Revelações da revelação - Livro II

Revelações da revelação - Livro II

Comentários de Joaquim de Aruanda ao contido no Livro II de O Livro dos Espíritos. Como o amigo espiritual fala desde o início, este estudo é sobre os ensinamentos do Espírito da Verdade e não do espiritismo. Faz esse alerta porque conforme se viu posteriormente, muitas das informações contidas no livro não são contempladas pela doutrina. 

Revelações da revelação - Livro II

Origem e natureza dos espíritos

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0076 - Que definição se pode dar dos Espíritos? Pode dizer-se que os Espíritos são os seres inteligentes da criação. Povoam o Universo, fora do mundo material.

Se existe uma coisa que se pode dizer do Kardec, é que ele é perseverante: esta é a terceira vez que pergunta o que é espírito... E ainda vai ter uma quarta...

A resposta do Espírito da Verdade é sempre a mesma: o espírito é o princípio inteligente do Universo. É o elemento inteligente que povoa o Universo.

Sendo assim, esta informação nos fica muito clara: o espírito é um elemento do universal que possui inteligência e povoa todo o Universo.

Nota de O Livro dos Espíritos – A palavra Espírito é empregada aqui para determinar as individualidades dos seres extracorpóreos e não mais o elemento inteligente do Universo.

0077 - Os Espíritos são seres distintos da Divindade, ou serão simples emanações ou porções desta e, por isto, denominados filhos de Deus? Meu Deus! São obra de Deus, exatamente qual a máquina o é do homem que a fabrica. A máquina é obra do homem, não é o próprio homem. Sabes que, quando faz alguma coisa bela, útil, o homem lhe chama sua filha, criação sua. Pois bem! O mesmo se dá com relação a Deus: somos Seus filhos, pois que somos obra Sua.

Precisamos compreender bem este tema, porque existe uma teoria que afirma que o espírito sai de Deus, vem ao universo e vive aqui uma existência até retornar para o Pai. Esta teoria é falsa. O espírito é uma individualidade e Deus, o Ser, é outra.

O que é individualidade é indivisível. Sendo assim, Deus é indivisível. Por isso o espírito não é uma parte de Deus.

Apesar de com isso termos feito o comentário a pergunta, existe na resposta uma outra informação que devemos nos alongar. O espírito aqui foi descrito inicialmente como uma obra de Deus, mas logo depois foi dito que ele é filho de Deus. Vamos comentar isso.

Se você constrói uma casa, ela não é sua filha. Se você constrói uma cadeira, ele não é sua filha. Estes elementos são obras do construtor, mas não podem ser ao mesmo tempo chamados de filhos.

Sendo assim, para receber o tratamento de filho de Deus que os mestres dão aos espíritos, eles não podem ser construídos pelo Pai, mas devem ser gerados por Ele. Devemos entender que a origem do espírito possui uma figura mais aproximada na mãe material que gera um filho do que na de um artífice que constrói uma obra. Nós – vamos dizer assim – somos frutos de Deus e não Sua obra.

É importante salientarmos a questão do gerado, porque senão podemos pensar que somos obra de Deus. Se assim fosse, seríamos uma matéria, porque a matéria é que é construída. O espírito não é construído, mas gerado.

Portanto, fica aqui outra compreensão importante, o espírito é gerado por Deus. Mas, o que esta informação nos leva a compreender?

Participante: Que nós somos parte de Deus...

Não, não somos parte de Deus. Aliás, eu comecei este comentário dizendo que nós não somos partes Deus.

Veja, se você foi gerada por Deus, o que, que isso lhe leva a compreender? Vamos falar sobre isso.

Existe um ensinamento presente em todos os mestres que afirma que Deus não faz nada imperfeito. Sendo assim, quando entendemos que o espírito é filho de Deus, gerado por Deus, precisamos compreender também que o espírito, como descendente da Perfeição, também é perfeito.

Repare bem. A mãe humana, que é imperfeita, pode dar à luz a um filho manco ou sem braço, ou seja, imperfeito, mas Deus, que é a Perfeição, não pode. A mesma mãe pode dar à luz a um filho preto e outro branco, a um filho homem e outro mulher, ou seja, pode mudar o fruto da concepção, mas Deus que é Único não.

Deus gera todos os espíritos iguais, porque ele é Único e os gera perfeitos, porque Ele é a Perfeição. Por causa desta descendência afirmo que todos os espíritos são perfeitos.

Esta informação é importante e fundamental para aquele que busca promover a sua reforma íntima e aproximar-se de Deus: todos os espíritos são iguais entre si e são perfeitos. Por isso Buda nos diz em um sutra que o espírito é luz, mesmo quando poluído.

Sendo assim, posso afirmar que você, seja quem for na vida carnal, é um espírito perfeito. Você pode estar poluído, pode não se ver como perfeito, mas você é.

Esta compreensão sobre si mesmo e sobre os outros é decorrência natural de da compreensão de que o espírito é gerado por Deus.

Participante: Posso dizer que todos temos o mesmo princípio: o princípio de Deus, o da perfeição?

Não vamos falar desta forma, porque se não vamos querer saber de onde vem e que princípio é esse. Basta para nós entendermos que você é perfeito. Além disso, precisamos entender que se você é perfeito, devemos compreender que os outros são perfeitos.

Todos os espíritos são filhos de Deus e, por isso, são perfeitos. Mesmo aquele que você chama de errado, de assassino ou de qualquer outro adjetivo. Mesmo aquele que você critica, julga, acusa, é filho de Deus, é perfeito. Você diz que ele não presta, que é isso ou aquilo, mas ele é não é nada do que você diz, mas sim perfeito.

Participante: A respeito do ensinamento de Buda que o senhor citou, posso dizer que o espírito é como um vidro transparente coberto de fuligem.

Isso. Eu digo que o espírito é como uma lâmpada coberta de barro. Mas, as duas comparações querem dizer a mesma coisa.

O importante é compreender que você é luz, mas a sua luminosidade não se propaga porque você está sujo. A sua luminosidade existe e brilha, mas ela não alcança o exterior porque você, o espírito possui uma camada opaca ao seu redor. Esta camada que não deixa seu refulgir propagar-se são as suas verdades materiais, os seus conceitos...

Participante: Essa camada que não deixa a luminosidade do espírito brilhar existe apenas quando estamos encarnados ou também no espírito desencarnado?

 Desencarnado também, dependendo do grau de evolução de cada um.

Aquilo que é chamado de processo de evolução, de reforma íntima, é o processo de limpeza dessa camada. Vou dar um exemplo... Aqueles que moram nas cidades espirituais têm essa camada, porque ainda precisam de coisas materiais.

0078 - Os Espíritos tiveram princípio, ou existem como Deus, de toda a eternidade? Se não tivessem tido princípio, seriam iguais a Deus, quando, ao invés, são criação. Sua e se acham submetidos à Sua vontade. Deus existe de toda a eternidade, é incontestável. Quanto, porém, ao modo porque nos criou e em que momento o fez, nada sabemos. Podes dizer que não tivemos princípio, se quiseres com isso significar que, sendo eterno, Deus há de ter sempre criado ininterruptamente. Mas, quando e como cada um de nós foi feito, repito-te, nenhum o sabe: aí é que está o mistério.

Nós, espíritos, tivemos um nascimento, mas se nos preocupamos com ele para começar a contar nosso tempo de existência, vamos ficar perdidos, porque ninguém sabe quando foi criado. Espírito não comemora aniversário: é bom deixar isso bem claro.

Além desta informação, no entanto, a resposta tem outra informação importante: devemos saber que Deus é primário no Universo, ou seja, veio antes de tudo. É como está na Bíblia: existia o vazio e Deus disse faça-se a luz e a luz foi feita. Tudo surgiu de Deus.

Agora, vejam bem. Se pensarmos direitinho, seria meio louco o Senhor Onipotente do Universo criar tudo isso e entregar na mão do espírito para ele fazer o que quiser. Se Deus fizesse isso, teria que ficar assistindo o que o espírito fizesse. Isso seria meio sem sentido para quem é Onipotente, não acham?

Já estudamos aqui em O Livro dos Espíritos e em outros mestres que Deus é Superpotente e que todos estão subordinados a Ele. Esta informação é uma decorrência natural do entendimento que Deus cria tudo. Se Ele cria tudo, é a Causa Primária de todas as coisas, ou seja, é o Criador de toda a existência.

É isso que precisamos compreender: tudo que um espírito é capaz de fazer provém primariamente de Deus. E o Pai não pode entregar o comando ao próprio espírito, porque ele não possui condições de gerir universalmente falando.

Agora, se Deus cria e administra tudo que existe, posso dizer que o Universo está perfeito na forma em que está. Se Deus é a Perfeição e tudo que existe emana Dele, tudo é Perfeito, na forma que existe.

Sendo assim, o que você chama de errado, na verdade é o equilíbrio do Universo. É aquilo que equilibra o Universo.

Outro detalhe desta resposta: Deus jamais para de gerar espíritos. Estes espíritos precisam evoluir, mas a evolução deles deve ocorrer dentro da perfeição, ou seja, sem alterar o equilíbrio que existe no Universo. Sendo assim, para que alguém possa chegar onde você está, é necessário você sair.

Repare bem: Deus gera espíritos ininterruptamente. Estes espíritos precisam evoluir. Mas eles só vão chegar ao seu nível quando você sair de onde está e avançar.

É por isso que sempre digo para as pessoas: busque a evolução espiritual não no sentido de você ganhar, mas para liberar espaço para outro espírito feito por Deus.

Participante: Quanto ao que o senhor falou sobre Deus comandar tudo, nesta mesma resposta existe a informação que os espíritos são criados por Deus e submetidos à Sua vontade.

Isso, os espíritos são submetidos à vontade de Deus. Realmente a palavra está bem clara: submetidos...

0079 - Pois que há dois elementos gerais no Universo: o elemento inteligente e o elemento material, poder-se-á dizer que os Espíritos são formados do elemento inteligente, como os corpos inertes o são do elemento material? Evidentemente. Os Espíritos são a individualização do princípio inteligente, como os corpos são a individualização do princípio material. A época e o modo por que essa formação se operou é que são desconhecidos.

Quando estudamos a questão da matéria, vimos que toda matéria conhecida no planeta Terra é formada a partir de um átomo universal. Este átomo Kardec chamou de fluido cósmico universal e nós chamamos de matéria energética força.

Baseado neste raciocínio, Kardec agora pergunta: se a matéria terrestre é feita de fluido cósmico universal, podemos dizer que o espírito é feito de inteligência? O Espírito da Verdade responde: sim, podemos dizer isso.

Apesar desta resposta, eu afirmo que não é propriamente isso. Na verdade o espírito não é feito de inteligência, mas a inteligência é um dos seus atributos.

Agora, tanto uma como outra afirmação pouco tem importância para os encarnados, pois vocês não sabem o que é inteligência. Os seres humanizados não conhecem o que é uma inteligência, por isso pouco se dá uma ou outra resposta.

0080 - A criação dos Espíritos é permanente, ou só se deu na origem dos tempos? É permanente. Quer dizer: Deus jamais deixou de criar.

Da resposta do Espírito da Verdade à esta questão, se descobre, então, que sempre estão nascendo espíritos e, por conseguinte, sempre existem espíritos evoluindo. No entanto, quero tirar um ensinamento desta resposta para nos aprofundarmos nas coisas espirituais.

Se a evolução do espírito é uma constante na eternidade universal, posso dizer que o que hoje está acontecendo no planeta, a mudança do sentido de encarnação, não é uma novidade para o Universo. O que vocês estão vivendo hoje já aconteceu muitas vezes em outros lugares. Pode não ter sido dentro da mesma forma que irá acontecer aqui, mas o processo de transição certamente já aconteceu antes. Mais: durante este processo nunca houve problemas.

Sendo assim, precisamos afastar a ideia que o atual processo de transição do planeta pode trazer problemas para os espíritos ou que pode acabar com o Universo. Isso é besteira.

A alteração do sentido de encarnação de Provas e Expiações para Regeneração já aconteceu em diversos “mundos” e ainda irá acontecer muitas vezes em outros mundos. Isso porque Deus sempre está gerando espíritos e por causa disso sempre haverá espíritos evoluindo no Universo a todo o momento.

Na verdade, este processo pode ser encarado como difícil para vocês que ou ainda não passaram por ele ou não se lembram de terem passado, mas é um processo normal para o Universo.

O processo atual de evolução da encarnação na Terra é igual ao crescimento do ser humano. O ser humano nasce bebê e cresce naturalmente, passando pelas etapas da vida. Para quem já está velho este processo é fácil, mas para quem o está vivendo é penoso, difícil.

Assim também na vida espiritual. Para os espíritos que já vivenciaram e se lembram do que viveram durante esta etapa de sua existência eterna este processo é considerado fácil, mas para quem está vivenciando-o no momento, pode considerar difícil.

Mas, na verdade ele não é fácil ou difícil: tudo depende de como você vivencia o seu processo. Você pode passar naturalmente pelas etapas ou pode se prender a determinadas etapas – como, por exemplo, um adulto que parece uma criança e se prende aquela etapa infantil da vida dele por gostar dela – e neste caso tudo parecerá mais difícil.

Para não se apavorar frente a consciência de ter que fazer esta transformação na sua existência eterna, é preciso que o espírito compreenda que vivenciar isso não é um bicho de seta cabeças. É preciso ter a consciência de que, apesar do ego criar a ideia da dificuldade, para a coletividade espiritual o que vocês estão passando é um processo normal, natural, de crescimento de espíritos.

0081 - Os Espíritos se formam espontaneamente, ou procedem uns dos outros? Deus os cria, como a todas as outras criaturas, pela Sua vontade. Mas, repito ainda uma vez, a origem deles é mistério.

Já disse: se tem uma coisa que podemos falar de Kardec é que ele é persistente. A questão do nascimento dos espíritos já tinha sido respondida e ele volta a perguntar sobre o tema.

Mas, aproveitando a pergunta dele, deixe-me fazer uma também: se é Deus quem cria todos os espíritos, como é que as mães acreditam que fazem filhos?

“É meu filho. Olha só, eu carreguei na minha barriga nove meses, eu fiz esse ser”. Este tipo de pensamento não pode fazer parte da consciência de quem se diz espírita, não? Isso porque, segundo a informação do transmissor da doutrina dos espíritos, nenhum espírito faz outro. Todo espírito é gerado por Deus. Para o trabalho do despossuir que todos os mestres ensinaram isso precisa ficar muito claro.

Talvez por isso tenha sido comandado por Deus que a mesma pergunta fosse feita diversas vezes. Mas, apesar disso, as mães ainda continuam achando que elas dão a luz.

0082 - Será certo dizer-se que os Espíritos são imateriais? Como se pode definir uma coisa, quando faltam termos de comparação e com uma linguagem deficiente? Pode um cego de nascença definir a luz? Imaterial não é bem o termo; incorpóreo seria mais exato, pois deves compreender que, sendo uma criação, o Espírito há de ser alguma coisa. É a matéria quintessênciada, mas sem analogia para vós outros e tão etérea que escapa inteiramente ao alcance dos vossos sentidos.

É melhor declarar que nada sabe do que querer conhecer o espírito pela forma ou saber do que ele é composto.

O máximo que você, humano, vai saber é que o espírito é o princípio inteligente do Universo e pode se confundir com a inteligência que habita o corpo. Mas, mesmo isso é besteira se conhecer, porque você, humano, não sabe o que é inteligência nem como ela funciona.

Primeiro o ser humanizado deve se concentrar em saber o que é inteligência e como ela funciona para só depois querer fazer ideia do que é o espírito, se ele tem ou não matéria, se tem braço ou não, se tem umbigo.

É isso que está sendo dito pelo Espírito da Verdade. Mas, mesmo assim, vocês continuam querendo saber como é o espírito.

Participante: Kardec faz um comentário a esta resposta, do qual eu gostaria de ler só o final: “não os podemos definir senão por meio de comparações sempre imperfeitas ou por um esforço da imaginação”.

Sim, se você quiser compreender o espírito pela razão humana alcançará apenas uma verdade transviada, falseada, individualizada. Isto é a prática do que já estudamos anteriormente: a razão é transviada...

COMENTÁRIO DE KARDEC

Dizemos que os Espíritos são imateriais, porque, pela sua essência, diferem de tudo o que conhecemos sob o nome de matéria. Um povo de cegos careceria de termos para exprimir a luz e seus efeitos. O cego de nascença se julga capaz de todas as percepções pelo ouvido, pelo olfato, pelo paladar e pelo tato. Não compreende as ideias que só lhe poderiam ser dadas pelo sentido que lhe falta. Nós outros somos verdadeiros cegos com relação à essência dos seres sobre-humanos. Não os podemos definir senão por meio de comparações sempre imperfeitas, ou por um esforço de imaginação.

0083 - Os Espíritos têm fim? Compreende-se que seja eterno o princípio donde eles emanam, mas o que perguntamos é se suas individualidades têm um termo e se, em dado tempo, mais ou menos longo, o elemento de que são formados não se dissemina e volta à massa donde saiu, como sucede com os corpos materiais. É difícil de conceber-se que uma coisa que teve começo possa não ter fim. Há muitas coisas que não compreendeis, porque tendes limitada a inteligência. Isso, porém, não é razão para que as repilais. O filho não compreende tudo o que a seu pai é compreensível, nem o ignorante tudo o que o sábio apreende. Dizemos que a existência dos Espíritos não tem fim. É tudo o que podemos, por agora, dizer.

A resposta do Espírito da Verdade está muito bem explicada, mas gostaria de fazer um comentário a partir dela.

O espírito é uma individualidade que jamais acaba, é eterna. Sendo assim, o ensinamento panteísta que diz que o espírito volta a Deus fazendo parte Dele, ou seja, perdendo a sua individualidade, é irreal...

O espírito quando retornar à sua consciência universal vai continuar sendo uma individualidade. A única coisa que perderá será o individualismo e a não a individualidade.

Individualismo é a busca da satisfação individual; individualidade é você.

A individualidade, você, jamais se acabará, mas o espírito se universalizará, ou seja, ele passará a não pensar em si como um, mas viverá em Unidade com o Todo, ou seja, passará a ver-se como uma peça do universo.

Na verdade, ele não perde a sua individualidade, mas perde o seu individualismo e ao perdê-lo não se vê mais como um, mas sim como uma peça perfeitamente integrada ao Universo.

Participante: Como peça de um quebra-cabeça?

Sim, como peça de um quebra-cabeça.

O Universo é um quebra-cabeça e cada espírito e matéria é uma parte desse quebra-cabeça. Se você retirar essa parte, ela é um desenho. Ou seja, ela tem em si um desenho, forma uma figura, mas a figura que esse espírito faz quando destacado do conjunto de nada vale.

Esta figura que a individualidade separada representa não tem valia alguma quando sozinha. Ela só representa alguma coisa quando perfeitamente integrada no seu lugar no quebra cabeça, no Universo. Quando isto acontece, a figura individual passa a ter um valor universal, passa a ter um sentido.

Participante: Isso acontece quando o espírito passou por todas as etapas de evolução?

Não, todas não.

Entenda uma coisa. Chegar ao ponto de ser perfeito, jamais você chegará, porque a perfeição é Deus. Só Ele é perfeito.

O processo de evolução é o processo de perda do individualismo obtendo em seu lugar a consciência universalista. Você perde individualismo e ganha consciência universalista. Quanto mais você vai se aprofundando no processo, mais universalista vai ficando.

Este processo você, espírito, viverá durante toda a sua existência espiritual, sem jamais chegar à perfeição, pois sempre deus estará mais à frente.

Revelações da revelação - Livro II

Mundo normal primitivo

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0084 - Os Espíritos constituem um mundo à parte, fora daquele que vemos? Sim, o mundo dos Espíritos, ou das inteligências incorpóreas.

Vamos conversar um pouco a respeito deste tema, pois ele é importante.

Kardec criou um nome para o espírito encarnado: alma. Criou, também, um nome para o ser fora da carne: espírito.

Apesar disso, em perguntas próximas iremos estudar que Kardec pergunta ao Espírito da Verdade o que é a alma. O mentor espiritual responde: é o espírito encarnado. Em outro trecho, Kardec perguntará: o que é a alma antes de encarnar? Receberá como resposta: espírito. Depois o Codificador ainda perguntará: o que será a alma depois de desencarnar? Terá como resposta: espírito.

Ora, se é assim, ou seja, se a alma antes de encarnar era um espírito e depois do desencarne também o é, podemos dizer que o ser não deixa de ser espírito em momento algum. Ele é sempre espírito, mesmo que Kardec o designe com um nome diferente.

Como para Kardec havia distinção entre espíritos e almas, ele, nesta questão, criou na sua imaginação um mundo extra, além da percepção humana onde existem espíritos fora da carne. Esta é a motivação para esta pergunta. Mas, para nós que designamos como espírito o encarnado ou não, este mundo extra-sensorial deixa de ter razão de existir.

Será, então, que a resposta do Espírito da Verdade está errada? Não, ela foi necessária para um tempo.

Para podermos entender as coisas como elas aconteceram, precisamos enquadrá-la dentro de um contexto histórico. Até Kardec o ser humanizado achava que quando ele morresse iria dormir em algum lugar aguardando a volta de Cristo a Terra, quando, então, ressuscitaria, ou seja, voltaria a viver na mesma carne. Esta era a crença da igreja católica e evangélica, que era o que havia no mundo de Kardec como religiosidade.

Sabendo-se disso, podemos, então, entender que a resposta do Espírito da Verdade tem como objetivo mostrar que existe vida depois da vida. Quer mostrar que existe um mundo onde os espíritos trabalham e vivem como se estivessem na carne. Esse é o objetivo desta resposta.

Mas, como no Universo tudo é sempre dinâmico, ou seja, impermanente, hoje, depois de atingido o objetivo desta resposta (conhecer o mundo espiritual ativo), não precisamos mais acreditar no mundo espiritual separado do mundo humano. No entanto, para se atingir esta consciência é fundamental se entender as três perguntas de O Livro dos Espíritos que falei antes: a alma é o espírito encarnado; antes de nascer era espírito e depois da morte volta a ser espírito.

Frente a tudo que comentei, posso, então dizer que o objetivo da existência desta resposta é combater a ideia que os seres universais depois do desencarne vão “dormir” até o dia do juízo final.

Participante: Se Deus não para de Criar espírito e se esse espírito nunca morre ou acaba, então o universo nunca terá um fim, nunca acabará?

O universo é eterno. Isso já ficou claro desde o primeiro capítulo deste livro, quando se falou que ele é infinito... Mas, ele não é infinito apenas em espaço, mas também em tempo.

O Universo jamais vai acabar, quer seja em espaço ou tempo... Assim como ele é infinito em espaço, ou seja, não tem nada antes ou depois, acima ou abaixo, nele não existe tempo que possa se extinguir...

Para vocês é difícil compreender estas noções, mas apenas entendam que só existe o Universo que durará para sempre.

Participante: Santo Agostinho, no início de suas meditações, medita da seguinte maneira: se Deus é do tamanho do Universo, o que há fora Dele e fora do universo? Ele chega à conclusão que Deus deve ser maior que o Universo a aí ele mesmo chega à conclusão que Deus se derrama fora do Universo. É muito interessante.

É interessante, mas é coisa pra maluco.

Tentar entender alguns conceitos universais como eternidade ou o próprio Universo é coisa para maluco por que vocês não têm elementos para tanto. Eu estou tentando fazer com que vocês entendam o raciocínio – que é algo palpável já que veem, ouvem, ou seja, reconhecem elementos que pertencem a ele – e vocês não conseguem, que dirá entender o Universo sobre o qual vocês nada conhecem...

É perda de tempo querer entender isso.

0085 - Qual dos dois, o mundo espírita ou o mundo corpóreo, é o principal, na ordem das coisas? O mundo espírita, que preexiste e sobrevive a tudo.

Na resposta anterior acabamos com a divisão dos mundos ao afirmar que não existe um mundo espírita e um mundo corpóreo. Existe um único mundo que é vivido fora e dentro da carne.

A partir desta informação, vocês, que vivem o mundo material como real, poderiam dizer: mas, então, existe um único mundo que é o mundo material? Eu responderia: não, isso aqui não existe.

O que existe é o mundo espírita vivido numa densidade e intensidades diferentes. Só isso. Posso afirmar que só existe o mundo espírita porque o Espírito da Verdade nos ensina que ele é muito mais importante que o material, já que existia antes e continuará existindo depois da vida carnal.

Conhecendo, então, a Realidade, ou seja, que só existe um único mundo que é o espiritual, não seria óbvio que deveríamos nos prender às verdades desse mundo ao invés de ficar aprisionado as verdades da matéria? Não seria óbvio que deveríamos estar buscando, como ensinou Cristo, amealhar bens no céu ao invés de fazê-lo na Terra?

Essa deve ser um pensamento do ser humanizado: se o mundo espírita é mais importante para a existência eterna do ser universal, porque que vou perder tempo, energia, pensamento, me preocupando com o mundo material? Este, acredito eu, é um raciocínio lógico para quem lê essa resposta do Espírito da Verdade.

Quando você entender o que aqui está ensinado, quando entender que essa vida é apenas uma etapa de uma existência infinita, a sua preocupação, o objetivo da sua vida muda. Começa a raciocinar a partir de valores espirituais e não mais de materiais. Isso porque passa a saber que esta vida vai acabar enquanto que a sua existência espiritual é eterna.

Para quem compreende o que quero dizer, pergunto: não é preferível viver esse curto tempo (50, 60, 70, 80 ou 90 anos) preocupado com o lado de lá, preocupado em garantir a sua eternidade feliz, do que querer a felicidade desse mundo?

Participante: Desde o início do livro, nós estudamos que o Universo se compõe em três elementos: o ser, a matéria e Deus. Nesse caso, a matéria também é importante para que o ser possa estar fazendo sua evolução. Acredito que não deva se dizer que a matéria não existe: ela existe. O que não podemos é colocá-la à frente da nossa evolução. Seria isso?

Como diz o espírito da verdade: o problema é a falta de palavras. Não há como lhe fazer entender direito a Realidade por falta de palavras que designem as coisas...

O que posso lhe garantir é que a matéria não existe. Pelo menos a matéria que você diz que existe, esta não existe.

Participante: Podemos dizer que ela não existe na forma que nós percebemos, por falta de elementos que melhor falem da outra matéria?

A matéria que vocês percebem não existe na sua forma e essência. Por exemplo: vocês percebem uma cadeira.

Participante: Ela é fluido universal, como nós estudamos...

Isso.

A cadeira não existe quanto à forma e quanto à sua essência, já que ela não é feita de madeira e o fluído cósmico universal que a compõe não possui forma.

Não quero com isso dizer que a matéria que vocês conhecem não é importante; ela é. Mas, se você se prender à matéria como cadeira, não vai aprender a conviver com o fluido universal: aprenderá apenas a conviver com uma cadeira.

Mas, lhe pergunto: e quando não mais tiver cadeira, mas apenas fluído cósmico sem forma, como vai ser? Onde irá sentar-se?

É isso que eu estou querendo dizer. O que quero mostrar é que você não deve se prender à ideia de uma cadeira, mas buscar conviver com este objeto como sendo o próprio elemento matéria do Universo: o fluido universal. Isso porque, se a vida espiritual existe antes e depois da material, quando estiver livre da matéria não haverá mais cadeiras e aí poderá sentar no fluído universal.

Participante: Podemos grosseiramente dizer que o fluido universal é matéria? Ele produz a matéria terrestre?

Não, não podemos dizer isso.

O fluido universal é a matéria; é o átomo universal. Sendo assim, ele é a matéria, não a constitui.

Veja, quando você se prende à ideia da cadeira ser real, precisa de uma para se sentar. Na hora que entende que este elemento é apenas fluido universal, pode se sentar no ar, porque este elemento também é fluido universal. Neste momento não mais precisará de uma cadeira: se sentará em qualquer lugar. Vamos dizer assim: você vai volatizar, vai sentar no ar.

Você conseguirá, como aliás alguns gurus conseguem, realizar isso porque saberá que tudo é fluído universal e por isso não precisa mais de formas específicas de matérias para fazer alguma coisa. Mas, enquanto ficar preso à figura cadeira, ou seja, ao mundo material, não aprenderá a sentar no ar.

Participante: Tendo em vista que nós viemos para carne com uma determinada programação, que nos leva a enxergar onde há fluido universal cadeira, mesa, sofá. Como desfazer essa programação se nós já viemos com ela pronta?

Grande pergunta.

Para respondê-la, lhe faço outra pergunta: para que você veio com essa programação?

Participante: Para libertar-se desta programação!

Aí está a sua resposta: liberte-se da programação.

Participante: Existe uma fórmula para isso?

Sim, existe uma fórmula: interagir com o mundo espiritual, ao invés de interagir com o mundo material.

Lembra do ensinamento sobre as duas memórias? Na hora que você aprende a interagir com o mundo espiritual abandona a prisão a verdades materiais. As suas verdades se quebram.

NOTA: Em ensinamento anterior, o amigo espiritual afirmou que a consciência do espírito possui duas memórias: uma formada por verdades materiais e outra por espirituais. Disse ainda que estas consciências podem ser comparadas a duas tábuas superpostas cheias de furos, sendo que a material antecedia a espiritual. Ensinou, ainda, que quando o espírito se liberta da material o furo nesta memória se vaza e ele, então, pode acessar as verdades que estão na memória espiritual.

Então veja: por mais que estude ensinamentos sobre os elementos universais, jamais verá o fluido universal; mas, quando se volta para Deus, Ele pode lhe ensinar a perceber o fluido universal através de outras percepções que não as carnais.

Participante: Ou seja, vai acabar com a minha programação.

Exato.

Participante: O fluido universal é toda a matéria do universo?

O fluido universal é o elemento constitutivo de todas as matérias do universo; é o átomo universal. Tudo que existe no Universo, com exceção do espírito e de Deus, é fluido universal. Isso por definição do Espírito da Verdade.

Se é assim, o próprio planeta Terra é fluido universal, mas o espaço vazio em volta dele também é.

Participante: Que, aliás, não é vazio: apenas aparenta ser.

Isso. Ele é composto de fluido universal.

Participante: O fluido Universal se combina de diversas maneiras, para que nós enxerguemos as coisas do jeito que são. Exemplo: cadeira, mesa, chão e etc.?

Perfeito. É isso mesmo.

Cada átomo ou célula material é uma combinação de fluido universal com ele mesmo. O átomo da madeira é uma determinada combinação, o da folha ou das células do seu corpo são outras combinações.

Mas, isso é irrelevante, porque nunca vamos entender como um elemento se combina com ele mesmo e se transforma em diversas coisas. O importante é ficar claro que precisamos nos voltar para o lado espiritual, pois este lado é a nossa realidade. Precisa ainda ficar bem claro que este lado transcende a materialidade e que por isso nunca o conheceremos por meio de sabedoria material, mas só quando nos voltarmos para Deus recebemos Dele esse conhecimento.

0086 - O mundo corporal poderia deixar de existir, ou nunca ter existido, sem que isso alterasse a essência do mundo espírita? Decerto. Eles são independentes; contudo, é incessante a correlação entre ambos, porquanto um sobre o outro incessantemente reagem.

O mundo corporal poderia deixar de existir ou nunca ter existido que não faria diferença para o Universo. Ele é importante não no sentido de compor o Universo, mas sim por ser um campo de prova para os espíritos.

Já definimos em ensinamentos anteriores que o Universo é o espaço criado por Deus para a elevação do espírito. Sendo assim, toda a matéria conhecida por vocês e todos os planetas são um campo de provas para o espírito, uma sala de aula para os espíritos.

Por isso afirmo: o planeta Terra não existe no Universo a não ser para servir de campo de provas para os espíritos. Na hora que não houver mais a necessidade dele para este fim, Deus pode acabar com ele.

Saibam de uma coisa: tudo no Universo precisa ter uma finalidade para existir. A finalidade dos planetas é essa e quando eles não são mais necessários neste sentido, Deus acaba com eles.

É por isso que o Espírito da Verdade diz nesta resposta que um age sobre o outro, ou seja, que o mundo espiritual interage com o material. Há sempre uma ação de baixo para cima (do material para o espiritual) e de cima para baixo (do espiritual para o material).

Mas, nada disso precisava haver. Esta correlação não é fundamental para a existência do Universo, a não ser para a provação do espírito. Se Deus criasse outra forma de colocar a prova os ensinamentos, o mundo material não teria razões para existir.

0087 - Ocupam os Espíritos uma região determinada e circunscrita no espaço? Estão por toda parte. Povoam infinitamente os espaços infinitos. Tendes muitos deles de contínuo a vosso lado, observando-vos e sobre vós atuando, sem o perceberdes, pois que os Espíritos são uma das potências da Natureza e os instrumentos de que Deus se serve para execução de Seus desígnios providenciais. Nem todos, porém, vão a toda parte, por isso que há regiões interditas aos menos adiantados.

Vamos por parte, porque esta resposta tem muita informação...

Primeira: não existem espaços físicos delimitados no Universo. Ou seja, o mundo espiritual não é um espaço físico específico; o umbral, o paraíso ou a cidade espiritual não são um espaço físico delimitados. Os espíritos estão por todas as partes, porque só existe um espaço físico: o próprio Universo.

Sendo assim, afirmo que o espaço físico que vocês ocupam agora não é a Terra, mas sim o próprio Universo. Isso precisa ficar bem claro para que compreendam que quando morrer vocês não irão para lugar nenhum. Ficarão no mesmo lugar que estão, pois não há outro lugar para se ir.

Na verdade, os espaços que encontram nos livros da literatura espírita são programações mentais para perceber as coisas de uma determinada forma. Vocês, que agora estão encarnados aqui, têm a ilusão de estarem no espaço Terra do Universo, mas na verdade não estão. Apenas estão vivenciando uma programação chamada humana que lhes faz perceber as coisas do jeito que percebem.

Essa é a primeira informação desta resposta: o Universo não se divide em espaços. Ele é um só espaço onde espíritos vivem verdades diferentes, realidades diferentes. Uns vivem no céu outros vivem no inferno; uns vivem nas cidades espirituais, outros no umbral e outros ainda soltos de qualquer coisa.

Isso é fundamental entendermos, porque sem esta compreensão ficamos chorando porque a mãe morreu e foi para longe enquanto ela continua ao seu lado no mesmo espaço físico que você. Nós não conseguimos vê-la nem entrar em contato com ela justamente por achamos que estamos separados dela.

Existe uma segunda informação nessa resposta. Vamos vê-la.

Ela está no trecho: Tendes muitos deles de contínuo a vosso lado, observando-vos e sobre vós atuando, sem o perceberdes. Os espíritos fora da carne atuam sobre vocês.

Isso é fundamental começarmos a ter consciência. Sabe quando você acha que está tendo uma ideia brilhante e maravilhosa? Você não está tendo ideia alguma. Na Verdade é um espírito que está lhe dizendo o que pensar.

O que você imagina que está pensando, que está raciocinando, lhe é dado por um espírito fora da carne. Como não percebe esta ação espiritual, acredita que você, por vontade própria, é que chegou a tal raciocínio. Mas, não foi.

Sendo assim, se existe uma ação contínua entre o espírito fora da carne e o espírito na carne onde o primeiro guia o segundo, não existe independência do ser encarnado. Você não vive essa vida material isolado do mundo espiritual. A vida carnal é completamente guiada pelos espíritos fora da carne.

Participante: Seguindo o livro da vida de cada um, não?

Sim, seguindo o livro da vida de cada um...

Mas, há mais informações nesta resposta. Vamos vê-la. Ela está no trecho: observando-vos e sobre vós atuando, sem o perceberdes, pois que os Espíritos são uma das potências da Natureza e os instrumentos de que Deus se serve para execução de Seus desígnios providenciais.

De acordo com o que está aí escrito, o espírito age sobre você, mas assim o faz como instrumento de Deus. Nenhum espírito pode agir sobre você sem ser instrumento de Deus, ou seja, sem seguir o desígnio do Senhor.

Isso tem que ficar também bem claro, para pararmos de dizer que há um obsessor em cima de nós que nos faz agir de tal forma porque ele quer. Não, isso não acontece.

Se existe um espírito lhe obsedando, seja de forma for, foi Deus que o colocou junto de você e o fez guiá-lo de tal forma. Mas, por que Ele faria isso? Porque você tem a mesma vibração que este espírito desencarnado.

Deus colocou aqueles dois espíritos (o encarnado e o desencarnado) na relação chamada de obsessiva e os faz relacionar-se de uma determinada forma para que os dois apreendam o amor universal e alterem suas vibrações, mudem seus sentimentos.

Aprendam: nenhum obsessor vai em busca de um espírito encarnado livremente, fazendo o que ele quer. Se isso fosse possível, o espírito seria uma potência do Universo mais forte que Deus. O espírito é uma potência, mas é uma potência controlada por Deus.

Participante: Acho que essa nossa crença se fundamenta nas leituras espíritas, pois elas nos dão a impressão de que o espírito tem capacidade para voltar para se vingar.

Jamais. Por livre e espontânea vontade, jamais um espírito pode vingar-se de outro. Isto porque está escrito: o espírito é uma potência, mas é uma potência subordinada a Deus.

Sendo assim, se o espírito quer voltar para se vingar e consegue, é porque você merecia a vingança e Deus a fez acontecer. É como Cristo ensinou: o escândalo é necessário.

Portanto, se você for alvo de uma obsessão, tenha a certeza que o primeiro que tem que se mudar é você e não o desencarnado. Quando você mudar o seu padrão vibratório acaba com qualquer obsessão.

Participante: Então o espírito de baixa vibração só se aproxima do encarnado da mesma vibração?

Perfeito. Um espírito de baixa vibração não vai poder se aproximar se você estiver elevado.

Até porque, como acabamos de ver, o Universo é formado por afinidades. As coisas e os espíritos se aglomeram por afinidade.

Aliás, como também acontece na Terra. Se você gosta de samba, vai se aproximar de sambistas. Com certeza, não se aproximaria de dançadores de valsa.

É preciso ter bem clara esta consciência: o espírito de baixa vibração não vai chegar perto de um de alta vibração, porque esse não tem nada que ele quer. Ele fica sondando onde tem um ser de baixa vibração. Quando encontra, gruda nele. Na verdade este ser imagina estar fazendo isso por livre vontade, mas está sendo conduzido por Deus para dar a cada um de acordo com suas obras, ou seja, dar a justa reação a uma ação.

Compete ao encarnado se libertar daquela vibração alterando o seu padrão vibratório. Quando isso acontecer, se o espírito desencarnado ainda merecer viver obsessões, Deus o desligará deste encarnado e o levará a outro onde novo processo obsessivo será vivenciado.

Se isso é verdade, posso dizer que o trabalho de desobsessão, não acaba com obsessão alguma. Pode no máximo orientar o espírito fora da carne e salvá-lo, mas se aquele que está na carne não se mudar, vai atrair outros espíritos.

É como Cristo ensinou: você expulsa o demônio, ele sai e não tem onde ficar; então, volta e traz mais sete com ele.

Participante: O que eu aprendi sobre isso é que pelo merecimento a pessoa é levada a uma casa espírita ou não e por merecimento esse obsessor é afastado por algum tempo para que a pessoa possa estar revendo os seus sentimentos. É assim mesmo que funciona?

Esse é um lado da moeda, mas existe outro.

Para explicá-lo, vou ter que dizer uma coisa que vocês não vão gostar de ouvir: muitos espíritos encarnados são levados para o trabalho de desobsessão numa casa espírita porque o obsessor já tem o merecimento de sair daquela relação, de ser ajudado e não por causa do encarnado.

Sim, é o obsessor que merece e não o encarnado. Mas, este sempre imagina que ele é um anjo que foi levado ao centro espírita porque estava sendo vítima e por isso não vê que o merecimento era do outro. Não vê que o socorro só aconteceu porque o desencarnado não merecia mais ficar preso nele.

Participante: Voltando a questão de dimensões. E as outras dimensões: quarta, quinta, etc.?

A questão das dimensões é uma coisa muito difícil de falarmos. Isso porque, para vocês, ela é uma coisa não mensurável. Ou seja, vocês não conseguem ver o que é uma dimensão.

Se você trabalha a ideia dimensão como espaço físico independente deste espaço, não, não existem dimensões. Na verdade, cada dimensão é caracterizada pela densidade da matéria que existe nela e não pelo espaço físico.

Vou dar um exemplo: aí onde você está existem sete dimensões. Aí, onde você percebe um único espaço físico como pertencente a uma única dimensão, existem sete. O que posso dizer é que elas se fundem e você só percebe o nível que está vendo, a dimensão que habita.

Na verdade, existem no planeta sete dimensões, mas elas não podem ser determinadas por uma questão de espaço físico. Isso porque uma dimensão está sobre a outra, Não acima, mas junto.

Justamente por falta desta percepção, existem muitas controvérsias a respeito disso. Por exemplo, dizem que a cidade espiritual está sobre a cidade material, mas isso não é real: ela está junto, no mesmo espaço físico e não sobre.

Participante: Seria como uma coisa tridimensional?

Como disse, é muito difícil se falar de dimensões com vocês. Vocês ainda estão presos a três dimensões, enquanto que no Universo existem planetas que tem quarenta e duas dimensões.

Não, não mensure por isso. Não, não tente entender desta forma. Isto porque vão faltar elementos para vocês. Saibam apenas que todos estão no mesmo ambiente.

Deixe-me dizer uma coisa. Existe uma lei material que diz assim: dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço. Isso é falso. Porque no mesmo espaço existem diversos corpos.

Esta lei para poder englobar a Realidade universal deveria dizer o seguinte: dois corpos com mesma densidade não podem ocupar o mesmo lugar no espaço. Sim, isso é verídico. Diversos corpos em densidade diferentes ocupam o mesmo lugar no espaço.

Você só vai compreender a questão das dimensões espirituais quando entender que existem espíritos agora sentados no seu colo. Sim, posso dizer que eles estão no seu colo porque estão no mesmo lugar da sua matéria, junto com a sua matéria. É isso que precisa ficar compreendido.

Isso é o que vocês podem compreender por hoje, porque, na verdade, as dimensões são caracterizadas pelo avanço moral, ou seja, pela programação mental do espírito que geram uma densidade de matéria. Mas, isso fica para outro dia.

Participante: Acho que isso que o senhor acabou de falar vem de encontro ao final da resposta desta pergunta que estamos vendo: nem todos (os espíritos), porém, vão a toda parte, por isso que há regiões interditas aos menos adiantados.”

Para falar sobre isso, deixe-me comentar algo que aconteceu ontem.

Fui informado que ontem uma pessoa entrou neste nosso espaço virtual e escreveu um monte de besteiras. Por isso me propuseram: vamos colocar uma senha e dar para as pessoas que querem realmente estudar. Eu respondi: não se podem fechar portas, pois o templo de Deus está em todos os lugares.

Veja, no Universo não existe lugar interditado, ou seja, lugares onde você não pode ir. Se assim fosse, poderíamos dizer que Deus seria injusto, pois alguém que quer evoluir é proibido de frequentar lugares que poderiam lhe ajudar.

Mas, apesar disso existem lugares que os espíritos não frequentam. Na verdade, estes lugares não estão interditados a um determinado grupo de espíritos, mas são eles mesmos quem interditam o lugar para si. São eles que não querem ir a determinado lugar, pois não se sentem bem ali.

Além disso, os espíritos também não podem ir a todos os lugares porque existe muitos que eles não conhecem. Na verdade cada um conhece apenas os lugares do seu próprio nível.

Participante: É isso que eu iria dizer. É a questão da programação e do merecimento que faz com que a gente se sinta bem em algum lugar e que não consiga entrar em outro.

Perfeito.

Veja, na literatura espírita existe a figura do socorrista que desce ao umbral para salvar alguns espíritos do martírio. Pergunto: por que eles não salvam a todos, mas apenas alguns? Porque existem espíritos que se socorridos, ou seja, levados para as cidades espirituais, não vão querer permanecer lá. Eles querem é aquilo que estão vivendo.

Sendo assim, não adianta ir lá embaixo e trazer este espírito para cá, pois ele vai voltará para lá. Ele não gosta daqui, ele não quer ficar aqui.

Mas, isso não deveria ser difícil para vocês entenderem. Vou dar um exemplo para ficar bem claro. Pergunto: se você é vegetariano, gostaria de ir a uma churrascaria?

Participante: Não...

É por isso que os espíritos também não vão a qualquer lugar. O espírito não vai porque não quer, porque não gosta, porque não se adapta a este lugar. Porque nesse lugar não tem o que ele quer.

Então, veja. No Universo e em qualquer situação, para poder se dizer universalista, não podemos colocar placa de proibido: é cada um que coloca a placa de proibido para si mesmo, não Deus.

Além disso, precisamos ainda nos lembrar do que Cristo ensinou: eu não vim pra os sãos, mas para os doentes. É preciso entender que as pessoas que agem como vocês me descreveram que esta agiu, precisam muito mais do nosso amor do que as pessoas sãs. São elas que nós devemos amar primordialmente as sãs.

Deixe-me falar de uma parábola de Cristo que até hoje não foi compreendida em toda a sua profundidade. É a parábola do Bom Samaritano.

Os professores da lei perguntaram a Cristo. O senhor disse que nós temos que amar o próximo, mas quem é o meu próximo? Para responder a esta questão, o mestre nazareno conta a parábola do bom samaritano. Para quem não a conhece, vou resumi-la.

Havia um judeu que foi assaltado e ficou muito machucado, caído no chão. Algumas pessoas passaram por ali e não prestaram socorro, mas veio um samaritano e cuidou dele. Até aí, nada demais, se pensarmos no termo samaritano como hoje entendido: a pessoa que faz o bem. Se aplicarmos simplesmente a compreensão de hoje a parábola, entenderíamos que Cristo diz que o próximo é aquele que precisa de nosso bem.

Mas, para entender profundamente a mensagem, temos que voltar a época de Cristo e entender que samaritano é um ser humano que nasceu na Samaria, uma região da época de Jesus. Quem nascia na Samaria era samaritano.

Com isso, a parábola começa a ter outro sentido, porque os samaritanos e os judeus eram inimigos. Viviam em disputas ferrenhas, principalmente no aspecto religioso.

Sabendo disso, podemos entender que quando Cristo narra esta parábola, onde um inimigo ajuda o outro com a finalidade de designar o próximo a quem devemos amar, ele está dizendo que aquele que deve ser amado prioritariamente é o seu inimigo.

O seu inimigo, aquele que você não gosta, que não quer chegar perto, que você foge dele, este é o seu próximo, aquele que deve amar acima de todas as coisas. É isso que se compreende da mensagem do mestre quando a analisamos dentro do seu contexto original.

A partir disso, tenho que lhe dizer que quando acontecer fatos deste tipo – e não vai parar de acontecer por aqui, até porque Deus coloca pessoas com esta postura justamente para nós podermos ajudá-los – o que devemos fazer não é trancar a porta ou brigar com ele, mas sim amá-lo.

Outro dia me perguntaram sobre uma boa forma de acabar com a inveja. Eu disse: amar o invejoso, amar a inveja e amar o resultado da inveja. Portanto, amem aqueles que fazem isso, amem o que ele está fazendo e amem a todo mundo.

Revelações da revelação - Livro II

Forma e ubiquidade dos espíritos

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Pergunta 88
Pergunta 88a
Pergunta 89
Pergunta 89a
Encerramento de conversa
Pergunta 90
Pergunta 91
Pergunta 92
Pergunta 92 a

0088 - Os Espíritos têm forma determinada, limitada e constante? Para vós, não; para nós, sim. O Espírito é, se quiserdes, uma chama, um clarão, ou uma centelha etérea.

O Espírito da Verdade afirma que o espírito não tem forma.

A partir desta afirmação pergunto: alguém aqui já viu um espírito? Tem muitas pessoas que afirmam que sim, mas que espírito é esse que elas veem, se o ser espiritual não tem forma? Como pode se ver alguém com dois braços, duas pernas, cabelo, boca e olhos se o espírito não tem forma?

Na verdade quando acontecem estas percepções, o que está sendo visto não é o espírito, mas o perispírito. Espírito é luz, luminosidade e não pode ser percebido através de formas.

É isso que precisamos entender, pois quando tivermos esta consciência, certas passagens bíblicas ficam claras. Por exemplo: ninguém acende uma lamparina para esconder dentro do armário.

A partir da consciência sobre o que é o espírito, o que esta citação quer dizer? Que ninguém faz um espírito brilhar para escondê-lo. Ele é colocado no ponto mais alto e serve de guia para os outros. É isso o que esta passagem quer dizer.

Além do mais, compreendendo o que esta resposta afirma, devemos parar de dizer que se viu um espírito. Não, nenhum ser humanizado vê um perispírito, mas sim o perispírito que envolve o ser.

O perispírito é o corpo espiritual. Foi ele que foi percebido por quem diz que vê espíritos, mais nada. O espírito realmente, nenhum ser humanizado vê.

O que este ser pode fazer é sentir a luminosidade do espírito, mas esta ainda não é ele, assim como a luz da lâmpada não é a lâmpada. A luminosidade não é o espírito, mas o seu brilho, uma emanação dele.

0088a - Essa chama ou centelha tem cor? Tem uma coloração que, para vós, vai do colorido escuro e opaco a uma cor brilhante, qual a do rubi, conforme o Espírito é mais ou menos puro.

Se o espírito é luz e se toda luminosidade se refulgia, se propaga, podemos dizer que mesmo preso a matérias, independente da sua densidade (corpo físico ou perispírito) o espírito brilha. Estas emanações possuem cores, que vão desde as mais escuras até as mais claras. Vamos tentar entender isso.

Na verdade, o brilho do espírito não é ele, mas o que chamamos de energias que o espírito emana. Essas energias são os sentimentos que o ser está sentindo naquele momento.

Sendo assim, se o espírito está brilhando uma cor branca brilhante, podemos compreender que ele está sentindo o amor universal, vivendo o expoente máximo do universalismo. Agora, se ele brilha com cores escuras, quanto mais perto da cor preta ele está, posso reconhecer que está mais individualizado. Quanto mais escuro o brilho do espírito, mais individualista ele é.

A escala de corres do refulgir, na verdade, não é uma escala de cores do espírito, mas sim do sentimento que está sentindo naquele momento. Sendo assim, o mesmo espírito que agora está sendo percebido com uma emanação rosa, pode ficar azul, verde ou vermelho. O mesmo espírito que você vê com uma cor clara num dia, no outro pode estar com um refulgir bem escuro. Para isso basta ele mudar a sua base sentimental ou mudar o sentimento que está sentindo.

A partir deste conhecimento, quero fazer uma pergunta: o que é aura? Ou seja, o que é aquilo que vocês falam que é o brilho multicolor que emana do corpo físico que a humanidade afirma que é capaz de perceber? É o refulgir do espírito que se emana através do corpo. Então, quando você vê a aura de uma pessoa, na verdade vê uma cor emanada pelo espírito e pode ter uma noção do que ele está sentindo naquele momento.

Para fazer uma comparação, eu diria que a aura é a transpiração do espírito. Assim como vocês transpiram o que chamam de suor, o espírito transpira sentimentos.

COMENTÁRIO DE KARDEC

Representam-se de ordinário os gênios com uma chama ou estrela na fronte. É uma alegoria, que lembra a natureza essencial dos Espíritos. Colocam-na no alto da cabeça, porque aí está a sede da inteligência.

0089 - Os Espíritos gastam algum tempo para percorrer o espaço? Sim, mas fazem-no com a rapidez do pensamento.

Se você é um espírito e se o ser é uma inteligência, posso afirmar que você se locomove através do raciocínio, do pensamento. Esta é a Verdade.

A locomoção do espírito não se dá com os pés, mas sim através da sua mente, do seu pensamento.

Participante: Mas, para isso é preciso ter uma certe evolução.

Não, sempre.

0089a - O pensamento não é a própria alma que se transporta? Quando o pensamento está em alguma parte, a alma também aí está, pois que é alma quem pensa. O pensamento é um atributo.

Já tínhamos visto que alma é o espírito, não?

Participante: Sim, e que o pensamento é um dos atributos dele.

Vamos entender esta resposta de O Espírito da Verdade. Aliás, eu precisava dela para juntar o que já havíamos conversado antes.

Você anda; o espírito se locomove através do pensamento. Sendo assim, o espírito está onde está o seu pensamento. Não importa onde o corpo está, o espírito está onde o seu pensamento está.

Para compreender isso, vamos todos agora pensar no Japão. Vamos imaginar qualquer imagem do Japão que se tenha gravada na memória. Pensaram? Todos nós fomos para o Japão agora.

Nós os espíritos fomos lá, estivemos lá, mesmo que as matérias ficassem aqui.

Os seres humanizados não acreditam que podem se locomover assim. Dizem que isso é apenas imaginação, que é coisa da sua cabeça e estão certos: isso é coisa da sua cabeça. Só o que vocês chamam de sua cabeça é o espírito, é você.

O espírito está onde o seu pensamento estiver, ou seja, onde sua cabeça estiver, lá estará você, o espírito, mesmo que o corpo esteja em outro lugar.

Isto é uma cultura, mas qual a aplicação prática deste ensinamento? Saber que se você não estiver presente em um lugar de corpo e alma, ou seja, de corpo e pensamento, não estará lá.

É isso que precisamos entender, pois na hora que entendermos isso, se nos virarmos para Deus e buscarmos prioritariamente as coisas espirituais, viajar pelo pensamento poderá trazer à consciência aquilo que vimos onde fomos. Hoje, como vocês não acreditam que são apenas a inteligência, mas creem que são o corpo, não conseguem trazer à consciência aquilo que o corpo não presencia.

Se o olho não vê, não é verdade; se a mão não pegar, não é realidade. Mas veja: você é o espírito. É o espírito que tem que ver, que tem que pegar e não o corpo.

Na hora que o ensinamento do Espírito da Verdade for a sua realidade, ou seja, tiver consciência de que você é a inteligência e que pode se locomover pelo pensamento independente do corpo, consegue, vamos dizer assim, andar no Universo.

Na Realidade, no mundo Real, é assim que o espírito se locomove fora da carne. É através do seu pensamento que ele se locomove no Universo. Ele está eternamente parado indo, através do pensamento, para todas as partes.

Participante: O espírito pode ser chamado de consciência?

Não, o espírito é a inteligência como um todo. A consciência são apenas as verdades que compõem a inteligência.

Vou dar um exemplo: você é um espírito, uma inteligência. Acontece que hoje se acha um ser humano. Por isso dizemos que você, o espírito, tem uma consciência de ser humano, ou seja, possui verdades humanas.

Você acha que é o corpo, acha que é mãe, que é filho, mas não é nada disso. Todas estas coisas são consciências que o espírito, a inteligência, está tendo. Estas verdades fazem parte da inteligência, do espírito, mas não é o espírito.

Se você, o espírito, fosse a consciência, não poderia haver reforma íntima, pois isso acarretaria em ter que se mudar, mas isso é impossível para o espírito. Por isso digo sempre que deve libertar-se da consciência, ou seja, ser uma inteligência livre das consciências que possui.

Este processo é fundamental, pois o que chamamos de reencarnação é exatamente a troca de consciências que um espírito vivencia. Ou seja, você precisa se libertar de uma consciência para poder assumir nova.

Participante: Então, a vibração é criada pelo pensamento e só depende do pensamento para termos boas vibrações?

Não, a vibração é criada pelo sentimento. O sentimento é energia; o pensamento não é. Pensamento, vamos estudar depois, mas por enquanto podemos falar alguma coisa para dirimir esta sua dúvida...

A vibração, a faixa vibracional do espírito é determinada por aquilo que ele está sentindo e não pelo que está pensando. Isso, para vocês humanizados, é difícil de compreender, pois têm uma visão errada sobre o ciclo da vida. Vocês acham que pensam determinada coisa e por isso sentem tal sentimento. Não é assim: primeiro o espírito sente e depois tem a consciência através de um pensamento que expressa o que sentiu.

A não compreensão de vocês vem do fato de que a escolha sentimental é inconsciente, ou seja, vocês não têm consciência dela ocorrer. Por isso imaginam que primeiro pensam para só depois sentir. Na verdade, inconscientemente você escolhe um sentimento para reagir a determinado acontecimento e aí conscientemente tem um pensamento.

Respondendo-lhe, então, digo que o padrão vibracional é determinado pelo sentimento e por causa desse padrão, você tem determinado pensamento.

Mensagem especial

O que devemos levar hoje desta conversa como importante é saber que o espírito é a inteligência que povoa o Universo. Isto porque, a partir do momento em que entendermos isso, teremos que compreender que viver não é um processo físico, mas um processo mental.

A vida não pode ser entendida pelas circunstâncias físicas. Ela precisa ser compreendida como uma circunstância mental, ou seja, precisamos entender que o mundo é aquilo que pensamos que ele é.

Na Verdade, ele não é aquilo que você imagina que seja, mas, ao pensar nele de uma determinada forma, o ser cria o mundo para ele.

Deixe-me dar um exemplo: um problema qualquer que você esteja vivendo. O problema na verdade é simplesmente um acontecimento do Universo que você vê como problema, ou seja, entende que aquele acontecimento é um problema.

Mas, o mesmo acontecimento pode ser visto como uma solução. Ou seja, para uns o acontecimento é um problema porque eles trabalham esta ação mentalmente desta forma, mas para outros, que vivenciem o mesmo acontecimento, o que pode estar ocorrendo é uma solução. Para isso é preciso apenas que eles vivam mentalmente esta compreensão.

 Precisamos entender isso para pararmos de nos preocupar em vivenciar a vida através de atitudes físicas. Se não colocarmos na prática esta consciência (de que tudo é determinado pela mente e não um acontecimento Real), nós nunca viveremos a vida entendendo que ela é simplesmente o resultado de atitudes mentais.

Tem um ditado popular que afirma: quem ama o feio, bonito lê parece. Se você não transformar algo em bonito, ou seja, se você não o ver como bonito, certamente ele será feio. Mas, a coisa não é feia nem bonita: é você, mentalmente que cria a beleza ou a feiura das coisas.

Você vai criar o feio ou o bonito nas coisas: é isso que precisamos entender para poder compreender o processo de reforma íntima.

A reforma íntima não pode ser feita com atos físicos, pois ela é um processo espiritual. Como ela é espiritual, aplicando-se o que vimos hoje (que o espírito é a inteligência), tenho que dizer que a reforma íntima, é um processo mental.

Ela não pode ser alcançada com atos físicos porque é um processo de mudança interior, ou seja, de mudança da sua forma de ver o mundo. A maioria não consegue alcançar a reforma, porque se preocupa com os atos, se preocupa com a visão externa do mundo quando a sua preocupação tem que estar voltada para a visão interna, para aquilo que está sendo criado na sua mente sobre o que Deus está fazendo (as movimentações físicas).

É isso que nós precisamos compreender para realizar a reforma íntima, pois enquanto não nos voltarmos para Deus e para nós mesmos (para o espírito que somos) e ficarmos preocupados com matérias, não vamos conseguir nada.

Esta é uma coisa que venho falando há cinco anos e não estou sozinho. A maioria dos que ouve e fala de Deus de uma maneira universal, fala disso. Eles falam de revisão mental; falam de rever a forma de ver o mundo. Na hora que os seres humanizados compreenderem isso, vão conseguir realmente promover a reforma íntima.

Para colocar em prática esta compreensão, deixe-me falar de mais um detalhe. Tudo está feito; você só está vivendo o que já está feito.

Não se preocupe com resultados; não se preocupe com o que vai acontecer amanhã. Cristo diz muito claro: porque que você se preocupa com o que vai acontecer amanhã, se Deus dá a vida aos bichos e as plantas. Se Deus dá o destino de cada um, porque que você vai se preocupar com o amanhã?

Não façam isso. Vivam o dia de hoje. Tenham a certeza de que a sua vida já está definida desde o nascimento e se preocupar com o amanhã é a maior prova de falta de fé.

0090 - O Espírito que se transporta de um lugar a outro tem consciência da distância que percorre e dos espaços que atravessa, ou é subitamente transportado ao lugar aonde quer ir? Dá-se uma e outra coisa. O Espírito pode perfeitamente, se o quiser, inteirar-se da distância que percorre, mas também essa distância pode desaparecer completamente, dependendo isso da sua vontade, bem como da sua natureza mais ou menos depurada.

Já havíamos visto que o espírito se movimenta pelo pensamento. Ou seja, onde estiver seu pensamento, o espírito está.

Agora Kardec pergunta sobre a questão tempo e espaço na locomoção. Ele quer saber se existe um espaço a ser percorrido e se existe tempo para isso. O Espírito da Verdade diz: olha, isso depende do adiantamento do espírito ou da vontade dele. Você pode viajar a velocidade do pensamento – que vocês não fazem a mínima noção de qual seja – ou lentamente.

Esta resposta nos leva a uma grande conclusão: não existe tempo nem espaço. Se o espírito pode viajar numa rapidez quase instantânea é porque não existe velocidade e nem tempo.

Isso é fundamental para entendermos, porque aí deixamos de acreditar que existe tempo longo ou curto. Isso não existe. O que existe realmente é o tempo que você acha longo e o que acredita ser curto. Aliás, o tempo não poderia mesmo ser medido já que ele nem existe.

Da mesma forma, não existem espaços grandes ou pequenos. Existem espaços que você chama de grande e outros que diz que são pequenos. Além do mais, da mesma forma que o tempo, os espaços nem existem para que possam ser pequenos ou grandes.

Sobre este assunto ainda falaremos mais detalhadamente, mas por enquanto fica a informação de que o caminhar do espírito pode ser numa micro fração de tempo, mesmo sabendo que não há tempo.

0091 - A matéria opõe obstáculo ao Espírito? Nenhum; eles passam através de tudo. O ar, a terra, as águas e até mesmo o fogo lhes são igualmente acessíveis.

Nada pode barrar o espírito, nada pode segurá-lo. O espírito passa através de todas as matérias.

Aliás, para explicar isso, a ciência humana já tem conhecimentos suficientes. A física diz que as coisas materiais possuem espaços vazios entre os átomos. O espírito passa por ali.

Mas, tem uma informação muito importante aqui. Se o espírito pode passar por qualquer elemento material, posso dizer que ele pode atravessar o fogo. Isso nos lembra o que Krishna ensinou: o fogo não pode queimar o espírito.

Esta informação é importante porque ficamos presos à ideia de que o fogo vai nos queimar. Ele não nos queima. A nossa mente é que cria a sensação de queimado quando existe a percepção de que o corpo está sendo queimado. Mas, o mundo Real, o Universo, está muito além do que nós percebemos através dos sentidos do corpo.

Resumindo, então, o espírito não pode ser queimado ou ferido, pois ele atravessa as matérias. O que acontece são criações mentais que dizem que nós sofremos tais queimaduras ou feridas...

Isso é importante para não acreditarmos em espíritos com a perna quebrada.

0092 - Têm os Espíritos o dom da ubiquidade? Por outras palavras: um Espírito pode dividir-se, ou existir em muitos pontos ao mesmo tempo? Não pode haver divisão de um mesmo Espírito; mas, cada um é um centro que irradia para diversos lados. Isso é que faz parecer estar um Espírito em muitos lugares ao mesmo tempo. Vês o Sol? É um somente. No entanto, irradia em todos os sentidos e leva muito longe os seus raios. Contudo, não se divide.

O espírito é indivisível, ou seja, não pode se dividir.

Essa é uma informação básica, mas, como estudamos ontem, o espírito é luz e a luz se irradia. Sendo assim, posso dizer que o espírito se irradia por diversos lugares. Juntando as duas informações afirmo, então, que apesar de se irradiar para diversos lugares, ele está num só lugar.

Eu poderia dizer assim: o espírito fica num lugarzinho só e dali ele se irradia por todo o Universo indo, assim, ao lugar que ele quer estar.

Sei que para vocês esta é uma coisa incompreensível, mas, apesar disso, deve ficar claro que o espírito tem a propriedade de se irradiar, ou seja, de ir a outros lugares, sem sair do mesmo lugar.

0092a - Todos os Espíritos irradiam com igual força? Longe disso. Essa força depende do grau de pureza de cada um.

Quanto mais puro, ou seja, quanto mais perto de Deus, mais o espírito está de posse das suas faculdades espirituais.

Agora, um detalhe importante: tudo isso que estamos falando de espíritos é genérico, ou seja, todos os espíritos possuem estas propriedades, mas a maioria não sabe utilizá-las. Não é que não as têm, não sabem utilizá-las.

Não sabem por que estão de costas para Deus, estão afastados de Deus. Se utilizassem tais propriedades fariam em benefício de seu individualismo e não em benefício do universalismo. É por isso que Deus só dá a compreensão, só ensina os espíritos a usarem certos atributos, quando eles já estão mais elevados, mais universalizados.

Vou dar um exemplo: se vocês apreendessem a sair da carne com o pensamento – como conversamos ontem que é possível – e ter consciência do que está acontecendo onde forem, haveria muitos homens indo ver a vizinha trocar de roupa, haveria muitos homens ou mulheres buscando saber o que está acontecendo em outro lugar para tirar vantagem.

É por isso que Deus não deixa o espírito não desenvolvido, não universalista, estar de posse do conhecimento para utilizar a todas as suas aptidões espirituais. Só quando aprender a colocá-las à disposição e a serviço da espiritualidade como um todo, é que Deus vai começar a fazê-los utilizar essas aptidões.

Sendo assim, afirmo que tudo que estamos estudando e que ainda vamos estudar sobre espírito é genérico e será alcançado passo a passo com a evolução espiritual.

COMENTÁRIO DE KARDEC

Cada Espírito é uma unidade indivisível, mas cada um pode lançar seus pensamentos para diversos lados, sem que se fracione para tal efeito. Nesse sentido unicamente é que se deve entender o dom da ubiquidade atribuído aos Espíritos. Dá com eles o que se dá com uma centelha, que projeta longe a sua claridade e que pode ser percebida de todos os pontos do horizonte; ou, ainda, o que se dá com um homem que, sem mudar de lugar e sem se fracionar, transmite ordens, sinais e movimentos a diferentes pontos.

Revelações da revelação - Livro II

Perispírito

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Pergunta 93
Pergunta 94
Pergunta 94a
Pergunta 95

0093 - O Espírito, propriamente dito nenhuma cobertura tem, ou, como pretendem alguns, está sempre envolto numa substância qualquer? Envolve-o uma substância, vaporosa para os teus olhos, mas ainda bastante grosseira para nós; assaz vaporosa, entretanto, para poder elevar-se na atmosfera e transportar-se aonde queira.

Como é o nome disso que vocês acreditam que estão dentro?

Participante: Corpo...

Vocês chamam o que estão vestindo atualmente de corpo, mas isso não é um corpo do espírito. O corpo do espírito é o perispírito, que está dentro do que vocês chamam de corpo humano.

O corpo humano, na verdade, é uma roupa que o espírito coloca por cima do seu corpo. A cada encarnação é como o espírito estivesse trocando de roupa.

Esta é a primeira informação que está nesta resposta do Espírito da Verdade: o espírito tem um corpo que se chama perispírito. Mas, o ele diz mais: o perispírito é fluídico dentro da concepção humana. Ou seja, para aqueles que vivem no mundo material o perispírito é fluídico, mas para o espírito ainda é denso demasiadamente.

Sendo assim, quando se fala que o perispírito é o corpo fluídico, o corpo não denso do espírito, tal concepção é estória. Isso porque tal ideia é apenas para o ser humano e não para o espírito liberto da humanidade. Para este, aquele corpo ainda é denso e muito denso.

Isso é o que o Espírito da Verdade falou neste momento sobre o perispírito, mas há outro detalhe sobre o corpo do espírito que eu gostaria de falar: o perispírito é a exata cópia do corpo humano. Tudo que existe no corpo humano existe o perispírito.

Na verdade para cada célula do corpo existe, vamos dizer assim apenas para poder falar dela, uma célula do perispírito. Isto porque o perispírito recobre todo o corpo.

Se o seu corpo tem um coração, o perispírito que você, espírito, veste, tem um coração. Isto porque ele recobre não só por fora o corpo físico, mas por dentro e por fora. Ele possui os mesmos elementos e características que o corpo tem externamente como internamente.

Mas, a partir dessas informações, ou seja, sabendo que o perispírito é denso para o espírito e que é igualzinho ao corpo físico, faço uma pergunta: se você sair da carne hoje, voltar à consciência espiritual agora e olhar para si mesmo, qual a diferença entre o corpo e o perispírito? Eu mesmo respondo: nenhuma.

Não há, para o ser que sai da carne humanizado, diferença entre o perispírito e o corpo, pois ele verá o perispírito como denso e com tudo que o seu corpo tinha. Por isso digo: o espírito que sai humanizado da carne nem sabe que morreu.

Ela não terá consciência de ter se desligado do corpo, pois olhará para si mesmo e verá um corpo igualzinho ao carnal, quer seja em detalhes como na questão da densidade. Isso porque como vimos o perispírito é denso para o espírito. Ele não é denso para o ser humano, mas é denso para o espírito.

Então veja, se você não alcançar a consciência espiritual nessa existência, quando sair da carne, nem vai saber que morreu: vai pensar que continua vivo. Aliás, a maioria que sai da carne, pensa que continua vivo.

Participante: Com relação ao corpo, ou seja, a vestimenta que o espírito coloca sobre o corpo, ele a plasma inconscientemente?

Por enquanto vamos ficar com a sua resposta: o espírito plasma inconscientemente o seu corpo. Mas, saiba que não é só isso: existem outras verdades que ainda não podemos conversar.

Mas, não é só o corpo que o espírito plasma. O que é essa roupa que você está vestindo de acordo com o que vimos até agora?

Participante: Fluido Universal.

Certo: a sua roupa é um fluído universal que você pasmou como blusa. Você plasmou fluido universal como blusa.

Do mesmo jeito que você plasma fluido universal como blusa quando na carne, plasma fluido universal como blusa fora da carne. Então eu diria mais: a sua roupa é um estado mental. Isso porque a sua roupa é o que você vê no fluído universal.

Participante: Falando nisso, uma pergunta que é mais curiosidade. O espírito quando desencarna, seu corpo físico está vestido com uma determinada roupa. Quando ele desperta do outro lado se vê com a mesma roupa?

Quando o espírito despertar do outro lado se verá com a roupa que ele escolher. O espírito se verá com a roupa que escolher plasmar para si.

Participante: Mas o senhor falou que muitos não têm a consciência de que desencarnaram. Como podem escolher?

Inconscientemente ele plasma. Ele continua plasmando roupa inconscientemente...

Digo isso e não vejo motivo para espanto porque você hoje, ou seja, encarnado, também plasma suas roupas inconscientemente. Ou será que você tem consciência de estar plasmando o fluído universal em roupa? Não tem, mas está.

Participante: Ele vai plasmar um guarda-roupa também?

Mais do que isso: ele vai plasmar a casa toda. Aliás, desculpem, ele não vai plasmar uma casa: ele vai continuar na mesma casa plasmada que tem hoje.

Vai ficar vendo o mesmo guarda-roupa; vai continuar plasmando a mesma roupa no guarda-roupa; vai continuar plasmando a ideia de trocá-la todo dia; e irá plasmar a ideia de ir trabalhar todo dia. Veja: ele não tem consciência que morreu; continua imaginando que está vivo...

O espírito continuará plasmando as ações como se ainda estivesse na carne porque não têm consciência de ter desencarnado.

Ficou claro isso? É importante vocês entenderem isso, para darem valor à questão da reforma íntima, ou seja, do virar-se para Deus. Sem isso, ao saírem da carne, permanecerão como fantasmas assombrando o lugar que deixaram.

COMNETÁRIO DE KARDEC

Envolvendo o germem de um fruto, há o perisperma; do mesmo modo, uma substância que, por comparação, se pode chamar perispírito, serve de envoltório ao Espírito propriamente dito.

0094 - De onde tira o Espírito o seu invólucro semi-material? Do fluido universal de cada globo, razão por que não é idêntico em todos os mundos. Passando de um mundo a outro, o Espírito muda de envoltório, como mudais de roupa.

Vamos compreender esta afirmação do Espírito da Verdade bem claramente.

A compreensão sobre o perispírito como hoje conhecida, só vale para o planeta Terra. Esta ideia, esta concepção sobre o corpo do espírito não vale para o Universo inteiro. Se você sair da Terra e for morar na lua, terá que plasmar um perispírito diferente do que hoje plasma.

Sendo assim, o que disse anteriormente – que o perispírito é o corpo do espírito – não é Real. O perispírito, ou pelo menos a idéia que vocês têm do corpo perispiritual, é o corpo dos espíritos que habitam o planeta Terra. Isso quer dizer que apenas o perispírito dos espíritos que habitam este planeta possui dois braços, duas pernas e determinados órgãos internos. O de espíritos que habitam outros planetas é diferente disso.

Na verdade, o perispírito é um saco informe que prende o espírito. Ele se molda, ou seja, toma forma, de acordo com as formas existentes nos diversos planetas. Mas nada que isso.

Portanto, se o corpo físico é apenas uma idéia que o espírito está tendo, o perispírito também o é, já que ele não é o que o espírito percebe, mas sim plasma que tem a sua forma gerada de acordo com a necessidade do planeta onde o espírito encarnará. Para poder se ter alguma idéia do que é o perispírito na Realidade, eu diria que ele é um saquinho que encobre o espírito e que se molda de acordo com a necessidade do ser...

Isso, na prática, nos leva a conclusão de que o perispírito, dentro do Universo, não tem braço, não tem perna, não tem cabeça. Só para quem está na Terra, ou seja, para quem está preso à vida humana, ao ciclo de encarnação no planeta Terra.

O perispírito do espírito que sai do ciclo de encarnação no planeta Terra não terá tais elementos, pois ele não precisará mais de mão ou de pé ou de pé. Ele aprenderá a andar com a velocidade do pensamento e por isso, tais acessórios serão coisas desnecessárias...

Para este espírito, estes acessórios denotam um atraso...

Participante: Os pés e as mãos não são elementos atrasados, mas sim o caminho que Deus dá os espíritos para sua evolução.

São o caminho que Deus lhes deu para caminhar e não para ficar parado apegado à eles... Quando você estiver à frente no caminhar, essas coisas serão atrasadas.

Você não compreendeu o que quero dizer... Não estou dizendo que estes acessórios são atrasados para você, mas sim para quem já tem outros conhecimentos. Se você souber voar, não precisará mais dos pés para andar e com isso considerará tê-los como um atraso. Mas isso é para quem sabe voar e não para você que não sabe...

0094a – Assim, quando os Espíritos que habitam mundos superiores vêm ao nosso meio, tomam um perispírito mais grosseiro? É necessário que se revistam da vossa matéria, já o dissemos.

Esta pergunta não foi comentada.

0095 - O invólucro semi-material do Espírito tem formas determinadas e pode ser perceptível? Tem a forma que o Espírito queira. É assim que este vos aparece algumas vezes, quer em sonho, quer no estado de vigília, e que pode tomar forma visível, mesmo palpável.

A resposta é completa, mas deixe-me falar mais uma coisa. Aqui está escrito assim: o perispírito tem a forma que o espírito quer. Mas, não é bem assim: não depende só do seu querer.

É claro que todos os espíritos possuem a capacidade de moldar o seu perispírito, de criar ou retirar do seu perispírito alguns detalhes, mas é preciso levar em consideração o que já falamos anteriormente: estamos falando em linha geral.

Saiba que apesar desta informação, muitas vezes o espírito não pode alterar o seu perispírito. Não pode, não tem condições de alterar o seu perispírito. Isso porque a sua forma física faz parte do seu carma, da sua prova.

Na verdade, a maioria dos espíritos não possui condições para alterar o seu perispírito. Eles sabem como fazer, mas não podem fazer porque Deus não permite. O Pai não dá a eles acesso ao conhecimento para manipular o seu perispírito.

Por isso vemos na literatura espírita espíritos carecas que usam perucas. Enquanto eles não aprenderem que aquela careca é um carma, enquanto não aprenderem a viver felizes sem o cabelo, não terão licença, autorização, para gerar cabelo, para plasmar cabelo.

Volto a dizer: tudo que estamos estudando sobre a capacidade do espírito é em linhas gerais, mas nem todo espírito tem ainda a autorização para exercer estas prerrogativas. Não têm acesso a esta prerrogativa pelo motivo que já expusemos: o individualismo...

Se o espírito individualista pudesse moldar o seu perispírito, transformando assim a sua aparência, teriam muitos que fariam isso para fugir de algumas coisas.

Participante: E os espíritos que apresentam ferimentos no perispírito?

Vamos conversar sobre isso. Boa pergunta.

As marcas do corpo físico vão para o perispírito? Ferimentos, tatuagens, doação de órgãos, cicatrizes, vão para o perispírito? Vão, se for prova. Se for necessário ir.

Vou dar um exemplo: um ser humanizado morre, desencarna, com um tiro e se revolta ao tomar consciência que desencarnou por causa daquele acontecimento. Acontecendo isso, o seu ferimento ficará aberto até que ele acabe com a sua revolta.

Na verdade não há ferimento. O perispírito, assim como o corpo físico, não pode ser ferido. Tudo é fluido universal e o elemento material universal não pode ser ferido.

Sendo assim, o ferimento no perispírito, na verdade, é um ferimento mental, produzido pela mente do espírito (ego). Mas, o espírito não vê isso: pensa que o corpo perispiritual é que está ferido. Por isso não sabe que pode, através da mente, eliminar esta visão. Ele só alcançará a consciência de que pode utilizar-se da sua mente para curar ou fechar esse ferimento quando tiver o merecimento para tanto.

Outro exemplo: a doação de órgãos. Se um ser humanizado doar um órgão, este vai ficar fazendo falta no seu perispírito? Depende.

Se o ser humanizado doar o órgão para ganhar dinheiro, vai; se doá-lo para mostrar o quanto ele é bonzinho, caridoso, vai: mas, se doar o órgão por amor, este estará presente no perispírito. O amor cobre toda e qualquer coisa. Então, a doação sem intencionalidade nenhuma não provoca problemas no perispírito, mas a doação com qualquer outro sentimento provoca.

Outro exemplo: o ser humanizado que perde de um membro. Será que a ausência da perna vai para o perispírito? Vai, enquanto o carma for necessário. Este espírito será, mesmo depois de desencarnado, manco, com uma perna só. Agora, se durante a vida carnal conseguir superar o seu carma, ou seja, viver feliz apesar de só ter uma perna, quando sair da carne estará com as duas pernas.

Vamos entender direitinho, que o perispírito e o corpo são a mesma coisa. O que determina a forma e a função de cada coisa do perispírito e do corpo é o carma da pessoa, ou seja, aquilo que o espírito vai precisar fazer para se elevar. Então, não importa se é corpo ou perispírito, porque a Deus nada é impossível. Quando o carma acabar, acaba tudo.

É isso que precisamos compreender: Tudo pode acontecer; o que vai determinar se acontece ou não, será o seu carma. O seu merecimento.

Participante: Fale um pouco dos espíritos que vampirizam o perispírito de outro espírito, como os ovoides citados na literatura espírita.

Na verdade, nenhum espírito vampiriza o perispírito do outro. Vamos entender isso direitinho, de uma vez por toda.

O espírito se alimenta de uma coisa chamada fluído cósmico universal, que vocês chamam de sentimento. O espírito come sentimento, assim como vocês comem comida.

Sendo assim, esses espíritos que vocês chamam de vampiros comem energia, o sentimento que está dentro do perispírito. Seria quase como um sanguessuga, por isso são chamados de vampiros. Eles não comem o corpo, mas sim o sangue do espírito. O sangue do espírito é o sentimento, é a energia.

Isso é verdade: realmente existem espíritos assim. Mas, estes seres só procuram aqueles que têm o que eles gostam. Eles não atacam indistintamente qualquer um.

Aliás, até na Terra é assim: tem gente que não pode sair de casa de noite que o mosquito, o sanguessuga, ataca na mesma hora. Mas, existem pessoas que entram no meio do mosquiteiro e não têm uma mordida. Isto acontece porque estes últimos, não têm o que o mosquito quer.

Sobre este assunto, portanto, o que precisamos entender é que esses vampiros só vão vampirizar aqueles que tiverem o sangue que eles querem, ou seja, se aqueles tiverem o sentimento que eles querem.

Se você entrar na conexão com um ser que quer o sentimento que você tem, certamente será vampirizado. Agora, se sair da conexão, se mudar o seu padrão vibratório, o vampiro vai embora praguejando: que comida ruim. Eu não quero isso. Vou pegar outro que tenha o que eu gosto.

Este é o aspecto principal desta sua pergunta ao qual devemos dar total atenção: muito mais do que se preocupar em saber como o vampiro age, saber como é essa obsessão, devemos compreender porque ela acontece. Sem isso, não aprendemos a escapar dela e continuamos a temer e odiar os vampirizadores.

Participante: Fale também dos tais trabalhos encomendados nas encruzilhadas.

Deus é causa primária de todas as coisas. Sendo assim, se alguém vai ao centro de macumba, pedir um trabalho contra outro, foi Deus quem o mandou ir lá e pedir o trabalho. Agora, esse trabalho serve tanto para quem faz como para quem recebe.

Deus dá a um a intuição de fazer o trabalho porque ele nutre um determinado sentimento que o faz tornar-se merecedor de viver esse papel na vida. Ninguém vai ao centro pedir para fazer um trabalho contra outro, se não merecer ser o agente desta situação carmática. Este é um detalhe sobre o tema.

Quanto à eficácia, ou seja, se aquele trabalho vai chegar à pessoa que está querendo atingir, é outro detalhe. Isso eu não sei lhe responder, porque também vai depender do merecimento da outra pessoa receber ou não. O outro só receberá a carga negativa do trabalho se for merecedor, pois Deus dá a cada um segundo as suas obras.

É por isso que na umbanda os exus dizem: ‘eu pego e vou levar, mas se não puder entregar, volto e devolvo’. Isso quer dizer: o exu pegará a carga energética, levará para a pessoa, mas, se ao chegar lá para entregar a pessoa não merecer recebê-la, ele trará e a devolverá para quem mandou.

Precisamos entender que um trabalho de umbanda nada mais é do que um despacho de uma carga sentimental. Fazer trabalho espiritual é enviar determinada carga sentimental a outro.

O espírito trabalhador chamado exu absorverá esta carga daquele que faz o trabalho e a levará para entregar à pessoa que foi destinada. Só que ao chegar lá se a vibração da pessoa não se encaixar com a pessoa que devia receber, o exu volta com aquela carga e a devolve para quem mandou. Isso porque ela é dele, foi ele quem a nutriu.

Portanto, são estes os dois aspectos que gostaria de salientar sobre o tema que você perguntou. Primeiro, dizer que o trabalho é a emissão de uma carga sentimental (energia) e segundo, que tanto a fonte geradora quanto a fonte receptora precisam estar numa sintonia porque tudo aquilo é prova.

A macumba não é o charuto, a cachaça, a galinha, a farofa, mas um sentimento. Na verdade, quando você olha atravessado (nutre um sentimento de desconfiança) para alguém, está fazendo uma macumba. Quando tem raiva de uma pessoa, está fazendo uma macumba. Quando está acusando alguém, está fazendo uma macumba. Isto porque a macumba não são as coisas materiais, mas o sentimento que se coloca nas coisas.

Por isso, não importa se você está falando, cantando ou oferecendo coisas materiais, sempre que nutre um sentimento por uma pessoa está fazendo uma macumba para ela. O sentimento é quem comanda a ação e não o contrário.

Revelações da revelação - Livro II

Diferentes ordens de espírito

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Pergunta 96
Pergunta 97
Pergunta 98

0096 - São iguais os Espíritos, ou há entre eles qualquer hierarquia? São de diferentes ordens, conforme o grau de perfeição que tenham alcançado.

Existe uma hierarquia espiritual: esta é a informação do Espírito da Verdade. No entanto, ela não é formada através de pistolão ou indicação: ela é formada por ascensão moral.

A posição de cada um não é determinada por diplomas ou conhecimentos, mas por ascensão moral. Ela não se dá por ordem de classificação, mas se forma de uma forma natural. Isso precisa ficar bem claro.

Para entendermos bem a questão da hierarquia espiritual preciso dizer, por exemplo, que Cristo não é, hierarquicamente falando, o governador do planeta nem o espírito mais elevado. Ele não está nesta posição: nós é que o colocamos nela.

É isso que nós precisamos entender sobre este assunto: a hierarquia espiritual não surge da auto colocação de cada um, mas se forma através da colocação que outros espíritos fazem dele. Ninguém se avoca no direito de estar nesta ou naquela posição, mas são os outros que por constatarem a elevação moral do espírito lhe dão determinada posição na escala.

Outro detalhe sobre o tema: ela é natural. A escala hierárquica não se forma forçadamente, algo construído por decreto de alguém, uma coisa que seja imposta por outro, que surja de um julgamento de alguém que de livre e espontânea vontade classifique os espíritos. Ela acontece pela simples constatação que cada um faz da elevação moral do próximo.

Por isso não há contestação. A hierarquia espiritual, jamais foi contestada. Cristo, por exemplo, está no topo da hierarquia planetária, mas ele não se colocou nessa posição: foi colocado pelos espíritos. Eles saúdam Cristo e dão a ele esta posição.

Para se ver isso claramente é só ler o Apocalipse. Neste livro bíblico existe uma passagem onde o mestre é nomeado Governador Geral desse planeta. Esta nomeação não se dá pela designação de Deus, apesar Dele estar presente, mas são os próprios espíritos que irão viver na Terra quem colocam Cristo naquele lugar.

O Mestre também não se levanta e diz: ‘eu posso ser, votem em mim’. São os espíritos que o saúdam como.

Isso precisa ficar bem claro, para que cada um não avoque para si mesmo qualquer posição na escala hierárquica espiritual. Para que não tenhamos a pretensão de dizer que nós somos mestres, puros, elevados. É preciso que a comunidade espiritual reconheça a posição de cada um e não que alguém se auto encaixe na escala.

Além do mais, este conhecimento é importante para também não criticarmos naqueles que nos colocam em posições menores do que a que imaginávamos merecer estar. Se você está em qualquer lugar da hierarquia espiritual é porque a comunidade espiritual o colocou e esse é o seu merecimento moral. Achando que deveria estar sendo considerado melhor, faça por onde a comunidade espiritual sentir a sua elevação moral ao invés de querer forçar ser melhor colocado através da crítica.

0097 - As ordens ou graus de perfeição dos Espíritos são em número determinado? São ilimitadas em número, porque entre elas não há linhas de demarcação traçadas como barreiras, de sorte que as divisões podem ser multiplicadas ou restringidas livremente. Todavia, considerando-se os caracteres gerais do Espírito, elas podem reduzir-se a três principais. Na primeira colocar-se-ão os que atingiram a perfeição máxima: os puros Espíritos. Formam a segunda os que chegaram ao meio da escala: o desejo do bem é o que neles predomina. Pertencerão à terceira os que ainda se acham na parte inferior da escala: os Espíritos imperfeitos. A ignorância, o desejo do mal e todas as paixões más que lhes retardam o progresso, eis o que os caracteriza.

Apesar da resposta ser longa e conter diversas classes de espíritos, o primeiro parágrafo já diz tudo o que precisamos saber: “São ilimitadas em número, porque entre elas não há linhas de demarcação traçadas como barreiras, de sorte que as divisões podem ser multiplicadas ou restringidas livremente”.

Veja: se o grau de evolução dos espíritos é ilimitado, podemos dizer que cada espírito está num grau de elevação. Mas, onde encontraríamos embasamento para dizer isso? Na Verdade que diz que cada espírito é uma individualidade diferente dos outros. Se não existem dois espíritos iguais entre si, cada individualidade corresponde a um grau de elevação.

É claro que se quisermos podemos agrupar os espíritos dentro de qualquer grupamento. Podemos criar critérios que gerem grupos de espíritos dentro de nossa vontade, mas dentro de qualquer grupo que se crie, os espíritos não serão inteiramente iguais entre si.

É isso que o Espírito da Verdade está dizendo nesta resposta: podemos agrupar os espíritos do jeito que quisermos, mas eles sempre serão diferentes entre si. Por isso, a escala de elevação, por mais que sejam detalhados os critérios dos grupos criados, não condirá com a verdade.

Por isso peço a vocês: não levem em consideração o restante da resposta. Isso porque, se nos prendermos a essas classes que estão em O Livro dos Espíritos, podemos cometer sérias injustiças. Por quê? Porque vamos querer padronizar espíritos enquanto o que devemos compreender é que no mundo espiritual não há padrões.

Criando um grupo que afirme que existam espíritos brincalhões, por exemplo, vocês vão achar que o ser humanizado que conta piada é um espírito brincalhão e pode não ser. Dividindo a plêiade espiritual dentro dos grupos que estão aqui, criaremos um grupamento de espíritos mal. Com isso você vai achar que o ser humanizado que é reconhecido na carne como bandido é um espírito mal e pode não ser.

Sobre assunto, o que precisamos entender não são rótulos que podem ser dados a espíritos, mas que a escala espiritual é muito grande. Precisamos compreender que, na verdade, existe um grau de evolução para cada espírito e, se quisermos generalizar, se quisermos dividir espíritos em grupos, vamos cometer injustiças. Por isso é preferível ficar só com a informação de que existe uma escala espiritual, que essa escala espiritual é por ascensão moral e que ela é individualizada.

Saiba que cada espírito tem um grau de evolução: não existem dois espíritos com o mesmo grau de evolução. Se isso fosse possível, haveria duas individualidades iguais. Mas, isso é impossível no Universo.

Participante: Meu amigo Kardec elencou por forma de elevação. Meu amigo Kardec atendeu a resposta de mais 50.00 mil espíritos. Se não fizermos da maneira que eles disseram, não se estuda espiritismo.

Você está certo: se não for feito da forma que Kardec fez não se estuda espiritismo. Mas, desculpe, eu não estou estudando espiritismo. Eu estou estudando O Livro dos Espíritos numa visão espiritualista, ecumênica e universalista.

Já na introdução deste livro falamos exatamente disso. Quando nela Kardec diz que o espiritismo se prende como uma das partes do espiritualismo nós dissemos que os ensinamentos dele não podem ser tratados isoladamente. É o próprio Kardec que diz que os ensinamentos de O Livro dos Espíritos se subordinam ao espiritualismo, pois são uma das partes deste.

Por isso disse lá e repito aqui: nós não estamos estudando o espiritismo, mas estudando espiritualismo usando para isso O Livro dos Espíritos. Justamente por isso precisamos não criar para nós esses padrões que existem no espiritismo. Digo ainda: é por isso que não vamos estudar a escala espiritual como proposta em O Livro dos Espíritos.

Como espiritualistas precisamos entender que o Universo é dinâmico. Esta escala foi muito importante naquela época, mas hoje as provas dos espíritos são outras e se você se prender a esta escala não vai conseguir evoluir dentro da visão espiritualista.

Participante: Kardec diz que apenas colocou um tijolo no edifício...

Perfeito: é exatamente isso. Kardec diz isso, mas o espiritismo não diz.

O espiritismo diz que a sua doutrina por si só, é o todo. Que ele não precisa dessa correlação com todos os ensinamentos de outros mestres.

É isso que digo sobre o assunto: Kardec foi bem claro afirmando que estava colocando apenas uma pedrinha, mas dessa pedrinha fizeram um altar e estão santificando a pedrinha ao invés de continuar a construir o prédio.

Mas, deixe-me completar a visão sobre escala espiritual. Quero falar agora de uma coisa que não está escrita aí, mas que criaram a partir deste ensinamento: a escala vertical, ou seja, um acima do outro.

Isso é impossível de existir. No Universo não existe ninguém acima do outro. O Universo é um todo, é formado pela junção de todos. Sendo assim, se um estiver acima do outro, se acaba com a igualdade que é necessária para existir um Todo.

Para compreender como é a escala espiritual vou fazer uma figura. Pegue uma caneta e um papel. Faça um risco na horizontal. Esta é a escala espiritual. Ela é horizontal e não vertical.

Agora no meio desta linha que riscaram, acima dela, coloquem Deus. Façam um ponto que esteja fora da linha, acima dela e chamem a este ponto de Deus.

Na escala espiritual Real, esta que vocês desenharam, quem está mais perto do meio da linha, está mais perto de Deus. Quem está mais à direita ou à esquerda, está mais longe de Deus. Mas, apesar disso, todos estão na mesma linha, ou seja, estão no mesmo patamar.

Esta escala é Real porque atende os ensinamentos dos mestres que dizem que não existe um superior a outro. Todos estão na mesma escala, na mesma linha, porque são filhos de Deus e, portanto, iguais entre si.

Todos os espíritos foram gerados idênticos pelo Pai, por isso não podem estar acima ou abaixo. O que se pode é estar mais perto ou mais afastado e nesta distância do Pai se encontra a diferença entre as individualidades.

Participante: Por isso Kardec não fala em igualdade e sim afinidade moral.

Isso mesmo: a afinidade moral é a igualdade.

Participante: Então todos têm a mesma moral?

Sim, todos têm a mesma moral. Podem não se guiar por ela, mas todos têm a mesma moral.

Foi o que já estudamos: todo espírito é puro, perfeito. Ele pode estar sujo, mas já tem dentro dele tudo o que pode ter. Sendo assim, ele tem a moral, pode não usá-la, mas tem. Por isso eu coloquei na linha horizontal e não numa linha vertical.

Participante: O senhor pode repetir este ensinamento que diz que todos são iguais?

Sim. Eu disse que o espírito é luz e para compreender bem este ensinamento, o comparamos com uma lâmpada.

Ou seja, afirmei que todo espírito é uma lâmpada e que todas as lâmpadas ou espíritos do Universo têm a mesma voltagem e, por isso, o mesmo poder de brilhar. Só que algumas lâmpadas estão recobertas por uma camada opaca. Sendo assim, todas as lâmpadas brilham de forma idêntica, mas algumas não conseguem se irradiar tanto porque esta camada não permite que seu fulgor alcance o exterior.

Essa é a diferença entre os espíritos: todos são iguais, mas não conseguem vivenciar a igualdade porque estão sujos, estão presos ao individualismo, ao ego, as verdades individuais.

Participante: Ou não recebem a mesma energia, assim brilham menos que as outras.

Impossível não receberem de forma igual. Se isso acontecesse, Deus não seria Deus. Não seria Justo e Amoroso, pois estaria dando diferente a cada um.

Saiba de uma coisa: o problema nunca está fora de nós; sempre é dentro. Deus dá a mesma energia ou o mesmo amor a todos os filhos. Agora, se você pega o amor de Deus e altera a polaridade desta energia, ou seja, se vira para o individualismo, usa o amor de Deus para amar a si acima de todas as coisas e acima do próximo.

Mas, esta alteração de polaridade não é Deus quem cria, mas você, espírito, que, usando o seu livre arbítrio, escolhe fazer.

Participante: Mas, segundo o mesmo Livro dos Espíritos, Deus dá a cada um por suas obras. Aliás, quem falou isso foi Jesus.

Cada um recebe de Deus de acordo com as suas obras: perfeito. Isso é o carma, é a lei do carma, mas não o amor.

Os acontecimentos da vida recebe-se de Deus segundo as obras, segundo a capacidade de amar, mas o amor não. O Amor de Deus é infinito. Ele dá Amor para todos. Se não fosse assim, Deus poderia dizer assim: ‘Eu não gosto muito de você, não fui com a sua cara porque você está fazendo o que Eu não gosto. Por isso não vou lhe Amar’. Se fizesse isso, não seria mais Deus, pois teria perdido as características que já estudamos.

Este Deus que você quer acreditar que existe é um julgador enquanto que o Pai é a Fonte Luminosa do Amor. Por isso afirmo: Ele ama a todos igualmente. Aliás, isso Cristo também disse.

0098 à 0113

Não vamos estudar isso. Pode pular todas as questões que falam de ordem de espíritos...

Revelações da revelação - Livro II

Escala espírita

Esse sub-item não foi estudado. Ver comentário na pergunta 97

Revelações da revelação - Livro II

Terceira ordem - Espíritos imperfeitos

Esse sub-item não foi estudado. Ver comentário na pergunta 97

Revelações da revelação - Livro II

Segunda ordem - Bons Espíritos

Esse sub-item não foi estudado. Ver comentário na pergunta 97

Revelações da revelação - Livro II

Primeira ordem - Espíritos puros

Esse sub-item não foi estudado. Ver comentário na pergunta 97

Revelações da revelação - Livro II

Progressão dos Espíritos

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Pergunta 120
Pergunta 121
Pergunta 122
Pergunta 122a
Pergunta 122b
Pergunta 123
Pergunta 124
Pergunta 125
Pergunta 126
Pergunta 127
Encerramento de conversa

0114 - Os Espíritos são bons ou maus por natureza, ou são eles mesmos que se melhoram? São os próprios Espíritos que se melhoram e, melhorando-se, passam de uma ordem inferior para outra mais elevada.

Está faltando uma resposta neste texto. Existem duas perguntas numa só e o Espírito da Verdade responde a apenas uma.

Primeiro é perguntado se os espíritos são bons ou maus por natureza e segundo, se são eles mesmos que se melhoram. O Espírito da Verdade só respondeu que é cada um que se melhora e não sobre a natureza dos espíritos.

Quanto à melhora, é obvio que são os próprios espíritos que se melhoram. Deus não dá nada de graça a ninguém.

Você tem que promover a sua reforma íntima, reformar-se. Você tem que se mudar e não esperar que o mundo se mude.

Agora, a resposta que não está aí é que todo espírito nasce puro e, portanto, por natureza, ele é puro. Todo espírito é gerado por Deus dentro da pureza universal: essa é uma informação importante. Sem ela, começamos a dividir o mundo entre bom e mal.

O ser que, dentro da linguagem de vocês, hoje está vivendo no mau, é um espírito bom que se desviou. Hoje está mau, mas no seu íntimo não é assim: ele é puro por natureza.

Estou usando o termo mau como palavra de vocês. Na minha linguagem o espírito não é mau, mas individualista. Isso porque o mau para mim é o individualismo. Quando pensa em você acima do outro, em qualquer sentido, está fazendo maldade.

Então o espírito nasce puro e continua sempre puro. Ele pode estar individualista, mas isso não quer dizer que dentro dele não há uma semente de universalismo. Isto porque ele nasceu universalista, nasceu puro.

Sendo assim, quando julgamos o espírito pela sua atual posição, ou seja, pelo individualismo de hoje, estamos negando a própria essência de Deus que está dentro de cada um. Estamos desrespeitando Deus que colocou dentro de cada um a essência universalista ou a essência do bem, se preferir este termo.

Precisamos começar a entender isso para, ao invés de criticar o irmão que hoje está no individualismo, levá-lo a se contatar com a sua essência universalista. A essência amorosa ou a essência do bem.

Isso não se consegue com críticas, com acusações, com julgamentos ou com o apontar de falhas: isso só se consegue com o amor. É preciso amar a todos indistintamente para poder realmente ajudá-los. Não amar o que a pessoa está fazendo, mas amar a essência universal que está dentro de todos os espíritos.

Isso é orar a Deus; isso é honrar ao Pai: honrar aquilo que Ele colocou dentro de cada um.

Como já disse, não estou estudando espiritismo. Por isso não vou me prender ao bem ou mau: quero ir além.

Para isso é preciso, a partir da informação, tirar compreensões que nos leve à reforma íntima. Esta é a compreensão momentânea que vocês precisam chegar: não se pode sair pelo mundo separando o bom do mal. Pelo contrário: é preciso sair pelo mundo amando a essência de Deus que reside dentro de cada espírito, mesmo que a razão diga que ela não está presente ali.

Participante: Então, os mais de 50.000 mil espíritos que responderam a Kardec estavam errados quando diziam que Deus criou os espíritos simples e ignorantes, inclusive o Espírito da Verdade?

Não. A simplicidade que eles falam é exatamente a perfeição que falei agora.

A simplicidade é o pobre de espírito. O pobre de espírito é simples. Ele só tem amor dentro de si. Somos nós que achamos que a simplicidade não tem nada a ver com sentimentos, mas simples é aquele que só ama.

Eu não estou falando contra isso. Pelo contrário: estou afirmando que todos foram criados puros, simples. Apenas não paro por aí. Afirmo mais: continuamos simples eternamente...

Exatamente porque continuamos simples, ou seja, com o sopro de Deus em nós é que digo: temos que respeitar a simplicidade ou a pureza que existe dentro de cada um. Para isso é importante saber que ele pode estar agora numa outra situação, mas que eu, como seu irmão, tenho que amá-lo e auxiliá-lo a voltar a essa simplicidade.

Olha, deixe-me dizer uma coisa: eu não posso inventar nem mentir. Dizer o que está escrito em O Livro dos Espíritos é mentiroso, isso não posso fazer, pois este livro é um trabalho de Deus. Não é um trabalho de Kardec, não é um trabalho do Espírito da Verdade ou de nenhum outro espírito. Todos são apenas porta-vozes de Deus e não autores. Sendo assim, tudo que está neste livro foi Deus que escreveu.

Agora é preciso, como o próprio Kardec e o Espírito da Verdade deixaram claro – aliás, Krishna também fala isso – libertar-se da palavra morta, da letra fria. Para tanto é preciso ligar informações entre si. Neste caso, é preciso você juntar a informação da existência do bem e do mal com a informação de que todos nasceram simples e puros. E mais: que devemos amar a todos indistintamente.

Participante – Então Cristo errou quando disse para que fosse separado o joio do trigo?

Jamais: Cristo jamais errou...

Repare no texto bíblico:

Jesus fez outra comparação. Ele disse: O Reino do céu é como um homem que semeou boa semente nas suas terras. Certa noite, quando todos estavam dormindo, veio um inimigo, semeou no meio do trigo uma erva ruim, chamada joio e depois foi embora. Quando as plantas cresceram e se formaram as espigas, o joio também apareceu.

Aí os empregados do dono das terras chegaram e disseram: patrão, o senhor semeou boa semente nas suas terras. De onde veio este joio?

Foi algum inimigo que fez isso, respondeu ele.

E eles perguntaram: o senhor quer que nós arranquemos o joio?

Não, respondeu ele, porque quando vocês forem tirar o joio, poderão arrancar também o trigo. Deixem que o trigo e o joio cresçam juntos até o tempo da colheita. Arranquem então primeiro o joio, amarrem em feixes e joguem no meio do fogo. Depois colham o trigo e ponham no meu depósito.

(Mateus – 13 – 24 a 30)

O mestre não disse para separar o joio do trigo, mas sim para deixá-los nascer junto.

Quando queremos apontar erro nos outros, queremos separar o joio do trigo antes dele florescer. Quantas vezes alguém que você diz que estava fazendo mau, lá na frente constata que o que ele fez foi ótimo? Quantas vezes as pessoas perdem o emprego por causa de outra para conseguir um emprego melhor, ganhando mais, com melhores condições?

É exatamente isso; o que digo é exatamente isso. Não separe antes de florescer, o que, aliás, é exatamente o que Cristo disse. Isto porque o trigo e o joio são muito parecidos. Só depois da colheita, aí sim, você pode separar. Mas, enquanto não colher, não separe, porque vai jogar trigo fora.

0115 - Dos Espíritos, uns terão sido criados bons e outros maus? Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, isto é, sem saber. A cada um deu determinada missão, com o fim de esclarecê-los e de os fazer chegar progressivamente à perfeição, pelo conhecimento da verdade, para aproximá-los de si. Nesta perfeição é que eles encontram a pura e eterna felicidade. Passando pelas provas que Deus lhes impõe é que os Espíritos adquirem aquele conhecimento. Uns aceitam submissos essas provas e chegam mais depressa à meta que lhes foi assinada. Outros só a suportam murmurando e, pela falta em que desse modo incorrem, permanecem afastados da perfeição e prometida felicidade.

Vamos estudar esta resposta aos poucos porque ela contém muitas informações. Primeiro: Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes... Ou seja, sem saber.

Foi por causa desta afirmação que disse anteriormente: todo espírito é igual. Eles são iguais porque foram criados iguais.

Todos os espíritos são puros, são simples, mas não possuem conhecimento. Eles são, no seu nascedouro, ignorantes. É partir disso que podemos entender a evolução espiritual.

Evolução espiritual é adquirir conhecimento para acabar com a ignorância sem perder a simplicidade, sem perder a pureza. Isso é evolução espiritual.

O problema é que o conhecimento traz embutido em si uma coisa: o poder. O achar-se superior ao outro. Com isso acaba a simplicidade, a pureza e por isso é preciso, posteriormente, readquirir a pureza.

Apesar de dizer que a evolução espiritual se consiste em adquirir conhecimentos, não entendam este conhecimento como material. Evolução é adquirir a sabedoria espiritual que se caracteriza pelo sentir. Evoluído é aquele que sabe amar e não aquele que conhece informações técnicas espirituais.

O amor mantém o espírito na humildade. Aquele que conhece as coisas do Universo e mantém-se humilde alcançou a elevação espiritual. Já aquele que passa a conhecer as coisas universais e com isso acha-se melhor do que os outros, ou seja, busca uma ascensão falsa, forçada, nada conseguiu.

Como já foi dito, a ascensão é moral, ou seja, é sentimental. Quem tem maior ascensão espiritual é quem tem mais amor e não quem sabe mais.

Continuemos com o texto: ‘A cada um deu determinada missão, com o fim de esclarecê-los e de os fazer chegar progressivamente à perfeição’.

O espírito nasce puro, simples e ignorante. Deus, então, o coloca em lugares, ou seja, lhe dá as provas para que aprenda. Mas, ao aprender, este espírito não pode perder a simplicidade.

Sendo assim, posso dizer que a provação espiritual é uma prova de conhecer e, junto com isso, continuar amando. Passar como provação é como ser arguido por Deus com a seguinte pergunta: você conheceu, e agora? Continuará simples, ou seja, amando a tudo e a todos ou irá sentir-se superior por causa deste conhecimento? Você continuará puro, simples ou, a partir disso que conheceu vai querer sentir-se melhor que os outros? Achar-se-á mais capaz que os outros?

Esta é mais uma das informações deste texto, mas como disse há muitas aqui. Vamos em frente: ‘nesta perfeição é que eles encontram a pura e eterna felicidade’.

Este trecho é bem claro: só quando o espírito alcançar a perfeição, ou seja, a cultura com pureza, com simplicidade é que ele conseguirá entrar na verdadeira felicidade. Mas, esta felicidade não tem nada a ver com aquilo que hoje vocês chamam de ser feliz.

A felicidade humana é fruto de uma cultura sem simplicidade. Isto porque para que sintam-se felizes hoje é necessário que a sua cultura seja contentada. Ou seja, se o que sabem acontece, sentem-se feliz.

Se o que o ser humanizado sabe que é bom, certo ou bonito acontece, diz: ‘que maravilha, estou feliz’. Mas, se o que ele sabe não acontece, sofre.

Esta felicidade, a condicionada ao seu saber, não é a felicidade Real: é o prazer, a satisfação. Ela é fruto do poder de dizer: ‘eu sei e eu consegui impor ao outro o que eu queria’. Ou seja, do individualismo. Por isso eu afirmo que esta felicidade é falsa, pois é falseada pelo individualismo.

Enquanto o ser humanizado tiver prazer, não tem simplicidade. Mas, para que a felicidade falseada aconteça é necessário ter desejos, ou seja, saber o que tem que acontecer. Por isso os mestres ensinam: enquanto houver desejos e vontades que precisam ser satisfeitas, o ser não consegue atingir a verdadeira felicidade. Isto porque a verdadeira felicidade está na cultura com simplicidade.

O feliz verdadeiro é aquele que é simples, que só tem amor. Por causa deste sentimento, ele não precisa que o que quer aconteça para que ele seja feliz. Este atingiu a verdadeira felicidade.

Visto isso, vamos à parte final do texto: passando pelas provas que Deus lhes impõe é que os Espíritos adquirem aquele conhecimento. Uns aceitam submissos essas provas e chegam mais depressa à meta que lhes foi assinada. Outros só a suportam murmurando e, pela falta em que desse modo incorrem, permanecem afastados da perfeição e da prometida felicidade.

Nele estão as duas formas de viver as provas, ou seja, os acontecimentos da vida. A primeira é sendo feliz; a segunda é murmurando, ou seja, acusando, sofrendo, chorando, rogando a Deus que não deixe determinada coisa acontecer.

Mas, como Deus pode deixar determinada coisa não acontecer se aquilo é a prova deste ser? Aquilo é o que ele precisa para provar que é capaz de conhecer e ainda assim manter a sua simplicidade.

Sendo assim, por que o ser humanizado chora? O que está acontecendo não é algo ruim, mas uma prova. É exatamente o que ele precisa para fazer a sua evolução espiritual, para alcançar a sua grandeza espiritual. Se não fizer esta prova, não atinge a verdadeira felicidade: fica preso no que Krishna e Buda chamam de roda de encarnações. Ou seja, vai ter que estar sempre reencarnando para fazer a mesma prova, pois ainda não alcançou a verdadeira felicidade que nasce da cultura com simplicidade.

115a - Segundo o que acabais de dizer, os Espíritos, em sua origem, seriam como as crianças, ignorantes e inexperientes, só adquirindo pouco a pouco os conhecimentos de que carecem com o percorrerem as diferentes fases da vida? Sim, a comparação é boa. A criança rebelde se conserva ignorante e imperfeita. Seu aproveitamento depende da sua maior ou menor docilidade. Mas, a vida do homem tem termo, ao passo que a dos Espíritos se prolonga ao infinito.

Desta resposta podemos compreender que o espírito nunca vai morrer e que a sua existência eterna é composta de uma variação de etapas. Dentre estas etapas está a que hoje se vive no planeta Terra: o mundo de provas e expiações.

Se as encarnações acontecem hoje no planeta Terra para provação, posso dizer que vocês estão aqui para provar alguma coisa. Só isso. Sendo assim não têm que fazer mais nada.

Vocês nasceram para provar que são capazes de adquirir conhecimentos e ao mesmo tempo manter ou não a sua simplicidade. Mantendo-a, você se eleva; se não a mantiver, terá que fazer a prova de novo.

Isso é a vida carnal: o que vocês chamam de viver nada mais é do que vivenciar uma constante provação onde adquira em cada acontecimento um conhecimento para que tenha a oportunidade de provar que ele não influi na sua simplicidade e assim penetre mais no mundo espiritual. Viver é receber a cada momento um novo conhecimento para que se possa auferir como vai reagir a ele.

Por isso digo que quem acha que nos momentos da vida perde alguma coisa, não sabe o que está falando. Ninguém nunca perde nada porque todo acontecimento é uma prova, é uma oportunidade para aprender alguma coisa. Ao sentir-se perdedor em qualquer momento, o ser humanizado não pode entrar na sabedoria, porque nada aprendeu nada naquele momento e, por isso, não pode realizar a sua provação.

Precisamos começar a mudar a forma de viver. Ao invés de nos prendermos a ideias de perdas, precisamos começar a raciocinar em cada segundo o que pode ser aprendido ai. Não foi feito o que você queria? O que pode aprender desta lição? As coisas não saíram do jeito que você queria; hoje você ficou sozinho; perdeu seu emprego? O que pode aprender disso?

Depois que descobrir um ensinamento em cada momento da vida, concentre-se, então em realizar a sua prova, ou seja, concentre-se em naquele momento amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. De nada adiante sair xingando, brigando, acusando a Deus ou a qualquer outro como culpado pelo que lhe aconteceu. Busque sempre tirar uma lição do que está acontecendo e depois ame indistintamente.

Aliás, sobre os momentos de sofrimento, angústia, de sensação de perda, cabe muito bem o ensinamento conhecido como “Pegadas na Areia”. Acho que todos já o conhecem, mas para quem nunca leu, vou resumir a história.

Conta-se que um homem sonhou que estava andando na areia ao lado do Cristo. Nesta caminhada observava que ficavam marcas de dois pares de pés na areia. Cristo disse: ‘sou que eu estou ao seu lado’. O homem replicou: ‘teve horas que eu só vi meus pés; onde é que você foi’? O mestre respondeu: ‘a pegada que você viu era minha, pois o estava carregando no colo’.

Você nunca caminha só. Todos os momentos da sua vida são dirigidos por Deus através dos espíritos, para que ele lhe traga um ensinamento e com isso possa servir de provação para manter essa simplicidade. Aplicando o que vimos aqui, você pode entender a vida; sem aplicar, a vida não terá o menor sentido, pois os acontecimentos dela não possuem outra lógica.

Mas, cuidado. Não queira apenas entender o que está acontecendo e esquecer-se de amar universalmente a cada momento, porque senão só adquirirá cultura, saber. Prendendo-se apenas a saber, terá apenas cultura, mas nunca atingirá a sabedoria.

O que você precisa aprender para escapar da roda de encarnações, ou seja, alcançar a elevação espiritual é sabedoria, ou seja, alinhar a cultura a uma prática que lhe leve a gozar a felicidade que Deus tem prometido aos seus filhos.

Este é um recado que serve muito bem para todos que estão tendo contato com estes ensinamentos. Nós estamos estudando muitas coisas aqui e aprendendo muitas coisas. Mas, se destes conhecimentos você não retirar uma compreensão que lhe faça alcançar o amor incondicional, nada terá alcançado.

Além de estudar, ou seja, de ler as palavras que aqui estão, você deve buscar nestes ensinamentos compreensões práticas que lhe leve a amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Ou seja, a partir da compreensão de que a vida é apenas uma provação, deve se conscientizar que ninguém lhe ataca, rouba o seu emprego, o seu marido ou mulher: tudo isso são apenas provações para a sua simplicidade.

0116 - Haverá Espíritos que se conservem eternamente nas ordens inferiores? Não; todos se tornarão perfeitos. Mudam de ordem, mas demoradamente, porquanto, como já de outra vez dissemos, um pai justo e misericordioso não pode banir seus filhos para sempre. Pretenderias que Deus, tão grande, tão bom, tão justo, fosse pior do que vós mesmos?

Neste trecho existem duas informações. A primeira afirma que todos os espíritos um dia vão evoluir.

Todos os espíritos um dia vão ter que evoluir: isso é Real. Por isso sempre digo às pessoas que falam que é difícil evoluir: um dia você vai ter que fazer. Não importa quando, não importa em que vida, em que encarnação, um dia vai ter que fazer.

A partir desta informação, pergunto: não seria, vamos dizer assim, idiotice, deixar para outra vida o que pode fazer nessa? Não é muito mais trabalhoso deixar para outra encarnação? Ter que começar desde criancinha novamente e fazer tudo outra vez? Não seria melhor encarar a questão da elevação espiritual de frente logo e resolver de uma vez por todas isso?

Aproveitando esta encarnação e resolvendo logo a questão da elevação espiritual, vocês vão para um novo estágio e irão viver uma nova vida. Se ao invés disso continuarem na busca da satisfação dos desejos, das vontades individuais, empurrando a reforma íntima com a barriga, o máximo que conseguirão será ter renascer, começar tudo de novo. Além do mais, estarão perdendo tempo, porque não importa quantas vezes reencarnem, um dia terão que fazê-la.

Na verdade vocês não estão ganhando nada postergando o trabalho da elevação espiritual porque um dia, em uma vida qualquer, terão que fazer. Ou seja, por mais que não queiram desapegar-se de suas paixões nesta vida, um dia terão que realizar isso. Então, é melhor fazer logo e acabar com este martírio, não?

Esta é a primeira conclusão que este texto nos leva. Mas, há uma segunda informação aqui sobre a qual devemos refletir: Deus não bane ninguém.

Esta informação deve nos levar a compreender que um espírito, por mais que seja, usando os conceitos humanos, mau – na minha forma de falar diria individualista – Deus jamais vai abandoná-lo. A consciência desta Verdade é importante, pois a partir dela vamos entender que o Pai não abandonou os terroristas, os ladrões ou os assassinos. Eles estão com Deus: vocês é que dizem que eles são do diabo.

Eles não estão com o diabo, mas sim com Deus, porque o Pai não abandona nenhum de seus filhos. Aliás, se Deus abandonasse um dos seus filhos que coisa louca que seria esse Universo, não?

Então, são duas as informação que estão nessa pergunta. A primeira: devemos saber que um dia todos vão ter que fazer a reforma íntima. A segunda: devemos ter a consciência de que por pior que seja considerado um ser humano, ele está sob o amor de Deus.

Participante: Na resposta é dito assim: todos se tornarão perfeitos. O que é esta perfeição para o espírito?

A perfeição, para o espírito, é uma perfeição gradual.

Hoje você está num estágio de provas e expiações e, por isso, para você, a perfeição é vencer as provas e cumprir as expiações. Quando atingir esta perfeição um novo horizonte se abrirá e aí começará a buscar uma nova perfeição. Quando atingir aquela nova, um novo horizonte se abrirá e aí terá novas buscas.

Agora, saiba de uma coisa: a Perfeição Perfeita do universo é Deus e nenhum espírito vai atingir isso. Digamos que Deus é a Perfeição das perfeições.

0117 - Depende dos Espíritos o progredirem mais ou menos rapidamente para a perfeição? Certamente. Eles a alcançam mais ou menos rápido, conforme o desejo que têm de alcançá-la e a submissão que testemunham à vontade de Deus. Uma criança dócil não se instrui mais depressa do que outra recalcitrante?

O Espírito da Verdade afirma: a elevação espiritual depende única e exclusivamente de você. Por isso não podemos dizer que nós não conseguimos alcança-la porque nascemos nesse ou naquele meio, porque não tivemos oportunidade de conhecer isso ou aquilo.

A elevação espiritual depende somente de si mesmo porque ela é resultado de uma decisão de fórum íntimo. É cada um que vai tomar a sua decisão e ninguém, nem Deus, pode influir nela decisão. Se você quiser ficar caminhando no pântano preso à roda de encarnações, Deus não pode lhe tirar. Só você pode sair; só você pode se retirar.

Esta é uma informação muito importante. Mas, o Espírito da Verdade completa: basta você desejar isso.

Quando se fala em evolução espiritual, é preciso se compreender uma coisa importantíssima: ela não pode ser conseguida juntamente com a evolução material. É preciso desejar a evolução espiritual. Mais do que isso: além de desejar, é preciso viver para ela.

É preciso que você transforme a reforma íntima, a evolução espiritual, em objetivo da sua vida. Enquanto não for este o objetivo primário da sua vida, não vai alcançá-la.

Saindo da carne sem alcançá-la, é importante que ninguém ou nada pode ser considerado como culpado dela não ter sido atingida: só você é responsável pelo seu fracasso. Não se pode culpar a igreja, o pastor, o centro espírita, o meio onde viveu. Nem mesmo uma suposta falta de oportunidades que acha que não teve para realizá-la pode ser considerada como responsável por não ter se elevado.

Na verdade, não a ter realizado foi uma decisão sua e, por isso, não se pode culpar ninguém.

Isto é o que o texto fala de principal, mas para ajudá-los a entender o que é optar pela elevação espiritual o Espírito da Verdade diz mais: conforme o desejo que têm de alcançá-la e a submissão que testemunham à vontade de Deus. Ou seja, os espíritos humanizados alcançam a elevação espiritual quando no seu íntimo optam por ela e esta opção se caracteriza por submeter-se à vontade Deus.

A partir disso, pergunto: o que é elevação espiritual?

Participante: Fazer a vontade de Deus.

Não se trata de fazer a vontade de Deus, mas sim de ser submisso a Ele: é diferente. Não é fazer, mas submeter-se ao que é feito.

Esta é a evolução espiritual: ao invés de dizer que alguém está errado ao sair daqui mais cedo, submeter-se à vontade de Deus, ou seja, aceitar sem críticas a ausência do outro. Ao invés de dizer que é errado a mãe morar em uma casa e o filho noutra, submeter-se à vontade de Deus, ou seja, apenas constatar que a mãe mora numa casa e o filho em outra.

Isto é evolução espiritual e este é o caminho para ela: submeter-se à vontade de Deus.

A vontade de Deus se expressa através da realidade da sua vida, dos acontecimentos dela. Se você, por exemplo, não tem um carro, fique em paz, ou seja, se submeta a essa vontade de Deus; se não tem uma casa, submeta-se em paz e felicidade à vontade de Deus que não lhe deu uma casa. Se não tem terras, se não tem um prato de comida, fique feliz, se submeta a vontade de Deus.

Veja: não estou dizendo que você não deve buscar, mas sim que não deve sofrer com a ausência. Não estou dizendo nem que não pode desejar ter estas coisas, mas que acima deste desejo deve viver em paz, harmonia e felicidade.

Este é o optar que falei anteriormente: optar pela paz, felicidade e harmonia, mesmo que exista um desejo.

Busque o quanto quiser as coisas materiais, mas não deixe que esta busca se transforme na sua opção primaria de vida. Ou seja, opte sempre pela felicidade ao invés do sofrimento de não ter. Com isso estará se submetendo à vontade Deus (que se traduz pelo não ter atual) e estará sempre satisfeito, como ensina Paulo.

Quem faz esta opção, enquanto Deus não lhe dá o que deseja não sofre, não acusa, xinga ou aponta falhas em ninguém ou em qualquer coisa. Quem opta pela elevação espiritual não diz que o sistema massacra as pessoas, não se vê como um pobre coitado porque não tem.

É isso. Esta é a tal da reforma íntima que vocês tanto ouviram falar: submeter-se à vontade de Deus, ou seja, viver a realidade que se têm como vontade de Deus.

Participante: Você falou que Deus não pode promover a nossa reforma. Como ficam, então, aqueles casos das reencarnações compulsórias?

Encarnação não é evolução espiritual: é oportunidade de. Sendo assim, posso dizer que Deus dá a oportunidade, mas se o espírito não aproveitar, seja na encarnação planejada ou compulsória, ele nada realizará.

A encarnação é só uma oportunidade que Deus dá, seja ela compulsória ou não, mas não a garantia de elevação.

0118 - Podem os Espíritos degenerar? Não; à medida que avançam, compreendem o que os distanciava da perfeição. Concluindo uma prova, o Espírito fica com a ciência que daí lhe veio e não a esquece. Pode permanecer estacionário, mas não retrograda.

Vamos entender esta afirmação, que muitos aqui já ouviram, direitinho, pois senão vamos entender, como muitos compreendem, que se Jesus morreu para pagar nossos pegados. Isso seria o mesmo que dizer que ele nos deu uma folha em branco assinada para fazermos o que quiser.

Saber que o espírito não retroage não deve levar o ser humanizado a compreender que é como se alguém lhe tivesse dado uma folha em branco de cheque assinada e que por isso ele pode gastar o quanto quiser. Isso não é realidade.

O espírito nunca retroage: esta é a informação. Agora, durante a encarnação o espírito, hora humanizado, pode retroagir. Esta afirmação não deve ser compreendida como se jamais o espírito pudesse retroagir, mas apenas que ao findar da encarnação ele vai estar no mesmo nível de evolução espiritual de quando a começou.

Veja bem. O ensinamento deste texto refere-se ao Espírito com ‘e’ maiúsculo. Em O Livro dos Espíritos quando isso acontece quer dizer que este ensinamento refere-se ao espírito fora da carne. Sendo assim, posso dizer que o espírito fora da carne, na sua existência espiritual, não retroage, mas durante a vida carnal ele pode reunir débitos que terá que pagar até voltar ao seu estado de quando iniciou a encarnação.

Esta, então, é a primeira informação a respeito deste tema: o espírito não retroage, mas durante a encarnação pode retroagir e terá que acabar a encarnação sem este retrocesso.

Isso é importante entendermos, pois sem esta compreensão, alguém pode imaginar que já que ele não vai retroagir, pode aproveitar essa vida e fazer todas as besteiras possíveis. Se isso acontecer, o espírito retroage temporariamente e terá que expurgar todo este retrocesso até retornar à sua própria Realidade.

Mas, a resposta tem mais uma informação que pode nos auxiliar na perfeita compreensão do estado do espírito quando do seu retorno à pátria espiritual. Ela está expressa no seguinte trecho: ‘o Espírito fica com a ciência que daí lhe veio e não a esquece’.

Pergunto: que ciência é essa? Com que ciência o espírito fica? Será matemática, geografia, biologia?

Participante: Será a ciência espiritual?

Claro.

Se não fosse assim, se o espírito permanecesse de posse da ciência material, as crianças não iriam mais para as escolas. Todas conheceriam as ciências humanas, pois são espíritos que já reencarnaram e que por isso deveriam trazer dentro de si este conhecimento.

Portanto, quando se está falando aqui que o espírito não perde a sua ciência, está se falando da ciência espiritual, não da material. O conhecimento científico material será completamente esquecido depois do desencarne.

Quando você sair da carne e voltar à sua consciência espiritual, a sua ciência material estará zerada. Você não vai mais saber nada das coisas materiais.

Na hora que tiver que entrar em uma nova encarnação, agregará ao seu ego a ciência que irá precisar para viver aquela nova vida. É por isso que uns nascem com mais conhecimentos que os outros.

Este conhecimento que alguns trazem de forma genética não se trata de aprendizados científicos de outras vidas, mas sim de elementos do ego da nova existência. Eles não estão no espírito, mas sim no ego, pois tudo o que você aprendeu sobre ciência material em outras vidas, apagou-se.

Participante: Não fica uma ligeira intuição?

Não: tudo se apaga.

Participante: Por que alguns vêm com mais aptidão para umas coisas do que outros?

Como disse, na hora de programar a encarnação, o espírito coloca o conhecimento científico material, que vocês chamam de aptidão, de acordo com a necessidade da encarnação. Por isso uns tem mais aptidões para umas coisas e outros para coisas diferentes.

Isso não tem problema. O importante é compreendermos que esta aptidão ou conhecimento não é do espírito e nem fruto de conhecimentos de outras encarnações, mas ela está no ego e é disponibilizada para esta encarnação apenas.

O ego contém todos os elementos necessários à realização dos objetivos da encarnação. Vamos dar um exemplo: como é o nome daquele espírito humanizado surdo que fazia música?

Participante: Ludwig Van Beethoven.

Este espírito pode, ao longo de encarnações anteriores a esta, jamais ter conhecido uma única nota musical. Pode, ainda, em encarnações posteriores, não ter tocado nenhum instrumento. Na verdade, toda aptidão musical que demonstrou naquela encarnação foi fruto da organização de cultura musical colocada no seu ego daquela encarnação, pois ele precisava dela para aquela encarnação.

O fato de ter nascido naquela encarnação como pianista, não quer dizer que em outra ele tivesse que ser também necessariamente um músico. Muito pelo contrário: ele pode ter nascido açougueiro, ou carpinteiro, se esta você a aptidão que atendesse aos objetivos desta outra encarnação.

Portanto, o espírito arruma a ciência material no ego de acordo com a sua necessidade durante a encarnação. Tudo o que já havia sido conhecido anteriormente e que não teria valia nesta etapa da sua existência espiritual apaga-se.

Veja bem. Se o espírito que viveu o ser humanizado que citamos (Beethoven) programou para em uma nova encarnação ser açougueiro, o que a aptidão musical seria útil a ele? Nada. Ela seria inútil e saiba que no Universo não existe nada que seja inútil.

Portanto, devemos ter sempre em mente que todo o tempo que se gasta adquirindo ciência material é inútil, é perda de tempo, pois toda esta cultura se apagará e nada vai restar. Apenas o conhecimento universal, a ciência espiritual ficará.

Participante: É possível o espírito encarnado retroagir, ou seja, depois de adquirir uma certa evolução ter um pensamento inferior?

Sim, é possível. Veja: a provação ocorre a cada segundo. Por isso, num momento você pode avançar, em outro recuar.

Isso é até muito comum. Na verdade o que vai contar para o espírito é a média dos resultados obtidos até o final da encarnação.

Participante: Quando se entra nesse processo de elevação, o ego pode nos sabotar? Podemos nos sentir mal, sem vontade de fazer muitas coisas? Dá vontade de se recolher mais?

São muitas perguntas de uma vez só. Vamos responder uma de cada vez.

O ego pode lhe sabotar? É para isso que ele existe. Digamos que o ego é o diabo, que vive para lhe tentar. Por isso vai estar sempre lhe tentando, ou seja, criando a sua prova.

Podemos nos sentir mal? Se você escolher se sentir mal, se sentirá assim. É você, o espírito, que escolhe como se sentir durante as provações. Você pode escolher não se sentir mal.

Sem vontade de fazer muitas coisas, de se recolher mais? Essa vontade de se recolher mais é sinal de, vamos dizer assim, de evolução espiritual. Ela ocorre quando você encontra a paz.

Saiba que riso forçado não é sinal de felicidade, mas sim de bobeira. Rir muito não quer dizer que é elevado, pois muitos estão mortos por dentro e rindo por fora.

Na verdade, quando você alcança um estágio onde a sua intenção é estar sempre mais reservado, estar sempre mais voltado para dentro, posso dizer que você está evoluindo.

Participante: O que o senhor falou a respeito de programar o conhecimento material é o que chamamos de dons inatos?

Isso. Quando você programa na memória do seu ego algumas coisas para essa vida cria o que vocês chamam de dons inatos. Mas, esta programação vai ainda mais longe.

Toda descoberta científica foi colocada no ego antes do nascimento. As informações sobre o assunto ficam depositadas no ego esperando a hora de serem usadas para se descobrir alguma coisa. Aliás, o próprio termo já diz: descobrir, ou seja, revelar o que está coberto.

Na verdade, não existem descobertas científicas, pois no Universo não existe nada desconhecido. O que acontece não são descobertas, mas revelações de informações universais que já se encontram no ego e que em determinado momento Deus dá o acesso a elas. Só isso.

Por isso devemos parar com essa veneração à aptidões inatas. Devemos parar de afirmar que tal pessoa é muito inteligente, que suplanta os outros, que conhece muito mais do que a maioria. Ele não é assim: foi dotado de informações na memória material para que pudesse exercer a sua provação no mundo. É só isso.

Saiba: não existe espírito mais inteligente do que o outro não.

Participante: Queria saber no meu caso específico. Por que Deus me deu este gostar de martelar, pregar prego na parede, mexer com massa, se nem trabalho em nada disso?

Tudo que está na sua memória é parte do seu ego e tudo que está no seu ego é para ser vencido.

Participante: Eu achava que era o contrário. Achava que essas aptidões eram para me ajudar nessa encarnação.

São para lhe ajudar. Mas, ajudar a que? A construir casa? Mas, o espírito não vem para construir casa. Ele vem para promover a sua reforma. Então, sim, elas existem para lhe ajudar a promover a sua reforma e esta se consiste em não querer fazer se satisfazer fazendo aquilo que gosta de fazer.

Viu como elas lhe ajudam?

0119 - Não podia Deus isentar os Espíritos das provas que lhes cumpre sofrer para chegarem à primeira ordem? Se Deus os houvesse criado perfeitos, nenhum mérito teriam para gozar dos benefícios dessa perfeição. Onde estaria o merecimento sem a luta? Demais, a desigualdade entre eles existente é necessária às suas personalidades. Acresce ainda que as missões que desempenham nos diferentes graus da escala estão nos desígnios da Providência, para a harmonia do Universo.

Novamente vamos estudar partes da resposta isoladamente, pois o texto contém diversas informações. Comecemos vendo a própria pergunta de Kardec: ‘Não podia Deus isentar os Espíritos das provas que lhes cumpre sofrer para chegarem à primeira ordem’?

Temos aqui um problema de semântica. Quando Kardec fala em sofrer a ideia que lhes vem à mente é que são obrigados a passar por sofrimentos para evoluir, mas isso não é verdade. Você não é obrigado a sofrer para evoluir. Não é isso que ele quer dizer.

Na verdade, para que o espírito evolua é preciso que ele passe por provas. Sofrer no texto não quer dizer sofrimento, mas passar por. Ao passar por elas, o espírito pode escolher sofrer ou não: isso é decisão dele, escolha sentimental que ele faz utilizando-se do seu livre arbítrio. Deus dá a prova e o espírito escolhe sofrer ou não ao passar por elas.

Quer um exemplo: a alimentação. O alimentar-se ou não é, na verdade, uma provação que o espírito vivencia durante a encarnação. Durante ela existem espíritos que vivenciam não ter o que comer e não sofrem por causa disso. Mas, há outros que vivenciam o fato de ter a casa cheia de comida, mas mesmo assim sofrem, pois não conseguiram ter algo específico, o que queriam.

Portanto, aqui não se está falando de ter que sofrer, mas de ter que se passar por.

Vamos, então, ver as informações da resposta do Espírito da Verdade. Primeira informação: ‘Se Deus os houvesse criado perfeitos, nenhum mérito teriam para gozar dos benefícios dessa perfeição. Onde estaria o merecimento sem a luta’?

Já falei muito sobre isso. Sempre me perguntam para que tantas provas, respondo: para gerar o merecimento. Sem merecimento não há gozo de bem celeste. O bem celeste não é dado por Deus, mas é algo conquistado pelo espírito.

Muitos me perguntam se devem dar graças (agradecer) a Deus pelo que têm. A estes respondo: ‘não, pois Deus não fez mais que sua obrigação, ou seja, deu o que você mereceu. Portanto, não se deve agradecer a Deus, mas sim louvá-Lo’.

Deus não dá nada a ninguém. Para receber alguma coisa, é preciso que você gere o merecimento de receber. Tem uma máxima de Cristo que é perfeita: Deus dá a cada um segundo suas obras.

Este ensinamento explica muito bem esse assunto: Deus dá a cada um de acordo com as suas obras. Ou seja, se você não obrar, não conquistará; se não merecer, nada receberá.

Esta é uma lei universal: a lei do merecimento. É ela que fundamenta a lei da causa e efeito, do carma. O carma de cada um é o justo e amoroso merecimento pelo momento passado.

Continuemos vendo o texto da resposta: ‘Demais, a desigualdade entre eles existente é necessária às suas personalidades. Acresce ainda que as missões que desempenham nos diferentes graus da escala estão nos desígnios da Providência, para a harmonia do Universo’.

Exatamente. Por causa de visões como esta é que venho dizendo há cinco anos: o Universo não está desequilibrado. O jeito de ser de cada um, que para vocês aparentemente cria desequilíbrios no Universo, na verdade é o equilíbrio deste.

Muitos pensam que o Universo está desequilibrado, mas se esquecem que equilíbrio é a existência de dois lados de forma equilibrada. Se houvesse apenas um lado, não haveria equilíbrio.

Vou dar um exemplo: guerras. Para que o Universo esteja equilibrado é preciso que haja lugares ou tempos de paz e outros de guerra. Se houvesse apenas paz, não haveria equilíbrio.

Além do mais, se não houvesse guerras de um lado e paz de outro, como o espírito poderia fazer alguma opção? Então, a guerra é necessária, assim como a paz também.

Mas, quem participa da guerra? Se nos lembrarmos do que acabamos de falar (Deus dá a cada um segundo as suas obras) podemos entender que apenas aqueles que merecem e precisam passar por isso.

Portanto, a existência de guerras, que a humanidade diz que causa um desequilíbrio no Universo, é necessária. Sem ela não haveria o equilíbrio entre dois lados e espíritos não estariam recebendo o que merecem.

Sabendo disso, ao invés de lutar contra a existência da guerra você deve lutar para não merecer vivenciá-la. Como se faz isso? Não abrindo guerra contra ninguém, ou seja, sem criticar quem promove a guerra. Com isso você demonstra que está se submetendo ao desígnio de Deus que cria como instrumento para dar a cada ser o que ele merece.

Mas, se ao invés disso, você se revolta com a existência da guerra, está revoltando contra os desígnios de Deus. Por isso está criando um carma para você mesmo.

É isso que eu estou colocando há muito tempo: não queira mudar o mundo, mas mude você. Isso porque o mundo está perfeito do jeito que está.

Vocês dizem que o planeta está no caos, que a humanidade está perdida, mas se não houvesse essa humanidade terrestre do jeito que ela é, o Universo inteiro estaria desequilibrado. A humanidade terrestre do jeito que está é o equilíbrio do Universo, pois é a outra face da moeda Universo. Na hora que este planeta não abrigar mais esse tipo de humanidade, terá que haver um outro que o abrigará para poder manter o equilíbrio universal.

Sendo assim, os espíritos que após a mudança do sentido da encarnação neste planeta permanecerem no mundo de provas e expiações não irão viver uma vida diferente, mas um novo planeta – que já está surgindo e abrigará os exilados da terra com outros espíritos novos, Neste novo planeta terá que existir uma nova humanidade igualzinha a essa que vocês têm hoje. Isso para que o Universo não se desequilibre, ou seja, tenda para algum dos seus extremos.

Na verdade esta nova humanidade pode não possuir a mesma forma que vocês têm hoje, mas na essência (individualismo, egoísmo) terão que ser.

Esta compreensão é fundamental para vocês pararem de perder tempo em querer lutar contra os acontecimentos do planeta. A luta não é contra os acontecimentos, mas sim interior. A reforma é íntima e não externa.

Vocês têm que lutar contra vocês mesmo para não criticarem a guerra e não contra o presidente que a promove ou contra os terroristas que praticam ações ditas como erradas.

Participante: O senhor fala que é necessário haver o equilíbrio, por isso vai haver um outro planeta igual a esse. Eu acredito que esse necessário se refira à condição de evolução do espírito, ou seja, sempre haverá espíritos em evolução, então sempre haverá guerras, mortes, etc.

Perfeito: sempre haverá espíritos em desenvolvimento e, por isso, sempre haverá uma humanidade (seres individualistas) no Universo.

Não se esqueça: os afins se juntam. Por isso, sempre se juntarão num planeta aqueles que gostam de guerrear. Eles guerrearão entre si até que um deles evolua (não mais critique a guerra). Quando isso acontecer o que se reformou irá juntar-se aos que já atingiram aquele patamar enquanto o que gosta de guerrear encontrará outro igual.

Participante: O texto afirma que os espírito são criados imperfeitos. Eu pensava que eles começavam na escala evolutiva sem diferença entre si, mas simples e que só ao longo da caminhada é que experimentariam erros e acertos para crescerem.

Perfeito: é isso mesmo que você pensava. Eu nem toquei no assunto porque já tínhamos estudado isso numa pergunta anterior.

Como já vimos, todos os espíritos são criados perfeitos e a cada um é dado uma prova. Só depois dela é que os espíritos vão se degenerando.

Participante: É a história da lâmpada?

Sim, é a história da lâmpada: todos são lâmpadas que brilham com a mesma intensidade e luz, mas o reflexo de alguns não se propaga porque estão externamente sujos.

Participante: Quando o senhor fala em novo ciclo, fala do início de uma nova fase?

Sim, cada fase é um ciclo de existência espiritual.

Para compreendermos isso perfeitamente, devemos nos lembrar que o tempo não é retilíneo, mas cíclico. Por isso, você precisa girar toda a circunferência de uma fase vivenciando todos os carmas dela para, só então, sair dele e começar um novo. Vamos dizer assim: precisa rodar um determinado ciclo por certo tempo para só depois abrir um novo.

Aliás, essa forma de ver a existência (cíclica) não se aplica apenas à questão espiritual, mas a todas as coisas da existência. Existem os ciclos da sua vida carnal (infância, juventude, maturidade, velhice), do casamento, do namoro, de um relacionamento. Na verdade na vida tudo é formado por ciclos que você roda e vai para outro.

Além disso, é preciso também se conscientizar que todos os círculos não são formados de forma uníssona. Em qualquer um deles teremos sempre o apogeu que será seguido de um declínio. Quando se atingir o fim do poço, começará, então, a ascensão que o levará de volta ao apogeu quando o ciclo se encerra.

Quem quer viver qualquer ciclo apenas no apogeu se desilude, pois todas as etapas precisam ser vivenciadas para que ele se complete e só então um novo possa ser começado.

Participante: Quando o Senhor estava falando de guerra e outras coisas necessárias, me lembrei de carma e reencarnação. As pessoas que acreditam nisso podem compreendê-lo, mas e quem não acredita em reencarnação? Como explicar a esse que quem morreu precisava e merecia morrer e quem assassinou precisava e merecia se tornar um assassino?

Simples: desígnios de Deus.

Participante: Aí eles responderiam que Deus não faria essa maldade, como já me responderam.

Acima de discutir se é maldade ou não ou se Deus é capaz de criar o mal, é preciso lembrar as pessoas o que Cristo fala na Bíblia: Deus faz tudo acontecer.

Portanto, se esta pessoa não é espírita, ou seja, não acredita no carma e na reencarnação, mas é cristã, ela precisa acreditar que Deus faz tudo acontecer. Se não acreditar, não pode dizer-se cristão, pois estará negando Cristo.

O problema e que tem gente que separa o que gosta da Bíblia e utiliza apenas estas partes para justificar o que acha. Isso não pode acontecer: o cristão deve crer nos ensinamentos bíblicos sem contestá-los.

Se você for ler a Bíblia, apesar de não estar escrito claramente que há reencarnação, há a informação de que Deus é Soberano. Ora, se Deus é soberano, foi Ele que fez tudo.

Agora, se outros ensinamentos valem e este não (Deus não é soberano da maldade do mundo) esta pessoa tem que jogar fora todo ensinamento e não mais dizer-se cristã.

Participante: Falando ainda do novo mundo para onde irão os que aqui não mais puderem habitar, fala-se de um asteroide que passará pertinho da terra e servirá como um bonde para transportar a turma atrasada para outras paragens.

Olha, pode se falar em asteroide, em nave ou em qualquer outro objeto que servirá de transporte para os espíritos que não mais puderem habitar a Terra no novo mundo, pois qualquer elemento que você disser será, na verdade, apenas um elemento material. Na verdade como já vimos neste estudo, o espírito se locomove pelo pensamento.

COMENTÁRIO DE KARDEC

Pois que, na vida social, todos os homens podem chegar às mais altas funções, seria o caso de perguntar-se por que o soberano de um país não faz de cada um de seus soldados um general; por que todos os empregados subalternos não são funcionários superiores; por que todos os colegas não são mestres. Ora, entre a vida social e a espiritual há esta diferença: enquanto que a primeira é limitada e nem sempre permite que o homem suba todos os seus degraus, a segunda é indefinida e a todos oferece a possibilidade de se elevarem ao grau supremo.

0120 - Todos os Espíritos passam pela fieira do mal para chegar ao bem? Pela fieira do mal, não; pela fieira da ignorância.

Como já disse, o mal é o individualismo. Será que todos os espíritos passam pelo individualismo? A resposta do Espírito da Verdade é não. Alguns, vamos dizer assim, podem escapar dele, mas a maioria não consegue.

Não escapa por quê? Porque o individualismo traz o prazer que, para o espírito, é como se fosse doce na boca de criança. Os espíritos gostam do prazer. Eles, como uma criança humana, ficam doidos por um doce. Então, é muito difícil um espírito deixar de se deixar levar pelo individualismo.

Agora, quantas vezes você vai encarnar para libertar-se dele, não há previsão. Na verdade encarnará tanto quanto for necessário para se libertar.

Neste sistema solar quem menos encarnou foi Cristo: dez vezes. Já Buda, por exemplo, reencarnou quinhentas e vinte cinco vezes.

Agora, imaginem vocês quantas vezes estão reencarnando.

0121 - Por que é que alguns Espíritos seguiram o caminho do bem e outros o do mal? Não têm eles o livre-arbítrio? Deus não os criou maus; criou-os simples e ignorantes, isto é, tendo tanta aptidão para o bem quanta para o mal. Os que são maus, assim se tornaram por vontade própria.

Volto a repetir, o mal é o individualismo.

Deus não cria os espíritos individualistas; cria individualidades e lhes dá o livre arbítrio de usarem essa individualidade para seu benefício próprio ou para benefício da coletividade. Quando utiliza para benefício próprio é individualismo; quando utiliza para benefício da humanidade, é universalismo.

Portanto, Deus cria os espíritos individualidades e dá a cada um tem o livre arbítrio de utilizá-la no sentido que quiser. Esta é a resposta que está sendo dita aqui.

0122 - Como podem os Espíritos, em sua origem, quando ainda não têm consciência de si mesmos, gozar da liberdade de escolha entre o bem e o mal? Há neles algum princípio, qualquer tendência que os encaminhe para uma senda de preferência a outra? O livre-arbítrio se desenvolve à medida que o Espírito adquire a consciência de si mesmo. Já não haveria liberdade, desde que a escolha fosse determinada por uma causa independente da vontade do Espírito. A causa não está nele, está fora dele, nas influências a que cede em virtude da sua livre vontade. É o que se contém na grande figura emblemática da queda do homem e do pecado original: uns cederam à tentação, outros resistiram.

Vamos por partes porque a resposta contém diversas informações. A primeira: ‘o livre-arbítrio se desenvolve à medida que o Espírito adquire a consciência de si mesmo’.

Ou seja, o espírito, no seu início, não possui livre arbítrio. Este elemento só está disponível quando ele toma consciência de si mesmo, ou seja, só quando se reconhece como individualidade.

Segunda: ‘a causa não está nele, está fora dele, nas influências a que cede em virtude da sua livre vontade’.

Inicialmente podemos dizer que a causa do individualismo não está no espírito, mas fora dele. Mas, a informação sobre a causa do individualismo vai mais além nesta resposta do Espírito da Verdade: está nas influências a que cede. Sendo assim, podemos dizer que as causas do individualismo não estão no que acontece, mas no ceder à tentação ao vivenciar alguma coisa.

 É isso que nós precisamos. O seu livre arbítrio consiste-se em universalizar-se ou individualizar-se frente a um acontecimento. Não são os fatos que possuem em si individualismo ou universalismo, mas a forma como o espírito reage a eles.

É a forma de reagir aos acontecimentos da existência que determinam o atraso ou o adiantamento do espírito. Quando ele cede à tentação de individualizar alguma coisa, foi ele que cedeu a tentação e não o acontecimento em si que causou isso. Cedendo, o ser universal afasta-se de Deus.

Mas, o que é ceder à tentação de vivenciar aquela coisa de uma forma individualista? Gostar ou não do que está acontecendo, querer ou não querer, achar limpo ou sujo, bonito ou feio.

Aplicar valores aos acontecimentos da vida: isso é ceder à tentação do individualismo.

Um acontecimento é apenas um acontecimento. Quando você aplica valores a este acontecimento é que eles passam ser bom ou ruim. Estes valores caracterizam o individualismo porque eles são individuais, ou seja, só você acredita neles.

Existem pessoas que vivenciam o mesmo acontecimento que você e não dão os mesmos valores, por isso eles não podem ser considerados universais. O bom ou ruim é seu valor e representa que você cedeu à tentação de dar um valor àquilo que está acontecendo.

Então veja. Quando se fala aqui que a causa está fora do espírito, não quer dizer que está no acontecimento, mas sim na mente humana, no ego. É ali que o acontecimento deixa de ser apenas um acontecimento e se transforma nos acontecimentos adjetivados. São estes valores que o ego aplica ao acontecimento que estão fora do espírito e servem como influência para o ser ceder ou não à tentação de aplicar um valor a ele.

Quando o espírito cede, o valor gerado pelo ego se transforma numa verdade. É neste momento que se diz que o espírito critica.

Para ceder a esta tentação o ser universal utilizou o seu o livre arbítrio. Ou seja, Deus criou a situação e os valores externamente ao espírito e ele livremente optou entre o universalismo, ou seja, viver a realidade sem nem um valor, e o individualismo (acreditar nos valores aplicados às coisas).

Sei que o que estou dizendo é de difícil compreensão para vocês, mas uma batida de carro é apenas uma batida de carro. Se essa batida de carro é denominada como ruim ou boa, isso são apenas valores que o ego cria para a provação do espírito.

O que é uma partida de futebol? É uma partida de futebol. Agora, se ela é boa ou ruim, se você gosta ou não, se torce ou não, isso é a sua prova. Acreditar nestes valores é ceder à tentação criada pelo seu ego como uma provação.

Mas, a fala do Espírito da Verdade não termina por aí. Tem mais informações: ‘é o que se contém na grande figura emblemática da queda do homem e do pecado original: uns cederam à tentação, outros resistiram’.

A figura emblemática da queda do homem e do pecado original que é citada neste texto, trata-se da passagem bíblica de Adão e Eva. Nela, a cobra fala com a Eva assim: ‘que morrer nada, Deus não quer que você coma desse fruto, porque se comê-lo, seus olhos se abrirão e você conhecerá o bem e o mal’. Eva, então come o fruto proibido e o que a leva a decidir-se por comê-lo é o seguinte pensamento: ‘como seria bom ter esse conhecimento’.

Por que Eva comeu? Porque ela cedeu à tentação. Não foi a cobra (o fator externo, o acontecimento) a culpada, mas sim o espírito que cedeu a tentação, que quis ter o poder de dar valor as coisas.

O bem e o mal, o certo e o errado, o bonito e o feio, o limpo e o sujo, o arrumado e o desarrumado das coisas, são a maçã que é oferecida a cada momento ao espírito. Quando ele come este fruto, ou seja, acredita nesta verdade criada pelo ego, ele cede à tentação. O culpado nesta história não é a cobra (os acontecimentos externos), mas sim o espírito que cede à tentação.

Tem muita gente que não acredita na história de Adão e Eva, mas ela é fundamental para quem quer buscar a elevação espiritual. Na verdade, nunca aconteceu um primeiro casal, mas a mensagem que esta história contém é fundamental para quem promover a reforma íntima.

Todos somos espíritos que comemos a maçã, ou seja, que queremos ter os olhos abertos, a capacidade de ver, a capacidade de enxergar. Queremos ter o poder de dizer o que presta e o que não presta deste mundo. Esta é a condição humana do espírito...

Ser humano é o espírito que está vivendo num mundo guiado por um ego, onde ele sofre provações para poder exercer o seu livre arbítrio para se libertar do individualismo. É só isso: o ser humano não é nada mais do que isso.

Na hora que compreendermos isso, poderemos deixar de lado a soberba de ser um humano e entender que as coisas que sabemos servem apenas como uma maçã que nos é oferecida a cada momento para que nós, seres universais, possamos exercer uma livre opção em não acreditar naquilo que o ego cria.

No momento em que esta for a compreensão sobre a vida, podemos deixar de lado a observação do mundo para poder buscar a interiorização necessária para a elevação. Com ela, ao invés de nos preocuparmos com a calça dos outros, iremos lutar para nos libertarmos da ideia de que ela está amarrotada ou não.

Com isso nos libertamos da crítica, pois já não vivemos a ideia de que uma calça amarrotada é feia e que uma bem passada é bonita.

Participante: Se os advogados e juízes utilizassem esse critério, a justiça dos homens seria uma maravilha.

Seria uma maravilha para quem? Para o espírito? Não.

Os critérios hora adotados pela justiça humana são perfeitos, pois eles são instrumentos da ação carmática. Como você poderia se libertar da ideia de culpado ou inocente se não houvesse leis que servissem para isso?

As leis humanas, como estão, são perfeitas. Quem mata ou rouba merece ir para a cadeia: esta é a ação carmática. Agora, como penalidade, ela não precisa receber a sua raiva, a sua indignação, as suas condenações que afirmam que ele é um assassino, um monstro.

Isso ele não precisa, mas você dá porque afinal de contas, sabe que ele está errado.

Percebe? Os acontecimentos são necessários para a sua tentação. Ao invés de querer mudar o mundo, lute para não aceitar as verdades que o seu ego cria.

0122a - Donde vêm as influências que sobre ele se exercem? Dos Espíritos imperfeitos, que procuram apoderar-se dele, dominá-lo, e que rejubilam com o fazê-lo sucumbir. Foi isso o que se intentou simbolizar na figura de Satanás.

O espírito inferior citado nesta resposta deve ser entendido como um ego e não um ser universal.

Se compreendemos que Deus é Causa Primária de todas as coisas, não podemos dizer que se nos portamos como o esperado Deus deixará um espírito se aproximar para nos tirar do caminho reto. Deus não deixaria um filho cair sem que ele merecesse isso.

Na verdade o que o Pai faz é ajudar os seus filhos a se levantarem cada vez mais. Como Ele faz isso? Criando oportunidades para o espírito exercer o seu livre arbítrio e optar pelo universalismo. Só criando oportunidades para que o ser não caia na tentação é que este pode evoluir.

Como já dissemos, esta tentação é criada pelo ego. Portanto, são os egos que tentam influenciar os espíritos. Assim eles criam as tentações (oferecem a maçã) e o espírito pode elevar-se não se alimentando destas verdades.

Neste processo muitas vezes Deus une o útil ao agradável, ou seja, junta dois espíritos numa mesma tentação. Um como agente, outro como receptor. É isso que se chama de obsessão: dois espíritos guiados por valores criados por egos interagindo para que os dois tenham oportunidade de não ceder à tentação.

Sendo assim, não podemos dizer que o espírito fora da carne foi o culpado da queda do encarnado. Na verdade, foi o encarnado que decidiu ceder à tentação e não o outro que o dominou à força.

Isso é preciso ficar bem claro para pararmos com essa história de dizer que bebe porque está sendo obsedado. Não é isso: o ser pode até ter recebido uma influência como prova, mas foi ele quem cedeu à tentação.

0122b - Tal influência só se exerce sobre o Espírito em sua origem? Acompanha-o na sua vida de Espírito, até que haja conseguido tanto império sobre si mesmo, que os maus desistem de obsedá-lo.

A reforma íntima consiste-se em conseguir dominar-se. Em dominar a você mesmo. Dominar a sua vontade, o seu desejo, as suas paixões: este é o processo de elevação. Trata-se de aprender a não ceder à tentação e continuar caminhando na estrada estreita que Cristo falou.

Nenhum espírito pode lhe tirar do caminho. Aliás, nem Deus pode. Não há nada que possa romper a sua caminhada em direção a elevação espiritual, a não ser você mesmo. Quando você não se domina e cede às tentações, cai.

Então, não adianta ficarmos discutindo porque caímos, para que ou como caímos. Sempre que cairmos é porque cedemos à tentação. Só isso.

Agora é preciso para voltar a linha reta, ou seja, parar de ceder à tentação.

0123 - Por que há Deus permitido que os Espíritos possam tomar o caminho do mal? Como ousais pedir a Deus contas de Seus atos? Supondes poder penetrar-lhe os desígnios? Podeis, todavia, dizer o seguinte: A sabedoria de Deus está na liberdade de escolher que Ele deixa a cada um, porquanto, assim, cada um tem o mérito de suas obras.

Uma das bases do universalismo é a igualdade. Se não houver igualdade entre todos, não existe universalismo. Se um for superior a outro, não importa em que critério seja, acabou o universalismo e começou o individualismo.

Mas, a igualdade não deve ser entendida como cópia, ou seja, um ser cópia do outro. O que determina o critério de igualdade no Universo é o direito que cada um tem de ser aquilo que quiser ser, mesmo que seja diferente de todos.

Este é um direito dado por Deus que é o espírito mais avançado, que é o Senhor do Universo, que é o Pai o gerador dos espíritos. Por isso ninguém pode tirá-lo. É por isso que Cristo fala muito contra o julgamento.

Tire a trave do seu olho. Porque você quer tirar o cisco do olho dos outros? Enquanto achar que há um culpado você é pecador.

Todos os ensinamentos de Cristo estão fundamentados no direito universal que todos têm de ser quem quiser ser.

Ás vezes me perguntam: o suicídio não gera um carma? Pode até gerar, mas por causa disso o que você quer que eu faça? Quer que condene quem vivencia este ato? Ele tem o direito de dar um tiro na cabeça na hora que ele quiser. A cabeça é dele, a vida é dele, o carma que pode advir será dele e ele faz o que quiser. Eu vou lá julgá-lo, condená-lo, acusá-lo.

É isso que precisamos entender. Na hora que compreendermos a Verdade Absoluta que diz que cada um tem o direito de fazer o que quiser e que o resultado do que ele faz não interessa a mais ninguém, você cedeu à tentação. Neste momento, você entende o universo e deixa cada um viver do jeito que quiser. Com isso anula os valores que o ego cria para o que o outro faz ou deixa de fazer.

Neste momento, consegue a perfeita harmonia, pois consegue conviver com o outro do jeito que ele é, sem que lhe cobre nada. Como cobrar, se você não tem valores mais valores para qualificar o que os outros fazem?

Cada um tem o direito de ser, estar e fazer o que quiser: esta é a primeira informação sobre o tema igualdade. M

Revelações da revelação - Livro II

Anjos e demônios

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Pergunta 128
Pergunta 129
Pergunta 130
Pergunta 131

0128 - Os seres a que chamamos anjos, arcanjos, serafins, formam uma categoria especial, de natureza diferente da dos outros Espíritos? Não; são os Espíritos puros: os que se acham no mais alto grau da escala e reúnem todas as perfeições.

Sobre perfeição já conversamos: nenhum espírito pode reunir todas as perfeições porque se isso acontecesse, este ser seria perfeito como Deus. Portanto, estes espíritos não possuem todas as perfeições, mas as que possuem são as mais perfeitas do Universo depois das do Senhor.

Outra coisa: anjo, serafim, arcanjo, mentor, amparador, santo, tudo isso são nomes criados por vocês. Os espíritos não são diferenciados entre si. Eles não se diferenciam. São aqueles que ainda estão distanciados do Pai é que gostam de dar nomes, de criar classes para espíritos.

Aqueles que possuem elevação moral não separam a espiritualidade em classes. Se agissem assim, eles estariam sendo prepotentes; estariam dizendo que são melhores do que os outros. Se fizessem isso, deixariam de ser perfeitos.

Sendo assim, qualquer apelido que vocês queiram dar aos espíritos – anjos, santos, mentores, mestres ascensionados ou superior – é só apelido que você precisa para compreender o Universo. Na realidade não existem estas separações: todos os espíritos são iguais.

Participante: Não pode existir uma diferenciação no grau de elevação dos espíritos?

Existe, mas isso não os torna diferente dos outros espíritos.

Participante: Nós apenas damos estas denominações para reconhecê-los...

Perfeito: vocês dão as denominações para reconhecê-los.

Apesar disso, precisam compreender que apesar do fato de darem nomes diferentes, estes espíritos não estão separados em classes distintas. Que eles não são privilegiados de forma alguma, não são melhores do que vocês em nada.

Participante: Apenas são mais evoluídos.

Não, eles não são melhores do que vocês em nada. Eles não são mais evoluídos: vocês estão mais afastados de Deus.

Digo assim porque evolução não é conquista para se estar à frente de alguém, mas sim a libertação de coisas velhas. Sendo assim, ninguém conquista evolução, mas os outros é que ainda permanecem individualistas.

Por isso, posso dizer que que eles não são diferentes de vocês. Vocês podem estar diferentes deles, mas eles não se consideram diferentes de vocês.

Isso precisa ficar claro para entendermos que Cristo não se acha um ser estupendo, perfeito, longe dos outros. Que São Miguel se acha que maravilhoso.

Não, tal pensamento não existe entre os espíritos elevados, porque a humildade é muito presente neles para deixar existir isso.

COMENTÁRIO DE KARDEK

A palavra anjo desperta geralmente a ideia de perfeição moral. Entretanto, ela se aplica muitas vezes à designação de todos os seres, bons ou maus, que estão fora da Humanidade. Diz-se: o anjo bom e o anjo mau; o anjo de luz e o anjo das trevas. Neste caso, o termo é sinônimo de Espírito ou de gênio. Tomamo-lo aqui na sua melhor acepção.

0129 - Os anjos hão percorrido todos os graus da escala? Percorreram todos os graus, mas do modo que havemos dito: uns, aceitando sem murmurar suas missões, chegaram depressa; outros gastaram mais ou menos tempo para chegar à perfeição.

Deus não dá nada de graça a ninguém: no Universo tudo é conquistado. A partir disso pergunto: qual a diferença de Cristo para nós? Ele já conquistou esta posição.

Esta é a única diferença entre ele e nós. Ele não é diferente de nós em nada, não recebeu nada de graça de Deus: conquistou o que tem hoje com o suor do trabalho dele.

Mas, que trabalho foi este? O de passar por suas situações de sofrimento sem o ranger de dentes...

É isso que está escrito no Apocalipse:

“Eu vi na mão direita daquele que estava sentado no trono um livro em forma de rolo. Estava escrito dos dois lados e selado com sete selos. Vi também um anjo forte, que perguntava bem alto: quem é digno de quebrar os selos e abrir o livro?

Mas, não havia ninguém, nem no céu, nem na terra, nem debaixo da terra que pudesse abrir o livro e olhar dentro dele. Eu chorava muito porque não havia ninguém que fosse digno de abrir o livro ou de olhar dentro dele. Então um dos líderes me disse: não chore... Olhe! O Leão da tribo de Judá, o descendente do rei Davi, conseguiu a vitória e pode quebrar os sete selos e abrir o livro”.

Apocalipse – Capítulo 5 – Versículos1 a 5.

Cristo é quem é, o Governador Geral do planeta, aquele que organiza o ciclo carmático da Terra, porque ele venceu. Ou seja, ganhou esta posição porque soube viver situações de sofrimento sem ranger de dentes.

Portanto, não espere cair do céu nada. Nada lhe será dado gratuitamente. Tudo terá que ser conquistado através do merecimento e vocês só começam a merecer quando passam as suas provações sem ranger de dentes. É isso que está escrito nesta resposta.

Se este é um ensinamento para a elevação espiritual, é preciso que comecem a colocá-lo em prática. Ou seja, ao invés de chorar a morte da mãe, de lamentar o roubo de seus bens ou vitimar-se por qualquer contrariedade, devem louvar a Deus pelo que está acontecendo.

Agora, se ficarem chorando, lamentando-se ou vitimando-se pelos acontecimentos do mundo, nada será conquistado.

0130 - Sendo errônea a opinião dos que admitem a existência de seres criados perfeitos e superiores a todas as outras criaturas, como se explica que essa crença esteja na tradição de quase todos os povos? Fica sabendo que o mundo onde te achas não existe de toda eternidade e que, muito tempo antes que ele existisse, já havia Espíritos que tinham atingido o grau supremo. Acreditaram os homens que eles eram assim desde todos os tempos.

Pura ignorância.

Ignorância no sentido de não saber. De achar que Cristo sempre esteve na posição que está.

0131 - Há demônios, no sentido que se dá a esta palavra? Se houvesse demônios, seriam obra de Deus. Mas, porventura Deus seria justo e bom se houvera criado seres destinados eternamente ao mal e a permanecerem eternamente desgraçados? Se há demônios, eles se encontram no mundo inferior em que habitais e em outros semelhantes. São esses homens hipócritas que fazem de um Deus justo um Deus mal e vingativo e que julgam agradá-lo por meio das abominações que praticam em seu nome.

A pergunta de Kardec é se existe o diabo, o demônio, aquele que eternamente vive para o mal. A resposta do Espírito da Verdade para essa questão é uma só: não existem espíritos guerreiros do mal, combatentes do mal, que serão eternamente aqueles que querem levar vantagem em tudo. Digo isso porque mal é individualismo. Já falamos muito disso. Vamos entender isso.

Não existem espíritos desta forma. O que existem são espíritos que estão assim. Estas duas visões são muito diferentes: eles não são assim, apenas estão assim.

Para poder explicar isso, posso comparar esses seres a pessoas que na maior parte de sua vida são serenas, mas que em determinados momentos, sob certas circunstâncias, se perdem. Elas ficam nervosas, gritam e brigam.

Então, o espírito que vocês chamam de demônios é isso: são seres que estão passando em um momento, sob determinadas circunstâncias, onde enveredam pelo caminho do individualismo.

Por que é preciso alcançar esta compreensão? Para ama-los. Saber que não são assim, mas que estão assim e esse estar é uma coisa que pode acontecer a qualquer ser. No momento que você vacila pode dar asas ao ego, aos seus desejos e ser igual a eles.

Por esta consciência deve amar a todos. Com isso pode estar ajudando-os.

Isto responderia a questão, mas há na resposta do Espírito da Verdade uma alfineta em vocês que quero comentar: se há demônios, eles não estão fora da carne. Ele estão na carne.

Demônios são os homens hipócritas que transformam o Deus amoroso num justiceiro. Que transformam a vida humana num bacanal, onde cada um faz o que quer.

São estes homens hipócrita que sabem que Deus é a causa Primária de todas as coisas, que sabem que Deus é justo e amoroso, mas assim mesmo acham que podem fazer o que quiserem para os outros. Esse é o cúmulo da hipocrisia.

Será que Deus cria tudo o que existe e depois se senta num trono de ouro e fica apenas observando você fazer ao próximo o que ele não merece?

Eis aí os demônios. São aqueles que acreditam que conseguem ser independentes de Deus. Que acreditam que podem passar a perna nos outros impunemente. Aqueles que acreditam que podem brigar e gritar com os outros sem gerarem carmas para si mesmos. São os que acham que podem xingar os outros à vontade sem que nada aconteça com eles.

É essa hipocrisia que o Espírito da Verdade está se referindo. Estes são os demônios do Universo e eles estão aqui, neste orbe, e não fora da carne. Não é o espírito fora da carne que lhe leva a agir assim, mas a hipocrisia, que vocês chamam de humanidade, que faz.

A hipocrisia de se achar rei do Universo, que irão descobrir o Universo. Agem como se o Universo estivesse esperando vocês para ser descoberto. Para esses, Deus teria feito tudo o que existe apenas para a diversão deles.

É essa a hipocrisia; é para isso que precisamos acordar. Falo assim porque achamos muito normal – e em alguns casos até santo – quando usamos esta hipocrisia para acusar os outros. Para acusar aqueles que professam religiões diferentes, para acusar aqueles que seguem caminhos distintos dos nossos. Fazemos isso sem a consciência que isso ofende a Deus.

Não que Deus se sinta ofendido com alguma coisa, mas essa forma de viver, o achar que sabe e conhece o certo e que pode agir independente de uma Causa Primária, leva a Deus um individualismo com o qual Ele não convive.

O Pai é tão grande e tão poderoso. Por isso, serve a todos. No entanto, vocês não dão a Ele esta posição. Querem ser os autores de suas próprias histórias, imaginam que não precisam de ninguém que lhes sirva.

Mas, Cristo deixou bem claro: se você quer ser o maior no reino dos céus, precisa ser o menor na Terra. Mas, os seres humanos querem ser individualmente os maiores do Universo, aqueles que sabem tudo e tudo podem. Como podem, então, quererem ser os maiores no reino dos céus? Impossível.

Portanto, vamos parar com a história da existência de demônios. Vamos parar com esta história de obsessores que lhes levam para o mal. Vamos parar com a ideia de espíritos dedicados ao mal. Compreendamos que a maldade está em nós, seres do Universo, quando humanizados que fazemos. A maldade contra Deus e não contra o próximo.

COMENTÁRIO DE KARDEK

Há um comentário de Kardec a este tema que deixamos de citar tendo em vista o seu tamanho.

Revelações da revelação - Livro II

Objetivo da encarnação

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Pergunta 132
Pergunta 133
Pergunta 133a
Encerramento de conversa

132 - Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos? Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para outros, missão.

Vamos interromper a leitura da resposta do Espírito da Verdade por aqui, pois ela é muito grande e contém informações importantes demais. Vamos comentar esta parte, depois lemos mais.

Encarnação é o que vocês chamam de vida. O período que vai do momento que assume a consciência material, o ego, até o momento em que se liberta desta consciência, é uma encarnação. Ou seja, a encarnação é aquilo que vocês conhecem como vida.

Mas, reparem: eu não falei em nascimento e morte. Falei em assumir uma identidade e libertar-se dela. A encarnação ou vida humana não se prende necessariamente a momentos como nascimento e morte: ela pode começar antes e terminar depois dos eventos físicos.

Ora, se a vida é uma encarnação, pergunto: para que você nasceu? Segundo a resposta do Espírito da Verdade nesta questão, para três coisas: fazer provas, cumprir missões e expiar. É para isso que vocês estão na carne, mais nada. Cada acontecimento da vida é uma proposição de uma prova, uma oportunidade de missão e a vivência de uma expiação.

Não existe o acontecimento em si; não existe a história do acontecimento como fato humano: o que existe são provas, missões e expiações. Por isso, enquanto você tratar a sua vida como uma história pessoal, não consegue entender o que veio fazer aqui. Na hora que abandonar a visão humana que diz que existe uma história acontecendo (a história da sua vida), vai conseguir entender a essência do acontecimento.

Vou dar um exemplo: marido abandona esposa. A mulher, presa à história, afirma que o marido não presta, que a amante é uma vigarista, que ela é uma pobre coitada. Acredita que o marido a largou por outra, que ele não deveria ter feito isso, que ele não mais a ama.

Só que o marido largar a mulher não é uma história de vida, mas sim uma prova, uma missão e uma expiação, pois se trata de elementos de uma encarnação. Nenhuma mulher pode ser largada se não existir esta prova, missão e expiação para acontecer.

É isso que precisamos compreender. Precisamos tirar a história da vida, o sentido que os acontecimentos ganham através do ego, ou seja, aquilo que vocês acreditam que está acontecendo. Quando isso acontecer, poderão entender o tripé (provas, missões e expiações) que desenha a vida do espírito encarnado.

Mas, o que é uma prova? É uma oportunidade para o espírito através da fé, louvar a Deus. Isso é a provação à qual o espírito se submete através da encarnação.

Dentro do exemplo que demos, a provação ocorre quando a mulher deixa o marido ou vice-versa. O espírito que supera o mundo, ou seja, não acredita na história, mas sabe que aquilo é uma provação, passa então a vivenciar a oportunidade que Deus lhe proporcionou através deste acontecimento de exercer a sua fé, a confiança e a entrega absoluta a Deus. Sabendo disso, ao invés de ranger dentes, ou seja, lamentar-se ou chorar, este espírito pode, então, louvar a Deus pelo acontecimento.

No entanto, isso não poderá ser alcançado jamais enquanto o espírito acreditar que é a mulher, que o homem é o seu marido para todo sempre. Não poderá ser alcançado enquanto acreditar que a história da traição é real, enquanto imaginar que não é mais amada e que o seu parceiro é um cachorro.

Na verdade todas estas ideias não existem. Não existe tudo o que a história diz que está ocorrendo. Estas ideias foram criadas para gerar para aquele espírito uma oportunidade de colocar em prática a fé que disse que tinha antes da encarnação.

Esta é a primeira informação da resposta. Continuemos.

Participante: Todo espírito está destinado à perfeição e como não poderia atingir em uma só vida, Deus concede-lhe outras existências para que possa crescer em inteligência e moralidade. O renascimento sucessivo na dimensão material é chamado de reencarnação. A evolução do espírito se dá progressivamente apesar de estar intimamente ligada à experiência através de lutas expiatórias e provas, o espírito caminha em busca da própria iluminação e aperfeiçoamento.

Perfeita a sua colocação: é isso mesmo. No entanto, não podemos apenas saber tudo isso: precisamos levar este conhecimento para a prática.

Levar este conhecimento para prática consiste-se no que estamos conversando: tirar dos acontecimentos a história e não aceitar as ideias que o ego cria. Trata-se de ter a consciência de que não se nasceu para ser a esposa de alguém, mas para fazer provas.

Levar para a prática o ensinamento é ter a consciência de que ninguém nasce para viver uma vida humana, mas para fazer provas, cumprir missões e expiar. Tendo esta consciência, o espírito pode, então, concluir que o seu marido não o deixou, mas ele está vivenciando uma prova.

É isso que você acabou de falar. Não estou discordando do que você disse o que, aliás, é um discurso bem embasado na doutrina espírita.

O que estou dizendo apenas é que precisamos levar este discurso para a prática ao invés de apenas recitá-lo. Quando alcançamos a prática do discurso, ao invés de acreditarmos que o marido é um safado, devemos ter a consciência de que ele não é isso, mas um instrumento da nossa prova.

O que não se pode fazer é ficar em cima do muro. Ou seja, você sabe o ensinamento, mas na hora da sua vida vive com outros valores. Isso é hipocrisia: ou você acredita no ensinamento ou não. O que não pode é aplicá-lo só quando quer, quando é politicamente correto fazer isso.

Mas, vamos continuar nosso estudo. A prova, então, é a oportunidade de exercer a sua fé e louvar a Deus e, com isso, viver em felicidade. O que é missão?

Missão é o que você faz pelo próximo. Quando serve de instrumento para a prova dos outros.

Para dar um exemplo de missão, vou me basear em um ensinamento de Cristo: quando você receber um tapa no rosto, dê a outra face. Eis aí uma oportunidade de prova; eis aí uma oportunidade de missão. É uma prova para quem sofre a agressão, mas é uma missão para quem bate, pois sem o tapa jamais alguém poderia passar por esta prova.

Dei o exemplo do tapa na cara, mas poderia dar muitos outros. Por exemplo: no seu emprego alguém passa a sua frente, ou seja, recebe aquilo que você acha que merece. Eis aí uma boa prova, mas para que ela exista é preciso que alguém cumpra uma missão: a de lhe passar a frente.

Para vencer sua prova é preciso que você, ao invés de dizer que ele é um safado, que não presta, que não vale nada, que lhe passou a perna, ame-o.

Só que para fazer isso é preciso que entenda que não existe um acontecimento de vida, mas sim uma prova. Precisa compreender que não existe alguém querendo levar vantagem, mas que um irmão espiritual está executando uma missão para que você tenha sua provação. Só assim poderá continuar a amá-lo, mesmo ele tendo feito isso.

Retire do acontecimento a história. Ninguém pode lhe passar a frente porque não existe espírito melhor que o outro. Todos os espíritos são iguais.

Portanto, na prática o ensinamento sobre a encarnação diz isso: você nasceu para viver o que está vivendo e em cada situação de sua existência carnal existe uma prova e uma missão.

Repito: para vivenciar isso, é preciso retirar a história. É preciso retirar da vida o agressor, aquele que lhe engana. É preciso retirar as acusações, o que ele falou, o que você compreendeu. Ou seja, é preciso retirar tudo o que é humano e deixar apenas o que é espiritual: prova e missão. Enquanto estiver preso a essas coisas, não consegue entender a prova acontecendo e não consegue ver a oportunidade da missão que está sendo dada ali.

Mas, existe, ainda, um terceiro elemento na existência: a expiação.

Expiar, segundo os espíritas, é pagar débitos anteriores. Esta, vamos dizer assim, é a definição que os seres humanizados conhecem. Mas, como já disse, o universo está equilibrado. Sendo assim, ninguém deve nada a ninguém. Se houvessem dívidas, o Universo estaria desequilibrado.

A partir deste conhecimento, podemos, então, ver a expiação de um modo diferente. Eu diria que a expiação é o carma. Expiar, pagar pelo seu erro anterior como se diz, é vivenciar o carma daquilo que se fez anteriormente.

Diferente do que se pensa, expiação não é o que se deve a outro espírito, mas sim ao Universo. O espírito gera um carma e precisa vivenciar uma situação carmática para expurgar-se.

Se o cumprimento do carma, ou seja, a vivência da expiação, é lei universal, posso, então, dizer que se o seu marido que lhe abandona, não é ele que está fazendo isso, mas você está vivendo a sua expiação, que é, também, uma prova. Ele está cumprindo a missão dele e você vivenciando, através da expiação, a sua prova, pois precisava ser abandonada.

O outro que passou a frente no seu trabalho não é aquele safado, mas é o instrumento que criou o seu carma, pois você precisava passar por aquilo. Por quê? Porque anteriormente fez alguma coisa que gerou aquele carma. É isso.

É para isso que você nasceu. Você nasceu para fazer provas através de expiações e para cumprir missões. Mais nada do que isso.

Agora, tudo isso só será posto em prática na sua existência na hora que retirar do acontecimento a história que atribui a ele. É preciso acabar com a ideia de um agente do seu sofrimento e com a compreensão do que está acontecendo.

Na hora que conseguir desmaterializar o acontecimento, ou seja, retirar a história, e o espiritualizar, ou seja, entender a prova, a missão e a expiação, você não vai mais sofrer. Só assim, conseguirá aproveitar a oportunidade da encarnação para cumprir o que você tem que fazer. Mas, enquanto ficar preso na história, a vivenciará como se fosse realidade.

Participante: O criador concede aos seus filhos o livre arbítrio, ou seja, a liberdade de agir como bem entender, porém todas essas ações estão sujeitas a uma lei natural de justiça chamada de causa e efeito, ação e reação ou plantio e colheita. É por meio desta lei que somos responsáveis por tudo quanto fazemos ao próximo ou ao nosso próprio espírito. O criador concede ao espírito a liberdade de ceder ou resistir às más influências: trata-se do livre arbítrio. Esta liberdade de agir como bem entende desenvolve-se à medida que adquire consciência de si mesmo. Isso faz com que tenha o mérito de suas próprias ações.

Exatamente o que falei. Mas veja, se não retirar a história do acontecimento, não conseguirá deixar de criticar aquele que lhe passou a perna. Mesmo que ele seja, vamos dizer assim, do mal, que tenha usado o livre arbítrio para este caminho, você não tem o direito de julgá-lo e condená-lo. Só Deus pode. É isso que eu estou dizendo.

Na verdade não estou aqui tentando justificar o que o outro faz, porque isso é problema dele com Deus. É o carma dele, é o livre arbítrio dele. Agora, você também tem o seu livre arbítrio e deve usá-lo para ceder à tentação de acusá-lo. É só isso.

Continuemos nosso estudo do texto desta pergunta.

‘Mas, para alcançarem essa perfeição, tem que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal’.

Vamos entender isso, porque este ponto é pouco compreendido pelos seres humanos. Comecemos com a palavra sofrer que está neste trecho.

Este termo não está usado aqui no sentido de sofrimento (sofrer=sofrimento), mas passar por algo. O que é necessário para o bom aproveitamento da encarnação é passar pelo sofrimento e não sofrer durante a vida.

Sofrer o sofrimento é vivenciar as situações que vocês chamam de negativas, aquilo que vocês não gostam, mas a presença dele neste trecho não diz que é necessário viver estes momentos sofrendo. Este é o sentido deste trecho. Continuemos.

Vicissitude não é sofrimento, não é penúria. Vicissitude, pelo dicionário, é a alternância da situação. Vicissitude é: hoje estou casado, amanhã separado; hoje tenho dinheiro, amanhã não tenho; hoje tenho emprego, amanhã não. Ou seja, alternância das situações da vida.

Sendo assim, este pedacinho da resposta está falando exatamente o que dissemos antes: para alcançar a perfeição, para realizar suas provas e cumprir suas missões passando pelas expiações, vocês vão ter que viver uma vida que um dia está no alto e outro no baixo. É isso que está escrito aí.

Não adianta querer que a sua vida seja sempre no alto. Se isso acontecesse, suas provas não aconteceriam.

Participante: Seria a impermanência das coisas ensinada por Buda?

Sim, é o ensinamento de Buda conhecido como a impermanência das coisas.

É aquilo que disse ontem: tudo existe em círculos. Você tem que girar todo círculo para depois sair dele e começar um novo. É assim que o hindu e Buda definem o carma: o carma é um círculo que você precisa rodá-lo completamente para começar outro ciclo, outro carma.

Por isso reafirmo: você não pode querer que a sua vida seja só altos ou só baixos. Precisa aprender a conviver com os altos e com os baixos dela. Mas, conviver como? Nós já estudamos isso hoje também: sem ranger de dentes, sem sofrer.

É isso que é viver a vida buscando a elevação espiritual. É para isso que você nasceu.

Você nasceu não para amar materialmente, para casar, ou ter filhos; não nasceu para ser médico, motorista ou ter qualquer outra profissão. Você nasceu para vivenciar situações de altos e baixos nos acontecimentos daquilo que chama de vida.

Em cada uma das situações, sejam elas consideradas boas ou más, está embutida uma prova uma chance de missão e uma oportunidade de expiação. Ao vivenciá-las sem ranger de dentes alcança a perfeição.

Estou falando da perfeição o mundo de provas e expiação porque no próximo mundo são outras provações.

É isso que está sendo dito aqui e, portanto, é pra isso que você nasceu. É por isso que acorda todo dia de manhã, que está aqui hoje aqui comigo, que aconteceu tudo que ocorreu na sua vida hoje.

Não foi uma pessoa que lhe fez o bem e nem outra pessoa o mal: todos foram instrumentos da sua vicissitude. Aquele que fez o que você gostava foi instrumento do seu alto; aquele que fez o que você não gostava, foi instrumento do seu baixo. Agindo da forma que agiram, elas criaram as suas provas e as oportunidades de elevação. É por isso que disse outro dia: cada segundo da vida é uma oportunidade de encarnação.

Agora, se ficarmos presos a outras pessoas imaginando que elas são nossas esposas, filhos ou chefes, vamos perder de vista a Realidade espiritual da vida. Seu chefe não é seu chefe, mas um instrumento da sua vicissitude.

É por isso que Cristo diz: eu vim para colocar pai contra filho e mãe contra filha. Somente estando um contra outro em determinados tempos, e ao lado em outros, é que se gera a vicissitude necessária para a elevação espiritual. Se houvesse só o relacionamento perfeito de pai e mãe, não haveria vicissitude. Por conseguinte, não haveria prova, não haveria oportunidade de missão e não haveria expiação ou carma.

Participante: O homem sofre em função dos defeitos que tem. Inveja, ciúme e ambição. Os vícios sociais são as causas fundamentais do sofrimento.

Não são vícios sociais: são vícios individuais.

O que é inveja? É o egoísmo de querer ter o que não se tem.

O que é o ciúme? É o egoísmo que não gostou do que o outro estava fazendo.

O que é ambição? É o egoísmo de querer ser contentado.

Então, na verdade o homem sofre não por problemas sociais, mas por causa do seu egoísmo, do querer sempre para si mesmo. Sofre porque quer que a vida dele seja vivenciada só no alto, ou seja, só o que ele quer, o que gosta, o que sabe e o que acha bonito aconteça.

É por isso que o ser humano sofre. É por isso que há ranger de dentes no planeta. Mas, quem é espiritualista, ou seja, compreende que a vida é apenas uma encarnação que tem objetivos pré-traçados, precisa entender que quando alguém tem ciúme dele está sendo vivenciada uma das etapas da vicissitude.

Que maravilha. Ame, continue amando a tudo e a todos e não ranja dentes.

Participante: Diz Kardec que a alma que tem 10 imperfeições, por exemplo, sofre mais do que a que têm três ou quatro.

Eu não gosto de enumerar imperfeições, pois existem algumas que vocês nem sabem que existem.

Na verdade, só existe uma imperfeição: o individualismo. É dele que nascem todas as imperfeições que vocês conhecem.

Participante: Complementando, portanto, o único caminho que nos levará a felicidade completa é do esforço constante do combate às más inclinações através da reforma íntima.

Isso: é o combate ao individualismo através do universalismo.

O que é universalismo? É viver para servir ao próximo.

Respondia às questões, vamos a mais um dos objetivos da encarnação ensinados pelo Espírito da Verdade neste texto:

Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta.

Você precisa fazer provas, certo? Todo acontecimento da existência carnal é uma prova, certo? Sendo assim, o rompimento de um casamento é uma prova, certo? Mas, para que aconteça essa prova precisa haver um marido que saia de casa, certo?

Pensando em tudo isso podemos entender o que o Espírito da Verdade diz: visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Todo espírito encarna para fazer suas provas, mas, além disso, também é o instrumento das provas dos outros. É isso o que está sendo dito neste trecho.

Um espírito encarna, vive o papel de marido e nesta vivência passa por suas provações. Em um determinado momento passa pela situação de abandonar o lar. Faz isso não porque não presta ou porque não quer, mas para que o espírito que está encarnado vivendo suas provações através do personagem esposa possa ter determinada vicissitude.

Ele não faz isso por que quer, porque acha que aquele ser merece aquele carma. Na verdade, cumpre as ordens de Deus.

Ora, se ele serve a Deus saindo de casa, não foi ele quem saiu, mas sim Deus quem o tirou. Foi Deus que o levou para fora de casa.

O Pai fez isso porque o espírito que está encarnado vivenciando o papel de esposa precisava daquela prova. Se ela precisasse e o homem não quisesse sair, o espírito que está vivenciando o papel de esposa ao sair da carne diria: ‘Deus, eu não fiz a prova porque Você não deixou meu marido sair de casa. Agora o Senhor precisa apagar este meu débito’.

É isso que nós precisamos entender. Aquela pessoa que lhe passa a perna no trabalho é um instrumento de Deus para gerar uma provação. É só isso.

Esta pessoa não está agindo por maldade, para lhe ferir ou magoar. Ela não quer lhe atacar: está servindo como instrumento de uma proposição para criar uma situação onde a vicissitude seja negativa e você possa nesse momento provar a sua fé e o seu amor a Deus e ao próximo.

Participante: Se me permite eu vou discordar de alguma coisa. Vamos utilizar o caso do colega que passou a perna no emprego. Eu concordo que ele tenha sido instrumento de Deus para minha prova, porém se ele não tivesse sentimentos adequados para isso, Deus não teria utilizado como instrumento.

Perfeito.

Participante: Sendo assim, ele não é totalmente inocente. Ele vai se entender com Deus.

Primeiro: eu não disse que ele é inocente.

Segundo: se na sua expiação, na sua provação era necessária aquela situação, se não fosse este personagem que fizesse isso, seria outro. Isso porque, independente de quem o faça, esta é uma vicissitude que você precisava passar. Então, não adianta culpar ninguém de nada.

Eu não estou dizendo que ele é inocente. O que estou dizendo é que você, ao se preocupar em jogar uma culpa em qualquer pessoa, se esquece de ver a prova que está passando. Esquece-se de ver o amor de Deus em ação colocando uma vicissitude para você poder alcançar a perfeição.

Lembre-se: se não fosse para vivenciar as provações através das vicissitudes, não haveria razão de estar vivo. Para que vivencie vicissitudes, há necessidade de agentes carmáticos, ou seja, pessoas que sirvam de instrumento para criar o seu prazer e a sua dor. Se não houvesse alguém para lhe passar a perna, ou seja, para gerar a vicissitude negativa, você não teria razão de estar viva, pois não haveria prova a ser vivenciada.

Se tudo isso é verdade, não adianta perdermos tempo achando alguma culpa para os outros. Quando ficamos buscando culpas nos outros perdemos tempo e não fazemos nossa reforma íntima.

Participante: Perante a lei de causa e efeito não existem vítimas. Só respondemos pelos nossos atos e jamais pelos atos alheios. A ninguém deve o homem a culpar em caso de sofrimento, há não ser a ele mesmo. Pela sua incúria seus excessos e sua ambição

Perfeito: não existem vítimas nem culpados. Se existisse um culpado seria você mesmo.

Veja, se existe um culpado de alguém lhe passar a perna é você mesmo que um dia plantou alguma coisa que hoje gerou esse carma. A pessoa que vivenciou esta situação com você é simplesmente um instrumento para sua colheita.

Nós não podemos nos prender na busca de culpados. Não existem culpados. Se não existem culpados, também não existem vítimas.

A única coisa que existe é um plano universal de Deus para dar a todos os espíritos uma oportunidade de elevação através da vivência de provas e da execução de missões junto às provações dos outros. Mais nada que isso.

COMENTÁRIO DE KARDEC

A ação dos seres corpóreos é necessária à marcha do Universo. Deus, porém, na sua sabedoria, quis que nessa mesma ação eles encontrassem um meio de progredir e de se aproximar dele. Deste modo, por uma admirável lei da Providência, tudo se encadeia, tudo é solidário na Natureza.

0133 - Têm necessidade de encarnação os Espíritos que, desde o princípio, seguiram o caminho do bem? Todos são criados simples e ignorantes e se instruem nas lutas e tribulações da vida corporal. Deus, que é justo, não podia fazer felizes a uns, sem fadigas e trabalhos, conseguintemente sem mérito.

Não existe espírito que nunca encarnou: todos sempre encarnaram.

Alguns encarnaram muitas vezes, mas outros poucas. Por quê? Porque alguns aproveitaram mais rapidamente as oportunidades e outros não. Apesar disso posso garantir: todos tiveram que passar pelas mesmas provas.

 Sendo assim, para vocês que conhecem o fato das sucessivas encarnações e os objetivos delas, viver essa vida preso ao seu lado material, ou seja, viver essa vida para reunir riquezas materiais, é um disparate. Você sabe que está encarnado, sabe que está vivenciando provações, sabe que os outros são instrumentos das suas vicissitudes e agora sabe também que um dia terá que passar por uma existência onde terá que desapegar-se das coisas materiais. Por que, então, não desapegar-se nessa?

Quando um ser vive essa vida pela história e não pela essência dela (provas, missões e expiações), na verdade está simplesmente criando uma nova encarnação para si. Está gerando a necessidade de começar tudo de novo. Mas, não é assim que mesmo aqueles que acreditam na reencarnação vivem?

Eles sabem que um dia terão que viver uma vida onde se entreguem a Deus completamente. Apesar disso, ainda buscam apenas libertar-se de uma ou outra coisa apenas. Dizem: ‘eu me libertei de duas coisas nesta vida’. Falam isso como se houvessem feito muita coisa.

Está certo, libertaram-se de duas coisas, mas eu pergunto: porque não se libertaram de dez? Porque não se libertaram de vinte? Porque não se libertaram de todas? Por comodismo. Temos que parar com essa história do comodismo.

Olha, deixe-me dizer uma coisa àqueles que acreditam na reencarnação: a notícia da existência da reencarnação é milenar. Há sete mil anos atrás os egípcios já acreditavam na encarnação. Os hindus também. Então, a notícia da encarnação é muito velha.

Conhecer a informação da existência das múltiplas vidas não é privilégio de ninguém. Na verdade, ter acesso à esta informação é, vamos dizer assim, uma faca que pode cortar dos dois lados. Ao mesmo tempo que saber disso traz a confiança necessária para o futuro pós-morte e o esclarecimento para o que você está vivendo hoje, também pode gerar o comodismo. Pode lhe fazer parar no tempo.

Conhecer a existência das sucessivas encarnações pode lhe levar a pensar assim: eu tenho mais chances, por isso não vou fazer o que é necessário agora.

Sendo assim, conhecer a existência da reencarnação não é glória para nem um espírito: é prova. Nunca se esqueçam: a quem muito foi dado, muito será cobrado. Por isso, se você conhece a existência da reencarnação, será cobrado por este conhecimento.

Se já conhece esta notícia, sabe que o que está vivendo hoje é o que plantou ontem. Você não pode ter esse conhecimento e querer fugir desta compreensão quando vivenciar os acontecimentos da vida...

Participante: Não há discrepância, privilégio ou graça na pedagogia divina. Todos os espíritos progridem lenta e incessantemente sobre o mesmo processo evolutivo em consonância com a sabedoria, justiça e o amor de Deus.

Do que você falou, eu só discordo do progresso lento. Você necessariamente não tem que ter um progresso lento: avança de acordo com a velocidade que decidir caminhar. Se quiser caminhar rápido, nada vai lhe impedir.

Agora, a maioria realmente caminha lento. Mas, caminha lento por decisão individual, por comodismo. Caminha lento por não querer entender a vida carnal como uma existência espiritual e a vivenciar pelos valores do mundo material.

Na verdade, caminha lento porque cede à tentação.

0133a - Mas, então, de que serve aos Espíritos terem seguido o caminho do bem, se isso não os isenta dos sofrimentos da vida corporal? Chegam mais depressa ao fim. Demais, as aflições da vida são muitas vezes a consequência da imperfeição do Espírito. Quanto menos imperfeições, tanto menos tormentos. Aquele que não é invejoso, nem ciumento, nem avaro, nem ambicioso, não sofrerá as torturas que se originam desses defeitos.

Nesta afirmação do Espírito da Verdade há dois ensinamentos. O primeiro: chegam mais depressa ao fim.

Você passa por provas para chegar a um fim. Que fim é esse? Alcançar os objetivos da encarnação.

Vamos dar um exemplo. Hoje os espíritos que encarnam na Terra para provas e expiações, ou seja, para provar a si mesmo a fé, provar a capacidade de louvar a Deus ao colher os frutos daquilo que plantou. Sendo assim, quando você consegue provar a si mesmo que tem fé ao colher todos os seus frutos, encerra um período na sua existência espiritual.

Por isso, para de encarnar em mundos de provas e expiação e pode, então, encarnar em outro mundo, o de regeneração, que é aquele no qual, além de provar, terá que mudar-se completamente. Ou seja, não vai mais nascer como ser humano e ter que provar nada: nascerá com a consciência ser espírito e terá que regenerar-se. Nascerá com a consciência de ser um espírito ao invés de imaginar-se como um ser humano.

É isso que Krishna chama de sair da roda do sansara ou sair da roda das encarnações. Isto acontece quando o espírito deixa de encarnar num mundo composto por um objetivo específico. Mas, quando isso acontece, ele vai encarnar em outro mundo (ou sentido de encarnações) onde existe outro objetivo.

Isto é o que está sendo dito acima. Mas, Kardec, que compreendeu isso, pergunta: é preciso, então, passar por sofrimentos para poder libertar-se de uma sansara? Ouçam bem a resposta do Espírito da Verdade: ‘quanto menos imperfeições, tanto menos tormentos. Aquele que não é invejoso, nem ciumento, nem avaro, nem ambicioso, não sofrerá as torturas que se originam desses defeitos’.

Vamos dar um exemplo para entendermos o que está sendo dito: roubaram o seu carro. Isso é um motivo de sofrimento? Será se você for avaro, possuidor, individualista, egoísta. Agora, aquele que nem está aí para o carro, não sofre. Ele diz: ‘ah, se Deus roubou esse, eu compro outro ali na frente’. Ele não sofre a perda.

Por isso venho dizendo há muito tempo: o sofrimento não está no acontecimento, mas trata-se de uma reação que cada espírito tem a eles. O ser que se eleva, que abandona o seu individualismo, não vai colher sofrimento numa situação destas, pois viverá no universalismo.

Portanto, quando se fala em sofrimentos da vida, temos que levar em conta que sentir-se sofredor é uma questão de opção, ou melhor, de elevação espiritual. Quem entende que os acontecimentos da vida são provas onde o espírito pode escolher sofrer ou não, não sofre.

Sendo assim, não podemos dizer que as situações da vida são sofredoras. As situações são provas onde o espírito pode escolher entre manter-se em paz e vivenciar o amor de Deus ou escolher sofrer. Pode manter-se na felicidade, na harmonia e na paz ou se perder no individualismo e gerar o sofrimento.

Participante: A alma não está para sempre ligada a essa Terra obscura. Depois de ter adquirido as qualidades necessárias a deixa e vai para mundos mais elevados. Percorre os cantos do espaço semeado de esferas e de sois.

Isso é verdade, mas depende do grau de elevação de cada ser. O espírito não vai onde não se sinta bem. Ele só frequenta lugares onde estejam os seus iguais.

Participante: As condições dos espíritos na vida de além túmulo, sua elevação e sua felicidade, dependem da respectiva faculdade de sentir e de perceber que é sempre proporcional ao seu grau evolutivo.

Perfeito. Só tenho uma consideração a fazer: não é só no além túmulo; na vida carnal também.

A sua faculdade de ser feliz e a sua percepção, ou seja, o que você acha que está acontecendo depende só de você, não do acontecimento. Portanto, não é só na vida fora da carne: na vida carnal você também tem essa faculdade.

Aliás, o espírito é o mesmo sempre, estando na carne ou fora dela. Alma, espírito é uma diferença só de palavras. Não existe diferença de status espiritual entre um espírito e uma alma...

Encerramento de Palestra

Filhos, o que precisamos levar de muito forte do que falamos hoje é exatamente isso: entender que a vida material não existe pela sua história, pelo que você está vendo ou achando. Ela é criada, formatada, formada pelo tripé espiritual: provas, expiações e missões.

Todos os acontecimentos da vida nada mais são do que uma prova para se realizar através da vivência das expiações e oportunidades de missões a serem cumpridas para a obra geral. Isso parece muito simples quando estudamos aqui, mas na hora do acontecimento esta compreensão precisa estar, vamos dizer assim, à frente do raciocínio de vocês.

Foi isso que estudamos ao ver o Espírito da Verdade dizendo que é necessário que vença você mesmo. É necessário que vença tudo aquilo que está achando que está acontecendo. É necessário, voltando ao exemplo que dei, que a mulher que tenha sido abandonada vença tudo aquilo que acha do marido, da situação, que acha que está acontecendo. Aquela pessoa que imagina ter sido passada para trás precisa vencer todo o seu individualismo ferido que lhe leva a vivenciar uma realidade que não é a Verdade do Universo.

Este é o ensinamento mais profundo que vocês podem obter nessa vida. Todo resto é, vamos dizer assim, curiosidade besta. Todo resto é simplesmente ciência.

Lembre-se: você, o espírito, não precisa mais de ciência porque não está mais na época de adquiri-la. Você está na época de provar a si mesmo a sua fé e ela não se adquire através de conhecimentos científicos.

Você só prova a si mesmo que tem fé não cedendo às tentações. Só prova que a tem vencendo a si mesmo.

Essa é à base do ensinamento de Cristo, Krishna e Buda e, portanto, não poderia deixar de ser também do Espírito da Verdade. Tudo o que está escrito neste livro se tornará cultura se você não aprender que o que é a vida, o que é a realidade dos acontecimentos da vida e se não entender como a agir durante ela.

O conhecimento que surge dos ensinamentos deste livro, se não alcançada a consciência da necessidade da alteração da compreensão sobre a vida, só ocupará espaço dentro de você. Além do mais, todo este conhecimento será jogado fora, como já disse, quando acabar a encarnação.

Então veja: querer descobrir um conhecimento científico, seja na ciência espiritual ou na material, é perda de tempo. É simplesmente maya, ilusão.

Buscar aprender sem praticar é viver uma ilusão onde você diz que está se dedicando a Deus, mas na verdade ainda está preso ao individualismo do ego. Sem colocar em prática, ou seja, alterar sua forma de vivenciar os acontecimentos da vida, o que conversamos aqui, não terá feito o que nasceu para fazer.

Já falei sobre isso: você será como o aluno terrestre que ao findar um ano letivo, ao invés de ir para uma nova série aprender novas coisas, preferirá permanecer na mesma série, estudando tudo o que já sabe. Sim, tudo o que está aqui você, o espírito já sabe e mais: vivencia tudo isso. Por isso, não precisa vir à carne para aprender.

Eu disse outro dia numa palestra que realizei para um grupo que estuda ciência espiritual: as pessoas estão aqui estudando como se projetar sem corpo, mas vocês são espíritos e, portanto, já sabem fazer isso. Parem de estudar cientificamente o mundo espiritual e aprendam a praticar o amor, porque isso, uma vez que estão encarnados no mundo de provas e expiações, não sabem perfeitamente.

Os espíritos encarnados perdem a encarnação, a oportunidade de vivenciar as suas provas, de vivenciar suas missões e suas expiações dentro do sentido delas, aprendendo o que já sabem.

Têm outros que estudam mágicas. Estudam fazer objetos mágicos (mandalas, pós, etc.). Para que? Acreditam que podem influenciar no seu próprio destino ou no dos outros, mas estes elementos não vão conseguir acrescentar ou retirar prova nenhuma a si ou a outro espírito. Isso porque, como ainda vamos ver, cada espírito pede sua prova antes de nascer.

Então, é isso que precisamos entender: não adianta ficarmos estudando ciência espiritual sem levar este conhecimento à prática do dia a dia. Estudar ciência espiritual a cada encarnação é ficar estudando a mesma coisa a vida inteira. Quem faz isso, não realiza nunca as suas provas e, por isso, jamais liberta-se do sansara.

O que é necessário não é saber culturalmente o que vimos, mas entender para que você acordou hoje de manhã, porque está vivo. Sem compreender bem o sentido da vida, não vai conseguir entrar nunca no processo de elevação. Posso até dizer que se não fizer isso, não viverá, pois viver, espiritualmente falando, é aproveitar cada situação para fazer suas provas, suas missões e passando por suas expiações.

Esse, como já disse, é o mais forte ensinamento que qualquer um pode dar para vocês. Ensinar a cantar ponto ou mantra nada resolve para a sua existência eterna. Tudo isso é ilusão, pois a única Verdade, a única Realidade é o que todos os mestres ensinaram: você precisa praticar o amor universal.

Até admito que conhecer algumas Verdades Universais pode lhe ajudar, facilitar, mas se não encarar de frente cada situação e colocar nela a Realidade (tudo são provas, missões e expiações), de nada adiantam os mantras, os pontos, as mandalas, os pós ou a capacidade de projetar no mundo espiritual. De nada adiantam as regras que você cumpriu, as orações fez.

Este, vamos dizer assim, é o balanço de hoje. Espero que tenha conseguido transmitir alguma coisa para vocês e tenha lhes ajudado a aprender a viver. Sim, o que tenho tentado fazer é lhes ajudar a aprender a viver, porque o grande mal do espírito é não saber viver a vida carnal dentro do sentido universal que ela tem.

Participante: Acredito que o véu de maya estava muito grande e escuro, por isso não estava vendo direito. Verdades estão sendo detonadas uma a uma. Obrigado pela sua ajuda.

Participante: Muito bom... Sua ajuda tem sido inestimável.

Não é minha ajuda. Eu sou só instrumento. Agradeçam a Deus. Aliás, agradeçam a vocês mesmos.

Colocando em prática tudo o que vimos hoje, temos que dizer que se não fosse prova de vocês estarem aqui ouvindo, não estariam. Portanto, agradeçam a vocês mesmos.

Agora, se estão todos felizes por terem recebido esses ensinamentos, vou acabar com a felicidade de vocês. A partir de agora não podem mais alegar ignorância, desconhecimento. Vocês não podem mais sair da carne e dizer: ‘ah, eu não sabia que era isso’.

Então, filhos, mais do que agradecer – e sinceramente me comovo, não com o agradecimento, mas com o amor que está embutido nele – é hora de colocar mãos à obra. É o que disse: acabou a época de adquirir ciência; chegou a hora da sabedoria, ou seja, colocar toda a cultura em prática.

Sendo assim, posso dizer que vocês estão agradecendo pelo, vamos dizer assim, problema que arrumei na vida de vocês.

Participante: Sem dúvida, nos tornamos cada vez mais responsáveis, Graças a Deus.

Vou dizer uma coisa: se você se tornou responsável, eu não sei. Cada um usa seu livre arbítrio e vai se tornar responsável ou não.

Agora, que a responsabilidade foi dada, isso com certeza.

Revelações da revelação - Livro II

A alma

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Pergunta 134
Pergunta 135
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Pergunta 136
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Pergunta 143
Pergunta 144
Pergunta 145
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Pergunta 146a

0134 - Que é a alma? Um Espírito encarnado.

134a - Que era a alma antes de se unir ao corpo? Espírito.

134b - As almas e os Espíritos são, portanto, idênticos, a mesma coisa? Sim, as almas não são senão os Espíritos. Antes de se unir ao corpo, a alma é um dos seres inteligentes que povoam o mundo invisível, os quais temporariamente revestem um invólucro carnal para se purificarem e esclarecerem.

Para melhor compreensão do tema alma” temos que analisar estas três questões em conjunto.

Quando se estuda as três questões em conjunto pode se verificar que o que é chamado em O Livro dos Espíritos de alma é o próprio espírito. Alma é simplesmente um nome que se dá ao espírito quando ele está encarnado.

Não há distinção entre espírito e alma. A alma não é uma e outra pessoa, não é uma individualidade diferente do ser universal. Ela é o próprio espírito vivendo agregado a uma carne.

Isso precisa ficar bem claro, pois se separamos a alma do espírito, como se fossem duas individualidades diferentes, criamos um novo personagem, um novo elemento no universo: o ser humano. Mas, o ser humano não existe: ele é o espírito vivendo numa condição especial. Ele é o próprio espírito que está vivendo uma condição especial que é chamada de condição humana.

O que é a condição humana que o espírito vive? É o fato de estar com a sua consciência e faculdades espirituais não acessíveis. Elas estão encobertas por aquilo que se convencionou chamar de véu do esquecimento. Apesar disso acontecer, posso afirmar que ele possui a consciência espiritual, o conhecimento espiritual. Estes conhecimentos estão presentes, mas não estão acessíveis.

Portanto, alma e espírito são a mesma coisa.

Isso é importante de se conhecer para que não criemos uma coisa chamada ser humano, que não existe. Não existe um ser humano e sim um espírito que está vivendo uma condição humana.

Eu gosto muito quando eu vou a centro espírita e ouço as pessoas dizerem assim: o meu espírito. Seu espírito? Então quem é você? ‘Ah, eu sou o ser humano e existe o meu espírito’.

Não existe, não: você é o espírito.

135. Há no homem alguma outra coisa além da alma e do corpo? Há o laço que liga a alma ao corpo.

Existe um laço que liga você à carne. Esse laço é o próprio perispírito. Ele é que serve de união entre o espírito e a matéria.

Ele, como já vimos, é idêntico ao corpo, só que é feito de matéria em densidade menor que esse corpo.

Participante: Quando você fala que o espírito desencarna e não percebe que isto aconteceu, como fica a rotina do dia a dia material que esse ser tinha e que não existe mais? Isso não o deixaria perceber que alguma coisa mudou nele?

Quem lhe disse que não existe a rotina do dia a dia para o espírito que desencarna?

O espírito desencarnado e sem a sua consciência espiritual dorme na cama dele ao lado da sua mulher. Acorda de manhã, plasma o café da manhã, come aquele plasma, pega o carro ou o ônibus plasmado e vai para o trabalho. Senta na sua cadeira frente à sua mesa e plasma o serviço para fazer.

Ele cumpre a mesma rotina, inclusive vai ao banheiro.

Participante: Ele chega a plasmar a conversa também?

Também. Eu ia chegar aí.

Ele conversa, assim como vocês conversam mentalmente com outra pessoa que não está presente, ou seja, plasmando pensamentos de falas suas e do outro.

Participante: É mais ou menos o que acontece no filme Sexto Sentido?

Isso.

Participante: Ele projeta outras pessoas?

Não, ele não projeta outras pessoas: plasma conversas. É diferente.

Participante: Nós não falamos, mas ele conversa conosco.

Isso mesmo.

Ele não tem consciência que morreu porque vive a mesma vida que estava vivendo enquanto estava na carne.

Participante: É até difícil para se compreender.

Sim, mas isso acontece porque vocês acham que sabem tudo. Saibam não saber e saberão de tudo.

Mas, não sei por que estão espantados com o que disse. Vocês acreditam que tudo que veem é realidade, que aquilo que estão vendo existe, mas não é bem assim: as coisas que participam do seu dia a dia não existem: são plasmados por vocês.

Participante: Na verdade, nos diálogos que este ser vivencia as pessoas não respondem a ele e sim ele que cria as respostas?

Isso: ele cria respostas dos outros na sua mente, assim como você que está vivo também cria diálogos fictícios onde outros lhe responde.

Agora: isso não permanece assim por toda eternidade. Quando o espírito adquire o merecimento os outros não mais respondem, ou seja, ele não consegue mais criar a resposta. Aí ele começa a observar que os outros não mais interagem com ele e a consciência desperta. Até lá ele plasmará tudo.

Participante: E com relação às pessoas que desencarnaram e nós dizemos que estão presente?

Podem estar presente de duas formas: inconscientemente, que é o caso daquele que não sabe que desencarnou, e conscientemente. Neste último caso, o espírito está ali consciente de que desencarnou, mas permanece para ajudar os que estão encarnados.

Participante: Será que estou vivo?

Só existe uma diferença entre vivo e morto: a respiração. O espírito quando está desencarnado não respira.

Portanto, pergunto: você está respirando? Se sim, está vivo.

Agora vou lhe dizer uma coisa: você tem consciência da sua respiração? Não. Então, realmente não sabe se está vivo ou morto.

Ter consciência da respiração é um ponto chave para encarnação. É por isso que uma das bases do budismo se consiste em atingir a respiração consciente. Você precisa ter consciência de que está respirando para saber que está vivo.

Participante: Se o espírito plasma o que vive depois do desencarne, ele pode plasmar tudo o que quiser? Por exemplo, ele pode plasmar o que lhe dá prazer?

Estamos nos esquecendo que Deus é Causa Primária de todas as coisas. Sendo assim, tudo que é plasmado pelo espírito será criado por Deus.

   

135a - De que natureza é esse laço? Semi-material, isto é, de natureza intermédia entre o Espírito e o corpo. É preciso que seja assim para que os dois se possam comunicar um com o outro. Por meio desse laço é que o Espírito atua sobre a matéria e reciprocamente.

Já falamos sobre isso em outro momento.

COMENTÁRIO DE KARDEC

O homem é, portanto, formado de três partes essenciais:

1º - o corpo ou ser material, análogo ao dos animais e animado pelo mesmo princípio vital/

2º - a alma, Espírito encarnado que tem no corpo a sua habitação;

3º - o princípio intermediário, ou perispírito, substância semi material que serve de primeiro envoltório ao Espírito e liga a alma ao corpo. Tais, num fruto, o germem, o perisperma e a casca.

136. A alma independe do princípio vital? O corpo não é mais do que envoltório, repetimo-lo constantemente.

Que você não é o corpo e nem precisa dele para existir, isso já vimos.

Portanto, quando o Espírito da Verdade afirma que o corpo é apenas o envoltório do espírito aqui, quer mais uma vez deixar bem claro que você não é o corpo.

Você é a inteligência que habita o corpo.

136a. Pode o corpo existir sem a alma? Pode; entretanto, desde que cessa a vida do corpo, a alma o abandona. Antes do nascimento, ainda não há união definitiva entre a alma e o corpo; enquanto que, depois dessa união se haver estabelecido, a morte do corpo rompe os laços que o prendem à alma e esta o abandona. A vida orgânica pode animar um corpo sem alma, mas a alma não pode habitar um corpo privado de vida orgânica.

Existem diversas informações nesta resposta.

Uma delas: se o corpo não tiver mais vida o espírito não pode estar ligado a ele. Mas, o que é vida? É se mexer, ter animação. Sendo assim, o corpo em decomposição é um corpo vivo, pois ele está tendo uma atividade.

Estou falando desta forma porque o Espírito da Verdade na sua resposta fala que quando não houver mais vida no corpo o espírito tem que sair e, por causa da visão de vocês sobre estar vivo (tendo animação externa), podem pensar que o espírito precisa abandonar o corpo quando extinguir-se esta última condição (movimentação externa). Mas, o corpo em decomposição é um corpo vivo porque tem atividade. Então, o espírito pode estar unido a um corpo em decomposição.

Saibam que muitos espíritos vão para a sepultura ligados ao seu corpo e lá o veem decompor-se. Isso é, vamos dizer assim, parte do carmas.

Essa é a primeira informação que está na resposta do Espírito da Verdade. Segunda: antes do nascimento não há ligação do espírito com a matéria.

Se isto é verdade, aquelas historinhas que são usadas para atacar o aborto onde o bebê espiritualmente pergunta por que estão mexendo na mão dele mão, são apenas histórias. Isto porque o espírito não está ligado ao corpo.

O espírito quando a massa carnal ainda está no útero materno ainda não tem acesso às sensibilidades pelo corpo. Como pode, então, sentir que estão mexendo na sua mão?

O espírito nesse estágio de evolução da massa carnal ainda está de posse de toda a sua consciência espiritual e, por isso, não tem acesso às percepções criadas pelo ego humano.

Terceira informação desta resposta: a união se dá depois do nascimento. Repare que o Espírito da Verdade não fala que isso acontece no momento do nascimento, mas só depois.

Na verdade, a união definitiva só ocorre quando a criança faz um ano aproximadamente. É nesta altura da vida carnal que o espírito assume completamente o controle do corpo e aí começa não ter mais acesso à sua consciência espiritual.

Quarta informação: O corpo pode viver sem espírito.

Isso só é possível se houver um impulso energético que o faça funcionar. Mas, esse não será um corpo intelectualizado. Não será um corpo capaz de raciocinar, não será um corpo capaz de se mexer.

Essas são as quatro informações dessa resposta.

Participante: Quando eu me separei do meu marido estava grávida de sete para oito meses. Fiquei muito deprimida e emagreci muito – em uma semana emagreci quatro quilos. Então, fui numa casa espírita em busca de ajuda. O que me foi falado é que o meu filho estava definhando dentro da barriga porque estava sentindo a minha rejeição. Realmente eu estava rejeitando, porque se não estivesse grávida naquele momento seria mais fácil reconquistar meu marido. Então, me foi recomendado mudar o sentimento. Foi-me dito que devia acariciar a barriga e projetar amor para que essa criança fosse para frente até o nascimento. Eu realmente comecei a mudar e ele graças a Deus nasceu bem, forte. Aliás, foi o filho meu que nasceu mais forte. Como o senhor explica este acontecimento frente o que acabou de falar (o espírito ainda não está ligado à matéria). Para onde foi esse sentimento?

Para o espírito. Ele está desligado da matéria, mas pode perceber as coisas espirituais como o sentimento enviado por outro espírito.

Na verdade o sentimento não influencia matéria, mas sim espírito. Quando você projetou amor atingiu o espírito. Nada teve a ver com a matéria.

Participante: Ele recebeu este sentimento através do corpo?

Não, ele não estava ligado ao corpo. Ele não tinha sensibilidade pelo corpo físico que estava dentro da sua barriga. O espírito capta o sentimento não através da matéria, mas através do Universo quando não está ligado a um corpo físico.

Participante: E o que esse sentimento tem a ver com o desenvolvimento da matéria?

Nada. Não tem nada a ver com matéria.

Aliás, o que estava definhando não era a matéria, mas o espírito.

Participante: Não entendi. Como que o espírito estava definhando antes de nascer?

Sentimentalmente.

O definhar do espírito é sentimental. Ou seja, ele perde a graça da existência, perde felicidade de vida. Ele perde essas coisas.

Não está se falando de matéria. Você é que pensou que o definhar era a carne, mas não era a carne que estava definhando, mas sim o espírito. Portanto, tudo que falou que aconteceu é real, só que está se falando no campo espiritual, não no material.

Na verdade, o que precisa ficar bem claro é que o espírito na barriga da mãe não tem sensibilidades nas mãos, não tem a capacidade de cheirar, ouvir ou ver. Isto porque o espírito não está ligado àquela matéria. Ele vê com os olhos espirituais, não com o olho da matéria. Ele sente com o perispírito e não é com o corpo material.

Participante: Ele fica colado ao corpo da mãe?

Não, ele não fica colado: fica junto. Ele não está dentro da barriga: está do lado de fora da mãe.

O espírito fica junto ao corpo materno adormecido, ou seja, com a sua consciência adormecida. Mas, apesar disso, o inconsciente funciona.

Participante: Fora onde?

Onde é fora do corpo?

Participante: Qualquer lugar...

Sim, ele está em qualquer lugar. Em cima, embaixo, do lado, embaixo dos pés: isso não tem diferença.

Participante: Esse sentimento do espírito é transferido para o corpo que irá nascer?

Não: é de espírito para espírito. O corpo não tem nada a ver com isso.

Participante: Mas, no meu caso da rejeição, ele pode guardar isso no inconsciente e depois vir à tona enquanto estiver encarnado?

Sim, mas no espírito.

Repito: este processo não tem nada a ver com a carne. No caso presente, o inconsciente que estou falando é a inteligência do espírito e não da mente. Sendo assim, o sentimento de ter sido rejeitado está ligado nele espírito. Na verdade, o que ele guarda é o sentimento de rejeição e não o ato de rejeitar.

Mas, não se preocupe com isso: ele só vai guardar qualquer coisa se tal lembrança for necessária para suas provas, ou seja, para o seu carma. Se não for, ele não guardará nada.

Participante: Insisto na pergunta: o sentimento recebido pelo espírito poderia ter sido transferido para o corpo definhando-o?

Não.

Participante: Isso não é possível?

Não.

Quem constrói o corpo?

O corpo não é feito pelo corpo. O corpo do bebê não é feito pelo corpo da mãe. Se acreditássemos nisso, teríamos que dizer que o corpo da mãe é inteligente, pois saberia criar um outro corpo. Se tivesse esta capacidade, seria Deus.

Lembrem-se do que já vimos: o seu corpo não é capaz nem de movimentar-se; é o espírito que cria o movimento através do fluído cósmico universal. Como, então, poderia criar a movimentação de construção de outro corpo sem a ação dos espíritos?

A formação do corpo do bebê é trabalhada externamente por espíritos desencarnados. Quem está construindo o corpo do feto dentro da barriga são os espíritos fora da carne. São plêiades de espíritos que trabalham criando, formando e formatando a matéria.

Então veja. O espírito que irá encarnar não pode mandar na formação do corpo com o qual ele vai nascer. Isso porque já há uma descrição prévia deste corpo de acordo com as provas e missões que serão vivenciadas por aquele espírito.

Participante: O corpo do bebê dentro da barriga, então, não tem o perispírito? O perispírito pertence ao espírito que ainda está fora. É isso?

Perfeito.

Participante: O espírito que está para encarnar sente o aborto, mesmo que seja só no campo sentimental?

Não, ele não sente o aborto: sente o sentimento de rejeição da mãe.

Ele não percebe o aborto, ou seja, a raspagem, mas sim o sentimento que a mãe está nutrindo naquele momento. Isto porque os atos físicos estão acontecendo no corpo e não no espírito e o ser universal só se liga ao corpo, ou seja, tem percepções físicas, depois do nascimento.

Sendo assim, posso afirmar que ele não sente o aborto material: sente o sentimento que levou a mãe ao aborto. São coisas completamente diferentes. Por isso, ao invés de dizer que ‘estão mexendo na minha mãozinha’, as mensagens espirituais deveriam dizer: ‘estão mexendo no meu coração, estão me rejeitando sentimentalmente’.

Agora, uma coisa precisa ficar bem clara: só quem sente isso é o espírito que tem como prova se abortado. Ele vem com a vicissitude de ser abortado, mas não quer ser. Isso acontece com espíritos que estão em provas, pois aquele que tem a consciência de que precisa ser abortado está apenas em missão e não em provas.

Sendo assim, os personagens destas mensagens que defendem o não aborto, que a humanidade acha que são anjos puros, são espíritos querendo fugir da sua própria prova. Este ser veio para ser abortado, faz parte do carma dele e está renegando esse acontecimento na existência dele.

Na verdade, não existe um aborto, mas sim uma vicissitude que gera uma provação para o espírito. Isto está certo?

Para entendermos isso pergunto: quem faz o aborto? Quem é o médico que realiza esta intervenção?

Participante: É Deus.

Sim, é Deus, a Causa Primária de todas as coisas.

Quem pode ser abortado? Quem precisa e merece ser abortado.

A partir destas constatações é preciso que entendamos uma coisa: quando falamos mal do aborto, estamos utilizando um sentimento material e não espiritual. Isso porque estamos defendendo a preservação da vida carnal.

O espírito não quer permanecer vivo. Ele está doido para sair da matéria, para voltar à sua condição espiritual. Só o ser humano que quer preservar essa vida.

Mas, de nada adianta apenas saber de tudo isso. Como já dissemos, é preciso, a partir destes conhecimentos, mudar a forma de raciocinar.

A matéria não pode gerar matéria: isso deve nos levar a entender que não é a mãe que está fazendo o filho. O espírito não constrói o seu corpo porque ele não está ligado ao corpo: isso quer dizer que não são as reações químicas e biológicas que estão conferindo uma carga genética àquele corpo, mas sim que os espíritos fora da carne que constroem o corpo. Isso quer dizer que o corpo não será construído por acaso, mas de acordo com o planejamento universal daquela encarnação, pois os espíritos trabalhadores não seguem os seus desejos, mas guiam-se pelas ordens que vem de Deus, Causa Primária de todas as coisas...

 Participante: Existem relatos onde espíritos abortados sentem até dor pela expulsão forçada. Isso é real?

Sim, existem espíritos que sentem esta dor. Mas, quem sente esta dor? Aquele que está desgostoso com o que está acontecendo, ou seja, que não está realizando a sua provação com amor universal.

Apesar de ter respondido sim, deixe-me deixar uma coisa bem clara: a dor não é no corpo, mas sim no espírito. Não existe dor no corpo físico, quer seja no feto ou no corpo adulto. A dor é formada pelo espírito dentro do espírito. É uma sensação que o ser vivencia.

Sendo assim, mesmo que não estivessem mexendo naquela carne, este espírito poderia sentir dor.

Participante: Quando o cordão de prata começa a se conectar entre o espírito e o corpo do bebê?

Depois do nascimento...

Na verdade, não há uma época certa para isso acontecer, mas só ocorrerá depois do nascimento.

Participante: Quando o espírito passa pelo processo de ameaça de aborto, mas acaba nascendo, podemos dizer que esse processo já é uma prova para ele?

Sim, claro.

O aborto é uma prova; o quase aborto é uma prova; a rejeição é uma prova. Tudo é prova. Cada acontecimento da vida de uma alma, de um ser humanizado, ou do ser espiritualizado, de um espírito, faz parte da oportunidade de progresso espiritual dele, sempre.

Um conselho: joguem fora tudo que sabem cientificamente. Se não fizerem isso, não vão conseguir entender o que digo. Isso porque quando falo em matéria, não estou me referindo a matéria como vocês conhecem, mas sim do fluído universal.

Se tudo é fluido universal, como já estudamos, vamos, então, falar de fluido universal. Não vamos falar de corpo, de carne, de matéria, de células.

136b. Que seria o nosso corpo, se não tivesse alma? Simples massa de carne sem inteligência, tudo o que quiserdes, exceto um homem.

Cocô.

Na verdade a carne sem o espírito é nada. É matéria, elemento do Universo: só isso. Não é um ser inteligente, não é um homem.

É por isso que eu digo: façam churrasco da carne do homem quando ele morrer. Assim, pelo menos vocês aproveitam a carne.

137. Um Espírito pode encarnar a um tempo em dois corpos diferentes? Não, o Espírito é indivisível e não pode animar simultaneamente dois seres distintos.

Só existe um espírito para cada corpo. Vou mais longe: só existe um corpo para cada espírito.

A partir disso, posso dizer com relação a processos obsessivos: nenhum espírito pode ocupar o seu corpo. O obsessor pode dominar o espírito e comandar o corpo através dele, mas não comandar o corpo diretamente. Ele pode fazer o espírito fazer o que ele quer, mas não dizer: esse corpo agora é meu, sai daqui.

 Da mesma forma, no trabalho espiritual através de incorporação também não se ocupa o corpo. O espírito se liga no corpo de fora dele, não o ocupa.

Participante: Como dois espíritos podem juntar seus perispíritos em um corpo xifópagos? Por exemplo: um corpo com dois tórax e uma única pélvis?

Mas, quem disse que os perispíritos estão juntos?

Participante: Porque existem órgãos comuns.

Repito: mas quem disse que os perispíritos estão juntos? São dois perispíritos.

Em um corpo xifópago os perispíritos ficam independentes. Eles não se juntam: dois perispíritos estão presentes.

Participante: Levando isso em conta, os chacras, que a gente querendo ou não absorve alguns tipos de sentimentos de energia, estão sujeitos aos mesmos ataques de energias?

Só o chacra que não escolhe o que entra. Os chacras que escolhem o que receber não estão sujeitos ao mesmo ataque.

Participante: Insisto na pergunta: duas pessoas grudadas, que possuem duas cabeças, dois corações, mas um só intestino, têm dois perispíritos ou um só?

Mesmo se os corpos têm um só intestino, existem estômago em dois perispíritos. No entanto, estes dois estômagos perispirituais estão no mesmo lugar...

 Sei que ao dizer que os dois estão no mesmo lugar vou criar confusão, porque para vocês duas coisas que estão no mesmo lugar são uma só. Apesar disso, afirmo: estão no mesmo lugar, mas não há fusão entre eles.

Participante: Levando-se em conta que nós estudamos que o espírito quando assume um corpo humano está preparado para inconscientemente comandá-lo, ou seja, fazer o coração e todos os órgãos internos funcionarem, como fica isso no caso de xifópagos, já que existem dois espíritos e um só corpo para ser comandado?

Simples: os espíritos, antes da encarnação, acertam quem vai mandar em que.

Ao fazer uma pergunta desta, nós nos esquecemos de algo que já vimos: a vida é toda preparada antes do nascimento. Será que vocês imaginam que os espíritos vão esperar chegar à carne para, então, ver o que irão fazer?

138. Que se deve pensar da opinião dos que consideram a alma o princípio da vida material? É uma questão de palavras, com que nada temos. Começai por vos entenderdes mutuamente.

A alma é o espírito na vida humana. Só há vida se houver espírito.

Alma, espírito e outros nomes que se dá ao ser universal são apenas palavras e, por isso, não devemos nos preocupar com isso. O que precisamos entender é que existe um único espírito que passa por determinadas circunstâncias durante a sua existência eterna e uma dessas circunstâncias é a encarnação. Só isso.

139. Alguns Espíritos e, antes deles, alguns filósofos definiram a alma como sendo: “uma centelha anímica emanada do grande Todo”. Por que essa contradição? Não há contradição. Tudo depende das acepções das palavras. Por que não tendes uma palavra para cada coisa?

Kardec fala que o espírito é definido como uma centelha do grande todo. Quem seria o grande todo?

Participante: Deus.

Se Deus é o grande Todo, o que seria uma centelha Dele? O espírito que Ele gera.

Então, a resposta à Kardec deveria ser sim, pois a alma é uma centelha que vem do grande todo, é um espírito que é gerado por Deus.

Mas, o Espírito da Verdade aproveita esta questão para deixar um grande ensinamento: tudo depende das acepções das palavras. Ou seja, os erros que vocês imputam aos outros quando a questão é o universal acontecem porque querem entender as coisas do Universo por palavras.

Palavras não podem descrever o que vocês não conhecem, pois elas possuem significados fundamentados em coisas que conhecem. Como, então, querem entender o que não conhecem através de palavras? Como podem entender o que não conhecem partindo do que conhecem?

É difícil se conhecer o que não conhece a partir do que se conhece, pois o que é conhecido não é desconhecido. Como podem conhecer coisas novas se não largam conceitos pré-concebidos (o que é conhecido)?

O que precisamos entender é que para poder se penetrar no mundo dos espíritos não se pode querer comparar este mundo às coisas mundo material. É preciso extrapolar a matéria (o conhecimento material) para poder se compreender alguma coisa do mundo universal.

Um exemplo disso foi o que falei agora a pouco quando disse que os dois perispíritos de espíritos ligados à seres humanos não estão nem em cima ou embaixo: estão juntos. Muitos, que acham que podem compreender as coisas espirituais porque possuem conhecimentos materiais, perguntariam: como pode ser isso? Eu teria que responder apenas: sendo. Não poderia, como não pude, entrar em mais detalhes porque vocês não possuem conhecimento para compreender isso.

COMENTÁRIO DE KARDEC

O vocábulo alma se emprega para exprimir coisas muito diferentes. Uns chamam alma ao princípio da vida e, nesta acepção, se pode com acerto dizer, figuradamente, que a alma é uma centelha anímica emanada do grande Todo. Estas últimas palavras indicam a fonte universal do princípio vital de que cada ser absorve uma porção e que, após a morte, volta à massa donde saiu. Essa ideia de nenhum modo exclui a de um ser moral, distinto, independente da matéria e que conserva a sua individualidade. A esse ser, igualmente, se dá o nome de alma e nesta acepção é que se pode dizer que a alma é um Espírito encarnado. Dando da alma definições diversas, os Espíritos falaram de acordo com o modo porque aplicavam a palavra e com as ideias terrenas de que ainda estavam mais ou menos imbuídos. Isso resulta da deficiência de linguagem humana, que não dispõe de uma palavra para cada ideia, donde uma imensidade de equívocos e discussões. Eis por que os Espíritos superiores nos dizem que primeiro nos entendamos acerca das palavras.

140. Que se deve pensar da teoria da alma subdividida em tantas partes quantos são os músculos e presidindo assim a cada uma das funções do corpo? Ainda isto depende do sentido que se empreste à palavra alma. Se se entende por alma o fluido vital, essa teoria tem razão de ser; se se entende por alma o Espírito encarnado, é errônea. Já dissemos que o Espírito é indivisível. Ele imprime movimento aos órgãos, servindo-se do fluido intermediário, sem que para isso se divida.

A resposta está bem clara: o espírito é um só. Ele, vamos dizer assim, é o comandante do corpo como um todo.

 

140a. Entretanto, alguns Espíritos deram essa definição. Os Espíritos ignorantes podem tomar o efeito pela causa.

O efeito ao qual o Espírito da Verdade se refere é o fazer.

Se um espírito faz o braço se movimentar, os ignorantes acreditam que exista um espírito do braço. Mas, não existe um espírito para o braço ou para a perna: existe apenas um comandante do corpo como um todo.

Portanto, é um só espírito que faz todas as coisas acontecerem no corpo.

141. Há alguma coisa de verdadeiro na opinião dos que pretendem que a alma é exterior ao corpo e o circunvolve?

Na verdade a pergunta de Kardec quer dizer: a alma, que está fora do corpo, o envolve?

A alma não se acha encerrada no corpo, qual pássaro numa gaiola.

Veja que grande informação: a alma não está encerrada no corpo como passarinho na gaiola. A partir disso posso afirmar: encarnar não é habitar um corpo, estar preso dentro do corpo, mas sim estar ligado a um.

O espírito não está necessariamente preso ao corpo, dentro dele: está ligado a ele. Isso é muito importante entendermos, pois a partir do momento que isso for consciente, nós, espíritos podemos até atravessar uma parede. Hoje não conseguimos atravessar uma parede porque queremos levar o corpo junto.

Mas, a resposta a esta questão tem ainda outras partes. Vamos vê-las.

A alma se Irradia e se manifesta exteriormente, como a luz através de um globo de vidro, ou como o som em torno de um centro de sonoridade. Neste sentido se pode dizer que ela é exterior, sem que por isso constitua o envoltório do corpo. A alma tem dois invólucros. Um, sutil e leve é o primeiro, ao qual chamas perispírito, outro, grosseiro, material e pesado, o corpo. A alma é o centro de todos os envoltórios, como o germem em um núcleo, já o temos dito.

O corpo físico vem depois do perispírito.

O perispírito é o primeiro corpo. Por isso posso afirmar, que mesmo encarnado, o corpo do espírito é o perispírito. Sendo assim, o que vocês chamam de corpo (o humano), nada mais é do que uma roupa que se coloca em cima do perispírito, como aliás já havia falado.

Isso precisa ficar bem claro, porque vocês dizem que são a mão, a cara, os braços, mas estas coisas não são nem o seu corpo, que dirá você mesmo. São apenas elementos de uma roupa.

 

142. Que dizeis dessa outra teoria segundo a qual a alma, numa criança, se vai completando a cada período da vida? O Espírito é uno e está todo na criança, como no adulto. Os órgãos, ou instrumentos das manifestações da alma, é que se desenvolvem e completam. Ainda aí tomam o efeito pela causa.

O espírito é um só e, quando encarna, já está, espiritualmente falando, pronto. Ele não se forma ao longo da encarnação.

Por isso, posso dizer que a criança humana é um espírito velho. Não é um espírito novo, recém-nascido, mas um velho que vem de diversas encarnações.

143. Por que todos os Espíritos não definem do mesmo modo a alma? Os Espíritos não se acham todos esclarecidos igualmente sobre estes assuntos. Há Espíritos de inteligência ainda limitada, que não compreendem as coisa abstratas. São como as crianças entre vós. Também há Espíritos pseudo-sábios, que fazem alarde de palavras, para se imporem, ainda como sucede entre vós. Depois, os próprios Espíritos esclarecidos podem exprimir-se em termos diferentes, cujo valor, entretanto, é, substancialmente, o mesmo, sobretudo quando se trata de coisas que a vossa linguagem se mostra impotente para traduzir com clareza. Recorrem então a figuras, a comparações, que tomais como realidade.

Esta é uma pergunta muito interessante de Kardec.

Anteriormente estudamos neste mesmo livro que através da informação trazidas pelos espíritos Deus repassa conhecimento para o planeta. Agora, o Espírito da Verdade afirma: diversos espíritos falam coisas diferentes, ensinam verdades diferentes. Como, então, saber qual a mensagem é verdadeira?

Na verdade não existe ninguém falando nada diferente. O que existe são interpretações diferentes para uma só mensagem. No fundo todos falam a mesma coisa, mas cada um que recebe a mensagem a interpreta do jeito que quer.

Portanto, para podermos compreender bem esta questão da multiplicidade de informações, precisamos compreender o que é interpretar. O que é interpretar um texto?

Participante: Entender um texto.

Sim, interpretar um texto é alcançar um entendimento sobre ele. Mas, a interpretação de um texto é feito a partir do que? A partir do que se entende o texto? Não. Eu diria que a interpretação de um texto é feita a partir das verdades que você coloca no raciocínio enquanto lê o texto.

Vou dar um exemplo para entendermos melhor o que quero dizer. Se você é racista, por exemplo, e lê um texto que ataca os negros, vai dizer que é um texto ótimo. Que ele é formado de verdades. Agora, se não é racista, não vai achar aquele texto verdadeiro.

A partir desta simples visão, posso dizer que todas as interpretações são formadas a partir de verdades pré-existentes. Ou seja, a sua compreensão sobre qualquer texto é formada a partir do que você já acredita e não do que quem escreveu acreditava. É o que você acha sobre o assunto que servirá como base para a formação de uma interpretação.

Vamos mais longe neste assunto. Digamos que você vai a uma palestra em um centro espírita onde o palestrante está falando a respeito de ensinamentos contidos em O Livro dos Espíritos. Será que o que ele está falando é o que Kardec compreendia quando escreveu este livro? Não, ele está passando uma interpretação dele, ou seja, verdades que surgiram quando ele leu O Livro dos Espíritos e o interpretou segundo suas crenças anteriores. Não é mais o que Kardec escreveu, mas o que ele achou a partir do que Kardec escreveu.

Se isso é verdade, pergunto: quem nós devemos ouvir? Se cada um repassa apenas a sua compreensão sobre o tema, a quem nós devemos ouvir? Àquele que utiliza como base para a interpretação as verdades ensinadas pelos mestres...

Vou dar um exemplo. Cristo ensina que não se deve amealhar bens na Terra. Isso é uma verdade trazida por um mestre que deve estar presente na interpretação de qualquer ensinamento que você receba.

Agora digamos que você ouça alguém citar uma passagem de um livro cristão dizendo que ela afirma que o ser humano deve desejar possuir bens terrestres. Esta informação é verdadeira? Não.

Trata-se apenas de uma interpretação feita a partir de valores individuais daquele espírito encarnado e não o que Cristo quis dizer. Isso porque aquele ser humanizado ao interpretar tal passagem não utilizou as verdades de Cristo, mas as suas próprias: o seu achar que possuir elementos materiais é certo.

Então veja: é necessário na hora que ouvimos uma opinião avaliá-la a partir das verdades trazidas pelos mestres. Isso porque eles vieram em nome de Deus, vieram trazer a verdade de Deus.

Esta é, vamos dizer assim, a base para interpretar qualquer ensinamento religioso. É por isso que Cristo diz assim: quem fala em meu nome não pode ser contra mim. Ou seja, quem utiliza as bases da verdade que Cristo trouxe, só pode estar falando o que ele trouxe.

Quando alguém utiliza como base do que está falando o que ele acha, o que sabe, não está falando em nome de Cristo, mas em seu próprio nome. Ele está passando uma interpretação pessoal sobre o assunto e não uma verdade trazida por um mestre.

É isso que precisamos entender quando nos deparamos com diversas interpretações sobre um assunto: qual a interpretação se apega ao ensinamento do mestre, ao total ensinamento do mestre? É isso que temos que estar sempre preocupado em perceber.

144. Que se deve entender por alma do mundo? O princípio universal da vida e da inteligência, do qual nascem as individualidades. Mas, os que se servem dessa expressão não se compreendem, as mais das vezes, uns aos outros. O termo alma é tão elástico que cada um o interpreta ao sabor de suas fantasias. Também a Terra hão atribuído uma alma. Por alma da Terra se deve entender o conjunto dos Espíritos abnegados, que dirigem para o bem as vossas ações, quando os escutais, e que, de certo modo, são os lugares-tenente de Deus com relação ao vosso planeta.

Existe na verdade uma, vamos dizer assim, alma do planeta. Ela é constituída pelo somatório dos espíritos que encarnam no planeta Terra. Mas, esta alma não existe como uma individualidade, mas sim como um grupo.

Portanto, falar em alma do planeta é apenas um jogo de palavras e, por isso, não vou me prender a isso.

145. Como se explica que tantos filósofos antigos e modernos, durante tão longo tempo, hajam discutido sobre a ciência psicológica e não tenham chegado ao conhecimento da verdade? Esses homens eram precursores da eterna Doutrina Espírita. Prepararam os caminhos. Eram homens e, como tais, se enganaram, tomando suas próprias ideias pela luz. No entanto, mesmo os seus erros servem para realçar a verdade, mostrando o pró e o contra. Demais, entre esses erros se encontram grandes verdades que um estudo comparativo torna apreensíveis.

Sem comentários.

146. A alma tem, no corpo, sede determinada e circunscrita? Não; porém, nos grandes gênios, em todos os que pensam muito, ela reside mais particularmente na cabeça, ao passo que ocupa principalmente o coração naqueles que muito sentem e cujas ações têm todas por objeto a Humanidade.

Deixe-me explicar porque não vou comentar essa pergunta.

Numa pergunta anterior, Kardec questionou se o ser está dentro da carne e o Espírito da Verdade disse que não. Agora Kardec pergunta: em que parte da carne está o espírito? Ora, se já foi dito que ele não está dentro da carne, não está dentro da carne. Só isso.

Esta questão de se pensar de que por ser o princípio inteligente o espírito está no cérebro ou de que por sentir está no coração, é estória. Se o espírito não está dentro da carne, ele não está localizado em nenhum órgão.

146a. Que se deve pensar da opinião dos que situam a alma num centro vital? Quer isso dizer que o Espírito habita de preferência essa parte do vosso organismo, por ser aí o ponto de convergência de todas as sensações. Os que a situam no que consideram o centro da vitalidade, esses a confundem com o fluido ou princípio vital. Pode, todavia, dizer-se que a sede da alma se encontra especialmente nos órgãos que servem para as manifestações intelectuais e morais.

O espírito não está dentro do corpo: isso é definitivo.

Precisamos parar de nos preocuparmos com questões como essa, pois o que realmente importa é a reforma íntima e para realizá-la não é necessário se saber questões tão ínfimas como estas.

Revelações da revelação - Livro II

Materialismo

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Pergunta 147
Pergunta 148
Encerramento de conversa

147. Por que é que os anatomistas, os fisiologistas e, em geral, os que aprofundam a ciência da Natureza, são, com tanta frequência, levados ao materialismo? O fisiologista refere tudo ao que vê. Orgulho dos homens, que julgam saber tudo e não admitem haja coisa alguma que lhes esteja acima do entendimento. A própria ciência que cultivam os enche de presunção. Pensam que a Natureza nada lhes pode conservar oculto.

Ser materialista já pressupõe que se considera a matéria, as coisas materiais, como a única realidade. Sendo assim, quase todos que mexem muito com parte material acreditam que essa parte é a realidade completa. Estes são os materialistas.

Já os espiritualistas são aqueles que sabem que o que conhecem materialmente é apenas uma parte de uma realidade muito maior que eles desconhecem. Por isso, eles não se fixam nas leis materiais para dizer se as coisas estão certas ou erradas.

Os espiritualistas, por exemplo, não creditam que a vida é o resultado de combinações químicas. Por isso não afirmam que são elas que formam o bebê dentro do útero materno. Mas, também não afirmam que não: eles apenas sabem que existem muitas coisas acontecendo por trás das ações materiais que ele desconhece.

É isso que precisamos compreender. Enquanto estivermos presos à realidade material, enquanto acharmos que o que vemos, o que sentimos ou o que pegamos é o que existe, seremos eternamente materialistas. Isso porque continuaremos dependente das nossas percepções e com isso não veremos o mundo acontecendo além dos nossos sentidos.

Espiritualista materialista: isso é uma coisa muito mais normal do que se pensa. As pessoas estudam o espiritismo, o hinduísmo, o budismo ou qualquer outra doutrinas, mas só acreditam no que elas acham, veem, pegam, mesmo que seja através de qualquer processo mediúnico.

Aliás, até um dos discípulos de Cristo foi um espiritualista materialista: Tomé.. Ele precisou botar o dedo nos buracos no corpo de Cristo para acreditar que era ele.

Somos ‘Tomés’ ainda exigindo confirmação material para as coisas espirituais ou submetendo a verdade espiritual a avanços e conhecimentos científicos. Se a ciência humana não comprovar uma informação dada por um espírito, o espiritualista materialista não acredita.

148. Não é de lastimar que o materialismo seja uma consequência de estudos que deveriam, contrariamente, mostrar ao homem a superioridade da inteligência que governa o mundo? Deve-se daí concluir que são perigosos? Não é exato que o materialismo seja uma consequência desses estudos. O homem é que deles tira uma consequência falsa, pela razão de lhe ser dado abusar de tudo, mesmo das melhores coisas. Acresce que o nada os amedronta mais do que eles quereriam que parecesse, e os espíritos fortes, quase sempre, são antes fanfarrões do que bravos. Na sua maioria, só são materialistas porque não têm com que encher o vazio do abismo que diante deles se abre. Mostrai-lhes uma âncora da salvação e a ela se agarrarão pressurosamente.

Vou responder a esta pergunta colocando uma coisa que vai servir para nossa avaliação final de hoje. Filhos, por favor, pelo amor de Deus, compreendam de vez uma coisa: o seu problema não está fora de você. A sua dificuldade e o seu sofrimento não estão fora de você. Tudo está na maneira como você se relaciona com as coisas.

Sendo assim, não podemos dizer que a ciência humana é a culpada do materialismo: o culpado é o homem que utiliza a ciência humana como poder. Da mesma forma, o culpado do seu problema não é a pessoa que está fazendo alguma coisa, mas sim você, que está reagindo desta forma ao que aquela pessoa está fazendo.

Nós precisamos parar com isso. Precisamos deixar de sair como uma metralhadora acusando o mundo inteiro de estar errado. O mundo está certo, está perfeito. O mundo é governado por Deus, a Inteligência Suprema, por isso jamais poderá ser imperfeito.

Nós, os espíritos, recebemos do Pai o livre arbítrio de interpretar o que Ele faz do jeito que quisermos. Somos nós que interpretamos o que Deus está fazendo de uma forma sofredora, de uma forma problemática. Somos nós que precisamos mudar e não o mundo, porque ele está perfeito.

Nós precisamos mudar a nossa forma de nos relacionarmos com o mundo. Precisamos, por exemplo, estudar para médico e exercer a medicina, mas devemos saber que existe um Deus por trás da atividade médica. Precisamos compreender que nós não somos deuses e que por isso não somos capazes de dar a vida ou uma morte para alguém.

Na hora que vocês estudarem a medicina subserviente a Deus utilizam este instrumento da encarnação de uma forma positiva, mas enquanto praticarem a medicina achando que são deuses, que são os senhores da vida e da morte, vão se utilizar deste instrumento de uma forma negativa.

O negativismo ao qual me refiro não é para os outros, mas para você mesmo. Só quem vai perder com essa forma de proceder é você mesmo. Tenha a certeza que Deus não o deixaria tirar a vida de quem não precisava ou merecia a perder.

Portanto, precisamos entender que todos os problemas do mundo se resumem na sua forma de ver a coisa. No seu jeito de ver as coisas. Na verdade, tudo surge no seu querer as coisas: quando o mundo não lhe dá, você sofre. De nada adianta desejar as coisas, pois quando o mundo não as der, com certeza você sofrerá.

 O ser feliz se resume na forma como você se relaciona com esse mundo. Enquanto não mudar sua forma de se relacionar, ou seja, retirar desta relação, desta interação com as coisas, todas as suas verdades (paixões) e desejos e utilizar a Realidade (é Deus agindo, Deus fazendo da forma perfeita) o seu mundo jamais mudará.

Vocês estão esperando uma grande comitiva cair do céu para resolver sua vida? Desculpe, mas isso não vai acontecer. Milhares de espíritos estão na Terra diariamente, mas eles não vêm resolver sua vida. Só quem pode resolvê-la é você mesmo.

Mas, para resolvê-la, ou seja, ser feliz é preciso compreender que não podem continuar vivendo com as mesmas perspectivas: resolvê-la do jeito que você quer que ela se resolva. Isso é impossível.

Você tem que resolvê-la vivendo-a do jeito que está, sem se contrapor a isso. Sem lutar contra isso. Sem querer que ela fosse diferente. Este é o segredo da vida, o segredo da felicidade que vocês buscam a milhares de anos e não conseguem.

Não conseguem por quê? Porque ainda estão querendo mudar o mundo para ser feliz, quando na realidade precisam mudar a forma de viver, mudar a forma de se relacionar com o mundo.

Se houvesse algo que eu pudesse pedir a Deus em favor de vocês seria isso: que pudessem entender que o mundo está perfeito e que é preciso se mudar frente ao mundo. Se conseguirem aprender isso, nada mais haveria para ser aprendido.

Você pode pegar todo o resto que já leu ou ouviu a respeito de espiritualidade e jogar fora. Poderia pegar todos os outros livros ditos sagrados – não só O Livro dos Espíritos, mas a Bíblia, o Bhagavad Gita, os sutas de Buda – e jogar fora. Isto porque tudo que está escrito nestes livros é simplesmente a forma de se praticar isso, a forma de viver a vida dentro da Realidade, a forma como não aceitar o que a mente fala.

COMENTÁRIO DE KARDEC

Há um comentário de Allan Kardec à esta resposta que deixamos de transcrever por ser muito longa.

Revelações da revelação - Livro II

A alma após a morte

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Pergunta 149
Pergunta 150
Pergunta 150a
Pergunta 150b
Pergunta 151
Pergunta 152
Pergunta 153
Pergunta 153a

149. Que sucede à alma no instante da morte? Volta a ser Espírito, este é, volve ao mundo dos Espíritos, donde se apartara momentaneamente.

Como já dissemos, se a alma volta a ser espírito depois da encarnação e também o era antes, ela sempre foi e será o espírito.

Não há diferença entre alma e espírito. Alma seria apenas, vamos dizer assim, um nome para o espírito encarnado: nada mais que isso.

Esta informação é importante porque na presente resposta há uma frase que, se levada ao pé da letra, pode gerar uma má interpretação. Está dito que ‘a alma volta ao mundo dos espíritos’. Isto, se interpretado friamente nos levaria a compreender que o mundo dos espíritos é alguma coisa separada do mundo material.

Acontece que o termo voltar está mal usado nesta questão. Ele não significa sair de um lugar e ir para outro, já que voltar ao mundo dos espíritos é retornar à consciência espiritual.

Participante: Outra coisa estranha nesta resposta é que ela afirma que ele volta a ser espírito. Quer dizer que ele não era quando estava encarnado?

Realmente fica estranho, não? O espírito, enquanto em provações, deixa de ser o princípio inteligente do Universo e depois volta a sê-lo? Não faz sentido, não é mesmo?

Veja. Para Kardec existe uma distinção entre espírito e homem e entre mundo material e espiritual. Mas, isso não é real.

Isso foi deduzido a partir deste ensinamento. Mas, esta dedução não é real: não existe distinção entre os espíritos encarnados ou não e nem entre os mundos. Aliás, esta compreensão já deveria ter sido abolida, pois a literatura pós Kardec (literatura espírita) mostra um mundo invisível que coexiste junto com o material.

Não há um mundo dos espíritos e um material; não há um espírito e uma alma. O que existe na verdade são dois elementos no Universo (o espírito e a matéria) que estão em todos os lugares que você pode imaginar.

Esta é a primeira coisa que queria dizer. A segunda: a matéria é sempre a mesma, pois a coisa material, o objeto da Terra, é formada da coisa espiritual, da matéria espiritual.

Sendo assim, não podemos fazer distinção entre estas coisas, se não vamos ter que jogar tudo o que estudamos deste livro até agora fora.

Participante: Ao comentar deste jeito, o senhor está mudando o sentido do livro. Não seria apenas uma interpretação sua

Na realidade a versão que você conhece não foi criada por Kardec, o autor do livro, mas sim uma interpretação de outrem. Então, o que você conhece também é uma interpretação.

Acontece que interpretar este ensinamento desta forma, altera todas as informações que até agora foram passadas. Por quê? Porque está escrito antes: existe um átomo universal, um elemento que compõe os objetos terrestres e esse elemento é espiritual.

A mesa é composta de elementos espirituais e, por isso, é espiritual e não material. Sendo espiritual ela tem que estar no mundo espiritual e não material. Portanto, o mundo onde a mesa está é espiritual e o mundo onde ela existe apenas como matéria universal também.

Na verdade tudo é uma questão de interpretação que fizeram, mas a interpretação que vocês conhecem (que existem dois mundos distintos) torna-se falha na hora que buscar as informações que até agora foram estudadas neste livro. Ela não encontra respaldo na totalidade dos ensinamentos.

Participante: Então quer dizer que tudo foi criado por um ser espiritual é espiritual? Seria isso?

Não criado: formado. Tudo que é formado pelo elemento espiritual é espiritual.

A menor partícula das matérias conhecidas no planeta Terra é o átomo. Por este motivo, poderíamos dizer que materiais seriam todas as coisas que fossem formadas por átomos. Acontece que o átomo não é um elemento primário: ele é formado por um elemento espiritual, por um elemento que não está em densidade do planeta terra.

Se esse elemento não está na densidade do planeta Terra, não é terrestre. Se não é deste planeta, só pode ser espiritual. Sendo espiritual, só existe um mundo – o espiritual – onde existem matérias formadas por um só elemento, mas em densidades diferentes.

Essa mesa, por exemplo, para você faz parte do mundo material. Ela é uma coisa do mundo material. Mas, se a dividirmos até alcançar a sua menor partícula, teremos que entender que ela é espiritual, que está no mundo espiritual, pois chegaremos a um elemento do mundo espiritual.

Portanto, esta mesa é espiritual e está no mundo espiritual, mas existe numa densidade que vocês chamam de material.

Participante: O que o senhor chama de matéria espiritual?

Aquela que está fora da densidade do mundo material que vocês vivem.

Na verdade, o que foi chamado de mundo material é o lugar onde existe a matéria espiritual numa densidade que vocês conseguem perceber e de mundo espiritual aquele onde a matéria existe em densidades não perceptíveis pelo espírito encarnado.

Participante: Existe o mundo espiritual mais denso?

E o menos denso, mas tudo é mundo espiritual e não material e espiritual: é isso que estou dizendo...

Participante: E porque não chamar esse mundo espiritual mais denso de material? É somente um nome.

Certo, chame como quiser, mas compreenda que não há um mundo separado do outro.

Estou fazendo a distinção entre as coisas porque a densidade do mundo material não lhe confere uma individualidade diferente da do espiritual. Isso é muito importante compreender.

Não há um mundo material distinto do espiritual: eles se entrelaçam, coexistem... É isso que eu estou querendo mostrar.

Foi por isso que disse: a mesa está no mundo material, mas como é feita de elementos espirituais, é espiritual. Ou seja, o mundo espiritual e o material existem entrelaçados e não como elementos distintos. É isso que quero deixar bem claro.

150. A alma, após a morte, conserva a sua individualidade? Sim; jamais a perde. Que seria ela, se não a conservasse?

O que é uma individualidade?

Participante: É uma consciência.

Uma consciência o que?

Participante: Única.

Exatamente.

Cada espírito no Universo é único. Não existem dois seres iguais. Isso precisa ficar bem claro: não existem dois espíritos iguais.

Agora, pergunto: se os mestres nos ensinam que todos os espíritos são filhos de Deus, criados de uma forma igual, eles não teriam que ser idênticos? E sendo idênticos, não teriam que ser iguais? Como podem, então, serem únicos e diferentes entre si?

Todos os espíritos são idênticos, mas, ao mesmo tempo diferentes. Dá para compreender isso? Acho que não. Como eles podem ser idênticos e diferentes ao mesmo tempo? Vou tentar explicar isso.

Todos os espíritos são idênticos em constituição e cultura, mas diferem um do outro porque existe neles o individualismo. Ou seja, eles são iguais, mas tornam-se diferentes de acordo com o grau de individualismo que vivem.

Por causa disso, posso afirmar que você e Cristo têm o mesmo grau de conhecimento – conhecimento universal, não das coisas da matéria – mas, são diferentes por causa do individualismo que nutrem ao vivenciar os acontecimentos de suas vidas.

O cabedal cultural de todo espírito é igual e por isso não gera diferenças entre os seres. Mas, o usar este conhecimento em benefício próprio (querer ganhar, ter prazer, ser famoso, receber elogios), ou seja, o individualismo com o qual se vive o que se sabe, é que diferencia os seres universais.

Vou dar um exemplo. Você, por favor, volite (voar) agora.

Participante: Eu não sei fazer isso...

Claro que sabe. Você é um espírito e todos os seres sabem fazer isso. Portanto, volite agora.

Participante: Não consigo.

Por quê? Porque você tem um grau de individualismo que o levaria, se Deus deixasse acessar essa informação que está nos seus conhecimentos, a utilizar desse processo para o seu bem individual. Buscando para si, certamente feriria outro.

É isso que eu estou dizendo. Todos os espíritos sabem a mesma coisa, mas não conseguem acessar o conhecimento. Por quê? Porque o acesso ao conhecimento depende do grau de individualismo, ou seja, da vontade de satisfazer.

Participante: Mas, uns possuem mais conhecimento do que outros. Isso é fácil de constatar.

Não é que um saiba mais que outro: uns conseguem acessar mais informação.

Lembre-se: todos são iguais e por isso sabem a mesma coisa. Todos os espíritos passaram pela mesma escola, estudaram nas mesmas salas, tiveram os mesmos professores.

Então veja: todo espírito tem uma individualidade e ela é um reconhecimento de quem é ele. Esta individualidade, ou seja, este acesso à cultura que existe na memória nenhum espírito pega.

150a. Como comprova a alma a sua individualidade, uma vez que não tem mais corpo material? Continua a ter um fluido que lhe é próprio, haurido na atmosfera do seu planeta, e que guarda a aparência de sua última encarnação: seu perispírito.

Participante: Aqui se trata a individualidade como forma física.

Isso porque neste trabalho ainda se estava muito preso ao mundo material.

Por este motivo, nesta questão se fala da individualidade a nível de forma, mas nós já superarmos isso. Estamos buscando a individualidade além da forma.

Mas, por que estamos buscando além da forma física? Porque se nos prendermos à forma física como característica da individualidade, encontraremos muitas contradições. Senão vejamos.

Já foi dito em O Livro dos Espíritos que o ser quando encarna toma um corpo de acordo com o mundo que ele vai viver. Sendo assim, se este ser sair deste planeta e for morar em Marte terá que tomar um corpo do mundo marciano. Para tomar este corpo, como também já vimos, ele teria que alterar o seu perispírito. Ou seja, teria que alterar a sua forma espiritual.

Isso quer dizer que ele, o espírito, mudará sua individualidade? Não. A individualidade espírito continua a mesma indiferente do corpo material ou perispiritual que ele veste.

150b. A alma nada leva consigo deste mundo? Nada, a não ser a lembrança e o desejo de ir para um mundo melhor, lembrança cheia de doçura ou de amargor, conforme o uso que ela fez da vida. Quanto mais pura for, melhor compreenderá a futilidade do que deixa na Terra.

Falemos da seguinte forma: o espírito não leva nada de matéria para o mundo de densidade menor, mas leva consigo apenas as lembranças dos acontecimentos.

Na verdade, nem as lembranças das histórias dos atos ele leva. Como está dito aqui, leva a lembrança rancorosa, amargosa ou a feliz do acontecimento. Leva apenas a lembrança do sentimento que sentiu em cada momento e não da história que aconteceu.

Participante: É como se ao nascer nos esquecemos tudo, e quando morremos esquecemos novamente?

Não, o espírito não chega a se esquecer das coisas do mundo humano quando retorna ao espiritual.

Enquanto estiver preso à identidade criada para a encarnação, o ser se lembrará da história da sua vida. Mas, depois que se liberta daquela identidade, não mais precisa se lembrar da história que marcou a existência dela.

Ele lembra-se do sentimento que sentiu em cada momento, em cada lugar, em cada situação, ou seja, do conjunto de sentimentos com os quais viveu a vida. Isso porque são estes que influenciam a elevação espiritual.

Este ensinamento é muito importante para nos ajudar a despossuir as coisas: nada daqui lhe acompanha na eternidade espiritual.

Você não vai levar essa mesa, mas sim a relação sentimental que tem com ela. Você não vai levar seu filho, mas sim a relação sentimental que tem com ele. Mantendo durante a encarnação uma relação sentimental com ele fundamentada na posse, levará a lembrança de ter possuído, ou seja, sairá dessa vida sentindo posse.

Cristo nos ensinou que devemos despossuir as coisas, mas para aprender a viver desta forma, não temos que aprender a praticar atos com as pessoas ou com as coisas. Devemos aprender a despossuir sentimentalmente.

Despossuir o seu papel de mãe não é apenas não ligar para a hora que seu filho chega em casa, mas viver com ele de uma forma não maternal. Ao invés de vivermos uma relação fundamentada no sentimento maternal, devemos ter com ele – e com todas as coisas – uma relação fundamentada no amor universal. Quando vivermos os relacionamentos desta vida fundamentados no amor universal, ao sairmos da carne só levaremos este sentimento.

 Sendo assim, posso dizer que o que precisamos despossuir não é a coisa em si, mas realizar um trabalho sentimental de mudar qualquer sentimento que se nutra por qualquer objeto ou pessoa para o amor universal. Ou seja, nós temos que deixar de sofrer ou ter prazer nos relacionamentos com os outros. Temos que nos relacionar com felicidade plena com todos e com tudo.

‘Ah, minha televisão quebrou. Ah, o meu carro bateu. Oba, passei no concurso’. Estes são exemplos de relacionamentos da vida onde o sofrer ou ter o prazer existem. Eles são comuns para os seres humanizados, mas aquele que busca a Deus sabe que precisa ir além deles e alcançar a felicidade plena, que não se abate ou orgulha com o que está acontecendo.

Mas, uma coisa precisa ficar bem clara: estou falando individualmente com cada um. O buscador sabe que os outros têm outros sentimentos, mas para não relacionar-se com eles preso à possessão, não quer ensiná-lo. Ele não se preocupa em julgar os outros ou em querer mudá-los, pois sabe que a felicidade universal não é alcançada por aqueles que se dizem mestres ou professores da lei.

Portanto, julgue você e tente se mudar, mas não queira tornar-se um juiz do mundo para poder ao sair da carne levar consigo apenas o amor universal.

151. Que pensar da opinião dos que dizem que após a morte a alma retorna ao todo universal? O conjunto dos Espíritos não forma um todo? Não constitui um mundo completo? Quando estás numa assembleia, és parte integrante dela; mas, não obstante, conservas sempre a tua individualidade.

Alguns dizem que o espírito quando sai da carne volta ao todo universal. Isso é uma verdade, mas tal fato não acarreta uma perda de individualidade. Ou seja, o espírito volta ao todo universal mantendo a sua individualidade.

É o exemplo que o Espírito da Verdade dá: quando uma pessoa está num grupo, é ela mesma, mas vive em função do grupo. Ela passa a ter o mesmo ideal do grupo, abandonando momentaneamente seus próprios ideais. Aprende a conviver com todos fazendo do grupo uma individualidade, sem deixar de ser um.

Isso é importante entendermos, pois o espírito jamais vai perder a sua individualidade. Agora, é preciso que entenda que esta individualidade tem que ser como uma peça de um quebra-cabeça, ou seja, que apenas quando se junta à sua comunidade a sua individualidade passa a ter um sentido, vai continuar individualista, egoísta.

Todos nós somos uma peça de um grupo universal. Sei que hoje não nos vemos assim. Imaginamos que não precisamos nos juntar a nada nem ninguém para ser alguma coisa. Mas, isso não é realidade. Para realmente sermos alguma coisa, precisamos nos unir a tudo que existe, isto é, universalizar-se.

Enquanto estivermos presos à ideia de sermos uma individualidade completa e independente continuaremos sendo individualista, egoísta. Apenas quando nos integramos ao grupo universal, mantendo a individualidade, mas abandonando o individualismo, poderemos realmente descobrir o que somos e o papel que representamos no Universo.

Sendo assim, o trabalho conhecido como reforma íntima que leva à elevação espiritual não se trata de anular a sua individualidade, mas mudar a forma de ação da individualidade. Ou seja, ao invés de viver o que a individualidade vive com o individualismo (viver a partir do eu e para o eu), viver com o universalismo (privilegiar o bem comum).

Devemos, portanto, ser individualidades que trabalham para o todo, ao invés de trabalhar para nós mesmos.

Só que a resposta do Espírito da Verdade nesta questão não foi completa. Ele não respondeu sobre a questão do espírito retornar ao todo. Não fez isso, porque o espírito quando sai da carne não volta ao todo universal. Por quê? Ele já está.

Se o mundo material, como já vimos, não é um separado do espiritual, ou seja, é apenas uma condição de vida especial, mas que não altera a essência do ser (ser espírito), posso dizer que os encarnados já fazem parte do todo universal.

Você já é uma peça do universo, você já faz parte do todo universal. Não precisa sair da carne para se transformar, para integrar-se ao Universo. Você já está integrado ao Todo.

Isso também é importante compreendermos, pois se não ficamos deixando para começar a colocar em prática o universalismo depois do desencarne. Como se só depois fossemos nos unir ao Universo.

Você já está unido ao Universo; já é um elemento deste grupo. Mesmo agora, durante a vida carnal que está vivenciando, você já é um elemento do Universo. Não é preciso morrer para isso.

Por isso é que Cristo disse que o trabalho é em vida e não depois da morte. Ele disse isso quando respondeu a Nicodemos que não se trata de reencarnar, mas de renascer.

Renascer durante a própria vida: esse é o trabalho da reforma íntima.

Isso é importante conhecer, pois tem muita gente que deixa este trabalho para depois que morrer. Agem assim porque acham que só vão se integrar ao todo universal depois que houver a morte carnal. Mas, não sabem que o espírito leva o que conquista durante a encarnação.

Portanto, ao mesmo tempo em que a resposta do Espírito da Verdade é verdadeira, também é uma visão que separa o mundo material do universal o que, segundo outras respostas dele mesmo, não é real.

Participante: Quando isso que o senhor ensinou (sentir-se parte do Todo) será realidade para nós humanos?

Quando houver a integração cósmica do planeta Terra, o que até hoje não aconteceu.

O homem já foi a lua, já mandou foguetes que saíram bem longe do que ele conhece, mas ainda não se integrou ao cosmos. Ele ainda não se considera um elemento do Universo. Acha que o que existe no universo é extra ele. Não é: todos somos farinha do mesmo saco, somos membros do mesmo grupo.

Não existem extra terrestres ou terrestres: o que existe são seres do universo, da comunidade espiritual universal.

Os terráqueos vivem presos em si mesmo, por isso não se consideram integrantes do Todo. Acham que o Universo é, vamos dizer assim, o rabo do planeta Terra, uma continuação deste, algo que precisa seguir o outro.

Acham que o Universo pertence ao planeta Terra e que por isso precisa se adaptar às regras, normas e costumes que existem aqui. Ainda não entenderam que o planeta Terra é apenas um dos elementos do Universo e que por isso precisa pertencer a esta assembleia, ao invés de querer dirigi-la.

152. Que prova podemos ter da individualidade da alma depois da morte? Não tendes essa prova nas comunicações que recebeis? Se não fôsseis cegos, veríeis; se não fôsseis surdos, ouviríeis; pois que muito amiúde uma voz vos fala, reveladora da existência de um ser que está fora de vós.

Ainda a respeito de individualidade, deixe-me dizer uma coisa: não vamos confundir individualidade do espírito com a individualidade de uma encarnação. Estou dizendo isso porque esta resposta pode nos levar a entender que podemos reconhecer o espírito que viveu determinada vida. Vou dar um exemplo do que estou dizendo para ficar mais claro.

Na época que o Irmão X começou a passar mensagens, os seres humanos foram buscar detalhes dos textos deste mentor espiritual quando encarnado, para ver se o que agora era trazido realmente era escrita do mesmo ser humano que tinha desencarnado. Ou seja, quiseram pegar uma identidade ou individualidade espiritual e comprovar suas palavras comparando com as da individualidade de uma encarnação.

Isso é fantasia. O espírito vive diversas encarnações e em cada uma delas, ou seja, em cada identidade, ele cria uma individualidade diferente.

Ontem um espírito pode ter vivido uma individualidade que era homem, que tinha alto grau de cultura, que possuía determinados pensamentos sobre as coisas. Hoje pode viver uma personalidade completamente diferente. Ou seja, as características da individualidade compõem apenas uma identidade para viver uma vida carnal na Terra.

Amanhã, quando este ser voltar (reencarnar), pode vir com uma identidade completamente diferente. Este ser humano possuirá a mesma individualidade (espírito) do outro, mas terá uma individualidade (personalidade) completamente diferente.

Então veja: quando se fala que o espírito tem uma individualidade fora da carne, não se pode querer comprovar esta existência através da individualidade com o qual ele viveu determinada encarnação.

Outro exemplo? O meu.

Eu não sou preto, não sou velho, não sou Joaquim e nem falo deste jeito. Querer encontrar-me buscando uma individualidade que tenha sido escravo em determinado lugar, é pura perda de tempo.

Aliás, querer buscar um espírito por características conhecidas de uma das suas encarnações ou apresentações por vidência, é besteira. O espírito pode assumir diversas características que nada tenham a ver com suas encarnações na hora que quiser.

Desculpem, falei algo errado: na hora que quiser não; na hora que for necessário.

Eu já vi, por exemplo, espíritos incorporarem para um trabalho usando o nome de um sambista já morto e os médiuns pedirem para ele cantar um samba para comprovar que era ele mesmo.

153. Em que sentido se deve entender a vida eterna? A vida do Espírito é que é eterna; a do corpo é transitória e passageira. Quando o corpo morre, a alma retoma a vida eterna.

A vida do espírito é eterna: esta informação é antiga e acredito que é tratada por vocês como certa, não?

A partir disso, pergunto: quanto tempo dura a eternidade?

Participante: Sempre, o tempo inteiro...

Mas, se levarmos em consideração a ideia de que a individualidade do espírito se altera quando ele encarna, teríamos que dizer que esta resposta está errada.

Sim, a resposta estaria errada, pois se a vida do espírito acaba para começar a vida do ser humano e recomeça quando esta acaba, ela não é eterna, não dura para sempre, o tempo inteiro.

Só que o que está sendo dito pelo Espírito da Verdade nesta resposta é completamente diferente disso. Ele diz: a vida do espírito é eterna.

O que isso deve nos levar a entender? Que a vida na carne faz parte da vida do espírito. Por isso volto a afirmar: não existe alma, como concebida por algumas correntes filosóficas.

Não existe o fim da vida espiritual e o início de uma vida diferente (material). O que existe é a mesma existência eterna sendo vivenciada dentro e fora da carne.

Sendo assim, tudo que se aplica ao espírito no mundo que você chama de espiritual, se aplica a você no mundo carnal. Portanto, não existe a separação que você quer que exista.

‘Minha hora de trabalho material é sagrada e o meu afazer profissional não tem nada a ver com os meus momentos de espiritualização’. Este é o pensamento de quem separa o mundo em dois. Mas, quem faz isso quebra a vida do espírito em diversos fragmentos: neste momento sou homem, aqui sou espírito, agora volto a ser homem.

A vida do espírito é uma só, eternamente. Por isso deve se viver todos os acontecimentos da existência na carne ou fora dela como espírito, preocupados com as coisas espirituais.

153a. Não seria mais exato chamar vida eterna à dos Espíritos puros, dos que, tendo atingido a perfeição, não estão sujeitos a sofrer mais prova alguma? Essa é antes a felicidade eterna. Mas, isto constitui uma questão de palavras. Chamai as coisas como quiserdes, contanto que vos entendais.

Fale o que quiser, divida como dividir, mas compreenda: não há duas vidas. Existe uma única vida que é vivenciada o tempo inteiro pelo espírito.

Revelações da revelação - Livro II

Separação da alma e do corpo

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Pergunta 154
Pergunta 155
Pergunta 155a
Pergunta 156
Pergunta 157
Encerramento de conversa
Pergunta 158
Pergunta 159
Pergunta 160
Pergunta 161
Pergunta 162

154. É dolorosa a separação da alma e do corpo? Não; o corpo quase sempre sofre mais durante a vida do que no momento da morte; a alma nenhuma parte toma nisso. Os sofrimentos que algumas vezes se experimentam no instante da morte são um gozo para o Espírito, que vê chegar o termo do seu exílio.

Participante: Ele não vê chegar o termo do seu exílio porque não têm essa consciência?

O espírito aí está com “e” maiúsculo, não está?

Participante: Está.

O termo espírito quando apresentado com “e” maiúsculo nesse livro quer dizer o ser com consciência espiritual. Trata-se, portanto do espírito já livre da matéria.

É o espírito que já alcançou a elevação, que já fez a reforma. O outro, aquele que ainda está preso à prova e expiações, é chamado aqui de alma.

Participante: Já fez a reforma ou já tinha encarnado?

Aquele que fez a reforma numa encarnação.

Para este, segundo o que afirma o Espírito da Verdade não há dor no momento da morte.

Participante: O senhor está falando o espírito desumanizado?

Sim, estou falando do espírito desumanizado, daquele que vive na vida carnal com a consciência espiritual. Para este não há dor.

A partir desta informação, temos, então, a comprovação de algo que já dissemos: a dor não nasce no corpo, mas sim no espírito. Por isso esta resposta: o espírito que já tem a consciência espiritual, ou seja, goza da sua libertação da carne, não sente dor.

É isso que Krishna quer dizer com quando fala com Arjuna e diz que nada pode cortá-lo ou queimá-lo. Sim, nada disso pode acontecer ao espírito quando de posse de sua consciência espiritual, pois se não está mais preso às percepções do corpo, estas não podem gerar a sensação dor.

Então veja: aquele que está liberto, ou seja, tem a consciência espiritual, não sofre. Já aquele que não está liberto, aquele que acha que é o corpo, sofre na hora do desencarne. Sofre o medo de morrer, o medo do desconhecido, o medo pelo que possa suceder a ele, as dores físicas que ele mesmo criou.

Posso dizer que neste aspecto, como em todos os outros, tudo depende do grau de evolução de cada espírito. Quanto mais humanizado, ou seja, quanto mais se achar sendo o corpo que veste, mais dolorosa será a partida, será o desenlace, o desencarne.

Mas, sentir ou não dor no desencarne não é certo ou errado, pois faz parte da encarnação, ou seja, das provas, expiações e missões dos espíritos. Muitos que ainda não se libertaram da matéria podem, por programação da encarnação, serem, vamos dizer assim, desacordados momentos antes da morte para não sentir a dor.

   

155 - Como se opera a separação da alma e do corpo? Rotos os laços que a retinham, ela se desprende.

Ora, se o Espírito da Verdade fala ‘rotos os laços que a retinham’, isso quer dizer que existem laços que prendem o espírito ao corpo e a separação se dá quando estes são desligados. Isso vem de acordo com que dissemos: o espírito precisa ser desligado do corpo.

Os laços precisam ser cortados. Se não forem, o espírito fica aprisionado ao corpo.

Agora, um detalhe: esse laço não pode ser rompido pelo próprio espírito; é preciso que haja ajuda externa para que isto aconteça. Nenhum espírito pode desligar-se do corpo por que quer, na hora que quiser; precisa ser desligado por auxiliares espirituais.

Os mais curiosos me perguntariam: quanto tempo dura esse desligamento? Não há regra fixa. Como já disse, no mundo espiritual dois mais dois dificilmente dá quatro.

Apenas para não deixar esta questão no ar, diria que o tempo que os espíritas afirmam ser necessário (três dias) é um tempo considerado normal para que os laços sejam rompidos.

Outro detalhe: este tempo pode começar a ser contado antes da morte. Ou seja, o espírito pode começar ser desligado um ou dois dias antes do desencarne.

Participante: Então procede os espíritas pedirem aos que querem ser cremados para esperar? Este tempo seria para o desligamento?

É caso a caso: não se pode generalizar nada quando se fala de mundo espiritual.

Não se deve criar uma lei dizendo que para haver a cremação é necessário aguardar algum tempo ou se estabelecer qualquer período para isso. Para se saber se sim ou se não, teríamos que conhecer o caso, pois é caso a caso e não algo genérico.

Mas, isso é algo com que vocês não devem se preocupar. Por quê? Porque, se por carma um espírito precisar estar ligado ao corpo na hora que ele for ser queimado, estará ligado ao corpo. Não importa se houve ou não espera ou de quanto tempo.

Participante: Mas, quando a gente morre não fica adormecido ao mesmo tempo em que o corpo está sendo cremado?

A mesma resposta que foi dada à questão do tempo: não é regra.

Por carma alguns podem ficar por perto e sentir tudo. Por carma podem ficar por perto e não sentir nada. Por carma podem ser desligados e nem ver a cremação. Cada caso é um caso.

Guardem isso: cada um tem um carma e cada carma tem a sua história própria. Por isso afirmo que qualquer acontecimento da existência encarnada de um ser depende do seu carma e por isso não podem ser criadas leis que definam um acontecimento de forma genérica.

Não queiram generalizar nada. O que serve para um, não serve para outro, pois não há dois espíritos que possuam o mesmo carma. Estou apenas falando que em via de regra isso acontece, mas não há regras fixas pré-estabelecidas sobre nada.

Por isso esta questão de tempo não tem importância. O importante desta resposta que estamos estudando é saber que a sua situação, a sua separação do corpo, será mais dolorosa se estiver preso ao materialismo, se estiver preso ao mundo material. Isso é perfeito, vale sempre: quanto mais ligado estiver ao mundo material, mais dolorosa será a sua partida.

Com isso não estou querendo dizer que o seu desencarne se dará através de uma doença dolorosa. Você pode morrer de unha encravada, mas terá mais dor do que alguém que, tendo a consciência espiritual, morra de câncer ou de qualquer doença degenerativa.

155a. A separação se dá instantaneamente por brusca transição? Haverá alguma linha de demarcação nitidamente traçada entre a vida e a morte? Não; a alma se desprende gradualmente, não se escapa como um pássaro cativo a que se restitua subitamente a liberdade. Aqueles dois estados se tocam e confundem, de sorte que o Espírito se solta pouco a pouco dos laços que o prendiam. Estes laços se desatam não se quebram.

É importante entendermos isso. Vamos falar de uma coisa ainda acima do que simplesmente sair do corpo.

Você perderá a consciência da identidade atual paulatinamente. Não é porque morreu que irá virar espírito, como vocês acreditam. Não é isso.

A pergunta de Kardec é a seguinte: o espírito toma consciência de sua real identidade no exato momento que acabou a vida carnal? Não, é a resposta.

Só que o Espírito da verdade continua. Ele fala dos laços que prendem o espírito. Diz que o espírito se desprende deste laço aos poucos.

Desprende-se do que? Com certeza não é do corpo físico. Como já vimos em outras perguntas, quando o autor espiritual deste livro quer ser bem claro ele é, mas neste caso ele não fala em corpo. Quem faz isso é Kardec.

O Espírito da Verdade fala em dois estados e não em dois corpos. Estes estados são vivo e morto. Portanto, ele não está falando em corpos.

É preciso compreender que não é porque Kardec falou em corpos que o Espírito da Verdade também está falando a mesma coisa. Ele não é claro, não fala diretamente, por isso não se pode afirmar que esteja falando sobre isso na sua resposta. Na verdade são vocês humanos que deduzem que ele está falando de corpo, porque na pergunta havia esta palavra.

O espírito da verdade é muito sutil, mas ele fala em estados do espírito: o estado humano e o espiritual. Com isso o entendimento desta resposta muda: você se depreende gradualmente do estado humano e, paulatinamente, vai alcançando o estado espiritual.

É aquilo que já dissemos: A encarnação não acaba com o desligamento do corpo, porque logo depois deste acontecimento, você entra num processo de retorno gradual a consciência espiritual.

Quem sai da carne imaginando-se o personagem humano só gradualmente volta a consciência espiritual. Só depois do completo desligamento desta consciência humana o espírito volta à sua consciência espiritual.

Por isso é que existem os fantasmas, passeando nos navios, nos aviões. Eles ainda não se desligaram totalmente da consciência humana e, por isso, ainda querem praticar atos humanos.

Participante: Como vamos saber se estamos encarnados ou não?

Só a respiração é diferente.

O espírito fora da carne não respira. Ele pode ter a ilusão que está respirando, mas não respira.

Participante: Nós podemos criar depois de mortos a ilusão que estamos respirando e assim não saberíamos que estamos mortos?

Sinta o ar entrar. Esta percepção o espírito não pode plasmar.

156. A separação definitiva da alma e do corpo pode ocorrer antes da cessação completa da vida orgânica? Na agonia, a alma, algumas vezes, já tem deixado o corpo; nada mais há que a vida orgânica. O homem já não tem consciência de si mesmo; entretanto, ainda lhe resta um sopro de vida orgânica. O corpo é a máquina que o coração põe em movimento. Existe, enquanto o coração faz circular nas veias o sangue, para o que não necessita da alma.

Participante: Existe o quê?

O corpo existe. A vida orgânica existe.

Então, veja: o corpo pode existir sem o espírito. Isso já respondemos em uma outra pergunta lá atrás. Mas, agora, fica bem claro: o espírito pode ser retirado antes do corpo parar de funcionar. Nesse caso, todo o funcionamento do corpo é assumido por espíritos fora da carne.

Vamos dizer assim: você já vai tendo desligado alguns órgãos do corpo físico aos poucos. O estômago já não funciona mais, os rins, o sistema digestivo, etc. Os órgãos que continuam funcionando vão sendo administrados por espíritos fora do corpo que lançarão fluido universal para fazê-los funcionar.

Mas, tudo isso só pode acontecer por carma, por merecimento.

157. No momento da morte, a alma sente, alguma vez, qualquer aspiração ou êxtase que lhe faça entrever o mundo onde vai de novo entrar? Muitas vezes a alma sente que se desfazem os laços que a prendem ao corpo. Emprega então todos os esforços para desfazê-los inteiramente. Já em parte desprendida da matéria, vê o futuro desdobrar-se diante de si e goza, por antecipação, do estado de Espírito.

 

Participante: Como é este esforço na prática?

É negar tudo o que você acha, tudo o que sabe, tudo que quer, tudo que deseja.

Vamos ao comentário da resposta. Para começar, existe algo na resposta que devemos que devemos prestar muita atenção.

O Espírito da Verdade começa dizendo assim: muitas vezes. Isso quer dizer que o que ele está falando não é regra, mas que pode acontecer diversas vezes.

Continuemos na análise da resposta.

Ele diz: muitas vezes a alma sente que se desfazem os laços que a prendem ao corpo. Ou seja, alguns por carma, por merecimento, têm a percepção de que estão se desligando da matéria; outros não. O mentor do espiritismo não está se referindo a todos.

Alguns, por merecimento, por terem alcançado uma evolução espiritual, compreendem o desligamento do corpo e lutam para acabar com o restinho do personagem que sobrou dentro dele. Mas, a maioria não faz isso. A maioria não tem a menor consciência de que está morrendo, de que está passando de uma etapa da existência para outra.

Muitos leem o texto desta resposta e não se dão conta da presença da palavra ‘muitas vezes’ e acabam achando que a resposta do Espírito da Verdade é uma regra. Imaginam que todo espírito quando desencarna antevê a existência espiritual. Não são todos, mas apenas alguns.

Alguns anteveem, não todos. O que preside este conhecimento é o merecimento de cada um. Alguns têm o merecimento de entender o processo pelo qual ele estão passando. É por isso que o Krishna diz: aquele que se guia pela yoga, mesmo que seja no último momento, alcança.

Participante: Ele antevê a sua entrada no mundo espiritual?

Isso, ele antevê este novo mundo, essa nova vida, essa nova forma de existência. Aí ele diz para si mesmo: ‘é agora, chegou a hora, vou colocar em prática tudo correndo’.

Mas, para que um ser tenha essa consciência, é preciso ter gerado esse carma durante a encarnação. Se não tiver gerado, não terá a mínima consciência de que está passando do estado encarnado para o estado desencarnado.

Participante: Existe uma crença que se chama a melhora da morte. O paciente está no hospital, por exemplo, ruim e têm uma melhora surpreendente e depois morre. Isso realmente já aconteceu várias vezes.

Pode ser essa lucidez do mundo melhor que irá viver e com isso começa a se apagar a dor. Pode ser, mas também pode ser muitas outras coisas.

Pode ser uma nova ilusão para aquele que estão apegados a carne, com a finalidade de verificar se ele vai naquele curto espaço mudar a sua forma de viver ou se vai continuar preso à que estava. Vamos dizer assim: uma pessoa muito rabugenta tem essa última chance de se libertar da rabugice e aí não se liberta.

Isso são detalhes de desencarnes. O que precisamos compreender realmente é muito mais do que detalhes. É saber que existem tratamentos diferenciados para o processo morte, de acordo com o merecimento de cada um.

O que importa realmente é não criar regras, mas saber que o momento do seu desencarne será ditado como merecimento da sua existência carnal. Ou seja, ele depende da sua maneira de viver: se vive preso ao materialismo, vai ter um determinado padrão no desencarne; estando liberto, vai ter outro.

Portanto, mais importante do que querer saber o que acontece no desencarne é compreendermos que não há morte e que devemos nos preparar a vida inteira para morrer. Isso pode lhe garantir o desencarne sem traumas.

Aliás, só isso pode lhe garantir um desencarne sem traumas. Enquanto você viver o mundo material de forma diferente do espiritual aguardando chegar a morte para colocar em prática os ensinamentos dos mestres, certamente terá trauma no seu desencarne.

Este trauma é inevitável porque neste caso estará saindo de um lugar e irá para outro, de uma condição e para outra. O choque entre culturas e objetivos de existência é grande e isso causa traumas.

Por isso Cristo nos ensina na primeira logia do Evangelho Tomé: aquele que descobrir o segredo dessas palavras não encontrará a morte. Fomos bem claro quando comentamos este ensinamento: é preciso se compreender que não há morte, mas para alcançar esta compreensão é preciso se entender que não há vida humana independente da espiritual.

Viver a vida humana como independente da espiritual leva à morte, ou seja, a traumas no desencarne. Viver a vida material como extensão da existência espiritual e, portanto, com os mesmos valores, não leva a morte.

Por isso sempre digo: é preciso destruir a separação entre espiritual e material. Compreender o mundo inteiro, a existência como uma coisa só. É preciso viver tanto a encarnação quanto a vida desencarnada num só sentido, de uma só forma, numa só intenção. Quando o espírito alcança isso acaba com a morte. Neste momento, não haverá processos de mudança e com isso não haverá traumas.

Mas, se o espírito viver a vida material, por mais elevado que seja em conhecimentos espirituais, sem os objetivos espirituais, estará criando para si um trauma no momento do desencarne. Isso porque separou a vida espiritual da material.

Isso que é importante compreender. Sem este entendimento os espíritos encarnados ainda ficam presos no querer entender a morte, saber como ela ocorre. Só que a morte não se entende; ninguém conhece com antecedência o seu desencarne individual.

Sabe por que nenhum ser humano entende a morte? Porque a morte é individual. Cada um morre diferente do outro. O processo morte para aqueles que estão presos à matéria faz parte do carma e o carma é individual.

É por isso que até hoje ninguém pode dizer: morrer é isso ou aquilo. A morte é um carma e não um processo genérico para todos os espíritos. Cada um morre de um jeito diferente. É por isso que ninguém consegue descrever a morte.

Muito mais importante do que se preparar para a morte é destruí-la, destruir o processo de distinção entre vidas. Se você tiver um processo morte, ou seja, se acreditar que há outra vida independente desta, certamente viverá um processo morte e com isso sofrerá um trauma, que não será igual ao de nenhum outro espírito, pois a morte é carma individual.

Para acabar com esse processo morte você precisa morrer em vida, destruir a vida. Ou seja, precisa viver a vida material como se espiritual fosse, porque ela já é. Precisa mover-se pelos mesmos modos e objetivos do mundo que você chama fora da carne.

É preciso a vida de uma forma diferente, viver de outro jeito: é isso que quer dizer quem descobriu o segredo dessas palavras não encontrará a morte, que Cristo falou no Evangelho de Tomé. Ou seja, quem descobrir o segredo dessas palavras encontrará uma nova forma de viver que não lhe levará a um processo de morte.

Ficou claro isso? Quando destruímos o mundo material e o espiritual e vivemos as existências de forma única, acaba a morte. Porque, como foi dito, o espírito já vai estar consciente do que está acontecendo.

Portanto, não adianta se ensinar a morrer: é preciso ensinar a viver. É por isso que nós dizemos assim: o Espiritualismo Ecumênico Universal é uma doutrina de vida. Seus ensinamentos precisam ser postos em prática nesta existência.

Apesar disso, tem gente me ouvindo e guardando para colocar em prática o que digo depois de morrer. O problema é que este não vai saber nem que morreu. Como é que vai saber à hora de colocar em prática?

158. O exemplo da lagarta que, primeiro, anda de rastos pela terra, depois se encerra na sua crisálida em estado de morte aparente, para enfim renascer com uma existência brilhante, pode dar-nos ideia da vida terrestre, do túmulo e, finalmente, da nossa nova existência? Uma ideia acanhada. A imagem é boa; todavia, cumpre não seja tomada ao pé da letra, como frequentemente vos sucede.

   

A resposta do Espírito da Verdade fala em ideia acanhada porque Kardec está querendo comparar a lagarta se fechar com a morte física, mas não existe morte neste momento. Ou seja, não existe a necessidade de morte física para um renascimento.

Seria melhor dizer: o espírito se enclausura na vida terrestre para sair dela como um ser mais elevado. Enclausurar é uma coisa; morrer é outra.

Kardec fala especificamente em morte física, pois fala em túmulo.

A clausura não é o túmulo, mas a própria condição humana. O espírito, que é a lagarta da história, se enclausura na personalidade humana e precisa se libertar desta para ganhar asas e evoluir na sua condição espiritual.

159. Que sensação experimenta a alma no momento em que reconhece estar no mundo dos Espíritos? Depende. Se praticasse o mal, impelido pelo desejo de o praticar, no primeiro momento te sentirás envergonhado de o haveres praticado. Com a alma do justo as coisas se passam de modo bem diferente. Ela se sente como que aliviada de grande peso, pois que não teme nenhum olhar perscrutador.

Como já afirmamos que não existe o processo morte, temos que entender que agora estamos falando da percepção de estar em outro mundo e não no momento da morte. O que vamos falar é sobre o momento em que o espírito percebe estar de volta à sua consciência e não em morte física.

Quando durante a encarnação o espírito está em paz consigo mesmo e reconhece que é um ser universal apesar de estar encarnado, vivendo uma vida material, ele, ao perceber que está de volta à sua consciência espiritual, fica feliz. Ele está livre das amarras (verdades, paixões, desejos) materiais e diz a si mesmo: acabou, passou aquilo tudo, graças a Deus.

É o mesmo processo que acontece quando vocês humanos têm um problema muito grande para ser resolvido e conseguem resolvê-lo. Neste momento dizem a si mesmo: ‘ufa, libertei-me daquilo’. É assim.

Agora aquele que tem certeza que não realizou seu trabalho – é o que fala o Espírito da Verdade quando diz fazer o mal pelo desejo do mal – quando alcança a consciência espiritual diz: ‘meu Deus, eu joguei fora uma oportunidade’. É isso que a resposta a esta questão quer dizer.

 Agora, só um detalhe. Quem não se preparou para a continuidade da existência universal, quando retorna à sua consciência espiritual, não vai parar para ficar se culpando. O espírito não se culpa: reconhece o que fez e segue em frente. Ele diz para si mesmo: vou começar tudo de novo; vou tentar outra vez. Aí ele começa a se preparar para uma nova encarnação.

Portanto, vamos buscar transformar a nossa vida material para que ela seja constituída dos mesmos valores da existência espiritual para quando sair da carne poder dizer: graças a Deus, louvado seja o Pai.

160. O Espírito se encontra imediatamente com os que conheceu na Terra e que morreram antes dele? Sim, conforme a afeição que lhes votava e a que eles lhe consagravam.

 

Se você tem uma relação afetuosa com o seu pai no sentido de posse (‘meu pai’), quando sair da carne buscará encontrá-lo. Não tendo essa relação de posse, ou seja, se sabe que aquele espírito que representou o papel de pai não é isso, mas um irmão, não o buscará.

Saiba de uma coisa: as posses que você tem na Terra serão levadas para o mundo espiritual. Por isso, depois da saída da carne vai buscar os objetos da sua posse.

Portanto, se você quer evitar uma relação obsessiva depois do desencarne, é preciso acabar desde já com as paixões. Se você é obcecado pelo seu pai vai querer procurá-lo; sendo obcecado pelo seu filho, vai querer procurá-lo.

Sei que há muitos que imaginam que essa busca é saudável, que é divina, mas, como veremos mais tarde neste mesmo estudo, essas relações são obsessões.

Participante: Aqui está sendo falado de um encontro real e não de uma simples imaginação.

Também estou falando de encontro real.

Mas, para mim, o mais importante não é o encontrar, mas sim que esse encontro só acontece porque há uma busca. Ou seja, você acorda do outro lado e diz: ‘morri; cadê meu pai, que já tinha morrido, cadê minha mãe’?

O importante por agora é compreendermos que existe uma busca com a intenção de encontrar.

 Participante: Tem gente que encontra.

Sim, tem gente que encontra de acordo com a sua afeição, como diz o Espírito da Verdade.

Tendo obsessão pela sua mãe que já morreu, quando sair da carne vai procurá-la e poderá até encontrá-la. Mas, se você não tem essa obsessão, não vai buscá-la porque não precisa a encontrar.

Participante: Mas para se encontrar essa afeição tem que ser recíproca?

Muitas vezes o outro já saiu antes da carne mais elevado e não precisa deste reencontro para ser feliz, mas atende ao chamado por compaixão. Ele vem pela afeição entre espíritos e não pela busca do filho, por exemplo.

Aquele espírito que viveu o papel de mãe não está buscando o filho, apesar de quem viveu o papel de filho estar buscando a mãe.

Participante: O espírito que vem pode até não ter vivido o papel de mãe, não é mesmo?

Sim, pode até nem ter vivido este papel.

Como já dissemos, a identidade material não tem nada a ver com a identidade espiritual. Outros espíritos podem assumir uma identidade material de outros espíritos.

O que precisa ficar claro nesta resposta é: você se relaciona com as pessoas de acordo com a afeição que tem por ela. Tendo uma afeição obsessiva, buscará sempre esta pessoa, esteja onde estiver; não tendo, não precisa buscá-la sempre.

Apenas um detalhe que estamos nos esquecendo: o encontrar depende do carma. Nada pode independer do carma. Portanto, procurar é uma coisa; encontrar ou não é uma questão de merecimento.

Vamos continuar estudando a resposta.

Muitas vezes aqueles seus conhecidos o vêm receber à entrada do mundo dos Espíritos e o ajudam a desligar-se das faixas da matéria. Encontra-se também com muitos dos que conheceu e perdeu de vista durante a sua vida terrena. Vê os que estão na erraticidade, como vê os encarnados e os vai visitar.

Foi o que falamos: todo relacionamento permanece depois do desencarne. Tudo que você sentir pelo próximo durante a vida material permanecerá depois do desencarne...

161. Em caso de morte violenta e acidental, quando os órgãos ainda se não enfraqueceram em consequência da idade ou das moléstias, a separação da alma e a cessação da vida ocorrem simultaneamente? Geralmente assim é; mas, em todos os casos, muito breve é o instante que medeia entre uma e outra.

Prestem atenção. Mais uma vez o Espírito da Verdade começa a resposta da seguinte forma: geralmente é assim.

Você nunca vai ver o Espírito da Verdade dizendo: dois mais dois é igual a quatro. A única exceção é na resposta à pergunta um: Deus é a causa primária de todas as coisas.

Portanto, volto a repetir: ao invés de nos preocuparmos como é a morte, temos que nos preparar para a melhor morte possível. Esta acontece quando saímos da carne com a consciência espiritual.

Ao invés de buscarmos criar normas para a morte, devemos parar de querer saber como ela é. Sobre este assunto, basta apenas entendermos que a morte vai ser de acordo com aquilo que merecermos ter. Só com esta conscientização podemos olvidar esforços para tentar merecer uma morte melhor.

162. Após a decapitação, por exemplo, conserva o homem por alguns instantes a consciência de si mesmo? Não raro a conserva durante alguns minutos, até que a vida orgânica se tenha extinguido completamente. Mas, também, quase sempre a apreensão da morte lhe faz perder aquela consciência antes do momento do suplício

Apenas um comentário à esta resposta; esqueçam os muitas vezes, poucas vezes, etc. Vamos evitar criar regras para nós.

O que acontece logo depois do desencarne já conversamos. Por isso, não adianta ficar discutindo caso a caso para querer saber se a morte desta ou de outra forma é diferente ou não.

Isso é besteira, perda de tempo.

Revelações da revelação - Livro II

Perturbação espiritual

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Pergunta 163
Pergunta 164
Pergunta 165

163. A alma tem consciência de si mesma imediatamente depois de deixar o corpo? Imediatamente não é bem o termo. A alma passa algum tempo em estado de perturbação.

Com esta resposta destruímos um mito: o espírito não tem consciência da sua realidade espiritual imediatamente depois do desencarne. É preciso passar algum tempo. Quanto tempo?

Participante: Pela resposta, algum. Ou seja, indefinido.

Portanto, varia de caso a caso.

O espírito só terá consciência da sua realidade quando eliminar a identidade que vivia. Só quando ele deixar de acreditar que é o ser humano voltará a ter consciência da sua realidade.

Isso nós já tínhamos respondido. Mas, este subcapítulo fala de perturbação. O que É um espírito perturbado?

Participante: Um espírito desarmonizado.

Com o quê?

Participante: Com o Universo, com Deus e ele próprio...

Não, com ele próprio não.

O espírito perturbado é um espírito desarmonizado com o Universo, ou seja, que quer colocar valor nos acontecimentos. Esse é o espírito perturbado. Por que ele está perturbado? Porque não tem Deus à frente de tudo.

O espírito fica perturbado quando sai da carne porque não tem nem mais as certezas da vida carnal e ainda não se relembrou do valor da vida espiritual, que é Deus. Ele não é nada, não é ninguém.

Tudo o que conhecia acabou. O que ele sabia, o que dava como certo, não existe mais. Além disso, não tem nada para colocar no lugar porque não entrou no novo mundo, ainda não entrou na sua nova vida.

Para que um espírito possa viver fora da carne, tem que ter Deus no coração. O espírito que sai da carne apegado aos valores materiais não tem Deus em seu coração e por isso, se perturba quando regressa à pátria espiritual.

A partir disso pergunto: o que é um renascimento? É o momento em que o ser universal coloca Deus no coração, na carne ou fora dela. Neste momento alcançou a consciência espiritual.

164. A perturbação que se segue à separação da alma e do corpo é do mesmo grau e da mesma duração para todos os Espíritos? Não; depende da elevação de cada um. Aquele que já está purificado se reconhece quase imediatamente, pois que se libertou da matéria antes que cessasse a vida do corpo, enquanto que o homem carnal, aquele cuja consciência ainda não está pura, guarda por muito mais tempo a impressão da matéria.

Ou seja, tudo depende do grau de elevação que você alcança durante a vida.

Voltamos àquilo que tínhamos acabado de dizer: não se preocupe como é a morte, mas se prepare para ela. Fazer isso é buscar em vida a consciência espiritual, ou seja, ter Deus no coração. Isso porque quando um espírito sai da carne mais depurado, mais elevado, pode, então, mais rapidamente entrar na consciência espiritual.

Mas, o que é ser mais depurado, mais elevado? É estar em contato com Deus; é manter com o Senhor uma relação amorosa.

Agora a resposta está pronta. Como se preparar para a morte? Começando a viver desde já numa relação amorosa (amar e sentir-se amado) com Deus. Só isso.

165. O conhecimento do Espiritismo exerce alguma influência sobre a duração, mais ou menos longa, da perturbação? Influência muito grande, por isso que o Espírito já antecipadamente compreendia a sua situação. Mas, a prática do bem e a consciência pura são o que maior influência exercem.

Portanto, não adianta apenas saber que existe espírito, um mundo espiritual, uma existência espiritual: o que pode realmente lhe garantir uma boa morte é a vida com a consciência espiritual. É a vida dentro dos ensinamentos dos mestres.

É por isso que estamos colocando bem claramente: espiritualista não pode ser apenas aquele que sabe que existe em si alguma coisa a mais do que a matéria. Para ser realmente espiritualista é preciso viver para essa alguma coisa a mais. Sem isso, de nada adianta dizer-se espiritualista.

Em outra palestra já falei da seguinte forma. ‘vocês são espíritos’. Que notícia nova estou trazendo não? Claro que não, todos sabem que são. Mas, se sabem, porque não vivem como espírito?

Pergunto isso porque não adianta só saber que é um espírito, conhecer as regras que acreditam existir no mundo espiritual. Não será isso que fará diferença no dia do juízo. É a sua ação sentimental de agora que vai lhe garantir uma nova vida com uma consciência espiritual ou não.

É a história da cultura e da sabedoria que já falei outras vezes: conhecer o espiritismo é uma cultura, mas se não colocar em prática seus ensinamentos, jamais atingirá a sabedoria.

Revelações da revelação - Livro II

A reencarnação

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Pergunta 166
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Revelações da revelação - Livro II

Justiça da reencarnação

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Pergunta 171
Encerramento de conversa

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Revelações da revelação - Livro II

Encarnação em diferentes mundos

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Revelações da revelação - Livro II

Transmigrações progressivas

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Revelações da revelação - Livro II

Sorte das crianças depois da morte

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Revelações da revelação - Livro II

Sexo nos Espíritos

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Revelações da revelação - Livro II

Parentesco e filiação

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Revelações da revelação - Livro II

Parecenças físicas e morais

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Revelações da revelação - Livro II

Ideias inatas

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Revelações da revelação - Livro II

Considerações sobre a pluralidade das existências

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Revelações da revelação - Livro II

Espíritos errantes

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Revelações da revelação - Livro II

Mundos transitórios

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Revelações da revelação - Livro II

Percepções, sensações e sofrimentos dos Espíritos

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Revelações da revelação - Livro II

Ensaio teórico da sensação nos Espíritos

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Revelações da revelação - Livro II

Escolha das provas

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Pergunta 258
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Revelações da revelação - Livro II

As relações de além túmulo

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Revelações da revelação - Livro II

Relações de simpatia e de antipatia entre os Espíritos. Metades eternas

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Encerramento de conversa
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Revelações da revelação - Livro II

Recordações da existência corpórea

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Revelações da revelação - Livro II

Comemoração dos mortos. Funerais

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Pregunta 322
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Revelações da revelação - Livro II

Prelúdio da volta

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Revelações da revelação - Livro II

União da alma e do corpo

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Os áudios com as perguntas de 345 à 354 foram perdidos

Revelações da revelação - Livro II

Faculdades morais e intelectuais do homem

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Revelações da revelação - Livro II

Influência do organismo

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Encerramento de conversa

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Revelações da revelação - Livro II

Idiotismo, loucura

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Revelações da revelação - Livro II

A infância

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Revelações da revelação - Livro II

Simpatia e antipatia terrenas

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Revelações da revelação - Livro II

Esquecimento do passado

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Revelações da revelação - Livro II

O sono e os sonhos

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Revelações da revelação - Livro II

Visitas espíritas entre pessoas vivas

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Revelações da revelação - Livro II

Transmissão oculta do pensamento

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Revelações da revelação - Livro II

Letargia, catalepsia, mortes aparentes

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Sonambulismo

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Êxtase

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Dupla vista

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Revelações da revelação - Livro II

Resumo teórico do sonambulismo

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Revelações da revelação - Livro II

Faculdade que têm os Espíritos de penetrar no nosso pensamento

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Revelações da revelação - Livro II

Influência oculta dos Espíritos em nossos pensamentos e atos

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Possessos

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Revelações da revelação - Livro II

Convulsionários

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Revelações da revelação - Livro II

Afeição que os Espíritos votam a certas pessoas

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Revelações da revelação - Livro II

Anjos de guarda. Espíritos protetores, familiares ou simpáticos

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Revelações da revelação - Livro II

Pressentimentos

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Revelações da revelação - Livro II

Influência dos Espíritos nos acontecimentos da vida

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Pergunta 530a
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Pergunta 531a
Pergunta 532
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Despedida de conversa

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Ação dos Espíritos nos fenômenos da Natureza

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Os espíritos durante os combates

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Pactos

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Poder oculto. Talismãs. Feiticeiros

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Revelações da revelação - Livro II

Das ocupações e missões dos Espíritos

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Revelações da revelação - Livro II

Os minerais e as plantas

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Revelações da revelação - Livro II

Os animais e o homem

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Revelações da revelação - Livro II

Metempsicose

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