Obrigações e necessidades - texto

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Palestra realizada em São Carlos-SP. 

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Objetivo do EEU

Me pediram para que antes de começar o assunto de nossa conversa de hoje falasse um pouco sobre o nosso trabalho. Vamos fazer isso agora...

Nós somos o 11º Grupamento do Exército de Maria. Somos uma falange espiritual que, sob a orientação do espírito que viveu a encarnação Maria, mãe de Jesus, traz ensinamentos para auxiliar os espíritos encarnados durante a sua encarnação.

Todos estes ensinamentos, como está afirmado em nosso Primeiro Manifesto, tem um objetivo: ajudar os espíritos encarnados a viver sob a batuta de Deus. O que quer dizer isso? Nossos ensinamentos buscam orientar o ser encarnado a aprender a viver em Deus, para Deus e com Deus. Fazemos isso porque, segundo o ensinamento de todo os mestres, este é o objetivo de uma encarnação.

O espírito encarna, habita uma carne, para provar a si mesmo – não a Deus porque Ele é Onisciente e por isso sabe tudo – que é capaz de suplantar as tentações que afasta de Deus. Por isso, durante a encarnação o espírito precisa ser tentado a não viver com Deus, em Deus e para Ele para que consiga provar a si mesmo que, apesar da tentação, prefere Deus.

Estas tentações são as que estão descritas no Novo Testamento e elas acontecem depois dos 40 dias e 40 noites que Jesus passa no deserto. Naquele momento ele sofre as tentações do diabo e estas são as mesmas pelas quais passam todos os seres encarnados.

Este é o processo de uma encarnação. Vocês são tentados por um diabo – não levem o termo diabo para o lado mal, mas sim para o tentador, o que provoca a tentação – para que possam provar a si mesmos que aprenderam que é mais importante viver com Deus do que aceitar aquilo que o tentador lhes promete.

Por isso esta é a motivação do nosso trabalho e o objetivo que pretendemos alcançar. Nosso trabalho não tem como objetivo promover cura, ajudar financeiramente ou ajudar a resolver seus problemas humanos, mas auxiliá-los, lhes dar instrumentos, para que consigam vencer a tentação.

Com isso não estou dizendo que quem tem o trabalho de cura ou de auxílio material é errado. Não é isso. Aquele é o trabalho dele, o objetivo e a missão daquele grupamento espiritual. O nosso é outro.

Portanto, podem contar comigo completamente no sentido de aprender a viver com Deus, em Deus e para Deus. Agora, se esperam que farei um milagre para salvar sua vida, isso não vou fazer.

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Espiritualismo, ecumenismo e universalismo

Este 11º Grupamento tem o nome de Espiritualismo Ecumênico Universal. Esse nome resume toda a diretriz deste trabalho.

Antes de qualquer coisa somos espiritualista. O que é ser espiritualista? Segundo O Livro dos Espíritos, introdução I, espiritualista é aquele que acredita haver em si algo além da matéria. Só que todos os mestres ensinam que o apego à leta fira, ao ensinamento, não vale de nada sem a ação. Só saber, só conhecer os ensinamentos resolve; o que resolve é a prática.

Portanto, costumamos dizer que somos espiritualistas, mas o nosso espiritualismo não é só saber que há algo além, mas aprender a viver para este algo além. Este é o espiritualismo que pregamos e praticamos: aquele onde a vida espiritual tenha premência a vida material. O que buscamos compreender e transmitir é como um espírito pode transformar a vivência na carne para que ela esteja de acordo com a forma como o espírito liberto da materialidade vive.

Existem muitas religiões espiritualistas, a maioria, que acreditam que existe algo além da carne, mas que pregam a vivência dos acontecimentos humanos pela lógica humana. Em seus ensinamentos pregam que o mundo material, que a forma humana de viver, seja a base para o mundo espiritual. Por isso observam a vivência material e a projeta para a espiritual.

Não estou dizendo que elas estão erradas, mas apenas que o caminho delas não é o nosso. Na nossa caminhada, no desenvolvimento de nossa missão, temos como objetivo compreender a forma espiritual de viver e aplica-la aos momentos da vida encarnada.

Por isso, para contra argumentar qualquer coisa que eu fale, não adianta me dizer que a sociedade humana age de determinada forma. Se esta forma não encontrar suporte nos ensinamentos dos mestres, ou seja, como vivem os espíritos, para nós isso não interessa. Nos prendemos ao que foi ensinado através de Krishna, Buda, Cristo, Maomé, o Espírito da Verdade e todos os mestres que trouxeram ensinamentos para auxiliar os espíritos encarnados.

Nós somos ecumênicos. Por isso acreditamos nos ensinamentos de todos os mestres e não apenas nos de um. No entanto, não vivemos um ecumenismo onde uma realidade é complementada pela outras, mas sim na fusão perfeita dos ensinamentos de todos os mestres.

Somos, também, universalistas porque seguimos o que Cristo ensinou ao final do livro Apocalipse da Bíblia: tudo está feito, eu e Deus somos um. O nosso objetivo é passar um ensinamento e propor um caminho para que o espírito una-se com Deus. Torne-se Uno com Deus.

Por isso, chamamo-nos de Espiritualismo Ecumênico Universal.

Participante: se vocês são o 11º Grupamento, existem outros? Quero também saber se vocês aceitam a presença de espíritos orientais neste grupamento, já que aceitam os ensinamentos de Buda.

Sim, existem outros grupamentos. Quem são? Isso vocês vão descobrir. Eu não posso nomear. Espere que na hora será sabido.

São diversos os grupamentos de Maria. Ela é a Senhora da Regeneração, ou seja, é o espírito ao qual Deus concedeu o comando do processo de mudança do mundo de provas e expiações para o de regeneração. Por isso são muitos grupamentos. Nós somos apenas um deles e mesmo assim nosso trabalho é apenas um dos trabalhos deste grupamento...

Se aceitamos a presença de orientais...

Não existe no mundo espiritual espíritos orientais nem ocidentais. Somos todos espíritos e estes não têm cara para ter olho puxado ou não.

Por isso preciso lhe responder dizendo que não temos orientais neste grupo, mas também não temos ocidentais. Isso porque não nos dividimos entre orientais e ocidentais. O que posso lhe dizer é que dentro da visão humana de determinados espíritos há alguns seres que aparecem para seres humanos com a forma de oriental. Eles não são, mas se apresentam com esta forma...

Participante: não existe divisão, não é mesmo?

O universo é único, uno e estável. Por isso não há divisões. No universo tudo é uma coisa só. Aliás, só vocês humanos é que dividem as coisas.

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Tentação

Participante: o que é uma tentação?

É tudo aquilo que lhe afasta de Deus.

Cristo ensina que você deve amealhar bens no céu e não na Terra. Sendo assim, posso dizer que tentação é tudo que lhe faz amealhar bens na terra. Saiba que a luta eterna é entre a espiritualidade e a materialidade, pois segundo o apóstolo Paulo, a humanidade é o inimigo de Deus.

Portanto, tentação é tudo que existe nesta vida que lhe faz preferir o bem material, o gozo da felicidade agora, ao invés de buscar o bem espiritual, o gozo da felicidade espiritual.

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Processo espiritual na Terra

Participante: como o senhor vê o processo espiritual da Terra atualmente? Não parece que o ser humano está melhorando.

Como vejo o processo da Terra neste momento? Eu o vejo como o momento certo e a forma certa de estar.

Para que dissesse que está atrasado ou adiantado, teria que julgar. Como Cristo ensinou que não se deve julgar ninguém, não posso fazer isso.

Quem vive com Deus vive o que é apresentado sem questionar se é atrasado ou evoluído, bom ou mal, está de um jeito ou de outro. Isso não fazemos. Para nós nada poderia ser diferente do que está, porque é aquilo que está sendo apresentado. Portanto, vivemos aquilo que é apresentado sem julgar.

O que posso dizer sobre o processo é só o que venho dizendo: o dia do juízo final chegou. Isso quer dizer que para cada um que está encarnado essa é a última oportunidade de ser promovido para o próximo sistema de encarnação ou recomeçar tudo novamente. É esse o momento que vocês estão vivendo.

A nova era que começou no fim de 2012 já marcou o fim do mundo de provas e expiações, mas aqueles que já estavam encarnados e outros que estão encarnado ainda estão vivendo sua última oportunidade nesse processo. Quando saírem da carne ocorrerá para eles o juízo final e serão, então, encaminhados para a direita ou para a esquerda. É isso que tenho a falar sobre a posição atual do planeta.

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Atual situação do ser humano

Sobre a segunda coisa que você me perguntou (parece que o ser humano não está muito bom) o que tenho a dizer é que ele não pode ser diferente do que é.

Comecei nossa conversa perguntando se acreditam em espíritos. A resposta foi sim. Acreditando nisso, a primeira coisa que deveriam fazer é separar o espírito do ser humano.

O humano não é o espírito, mas um instrumento do ser universal para a encarnação. Por isso o humano não pode ser bonzinho, não pode ter evolução. A evolução não é humana, mas espiritual, do espírito. Portanto, o ser humano tem que ser do jeito que é para que o espírito tenha a sua prova.

Sendo assim, o que você chama de maldade da humanidade, chamo de justa medida daquilo que o ser precisa para a sua provação. Vou dar um exemplo: um homem assassina ou estrupa uma criança.

Isso é um ato classificado pela humanidade como violento e bárbaro. Mas, pergunto: o que a humanidade fez para chegar ao ponto de chamar este homem de bárbaro? Julgou. Além de julgar, o que faz quando tem raiva e ódio de outro ser? Não ama. Ou seja, quando é bonzinho o ser humanizado é contrário aos ensinamentos de Cristo, pois não ama o próximo.

Então veja, o problema não é o que o outro fez, mas sim o fato dos espíritos encarnados infringirem os códigos de lei que Cristo ensinou. Lembre-se que Cristo não ensinou a amar apenas os seres bonzinhos, mas a todos. Por isso afirmo que você não pode escolher a quem amar.

A humanidade está do jeito que precisa estar para dar aos encarnados a oportunidade de vencerem tentações. O que é a tentação? É a proposta de criticar e odiar quem não é humanamente bom. Como vencê-la? Amando a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

A humanidade está perfeita. O problema não é com ela, mas com os espíritos encarnados que dizem que querem aproveitar a oportunidade da encarnação e quando são tentados cedem e vivem o que a humanidade diz para viver, ao invés de se manterem firmes no caminho de estar com Deus.

Participante: o problema é que vivemos a mesma vibração que os seres humanos não espiritualistas vivem.

Exato. Quando vivem a mesma vibração que a humanidade vive, afastam-se de Deus. Porquê? Porque o ser humano é o tentador, é o diabo.

Na verdade não é propriamente o ser humano que é isso. Vamos falar disso hoje, pois é o assunto dessa nossa conversa.

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Medindo o avanço

Participante: como podemos ter certeza de estar indo para o lado espiritual e não cedendo ao humano?

Esse é o grande segredo da encarnação: jamais saberá o que está fazendo nesse sentido. Jamais saberá se está realmente fazendo o certo.

Sabe porquê? Porque na hora que disser consegui, não fará mais nada. Na hora que se conscientizar que já sabe o que deve fazer, que está evoluindo, para de fazer.

O que precisa fazer é seguir o ensinamento de Cristo: orai e vigiai. A cada momento esteja em oração, ou seja, esteja ligado em Deus, e vigie-se para não cair em tentação. A cada momento ...

Costumo dizer que fazer o processo de reforma íntima durante uma encarnação não é ir ao centro ou uma igreja por alguns momentos, mas viver um processo que dura vinte e quatro horas por dia. Isso porque durante o dia inteiro você é assediado pelo tentador e precisa estar em oração e atento ao assédio para não cair.

Você me diria que ninguém fica atento vinte e quatro horas por dia e por isso acaba caindo. Realmente é assim. Mas, se isso acontecer, levante-se, limpe a bunda e continue caminhando. O problema é que quando caiem, cedem a tentação e ficam no chão chorando, se lamentando. Ficam julgando a si mesmos, acusando-se e não levantam mais.

Por isso, se caiu, conscientize-se da queda e toque para frente. Não adianta ficar chorando e dizendo que não presta, que não consegue. Todo ser espiritual presta. Não há ser espiritual mal.

Não pode haver um ser espiritual que seja mal por conta da carga genética de cada ser. O espírito é filho de Deus. Como é que a Perfeição, o amor perfeito pode gerar algo mal? Deus não tem filho capenga, sem olho. Isso não existe: todos os filhos Dele são perfeitos.

Você já é perfeita, mas não vê a perfeição que é porque acredita que é imperfeita. É por isso que digo que precisa, se seu olho lhe faz pecar, arrancá-lo, pois é melhor ir para o reino do céu sem um olho do que ir para o inferno com os dois. O seu olho é o que você vê. Se vê a outra pessoa como algo que não presta, arranque seu olho fora, liberte-se do que acha dela...

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Buscar a espiritualidade

Participante: então, além de buscar a espiritualidade, temos que combater o humano que somos?

Não, você não precisa buscar espiritualidade. Sabe por que? Porque já tem.

A espiritualidade está dentro de você. Ela só não consegue vir para fora porque o lado humano não a deixa vir à tona. Na hora que silenciar o seu lado humano, a espiritualidade aparecerá.

Costumo dizer que todos os espíritos são como uma lâmpada. São lâmpadas que possuem o mesmo brilho, brilham com a mesma determinada intensidade.

Acontece que algumas lâmpadas estão cobertas por uma camada de sujeira. Por isso o brilho não se exterioriza. Ele existe, está no interior de cada um, mas não resplandece para o exterior porque existe algo opaco que não deixa a luz sair.

Esta coisa opaca são as tentações humanas. São, e com isso já vou começar o assunto de hoje, os elementos do sistema humano de vida.

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O guia do ser humano

Quando falo em humanidade, não estou falando do ser humano e nem suas realizações. Estou falando de um sistema humano de viver. Esse sistema é o que lhe faz se afastar de Deus. Porquê? Porque existe um sistema espiritual de vida que é diferente desse. É isso que vocês não entendem.

Deixe-me falar algo. Porque você escolheu essa roupa para estar aqui? Será que foi porque achou bonita? Não. Até essa roupa chegar ao seu guarda roupa e ser vestida hoje todo um sistema de vida influenciou.

Porque você a comprou e não outra? Porque imaginou onde poderia usá-la, verificou que estava na moda, etc. Ou seja, uma série de considerações ditadas pelo mundo externo lhe fez comprar essa roupa.

Quanto ao vir aqui, na verdade quem a escolheu para vestir também não foi você, mas esse sistema, essa série de considerações que dirigem sua existência. Ao pensar em estar aqui todo um sistema de vida influenciou na escolha da roupa.

Garanto-lhe que se fosse para ir a um casamento hoje não teria escolhido essa roupa, não é mesmo? Por quê? Porque o sistema humano diz que há uma roupa específica para ir a um casamento e outra para momentos menos cerimoniosos. São essas as considerações que estou falando.

O importante é compreender que existe um sistema, que você não vê, mas que é o leme que orienta seu raciocínio e que lhe leva a agir de um determinado jeito. Isso não vê. Acredita que age de um determinado jeito porque quer, acha bom, certo, bonito, etc.

Na verdade, vocês são bois levados para o matadouro passivamente por esse sistema. Mais: são levados achando que estão fazendo o certo, o que querem.

Participante: então não devíamos estudar espiritualidade, mas estudar a vivência dos acontecimentos humanos.

Sim.

Aliás, há quase quatro anos fizemos um estudo chamado ‘Em Busca da Felicidade’. Naquele momento, a primeira coisa que falei a respeito da evolução espiritual foi que para fazê-la deviam esquecer qualquer assunto relacionado ao espírito e à espiritualidade. Essas coisas são cultura inútil, pois a mente humana não possui um sentido e informações para que possa gerar uma perfeita compreensão a respeito das coisas espirituais.

Quando fizemos uma conversa numa Faculdade Espírita, há aproximadamente três anos, disse que ao invés de estarem ali estudando fenômenos espíritas, eles deveriam estudar o viver a vida. Deveriam tentar compreender o sistema humano de vida e buscar nos mestres o sistema espiritual correlato para que pudessem orientar os espíritos encarnados a aprender a vivenciar os acontecimentos de uma forma vinculada ao sistema espiritual e não ao material.

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A crença espiritual e a realidade que se vive

Participante: nos atrapalhamos nessa batalha.

Não, vocês não se atrapalham: são atrapalhados pela humanidade. Digo isso porque a função dela é lhes tentar.

Ela não é culpada nem errada por fazer isso e nem vocês por terem esses pensamentos. A mente faz questão de atrapalhar a sua vivência espiritual para dar uma oportunidade de libertar-se dela. Se não der essa oportunidade, jamais conseguirá vencê-la e com isso não aproveitará a oportunidade da encarnação.

Portanto, não há nada errado. O que está acontecendo é apenas uma coisa: vocês acreditam em espírito e em encarnação, mas ainda acham que nasceram num determinado dia, que vão morrer num dia, que fazem, querem ou gostam de algo, ou seja, ainda creditam que são humanos.

Olha que coisa. Sabem que são espíritos, mas acreditam que são humanos. Justamente por acreditarem que são humanos é que se deixam levar pelo sistema de vida humano e com isso perdem a oportunidade da encarnação.

Tem uma frase que já usei: você precisa se conscientizar de que não é um ser humano vivendo uma aventura espiritual, mas sim um espírito que está tendo uma experiência humana. Enquanto achar que nasceu em determinado dia, nada conseguirá...

Quer ver um exemplo do que acabei de falar? Por favor, qual o seu nome?

Participante: Maria.

É esse seu nome? Você sabia que espírito não tem nome?

Participante: é o meu nome agora.

Não, esse é o nome da sua humanidade e não o seu. Enquanto achar que esse é o seu nome estará compactuando com a humanidade à qual está ligada, pois a Maria, que acredita ser você, é o nome da sua humanidade e não o seu.

Desculpe continuar perguntando. Você é mulher ou homem?

Participante: sou mulher.

O espírito não tem sexo. Como é que você, que sabe que é um espírito, ainda vive como uma mulher, ainda acredita ser do sexo feminino?

É por aqui que é preciso começar todo o trabalho da elevação espiritual. Enquanto se achar mulher ainda existem aspectos do sistema humano de vida que serão usados para cobrar atitudes das outras pessoas. Isso acontecerá inexoravelmente porque esse sistema afirma que determinadas coisas precisam ser feitas para as mulheres.

Uma mulher não pode fazer isso, o homem precisa agir de determinada forma com uma mulher. Tudo isso vocês aceitam porque, apesar de saberem que são espíritos, vivem como mulher ou homem.

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A conerência entre o que sabe e o que vive

Existem hormônios e outras coisas que interferem na vivência diária?

Eu pergunto: espírito tem hormônio?

Participante: não, mas nós sentimos a interferência deles.

Não, você não sente interferência. Quem sente é a sua mente.

Já ouviu falar de pessoas que perderam o pé e ainda têm coceira no membro amputado? Como pode isso acontecer? Onde está a coceira? Será que está no pé que não está mais lá?

Participante: é a questão das dores fantasmas?

Não. Não se trata de uma dor fantasma, mas sim de uma dor igual a qualquer outra. Saiba: toda dor é gerada pela mente e não pelo corpo.

Sendo assim, posso dizer que não é o hormônio que lhe atrapalha, mas sim a mente. Sabe porque ela atrapalha? Porque você acha que é mulher. Porque acha que é a mente e isso não é verdade: ela é o ser humano, o tentador. Ela existe para lhe impulsionar para o lado humano.

Você acredita em O Livro dos Espíritos?

Participante: sim.

Acredita, também no que a sua mente diz? Acha que ela está certa?

Participante: sim.

Pois saiba, sem ofensas, que está vivendo de uma forma hipócrita.

Em O Livro dos Espíritos há duas questões importantes para aqueles que acham que suas mentes estão certas. Kardec primeiro pergunta o que é melhor para guiar a vivência do ser encarnado: o raciocínio ou o instinto? O espírito da Verdade afirma que é o instinto.

Kardec volta a perguntar: quer dizer que a razão não é guia infalível? A resposta é não, a razão não é guia infalível porque é mal educada, orgulhosa e vaidosa.

Isso está escrito em O Livro dos Espíritos, que você diz acreditar, mas apesar disso ainda se deixa guiar pela razão. Esse é o problema.

Vou falar uma frase que tenho dito e na qual devem colocar muita atenção: o problema é falta de vergonha na cara. Não estou ofendendo ninguém, mas o problema é que o espiritualista diz que acredita em espírito, mas não quer viver como Cristo viveu. Não quer oferecer a outra face, cumprimentar seu inimigo, ser crucificado, deixar que os mortos enterrem os mortos, doar tudo que é seu para quem necessita.

Acreditam em O Livro dos Espíritos, mas não agem como está lá ensinado. Acreditam em Buda, mas não lutam para não se apegar às suas posses, paixões e desejos. Isso mostra claramente que, para vocês, espiritualidade é apenas cultura e que sua busca espiritual é apenas a busca de informações.

Esse é o grande problema: o que está faltando hoje em dia é prática. Ninguém quer praticar o que os mestres ensinaram. Durante essa conversa vamos entender porque isso acontece. Basta colocar em prática o que ensinaram os mestres que se consegue aproveitar essa encarnação.

Por isso, desculpe, mas não é o hormônio que interfere no seu viver. Ele faz a mente agir de determinada forma, mas não você. O problema é que você aceita o que a mente diz placidamente porque acredita que é ela. Esse é o problema.

Por isso já havia dito anteriormente que só dá para começar esse trabalho de busca de Deus quando o espiritualista assumir uma dupla personalidade: ele e ele mesmo. Ele, a mente, o humano; ele mesmo, aquilo que chama de espírito.

Depois dessa conscientização é preciso trabalhar essa relação para não deixar a mente, que é influenciada pelos hormônios, pelos conceitos, pelos códigos e normas humanos, dominar você, o espírito.

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Vivendo na carne

Participante: como fazemos para colocar o que o senhor ensina na prática?

Vivendo.

Participante: a gente acaba vivendo o que acha certo e não vê o que está errado.

Desculpe, mas não existe nem certo nem errado. Por isso, se sua mente lhe disser que algo que fez está certo, não acredite nisso; se disser que está errado, também não acredite.

Participante: mas, como é que eu vou fazer para viver?

Esse é que é o problema. Vocês ainda querem fazer alguma coisa durante essa vida enquanto estar com Deus é não fazer nada no mundo material. Como Cristo ensinou: tudo está pronto.

Participante: mas, eu tenho que viver na matéria.

Não, a matéria vive por ela. Você, como Krishna ensina, tem que aprender a assistir a matéria. Nós vamos chegar lá na nossa conversa.

O primeiro detalhe que quero falar na conversa de hoje – e que espero que fique bem claro – é que existe um sistema humano de vida que conduz vocês vinte e quatro horas por dia. Acham que escolhem a roupa, que fazem coisas, que tomam decisões livremente, mas na verdade há um sistema que direciona a sua forma de ser, estar e fazer.

Esse sistema tem múltiplas faces. Alguns seres humanos são tidos como bondosos, outros não. Isso não importa, pois a forma de ser de cada um é ditada pelo sistema humano de vida e não pelo próprio ser.

Existe um sistema que guia o ser de uma forma que é considerada bondosa e outro que guia o ser de uma forma não considerada como bondosa. Isso não importa. O importante é ter a consciência que seja o que for o ser humano, está sendo guiado por um sistema de vida e não a partir de sua própria consciência.

Participante: isso não aprendemos na vida.

Sim, porque a vida não quer que aprendam isso.

Porque ela não quer? Para não despertarem. Para não saírem do sono que estão onde acham que fazem alguma coisa porque querem.

Participante: a própria escola faz isso com as crianças pequenas.

Sim.

Você faz isso com seus filhos, seus amigos fazem isso com você, a televisão, o jornal fazem isso com todos. Isso acontece com todo mundo porque todos estão dentro do sistema. Não há ninguém acordado, fora do sistema, por isso não há alguém que possa lhe despertar. Todos só colaboram para lhe prender mais ao sistema.

Todos estão dentro de um sistema e o que eles querem, na verdade, quando propõe mudarem-se é que abandone o seu sistema e passe a viver o dele. Se fizer isso, terá apenas trocado seis por meia dúzia, ou seja, continuará servindo a humanidade.

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As diretrizes do sistema humano

O sistema humano de vida, o guia do ser humano, possui duas diretrizes, duas formas de agir, para guiar os humanos mantendo-os preso. Quais são as duas? Tem que ter para ser e tem que ser para ter ...

O sistema humano de vida diz que você precisa ter alguma coisa – e quando falo nisso não estou me referindo apenas a objetos materiais, mas coisas desse mundo – para ser alguma coisa. Diz que precisa ser, ou seja, precisa internamente sentir-se de determinada forma, para poder ter algo. É dessa forma que o sistema humano os guia para viver como ele quer.

Por isso afirmei que esta pessoa não escolheu esta determinada roupa para vir aqui, mas sim o sistema. Fez isso dizendo a ela que precisava vestir uma roupa que aparentasse ficar à vontade para poder ser bem aceita no grupo ao qual iria se unir.

Disse mais: que se escolhesse uma roupa de baile para vir aqui, todos criticariam. Afirmou, ainda, que se viesse com esse tipo de roupa não seria aceita pelo grupo. Como nenhum ser humano quer perder, ela cedeu e vestiu a roupa que o sistema indicou. É dessa forma que o sistema humano de vida a dirigiu para vestir-se da maneira que está.

Se isso é verdade, você não escolhe roupa, mas é guiado pelo mundo a vestir o que ele diz para vestir. Quando isso acontece, você está de costas para Deus.

Antes que me perguntem porque afirmo isso, vou explicar porque está de costas para o Pai quem se deixa ser guiado pelo sistema humano de vida. Quando o ser cede a tentação, ou seja, se acha obrigado a ter que ter para ser e a ter que ser para ter está de costas para Deus porque está servindo a matéria. Cristo ensinou que não se serve dois senhores ao mesmo tempo. Sendo assim, servindo a humanidade, ou seja, atendendo ao que o sistema humano de vida fala, não se serve a Deus.

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Subordinação ou vontade?

Participante: eu não conheço ninguém que consiga viver livre dessas premissas...

Desculpe, mas existe muita gente que consegue. São aqueles que não são apegados a nenhum preceito de moda, de educação, de estética, de vaidade, etc. Estou falando daqueles que realmente são livres das normas e códigos humanos que regem a vida em coletividade.

Existem muitas pessoas assim. Você pode não conhece-los, mas existem.

Participante: isso não está vinculado à vontade da pessoa?

Não. Isso, quando não vivido como uma forma assumida, mas com naturalidade, é liberdade do sistema. Deixe-me falar algo que me ocorreu agora.

Há anos atrás nessa cidade tive uma conversa com as pessoas daqui e convidei-as a participar de uma revolução: uma revolução anarquista. Na época disse que seríamos anarquistas graças a Deus.

É disso que estou falando. Vocês precisam promover uma revolução anárquica. Só que não pode ser uma revolução presa a um sistema anarquista. Ela precisa ser completamente livre de ter que ter para ser e de ter que ser para ter. Esse é o objetivo, pois na hora que se liberta do sistema humano que lhe guia, o ser está com Deus e por isso é livre.

Participante: é por isso que vivemos sempre com um vazio?

É por isso que, na maioria das vezes, quando consegue ter ou ser o que o sistema humano lhe induz, não consegue se sentir pleno. Nesse momento, também guiado pelo sistema, começa a desejar outra coisa.

Isso acontece porque internamente conseguir realizar o que o sistema exige que tenha não é comemorado. A vida não comemora o que acontece porque o sistema não quer que você seja ou tenha algo, mas sim prender às premissas que dizem que tem que ter ou tem que ser alguma coisa.

Esse é o objetivo do sistema, pois quando está preso ao sistema não está fazendo o trabalho de elevação espiritual. Lembre-se que o sistema humano faz parte do tentador e o que ele quer é lhe tentar para que não cumpra o objetivo da sua encarnação.

Aliás, reparem que estou falando de elevação espiritual sem falar em Deus, espírito ou religião. Estou falando disso apenas usando a consciência de que você é dirigido pela vida e que aceitar esse direcionamento é servir à matéria.

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Prisão ao sistema

Participante: será que esse caminho não passa por ouvir mais a intuição?

Não, pois a intuição também é gerada pela mente. Por isso também está subordinada ao mesmo sistema.

O caminho passa por compreender que está sendo dirigido e libertar-se do direcionamento dado. Passa por parar de acreditar que você faz, que sabe, que quer e acreditar que tudo isso é fruto de uma obrigação que lhe é imposta. Fazendo isso você se liberta.

Vou dar mais um exemplo para ficar bem claro o que estou falando...

Quem de vocês aqui não possui celular? Todos, não? Todos precisam dele, todos utilizam esse aparelho o tempo todo? Acho que não. Existem pessoas que não precisam e momentos onde, mesmo que o tem, abandona o aparelho para fazer outras coisas.

Se ele não é tão fundamental para a vida, porque, então, não o abandona? Porque se não tiver um celular, se não usá-lo, alguém vai lhe criticar, não é mesmo? Por isso, tem o aparelho, mesmo que não o use sempre.

É por causa disso que digo que você se acha obrigado a ter para ser. É o sistema que diz que precisa ter e aí você tem.

Quer outro exemplo? Já viu uma mulher parar na frente de um guarda roupa cheio e, depois de olhar tudo que está lá dentro, dizer que não tem roupa para ir a uma determinada festa? O armário está cheio, porque ela precisa de mais uma? Porque o sistema diz que para aquela ocasião específica precisa especificamente de uma determinada roupa.

Tente tirar da cabeça desta mulher que ela está sendo guiada, que ela não precisa de outra roupa. Tire, se puder.

Vocês são manipulados o tempo inteiro pelo sistema humano de vida e não reagem. Porque isso acontece? Porque acham natural pensar dessa forma, porque acham que isso faz parte da natureza humana e porque acham que são vocês que querem.

É por aqui que passa a sua libertação: descobrir que não precisa de outra roupa para ir, que não precisa do celular, mas que se imagina obrigado a ter essas coisas porque faz parte da natureza humana. Mas, para chegar a este ponto é preciso ter mais um coisa que ainda vamos conversar.

Participante: o desapego ajuda a conseguir esta libertação?

Não, o desapego é o chegar.

Desapegar-se não é não ter, mas sim não estar apegado. Por isso quando chega ao ponto de desapegar-se do ter que ter para ser alcançou a liberdade.

Participante: o senhor, então, não está falando de ter, mas de sentir-se obrigado a ter. É isso?

Exato.

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Necessidades

Com a sua pergunta podemos, então, nos aprofundar mais nessa questão. Vamos incialmente entender a questão do tem que.

A liberdade da função ‘tem que’ utilizada pelo sistema humano não quer dizer que você não pode ter, mas sim que precisa ser livre de dois aspectos oriundos dessa premissa.

Primeiro aspecto: necessidade.

 Antes de analisarmos as necessidades que a mente gera, temos que ter uma consciência: a mente, acima de tudo, é hipócrita. Por isso precisamos nos conscientizar que ela não fala claramente as coisas, mas conta histórias. Entenderemos isso daqui a pouco.

Voltando ao nosso assunto, o primeiro aspecto utilizado pelo sistema humano para lhe subordinar a ele é a necessidade, o precisar de algo. Só que a necessidade não é verídica. Trata-se apenas de algo que a mente cria para prender o ser ao sistema humano.

Quantas vezes vocês já não acharam que não podiam viver sem alguma coisa ou pessoa e empenharam até as calças para ter aquilo só para depois ficar esquecido num canto? Quantas vezes já não imaginaram que não podiam viver sem determinada coisa e continuaram vivos mesmo não tendo?

Lembro-me de uma pessoa que morava numa chácara e o marido não cortava a grama. Ela me perguntou: ‘como alguém pode viver com a grama daquele tamanho’? Eu respondi: ‘você; ou será que já morreu e não sabe’?

Como já disse, a mente é hipócrita. Sendo assim, a necessidade é uma hipocrisia. O querer a grama cortada dessa pessoa é uma prova disso. Ninguém vai morrer porque a grama está alta.

É a partir da consciência de que a necessidade é apenas uma hipocrisia que você precisa criar armas para se libertar da condicionalidade. Uma delas é a seguinte: ‘você já é tudo que pode ser, já tem tudo que pode ter, pois é um espírito. Você é o filho de Deus’.

Veja bem. A você que é mãe ou pai pergunto: se seu filho pedisse algo que está dentro da sua possibilidade de dar, negaria? Claro que sairia correndo e daria, não? Pois é, se o que você acha que precisa fosse realmente algo de suma importância, decisivo para a sua vida, será que o seu Pai não lhe daria? Se aquilo é realmente necessário e você não possui, porque seu Pai não lhe deu? Talvez porque Ele, como os pais humanos fazem muitas vezes, não ache necessário.

É isso que vocês precisam entender. É este o caminho para se libertar do sistema humano de vida.

Quando a mente disser que precisa de outra roupa especifica para ir a uma festa, ao invés de ceder à tentação do ter que ter, deve dizer a si mesmo que as roupas que estão no seu armário são as que o seu Pai lhe deu. Mais: que Ele fez isso porque achava que era delas que você precisava. Com isso verá que não precisa de outra, pois se precisasse, Ele providenciaria.

Existe uma consciência nesse mundo da existência de um grupo chamado ‘Iluminati’. Dizem que é um grupo formado por pessoas poderosas de todos os cantos do mundo que se reúnem para direcionar a vida dos seres humanos comuns. Isso não existe, é mentira, é elucubração mental. O que existe na verdade é um sistema que guia a vida de cada um.

Não são outros humanos que guiam a sua vida, mas sim a sua mente. Ela é a poderosa que guia vocês.

A mente humana é um instrumento do tentador que transforma o ser humano em boi guiado placidamente para o matadouro. O tempo inteiro está dirigindo o ser para que você, o espírito, fique aprisionado ao sistema humano de vida e com isso sirva a humanidade e não a Deus.

É preciso reconhecer isso. É preciso entender que você não precisa de nada. Que já tem tudo e se amanhã precisar de outra coisa, Deus lhe dará. Não precisa sair correndo para ter nada.

Afirmo isso porque o problema não é ter, mas achar que precisa ter. Ter necessidades é a humanidade.

Obrigações e necessidades - texto

Apego ao desapego

Participante: Buda ensina que o problema não é ter as coisas, mas apegar-se a elas, pois a partir do apego um dia existirá sofrimento, já que fatalmente em algum momento deixará de ter o que possui.

Isso é exato.

Repare que vocês só precisam de coisas materiais. Como tudo que é material fica aqui, quando saírem da carne não terão mais nada do que têm aqui. Continuando a achar necessário ter qualquer coisa, acabarão sofrendo quando não tiver.

Participante: conheço uma pessoa que resolveu que seria desapegado. Abandonou tudo que tinha e foi viver livre pelo mundo. Quando fui me despedir dessa pessoa não pude nem lhe dar um abraço porque ela achava que se me abraçasse se apegaria à mim.

Pelo que você está descrevendo podemos observar uma coisa: esta pessoa é apegada a ser desapegada.

Foi o que eu falei: o sistema de vida utiliza-se de diversos argumentos para criar um apego, uma necessidade. A partir daí, posso dizer que precisa ficar consciente de estar apegado ao desapego para desapegar-se dele.

O problema não é ter – você pode ter tudo – mas sim estar apegado ao que tem. Achar que precisa daquilo, que aquilo é necessário para a sua vida.

Participante: como a mente cria coisa, não?

Sim, mas nada a se admirar. Afinal de contas, ela existe só para isso. A mente não tem mais nenhuma função, mais nenhuma razão para existir...