Conversando com um espiritualista - volume II

Cristo e a crucificação

Participante: simplesmente aceitar o que nos acontece sem lutar contra não é comodismo?

Deixe-me lhe dizer mais uma coisa. Vou comparar a predestinação com o exemplo de Cristo.

Mais de uma vez o Cristo avisou que seria crucificado. Na Bíblia ele fala diversas vezes sobre isso. Ou seja, ele sabia que havia uma predestinação dele ser crucificado.

Ele lutou contra isso? Não. Em todas as vezes que falou sobre o assunto não se repara nenhuma fala contra o futuro que lhe aguardava. Só que ele não foi comodista. Digo isso porque ele justificou o porquê não lutar...

Na primeira vez que fala de sua crucificação aos apóstolos, Pedro chama Cristo ao canto e lhe pede para não falar isso, pois dá mau agouro e o conclama a rezar a Deus pedindo que ele não fosse crucificado. O mestre lhe responde: ‘Cala a boca, Satanás. Você está pensando como um ser humano. Você acha que eu não vou passar por aquilo que tenho que passar’? Ou seja, ele justifica o aparente comodismo através da consciência de que é preciso se viver aquilo para o qual se está predestinado.

Na segunda vez em que o mestre fala da crucificação, Pedro chega a puxar da espada e chega mesmo a cortar a orelha de um guarda para que Cristo não fosse crucificado. O mestre, no entanto, diz: ‘pare! Você acha que se fosse para eu ser salvo meu Pai não teria mandado doze legiões de anjos para me salvar’? Ou seja, ele justifica a aceitação do seu destino pela consciência de que se não fosse para acontecer o que está ocorrendo Deus geraria uma ação.

Apesar desta forma de agir de Cristo, o que aconteceu com Cristo seria, para você, um comodismo. Para você ele deveria lutar e mostrar o quanto era poderoso. Mas, ele se entregou e nunca culpou ninguém pela sua crucificação...

Portanto, siga o exemplo de Cristo e entregue-se ao seu destino com a consciência de que está vivendo ao que está predestinado e pela certeza de que se aquilo não fosse para acontecer Deus teria agido em sentido contrário.