A lei e a fé - Carta aos romanos

A culpa da humanidade

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Nós vemos que o castigo de Deus cai do céu contra todo pecado e contra toda maldade dos seres humanos que, por meio de suas más ações, não deixam que a verdade seja conhecida. (Capítulo 1 – versículo 18).

Paulo nos ensina que o castigo – que na verdade é a Justiça e não o castigo – cai do céu para os seres humanos porque eles não deixam que a Verdade seja conhecida. Qual é a Verdade que deve ser conhecida; o que é Real neste mundo? Deus e sua ação.

O ser humanizado, por meio de sua falsidade, não deixa que esta Verdade Universal seja reconhecida, nem por si mesmo. Afirma que ele e os outros são os geradores das ações, que os elementos do mundo (chuva, vento, etc.) agem... É essa falsidade (dar a origem da ação a outro que não ao próprio Deus) que gera o que a humanidade chama de castigo ou contrariedade.

Na hora que cada um não mais ocultar a Verdade, não terá mais contrariedade. Na hora que o ser humanizado não ocultar de si a Verdade – dizer que foi Deus que arrancou o telhado da casa e não o vento - não terá mais contrariedade, pois vivenciará um ato de amor do Pai e não um “castigo”.

O “castigo” acaba para aqueles que vêem Deus agindo.

Deus os castiga porque o que eles podem conhecer a respeito Deles está bem claro, pois foi o próprio Deus que mostrou isso a eles. (Capítulo 1 - versículo19).

Será que até hoje vocês ainda não compreenderam que não conseguem agir dominando os resultados das ações, apesar de Deus já cansar de mostrar à humanidade que ela não domina nada?

A humanidade aterra uma lagoa e constrói a casa em cima. Daqui a pouco vem Deus, faz a água subir e as casas caem todas... Aí os homens não ficam satisfeitos e imaginam que podem dominar um pedaço do mar. O mar se revolta e domina tudo de volta...

Será que não dá para compreender que é Deus que age e entregar na mão Dele a Verdade? ‘Vou construir, mas só Deus sabe se permanecerá erguido.’

O Pai tem mostrado com sobras a vocês que quando imaginam que alguma coisa é líquida e certa vem a vida e muda completamente toda certeza que vocês têm? Será que não dá para deixar de achar nada?

É isso que Paulo está nos dizendo: Deus tem mostrado ao ser humano a Realidade das coisas, ou seja, a sua incapacidade de agir e de prever resultados. A incapacidade de ter a certeza de que aquela ação irá resultar logicamente num determinado resultado.

Mas, o ser humano continua falseando a realidade achando que ele fez, que ele dominou, que ele resolveu, que ele está certo...

Desde que Deus criou o mundo, as suas qualidades invisíveis, tanto o seu poder eterno como a sua natureza divina, têm sido vistos claramente. (Capítulo 1 – versículo 20).

É só olhar a natureza, não?

Repare... No deserto, nos lugares que quase não há água, as plantas armazenam água dentro delas. Nos lugares que chove muito, isto não acontece... Por que será?

Apesar do rio se encontrar com o mar, os peixes de um e de outro lugar não trocam o seu habitat... Por que será?

As qualidades invisíveis, o poder eterno e a natureza divina do mundo são bem visíveis: é só você reparar na natureza... É só reparar na Perfeição da obra...

Mas, o homem não faz isso: está sempre querendo mudar o mundo de acordo com os seus valores individualistas.

Tem uma resposta do Espírito da Verdade (pergunta 9 de O Livro dos Espíritos) onde ele fala assim: veja a obra que você reconhece o autor. A obra está aí, o universo é Perfeito. A cada manhã o sol se levanta e no fim da tarde se deita. Neste período, o astro rei distribui o calor necessário para cada planta e ser do planeta...

A lua tem o mesmo tamanho e gira em torno da Terra nas mesmas fases desde que o mundo é mundo. Estas fases fazem o mar ir mais para frente ou mais para trás há milênios, sem alterações... Quando o ser humano poderia imaginar construir uma perfeição desta?

Além do mais, o ser humano nada pode criar: tudo que imagina fazer sempre é realizado sobre algo que Deus já havia feito anteriormente. Tem uma história que reflete bem o que estou dizendo...

Conta-se que os médicos, agora que já haviam aprendido a clonagem dos seres humanos, decidiram que não precisavam mais de Deus. Resolveram, então, pedir ao Senhor que se afastasse da Terra. Para isso escolheram um entre eles que levaria a notícia ao Pai.

Este homem chegou perto de Deus e transmitiu a notícia. O Senhor, em nome da velha aliança, pediu, então, uma última prova. Com a concordância do médico, Deus disse: façamos um homem... ‘Se você conseguir fazê-lo, então me afastarei’ – disse o Pai.

O médico achou que já havia ganho a parada. Foi correndo até o seu laboratório, apanhou uma célula e se apresentou frente a Deus pronto para o desafio. Foi aí que o Senhor disse:

- ‘Com a minha célula, não... Crie a sua primeiro...’

É isso que Paulo está nos falando.

Vamos abrir os olhos e compreender que as conquistas humanas não são nada... São pobres máquinas frágeis que acabam e que nada mais são do que mutações de algo que já existe e que foi criado anteriormente pelo Pai.

O verdadeiro poder, a verdadeira obra jamais se extingue... O homem soterra tudo, mas daqui a pouco, daquele monte de coisas, sai uma planta. Não importa se é cimento ou terra, a germinação acontece mesmo num pequeno espaço...

Os seres humanos podem ver tudo isso no que Deus tem feito e, portanto, eles não têm desculpa nenhuma. (Capítulo 1 – versículo 20).

Para dar a ele a glória que é só Dele: Causa Primária de todas as coisas...

Embora conheçam a Deus, não lhe dão a honra que merece e não lhe são agradecidos. (Capítulo 1 – versículo 21).

Vocês agradecem a Deus pelo que Ele lhes dá?

Agradecem todo dia de manhã pelo sol ou pela chuva que Ele dá, ou imaginam que o dia é uma decorrência natural da noite? Agradecem pela comida que comem? Não, porque acham que a conquistaram como fruto do seu trabalho material...

Não estou falando em agradecimento por palavras – ‘Obrigado meu Deus pelo alimento que vou comer’ – mas será que você come com Deus, acredita que o alimento lhe foi dado pelo Pai e que será o Senhor que lhe sustentará e não aquilo que está comendo? Será que se levanta com Deus (direciona toda a sua preocupação para amá-Lo acima de todas as coisas naquele novo dia), ou se levanta no piloto automático preocupado com a vida?

É isso que Paulo está nos lembrando. Ao invés de agradecerem ao supermercado ou ao seu salário a comida que comem, agradeçam a Deus, pois sem Ele não existiria alimento...

Ao contrário, acabaram pensando só em tolices e as suas mentes vazias estão cheias de escuridão. (Capítulo 1 – versículo 21).

Pensar só em tolices não é pensar apenas naquilo que é considerado “besteira” pela humanidade. É pensar só no eu. Não existe tolice maior do que essa...

Eles dizem que são sábios, mas são loucos. (Capítulo 1 – versículo 22).

O ser humano acha que é sábio...

Ele imagina que consegue construir uma casa, pintar uma parede, fazer um avião que voa... Como são tolos...

Na hora que Deus quer, onde vai parar o avião que foi construído para voar? Na hora que Deus quer, onde vai parar a casa que foi construída sob alicerces tão fortes?

O ser humano se diz sábio, possuidor de uma sabedoria imensa, mas como é tolo... Como fala o Espírito da Verdade (pergunta 9 de O Livro dos Espíritos): “Pobre ser, que um sopro de Deus pode abater!”

Em vez de adorarem ao Deus imortal, adoram ídolos que se parecem com seres humanos, ou com pássaros, ou com animais, inclusive os que se arrastam pelo chão. (Capítulo 1 – versículo 23).

Adoram como Causa Primária a eles mesmos e outros seres humanos, ao avião, ao trem, aos animais, vegetais...

Quantos ídolos vocês tem na vida? Tudo aquilo que substituir Deus como Causa Primária é um ídolo do ser humano.

E, porque esse seres humanos são assim tão loucos, Deus os entregou aos desejos de seus corações para fazerem coisas sujas e terem relações vergonhosas uns com os outros. (Capítulo 1 - versículo 24).

Cuidado com o termo relação vergonhosa. Muitos já julgaram que aqui estava uma crítica ao homossexualismo, mas não é isso...

Eles trocam a verdade de Deus pela mentira e adoram e servem o que Deus criou, em vez de adorarem e servirem o próprio Criador, que deve ser louvado para sempre. Amém. (Capítulo 1 - versículo 25).

Esta é a real relação vergonhosa do ser humano: louvar aquilo que Deus criou e não a Ele mesmo. Mas, não estamos falando somente dos religiosos, mas de todos os seres humanos.

Os naturalistas, por exemplo, religiosos ou não, têm uma relação vergonhosa, porque não se relacionam com Deus, mas com a natureza. Para eles o bicho, a planta, são as coisas mais bonitas... Não, eles são uns loucos, porque a beleza do bicho e das plantas é Deus. Essa é a relação vergonhosa.

Os seres humanos que se relacionam com as coisas que Deus criou, inclusive com outro ser igual a ele, adorando o elemento e não a Deus, possuem uma relação vergonhosa com o Pai.

Quando você se relaciona com o próximo adorando a si ou ao outro (eu estou certo, ele é bom, eu sou bonito), está adorando aquilo que Deus criou: o seu ego, o personagem humano. Esta é uma relação vergonhosa, do ponto de vista espiritual, porque vive a criação como se fosse o próprio Criador.

Essa é a relação vergonhosa que Paulo fala e não das relações homossexuais...

Por causa do que estas pessoas fazem, Deus as entregou às paixões vergonhosas. (Capítulo 1 - versículo 26).

O que se obtém destas relações? O prazer, as paixões, os desejos...

Esse é o fruto da relação imoral entre o ser humanizado com as criações de Deus, da adoração às coisas e não ao Senhor, e foi a ele que Deus entregou os espíritos humanizados que não vivem com e para Deus.

Pois até as mulheres trocam as relações naturais pelas que são contra a natureza. (Capítulo 1 – versículo 26).

Pergunta: O que são relações naturais?

O que deveria reger as relações entre os seres humanizados e entre eles e os demais elementos do mundo? O amor universal... Tudo na existência carnal deveria ser vivenciado de uma forma espiritual, para que o que é natural (da natureza do espírito), fosse mantido...

Mas, as mulheres (seres humanizados encarnados em matérias com esta forma) trocam esta relação pelo amor maternal, filial, marital, amizade, etc. Trocam a relação natural (com amor universal) com seu corpo pela vaidade (que leva à plástica, maquilagem, moda).

Paulo não está falando de relação sexual entre duas mulheres (homossexualismo), como muitos dizem que está neste texto. Apenas porque foram usadas as palavras relações vergonhosas os seres humanizados logo levam para este lado, mas tudo isso ainda está ligado à relação vergonhosa de adorar a obra de Deus sem louvá-Lo.

Neste parágrafo ele está falando de uma mulher adorar outra, mas isso também serve para a adoração a um homem, por exemplo, sem colocar Deus (o amor universal) nesta relação e não só de ações homossexuais.

Deixe-me dizer uma coisa: Paulo é o mais polêmico dos apóstolos, por que foi o único que entendeu a Realidade dos ensinamentos e muitos outros debates ainda surgirão neste estudo

Ficou clara, então, a relação vergonhosa de uma mulher com outra? Nada tem a ver com homossexualismo, mas do espírito humanizado encarnado nesta forma ter uma relação com outra mulher na base do individualismo.

E também os homens deixam as relações naturais com as mulheres e se queimam de paixão uns pelos outros. (Capítulo 1 – versículo 27).

Participante: Aqui, com certeza fica muito claro o lado homossexual, não?

Não... Vamos entender...

Paulo afirma: os homens se queimam de paixões por outros homens... O que é se queimar de paixão? Adoração, amizade, vaidade, orgulho, etc. Qual deveria ser a relação natural entre eles? A prática do amor universal.

Um homem que considere outro certo, que se imagine amigo deste, não está se queimando de paixão por ele? Claro que sim, porque tem verdades a respeito deste outro.

Mas, quem é o amigo? Criador ou criatura? Então, o homem que acha algum outro certo se queima de paixão numa relação vergonhosa, já que está adorando a criatura ao invés do Criador...

Participante: Mas, cada um pode interpretar este texto de um jeito sem estar, por isso, “errado”...

Não... Cada um pode dizer o que quiser, mas interpretar este texto de forma diferente não pode.

Paulo fala anteriormente na paixão verdadeira e ela é uma só: amor a Deus acima de todas as coisas... A partir daí ele afirma que a paixão que é vergonha para os seres humanos é relacionar-se com a criatura como se fosse Criador... Foi isso que estudamos até aqui e agora não poderíamos mudar o sentido dos ensinamentos de Paulo para relações homossexuais... Por isso o texto não pode ser interpretado de forma diferente.

Vamos tirar o sexo dos personagens envolvidos no texto... Falemos da paixão vergonhosa de um homem com uma mulher...

Quando ela acontece? Quando não é fundamentada no amor universal (amor entre espíritos), mas sim nos conceitos egoístas (eu gosto, eu acho certo, é meu) do ser humanizado.

Quem ama universalmente falando não deixa que os conceitos poluam a relação entre os eles e os demais elementos do Universo. Esta é a relação natural, da natureza do espírito, e, por isso, não é vergonhosa. Mas quem se deixa levar primariamente pelo seu individualismo, se relaciona de uma forma vergonhosa com os outros.

Esta Realidade independe de sexo. Não importa se estamos falando de homem ou mulher relacionando-se com seu igual: se houver paixão humana (gostar) há uma relação vergonhosa.

O que mais causa a interpretação de que aqui está embutida uma crítica ao homossexualismo, o que é comum entre os seres humanizados, é o termo relação... Por causa dele cria-se logo a imaginação de que está se falando de relação sexual, mas estamos falando de relacionar-se (estar em contato), em qualquer nível.

Trocar a sua relação natural é deixar de viver como espírito durante os relacionamentos em qualquer gênero, pois esta é a relação natural (que faz parte da natureza do ser universal) entre os espíritos, humanizado ou não.

É a partir desta Realidade que temos que entender os ensinamentos do apóstolo e não utilizando os preconceitos que estão na memória do ego humanizado.

Posso fazer uma pergunta bem clara? Olhe todas estas pessoas que estão aqui hoje... Existem seres de ambos os sexos, não? Nós estamos tendo relações aqui e agora?

Participante: Acho que sim...

Claro que estamos... Estamos nos relacionando, ou seja, tendo relações, e isto não tem nada a ver com sexo...

Participante: Mas, no texto está: se queimam de paixões...

Vocês não estão se queimando de paixões agora? Não estão gostando ou deixando de gostar por estar aqui, pelo que estão aprendendo, por mim, pelo amigo ao lado? Isto são paixões...

Então, vocês todos estão aqui mantendo uma relação comigo, entre si e com a palestra, e, com isso estão nutrindo paixões. Mas, estão nutrindo neste momento uma paixão vergonhosa porque estão fazendo tudo isso apenas a partir de seus próprios conceitos e percepções e Deus, para vocês, neste momento está longe, apesar desta ser uma reunião espiritual...

Nesta relação que estamos tendo agora estão presentes homens e mulheres. Os homens estão se relacionando com homens, as mulheres estão se relacionando com suas semelhantes; tudo dentro de uma relação vergonhosa, e nada está ocorrendo aqui que possa ser chamado de sexual...

As relações vergonhosas não são as sexuais, mas quando um quer levar vantagem sobre o outro, quando tem ódio, quando critica o próximo, quando quer ser melhor do que o outro. Isso porque esta não é uma relação da natureza espiritual, mas uma relação fundamentada na natureza humana...

Participante: Mas, esta é a sua verdade... Eu posso chegar aqui e interpretar do meu próprio jeito...

Claro que pode e muitos o fazem. Todos têm o direito de interpretar qualquer texto do seu próprio jeito.

Agora, dizer que Paulo está se referindo a relações sexuais é apenas uma interpretação individual, pois este texto é continuação de tudo que vimos antes, onde o apóstolo vem falando das relações vergonhosas com o que Deus faz e não das relações sexuais entre os encarnados. Não se pode quebrar a lógica de Paulo, pois todo o texto é uma só explicação.

É isso que precisamos compreender para poder interpretar o texto. Não podemos nos apegar apenas aos valores sexuais porque em diversos outros momentos, inclusive agora, vocês estão tendo relações com outros homens e mulheres...

Nós estamos nos relacionando aqui; você vai para o seu trabalho e têm relações lá o dia inteiro com outros homens e mulheres... Estas relações podem ser naturais (se vivenciadas com amor universal, livre de conceitos) ou vergonhosas (vivenciadas a partir dos conceitos existentes no ego de cada um).

Mais tarde Paulo falará de relações sexuais, mas quando isso acontecer, pode ter a certeza, ele será bem claro... Mas, neste texto, onde muitos dizem que há uma condenação ao homossexualismo, isso não é real. Há sim uma condenação a uma relação vergonhosa entre os seres (onde não haja amor universal).

Deixe-me dizer outra coisa... Para vocês, humanos, o homem arder de paixão por uma mulher é uma relação natural, não é mesmo? Mas, esta relação é natural para vocês, porque para nós ela é vergonhosa, pois é fomentada por uma paixão materialista e não espiritual.

A relação natural é aquela que é regida pelo amor universal. A paixão materialista, seja entre sexos diferentes ou iguais, seja de pai para filha ou de filho para mãe, ou qualquer outra relação que não seja dentro da felicidade, compaixão e igualdade, é imoral. É por isso que Cristo afirma que veio para jogar pai contra filha e filho contra mãe...

É isso que Paulo está nos ensinando: existe uma relação natural entre os espíritos e o homem (espírito humanizado) cria uma relação vergonhosa entre eles, porque são as fundamenta nas paixões que são artificiais (criadas pelo ego).

Como já dissemos, Cristo disse que não há casamento no céu. Então, uma paixão entre marido e mulher não é natural, mas artificial e acabará com a morte.

Nós não podemos continuar lendo as coisas do mesmo jeito que fizemos até agora, porque nosso trabalho é desmistificar o conhecimento humano. Desmistificá-lo é dizer que a relação não natural é qualquer uma mantida na base da humanidade, inclusive a sexual. Ou seja, qualquer relação onde entre paixão. Isto porque, a partir da paixão, surge a posse, o ciúme, a desconfiança, o desejo, etc.

Homens têm relações vergonhosas uns com os outros e por isso recebem em si mesmos o castigo que merecem por causa da sua maldade. (Capítulo 1 – versículo 27).

Veja, Paulo afirma que, quando um homem tem uma relação vergonhosa (uma raiva, por exemplo) com outro homem, recebe em si mesmo (na sua vida) o castigo por isso. Não é isso que estamos ensinando? Quando você tem uma relação vergonhosa (fundamentada em paixões humanas) gera para si um carma como castigo.

Não nos esqueçamos que já tinha dito antes que a compreensão castigo como punição se prende ao ponto de vista humano, mas na verdade o carma não é uma pena, mas o amor de Deus em ação fundamentado na Justiça Perfeita.

Mas, este castigo não está apenas nas relações vergonhosas fundamentadas naquilo que é considerado “errado” pela humanidade. O carma é gerado sempre que uma paixão não natural (materialista) acontece.

A mãe que ama o filho de uma forma maternal (relação não natural entre dois espíritos) gera para si um carma. Ele poderá ser vivenciado no prazer (orgulho pelo filho) ou na dor (desavenças com ele). Estes dois acontecimentos são frutos de uma relação vergonhosa (ser mãe) que aquele espírito manteve com outro e se torna em mais uma provação para a elevação espiritual.

E, como não querem saber do verdadeiro conhecimento a respeito de Deus, ele os entregou aos seus maus pensamentos, para que façam o que não devem. Estão cheios de perversidade, maldade, avareza, vícios, ciúmes, lutas, mentiras e malícia. (Capítulo 1 – versículo 28 e 29).

Vivenciar acontecimentos onde se pratique ou receba tais sensações são carmas oriundos das relações vergonhosas que o espírito humanizado vivencia. São o fruto do acreditar nas posses, paixões e desejos gerados pelo ego.

Difamam e falam mal uns dos outros. (Capítulo 1 – versículo 29).

Preste bem atenção neste trecho porque Paulo está dando os carmas a que se expõem os espíritos humanizados que insistem em vivenciar as relações não naturais criadas pelo ego como Real.

Odeiam a Deus e são atrevidos, orgulhosos e vaidosos. Inventam muitas maneiras de fazer o mal, desobedecem aos seus pais, são imorais, não cumprem a palavra, não têm amor por ninguém e não tem pena dos outros. (Capítulo 1 – versículo 30 e 31).

Depois de tudo o que falamos neste estudo, pergunto: o que é ser imoral? Será que imoral são aqueles que fazem sexo de determinadas maneiras ou em público?

Para responder isso é preciso que você antes responda: qual a moral do espírito? Cristo ensinou: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

A partir disso podemos, então, dizer que imoral são aqueles que não se relacionam fundamentados no amor universal. Imorais são aqueles que se relacionam submissos às paixões materialistas criadas pelo ego (eu gosto, eu desgosto, é meu, eu estou certo).

É claro que os seres humanizados, guiados pelos conceitos existentes no ego, vão logo ligar o termo imoral a uma atitude sexual, mas será que orgulho, vaidade, avareza e não ter pena tem alguma coisa a ver com sexo? Só uma simples análise mostraria que a interpretação que se dá a este texto não pode corresponder àquilo que Paulo pensava realmente.

Eles sabem que a Lei de Deus diz que quem vive assim merece a morte. Mas, mesmo assim, continuam a fazer essas coisas e, pior ainda, aprovam os que agem como eles.

Os espíritos humanizados sabem que isso leva a morte, ou seja, lhes prende à roda de encarnações. Não adianta alegar inocência, pois o ensinamento de todos os mestres é bem claro e pode ser muito bem resumido em uma frase do apóstolo João: “Aquele que vem de cima é o maior de todos e quem vem da Terra é da Terra e fala de coisas terrenas” (Evangelho de João, 3-31). Mas, mesmo assim continuam se relacionando com seus irmãos fundamentados pelas paixões dualistas criadas pelo ego.

Acreditam na cobiça, na avareza, nos julgamentos, na crítica como elementos naturais da vida e aprovam aqueles que vivem assim. Justificativas para isso, eu estou cansado de ouvir: ‘nós somos seres humanos, temos que viver como tal’, ‘nós estamos na carne, temos que viver como ser humano’. Mas você não sabe que o destino do ser humano é morrer? Não está dito isso pelos mestres, ou será que algum ser humano ficou para semente (escapou da morte)?

O ensinamento de Paulo é muito profundo. Não adianta alegar que você está humanizado: isso não é desculpa; muito pelo contrário. Isso é falta de vontade de lutar, de cumprir o objetivo de sua encarnação (provar que é capaz, mesmo sobre o efeito das tentações, de viver espiritualmente a vida carnal). Isso é entrega às relações amorais.

Mas, porque, apesar de saberem de tudo isso, os espíritos humanizados continuam se entregando a elas? Porque as relações amorais dão prazer e eles não querem abrir mão desta sensação...

O espírito que está preso ao sansara (roda de encarnações) vem para carne e quando aqui está não se esforça para evoluir para, assim, poder voltar (reencarnar) e sentir de novo o prazer.

O prazer é um tóxico que intoxica o espírito e cria dependência. Aí o ego, instrumento para a provação, cria diversas paixões, fundamentadas em verdades e justificativas, prometendo que, a partir delas, gerará prazer.

O ser humanizado, então, dependente e viciado nesta sensação, apesar de conhecer a Realidade trazida pelos ensinamentos, deixa se iludir pelo gerador de realidades. Mas, não faz isso por “maldade”, mas porque só assim lhe é garantido o prazer no qual está viciado.

É isto que Paulo está nos ensinando neste trecho da carta que ele enviou aos Romanos, mostrando ao povo daquela cidade a importância de se seguir fielmente os ensinamentos de Cristo.

Só para completar...

Como eu disse agora a pouco, este ensino será muito polêmico, porque Paulo quando caiu na estrada de Damasco ao ver Cristo teve a compreensão perfeita de tudo o que o Mestre ensinou. Mesmo sem ter visto, sem ter conhecido o mestre em vida, Paulo é o apóstolo mais importante do cristianismo.

Alguns hoje dizem que Paulo criou o cristianismo. Tomara isso tivesse sido verdade. Tomara que o cristianismo negasse que as relações vergonhosas entre os homens fossem tão combatidas como ele combateu. Tomara que o cristianismo ensinasse a relação natural entre dois seres. Infelizmente não é isso que acontece.

Os cristãos aceitam a cobiça, a avareza como natural, até como símbolo de evolução. Cristo não ensinou nada disso. Pelo contrário Cristo ensinou a relação natural entre os seres humanizados, que pode muito bem ser resumida na seguinte passagem:

“Vocês ouviram o que foi dito: olho por olho, dente por dente. Eu porém lhes digo: não se vinguem dos que lhes fazem o mal. Se alguém lhe der um tapa na cara, vire o outro lado para ele bater também. Se processarem você para tomar a sua túnica, deixe que levem também a capa. Se um dos soldados estrangeiros forçá-lo a carregar uma carga um quilômetro, carregue-a dois quilômetros. Se alguém lhe pedir alguma coisa, dê; e empreste a quem lhe pedir emprestado” (Evangelho de Mateus, 5-38,42).

Se Cristo tivesse sido contra qualquer coisa sexual, como muitos dizem e por isso atribuem o termo imoralidade deste texto a isso, a primeira que teria sido condenada seria a prostituta. Mas, mais do que absolvê-la, o mestre a tornou sua acompanhante durante quase toda a sua peregrinação.

Dar a Paulo a fama de preconceituoso, ou ligá-lo a qualquer preconceito seria a mesma coisa que confundir as verdades do Evangelho com os ensinamentos da Igreja Católica.

Por este texto pode-se muito bem compreender o nosso trabalho...

Nosso trabalho é desmistificar aquilo que foi criado as partir dos ensinamentos dos mestres e, com isso, trazer de volta a Verdade. Não estamos aqui para aceitar as interpretações que foram dadas aos textos sagrados, mas trazer o cristianismo para a realidade universal que foi ensinada por Cristo e pelos apóstolos...

Esta interpretação humana não pode ser Real, pois ela acabou dando ao espírito que viveu a encarnação Maria, mãe de Jesus (Nossa Senhora) uma coroa de diamantes. Justo àquela foi símbolo da entrega do humanismo, a interpretação fundamentada nas paixões humanas dos ensinamentos de Cristo, acabou recebendo da doutrina cristã coisas materiais como compensação. Alguma coisa não está certa...

É neste sentido que iremos estar trabalhando estudando as “Cartas de Paulo” que são profundas e que merecem este estudo.