Objetivos da encarnação
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Objetivos da encarnação

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Pergunta 00132
Pergunta 00133
Pergunta 00133a
Encerramento de conversa

À luz dos ensinamentos do Espírito da Verdade contidos em O Livro dos Espíritos, Joaquim de Aruanda fala dos objetivos da encarnação, ou seja, fala do sentido da vida humana para aquele que acredita haver em si algo mais do que a matéria. 

Encarnação

Encarnação

132 - Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos? Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para outros, missão.

Vamos interromper a leitura da resposta do Espírito da Verdade por aqui, pois ela é muito grande e contém informações importantes demais. Vamos comentar esta parte, depois lemos mais.

Encarnação é o que vocês chamam de vida. O período que vai do momento que o ser assume a consciência material, o ego, até o momento em que se liberta desta consciência, é uma encarnação. Ou seja, a encarnação é aquilo que vocês conhecem como vida.

Mas, reparem: não falei em nascimento e morte, mas sim em assumir uma identidade e libertar-se dela. A encarnação ou vida humana não se prende necessariamente a momentos como nascimento e morte: pode começar antes e terminar depois dos eventos físicos.

Ora, se a vida é uma encarnação, pergunto: para que você nasceu? Segundo a resposta do Espírito da Verdade nesta questão, para três coisas: fazer provas, cumprir missões e expiar. É para isso que vocês estão na carne, mais nada. Cada acontecimento da vida é uma proposição de uma prova, uma oportunidade de missão e a vivência de uma expiação.

Não existe o acontecimento em si; não existe a história do acontecimento como fato humano: o que existe são provas, missões e expiações. Por isso, enquanto tratar a sua vida como uma história pessoal, não consegue entender o que veio fazer aqui. Na hora que abandonar a visão humana que diz que existe uma história acontecendo (a história da sua vida), vai conseguir entender a essência do acontecimento.

Vou dar um exemplo: marido abandona esposa. A mulher, presa à história, afirma que o marido não presta, que a amante é uma vigarista, que ela é uma pobre coitada. Acredita que o marido a largou por outra, que ele não deveria ter feito isso, que ele não mais a ama.

Só que o marido largar a mulher não é uma história de vida, mas sim uma prova, uma missão e uma expiação, pois se trata de elementos de uma encarnação. Nenhuma mulher pode ser largada se não existir esta prova, missão e expiação para acontecer.

É isso que precisamos compreender. Precisamos tirar a história da vida, o sentido que os acontecimentos ganham através do ego, ou seja, aquilo que vocês acreditam que está acontecendo. Quando isso acontecer, poderão entender o tripé (provas, missões e expiações) que desenha a vida do espírito encarnado.

Prova e missão

Prova e missão

Mas, o que é uma prova? É uma oportunidade para o espírito através da fé, louvar a Deus. Isso é a provação à qual o espírito se submete através da encarnação.

Dentro do exemplo que demos, a provação ocorre quando a mulher deixa o marido ou vice-versa. O espírito que supera o mundo, ou seja, não acredita na história, mas sabe que aquilo é uma provação, passa, então, a vivenciar a oportunidade que Deus lhe proporcionou através deste acontecimento de exercer a sua fé, a confiança e a entrega absoluta a Deus. Sabendo disso, ao invés de ranger dentes, ou seja, lamentar-se ou chorar, este espírito pode, então, louvar a Deus pelo acontecimento.

No entanto, isso não poderá ser alcançado jamais enquanto o espírito acreditar que é a mulher, que o homem é o seu marido para todo sempre. Não poderá ser alcançado enquanto acreditar que a história da traição é real, enquanto imaginar que não é mais amada e que o seu parceiro é um cachorro.

Na verdade todas estas ideias não existem. Não existe tudo o que a história diz que está ocorrendo. Estas ideias foram criadas para gerar para aquele espírito uma oportunidade de colocar em prática a fé que disse que tinha antes da encarnação.

Esta é a primeira informação dessa resposta. Continuemos.

Participante: todo espírito está destinado à perfeição e como não poderia atingir em uma só vida, Deus concede-lhe outras existências para que possa crescer em inteligência e moralidade. O renascimento sucessivo na dimensão material é chamado de reencarnação. A evolução do espírito se dá progressivamente apesar de estar intimamente ligada à experiência através de lutas expiatórias e provas, o espírito caminha em busca da própria iluminação e aperfeiçoamento.

Perfeita a sua colocação: é isso mesmo. No entanto, não podemos apenas saber tudo isso: precisamos levar este conhecimento para a prática.

Levar este conhecimento para prática consiste-se no que estamos conversando: tirar dos acontecimentos a história e não aceitar as ideias que o ego cria. Trata-se de ter a consciência de que não se nasceu para ser a esposa de alguém, mas para fazer provas.

Levar para a prática o ensinamento é ter a consciência de que ninguém nasce para viver uma vida humana, mas para fazer provas, cumprir missões e expiar. Tendo esta consciência, o espírito pode, então, concluir que o seu marido não o deixou, mas ele está vivenciando uma prova.

É isso que você acabou de falar. Não estou discordando do que disse o que, aliás, é um discurso bem embasado na doutrina espírita. O que estou dizendo apenas é que precisamos levar este discurso para a prática ao invés de apenas recitá-lo. Quando alcançamos a prática do discurso, ao invés de acreditarmos que o marido é um safado, devemos ter a consciência de que ele não é isso, mas um instrumento da nossa prova.

O que não se pode fazer é ficar em cima do muro. Ou seja, você sabe o ensinamento, mas na hora da sua vida vive com outros valores. Isso é hipocrisia: ou acredita no ensinamento ou não. O que não pode é aplicá-lo só quando quer, quando é politicamente correto fazer isso.

Mas, vamos continuar nosso estudo. A prova, então, é a oportunidade de exercer a sua fé e louvar a Deus e, com isso, viver em felicidade. O que é missão?

Missão é o que você faz pelo próximo. Quando serve de instrumento para a prova dos outros.

Para dar um exemplo de missão vou me basear em um ensinamento de Cristo: quando você receber um tapa no rosto, dê a outra face. Eis aí uma oportunidade de prova; eis aí uma oportunidade de missão. É uma prova para quem sofre a agressão, mas é uma missão para quem bate, pois sem o tapa jamais alguém poderia passar por esta prova.

Dei o exemplo do tapa na cara, mas poderia dar muitos outros. Por exemplo: no seu emprego alguém passa a sua frente, ou seja, recebe aquilo que você acha que merece. Eis aí uma boa prova, mas para que ela exista é preciso que alguém cumpra uma missão: a de lhe passar à frente.

Para vencer sua prova é preciso que você, ao invés de dizer que ele é um safado, que não presta, que não vale nada, que lhe passou a perna, ame-o. Só que para fazer isso é preciso que entenda que não existe um acontecimento de vida, mas sim uma prova. Precisa compreender que não existe alguém querendo levar vantagem, mas que um irmão espiritual está executando uma missão para que você tenha sua provação. Só assim poderá continuar a amá-lo, mesmo ele tendo feito isso.

Retire do acontecimento a história. Ninguém pode lhe passar a frente porque não existe espírito melhor que o outro. Todos são iguais.

Portanto, na prática o ensinamento sobre a encarnação diz isso: você nasceu para viver o que está vivendo e em cada situação de sua existência carnal existe uma prova e uma missão.

Repito: para vivenciar isso, é preciso retirar a história. É preciso retirar da vida o agressor, aquele que lhe engana. É preciso retirar as acusações, o que ele falou, o que você compreendeu. Ou seja, é preciso retirar tudo o que é humano e deixar apenas o que é espiritual: prova e missão. Enquanto estiver preso a essas coisas, não consegue entender a prova acontecendo e não consegue ver a oportunidade da missão que está sendo dada ali.

Vicissitudes

Vicissitudes

‘Mas, para alcançarem essa perfeição, tem que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal’.

Vamos entender isso, porque este ponto é pouco compreendido pelos seres humanos. Comecemos com a palavra sofrer que está neste trecho.

Este termo não é usado aqui no sentido de sofrimento (sofrer=sofrimento), mas passar por algo (sofrer=sentir, experimentar, passar). O que é necessário para o bom aproveitamento da encarnação é passar pelo sofrimento e não sofrer, ter sofrimento, durante a vida.

Sofrer o sofrimento é vivenciar as situações que vocês chamam de negativas, aquilo que não gostam. Só que a presença deste termo neste trecho, se usado o sentido real, não diz que é necessário sofrer. Apenas afirma que é preciso viver estes momentos. Este é o sentido deste trecho.

Continuemos. Vamos a outro termo do texto: vicissitude.

Vicissitude não é sofrimento, não é penúria, como vocês pensam.

Vicissitude: sequência de mudanças ou transformações; variação. (Fonte: Dicionário on-line)

Vicissitude é a alternância das situações. A vicissitude existe quando hoje estou casado, amanhã separado; hoje tenho dinheiro, amanhã não tenho; hoje tenho emprego, amanhã não. Ou seja, alternância das situações da vida.

A partir disso podemos compreender que este pedacinho da resposta está falando exatamente o que dissemos antes: para alcançar a perfeição, para realizar suas provas e cumprir suas missões passando pelas expiações, vocês vão ter que viver uma vida que um dia está no alto e outro no baixo. É isso que está escrito aí.

Não adianta querer que a sua vida seja sempre no alto. Se isso acontecesse, suas provas não aconteceriam.

Participante: seria a impermanência das coisas ensinada por Buda?

Sim, é o ensinamento de Buda conhecido como a impermanência das coisas.

É aquilo que disse antes: tudo existe em círculos. Você tem que girar todo círculo para depois sair dele e começar um novo. É assim que o hindu e Buda definem o carma: o carma é um círculo que o ser precisa rodá-lo completamente para começar outro ciclo, outro carma.

Por isso reafirmo: você não pode querer que a sua vida seja só altos ou só baixos. Precisa aprender a conviver com os altos e com os baixos dela. Mas, conviver como? Nós já estudamos isso também: sem ranger de dentes, sem sofrer.

É isso que é viver a vida buscando a elevação espiritual. É para isso que você nasceu.

Você nasceu não para amar materialmente, para casar, ou ter filhos; não nasceu para ser médico, motorista ou ter qualquer outra profissão. Nasceu para vivenciar situações de altos e baixos nos acontecimentos daquilo que chama de vida.

Em cada uma das situações, sejam elas consideradas boas ou más, está embutida uma prova uma chance de missão e uma oportunidade de expiação. Ao vivenciá-las sem ranger de dentes alcança a perfeição.

Estou falando da perfeição o mundo de provas e expiação porque no próximo mundo são outras provações.

A vida para o espiritualista

A vida para o espiritualista

É isso que está sendo dito aqui e, portanto, é pra isso que você nasceu. É por isso que acorda todo dia de manhã, que está aqui hoje comigo, que aconteceu tudo que ocorreu na sua vida hoje.

Não foi uma pessoa que lhe fez o bem e nem outra pessoa o mal: todos foram instrumentos da sua vicissitude. Aquele que fez o que você gosta, foi instrumento do seu alto; aquele que fez o que você não gosta, foi instrumento do seu baixo. Agindo da forma que agiram, elas criaram as suas provas e as oportunidades de elevação. É por isso que disse outro dia: cada segundo da vida é uma oportunidade de encarnação.

Agora, se ficarmos presos a outras pessoas imaginando que elas são nossas esposas, filhos ou chefes, vamos perder de vista a Realidade espiritual da vida. Seu chefe não é seu chefe, mas um instrumento da sua vicissitude.

É por isso que Cristo diz: eu vim para colocar pai contra filho e mãe contra filha. Somente estando um contra outro em determinados tempos, e ao lado em outros, é que se gera a vicissitude necessária para a elevação espiritual. Se houvesse só o relacionamento perfeito de pai e mãe, não haveria vicissitude. Por conseguinte, não haveria prova, não haveria oportunidade de missão e não haveria expiação ou carma.

Participante: o homem sofre em função dos defeitos que tem. Inveja, ciúme e ambição. Os vícios sociais são as causas fundamentais do sofrimento.

Não são vícios sociais: são vícios individuais.

O que é inveja? É o egoísmo de querer ter o que não se tem.

O que é o ciúme? É o egoísmo que não gostou do que o outro estava fazendo.

O que é ambição? É o egoísmo de querer ser contentado.

Então, na verdade o homem sofre não por problemas sociais, mas por causa do seu egoísmo, do querer sempre para si mesmo. Sofre porque quer que a vida dele seja vivenciada só no alto, ou seja, só o que ele quer, o que gosta, o que sabe e o que acha bonito aconteça.

É por isso que o ser humano sofre. É por isso que há ranger de dentes no planeta. Mas, quem é espiritualista, ou seja, compreende que a vida é apenas uma encarnação que tem objetivos pré-traçados, precisa entender que quando alguém tem ciúme dele está sendo vivenciada uma das etapas da vicissitude.

Que maravilha. Ame, continue amando a tudo e a todos e não ranja dentes.

Participante: diz Kardec que a alma que tem dez imperfeições, por exemplo, sofre mais do que a que têm três ou quatro.

Eu não gosto de enumerar imperfeições, pois existem algumas que vocês nem sabem que existem. Na verdade, só existe uma imperfeição: o individualismo. É dele que nascem todas as imperfeições que vocês conhecem.

Participante: complementando, portanto, o único caminho que nos levará a felicidade completa é do esforço constante do combate às más inclinações através da reforma íntima.

Isso: é o combate ao individualismo através do universalismo.

O que é universalismo? É viver para servir ao próximo.

Respondia às questões, vamos a mais um dos objetivos da encarnação ensinados pelo Espírito da Verdade neste texto:

Participando da obra geral

Participando da obra geral

Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta.

Você precisa fazer provas, certo? Todo acontecimento da existência carnal é uma prova, certo? Sendo assim, o rompimento de um casamento é uma prova, certo? Mas, para que aconteça essa prova precisa haver um marido que saia de casa, certo?

Pensando em tudo isso podemos entender o que o Espírito da Verdade diz: visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Todo espírito encarna para fazer suas provas, mas, além disso, também é o instrumento das provas dos outros. É isso o que está sendo dito neste trecho.

Um espírito encarna, vive o papel de marido e nesta vivência passa por suas provações. Em um determinado momento passa pela situação de abandonar o lar. Faz isso não porque não presta ou porque quer, mas para que o espírito que está encarnado vivendo suas provações através do personagem esposa possa ter determinada vicissitude. Ele não faz isso por que quer, porque acha que aquele ser merece aquele carma. Na verdade, cumpre as ordens de Deus.

Ora, se ele serve a Deus saindo de casa, não foi ele quem saiu, mas sim Deus quem o tirou. Foi Deus que o levou para fora de casa. O Pai fez isso porque o espírito que está encarnado vivenciando o papel de esposa precisava daquela prova. Se ela precisasse e o homem não quisesse sair, o espírito que está vivenciando o papel de esposa ao sair da carne diria: ‘Deus, eu não fiz a prova porque Você não deixou meu marido sair de casa. Agora o Senhor precisa apagar este meu débito’.

É isso que nós precisamos entender. Aquela pessoa que lhe passa a perna no trabalho é um instrumento de Deus para gerar uma provação. É só isso.

Ela não está agindo por maldade, para lhe ferir ou magoar. Ela não quer lhe atacar: está servindo como instrumento de uma proposição para criar uma situação onde a vicissitude seja negativa e você possa nesse momento provar a sua fé e o seu amor a Deus e ao próximo.

Participante: se me permite eu vou discordar de alguma coisa. Vamos utilizar o caso do colega que passou a perna no emprego. Eu concordo que ele tenha sido instrumento de Deus para minha prova, porém se não tivesse sentimentos adequados para isso, Deus não o teria utilizado como instrumento.

Perfeito.

Participante: sendo assim, ele não é totalmente inocente. Ele vai se entender com Deus.

Primeiro: eu não disse que ele é inocente. Segundo: se na sua expiação, na sua provação era necessária aquela situação, se não fosse este personagem que fizesse isso, seria outro. Isso porque, independente de quem o faça, esta é uma vicissitude que você precisava passar. Então, não adianta culpar ninguém de nada.

Não estou dizendo que ele é inocente. O que estou dizendo é que você, ao se preocupar em jogar culpa em qualquer pessoa, se esquece de ver a prova que está passando. Se esquece de ver o amor de Deus em ação colocando uma vicissitude para você poder alcançar a perfeição.

Lembre-se: se não fosse para vivenciar as provações através das vicissitudes, não haveria razão de estar vivo. Para que vivencie vicissitudes, há necessidade de agentes carmáticos, ou seja, pessoas que sirvam de instrumento para criar o seu prazer e a sua dor. Se não houvesse alguém para lhe passar a perna, ou seja, para gerar a vicissitude negativa, você não teria razão de estar viva, pois não haveria prova a ser vivenciada.

Se tudo isso é verdade, não adianta perdermos tempo achando alguma culpa para os outros. Quando ficamos buscando culpas nos outros perdemos tempo e não fazemos nossa reforma íntima.

Participante: perante a lei de causa e efeito não existem vítimas. Só respondemos pelos nossos atos e jamais pelos atos alheios. A ninguém deve o homem a culpar em caso de sofrimento, há não ser a ele mesmo. Pela sua incúria seus excessos e sua ambição

Perfeito: não existem vítimas nem culpados. Se existisse um culpado seria você mesmo.

Veja, se existe um culpado de alguém lhe passar a perna é você mesmo que um dia plantou alguma coisa que hoje gerou esse carma. A pessoa que vivenciou esta situação com você é simplesmente um instrumento para sua colheita.

Nós não podemos nos prender na busca de culpados. Não existem culpados. Se não existem culpados, também não existem vítimas.

A única coisa que existe é um plano universal de Deus para dar a todos os espíritos uma oportunidade de elevação através da vivência de provas e da execução de missões junto às provações dos outros. Mais nada que isso.

COMENTÁRIO DE KARDEC À ESSA QUESTÃO

A ação dos seres corpóreos é necessária à marcha do Universo. Deus, porém, na sua sabedoria, quis que nessa mesma ação eles encontrassem um meio de progredir e de se aproximar dele. Deste modo, por uma admirável lei da Providência, tudo se encadeia, tudo é solidário na Natureza.

Aproveite a encarnação ao máximo

Aproveite a encarnação ao máximo

0133 - Têm necessidade de encarnação os Espíritos que, desde o princípio, seguiram o caminho do bem? Todos são criados simples e ignorantes e se instruem nas lutas e tribulações da vida corporal. Deus, que é justo, não podia fazer felizes a uns, sem fadigas e trabalhos, conseguintemente sem mérito.

Não existe espírito que nunca encarnou: todos sempre encarnaram. Alguns muitas vezes, mas outros poucas. Por quê? Porque alguns aproveitaram mais rapidamente as oportunidades e outros não. Apesar disso posso garantir: todos tiveram que passar pelas mesmas provas.

 Sendo assim, para vocês que conhecem o fato das sucessivas encarnações e os objetivos delas, viver essa vida preso ao seu lado material, ou seja, viver para reunir riquezas materiais, é um disparate. Você sabe que está encarnado, sabe que está vivenciando provações, sabe que os outros são instrumentos das suas vicissitudes e agora sabe também que um dia terá que passar por uma existência onde terá que desapegar-se das coisas materiais. Por que, então, não desapegar-se nessa?

Quando um ser vive essa vida pela história e não pela essência dela (provas, missões e expiações), na verdade está simplesmente criando uma nova encarnação para si. Está gerando a necessidade de começar tudo de novo.

Mas, não é assim que mesmo aqueles que acreditam na reencarnação vivem? Eles sabem que um dia terão que viver uma vida onde se entreguem a Deus completamente.

Apesar disso, vocês ainda buscam apenas libertar-se de uma ou outra coisa. Dizem: ‘eu me libertei de duas coisas nesta vida’. Falam isso como se houvessem feito muita coisa.

Está certo, libertaram-se de duas coisas, mas tenham a certeza que depois do desencarna lhes será perguntado: porque não se libertaram de dez, porque não se libertaram de vinte? Porque não se libertaram de todas? Por comodismo. Temos que parar com essa história do comodismo.

Olha, deixe-me dizer uma coisa àqueles que acreditam na reencarnação: a notícia da existência da reencarnação é milenar. Há sete mil anos atrás os egípcios já acreditavam na encarnação. Os hindus também. Então, a notícia da encarnação é muito velha.

Conhecer a informação da existência das múltiplas vidas não é privilégio de ninguém. Na verdade, ter acesso à esta informação é, vamos dizer assim, uma faca que pode cortar dos dois lados. Ao mesmo tempo que saber disso traz a confiança necessária para o futuro pós-morte e o esclarecimento para o que você está vivendo hoje, também pode gerar o comodismo. Pode lhe fazer parar no tempo. Conhecer a existência das sucessivas encarnações pode lhe levar a pensar assim: ‘eu tenho mais chances, por isso não vou fazer o que é necessário agora’.

Sendo assim, conhecer a existência da reencarnação não é glória para nem um espírito: é prova. Nunca se esqueçam: a quem muito foi dado, muito será cobrado. Por isso, se você conhece a existência da reencarnação, será cobrado por este conhecimento.

Se já conhece esta notícia, sabe que o que está vivendo hoje é o que plantou ontem. Você não pode ter esse conhecimento e querer fugir desta compreensão quando vivenciar os acontecimentos da vida...

Participante: não há discrepância, privilégio ou graça na pedagogia divina. Todos os espíritos progridem lenta e incessantemente sobre o mesmo processo evolutivo em consonância com a sabedoria, justiça e o amor de Deus.

Do que você falou, eu só discordo do progresso lento. Você necessariamente não tem que ter um progresso lento: avança de acordo com a velocidade que decidir caminhar. Se quiser caminhar rápido, nada vai lhe impedir.

Agora, a maioria realmente caminha lento. Mas, caminha lento por decisão individual, por comodismo. Caminha lento por não querer entender a vida carnal como uma existência espiritual e a vivenciar pelos valores do mundo material.

Na verdade, caminha lento porque cede à tentação.

Os sofrimentos da vida humana

Os sofrimentos da vida humana

0133a - Mas, então, de que serve aos Espíritos terem seguido o caminho do bem, se isso não os isenta dos sofrimentos da vida corporal? Chegam mais depressa ao fim. Demais, as aflições da vida são muitas vezes a consequência da imperfeição do Espírito. Quanto menos imperfeições, tanto menos tormentos. Aquele que não é invejoso, nem ciumento, nem avaro, nem ambicioso, não sofrerá as torturas que se originam desses defeitos.

Nesta afirmação do Espírito da Verdade há dois ensinamentos. O primeiro: chegam mais depressa ao fim.

Você passa por provas para chegar a um fim. Que fim é esse? Alcançar os objetivos da encarnação.

Vamos dar um exemplo. Hoje os espíritos encarnam na Terra para provas e expiações, ou seja, para provar a si mesmo a fé, provar a capacidade de louvar a Deus ao colher os frutos daquilo que plantou. Sendo assim, quando conseguem provar a si mesmo que têm fé ao colher todos os seus frutos, encerram um período na sua existência espiritual.

Por isso para de encarnar em mundos de provas e expiação e pode, então, encarnar em outro mundo, o de regeneração, que é aquele no qual, além de provar, terá que mudar-se completamente. Ou seja, não vai mais nascer como ser humano e ter que provar nada: nascerá com a consciência ser espírito e terá que regenerar-se. Nascerá com a consciência de ser um espírito ao invés de imaginar-se como um ser humano.

É isso que Krishna chama de sair da roda do sansara ou sair da roda das encarnações. Isto acontece quando o espírito deixa de encarnar num mundo composto por um objetivo específico. Mas, quando isso acontece, ele vai encarnar em outro mundo (ou sentido de encarnações) onde existe outro objetivo.

Isto é o que está sendo dito acima. Mas, Kardec, que compreendeu isso, pergunta: é preciso, então, passar por sofrimentos para poder libertar-se de uma sansara? Ouçam bem a resposta do Espírito da Verdade: ‘quanto menos imperfeições, tanto menos tormentos. Aquele que não é invejoso, nem ciumento, nem avaro, nem ambicioso, não sofrerá as torturas que se originam desses defeitos’.

Vamos dar um exemplo para entendermos o que está sendo dito: roubaram o seu carro. Isso é um motivo de sofrimento? Será se você for avaro, possuidor, individualista, egoísta. Agora, aquele que nem está aí para o carro, não sofre. Ele diz: ‘ah, se Deus roubou esse, eu compro outro ali na frente’. Ele não sofre a perda.

Por isso venho dizendo há muito tempo: o sofrimento não está no acontecimento, mas trata-se de uma reação que cada espírito tem a eles. O ser que se eleva, que abandona o seu individualismo, não vai colher sofrimento numa situação destas, pois viverá no universalismo.

Portanto, quando se fala em sofrimentos da vida, temos que levar em conta que sentir-se sofredor é uma questão de opção, ou melhor, de elevação espiritual. Quem entende que os acontecimentos da vida são provas onde o espírito pode escolher sofrer ou não, não sofre.

Sendo assim, não podemos dizer que as situações da vida são sofredoras. As situações são provas onde o espírito pode escolher entre manter-se em paz e vivenciar o amor de Deus ou escolher sofrer. Pode manter-se na felicidade, na harmonia e na paz ou se perder no individualismo e gerar o sofrimento.

Participante: a alma não está para sempre ligada a essa Terra obscura. Depois de ter adquirido as qualidades necessárias a deixa e vai para mundos mais elevados. Percorre os cantos do espaço semeado de esferas e de sois.

Isso é verdade, mas depende do grau de elevação de cada ser. O espírito não vai onde não se sinta bem. Ele só frequenta lugares onde estejam os seus iguais.

Participante: as condições dos espíritos na vida de além túmulo, sua elevação e sua felicidade, dependem da respectiva faculdade de sentir e de perceber que é sempre proporcional ao seu grau evolutivo.

Perfeito. Só tenho uma consideração a fazer: não é só no além túmulo; na vida carnal também.

A sua faculdade de ser feliz e a sua percepção, ou seja, o que você acha que está acontecendo depende só de você, não do acontecimento. Portanto, não é só na vida fora da carne: na vida carnal você também tem essa faculdade.

Aliás, o espírito é o mesmo sempre, estando na carne ou fora dela. Alma, espírito é uma diferença só de palavras. Não existe diferença de status espiritual entre um espírito e uma alma...

Comentários finais

Comentários finais

Filhos, o que precisamos levar de muito forte do que falamos hoje é exatamente isso: entender que a vida material não existe pela sua história, pelo que você está vendo ou achando. Ela é criada, formatada, formada pelo tripé espiritual: provas, expiações e missões.

Todos os acontecimentos da vida nada mais são do que uma prova para se realizar através da vivência das expiações e oportunidades de missões a serem cumpridas para a obra geral. Isso parece muito simples quando estudamos aqui, mas na hora do acontecimento esta compreensão precisa estar, vamos dizer assim, à frente do raciocínio de vocês.

Foi isso que estudamos ao ver o Espírito da Verdade dizendo que é necessário que vença você mesmo. É necessário que vença tudo aquilo que está achando que está acontecendo. É necessário, voltando ao exemplo que dei, que a mulher que tenha sido abandonada vença tudo aquilo que acha do marido, da situação, que acha que está acontecendo. Aquela pessoa que imagina ter sido passada para trás precisa vencer todo o seu individualismo ferido que lhe leva a vivenciar uma realidade que não é a Verdade do Universo.

Este é o ensinamento mais profundo que vocês podem obter nessa vida. Todo resto é, vamos dizer assim, curiosidade besta. Todo resto é simplesmente ciência.

Lembre-se: você, o espírito, não precisa mais de ciência porque não está mais na época de adquiri-la. Você está na época de provar a si mesmo a sua fé e ela não se adquire através de conhecimentos científicos.

Você só prova a si mesmo que tem fé não cedendo às tentações. Só prova que a tem vencendo a si mesmo.

Essa é à base do ensinamento de Cristo, Krishna e Buda e, portanto, não poderia deixar de ser também do Espírito da Verdade. Tudo o que está escrito neste livro se tornará cultura se você não aprender que o que é a vida, o que é a realidade dos acontecimentos da vida e se não entender como a agir durante ela.

O conhecimento que surge dos ensinamentos deste livro, se não alcançada a consciência da necessidade da alteração da compreensão sobre a vida, só ocupará espaço dentro de você. Além do mais, todo este conhecimento será jogado fora, como já disse, quando acabar a encarnação.

Então veja: querer descobrir um conhecimento científico, seja na ciência espiritual ou na material, é perda de tempo. É simplesmente maya, ilusão.

Buscar aprender sem praticar é viver uma ilusão onde você diz que está se dedicando a Deus, mas na verdade ainda está preso ao individualismo do ego. Sem colocar em prática, ou seja, alterar sua forma de vivenciar os acontecimentos da vida, o que conversamos aqui, não terá feito o que nasceu para fazer.

Já falei sobre isso: você será como o aluno terrestre que ao findar um ano letivo, ao invés de ir para uma nova série aprender novas coisas, preferirá permanecer na mesma série, estudando tudo o que já sabe. Sim, tudo o que está aqui você, o espírito já sabe e mais: vivencia tudo isso. Por isso, não precisa vir à carne para aprender.

Eu disse outro dia numa palestra que realizei para um grupo que estuda ciência espiritual: as pessoas estão aqui estudando como se projetar sem corpo, mas vocês são espíritos e, portanto, já sabem fazer isso. Parem de estudar cientificamente o mundo espiritual e aprendam a praticar o amor, porque isso, uma vez que estão encarnados no mundo de provas e expiações, não sabem perfeitamente.

Os espíritos encarnados perdem a encarnação, a oportunidade de vivenciar as suas provas, de vivenciar suas missões e suas expiações dentro do sentido delas, aprendendo o que já sabem.

Têm outros que estudam mágicas. Estudam fazer objetos mágicos (mandalas, pós, etc.). Para que? Acreditam que podem influenciar no seu próprio destino ou no dos outros, mas estes elementos não vão conseguir acrescentar ou retirar prova nenhuma a si ou a outro espírito. Isso porque, como ainda vamos ver, cada espírito pede sua prova antes de nascer.

Então, é isso que precisamos entender: não adianta ficarmos estudando ciência espiritual sem levar este conhecimento à prática do dia a dia. Estudar ciência espiritual a cada encarnação é ficar estudando a mesma coisa a vida inteira. Quem faz isso, não realiza nunca as suas provas e, por isso, jamais liberta-se do sansara.

O que é necessário não é saber culturalmente o que vimos, mas entender para que você acordou hoje de manhã, porque está vivo. Sem compreender bem o sentido da vida, não vai conseguir entrar nunca no processo de elevação. Posso até dizer que se não fizer isso, não viverá, pois viver, espiritualmente falando, é aproveitar cada situação para fazer suas provas, suas missões e passando por suas expiações.

Esse, como já disse, é o mais forte ensinamento que qualquer um pode dar para vocês. Ensinar a cantar ponto ou mantra nada resolve para a sua existência eterna. Tudo isso é ilusão, pois a única Verdade, a única Realidade é o que todos os mestres ensinaram: você precisa praticar o amor universal.

Até admito que conhecer algumas Verdades Universais pode lhe ajudar, facilitar, mas se não encarar de frente cada situação e colocar nela a Realidade (tudo são provas, missões e expiações), de nada adiantam os mantras, os pontos, as mandalas, os pós ou a capacidade de projetar no mundo espiritual. De nada adiantam as regras que você cumpriu, as orações fez.

Este, vamos dizer assim, é o balanço de hoje. Espero que tenha conseguido transmitir alguma coisa para vocês e tenha lhes ajudado a aprender a viver. Sim, o que tenho tentado fazer é lhes ajudar a aprender a viver, porque o grande mal do espírito é não saber viver a vida carnal dentro do sentido universal que ela tem.

Participante: acredito que o véu de maya estava muito grande e escuro, por isso não estava vendo direito. Verdades estão sendo detonadas uma a uma. Obrigado pela sua ajuda.

Participante: muito bom... Sua ajuda tem sido inestimável.

Não é minha ajuda. Eu sou só instrumento. Agradeçam a Deus. Aliás, agradeçam a vocês mesmos.

Colocando em prática tudo o que vimos hoje, temos que dizer que se não fosse prova de vocês estarem aqui ouvindo, não estariam. Portanto, agradeçam a vocês mesmos.

Agora, se estão todos felizes por terem recebido esses ensinamentos, vou acabar com a felicidade de vocês. A partir de agora não podem mais alegar ignorância, desconhecimento. Vocês não podem mais sair da carne e dizer: ‘ah, eu não sabia que era isso’.

Então, filhos, mais do que agradecer – e sinceramente me comovo, não com o agradecimento, mas com o amor que está embutido nele – é hora de colocar mãos à obra. É o que disse: acabou a época de adquirir ciência; chegou a hora da sabedoria, ou seja, colocar toda a cultura em prática.

Sendo assim, posso dizer que vocês estão agradecendo pelo, vamos dizer assim, problema que arrumei na vida de vocês.

Participante: sem dúvida, nos tornamos cada vez mais responsáveis, Graças a Deus.

Vou dizer uma coisa: se você se tornou responsável, eu não sei. Cada um usa seu livre arbítrio e vai se tornar responsável ou não.

Agora, que a responsabilidade foi dada, isso com certeza.