Derrota presidencial
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Falando a espiritualistas sobre o aprender a viver em paz e harmonia com os acontecimentos do mundo, Joaquim de Aruanda fala da eleição de 2014 quando houve uma disputa acirrada para a presidência da república. 

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Vivendo o resultado da eleição

Nota: o pleito que é abordado neste estudo foi o da campanha presidencial no Brasil no ano de 2014, quando Dilma Rousseff foi reeleita presidenta e o candidato Aécio Neves foi derrotado

Vamos começar hoje, dentro do trabalho do poder da felicidade, a conversar sobre contrariedades, sofrimentos, que vocês vivem. Para isso pedimos a todos que mandassem, relatassem suas contrariedades, sofrimentos, para que pudéssemos fazer uma análise em cima de realidades, de sofrimentos que são tratados como realidades pelos egos humanos. Algumas pessoas já mandaram relatos que vamos responder, conversas, analisar, só que hoje para começar queria abordar um tema que ninguém me pediu para fazer – e por isso, acho que ninguém sofreu com isso, não é mesmo - mas que é algo que notoriamente está latente em muitas pessoas.

Quero analisar algo que é recente, que ainda está acontecendo no país de vocês. Vamos falar da contrariedade, do sofrimento vivido por alguns a partir do resultado da eleição que aconteceu no último final de semana no país de vocês. Acho que é um tema importante porque praticamente dividiu o país.

São muitos os que estão vivendo uma contrariedade porque o seu candidato perdeu as eleições, mas mesmo que o resultado fosse outro, o tema continuaria importante, pois pela divisão quase meio a meio do eleitorado, se quem ganhou tivesse perdido ainda teríamos muitos em contrariedade. Como de qualquer maneira este fato causou situações de sofrimento a muitas pessoas, acho interessante abordar o tema.

Antes de continuar quero deixar algo bem claro. Não estou falando a ninguém especificamente e nem ninguém me pediu para falar especificamente sobre este tema. Estou falando com todos que se contrariaram, seja em que grau tenha sido a contrariedade. Estou falando porque, como disse, é uma contrariedade que alcançou muitas pessoas. Por isso acho interessante abordar o tema.

Muitas pessoas se contrariaram porque a candidata à reeleição venceu. Aparentemente a vitória desta candidata seria a origem do sofrimento. No entanto, como já falamos nesta série de conversas, a contrariedade está sempre mais abaixo do que a superfície do mundo mental. O motivo pelo qual vocês sofrem é sempre outro do que aquele que aparentemente acham que é. Por isso, vamos tentar abordar alguns aspectos que levaram muitas pessoas a sofrer porque este determinado candidato foi eleito.

Vamos, então, começar.

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Corrupto

Um dos grandes motivos que causou esta contrariedade aos que apoiavam o outro candidato foi a acusação ao candidato que venceu de ser corrupto.

Isso é uma verdade: vocês acusam este candidato de ser corrupto. Mas, e daí? A minha pergunta é: quem não é corrupto neste país? Quem não tem telhado de vidro para poder tacar pedra no dos outros?

Quando afirmo que todos são corruptos, não estou atacando nem acusando ninguém: estou apenas fazendo uma constatação. Sei que muitos vão dizer que não são corruptos, mas com certeza são. Vou tentar falar um pouco sobre isso.

Ser corrupto não é roubar dinheiro público. Corrupção é conseguir benefícios que não deveria ter. Ser corrupto é levar vantagem individual indevida, não importa sobre o que.

Quantas pessoas neste país assistem uma televisão que teriam que pagar para ver, mas não pagam por este serviço? Este é um corrupto. Quantas pessoas dão dinheiro para o guarda para não pagar a multa que mereciam? Este é um corrupto. Corrupto não é só quem tira dinheiro público, mas todo aquele que leva alguma vantagem indevida.

Para entender a questão da corrupção, temos que descer ao nível de alguém lhe elogiar por algo que não fez e, ao invés de dizer que não foi você que fez, aceitar o elogio. Se alguém lhe elogia por algo que não fez e você se silencia, recebe o elogio, você é um corrupto.

Foi por isso que perguntei: quem não é corrupto neste país? Quem não fica satisfeito e feliz quando o dono do estabelecimento ou a moça do caixa dá o troco com valor a mais do que deveria? Quem não fica satisfeito ou feliz por ganhar alguma coisa que não merecia e não esperava?

É a esse ponto que vocês precisam chegar. Porque? Porque como Paulo ensina, o governante é escolhido por Deus de acordo com o povo que ele vai governar. Como querem ter um governante que não seja corrupto se vocês são?

Aliás, os corruptos governamentais deveriam até ser elogiados pelo que fazem, pois roubam muito dinheiro, enquanto você fica feliz ao ganhar apenas R$ 1,00 a mais no troco. Ou seja, se vende por muito menos.

É esta questão que precisam pensar aqueles que usam a crítica à candidata vencedora de ser corrupta para justificar a sua contrariedade. Ao invés de se contrariarem porque foi eleita uma candidata que rouba, vocês devem se concentrar em não quererem levar vantagem indevida, pois enquanto quiserem isso, terão um governante que irá querer levar.

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O espiritualista e o resultado da eleição

Outro detalhe sobre a motivação da sua contrariedade: essa presidenta não está fazendo o melhor para o país. Por este motivo, ela não fará isso no novo mandato.

O que é o melhor para o país? O que você acha melhor? Acho que não. Acho que o melhor para o país, se passamos a ver as coisas a partir da visão espiritual, espiritualista, é tudo que faça dele um campo de provas para determinados espíritos.

Se você vive no mundo espiritual preso a ter que ter para ser ou ter que ser para ter, ou seja, apegados às coisas materiais e encarna para fazer prova neste sentido, é importantíssimo que existe um país onde é difícil ter para ser ou ser para ter. Isso porque, ao viver num país onde você tenha o anseio ter e não consiga, pode realizar sua provação.

É isso que vocês não levam em consideração. É a força de maya que determina que existe um país fisicamente, que diz que ele está numa situação econômica ruim. Tudo isso é apenas uma ilusão daquele que está afastado da sua verdadeira pátria.

O problema para aquele que sabe que continuará vivo depois da morte não é a situação econômica do país ou a sua pessoal, mas sim ainda querer ter e não conseguir. O ser que ainda quer ser e não consegue não realiza aquilo que veio para fazer nesta encarnação. Por isso, quem acredita nestas ilusões que a mente cria, ao invés de tentar vencer as suas provas, fica criticando o governo.

Ao elencar motivos para acabar com a contrariedade que muitos estão vivendo, quero deixar bem claro que não estou defendendo governo algum. O que estou fazendo é dando armas para que consigam superar a contrariedade que estão vivendo neste momento por este motivo. Nesta abordagem específica, estou usando argumentos a partir do ponto de vista de um espírito encarnado, de alguém que sabe que é um espírito e que está aqui para fazer provas. É a partir desta visão que estou vendo as coisas neste momento.

Portanto, os motivos para contrariedade que muitos estão vivendo, as qualificações que são dadas pela mente à candidata que ganhou, não deve servir a um espiritualista. Aquele que se preocupa coma sua existência espiritual e que luta para se libertar da força de maya, não se preocupa com um país, com a situação econômica. Ele se preocupa com o seu mundo interno, com a sua visão das coisas do mundo.

Como ser feliz, que é o resultado positivo de uma encarnação, se vocês ainda sofrem com o mundo? Impossível. É preciso escapar dessa força, olhar dentro de você e ver que o Brasil é do jeito que tem que ser porque é o campo de trabalho de um determinado grupo de espíritos.

Se quer mais para si, faça por onde sair daqui, ao invés de sofrer pela situação que o país está. Não estou falando de sair nesta vida, mas sim de não merecer vir em nova encarnação para um campo de provas deste. O trabalho para este fim se concentra em libertar-se do sofrimento que você está vivendo agora.

Você fez campanha para um, para o que perdeu; queria que ele ganhasse. Isso está certo e nada disso importa para o aproveitamento da elevação espiritual. Nada disso atrapalha a sua elevação espiritual, mas o seu sofrimento contra o governante que Deus indicou para o país lhe afasta do Pai.

É isso que vocês, iludidos pela força de maya, aprisionados ao mundo material e à personalidade humana que estão vivendo hoje, não estão vendo. O preço que estão pagando pela contrariedade de não ter sido eleito quem você queria que fosse é: se afastando de Deus.

Esse é, como falei nas conversas anteriores, um argumento para os espiritualistas libertarem-se da contrariedade de não ver o candidato que achava melhor, que queria que fosse eleito, ser derrotado. Ele precisa olhar para dentro e dizer para si que não existe o ser humano, que ele não é o humano. Que a sua existência real não é afetada de modo algum com o que acontece neste momento. Deve dizer a si que o fator que determinará o seu futuro não é o que o presidente vai fazer, mas sim a sua forma de se relacionar com Deus.

Bem relacionar-se com Deus: essa é a coisa mais importante para um espiritualista. O resto é titica, é coisa sem valor, sem importância. São acontecimentos esporádicos e momentâneos que variam constantemente, como a política neste país vem mudando desde que ele começou.

É isso que aquele que acredita haver em si algo além da matéria e está vivendo uma revolta, uma contrariedade, com a eleição de um candidato, precisa fazer em si. Ele precisa pensar nisso até para honrar o espiritualista que diz ser.

Isso porque como já conversamos muitas vezes, ser espiritualista é muito mais do que acreditar na existência de algo depois da vida. É viver para este algo. Aqueles que se contrariam por qualquer motivo humano, por acontecimentos humano, não vive para este algo, mas sim para o humano que é agora.

Sei que as palavras que usei foram duras, mas como já tinha falado anteriormente, preciso chocar vocês. Já falei neste trabalho, neste estudo, que não vou passar remédio na ferida de ninguém, mas sim expor o carnegão da sua doença.

O carnegão, no caso do espiritualista, é acusar alguém de corrupto, enquanto você mesmo é. O carnegão é se dizer espiritualista e se preocupar com a situação econômica deste país e não se preocupar com a sua relação com Deus.

É na vivência espiritualista que se ganha o jogo da encarnação, não no mundo humano. Para o espiritualista, aquele que sabe que vai continuar vivo depois que morrer, o jogo se ganha no mundo interno, no coração, no aproximar-se de Deus. Quem se contraria por qualquer coisa humana afasta-se do Pai, pois se Ele é Causa Primária de todas as coisas, Ele é o que está acontecendo. Se você quer se afastar do que está acontecendo, está se afastando Dele.

Este são os primeiros detalhes que podem lhes ajudar a vencer a contrariedade que estão vivendo, mas tem outros que quero falar ainda a respeito dessa comoção de quase metade do país.

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Quem decide é a maioria

Participante: eu deduzo que a maior dificuldade para mim e para a maioria das pessoas que lhe ouvem é aceitar Deus como Causa Primária de tudo. A gente só aplica quando nos convém.

Perfeito.

Você diz que a dificuldade é aceitar Deus como causa de todas as coisas. Concordo com isso. Usei este argumento naquele momento porque estava falando a espiritualistas que estão vivendo esta comoção.

Mas, se você não consegue aceitar este ensinamento em toda a sua extensão, não consegue colocá-lo em prática, coloque outro. Coloque o ensinamento que diz que a vida é do jeito que ela é.

Participante: mas, se eu não colocar o ensinamento de Deus como Causa Primária de tudo em prática, vou achar, como achava quando era apenas espírita, que que agora posso mudar esta situação.

Para lhe responder, vou entrar em mais um detalhe a respeito do assunto que estamos abordando. Digamos que você ache que tem o livre arbítrio e que com isso poderia mudar a situação. Vamos aplicar essa dedução à questão da comoção da derrota de um candidato.

Você acha que tem o livre arbítrio, por causa disso escolheu um candidato. Por causa do seu livre arbítrio acha que ele é o melhor. Pergunto: ele ganhou? Não. Qual deve ser a sua reação neste caso? ‘Fiz o melhor, fiz o que pude, mas não consegui ganhar. Isso é sinal que o livre arbítrio dos outros foi maior que o meu’.

O que vocês estão esquecendo é algo importante: não importa se é apenas um voto a mais, o que decide um pleito é a maioria.

A partir do momento que maioria de um grupo decide algo, a minoria desse grupo deve acatar a decisão. De nada adianta se contestar. Não adianta dizer que os outros são burros, que não sabem o que fazem. Sabe porque isso não adianta? Porque a maioria é que decide.

Você pode, a partir da sua derrota, pode ficar observando o vencedor. Pode ficar de olho no que ele faz, pode apontar erros. Tudo isso pode ser feito. Agora, se contrariar porque perdeu e dizer que os outros não sabem votar, é dizer que você sabe mais do que a maioria. Neste caso o que temos é prepotência.

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Programas sociais

Aquele que perde alguma coisa tem que entender que se ele participa de um grupo, quem decide é a maioria. Mais: cada um decide sempre pensando no melhor para si mesmo. Com isso vamos entrar em outro exemplo de ataque que é feito à presidenta que venceu o pleito.

Ela é acusada de dar dinheiro para os outros sem que eles precisem trabalhar para isso através dos programas sociais. Está certo, ela dá, mas eu pergunto: vocês não vivem fazendo caridade para quem não tem? Não vivem dizendo que é bonito e santo se dar a cesta básica para os carentes? Pois é, é santo, mas quando a presidenta faz isso, para você que está vivendo a contrariedade com a eleição dela, ela está errada.

É essa incongruência que como disse da vez anterior faz parte da hipocrisia das criações mentais. Você elogia quem dá o pão para quem não tem, mas critica a presidenta por dar dinheiro para alguém comprar o pão. Devia ser ao contrário. Acreditando na caridade material como instrumento de ajuda ao necessitado, devia dizer que ela tem que dar mais dinheiro para os pobres. Devia pensar que é pouco o que ela dá e incentivá-la a dar mais.

Portanto, veja, que quando aplicamos uma lógica mínima às suas ideias, vão sumindo as razões para a sua contrariedade. É exatamente neste sumiço das razões que some a sua contrariedade.

Não estou falando essas coisas para que você, já que o outro candidato ganhou, fique feliz com esta vitória. Estou dizendo as coisas para que aceite a vida como ela é. Para isso, é preciso aceitar que o melhor para você não é o melhor para os outros.

Você deve entender que sua mente está revoltada com a vitória do outro candidato não é pelos motivos que ela cria, mas apenas porque não irá tirar vantagem individual desta vitória. Tenho certeza que se você fosse atendido pelos programas sociais do governo estaria feliz com esta reeleição.

Todos que estão felizes porque este candidato venceu, é porque vão ter uma oportunidade de ganhar individualmente alguma coisa. Todos que estão contrariados porque ela ganhou é porque acham vão ganhar alguma coisa, ou seja, presos às quatro âncoras.

Isso é só mente. É só ideia, é só mente humana trabalhando. Aquele que se diz espiritualista, que acredita na outra vida, sabe que isso é humano, que é apenas processo mental sem lógica e sem verdade. Portanto, mesmo que não aplique a questão de Deus como Causa Primária, veja quantos argumentos já usamos para acabar com a sua contrariedade.

Não estou dando estes argumentos para que você aplauda o candidato que não queria ver no poder, mas que venceu a eleição. O que estou fazendo é lhe dando argumentos para que possa destruir as contrariedades que vive porque ele foi eleito.

Diga para si mesmo: ‘eu não queria que ela ganhasse, não votei nela, acho que a sua eleição será uma droga para o Brasil, mas foi isso que aconteceu e por isso vou ter que viver este acontecimento, já que continuo vivo e morando no brasil. Portanto, vou ter que tentar ser feliz da melhor maneira possível. Como? Mantendo a minha paz e a minha tranquilidade’. Até porque a revolta dos eleitores do outro candidato não vai mudar os números da votação.

Por isso disse que mesmo que não acredite em Deus como Causa primária, em país como campo de provas, mesmo que não acredite que o governante de um país é eleito por Deus, choque-se com a realidade: ela foi eleita, ponto final. A sua contrariedade não mudará este fato. A única coisa que acontecerá é que você viverá o governo dela em sofrimento.

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Agir contra o acontecimento

Participante: as pessoas acham que as suas contrariedades fará com que a presidenta perca o seu cargo, tipo as levará a tentar fazer um movimento para tirá-la do poder.

Vão tentar fazer um movimento para tirar a presidenta? Pois que faça, quem sabe pode dar certo.

Só um detalhe: este movimento não será movido pela contrariedade destas pessoas. Ele pode ser movido por conta da contradição de ideia e objetivos, por conta de atos da presidenta ou qualquer outro motivo, mas não por conta da contrariedade. Por isso digo: faça o movimento, se achar que deve, sem ficar contrariado porque ela foi eleita.

‘Está certo, ela foi eleita. Eu não queria que isso tivesse acontecido, mas aconteceu. Posso, agora fazer um movimento para tirá-la? Posso. Então, vou fazer um movimento para isso. Ponto final’.

Faça o que você fizer, faça sem sofrimento. Tudo pode ser feito, mas nada justifica as ofensas ao outro. Nada é um gerador de motivos para arrancar os cabelos ou sofrer. Faça o que fizer, não sofra pelo que acontece.

Esse é que é o grande o problema. Os seres humanos possuem diversas ações que podem fazer, mas preferem ficar sentado num canto chorando para dizer que ele é o coitadinho.

Participante: este prefere não é meio estranho dentro do que você ensina?

Não, porque quem prefere é a mente. O problema é que você aceita quando a mente prefere. Neste momento você passou a preferir.

É a mente que prefere ficar sofrendo. É ela que prefere a situação do sofrimento e não você. Agora, você pode não preferir isso. Como? Não aceitando a preferência que a mente tem.

Portanto, se a mente quer sofrer, deixe-a sofrer. Não queira você sofrer também. Para isso não aceite todas as historinhas que ela cria como realidade. Isso não tira a oportunidade de fazer um movimento. Isso não tira a oportunidade de agir de qualquer forma: apenas acaba com o seu sofrimento.

Lembre-se que nosso trabalho não é mudar o mundo, não é fazer o mundo se mudar: é fazer você viver o mundo que tem para viver em paz e harmonia. Este é o trabalho de um espiritualista, este é um processo de aproximação de Deus.

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A hipocrisia da mente

Volto a tudo que falamos antes: a hipocrisia da mente, a construção de realidades, as razões, o sofrer, o não fazer. Tudo que falamos nas nossas conversas anteriores está presente agora que estamos analisando um sofrimento real.

Quando falei da questão em caridade nesta conversa, essa pessoa disse que o que falei ia dar muito rolo, ia ser muito comentado, que eu ia ser muito criticado. Com certeza vou ser. Muitas pessoas vão falar contra o que eu disse.

Porque? Porque vocês não aceitam a hipocrisia da mente quando a apontamos. Dificilmente as pessoas vão aceitar a hipocrisia que é dizer que quando você dá a cesta básica é santo e quando a presidenta dá o dinheiro, ela é o diabo.

Participante: as pessoas acusam a presidenta de errado por fazer isso porque julgam que ela dá com o dinheiro delas.

Sim, a presidenta está dando com o dinheiro das pessoas, pois todo dinheiro do governo vêm dos impostos. Mas, quando você compra o alimento para dar o pobre, não está tirando o seu dinheiro também? Portanto, acho que esse não é o motivo verdadeiro para criticá-la.

Participante: o problema é que eu não dei permissão para ela dar com o meu dinheiro.

Não, não é esse o problema. Qual a diferença quando ela usa o seu dinheiro para dar ajuda aos necessitados ou quando você o gasta para ajudar os carentes?

Participante: você não ganha a fama.

Perfeito. Eis aí o problema: ela levará a fama no seu lugar.

Portanto, o que lhe faz sofrer não é a perda do dinheiro, não é ela gastar o seu dinheiro, mas sim o fato de que você foi difamado, de que não ganhou a fama por aquela ação. Isso no meu mundo se chama egoísmo...

Por isso, não vejo motivo para criticar o que eu disse. O que pode fazer é a partir do que disse assumir: você é egoísta. Aliás, só quando assumir sua essência poderá libertar-se do egoísmo.

Amigo não é só aquele que passa a mão na cabeça, mas sim aquele que lhe ajuda a evoluir. Eu não posso lhe ajudar a evoluir sem mostrar, sem máscaras, o que você é.

Quando digo que você é hipócrita por condenar na presidenta aquilo que considera como santo quando você faz, estou expondo a hipocrisia da sua mente. Estou trazendo à luz o egoísmo que há nela. Quando faço isso, estou lhes ajudando a fazer o que Cristo aconselhou: vocês se olham no espelho, mas será que tinham coragem de olhar o seu interior? O que estou fazendo neste momento é fazer vocês olharem seus interiores no espelho.

Acho que a hipocrisia com o qual a mente funciona, gera formações mentais, fica bem clara com este exemplo. A presidenta não pode usar o seu dinheiro para ajudar os pobres, mas você pode tirar o seu dinheiro e dar cesta básica para quem precisa.

Para ser honesto consigo mesmo, para não ser hipócrita, ao invés de comprar cestas básicas você deveria dizer a quem precisa: ‘vai trabalhar vagabundo’. Digo isso porque esta é a forma que vocês reagem aos programas sociais do governo. Acham que a presidenta não deveria dar esta ajuda aos carentes, mas arrumar emprego para eles.

Porque não falam isso? Porque não agem dessa maneira quando são incitados, quer seja pela sociedade quer seja pela comunidade religiosa que convive, a ajudar os carentes? Porque na vida privada vocês compram alimentos e distribuem? Porque com este ato você acha que foi santificado. Acha que ganhou alguma coisa. Imagina que teve uma vitória.

Se não fizesse isso, se não agisse dentro dos preceitos da sua comunidade e sociedade, seria atacado por seus pares. Para não ser criticado por eles você faz. Será que desta forma está realmente fazendo algo pelo outro ou está apenas buscando a sua fama individual, o reconhecimento para si?

Repare: você não está fazendo a caridade de coração, mas se subordinando ao mundo. Aceita esta subordinação porque está querendo apenas receber o elogio pelo que faz. Na verdade, você não está nem aí para a fome dos outros. Se estivesse, estaria achando muito bom que a presidenta estivesse dando dinheiro para quem tem fome.

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Medo do futuro

Vamos continuar falando de coisas que as mentes daqueles que estão contrariados com a reeleição da presidenta no último domingo. Desta vez vamos falar da projeção que as mentes dessas pessoas estão fazendo para o futuro da vida dos brasileiros.

Tem muitos que estão contrariados com a eleição de quem ganhou com medo do futuro. Medo do que pode acontecer nesses anos que a presidenta terá para mandar no país. Ou seja, estão com medo do seu destino.

Será que nós podemos ter medo do destino? Acho que não. Porque? Porque cada um tem o seu destino. Para os espiritualistas o destino de cada um é como explicado na pergunta 851 de O Livro dos Espíritos: o espírito ao escolher para si um gênero de provas, cria para uma espécie de destino. Ou seja, ele sabe que o que vai lhe acontecer já está escrito. Sendo assim, ao que vai acontecer ao país Brasil já está escrito.

Então, para que ter medo? Em que o seu medo pode mudar o que vai acontecer? Nada.

Mas, quem não é espiritualista, e mesmo muitos que são, não acredita em destino pré-traçado. Como fica para esses esta questão?

Para falar sobre isso, pergunto: o sofrimento de quase metade do país mudará alguma atitude que ela possa tomar? Não. Ela tem uma linha de raciocínio, uma linha de ação e agirá dentro dessa linha, pouco se importando com o seu medo ou não. Sendo assim e detendo ela o poder, com certeza agirá do jeito que quer e o seu medo não influirá em nada no que ela decidir fazer.

Portanto, este medo, quer a vida seja vista de uma forma humana ou espiritualista, não vai resolver nada sobre o futuro. Por isso digo que ele precisa ser vencido. Como podemos vencê-lo? Vivendo a vida que se apresenta momento a momento ao invés de querer projetar futuros.

Foi o que acabei de dizer. Se você não acredita em Deus como Causa primária, ou seja, não acredita que Ele vai determinar o que vai acontecer, a única coisa que pode ser feita é viver a vida que se apresenta.

Neste momento, tem alguma coisa se apresentando a você. Viva isso. Esqueça o passado, esqueça o futuro, porque você tem uma ideia sobre o passado – não sabe, tem apenas uma ideia do que aconteceu – e nem conhece o futuro. Só que vocês, ao invés de viverem o que se apresenta, ficam presos a viverem o futuro.

Tem gente, por exemplo, que está preocupado com o futuro do país porque acabou de ter filho. Por causa dessa preocupação ocupa-se em criticar a presidenta, em brigar com os outros, em trabalhar. A única coisa com o que não se ocupa é com o próprio filho.

Este esquece do filho para falar do mal dos outros. Faz isso porque está com medo do futuro para os filhos. Mas, o filho está presente agora, no momento de agora. É neste agora que você deve se dedicar a ele. Só que não faz isso porque está preocupado com o futuro dele. Será que a sua preocupação vai garantir alguma coisa para ele no futuro?

Veja, além de ser perda de tempo, já que o futuro a Deus pertence, como vocês mesmos falam, estão perdendo o presente. Estão perdendo o momento de agora. Portanto, além da sua preocupação não construir nada para ele no futuro, ele está lhe perdendo no momento de agora.

Então, para aqueles que estão contrariados com a eleição da presidenta por medo do que acontecerá no futuro, só há uma saída para libertar-se desta contrariedade: viver o agora.

Desculpe-me, mas a presidenta está ao lado de vocês agora? Acho que não. Mas, ao seu lado tem um filho, uma mulher ou marido, um pai ou mãe, um chefe, um colega de trabalho. Ocupe-se com essas pessoas, o que já é muito para se preocuparem. Esqueça todo resto. Viva o agora, viva o que tem para viver neste momento.

Agora, se mesmo assim você continua com medo do futuro, deixe-me dizer uma coisa. Porque vocês imaginam que ela vai fazer isso ou aquilo outro daqui para frente, acontecimentos que lhe gera o medo do futuro, se até hoje, nos quatro primeiro anos de seu mandato, não fez?

Tem muita gente criando acontecimentos futuros negros para o país, prognosticando atos da presidenta que trarão muito sofrimento. Mas, eu pergunto: porque ela iria fazer isso daqui para frente se teve quatro anos para fazer e não fez?

Mais: se o grupo político dela está no poder há doze anos e não fez o que você teme, porque ela fará daqui para frente? Veja que todos esses prognósticos são ilusões. É a sua mente criando situações que não são reais para lhe manter preso no sofrimento, mais nada do que isso.

Lembro que quando me perguntavam sobre a data quando chegaria o novo mundo ou em que dia Cristo retornaria ao mundo, eu dizia: se o próprio Cristo não deu o dia certo, você acha que eu serei besta em dizer que dia essas coisas acontecerão? Se eu dissesse uma data para que essas coisas acontecem e no dia marcado não acontecesse, com que cara ficaria? Pois é, eu pergunto a vocês que estão programando o futuro, as ações futuras da presidenta: se não acontecer o que vocês estão programando, com que cara ficarão?

Quantas vezes você já não prognosticou acontecimentos que não ocorreram? Quanto tempo você perdeu sofrendo por causa desses acontecimentos que tinha certeza que ocorreria e eles não aconteceram? É isso que você precisa pensar para se libertar desta contrariedade que a sua mente está criando agora.

Você só se libertará do medo do futuro quando observar quantas vezes sofreu com um futuro que imaginava que ia acontecer e não aconteceu.

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A arma para se libertar do medo do futuro

Participante: é isso que o senhor chama de criação de realidades?

Sim. A mente cria realidades no presente, mas também as cria no futuro. Ela cria um prognóstico do que vai acontecer que vem com a força de maya, o que faz com que aquela realidade seja mais do que possibilidade: torne-se uma certeza de que irá acontecer.

Mas, você não sabe o que vai lhe acontecer. Você não é dono do seu destino. Na vida os acontecimentos se sucedem. Durante esse desenrolar da vida você puxa para um lado tentando fazer determinada coisa acontecer, mas vem a mente e puxa para outro e você nunca ganha este cabo de guerra.

Você que me perguntou é a prova disso. Quando, depois de passar quase dois anos desempregado, você imaginaria que ia estar assim de novo no prazo de um ano?

Participante: jamais...

Mais: se quando entrou no emprego, depois do seu desemprego, sua mente lhe dissesse que sairia dele logo depois, você não acreditaria. A partir disso posso afirmar que nem tudo que a mente cria é real, verdadeiro. Tudo pode ser pode não ser...

O pode ser, pode não ser, é a arma que aquele que quer ser feliz precisa usar. Sem ela, sem ferir as construções de maya que vêm com a força de real e de verdade com a arma do pode ser pode não ser, o sofrimento é inevitável.

Analise sua vida. Cada vez que você entrou na onda da mente, acabou se dando mal. É muito raro quando se dá bem. Por isso, é preciso sempre dizer a ela que tudo o que é criado pelas formações mentais podem ou não ocorrer.

Essa insubordinação às criações mentais é o passo decisivo para quem quer viver a felicidade. Para que ela exista, a afirmação de que tudo que é criado pela mente pode ser ou pode não ser, é a arma mais adequada. Sem usá-la, dificilmente você escapa do medo do futuro, sem libertar-se de todas as criações mentais dizendo pode ser pode não ser, seja sobre prognóstico futuro ou para o presente, com certeza você sofrerá.

Eis aí, então, mais um detalhe que nós precisávamos conversar quando analisamos o sofrimento gerado pela reeleição da presidenta do Brasil: o futuro a Deus pertence. Ninguém, nenhum ser humano ou espírito sabe o futuro. Mas, a sua mente diz que você sabe, que você tem certeza do que acontecerá, mas será que tem mesmo? É por causa desta grande possibilidade dele não ser o que a sua mente prognostica é que o pode ser, pode não ser, é uma grande arma para aquele que quer reter o poder da felicidade em suas mãos e usá-lo.

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Só fica feliz quem ganha alguma coisa

Agora, se a questão da incapacidade de previsão do futuro serve para aqueles que estão sofrendo por conta da derrota do seu candidato, deve servir também para aqueles que estão pulando de felicidade pela reeleição da presidenta.

Esses ficam imaginando que o futuro será lindo e maravilhoso porque a presidenta foi reeleita. Será que vai ser? Se não disser agora para a sua mente que o que ela afirma pode ser ou pode não ser, se no futuro você não ganhar com o que a presidenta fizer, você sofrerá.

Mesmo que ela seja a melhor presidenta para todos os outros brasileiros, se você não levar vantagem pessoal, individual, a criticará. Por mais que esteja feliz hoje, por mais que acredite que compartilha das ideias dela, se no futuro qualquer ação da presidenta lhe causar um prejuízo, você logo mudará de lado. Logo se desiludirá e sofrerá.

Ninguém critica aquilo que lhe dá vantagem. Ninguém encara o que lhe dá prejuízo com elogio ao instrumento da sua perda.

Foi o que falei quando abordamos o aspecto da corrupção. Ninguém se acusa quando recebe algo que não merecia. Pelo contrário, faz festa. Agora, se contrariar um dos seus desejos, você sofre.

Por isso dou um conselho àqueles que acham que ganharam com o resultado da eleição: não acredite nisso. Se a sua mente está dizendo que este foi um acontecimento que vai lhe trazer prosperidade, um acontecimento que vai ser muito bom para você, não acredite. Acreditando, está preparando a sua cama para sofrer no futuro...

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Resumindo

Eis aí, então, alguns aspectos sobre a questão da comoção que muitos estão vivendo por conta da eleição que aconteceu no Brasil. Viver em paz e harmonia com esta situação é dizer: ‘eu não queria que acontecesse, mas aconteceu. Agora, então, tenho que viver o que vai acontecer, passo a passo, momento a momento’.

Como já disseram hoje, existe a possibilidade de se fazer um movimento para retirá-la do poder. Se isso é verdade e se você acha que deve participar, participe. Mas, durante a participação, a cada momento deste movimento, viva-o e não a esperança que ele dará certo e que é o melhor para todos.

Outro ponto que pode lhe ajudar a viver assim: lembre-se que para um ganhar, outro tem que perder. Só que a vitória sempre muda de lado, ou seja, uns ganham agora e perdem depois, voltam a ganhar para depois perderem novamente. Como disse o Espírito da Verdade, a vida humana é formada por vicissitudes, alternância de situações.

Portanto, se a sua mente está reclamando que você perdeu agora, aguarde a próxima eleição. Quem sabe o seu candidato pode ganhá-la?

Veja quantos trabalhos você pode fazer para evitar o seu sofrimento de agora. Veja como a sua revolta de agora não pode fazer outra coisa, a não ser lhe fazer sofrer.

Sendo esse um trabalho onde conversamos sobre o poder da felicidade, que é íntimo, que é seu, que ninguém pode tirar ou dar, o que precisa ser feito é: combater as criações mentais com argumentos, mesmo que ainda fundamentados em lógica humana, mas que destrua estes argumentos e qualquer contrariedade gerada. Este é o trabalho daqueles que retêm nas suas mãos e usam o poder da felicidade. Eles permanecem atentos ao que a mente cria, não para acreditar naquilo, mas para libertarem-se daquilo que é criado e é dado como real, como realidade, pela força de maya. Só assim eles conseguem viver em paz e harmonia...

Se vocês que estão me ouvindo agora quiserem fazer alguma pergunta a respeito deste tema, fiquem à vontade. Responderemos em outras oportunidades...