A lei e a fé - Carta aos romanos

Adão e Cristo

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O pecado entrou no mundo por meio de um só homem e o pecado trouxe a morte. (Capítulo 5 - versículo 12)

Só para relembrar, anteriormente tínhamos definido o termo pecado como o individualismo, o culto ao ego, a si mesmo. Isso é um pecado e não determinadas atitudes.

Este pecado entrou no mundo através de um só homem: de Adão. Na verdade é através da história de Adão e Eva, já que esses personagens são fictícios.

NOTA: Anteriormente o amigo espiritual havia dito que a história de Adão e Eva representa a primeira encarnação dos espíritos. Nessa primeira prova, a obediência a Deus já está em provação.

O pecado leva à morte. Ou seja, o individualismo leva à morte. Morte não no sentido de perda desta vida, mas sim de vivenciar sofrimento (sofrer).

Resumindo, o ensinamento de Paulo nos afirma que viver em pecado (aprisionado ao egoísmo gerado pelo ego) prende o ser ao ciclo de encarnações, ao nascer e morrer. Quem vivencia o individualismo está preso ao ciclo de encarnações (sansara).

Assim a morte se espalhou por toda a raça humana porque todos pecaram. Antes que as criaturas humanas recebessem a Lei, já existia o pecado no mundo. (Capítulo 5 – versículos 12 e 13)

O pecado já existia antes da Lei, ou seja, o individualismo já existia na vida carnal antes da lei de Moisés.

Mas para Deus é como se o pecado não tivesse sido cometido. Porém, desde o tempo de Adão até Moisés, a morte dominou todas as criaturas humanas, mesmo as que não pecaram como Adão pecou, quando desobedeceu à ordem de Deus. (Capítulo 5 – versículo 14).

Segundo Paulo, até Moisés o círculo de reencarnações era cumprido por todos os espíritos que vivem no orbe terrestre. Ou seja, ate a vinda de Moisés, nenhum espírito havia se libertado do círculo de encarnações.

Adão era a figura daquele que havia de vir. (Capítulo 5 – versículo 14).

Participante: O que quer dizer isso?

O ego humanizado, ou seja, o criador de realidades formado a partir do egoísmo era o único presente no orbe terrestre.

Mas o presente que Deus nos dá não é como o pecado de Adão. Pois muitos morreram por causa do pecado de um só homem. Mas a graça de Deus é muito maior, e ele dá a salvação gratuitamente a muito mais gente, por meio do amor de um só homem – Jesus Cristo. (Capítulo 5 – versículo 15).

Muitos morreram (sofreram) por causa de suas encarnações Adão (existência material vivenciada no egoísmo), mas Deus dá a Sua graça (estado de espírito de felicidade universal) para aquele que vivencia a encarnação com a mesma postura sentimental (amor incondicional) que esteve presente na encarnação Jesus Cristo.

A ação amorosa que a encarnação Jesus Cristo ensinou dá a vida. O individualismo que as encarnações Adão ensinaram, leva à morte.

Se antes dissemos que o ser entrou no ciclo de encarnações por meio da morte (do sofrimento de Adão), podemos agora afirmar que o renascer para a vida que a encarnação Jesus Cristo ensinou, é a saída deste mesmo ciclo. Ou seja, leva à ressurreição, que, aliás, é o tema desta carta de Paulo desde o início.

Participante: O que ele quer dizer quando afirma que muitos morreram por causa do pecado de um só homem. Está se referindo ao Adão?

É a história do pecado original. Todos entraram no ciclo de encarnação por causa do mesmo pecado que foi cometido na primeira encarnação (existência Adão): comer do fruto do conhecimento (ter saber) para que este lhe abra os olhos e, com isso, imagine-se capaz de assumir o lugar de Deus, podendo julgar o bem e o mau das coisas do mundo.

E existe uma diferença entre o que Deus dá e o pecado de um só homem. Porque, no caso do pecado, a condenação veio por causa de um só pecado. Porém, no caso da salvação, Deus aceita de graça os que têm cometidos muitos pecados. (Capítulo 5 – versículo 16)

O pecado vem só de um ponto: o individualismo, a vontade de ganhar, aplicando valores individuais às coisas. Este é o pecado e todo sofrimento surge daí.

Já a salvação vem da ação amorosa e esta tem múltiplas faces: doação da verdade, da razão, de coisas materiais, das intenções, da vivência dos sacrifícios com felicidade, etc. Muitos são os caminhos que podem levar ao Pai.

É isso que Paulo está ensinando.

É verdade que, por causa de um só homem e por meio do seu pecado, a morte começou a dominar a raça humana. (Capítulo 5 – versículo 17).

O ciclo de encarnações dominou os espíritos que vivem junto ao orbe terrestre por causa da submissão aos desejos individualistas gerados pelo ego.

NOTA: A submissão ao ego citada nesta frase pode ser comparada ao fato bíblico de Eva ter aceito à maçã. O ego (cobra) tenta o ser universal humanizado e este aceita.

Participante: Na verdade Paulo escreveu tudo isso porque ele imaginava que Adão fosse uma figura real e tivesse iniciado toda a humanidade, não?

Sim.

Participante: Então, não se pode levar os ensinamentos dele ao pé da letra, não é mesmo?

Sim e por isso estamos interpretando as palavras de Paulo para os dias de hoje.

Mas o resultado do que é feito por um só homem, Jesus Cristo, é muito maior! E todos aqueles que Deus aceita e que recebem como presente a sua imensa graça, reinarão na nova vida, por meio de Cristo. (Capítulo 5 – versículo 17).

Paulo está dizendo que um homem fez (Adão) gerou o pecado e outro que gerou a salvação (Jesus Cristo). Mas, com os conhecimentos que dispomos hoje podemos entender a afirmação de Paulo como sendo: uma só encarnação pode acabar com o ciclo de encarnações de um ser universal.

Para isso é preciso apenas que ele vivencie a sua existência como foi ensinado através da encarnação Jesus Cristo. É por isso que o mestre ensina: “eu sou o caminho, a verdade e a vida”.

Na verdade, para que a elevação espiritual seja alcançada, não é necessário que toda coletividade espiritual deste orbe se mude. Se cada um modifica o seu padrão sentimental, para ele nasce um mundo e, com isso, auxilia o próximo na salvação.

Portanto, assim como um pecado condenou todos os seres humanos, assim também um ato de salvação libertou todos e lhes deu vida. (Capítulo 5 – versículo 18).

Enquanto as encarnações Adão são vivenciadas no egoísmo e por isso existe a premissa de que se pode julgar a todos através de leis individualistas, as encarnações Jesus Cristo são aquelas que contemplam a prática do amor universal. Nestas, o desejo de julgar o próximo é reprimido pelo através do amor a Deus acima de todas as coisas e com isso se ama ao próximo como a si mesmo.

E assim como os seres humanos se tornaram pecadores por causa da desobediência de um só homem, assim também serão aceitos por Deus por causa da obediência de um só homem. (Capítulo 5 – versículo 19).

Assim como a roda de encarnações começou por causa da submissão ao ego humanizado em uma existência carnal, ela poderá ser extinta também em uma única encarnação: basta, para tanto, viver a vida dentro dos parâmetros sentimentais da existência Jesus Cristo.

A Lei veio para aumentar o mal. Mas onde aumentou o pecado, a graça de Deus aumentou muito mais ainda. (Capítulo 5 – versículo 20).

“A Lei veio para aumentar o mau”, ou seja, os códigos de padronização do bem e mau, vieram para aumentar a justificativa da necessidade de se julgar.

Se o pecado é o individualismo e se a Lei é o que transforma a ação em boa ou má, podemos dizer que ela é a regra utilizada para dar vazão ao egoísmo. Por isso Paulo está afirmando que a lei veio trazer o mau, contribuiu para que o egoísmo fosse usado.

Repare que antes de Moisés matar não era pecado, adulterar também não. Mas, a Lei de Moisés valorizou negativamente estes atos que o ser humano praticava dizendo que eram maus Por isso, Paulo diz que este código gerou o mau, pois diferenciou o certo do errado.

Este é um pensamento que vale não somente para as leis de Moisés, mas também para qualquer código de normas societário utilizado pela humanidade. Estes códigos dão valores a atividades que já eram praticadas anteriormente – não existe lei que não regule uma atividade que ainda não tenha sido exercida – atribuindo o “certo” ou “errado” para o que era normal ser feito.

Participante: Mas, a lei de Moisés, supostamente, foi dada pelo próprio Deus...

Sim, mas o real sentido dela esteve oculto até Cristo proferi-lo: o amor ao próximo e a Deus. A Lei de Moisés diz não mate, mas o sentido dado por Cristo é: não mate o próximo se você quer estar vivo (amor ao próximo como a si mesmo) e não critique ninguém por causa do amor que você tem por Deus, que está acima de qualquer acontecimento da vida.

Mas, o ser humanizado interpretou a lei através da letra fria e não praticou o amor ao próximo e a Deus. Por causa disso a utilizou para julgar as ações dos demais seres humanizados.

 

Portanto, assim como o pecado dominou e trouxe a morte, assim também a graça de Deus, dominando por meio do seu poder salvador, nos traz a vida eterna, que é nossa por meio de Jesus Cristo, o nosso Senhor. (Capítulo 5 – versículo 21).

Paulo diz que a graça de Deus, por meio do seu poder salvador, é que traz a vida eterna. Qual é o poder salvador de Deus? O amor universal...

Na hora que o ser humanizado relaciona-se com o mundo (acontecimentos) através do amor universal, ganha a vida eterna. Na hora que vive no pecado, no individualismo, vivencia o pecado e, por isso, encontra a morte (a necessidade de reencarnar).