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Deixei no final do capítulo anterior uma pergunta - se aquele espírito contribuiu para o amor do próximo, será que ele merece ser punido por ter raiva – e aqui está a resposta: todos somos culpados...
Paulo vem falando na Carta aos Romanos de dois momentos diferentes. O primeiro acontece quando o ser humanizado cria a intenção da maldade (escolhe o sentimento para reagir a uma situação) e o segundo ocorre quando ele põe este sentimento em prática através de um ato. É no primeiro momento que ele se torna culpado.
Como disse, os seres humanizados não merecem o castigo por terem feito nem o ato nem por sentirem raiva do outro, mas sim por ter escolhido a raiva. Este ensinamento corresponde a outro de Buda onde o mestre diz que os sentimentos estão dentro de cada um como sementes e que os espíritos humanizados escolhem, a cada momento, qual delas irão regar para fazê-la germinar.
Realmente se Deus não fosse justo não poderia julgar. Mas, Ele é tão justo que deixa o ser humanizado usar o sentimento de raiva que escolheu para sentir e aproveita a “pena” para servir de ajuda ao outro.
NOTA: A pena aqui se consiste naquilo que foi ensinado por Paulo no capítulo 4 deste livro: “Por causa do que essas pessoas fazem, Deus as entregou às paixões vergonhosas”.
É por causa do hábito de escolher sentir raiva que Deus entrega os seres humanizados a terem relações que espelhem este sentimento.
Então, volto a repetir: um ser humanizado participar de uma ação maldosa (com sentimento individualista) já é a condenação de ter escolhido um sentimento com esta propriedade anteriormente.
Participante: Quer dizer que aquele que se torna assassino, por exemplo, o fato de matar já é a “pena” dada por deus?
Sim.
Participante: Por que ele tem o sentimento de querer matar?
Não, os sentimentos não são atitudes, mas posturas emocionais. Ninguém tem sentimento de matar, mas sentir ganância, inveja, etc., pode levar o ser humanizado a participar de ações deste tipo, dependendo da provação de cada um (os atos pré-escolhidos).
O matar é já é a condenação de um sentimento...
Participante: Já é o castigo...
Isso.
Então veja, a dinâmica universal é muito mais rápida do que vocês pensam.
Você não será condenado para pagar a pena daqui a cem ou duzentos anos: a condenação é na hora. Optou por sentir raiva, Deus diz: sinta por aquele por ele precisa e merece deste sentimento como instrumento para a reforma íntima...
Participante: Mas, então, não são dois momentos, pois Paulo falou anteriormente que seremos julgados por Deus através de Cristo.
Pela consciência, ou seja, pelo que guardou e escolheu usar neste momento.
Participante: Como guardou?
Aquilo que está na memória...
Você é julgado pela sua consciência que é exatamente as impressões que cada armazena sobre os outros e sobre as coisas. Estas verdades armazenadas no ego transformam-se em pré-conceitos. São eles que compõem o seu padrão de personalidade (características sentimentais) que o leva a escolher tal ou qual sentimento.
Então será que nós, os judeus, estamos em melhor situação do que os não judeus? De jeito nenhum! Já tenho mostrado que todos, judeus e não judeus, estão debaixo do poder do pecado. (Capítulo 3 – versículo 9).
Todos sabem que é preciso amar...
Mesmo aqueles que não possuem os ensinamentos de Cristo, mas de outros mestres, recebem o aviso que devem amar indistintamente. Mesmo aqueles que não seguem ensinamentos religioso algum sabe, instintivamente que só amor é válido...
Como dizem as Escrituras Sagradas: “Não há ninguém justo, ninguém que tenha juízo; não há quem adore a Deus. Todos se desviaram do caminho certo, todos se perderam. Não há mais ninguém que faça o bem, não há ninguém mesmo. Mentem e enganam sem parar. Mentiras perversas saem de suas línguas e palavras de morte, como veneno de cobras, saem dos seus lábios”. (Capítulo 3 – versículos de 10 a 13).
Mais uma vez as pessoas podem dizer que não praticam este ato (mentir), mas todos mentem. Quando fazem isso? Quando dizem que estão priorizando o bem do próximo.
‘Não reclama, estou falando para o seu próprio bem’. Olha que mentira...
Cada um pensa prioritariamente em si mesmo (naquilo que acredita que é certo) e tenta impor aquilo que gosta ou quer individualmente. É pelo padrão de certo e errado individual que um ser humanizado quer ensinar o outro a mastigar com a boca fechada, por exemplo.
É isso que Paulo está falando: os seres humanizados parecem cobras, pois querem enganar a todos com respeito à sua bondade, inclusiva a si mesmo.
“As suas bocas estão cheias de terríveis maldições.” (Capítulo 3 – versículo 14).
‘Feche a boca para comer senão vão falar mal de você’. Olha que maldição está sendo lançada...
Eles têm pressa de ferir e matar. Por onde passam, deixam a destruição e a desgraça. Não conhecem o caminho da paz e não aprenderam a temer a Deus”. (Capítulo 3 – versículos 15 a 18).
Tudo isso é o que já falamos e estudamos em outro momento...
Os seres humanizados não conhecem o caminho da paz, porque só conhecem o caminho da dominação (submissão do próximo às suas posses, paixões e desejos individualistas). Não aprenderam a amar a Deus, porque ainda justificam suas ações através de motivações individualistas e não vê a ação universal como fruto da Causa Primária de Deus.
Ora, sabemos que tudo o que a Lei diz se aplica aos que vivem debaixo da Lei. Isso para que todos parem de dar desculpas e para que todas as pessoas do mundo fiquem sujeitas ao castigo de Deus. (Capítulo 3 – versículo 19).
Todos estão sujeitos à obrigação de amar ao próximo como a si mesmo. Mesmo aqueles que já se consideram elevados, que acham que sabem tudo...
Não há desculpas: todos os seres humanizados não podem julgar o próximo pelo que acham ou sabem...
Pois ninguém é aceito por Deus por fazer o que a Lei manda, porque a Lei faz as pessoas saberem que são pecadoras. (Capítulo 3 – versículo 20).
A lei, ou seja, o conjunto de verdades e saberes do ser humanizado só serve para transformar ou outros em pecadores (“errados”). Ela não se constitui em verdades e, por isso, o que dita, não está certo.
Os códigos legais humanos ou espirituais só servem para isso. Eles não servem para coibir atos porque não existe certo ou errado – ato que deva ou não ser realizado. Ela só serve para mostrar ao ser humanizado onde está o erro dos outros. Por isso, é melhor abandoná-la...