2ª Conversa - Relações familiares e relações amorosas
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2ª Conversa - Relações familiares e relações amorosas

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2ª Conversa - Relações familiares e relações amorosas

Como manter a paz e a tranquilidade frente aos acontecimentos da vida? Esse é o mote desse estudo de Joaquim de Aruanda.

Áudio e texto. 

2ª Conversa - Relações familiares e relações amorosas

Um esclarecimento

Vamos falar sobre este tema, mas antes quero falar algo que ainda não tinha dito. Quando se combate em prol da paz, quanto mais específico for com relação a batalha que for travar, mais fácil é de vencer. Quanto mais especificamente puder detalhar um acontecimento da vida para ser enfrentado, mais facilmente obterá a vitória.

Por exemplo, neste momento me pedem para falar sobre as relações familiares. Esse é um tema abrangente porque família é algo muito abrangente. A questão família pode ser interpretada de diversas formas, sob diversos ângulos e aspectos. Pode ser diferenciada na questão de quem participa dela e em que aspecto da relação quer se analisar. Quando estas questões não são trazidas à luz antes da análise, fica mais difícil se conseguir dominar os inimigos.

Por isso, lhes oriento: na hora do dia a dia quando forem tentar guerrear pela sua paz, é preciso pormenorizar o acontecimento que está sendo alvo da análise. Se não fizer isso, o seu inimigo pode estar agindo de uma forma que você não esteja observando e com isso não estará enfrentando o verdadeiro perigo.

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Obrigações e compromissos familiares

Como disse no início, o tema está muito abrangente. Por isso precisamos começar definindo o que iremos falar sobre relações familiares.

É preciso que definamos o que vamos tratar como famílias, porque este assunto é muito complexo. Para alguns família remonta aos ancestrais, mesmo aqueles que não foram conhecidos, enquanto que outros não consideram aqueles que não tiveram contato como pertencente ao grupo familiar. Para outros, a família engloba tios, tias, primos, sobrinhos. Para outros estes elementos são só agregados e não membros do seio familiar.

Tanto um quanto o outro grupo para nós é prejudicial neste trabalho. Se considerarmos a família com muitos elementos, a estenderemos e com isso fica difícil se enfrentar os inimigos para se ter a paz. Para fazer este trabalho é preciso pormenorizar os acontecimentos.

Por isso, vou falar hoje da família como apenas o núcleo familiar: par, mãe e filhos. Este núcleo é que constitui para este nosso estudo uma família.

Vamos, então, falar das relações entre pais e filhos e vice versa, mas mesmo reduzindo como fizemos, ainda não vou poder entrar em detalhes, pois cada uma destas relações e cada momento delas precisa ser analisada separadamente para que se consiga vencer os inimigos da paz.

O que é uma família, o que é o núcleo familiar. Este é o primeiro ponto que você precisa pensar para poder manter-se em paz nas relações familiares. Será que são pessoas que se aproximam e criam uma família? É só olhar os conhecimentos trazidos pela biologia que verá que não é bem isso.

Me diga uma coisa: você pediu para nascer na família que nasceu? Tenho certeza que não. Você, pelo conhecimento científico, é o resultado do encontro de um espermatozoide determinado com um óvulo. Se fosse outro, não seria você que nasceria nesta família.

Por isso, para fins de se alcançar a paz, a primeira coisa que precisamos entender é que a família não é constituída por um vínculo material. As pessoas não escolheram fazer parte do núcleo familiar que fazem. Elas foram mais ou menos jogadas neste núcleo.

Ninguém pediu para nascer na família que nasceu, por isso o vínculo familiar, pelo aspecto humano, é algo fictício. Este é o primeiro elemento que você precisa trazer para a sua realidade para poder combater os inimigos da paz quando eles se utilizarem da posse, da paixão, dos desejos, das quatro âncoras e do individualismo durante as relações com os membros desta família.

Porque estou dizendo isso? Porque tem muita gente que imagina que deve – não vou falar favores – mas obrigações para os demais membros do núcleo familiar. Acha que deve satisfação, que tem compromissos com aquelas pessoa, mas o ser humano não tem compromisso nenhum com qualquer membro da sua família, porque não escolheu nascer lá.

A sua família foi constituída, mesmo humanamente falando, a partir de acasos, se eles houvessem. Porque, então, você teria obrigações ou compromissos com essas pessoas?

Compreender isso é importante porque a maioria das perturbações nas relações familiares surgem justamente porque vocês acham que têm responsabilidades, compromissos e obrigações com os demais membros deste núcleo. Este é o primeiro aspecto que quero abordar.

Vocês sabem, por exemplo porque uma pessoa cobra que uma mãe seja mais carinhosa? Porque ela acha que toda mãe tem obrigação de dar carinho e não tem. Sabem porque uma mãe sofre por causa de um filho ou filha? Porque acha que eles têm obrigações com ela e não têm.

Se você mantém a ideia deste núcleo familiar como uma relação onde há responsabilidades, obrigações e compromissos, não terá paz. Porque? Porque a mesma coisa que quer obrigar o outro a ter, você não tem. Mais: vai se obrigar a algumas coisas que não quer dar ou fazer.

Toda guerra – e volto a repetir que estou falando a nível humano - entre membros familiares surge porque as pessoas imaginam que por constituírem um núcleo familiar têm obrigações. Digo isso porque o individualismo de cada ser humano se aproveita disso e não faz o que o outro quer. Surge da ideia que possui de que os membros da família são obrigados a agir do jeito que você quer.

Esse é o primeiro aspecto. Portanto, se você sofre numa relação familiar, se perde a sua paz por causa de uma relação neste núcleo, é preciso que fale para si mesmo: ‘eu não tenho obrigação com este núcleo e nem ele tem comigo. Se a minha mãe me dá carinho, ótimo; se ela não faz isso, eu não posso exigir, em nome da maternidade, que ela me dê. Se a minha mãe é uma pessoa ditatorial, eu não posso, em nome dos conceitos do núcleo familiar, exigir que ela seja diferente’.

Aprender a viver em paz com os outros é aprender a se harmonizar com eles. Essa harmonia, como já conversamos, surge quando você mata dentro de si alguma coisa e não através da mudança dos outros.

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Vida familiar do espiritualista

Há mais um detalhe que queria falar neste momento. Ele é específico para os espiritualistas.

Deixe-me dizer uma coisa: tudo na vida tem um custo. Na vida, em tudo, é preciso que você faça alguma coisa em troca de outra. Isso é algo que tenho repetido e agora vou falar novamente.

Todos que estão aqui dizem – e se não dissessem não estariam – que estão buscando o espiritualismo, a espiritualidade, a elevação espiritual. Essa busca tem um custo. Qual é? Viver de acordo com o padrão de quem busca a felicidade, a elevação espiritual, a espiritualidade.

O que mais se vê hoje, e o que mais se viu sempre, são espiritualistas que leem, ouvem, assistem filmes, com informações sobre o trabalho do espiritualismo e quando acabam de entrar em contato com aquela informação viram para o lado e continuam vivendo do mesmo jeito. Isso não dá certo.

Como Cristo ensinou, não se serve dois senhores ao mesmo tempo. Não há como você querer viver na roda espiritualista e depois querer viver a vida material como aqueles que não fazem esta busca. Tudo o que se ensina a partir da visão espiritualista deve passar a fazer parte do dia do espiritualista. Deve passar a fazer parte da compreensão que ele tem sobre as coisas deste mundo.

Ah, esqueci, vocês têm uma boa desculpa para isso: a mente não faz. Só que ela nunca fará; é preciso que você faça. A mente sabe das informações que vocês já receberam, mas elas não as usará nos acontecimentos da vida. É preciso que você a lembre constantemente disso.

Estou falando isso porque é exatamente esta falta do colocar em prática o que foi aprendido, de mudar a compreensão das coisas da vida, que leva as pessoas espiritualistas a terem problemas com relações familiares. São pessoas que dizem que estão buscando a elevação espiritual, mas querem viver a vida do núcleo familiar pelos valores humanos e não se atentam a nenhuma das informações do mundo espiritual neste momento.

Aquele que sabe que era antes de ser, aquele que antes de encarnar era um espírito e que veio para esta vida para fazer provas, não tem como viver as relações de um núcleo familiar da mesma forma que vive aquele que não sabe disso. Quem sabe que era antes de ser, sabe que está em provas e que todos os seus companheiros diretos de jornada estão ali para lhe proporcionar a oportunidade de fazê-las.

Aplique agora esta visão que foi ensinada pelos mestres ao seu núcleo familiar. Se fizer isso, descobre que as pessoas com as quais se relaciona dentro deste núcleo são companheiros de encarnação e não pai, mãe ou irmão. Saberá que ele está ali para exercer uma atividade, que é uma missão, para através dela lhe gerar a oportunidade de gerar as suas provações.

Veja como as coisas mudaram. Não é a sua mãe que não lhe dá carinho ou que é autoritária. É um espírito que é desse jeito para que cale em si mesmo o seu individualismo, aquilo que quer que ela seja ou faça.

É isso que você precisa conversar com sua mente na hora que ela vem e lhe diz que não tem paz porque a sua mãe é do jeito que é, porque ela não lhe dá paz. Você precisa dizer a ela que a sua mãe não está ali para lhe dar a paz, mas para trazer a espada para que você mate dentro de si algo e com isso possa conquistar a elevação espiritual.

Precisa dizer à sua mente que aquela pessoa com a qual se relaciona no núcleo familiar é um espírito em missão que está provocando em você uma determinada posse, paixão e desejo, para que possa fazer o seu trabalho de reforma. É isso que eu diria que está faltando na maioria de todos os conflitos que vivem: colocar a verdade espiritual, já que diz que acredita nela.

Vocês passam o dia inteiro lendo sobre despossuir, sobre o mundo terrestre ser uma fantasia criada pelos seus cinco agregados, mas chega na hora que um membro do seu núcleo familiar briga, você faz beicinho.

Você reclama dessas pessoas. Onde, então, foi parar a sua ideia de despossuir? Onde foi parar a sua ideia de que este mundo é maya?

Este é o trabalho pela paz. Primeiramente trata-se de observar dentro dos seus pensamentos a presença da posse, o desejo de controlar a todos e a tudo, a paixão, as coisas que gosta e não gosta, e os desejos, a vontade de que o mundo seja de acordo com suas verdades. Depois disso deve argumentar com a mente que você acredita que deve silenciar essas coisas dentro de si mesmo. Como fazer isso? Usando os diversos argumentos que aprendeu nos livros.

Os ensinamentos são muitos porque para cada caso, para cada situação específica da sua vida, é necessário haver argumentos diferentes. Apesar disso, a certeza de que é espírito e está buscando aproveitar esta vida para a promoção da elevação espiritual, é um argumento que vale para todos os momentos, seja em família, amizade, trabalho ou qualquer outro do mundo humano.

Quando a mente cria as suas realidades e os argumentos, é a hora que deve usar aquilo que diz que acredita, que diz que é muito bonita. Sim, os ensinamentos são bonitos, mas se eles não chegam à prática da vida, se não chegam onde devem chegar, se não atacam o que devem atacar, de que adianta tê-los?

É isso que é o trabalho da paz e será o que faremos nesta série de conversas. Conversaremos dando motivo para que você possa conversar com a sua mente e possa, assim, libertar-se da posse, da paixão, do desejo, do individualismo e das quatro âncoras.

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O incômodo causado pela ação do outro

Participante: quem propôs o tema fui eu. O que queria era falar sobre os limites da relação entre os membros de uma família. Embora eu saiba que tudo é Deus, ou melhor, procuro saber, no meu caso as fronteiras da relação são um tanto frágeis no sentido de que, por exemplo, uma mãe acredita que tem e deve ter controle sobre todos os membros da família. Isso me incomoda bastante e creio que as minhas maiores provas estejam relacionadas a este tema. Não consigo ficar em paz quando isso acontece. Sinto-me presa emocionalmente.

O incômodo é exatamente o detalhamento que estava falando. Isso porque este incômodo vai lhe mostrar a sua posse.

O que lhe incomoda? A sua mãe querer estabelecer limites para todos, não só para você. Está certo, isso lhe incomoda, mas porque faz isso? Porque acha que ela não deveria ser assim.

Ora, você acabou de achar o seu inimigo. O soldado que lhe tira a paz é a sua paixão e a posse pela forma contrária a que sua mãe age. É aí que precisa trabalhar. É a isso que precisa responder.

Como fazer isso? Primeiro sabendo que não é a sua mãe que quer ser assim. Não é ela que escolheu ser assim. Ela é desse jeito porque o núcleo familiar ao qual pertence precisa dessa prova. Porque? Porque os seus membros são espíritos que têm essa possessão dentro de si.

O caminho é sempre esse: encontrar o que lhe incomoda, o que lhe tira a paz. Para que? Para encontrar o que queria. Para que? Para usar argumentos que destruam aquela pretensão.

A sua mãe, para você que é espiritualista, deve ter todo o direito de ser do jeito que é, porque você acredita em encarnação, em provas e, como está na pergunta 132 de O Livros dos espíritos, acredita que um espírito toma um corpo para aqui, sob as ordens de Deus, contribuir para a obra geral.

Por causa dessa crença, você tem que dar a ele todo o direito de ser do jeito que é. Mais: você deve entender que ela tem obrigação de ser assim. Se ela não fosse, você não teria a oportunidade de libertar-se dessa paixão, posse e desejo. Não se libertaria do seu individualismo.

É esse o trabalho que precisa ter com a mente. É essa discussão que lhe leva a paz. É por causa dela que o nome desta conversa é ser um guerreiro da paz.

Aquele que quer viver em paz precisa guerrear com a mente. Não para derrota-la, não pra matá-la, porque isso é impossível, mas para vencer batalhas. Essa guerra é exatamente o que estamos conversando: expor a si mesmo a realidade do mundo e conversar com a mente para retirar a paixão, a posse, o desejo, o individualismo que está presente nas formações mentais.

É isso que você precisa fazer. Agora, não pense que por causa dessa sua disposição para lutar essas batalhas conseguirá silenciar a mente para sempre. Tenha a certeza que amanhã ela voltará ao ataque, novamente usará os soldados do inimigo da paz. Neste momento há uma nova batalha a ser vivida. É uma nova hora onde deve silenciar o que a mente diz com este ou com outro argumento.

Este é o trabalho pela paz. Ter paz dá trabalho. Estar em paz é resultado do fruto de um trabalho. É isso que vocês precisam entender. Portanto, é sempre necessário encontrar argumentos que destruam aqueles que estão sendo usados para lhe causar incômodo.

No seu caso específico, a mente está usando o argumento que ela não devia ser do jeito que é. Para combate-lo é preciso que você diga a ela que sua mãe deveria, que tem todo o direito e obrigação de ser, porque se não fosse assim, você não teria a sua prova.

É desta forma que você precisa lutar para poder alcançar a sua paz.

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Traumas

Participante: A resposta é tão clara e tão simples: a gente só precisa amar. Mas, no momento do embate e mesmo depois dele, os ensinamentos parecem evaporar. Não sei o que o senhor acha, mas creio que no meu caso há mágoas aparentemente bobas carregadas desde a primeira infância, enraizadas e escondidas atrás do general e do tenente deste exército que luta contra a paz. São armas da mente. A resposta é sempre amar, mas como amar sempre?

A resposta não é amar. Como já disse diversas vezes. Vocês não sabem amar, não sabem o que é amar.

Apesar disso, tenho a certeza que sabe o que é não amor. Então, ao invés de buscar amar, combata o não amar. Quando fizer isso o amor surgirá espontaneamente.

Você me diz que a resposta é amar, mas é impossível ao ser humano amar de verdade. Por isso é impossível que você ame a sua mãe, pois não sabe o que é o amor.

Sendo assim, tem que combater o que não é amor no relacionamento com ela. É sobre isso que estamos falando.

Para amá-la tem que destruir tudo que é não amor dentro de você com relação a ela. Não uma destruição eterna, mas a cada batalha.

Segundo detalhe. Você fala em traumas. Este é um ponto fundamental na busca da paz. O trauma não está escondido atrás do general nem do tente, mas é a arma que eles usam contra a sua paz.

Eles dizem assim: veja o que ela já fez. Repare no quanto lhe custou a forma dela agir. Veja tudo de mal que ela já lhe causou. Os traumas são, portanto, uma arma que eles usam para que você entre em conluio com eles. Para que aceite a ideia de que ela está errada, que deve se mudar, que tudo está errado.

Esses traumas ou informações de coisas que passaram existem exatamente para lhe dar razões para que aceite a perda da paz. Quem nunca passou por determinadas situações com uma pessoa no passado e hoje, quando a situação está ficando boa e parece que todo o passado foi apagado, que tudo foi esquecido, vem a mente e traz tudo de volta acabando com a paz e a tranquilidade daquele momento?

Isso acontece exatamente porque o trabalho da mente é lhe propor algo que faça com que perca a paz. Ela consegue isso quando você se prende aos traumas, a lembrança de acontecimentos passados, que ela lhe dá hoje.

Como disse, ninguém lhe rouba a paz; é você que as perde. As perde porque aceita os argumentos que a mente gera.

Portanto, não se preocupe com a questão dos traumas. Saiba que eles são criações mentais para lhe roubar a paz. Até porque, neste período de convivência com ela, certamente você também a feriu e deixou marcas indeléveis. Além disso, você já estudou, já recebeu a informação de que o passado já passou, não existe mais. Esse é um grande argumento que pode usar quando a sua mente usar a questão dos traumas de acontecimentos passados.

Tem outro, quer? Quando ela vier lhe mostrando o que perdeu no passado por conta da ação de sua mãe, diga: ‘não sei se perdi alguma coisa. Eu estou em busca da elevação espiritual, de viver feliz realmente, por isso não quero ganhar nada. Se não quero ganhar nada, nada tenho e dessa forma nada posso perder’.

Veja nesta ação mental, que acontece com muitas pessoas em muitos casos, as quatro âncoras agindo: a vontade de ganhar e o medo de perder. Como você sabe que apegar-se a elas não lhe deixa chegar à felicidade, reconheça que a sua mente as está usando e não aceite o que ela diz a partir desta utilização.

São estas coisas que você precisa ver, mas para fazer isso precisa sair do personagem, ou seja, precisa se separar em dois, alcançar a dupla personalidade. Só fazendo isso pode saber que tudo o que a mente cria pertence ao personagem humano que hoje está ligado.

Quando você se separa em dois pode compreender uma coisa: os argumentos que a mente usa para lhe roubar a paz pertencem à sua natureza humana. Todos os traumas que imagina possui não são seus, mas da sua natureza humana. E, como Paulo diz, seguir a natureza humana é ir contra Deus.

Porque o apóstolo fala isso? Porque a natureza humana é contrária à natureza de Deus.

Assumir a dupla personalidade: esse é o trabalho fundamental que precisa ser feito antes de se jogar na batalha pela paz. Você só vai conseguir se libertar dos seus inimigos na hora que separar o você humano do espiritual. Não tem como fazer este trabalho sem isso.

Porque não dá para fazer nada sem esta separação? Porque na pergunta que você me fez estavam presentes a vontade de ganhar e o medo de perder, a vontade do prazer e o medo do desprazer, a vontade da fama e o mesmo da infâmia, a vontade do elogio e o medo da crítica embutido e você não vê essas coisas lá. Imagina que seu raciocínio foi perfeito.

Porque não vê a presença das quatro âncoras no seu pensamento? Porque ainda acha que tudo o que a sua mente lhe diz aconteceu com você, que tudo aquilo pertence a você, o espírito. Como não separou o que é humano do que é espiritual, a mente usa do argumento que tudo aquilo aconteceu com você e lhe incita a reagir agora para não acontecer novamente.

Então, é preciso o trabalho de separar-se da natureza humana, senão a mente usará armas, que você chamou de traumas, lembranças de coisas que passaram, para fazer com que perca a sua paz.

Participante: como lidar com os filhos frente a dificuldade de lidar com a separação dos pais?

Não há como lidar com isso.

Deixe-me dizer uma coisa. Traumas precisam ser criados. Foi o que disse a quem me falou dos traumas que agem nos momentos da vida.

Por que os traumas precisam ser criados? Para que num determinado momento cada um tenha a sua prova e ela será gerada a partir do trauma.

Por isso não há muito como lidar com os filhos nessa hora. O que é preciso saber é que se os pais se separaram e se esse evento de alguma forma traumatizou os filhos – com certeza a grande maioria destes eventos causam traumas – isso foi necessário para que estes espíritos, no futuro, tenham as suas provas.

Sendo assim, eu diria que em atos, se vive essa situação, tentasse suprir as carências deles, ao invés de querer acabar com os traumas deles. Supra carências e deixe cada um ter seus traumas, porque jamais conseguirá acabar com eles.

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Obrigação

Participante: meu pai passou para os meus irmãos a ideia de que por ter sido o mais bem sucedido entre eles tenho a obrigação de ajuda-los financeiramente. O que posso fazer para me harmonizar com eles se temos um negócio em comum e a ideia transferida para eles é irrevogável?

Primeira coisa que tem que fazer para estar em paz: não culpar seu pai de nada.

Veja que você está jogando uma culpa no seu pai que ele não tem. Como disse ele é um espírito gerando suas provas. Portanto, não fez nada errado. Ele gerou a sua prova. Este é o primeiro detalhe.

Segundo: não se sinta obrigado a nada. Não é porque o seu pai disse que é o responsável por eles ou porque eles acham isso, que você seja o responsável, que você seja obrigado a assumir essa responsabilidade.

Dar ajuda, prestar a ajuda a eles ou não, isso é ato, é material, isso pouco importa aqui. O importante é estar em paz com qualquer ação que aconteça.

Se você se sente obrigado quando dá está cumprindo uma obrigação. Por isso, não tem paz, pois tudo que se faz obrigatoriamente não traz esta sensação. Se não dá, se cobrará, porque eles acham e seu pai disse que era obrigado.

Portanto, o problema não é dar ou não o auxílio, mas sim como você vive o dar ou não. Pelo que vejo, a sua vivência tem sido sem paz. Você só conseguirá acabar com esta vivência quando eliminar de dentro de si mesmo a obrigação que acha que tem.

‘Ah, Joaquim, se eu não ajudar eles podem passar necessidade’. E daí? Isso faz parte da vida; uns passam necessidade e outros não. Por causa disso lhe afirmo: você pode ajudar, mas não pode achar que deve, mesmo que ao fazer isso os leve a passar necessidades.

Sendo assim, o seu trabalho tem que ser no sentido de parar de culpar o seu pai e achar que seus irmãos são assim porque o seu pai disse qualquer coisa. Não, tudo isso foi montado para a sua provação. Qual é ela? A questão da obrigação, do sentir-se obrigado.

Você não é obrigado a nada. Aliás, nada neste mundo é universal, ou seja, nada é sempre obrigatório e por isso terá que acontecer sempre.

Portanto, esqueça a questão da obrigação e viva a vida que tiver. Quando ajudar, ajudou, quando não ajudar, não ajudou. Neste momento terá paz.

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A atitude do outro

Participante: se não gosto de atitudes de minha mãe, pai, sogro ou sogra é porque elas são necessárias acontecer comigo para saber amá-los? Só o fato de me manter neutro não deixando a atitude deles atingir meu coração estou amando?

 Se você não gosta de uma atitude de seus familiares, é porque ainda acha que eles deveriam ter outra.

Veja, se eu tenho uma mãe dominadora e não gosto das atitudes dela de dominar é sinal de que queria que ela não dominasse. A ação de alguém só nos causará alguma coisa se formos contrários a ela.

Por isso, não gostar do que qualquer pessoa faça é sinal de que quer que ela seja diferente. O que é isso? Individualismo. O que é isso? Possessão, você quer dominar os outros.

Para esta forma de ser temos uma saída muito interessante. Vou falar dela.

Vocês acreditam que todos os seres humanos possuem o livre arbítrio. Mais: que esse livre arbítrio é concedido por Deus. O que quer dizer ter o livre arbítrio? É ter a liberdade de escolha, de opção.

Quando você diz que alguém está agindo errado, está querendo castrar o livre arbítrio dele. Veja, Deus deu a ele a liberdade de ser, estar e fazer, mas você quer castrá-lo. Quer que ele aja do jeito que quer. Acha que isso é uma atitude amorosa?

‘Ah, mas Joaquim, se fizer do meu jeito será melhor para ele’. Tem certeza de você possui a capacidade de dizer o que é melhor para os outros? Isso para mim não é amor, mas prepotência. Cada um gosta de uma coisa. Como você pode imaginar que tem o poder de dizer o que é melhor para o outro?

Então, não importa qual seja a atitude, ela é fruto de um livre arbítrio – estou falando pelo lado humano, se for pelo espiritual é fruto de uma programação de vida do espírito – e você precisa dizer isso para si mesmo quando os inimigos vierem atacar a sua paz acusando os outros de terem feito errado. Precisa dizer a si mesmo: ‘ora bolas, eles têm o livre arbítrio, têm o direito de fazer, ser e estarem do jeito que quiserem. Quem sou eu para julgar a livre opção de cada um’?

São esses argumentos, essa conversa que é preciso ter com a mente para se conseguir a paz.

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Libertar-se dos ensinamentos

Participante: o sofrimento vivenciado em relações familiares é proposto pela mente. Você disse que para nos libertarmos desse sofrimento é fundamental sabermos que ele ocorre porque acreditamos nos pensamentos e que devemos estar consciente de sermos espíritos.

Antes que você continue a sua pergunta ...

Não é porque acredite no pensamento, mas porque você acredita no enredo dele. ou seja, se o pensamento diz que algo está errado, não que acredite que aquilo está errado, mas porque acredita que possa existir alguma coisa errada. É isso que digo.

Participante: continuando. Devemos estar conscientes de que somos espíritos, que a vida humana é passageira, que encarnamos para fazer provas, que existe um Deus que é Amor Sublime, Justiça Perfeita e Causa Primária de todas as coisas, etc. Contudo, usando esse método de me libertar de pensamentos também me ocorre às vezes que preciso me libertar dessas ideias espiritualistas que me sustentam na busca espiritual. Pode não existir Deus, vida após a morte, coisa nenhuma. É como se o método de libertação pudesse destruir a si próprio.

Sim, mas não só isso.

Saiba que todo argumento que um dia usar contra a mente, futuramente será usado contra você. O que estou querendo dizer é que a mente sempre transformará o que você ouvir e falar numa verdade. Para que? Para dar mais força de real a uma ideia.

Então, sim, um dia terá que se libertar também dos argumentos que está usando agora, mas, por favor, vamos caminhar devagar. Se hoje conseguir se relacionar com seu pai, sua mãe e seus irmãos de uma forma harmônica usando esses argumentos, alguma coisa já melhorou. Deixe para depois os questionamentos a respeito dos argumentos que utiliza agora.

Vamos com calma. Você tem sete mil anos para retirar tudo o que falou.

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Relações com os filhos

Participante: por mais que tenhamos este conhecimento, quando se trata de filho é muito mais difícil. Não deixamos de cobrar deles como de nós mesmos. Temos que estar sempre atentos. Assim acabamos por não deixa fluir a vida naturalmente com espontaneidade.

Não, o problema não quando você tem filhos. O problema é quando você se torna mãe.

Esse é que é o problema. Quando isso acontecer, não conseguirá se sentir diferente de todas as mães. Irá querer ter toda atenção e dedicação que todas elas têm, porque se considera uma.

É este trabalho que precisa começar a fazer: o de não ser mãe. Precisa compreender que você foi apenas uma parideira, apenas colocou aquela massa no mundo. Apesar disso, aquilo não é seu filho e você não é mãe.

Como disse antes, não dá para servir dois senhores ao mesmo tempo; não dá para querer ser espiritualista, querer a elevação espiritual, a felicidade e a paz e ao mesmo tempo querer ser mãe. Sempre uma coisa entrará em combate com a outra.

Portanto, o trabalho para se ter a paz nesse caso específico é trabalhar a sua postura frente a vida. Você ainda está deixando a sua natureza humana, ou seja, o fato de achar que é mãe, que gerou, que deu a vida e por isso é obrigada a cuidar e criar, lhe dominar. Aí haverá conflito sempre, porque desde que o mundo é mundo, o filho é sempre um rebelde com relação aos pais.

Por isso, digo que o trabalho quando você está desempenhando o papel de mãe ou de pai ou de guardador, protetor, é se libertar dessa posição. É o que já disse: libertar-se da ideia da obrigação.

Para você, mãe é obrigada a fazer isso, aquilo e aquilo outro. Não, mãe não é obrigada a fazer nada. A vida fará.

Só mais um detalhe que você me lembrou. Um dia uma moça me disse: como faço para criar minha filha que é adolescente? Eu disse a ela: lembra tudo o que queria ter no tempo em que era adolescente e sua mãe não lhe deixava fazer? Pois então, deixe sua filha fazer hoje. Ela me respondeu: não posso, agora sou mãe.

Eu disse, então: esse é que é o problema. Quando era jovem brigava com sua mãe querendo algo que era o melhor para si. Hoje você é mãe e briga coma a sua filha castrando o que é melhor para ela. Faz isso buscando o que hoje é melhor para você.

Melhor para você sempre: não acha que isso é individualismo?

Participante: fale um pouco como viver em paz na relação com os filhos.

Aceitando que eles são seus filhos e não você. Aceitando que são personalidades diferentes da sua e que possuem desejos e vontades diferentes. E aceitando que você mesmo tendo dado luz, não é dona deles.

Aceitando que mesmo estando na posição de mãe eles não são seus, não são suas propriedades que faz o que quer. Respeitar o direito deles, respeitar o livre arbítrio deles.

Essa é a única forma que uma mãe pode ter paz com seus filhos. Todo momento que você cobrar alguma coisa deles, quem perderá a paz é você.

Participante: um filho menor que não quer ir mais para a escola. Como conviver em paz com isso?

Sabendo que esse é o futuro dele. Deixe ele não ir. Mas, mais do que isso: retire dele tudo que não terá porque não vai a escola?

Está disposta a fazer esse sacrifício ou irá tirá-lo da escola e lhe dará tudo de bom e bonito?

Participante: vou falar de uma experiência ocorrida comigo. Minha filha quis fazer uma tatuagem e de início fui contra. Depois raciocinei que era o corpo dela e seria de responsabilidade dela fazer isso. Só poderia apontar as consequências de tal atitude e que seria de inteira responsabilidade dela as consequências. Estou certo?

Sim. Você contra argumentou contra um argumento da sua mente. Este é o caminho.

Apesar de ter dito sim, não posso dizer que você está certo. O que fez não é certo nem errado, mas apenas um caminho que lhe trouxe a paz.

Tudo o que se faz não é certo nem errado, mas caminho para algum lugar. Se o que foi feito trouxe a paz, foi caminho para ela. Agora, pode ser que depois a mente venha a cobrar de outro jeito.

Pode ser que no futuro, por exemplo, sua filha tenha problemas em arranjar emprego por causa das tatuagens que fez. Pode ser que ela, então, lhe dê a culpa pelo que ela está passando. Este é outro momento onde deve agir.

Não aceite a culpa pelo que aconteceu. Como você mesmo disse, exerceu a sua função de pai alertando-a sobre as possíveis consequências daquele ato, mas mesmo assim ela quis fazer. Que culpa tem você?

Saiba que não existem soluções prontas. A cada momento da sua existência você tem que travar uma batalha para poder manter a paz. Em cada uma delas é preciso que tenha suas armas para lutar especificamente contra o acontecimento.

Eu conheço uma pessoa que foi contra o filho fazer tatuagens. Hoje ele tem três.

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Amar para ter paz

Participante: Mas, como controle minha mente para treinar a amar? Digo para mim mesmo que essa atitude dele ou dela é fruto do livre arbítrio deles. Essas atitudes não posso julgar se são certas ou erradas. É mais ou menos isso? Preciso criar frases para quebrar o primeiro pensamento que aparece. É difícil fazer isso. Parece que nunca amaremos.

Vocês estão preocupados em amar e acabei de dizer o que digo há dez anos: vocês nãos abem amar. Por isso, não queira amar ninguém.

Você não sabe amar. O amor que você conhece é egoísta. O que chama de amor é egoísmo, pois ele existe como, quando e porquê.

A busca da paz não é por aí. Ao invés de tentar amar, tente destruir dentro de si o que não é amor. Já dei esta resposta hoje.

Se você acha que ensinar alguma coisa a uma pessoa é amor, tenha a certeza de que não é. É egoísmo, é quere ser dono dela. Por isso, destrua esse desejo dentro de si. Se você quer que o outro faça o que quer, isso não é amor, mas autoritarismo. Portanto, destrua essa vontade dentro de si mesmo.

O caminho é esse. Já que não sabem amar, ao invés de se preocuparem em fazer isso, se ocupem em destruir tudo que não é amor.

Participante: ontem comecei a imaginar como posso amar a Deus e ao próximo se não sei exatamente o que é amar.

Eu já disse: retirando tudo o que sabe que não é amor. Se sabe que querer mandar nos outros, obriga-los a fazer alguma coisa não é amor, não os obrigue a isso.

Fazendo isso, estará amando.

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O caminho do respeito

Participante: um bom relacionamento familiar pode se encontrar no respeito entre os membros da família?

Pode se encontrar no respeito entre eles, mas para que haja esse respeito você não deve cobrá-lo de ninguém. Esse é que é o problema.

Vocês querem que haja uma harmonia formada a partir do respeito, mas querem exigir serem respeitado. Não, isso não leva a paz. Para consegui-la é preciso que cada um dos membros de um núcleo familiar trabalhe dentro de si mesmo o respeito aos outros e dar ao próximo o direito de, se quiser, não lhe respeitar.

Se você quer respeito a si, precisa respeitar o direito do outro não lhe respeitar. Ficou muito respeito na resposta? Mas, é isso mesmo. Para ter paz é preciso ter muito respeito pelos outros e não cobrar nenhum com você. Isso vale não só para relação familiar, mas também para qualquer relação.

Participante: não gosto e não convivo bem com pessoas que gritam e xingam. Tenho vivido essas situações a vida toda. Quando as pessoas começam a gritar, sinto bastante mal-estar. Como me livrar ou conviver com esse mal-estar que é gerado?

Você vive a vida inteira mal com pessoas que gritam e brigam e continuará a viver dessa forma. Porque? Porque não quer que ninguém aja assim. Só que como estamos dentro do assunto vou usar alguns argumentos que já usei.

As pessoas gritarem e xingarem é fruto do livre arbítrio deles. Você não respeita esta livre vontade deles, como quer, então, que eles respeitem o seu de não querer?

É a questão do respeito que falamos. É muito bonito se falar em respeito entre as pessoas, mas será que vocês estão realmente querendo respeito ou querem que lhe respeite? Essa é uma pergunta que cada um deve fazer a si mesmo, pois a grande maioria exige respeito do outro, mas não respeita ao outro.

Lembro que uma das vezes que falei sobre respeito, disse assim: há uma ideia com relação a respeito. Vocês dizem que o respeito pelo outro termina onde começa o por você. Isso é irreal, porque é você mesmo que marca onde o outro tem que lhe respeitar. Querer ser o determinante dos limites da ação do próximo é egoísmo.

Esse não é o caminho para a paz. Ele se consiste na ideia de que o respeito a si começa onde termina aquele que você tem que ter pelos outros. Não importa até onde o outro leve a marca do que precisa ser respeitado nele, você precisa respeitá-lo.

Eis aí um caminho para que você possa conviver com as brigas, gritos e xingamentos dos outros: respeitá-los. Dar a todos o direito de agirem dessa forma com você. Lhe garanto que na hora que der esse direito, ou seja, não perder a sua paz porque os outros gritam, a briga dele4s não causará nenhuma sensação em você.

Não estou dizendo que acontecimentos onde ocorram essas coisas acabarão na sua vida. Estou falando que essas atitudes não mais farão você perder a sua paz.

Esse é o caminho: o do respeito. Isso é uma coisa que vocês precisam trabalhar dentro de si mesmo.

O guerreiro da paz trabalha muito o respeito ao próximo, o respeitar o direito do outro ser, estar e fazer o que quiser. Isso porque só o respeito ao próximo o ser pode calar a contrariedade dentro de si mesmo.

Se você exige respeito a si, quer impor o limite do direito do outro. Neste momento, dois querendo ter direitos, a contrariedade, a perda da paz, é inevitável.

Participante: como lidar com pais preconceituosos que não aceitam a sexualidade do filho?

Dando a eles o direito de não aceitarem.

Deixe-me falar uma coisa para vocês. Seu pai, sua mãe foram criados num mundo diferente do de vocês.

Alguém hoje me falou em traumas, eu falo em conceitos. Seu pai e sua mãe receberam uma série de conceitos, dos quais não são obrigados a se libertarem porque não querem se espiritualizar, que vocês não receberam. Esses conceitos, assim como o que vocês chamam de trauma, trabalham inconscientemente dentro do seu pai e da sua mãe. Por isso, eles não são obrigados a aceitar a sexualidade do filho.

Só que vocês de hoje não possuem mais estes preconceitos. Ao contrário, dizem que não se deve ser preconceituoso. Por isso afirmo que vocês é que devem aceitar a forma deles serem para não demonstrarem preconceito contra quem pensa dessa forma.

Sim, é isso mesmo: não são os seus pais que têm que respeitar a opção sexual dos filhos, mas sim ao contrário, se são os filhos que querem se espiritualizar. Eles não querem se espiritualizar por isso podem estar apegados àquilo que desejam. E, o que eles desejam? Que o filho mude, que o filho tenha outra orientação sexual.

O que eles querem é isso – e têm todo o direito de quererem – e não a paz. Quem quer tê-la é você, por isso neste caso, é você que tem que respeitar as escolhas deles e não ao contrário. Por isso é preciso que trabalhe dentro de si mesmo.

Este é o primeiro aspecto que poderia lhe falar sobre o assunto, mas há mais um que quero abordar e sobre o qual já fiz citação nesta resposta. Vocês podem me falar que os pais não podem ser desse jeito porque senão serão preconceituosos. Certo, é um conceito formado anteriormente. Agora, o filho que não aceita a ideia do pai não aceitar a sua opção sexual também não é um preconceituoso?

É, a questão do preconceito é mais ampla do que vocês imaginam. Ele não se restringem apenas àqueles que vocês consideram como preconceito, mas atinge a todas as ideias formadas anteriormente sobre um assunto.

Por isso, o homossexual que exige que seja respeitado e que não haja preconceito é um preconceituoso. Ele está cobrando de outro o que não use ideias preconcebidas, mas ele mesmo está tendo ideias deste tipo, pois parte da verdade que todos devem aceitar a posição sexual escolhida.

É isso que a mente de vocês não lhes fala. Porque? Porque o não entender esta questão dentro do aspecto que levantei é um individualismo, de uma das armas que os combatentes da paz usam. Ela não levanta esta hipótese por quer que você exija que os outros façam o que você acha certo.

Portanto, aceite seus pais se você tem a orientação homossexual e eles não aceitam isso. Os aceite do jeito que são, sejam de que jeito forem, e não queira muda-los, porque isso é ser preconceituoso.

Participante: no caso da pergunta sobre pais que não aceitam a sexualidade dos filhos, você comentou que ele é que precisa aceita-los se quiser se espiritualizar.

Se quiser ter paz.

Participante: esta aceitação, contudo, não significa que eles vão se dar bem no ato, não é mesmo?

Sim, no ato podem não se dar bem, mas este filho estará em paz com os pais dele. Agora, se não fizer este trabalho em si mesmo, continuará não se dando bem no ato e interiormente não terá paz.

Participante: é possível que o menino quebre o pau dentro de casa, brigue com os pais e mesmo assim esteja em paz por dentro?

Sim. Isso é possível. Sei que não veem dessa forma, mas isso é porque nunca tentaram.

2ª Conversa - Relações familiares e relações amorosas

Conversando sobre relações familiares

Participante: o que estou entendendo que você está sugestionando que devemos usar argumentos contra a proposição da mente.

Não estou sugestionando nada. Estou dizendo que este é o único caminho para encontrar a paz.

Se você já a tem com o que a sua mente diz hoje, não precisa fazer nada.

Participante: mas, muitas vezes argumentar contra a mente é arrumar uma briga com ela e percebo que fazer isso é fria, pois a mente inventa mil contra argumentos. É uma luta sem fim. Então, a minha pergunta é essa: quando é uma boa argumentar contra mente e quando a melhor estratégia é ignorá-la e a melhor estratégia é dizer não sei?

Ignorá-la é o que todos que me ouvem vêm tentado e não estão conseguindo.

Participante: primeiro: não sofro pelo que vou perguntar. Sei que o ato é Deus fazendo. O que quero é saber a sua opinião. Meu pai tem alzheimer há três anos. Minha mãe essa semana também foi diagnosticada com uma demência. Ela não aceita isso. Se usar da espiritologia vou mostra-la o sofrer do sofrimento dela. Seria válido fazer isso para ela?

Não, se ela tem uma demência, possui uma incapacidade de trabalhar mentalmente. Por isso não tem como ajuda-la.

Aliás, ninguém tem como ajudar ninguém. Faça por você mesmo, que já está muito bom.

É você que tem que trabalhar o seu sofrimento pela situação dela e não ela mesmo. Sua mãe está feliz dentro da demência dela.

Participante: como fazer depois que nos irritamos com os filhos e passamos dois ou três dias com esses pensamentos e de repente lembra do ensinamento. Olha, irmão, a tristeza é maior e o sofrimento também.

Sim, porque neste caso entra na culpa: ‘estou aqui ouvindo Joaquim e na hora h acabo fazendo tudo errado’.

Não caia nessa. O que você fez era o necessário a ser feito, tinha que ser feito e seus filhos precisavam e mereciam. Pronto, acabou o sofrimento. Aí comece tudo novamente.

Nunca entre na culpa. Se o pai e a mãe tem a obrigação de fazer alguma coisa para o filho que ele não gosta, no sentido da encarnação, terá que ser assim no seu relacionamento com seus filhos. Só isso.

Participante: um dia entrei numa discussão com a minha irmã e comecei a sentir que estava começando a ficar com raiva. Naquele momento comecei a investigar que pensamentos estavam me fazendo perder a paz. Procurei saber se estava querendo ganhar dela na discussão e por não estar estava tendo raiva. Por isso, no meio da discussão comecei um processo mental de investigação. Me deu uma preguiça enorme de fazer este trabalho investigativo. Aí pensei que Deus é Causa Primária de todas as coisas. Em seguida mandei que ela se calasse e desliguei o telefone na cara dela. Afinal, não teria problema algum fazer aquilo, pois não seria eu que estaria agindo, mas Deus que estaria fazendo. Desliguei o telefone e fiquei de boa. Será que usei mal os seus ensinamentos?

Não. Se foi isso que fez, era isso que tinha que fazer. Afinal de contas, seja de que forma for, você precisa procurar um meio de estar em paz e foi isso que fez.

Agora, a partir do momento que desligou o telefone, comece a investigar o que lhe fez discutir com sua irmã, ou seja, que ideia estava defendendo. Isso é o importante de ser feito para se conseguir a paz.

O que é uma discussão? São duas pessoas defendo cada um a sua ideia. Por isso, precisa investigar em si mesmo qual ideia estava defendendo para tentar se libertar dela e com isso amanhã não brigue novamente, já que ela é sua irmã e pelo resto da vida vocês terão que conviver.

É este o trabalho. Para se ter paz não é preciso que você pareça boazinha na frente dos outros, não é conversar com ela na boa. Se gritou, se brigou, se bateu o telefone na cara dela, era isso que tinha que acontecer e você precisa alcançar a paz consigo mesmo por ter agido da forma que agiu.

Agora, depois que as coisas acontecem, é preciso investigar quais armas estavam sendo usadas naquele momento. Assim, posteriormente você terá mais facilmente um argumento para mais facilmente se libertar do sofrimento e da perda de paz nestes momentos.

Participante: desconsiderando os sentimentos e emoções, existe algum tipo de relação primordial entre determinados seres ou que compartilhem de alguma característica específica, caracterizando uma família na espiritualidade?

Sim, no mundo dos devas. Só lá existe isso.

No universo universal existe uma única família à qual todos pertencem e não existem núcleos familiares distintos. Isso só existe no mundo dos devas, no mundo dos humanos sem carne.

Justamente por saber disso é que você, que quer se espiritualizar-se é que deve começar hoje a viver esta realidade.

Participante: como lidar com pais preconceituosos que não aceitam a sexualidade do filho?

Dando a eles o direito de não aceitarem.

Deixe-me falar uma coisa para vocês. Seu pai, sua mãe foram criados num mundo diferente do de vocês.

Alguém hoje me falou em traumas, eu falo em conceitos. Seu pai e sua mãe receberam uma série de conceitos, dos quais não são obrigados a se libertarem porque não querem se espiritualizar, que vocês não receberam. Esses conceitos, assim como o que vocês chamam de trauma, trabalham inconscientemente dentro do seu pai e da sua mãe. Por isso, eles não são obrigados a aceitar a sexualidade do filho.

Só que vocês de hoje não possuem mais estes preconceitos. Ao contrário, dizem que não se deve ser preconceituoso. Por isso afirmo que vocês é que devem aceitar a forma deles serem para não demonstrarem preconceito contra quem pensa dessa forma.

Sim, é isso mesmo: não são os seus pais que têm que respeitar a opção sexual dos filhos, mas sim ao contrário, se são os filhos que querem se espiritualizar. Eles não querem se espiritualizar por isso podem estar apegados àquilo que desejam. E, o que eles desejam? Que o filho mude, que o filho tenha outra orientação sexual.

O que eles querem é isso – e têm todo o direito de quererem – e não a paz. Quem quer tê-la é você, por isso neste caso, é você que tem que respeitar as escolhas deles e não ao contrário. Por isso é preciso que trabalhe dentro de si mesmo.

Este é o primeiro aspecto que poderia lhe falar sobre o assunto, mas há mais um que quero abordar e sobre o qual já fiz citação nesta resposta. Vocês podem me falar que os pais não podem ser desse jeito porque senão serão preconceituosos. Certo, é um conceito formado anteriormente. Agora, o filho que não aceita a ideia do pai não aceitar a sua opção sexual também não é um preconceituoso?

É, a questão do preconceito é mais ampla do que vocês imaginam. Ele não se restringem apenas àqueles que vocês consideram como preconceito, mas atinge a todas as ideias formadas anteriormente sobre um assunto.

Por isso, o homossexual que exige que seja respeitado e que não haja preconceito é um preconceituoso. Ele está cobrando de outro o que não use ideias preconcebidas, mas ele mesmo está tendo ideias deste tipo, pois parte da verdade que todos devem aceitar a posição sexual escolhida.

É isso que a mente de vocês não lhes fala. Porque? Porque o não entender esta questão dentro do aspecto que levantei é um individualismo, de uma das armas que os combatentes da paz usam. Ela não levanta esta hipótese por quer que você exija que os outros façam o que você acha certo.

Portanto, aceite seus pais se você tem a orientação homossexual e eles não aceitam isso. Os aceite do jeito que são, sejam de que jeito forem, e não queira muda-los, porque isso é ser preconceituoso.

Participante: uma pessoa idosa e doente na família causa às vezes uma situação desconfortável porque as pessoas são materialistas e não querem se espiritualizar não encontram respostas para o motivo de estar perdendo as suas vidas cuidando de alguém que não tem mais recuperação. É possível ajudar os indivíduos que lidam com esses episódios?

Você está abordando a questão de ajudar os outros e não estamos tocando neste ponto neste trabalho. Estamos conversando no sentido de que ajude a si mesmo a ter a paz. Apesar disso, vou lhe dar uma resposta curta sobre o assunto.

Há sim. Pergunte a eles se há outro jeito de viver. Pergunte para eles se podem abandonar a pessoa doente à própria sorte.

Não há outro jeito. A pessoa está no hospital ou no asilo e precisa de cuidados. Tem outro jeito senão cuidar dela? Tem sim: matá-la.

Diga isso para estas pessoas. Convide-as a matar a pessoa que está doente para poder acabar com o problema que ela está gerando.

Faça isso. Se fizer, é claro que elas não aceitarão. Quando isso acontecer diga: se não aceitam a única solução, plausível, vejam que o que podem fazer é cuidar dela. Aceitem isso.

2ª Conversa - Relações familiares e relações amorosas

O amado não é propriedade privada sua

Como é vivido pelo ser humano, pela natureza humana, qualquer relacionamento amoroso? Com posse. É meu namorado, meu marido, meu amor, minha mulher, minha esposa, minha namorada. Esse pronome colocado antes da posição do outro na relação amorosa mostra claramente como as relações amorosas humanas são vividas. Cada um se acha dono do outro.

Este é o primeiro aspecto que precisa ser trabalhado. Um namorado, um marido, uma namorada, uma esposa, não são propriedades do parceiro. São companheiros. Todos que participam de um relacionamento precisam viver um processo de tornarem-se companheiros uns dos outros para que a relação não termine em possessão e assim acabe com a paz entre eles.

A ideia de que o outro é propriedade particular, terreno cercado com arame farpado é que leva a todo sofrimento dentro da relação amorosa. Porque? Por causa da vontade de ganhar e do medo de perder.

‘Como eu vou deixar alguém encostar no que é meu? Como algo que é meu vai fazer alguma coisa diferente do que quero’? É assim que a mente funciona quando a relação amorosa é vivida com propriedade.

Por isso, o primeiro trabalho que se faz dentro de uma relação amorosa para se ter paz é acabar com a posse. Isso se alcança vivendo a existência conjunta com companheirismo, como duas pessoas autônomas que dividem momentos. Como duas pessoas autônomas que se amparam uma na outra para enfrentar a vida.

Quando existe esta visão sobre o amado, a vida muda. A outra pessoa passa a ser uma pessoa e não mais uma propriedade particular. Não mais alguém que é obrigado a fazer aquilo que o outro quer.

Quando não existe a obrigação do outro ser, estar e fazer o que você quer, não há contrariedade. Quanto não há contrariedade, há paz.

Este é, portanto, o primeiro aspecto que queria abordar dentro do tema relação amorosa. Mas, há outro que precisamos abordar de uma forma genérica.

2ª Conversa - Relações familiares e relações amorosas

É preciso se libertar da paixão

O que é o amor? Não estou falando de amor universal, de amor fraterno, mas de sentimento de uma pessoa por outra, que para distinguir, vou chamar de paixão.

Para nós que somos espiritualistas, o que é essa paixão? O que é esse amor para nós que acreditamos que éramos antes de ser, para nós que acreditamos que estamos encarnados para viver provas e cumprir missões ao invés de nascermos para viver uma vida? Eu diria que ela é exatamente o gatilho da prova da posse.

Sabe, quando você diz que é apaixonado por alguém, me desculpe, mas isso é irreal. Na realidade possui aquela paixão para que o gatilho das suas provas de posse sejam usados. Ou seja, você não é apaixonado: a realidade é que a sua natureza humana possui uma posse por aquela pessoa para que você, espírito, viva a sua provação.

Portanto, o trabalho pela paz precisa mais do que agir na própria relação, mas também atingir a ideia de estar apaixonado, de achar que ama alguém. Isso é irreal. Já disse: o espírito não ama ninguém, porque amar é um verbo intransitivo. Ele ama, ponto final. É a partir dessa concepção que aquele que busca a sua paz não deve se deixar envolver pela ideia de estar apaixonado.

‘Ah Joaquim, mas aí a vida fica sem graça. É o calor dessa relação que me faz ter dias maravilhosos’. Sim, isso pode até acontecer, mas o que é vivido nestes dias é o prazer e não a felicidade. Além do mais, tenho certeza que também há dias onde existe muito sofrimento.

Você pode ter até esse pensamento, mas saiba que se libertar desta paixão faz parte do custo que falei anteriormente para aqueles que querem conseguir sua paz. Não dá para se viver humanamente e espiritualmente ao mesmo tempo. Não dá para se servir dois senhores ao mesmo tempo. Não dá para se buscar a Deus e ao mesmo tempo querer viver uma paixão humana.

Se você aceita a ideia da paixão, do estar apaixonado, e se vive num país onde ela é sinônimo de posse, irá sempre querer possuir o outro e ele sempre irá querer lhe possuir. A partir daí, os desejos de cada um tem que ser cumpridos. Só que eles muitas vezes são contrários aos desejos dos outros.

Quantas vezes você já quis tomar uma cerveja e a sua namorada ou esposa queria ir para um lugar. Como é que acabou essa história? Um querendo convencer o outro e depois de muito embate os dois ficaram de cara feia um com o outro, pouco importando se foram tomar a cerveja ou se foram onde ela queria.

Se não houver companheirismo, se a paixão, que é o gatilho que detona a posse, não for superada, na hora que cada um tiver uma vontade haverá a perda de paz, pois começará uma batalha, uma disputa entre vocês para que o outro lhe sirva. É isso que vocês precisam entender.

O trabalho para a paz, que é o trabalho para espiritualização, já que como definimos na semana passada a paz leva à felicidade, tem um custo. Ele não é só conseguir se libertar daquilo que você acha ruim, mas também se libertar do que acha bom.

Numa conversa que tivemos em outro lugar, quis deixar esta questão bem clara, já que estávamos falando de natureza humana. Eu perguntei as pessoas que estavam presentes lá o que gostavam de comer. Um respondeu feião com arroz, outro que gostava de comer pimenta, e algumas pessoas disseram que gostavam de comer macarrão.

Eu respondi a essas pessoas que aquilo era ilusão. Que eles não gostavam daquilo. Na verdade quem tem esses gostos é a natureza humana do espírito. Eles existem porque são as paixões das quais o espírito possa se libertar. O gostar existe para que você aceite a posse e exija que os seus desejos sejam satisfeitos.

Quem tem a paixão por uma mulher ou por um homem não é você. Ela faz parte da natureza humana, do ser humano que foi gerado para as suas provas. Portanto é a sua provação.

Esse é o custo de ser espiritualista. Não adianta nada ficar procurando frases bonitas que falem do caminho para a elevação espiritual se você não tem a disposição de pagar o preço por aquele ensinamento.

Lembro que já disse: tem muita gente procurando a elevação espiritual que se soubesse o que encontrará do outro lado não iria mais procurar. Já disse: tem muita gente que gosta de música que se por acaso saísse da carne espiritualizado se decepcionaria porque lá não tem música. Tem muita gente que gosta de tomar sua cerveja; se chegasse do outro lado ia sofrer, porque lá não tem isso.

O custo da espiritualização não é só se libertar do que não gosta, mas também do que gosta. Neste caso é se libertar pela paixão pelo outro, que é gerada pela mente e não tem nada a ver com o espírito, a não se no mundo dos devas. Se quiserem ir para lá, continuem nutrindo-a.

Portanto, se não quer nascer novamente, está aí um bom motivo para libertar-se agora da paixão que nutre pelas pessoas.

2ª Conversa - Relações familiares e relações amorosas

Companheirismo

Participante: sou casado há quarenta anos e as vezes é como se fosse a primeira vez. Quando estou irritado ela me faz lembrar de você e vice versa. Somos companheiros em vários carmas. Nunca brigamos ou discutimos assuntos familiares. Um dos dois sempre cede defendendo sempre um e outro.

Perfeito. É desse companheirismo que estou falando. Amar o outro é um ser o suporte do outro.

Me lembro de uma história antiga onde uma mulher queria ir à praia e o marido ao futebol. Eu disse a ela que se o amava deveria ir ao futebol com ele. Ela, então, me perguntou se na outra semana acontecesse tudo de novo o que deveria fazer. Disse para ela novamente ir com o marido ao futebol. Finalmente ela me perguntou: ‘quando eu vou à praia’?

Essa é uma questão que precisa ficar muito clara na relação. O companheirismo jamais pode buscar lucro individual, mas sim servir ao outro. Fazer pelo outro sem esperar retorno. Se acontecer, ótimo, se não ótimo também.

Companheiros são duas pessoas que estão sempre disponíveis um para o outro. Para se tornar disponível para alguém, é preciso superar o individualismo, a posse, a paixão e o desejo individual. Se não se supera tudo isso, jamais se serve ao outro: sempre irá querer ser servido.

O companheirismo existe quando um, como você disse, está mal, mesmo que você também esteja engole o que está sentindo para ajudar o outro. Essa deveria ser a base da relação entre todos os seres humanos, mas não é. No entanto, se pelo menos no núcleo familiar, que é a coisa que conversamos, conseguir colocar em prática, conseguirá um pouco de paz.

Quando falei em respeitar o direito do outro até lhe desrespeitar, falei exatamente neste serviço: no apoio ao próximo, no estar sempre lado a lado do outro, sem esperar que um dia ele esteja ao seu lado. Isso deveria ser o amor, mas não é o que vivem.

Obrigado pelo exemplo.

2ª Conversa - Relações familiares e relações amorosas

Falando de relacionamentos amorosos

Participante: minha filha diz que quando estou perdendo uma discussão com minha esposa, uso o Pai Joaquim. Neste caso lembro que não tenho que ser professor da lei com as pessoas. Sei que quando estou com familiares próximos é a hora mais difícil de não querer que todos sigam seus ensinamentos. Como não buscar ensiná-los, mas respeitá-los nestes momentos?

Respeitar que eles não gostem de Joaquim. Eu não sou um sábio. Por isso respeite-o.

O que você diz é a mesma coisa que já me falaram hoje a respeito das armas que estamos passando ao longo de muitos anos. Elas serão usadas pela mente contra você, ou seja, irá querer falar para a sua esposa que sabe o certo, porque ouviu de mim.

Isso é uma armada mente. Por isso lhe aconselho a ir se libertando delas também, se essa prova já está fazendo parte da sua existência.

Participante: tive um debate no trabalho sobre amor e me lembrei que em uma de suas palestras foi falado que nós não sabemos o que é o amor e o que mais assemelharia seria o sentimento por um filho que para alguns pais é incondicional. Perguntei que se eles fossem traídos pelas mulheres se continuariam com elas. Responderam que perdoariam, mas não ficariam com elas. Aí perguntei onde estava o amor por elas, se era incondicional.

Exatamente. Isso reforça a minha tese que o amor entre um cônjuge e outro não é incondicional porque é paixão e não amor. Como é paixão vira posse.

Saiba que este perdão seria da boca para fora. Se perdoassem realmente, estariam juntos.

Ainda vamos falar mais profundamente sobre o tema, porque ele está mais ligado a adultério do que a relações amorosas. Por isso vou lhe dar uma resposta mais completa outro dia.

Por hoje digo apenas que a questão da possessão leva à proibição da traição sexual. Eu gostaria de falar disso em outro momento para que abordássemos questões como machismo e outras coisas.

É por isso que este trabalho será longo. No caso da sua pergunta, por exemplo, não podemos responde-la porque precisamos de mais tempo para conversar. Para se falar de adultério é impossível se não falarmos também de machismo, pois senão os conceitos machistas que estão em vocês homens e os feministas, que estão nas mulheres, tirarão a paz ao me ouvir.

Participante: poderia identificar os soldados usados pelo tenente e general nos dois temas abordados hoje?

É tudo o que falamos.

O soldado que lhe ataca é achar que sua mãe tem que ser diferente, de que não deve ser dominadora. É aquele que lhe dá a ideia de que seu pai tem que aceitar a sua homossexualidade. É aquele que lhe dá a ideia de que seu cônjuge é sua posse, tem que fazer o que você quer, lhe satisfazer.

Essas afirmações, essas verdades que normalmente não estão visíveis no pensamento, mas estão por trás dele é que são os soldados. Eu diria que o soldado é a ideia que lhe vem à mente.

Quando disse hoje a uma pessoa que a contrariedade dela era causada pela consciência da mãe não ser aquilo que quer, o soldado dela é o que quer que a mãe seja. É esse o soldado. Ele está preso a um individualismo, a uma paixão, a uma posse, a um desejo, as quatro âncoras. Está ligado a estas coisas.

Só que você não vê a presença dele e por isso disse que o tenente e o general trabalham por trás da realidade. Eles, na verdade, influenciam as ideias. Eles estão presentes na ideia, apesar de não poderem ser vistos.

A ideia é o soldado, mas também a arma que os comandantes usam.

Participante: justamente por viver a maior parte do dia próximo a minha esposa é mais provavelmente que meus carmas surjam na relação com ela? Se sim, o companheirismo seria justamente a ferramenta para que cada um vencesse a sua prova?

Sim, quanto mais tempo de contato, maior a chance de haver embate entre dois seres humanos.

Se você tem o carma de estar ao lado dela bastante tempo, os dois têm compromisso não um com outro, mas de servir um ao outro muito grande.

Participante: de acordo com suas informações para atingir a elevação espiritual o indivíduo deve ficar na passividade. Se for questionado devo ficar calado e não responder?

Não, segundo minhas informações, que não são minhas, mas do Espírito da Verdade, o ser quando alcança a perfeição vive a felicidade de Deus. Esta é, segundo o mentor do espiritismo a característica daquele que consegue a elevação espiritual.

Portanto, a passividade não é a realização, mas trata-se de um caminho para se viver esta felicidade. Se você não for passivo nos acontecimentos desta vida, jamais conseguirá viver esta felicidade.

Se for ativo, irá chocar-se com a atividade do outro e aí não viverá a paz.

Participante: e quando uma pessoa quer se separar de outra e não consegue. Isso é sinal de que a prova não terminou?

É porque ainda não acabou, e pode nem acabar, aquela prova para a qual aquela pessoa é instrumento.

Agora, neste caso, para poder manter a sua paz, se quer se separar e não consegue, o conselho que lhe dou é ir empurrando com a barriga da melhor maneira possível. Entregando-se ao desejo de separar, irá sofrer.