Revelações da revelação - Livro I

Revelações da revelação - Livro I

Comentários de Joaquim de Aruanda ao contido no Livro I de O Livro dos Espíritos. Como o amigo espiritual fala desde o início, este estudo é sobre os ensinamentos do Espírito da Verdade e não do espiritismo. Faz esse alerta porque conforme se viu posteriormente, muitas das informações contidas no livro não são contempladas pela doutrina. 

Revelações da revelação - Livro I

Introdução I

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Introdução I

Nós vamos hoje começar o estudo do Livro dos Espíritos. Antes de começar quero deixar uma coisa bem clara: nós não vamos estudar espiritismo, mas sim O Livro dos Espíritos. São duas coisas diferentes e já nesta introdução iremos definir essa diferença.

Para designarem coisas novas são precisos termos novos. Assim o exige a clareza da linguagem, para evitar a confusão inerente à variedade de sentidos das mesmas palavras. Os vocábulos espiritual, espiritualista, espiritualismo têm acepção bem definida. Dar-lhes outra, para aplicá-los à doutrina dos Espíritos, fora multiplicar as causas já numerosas de anfibologia. Com efeito, o espiritualismo é o oposto do materialismo.

Vamos parar por aqui e definir espiritualismo. Kardec nos informa que o espiritualismo é o oposto do materialismo, mas o que é o materialismo? Podemos definir como materialista aquele que vive para o mundo material, para a matéria, para as coisas da matéria, ou seja, aquele que tem como objetivo fundamental em sua existência algo que seja material, humano.

Espiritualista, então, se é o oposto disso, é aquele que vive para o mundo espiritual, para as coisas do mundo espiritual. É aquele que tem como objetivo principal em sua existência atingir algo espiritual. Essa é, por definição, o significado do termo espiritualista.

Espiritualismo, portanto, é a ciência que estuda as coisas do espírito e espiritualista é aquele que vive para estas coisas.

Quem quer que acredite haver em si alguma coisa mais do que a matéria é espiritualista.

Só que para se ser espiritualista não se pode apenas acreditar no algo mais. Como ensinado, o apego à letra fria de nada vale. Para que qualquer crença tenha efeito é preciso que ela seja vivenciada. Sendo assim, posso dizer que espiritualista é aquele que vive para as coisas espirituais.

Para poder se auto designar espiritualista não basta apenas acreditar na existência de algo além da matéria, pois espiritualista não é aquele que apenas acredita haver em si alguma coisa, mas sim aquele que além de acreditar nisso, vive para essas coisas.

Não se segue daí que creia na existência dos espíritos ou em suas comunicações com o mundo visível. Em vez das palavras espiritual, espiritualismo empregaremos, para indicar a crença a que vimos referir-nos, os termos espírita e espiritismo, cuja forma lembra a origem e o sentido radical e que, por isso mesmo, apresentam a vantagem de ser perfeitamente inteligíveis, deixando o vocábulo espiritualismo a acepção que lhe é própria.

Espírita, portanto é aquele que, além de acreditar que existe alguma coisa além da humanidade que vive, acredita que haja comunicações entre estes dois mundos. É preciso desde já fazer esta distinção porque há espiritualistas que acreditam na existência de algo além da matéria, mas não acreditam na comunicação entre os dois mundos.

Portanto, espiritualistas não são só os espíritas, pois existem muitos que, apesar de crêem na existência de algo mais do que a matéria, não acreditam no espírito como descrito por Kardec: o um espírito vivo, um espírito que vive além da matéria. Essa é a diferença.

O espírita crê no espírito vivo, mas o espiritualista, que não é espírita, crê no espírito morto: o espírito que está dentro do homem e que sairá dele através do processo morte e só então voltará a viver no dia da ressurreição.

Diremos, pois, que a doutrina espírita ou o Espiritismo tem por princípio as relações do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo invisível.

Pouco se pode falar desse trecho, pois ele está bem claro: a doutrina espírita tem como fundamento, objetivo, o estudo dos espíritos fora da carne e da sua relação com a carne. Esse é o objetivo do espiritismo.

Os adeptos do Espiritismo serão os espíritas, ou, se quiserem, os espiritistas.

Como especialidade, o Livro dos Espíritos contém a doutrina espírita; como generalidade, prende-se à doutrina espiritualista, uma de cujas fases apresenta. Essa a razão porque traz no cabeçalho do seu título as palavras: Filosofia espiritualista.

Esse é o aspecto importante desta introdução: Kardec não separou o espiritismo do espiritualismo. Ao contrário: deixou bem claro que a doutrina espírita, representada por O Livro dos Espíritos é uma das fases do espiritualismo.

Isso é extremamente importante para a busca da elevação espiritual, porque quem se diz espírita está se prendendo apenas a uma fase do espiritualismo. É a mesma coisa de se intitular, por exemplo, católico: está se prendendo a outra fase do espiritualismo. Da mesma forma aquele que é apenas budista, também se prende apenas a outra fase do espiritualismo.

O espiritualismo, na verdade, é uma faculdade que possui diversas cadeiras. Quem cursa medicina precisa estudar biologia, ortopedia, cardiologia, etc. Ou seja, existem diversas cadeiras que compõem a medicina.

No espiritualismo é a mesma coisa. O catolicismo é uma cadeira que tem a função de transmitir um determinado ensinamento. O evangelismo é outra cadeira e tem a função de transmitir outro ensinamento. O espiritismo também é uma dessas cadeiras do espiritualismo que possui missão própria.

Por isso é que afirmamos que o espiritismo puro, assim como qualquer religião isoladamente, não representa a formação na faculdade espiritualista. Ter uma só religião dá uma formação capenga ao ser humano. É como se ele tivesse estudado dentro da medicina apenas a ortopedia e por isso se achasse pronto para curar qualquer enfermidade do corpo: isso não é realidade.

Precisamos, portanto, partir desse ponto, desse aspecto, ao estudar O Livro dos Espíritos. Estudaremos a doutrina espírita como um dos elementos do espiritualismo e não por ela mesma. Esta é a diferença do nosso trabalho.

Quando se vai a um centro espírita que imagina que o espiritismo e o espiritualismo são diferentes, estuda-se a doutrina espírita por ela mesma, pois os dirigentes daquela casa acham que a doutrina espírita sozinha satisfaz todas as necessidades do espírito. Mas, Kardec deixou bem claro: não satisfaz. A doutrina espírita precisa ser integrada a todas as outras fases do espiritualismo para poder se compreender a vida espiritual.

Dessa forma, se cada religião do universo é uma cadeira da faculdade espiritualista, cada uma delas tem o objetivo de transmitir um determinado assunto. No direito, por exemplo, as leis contra o crime são estudadas na cadeira penal, as cíveis, na cível. Da mesma forma, na faculdade espiritualista, cada cadeira, cada religião, tem uma função. Vamos, então, ver superficialmente a função de cada religião.

A falange espiritual diocesana que opera com a Igreja Católica, possui a missão de transmitir os sacramentos. Para compreendermos melhor esse assunto (sacramento) ao longo do Livro dos Espíritos, voltaremos a abordar o tema. A missão da falange evangélica é ensinar a fé cega, a fé perfeita: a entrega total.

NOTA: Fé perfeita: aquela que representa a entrega absoluta a Deus com confiança irrestrita.

A missão da falange mulçumana é trazer a informação do Deus Causa Primária que é feita através do ensinamento do “Maktub” (tudo já está escrito). A missão da falange espírita foi descrita pelo próprio Kardec: trazer a informação da vida depois da vida e a relação dela com a carnal. A missão da falange de Krishna é trazer o ensinamento fundamental da oferenda a Deus, do sacrifício a Deus (sacrificar a sua intencionalidade ao Senhor). A falange do taoísmo (Lao-Tsé) nos trouxe o ensinamento do perfeito equilíbrio, o yang e yung. Já Buda trouxe com sua falange o conhecimento da existência do sofrimento e do caminho para se vencê-lo (Nobre Caminho Óctuplo).

Essa é, resumidamente, a missão de cada uma das falanges espirituais ou cadeiras da faculdade espiritualista. Cada uma delas contribui com um ensinamento para que os espíritos humanizados pudessem cursar a faculdade espiritualista, ou seja, promover a sua reforma íntima.

Dessa forma, é sobre esse aspecto que estudaremos a partir de agora o Livro dos Espíritos: integrando todos os ensinamentos de todos os mestres numa só verdade.

Participante: Qual a missão da umbanda e do candomblé: perseverança no trabalho?

A umbanda e o candomblé não possuem missões de transmissões de ensinamentos. Todas as variações da falange africana (umbanda, candomblé, quimbanda) possuem missão de auxílio e apoio aos espíritos encarnados.

Os espíritos que operam nessa falange são os protetores diários, os orientadores, os passistas. A missão deles é ação e não transmitir ensinamentos.

Participante: Onde acabam os trabalhos da umbanda e onde começam os do espiritismo de Kardec?

Na missão, na função dentro do planeta, como falamos no início. A umbanda tem a função de proteção aos encarnados, de orientação através da consulta e o apoio através do passe.

Já o ensinamento de Kardec, o espiritismo, é outra cadeira da faculdade espiritualista e a função dele é ensinar a realidade da vida fora da carne e como se processa o mecanismo de realização dessa vida e da junção das vidas encarnadas e desencarnadas.

A umbanda não possui missão de ensinamento e sim de ação. Isso, então, quer dizer que o espiritismo não possui missão de ação. O problema é que as religiões querem realizar ações que não lhe pertencem, querendo exercer a missão de outras.

Isso ocorre porque elas não se aceitam como parte do espiritualismo. A partir do momento que o espiritualismo for entendido como a fusão de todas as religiões os seres humanizados deixarão de ser religiosos (espíritas, católicos, umbandista, etc.) e serão apenas espiritualistas, ou seja, ecumênicos.

Nesse momento os religiosos entenderão o seu papel dentro do apoio aos seres humanizados e com isso a religião exercerá a sua própria função no universo.

Participante: Isso quer dizer que uma se confunde com a outra?

 Todas as religiões se confundem uma com a outra porque todas fazem parte do espiritualismo, que é a única religião que existe.

No início deixamos bem claro que cada religião é uma cadeira da faculdade espiritualista. Então, todas se confundem quando se vê a religiosidade pelo aspecto espiritualista.

Esta é por definição o trabalho do espiritualismo: cada religião, cada falange espiritual – porque quando se fala em religião se fala em falange espiritual – trazendo uma parte dos ensinamentos divinos e todas as partes se fundindo formando a religião espiritualista, que na verdade é a religação com Deus.

Aliás, este é um ensinamento antigo que Paulo compreendeu muito bem:

“Porque Cristo é como um corpo que tem muitas partes. E essas partes, ainda que sejam muitas, formam um só corpo” (Coríntios 1 – 12,12).

“Assim Deus colocou cada parte diferente do corpo como ele quis. Se o corpo todo fosse uma parte só, não existiria o corpo!” (idem – 12,18).

“Portanto, vocês são o corpo de Cristo e cada um é uma parte desse corpo”. (idem – 12,27).

Revelações da revelação - Livro I

De Deus

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Pergunta 1
Pergunta 2
Pergunta 3

001. O que é Deus? Deus é a Inteligência Suprema, Causa Primária de todas as coisas.

Antes de fazermos comentários a respeito desta questão, busquemos compreender a pergunta. Kardec não pergunta ao Espírito da verdade sobre quem é Deus, mas sim o que é Deus. Dessa forma, a resposta não dá uma descrição de Deus, mas apresenta a função de Deus para o Universo.

Quando Kardec perguntou o que é Deus, quis saber o que representa o Senhor para o universo, onde pode se encontrar Deus no Universo. A resposta, portanto, não se trata de uma descrição do Pai, mas da compreensão da Sua função no universo.

Essa visão altera completamente o sentido da resposta, pois Kardec não está perguntando se Deus tem barbas longas e brancas, mas como se pode reconhecer Deus no nosso cotidiano. Como pode o ser humanizado, com a sua visão tão curta das coisas universais, ver, entender, saber Deus.

Essa é a intenção da pergunta e isso precisa ficar bem claro, pois senão se destrói a resposta. Toda resposta é dada de acordo com a intenção da pergunta. Acho que não precisa se relembrar que os espíritos fora da carne conhecem pela transpiração sentimental as intenções do ser encarnado.

NOTA: Transpiração sentimental são as energias que compõem a aura do ser encarnado. Pela tonalidade da cor da aura, os espíritos fora da carne podem conhecer o padrão sentimental do encarnado, reconhecendo, assim, a sua intenção. Transpirando o encarnado arrogância, o desencarnado consciente sabe que a intenção da ação é se sobrepor ao próximo. Se a transpiração é de sofrimento, o desencarnado sabe que a intenção desse ser é acusar alguém de ter lhe ferido.

Dessa forma, o Espírito da Verdade quando respondia a Kardec conhecia a sua real intenção. Quando bem analisada a pergunta (“o que é Deus”) temos, então, a perfeita compreensão da intenção de Kardec.

Agora podemos começar a analisar a resposta. A primeira parte dela é: “Deus é a Inteligência Suprema”. Busquemos compreender essa informação.

Inteligência é a capacidade de perceber, analisar e armazenar percepções. Quando o Espírito da Verdade diz que Deus é a Inteligência Suprema, quer dizer, então, que o Senhor é aquele Ser do Universo que é capaz de analisar perfeitamente tudo o que se passa.

Cristo ensinou: Deus conhece tudo. Krishna ensinou: Eu sei tudo o que acontece. Deus sabe tudo o que acontece e tudo que Ele analisa se transforma em uma Verdade Absoluta, porque é resultado de uma análise perfeita.

Pegando essa definição dada pelo Espírito da Verdade e a colocando na intenção da pergunta (o que é Deus), podemos, então, dizer que Deus é a Verdade, a Perfeição, a Realidade. Se Deus tem a capacidade suprema de analisar todos os acontecimentos que faz com que o resultado dessa análise seja uma Verdade Pura, Deus é a Verdade Pura e só Ele o é.

Essa é a primeira resposta que o Espírito da Verdade dá a Kardec. Você quer saber o que é Deus para o Universo? Ele é a Verdade, a Realidade do Universo. O Senhor não é simplesmente um Ser que está presente no céu, mas é a Realidade, o que existe de Verdadeiro.

Sendo Deus o que existe de Verdadeiro, todo o resto é falso, ou melhor, ilusório, relativo. Esta é a conclusão que se tem que chegar quando se estuda esta pergunta de O Livro dos Espíritos: tudo que não for Deus, que não for oriundo do Pai, é falso, ilusório, verdade relativa, não uma Verdade Absoluta.

Só para compreendermos perfeitamente o ensinamento, uma Verdade Absoluta ou Universal precisa ter dois aspectos. Primeiro: ser universal, ou seja, valer para todos, ser igual para todos. Segundo: ser eterna, ou seja, nunca se mudar. Essas são as duas características da Verdade Universal ou Absoluta e, portanto, são duas características de Deus.

Participante: Se nós somos ilusão, porém somos partes de Deus. A nossa evolução nos tornará mais próximos da Verdade Absoluta?

  Você é ilusão enquanto não parte de Deus. Na verdade, todos são partes de Deus, mas poucos são conscientes disso, ou seja, vivem com essa consciência. Na hora que cada ser universal souber conscientemente que é parte de Deus deixa de ser ilusão que é hoje e se transforma em Realidade.

Com relação à sua pergunta, sim, a evolução espiritual é se aproximar de Deus e isso quer dizer que você se aproximará da Verdade Absoluta. No entanto, saiba que somente Deus é a Verdade Absoluta e a conhece. Por mais que você evolua poderá estar perto dela e não a ser.

Vamos, então para a segunda parte da resposta à questão 1: “Causa Primária de todas as coisas”. Precisamos analisar cuidadosamente esta questão, pois a incompreensão dessa resposta já gerou muitas verdades relativas.

O que é causa? É aquilo que origina alguma coisa. Toda causa é uma origem. Dessa forma, o Espírito da Verdade ensina que Deus é a origem primária de todas as coisas. Vamos compreender essa informação.

Já houve um tempo em O Livro dos Espíritos que essa frase estava escrita da seguinte forma: origem primeira de todas as coisas. Os vocábulos foram alterados, mas tanto faz, porque o que realmente importa é o que quer dizer primário, ou primeiro.

NOTA: Primário – 1. que antecede outro. 2. elementar, rudimentar (MINI DICIONÁRIO AURÉLIO)

Primário quer dizer início, primeiro, básico, que não possui nada anterior. Dessa forma, podemos compreender no ensinamento do Espírito da Verdade que Deus é a origem por si só de todas as coisas. Nada se origina em outra coisa e nada influencia a Deus na origem das coisas. Ele, pela sua capacidade de análise perfeita, tem a condição de dar o início de todas as coisas do universo. Essa é a primeira informação.

Dela nos decorre duas outras visões. Primeiro: Deus é a origem de todas as coisas. Quando o Espírito da Verdade fala em todas as coisas quer dizer todas as coisas. Não se podem separar as coisas do Universo: estas têm origem em Deus e estas outras não.

Quando o Espírito da Verdade utilizou o vocábulo todas, quis se referir a tudo o que existe. Quando Cristo ensina que devemos amar a todos engloba o amor a tudo o que existe. Não há nos ensinamentos dos mestres condições para serem originados ou amados.

O ser humano dá a Deus a origem de algumas coisas, mas nega esta mesma ação em outras. Por exemplo: Deus é a origem de todas as coisas, mas não é a origem da dor de dente do ser humanizado, não é a origem do seu salário. Isso não pode acontecer. Deus é a origem de todas as coisas, então tudo tem que começar em Deus.

O ser humanizado não pode separar o universo entre o mundo de Deus e o seu mundo próprio. Se isso fosse realidade, o Espírito da Verdade responderia a Kardec: Deus é a origem de todas as coisas espirituais, de todas as coisas do planeta vermelho, das coisas aquáticas. Mas, não é isso que ele fala: deixa bem claro que Deus é a origem de todas as coisas.

É preciso acabar com a hipocrisia. Na reação a esse ensinamento está a maior hipocrisia do ser humanizado, pois ele dá a Deus a causa primária das coisas que ele não sabe, mas no que detém a verdade, mesmo que ilusoriamente, dá a causa primária aos elementos que conhece: o vírus, a comida, o outro, etc. Isto é hipocrisia, pois o ser humanizado submete a Verdade do Universo à sua verdade individual: se ele sabe, não precisa da verdade do Universo.

Para começarmos uma caminhada em direção à elevação espiritual, precisamos compreender que tudo se origina em Deus, tudo mesmo. E, se o ser humanizado acha ao contrário, ele precisa compreender que a sua verdade, como é relativa, precisa ser abandonada.

Agora pouco, me perguntaram sobre chegar perto da Verdade Universal, mas como chegar perto dela se acredita que a sua verdade relativa é Universal, verdadeira, real? Impossível, pois acha que já chegou à Verdade Universal. Você precisa abrir mão do seu saber para poder aprender, pois enquanto souber, não aprenderá nada novo. Este é o primeiro aspecto que gostaria de abordar.

Segundo aspecto: se Deus é a origem de todas as coisas e se Ele ao mesmo tempo é a Perfeição, a Realidade, a Verdade, não pode gerar uma mentira ou uma irrealidade. Portanto, se Deus é a origem de todas as coisas, tudo o que acontece é Real, Verdadeiro, Perfeito. É assim porque é a ação de Deus, porque Deus é a Causa Primária.

A partir desse raciocínio, temos que entender que o universo está equilibrado, pois ele é Verdadeiro na sua origem, pois é a ação de Deus. Deus como Verdade não poderia dizer uma mentira, Deus como Realidade não poderia criar uma ilusão.

São esses três aspectos que devemos realçar no ensinamento contido na resposta à primeira pergunta do Livro dos Espíritos:

tudo é causado por Deus, sem controvérsias com relação a isso;

Deus causa tudo e não uma parte;

no universo não existe errado, feio, mentira, ilusão.

Participante: Posso entender ilusão como ser parte de Deus, mas não consciente disso.

A ilusão não é ser parte de Deus, mas achar que é independente de Deus. A ilusão da humanidade que o ser assume ao encarnar é imaginar-se independente de Deus e a realidade é que ele é parte de Deus.

Participante: A minha verdade faz parte da Verdade Universal ou eu não tenho nenhuma verdade?

A sua verdade, seja qual for, é relativa porque só vale para você, o que quebra o caráter universalista dela. Além disso, cada um tem a consciência que ao longo da sua vida essas verdades já foram alteradas completamente sobre quase todos os aspectos. Isso fere a eternidade necessária para a verdade ser Absoluta.

Então, sim, a sua verdade é somente sua: é relativa. Agora, ela faz parte da Verdade do universo no momento que vem de Deus, mas isso não mais ocorre no momento que você a utiliza como realidade. Essa é a distinção.

No momento que ela parte de Deus, quando Ele a causa primariamente, ela é uma Realidade, mas você precisa entender que ela é restrita a você. Ela é Real porque veio de Deus e esta fonte é a Verdade e não aquilo que você acha que é real.

Ela é verdadeira porque vem de Deus, mas ela em si mesma (o que ela afirma) não é realidade porque não espelha o que Deus sabe, mas é o resultado do seu carma: uma verdade que Deus lhe dá de acordo com o seu carma.

Participante: Ilusão é a minha percepção errada da Verdade?

Isso. Ilusão é a sua percepção – não vou dizer errada, mas individualizada – individualizada sobre a Realidade que é Universal. Isso é ilusão: é o que você acha, sabe, acredita. Isso é ilusão porque é uma individualização da Realidade.

Participante: A origem é verdadeira, mas em geral nossa percepção é ilusória.

A origem é Verdadeira: Deus é a Realidade. Ele origina: isso é Verdade na sua verdade. Agora, o que a sua verdade transmite, ou seja, que você é homem, por exemplo, isto é uma ilusão, porque o espírito não tem sexo.

Então, quando se acha homem está iludido, mas esta ilusão veio de Deus e por isso é Real. Essa Realidade, no entanto, está de acordo com as verdades individuais de cada um (achar que é o corpo que veste), por isso ao ser utilizada pelo ser humanizado se transforma em ilusão.

Respondida as perguntas, deixe-me falar outra coisa importante para encerrar o estudo desta pergunta de O Livro dos Espíritos.

Sempre que você vai escrever um livro, deve ter uma introdução, o desenrolar e o encerramento. A introdução mostra o caminho que será desenrolado durante o livro. Dessa forma, podemos encarar essa pergunta (001) como introdução de O Livro dos Espíritos, ou seja, a base para tudo que será estudado daqui para frente.

Não adianta nada começar a se ler o Livro dos Espíritos no meio, sem compreender perfeitamente a primeira resposta, pois mais tarde, quando vier uma nova informação, o ensinamento traduzido nesta primeira pergunta estará valendo e estará por trás de todas as respostas.

A primeira pergunta apresenta O Livro dos Espíritos e submete todas as respostas posteriores a este sentido: Deus é a Realidade, a Verdade e só Ele é a Causa Primária de todas as coisas. Daqui para frente, qualquer resposta que fuja a isso não poderá compor O Livro dos Espíritos, mas estará compondo o livro que cada um quer ler.

Desta forma, tudo que será falado a partir de agora será analisado a partir do prisma de que Deus é a Inteligência Suprema e a Causa Primária de todas as coisas.

Como já falamos, a pergunta busca compreender o que é Deus e não quem é Ele. Deus é isso, o que se pode conhecer de Deus é isso: que Ele faz tudo acontecer e que tudo que acontece é Perfeito e Verdadeiro, pela sua origem.

002. Que se deve entender por infinito? O que não tem começo nem fim: o desconhecido; tudo o que é desconhecido é infinito.

Esta pergunta expõe a falta de compreensão do ser humanizado. Ele quer saber onde começa o Universo, quando acabará a evolução espiritual, mas tudo isso é infinito e a característica do infinito é não ter começo nem fim.

Para o ser humanizado que vive no mundo dualista, a compreensão desse conceito é algo que não consegue imaginar, porque tudo para ele precisa ter um começo, um ponto de origem. O Espírito da Verdade está classificando infinito como aquilo que não tem ponto de origem nem ponto de chegada: essa definição é o máximo que o ser humanizado pode entender sobre esse aspecto.

Agora quanto ao termo desconhecido utilizado na resposta, podemos compreender como tudo aquilo que o ser humanizado não conhece, não sabe a razão porque começou nem sabe como acabará. Dessa forma, podemos classificar todas as coisas do planeta como infinitas.

003. Poder-se-ia dizer que Deus é o infinito? Definição incompleta. Pobreza da linguagem humana, insuficiente para definir o que está acima da linguagem dos homens.

Acho que a resposta do Espírito da Verdade traz a compreensão total sobre o assunto: Deus é tudo e se Ele é tudo, Ele é o Infinito e Ele é infinito.

A falta de compreensão sobre o tema surge porque o ser humanizado não sabe o que é infinito nem o que é Deus. Daí o desejo de Kardec de juntar uma coisa a outra porque, como já disse o Espírito da Verdade, tudo o que você não sabe é infinito.

Agora, se Deus é infinito, é, mas também é o Infinito.

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Provas da existência de Deus

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Pergunta 4
Pergunta 5
Pergunta 6
Pergunta 7
Pergunta 8
Pergunta 9

004. Onde se pode encontrar a prova da existência de Deus? Num axioma que aplicais às vossas ciências. Não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem e a vossa razão responderá.

Onde se pode saber que um Deus está presente? Como se pode saber que existe a presença de Deus em algum lugar? Como vimos na pergunta 001, Deus só pode ser conhecido e sua presença reconhecida pelo ser humanizado através da existência de uma Causa Primária. Portanto, a existência de Deus se comprova quando se descobre que existe uma Causa Primária, uma Causa que causa todas as coisas.

Essa é a prova maior da existência de Deus: não existe efeito sem causa. Tudo que acontece é reação a alguma ação, a uma ação primária. Essa ação primeira é o Deus.

Dessa forma, como se pode saber que existe um Deus? Sabendo que atrás daquilo que está acontecendo existe algo mais que não é perceptível, mas que está causando primariamente tudo.

Eu sempre digo para as pessoas: é preciso meditar. Meditar é você analisar o seu próprio pensamento, ou seja, descobrir o que origina o seu próprio pensamento. Esse é o caminho para chegar a Deus, pois cada vez que o ser humanizado analisar o que está sendo formado em sua mente verá que aquilo que acha que é causa primária, na verdade é o efeito causado por alguma coisa.

É isso que os seres humanizados precisam se perguntar: o que é a causa, o que causou a formação daquele pensamento? Sem essa pergunta constante não se chega a Deus.

005. Que dedução se pode tirar do sentimento instintivo, que todos os homens trazem em si, da existência de Deus? A de que Deus existe; pois, donde lhes viria esse sentimento, se não tivesse uma base? É ainda uma conseqüência do princípio – não há efeito sem causa.

Desde que o mundo é mundo, ou melhor, desde que começaram as encarnações neste planeta, todas as civilizações foram marcadas pela existência de um ser superior desconhecido do homem. Repare que são civilizações distantes uma da outra. Quem será, então, que causou a idéia da existência de um ser superior?

Para compreender precisamos voltar ao conhecimento obtido com a resposta à pergunta 001: procure sempre a causa. Quem causou aos gregos, troianos, africanos e japoneses que se encontravam distantes uns dos outros? Aos índios aqui nessa terra... Quem causou neles a idéia de buscar esse ser superior se eles não se comunicavam entre si? O próprio Deus.

Essa consciência coletiva de que existe um próprio Deus é a prova maior que existe uma causa primária para todos, não importando localização geográfica, cultura, nem tradições.

Deus é um só e único para todos, independente da forma como o ser humanizado convive com a intuição dada pelo próprio Pai da Sua existência. O que muda a concepção sobre o Ser Supremo não é Ele mesmo, mas sim a própria humanidade que quer dizer que o seu deus é verdadeiro e o dos outros.

Existe um único Deus que causa em todas as raças do planeta as idéias e esse Deus é Único, é um só. Mais do que se apropriar do Deus, precisamos começar a compreender isso para servi-Lo. Com isso poderemos respeitar a crença de cada um.

Quem entende e pratica a universalização vive com Deus e não com o seu deus, o que é muito diferente.

006. O sentimento íntimo que temos da existência de Deus não poderia ser fruto da educação, resultado de idéias adquiridas? Se assim fosse, por que existiria nos vossos selvagens este sentimento?

Se assim fosse, quem pela primeira vez lançou a idéia de haver um ser superior? Voltamos ainda a questão inicial: para compreender alguma coisa é sempre preciso buscar a causa primária, que está escondida atrás dos objetos, pessoas ou acontecimentos.

Você não pode consagrar a origem de qualquer coisa em uma fonte sua conhecida, porque, por trás dela, existe uma causa primária, que não é perceptível ao ser humanizado. Esta causa foi o que causou originariamente o que a fonte conhecida por você fez.

Então, não importa o que você quer saber: é preciso compreender que sempre haverá escondida uma causa primária, que causará originalmente aquilo que você vê acontecer através de instrumentos da ação.

Respondendo, então, a esta pergunta específica, podemos dizer que Deus existe não porque alguém O criou, mas sim porque Ele deu aos seres humanizados a idéia de sua existência.

007. Poder-se-ia achar nas propriedades íntimas da matéria a causa primária da formação das coisas? Mas, então, qual seria a causa dessas propriedades? É indispensável sempre uma causa primária.

Até aqui falamos do conhecimento que se pode ter de Deus de uma forma teórica. Agora iremos aplicar este conhecimento à realidade vivida pelos seres universais, encarnados ou não.

A primeira informação prática deste livro é que a formação das coisas não está nas propriedades íntimas das matérias, pois elas também estão sujeitas à Causa Primária para poderem executar ou não a ação.

Vejamos um exemplo. O ser humanizado quando está com dor de cabeça toma um remédio. Na realidade este ser não está tomando um remédio (uma coisa), mas diversos elementos químicos condensados sob a forma de pílula ou líquido. Ele toma este remédio porque acredita que estes elementos químicos têm a propriedade de curar a sua dor de cabeça.

O ser humanizado, mesmo aquele que se diz espírita, acha que o elemento químico Dipirona – um dos princípios ativos que cura a dor de cabeça – possui a propriedade de acabar com esta dor. Mas, veja, a resposta do Espírito da Verdade é bem clara e a utilizando ele tem que perguntar a si mesmo: o que está por trás da propriedade da Dipirona? Deus... Aceitando o que diz o Espírito da Verdade, o ser humanizado precisa compreender que por trás da Dipirona há uma Causa para que ela aja. Sem esta Causa – sem Deus fazê-la agir – ela não age.

É por isso que um remédio não cura todas as pessoas que o toma. Pegue cem pessoas com a mesma doença e dê a elas o mesmo remédio e você verá que uma parte se cura e outra não. Isso é a prova maior de que não é a propriedade do elemento químico que compõe o remédio que cura – se fosse deveria fazer o mesmo efeito em todos – mas sim a Causa Primária que faz o elemento agir ou não, em determinados casos.

A reação do remédio, sejam onde a Causa Primária faça as propriedades da Dipirona funcionar ou não, se chama merecimento. O ser humanizado pode tomar um remédio, mas só se merecer que Deus faça a com que a propriedade íntima do elemento químico acabe com a dor de cabeça, ela acabará. Agora se este espírito encarnado não tiver o merecimento para a cura, pode se entupir de remédio que nada acontecerá.

Partindo deste minúsculo exercício de raciocínio, podemos estender este conceito para todos os acontecimentos do Universo: todas as coisas que acontecem não são causadas por suas propriedades, mas por Deus. Outro exemplo? Fogo...

A propriedade do fogo é queimar, mas quem é causa do queimar-se? Deus. Por isso o fogo queima alguns e não outros... Não acredita? O que você me diz das pessoas que andam descalças sobre brasas e não queimam a sola do pé?

É isso que é fundamental ao ser humanizado compreender deste texto. Mas, mais do que compreender, é preciso colocar na prática.

Esta prática deve nos levar a entender que tudo aquilo que um ser humanizado sabe, trata como certeza, é baseada no seu conhecimento das propriedades das coisas. No entanto, esta certeza deve ser abolida, pois estes seres não percebem a Ação Primária de Deus que faz as propriedades funcionarem ou não.

Justamente por não perceberem a Ação Primária do Pai agindo é que os seres humanizados nomeiam o remédio o seu deus (causa primária) para a cura da dor. Mas, ele não pode ser causa primeira de nenhuma ação, porque é burro... Somente uma Inteligência Suprema pode criar a Realidade, a Verdade Absoluta.

É isso que precisamos começar a compreender. De nada adianta ler e estudar O Livro dos Espíritos sem se aplicar os ensinamentos que estão nele aos acontecimentos da vida. De nada adianta para a busca espiritual dizer que estuda o espiritismo ou que é espírita e ainda continuar achando que são as propriedades íntimas dos elementos químicos que formam o remédio que agirão e curarão a dor de cabeça...

Não adianta estudar tudo isso e ainda achar que a gasolina é que movimenta o carro. Mas quem causa primariamente a combustão para que o motor funcione? Deus.

Precisamos levar o conhecimento trazido não só pelo Espírito da Verdade como por todos os mestres, aos mínimos detalhes da vida, das coisas (pessoas objetos e acontecimentos).

Na sua casa certamente há um sofá. Pergunto, então: quem mantém os átomos do sofá preso dentro daquela forma? Deus, porque se Ele não mantivesse a coesão dos átomos eles estariam livres e se espalhariam pelo Universo. Você sentaria onde? Viu como o conhecimento na prática transforma o mundo? Seu sofá não existe mais por si só, mas sim como algo causado primariamente pela Inteligência Suprema do Universo.

Parece que estamos usando exemplos simples, bestas, sem muito debate técnico-científico sobre as coisas, mas isso é irreal. Estou falando da prática. É o que acabei de falar: se não aplicarmos o conhecimento adquirido ao dia a dia, de nada valeria a pena estudar.

Deus é a causa de tudo: ponto final.

É a causa de haver uma voz que cria sons que chega aos seus ouvidos. Não é a pessoa, a garganta, o microfone nem a linha do telefone que gera som, pois por trás de todas estas coisas está presente uma Causa Primária. É a causa de haver este livro, pois se Ele não causasse primariamente as propriedades da folha, da tinta, das máquinas que imprimiram e do seu olho para ver, nada disso existiria para você.

Portanto, é preciso não só compreender o que os mestres ensinaram, mas também aplicar estes ensinamentos – principalmente os do Espírito da Verdade para aqueles que se dizem espíritas – no dia a dia da vida. Sem se vivenciar os ensinamentos na prática é como se nada tivesse feito, pois o conhecimento sem prática é apenas uma informação, uma cultura que de nada servirá para a elevação espiritual.

 Compreensão de Kardec sobre este tema::

Atribuir a formação primária das coisas às propriedades íntimas da matéria seria tomar o efeito pela causa, porquanto essas propriedades são, também elas, um efeito que há de ter uma causa.

008. Que se deve pensar da opinião dos que atribuem a formação primária a uma combinação fortuita da matéria, ou, por outra, ao acaso? Outro absurdo! Que homem de bom senso pode considerar o acaso um ser inteligente? E, demais, que é o acaso? Nada.

Vamos antes entender o ensinamento e depois buscar a prática.

Não se pode atribuir ao acaso, à sorte ou ao azar a combinação fortuita de elementos para que determinada ação aconteça. Isto porque o acaso, a sorte e o azar não são inteligentes, ou seja, não tem capacidade de analisar e dar a cada o que merece.

Este é o ensinamento. Ele está certo? Sim, seguindo a linha de raciocínio do Espírito da Verdade, sim. Agora vamos aplicar este ensinamento à vida...

Para isso, volto a perguntar: foi por um acaso que uma mulher descobriu a radioatividade, o que levou a humanidade o conhecimento sobre a energia atômica? Foi por acaso que um homem pegou esta descoberta e criou a bomba atômica? Foi por acaso que outro homem decidiu jogar esta bomba exatamente sobre duas cidades. E se foi por um acaso, a partir do que a bomba funcionou? Pela propriedade íntima da matéria?

Se aplicarmos o que já vimos até aqui em O Livro dos Espíritos, teremos que dizer que nada disso aconteceu por um acaso ou que foi obra causada primariamente por alguém, mas que tudo se originou em Deus...

Desmistificar o mundo: este é o resultado que a prática dos ensinamentos dos mestres alcança. Não há acasos nem intencionalidade individuais porque atrás de qualquer propriedade, humana ou material, existe uma Causa Primária.

Não há acaso na humanidade ter, naquele exato momento, às vésperas de uma guerra, transformado a descoberta da radioatividade em uma bomba de alta destruição. Não há acaso no homem ter direcionado todo seu esforço para construir a bomba. Não acaso nesta bomba ter caído exatamente naquelas duas cidades enquanto milhares de outras estavam também em guerra.

Há sempre uma Causa Primária e ela não pode ser gerada pelo acaso, pois ele não é nada. Esta Causa Inteligente é gerada pela Inteligência Suprema do Universo, ou seja, aquele que sabe a Verdade.

Aplicando-se esta linha de raciocínio que foi ensinada pelo Espírito da Verdade àquilo que temos notícia, temos que entender que a energia atômica foi descoberta na hora que precisava ser descoberta. Para que? Para criar a bomba atômica na hora que ela deveria existir para cair na cidade que tinha que cair... Acabou.

Acabou a sorte, o azar, o acaso, a maldade... Acabou tudo, porque em tudo se colocou a Causa Primária de todas as coisas. Colocou-se Deus.

Esta é a prática deste estudo que estamos fazendo. Sem ela não adianta nada estudar, pois ficaremos presos à letra fria de O Livro dos Espíritos, que foi escrito por alguém que disse que não devemos nos prender à letra fria das coisas.

Tudo que acontece tem uma Causa Primária e esta é fruto da ação de uma Inteligência Suprema, ou seja, é Perfeito, é Verdade, é Realidade. Pouco importa o que o ser humano ache ou pensa a respeito das coisas...

Sem esta aplicação prática o ser humanizado não entende o mundo e por isso fica preso ao seu certo e errado, ruim e bom, ao que gosta ou não... Estes conceitos, independente de quaisquer valores que eles contenham, não são certos, porque não são universais: não duram eternamente, pois se extinguem quando o véu da materialidade se levanta.

Quer um exemplo disso? Os seres humanizados imaginam que a morte é ruim e por isso acusam o ato do assassinato de ser mal. Mas, o melhor momento para um espírito é o desencarne, pois ele liberta-se do mundo de aparências e retorna à sua real pátria.

O ser humanizado, no entanto, acha que a morte é ruim porque não quer morrer, porque está apegado ao mundo material. Para estes eu tenho uma triste notícia: todos vão morrer... Qual o problema de morrer hoje ou amanhã?

Participante: Então todas as catástrofes que o homem fez têm a mesma origem: o carma coletivo?

Todas as catástrofes que Deus (Causa Primária) fez através do homem (agente reagente da Causa Primária), têm origem no carma coletivo. Só estavam nas cidades onde caíram as bombas atômicas aqueles que precisavam e mereciam passar por aquilo como caminho para a elevação espiritual.

Neste exemplo (a bomba atômica sobre as cidades japonesas), fica difícil compreender o que estou dizendo, porque já faz muito tempo e você não teve notícias completas a respeito do episódio. Vamos ver outro exemplo mais recente para que você possa entender.

Lembra-se dos aviões que se chocaram com os prédios nos Estados Unidos (World Trade Center)? Aconteceu, e você teve notícias de pessoas que nunca se atrasaram para o trabalho, mas naquele dia não chegaram na hora; outras passaram mal e não foram trabalhar naquele dia... Aconteceu, ainda, de outros que não deviam estar lá naquele momento e, por um motivo ou por outro, estavam. Ou seja, só estava dentro do prédio naquele momento aqueles que, instigados pela Causa Primária, foram para lá.

Na verdade, Deus causou a reunião de todos aqueles que mereciam e precisavam passar por aquela situação e ali deu a cada um de acordo com as suas obras: uns morreram instantaneamente, outros ficaram por muito tempo sofrendo e alguns escaparam.

Agora estamos falando a Realidade: Deus causando primariamente de acordo com o carma coletivo dos espíritos ditos humanizados, mas levando em conta, também, o de cada um deles especificamente.

Compreensão de Kardec sobre este tema::

A harmonia existente no mecanismo do Universo patenteia combinações e desígnios determinados e, por isso mesmo, revela um poder inteligente. Atribuir a formação primária ao acaso é insensatez, pois que o acaso é cego e não pode produzir os efeitos que a inteligência produz. Um acaso inteligente já não seria acaso.

009. Em que é que, na causa primária, se revela uma inteligência suprema e superior a todas as inteligências?

Antes de vermos a resposta do Espírito da Verdade, deixe-me fazer um pequeno comentário.

Até aqui tínhamos visto que Deus é a Causa Primária de todas as coisas (pergunta 001). Depois vimos a ação desta Causa Primária sobre as coisas materiais (pergunta 007). Agora Kardec quer saber se há atuação da Causa Primária sobre as inteligências, ou seja, sobre o ser humano, o espírito encarnado.

Com isso, o conhecimento sobre a Causa Primária se completará. Isso porque já havíamos visto a ação da Causa Primária sobre as coisas materiais e agora vamos ver a ação desta mesma Causa sobre as inteligências, ou seja, sobre o elemento espírito.

Tendes um provérbio que diz: pela obra se reconhece o autor. Pois bem! Vede a obra e procurai o autor. O orgulho é que gera a incredulidade. O homem orgulhoso nada admite acima de si. Por isso é que ele se denomina a si mesmo de espírito forte. Pobre ser, que um sopro de Deus pode abater!

A resposta do Espírito da Verdade é muito clara: onde se vê a existência da Causa Primária na inteligência? No resultado, na obra. Portanto, tudo que aparentemente resulta da ação de uma inteligência humana, na verdade, é gerado, inicialmente por uma Causa Primária.

Veja a obra e pergunte a si mesmo: quem será que poderia construir um prédio? Quem será que poderia vencer a lei da gravidade para construir prédios tão altos? Quem poderia construir uma estrada? Quem poderia manter as células do asfalto coesas para que a estrada permanecesse sempre no mesmo lugar? Com certeza não a inteligência secundária (o espírito humanizado), pois ela é apenas um agente e não um Criador. Por isso o Espírito da Verdade afirma: em tudo está a presença da Causa Primária.

O ensinamento que Deus é a Causa Primária das atitudes, das ações humanas, já estava escrito em O Livro dos Espíritos, bem antes de nós comentarmos. Mas, o Espírito da Verdade foi ainda mais longe do que já havíamos ido... Ele disse: é a incredulidade do homem que não o deixa ver que por trás das suas idéias luminosas existe uma Causa Primária. É, pobre homem que um simples sopro de Deus pode arrasar.

Deus pode tudo... Por isso o homem nada pode, pois se pudesse, haveria algo que Deus não pôde fazer: aquilo que o homem fez..O homem nada mais é do que um reflexo da Causa Primária dada por Deus.

Mas, há um comentário de Kardec depois desta pergunta que pode nos ajudar muito neste estudo. Vamos vê-lo.

COMENTÁRIO DE KARDEC

Do poder de uma inteligência se julga pelas suas obras. Não podendo nenhum ser humano criar o que a Natureza produz, a causa primária é, conseguintemente, uma inteligência superior à Humanidade.

O homem não pode criar o que a Natureza produz: esta é a afirmação de Kardec... Vamos observar atentamente este aspecto.

Por exemplo, quem constrói um prédio é a Natureza?

Participante: Não, segundo a crença humana são os engenheiros...

Mas, quem criou os elementos que o homem usa para construir o edifício? Mais ainda: o que é um edifício, senão o somatório de diversos elementos oriundos da Natureza? Pergunto ainda: quem mantém os átomos do cimento coesos para dar a sustentação ao prédio?

Participante: Então, a sua pergunta não é quem constrói, mas do que é construído.

Não, minha pergunta é quem constrói, pois quem realmente constrói o edifício são os elementos da Natureza já que sem eles não haveria a obra. O homem pode desenhar formas e juntar elementos, mas se não houver os elementos e a ação dos seus átomos, não há prédio.

Portanto, o prédio é construído pela Natureza. O homem simplesmente põe o material ali de acordo com um desenho que ele fez, mas quem faz realmente o edifício existir é a Natureza através de seus elementos.

Aliás, tudo o que o homem constrói é produzido a partir de algo que existe, de alguma coisa que está na Natureza. Sendo assim, não é construção (criação), mas adaptação do que já existe. Se o homem pudesse realmente criar, a sua criação teria que partir do nada e nem poderia se utilizar de qualquer elemento pré-existente. Ele pode isso?

É isso que Kardec está mostrando. O homem sem a Natureza não seria capaz de fazer nada. O homem sem a Natureza não seria capaz sequer de existir, porque é a Natureza é que gera e mantém os próprios corpos que os humanos acham que são eles...

Mas, Kardec fala um pouco mais. Vamos ver a continuação do comentário dele.

Quaisquer que sejam os prodígios que a inteligência humana tenha operado, ela própria tem uma causa e, quanto maior for o que opere, tanto maior há de ser a causa primária. Aquela inteligência superior é que é a causa primária de todas as coisas, seja qual for o nome que lhe dêem.

Com este comentário fica, então, muito claro o ensinamento: existe uma Causa Primária que faz as inteligências secundárias funcionarem. Sem ela, ou seja, sem Deus dar aos espíritos o funcionamento da inteligência – e este funcionamento para vocês é o pensamento – o ser humano não existiria, não agiria, não construiria nada.

Mas, para aqueles que vêm acompanhando nossos estudos, este ensinamento é antigo. Há muito tempo que estamos falando que Deus é a Causa Primária de todas as coisas. Muitos acharam que o que falávamos era novidade, mas não era, pois estava escrito em O Livro dos Espíritos desde o século XIX.

Agora, depois do estudo deste capítulo fica então bem claro: Deus é a Causa Primária de todas as coisas. Tanto faz com relação à ação das coisas materiais, como para as coisas que se imagina oriunda da mente humana.

Participante: Eu estava lendo um livro – “Confissões”, Santo Agostinho. Ele nasceu por volta do ano 300 dc e já naquela época falava em Deus como Causa Primária, como única Verdade e Realidade...

Mas, Cristo falava em Deus Causa Primária... Buda, Krishna e todos os mestres também. Todos falam em Deus como o Senhor Onipotente, Onisciente e Onipresente. Todos falam isso.

A humanidade hoje é que expulsou Deus do planeta, trancafiando-O no céu, onde existe apenas como espectador do homem, que tem a liberdade de agir como quiser. É por isso que afirmo que a humanidade não vive com Deus presente e que, para ela Deus está morto.

Revelações da revelação - Livro I

Atributos da divindade

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Pergunta 10
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Pergunta 12
Pergunta 13

Até agora estudamos o que é Deus. A partir de agora iremos ver quem é Deus, como Ele é por dentro...

010. Pode o homem compreender a natureza íntima de Deus? Não, falta-lhe para isso o sentido.

A busca de Deus como hoje executada pela humanidade (querer saber quem é Deus) é infrutífera, pois ao espírito humanizado faltam elementos para saber quem é Deus.

Quando a humanidade cria formas para descrever Deus (um velho de barbas, uma energia, uma luz, um espírito, etc.), na verdade o que está sendo feito é a criação de meras figuras ilusórias – como aquelas que são criadas pela sombra de movimentos da mão projetada em uma parede – pois ao homem faltam elementos para conhecer as propriedades íntimas de Deus.

A única coisa que o homem pode conhecer de Deus é o que vimos até agora: a Sua ação. Só o que espírito humanizado pode saber a respeito da Divindade é que a ação de Deus é fruto da inteligência Suprema – portanto, perfeita em todos os sentidos – e que é a Causa Primária de todas e demais ações do universo. Isso é o que o ser humanizado pode conhecer de Deus.

Então, pare de querer saber quem é Deus. Pare de querer defini-Lo, pois você não tem condição. Nós estamos muito afastados de Deus, muito longe Dele para poder ficar discutindo quem é Ele.

Faltam-nos conhecimentos sobre determinados elementos do Universo para podermos compreender quem somos nós mesmos, que dirá para saber quem é Deus. Vamos nos concentrar naquilo que podemos realizar. Ao invés de ficarmos como loucos querendo saber quem é Deus, vamos nos concentrar naquilo que podemos conhecer Dele, ou seja, na Sua ação no Universo.

Ao invés de ficarmos querendo fazer teorias brilhantes e maravilhosas sobre quem é Deus, lutemos para viver com Ele ao nosso lado. Vamos lutar para fugirmos, por exemplo, da compreensão de que o nosso inimigo causou a nossa derrota e buscarmos entender que atrás deste inimigo, atrás desta obra, tem Deus, que é a Causa Primária da derrota de cada um. Busquemos mais ainda: conscientizarmo-nos que se Ele fez isso, está tudo Perfeito, pois é fruto da Inteligência Suprema do Universo.

Isso nós podemos fazer... Isso nós podemos realizar...

Agora, ficar discutindo, fazendo tratados ou estudos científicos na busca de compreender quem é Deus, como Ele é constituído, se tem corpo ou não, isso é perder tempo. É utilizar-se da encarnação que foi feita com um sentido para uma busca inútil. Digo isso porque não nos adianta nada saber como Deus é: o que adianta é aprender a viver com Deus.

Neste estudo – e eu já tinha deixado bem claro – não vamos estudar O Livro dos Espíritos apenas para obter conhecimentos espíritas (técnico-científicos espirituais), mas vamos fazê-lo de uma forma doutrinária.

Dentro da visão doutrinária, dentro da busca a Deus, existe nesta resposta um recado muito forte do Espírito da Verdade: pare de buscar a Deus por sua forma e sua essência e comece a buscar a Deus por sua ação, por sua participação no Universo.

Participante: Querer compreender Deus seria como um cego de nascença querer ver o sol quando o que ele pode é apenas sentir seu calor?

Isso, o cego de nascença pode sentir o calor do sol, mas não pode descrevê-lo.

É isso mesmo que o Espírito da Verdade quis dizer. É um bom exemplo.. Ele traduz exatamente como o ser humanizado é: um cego de nascença que quer descrever o sol.

A única coisa que você pode conhecer de Deus é o seu Amor, assim como o cego de nascença pode apenas conhecer o calor produzido pelo sol.

011. Será dado um dia ao homem compreender o mistério da Divindade? Quando não mais tiver o espírito obscurecido pela matéria. Quando, pela sua perfeição, se houver aproximado de Deus, ele o verá e compreenderá.

Esta resposta complementa tudo o que falamos: quando você aprender a conviver com Deus, poderá conhecê-lo intimamente, mas até lá não.

Desta forma se quer conhecer Deus, não adianta ir para os livros, mas buscar aprender a conviver com Ele. Aprender a conviver com a Causa Primária, ou seja, aprender que ninguém faz nada ou que qualquer elemento material pode agir a partir de suas propriedades íntimas, mas apenas que Deus faz tudo acontecer através de instrumentos.

Sei que não é esse o entendimento que outros tiveram ao ler este mesmo texto, mas, como já disse por diversas vezes, os livros são perfeitos: o problema é de quem lê.

Compreensão de Kardec sobre este tema:

A inferioridade das faculdades d homem não lhe permite compreender a natureza íntima de Deus. Na infância da Humanidade, o homem o confunde muitas vezes com a criatura, cujas imperfeições lhe atribui; mas, a medida que nele se desenvolve o senso moral, seu pensamento penetra melhor no âmago das coisas; então, faz idéia mais justa da Divindade e, ainda que sempre incompleta, mais conforme à são razão.

012. Embora não possamos compreender a natureza íntima de Deus, podemos formar idéia de algumas de suas perfeições? De algumas, sim. O homem as compreende melhor à proporção que se eleva acima da matéria. Entrevê-as pelo pensamento.

Veja bem. A pergunta de Kardec é se os seres humanizados podem ter alguma noção de quem é Deus. O Espírito da Verdade responde: realmente eles podem ter, mas para que a compreensão seja perfeita, devem estar acima da matéria.

Com isto tiramos o grande ensinamento desta pergunta: o ser humanizado não pode compreender nada sobre Deus a partir de seus conhecimentos materiais. Ele precisa sair dos valores e padrões materiais (do individualismo, do eu), para poder começar a compreender Deus.

Então, as propriedades sobre as quais iremos conversar na resposta seguinte, precisam, para boa compreensão, extrapolar os padrões de certo dos seres humanizados. Vamos ver a pergunta seguinte e o que eu disse agora irá ficar bem claro...

013. Quando dizemos que Deus é eterno, infinito, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e bom, temos idéia completa de seus atributos? Do vosso ponto de vista, sim, porque credes abranger tudo. Sabei, porém, que há coisas que estão acima da inteligência do homem mais inteligente, as quais a vossa linguagem, restrita às vossas ideais e sensações, não tem meios de exprimir. A razão, com efeito, vos diz que Deus deve possuir em grau supremo essas perfeições, porquanto, se uma lhe faltasse, ou não fosse infinita, já ele não seria superior a tudo, não seria, por conseguinte, Deus. Para estar acima de todas as coisas, Deus tem que se achar isento de qualquer vicissitude e de qualquer das imperfeições que a imaginação possa conceber.

Vamos estudar passo a passo este texto, porque a resposta é longa e traz diversos ensinamentos importantes para aqueles que se preocupam com a elevação espiritual. .

Na pergunta Kardec lista alguns dos atributos de Deus e questiona o Espírito da Verdade se estes podem ser atribuídos a Deus. O Espírito da Verdade responde: os seres humanizados acham que estes são, na totalidade, os atributos de Deus, mas na sua lista faltam outros que eles sequer conhecem.

Para entendermos melhor esta informação... Para isso quero fazer uma pergunta. Vamos pensar em uma cidade: por exemplo, Goiatuba, que fica no estado de Goiás. Alguns de vocês que estão aqui sabem o que está acontecendo em Goiatuba agora?

Claro que não... Não sabem o que está acontecendo no quarto ao lado... Mas, querem saber o que está se passando com Deus no Infinito. Querem saber quando Ele age ou não, como e para que age, etc.

Este é o primeiro detalhe que surge da leitura da resposta do Espírito da Verdade: tudo que o ser humanizado afirmar a respeito de Deus precisa ser encarado como uma mera suposição, pois ele é incapaz de conhecer tudo sobre o Senhor do Universo.

Segundo aspecto da resposta: não importa qual sejam os atributos de Deus, tudo Ele possui elevado ao extremo.

Desta forma, se supomos que Deus é bom, temos que concluir que Ele é a bondade extrema. Deus não é bom, é a Bondade. Se afirmarmos que consideramos Deus justo, temos que admitir que Ele não é apenas justo, é a Justiça, pois é o expoente máximo de qualquer atributo que lhe apliquemos.

A compreensão perfeita deste ensinamento é muito importante, pois quando acusamos a existência de uma injustiça, apesar de dar a Deus o atributo da Justiça, estamos dizendo que naquele momento não existiu Deus. Quando falamos que existiu uma maldade, negamos a presença de Deus, pois ele é a Bondade.

A cada momento que temos uma consciência que não exprima o expoente máximo do atributo de Deus que acreditamos, negamos a presença de Deus e, com isso, também a existência da Causa Primária de todas as coisas.

Vivemos negando a presença do próprio Deus, apesar de orarmos pedindo a Ele que venha a nós. Vivemos separando o Universo e criando um mundo onde Deus não penetra. Este é o segundo aspecto da resposta do Espírito da Verdade.

Terceiro: Deus não passa por vicissitudes. O que é vicissitude? De acordo com o dicionário é “a alternância entre situações”.

A vicissitude se caracteriza quando em um momento a vida está boa e, em outro, se torna mal e no subseqüente fica novamente boa. Isso se chama vicissitude: as alternâncias entre situações.

Se o Espírito da Verdade diz que Deus não passa por vicissitudes, isso quer dizer que Deus jamais se altera, que a Causa Primária das coisas é Imutável.

Unindo-se os atributos que a humanidade diz que Deus possui a este ensinamento, teríamos, então, que chegar à conclusão que a Justiça da Causa Primária jamais se altera. E, se ela jamais se alterará, jamais acontece uma injustiça. Teríamos, ainda, que aceitar que não existe maldade, pois a Bondade da Causa Primária jamais se altera.

Esta é a Verdade que está embutida nesta resposta e que poucos conseguem vivenciar, apesar de dizer que já estudaram este ensinamento. Na verdade, precisamos reaprender a ler, porque até isso desaprendemos.

Está escrito neste texto: Deus não passa por vicissitudes, a Causa Primária não passa por vicissitudes, no Universo nada jamais se muda. Isso é claro, mas a humanidade continua negando e dizendo que a injustiça e a maldade ocorrem.

Nada se altera. Quando dissemos no estudo da pergunta 007 que o remédio não faz efeito, mas as propriedades dos elementos químicos só existem por causa da Causa Primária, muitos pensaram que criamos uma vicissitude (alternância entre funcionar ou não), mas não foi isso que fizemos, pois a ação da Causa Primária é retilínea.

Fazer ou não efeito não são situações diferenciadas entre si. Isto acontece apenas para os egos dualistas que vêem a existência de pares de opostos. Fazer ou não efeito é sempre o fruto de uma Causa Primária, que é Imutável.

Não existe o fazer ou o não fazer, mas apenas a Causa Primária. Ela é isenta de vicissitudes e por isso, não importa qual seja a impressão que os seres humanizados tenham, ela está agindo em um só sentido e este é a geração da Perfeição. Portanto, se o remédio fizer efeito é Perfeito, mas se não fizer, também o é.

A Causa Primária, portanto, não passa por vicissitudes (jamais se muda), pois ela sempre aplica a Perfeição, mas os egos dos seres humanizados dão à Perfeição valores diferentes: fez efeito ou não.

São estas três informações que estão embutidas neste texto do Espírito da Verdade. Uma resposta longa, mas profunda demais para ser alvo de uma leitura de um segundo, como fazem aqueles que estudam O Livro dos Espíritos.

Os seres humanizados lêem este texto apenas enfatizando as propriedades que Kardec relaciona, porque querem apenas saber, ter cultura. Na realidade não estão preocupados com a descoberta da Verdade, mas em adquirir cultura.

É preciso mergulhar na resposta e isso é exatamente analisar o texto como analisamos agora.

Primeiro descobre-se que nós não conhecemos a Verdade, a Realidade, porque nos faltam elementos para conhecer o Todo.

Depois disso, precisamos saber que este Todo é Perfeito porque tem todas as propriedades elevadas ao expoente máximo. E se Ele é Perfeito, é a própria Perfeição.

Por último, precisamos constatar que esta Perfeição não pode passar por alternâncias, mas que é sempre uma, apesar de aplicarmos a ela valores diferenciados.

Participante: Gostaria de ler um trecho do livro de Santo Agostinho (Confissões) que fala a respeito de Deus não passar por vicissitudes.

“Fixa nele a tua morada, confia-lhe tudo o que dele recebes. Ó minha alma, já cansada de tantos enganos. Entrega à verdade tudo que da verdade tens recebido e nada perderás. Reflorirá tudo que em ti tiver apodrecido, todas as tuas doenças serão curadas, as tuas fraquezas serão reparadas. Renovadas, estarão estreitamente ligadas a ti e não te arrastarão para o abismo, mas subsistirão contigo junto a Deus que é sempre estável e presente”.

Este realmente é um grande conselho. Apenas salientemos que no texto não se fala da cura das doenças do corpo, mas da alma. Estou alertando sobre este detalhe porque, quando se fala na cura das doenças, os seres humanizados pensam logo nas doenças do corpo. Santo Agostinho não fala da cura destas doenças, mas as da alma.

Bom, agora que já entendemos o recado do Espírito da Verdade, creio que podemos analisar as propriedades listadas na pergunta. Vamos fazer isso a partir dos comentários de Allan Kardec.

Compreensão de Kardec sobre o tema

Deus é eterno. Se tivesse tido princípio, teria saído do nada, ou, então, também teria sido criado por um ser anterior. É assim que, de degrau em degrau, remontamos ao infinito e à eternidade.

Deus é eterno. O que quer dizer isso? Que Ele não tem princípio nem fim.

É aquilo que já conversamos: para o ser humanizado tudo tem que começar em um determinado momento e tem que haver outro onde este algo acabará. Isto não se aplica ao Deus.

Sei que é difícil compreender o que quero dizer, pois faltam elementos para vocês compreenderem a eternidade de Deus, mas Ele é eterno. Esta é a sua primeira propriedade.

Além disso, Kardec afirma: se tivesse princípio, teria saído do nada ou de outro ser anterior. Este é um pensamento lógico, pois se Deus é a Causa Primária de todas as coisas, Ele não pode ter sido causado por nada.

Enfim, Deus é eterno (não teve início nem fim) porque não foi causado por nada.

É imutável. Se estivesse sujeito a mudanças, as leis que regem o Universo nenhuma estabilidade teriam.

Deus é imutável, ou seja, não passa por vicissitudes, mudanças, alternâncias. Deus é eterno e, além disso, imutável.

Sei que estes são valores incompreensíveis para as mentes humanas: como algo pode permanecer durante toda eternidade sem se mudar um milímetro, sem alterar nada? Apesar de incompreensível, estes são valores que precisam ser conscientizados por aqueles que buscam a elevação espiritual.

Isso porque ninguém promove a reforma íntima sem vivenciar na totalidade a ação da Causa Primária. Aquele que está preso nas múltiplas origens dos acontecimentos jamais conseguirá viver a Justiça e a Bondade que fazem parte da Perfeição.

Mas, para se viver a ação da Causa Primária é preciso se compreender a sua imutabilidade, pois se assim não fosse a Perfeição se alteraria. Se a Causa Primária não fosse imutável, no momento anterior à mudança ela não foi perfeita.

Vou dar um exemplo. Já houve tempo neste planeta que arrotar depois de comer era sinal de boa educação. Hoje é prova de falta de educação.

Foi Deus que mudou? Foi Ele que antes achava normal arrotar e hoje não? Não pode ter sido, pois se Ele mudasse o conceito sobre o arroto teria cometido uma injustiça no passado ou agora.

Precisamos compreender isso: arrotar não é certo nem errado. Sabe o que é arrotar? É arrotar... Nada além... Todo resto (bonito ou feio, higiênico ou não) é o que cada ser humanizado acha.

São os seres humanizados que chamam este ato perfeito causado pela Causa Primária de falta de educação, de falta de higiene, mas antes ele não era visto desse jeito. Sendo assim, não foi Deus quem mudou: foi a idéia sociedade sobre a coisa que mudou,. Isso ocorre porque os seres humanizados são mutáveis, mas Deus não.

Deus é imutável e por isso desde o início tudo é igual. A Causa Primária sempre causou o arroto da mesma forma, mas a sociedade, que é mutável, mudou os valores a respeito dele.

Mas, isso também não quer dizer que chegou à Verdade ou a Realidade, pois ainda não atingiu à Perfeição. Reformar-se não é mudar de errado para certo, mas atingir à Perfeição e isso ocorre quando se vivencia a ação da Causa Primária.

É imaterial. Quer isto dizer que a sua natureza difere de tudo o que chamamos matéria. De outro modo, ele não seria imutável, porque estaria sujeito às transformações da matéria.

Este é outro conceito que o ser humanizado não consegue imaginar, pois também aplica a si mesmo a auto imagem de ser material...

Deus não possui materialidade alguma, não é constituído de nada que possa ser chamado de matéria. Mas, você também não é. Você, espírito, é imaterial...

Mas, você não consegue imaginar-se assim: pensa que é o corpo que veste. Por isso diz: minha mão, minha perna, meu espírito... Mais adiante vamos estudar que o espírito (você) é: uma centelha etérea, um brilho...

Portanto, quando queremos dar algum valor material a Deus, fugimos completamente à Realidade.

É único. Se muitos deuses houvesse, não haveria unidade de vistas, nem unidade de poder na ordenação do Universo.

Claro... Se existe uma Causa Primária ela tem que ser Única. Se isso não acontecesse (houvesse dois agindo primariamente sobre as coisas), um teria que mandar no outro e aí somente este seria o Deus.

Precisamos compreender que Deus é a apenas uma palavra. Como já foi estudado na pergunta 001 a única coisa que podemos conhecer de Deus é a sua ação como Causa Primária. Portanto, Ele é, para cada um, aquele/aquilo que causar primariamente as coisas do Universo, não importando o nome ou forma que se dê a Ele.

Aplicando-se, portanto, a propriedade da Unicidade à Causa Primária da ação dos elementos do Universo, tem que se compreender que tudo que existe é Uno. Com esta consciência formada, precisamos extinguir a dualidade (os pares de opostos que dizemos existir). E a primeira delas que precisamos extinguir são os valores bom e mau.

Depois que conhecemos e aplicamos na prática as propriedades de Deus, precisamos compreender que não existe algo que possa ser bom e outro que possa ser mal. Se isso fosse possível, não existiria a Imutabilidade da Causa Primária.

Além disso, se houvesse este par de opostos, um teria que ser a origem primeira das coisas, ou seja, teria que suplantar o outro. Se existisse um Deus e um diabo, por exemplo, um teria que mandar no outro e este, não importando o nome que se dê a Ele, seria o Deus, pois originaria primariamente as coisas. Se eles se alternassem como geradores primários da situação, a propriedade da imutabilidade não existiria.

Portanto, não pode haver o bom e o mal, Deus e o diabo, o espírito de luz e o obsessor. Quem quer que cause primariamente qualquer elemento do Universo precisa ter eternamente este poder e ele precisa ser exercido com a propriedade da imutabilidade.

Quem quer que ocupe esta função de uma forma Imutável e Eterna, portanto, é o Deus do Universo.

A partir desta definição de Deus, precisamos compreender que aquilo que os seres humanos chamam de mau é causado por Deus. Não como maldade, mas como resultado de uma análise perfeita (Inteligência Suprema) daquilo que cada um merece. Na realidade a maldade passa a existir somente quando a inteligência secundária (espírito) analisa o que a Primária causou e cria este atributo ao que foi causado. Originariamente a coisa (pessoa, objeto ou acontecimento) foi causada Perfeita, mas a inteligência secundária alterou o seu valor.

Mas, quantas coisas hoje você não gosta e amanhã passa a gostar? Será que você, uma inteligência secundária, que é mutável e temporária, é capaz para julgar a Causa Primária?

A Realidade, a Verdade, do Universo é eterna e imutável. Então, Deus é imutável, pois sempre fez aquilo que a sua propriedade inteligência determinou para cada coisa do Universo.

É onipotente. Ele o é, porque é único. Se não dispusesse do soberano poder, algo haveria mais poderoso ou tão poderoso quanto ele, que então não teria feito todas as coisas. As que não houvesse feito seria obra de outro deus.

Esta é uma frase interessante... O que quer dizer onipotente?

ONIPOTENTE. 1. Que pode tudo; que tem poder absoluto. (MINI DICIONÁRIO AURÉLIO)

“Que pode tudo”... Este é o valor da palavra onipotente que representa um atributo que a humanidade aplica ao Deus. Mas, apesar disso, vocês acusam o presidente da república de não acabar com a fome, de não construir moradias para os sem teto, de não promover a reforma agrária...

Será que o presidente da república tem mais potência do que Deus? Será que o Deus Onipotente não pode dar um prato de comida para quem tem fome sem autorização do presidente? Será que o Deus Onipotente, Causa Primária de todas as coisas, não pode construir uma casa para quem não tem e tem que esperar o presidente fazer? Será que o Deus Onipotente não pode invadir as terras e dividi-las entre quem não tem, apesar do presidente defender os latifúndios?

‘Ah não, Deus não se mete nisso’... Esta é a resposta que normalmente os seres humanizados dão a estas perguntas...

Como não se mete... Isso aqui é a casa Dele; o Universo é a casa de Deus... Isso aqui é Ele... Como Ele deixaria uma parte Dele agir sozinha e ainda por cima preservar a imutabilidade?

“Que tem poder absoluto”... Deus é a Causa Primária de todas as coisas e por isso precisa ser Onipotente, ou seja, precisa poder tudo. Se Ele não puder tudo, não pode ser a Causa Primária, pois haveria coisas que não poderia causar...

Lógica... Estudo lógico... Análise lógica...

É preciso alcançar a lógica na aplicabilidade dos ensinamentos para que o conhecimento resulte em alguma coisa. De que adianta dizer que sabe que está escrito em O Livro dos Espíritos que Deus é Onipotente, mas na sua casa achar que Ele não manda? De que adianta dizer que sabe que Deus é Onipotente, mas imaginar que não pôde salvar as pobres das criancinhas na Rússia?

NOTA: Este estudo foi realizado em 2004. Neste caso, o amigo espiritual se referia a um acontecimento ocorrido na Rússia, onde terroristas invadiram uma escola e mataram dezenas de crianças.

É muito fácil... É muito fácil se virar para Deus, reconhecer a Sua Potência, quando Ele faz para nós individualmente, quando a Causa Primária satisfaz as paixões e desejos do ser humanizado. Mas a Verdade é uma só e precisa ser reconhecida em todo momento: tudo é causado primariamente por Deus por causa de Sua Onipotência. É preciso reconhecer a Causa Primária de Deus em todas as coisas e não apenas naquilo que nos satisfaz...

Se os terroristas mataram as criancinhas, na Verdade foi Deus quem fez. Foi Deus quem causou isso; foi Ele que por sua Potência fez acontecer; e fez porque, pela sua análise (Inteligência Suprema) aquilo era o perfeito que devia acontecer. Louvado seja Deus...

É soberanamente justo e bom. A sabedoria providencial das eis divinas se revela, assim nas mais pequeninas coisas, como nas maiores, e essa sabedoria não permite se duvide nem da justiça nem da bondade de Deus.

Ele é soberanamente justo e bom, ou seja, o resultado da sua análise é a aplicação da Justiça e do Amor. A Causa Primária vem embutida em Justiça e é oriunda do Amor de Deus por seus filhos.

Desta forma, podemos compreender que Deus é Onipotente, mas Ele não faz acontecer o que quer, o que tiver vontade... Ele só faz acontecer aquilo que resultou de uma análise através de um processo, que chamaremos de raciocínio por falta de conhecimento de outros elementos. O resultado desta análise é Perfeito, pois é fruto da Inteligência Suprema.

Por isso podemos dizer que Ele soube avaliar perfeitamente para dar a cada um de acordo com a sua obra. Ele soube avaliar perfeitamente todas as intenções de cada um e, a partir deste resultado, gerar o que cada um merecia e precisava...

Ele avaliou perfeitamente tudo e deu o resultado desta avaliação a cada um. Mas só que Ele não causa o resultado desta avaliação (merecimento) como castigo ou pena. Isto porque a Causa Primária vem embutida de amor.

Deus dá o justo, mas de uma forma amorosa. Isto é o máximo que vocês podem compreender, porque estão longe de entender o amor de Deus por seus filhos... Os seres humanizados ainda pensam neste amor como instrumento de satisfação de vontades, mas Deus, que conhece a Realidade, ama a cada um de acordo com a necessidade Real do espírito.

Agora que já vimos todos os atributos de Deus, precisamos começar a compreender a vida. Para isso, vou usar um exemplo... Você sai de carro vem outro e bate atrás.

Esta seria uma análise humana deste acontecimento: eu saí de carro e veio um motorista desatento, que não sabe dirigir, que não vale nada e bateu no meu carro. Mas este raciocínio, esta consciência sobre um acontecimento, não pode existir para aqueles que dizem que aceitam os ensinamentos do Espírito da Verdade como guia para a elevação espiritual.

Através de O Livro dos Espíritos sabemos que Deus é a Causa Primária e que, por isso, Ele age no pensamento dos seres humanos e comanda o “funcionamento” das coisas materiais para que o acontecimento desenrole-se como Ele julgar Perfeito. Sendo assim, o ser humanizado que acredita nestes ensinamentos precisa compreender que esta pessoa não deixou de frear o carro porque Deus não deu o pensamento a ele para isso e nem fez que os elementos do carro tivessem esta ação.

Mas, Deus não fez isso acontecer porque aquele homem estava desatento, porque não sabia dirigir ou porque não presta: fez porque este acontecimento foi criado como resultado perfeito de uma análise que Ele fez de sua forma de viver... Em outras palavras, carma...

NOTA: Se a resultante da análise divina é permeada pelo Amor, o carma não pode ter o mesmo valor que hoje aplicamos a ele: castigo, penalidade. Carma é a apenas a reação a um momento anterior, mas sem a conotação de castigo. Ele não é bom nem mau, mas sim justo.

Deus lhe deu este acontecimento como resultado da análise que foi realizada a partir da Justiça. Mas a intenção Dele ao aplicar o justo não é lhe punir, causar prejuízos... Ele fez isso pelo Amor que tem a você.

Na hora que bateram no seu carro Deus está perguntando: você ama mais o carro ou Eu? Você é capaz de oferecer a outra face? É capaz de perdoar este motorista?

O Amor existente na formação da Causa Primária dá a ela o sentido de ser uma geradora de uma nova oportunidade de elevação espiritual. Deus faz as coisas acontecerem – e para isso comanda todas as coisas (as propriedades da matéria e o pensamento humano) – visando dar a cada espírito uma nova oportunidade de praticar aquilo que veio fazer na encarnação: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

O Amor presente na Causa Primária pode ser comparado ao de um pai e uma mãe terrestre que sabem que o seu filho não quer ficar de castigo, mas o coloca assim mesmo para lhe dar uma oportunidade de refletir e se mudar para viver um futuro melhor.

Agora fechamos todo painel a respeito do conhecimento sobre Deus. Ele é a Causa Primária, mas não a exerce de uma forma arrogante (fazendo o que quer) e nem julga para obter uma condenação... O direito de Ele ser a Causa Primária existe porque ela é naturalmente exercida pela maior capacidade de análise do Universo, por aquele que é Imutável, Eterno e Onipotente e soberanamente Justo e Bom.

Então, fechamos tudo sobre Deus Causa Primária de todas as coisas que, aliás, é o primeiro assunto deste primeiro capítulo do primeiro livro: Deus e o Universo. Compreendemos Deus e sua ação no universo, Deus e sua presença no Universo, Deus e sua existência universal.

Agora acho que vocês podem entender a vida e o mundo em que vivem. Era tão simples entender... Estava tudo escrito em O Livro dos Espíritos há muitos anos...

Não inventamos uma palavra, um comentário. Simplesmente lemos o que está escrito. Mas, por que será que um ser humanizado não consegue compreender da mesma forma que vimos? Vocês saberiam me dizer?

Participante: Acredito que seja por questões de interpretação...

Sim este é o problema... Mas, saber isso ainda não responde a minha pergunta. Portanto, volto a fazê-la com outras palavras: por que a interpretação da maioria não alcança tudo o que interpretamos?

Vou responder com um texto do Espírito da Verdade neste capítulo: “O orgulho é que gera a incredulidade. O homem orgulhoso nada admite acima de si. Por isso é que ele se denomina a si mesmo de espírito forte” (Pergunta 009). Aí está porque as pessoas que lêem isso não encontram a interpretação que nós encontramos...

Os seres humanizados, não conseguem alcançar esta interpretação, esta Verdade, no mesmo texto que lemos, porque estão orgulhosas de ser, ter e estar humano. É esse orgulho de ser alguma coisa, de ter as coisas e de estar na humanidade (ser o homem) é que não deixa o ser humanizado compreender o Universo. Ele acha que nada existe acima dele; ele é o ser superior, o espírito forte.

A primeira coisa que temos que ter para estudar qualquer texto sagrado é a humildade. A humildade de não ser, de não ter, de não estar... Enquanto o ser humanizado quiser ler de cima para baixo – como superior, como o certo, como o conhecedor das Verdades – como se ele fosse a Causa Primária, o deus, o único, o eterno, o imutável, o onipotente, nada entenderá e criará um monte de verdades individualizadas e não poderá, então, conhecer as universais. Isto porque no Universo a Realidade é só uma: Deus é, Deus está, Deus tem...

É por isso que muitos leram e não chegaram às mesmas conclusões que estamos chegando hoje.

Revelações da revelação - Livro I

Panteísmo

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Pergunta 14
Pergunta 15
Pergunta 16

014. Deus é um ser distinto, ou será, como opinam alguns, a resultante de todas as forças e de todas as inteligências do Universo reunidas? Se fosse assim, Deus não existiria, porquanto seria efeito e não causa. Ele não pode ser ao mesmo tempo uma e outra coisa.

Deus existe como individualidade. Ele é uma individualidade e não uma idéia ou o próprio Universo. Isso precisa ficar bem claro para podermos compreender o Universo: a Causa Primária do Universo é um ser, um espírito que é o Deus.

Esta é a Causa Primária do Universo. Ela não é exercida por uma reunião de espíritos nem é uma ilusão coletiva, como muitos dizem, mas sim o fruto de um ser que comanda tudo e cria toda a coletividade.

Deus existe; disso não podeis duvidar e é o essencial. Crede-me, não vades além. Não vos percais num labirinto donde não lograreis sair. Isso não vos tornaria melhores, antes um pouco mais orgulhosos, pois que acreditaríeis saber, quando na realidade nada saberíeis.

Prestem bem atenção a estas palavras... Estou dando este conselho principalmente para aqueles que se queixam da vida...

Sabe por que para vocês a vida está ruim? Porque não sabem que existe uma Causa Primária, porque não vivem com a Realidade de uma Causa Primária. Mas, não vivem com esta Realidade porque ainda querem descobrir um Deus a partir de seus valores materiais e se perdem num labirinto sem saída, sem achar solução para a sua vida.

É isso que o Espírito da Verdade está respondendo. Precisamos parar com esta busca inútil e fútil de Deus, porque isso não nos leva a lugar algum. Só o que pode nos ajudar realmente nesta vida é compreender o que é Deus, não quem é Ele.

Na hora que vocês pararem de buscar quem é Deus e compreenderem o que Ele é, entenderão os acontecimentos da vida e aí não sofrerão, não verão nada mais errado e por isso, não terão mais situações negativas em suas vidas.

Participante: Depois dizem que a cigana os enganou...

Isso... Os seres humanizados ficam presos na busca de compreender Deus através dos seus valores materiais e depois dizem que deram um azar desgraçado na vida... Afirmam que a vida não está boa porque os outros a atrapalha.

Na verdade é o ser humanizado que não sabe viver dentro da Realidade... E, por não saber viver, culpa todo mundo da sua incapacidade de viver, de aprender a conviver com Deus a cada segundo.

Deixai, conseguintemente, de lado todos esses sistemas; tendes bastantes coisas que vos tocam mais de perto, a começar por vós mesmos. Estudai as vossas próprias imperfeições, a fim de vos libertardes delas, o que será mais útil do que pretenderdes penetrar no que é impenetrável.

“Deixai de lado todos os sistemas”...

No mundo material proliferam hoje os estabelecimentos que aplicam diversos sistemas técnico-científicos para realizar a busca do universal, do espiritual. E, ainda por cima, se auto proclamam espiritualistas...

Em quantos lugares hoje eu vejo os locais que deveriam servir para a religação com Deus transformados em academias científicas daquilo que não pode ser compreendido pela mente humana? Em vez da fé – da entrega com confiança ao Pai, que deveria ser a base sentimental para a vivência da Causa Primária – os seres humanizados buscam criar elementos e fórmulas matemáticas para ensinar a espiritualização...

Em um local que fiz palestra as pessoas juntam-se várias vezes por semana para compreender o que é ser espírito... Perguntei a eles: porque estão buscando aprender a ser espírito? Vocês já são...

O ser humanizado chama de espiritualização o estudo da mediunidade, dos elementos do mundo invisível, o aprendizado do sair do corpo... Para que estes estudos? É como se eles nunca tivessem sido espíritos e precisassem vir para a carne para aprender a ser...

Parem com isso! Vocês se perdem nestes labirintos e não vão a canto algum. Preste atenção em vocês, no seu interior. Cada ser do Universo veio à carne para aprender a si dominar, a dominar o seu ego, as suas paixões, os seus desejos.

É para isso que vocês nasceram. Ao invés disso ficam criando uma ciência para o espírito e dedicam-se a ela com a intenção de aprender a ser espírito, como se nunca houvessem sido.

Joguem fora todos os livros científicos e aprendam a conviver com as suas projeções mentais em paz, harmonia e felicidade. Mas, para isso precisam aprender a conviver com as suas projeções com a certeza que Deus é a Causa Primária delas, a origem do seu modo de ver a vida...

Isso pode lhe garantir um bom futuro...

Vamos supor um diálogo entre um espírito humanizado que dedicou a sua vida a este tipo de espiritualização e o seu mentor logo após o desencarne.

- Pois bem, o que você fez para a sua elevação espiritual?

- Freqüentei durante dez anos seguidos um centro...

- O que aprendeu?

- Aprendi a fazer projeção astral, a sair do corpo conscientemente...

- Mas, isso se chama volitar e isso você já fazia antes da encarnação. O que mais aprendeu?

- Aprendi que o Universo é composto de energias...

- Isso é natural para qualquer espírito, você já sabia que elas existiam antes de ir para a carne. Que mais aprendeu?

- Aprendi a ser médium...

- A mediunidade é um instrumento de Deus para servir aos seus filhos. Por este motivo é Ele que comanda todo processo mediúnico. Que mais aprendeu?

Este espírito chegará à triste conclusão: não aprendeu nada. Isso porque ficou querendo aprender o que já sabia apenas para poder satisfazer à curiosidade humana, às curiosidades geradas pelo ego. Com isso deixou de fazer o que tinha que fazer: a reforma íntima...

Participante: Devemos viver o nosso presente de forma constante, pois será através dele que viveremos nosso futuro.

Devemos viver o presente incessantemente sem colocar nele nenhuma outra compreensão de que ele é Causa primária de todas as coisas agindo.

Devemos viver o presente incessantemente como resultado de uma análise profunda de Deus sobre o nosso passado .

Devemos viver o presente intensamente sabendo que tudo que ocorre é justo e amoroso, justamente porque é fruto desta análise.

Devemos viver o presente intensamente sabendo que ele não é obra do acaso, da sorte ou do azar, nem espelha uma punição, mas uma nova oportunidade de construir um futuro diferente, através da vivência da fé.

Sim, devemos viver o presente incessantemente amando a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo...

 

015. Que se deve pensar da opinião segundo a qual todos os corpos da natureza, todos os seres, todos os globos do Universo seriam partes da Divindade e constituiriam, em conjunto, a própria Divindade, ou, por outra, que se deve pensar da doutrina panteísta? Não podendo fazer-se Deus, o homem quer ao menos ser uma parte de Deus.

Essa doutrina hoje já perdeu muita força e estudá-la agora seria perda de tempo. Mas, para nós esta resposta do Espírito da Verdade terá alguma utilidade. Vamos conversar...

Deus é uma individualidade, você é outra... Não existe este retorno da sua individualidade para a de Deus. Cada um permanece caminhando no seu próprio caminho. Esta é a primeira notícia.

Mas, precisamos compreender um pouco mais sobre Deus e esta é uma boa oportunidade. Para falar Dele vou usar o ensinamento trazido por Sri Krishna no Bhagavad Gita...

Existem na verdade diversos aspectos do Universo que são o próprio Deus, mas que teremos que chamar a todos de Deus, porque vocês não têm palavras para distinguir as coisas. Existe um Deus Ser, um espírito. Mas, este Deus se emana para o Universo, se irradia através da Causa Primária. Este deus chamaremos de emanação de Deus.

O que é o deus emanado ou a emanação de Deus? Os acontecimentos do mundo. Se tudo é causado por Deus, podemos dizer que tudo é emanação de Deus.

Quando falamos, por exemplo, na física, que as partículas do átomo giram em torno do núcleo, isto não acontece, como já vimos, por causa das propriedades intrínsecas da matéria. Existe uma Causa Primária que faz isso acontecer. Na Verdade, é Deus que cria o movimento das partículas em torno do núcleo. Esta rotação, portanto, é uma emanação de Deus.

Deus causa tudo e tudo que Ele causa é uma emanação Dele mesmo. Aquela pessoa ali imagina que está se coçando, mas isso não é Realidade. Deus é Causa primária daquilo está acontecendo. Então, aquilo que é chamado de coceira é uma emanação de Deus.

Deus Ser, Deus emanado: dois aspectos daquilo que a humanidade chama de Deus. Mas, ainda há outro aspecto que pode ser confundido com o próprio Deus da humanidade.

O ser humanizado não vive só. Ele convive com outros elementos, sejam eles materiais ou humanos. Ou seja, tudo se interdepende no Universo e para que a emanação de Deus ocorra é necessário que haja elementos que sirvam de instrumento para ela acontecer.

Vou dar um exemplo. Eu estou aqui falando e vocês estão aí ouvindo. Isto é o que a percepção de vocês diz, mas será que eu estou falando? Não, as palavras, o som e tudo mais que envolve o falar e o ouvir são emanações de Deus. Se eu estou servindo de instrumento para a emanação de Deus, eu sou um Deus emanado. Por ser instrumento de Deus para a emanação Dele, eu sou o próprio Deus emanado.

Portanto, existe o Deus Ser que emana situações através da Causa Primária (emanação de Deus), mas para isso acontecer Ele se utiliza de instrumentos, que, por isso, se transforma em deuses emanados... Os instrumentos da emanação viram o próprio Deus por ser apenas o reflexo de uma Causa Primária.

Volto a dizer, este tema é complicado por causa da pobreza de linguagem de vocês. Vocês não possuem palavras que possam descrever corretamente as emanações de Deus e os deuses emanados. Mas, é dessa concepção que surge a frase que Cristo ensinou: Deus é tudo e tudo é Deus. E ensinou ainda mais: vós sois deuses...

Deus é tudo porque tudo que acontece é emanação Dele; nós somos deuses porque somos os instrumentos para esta emanação... Esta é a Realidade do Universo e fica bem clara em O Livro dos Espíritos num texto que ainda estudaremos, mas que antecipo agora:

“Visa ainda outro fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus” (Pergunta 132).

Não é um bom exemplo do que falei? O espírito toma um corpo em harmonia com o mundo em que vive para aí, sob as ordens de Deus (servindo de instrumento fiel à Causa Primária), fazer a sua parte na obra da criação.

Só que tem um detalhe...

Deus, como dissemos, tem todas as suas propriedades elevadas ao extremo. Então, Ele tem o Amor ao próximo elevado ao máximo. A este Amor chamamos de Universalismo e ao ser que o utiliza de Universalista.

Já o espírito não possui o Amor Universalista, pois esta propriedade ainda não está desenvolvida nele. Ele, na verdade, é individualista e por isso ama a si mais do que ao próximo. A este amor chamamos de egoísmo e a seres deste tipo de individualidades individualistas.

Quando Deus emana através dos instrumentos uma Causa Primária, ela é, na sua essência, universalista, pois busca o bem coletivo. Quando o Deus emanado julga a Causa Primária, por causa do seu egoísmo, ele julga a emanação de Deus a partir de suas próprias paixões e desejos.

É daí que nasce o bom e o mau, o certo e o errado. A emanação de Deus é Perfeita (justa e amorosa), mas a avaliação que o Deus emanado faz dela é individualista, pois a realidade criada por esta avaliação (raciocínio) segue suas próprias verdades.

Portanto, Deus é tudo e tudo é Deus. Ele é o próprio Universo, mas também é todas as coisas que existem e sua própria ação, pois tudo é apenas instrumento para a emanação Dele mesmo.

Agora fechamos todo o ciclo do conhecimento sobre Deus.

Sei que isso é complicado e já havia falado para abandonarmos sistemas espirituais, mas é preciso se compreender a Realidade (Deus é tudo e tudo é Deus) porque sem isso não conseguimos viver a vida dentro de um sentido espiritual. Continuaremos vivendo-a dentro do sentido material e continuaremos a ter o mesmo fim de outras encarnações: ter que reencarnar...

016. Pretendem os que professam esta doutrina achar nela a demonstração de alguns dos atributos de Deus: sendo infinitos os mundos, Deus é, por isso mesmo, infinito; não havendo o vazio, ou o nada em parte alguma, Deus está em toda parte; estando Deus em toda parte, pois que tudo é parte integrante de Deus, ele dá a todos os fenômenos da Natureza uma razão de ser inteligente. Que se pode opor a este raciocínio? A razão. Refleti maduramente e não vos será difícil reconhecer-lhe o absurdo.

Não vou discutir Panteísmo. O que tinha para ser dito sobre Deus já o foi...

Revelações da revelação - Livro I

Conhecimento do princípio das coisas

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Pergunta 17
Pergunta 18
Pergunta 19
Pergunta 20

Alguém sabe o que é o princípio das coisas? Pelo silêncio vejo que não... Só porque uma palavra foi alterada vocês não sabem... Já conversamos sobre o Deus Causa Primária, mas vocês dizem que não conhecem o princípio das coisas...

O princípio das coisas, portanto, é Deus. Ao utilizar duas palavras para falar da mesma coisa Kardec deu a idéia de que este assunto era diferente do tratado no primeiro capítulo, mas não é. Vamos continuar falando de Deus.

Apesar de termos encerrado o capítulo I onde o título era Deus, vamos continuar falando Dele.

017. É dado ao homem conhecer o princípio das coisas? Não. Deus não permite que ao homem tudo seja revelado neste mundo.

Ou seja, Deus não permite que o ser humanizado conheça a Causa Primária das coisas.

Na verdade, como já tínhamos dito, a pergunta número um estabelece o que é Deus, ou seja, o que Ele representa para o Universo. Por ela ficamos sabendo que Ele é a Causa Primária, mas jamais poderemos saber o que O levou a determinar aquela exata realidade.

É isso que está sendo ensinado aqui. Jamais um ser humanizado saberá qual a sua ação (espiritual, ou seja, sentir) que gerou aquele carma, aquela situação de vida. Isso é fundamental para a elevação espiritual, porque tal tipo de não conhecimento nos leva a viver com aquilo que viemos buscar na carne: a fé.

Se alguém soubesse que hoje está passando por uma determinada situação porque ontem fez aquilo e por isso mantivesse a sua paz, não teria exercido a fé: confiança e entrega a Deus. É por isso que o Senhor não deixa o ser humanizado saber o que fez para originar aquele determinado carma.

Porém, mesmo sem conseguir saber, sem ter consciência da Justiça da Causa Primária, o ser humanizado tem que se entregar a Deus. Este é o trabalho da reforma íntima: entregar-se à Causa Primária mesmo sem compreender a Justiça da ação. É isso que está embutido nesta resposta.

Muita gente até já compreende o ensinamento do Deus Causa Primária, mas quer saber por que Deus está fazendo aquilo, o que fez para merecer. Ou seja, está querendo julgar a Causa Primária, para ver se Deus julga certo, se acertou naquele julgamento.

Participante: O não saber é uma regra aceita por nós para reencarnamos?

Sim. No entanto, não digo que isso é uma regra, mas uma parte integrante do sistema de provação para cada espírito. O não saber a origem do carma faz parte da prova do espírito.

Quando ele vem para a carne sabe das condições da provação que vai fazer e sabe que terá o véu do esquecimento e jamais se lembrará dos motivos que geraram tal ou tal carma. Mas, isso não importa para o espírito. Ele não está preocupado em querer saber, mas em provar que é capaz de amar a Deus acima de todas as coisas. Ou seja, amar a Deus sem condições, incondicionalmente.

Continuando, vimos a utilização deste ensinamento durante a encarnação para aquilo que foi gerado através da mente (criação de realidades). Mas, ainda tem mais o que se comentar nesta resposta, porque a Causa Primária não está presente apenas na mente, mas em tudo.

Seguindo a mesma linha de raciocínio até aqui desenvolvida, diria, então, que Deus jamais deixará o ser humanizado conhecer a ação da Causa Primária das propriedades da matéria.

O ser humanizado descobre muitas verdades científicas sobre a matéria, mas, se você prestar bem atenção, tudo o que um dia foi novidade já foi, posteriormente, negado pela própria ciência. Ou melhor, o conhecimento já foi mais aprofundado, o que negou a ação da propriedade anterior.

Antigamente a doença era transmitida pelo vento. Depois se descobriram os vírus e as bactérias como agentes causadores do mal físico. Hoje já se sabe que muitos males estão previamente escritos no DNA...

A ciência evolui constantemente. Isso quer dizer que tudo aquilo que o homem hoje vivencia como certo, perfeito, como inabalável, será, amanhã, uma não verdade.

Todas as verdades científicas físicas sobre a propriedade das matérias serão quebradas amanhã. Portanto, achar que sabe alguma coisa hoje e apegar-se a este saber como verdade, é, no mínimo, correr o risco de ser desmoralizado amanhã..

Isso também está embutido na resposta. Deus não deixa o ser humanizado conhecer todas as propriedades da matéria. Portanto, o homem precisa declarar que ele não sabe nada. Ele desconfia, tem uma verdade relativa: hoje acha alguma coisa, mas amanhã esse achar se mudará.

Essa declaração de incompetência leva o ser humanizado a vivenciar a ação de Deus nas coisas. Se ele achar que conhece as propriedades da matéria não conseguirá essa vivência e terá a consciência daqueles que hoje vivem a vida carnal: achar que não precisam de Deus porque já possuem o conhecimento transmitido pela ciência.

Participante: Porque Deus não nos deixa saber tudo sobre a matéria?

Ele não deixa a humanidade conhecer tudo sobre as matérias, porque não há nada a saber. Veja, se as propriedades da matéria são geradas pela Causa Primária, o que você acha que tem para conhecer?

A única coisa que você precisa saber é que Deus é a Causa primária de todas as coisas. Quando usar esta verdade que é Absoluta (Universal e Eterna) tudo que é possível ser sabido será.

Você não vai conhecer detalhes, mas conhecerá a Realidade. Ou seja, você poderá não saber como é ou funciona o átomo de cromo, mas quando souber que Deus é Causa Primária de todas as coisas saberá que, sendo ou funcionando de qualquer jeito, ele será a emanação de Deus, o que é a única Realidade do Universo.

Não é por prepotência ou por querer dominar a Verdade que Deus não deixa o ser humanizado conhecer as causas da ação. Ele faz isso porque sabe que quando o ser humanizado conhecer tudo não mais se voltará para o Universo, que é Ele mesmo.

018. Penetrará o homem um dia o mistério das coisas que lhe estão ocultas? O véu se levanta a seus olhos, à medida que ele se depura; mas, para compreender certas coisas, são-lhe precisas faculdades que ainda não possui.

Vamos estudar daqui a pouco uma coisa chamada matéria e dentro deste tema vamos alcançar a compreensão que todos os elementos materiais existentes no planeta Terra, também existem no Universo como um todo. Por exemplo: se existe um elemento chamado mercúrio no planeta Terra, este mesmo elemento existe em todo Universo. Pode não se chamar mercúrio nem ter a mesma forma que possui no planeta Terra, mas todos podem ser chamados de mercúrio porque possuem a mesma finalidade.

Entenderemos isso mais tarde. Por agora foi necessário apenas citar esta informação para podermos comentar esta resposta do Espírito da Verdade.

Nela o mestre ensina: o espírito humanizado não conhece a totalidade das coisas existentes. Na realidade, o que ele conhece é apenas a “versão” terrestre de algo universal.

Juntando agora as duas informações, podemos afirmar que existe o mercúrio universal, mas, quando na Terra, este elemento é adaptado para as condições terrestres. O mercúrio é universal, mas a forma e propriedades terrestres deste elemento são individualizações do universal.

Mas o ser universal humanizado, o espírito que está vivendo (encarnado) neste planeta, conhece apenas o terrestre e acha que ele é o único do Universo. Imagina que o elemento mercúrio terá sempre a mesma forma e as mesmas propriedades em qualquer parte do Universo. Isso não é Real...

É este o aspecto que o Espírito da Verdade está se referindo quando diz que ao homem faltam conhecimentos para poder compreender todas as coisas na sua Realidade. Ou seja, falta a ele a visão universal...

O homem até hoje só conseguiu chegar na lua, que é aqui do lado, na esquina, mas imagina que tudo pode saber e conhecer. O Universo é infinito e o espírito que se encontra encarnado no planeta Terra conhece dele apenas a visão terrestre...

Portanto, o espírito humanizado não conhece as coisas. Mas, pode conhecer? Sim. Como? Se depurando. O que quer dizer depurar-se? Remover coisas, apagar coisas...

Participante: A depuração não se dá com a criação de coisas novas, mas com a eliminação de existentes?

Isso. Limpar-se: isso é uma depuração... Ela ocorre quando você tira coisas que estão sobrando.

A partir de tudo o que foi dito aqui, posso, então, afirmar que o espírito humanizado quanto mais se “limpa” (abandona) de suas verdades terrestres, mais se aproxima do Universo e, por isso, mais conhece da Realidade das coisas.

Vou dar um exemplo. Enquanto você não depurar o conceito hoje existente em sua memória sobre o que é mercúrio, não será capaz de reconhecer o universal deste mesmo elemento. É preciso desaprender o que é mercúrio terrestre para aí poder conhecer a Realidade sobre este elemento.

Mas, o que podemos aprender através da resposta do Espírito da Verdade não acaba com este exemplo simples. Vamos mais adiante na compreensão do ensinamento...

Você precisa eliminar o que acha de tudo: do mercúrio, da árvore, da água... Ou seja, você precisa eliminar os conceitos sobre as coisas da Terra. Você precisa deixar de ser terráqueo e se universalizar.

Essa é a depuração que está falando o Espírito da Verdade. Você precisa deixar de ser humano, terrestre, e passar a ser espiritual, universal. Enquanto você pensar pequeno (apenas nos valores terrestres), acreditar que o que conhece sobre os elementos deste planeta vale para todos os outros ou que somente esta vida é a única realidade do Universo, não compreenderá o que existe fora dela.

Quer ver outro exemplo? Os seres humanizados dizem assim: em Marte não pode haver vida por causa das condições daquele planeta... Por que dizem isso? Porque acham que a única forma de vida é aquela que eles conhecem na Terra....

Para que eles possam realmente conhecer o Universo é preciso eliminar o conceito de que é preciso haver as condições da Terra para que haja vida... Enquanto não eliminarem esta visão eles acharão que Deus fez todo o Universo apenas para embelezar seus dias e noites...

Viu como a prática dos ensinamentos muda nossa forma de viver? Vou dar outro exemplo prático do que o Espírito da Verdade ensinou nesta resposta...

O Livro dos Espíritos já fez mais de cem anos. Através dele todo relacionamento do mundo espiritual com o material foi explicado. Apesar disso, até hoje, mesmos os espíritas, ainda acreditam que podem ficar sós, sem a presença de espíritos não perceptíveis. E mais: até hoje imaginam que seus parentes que morreram, sumiram, apesar de estar ensinado a continuação da vida.

Ou seja, não adianta apenas estudar: é preciso aproveitar o ensinamento na prática. E a prática desta resposta é a ação de depurar-se.

Libertar-se da idéia de estar sozinho só porque os seus olhos não vêem os seres incorpóreos, da idéia que a morte separa só porque você não pode mais tocar aquele corpo... É preciso se apagar tudo o que sabe, o que acha sobre cada momento da existência para poder entender que a Realidade é muito diferente daquilo que você acha que está acontecendo.

É isso que está escrito, é isso que o Espírito da Verdade ensina...

Participante: Somos muito limitados e ignorantes?

Ignorante no sentido de desconhecer a Realidade, sim... Quanto à sua afirmação dos seres humanizados serem muito limitados eu diria que você foi modesta: vocês são totalmente limitados... Vamos entender isso...

Os espíritos que encarnam no planeta Terra estão no jardim de infância do Universo. Eles são tão limitados para conhecer e agir no Todo quanto é uma criança de quatro anos neste mundo.

Uma criança nesta idade não pode viver sozinha, como um adulto, pois desconhece a Realidade das coisas: ela não conhece o perigo de certas atitudes, não possui o conhecimento necessário para a sua subsistência...

Pois bem, os espíritos humanizados são tão limitados quanto ela: não tem a menor capacidade de viver na plenitude a sua vida universal. Eles não sabem o perigo que correm com algumas posturas sentimentais, que até, no fantasioso mundo humano, são consideradas como certas. Preferem comer o hambúrguer (prazer, felicidade condicionada) do que o alimento que nutre (felicidade incondicional).

Um exemplo disso é a postura de sentir pena dos outros: humanamente falando é sinal de bons sentimentos, mas o espírito liberto da materialização reconhece a realidade desta postura. Na verdade quem sente pena dos outros está o menosprezando, achando-se superior a esta pessoa...

Participante: Por que Deus não nos aparece uma única vez mostrando as Suas glórias e provando a Sua existência para que possamos mudar e com isso ter uma vida, espiritualmente falando, melhor? Se Ele fizesse isso, diversas coisas poderiam ser evitadas como, por exemplo, a guerra?

Porque aí você não se utilizaria mais a fé cuja prática é o objetivo da encarnação...

Neste caso, se os seres humanizados se mudassem, não seria pelo exercício da fé, mas pelo medo de Deus. Foi o que falamos anteriormente: Deus não deixa o ser humanizado conhecer a origem do seu carma... Se tudo lhe fosse descoberto, você deixaria de tomar determinadas atitudes porque teria a comprovação de que a guerra de hoje lhe traria um determinado carma amanhã...

Mas, aproveitando a sua pergunta, se a sua preocupação é acabar com as guerras, lhe pergunto: por que você não abre mão do seu individualismo? Por que não oferece a outra face como Cristo ensinou? Se você e outros praticassem o que foi ensinado poderiam acabar com as guerras.

Por que não colocam em prática? Porque não confiam em Deus e por isso não se entregam a Ele. Por esta forma de ver o mundo ainda acham que precisam defender suas posses (materiais, morais e sentimentais) para garantir seu bem-estar...

Para oferecer a outra face é preciso ter a fé – o que leva ao despojamento das coisas materiais – e a vivência dos acontecimentos da vida com esta postura é o objetivo da encarnação. Você encarna para poder provar que é capaz de viver somente a partir da fé, ou seja, amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

019. Não pode o homem, pelas investigações cientificas, penetrar alguns dos segredos da natureza? A ciência lhe foi dada para seu adiantamento em todas as coisas; ele porém não pode ultrapassar os limites que Deus estabeleceu.

A partir do que nos ensina o Espírito da Verdade, pergunto: o homem pode conhecer o que quiser pela experimentação científica? Não...

O homem só conhecerá, quer seja pela experimentação científica ou qualquer outro meio, o que Deus lhe deixar conhecer. Isso é fundamental para se viver essa vida, para destronar o deus ciência que foi criado pela humanidade.

Hoje a admiração do ser humanizado pela ciência é tão grande que até para a própria vida espiritual se criou ciência. Pobre espírito que ainda se acredita capaz de conhecer o que quiser...

A resposta do Espírito da Verdade – aliás, em que se baseiam aqueles que fazem a experimentação científica espiritual – é bem clara: o ser humano só conhecerá o que Deus deixá-lo conhecer. Se Ele não deixar, jamais a humanidade aprenderá nada. Este é o primeiro detalhe.

Vamos ao exemplo: clonagem. O homem acredita ter aprendido a clonar corpos. Já criou corpos de bichos e até humanos – existem doze destes corpos escondidos em laboratórios no planeta.

Acontece que o homem não aprendeu nada realmente, mas apenas a Causa Primária agiu. Digo isso porque os bichos viveram, mas os corpos humanos não – não falo em não viver como não existir, pois estes corpos funcionam; falo em atividade intelectualizada, o que estes corpos não possuem.

Por que isso se a técnica para clonar um ou outro tipo de corpo é a mesma? Por que os corpos animais clonados possuem atividade e os humanos não?

Na verdade, nestes corpos feitos por clonagem não há atividade mental, intelectualização, porque o homem não é capaz de juntar espíritos a corpos e é este elemento quem dá a intelectualização ao corpo. Só Deus pode realizar esta junção.

Então, o homem acha que descobriu uma técnica e acha que pode realizar o que quiser aplicando-a, mas na verdade, todo o seu conhecimento é bloqueado pela ação da Causa Primária. Se ela não agir, o homem nada pode...

Aliás, a própria técnica não teria sido descoberta se Deus não a revelasse. Deixa eu contar uma história que reflete bem isso...

Os médicos resolveram, já que sabiam fazer um corpo humano, dizer para Deus que não precisavam mais Dele. Esta decisão foi tomada numa assembléia onde um deles foi escolhido para ser o porta-voz da notícia.

Ele foi e disse a Deus que a comunidade médica, face aos avanços da ciência, não precisava mais Dele e que Ele poderia se aproveitar. O Senhor respondeu:

- Em nome dos velhos tempos, apenas para Me despedir destas funções que venho exercendo há tanto tempo, vamos apenas fazer um jogo?

 - Qual, disse o médico...

- Vamos construir um homem... Se vocês ganharem o jogo Eu me aposento...

O médico, achando que a vitória já estava no papo, foi ao laboratório, pegou uma célula humana e voltou afirmando:

- Já estou pronto...

Deus então lhe respondeu:

- Mas isso não vale... Fazer o homem com a minha célula não vale. Crie primeiro a sua.

O homem não sabe criar nada: pode reproduzir. A ciência nada mais é do que reprodução – porque criar é a partir do nada – e o homem não consegue criar a partir do nada. Isso precisa ficar bem claro. O homem reproduz o que o Deus manda ele fazer, o que a Causa Primária o faz fazer...

Portanto, a humanidade só vai conseguir avançar na ciência de acordo com que Deus for lhe dando, ou seja, na hora que ela merecer receber. No caso da clonagem, até agora a humanidade só mereceu receber o ensinamento de como se produz corpos, mas a intelectualização só acontecerá quando Deus ligar um espírito ao corpo.

Enquanto isso, haverá muitos corpos que servirão de comida para bichos. Mas, porque isso? Porque Deus permitiu que a humanidade possuísse a técnica da clonagem mas não deixa este corpo intelectualizar-se? A resposta está na segunda parte da resposta do Espírito da Verdade: o avanço da ciência lhes é dado para o avanço em todos os campos. Inclusive na moral...

O homem precisa compreender que o avanço da ciência lhe é dado para o avanço na moral espiritual: o exercício da fé... Reparem uma coisa: por mais que a ciência evolua, ela não é capaz de fazer ou de conhecer a totalidade das coisas como a Natureza...

É pela constatação da superioridade da Natureza (que é o próprio Deus) sobre o conhecimento do homem que ele pode exercer a fé... Compreendendo esta superioridade o espírito humanizado entende que nada pode saber e que deve apenas entregar-se a Deus.

Aproveitando o conhecimento científico para a evolução moral, o espírito humanizado constata que não sabe fazer o que Deus faz e por isso deve dizer “louvado seja o Senhor” ao invés de propor uma aposentadoria ou pedir para Ele se apresentar para mudar as coisas na Terra....

Participante: Sem espírito não existe vida?

Existe vida no sentido do funcionamento do corpo: o sangue corre, os órgãos funcionam, etc. Mas não há intelectualização, que é realmente o que caracteriza a vida...

Pergunta: Porque o clone não tem consciência?

Porque não há espírito presente junto àquela massa corporal...

Compreensão de Kardec sobre o tema

Quanto mais consegue o homem penetrar nesses mistérios, tanto maior admiração lhe devem causar o poder e a sabedoria do Criador. Entretanto, seja por orgulho, seja por fraqueza, sua própria inteligência o faz de joguete da ilusão. Ele amontoa sistemas sobre sistemas e cada dia que passa lhe mostra quantos erros tomou por verdades e quantas verdades rejeitou como erros. São outras tantas decepções para o seu orgulho.

020. Dado é ao homem receber, sem ser por meio das investigações da Ciência, comunicações de ordem mais elevada acerca do que lhe escapa ao testemunho dos sentidos? Sim, se o julgar conveniente, Deus pode revelar o que à ciência não é dado aprender.

Qual a primeira coisa que os seres humanizados fazem quando um espírito revela alguma coisa não conhecida? Procurar confirmação do que foi dito na ciência terrestre... Mas veja, a explicação do espírito acontece justamente porque a ciência ainda não explicou determinadas coisas...

Mesmo os próprios espíritas (aqueles que se dizem seguidores de Kardec), agem dessa forma: confiam mais na ciência do que na manifestação divina. Afirmo isso porque submetem o que os mentores transmitem àquilo que eles sabem, seja no campo científico ou sobre detalhes da vida humana.

Não há condições de se viver desta forma e ao mesmo tempo querer promover a elevação espiritual. Isso jamais ocorrerá enquanto a humanidade materializar Deus e o mundo espiritual. Este trabalho só será levado a termo quando os seres humanizados espiritualizarem o que é material.

É o inverso... O conhecimento da Verdade e da Realidade chegará quando o homem fizer a sua ciência (o que sabe) partir das comunicações espirituais e não enquanto quiser submeter o que lhe é transmitido ao que já é conhecido...

É isso que o Espírito da Verdade está nos ensinando. O espírito humanizado precisa mudar o ângulo de visão da vida. Precisa começar a ver a vida terrestre sob o prisma espiritual e não querer o espiritual sob o material...

É o que me perguntaram agora a pouco: por que Deus não aparece? Porque, neste caso, o espírito humanizado estaria materializando Deus: tornando-O um elemento conhecido materialmente

A evolução espiritual é ao contrário: você tem que se espiritualizar. Você tem que partir para o desconhecido sem submetê-lo ao conhecido.

Participante: Para isso, temos que ter fé no que nos é dito.

Como eu disse a vida humana existe para o espírito provar a sua fé. Não há mais nada a ser realizado nesta vida, a não ser a fé...

Quando você duvida das coisas que são transmitidas pelos mentores, não exerce a fé...

Desculpe, cometi um engano. Quando você duvida das transmissões divinas exerce a fé sim... Exerce a fé em você, no que você sabe... Com isso comprova o seu individualismo, pois o que sabe é mais importante e Real do que o que Deus transmite...

Compreensão de Kardec sobre o tema

Por estas comunicações é que o homem adquire, dentro de certos limites, o conhecimento do seu passado e do seu futuro.

Revelações da revelação - Livro I

Espírito e matéria

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Pergunta 21
Pergunta 22
Encerramento de conversa
Pergunta 23
Pergunta 23a
Pergunta 24
Pergunta 25
Pergunta 25a
Pergunta 26
Pergunta 27
Pergunta 27a
Pergunta 28
Encerramento de conversa

021. A matéria existe desde toda a eternidade, como Deus, ou foi criada por ele em dado momento? Só Deus o sabe. Há uma coisa, todavia, que a razão vos deve indicar. É que Deus, modelo de amor e caridade, nunca esteve inativo. Por mais distante que logreis figurar o início de sua ação, podereis concebê-lo ocioso, um momento que seja?

Vamos entender o primeiro elemento desta resposta (a matéria não pode existir desde a eternidade) usando a lógica humana. Se Deus é o Criador, não pode haver nada anterior a Ele. Sendo a Causa Primária de todas as coisas, não pode ser criação da matéria. Então, a matéria não existe anteriormente a Deus.

Mas, como sempre, desta informação podemos tirar uma conclusão que nos ajudará muito mais no trabalho de compreensão da realidade humana: a matéria é obra de Deus...

A partir desta conclusão, eu pergunto: quem fez o seu carro, a sua casa e tudo que existe? Deus. Não é uma fábrica que constrói os carros e nem um pedreiro que constrói a sua casa: tudo é construído por Deus, pois a matéria é criação Dele.

Portanto, a matéria existe com determinadas propriedades e formas mas porque Deus a cria. Esta é a primeira informação da resposta à esta questão.

Participante: Acho que o pensamento é: Deus faz a matéria, mas são os homens que manipulam uma forma para ela. Assim podemos entender que estamos fazendo alguma e não Deus que está agindo.

Enquanto você achar que está fazendo alguma estará preso ao ego que lhe diz que você um criador.

Participante: Não digo que eu pense assim, mas que os homens em geral pensam...

Na verdade o homem não acredita que Deus faz e ele só manipula. Ele acha que ele cria, faz. O dono da fábrica de remédios acha que ele faz o seu produto, mas esquece que retira todos os elementos para fabricá-lo da natureza... Portanto, não faz...

Na verdade o homem acha que ele é auto suficiente e esqueceu que Deus existe. Esta é a realidade com a qual a humanidade vive, compreende a vida.

Agora, se você quer se aproximar de Deus, não adianta pensar isso... Você não manipula nem faz nada sem que Deus determine que seja feito. Se não fosse assim, o homem já teria descoberto a cura do câncer, da Aids. Mas Deus não deixa isso acontecer porque estas doenças ainda são necessárias à humanidade.

Participante: Porque ainda precisamos destas doenças graves?

Porque vivem do jeito que vivem...

A doença nada mais é do que um carma resultante de uma forma de viver. Vou dar um exemplo e para isso nem vou recorrer ao conhecimento espiritual, mas vou usar o conhecimento material, pois apenas ele pode lhe responder. Mas antes me deixe apenas relembrar algo: carma não é penalidade, mas sim o justo merecimento decorrente de alguma ação.

Quem tem câncer, segundo o conhecimento científico da humanidade, é porque fuma, quem tem cirrose é porque bebe... Então quem tem câncer ou cirrose não é um pobre coitado, mas alguém que já sabia onde levaria o seu vício e mesmo assim continuou fazendo uso destas substâncias.

Aí está o que tinha dito antes: a doença é o resultado de suas ações. Mude a sua forma de viver que você mudará o mundo.

O problema é que vocês querem acabar com as doenças, mas não querem fazer nada para se curarem. Ainda continuam sonhando que deveria haver uma vacina para todas as doenças que vocês não querem ter e, assim, possam fazer tudo o que querem, sem riscos...

Falei de carma dentro do conhecimento material, mas se aplicarmos o conceito espiritual da reação à ação (merecimento gerado por uma postura sentimental), alcançaremos o mesmo resultado.

Vocês têm câncer porque são egoístas, úlceras porque são nervosos, etc. Mude sua forma de agir espiritual, ou seja, viva com fé e amor poderá colher outros resultados, nesta ou em outras vidas...

Vamos ao segundo elemento da resposta do Espírito da Verdade: você pode imaginar Deus parado? Vocês dizem que não, mas na verdade é com este conceito que vivem.

A humanidade acredita que a sua vida é construída por ela mesma a partir dos seus momentos diários. Deus para vocês está preso no céu olhando o que estão fazendo e julgando para lhes dar um castigo se agir errado.

Este é um Deus inativo, observador, sem ação. Deus não pode estar parado no Universo lhe olhando. E se ele não está assim, está agindo. Agindo fazendo o que? Sendo a Causa Primária de todas as coisas, construindo as formas e propriedades dos elementos e o funcionamento das inteligências inferiores (espíritos), como vimos nas perguntas sete e nove.

Esta é a base de compreensão sobre a vida capaz de levar o ser humanizado a alcançar a elevação espiritual, pois cada um deixará de se achar agente universal e entenderá que existe um Senhor Supremo que é este Agente. Se auto vislumbrará como um mero reprodutor desta Causa .

Este é o ensinamento mais profundo que existe e ele fará com que cada ser humanizado passe a viver com Deus. Enquanto cada ser estiver preso na ilusão de achar que está fazendo, estará sem Deus.

Estará longe do Senhor porque o seu deus está parado, inativo, preso lá no céu. Esta é a segunda informação desta resposta, mas tem uma terceira que precisamos ver.

Até agora vimos nesta questão que Deus existia antes da matéria porque cria todas elas. Este conhecimento pode até ser conscientizado pelos seres humanizados, mas só ele não é suficiente para alcançarmos a Realidade. Precisamos ir mais além no conhecimento da ação de Deus e para isso pergunto: quando Ele cria, em que tempo Deus criou a matéria que hoje existe?

Tem um trabalho de Santo Agostinho no livro “Confissões” no qual ele especula sobre o tempo. Ele quer saber quando existe e o que é o tempo.

Respondendo a partir deste trabalho, faço a vocês as mesmas perguntas que ele se fez para compreender o tempo: o que é o passado? É o presente que não existe mais. E o futuro? É o presente que ainda não chegou... Pensando assim, chegamos à mesma conclusão que Santo Agostinho, um dos seres universais que participou das respostas do Espírito da Verdade, chegou: só existe o presente.

Então, quando Deus cria todas as coisas? No presente... Ou seja, Deus constrói o Universo (todas as coisas que existem) a cada presente. Deus cria as coisas a cada presente, porque quando Ele acabou de criar elas foram para o passado e não existem mais; e as coisas que Ele irá criar ainda estão no futuro, ainda não existem. Portanto, posso afirmar que a cada presente Deus está criando o Universo: todas as matérias existentes no Universo, com suas propriedades e formas.

Mas, quanto tempo dura um presente? Para compreender bem isso vamos pegar a própria palavra “presente”. Quando eu falo o fonema “s”, o “e” já é passado e o outro “e” ainda é futuro. Portanto, no tempo que eu falo um “e”, Deus criou todas as coisas e quando chego ao “s”, Ele as terá recriado, pois aquelas outras já foram para o passado e, por isso, não existem mais...

Mas, ainda podemos nos aprofundar ainda mais neste conhecimento. Isso porque o fonema “s” é formado por letras (“esse”). Quando eu começar a pronunciá-lo, o final dele ainda não chegou, ainda é futuro; quando estiver no meio do som o início será passado, já acabou.

Aí está, portanto, o conhecimento mais profundo sobre o tempo: só existe o presente, mas este nada mais é do que uma micro fração de tempo que não pode ser mensurada. Isso porque as próprias letras que compõem o som do fonema “s” também são, por si, fonemas que possuem extensão.

Portanto, desta resposta do Espírito da Verdade temos que entender que :Deus constrói todas as coisas do Universo; para esta criação Ele age no presente; este é apenas uma fração de tempo que o ser humanizado não sabe mensurar... Essa é a Realidade do Universo... É essa a resposta do Espírito da Verdade a kardec....

Este ensinamento lhe faz ver o mundo de uma forma diferente. Para poder adaptá-lo à algo que lhe seja compreensível, vou afirmar que a vida humana é igual a um filme ou um desenho animado: são fotogramas que possuem imagens estáticas que passam numa velocidade tão grande que criam a ilusão de movimento.

Isso é o Universo. Deus cria a cada micro fração de tempo o Universo e os seres universais imaginam um movimento nestas coisas porque não conseguem mensurar a quantidade de presentes que houve entre a formação das coisas.

É isso que está escrito nesta resposta do Espírito da Verdade e eu vou ser bem claro: para ter esta compreensão não mudei uma palavra do que foi dito... Eu não disse que o texto da resposta não é bem assim, não retire ou acrescentei partes... Apenas analisei cada elemento da resposta raciocinando as informações ali contidas.

Raciocinar: isso é o fundamental para a compreensão. De nada adianta apenas compreender por alto.

De que adianta apenas compreendermos que Deus trabalha sempre, se nós não temos noção do que é sempre (eterno).... Não sabemos o que é tempo, não sabemos o que é presente, como podemos saber o que é sempre?.

Temos a ilusão que o presente dura um dia, uma hora... O dia de hoje é formado por vinte quatro horas. Cada hora tem sessenta minutos que por sua vez tem em cada um sessenta segundos. E em cada segundo existem infinitos presentes.

Esse é o nosso trabalho. É isso que estamos fazendo no estudo de O Livro dos Espíritos: pensar, raciocinar e não ficar preso no que cada um acha ou sabe...

Participante: Concordo que o presente é o grande presente, mas acho que cada um pode programar o seu futuro. Por exemplo: se hoje planto tomates não vou colher alface...

Nesse sentido sim. Você pode programar que plantando tomate colherá este mesmo alimento. Mas, você jamais pode afirmar que este futuro que você programou acontecerá. Isso porque, como já vimos, Deus não deixa o ser humanizado conhecer o seu carma.

Se você plantar tomate, pode até ter a ilusão de que o colherá, mas não afirme que isso com certeza acontecerá... Por quê? Porque pode chover muito ou pouco, a plantação pode ser assolada por pragas, etc.. Se qualquer destas coisas acontecerem, você não colherá nada.

Então, plante tomate, mas se Deus quiser nascerá ou não o que você plantou.Isto porque Deus é a ação dos elementos da Natureza...

Você pode até, se quiser, programar o seu futuro, mas a realização da programação dependerá do que Deus fizer e não do que você desejou. Até porque tem gente que está pensando que está plantando tomate, mas não conhece bem a semente e aí nasce outra coisa.

022. Define-se geralmente a matéria como sendo – o que tem extensão, o que é capaz de nos impressionar os sentidos, o que é impenetrável. São exatas estas definições? Do vosso ponto de vista, elas o são, porque não falais senão do que conheceis. Mas a matéria existe em estados que ignorais. Pode ser, por exemplo, tão etérea e sutil, que nenhuma impressão vos cause aos sentidos. Contudo, é sempre matéria. Para vós, porém, não o seria.

Vou só dar um exemplo do que quer dizer o Espírito da Verdade: o oxigênio... Você não o percebe, mas se não houvesse esta matéria, estaria morto...

Então, neste item, vamos ser muito sucinto: matéria não é simplesmente o que você pode pegar ou ouvir. Existem muito mais coisas do que a sua percepção é capaz de sentir.

Não vamos nos estender mais neste comentário porque a partir de agora vamos falar de espírito e matéria e nos aprofundaremos mais nesta questão. Por enquanto o que precisamos apenas saber é que a matéria, as coisas materiais, existe muito além do que as suas percepções podem alcançar.

Mensagem especial

De tudo o que falamos até aqui, aliás do que falamos sempre, guardem o seguinte ensinamento: é preciso agir... É preciso que o espírito aja, porque do “céu só cai avião e chuva”.

No entanto, é preciso que o espírito entenda que a sua ação não é material, mas espiritual. Ao espírito compete agir espiritualmente e não materialmente. E uma ação espiritual é sentir, é ter sentimentos.

Portanto, quando se fala que o espírito precisa agir para que as coisas venham do céu, se diz que ele precisa ter um sentimento: o amor...

Ame a tudo e a todos. O amor puro, sincero, não aquele sentimento preso ao individualismo, ao que você gosta ou quer, mas o amor despojado, como aquele que Cristo ensinou...

Este será sempre o meu recado, porque não há mais nada a ser feito, não há nada a ser construído, pois Deus constrói tudo. A única coisa que existe a ser feita é a construção da capacidade de amar...

Mas, amar sem individualismos, sem se prender à suas condições. Amar incondicionalmente. Esse foi o ensinamento do mestre. O mestre Jesus Cristo nos ensinou o amor incondicional a Deus, ao próximo e a tudo.

É só isso. O dia que vocês compreenderem isso, verão que não há ciência, conhecimento ou cultura a ser buscada... Que não existem padrões de ações ou atos que sejam “maus” ou “bons”, mas apenas momentos da existência onde se ama ou não...

O amor pode tudo.

Então, se vocês podem levar uma mensagem de hoje e de sempre, ela seria: amem a tudo e todos e deixe o mundo correr.

Deixe a guerra e a tirania existirem onde elas estão, deixem os que roubam roubarem... Deixe o mundo em paz e apenas ame a tudo e a todos...

Digo isso porque, quando vocês criticam qualquer um por qualquer coisa que ele faça, estão entrando no mesmo padrão vibratório dele e saindo do amor. Então amem, amem todas as coisas, porque nesse dia o mundo se mudará para você.

Quem conheceu Chico Xavier sabe que ele, depois de muita ciência, entendeu que só existe uma coisa a ser entendida: que é preciso amar. Amar a todos, a Deus e a todas as coisas.

Com as graças de Deus.

022ª. Que definição podeis dar da matéria? A matéria é o laço que prende o espírito; é o instrumento de que este se serve e sobre o qual, ao mesmo tempo, exerce sua ação.

NOTA: Esta pergunta não foi estudada pelo amigo espiritual.

023. Que é o espírito?

A partir de agora vamos mudar o rumo de nosso estudo, pois iremos ver outros componentes do Universo. Até aqui falamos de Deus: vimos o que Ele é e como age. Agora vamos entender os outros dois componentes do Universo: o espírito e a matéria.

Falar de espírito, principalmente para um grupo espiritualista, deveria ser uma coisa muito fácil, porque afinal de contas todos vocês acreditam na existência de um espírito. Mas, no entanto, não isso não é tão fácil...

Não é fácil falar porque, da mesma forma de Deus, vocês acreditam haver espírito mas não têm a mínima noção do que ele é. Se eu perguntasse aqui o que é espírito, aqueles que já ouviram outras palestras minhas poderiam dizer que sabem, mas até ouvirem, não sabiam.

Então, vamos prestar muita atenção ao estudo, porque vamos estar desenhando hoje um auto retrato seu... Estaremos construindo a consciência de quem é você na Realidade. Digo isso porque, se você é algo mais do que a carne, a partir de agora vou dizer o que é esse algo que é você realmente.

Volto a repetir, apenas para relembrar, o que já falei muitas vezes: não vou falar nada novo. Tudo o que eu disser já foi ensinado, quer seja pela ciência ou pela espiritualidade. Isto porque, afinal de contas, como já estudamos neste mesmo capítulo, a ciência nos é dada para o avanço em todos os campos.

Enfim, para fazer o seu auto retrato vou citar conhecimentos científicos, mas também ensinamentos espirituais já disponíveis no planeta Terra.

Retornando, então a O Livro dos Espíritos...

023. Que é o espírito?

Antes de ler a resposta preciso novamente fazer um adendo. Como no estudo da questão um de O Livro dos Espíritos, é preciso alertar que a pergunta de Kardec não é quem é o espírito, mas sim o que é ele... Ou seja, em que “coisa” universal pode ser reconhecido o elemento que chamamos de espírito, ser universal, alma, ou qualquer outro nome que se dê.

Sendo assim a resposta não dirá quem é o espírito, mas sim que coisa é o espírito.

O princípio inteligente do Universo.

O que é o espírito? É o princípio inteligente do Universo.

Logo no início deste estudo, declaramos que o espírito é um princípio. O que quer dizer isso? Que ele é um elemento...

No Universo existem três elementos: Deus, espírito e a matéria. Tudo no Universo é composto por estas três coisas. Deus, como tudo que existe, o espírito e a matéria.

Esta é a primeira coisa que precisamos saber e a partir dela já podemos ter alguns conhecimento práticos. Por exemplo: o que é um extraterrestre? É um espírito que não nasceu, desenvolveu-se no planeta Terra. Mas, mesmo assim, ele é um dos elementos do Universo assim como você, que é desenvolvido na terra: um princípio universal.

Não há distinções entre espíritos do Universo: todos são elementos universais. Não importa onde nasceu – Plutão, Marte, Júpiter, ou Terra – todos são elementos universais. Todos compõem isso que chamamos de Universo.

Mas, a aplicação prática do ensinamento não acaba por aqui. Ora, se não existe diferença entre nós que nascemos na Terra e os que nasceram em Plutão, não pode haver diferença entre os que brasileiros e os que nasceram na Argentina.

É da aplicação do raciocínio do ensinamento ampliando-se a sua abrangência que nasce a consciência: não há raças. Espírito não tem raça, não pertence a nenhum povo. O espírito pertence ao Universo, é parte integrante do Universo.

Então você não é brasileiro, sul americano ou terrestre: é universal, um ser do Universo, um elemento que compõe o Universo.

Mais uma coisa... Descobrimos que o espírito é um princípio do Universo, mas ele possui uma característica única: é o princípio que é inteligente, ou seja, que possui inteligência.

A partir disso posso dizer que você é a inteligência que habita o corpo humano: esta é a definição de espírito encarnado. Partindo ainda do conceito maior, posso dizer que a definição de espírito fora da carne é: a inteligência que habita um perispírito.

Então, isso é, por definição, você: a inteligência que habita os diversos corpos (matérias) existentes no Universo.

023a. Qual a natureza íntima do espírito?

Agora que já definimos o que é o espírito, vamos tentar descrevê-lo. Natureza íntima é aquilo do que o espírito é formado.

Não é fácil analisar o espírito com vossa linguagem. Para vós, ele nada é, por não ser palpável. Para nós, entretanto, é alguma coisa. Ficai sabendo: coisa nenhuma é o nada e o nada não existe.

Vimos na pergunta anterior que o espírito é o princípio inteligente, a inteligência que habita os diversos corpos do Universo. Agora vamos buscar compreender o que é esta inteligência, qual a sua natureza íntima.

O Espírito da Verdade diz claramente: você, enquanto humanizado, não saberá descrever uma inteligência. Não conseguirá dar valores ou formas ao que é uma inteligência.

Nós, enquanto na carne não podemos saber o que é uma inteligência. Por isso o Espírito da Verdade diz que para os seres humanizados o espírito não é nada. Acontece, porém, que ele é alguma coisa. Apenas quando ligado a consciências humanas é que o ser não consegue dar uma forma e valor ao espírito, mas isso não quer dizer que ele não as tenha.

Como sempre fazemos, aplicando o que aprendemos à prática da vida, podemos afirmar que não se deve reconhecer o espírito através de formas ou valor. Esta é a primeira conclusão desta resposta...

Sempre pergunto em minhas palestras: alguém já viu um espírito? Não, nem mesmo aqueles que possuem a visão mediúnica, jamais viram um espírito, porque todos os humanos são incapazes de vê-lo porque não conseguem perceber o princípio inteligente do Universo. O que é percebido, é o perispírito, não o espírito em si.

Esta é a primeira coisa que temos que dizer quando estudamos este item de O Livro dos Espíritos: nunca, jamais, um espírito encarnado viu um espírito. Isso porque essa matéria é incapaz de perceber o espírito; para essa consciência o espírito é nada.

Agora, se não podemos determinar a forma de um espírito, podemos, ao menos, compreender de uma forma material (através da ciência terrestre), o que é a inteligência. Hoje a ciência, a psiquiatria e a psicologia, já nos dão uma definição: a inteligência é a capacidade de perceber e armazenar informações.

Unindo os dois campos (espiritual e científico), como já dissemos que íamos fazer, podemos afirmar que você é a parte deste corpo que tem a capacidade de perceber e armazenar informações. Só isso; você não é nada mais do que isso.

Mas, estas ciências ainda nos falam de outros elementos da inteligência: o raciocínio e o instinto. A partir daí podemos completar nossa definição: para vocês, seres humanizados, que não conseguem saber o que é o espírito, nós podemos defini-lo como: a capacidade de raciocínio do ser humanizado.

Agora ficou mais fácil de se auto reconhecer: você é aquilo que a ciência chama de mente. Você é a mente que está ligada ao corpo: aquela parte não material que é capaz de perceber coisas, analisá-las e armazenar as informações raciocinadas. Isto é você.

É importante que isto fique muito claro para aqueles que procuram realizar a reforma íntima. Digo isso porque tem algumas passagens dos ensinamentos dos mestres, que não são compreendidas porque os seres humanizados não sabem quem são. Vou dar um exemplo.

Cristo ensinou assim: ai de vocês, professores da lei, fariseus e hipócritas, que lavam o copo por fora mas não os lavam por dentro. Este ensinamento é antigo, mas pouco foi posto em prática pela incapacidade de saber o que fazer.

Cristo está falando do hábito de asseio do corpo físico, se arrumar externamente, contra o não hábito de se “arrumar” interiormente. O que seria esse interno: a barriga, a perna, a saúde do corpo? Não, ele está falando da mente....

É preciso aprender a ter asseio na mente. É preciso, para você que pretende alcançar a elevação espiritual, preocupar em arrumar-se externamente, mas sim internamente: organizar a sua mente com valores espirituais.

É por isso que é fundamental saber quem é você. Aliás, no Evangelho de Tomé está escrito... Os apóstolos perguntaram para Cristo: qual será o nosso fim? E o mestre responde: mas, vocês não sabem nem o princípio, como querem conhecer o fim?

Vocês não sabem nem quem são vocês, como saberem onde chegar? É preciso antes aprender a se reconhecer para só depois saber o que fazer e, posteriormente, conseguir realizar a elevação espiritual.

O auto reconhecimento necessário para o trabalho da reforma íntima só estará completo quando houver a compreensão de que você é a inteligência que habita o corpo. Que você é o que a ciência chama de mente: a capacidade de observar, raciocinar e armazenar informações. Isso é o espírito, isso é você.

Portanto, ao invés de se preocupar em fazer a unha, limpe a mente; ao invés de se apegar à necessidade de andar na moda, coloque a mente na moda espiritual; ao invés de cobrar o tomar banho, preocupe-se em lavar-se por dentro.

É por causa deste tipo de ensinamento que os modernos espiritualistas compreendem que Cristo não é apenas o modelo de candura, como até hoje é conhecido, mas sim um mestre da arte de raciocinar. Ele, que bem compreendia quem era junto ao corpo, teve como missão ensinar uma nova maneira raciocinar, transmitir novas bases para a compreensão da vida. Esta é a verdadeira Boa Nova que ele veio trazer.

024. É o espírito sinônimo de inteligência? A inteligência é um atributo essencial do espírito. Uma e outro, porém, se confundem num princípio comum, de sorte que, para vós, são a mesma coisa.

Agora a pouco, tinha definido o espírito humanizado como a mente que habita o corpo físico. Agora vem o Espírito da Verdade – e eu concordo com ele – dizer que a inteligência não é um sinônimo para “mente”.

Na visão do Espírito da Verdade, a inteligência, como compreendida pela ciência e que por isso afirma serem sinônimos, é apenas um dos atributos da mente, um dos seus atributos...

Agora que dissemos isso, acredito que você está se sentindo do mesmo jeito que estava antes do comentário da pergunta anterior: sem saber. Com o estudo anterior você achou que tinha descoberto quem era o espírito, mas agora volta novamente a cair na ausência de compreensão sobre o assunto.

Isto foi feito desta forma de propósito pelo Espírito da Verdade. Por quê? Para não esquecerem o recado maior da pergunta 0023a: para vocês que estão humanizados, o espírito não é nada. Para não se esquecerem nunca de que não possuem condições de saber do que ele efeito, como é, o que é, pois não existem valores e conceitos em suas mentes para tanto.

O conhecimento que falamos no estudo da questão anterior não é uma ciência perfeita. Trata-se apenas de uma figura que reflete o máximo que pode ser sabido hoje sobre espírito pelos espíritos encarnados: você é a mente que habita o corpo.

A mente, como já ficou claro antes, pela ciência, é uma parte imaterial. Portanto, você não é o cérebro, os neurônios, ou quaisquer outras partes materiais que a ciência diz que participa do raciocino. Você é mente: a sede imaterial da personalidade humana.

Resumindo: a inteligência não é o espírito, mas apenas um atributo deste. Mas, para os humanos, para fins de estudo apenas, para fins de auto reconhecimento na carne, saiba que você é a inteligência que habita o corpo físico.

Participante: Foi falado que a inteligência ou mente é a capacidade de perceber e armazenar informações. Mas, além disso não analisamos coisas?

Esta análise à qual você se refere é o raciocínio, que é um dos sistemas que a inteligência se vale durante o processo de percepção e armazenagem de informações. Este sistema é temporário, por isso não pode fazer parte da definição de inteligência.

A inteligência, por definição, dentro de uma visão universal, é só a capacidade de perceber e armazenar informações.

025. O espírito independe da matéria, ou é apenas uma propriedade desta, como as cores o são da luz e o som é do ar? São distintos uma do outro; mas, a união do espírito e da matéria é necessária para intelectualizar a matéria.

De acordo com esta resposta, o espírito e a matéria são duas coisas diferentes, ou seja, você e o seu corpo são duas coisas diferentes... Mas, o Espírito da Verdade fala mais: você é a intelectualização do ser humano, o intelecto que habita o corpo.

Você é o intelecto que intelectualiza o corpo físico. Mas, o que é intelectualizar o corpo físico? É dar a ele a capacidade de falar, de raciocinar, de criar movimentações. Isso é a intelectualização. Sem você, o corpo físico ficaria parado igual à carne no açougue porque ele por si só é incapaz de atos intelectuais.

No entanto, existem outras coisas que são frutos da intelectualização. O coração não bate por livre e espontânea vontade, os pulmões não se abrem e fecham seguindo impulsos próprios. Para que os órgãos se animem é necessária uma intelectualização. O funcionamento dos órgãos internos, portanto, também são frutos da atividade do espírito junto ao corpo.

Agora a informação está completa: você não é o corpo e ele não é você, mas ele sem você seria carne “morta”.

Participante: Se o coração não bate sem o espírito, no caso que a pessoa entra em coma, como o coração vai bater sem o espírito? Digo isso porque, se não me falha a memória, o senhor já havia dito que durante este processo o espírito pode estar ou não ligado ao corpo...

Sim já disse isso. Mas existem casos onde o espírito pode continuar ligado ao corpo físico, mas não está mais o intelectualizando externamente.

Participante: Não entendi...

Você tem dois processos de intelectualização. O externo, que é percebido pela a ação externa executada pelos membros do corpo físico. Mas, mesmo quando estes membros não mais se mexem, existem ainda os processos de funcionamento interno: digestão, o pulmão abrir e fechar para criar a respiração, o coração bombear o sangue...

Estes processos também são frutos de intelectualização criada por um espírito. Ao primeiro (movimento dos membros) dizemos que é uma intelectualização consciente e ao segundo (funcionamento dos órgãos internos) inconsciente.

Então, eu diria que durante o processo coma, enquanto o corpo funciona, ou seja, há movimentações de órgãos internos, o espírito, a inteligência, está vivendo no processo inconsciente, mas não consegue fazer o mesmo com o consciente.

Participante: O senhor quer dizer que o inconsciente continua animando o corpo?

O processo de intelectualização inconsciente existe mesmo quando não há movimentações externas do corpo. Se isso não fosse realidade, quando o espírito “saísse” do corpo à noite – o que é chamado de sono – o corpo morreria...

O processo de animação do corpo físico durante o sono é o mesmo do coma: o espírito vivendo atividades intelectuais inconscientes.

Participante: O que é morte cerebral?

Quando o espírito não mais manda fluxos de energia através do cérebro.

025a. Essa união é igualmente necessária para a manifestação do espírito? (Entendemos aqui por espírito o princípio da inteligência, abstração feita das individualidades que por esse nome se designam). É necessária a vós outros, porque não tendes organização apta a perceber o espírito sem a matéria. A isto não são apropriados os vossos sentidos.

Aí está o que chamamos de consciente e inconsciente. A intelectualização consciente existe quando o ser precisa da matéria para se saber praticando o ato e a inconsciente é quando não há necessidade de matéria para a ação.

Mas, vamos falar do ensinamento embutido nesta pergunta. Acho que ele é bem claro: o espírito não precisa da matéria. Isso é uma coisa fundamental para a vida daqueles que buscam a elevação espiritual. Isto porque buscamos ser espíritos mesmo encarnados, precisamos nos libertar da influência da matéria.

Um exemplo disso: os desdobramentos – situação onde um espírito “vaga” por outros lugares conscientemente sem o corpo. Se um ser encarnado quiser, pode ir ao Japão e falar com alguém de lá, sem que para isso precise mover o seu corpo. Ele terá absoluta consciência de estar lá e do que estiver acontecendo naquele local e as pessoas que lá estiverem também terão consciência da presença dele.

Mas, não serão todos... Apenas aqueles que, como este ser, estiverem libertos da influência da matéria terão esta consciência.

Muitos não irão “ver” nem “ouvir” o visitante pois ainda acham necessária a presença de um corpo para saber que há alguém de fora no local. Isso porque estas pessoas acham que o espírito é o corpo que usa.

Na hora que o ser humanizado se libertar da necessidade de locomover o corpo físico para achar que está indo, irá. O que estou falando, aliás, é o princípio básico daqueles que praticam as viagens astrais conscientes. Eles só conseguem a consciência do que estão fazendo porque sabem que o corpo não precisa estar onde eles estão para poderem existir lá.

Portanto, vamos começar, já que queremos aproveitar esta encarnação e vivenciá-la como espírito, a nos libertar do corpo, da matéria, porque não precisamos dela para nada. Enquanto não compreendermos que somos a inteligência, mas acharmos que somos o braço e a perna, nós ficaremos dependendo da matéria.

É por causa desta dependência da matéria para existir que muitos espíritos que se desligam da carne não sabem o que fazer: acham que ainda precisam do corpo para existir. Imagine você sem corpo... Morrerá de medo e susto e não saberá fazer nada...

Participante: Mas estes espíritos vêem o perispírito e pensam que é o corpo de quando estavam encarnados.

Alguns não. Lembre-se, no Universo, dois mais dois nem sempre é igual a quatro, ou seja, não existem padrões pré-determinados que ocorrerão sempre..

Por carma, Deus pode fazer um espírito olhar para si mesmo e não ver corpo nenhum. Isso é carma, é prova...

Não se esqueça jamais: Deus pode fazer o que quiser como carma para o espírito.

Participante: Mas o carma não existe apenas para os espíritos encarnados?

Ms este espírito que estou me referindo está encarnado, pois ainda está tendo percepções através do ego.

Participante: Quer dizer que encarnado não significa apenas estar ligado a um corpo formado de matéria densa?

Não, estar encarnado é não viver guiado pela consciência espiritual, mas sim como humano. Por exemplo. O místico fantasma que toma conta de um castelo é um espírito encarnado sem carne, porque ainda vive a mesma personalidade que tinha durante a vida junto à matéria densa.

A dúvida de vocês existe porque acham que para se estar encarnado é preciso haver carne. Mas, esta passagem de O Livro dos Espíritos joga luz sobre o assunto: o espírito não precisa da carne para agir, quer seja como humano ou ser universal.

Participante: Discordo... Por enquanto ainda precisamos da matéria...

Olha, esta é uma verdade que o seu ego lhe diz para você não se libertar da matéria, porque neste planeta, vivendo o mesmo mundo que você vive, existem muitos espíritos presos à matéria humana que não depende dela para mais nada.

Se aceitarmos o que o ego diz como verdade, viveremos eternamente precisando da matéria, quer seja quando humanos ou libertos dessa densidade material. Aí eu pergunto: e quando a matéria humana acabar, como é que você vai viver? Será que passará por um processo mágico que alterará instantaneamente a sua necessidade? Desculpe: no Universo não existem mágicas...

Além do mais, nós viemos a essa vida não para aprender a viver materialmente, carnalmente, mas como um estágio para provar que se está liberto da influência da materialidade.

Então não podemos nos entregar a este raciocínio, mas devemos sim ultrapassar a barreira da necessidade da carne como, aliás, está escrito em O Livro dos Espíritos.

Participante: Encarnar significa construir uma personalidade, então?

Encarnação não é a construção em si. Ela ocorre quando o ser universal começa a viver a partir de verdades construídas anteriormente.

A encarnação se inicia quando você começa a se reconhecer como “eu” a partir do nome que usa hoje, quando começa a achar que é uma determinada pessoa, uma mulher, que é filha de alguém e mãe de outro. Neste momento você começou a encarnação. Agora isto pode acontecer antes daquilo que vocês chamam de nascimento ou depois e pode continuar existindo depois de daquilo que vocês chamam de morte.

Participante: Então, a encarnação não acaba com a morte. Poderemos estar mortos e viver a mesma vida...

Perfeito.

Se você se considera uma doutora, continuará se achando como tal, se for negra também e se for mãe continuará a vivenciar aquela maternidade depois do desencarne, pois não há mudança automática de consciência do “eu” apenas por causa da morte.

O espírito vivencia as situações da vida antes e depois da existência carnal propriamente dita. A vida não acaba com a morte, mas também não começa com o nascimento: isso precisa ficar bem claro para quem busca a elevação espiritual.

Deixa eu dizer uma coisa: vocês são espíritos vivendo uma aventura carnal; não são seres humanos (carne) vivendo uma aventura espiritual.

A base dessa vida é o espírito e não a matéria. É por achar que precisam da carne que inverteram a base: querem viver uma vida carnal com espaços espirituais durante ela. Desculpa, mas isso está errado.

A “Segunda Verdade Universal” diz que as coisas não valem pela sua forma, mas pela essência, ou seja, nada existe a partir da forma, mas da essência que habita cada coisa e a essência do ser humano é um espírito. Precisamos começar a inverter a vida.

Precisamos começar a viver a vida carnal como espíritos, porque é isso que nós somos. Por mais que se dure nesta carne, essa passagem é um piscar de olhos para a sua eternidade espiritual. Você está perdendo tempo querendo entender e viver uma vida carnal que é ilusória, que não é realidade para você, pois tudo o que compreender sobre ela ou aprender durante ela não terá nenhuma valia na sua existência eterna.

Conversando sobre este tema um dia, uma pessoa me disse que precisava aprender coisas materiais durante a encarnação e eu disse que não. Aquela pessoa me disse, por exemplo, que precisava aprender a dirigir carro nesta vida, que isso era uma necessidade.

Perguntei então a ela: você se lembra da sua última encarnação? Nela não existia carro.. O que você dizia é que tinha que aprender a dirigir carroça de burro. Para que serviu aquele aprendizado, se nesta vida ninguém dirige carroça de burro?

Quando você voltar, será que dirigir os carros de hoje será de alguma valia? Sim, falo de quando você voltar porque acho que todos sabem que na vida espiritual não existe automóvel, não é mesmo?

Agora repare bem: não estou falando em não fazer, ou seja, em não aprender a dirigir. O que pergunto é: para que perder tempo se preocupando, querendo, desejando estas coisas que não servirão para a eternidade espiritual? Se aprender tudo bem, se não, isso em nada irá atrapalhar o seu futuro espiritual.

Este é o fundamento. Não se trata de aprender ou não, mas sim você não transformar o aprender a dirigir em objetivo da vida, em algo básico para a sua existência. Mas, dirigir é algo considerado superficial, por isso vou mais além: não se deve colocar o se formar em médico, que é algo considerado mais profundo pelos seres humanos, como objetivo da vida, porque ninguém nasceu com este objetivo.

Veja bem. Todos que um dia se formaram em médico, aprenderam uma ciência que hoje não serve para mais nada face aos avanços científicos. Além do mais, quando retornaram ao mundo espiritual encontraram uma “ciência médica” muito mais avançada daquela que haviam aprendido durante a encarnação.

Então o que adiantou para o futuro espiritual se formar àquela época? Além do mais, se você estudar hoje a medicina com afinco a fim de preparar o seu futuro eterno, será que no mundo espiritual ou quando voltar em nova encarnação o que sabe hoje será o conhecimento “mais avançado”?

Os objetivos materiais pertencem àquilo que chamei de influência da matéria. Quem pretende aproveitar a encarnação como instrumento de espiritualização não se submete a esta influência e, por isso, não coloca estes objetivos como elementos primordiais na sua existência.

Na verdade, o problema não é o que se faz ou o que se deixa de fazer nesta vida, mas sim a base da existência, aquilo que é considerado como objetivo da vida. Portanto, transforme-se em médico, se transformar-se, mas tenha sempre um objetivo espiritual e não material.

Participante: Não vale de nada o aprendizado das vidas passadas para a vida atual?

Materialmente falando não. Vale o aprendizado espiritual...

Por quê? Porque o mundo evolui e o seu conhecimento de hoje não vale de mais nada.

Experimente trazer um homem sábio do século quinze ou dezesseis para os dias de hoje... Será que ele saberia acender uma luz, ligar uma televisão ou operar um computador? Claro que não. Por mais que ele fosse sábio naquele tempo, hoje ele seria alguém completamente alienado.

Quer um exemplo? Thomas Edison... Você acha que ele saberia consertar uma central elétrica de hoje? Olha que ele descobriu a luz elétrica...

É isso. O conhecimento dele, tudo o que conheceu naquela vida, não vale de nada hoje. Uma criança na escola sabe mais de eletricidade do que ele.

Compreendeu agora...

Participante: É por isso que existem espíritos que vivem no que chamamos de cidades astrais? Quando nos assumirmos como espíritos, iremos ter uma vida de uma forma que ainda não conseguimos imaginar?

Perfeito. O que você chama de cidade astral é uma tentativa de materializar o mundo espiritual. É o espírito que não quer espiritualizar-se durante a vida e quer prorrogar a existência carnal até depois da morte. Só isso...

Veja a diferença entre uma coisa e outra. Se você está doente, precisa de médico, hospital ou remédio, certo? Não, precisa de saúde. O que citei podem ser apenas instrumentos, mas quem está doente precisa é se curar, ter saúde.

Quem ainda está materializado acha que precisa dos instrumentos (médico, hospital e remédio). Por isso criou, plasmou, um lugar onde houvesse um médico para lhe curar. Agora, quem se liberta da matéria, quem entende o Universo no seu sentido espiritual e, por isso, compreende que não precisa de remédio mas sim de saúde, a buscará.

Agora em termos de momento atual, você não sabe conceber como será essa vida sem médico, hospital e remédio. É por isso que Cristo diz no Evangelho de Tomé. O primeiro céu passará, o segundo também e aí chegará o terceiro céu.

O primeiro é o céu dos cristãos não espíritas, onde o espírito vive uma inatividade aguardando o retorno de Cristo ao planeta para ocorrer a sua ressurreição. O segundo é o céu trazido pelo Espírito da Verdade onde existe uma vida ativa para o ser universal, mas ainda há uma influência da matéria, ou seja, ele é uma cópia do mundo material. Já o terceiro é aquele onde o ser universal realmente se integra ao Universo e vive a Realidade Universal.

É preciso ir libertando-se passo a passo de cada um dos céus. Se você ainda viver no primeiro, ou seja, imagina que depois do desencarne irá repousar o sono eterno, não encontrará nem as cidades espirituais. Só quando mudar sua crença poderá encontrá-la. Só depois que houver esta conscientização poderá, então, tentar alcançar o terceiro.

Portanto, para viver a vida que você falou (completamente liberto de elementos materiais), será preciso, então, se libertar das idéias que claramente sofrem a influência dos elementos materiais, já que as cidades espirituais são cópias dos sistemas societários humanos.

A mudança ocorre na intelectualização de um espírito. Como já vimos, a intelectualização continua mesmo depois do desencarne. Quem vive no primeiro céu é porque está intelectualizado desta maneira.

Para se viver no Universo além da materialidade, é preciso compreender que a intelectualização está sobre a influência dos elementos materiais e não espirituais. Só quando houver esta conscientização é que o ser pode, então, seguir o conselho de Buda: abrir mão das formas, sensações, percepções, formações mentais e memória.

Quer um exemplo disso? André Luiz. Ele sofreu no umbral; de lá foi para o Nosso Lar e hoje não mora mais nesta cidade espiritual. Ele comparece apenas para visitar e para auxiliar àqueles que ainda estão presos à influência da matéria, mesmo libertos da carne, a integrar-se totalmente ao Universo.

Por que isso? Porque ele passou do segundo céu e volta a ele para auxiliar aqueles que estão ali a subir mais. É esse o caminho.

Participante: Não digo que temos que ficar agarrado à matéria; nos libertaremos dela aos poucos. Mas, como Deus não faz nada sem necessidade, a matéria ainda é necessária para o desenvolvimento de faculdades.

A matéria não é necessária para desenvolvimento de faculdades, porque ela não traz faculdade espiritual nenhuma. A existência espiritual traz faculdades espirituais, mas a material não. Isso porque espírito e matéria são coisas independentes, separadas.

Mas, a matéria realmente tem uma importância imensa para a vida... Qual? Como instrumento para colocar em prática os dois ensinamentos que Cristo trouxe. A matéria é importante para você poder provar que é capaz de amar a Deus acima dela e para amar o próximo como a si mesmo.

Quando você quer ficar bonito, quer possuir um bem ou quer ter a razão (elementos materiais) não está amando a Deus acima da matéria nem ao próximo, pois o desejo é a expressão do amor a si à frente dos outros.

026. Poder-se-á conceber o espírito sem a matéria e a matéria sem o espírito? Pode-se, é fora de dúvida, pelo pensamento.

Você só pode conceber a vida do espírito fora da carne através do pensamento. Você não pode concebê-la de uma forma dita como material, já que o pensamento é considerado como imaterial. O que podemos compreender disso?

Que você só pode conceber qualquer coisa do plano espiritual através de processos mentais e não através das percepções: visão, olfato, paladar, audição ou sensibilidades do corpo físico. Tudo que existe no mundo espiritual não chega à consciência do ser humanizado através das percepções do corpo.

É esta a resposta que está sendo dada aqui: você só pode conceber o espírito vivendo sem corpo se for mentalmente.

027. Há então dois elementos gerais do Universo: a matéria e o espírito?

Vamos estudar passo a passo esta resposta, pois é longa e contém muitos elementos necessários à compreensão sobre o trabalho da evolução espiritual.

Sim e acima de tudo Deus, o Criador, o Pai de todas as coisas.

Portanto, não são dois elementos, mas três: espírito, matéria e Deus...

Há dois elementos e acima deles, Deus. O que quer dizer isso? Que existem três elementos, mas que Deus é o Elemento Superior – e por isso é a Causa Primária de todas as coisas. Além Dele, existem os elementos que são causados por Ele: o espírito e a matéria.

Deus, espírito e matéria constituem o princípio de tudo o que existe, a trindade universal.

Ou seja, em todos os elementos do Universo... Tudo que existe está composto por espíritos, matérias e Deus. Tudo...

Desde o ser humano até um grão de poeira, tudo é composto com a presença destes três elementos, pois um grão de poeira faz parte do tudo citado pelo Espírito da Verdade. Qualquer que seja a partícula existente no Universo, ela sempre conterá a presença de espíritos, matérias universais e Deus. É por isso que Cristo diz que Deus é tudo e tudo é Deus, pois tudo que existe no Universo é composto por esta trindade.

Este é o ensinamento do Espírito da Verdade, Mas, me permitam dizer uma coisa, para que fique bem claro: tudo é tudo...

Digo isso porque o ser humanizado tem mania de ler O Livro dos Espíritos, ou qualquer outro ensinamento espiritual, e, apesar de estar dito tudo, ele quer afirmar que existem elementos que não fazem parte deste tudo. Como não fazem? Tudo é tudo...

Veja bem. Se não fosse tudo, o Espírito da Verdade diria: existem coisas que são compostas por Deus, espírito e matéria e existem outras que não são compostas por todos os elementos desta trindade. Precisamos entender isso porque senão ficamos separando as coisas do mundo ao nosso bel prazer: ali tem Deus, ali não; ali tem espírito, aqui não.

Isso não existe... Tudo no Universo – e repare que não é apenas no planeta Terra nem na densidade dos encarnados, mas em todos os lugares universais – ou em todos os estágios da vida universal são compostos por Deus, espírito e matéria.

Isso precisa ficar muito claro.

Mas, ao elemento material se tem que juntar o fluido universal, que desempenha o papel intermediário entre o espírito e a matéria propriamente dita, por demais grosseira para que o espírito possa exercer ação sobre ela.

Veja que grande informação... Entre o espírito e a matéria há necessidade de haver o fluído universal. Sendo assim, posso afirmar que o espírito não pode levantar um braço sem o fluído universal, não pode pentear o cabelo sem o fluído universal, porque a matéria é grosseira demais para que o espírito aja sobre ela.

Este fluído, inclusive, já é reconhecido pela ciência, apesar dela não reconhecê-lo como elemento espiritual. O fluído universal é aquilo que é medido pela medicina para a constatação da atividade cerebral. É uma eletricidade, como a luz elétrica também o é.

É preciso ao espírito para agir com a matéria a presença do fluído universal, sem ele não há ação. Então, mais do que não ser o corpo, não é você que movimenta o seu braço. Você expele fluído universal e ele é que faz a movimentação do seu braço. Você não anda, expele fluído universal e ele faz a sua perna andar.

Agora, lembremo-nos ainda de outro ensinamento que já vimos: Deus é a Causa Primária de Todas as coisas. Portanto, se Ele não lhe der fluído universal e não causar primariamente a ordem “lance fluído universal para mexer as pernas”, você não andará nunca.

Resumindo: você não anda por livre e espontânea vontade, mas isso acontece sempre que Deus lhe causa esta ação e envia fluído cósmico para que você o remeta em direção à matéria perna para fazê-la mexer-se.

Por que a surpresa? Não estamos falando nada novo... Apenas estou utilizando-me de todas as informações que já estudamos neste livro: a existência de uma trindade (espírito, matéria e Deus acima de tudo) como elementos únicos do Universo; que sem o fluído universal não há como o espírito agir sobre a matéria; e que para que uma inteligência inferior aja é necessário que uma superior a guie.

Isso é fundamental para vocês começarem a destruir a materialidade que vivem. Uma pessoa, por exemplo, se acha capaz de pegar um telefone. Mas, será que realmente ela pode fazer isso a partir de sua própria vontade? Não, pois o espírito não pode pegar um telefone, mesmo que queira muito praticar essa ação.

Primeiro porque o que o espírito faz é mandar fluídos universais via cérebro e por causa disso o braço de movimenta em direção ao aparelho e a mão fecha-se em torno dele pegando-o. Portanto, não foi o ser humanizado que pegou, mas a mão deste. Em segundo lugar porque não foi a intenção do espírito que gerou a descarga de fluído para criar a movimentação do corpo, mas Deus que causou primariamente esta ação.

Isso tudo porque você, espírito, é incapaz de agir sobre uma matéria e precisa que uma Inteligência Superior comande o funcionamento da sua, que é inferior.

Participante: A matéria também é oriunda do fluído cósmico universal. Certo?

Certo... Já que o fluído universal é oriundo da matéria universal.

Sei que eu compliquei, mas foi de propósito, já vamos compreender isso melhor...

Participante: Em um futuro conseguiremos utilizar este fluído cósmico universal como uma fonte inesgotável de energia?

Hoje vocês já usam esta fonte inesgotável de energia...

Não será no futuro que a usarão, mas hoje ela já está presente no planeta. Aliás, de acordo com a resposta do Espírito da Verdade, se ela não estivesse presente e sendo utilizada, o ser humanizado não poderia executar nenhuma ação...

Todos os movimentos que um corpo humano faz são frutos de utilização por parte do espírito do fluído universal. No entanto, esta utilização é inconsciente, ou seja, você não vê quando pratica. Já no mundo de regeneração (próximo sentido de encarnação no planeta Terra), terá consciência da utilização do fluído universal.

Perguntaram-me anteriormente se os espíritos encarnados vivem duas vidas. Eu respondi que não: eles vivem uma única vida em dois planos. Isso porque vocês vivem os mesmo acontecimentos de uma forma no consciente e de outra no inconsciente.

No caso que estamos utilizando como exemplo, vocês vivem no consciente a ilusão de que estão pegando o telefone, mas no inconsciente possuem a compreensão de que estão apenas propagando fluído cósmico universal enquanto que a mão é que está pegando-o.

Participante: Compreendi isso, mas o que digo é utilizar este fluído cósmico para não agredir a natureza...

Mas, o que é a natureza? Se no universo existem apenas três elementos e se a matéria é o fluído cósmico, não importando se ela é natural ou criação do homem, será que você pode agredir o fluído cósmico com outro elemento igual?

 Participante: O que quis dizer é que não necessitaríamos de hidroelétricas, petróleo, etc. Não precisaríamos mais utilizar elementos que agridem a natureza. Foi nesse sentido que falei...

Quem disse que você agride a natureza de alguma forma? Além de termos apenas um elemento matéria no Universo que compõem todas as coisas e por isso ele não pode agredir o seu igual, Deus é a Causa Primária de todas as coisas, ou seja, é Ele que faz tudo acontecer.

Sendo assim, o que você chama de agressão à natureza não é causado por você, mas por Deus e Ele não é capaz de agredir a Ele mesmo. Falo assim porque se Deus é tudo, o saco de lixo, as garrafas e as sujeiras jogadas na natureza também são Deus...

Participante: Acredito que essa agressão à natureza vem em decorrência de nossos sentimentos, de nossos carmas. Ou seja, tudo já estava planejado por Deus dentro do que Ele sabia que nós precisaríamos como provações. Acredito ainda, que isso seja o carma do planeta: ele nos serve para nós cumprimos o nosso carma atingindo isto que chamamos de poluição...

Você falou muito bonito. Foi perfeito o que você disse: o que a humanidade faz com a natureza é o carma dela. Agora, ver nestes acontecimentos uma agressão é gerar um novo carma, pois quando assim age, você está dizendo que Deus está agredindo a natureza ou está desconsiderando Ele como Causa Primária...

Participante: Isso é apenas uma forma nossa de ver as coisas...

Não, é a sua forma de separa o “bem” do “mal”, de querer saber qual o rio certo, bonito. É uma forma de agir através de suas verdades, do seu ego, que quer saber qual é o rio bonito...

Não existe rio bonito... Todo rio, não importando o seu estado, é “bonito” do jeito que é porque ele é fruto da Beleza Suprema: Deus.

Então, concordo com você que a aparente poluição é o carma do planeta, mas que este carma seja marcado por uma agressão, isso está apenas na sua cabeça, pois no mundo existe apenas o amor de Deus emanado.

Veja bem. Se tudo é feito do mesmo elemento universal (fluído cósmico) tanto faz o rio límpido como o poluído, a floresta verde ou queimada, tudo continuará sendo apenas uma única coisa. Na realidade tudo é fluído universal que é percebido de formas diferenciadas por vocês...

Já vamos falar de formas nesta mesma pergunta, mas por enquanto saibam apenas que a árvore queimada ou a verde, universalmente falando, é a mesma coisa.

Embora, de certo ponto de vista, seja lícito classificá-lo com o elemento material, ele se distingue deste por propriedades especiais.

Então, o fluído cósmico universal é matéria.

Como já vimos, o espírito é o princípio inteligente e a matéria é o não inteligente. Ou seja, a matéria não tem a capacidade de armazenamento e percepção das coisas. Sendo assim, o fluído cósmico universal não age por livre e espontânea vontade: precisa vir de uma vontade que o faça agir.

Juntando as duas coisas podemos entender o que nos diz o Espírito da Verdade: o fluído cósmico universal não se descarrega sozinho para executar tal ou qual ação, mas precisa haver uma vontade externa para que ele aja sobre outras matérias.

Pergunta: Vontade de quem?

De quem é a vontade primária do Universo? Deus... O fluído cósmico universal só é descarregado com a intenção de gerar uma determinada ação quando Deus assim determina.

A partir disso pergunto: seu coração pode parar de funcionar por algum motivo ou a paralisação é fruto de uma descarga de fluído universal que interrompe o seu funcionamento? Quem descarrega o fluído para que isso aconteça? Você mesmo. Mas, quem causa você descarregar? Deus, Causa Primária de todas as coisas... Eis aí a Realidade do Universo...

Participante: Como funciona isso na prática?

Sobre este assunto só podemos declarar uma coisa: nasce do “faça-se” de Deus. Ele diz “faça-se” e isso é feito.

Ele diz “faça-se” e você faz: isso é o máximo que vocês podem compreender. Agora, como chega essa ordem ou como vocês a recebem e reagem a ela, não há como compreender.

O importante no atual estágio de consciência que vocês vivem hoje é compreender que Deus diz “faça-se” e aí vocês fazem inconscientemente acontecer o que Ele determinou. Não é o fluído que para os corações, nem este órgão que para de funcionar por vontade própria, mas é você que o faz parar de funcionar através de uma descarga de fluído. Mas, só faz isso porque Deus Causa Primária causou tal ação e, para gerá-la, disse “faça-se” e a coisa foi feita.

Participante: Agora entendi. No início da leitura estava confuso com o fato da trindade, pois o fluído estava parecendo um quarto elemento para mim. Agora vendo que ele é matéria consegui compreender...

Ele é matéria, pois é um dos elementos existentes no Universo e possui a propriedade de não ser inteligente. No entanto, por causa de suas propriedades específicas, ele tem que ser analisado separadamente da própria matéria.

Se o fluido universal fosse positivamente matéria, razão não haveria para que também o espírito não o fosse. Está colocado entre o espírito e a matéria; é fluido, como a matéria é matéria, e suscetível, pelas suas inumeráveis combinações com esta e sob a ação do espírito, de produzir uma infinita variedade das coisas de que apenas conheceis uma parte mínima.

O fluído universal além de ser o elemento da ação do espírito sobre a matéria, é a própria matéria. Isso é fundamental. Ele além de ser o instrumento de ação do espírito sobre a matéria, é a própria matéria.

Tudo que é material é formado de fluído cósmico universal. A menor partícula de qualquer dos elementos não inteligentes do Universo é o fluído cósmico universal. Mas, além disso, ele é o elemento do qual o espírito se vale para produzir ações na matéria.

Justamente por causa desta dupla finalidade é que no início de nossos trabalhos separamos este fluído em “fluído animador” e “matéria energética força”. Tivemos com isso, não a intenção de criar dois elementos, mas sim de deixar bem clara as duas propriedades que a matéria universal possui.

“Fluído animador” é a matéria universal da qual destacamos a propriedade de criação de movimentos; o nome “matéria energética força” usamos para ressaltar a propriedade constitutiva do fluído cósmico universal, ou seja, determinamos que ela é o átomo universal, aquela que compõem todos os átomos e moléculas existentes.

Apesar dessa separação, sempre deixamos claro que existia apenas uma única matéria universal: o que foi chamado pelo Espírito da Verdade de fluído cósmico universal. Fizemos estas distinções apenas para distinguir as diversas propriedades deste fluído que foram ensinadas aqui pelo Espírito da Verdade.

Portanto, o fluído cósmico universal é o átomo do Universo, o elemento que compõe tudo o que existe, mas também é o fluído lançado pelo espírito sobre as matérias para criar as ações. Isso porque, como está dito nesta resposta, a matéria universal é sempre matéria, mas pode ter propriedades diferentes.

Mas, como sempre, não vamos parar apenas nas definições. Vamos buscar a prática para poder compreender melhor o ensinamento.

Qual a diferença entre o seu braço e a cadeira? Qual a diferença entre a matéria carne e a matéria pano, plástico ou couro? Nenhuma... Todas elas são formadas de matéria universal, pelo átomo do universo, pois todas são matérias, coisas não inteligentes e toda matéria existente no Universo compõem-se primariamente de fluído universal.

Resumindo, então, tudo o que vimos até aqui neste capítulo, no Universo existem apenas dois elementos. O primeiro é o espírito, que você não sabe quem é, como é, ou seja, não sabe nada sobre ele. Além disso, existe apenas a matéria, que é tudo que não é espírito, ou seja, tudo o que você sabe o que é...

Tudo o que não é inteligente é matéria e, por isso, não podemos apontar diferença alguma entre as coisas... Isso quer dizer que mesmo quando você valoriza o seu corpo (se arruma, se embeleza) ele não se torna melhor do que um outro elemento que você chame de lixo... Isso porque tudo o que você classifica como lixo e o seu corpo, não importando como ele esteja “arrumado”, são formados do mesmo elemento.

É isso que precisamos entender quando se torna consciente a idéia de que tudo o que não é inteligente é matéria e que por isso, são iguais entre si. Não podemos distinguir os elementos do mundo com nenhum adjetivo, pois todos são formadas pelo mesmo átomo universal.

O seu corpo não é mais importante do que a cadeira; o rio despoluído não é mais importante do que o sujo, pois tanto os elementos originais como qualquer adição que se faça a eles são matérias universais que não possuem distinção. O que muda, como já disse, é apenas a sua forma de perceber: uma você chama de “suja”, outra de ”limpa”; uma de “bonita”, outra de “feia”...

É isso que precisamos compreender. É esse o resultado que tem que surgir à consciência a partir destas informações. Isso para que nós não passemos a dar valores diferentes a mesma matéria de acordo com nossos “gostos” (paixões). Não comecemos a separar e a distinguir matérias a partir dos nossos desejos e valores individuais.

Esse fluido universal, ou primitivo, ou elementar, sendo o agente de que o espírito se utiliza, é o princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e nunca adquiriria as qualidades que a gravidade lhe dá.

Tomemos como exemplo um sofá. Ele é matéria e, portanto, composto por fluído cósmico universal. Mas ele só tem a forma que tem porque há uma ação de coesão gerada por um espírito utilizando-se, também, de fluído cósmico universal.

Acho que este exemplo encerra bem o estudo desta resposta do Espírito da Verdade.

027a. Esse fluido será o que designamos pelo nome de eletricidade? Dissemos que ele é suscetível de inúmeras combinações. O que chamais de fluido elétrico, fluido magnético, são modificações do fluido universal, que não é, propriamente falando, senão matéria mais perfeita, mais sutil e que se pode considerar independente.

O Espírito da Verdade está

Revelações da revelação - Livro I

Propriedades da matéria

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Pergunta 29
Pergunta 30
Pergunta 31
Pergunta 32
Pergunta 33
Pergunta 33a
Pergunta 34
Pergunta 34a

029. A ponderabilidade é um atributo essencial da matéria? Da matéria como entendeis, sim; não, porém, da matéria considerada como fluido universal. A matéria etérea e sutil que constitui esse fluido vos é imponderável. Nem por isso, entretanto, deixa de ser o princípio da vossa matéria pesada.

Kardec está perguntando ao Espírito da Verdade se matéria é tudo aquilo que pode ser percebido. Em resposta o amigo espiritual diz que com relação à matéria conhecida pelos seres humanizados (elemento material do planeta) sim, mas que estas coisas percebidas ainda não são a matéria universal, pois esta não pode ser percebida pelos sentidos humanos. Isto porque a matéria universal é imponderável para os seres humanizados.

Então, como vimos anteriormente, existe uma matéria universal, mas ela não é ponderável para os seres humanizados. Ela não pode ser vista, sentida ou pega pelos espíritos encarnados no planeta Terra.

A partir deste ensinamento pensemos... Olhe à sua volta, o que vê? Dezenas de coisas, de matérias. Estas matérias são universais por si mesmo? Não, pois elas são perceptíveis pelos seus sentidos.

Na verdade estas coisas não são o que aparentam ser (sofás, cadeiras, mesas, televisão, etc.), porque estes elementos são formados por uma matéria universal que os compõem, mas esta é imponderável a vocês. Estes elementos não são o que aparentam ser, mas combinações de matéria universal (fluído cósmico universal) agrupadas sob determinada forma.

Extraímos daqui um grande ensinamento: tudo aquilo que é ponderável pelo ser humanizado (seja em uma matéria sutil ou densa), ainda não é a Realidade do Universo. Tratam-se apenas de combinações do fluído cósmico universal que não pode ser percebido por vocês. Ou seja, tudo que o ser humanizado pode perceber é apenas uma verdade individual dele.

Apenas os humanos acham que os elementos universais são exatamente o que são percebidas. No entanto, para os espíritos libertos da ação da materialidade, estas coisas possuem valores completamente diferentes.

Pense grande... Pense no próprio planeta... Os cientistas olham para o Universo e vêem milhares de astros... A partir desta observação ficam se perguntando se ele é formado deste ou daquele elemento, mas na verdade o astro em si não existe, pois tudo o que é visto é formado por uma matéria que não pode ser percebida.

Agora imagine mais... Como disse o Espírito da Verdade, tudo é constituído de matéria universal. Sendo assim, aquilo que parece vazio aos sentidos humanos (cosmo) também composto do mesmo elemento.

A partir deste raciocínio posso então dizer algo: o Universo é uma imensa massa de fluído cósmico universal que é percebida de forma variada pelos seres humanizados. Na verdade é como se fosse uma massa de bolo bem homogênea.

As diferenças entre os elementos e suas formas – como, aliás, iremos ver ainda no estudo deste livro – são apenas criações das percepções humanas. Os elementos do Universo não são diferentes nem em forma nem em composição porque tudo que existe é formado originalmente por uma matéria que não pode ser percebida pelo homem.

Então, quem busca elevar-se acima da humanidade precisa compreender que as coisas só serão da forma que estão enquanto ele for humanizado. Pretendendo espiritualizar-se precisam abandonar a concepção de que estas coisas perceptíveis são Verdades e/ou Realidades.

030. A matéria é formada de um só ou de muitos elementos? De um só elemento primitivo. Os corpos que considerais simples não são verdadeiros elementos, são transformações da matéria primitiva.

Existe um único elemento no Universo que O Espírito da Verdade chama de matéria primitiva: o fluído cósmico universal. Mesmo aqueles elementos únicos (hidrogênio, carbono, oxigênio – elementos que não são compostos) não são primários porque são composições de fluídos cósmicos universais.

031. Donde se originaram as diversas propriedades da matéria? São modificações que as moléculas elementares sofrem, por efeito da sua união, em certas circunstâncias.

As propriedades da matéria do mundo terrestre não podem ser consideradas como íntimas delas, pois são externas a ela: resultados de combinações de fluído cósmico universal. O fósforo não tem uma determinada propriedade específica a partir de si mesmo, porque ela origina-se da união de fluídos cósmicos universais sob determinadas circunstâncias.

Mas que circunstâncias são essas? De onde surgem as propriedades de um elemento material? Da Causa Primária de todas as coisas (ver pergunta 0007).

Saiba que as propriedades das diversas matérias que os seres humanizados conhecem não são distintas entre si pela ação da própria matéria, mas pela aglutinação de fluído cósmico universal sob determinado comando realizado através do “faça-se” de Deus. É dele que surge a ação da matéria que vocês conhecem e que atribuem às suas propriedades íntimas.

Além disso, temos que nos lembrar de algo que também já falamos: estas circunstâncias, o “faça-se” de Deus, não é sempre igual, ou seja, a ação de da propriedade de uma mesma matéria nem sempre é a mesma. Ela depende do que Deus determina que seja feito.

É por isso que um remédio não faz o mesmo efeito para todas as pessoas. Apesar de todas as unidades do remédio ser compostas pelo mesmo elemento químico, ou seja, pela mesma união de fluídos cósmicos, o “faça-se” que comandou a ação de cada um destes elementos foi diferente.

A partir daí vamos mais adiante em nossas análises práticas. A parafina que compõe uma vela não tem uma propriedade de derreter-se sob a ação do calor. A propriedade que faz com que tal acontecimento ocorra, não está nem nas matérias que compõem a vela nem o fogo.

Ela pertence ao fluído cósmico universal, que por sua vez só a tem quando o “faça-se” de Deus a cria. Se o Senhor não determinar que esta propriedade esteja presente, nada acontecerá, pois ela só surge dentro de determinadas circunstâncias, ou seja, quando Deus assim o determina.

Participante: Isso que o senhor está falando não quebra a lei física?

Não. O que vocês chamam de lei física é apenas uma parte da lei universal. Vou lhe dar um exemplo.

No seu planeta existe uma lei que afirma que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço. No entanto eu afirmo que junto com toda matéria que vocês estão percebendo existem outros corpos presentes. Quando falo junto não estou afirmando ao lado, perto, mas no mesmo “lugar”, no mesmo espaço físico.

Junto a esta parede, por exemplo, existem espíritos que estão munidos de perispíritos, ou seja, matéria. A matéria perispírito está no mesmo “lugar” onde se encontra o tijolo, a areia, o cimento, etc. Será que por causa disso a sua lei foi quebrada?

Não, porque você não pode colocar no mesmo lugar duas matérias do seu mundo. O que estou dizendo é que existem juntas matérias de mundos diferentes, ou seja, em densidades diferentes.

Portanto, apesar da sua lei física dizer que isso é impossível, a ciência espiritual lhe afirma que não. Por quê? Porque a ciência espiritual diz que dois corpos de mesma densidade não podem ocupar o mesmo lugar no espaço, mas que se estes estiverem em densidades diferentes podem.

Esta expressão “de mesma densidade” não está presente na lei material, mas existe na lei universal. Não estou, portanto, quebrando a lei de vocês, mas sim a completando.

Agora, dizer que a lei física rege o universal é dizer que o Real é a matéria e que o Universal deve subordinar-se a ela, isso só acontece aos humanos que se imaginam o “centro” do Universo...

Veja bem... Deus não pode contrariar a lei física que você conhece, mas esta é apenas uma parte da lei Universal, que, na verdade, é à qual Ele se submete. Não é Deus quem tem que mudar-se, mas vocês é que precisam compreender que nada sabem sobre o Universo, ou melhor, que conhecem dele apenas um micro fragmento.

Mas, já que estamos falando de lei Universal, sabe qual é a primeira destas leis? O “faça-se” de Deus. O atributo divino de ser a Causa Primária de todas as coisas é a lei fundamental do Universo.

Portanto, a lei física que cria a propriedade da parafina que compõem a vela (criar calor e derreter-se) não pode ferir a lei maior. A partir disso posso dizer, então, que a lei física está “certa”, mas que ela falha ao afirmar que isso é Realidade, é Verdade Absoluta. Isso porque esta lei não levou em consideração a lei Suprema do “faça-se” à qual tudo se submete.

Por que a lei física não pode ser Verdade, Realidade, completa? Porque ela vem se alterando ao longo do tempo. Com isso cria-se a mutabilidade que acaba com a característica eterna da Verdade Absoluta. Apenas o que é eterno e universal é Real, é Absoluto.

Na verdade, ao se alterar, a lei física vai se aproximando da lei da Universal, mas jamais conseguirá atingi-la por completo, pois como vimos, o ser enquanto humanizado não pode conhecer Deus ou Sua ação, pois lhe faltam elementos para tanto. Trata-se, portanto, de uma incapacidade para tanto.

Aliás, neste aspecto está um dos grandes entraves para aqueles que buscam a elevação espiritual. Todos que colocam este objetivo para suas existências carnais dizem que querem alcançá-lo, mas não conseguem justamente porque submetem os conhecimentos necessários para tanto às verdades e realidades do planeta, como se eles fossem Reais.

O trabalho de elevação espiritual é justamente ao contrário: deve-se atingir o Todo, o Universal. Para isso é preciso, antes de qualquer coisa, compreender que ele é diferente daquilo que se vive hoje.

Resumindo o estudo desta pergunta, o que devemos saber é que as coisas não possuem propriedades específicas por causa de suas características individuais, mas que estas pertencem ao elemento que as forma primariamente (fluído cósmico universal). Mesmo assim, estas propriedades não são constantes porque elas só existem em determinadas circunstâncias, ou seja, quando existe o “faça-se” de Deus para que ela ocorra.

Preste bem atenção... Mesmo que o ser humanizado pudesse perceber o fluído cósmico universal e conhecer as uniões necessárias entre eles para formar determinado elemento material, ainda não estaria garantido sempre o acontecimento da ação de suas propriedades em um mesmo sentido. Isso porque, para que uma determinada ação seja gerada, é preciso que ajam determinadas circunstâncias, ou seja, que Deus a comande como Causa Primária que é, através do “faça-se”. Se o Senhor não comandar, nada acontece, mesmo que haja o mais profundo conhecimento científico espiritual sobre a matéria universal.

É isso que o Espírito da Verdade está falando: é preciso que Deus crie para que alguma coisa aconteça. Nada ocorre no Universo se não for originado de Deus. Aliás, ele está dizendo isso desde a primeira resposta deste livro, não é mesmo?

032. De acordo com o que vindes de dizer, os sabores, os odores, as cores, o som, as qualidades venenosas ou salutares dos corpos não passam de modificações de uma única substância primitiva? Sem dúvida e que só existem devido à disposição dos órgãos destinados a percebê-las.

O sabor da laranja não está na fruta, mas na disposição dos órgãos do corpo humano, ou seja, na percepção que cada um possui. A laranja não tem sabor algum e, aliás, nem existe como laranja, pois ela nada mais é do que uma combinação de fluídos cósmicos universais.

A laranja não existe como individualidade. O que existe é o fluído cósmico universal que unido sob determinada circunstância (o “faça-se” de Deus) gera para os espíritos encarnados no planeta Terra a percepção do sabor, forma e da cor da laranja...

Na verdade, as coisas não existem por si, mas são os seres humanizados que dão valor às coisas. Quer ver um exemplo? A terra do lado de fora da casa é coisa “boa”, natural, mas quando dentro de casa, vira sujeira...

O sabor da laranja para uns está “bom” para outros está “ruim”... Por quê? Porque é o paladar do espírito encarnado que cria o gosto. É a percepção do paladar que cria o gosto. Não é o fruto que tem determinado gosto. Quando você come uma laranja e diz que o sabor dela é “horrível”, na verdade esta característica não pertence àquela laranja, mas foi o seu paladar que criou – claro que a partir do “faça-se” de Deus – esta característica.

A laranja não é laranja e por isso não possui nenhum sabor pré-determinado. Mas, não podemos parar apenas neste exemplo. Esta lei Universal serve para todas as coisas que existem no planeta Terra. Tudo o que você vê, pega, cheira, ouve são apenas criações de suas percepções. Sendo assim, esta máxima universal precisa ser aplicada a todas coisas, mesmo aquelas que você jura existir, com o seu próprio corpo, por exemplo...

Agora a informação sobre matéria está completa: ela é única; os elementos que existem no mundo terrestre são apenas resultado da união desta matéria elementar; quaisquer características que as coisas possuam são criadas por Deus através do “faça-se”. No entanto, o que Deus cria não é uma propriedade para o elemento, mas uma percepção de propriedades para os seres humanizados. Esta percepção não é igual para todos, mas a cada um Deus cria, também através do faça-se, uma para cada um. Este conhecimento vale para tudo o que possa perceber...

A partir disto, podemos dizer que o Universo é um aglomerado de matéria universal e os seres humanizados percebem pedaços desse aglomerado de formas diferenciadas. Na verdade, o Universo é como uma massa de bolo homogênea onde alguém desenha com um palito formas.

Durante o contato com a matéria percebida, o ser humanizado aplica valores à matéria universal. Estes valores são de dois tipos: material (formas, percepções) e sentimental (sentimento com o qual se reage à forma – bom ou mal, gosto ou não, etc.). Mas, qualquer uma delas é individual, pois cada um recebe um “faça-se” diferente de Deus, ou seja, percebe e dá valor sentimental diferente. Posso afirmar sem medo de errar que não existem dois seres universais encarnados que dêem o mesmo valor em gênero, número e grau ao fluído cósmico universal.

É por isso que Krishna ensina para aquele que quer conhecer o mundo espiritual: “as armas não o cortam, o fogo não o queima, a água não o molha e o vento não o seca” (Bhagavad Gita – capítulo II – versículo 23). Tudo isso são percepções que não surgem por causa da ação de determinados elementos, mas pelo “faça-se” de Deus e quem compreende a existência a partir deste ponto, alcança a equanimidade.

Apliquemos estes ensinamentos do Espírito da Verdade na frase de Krishna... Será que um espírito pode se molhar, ou seja, sentir-se molhado? Claro que não...

Molhar-se é o mesmo que jogar matéria universal sobre outra. Aplicando-se um elemento igual sobre outro, como pode haver diferenciação de sensações?

Mas você sente diferença. Por quê? Porque recebe um “faça-se” de Deus diferente a cada momento... Na verdade é a percepção humana que cria a compreensão de que está sendo atingido por “água” e a sensação de sentir-se molhado...

É isso... O Universo é isso... Tudo é matéria – fora a parte inteligente – oriunda de um único elemento material universal e, por isso tudo é igual. É a percepção humana que altera as formas e as sensações para “vivenciar” os acontecimentos da vida...

Muita gente acusa o próximo de não prestar atenção às coisas, de não ver determinados detalhes. Mas, o próximo não está realmente vendo o que aquele está, pois cada um faz a percepção de uma forma individual.

 

COMENTÁRIO DE KARDEC

A demonstração deste princípio se encontra no fato de que nem todos percebemos as qualidades dos corpos do mesmo modo; enquanto que uma coisa agrada ao gosto de um, para o de outro é detestável.; o que uns vêem azul, outros vêem vermelho; o que para uns é veneno, para outros é inofensivo ou salutar.

033. A mesma matéria elementar é suscetível de experimentar todas as modificações e de adquirir todas as propriedades? Sim e é isso o que se deve entender, quando dizemos que tudo está em tudo.

O que está nesta resposta é exatamente o que estamos dizendo: não existe um átomo universal específico para construir terra e outro para formar o ar; não existe um para construir cadeira e outro para corpo. Tudo parte de um só elemento e ele é utilizado para formar todas as coisas que existem.

Não há diferença entre as coisas: entre o corpo e a cadeira, entre a terra e o ar. Isso porque tudo que pode ser percebido surgiu de um de um único elemento universal: um átomo universal.

Este átomo é o mesmo utilizado para a formação de todos os elementos universais. Não existe um átomo universal para formar os elementos materiais conhecidos no planeta e outro para formar os corpos; não existe um átomo diferente para formar o líquido, sólido ou o gasoso.

Não, é tudo igual. É por isso que o Espírito da Verdade fala que tudo está em tudo. Aliás, não foi só ele: todos os mestres ensinaram a mesma coisa.

Nisto que estamos comentando está a base do ensinamento “não-eu” de Buda, da percepção equânime pregada por Krishna... Até Cristo, que não falou muito de técnicas espirituais, também ensinou isso quando disse que Deus é tudo e tudo é Deus.

Tudo está em tudo e isso acontece porque tudo nasce do mesmo elemento universal: fluído cósmico universal. Isto é uma Verdade...

Portanto, não sou eu que estou dizendo isso, mas o Espírito da Verdade já havia falado disso há quase duzentos anos. Muitos já estudaram este mesmo texto bem como os ensinamentos semelhantes de outros mestres. Por quê não alcançaram esta consciência? Por quê se chocam agora?

Porque que não eles têm coragem de aplicar este ensinamento ao mundo que vivem... Não têm coragem de dizer que o corpo não tem diferença alguma para os excrementos que estão na rua, para o chão, para a cadeira, o sofá, a televisão, para a energia elétrica ou para o ar que não vêem e não pegam.

Não há diferença entre os elementos do Universo: tudo parte de um só elemento básico que cria todas as coisas universais.

Na aplicação deste estudo na prática está a nossa forma de estudar o tema, pois os ensinamentos são antigos, mas a abrangência deles não foi amplificada até o seu limite máximo. O que queremos mostrar é que os seres humanizados estão se preocupando não em aprender, mas em impor a sua própria percepção, a sua própria interpretação aos outros, como se eles fossem o perfeito, a sabedoria personificada.

É por causa de ensinamentos como esse que muitas vezes disse que não há problemas em tomar bebidas alcoólicas e as pessoas disseram que eu estava errado.

Veja bem. A água e cachaça vêem do mesmo elemento universal. Tanto faz beber água ou cachaça, o ser humanizado estará ingerindo o mesmo elemento universal. Sendo assim, a propriedade do álcool não está no elemento, mas sim na percepção de cada um, no “faça-se” de Deus.

Portanto, a cachaça não embebeda: Deus dá essa percepção para aqueles que precisam e merecem como ação carmática. Da mesma forma uma pessoa pode ficar bêbada com água ou álcool: basta Deus gerar esta percepção a ele.

033a. Não parece que a esta teoria dá razão aos que não admitem na matéria senão duas propriedades essenciais: a força e o movimento, entendendo que todas as demais propriedades não passam de efeitos secundários, que variam conforme a intensidade da força e à direção do movimento? É acertada essa opinião. Falta somente acrescentar: e conforme a disposição das moléculas, como o mostra, por exemplo, um corpo opaco que pode tornar-se transparente e vice-versa.

O que se diz é que os elementos materiais são governados pela força e pelo movimento. Pois bem, eu pergunto: o que é a força nesse caso? Intensidade... A força é uma intensidade que se dá às coisas. O que é a direção Uma intenção... É a direção que se dá à energia, com que intenção se usa uma energia...

Essas são as duas únicas características dos elementos materiais: a intensidade da matéria universal, que é dada por Deus, e a intenção com a qual o Senhor aplica a força e a que o ser humanizado dá ao elemento.

A intensidade e a intenção que Deus coloca na matéria universal em certas circunstâncias e a direção que o ser humanizado dá à percepção (“bom ou mal”, “certo ou errado”, “bonito ou feio”, “impo ou sujo”).

Resumindo, o elemento material terrestre possui duas características únicas: a intensidade que Deus dá com uma intenção e a direção que você dão para elas, o sentido que dão aos acontecimentos... É isso que venho dizendo há muito tempo: as coisas não valem por elas mesmas (forma), mas pela essência com o qual a percepção é vivenciada.

A intensidade e a essência valorizam os elementos materiais. As coisas (pessoas, objetos e acontecimentos) do mundo material só adquirem um determinado valor quando são aplicados a elas estes dois elementos: a essência universal (o que Deus faz acontecer) e a essência individualista, o que o ser humanizado acha que está acontecendo. Até então, qualquer elemento do planeta é nulo, sem valor.

A essência universal é determinada por Deus, ou seja, Ele cria as percepções dentro de determinados padrões. Para isso ele possui uma determinada direção, uma determinada intenção, que chamaremos de universal. No entanto, o ser humanizado quando vivencia a percepção dada por Deus cria sua própria direção, que é uma intenção humanizada individualizada.

Quer um exemplo prático: cadê a pessoa que estava sentada naquele lugar?

Participante: Ela saiu...

Quem saiu?

Participante: O corpo...

Mas, o corpo é fluído universal e este continua aqui... O corpo é fluído, mas o fluído não é só o corpo, lembra-se?

Por que, então, você acha que o fluído saiu? Porque dá àquele corpo o valor de absoluto, real... Além do mais, dá àquele aglomerado de matéria universal o valor de um ser humano. Juntando uma coisa com outra – um corpo real que é avaliado como uma pessoa – chega à conclusão que ela foi embora.

Mas aquele corpo não é real ou absoluto e nem um corpo é uma pessoa. O ser humano é, em essência, um espírito e, quanto a este você jamais poderá saber onde ele está, não poderá determinar um lugar no espaço para ele, pois, como iremos ver mais tarde, o Espírito da Verdade ensina que o espírito está onde o seu pensamento está. Como ninguém pode saber o que o outro está pensando, não pode determinar onde está ninguém...

Participante: Mas, esta é a nossa percepção...

Sim, mas a percepção de vocês é falseada, pois estão humanizados. Ela está baseada nos olhos, nos ouvidos, no nariz, na boca e nas sensibilidades do corpo físico para dar valores aos acontecimentos. Vocês não vêem a matéria universal, Deus e nem o princípio inteligente (espírito) que são as únicas coisas reais do Universo, como então querem dizer o que está acontecendo?

Vocês têm a percepção de que aquele corpo saiu, mas ela é falsa... Vocês têm a consciência de que aquele corpo é um ser humano, mas isso também não é real...

O corpo não é real e nem é o ser humano. Esta consciência é importante para cumprir o maior mandamento ensinado por Cristo: não criticar o próximo.

No exemplo que estou usando, alguém aqui, por perceber desta forma, pode estar pensando que a pessoa que se retirou não compreendeu o que eu disse, que não gostou, que está aferrada em suas próprias verdades, que faltou ao respeito comigo, etc., mas isso não é verdade. A percepção do corpo não está mais presente, mas eu garanto que aquele espírito continua aqui, em pensamento.

Já compreenderam do que estou falando? Do ensinamento de Cristo que fala da trave que precisa ser retirada dos seus olhos para não verem cisco no dos outros.

Participante: Mas, eu vi o corpo se deslocar.

Não, o corpo não se deslocou. O fluído universal está presente em todos os lugares e a percepção de movimento nada mais é do que o “desenho” que Deus faz deste corpo em diversos “lugares”. Isso é real; o ela saiu, não é...

Participante: Então o que devo dizer? Como devo responder perguntas desse tipo?

Não sei... É isso que deve responder... Você precisa declarar que não possui condições de perceber o espírito e, por isso, não pode afirmar nada sobre outra pessoa ou você mesmo...

A prática deste ensinamento é essa: a declaração constante da incompetência completa de saber a Realidade. Esse é o trabalho que estamos ensinando como processo de reforma íntima, fundamentado no ensinamento dos mestres.

Não estamos propondo uma nova forma de saber ou entender, mas sim a destruição de tudo o que existe como real ou verdadeiro para vocês agora, pois estas consciências são falsas, pois não premiam os únicos elementos que existem: Deus, espírito e matéria universal.

Portanto se alguém lhe perguntar onde está aquela pessoa responda: “não sei”. Se o inquisidor insistir e perguntar como você não sabe se viu ela retirar-se, diga: “eu tive apenas impressões de formas geradas sobre a matéria universal presente em todos lugares, mas se isso quer dizer que aquele espírito saiu daqui, não sei, pois o elemento inteligente eu não consigo perceber”.

É isso: declarar a sua completa incapacidade de saber alguma coisa, de declarar expressamente o conhecimento da verdade, da realidade. É só para isso que serve esse estudo; não para vocês criarem teorias científicas em cima ele. Aliás, lembram-se ainda do conselho do Espírito da Verdade dado na pergunta 0014: “... não vades além. Não vos percais num labirinto donde não lograríeis sair”.

O que queremos – o que, aliás, segue os ensinamentos dos mestres como estamos vendo – é que os seres humanizados adquiram a consciência de que não têm condições de afirmar nada sobre as coisas do mundo, pois tudo o que vivenciam são percepções (formas) geradas por Deus sob uma intenção e que estas são deturpadas quando vocês usam direcionamentos individualistas na formação da realidade.

Acabei de dizer que a laranja não tem gosto de laranja. Esta é uma afirmação que deve encerrar-se por si só. Mas, a partir desta afirmação muitos me questionarão: que gosto ela tem então?

Essa é uma característica do ser humanizado: ele precisa gerar um determinado padrão para todas as coisas. Mas, as coisas não seguem padrões, pois dependem da individualidade que os analisa. Para alguns existe um gosto que se chama de laranja, mas quem disse que todos possuem o mesmo paladar para este gosto?

Se me perguntassem qual o gosto da laranja eu diria: de nada, ou ainda, daquilo que você quiser sentir. Isso porque não existe um gosto universal, mas sim gostos individualizados.

Na verdade nem a laranja é real, pois esta forma trata-se apenas de um aglomerado de fluídos universais percebidos desta forma a partir do “faça-se” de Deus. Se eu quisesse, portanto, ser fiel, teria que dizer que a laranja tem gosto de fluído cósmico, mas como os seres humanizados aplicam gostos diferentes a este mesmo elemento, como determinar um?

É isso: é chegar a essa compreensão, pois enquanto vocês estiverem presos à alguma percepção como real certamente estarão colocando intencionalidades (direção) nos fluídos e com isso não terão interpenetrado no Universo, não terão se tornado um com Deus e a comunidade universal.

Onde está seu carro, onde está sua mãe, onde está você? Não sei... Esta é a resposta daquele que alcança a elevação espiritual.

Aquele que se une com Deus não tem explicação nenhuma a dar sobre as coisas do mundo. Pelo contrário, ele foge de qualquer explicação, pois sabe que qualquer uma será simplesmente resultado da sua percepção e da escolha de uma intenção para viver o “faça-se” de Deus.

034. As moléculas têm forma determinada? Certamente, as moléculas têm uma forma, porém não sois capazes de apreciá-la.

A molécula tem forma sim, mas você não a consegue perceber. Esta é uma Realidade para a molécula material, mas não para o átomo universal, o fluído cósmico universal. As coisas no Universo não possuem formas.

Além do mais, precisamos nos lembrar que estamos lendo um livro de dois séculos atrás. Naquele tempo não existiam os conhecimentos de hoje. Os homens não eram capazes de “desenhar” as moléculas dos elementos materiais ou de conhecer tudo o que a física e a química hoje conhecem.

Por isso é que o Espírito da Verdade diz que os seres humanos não têm condições de apreciar a forma da molécula. Hoje com o avanço dos instrumentos científicos existe essa probabilidade.

Mesmo assim, a moderna física (Física Quântica) já chegou à conclusão que as moléculas dos elementos materiais não são elementos constantes, que estão sempre presentes no mesmo lugar e agindo da mesma forma. Elas estão chegando àquilo que o Espírito da Verdade já ensinou há duzentos anos: que as menores partículas de um elemento variam de acordo com as circunstâncias. Só faltam agora descobrirem que essas circunstâncias são criadas pelo “faça-se” de Deus.

Participante: Mas, todos que verem este sofá dirão que ele é retangular...

Estamos falando de moléculas e não de elementos acabados. Qual o formato do átomo dos elementos que compõem este sofá?

Participante: Isso eu não sei...

É, vocês querem discutir o interior, mas vivem tão superficialmente com as coisas, que não teriam a menor condição de saber a Verdade sobre elas. Quer um exemplo?

Se você sentar neste sofá ele segurará seu corpo. Por causa desta percepção você afirmará que ele é rígido, não é mesmo? Pois bem, ele é cheio de espaços vazios dentro dele.

Eu diria que noventa por cento do sofá é um vazio, é um espaço composto por elementos não rígidos que não podem ser percebidos pelos olhos humanos, nem através de super microscópios. As moléculas não estão juntas, mas separadas entre si.

Noventa por cento do sofá é vazio e a física já comprova isso. Como então você quer saber a forma da molécula se nem sabe onde elas estão?

Participante: Este vazio é ar?

Eu diria que não existe vazio. A única coisa que posso declarar é que não existem átomos naqueles espaços, mas que devem haver elementos não perceptíveis (universais), pois o vazio não existe no Universo.

Participante: É este espaço que o senhor afirma que ocupa noventa por cento do objeto?

Isso. Por causa da existência deles, se aplicarmos os conhecimentos humanos, o objeto deveria ser “mole” e quando você sentasse afundasse.

A partir daí lhe pergunto: você é capaz de ver estes espaços vazios?

Participante: Não...

Então também não é capaz de ver o átomo. Portanto a resposta do Espírito da Verdade ainda continua perfeita, mesmo que a ciência já possa “desenhar” um átomo: a molécula material tem forma, mas vocês não são capazes de apreciá-lo.

Veja bem: não existe o sofá. O que há é um aglomerado de átomos dos elementos que compõem aquilo que chamamos de sofá. Mas, mesmo estes elementos não existem, pois eles são fluídos cósmicos universais percebidos de tal forma porque houve um “faça-se” de Deus para tanto...

Mas, como tudo isso para você é uma grande incógnita, preocupe-se apenas em conter a sua mente inquiridora e busque não querer saber nada. Preocupe-se apenas em perceber, sem intencionalidade, que está tendo a percepção do seu corpo sentando.

Nem queira saber se o sofá agüentará seu peso ou não, pois a propriedade que poderá segurar seu corpo ou não será dada por Deus através do “faça-se”.

034a. Essa forma é constante ou variável? Constante a das moléculas elementares primitivas; variável a das moléculas secundárias, que mais não são do que aglomerações das primeiras. Porque, o que chamais de molécula longe ainda está da molécula elementar.

Cada átomo desse sofá é formado por moléculas universais: o fluído cósmico universal. Este fluído possui uma forma constante, mas os átomos dos elementos que compõem o sofá não possuem forma constante. Por quê? Porque a esta aglomeração de moléculas primitivas se juntam determinadas circunstâncias: o “faça-se” de Deus.

Então veja, quando o sofá quebrar ele não terá quebrado. Isso porque os átomos universais permanecerão na mesma forma, mas o sofá adotará outra diferente da atual. Não foram os átomos que mudaram, mas apenas a forma do sofá.

Mas, o que é um sofá quebrado? É um elemento formado por moléculas primitivas que sofreram determinada circunstância através do “faça-se” de Deus. Este é o ensinamento do Espírito da Verdade...

Aplicando um pouco mais este ensinamento, podemos dizer que não é a sua empregada que quebra os seus pratos e nem que outro carro que amassa o seu: estas coisas são apenas novas formas para o mesmo átomo universal que sofreram a influência de uma circunstância... Portanto, não são os próprios elementos que se alteram: o que varia são as circunstâncias geradas por Deus.

Mas, vamos mais além na aplicabilidade do tema: o que é o câncer? Para a medicina é uma célula degenerada, ou seja, uma célula que age de forma contrária da sadia. Mas, qual a diferença entre uma célula sadia e outra degenerada? O “faça-se” de Deus. Isto porque uma célula sadia ou degenerada são composta pela mesma matéria universal que estão em circunstância diferentes.

Então, não é o corpo que fica doente, pois, são ou doente, ele é formado pela mesma matéria universal. O que é considerado um corpo doente é formado pelo mesmo elemento universal que compõe aquele que é considerado são... O que varia não é a constituição do corpo, mas as circunstâncias que criam a percepção da matéria... Ou seja, não existe doença, mas uma percepção de estar doente que é levada ao consciente do espírito por um “faça-se” de Deus.

É deste “faça-se” e não de uma doença realmente existente que surge a percepção de dor, de estar com o nariz tapado, de não ter feito a digestão, de não mais respirar. Para que estas percepções aconteçam não é necessário que a molécula elementar que compõe o corpo se altere, mas apenas que estas circunstâncias sejam ditadas pelo Pai.

A partir deste ensinamento, pergunto: o que é morte? Uma percepção dada por Deus. Ela não existe na realidade...

Revelações da revelação - Livro I

Espaço universal

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Pergunta 35
Pergunta 36
Encerramento de conversa

035. O espaço universal é infinito ou limitado? Infinito. Supõe-no limitado: que haverá para lá de seus limites? Isso te confunde a razão, bem o sei; no entanto, a razão te diz que não pode ser de outro modo. O mesmo se dá com o infinito em todas as coisas. Não é na pequenina esfera em que vos achais que podereis compreendê-lo.

Essa é uma grande pergunta: o espaço é infinito? Os espíritos respondem que sim, mas vocês humanos logo perguntam: onde ele acaba? Isso porque para vocês tudo tem que ter início e fim, mas estas duas propriedades são irreais. Portanto, o Universo não tem fim, ele não acaba...

Eu sei, como diz o Espírito da Verdade, sei que isso para vocês é difícil de compreender. Aliás, sei que não vão compreender mesmo, por isso parem de pensar, parem de analisar o que estou dizendo e apenas me ouçam...

Veja. Tudo que tem um fim é finito e não infinito. Se o Universo tivesse um fim teria que haver algo depois dele. Se houvesse algo além, este lugar teria que ter também um senhor, um deus... Se houvesse outro deus, quem seria o mais forte? O nosso ou o deles?

Participante: Se houvesse outro espaço além do Universo obrigatoriamente ele teria que ter um deus e obrigatoriamente um teria que subordinar o outro?

Sim, teria que haver um mais forte, pois se houvesse algo além do Universo, juntos eles ocupariam um lugar que seria o somatório deste com o algo mais. Como sempre há necessidade de haver um comandante que seja a Causa Primária, um dos dois teria que originar tudo primariamente. Por isso pergunto, quem comandaria o lugar?

Vejam que pergunta simples, mas além de não saber a resposta, não têm condições de sequer entender a própria pergunta... Por quê? Porque não conhecem o Universo...

Para que o ser humanizado tivesse respostas para estas e outras perguntas, seria necessário que ele estivesse integrado ao Universo, ou seja, participasse dele. Mas, não: estão isolados em um minúsculo planeta universal que nem sequer conhecem direito...

Por isso dou àqueles que querem buscar a interação universal um conselho: parem de querer conhecer o Universo. Parem de querer julgar as coisas universais a partir das leis científicas instáveis que vocês conhecem... O Universo é muito maior – não em tamanho, mas em riqueza de elementos – do que vocês podem sequer imaginar...

Pergunto aos que estão aqui: o que está acontecendo nas suas casas agora? Vocês não sabem... Na verdade não sabem o que está acontecendo além destas paredes aqui do lado, quanto mais querer saber o que acontece bilhões de anos luz daqui?

O homem precisa parar com esta história de querer conhecer o que existe no Universo através de teorias pré-concebidas para que possa participar dele como um simples ignorante e aí sim, poder aprender alguma coisa... Isso é o que a razão deveria lhes dizer...

Vocês precisam compreender que a humanidade não tem condições, neste momento, de saber nada sobre as coisas universais porque ela não tem vivência dentro delas. Por isso é preciso declarar a incompetência e chegar aos novos lugares, aos novos povos, na humildade e não na arrogância do “eu sei”.

Digo uma coisa para vocês: se pudessem visitar outros mundos, veriam coisas que não saberiam nem descrever. Coisas que vocês diriam que é mágica, que não existe, pensariam até que estavam sonhando, mas aquilo é realidade.

Participante: Existe um impulso natural em nós neste sentido dado por Deus...

Concordo com você: existe um impulso natural de procura no ser humanizado que é natural, ou seja, dado por Deus. Afirmo mais ainda: ele deve seguir este impulso. Tudo isso está perfeito, mas o ser humano deve seguir este impulso sem a arrogância de já saber algo. Aliás, a todo mundo que sabe alguma nada pode ser ensinado, não é mesmo?

Você falou corretamente: este impulso é dado por Deus. Mas Ele o dá justamente para que você tenha a oportunidade de praticar a humildade e declarar a sua incompetência de saber. Mas, ao invés disso, vocês querem se relacionar com o Universo como se soubessem tudo, como professores que vão para ensinar...

O impulso, não pode ser obstado porque é ele que comanda o avanço científico, mas o homem deveria seguir este impulso com humildade e não com arrogância. Ou seja, deveria buscar querer saber sem julgar o que lhes é dito por teorias terrestres pré-concebidas...

Quer um exemplo? A humanidade acredita que sabe que a lua é deserta porque esteve lá e não percebeu nenhuma forma viva. Mais: sabe lá não pode haver vida porque não há oxigênio... Quem disse?

Como vimos no capítulo anterior, as propriedades da matéria são determinadas por circunstâncias geradas por Deus como Causa Primária. Se assim é, será que não existe matéria que pode ganhar animalização a partir de outro elemento?

Além disso, como também vimos no capítulo anterior, a percepção é uma circunstância gerada por Deus. E se ele não gerou esta percepção aos astronautas? Se aqui existem coisas que vocês não vêem, porque lá não poderia haver elementos não perceptíveis?

É preciso se dar às costas à tentação de saber, de ser, de estar para poder se aprender alguma coisa... Sem este exercício de humildade, o ser humano nada aprende...

Comentário de Kardec

Supondo-se um limite ao Espaço, por mais distante que a imaginação o coloque, a razão diz que além desse limite alguma coisa há e assim, gradativamente, até ao infinito, porquanto, embora essa alguma coisa fosse o vazio absoluto, ainda seria Espaço.

036. O vácuo absoluto existe em alguma parte no Espaço universal? Não, não há o vácuo. O que te parece vazio está ocupado por matéria que te escapa aos sentidos e aos instrumentos.

O vácuo seria nada... Como o nada não existe, digo apenas que tudo tem matéria, mesmo que esta lhe escape aos sentidos...

Mensagem especial

O importante deste capítulo é compreendermos perfeitamente a questão da matéria.

É importante compreender que a matéria não é aquilo que os seres humanos podem ver, a olho nu ou por intermédio de instrumentos. A matéria é alguma coisa mais profunda do que isso...

Ela é uma formação de fluídos cósmicos universais que não possuem por si só propriedades físicas pré-estabelecidas. Estas propriedades dependem de determinadas circunstâncias para existirem. Por isso temos que afirmar que a propriedade não está no elemento em si, mas depende das circunstâncias, ou seja, do “faça-se” de Deus, Causa Primária de todas as coisas.

Quando isso é compreendido, fica muito fácil conhecer a vida: tudo acontece porque Deus faz acontecer... Ele faz acontecer criando circunstâncias diversas que dão ações diversas a determinados grupamentos de fluído cósmico universal.

Além disso, você interage com o “faça-se” de Deus gerando uma escolha sentimental: Deus dá a determinado grupo uma propriedade e você ao percebê-la escolhe entre o “bem e o mal”, entre gostar, achar bonita, limpa ou não...

Isto é o mundo que vocês vivem. É assim que as coisas funcionam por aqui...

Vocês precisam entender isso para poder compreender que tudo que acham é apenas uma opinião que estão atribuindo à Realidade: Deus causando primariamente a propriedade dos elementos.

Revelações da revelação - Livro I

Da criação

Este capítulo, que é compreendido pelas perguntas 0036 à 0059, não foi estudado pelo amigo espiritual. Segundo ele, os objetos analisados neste capítulo são puramente técnicos e visam exclusivamente satisfazer à curiosidade humana sobre sua origem, o que nada contribui para a elevação espiritual. 

Revelações da revelação - Livro I

Seres orgânicos e inorgânicos

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Pergunta 60
Pergunta 61
Pergunta 62
Pergunta 63
Pergunta 64
Pergunta 64a
Pergunta 65
Pergunta 66
Pergunta 67
Pergunta 67a

Comentário de Kardec

Os seres orgânicos são o que têm em si uma fonte de atividade íntima que lhes dá a vida. Nascem, crescem, reproduzem-se por si mesmos e morrem. São providos de órgãos especiais para a execução dos diferentes atos da vida, órgãos esses apropriados às necessidades que a conservação própria lhes impõe. Nessa classe estão compreendidos os homens, os animais e as plantas. Seres inorgânicos são todos os que carecem de vitalidade, de movimentos próprios e que se formam apenas pela agregação da matéria. Tais são os minerais, a água, o ar, etc.

060. É a mesma força que une os elementos da matéria nos corpos orgânicos e nos inorgânicos? Sim, a lei de atração é a mesma para todos.

Tanto faz num corpo que tenha divisões, órgãos, ou num simples, o princípio vital está presente e é ele que faz existir o corpo em si, ou seja, a visão daquela forma que é percebida e chamada de corpo.

061. Há diferença entre a matéria dos corpos orgânicos e a dos inorgânicos? A matéria é sempre a mesma, porém nos corpos orgânicos está animalizada.

Veja bem a resposta do Espírito da Verdade: tanto faz o seu corpo como uma pedra, tudo é igual... Isto porque tudo vêm do fluído universal, de um mesmo átomo universal... Portanto, não há diferenças entre o corpo humano e um pedaço de madeira: todos os dois são iguais.

A única diferença que existe é a circunstância determinada por Deus que cria no corpo humano a animação. Ou seja, o fluído cósmico que forma o corpo humano recebe um “faça-se” de Deus que cria nele a propriedade de se mexer. É a única diferença...

Na verdade todas as coisas do Universo nascem do mesmo elemento e assim sendo são a mesma coisa... Não há diferença entre o corpo humano e um excremento nojento...

062. Qual a causa da animalização da matéria? Sua união com o princípio vital.

A união com o princípio vital é que faz a matéria se animalizar. Ou seja, se não houvesse o princípio vital não haveria animalização.

Portanto, não basta apenas haver espírito ligado à uma massa carnal. Mesmo que ele esteja ligado a ela, ou seja, esteja intelectualizando-a, para que possa haver animação é preciso que este ser esteja munido do princípio vital.

Mas, com este ensinamento, podemos encontrar uma resposta para uma pergunta que normalmente vocês se fazem: quando o espírito abandona o corpo? Vocês perguntam isso porque imaginam que apenas porque há imobilidade o espírito não está mais presente.

No entanto, a imobilidade não é uma resposta segura, pois o espírito pode estar ligado ao corpo e esse não se mexer. Basta que esse espírito não tenha recebido o princípio vital para que ele não consiga animar o corpo.

No coma, situação onde muitas vezes existe animação, pode haver espíritos ligados ao corpo, assim como pode haver espíritos que já foram desligados, mesmo que o corpo ainda aparente sinais de vida... Dentro do caixão, no momento do velório ou do sepultamento, quando a imobilidade sugere que o espírito já abandonou o corpo, existem muitos que ainda estão “vivos” ligados àquele corpo, mas que não conseguem animalizá-lo porque não mais estão de posse do princípio vital.

Com relação a este assunto, tudo é muito relativo e não pode ser medido apenas pela inércia do corpo físico...

063. O princípio vital reside nalgum agente particular, ou é simplesmente uma propriedade da matéria organizada? Numa palavra, é efeito ou causa? Uma e outra coisa. A vida é um efeito devido à ação de um agente sobre a matéria. Esse agente, sem a matéria, não é vida, do mesmo modo que a matéria não pode viver sem esse agente. Ele dá a vida a todos os seres que o absorvem e assimilam.

O princípio fluído vital não reside em nada especificamente, mas está presente em todo Universo. Ele está disponível em todos os lugares e só através dele, ou seja, só quando o espírito o captura e utiliza para agir sobre a matéria é que ela tem animação.

Portanto, o que faz o seu braço se mexer não é o cérebro, nem os músculos e nem o sistema nervoso central, mas é o espírito que trabalha o fluído universal. O que faz o seu aparelho digestivo funcionar não são os órgãos internos, mas o espírito é que comanda esta ação com o princípio vital.

Se o espírito não provocasse esta animação, barriga nenhuma funcionaria para fazer o que vocês chamam de digestão, assim como coração também não bateria.

064. Vimos que o espírito e a matéria são dois elementos constitutivos do Universo. O princípio vital será um terceiro? É sem dúvida, um dos elementos necessários à constituição do Universo, mas que também tem a sua origem na matéria universal modificada. É, para vós, um elemento, como o oxigênio e o hidrogênio, que, entretanto, não são elementos primitivos, pois tudo que isso deriva de um só princípio.

Nós já tínhamos visto no capítulo II que o princípio vital era uma matéria que, por causa de suas propriedades específicas, receberia outro nome.

Portanto, na verdade, existem apenas dois elementos: matéria e espírito. Além destes existe Deus, que não deixa de ser um espírito também, mas se distingue dos demais por causa de sua ação.

Aliás, se o princípio vital agora apresentado pelo Espírito da Verdade é a causa de uma propriedade da matéria, ele nada mais é do que o “faça-se” de Deus, uma circunstância específica que dá uma determinada propriedade à matéria, como estudamos antes, não?

064a. Parece resultar daí que a vitalidade não tem seu princípio num agente primitivo distinto e sim numa propriedade especial da matéria universal, devida a certas modificações. Isto é conseqüência do que dissemos.

Ou seja, a vitalidade do corpo não está nele mesmo, mas é propriedade específica de alguma matéria universal.

065. O princípio vital reside em algum dos corpos que conhecemos? Ele tem por fonte o fluído universal. É o que chamais fluido magnético, ou fluído elétrico animalizado. É o intermediário, o elo existente entre o espírito e a matéria.

É o que o Espírito da Verdade já falou por diversas vezes: não existem matérias diferentes, mas matérias que passam a ter funções (propriedades) diferentes a partir do “faça-se” de Deus. Portanto, não podem ser tratadas como elementos diferentes, mas sim como elementos que exercem funções diferenciadas por conta da ação da Causa Primária.

066. O princípio vital é um só para todos os seres orgânicos? Sim, modificado segundo as espécies. É ele que lhe dá movimento e atividade e os distingue da matéria inerte, porquanto o movimento da matéria não é a vida. Esse movimento ela o recebe, não o dá.

Não há diferença entre a sua movimentação e a de um cachorro. Toda movimentação, animação, é dada pelo princípio vital.

Participante: Ele diz aqui que o movimento da matéria não é vida.

O Espírito da Verdade quer deixar bem claro que a existência da vida não se prende à da movimentação. Ele faz isso porque, para vocês humanos, a vida só existe enquanto há animação corporal.

Quando você vê um corpo estático, duro, diz que este morreu e que, por conseguinte, acabou a vida. Mas, esta não acabou: o que se extinguiu foi a movimentação do corpo e não a vida.

A movimentação e a vida são duas coisas completamente diferentes. Até porque, a vida pertence ao espírito e não da matéria e este é eterno.

Aliás, a morte não pertence nem a matéria, porque esta, na realidade, também não morre, acaba, mas se transforma. Portanto, este corpo não morrerá, mas se transformará em outra coisa.

Este ensinamento é importante para, ao o colocarmos em prática, pararmos de pensar que aquele que está se mexendo está vivo. Digo isso porque tem muita gente se mexendo que está morto no sentido espiritual, pois está morto para Deus e para a comunidade espiritual.

A vida independe de movimentação. A vida existe apenas para o ser universal quando ele está em comunhão com Deus e com seus irmãos.

Além disso, a prática deste ensinamento também é importante para deixarmos de imaginar que um ser humano tenha morrido, acabado, só porque você esteve presente no enterro e viu o corpo inerte. Ele não morreu: apenas o seu corpo parou de se mexer. As duas situações são coisas completamente diferentes...

Aquela pessoa que você acredita estar morta está vivinha ao seu lado, apesar de nem mais ter corpo. O que é necessário para que você possa constatar isso e viver esta realidade é aprender a entrar em contato com ela no seu estágio atual de vida. Mas, para tanto é necessário extinguir com a idéia de que a ausência de movimentação causou a morte, o fim daquela pessoa.

067. A vitalidade é atributo permanente do agente vital, ou se desenvolve tão só pelo funcionamento dos órgãos? Ela não se desenvolve senão com o corpo. Não dissemos que esse agente sem a matéria não é a vida? A união dos dois é necessária para produzir a vida.

Antes de qualquer coisa, vamos apenas lembrar que movimentação não é apenas a dos membros (braços, pernas) do corpo. O funcionamento dos órgãos internos do corpo físico também pode ser considerado uma movimentação deste.

O princípio vital, a vida, não surge da movimentação dos órgãos do corpo, mas é ele que os faz movimentar. Isto é o que o Espírito da Verdade ensina neste texto e tal ensinamento é muito importante.

Isso porque vocês acham que a movimentação é causada por outros fatores. A movimentação dos membros é atribuída ao cérebro, ao sistema nervoso central; a dos órgãos internos à vontade própria destes. Mas, a matéria que não é inteligente pode agir?

Já vimos que não... Na resposta à pergunta 0022a, fica bem claro que é o espírito que se utiliza a matéria para agir sobre ela mesmo.

“A matéria é o laço que prende o espírito; é o instrumento de que este se serve e sobre o qual, ao mesmo tempo, exerce sua ação”.

Portanto, é preciso haver o princípio vital – matéria universal com determinadas propriedades - para que aja qualquer movimentação no corpo físico. Se ele não existisse, não haveria movimentações e, por conseguinte, o homem não poderia ter órgãos: seria um ser inorgânico como as pedras.

No entanto, não podemos parar apenas na compreensão do que quer dizer o Espírito da Verdade. É preciso aplicar o ensinamento para que ele tenha alguma valia para nós.

A Realidade que surge do ensinamento deste texto nos leva a compreender uma coisa interessante: Deus não precisa matar ninguém. Basta parar de enviar o princípio vital para espírito que os órgãos do corpo, sem a presença deste, parem de funcionar.

Ele não precisa dar um tiro em ninguém: basta parar de mandar o princípio vital, pois sem ele, o espírito não terá como animar o corpo. É isso que precisamos compreender para começar a dar a Deus o valor que Ele tem.

Os seres humanizados ficam preocupados em preservar o corpo, cuidar dele para não pegar uma doença e com isso morrer, mas se esquecem que doença alguma pode parar o funcionamento de um corpo. Enquanto Deus estiver mandando o princípio vital e causando ao espírito fazer os órgãos funcionar, eles funcionarão. Na hora que Deus não quiser mais que isso aconteça, Ele corta, cessa, a emissão do princípio vital para este ser e aí nada vai fazer este corpo se animar.

A prática deste ensinamento é importante porque os seres humanizados ficam preocupados em ir a médicos, tomar remédios ou fazer ginásticas para buscar saúde, mas se esquecem que a saúde não depende disso, mas de Deus. Exatamente por não colocarem em prática este ensinamento – que é o princípio vital que dá a vida e que a recepção deste por parte do espírito depende do “faça-se” de Deus – é que os seres humanizados trocam Deus pelo remédio, pela vitamina...

Mas, nada disso pode lhes garantir uma boa saúde. A única coisa que pode dar a vida – aqui entendida como movimentação dos membros e órgãos do corpo – é Deus. Portanto, se querem estar vivos no sentido espiritual, vocês devem se voltar para Deus e dar as costas para todas estas coisas...

067a. Poder-se-á dizer que a vitalidade se acha em estado latente, quando o agente vital não está unido ao corpo? Sim, é isso.

Estado latente porque está no Universo. Sim, é isso: o princípio vital está no Universo e é de lá que o espírito a absorve.

Mas, para resumir tudo isso que dissemos neste sub-capítulo, veja o comentário de Kardec sobre ele:

O conjunto de órgãos constitui uma espécie de mecanismo que recebe impulsão da atividade íntima ou princípio vital que entre eles existe. O princípio vital é a força motriz dos órgãos orgânicos. Ao mesmo tempo que o agente vital dá impulsão aos órgãos, a ação destes entretém e desenvolve a atividade daquele agente, quase como sucede com o atrito, que desenvolve o calor.

Kardec já havia chegado à mesma conclusão que nós: é o princípio vital que faz a animação do órgão e não o remédio ou a vitamina. Mas, até hoje, os espíritas se esquecem disso e vão buscar saúde e vida nos remédios e vitaminas...

Participante: Mas para que este princípio dê o movimento, ele passa antes pelo espírito como uma ordem de Deus. É isso?

O espírito capta o princípio vital no Universo e o lança sobre a matéria que constitui o órgão. Isso é o que a maioria pode perceber, mas para nós que já vimos que Deus é a Causa Primária de todas as coisas dizemos que Deus dá a ordem – o “faça-se” – ao espírito para que ele o capte e lance sobre a matéria do órgão.

Participante: Isso é totalmente inconsciente para o espírito?

Sim.

Participante: O espírito vai atingir uma etapa onde isso será consciente?

Sim. Quando liberto da materialidade o espírito terá plena consciência da Realidade universal. Mas mesmo os encarnados terão, no futuro, consciência dessa ação.

Isso porque, como já estudamos, Deus pode revelar ao homem o que a ciência não o faz. Mas, para isso, como também foi visto no início do capítulo II – sub capítulo “Conhecimento do princípio das coisas” - é preciso que o ser humanizado se depure.

Ou seja, quanto mais você se voltar para Deus, viver com Ele, mais entrará no que você chama de inconsciente e conhecerá, então, o que lhe cerca e que hoje não pode ser percebido. Liberto da materialidade – do ser, estar e ter que contaminam a consciência – você, o espírito, poderá perceber coisas que hoje não percebe e, por isso, não sabe que existe.

Aliás, neste mesmo trecho que citei, também está dito que este novo conhecimento será revelado através das comunicações dos espíritos. O que estamos fazendo aqui do que senão lançando a semente inicial deste conhecimento, revelando o que acontece no seu subconsciente?

Este estudo, portanto, é a comprovação de que os ensinamentos do Espírito da Verdade são perfeitos, pois estamos revelando conhecimentos que a “Revelação” codificada por Alan Kardec já havia trazido, mas que não pode ser compreendida porque ainda não havia a depuração necessária dos espíritos humanizados.

Revelações da revelação - Livro I

A vida e a morte

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Pergunta 68
Pergunta 68a
Pergunta 69
Pergunta 70

068. Qual a causa da morte dos seres orgânicos? Esgotamento dos órgãos.

A causa de toda morte é o esgotamento dos órgãos... Está certo isso?

Participante: Acho que sim. Mas, precisamos entender o que o Espírito da Verdade quis dizer com “esgotamento”...

Perfeito. Aí reside o grande problema para a vida: entender o que quis dizer quem escreveu o ensinamento...

Se lermos esta frase isoladamente, acabaremos tendo a consciência de que o órgão pode perder a capacidade de funcionamento. Isso porque os seres humanizados têm como referência para o termo “esgotamento” consumir-se, gastar-se...

Participante: Ficou velho, como dizemos...

Isso. Mas, será que esta era a mesma concepção que o Espírito da Verdade tinha para este vocábulo?

Acabamos de estudar no sub-capítulo anterior que o órgão não funciona por sua livre e espontânea vontade, mas que ele é levado ao funcionamento pela utilização do princípio vital por parte do espírito obedecendo a um faça-se de Deus. Esta é uma Realidade que está presente na consciência do Espírito da Verdade e, portanto, deve nortear o sentido com o qual ele utiliza algumas palavras.

A partir deste pré-conhecimento, devemos compreender que quando se diz que a morte se dá pelo esgotamento dos órgãos, devemos entender que ela aconteceu pelo esgotamento do fornecimento do princípio vital. Se fizermos isso estaremos sendo fiel à idéia de quem escreveu o ensinamento, mas se interpretarmos um vocábulo dentro de nossa própria concepção, perderemos o sentido do texto.

Portanto, devemos entender que o Espírito da Verdade quis dizer que o esgotamento que leva à morte é o do fornecimento e não o do uso...

Participante: Pode se dizer que o envelhecimento é uma diminuição deste fluído?

Não. Isso porque não existe um envelhecimento do que era jovem. O que ocorre é a existência de uma nova forma, que você chama de ficar velho.

Na verdade, a forma velha é uma matéria nova que sofreu uma nova circunstância, ou seja, um novo “faça-se” de Deus. A matéria não envelhece, mas as circunstâncias da formação das matérias (a antiga e a atual) são alteradas por Deus.

Na verdade nada foi alterado – a matéria que tinha aparência de nova passou a ter de velha – mas uma nova matéria (com uma nova forma) foi gerada. A matéria não envelhece aos poucos, mas matérias têm formas diferentes criadas pelo “faça-se” de Deus ao longo da existência do corpo humano. A velhice da matéria não é resultado do desgaste do corpo, mas sim a forma de uma matéria nova criada naquele momento. Então, não há esgotamento por velhice como vocês acreditam.

Mas, voltando ao assunto principal deste tema – a morte - o esgotamento que estamos falando que resultou no fim da animação de um corpo é resultado da cessação de recepção do princípio vital e não o desgaste do corpo. O órgão não recebe mais o fluído e por isso para de funcionar.

Participante: Mas, por que não recebe mais?

Porque Deus comandou isso, pois chegou a hora da doença ou do desencarne.

Chegou a hora da doença que pode ou não levar ao desencarne, Deus não mais envia o princípio vital àquele espírito. Com isso este não mais o remete para o coração provocando a parada de funcionamento deste órgão. Para quê? Para gerar a morte dentro do gênero que Ele já sabia previamente.

NOTA:

A última afirmação do texto acima se apóia em outra resposta do Espírito da Verdade neste mesmo livro, que ainda não havia sido estudada neste trabalho, mas que já havia sido abordada em outros estudos. Trata-se da pergunta 853a, que transcrevemos abaixo:

“853a. Assim, qualquer que seja o perigo que nos ameace, se a hora da morte ainda não chegou, não morreremos? Não; não perecerás e tens disso milhares de exemplos. Quando, porém, soe a hora da tua partida, nada poderá impedir que partas. Deus sabe de antemão de que gênero será a morte do homem e muitas vezes seu Espírito também o sabe, por lhe ter sido revelado, quando escolheu tal ou qual existência”.

No momento do falecimento de uma pessoa, o ser humanizado – que é inconsciente da ação do princípio vital – diz que este homem morreu de ataque cardíaco. Se perguntarmos porque isso aconteceu, o ser humanizado vai dizer que isto aconteceu porque o falecido fumava, bebia, não fazia exercícios, porque tinha vida sedentária, não se cuidava, tinha problemas no coração... Que mais vocês vão inventar para explicar o que não conseguem perceber?

Tudo isso é ilusão: o coração não parou de funcionar por nada disso, mas porque Deus suspendeu o fornecimento do princípio vital e sem ele o coração não pode mais se animar...

Portanto, não existe coração doente que um dia pode dar um ataque cardíaco, mas sim um coração que um dia Deus comandou para que ele parasse de funcionar. Este comando não teve nada a ver com o tipo de vida encarnada deste espírito, mas prende-se à escolha que este espírito fez quando este escolheu, ainda na erraticidade, tal ou qual existência para si.

NOTA:

A alusão aqui do motivo para a parada de funcionamento do coração está vinculada ao texto da pergunta 853a que transcrevemos acima. Mas, também se embasa no da pergunta 258, que também já havia sido objeto de outros estudos.

“258. Quando na erraticidade, antes de começar nova existência corporal, tem o Espírito consciência e previsão do que lhe sucederá no curso da vida terrena? Ele próprio escolhe o gênero de provas por que há de passar e nisso se consiste o seu livre arbítrio”.

O conhecimento que está sendo obtido aqui deve levar o ser humanizado a ficar atento para não se prender nessa obsessão pela busca da saúde. Porque senão, ele fica obcecado pela busca da saúde e por isso deixa de fazer diversas coisas em sua vida e morre do coração do mesmo jeito que já estava pré-programado e era do conhecimento de Deus e muitas vezes do próprio espírito.

O ser que não coloca em prática este ensinamento e endeusa a medicina como o princípio vital do funcionamento dos órgãos internos de seu corpo, quando se depara com uma situação como a que narrei acima (daquele que se “cuida”, mas morre do mesmo jeito), diz foi azar, casualidade, etc. Azar nada: ele morreu do mesmo jeito que foi projetado pelo espírito antes da encarnação e, para que isso ocorresse, Deus agiu como já havia sido pré-programado.

De que serviu a sua obsessão pela busca da longevidade? Para ter prazer ou dor, ou seja, para se sentir satisfeito quando conseguia vivenciar o que gostava ou lamentar-se de não puder viver o que queria...Só serviu para isso, pois toda a sua preocupação não altera um dia sequer a sua morte...

Participante: Então, o esgotamento dos órgãos seria a retirada gradual do princípio vital?

Gradual ou completa... Isso depende da programação da encarnação feita pelo espírito.

O próprio ataque do coração, por exemplo, pode existir com uma retirada gradual – um ataque que diminua o funcionamento deste órgão, mas que não cause a morte – mas também pode acontecer de uma forma completa. Neste caso vocês diriam que foi um ataque fulminante...

068a. Poder-se-ia compara a morte à cessação do movimento de uma máquina desorganizada? Sim; se a máquina está mal montada, cessa o movimento; se o corpo está enfermo, a vida se extingue.

A afirmação de “mal montada” no texto trata-se de uma figura de linguagem. Isso porque mesmo num corpo tido como perfeito, como é aparentemente o daqueles que preservam a saúde acima de tudo, inclusive do próprio Deus, existe a paralisação dos órgãos, ou seja, a morte.

Portanto, o fato da “má montagem” levar à cessação da movimentação, não pode ser entendido como causa única da morte, já que as máquinas mal montadas param, mas as bem montadas também pararão um dia...

O que precisamos compreender profundamente é que é a ausência de “combustível” (princípio vital) que leva máquina a parar de funcionar. Mais ainda: que este combustível não é colocado por você ou por qualquer elemento material, mas que é Deus quem abastece o espírito dele. Se Deus não abastecer o espírito, nada fará o corpo funcionar.

Participante: Você quer dizer que não precisamos procurar médicos? Se tiver de ficar bom ficaremos, se não tiver, não tem jeito...

O que quero dizer é que você deve procurar o grande médico do Planeta, Cristo, para através dele chegar ao Senhor: Deus.

A partir deste ensinamento, você não deve simplesmente ter a consciência se deve ou não ir a médico. Isso porque não adianta nada ir ou deixar de ir sem estar em conexão com Deus. É isso que sempre quis dizer...

Estas perguntas que vocês, seres humanos, me fazem mostram claramente que querem solução sem ter que trilhar caminhos. Querem receber sem criar o merecimento; querem resolver a vida, que é um instrumento espiritual, através de lógicas materiais...

Já me perguntaram porque um ser humano que me ouve deve continuar tomando remédio como aconselho. Respondi: porque vocês ainda não estão em comunhão com Deus...

Esta comunhão, porém, não pode ser conseguida através de raciocínios lógicos, de tomadas de posição humanas, mas apenas através da fé. Não é o fato de ir ou deixar de ir ao médico que pode mostrar a sua espiritualização, mas o exercício da fé em Deus.

Isso porque, indo ou não indo ao médico continuará existindo em você a intenção de ter saúde, de conseguir a cura, de não morrer. De que adianta não ir ao médico se no seu interior ainda existem estas intenções, estes desejos? Lembre-se do que Cristo ensinou: Deus julga as intenções de cada e não as ações... Aliás, se você tivesse fé, não teria nem necessidade de me perguntar se devia ir ou não, pois na própria confiança no Pai encontraria a resposta...

Portanto, a reforma íntima não é só ter a informação destes ensinamentos e a partir deles tomar decisões humanas (atos) como querer ir ou não ao médico: é preciso desenvolver a fé...

A fé verdadeira... Aquela na qual cada situação da existência é vivenciada com uma louvação a Deus e não com sensações humanas (prazer e dor). Enquanto não fizer isso, precisará de médico. Mas, saiba: o fato de praticar ou não tal ação não lhe garante saúde nem lhe manterá a vida..

Porém, para a execução da reforma íntima, ou seja, para se viver a fé verdadeira, é preciso, culturalmente, entender o funcionamento da máquina humana: que é Deus que comanda a existência da vida. Depois de saber, é preciso colocar em prática, ou seja, gerar a confiança e a entrega (fé) ao Pai que será o que determinará a sua elevação espiritual.

Nisto, porém, não posso ajudá-la. Este é um caminho que tem que ser percorrido individualmente. O máximo que posso fazer, como, aliás, estou fazendo, é lhe dar subsídios para percorrê-lo.

069. Por que é que uma lesão do coração mais depressa causa a morte do que as de outros órgãos? O coração é a máquina da vida, não é, porém, o único órgão cuja lesão ocasiona a morte. Ele não passa de uma das peças essenciais.

Para falar de uma maneira humana, podemos dizer que não é só o coração que causa a morte: todos os órgãos são importantes dentro do corpo e a “lesão” de qualquer um pode levar à morte.

Fica apenas a ressalva que esta lesão é de origem espiritual (fim do recebimento do princípio vital) e não material.

070. Que é feito da matéria e do princípio vital dos seres orgânicos, quando estes morrem? A matéria inerte se decompõe e vai formar novos organismos. O princípio vital volta à massa donde saiu.

O que o Espírito da Verdade fala agora é o mesmo que já falei anteriormente: nem a carne morre; ela se decompõe e vai formar novos organismos. Quanto ao princípio vital, este volta ao Universo.

Desta forma, podemos compreender que nada se perde, que nada morre. Não existe morte, porque todos os elementos que compõem um ser continuam “vivos”: O espírito continua a sua vida, a mesma vida espiritual que tinha quando encarnado, a matéria se decompõe e forma novos corpos e o princípio vital volta para o Universo e será utilizado em novas animações.

Você não sabe se o princípio que está sendo utilizado agora para criar a leitura deste texto já foi utilizado por outro ser que hoje é considerado como morto. Você não sabe se a verdura ou a carne que comeu hoje foi alimentada por matérias decompostas de outros seres que estavam na terra. Com certeza as duas afirmações são verdadeiras, apesar de você não ter consciência disso.

Esta consciência da Realidade que foge às suas percepções é importante, para que vocês eliminem a sensação de nojo pelas coisas ditas podres. Este estado da matéria trata-se apenas de um estágio na transformação da mesma.

Esta compreensão é necessária para que o ser humanizado possa vivenciar o que já foi ensinado neste mesmo estudo e também por todos os mestres: tudo está em tudo. Dentro de você, desse corpo do qual se orgulha tanto, existem diversas matérias das quais afirma ter nojo. Um exemplo: o estrume da vaca que serve de adubo aos vegetais que a maioria diz que é sadio comer...

Revelações da revelação - Livro I

Inteligência e instinto

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Pergunta 71
Pergunta 72
Pergunta 72a
Pergunta 73
Pergunta 74
Pergunta 75
Pergunta 75a

Estamos falando o ser humano. Falamos do corpo: seu funcionamento e da matéria que o constitui. Agora vamos falar do espírito presente ao ser humano: aquele que animaliza o corpo...

071. A inteligência é atributo do princípio vital? Não, pois que as plantas vivem e não pensam: só têm vida orgânica. A inteligência e a matéria são independentes, porquanto um corpo pode viver sem a inteligência. Mas, a inteligência só por meio dos órgãos materiais pode manifestar-se. Necessário é que o espírito se uma à matéria animalizada para intelectualizá-la.

Já foi respondido anteriormente que o espírito é a inteligência que habita o corpo. Esta pergunta é, portanto, no mínimo, repetitiva. O que devemos entender sempre é que a inteligência é uma coisa e o corpo é outra. Inteligência é espiritual, matéria é material...

072. Qual a fonte da inteligência? Já o dissemos; a inteligência universal.

Esta pergunta, também, é repetição. Já foi dito anteriormente que por mais que uma inteligência opere prodígios, ela própria tem uma causa. “Aquela inteligência superior é que é a causa primária de todas as coisas, seja qual for o nome que lhe dêem” (pergunta 0009).

Portanto, a inteligência humana provém de uma Inteligência Superior que é universal, seja que nome se dê a esta.

072a. Poder-se-ia dizer que cada ser tira uma porção de inteligência da fonte universal e a assimila, como tira e assimila o princípio da vida material? Isso não passa de simples comparação, todavia inexata, porque a inteligência é uma faculdade própria de cada ser e constitui a sua individualidade moral. Demais, como sabeis, há coisa que ao homem não é dado penetrar e esta, por enquanto, é desse número.

A inteligência é o que caracteriza a individualidade de cada um. Além do mais, não existem duas inteligências iguais. Ou seja, não existem duas pessoas com o mesmo nível de percepção; que fazem a mesma coisa na mesma intensidade e da mesma forma; que acreditem nas mesmas coisas com a mesma intensidade.

Isso precisa ficar bem claro para que o ser humanizado possa respeitar a individualidade de cada um. Por não vivenciar esta Realidade, o ser humanizado quer policiar o próximo a partir de sua própria individualidade. Por causa desta ação policial, diz que as outras pessoas são desligadas porque não vêem o que eles vêem; que são erradas por que não acredita naquilo que eles acreditam; que são chatas porque não gostam do que eles gostam...

Saibam que cada pessoa “vê” de um jeito diferente um mesmo acontecimento. Cada pessoa percebe diferente da outra, porque o poder de percepção, que está na inteligência, é diferente para cada um. Este poder é o que caracteriza a individualidade de cada um.

Uma pessoa, por exemplo, não deixou de limpar a sujeira que você está vendo porque ela é preguiçosa: isto ocorreu porque a inteligência dela não percebeu aquilo como sujeira. A outra, que deixou a roupa desarrumada, como você acredita que está, não deixou desse jeito: para ela estava arrumada...

Tudo isso é desse jeito porque as percepções (valores) de arrumação são diferentes. Cada um percebe alguma coisa no acontecimento e estas percepções não são iguais, padrões, para todos...

Os espíritos humanizados precisam compreender isso para poderem parar de querer padronizar a humanidade, tornando os seres humanos em robôs que só fazem o que é programado.

Para aqueles que buscam a elevação espiritual, é preciso parar de querer que a humanidade seja toda igual. Isso porque esta busca de padronização tem um fiel: você...

Claro que se você for estipular um padrão para todos os humanos será o seu: aquilo que acha que é “certo”, “bonito”, “limpo”, etc. Isso porque, como você vive a sua individualidade como perfeita, que não contém “erros“, quer que ela seja o ponto central para todas as outras...

O ser humanizado precisa deixar de querer que todo mundo ache o que ele acha, que goste do que ele gosta, que perceba as coisas do jeito que ele percebe, porque isso é um ato de tirania. É a vivência de uma ditadura...

A atitude de buscar transformar a individualidade dos outros para os seus próprios padrões de “certo”, corresponde àquilo que a humanidade tanto critica: acabar com a liberdade individual, o desejo de subordinar os outros à sua própria vontade...

Está bem claro nesta resposta: a inteligência, ou seja, a capacidade de percepção, processamento das informações para chegar a uma conclusão e armazenamento desta, é individual. Cada um vê ou acha ou gosta de uma determinada coisa de uma determinada forma.

A humanidade precisa se imbuir desta Verdade. Isto porque, é do querer que o próximo seja uma cópia perfeita de si mesmo – e, por mais que se queira, ninguém será – que surgem a crítica, as brigas, a raiva, o ódio. Tudo isso são sentimentos nutridos pelo espírito por causa da revolta do próximo não ser o que ele acha “certo”.

Além do mais, essa obstinação em alterar a individualidade do próximo faz o ser humano sofrer à toa...

Quem quer sobrepor-se ao outro sofre, porque fica dependente dos acontecimentos do mundo e das atitudes do próximo para ser feliz. Quem precisa para ser feliz de verdade, jamais o conseguirá, porque as diferenças sempre existirão.

Este sai da carne e se considera um pobre-coitado e afirma que assim o é porque nada de bom aconteceu na vida dele. Não aconteceu nem nunca acontecerá... Sabe por quê? Porque ele quis obrigar o mundo a andar do jeito que ele queria.

Para cada um que quer mudar a individualidade dos outros seres, Deus pergunta: “E Eu, o que estou fazendo aqui? Estou aqui só para assistir você mudar o mundo do jeito que quer?” Não, Ele é a Causa Primária e nada pode acontecer sem que determine...

É por causa desta Verdade que Ele não causa a mudança no próximo, por mais que você queira. Mas faz mais: atraia os diferentes para conviverem...

Ele faz isso para ver se o ser humanizado chega à conclusão que não deve mudar o próximo, mas sim aprender a amá-lo do jeito que ele é. Como diz Cristo, se você ama apenas que lhe são iguais, que vantagem faz? Até os pagãos fazem isso... É por isso que Deus causa primariamente a diferença das individualidades e aproximação de antagônicos.

Na verdade, com esta ação, Ele está criando uma oportunidade para o ser encarnado amar, ou seja, pôr em prática os mandamentos deixados pelo mestre Cristo. Quanto o ser consegue praticar o amor, recebe, então, de Deus, a sensação de felicidade sempre, não importando o que está acontecendo...

Tudo isso está escrito neste pedaço que lemos agora... Não com estas palavras, mas, como já disse, a nossa função é raciocinar sobre o ensinamento. Isso porque, quem quiser compreender algo mais neste e em muitos textos do Espírito da verdade sempre se esbarrará com uma Realidade: “demais, como sabeis, há coisas que ao homem não é dado penetrar e esta, por enquanto, é desse número”.

Estudar “O Livro dos Espíritos” é fazer exatamente isso: ler, sem buscar compreender técnicas, mas a partir do que é dito, tentar aplicar aos acontecimentos da vida... Fazendo isso neste trecho, o ser humanizado compreenderá, então que não se pode mudar a individualidade (íntimo) de cada um, pois todos percebem as coisas de forma diferente...

Participante: É preciso aceitar os outros...

Não. É preciso mais do que aceitar; é preciso amar...

Aceitar seria ter a consciência de que ele é deste jeito mesmo, que não vai mudar nunca, que “pau que nasce torto morre torto”. Ou seja, que é preciso aceitá-lo, apesar de estar “errado”. Amar é louvar a Deus a cada momento porque Ele “abastece” cada inteligência do Universo com uma individualidade diferenciada o que proporciona o espírito combater o individualismo: o desejo de impor à sua individualidade aos outros...

Participante: Mas, aceitar já é um caminho enquanto não conseguimos amar, não é mesmo?

É um caminho... Mas, se você achar que atingir apenas a este ponto já está bom, não conseguiu nada...

Participante: Porque não iremos além?

Exatamente. Você se habituará a aceitar e se viciará em viver deste jeito e jamais amará... Portanto, não se satisfaça apenas em aceitar, mas lute desde sempre para aprender a amar...

Participante: Quando falei em aceitar, não quis dizer aceitar o outro, mas sim a minha impotência de mudar o outro.

Aí eu concordo...

Como já disse anteriormente, nesta vida, da sua declaração de incompetência para fazer alguma coisa, nasce a sua competência para viver a vida carnal de uma forma espiritual. Isto porque toda vez que você se declarar incompetente, estará dizendo: Deus faça-se a sua vontade. Neste momento você viveu, no sentido espiritual...

Agora reparem uma coisa: não é tão mais simples viver do jeito que estou falando? Vocês não teriam que “duelar” com o próximo para provar que estão certos e nem lutar para obrigá-lo a fazer o que não querem...

Sendo assim, pergunto: porque vocês complicam a vida? Só por causa do prazer, só para vencer o outro, para dominar...

Na verdade quando vocês brigam com os outros para que as coisas estejam dentro dos seus padrões de “arrumado”, “bonito”, “limpo”, a motivação desta luta é ilusão. Pensam que estão lutando para ajudar os outros, mas no íntimo, no inconsciente, vocês querem é o prazer de vencê-los.

O ser humanizado que se diz “certo”, que acha que pode conhecer a verdade, quer, realmente, é dominar o outro para ter o prazer de se sentir mais forte, mais potente...

Essa é a verdade. É para isso que as pessoas querem impor a sua vontade (individualidade) aos outros e não para ajudá-los. Elas lutam para manter-se como senhora absoluta da situação: aquela que subordina o próximo ao seu querer...

É por isso que digo há muito tempo: qualquer relação entre dois seres humanizado, na verdade é uma disputa para ver quem sai como “certo” através da vitória de suas verdades e desejos sobre a dos outros...

073. O instinto independe da inteligência? Precisamente, não, por isso que o instinto é uma espécie de inteligência. É uma inteligência sem raciocínio. Por ele é que todos os seres provêem às suas necessidades.

O raciocínio é um processo de escolha entre diversas opções. O espírito percebe alguma coisa, ou seja, vê, cheira, prova sabor, ouve sons ou percebe alguma coisa pelas sensações do corpo e promove um raciocínio.

Raciocínio quer dizer analisar uma massa de percepções e chegar à uma conclusão, uma verdade, uma realidade: é isso que o ser racional faz... Mas, analisá-la à luz do que? Das verdades embutidas na sua própria memória e da sua projeção futura, imaginação.

Depois da análise, o ser racional chega a uma conclusão que, para ele, é verdade e realidade. Mas, veja, toda a memória é formada por verdades individuais, ou seja, o que cada um acha, imagina saber. Portanto, o resultado da conclusão será sempre fundamentado naquilo que ele sabe: será uma verdade relativa, uma realidade individual.

Já no instinto, o espírito recebe a mesma massa de percepções (visão, audição, olfato, paladar e sensibilidades do corpo) e vai, a partir deste conjunto, buscar na memória um comando que determinará o que ele fará. O espírito instintivo não buscará na memória elementos para poder analisar as percepções, mas simplesmente comandos pré-escritos que dirão o que deve ser feito. Vamos ver isso na prática?

O espírito que comanda uma forma animal (que age por instinto), percebe o estômago vazio... Ele vai automaticamente buscar o alimento. Como o ser humano – o espírito que vive oi processo racional – age?

Ele percebe o estômago vazio e buscará na memória o que está relacionado a isso e encontra lá a sensação de fome e o desejo de alimentar-se, tal qual o instintivo. Mas, será que ele agirá da mesma forma? Não...

Antes ele vai olhar o relógio para ver se está na hora de comer – porque comer fora da hora engorda ou faz mal à saúde, não é mesmo? Se a nova percepção (a hora) não for analisada como correta para alimentar-se, o espírito não o fará.

No ser racional sempre haverá sempre a busca de razões, de satisfação de padrões. Se não estiver preocupado com a hora pode estar preocupado se é bom para a saúde alimentar-se naquela hora, se esta atitude não vai afetar o regime ou a dieta que está fazendo...

Chegando à conclusão que deve comer naquela hora, qual será a próxima preocupação? Com que alimentar: se aquilo é bom de se comer, se ele está com vontade deste alimento... O ser racional só pratica o ato depois de analisar diversas vezes a sua atitude e considerar que está “certo” fazer aquilo...

Essa é a diferença entre o instinto e o raciocínio: o instinto segue um comando sem questioná-lo; a razão necessita de padrões e separa o “certo” do “errado”... Por isso se diz na Bíblia que o homem, a encarnação do espírito, nasceu do desejo do ser universal de querer conhecer o “certo” e o “errado” das coisas.

Nota:

Esta citação alude a história da conversa de Eva com a cobra que está no livro bíblico Gênesis, capítulo 3.

O espírito cuja inteligência funciona através do processo racional faz uma análise da percepção e toma uma decisão fundamentada nos seus conceitos de “certos” e “errados”. Mas, como já vimos no último texto, estes conceitos são diferentes entre todos os seres porque constituem a individualidade de cada um. No instinto isso não acontece: o espírito percebe e busca o que já está programado como reação àquela percepção e age, sem se preocupar em satisfazer padrões.

Esta é a diferença entre uma coisa e outra, pois, no fundo, todos os dois são processos da inteligência. Isto porque, na verdade a inteligência é apenas a capacidade de perceber e armazenar informações. Tanto a questão de buscar a ordem direta ou de analisar as percepções, são apenas processos utilizados pela inteligência entre o perceber e o armazenamento das informações recebidas.

074. Pode estabelecer-se uma linha de separação entre o instinto e a inteligência, isto é, precisar onde um acaba e começa o outro? Na verdade não se trata de estabelecer uma linha de separação entre o instinto e a inteligência, mas entre a utilização do processo instintivo e o racional, já que os dois (instinto e razão) são processos utilizados pela inteligência.

Não, porque muitas vezes se confundem. Mas, muito bem se podem distinguir os atos que decorrem do instinto dos que são da inteligência.

Ordinariamente não se consegue perceber no ser humanizado a ação do instinto e da razão. Isso porque todo processo de funcionamento de uma inteligência acontece no que chamamos de subconsciente e por isso é inconsciente.

Mas, como diz o Espírito da Verdade, é possível se distinguir os atos que decorrem do funcionamento da razão por causa de dois atributos que existem em todos os processos racionais. Estes atributos serão analisados logo, na pergunta 0075a.

075. É acertado dizer-se que as faculdades instintivas diminuem à medida que crescem as intelectuais? Não; o instinto existe sempre, mas o homem o despreza. O instinto também pode conduzir ao bem. Este quase sempre nos guia e algumas vezes com mais segurança do que a ração. Nunca se transvia.

Fica bem claro que seguir o instinto é muito mais “inteligente” do que seguir a razão, porque esta se transvia.

A razão é transviada: afirma o Espírito da Verdade. Para entender porque ela é assim, pergunto: de onde nasce a sua razão, a sua lógica racional?

Participante: Do eu sei.

Isso; a sua razão nasce da sua cultura, do seu saber. Quanto mais você souber mais racional será, pois mais verdades existirão na memória para serem utilizadas no processo raciocínio.

É por causa desta Realidade que Cristo ensina: louvado seja Deus, que mostra aos simples (aqueles que são instintivos) o que esconde dos sábios (aqueles que são racionais).

Participante: Mas, se é melhor a gente se guiar só pelo instinto, porque saímos da fase animal, onde éramos essencialmente instintivos e nos tornamos racionais. Era melhor temos ficado como bicho...

Mas, se você, o espírito, vivesse apenas instintivamente, ou seja, utilizando-se do processo instinto, não teria a oportunidade de provar que é capaz de vencer as tentações: as suas vontades... Se permanecesse encarnado utilizando-se apenas do instinto, você não conseguira fazer a provação necessária para a elevação espiritual.

O espírito deixa de usar o instinto e passa a usar a razão não por evolução, mas sim como provação. O ser racional não é melhor do que o instintivo, muito pelo contrário, como já iremos ver.

Viver o processo racional é importante para a inteligência (espírito) realizar a elevação espiritual.

Participante: Mas, se raciocinar é prova e raciocinamos a cada segundo, posso dizer que é muita prova...

Não é muita prova, não... Isso porque na verdade só existe uma provação: você conseguir provar que se guiará por Deus, mesmo que a razão transviada lhe diga coisas diferentes...

Não importa o que está acontecendo, ou seja, o que a razão lhe diga que está acontecendo, a provação da inteligência encarnada é sempre escolher entre manter-se fiel ao Pai ou ao processo racional que determina os valores de “certo” e “errado”, “bonito” ou “feio”...

Participante: Mas, se nosso futuro espiritual depende desta questão, como saber o que é instinto e o que é razão?

A opção instintiva estará sempre presente, mas muitas vezes ela será mascarada pela razão. Esta, como sempre apresenta justificativas para o que é feito, é fácil de detectar. Sendo assim, se houver uma justificativa para o que você acha das coisas, houve uma ação racional: a vivência de uma Causa Primária com intencionalidade individualista.

Por esta rápida visão, você pode entender o que é ação racional: aquela que é vivenciada com uma intencionalidade, com um saber, conhecer, entender. É desta que você precisa fugir, é desta razão que você precisa libertar-se para viver em comunhão com a Razão de Deus...

Além do mais, a utilização do processo racional também se caracteriza por uma escolha, uma definição entre dois pólos de alguma coisa. Portanto, sempre que houver possibilidade de escolha entre diversas posições numa questão, prefira não escolher.

Quer um exemplo? Alguém lhe pergunta: “você vai lá em casa hoje?” Nesta pergunta existe a possibilidade de se escolher entre dizer que sim ou não.

Para esta escolha você utilizará a razão: analisará os seus compromissos, a sua vontade, etc. Por isso lhe digo: não escolha nada. Responda apenas: “se Deus quiser...” Agindo assim estará entregando o controle da situação futura ao Pai, ou seja, escolhendo esperar o comando de Deus através do “faça-se”, o que é a marca dos seres instintivos.

O ser evoluído declara-se incapaz de decidir o futuro porque reconhece que a ação, mesmo que falseada pela razão por justificativas, nasce do “faça-se” de Deus e não da vontade de cada um. Com isto, este ser evita para si um grande problema: o sofrimento.

Se ele se guia pela razão, ou seja, fica convicto que irá ou não, e acontece diferente do que ele previu, não há razão para sofrimento. Agora, se ele se apega às conclusões do processo racional, sofrerá se a intenção não for contentada.

Participante: Quer dizer que a gente fica se amofinando de véspera à toa?

Agora que descobriu isso? Será que até agora não tinha percebido que você sofre porque deseja alguma coisa e, na maioria das vezes, sua vontade não é satisfeita?

Pare de querer saber o que irá acontecer amanhã. Ao invés disso, tenha a plena convicção do que se sucederá amanhã: o que Deus quiser...

Quem tem Deus no coração não fica querendo saber o que acontecerá amanhã, porque tem fé... Só quem não a tem é que estabelece prioridades, certezas para o futuro. Isso porque o ser que tem fé sabe que poderá acontecer tudo diferente do que previu e sabe mais ainda: poderá sofrer.

Quem tem fé e almeja viver na glória de Deus declara-se incapaz de prever o futuro para não correr o risco de sofrer...

075a. Porque nem sempre é guia infalível a razão? Seria infalível, se não fosse falseada pela má educação, pelo orgulho e pelo egoísmo. O instinto não raciocina; a razão permite a escolha e dá ao homem o livre arbítrio.

A razão humana é mal educada porque ela é formada por valores humanos e não espirituais.

Por mais que um ser diga-se espírita ou espiritualista, ele vive a sua existência com verdades, anseios e esperanças ditadas pelos padrões humanos. Mesmo que externamente afirme que busca aproveitar a encarnação para se elevar espiritualmente, os valores humanos que estão presentes na memória das inteligências (espíritos) racionais constituem-se numa má educação, porque humanizam o ser universal.

Quer um exemplo? É prova de má educação de um ser universal acreditar que o médico ou o remédio lhe dará a cura para uma doença – porque atribui a causa da saúde a um valor material. É fruto de uma má educação querer, esperar ou precisar da saúde para ser feliz. Aquele que vivencia estas realidades é um ser mal educado, espiritualmente falando, porque depende de valores humanos (saúde) para ser feliz ao invés de viver a felicidade eterna de estar na glória de Deus.

O que falseia a razão é a má educação do ser humanizado que acredita que é importante para a auto realização ser doutor, estudar, elevar-se socialmente. É prova de má educação espiritual achar que é importante se ter resultados (conquistas) humanas para poder encontrar resultados nesta vida...

Esta é uma má educação porque, por causa dela, aqueles que não conseguem atingir os resultados são tratados como seres de segunda categoria, como pessoas que não realizaram nada. Com isso, o amor igualitário entre todos ensinado por Cristo acaba. Eu pergunto: e a realização espiritual (ser feliz incondicionalmente), onde fica?

Se lembrem de Cristo: o primeiro no reino da Terra – pelos padrões humanos, aquele que consegue realizar as aspirações humanas – será o último no Reino dos Céus. Será que realmente é importante ter sucesso nesta vida?

A educação humana que lhe diz que você é mulher ou homem é uma má educação, pois o espírito não tem sexo, cor ou raça. Aliás: ele não possui nada que o diferencie do próximo porque o Universo é uno e tudo é obra de Deus que jamais poderia criar coisas diferentes. Acreditar na dualidade e atribuir valores diferentes às coisas é, portanto, fruto de uma má educação do espírito humanizado.

Esta é a má educação que não deixa o ser humanizado usar a razão no sentido espiritual Toda a razão e, por conseguinte, a lógica dos espíritos encarnados, está falseada porque é baseada em valores materiais. Por isso, quem vive com estes valores como reais e verdadeiros é um mal educado, pois foi educado para ser humano e não espiritual.

 Participante: A razão é tendenciosa...

É mais do que tendenciosa: ela é egoísta e orgulhosa...

A razão humana é egoísta porque sempre pensa primariamente em si mesmo, quer sempre levar vantagem. Mesmo quando aparentemente cede direitos ao próximo, só faz isso quando leva alguma vantagem: acha certo ceder, quer ceder.

Ela é orgulhosa porque sente prazer em si mesma, porque louva a sua existência. O orgulho da razão humana é existir e, por causa desta característica o homem (inteligência que vive o processo racional) se considera o ser superior do planeta.

Estes são os motivos que levam a razão humana a ser tendenciosa: estar sempre buscando tirar vantagens e se considera superior às demais inteligências do Universo.

Toda a razão do ser humanizado está sempre baseada em que ele sabe, ele é. As demais inteligências, mesmo as outras humanas, para um ser humanizado, não prestam, não sabem, estão sempre erradas. Por isso, toda vez que um ser humanizado raciocina logicamente a partir da sua má educação, além de ser mal educado, é individualista e orgulhoso de si mesmo.

A razão é individualista e orgulhosa. Ela pede justiça, mas quer que esta seja favorável a ela mesma, que atenda os seus quesitos de justos. Ela pede amor, exige que os outros lhe ame e respeite, mas não quer respeitar os outros, as individualidades do próximo.

A lógica humana é falsa, pois ela é baseada nestas duas premissas: nos valores humanos e no amor a si mesmo acima de todas as coisas. Os seres humanos são transviados, espiritualmente falando, porque a realidade que vivem é totalmente modificada pelo raciocínio para satisfazer os desejos e anseios humanos, ao individualismo e ao amor a si mesmo.

Mas o Espírito da Verdade vai mais longe: “a razão permite a escolha e dá ao homem o livre arbítrio”. Vamos entender isso porque a questão do livre arbítrio é muito mal compreendida entre os humanos orgulhosos.

Se o raciocínio é multifacetado, múltiplo e dual, e, por isso, mal educado e orgulhoso de si, para que você, o espírito, raciocina? Por que o espírito vive uma fase racional e não permanece sempre instintivo como me perguntaram antes? Para descobrir isso e poder, aí, lutar contar o raciocínio.

Aí está o livre arbítrio do espírito. Se você veio à carne para fazer uma reforma, esta precisa ser realizada com a utilização de um livre arbítrio: exercer livremente a escolha entre você mesmo e Deus.

A cada acontecimento da vida surge uma verdade e realidade criada pela razão. Cada vez que isso acontece, está sendo proposto ao espírito que opte entre duas posições: você se prenderá a esta conclusão que o raciocino está lhe dando que nada mais é do que fruto da sua má educação e individualismo ou vai abandonar tudo isso e se entregar a Deus?

NOTA:

Esta afirmação pode ser mais bem entendida se observarmos a pergunta 0851 de “O Livro dos Espíritos”:

“0851. Haverá fatalidade nos acontecimentos da vida, conforme ao sentido que se dá a este vocábulo? Quer dizer: todos os acontecimentos são predeterminados? E, neste caso, que vem a ser do livre arbítrio? A fatalidade existe unicamente pela escolha que o Espírito faz, ao encarnar, desta ou daquela prova para sofrer. Escolhendo-a, instituiu para si uma espécie de destino, que é a conseqüência mesma da posição em que vem a achar-se colocado. Falo das provas físicas, pois pelo que toca às provas morais e às tentações, o Espírito, conservando o livre arbítrio quanto ao bem e o ao mal, é sempre senhor de ceder ou resistir”.

Neste caso, como bem foi entendido viver com e em Deus. O mal foi classificado como acreditar nas conclusões transviadas pela má educação, orgulho e egoísmo geradas pela razão.

Temos falado muito em reforma íntima, mas será que vocês sabem o que é isso? Reformar-se intimamente é aprender a raciocinar.

Reforma do íntimo é mudar a forma de raciocinar, de ver e compreender as coisas (pessoas, acontecimentos e objetos) do mundo. É não mais raciocinar a partir da má educação, do orgulho e do egoísmo, mas sim do amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Reformar-se é abandonar o individualismo. É lutar contra todos os raciocínios para retirar dele o seu egoísmo.

Mas, o que o leva ao egoísmo e caracteriza a má educação? As verdades presentes na memória humana. Portanto, o processo de reforma íntima é caracterizado pelo desapego dos conhecimentos materiais que são adquiridos na infância e juventude e da necessidade de que eles sejam satisfeitos e considerados certos. Isso é reforma íntima e é para isso que a inteligência (o espírito) vive o processo racional: para aprender a raciocinar de uma forma universal.

Raciocinar ou ter instinto, não faz diferença: o importante é aprender a empregar o raciocínio de uma forma universal. A razão, em si, é perfeita, pois ele é um sistema de funcionamento da inteligência. O problema é que o humanizado a usa de uma forma individualista ao invés de utilizá-la universalista; de uma forma materialista, ao invés de utilizá-lo espiritualistamente e a usa com a consciência amorosa voltada para si mesmo, ao invés de utilizá-la amando a Deus e ao próximo.

Simples, não?

Participante: Para fazer isso não devemos prestar atenção nos atos da vida, mas no que raciocinamos. Certo?

Isso. Para promover a reforma íntima é preciso estar fortemente atento às razões que são utilizadas para a criação das verdades e realidades e não atento ao mundo externo.

É por isso que Buda ensina no seu Nobre Caminho Óctuplo que é preciso ter “Atenção Plena Correta” para poder se ter a “Compreensão Correta” das coisas. Ou seja, o que ele propõe é que o ser humanizado tome consciência de que tudo o que imagina vivenciar é apenas o que ele acha, o que a razão diz estar acontecendo, mas que a Realidade é outra. Para formar esta consciência, Sidarta Gautama ensina que o ser humanizado deve estar sempre atento às suas próprias formações mentais para poder se desapegar delas.