Conversando com um espiritualista - volume II

Cura e carma

Participante: com base na sua resposta sobre a pergunta que falava sobre o merecimento da crua, gostaria de fazer uma pergunta. A pessoa que é curada de uma grave enfermidade, como vemos não só no Novo Testamento, mas em sessões públicas de igrejas, nos ditos milagres, teria acabado de vencer um carma? Isso foi um merecimento adquirido pela pessoa pela sua atitude interior ou a crua já tinha data e hora marcada para acontecer? A intenção da minha pergunta é entender melhor a lei do carma...

Compreendi perfeitamente a intenção da sua pergunta e já ia responder baseando-me na lei do carma.

A lei do carma é um grande barato porque ao aplica-la, você gera um novo carma. Compliquei seu entendimento? Sim, mas essa lei é complicada mesmo para vocês humanos, para vocês que só sabem viver o que acontece no mundo material.

O que posso lhe dizer é que toda causa gera um efeito e este torna-se causa para um novo efeito. É assim que a máquina da existência espiritual – sim, espiritual, pois carma é do espírito e não do ser humano – funcional.

Eu já disse que o carma é como se fosse o motor que movimenta toda existência espiritual. As rodas, os espíritos, vão se encaixando e se desencaixando, rodando juntas e separadas, de acordo com a lei do carma. Então, cada momento na existência do espírito, seja encarnado ou não, é um carma, é um efeito a uma ação anterior. Só que quando o ser universal vivencia o carma, o efeito, está gerando uma nova ação que vai resultar numa nova reação.

Explicada a questão do carma, agora posso lhe falar das curas.

Lembra-se que falei de carma como espiritual, como pertencente ao mundo espiritual e ao espírito? Ora, se ele é espiritual, a cura é o resultado de um carma, é uma reação a uma ação? Depende. Depende do que? De que tipo de cura estamos falando.

Se você me fala da cura de uma doença material, está me falando de vida material. Por isso, essa cura não é o resultado de um carma, já que o carma é do espírito e este não tem doenças materiais. Agora, se você está falando de cura espiritual, ou seja, de um espírito conseguir depurar-se para avançar no sentido de aproximar-se de Deus, aí é carma, aí é efeito de uma ação espiritual.

A cura material, se ela é da matéria, é um elemento de provação, um elemento da prova do ser. É um questionador que vai gerar uma ação por parte do ser que levará a uma reação. Por isso, os ditos milagres, sejam os bíblicos ou os que acontecem nos dias de hoje, se acontecem relativo a coisas materiais, trata-se de cura de doenças físicas, na verdade são novas provas.

Se o ser humano foi curado, seja por um médico, um pastor, um exu ou por qualquer entidade, essa cura de doença material. Por isso, é uma nova prova, é um novo momento onde existe uma questão a ser respondida pelo espírito: ‘e agora, você vai idolatrar quem lhe curou porque ficou curado ou continuará amando a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo’?

É este aspecto que vocês precisam compreender. Carma não é humano. Portanto, qualquer reação humana não é carma, mas prova. Durante esta prova o espírito vai fazer alguma ação e essa ação dele ao viver o que está acontecendo no mundo material, criará para ele um efeito. Esse será dramatizado numa nova ação humana para gerar uma nova oportunidade para o espírito ter um novo carma.

Portanto, nunca relacione um acontecimento material como resultado de um carma ou como fruto de um carma. O que é fruto do carma é a ação do espírito e ela é dramatizada através de atos.

Participante: quer dizer que uma doença material não é um carma?

A doença material é uma prova. Uma prova resultante do carma de um espírito.

Participante: então, dependendo da forma como o espírito vive essa prova a pessoa pode ser curada ou isso não ou não tem nada a ver?

A cura não tem nada a ver com a ação de agora.

Como ela é prova, para existir tem que estar prevista no livro da vida daquele espírito. A pessoa só será curada se no livro da vida estiver determinado que ela será curada. Não é porque o espírito agiu num momento da encarnação de determinada forma que a pessoa será curada.

Se isso acontecesse, aquela questão de O Livro dos espíritos onde se diz que Deus sabe a hora que cada um vai morrer perderia o efeito. Isso porque bastaria que o espírito agisse de forma diferente que a hora da morte seria alterada.