Opinião
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Em conversa em São Paulo - SP Joaquim de Aruanda falou do perigo em ter opinião sobre os assuntos do mundo para aquele que quer viver a felicidade incondicional.

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Caminhe sem esperar ganhar sempre

(Palestra realizada em 19/06/2016 em São Paulo-SP)

Apesar de termos dito sempre que é necessário se buscar a felicidade, é preciso que o ser humanizado compreenda que nesses tempos que estamos vivendo não dá para ser feliz o tempo inteiro. Isso porque esse ainda não é o mundo que Kardec chamou de celestial, um mundo em que se consegue viver a felicidade durante todo o tempo.

Se você diz que – você que eu falo é a mente – entendeu tudo o que eu falei e daqui para frente será diferente, não caia nessa. Isso é a mente inventando verdades que não são reais. Como sempre disse, esse é um trabalho que precisa ser feito a cada momento com uma única certeza: vai ter muitos momentos em que não vai fazer.

Vocês estão em uma roda, em um processo. Imaginar que conseguirão colocar em prática em todos os momentos da vida é a mesma coisa de uma pessoa que chega no primeiro dia de aula para aprender a construir um prédio e sai dali achando que já vai conseguir, que vai sair da aula e vai construir. Não vai. Esse prédio vai ruir.

É preciso que compreendam essa dinâmica. Vocês estão começando. São como uma criança no primário que aprende a desenhar a letra. Muitas vezes, ela desenha a letra torta.

Por isso digo: não cobrem de vocês – e isso faz parte da construção – a felicidade eterna. Aceitem com felicidade o sofrimento que vocês têm. O que estou dizendo é que vivam assim: “Eu não consegui. Não consegui. Que se dane. Vou tentar outra vez”.

Isso é muito importante e, no final do ano passado neste mesmo lugar conversamos sobre este assunto. Naquele momento falei de vida simples, lembram? No final disse o que vou dizer de novo agora: respeitem os seus limites.

Tem dores que vocês não vão conseguir se libertar; outras se libertariam de vez em quando; outras, ainda, vão se libertar com mais facilidade.

Construir a felicidade é saber que essa construção não pode ser feita por atacado. Acreditando ao contrário, essa luta irá arrebentá-los. Isso porque imaginarão que podem sempre conseguir, quando isso não é real.

O que precisam fazer é dizer a si mesmo: “Agora eu consegui, que bom” ou dizer “Agora eu não consegui, que bom” e tocar para frente.

Participante: passando de fase igual aos jogos?

Exatamente.

Nos jogos eletrônicos só é possível pegar um adversário mais forte se você passar pelo pequeno. Se pegar o forte no início, você vai morrer.

A felicidade é possível e se colocarem em prática o que eu ensino conseguirão, mas, nessa etapa da existência eterna ela não é simples de ser alcançada. Para que isso acontecesse seria necessária uma renúncia muito grande, que vocês ainda não estão totalmente prontos.

Portanto, faça dentro da sua possibilidade. Vá caminhando passo a passo; se não conseguir em algum momento, não conseguiu. Toque para frente e tente outra vez.

Aquele que quando não conseguir a primeira vez desistir, nunca conseguirá. Aquele que nem tentar também não irá. Por isso, vá fazendo e veja no que vai dar.

Aliás, só se pode fazer isso, né? Na verdade o filme fica correndo sempre. Ele não para você analisar, estudar e depois começar novamente. Ele continua correndo sempre.

Aceitem essa dinâmica da vida e respeitem o limite de vocês. Esse seria, vamos dizer assim, o último conselho. Tentem construir a felicidade dentro dos passos que nós conversamos, mas tentem não como obcecados. Tentem dentro do limite de vocês, façam dentro do que podem. Jamais tentem alcançar a perfeição ...

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Perfeição

Aliás, o que é perfeição, alguém sabe dizer?

Participante: é o que de fato existe. É o que está acontecendo.

Não. O que é perfeição? O que é atingir a perfeição?

Participante: é até onde conseguir fazer?

É atingir o seu limite. Lembram da história do Buda? A corda não pode ser fraca demais, mas não pode ser esticada demais, senão ela rompe.

Conhecem essa história? O Buda estava sentado em meditação, tentando descobrir as causas do sofrimento e viu um pai ajudando a um filho a afinar um instrumento de corda. O pai disse ao filho: “você precisa achar o ponto certo. Não pode deixar a corda fraca demais, porque aí ela vai ter um som ruim, mas também não pode apertar demais, porque se tocar assim ela arrebentará”.

Por isso digo, façam dentro da medida do possível, porque esse é o momento, o tempo de vocês. Ficou claro isso?

Participante: levando para a indústria, do ponto de vista material, isso é o que chamam de estado de arte. É um produto qualquer, como um carro, que emprega a melhor tecnologia de cada parte para chegar na perfeição máxima daquela idealização, que seria o estado de arte.

A melhor possível e não a melhor peça disponível. A possível.

Não adianta nada construir um carro sonhando em ter um motor superpotente se o que você disponível é o de um calhambeque. Se você só tem um calhambeque, aprenda a andar na velocidade de um calhambeque.

Isso é a perfeição. Você atingir o que pode ser atingido. Muitos imaginam que existe um grau de perfeição que é universal que é inerente a todos, mas isso é irreal. Atingir a perfeição é fazer tudo aquilo que lhe é possível fazer, independente de se outro atinge mais ou menos.

Aquele que busca a perfeição tenta fazer o melhor possível, mas com a consciência de que não poderá realizar tudo o que quer.

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Culpa

Participante: é preciso tomar cuidado com a culpa, não é?

Sim, a culpa é uma das grandes causas de sofrimento.

Participante: a gente já sabe perfeitamente o que deve ser feito e tem vezes que se consegue fazer tudo de boa. Tem momentos que a gente faz exatamente o que fez antes, mas não consegue. Aí, vem a culpa. Mas daí você fala “tudo bem, a culpa faz parte”. É por aí: está sempre assim escorregando, depois fica bem.

É assim mesmo. É a única forma, é o julgo leve.

Para ser feliz é preciso aprender a viver a vida conforme ela vai se apresentando em vez de ficar querendo ser, estar ou fazer algo diferente do que está acontecendo. Lembre-se que essa mesma busca da felicidade que pode lhe levar a ser feliz será usada pelo sistema humano de vida criando regras para que você se prenda a elas e com isso viva contrariedades.

Saber diferenciar quando se consegue a liberdade ou quando se tem apenas um discurso de ser livre é muito difícil.

Participante: o que der para fazer, fez. O que não der, não fez.

Mais: não sofrer porque não fez.

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A expressão da subordinação

Já que todo mundo entendeu o que falei, vamos aproveitar para passar uma última mensagem.

O que faz vocês sofrerem?

Participante: sistema humano de vida.

O sistema humano de vida faz vocês sofrerem, mas isso só acontece porque estão subordinados a ele, porque colocam o cumprimento das as suas regras acima da sua felicidade.

Por isso pergunto: o que é subordinar-se ao sistema humano de vida?

Participante: aceitar o que o ego lhe propõe?

Não.

Participante: ceder à tentação?

Não.

Participante: não saber que você é um espírito?

Não.

Eu disse que o sistema humano de vida é um conjunto de normas que trazem obrigações e necessidades que levam vocês a julgarem o mundo. Como é que vocês expressam a sua subordinação ao sistema humano de vida?

Participante: agindo como o esperado?

Participante: julgando?

Não. Tendo uma opinião!

Cada vez que você tem uma opinião sobre alguma coisa está expressando a sua subordinação a uma norma gerada pelo sistema humano de vida. Quem diz, por exemplo, que a presidenta que saiu não presta, não está afirmando isso: está mostrando que se subordinou ao sistema humano de vida, já que foi ele que criou a ideia de que ela não presta. Cada vez que você diz que aqueles homens que estupraram a menina no Rio de Janeiro são uns safados, está mostrando a sua subordinação ao sistema de vida, pois é ele que diz que homem não pode abusar de mulher.

Cada opinião que você tem sobre alguma coisa nesse mundo, é a sua declaração de aceitação de uma verdade.

Participante: ou mentira, né?

Verdade! Para você é verdade e não mentira. Ninguém aceita mentira. Você só aceita mentira se considerar alguma coisa verdadeira.

Participante: verdade humana.

Verdade humana, uma norma do sistema.

A presidenta e os homens não são aquilo ou aquilo outro. Eles são taxados desse modo porque o sistema humano de vida gera essa qualificação para determinadas pessoas.

A mãe que não cuida da filha só passa a ser uma relapsa porque o sistema humano de vida, a partir de seus códigos e normas, diz que quem age assim tem que ser chamada de relapsa. Por isso, se você declara que acredita que ela é relapsa, prova para si mesmo a aceitação do código e das normas, prova a sua subordinação a esse sistema.

Participante: o positivo também?

O positivo também. O positivo e o negativo para tudo.

Estou querendo realçar muito esse ponto, porque eu não sei se vocês caíram na real. A cada dia que vem passando vocês estão sendo obrigados a tomar posições muito mais vezes nessa vida. Veem sendo cobrado de vocês pela vida a tomar uma posição: sim ou não, a favor ou contra, não importa. Já repararam nisso?

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Os ângulos de visão

Participante: Joaquim, mas é que há uma diferença quando você fala no tomar posição. A diferença está entre o personagem tomar posição e você acreditar ...

Estou falando em acreditar. Estou falando em você tomar para si as dores da pobrezinha daquela moça do Rio de Janeiro.

Participante: de bate e pronto, é óbvio que você está automatizado e vai tomar uma posição.

Quem toma a posição é a mente, não você. É a vida. Neste caso tem que dizer a ela: “eu não sei, não vou aceitar essa opinião”.

Participante: pergunto isso porque, às vezes, nos passa a impressão de que a partir de agora não vamos mais tomar posição e as coisas vão acontecer.

A vida vai continuar tomando posição e você não deve tomar. Esse é o recado que estou trazendo desde do meio do ano passado. Também como venho dizendo, volto a afirmar que isso vai aumentar de volume, que o sistema humano de vida vai exigir que vocês continuem tomando posições cada vez mais.

Participante: não pode tomar uma posição sabendo que só está fazendo parte daquele script?

É muito fácil ver quando o ser humanizado toma posição e quando é a vida que está tomando. É só reparar no seu estado de espírito. Quando você vê o ser perder o seu equilíbrio e a sua paz por causa da posição que tomou, da opinião com a qual compactuou.

Participante: eu mesma já respondi coisas em um certo momento, mas não era aquilo o que eu estava sentindo.

Sim, por isso reforço que estou falando em mundo interno, por dentro. Estou falando com os seres que deixam a posição assumida leva-los a ver o outro como um inimigo. Estou falando com aqueles que deixam a sua paz acabar por causa disso.

Participante: parece que existe na sociedade uma força que divide as pessoas em vários momentos. Desde quando você enxerga um cenário global, como por exemplo a guerra que hoje existe contra o Estado Islâmico. Quem olha pelo lado do Estado Islâmico vê o quanto eles já foram oprimidos pelo ocidente. Quem olha pelo outro lado, vê o quanto de terror eles têm feito. A mesma coisa quando a gente olha para o nosso cenário nacional. A velha discussão que existe entre PT e o resto. O mesmo caso de quando a gente toma partido sobre o estupro da menina, porque algumas pessoas acham que ela é uma coitadinha, outras acham que ela se ofereceu. Talvez o cerne maior é a gente não deixar se abater por essas opiniões, não descer ao material dessas opiniões para que também acabemos saindo, vamos dizer assim, acima de tudo isso. Essas coisas estão em um cenário muito humano. O que parece é que há uma força muito grande para que a gente se divida e acabe se afastando das pessoas.

Perfeito.

Participante: até hoje, muita gente tem se afastado de pessoas que antes eram amigas por conta de opinião, por conta de uma posição que acaba sendo tomada.

O próprio afastamento das pessoas é físico. Eu falo em tirar a sua paz.

Você deu três exemplos clássicos. Na questão dos islamitas se olhar um pouquinho a história do mundo vai ver que esses terroristas mataram muito menos gente do que os países que atingiram agora. Verá, também, que esses assassinatos, como agora, ocorreu na terra das vítimas. Mais: verá que isso não ocorreu no tempo de Cristo; foi apenas há cinquenta anos atrás.

Tudo isso que já aconteceu lhe é oculto para que se possa vender a ideia de que uns estão matando e que outros são vítimas inocentes. Por causa disso, você toma posição pelas vítimas e acusa os outros de errados. Só que não essa posição é falsa, pois todos foram vítimas em algum momento.

Participante: esse momento seria, então, para vivenciar que existe a dualidade e se afastar disso. Nem lá, nem cá.

Isso. O choque de opiniões, de informações, existe para lhe dar a oportunidade de vencer o obstáculo largo e continuar pelo caminho do meio.

Sim, o objetivo é esse, mas eu estou fazendo mais uma vez este alerta porque todas as informações sobre um assunto são levadas a vocês de uma maneira que os faça se posicionarem de um lado ou de outro. É isso o que eu estou querendo mostrar.

Hoje, são milhares de informações e esse número vai aumentar, não só em quantidade, mas em números de lados, de ângulos de visão de um assunto. Hoje os assuntos têm mais do que dois lados, e cada vez terão mais. Os assuntos passam a ter mais opiniões possíveis e sempre lhe é cobrado que se posicione por um deles. Quando isso acontece, acabou de tirar a sua proteção e está caminhando para o sofrimento.

Sabe quem vai resolver a questão dos árabes? Sabe quem vai resolver a questão dos estupros? Sabe quem vai resolver a questão da situação do Brasil? A vida! Não vai ser você nem nenhum outro ser humano, incluindo os políticos.

Lembrem-se que Paulo nos ensinou que o governante é escolhido por Deus de acordo com o povo. Sendo assim, sem que vocês mudem alguma coisa acham que alguém pode salvá-los? Acham que com impeachment ou com novas eleições vão mudar alguma coisa?

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A opinião e a realidade

É isso o que eu estou querendo mostrar hoje. A quantidade de assuntos e os variados ângulos de visão de um mesmo assunto estão cada dia tornando-se maiores. Se compararem como as coisas eram antes e como estão agora, verão que cada vez mais vocês são exigidos a tomar partido de alguma coisa.

Esse processo se intensificará para que vocês tenham em mente uma coisa: a única vítima dele processo é você. A única vítima do assumir posturas a respeito de qualquer assunto é você mesmo.

Não estou lhe chamando de vítima porque o dinheiro do povo foi roubado, ou porque não tem educação para todos, ou porque não há comida para se comprar. Estou dizendo que você é a vítima porque qualquer que seja a sua opinião, sofrerá por causa dela.

Repare uma coisa: o país poderia estar numa situação horrível, mas se você não exigisse coisas do mundo, obrigações, estaria em paz, estaria feliz. Se você deixasse a vida fluir, poderia ter menos coisas, mas estaria em paz consigo e com os outros.

É esse o alerta que eu queria deixar e que eu estou trazendo mais uma vez hoje. Não é novo, já falei sobre isso por diversas vezes, mas nunca é demais comentar.

Recentemente tivemos uma conversa que chamamos de Hidra, o monstro mitológico que possui diversas cabeças. Lá dissemos que o sistema humano de vida é este monstro. Mais: que ele está cada vez mais ganhando cabeças. Cada cabeça do sistema é um acontecimento e as opiniões que são formadas sobre ele.

Por isso precisam entender que a sucessão de situações é só um sistema funcionando e não você vivendo. Nada tem a ver com a sua vida. O sistema funciona independente da sua vontade ou independente da sua ação.

Participante: você é só testemunha.

Você só está vendo.

Participante: é um mecanismo de evolução coletiva?

É um mecanismo de evolução coletiva, mas não no sentido de proporcionar uma vida melhor. É um sistema coletivo de evolução no sentido de lhe proporcionar a oportunidade de por amor a si, a todos e a Deus se abster de querer participar dele e estar em paz internamente.

É o que já falei: não importa se você é a favor do árabe ou dos europeus e judeus, não importa se você ataca as meninas ou os homens, não importa se você é a favor da presidenta ou do outro. Nada disso tem importância. O que importa é se deixa a sua opinião sobre o assunto influenciar o seu coração.

O que importa é se a sua opinião lhe leva a não gostar do outro, se ela lhe faz gerar uma emoção que seja crítica ao próximo. Se o seu mundo emocional está vibrando em acusação ao outro. Se ela faz você ter uma emoção privilegiada por um ou outro lado. Isso é o que importa ...

Saiba de uma coisa: a história mundial, que é a história das encarnações no planeta, não vai ser mudada pela sua opinião. Eu lhe garanto que não importa o que você pensa, não foi o último estupro que aconteceu, não foi o último atentado e que de maneira alguma quem está no poder vai resolver a vida do povo.

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Versão dos fatos

Participante: agora, uma coisa é julgar, outra é conhecer os fatos. Esse caso do estupro ou do suposto estupro, se sairmos fora da mídia que manipula todo mundo – “uma coisa horrível, que nunca houve” –, quem conhece o mínimo o Rio de Janeiro, vai saber que uma moça estuprada num morro, o cara não sairia vivo no dia seguinte.

Você acabou de ter uma opinião sobre um fato que talvez não conheça, mas já está dizendo “se isso acontecesse, aquilo aconteceria”. Quem disse? Quem pode generalizar alguma coisa sem correr o risco de errar? Lhe garanto que muitas vezes já aconteceram estupros em morros do Rio de Janeiro e os agressores não foram mortos.

Agora, lhe pergunto: se aquela pessoa que já morou no Rio e aquela que ainda mora lhe contestasse, o que aconteceria? Você perderia a sua felicidade.

Na verdade, sabe o que é um fato qualquer?

Participante: é o que aconteceu.

E como você pode saber o que aconteceu?

Participante: pelo relato ...

Será?

Você já brincou de telefone sem fio? Se brincou, lembra que ao final a verdade contatada no início chegava completamente deturpada.

Telefone sem fio é uma tradicional brincadeira popular, na qual uma pessoa fala uma palavra ou frase (o "segredo") ao ouvido de outra pessoa ao seu lado, de modo que os demais participantes não escutem ou descubram imediatamente qual é o "segredo". A que ouviu o segredo tenta então repeti-lo para o próximo participante, e assim por diante até chegar ao último participante, que deve contar o segredo em voz alta. Uma das regras do jogo é que o segredo não pode ser repetida ao ouvinte da vez. Por esse motivo é comum o segredo ser mal entendido e por isso passado ao demais ouvintes de forma cada vez mais deturpada, chegando totalmente diferente ao ouvinte final, e isso é o que torna a brincadeira divertida. (Fonte: Wikipédia)

Sempre que tem notícia de qualquer acontecimento, não importa qual seja, você ouviu uma versão dos fatos.

Sabe como é que poderia saber do fato?

Participante: estando lá.

Não! Também não adianta. Se fosse um dos estupradores ou a estuprada. Aí, você saberia pelo menos a sua versão do fato, já que quem é o agente e quem sofre a situação possuem visões diferentes das coisas. .

Participante: mas, você pode interpretar as versões.

Desculpe, mas tudo que qualquer um relata sofre um fato, mesmo que tenha participado dele, é apenas a sua interpretação, a sua versão e não a realidade.

Participante: você pode chegar próximo de realidade.

Não! Deixa eu lhe contar uma história.

Certo dia, um príncipe indiano mandou chamar um grupo de cegos de nascença e os reuniu no pátio do palácio. Ao mesmo tempo, mandou trazer um elefante e o colocou diante do grupo.

Em seguida, conduzindo-os pela mão, foi levando os cegos até o elefante para que o apalpassem. Um apalpava a barriga, outro a cauda, outro a orelha, outro a tromba, outro uma das pernas…

Quando todos os cegos tinham apalpado o paquiderme, o príncipe ordenou que cada um explicasse aos outros como era o elefante.

Então, o que tinha apalpado a barriga disse que o elefante era como uma enorme panela.

O que tinha apalpado a cauda até os pelos da extremidade, discordou e disse que o elefante se parecia mais com uma vassoura.

- “Nada disso”, interrompeu o que tinha apalpado a orelha. “Se ele se parece com alguma coisa é com um grande leque aberto.”.

O que apalpara a tromba deu uma risada e interferiu:

- “Vocês estão por fora. O elefante tem a forma, as ondulações e a flexibilidade de uma mangueira de água…”

- “Essa não”, replicou o que apalpara a perna, “ele é redondo como uma grande mangueira, mas não tem nada de ondulações nem de flexibilidade, é rígido como um poste…”

Os cegos se envolveram numa discussão sem fim, cada um querendo provar que os outros estavam errados, e que o certo era o que ele dizia. Evidentemente cada um se apoiava na sua própria experiência e não conseguia entender como os demais podiam afirmar o que afirmavam.

O príncipe deixou-os falar para ver se chegavam a um acordo, mas quando percebeu que eram incapazes de aceitar que os outros podiam ter tido outras experiências, ordenou que se calassem.

- “O elefante é tudo isso que vocês falaram, explicou. Tudo isso que cada um de vocês percebeu é só uma parte do elefante. Não devem negar o que os outros perceberam. Deveriam juntar as experiências de todos e tentar imaginar como a parte que cada um apalpou se une com as outras para formar esse todo que é o elefante.”.

Só se você for o elefante pode saber o que é ser um elefante. Não importa se vê o animal, você não saberá jamais o que ele é. Terá apenas a sua opinião sobre o que é ser.

Quer outro exemplo? Hoje já me disseram que cachorro pode ter depressão. Sinceramente, eu não sei dizer se este animal pode ter esta doenças, porque não me lembro se isso aconteceu comigo quando encarnei nessa forma. Se não me lembro de quando fui cachorro, como agora que já não sou mais vou dizer que sim ou não?

Só que quem me disse isso sabe, tem certeza. Como pode ter essa certeza se não está dentro do cachorro. Só porque a ciência diz que isso é possível? Mas, quantas vezes a ciência já mudou? Quantas vezes ela desdisse o que já tinha dito?

Agora, será que se aquela pessoa que falou estivesse em outro cachorro poderia dizer que outro tem depressão? Claro que não. Só o cachorro que foi taxado como depressivo pode dizer se está ou não. Todos os outros animais e seres humanos podem apenas achar que, ter uma opinião, uma versão.

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A realidade é individual

Participante: Pai Joaquim, nesse caso específico que eu coloquei, três dias depois, quando saiu o escândalo e atingiu a cúpula do governo interino, o presidente da república se reúne com o Ministro da Justiça, se reúne com a mulherada dos direitos femininos dando atenção para esse caso, claramente, com desvio de foco em cima de uma situação ...

Eu não sei, eu não estava lá.

Se você vai me pedir opinião de qualquer coisa, me desculpa, mas eu não sei de nada sobre nada. Sabe por que? Sabe o que é uma opinião sobre alguma coisa? É um carro: a vítima pode ser você.

A vítima de toda opinião que tiver é você. Sabe por que? Porque você tem uma interpretação diferente, ela tem outra. Sabe o que aconteceu? Acabou a sua felicidade.

Participante: mas, não é válido, ao menos, você ...

É, é válido. É válido sim. É válido comer a maçã no paraíso. O que é comer a maçã no paraíso?

Participante: é você entrar na mente.

Não.

Comer a maçã é achar que você tem o poder de saber o que é certo e errado, bonito e feio, limpo e sujo. A história de Adão e Eva.

Comer a maçã é achar que a sua versão é verdade.

Participante: julgar os outros, né?

Julgar os outros. A sua versão sobre os acontecimentos é o seu julgamento sobre o que aconteceu.

Participante: mas a nossa vida inteira é uma versão sobre alguma coisa.

Sim. Aprenda isso e aceite que é apenas uma versão, que você não sabe se qualquer coisa dela é verdade ou não.

É isso que eu estou falando o dia inteiro. A vida inteira, inclusive quando você diz que a sua mulher, o seu filho, o seu amigo, o seu irmão fez isso ou fez aquilo, está tendo apenas uma versão da realidade e não o real. Por isso, esqueça, não leve a sério nada nesta vida: tudo é apenas a sua versão sobre o assunto.

Participante: o senhor concorda que podem existir versões mais próximas da realidade?

Não concordo. Sabe por que? Porque para saber se ela está mais próxima ou não da realidade, seria preciso saber o que é a realidade.

Eu teria que saber o fato, mas eu não sei. Sendo assim como é que vou saber julgar qual é a versão que está mais próxima, qual é a que está mais afastada?

Participante: pelo raciocínio lógico.

Desculpe, você está equivocado. Não é pelo raciocínio lógico que pode vaticinar que a sua versão está mais próxima ou distante da realidade, mas apenas pelo seu mundo mental. Quem disse que você sabe tudo sobre todos os assuntos para poder dizer qual está mais perto ou mais longe?

Participante: você reúne os elementos que representam os fatos e por eliminação vai pelo raciocínio e pela lógica chegando mais próximo possível do que seria o fato.

Eu lhe garanto que guiando-se dessa forma dificilmente vai encontrar a paz, pois terá sempre inimigos para vencer.

Sempre estará querendo provar a quem pensa diferente de você que sabe a versão mais lógica, já que desenvolveu através do raciocínio uma história. Só que você se diz espírita e não lembra que o Espírito da Verdade ensinou: "não confie na razão”.

Pois é, você desenvolveu uma lógica racional perfeita, confiável, mas segue uma lógica racional que lhe orienta a não confiar na razão. Apesar de dizer que acredita nos ensinamentos do mentor do espiritismo, você está confiando na razão, na sua análise.

Além disso, tem outro detalhe. A partir do que sua razão desenvolveu a lógica?

Participante: a partir de informações.

Não, a partir do que você gosta e do que não gosta.

Toda a lógica de uma razão humana se altera a partir dos gostos e desgostos de cada um. Por isso, eu lhe garanto que todos aqueles que estupraram a menina não achavam errado praticar aquele ato. Por causa disso, a lógica deles diria que eles estavam certos. Para eles é lógico que um homem estupre uma “cachorra que viva balançando o rabo por aí”.

Não estou dizendo que concordo com isso, mas esta não é a lógica deles? Pois, então, eles acham que logicamente estão certos, mas você, seguindo a sua lógica acha que estão errados.

Participante: sim, mas, baseado no que eu acredito serem fatos...

Eles também desenvolvem a razão deles a partir de fatos que eles acreditam. Porque eles ao agirem assim estão errados e você certo?

Agora, me diga uma coisa: quem disse que o que você acredita ou o que eles creem é verdadeiro? Quem disse que o que você ou eles creem é certo? Pode ser certo para você e eles, mas pode ser que os dois certos não sejam tratados dessa forma por aquela pessoa li.

Esse é o grande problema. Você – quando digo você estou falando do ser humano, da sua humanidade, não estou criticando, julgando – quando aceita o que a sua razão fala, aceita um julgamento que ela realizou. Aceitando-o, subordinar-se ao sistema humano de vida. Com esta submissão, estará procurando um mundo ideal que claro é formado a partir das suas paixões e desejos, que irá inexoravelmente exigir que os outros também busquem. Desculpa, mas até hoje a velhinha até não quer atravessar a rua e o garoto a força a fazê-lo, pois ele é escoteiro e tem que ajudar pessoas de idade a atravessarem a rua.

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O lado espiritual

Participante: e quando eu não julgo, mas me emociono com um fato, é a mesma coisa?

Piorou, porque deixou a razão mexer por dentro, interferir no emocional.

Participante: então, vamos falar sobre o ataque recente ao avião. Eu me condoí pelas pessoas.

Pois é ... Acho que isso aconteceu porque você, mesmo sendo espírita, nunca ouviu falar que o espírito é doido para voltar ao próprio mundo, não é?

Você já ouviu falar disso, não? Então, um monte de espírito voltou para casa naquele dia. Isso para nós é motivo de festa, mas você está chorando.

Lembro que teve uma bomba que explodiu dentro de um trem na Espanha. Algumas pessoas disseram assim: “vou sair do corpo e vou lá ajudar”. Só que quando lá chegaram, ao invés de ajudar no recebimento dos irmãos ficaram chorando: “coitadinha, morreu”. Enquanto isso, nós libertos da carne dizíamos: “levanta, acabou, vamos para frente”.

Participante: Joaquim, já que você tocou nessa parte espiritual que nem estava querendo falar, queria falar mais no terra-terra, a gente está esquecendo a questão do carma, né? Porque o agente nem sempre é o culpado. Ele é cumpridor do carma da pessoa.

Ele é o instrumento do carma.

Participante: isso, o instrumento do carma. Então, nesse caso que o senhor está debatendo, a gente não sabe se elas tinham que vivenciar esse carma para evoluir...

Você pode saber se ela precisava vivenciar esse carma. Como? Porque viveu. Se o espírito humanizado vive qualquer coisa é porque aquilo era os eu carma. Se não fosse, não passaria por aquela situação.

Depois que souber, acabou. Se foi justo ou injusto, isso não interessa. Isso é com Deus. Deus é que julgue.

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O efeito da opinião

Participante: na verdade, eu não estava querendo fazer um juízo de valor, se é certo ou se é errado. O que eu quis colocar é o seguinte: se você vê uma boiada indo em uma direção – Rede Globo, jornal, Revista Veja – você tem duas alternativas: entra e sai mugindo junto...

Ou sai e vai mugir com os que são contra. Mas, aí não importa: está se colocando em outra boiada.

Ser livre pensador por obrigação é seguir uma boiada.

Participante: mas, Joaquim, um pouco diferente disso. Acho que o raciocínio tem que ser o seguinte: bom, tem uma boiada andando para lá, para onde ela vai? E, principalmente, quem está tocando a boiada? E quais são os interesses de quem está tocando a boiada? Eu não estou fazendo juízo de valor se a boiada está indo certo, se a boiada está indo errado, só estou querendo entender quais são as forças e quais são os interesses envolvidos para produzir aquela movimentação.

Você me falou assim: “quais são as forças e os interesses envolvidos”. Qual o interesse e a força envolvida na sua opinião?

Participante: não é uma opinião.

Você falou para mim que você acha isso, que acha aquilo, que acha que foi perda de tempo o presidente se reunir depois, etc. Isso é uma opinião.

Qual foi a força e o interesse que o levou a essa opinião?

Participante: ter conhecimento...

Não. Estar certo! Ter a razão! Foi isso que lhe levou. Por isso tomou uma opinião.

O ser humano se guia por uma opinião para poder discutir com os outros e, por se acharem o certos, obrigar os outros a aprender com ele. Isso não é consciente, mas esse é o funcionamento da mente. Cada opinião que a mente humana toma tem como objetivo criar uma norma para que você possa ter a vitória, o prazer, a fama e o elogio.

Participante: nem que seja para mim mesmo?

Não importa se é para você ou para duzentos: esse é o objetivo.

Deixe-me lhe dizer uma coisa. Essa conversa que estamos tendo é importantíssima e eu lhe agradeço, pois com ela estamos ilustrando exatamente o que eu quero mostrar. Com a sua insistência em defender o direito de ter uma opinião está mostrando a todos que cada vez que deixa a opinião, que é construída pela mente, entrar em seu coração, acaba a sua felicidade.

Participante: e a frase “procurai a verdade e a verdade vos libertará”?

Concordo com você: procure a verdade e a verdade vos salvará. Qual a única verdade desse mundo?

Participante: a verdade para mim nesse mundo é a minha existência, minha mente.

Participante: Deus?

A única verdade é Ele, então, procure-O e esqueça tudo o que acha para que Ele possa lhe libertar.

A sua verdade nunca vai lhe libertar. Pelo contrário, ela vai sempre lhe escravizar a ter que ter para ser e ter que ser para ter. Sempre irá, cada vez mais, lhe escravizar ao sistema humano de vida.

Participante: então, nesse caso, procurar a verdade equivale a procurar Deus.

E o que é procurar Deus, nesse caso? É dar a Ele o poder que é Dele: Ele sabe se foi bom ou mal, se está certo ou errado; eu não sei de nada.

Repito, lhe agradeço esta conversa, pois mostra a prática do que estamos falando. A prática é essa: não importa se você acusa a menina ou se a defende, não importa se acusa um governo ou se o defende, na hora que toma como verdade absoluta a sua opinião, ela lhe faz discutir, debater o assunto. Com isso, acaba a felicidade.

Nós conseguimos conversar sobre esse tema, mas se você estivesse conversando com outro ser humano, com certeza vocês já tinham partido para a discussão. Cada vez iam colocar suas opiniões mais alto e mais rápido para não deixar o outro falar.

Participante: mas o ideal seria abrir mão disso pela a sua felicidade, não é?

Isso. Saber que a única vítima é você e, porque prefere ser feliz, não ter opinião. É isso ou preferir ter opinião. Neste caso, não conseguirá ser feliz.

Participante: as vezes, quando uma pessoa está falando uma opinião contraria a minha, antigamente, eu tinha aquele impulso de revidar, discutir. Aí, depois, você falou uma coisa sobre caridade. Caridade seria doar a razão ao outro. Mas aí, eu fico pensando que hoje em dia, a pessoa conversa comigo e sinto um pouco de preguiça em discutir. Será que isso é caridade ou será que não sou eu querendo ganhar: “ah, para ficar bem, deixa eu ficar quieta logo”.

Pode até ser, mas neste caso é um ganhar sem derrotar o outro. Você está ganhando, mas está derrotando a si mesmo, pois está derrotando o seu egoísmo de querer vencer, de querer ter o prazer de estar certo.

Participante: mas será que isso também não seria prazer?

Olha, isso é caminhada. Vai ter uma hora que nem vai mais pensar em ter que fazer isso e vai doar a razão instantaneamente, mas isso ainda demora. Portanto, como caminhada vá vivendo o que está fazendo agora ...

Participante: Joaquim, existe um problema cultural nesse negócio de discussão. Você pode ver a discussão como...

O que é um problema cultural? O que é a cultura de um povo?

Participante: a forma de ver e tratar as coisas.

É o sistema humano de vida que você vive. A cultura é o sistema humano de vida que é usado como provação para o espírito que é você.

Participante: agora, no caso como ela estava dizendo, aí existe um embate de opiniões contrárias ... Você pode ter a atitude de tentar converter o outro afirmando que está certo e ele está errado, mas também pode, se tiver uma mente um pouco mais aberta, escutar os argumentos e não fazer um embate de pessoa contra pessoa, mas argumento contra argumento. Os dois saem ganhando. Não existe aí, uma vaidade.

Você, agora pouco, falou da função mediúnica deste médium e minha. Disse que nossa missão é importante para levar esclarecimento. Isso quer dizer – não estou dizendo que isso é verdade, mas você colocou desse jeito – que para você eu estaria aqui em uma posição de levar e vocês de receberem.

Esse meu raciocínio está certo? A sua fala me levou a entender que você está vendo nossa conversa desse jeito.

Participante: Sim. Para mim a sua função é o esclarecimento de alguém que tem conhecimento superior.

Perfeito.

Só que mesmo assim você está há meia hora tentando me provar que pode ter opinião, apesar de eu, aquele que está aqui para esclarecer, dizer que não. Isso é comigo; imagina se fosse outro que você não vê numa posição de trazer um conhecimento superior? Com certeza já teria pulado no pescoço dele ...

Não estou falando de atacar o outro fisicamente, mas emocionalmente, internamente, estaria vibrando emoções de combate ao próximo. Estou falando daquilo que vai tomando conta de você aos poucos e quando vê acabou a sua paz, a sua felicidade.

Viu o que estou tentando mostrar? Tomar uma opinião, seja ela qual for, é botar uma arma na sua cabeça. Sabe, aquela brincadeira antiga, roleta russa. Colocar apenas uma bala no tambor e girar para ver se ela estará no gatilho ou não ...

Opinião

Você e os outros

Participante: Eu acho que o contraditório sempre é interessante porque me faz ter novas ideias

Eu acho que o contraditório é interessante para aquele que quer ter sempre a razão. Para esse é interessante o contraditório, pois vai lutar para se impor.

Participante: Não. Eu posso ser convencido do contrário se tiver humildade suficiente para levar as coisas dessa forma.

Utopicamente pode. Na realidade, ninguém aceita derrota.

Participante: E como fica a posição do defensor público...

Na função dele deve defender. Só que não pode deixar o caso ferir o interior dele.

Ele pode lutar pela verdade do cliente, mas, por dentro, tem que estar imparcial. Digo isso porque se o cliente perder e ele internamente não estiver na imparcialidade vai sofrer.

Só que isso normalmente não precisa se falar com os advogados, pois a maioria só luta pelo cliente da boca para fora.

Participante: Então, a gente veio fazer isso na vida...

Pois é, voltando ao alerta, vocês vão ser cada vez mais levados a tomar posição. E o que é ser levado a tomar posição? O que lhe leva a tomar posição?

Participante: O sistema

Não: o outro.

“Como!? Você ainda está defendendo isso?”; “você tem que atacar, você tem que ser o que eu estou falando”.

Vocês serão muito chamados pelos outros a tomarem posição. Cuidado! Não aceitem esse chamamento. Não deixe isso entrar em você, afetar seu mundo interno. No seu íntimo, não tenha posição.

Participante: Joaquim, nesse caso, nem vale a pena você mostrar o outro lado do tanto faz?

Para quê? Eu estou mostrando e vocês não aceitam. Imagina querer mostrar para alguém que não recebe a mensagem que é preciso se libertar do sistema humano de vida.

Participante: Mas, isso seria interno. A vida pode me levar a escolher um lado...

Se isso acontecer, não deixe a opinião chegar ao seu coração.

Participante: Outra coisa. Não posso deixar esse “não tomar opinião” também virar a minha verdade. Porque aí vou olhar as pessoas que dão opinião e criticá-las ...

Isso. Você não deve ter opiniões, mas deve dar ao próximo o direito de tê-las.

Cada um tem precisa priorizar a felicidade ou não individualmente. Se o outro não prioriza a felicidade, problema é dele. Ninguém pode obriga-lo a ser feliz.

Você não pode fazer nada pelo outro para que ele seja feliz: só ele pode. A única coisa que pode mostrar é porque ele sofre. “Sabe porque você sofre? Porque é a favor ou contra isso. Se não fosse nem a favor nem contra, não sofreria”. Acabou; não diga mais nada do que isso.

Ficou claro? Então cuidado ...

Opinião

Interiorizar

Nesse momento quero falar uma coisa que t5ambém constantemente abordo: o melhor remédio para que consigam ser felizes seria conseguirem viver perto de quem busca a mesma coisa ou viver isolado de todo mundo. Mas, muitas vezes, não dá para fazer uma coisa nem outra.

Por isso, gostaria de deixar um conselho: procurem muito viver em um lugar onde constantemente não vão muito. Onde é esse lugar?

Participante: Vazio?

Não. Onde é o lugar que vocês pouco vivem e que dificilmente vão?

Participante: Dentro da gente?

Isso. Dentro de si mesmos.

Um grande remédio para a época que vivem é a interiorização. Estudar você, se conhecer de verdade, ao invés de se deixar levar pelo sistema que diz o que é o certo e o que é o errado das coisas. Que diz o que é bonito, o que é o feio.

Estou falando em olhar para dentro de vocês. “Espera aí, eu quero ser feliz e não estou conseguindo. O que está me faltando. O que estou fazendo que está roubando a minha paz?”.

Não estou falando de um olhar cínico: “Ah, eu não sou feliz, hoje em dia, por que as escolas estão ruins”. Isso é mentira! “Ah, eu não sou feliz porque não tenho emprego”. Outra mentira! Já provei isso aqui. “Ah, eu não sou feliz porque a vida de hoje tem muito assaltante”. Mentira!

Você não é feliz porque não trabalha a sua felicidade. Conhecendo como conheceram hoje sobre como construir a felicidade, busquem viver dentro de si mesmos, conhecerem-se intimamente, superarem no seu imo essa série de verdades que a vida cria, essa série de necessidades e obrigações que o sistema humano de vida gera. Reconheçam que essas coisas não são de vocês. Reconheçam que não é vocês que querem, que não é vocês quem gostam das coisa.

Se continuarem vivendo só para fora, continuarem vivendo só para as necessidades materiais, dificilmente vão conseguir ser feliz.

Participante: e quando a gente descobre essas coisas que roubam a nossa paz, as pessoas que roubam a nossa paz, temos que nos afastar delas ou viver mais perto tentando assim superar essas coisas.

Qual foi a frase que eu falei no primeiro dia do estudo Guerreiros da Paz? Alguém lembra? Ninguém pode roubar a sua paz; você só pode perde-la para os seus inimigos internos.

Ao interiorizar-se não vai descobrir quem lhe rouba a paz, mas sim o que em você transforma o outro em ladrão da sua paz. Não é a presidente que faz um mal governo que lhe rouba a paz, mas você querer que ela fizesse coisas diferentes do que fez. Quando mergulha em si e descobre isso, encontrou o inimigo da sua paz: o seu desejo que ela agisse diferente.

Portanto, é mergulhar em você e descobrir quem são os seus inimigos internos e começar a trabalhar para se libertar deles. Quando interiorizar-se trabalhe isso em você: o que está lhe tirando do sério, que é o que você quer, acha ou espera dos outros e não aquilo que eles estão fazendo.

Participante: como é que faz essa interiorização?

Mergulhe em você e procure saber se você é feliz.

Participante: às vezes sim, às vezes não.

E por que, às vezes, não é?

Participante: porque eu faço exatamente isso que você falou aí.

Eu não estou falando genericamente, estou falando especificamente. Que horas você perde a paz?

Participante: eu melhorei um pouco, mas eu ainda perco a paz com barulho.

Você ainda perde a paz com barulho. É o barulho que lhe tira a paz?

Participante: é.

Não.

Participante: não, eu acho que na mente tudo tem que ser silencioso. É isso que tira a minha paz.

Isso. Você acha que deveriam fazer menos barulho. Digo isso porque o silêncio também não lhe faz feliz.

Participante: eu gosto.

Quando tem muito silêncio você começa a pensar alto, não é?

Participante: é verdade. Aí, às vezes, eu gosto do que eu penso. Outras vezes, não.

Então, veja, acabou de descobrir o seu inimigo. Trabalhe na aceitação de haver barulho.

Não é o direito do outro fazer barulho. Estou falando na aceitação de haver barulho. É isso o que você tem que dizer: “eu gosto do silêncio, não gosto do pouco barulho, mas hoje tem muito; se puder vou lá e diminuo, mas se não puder, vou ter que conviver com esse barulho, não tem jeito”. Depois disso medite: “posso ser feliz com esse barulho ou perder a minha felicidade”. Agora escolha o que quer para você.

É esse o trabalho. É esse o mergulho em si mesmo que vocês não dão. Saem sempre acusando o outro de ser culpado do seu sofrimento porque ele está fazendo barulho. É simples assim, mas para isso é preciso desgrudar lá de fora e entrar em si.

Então, nessa época que vocês têm sido cada vez mais exigidos a se posicionar externamente o conselho que eu daria é para que cada vez mais busquem se interiorizar. Mergulhem em vocês e se conheçam melhor para entender que não é o mundo que lhe cobra posição, mas você que cobra posição de si mesmo.

Se você é uma pessoa inteligente e se cobra a fazer alguma coisa que não faz, passe a fazer. Mas, se não consegue fazer, aceite isso. É simples assim a construção da felicidade.

É sempre isso: mergulhar em você, se conhecer, aplicar os três passos da construção da felicidade que nós falamos hoje (valorizar a felicidade, libertar-se do sistema humano de vida e despersonalizar a vida) que sai dela inteiro, sai dela em paz. Esse é um trabalho que não gera acúmulos de conhecimentos, ou seja, não vai deixar de lhe fazer sofrer na próxima vez que houver barulho. Terá que fazer o trabalho para novamente viver em paz.

Só não esqueçam de respeitar os seus limites, viu? “Eu tenho ouvido sensível, o que posso fazer? Eu não consigo me libertar do barulho, então vou viver em paz com o sofrimento que existe quando está acontecendo barulho”.

Opinião

Oração de encerramento

Filhos, nós conversamos hoje sobre a construção da felicidade. Eu queria que vocês lembrassem que toda obra, toda construção, precisa de um arquiteto, de um engenheiro, para projetá-la, mas que também não adianta nada um projeto se não tiver alguém que ponha a mão na massa e comece a colocar um tijolo sobre o outro. No caso da construção da felicidade de, vocês são os arquitetos, mas também são os operários que têm que erguer e assentar cada tijolo no seu lugar.

Não esperem soluções mágica. Não esperem que o mundo vá construir essa casa que vocês arquitetaram. Ponham a mão na massa e comecem a levantar as paredes da felicidade. Tijolinho a tijolinho, um a cada minuto, um a cada hora, um a cada dia. A velocidade não importa. O importante é o trabalhar. É o trabalho constante, pois quem busca recebe, para quem bate a porta é aberta.

Que vocês fiquem na paz de Deus, que possam encontrar dentro de vocês a força para esse trabalho.

Nós somos o décimo primeiro grupo do exército de Maria, o exército da Regeneração. Trabalhamos sobre as ordens de Deus trazendo aos seres encarnados orientações para a sua encarnação, em nome de Jesus Cristo, nosso Mestre maior, em nome da Maria, a Senhora da Regeneração.