Conversando com um espiritualista - volume II

Conversando com um espiritualista - volume II

Respostas de Joaquim de Aruanda a perguntas de diversos temas. 

Conversando com um espiritualista - volume II

Ensinamentos do EEU

Participante: os ensinamentos dos mestres podem ser resumidos dessa forma. Todo pensamento criado pela mente deve não ter crédito. A mente deve ir para o SPC e Serasa e tudo que ela cria, desde teorias completas, as mínimas proposições ou dê atenção ou contra-ataque com o pensamento. Não sei, pode ser, pode não ser. Ou qualquer pensamento, interpretação ou julgamento surgir, pense: Deus é que sabe. E depois volte a se concentrar no presente que é o presente perfeito que Deus lhe deu para sua felicidade e por isso você não precisa enchê-lo de adjetivos. É essa a missão do espiritualista? Fazendo assim você ama a Deus acima de tudo e ao próximo como a si mesmo. Agindo assim, Deus fica feliz, ou precisa de algo mais? Por favor, Pai Joaquim, comente e faça as correções necessárias.

O resumo que você fez é muito bom. Portanto, não teria nada a corrigir.

Agora, essa é a missão do espiritualista? Não! Essa é a prova de todos os espíritos que encarnam nesse planeta.

Missão é aquilo que você faz para outro. Prova é aquilo que vive para você. Reagir àquilo que alguém ou alguma coisa faz a você, de acordo com o resumo que você mesmo fez, é viver uma provação para a sua encarnação com o objetivo de aproximar-se de Deus e não uma missão. Seria só esse o reparo que eu falaria nisso tudo, apesar que tem coisa ai que eu nem sei o que é.

Deus fica feliz porque você faz isso? Eu já disse que Deus não fica feliz; Ele é a felicidade. Deus não quer que você faça isso porque Ele quer. Deus quer que você faça isso porque isso é o melhor para você. Essa é uma compreensão que vocês precisam ter.

Deus não é um déspota que obriga você a fazer algo. Tanto isso é verdade que Ele deu ao espírito o livre arbítrio. Deus não gera leis, obrigações; Ele mostra caminhos. Mostra caminhos que sejam melhores para você, não para Ele.

Quando você me fala do que foi ensinado pelos mestres, me fala num tom de obrigação. Mas, estes ensinamentos não são obrigações, mas sim um caminho, que pode ou não ser caminhado de acordo com a sua vontade. Trata-se de um caminho não que lhe leva a grandiosidade humana, que não lhe leva a ganhar nesta vida, mas que lhe leva a ter uma existência eterna em unidade com todos. Um caminho que lhe leva a sair da ilusão que vive hoje no mundo ilusório que você cria e entrar na realidade.

Na verdade, Deus gostaria que você trilhasse esse caminho, mas não o obriga a isso. Gostaria porque sabe que esse caminho é o melhor para você. Ele quer que você o trilhe não porque Ele queira, não porque Ele precise que você vá por este caminho.

Pensando direito, não existe coisa mais arrogante do que dizer que Deus quer que você ame a Ele acima de todas as coisas. Esse não é o Deus do universo. O Deus do universo é simples; aquele que exige o seu amor é prepotente e arrogante.

Deus não lhe direciona a viver desse jeito porque quer a sua bajulação, porque quer a sua submissão a Ele. Na realidade, Ele lhe mostra essa forma de viver como um caminho para a sua felicidade eterna.

Portanto, seu resumo está perfeito como um detalhamento do instrumento para se vencer as provas. Agora, pratica quem quiser; quem não quiser tem o direito não optar por seguir este caminho. Só que como ensina O Livro do Espíritos, só vai colocar em prática este ensinamento, caminhar neste caminho, aquele que antevê o futuro.

A questão de O Livro dos Espíritos que citei diz mais ou menos assim: não seria obvio, já que o espírito escolhe sua prova, que ele escolhesse as menos doloridas? O Espírito da Verdade diz que não, que isso é ideia de seres que estão submetidos à humanidade. Além desta resposta, Kardec faz um longo comentário sobre o assunto e numa das partes afirma o seguinte: o espírito é como o descobridor dos mares que enfrenta a tempestade com a certeza do que vai encontrar quando chegar ao outro lado do mundo.

Esse é o problema. Muitos querem fazer a elevação espiritual porque se sentem obrigados, muitos querem fazer porque querem ganhar a elevação, outros porque querem ganhar a superioridade sobre os que não fizeram, mas nenhum desses vai conseguir. Só vai realmente conseguir aquele que antever o que lhe espera do final dessa jornada. Se você encarar essa encarnação como uma jornada, antevendo o que vai receber se der cabo daquilo que se propôs a fazer, tenho certeza que para você morre toda a obrigação.

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Ouvindo música

Participante: gosto de ouvir música em vários momentos do meu dia, enquanto faço outras coisas. Como um espiritualista vive essa situação de frente pra Deus?

Ouvindo música com Deus. A resposta é tão simples.

Como o espiritualista age se ele gosta de ouvir música enquanto está fazendo alguma coisa? Ouvindo música com Deus. Agora, como se ouve música com Deus? ‘Estou ouvindo música? Estou! Que maravilha. Não estou ouvindo música. Não estou, que maravilha!’

O espiritualista vive com Deus e ao viver assim vive tudo com Deus, para Deus e em Deus. Como está vivendo com o Pai, não se contraria com nada que acontece. É essa a única diferença entre um espiritualista e um ser humanizado.

Espiritualista não é proibido de ouvir música. Ao espiritualista não é proibido trabalhar, ter dinheiro, casa própria, viajar, ter carro, nada disso. Ele tem todas estas coisas, se tiver. A única diferença dele para aquele que não é espiritualista é que vive com tudo isso, com Deus, ou seja, sabendo que se tem, tem, se não tem, não tem! Este é o único detalhe.

Portanto, se você gosta de ouvir música, quando tiver, ouça à vontade. Agora, quando não tiver, ame a Deus acima da ausência da música. Assim você estará com Deus sempre.

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O espiritualista e as festas

Participante: estou em uma festa lotada. Cheio de gente dançando e etc. As pessoas parecem nem lembrar-se de Deus nesse momento. Como o espiritualista pode vivenciar essa situação concentrado em Deus sem se sentir um estranho e, desse modo, confrontar os outros no local?

Estando em Roma, aja como os romanos. Você está numa festa, nela existe todo um ambiente, toda uma forma de festejar. Portanto, festeje!

Esse que é o problema. Vocês ainda acham que ser espiritualista é negar a materialidade. Ser espiritualista não é negar a materialidade, mas negar a humanidade, o que são coisas diferentes.

O espiritualista vai à festa e se diverte, mas se não tiver festa, ele se diverte onde estiver. Já o materialista, aquele que depende das coisas materiais para ser feliz, se gosta de festa e não tem, ele vive a contrariedade. O espiritualista bebe, mas se não tiver bebida, não sofre por isso. O espiritualista canta, dança, faz tudo o que todo ser humano faz: a única coisa que ele não vive é condições necessárias, obrigações e necessidades.

Portanto, se você está numa festa, festeje! Festeje ali, brinque, porque aquela festa é Deus. Sendo assim, quando festeja a festa, está com Deus. Agora, se você quiser estar numa festa dando uma de moralista, dizendo que aquela pessoa não deveria estar bebendo, mas sim rezando, você não está com Deus, pois Deus é a pessoa que bebe e a bebida que está sendo bebida. Deus é a pessoa que pula e os pulos que a pessoa dá.

Já digo isso há muito tempo: a elevação espiritual se consiste na harmonia com a vida que se tem a cada momento. Se o seu momento é festejar, harmonize-se com a festa que tem. Não saia julgando os outros com padrões moralistas, que fazer isso nada tem a ver com Deus. Esse que é o detalhe: é preciso aprender a viver com o que você tem.

Eu me lembro de uma pessoa que veio me pedir ajuda para a prima dele. Ele me narrou que o filho dessa prima tinha morrido e ela agora vai todo dia ao cemitério e só conversa com pessoas que tenham filhos que morreram. Me disse que ela não sai pra passear, para se divertir. Eu respondi à essa pessoa: ‘qual o problema disso? Ela está reclamando da vida que tem? Não! Então ela está bem com ela, que é o que importa. Tanto isso é verdade que quando vocês vão falar com ela, ouvem a seguinte resposta: não enche meu saco, eu estou bem assim’.

Essa mulher está harmonizada com a vida dela e é isso que precisa ser alcançado. Ao invés de projetar o que seria estar feliz, você deve aprender a viver a vida que tem para viver.

Ser espiritualista não é ter uma vida pré-moldada a partir de conceitos que diz o que é certo ou errado o espiritualista fazer. Ser espiritualista, ou seja, viver próximo a Deus, é aprender a viver harmonicamente com tudo o que a sua vida contem.

Portanto, se você está na festa, festeja! Ah, e não me esqueça de chamar que vou junto.

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O espiritualista e o sexo

Participante: como o espiritualista vivencia o sexo? As sensações são muito intensas. Como estar de frente pra Deus nessa hora?

Da mesma forma daqueles que não são espiritualistas vivenciam o sexo: fazendo! Não há diferença.

Repare no que já disse: o processo de elevação espiritual se consiste em aprender a viver a vida com aquilo que ela lhe oferece. Sendo assim, o espiritualista vive a questão sexual, quando ela se apresenta, como todo ser humano: fazendo, quando dá, ou não fazendo, quando não dá! A diferença é que o espiritualista não se regozija por ter o sexo, nem se lamenta por não ter em determinado dia. Isso vale para toda e qualquer questão humana.

‘Hoje não tem? Não tem... Ou eu me viro sozinho ou vou ficar sem’. Essa é a forma espiritualista de se relacionar com o sexo.

Já disse por diversas vezes que a sua vida é Deus, porque é emanação Dele. Por isso, para se aproximar Dele, você precisa viver a vida, ou seja, viver aquilo que está acontecendo. Só que precisa viver aquilo que está acontecendo de frente para aquilo, ou seja, vivendo a realidade que tem sem deixar as obrigações e necessidades que a mente cria interferir de alguma forma naquilo que você tem.

Portanto, como o espiritualista vive o sexo? Do mesmo jeito que todos os outros: fazendo o sexo. Só que ele não sofre quando não tem e nem se regozija, quando tem.

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Espiritologia em família

Participante: por que não conseguimos fazer a espiritologia com nossos familiares mais próximos?

Porque você os conhece. Porque tem verdades formadas sobre eles.

Por exemplo, – e falo dele porque você já cansou de dar esse exemplo em público – seu pai. Você sabe que ele gosta de sofrer, mas isso não é verdade. Ele não gosta de sofrer: ele sofre e não se incomoda ao sofrer. As duas coisas são bem diferentes uma da outra.

Portanto, é difícil fazer espiritologia em pessoas conhecidas: você já tem pré-conceito a respeito dessas pessoas. Para fazer espiritologia, o melhor é começar com pessoas que você não conheça, para que não aja a influência de pré-conceitos. Há, no entanto, outro detalhe que não lhe deixa ajudar as pessoas conhecidas através da espiritologia.

Por que você não consegue fazer a espiritologia com as pessoas da sua família? Porque a maioria delas não precisa de espiritologia. Você está querendo aplicar a espiritologia a pessoas que você supõe que sofrem, mas que na verdade não estão sofrendo.

Sua mãe, seu pai, sua filha, seus amigos, seu ex-marido. Você quer aplicar espiritologia neles porque acredita que eles estão sofrendo, mas o sofrimento que você imagina que eles estejam sentido está apenas em você mesmo. É você que acha que o que eles vivem é sofrimento...

Eles não precisam de espiritologia. Como já conversamos pessoalmente, seu pai está bem com a forma como ele vive. Sua mãe está bem com a forma que ela vive. Então para que fazer espiritologia neles?

Na verdade você não está querendo fazer espiritologia: está querendo conscientizá-los de que a forma que eles vivem é um sofrimento. Faz isso não para melhorar as coisas para eles, mas sim para que deixem de viver do jeito que vivem e vivam do jeito que você quer que eles vivam. Isso não é espiritologia: é querer mudar o outro. Isso é ser professor da lei. É por isso que você não consegue fazer espiritologia com eles...

O que você precisa fazer é mudar-se frente ao que eles são, como vivem. Você que tem que começar a aprender a conviver com eles do jeito que são, sem esperar que eles se mudem para que você tenha uma convivência mais harmônica com eles.

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Determinismo

Participante: sou adepta da Seicho No Ie e aprendi que tudo o que acontece é reflexo da minha mente, portanto se mudar a mente, tudo muda, inclusive meu destino e vejo lógica nisso, pois penso que se aprendi determinada lição, não preciso mais passar pelo aprendizado novamente, podendo partir para novo aprendizado. Mas ouvi do Pai Joaquim, a quem dou muito crédito, que não devemos desejar, devemos aceitar o que vem, como vem, pois não podemos mudar nosso destino, não podemos mudar nada ao nosso redor. Foi isso que entendi na sua mensagem, me desculpe se estiver errada. Esse determinismo vai contra tudo o que aprendi e me parece que gera um comodismo.

Para lhe responder, preciso abordar algumas questões.

Primeiro você me diz que é adepta da Seicho No Ie e que lá eu aprendeu que tudo é reflexo da sua e se muda-la, tudo muda. Lhe pergunto: você acredita nisso? Se sim, tente mudar! Tente mudar sua mente. Você consegue? Você consegue, vamos dizer assim, automatizar uma forma de pensar diferente da forma que já tem? Eu lhe diria que isso é quase impossível. Mas, se quer, se acha isso certo, tente! Nada contra.

Como já cansei de dizer, cada um tem o seu caminho. Agora, acho que por esse caminho você não vai sair.

Segunda questão: você me fala que se aprender, está tudo resolvido. O problema é que vocês acham que a coisa é muito simples, muito fácil, igual aos livros de escola: se ler uma, duas, três vezes, está resolvido, o aprendizado está garantido. Se fosse assim tão fácil, por quer vocês estariam encarnando e desencarnando a sete mil anos? Se fosse assim tão simples, por que ainda não fizeram? Essa é a pergunta que vocês precisam se fazer.

Precisam se fazer por quê? Para se conscientizar que não é tão fácil, que não é tão simples. Para se conscientizar que é preciso um trabalho árduo. Na hora que você acha que é tão simples, que é tão fácil, acaba empurrando com a barriga para fazer só quando tiver uma sentença de morte. Se alguém lhe disser que está com câncer e vai morrer, aí você começa a fazer.

Não, a coisa não é tão simples. Vou explicar porque as coisas não são tão simples, porque não basta apenas mudar o que a mente fala.

As provas do espírito não estão naquilo que a mente fala. As provas do espírito são gênero de provações e não acontecimentos criados pela mente. Os acontecimentos criados pela mente são apenas teatralizações de gênero de prova.

Vou dar um exemplo para ficar mais claro. Vamos supor que você nesta vida tenha pedido para se libertar do gênero de prova vaidade, do achar-se melhor, mais bonito que o próximo.

Diga-me uma coisa: o que é ser bonito? É estar na moda, é usar algo que você chama de bonito. Mas, e se o outro usar uma coisa diferente da que você chame de bonita, mas que ele também chame da mesma forma, será que o que ele está usando não é a mesma coisa que você?

Sabe, não importa se você está com um sapato de salto alto caríssimo ou se está com uma sandália de dedo, a prova da vaidade pode estar presente em ambos os casos. Não digo que ela está num ou noutro calçado, mas que pode estar nos dois. Falo isso porque vaidade é achar certo o que você usa. Se achar certo usar sapato de salto alto ou se achar certo usar sandália de dedo, você está vivendo a mesma prova.

É por isso que não é simples vencer a prova. O enunciado da questão pode mudar sem que se altere a essência da provação. Como a sua mente não se expressa sobre a essência da provação, mas vive apenas o enunciado da questão, você pode achar que se libertando do sapato de salto alto venceu a prova. Aí a mente vai lhe fazer usar sandália de dedo com soberba e vaidade e você vai cair na mesma prova e nem vai ver que está caindo. É por isso que a coisa não é tão simples.

Além disso, a complicação está no fato que quando encarna vem viver diversos gêneros de provas e para cada gênero de provação há diversas expressões ou teatralizações, daquele gênero e também no fato de que as várias formas ou objetos do mundo podem servir a todos os gêneros de provações. Eu mostrei apenas a teatralização de um gênero usando apenas um instrumento e mesmo assim já lhe provei que você pode cair achando que fez alguma coisa.

Então, realmente não é fácil, não é simples. É por causa desta complexidade que vocês estão reencarnando a sete mil anos. Por achar que simplesmente se libertando de um sapato de salto alto e usando um chinelo de dedo com o critério de que isso é o certo, você imagina que venceu a vaidade, quando isso não aconteceu.

Terceiro detalhe à respeito da sua pergunta. A forma como escreveu o que eu falo está perfeita, é exatamente isso. Agora, será que o determinismo leva ao conformismo? Só se estiver determinado.

Quando se fala em determinismo, o ser humano tem mania de gerar um determinado futuro, tem o hábito de imagina o que ainda ocorrerá, mas isso é incorreto. Você não pode imaginar nenhuma consequência da aplicação do determinismo sobre o que está acontecendo agora, pois só irá acontecer o que estiver determinado e não o que você, pela sua lógica humana, supõe que possa acontecer.

Lembro, que quando nos falávamos muito mais na questão do determinismo, uma vez estávamos conversando sobre matar o outro e uma pessoa que não tinha ainda ouvido nossas conversas, disse para outra que já nos ouvia há algum tempo: ‘você acredita nisso’? A pessoa respondeu que acreditava. Aquela que ainda não nos tinha ouvido falar lhe disse, então: cuidado, não saia dizendo por ai que tudo está pré-determinado, que se uma pessoa matar alguém é porque tinha que matar. Não diga isso porque as pessoas podem usar isso como desculpa e matar alguém e dizer que você disse que podia’.

Ora, se eu estou falando sobre determinismo, não posso aplicar o determinismo só a um momento, mas tenho que aplicar a todos os momentos da vida. Quando aplico a tudo vejo que o assassinato ou a desculpa só acontecerá se estiver pré-determinado. E, se estiver pré-determinada, o que causou a morte não foi a pessoa falar que se pode matar alguém, mas a predeterminação. Da mesma forma, o que causou o comentário do outro não foi o querer jogar a culpa em alguém, mas a predeterminação também.

Então esse é o problema dessa sua questão e olha, não é a primeira pessoa que levanta ela. Não vai haver acomodação ao entrar em contato com a ideia do determinismo, se não houver uma determinação para isso. Agora se houver, não foi o fato de ter entrado em contato com essa ideia que gerou a acomodação, foi o que estava determinado.

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O pedir e a Causa Primária

Participante: acompanhando as palestras do Pai Joaquim percebe-se que é afirmado que tudo emana de Deus, atos, pensamentos, etc. Causa primária. Assim sendo, eu gostaria de saber, do ponto de vista do Pai Joaquim, a respeito do conteúdo bíblico que está em Mateus 7: “Peçam e será dado. Busquem e encontrarão. Batam e a porta será aberta. Pois todo que pede, recebe. O que busca encontra e aquele que bate, a porta será aberta”.

Todos que pedem, recebem. Para todos que batem, a porta será aberta. Mas, quem vai dar? Quem vai abrir a porta? Deus. Essa afirmação, portanto, não acaba em nada com a ideia de que tudo emana de Deus. Ou será que você imagina que outra pessoa vai dar ou que outra pessoa vai abrir a porta? Claro que não. Isso é claro, o que nos compete agora é entender o que quer dizer bata que eu abrirei e peça que receberá.

Deus é Pai e como diz Cristo, não vai dar uma cobra a quem pede um alimento. Ele sempre dará a cada um o que ele precisa, no momento que precisar. Esse é o Pai: aquele que dá ao seu filho o que ele precisa.

Mas, por causa dessa frase vocês acham que basta pedirem o que quiserem que irão receber exatamente o que quiserem. Isso não é verdade. Deus não vai dar uma cobra se você está precisando de pão, ou seja, Ele não vai lhe dar um brinquedinho material – um carro, uma casa, um casamento, uma roupa – se você, o espírito, o filho Dele, está precisando de provas, que é o alimento espiritual, aquilo que sustenta a busca da elevação espiritual.

Deus dá a cada um segundo as suas obras. Sendo assim, posso entender que essa batida na porta citada no trecho que você colocou na sua pergunta, é o fazer de acordo com suas obras. Cada vez que o ser universal reage à uma provação ele bate à porta de Deus e o Pai lhe dá de acordo com esta batida. Ele não dá de acordo com o que você pede ou deseja, mas de acordo com a sua ação espiritual.

Como fala o Espírito da Verdade quando comenta a questão da escolha das provas, o espírito quando liberto da matéria não se impressiona com o sofrimento do mundo material porque ele divisa ao longe aquilo que realmente quer para si. É por isso que Deus não se preocupa com os pedidos gerados pela mente, aquilo que o ser quer quando encarnado, mas se atenta aos pedidos feitos por este mesmo espírito antes da encarnação.

Os pedidos feitos pela mente durante a encarnação não são seus. Os pedidos fundamentados no ganhar coisas materiais, não são seu: é da mente. Sendo fruto da mente, posso dizer que é Deus lhe dando. Ou seja, o pedido da mente já é o dando de Deus a quem bateu à sua porta...

O que Ele está lhe dando neste momento? O pão espiritual que alimenta, a prova, a oportunidade de elevação espiritual, o alimento espiritual. É isso que vocês precisam ver e é por isso que eu tenho falado muito com vocês na questão do ver, do ter consciência.

A mente, enquanto humana, vê humanamente. Ela se apega às coisas humanas, mas você que sabe que existe em você algo além da matéria e que quer viver para esse algo, precisa ver a partir desse algo e não a partir do nível dos seus olhos, do mundo que você vive. Quando você olhar de cima para baixo, vai ver que essa batida e essa abertura de portas e esse dar a quem pede que está no ensinamento que citou, não pode estar preso ao anseio material, mas tem que estar preso a vida eterna do espírito. Quando ver isso, não terá mais dúvida.

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O policial e o julgamento

Participante: vi que tudo é causado por Deus. Até aquilo que é tratado como crime pelas leis humanas são feitos por Deus e que não devemos julgar como certo e errado. Pois bem, qual seria a missão e a visão de Deus para uma pessoa que venha a ser um policial e é obrigado a punir, julgar e, em certos casos, tirar a vida de acordo com as leis criadas pelos humanos? E para que o espírito vem para esse tipo de missão?

Primeiro detalhe. Lembro que quando começamos a estudar o budismo, uma das primeiras coisas que vimos foi a questão do não julgar. Nós batemos muito firme com o grupo de então neste aspecto. Quando o não julgar já estava mais ou menos entendido, uma pessoa do grupo foi chamada para fazer parte do tribunal do júri, para julgar pessoas que estavam sendo acusadas de crimes contra a vida.

Quando isso aconteceu, essa pessoa veio pra cima de mim: ‘mas Joaquim, você acaba de ensinar para não julgar e aí vocês fazem ser chamada para o tribunal do júri. Para que’? Eu respondi: ‘para você aprender a exercer o julgamento humano, sem deixar o seu coração se envolver nele...’

O julgamento pelas leis humanas, seja por juízes ou por jurados, assim como o trabalho policial ao qual você se refere, são acontecimentos e atos da vida. Por isso, eles terão que ocorrer de acordo com aquilo que cada espírito precisa. Ou seja, o juiz e o júri vão julgar e chegar a um veredito, que é o carma pré escrito daquele espírito. Você, ou qualquer outro policial, vai caçar, prender, acusar ou até matar aqueles que possuem esses carmas. É para isso que determinados espíritos cumprem essa missão, ou seja, ocupam esses papéis no mundo humano.

A missão de agir sobre a vida dos outros está na pergunta 132 do Livro dos Espíritos: eles tomam um corpo de acordo com o mundo onde vão morar e ali, sob as ordens de Deus vão contribuir para a obra geral. Se você passar no concurso para policial, se assumir o cargo, lembre-se disso: na hora que for policial, qualquer que seja a sua ação, estará sendo o instrumento do carma do outro. Lembre-se disso, mas também não se esqueça que deve amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Amando a Deus sobre todas as coisas, você vai prender todos os bandidos que tiver que prender, vai matar todos os bandidos que tiver que matar no cumprimento da sua função, mas não vai sofrer nem com o que ver como resultado do que eles fizeram e nem como resultado do que você fez. Isso porque estará ligado em Deus ao vivenciar o ato que está sendo praticado.

Se amar o próximo como a si mesmo, você vai prender, bater ou matar, mas não vai ter ódio do outro, não vai ter raiva do outro. ‘Estou batendo, estou prendendo, estou matando porque essa é minha função, porque isso que estou fazendo é o meu carma, é a minha missão, mas essa pessoa é meu irmão e por isso, internamente, eu não o acuso de nada’.

Acho que minha resposta fica bem clara se levarmos em conta o ensinamento de Cristo: a Cesar o que é de Cesar; a Deus o que é de Deus. Deixe o seu lado externo, o que é de Cesar, agir dentro daquilo que precisa ser feito para o cumprimento do carma de cada um e mantenha o seu lado interno, aquilo que é de Deus, ligado a Deus. O resto é só historinha pra boi dormir.

Conversando com um espiritualista - volume II

Lembrança das provas

Participante: por que o espírito não se lembra de suas promessas feitas a Deus, antes de materializar-se nesse plano? Não seria mais fácil e lógico? Como posso cumprir uma promessa se não tenho ciência da mesma?

Grande pergunta.

Não seria mais lógico você se lembrar da promessa a Deus? Sim, seria. Mas, se assim fosse, que valor teria o que você faz? Nada! Você não estaria fazendo por amor, mas sim para cumprir uma obrigação ou estaria fazendo para ganhar a sua elevação espiritual. É esse o problema...

Vocês humanos, como eu já disse, não conseguem ir a essência da coisa. Vocês ficam só na superfície do mar e não mergulham para ver toda a profundidade que há nas coisas.

A elevação espiritual é conquistada através da retomada da capacidade de amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Por isso, essa retomada não pode ser fundamentada no ganhar ou no cumprir uma obrigação. É por isso que o espírito quando encarna tem um véu de esquecimento, ou seja, a mente humana não traz para a consciência aquilo que ele prometeu antes de encarnar.

Portanto, você precisa não se lembrar. Só que eu diria que, de qualquer maneira, você não precisa se lembrar do que prometeu antes da encarnação. Sabe por que? Porque Cristo lhe disse o que você veio fazer...

Cristo lhe disse o que você se comprometeu com Deus antes de encarnar. Sabe o que foi? Você se comprometeu que ia amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Foi isso que você se comprometeu em realizar nesta encarnação.

Se fizer isso, eu pergunto: para que se lembrar do que prometeu? Basta amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo que terá cumprido todas as promessas que fez antes de encarnar.

Resumindo, então, você tem um véu de esquecimento, não se recorda das promessas feitas, mas tem um amigo, um mestre lhe acompanhando o tempo inteiro e lhe repetindo: ame a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. É só isso. O resto são detalhes. O problema é que vocês se apegam a detalhes e com isso não fazem o básico.

Ao invés de se preocupar com os detalhes do que está acontecendo agora, viva o básico: o amor... Trabalhe e viva de outro modo. Não se preocupe com nada do que acontece, não se preocupe em resolver problemas que aparecem: concentre-se em amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Vivendo assim, você terá resolvido tudo o que veio para resolver.

Acho que na sua resposta fui repetitivo. Diversas vezes falei que você deve amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, mas fiz isso porque amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo é aquilo a que você deve se entregar de corpo, alma, espírito e mente. É isso que ensina o Cristo.

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O espiritualista e a necessidade de informações

Participante: como um espiritualista deve vivenciar situações em que é levado a memorizar e evocar informações para, por exemplo, fazer uma prova de faculdade ou reter uma nova informação relacionada ao trabalho? A ciência humana diz que para podermos aprender devemos atribuir aquela informação um caráter de importância, pois caso contrário ela se perderá. Joaquim, eu gostaria que você falasse sobre isso do ponto de vista dos ensinamentos dos mestres.

Como é que o espiritualista memoriza ensinamentos? Estudando, lendo e dando a ele importância. Falo de estudo dos ensinamentos humanos para o concurso que você citou na sua pergunta.

Para memorizar ensinamentos, o ser humano, seja ele espiritualista ou não, estuda, lê e dá importância a eles. Só tem um detalhe: o espiritualista não se prende a resultados. Por isso, ele lê, estuda, memoriza e dá importância aos ensinamentos, mas não vive o ‘agora sei tudo e por isso vou passar na prova’. Ao invés disso ele diz pra si: ‘eu fiz o que tinha que fazer, aconteceu o que tinha que acontecer, agora vou fazer a prova. Se vou passar, eu não sei’.

O espiritualista não vive externamente diferente do materialista. Lembro-me de uma história, onde um senhor de terra sabendo que o Buda ia passar pelas suas terras, foi lá e ficou olhando o Iluminado o dia inteiro. À noite quando esse senhor voltou para casa, o filho dele perguntou: ‘e aí pai, ele é mesmo o Buda, o Iluminado’? O pai respondeu: ‘acho que não. Para mim ele é um ser humano igualzinho a outro qualquer. Passei o dia inteiro olhando e ele andou como nós andamos, comeu, arrotou, soltou gases, fez coco, fez xixi... Fez tudo igual a nós que não somos iluminados. Ele não tem nada diferente de nós’.

É exatamente isso: no mundo externo, o espiritualista não tem nada de diferente do materialista. A diferença entre os dois está no mundo interno. Neste mundo, o espiritualista não vive com as obrigações e necessidades que o ser humano comum vive. Ele não vive com saberes e com posses, como o ser humano comum vive. Essa é a única diferença.

Apesar disso, a mente do espiritualista também é igual ao do materialista. A mente do espiritualista vive com obrigações e necessidades, saberes e posses assim como a do materialista. A única diferença é que o espiritualista não convive com o que a mente diz como realidade, como verdade. Essa é a diferença entre o espiritualista e o materialista. O espiritualista sabe que existe uma realidade e que essa não é aquilo que a mente fala. Por isso ele abre mão de viver o que a mente fala como se fosse verdade, como se fosse realidade.

Estas são as diferenças entre espiritualistas e materialistas. No resto, é tudo igual: é tudo humano.

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Autoconhecimento

Participante: Existe o autoconhecimento? É possível e importante se autoconhecer? É possível ser feliz sem se autoconhecer? É possível alcançar a Deus, sem se autoconhecer? Autoconhecer-se é apenas um modo da mente nos ludibriar?

Eu vou responder a cada uma destas questões já, mas primeiro me deixe falar sobre autoconhecimento.

Para o ser humano, autoconhecer-se é saber quem você é. Apegado a ideia de que você é o humano ao qual está ligado para uma encarnação, os espíritas e espiritualistas falam em autoconhecimento como identificar quem é o ser humano.

Agora, pergunto: será que você ou qualquer um que faz essa busca nunca se surpreendeu consigo mesmo em outras oportunidades? Ou seja, será que nunca ninguém conseguiu ver que por mais que se autoconheça haverá sempre momentos onde a sua reação não estará de acordo com o que acha que é? Claro que sim! Todos já passaram por isso.

Aliás, no próprio O Livro dos Espíritos é dito que você não tem condição de se conhecer. Quando Santo Agostinho fala do autoconhecimento ele diz que ao se analisar o ser humanizado sempre sofrerá a ação de conceitos predeterminados sobre si mesmo que atrapalham esse conhecimento.

Portanto, o autoconhecimento, como entendido pelo ser humano (saber quem é o humano ao qual o espírito está ligado, não pode ser feito, não tem como ser feito, não é possível ser feito. Mas, mesmo assim eu afirmo que você pode se autoconhecer.

Quem é você? O ser que habita esse corpo, o ser que está ligado a uma consciência humana. Esse é o autoconhecimento que o espiritualista alcança quando medita sobre si mesmo.

Espiritualista é aquele que acredita haver em si algo além da matéria. Por isso, quando medita sobre si mesmo, ele se reconhece como esse algo mais e não como a mente humana o descreve.

A partir desse autoconhecimento sobre si mesmo, o espiritualista precisa, então, aplicar a segunda parte do espiritualismo: viver para esse algo mais. O viver para esse algo mais, já que segundo O Livro dos Espíritos para o ser humanizado o espírito é nada, é viver para o nada. Como vocês não conseguem viver para o nada, posso dizer que é viver sem se prender ao que a mente diz que é você.

Esse é o autoconhecimento que o espiritualista precisa ter para poder realizar o trabalho da reforma intima: saber que ele é o algo além da matéria; saber que esse algo além da matéria que é, lhe é totalmente desconhecido, porque ele só vive como real o que a consciência humana cria…. Se você alcançar esse autoconhecimento, como ensina Cristo, no Evangelho de Tomé, tudo lhe será revelado.

Como Cristo diz, quando você se reconhece como filho de Deus, tudo lhe será revelado. Mas, essas revelações não serão ideias, não estarão no mundo humano.

Acho que agora posso responder suas perguntas. Existe o autoconhecimento? Sim, acabei de provar.

É possível e importante se autoconhecer? Sim, porque se você não se autoconhece dentro da forma que conversamos aqui ainda vai se imaginar como o humano e aí não faz nada do que precisa fazer para a elevação espiritual.

É possível ser feliz sem se autoconhecer? Não! Por que? Porque a sua felicidade fica dependente da mente criar razoes para ser feliz. Como a mente, na maioria das vezes, não cria motivos para você ser feliz, não conseguirá ser feliz.

É possível alcançar a Deus, sem se autoconhecer? Não! Porque a elevação é espiritual, ou seja, ela pertence ao espírito. O humano não se eleva. Por isso você só se aproxima de Deus, se eleva, reconhecendo-se como sendo essas coisas que eu disse anteriormente.

Autoconhecer-se é apenas um modo da mente nos ludibriar? O autoconhecimento humano é apenas um modo da mente lhe ludibriar. Por quê? Porque ela lhe diz que você se conhece, mas muitas vezes ela age contrária ao que ela disse que você é. Neste momento você vai sofrer, vai se acusar, vai ficar imaginando porque agiu daquele jeito, vai achar que ainda não se conhece.

Enfim, vai estar sempre preso àquilo que você não é: o ser humano.

Conversando com um espiritualista - volume II

Sucesso

Participante: vi uma frase que um amigo postou no Skype e gostaria que Joaquim comentasse. ‘Como nos ensina o médico e palestrante Dr. Laís Ribeiro, ser feliz é estar satisfeito com aquilo que você tem, mas ter sucesso é conquistar aquilo que você quer’.

Eu concordo plenamente: ser feliz é estar satisfeito com o que você quer, mas ter sucesso é conquistar aquilo que você sonha. Concordo com isso!

Só tenho uma pergunta a lhe fazer: o que você quer pra você? Sucesso, uma vida material próspera ou quer para você a elevação espiritual? Se quer o sucesso, se quer uma vida humana próspera, faça exatamente o que doutro falou. O que ele disse é perfeito nesse sentido, por isso você vai alcançar o sucesso. Só tem um detalhe que quero lhe alertar: o sucesso tem prazo determinado.

No mundo humano muitas vezes o sucesso corresponde a quinze minutos de fama. No mundo espiritual sabemos que esse sucesso pode demorar vinte, trinta ou quarenta anos, mas ele acaba. Você pode durante um tempo nesta vida ser um profissional respeitado, pode ter fama como chefe de família ou em qualquer outro segmento da vida humana, mas isso acaba quando se encerra a vida...

Diante disso lhe pergunto: e com relação à eternidade, quando você vai conquistar o sucesso? Todo sucesso que se relacione com realizações humanas pertence ao ser humano e vai acabar no momento em que o ser humano acabar. Não existe sucesso no mundo humano que ecoe no mundo espiritual. Por isso Cristo ensina: o primeiro no reina da Terra será o último no reino do céu.

Se você preocupa-se apenas com o sucesso nessa vida, lhe pergunto: como vai viver a eternidade? Lamentando-se porque perdeu a fama?

Sim, tem muitos que estão naquele lugar que vocês chamam de umbral lamentando exatamente isso. ‘Porque que eu fui morrer, eu perdi minha fama, eu perdi meu sucesso, eu perdi minha posição de respeito’.

Se você não liga para o seu futuro espiritual, para a sua vida eterna, continue buscando o sucesso fundamentado nos padrões humanos. Agora, se você liga para o seu futuro eterno, saiba que esse sucesso não vai lhe levar a lugar algum. Pelo contrário. De acordo com o ensinamento de Cristo que vimos esse sucesso vai lhe levar a ocupar o último lugar no reino do céu.

Conversando com um espiritualista - volume II

Orar por espíritos perdidos

Participante: gostaria de perguntar qual seria o efeito e o benefício para o mundo espiritual, em relação àqueles espíritos perdidos, se algumas centenas de médiuns no Brasil sejam de Umbanda ou Kardecismo, se juntassem em uma roda e realizassem uma oração em prol dessa causa. Ajudaríamos, ou não poderíamos interferir no tempo de cada um?

Se Deus dá a cada um, segundo suas obras, é preciso que cada um obre por si para poder receber alguma coisa.

Claro que se você fizer uma roda e emanar energias, essa pode tocar o espírito que está vivendo a situação que você falou e pode, também, leva-lo a obrar de uma forma diferente. Mas, não podemos esquecer que existe a questão do livre arbítrio, ou seja, cada espírito obra do jeito que ele quer. Por isso, o resultado sempre dependerá do próprio ser e não de fatores externos.

Portanto, vocês poderiam fazer a roda. Ela até poderia levar essa energia aos espíritos, mas, dizer que isso seria fator determinante da salvação desses espíritos, isso não seria real. Aliás, acreditar nisso, seria o mesmo que dizer que Cristo falou asneira, que falou uma mentira. Se a obra de algum ser fosse determinante do que o outro receba, Cristo teria falado errado.

Por isso lhe digo que fazer a roda, emanar energia, girar para ajudar o outro, fazer trabalhos espirituais como a apometria ou choque energético ou ainda fazer orações não resolve a vida de ninguém. Fazer qualquer coisa neste sentido você pode fazer, se fizer, se for isso que causa primaria disser para fazer, mas esperar que isso vá salvar alguém é ir contra o que Cristo ensinou.

Fazer pelos outros não resolve a vida de ninguém! O que resolve é cada um consigo mesmo, usando do seu livre arbítrio, optar entre amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Quando o ser fizer essa opção, ele não precisa mais das suas orações.

Conversando com um espiritualista - volume II

Conversando com um anjo

Participante: desde o momento em que acordo até a hora de dormir, o tempo todo, converso com um anjo imaginário, que tem se provado nem tão imaginário assim. Tomo todos os cuidados possíveis para me certificar de que essa voz, não é algo que me queira mal, mas que queira o meu adiantamento ou a minha tranquilidade ou o meu progresso. Assim, os fatos mais comezinhos da vida executo com o esse ser imaginário. Será essa maneira de se dedicar a Deus, tornando-o parte do meu dia a dia? Ou será que estou tentando me utilizar de Deus para viver minha vida humana.

A minha pergunta para você seria a seguinte: quem conversa com essa criatura imaginária? Quem imaginou essa criatura para ela falar? Foi você? O que ela fala contem palavras entendíveis por você? Contem formas, ou seja, ela fala de pessoas, de situações, de objetos desse mundo? Se sim, quem é essa pessoa com que você se relaciona e quem se relaciona com ela? É obvio que se tem tudo isso, só pode ser matéria, mundo material. Tudo isso só acontece apenas no mundo mental. Quem está conversando, quem está respondendo, é a própria mente.

Repare que você fala que essa pessoa vive lhe orientado para você ter o melhor dessa vida. Desculpa; nenhum espírito que realmente queira seu avanço espiritual vai lhe orientar no sentido de ter o melhor dessa vida. Ela vai lhe orientar a aprender a viver tudo que viver ligado no amor universal. Essa seria a minha visão.

Agora, quando tiver um amigo espiritual que você nem ouve, quando tiver um amigo espiritual que você nem perceba que está lhe enviando energia, estará em comunicação com um espírito que está servindo a Deus. Só que nenhum ser humano tem esse amigo espiritual. Isso porque o ser humano, para poder ver a presença deste espírito, precisa da razão, pois é ela que cria a consciência da existência de alguma coisa.

Conversando com um espiritualista - volume II

Viver com Deus

Participante: não estamos vivendo Deus quando estamos vivendo tudo? Nossa vida pessoal, profissional, religiosa não é Deus? Deus está em tudo. Se pararmos de fazer tudo isso, Deus continuará vivendo em nós e nós Nele. O que o senhor considera como estar com Deus?

Eu lembro uma vez onde estava dizendo que Deus é tudo e tudo é Deus e falei a uma pessoa: o seu cachorro é Deus. Esta pessoa, então, me respondeu: ‘sendo assim, posso viver com o meu cachorro como se ele fosse Deus’. Eu respondi: ‘não; você tem que viver com Deus como se Ele fosse seu cachorro para poder conviver com o Pai’.

O problema é o que você coloca na frente. Se coloca o cachorro como Deus você está amando um cachorro e dizendo que esta amando a Deus. Se coloca Deus na frente, você está amando Deus e não a um cachorro. Vou tentar usar este exemplo para falar do que você perguntou.

Você disse que o seu trabalho é Deus. Minha pergunta é: o que você vai fazer no seu trabalho? Você vai trabalhar, vai executar ações humanas, vai atender pessoas, vai cumprir a sua jornada de trabalho para ganhar o seu salário? Se a sua resposta for sim, você não está com Deus. Agora, se vai ao seu trabalho e o mais importante de ser feito ali é amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a si mesmo, Deus é o seu trabalho.

É essa essência das coisas que realmente lhe diz com quem você está vivendo os acontecimentos da vida. Por isso sempre disse que amar a Deus é conseguir colocar na prática os mandamentos ensinados por Cristo. Não se trata de deixar de trabalhar, de se separar da sua mulher, abandonar o mundo humano e ir para o meio do mato e ficar isolado. Não! Amar a Deus é ao viver tudo isso, vivenciar o acontecimento com a intenção primária de cumprir os mandamentos ensinados por Cristo.

É a intenção primaria que determina o que você está fazendo. Se a sua intenção primária ao sair de casa é ir ao trabalho, ir à escola ou passear, você está indo fazer essas coisas. Se a sua intenção primária ao sair de casa é amar a Deus sobre todo as coisas e o próximo como a si mesmo, não importa o que está fazendo, você está indo amar a Deus sobre todo as coisas e o próximo como a si mesmo.

Ficou clara a diferença?

Conversando com um espiritualista - volume II

Aprender a amar

Participante: como fazer para amar a quem estamos juntos há anos?

Para conseguir a resposta, a primeira coisa que você precisa é saber o que é amar. Afirmo isso porque você ainda imagina que amar seja essa coisa boba de deslumbramento e paixonite que os humanos chamam de amor. Amar não é isso.

Amar é respeitar, é ser companheiro, camarada. Amar é estar ao lado de uma pessoa respeitando-a e servindo-a.

Portanto, se você quer amar alguém, não se preocupe em desenvolver a paixonite. Ao invés disso, concentre-se em respeitá-la, em cuidar dela, em servi-la. Seja companheiro dessa pessoa. Com isso, estará amando-a de verdade.

Conversando com um espiritualista - volume II

Relações naturais

Participante: o que são relações naturais?

O que deveria reger as relações entre os seres humanizados e entre eles e os demais elementos do mundo? O amor universal... Tudo na existência carnal deveria ser vivenciado de uma forma espiritual, para que o que é natural (da natureza do espírito), fosse mantido...

Mas, as mulheres (seres humanizados encarnados em matérias com esta forma) trocam esta relação pelo amor maternal, filial, marital, amizade, etc. Trocam a relação natural (com amor universal) com seu corpo pela vaidade (que leva à plástica, maquilagem, moda).

Conversando com um espiritualista - volume II

Paulo e o homosexualismo

Participante: quando Paulo fala que os homens deixam as relações e se queimam de paixão uns pelos outros (Carta aos Romanos, 1, 27), ele com certeza fala do homossexualismo, não?

Não... Vamos entender...

Paulo afirma: os homens se queimam de paixões por outros homens... O que é se queimar de paixão? Adoração, amizade, vaidade, orgulho, etc. Qual deveria ser a relação natural entre eles? A prática do amor universal.

Um homem que considere outro certo, que se imagine amigo deste, não está se queimando de paixão por ele? Claro que sim, porque tem verdades a respeito deste outro.

Mas, quem é o amigo? Criador ou criatura? Então, o homem que acha algum outro certo se queima de paixão numa relação vergonhosa, já que está adorando a criatura ao invés do Criador...

Participante: mas, cada um pode interpretar este texto de um jeito sem estar, por isso, errado...

Não... Cada um pode dizer o que quiser, mas interpretar este texto de forma diferente não pode.

Paulo fala anteriormente na paixão verdadeira e ela é uma só: amor a Deus acima de todas as coisas... A partir daí ele afirma que a paixão que é vergonha para os seres humanos é relacionar-se com a criatura como se fosse Criador... Foi isso que estudamos até aqui e agora não poderíamos mudar o sentido dos ensinamentos de Paulo para relações homossexuais... Por isso o texto não pode ser interpretado de forma diferente.

Vamos tirar o sexo dos personagens envolvidos no texto... Falemos da paixão vergonhosa de um homem com uma mulher...

Quando ela acontece? Quando não é fundamentada no amor universal (amor entre espíritos), mas sim nos conceitos egoístas (eu gosto, eu acho certo, é meu) do ser humanizado.

Quem ama universalmente falando não deixa que os conceitos poluam a relação entre os eles e os demais elementos do Universo. Esta é a relação natural, da natureza do espírito, e, por isso, não é vergonhosa. Mas, quem se deixa levar primariamente pelo seu individualismo, se relaciona de uma forma vergonhosa com os outros.

Esta Realidade independe de sexo. Não importa se estamos falando de homem ou mulher relacionando-se com seu igual: se houver paixão humana (gostar) há uma relação vergonhosa.

O que mais causa a interpretação de que aqui está embutida uma crítica ao homossexualismo, o que é comum entre os seres humanizados, é o termo relação... Por causa dele cria-se logo a imaginação de que está se falando de relação sexual, mas estamos falando de relacionar-se (estar em contato), em qualquer nível.

Trocar a sua relação natural é deixar de viver como espírito durante os relacionamentos em qualquer gênero, pois esta é a relação natural (que faz parte da natureza do ser universal) entre os espíritos, humanizado ou não.

É a partir desta Realidade que temos que entender os ensinamentos do apóstolo e não utilizando os preconceitos que estão na memória do ego humanizado.

Posso fazer uma pergunta bem clara? Olhe todas estas pessoas que estão aqui hoje... Existem seres de ambos os sexos, não? Nós estamos tendo relações aqui e agora?

Participante: acho que sim...

Claro que estamos... Estamos nos relacionando, ou seja, tendo relações, e isto não tem nada a ver com sexo...

Participante: mas, no texto está ‘se queimam de paixões’...

Vocês não estão se queimando de paixões agora? Não estão gostando ou deixando de gostar por estar aqui, pelo que estão aprendendo, por mim, pelo amigo ao lado? Isto são paixões...

Então, vocês todos estão aqui mantendo uma relação comigo, entre si e com a palestra, e, com isso estão nutrindo paixões. Mas, estão nutrindo neste momento uma paixão vergonhosa porque estão fazendo tudo isso apenas a partir de seus próprios conceitos e percepções e Deus, para vocês, neste momento está longe, apesar desta ser uma reunião espiritual....

Nesta relação que estamos tendo agora estão presentes homens e mulheres. Os homens estão se relacionando com homens, as mulheres estão se relacionando com suas semelhantes; tudo dentro de uma relação vergonhosa, e nada está ocorrendo aqui que possa ser chamado de sexual...

As relações vergonhosas não são as sexuais, mas quando um quer levar vantagem sobre o outro, quando tem ódio, quando critica o próximo, quando quer ser melhor do que o outro. Isso porque esta não é uma relação da natureza espiritual, mas uma relação fundamentada na natureza humana...

Participante: mas, esta é a sua verdade... Eu posso chegar aqui e interpretar do meu próprio jeito...

Claro que pode e muitos o fazem. Todos têm o direito de interpretar qualquer texto do seu próprio jeito.

Agora, dizer que Paulo está se referindo a relações sexuais é apenas uma interpretação individual, pois este texto é continuação de tudo que vimos antes, onde o apóstolo vem falando das relações vergonhosas com o que Deus faz e não das relações sexuais entre os encarnados. Não se pode quebrar a lógica de Paulo, pois todo o texto é uma só explicação.

É isso que precisamos compreender para poder interpretar o texto. Não podemos nos apegar apenas aos valores sexuais porque em diversos outros momentos, inclusive agora, vocês estão tendo relações com outros homens e mulheres...

Nós estamos nos relacionando aqui; você vai para o seu trabalho e têm relações lá o dia inteiro com outros homens e mulheres... Estas relações podem ser naturais (se vivenciadas com amor universal, livre de conceitos) ou vergonhosas (vivenciadas a partir dos conceitos existentes no ego de cada um).

Mais tarde Paulo falará de relações sexuais, mas quando isso acontecer, pode ter a certeza, ele será bem claro... Mas, neste texto, onde muitos dizem que há uma condenação ao homossexualismo, isso não é real. Há sim uma condenação a uma relação vergonhosa entre os seres (onde não haja amor universal).

Deixe-me dizer outra coisa... Para vocês, humanos, o homem arder de paixão por uma mulher é uma relação natural, não é mesmo? Mas, esta relação é natural para vocês, porque para nós ela é vergonhosa, pois é fomentada por uma paixão materialista e não espiritual.

A relação natural é aquela que é regida pelo amor universal. A paixão materialista, seja entre sexos diferentes ou iguais, seja de pai para filha ou de filho para mãe, ou qualquer outra relação que não seja dentro da felicidade, compaixão e igualdade, é imoral. É por isso que Cristo afirma que veio para jogar pai contra filha e filho contra mãe...

É isso que Paulo está nos ensinando: existe uma relação natural entre os espíritos e o homem (espírito humanizado) cria uma relação vergonhosa entre eles, porque são as fundamenta nas paixões que são artificiais (criadas pelo ego).

Como já dissemos, Cristo disse que não há casamento no céu. Então, uma paixão entre marido e mulher não é natural, mas artificial e acabará com a morte.

Nós não podemos continuar lendo as coisas do mesmo jeito que fizemos até agora, porque nosso trabalho é desmistificar o conhecimento humano. Desmistificá-lo é dizer que a relação não natural é qualquer uma mantida na base da humanidade, inclusive a sexual. Ou seja, qualquer relação onde entre paixão. Isto porque, a partir da paixão, surge a posse, o ciúme, a desconfiança, o desejo, etc.

Conversando com um espiritualista - volume II

Amar é a única resposta

Filhos!

Desde que abrimos a possibilidade de vocês fazerem perguntas diretamente a mim, já respondemos quase duzentas e cinquenta perguntas. Só hoje respondemos mais de trinta questões. Na grande maioria delas, noventa por cento, a minha resposta para que vocês conseguissem saber o que fazer sempre foi: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Mesmo quando não fiz a citação dos mandamentos de Cristo, no fundo da minha resposta estava a colocação: você precisa amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Hoje estou enviando esta mensagem a vocês falando isso não porque não vamos responder mais questões. Podem continuar remetendo a pergunta que for que estaremos à disposição de vocês para responde-las. O objetivo desta mensagem não é estancar o fluxo das perguntas, mas gerar um auxílio maior a vocês.

Muitas vezes na hora em que as coisas estão acontecendo na sua vida, vocês não dispõem de um Joaquim do lado para lhes orientar no que devem fazer naquela situação, não importando qual seja ela. É por isso, estou mandando esta mensagem. O que quero com ela é que estejam aptos a conseguir a solução para os problemas de suas existências naquele momento ao invés de sofrerem e só depois vir a mim perguntando o que deveriam ter feito.

Na hora que estão vivendo qualquer acontecimento sabem como devem agir? Amando a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Cristo deixou bem claro que estes são os dois únicos mandamentos que vocês devem cumprir se quiserem aproximarem-se de Deus. Se não quiserem também, não tem problema nenhum. Ajam como quiser, porque o que fizerem, o que viverem será fruto do livre arbítrio de vocês e por isso estará sempre certo.

No entanto, para aquele que quer aproximar-se de Deus e assim realizar o objetivo da encarnação, não importa se alguém está com olho gordo sobre você, se você está com raiva do outro, se está sendo morto ou se está matando alguém: ame a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Agindo assim, você terá certeza absoluta de ter aproveitado ao máximo aquele momento.

Dito assim, parece até fácil, não é? Parece até simples para vocês colocarem em prática estes mandamentos a cada momento, mas não é. Não é porque vocês não sabem o que é amar a Deus sobre todas as coisas e nem amar ao próximo como a si mesmo.

Durante a conversa com candidatos a doutrinadores falamos sobre isso. Sei que em breve o texto contendo o que foi dito será divulgado, mas que queria adiantar o que disse lá. Faço isso justamente pela quantidade de perguntas, ou melhor, por causa da quantidade de dúvidas que vocês têm. A quantidade de perguntas não têm importância, podem perguntar o quanto quiserem, mas faço isso para que possa realmente lhes ajudar muito mais do que falando sobre um tema ou outro.

Por isso esta mensagem... Vamos a ela...

Vocês sabem o que é uma vida humana? Os acontecimentos da vida humana, envolvendo aí os atos físicos e o mundo mental de cada ser humanizado envolvido naquele acontecimento, são teatralizações escolhidas por Deus para dar ao espírito o gênero de provação que ele pediu. Não importa se você está fazendo suas necessidades no banheiro ou está se casando, se está estudando ou orando: todo momento da vida humana é isso. Não importa se você está trabalhando como médium, rezando uma missa ou fazendo um trabalho de doutrinação, você está vivendo uma teatralização criada por Deus de acordo com gênero de provas que o espírito pediu antes da encarnação.

Sei que vocês não veem assim, mas neste mundo não há momentos sagrados e nem momentos infames. A única coisa que acontece é Deus teatralizando de determinada forma um gênero de provação.

Compreendido isso, para poder compreender o que fazer a cada momento, você precisa entender o que é gênero de provação.

Os gêneros de provações são as múltiplas vivências que não refletem o amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Por isso, se você está vivendo o amor humano ou o ódio por uma pessoa, não há diferença na forma como deve buscar agir para conseguir aproveitar a oportunidade da encarnação. Isso porque qualquer emoção humana significa que você não está vivendo o amor como ensinado por Cristo. Está vivendo apenas sensações humanas.

Com estas duas informações podemos compreender que a cada momento da sua existência acontece uma pergunta, um questionamento: você vai viver o amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo ou viverá aquilo que a sua mente está criando para você viver?

É isso que precisam se atentar para poderem conseguir no momento em que estão sozinhos conseguir viver a situação realizando a aproximação de Deus. Não importa o que está acontecendo, você precisa amar a deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Não importa se você é alvo da ganância ou do mal olhado do outro ou ainda se é você que está sendo ganancioso e emitindo mal olhado para a coisa dos outros, o que realmente está acontecendo é uma teatralização de um gênero de provações pedida pelo espírito antes da encarnação. Por isso, o que está acontecendo realmente é um questionamento: você vai viver o que a mente está criando ou o amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Nesse momento, ou seja, em todos os momentos da vida, aquele que quer aproveitar a encarnação opta pelo bem, pelo amor a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. É por isso que estou adiantando o que já falei sobre o cumprimento dos mandamentos ensinados por Cristo.

Agora que você sabe que não importa o que esteja vivendo na realidade o que está lhe acontecendo é uma oportunidade para cumprir os mandamentos ensinados por Cristo ou não, precisa conhecer como se cumpre estes mandamentos. Vamos, então, falar sobre o que é amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Amar a Deus sobre todas as coisas é viver o amor por Deus acima de qualquer outra vivência que a mente lhe dê.

A mente lhe diz que o ambiente não está agradável? Viva o seu amor a Deus ao invés de viver a ideia que o ambiente não está agradável.

A mente lhe diz que você está sendo caluniado? Viva o seu amor a Deus ao invés da ideia de que está sendo caluniado.

Essa é a prática do amor a Deus sobre todas as coisas. É isso que você precisa conhecer para poder a cada momento de sua existência saber o que fazer: não importa o que a mente diga que está acontecendo, se está sendo agredido ou agredindo alguém, viva o amor a Deus ao invés de viver o que ela cria.

Dito isso, você pode imaginar que agora sabe como colocar em prática o mandamento ensinado por Cristo, mas, para que realmente compreenda o que o mestre ensinou, há um detalhe que precisa ser visto. Na realidade em qualquer momento de sua existência você não deve apenas viver o seu amor a Deus, mas precisa viver acima de todas as coisas uma relação amorosa com Deus. Ou seja, é preciso viver o amor que você tem por Deus e ao mesmo tempo sentir-se amado pelo Pai.

Essa é a primeira postura que o espiritualista assume quando, ao saber que existe algo além da matéria, vive para este algo. Ele suplanta qualquer ideia que a mente cria pelo amor de Deus, ou seja, ao invés de sentir-se traído, indignado ou com fome, sente-se amado por Deus.

Está aí a primeira saída para vocês. Quando não tiverem um Joaquim do lado e viverem a dúvida do que fazer, apenas ame a Deus e entregue-se a Ele sentindo-se amado independente do que está acontecendo.

Esta é a primeira postura que o espiritualista toma e com isso cumpre o primeiro mandamento deixado por Cristo. Só que há mais um ensinamento transmitido pelo mestre. Vamos falar deste segundo mandamento...

Ele também disse que é preciso que você ame ao próximo como ama a si mesmo. Este amor ao próximo é mais fácil de explicar: é preciso respeitar o próximo.

Como Cristo falou, o amor ao próximo resume-se em dar a ele o que quer para você. Você não quer ser respeitado? Não quer ter o direito de ter sua opinião? Não quer ter o direito de achar alguma coisa certa e outra errada? Não quer ter o direito de dizer o que é verdade e o que não é? Pois bem: dê este mesmo direito ao outro.

Na prática, isso quer dizer que na hora que alguém lhe contrariar, você não deve viver a contrariedade, mas o amor a Deus e o amor de Deus por você e com isso respeitar o direito do outro lhe contrariar. Essa é a prática do dois mandamentos trazidos por Cristo, mas há ainda um detalhe que precisa ser visto.

Cristo ensina que você deve amar o próximo como a si mesmo, ou seja, ele diz que você precisa amar a si mesmo. O que é este amor? O mesmo que deve ter pelos outros: respeito...

Para colocar em prática os mandamentos deixados por Cristo você precisa se respeitar. O que quer dizer isso? Quer dizer que deve amar a si mesmo como você é e não esperar alcançar padrões predeterminados e considerados pela humanidade como certo para então se amar.

Portanto, se durante a vivência de um acontecimento da vida a mente lhe acusa de ter falado uma mentira, ame a si mesmo: respeite-se. Não aceite a ideia que a mente cria que você está errado, que não deveria ter sido daquela forma. Ao invés disso diga a si mesmo: eu menti, e daí? Se a mente lhe diz que você está errado, que é nervoso, depressivo, isso não importa: para colocar em prática o amor ensinado por Cristo você precisa se amar do jeito que é.

Eis aí, então, o que é cumprir os mandamentos que Cristo ensinou. O amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo é alcançado quando você, ao invés de vivenciar a ideia que a mente cria, amar e sentir-se amado por Deus e respeitar o próximo e a você mesmo, dando a todos o direito de serem, estarem e fazerem o que fizerem.

Atentando a estes detalhes, não importa o que aconteça, você conseguirá aproveitar a encarnação e conseguirá viver ainda nesta vida a paz e a harmonia com o mundo, que é a expressão do amor de Deus por você e de você por Ele.

Portanto, como disse no início, não estou mandando esta mensagem para que parem de me enviar perguntas. Não, estamos aqui à disposição de vocês. O que estou fazendo hoje é mandando uma mensagem àqueles que, mais do que curiosos ou em busca de saber, estejam realmente comprometidos com a busca espiritual. Para esses está aí a resposta para qualquer das suas dúvidas, não importa qual seja ela.

Não importa se uma mãe que se agarra ao filho ou se é uma que se afasta dele: ame a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo que estará fazendo o que deve ser feito. O resto, o conhecimento técnico, a sabedoria – sabedoria no sentido de acúmulo de saber – a questão da vibração da planta, o porque alguém sofre, some quando você convive com tudo com os mandamentos de Cristo.

Que vocês estejam na paz. Que aproveitem esta mensagem. E como disse diversas vezes nela, estou à disposição à hora que precisarem.

Que a mãe lhes cubra com o seu manto.

Graças a Deus!

Conversando com um espiritualista - volume II

Vibração das plantas

Participante: a vibração das plantas a qual me refiro, é o poder de curar os enfermos agindo sobre os chacras através dos fluidos energéticos das plantas, que são estudadas por espíritos no centro espírita, onde frequento chamado Lar de Maria. São mais de 2 mil remédios fitoterápicos que quando feitos são retiradas as vibrações energéticas ou fluido energético das plantas. A maioria dos remédios fitoterápicos só extrai as propriedades químicas das plantas, quando deveriam ser retiradas as vibrações energéticas e por isso não tem efeito. Além disso, um pensamento, uma vibração de negação, quando da terapia é o suficiente para bloquear os chacras e o efeito do remédio. O remédio fitoterápico é passado sobre o chacra frontal, assim o médium que possui uma mediunidade psicométrica pode ver o fluido energético da planta agir sobre o enfermo diagnosticando cada serventia de cada planta. Eu entendo que muitos não saberão o que é vibração, mas acho que o senhor generalizou agora e agradeço de coração pela resposta.

Você está se referindo a uma pergunta anterior, primeira que fez, onde eu disse que o ser humano não sabe o que é vibração das plantas. A partir da minha resposta, você está agora me ensinando o que são as energias da planta e como elas funcionam e são usadas.

Compreendo o que você quer dizer, mas que tal darmos uma olhada na pergunta 4 de O Livro dos Espíritos?

“4. Onde se pode encontrar a prova da existência de Deus? Num axioma que aplicais as vossas ciências. Não há efeito sem causa, procurai a causa de tudo o que não é obra do homem e a vossa razão lhe responderá”.

A prova de que Deus existe é a causa de tudo o que acontece. Portanto, não há mais nada que cause qualquer coisa a não ser Deus. Mas, vejamos outra pergunta de O Livro dos Espíritos que é mais direta sobre o assunto que estamos tratando.

“7. Poder-se-ia achar, nas propriedades intimas da matéria a causa primaria da formação das coisas? Mas, então, qual seria a causa dessas propriedades? É indispensável sempre uma causa primaria. Atribuir a formação primaria das coisas as propriedades intimas da matéria, seria tomar o efeito pela causa, porquanto essas propriedades são, também elas, um efeito que há de ter uma causa”.

Eis aí a sua resposta. A propriedade íntima da matéria depende de que Deus a cause para existir. Se isso é verdade, como pode um médium escolher uma planta e como pode ela mesmo agir independente da Causa Primária das coisas?

Sua descrição da utilização das plantas neste centro é muito bonita, mas há nela uma falha que nenhum espírito livre da humanidade comete: a de esquecer de colocar Deus como Causa Primária de todas as coisas. Quando se faz isso, moço, tudo muda.

Você me relatou uma série de ações que acontecem porque os médiuns ou os espíritos fazem, mas, onde está a Causa Primária no que me disse? Fala como se pudesse haver alguma coisa que acontecesse que não fosse gerada pela Causa Primária, mas pela livre ação de um ser, encarnado ou não, seguindo apenas a sua intenção.

É por causa da presença desta Causa Primária, que ficou bem clara nas duas questões de O Livro dos Espíritos que lemos, que eu disse, e continuo dizendo, que vocês, humanos, não sabem o que é vibração das plantas. Vocês ainda acham que a vibração da planta é causada pela planta, quando na verdade, o Espírito da Verdade fala que há sempre uma causa primaria que causa a propriedade da matéria, que faz acontecer o efeito da propriedade íntima da matéria.

Compreenda isso. Veja o que estou querendo lhe mostrar. O que estou querendo lhe dizer é porque como você se ilude – e me desculpe a palavra, mas a verdade é essa, você se ilude achando que sabe – quando desencarnar vai se juntar ao mundo dos sábios, daqueles que acham que sabem. Pode até achar que ir para este lugar é muito bom, mas lhe lembro que Cristo ensinou que Deus se revela apenas aos simples e não aos sábios. Por isso, por mais que ache bom estar no meio dos que sabem, tenha a consciência que está se juntando a um grupo que não vai encontrar Deus no final dessa jornada.

Eu agradeço o ensinamento que você me deu mostrando como se trabalham as vibrações da planta para promover a cura, mas infelizmente não posso acreditar nele, porque ou eu acredito no que você diz ou acredito no Espírito da Verdade. Nesse caso, prefiro ficar com o mestre.

Conversando com um espiritualista - volume II

Cura com plantas

Participante: dentro do que o senhor já falou, quem cria a parte energética das plantas é Deus, quem dá a propriedade íntima da planta para curar ou não é Deus, pergunto: ainda assim, é valido tentar se utilizar essa energia para a cura? Ou seja, usar e se for curado, foi, se não for, não foi?

É valido usar plantas para se buscar a cura? Sim! Você vai usar delas com esse fim? Sim, se a causa primaria fizer você utilizar. Ou seja, você vai utilizar uma planta para cura se Deus causar você utilizar uma planta para cura. Se Ele não causar, você não vai usar.

‘E a cura’?

Se Deus criar através da causa primaria da propriedade intima da planta a cura, foi Deus quem curou, não a planta.

‘Então é bobagem usar as plantas’?

Não! Se Deus causar você usar, não vai pode deixar de usar. Agora, ao usar, saiba que usar não leva consequentemente a cura, já que tudo depende da causa primaria. Tem uns que usam a planta e se curam, tem outros que usam a mesma planta para atacar a mesma doença e não se curam.

‘Podemos dizer então que existem carmas específicos até sobre cura completa? Vou dar um exemplo: quanto estou mal do estomago ou do fígado eu tomo chá de carqueja e para mim resolve. Isso poderíamos dizer que é para mim um carma positivo’?

Não! Eu posso lhe dizer que resolveu, quando você tomou. Por que resolveu? Porque você sentiu que resolveu. Agora, a partir disso você pode dizer que toda vez que tomar, vai resolver? Não. Porque não é o chá que cura, é Deus. Porque a propriedade da matéria planta que você usa no chá depende da causa primaria. Se Deus não fizer a propriedade curar, você não vai ser curada.

‘Então, o fato de tomar o chá é também uma prova’?

Exato! A utilização ou não da planta é uma prova.

O que cura, segundo Cristo? A sua fé. Só nós dissermos que a planta cura, estamos negando a Cristo, porque ele falou que o que cura é a fé.

‘Que é fé’?

Confiança e entrega total em Deus.

‘Na prática quer dizer que se curar, curou, se não curar, não curou, é isso’?

Exato! Quando você se entrega a Deus, pode ser que seja curado, mas pode ser que não seja. Aquele que se entrega com fé, ou seja, que não depende da cura para se entregar a Deus, vive qualquer resultado sempre em paz consigo mesmo. Isso porque ele não depende da cura, para ser feliz.

‘Mas, até hoje, todas as vezes que eu usei, me curou. O que quer dizer isso’?

Quer dizer que você pode estar caminhando na beira de um precipício, pois está confiando no chá.

Você está tendo fé no chá. Por isso, quando não conseguir o que espera, a cura pelo chá, a sua mente vai propor sofrimento e você vai cair.

Sempre que respondo a vocês chamando a atenção para a existência de uma Causa Primária, não estou brigando. O que quero é despertá-los exatamente para esse aspecto: faça o que você fizer, ou seja, viva o que Deus fizer você fazer, com fé Nele e não na coisa material, Isso porque quando você está com fé na coisa material está caminhando sobre uma linha muito tênue e vai cair.

Só quero lembrar uma coisa: essa mulher que foi curada colocando a mão na capa de Cristo, já fazia muitos anos que sofria de hemorragia. Se ela já tinha fé, por que não foi curada antes? Porque só naquele momento isso aconteceu? Porque ela tinha hemorragia, mas não se lamentava, não sofria, não chorava.

‘Eu tenho, tenho e daí? Não tem jeito, não consigo estancar’. Foi essa fé que levou à cura, que fez a cura acontecer naquele momento. Ela ocorreu naquele instante não para trazer a cura, mas para deixar o ensinamento de que não adianta ter fé nas coisas humanas, porque elas só vão realizar o que você acha que vão, se a causa primaria fizer as propriedades da matéria agir. Se esta causa não fizer, você nunca vai ser curada.

Conversando com um espiritualista - volume II

Lei da graça

Participante: Seria o mesmo que a lei de atração e ressonância, provas e expiações e lei da graça, regeneração. Como os pássaros e os lírios dos campos que recebem exatamente tudo que precisam para viver sem se preocupar com o amanhã. Resumindo seria a entrega plena pela confiança no divino. É isso que acho, mas ficaria muito feliz se Pai Joaquim falasse mais sobre essas duas leis. Pelo que sei, é uma decisão nossa estar numa ou outra, não poderemos estar nas duas, não amarei a dois senhores.

Nota: Lei da Graça: é se deixar levar pelo amor e pela fé, se entregar ao divino confiando plenamente.

Lei da causa e efeito: tudo o que você fizer, lhe dará um determinado retorno, que é a justa colheita do que foi plantado. Essa é a lei da causa e efeito.

Lei da Graça: se entregar a Deus. A lei da graça – que você chama de lei, mas eu não chamo assim, mas de uma forma de viver – é uma forma de agir que trará uma determinada consequência.

Se você não vive pela lei da graça, vive pela lei do humano, ou seja, imagina que precisa trabalhar para conseguir. Estou usando esse exemplo para distinguir o que é viver pela lei da graça ou não, porque você usou como exemplo aqueles que recebem de Deus sem precisar trabalhar.

Então veja, as duas leis não são antagônicas, até porque pra mim não é lei, mas uma forma de viver. Então sim, se você vive pelo que chamou de da graça, gera uma consequência, um efeito. Se vive pela lei do homem, gera outra consequência, outro carma.

Conversando com um espiritualista - volume II

Morte do espírito

Participante: ouvi de um espírito que o ser universal em batalha entre o bem contra o mal pode morrer. Essa morte seria transformando-o em pó, grãos iniciais de existência energéticas, no qual deixa de ser e volta a causa primária. Ele deixa de ter inteligência, consciência. Enfim volta a fase primária de criação. Isto me deixou intrigada, pois imaginava a morte só ser possível à matéria e não ao espírito.

O que você narra é visão humana. Isso porque fala até em voltar ao pó, que é na verdade o ser humano. Não, isso é só visão humana, o espírito é eterno, por isso não pode morrer, não pode acabar. Não pode, como você fala, perder a consciência.

Conversando com um espiritualista - volume II

Desenvolver mediunidade

Participante: agora gostaria de voltar a frequentar algum lugar para desenvolver ou trabalhar minha mediunidade. Será que Joaquim poderia dar algum tipo de aconselhamento?

Posso. Se você for, foi, se você não for, não foi. Só isso.

Agora, se for, vá, sabendo que mediunidade não é gloria, mas sim, trabalho, oportunidade de trabalho para Deus. Então se você for, vá, mas não vá para seu próprio benefício.

Seria só essa orientação que eu poderia lhe dar.

Conversando com um espiritualista - volume II

Identificação com o personagem da vida

Participante: nas histórias que a vida cria como cenário para as minhas provações, sempre me identifico com os personagens que primam pela amizade, lealdade, trabalho, honra, disciplina, equilíbrio e cumprimento do dever, mesmo quando esses atributos estão presentes naqueles personagens que servem as forças do mal. No sentido figurado, pois sei que o mal não existe. Posso entender que essas são as minhas armas para realizar as minhas provações e missão? No entanto cabe cuidado e atenção ao me entregar a esses atributos a serviço de tudo a minha volta, estando consciente de que tudo a minha volta é uma manifestação de Deus, alinhada com as minhas necessidades no caminho evolutivo.

O que eu posso dizer é que se você vê tudo isso em qualquer ser humano, não está vendo nada disso em nenhum ser humano. A sua mente está criando essa ideia, a ideia de você estar vendo. E tudo que cria é só provas.

Então, se você vê amizade em algum ser, seja encarnado ou não, desconfie. Se vê qualquer coisa em qualquer ser encarnado ou não, desconfie. Não acredite no que sua mente diz.

O resto é só história da sua prova, mais nada que isso.

Conversando com um espiritualista - volume II

Lembranças de outras vidas

Participante: me diga uma coisa, o espírito que não está mais nos devas, já não tem o agregado da memória, mas através do sentimento que emana, sabe o que fez e o que ocorreu nas vidas anteriores?

Não!

Deixa eu falar uma coisa para vocês: o supérfluo não tem espaço no universo. Lembra da história do barco que já contei? O barco é um ensinamento que leva você do porto da ignorância para o porto da sabedoria. Só que quando chega ao destino você precisa descer do barco, ou seja, desligar-se do próprio ensinamento.

Pois é, isso vale para tudo no universo. Tudo aquilo do que o espírito se utiliza no processo de elevação é esquecido quando ele, vamos dizer assim, interioriza em si aquilo. Todas as experiências passadas por um espírito que já não está mais no mundo dos devas são esquecidas, pois se ele chegou a sair dos mundos dos devas é porque já foi interiorizado o que era preciso. Por isso, este ser não precisa ficar lembrando o que fez nessa, naquela ou naquela outra encarnação.

Só quem está no mundos dos devas, ou seja, que ainda dá algum valor a vida material é que precisa se relembrar, para ver se da próxima vez, não dá tanto valor as coisas materiais.

Conversando com um espiritualista - volume II

Como receber previsões de futuro

Participante: como receber ou lidar com entidades que diz coisas que irão acontecer em nossa vida?

Com amor.

Ame a entidade, acima de tudo, ou seja, não fique julgando o que ela fala, nem fique querendo saber se vai dar certo ou errado o que ela disse.

Ame a mensagem, ou seja, receba a informação com amor. ‘Está certo, você falou isso, se vai dar certo, não sei. Se der deu, se não der, não deu’.

É só isso.

Conversando com um espiritualista - volume II

Espiritologia

Participante: o senhor pode nos dar um exemplo prático da função da espiritologia que acabou de falar?

Sim. Imaginemos uma cena onde alguém retira de algum lugar algo que lhe pertence.

A provação do espírito se espelha nos acontecimentos da vida humana. A cada momento de uma existência carnal o ser humanizado está sendo provado num elemento da espiritualidade. Por exemplo, quando você é roubado está em provação no tocante à possessão das coisas. Possuir as coisas, como ensinou os mestres, não é uma atitude espiritual e, portanto, não deve ser vivida por aqueles que estão humanizados. Quando estes vivem isso, portanto, têm uma oportunidade, então, de se reformar, ou seja, mudar a sua vivência.

O que o pensamento tem a ver com isso? É ele que cria a ideia de você estar sendo roubado. O ato de alguém retirar alguma coisa que lhe pertença é a movimentação que existe na vida. Mas, para que esta movimentação seja qualificada como roubo é preciso uma declaração da mente que crie esta realidade. Só que para neste momento poder criar a ideia de estar sendo roubado, o pensamento antes gerou a ideia do possuir um determinado objeto, que você não percebeu, por estar ligado às ideias materiais que dizem que é normal se possuir as coisas.

A junção destas duas ideias (possuir e ver a ausência) cria, então, uma realidade que você vivencia. Ao fazer isso o espírito encarnado, que é você, está vivendo uma provação. Neste momento pode apegar-se ao possuir ou não. Apegando-se, sentirá falta, estará indignado e terá outras sensações que o ato de possuir traz. Não se apegando, vivenciará o acontecimento com uma sensação diferenciada da situação. É para isso que serve a espiritologia.

No momento em que a mente através do pensamento cria a ideia de ser roubado, aquele que está buscando a reforma deve usar do corpo doutrinário da espiritologia para analisar aquele pensamento. Faz isso comparando o que o pensamento diz que ele está vivendo com o que os mestres afirmam estar acontecendo naquele momento.

Espiritualmente, falando o que é o ato de alguém lhe roubar? Uma vicissitude que serve como provação para o ser encarnado. Esta é a compreensão correta sobre aquele momento e não a ideia de que está sendo roubado. Tendo isso na consciência, o ser humanizado, pode, então, não viver o desgosto de ter sido roubado. Com isso reformou-se... Mas, para chegar até aqui, ele precisa ir mais longe: descobrir o motivo pelo qual viu roubo naquele momento. Para isso precisa estudar a sua mente com a finalidade de conhecer profundamente as origens desta consciência. Só assim pode escapar de vivenciar o roubo e as sensações que acompanham esta compreensão.

Porque alguém sofre quando perde algo? Porque possuía aquela coisa. Aquele que não tem a posse do objeto não sofre quando este não mais está sob sua guarda. Usando a espiritologia, então, o ser encarnado pode verificar a existência do possuir, que os mestres não aprovam, agindo na formação daquele pensamento. Agindo novamente na análise do que formou aquela posse pode libertar-se desta forma de viver em outros momentos também.

Para explicar melhor a função da espiritologia em todo processo de reforma íntima, vou compará-la com uma atividade do mundo material. Acho que assim vai ficar mais fácil de compreender o que quero dizer: as provas que vocês fazem nos colégios. Digamos que alguém pediu para fazer uma prova sobre história do Brasil. Este é o tema da sua prova, o gênero de provação pedido. O professor diante deste pedido redige, então, as questões. Pergunta sobre a chegada de Cabral, sobre os imperadores, etc. O possuir é o tema da prova, o ser roubado é as questões da prova. O ato de perder a posse é, então, apenas um enunciado de uma questão sobre este tema.

O pensamento que lhe gera a ideia de ter sido roubado é o enunciado de uma questão que está sendo aplicada a um ser universal encarnado que pediu para ser testado sobre o tema possessão...

Acho que agora fica bem clara a importância da espiritologia. Ela é usada pelo espírito para compreender o enunciado da questão de cada provação. Isso é importante porque o ser encarnado, aquele que vive ligado a uma mente humana, vive no piloto automático, ou seja, vive a vida apenas com as afirmações e conclusões geradas pela mente. Com isso não consegue ver a sua provação acontecendo.

Racionalmente falando, ser roubado é um acontecimento onde há a consciência de ter perdido alguma coisa. Esta é a realidade que a mente cria. Ela é ilusória, pois não importa se perdeu ou ganhou, para o ser humanizado o que existe realmente é uma provação. Sendo assim, não há roubo e sim prova.

Investigando a mente o espiritualista verá o que criou a ideia de ter sido roubado. Conhecendo a origem do sentir-se roubado (possuir) este ser poderá agir na base no conjunto de conceitos que formam o pensamento e aos poucos ir alterando-os. Com isso poderá responder diferentemente esta questão neste momento e em outros quando houver novas questões sobre o mesmo tema usando enunciados diferentes. Com isso mudará a sua forma de reagir às questões que envolvam possessões.

Toda pergunta tem um cabeçalho e dispõe de múltiplas respostas que podem ser escolhidas. No caso da provação do espírito as respostas são as emoções com os quais se vive cada situação. Sem entender o cabeçalho da questão o espírito responderá apenas com o que a mente lhe indicar para viver, ou seja, as emoções que a mente diz que devem ser sentidas.

No caso do roubo o que surge para ser vivido como criação da mente é sofrimento: sensação de perda, indignação, carência, etc. Acontece que qualquer uma destas respostas é contrária à forma única que Cristo ensinou que devemos responder a todas as questões: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Esta é uma das possibilidades que está sempre disponível para os seres humanizados a cada provação, mas na maioria das vezes não utilizada por estes porque não entenderam o cabeçalho da questão. Aliás, nem viram ali uma questão de sua provação, mas sim um ato material.

A resposta que Cristo ensinou todos vocês conhecem, mas fica difícil escolhê-la porque vocês não compreendem o cabeçalho da pergunta. A compreensão do cabeçalho da pergunta é importante porque como nas provas materiais muitas vezes eles contém pegadinhas que levam aqueles que não entenderam bem este ponto a responder com uma determinada resposta que não é correta.

No caso do roubo, a pegadinha é estar em achar que você é o dono do objeto roubado. Acha isso porque acredita que foi você que trabalhou e ganhou o dinheiro para comprá-lo. Tudo isso são declarações da mente que são falsas se nós analisarmos a existência do ser humanizado à luz das informações dos mestres espirituais. Veremos isso no transcorrer de nossa conversa...

Por causa destas falsas compreensões que a personalidade humana cria, conhecer a aplicação e usar a metodologia científica da espiritologia para identificar o cabeçalho da prova é importante para todo ser encarnado.

Conversando com um espiritualista - volume II

Estar com Deus

Participante: O que é estar com Deus?

É não estar com a matéria. Vou tentar explicar isso.

Você sabe que você é mulher? Você não está com Deus. Você sabe que é casada, solteira ou viúva? Você não está com Deus. Você sabe que trabalha em tal lugar? Você não está com Deus. Você sabe que tem uma família, um marido? Você não está com Deus.

Estar com Deus é estar com Deus, em Deus, por Deus. Quando você está com qualquer outra coisa, que não seja o Deus, não está com Deus.

Sei que meio complicado para vocês entenderem isso, mas seria a única forma de lhe responder.

Conversando com um espiritualista - volume II

Expulsar os vendedores do templo

Participante: qual o significado da passagem bíblica de Jesus expulsar os vendilhões do templo à luz do que discutimos sobre deixar o outro ser, estar e fazer o que quiser, sem qualquer julgamento?

No início de sua pergunta você me questiona sobre o significado de uma passagem bíblica. As passagens narradas pela Bíblia são acontecimentos humanos. Por isso lhe pergunto: qual o significado de qualquer passagem humana? A teatralização de uma prova. Qualquer passagem que envolva seres humanos é uma provação para o espírito.

Este é o significado desta passagem para os humanos, mas qual seria o sentido espiritual dela, ou seja, que provação está sendo colocada? Não comercialize com Deus. Na casa do meu Pai não se pode fazer negócio.

Compreendido este significado, pergunto: esse ensinamento é seguido? Eu diria que não... E não pensem que estou falando da livraria do centro espírita ou da quermesse do padre. Isso, na verdade, não tem problema.

A minha pergunta é a seguinte: será que as pessoas ainda vão ao centro, à casa espírita, a igreja buscando receber algo em troca? Será que procuram nestes lugares ganharem alguma coisa, nem que seja a sua elevação espiritual? Se a resposta é sim, elas estão comercializando com Deus. Os seres humanizados vão aos locais de adoração não para encontrar a sua espiritualização, mas como uma negociata com Deus: ‘eu vim até aqui, agora o Senhor tem que me dar o que eu quero, o que vim buscar...’

Será que Cristo vai ter que voltar a este planeta e viver a teatralização de sentar o chicote em vocês? Eu acho que sim, não é?

Este é o primeiro ponto que queria abordar aproveitando a sua pergunta. Agora, vamos ao que realmente você perguntou: Jesus julgou? Eu lhe respondo que não!

Julgamento é alguma coisa interna. Você estava dentro da mente de Jesus para ler o pensamento que ele teve naquele momento para poder afirmar que julgou alguém? Não! Mas, você julgou Jesus não foi? Claro que sim, pois quando me diz ele julgou sem ver o que ia no mundo interno dele, você o julgou, avaliou o que ele poderia estar pensando.

É exatamente o que eu acabei de dizer: o ato humano serviu como prova. E você caiu... Caiu porque se ligou a ideia que a mente criou afirmando que Jesus tinha julgado para poder fazer aquele ato.

É isso que quero que vocês compreendam: toda passagem bíblica é ato, é prova. Portanto, não julguem nada do que virem escrito lá, mas apenas busquem a essência do ensinamento e tentem aplicar à vida de vocês.

Deixe-me lhe dizer algo. Nesses quinze anos que tenho trabalhado junto à vocês tenho ouvido tantas coisas serem atribuídas a Jesus, coisas referentes ao seu mundo interno, que fico admirado, mais uma vez, pela capacidade da mente humana criar ideias para o outro.

O que você fez na sua pergunta é a mesma coisa quando vocês encontram uma pessoa e afirmam para si mesmos: ‘aquela pessoa agiu daquele modo porque ela pensou isso, porque ela sabia disso, porque ela queria aquilo’. Vocês acham que têm a capacidade de ler o que está por dentro de cada um. Isso é julgamento.

O pior é que além de não verem que estão julgando, muitos ainda se vangloriam de agirem assim. Dizem: ‘eu tenho a espiritualidade aflorada porque eu sou capaz de sentir o que está se passando dentro daquela pessoa. Eu tenho uma intuição bem grande e sei o que acontece o que os outros acham e pensam’.

É preciso tomar muito cuidado com a mente. Ela enrola e engana vocês, justamente para lhes prender a ideias como a de que Cristo julgou ou de saber qual a intencionalidade de uma pessoa ao agir. Cuidado, viu?

Conversando com um espiritualista - volume II

Depuração do espírito

Participante: além da reencarnação, existem outras formas de depuração e evolução do espírito? Quais?

A resposta para você é sim e não.

O espírito se depura conforme ele se aproxima de Deus. Isso acontece durante a encarnação, mas também ocorre entre as encarnações, quando o espírito se prepara para encarnar.

Então sim, há outras formas. Agora, posso dizer que não há outras formas porque, por mais que o espírito se prepare entre as encarnações, só a encarnação vai realmente mostrar que ele se depurou.

No período entre vidas encarnadas ele se prepara e na encarnação prova a si mesmo que se depurou. São esses os dois períodos que compõem o processo de depuração do espírito.

Conversando com um espiritualista - volume II

O que viemos fazer nessa vida?

Participante: como saber o que viemos fazer nessa vida ou qual a nossa missão?

Grande pergunta!

Você antes da pergunta em si me pelos ensinamentos. Isso quer dizer que já me ouviu falar que Deus é Causa Primária de todas as coisas e que a vida humana é um teatro que dá ao espírito a oportunidade da depuração. Só por essa informação você já deveria saber o que veio se depurar nessa vida: o que Deus lhe dá como você mesmo. O que você veio fazer nessa vida é se libertar de quem é.

O meio mais eficaz de saber o que veio fazer nessa vida é observar a si mesmo. Você é uma pessoa amante dos animais? Você veio se depurar disso. Você é uma pessoa que tem apego familiar? Veio se depurar disso. Você é uma pessoa vaidosa? Veio se depurar disso.

É só olhar para si mesmo e ver quem é você, como vive, para entender o que veio fazer aqui, pois tudo aquilo que você é nessa vida é gerado por Deus a partir do gênero de prova que você pediu antes da encarnação. É a partir desse gênero de provações que pediu antes de encarnar que Deus compõe um personagem que contenha tudo que lhe sirva como provação. Portanto, você é sua prova.

Mas, a encarnação tem mais um objetivo? Qual é ele? Cumprir missões. Quais são as suas missões? Ser exatamente quem você é na convivência com aqueles que convive.

Você é egoísta ao lidar com os outros? Você veio para se depurar do egoísmo, mas vai continuar sendo egoísta com quem precisa e merece o egoísmo. Você é fanática por animais? Precisa se depurar disso no seu mundo interno, mais vai continuar criticando aqueles que não são, para que eles se depurem daquilo que eles são. Você é vaidosa? Veio para se depurar disso internamente, mais vai externamente viver a vaidade frente a alguém, para que aquela pessoa se depure do jeito que ela é.

Quando estava respondendo a sua questão, a pessoa que me está fazendo as perguntas disse: ‘estou perdida’. Ela falou isso porque acha difícil se libertar de quem é. Mas, eu digo a ela e a todos que não estão perdidos. Isso porque o que estou dizendo para fazerem é muito mais fácil do que vocês imaginam que é.

Você não pode deixar de ser quem é, porque quem você é, é a missão. O que você não pode é, internamente, ser quem é, compactuar com quem é, porque essa é sua prova. É nesta ambiguidade que se perdem, porque querem ser para o outro, quem não são e não abrem mão de serem, para vocês mesmos, quem são.

Acho que compliquei mais ainda, mas em suma é isso. Você nasceu com uma carga emocional, com uma postura emocional frente às coisas e essa postura você não pode mudar, porque ela faz parte da sua missão, mas ao mesmo tempo precisa, sendo quem é, se libertar de quem é. Isso só acontece vivendo quem é sem rebelar-se contra isso. ‘Eu sou vaidosa. Sou, e daí? Vou viver externamente a vaidade, mas não vou deixar a minha vaidade me ferir. Não vou deixar a minha vaidade me levar para buscar fama. Não vou deixar a minha vaidade me levar para buscar o elogio’.

Acho que agora ficou mais claro o que quis dizer...

Conversando com um espiritualista - volume II

Entrega a Deus e livre arbítrio

Participante: o senhor prega que vivamos pedindo a Deus para sermos instrumentos da vontade Dele, ou seja, a entrega total a Deus. Onde entra o livre arbítrio nisso?

Livre arbítrio é livre opção. Onde entra nisso ai seu livre arbítrio na entrega total à Ele? Na opção por entregar-se a Deus.

Ninguém se entrega a Deus se não optar pela entrega a Ele. Nessa decisão é que entra o seu livre arbítrio.

No início de nossas conversas, uma pessoa me perguntou: ‘os espíritos mais elevados têm livre arbítrio’? Eu respondi: ‘eles têm o livre arbítrio e o utilizam para dizer Senhor fazei de mim instrumento de vossa vontade’. Eles utilizam o livre arbítrio para fazer a opção pela entrega total a Deus.

Conversando com um espiritualista - volume II

A vitória sobre o outro

Participante: a vitória obtida pelo processo mental sobre o outro não existe, não é mesmo?

Perfeito... A vitória que a mente alcança não existe... Na verdade, a vitória não é alcançada por vencer o outro materialmente falando, mas trata-se também de um pensamento: a ideia de ter vencido.

O que a mente quer de verdade é criar a ideia de ter vencido e não realmente vencer. Porque ela quer isso? Para justificar a sensação do gozo do prazer.

Tudo o que a mente faz é criar razões para que você viva o prazer. O que é isso? A sensação oriunda da satisfação de ter alcançado seus desejos. Todo pensamento, então, tem como ideia justificar esta sensação. Ela, no entanto, é o oposto do amor proposto por Cristo.

O amor ensinado pelo mestre tem como fundamento o nós; o prazer tem o individualismo. Quem ama se satisfaz quando alguém alcança; quem tem prazer só se satisfaz quando ele alcança.

O prazer é o mal que o Espírito da Verdade afirma ser uma das opções do ser encarnado na pergunta 851 de O Livro dos Espíritos. O amor ensinado por Cristo é o bem, a outra opção disponível para o espírito a cada momento da existência humana.

Disse que a intencionalidade primária da mente é ganhar, mas isso não é real. Na verdade a mente só quer ganhar para poder tentar o ser humanizado a optar pelo prazer ao invés de escolher o amor. Esta é na verdade a intencionalidade primária da mente.

A vitória que ela cria não é real e nem a derrota. Tudo o que a mente cria tem como intencionalidade gerar uma razão para que o ser humanizado opte pelo prazer ou pela dor, que são as duas expressões do mal.

É por isso que a derrota sofrida pela mente também não é real. Quando você vê uma coisa fora do lugar a sensação que a mente cria é de que você foi derrotado: ‘quantas vezes eu já não falei que isso não é para estar aqui’? Esta ideia traz a sensação da derrota, da atividade sem resultados... Com isso ela lhe dá uma razão lógica para sofrer, mas você não precisa fazer isso. Sempre há disponível a opção pelo amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Conversando com um espiritualista - volume II

Moral e ética

Participante: o que me pode falar sobre moral e ética.

O que posso lhe dizer sobre o assunto é que existem dois códigos de moral e ética: o humano, a moral e ética do mundo mais denso, e o espiritual.

Sobre o código de moral e ética desse mundo, eu não posso falar. Vocês podem falar melhor que eu, porque não vivo nesse mundo. Sobre a moral e ética do mundo espiritual, posso dize que ela se consiste em amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si memo.

Quando você ama a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, não importa o que esteja fazendo, está seguindo o código de ética e moral do universo. Quem ama aquilo que está vivendo acima de tudo e ama a si mesmo acima do próximo, não importa o que esteja fazendo, está ética e moralmente ligado ao mundo humano, que é egoísta por natureza, e por isso está sendo amoral para o mundo espiritual.

Conversando com um espiritualista - volume II

Culpa pelo que é pensado

Participante: se o pensamento chega até nós, que culpa temos de querer derrotar os outros?

Desculpe-me, mas ao falar da característica primária dos pensamentos humanos não falei em culpa. Nem você nem ninguém são culpados por eles estarem vinculados ao interesse de derrotar alguém ou alguma coisa para poder viver o prazer, a fama e o ato de ser elogiado. Minha intenção neste momento é outra...

O que quero com a transmissão desta informação é chocar vocês. Quando mostro que mesmo pensamentos ditos como benevolentes, caridosos ou sublimes não podem ser considerados desta forma porque não objetivam ajudar ninguém, mas vencê-lo, o que estou tentando fazer é levá-los à realidade. Isso é necessário para que vocês despertem do sonho de que existe neste mundo algo puro...

Vocês são espíritos numa situação especial: vivendo provas. Vocês não estão em casa tranquilamente deitados em seus sofás assistindo televisão; estão em provação. Esta se caracteriza em optar pelo bem e pelo mal. O bem não existe no mundo humano, pois tudo que aqui está é a opção do mal, já que é fruto de um egoísmo. O bem está no mundo espiritual que é a outra opção que podem fazer ao invés de optarem pelas emoções humanas.

Como entender isso sem a consciência de que as realidades criadas pela mente são fundamentadas pelo egoísmo, pela intenção de vencer? Se a opção bem é o amar, a opção mal tem que ser o vencer.

Que todo ser humano defende seus interesses vocês já sabem pela própria vivência de seus pensamentos. Sabem muito bem que só amam quem lhes ama, só gostam de quem lhes gosta, que só querem que vença quem vocês acham que devem vencer. Isso vocês sabem, mas não sabiam que isso era vivenciado com a intenção de ganhar. Por isso é importante se deixar bem claro este aspecto.

Acho que é a ideia de derrotar os outros que a está perturbando, mas, desculpe, ela precisa ser abordada. Se não for, vocês vão continuar acreditando nas razões que a mente cria e continuarão apenas tendo prazer.

Eu preciso abordar esta questão para lhe provocar um choque. Preciso levá-los a conhecer bem a origem da razão que fundamenta os pensamentos, mesmo que isso seja chocante para vocês, porque sem isso jamais lutarão contra a realidade criada pela mente. Por isso muitas vezes durante a sua provação estarão optando pelo mal acreditando que estão optando pelo bem.

Sem entender profundamente a questão da origem dos pensamentos continuará achando Gandhi um ídolo, um pacifista e Hitler um assassino, um monstro. Qual a diferença entre os dois? Eles foram movidos pelo mesmo objetivo: o nacionalismo, o desejo de libertar seu povo do jugo estrangeiro. É esta natureza animal que impeliu tanto um quanto o outro. Eles, portanto, foram movidos pela mesma intencionalidade e por isso não possuem diferenças.

Não compreendendo o que está por trás da razão humana (vencer o outro para poder gozar o prazer) você com certeza ainda vai achar muito certo e bonito ensinar aos outros onde devem ser colocadas as coisas. Somente quando entender que o que o move naquele momento não é a coisa estar no lugar certo, apesar da mente dizer que é isso que está fazendo, mas que o que objetiva realmente é vencer o outro para poder ganhar o prazer de ver a coisa onde você quer que ela esteja, o reconhecimento e o elogio por ser uma pessoa organizada, poderá lutar contra o pensamento que afirma que é preciso ter ordem nas coisas.

Você não tem culpa por querer as coisas em determinados lugares. Quem cria essa idéia é a mente e não você. Agora, quando você acha que isso é certo, que a outra pessoa tem que fazer o que quer que seja feito, não consegue vencer sua prova, pois não o está amando já que não está dando a ele o direito que quer para você: escolher onde colocar aquela coisa.

Daqui a pouco você vai entender melhor o que estou dizendo, mas por enquanto lhe afirmo que o lugar que você acha que as coisas devem estar não é real. O lugar de cada coisa é o que ela está. É a sua mente, ou seja, o seu pensamento que cria lugares certos para as coisas – e repare que estes lugares são sempre diferentes daquele que acredita quem convive diariamente com você – para poder agir reclamando de onde as coisas estão para assim gerar uma vitória. Se você não conhece a origem da sua razão vai achar que dizer ao outro onde as coisas devem estar é ser bom, mas isso é irreal. Querer ensinar aos outros é buscar o reconhecimento e o elogio.

O pensamento que determina qual o lugar certo para qualquer coisa é sempre gerado com a intenção de se obter uma vitória sobre outra pessoa e nada tem a ver com organização. Tanto é assim, que se a pessoa começar a colocar onde acha que deve estar, você muda o lugar daquilo. Isso porque a mente não tem a intenção que a coisa esteja num lugar, mas obter uma vitória: ver o outro colocar onde você quer. Essa é a intencionalidade real daquele pensamento.

O que estou querendo mostrar é esta realidade e não culpar alguém. Não estou chamando ninguém de culpado, mas mostrando a vida como ela é para acordarem do sonho que são bons, que querem manter as coisas arrumadas. Na realidade não existe nenhuma bondade em querer manter as coisas arrumadas, mas sim uma intencionalidade egoísta que quer vencer os outros.

Conversando com um espiritualista - volume II

Mental dos animais

Participante: gostaria de saber se todos os animais tem um mental, personalidade ou ego e se tem alguma classificação de nível, como por exemplo: mamífero, animal doméstico, etc.

Não há separação no reino animal.

Todos os animais possuem um mental, mas não um animal inteligente no sentido de usar uma inteligência, um raciocínio, uma razão. Eles possuem um mental que funciona à base do instinto.

Qual a diferença entre um e outro? No racional, na razão, se julga e analisa as coisas de acordo com verdades preconcebidas. No instinto, se reage com costumes, hábitos.

Conversando com um espiritualista - volume II

Momento atual do planeta

Participante: gostaria que comentasse sobre os momentos atuais, a espera (expectativa de que algo está ocorrendo ou vai ocorrer em breve) que, consciente ou inconscientemente abarca toda a humanidade e o suicídio como uma forma de adiantar essa saída da ilusão.

São duas perguntas numa só.

No momento atual está se vivendo a expectativa de mudança. Isso é uma prova. Mas, também é uma relembrança, ou seja, esta ideia está lhe lembrando que existe algo além do mundo humano. Se você se apega apenas à questão humana, abre mão dessa expectativa; conscientizando-se de que há algo além da matéria e que ele é importante para você, tem aí a oportunidade de fazer a sua reforma.

Seria isso que poderia falar agora sobre o assunto: o momento atual é como um toque para ver como você vai continuar vivendo.

Sobre a questão do suicídio, diria como diz o Espírito da Verdade: só os suicidas conscientes são responsáveis pela morte por suicídio. Aqueles que se matam para acabar com a vida, para antecipar a chegada do mundo espiritual em si, são responsáveis pela sua morte, ou melhor, responsáveis pela intenção de morrer.

A morte em si, ou seja, o ato de se matar, não gera responsabilidade alguma para o ser. Isso porque como está em O Livro dos Espíritos, Deus sabe a hora e o gênero da morte de cada um. Sendo assim, o ato de se suicidar é uma coisa prevista por Deus e o suicídio, como gênero dessa morte também o é. Por isso, este acontecimento faz parte da provação do ser e não uma ação deliberada desse.

Agora, a intenção de sair desse mundo, a intenção de unir-se ao mundo espiritual antecipadamente será julgada. Aliás Cristo ensinou: Deus julga as intenções de cada um. Por esse intenção, o espírito gerará para si um carma e não pelo ato que praticou. Já aqueles que não tem a intenção de se matar, mas apenas se afastar dos problemas carnais, não ferem lei alguma nem no ato nem na intencionalidade.

Conversando com um espiritualista - volume II

Causa Primária e as escolhas do espírito

Participante: se Deus é Causa Primária de todas as coisas, segue-se que Ele também é a causa de todas as nossas escolhas? Sendo assim, como fica o mérito do espírito? Refiro-me justamente às escolhas sentimentais, que você nos ensina que é a única escolha possível.

Com relação à escolha sentimental do ser, Deus não é a Causa Primária. Como está na pergunta sobre fatalidade, fatal é aquilo que acontece no mundo humano, nas ações, mas vivendo-as o espírito é livre para optar entre o bem e o mal. Sendo assim, a escolha sentimental do espírito não é causada pela Causa Primária.

Só isso já bastaria como resposta, mas há algo que quero ressaltar. Apesar de não ser causada por Deus, a sua escolha sentimental é conhecida por deus.

Deus é como um pai que apesar de não decidir pelo filho, sabe como ele decidirá. Ele conhece tão profundamente, por isso é Onisciente, tudo o que existe, que sabe como cada ser vai escolher. Isso não quer dizer que Ele escolha pelo ser, mas que sabe o que o ser escolherá e não erra jamais neste ponto.

Completando, então a sua resposta, lhe digo que a escolha sentimental do espírito não é gerada por Deus, mas conhecida por Ele.

Conversando com um espiritualista - volume II

O vazio e a felicidade

Participante: porque é que mesmo deixando de acreditar no sistema humano de vida e vivendo com uma visão espiritualista da vida, eu ainda não sinto, ou nós ainda não sentimos, a felicidade prometida pelos mestres? Ao contrário, o vazio em que mergulhamos só tem, no fundo, gerado um sentimento de melancolia, Poderia comentar a respeito?

Primeiro detalhe: você sabe que deixou de acreditar no mundo humano? Se sabe, não deixou de acreditar neste mundo. Falo isso porque quem está dizendo que você está livre do mundo humano é a mente, o próprio mundo humano. Então, você não deixou de acreditar: apenas tem a ideia de ter deixado de acreditar.

Segundo detalhe: se você ainda sabe que está vivendo melancolia e vazio, ainda está preso ao mundo humano. Acreditando que está vivendo qualquer coisa conscientemente, você está preso ao mundo humano, pois está vivendo o que a sua mente cria. Estando preso ao mundo humano, como quer, então, viver a felicidade do espírito?

A felicidade que você quer sentir conscientemente é impossível de ser detectada pela percepção racional. Se isso acontecer, ou seja, se a mente lhe der a consciência de estar sendo feliz, ela é humana, pois é uma ideia humana.

A felicidade que os mestres tem ensinado tem que ser inconsciente, ou seja, não percebida pela razão. Se ela chegar ao consciente, não será mais a felicidade ensinada pelos mestres. Será algo humano, gerado por uma mente humana, e não o que os mestres prometeram.

Portanto, repare que é a mente que está lhe dizendo que você está livre e que o resultado dessa liberdade é sentir-se melancólico e vazio. Como ainda não se separou dela, você se sente melancólico porque acha que está livre, quando não está.

Conversando com um espiritualista - volume II

O prazer e o medo do sofrimento

Participante: O medo do sofrimento e o desejo do prazer é algo inevitável para o ser humano? Se o ser humano aprendesse ou desenvolvesse uma indiferença ao prazer e um destemor ao sofrimento, estaria ele se aproximando da sua realidade de espírito?

O medo do sofrimento e o desejo do prazer são coisas humanas, são o próprio ser humano. Se este ser deixasse de ter estas coisas, deixaria de ser humano e seria um ser espiritual. Acontece que o ser humano jamais será espiritual, pois o espírito é o espírito e o ser humano é apenas a prova do espírito.

Portanto, o ser humano não pode deixar de ter estas coisas. Por isso, quando você me diz que se o ser humano deixasse de ter, você está criando uma condição impossível de ser alcançada, pois o ser humano não pode deixar de ser humano.

O que acontece é que você está querendo julgar através da mente o seu comportamento. Está querendo conhecer racionalmente o que você que está fazendo espiritualmente. Impossível. Você está querendo conhecer através da mente o que o espírito está fazendo. Impossível. O que está acontecendo é que a sua mente está se apropriando dos meus ensinamentos ou dos mestres e está trabalhando a ideia que você está fazendo e você está acreditando nisso, quando na verdade é a mente que está fazendo alguma coisa.

Por isso, se ela lhe disser que você está agindo como espírito, responda apenas: não sei. Não saiba se abandonou alguma coisa, se está fazendo algo, se transformou-se em alguma coisa. Não saiba de nada. A única resposta que você tem que ter a qualquer coisa que a mente crie é não sei e isso lhe leva a nada saber e não a ter consciência não saber nada.

Na verdade, sua mente está trocando seis por meia dúzia, um saber por outro, e você continua sendo atacado por estes saberes e acha que passou a saber alguma coisa. Através da humanidade você jamais saberá o que acontece com você espírito.

Portanto, só diga não sei a tudo que a mente cria.

Conversando com um espiritualista - volume II

Lidando com a inveja

Participante: como lidar com a inveja? Mesmo sabendo que tudo é carma, eu já me peguei muitas vezes com inveja do carma de outras pessoas. Eu queria estar passando pela prova dela, por ser mais prazerosa. Ou seja, o conhecimento atual não parece ajudar muito nesse sentido. Eu apenas passei de um invejoso mais ignorante para um com conhecimentos espirituais. Poderia me orientar à respeito?

O que está acontecendo, como já falei antes, é que você está se deixando guiar pela mente achando que está fazendo alguma coisa. É ela que está tendo a inveja e não você. Você só passa a viver a inveja que a mente cria quando aceita que isso está acontecendo com você.

Portanto, volto a repetir o que tenho dito há quatorze anos: não saiba de nada, não compactue com nada que a mente crie.

Como lidar com a inveja? Amando a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Como acabar com o olho gordo? Amando a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Como acabar com raiva? Amando a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Como acabar com a angústia? Amando a Deus sobre todas as coisas e ao próximo com a si mesmo.

Só esse amor pode fazer alguma coisa por vocês em qualquer sentido.

Acontece que este amor só existe quando você não vive qualquer outra coisa. Portanto, quando souber que está amando ou quando souber que está vivendo qualquer coisa conscientemente, saiba que ainda não está amando a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Conversando com um espiritualista - volume II

Quem sonha?

Participante: quem sonha é a mente ou espírito?

Quem sonha é a mente. O sonho é uma representação mental de algo que o espírito viveu enquanto a mente estava no inconsciente.

Quem sonha é a mente e não o espírito. O espírito não sonha porque para sonhar teria que dormir, estar inconsciente, e o espírito jamais fica inconsciente.

 O que você chama de sonho é a vida do espírito, mas o que é vivido pelo espírito não é aquilo que é lembrado como sonho. Aquilo que é lembrado como sonho é uma representação material do que o espírito viveu. Vou dar um exemplo para ficar mais claro.

Há uma pessoa no nosso grupo que cada vez que sonha com a mãe isso representa que esse espírito foi trabalhar o ‘eu velho’ dela. Cada vez que essa mesma pessoa sonha com criança, quer dizer que foi trabalhar o ‘eu novo’ dela. Portanto, a história que está acontecendo no sonho mostrando um envolvimento dela com crianças ou com a mãe não tem nada a ver com estes elementos, mas com o ‘eu novo’ e com o ‘eu velho’ dela.

Conversando com um espiritualista - volume II

O espírito e a divindade

Participante: há muitas questões em O Livro dos Espíritos que eu ainda considero conflitantes com as ideias da doutrina que nos ensinastes. Embora já tenha aceitado pelo coração as novas ideias, ainda é incômodo conciliar totalmente o ecumenismo com a Doutrina Espírita. Aí vai uma: na pergunta 15 a resposta do Espírito da Verdade parece ir contra a ideia de que tudo é uno no Universo. Se Deus é tudo e tudo é Deus, conforme você nos ensina, como separar o Criador da criatura?

“15. Que se deve pensar da opinião segundo a qual todos os corpos da Natureza, todos os seres, todas os globos do Universo seriam partes da Divindade e constituiriam, em conjunto, a própria Divindade, ou, por outra, que se deve pensar da doutrina panteísta? Não podendo fazer-se Deus, o homem quer ao menos ser uma parte de Deus”.

É muito fácil separar o Criador da criatura. Para isso, primeiro preciso precisamos entender um ensinamento de Krishna.

Este mestre ensina que existem três deuses.

Existe o Deus ser, o espírito. Este é o primeiro e mais fácil de ser compreendido por vocês, pois é a ideia que convivem sobre Deus.

O segundo é o Deus emanado. Quem é este? São as coisas: o ser humano, o computador, o gato, a folha, o fruto, o sol, etc. Tudo o que existe é Deus emanado porque surge a partir da ação da Causa Primária. Nada existe porque quer existir ou decidiu existir. Tudo só existe porque foi causado por Deus para existir. Então, é Deus emanado.

O terceiro Deus são as emanações de Deus. É o que o ser humano faz, o que o computador internet faz, é o que o gato faz, a folha, a árvore, o sol e os demais elementos que existem fazem. Em O Livro dos Espíritos é ensinado que tudo é causado por Deus. Tudo possui uma Causa Primária que gera a ação de cada coisa. Sendo assim, todas as ações de todas as coisas são emanações de Deus, são o próprio Deus.

Portanto, com a aplicação deste ensinamento de Krishna você pode ver o Criador e a criatura sendo a mesma coisa. Tudo que existe é o próprio Deus, porque é obra de Deus, surge do faça-se de Deus, do instrumento que Ele utiliza para gerar a causa primária.

Mas, você pode me perguntar: até o espírito surge desse faça-se? Até o espírito é uma emanação de Deus? Eu respondo que sim.

Eu já tinha dito no estudo de O Livro dos Espíritos que o espírito não é obra de Deus. Obrar alguma coisa é construir. Para se construir alguma coisa é preciso usar alguns elementos. Deus não usa nada para construir o espírito, por isso o ser universal não pode ser obra de Deus.

Na verdade, Deus é como uma mãe: dá a luz. O espírito é gerado por Deus e não criado. O ser universal sai de dentro Dele. Uso o termo sair não no sentido de ir para fora, mas sim no sentido aparecer... Sendo assim, até o próprio espírito é um Deus emanado.

Aí você poderia me dizer: mas, pela questão 15 de O Livro dos Espíritos nota-se que o Espírito da verdade é contrário a esta teoria. Ele é contrário à ideia de que o espírito é uma partícula de Deus. Não, não é contrário a esta ideia.

Observe bem a resposta que o Espírito da verdade dá e verá que ele não é contrário à ideia de que o espírito é uma partícula de deus. O que ele é contrário é à ideia do sair de Deus e voltar. Nesse aspecto ele é contrário. Agora, dizer que é contrário a que haja uma partícula que é emanada por Deus, isso não está na resposta.

Então, quando digo que Deus é tudo e tudo é Deus e que o Universo é uno, estou dizendo que tudo se origina primariamente em Deus e sem que ele faça algo existir, nada existiria. Portanto, não há nenhum desacordo entre o que eu falo e o que o Espírito da Verdade ensina.

Conversando com um espiritualista - volume II

O ego e as escolhas racionais

Participante: há muitas questões em O Livro dos Espíritos que eu ainda considero conflitantes com as ideias da doutrina que nos ensinastes. Embora já tenha aceitado pelo coração as novas ideias, ainda é incômodo conciliar totalmente o ecumenismo com a Doutrina Espírita. Aí vai uma: na pergunta 75a se diz que a razão dá ao homem o livre arbítrio, ou seja, o homem pode fazer escolhas racionais. Nesse caso, onde cabe a função do ego?

“75. É acertado dizer-se que as faculdades intelectuais instintivas diminuem à medida que crescem as intelectuais? Não; o instinto existe sempre, mas o homem o despreza. O instinto também pode conduzir ao bem. Ele quase sempre nos guia e algumas vezes com mais segurança do que a razão. Nunca se transvia”.

“75a. Por que nem sempre é guia infalível a razão? Seria infalível, se não fosse falseada pela má educação, pelo orgulho e pelo egoísmo. O instinto não raciocina; a razão permite a escolha e dá ao homem o livre arbítrio”.

Essa pergunta é interessante...

Há um detalhe que quero lhe mostrar e peço que preste atenção nele, pois é aplicado a O Livro dos Espíritos como um todo. Neste livro por inteiro Kardec utiliza diversos nomes para nomear algumas coisas. Hora ele fala em espírito com ‘e’ minúsculo e em outras com maiúsculo, fala em ser humano e em homem. Vocês podem até imaginar que está sendo falado sobre a mesma coisa, mas isso não é real.

Se o codificador distingue as coisas, elas não podem ser as mesmas. Existe, portanto, um espírito, que ele distingue com ‘e’ minúsculo, outro que aborda com ‘e’ maiúsculo, existe o homem e o ser humano, como elementos distintos na abordagem de O Livro dos Espírito.

Por isso posso dizer que para O Livro dos Espíritos o espírito não é o ser humano. Se estes dois elementos fossem a mesma coisa na visão de Kardec, ele não precisaria distinguir um do outro.

Sendo assim, nesta pergunta quando é dito que um homem raciocina, não é dito que o espírito raciocina, mas sim o homem. É a partir desse aspecto que vou lhe responder sobre a função do ego.

Onde está o ego? No homem. O ego é o homem, é a personalidade humana que o espírito se liga para viver uma encarnação.

Outra questão: O ego raciocina? Para responder a esta questão tenho que lhe perguntar: o que é um raciocínio? Raciocinar é avaliar diversas possibilidades e diversos aspectos de um assunto para chegar a uma conclusão. O ego não faz isso? Faz...

Então, a resposta do Espírito da Verdade está perfeita e em nada se contradiz ao que ensinamos: o homem, que é o ego, raciocina, possui uma razão. Só que para poder descobrir a semelhança entre o que ensinamos e o que está na resposta de O Livro dos Espírito há mais um aspecto que você precisa se atentar.

Na resposta não é dito que o ego raciocina por conta própria, mas apenas que ele raciocina. Portanto, esse raciocínio, por conta do que já foi mostrado na pergunta 1 deste mesmo livro, se submete à Causa Primária de todas as coisas. Não é isso que ensinamos?

Então, não vejo desacordo nenhum entre o que está nesta resposta e o que ensinamos. O ego é o homem; o homem raciocina, mas não livremente, mas sim por conta da Causa Primária. Só que preocupado com estes detalhes, você não se atentou ao mais importante desta questão: o que o Espírito da Verdade fala à respeito da razão...

Quando a mente vive o raciocinar gerado pela Causa Primária, o que ela cria é fundamentado na má educação, ou seja, em conceitos humanos, no egoísmo, ou seja, pensado a partir do eu e para que o eu ganhe, e no orgulho, ou seja, na ideia de se considerar melhor do que todos. Sei que você não se atentou neste detalhe, mas mais uma vez aí há a similitude entre o que eu falo e o que foi ensinado pelo Espírito da Verdade.

Dito tudo isso, só queria lhe fazer mais uma pergunta: quem foi que entendeu a minha resposta? Foi você ou o ego? Se me disser que foi o ego, eu lhe digo: cuidado! Ele ao concluir alguma coisa foi mal educado, orgulhoso e egoísta. Por isso não acredite nas conclusões que ele chegou ao ouvir a minha explicação...

Lembre-se: a razão não é guia infalível...

Conversando com um espiritualista - volume II

O movimento dos espíritos

Participante: há muitas questões em O Livro dos Espíritos que eu ainda considero conflitantes com as ideias da doutrina que nos ensinastes. Embora já tenha aceitado pelo coração as novas ideias, ainda é incômodo conciliar totalmente o ecumenismo com a Doutrina Espírita. Aí vai uma: a questão 87 leva a entender que o espírito ocupa o espaço e se movimenta no universo, ou seja, o espaço, sendo morada do espírito, não poderia ser uma ilusão (questão 89). Comente, por favor.

“87. Ocupam os Espíritos uma região determinada e circunscrita no espaço? Estão por toda parte. Povoam infinitamente os espaços infinitos. Tendes muitos deles de contínuo a vosso lado, observando-vos e sobre vós atuando, sem o perceberdes, pois que os Espíritos são uma das potências da natureza e os instrumentos de que Deus se serve para execução de seus desígnios providenciais. Nem todos, porém, vão a toda parte, por isso que há regiões interditas aos menos adiantados”.

“89. Os Espíritos gastam algum tempo para percorrer o espaço? Sim, mas fazem-no com a rapidez do pensamento”.

O que você quer que eu comente, pelo que entendi, é a questão do espírito se movimentar no espaço. Sim, o espírito se movimenta no espaço.

‘Mas, como Joaquim, você sempre disse que o espaço do universo é do tamanho de um ponto feito pela ponta de um lápis. Como ele pode se movimentar onde não há espaço’, você poderia me perguntar. Falo agora que o espírito pode se movimentar pelo espaço, apesar de já ter dito que no universo não existem espaços, porque este universo que está sendo abordado nesta questão, a natureza com ‘n’ minúsculo, é o ilusório. É o universo gerado para os espíritos que estão em provas e expiações.

Não é só vocês que estão encarnados que vivem uma ilusão. Há espíritos mais avançados do que vocês que também vivem a ilusão. Só quando o ser alcança determinada proximidade de Deus pode, então, sair das ilusões que vive.

Então, sim, o espírito se movimenta no universo, mas a própria movimentação, além do espaço que ele percorre no universo, é uma ilusão, porque o universo que vivem é ilusório.

Como disse outro dia para uma pessoa, a ilusão é ilusória, mas para aquele que a está vivendo é realidade. Krishna ensinou que o real nunca deixa de existir e a ilusão jamais existiu. Ela não existe dentro da realidade, mas existe na realidade como algo ilusório. A ilusão de existir.

Sendo assim, se todos têm a ilusão de existir espaço, têm a ilusão de se movimentar neste espaço ilusório.

Conversando com um espiritualista - volume II

Punição

Participante: há muitas questões em O Livro dos Espíritos que eu ainda considero conflitantes com as ideias da doutrina que nos ensinastes. Embora já tenha aceitado pelo coração as novas ideias, ainda é incômodo conciliar totalmente o ecumenismo com a Doutrina Espírita. Aí vai uma: creio que na pergunta 224b deve haver um pro9blema de palavras. Segundo a questão, Deus pode impor uma encarnação para punir um espírito, em certos casos. Existe punição ou não?

“224. Que é a alma no intervalo das encarnações? Espírito errante, que aspira a novo destino, que espera”.

“224a. Quanto podem durar esses intervalos? Desde algumas horas até alguns milhares de séculos. Propriamente falando, não há extremo limite estabelecido para o estado de erraticidade, que pode prolongar-se muitíssimo, mas que nunca é perpétuo. Cedo ou tarde, o Espírito terá que volver a uma existência apropriada a purifica-lo das máculas de suas existências precedentes”.

“224b. Essa depuração depende da vontade do Espírito, ou lhe pode ser imposta como expiação? É uma consequência do livre arbítrio. Os Espíritos sabem perfeitamente o que fazem. Mas, também, para alguns, constitui uma punição que Deus lhes inflige. Outros pedem que ela se prolongue, a fim de continuarem estudos que só na condição de Espírito livre podem efetuar-se com proveito”.

Não existe punição. Esta informação está bem clara na questão 258a, quando se fala da escolha das provas.

“258a. Não é Deus, então, quem lhe impõe as tribulações da vida, como castigo? Nada ocorre sem a permissão de Deus, porquanto foi Deus quem estabeleceu todas as leis que regem o Universo. Ide agora perguntar porque decretou ele esta lei e não aquela. Dando ao Espírito a liberdade de escolher, Deus lhe deixa a inteira responsabilidade de seus atos e das consequências que estes tiverem”...

Deus não impõe nada a ninguém. Deixa a cada um a responsabilidade sobre si mesmo...

Com isso, acho que lhe respondi, mas, apesar disso, querendo falar de mais um detalhe. No livro Memória Póstumas, Kardec conta que quando escrevia O Livro dos Espíritos, por muitas vezes ouviu batidas nas paredes. Um dia ele perguntou aos espíritos porque isso ocorria e eles responderam: ‘estamos chamando sua atenção porque estão sendo escritas algumas coisas que não estão como transmitimos. Por isso, quando batermos preste atenção no que você está escrevendo...’

Falo isso não para denegrir Kardec, mas para nos lembrarmos que ele não era nenhum santo, não era nada demais, mas apenas a máquina de escrever dos espíritos. Ele foi o codificador, só isso. Ele apenas codificou. Sendo assim, seria, dentro da visão humana, passível de erro.

‘Ah, Joaquim, você sempre disse que não há erro e agora vem dizendo que Kardec pode ter errado’, você me diria. Continuo afirmando: não existem erros...

Todas as questões devem estar dentro de uma ideia central. A ideia central, no caso que você levantou, é que Deus não dá punição a ninguém. Isso está espalhado por todo O Livro dos Espíritos. Apesar disso, de repente numa questão aparece a palavra punição. Porque isso acontece? Para ver se você cai na pegadinha e se sente punido por Deus ao invés de ser sentir-se amado...

Por isso disse que humanamente parece que há um erro. Aparentemente colocar a palavra punição nesta resposta está errado, mas se você entender a intenção de usá-la neste momento, o erro acaba.

Portanto, o que foi escrito não se tratou de um erro, mas um aparente erro colocado de forma proposital para gerar mais uma prova para vocês que estão encarnados. É assim que de prova em prova vocês vão fazendo a sua provação total.

Conversando com um espiritualista - volume II

O que se quer

Participante: há muitas questões em O Livro dos Espíritos que eu ainda considero conflitantes com as ideias da doutrina que nos ensinastes. Embora já tenha aceitado pelo coração as novas ideias, ainda é incômodo conciliar totalmente o ecumenismo com a Doutrina Espírita. Aí vai uma: segundo a questão 632, a fórmula de se distinguir o bem do mal sem se enganar é fazer para o outro o que quer para si. Mas, se o querer vem do ego, certamente que essa distinção será um engano. Por exemplo: o ego humano não quer morrer e, por isso, ele julga ser um mal matar o próximo. Mas, você diz que essa verdade é ilusória. Assim, ficamos sem saber como distinguir o bem do mal. Comente, por favor...

“632. Estando sujeito ao erro, não pode o homem enganar-se na apreciação do bem e do mal e crer que pratica o bem quando na realidade pratica o mal? Jesus disse: vede o que queríeis que vos fizessem ou não vos fizessem. Tudo se resume nisso. Não vos enganareis”.

 Primeiro comentário: novamente a questão de palavras. O ensinamento do Espírito da Verdade que você cita fala do homem. Portanto, dirige-se ao ego e não ao espírito...

O que está nesta questão é uma orientação para ego e não para espírito. O homem deveria julgar como agir frente ao próximo a partir desta determinação do mestre. Mas, é assim que o ego vive? O ego consegue abrir mão de coisas essenciais para ele em favor de outro? Não.

Junte a forma de viver do ego e este ensinamento e você terá um forte instrumento para a sua elevação. Para isso, você, espírito, precisa analisar se o pensamento que está tendo num momento está colocando em prática o ensinamento do mestre ou não.

Só um detalhe: é você que precisa analisar o que o ego diz, não o pensamento se auto analisar, não o homem, o ego. É você que precisa verificar se o pensamento está de acordo com o ensinamento. Aí é que vem o grande problema...

Você sabe deste ensinamento, mas quando o seu ego cobra de outro para que você ganhe, não fala nada, não se contrapõe ao que é pensado. Segue o que é dito pela mente como se fosse verdade ou realidade.

Voltando à questão que você levantou, repito o primeiro comentário que fiz: preste atenção nas palavras. As questões de O Livro dos Espíritos foram formuladas por palavras e por isso elas dão direcionamento ao que é ensinado.

O ensinamento desta questão é dado ao homem, ao ego, à personalidade humana e serve para você, espírito, avaliar enquanto o homem que acha que é você, o ego, não põe em prática o que o mestre ensinou. Ou melhor: só coloca quando aquilo lhe interessa, quando aquilo lhe traz o bem. É só isso...

Segundo comentário que quero fazer sobre o que me perguntou. Na sua pergunta, você diz que continua caminhando sem saber como distinguir o bem do mal. Dê graças a Deus por isso...

Sabe porque você está ligado a um homem, a uma personalidade humana, a um ego? Porque quis ser como Deus e ter os seus olhos abertos e com isso ter a capacidade de distinguir o bem do mal. O pecado original, o fruto da árvore proibida, a maçã que a Eva e o Adão comeram... Isso está no livro Gênesis da Bíblia.

Portanto, ao invés de lamentar que não consegue distinguir o bem do mal, abra mão deste ilusório poder. Isso porque quem tem a vontade de ter esse poder está afastado de Deus.

Conversando com um espiritualista - volume II

O livre arbítrio do homem

Participante: há muitas questões em O Livro dos Espíritos que eu ainda considero conflitantes com as ideias da doutrina que nos ensinastes. Embora já tenha aceitado pelo coração as novas ideias, ainda é incômodo conciliar totalmente o ecumenismo com a Doutrina Espírita. Aí vai uma: se o pensamento dá ao homem o livre arbítrio e a liberdade de agir, como está na questão 843 de O Livro dos Espíritos, onde entra a função do ego e a ideia de que tudo é feito por Deus?

“843. Tem o homem o livre arbítrio de seus atos? Pois que tem a liberdade de pensar, tem igualmente a de obrar. Sem o livre arbítrio, o homem seria máquina”.

Homem, não o espírito. Aqui se fala do homem e não do espírito...

O homem tem o livre arbítrio de agir? Tem. O homem, o ser humano, tem a ideia de que tem a liberdade de agir. Tanto assim que ele acha que só age quando quer agir, que só faz o que quer fazer.

Não é isso que sua mente diz? Não é assim que o homem que imagina ser pensa? Então, enquanto homem, você tem o livre arbítrio de agir.

Esta ideia é ilusória? É, pois, como quando falamos do raciocínio, da razão, tudo é causado pela Causa Primária, já que na pergunta 1 deste mesmo livro se diz isso. Sendo assim, o homem tem o livre arbítrio, a liberdade de agir, mas esta liberdade é ilusória. O homem acha que está agindo por conta própria, mas está apenas fazendo o que a Causa Primária criou.

Então, ele tem sim. O homem, a identidade humana, não você o espírito.

Você, o espírito, aquele que sabe que o homem é apenas um instrumento da sua prova, sabe que a personalidade humana precisa agir de acordo com o que a Causa Primária lhe faz agir. Isso porque você sabe que é um espírito que não nasceu, mas que está encarnado; porque sabe que está vivendo provações e não vivo.

Separe o mundo. Já disse diversas vezes e vou continuar falando sempre a mesma coisa: enquanto vocês não assumirem uma dupla personalidade, você e você mesmo, o você ser humano que imagina ser e você mesmo, o espírito que é, não farão nada no sentido de aproximarem-se de Deus. Irão viver uma salada mista onde hora serão homens, hora serão espíritos. Neste caso, continuarão perdidos...

Conversando com um espiritualista - volume II

Alterar acontecimentos

Participante: há muitas questões em O Livro dos Espíritos que eu ainda considero conflitantes com as ideias da doutrina que nos ensinastes. Embora já tenha aceitado pelo coração as novas ideias, ainda é incômodo conciliar totalmente o ecumenismo com a Doutrina Espírita. Aí vai uma: segundo a pergunta 859a de O Livro dos Espíritos, um acontecimento que ocorreu poderia não ter ocorrido se outro tivesse sido o ato praticado pela livre vontade. Comente, por favor...

“859. Com todos os acidentes, que nos sobrevêm no curso da vida, se dá o mesmo que com a morte, que não pode ser evitada, quando tem que ocorrer? São de ordinário coisas muito insignificantes, de sorte que vos podemos prevenir deles e fazer que os eviteis algumas vezes, dirigindo o vosso pensamento, pois nos desagradam os sofrimentos materiais. Isso, porém, nenhuma importância tem na vida que escolhestes. A fatalidade, verdadeiramente, só existe quanto ao momento em que deveis aparecer e desaparecer deste mundo”.

“859a. Haverá fatos que forçosamente devam dar-se e que os Espíritos não possam conjurar, embora o queiram? Há, mas que tu viste e pressentiste quando, no estado de Espírito, fizeste a tua escolha. Não creias, entretanto, que tudo o que sucede esteja escrito, como costumam dizer. Um acontecimento qualquer pode ser a consequência de um ato que praticaste por tua livre vontade, de tal sorte que, se não o houvesses praticado, o acontecimento não se teria dado. Imagina que queimas o dedo. Isso nada mais é senão o resultado da tua imprudência e efeito da matéria. Só as grandes dores, os fatos importantes e capazes de influir no moral, Deus prevê, porque são úteis à tua depuração e à tua instrução”.

Mais uma vez estamos diante de problemas com palavras. O problema sempre é palavra...

Ao longo das duas questões usadas nesta sua pergunta, o Espírito da Verdade dirige-se a um tu, que é você. Só que ele é bem claro: o tu quer está no estado de Espírito... Portanto, ele não está se referindo ao homem e sim ao Espírito; não está se referindo ao que a personalidade humana fez, mas sim ao que você, Espírito, fez.

Observado este aspecto, pergunto: alguns atos ou acontecimentos humanos poderiam ser diferente do que aconteceram? Eu mesmo respondo: Sim. Só que os atos poderiam ser diferente não na forma, mas na vivência.

Falo isso porque o Espírito da Verdade está se dirigindo ao Espírito. Este ser não possui braços, pernas ou corpo para agir. Sua ação é sentimental. Por isso afirmo: a vivência, a ação do espírito, o sentimento que o ser escolhe para vivenciar algum acontecimento, pode ser diferente, mas o ato não.

Vou dar um exemplo para ficar claro o que pode ser mudado. Se durante um acontecimento humano alguém rouba o dinheiro do seu bolso, este acontecimento pode ser uma desgraça, uma coisa ruim, um acontecimento não muito agradável. Pode, ainda, ser apenas um acontecimento ou pode até ser encarado com a consciência de ter recebido uma oportunidade de elevação.

Repare como o mesmo acontecimento pode ser vivenciado de formas diferentes. Esta vivência é gerada pela mente. Quando isso acontece, o ser humanizado tem, então, a oportunidade de escolher como vivenciar o que está acontecendo. Portanto, você poderia vivenciar este ato tendo qualquer uma das vivências que citei.

Acontece que não existe apenas uma vivência pré-programada. Há sempre muitas vivências disponíveis para cada acontecimento da vida, mas só uma delas será vivida. O que vai decidir qual vivência a sua mente usará na hora que for assaltado? Aquilo que ‘tu, em estado de Espírito’, fez antes. O que determina a vivência que a mente gerará num determinado momento é o que ‘tu, em estado de Espírito’, fez em momentos anteriores.

Ou seja, anteriormente você teve uma prova de despojamento, de despossuir. Nela, em estado de Espírito, reagiu de uma forma. Com isso gerou um carma, ou seja, uma consequência perfeita do que fez. Esta consequência do que fez é o que vai determinar agora como vai vivenciar o roubo.

Então veja, não há discussão. Não há diferenças entre o que eu falo e o que foi dito pelo Espírito da Verdade. A diferença está em você, na sua mente, que ainda acha que a personalidade humana é você, o Espírito, que ainda acha que aquilo que sua razão pensa é aquilo que você, em estado de Espírito, está pensando...

Volto a dizer. Comece a trabalhar a existência de duas personalidades numa só. Se não trabalhar a dupla personalidade não conseguirá entender o que os mestres ensinaram e o que eu e outros enviados mostramos.

Conversando com um espiritualista - volume II

O que pode ser alterado na vida

Participante: há muitas questões em O Livro dos Espíritos que eu ainda considero conflitantes com as ideias da doutrina que nos ensinastes. Embora já tenha aceitado pelo coração as novas ideias, ainda é incômodo conciliar totalmente o ecumenismo com a Doutrina Espírita. Aí vai uma: segundo a questão 860, o homem tem, pelo livre arbítrio, o poder de alterar o rumo de certos acontecimentos. Comente, por favor...

“860. Pode o homem, pela sua vontade e por seus atos, fazer que se não deem acontecimentos que deveriam verificar-se e reciprocamente? Pode-o, se essa aparente mudança na ordem dos fatos tiver cabimento na sequência da vida que ele escolheu. Acresce que, para fazer o bem, como lhe cumpre, pois que isso constitui o objetivo único da vida, facultado lhe é impedir o mal, sobretudo aquele que possa concorrer para a produção de um mal maior.”

Não, ele não tem e isso está bem claro na resposta do Espírito da Verdade: pode, se isso não alterar a sequência da vida que ele escolheu, ou seja, a pré programação da vida. Portanto, é condição para que alguma coisa aconteça que o que for ocorrer esteja dentro do planejamento da vida. Se não estiver, não acontecerá. É isso que o Espírito da Verdade está dizendo.

Falo assim porque o mentor do espiritismo coloca isso bem no início da resposta. Como ele fez isso, todo o resto que for dito submete-se a esta ideia.

O homem, portanto, não pode alterar livremente os acontecimentos da vida. Mas, se acontecer alguma aparente mudança na vida a partir de uma determinada ação do homem? Seguindo o mesmo princípio que o Espírito da Verdade deixou bem claro, posso dizer que se algo mudar na vida isso não quer dizer que o homem mudou alguma coisa, mas que a pré programação era ocorrer esta mudança.

Volto a dizer: a compreensão que você tem sobre certos trechos de O Livro dos Espíritos está presa a ideia humana de ação. Por causa dessa ideia, quando vê o homem agindo de alguma forma e esta ação resulta em alguma coisa, você imagina que aquilo que aconteceu dependeu da ação humana.

Não, não dependeu. Afirmo isso porque o Espírito da Verdade deixou bem claro que tudo que acontecer deverá estar de acordo com o que foi programado para a vida. Se não estiver, não acontecerá. Se estiver, não aconteceu porque o homem agiu, mas sim porque estava programado para acontecer.

Conversando com um espiritualista - volume II

Assassino

Participante: há muitas questões em O Livro dos Espíritos que eu ainda considero conflitantes com as ideias da doutrina que nos ensinastes. Embora já tenha aceitado pelo coração as novas ideias, ainda é incômodo conciliar totalmente o ecumenismo com a Doutrina Espírita. Aí vai uma: segundo a questão 861, aquele que delibera sobre uma coisa é sempre livre para fazê-la ou não. Comente, por favor...

“861. Ao escolher a sua existência, o Espírito daquele que comete um assassínio sabia que viria a ser assassino? Não. Escolhendo uma vida de lutas, sabe que terá ensejo de matar um de seus semelhantes, mas não sabe se o fará, visto que ao crime precederá quase sempre, de sua parte, a deliberação de pratica-lo. Ora, aquele que delibera sobre uma coisa é sempre livre de fazê-la, ou não. Se soubesse previamente que, como homem, teria que cometer um crime, o Espírito estaria a isso predestinado. Ficai, porém, sabendo que ninguém há predestinado ao crime e que todo crime, como qualquer outro ato, resulta sempre da vontade e do livre arbítrio. Demais, sempre confundis duas coisas muito distintas: os sucessos materiais da vida e os atos da vida moral. A fatalidade, que algumas vezes há, só existe com relação àqueles sucesso materiais, cuja causa reside fora de vós e que independem da vossa vontade. Quanto aos atos da vida moral, esses emanam sempre do próprio homem que, por conseguinte, tem sempre a liberdade de escolher. No tocante, pois, a esses atos, nunca há fatalidade”.

Sua observação é perfeita: aquele que delibera sobre alguma coisa é sempre livre de fazê-la ou não. Isso está perfeito. Aliás, isso está na resposta do Espírito da Verdade. Só que ele diz mais: tudo é fruto do livre arbítrio. Estas informações estão muito claras na resposta da questão 861.

Agora, você sabe o que é livre arbítrio para o Espírito da Verdade?

“258. Quando na erraticidade, antes de começar nova existência corporal, tem o Espírito consciência e previsão do que lhe sucederá no ato da vida terrena? “Ele próprio escolhe o gênero de provas porque há de passar e nisso consiste o seu livre arbítrio?”

O espírito pede o gênero das provas e nisso se consiste o seu livre arbítrio. É isso que o Espírito da Verdade acredita como sendo o livre arbítrio do ser universal.

Voltando à sua pergunta e trazendo o valor de livre arbítrio que o Espírito da Verdade tem, posso dizer que o espírito deliberou o que queria para ele numa encarnação. Com isso, usou o seu livre arbítrio e escolheu o que queria par si. Exatamente, aliás, o que foi dito na resposta do Espírito da Verdade.

Só isso lhe responderia, mas preciso ir mais adiante porque se você ainda não compreendeu, só esta resposta não o satisfaria. Com relação à questão do assassinato, quero deixar uma coisa bem clara. Aliás, temos falado isso durante quatorze anos: só será instrumento do assassinato de quem precisa ser assassinado aquele que precisa e merece passar por isso.

Isso é o que venho falando e é o que você, através da sua pergunta, questiona. Mas, o que digo é exatamente o que está na resposta da pergunta 861.

Chegar ao ponto de ser um assassino é uma decorrência do livre arbítrio moral. O espírito por suas opções morais assume para si o risco de ser um assassino, de exercer o papel de um assassino. Não vejo diferença entre o que transmito e o que o Espírito da Verdade está dizendo nesta questão. Só existe diferença entre o que falo e o que é ensinado pelo Espírito da Verdade para aqueles que ainda acham que a morte pode ocorrer antes da hora que Deus sabia que ela ia ocorrer e de um modo diferente que Ele também conhecia.

Aqueles que acham que são capazes de ludibriar a morte, imaginam que o homem é capaz de deixar de matar. Mas, aqueles que sabem que Deus é a Causa Primária de todas as coisas, há a certeza de que mata e morre aquele que precisa matar e morrer daquela forma e que se torna instrumento dessa morte aquele que precisa e merece ser por escolhas morais anteriores, ou seja, não amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo em outros momentos. Esses podem se transformar em assassinos.

Acho que minha resposta ficou igual a dada pelo Espírito da Verdade. Volto a repetir: a questão é começar a compreender o que é um homem, um Espírito, a vida e a encarnação e começar a querer compreender o que acontece aqui pelo prisma do mundo espiritual, pelo que foi ensinado pelo Espírito da Verdade, ao invés de continuar vivendo um sistema humano de vida e julgar a forma de viver do espírito.

Conversando com um espiritualista - volume II

Carnaval

Participante: dizem os kardecistas que no carnaval a vibração da Terra cai muito e as trevas comandam. Eu, nesta época, só consigo captar a alegria das pessoas. Para mim é bom demais ver crianças, idosos e juventude na rua, todo mundo cantando e dançando sem vergonha, Nem todos estão alcoolizados ou drogados. Eu consigo descarregar e vivo sendo condenada pelos meus colegas por causa disso. Sinto muito, mas não largo o carnaval. Vou queimar nas profundezas. Vejo Deus ali naquela multidão cantando junto...

Alguns detalhes da sua pergunta.

Outro dia me perguntaram sobre o fato de um espiritualista ir a festas. À época, disse que não havia problema nisso. Portanto, não há problemas de você, sendo espiritualista, ir ao carnaval

Você fala, também, que durante o carnaval o planeta está cheio de trevas. Isso é verdade. Isso acontece porque no carnaval as pessoas estão concentradas em busca do seu próprio prazer ao invés de amar ao próximo como a si mesmo.

Mas, porque alguns espíritas disseram que o carnaval é tenebroso, você juntou a essa afirmação o fato de haver pessoas alcoolizadas e drogadas? Isso não estava na questão original, foi você que juntou estas condições à ideia das trevas que existem durante o carnaval. Por que fez isso? Porque julga que estar alcoolizado ou drogado é ruim, é a treva.

Quem disse que ser alcoolizado ou drogado representa estar nas trevas? Existe uma treva muito maior do que usar o álcool ou a droga. Sabe qual é? Falar mal dos outros, criticar o outro, apontar dedo na cara dos outros. Isso é muito mais tenebroso do que usar drogas ou álcool.

Muitos drogados e alcoólatras não fazem mal a ninguém, porque não falam mal de ninguém. Por isso, eles não são trevosos como você supõe...

Sabe, você está me lembrando aqueles que imaginam que é preciso se isolar do mundo, ir para um convento ou para o meio do mato, para ser puro. Puro é aquele que mesmo estando sob ataque, mantêm-se em Deus, mantêm-se de frente para a Deus.

Portanto, se você gosta de carnaval, divirta-se, mas tome cuidado para não criticar e julgar os outros, mas esse cuidado você não precisa ter só durante o carnaval, mas o ano inteiro também

Conversando com um espiritualista - volume II

Manutenção da prova

Participante: meditando sobre o tema o que é Deus para você, fiquei com uma questão. O nosso espírito pode estar em amor e comunhão com Deus vinte e quatro horas por dia, todavia o ego/mente – no meu caso, o Bruno – precisa passar por provas para evolução do meu espírito (que é maior do que o Bruno). Partindo desses dois pressupostos, a questão é se o ego/mente pode continuar com seu julgamento e dúvidas para viver suas provas enquanto simultaneamente mantemos a consciência de Deus como Causa Primária, Inteligência Suprema, Justiça Perfeita e Amor Sublime?

Pode. Você espírito pode ter esta consciência e o seu ego continuar agindo humanamente falando.

Só tem um detalhe: o espírito não vai saber o que você, espírito, tem consciência através do ego. Ou seja, mesmo que você espírito tenha consciência de Deus ou não, isso não será sabido através do ego.

Por isso, lhe dou uma orientação: orai e vigiai sempre. Vigiai o pensamento sempre para se libertar de tudo que estiver nele que não seja fruto de um amor a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Quando falo em sempre é um lembrete que lhe faço, pois muitas vezes a sua mente pode lhe dizer que você já está fazendo isso e se você acreditar, ela pode lhe induzir a parar orar e vigiar e, por crer que já faz, você parará de se vigiar.

Portanto, tenha sempre a consciência de que jamais vai saber através de um processo mental a sua vivência enquanto espírito. O que o espírito vive ou pensa jamais será conhecido enquanto você estiver ligado à mente. Por este motivo, lhe recomendo a continuar fazendo seu trabalho até ter a certeza que já conseguiu resolver aquilo que precisa resolver

Conversando com um espiritualista - volume II

O sentido que falta

Participante: o Espírito da Verdade, o grupo de seres que transmite ensinamentos a Kardec diz que para saber quem é Deus nos falta um sentido. Muitos poderiam comentar que o Espírito da Verdade disse isso há algum tempo já e se perguntar se hoje esse sentido já não estaria desenvolvido ou em desenvolvimento e, portanto, Deus poderia ser entendido por algumas mentes.

Não.

Para lhe responder dessa forma, vou usar o próprio ensinamento humano. A lei do desenvolvimento das espécies de Darwin afirma que são necessários milhões de anos para que uma espécie se desenvolva. No entanto, não passou muito mais do que cem anos de quando o Espírito da Verdade falou isso.

Portanto, se a sua mente diz que você já possui o sentido para isso, eu perguntaria: que sentido é esse? O que estou perguntando é o que você acha que desenvolveu que Kardec não tinha naquela época? O que você acha que as pessoas daquela época não tinham e que agora você tem?

Eu mesmo lhe respondo: nada. Você continua como aquelas pessoas tendo apenas visão, audição, olfato, paladar e tato somente como as pessoas daquele tempo tinham.

Portanto, ainda falta você desenvolver o sentido que o Espírito da Verdade comentou

Conversando com um espiritualista - volume II

Crenças negativas e carma

Participante: até que ponto eu sei se são minhas crenças negativas ou o meu carma que influencia em alguma situação da minha vida?

O seu carma é a sua influência negativa. São a mesma coisa, pois tudo aquilo que você pensa é pensado para que o seu carma aconteça. Tudo que você pensa é o seu carma, é o que o leva a viver determinadas situações.

Conversando com um espiritualista - volume II

Profetas e deuses

Participante: profetas e deuses são crenças parte do sistema?

Sim.

Aliás, todo o passado é parte do sistema. Nada do que você está vivendo agora como algo que aconteceu no passado realmente existiu. Tudo que você pode ter do passado agora são apenas lembranças que nunca traduzem realmente o que aconteceu.

Portanto, concentre-se apenas no presente, no agora, e esqueça o passado

Conversando com um espiritualista - volume II

Lutar contra o sistema humano

Participante: mas, se tudo cumpre uma programação, então os que acordaram para algo é porque tinham de e os defensores do sistema também estão agindo de maneira correta. Lutar contra o sistema seria correto? O sistema não é a vida? Se a pessoa vai contra algo é porque ela teria a convicção que esse algo está errado e sua convicção seria a verdadeira. Então, ela se desarmonizaria com o Todo e não assiste à vida? Ou seria para lutar apenas com o que a mente acredita, acordado ou não? Mas, a própria palavra lutar não seria um desejo preso a um ganhar? Oh, dúvidas... Acho que Joaquim diria que para tudo devo dizer não sei, tá tudo certo, acordado ou não...

Primeiro: eu nunca lhe disse para lutar contra o sistema humano. Eu sempre disse para você lutar contra a expressão da sua mente que é presa ao sistema humano. Uma coisa é diferente da outra...

Eu não falo para você lutar contra o mundo, mas para lutar contra si mesmo. Eu não digo para você mudar o mundo, mas para mudar a sua forma de ser. Essa mudança também não tem nada a ver com mudar o que se passa na sua mente, mas mudar a sua forma de se relacionar com aquilo que a sua mente cria.

Segundo detalhe: você me pergunta se o lutar não está ligado a uma vontade de ganhar. Respondo que sim. Só que nesse caso, você não quer ganhar nesta vida, mas na outra.

Não é por acaso que vocês estão ligados a uma mente humana que quer ganhar. O Espírito da Verdade explica que o humano que você acha que é trata-se de uma expressão da sua atual posição no mundo espiritual. Sendo assim, se está ligado a um humano que quer ganhar, isso quer dizer que no mundo espiritual você ainda quer ganhar.

No dia da regeneração terá que deixar de ganhar, mas, por enquanto, você ainda não tem como se libertar do ganhar, porque na sua condição espiritual ainda quer ganhar alguma coisa. Por isso, queira pelo menos ganhar na outra vida e não nessa. Agindo assim, você prova que quer servir a Deus e não a matéria. Com isso, habilita-se a começar a regeneração.

Terceiro aspecto: você me pergunta se lutar contra o sistema humano a partir das suas próprias convicções não é ainda servir ao sistema humano. Eu digo que sim, é viver a mesma coisa daquele que quer ganhar. Sim, é se apegar à novas convicções que um dia você terá que que abandonar. Só que no estágio atual, você ainda não pode viver sem convicções.

O estágio atual de todos os espíritos que encarnam no planeta Terra é ter convicções, ter verdades, ter ideias. Isso não pode ser acabado ou mudado. Sendo assim, você não pode deixar de ter ideias, não pode deixar de ter verdade. Por isso lhe oriento: pelo menos tente universalizar suas verdades...

Não deixe o egoísmo agir com a sua verdade, ou seja, não deixe ele querer impor aos outros a sua verdade. Para fazer isso, lute contra você, contra aquele que imagina ser e não contra o mundo humano na totalidade. Lute contra a forma que a sua mente trabalha, tanto na questão do ganhar quanto na questão das verdades, ao invés de seguir o querer ganhar ou achar que suas verdades são absolutas.

Para isso indico que trabalhe para querer ganhar no futuro ao invés de agora e trabalhe para não querer impor sua verdade aos outros. Lhe ensino para abrir mão de querer agora e de achar que o que você sabe é verdade absoluta.

Isso responderia à sua questão, mas tem mais um detalhe que quero usar a sua pergunta para poder falar. Existem dois grandes problemas nos ensinamentos transmitidos por mentes humanizadas, ou seja, transmitidos por mentes vinculadas ao sistema humano de vida.

O primeiro grande problema é que as mentes humanas que transmitem ensinamentos espirituais querem ganhar já, receber já. É o que falei antes, quando comentei sobre o tema Deus quer o seu mal. Só vive a ideia de estar vivenciando o mal quem quer ganhar agora. Por isso, quando uma mente humana transmite ensinamentos que afirmam que há momentos maus que devem ser evitados, ela está usando estes ensinamentos para ganhar nessa vida. Esse é o primeiro aspecto que você precisa estar atento.

Segundo detalhe que você precisa estar atento é que a mente humana ao transmitir ensinamentos se utiliza de pontos de vista humanos, pontos de vista que priorizam a coisa humana. O exemplo disso é questão da mãe, do amor maternal dentro do ponto de vista humano...

O amor maternal é algo considerado como sublime pela humanidade, como uma coisa santa, sagrada, mas essa visão não é real dentro do ponto de vista espiritual. Tanto não é que quando o Espírito da Verdade responde a uma pergunta sobre a preocupação que tem aqueles que desencarnam a respeito do sofrimento dos que ficam diz: realmente os espírito se preocupam com o sofrimento dos que ficam, mas isso acontece de acordo como grau de elevação de cada espírito. O mentor do espiritismo afirma categoricamente: quanto menos elevado o espírito, mais preocupado ele está com sofrimento de quem fica.

É a partir desta informação que digo que aquela figura da mãe enaltecida pelas mentes humanas, aquela que vai para o outro mundo e se preocupa com filho que ficou, para os espíritos não é tratada como uma pessoa santa. Para nós, ela não vive um amor, mas sim uma possessão. Essa mãe para os espíritos totalmente libertos da matéria não é uma santa mãezinha, mas um obsessor.

Esse é o aspecto que estou levantando agora. Alguns elementos humanos, ou melhor, todos os elementos humanos que são considerados sagrados assim o são para os valores humanos e não espirituais. A santidade de alguma coisa neste mundo é decretada a partir do ganhar já e não fundamentada no ganhar depois

Nesta mesma pergunta de O Livro dos Espíritos que citei, o Espírito da Verdade afirma que o espírito elevado que sai dessa vida se preocupa se os que ficaram terão todas as provas necessárias para sua evolução. Eles não estão preocupados com o sofrimento que os que ficaram vão passar por conta dessas provas.

É essa mudança de ponto de vista que você precisa ter. É para essa mudança de ponto de vista que você precisa estar atento para poder lutar contra o sistema humano de vida que se pronuncia através de você e não para mudar os outros

Com aquela sua amiga ou sua parente que se mantém atenta à maternidade e acha que com isso está fazendo algo muito importante, você não deve se preocupar se ela está presa ao sistema humano de vida. Isso é particularidade dela; isso é com ela e não com você.

Você não precisa lutar contra ela, mas sim para que você, que agora sabe que não deve se apegar a estas coisas, não se apegue a elas. Tem uma frase muito interessante que quero lhe lembrar agora: a quem muito foi dado muito será cobrado...

Vocês que me ouvem, se continuam fundamentando ensinamentos com a intenção de ganhar já e vivendo com verdades humanas, não podem alegar inocência. Esse é um aspecto que gostaria de realçar não só a você, mas para todos que me ouvem. Gostaria que pensassem nisso...

Conversando com um espiritualista - volume II

O carma e o sofrimento

Participante: cada vez que adquirimos um carma quer dizer que o sofrimento será maior?

Não, o carma não traz necessariamente consigo o sofrimento...

Na verdade é você que escolhe sofrimento para passar pela situação carmática. Na realidade o que quero dizer é que a próxima situação carmática a respeito desta paixão, será mais difícil de ser vencida...

Sabe, quanto mais você impõe verdades, mais realiza em si mesmo seus conceitos. Quanto mais disser a si que esta cor é preta, por exemplo, mais fundo vai se fixando o conceito de que isso é certo. Por isso é que quando Deus colocar o branco dela para fora, você terá uma provação mais árdua.

Mas, não é Deus que tornou a prova mais difícil... A dificuldade não está na própria prova, mas porque anteriormente você enraizou mais profundamente aquele conceito.

É isso que precisamos compreender para poder parar de julgar Deus...

Conversando com um espiritualista - volume II

A prática dos ensinamentos dos mestres

Participante: mas, se for levar ao pé da letra a necessidade da prática destes ensinamentos, isto reprovará todos os seres humanizados...

Todos, não: apenas aqueles que não os praticar, ou seja, que não vencerem a si mesmo, que não pegarem a sua cruz e seguirem Cristo.

Participante: mas, a prática dos ensinamentos depende ainda da forma como ele é ensinado. Tenho um amigo, por exemplo, que frequenta uma das seitas evangélicas onde é pregado que a prosperidade material é sinônimo de que Deus está aprovando a conduta daquele ser...

Mas, esta teoria não está de acordo com os ensinamentos que aqueles seres têm à sua disposição, ou seja, a própria Bíblia...

Cristo pregou a honra e a glória como bens celestes e não materiais. Por isso incitou todos os seres a buscarem essa honra e não a material... É isso que precisamos nos ater... Cristo não veio para trazer a felicidade material, mas sim o caminho da elevação espiritual.

Agora, se alguma interpretação fere a este ensinamento, o que devemos fazer? Em quem devemos acreditar?

A partir de tudo o que já falamos, posso dizer que esta seita é parte da provação deste espírito, ou seja, é um instrumento para que os seres humanos que a seguem possam dar a honra a Deus, ao invés de manter uma paixão não natural (eu adoro a minha religião, ela está certa) com a sua seita.

Conversando com um espiritualista - volume II

A verdade e as discórdias

Participante: são as minhas verdades individuais que causam discórdia e o sofrimento a mim e ao próximo? Como manter essa verdade só para mim sem causar problemas aos outros?

Não é a sua verdade que causa discórdia entre você e o próximo. O que causa discórdia entre dois seres humanos é quando um acha que as suas verdades são universais, ou seja, que tem que ser aceita pelos outros.

Não é o fato de verdades que gera discórdia, mas sim o fato de querer impor ao outro a sua própria verdade. Enquanto você souber, tiver uma verdade, e viver a consciência de que ela é relativa, ou seja, que pertence só a você e apenas durante algum tempo, já que ela também se mudará em você, não há discórdia. Quando você tem uma verdade sem achar que ela é real, é absoluta, e dá ao próximo o direito de ter verdades diferentes, não há discórdia. A discórdia só acontece quando há a intenção de defender a sua verdade da dos outros.

O que estou dizendo agora é a mesma coisa que já falei quando abordei a diferença do saber e conhecer. Saber é ter certeza, acreditar que a sua verdade é absoluta; ter conhecimentos é ter informações que você considera como verdadeira, mas que sabe que é algo que só você considera assim

Conversando com um espiritualista - volume II

O humano melhorado

Participante: como seria humano melhorado que vive orientado pelo espírito amando a Deus acima de todas as coisas? Como seriam os seus hábitos aqui na Terra? Como seria uma humanidade mais consciente e desperta habitando o planeta, que desde os tempos de Kardec já se encontra em transação para o mundo de regeneração

Primeiro: a transição para o mundo de regeneração não começou com Kardec. Ela começou depois, quando Nossa Senhora aparece em Fátima em 1916. Portanto, na verdade, só depois de 50 anos de Kardec é que começa a transição do mundo.

Voltando à sua pergunta (como seria um humano que amasse a Deus acima de todas as coisas), me desculpe, mas este humano não existe e nem pode existir. Vou tentar explicar isso...

Ser humano é viver uma coisa chamada humanidade. A característica da humanidade é ser egoísta e esconder o seu egoísmo através da hipocrisia. Além disso, por ser egoísta, ser humano é querer vencer para alcançar o prazer, o reconhecimento e receber elogios. Estas são características inerente a todo ser humano.

Quando no mundo espiritual se fala que vocês estão humanizados, se diz que vocês estão ligados a uma personalidade transitória e ilusória que possui essas características. Não é o fato de morar no planeta Terra, não é o fato de ter esta forma que possuem quando neste planeta o que caracteriza que sejam humanos, mas sim esta forma de pensar, essa base de construção de raciocínio. Sendo assim, nenhum ser humano é capaz de amar a Deus acima de todas as coisas.

Além disso, você também me pergunta como seria uma humanidade melhor. Vou responder a este aspecto agora.

Como disse, o humano, a humanidade, não pode ser melhor neste sentido que você quer agora, nessa forma que está hoje. Isso porque para ser melhor neste sentido os espíritos que aqui encarnam deveriam estar ligados a um mundo de regeneração e não de provas e expiações.

Hoje já há muitos que estão ligados a esse mundo, mas eles ainda são minoria. Já existem personalidades que não estão humanizadas, ou seja, não funcionam a partir desses critérios que comentei. A esse grupo de humanos, ou melhor, a esse grupo de espíritos encarnados no planeta Terra chamamos de espíritos na carne.

Espírito na carne é aquele que mesmo estando encarnado reconhece a sua origem espiritual. Por conhecer essa origem, esses espíritos vivem a partir da forma espiritual e não da material, ou seja, eles não se subordinam a obrigações e necessidades, a motivações humanas e a código de regras e leis que ditam a vida humana.

Esses são aqueles que vocês chamam de anarquistas. Quando falo assim, não estou querendo dizer que todo anárquico é um ser evoluído. O que estou querendo dizer é que todo ser que é tratado como anárquico pela humanidade é um ser elevado. Isso porque viver diferente de uma forma que os humanos chamam de anarquia é viver livre da humanidade.

Só tem um detalhe que quero acrescentar a respeito de viver a anarquia. O verdadeiro anarquista é tão anárquico que não se subordina nem a própria anarquia. Ele pode fazer tudo que qualquer ser humano faz. Pode usar roupas engomadinhas como qualquer ser humano que subordina-se aos aspectos humanos, só que por dentro ele não vive para satisfazer leis, normas, obrigações, necessidades e nem para alcançar a forma humana.

É internamente que ele é anárquico. Por isso digo que o verdadeiro anarquista é aquele que pode até não parecer ser externamente, mas internamente é liberto da humanidade.

Outra coisa que você me pergunta: como seria uma vida onde só existisse a vida com Deus? Eu respondo: a felicidade pura...

Cada um faria o que quisesse, na hora que quisesse, que bem entendesse e respeitaria o direito do outro agir também dessa forma. Imagine um mundo assim. Imagine um mundo onde você pode fazer o que quiser que o outro não se sentirá mal com que você quiser. Um mundo onde, não importa o que você faça, o outro não vai lhe criticar. Não seria magnífico?

Acontece que para alcançar isso você tem que dar este mesmo direito ao outro. Por isso, precisa compreender que você precisa se libertar de todos os preconceitos que a sua mente tem, ou seja, todas as obrigações de necessidade, todas as regras, normas e leis societárias humanas, que precisa se libertar de todos os anseios humanos ao qual está habituado. Libertando-se de tudo isso, certamente você será um anárquico e, dessa forma, viverá um mundo de felicidade e dará ao outro o direito de ser feliz.

Com relação aos hábitos daquele que vivem um mundo feliz, que você também ainda me pergunta, posso dizer que eles são os mesmos de hoje. Nada muda com relação a atos, a ações...

O coçar a cabeça de um anárquico e de um humano é igual. Fazer necessidades fisiológicas para o anárquico é igual para o humano. Andar, passear, trabalhar, construir é tudo igual, Na questão das ações ser anarquista ou ser humano não tem diferença alguma. A diferença entre o anárquico e humano está no interior de cada um.

Conversando com um espiritualista - volume II

Prever data do apocalipse

Participante: Na verdade foi algo que um participante desse grupo disse com relação à uma postagem feita pelo responsável pelo grupo, que é a pessoa que faz o estudo das principais profecias existentes e depois afirma as datas dos acontecimentos e como ele serão, onde é dito o ano, o mês e o dia da grande tribulação ou o ápice das profecias. Bom, dito isso, segue o comentário do frequentador da página sobre profecias e em seguida a resposta do responsável pela página, grupo. ‘Comentário: Jesus continuou dizendo, mas ninguém sabe nem o dia nem a hora em que tudo isso vai acontecer, nem os anjos do céu, nem o filho, mas somente o Pai’ (Mt, 24.36). ‘Resposta: Jesus falou isso antes de ser crucificado e em momento algum disse que no futuro alguém poderia saber o dia e a hora, justamente porque ele sabia que após desencarnar ele mesmo saberia de tal data e traria a João durante o Apocalipse. Tanto que no final do evangelho de João ele promete voltar enquanto João estivesse vivo. Portanto, não existe qualquer incompatibilidade em se estudar o dia e a hora da grande tribulação. As pessoas precisam aprender a decorar menos a Bíblia e estudar mais’.

Trata-se de uma opinião. O que posso dizer, que quem fez este comentário está errado? Eu não seria louco de falar uma coisa destas, pois se não estaria quebrando o que Cristo ensinou. Se quem deu esta resposta está quebrando, o problema é dele e não meu. Eu não farei isso.

Só com relação a profecias com data marcada, deixe-me lhe fazer uma pergunta: quantas delas você, que ainda é jovem, já não viveu? Quantas datas já foram marcadas por algum profeta do fim do mundo para que ocorressem determinados acontecimentos? Você lembra? Nem lembra mais de tantas que já ouviu.

Teve um, inclusive, que prometeu a volta de Cristo com dia e hora marcada. Quando ele não apareceu, não sei o que aquele profeta disse, mas deve ter sido algo como a nave que Cristo vinha enguiçou ou faltou combustível... Sei lá...

Desculpe, mas acho que vocês já deveriam estar cansados desta questão de profecias com data e hora marcadas. Como foi dito na resposta que você citou, é preciso estudar mais a Bíblia e decorá-la menos. Concordo com ele nesse ponto.

Agora, eu lhe pergunto: de que adiantaria saber sobre uma profecia de uma tribulação? Serviria para você se salvar? Mas, está escrito na Bíblia que dois estarão lado a lado e um irá e outro ficará. Só que lá não diz quem vai ou quem fica.

Está dito lá também que não adianta subir para o andar mais alto do prédio, nem fugir para o deserto. Isso está lá escrito. Então, para que ficar nessa agonia esperando coisas que já esperaram diversas vezes e não aconteceu nada? Além disso, mesmo que soubessem de alguma coisa, nada poderiam fazer para se salvar.

Parafraseando o que ensinou o Espírito da Verdade à respeito de Deus, eu diria que mesmo que soubessem alguma coisa verdadeiramente sobre esta questão, o que isso lhes traria? Nada. Só lhes faria ficarem mais vaidosos, orgulhosos e prepotentes, achando que descobriram o que não acontecerá.

Então, como também diz o Espírito da Verdade nesta mesma questão: preocupe-se com as suas imperfeições. Você tem mais do que fazer do que ficar se preocupando com o dia que o mundo acabará. Até porque ele não vai acabar...

Conversando com um espiritualista - volume II

Seguir humanos

Participante: Nas minhas andanças pela espiritualidade, seja no catolicismo, judaísmo, umbandismo, protestantismo, candomblecismo, hinduísmo ou budismo, sem querer polemizar, julgar ou dar qualquer ponto de vista, somente como observador, percebo que tanto os líderes quando os liderados desses segmentos vão acumulando durante o tempo um espectro de poder que enganam até o espírito o fazendo dizer, no oculto, coisas que os ouvintes querem ouvir. Observo, também, que os seguidores ou os médiuns espíritas, quando não incorporados, acham até como fundamento espírita, um indivíduo ser ou se tornar um médium somente se colocar roupa branca ou ir à transe recebendo alguma entidade. Assim sendo, por esse ângulo de visão, um médium se torna um deus salvador e seus seguidores se tornam detentores do poder desse deus. Há algo bem estranho nisso. Claro, existem alguns estranhos nesse ninho como Cristo, Buda, Ramatis, Helena Blavatsky, Krishnamurti, Vó Joana, Seu Valeta, Seu Marabô, os orixás elementais e incluo agora o Pai Joaquim de Aruanda, todos falando e publicando, em suas respectivas linguagens a mesma coisa, com autoridade e consciência universal e espiritual. Todavia, porque os ouvintes não conseguem entender o que esses espíritos falam há milhares de anos, tornando-se ouvintes e praticantes ou esforçando-se para se alinharem a esse equilíbrio? Penso que o motivo seja novamente o falso ego embutido em uma também falsa razão, pois ambos não existem e se existissem estaríamos de frente com verdades absolutas, que também não existe, pois a verdade jamais será alcançada. Os pensamentos e citações dos palestrantes divinos ou não, parecem não fazer efeito e ser inútil no mundo encarnado, pois este se encontra anestesiado pelos fundamentos falsos de suas mentes e cegos na visão real, como aquele povo citado no mistério da caverna de Sócrates. Todavia, penso que os espíritos encarnados tem ouvidos e sentimentos energéticos e que sua função é exatamente essa: ouvir, assimilar, levar esse sentimento passado aqui na Terra para outras encarnações, até que no último estágio dessa universidade, eles se diplomam para a luz ou não, dependendo da grandeza de sua energia. Nós aqui encarnados, todos indistintamente, somos apenas elos para que isso ocorra, nada mais e nada menos. Entende-se aí a grande citação de Ramatis: aceite tudo como é e não leve nada a sério. Por esse motivo, aquele que leva a vida brincando é mais feliz, apesar de ser combatido o tempo todo pela turma da caverna de Sócrates. Com a palavra Pai Joaquim.

 Sua exposição é longa, mas a resposta é curta. Mas, antes dela, quero fazer duas ressalvas.

No início você fala da sua caminha pela espiritualidade e fala de diversas religiões. Me desculpe, mas isso não é caminhada pela espiritualidade. Isso é caminhada pela religiosidade e não tem nada a ver com religiosidade. Religiosidade é uma utilização humana de ensinamentos dos mestres. Digo isso porque toda religião é fundada na ideia de ganhar agora e não em outra vida. Toda religião é gerada para paparicar a sua humanidade e não para lhe ensinar a não amealhar coisas na Terra. Portanto, você não andou pela espiritualidade, mas sim pela religiosidade.

Outra coisa que quero falar antes da resposta, é lhe agradecer por ter colocado o meu nome no meio de todos que citou. Não mereço essa honra. Como digo, sou só um porta voz. Sou aquele que fala. Quem escreve os ensinamentos que leio é que mereceria a honra. Só que como é um grupo de espíritos anônimos, não tenho citá-los aqui.

Agora posso lhe responder e como disse, a resposta é curta. Sabe porque a humanidade não abre os ouvidos para os ensinamentos dos mestres, mas sim para os médiuns, humanos que falam dos ensinamentos apegados à ganhar nesta vida? Porque são humanos.

Eles preferem esses ensinamentos porque querem ganhar já, logo. Porque querem ter o prazer, a satisfação de ver seus desejos atendidos. Porque querem ser reconhecidos, admirados, paparicados. Porque querem o elogio, querem que digam a ele que está certo aqui e não na outra vida.

É por isso que as pessoas se aprofundam nos ismos que você falou ao invés de buscarem ensinamentos para fazerem uma reforma, uma transformação em si mesmo. O que elas estão buscando nas religiões é cultura para tornarem-se sábios e com isso poderem cantar vitória sobre os outros.

Uma das grandes provas do espírito encarnado que exerce o papel de doutrinador, de transmissor dos ensinamentos, seja como médium ou palestrante, é justamente a idolatria. O problema é que todos querem ser idolatrados. É por isso que vocês vivem buscando em milhares de fontes respostas que já têm.

Se você frequentou as religiões que citou, vai buscar o que mais? Você já teve acesso a todas as informações... No entanto, vocês não cansam de buscar, de procurar, de correr atrás de novas informações. Para que?

Portanto, na verdade o problema não é o médium que transmite o ensinamento, mas sim você. O problema é, como você disse, que a humanidade tem ouvidos mocos para o ensinamento real. Sim, ela tem e isso se comprova quando se vê o ser encarnado indo de um palestrante para outro, de um escritor para outro, de um médium para outro. Retira de todos esses todas as informações possíveis, mas que não servem de nada, porque o caminho para a elevação espiritual é a coisa mais simples do mundo: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

É só isso. O resto todo é figuração...

Agora, por favor, quando falo assim, por favor não entenda como crítica. Além disso, não entenda que com o que lhe respondi estou querendo dizer que você deve parar de ouvir outros mentores e começar apenas a me ouvir. Não é isso que estou dizendo...

O que estou falando é que você deve parar de buscar e começar a agir. Isso é uma coisa que vocês não conseguem...

Eu já dei este mesmo conselho há muitos anos: se você acredita que já achou, pare com qualquer busca. Pare de ler, pare de buscar informações em livros e na internet, inclusive no que eu digo. Desligue seu computador, sua televisão e feche o seu livro e saia. Vá viver a vida colocando em prática o que os mestres ensinaram e que você, que já frequentou tantos ismos, já sabe. Isso vocês não fazem...

Portanto, este é o problema. Como lhe disse, sua pergunta é longa, mas a resposta é simples: pare de procurar informações e vá viver a sua vida amando a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Conversando com um espiritualista - volume II

Agindo por um mundo melhor

Participante: querer ou buscar atitudes para um mundo melhor faz sentido?

Atitudes são atos, por isso não faz sentido.

Por que digo isso? Porque não existem atos melhores, bons ou piores ou maus. Existem atitudes que você chama de boas, mas que apenas parecem e podem não ser boas. Vou dar um exemplo para você entender o que quero dizer.

Você deixar uma floresta crescer é bom? Sim, você dirá que é uma atitude boa. Agora, lhe pergunto: para quem não gosta de floresta isso é bom? ‘Ah, Joaquim, é bom para a maioria’, você me responderia. Eu lhe respondo: não existe maioria. Quantas vezes a maioria pensou diferente e, mesmo assim, você disse que ela estava errada? Portanto, não se baseie nisso...

Essa questão de atitudes melhores me lembra uma história que já contei diversas vezes. Um escoteiro ajudou uma velhinha a atravessar uma rua. No final do dia ele foi ao grupo de escoteiros pedir uma medalha pelo que tinha feito. O chefe dos escoteiros disse que já sabia que ele tinha feito essa ação porque a velhinha já tinha ido lá reclamar que ela não queria atravessar a rua...

É por isso que estou dizendo sempre que as atitudes por si só não levam a lugar algum. O que pode lhe levar a algum lugar é amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Só que isso é feito no mundo interno e não no externo. Por isso não se reflete, na verdade, nessa ou naquela atitude...

Conversando com um espiritualista - volume II

Estar com Deus

Participante: o que é o como é estar com Deus?

Como ou o que é estar com Deus? É não estar com outra coisa.

Deus é algo que você não sabe o que é, mas sabe que não é nada que conhece. Portanto, quando está com alguma coisa que sabe o que é, não está com Deus. Vou dar exemplo.

Quando está com você mesmo, ou seja, tem consciência de que está com alguma coisa, não está com Deus. Quando você está com uma pessoa, não está com Deus, mas sim com aquela pessoa. Quando está com um cachorro, não está com Deus, mas com o cachorro.

Estar com Deus é estar com Deus, mas como não sabe o que é Deus, só estará com Ele quando não estiver com nada que conheça. Só isso, não dá para explicar melhor.

Conversando com um espiritualista - volume II

Infidelidade

Participante: na minha vida sentimental o que acontece é que evidências e conversas sobre uma suposta traição de minha esposa surgem. Só que provas nunca surgem. A verdade sempre fica oculta. Peço a Deus há anos um esclarecimento sobre o assunto, mas nada até agora. Um dia perguntei a um médium sobre o assunto e ele me respondeu o seguinte: não dê o que é santo aos cães, nem lance vossas pérolas diante dos porcos, para que não as pisoteiem e voltando-se as despedacem. O que ele quis dizer?

Não sei o quanto você me conhece, mas deixe lhe dizer uma coisa. Não sou de filosofar nem de passar a mão na cabeça. Vou direto na ferida. É por isso que vou direto na sua ferida e indo nela vou lhe explicar o que lhe disseram antes.

Para agir assim, lhe pergunto: quando uma pessoa é traída? Diante do que você está relatando, será que o momento em que é traído é aquele no qual a sua mulher vai para cama com outro, se for? Será que é neste momento que você está sendo traído, se ele existe? Não. Ela pode, se já foi, ido para a cama muitas vezes antes de que alguém levantasse essa suspeita e você não saberia que foi traído.

Na verdade, uma pessoa só começa a ser traída no momento em que sabe que houve a traição. Até saber que houve uma traição, a pessoa não é traída.

Essa é uma conclusão importante para entendermos a resposta que quero lhe dar. Enquanto você não tiver certeza, não souber, a traição não existe. Ela só passará a existir quando você tiver consciência dela.

A partir disso, eu posso lhe dizer que deve responder a essas conversas que falam de uma suposta traição de sua mulher com desdém. Ao invés de correr atrás para saber se realmente ela tem outro homem, esqueça o assunto. Faça ouvidos mocos, não ouça o que os outros falam. Assim, você jamais será traído.

Estou lhe dando este conselho porque na pergunta você me coloca que faz anos que convive com esta dúvida. Se tem a dúvida há anos e até hoje não se separou, é sinal que gosta dela. É sinal de que vocês têm um relacionamento que é, pelo menos, agradável para você.

Creio nisso porque se você tivesse essa suposição sobre ela e ainda por cima não gostasse dela ou não tivesse uma vida agradável junto com ela, tendo certeza ou não, certamente já teria se separado. Se não se separou é porque é bom viver com ela, porque gosta dela, gosta da vida com ela.

Se isso é verdade, para que vai estragar o que tem correndo atrás de uma certeza que não tem? Você me responderia: ‘ah! ela dorme com outro homem’. Pode até ser que sim, mas, e daí, qual o problema? Isso é uma traição? Não. O adultério só existira se ela alterasse a verdade para você.

Novamente peço desculpas, mas como disse, vou direto à questão: lavou está novo. Qual o problema de ter sido usado antes por outra pessoa? A honra masculina? Me desculpe, mas de qualquer maneira essa honra acabará, pois isso acontecerá certamente no momento que você morrer.

Veja, você está trocando um ambiente de paz e felicidade por uma dúvida. É exatamente por isso que estou lhe aconselhando dessa forma e o médium que você citou também se baseou nisso quando lhe aconselhou.

Quando ele diz que não jogue pérolas aos porcos, está falando disso. Ele está dizendo: não dê valor a porcarias, não dê valor a coisas que não tem valor. Essa é a orientação que você já recebeu e não compreendeu e que estou repetindo agora.

Repare muito bem no que o médium fala: não dê o que é santo aos cães, nem lance vossas pérolas diante dos porcos, para que não as pisoteiem e voltando-se as despedacem. A sua pérola, o seu casamento, a vida com sua esposa – não sei se tem filhos – tudo isso você está lançando aos porcos correndo atrás de uma dúvida que se não correr, vai deixar de existir e isso não mudará nada a vida que tem hoje com ela.

Foi isso que quiseram lhe dizer e é exatamente isso que eu, sem filosofias, estou lhe dizendo. Não jogue seu casamento, que é santo para você, aos cachorros ou aos porcos, porque eles podem pisoteá-lo e estraçalhar com ele. Vá viver a sua vida com sua mulher e esqueça isso.

Esqueça essa busca de confirmações. Acho que seria melhor para você...

Conversando com um espiritualista - volume II

Sentir energias espirituais

Participante: porque não sentimos, em certas épocas, de forma consciente o amparo regenerador da espiritualidade diante das circunstâncias que nos modulam a vivência íntima da vida? Isto, quero dizer, porque tão distante devemos observar a ajuda que surge de forma genérica e não específica? Mesmo se sentindo tão próximo de vós no íntimo e tão distante diante das percepções aferidas? Porque tanta ansiedade quando nos sentimos e vivenciamos na expectativa? Porque a iminência das consolidações por vezes são tão aflitivas? A felicidade plena é perfeitamente e naturalmente vivenciada em nós aqui com a roupagem terrena, onde ela resplandece amor puro de Deus que envolve todos nós em uma mesma irmandade única e indivisível a tudo o que existe... Porque por vezes não nos é dado validar o que carregamos de valoroso em nosso íntimo vivenciar? Porque em certos trechos de nosso caminhar não achamos o candeeiro?

São diversas perguntas, mas todas elas só têm uma resposta: você não consegue alcançar nada do que quer porque nasceu para realizar o trabalho da reforma íntima.

Tudo isso que quer alcançar, receber e viver é vivido e percebido por aquele que consegue fazer a reforma íntima. Se você já tivesse toda essa percepção, não iria realizar o trabalho para o qual nasceu. É simples assim. É por isso que não consegue perceber essas coisas.

Portanto, dedique-se à reforma íntima, ao invés de ficar querendo saber porque tem certas coisas que não consegue perceber.

Mas, o que é essa reforma íntima? É libertar-se de tudo que não for amor a Deus e libertar-se de tudo que não for amor ao próximo. Quando você se liberta do amor a qualquer coisa, consegue perceber tudo o que falou. Quando se liberta do amor a si mesmo, consegue perceber tudo o que quer. Como ainda não se libertou dessas coisas, não pode perceber nada do que citou na sua pergunta.

Agora, não pode neste momento, mas poderá em outros, se fizer por onde merecer ver tudo o que quer ver...

Conversando com um espiritualista - volume II

Apego a animais

Participante: gostaria de perguntar se os animais fazem parte significativa da nossa missão na Terra, ou seja, quando convivemos com um animal doméstico ele pode nos tirar de uma depressão ou servir de amigos ou também choramos e ficamos tristes com a doença e morte desses amiguinhos, logo, isso influencia nosso bem estar. Então, gostaria de saber se de certo modo eles estão ligados a nossa passagem aqui na Terra, se eles vem nos auxiliar e nos confortar. Eles também têm essa função?

Sim, eles têm uma função muito importante na encarnação de vocês. Não como missão, mas como prova.

Se você lamenta o sofrimento de um animal e por causa disso acusa alguém que o maltrata de alguma forma, não está passando na sua prova, pois não está amando a Deus acima de todas as coisas e nem ao próximo como a si mesmo. Então, eles fazem parte da sua provação, do seu teste de amor universal e não da sua missão.

Com relação a tudo que você achou bonito, do cachorro lhe ajudar, dele lhe tirar da depressão, desculpe, mas espírito não fica depressivo. Quem fica assim é o ser humano e a depressão do ser humano é uma prova para o espírito. Sendo isso, cachorro algum pode tirar. Então, inclusive isso, o fato do cachorro lhe ajudar em momentos de dificuldade é uma prova para você.

Eu diria que quem tem Deus no coração não precisa ter cachorro debaixo dos olhos. Afinal se Deus é por você, quem pode ser contra? Se você tiver Deus no coração, jamais ficará depressivo.

Conversando com um espiritualista - volume II

Condições humanas e as provas espirituais

Participante: hoje vi uma imagem no computador que me chocou muito. A foto de um africano desnutrido, quase esquelético, nos braços de outro, seguida do enunciado: onde está Deus? Como entender a prova desses espíritos? Porque precisam passar por tanto sofrimento? Também não consigo entender o que leva um espírito a pedir uma vida cheia de facilidades materiais. Não sabem que isso lhes dificulta ainda mais a libertação, que já é difícil em uma condição mediana? Pois bem, esses extremos são incompreensíveis. O que poderia dizer a respeito?

Onde está Deus? Dando a cada um segundo suas obras. Este é o primeiro detalhe da resposta que vou lhe dar. É nesta posição que Ele está: dando a cada um segundo suas obras. Só que esse dar segundo suas obras não é um castigo. Deus dá a cada um aquilo que ele precisa para a sua elevação espiritual. Por isso, você não deve se preocupar com esta questão.

Além disso, esse elemento que você está se referindo, pode estar numa situação dessa como prova, mas também como missão. Ou seja, ele pode estar vivendo isso para ver se você entra nesta questão de onde está Deus. Ele pode estar vivendo esta situação apenas para lhe ajudar, para ver se você começa a julgar Deus, o que Ele faz ou deixa de fazer. Por isso de novo lhe aconselho: não se preocupe com esta questão...

Outro detalhe que está na sua questão: porque o espírito pede esse sofrimento? Eu lhe responderia com outra pergunta: que sofrimento? Aquele que você está vendo que ele está passando? Desculpe, mas eu acho que você se tornou um mago, um vidente. Isso porque é capaz de ver e sentir o que o outro está sentindo. Não há um sofrimento que outro esteja passando, mas sim um sofrimento que você está vendo que o outro está passando. São coisas completamente diferentes.

Sabe, você me diz que não sabe porque o espírito se oferece para passar por situações dessas. Como ensina o Espírito da Verdade, aquilo que o humano vivencia não causa o ao espírito a mesma sensação que ao humano.

A forme, o frio, o não ter, a desnutrição absoluta, são sensações humanas e sendo assim são vividas pela mente e não pelo espírito. Como a mente não vive nada que é real, essas sensações não são reais. São ilusões que são tratadas como realidade por outras mentes, mas que o espírito não está vivenciando.

Portanto, não há o sofrimento. Ele só existe na ideia de vocês. Só na sua mente existe o fato de estar havendo um sofrimento. Para o espírito não há.

Esta é a primeira parte da resposta à sua pergunta: não se preocupe com o sofrimento do outro porque ele existe apenas na sua mente e não no espírito. Este aparente sofrimento pode, inclusive, ser apenas uma missão para ver se você, a partir de suas ideias, questionará a ação de Deus.

Outra questão que você trata na sua pergunta: diz que não entende como alguém pode pedir um extremo ou o outro, a riqueza ou a pobreza extrema. Diz que todos deveriam ser medianeiros.

Deixe-me explicar uma coisa que você não levou em consideração. A prova do espírito não se consiste em ter ou deixar de ter. O ser universal não é avaliado pelo que tem ou pelas carências que vive. A prova do espírito está focada no desejo, ou seja, não importa se tenha algo ou não, o que importa é como vive com ele mesmo.

Se o ser humanizado tem e não deseja mais nada, está bem; se não tem e não deseja mais nada também está bem. Agora, se ele não tem ou se tem e quer mais, esse é o problema.

Por isso lhe dou um conselho: você não pode generalizar. Não pode dizer que a prova da riqueza é maior ou mais difícil do que a da pobreza. Isso porque tem muito rico que vive em paz e felicidade com o que tem e a maioria dos pobres não conseguem viver assim.

Lembro que no estudo de O Livro dos Espíritos eu disse assim: a prova do rico é mais dura porque tem mais opções para desejar, mas a prova do pobre também é muito dura, porque ele sonha em ter. Esse é o problema.

Você está avaliando provas pelo mundo externo, pelo que o ser humano tem ou deixa de ter, quando na verdade ela se consiste na forma com que o ser encarnado convive com o que tem ou não. Portanto, se você não tem e não deseja ter, está em paz e harmonizado. Se tem e quer ter mais, não está satisfeito com o que tem, não está harmonizado. Esta é a diferença.

Apenas complementando: coitado do medianeiro. Falo assim porque neste mundo aquele que não tem coisas e não tem condições para ter, acaba se resignando em não ter. Já aquele que está no meio do caminho acha que viver como rico é bom. Por isso tem muito desejo de ter. Portanto, a prova do medianeiro é pior do que quem não tem ou que tem.

Estou falando da chamada classe média. A classe média quer ser rica, quer adquirir coisas novas. Essa vive pior do que o rico, pois possui o desejo, mas ainda não tem condições de comprar.

Conversando com um espiritualista - volume II

Viver como Cristo

Participante: aproveito para fazer mais uma pergunta que bem me atormentando a um bom tempo. Como exatamente viver como Cristo? Devemos deixar nossos empregos e não nos preocupar em como vamos conseguir sustentar a nós e a nossos filhos? Não nos preocupar em pagar as contas que garantem que tenhamos uma casa confortável para viver? Fico pensando se todo mundo resolvesse renunciar à vida humana como Francisco de Assis. O que seria do planeta? Quem ia sustentar quem, já que ninguém ia trabalhar e produzir. Peço desculpas se pareço radical, mas ainda não consegui entender o que é, em termos práticos, viver como Cristo viveu...

Não é preciso pedir desculpas. Não há problema algum na sua pergunta. Além do mais, nós estamos aqui justamente para ajudar aqueles que ainda não conseguiram entender.

Como viver como Cristo? Vivendo como Cristo viveu. Como ele viveu? Amando a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Por isso, quando você for trabalhar, ame a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Quando for se divertir, ame a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Quando for se alimentar, ame a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Fazendo isso, estará vivendo como Cristo viveu. E, para viver dessa forma, não é preciso abandonar o emprego, parar de se divertir ou deixar de comer. Este é o primeiro detalhe da sua resposta.

Segundo detalhe: como seria uma vida como a de Francisco que largou tudo? Como foi a vida de Francisco.

Se vocês todos largassem o dinheiro e as propriedades, que são dois elementos humanos, sabe como viveriam? Daquilo que caçassem, do que plantassem, do que colhessem. É assim que viveriam e foi assim que Francisco de Assis viveu. E, lhe digo uma coisa: ninguém morreu no tempo dele por viver desse jeito. Portanto, não há problema em se viver assim.

O problema só surge para você porque não se satisfaz apenas estas coisas. Você quer ter tecnologias avançadas, quer ter televisão, um carro... É por causa dessas coisas que não consegue viver como Francisco viveu.

Você não vê como é possível se viver como Francisco viveu porque ainda está preso à coisas humanas, a futilidades humanas. A coisa que são fúteis para o espírito.

Sabe, o espírito não liga para computador, para televisão nem carro. Sabe porquê? Porque no seu mundo ele não tem o que fazer com isso.

Portanto o que para você é algo incompreensível só se torna assim porque você está preso, dependente de diversas coisas humanas. Só que tenho uma novidade para lhe contar: um dia terá que largar tudo isso. Um dia desencarnará e não terá nada disso. Se ainda for dependente dessas coisas, como vai viver neste dia?

Pense nisso e liberte-se da obrigação de ter que ter. Neste dia você poderá viver como Cristo.

Conversando com um espiritualista - volume II

Sujeira do espírito

Participante: se não estou enganado, você disse uma vez que no processo de evolução espiritual o espírito se limpa. Se isso acontece, quando foi que ele se sujou? De que exatamente ele se limpa: das críticas, das opiniões, do eu?

Segundo o livro Gênesis da Bíblia, o pecado original, ou seja, a origem da sujeira está no fato do espírito comer o fruto da árvore do conhecimento, adquirir um saber. A partir daí, cada vez que o ser transforma um conhecimento em um saber, ele se suja.

Se toda vez que um espírito assume que uma verdade que tenha é absoluta se suja. A limpeza, então, se consiste em não saber, ou seja, em não tornar absoluta as informações que tenha. Se consiste em viver apenas com o conhecimento, ou seja, em viver com o valor de relativo às verdades que tenha. No momento que consegue isso, o espírito se limpou.

Isso é importante de ser compreendido, pois são os frutos da árvore do conhecimento, a ideia de saber, que levam à questão de julgar o bem do mal, capacidade que segundo os mestres apenas Deus tem. Cada vez que o espírito se liberta de um saber, se liberta da pretensão de saber se o que está acontecendo é bom ou mal, ele se aproxima do Pai.

Saber: é isso que suja o espírito e é o que ele precisa se limpar, se libertar.

Conversando com um espiritualista - volume II

Mudar a vida

Participante: eu não posso modificar a vida?

Não. Acho que ter esta noção deveria ser um ponto pacífico na existência de vocês...

Eu costumo dizer que se você pudesse modificar a vida jamais ficaria doente e tudo aconteceria do jeito que você quer. Por conta da sua onipotência, deveria não haver mais guerras no mundo, todos seriam bons...

A vida é assim? Acho que não. Apesar de imaginar que pode comandar ou alterar os acontecimentos que desfilam à sua frente, a sua vida não acontece dentro daquilo que imagina ser o melhor.

Sendo isso verdade, só posso dizer que você não pode agir externamente alterando a vida para aquilo que você quer. Se tivesse uma varinha de condão e conseguisse mudar tudo, eu diria que tem a capacidade de mudar. Como não tem, eu digo que tem que viver o que a vida lhe apresenta.

Além do mais, a questão de que não consegue modificar a vida fica muito clara quando observamos que há coisas que você quer mudar, planeja como mudar, age dentro deste planejamento, mas o resultado final não acontece como esperado. Quando você vê, a vida se apresentou completamente diferente do sentido com o qual agiu.

Participante: falo apenas da minha vida.

E eu estou falando da sua vida unicamente.

Unicamente na sua vida, se pudesse agir, você só viveria o que gosta, o que considera como bom para si. Como não é assim que a sua vida transcorre, digo que não consegue modificar a vida que lhe é apresentada.

Conversando com um espiritualista - volume II

Paz e harmonia

Participante: o que é felicidade?

Felicidade é quando você consegue viver em paz e harmonia.

Já disse diversas vezes que só quem consegue viver a vida vivencia a felicidade universal. Mas, o que é a felicidade universal? É um estado de espírito onde o ser alcança a paz e vive harmonizado com o mundo que o cerca.

Esta definição é bastante filosófica e por isso vou traduzi-la para a linguagem de vocês. Vive-se em felicidade quando se está numa boa, quando nada tira a sensação de bem estar. Este estado só pode ser conseguido se você estiver vivendo a vida.

Disse que ser feliz é viver em paz. O que é ter paz? É não ter armas para guerrear.

Sei que para vocês a paz existe quando conseguem submeter o outro ao que querem, quando conseguem fazer com que o outro aceite suas verdades. Ou seja, para vocês a paz só pode ser alcançada quando um vence o outro.

Isso não é paz, mas sim domínio e submissão. O que é alcançado desta forma não permanece, pois quem é submetido um dia se revoltará. A paz só existe quando você não tem nada para atacar o outro. Por causa desta ausência de armas, você consegue viver em paz com o próximo.

Olhe para a tela do seu computador. Se para você houver apenas uma tela, o que haverá para que entre em guerra com o outro, ou seja, em discordância com ele? Nada. Todos que olharem para este objeto dirão que é uma tela de computador e por isso não há elementos capazes de gerar uma discordância. Agora, se você tiver uma tela bonita, esta beleza pode ser discordada? Claro que sim.

O que seria do amarelo se todos gostassem do verde? Cada ser humano é uma individualidade completamente diferente da outra e por isso gosta de coisas diferentes, acha bonito coisas diferentes.

É por isso que só quando você tem paz, ou seja, quando não tem argumentos para atacar o outro consegue viver a vida. Mais: só quando você vive a vida consegue chegar à paz. Quando vive a morte, algo além da realidade, jamais conseguirá a paz.

Este é o primeiro elemento da felicidade. O segundo que elenquei como compondo a felicidade foi a harmonia. Vamos falar dela...

Harmonizar-se é estar de bem com o outro, é viver coletivamente sem discordância. Será que se você tiver uma tela de computador que acha bonita e alguém disser que ela é feia, conseguirá ficar em harmonia com essa pessoa? Claro que não. Irá querer provar a ela que a tela é bonita, que tem um padrão de beleza classificado como bonito e que o outro precisa achar isso também. Pronto, acabou a felicidade...

Portanto, só quando você não tiver atributos nenhum para as coisas da vida é que será capaz de se harmonizar com o outro, pois não existirão motivos para haver discordância. Este é o ponto principal.

Paz e harmonia: estes são os dois aspectos que compõem a felicidade...

Conversando com um espiritualista - volume II

A obra do espírito

Participante: Deus é justo, pois concede a cada um segundo suas obras. Se é Deus quem faz tudo, ou seja, se o ser humano não pratica atos, que obras são essas? Seria amar a Deus sobre todas as coisas, aceitando a vida como ela se apresenta ao invés de achar que pode fazer alguma coisa?

Na verdade o ser humanizado pode viver de duas formas: ou ama a Deus sobre todas as coisas e aceita a vida como ela acontece, ou vive aprisionado à opinião que a mente diz sobre o que está acontecendo e com isso ama a si mesmo acima de tudo... A obra do espírito é escolher viver uma destas duas coisas.

Quando o espírito vive o amor a Deus, ou seja, não vive a opinião que a mente dá, está obrando de uma forma. Por essa obra, ele terá um carma específico.

Quando ele vive a opinião da mente como verdade, como realidade e não o amor a Deus, está obrando de outro jeito. Por isso merece outro carma. Tem uma outra reação a este tipo de ação.

A ação do espírito, a obra, portanto, é escolher como vivenciar aquilo que é criado pela mente.

Conversando com um espiritualista - volume II

Predeterminação

Participante: até onde vai a predeterminação das coisas e acontecimentos? Se restringe só a vida encarna enquanto encarnado ou vai além?

A predeterminação da vida do espírito vai além de todas as encarnações que você possa imaginar. No Universo só Deus é, sabe e faz. O resto é tudo predeterminado. Falo isso com relação a acontecimentos externos...

Com relação à parte moral, ou seja, amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo ou não, isso não está predeterminado. É livre arbítrio do espírito e ao longo de toda eternidade ele exercerá essa liberdade de opção frente a uma predeterminação.

Conversando com um espiritualista - volume II

Predeterminação de sentimentos

Participante: se eu digo que Deus sabe de antemão como cada ser vai reagir sentimentalmente diante de determinado ato, poderia se dizer que os sentimentos seriam predeterminados também assim como os atos?

Não. Os sentimentos não são predeterminados.

O que a mente sente, que não é sentimento, mas emoção, é predeterminado, mas o que o espírito vive, sente, enquanto a mente está sentindo alguma coisa, não é predeterminado. É conhecido por Deus, mas não determinado por Deus. É fruto do livre arbítrio do espírito. Ele escolhe, mas Deus sabe o que escolherá.

Isso, portanto, não tem a ver com predeterminação, obrigação ou tem que acontecer. Tem a ver com o livre arbítrio do espírito e o conhecimento por parte de Deus do que o espírito escolherá.

Conversando com um espiritualista - volume II

Celebridades no mundo espiritual

Participante: acompanho cursos e palestras de espíritos através do Gasparetto, como por exemplo, o Grupo Mauá composto por espíritos que se apresentam como o próprio Barão de Mauá, rei Salomão, Alan Kardec, Loyola, John Rockefeller e outros, os quais pregam a prosperidade, abundância, etc., e nos afirmam que podemos mudar nossas vidas de acordo com a nossa fé e postura comportamentais. Daí pergunto: esses espíritos vivem no mundo dos devas, são espíritos humanizados?

Boa pergunta...

Primeira questão, por favor analise os nomes que você citou: Barão de Mauá, rei Salomão, Alan Kardec, Loyola, John Rockefeller. Veja a diferença entre eles. Há neste grupo espíritos que durante a vida humana dedicaram-se à busca espiritual, mas há também espíritos que nunca ligaram para a questão moral. Seres cuja materialidade sempre buscaram o bem estar humano. Lhe digo que se você meter gatos e cachorros dentro do mesmo saco terá problemas...

Se Kardec enquanto vivo lutou pela vida espiritual e Rockefeller lutou pelo bem estar material, eles são no mínimo antagônicos. Por isso, lhe digo que precisa ter cuidado.

Há muitos nomes conhecidos neste planeta que não tem nada a ver com busca espiritual. São pessoas de renome, mas que não tem nada a ver com coisas espirituais. Este é o primeiro detalhe.

Segundo: você já reparou que dificilmente encontra transmitindo mensagens o mendigo da porta do castelo dor rei? Que dificilmente encontra o fazendeiro das terras do senhor? Cuidado. Cristo ensina assim: Deus mostra aos simples o que esconde dos sábios. Se o espírito se apresenta como um grande sábio deste mundo, Deus não mostrou nada a ele, ou Cristo falou besteira: você é que decide o que quer acreditar.

Terceiro detalhe: com relação à prosperidade neste mundo, eu só posso lhe dizer uma coisa. Quando começamos nosso trabalho sempre dizemos que falamos em nome de Cristo, nosso mestre e amigo. Se declaro que Cristo é meu mestre, não posso ir contra ele. Por isso, se ele diz que você deve amealhar bens no céu e não na Terra, eu não posso lhe aconselhar a ir contra ele e se fixar na busca da prosperidade nesta vida.

Eu até acredito que sim, você pode ser próspero nesta vida, mas esta prosperidade não é composta por elementos matérias. Você pode tornar-se próspero em espiritualidade. Nisso eu acredito. Agora, dizer que pode ser próspero materialmente falando nesta vida através da sua fé, é simplesmente engar Cristo, é ser um anticristo.

Conversando com um espiritualista - volume II

Dualismo

Participante: o dualismo presente nos planetas de provas e expiações como a Terra é uma exclusividade nossa ou também faz parte de outros mundos mais evoluídos? Pergunto isso porque frequentemente leio comunicações de outros orbes (por exemplo, Urano) que não pregam o ensinamento de Deus como Causa Primária e atribuem a raças alienígenas más os problemas do planeta Terra. É possível um mundo evoluir para mundo de regeneração, dentre outros mais evoluídos, e continuar dualista?

O dualismo existe no Universo inteiro. Enquanto o espírito não alcançar a sua evolução plena, que não é se tornar Deus, mas chegar próximo a Ele, o dualismo tem que existir e existe.

Com relação as mensagens de habitantes de Urânio, Plutão, Vênus ou qualquer outro planeta, só tenho uma coisa para lhe dizer: cuidado...

Não estou dizendo que toda mensagem seja falsa. Não é isso que quero dizer. O que quero lhe mostrar é outra coisa...

Você tem os ensinamentos dos mestres. Em O Livro dos Espíritos está escrito que Deus é Causa Primária de todas as coisas e ponto final. Não há informação de que Ele cause isso e não cause aquilo. Não há a informação que Deus seja a Causa Primária de algumas coisas e não seja de outras. Lá se fala de todas as coisas. Portanto, acabou: Ele tem que causar tudo para aquele que acredita em O Livro dos Espíritos...

Este é o problema e, aliás, já lhes alertei diversas vezes sobre ele. Vocês ficam procurando muitas informações achando que vão encontrar verdades, mas no fundo só encontram provas. Todos os ensinamentos disponibilizados neste mundo são provas. Todas as informações espirituais disponíveis neste planeta se constituem em provações para os espíritos aqui encarnados. Quanto mais esnobe a aparentemente profunda é uma informação, mais ela serve como provação.

Como você, então, reconhece o lobo em pele de cordeiro? Pelos ensinamentos dos mestres. Já cansei de aconselhá-los a ler a Bíblia, O Livro dos Espíritos, o Bhagavad Gita, os sutas budistas. Depois de conhecê-los, verifique neles se a informação que estão recebendo está prevista ali. Se não estiver, não aceite... Por mais que a informação venha rotulada enviada por um ser altamente reconhecido pela humanidade, por mais que seja algo extremamente misterioso, não aceite se ela não encontrar respaldo nos ensinamentos dos mestres.

A única coisa que não podemos fazer é julgar ou contrariar os ensinamentos dos mestres. Eles são mestres, não são enviados de Deus. Eles foram enviados por Deus, mas na categoria de mestres, com ascensão moral superior aos outros enviados... Então, use o que eles falaram para analisar as informações que recebem...

Kardec ensinou: passe tudo pelo crivo da sua razão. Eu digo para não passar pelo crivo da razão humana – aliás, o Espírito da Verdade também diz para não fazer isso, pois afirma que a razão é mal educada, egoísta e orgulhosa e por isso não serve como guia infalível – mas, lhe digo que deve passar tudo pelo crivo dos ensinamentos dos mestres. Não pelo que um humano fala, mas por aquilo que você lê e vê nos livros sagrados dos mestres.

Na hora que passar tudo por este crivo, descobrirá uma coisa: tem muito lobo em pele de cordeiro. Aliás, hoje existe muito mais, pois como ensina Cristo, no final dos tempos os falsos profetas aparecerão.

Falso profeta é aquele profetiza fora da lei de Deus, fora dos ensinamentos dos mestres.

Conversando com um espiritualista - volume II

Chegar a Deus amando o dinheiro

Participante: porque Cristo diz que eu não devo ter posses materiais?

Porque você não sabe amar a estas coisas. Na verdade, guiado pelo ego, o ser age possessivamente e egoisticamente na relação com os demais elementos do mundo - a relação pecaminosa que vimos antes...

O problema, no sentido espiritual, não são os elementos materiais, mas a forma como o ser se relaciona com qualquer coisa. Se o espírito relacionar-se com Deus, com os mestres ou mentores a partir de paixões humanas (possessivas) os objetivos da encarnação não serão alcançados do mesmo jeito.

Além do mais, Cristo não disse que o ser humanizado não pode ter coisas materiais – até por que ele tinha: o que ensinou é que o espírito não deve possuir aquilo que está sob sua guarda temporária. Disse também: não se pode desejar ter mais do que tem. Isso ele ensinou, mas não ter, não disse...

O Espírito da Verdade foi claro sobre o assunto: “É natural o desejo de possuir? Sim, mas quando o homem deseja possuir para si somente e para sua satisfação pessoal, o que há é egoísmo” (O Livro dos Espíritos – pergunta 883). Não há problema em ter, mas quando se tem e não se compartilha e, ainda por cima se quer mais, aí o egoísmo aparece e a elevação espiritual é abandonada.

Quer ver um exemplo? Você tem uma calça?

Participante: tenho...

Quer comprar outra, não importa o motivo?

Participante: quero...

Então, você não ama universalmente a calça que tem...

Ter uma determinada quantidade de calças não é problema: você pode ter cinquenta ou uma. O importante é não achar-se dono dela e, por isso, esperar que ela lhe satisfaça (por exemplo esteja sempre limpa) ou querer ter outra que já não esteja sob sua guarda.

Participante: então eu posso alcançar a Deus através de coisas materiais, como por exemplo o dinheiro?

Sim, desde que ame este elemento de uma forma universal e não possessiva. Quando isso acontecer você não desejará o do próximo e não possuirá como seu o que estiver sob sua guarda...

Se estes preceitos não estiverem preceitos não é amor, mas paixão. A paixão por qualquer elemento prende à materialidade, mas o amor universal por eles leva a Deus...

Participante: mas, se eu amar o dinheiro não amarei o próximo, porque irei querer ter o dinheiro?

É, vocês nem sabem o que é amor... Falou em amar, logo ligam este sentimento à possessão.

Se você amar universalmente o dinheiro amará o seu e o do próximo, sem precisar tê-lo. Além disso, poderá repartir o seu sem querer mantê-lo sob sua custódia. O amor universal ao dinheiro é aquele que não precisa da posse para ocorrer; a paixão é que necessita.

Vocês confundem amor universal com posse... Veja outro exemplo...

A esposa diz que ama seu marido, mas se esse se afasta (há uma separação do casal), ela diz que o amor acabou. Isso é amor ou paixão mundana?

Paixão, pois precisa da possessão sobre o marido (estar perto) para existir. Se fosse amor verdadeiro ele continuaria existindo, mesmo que o objeto dele se afastasse...

Amar o dinheiro universalmente é amá-lo na sua ausência ou na sua presença, o que está no seu ou no bolso do outro, sem condições ou desejos... Amar a todas as situações que envolvam o dinheiro incondicionalmente...

Participante: amar desta forma é o que vem sendo dito que é o amor que se deve ter com Deus...

Sim, e por isso disse que se pode alcançar a Deus através do amor incondicional a qualquer coisa...

O amor a Deus que Cristo ensina é a sensação de felicidade (bem-aventurança) que se sente na alegria ou na dor, na felicidade ou na tristeza, na saúde ou na doença, na riqueza ou na pobreza... Foi este mesmo sentido que eu dei acima ao amor ao dinheiro.

Levemos agora isso para o ensinamento presente de Paulo: aqueles que não têm a lei... Você, como cristão, deve buscar amar a Deus incondicionalmente, pois esta é a sua lei (ensinamento), mas aqueles que nem acreditem em Deus, se agirem com os elementos do mundo material nesta mesma incondicionalidade, terão cumprido a lei, sem nem ao menos conhecê-la.

Um ser humanizado não acredita em Deus: qual o problema, espiritualmente falando? Se, por vontade própria, ele se harmoniza com o Universo na carência e fartura, qual o problema?

Participante: mas, e a luta para manter o dinheiro que muitos fazem?

Continuo insistindo: não estou falando em possuir ou desejar, mas em amar incondicionalmente. Aqueles que lutam para manter o dinheiro, bem como aqueles que lutam para manter o prazer individual na sua relação com Deus (pede que o Pai faça o que ele quer), não estão amando, mas seguindo suas paixões materialistas.

Participante: é que o senhor dá uns exemplos difíceis de compreender...

Para poder tirá-los da mesmice.

Sem estes exemplos vocês condenariam todos que tem dinheiro, mesmo sem saberem com que intencionalidade eles se relacionam com as coisas...

Estes exemplos são bons porque acabam com a ideia de que o externo dita o interno de cada pessoa. O que vale não é o que se tem ou faz, mas o interno de cada um (a forma como se relaciona com o ato) já que Cristo ensinou que Deus julga as intenções e não as ações.

Participante: mas, Cristo ensinou que temos que amar a Deus?

Disse isso para você que acredita em Deus, mas, e para quem não acredita, será que não há salvação? Mais: se é Deus que emana as compreensões que o ego gera, será que este ser não poderia queixar-se depois de ter sido injustiçado porque o Pai não o fez acreditar Nele?

Pense... Nada pode ser hermeticamente fechado: tudo tem um destinatário e o mesmo ensinamento não pode ser aplicado coletivamente... Olha o que falamos do julgamento no início deste trecho: “... não importa quem você seja - pode ser o mais sábio sobre qualquer assunto, saber tudo de algum tema – não tem o direito de julgar ninguém. Mas, por que não tem direito a isso? Porque quando você julga (analisa e gera uma avaliação) o outro está fazendo o que mesmo que ele faz”.

Como disse antes, Deus cria as verdades de cada um de acordo com sua provação. Se uma pessoa não acredita em Deus, eis aí uma compreensão, uma prova. A vitória nesta prova não é passar a acreditar, mas, mesmo fustigado por esta razão, viver incondicionalmente.

Para isso não precisa nem aprender os ensinamentos dos mestres: a lógica material serve.

Dinheiro foi feito para ser gasto, para gerar conforto, saúde, segurança: é isso que diz a lógica material. Quem segui-la, ou seja, despossuir a necessidade de manter o dinheiro sempre consigo, estará realizando a elevação espiritual.

A vida é cheia de altos e baixos; um dia se está por cima no outro por baixo. Compreendendo mais esta máxima material e vivendo-a com intensidade, saberá se trabalhar no momento que não tem dinheiro para tê-lo depois. Com isso eliminou o desejo e fez a elevação espiritual...

Agora disso tudo que disse retire a palavra dinheiro e coloque Deus... Não chegamos a todos os ensinamentos de Cristo sobre a forma de nos relacionar com o Pai?

Mas, os seres humanizados não aceitam o que estou dizendo porque partem da sua verdade para impor “certos”: “Cristo disse que tinha que amar a Deus, então nada substitui isso”. Ora, você está julgando o mundo, o certo e o errado, a partir de suas convicções e, por isso, não consegue entender o que estou dizendo.

O que eu e Paulo estamos querendo dizer é que ninguém está perdido... Não importa se o ser humanizado é religioso ou não e nem que doutrina siga: se realizar o trabalho necessário, conseguirá a elevação espiritual. Mas, vocês não compreendem isso porque se fixam na letra fira do ensinamento do mestre...

A questão entre o que eu estou falando (elevar-se através do amor ao dinheiro) e o que vocês estão dando como certo, é semântica: só uma troca de nomes. Na verdade eu mantive a essência do ensinamento e troquei o nome justamente para mostrar que estão apegados à letra fria dos ensinamentos.

Quer outra aplicação para isto que estou falando? A consciência que existe em alguns egos que os índios são selvagens e não podem elevar-se espiritualmente porque não possuem contato com os ensinamentos do homem branco. Estas verdades geraram, por exemplo, a necessidade da catequização. Mas quem disse isso, quem disse que é necessário que os silvícolas tenham que se adquirir a cultura do branco para poder se elevar?

Se o índio – que, aliás, tem muito mais chance do que o branco de se elevar por possuir menos conceitos sobre as coisas – vivenciar os ensinamentos de Cristo, mesmo que nunca tenha ouvido falar deste mestre, ele ascenderá ao reino do céu.

Isto se aplica à ideia que os cristãos fazem dos mulçumanos, dos hindus e dos próprios integrantes das seitas cristãs diferentes, como as desavenças entre católicos e protestantes. Se estes seres conseguirem vivenciar os acontecimentos de sua vida dentro da incondicionalidade – o que aliás é ensinamento todos os mestres e não só de Cristo – estarão amando a Deus e é isso que importa.

É isso que Paulo está dizendo: não precisa ser judeu para ser salvo... Não precisa ser cristão, religioso e nem mesmo acreditar em Deus para alcançar a elevação espiritual.

Na hora que os seres humanizados compreenderem esta realidade poderão aprender a conviver harmonicamente com o mundo em que vivem. O problema é que se apegam a letra fria de leis, que, aliás, são meras interpretações que eles mesmos fazem e com isso não conseguem viver bem nem com os outros nem com Deus.

Conversando com um espiritualista - volume II

Ultrapassar o mundo dos devas

Participante: gostaria de saber se com todo esse trabalho espiritual nesses últimos anos na Terra se há espíritos que estão passando após a barreira das colônias espirituais, se é que elas existem. Se os espíritos que desencarnam estão indo para as esferas superiores ou para o universo. Além disso, gostaria que você falasse um pouco sobre a grande colheita. O que é isso? Ouvimos muitos falando sobre o assunto, mas não entram em detalhes.

Primeiro detalhe da sua pergunta: apesar de todo trabalho espiritual que acontece hoje na Terra, não só nosso, mas de muitos outros enviados de Deus, será que alguém está ultrapassando a barreira do mundo dos devas? A resposta é não. Porque? Porque ainda não é época de se ultrapassar esta barreira.

Vocês estão vivendo num mundo de provas e expiações. Viver neste mundo é provar que quer mudar e não mudar. Ao final do mundo de regeneração o mundo dos devas não mais existirá, pois neste momento os espíritos naquele mundo regeneraram-se, mudaram-se. Portanto, não existe ainda a possibilidade da regeneração, por isso os espíritos não estão ultrapassando o mundo dos devas e nisso não há problema algum.

Na verdade, o que os enviados de Deus estão fazendo neste momento é começar a alicerçar as bases do novo mundo, ou seja, estão começando a mostrar o caminho necessário para a regeneração. Eles fazem isso com a certeza de que não é ainda a hora da mudança completa, mas com a consciência de que é preciso começar a deixar já o caminho cimentado para que os espíritos encarnados caminhem neste caminho no futuro.

No segundo detalhe da sua pergunta, você me pergunta sobre a grande colheita. Vamos falar disso agora...

Colheita é o ato de colher fruto do que se plantou. Quando se fala em uma colheita, se fala em adquirir o resultado do seu esforço. Sendo assim, podemos chamar de colheita também aquilo que acontece ao final de um encarnação, ou seja, quando um o espírito colhe os resultados obtidos durante uma encarnação.

Isso não é novidade: vem acontecendo sempre. Ao longo de todo processo encarnatório no planeta Terra, os espíritos realizaram a colheita daquilo que plantaram durante a vida humana. A novidade é que este é o momento da grande colheita ou, como ela é chamada, do juízo final.

A grande colheita é a última colheita que o espírito faz em um mundo encarnatório para ver se irá encarnar num novo sentido ou se ficará ainda precisando colher novos frutos no sentido que vive neste momento. No caso de vocês, a grande colheita que estão vivendo neste momento é para ver se prosseguem para um mundo de regeneração ou se ainda continuam em um mundo de provas e expiações.

Isso é a grande colheita que está acontecendo neste momento no planeta...

Conversando com um espiritualista - volume II

Acumulo de informações

Participante: como lidar com a necessidade da mente de acumular experiências, conhecimentos, bens materiais e morais? Deve-se simplesmente ignorar a mente ou há algo mais? Creio que essa necessidade de acúmulo é o que nos impede de ser feliz no agora...

Primeiro detalhe: apesar de você afirmar diferente na sua pergunta, não é a necessidade de acúmulo de qualquer coisa que interfere na sua felicidade de agora. Vou explicar isso...

Você colocou muito bem: a mente tem necessidade de acumular informações. Sim, ela tem, mas isso não gera problema algum para a sua felicidade. O que causa problemas para a sua felicidade não é a quantidade de informação acumulada pela mente, mas sim o peso que é dado a estas informações.

Por exemplo: você quando mais novo aprendeu os números, equações matemáticas, as quatro operações básicas. Tudo isso faz parte do processo mental, do processo de acumular informações. Só que ao mesmo tempo que ela acumula estas informações transforma-as em verdades absolutas. É por isso que se alguém lhe disser que dois mais dois não dá quatro, você se viverá uma contrariedade...

Outro exemplo disso é a informação acumulada que a sua mente tem de que depende da existência de oxigênio para que haja vida. Como essa informação recebe o peso de que é uma verdade absoluta, você acha que não há vida em outros planetas porque lá não há oxigênio. Sendo assim, se alguém disser que há vida em outros planetas você viverá uma contrariedade e com isso perderá a sua felicidade.

Por isso lhe digo: a mente acumular informações não traz problema algum. O problema só passa a existir quando ela transforma em verdade absoluta o que acumula. Isso pode afetar a sua felicidade porque vai causar uma condicionalidade para você ser feliz, vai leva-lo a depender que os outros compartilhem dessa verdade para que você se sinta feliz.

Portanto, como se comportar com o desejo de acumular informações que a sua mente humanizada tem? Primeiro, deve saber que não pode deter a ação da mente de querer acumular informações. Você não pode fazer com que a mente não queira acumular informações. Isso é da natureza humana, da natureza da mente humanizada.

Segundo: não acreditar quando a mente transformar em verdade absoluta o que acumula. Se fizer isso, o que foi acumulado não interferirá na sua felicidade, pois como o que foi acumulado não será mais tratado como uma verdade absoluta, mas apenas como uma opinião individual, não haverá mais a condicionalidade para a felicidade. Se você acredita numa coisa, mas não crê com a força de que aquela verdade é absoluta, quando alguém pensar diferente o que fará? Dirá: ‘eu penso assim, ele pensa assado. Continuamos amigo e vivendo em felicidade’.

Esse é o processo. A mente por natureza e pela sua característica de ser o formador da provação do espírito tem a necessidade de acumular informações. Viva isso, porque não pode ir contra isso. Agora, quando ela acumular informações e transforma-las em verdades absolutas, não viva isso. Não viva a certeza de que você está certo, de que o que existe na sua mente como verdade é absoluto e real. Com isso não condicionará a sua felicidade e poderá ser feliz independente das informações que estão acumuladas na sua mente.

Essa é a forma de você conviver com a necessidade da mente em acumular informações.

Conversando com um espiritualista - volume II

Ditadura e democracia

Participante: a minha dúvida é e sempre será: se temos a vicissitude de fazermos a mudança, vamos ter que indignarmos para avançarmos? Senão tivéssemos nos indignados, estaríamos até hoje no sistema de ditadura. Alguém foi tocado por Deus, a Causa Primária, para que pudéssemos passar para democracia...

Não. Como está escrito em O Livro dos Espíritos, a Causa Primária acontece do faça-se de Deus. Este faça-se consiste-se em apenas Deus dizer faça-se e a coisa se faz. Por isso posso dizer que não há alguém tocado para fazer nada.

Na verdade o que acontece é que Deus faz e dá a alguém a ideia de ter feito. A coisa se faz: não há alguém que faça alguma coisa. É a própria coisa que se faz a partir da expressa vontade de Deus. Por isso digo que ninguém é tocado para fazer nada...

Com relação às vicissitudes, só quero lhe lembrar que elas não se resumem apenas em coisas que você trata como negativas. A vicissitude também é o que você chama de positivo.

Por isso posso dizer que a ditadura era uma vicissitude, mas a democracia também o é. Não importa se você está vivendo sobre um regime ditatorial ou sob a mais livre democracia, pode ter certeza que está vivendo uma prova, ou seja, está vivendo um momento onde poderá se apegar a um certo ou continuará amando a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Este é o detalhe que vocês se esquecem sempre. Vocês acham que estão vivendo uma vicissitude só quando chamam o momento de negativo e por isso querem agir só neste momento libertando-se do que está acontecendo. Mas, quando o momento é considerado positivo, também está acontecendo uma vicissitude. Por isso, neste momento também há a necessidade de uma atitude para não viver o que a mente está dizendo para viver naquele momento.

Conversando com um espiritualista - volume II

Cura e fé

Participante: o que devo pensar quando a surge a cura independente da fé de acreditar ou não em Deus?

A fé não tem nada a ver com aceite, com acreditar. A fé tem a ver com entrega com confiança. Uma coisa é bem diferente da outra...

Quando você se entrega a qualquer coisa e confia nela, está tendo fé nesta coisa, mas quando você precisa acreditar para se entregar, a entrega é ao seu raciocínio e não ao que foi pensado. Portanto, acreditar para se entregar, acaba com a própria fé.

Tem um ensinamento no mundo de vocês que diz que a fé tem que ser racional. Isso não é fé. Isso porque quem precisa raciocinar alguma coisa para se entregar, não está tendo em fé. Por que? Porque não está tendo confiança ao que está se entregando. Na verdade está se entregando à sua certeza de quer aquilo é certo.

Então, a fé independe da crença em Deus, mas depende da entrega à Deus. Agora, eu lhe pergunto: se Deus é tudo e tudo é Deus, quem é o remédio, o médico ou o procedimento médico? Deus... Portanto, mesmo não acreditando em Deus, quem se entrega aos elementos humanos, está se entregando ao Senhor.

Sendo assim, a cura pode vir, por exemplo da fé que você tem num médico, num procedimento médico, num remédio. Se você está se entregando com confiança a esses elementos sem antes avaliar se eles são bom ou mal, está se entregando a Deus e com isso a cura provém desta fé e não destes elementos. Essa seria a primeira parte da resposta.

A segunda é: no mundo espiritual se diz que dois mais dois dificilmente dá quatro. Ou seja, a cura não ocorre por essa, aquela ou aquela outra razão. Isso quer dizer que quem tem fé não será necessariamente curado. Este poderá ser curado, necessariamente ser não.

Então, quem tem fé, por essa confiança que tem, não se preocupa em conseguir o que quer. Ele apenas se entrega. Ele diz: ‘eu confio em você, mas se vai acontecer o que estou prevendo, não sei’. Por isso digo que muitas vezes o não curar também é fruto da fé.

Sei que para vocês é difícil de compreender o que estou dizendo, pois acham que qualquer coisa tem que dar determinado resultado para poder ser certa, mas nem sempre o resultado que você espera é o certo. Muitas vezes pode não dar o resultado que você quer, mas tudo estar certo...

Afirmo isso porque se Deus é a Causa Primária de todas as coisas e a Justiça, posso dizer que qualquer resultado que advenha de uma ação será certa. Mais do que isso, será aquilo que for merecido.

Acho que compliquei sua cabeça, mas a resposta seria essa.

Conversando com um espiritualista - volume II

Compaixão

Participante: minha pergunta se refere à compaixão. Não consigo sentir compaixão pelo meu próximo, porque quando olho para ele e vejo seu sofrimento sei que este faz a parte de sua colheita. Também não me sinto mal por isso. Te pergunto: isso é normal? É normal sentir este tipo de indiferença? Nunca negaria socorro que estivesse ao meu alcance, mas quanto a compaixão não sei como desperta-la.

Você me pergunta se a forma como vive é normal. Antes de falar da sua forma de agir, se é ou não normal, teríamos que analisar a questão da normalidade.

O que é normal? É algo que você acredita que é normal. É alguma coisa que você acha que não é anormal.

Não existe algo normal ou anormal universalmente falando. A normalidade depende do conjunto de crenças de cada um. Para vocês, por exemplo, que moram neste país é normal se cumprimentar dando a mão. Para outros que moram em outro país é normal, mesmo sendo dois homens, se cumprimentar dando beijinhos.

Então, não há uma normalidade. Por isso nunca queira julgar você ou nada pelo seu critério de normal. Aliás, eu sempre disse que a única coisa em que vocês podem ser iguais é no direito de serem diferentes uns dos outros.

Quando você compreende isso, não aplica mais padrões de normalidades a ninguém. Faz isso porque respeita que outras pessoas tenham padrões de normal diferentes do seu. Neste momento, você alcançou a verdadeira igualdade entre todos.

Falando agora da compaixão. Você me diz que não consegue despertar a compaixão e eu lhe digo que você já a tem.

Como já disse outras vezes, para vocês que habitam o mundo humano, compaixão é sofrer com o sofrimento dos outros. Mas, isso não é real. A verdadeira compaixão acontece quando você tem consciência do sofrimento do outro, mas não sofre com o sofrimento dele.

A verdadeira compaixão, portanto, é exatamente a forma que você me relatou que vive. Vendo uma pessoa passando necessidade, você não sofre com a carência que ele vive. Pode até ajudá-lo a superar a sua, mas não sofre por conta disso. Isso mostra a consciência que tem do sofrimento dele e também o fato de não viver o mesmo sofrimento que ele vive. Por isso, eu lhe digo que você já é compassiva, já tem compaixão.

Portanto, eu lhe diria: continue vivendo do jeito que vive hoje. Agora viva dessa forma sem achar que já fez alguma coisa.

Digo isso porque se tudo isso acontece num processo mental, é prova. Pode chegar um momento onde a sua mente crie sofrimento pelo que está acontecendo com o outro. Chegando este momento, se você acha que não é assim, sofrerá. ‘Como eu nunca sofri com o sofrimento dos outros vou sofrer agora com o sofrimento desta pessoa’? Compreendeu?

Como sempre também falo: a vida é o presente. Por isso, viva cada presente estando no presente, ou seja, viva a cada momento da sua vida como ele se delineia naquele instante. Não queira imaginar que você é isso, aquilo ou aquilo outro, que você sempre reage dentro desse ou daquele padrão. Isso porque se imaginar que é alguma coisa, chegando num momento onde aja diferente do que imagina ser, acabará sofrendo.

Como estudamos no livro do Senhor da Mente, Bhagavata Puranas, o verdadeiro sábio não tem outro lugar para guardar o seu alimento do que sua própria barriga. Isso quer dizer que o verdadeiro sábio não faz provisões de nada. Por isso ele não sabe o que vai comer amanhã, não sabe como agirá amanhã.

Conversando com um espiritualista - volume II

Cura e carma

Participante: com base na sua resposta sobre a pergunta que falava sobre o merecimento da crua, gostaria de fazer uma pergunta. A pessoa que é curada de uma grave enfermidade, como vemos não só no Novo Testamento, mas em sessões públicas de igrejas, nos ditos milagres, teria acabado de vencer um carma? Isso foi um merecimento adquirido pela pessoa pela sua atitude interior ou a crua já tinha data e hora marcada para acontecer? A intenção da minha pergunta é entender melhor a lei do carma...

Compreendi perfeitamente a intenção da sua pergunta e já ia responder baseando-me na lei do carma.

A lei do carma é um grande barato porque ao aplica-la, você gera um novo carma. Compliquei seu entendimento? Sim, mas essa lei é complicada mesmo para vocês humanos, para vocês que só sabem viver o que acontece no mundo material.

O que posso lhe dizer é que toda causa gera um efeito e este torna-se causa para um novo efeito. É assim que a máquina da existência espiritual – sim, espiritual, pois carma é do espírito e não do ser humano – funcional.

Eu já disse que o carma é como se fosse o motor que movimenta toda existência espiritual. As rodas, os espíritos, vão se encaixando e se desencaixando, rodando juntas e separadas, de acordo com a lei do carma. Então, cada momento na existência do espírito, seja encarnado ou não, é um carma, é um efeito a uma ação anterior. Só que quando o ser universal vivencia o carma, o efeito, está gerando uma nova ação que vai resultar numa nova reação.

Explicada a questão do carma, agora posso lhe falar das curas.

Lembra-se que falei de carma como espiritual, como pertencente ao mundo espiritual e ao espírito? Ora, se ele é espiritual, a cura é o resultado de um carma, é uma reação a uma ação? Depende. Depende do que? De que tipo de cura estamos falando.

Se você me fala da cura de uma doença material, está me falando de vida material. Por isso, essa cura não é o resultado de um carma, já que o carma é do espírito e este não tem doenças materiais. Agora, se você está falando de cura espiritual, ou seja, de um espírito conseguir depurar-se para avançar no sentido de aproximar-se de Deus, aí é carma, aí é efeito de uma ação espiritual.

A cura material, se ela é da matéria, é um elemento de provação, um elemento da prova do ser. É um questionador que vai gerar uma ação por parte do ser que levará a uma reação. Por isso, os ditos milagres, sejam os bíblicos ou os que acontecem nos dias de hoje, se acontecem relativo a coisas materiais, trata-se de cura de doenças físicas, na verdade são novas provas.

Se o ser humano foi curado, seja por um médico, um pastor, um exu ou por qualquer entidade, essa cura de doença material. Por isso, é uma nova prova, é um novo momento onde existe uma questão a ser respondida pelo espírito: ‘e agora, você vai idolatrar quem lhe curou porque ficou curado ou continuará amando a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo’?

É este aspecto que vocês precisam compreender. Carma não é humano. Portanto, qualquer reação humana não é carma, mas prova. Durante esta prova o espírito vai fazer alguma ação e essa ação dele ao viver o que está acontecendo no mundo material, criará para ele um efeito. Esse será dramatizado numa nova ação humana para gerar uma nova oportunidade para o espírito ter um novo carma.

Portanto, nunca relacione um acontecimento material como resultado de um carma ou como fruto de um carma. O que é fruto do carma é a ação do espírito e ela é dramatizada através de atos.

Participante: quer dizer que uma doença material não é um carma?

A doença material é uma prova. Uma prova resultante do carma de um espírito.

Participante: então, dependendo da forma como o espírito vive essa prova a pessoa pode ser curada ou isso não ou não tem nada a ver?

A cura não tem nada a ver com a ação de agora.

Como ela é prova, para existir tem que estar prevista no livro da vida daquele espírito. A pessoa só será curada se no livro da vida estiver determinado que ela será curada. Não é porque o espírito agiu num momento da encarnação de determinada forma que a pessoa será curada.

Se isso acontecesse, aquela questão de O Livro dos espíritos onde se diz que Deus sabe a hora que cada um vai morrer perderia o efeito. Isso porque bastaria que o espírito agisse de forma diferente que a hora da morte seria alterada.

Conversando com um espiritualista - volume II

Carma e livre arbítrio

Participante: relativamente a tudo que acontece na vida em geral, se nós possuímos o carma e não podemos fugir dele, onde é que atua o nosso livre arbítrio?

O livre arbítrio acontece na forma como você vivencia o carma. Se você vivencia o carma, ou seja, se vivencia a dramatização do carma espiritual amando a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, gera um determinado tipo de carma. Se passa pela dramatização nem amando a Deus sobre todas as coisas nem ao próximo como a si mesmo, gera para si outro carma.

Esta é a escolha que você tem...

Conversando com um espiritualista - volume II

Aceitar ou defender-se?

Participante: devemos aceitar as coisas que nos acontecem ou defendermo-nos delas, quando, por exemplo, somos vítimas de violência doméstica?

Lhe digo que você não deve aceitar nada nesta vida, mas também lhe digo que não deve rejeitar nada. Não deve se defender de nada, como também não deve atacar ninguém.

Na questão da defesa, Cristo foi bem claro: quando atacado, ofereça a outra face. Oferecer a outra face é justamente o que estou falando agora. Não é dar o outro lado do rosto para apanhar, mas sim não reagir.

Você me pergunta se deve aceitar as coisas deste mundo. Eu digo que não: você deve amar a tudo. Por mais que determinados acontecimentos lhe cause ferimento, você não deve apenas aceita-los, mas amá-los.

Quando falo em amar não estou me referindo a este amor bobo que vocês acreditam. Não se trata de bondade, de sentir-se leve porque apanhou. Não é isso que estou falando. Numa conversa que tivemos deixei bem claro que amar a Deus sobre todas as coisas é, ao invés de viver a agressão, como no seu exemplo, sentir-se amado por Deus através daquele acontecimento. Amar ao próximo como a si mesmo, quando você é agredido, é respeitar o direito do outro lhe bater.

Aí você me perguntaria: ‘quer dizer que vou apanhar pelo resto da vida’? Eu diria que não. Repare que estou falando em reagir a um acontecimento sentimentalmente, internamente, e não fisicamente.

Se no mundo físico, no mundo das ações você denuncia o agressor à polícia, se reage e provoca ferimento em que lhe feriu, isso é mundo físico, isso é prova. Essa ação não tem nada a ver com a evolução do espírito. Além disso, a reação também não foi escolha sua neste momento: é o planejamento das provações dos espíritos, tanto suas quanto do outro, feito antes da encarnação.

Então, veja, estamos conversando duas coisas diferentes. Uma coisa é a reação interna, é a vivência sentimental de um acontecimento. Outra coisa é uma reação através de atos ao que acontece. Uma reação por atos sobre atos que aconteceram.

Sobre esta segunda parte não posso falar como deve reagir, porque cada um reage como pré-programado. Sobre a primeira, Cristo foi bem claro: ame a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Esta é a única forma de reagir no mundo interno, no mundo sentimental que lhe leva a aproximar-se de Deus.

Conversando com um espiritualista - volume II

O carma e o mal

Participante: tendo em conta que o livre arbítrio significa a possibilidade de escolha, quando não conseguimos sair de uma coisa que não nos faz bem, podemos designá-la como carma?

Não, você não pode designar como carma só o que lhe é ruim, mas também o que lhe faz bem. Isso porque o carma o carma é vivenciado por vicissitudes, ou seja, pela alternância entre momentos bons e ruins.

Então, tudo que lhe acontece, sejas considerado por você como bom ou ruim, é o carma do espírito, é a dramatização do carma de um espírito.

Conversando com um espiritualista - volume II

A bíblia é verdadeira?

Participante: relativamente à Bíblia, ela é verdadeira?

Dentro da verdade de vocês, sim. Como caminho para a elevação espiritual, sim. Agora, quanto a fatos, aí não precisamos entrar neste detalhe...

Conversando com um espiritualista - volume II

O que importa para Deus

Participante: se Deus é bom e misericordioso e se somos programados através do carma, ou seja, para ter uma atitude menos correta com um irmão, existiria ainda assim o dia do julgamento final ou o Pai acolheria a todos, pois somos todos filhos Dele?

Cristo deixou muito bem claro: Deus julga de acordo com a intencionalidade de cada um. Deus não julga ação, mas sim intenção.

Então, volto ao que já falei antes: atos são atos. O que importa não é o que você faz, mas sim como você vive no seu interior o que está acontecendo do lado de fora.

Se você apanha e está preso a ideia de que não deveria apanhar, que não é certo apanhar, que aquela pessoa não presta porque lhe bateu, está preso ao egoísmo. Está preso a um querer ganhar que, neste caso, se traduz pelo querer ganhar o não apanhar mais ou o nunca ter apanhado. Se ao pedir o seu gênero de provas, foi criada, como está na pergunta 851 de O Livro dos Espíritos, uma espécie de destino que resultou no fato de precisar apanhar neste momento, se agora se rebela contra isso, você não está vivendo o amor a Deus acima de todas coisas e ao próximo como a si mesmo. Volto a dizer que estou falando de um mundo interno.

Agora, se neste momento você apanha e ama a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, como já explicamos como se vivencia isso, então, conseguiu reagir de acordo com aquilo que você esperava que fosse a sua reação antes de pedir o gênero de provas que levou a esse destino. Portanto, aproximou-se de Deus, o que é o objetivo a ser alcançado numa encarnação.

Só mais um detalhe que quero abordar.

Você diz que Deus é misericordioso. Sim, Ele é, mas com o espírito e não com o ser humano. Deus tem tanta misericórdia com o espírito, que faz o humano ao qual ele está ligado apanhar para que o ser universal tenha a justa prova que precisa para sua elevação. Veja que misericórdia divina.

Não dá para pensar num Deus misericordioso a partir dos seus anseios humanos. Se for pensar a partir disso, terá que jogar a Bíblia fora. Isso porque no Velho Testamento Deus diz para os judeus: ‘vão lá e lutem contra aquele povo. Nesta luta morrerão todos, mas vocês têm que ir lá e lutar’. Ou seja, Deus sabia que eles iriam morrer, mas assim mesmo os manda para a luta.

Quanta misericórdia há nisso, mas dentro da visão humana não há nenhuma. Agora, se olhar pelo lado espiritual, ou seja, se olhar pelo que Cristo ensinou – Deus dando a cada um segundo suas obras – verá que há aí um ato de grande misericórdia. Verá que há um ato onde Deus sabe que o espírito será contrariado pela mente, será instigado por ela para viver aquela contrariedade, mas, mesmo assim, dá, pois sabe que aquilo é que é o justo e o preciso para que o ser universal conseguia se aproximar Dele.

Conversando com um espiritualista - volume II

O caminho do mal

Participante: porque existem seres de luz que preferem o caminho do mal – uma vez que é por esses que existem espíritos negativos, que prejudicam a nossa vida terrestre ou nos causam mal estar?

Existem espíritos de luz que preferem o caminho do mal, ou seja, lhes causa mal estar, porque sabem que vocês muito mais facilmente quando sofrem o mal buscam a Deus verdadeiramente. Esse é que é o problema.

O problema não é o espírito de luz buscar o caminho do mal para vocês. Ele é levado a isso porque vocês espíritos quando estão humanizados querem ser contentados através do egoísmo da mente. Vocês não são capazes de abrir mão do prazer, da satisfação, do alcançara o que querem.

Então, o espírito do bem sabe que se caminhar pelo bem, se ele lhe der o que humanamente quer, estará atrapalhando o seu futuro espiritual. Isso porque estará lhe lavando o prazer e não o amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Só tem mais um detalhe que quero abordar.

Esse mal que você fala que os espíritos de bem criam, só é mal para você agora, quando humanizado. Para eles e para você antes de encarnar, o que está recebendo agora era o bem. Eles lhe dão o bem porque quando dão o que você considera como mal, estão lhe dando uma grande oportunidade de aproximarem-se de deus. Você quer bem maior do que está próximo do Pai?

Participante: a pessoa que fez a pergunta chama estes espíritos de negativos, mas na verdade não são, não é mesmo? Na verdade eles são espíritos de luz que estão exercendo um papel negativo...

Não, são espíritos de luz exercendo um papel positivo que você que está humanizado chama de negativo. Chama assim porque você queria o que considera positivo.

Portanto, o problema não é do espírito, mas do que você quer...

Conversando com um espiritualista - volume II

Evocação de espíritos

Participante: na Bíblia também diz que a invocação de espíritos é maligno. Essas contradições eu questiono-me se são verdadeiras na Bíblia...

Eu também digo que a evocação de espíritos é maligna.

Para que você evoca o espírito? Para que ele o ajude a conquistar os seus anseios materiais? Isso é maligno. Isso é mal para você. Não é o fato de evocar espíritos que é maligno, mas como você os evoca, para que os evoca.

Já disse por diversas vezes que Cristo ensina que Deus julga a intenção de cada um e não o ato. Então, o invocar não pode ser maligno, mas a intenção com o qual evoca os espíritos pode ser maligna ou não.

Em O Livro dos Espíritos tem uma pergunta que o Espírito da Verdade responde assim: não fiquem buscando coisas além da sua compreensão. Vocês tem muito mais do que fazer: prestem atenção às suas imperfeições.

Portanto, ao invés de partir da ideia que existem espíritos malignos ou que existe maldade em qualquer coisa e tentar entender estas questões, volte-se para dentro e veja a sua intencionalidade ao fazer qualquer coisa, pois é isso que será julgado.

Conversando com um espiritualista - volume II

Profetas

Participante: na Bíblia diz que muitos profetas se irão fazer passar por seres de luz para nos enganarem. Daí a expressão nem tudo que reluz é ouro. Como distingui-los?

Acho que há um problema na sua pergunta. Você diz que os profetas irão se passar por espíritos de luz, mas eles já são espíritos de luz.

Os profetas são os apóstolos no Velho Testamento. Os seguidores de Cristo são chamados de apóstolos. Os seguidores de Jeová, do Deus Eterno dos judeus, são os profetas. Então, não vejo como os profetas precisassem passar como ser luz.

Portanto, nesta sua pergunta há algum problema e não saberia como lhe responder.

Participante: a pessoa que fez a pergunta não estaria falando de falsos profetas?

Se a sua pergunta se refere aos falsos profetas que se passarão como seres de luz, ou seja, lobos em pele de cordeiro, neste caso, para você distinguir a mensagem de cada um, lhe aconselho a sempre ter os ensinamentos dos mestres à mão. Lhe aconselho a suar o ensinamento dos mestres para julgar os que são falsos ou não.

Cristo lhe diz que você não deve amealhar bem na Terra, mas no céu. Se vê um profeta lhe incitando a amealhar bem na Terra, este é falso.

Se Cristo lhe diz que não deve julgar ninguém, ao ver alguém lhe incitando a fazer isso, saiba que ele é falso.

Se Cristo diz que você não deve jurar pelo ouro do templo, mas pelo próprio templo, se um profeta lhe incitar a jurar pelo ouro, não o siga, pois ele é falso...

Conversando com um espiritualista - volume II

A guerra entre humanos

Participante: nós espíritos poderemos chegar ao estágio de não termos mais a mente que deseja a vitória?

Sim, mas só quando não mais forem humanos. Enquanto humanizados sempre terão uma mente que age desta forma, pois ser humano é estar exposto a esta provação.

Vocês só deixarão de conviver com uma mente que quer ganhar quando não mais vibrarem com a vitória que ela criar, nem sofrer com suas derrotas.

Participante: a vida humana, portanto, é uma guerra constante...

Sim, a vida humana é uma constante guerra onde cada ser humanizado iludido pela força de maya que dá valor de real ao que a mente cria está sempre querendo obter uma vitória. Isso é válido tanto para você quanto para todos os seres humanizados. Por isso já falei há algum tempo que não existem duas pessoas conversando, mas duas mentes disputando uma vitória.

Este mundo, portanto, é um campo de batalha onde mentes se digladiam com suas armas querendo sempre obter uma vitória.

Participante: e se eu aceito o que outro diz acabo com a guerra?

Se aceita porque racionalmente compreendeu que todo relacionamento é sempre uma batalha, conseguiu uma vitória. Você não acabou com a guerra, mas alcançou a sua vitória através de outra realidade que não a submissão do outro às suas verdades.

Conversando com um espiritualista - volume II

Medo do desconhecido

Participante: como podemos sentir corretamente uma vez que temos medo do desconhecido? Podemos sentir medo de optar por um sentimento porque nunca o sentimos antes ou porque realmente é uma energia negativa?

Como pode se sentir algo se não conhecemos o que sentimos e temos medo do desconhecido: para mim esta é a sua pergunta... Por isso, vou basear a minha resposta na questão de ter medo de sentir alguma coisa sem ter a confiança de aquele sentimento lhe trará determinada coisa. Ou seja, vou lhe responder como, por exemplo, amar a deus acima de todas as coisas se você não sabe no que resultará esta ação.

Esta questão do medo do desconhecido é algo muito interessante. Vocês acreditam que devem tomar algumas posturas sentimentais ou algumas precauções humanas porque a sua ação poderá gerar determinados efeitos. Será que já não estão cansados de ver que o que vocês preveem como resultado às vezes não acontecem?

Por exemplo: vocês se preocupam em trancar a porta de suas casas. Fazem isso para que o ladrão não entre. No entanto, quantas vezes o ladrão já não entrou numa casa mesmo com as portas trancadas? Será que realmente dá para sentir-se totalmente seguro apenas por trancar a porta da casa?

Você só perderá o medo do desconhecido quando deixar de se achar capaz de ter certeza que a ação de agora gerará um determinado futuro. Só perderá o medo do futuro quando deixar de sentir-se capaz de prever o que resultará do momento de agora.

Na verdade, por maior que seja a sua imaginação sobre o resultado da sua ação de agora, o futuro é sempre desconhecido. Por mais que você se imagine capaz de prever o que acontecerá, o resultado de sua ação de agora poderá ser diferente do que você imagina. Tudo pode ser, pode não ser; tudo pode acontecer de um jeito ou pode não acontecer.

Este é o único caminho que você tem para se entregar ao desconhecido: é saber que tudo é sempre desconhecido. Mesmo o que é previsto, se vai acontecer ou não, é desconhecido. Tendo certeza disso, você pode entregar-se ao desconhecido assim como se entrega ao momento onde imagina que conhece o resultado.

Então, volto a repetir, foi assim que entendi sua pergunta. Entendi no sentido de como se entregar ao desconhecido, como fazer alguma coisa sem saber o resultado que aquilo pode lhe trazer. A resposta para esta compreensão é: não confiando na sua previsão de futuro que irá acontecer a partir do que fizer neste momento.

Conversando com um espiritualista - volume II

Assistir a justiça acontecer

Participante: assistir a justiça acontecer é mole para mim; difícil é ter certeza que o que faço é a intenção de Deus sendo colocada através de mim. Falo em atitudes rins. Por exemplo, às vezes acuso alguém de algo, critico e posso até desfazer da pessoa ou até humilhá-la. Para mim é o meu espírito atrasado que ainda age com maldade, mas às vezes aquela pessoa precisa viver aquela situação de ser humilhada. Então, não sou tão ruim. Estou apenas fazendo com que a vontade de Deus se cumpra. É isso mesmo?

Assistir a justiça acontecendo é mole para você. Porque? Porque só vê justiça quando acha que o que está acontecendo é justo. Mesmo que o justo que você vive seja justificado por um ensinamento, ainda tem um justo. Sendo assim, não está vendo a justiça, mas sim uma ação que considera como justa.

Este é o grande problema. Você não consegue ver a justiça porque ainda está preso ao que é justo para você e o que não é. Porque posso dizer isso? Porque na sua afirmação há uma condição que justifica o justo para dar alguma coisa à outra pessoa.

No final da sua pergunta você diz que quando age de uma forma mal consegue ver a justiça, porque sabe que aquela pessoa precisa daquilo. Isso é um critério individuou que justifica a justiça aplicada. Agindo dessa forma, criou um padrão que transformou em justo o que fez. Neste momento não aplicou a justiça, mas a sua justiça pessoal. Ver a justiça acontecendo não é saber que está fazendo por isso ou aquilo outro, mas apenas saber que Deus deu.

É diferente se ter motivos para fazer e viver uma ação feita por Deus sem motivação alguma, sem razões. ‘Eu sei que Deus fez. Agora, se ele mereceu ou não, eu não sei’: esse pensamento não é diferente do saber porque Deus está dando ou porque você está fazendo?

Então, é esse detalhe que precisa ser trabalhado. Não é o simples fato de aceitar ou não as motivações que a sua mente cria quando faz alguma coisa, mesmo que estes argumentos espelhem um ensinamento, mas começar a ver Deus agindo.

Ao invés de agir pelo conhecimento do ensinamento, ver Deus agindo sem que você emita opinião sobre a ação. Quando você diz que Deus dá e quando sabe que Ele é a Justiça, sabe que a Justiça está acontecendo, mas não julga se a Justiça foi justa ou não.

Na Bíblia, nas bem aventuranças, Cristo diz: felizes são aqueles que tem fome e sede da justiça de deus, porque estes herdarão o reino dos céus. Ter fome e sede da justiça de Deus, é ter fome e sede de viver qualquer coisa que aconteça sabendo que foi Ele quem fez, sem saber se o que Ele faz é justo por qualquer motivo conhecido ou não.

Sabendo que Deus é a Justiça e vivendo tudo como fruto dele, se vive sabendo que a Justiça foi aplicada. Para isso não é preciso saber se a Justiça foi justa ou não pelos seus critérios. Esta é a diferença. Quando você sabe que a Justiça que foi aplicada foi justa, não está sendo justo, pois está se apegando aos seus critérios de justiça para dizer que foi justo...

Conversando com um espiritualista - volume II

Espiritualidade ou pessoas próximas?

Participante: estou numa fase a qual o encontro com a espiritualidade me afasta de algumas pessoas que me são bastante próximas. Isso está acontecendo apenas porque me apetece ou estou indo de encontro com o desapego?

Se o que está lhe acontecendo é físico, é prova. Não é desapego, apego, não gostar, preferir: não é nada disso. Todas estas justificativas são mentais... O que importa é como você reage a este afastamento e não o afastamento em si.

Como você está reagindo a este afastamento? Você acha que está se tornando mais elevado porque prefere o contato com a espiritualidade ao invés de estar com pessoas queridas? Não está se elevando. Não está se desapegando de nada, mas apegado à espiritualidade.

Agora, se você vive essa convivência com a espiritualidade e o afastamento das pessoas queridas sem emoção, em neutralidade, dizendo para si apenas que isso está acontecendo, está vivendo o desapego. Só que neste caso, você não sabe o que está acontecendo...

Nesta questão de desapego e apego, o ser humanizado precisa ter uma ideia: o desapego nunca é mental. O desapego mental é sempre o apego a alguma coisa. Se você se desapega de uma pessoa porque, para que, como, quando ou onde, está apegado a esta ideia.

O verdadeiro desapego acontece no coração. Ele se consiste em alcançar a neutralidade sentimental com relação ao que está acontecendo.

‘Gosto muito daquela pessoa, mas está me acontecendo de não conviver com ela. Vou viver o que está acontecendo. Mas, se amanhã voltar a conviver com quem gosto e não mais com a espiritualidade, aceitarei isso também sem emoção alguma’. Vivendo essa ideia, não sofrerá quando a mente mudar... No entanto, se apegar-se a ideia de estar desapegando-se, amanhã ou depois, quando não conseguir vivenciar o que está apegado agora, sofrerá.

Este é o problema, esta é a diferença...

Conversando com um espiritualista - volume II

Instrumento da vicissitude alheia

Participante: se Deus nos usa para que a pessoa viva vicissitude dela, porque somos acusados por isso? Falo em caso de vicissitude negativa, tipo: nos usa para que aquela pessoa devedora ressarça o seu passado. Se somos usados para isso neste mundo, somos taxados de maldosos, perversos, como foi o caso do Bin Laden, por exemplo...

Sim, são taxados dessa forma. E daí? O que lhe importa: a fama junto a outro ser humano ou junto a Deus?

Tenho cansado de dizer que o mundo humano não vai lhe ajudar a fazer a sua elevação espiritual. Isso porque ele é o tentador. Ele está aqui justamente para lhe propor algo que não deve fazer.

Por causa disso, mesmo que se toda humanidade compreendesse que o espírito encarna – toma um corpo de acordo com o mundo que vai morar – para aqui, sob as ordens de Deus, fazer o que for preciso, mesmo assim o mundo ainda lhe criticará. Porque isso? Porque o mundo não está interessado em servir a Deus. Eles não estão interessados em aproximarem-se de Deus. Eles só estão interessados em conquistas, em vitórias, em ganhar, na fama e no elogio.

Então, sim, você será muito criticado quando servir como instrumento para a vicissitude do outro.

Lembro de um garoto que me dizia que estava colocando em prática o que eu propunha, mas os amigos dele ficavam caçoando. Diziam que ele não fazia mais nada. O acusavam porque ele não saia, não bebia, não corria atrás de meninas. Eu lhe disse: e daí? Qual o problema deles fazerem isso? Eles estão aqui para isso.

Quando eles falam mal de você, estão exercendo a função de lhe trazer uma vicissitude que é chamada de negativa. Aliás, a mesma que função que você exerceu quando gerou a vicissitude para o outro. Só que quando você age não quer que eles reajam, mas agora que é você que está sofrendo a ação, não quer que eles façam e quer ter o direito de reagir...

Ao invés de querer que a humanidade não reaja, faça a mesma coisa que o outro tem que fazer quando você gera a vicissitude negativa dele: não se sinta mal com isso. Esta escolha é o livre arbítrio que você possui.

Conversando com um espiritualista - volume II

Como aproximar-se de Deus

Participante: diante de tanto amor que temos que ter para chegarmos a Deus, diante de tanto perdão e vivendo cara a cara com a maldade, abusos e mesmo sabendo que tudo é necessário, ainda não consigo plantar em mim e muito menos construir um sentimento espiritualizado de perdão e amor ao próximo. Mesmo assim admiro a Deus. Me esforço dia a dia para não fazer justiça com as próprias mãos e para não sentir ódio daqueles que me esbarram no caminho. Não sou da luz. Sinto-me um espírito trevoso se segurando para respeitar as leis de Deus, mas o meu coração é piedoso só com quem merece a minha misericórdia. Aos demais, ainda desejo o fogo do inferno, mesmo sem eu jogá-los na fogueira. Estou um pouco em pânico. Me sinto um lixo diante do que ainda terei que alcançar para chegar a Deus. O que eu posso fazer além de acorrentar os impulsos ruins em mim?

Primeiro detalhe: você diz que não se sente um espírito de luz, mas um trevoso. Desculpe, mas você não pode deixar de ser um espírito de luz. Se deixasse, você seria a prova de que Deus pudesse gerar espíritos imperfeitos.

Se Deus é perfeito, tudo que Ele gera é Perfeito, pois é fruto da perfeição. Portanto, você é um espírito de luz. Pode estar nas trevas, mas não é dela. Esta é a primeira conclusão que tem que chegar. Esta é a primeira coisa que precisa fazer: saber que é luz, que está na luz, mas que vive em trevas. São duas coisas diferentes.

Ser e viver são diferentes. Ser é o que é seu, que está no seu íntimo; viver é o que está fora, o que está neste momento. Continuando a se ver como trevas, ou seja, achando que seu íntimo é trevoso, dificilmente conseguirá dar um passo à frente. Agora, se souber que que está trevoso, mas que por dentro é luz, poderá trazer esta luz para fora e com isso dissipar as trevas que são externas.

Para que você possa trazer sua luz para fora, ou seja, respondendo a sua pergunta sobre o que pode fazer para aproximar-se de Deus, eu diria que só lhe falta uma coisa: amar a Deus sobre todas as coisas. Este ensinamento possui um aspecto interessante que vou aproveitar agora e falar sobre...

Esse ensinamento de Cristo, é altamente conhecido, mas é amplamente encurtado. Normalmente se fala apenas que você precisa amar a Deus. Sim, esta é a voz corrente. Poucos citam o ensinamento na sua íntegra, mas apenas falam da necessidade de amar a Deus.

Por causa deste encurtamento, vocês ficam com a ideia que apenas têm que amar a Deus. Aí, como você me diz, se no seu coração O ama, acha que já fez tudo. Só que o mandamento de Cristo não é apenas amar a Deus, mas afirma que é preciso fazer isso sobre todas as coisas, acima de qualquer coisa. Vamos conversar sobre isso.

Não adianta só amar a Deus se você não O ama acima de determinadas coisas. Não adianta amar a Deus, se só O ama apenas no momento em que acha certo amá-Lo, que acha bom amá-Lo ou quando espera ganhar algo em troca desse amor. É preciso amar sempre, constantemente, todos os momentos, não importa o que está acontecendo.

Quando você ama a Deus acima de tudo, esse amor passa a ser a realidade que você vive. Hoje você vive o mal que alguém lhe faz, o mal que alguém faz a outro, a série de coisas negativas que todos vocês vivem, acima do amor a Deus. Vivem assim porque mesmo amando a Deus não colocam este amor acima das coisas.

Este é o detalhe, o aspecto importante do ensinamento de Cristo: o amor a Deus tem que sobrepujar todas as outras coisas. Foi isso que Cristo ensinou. Quando o amor, que é a luz, que é radiante, é vivido acima de qualquer coisa, ele se irradia de você e as trevas que agora vê ao seu redor são clareadas. Este é o detalhe.

Como disse o ensinamento de Cristo é amplamente conhecido, mas para você ele se consiste apenas na necessidade de amar a Deus, mas só isso não basta. Isso porque se você apenas ama a Deus, que é o brilho interior que todos os espíritos tem dentro de si, a sua luz não se propaga e por isso o exterior fica trevoso. Na hora que esse amor se propagar, ou seja, que ele suplantar tudo que existe, as trevas vão embora.

Eu queria lhe agradecer pela pergunta porque nos deu uma oportunidade de falar de uma forma que ainda não havíamos falado e acho que com isso mostramos um caminho muito interessante para aqueles que buscam a elevação espiritual.

Amar a Deus sim, mas amá-lo acima de tudo: este é o único caminho...

Conversando com um espiritualista - volume II

Livros espirituais

Participante: certa vez li que os livros antes de serem psicografados no plano terreno passam pelo crivo no plano espiritual do que pode ser passado para os seres humanos. Gostaria de saber se é verdade e se for, porque deixam, então, passar em muitos livros ideias espirituais tão contraditórias, amedrontadoras, de uma ilusão assustadora, de um mundo fantasioso, de mundos tão abissais onde dá-se a impressão para os que ainda estão começando a jornada de estudos que Deus lá não é autoridade. Ideias falsas de que alguns seres milenares tem o poder de decisão sobre humanos encarnados e desencarnados. Quero saber se essa mesma banca que aprova tais livros tem Deus no comando. Quais são os propósitos de tais livros? Criar mais vicissitudes para trabalharmos nossa fé? Confundirmo-nos? Como se diz, peneirar os de fé verdadeira? Qual o verdadeiro propósito? E outros livros tão igrejistas, tão romanescos, como você diz, com violetas na janela? Hoje sei que se eles são escritos é porque tinham de ser, que existe um propósito, mas qual seria?

Essa banca, como você chama, é um grupo de espíritos que trabalha no sentido de trazer as informações necessárias para as provações dos espíritos encarnados. Nós já falamos desta banca e a chamamos de Academia Superior de Ciências Espirituais ou você ainda pode chama-la de Espírito da Verdade, pois é tudo a mesma coisa.

Numa conversa que tivemos sobre doutrinadores, disse que aquele que doutrina se baseia apenas nos ensinamentos dos mestres. Aí me perguntaram: quem são os mestres? Eu disse: Krishna, Buda, Cristo, o Anjo Gabriel, que trouxe os ensinamentos através de Maomé e o Espírito da Verdade, que trouxe os ensinamentos através de Kardec. As pessoas ouviram o que eu disse, mas, claro, não compreenderam porque citei apenas estes cinco como mestres. Então, expliquei o porquê destes cinco serem considerados mestres...

Há um elemento comum a todos estes cinco. Qual é? Nenhum desses que citei escreveram nada... Todos fizeram sua missão falando. Foram humanos que escreveram depois, não eles. Esta é a diferença, é isso que os torna mestres.

Neste mundo você tem mestres e enviados de Deus. Os mestres são os que não escrevem; os enviados de Deus são os que escrevem o que os mestres falaram. Portanto, com esta informação, nesta questão de livros, você já começa a saber onde procurar a informação: nos mestres, nos escritos que trazem o que foi falado por estes cinco espíritos que citamos.

Sobre os demais livros, porque, então, eles são escritos? Porque fazem parte da provação do espírito.

Um livro que Santo Agostinho tenha escrito a partir do que leu na Bíblia, é uma prova para o espírito encarnado. Um livro que foi escrito analisando o que está em O Livro dos Espíritos ou no Evangelho Segundo o Espiritismo, é uma prova para o espírito. Todos os livros que não sejam aqueles escritos com as palavras dos mestres que citamos, são provas para o espírito.

Essas provas estão vinculadas àquilo que você citou: a fé. Todas as obras escritas por outros autores, sejam encarnados ou não, testam a sua fé...

Como possa saber se algo escrito por Santo Agostinho é para ser seguido? A resposta é simples: compare o que Santo Agostinho escreveu com o que está no que foi ditado por Cristo. Se o que ele fala tem fundamento no que Cristo ensinou, aquilo é um caminho; se não tem, é só prova.

A mesma coisa é válida para qualquer livro que você leia que tenha sido escrito por um ser humano. O livro no sentido de lhe ajudar na evolução espiritual tem que estar subsidiado no que o mestre falou, senão será apenas uma opinião individual, uma prova.

Dito isso, agora posso lhe responder. Aquelas figuras tenebrosas do umbral e as cidades espirituais estão preconizadas em O Livro dos Espíritos, no Evangelho Segundo o Espiritismo ou em O Livro dos Médiuns? Não. Então isso é prova...

Mas, porque essa banca deixa estas informações virem a este mundo? Porque faz parte da provação dos espíritos encarnados.

A sua provação refere-se à fé em Deus através dos ensinamentos dos mestres. Quando esses livros são escritos, a sua fé está sendo colocada em prova.

Como é isso na prática? Imaginemos que tenha lido um livro de alguém que se diz cristão, mas que afirma que você pode ganhar nesta vida. Isso está em acordo com o ensinamento de Cristo? Não. Então, abandone os ensinamentos deste livro. Faça isso porque tem fé em Cristo e porque ele disse que não devemos amealhar bem na Terra.

É esse o trabalho que precisa ser feito. Agora, como sempre digo, como esse é um mundo de provas, não se pode criar um ambiente dentro da perfeição que vocês querem. É preciso que exista a dualidade, o que vocês chamam de certo e errado e eu chamo de material e espiritual. Para que isso? Para você exercer a sua fé, a sua confiança e entrega.

Em que você confia e se se entrega: ao mundo espiritual ou ao material? É por causa desta questão que existe tanto livro diferente entre si...

Conversando com um espiritualista - volume II

Sofrimento

Participante: queria saber porque algumas pessoas sofrem tanto se nunca fizeram mal a ninguém?

Grande pergunta...

Se você fala como está em sua pergunta, eu acredito que crê na lei do carma, já que nela é dito que o mal que é vivido agora é decorrência de ter feito o mal anteriormente. Acreditando nesta lei, sou forçado a crer também que acredita em espírito e no mundo espiritual. Tendo estas crenças, acho que também acredita em reencarnação. Por causa de todas estas crenças lhe pergunto: como você pode saber que aquela pessoa, ou seja, aquele espírito, nunca fez mal a alguém durante toda a eternidade?

Este é o problema. Vocês só olham a vida a partir do que acontece nesta encarnação, mas neste mundo não existe ninguém virgem, ou seja, não existem espíritos que não tenham tido outra encarnação e vida entre elas. O que acontece hoje é reflexo de toda essa existência eterna e como você não conhece o que ocorreu nela, acho que deve pensar ao contrário.

O que deve crer é que se aconteceu algo mal neste momento, é porque era preciso e merecido ocorrer. Deve compreender que você não tem condições de saber o porquê, mas ter a certeza que há algum fundamento para o que está ocorrendo. Com isso, deve omitir-se de dizer se é certo ou errado o que está acontecendo...

Conversando com um espiritualista - volume II

Não conseguir

Participante: porque às vezes uma coisa está tão próxima do seu alcance e você simplesmente não consegue alcançar?

Porque não é para alcançar. Só isso...

Saiba de uma coisa: quem procura explicações é o ser humano. O espírito aceita o que acontece. Porque isso? Porque ele não quer ter os olhos abertos e a capacidade de separar o bem do mal, o certo do errado. Ele apenas aceita tudo o que acontece...

Conversando com um espiritualista - volume II

O rumo da humanidade

Participante: coletivamente falando, a humanidade está sem rumo ou é apenas uma sensação provocada por situações que necessariamente passamos com a finalidade de ajustes no futuro? O que esperar da classe política brasileira no sentido de melhorar verdadeiramente a situação dos brasileiros, principalmente os menos favorecidos?

Para você a humanidade está sem rumo, mas será que realmente está? A humanidade não está sem rumo: ela está num rumo que você considera como sem rumo.

Nunca um barco está sem rumo, porque o caminho que ele está seguindo é o rumo dele. Para qualquer lugar que ele vá, mesmo que seja de uma forma desgovernada, ele está em um rumo.

Agora, se este caminho não leva ao lugar que você queria que levasse, isso não quer dizer que está sem rumo. O que pode ser dito é que o barco está caminhando para um lugar que não é aquele que você acha que deveria ir, mas afirmar que ele está sem rumo é gerar uma realidade que não é real.

Cuidado ao gerar conhecimentos presos a verdades que não conferem com a realidade...

Conversando com um espiritualista - volume II

Políticos

Participante: o que esperar da classe política brasileira no sentido de melhorar verdadeiramente a situação dos brasileiros, principalmente os menos favorecidos?

O que você pode esperar da classe política atual é o que você tem. A classe política de hoje já está formada e funciona dentro de um padrão. Então, você não pode esperar nada diferente desta classe política.

Agora, e dos políticos do futuro, o que pode esperar? Essa é a grande pergunta, pois se por agora não há que possa ser feito, vamos pensar para o futuro.

O que você pode fazer para no futuro a classe política não ser como é hoje? Criando os futuros políticos de forma diferente do que foram criados os políticos atais.

O político atual que quer levar vantagem em tudo já foi um garoto, um jovem e um ser maduro criado para levar vantagem em tudo. Quando aquele garoto se torna um político, toda a criação que teve aparece e ele age de acordo com esta natureza.

Então, se vocês hoje estão chocados com a forma dos políticos serem, comecem a ver como estão criando seus filhos, pois eles serão os políticos de amanhã. Será que você não está criando seu filho hoje para que ele seja o melhor, para que ganhe sempre, para que leve vantagem? Será que você não está criando seu filho de tal forma que no futuro ele será igual aos políticos de hoje?

Veja, é esta a pergunta que você deve fazer – desculpe, estou falando com você, mas estou me dirigindo a todos os seres humanos, a toda humanidade. Ao invés de vocês ficarem perdendo tempo criticando os políticos atuais, porque não se concentram em formar uma nova classe política diferente amanhã? Para isso, concentrem-se em dar valores diferentes aos seus filhos do que aqueles que foram dados aos políticos de hoje. Isso é importante de ser feito hoje, porque amanhã serão os seus filhos que serão os políticos.

Aí é que está o problema. O ser humano adora criticar o outro, pois isso lhe dá uma sensação de vitória sobre o próximo, ao invés de fazer qualquer coisa para melhorar.

Faze alguma coisa é criar o político de amanhã de uma forma diferente da que foram criados os de hoje. Mas, além disso, você também pode agir hoje para que o mundo seja melhor.

Porque você não varre a frente da sua casa e da outra? Porque você não tira o lixo do rio? Porque não ajuda os mais pobres a construírem suas casas? Porque não vai ajudar numa escola e num posto de saúde já que os políticos não fazem nada por estas coisas? Porque acredita que isso é responsabilidade dos políticos. Não é: é sua. É sua enquanto achar errado o que está acontecendo, enquanto achar que deve ser diferente.

São estes pequenos detalhes que os seres humanos precisam se atentar. Eles podem agir, fazer alguma coisa, fazer a diferença, mas não fazem nada. Porque? Porque estão concentrados em criticar o outro. Porque não querem prejudicar as suas vidas para poderem ajudar os outros. Saiba que quando você ensina ao seu filho a não prejudicar a sua vida em detrimento do bem do outro, está criando o mesmo político de hoje para o amanhã.

Esta é a resposta que eu lhe daria pelo lado humano. Pelo lado espiritual, eu lhe diria que se tudo que acontece é perfeito, tudo está perfeito. Por isso, se o político de hoje é fruto da criação de ontem, eu diria que ele é o seu carma, o carma da forma como os pais deles agiram. Então, espiritualmente falando, o que está acontecendo hoje é apenas a vivência de um carma.

Compreenda isso e aí ao invés de criticar os políticos de hoje, ame a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Vivendo esse amor pode ser que você gere o exemplo dessa vivência para o seu filho e aí quem sabe se amanhã ele for um político, ame a Deus acima de todas as coisas ao próximo como a si mesmo, ao invés de se preocupar em ganhar...

Conversando com um espiritualista - volume II

Maldade a crianças

Participante: porque é permitido tanta maldade, principalmente com nossas crianças, como por exemplo estupros e pedofilia? Porque é permitido tanto sofrimento a uma criança?

Já respondemos esta pergunta ao longo de outras respostas: porque é o carma do espírito. Como já falei, é um carma resultante da existência eterna do espírito em outras encarnações ou não.

Só quero falar agora especificamente a questão das crianças: não existem crianças. O que existe são espíritos encarnados e estes não nascem e morrem dentro de um ciclo onde são crianças, jovens ou adultos. O espírito, do momento do nascimento até o momento da morte do ser humano é sempre o mesmo, tem a mesma idade.

É por isso podem acontecer estas coisas com crianças, mas só acontece com os espíritos que têm esse carma.

Conversando com um espiritualista - volume II

Depressão e ansiedade

Participante: quais seriam os motivos para algumas pessoas desenvolverem depressão ou transtornos de ansiedade e como ajuda-las?

Quais os motivos para uma pessoa ter qualquer coisa nesta vida? Carma e prova do espírito. O espírito ao escolher determinado gênero de provas cria para si uma espécie de destino, ou seja, essas doenças e todas as outras se desenvolvem atendendo ao pedido do espírito.

Como ajudar? Ajudando-as a amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Ajudando-as a amar a Deus acima da depressão e da ansiedade e ajuda-las a respeitar o direito de cada um ser, estar e fazer o que quiser. Esta é a única forma.

No mundo humano, se aquele pedido do espírito levar a um destino onde esteja previsto o fim dessas doenças, isso acontecerá. Mas, não acontecerá porque você ajudou ou porque o médico ou remédio ajudaram, mas porque este era o destino resultante do pedido do espírito.

Conversando com um espiritualista - volume II

A verdade que salva

Participante. Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará. Que verdade pode ser conhecida? Será a verdade que não há nenhuma verdade, ou seja, que tudo é relativo neste mundo?

Não, não é essa a verdade que pode lhe libertar.

Você diz que deve conhecer a verdade que não existe verdade, mas ela existe. A verdade existe em dois graus: como verdade absoluta e como relativa.

Não se trata de saber que não há verdade, mas saber que há uma que você humano não tem capacidade, por conta de um deficiência da própria humanidade, de conhecer, que é a absoluta, e saber que você é resultado da ação de verdades relativas.

Você é aquilo que acredita ser, mora onde acredita morar, vive o que acredita viver. Portanto, você é o resultado das verdades. No entanto, é preciso saber que essas verdades são relativas, ou seja, só pertencem a você, e que vão acabar algum dia. Isso porque a verdade relativa é individual e transitória.

Portanto, a verdade que pode lhe salvar é esta: é saber que você é resultado das verdades que acha que são verdadeiras, mas que não são assim dentro do mundo real, mas apenas verdades relativas que criam um mundo ilusório onde você vive.

Sabendo isso, está salvo. Porque? Porque não irá mais bater o pé para provar que está certo...

Conversando com um espiritualista - volume II

Portais

Participante: haverá algum portal que será aberto no eclipse solar que está para acontecer?

Que eclipse? Que sol? O sol dentro de você sofrerá um eclipse? A lua que está dentro de você fará um eclipse?

Tudo que existe ocorre no íntimo de cada um. Por isso, o eclipse que verá ocorrerá dentro de você e não no mundo exterior. O que existe é a ideia de que haverá um eclipse e não um acontecimento externo. Sendo assim, como o seu mundo interno vai lhe abrir algum portal?

Esse portal que você quer que se abra externamente, ou seja, uma oportunidade para se universalizar, ocorre, na verdade, a cada segundo no seu íntimo. A cada segundo existe um portal que precisa ser transcendido.

O que é esse portal que existe sempre? A oportunidade de compreender que aquilo que está vivendo é apenas uma ilusão, não é real, não existe.

Cada portal desses que você ultrapassa, ou seja, cada momento em que se conscientiza de que o que está vivendo é apenas uma criação da sua mente e que só vale para você, se aproxima de Deus. Cada vez que não faz isso, não transpõe portal algum...

Portanto, esqueça portais externos que se abrem para a humanidade no universo. No universo não existem portais. O que existe é Deus, o espírito e a matéria.

Conversando com um espiritualista - volume II

Ser vegetariano

Participante: somos vegetarianos há algum tempo. Acreditamos que isso é um ato de amor. Depois de estudar os ensinamentos vemos que isso é mais um ato egoísta. O que o senhor diz a respeito do vegetarianismo? O que os mestres dizem a respeito?

Ser vegetariano é egoísmo, mas ser carnívoro também o é. Não comer carne, mas só legumes, não é egoísmo. Vou explicar isso...

Veja bem. Ser egoísta é levar vantagem. Então, quando você se torna vegetariano por qualquer motivo, é um egoísta, já que está preso a fazer o que gosta, o que quer. Com isso, quando realiza o seu desejo, está levando alguma vantagem... Agora, se na sua alimentação você só se alimenta de vegetais, mas não é vegetariano, escolhe o que come, mas não está dizendo que é o melhor porque é vegetariano.

Comer não tem problema nenhum. Aliás, Cristo ensina que o problema não é o que entra pela boca, mas o que sai do coração. Assim, quando do seu coração sai a ideia de que ser vegetariano é algo muito bom, não está saindo nada universal, mas apenas individual.

Portanto, não se preocupe: coma o que quiser comer. Não tenha medo de comer ou deixar de comer carne. Coma o que quiser comer, mas não se rotule de nada. Isso pode lhe ajudar. Coma o seu legume em paz e se alguém lhe perguntar se é vegetariano, não afirme que é. Diga apenas que prefere o legume à carne.

Conversando com um espiritualista - volume II

Fim da consciência humana

Participante: a consciência que eu tenho hoje como ser humano se perderá. Uma outra consciência virá no seu lugar? Eu, o José, devo me preocupar em deixar de existir?

A sua consciência humana se perderá? Não. Ela não se perderá porque você é a consciência humana.

Você não é o espírito. O espírito está no mundo dos espíritos e não no material. Os espíritos estão no universo vivendo todos juntos de tal forma que se tornam apenas um.

O espírito não é você. Ele está iludido achando que é você, a consciência humana.

Então, a consciência humana você não se perderá: ela vai acabar. As duas coisas são diferentes... Se perder é continuar existindo longe de você. Acabar é extinguir-se.

Além disso, você me pergunta se a consciência humana deve ter medo de acabar. Eu respondo: isso não adianta nada. Tendo medo ou não, a consciência humana acabará um dia.

Portanto, não tenha medo. Viva o que tem para viver por enquanto, porque você acabará um dia.

Conversando com um espiritualista - volume II

Lavagem cerebral

Se alguém pensou que o que faço é lavagem cerebral, digo que é sim. Não no sentido negativo como vocês usam esta questão, mas fazer reforma íntima é um processo de lavagem da memória. Isso porque na memória é que está o seu conjunto de verdades que você chama de ego.

Então, não fique com medo se alguém lhe disser que você está sofrendo uma lavagem cerebral, pois esse é o seu trabalho durante a vida. Como já dissemos, se nosso trabalho é auxiliar os outros na evolução, nosso trabalho, então, é ajuda-los a limpara memória material e isso é matar o ego.

Participante: quebrar verdades é igual a lavagem cerebral?

O que é verdade senão a sua memória, o conjunto de informações contidas na sua memória?

Sendo assim, para quebrar verdades é preciso lavar a sua memória expurgando dela todas as verdades que ali estão. Essa memória ou conjunto de verdades é que é o seu ego tão falado por todos os mestres...

Conversando com um espiritualista - volume II

O valor de Cristo

Participante: como a humanidade considera Cristo?

Você me pergunta como a humanidade considera Cristo e eu lhe respondo: como um mito, um herói, um ser extraordinário, um espírito magnífico. Como o mundo espiritual considera Cristo? Como um irmão, como um mestre...

A diferença é que os seres humanizados idolatram Cristo. A diferença é que o ser humanizado coloca Cristo no lugar de Deus no altar. Os espíritos sabem que Cristo é um espírito, um irmão e o ama fraternalmente ao invés de idolatrá-lo.

Se você quiser saber mais sobre essa questão, ouça a conversa que tivemos e que recebeu o nome de ‘Natal’. Nela nós destruímos o mito Jesus Cristo. Só para você ter uma noção, começamos dizendo que não há um Jesus Cristo, mas sim um espírito cumprindo uma missão que chamamos de Jesus Cristo.

Foi a partir dessa missão que o ser humanizado criou a idolatria. Quando viveu a idolatria quebrou a primeira lei de Moisés, onde é dito que se deve idolatrar apenas a Deus e a nenhum outro. A humanidade quebrou esta lei quando transformou a missão Jesus Cristo em Deus, o que não é verdade...

Participante: ele seria um irmão mais velho e mais sábio para nós que somos espiritualizados?

Mais velho e mais sábio é apenas maya, ilusão, pois não existe nada ‘mais’ no mundo espiritual. Você tem tudo o que Cristo tem, porque tem dentro de si a pureza e todo o conhecimento universal que Cristo possui. Só que ele vive muito mais a pureza que tem do que você.

Portanto, a única diferença não é no ter, mas no ser. Cristo é mais espírito do que você, que é mais humano. Essa é a diferença. Agora, tudo o que Cristo tem dentro dele você tem, pois todo espírito é gerado de forma igual.

Participante: então, eu teria mais maya do que ele?

Sim, você está mais submetido à força de maya do que ele.

A diferença entre você e Cristo é que você tem mais ilusões, verdades materiais, mais achar, querer e todas as outras ilusões criadas pela mente...

Conversando com um espiritualista - volume II

Corpo humano e personalidade

Participante: é possível viver neste mundo com o corpo, mas sem a personalidade ou sempre que há corpo, há uma personalidade?

Sim, o corpo pode existir sem uma personalidade. Só que neste caso trata-se apenas de uma máquina.

Você pode ligar um corpo humano à máquinas que façam os órgãos funcionar e assim ele funciona. Só que este corpo é incapaz de andar, se mexer ou ter atividades mentais. É preciso que um espírito esteja ligado ao corpo para que exista uma mente.

Não que o espírito seja a mente, mas só ele é capaz de ser ligado a uma mente, a uma personalidade, a um ego...

Conversando com um espiritualista - volume II

Entregar na mão de Deus

Participante: quando vamos ao trabalho de umbanda devemos só mandar amor e entregar tudo na mão de Deus, pois tudo o que lá acontecer será obra de Deus. Não devemos ter medo de errar...

Eu não diria que você deve fazer isso apenas quando vai trabalhar num centro de umbanda. Eu diria que deve, desde o momento que acorda até quando dorme, isso só para falar nos momentos em que está consciente, sempre amar e entregar tudo na mão de Deus. Isso, aliás, é a única coisa que você pode fazer nessa vida, pois, se ainda não reparou, a vida corre independente da sua vontade...

A vida acontece independente da sua vontade. Eu garanto que quem está doente hoje não queria estar. Mas, está: o que fazer? Se a pessoa que hoje está doente tivesse algum livre arbítrio com relação aos acontecimentos do mundo humano, como vocês querem ter, tenho certeza que não ficaria doente. Para isso bastaria dizer a si mesmo: eu não quero ficar...

Portanto, a única coisa que você pode fazer realmente nesta vida é amar ou não. A partir do momento que opta pelo amor deve entregar todo resto na mão de Deus e viver com Deus, em Deus e para Deus. Quando fizer isso, ao invés de viver uma agonia mental tentando compreender de onde veio a doença que está tendo hoje ou se ela tem cura, dirá apenas: eu estou doente? Estou? Louvado seja Deus que me deu essa doença... Com isso você não sofrerá mais...

Conversando com um espiritualista - volume II

Preparação dos trabalhos de umbanda

Participante: os trabalhos realizados nos centros de umbanda são preparados antes no astral?

Toda a sua existência é preparada antes no astral. Não só os trabalhos religiosos (a missa, a sessão espírito ou de umbanda, a meditação) acontece por acaso. Tudo é preparado anteriormente no astral, pois tudo vem de Deus e Ele prepara tudo.

Lembre-se: Deus é Onisciente. Por isso Ele sabe de tudo...

Conversando com um espiritualista - volume II

Corrupção

Participante: sabemos que todos nós temos que resgatar nossos débitos em novas encarnações. Como fica o resgate de um corrupto, ou melhor, a caridade?

 Você está aprisionado a ideia de resgate como pena, castigo. Na sua pergunta “como fica a pena de um corrupto” está embutido o sentimento de punição, mas isto (pena, castigo) não existe no Universo. Vamos tentar, então, primeiro entender este aspecto para só depois poder respondê-lo.

Corrupção é levar vantagem individual sobre uma coisa pública. Partindo desta definição podemos afirmar que quem reza a Deus pedindo que o Pai faça o que ele quer é um corrupto. Isto porque este ser está buscando levar vantagem individual sobre um bem coletivo: o amor de Deus a todos.

Portanto, comecemos a resposta lhe tirando da ideia de que o corrupto é só quem pega o dinheiro público e por isso precisa ser condenado. Não, corrupto é todo aquele que quer levar vantagem individual acima do bem coletivo. Desta forma o “resgate” para estas “infrações” espirituais não se aprisiona apenas àqueles que buscam levar vantagem monetária, mas a todos que pensam em si mesmo antes do próximo.

Creio que a visão sobre o tema que estava presente na sua pergunta já fica alterada a partir deste ponto, não? Podemos, então partir para o segundo aspecto: como fica o “resgate” destes espíritos?

O espírito, fora da consciência material, conhece a Realidade do Universo e sabe que Deus não é carrasco. Então, quando programa a próxima encarnação onde viverá situações de “expiação” (termo que prefiro ao “resgate”), ou seja, situações de colheita do que plantou em outras vidas ou nesta mesma, não pensa em ser “punido” nem se sente desta forma.

O espírito liberto da consciência material sabe que precisa viver aquela situação por dois motivos. Primeiro porque é a justa medida daquilo que ele mesmo semeou anteriormente e, segundo, porque sabe que somente vivenciando-a poderá evoluir espiritualmente. Portanto, sabe que aquilo faz parte da sua necessidade espiritual.

Ele não pede a provação como “pena”, “castigo”, mas implora por ela junto ao Pai como uma oportunidade de elevação espiritual e vê na ação de Deus (Causa Primária de todas as coisas), que o faz vivenciar a situação pedida, o fruto do Seu amor por todos os filhos concedendo sempre novas oportunidades àqueles que um dia transviaram-se.

Só esta leve análise deveria já lhe fazer entender que o sentido da sua pergunta, ou seja, a punição por ter sido corrupto não existe. Isto por que o espírito liberto da sua condição material não se sente penalizado, mas compreende que está recebendo uma nova chance de elevação. Por isto, ele coloca em suas vidas futuras estes acontecimentos com felicidade espiritual e não em sofrimento.

Mas, vamos nos aprofundar mais no assunto? As situações carmáticas, ou seja, as situações de expiações, são maiores do que os carmas individuais, pois existem os “carmas coletivos”. Acontecimentos com povos ou nações são situações carmáticas que todos aqueles que vivem neste local ou raça precisavam passar e por isso “nasceram” (encarnaram) naquela coletividade.

Eu estou dizendo isso porque a sua pergunta certamente foi motivada pela situação do seu país onde o governo está aparecendo como corrupto. A corrupção que hora se tem notícia no Brasil é uma situação carmática desta nação. Vamos, então, abordar este tema continuando na resposta à sua pergunta.

Cristo nos ensinou que devemos respeitar os governantes porque eles foram escolhidos por Deus para aquele povo. Isto está nos Evangelhos e nas Epístolas de Paulo. Deste ensinamento podemos retirar uma máxima: cada povo tem o governo que merece, não como castigo, mas como carma, expiação, oportunidade de elevação.

Como eu disse, anteriormente, corrupto é todo aquele que quer levar vantagem para si em detrimento do bem estar coletivo e não só aquele que busca vantagens pecuniárias. Sendo assim, podemos afirmar que a pátria Brasil possui uma população corrupta, ou seja, é formada por espíritos que pensam primeiramente em si mesmos, pois é formada por espíritos em evolução, ou seja, faz parte de um “mundo de provas e expiações”.

Desta forma, a situação que hoje vive esta população é um carma coletivo, algo que a plêiade espiritual encarnada neste país precisava vivenciar como expiação. A corrupção do governo de hoje foi “criada” por Deus para que o povo (espíritos encarnados) aprenda a amar a tudo e todos indistintamente, vivendo a expiação de já terem sido corruptos, nesta ou em outras existências.

Mas, para aprender a amar precisa se passar por situações que são contrárias às suas vontades e desejos? Claro. Cristo nos ensinou: se você ama apenas aqueles que lhe querem bem, que vantagem você tem sobre os pagãos?

Olha como mudou o sentido da sua pergunta. Na hora que ela foi feita era sensível a conotação de “culpa” daqueles que estão participando deste processo. Mas, o “culpado”, se houver algum, não é o deputado que levou dinheiro, mas sim a população brasileira.

Os instrumentos do escândalo participam destes acontecimentos como expiações individuais deles, mas também como instrumentos do seu carma, ou seja, como carma coletivo da população brasileira. Sim, é seu carma, porque se não fosse o seu carma de viver sendo explorado, você não teria nascido neste país, mas em outro, ou não estaria aqui agora.

Esta é uma conclusão que todos que vivem no país precisam chegar para poderem aproveitar a oportunidade de elevação que Deus está dando a esta plêiade espiritual encarnada. Mas de nada adianta apenas sentir-se “culpado”: é preciso aproveitar a oportunidade e agir no sentido de aproximar-se de Deus.

Por isto, vou alinhar a sua pergunta com a minha conversa de hoje sobre a “consciência crística”. Ao invés de preservar o lado material de seu país criticando o governante, proteja a sua consciência espiritual amando incondicionalmente a todos, sendo ele corrupto ou “bonzinho”.

Não estou mais falando só com você que fez a pergunta, para que não se sinta pessoalmente ferido, mas para todos os habitantes deste país. Não é o deputado que é corrupto, mas você, como atingido pela corrupção, está vivendo o seu carma e toda expiação é uma prova para você colocar em prática o seu amor a Deus, para testar a sua relação amorosa com o Pai (amar e sentir-se amado por Deus).

Como dito hoje na música que ouvimos, “a cada sorriso, a cada lágrima, construo a casa de Deus em mim”. Criticando o deputado que levou o dinheiro será que você está construindo a casa de Deus ou será que está construindo o bem estar da pátria Brasil que, aliás, não existe?

A pátria Brasil não existe. Deus ama a todos os espíritos de forma igual e por isto o Universo é composto por uma só família universal que não pode ser divida em “territórios”. Não existem nem planetas, uma vez que o Universo é uno, que dirá pátrias.

Aí está a resposta à sua pergunta que, veladamente, queria saber da pena daqueles que hoje estão sendo alvo de denúncias de corrupção no Brasil. Saiba que mais importante do que se preocupar em como ficará o carma de quem hoje pratica a corrupção monetária é começar a entender porque você é “vítima” dos corruptos.

Participante: agradeço a resposta.

Locutor: nós é que agradecemos a sua participação. É importante para todos as perguntas, as colocações e as respostas que ajudam a muitos.

Deixe-me só dizer mais uma coisa a esta pessoa: você deu a oportunidade para um ensinamento a todos. Como eu disse, por favor, não se sinta agredido pelo que eu falei. Você nos deu a oportunidade de mais uma vez comentar a “mudança de posição” que estamos pregando como elevação espiritual.

Realizar a reforma íntima é fugir da realidade externa e descobrir que existe um mundo interior que precisa ser reformado. Para isso o que cada um precisa é muito mais do que lutar com o planeta pela realidade material externa, mas mudar o seu interior. Para isso é preciso descobrir no que aquilo que está acontecendo do lado de fora pode lhe auxiliar a mudar o que está dentro dele.

É muito fácil criticar, acusar, brigar, dizer que todos não prestam, mas o mais difícil é cada um se “olhar no espelho” despido dos conceitos sobre si mesmo e entender porque está participando deste mundo. O que cada acontecimento representa para ele em termos de elevação espiritual.

É muito fácil quando uma pessoa critica a outra, mas compreender porque aquilo está acontecendo com ela, porque foi “merecedora” daquela situação, isso é quase impossível.

Mas, é só assim que cada um se muda, pois, enquanto esta autoanálise profunda da Realidade espiritual da vida carnal não for feita (descobrir os meus carmas), ninguém conseguirá se mudar. Estará sempre seguindo aqueles que não se preocupam com a vida eterna do espírito e vivem o momento de agora como a realidade.

Participante: esta é a resposta que eu esperava: reforma íntima em primeiro lugar; ninguém é “vítima”.

Mas claro, não existe outro objetivo para encarnação: você só está “vivo” porque está em um processo de reforma íntima. Na hora que este processo encerrar-se a existência carnal acaba para você, porque não há outra razão para “viver”.

Ontem, na palestra em São Paulo, eu disse o seguinte: “o vital na vida é descobrirmos que, a cada ensinamento que se recebe, existe uma contra partida, ou seja, existe uma ação que tem que ser feita”. Não adianta ninguém dizer que aprendeu algo sem que este aprendizado transforme alguma verdade da vida.

Para falar sobre o tema utilizei, como exemplo, os reencarnacionistas, ou seja, aqueles que receberam a informação da reencarnação e acreditam nela. Se você tem este conhecimento a ação que deve ser executada em contra partida é entender que não estão ocorrendo vidas carnais, mas encarnações de espíritos.

É muito diferente uma crença da outra, pois a vida carnal possui toda uma base ditada pelos desejos e pela sociedade humana enquanto que numa encarnação o espírito tem como objetivo a evolução espiritual e a encarnação tem suas bases ditadas pelo Espírito da Verdade na pergunta 132 de O Livro dos Espíritos.

Então, quem é reencarnacionista tem que acreditar que esta vida é uma encarnação e este conhecimento tem que lhe leva a viver esta vida (criar realidades) apenas pelo que está dentro desta resposta e mais nada. E nela não existe a “obrigação” de manter a integridade da pátria. Isto, portanto, não é objetivo da encarnação.

É isto que precisa ficar bem claro, pois vivenciar o ensinamento acaba com o apego à letra fria. Quem apenas sabe, mas não gera a partir deste saber uma movimentação está preso à letra fria.

Conversando com um espiritualista - volume II

Culpa pelo aborto

Participante: ensina o espiritismo que o aborto é contra a lei natural. Então, o espírito que se digna a trabalhar por um aborto não sofre as penas?

Depende...

Primeiro: não existe pena. Deus não é juiz, julgador. Ele é Pai, é Amor... O Pai pode colocar um filho de castigo, mas não faz isso por raiva ou para aplicar uma penalidade apenas. Ele coloca o filho de castigo para lhe dar uma oportunidade repensar algumas posturas e com isso aprender algo...

Segundo: existem espíritos que se vivenciam o aborto por causa de um carma negativo, mas outros vivem esta mesma situação de forma positiva. Ou seja, existem espíritos que ao serem abortados estão de castigo, mas outros estão gozando de uma premiação... Além disso, se levarmos em consideração a questão 132 de O Livro dos Espíritos, vamos admitir que existem outros espíritos que vivem o acontecimento de serem abortados como missão para poder gerar a prova para outros.

Eu quero lhe fazer uma pergunta. Você já deve ter lido literatura espírita. Já deve ter visto nestes livros pessoas que matam outras para executar o carma delas, para a expiação do outro. Lá você aceita, mas no caso do aborto não. Porque? Qual a diferença de matar um homem velho ou um bebê? A idade da pessoa...

O problema é que nos apegamos à forma física. Já me foi dito que o abroto é abominável porque interrompe a ordem natural da vida. Mas, a ordem natural da vida não é o que você ser humano conhece, mas o que já estudamos: o que o espírito pede antes da encarnação. Esta é a ordem natural da vida, porque a vida não existe como você quer que exista. Ela é a encarnação do espírito e é totalmente criada antes do nascimento. Veja a pergunta 258 de O Livro dos Espíritos que você vai entender o que estou dizendo.

Se lá é dito que a vida humana é gerada a partir do livre arbítrio do espírito que escolhe seu gênero de provas, será que esta mesma ideia não vale quando se fala em aborto? O aborto, o abortar, não é um acontecimento da vida? Sendo, porque o planejamento anterior dos acontecimentos não vale para ele?

Volto a repetir: o problema é achamos que existe uma criança. Isso não existe. O que existe é um espírito velho que inicia a sua encarnação num corpo de bebê.

Mas, mesmo sendo a interrupção de uma vida, deixe-me lhe fazer uma pergunta. Se o espírito abortado fosse se transformar num Hitler você acharia justo o aborto, não? Pois bem, será que você sabe quantos Hitler são abortados?

Portanto, não podemos defender a vida pela própria vida. Temos que defender a vida como oportunidades de elevação espiritual, como vivência de carmas. Na hora que os carmas acabam, não há mais necessidade de ter vida. Por isso, se o espírito só tinha o carma de passar pelo aborto, não havia mais necessidade dele continuar vivo.

Conversando com um espiritualista - volume II

Liberdade racional

Participante: estava escutando uma palestra sua sobre monismo. Sei que tudo é prova, que tudo é ilusão, mas ainda existe, por exemplo, um carro que quero muito comprar. Quando isso me vem via mente digo a mim mesmo que este querer, este desejo, é uma prova. Quando faço isso, vejo que a vontade passa momentaneamente. No entanto sei que este passar foi apenas racional. Eu não senti no coração que me libertei dele. Sei que o senhor já disse que não conseguimos saber racionalmente o que se sente no coração. Por isso pergunto: é só agir racionalmente para se afastar do desejo?

Deixe lhe fazer uma pergunta: o que é preciso para que você saiba o que vai no seu coração?

Participante: sentir.

Não. Como é que você sabe o que vai no seu coração? Quando a mente diz o que vai no coração. Para você só é real, só existe, só lhe pertence aquilo que passa pela razão. Se não passar pela razão, não existe, você não tem conhecimento.

Então, veja, você não sabe o que vai no coração e nem pode saber. Se souber, foi criada uma razão. Mas, como você mesmo acabou de dizer, toda razão é uma ilusão e não uma realidade...

Então, você me diz que sabe que só racionalmente se libertou daquele desejo, mas é só assim que você pode saber que se libertou. Você não tem como saber que se libertou pelo coração, pois se souber, ainda está preso a uma razão... Até porque, você nem sabe se o coração está preso...

A razão pode desejar e o coração não. É porque você acha que o desejo que se forma na mente veio do coração que acredita que deseja no coração, mas ele pode não ter vindo de lá. Pode ser que o seu desejo seja só uma razão para servir de prova, para ver como o coração funciona e não um estado espiritual seu.

Participante: isso eu não vou saber...

Não, não saberá.

Portanto, se racionalmente o desejo foi espantado, aconteceu tudo o que poderia ser feito. Isso porque sobre o resto você não tem ingerência e nem conhecimento.

O que você precisa se lembrar é que o universo está dentro da sua mente e por isso tudo se resolve na mente. A partir do momento que o desejo foi expulso da mente, no seu universo não existe mais aquele desejo.

Conversando com um espiritualista - volume II

O fim do corpo humano

Participante: o corpo humano acabará com o fim da consciência dita humana?

A que corpo físico você se refere? Ao corpo ilusório, à forma corpo que você imagina que está no seu mundo interno? Isso é só ilusão, é maya... Ele não existe verdadeiramente, mas é fruto da ação dos Cinco Agregados...

NOTA: Os cinco Agregados são elementos que se agregam ao espírito apenas no momento da encarnação. Não são elementos espirituais, mas elementos que são disponibilizados ao espírito para viver uma encarnação. São eles: forma, percepções, sensações, formações mentais e memória. Esse é um ensinamento de Buda...

Se o universo, tudo que existe, está dentro de você, todas as coisas são formadas pela sua mente, Sendo assim, lhe pergunto: onde está o corpo, do lado de fora ou dentro da mente?

Não existe corpo fora. O que existe é a ideia de existir um corpo que está dentro da mente. E se a mente acaba, ou seja, se o universo você que está dentro da mente que acaba, o corpo também acaba junto.

O corpo não acaba antes. Acaba quando a mente acaba.

É por isso que sempre disse que a encarnação não é vir a um corpo, mas tomar a consciência, transformar-se num ser humano, ter um ego humanizado. Além disso, também afirmo que a morte não é o fim do corpo. Ele existe mesmo depois da morte e continuará existindo enquanto o espírito estiver ligado àquela consciência humana.

Tudo isso porque o corpo está dentro da mente e não fora.

Conversando com um espiritualista - volume II

O trabalho mediúnico e o corpo

Participante: o processo mediúnico envolve um corpo e dois espíritos, como no seu caso com seu médium? É uma combinação divina entre os espíritos antes da encarnação?

Não existe processo mediúnico entre corpo e espírito. Isso porque não existe corpo. O que existe é processo mediúnico entre mentes. Vou explicar isso...

No meu caso, por exemplo, há uma mente, o médium, e outra: eu, Joaquim. As duas mentes durante algum tempo contém dentro de si o mesmo corpo, a mesma forma, e estão ligadas para exercer atividades via esse corpo.

Por isso sempre disse que não posso incorporar em mais ninguém. Pode haver um Pai Joaquim que incorpore em outras pessoas, mas isso não quer dizer que é este ego, esta identidade de Pai Joaquim. Pode ser até eu, o mesmo espírito que se liga à mente Pai Joaquim, que me ligue à outra mente que tenha outro nome, Pai João, por exemplo, mas essa incorporação não terá ligação alguma com as coisas deste Pai Joaquim. O que estou querendo dizer é que se eu, o espírito que vive este Pai Joaquim, estiver incorporado junto a outra mente, não vou me lembrar de nada do que aconteceu enquanto estava ligado na personalidade Pai Joaquim.

Esse ego Pai Joaquim não pode incorporar em nenhuma outra mente a não ser à deste médium. Por isso, o ego Pai Joaquim não sabe nada do que aconteceu quando não estava sendo usado. É por isso que muitas vezes as pessoas me dizem que falou comigo em outros centros e eu respondo que não foi comigo que falaram.

Portanto, não existe incorporação corpo/espírito, mas sim egos que estão ligados a espíritos diferentes que se incorporam e podem ter dentro dele o mesmo desenho de corpo.

Conversando com um espiritualista - volume II

A idolatria e o carma

Participante: quando idolatramos um espírito criamos carma para ele?

Não, só se ele aceitar a idolatria. Neste caso não foi você que criou, mas sim ele ao aceitar a idolatria.

Nada acontece por fatores externos. Tudo que acontece ao espírito é gerado por fatores internos. Sendo assim, você pode idolatrar a qualquer um, mas se o espírito não aceitar a idolatria não gerará carma para si mesmo. Você pode odiar a qualquer um, mas se o outro não aceitar seu ódio, ele não criou carma nenhum para ele.

Só você cria carma para você quando age.

Conversando com um espiritualista - volume II

Cristo e a crucificação

Participante: simplesmente aceitar o que nos acontece sem lutar contra não é comodismo?

Deixe-me lhe dizer mais uma coisa. Vou comparar a predestinação com o exemplo de Cristo.

Mais de uma vez o Cristo avisou que seria crucificado. Na Bíblia ele fala diversas vezes sobre isso. Ou seja, ele sabia que havia uma predestinação dele ser crucificado.

Ele lutou contra isso? Não. Em todas as vezes que falou sobre o assunto não se repara nenhuma fala contra o futuro que lhe aguardava. Só que ele não foi comodista. Digo isso porque ele justificou o porquê não lutar...

Na primeira vez que fala de sua crucificação aos apóstolos, Pedro chama Cristo ao canto e lhe pede para não falar isso, pois dá mau agouro e o conclama a rezar a Deus pedindo que ele não fosse crucificado. O mestre lhe responde: ‘Cala a boca, Satanás. Você está pensando como um ser humano. Você acha que eu não vou passar por aquilo que tenho que passar’? Ou seja, ele justifica o aparente comodismo através da consciência de que é preciso se viver aquilo para o qual se está predestinado.

Na segunda vez em que o mestre fala da crucificação, Pedro chega a puxar da espada e chega mesmo a cortar a orelha de um guarda para que Cristo não fosse crucificado. O mestre, no entanto, diz: ‘pare! Você acha que se fosse para eu ser salvo meu Pai não teria mandado doze legiões de anjos para me salvar’? Ou seja, ele justifica a aceitação do seu destino pela consciência de que se não fosse para acontecer o que está ocorrendo Deus geraria uma ação.

Apesar desta forma de agir de Cristo, o que aconteceu com Cristo seria, para você, um comodismo. Para você ele deveria lutar e mostrar o quanto era poderoso. Mas, ele se entregou e nunca culpou ninguém pela sua crucificação...

Portanto, siga o exemplo de Cristo e entregue-se ao seu destino com a consciência de que está vivendo ao que está predestinado e pela certeza de que se aquilo não fosse para acontecer Deus teria agido em sentido contrário.

Conversando com um espiritualista - volume II

Deus e as doenças

Participante: como relacionar as doenças com a emanação de Deus?

Dentro do Amor Sublime...

A doença é um mal porque você não quer ficar doente. Mas, ela é o amor de Deus em ação. Vou tentar explicar isso...

A doença lhe faz repensar na vida. A doença lhe faz analisar atos, verificar como você está vivendo. A doença lhe para momentaneamente para refletir sobre a vida; estanca a sua ganância. A doença lhe faz não praticar determinados atos que iria praticar naquele dia. A doença provoca solidariedade nos outros. A doença faz os outros terem mais carinho com você. Tudo isso está embutido dentro da doença e está previsto por Deus na hora em que ele lhe dá uma doença.

É nesses aspectos que você pode vê-Lo. O problema é que você só vê os aspectos negativos da doença. Só vê a dor, a degeneração material, a proximidade da morte, porque tem medo dela. A doença tem aspectos positivos, mas você só se prende nos aspectos negativos dela. É por isso que não imagina a presença de Deus nestes momentos.

São nos pontos que citei e em outros que você pode ver o dedo de Deus, o amor de Deus, naquilo que chama de doença e que eu chamo de instrumento de Deus para lhe dar uma oportunidade para refletir sobre muitas coisas.

Participante: a doença nos prova a fé e a resignação?

Também.

Se você se entrega à doença, morre mais cedo: a própria medicina diz isso. No entanto, se luta com fé contra ela, entrega-se a Deus e abandona o individualismo, com certeza recebe uma oportunidade de testar a sua fé.

No caso da resignação, a doença também ajuda. Quando uma pessoa fica velha, que é uma doença na visão humana, e não consigo mais fazer exercícios, fica gordo. Quando não aceita a sua velhice e a incapacidade de se manter como jovem, sofre. Ao não aceitar a sua velhice e querer manter-se aparentemente jovem, fica ridículo. Por isso, a doença também ajuda na questão do desenvolvimento da resignação...

O que estou querendo dizer é que para ver o dedo de Deus nas doenças é preciso vê-la pelo prisma de Deus. Este prisma é o amor em ação. Tudo que acontece tem o amor de Deus embutido...

Conversando com um espiritualista - volume II

Casamento e carma

Participante: quando um ser casa mais de uma vez, isso é carma coletivo para este grupo?

Às vezes é, mas na maioria das vezes não é.

Hoje o fato de um ser humanizado casar-se diversas vezes está acontecendo por causa do fim dos tempos. Como estamos chegando ao fim dos tempos, nos dias de hoje há muitos carmas a serem resolvidos. Por isso, o ser planeja casamentos curtos para que possa viver diversos carmas numa só existência. Neste caso, não há envolvimento entre o cônjuge antigo e o novo.

Agora, pode ser carma coletivo, ou seja, a separação e o novo casamento tem a ver com todos os envolvidos. Quando há um grande envolvimento emocional entre os seres envolvidos nos casamentos pode haver um carma coletivo.

Conversando com um espiritualista - volume II

Contradições da mente

Participante: acreditarmos na mente que diz que devemos estar aqui e ouvir todos os ensinamentos é uma forma de compactuar com a proposição de ganhar da mente?

Sim.

Surpresa com a minha resposta? Tem coisas muito mais interessantes nas criações da mente...

Fizeram uma pesquisa num hospital dos Estados Unidos com pacientes com risco de morte. Sabe quem mais acusou sofrimento com este risco? Os que se declararam religiosos. Ou seja, aqueles que afirmam ter fé na existência de algo além da matéria, mesmo que este algo não viva uma existência ativa depois da morte, vivem mais medo pela possibilidade da morte dos que acreditam que tudo acaba quando o corpo perece. Isso não é antagônico?

Pois é, tudo o que mente cria se você olhar com uma visão mais liberta da força de maya sempre se mostrará contraditório ou antagônico àquilo que se diz que acredita. Isso é dessa forma porque, como já vimos, os pensamentos possuem a característica de serem hipócritas.

Esta é a vida de vocês. Tudo que vivenciam não tem nada a ver com santidade, benevolência, com o que acredita ou com a intenção de colocar em prática o que estamos conversando. Tudo será usado desde que possa servir como munição para se alcançar uma vitória. Tudo que a mente afirma tem a intenção de dominar a situação para que possa sair dela vencedor.

Sendo assim, saiba que quando leva o que estamos conversando como regra, como certo, como algo que precisa ser feito, cai na mesma armadilha da mente. Isso poderá e será usado contra você pela mente para lhe gerar uma sensação de prazer ou dor.

Conversando com um espiritualista - volume II

Desesperança com relação a vida

Participante: o que é essa desesperança com relação à vida que estou sentindo agora?

O desespero de não mais poder ganhar...

A sua mente neste momento está reagindo de ás informações que você está aceitando neste momento sabendo que vai ficar mais difícil ela lhe iludir. Isso faz com que ela gere uma sensação de desesperança com o mundo. Mas, isso não tem problema, pois ter esperança é municiar a mente com a possibilidade dela gerar um prazer, quando alcançar o que é esperado, ou com a dor, a agonia de ainda não ter alcançado o que foi objetivado como esperado.

Entendo o que você está dizendo por que sei que para aqueles que querem ser humanos eu realmente sou uma desesperança. Mas, alguém precisa assumir este papel, pois o fim da forma humana de viver neste planeta está perto do fim.

Em Fátima, quando da aparição de Nossa Senhora, três profecias foram passadas. Duas vocês conhecem, mas a terceira a igreja católica não divulga. Esta fala do fim da raça humana. Não um fim físico, como a igreja pensa e por isso não divulga este segredo, mas o fim da forma de viver humana. No próximo mundo que nascerá neste planeta a forma de viver humana, ou seja, através de realidades criadas a partir do egoísmo e da hipocrisia, não mais existirá.

A forma humana de viver é exatamente esta busca pela vitória que a mente vive. Esta busca é tão desesperadora para a mente que muitas vezes ela cria ideias para ganhar de si mesmo. Isso não importa, pois o que ela quer é gerar o prazer de ganhar.

Conversando com um espiritualista - volume II

Novo o quê?

No ano de 2012, o universo espiritualista dos habitantes do planeta Terra viveu um período de grande agitação por conta da chegada do dia 21 de dezembro. Inicialmente o medo do fim do mundo e depois, pela informação que o mundo não acabaria, mas que uma nova era surgiria, a expectativa com o novo tempo foi vivida. Essas duas visões para este dia movimentaram todas as conversas espiritualistas durante o ano de 2012.

Pois bem, o dia chegou, já passou mais de um ano e eu pergunto: e daí, o que aconteceu? O que ficou daquilo tudo que foi falado até o dia 21 de dezembro de 2012?

É, vocês receberam a informação de que uma nova era estava sendo iniciada a partir daquele dia. E daí, o que fizeram dessa informação? Esqueceram dela ao longo do tempo? Acho que sim... Acho que tudo que foi dito naquele tempo sobre uma nova era onde a paz e a felicidade começaria a acontecer foi esquecido solapado pelos acontecimentos diários da vida humana.

Este é o grande problema. Eu já disse: o princípio da reforma íntima acontece quando você deixa de se ver como um ser humano que tem experiências espirituais e passa a se ver como espírito que tem experiências humanas. Exatamente por não terem mudado essa visão sobre si, as informações vieram, o dia chegou, a nova era começou e nada mudou na vida de vocês.

Hoje, eu queria falar um pouco dessa nova era para entenderem o que essa informação, a informação de que ela chegou, deve trazer para vocês...

Até o dia 21 de dezembro de 2012 a era ou o mundo que se vivia era de provas e expiações. Era uma época que o espírito encarnava para expiar, ou seja, viver vicissitudes, e ao mesmo tempo provar que queria aproximar-se de Deus. Só que a partir desse dia a nova era começou e com isso o mundo mudou, o sentido da encarnação mudou. Hoje você não vive mais num mundo de provas e expiações, mas sim num mundo de regeneração. O que quer dizer isso?

Mundo de regeneração é um sentido de encarnação. É uma etapa da existência eterna do espírito onde ele precisa se regenerar, ou seja, precisa mudar-se, precisa deixar de ser quem é e ser algo diferente. Esse é o momento que vocês estão vivendo. É o momento onde não mais adianta apenas dizer que tem vontade de aproximar-se de Deus, mas o momento onde é necessário agir em si para afastar tudo que não lhe deixa se aproximar de Deus.

Essa é a grande mudança que o dia 21 de dezembro de 2012 trouxe para a existência de vocês e foi muito comentada naquela época. Foi falado do nascimento de uma nova era onde é necessário se viver em paz e ser feliz de uma forma incondicional. Para aqueles que sobreviveram àquela época, a nova era nasceu, o novo tempo começou e com ele começou também a necessidade de realizar este trabalho.

Por causa dessa necessidade comecei desde o título desta conversa perguntando: novo, o quê? O que adianta nascer uma nova era, o que adianta festejar o nascimento de uma nova era se em você nada muda, se você continua vivendo como vivia na era antiga, no tempo antigo.

Não sei se vocês perceberam, mas cada vez mais nós temos batido forte na necessidade de mudança. Temos feito isso porque essa é a necessidade desses novos tempos. Por isso, cada vez mais vamos estar conclamando vocês que ultrapassaram o dia 21 de dezembro de 2012 a viver uma nova era, a aprender a conviver em paz a diferença entre os irmãos e aprender a se harmonizar com a vida abandonando o sonho de ser satisfeito sempre.

Esse é o motivo dessa mensagem. Mais uma vez chamamos vocês para essa regeneração. Mais uma vez convidamos todos vocês a ingressarem na nova era, pois na verdade ela começou, mas vocês ainda não participam dela.

Pensem nessas coisas que estão nessa mensagem e estaremos sempre ao seu lado, à disposição de vocês para ajudarem aqueles que realmente queiram viver numa nova era, queiram alcançar um novo em suas vidas. Só não devemos nos esquecer que para fazer qualquer coisa neste sentido, o compromisso com a sua espiritualidade, com a sua espiritualização é o ponto de partida para tudo...

Que a paz esteja com vocês...

Conversando com um espiritualista - volume II

A luta obsessiva da mente pela vitória

Participante: gostaria de fazer uma pergunta e alguns comentários a respeito do que Joaquim disse ao Jefferson no tangente a amar o próximo em uma das entrevistas. Em uma das entrevistas Pai Joaquim dá o seguinte exemplo ao Jefferson. ‘você marcou com o Firmino de vir até Rio das Pedras pra fazer a entrevista e quando chegou o Firmino não estava lá. Então, amar o próximo é você respeitar o direito dele fazer isso e não se contrariar com isso. Você pega o ônibus, volta para Piracicaba e depois remarca um novo dia’.

Me desculpem, mas não posso concordar com isso. Há regras para se viver em sociedade. Mesmo num caso de doença ou de morte e com a tecnologia que há hoje, o Firmino poderia muito bem ligar ao Jefferson dizendo que não estaria presente no dia da entrevista.

Então, quer dizer que o Jefferson se desloca, gasta dinheiro, perde tempo e simplesmente ao chegar lá dá com a cara na porta fechada e volta para casa todo alegre? Vou lhes contar o que recentemente aconteceu comigo e que é bem parecido com isso aí.

Eu estava comprando um imóvel e no dia combinado de irmos ao cartório a proprietária do imóvel simplesmente ligou para o cara do cartório, com apenas duas horas de antecedência, avisando que não iria, pois não poderia faltar no trabalho. Acontece que horas antes, à noite, eu tinha transferido o dinheiro da poupança para a conta corrente. No mesmo dia fui ao banco e fiz o cheque administrativo que ela pediu. Quando estava saindo do banco, para minha surpresa, meu pai ligou avisando que ela não compareceria ao cartório. O resultado foi que perdi o rendimento da poupança mais as taxas que paguei do cheque administrativo, mais as taxas para tirar certidões sobre o imóvel, mais a gasolina que gastei indo atrás de tudo e mais o tempo que perdi.

Reparem que ela poderia ter ligado no dia anterior e me avisado que não poderia comparecer ao cartório e marcado outro dia. Mas ela pensou: ‘ah!, hoje não vou lá não. Depois marco outro dia com ele’.

Então, com todo respeito que tenho a Pai Joaquim, acho que isso se trata de mau-caráter, tanto no exemplo hipotético dado por Pai Joaquim quanto no exemplo real que aconteceu comigo. Vou argumentar agora porque não concordo com Pai Joaquim e acredito que a tese defendida por ele carece de fundamento.

Amar ao próximo como a si mesmo. Logo se estou submetido aos caprichos de uma pessoa que não respeita compromissos, que brinca com você, que nem te conhece direito e faz você perder dinheiro e se fico mal com isso, logo não me amo. Como, então, poderei amar o próximo? Essa é uma pergunta que faço ao Pai Joaquim?

Ainda que Joaquim argumente que tudo o que aconteceu foi uma prova para mim, isto significa que tenho apenas que dirimir a raiva que está dentro de mim. Veja, o problema não é meu em relação a ela. O problema passa a ser meu apenas, pois sou eu lutando contra a raiva que está dentro de mim. Portanto não se trata de amar o outro, mas de fazer tudo isso sem se contrariar, como recomenda Pai Joaquim. Trata-se de amar a mim mesmo: ou continuo submetido aos caprichos e vontades dessas pessoas ou apenas sigo o meu caminho e deixo que a pessoa siga o dela.

E foi o que fiz. Desfiz o negócio porque estava num estado de estresse. Com isso resolvi o meu problema: tirei a raiva de dentro de mim. Então, amei a mim mesmo e em consequência amei o próximo, pois não estou com raiva dela.

Então, com todo respeito, a tese de Pai Joaquim carece de fundamento, como demonstrei aqui.

Não me surpreende que você não compactue comigo. Porque? Porque você é humano e eu não sou. Apesar de ligado a um ego humano, eu não vivo humanamente falando. Por isso jamais imaginaria que você, sem uma análise da questão, compreendesse o que tentei passar ao longo dos anos. Portanto, se me permite, vou lhe explicar minha visão do assunto.

Como já dissemos diversas vezes, a mente humana quer obter vitórias. A mente humana jamais raciocina sem ter como fundamento a intenção de uma vitória.

É por isso que ela, não importa no que esteja acontecendo, sempre torce pelo pobre coitado, pelo coitadinho, pelo injustiçado. Faz isso porque ela quer fazer o injustiçado, dentro da visão humana, ganhar a qualquer custo. Ao transformá-lo num coitadinho, a mente humana cria a ideia de que ele ganhou, apesar de ter perdido. É por isso que vocês torcem sempre por aquele que tem pouca chance de ganhar...

Você fez um discurso lindo, humanamente falando. No entanto, espiritualmente falando ele é fraco, é falho. Aliás, até materialmente falando ele é fraco, pois contém possíveis falhas. Vamos ver isso...

Por exemplo, você fala que o Firmino deveria ter telefonado ou usado os recursos disponíveis hoje em dia para avisar o outro. O que a sua mente não investiga é se ele tinha esses recursos naquele momento. Será que o telefone dele estava funcionando? Será que a internet dele estava funcionando? Será que ele tinha o número do telefone do outro para poder ligar e avisar que não poderia estar presente?

Veja, em momento algum você se preocupou em averiguar se estava fazendo uma denúncia com base ou não. É assim que a mente humana age: ela jamais analisará os fatos de forma ampla. Ela jamais investigará o assunto em profundidade querendo saber se havia uma motivação por parte de quem supostamente errou. O que ela faz é apenas gerar ideias que sirvam para acusar o outro e assim lhe dar a vitória sobre ele.

A mente humana não se preocupa com a verdadeira justiça, mas sim em dar vitória a alguém. Por isso, ela não se preocupa, nos seus raciocínios, em aprofundar-se nos assuntos da vida, mas funciona na superficialidade levando em conta apenas o que interessa para que a vitória se concretize.

Voltando à questão do espiritualmente falho na sua observação, digo que você esqueceu de uma coisa da mais alta importância. Se esqueceu de amar ao próximo como a si mesmo. Só isso que você esqueceu. Desculpe, não é só isso. Você também esqueceu de amar a Deus sobre todas as coisas. Se tivesse se preocupado com essas coisas, poderia por força desse amor ter superado tudo o que a mente gerou naquele momento.

Além disso, ainda pelo lado espiritual da questão, posso dizer que a sua análise dos acontecimentos feriram os ensinamentos dos mestres. Digo isso porque você se preocupou em amealhar bens na Terra e não no céu.

Durante o relato que está na sua pergunta, você só se ligou no prejuízo de quem veio e não encontrou a pessoa. Você só se preocupou com o fato de alguém ter perdido tempo, dinheiro, esforço. Se preocupou com o fato de alguém possa ter se deslocado ou feito algumas atitudes e não ter conseguido realizar o que pretendia. Você jamais se preocupou com a questão espiritual do acontecimento.

Você jamais se preocupou – e o você que estou falando é a sua mente e não você – com a sua função espiritual naquele momento. Você em nenhum momento se ligou ao fato de ser um espírito encarnado e estar vivendo uma vicissitude que lhe serve de provação. Também não viveu em momento algum a ideia de que quem agiu diferente do que você esperava era um espírito que tomou um corpo para aqui contribuir, sob as ordens de Deus, para a obra geral.

Esse é o grande problema. Esperar que a mente vá apelar para o lado espiritual durante os acontecimentos da vida humana é abrir mão da sua oportunidade de elevação espiritual. Esperar que a mente vá lhe lembrar dos compromissos espirituais assumidos antes da encarnação é perder a oportunidade que você está tendo de aproximar-se de Deus. É por isso que venho falando há anos a respeito do aceite ao que a mente fala.

Repare, como eu já lhe disse nessa resposta, que a sua mente humana está presa somente a coisas materiais. Ela só analisa as questões pelo lado material. Ela só está preocupada com as coisas materiais. Em momento algum ela se preocupou com a convivência harmônica, a paz e a felicidade comum durante os acontecimentos que você narrou. Com isso ela não se preocupa.

Ela se ocupa em criar uma acusação ao outro. Para isso, ela justifica: ‘eu não faria isso’. Será?

Quantas vezes você já não fez igual? Quantas vezes você se esqueceu de um compromisso e deixou pessoas lhe esperando? Ou será que você nunca fez isso? ‘Ah, mas eu tinha motivos’, você me responderia. Mas, será que nos seus exemplos quem faltou ao compromisso não tinha seus motivos também?

Você sabe se aconteceu algo extremamente grave com as pessoas que faltaram aos seus compromissos? Sabe se elas estavam vivendo um momento onde não se pensa em outra coisa a não ser resolver o problema que apareceu? Não, a mente não se preocupa com essas questões, a não ser que elas o faça ganhar. Por isso é que ela diz que você tinha motivos para faltar, quando faltou, mas não dá a mesma dúvida a quem não cumpriu o compromisso com você. É isso que estou querendo lhe mostrar.

Saiba de uma coisa: apesar de falar desse jeito, tenha a certeza que não estou brigando com você. Não estou lhe acusando de nada, nem defendendo ninguém. O que estou fazendo é lhe mostrando o funcionamento da mente.

Só estou querendo lhe mostrar que todo esse raciocínio desenvolvido pela sua mente nada mais foi do que uma jogada. Sim, ela jogou com a verdade, jogou com a compreensão sobre os acontecimentos sem analisar todas as possibilidades. Ela funcionou como num tribunal de exceção, ou seja, sem dar a menor possibilidade de defesa a quem está acusando. Fez tudo isso só para poder lhe dar a sensação de vitória. Isso você não percebeu....

Esse é o grande problema. Isso é o que vocês precisam estar muito atento, pois essa questão, para você, espírito, é uma questão de vida ou morte. Em todo momento que a sua mente funciona, ou você vive, ou seja, consegue superar tudo que a mente criou – está vivo neste caso porque está próximo de Deus – ou se afasta Dele, o que para nós espíritos é a morte.

Portanto, se a sua mente interpretar essas palavras como se eu estivesse brigando com você, por favor, não acredite nisso. Na verdade é com todo amor que estou lhe respondendo. O meu único objetivo com essa resposta é lhe ajudar a aproveitar a oportunidade de estar encarnado.

Que a paz esteja com você...

Conversando com um espiritualista - volume II

Ressurreição

Participante: Cristo transpôs a morte. É isso?

Não, ele venceu o mundo.

Vocês estão se apegando na ressurreição (retorno à consciência espiritual) como um elemento que só ocorre após a morte física: isso não é real. A consciência espiritual pode ser alcançada mesmo ainda se ligado a um ego.

Cristo amou sempre e nunca se preocupou em seguir as leis vigentes. Mesmo após o desencarne ele continuou quebrando os códigos judaicos, pois apareceu aos seus apóstolos e a outros seres quando a lei dizia que não devia sem fazer contatos com os mortos.

Aceitar o fato da ressurreição, ou seja, que existe uma condição especial para ser aceito por Deus, é aceitar que os códigos de princípios que administram as ações não servem para este julgamento, mas apenas a capacidade de amar a cada momento. Isto porque a encarnação Jesus Cristo foi pontilhada de atos de rebeldia ao conjunto de normas religiosas de então e mesmo assim, terminou com a elevação espiritual.

Isso seria entender o que Paulo está dizendo (agora Deus já mostrou como ele aceita os espíritos) na linguagem de hoje. Ele aceita não pelo cumprimento da lei à risca, mas por ter vivenciado as situações da vida com amor: passando o sofrimento sem sofrer.

Paulo está nos dizendo que, com esta forma de agir, Deus já comprovou como reintegra o ser ao mundo espiritual. Ele faz isso quando o espírito vivencia a vida sem sofrimentos ou prazer, mas louvando a Deus por todas as coisas que acontecem. Agora quando ele vivencia os acontecimentos da vida sofrendo ou tendo prazer, Deus não o reintegra.

Participante: como virar espírito?

Virar você não pode, pois já é e nunca deixou de ser... Estou falando em ter a consciência de ser.

Participante: mas, o que queria dizer isso para eles na época?

A mesma coisa, pois assim como até hoje vocês se consideram humanos que um dia voltarão a serem espíritos, eles também pensavam igual.

De qualquer maneira, não importa o que eles pensavam. Precisamos estudar os textos sagrados não com a cabeça (conhecimento) deles, mas com os seus.

O que você precisa compreender é que quando sair da carne sem realizar o amor universal continuará se vendo como o José que imagina ser agora e não se reintegrará ao mundo espiritual. Continuará vivendo o José: vivendo seus filhos, procurando o neto, indo ao seu emprego...

Agora, quando você alcançar o estado de viver a vida com equanimidade, aí sai da carne e pergunta: ‘José, quem é este? Filhos, eu não tenho filhos... Todos são filhos de Deus, eu nunca gerei nenhum filho’...

É esta a diferença. A ressurreição acontece quando você sai da carne, ou mesmo ainda ligada a ela, quanto está em perfeito entrosamento com a Realidade e a não ressurreição, ou seja, o desencarne sem alcançar a elevação espiritual lhe transformará em ser humano sem carne...Aqueles que são chamados de fantasmas: sem carne ainda vivenciam a personalidade que tiveram quando encarnados.

Conversando com um espiritualista - volume II

Carma e pecado

Participante: então, quando se fala em apagar o pecado está se dizendo apagar o carma?

Isso: apagar o resultado da sua ação individualista. Pecado é a ação praticada com intenção individualista.

Para entender isso, temos que lembrar a história do filho pródigo (aquele que saiu de casa e gastou tudo o que tinha), pois esta parábola narrada por Cristo mostra com exatidão a forma de proceder de Deus.

 Quando o filho voltou, sabe o que o pai fez? Mandou fazer uma festa. Aí o filho que ficou em casa revoltou-se, pois nunca tinha recebido uma comemoração por sua dedicação. O pai diz então: meu filho voltou, não há motivo maior para festejar.

Esta é forma de agir de Deus: ele não guarda rancores. Julga cada um ao seu momento e felicita-se com a ovelha desgarrada que retorna ao rebanho, sem mágoas.