Senhor da Yoga - Cap. 3 - Caminho da ação

Senhor da Yoga - Cap. 3 - Caminho da ação

Estudo do capítulo III do Bhagavad Gita

Senhor da Yoga - Cap. 3 - Caminho da ação

Versículos 01 e 02

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Senhor da Yoga - versículo 2

01 – Ó Janardana, ó Keshava! Se consideras que o caminho da sabedoria é superior ao sendeiro da ação, porque me induzes a que cumpra essa terrível ação (guerra?

02 - Com palavras aparentemente contraditórias, pareces confundir meu entendimento – pois, as vezes elogias a obra, outras a sabedoria. Portanto, dize-me com clareza quais dos caminhos terei que seguir para alcançar o Absoluto?

Arjuna está perguntando qual é o caminho para chegar a Deus: é a ação ou a sabedoria (cultura em ação)?

Senhor da Yoga - Cap. 3 - Caminho da ação

Versículo 3

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Senhor da yoga - versículo 3

O bendito senhor disse:

03 - Ó impecável, como já te disse, neste mundo dois são os ca¬minhos a seguir: ou o Sendeiro da Sabedoria (ou Jnana-Yoga), que é para os meditativos, ou o Sendeiro da Ação Impessoal (ou Karma-Yoga), que é para os ativos.

Krishna responde que existem dois caminhos: um caminho para aqueles que levam a vida na meditação – se isolam e lá, com eles mesmos conseguem se elevar a Deus – e um caminho para aqueles que vivenciam sua vida normalmente, para aqueles que levam uma vida normal.

Hoje muito poucos são escolhidos para o primeiro caminho. A maioria – pela época atual, pelos carmas presentes – precisa vivenciar o segundo caminho, ou seja, viver em coletividade. Esta forma de vivência Krishna chama de Karma-Yoga, ou a Ação sem Intenção.

Então, segundo o bendito Senhor existe dois caminhos que levam a Deus: a vida afastada da coletividade e a vida na coletividade, desde que vivenciada sem intenções.

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Versículo 4

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Senhor da yoga - versículo 4
Senhor da yoga - versículo 4
Senhor da yoga - versículo 4

04 - Um homem não consegue libertar-se da ação só porque resolve não cumpri-La; tampouco pela simples renúncia à ação se logra a perfeição. (A verdadeira não-ação é aquela em que, ao cumprir-se, todo e qualquer motivo pessoal ou intenção está ausente)

Agora o bendito senhor está falando de atos, ações. Ele diz: o homem jamais poderá deixar de fazer alguma coisa. Isto é o que fala primeiramente. Vamos estudar esta afirmação...

Você não pode fugir das ações pré-programadas para sua existência; não pode se negar a praticar atos que estejam escritos no seu livro da sua vida. Tal compreensão deve nos levar a entender que as pessoas não fazem e nem podem fazer nada errado. Ninguém jamais poderá deixar de fazer aquilo que esteja fazendo ou que fez. Isso porque quando alguém age está sempre cumprindo a determinação de Deus para aquela ação.

Agora, ao fazer a ação, o ser humano pode anexar a ela uma paixão, positiva ou negativa. Paixão positiva é o prazer: ‘eu gostei’ do que fiz’, ‘eu queria fazer isso’, ‘eu fiz o que acho certo’, ‘eu fiz o que eu acho bonito’, ‘eu estou me sentindo bem porque fiz aquilo’. A paixão negativa é a culpa: ‘eu não devia ter feito aquilo’, ‘eu não gostei do que fiz’, ‘eu acho que aquilo não deveria ter sido feito’.

Todas as duas não levam a Deus, não são caminhos para a universalidade. Isso porque as duas levam o ser humano à dependência do seu querer, do seu achar, da sua paixão.

O sendeiro que leva a Deus, a Yoga perfeita acontece quando o ser humano vivencia a ação sem intencionalidade, sem paixão: ‘estou fazendo porque estou fazendo’, ‘não estou fazendo porque gosto, porque quero’ ou ‘não estou fazendo porque não gosto, porque não quero’. Esta forma de vivenciar a ação leva ao universalismo porque este ser está perfeitamente sintonizado com aquele momento, com o Universo.

Não importa o que você está fazendo. O que importa é que você está fazendo aquilo. Isso é uma verdade fria. Agora se desta ação universal você tirar um lucro próprio, seja ele positivo ou negativo, seja um prazer ou a culpa, não participou daquela ação dentro do sendeiro da elevação espiritual.

Participante: Eu não entendo. Se os atos são dados de acordo com os nossos sentimentos, de repente, por causa de um determinado sentimento, pode acontecer um que não é o melhor pra gente apenas como conseqüência de um sentimento?

Todo ato que lhe acontece, mesmo que você não goste, é o melhor sempre.

Quando você fala ‘não é o melhor pra mim’ está dizendo que Deus está lhe punindo. Isso só poderia acontecer se Ele não fosse o amor sublime.

Participante: Eu não diria punindo, diria que estaria dando de acordo com meu merecimento por causa do sentimento?

Dar o que não é melhor para você só poderia acontecer se Deus não fosse o amor sublime. Suponhamos que tenha tido raiva e o Pai tenha redirecionado a sua raiva para aquela outra pessoa. Vamos estudar este exemplo.

Você teve raiva porque escolheu raiva. Deus direcionou seu pensamento para que esta raiva fosse aplicada para aquela pessoa. A partir daí você pratica um ato raivoso contra ela. Está certo o meu raciocínio dentro do que tenho dito?

Participante: Sim...

Acontece que se Deus direcionou a raiva que você escolheu ter para aquela determinada pessoa é porque ela precisava e merecia recebê-la. Ele não agiu desta forma porque aquela pessoa era a que estava mais perto ou por qualquer outro motivo. Portanto, apesar de você ter escolhido raiva, este acontecimento não ocorreu isoladamente dentro do Universo. Deus usou o que você escolheu para dar a outra pessoa o que ela precisava e merecia. Assim, a sua escolha sentimental, apesar de aparentemente errada ajudou Deus na obra geral: o campo de provas para evolução dos espíritos.

Para que prejudicasse os outros com sua escolha sentimental seria necessário que eles não merecessem receber aquilo. Neste caso, eles estariam sendo injustiçados e Deus, neste caso, não poderia mais ser a Justiça Perfeita...

Participante: E a questão da culpa?

Não existe culpa. O que existe é uma situação que você não gosta e por isso se culpa. A culpa pela prática do ato não existe: ela só acontece dentro de você porque não gostou do que fez...

Participante: Por causa desse sentimento de culpa eu deixo de fazer atos para outras pessoas?

Não necessariamente. O que você deixa é de ser protagonista de outros atos, fundamentados em outros sentimentos. Passa a ser protagonista apenas daqueles que precisam e merecem receber a sua culpa...

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Versículo 5

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Senhor da yoga - versículo 5

05 - Em realidade, ninguém fica inativo um instante sequer, porque os gunas ou as qualidades nascidas da "Prakriti" (mente-ma¬téria ou natureza psicofísica) obrigam o homem a agir sem cessar.

Isso porque nós só pensamos que ação é ato. Mas, o pensamento também é um ato.

Portanto, ninguém fica inativo. Você está agindo a cada segundo, pois está tendo um pensamento. Este pensamento é uma ação e a ação de pensar é o seu momento de trabalho na busca da elevação espiritual. A cada pensamento tem que lutar contra as idéias que lhe surgem para tirar delas todas as intencionalidades: tudo o que acha, todo o que quer, tudo o que gosta.

Neste trecho, portanto, Krishna está dizendo claramente: ação não é só ato, mas também o pensar é ação. Diz mais: os seres humanos precisam agir no pensamento e não na atitude. Esta é a Karma-Yoga, este é o caminho da ação...

Viver é um trabalho mental, não um trabalho físico. Os seres humanos para considerarem-se vivos precisam agir sobre os pensamentos, lutando para retirar deles a intencionalidade.

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Versículo 6

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Senhor da yoga - versículo 6

06 - Aquele que pensa ter controlado externamente os órgãos da ação, mas que mentalmente continua preso aos objetos (pensados) dos sentidos, esse é um hipócrita.

O que o bendito Senhor diz neste texto é o seguinte: eu não deixo de dar um tapa em outra pessoa porque me acho mais fraco e tenho medo da reação dele ou porque eu acho que não devo bater na cara dos outros; deixo de bater apenas porque deixei de bater. Todo discurso que dá razões aos atos são apenas intencionalidades de cada um e não realidades...

Mas, Krishna chama os que acreditam nos motivos porque praticaram ou não as ações (pensam ter controlado externamente os órgãos da ação) de hipócritas. Por que isso? Porque se alguém tiver a intenção de dar um tapa em alguém, já o fez, mesmo que não pratique o ato. Na verdade, esse ensinamento de Krishna é igual ao de Cristo: só o desejar já é pecado...

Além disso, é preciso observar neste texto mais uma coisa: novamente o Bendito Senhor volta a dizer que os seres humanos não devem se preocupar com os atos externos, pois eles não são passíveis de controle. Ao contrário, orienta os seus seguidores para que se preocupem todo tempo em estar observar seus atos mentais para ver se eles contêm intencionalidades.

Viver para aquele que busca a elevação espiritual é isso: estar constantemente vigilante ao pensamento para libertar-se das intencionalidades que ele contém.

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Versículo 7

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Senhor da yoga - versículo 7

07 - Mas, ó Arjuna!, aquele que, graças a um reto discernimento mental, controla seus sentidos e sem ligar-se nem identificar-se se¬gue a Karma-Yoga (caminho da ação impessoal que conduz à Libertação), esse é estimado.

Tanto faz você colocar a mão no cocô quanto colocar no mel; tanto faz olhar uma coisa que gosta como uma que não gosta. É assim que vive aquele que vivencia a Karma-Yoga. Por isso o Bendito Senhor ensina: controle os seus sentidos para olhar tudo sem gostar ou desgostar de alguma coisa; controle seu sentido para usar o que gosta e o que não gosta sem alteração de ânimo. Quem vive assim é o apreciado por Krishna, é aquele que está no caminho da elevação, pois está tirando toda intencionalidade do seu pensamento, está tirando todo individualismo fabricado pelas verdades desse mundo.

Outro dia alguns vegetarianos me disseram assim: coitada da vaca, ela morre e tem sofrimento só pra nos alimentar... Eu respondi você quer matar quem, a planta? O processo é o mesmo: a morte de um para a subsistência do outro...

Ah! Matando a planta você também mata o oxigênio que lhe mantém a cada segundo.

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Versículo 8

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Senhor da yoga - versículo 8

08 - Cumpre, pois, as ações justas e obrigatórias, pois a ação é superior à inação. Se não agisses, nem sequer a existência corpo¬ral seria possível.

Então, é preciso que você aja e cumpra as ações justas e obrigatórias. Qual a ação justa e obrigatória que precisa cumprir? Xingar quem estiver xingando, bater em quem estiver batendo ou matar quem estiver matando, como no caso de Arjuna...

Participante: Aí é que está... Como vou cumprir se não sou eu que faço?

Vivenciando a ação sem se culpar ou gozá-la. Cumpre sua ação de uma forma justa, ou seja, faça o que está fazendo, que é o que tem que ser feito, mas não acrescente a essa ação uma satisfação individual ou uma culpabilidade - uma paixão.

Toda ação do ser humano é justa porque cada um serve de instrumento para dar ao próximo o que ele precisa e merece (Deus dá a cada um de acordo com suas obras). Portanto, faça o que você fizer contra quem fizer, a ação foi justa. Sua ação é obrigatória porque você foi o instrumento apto a praticar aquilo. Se uma pessoa precisa receber uma ação raivosa, quem pode praticar essa ação? Aquele que tem raiva. Sendo assim, você que está com raiva é a pessoa que é obrigada a praticar aquela ação. Na verdade, são carmas entrelaçados: um está no padrão vibracional necessário para praticar a ação que o outro, por carma, precisa receber.

Então, toda ação é justa e obrigatória: justa porque é o merecimento de cada um e obrigatória porque quem pratica está no padrão vibracional que o leva a ser instrumento do carma do outro.

Saiba de uma coisa: se os carmas não estiverem relacionados, jamais alguém praticará nem receberá a ação...

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Versículo 9

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Senhor da yoga - versículo 9
Senhor da yoga - versículo 9
Senhor da yoga - versículo 9
Senhor da yoga - versículo 9

09 - Neste mundo, as pessoas comuns se enlaçam por ações que diferem daquelas que são cumpridas por amor a "yajña" (que é um sacrifício, uma oblação, um culto ou orações a Vishnu, o pró¬prio Deus). De forma que, ó Kounteya!, atua sem apego, somente por amor a "yajña".

Os seres humanizados se ligam a ações sem sacrificar-se a Deus. É isso que diz o Bendito Senhor diz neste trecho. Vamos compreender essa questão do sacrifício, do sacrificar a Deus.

O que você tem que sacrificar a Deus, numa ação? Para entendermos isso temos que observar que Krishna fala em dois tipos de vivência de ação: aquele onde seres humanizados se relacionam dentro do sacrifício a Deus e outro onde não há este sacrifício. Será que você pode sacrificar, ou seja, deixar de ter, a prática da ação? Pelo que ouvimos de Krishna até aqui eu diria que não. Portanto, repito a pergunta: o que você tem que sacrificar a Deus numa ação? O controle sobre ela: o resultado e a autoria dela.

Quem segue o reto caminho sacrifica tanto o controle sobre o resultado da ação como a autoria dela ao Pai. Por exemplo. Quem busca o reto caminho diz assim: ‘eu briguei com aquela outra pessoa, mas não fui eu que briguei; eu fui instrumento de Deus. Ele me deu a ação’.

O yajña é o sacrifício do ‘eu’ durante a vida. É o sacrifício da sua capacidade de agir por desejo próprio, é o sacrifício da intencionalidade na ação. É também, o sacrifício do resultado da ação a Deus: ‘Deus, está fazendo, por isso só Ele sabe no que vai dar; eu sou apenas o instrumento da Sua vontade’. Aquele que busca o reto caminho sacrifica durante as suas ações a autoria e qualquer intencionalidade que tenha. Por exemplo: se o pensamento sobre determinada pessoa é fruto de uma raiva, aquele que busca o reto caminho não se frustra se não conseguir a exprimir, nem se culpa se conseguir fazer. Ainda dentro do mesmo exemplo, aquele que busca o reto caminho também não fica especulando pelo resultado da ação. Se conseguir praticar o ato raivoso não se preocupa com a reação do outro nem se vangloria por ter praticado a ação. Se não praticar, também não se culpa por não ter feito...

Participante: Quer dizer que tudo que falamos, por pior que seja a besteira...

Você foi instrumento de Deus para quem precisa ouvir aquilo.

Participante: Mas, se isso se reflete num ato aparentemente, vamos dizer assim, contra nós?

O ato só refletirá – terá como conseqüência – aquilo que Deus queira. Neste caso, lembre-se do que falamos: Deus não faz nada contra ninguém...

A sua pergunta seria mais ou menos assim: ‘eu faço alguma coisa, mas não fui eu que fiz. Porque acontece um resultado negativo a mim e não a Deus que foi quem o praticou’? Vamos entender bem essa questão...

No momento que você falou aconteceu um presente. Ele foi daquele modo porque o carma dos envolvidos levou o acontecimento a ocorrer daquela forma. No momento em que houver uma reação será um novo presente que também será criado pelos carmas de cada um. Isso quer dizer que se você receber de Deus uma reação, ela não foi motivada pela sua ação, mas porque você tinha o carma que tornou justo e obrigatório recebê-la. Se não tivesse aquele carma, mesmo que praticasse ação, jamais receberia tal reação.

Sendo assim, não existe o que vocês acreditam: porque eu fiz uma coisa aconteceu isso; porque fiz aquilo recebi tal resposta. Todos os acontecimentos do mundo são completamente independente um do outro. Eles estão sempre vinculados ao carma daquele momento e não à sua ação anterior. Por exemplo. Vocês imaginam que foram demitidos de empregos porque fizeram tal coisa. Isso não é real. A demissão já estava escrita no livro da vida de quem a recebeu. A partir disso posso dizer o seguinte: você não foi demitido por causa do que fez, mas fez o que fez para ser demitido. Ou seja, a conseqüência é causa da ação e não o contrário...

Voltando ao texto quero dizer o seguinte: talvez aqui esteja o maior ensinamento do Krishna. O sacrifício da autoria e da intencionalidade – sacrificar o ‘eu’, sacrificar as suas paixões, vontades, culpas, intencionalidades, a repercussão da ação – é, dentro do caminho da elevação espiritual, a atitude que mais pode ajudar.

Participante: Falam que o cansaço é energia negativa, mas o cansaço também não pode ser Deus agindo para que alguma coisa aconteça ou não, para que se faça ou não?

Sim, o cansaço pode servir de intencionalidade para o acontecimento ou não de uma ação. Mas, preste bem atenção: você não deixa de fazer nada porque está cansado. Quando, por exemplo, acredita que o seu dia não rendeu nada porque estava cansado, ainda está preso em você mesmo: no que acha que está sentindo. Aquele que pratica a yajña diz assim: ‘hoje o dia não rendeu porque não rendeu’. Se perguntarem a esta pessoa porque não rendeu, aquele que pratica o sacrifício a Deus responde: ‘porque não era pra render’...

É isso que se está falando sobre a prática do viver em sacrifício a Deus: sacrificar o que você acha sobre os acontecimentos da vida. Achando que não está produzindo porque está cansado, sacrifique sua intenção a Deus. O seu cansaço não pode atrapalhar o rendimento porque este é dado por Deus e isso acontece independente do que você está sentindo, pois o que tem que acontecer, vai acontecer.

Sabe de uma coisa: ninguém morre de câncer porque fuma; fuma para morrer de câncer; de nada adianta se combater o cigarro. Ou seja, o que você acha que é efeito, é a causa.

Sacrificar a Deus o ‘eu’ não é simplesmente abandonar a intencionalidade: é sacrificá-la a Deus. Você pode achar que fez alguma coisa errada, mas em sacrifício ao Senhor, mata o seu errado e só diz assim: eu fiz.

Essa é a verdadeira oração, o verdadeiro amor a Deus acima de todas as coisas. O sacrifício da sua intencionalidade é na verdade, o cumprimento do primeiro mandamento da Lei que Cristo ensinou: amar a Deus acima de todas as coisas. Isso porque só quando você sacrifica seu individualismo a Deus O ama acima de si mesmo.

Esse, volto a dizer, é o ensinamento mais forte de Krishna. Todo resto do ensinamento de Krishna está em Lao Tsé, todos os ensinamentos de Krishna estão em todos os outros mestres. Mas, essa visão do sacrifício a Deus do seu individualismo, só Krishna tem.

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Versículo 10

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Senhor da yoga - versículo 10

10 - No início, o Senhor das criaturas, tendo criado o gênero hu¬mano, juntamente com "Yajña" (sacrifício, oblação, culto, orações) disse: "Por este 'Yajña' vos multiplicareis, por este 'Yajña' pros¬perareis e alcançareis todos os fins desejados, como (se lidásseis com) 'Kamadhuk' (a vaca simbólica que possui a extraordiná¬ria qualidade de dar ao leiteiro tudo quanto deseja.)

O gênero humano significa o Espírito no início, significa Adão e Eva. A partir daí pergunto: onde podemos achar o sacrifício na história de Adão e Eva? ‘Vocês podem comer os frutos de todas as árvores, menos dessa aqui; sacrifiquem o desejo de comê-la a Mim’. O fruto da árvore proibida é o fruto do conhecimento: o saber...

O espírito não ouviu o que Deus disse e por isso até hoje ainda quer saber as coisas. Quer conhecer a autoria de cada ação, quer saber o que está acontecendo, quer saber o resultado de cada acontecimento. Com isso, ao invés de praticar o yajña recomendado, entregou-se ao seu individualismo, ao seu prazer de comer a fruta que parecia gostosa.

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Versículos 11 e 12

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Senhor da yoga - versículos 11 e 12

11 e 12 - Com este 'yajña' (sacrifício) nutrireis aos devas (seres celestiais, duendes, elementais) e eles vos nutrirão a vós. Nutrin¬do-vos mutuamente, ambos alcançareis o bem supremo. Sendo nutridos pelo 'yajña', os devas vos darão os objetos que desejar¬des. É um verdadeiro ladrão aquele que peleja pelos objetos que os devas outorgam, sem fazer a eles as devidas oferendas.

Com o sacrifício do individualismo a Deus você se nutre espiritualmente, ou seja, recebe amor.

Quando você quer ganhar, recebe o ganhar, quando tem raiva de perder, recebe a raiva, quando tem mágoa pelo que foi lhe feito, recebe mágoa. Só através do sacrifício do individualismo é que entra no amor perfeito, na conjunção perfeita do amor com Deus.

É um ladrão aquele que quer ter alguma coisa sem sacrificar algo. Você quer ter a felicidade, mas não quer sacrificar a sua visão do acontecimento; quer estar harmonizado com o Universo, mas não quer sacrificar a Deus o que você acha do outro. Para receber do Pai é preciso sacrificar a Deus seus rituais, seus atos, suas vontades, seus desejos. Precisa sacrificar tudo isso para poder receber algo Dele.

Sem dar algo, não se recebe nada. Cristo ensinou que “é dando que se recebe”. Dar em sacrifício o individualismo para poder receber o amor de Deus.

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Versículo 13

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Senhor da yoga - versículo 13

13 - Os justos, comendo os restos do "yajña" (sacrifício, obla¬ção), libertam-se de todos os pecados, mas os injustos (ou os que não fazem oferendas), os que cozinham só para si, comem pecados.

Os restos citados por Krishna são os resultados da ação. Por exemplo: você agiu gritando com uma pessoa, mas conseguiu vivenciar esta situação fazendo o sacrifício a Deus. O resto desta ação será a consciência da presença do amor de Deus. Agora, praticou a mesma ação sem se sacrificar a Deus, certamente vai se sentir ferido quando o outro revidar.

Para poder receber a justa recompensa de Deus, você precisa sacrificar a Ele as suas intenções. Se ao invés disso ainda se sente vitoriosa por ter ganhado a discussão com ele ou sente-se culpado por ter agido daquela maneira receberá o que sobrou daquela ação: o prazer ou a dor.

O resto (resultado) é o que sobra da ação.

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Versículo 14

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Senhor da yoga - versículo 14

14 - Os seres corpóreos nascem do alimento, o alimento provém da chuva, a chuva vem de "yajña" (das rezas, dos rituais, das oblações) e o "yajña" vem da ação ou "karma".

O que precisa sacrificar vem do seu carma, vêm das suas ações interiores anteriores. Se você grita com alguém é porque se desgostou com o que ele disse ou fez. Mas, antes de se desgostar você teve certeza de que ele disse ou fez determinada coisa. Ou seja, você não praticou o sacrifício a Deus naquele momento. Com isso gerou para si um carma. Durante este novo acontecimento que está vinculado ao carma anterior é preciso que pratique o yajña para poder gerar para si outro tipo de carma.

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Versículo 15

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Senhor da yoga - versículo 15

15- Sabe que o Karma ou a ação tem sua origem nos Vedas (sim porque os antigos arianos passavam a agir de acordo com os ensi¬nos e recomendações dos versículos védicos) e que os Vedas provêm do Imortal. Por isso, a onipresente Verdade (Brahman) está sem¬pre estabelecida em "Yajña".

Todos os mestres ensinaram o sacrifício a Deus.

Os carmas são gerados a partir das normas (ensinamentos) dos mestres. Por exemplo: Cristo disse que ‘não se deve desejar a mulher do próximo’. Portanto, ele disse que você deve parar de desejar. Mas, alguém consegue? Não, quando se vê o desejo já está presente. Então, como não desejar? Sacrificando o desejo a Deus: ‘Senhor eu gostaria de ter aquela mulher, mas não vou ficar preso a isso; se o Senhor me der está bom, se o Senhor não me der, também está bom’...

A Onipresente Verdade está sempre do lado do sacrifício da intencionalidade. Deus nunca estará onde você acha que Ele está, nem estará do lado de quem você acha que deva estar. Ele está onde está; Ele faz o que faz... Toda motivação que você coloque na ação de Deus será sempre fruto de sua intencionalidade e não da do Pai. Mesmo quando disser que faz alguma coisa porque Deus quis que fosse feito assim, não estará do lado da Verdade. A Verdade só aparecerá quando não souber de nada. Para isso é preciso sacrificar ao Senhor o seu entendimento: ‘só Deus sabe por que isso aconteceu’...

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Versículo 16

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Senhor da yoga - versículo 16

16 - Aquele que aqui (mundo) não segue a esta roda que foi posta em movimento vive em pecado e em sensualidade; esse vive em vão, ó Partha!

Pecado é viver contra Deus; sensualidade são as percepções do corpo.

Toda vez que você tem intencionalidade em alguma coisa é porque vive pra si, para o que acha, para o que sabe, e isso não leva a lugar nenhum, muito menos à elevação espiritual, que é caracterizada pelo abandono de tudo isso.

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Versículo 17

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Senhor da yoga - versículo 17

17 - O homem que vive consagrado ao SER, que está satisfeito com o SER e está contente somente com o SER, esse já não tem mais deveres.

Ser significa espírito.

Para aquele que se consagra ao espírito todos os deveres, toda a obrigação se encerra, porque sabe que o espírito não tem obrigação.

Sim, o ser universal não é obrigado a fazer nada porque tem o livre arbítrio de fazer qualquer coisa. Sendo assim, é preciso se compreender que a vida não pode ser movida pela obrigação. Depois de compreendido isso, aquele que quer alcançar o reto caminho deve, então, dedicar-se a utilizar o livre-arbítrio para acabar com as obrigações. Isso se faz automatizando o controle do pensamento para que ele não se forme a partir de regras e normas pré-concebidas. Para automatizar o controle do pensamento, o ser que busca o reto caminho deve atingir a consciência amorosa.

Enquanto o espírito não alcança a consciência amorosa e participa das ações preso às obrigações de fazer ou não, ainda possui intencionalidades. Quando ele atinge a consciência amorosa, ou seja, participa da ação com o amor universal (felicidade, compaixão e igualdade) não mais terá intencionalidades.

Este ser jamais irá ferir alguém, porque o que pode ferir outro não é o que se pratica contra ele, mas a intenção que o agente da ação coloca no que pratica. Este ferimento existe porque a intencionalidade é presa ao individualismo e este pode ferir, mas a ação jamais.

Individualismo é sentimento usado como fruto do livre-arbítrio. Aquele que vive para o ser, que o consagra, que se realiza no próprio ser atinge a consciência amorosa e para este não existem mais obrigações a serem cumpridas.

Senhor da Yoga - Cap. 3 - Caminho da ação

Versículo 18

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Senhor da yoga - versículo 18

18 - Neste mundo, esse nada tem a ganhar pela ação, nada perde se não atua, nem precisa depender de algo ou de alguém mais para alcançar seus propósitos.

Aquele que vive para o ser espiritual é o elevado. Para ele tanto faz fazer ou não fazer, ter ou não ter, ganhar ou perder, pois ele não se realiza por essas coisas. Realiza-se nas conquistas espirituais e não nas materiais.

Na verdade, o que o auto realiza , são as coisas espirituais. Apenas sabendo-se ser um ser universal ele já se sente realizado. Não precisa de mais nada, de coisa alguma, seja essa coisa material , sentimental ou moral.

Senhor da Yoga - Cap. 3 - Caminho da ação

Versículo 19

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Senhor da yoga - versículo 19

19 - Assim que, mantendo-te desapegado, cumpre com teu dever. Em verdade, atuando sem apego, o homem vivencia o Supremo.

Cumprir o seu dever é fazer o que tem que fazer. Todos os carmas dos seres humanizados estão inter-relacionados. Cada um que encarna com a programação de conviver junto com outro ser humanizado já possui os seus carmas acertado previamente antes da encarnação. Portanto, sem apego ou sem intenções, faça o que fizer (brigue, abrace, chore, ame materialmente), mas não sinta prazer nem culpa. Por isso é importante se retirar da vivência da ação toda a intencionalidade e o apego, pois com isso se cumpre o pré-determinado sem a busca do bem individual.

Não pense em deixar de cumprir o que foi combinado, pois isso é impossível. A elevação de cada um depende das ações praticadas. Se fosse possível a alguém deixar de cumprir o seu trabalho, tal atitude afetaria todos os que dependem daquela ação. Por isso não se culpe: todos recebem o que precisam e merecem. Mas, também não se vanglorie por causa do que fez, pois você está apenas cumprindo a sua obrigação: viver a vida que escreveu junto com as pessoas que estão no seu meio.

Senhor da Yoga - Cap. 3 - Caminho da ação

Versículo 20

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Senhor da yoga - versículo 20

20 - O rei Janaka e outros alcançaram a perfeição graças à ação, simplesmente. Tens que atuar, pois, nem que seja só para servir de exemplo aos demais.

O que cada um pratica é apenas a lei do carma em ação e, por isso não deve servir de júbilo para ninguém. Para servir de exemplo, mais do que praticar uma determinada ação, é preciso participar dela sem paixões.

Senhor da Yoga - Cap. 3 - Caminho da ação

Versículos 21 e 22

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Senhor da yoga - versículo 22

21 – O que um homem superior faz é copiado pelos demais; aquilo que ele exterioriza em seu ato é seguido pelas pessoas.

22 - Ó Partha! Eu não tenho nenhum dever a cumprir. Nada há nos três mundos que já não tenha alcançado ou que ainda falte por alcançar; e, no entanto, continuo atuando.

Krishna usa a si mesmo nesta frase como exemplo, porque é um espírito elevado. Os três mundos que ele cita são: o mundo ilusório da matéria densa, o mundo ilusório da matéria não-densa e o mundo real onde a matéria não é confundida com realidade.

Assim como Krishna, muitos outros espíritos não teriam nada que fazer neste mundo ilusório de matéria densa. Eles não estão aqui porque precisam ganhar nada, porque precisam se elevar, mas porque o fundamento da vida no Universo é servir ao próximo.

Sendo assim, compreendam que a elevação espiritual tem como finalidade servir ao próximo praticando ações sem intencionalidade, seja brigando, seja discutindo ou amando materialmente. Precisamos desmascarar o que a humanidade entende como serviço ao próximo. Servir ao próximo não é só dar o que o outro quer, mas muitas vezes é servir de instrumento para o que o próximo não quer, mas precisa para a elevação do próximo.

Pensando assim, afirmo: Judas foi muito mais apóstolo que os demais...

Senhor da Yoga - Cap. 3 - Caminho da ação

Versículos 23 e 24

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Senhor da yoga - versículo 24

23 Ó Partha!, se alguma vez Eu deixasse de atuar, o que faço sem descanso, as pessoas Me imitariam ou acompanhariam Meus passos.

24 Se não atuasse perpetuamente, estes mundos pereceriam; Eu Me tornaria uma causa para a confusão das castas (ou espécies) e uma causa de destruição destes seres.

É por isso que Deus age o tempo todo.

Senhor da Yoga - Cap. 3 - Caminho da ação

Versículo 25

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Senhor da yoga - versículo 25

25 - Oh Bhârata! com o mesmo zelo com que os ignorantes ape¬gados trabalham para si mesmos, os Sábios desapegados têm de trabalhar para os demais.

O que se entende fazer como zelo é buscar realizar as coisas que precisam ser feitas da melhor forma possível. Por isso Krishna utiliza este termo aqui.

Ele quer dizer o seguinte: da mesma forma que o ser humanizado que vive para sua humanidade, ou seja, aquele que está preso às suas paixões, sempre busca ganhar, não importa o que seja, o sábio luta para não vivenciar paixões durante os acontecimentos da vida. Os primeiros vivem zelando por si mesmo; o segundo está zelando pela coletividade, pelo bem comum. Os primeiros se preocupam em amar a si acima dos outros; o sábio se preocupa em amar ao próximo como a si mesmo...

É preciso ser zeloso durante a sua vida carnal com as coisas espirituais. Não adianta dizer: eu não consigo. Pensar assim denota apenas falta de zelo. É preciso zelar pelo espiritual na luta contra as suas formações mentais, contra a sua vontade de que o mundo mude para lhe agradar.

Saibam de uma coisa: ao não zelar pelo universalismo, automaticamente você está zelando pelo individualismo.

Senhor da Yoga - Cap. 3 - Caminho da ação

Versículo 26

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Senhor da yoga - versículo 26
Senhor da yoga - versículo 26

26 - O Sábio não deveria turbar a mente do ignorante, que está ligada à ação intencional; ao contrário, ele próprio, trabalhando assiduamente, tem que ocupar o ignorante na ação justa. (O conhecimento vulgar se purifica pela ação inegoísta, tornando-se entendimento. O egoísmo, que é o maior obstáculo contra o pro¬gresso espiritual, cresce muito mais na indolência ou na falsa não¬-ação do que na Ação Pura.

O verdadeiro sábio não ensina nada a ninguém. O sábio deve participar da ação sem intencionalidade, inclusive com a de ensinar alguma coisa aos outros: 'olha, eu sei, eu sou sábio, você não pode fazer desse jeito'. Ao contrário, o verdadeiro sábio zela para pensar desse jeito: 'você acha que é melhor pôr isso ali, eu vou por'; 'você acha melhor fazer isso, eu vou fazer'; ' você queria que eu fosse a tal lugar, eu vou'; 'você não quer que eu vá ali, eu não vou'; 'você acha que isso que acredita está certo, então está'.

O verdadeiro sábio luta para se libertar das suas formações mentais que afirmam que ele é superior aos outros, que sabe mais e que por isso tem que impor sua vontade e verdade aos outros. Ele busca libertar-se de pensamentos como este: 'você não pode querer que eu vá onde você quer, porque ao querer isso está agindo intencionalmente'. Ele luta para libertar-se de tal pensamento porque sabe que se prender-se a ele estará também agindo intencionalmente.

O verdadeiro sábio age sem intenção alguma e por isso não ensina ao outro que não se pode querer, ter ou ser alguma coisa...

Senhor da Yoga - Cap. 3 - Caminho da ação

Versículo 27

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Senhor da yoga - versículo 27

27 - De qualquer maneira, seja qual for o caso, são os gunas da "Prakriti" (ou são as dualidades inerentes à mente, matéria ou à psicofisicalidade) os que atuam. Só naquele cuja mente está iludida pelo egoísmo e egotismo se levantam pensamentos do tipo:"sou eu (ego) quem atua".

A frase 'são os gunas da Prakriti que atuam' significa que a realidade que você vive é o que você acha e não a Realidade Real. Não importa de que momento da vida esteja participando, a sua realidade será sempre o que você está achando que é não a Realidade Real.

Senhor da Yoga - Cap. 3 - Caminho da ação

Versículo 28

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Senhor da yoga - versículo 28
Senhor da yoga - versículo 28

28 - Porém, ó tu de braços poderosos! Sabe que os Sábios discernem corretamente a verdade relacionada à distinção dos gunas e do Karma (ou ação intencional e sua conseqüência). Percebem claramente como os gunas, em seu papel de sentidos (pensantes ¬pensados), se pousam sobre os mesmos gunas, mas agora em seu papel de objeto (pensado, gunas esses que são a falsa dualidade psicofísica sobreposta), e graças a essa reta percepção o Sábio jamais se apega a nada.

O sábio sabe que tudo que tudo que vive como realidade é fruto da sua intenção. Ao ter esta consciência, ao invés de declarar que aquilo é verdade, luta contra a sua formação sacrificando o fruto da sua intencionalidade a Deus. Ele não sacrifica a prática da ação, mas o fruto dela.

Os sábios percebem que as qualidades que aplica as coisas surgem do seu individualismo e por isso busca sempre a intenção universal. Por exemplo. Um banco, conforme a percepção de cada um pode ser sujo, bonito, feio etc. A intenção universal, no caso, é saber que está percebendo um banco; já as qualidades creditadas a ele, desde a forma até sua limpeza e estado de conservação, estão fundamentadas no individualismo de cada um.

Agora, engana-se aquele que pensa que o sábio não tem formações mentais que afirmem que o banco não é limpo. Ele tem, mas sacrifica a qualidade que está na formação mental criada pelo guna a Deus. Ele zela para pensar desta forma: 'ali existe um banco, já a sujeira que estou vendo nele é coisa da minha cabeça, do meu individualismo'.

O que Krishna está dizendo neste trecho é que o sábio sabe quando sua percepção repousa sobre a Realidade Real ou não. Por exemplo: o que é sua esposa? O sábio diria apenas que é um instrumento do seu carma; o aprisionado ao seu individualismo diria que é sua companheira, a qualificaria como bonita ou feia, afirmaria se gosta ou não dela, etc.

Quando há uma desavença entre o casal, o sábio, ao invés de culpar a esposa pelo que fez, zela para pensar desta forma: 'eu acho que ela não deveria ter feito isso, mas se fez, tinha de fazer'. Com isso ele está sacrificando o seu achar a Deus.

Por este sacrifício, o sábio denota o seu zelo pelas coisas espirituais. Já o não sábio critica a esposa. Com esta crítica, ele demonstra o seu zelo pelo individualismo, por sua vontade de estar certo. Para sustentar esta vitória está sempre atento em descobrir erros nos outros para poder criticá-los.

Para se alcançar a verdadeira sabedoria é só estar atento ao pensamento e zelar para vivenciar o universalismo, para viver para o ser.

Senhor da Yoga - Cap. 3 - Caminho da ação

Versículo 29

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Senhor da yoga - versículo 29
Senhor da yoga - versículo 29

29 - Alucinadas pelos gunas que constituem as qualidades da "Prakriti", as pessoas se apegam ao sentir (pensante) e ao que esse sentir supostamente capta (ou ao dado pensado); em outras palavras, se apegam aos supostos sentidos e às suas funções. O homem de sabedoria perfeita não deve perturbar as pessoas de pouco entendimento e compreensão imperfeita. (Nem todos têm o mesmo grau de compreensão ou a mesma capacidade de assi¬milação e transformação; por isso, os ensinos espirituais devem ser administrados e temperados com muito carinho e paciência. e principalmente para cada caso, de forma individual. .. A ação impessoal ou inegoísta, mais a vivência intuitiva são a base de qualquer progresso ou simplificação e purificação mental.)

É o seu sentido visão que está vendo poeira; é o seu guna que diz que poeira é sujeira. Fundamentado nisso você se apega à realidade de que aquilo está sujo e que precisa ser limpo. Neste momento cria uma condição para ser feliz: 'aquilo tem que estar limpo'.

Participante: Lembrei-me de uma coisa... Às vezes o pessoal da faxina no meu trabalho, ao invés de passar pano, varre. Nós não ficamos sabendo se fazem uma coisa ou outra. Quando começo a trabalhar, espirro sem parar. Quer dizer, não sei se foi varrido, mas percebo pelo cheiro de poeira no ar. Neste caso, meus sentidos estão reagindo a uma provocação externa?

Você não sabe conscientemente o que foi feito no ambiente, mas seus sentidos já perceberam, como disse. Quando o cheiro é percebido, sua mente que está condicionada, diz: 'tenho que espirrar'.

É o que Krishna fala: você está preso aos gunas que criaram a ilusão de existir alguma coisa.

Participante: E quando é uma criança?

A mesma coisa...

Na verdade não é você que espirra: é Deus que faz você espirrar. Mas, Ele o faz espirrar porque está aprisionado à materialidade como realidade, porque acredita que é alérgico...

Participante: Não seriam os conceitos ao invés de percepções?

É a mesma coisa... Você não percebe coisa suja? Então...

Na verdade nem é a percepção, é a formação mental, é o processo de raciocínio que nasce da percepção.

Participante: 'e ao que sentir, supostamente capta' – comente, por favor...

Você olhou e constatou que tem poeira: isso é um fato. Dizer que tem poeira e interpretá-la como estar sujo é a sua alucinação. É a prisão aos seus gunas, é a prisão aos seus conceitos.

Eu já expliquei aqui uma vez: vocês dizem que entrar com sapato sujo de terra é sujeira, mas tudo que existe no planeta é feito de terra...

Senhor da Yoga - Cap. 3 - Caminho da ação

Versículo 30

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Senhor da yoga - versículo 30
Senhor da yoga - versículo 30
Senhor da yoga - versículo 30
Senhor da yoga - versículo 30

30 - Oferecendo todos os teus atos e supostos frutos a Mim, e fixando a mente no SER interior, despoja-te dos anelos que tens pelos resultados e liberta-te de toda noção de "eu" e "meu"; só depois disso, ó Arjuna, poderás lutar sem a febre mental.

'Oferecendo' significa sacrificando a intencionalidade do ato: o querer e o não querer. 'Fixando a mente no ser interior' significa fixar a mente em você espírito, se concentrar no espiritualismo, no ecumenismo e no universalismo.

Portanto, Krishna recomenda que você deve estar concentrado o tempo inteiro em obter bens no céu; tem que estar concentrado o tempo inteiro em atingir a consciência amorosa da prática da ação; tem que estar concentrado o tempo inteiro em se harmonizar com o Universo. Ele aconselha isso porque os seres humanizados estão concentrados no 'eu externo', ou seja, no ser humano. Estão sempre procurando o que é bom para o ser humano; estão sempre procurando sempre seguir os seus códigos de leis; estão procurando superar o próximo. Este é o problema.

Espiritualismo, ecumenismo e universalismo tem que ser objetivo de vida. Se vier à mente de um sábio que ele não gosta de ver uma pessoa descalça, ele, como está concentrado no Ser interior, no universalismo, ao invés de aceitar esta idéia criada pela mente, procura se harmonizar com aquela pessoa, amando-lhe com e sem sapato. Ele não se harmoniza com a idéia de ter que lhe criticar, obrigá-la a colocar o sapato porque ele gosta ou porque quer. Esse é o comportamento do sábio...

Na hora que vocês viverem para amar ao próximo, ou seja, para se harmonizar com o outro, a vida vai mudar. Só que vocês vivem o tempo inteiro querendo domesticar o próximo. Não se assustem com a palavra, é essa mesmo: vocês vivem querendo domar o outro, subordiná-lo aos seus desejos... Vocês vivem pensando assim; 'não gosto de quem não usa sapato, então tenho que comentar isso com ele, tenho que fazê-lo entender a importância de andar de sapato'.

 A harmonia nasce não quando um tem que ser igual ao outro. Para que haja harmonia é preciso que você se harmonize com o outro como ele está. A igualdade que pregamos não é aquela que é caracterizada por um ser cópia um do outro, mas sim a que se fundamenta no direito de cada um ser diferente. Se o outro gosta de fumar, o que você tem a ver com isso? O problema é dele... Se o cigarro dá câncer, quem vai morrer é ele... Porque que você acha que tem o direito de obrigá-lo a parar de fumar? Isso é uma violência contra o outro, contra os direitos dos outros...

Vocês ficam muito impressionados quando falo de estupro, mas vocês estupram o outro a cada segundo: estupram a vontade, o desejo, estupram o direito do outro ser ele mesmo, ser quem quiser ser...

Quem quer fumar, que fume! Quem é você para acusá-lo de qualquer coisa ou achar que tem o direito de comandar a vida alheia? Por acaso você é o dono da verdade, o salvador da humanidade, aquele que conhece todas as verdades?

Participante: Na verdade até hoje aprendemos que ajudar ao próximo é levá-lo para o bom caminho. Agora essa questão de que nem todos que fumam tem câncer ou que alguns fumam para ter câncer tem que falar em Deus Causa Primária e tem que falar em livro da vida e muita gente não acredita nisso.

Não precisa se falar em Deus Causa Primária nem em livro da vida. O argumento que você pode usar para os outros é mais simples...

Quem disse que o certo é ficar vivo? Você não vai morrer? Então, porque não morrer de câncer? Este é um argumento que você pode usar para falar aos outros e nem precisa entrar na questão da fatalidade...

Mais argumentos. Porque se defende a vida se a morte é certa? Quem lhe deu a posição de juiz da vida do outro? As pessoas rebaterão: 'ah, mas, eu sou amigo dele'... Sim, você é amigo dele, mas não é seu dono...

Perceba que com a insistência da crítica – que vocês chamam de conselho – o querem é tomar conta do outro, querem dizer o que ele tem que fazer, a hora, o jeito e o que deve ser feito. Isso é querer dominar, é querer ser senhor do outro.

Veja, eu não falei em Deus Causa Primária, em livro da vida ou em qualquer tema que envolva a fatalidade. Aliás, não falei nem em religião. Eu falei o seguinte: se você acha que tem o direito de fazer o que quer, dê ao próximo esse direito também.

Participante: Ah, mas você está me prejudicando fumando perto de mim...

Certo, então vou fumar longe de você. Mas, mesmo que fizesse isso, quando retornar para o seu lado, você começará a me criticar: 'já foi fumar de novo?' Eu respeitei o seu direito de não fumar, mas quando voltei, ainda tive que ouvir crítica. Compreendeu?

Não precisa de falar em Deus como Causa Primária de todas as coisas. É só dizer: 'se você acha alguma coisa, ache, mas me deixe em paz com o que eu acho’... Se você gosta de andar arrumado, ande; eu não gosto; eu gosto de andar assim. Porque tenho que andar igual a você? Você é o juiz do mundo? Você detém a verdade do mundo?

Essa é a liberdade que nós temos que nos dar: a liberdade de não seguir os padrões dos outros. Mas, se queremos esta liberdade, temos que dar ao outro o direito fazer o que quer e não obrigá-lo a fazer o que você quer.

Essa é a base do amar ao próximo como a você mesmo que Cristo nos ensinou: dar o direito ao próximo de ele fazer o que quer.

Participante: É, mas aí você perde o amigo.

Se isso acontecer, não perdeu nada: perdeu apenas uma falsidade. Você achava que ele era seu amigo, mas na primeira desavença ele deixou de ser. Isso quer dizer que nunca houve amizade, mas uma falsidade...

Essa é a concentração perfeita no Ser, no Espírito e não no ser humano: estar constantemente se preocupando em sacrificar os seus desejos e verdades a Deus para poder dar ao próximo o direito dele ser o que ele quer ser. Saiba que se você não der esse direito ao próximo, não tem direito algum.

Com a perda do seu direito vem o carma, a ação carmática. Quando ela chega trazendo coisas que vocês não gostam de vivenciar sofrem. Mas, por que sofrem? Porque querem ter o direito de ser, estar e fazer o que querem, mas não deixam os outros serem o que querem. Plantando restrições ao próximo só podem colher restrições a si mesmo... É isso que gera um determinado tipo de carma onde você sofre.

Agora, se liberta-se de tudo (os seus conceitos de certo e errado, bonito e feio) irá transitar entre as coisas sem estar apegado a elas. Esta forma de vivenciar os acontecimentos da vida lhe gera um carma diferente...

Mas, ouça bem: libertar-se dos conceitos não lhe tira o direito de agir. Se você entra aqui e percebe que está sujo, limpe, se limpar. Isso você pode fazer, se fizer. Agora, não reclame de quem não limpou. Uma vez você me disse que mandou seu filho arrumar o quanto. Passado um tempo ele disse que já tinha arrumado. Depois você foi ao quarto e disse que ainda estava uma bagunça. Acha isso certo? Você tem que dar a ele o direito de achar que ele arrumou, mesmo que para você não esteja arrumado. Mas, dar a ele este direito não retira o seu de mudar a arrumação que ele fez. Você não precisa deixar do jeito que está. Se quiser vá lá e arrume do seu jeito, mas não o critique por que acha que a arrumação dele não estava como você achava que devia estar.

Não estou falando que deva deixar de fazer. Estou dizendo apenas que deve dar ao outro o direito de ele querer ser quem é, de achar que o que ele fez foi uma arrumação. Essa é a concentração do eu no Ser necessária para quem busca a elevação espiritual: o tempo inteiro estar preocupado em harmonizar-se com o mundo do jeito que ele está e não querer trocar o mundo para o que você acha certo.

Participante: Então eu não tenho que fazer nada?

Depende... Se você quiser fazer alguma coisa faça: vá lá pegue o que acha que está fora de lugar e guarde onde imaginar que é o certo de se guardar. Se quiser, também, pode deixar tudo do jeito de que está. Na verdade, pode fazer muitas coisas, mas a única coisa que não pode fazer é acusar, criticar, sofrer, o que, aliás, é só o que vocês humanos fazem neste caso, não?

Compreendam uma coisa: não adianta brigar que nada vai mudar. Será que vocês ainda não repararam que por mais que se esforcem em mudar os outros eles nunca mudam? A única que sai perdendo com tudo isso é você: perde a sua paz, a sua harmonia, a sua tranqüilidade... Só quem perde é você.

Senhor da Yoga - Cap. 3 - Caminho da ação

Versículo 31

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Senhor da yoga - versículo 31

31 - Aquele que livre das elucubrações (discurso mental) e cheio de fé ou "sraddha" (atitude mental que se manifesta como since¬ridade, humildade, respeito), constantemente põe em prática estes conselhos, esse também se liberta das ações contaminadas e seus resultados (ou karma).

O que é uma ação contaminada? É aquela que é vivenciada com intencionalidade. O que contamina uma ação não é o ato que se pratica, mas a vivência acompanhada com o querer ou não, ou gostar ou não, o achar ou não. Toda ação é justa, pura e perfeita porque ela vem de Deus. É como um rio que cruza uma cidade grande: ele nasce puro, perfeito e ao longo do seu caminho e se contamina. Deus cria a ação pura, limpa e perfeita; quando ela passa pelos seres humanizados é agregada uma intenção. Neste momento ela tornou-se contaminada...

Senhor da Yoga - Cap. 3 - Caminho da ação

Versículos 32 e 33

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Senhor da yoga - versículo 33
Senhor da yoga - versículo 33

32 – Porém, os que não praticam ou mesmo os que desprezam este meu ensino, esse néscios muito ignorantes vão à ruína.

33 - Inclusive o próprio Sábio age de acordo com sua própria natureza; todos os seres seguem sua natureza. Que pode fazer em contrário o simples controle intencional? (O nosso estar consciente ou o conhecimento que temos sobre nós mesmos é consti¬tuído pelos frutos ou efeitos de nossas ações passadas e pelo que estamos pensando agora. De forma que o simples controle intencional dos órgãos da ação - atuo mal; quero atuar bem – não muda a índole mental consciente. Tal controle deve vir acompa-nhado pela superação dos desejos e pela purificação do conheci¬mento, agora transformado em Entendimento dinâmico.)

O que é a sua natureza? É o que veio com você: todas as suas tendências, tudo o que compõe a sua personalidade. Se você veio nervoso, vai ser nervoso... Mas, isso não pode servir de desculpa ('eu sou assim mesmo') nem pode servir para atribuir culpa do seu estado emocional aos outros. Sempre que você age dentro da sua natureza culpa o outro afirmando que foi ele que lhe deixou nervoso. Isso não é real. Saiba de uma coisa: ninguém faz nada a ninguém... Cada um escolhe uma forma emocional de vivenciar o que os outros estão fazendo.

Quando você olha a roupa do seu filho espalhada, quem ficou nervosa foi você. Não foi ele que lhe deixou nervosa... Isso porque se tivesse escolhido outra emoção para viver aquele momento não ligaria pra bagunça e arrumaria a roupa sem reclamar.

Sim, cada um age de acordo com sua personalidade que já vem montada, mas esta pode ser alterada paulatinamente ao longo da vida quando se concentra no ser...

Participante: Essa mudança também já é planejada pelo livro da vida?

Falar desta mudança é algo complicado... Eu diria que ela é prevista pelo livro da vida, mas que precisa ser conquistada paulatinamente. Se você busca viver para o ser, pode ir se acalmando aos poucos. Krishna não disse que se no último segundo de vida o homem abandonar suas paixões ele já sai da carne santo?

Ao invés de plantar a semente da sujeira, plante a semente de que aquilo é apenas poeira e não sujeira...

Nota: Aqui o amigo espiritual refere-se a um ensinamento antigo. Segundo Buda, todas as emoções existem dentro de cada um na forma de sementes e nos momentos da vida nós escolhemos qual plantar e deixar germinar. Joaquim está fazendo a mesma figura com as verdades.

Enquanto não discutir consigo mesmo para combater essa qualidade sujo que é aplicada ao pó que está em cima do banco, nada muda.

Outro exemplo: depois que você diz algo e verifica que não gostou do que disse, se arrepende e promete a si mesmo que da próxima vez não fará isso. Fará sim; todos fazem... Então, de que adianta acreditar nesse fingimento de que quer fazer o bem? Na verdade você não consegue porque apenas se arrependeu do que disse, mas não mudou a verdade que o levou a dizer aquilo...

O que estou falando é muito mais do que simplesmente arrependimento. O que estou falando é de matar verdades, crenças, obrigações. Enquanto não matar a verdade que está em sua memória, enquanto não matar seus padrões (belo e feio, certo e errado) vai continuar qualificando as pessoa e as coisas por eles. Não adianta querer amar o próximo possuindo padrões que conceitue as coisas. O próximo sempre vai agir pelos seus próprios padrões e com isso quebrará os seus. Quando isso acontecer, não haverá amor que resista. Você vai sentir-se obrigado a criticá-lo porque ele feriu seu padrão.

Portanto, o problema não é se arrepender ou não fazer: o que realmente pode lhe salvar é viver voltado para o ser para poder lutar contra os padrões que estão em você. Na hora que esta luta for constante o processo se automatizará e a luta ficará mais branda.

Pergunto uma coisa: se acabássemos com todos os códigos de leis do país de vocês, alguém poderia mais ser julgado?

Participante: Não..

Então, se você acabar com seus códigos de leis você não vai julgar mais ninguém. Enquanto você souber o que é banheiro arrumado a roupa do seu filho vai lhe incomodar.

Senhor da Yoga - Cap. 3 - Caminho da ação

Versículo 34

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Senhor da yoga - versículo 34
Senhor da yoga - versículo 34

34 - O apego ou a aversão (pensados) dos sentidos baseiam-se na falsa impressão que tens em relação aos objetos conhecidos e pensados (sensibilidade deturpada). Que ninguém fique escravo do apego ou mesmo da aversão. Esses dois, mais a falsa impressão que tens dos objetos pensados, são inimigos terríveis.

O apego ou a aversão é o gostar e o não gostar. Além de achar o banco sujo porque tem poeira, você chama esta percepção de não gostar. Tem gente que está vendo poeira, sabe que é sujeira, mas não se importa. Portanto, além da interpretação de que poeira é sujeira, existe a sua intencionalidade pessoal que é o gostar ou não – é a paixão positiva (apego) ou paixão negativa (aversão).

Tornar-se escravo é depender disso para ser feliz (a escravidão é a dependência). Apesar de vocês não acharem isso, essa dependência é igual à que pessoas têm do tóxico: você começa a precisar daquilo. Quando se apega à idéia de que banco bom é o sem poeira, começa a precisar que esta condição seja satisfeita para ser feliz. Apegada a esta verdade e servindo ela como condicionamento para o seu prazer, que vocês chamam de felicidade, vai cada vez mais ver sujeira para poder limpar e, com isso, ter o prazer de ver sua verdade contentada.

Na verdade, a cada dia você vai tornando a sua percepção mais sensível. Se hoje um dedo de poeira é sujeira para você, amanhã apenas um micro pó também será considerado sujeira... Isso porque você precisa limpar o banco para ter prazer. Ou seja, o que antes não era sujo agora passa a ser, pois sem sujeira você não terá limpeza. O mesmo serve pra tudo pelo que os seres humanos brigam, quando brigar lhes traz prazer. Não é a mesma coisa com o toxicômano? Ele não necessita sempre de doses maiores para poder ser feliz?

A aversão e o apego são inimigos terríveis do ser, pois elas transformam o julgamento e a crítica que fazemos aos outros e às coisas em vícios que usamos pra alcançar o prazer. Com isso cada vez mais nos tornamos críticos e juízes, achando que estamos fazendo a melhor coisa do mundo...

Senhor da Yoga - Cap. 3 - Caminho da ação

Versículo 35

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Senhor da yoga - versículo 35

35 - É sempre melhor cumprir o próprio dever, ainda que pareça mau, que cumprir bem um dever que não te corresponde É prefe¬rível morrer, cumprindo o próprio dever; o dever que cabe a outros está cheio de perigos, pois corresponde à natureza deles.

Cumprir bem o dever é cumprir sem intencionalidade. Contudo ninguém cumpre um dever que não lhe corresponda.

Senhor da Yoga - Cap. 3 - Caminho da ação

Versículos 36 e 37

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Senhor da Yoga - versículo 37
Senhor da Yoga - versículo 37

Arjuna perguntou:

36 – Oh, Krishna! (ou Varsneya, descendente dos Vrishni), que po¬der é esse que impele um homem a pecar, mesmo contra a sua própria vontade, como se obrigado por uma força?

O Bendito Senhor disse:

37 - É o desejo, é a ira, nascidos da qualidade rajásica (ou ativa) da "Prakriti" (mente-matéria ou psicofisicalidade). O desejo é como uma fome insaciável e a ira que se levanta quando ele se frustra é muito pecaminosa. Neste mundo considera isso como teu pior inimigo. (O desejo e a cólera são inseparáveis; a cólera se levanta quando um desejo é obstaculizado)

O que lhe impulsiona fazer pecados? Pecado é tudo o que você faz com sofrimento, tudo que faz contra Deus, quando não ama a Deus acima de todas as coisas, ou seja, tem intencionalidade. O que lhe impulsiona a agir com intencionalidade é a paixão, o desejo, a vontade. E o que é isso? É o individualismo, o egoísmo... Egoísmo: é isso que impulsiona vocês.

Os humanos são pecadores porque vivem para satisfazer seus desejos, suas vontades, suas intencionalidades próprias. Pergunto: alguém conscientemente faria alguma coisa que lhe prejudicasse?

Participante: Não, por minha vontade não. Busco seguir minhas vontades, e muitas vezes alcanço o prazer, mas logo em seguida vem o prejuízo...

Sim, tem que vir o prejuízo porque já teve o lucro: o prazer...

Mas, insisto: alguém faria conscientemente algo que lhe prejudicasse se isso não lhe trouxer algum lucro? Por exemplo: uma pessoa pergunta quem escreveu determinada coisa errada. Se sabe que foi você e sabe ainda que respondendo sim será prejudicado, se entregaria? É claro que não... Enquanto a pressão não for muito grande ninguém se entrega, não é mesmo? Por quê? Porque ninguém quer perder nada, de jeito algum.

A força que impera no ser humano e o faz pecar é a vontade de ganhar sempre. É a intencionalidade, o individualismo, o lucro individual, o prazer, a fama, o elogio. É isso que impulsiona os seres humanos a pecar. Muitos vão a centros, igrejas e templos e ouvem belas palavras sobre a vida dirigida para alcançar o bem celeste. Saem dali convictos de que o que foi ouvido é importante e prometem a si mesmo que a partir do dia seguinte vão colocar em prática o ensinamento... Mas, na primeira oportunidade onde eles possam perder alguma coisa, esquecem o que ouviram e agem egoisticamente.

Isso ocorre porque o sentimento de buscar o bem celeste é envolvido pela prakriti, pela lógica do raciocínio. Os gunas criam uma historia para justificar o seu individualismo e você acredita nela. Por exemplo, eles dizem: 'se aquela pessoa faz o que quer, então eu vou fazer o que quero também'; 'não posso aceitar que alguém passe por cima de mim (me contrarie), porque eu sei que estou certo'. As idéias que os gunas criam estão sempre voltadas para criar uma defesa do eu material, do ego. Por causa disso eles não lhe deixam ser apontado como errado. Mesmo que você tenha errado, os gunas inventam idéias alternativas que afirmem que você não é o errado.

Mas, se errou, qual é o problema de alguém saber que fez errado? O problema é que amanhã vão lhe criticar, você pode perder a sua fama (ser considerado o certo) e você vai sofrer com isso. Por isso parecem válidas e certas as idéias que justificam sua ação. Você prefere acreditar nelas porque elas não lhe levam a perder, ter desprazer, receber a infâmia nem a crítica. Elas mantêm para você mesmo a ver-se como bonzinho, maravilhoso e com isso não assume a culpa.

Saiba de uma coisa: o lhe impele a pecar o individualismo. Você quer ganhar sempre e o mundo que se dane. Enquanto houver o desejo, ou seja, a condição para ser feliz, você vai sofrerá. Deste sofrimento nascerá a frustração, a desilusão. Como o sofrimento, a frustração e a desilusão são ações contra Deus, enquanto houver padrões, desejos e vontades, você vai pecar .

Portanto, não adianta nada dizer que a partir de hoje não vai ter mais raiva, que não vai ser mais nervoso, que não vai mais ficar estressado. Vai ficar porque não cortou o mal pela raiz: o desejo. É do desejo que vem a ação silenciosa e implacável da necessidade de que os acontecimentos estejam dentro dos seus padrões de certo e bom. Permanecendo o desejo de nada adianta ter boa vontade, pois não chegará a lugar nenhum. O pecar, ou seja, o sofrer é conseqüência natural de se ter desejos...

O caminho para não mais pecar, então, é libertar-se dos desejos. Mas, o que é o desejo se não uma intencionalidade? Tudo que você faz porque quer é porque deseja o resultado; tudo que faz porque gosta é porque deseja o resultado. Sendo assim, é preciso eliminar o mal pela raiz: é preciso cortar os desejos. A partir do momento que não houver mais desejos, a felicidade estará sempre presente...

De nada adianta lutar contra o que o outro está fazendo. O que precisa é lutar contra o que você esperava que o outro fizesse. É isso que poderá levar você à consciência reta, à felicidade: parar de esperar que o mundo seja igualzinho ao que você quer.

Senhor da Yoga - Cap. 3 - Caminho da ação

Versículo 38

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Senhor da yoga - versículo 38

38 - Assim como o fogo pode ficar coberto pelo fumo, o espelho coberto pelo pó, e o feto é coberto pelo ventre materno, assim este SER, (nas aparências), fica encoberto pelo desejo, pela igno¬rância e pela ira, que são Maya (ou ilusão e aparências).

O ser encoberto significa o espírito que tem sua consciência espiritual, os seus entendimentos espirituais da vida, encobertos pelos desejos. Mas, Krishna diz mais: esta consciência está encoberta por maya, pela ilusão. Esta ilusão é o que o ser humano imagina estar vendo, o que ele imagina saber.

Ou seja, o ser perde a visão espiritual do momento e passa a ter uma compreensão material daquele momento. Exemplo, você está de calça? Mas não existe calça... Enquanto você estiver encoberto por esse maya (a compreensão da percepção pelos valores humanos), vai achar que há calça e participará deste momento materialmente falando.

Agora saiba de uma coisa: para se libertar da ilusão que encobre a sua consciência espiritual de nada adianta lutar contra o seu olho (ver), contra seu nariz (cheirar) ou contra a sua mão (tato). Isso não resolve nada.. O que precisa lutar é contra o desejo de pegar alguma coisa, contra o desejo de ver alguma coisa, contra o desejo de querer saber o que são as coisas...

Senhor da Yoga - Cap. 3 - Caminho da ação

Versículo 39

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Senhor da yoga - versículo 39

39 - Ó Kounteya (filho de Kunti)!, a suprema sabedoria da vi¬vência pura está coberta por esse fogo insaciável do desejo, esse inimigo constante de todo e qualquer homem.

A vivência pura é viver com seu irmão de encarnação como se ele fosse seu filho, mesmo que este seja um estranho que haja em ferindo suas vontades. Isso só acontecerá quando você não desejar mais saber as coisas...

Senhor da Yoga - Cap. 3 - Caminho da ação

Versículo 40

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Senhor da yoga - versículo 40

40 - Diz-se que os sentidos (pensantes-pensados), a mente per¬sonificada e o intelecto são sua morada. Manobrando com eles, o desejo alucina o homem e distorce a possibilidade de compreen¬der.

A mente per¬sonificada e o intelecto são a morada dos desejos. Elas são o não-coração, a razão, e distorcem toda compreensão que você tem das coisas. Por exemplo, você é espírita, acredita na vida depois da morte, vive no meio espírita, trabalha com os espíritos; sua mãe morre e você chora a morte dela. Isso parece contraditório, não? Na verdade não é contraditório, porque você trabalha com os espíritos fundamentado em verdades materiais e não da vida espiritual. Você é espírita dentro da visão materialista e não universalista.

Você chora porque, apesar de dizer que acredita em espíritos e na vida depois da morte ainda vivencia os acontecimentos da vida de uma forma materialista. Vivendo desta forma a figura da mãe, por causa do apego que ela gera, precisa estar presente para você ser feliz. Por causa dela, você precisa pegar a mãe, beijá-la, falar com ela para acreditar que ela existe. Caso já tivesse superado seus apegos que geram tais desejos, ou seja, estivesse vivendo a vida com uma visão universalista, não iria chorar porque ela morreu. Isso porque teria a compreensão de que a diferença entre vivo e morto é que você vê a pessoa quando viva e morta não. O resto continua igualzinho.

Senhor da Yoga - Cap. 3 - Caminho da ação

Versículo 41

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Senhor da yoga - versículo 41

41 - Portanto, ó tu, o mais poderoso da raça Bhârata!, graças ao reto entendimento, purifica e controla primeiro o Sentir em ti; depois, abandona essa ignorância-desejo que destrói e mata a Sa¬bedoria e o conhecimento do próprio Ser.

Isso: a ignorância-desejo mata o conhecimento do mundo espiritual, da realidade espiritual. Ela mata a consciência espiritual, acaba com a espiritualidade do espírito e cria a humanidade com a qual ele convive durante uma encarnação.

O que é um ser humano? É um ser espiritual encoberto pelos desejos com os quais vivencia a humanidade. E o que é humanidade? É o que você acha que está acontecendo.

Portanto, o ser humano é o espírito que vive fora da realidade espiritual. É um maluco (vive fora da realidade), espiritualmente falando.

Senhor da Yoga - Cap. 3 - Caminho da ação

Versículo 42

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Senhor da yoga - versículo 42
Senhor da yoga - versículo 42

42 - Diz-se que os sentidos (mesmo que contaminados) são su¬periores ao corpo, e que a mente é superior aos sentidos, e que o intelecto é superior à mente, e que aquilo que é superior ao intelec¬to é Ele (o SER ou a Alma Suprema).

A mente é superior aos sentidos, porque o que você vivencia é o que a mente lhe diz que está vivenciando e não os sentidos. Exemplo: o pegar alguma coisa pode ser vivenciado de uma forma agradável ou desagradável. O sentido só constata a presença das coisas materiais; quem torna agradável ou não é a mente. É ela que vai dar valor às coisas, que vai tornar o momento agradável ou não...

O sentido é superior ao corpo porque é ele que cria o que existe externamente. Se você não pegar, cheirar, ouvir, sentir ou ver aquilo não existe. Mas, a mente é superior aos sentidos porque é ela que cria a realidade que você está vivendo. Mas, o intelecto está acima de todos porque é nele (memória) que estão as descrições, os padrões (frio, quente, peludo, etc.) e as qualidades que foram usadas pela mente (raciocínio) para criar definitivamente a realidade que você vive.

Tal conhecimento é útil para o ser humanizado ir mudando seu padrão de vivência dos acontecimentos. Ou seja, de nada adianta lutar contra o que percebe sem lutar contra o que raciocinou quando percebeu; de nada adianta lutar contra o que raciocinou se não lutar contra o seu intelecto (os padrões guardados na sua memória). Enquanto você tiver armazenado na sua memória que tal sensação é desagradável, ela vai influenciar o pensamento que vai ditar o que é percebido.

Mas Krishna diz mais: o ser (atma, espírito) é superior ao intelecto. Vamos entender isso...

De onde nascem as verdades que você tem? Porque está escrito no seu intelecto que é desagradável pegar cocô? Por causa do seu carma. Dentro de você existe uma verdade que classifica que sentir pegar cocô é desagradável. Esta verdade forma um pensamento (idéia) que é aplicada quando existe a percepção deste pegar. Isso ocorre para que você possa lutar contra a verdade, ou seja, libertar-se do que acha nojento ou não. Tudo isso acontece para que você possa elevar-se...

Na verdade tudo acontece desta forma para que você possa libertar-se de suas verdades. Só que, como você não consegue atingir a visão espiritual da situação, ou seja, nem sabe que é o ser e vive coberto pela poeira dos desejos, apega-se ao que a mente lhe dá. Só quando conseguir libertar-se das verdades e desejos poderá agir no ser. Enquanto não o fizer estará preso à idéia que a mente está criando.

Repare que eu falei em libertar-se e não em mudar-se. Não se trata de do cocô, mas de deixar de desgostar dele...

Senhor da Yoga - Cap. 3 - Caminho da ação

Versículo 43

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Senhor da yoga - versículo 43
Senhor da yoga - versículo 43

43 - Ó tu, o de braços fortes!, comungando com aquele que é su¬perior ao intelecto, e subjugando o (falso) ser (personificado) pelo SER, destrói a esse inimigo na forma de desejo, tão difícil de vencer!

Comungando com aquele que é su¬perior ao intelecto é o mesmo que comungando com o Ser. É amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Comungar com o espírito é viver na felicidade de estar participando do mundo de Deus, não importando o que esteja acontecendo. 'Minha mãe morreu, mas eu amo a Deus acima da morte da minha mãe'. Quem vive deste jeito está comungando com o seu espiritual, com a sua consciência espiritual. Para este a mãe não morreu, porque nem mãe ele tinha. Ele sabe que tanto ele como a suposta mãe são espíritos filhos de Deus, ou seja, irmãos...

É a questão que já falamos neste estudo: o zelo. É a questão do direcionamento que dá para sua vida. Você só vai conseguir vencer nesse processo quando a sua busca for amealhar bens no céu e não na Terra. Isso porque o bem terrestre é o fruto do individualismo. É o prazer: eu quero, eu gosto e acontece, sou feliz.

É isso que Krishna está falando: você só vai subjugar a paixão e o desejo quando abrir mão da felicidade material. Quando não tiver mais motivos para ser feliz e for feliz com tudo que está acontecendo terá realizado alguma coisa na busca da elevação espiritual. Você só será terá realizado alguma coisa na elevação espiritual quando ao receber um tapa na cara permanecer feliz porque ama a Deus acima de todas as coisa e ama o agressor como se fosse você mesmo. Mas, enquanto viver como real, certo, o seu lado humano que diz que é errado apanhar, terá que reagir e perderá a felicidade. Portanto, quando lhe disserem 'você não sabe', responda: 'não sei mesmo'. Não siga o que a sua mente diz: 'quem é ela pra me dizer alguma coisa, eu sei muito mais do que ela'. Quando alguém lhe disser 'eu tenho certeza' deixe-o ficar com a certeza dele e mantenha sempre a sua dúvida... Não se preocupe em contestar, em ensinar. Mantenha-se unido a Deus e liberte-se da necessidade de vencer, de provar que está certo, de ter que dobrar o outro ao seu saber...

 A comunhão com o espiritual é o universalismo; é participar do Universo harmonicamente. Se o Universo para você agora é receber um tapa na cara, louve a Deus. Assim estará harmonizado com Ele. Comungar com o espiritual é viver o ecumenismo, ou seja, a consciência amorosa nessa vida e a ligação direta com Deus. Sem o espiritualismo (a vida fundamentado no valor espiritual) sem o ecumenismo (a fusão de todas as verdades em uma) e sem o universalismo (harmonizar-se com o Universo) não há comunhão com o espírito.

Em 1999 foi fundado o Espiritualismo Ecumênico Universal, mas só agora vocês conseguem compreender porque escolhemos esse nome. Ele reúne as três coisas básicas da vida para quem quer realizar a elevação espiritual. Sem espiritualismo, ecumenismo ou universalismo não há comunhão espiritual. O que existe é a satisfação pessoal, mesmo quando pretensamente se realiza uma obra para o Universo.

Enquanto vocês estiverem me acompanhando porque querem, porque gostam ou achando que estão ganhando com o aprendizado, estão andando para a elevação espiritual, mas a passos lentos. Isso porque vêm pelo prazer e quando não conseguem vir sofrem. É necessária a comunhão com o Espírito para subjugar o ser humano, mas só a vivência da ação com espiritualismo acaba com o materialismo; só a vivência da ação com ecumenismo acaba com as leis ditatoriais do ser humano; só a vivência da ação com universalismo acaba com o individualismo.