Renascimento

Renascimento

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Mensagem conclamatória
Renascimento - parte 1
Renascimento - parte 2
Renascimento - parte 3

Durante a Festa de Nossa Senhora em Araraquara, Joaquim de Aruanda falou do renascimento que Cristo disse que é necessário para se chegar ao Reino dos céus. 

Renascimento
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Mensagem introdutória

1. Introdução

Acordar para o que você é requer desapego em relação ao que imagina ser

Dentro em breve vamos realizar nosso encontro anual, a Festa de Nossa Senhora. O tema dessa conversa neste ano será renascimento, renascer.

Tudo o que dissermos, terá como base o que Cristo disse a Nicodemos.

Havia um homem chamado Nicodemos, líder dos judeus, do partido dos fariseus.

Uma noite ele foi visitar Jesus e disse: Nós sabemos que o Senhor é um mestre enviado por Deus, pois ninguém pode fazer esses milagres se Deus não estiver com ele.

Jesus respondeu: Eu afirmo ao senhor que ninguém pode ver o Reino de Deus se não nascer de novo.

Como pode um homem velho nascer de novo? - perguntou Nicodemos. Será que pode voltar para a barriga da sua mãe e nascer outra vez?

Jesus disse: Eu afirmo que ninguém pode entrar no Reino de Deus se não nascer da água e do espírito.

A pessoa nasce fisicamente de pais humanos, mas nasce espiritualmente do espírito de Deus. Por isso não se admire de eu dizer que todos precisam nascer de novo. O vento sopra onde quer, e ouve-se o barulho que faz, mas não sabe de onde vem nem para onde vai.

Como pode ser isso? perguntou Nicodemos.

Jesus respondeu: O senhor é um professor da do povo de Israel e não entende isso? Pois eu afirmo seguinte: nós falamos aquilo que sabemos e contamos o que temos visto, mas vocês não querem aceitar a nossa mensagem.

Esta conversa é importante, porque como ensinou o mestre, só irá ver o Reino do Céu, ser feliz incondicionalmente, aquele que renascer.

Aliás, esse ensinamento de Cristo está presente em outras correntes. O espiritismo, por exemplo afirma que é preciso ‘matar o homem velho para nascer o homem novo’. É exatamente isso que iremos conversar naquela oportunidade: o renascimento como a morte do homem velho para o nascimento de um novo.

Hoje vamos falar um pouco a respeito desse assunto como uma mensagem introdutória à nossa conversa durante o encontro.

2. Você

Quem é o Homem Velho? É você. Você é o Homem Velho. Aquilo que é hoje é o Homem Velho. Porque? Porque é fruto de toda a humanidade a qual se submeteu quando encarnou. Sendo assim, é preciso compreender que é preciso matar o você de hoje, o velho, para renascer um novo.

Essa é a primeira consciência que se deve ter para podermos abordar esse assunto. Durante a conversa não vou poder concordar com nada que acreditam hoje, pois se assim agisse, não estaria matando o você de hoje.

Para poder realizar, então, a morte do você de hoje, o que é preciso fazer primeiramente? Conhecer-se ... Só podemos trabalhar para nos matar se nos conhecermos na realidade.

Quem é você? Como que vive? O que pensa? Como funciona o seu processo mental? São perguntas que precisam ser respondidas antes de se falar em matar o homem velho. Quando descobrirmos essas resposta, aí, então, podemos deixar de ser quem somos.

É isso que é renascer e é sobre isso que vamos começar a conversar aqui e falar mais quando do encontro.

Conversaremos para descobri quem é você agora, não apenas para se conhecer, mas para saber o que é preciso largar para renascer.

Aliás, essa busca de conhecer-se nós já temos realizado com algumas pessoas. São aquelas que estão me encaminhando perguntas particulares. Tenho respondido a todas as questões sempre buscando mostrar àquele ser humanizado quem ele é no momento. Faço isso, porque é disso que aqueles que buscam a felicidade incondicional precisam.

Aliás, o renascer, o matar o homem velho para surgir um novo é exatamente o trabalho chamado de reforma íntima. Reforma íntima é reformar a si mesmo, não o Mundo. Trata-se de se reformar e não de mudar os atos.

Vamos então começar a nossa conversa?

Quem é você? Quero a resposta a grosso modo, no genérico, e não quem é você individualmente. Não adianta entrarmos na particularidade porque o que estamos conversando é igual para todos.

Participante: uma crença.

Não. Eu já respondi assim, mas hoje quero uma resposta melhor.

Quem é você? É uma personalidade única que acha que conhece os padrões do Mundo. É por isso que acha certo o que acha certo e acha errado o que acha errado.

Você é uma personalidade única, porque não existem dois iguais. É uma personalidade única que acredita que detém os padrões do Mundo, ou seja, que conhece, sabe tudo que é certo, que é limpo, bonito, arrumado, Sabe, tem certeza absoluta.

Este é você, este é o ser humano. Ser humano é uma personalidade que acha que detém em si os padrões do mundo e por isso sai tentando mudar tudo para aquilo que ele acha que é o certo.

Este é o homem que precisa ser morto. Porque?

Participante: por que gera sofrimento.

Não só por causa disso.

Por causa da crença de que detém os padrões do mundo, o que ser humano faz? Julga o mundo. Quando ele age dessa maneira deixa de fazer o que? Amar.

É isso que vamos conversar. Explicar esta situação toda, mostrar quem é você e como vive por conta dessa condição. Mas, vamos conversar mais um pouco agora.

3. Os outros

A partir desses padrões como é que o ser humano se relaciona com os outros? Vamos falar disso.

Quem são os outros com quem ele se relaciona nesse mundo? Ora, se você é um ser humano e por isso é uma personalidade que acha que detém os padrões do mundo, os outros também são a mesma coisa. São personalidades que se imaginam detentoras do padrão das coisas.

Quando duas personalidades que se acham certas se encontram, o que acontece? Um conflito de padrões. Quando duas personalidades que acham que sabem a verdade das coisas se relacionam, o que se pode esperar é um choque entre essas verdades.

Participante: A grosso modo há uma personalidade que nos acompanha que não somos nós de fato. Por isso, é preciso identificar esta personalidade agindo. Acontece que só conseguimos identificá-la quando está agindo, obviamente. Quando não está em ação, não temos como identificar. Por isso é difícil não se apegar aos seus padrões como uma verdade. Por isso, é preciso haver de alguma maneira uma forma de se desapegar ao que ela cria. Falo em desapegar-se porque, como o senhor já disse, não é preciso nem abandonar os padrões. É preciso deixar que a compreensão de quem somos nós entre no campo de consciência e a partir daí não nos identificarmos com aquilo como se fosse o eu.

Eu diria mais fácil. É preciso saber que você é uma personalidade única, que imagina que detém os padrões do mundo, mas não detém. Só isso. Na hora que você simplesmente, deixar de imaginar que detém os padrões do Mundo, continua tendo o seu padrão mas não cobra que o mundo viva de acordo com ele.

Participante: ou seja, isto é um passo, porque a mudança completa dos valores racionais ainda está muito longe. Isto não quer dizer que não vai ser realizado, mas como está longe este é um primeiro passo.

Este é o primeiro passo. É aí que nasce um homem novo.

O Homem novo é aquele que, ainda tendo padrões, vive dentro do mundo, deixando os outros terem os seus. Numa sociedade onde cada um tem os seus padrões e deixa os outros terem os deles, a paz existe. Agora, se você faz uma racionalização a partir dessa afirmação, na verdade não está conseguindo matar o homem velho: está apenas trocando a racionalização do homem velho.

4. O trabalho pela felicidade

Vou falar uma coisa, que acho que já falei e vocês já devem ter ouvido, mas é muito bom se lembrar: não se trabalha elevação espiritual, busca de felicidade no varejo, caso a caso; é preciso agir no atacado.

Nós fazemos este trabalho de responder questões particulares que as pessoas nos enviam não para solucionar seus problemas, mas para tentar fazê-las acordarem. Não aconselho com a intenção de resolver os problemas de cada um, até porque a mesma coisa que falo para alguém que foi operado posso falar para alguém que traiu o marido.

Posso falar de forma igual para casos distintos porque o argumento para aquele que busca a felicidade plena é o mesmo, independente do que se esteja vivendo. Não há diferença alguma.

Quando se fala em busca da felicidade é preciso trabalhar no atacado, no grosso modo. Se afirmamos que é preciso se libertar das realidades geradas pela mente, estou falando de todas elas, de tudo. Tudo que lhe vier à mente, seja oriundo de sociedade, da ciência, do Joaquim ou de qualquer outra coisa que você já tenha lido, é um padrão que você acha que é absoluto e por isso imagina que os outros precisam acatá-lo.

Se você trata a questão do desapego às formações mentais no atacado é muito mais simples. Basta apenas a cada momento onde encontra a contrariedade dizer para si mesmo: ‘eu só me contrariei porque eu quis impor o meu padrão ao outro. Ele é outra personalidade única completamente diferente da minha e por isso possui padrões diferentes que acredita que são absolutos’. Tendo essa consciência, para que brigar?

Portanto, conhecendo-se a realidade e compreendendo como trabalhar, chega-se à conclusão que o trabalho é muito mais simples do que a mente humana lhe quer fazer crer. Na verdade quem cria a dificuldade é a mente. Cria querendo entender como, quando, porque, onde, etc.

Lembram-se de quando estudamos realizamos as conversas do estudo ‘Em Busca da Felicidade’? A grande questão que as pessoas queriam debater era: ‘quem é o observador?’.

Eu falava tantas coisas que se colocadas em prática poderiam trazer aquilo que o ser humano afirma mais procurar, mas as pessoas se perderam querendo saber quem é o observador, de onde vem o pensamento, quem constrói o pensamento... Mesmo que conseguissem saber, isso não os ajudaria, mas continuavam insistindo nesse ponto.

Para ser feliz basta só saber isso: ‘tudo que a minha mente gera é um padrão que ela quer impor aos outros. Os outros, porque são personalidades diferentes e por isso possuem padrões diferentes reagem a isso.

5. O direito dos outros

Agora, estou falando que vocês não devem agir desse jeito, mas será que os outros têm o direito de quererem lhe impor a verdade deles? Sim, você não tem o direito de impor ao outro a sua, mas o outro tem esse direito. Primeiro porque você quer a felicidade e ele não. Segundo, porque quando não quer que ele tenha esse direito, ou julga errado ele exercê-lo, não vê que está querendo impor a sua verdade a ele.

Direito é uma coisa estranha e difícil de se medir. Dizem que o direito do outro começa onde acaba o de vocês, mas isso não é verdade. O direito de vocês começa onde acaba o do outro. Ele não está buscando a felicidade mas você está. Por isso saiba que quanto mais você dá ao outro o direito de ser, estar e fazer o que quiser, mais feliz você é.

Participante: até porque o que os outros fazem é do seu merecimento por algum motivo aquilo está acontecendo.

Já tem padrão envolvido aí. Você não pode saber que é do seu merecimento sem gerar um padrão, uma verdade, uma certeza.

Participante: se não fosse, eu não receberia.

Não sei se isso é real. Você tem certeza absoluta disso ou está apenas repetindo o que Joaquim já falou?

Olha a presença de um padrão, de uma verdade que irá querer impor aos outros. Se alguém lhe disser que está triste porque não merecia o que aconteceu, por causa dessa verdade que imagina absoluta, vai tentar impor a ele a sua verdade. Irá dizer que mereceu sim, que precisa aceitar essa verdade. Pronto: criou um padrão usando um ensinamento que acredita sagrado e quer impor ao outro.

Para ser feliz de verdade você não pode saber porque as coisas acontecem. Isso não interessa. O que lhe interessa saber é apenas que se aceitar qualquer formação mental que lhe coloque em contrariedade com o que está acontecendo irá sofrer.

Na verdade, se quiser dar alguma origem, diga apenas que o que ele fez é uma reação ao que você tentou fazer com ele.

Participante: não posso dizer também que ele fez para mim porque não está buscando a felicidade, pois estarei agindo da mesma maneira: estarei criando uma verdade para ele.

É simplesmente dizer: ‘ele está reagindo’. Não precisa ter nenhuma motivação para justificar a reação dele. Apenas saber que é uma reação.

É por causa do que acabamos de conversar que sempre disse que não existe agressão. O que existe é reação à sua agressão. Quem agrediu primeiro foi você.

6. As mensagens espirituais

Portanto, é sobre isso que nós vamos conversar durante o nosso encontro, porque esse é o processo necessário para a elevação espiritual. O homem realizado é aquele que ainda olha para uma árvore, identifica que é uma árvore, sabe quais são as partes da árvore, mas deixa o outro achar que aquilo é um capim, deixa achar que é um carro.

Você tem sua convicção, fique com ela, mas dê ao outro o direito de ter a convicção dele. Precisa fazer isso porque o problema todo começa quando receber alguma informação. Se não dá ao outro o direito de ter a sua convicção, vai querer agir contra aquela informação para poder mostrar o quanto é sábio, superior ao outro.

Essa ação de superioridade pode até ser expressada através de ensinamentos, como por exemplo o dizer que o certo é não se identificar com nada. O apego a isso ainda gera sofrimento, pois torna necessário se combater quem não se desapega de alguma coisa. Além disso, é hipocrisia, pois quem se identifica com o nada, ainda vive preso a alguma coisa: o nada ...

Considerando-se um religioso de determinadas doutrinas, você pode até se identificar com os ensinamentos que dizem que não deve apegar-se a nada, mas por causa disso não pode transformar essa busca num padrão que precisa ser seguido pelos outros.

Sei que estou falando de ensinamentos de outros mentores ou gurus, mas é preciso deixar algo bem claro: nenhum ensinamento pode levar a realizações. Eles podem indicar caminhos, mas só haverá realização quando superar o próprio.

Um dos grandes problemas na questão do orientar os seres encarnados na busca da elevação espiritual é que aqueles que trazem os ensinamentos precisam fazer muitos discursos. Eles precisam falar muito para poder atingir às pessoas. Isso é problemático porque cada discurso que é feito entra em cada ser humano de um jeito.

Vocês nunca vão ouvir o que eu falo, assim como eu não ouço o que dizem. Cada um de nós gera uma compreensão sobre o que é ouvido que é diferente do que o emissor da mensagem quis dizer. Por isso, mesmo que a informação seja a mais libertadora do mundo, acaba se transformando em uma gaiola de ouro.

7. Identificação com outra personalidade

Por isso é que sempre disse e vou reforçar muito esse aspecto quando falar no renascimento lá na Festa: não se apegue a nada. Mantenha em si todos os padrões para o mundo que quiser. Isso não tem problema nenhum. Apenas dê ao ou próximo o direito de também ter os seus.

Essa diferença entre o que falo e o que os outros dizem (que é preciso não ter padrão algum) foi o que motivou a minha resposta recente a uma pessoa que falou sobre a não identificação. Já tinha respondido a ele sobre esse assunto. Quando fiz isso disse que esse era um dos caminhos para a felicidade, só que ele retornou com a afirmação que para ele era o melhor caminho.

Nesse momento precisei agir mais pontualmente. Se continuasse apenas respondendo superficialmente, poderia trazer alguma confusão à pessoa, já que nenhum ser humanizado pode não se identificar com um ego.

Participante: não?

Não. Qual é seu nome?

Participante: João.

João não é você, mas uma identidade. É uma personalidade que se encaixa dentro da definição que chegamos agora pouco a respeito de você.

Sendo isso verdade, pergunto: não se identificando com o João, o que, quem, você vai ser? Essa pergunta é importante porque para viver essa vida precisa ser alguma coisa. Para poder viver nesse mundo como algo inteligente, precisa ter uma consciência.

Não há como se não se identificar com o João e ser nada. Para poder continuar existindo nesse é preciso uma personalidade e qualquer uma que venha a assumir sempre possuirá padrões que imagina serem certos.

Por isso de nada adianta a busca do não identificar-se. Quem imagina que isso é a realização não vê que ao deixar de ser João e transformar-se em outra coisa, apenas mudou seis por meia dúzia.

Quando respondi à pessoa que me pediu ajuda, disse que a não identificação é caminho e não realização, pois ela não pode ser considerada como a atitude definitiva. Quem busca esse caminho precisa saber que depois que se libertar da identificação do João, terá que se libertar também da nova personalidade que surgir. O não identificar-se não leva à realização porque quem a faz ainda vai se identificar com alguma outra coisa.

É por isso que insisto em falar em libertação. Liberta-se do João, sem se transformar em outra coisa. Deixar o João continuar existindo e você, alguém que não possui qualquer identificação, coexistindo com ele. Viver tendo a ideia de que não é o João, mas que ele existe e que tanto você quanto ele dividem um corpo físico.

Isto é liberdade, libertação.

Participante: se é para ser um João qualquer, que seja um João feliz, não?

Já que você é um João, é melhor se libertar dessa personalidade, ser feliz e deixar ele sofrer, quando sofrer.

Participante: porque senão você troca seis por meia dúzia. Qualquer outra personalidade que adquira, seja a que você acredite como um iluminado, um realizado ou um sofredor que não merece coisas ou que merece, são personalidades que a gente está seguindo...

São personalidades o que? Continua a sua frase ...

Participante: para mim, são personalidades transitórias ...

Isso.

Nessa nossa conversa de hoje não falei de transitoriedade, mas durante o encontro vou entrar. A impermanência da personalidade humana.

A questão da identificação com algo é muito interessante, pois mesmo aqueles que vocês chamam de iluminados ainda são personalidades únicas, porque cada ser tido como tal é um iluminado diferente que acredita que? Que sabe o padrão que o mundo, os outros tem que ter. do mundo.

Portanto, essa não identificação mudou alguma coisa? Claro que não.

A mistura que fizemos em nossos estudos da parte Oriental do planeta com o Espiritismo aconteceu para criar uma segunda pessoa coexistindo junto com a personalidade humana. Essa pessoa chamamos de espírito. Ela precisa existir para que o ser possa libertar-se da identificação com a mente, com o eu humano. Sem ela, a mente cria uma nova personalidade que tem padrões diferentes e diz que se libertou do mundo.

A figura espírito foi usada justamente para gerar um outro ser que não seja conhecido e que coexista com a personalidade humana, que é conhecida. Esse não conhecimento sobre o espírito é fundamentado no ensinamento do Espírito da Verdade que diz que o ser universal é um nada para o humano.

Essa informação é fundamental porque com ela você tem a consciência de não saber quem é. Por causa disso, que não vai poder atingir a consciência de ser alguma coisa. Ou seja, saberá que nada vai poder gerar mentalmente para ela. Então, se não tem nada a gerar ou criar para ela, a única coisa que lhe resta é se libertar de quem imagina ser, da consciência humana.

Acho que hoje, apesar de não saberem o que é um espírito, vocês já conseguem observar o tempo que perderam tentando ser alguma coisa que não conseguem ser. Além disso, hoje compreendem que mesmo que tivessem uma compreensão sobre o que é um ser universal, isso de nada adiantaria. Sabem que com ela continuariam igual ao que era antes, pois apenas teriam trocado uma personalidade por outra, um padrão por outro.

Participante: sabemos que mentalmente não vamos ser diferentes do que éramos, mas hoje vivemos de uma maneira muito mais tranquila do que vivíamos até pouco tempo atrás.

Sim, mas reparem: os problemas das suas vidas não mudaram. Eles continuam existindo.

Para vocês a vida continua a mesma, tudo igual ao que tinham antes. Só que hoje vivem mais tranquilamente o que vivam antes em agonia. Quando falo da vida que não mudou, falo do mundo externo e também a sua mente. Não mudou nada.

8. Desculpas

É sobre todas as coisas que conversamos agora que vamos falar no encontro. Falaremos do padrão humano e como fazer se libertar dele para poder tornar-se um homem novo.

Dentro do que fazer falaremos conversaremos sobre trabalhar no atacado. Esqueçam os detalhes da vida. Não prestem atenção em detalhes da sua vida. Apenas rotule tudo que lhe vier à consciência como uma regra que vai ser usada para tentar impor aos outros a sua vontade.

 Na hora que você se desapega dos detalhes, no trabalhar ponto a ponto e entra neste processo macro, do tudo, a coisa fica muito mais simples. Porque? Porque não tem que criar milhares de desculpas para poder se libertar.

Para poder se libertar do sofrimento, a mente gera desculpas. Essas imediatamente se tornam novos padrões. Um exemplo disso é o clássico: ‘se aconteceu é porque eu merecia’.

Isto é uma desculpa que usada pela sua mente. Se a aceita como verdade, como real, não rotula isso também como tudo, posteriormente será usada pela razão para querer impor como verdade aos outros. Quando trabalha no tudo, sem discriminar as coisas do mundo, não precisa de desculpas. É tudo, não importa o que seja.

Participante: ou seja, além de desculpas também não precisa de discurso. Não precisa discursar sobre as coisas ...

Só há discursos quando a você aceita as desculpas que a mente cria. Se não houver, não há discurso. Quando existem desculpas, inexoravelmente acontecem discursos. Quando se trabalha no macro, você não se perde nos pequenos detalhes e não coloca um monte de verdades que não servem para o que você quer (ser feliz): só servem para trocar seis por meia dúzia.

Outra desculpa clássica é o ensinamento ‘Deus Causa Primária de todas as coisas. Vocês não sabem o que é, não sabem como acontecem, mas querem justificar os acontecimentos com essa informação. Isso só gera novas verdades que servirão como padrões para julgar o mundo.

Eu, por estar desencarnado e por causa da missão que cumpro, posso sonhar em usar essa informação, mas vocês que só enxergam o que a consciência humana cria, não. Sendo assim, para que ficar tentando convencer a si mesmo que as coisas acontecem porque Deus faz acontecer?

Esse ensinamento é só uma desculpa dentro de um processo, mas que posteriormente também precisará ser abandonada. Quando trabalhar no macro, no tudo, não precisará desse ensinamento. Por isso é dito que alcança a felicidade abandona tudo o que aprendeu, inclusive os ensinamentos.

Participante: usamos isso como ferramentas, instrumentos, para sair do sofrimento. Só que a gente está lá enfiado no sofrimento e não percebe que está rodeando a situação sem conseguir se livrar daquilo que está usando como desculpa.

Isso. E aí a desculpa vira padrão. Ao invés de afirmar que o outro fez determinado ato porque não presta, diz que fez porque você merecia ou porque Deus determinou que fosse feito.

Reparou? O ensinamento vira uma desculpa, vira um padrão que é usado apenas para desculpar e não para alcançar a verdadeira felicidade. Saiba de uma coisa: a verdadeira felicidade só é alcançada quando o outro lhe agredir e você não tiver nenhuma desculpa para a agressão dele e receber o que acontece em paz.

Participante: a mente fica cobrando se estamos fazendo certo para ter a recompensa da felicidade? Se tiver errando você sofre. A mente fica o tempo todo cutucando a gente.

Este é o funcionamento da sua mente, pois cada um é um. Para outros a mente diz assim: ‘será que você está fazendo isso porque é mais cômodo? ‘Será que está apenas sendo egoísta e buscando a comodidade ao invés de realmente estar perseguindo um caminho’?

Pouco importa o que diga a sua mente, se trabalhar no macro o padrão vem e você diz assim: ‘isso faz parte do tudo, é só o meu padrão’. Por isso estou insistindo que trata-se apenas de saber que tudo que lhe vem à mente é um padrão que acha certo, mas que é só seu, não é de todos.

Na hora que colocar isso em prática, não terá mais problema nenhum ...

9. Narração da vida

Participante: é possível vivenciar a vida sem a mente narrar a vida o tempo todo?

Não. Se a mente não narrar a vida, você não tem vida. A mente vai narrar, você pode não ouvir, mas ela vai narrar. Vamos falar um pouco sobre isso.

O que tem em cima da mesa? Me mostre.

Participante: tem a Bíblia, livro, jornal ...

Isto é uma narração da vida. As coisas só existem lá fora quando a mente as narrar. Sem que ela faça isso, as coisas não existem e por isso você não vive aqui neste mundo.

Porque isso é uma narração ao invés de ser a própria vida?

Participante: porque é o que está acontecendo.

Não. Porque aquilo ali não é Bíblia.

Participante: é o que é ...

Afirmar que é o que é já é algo (padrão) criado pela sua mente. Aquilo é o tudo.

Lembra do ensinamento do não eu? Todas as coisas são compostas por tudo o que existe. Sendo assim, aquilo não é a Bíblia, mas papel, a árvore de onde veio o papel, a semente da árvore, o sol que aqueceu a terra, a terra, etc.

Quando aquilo virou Bíblia? Quando a mente narrou a sua existência independente e o seu nome. É por isso que você não pode viver sem a narrativa da vida: sem ela não existiram as coisas em separado.

Apesar de falar que não pode viver sem, afirmo que pode conviver com a narrativa dela sem querer que os outros tenham a mesma narrativa que você. Para isso basta apenas saber que cada narrativa é individual e que isso gera uma vida diferente para cada um, mesmo que aparentemente ela seja compartilhada.

Por isso saiba que se a mente não se expressa, você não tem vida. A mente, na verdade, não faz parte da vida: ela cria a vida. Afirmo isso porque tudo que está vendo aqui, inclusive o seu respirar é criado pela mente.

Por isso digo que precisa dela narrando. Apesar dessa necessidade, pode entender que trata-se de uma sessão particular e que cada um tem sua sessão específica, apesar de imaginar que a narrativa é igual para todo mundo.

Participante: alguns espíritos têm acesso à minha sessão particular?

Muito mais do que você possa imaginar, já que são eles que lhes dão o pensamento. Trecho de O Livro dos Espíritos.

O pensamento você não comanda: ele vem.

Participante: como o pensamento vem de espíritos, eles tem acesso a isso. É tudo uma malha onde tudo se entrecruza.

Qual é o nome desta malha? Interdependência.

Este é outro assunto que iremos abordar em nosso encontro, quando iremos conversar o renascimento.