Senhor da yoga - Cap. 8 - Caminho do Imortal Brahman

Senhor da yoga - Cap. 8 - Caminho do Imortal Brahman

Estudo do capítulo VIII do Bhagavad Gita

Senhor da yoga - Cap. 8 - Caminho do Imortal Brahman

Introdução

Reproduzir todos os áudiosDownload
Introdução ao versículo 8

Sem texto

Senhor da yoga - Cap. 8 - Caminho do Imortal Brahman

Versículos 1 a 3

Reproduzir todos os áudiosDownload
Versículo 3
Versículo 3
Versículo 3

Arjuna perguntou:

01. Ó tu, Krishna, o melhor dose seres, quem é Brahman? Quem é o ser personificado? O que é a ação? O que é o “adhibuta” (ou o substrato dos elementos)? E quem é o “Adhieva” (ou aquele que sustenta os devas)?

02. Ó Krishna, quem é o “adhiyajña” (ou a divindade do sacrifício) neste próprio corpo e como atua? Quem sustenta os diversos cultos e outorga seus respectivos frutos? Além do mais, como os homens de autocontrole Te percebem no momento de morrer?

O bendito Senhor disse:

03. Brahman é o Ser Supremo e Imortal. Quando Se manifesta e habita em cada corpo chamam-No ser individual. O karma primordial é a oblação, que também é origem e sustento de todos os seres.

Brahman é o ser supremo e imutável; Ele se manifesta e habita em cada corpo: isso é o que Krishna está ensinando a Arjuna. Portanto, Deus é Deus, um Ser Universal, Imutável, Eterno e que se manifesta através de cada corpo.

A partir disso, pergunto: quem é você?

Participante: Deus

A manifestação de Deus.

Como já falamos antes, Deus não precisa vir à carne ou falar com os seres humanizados, pois tudo o que existe é uma manifestação Dele. Por isso, não precisa vir à carne ou se comunicar com os encarnados através de sons ou formas.

Mas, deste trecho podemos ter uma compreensão mais profunda. Se você é a manifestação de Deus, quem são aqueles com os quais você se relaciona?

Participante: emanação de Deus...

Exato... Sabe a pessoa que você chama de ignorante, de bandido, que diz que não presta? Essas pessoas são Deus, manifestação Dele. Sem perceber isso, vocês ofendem ao Senhor quando acusam estas pessoas de qualquer coisa. Agem assim e depois ainda querem que o Pai lhes dê o que desejam...

Sei que vocês devem estar pensando que aqueles que não conhecem o Bhagavad Gita não têm esta informação, mas isso é irreal. O que será que Cristo quis dizer quando disse que ‘vocês não podem fazer um fio de cabelo ficar branco’? O que será que o Espírito da Verdade disse quando falou que Deus é a Causa primária de todas as coisas? O ensinamento de que tudo ocorre a partir da manifestação de Deus é universal e por isso todos os mestres trouxeram.

Se cada ser, cada elemento do Universo é uma manifestação de Deus, isso quer dizer que esta parede, este banco e este tapete são uma manifestação de Deus. Por isso vocês devem amar a estas coisas, ou melhor, devem se relacionar amorosamente com elas. Precisam alcançar uma comunhão amorosa com elas. É assim que vocês vivem? Acho que não... Se a parede se suja, reclamam dela; se o tapete fica roto, perdem todo amor por ele; se o banco fica velho o despreza.

Isso é se relacionar amorosamente com as coisas? Isso é manter uma comunhão com os objetos? Não, então também não é viver em comunhão com Deus. Quem vive em união amorosa com o Pai convive com felicidade com tudo o que está sob sua guarda, estejam estes elementos dentro dos padrões que você exige deles ou não.

Portanto, é preciso amor a tudo o que existe como se fosse Deus, pois todas as pessoas e objetos deste mundo o são. Quando não se vive com as pessoas e objetos como se fosse o Senhor, o que se nutre por estes elementos é uma idolatria. Quem por exemplo se relaciona com um animal que gosta, cria um ídolo. Aquilo que vocês chamam de amar, na verdade é uma idolatria, pois é o nutrir uma sensação de importância por algo que se quer fazer.

Participante: para mim isso é muito difícil... Como amar uma poeira que está sujando minha casa. Quer dizer que não posso limpá-la?

Realmente a poeira que você diz que emporcalha a sua casa é uma manifestação de Deus. Agora, o seu ato de varrer também o é. Sendo assim, se conseguir varrer é uma manifestação de Deus, mas se não conseguir, também estará vivendo uma manifestação Dele.

Em resumo, o que estou lhe dizendo é: varrendo, não se sinta culpada; se varreu não se sinta mal porque conseguiu fazer nem se vanglorie por isso. Isso é viver a Realidade, viver em comunhão com Deus. Varrer é estar em comunhão com Deus, mas viver este acontecimento vangloriando-se ou culpando-se, é viver em comunhão consigo mesmo. Quando você entende que tudo é manifestação de Deus, vivenciará o que acontecer sem tirar deste acontecimento qualquer proveito individual.

É isso que o Bendito Senhor está dizendo, mas ele afirma mais: “o carma primordial é a oblação que também é a origem e sustento de todos os seres”. Vamos ver isso...

Oblação é trabalho dedicado a Deus. Portanto, afirmar que o carma primordial de todos os seres é a oblação é dizer que a causa que se torna a principal geradora de efeitos é o trabalho dedicado a Deus. O que Krishna quis dizer com isso?

Se você tem raiva, pode vivenciá-la de duas formas: trabalhando dedicado a si mesmo ou a Deus. No primeiro caso vivencia este momento acreditando em todas as justificativas que a mente cria para a raiva. Isso acontece com quem vive o momento dizendo que aquela pessoa realmente lhe fez mal, que ela não presta, que não faz nada certo. Já viver este mesmo momento com um trabalho dedicado a Deus é dizer que não é por este motivo que está se vivendo a raiva, mas sim porque esta foi a emanação de Deus. É não acreditar que aquela pessoa não presta ou que agiu de forma errada, mas que isso está acontecendo como prova para você e para aquele outro ser humanizado.

Quem vive os seus momentos de vida em oblação a Deus sabe que tudo o que ele e todos os seres humanizados praticam são emanações do Pai. Por isso, ao invés de conferir a autoria das ações aos seres humanizados, inclusive a si mesmo, vivencia tudo como emanação do Senhor. Esta é a forma de reagir aos acontecimentos do mundo que gera os carmas mais positivos para o espírito encarnado, ou seja, que leva à elevação espiritual.

Todo carma, ou seja, todo acontecimento da vida de um espírito encarnado é uma emanação de Deus, mas apenas aqueles que são vivenciados em oblação ao Senhor tornam-se um instrumento da elevação espiritual.

Senhor da yoga - Cap. 8 - Caminho do Imortal Brahman

Versículo 4

Reproduzir todos os áudiosDownload
Versículo 4

04. Ó tu, Arjuna, o melhor dos homens, “Adhibhuta” é a entidade que perece; “Adhieva” é o Ser Supremo e Universal. Eu sou “Adhiyajña” (ou deidade que preside o sacrifício) no corpo.

Qual a entidade que perece?

Participante: não sei...

Qual o seu nome?

Participante: Maria...

Maria é a entidade que vai perecer, que vai acabar. Quando falo desta forma não estou me referindo ao fato de que esta entidade vivenciará o acontecimento morte ou que ela será esquecida ao longo dos tempos. Estou falando de outra coisa...

Você é espiritualista e por isso acredita em reencarnações. Em cada uma delas viveu uma personalidade humana que recebeu como rótulo um nome. Pergunto: cadê o José, João ou Regina que foi em outras encarnações? Pereceram, acabaram. Isto é o mesmo que acontecerá com a Maria de agora. Quando você, o ser universal, viver outras vidas humanas terá novos nomes, novos hábitos e costumes, nova identidade emocional e com isso a Maria de hoje acabará.

Saiba de uma coisa: o espírito não tem nome, sexo, cor, raça, corpo. Por isso ele não pode ser a Maria. Ele é o espírito, o ser universal; a Maria é a personalidade que serve para que este ser vivencie suas provações.

Maria é a mente que habita esse corpo, é o ego, a personalidade humana que gera realidades que são vividas pelo espírito. Esta personalidade se extingue quando a provação não mais está acontecendo. É isso que Krishna está falando. Mas, ele diz mais: eu sou a deidade que preside o sacrifício. Vamos entender isso.

O sacrifício, como já vimos, existe quando o ser instigado pela mente humana não vivencia as conclusões que o pensamento expõe, mas vive tudo como emanação de Deus. Quem realiza esta atividade é o espírito que está encarnado e não a mente. É isso que Krishna está dizendo: quem comanda a libertação das idéias geradas pelo ego é o espírito.

Aliás, é exatamente isso que foi ensinado pelo Espírito da Verdade:

“A fatalidade existe unicamente pela escolha que o Espírito fez, ao encarnar, desta ou daquela prova para sofrer. Escolhendo-a, institui para si uma espécie de destino, que é a conseqüência mesma da posição em que vem a achar-se colocado. Falo das provas físicas, pois, pelo que toca às provas morais e às tentações, o Espírito, conservando o seu livre arbítrio quanto ao bem e ao mal, é sempre senhor de ceder ou de resistir” ( O Livro dos Espíritos, pergunta 851)

O espírito antes de encarnar escolhe suas provações de acordo com o seu nível de elevação. Quando faz isso está conferindo a si mesmo um carma, ou seja, uma reação às suas ações espirituais anteriores. Este será representado pelos acontecimentos da existência carnal do ser quando se humaniza, inclusive pelos pensamentos que dão valor àqueles. Neste momento, o espírito, a deidade que preside o sacrifício, pode, então, escolher entre viver estes momentos apegados aos pensamentos (mal) ou optar por vivê-los no bem, ligados a Deus, trabalhando para o Senhor.

Não disse que todos os mestres disseram a mesma coisa? Não poderia ser diferente, pois existe apenas uma Realidade: o mundo espiritual. Ou como disse Krishna para Arjuna num trecho que já lemos: o Real nunca deixa de existir; o irreal jamais existe. É por isso que o fundamento de todos os mestres sempre foi viver a existência em oblação, ou seja, em serviço a Deus.

Senhor da yoga - Cap. 8 - Caminho do Imortal Brahman

Versículo 5

Reproduzir todos os áudiosDownload
Versículo 5

05. Aquele que no momento de morrer Me evoca a Mim, somente, ao abandonar o corpo entra em Meu Ser; a respeito disso não há qualquer dúvida.

O texto deste trecho parece truncado, mas isso não é real. Vamos vê-lo.

Krishna fala que aquele que evoca a Deus no momento de morrer penetrará na relação amorosa com o Pai. Esta afirmação parece equivocada, pois fala de morte e de abandono do corpo como momentos diferentes, enquanto que o ser humanizado imagina que as duas coisas querem dizer a mesma coisa. A morte que Krishna está falando aqui não tem a ver com desencarne, mas está se referindo à mesma coisa que Cristo ensinou quando disse que apenas aquele que renascer do espírito entrará no Reino do céu.

Muitos acham que neste ensinamento de Cristo existe a confirmação da existência da reencarnação, mas isso não é real. A morte que o mestre fala diz respeito ao fim da humanidade que o ser vivencia durante a encarnação. Ela acontece quando o ser, mesmo humanizado, não mais trabalha para o ego, mas para Deus. Ou seja, Krishna, quando fala de morte, está falando de elevação espiritual e não de desencarne.

No momento que o ser está buscando a elevação espiritual, segundo este trecho, deve fazê-lo evocando a Deus e somente a Ele. Isso quer dizer que o Bendito Senhor está falando em buscar a elevação espiritual como uma oblação ao Pai e não como um ganho pessoal.

Muitos acreditam que apenas buscar a elevação espiritual é o suficiente, mas isso não é real. Aquele que ainda busca realizar o trabalho desta vida para que ele ganhe algo, nem que seja sua própria ascensão dentro do mundo espiritual, ou para conseguir atingir alguma meta não está trabalhando para o Pai, mas para si mesmo. Por isso não consegue nada...

Este é um aspecto importante que o buscador precisa se atentar. De nada adianta realizar o trabalho da elevação objetivando apenas alcançá-lo, mas sim como mais um trabalho dedicado a Deus.

Senhor da yoga - Cap. 8 - Caminho do Imortal Brahman

Versículo 6

Reproduzir todos os áudiosDownload
Versículo 6

06. Ó filho de Kunti, se um homem, no momento de morrer, pensa em qualquer coisa (objeto, pessoa ou deva), por estar constantemente absorto nisso, para isso se dirige quando abandona o corpo.

Neste trecho Krishna nos explica a figura do obsessor. Este é aquele que ao desencarnar morre ligado na ação que o matou. Quem no momento do desencarne está ligado ao ego, ou seja, aos pensamentos que comentam o momento morte, continua vivendo preso à personalidade humana.

Por causa disso, aquele que no momento do desencarne está apegado aos pensamentos que construíram sofrimentos para o ser e que apontaram determinada pessoa como causadora deles se transforma em obsessor daquela. Quem, no momento do desencarne não se dá com outro ser encarnado, continuará, mesmo sem carne, desgostoso daquele e assim como quando estava na carne procurará vingar-se do que o outro lhe fez. É isso que vocês chamam de obsessão...

É por conta desta obsessão que na Bíblia Cristo diz: se alguém tem alguma coisa contra você, vá correndo fazer as pazes, pois senão ela pode representar contra você junto ao juiz. Todo aquele que sai da carne ligado às idéias humanas continua vivendo a mesma coisa no mundo espiritual.

Só que esta obsessão não se dá apenas por sensações consideradas como negativas, mas também pelas chamadas positivas. Quem sai apegado a uma ligação sentimental amorosa que a mente cria a respeito de outro ser encarnado, seja pai, mãe, marido/mulher, filho ou filha, continua vivendo esta mesma sensação depois do desencarne. Por causa dela, como fazia durante a encarnação, tentará dirigir a existência do outro dizendo o que é certo e errado para ele, o que é bom ou mal de ser feito.

Participante: a obsessão espiritual é tratada no mundo humano como a presença de um espírito do mal que busca atrapalhar a vida de um encarnado. Quer dizer que isso é errado, ou seja, que existe obsessão por amor?

Não existe espírito maligno.

Você chama de mal aqueles que, encarnados ou não, lhe contraria, ou seja, que não age em benefício de seus desejos. Mas, se como já vimos, tudo é emanação de Deus. Portanto, aquele que age assim está vivenciando uma emanação de Deus. Por este raciocínio, quando você chama outro ser de mal, está classificando desta forma o próprio Pai.

Voltando à questão da obsessão, ela é muito mais ampla do que vocês imaginam Como vimos, ela acontece quando o espírito sai preso ao ego e vive como real aquilo que o pensamento afirma existir, seja esta relação marcada por sensações positivas ou negativas. Mas, ela pode acontecer também entre encarnados e desencarnados e entre dois seres humanizados. Isso acontece porque toda relação criada pela mente é fundamentada no egoísmo o que confere a quem se gosta o título de ‘é meu’...

A mãe é obsessora do filho, o amigo daquele por quem nutre amizade. Quem fica obsedia aquele que desencarna.

Participante: nós chamamos isso de saudade...

Sim, eu sei que vocês utilizam este termo para designar esta relação e que consideram esta sensação como prova de amor, mas isso não é verdadeiro. Sempre que se coloca a denominação é meu, não importando seu o que, o que existe é uma obsessão, já que esta mesma expressão é usada para se criar uma possessão.

Participante: como trabalho de desobsessão nós costumamos realizar um trabalho no sentido de orientar apenas o desencarnado para acabar com a obsessão. Quer dizer que devemos também doutrinar o ser humanizado?

Perfeito. É preciso orientar o encarnado no sentido dele desligar-se das verdades criadas pelo ego, pois senão, como afirma Krishna, depois do desencarne estes continuarão se obsediando.

Senhor da yoga - Cap. 8 - Caminho do Imortal Brahman

Versículo 7

Reproduzir todos os áudiosDownload
Versículo 7
Versículo 7

07. Por conseguinte, tenha-Me sempre em mente e luta. Tendo-Me oferecido a tua mente e o teu entendimento, sem qualquer dúvida, chegarás a Mim.

O ensinamento de Krishna neste trecho é claríssimo: tenha Deus sempre em mente e viva buscando sempre fazer oblação.

 Ontem, eu estava falando com uma menina e disse a ela uma coisa interessante: vocês vivem buscando a felicidade, mas quando ela aparece, ao invés de vivenciá-la, complicam as coisas preocupando-se com a dúvida se aquilo está certo ou não, querendo descobrir quando aquele momento deixará de existir, se é justo ou não ter aquela felicidade. Realmente vocês humanos são incongruentes...

Esta menina que conversei estava me dizendo que gostava de um moço e que esta sensação a estava fazendo feliz. Só que ao mesmo tempo queria saber se estava certo gostar dele, se aquela relação ia ter futuro, se tudo correria bem ou não entre eles. Vocês realmente são engraçados: dizem que querem ser felizes, mas quando a felicidade chega complicam a vida gerando preocupações que não fazem parte daquele momento.

É sobre isso que Krishna está falando. Ele está dizendo que o ser humanizado deve ter Deus sempre em mente e saber enfrentar a vida, saber enfrentar os pensamentos que constroem os momentos de uma existência. Aquele que sabe viver esta vida espiritualmente falando é quem não vivencia a preocupação, o sofrimento, o remorso, a auto-acusação e a crítica que a mente cria. Por ter Deus fixo em sua mente, caminha em paz e tranqüilidade, pouco importando o que o ego está criando.

É por isso que Krishna fala que o ser humanizado deve por Deus em sua mente. Quando isso acontece, o ser humanizado consegue viver exclusivamente com e para Ele. Este não conhece problemas, chateações, aborrecimentos. Por isso, quando estiver vivenciando um momento de felicidade, ao invés de se preocupar, curta este momento profundamente, se entregue àquela sensação. O que acontecerá depois? Só Deus sabe...

Mas, o Bendito Senhor diz mais: aquele que oferece sua mente a Deus terá um entendimento das coisas que o levará a aproximar-se do Pai.

O que está na mente de vocês hoje? O egoísmo, ou seja, a defesa de seus interesses. Isto é o que está sempre presente na mente do ser humanizado hoje, pouco importando o que está acontecendo. Ele sempre participa dos momentos da vida preocupado em ganhar, em ter o prazer, em ser reconhecido e elogiado pelos outros. É a preocupação da defesa de seus interesses que precisa ser substituída por Deus. Deixando de preocupar-se com os seus interesses e entregando a salvaguarda deles à Deus, estará livre para poder curtir o momento de agora intensamente.

O problema é que além de não estarem preocupados prioritariamente com Deus, vocês ainda imaginam que Ele está muito longe. Acham que ele está no céu. Para poder focarem-se Nele é preciso lembrar-se de outro ensinamento de Krishna: tudo é emanação de Deus.

Deus é tudo e tudo é Deus. Ele é todos os objetos com os quais você se envolve, é todas as pessoas que convive com você, é tudo o que faz e pensa. Ele está aqui ao seu lado, é você, e não no Universo. Lembrando-se disso, fica mais fácil ter Deus sempre em mente e com isso conseguir viver plenamente a felicidade quando ela surge.

Quem vive Deus como tudo o que existe tem uma compreensão diferente dos acontecimentos da vida. Ao invés de se preocupar com o que os outros fazem, ao invés de querer entender o que está acontecendo, vê o Pai em todas as coisas e aí se entrega a Ele, pouco importando o que está ocorrendo.

Senhor da yoga - Cap. 8 - Caminho do Imortal Brahman

Versículo 8

Reproduzir todos os áudiosDownload
Versículo 8
Versículo 8

08. Ó Partha, aquele que pratica a yoga constantemente e que não permite que a mente fique vagando de lá para cá, quando medita no Divino Ser Supremo chega a Ele.

A mente vagueia de lá para cá, ou seja, os pensamentos se alternam constantemente. Mas, se alternam de onde para onde? Do certo para o errado, do bonito para o feio, do que você gosta para o que não gosta. É assim que você vive: navegando ao sabor dos pensamentos. Você não vive num caminho único, com uma rota reta traçada. Sua vida é um eterno vagar entre os dois lados da dualidade...

Só aquele que tem o pensamento fixo em Deus segue uma rota reta. Aliás, é por isso Krishna chama a yoga de reto caminho. Ela é o caminho reto que vai de você a Deus.

Aquele que trilha por este caminho alcança a felicidade pura e eterna, ou seja, é sempre feliz. Já aquele que navega de acordo com os pensamentos, um dia está bem e no outro dia está mal e no outro ainda está pior. Às vezes melhora um pouquinho, mas no outro dia volta a cair...

Senhor da yoga - Cap. 8 - Caminho do Imortal Brahman

Versículos 9 e 10

Reproduzir todos os áudiosDownload
Versículos 9 e 10

09 e 10. Aquele que no momento de morrer, com a mente firme e cheia de devoção, fixa o alento vital bem no meio da fronte, entre as sobrancelhas, graças ao poder da yoga e, além disso, medita sobre o Ser Onisciente e Primordial, o Governador e Dispensador de tudo, o Menor das coisas diminutas, o Sustentador de tudo, cuja forma é inconcebível, mas resplandece como o sol e que está muito além dos envolvimentos da ignorância, esse é o que obtém a Existência Suprema e Divina.

Só quero lembrar que a morte citada por Krishna não é a física, mas o Bendito Senhor fala de morte no sentido de renascimento, do matar o homem velho para renascer o novo. A partir desta visão, podemos compreender que os é falado que quando o ser humanizado está buscando o fim do homem velho deve se fixar no ser e em Deus.

Além disso, há outra informação importante neste trecho. Krishna fala que o Governador, que é Deus, quem governa, é o Menor das coisas diminutas. Como podemos entender esta fala do Bendito Senhor? Vamos ver isso...

Qual a coisa diminuta que existe? Qual a menor partícula que existe? O átomo, as moléculas. Krishna afirma que Ele é menor que estas coisas. Com isso, é óbvio que o Bendito Senhor não está falando de tamanho, até porque no mundo universal não existem formas, mas sim do que está por trás da ação dos átomos e moléculas.

Até aqui falamos de Deus como causador das coisas que você faz, da vida que o ser humanizado tem, ou seja, falamos da ação Dele sobre as personalidades humanas e sobre os objetos. Mas, o Pai não age só nas coisas macros, mas também nas micros. Ele é a Causa Primária do funcionamento de todas as moléculas e átomos dos objetos e corpos.

O bário, o mercúrio, o cromo ou o oxigênio não teriam as propriedades que possuem se Deus não os fizesse ter. Aliás, isso está dito claramente em O Livro dos Espíritos?

“07. Poder-se-ia achar nas propriedades íntimas da matéria a causa primária da formação das coisas? Mas, então, qual seria a causa dessas propriedades? É indispensável sempre uma causa primária”.

Sem a ação de Deus nada do que você conhece existiria. Responda-me uma coisa: do que você e tudo o que existe para você é formado? De um monte de células e átomos. Porque estas moléculas e células vivem aglomeradas nesta na forma e não se espalham? Porque Deus as une...

Eis aí a ação total de Deus como Causa Primária das coisas. Ele age sobre os seres humanizados comandando suas ações, age sobre os objetos comandando seu existir e age sobre os átomos e moléculas dando a cada um destes elementos propriedades diversas e os mantêm coesos para que as formas conhecidas no mundo humano existam. Sem a ação Dele o Universo seria um mar de átomos e células espalhadas que não possuiriam nenhuma propriedade.

Senhor da yoga - Cap. 8 - Caminho do Imortal Brahman

Versículo 11

Reproduzir todos os áudiosDownload
Versículo 11

11. Aquele estado que os conhecedores dos vedas descrevem como o Imortal, Aquilo no qual penetram os renunciadores descomprometidos e por cujo anelo praticam a castidade e pureza, descrever-te-lo-ei em poucas palavras.

‘Renunciadores descomprometidos’... O que Krishna está querendo dizer com isso é que quando o ser humanizado renuncia as coisas deste mundo sem se comprometer com novas, chega a Deus. Não adianta apenas renunciar: tem que haver uma renúncia sem novos comprometimentos.

Anteriormente tínhamos conversado aqui sobre o fato de uma pessoa bater à porta de outra. Quando perguntei à pessoa que atendeu quem bateu ela, achando que estava renunciando à compreensão da mente, me disse: ‘porque Deus o fez bater’. Ela achou que deste modo estava colocando em prática a renúncia das compreensões mentais, mas na verdade assumiu uma nova verdade. Com isso nada fez...

A renúncia precisa ser completa, ou seja, não se pode compreender nada do que está acontecendo para poder se chegar a Deus. Enquanto ainda houver alguma compreensão, seja ela Deus está fazendo, nada se conseguiu, pois esta foi dada pela mente. Desta forma, este ser humanizado, imaginando que está fazendo alguma coisa, ainda está preso à personalidade humana, às idéias criadas pela mente.

Por que alguém bate em sua porta? Porque ele bate. Qualquer outra afirmação sobre este ato ainda é uma verdade relativa, um patrimônio humano que buscará ser preservado pelo egoísmo do se humanizado.

Quem consegue promover esta renúncia completa, por causa do anelo a castidade e pureza chega a Deus. A que castidade Krishna está se referindo? O termo castidade no planeta Terra é vinculado àquele que não realiza atividades sexuais. Este é casto. Quem não realiza atividades sexuais não tem o que? O gozo individualista, prazer. O Bendito Senhor, portanto, está nos dizendo que aquele que consegue a renúncia total não tem gozo individualista, prazer... Nem pela realização da renúncia...

Aquele que se locupleta com a realização da renúncia nada conseguiu. Aquele que se sente bem por ter conseguido colocar em prática a renúncia, não renunciou a nada... Quem vive deste jeito ainda está comprometido com a matéria, ainda está na busca do prazer. Ele não é um renunciador de nada, mas um consumidor de prazer.

O verdadeiro renunciador, portanto, é casto nas suas ligações com a mente, ou seja, não vivencia qualquer prazer gerado pelo ego, nem aquele que diz respeito às realizações no caminho reto. Para este, tanto faz se ele está aqui ou lá, se consegue ou não percorrer o reto caminho.

Participante: pois é, o mais difícil para nós é diferenciar prazer, satisfação da felicidade. Nós confundimos as duas coisas; não conseguimos distinguir uma coisa da outra.

O prazer existe quando você quer ir a algum lugar ou fazer qualquer coisa consegue realizar seu anseio. A real felicidade acontece quando querendo ir vive a mesma sensação se conseguir ou não. Desta visão ressalta a importância do libertar-se dos desejos gerados pela mente.

Sendo assim, a primeira coisa que você precisa renunciar é ao desejo. Inclusive o desejo que a personalidade humana gera referente o caminhar pelo reto caminho. Quem deseja fazer a reforma íntima para alcançar a elevação espiritual deve renunciar ao desejo de fazer. Sem isso, o que conseguirá será apenas o prazer e não a felicidade pura e eterna...

Senhor da yoga - Cap. 8 - Caminho do Imortal Brahman

Versículos 12 e 13

Reproduzir todos os áudiosDownload
Versículos 12 e 13

12. Controlando todas as portas dos sentidos, confinando a mente ao coração e fixando o prâna na fronte, desse modo entregue à prática da concentração.

13. E ainda repetindo o sagrado OM, símbolo de Brahman e meditando em Mim, esse, quando deixar seu corpo, alcança a Meta Suprema.

Participante: o que quer dizer OM?

Para percorrer o reto caminho você não precisa saber isso. Isto faz parte do misticismo dos hindus e saber o sentido desta palavra não lhe leva a lugar algum...

Senhor da yoga - Cap. 8 - Caminho do Imortal Brahman

Versículo 14

Reproduzir todos os áudiosDownload
Versículo 14

14. Ó Partha, sou facilmente acessível ao yogue que é constante em suas práticas e que Me evoca continuamente todos os dias, sem pensar em nada mais.

Krishna fala de uma coisa com a qual vocês não conseguem conviver: Deus é facilmente acessível. Para vocês o estar com Deus, encontrá-Lo, é algo extremamente complicado. Dependendo de cada caminho místico que o ser humanizado esteja ligado, para estar com Deus é preciso realizar diversas coisas: orar, meditar, assumir determinadas posturas, etc. Mas, nada disso é real: Deus está facilmente acessível para aquele que é constante na Sua busca.

O que é preciso fazer para encontrar Deus? Basta olhar em volta... Veja, aqui há seres humanizados, móveis, paredes, animais, etc. Tudo isso é Deus. Esteja com estas coisas e estará com Ele. Não é preciso ir ao céu ou entrar em transe para estar com o Pai: basta estar com tudo o que existe, pois todas as coisas são emanações Dele. Exatamente por não viverem com esta realidade é que para vocês torna-se extremamente difícil estar com o Pai.

O ser humanizado nunca está com as coisas e pessoas deste mundo: ele vive só consigo mesmo. Mesmo quando está com os outros, está com a humanidade destas coisas e não com a emanação de Deus. Quando alguém fala ou faz uma coisa o ser humanizado não está com ele nem com o Pai, mas preso em si mesmo, ou seja, não vive o acontecimento pelos valores dos outros ou como emanação do Senhor, mas pelos seus próprios. Se alguém fala algo, o ser humanizado não vive as intenções dos outros nem a Causa Primária, mas apenas aquelas que ele imagina que o outro tem.

Desta forma, realmente fica difícil se encontrar o Pai...

Senhor da yoga - Cap. 8 - Caminho do Imortal Brahman

Versículo 15

Reproduzir todos os áudiosDownload
Versículo 15

15. As grandes almas que chegam a Mim não voltam a renascer nesta sempre mutante morada da miséria, pois alcançaram a perfeição mais elevada.

Neste trecho, outro grande ensinamento do Sublime Senhor: quem chega a Deus não volta a renascer. Para que renascer se você já chegou a Deus?

Mas, Krishna usa mais um adjetivo que é interessante se reparar para falar do mundo humano: morada miserável. Ele chama o mundo terrestre de sempre mutante morada da miséria. Vamos ver que lição nós podemos tomar disso...

Vocês dizem que os tempos de hoje são piores do que os de antigamente, mas isso não é real. A existência humana é sempre uma morada miserável, esteja ela da forma que estiver. Por mais que o Planeta Terra se mude, habitar aqui é morar na miséria, no sentido espiritual. Aliás, não é só aqui: morar em qualquer planeta é sempre miséria.

Esta informação de Krishna deve levar aqueles que buscam a elevação espiritual durante a sua encarnação a lutar para se libertar do apego às coisas mundanas, sejam elas classificadas como boas ou nas. É preciso lutar para se libertar das formas, das sensações, das formações mentais. Do que se gosta e do que não se gosta, do que se acha importante, do ser, estar e fazer qualquer coisa. Ter esta compreensão é importante para aquele que quer chegar a Deus.

Senhor da yoga - Cap. 8 - Caminho do Imortal Brahman

Versículo 16

Reproduzir todos os áudiosDownload
Versículo 16

16. Os seres de todos os mundos, Ó Arjuna, incluindo os da esfera de Bhrama (o criador, o deva dos devas, mas não o Absoluto), estão sujeitos ao renascimento. Porém,. Ó filho de Kunti, depois de terem-Me alcançado, não há mais renascimentos.

Enquanto um ser não consegue aproximar-se de Deus, ou seja, viver a felicidade que Ele tem prometido, estará sujeito a encarnações, neste ou em outro mundo. Somente quando tiver conseguido realizar a sua progressão espiritual poderá estar livre da sansara. Mas, para realizá-la é preciso renascer.

Krishna não está nos falando de nascimentos constantes, mas de renascer. As duas coisas são diferentes. Renascimento constante é viver a roda de encarnações; renascer é durante a mesma existência carnal ou encarnação conseguir viver de forma diferente dos demais seres humanos. Que forma é esta? A vida dedicada em oblação a Deus. Somente aquele que numa encarnação consegue vivenciar os acontecimentos de sua vida sacrificando suas intenções a Deus consegue renascer e com isso encerram-se os ciclos de encarnações.

Senhor da yoga - Cap. 8 - Caminho do Imortal Brahman

Versículo 17

Reproduzir todos os áudiosDownload
Versículo 17

17. Aquele que sabe que o dia de Brahma dura mil yugas – um yuga contém 4.320.000 anos nossos, segundo a mitologia hindu – e que a noite de Brahma dura outro tanto, é um verdadeiro conhecedor do dia e da noite.

Não vou entrar em detalhes sobre o que é yuga ou porque neste texto foi usado o valor mil, pois saber disso não nos leva a lugar algum. O que precisamos tirar deste trecho é o seguinte: aquele que sabe que a noite e o dia de Deus são diferentes da sua, alcança a compreensão das coisas do Universo. A informação importante de Krishna neste momento é saber que a contagem de tempo pra Deus é diferente.

Por que isso é importante? Para não super valorizar o tempo. Se você perder um dia, uma semana, um mês ou um ano de sua vida, no tempo de Deus nada foi perdido.

Isso é importante para aqueles que super valorizam o tempo. ‘Estou casado há trinta anos’: e daí, isso para Deus é o tempo Dele piscar o olho. Por que você valoriza tanto este tempo? ‘Não posso perder este ano na escola’. Para que tanta pressa? Um ano no tempo de Deus não dá nem para começar a piscar o olho.

Entender que a contagem do tempo para Deus é diferente é importante para se exercitar a paciência. Se você não conseguiu o que queria hoje, tente amanhã. Se este não foi um bom ano para você, recomece no dia primeiro de janeiro. Só aquele que sabe a diferença entre a sua urgência e a de deus consegue viver para Ele.

Senhor da yoga - Cap. 8 - Caminho do Imortal Brahman

Versículos 18 e 19

Reproduzir todos os áudiosDownload
Versículos 18 e 19

18. Quando amanhece o Dia de Brahma, todas as manifestações procedem do Imanifesto e ao aproximar-se a Noite, voltam a submergir naquilo que chamam o Imanifestado.

19. Ó Partha, essa multidão de seres que nascem e renascem vezes seguidas, ao aproximar-se a Noite, inevitavelmente submergem no Imanifesto e aos aproximar-se o Dia voltam a ser manifestos.

Aqui está a resposta para um pergunta que vocês me fizeram muitas vezes: a questão do sono. Krishna afirma: sempre que chega a noite, ou seja, o ser humanizado dorme, ele submerge no imanifesto, vive no espírito.

Quer aprender a sair da carne? Basta dormir e ao invés de dizer que está sonhando, compreender que estava agindo além das ligações com o corpo físico. Quando fizer isso, terá a consciência de ter saído do corpo, mas enquanto achar que estava sonhando ainda viverá aquele momento como uma atividade humana, física.

Participante: e as pessoas que conosco enquanto dormimos? São outros espíritos?

Não. Os acontecimentos que ocorrem durante o sonho não são verdadeiros, mas interpretações que a mente dá para coisas que ela não tem como descrever. O sonho é verdadeiro, mas quando acorda e se lembra dele, esta lembrança é uma interpretação do que realmente ocorreu no mundo espiritual que é formado por compreensões que a mente humana não possui. Por isso ela codifica os acontecimentos espirituais com figuras que possa ser compreensível por você. .

Senhor da yoga - Cap. 8 - Caminho do Imortal Brahman

Versículo 20

Reproduzir todos os áudiosDownload
Versículo 20

20. Porém, mais além desse Imanifestado que se manifesta, outro Imanifestado há que é Existência Pura e que não é destruído nem mesmo quando todos os seres aparentes são destruídos.

A questão da existência da vida é algo que vocês não conseguem compreender plenamente. Estando num lugar onde não conseguem perceber algo vivo, dizem que lá não existe vida, mas Krishna está nos dizendo que há outros seres imanifestos ali. Ou seja, sempre há espíritos num lugar que você chama de sem vida...

Esta compreensão é importante para vocês que hoje são bombardeados pelas informações das naves espaciais sobre outros planetas. Elas afirmam que não existe vida neles, mas se isso ocorresse, para que existiria o planeta? Será que Deus criaria a Lua, Marte, Vênus apenas para decorar o firmamento?

Em todos os lugares há vida espiritual, mesmo que como humanos vocês não consigam percebê-la.

Senhor da yoga - Cap. 8 - Caminho do Imortal Brahman

Versículo 21

Reproduzir todos os áudiosDownload
Versículo 21

21. Este último Imanifestado é chamado o Imortal; é proclamado o Estado Supremo, do qual, uma vez vivenciado, não há mais retorno. Essa é a minha Morada Eterna.

A vida do manifestado é imortal, ou seja, nunca acaba. Isso quer dizer que o espírito é eterno. Esta existência é proclamada como o Estado Supremo, ou seja, a existência espiritual supera a material.

Esta é uma coisa que vocês dificilmente conseguem trazer para a vida humana. Vivem os acontecimentos desta existência valorizando os anseios materiais e não os espirituais. Quando se valoriza mais a existência eterna, este estado não tem retorno, ou seja, as posses, paixões e desejos desta encarnação perdem importância.

Quando o ser humanizado consegue vivenciar esta importância maior ao mundo espiritual do que o material vive dentro da Realidade.

Senhor da yoga - Cap. 8 - Caminho do Imortal Brahman

Versículo 22

Reproduzir todos os áudiosDownload
Versículo 22

22. Ó filho de Partha, esse Ser Supremo, no qual todos os seres residem e graças ao qual tudo isto está compenetrado, é realizado também pela devoção exclusiva e total.

O Ser Supremo, Deus, é onde todos residem. Para poder se viver neste mundo é preciso dedicação total a Ele. Portanto, você tem duas opções: ou se dedica ao mundo humano, o que significa viver a partir de suas verdades, de seus códigos de normas que dizem o que é certo e errado, bom e mal, ou se dedica ao mundo espiritual, onde os seres se amam e por isso respeitam o direito de cada um ser, estar e fazer o que quiser.

Senhor da yoga - Cap. 8 - Caminho do Imortal Brahman

Versículos 23 a 26

Reproduzir todos os áudiosDownload
Versículos 23 e 24
Versículo 25
Versículo 26

23. Ó tu, o melhor dos Bhâratas, falar-te-ei a respeito do tempo no qual os yogues, deixando seu corpo, alcançam a emancipação ou têm que nascer de novo.

24. Ao deixar o corpo, tomando o caminho do fogo, da luz, do dia, da quinzena da lua luminescente e do solstício setentrional, os vivenciadores de Brahman vão a Brahman.

25. O yogue que, ao morrer, vai pelo caminho do fumo, da noite, do quarto minguante e do solstício meridional chega à esfera lunar e logo renasce.

26. Esses dois, o luminoso e o escuro, são considerados como os dois caminhos eternos do mundo – um é o sendeiro da sabedoria e o outro o da ignorância. Por um, o homem alcança o não retorno (ou liberdade); pelo outro, o homem retorna vezes seguidas.

Cristo disse que havia um caminho largo e outro estreito; Buda fala que existe o estado iluminado e o não; o Espírito da Verdade falou em optar pelo bem ou pelo mal. As palavras pouco importam: o importante é você compreender que existem dois caminhos. Em um se percorre na luz e noutro se percorre na escuridão. Qual o caminho que contém luz?

Deus é a fonte Suprema de luz do Universo. Sendo assim, o caminho luminoso é aquele que é vivenciado com a presença Dele. Já o caminho escuro é aquele que é percorrido sem Ele. Quando se vive o caminho luminoso estanca-se a sansara, a roda de encarnações. Enquanto se vive sem Ele sempre se estará preso ao nascimento e renascimento.

Senhor da yoga - Cap. 8 - Caminho do Imortal Brahman

Versículo 27

Reproduzir todos os áudiosDownload
Versículo 27

27. Ó filho de Prithâ, conhecendo corretamente esses dois caminhos, os yogues nunca se enganam. Portanto, ó Arjuna, estabelece-te na yoga.

Vamos conhecer corretamente os dois caminhos?

O que é caminhar com Deus? Libertar-se do ego. Para isso o que é preciso? Ao invés de se viver com as informações criadas pelo pensamento ver tudo como emanação do Senhor. Este é o caminho luminoso que o ser pode percorrer enquanto encarnado

Qual é o caminho escuro, o caminho sem Deus? Á vida que é vivenciada na materialidade, através de múltiplas manifestações. É aquele que é vivida com a presença de diversos agentes que agem por motivação própria. O caminho escuro é aquele onde a cadeira é que segura seu corpo. Onde o outro faz as coisas, onde a natureza pode ser poluída.

O caminho claro é aquele onde não importa o que esteja acontecendo, o ser mantém-se equânime, pois vê tudo como manifestação de Deus.

Senhor da yoga - Cap. 8 - Caminho do Imortal Brahman

Versículo 28

Reproduzir todos os áudiosDownload
Versículo 28

28. Qualquer que seja o fruto das boas obras que se promete no estudo dos vedas, no sacrifício, na prática da austeridade e nas obras de caridade, o yogue que percebe isso claramente eleva-se por cima de tudo e volta a vivenciar a morada Suprema e Primordial.

Repare bem no que Krishna está falando: aquele que entende que não importa o que se faça para se alcançar a elevação espiritual toda ação é uma manifestação de Deus, alcança a Morada Suprema e Primordial.

Sabe, praticar caridade é muito mais do que eu dar a quem precisa o que ele necessita. Esta ação é uma manifestação de Deus através de você. Na verdade, você não está dando nada, mas é o Pai se manifestando através de você para dar a quem merece o que precisa. Só quando retira das ações a sua autoria você consegue atingir a Morada Suprema Primordial.

Trabalhar pela evolução espiritual é mais do que ser austero, mais do que ir a algum lugar e estudar os caminhos para a evolução: é ver a manifestação de Deus em tudo, inclusive no que você faz pela sua elevação espiritual.

Sendo isso verdade, posso afirmar que você não faz nada. Na realidade é Deus que se manifesta através da sua compreensão, da sua dedicação, da sua austeridade. É isso que Krishna está querendo nos alertar.

Quando você conseguir colocar em prática aquilo que estamos conversando, não ache que você está realizando alguma coisa. Agindo desta forma nada conseguirá, pois seja qual for o ato, o reto caminho é ver a manifestação de Deus através de tudo.

Algumas correntes afirmam que fora da caridade não há salvação. Por isso os seres humanizados que as segue imaginam que eles compram e que eles doam os objetos aos necessitados. Mas, onde está Deus nesta conversa? Assistindo placidamente você dar a quem quer, sujeitando-se à sua disponibilidade de comprar quando puder e de levar aos necessitados quando tiver oportunidade? Deus é a Fonte de todas as coisas e, portanto, a fonte de suas ações também, mesmo que elas sejam fundamentadas na busca da elevação espiritual.

Outras correntes afirmam que é preciso se estudar muito para se chegar a Deus. Eu discordo; acho que é preciso se ligar a Ele para chegar perto Dele. Esta ligação só se consegue quando se vivencia todos os acontecimentos como manifestação do Senhor.

O que adianta ir a algum lugar para se estudar sobre o processo de elevação espiritual se sua ida lá está fundamentada no ganhar, no aprender mais? Se você acredita que foi por esta motivação não compreenderá nada. Na hora que você viver a Realidade (se Deus me levar, fui; se Deus me mostrar, compreendo), alcança a Morada Suprema e nunca mais precisará reencarnar.