças o que eles mesmos não fazem. Isso porque no trato com o seu Pai, Deus, eles agem da mesma forma que condenam nos que ocupam os papéis de filhos.

Isso ficou bem claro? Mas, tem mais um lição importante neste trecho: cada espírito crescerá até a altura de Cristo.

Mais um vez Paulo está falando na existência da evolução espiritual que Kardec só veio trazer recentemente e que muitos dizem que é uma informação nova. Paulo já ensinava isso. Ele dizia que a vida espiritual é um constante progresso, que cada ser progride paulatinamente até alcançar a estatura de um Cristo.

Agora, se isso é verdade para vocês que estão aqui comigo, é também para mais quem?

Participante: para todos ...

Sendo assim, posso, primeiramente, dizer que Cristo também evoluiu. Ele não nasceu do jeito que é hoje. Ele foi avançando paulatinamente até chegar onde está.

O que isso deve dizer à vida de vocês? Que também possuem condições de chegar lá. Cristo não nasceu do jeito que é: ele tornou-se o que é hoje. Por isso vocês podem chegar também.

Outra coisa: entre você e Cristo não existem diferenças, a não ser pelo fato de que ele já se tornou o que é e você ainda não. Você ainda está caminhando; ele já caminhou. Digo isso porque você e Cristo são filhos de Deus e o Pai como é Justiça e Amor não pode fazer um filho melhor do que o outro.

Portanto, você pode amanhã ser um Cristo. Para isso basta o que? Viver a vida carnal como ele viveu. Passar a sua existência carnal dentro da base que conversamos: as bem-aventuranças. Na hora que você estruturar sua vida dentro destas premissas, caminho até tornar-se um Cristo. Isso porque ele é aquele que viveu toda a existência dentro das bem-aventuranças.

Ficou claro isso?

 

Então não seremos mais como crianças, arrastados pelas ondas e empurrados por qualquer vento de ensinamentos de pessoas falsas. (Capítulo 4 – versículo 14)

É preciso falar do que está neste trecho e muito ...

Você me ouve falando e sabe que o que eu digo não é igual ao que os outros ensinam. Por este motivo, o que falo para muitos soa mal, já que o eles querem é conseguir coisas deste mundo, o que sonham é gozar o prazer de ter uma vida sem carências ou contrariedades. Isso é fato, é real, mas pergunto: será que Cristo viveu em busca destas mesmas coisas?

Se ele sonhasse com essas coisas, teria vivido num castelo, já que era o Rei dos Reis, só que foi dormir ao relento. Se sonhasse teria sandálias de ouro, mas andou descalço pelas areias do deserto.

Não sendo, então, o sonho de Cristo, o mestre que você diz que segue, o da busca da satisfação neste mundo, porque você fica buscando religiões que satisfaçam o seu prazer, a sua satisfação, aquela que lhe dê o que quer? É isso que Paulo está falando aqui. Aliás, este é o mesmo ensinamento que Krishna passa: ‘a mente do ser humano vagueia entre as coisas, mas a mente do sábio está fixa em Deus’.

Portanto, volto àquilo que já vimos neste estudo: só existe um corpo, só existe um ensinamento, um ensinamento e uma vida. O resto tudo que é vivido pelo ser humanizado é ilusão. Ele acha que é marido, mulher, homem, filho, mãe, pai, acha que anda de carro ...

Tudo isso é ilusão: acordem!

Estas, por meio de armadilhas, levam os outros por caminhos errados. Ao contrário, falando a verdade com espírito de amor, cresçamos em tudo para alcançarmos a altura espiritual de Cristo, que é a cabeça. (Capítulo 4 – versículos 14 e 15)

Que foi tudo o que fiz nos últimos anos?

O que fizemos em todos os momentos que estivemos juntos foi falar a verdade com amor e não com acusações. Nunca disse que vocês não prestam, que são burros: a única coisa que fiz foi mostrar o modo como vivem e dizer que este não os leva a elevação espiritual, mas sim aquele.

Nós jamais acusamos alguém de alguma coisa. O que fazemos é mostrar como vivem e dizer que esta forma de viver não leva a Deus, mas prende vocês mais a humanidade. Depois disso, mostrei o caminho, a forma de viver, que leva ao Pai e o liberta da humanidade, ou seja, da roda de encarnações deste mundo.

Quando falo como acabei de dizer (acordem!) não estou brigando com vocês. O que estou falando é o seguinte: todas as provas estão aí de que o caminho que estão tomando não leva onde esperam chegar. Quanto mais provas vão exigir?

O que mais querem comprovar se, como acho que imaginam, o ensinamento dos mestres está certo? Os ensinamentos deles são certos: você já chegou a esta conclusão? Porque, então, não começam a praticá-los.

Porque não há o despojamento necessário para isso. Não há o abrir mão do controle sobre as coisas. É isso que está faltando a vocês. Este é o detalhe que está lhes faltando ...

Lembro que outro dia quando falei no abrir mão do controle, uma pessoa me disse que não poderia deixar de forçar o seu filho a ir para a escola porque senão ele não seria nada quando crescesse.

Participante: será como Deus quiser ...

Não, nada será como Deus quiser: tudo será como tem que ser.

Esta pessoa sabe que o futuro a Deus pertence, sabe que tudo acontecerá como está previsto e a partir dos gêneros de provas pedidos pelo espírito antes da encarnação, mas mesmo assim acha que precisa obrigar o filho a frequentar a escola senão ... Senão, o que?

Participante: nós não temos a coragem de enfrentar a sociedade ...

Não tem coragem de enfrentar a vida porque está em busca da fama, do elogio. O ser humanizado não tem coragem de enfrentar o mundo porque isso seria para ele uma derrota, uma perda. Por isso não abre mão de ter o suposto controle sobre as coisas. Só que por mais que imagine estar controlando, na hora h o destino age do jeito que quer.

Participante: eu cheguei a uma conclusão, principalmente depois do estudo de hoje: é muito mais cômodo nos unirmos à multidão, às pessoas e agir como elas, ao invés de querer ser diferente, por mais que vejamos que o caminho está nesta diferença.

Sim, porque isso não lhe leva a culpa, se o futuro não for o que os outros acham o certo de ser.

Participante: não traz culpa nem o trabalho de policiar o pensamento, o sentimento. Isso acontece comigo diariamente. Quantas vezes deixo de me policiar, de me vigiar por simples cansaço de enfrentar o mundo ...

Não acontece só com você, mas com todos. Só que isso pode ser o ponto de partida para uma longa jornada assim como pode ser o fim de uma caminhada. Vou explicar isso.

Se você cai na compreensão que está deixando de se vigiar porque tem medo de enfrentar a sociedade, pergunte-se: onde eu vou parar seguindo este caminho?

Participante: quando chego a este ponto, eu mudo o pensamento e procuro não pensar onde vai dar seguir a multidão.

Mas, você precisa insistir na pergunta: onde dará o caminhar junto com a multidão? Se quer a resposta a essa questão eu lhe dou.

Aquele que caminha com a multidão irá sair da carne e continuar ligado ao mesmo ego de hoje, ou seja, viverá as mesmas coisas que vive agora. Durante esta vivência continuará a sofrer depurações até que possa ser desligado desta personalidade transitória. Depois que isso acontecer, irá novamente estudar junto com os seus mentores até que entrará numa nova fila para encarnação, num novo planejamento de vida. Quando chegar a sua hora, encarnará. Aí terá que viver como bebê aprendendo as coisas deste mundo, como criança e adolescente até chegar à maturidade e aí realizar o trabalho que não fez nesta vida de agora.

Veja como tudo isso é muito mais trabalhoso. Se seguem a multidão por comodismo hoje, na verdade estão arrumando muito mais trabalho para o futuro. É isso que quero que pensem: o preço que pagarão pela omissão de hoje frente a vida.

Na verdade, vocês não vivem do jeito que vivem por maldade, por serem maus. Não fazem para atacar ninguém, mas por omissão.

Participante: eu diria que é um suicídio espiritual.

Perfeito: é um suicídio espiritual achar que se é capaz de viver independente de Deus.

Você achar que faz alguma coisa, que pode separar o bem do mal, que pode mudar o mundo, que pode ditar as regras e normas que os outros devem seguir, é um suicídio espiritual. Sei que vocês criticam o suicida material, aquele que tira a sua própria vida, mas muitas vezes ele tem mais coragem do que muitos que se dizem buscadores de Deus. Isso porque ele enfrentou o desconhecido, enquanto muitos buscadores fogem dele o tempo inteiro. Preferem ficar na comodidade das coisas que conhecem neste mundo.

O suicida age para acabar com a sua vida por conta do quanto sofre. Sei que é uma comparação não perfeita, mas, posso dizer que espiritualmente poderíamos até considera-lo um herói e aqueles que seguem a sociedade humana por simples comodismo como um covarde, já que esses últimos não agem nem para pôr termo a vida nem para reformarem-se. Continuam vivendo o que a vida lhes apresenta sofrendo, dizendo que a vida é uma droga, mas não fazem nada para melhorar isso.

 

 

E o corpo todo debaixo do poder de Cristo fica bem ajustado, e todas as partes ficam ligadas entre si por meio da união de todas elas. Porque, quando cada parte trabalha bem, o corpo todo cresce e se desenvolve por meio do amor. (Capítulo 4 – versículo 16)

Essa é a harmonia que temos falado. Cada um dos espíritos são uma parte do corpo de Cristo, uma parte do universo, uma parte de Deus, por isso é preciso trabalhar harmonicamente para que o todo cresça. Só que, movidos pelo egoísmo, não querem trabalhar neste sentido. Preferem trabalhar no egoísmo.

Trabalham junto a vida para vocês ganharem individualmente e o resto que se dane.

Vida cristã - Estudo da carta aos Efésios

A nova vida em Cristo

Portanto, em nome do Senhor eu digo e insisto no seguinte: não vivam mais como os pagãos, pois os pensamentos deles não têm valor, e as suas mentes estão na escuridão. Eles não participam da vida que Deus dá porque são completamente ignorantes e teimosos. Perderam toda a vergonha e se entregaram completamente aos vícios e a tudo que é indecente. (Capítulo 4 – versículo 17 a 19)

Não é tudo o que falei até agora? Não é uma bela descrição da sua vida? Você é pagão porque não acredita no Deus verdadeiro, mas naquele que cria para si mesmo. A sua mente está na escuridão porque ela não tem Deus, mas só que você acha. Entrega-se aos vícios, que na verdade não é a bebida ou o tóxico, mas o de viver dentro dos seus padrões, do que acha certo.

Não é uma bela descrição da vida que a maioria dos espíritos encarnados vivem?

Mas não foi essa a maneira de viver que vocês aprenderam como seguidores de Cristo. Com certeza vocês ouviram falar a respeito dele e, unidos com ele, aprenderam a verdade que está em Jesus. E, quanto à antiga maneira de viver, abandonem a velha natureza de vocês, que está sendo destruída pelos maus desejos. (Capítulo 4 – versículos 20 a 22)

A sua maneira de viver está sendo destruída pelos seus desejos ...

Qual a estrutura da sua vida? Se a Bem-Aventurança é a estrutura da vida de Cristo, qual é a estrutura da sua vida, já que se diz um cristão? Como você vive? Pelos desejos, pelo que quer, para o que quer, como acha certo. É isso que estrutura a sua vida, apesar de dizer-se seguidor de Cristo.

É por isso que Paulo fala: a sua vida, a sua oportunidade de elevação espiritual, a sua encarnação, está sendo destruída pela sua forma de viver. Você hoje está passando por sofrimento, que é uma destruição da vida? Saiba que é a sua forma de viver que está lhe causando isso e não o outro.

A vida de vocês está sendo destruída porque sonham com um mundo que siga exatamente aquilo que vocês querem. Está sendo destruída porque ainda se acham capazes de dizer o que é bom ou mal, certo ou errado. Ela está sendo destruída porque ainda querem governar a vida independente das coisas que Deus cria.

Nós estamos falando destas coisas há vários anos: existe uma vida, que é a de Cristo, onde o ser vive sem que haja vontade de nada, executando o que o Pai dá; além desta, existe a vida humana que é aquela que é vivida a partir do que o ser acha que é verdade, do que ele gosta, e ainda por cima diz que quem pensa diferente está errado.

Nós falamos isso há tempos e não podemos mudar nosso discurso, pois como diz Paulo, existe um único corpo, uma única estrutura de vida que pode lhe fazer atingir a elevação espiritual. Sem ela, o ser continuará na escuridão, no seu vício.

Somente o que podemos dizer é que existe um vida balizada pela estrutura da de Cristo, ou seja, onde o ser vive sem que tenha vontade de nada e executando aquilo que o Pai dá. Além dessa, existe a vida humana que é aquele que é vivida a partir do que se acha, do que se quer, do que é desejado e querido. O pior é que para conseguir esta vida ainda afirma que os outros estão errados e que chama a atenção deles por amor.

Nós não podemos mudar nossa forma de falar porque existe um único corpo. Existe uma única estrutura de vida que pode lhe fazer atingir a elevação espiritual. Sem ela o ser continua na escuridão e no vício.

Outro detalhe. Não adianta dizer que é difícil se colocar as Bem-Aventuranças como estrutura de vida. Sim, é, mas se não fosse não seria uma prova. Já que está aqui e este é o motivo para estar, tente fazer. Também não adianta dizer que não consegue. Quem não consegue é porque não quer verdadeiramente. Esta é a realidade.

Eu já ouvi muito as pessoas me dizerem que não conseguem e passei a mão na cabeça de quem me disse isso. Hoje não passo mais, porque o ensinamento está aí escancarado. Por isso digo que não fazem porque não querem, porque não estão dispostos a pagar o preço da realização.

Qual o preço que será pago por tonar a Bem-Aventurança como a base da sua existência? Perder o falso controle das coisas deste mundo.

Participante: na minha cabeça, se colocar em prática os seus ensinamentos acho que vou perder minha família, minhas coisas, meus amigos, etc.

Perderá no sentido da forma como convive com essas coisas hoje. Realmente o relacionamento que você tem com a sua família será diferente e esta diferença irá parecer que você perdeu a famílias, mas isso não é real. O relacionamento apenas mudará, mas continuará.

Sim, você perderá essas coisas como hoje conhece, mas acima de tudo o que deixará de existir para você quando colocar as Bem-Aventuranças como estrutura da sua vida é a falsa ilusão de controle que tem hoje. Perderá o falso controle que imagina ter sobre a família, os amigos e suas coisas.

Participante: eu estou começando a compreender que não tenho controle nenhum ...

Já compreendeu isso? Já compreendeu que por mais que você queira ditar o caminho a ser seguido, cada um vai por onde quer?

Participante: sim, mas isso ao invés de me dar paz, na maioria das vezes me apavora.

Sim, porque no fundo não quer abrir mão do falso controle.

Participante: não, eu tenho medo ...

Medo de que as coisas saiam erradas, que possam lhe prejudicar. Ou seja, medo de abri mão do falso controle que tem, pois mesmo achando que comanda os outros, vira e mexe as coisas não saem do jeito que você quer ou desejava. Por isso digo falso controle.

Imaginando-se possuidor deste falso controle, você acha que tem alguma segurança nesta vida, mas será que o mundo ainda não lhe disse nestes anos todos que ele não pode ser dominado? Será que ele ainda não lhe disse que não existe segurança nesta vida, ou seja, que todos estão sujeitos a qualquer acontecimento, por mais que procurem segurança individual? Será que você ainda não percebeu que acontece o que o mundo quer e não o que você quer?

São estas coisas que vocês precisam ouvir do mundo para poderem abandonar o pretenso poder de controlar as coisas para gerar uma sensação de segurança. Precisam ouvi-lo dizer que faz o que quer na existência de vocês. Precisam ouvi-lo dizer que ele não está aqui para satisfazer as suas vontades e caprichos. Sem ouvir estas coisas, jamais deixaram de tentar controlar o mundo.

Participante: onde vamos chegar com todo este ensino?

Se souber onde dará, nunca conseguirá. Enquanto você não aceitar o vazio que é resultado do desapego às coisas deste mundo para que Deus possa preenche-lo, não chegará a qualquer lugar.

Os seus corações e as suas mentes devem ser completamente renovados. Vistam-se com essa nova natureza, que Deus criou de acordo com a sua própria natureza e que se mostra na vida verdadeira, que é correta e dedicada a ele.

Por isso não mintam mais. Cada um fale a verdade com o seu irmão, pois todos nós somos membros do corpo de Cristo. (Capítulo 4 – versículos 23 a 25)

Cristo também fala da questão do não mentir.

No Evangelho Apócrifo de Tomé existe uma passagem onde orienta os discípulos que estavam questionando a respeito do que deveriam fazer depois da partida do mestre. Eles perguntavam quais os atos deveriam ser praticados pelos que seguissem os ensinamentos: jejum, oração, vigília, etc. Cristo disse a eles: não mintam.

Minha pergunta: quando é que vocês vão parar de mentir? Quando irão parar de falsear a verdade?

Falsear a verdade de dizer que é capaz de decidir por onde vai; faltar com a verdade dizendo que é capaz de fazer o que quer; falsear a verdade ao dizer que são os outros que estão errados e que eles lhe atacam gratuitamente. Imaginar que essas coisas são reais é mentir, é falsear com a verdade, porque ninguém ataca ninguém, ninguém acusa ninguém e vocês têm milhões de exemplos de coisas que querem ser, estar e fazer e não conseguem realizar.

É isso que Paulo está nos ensinando e que Cristo também orientou. Como o mestre falou, a única coisa que ele esperava dos seus discípulos é que eles não mentissem, ou seja, que não falseiem a verdade. É isso que se espera de qualquer cristão.

Vivam a realidade como ela é e não dentro da ilusão, da fantasia, da brincadeira que criam nas mentes de vocês.

 

Se você ficar com raiva, não deixe que isso o faça pecar e não fique com raiva o dia todo. Não deem oportunidade ao Diabo. Quem roubava não roube mais, porém comece a trabalhar a fim de viver honestamente e poder ajudar os pobres. Não digam palavras que façam mal aos outros, mas usem apenas palavras boas, que ajudem os outros a crescer na fé e a conseguir o que necessitam, para que aquilo que vocês dizem faça bem aos que ouvem. (Capítulo 4 – versículos 26 a 29)

Mesmo que estejam morrendo de raiva, mesmo que ache que o outro esteja errado, mesmo que tenha certeza absoluta de alguma coisa, aja do jeito que Paulo orienta, pois se fizer isso, estará abrandando o seu próprio coração.

E não entristeçam o Espírito Santo de Deus. Porque o Espírito é a marca da propriedade de Deus em vocês e a garantia de que chegará o Dia em que deus os libertará. (Capítulo 4 – versículo 30)

Essa palavra de Paulo é profunda demais. Só sobre isso poderíamos falar muito. ‘O espírito é a marca da propriedade de Deus em vocês’, ou seja, é a marca que você é universal.

A realidade de que você é espírito, é a marca de Deus e não da Terra. Sendo propriedade de alguém, deveria saber que é a propriedade do Senhor e que por isso não pode agir como quiser. Até aceito que quem não sabe que é espírito viva assim, mas vocês que dizem acreditar no mundo espiritual imaginar que podem ser o que querem, fazer o que desejam e estar do modo que anseiam é negar que são propriedade de Deus.

Acreditar que é espírito, ou seja, propriedade de Deus, é deixar de acreditar que é filho ou pai de alguém. Acreditar que é espírito é a marca que deve lhes levar a compreender que não precisam das coisas materiais que satisfaçam as percepções do corpo.

É isso que Paulo está dizendo. O que ele está falando é que acreditar que é um espírito que está vivendo uma situação humana e não um humano que vive situações espirituais deve lhes levar a compreender as coisas desta vida como fruto de uma propriedade de Deus e não como um ser que age como quer. Estou dizendo isso porque enquanto você acreditar que é um ser humano não conseguirá ver-se como propriedade do Pai e por isso terá que viver este mundo como um humano.

O espírito que você é, é a marca de Deus, é a prova de que é universal, divino, que é superior a todas as coisas que estão neste mundo. Só que negam essa marcam quando querem viver como humanos. Parecem os judeus que tampam a sua cabeça porque acreditam que existe nela uma marca da sua origem divina. Não veem que quando buscam viver humanamente estão se ocultando de Deus, estão querendo esconder a marca que prova que são propriedades de Deus.

Como disse lá atrás: Paulo é polêmico. Só que ele não é assim quando entendemos o caminho da elevação espiritual. Torna-se polêmico para aqueles que querem buscar a satisfação nesta vida. Digo isso porque quando ele afirma que você é o espírito, está lhe dizendo que deve acabar com a humanidade que vive. Que deve deixar de ver-se humano e ligar-se a Deus, voltar-se para o divino.

Para vocês, a minha pergunta é: quantos seres humanizados realmente querem voltar-se para o divino? Muitos dizem que querem alcançar a elevação espiritual, mas quantos realmente estão dispostos a pagar o preço para isso?

Sabe qual o preço para se alcançar a elevação espiritual? Uma vida sem a busca da satisfação individual, sem vontades, sonhos e anseios, sem posses. Uma vida sem nada que o humano considera importante, mas apenas preenchida com Deus. Quem está disposto a pagar este preço para poder obter a elevação espiritual? É por isso que Paulo é polêmico.

Ele poderia ser chamado de puritano. Ele é puritano na sua fé e no seu ensinamento, como estamos tentando ser. Ele sempre buscou colocar o seu ensinamento dentro da base da vida ensinada por Cristo. Por isso nunca se negou a ensinar que o ser humano é o inimigo de Deus, que ele luta contra Deus para poder querer ter o controle das coisas deste mundo.

É por isso que Paulo diz que você é que deve deixar de ter raiva dos outros e não o ajuda a condenar o que os outros fazem, como, aliás, Cristo também ensinou:

“Vocês ouviram o que foi dito aos seus antepassados: não mate. Quem matar será levado à presença do juiz. Mas, eu lhes digo que qualquer um que fique com raiva do seu irmão será julgado. Quem disser ao seu irmão ‘você não vale nada’, será julgado pelo tribunal. E quem chamar o seu irmão de idiota estará em perigo de ir para o fogo do inferno. Portanto, se você for ao altar para dar a sua oferta a Deus e se lembrar ali de que o seu irmão tem alguma queixa contra você, deixe a oferta diante do altar e vá logo fazer as pazes com o seu irmão. Depois volte e dê a oferta a Deus”. (Mateus – capítulo 5 – versículos 21 a 24)

Antes que você vá a algum centro ou igreja pedir justiça para si, antes que erga sua voz a Deus pedindo para lhe afastar dos seus inimigos, lembre-se da marca de Deus em você: o espírito. Em nome deste, não reclamem nem questionem nada que os outros faça. Viva tudo com amor.

Abandonem toda amargura, ódio e raiva. Nada de gritaria, insultos e maldade. Ao contrário, sejam bons e delicados uns com os outros. E perdoem uns aos outros, como Deus, por meio de Cristo, perdoou vocês. (Capítulo 4 – versículo 31 e 32)

Vida cristã - Estudo da carta aos Efésios

A vida dos filhos de Deus

Vocês são filhos queridos de Deus e por isso precisam ser como ele. Que as suas vidas sejam dominadas pelo amor, assim como Cristo nos amou e deu a sua vida por nós, como oferta de perfume agradável e como sacrifício que agrada a Deus. (Capítulo 5 – versículo 1 a 2)

Vamos falar sobre duas coisas deste trecho. Primeira: vocês devem ser como Deus. Para falar disso, devemos nos ater a explicação de Paulo sobre o que é agir como Deus: viver só com o amor. É a partir destas duas afirmações que quero fazer um comentário.

No planeta Terra hoje, os ditos espiritualistas e espíritas, estão concentrados em buscar conhecer a Deus, em querer saber quem é Deus, mas a estrutura do Senhor é algo que não é concebível a nós, espíritos em evolução. Por isso, a única coisa que podemos conceber é que Deus é o Amor Sublime.

Qual a diferença entre um amor qualquer e o Sublime? O amor Sublime é aquele que não mede esforços para realmente ajudar o próximo, mesmo que no amor acabe ferindo vontades e desejos do próximo.

Esse é o Amor Sublime. Trata-se de um amor sublimado. Ele deveria ser o do pai, da mãe. É um Amor onde apenas se ama e não tem preocupação alguma em satisfazer aquele que é amado.

O amor comum é aquele onde o ser vive para satisfazer o outro, mesmo que isso não sirva para nada a ele. Tem gente que ama o outro fazendo as vontades dele. Desse jeito não ajuda ninguém. O amor verdadeiro, o de Deus, está acima disso.

Este é o primeiro comentário que faço sobre este trecho. Gostaria também de falar sobre o trecho onde Paulo fala da oferta de Cristo a Deus, da oferta perfumada e agradável do mestre.

Cristo na verdade ofereceu seus desejos, suas vontades a Deus, mas vocês, se hoje forem fazer a mesma coisa, sofrerão com este sacrifício. Neste caso, não estarão fazendo uma oferta perfumosa a Deus, mas sim flagelada.

A oferta perfumosa que Paulo fala se consiste no fato de Cristo ter abandonado todos os seus desejos individuais sem sofrer por causa disso. Ele entregou a sua vida a Deus sem sofrimento. Só que o ser humano não vive desse jeito. Ele busca a Deus através do sacrifício, da flagelação, ou seja, sofrendo por não ter. Isso não dá certo, porque Deus é o Amor e por isso não pode exultar-se com a dor.

O que estou querendo dizer é que Cristo fez o seu trabalho de elevação, passou por carências humanas, sem sofrer. Vocês, no entanto, fazem sacrifícios, abandonam as coisas materiais para poder chegarem a Deus, mas quando fazem isso mostram a falta que faz aquilo que abandonaram.

É a respeito dessa diferença de oferta que Paulo está nos alertando.

Já que vocês são povo de Deus, não está certo que a imoralidade, a indecência ou a avareza sejam nem mesmo assuntos de conversa entre vocês. Não usem palavras indecentes nem digam coisas tolas ou sujas, pois isso não convém a vocês. (Capítulo 5 – versículo 3 e 4)

Vamos comentar a fala de Paulo onde ele diz: ‘não está certo que a imoralidade, a indecência ou a avareza sejam nem mesmo assuntos de conversa entre vocês’.

A espiritualidade que traz mensagens a este mundo já chamou a atenção dos seres encarnados com relação as conversas sem propósitos. As brincadeirinhas sem graça, as maledicências embutidas nas conversas. Fazer comentários sobre pessoas, tanto elogiando como criticando, não leva a lugar nenhum. É pura perda de tempo.

A vida é curta para o tanto que o espírito precisa fazer. No entanto, perde tempo com coisas que não vão lhe levar a lugar algum. Só prendem cada vez mais na matéria.

Há textos de Emmanuel muito bonitos a respeito da palavra tola, frouxa. Buda também fala muito disso. Krishna fala do silêncio da mente para que a boca seja silenciada.

Quando se fala em buscar a Deus, é preciso criar alguns direcionamentos diferentes à vida. Quando se cria um novo direcionamento, há a necessidade de que se abandone o antigo. Entre os novos direcionamentos que lhes indico está o livrar-se das coisas supérfluas desta vida.

Oriento para que abandonem tudo que não é importante para a vida eterna, pois se ficarem apegados a esta coisa, não farão nada do que deve ser feito.

Participante: o senhor nos ensinou que Deus é que nos dá o pensamento de acordo com o que sentimos. Quando se fala destas conversas tolas que Paulo cita, como não conseguimos identificar o sentimento que está por trás, temos que começar, então, controlando estas palavras?

Isso, controlando o pensamento.

Quando o seu pensamento se fixar sobre o que acontecerá na novela hoje, por exemplo, lembre-se que isso não tem importância alguma na sua vida e liberte-se dele. Qual a importância da novela na sua vida?

Participante: então, não existe lazer?

O lazer para quem busca Deus é divino e não mundano.

O problema é que vocês se consideram humanos que estão tendo experiências espirituais. Por isso, guardam momentos para viver a divindade e vivem o resto do tempo humanamente falando. O momento de lazer é um destes.

Vocês vivenciam o lazer de uma forma humana, ou seja, sem amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Fazem assim porque acham que aquele é um momento onde devem descansar de tudo que sério, de tudo que tenha algo a ver com responsabilidade. Só que as provações de uma encarnação não cessam em momento algum. Como disse Cristo, os passarinhos têm seus ninhos, as raposas as suas tocas, mas o ser humano não tem onde descansar a cabeça. Por isso é preciso estar constantemente alerta para usar o amor que o mestre ensinou.

Só que quando falo assim, não estou me referindo a acontecimentos materiais. Vocês têm o direito de fazerem o que quiser, praticarem a ação que praticarem, seja nos momentos de lazer como nos de trabalho durante a vida humana. Podem beber, brincar, cantar, dançar, ver novelas, etc. Nada disso tem problema.

Como sempre falo, a questão está no mundo interno e não no externo. Vocês podem fazer o que quiserem, mas fazendo o que estão fazendo devem manter o seu mundo interno ligado neste amor. Aí é que surge o problema.

Como não estão ligados na questão espiritual, no divino, nos momentos de lazer tanto como nos outros, acabam deixando de amar. Se alguém quer passar os seus momentos de lazer assistindo futebol e vocês não gostam desta diversão, logo o criticam. Se vocês gosta do campo e o outro da praia, mais críticas. Se alguém quer ficar em casa relaxando e você quer sair, esta pessoa não sabe o que é bom, não é mesmo?

Este é o problema. Claro que vocês podem lazer, mas o fato é que acabam nestes momentos se dispersando e com isso deixando de amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Ao contrário, digam palavras de gratidão a Deus. Estejam certos disto: nenhuma pessoa imoral, indecente ou cobiçosa (porque a cobiça é um tipo de idolatria) jamais receberá a sua parte no Reino de Cristo e de Deus. (Capítulo 5 – versículo 5)

‘A cobiça é um tipo de idolatria’. Idolatria a o que? Ao eu ...

A cobiça é idolatria a si mesmo. Você cobiça porque quer ter, não importa o que seja. Por isso é que cobiça é idolatria a si mesmo.

É isso que estamos dizendo há muito tempo: o falso ídolo que estão adorando nessa vida chama-se ‘eu’. Vivem na idolatria ao ‘eu’, porque tudo tem que ser o que ‘eu’ quero, ‘eu’ acho, ‘eu’ sei e ‘eu’ gosto. Só o que atende estes requisitos é considerado como certo ou perfeito por vocês. Por conta desta idolatria, o que os outros querem, acham e gostam está sempre errado. Isso é cobiça. Quem sabe o que é certo, cobiça a verdade, pois quer tê-la.

Não existe apenas cobiça por elementos materiais, objetos. Esta é outra coisa que precisaremos estudar muito ao longo dos tempos, pois existem sentimentos que vocês acham que são reprováveis apenas quando direcionados a objetos materiais, mas não. Quem cobiça não precisa necessariamente estar usando este sentimento com relação a objetos, mas a diversas coisas.

Pode ser que ele cobice ter a razão, ter a verdade, o poder. O ser humanizado pode cobiçar diversas coisas que não são representadas por objetos materiais.

Por isso, aquele que quer sempre estar certo e que os outros estão errados, é alguém que tem cobiça. Ele cobiça a verdade, a razão, o poder. Está fazendo isso por idolatria a si mesmo, ao ‘eu’, que imagina ser.

Por isso digo amar a Deus sobre todas as coisas é amá-Lo acima de tudo, inclusive de si mesmo.

Que ninguém engane vocês com as conversas tolas, pois é por causa dessas coisas que o castigo de Deus virá sobre os que não lhe obedecem. Portanto, não tenham nada com esse tipo de gente. Porque antigamente vocês mesmos viviam na escuridão, mas desde que se tornaram povo de Deus, estão na luz. Por isso vivam como gente que pertence a luz. Pois a luz produz uma grande colheita de toda espécie de bondade, honestidade e verdade. (Capítulo 5 – versículo 6 a 9)

O que é a luz? Porque quando se fala em espírito elevado se fala em ser de luz? Porque quando se fala em Deus, em universo espiritual se fala em luz? Porque isso?

A luz tem uma propriedade de iluminar o ambiente. Quando ele está iluminado você vê as coisas com mais clarezas. Portanto, quando se fala em espírito de luz, se fala em um ser que vê as coisas com mais clarezas do que outros.

Quando se fala na luz de Deus, está se falando da clareza com que o Senhor vê as coisas. Quando se fala na luz dos espíritos, se fala na clareza com qual eles veem as coisas. É isso que quer dizer ser de luz: é um ser que possui uma clareza, uma visão muito mais clara sobre as coisas do que aquele que não possui luz.

Este está na escuridão. Para ele as coisas não se distinguem facilmente.

Participante: antes de começarmos a estudar com você, já tínhamos feitos dívidas pelas coisas que queríamos, pelos nossos desejos materiais. Agora temos que pagá-las. Como encará-las?

Como uma dívida. O que se faz com uma dívida? Se quita. Pois bem, quite-as. Tudo tem seu preço no universo. Portanto, se comprou pague.

‘Ah, mas hoje estou apertado e não tenho como pagar’, você me diria. Está certo, mas um dia quis ter aquilo, não é verdade? Por isso deve pagar por aquilo

Só que há um detalhe nesta história: o tem que. Isso não existe. Quantas coisas são tomadas como obrigações por algumas pessoas e mesmo assim elas não conseguem fazer aquilo?

Na verdade, o que posso lhe dizer é que se pagar, pagou. Neste caso fique feliz porque pagou. Agora, se chegar no mês seguinte e acontecer um problema e você não puder pagar, fique feliz. Não sofra porque não pode pagar a prestação que fez.

Se por causa do seu atraso alguém vier lhe cobrar, permaneça feliz e em paz. Não julgue, não critique quem vem lhe cobrar, pois ele só está fazendo isso porque você não pagou o que tinha combinado.

Este é o processo: esteja feliz sempre. Quando comprar, quando pagar ou quando não puder fazer e for cobrado, mantenha sempre a sua paz, a harmonia com o mundo e a felicidade.

Só mais um detalhe: se não puder pagar o que comprou, não compre mais nada. O problema é que movido pelo desejar vocês saem procurando coisas para ter e como o dinheiro não dá para tudo acabam deixando de pagar o que já compraram. Neste momento você está deixando de amar, pois ainda está preso ao que quer, aos seus desejos.

Portanto, não preocupe-se em pagar suas contas, mas as pague no dia que vencer.

Participante: e seu eu não tiver o dinheiro?

Porque não tem: porque foi comprar outra coisa, atender seu desejo? Isso é egoísmo.

Não tem porque aconteceu um imprevisto? Então, não era para pagar aquela conta.

Procurem descobrir quais são as coisas que agradam ao Senhor. Não participem das coisas inúteis que os outros fazem e que pertencem à escuridão. (Capítulo 5 – versículos 10 e 11)

Quais são as coisas inúteis que pertencem a escuridão? Tudo que é humano, que satisfaz o seu ego. Tudo que satisfaz desejos, tudo pelo qual você tenha paixão, tudo que que possua: tudo isso são coisas humanas e por isso pertencem a escuridão.

Desejar uma casa, tê-la, gostar dela, tem alguma coisa de espiritual nisso?

Participante: depende do ponto de vista. Se eu chegar a comprar é porque era para isso.

Sim, concordo, mas não foi isso que perguntei. O que questionei é se desejar ter uma casa, gostar da que tem ou querer controlar o que acontece com ela é algo espiritual ou material? Não.

Participante: acho que é, porque pode fazer parte do carma, da prova do espírito.

Pode, não: é parte da prova do espírito. Tudo o que acontece é fruto da lei do carma, é provação para o ser. Portanto, relacionar-se com a casa com estas emoções faz parte do carma de um ser. Agora, viver o carma internamente, não é provação: é resposta.

Ter o pensamento que desejável ter a casa, é o carma. Desejar, ou seja, viver a ideia como certa, é a resposta à prova. Esta está em desacordo com o mundo universal, pois o ser quando liberto da influência das ideias materiais, ou seja, do egoísmo, não quer nada que não tenha.

O ser elevado, aquele que está em ligação com o universo, pode, quando encarnado, comprar uma casa, mas o faz sem a ânsia de possuir uma. Ele apenas constata que possui o dinheiro e compra a casa, ao invés de ficar acalentando por anos o sonho da casa própria.

O ser humanizado, aquele que está preso as ideias mundanas, se preocupa em ter uma casa própria. Acha que é certo e que deve fazer isso para poder deixar algo de bem para os filhos. Isso são ideias materiais, ideias que estão presas ao egoísmo, pois quem pensa assim, na verdade está querendo buscar a fama de ser um bom pai e não pensando no filho propriamente.

É isso que Paulo está se referindo. Ele está dizendo, por exemplo, que o verdadeiro cristão não deve se preocupar em comprar casa ou não. Fala que aquele que vive uma vida cristã não perde tempo se preocupando em comprar carro, pois sabe que se tiver que compra-lo, fará isso.

O ensinamento é neste sentido, a ação espiritual do ser é neste sentido. O espírito não se preocupa com ações externas. Elas, para ele, acontecem normalmente. Já o ser humano vive na preocupação com os acontecimentos. ‘O que vai acontecer amanhã? Será que amanhã eu terei trabalho? Será que amanhã conseguirei comprar um carro, uma casa, etc.? Será que amanhã conseguirei fazer isso ou aquilo’?

Tudo o que ser pensar com relação a acontecimentos de sua vida material, além de ser posse, é perda de tempo, o amanhã pertence a Deus. Como ensina Cristo, os humanos não têm como fazer um fio da cabeça deles ficar branco.

O amanhã será do jeito que Deus quiser. Por isso é perda de tempo ficar se preocupando com os acontecimentos de amanhã. Espiritualmente falando isso é uma total ignorância, pois ele já está traçado.

Além do mais, o amanhã é o resultado do hoje. Por isso, se neste momento você está preocupado com o amanhã, não tem nada hoje para poder gerar um amanhã para você, a não ser a preocupação com o futuro. Assim, de presente em presente, o ser humano vai vivendo preso ao amanhã e jamais vive o dia único que existe para viver: o agora.

É isso que Paulo está nos ensinando nesta carta. Nela ele nos fala da vida cristã, da vida daqueles que sabem que são espíritos. Estes devem se preocupar com a vida espiritual, com o seu futuro eterno. Eles não se preocupam com o seu futuro material nem com o dia a dia da sua existência material.

Ao invés de se preocupar com o que vai fazer amanhã, o que precisa realizar materialmente, aquele se sabe espírito preocupa-se com o merecimento que irá gerar para o amanhã. Por isso, ocupa-se como o momento de agora.

‘Vou prestar bem atenção em como estou vivendo hoje, para poder saber o que merecerei amanhã’. Este é o pensamento de quem vive uma vida cristã.

Participante: é difícil deixar de planejar a vida ...

Sim, mas porque isso acontece? Porque o ser humano não sabe abrir mão do suposto comando que possui das coisas.

Abrir mão do suposto comando é dizer ‘seja o que Deus quiser’ para o futuro. ‘Amanhã vou na escola. Não sei se irei. É apenas um pensamento que me veio, mas não sei se conseguirei realizar essa ação’. Esta é a forma de pensar de quem vive uma vida cristã, mas quem não vive dá ao pensamento pensado o caráter decisivo. A partir disso, o ir à escola amanhã pensado transforma-se numa certeza.

Quem disse que porque este pensamento veio com certeza a ação será realizada? O ser humano pensa que porque decidiu ir à escola chegará lá. Ele pode até sair de casa para fazer o que imaginou, mas quantas coisas podem acontecer no caminho que levem este ser a não chegar ao seu destino? Acontecendo isso, culpará alguém, outro ou a si mesmo, reclamará de alguma coisa, perderá sua paz e felicidade. Com a vivência dessas coisas, deixou de amar

É isso que Paulo está nos ensinando. Ele está dizendo: se preocupe com a vida espiritual. Se ocupe em estar atento ao hoje para poder descobrir o que receberá no amanhã, para que quando ele chegue, você possa amar a Deus acima de Todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Ao contrário, tragam tudo isso para a luz. Pois é vergonhoso até falar sobre o que eles fazem em segredo. E, quando tudo é trazido diante da luz, então se descobre a sua verdadeira natureza. Porque o que é claramente revelado se torna luz. (Capítulo 5 – versículo 11 a 13)

Reparem neste ensinamento de Paulo: tudo que é falado nesta vida precisa ser exposto a luz, a Deus. Tudo que o ser humano pensar deve ser exposto a Deus.

‘Acho que aquela pessoa quer fazer mal a mim’. Exponha este pensamento a Deus. Como é que você acha que Deus responderia a isso? Tenho a certeza que Ele lhe dirá: ‘se você merecer, acontecerá, mas se não, jamais Eu permitirei que isso aconteça. Só que lembre-se que se não amá-lo, ou seja, se persistir na acusação, estará gerando o merecimento de receber’.

É isso que é expor os seus pensamentos a Deus, é confiar Nele: ‘você acha que eu deixarei alguém gratuitamente lhe ferir? Claro que não. Apenas se você merecer eu deixarei que isso aconteça para que possa aprender a amar incondicionalmente’.

Participante: de qualquer maneira, Ele deixa o mal nos acontecer.

Não, neste caso não é mal, mas é bem, pois lhe dá uma oportunidade de evolução.

Viu como as coisas mudaram? E, porque mudaram? Porque expusemos o que compreendemos, o que é pensado, a Deus.

Portanto, precisamos expor aquilo que é pensado a Deus para que possamos clarear nossas ideias. ‘Eu gostaria de ter uma casa. O que você acha disso, Deus? Minha filha, se tiver que ter, certamente Eu lhe darei. Por isso, não se preocupe com essas coisas’.

É isso que Paulo está nos ensinando. É uma técnica fabulosa de vivência dos acontecimentos da vida para que se atinja uma vida cristã. Essa técnica consiste-se em expor tudo o que é pensado a Deus, ou seja, em tentar refletir sobre as coisas deste mundo a partir da ótica de Deus. Tente imaginar como o Pai lhe responderia àquele pensamento ao invés de ficar preso à sua própria razão.

Estou falando no Deus verdadeiro, aquele que é Justiça Perfeita, que é Amor Sublime, que possui a Onipotência, Onipresença e Onisciência e não aquele que vocês imaginam: um ser que existe apenas para satisfazer os seus desejos. Estou falando do Deus da oração, o Pai Nosso, e não aquele que existe apenas para lhe dar aquilo que você se quer.

Tenho certeza que se fizer esta exposição você ouvirá o que Ele tem para lhe dizer.

Participante: expor as ideias a Deus é conscientemente ou inconscientemente?

Conscientemente. É agir no momento em que o pensamento lhe vem colocando a questão que foi levantada sob a ótica de Deus.

Vou dar um exemplo para ficar mais claro o que estou dizendo. Digamos que esteja em dúvida de alguma coisa e acha que o que está pensando é a saída para a indecisão. Pergunte a Deus se é a mesmo: ‘o Senhor acha que essa é a saída’? Melhor: digamos que tenha formado um conceito sobre algo. Pergunte a Ele o que acha sobre o conceito que possui.

É isso que deve fazer, mas conscientemente e não inconsciente. Como você pode fazer alguma coisa inconscientemente se não tem consciência do que faz?

Participante: acho que depois que começamos a fazer isso nos acostumamos com este questionamento constante e acabamos agindo assim automaticamente.

Tudo que o ser humano é feito se transforma em hábito. Apenas tome cuidado, pois o hábito pode tornar-se vício.

Sim, se você praticar este trabalho pode se tornar num hábito e aí as coisas ficam mais fáceis. Só tome cuidado para quando o hábito se estabelecer não se acusar quando não fizer. Isso porque neste caso tornou-se vício, dependência, e fazer o que nos consideramos obrigados a fazer é egoísmo e não amor.

Como já disse outras vezes, este ainda não é um mundo de regeneração. Portanto, a mudança ainda não deverá ser total. Por isso haverá momentos onde conseguirá a prática enquanto que em outros não conseguirá. Quando isso acontecer, não se acuse, não sofra.

É por isso que se diz: “Você que está dormindo, acorde! Levante-se da morte e Cristo o iluminará”.

Portanto, vejam bem como vivem. Não vivam como ignorantes, mas como sábios. Aproveitem bem o tempo porque os dias em que vivemos são maus. Não ajam como pessoas sem juízos, mas procurem entender o que o Senhor quer que vocês façam. (Capítulo 5 – versículos 14 a 17)

Paulo está nos dizendo que no tempo dele, o mundo era mau. Hoje vocês dizem que são os tempos de agora que são maus. O que isso quer dizer? Que o mundo sempre foi e sempre será mau, para os humanos.

Digo isso porque o mundo não está aqui para satisfazer a humanidade que o ser vivencia, mas para servir a eles como campo de provas espirituais. Por isso, para aqueles que querem viver esta vida humanamente, o mundo sempre foi e sempre será mau.

O mundo é mal porque está sempre pronto para contrariar o ser humano. Se ele não fizesse isso, não haveriam as provações dos espíritos.

Não se embriaguem, pois a bebida os levará à desgraça. (Capítulo 5 – versículo 18)

Quero falar disso ...

A bebida foi criada por quem? Por Deus. Por isso ela não pode ser má. Apesar disso, o ser humanizado não deve se embriagar. Porque isso?

O que acontece quando um ser humanizado se embriaga com bebida? Ele perde o controle sobre si.

Participante: como isso ocorre?

Isso ocorre pela má ligação do espírito com a mente. Não é uma má ligação causada verdadeiramente pela bebida, mas pelo excesso de prazer. Digo isso porque a mesma situação inebriante é vivida por aquele que consegue uma coisa que queria muito.

Mas, voltando ao assunto que estávamos falando, Paulo nos orienta que não devemos nos embriagar. Só que antes ele disse que tudo provém de Deus e que tudo que vem do Pai é perfeito. Portanto, não pode estar falando mal da bebida em si. A que ele se refere então? Ao embriagar-se, ao perder o controle sobre si mesmo.

Eu diria que você não é você quando está bêbado. Não bêbado de bebida alcoólica, mas embebedado pelo prazer, pela satisfação do seu desejo.

Portanto, o problema é perder o controle sobre si mesmo e não beber. Digo isso porque se estiver embriagado pelo desejo humano, você não consegue viver uma vida cristã.

Sei que vocês dizem que o prazer de conseguir o que se quer não tem problema algum, mas se enganam. O prazer é o resultado da cobiça. Só quem quer ter alguma coisa sente prazer ao conquista-la.

Por isso, vocês precisam compreender que a mente humana, que é egoísta por natureza, está sempre ávida por beber o prazer, por se embriagar com o prazer mundano. Ele está sempre pronto para inventar histórias que justifiquem o ingerir prazer. Ele diz que é justo que você tenha, que é certo que consiga, que você merece, mas isso são razões como as que têm aqueles que mesmo sabendo que são viciados em bebida vivem razões para isso.

A mente cria a ideia de que alguém está reagindo as suas palavras de determinada forma. Diz que ela está fazendo isso para lhe atacar. Faz tudo isso para que você ache que deve reagir aquela situação. Com isso, mesmo que você não veja, ele está bebendo o prazer de ter sobreposto a sua razão a do outro.

Tudo isso não é seu, mas da sua mente. Ele age dessa forma para que você compactue com as próximas ações dela (criticar, falar mal de um para outro, etc.) e com isso ele poder se alimentar de prazer, da satisfação.

É isso que quero que compreendam para poderem entender a ação do ego junto a vocês. O que não veem é que ela lhes enrola. Por não perceberem a forma dele agir, ficam presos as ilusões e imaginam que não há problema algum em querer, sem desejar e conseguir.

Sempre que ele precisar de mais prazer, estará lhe jogando ideias formadas em critérios de justiça e merecimento para que você se deixe levar por isso e beba todo o prazer que puder ser conseguido. Com isso não vê que está se afastando de Deus, que está deixando de viver uma vida cristã.

Sei que só se preocupam com a embriaguez oriunda da ingestão da bebida alcoólica. Por isso não veem o problema desta outra embriaguez. É a esta embriaguez que Paulo está se referindo.

Participante: através de qual chacra absorvemos este prazer?

Através de todos. Só que no meio da testa existe um que possui dupla função. Por isso diria que o prazer é ingerido em maior quantidade por este.

Como disse, este chacra possui dupla função. Quando você escolhe uma emoção para vivenciar alguma coisa, a joga para o universo através deste chacra. Quando isso acontece, a mesma onda eletromagnética que leva a emoção captura outra igual. Isso quer dizer que se você sentir raiva de alguém, emitirá esta emoção pelo meio da testa, mas ao mesmo tempo captura mais raiva para si.

Participante: o beber na hora da refeição soma o prazer de comer com o de beber e pode não nos levar a embriaguez. Isso é um prazer saciado ou não?

Todo prazer é saciado, pois a saciedade é ter o prazer. Agora, com relação a este assunto precisamos nos atentar em algumas coisas.

Será que comer e beber significa necessariamente ter prazer? Acho que não. Se fosse assim, teria que orientá-los a não comer e com isso vocês morreriam de fome. Por isso é preciso comer e beber. Só que tem gente que ao fazer isso se entregar ao prazer, enquanto que outros conseguem viver o mesmo momento sem esta emoção.

Estou falando daqueles que saboreiam a comida, que ligam a comida a vontade de comer. Eu diria que são os que vivem para comer. Só que existem alguns que comem para viver. Estes não têm prazer.

Quem vive para comer é aquele que escolhe o que ingerir. Estou falando daqueles que escolhem alimento quer pelo seu sabor como pela sua qualidade. Estou falando daqueles que se preocupam em comer o que gostam ou que lhes faz bem. Estes comem ou bebem com prazer. Já aqueles que comem para viver são os que se alimentam do que está sob a mesa, sem escolher se é atende ao seu paladar ou se lhes faz bem para a saúde. Os primeiros não veem, mas estão se embriagando com o prazer.

Portanto, o prazer não está no alimentar-se ou no beber, mas busca de saciar o seu paladar ou a sua segurança alimentar.

Antes de continuarmos nossa conversa, gostaria de voltar a questão do ego. Tenham a certeza de que tudo o que pensam, tudo, é a sua mente lhe forçando a escolher uma emoção entre prazer ou dor para que ele se alimente.

O espírito humanizado não pensa, não raciocina. Todo raciocínio é dado por Deus através da mente do personagem humano. Sendo assim, tudo que o pensamento espelha é uma ação do ego que tem por finalidade lhe levar a optar pelo prazer ou pela dor e não uma verdade, uma realidade.

‘Se isso é verdade, devemos, então, agir contra o pensamento’, você me perguntaria. Também não é assim. Se fizesse isso, primeiro teria que agir com o pensamento, que é exclusivo do ego e mesmo que conseguisse essa ação, ainda assim nada teria feito, pois estaria apenas trocando de verdade, mas ainda continuaria preso a coisas que lhe embriaga, que lhe leva a viver o prazer ou a dor.

O que estou falando é que vocês não devem se prender ao que é pensado. Vamos supor, por exemplo que sua mente lhe diga que determinada pessoa não presta. Ao invés de se prender a esta verdade ou querer muda-la, acreditar que ela presta, não se prenda ao que é pensado. Diga apenas para si mesmo: ‘não sei se ela presta ou não’.

Acreditando que ela não presta, goza o prazer e a dor e com isso o ego se alimenta mais de egoísmo. Se diz que ela presta, novamente está se alimentando apenas das emoções humanas e com isso mais uma vez deu de comer para a mente. Por isso é que o caminho do meio é não se prender ao que é pensado.

Aliás, podemos fazer mais. Podemos, como já foi comentado aqui, mostrar o nosso pensamento a Deus. Para isso, exponha a Deus a ideia de que você acha que tal pessoa não presta. Qual será a resposta Dele a isso? ‘Ela é minha filha, você acha que Eu posso ter um filho que não preste’?

Ao contrário, encham-se do Espírito de Deus. Animem uns aos outros com salmos, hinos e canções sagradas. Cantem hinos e salmos ao Senhor, com gratidão nos seus corações. Agradeçam sempre a Deus, o Pai, todas as coisas, em nome do nosso Senhor Jesus Cristo. Sejam obedientes uns aos outros, pelo respeito que têm a Cristo. (Capítulo 5 – versículo 18 a 21)

Sejam obedientes um aos outros pelo respeito que têm a Cristo.

Participante: qual o sentido da palavra obediente?

O que é uma pessoa obediente? Aquela que obedece. Portanto, Paulo está nos dizendo que devemos obedecer aos outros.

Participante: o senhor está falando de doar a razão e servir ao próximo?

Sim, mas deixe-me explicar o que Paulo está falando porque é bem diferente do que vocês estão imaginando.

Digamos que vocês me digam que querem que eu faça determinada coisa. Posso neste momento lhe servir e dizer que farei ou posso nesse momento lhe dizer: ‘quem é você para mandar em mim? Quem você acha que é para poder me dizer o que devo fazer’? Posso, ainda, lhe dizer que não vou fazer porcaria nenhuma do que está falando porque eu sei o que deve ser feito. Posso, também, lhe dizer que não farei porque não quero.

Não importa o que diga para justificar, se lhe disser que não farei o que me pede estarei sendo desobediente. Só quando digo que atenderei o seu pedido estarei sendo obediente.

Agora, será que dizer que farei o que você me pede é garantia de que conseguirei realmente realizar o seu desejo: Não. Porque? Porque só acontecerá o que Deus quiser que aconteça. Sendo assim, quando lhe disser que farei tenho que ter a certeza de que isso não gera um comprometimento.

O que Paulo está ensinando é que devemos respeitar o direito dos outros ao invés de querer retrucar. Devemos aceitar o que os outros nos pedem sem querer impor nossa vontade a ele, mas, ao mesmo tempo, devemos nos libertar da ideia de que porque assentimos com o que foi dito estamos obrigados a fazer.

O ser que respeita os outro não possui nem mentalmente nem emocionalmente a certeza de que fará o que foi pedido. A única coisa que ele faz é não se contrapor a quem lhe pede alguma coisa.

Participante: isso é doar a razão?

Sim.

Ficou claro isso? É neste ponto que o apóstolo afirma que sejamos obedientes aos outros, pelo menos em respeito a Cristo.

O espírito que governa o planeta veio, juntou-se a Jesus e transmitiu o caminho para o amor universal, o plano secreto de Deus, a vida vivida sem prazeres materiais, sem vontades, sem desejos. É em respeito a este trabalho que os cristãos deveriam tentar pelo menos amar o próximo. Só que você que é cristão, quando não quer aceitar a opinião dos outros não respeita esta missão.

Ele veio, fez a ligação, perdeu o seu tempo trazendo os ensinamentos para os seres humanizados e você, que se diz seguidor dele, não liga para o que foi ensinado. Isso mostra o quanto está afastado dele.

Dizer-se cristão e não colocar em prática o que o mestre ensinou é falta de respeito ao próprio Cristo. Viver a vida apenas buscando a sua própria satisfação e orando aos céus para que os momentos de sofrimento não cheguem é falta de respeito a Cristo, Buda, Krishna, Espírito da Verdade e a todos os milhares de espíritos que operam junto ao orbe terrestre no sentido de ajudar os encarnados a aproximarem-se de Deus.

Participante: interessante o senhor falar isso. No sábado por exemplo teve um churrasco na minha casa e as pessoas comeram, beberam e colocaram músicas comuns. O que o senhor está dizendo é que eu deveria parar tudo e colocar apenas cânticos?

O que é música?

Participante: são ondas sonoras.

Isso. Agora, qual o problema de uma onda sonora de um tipo e de outro? Qual a diferença de uma onda sonora de samba para uma onda sonora de hino a Deus? Nenhuma. Tudo é onda sonora. A partir disso, pergunto: qual o problema de se cantar samba? Nenhum.

Participante: depende do que é falado no samba.

Não, isso também não é problema.

O que é uma palavra? Também é uma onda sonora. Se isso é verdade, qual o problema, então? Cantar samba estando com uma atitude de cantar hino.

Essa é a diferença. Eu já disse que o mundo é interno e não externo, e vocês ainda continuam querendo mudar o lado de fora.

O problema não é ouvir samba, mas usá-lo para ter prazer individual. O problema é usar o samba para ganhar alguma coisa. O problema é usá-lo para se satisfazer. Tendo esta postura interna pode inclusive ouvir hinos que de nada adianta.

Você pode estar dentro de uma roda de samba com Deus no coração e na mente. O problema é que não conseguem estar nem numa igreja com Ele no coração.

Portanto, vá ao seu churrasco, mas vá com Deus no coração. Firme-se na sua intenção de aproveitar a vida para alcançar a elevação espiritual e vá ao seu churrasco. Fazendo isso, pode ter certeza que não terá problema algum.

O problema é que simplesmente ao saber que haverá um churrasco onde terá comida e bebida, vocês se concentram na busca do prazer e nem se preparam para estar lá de uma forma espiritual. Estão preocupados em comprar a carne, comprar a bebida, escolher a música, mas não se ocupam com a preparação espiritual para poder estar presente num ambiente desse.

Essa é a última coisa que passam na cabeça de vocês neste momento: fazer um preparo espiritual para estar presente em locais de busca do prazer humano. Não buscam equilibrar-se para poder se expor às energias que emanarão naquele momento. A cabeça não está nem aí para isso, só pensa nas coisas materiais. Só pensam se o carvão vai dar, se a carne é suficiente, se há bebida à vontade.

A música, a bebida e a comida por si só não constituem problemas. Tudo vem de Deus, é Ele, por isso nada é proibido, feio ou imoral. Não existe ritmo ou letra de música imperfeita para um cristão. Sendo assim, nada contra ouvir qualquer música, desde que se esteja atento à emoção com a qual se ouve a música.

Vida cristã - Estudo da carta aos Efésios

Maridos e mulheres

Mulheres, obedeçam aos seus maridos, como obedecem ao Senhor.

Participante: esta é uma afirmação bem polêmica.

Já respondemos esta questão em outro livro de Paulo. O apóstolo era um ser humano, por isso ia e voltava nas suas afirmações. Como Cristo também teve, na passagem onde pergunta porque o Pai lhe abandonou, ele tem momentos de humano e outros de espiritual.

Como pode alguém que disse que a lei é que gera o pecado agora querer obrigar a mulher a servir o seu marido como serve ao Senhor? Se isso fosse levado ao pé da letra, teria desdito tudo o que já disse.

Portanto, nesta frase está aparente a humanidade de Paulo, que estava se ligando aos hábitos e costumes do povo de então. Como ela às vezes se apresenta, temos que separar as coisas.

Apesar disso, eu afirmo que a mulher deve sim obedecer o marido, assim como o marido deve obedecer a mulher. Digo isso porque esse é o ensinamento anterior de Paulo que também já vimos, onde diz que um deve obedecer ao outro. O respeito mútuo às necessidades do outro faz parte do amor universal.

Portanto, agora, ele não poderia dizer que só um tem que obedecer o outro. Por isso, não leve tão a sério esta questão.

Participante: a partir disso, podemos concluir que as religiões que levam esses escritos ao pé da letra, como direi, estão equivocadas? Que termo posso usar para elas?

Eu diria que levam ao pé da letra. Só isso.

Participante: como prova para aqueles que são vinculados a estas religiões?

Sim.

Até hoje existe a prova de espíritos onde a mulher tem que obedecer o seu marido. Antigamente ela era mais comum. Hoje nem tanto, mas ainda existem seres que precisam viver isso para suas provações.

Antigamente para a provação havia a necessidade da mulher sentir-se dominada pelo homem. Hoje essa teatralização de provas é mais difícil, apesar de continuar existindo. Isso quer dizer que Deus já está trabalhando com uma nova programação para as provas, mas quando é o caso, ela ainda está disponível.

Hoje os seres que encarnam como mulheres já possuem mais liberdade, mas isso também não é algo para se supervalorizar, pois continua sendo uma prova: a de não confundir liberdade com libertinagem. Antes as provas eram vividas com subordinação ao marido, hoje com o anseio de ser superior à ele.

Porque o marido tem autoridade sobre a mulher, assim como Cristo tem autoridade sobre a Igreja. E o próprio Cristo é o Salvador da Igreja, que é o seu corpo.

Aqui Paulo está afirmando que o marido é o salvador, o senhor do casamento. Só que muitas vezes ele é que decreta o fim deste.

Participante: mas, não existe regra para isso. Depende da prova de cada um.

Sim.

Portanto, as mulheres devem ser completamente obedientes aos seus maridos, assim como a própria Igreja é obediente a Cristo.

Maridos, amem as suas mulheres, assim como Cristo amou a Igreja e deu a sua vida por ela. Ele fez isso para dedicar a sua Igreja a Deus, lavando-a com água e purificando-a com a sua palavra. E fez isso também para poder apresentar a si mesmo a sua Igreja em toda a sua beleza, perfeita, sem rugas ou qualquer defeito.

Vamos falar sobre este trecho? Acho que merece uma reflexão, não?

Paulo diz: Cristo lavou a igreja com água e a purificou com a sua palavra. Fez isso para poder mostrar a beleza da igreja. O que está sendo dito aqui é que a beleza da igreja é conhecida pela mensagem de Cristo. Só que hoje, a mensagem que é apresentada pela igreja é completamente diferente daquela que o mestre apresentou. Mas, apesar disso, para vocês, é a igreja de hoje que é boa.

Para os humanos de hoje a igreja boa é aquela que ensina mistérios do mundo espiritual, mas Cristo nunca ensinou nada neste sentido. A igreja boa é aquela onde eles conseguem ganhar alguma coisa, mas Cristo nunca ganhou nada da sua igreja. Como pode a igreja de hoje, de qualquer religião, ser boa?

A igreja limpa, perfumada, bela é aquele que transmite a mensagem de Cristo, ou seja, aquele que lhe ensina a viver como o mestre viveu a sua vida. Se a igreja existe para suprir as carências humanas, ela não é tão limpa, pois ela destoa da vida humana do mestre.

Esse recado é muito importante para que cada um possa começar a reavaliar qual o lugar é mais propício para se encontrar apoio na caminhada espiritual. Será que esse lugar é onde passam a mão na sua cabeça, onde dizem que você é puro e santo e que todos que lhe são contrários estão errados? Ou será que o lugar ideal para essa finalidade é aquele onde lhe chamam de vermes?

Participante: mas, chamar de vermes?

Sim, porque foi assim que o mestre se referiu aos apóstolos que estavam preocupados em assumir o comando depois da morte de Jesus Cristo: vermes, até quando vou ter que aguentá-los. Isso está na Bíblia.

É assim que o mestre se refere ao ser que vivencia a humanidade como se fosse algo justo, certo. Ele se refere a estes como professores da lei, vermes imundos, hipócritas, mas a igreja, o templo de qualquer religião se refere a estes como bonzinhos.

Portanto, não procure lugar onde bajulam a sua humanidade, pois estes não são igrejas lavadas e purificadas com as palavras de Cristo.

Os homens devem amar as suas mulheres assim como amam o seu próprio corpo. O homem que ama a sua esposa ama a si mesmo. Porque ninguém nunca odiou o seu próprio corpo; ao contrário, alimenta-o e toma conta dele, como Cristo faz com a Igreja, pois somos membros do seu corpo. Como dizem as Sagradas Escrituras: “É por isso que o homem deixa o seu pai e a sua mãe para se unir com a sua mulher, e os dois se tornam uma só pessoa”. Há uma grande verdade revelada nessa parte das Escrituras, e eu digo que ela se aplica a Cristo e à Igreja. Mas também se aplica a vocês: cada marido deve amar a sua esposa como a si mesmo, e cada esposa deve respeitar o seu marido.

Vamos tentar entender isso como Paulo nos ensina.

Ele fala que o homem e a mulher deixam a sua casa e formam um novo núcleo onde não exista marido ou mulher, ou seja, fala de um lugar onde os dois fundem-se num só.

O apóstolo está dizendo primariamente algo que repetimos há pouco tempo. O casamento perfeito acontece quando cada um dos seus membros abre mão de tudo em favor do outro. Com isso, os dois seres constituem uma nova identidade: o casal. Quando isso acontece, os dois vivem as verdades do casal e não mais as suas verdades individuais.

Quando existe um casal, quando cada um vive para o outro, o homem nem a mulher vivem mais as suas próprias verdades, mas sim aquelas que resultam da fusão deles. O problema é que o marido casa com a mulher e continua querendo ser ele mesmo e ela da mesma forma. Isso não dá certo, pois os dois se chocam o tempo inteiro.

Neste caso não há um casal, não há um casamento. O que existe são duas individualidades que coabitam o mesmo teto.

Mas, o ensinamento de Paulo nos leva ainda mais longe neste trecho. Ele diz que o casal formado pelo casamento é o mesmo que existe da fusão de Cristo com a igreja. Diante dessa afirmação temos que compreender que não existe igreja sem Cristo e nem Cristo sem igreja.

A igreja que estou falando aqui não é especificamente da católica ou evangélica. Estou usando este termo referindo-me a qualquer lugar onde se pratica uma religiosidade.

Não existe templo onde se exerça a religiosidade se lá não estiver Cristo, o amor. É preciso a fusão perfeita entre a igreja e o Cristo, a religiosidade humana e o amor universal. Se a religiosidade é a ação da religação com o espiritual, com Deus, esta precisa estar perfeitamente sincronizada com Cristo. Por isso, não pode ser vivida com experiências não vivenciadas pelo mestre nem com um amor diferente do que ele ensinou.

É isso que Paulo está ensinando. Se não houver a fusão da religiosidade humana do ser encarnado com a mensagem e o amor ensinado pelo mestre, não há casamento entre o espírito e Deus. Por isso, quem exerce essa religiosidade buscando a felicidade, o prazer, na Terra, não consegue se juntar a Deus.

Quem busca, por exemplo, na sua religiosidade a vingança contra o mal sofrido, não se funde com Deus. Quem busca na sua religiosidade a conquista de bens ou de suprir carências, não se funde com Cristo. É isso que Paulo está nos dizendo.

É preciso que a religiosidade do ser encarnado, ou seja, a busca da religação com Deus, esteja perfeitamente harmonizada com os ensinamentos e o amor deixado por Cristo. Se não houver este direcionamento, não há o casamento, não há a ligação com Deus.

Vida cristã - Estudo da carta aos Efésios

Filhos e pais

Filhos, o dever cristão de vocês é obedecer aos seus pais, pois isso é justo. Respeite o seu pai e a sua mãe é o primeiro mandamento com promessa, a fim de que tudo corra bem para você, e você viva muito tempo na terra.

Pais, não tratem os seus filhos de tal maneira que eles fiquem irritados. Ao contrário, vocês devem cria-los com disciplina e de acordo com os ensinamentos cristãos.

Vida cristã - Estudo da carta aos Efésios

Escravos e donos

Escravos, obedeçam aos seus donos com medo e respeito. E façam isso com sinceridade, como se estivessem servindo a Cristo. Não obedeçam aos seus donos apenas quando eles estão vigiando vocês, só para ganharem a aprovação deles. Mas, como escravos de Cristo, façam de todo o coração o que Deus quer. Trabalhem com prazer, como se estivessem servindo ao Senhor e não às pessoas. Lembrem-se de que cada um, escravo ou livre, será representado pelo Senhor de acordo com o que fizer.

Donos, façam a mesma coisa com os seus escravos e parem de ameaça-los. Lembrem-se de que vocês e os seus escravo pertencem ao mesmo Senhor do céu, que trata a todos igualmente.

Vida cristã - Estudo da carta aos Efésios

A armadura de Deus

Finalmente, unidos com o Senhor e por meio da força do seu grande poder, sejam fortes. Vistam-se com toda a armadura que Deus dá a vocês, para ficarem firmes contra as armadilhas do diabo. Porque nós não estamos lutando contra seres humanos, mas contra as forças espirituais do mal que vivem no mundo celestial, isto é, os governos, as autoridades e os poderes do universo, desta época de escuridão. Por isso peguem agora a armadura de Deus. Assim, quando chegar o dia de enfrentarem as forças do mal, vocês poderão resistir aos ataques do inimigo e, depois de lutarem até o fim, vocês ainda continuarão firmes, sem recuar.

Portanto, estejam preparados. Usem a verdade como cinturão. Vistam-se com a couraça da justiça e calcem, como sapatos, o entusiasmo para anunciar a Boa Notícia da paz. E levem sempre a fé como escudo, para poderem se proteger de todos os dardos de fogo do Diabo. Recebam a salvação como capacete e a palavra de Deus como a espada que o Espírito Santo dá a vocês. Façam tudo isso com o oração, pedindo ajuda de Deus. Orem sempre, guiados pelo Espírito de Deus. Por isso fiquem alertas. Não desanimem e orem sempre pelo povo de Deus. E orem também por mim, a fim de que Deus me dê a mensagem para que quando eu falar, fale com coragem e torne conhecido o segredo do evangelho. Eu sou embaixador a serviço desse evangelho, mesmo estando agora na prisão. Portanto, orem para que eu seja corajoso anuncie essa mensagem como devo anunciar.

Vida cristã - Estudo da carta aos Efésios

Saudações finais

Tíquico, nosso fiel ajudante no trabalho do Senhor, dará a vocês todas as notícias a meu respeito, para que possam saber como estou passando. O propósito da sua visita é este: dizer como todos nós estamos passando aqui, para que vocês fiquem animados com as suas informações.

Que Deus, o Pai, e o Senhor Jesus Cristo deem aos irmãos paz, amor e fé. E que a graça de Deus esteja com todos os que amam o nosso Senhor Jesus Cristo com amor que não tem fim.